A dinâmica dos meios de comunicação A sociologia de de Bourdieu Bourdieu desmascara desmascara os interesses interesses na produção produção da notícia, notícia, mas também também suas críticas acadêmicas mais ingênuas
Clóvis de Barros Filho
Redação do jornal inglês The Daily Telegraph : a produção da notícia não decorre de um hedonismo naif , como acreditam alguns pensadores pós-moderno Foto!Reprodução"
#n$eli%mente o sociólogo &ierre Bourdieu legou poucos estudos e re$le'(es so)re os meios de comunicação* +pesar de uma produção a)rangente ue discute desde pro)lemas relativos reprodução", passando por complicadas uest(es so)re o gosto, a arte estrutura do ensino A reprodução da arte", e at. mesmo tratando uest(es ligadas ao mercado imo)ili/rio A distinção, As regras da As estruturas estruturas sociais da economia economia", Bourdieu pesuisou muito pouco so)re a comunicação* 0eu principal te'to so)re o assunto $oi pu)licado no Brasil, em livro, intitulado Sobre a teleisão* 1e'to este muito au.m de seus outros tra)alhos* 1anto no n2mero de p/ginas, uanto no rigor de pesuisa e na pro$undidade do assunto* Cou)e então aos seus discípulos, engajados no campo da comunicação, usar as $erramentas o$erecidas por ele para o estudo da mídia* &artindo dos re$erenciais teóricos de Bourdieu, podemos a$irmar ue o gosto, determinante de nossas inclinaç(es aos atos de consumo midi/tico, tem uma origem social* +ssim como a própria produção desta* 3, por essa ra%ão, am)as devem ser o)jetos de investigação sociológica* 0ociologia do consumo midi/tico* 0ociologia de sua produção* &ro)lemas intrínsecos para uem $a% uso dessa maneira de ver o mundo* Com )ase em A distinção 4567", de Bourdieu, podemos constatar ue tanto a produção como o consumo de produtos ligados aos meios de comunicação de massa não apenas possui uma origem social* 3la tam).m discrimina e hierarui%a seus agentes* Classi$ica socialmente* 8i$erencia o leitor da revista C91 da leitora da revista !ontigo, e e'clui prov/veis consumidores de revistas pornogr/$icas ue utili%am papel couché $osco* ; consumo de mídia ., portanto, o)jeto de distinção social* +ssim como tam).m discrimina os agentes sociais ue tra)alham nesses meios, )em como seus te'tos* Teoria sobre dominação
+ de$inição do ue . um meio de comunicação legítimo ., assim, uma uestão de primeira import pela demanda de seus produtos vulgo #)ope"
e pelas mani$estaç(es dos telespectadores ue os dominantes asseguram suas posiç(es* +)re-se, aui, todo um campo de an/lise dos con$litos e da violência sim)ólica em jogo pelos meios, na ual os dominados participam da construção de legitimidade imposta, aceitando suas posiç(es e rati$icando um tipo dominante de se $a%er produtos midi/ticos* ?as se a mídia . um o)jeto sociológico ue recentemente se imp(e, constitui-se num o)jeto de investigação particularmente dram/tico para o sociólogo* ; consumo midi/tico ue, de certa $orma, o tradu% $enomenicamente, . um imenso depósito de pr.-construç(es naturali%adas, portanto ignoradas enuanto tais no cotidiano, ue $uncionam como instrumentos ha)ituais de construção* 1odas as categorias comumente empregadas na identi$icação de suas tendências, idade - jovens e velhos -, se'o - homens e mulheres -, renda - ricos e po)res -, são contra)andeadas do senso comum, pelo discurso cientí$ico, sem muita re$le'ão* +lem disso, o padrão de uem avalia um produto televisivo, por e'emplo, . o padrão enrai%ado pela trajetória social desse avaliador nas suas e'periências com os diversos programas de televisão com ue teve contato desde a in$ o ue e'plica tanta $acilidade de adaptação* Facilidade e'agerada, talve%* +ceitas as categorias, listas e mais listas de dados estão disposição do pesuisador para con$irmação ou re$utação parcial* + investigação so)re as inclinaç(es de audiência deste ou dauele nicho - respeitados os crit.rios estatísticos de amostragem - ganham aura de constatação cientí$ica* + indiscuti)ilidade desse tipo de resultado legitima procedimentos e suas premissas* 3nco)re seu car/ter ar)itr/rio* #sso porue as escolhas t.cnicas, as mais aparentemente empíricas, são insepar/veis das escolhas de construção de o)jeto, as mais teóricas* ogo, e'plicar a produção dos meios de comunicação atrav.s de dados de audiência, tiragem, assinantes, cliues, e uantidade de an2ncios recai num euivoco grave ue só . justi$icado pelo imagin/rio do senso comum* "Um jornalista escreve para outro jornalista"
; campo de produção de conte2dos midi/ticos tem regras próprias ue se encontram em seus próprios agentes e nas suas relaç(es com os demais* @o meu livro # $habitus$ na comunicação, mostro como a produção jornalística . $ruto de um habitus jornalístico, utili%ando o jargão de Bourdieu, onde os crit.rios de $ato jornalístico e de pauta não são meras estrat.gias )urguesas de dominação, como diria um mar'ista, mas sim $rutos de uma interiori%ação da aprendi%agem jornalística* #nteriori%ação esta ue aprende a ver o mundo segundo uma determinada import
@em mesmo os pu)licit/rios, tidos como manipuladores, estão interessados no )em de seus clientes ou dos consumidores* @o ue se re$ere aos discursos acadêmicos dominantes so)re a comunicação, a sociologia de Bourdieu, atrav.s de uma pesuisa de campo rigorosa, e'p(e as
ingenuidades e os erros ue perspectivas mar'istas e pós-modernas $a%em da produção midi/tica* /, sim, interesses envolvidos na $a)ricação de uma notícia, como am)os denunciam* ?esmo nesta mat.ria ue eu escrevo, denunciando os interesses* &or.m, o comunicador não . movido por uma ideologia )urguesa para a dominação de massa* + reunião de pauta das grandes mídias não ., em nenhum momento, uma reunião de porcos asuerosos ue visam camu$lar a e'ploração capitalista e com)ater a ameaça comunista at. seu total e'termínio, posição esta compartilhada por muitos acadêmicos da Avelha guardaA e por jovens, cheios de hormDnios, ue ha)itam os centros acadêmicos* + produção da notícia, ou da propaganda, tam).m não . $ruto de desejos individuais ue uerem se e'pressar em toda sua A$orçaA visando sua satis$ação e $luide%, característico das ditas Asociedades pós-modernasA de consumo* @ão . o hedonismo na&f o Acom)ustívelA ue move os comunicadores de diversas /reas, como uerem acreditar os pensadores pósmodernos* 0ão desejos comple'os de aceitação no campo, disputa e dominação ue estão em jogo* 0ão os tro$.us dos campos e suas posiç(es de destaue e domin