A Harmonia das Esferas Gregório Queiroz Artigo anterior | Parte 2 Para entender o que significam os planetas, é preciso olhar para seu movimento enquanto ciclo e onda, enquanto ondas do tempo, e não apenas como corpos no espaço !sta concep"ão #$ havia sido perce%ida por &epler quando ela%orou o conceito da 'armonia das !sferas !ste artigo é continua"ão do anterior, O que os corpos celestes tem a ver comigo
(o come"o do século século )*+++, um inventor inventor e relo#oeiro ingls, #untamente com um especialista em fa%ricar instrumentos de precisão, criaram a primeira m$quina que que reproduzia o movimento movimento dos planetas planetas em torno do -ol. primeiro, criaram um mecanismo que reproduzia os movimentos da /erra em torno do -ol, e da 0ua em torno da /erra. em seguida, uma m$quina mais completa, reproduzindo os movimentos dos planetas em torno do -ol !sferas representavam os planetas a or%itar em torno de uma esfera esfera central representando representando o -ol Por Por meio de um sistema mec1nico engenhoso, engenhoso, cada planeta circundava o ponto central com uma velocidade diferente Acionadas Acionadas por engrenagens e uma manivela que colocava todo o mecanismo em funcionamento, esta m$quina, mais do que reproduzir o tamanho dos planetas ou as corretas dist1ncias dist1ncias destes para o -ol, reproduzia a forma forma e a propor"ão propor"ão aproimadas de seus movimentos
3oto4 planet$rio constru5do no final do século )*+++ pelo artesão, relo#oeiro e cientista George Adams, 6r 789:;<89=:> para o rei George +++ A%aio4 glo%o terrestre do mesmo artesão !ste planet$rio mec1nico e movente mostrava o sistema solar a partir de uma perspectiva diferente daquela que temos quando olhamos diretamente o céu ? ou, ao menos, olhando o céu sem o%serva"ão mais atenta 7olhando @om esta m$quina podia
B relógio é uma m$quina que parece medir a passagem do tempo @ontudo, o que temos no relógio com ponteiros e mostrador, é o deslocamento dos ponteiros pelo espa"o. indiretamente, inferimos desse deslocamento uma medida de tempo Bs trs ponteiros do relógio cl$ssico deslocam
B tempo que reconhecemos a partir do relógio é um tempo espacializado , no dizer de Férgson (ão é tempo realmente, é corpo percorrendo o espa"o Por meio de um artif5cio de percep"ão, chamamos isso de DtempoE, e com esse DtempoE organizamos nossa vida pr$tica, ao esta%elecermos as divises do tempo em partes iguais @ontudo, se olharmos um relógio sem os ponteiros, essas divises do DtempoE em partes iguais permanecem l$ como divises do espa"o, mais acuradamente divises da circunferncia em doze partes iguais /emos aqui um gr$fico muito semelhante ao gr$fico astrológico (ão é preciso dizer como as eperincias psicológicas, mesmo as mais simples, desmentem ser esse Dtempo espacializadoE a essncia real da dimensão tempo B relógio nada sa%e de poss5veis diferen"as de qualidade do tempo, de diferentes modos de atua"ão do tempo nem de din1micas que possam ocorrer em um determinado instante mas não em outro !m resumo, o relógio nada sa%e efetivamente da passagem do tempo. o relógio sa%e dividir o tempo em por"es equivalente a certos tra#etos de ponteiros pelo espa"o 8H B relógio marca um tempo retirado de sua verdadeira natureza e traduzido para a natureza espacial B relógio marca o espa"o (o dizer de Fergson, Do tempo mensur$vel é tempo espacializado , tempo que teve sua verdadeira natureza sacrificadaE 2H Apesar de tudo isso, é por meio do relógio que esta%elecemos uma rela"ão organizada para com o tempo I por meio do tempo espacializado que esta dimensão impalp$vel se aproima, não apenas de nossos instrumentos de medi"ão mas tam%ém de uma ordem mental capaz de cont é um Dir adiante desdeE e um Dvoltar paraE, mas cada instante que se tome na ór%ita contém esse DirE e esse DvoltarE4 o con#unto da ór%ita e cada trecho em%ora visualmente perce%idos um fluo são mais propriamente uma oscila"ão entre os pontos percorridos
!m%ora visual e espacialmente o astro siga uma tra#etória cont5nua em sua ór%ita, seu aspecto temporal é melhor compreendido e visualizado como ciclo, como onda !m termos do tempo, o que se tem é um %alan"o r5tmico, um ir e vir, uma descida desde a crista da onda, uma reversão do movimento no término da onda, um ascender em dire"ão a uma nova crista, o atingimento do cume o qual imediatamente se torna nova descida ? com o que outra onda come"a A oscila"ão r5tmica não é visualmente aparente no movimento do astro, entretanto ela é a marca da din1mica temporal do astro em sua ór%ita !m termos de espa"o, tra#etória cont5nua. em termos de tempo, oscila"ão r5tmica B mesmo acontece com a mJsica Kma melodia segue como um fluo em uma dire"ão 7as linhas da partitura mostram graficamente esse aspecto da mJsica4 a sequncia linear de notas> @ontudo, a sucessão do tempo na mJsica não é mero fluo, não é simples passagem linear do tempo, não é um tempo DfeitoE de uma linha infinita para adiante, mas o tempo ouvido na mJsica é uma com%ina"ão de fluo e ciclo, o tempo musical é mais %em caracterizado como onda A métrica e o ritmo da mJsica eistem pelo %alan"o de ida e vinda do tempo, pelo tempo apresentado com acentua"es que perfazem uma DidaE e uma DvindaE, da %atida D8E de um compasso para sua %atida D2E, e de volta para a %atida D8E 7no caso de um compasso %in$rio, e analogamente para qualquer outro padrão de compasso utilizado> Bu mesmo em uma mJsica onde não h$ compasso, essa ida e vinda, essa onda do tempo se faz aud5vel, como é o caso do cantochão A eperincia musical mais simples, o entoar de um acalanto ou de uma marcha infantil, e tam%ém toda a estrutura da mJsica mais complea, contm este oscilante vai e vem (ão uma ida e vinda entre lugares do espa"o, pois que na mJsica não h$ deslocamento no espa"o 7a não ser que os mJsicos se desloquem, como numa %anda desfilando. mas a5 quem se desloca são os mJsicos4 o movimento interno da mJsica não muda, se#a ela tocada com seus mJsicos andando pelas ruas ou sentados em cadeiras em um palco ? o movimento da mJsica é de outra natureza que não o de corpos em tra#etória pelo espa"o> B deslocamento de DidaE e DvindaE com o qual estamos descrevendo o tempo
não corresponde a um tra#eto no espa"o, e sim a uma mudan"a ondulante de estados din1micos que transcorre no tempo B tempo na mJsica se revela como sendo primordialmente uma onda c5clica. e esta é uma caracter5stica do tempo, e não apenas do Dtempo musicalE, é uma característica própria do tempo que a mJsica desvela e torna transparente DPodemos ainda dispensar as diferen"as das notas e deiar nada que não a mesma nota soando sempre por iguais etenses de tempo, < < < < < Ainda aqui, e na verdade aqui com particular clareza, h$ ainda o para c$ e para l$, o movimento pendular, a onda. nunca ? como temos demonstrado suficientemente ? h$ mera seqLncia B que produz a ondaM B que gera a distin"ão entre para c$ e para l$M A nota é sempre a mesma. a interrup"ão é sempre a mesma. o intervalo de tempo é sempre o mesmo -omente uma coisa é diferente4 o instante no qual a nota soa (ada acontece de uma nota a outra nota salvo uma coisa4 o tempo transcorre B mero fato da sucessão temporal das notas, e nada mais, pode produzir a distin"ão entre para c$ e para l$4 o movimento pendular, a onda, é o tra%alho do mero lapso de tempo A onda não é um evento no tempo mas um evento do tempo B tempo acontece. o tempo é um eventoE NH O mJsica, costuma
(ão C toa, os antigos quando quiseram falar da percep"ão mais elevada que os astros lhes inspiravam, a impressão do universo como algo vivo, falaram da harmonia das esferas , um termo musical referido aos astros A mJsica dos astros não est$ na conson1ncia espacial entre eles, não faria sentido chamar isso de DharmoniaE B simples fato de eles se moverem a diferentes ór%itas e velocidades não promove um soar con#unto e internamente ordenado, uma DharmoniaE A ordena"ão musical e harmoniosa dos astros só é perce%ida realmente no entendimento de que o cerne movente dos astros, o aspecto temporal de sua natureza, segue propor"es c5clicas &epler imagem a%aioH dedicou parte de sua o%ra para demonstrar a eistncia de propor"es matem$ticas entre as ór%itas planet$rias e a as notas da escala diatnica, chamando de DarquétiposE H estas propor"es encontradas muito semelhantemente na mJsica e nos planetas DA imagem das constela"es circulando não
B cerne dos seres é feito de tempo. a forma dos seres é feita de espa"o A audi"ão e a mJsica escancaram a natureza do tempo C nossa percep"ão, e por meio delas podemos compreender ao que se refere aquilo que os astros sim%olizam tão empaticamente a ponto de serem aquilo que indicam muito mais do que apenas indicarem 7deiando de ser apenas referncia espacialmente distante>4 a qualidade das dinâmicas do tempo no qual vivemos (ão é a posi"ão que o astro ocupa no espa"o o que importa para a Astrologia, mas sim a fase da onda c5clica que o astro ocupa no tempo A Astrologia nos faz conhecer o que se passa com alguns aspectos do ser humano e da natureza, a partir da correla"ão entre a fase da onda c5clica do astro no céu e a din1mica presente no cerne dos seres e da natureza I o tempo o que compartilhamos com os astros, não o espa"o Afinal, o espa"o nos separa dando a cada um o seu lugar4 coisas só podem ocupar diferentes lugares do espa"o (ão o%stante, partilhamos o mesmo tempo com os planetas no céu B que compartilhamos ou, mais enfaticamente, o que nos une com a disposi"ão planet$ria não é uma certa disposi"ão dos planetas pelo espa"o, mas sim a disposi"ão destes no tempo A dist1ncia do espa"o pouco importa na Astrologia. importa o tempo compartilhado com os astros no instante de um evento ou nascimento, o qual pode ser lido na carta astrológica ? que agora sa%emos por qual motivo pode ser chamado de um gr$fico do tempo ! isso não apenas porque a carta é levantada para um instante do tempo 6$ vimos que o aspecto linear do tempo espacializado é o que menos conta aqui A carta astrológica é um gr$fico do tempo pois que nos d$ a conhecer a qualidade da din1mica presente num dado momento do tempo e conseqLentemente ? e esta é a grande afirma"ão da Astrologia ? est$ correlacionado Cs qualidades din1micas presente em um ser nascido naquele instante ou em um evento que est$ a ocorrer naquele instante NOTAS !" Kma régua tam%ém nada sa%e da natureza do espa"o, em%ora a utilizemos como
padrão para mensur$
'efer(ncias )i*lio+r,ficas
&!P0!U, 6ohannes Harmonies of the World (eV WorS4 Prometheus FooSs, 8==: RK@&!U&A(X0, *ictor Sound and Symbol: Music and the External World. Princeton4 Princeton KniversitY Press, 8=9N RK@&!U&A(X0, *ictor Man the Musician. Princeton4 Princeton KniversitY Press, 8=9T Butros artigos de -re+ório .ereira de /ueiroz