A ESCADA

A ESCADA JORGE ANDRADE

PERSONAGENS ANTENOR  AMÉLIA MARIA CLARA, filha de Antenor ZILDA, filha de Maria Clara LOURDES, filha de Maria Clara RANCISCO, filho de Antenor Antenor NO!MIA, "#lher de ran$i%$o RICARDO, filho de ran$i%$o &ELENA AUSTA, AUSTA, filha de Antenor SÉRGIO, "arido de &elena a#%ta 'ICENTE, filho de Antenor IZA(EL, "#lher de 'i$ente OMAR  JUCA MARLENE INDUSTRIAL 'ENDEIRO OICIAL DE JUSTI)A  ...Ó DESEJADO, Ó POETA DE UMA POESIA QUE SE FURTA E SE EXPANDE   À MANEIRA DE UM LADO DE PEZ PEZ E RESÍDUOS LETAIS... LETAIS... PRIMEIRO AT ATO O CENÁRIO: QUATRO APARTAMENTOS, EM DOIS PLANOS, LIGADOS POR ESCADAS. NO CENTRO DO PLANO INFERIOR, HALL DE ENTRADA DE UM PRÉDIO DO COMEÇO DO  SÉCULO, ADAPTADO ADAPTADO PARA PARA APART APARTAMENT AMENTOS, OS, QUE AI AI TERMINAR NA ESCADA QUE   SO!E. EM PRIMEIRO PLANO, CORREDOR DE ENTRADA DO PRÉDIO. A ESCADA TEM  UM PEQUENO PATAMAR ENTRE O ANDAR TÉRREO E O PRIMEIRO ANDAR, DONDE   SE DIIDE EM DUAS, A ESCADA É DE !ALA"STRES E PASSA PASSA ENTRE OS   APARTA  APARTAMENTOS, MENTOS, SEGUINDO PARA PARA OS ANDARES SUPERIORES, COMO ELO DE UMA CORRENTE. À DIREITA, EM PRIMEIRO PLANO, APARTAMENTO DE MARIA CLARA, COM PORTA DE ENTRADA À EXTREMA DIREITA. À ESQUERDA, NO MESMO PLANO,  APARTA  APARTAMENTO MENTO DE ICENTE, COM PORTA DE ENTRADA À EXTREMA ESQUERDA. OS   APARTA  APARTAMENTOS MENTOS DO SEGUNDO PLANO EST#O NO CENTRO, RODEADOS PELAS   ESCADAS E CORREDORES. À ESQUERDA, APART APARTAMENT AMENTO O DE FRANCISCO: À  DIREITA,  DIREITA, DE HELENA FAUS FAUSTA TA.. O!JETOS ANTIGOS ANTIGOS E PEÇAS DE MO!ÍLIA COLONIAL, COLONIAL,  DIIDIDOS ENTRE OS IRM#OS, IRM#OS, EST#O DISTRI!UÍDOS DISTRI!UÍDOS NOS APA APARTA RTAMENTOS. MENTOS.  APARTA  APARTAMENTO MENTO $, DE MARIA CLARA: MESA DE JANTAR, JANTAR, SOFÁ ELHO, MUITOS   ENFEITES, QUADRINHOS !ORDADOS A M#E NAS PAREDES. PAREDES. MÁQUINA ANTIGA DE  COSTURA COM TOALHA E PORTA%RETRATO EM CIMA. MÓEIS SEM ESTILO, COM   EXCEÇ#O DAS PEÇAS PEÇAS HERDADAS DE ANTENOR.  APARTA  APARTAMENTO MENTO &, DE ICENTE: SALA ARRUMADA ARRUMADA COMO LIING. SOFÁ, POLTRONA,  RÁDIO%ITROLA, PORTA%REISTA PORTA%REISTAS, S, ASOS ASOS COM FLORES E MÁQUINA  SEMIPORTÁTIL DE ESCREER. PAPÉIS PAPÉIS LIROS E PASTA PASTAS S SO!RE A MESA. EM UM   DOS CANTOS, ESTANTE CHEIA DE LIROS EM DESORDEM. GRAURAS, GRAURAS, DESENHOS   EA CRA'ON CRA'ON DO ROSTO DE IZA!EL E RETRATOS RETRATOS DE I!SEN, DOSTOIÉS(' DOSTOIÉS(' E  TCHÉ(HO.

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PERSONAGENS ANTENOR  AMÉLIA MARIA CLARA, filha de Antenor ZILDA, filha de Maria Clara LOURDES, filha de Maria Clara RANCISCO, filho de Antenor Antenor NO!MIA, "#lher de ran$i%$o RICARDO, filho de ran$i%$o &ELENA AUSTA, AUSTA, filha de Antenor SÉRGIO, "arido de &elena a#%ta 'ICENTE, filho de Antenor IZA(EL, "#lher de 'i$ente OMAR  JUCA MARLENE INDUSTRIAL 'ENDEIRO OICIAL DE JUSTI)A  ...Ó DESEJADO, Ó POETA DE UMA POESIA QUE SE FURTA E SE EXPANDE   À MANEIRA DE UM LADO DE PEZ PEZ E RESÍDUOS LETAIS... LETAIS... PRIMEIRO AT ATO O CENÁRIO: QUATRO APARTAMENTOS, EM DOIS PLANOS, LIGADOS POR ESCADAS. NO CENTRO DO PLANO INFERIOR, HALL DE ENTRADA DE UM PRÉDIO DO COMEÇO DO  SÉCULO, ADAPTADO ADAPTADO PARA PARA APART APARTAMENT AMENTOS, OS, QUE AI AI TERMINAR NA ESCADA QUE   SO!E. EM PRIMEIRO PLANO, CORREDOR DE ENTRADA DO PRÉDIO. A ESCADA TEM  UM PEQUENO PATAMAR ENTRE O ANDAR TÉRREO E O PRIMEIRO ANDAR, DONDE   SE DIIDE EM DUAS, A ESCADA É DE !ALA"STRES E PASSA PASSA ENTRE OS   APARTA  APARTAMENTOS, MENTOS, SEGUINDO PARA PARA OS ANDARES SUPERIORES, COMO ELO DE UMA CORRENTE. À DIREITA, EM PRIMEIRO PLANO, APARTAMENTO DE MARIA CLARA, COM PORTA DE ENTRADA À EXTREMA DIREITA. À ESQUERDA, NO MESMO PLANO,  APARTA  APARTAMENTO MENTO DE ICENTE, COM PORTA DE ENTRADA À EXTREMA ESQUERDA. OS   APARTA  APARTAMENTOS MENTOS DO SEGUNDO PLANO EST#O NO CENTRO, RODEADOS PELAS   ESCADAS E CORREDORES. À ESQUERDA, APART APARTAMENT AMENTO O DE FRANCISCO: À  DIREITA,  DIREITA, DE HELENA FAUS FAUSTA TA.. O!JETOS ANTIGOS ANTIGOS E PEÇAS DE MO!ÍLIA COLONIAL, COLONIAL,  DIIDIDOS ENTRE OS IRM#OS, IRM#OS, EST#O DISTRI!UÍDOS DISTRI!UÍDOS NOS APA APARTA RTAMENTOS. MENTOS.  APARTA  APARTAMENTO MENTO $, DE MARIA CLARA: MESA DE JANTAR, JANTAR, SOFÁ ELHO, MUITOS   ENFEITES, QUADRINHOS !ORDADOS A M#E NAS PAREDES. PAREDES. MÁQUINA ANTIGA DE  COSTURA COM TOALHA E PORTA%RETRATO EM CIMA. MÓEIS SEM ESTILO, COM   EXCEÇ#O DAS PEÇAS PEÇAS HERDADAS DE ANTENOR.  APARTA  APARTAMENTO MENTO &, DE ICENTE: SALA ARRUMADA ARRUMADA COMO LIING. SOFÁ, POLTRONA,  RÁDIO%ITROLA, PORTA%REISTA PORTA%REISTAS, S, ASOS ASOS COM FLORES E MÁQUINA  SEMIPORTÁTIL DE ESCREER. PAPÉIS PAPÉIS LIROS E PASTA PASTAS S SO!RE A MESA. EM UM   DOS CANTOS, ESTANTE CHEIA DE LIROS EM DESORDEM. GRAURAS, GRAURAS, DESENHOS   EA CRA'ON CRA'ON DO ROSTO DE IZA!EL E RETRATOS RETRATOS DE I!SEN, DOSTOIÉS(' DOSTOIÉS(' E  TCHÉ(HO.

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 APARTA  APARTAMENTO MENTO ), DE FRANCISCO: MESA DE JANTAR, JANTAR, RETRATOS RETRATOS DE CIDADES   ANTIGAS E FL*MULAS DE UNIERSIDADES PELAS PAREDES. PAREDES. POLTRONA%CAMA,  ESTANTES,  ESTANTES, ITROLA E MESINHAS, ATRA ATRAANCAM ANCAM A PEQUENA SALA.  APARTA  APARTAMENTO MENTO +, DE HELENA FAUSTA FAUSTA:: SALA ARRUMADA COMO LIING. TOALHAS   PEQUENAS NOS !RAÇOS E NO ENCOSTO DO SOFÁ E DAS POLTRONAS. TELEIS#O,  A!AJURES, QUADROS, MESINHA !AIXA COM O!JETOS DE CRISTAL, CRISTAL, MESA DE   JOGAR CARTAS CARTAS E ALGUNS ASOS ASOS COM PLANTAS. PLANTAS. EM UMA DAS PAREDES, PAREDES, CARTAZ  CARTAZ  GRANDE DE TURISMO, ONDE ESTÁ ESCRITO !EM ISÍEL  RECIFE, ENEZA  !RASILEIRA. CENA: AO A!RIR%SE O PANO, PANO, O ZELADOR DO PRÉDIO ACA!A DE LIMPAR LIMPAR A ESCADA.  NO-MIA, NO APART APARTAMENTO AMENTO ), ), ARRUMA A MESA PARA PARA O CAFÉ. CAFÉ. NO APART APARTAMENT AMENTO O +,  MARLENE ESPANA ESPANA A SALA. NO APARTA APARTAMENTO MENTO $, ZILDA TOMA CAFÉ COM AFLIÇ#O.  NO APART APARTAMENT AMENTO O &, IZA!EL, SEGURANDO UM ESPANADOR, ESPANADOR, L- A FOLHA DE PAPEL PAPEL QUE ICENTE DEIXOU NA MÁQUINA DE ESCREER SORRI COM TERNURA. OMAR,  APRESSADO, DESCE DESCE A ESCADA, INDO DO DO ANDAR SUPERIOR. apartamento + ZILDA *Levanta-se e grita para dentro do apartamento+ - Até logo, vovô! Um beijo, vozinha! /ZIL /ZILDA DA SAI SAI PARA O HALL HALL.. OMAR OMAR ENCO ENCONT NTRA RA%S %SE E COM COM JU JUCA CA NO PATAMAR MAR DA  ESCADA.0 OMAR  - Bom dia, seu Jua JUCA - Bom dia OMAR  - "lha a have do apartamento #oje, basta arrumar o $uarto JUCA - % o resto& OMAR  - %st' tudo em ordem Até logo JUCA  Até logo )ilda + OMAR * OMAR *(ese o resto da esada e beija )ilda+ - Bom dia ZILDA - Bom dia *ue +oi& OMAR  - ada, pro $u& ZILDA - .aree zangado OMAR  - (ormi mal /'pido! %stamos atrasados " ônibus passa 0 sete e meia *1aem+ 1aem+ APARTAMENTO  NO!MIA - /iardo! /iardo! J' est' pronto& RICARDO *oz+ - Agora mesmo, mam3e NO!MIA - (epressa, meu +ilho! RICARDO *oz+ - 3o sei me arrumar a jato 4

NO!MIA - %st' na hora Assim vo perde a primeira aula RICARDO *%ntra, aabando de se vestir + - % n3o vou perder grande oisa A$uele pro+essor de latim é hato e burro NO!MIA - 3o sei pra $ue estudar latim 3o vejo ninguém +alando latim! RICARDO - %u também n3o vejo ninguém +azendo uma por53o de oisas $ue somos obrigados a estudar *1enta-se 0 mesa+ elho gag' NO!MIA - "lhe a$ui o leite 6oma bastante p3o RICARDO - .apai volta hoje& NO!MIA - olta %studou bastante raiz $uadrada& RICARDO - %studei (eve ser b'rbaro viajar de avi3o a jato NO!MIA - 3o enha tanto a boa, meu +ilho! RICARDO - A senhora est' me apressando NO!MIA - 7as, também n3o preisa pôr metade do p3o na boa RICARDO - %stou atrasado NO!MIA - Leva a vida toda pra sair do $uarto RICARDO *7eio irritado+ - %stava separando minhas oisas NO!MIA - Arrumou tudo& RICARDO - Arrumei .or no lugar, depois, é $ue vai ser NO!MIA - 3o +i$ue assim RICARDO - Assim, omo& NO!MIA - Assim jururu RICARDO - 7as $ue é hato, é NO!MIA - em +a5a essa ara perto de seu pai RICARDO - .or $ue n3o mudamos para um apartamento maior& Assim n3o preisava dar meu $uarto NO!MIA - ou +alar pra seu pai alugar um pal'io e eder a vo toda um ala RICARDO - 1e o $uarto +osse seu, a senhora ia ver NO!MIA 8

- Um ms, s9, meu +ilho! RICARDO - :ire tudo das gavetas 3o es$ue5a das revistas NO!MIA - J' disse $ue n3o preisa RICARDO *6orta+ - .reisa, sim :oda vez $ue $uero uma amisa, um livro, um aderno, preiso pedir .re+iro $ue a senhora tire tudo ovô pega a gente no $uarto e n3o larga mais ; um verdadeiro  banho de hist9ria! " so+'-ama j' +oi onsertado& 3o sou +a$uir pra dormir em ima de mola $uebrada NO!MIA - *uantas $uei 1aia do gin'sio e venha direto pra asa 3o +i$ue andando 0 toa e nada de inema RICARDO *olta-se aborreido+ - %h! *uem ouve a senhora +alar, pensa $ue sou algum maria /NO-MIA SORRI. RICARDO DESCE A ESCADA E ENCONTRA%SE COM JUCA0 RICARDO - %ste prédio é um verdadeiro dep9sito de li
- 6ada uma, pro $u& AMÉLIA - inguém sai sem se despedir ANTENOR  - %u saio /MARIA CLARA, APRESSADA, ENTRA NO APARTAMENTO, CARREGANDO UMA CESTA  DE ERDURAS0 AMÉLIA - 3o vou sem ver 7aria 6lara MARIA CLARA - Bom dia, mam3e Bom dia, papai :ive medo de n3o enontrar vos ANTENOR *"lha a esta om desprezo+ - eta de bar3o arregando esta de verduras! MARIA CLARA - eta de bar3o, mas sem empregada J' v3o& AMÉLIA - Antenor é uma a+li53o .or ele, ter>amos subido 0s ino da manh3 ANTENOR  - @osto de hegar logo MARIA CLARA - .ra $ue essa orreria& .odem +iar até mais tarde Assim, esperam omia arrumar o apartamento ANTENOR  - 1e n3o arrumou até agora, n3o arruma mais MARIA CLARA - Agora $ue /iardo saiu ANTENOR  - amos, 7elia AMÉLIA - (epois vo leva o resto das roupas, minha +ilha& MARIA CLARA - Levo AMÉLIA - 7as, uidado, n3o v' amassar (etesto roupa amassada MARIA CLARA - .ode +iar sossegada *Beija Amélia+ Até logo 1ubo mais tarde ANTENOR  - 3o se inomode 9s temos muito $ue +azer amos, 7elia! *ue lerdeza! AMÉLIA - J' vai Antenor J' vai /ANTENOR SAI APRESSADO, ACOMPANHADO POR AMÉLIA. IZA!EL NO  APARTAMENTO &, ACA!A DE ARRUMAR A SALA. MARIA CLARA FICA PARADA, COM   EXPRESS#O TRISTE, OLHANDO A PORTA QUE SE FECHA ATRÁS DOS PAIS, LOURDES   ENTRA.0 LOURDES - Bom dia, mam3e MARIA CLARA - Bom dia, minha +ilha )ilda j' saiu& LOURDES 

- J' amos ome5ar o trabalho& MARIA CLARA - Agora mesmo /MARIA CLARA SEGURA A CESTA COM DECIS#O E SAI. LOURDES SENTA%SE E  COMEÇA A TRICOTAR.0 NA ESCADA AMÉLIA - .ra $ue essa pressa, Antenor& ANTENOR  - % pra $ue essa lerdeza, 7elia& 1e temos $ue mudar, é mudar JUCA - Bom dia, seu Antenor Bom dia (ona Amélia AMÉLIA *1em reonheer + - Bom dia ANTENOR  - Ahaa! Bom dia 6omo vai o senhor& JUCA - Bem *uer $ue leve as valises& AMÉLIA *Agarra-se a sua valise+ - 3o obrigada ANTENOR  - :rabalha a$ui& JUCA *1orri+ - :rabalho ANTENOR  - 6omo se hama o senhor& JUCA - José José dos 1antos ANTENOR  - 1er' dos 1antos , de Amparo& JUCA - 3o sei, n3o senhor ANTENOR  - 6onhei uns 1antos de Amparo @ente brava, mas muito boa #ouve até o aso de uma m3e $ue matou a +ilha JUCA - (os 1antos, de Amparo& ANTENOR  - ;! A mo5a estava vendo passar a proiss3o, debru5ada na janela A m3e morreu de vergonha do vig'rio Ah! n3o teve dvida 6hegou em asa e deu um tiro na +ilha 7atou %ra gente de muito respeito (ebru5ar em janela, nem mulher de vida +'il, o senhor n3o aha& JUCA - Brava mesmo ANTENOR  - " senhor sabe $ue j' andei de bangC& JUCA - 1ei AMÉLIA - amos, Antenor ANTENOR  D

- .ois, j' andei (e bangC, de trole, arro de boi, arro de dois avalos, t>buri, autom9vel, trem e até de avi3o 6onhei de tudo nesta vida Eui amarista, amigo, primo, sobrinho neto de  bar3o Até revoluion'rio " $ue n3o +ui na vida! 19 n3o +ui ladr3oF o resto eu +ui AMÉLIA - " senhor mora a$ui também& JUCA - 1ou zelador desse prédio h' seis anos ANTENOR  - 3o me lembrava AMÉLIA - 7eus +ilhos moram a$ui *uatro apartamentos ANTENOR  - J' +iz tudo pra eles se mudarem, mas n3o adianta JUCA - .or $ue , seu Antenor& " ponto é 9timo ANTENOR  - =sso é pardieiro, n3o é asa de gente 7eu avô n3o poria a$ui nem seus esravos AMÉLIA - :enho a impress3o de $ue n3o varrem nuna esta asa JUCA - :enho $ue uidar da obriga53o Até logo AMÉLIA - Até logo ANTENOR  - %sta gente de hoje é t3o atrevida, n3o é, 7elia& .ior mesmo, s9 juiz de direito % esta idade est' in+estada Ban$ueiro estrangeiro, juiz $ue vende senten5a e malandro é onde tem mais! A$ui, em Buenos Aires e 6hiago AMÉLIA - .egou seus doumentos, Antenor& ANTENOR  - .eguei AMÉLIA - 3o digo os papéis ANTENOR *1ubindo a esada+ - 1im, os doumentos, os doumentos (oumentos n3o é papel ; doumento mesmo *.'ra no patamar e vira-se para Amélia+ :ambém, desta vez, a$uela gente vi me pagar AMÉLIA - " advogado ontinua om esperan5a& ANTENOR  - 6laro, 7elia AMÉLIA - o toa essa demanda h' tanto tempo! ANTENOR  - ou pôr todo mundo pra +ora (esta vez n3o $uero saber de aordo " testamento do  bar3o estava bem laroG sessenta al$ueires no Br's e n3o trinta .ro lei, eles me pertenem 3o tenho nada om isto, se onstru>ram prédios e mais prédios "s terrenos s3o meus 1abe, 7elia& %st3o todos apavorados *"s dois riem+ #oje, j' h' mais velhaos na terra do $ue estrelas no éu AMÉLIA *1egura na m3o de Antenor e sobe a esada, parando no patamar + - " bar3o e meu avô, uma vez, armaram uma disuss3o da$uelas, um $ueria pagar, o outro n3o $ueria reeber (eve, n3o deve (eve, n3o deve *ue gente di+erente! H

ANTENOR  - #oje! #um! enha o obre AMÉLIA - "s parentes eram muito ligados ANTENOR  - Bulia om um, buli om todos AMÉLIA - %ra o homem mais rio da .rov>nia! ANTENOR  - :inha um s>tio pra surrar abolo 0 toa 1enhor onde! 1enhor onde! 1enhor onde! *uem é onde hoje& Uns vigaristas, uma estrangeirada $ue nem gente é " .epino esteve trinta anos em galera e diz $ue é onde 6onde! %sses italianos apareeram om urso, realejo e maao no ombro "itoentos mil! :udo tirador de sorte 6onde! /ANTENOR E AMÉLIA DESAPARECEM NA CURA DA ESCADA. MARIA CLARA ENTRA  EM SEU APARTAMENTO.0 APARTAMENTO MARIA CLARAG - :raga o resto da l3, minha +ilha LOURDES - ovô j' +oi& MARIA CLARA - J' Eio mais sossegada $uando v3o para o segundo andar L', papai tem menos oportunidade de +ugir 9s, a$ui, estamos a dois passos da rua LOURDES *1aindo+ - 3o ser' esta esada $ue vai impedir /MARIA CLARA OLHA LOURDES, CONTRAINDO, LIGEIRAMENTE, O ROSTO. AO  MESMO TEMPO, IZA!EL ENTRA NO APARTAMENTO &.0 APARTAMENTO . IZA(EL - iente! iente! o pediu pra hamar edo A reportagem no aeroporto 'ICENTE *oz+ - %st' pronto o a+é& IZA(EL - %stou esperando vo 'ICENTE *oz+ - .ode oar 1aio agora mesmo IZA(EL - J' sei o $ue é esse agora mesmo 'ICENTE *Aparee de pijama+ - ; agora, mesmo Um beijo! IZA(EL - Assim, vo perde a hegada do avi3o 'ICENTE - 3o troo um beijo seu, nem pela hegada de um sptniI *Beija =zabel+ IZA(EL - (epressa, iente 'ICENTE - 6alma, alma, minha pombinha o n3o pode se a+ligir IZA(EL - "ra, dei


'ICENTE - *ue braveza *1aem+ APARTAMENTO LOURDES *%ntrando+ - 3o ahei a l3 verde MARIA CLARA - J' trou
MARIA CLARA - 3o importa por $u& LOURDES - J' tenho eda, omo se tivesse a pior das dores de abe5a 'ICENTE - 3o onsigo terminar este ato IZA(EL - *uem disse $ue n3o onsegue& 6onsegui , sim o é $ue anda impaiente, ansado 'ICENTE *1orri, aariiando o rosto de =zabel+ - *uando esrever erto, ompreender' a di+eren5a A+inal, o esritor sou eu 3o é vo $uem deve saber " $ue deve saber, sabe omo ninguém IZA(EL *.u
'ICENTE *Abra5a =zabel, a+astando-se de repente + - A gente n3o pode mais nem se abra5ar A+inal, $uanto +alta& IZA(EL - (ois meses 'ICENTE - %h! /apaz!  se anda logo *Beija =zabel+ A entrevista IZA(EL - iente! ; verdade a$uilo $ue disse ontem& 'ICENTE - " $u& IZA(EL - *ue se +or homem vai se hamar 7artiniano& 'ICENTE */i+ - %stava brinando IZA(EL - 3o é $ue ahe +eio 7as, é muita responsabilidade J' imaginou um bebezinho hamado 7artiniano& 'ICENTE - o esolhe Até logo, pombinha *.'ra na porta+ 7eu pai gostaria muito ome antigo! *ira-se+ Ah! n3o suba esada, n3o lave, n3o passe, nem preisa arrumar demais este MapertamentoN ou enontrar vo na asa de sua m3e A sogra também preisa ooperar Até logo *1ai+ IZA(EL - 3o se es$ue5a de arranjar a balan5a 'ICENTE - *ue balan5a& IZA(EL - .ra pesar o nen 'ICENTE - =hiii! Ainda +alta muito tempo Ciao! IZA(EL - Ciao! /AO MESMO TEMPO QUE ICENTE SAI CORRENDO, ANTENOR E AMÉLIA SURGEM   NO SEGUNDO PATAMAR. PARAM, TOMANDO F1LEGO. IZA!EL SENTA%SE E  CONTINUA O TRIC1. MARLENE PASSA NO LIING DO APARTAMENTO +, COM UMA  !ANDEJA ENORME, E ENTRA NO QUARTO0 NA ESCADA/ ANTENOR  - 1enhor onde! 1enhor onde! 1enhor onde! AMÉLIA - %ra primo-irm3o de minha av9 ANTENOR  - :inha uma l>ngua de +ogo! Uma vez perguntaram a ele se onheia os eigas M6onhe5o e n3o onhe5oN, respondeu M"s eigas, de 7=A1, "1 Lobos, de =tu e os Uhoas (o orte distinguir um do outro n3o é poss>vel 6onhe5o em bloo por$ue é tudo uma oisa s9N */i+ %ra muito atrevido AMÉLIA - 7as +oi um verdadeiro santo ANTENOR  - 7ais santo do $ue santo italiano "nde vai& AMÉLIA - "ra, Antenor! o apartamento de #elena Eausta K2

ANTENOR  - 3o é a vez de #elena Eausta AMÉLIA - *uem disse& ANTENOR *=rritado+ - %u sei $ue n3o é ; a$ui AMÉLIA - 3o é ANTENOR  - 3o teima, 7elia AMÉLIA - :odas as vezes $ue subimos é isto ANTENOR  - % subimos sempre para o apartamento de Eraniso AMÉLIA - o é $ue n3o gosta de +iar om #elena Eausta ANTENOR  - 3o gosto, mesmo AMÉLIA - 13o muito bons ANTENOR  - Bons! "nde se viu levantar da$uele jeito :omar a+é na ama e na$uela bandeja enorme 19 sabem jogar artas e ir ao inema ; uma mania de sair! Até paree juiz de direito! AMÉLIA - (eilia do imperador .elo $ue eu saiba, o marido dela n3o é parente de .edro ==, é& AMÉLIA - Aho $ue n3o ANTENOR  - :ambém se +osse, n3o $ueria dizer nada #omem muito reto, mas demais sem energia 19 tinha barba Eazia oisa $ue ninguém ompreendia Uma vez visitou um bar3o republiano! J' ouviu ontar uma oisa dessas, 7elia& Um imperador visitar um republiano&! AMÉLIA - " bar3o era muito respeitado, Antenor ANTENOR  - =mperador é imperador! AMÉLIA *%voativa+ - A prinesa =zabel eu vi na$uele tempo ANTENOR  - Eeia omo santo de abolo AMÉLIA - i também o imperador na asa do visonde @ostava muito de bolo de mandioa ANTENOR  K4

- "nde se viu um imperador gostar de bolo de mandioa! %ra tonto! AMÉLIA - A+inal, onde é, Antenor& %stou ansada ANTENOR  - ; a$ui mesmo, estou dizendo "nde é a ampainha& AMÉLIA - Bata na porta ANTENOR *=rritado+ - .ra $ue e
/ANTENOR E AMÉLIA ENTRAM NO QUARTO E !ATEM A PORTA. NO-MIA FICA  PARADA DIANTE DA PORTA, A!ORRECIDA. ENQUANTO, NO APARTAMENTO +,  SÉRGIO APARECE ACOMPANHADO POR HELENA FAUSTA, FRANCISCO ENTRA NO  HALL DO PRÉDIO, CARREGANDO UMA MALA.0 APARTAMENTO 0 &ELENA - J' reomendei muitas vezes, 1érgio SÉRGIO - %nt3o n3o aprende mais " a+é pareia um purgante &ELENA - 7ando +azer outro, en$uanto se veste SÉRGIO - 3o preisa :omo no esrit9rio #oje n3o venho almo5ar o +ia em asa& &ELENA - 3o ou a um inema SÉRGIO *1aindo+ - 6omo $ueira /HELENA SENTA%SE E FOLHEIA, DISPLICENTEMENTE, UMA REISTA. FRANCISCO  ACA!A DE SU!IR A ESCADA.0 APARTAMENTO  RANCISCO - omia! omia! NO!MIA - Eraniso! RANCISCO - Bom dia *Beijam-se+ NO!MIA - .ensei $ue hegasse 0 tarde RANCISCO - Andei r'pido ai tudo bem& NO!MIA - :udo 6omo +oi de neg9ios& RANCISCO - 7uito bem /iardo j' saiu& NO!MIA - J' 1eus pais aabaram de hegar RANCISCO *1orri+ - 1ubiram edo NO!MIA - 3o me deilia *%leva a voz+ Bras>lia, a nova apital */i+ 7udaram, $ue vamos +azer 7uito bonita! *ai +ehando a porta+  (epois onto ao senhor preiso de um banho 7uita poeira iemaOer  =%7AP%/! */i+ J' morreu, papai! *Eeha a porta+ NO!MIA - *ue +oi& RANCISCO - .erguntou se Bras>lia +oi +eita pelo /amos de Azevedo NO!MIA - 6oitado!

K?

RANCISCO - /iardo tem estudado& NO!MIA - %stou ansada de estudar verbos e raiz $uadrada RANCISCO - % o pro+essor partiular& NO!MIA - %stava +iando muito aro (ispensei 6omigo vai melhor RANCISCO - o é $uem sabe NO!MIA - endeu as m'$uinas& RANCISCO - 7uitas 6om a omiss3o podemos omprar a televis3o NO!MIA - .re+iro uma m'$uina de lavar roupa RANCISCO - %nt3o tire par ou >mpar om /iardo *Abra5a omia+ %stou ansado, minha velha NO!MIA - ou preparar seu banho RANCISCO - /iardo preisa estudar NO!MIA - %le estuda, Eraniso RANCISCO - 3o $uero $ue leve esta vida (ou um duro desgra5ado e n3o sa>mos disto NO!MIA - ivemos muito bem RANCISCO - 6laro! %stou me re+erindo a outras oisas NO!MIA - una relamei, Eraniso /NO-MIA SAI E FRANCISCO A!RE O JORNAL.0 APARTAMENTO 0 SÉRGIO - #elena! 3o h' outra amisa mais bem passada& &ELENA - %st3o todas bem passadas SÉRGIO - "lha uma oisa 1e isto é bem passada! &ELENA - 3o vejo nada, 1érgio Um amarrotado t3o insigni+iante! SÉRGIO - 7ande minhas roupas 0 tinturaria 6omo vou apareer na +irma om uma amisa assim& &ELENA - .egue outra, 1érgio o tem dzias! SÉRGIO - =sto é amisa pra +a
K

NA ESCADA ZILDA - "mar! OMAR  - ; melhor assim, )ilda ZILDA - *ue ulpa tenho eu& OMAR  - enhuma, mas n3o d' erto ZILDA - "mar o +iou o+endido e om toda raz3o 7as, n9s j' >amos asar n3o deilia tem e é melhor $ue vo +i$ue om ela ZILDA - "mar! 7inha m3e n3o pensa assim *"mar sobe orrendo a esada+ %sute, "mar! /OMAR DESAPARECE NA ESCADA. ZILDA OLTA%SE E CORRE PARA SEU   APARTAMENTO.0 APARTAMENTO MARIA CLARA - *ue +oi, )ilda& LOURDES - %st' sentindo alguma oisa& MARIA CLARA - 3o +oi 0 /eparti53o& 7as $ue +oi& LOURDES - Ah! J' seiG o "mar! MARIA CLARA - os brigaram& 7as +ale, riatura de (eus! ZILDA - 7am3e =sto é um desa+oro! MARIA CLARA - " "mar brigou om vo& ZILDA - Brigamos MARIA CLARA KD

- .or $u& ZILDA - .or$ue "mar n3o serve pra mim LOURDES - 3o disse 0 senhora& %stava demorando ZILDA - 7am3e! 1abe o $ue o vovô disse ao "mar& Apreensiva+ MARIA CLARA *Apreensiva+ - %les se onheeram& ZILDA - "ntem, na entrada do prédio 1abe o $ue disse& MARIA CLARA - 1eu avô est' velho minha +ilha ; preiso ter painia ZILDA - (isse $ue "mar n3o é nome de gente, $ue devia ser mulato por$ue tem gengiva esura e aabou perguntando de $uem o avô de "mar +oi esravo! 6ansada + MARIA CLARA *6ansada+ - %h! .apai! ZILDA - %u sabia $ue o vovô ia aabar dizendo isto 7am3e! A senhora n3o ompreende $ue assim n3o é poss>vel ontinuar& ; meu segundo namorado $ue o vovô o+ende MARIA CLARA - :udo isso passa, minha +ilha .apai est' velho, o "mar aaba ompreendend ompreendendo o  o auge da irrita53o irrita53o++ ZILDA * o - .or $ue n3o internam o vovô no =nstituto de uma vez& /ZIL /ZILDA DA ENTR ENTRA A NO QU QUAR ARTO TO,, ACOM ACOMP PANHAD NHADA A POR POR MARI MARIA A CLAR CLARA. A. LOUR LOURDE DES  S   DOMINA%SE, LEANT LEANTA A A CA!EÇA CA!EÇA E COMEÇA A TRA!ALHAR TRA!ALHAR RAPIDAMENTE. SÉRGIO  SAI DO QUARTO, QUARTO, MUITO !EM ESTIDO.0 ESTIDO.0 APARTAMENTO 0 SÉRGIO - 3o se es$ue5a de $ue hoje temos onvite para jantar &ELENA - .or $ue n3o +iamos um pouo mais em asa& 1eria t3o bom! SÉRGIO - 7inha +ilha amos aproveitar en$uanto seus pais n3o est3o a$ui (epois, vo j' sabe omo é &ELENA - %les n3o atrapalham nossos programas, 1érgio SÉRGIO - Leve o arro e enontre omigo no bar de ostume o ou tomar aperitivo om uns amigos rapidamente + Até logo *Beija helena muito rapidamente+ &ELENA - Até logo o +alou om Alberto sobre o ahorrinho& SÉRGIO - Ealei 1er' $ue o ahorrinho n3o vai +azer muita desordem& &ELENA - :erei uidado SÉRGIO - o é $uem sabe *sai+ sai+ KH

/HEL /HELEN ENA A SENT SENTA A%SE %SE E COME COMEÇA ÇA A PINT PINTA AR AS UN UNHA HAS. S. IZA! IZA!EL EL E LOUR LOURDE DES  S  CONTINUAM TRICOTANDO. SÉRGIO, COM CERTA POSE, DESCE AS ESCADAS E SAI.0 APARTAMENTO  1orri+ RANCISCO *1orri+ - .elo menos hoje posso ler um jornal em ordem .apai +az tamanha mi<9rdia NO!MIA - " banho j' est' pronto RANCISCO - A +irma +ez nova proposta NO!MIA - Aumentou& RANCISCO - (obra o ordenado se +ormos pra Bras>lia *ue é $ue vo aha& NO!MIA - o é $uem resolve RANCISCO - (3o asa, levam a mudan5a e +orneem as passagens *ue tal& NO!MIA - % /iardo& RANCISCO - .ode estudar l' NO!MIA - 3o sei % seus pais& RANCISCO - Bom! Assunto enerrado NO!MIA - 1e vo $uiser, Eraniso podemos enontrar uma solu53o .or mim estou disposta RANCISCO - 7as, $ue solu53o, minha velha& es+or5o + NO!MIA *6om erto es+or5o+ - 1eus pais n3o v3o para o =nstituto& RANCISCO - 6laro $ue n3o! NO!MIA - 3o seria melhor para todos, Eraniso& RANCISCO - o sabe o $ue penso a respeito disto NO!MIA - #' tanto tempo $ue espera uma posi53o melhor na +irma, + irma, Eraniso RANCISCO - 7as, por ausa disto n3o vou internar meus pais NO!MIA - 6omo ahar melhor RANCISCO - (epois nuna pensei realmente em ri 3o ompensaria, minha velha A$uilo est' in+estado de aproveitadores, gentinha loua pra +iar ria da noite para o dia 1e visse o tipo de gente $ue se enontra por l'! NO!MIA - 7as, h' gente boa também e é 9tima oportunidade K

RANCISCO - :em-se a impress3o de $ue nesta terra n3o h' mais gente distinta NO!MIA - enha tomar seu banho /FRANCISCO E NO-MIA SAEM. AO MESMO TEMPO, O INDUSTRIAL ENTRA NO HALL  DO PRÉDIO, EXAMINA UM PAPEL PAPEL E TOCA A CAMPAINHA CAMPAINHA DO APART APARTAMENTO AMENTO DE   MARIA CLARA.0 APARTAMENTO LOURDES - 7am3e! *uer atender pra mim& 3o posso largar as malhas INDUSTRIAL - Bom dia, minha senhora MARIA CLARA - Bom dia INDUSTRIAL - ; a$ui $ue mora o senhor Antenor& MARIA CLARA - 1ou +ilha dele INDUSTRIAL - %le est'& MARIA CLARA - 3o senhor INDUSTRIAL - %le me deu este endere5o MARIA CLARA - .apai ostuma passar temporada omigo Atualmente est' em asa de meu irm3o " senhor deseja alguma oisa& INDUSTRIAL - Ei$uei de passar por a$ui para pegar seu pai 1eu irm3os mora longe& MARIA CLARA - este mesmo prédio INDUSTRIAL - .ode me indiar o apartamento& MARIA CLARA - " senhor +iou de pegar papai pra $u& INDUSTRIAL - amos ver os terrenos $ue est3o 0 venda NO &ALL preoupada+ MARIA CLARA *Eeha a porta preoupada+ - *ue terrenos& INDUSTRIAL - o bairro do Br's MARIA CLARA - 3o ompreendo INDUSTRIAL - "s terrenos me interessam Eiz o+erta e seu pai +iou de estudar om o advogado 6ombinamos ir l' e aertar tudo MARIA CLARA - 7eu pai n3o pode ir INDUSTRIAL - 7as, +iou ombinado! 2

MARIA CLARA - Eiou ombinado, mas ele n3o ir' INDUSTRIAL - Agora, $uem n3o est' ompreendendo sou eu, minha senhora MARIA CLARA - ; muito +'ilG meu pai n3o possui os terrenos INDUSTRIAL - 3o possui& MARIA CLARA - 3o senhora INDUSTRIAL - 7as ele me mostrou os t>tulos MARIA CLARA - 1ei $ue deve ter mostrado 7as papai est' velho e n3o sabe o $ue +az INDUSTRIAL - Ealamos no neg9io em presen5a de testemunhas idôneas .rometi e troutulos de terrenos $ue me servem, e por ausa disto deitulos tm algum valor, eu sei mas meu pai n3o tem direito de usar para neg9io %ssas terras do Br's perteneram, no séulo passado, a um tio-avô de meu pai, $ue as legou, por heran5a, 0 +am>lia de minha av9 7as, passaram-se $uase setenta anos, e embora ele tenha direito por  heran5a, as +am>lias $ue moram l' tm muito mais, pois est3o no bairro h' mis de in$Centa anos 7eu pai h' muito tempo vem toando demanda sobre os terrenos mas, na verdade, eles n3o  pertenem a ele .e5o desulpas em nome da +am>lia 7eu pai est' velho e o senhor  ompreendeseria uma grande humilha53o INDUSTRIAL *1eo+ - Aonselho a senhora a n3o dei
- .asse bem *1ai+ MARIA CLARA - "brigada /MARIA CLARA CAMINHA PARA A ESCADA, PÁRA E FICA OLHANDO NA DIREÇ#O DO  APARTAMENTO DE FRANCISCO.0 APARTAMENTO  AMÉLIA - " .ar$ue .edro == também& ANTENOR  - " $ue é $ue vo pensa $ue s3o sessenta al$ueires, 7elia& ; a rua do @asômetro, a /angel .estana, a Avenida 6elso @aria e o .ar$ue .edro ==! 1essenta al$ueires! SEGUNDO ATO ATO CENA: AO A!RIR%SE O PANO, ICENTE ESTÁ SENTADO CORRIGINDO O QUE   ESCREEU. ICENTE TRA!ALHA, ACOMPANHANDO IZA!EL COM OS OLHOS, CADA EZ QUE ESTA PASSA PELA SALA, CARREGANDO !RINQUEDOS E ROUPAS DO FUTURO FILHO. LOURDES CONTINUA TRICOTANDO. RICARDO, SENTADO À MESA,  !RINCA COM UM LÁPIS, PERDIDO EM SEUS PENSAMENTOS. SÉRGIO APARECE, JÁ  ESTIDO, ACOMPANHADO POR HELENA FAUSTA. APARTAMENTO 0 &ELENA - J' vai& SÉRGIO - J' &ELENA - .or $ue n3o espera o almo5o& SÉRGIO - 3o! :enha painia! J' estou ansado de ouvir as mesmas onversas &ELENA - o +iou +ora de asa mais de dez dias SÉRGIO - A servi5o da +irma, vo sabe muito bem 3o disse a vo $ue o ahorrinho ia +azer  desordem& "lhe s9! 3o se pode mais sentar nesta adeira 6omo posso trazer amigos para jantar& &ELENA - #oje, a 1oraia vai para o $uarto SÉRGIO - J' devia ter ido &ELENA - .apai n3o podia nem v SÉRGIO - .elo menos nisto, seu pai e eu ombinamos Ainda est3o no $uarto& &ELENA - %st3o SÉRGIO - :odo mundo me deu not>ia de seu pai na idade os n3o deviam dei<'-lo sair tanto &ELENA - .apai +oge! *uando a gente v, j' sumiu :ambém, oitado, viver preso num apartamento! .ior do $ue prender uma rian5a SÉRGIO - 7uito pior é +iar solto na idade om sua mania de neg9io &ELENA 22

- *ue +i$ue pelo menos om esta ilus3o SÉRGIO - 1abe $ue esteve muitas vezes na +irma& &ELENA - *uando& SÉRGIO - os dias em $ue viajei &ELENA - Eoi +azer o $u& SÉRGIO - 6onversar! 1implesmente, onversar! .erguntou sobre a asendnia de (eus e todo mundo um lugar onde trabalham desendentes de s>rios, italianos, alem3es, gahos e nortistas vo deve alular o resultado &ELENA - ; t3o +'il ompreender papai! SÉRGIO - .ara vos Aharam muita gra5a! % aabaram me apelidando de pr>nipe onsorte! *ue eu ou5a, durante dez anos, as mesmas perguntas a$ui dentro de asa, v' l' 7as ir ao meu trabalho e me ridiularizar, é o $ue n3o vou permitir &ELENA - ; um velho! 1er' $ue ninguém ompreende, meu (eus! SÉRGIO - =sto enhe &ELENA - o é grosseiro SÉRGIO - 6omeei do nada! 1ubi om muito es+or5o 3o vou admitir $ue essa mania besta de nobreza destrua tudo 1ou Albu$uer$ue e Bragan5a, de .ernambuo, é verdade, mas n3o sou  parente do =mperador e n3o sei e nem me interessa saber se meu tataravô tomou parte na Batalha de @uararapes! %stou +arto de repetir &ELENA *6ansada+ - %st' bem, 1érgio SÉRGIO - o jornal eu nem +alo, por$ue deve estar tudo de abe5a pra baivel eu n3o saiba isto! RICARDO - .ois n3o sei NO!MIA - o j' estudou! RICARDO - %studei, mas es$uei :ambém, os pro+essores s3o uns ignorantes 24

NO!MIA - " pro+essor sempre leva a ulpa RICARDO - 1e ninguém aprende é por$ue o pro+essor n3o sabe ensinar .ode perguntar pra $ual$uer  olega meu ninguém sabe NO!MIA - 1eu pai trabalha, luta om di+iuldade é preiso ompensar o es+or5o dele "s estudo est3o muito aros! RICARDO - Ah, n3o mam3e! 3o venha om tragédia s9 por$ue errei essa raiz $uadrada 3o sou nenhum %instein NO!MIA - Ea5a outra vez Até eu j' aprendi Lembre-se de $ue na hora do eamos parar, om todas as m3es sentadas, +azendo e pensando 0 toa *1ai+ /RICARDO TENTA ESTUDAR, MAS LOGO DEPOIS ADORMECE. ENQUANTO ISSO, O ENDEIRO TOCA A CAMPAINHA DO APARTAMENTO DE MARIA CLARA0 APARTAMENTO MARIA CLARA - .or $ue n3o atendeu, Lourdes& LOURDES - %stou oupada MARIA CLARA - %u também /MARIA CLARA A!RE A PORTA E O ENDEIRO APRESENTA UM PAPEL0 NO &ALL MARIA CLARA - *ue é isto& 'ENDEIRO - (espesas de seu pai 28

MARIA CLARA - " senhor deve estar enganado 'ENDEIRO - A$uele velho muito prosa n3o é pai da senhora& MARIA CLARA - ; 'ENDEIRO - %nt3o ; dele mesmo MARIA CLARA - 3o pode ser! *ue despesas s3o essas&! 'ENDEIRO - Erutas, does est' tudo esrito a>, dona MARIA CLARA - *uando +oi $ue ele omprou isto& 'ENDEIRO - " ms inteiro *uase todos os dias passava na bana MARIA CLARA - :odos os dias& " senhor tem erteza& 'ENDEIRO - :enho 6ontou ada est9ria! (izia $ue n3o dei
- *uero saber isto, direito /MARIA CLARA SAI DO APARTAMENTO E SO!E A ESCADA, ENCONTRANDO SÉRGIO  NO PATAMAR.0 NA ESCADA SÉRGIO - Bom dia, 7aria 6lara MARIA CLARA - Bom dia SÉRGIO - J' resolveram alguma oisa& MARIA CLARA - 3o SÉRGIO - 6onhe5o um instituto de um médio amigo meu %vel $ue vo esteja dormindo& RICARDO - Ahnnn %u estudei estudeiUm soninho, mam3e NO!MIA - %studou, lendo estas revistinhas! 1er' $ue preiso +iar vigiando vo, meu +ilho& RICARDO - .u
MARIA CLARA - %le saiu de asa muitas vezes& &ELENA - (eve ter sa>do .apai +oge! MARIA CLARA - :ome &ELENA - *ue é isto& MARIA CLARA - (espesas de papai na bana de +rutas A respons'vel é vo &ELENA - .or $u& MARIA CLARA - .or$ue s3o despesas deste ms % por +avor v' pagar hoje, sem +alta " dono da bana veio me obrar (isse $ue papai passava por l' todos os dias, $uei
muito bom viver sozinha nesta apartamento& .re+eria $ue eles vivessem a$ui 7as 1érgio n3o suporta as onversas de papai e papai é t3o imprudente 3o d' uma +olga 6ada vez $ue vem pra 'minha vida se torna um in+erno! MARIA CLARA - (esulpe, #elena! %u &ELENA - 19 vivo uidando de amisas, orrendo atr's de um marido $ue Arrastando-me de inema para inema, de bar para bar omo se +osse uma $ual$uer .ensa $ue desejo isto& %u  pre+iro ir ao inema do $ue ouvir disussQes intermin'veis 1érgio diz MaN, papai diz MbN (isutem  por $ual$uer oisa .apai est' ansado de saber $ue 1érgio é pernambuano pois n3o +az outra oisa $ue +alar mal de nortista @uararapes! MARIA CLARA - :ambém, 1érgio devia ompreender &ELENA - 6ompreende, mas ansa 9s desulpamos, os outros n3o *1ubitamente+ o $uer $ue eu dei
- 7as n3o é esta a verdade, Eraniso& .ense bem! RANCISCO - .or mim, n3o admito $ue papai seja internado, e muito menos interditado MARIA CLARA - %stou apenas $uerendo evitar $ue ele seja humilhado e nos humilhe ainda mais RANCISCO - *uando +oi $ue papai nos humilhou& MARIA CLARA - .re+iro n3o +alar sobre isto RANCISCO - os é $ue est3o $uerendo humilha papai MARIA CLARA - %st' bem %st' bem, Eraniso 3o se +ala mais nisto /MARIA CLARA ENTRA EM SEU APARTAMENTO. FRANCISCO, PREOCUPADO, FICA OLHANDO MARIA CLARA. DEPOIS OLTA%SE E SO!E A ESCADA. POR UM MOMENTO  MARIA CLARA O!SERA LOURDES.0 APARTAMENTO LOURDES - 6omo +oi& MARIA CLARA - 1ua tia n3o tem ulpa LOURDES - 1abia $ue a senhora desulparia MARIA CLARA - A verdade é $ue preisamos internar papai LOURDES - *uero ver a senhora onvener tio Eraniso MARIA CLARA - %le aabar' se onvenendo LOURDES - % a demanda do vovô& MARIA CLARA *Angustiada+ - #' oisas mais importantes $ue esta demanda /MARIA CLARA E LOURDES CONCENTRAM%SE NO TRA!ALHO0 APARTAMENTO  RANCISCO - /iardo! /iardo! enha '! NO!MIA - *ue +oi& RANCISCO - 1e ontinuar assim, n3o passa nos e
RANCISCO - % $ue tem isso& NO!MIA - "ra, meu +ilho! =sto n3o é desulpa! RANCISCO *Eurioso+ - *uero saber o $ue tem o papai om esta vergonha& RICARDO - :em  $ue +io sem lugar pra estudar RANCISCO - :udo serve pra desulpar vagabundagem RICARDO - ovô n3o d' uma +olga! RANCISCO - .elo $ue vejo, papai virou bode entimo de .edro Slvares 6abral! */iardo sai+ NO!MIA - %le se es+or5a, Eraniso, mas é tanta matéria, tanto oisa pra estudar! RANCISCO - %ssa mania de 7aria 6lara! ; papai, é /iardo é tanto trabalho 3o h' abe5a $ue agCente % ainda n3o $uerem $ue a gente tenha esperan5a! NO!MIA - *uem& %speran5a em $u& RANCISCO - ada ada *1aem+ /ANTENOR E AMÉLIA ENTRAM NO LIING DE HELENA FAUSTA. EST#O COM AS   MESMAS ALISES DO PRIMEIRO ATO.0 APARTAMENTO 0 &ELENA - J' v3o& AMÉLIA - J' minha +ilha (eus te aben5oe ANTENOR  - amos, 7elia o est' sempre atrasada! *olta-se para #elena+ "nde vai& &ELENA - Aompanhar AMÉLIA - 3o preisa, minha +ilha &ELENA 4

- 3o usta ANTENOR  - #elena Eausta @ostamos de deser sozinhos .elo menos na esada $ueremos +iar a s9s, sem ninguém nos espionando &ELENA *7agoada+ - 7as, papai! 3o inter+iro na vida de vos $uando est3o em meu apartamento ANTENOR  - o eu sei $ue n3o 7as, esta sua empregadinha "nde arranjou este estrepe& AMÉLIA - *ue ali's, n3o sabe +azer nada, hein, minha +ilha! *ue horror! "nde +oram parar as empregadas! Atrevida, vo preisa ver &ELENA - 1empre ajuda AMÉLIA *6om azedume+ - 7arlene!  se isto é nome de empregada! ANTENOR  - 7am3e, sim, tinha dzias de empregadas! *6hamando+  iolante! 6ipriana! %st'ia! Bastava bater palmas e hovia negrinhas de todos os lados! AMÉLIA - A ulpada +oi a .rinesa =zabel! ANTENOR  - Eeia omo santo de abolo! (epois, essa sua ahorrinha! ANTENOR  - .uro rabo de bisoito! 3o pudemos abrir a porta de nosso $uarto! %ra abrir e ela entrava! .ra $ue isso& .egue uma rian5a pra riar &ELENA - 1érgio na gosta de rian5a ANTENOR  - :ambém, esse seu marido n3o gosta de nada, hein& Ali's, gostar ele gostaG aperitivos, inemas, jantares! inguém vive s9 para omer Até paree juiz de direito! AMÉLIA - Antenor! ANTENOR  - Um Bragan5a! Um homem $ue seus antepassados morreram e
- %st' bem, mam3e *Amélia sai+ NA ESCADA AMÉLIA - 1obre a empregado e a ahorrinha vo tinha raz3o, Antenor 7as n3o preisava +alar! ANTENOR  - 1e a gente n3o +alar, minha velha, n3o aprendem nuna :rounia inteira! :ambém +oi o mais tra>do! :eve pela +rente um verdadeiro homemG o (u$ue de 6alias tinham um  padre Lembro-me do .adre BentoG era um santo! ANTENOR  - 7ais santo do $ue santo italiano AMÉLIA - %ra primo-irm3o de minha av9 ANTENOR  - % sobrinho de meu avô AMÉLIA - J' ouvi +alar $ue hoje tem até padre turo, Antenor! ANTENOR *=rritado+ - *uem é $ue vai areditar em missa de turo, 7elia! o tem ada uma! AMÉLIA - J' ouvi +alar, Antenor! "ra! /ANTENOR E AMÉLIA DESAPARECEM NO PATAMAR DE CIMA. IZA!EL COLOCA UM   !RINQUEDO EM CIMA DA ESTANTE DE ICENTE.0 APARTAMENTO . 'ICENTE - .or +avor, =zabel, n3o +a5a essa ara! Assim n3o onsigo trabalhar *ue posso +azer& IZA(EL - 3o estou pedindo pra +azer nada 'ICENTE - 3o est' pedindo, mas passa por a$ui omo alma penada, arregando esses bihos omo se os levasse para o matadouro IZA(EL - .ara o matadouro +oram os meus projetos 'ICENTE *Levanta-se, num >mpeto+ 42

- (iga, =zabelG posso +azer alguma oisa& IZA(EL - % eu, n3o posso, sentir& 3o tenho o direito de arrumar o $uarto de meu +ilho& Arrumar  omo $ueria& 'ICENTE - 1er' poss>vel! IZA(EL - 7eu +ilho também é importante 'ICENTE - 1er' apenas por um ms, =zabel! IZA(EL - 1er' sempre assim! 'ICENTE - .ois $ue seja " $ue vo $uer& *ue +ehe a porta a meus pais& 3o ombinamos +iar  om os velhos, um ms ada um& IZA(EL - 3o estou relamando isto, iente! 'ICENTE - 1ua e
- 1e pelo menos esse malditos apartamentos tivessem mais um $uarto! IZA(EL - ; t3o bonito nosso apartamento! 'ICENTE - 7as n3o preisava ser t3o pe$ueno IZA(EL *Abra5a iente+ - Eui ego>sta, meu bem %le d' per+eitamente pra n9s todos 'ICENTE - Aha mesmo& IZA(EL *.ausa+ - 6laro 3o pense mais nisto :rabalhe :udo se ajeita 'ICENTE *.ausa+ - @osto dos velhos Eio satis+eito $uando sei $ue est3o a$ui ; omo se +ossem a presen5a de um mundo $ue estivesse preso em minhas m3os Um mundo di+erente $ue s9 n9s possu>mos Eiam l' dentro, tranados s9 se ouve um murmrio e tenho sempre a impress3o de $ue, abrindo esta porta, enontro resposta pra tanta oisa $ue me atormenta e $ue n3o sei o $ue é 1e papai n3o se agarrasse tanto a um mundo $ue n3o é nem dele, mas do avô! ; uma presen5a limpa omo uma  boa reorda53o, e no entanto *Animando-se+ 1abe, =zabel& @ostaria de abrir portas, ver omo as  pessoas vive, desobrir omo gostariam de viver e esrever sobre a di+eren5a J' viu nossa vizinha& IZA(EL - *ual& 'ICENTE - A velha 7arta! *ue mundo n3o deve estar atr's da$uele rosto! %m $ue eam objetos  bel>ssimos j' vendidos para $ue +ossem entregues depois $ue morresse a ltima Um verdadeiro sa$ue ontra a morte Eoram desapareendo da janela, uma a uma até $ue um dia , passei por l' e nem a asa e
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- :io de mam3e e asou-se om minha tia a$uele tempo, um tio podia se asar om a sobrinha *endo Jua, apressa o passo + Ahaaa! *Jua, $ue tentara +ugir, volta-se para Antenor + JUCA - Bom dia, seu Antenor Bom dia, dona Amélia AMÉLIA *1em reonheer + - Bom dia ANTENOR  - Bom dia 6omo vai o senhor& JUCA - 6omo (eus manda ANTENOR  - :rabalha a$ui& JUCA - :rabalho ANTENOR  - 6omo se hama o senhor& JUCA - José José dos 1antos ANTENOR  - 1er' dos 1antos, de Amparo& JUCA - 6reio $ue n3o ANTENOR  - 6onhei uns 1antos, de Amparo @ente brava, mas muito boa! JUCA *:entando sair + - 1a> de Amparo muito pe$ueno ANTENOR  - #ouve até um aso de uma m3e $ue matou a +ilha JUCA - " senhor j' me ontou ANTENOR  - .ois é! A mo5a estava vendo passar a proiss3o, debru5ada na janela! A m3e morreu de vergonha do vig'rio Ah! n3o teve dvida 6hegou em asa e deu um tiro na +ilha 7atou! %ra gente de muito respeito! (ebru5ar na janela, nem mulher de vida airada " senhor n3o aha& JUCA - ; t3o bom olhar $uem passa na rua, seu Antenor ANTENOR  - " senhor sabe $ue j' andei de bangC& JUCA - 1ei ANTENOR  - .ois j' andei (e bangC, de trole, arro de dois avalos, t>lburi, autom9vel, trem e até de avi3o i o tempo passar! 6onhei de tudo nesta vida Eui amarista, amigo, primo, sobrinho, neto de bar3o Até revoluion'rio! " $ue n3o +ui na vida 19 n3o +ui ladr3o, o resto eu +ui AMÉLIA - " senhor mora a$ui também& JUCA - 1ou zelador deste prédio, h' seis anos! AMÉLIA - 7eus +ilhos moram a$ui *uatro apartamentos ANTENOR  4?

- ; um verdadeiro pardieiro, mas dizem $ue n3o h' outro JUCA - 7eu servi5o est' atrasado :enho ainda $ue limpar as esada AMÉLIA - Anda t3o suja esta asa! ANTENOR  - A senzala de meu avô andava mais em ordem JUCA *1aindo+ - 6om lien5a ANTENOR  - (esde $ue veio a liberta53o $ue est' esta desordem, 7elia! %sangalharam om o Brasil :ambém, um imperador $ue s9 sabia +azer versos! o dia em $ue veio a repblia, ele estava olhando as estrelas! 19 tinha barba! AMÉLIA - ovô tinha trinta negrinhos $ue pareiam uns brinos! ANTENOR  - (izem $ue esravo apanhava :udo mentira, 7elia Eingiam $ue surravam, mas n3o +aziam nada Eoi o $ue se viu! *uando veio a liberdade, $uase $ue morreu tudo pelas estradas Aabaram voltando para o senhor 6omiam muito bem, dormiam bemF o $ue mais $ueriam! AMÉLIA - :ambém, oito meses depois, sa>ram atropelados do pal'io ANTENOR  - Uma vez +oi visitar itor #ugo e o esritor +rans hamou-o de majestade e ele respondeuG M1ou, por aaso, e o senhor é pelo saber!N eja $ue tontura, 7elia! %ra s9 bom he+e de +am>lia .edro =, sim, é $ue era bom homem! :inha amante, surrava gente 0 toa, sabia o $ue $ueria eja a pai<3o $ue teve pela 7ar$uesa de 1antos! AMÉLIA - %ssas (omit>lias $ue anda por a>, é tudo por ausa dela! ANTENOR  - %ra uma mulher muito violenta! AMÉLIA - ejo ontar $ue era t3o ruim, $ue o pai ahava $ue devia ter sido troada na pia de  batismo! ANTENOR *6ontrariado+ - "ra, 7elia! AMÉLIA - "uvi ontar, Antenor! "nde vai& ANTENOR  T idade AMÉLIA - amos arrumar as oisas primeiro ANTENOR  - Leve a valise :enho ompromissos 1e n3o uidar de meus neg9ios, $uem vai uidar& AMÉLIA - 6uidado, Antenor #' tantos autom9veis na rua! ANTENOR  - 3o sou nenhum inv'lido, 7elia! Alguma vez +ui atropelado& AMÉLIA - olte logo ANTENOR *1aindo+ - (epois $ue de+ender meus interesses Até logo 4

AMÉLIA - Até logo *(irigindo-se para o apartamento de iente+  eja se resolve logo esta demanda ANTENOR *=rritado+ - o sabe per+eitamente, 7elia, $ue j' est' resolvida /ANTENOR SAI. AMÉLIA, COM CERTA DIFICULDADE, ACHA A CAMPAINHA.0 APARTAMENTO . 'ICENTE - Ah! Bom dia, mam3e AMÉLIA - Bom dia, meu +ilho 6omo vai& 'ICENTE - Bem *"lha o orredor + "nde est' papai& AMÉLIA - Eoi 0 idade 'ICENTE - .or $ue dei
MARLENE - (ona #elena! (urante tudo o ms, ada vez $ue seu Antenor me via, dizia $ue eu tinha a abe5a boa pra o$ues, e lombo 9timo para a hibata Amanheeu hoje me hamando de nega ativa! " $ue a senhora est' pensando& :rabalho a$ui por $ue $uero, e saio também a hora $ue $uiser .ode aertar minhas ontas &ELENA - "ra, 7arlene! .apai n3o sabe o $ue +az! MARLENE - 3o sabe& %u, hein! &ELENA - :rato vo t3o bem, 7arlene MARLENE - 3o adianta &ELENA - .ago o ordenado $ue $uer, dei &ELENA - .ode +iar sossegada, $ue isto n3o vai se repetir MARLENE - ; bom, mesmo &ELENA - 1e ontinuar, melhoro o seu ordenado MARLENE - 7as a senhora, j' sabeG o dia em $ue seu Antenor entrar por esta porta, saio imediatamente pela mesma ega ativa! %u, hein! *1ai+ APARTAMENTO . /AMÉLIA ENTRA, O!SERA ICENTE TRA!ALHANDO, PÁRA ATRÁS DE SUA CADEIRA  E SUSPIRA.0 'ICENTE - *uer alguma oisa, mam3e& AMÉLIA - *ue est' +azendo& 'ICENTE - Lutando om as minhas personagens %u $ueria uma oisa, elas $uiseram outra Agora n3o sei omo sair desta embrulhada AMÉLIA - 7eu +ilho! 1er' $ue esse neg9io de esrever d' erto, mesmo& 3o onhei ninguém $ue me
- 3o sei *ue vivem tudo junto, n3o omem na hora erta, nuna est3o em ordem, limpinhos Uma gente es$uisita! 'ICENTE - 13o iguais a todo mundo AMÉLIA - 3o tem perigo! Antigamente, sim, os homens eram +ortes 'ICENTE - Artista também tem sade, mam3e AMÉLIA - iviam livres, respiravam o ar do ampo, eram avalheiros! 1abe o $ue penso, meu +ilho& 'ICENTE *(istante+ - " $u, mam3e& AMÉLIA - Aho $ue a luz elétria, o trem e o tele+one en+ra$ueeram os homens 'ICENTE - "ra, mam3e! :udo isto nos ajudou a viver AMÉLIA - 3o sei, n3o inguém mais +az +or5a *1orri+ @osto de onversar om vo, meu +ilho .or $ue n3o onversa mais omigo& 'ICENTE - 7am3e! %stou trabalhando 3o trouvel trabalhar, vamos onversar sobre oisas agrad'veis AMÉLIA - .or +avor, meu +ilho! 3o pare seu servi5o 3o $uero inomodar ninguém 'ICENTE - A senhora est' dizendo $ue ninguém lhe d' aten53o! AMÉLIA

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- 6omo, n3o d'& 1eria muita grosseria, e meus +ilhos n3o s3o grosseiros ou uidar da minha obriga53o *1ai+ 'ICENTE - 7am3e! AMÉLIA *olta 0 sala e sorri+ - *ue é iente& 'ICENTE *Beija o rosto de Amélia+ AMÉLIA */i+ - o sempre +oi muito beijo$ueiro, meu +ilho! 'ICENTE - Assim $ue aabar meu servi5o, poderemos onversar uma por53o de oisas am'veis *uer& AMÉLIA - 3o 3o tenho tempo /AMÉLIA SAI. O OFICIAL DE JUSTIÇA ENTRA NO HALL DO PRÉDIO, EXAMINA AS   PORTAS DOS APARTAMENTOS E TOCA A CAMPAINHA NO APARTAMENTO DE  ICENTE.0 NO &ALL 'ICENTE - *ue deseja& OICIAL - .ode me in+ormar se mora neste prédio um senhor hamado Antenor de 'ICENTE *6orta, impaiente+ - 7ora, sim ; meu pai OICIAL - =sto é para ele Assine a$ui 'ICENTE - *ue é isto& OICIAL - =ntima53o 'ICENTE - =ntima53o& =ntima53o de $u& OICIAL - 1eu pai vendeu terrenos e os ompradores est3o relamando na justi5a 'ICENTE - %st3o relamando o $u& OICIAL - Eoram vendidos a mais de uma pessoa 'ICENTE - " senhor deve estar enganado! 7eu pai n3o +ez isto OICIAL - 1eu pai n3o +ez 7as, passou proura53o para espertalhQes $ue se aproveitaram dele enderam os terrenos, reeberam o sinal e desapareeram %st' esrito a> $ue deve ompareer ao E9rum no dia 2, 0s treze horas, para depor .asse bem "brigado /ICENTE FICA ATURDIDO, OLHANDO O OFICIAL QUE SAI. SU!ITAMENTE, ANDA  APRESSADO PARA O APARTAMENTO DE MARIA CLARA.0 'ICENTE - 7aria 6lara! 7aria 6lara! MARIA CLARA - *ue +oi& =zabel& 'ICENTE 8

- 3o enha ' *1aem para o hall+ "lhe isto MARIA CLARA - .apai ter' $ue depor no E9rum! MARIA CLARA - .or $u& 'ICENTE - .assou proura53o para espertalhQes $ue venderam terrenos a mais de um omprador %st3o relamando na justi5a MARIA CLARA - 7as $ue terrenos s3o estes, iente& 'ICENTE - 1ei l'! .apai est' sempre metido no meio de tanto embrulho! %le n3o onta nada MARIA CLARA - *ue vamos +azer& 'ICENTE - =r l' e +alar om o juiz MARIA CLARA - .or $ue papai +az isso&! 'ICENTE - amos +alar om Eraniso MARIA CLARA - ou hamar #elena /ICENTE E MARIA CLARA SO!EM A ESCADA. AMÉLIA APARECE À PORTA DA SALA  DE ICENTE0 APARTAMENTO . AMÉLIA - Antenor! Antenor! IZA(EL - *ue +oi, dona Amélia& AMÉLIA - Antenor est' demorando tanto! /MARIA CLARA E HELENA SAEM DO APARTAMENTO +, DESCEM A ESCADA E PASSAM   PELO PATAMAR. ICENTE, NO-MIA E FRANCISCO ENTRAM NO APARTAMENTO ). FRANCISCO EXAMINA A INTIMAÇ#O DO JUIZ.0 IZA(EL - %sta hora é di+>il de pegar ônibus AMÉLIA - Antenor some 3o tenho om $uem onversar IZA(EL - iente deve voltar logo 6om erteza +oi omprar igarros AMÉLIA - %u e minha sombra! 3o sei o $ue +oi $ue aonteeu, minha +ilha, mas a vida +iou t3o desagrad'vel! IZA(EL - enha omigo AMÉLIA - 3o "brigada /AMÉLIA SENTA%SE E COMEÇA A FAZER CROCH-. IZA!EL SAI DA SALA0 APARTAMENTO  RANCISCO - % agora& 8K

'ICENTE - Aho $ue basta ao juiz ver o estado de papai RANCISCO - 6laro 'ICENTE - (epois, trata-se de espertalhQes j' onheidos Eoi o $ue deduzi da onversa do o+iial de  justi5a RANCISCO - *uer dizer $ue papai tinha esses terrenos& /MARIA CLARA E HELENA ENTRAM NO APARTAMENTO DE FRANCISCO.0 'ICENTE - *uem pode saber! .apai se julga dono da idade *ual$uer dia destes vende a .ra5a da 1é RANCISCO - *ue vamos +azer& MARIA CLARA - 6ompareer ao E9rum, junto om ele, e evel, Eraniso! 'ICENTE - 6onorda om $u& MARIA CLARA *.ausa+ - Aho $ue devemos interditar papai &ELENA  - :ambém aho melhor 'ICENTE - =nterditar& MARIA CLARA - os n3o vem o $ue est' aonteendo& 'ICENTE - :ambém, n3o é aso de tamanha humilha53o! MARIA CLARA - iente! #' dois meses, esteve um senho em meu apartamento .assou para levar papai =am ver os terrenos do Br's *uando eu disse $ue papai n3o ia, amea5ou reorrer 0 justi5a RANCISCO - Um mal-entendido 0 toa, 7aria 6lara, $ue n3o trou
MARIA CLARA - *ue é $ue vo aha, iente& 'ICENTE - 3o sei =nterditar eu n3o teria oragem &ELENA - .ois eu onordo om 7aria 6lara RANCISCO - ; o aminho mais +'il, n3o é& &ELENA - 7ais +'il, por $u& *ue é doloroso eu sei $ue é RANCISCO - Assim n3o lhe daria mais trabalho &ELENA - :enho o mesmo trabalho $ue vo RANCISCO - .ois n3o paree .apai vive na rua, $uando est' em seu apartamento &ELENA - :anto +oge do meu, omo tem +ugido do seu RANCISCO - /elamam até do jornal $ue ele l! &ELENA - =sto vo também relama MARIA CLARA - 3o vamos disutir sobre isto " $ue importa é tomarmos uma resolu53o Aho $ue devemos internar ; muito tristeF eu sinto tanto $uanto vos mas $ue podemos +azer& RANCISCO - 7eu pai n3o é nenhum indigente para ser internado em asilo& MARIA CLARA - *uem est' +alando em asilo RANCISCO - o MARIA CLARA - =nstituto n3o é asilo RANCISCO - " nome é pra dis+ar5ar 7as a verdade é uma s9 MARIA CLARA - enhum de n9s pode ver papai e mam3e desendo e subindo esta esada o instituto evel ontinuar assim aabar>amos todos louos, n3o é  justo pra eles, nem pra n9s RANCISCO - .ois, ent3o, $ue ontinue omo est' MARIA CLARA 84

- 7as esta mania de neg9ios do papai é uma amea5a onstante RANCISCO - Até hoje n3o aonteeu nada de grave em vai aonteer MARIA CLARA - %nt3o, ser intimado a depor n3o é grave& (epor por ausa de neg9ios om espertalhQes e vigaristas& 'ICENTE - .apai nem deseu para o meu apartamento (iz mam3e $ue ele +oi 0 idade tratar de neg9ios MARIA CLARA - 3o estou +alando& RANCISCO *%tulos e doumentos +iar3o sem valor MARIA CLARA - 7as n3o tm nenhum valor, Eraniso! RANCISCO - J' imaginou, 7aria 6lara, se um dia papai provar a todo mundo $ue tinha raz3o& *ue é dele , de +ato, a metade do Br's& MARIA CLARA - A$uela gente mora l' h' mais de in$Centa anos! 88

RANCISCO - =sto seria uma $uest3o de advogado J' pensou omo mudaria nossa vida& MARIA CLARA - Aontee $ue n3o temos direito .ara ganharmos, termos $ue dar preju>zo a muita gente RANCISCO - 3o mandei ninguém +azer asa em terreno alheio &ELENA - 3o mandou , mas est3o +eitas! 'ICENTE - 1er' poss>vel $ue vo aredita, mesmo& RANCISCO - A h'ara perteneu 0 nossa +am>lia! 'ICENTE - % no lugar da h'ara, e
- iente! MARIA CLARA *Abra5ada a iente+ - .or +avor, iente! ' embora! /PAUSA. AMÉLIA LEANTA%SE, SUSPIRA E SAI DA SALA DE ICENTE.0 'ICENTE - :enho mais pena de vo do $ue de papai RANCISCO - 3o preiso de sua piedade 1aia da$ui /ICENTE E HELENA FAUSTA SAEM DO APARTAMENTO E DESCEM A ESCADA.0 MARIA CLARA - 3o h' outra solu53o, Eraniso RANCISCO - 7e dei
- 7am3e! MARIA CLARA - Lourdes! LOURDES - .or $ue est' horando& MARIA CLARA - 7e abrae bem apertado LOURDES - 6alma, mam3e 3o hore, por +avor MARIA CLARA *1olu5a violentamente+ - 6oitado do papai! APARTAMENTO . IZA(EL *1ubitamente, a+asta-se de iente+ - iente! iente! 7e aode! 'ICENTE - *ue +oi, =zabel& A dor $ue o médio disse& A$uela& IZA(EL - ;! 'ICENTE - Ei$ue $uietinha 3o se me
&ELENA - Levar aonde& 'ICENTE - T maternidade &ELENA - ou imediatamente 'ICENTE *.assa orrendo no patamar e grita para o apartamento de Eraniso + - omia! Eraniso! omia! As dores j' ome5aram! amos para a maternidade! *(ese orrendo a esada+ APARTAMENTO . 'ICENTE - amos, minha pombinha IZA(EL - A mala, iente! A mala! 'ICENTE - A mala, 7aria 6lara IZA(EL - o, iente 'ICENTE - %u levo, 7aria 6lara IZA(EL - % n3o +i$ue olhando pra mim omo se eu +osse morrer! /ENQUANTO HELENA, FRANCISCO E NO-MIA DESCEM A ESCADA, MARIA CLARA  SAI CORRENDO PARA SEU APARTAMENTO0 NO &ALL 'ICENTE - 7aria 6lara! o n3o vem om a gente& MARIA CLARA - aturalmente! Lourdes! "lhe a asa 3o se es$ue5a do jantar Ah! Eehe direito a torneirinha do g's /DIRIGEM%SE TODOS PARA A SAÍDA, FAZENDO GRANDE ALGAZARRA. NESTE   INSTANTE, ANTENOR ENTRA, FICANDO CONFUSO NO MIO DOS FILHOS. AMÉLIA  SAI DO APARTAMENTO PARA O HALL.0 'ICENTE - .apai! J' vamos para a maternidade! /SAEM TODOS. ANTENOR E AMÉLIA FICAM OLHANDO PARA A SAÍDA, SEM  COMPREENDER NADA.0 ANTENOR  - .or $ue todo esse barulho, 7elia& AMÉLIA - Aho $ue est' aonteendo alguma oisa 6omo v3o os neg9ios, Antenor& ANTENOR  - 7uito bem 1abe, 7elia& A$uele juiz $ue deu senten5a ontra mim& AMÉLIA - 1ei ANTENOR *Euriosos+ - ; desendente do Braso de 7ontes-6laros! AMÉLIA - ;& ANTENOR 

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- %u sempre deson+iei $ue a$uele traste n3o era ninguém " bisavô dele sempre desejou $uatro oisas na vidaF levar a omara pra 7ontes-6laros  onseguiu 1enador pela .rov>nia   onseguiu 1er nomeado bar3o  onseguiu irar brano n3o onseguiu! 6ontinuou negro e semvergonha! TERCEIRO ATO CENA: AO A!RIR%SE O PANO, A SALA DE ICENTE ESTÁ AZIA. A MESA ESTÁ CHEIA  DE PAPÉIS ESPARRAMADOS. HÁ UMA FOLHA NA MÁQUINA DE ESCREER. NO  APARTAMENTO ), FRANCISCO ESTUDA, AFLITO, UM MONTE DE PAPÉIS. NO-MIA O!SERA FRANCISCO. NO APARTAMENTO $, LOURDES CONTINUA FAZENDO TRIC1.  ZILDA TENTA LER, MAS N#O CONSEGUE. LEANTA%SE, A!RE A PORTA DO  APARTAMENTO, O!SERA O HALL, TORNA A FECHAR , SENTA%SE NOAMENTE E  FICA OLHANDO PARA O LIRO A!ERTO. LOURDES, DE EZ EM QUANDO, O!SERA  ZILDA. IZA!EL, ACOMPANHADA POR HELENA E CARREGANDO O FILHO, SAI DO QUARTO NO APARTAMENTO + E ENCAMINHA%SE PARA A PORTA. APARTAMENTO 0 &ELENA - 6oitado de meu a+ilhado! *ue nome puseram em vo *ue gente malvada! IZA(EL - J' me aostumei &ELENA - .or $ue dei
- iente diz $ue $uando a v namorando a rua, debru5ada nas almo+adas entre as ortinas de +ilé om a$uele ama+eu horroroso no peso5o, tem vontade de parar e onversar sobre $ual$uer oisa $ue ele n3o sabe $ue é &ELENA - .ois eu tenho vontade é de orrer IZA(EL - .reiso deser, #elena *1ubitamente+ Eraniso, omo est'& &ELENA - .éssimo! IZA(EL - 6oitada de omia! &ELENA - ; uma situa53o $ue a gente n3o sabe omo resolver IZA(EL - 7as $ue preisa ser resolvida &ELENA - 9s vamos lev'-los hoje J' arrumaram as malas, est' tudo pronto 19 estamos esperando 7aria 6lara IZA(EL - =magino omo iente deve estar Bom! Até logo, #elena &ELENA - Até logo *Beija a rian5a+ /IZA!EL DESCE A ESCADA. HELENA ENTRA NO QUARTO, OLTA COM UM !AL#O E  COMEÇA A ARMÁ%LO. PERCE!E QUE NO-MIA FAZ GRANDE ESFORÇO PARA RETER  AS LÁGRIMAS. ZILDA LEANTA%SE, A!RE A PORTA DE SAÍDA E ENCOSTA%SE NO  !ATENTE.0 APARTAMENTO LOURDES - )ilda! "u vo l ou n3o l "u senta, ou sai da$ui Assim, me atrapalha ZILDA - "s inomodados $ue se retirem LOURDES - %stou trabalhando ZILDA - (omingo n3o é dia de trabalho LOURDES - .ra mim, é ZILDA - 1aia um pouo ' ver gente LOURDES - er gente pra $u& Basta vo, $ue vejo todos os dias ZILDA - .or isto mesmo Eiaria loua se tivesse de ver s9 vo LOURDES - *uem disse $ue n3o +io também& ZILDA - 1abe& o est' preisando, mesmo, é de homem LOURDES - ou mandar a +am>lia esolher um pra mim ZILDA

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- %solha vo mesma Ea5a triô pra +ilho seu 3o importa de $uemG italiano, japons ou mulato! LOURDES - )ilda! ZILDA - 3o v' me enganar $ue n3o gosta de homem LOURDES - " $ue é $ue vo aha& ZILDA - 1e gosta, n3o d' a menor demonstra53o LOURDES - % vo& ZILDA - @osto de (eus, sobretudo, e em primeiro lugar, por$ue o "mar e
ZILDA - *ue pretende esrever sobre as on+rarias LOURDES - *ue on+rarias& ZILDA - "nde é $ue vo vive& o mundo da luz& :io iente n3o +alou em outra oisa durante meses LOURDES *=rritada+ - %le $uer esrever sobre tanta oisa! Até sobre 7arta, essa vizinha +ulia toda %ra pre+er>vel +azer isto, do $ue +iar a$ui omo virgem into'vel Joana (VAr, de+ensora da tradi53o LOURDES - 3o sou Joana (VAr, mas também n3o sou prostituta ZILDA - %ste é seu mal 3o tem oragem de ser nada LOURDES - "nde aprendeu tudo isto& ZILDA - .or a> *.ausa+ 7am3e, onde est'& LOURDES - %stou ansada de dizer $ue +oi ao =nstituto ZILDA - 1er' $ue n3o perebem $ue $uanto mais demoram mais so+rem& *ZILDA ENTRA NO 1UARTO+ APARTAMENTO  NO!MIA - #oje é domingo, Eraniso! RANCISCO - % da>& NO!MIA - ; dia de desanso RANCISCO - 3o estou trabalhando NO!MIA - %st' e
RANCISCO - .reiso veri+iar bem 3o tenho mais on+ian5a em ninguém NO!MIA - 3o valem nada, Eraniso RANCISCO - *ue é $ue vo entende& NO!MIA - 1e valessem, seu pai j' havia ganho a demanda RANCISCO - 3o ganhou por ausa de um juiz desonesto NO!MIA - 1er' $ue em trinta anos, todos os juizes $ue etulos e os doumentos de valor& Uma papelada rasgada e até ro>da de ratos! RANCISCO - 7as $ue provam nossos direitos NO!MIA - 1eu pai se agarrou a esta demanda omo um louo, e
RANCISCO - 1aia da$ui 7e deivel SÉRGIO *.ausa+ - amos jantar +ora& &ELENA - 3o posso SÉRGIO - .or $ue n3o& &ELENA - =zabel e iente vai ao inema ou +iar om 7artiniano ?8

SÉRGIO - (iga $ue temos ompromisso &ELENA - J' prometi $ue +iaria SÉRGIO - A+inal, $ue est' aonteendo& &ELENA - ada SÉRGIO - o é minha mulher ou pajem de =zabel& &ELENA - *ue é $ue vo aha& SÉRGIO - %stou bem arrumado! Antes eram seus pais, agora é o garoto Ah! ia-me es$ueendoG a ahorrinha também &ELENA - .ois é SÉRGIO - A+inal, v3o ou n3o v3o para o =nstituto& &ELENA - 3o hoje SÉRGIO - ; a melhor solu53o &ELENA - "u a mais ômoda SÉRGIO - 3o v' me dizer eu n3o desejava& &ELENA - 3o se trata de desejar SÉRGIO - o aha $ue poderiam +iar onoso& &ELENA - 3o SÉRGIO - %nt3o! ; a melhor solu53o &ELENA - Leia o seu jornal NA ESCADA NO!MIA - )ilda! ZILDA - Bom dia, tia omia NO!MIA - 1ua m3e j' voltou& ZILDA - 3o NO!MIA - o sabe o tele+one do =nstituto& ZILDA - Aho $ue Lourdes sabe APARTAMENTO 0 SÉRGIO *=rritado+ ??

- ou sair &ELENA - %st' tudo limpo, almo, em ordem! 3o era isto $ue eias *Atira o jornal+ &ELENA - " $ue vo n3o gosta mesmo é de +iar em asa APARTAMENTO  RANCISCO *Abre a porta do apartamento+ - omia! omia! APARTAMENTO 0 SÉRGIO - ou tomar um drinI &ELENA - .assarei a tarde om mam3e 19 venho 0 noite APARTAMENTO LOURDES - (eve ser este Aonteeu alguma oisa& NO!MIA - 3o .reiso +alar om sua m3e /NO-MIA SAI DO PRÉDIO. ZILDA ENCOSTA%SE À ESCADA, NO INSTANTE EM QUE   ENTRA OMAR.0 NA ESCADA ZILDA - "mar! OMAR *.assando+ - Bom dia ZILDA - %spere, "mar OMAR *6om relutRnia+ - *ue é& ZILDA - #' tanto tempo $ue n3o nos vemos! OMAR *1eo+ - %stive viajando ZILDA - "nde +oi& OMAR  - isitar meus pais *olta-se para sair + ZILDA - :ive saudades *"mar p'ra+ 1abe $ue entrei em seu apartamento& OMAR  - Jua me ontou ZILDA - 6olo$uei +lores no vaso omo na$uele dia! Ei$uei l', imaginando $ue vo entraria de uma hora para outra ?

OMAR *olta-se, tentando +ugir + ZILDA - "lhei suas roupas, limpei os m9veis alisei a ama OMAR *%<itado e irritado+ - .are om isto, )ilda! ZILDA - 3o aha $ue j' me astigou bastante& OMAR  - 3o estou astigando ninguém ZILDA - %ste prédio, sem sua presen5a +iou insuport'vel OMAR  - 3o pode dar erto, )ilda ZILDA - 3o pode, por $u& .or $u& OMAR  - .or $ue n3o pode ZILDA - .ensa $ue sou igual ao meu avô& 3o sou a mesma $ue dizia amar& OMAR  - inguém vive sem a +am>lia ZILDA - 3o vou me asar om a sua, omo vo n3o se asar' om a minha OMAR  - % por $ue n3o& 3o pertenemos a elas& ZILDA - .or$ue vamos +ormar a nossa OMAR *(esesperado+ - o n3o v $ue seu avô estragou tudo& ZILDA - 3o tenho nada om os preoneitos de meu avô :rabalho para viver 7inha m3e ostura, borda, +az triô, ozinha, lava e passa :odos lutam om di+iuldade OMAR  - 7as ontinuam agarrados a oisas $ue para mim n3o tm o menor valor ZILDA - .ara mim também n3o OMAR  - 6onhe5o os tipos da sua +am>lia inguém sabe o+ender omo eles ZILDA - 1e agarram tanto ao passado, é por$ue +iaram 0 margem, n3o possuem mais nada 1er' $ue n3o pode entender& OMAR  - .reoneito, intolerRnia s3o oisas $ue +iam no sangue ZILDA - % vo& 3o est' om preoneito também& OMAR  - *ue preoneito& ZILDA - Aha humilhante ser desendente de negros& OMAR  - 6laro $ue n3o ?D

ZILDA - .ois paree Eiou t3o o+endido! 19 sabe +alar em +am>lia OMAR *.ausa+ - o viveria no meio de pessoas di+erentes de sua gente& ZILDA - .or $ue n3o& OMAR  - 1abe omo hamam minha m3e& 7ulata *uitéria, a doeira %la ozinha para ban$uetes ZILDA - % a minha ostura para os outros OMAR  - 7eu pai é ho+er de aminh3o 13o negros, mesmo! J' imaginou $uantas vezes seu avô iria me perguntar de $uem o meu +oi esravo& ZILDA - /esponda de $uem +oi % da>& 3o desendo desta gente $ue esravizou a sua, e n3o estou a$ui pedindo $ue se ase omigo& 1e isto n3o representa nada, é por$ue é ego A nia di+eren5a $ue restou entre n9s é a or da pele ada mais 3o se esonda atr's dela, guardando ressentimentos .ensa $ue n3o sabia $ue desendia de negros $uando me entreguei a vo& % $ue di+eren5a +ez& ;ramos apenas um homem e uma mulher na$uela ama! /ICENTE SAI NO HALL E O!SERA ZILDA E OMAR, REFLETINDO NO ROSTO O CONFLITO EM QUE OS DOIS EST#O ENOLIDOS.0 OMAR  - )ilda! ZILDA - (epois $ue +ui sua n3o posso ser de mais ninguém %s$ue5a meu avô, meu nome, seu sangue barQes e esravos! 3o v $ue tudo isto impede a gente de viver& *1ubitamente, ai de  joelhos, abra5ando as pernas de "mar + 6ase omigo! ou viver om vo onde $uiser /OMAR LEANTA ZILDA, !EIJANDO%A. ZILDA SE ENTREGA, SOLUÇANDO. LOURDES   ENCOSTA%SE EM SUA MESA E, AMARGURADA, OLHA FIXAMENTE PARA FRENTE,  REELANDO GRANDE SOLID#O.0 OMAR  - )ilda! ZILDA - "mar! OMAR  - :udo isto me +ez so+rer ZILDA - *uero viver e s9 posso junto de vo OMAR  - (esde a$uele dia, na entrada do prédio perebi $ue tentava +ugir do $ue sou .areia $ue arregava em mim duas +or5as $ue $ueriam me destruir 1entia-se omo se tivesse atravessado uma +ronteira num lugar sem nome, sem nada! ZILDA - A gente pode ser brano ou negro, sem $ue as portas nos sejam +ehadas, "mar OMAR  - (epende das portas onde batermos ZILDA - Abri-las, depende de n9s OMAR  - A gente vive s9! ZILDA ?H

- .or $ue nos +azemos s9s OMAR *"bserva seu bra5o+ - (ebaido MARIA CLARA *6alma+ - .ode +iar sossegada, omia #oje vamos pôr um ponto +inal disto tudo /NO-MIA SO!E A ESCADA, CRUZANDO COM SÉRGIO0 APARTAMENTO . MARIA CLARA - iente! amos& 'ICENTE - Um momento =zabel! =zabel! ?

IZA(EL *%ntrando+ - Eale baidas no meio do jardim ; omo se vivessem em uma asa partiular NO!MIA - *uem arruma& MARIA CLARA - As en+ermeiras 

/ICENTE E IZA!EL ENTRAM NO APARTAMENTO DE FRANCISCO, AO MESMO TEMPO EM QUE ESTE APARECE SEGURANDO UMA PASTA. FRANCISCO DE!RUÇA%  SE SO!RE A MESA, AINDA EXAMINADO A PASTA. MARIA CLARA, HELENA, ICENTE,  IZA!EL E NO-MIA FORMAM UM !LOCO, OLHANDO FRANCISCO.0 RANCISCO - 7aria 6lara! o sabe onde papai guardou o proesso da demanda do bar3o& J' revirei *.'ra, subitamente, olhando todos+ omia! *ue malas s3o a$uelas no $uarto do papai& NO!MIA - 1eus pais v3o embora hoje RANCISCO - %mbora pra onde& NO!MIA - .ara o =nstituto, Eraniso J' se es$ueeu& RANCISCO *uem disse $ue eles v3o& MARIA CLARA - %u RANCISCO - % eu digo $ue n3o v3o &ELENA - o n3o pode resolver isto sozinho RANCISCO - .osso 1ou o +ilho mais velho MARIA CLARA *6alma+ - 13o nossos pais também RANCISCO - inguém vai tirar os velhos da minha asa 3o $uiseram +iar om eles eu +io 'ICENTE - %les preisam ir, Eraniso RANCISCO - 3o vem $ue isto é uma vergonha& &ELENA - ergonha por $u& RANCISCO - .or $ue s3o nossos pais, sua ego>sta NO!MIA - Eraniso! RANCISCO - %nt3o, n3o prestamos para tomar onta de dois velhos, justamente $uando mais preisam de n9s& 3o vem $ue en$uanto papai lutar por seus direito, pensar $ue vai ganhar a demanda sentir' $ue vive& 1er' alguém preso a um passado $ue +oi grande! % n9s n3o seremos gentinha $ue n3o sabe de onde veio, $ue nuna teve nada MARIA CLARA - una tivemos, mesmo RANCISCO - 7aria 6lara! :enho erteza de $ue ainda podemos ganhar a demanda NO!MIA - .or +avor, Eraniso! %s$ue5a isto! RANCISCO - 1e a gente ahasse o proesso omo pareer do juiz, n3o preisar>amos intern'-los MARIA CLARA K

- .or $ue n3o& RANCISCO - Alugar>amos um apartamento maior :odos +iariam bem MARIA CLARA - 7as n3o se trata de mais $uartos, Eraniso RANCISCO - 1e eamos t3o bem, Eraniso! 3o preisamos do Br's MARIA CLARA - Eraniso! ; preiso pensar nos outros também o tem mulher e +ilho &ELENA - 1aber $ue est3o internados no =nstituto n3o é nenhuma vergonha RANCISCO - .ara n9s, é *ue v3o dizer os parentes, os amigos& MARIA CLARA - ergonha é abandonar emprego, es$ueer da +am>lia pôr o nosso orgulho aima de tudo Basta o $ue papai +ez a +am>lia dele passar, por ausa dessa demanda 3o +a5a o mesmo om a sua, Eraniso! RANCISCO - *ue é $ue tem a minha +am>lia& MARIA CLARA - 1eu +ilho +oi reprovado e vo nem toma onheimento omia est' so+rendo, e vo agarrado a esses papéis $ue j' deviam estar no li
- o e papai atormentaram a oitada, s9 por$ue +iou noiva de um italiano *@esto de Eraniso+ %st' erto! %u permiti 3o tinha marido, vos se intitulavam he+es da minha asa 7as, +oram vos $ue +izeram de minha +ilha o $ue ela é hoje 3o vou dei é $ue est' a di+eren5a entre n9sG n3o sinto nenhuma deadnia por$ue s9 dou valor a meu nome o sente, por$ue +ez toda sorte de onessQes 0s suas +ilhas % $ue onessQes! MARIA CLARA - 1e vo der dez passos na rua, Eraniso, todas as pessoas $ue enontrar nuna ouviram +alar em vo e em nosso nome muito menos % nosso barQes est3o no emitério h' muito tempo %tulos RANCISCO - o est' mentindo! (iga $ue é mentira, 7aria 6lara! MARIA CLARA - %u $ueimei mesmo % sabe pro $u& o n3o viu papai subindo as esadas do E9rum 7as, eu e #elena vimos o n3o viu a vergonha $ue ele sentia % o medo! 7al podia levantar os olhos para mim, en$uanto subia as esadas .erguntava de minuto a minuto o $ue se passava /ICENTE, SEGURO POR IZA!EL, AI SE AFASTANDO, REELANDO UMA GRANDE   DOR.0 MARIA CLARA - %u e #elena vimos papai parado no meio da sala, respondendo a perguntas horrorosas L'! no meio de +alsi+iadores, ladroes e prostitutas! =sso, sim é $ue é vergonha (epois de toda a$uela humilha53o, a dois passos do E9rum, papai ome5ou a repetir as mesmas oisas, omo se tudo +osse reome5ar *ueimei! *ueimei, sim! RANCISCO *(esesperado+ - o est' mentindo! MARIA CLARA 4

- %ra a nia maneira de aabar om esta maldita demanda $ue nos +ez so+rer a vida inteira RANCISCO - o destruiu tudo! MARIA CLARA - Ei$uei viva :rabalhei noite e dia 6riei minhas +ilhas om o suor do rosto 3o $uero mais ouvir +alar no $ue +omos, em barQes e bandeirantes RANCISCO *.ossesso+ - .apai tinha direito MARIA CLARA - iente tem raz3o RANCISCO - A h'ara era dele MARIA CLARA -  arran$ue este peso das ostas NO!MIA - 3o, Eraniso! MARIA CLARA -  e tenha oragem de ser vo mesmo NO!MIA *Agarrada em Eraniso+ - .elo amor de (eus RANCISCO - Largue-me, omia! MARIA CLARA *(esontrolada+ - 3o temos mais nenhuma importRnia IZA(EL - iente! *Abra5a-o+ iente! 'ICENTE * o auge do so+rimento, obre o rosto om as m3os+ MARIA CLARA - 1omos omo $ual$uer um, nem piores nem melhores do $ue mulatos ou italianos &ELENA - 7aria 6alara! 7aria 6lara! RANCISCO *(' uma bo+etada em 7aria 6lara .ausa longa+ MARIA CLARA - o n3o tem pena deles, Eraniso 3o viu papai sozinho no E9rum o n3o v $ue esses papéis nuna valeram nada& *ue +oram eles $ue nos destru>ram& %nsine seu +ilho a viver no mundo de hoje, a ser ele mesmo! %u também $ueria $ue papai +osse onsiderado 7as, n3o é mais  inguém tem ulpa, Eraniso RANCISCO - 7aria 6lara! /MARIA CLARA E FRANCISCO SE A!RAÇAM. NESTE INSTANTE A PORTA DO QUARTO  SE A!RE E ANTENOR E AMÉLIA ENTRAM.0 AMÉLIA - %st' na hora, 7aria 6lara& MARIA CLARA *6om grande es+or5o+ - %st' sim, mam3e! AMÉLIA - *ue bom! amos Antenor! ANTENOR  - %stou indo %stou indo, 7elia *olta-se para #elena+ "nde vai& &ELENA - Aompanhar 8

ANTENOR  - #elena Eausta! .elo menos na esada gostamos de +iar a s9s *ue mania de espionar! /ANTENOR E AMÉLIA SAEM. DURANTE UMA PAUSA LONGA, OS FILHOS FICAM   PARADOS, IMÓEIS. JUCA, CARREGANDO A ASSOURA E O !ALDE, SO!E A ESCADA0 NA ESCADA AMÉLIA - :rouburi, autom9vel, trem e até de avi3o *Antenor e Amélia desapareem no patamar de ima Jua +ia parando, ouvindo a voz de Antenor + 6onhei de tudo nesta vida Eui amarista, amigo, primo, sobrinho neto de bar3o Até revoluion'rio! *A voz vai sumindo+ " $ue n3o +ui na vida! 19 n3o +ui ladr3oF o resto eu +ui /JUCA PEGA O !ALDO, A ASSOURA, DESCE A ESCADA E DESAPARECE.0 APARTAMENTO  NO!MIA - enha, Eraniso! .reisamos levar seus pais &ELENA - 3o hore, 7aria 6lara enha! amos ajud'-los

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/FRANCISCO, NO-MIA, MARIA CLARA E HELENA DESAPARECEM NO  APARTAMENTO. ICENTE DESCE A ESCADA E AI PARAR NO PATAMAR. IZA!EL  ACOMPANHA%O0 NA ESCADA 'ICENTE - " passado é um monstro, =zabel! IZA(EL - iente! 3o +i$ue assim n3o é s9 vo $ue tem pais $ue riam problemas 'ICENTE *Amargurado+ - .ara terminar assim! num prédio omo este e num asilo IZA(EL - 7as n9s estamos ome5ando, iente 3o se es$ue5a =sto, sim, é importante o vive dizendo $ue gostaria de esrever sobre a vizinhaF $ue s9 retratando a nossa rua, este prédio poder' ser ompreendido em $ual$uer parte, n3o é assim& 'ICENTE *"lha 0 sua volta, perdido+ - ; IZA(EL - %nt3o, o $ue espera& .ensa $ue é s9 n9s $ue arregamos velhos& "lhe 0 sua volta e esreva 'ICENTE - % n3o é o $ue estou tentando& IZA(EL - A pe5a sobre Eern3o (ias est' parada h' um n3o A $ue pretendia esrever sobre as on+rarias de "uro .reto, +iou apenas na inten53o %m vez de so+rer pelo passado, use-o para se realizar %le n3o est' ontido no presente de todo mundo& .egue essa gente, barQes ou n3o, e jogue no palo ; uma boa maneira de se libertar 'ICENTE - 1er' $ue estou $uerendo me libertar& IZA(EL *Eirme+ - o n3o é o Eraniso e vai realizar o $ue se propôs 'ICENTE *%
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- ; melhor dizer se n3o tivesse enontrado o teatro enha amos levar seus pais *.'ra e sorri+ 1eu pai vive ontando est9rias $ue s3o de vos %st9rias lindas! 3o aha $ue muita gente gostaria de onheer& *1aindo abra5ada a iente+ Lembra-se do italiano rio $ue omprou os ossos de um antepassado de vos& /ICENTE E IZA!EL SAEM DO PATAMAR DE CIMA. AO MESMO TEMPO, ANTENOR E   AMÉLIA SURGEM NO PATAMAR DE !AIXO.0 ANTENOR  - " bar3o de Jaragu' tinha uma l>ngua de +ogo! 6asou-se om a sobrinha a$uele tempo eram permitidos asamentos assim AMÉLIA - %ra primo-irm3o de minha av9 maternae tio do meu avô paterno ANTENOR  - 1obrinho do meu bisavô e, ai mesmo tempo, tio de minha av9 materna AMÉLIA - %ra um homem muito honesto! 7uito respeitado! ANTENOR  - :ambém, na$uele tempo, era o $ue elias tinham lugar erto pra sentar! ANTENOR  - " imperador sempre proibiu a entrada, no pa>s, de orientais .elo menos nisto ele +oi  bom AMÉLIA - isitava-se mais! ANTENOR  - (a minha idade, aho $ue s9 e
ANTENOR  - %m =tu, onde nasi, posso +ehar os olhos, entrar no emitério e onde enostar a m3o  posso deitar $ue é parente meu *.e$uena pausa+ ; pra l' $ue $uero ir AMÉLIA - .re+iro o 6emitério da 6onsola53o ANTENOR *6arinhoso+ - o gosta de em ontrariar, hein, 7elia& AMÉLIA - .re+iro mesmo " tmulo de papai est' num lugar pitoreso A vista é linda Uma vizinhan5a boa, t3o distinta! ANTENOR *%voa53o arinhosa+ - Um dos tmulos mais bonitos $ue onhe5o é o do primo Aleil morrer AMÉLIA - .odia ser t3o mais r'pido! ANTENOR  - :enho a impress3o de ter passado a vida morrendo AMÉLIA - 6laro, Antenor :odo mundo morre aos pouos ANTENOR  - Ainda tenho muito o $ue +azer AMÉLIA - 7am3e, $ue n3o +ez grande oisa a$ui na terra, devia se me
/RICARDO ENTRA ASSO!IANDO. OS FILHOS DESCEM A ESCADA E PARAM NO "LTIMO LANCE, FORMANDO, COM ANTENOR E AMÉLIA, EM PRIMEIRO PLANO, UM  QUADRO DE FAMÍLIA.0 RICARDO - J' v3o& ANTENOR  - J' "nde +oi& RICARDO - Ao inema ANTENOR  - Bom o +ilme& RICARDO - Um sarro! Eoguetes, massares, gente nua pra todo lado Baana pra valer ANTENOR  - (epois de M% o ento LevouN n3o +izeram mais nada $ue prestasse Assisti dez vezes RICARDO - .u