Tema: Humor Estudo do texto Você vai ler a seguir um fragmento da peça teatral Lua nua, de Leilah Assunção, que foi encenada em várias cidades do país entre 1986 e 1989, sempre com grande sucesso de público e de crítica. A peça conta a história do casal Lúcio, um engenheiro, e Sílvia, uma advogada. Eles estão casados há alguns anos e têm um bebê, o Júnior. Na manhã retratada na cena reproduzida, eles enfrentam um sério problema: ambos têm uma entrevista importante, que decidirá o futuro profissional de cada um, e Dulce, a empregada, acabou de ser demitida por Sílvia, e agora não há quem fique com o bebê. Como vão resolver esse problema?
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© Editora Scipione
SÍLVIA É... O que é que a gente vai fazer? LÚCIO É um problema mesmo... Só que estou atrasadíssimo, depois você me liga para dizer como é que resolveu por hoje. SÍLVIA Espera aí, Lúcio. Acho que você não entendeu ainda. A saída da Dulce é um problema nosso e não apenas meu. LÚCIO Mas foi você que despediu a moça, você causou o problema, agora resolva você, ora. SÍLVIA Ela extrapolou todos os limites, poderia ter sido com você, é como se ela tivesse... pedido demissão. É um problema da nossa casa, a ser resolvido, portanto, conjuntamente. LÚCIO Só que eu tenho a entrevista com os americanos às dez e meia e estou atrasado. SÍLVIA Mas eu também tenho uma entrevista às dez e meia... LÚCIO Ah, você não vai querer me comparar agora essa sua entrevista com o meu trabalho, vai? SÍLVIA Ah! A minha entrevista é uma frescura, apenas. O seu trabalho é muito mais importante que o meu. LÚCIO Não é bem isso... SÍLVIA É? Diga. Responde, Lúcio. É mais importante? LÚCIO É! Pronto. Quis escutar, escutou, Sílvia. É claro que o meu trabalho é muito mais importante do que o seu. SÍLVIA Pooooooooooooooooor quê? LÚCIO Porque... Ora, não vamos agora começar uma discussão mesquinha. Eu me nego a ser ridículo. SÍLVIA Pois eu proponho que o sejamos. LÚCIO Sílvia, eu estou atrasado, não tenho tempo para debates. (Pega a pasta e vai em direção à porta da rua.) SÍLVIA Tem razão... Também estou atrasadíssima e não tenho tempo para debates. (Pega a sua pasta e também vai em direção à porta.) LÚCIO Quer parar de brincadeira? [...] SÍLVIA [...] Por que o seu trabalho é mais importante que o meu, Lúcio?
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
LUA NUA
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LÚCIO Não é uma questão de importância, Sílvia. O que você faz no escritório e o que você faz nesta casa são coisas valiosíssimas, mas veja... você ficou três meses aqui, só amamentando... SÍLVIA Amamentando o nosso filho. Que agora já está com oito meses... E nosso, aliás, da sociedade toda! LÚCIO Não começa! Eu não vou ter paciência, agora, para discurso! Ou faz nhenhenhém ou faz discurso, assim não dá! Vamos parar de lero-lero, tá? O meu trabalho pesa mais que o seu porque ele que é para valer, escutou bem? É o meu, o meu trabalho, e não o seu que garante a segurança desta família. É com o meu salário, e não com o seu, que você conta para ter (Aponta para os pacotes de compras.) esse supermercado aí, assistência médica, seguro de vida, carteirinha do clube e tudo o mais. Tá bom? SÍLVIA Amanhã pode ser o meu, lembra da tua mãe? LÚCIO Mas o problema é hoje. É hoje que será resolvido se vamos ou não para os Estados Unidos. SÍLVIA Sabe que você nem perguntou, de verdade, se quero mesmo ir? Talvez, para mim, não seja a melhor época para sair daqui. LÚCIO Não estou entendendo. O que você está tentando me dizer? SÍLVIA Isso mesmo que você está escutando. Estou muito entusiasmada com a minha profissão neste momento. Com o caso Teixeira Leite. LÚCIO “Caso Teixeira Leite”... Ô, Sílvia, eu não queria desqualificar você, mas esse seu caso é uma bobagem! Indenização por perda de emprego de uma filhinha de papai rico. Nós dois sabemos que você não passa de uma secretária de luxo no escritório dos seus amigos... SÍLVIA Sou uma advogada! Muitas vezes me esqueço disso, mas eu sou. E esse é o meu primeiro caso. Sozinha. Está escutando, Lúcio? (pausadamente) É o meu primeiro caso. Os Teixeira Leite têm influência, é a minha chance. Já faltei na primeira entrevista porque o Júnior estava com quarenta graus de febre. LÚCIO Ah! Você não gosta tanto do que faz não... SÍLVIA Adoro. É que me divido tanto, são tantos os meus papéis, que chego a ficar confusa. É um absurdo... como é que eu pude me confundir tanto assim? (Vai até a janela e diz em voz baixa, para si mesma.) Aquilo lá é fuga, o importante está aqui, sou eu mesma, o meu trabalho... LÚCIO Páaaaaara!... Isto, aquilo, meu, eu, que é, ficou maluca? Ta “invocando” o quê? (Sílvia fecha as cortinas da janela solenemente, definitiva.) LÚCIO (assustado) Que é, Sílvia?! SÍLVIA Vocês não me deixam saborear isso, mas a verdade é que a-do-ro a minha profissão. Assim como é verdade também que estou defendendo a moça porque a-cre-di-to, pronto. Pode me chamar de Santa Izildinha e do que quiser, eu a-cre-di-to, não é só interesse não. Ela não é operária nem bóia-fria mas é um trabalhador, tem os seus direitos. Perante uma lei que está aí para ser cumprida, é uma questão de justiça. Jus-ti-ça, escutou bem, Lúcio? Acho que é por isso que eu quis ser advogada, para tentar colocar de novo essa palavra no dicionário do verdadeiro faroeste que virou este país! […] LÚCIO Sílvia… tudo bem, eu acho legal você ter falado isso. E eu respeito sim, muito mais do que você pensa. Eu digo para as pessoas: “Minha mulher é advogada”, e sinto orgulho. A mulher do Douglas não faz nada, imagine, prendas domésticas, que coisa mais antiga. Mas Sílvia... se eu não apareço na minha entrevista sabe quem é que vai para esse estágio no meu lugar? SÍLVIA Ué… Não é o Douglas e a mulher dele de prendas domésticas que-coisa-mais-antiga? LÚCIO (desconcertado) Ah, é, eu já falei. SÍLVIA Você tem razão, não podemos perder tempo com divagações. Ação! Vamos ligar para a Tininha. Sua irmã talvez possa ficar com o Júnior para nós dois irmos trabalhar. LÚCIO (olhando para a porta da rua, aflito, e para o relógio) Minha irmã foi para o Rio pesquisar favelas, a maluca. Só espero que não volte “noiva” de um traficante, como é hábito lá entre as sociólogas. SÍLVIA Sua mãe! (pára). Não; ela está sem empregada lá na loja dela. LÚCIO E o raio da tua prima? Sua prima milionária, que passa o dia inteiro fazendo… nada!
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Procure no dicionário outras palavras que você desconheça.
(São Paulo: Scipione, 1990. p. 35-40.)
■ COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO 1. Como é comum nos textos teatrais, o desenvolvimento dos fatos e o conhecimento sobre as personagens se dão por meio dos diálogos. Compare as falas a seguir e associe-as aos locutores: “LÚCIO [...] depois você me liga para dizer como é que resolveu por hoje.” LÚCIO [...] você causou o problema, agora resolva você, ora.” “SÍLVIA [...] A saída da Dulce é um problema nosso e não apenas meu.” “SÍLVIA [...] É um problema da nossa casa, a ser resolvido, portanto, conjuntamente.” transfere a responsabilidade pela a) Como Lúcio se posiciona diante do problema que surgiu naquele dia? Lúcio solução do problema a Sílvia; ele não assume os problemas do lar. b) Pela reação de Lúcia, o que ela não quer mais? Ela não quer mais assumir tudo sozinha; não quer mais tolerar a omissão do marido.
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SÍLVIA Começou a trabalhar na Secretaria da Educação. LÚCIO Ah. Continua a não fazer nada. Olha Sílvia, eu quero te ajudar, eu entendo que é uma barra, mas tenho que ir andando porque já são mais de nove e meia, é um absurdo o que já me atrasei… SÍLVIA (desolada) Não adianta… LÚCIO Mas para a entrevista não posso me atrasar nem um segundo… SÍLVIA Ele não entende mes-mo… O que fazer, meu Deus, o quê? LÚCIO Tudo bem? Eu vou indo, então, numa boa, tudo bem? SÍLVIA (gritando) Saaacoooo! LÚCIO Tudo bem, Sílvia, tudo bem, eu entendi sim, tudo! Mas você não acha perda de tempo ficarmos os dois aqui? Um dos dois já basta para resolver o problema, não basta? SÍLVIA Pois que seja você a ficar então! Você não tem mais que trabalhar feito um camelo para sustentar mãe e irmão: eles cresceram! Você tem uma companheira que também produz. Que seja você a ficar. LÚCIO Pooooxa! Eu estou com trinta e cinco anos. Sabe quando vou ter outra chance dessas? Nuuunnnca! Vou ser um engenheirinho de merda até o fim da vida! SÍLVIA E eu, se perco esta chance, eu vou ser na-da até o fim da vida, Lúcio! Na-da, a diferença é essa: na-da. LÚCIO (resolvido) Mas como na-da? Como? Não adianta, não. Não adianta que eu não entendo mesmo! […] Você é minha mulher, Sílvia, é a mãe do Júnior! SÍLVIA Sempre de braços dados com alguma referência, “a mulher de”, “a mãe de”, “a filha-do-donodo-boteco”. E eu, Sílvia, onde é que estou, o que é que eu sou? Me ajuda, Lúcio… LÚCIO (perplexo) Não… não pode ser… Essa daí não é você… O que foi que aconteceu? SÍLVIA Enquanto eu dou um telefonema você vai aí do lado, por favor, e pergunta para a Dona Mariazinha se ela pode ficar com o Júnior. LÚCIO Eu?! Vou perguntar para essa vizinha se… Eu nem sei como é que se pergunta isso! SÍLVIA Ela fica de vez em quando. Já passou da idade, não gosto de abusar, mas é uma santa pessoa. LÚCIO (perplexo) Você virou feminista. É isso… novela das sete… é isso que dá ficar vendo novela das sete, virou feminista! SÍLVIA Pode me xingar do que quiser. Se eu não conseguir me divagação: fantasia, devaneio, pensamento vago. impor hoje com você, neste dia faroeste: filme americano de bangue-bangue. tão importante para minha vida, prendas domésticas: expressão que designa o trabalho doméstico. não vou conseguir nunca mais.
2. No confronto de interesses entre os dois, o casal acaba discutindo sobre a vida profissional de cada um. a) Que argumento básico Lúcio utiliza para convencer Sílvia de que o trabalho dele é mais importante do que o dela? O argumento econômico: ele lembra que ganha mais do que ela. b) Para rebater o argumento do marido, Sílvia cita o exemplo da mãe dele. O que você acha que pode ter ocorrido com os pais de Lúcio? Resposta pessoal. Provavelmente, em algum momento da vida, a mãe passou a ganhar mais do que o marido, ou o marido ficou desempregado ou impossibilitado de continuar trabalhando.
3. Releia estes trechos: “[...] você ficou três meses aqui, só amamentando...” “O meu trabalho pesa mais que o seu porque ele que é para valer...”
a) Que opinião Lúcio revela ter sobre a amamentação e sobre o trabalho de b) Quais das afirmações a seguir confirmam sua resposta anterior? • ✗• • ✗•
Ele parece não dar valor à amamentação, não levar a sério o trabalho de Sílvia, Sílvia? como se ela trabalhasse para preencher o tempo apenas.
“O que você faz no escritório e o que você faz nesta casa são coisas valiosíssimas...” “você não passa de uma secretária de luxo...” “Eu digo para as pessoas: ‘Minha mulher é advogada’, e sinto orgulho.” “É hoje que será resolvido se vamos ou não para os Estados Unidos.”
4. Releia esta fala de Sílvia: “É que me divido tanto, são tantos os meus papéis, que chego a ficar confusa. É um absurdo... como é que eu pude me confundir tanto assim? (Vai até a janela e diz em voz baixa, para si mesma.) Aquilo lá é fuga, o importante está aqui, sou eu mesma, o meu trabalho...”
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papel de advogada, de mãe, de esposa, dos quais o primeiro é o que a) Levante hipóteses: De que papéis Sílvia está falando? Do mais tem sido sacrificado. b) No teatro, o pensamento precisa ser falado para que o público tome conhecimento dele. Assim, Lúcia “pensa alto” ao dizer para si mesma: “Aquilo lá é fuga, o importante está aqui, sou eu mesma, o meu trabalho...”. Interprete: O que ela quer dizer com essa afirmação?
5. Considerando a carreira profissional das duas personagens, Sílvia e Lúcio estão em situações diferentes. ele está no auge da carreira, numa posição sólida e de a) Qual é a situação de Lúcio em sua vida profissional? Aparentemente, destaque. b) E a de Sílvia? Sílvia ainda está iniciando sua carreira. c) O que significa o caso Teixeira Leite para ela?
6. Compare estes trechos: “SÍLVIA Sempre de braços dados com alguma referência, ‘a mulher de’, ‘a mãe de’ [...]. E eu, Sílvia, onde é que estou, o que é que eu sou?” “LÚCIO (perplexo) Não... não pode ser... Essa daí não é você...”
a) Ao dizer “onde é que estou, o que é que eu sou?”, em que Lúcia pensa, na verdade? b) Como Lúcio reage diante da nova Sílvia que vê à sua frente? Lúcio se surpreende, vê Sílvia de uma maneira que não conhecia.
7. Lúcio atribui as mudanças da esposa ao feminismo e à novela das sete. Releia este trecho: “Acho que é por isso que eu quis ser advogada, para tentar colocar de novo essa palavra [justiça] no dicionário...”
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(Para las vacaciones. Barcelona: Glenat, 1995.)
Considerando quem é Sílvia, a profissão que ela exerce e a vida que tem levado ao lado de Lúcio, você acha que suas mudanças são fruto apenas da influência da TV? Por quê? 8. O movimento feminista internacional alcançou expressão no século XX, principalmente a partir da década de 1960. Encenada entre 1986 e 1989, a peça Lua nua põe em discussão a situação da mulher moderna, no lar e no trabalho. a) Pelo que se vê no texto, a libertação feminina, nesse momento, era um problema do passado? b) E hoje? Você acha que a mulher atual ainda vive problemas semelhantes aos de Sílvia? Por quê? 9. Lua nua foi traduzida para o inglês e, nessa língua, recebeu o nome de The sun of the naked moon (O sol da lua nua). Leilah Assunção, a autora, explica asA visão humorística de Mordillo, cartunista sim a alteração do título: “Porque toda mulher transargentino, a respeito do relacionamento amoroso. parente, exposta, verdadeiramente nua, tem um sol dentro de si”. Associe as atitudes de Sílvia, no texto, ao comentário de Leilah Assunção. O que a autora chama de sol, nesse contexto?
1. Releia este trecho: “LÚCIO [...] Eu me nego a ser ridículo. SÍLVIA Pois eu proponho que o sejamos.”
O pronome o evita a repetição de uma palavra expressa anteriormente. Que palavra é essa? A palavra ridículo. Professor: Se julgar conveniente, poderá chamar a atenção dos alunos para um fato curioso da língua: o oblíquo o, nesse contexto, desempenha a função de predicativo do sujeito, e não de objeto direto, como é mais comum.
2. Sílvia e Lúcio têm nível universitário e dominam a variedade padrão da língua. Como marido e mulher, eles adotam certa informalidade na linguagem. Em certo momento, porém, nota-se que o uso de reticências, de palavras separadas em sílabas e de palavras como lero-lero, nhenhenhém e saco, aparece com maior freqüência. a) Que sentido têm as expressões lero-lero e nhenhenhém? O mesmo que reclamações, lamentações. b) Que relação existe entre o ritmo da discussão e a linguagem? À medida que a tensão vai aumentando, esses elementos que indicam uma linguagem mais informal surgem com maior freqüência, pois as personagens vão ficando cada vez mais nervosas.
3. Imagine esta situação: Um funcionário, que deveria chegar às 8 horas da manhã, chega às 9 horas. Seu chefe lhe pergunta: “Chegou mais cedo hoje?”. O enunciado, isoladamente, apresenta um sentido. Contudo, a situação faz com que o sentido global do enunciado seja o oposto daquilo que foi dito. Quando isso ocorre, dizemos que o enunciado é irônico ou que foi utilizada ironia.
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■ A LINGUAGEM DO TEXTO
Considerando a situação em que os seguintes enunciados do texto foram produzidos, identifique aquele que apresenta ironia. a) “LÚCIO É claro que o meu trabalho é muito mais importante do que o seu.” b) “LÚCIO Ah, você não vai querer me comparar agora essa sua entrevista com o meu trabalho, vai?” ✗ c) “SÍLVIA Ah! A minha entrevista é uma frescura, apenas. O seu trabalho é muito mais importante que o meu.” d) “SÍLVIA Estou muito entusiasmada com a minha profissão neste momento.”
■ LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO Escolha com seu professor um trecho do texto para ser lido em dupla. Depois, leia as falas de uma das personagens (Lúcio ou Sílvia), tentando imprimir ritmo e ênfase à leitura, conforme o desenrolar dos acontecimentos. Lembre-se: as personagens estão atrasadas para seus compromissos e nervosas; a leitura deve, portanto, revelar o estado de tensão em que se encontram. Professor: Se não quiser promover a leitura integral do texto, sugerimos que o trecho escolhido inclua a fala em que Lúcio diz a Sílvia: “Ou faz nhenhenhém ou faz discurso, assim não dá!”.
Cruzando
linguagens
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Leia este texto visual, do cartunista argentino Quino:
(Quino. Qué mala es la gente! Barcelona: Lumen, 1999. p. 20.)
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1. As personagens do cartum estão vestidas de modo especial, e o ambiente é decorado com flores. a) Provavelmente, que tipo de evento social acabou de acontecer? O casamento das personagens. b) O que as personagens parecem estar fazendo no momento retratado? 2. Observe a posição que cada uma das personagens ocupa no cartum: a) Qual está numa posição mais alta, mais elevada? O marido. b) Em que o homem apóia seu pé direito? Nas pernas da esposa. c) Por que não se pode ver integralmente o rosto da moça? Porque parte do braço e parte da perna do homem estão escondendo o rosto dela.
3. A expressão corporal e facial das personagens também participa da construção do sentido do texto. a) Observe a posição em que o homem se encontra, suas mãos e sua expressão facial. O que elas expressam? Expressam superioridade, exibicionismo. b) E a expressão facial da moça? O que ela quer dizer? 4. Com base em suas respostas dadas na questão anterior, conclua: Pela posição das personagens e pela expressão corporal e facial que apresentam, o que se pode prever quanto ao futuro desse casamento? 5. Compare o cartum ao texto da peça Lua nua. Que semelhanças você nota entre: a) a posição espacial do homem no cartum e a posição que Lúcio ocupa no casamento? b) o rosto parcialmente à mostra da noiva e a condição de Sílvia no casamento? O cartum, ao encobrir o rosto da noiva, também faz pensar na questão da perda de identidade vivida pela mulher no casamento.
a) Qual deles expõe de maneira mais direta a posição do autor sobre o tema? O cartum. b) E qual deles aprofunda mais a discussão em torno do tema? 7. Suponha que você seja cartunista e queira representar num texto visual, em uma única cena, a situação retratada em Lua nua. Que alterações faria no cartum de Quino para transmitir aqueles fatos? Se possível, recrie o cartum e mostre seu trabalho aos colegas.
Trocando
idéias id ias
1. Ao ler o texto da peça Lua nua, você conheceu as razões do marido e as razões da esposa. Na sua opinião, quem deveria ficar com Júnior naquela manhã? Por quê? 2. A peça Lua nua discute um tema que ainda é atual. Como você acha que deve ser o relacionamento entre homem e mulher no casamento de hoje? Como conciliar vida profissional, filhos, casa e dinheiro? 3. Embora a situação esteja se alterando aos poucos, ainda hoje, no mercado de trabalho brasileiro, as mulheres, de modo geral, ganham menos que os homens, mesmo quando ocupam a mesma função. Na sua opinião, as mulheres devem ganhar um salário igual ao dos homens? Por quê?
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6. Tanto a peça teatral quanto o cartum exploram o tema do relacionamento entre homem e mulher no casamento.