A Fábula das das Abelhas (1723) (1723),, de Bernard Mandeville. «Uma grande colmeia, de abelhas repleta, Que viviam em luxuosidade completa, Porém tão famosa por leis e aão Quanto por copiosa populaão, !onstitu"a o grande manancial #o saber cient"fico e industrial. $ão havia abelhas com governo melhor, melhor, !om mais contentamento, inconst%ncia menor& $ão eram escravas da tirania, $em sofriam com democracia, Mas tinham reis, 'ue errar não podiam, Pois seu poder as leis comediam. (mbora o enxame a fértil colmeia abarrotasse, (ssa multidão fa)ia com 'ue ela prosperasse& Milh*es procuravam dar satisfaão M+tua a sua cupide) e ostentaão& utros tantos entravam na lida Para ver sua obra destru"da. -basteciam o mundo com sobra, Mas tinham mais trabalho 'ue mãodeobra. -lguns, com pouco esforo e grande capital, /a)iam neg0cios de lucro monumental& utros, condenados a foices e espadas ( a todas essas 1rduas empreitadas (m 'ue, voluntariamente, infeli)es suavam Para poder comer, as foras esgotavam& utros ainda a mistérios estavam votados, -os 'uais poucos aprendi)es eram encaminhada Que não re'ueriam senão o impudor, ( sem um centavo podiam se impor !omo parasitas, gigol2s, ladr*es, Punguistas, fals1rios, magos, charlat*es, ( todos os 'ue, por inimi)ade -o honesto labor, com sagacidade 3iravam vantagem consider1vel #a lida do vi)inho incauto e af1vel. !hamavamnos canalhas, mas os diligentes, (xceto o nome, não agiam diferente. #e todos os neg0cios a fraude era parte, $enhuma profissão era isenta dessa arte. 456
-ssim, o v"cio em cada parte vivia, Mas o todo, um para"so constitu"a& 3emidos 3e midos na guerra, na pa) incensados, Pelos estrangeiros eram respeitados, (, de ri'ue)as e vidas abundante, (ntre as colmeias era a preponderante. 3ais 3a is eram as b7nãos da'uele estado& 8eus crimes tomavamno abastado& ( a virtude, 'ue com a politicagem -prendera bastante malandragem, 3omarase, 3o marase, pela feli) fel i) influ7ncia, -miga do v"cio& por conse'u7ncia, pior elemento em toda a multidão 9eali)ava algo para o bem da naão. 456 -ssim, o v"cio fomentava o engenho Que, unido ao tempo e ao bom desempenho, Propiciava da vida as comodidades, 8eus pra)eres, confortos e facilidades, - tal extremo 'ue mesmo os miser1veis :iviam :i viam melhor 'ue os ricos ric os do passado, ( nada podia ser acrescentado. !omo é vã dos mortais a felicidade; 8oubessem eles da precariedade, ( de 'ue, c1 em baixo, a perfeião $ão pode dos deuses ser concessão, 3eriam 3e riam os animais se contentado !om ministros e governo instalados. Porém eles, a cada sobrevento, !omo seres perdidos e sem tento, os pol"ticos e as armas maldi)iam, (n'uanto <-baixo os desonestos;= rugiam. s pr0prios defeitos podiam tolerar, Mas dos demais, barbaramente, nem pensar; 456 - menor coisa 'ue um erro mostrasse, u 'ue os neg0cios p+blicos trancasse, ( todos os velhacos gritavam aos céus> <8e ao menos houvesse honestidade, oh céus;= Merc+rio sorria ante o descaramento, ?1 outros chamavam de falta de tento Protestar sempre contra o mais amado. Mas ?+piter, de indignaão tomado (, por fim, irritado, @urou de ve) Aivrar a colmeia da fraude. ( assim fe).
$o mesmo momento em 'ue ela partia #e honestidade o coraão se enchia& 3al como para -dão, se lhes revelaram -'ueles crimes dos 'uais se envergonharam, Que então, em sil7ncio, confessaram, ( ante sua torpe)a coraram, !omo menino de mau comportamento Que pela cor denuncia o pensamento, maginando, ao ser olhado, Que os outros v7m o seu passado. 456 :ede agora na colmeia renomada Conestidade e neg0cios de mão dada& shoD terminou& foi se rapidamente, ( mostrouse com face bem diferente. Pois não apenas foramse embora s 'ue gastavam muito a toda hora, !omo multid*es, 'ue deles dependiam, Para viver, foradas, também partiam. (ra in+til buscar outra profissão, Pois vaga não se achava em toda naão. (n'uanto 'ue orgulho e luxo minguavam, Eradativamente os mares deixavam, $ão os mercadores, mas companhias. /1bricas fechavam todos os dias. -rtes e of"cios mortos estão. 9u"na da ind+stria, a satisfaão /a) com 'ue apreciem o 'ue possuem ( nada mais cobicem ou bus'uem. -ssim, poucos na colmeia ficaram, $em centésima parte conservaram !ontra os ata'ues de inimigos v1rios, - 'uem sempre enfrentavam, temer1rios, -té encontrar algum ref+gio forte, nde se defendiam até a morte. (m suas foras não houve mercen1rios& :alentemente, lutaram eles pr0prios. 8ua coragem e integridade total /oram coroadas com a vit0ria final.
3riunfaram, porém não sem a)ares, Pois as abelhas morreram aos milhares. !ale@adas de 1rdua lida e exerc"cio, !onsideraram a comodidade um v"cio, 'ue aperfeioou sua moderaão 3anto, 'ue para evitar dissipaão nstalaramse de uma 1rvore na cavidade, -benoadas com satisfaão e honestidade=. #iscutir as 'uest*es abaixo em duplas e entregar as respostas na pr0xima aula> F6 Quais recursos ret0ricosGliter1rios Mandeville utili)ou no texto acima para explicar a sociedade de sua épocaH Quais as caracter"sticas dessa forma liter1riaH (la é mais usual em 'uais contextosH I6 Que tipo de sociedade Mandeville est1 descrevendo nessa narrativaH Quais suas caracter"sticas essenciaisH !omo se estrutura economicamenteH Quais são suas divis*es sociais e como se organi)a o trabalhoH J6 (xistem traos da sociedade descrita por Mandeville na sociedade em 'ue voc7 viveH QuaisH -ponte no 'ue mais se assemelham e no 'ue mais de diferenciam. K6 Que rela*es Mandeville estabelece entre os v"cios das abelhas e o desenvolvimento tecnol0gico da colmeiaH L6 Quais rela*es Mandeville estabelece entre o v"cio privado das abelhas e o bem comum da colmeiaH 6 Podemos di)er 'ue Mandeville defende a impunidade dos crimes e o incentivo aos v"ciosH ?ustifi'ue. N6 :oc7 acredita 'ue a moral da est0ria de Mandeville também é v1lida para sua sociedadeH ?ustifi'ue.