Irmão Paulus Terwitte
Bíblia em 99 minutos
Tradução: João Batista Kreuch Revisão da tradução: Edgar Orth EDITORA VOZES Petrópolis
© 2007, Gütersloher Verlagshaus, Gütersloh, do grupo editorial Random House, GmbH, Munique 2 a edição
Título original alemão: 99 Minuten Bibel Direitos de publicação em língua portuguesa: 2009, Editora Vozes Ltda.
Rua Frei Luís, 100 25689-900 Petrópolis, RJ Internet: http://www.vozes.com.br http://www.vozes.com.br Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode po derá rá se r repr re prod oduz uzid idaa ou tr an smit sm itid id a por po r qual qu al quer qu er fo rma rm a e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou ba nco nc o de dado da doss sem se m perm pe rmis is são sã o escr es cr it a da Edit Ed it ora. or a. Diretor editorial Frei Antônio Moser
Editores Ana Paula Santos Matos José Maria da Silva Lídio Peretti Marilac Loraine Oleniki
Secretário executivo João Batista Kreuch Editoração: Fernanda Rezende Machado Projeto gráfico de capa e miolo: Célia Regina de Almeida ISBN 978-85-326-3903-5 (edição brasileira) ISBN 978-3-57906454-3 (edição alemã) Editado conforme o novo acordo ortográfico. Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda.
Prefácio
A Bíblia é uma obra clássica. Embora ela contenha muitas páginas, as pessoas têm interesse de lê-la. Deparam-se, nela, com muitíssimas histórias interessantes, e algumas um pouco enfadonhas. Não é difícil acabar perdendo a visão do conjunto. Isso é compreensível, pois a Bíblia, que parece ser um único livro, na verdade é uma coletânea de textos. Nela existem canções de amor e relatos objetivos, mas também histórias de sucesso e, até mesmo, a descrição de horrorosas visões. Algumas coisas foram transmitidas mais de uma vez, outras foram sendo recontadas com modificações. Até mesmo a sequência dos acontecimentos foi mais de uma vez reorganizada. Isso faz com que a leitura da Bíblia não seja uma tarefa simples. Antes de terem sido colocadas por escrito, as histórias da Bíblia foram simplesmente contadas pelas pessoas — quem sabe ao redor de uma fogueira. Os pais retransmitiam para os filhos com todas as letras aquilo que eles mesmos haviam recebido de seus pais. Assim foi que surgiu uma tradição viva. Quem lê a Bíblia está ouvindo as palavras de pessoas do passado que fizeram sua experiência com Deus. Como tudo já aconteceu há muito tempo, surge um outro problema quando se quer ler a Bíblia simplesmente na ordem em que está. A maior parte dos textos foi elaborada há mais de 3.000 anos. Ou. se pensarmos em Jesus, há quase 2.000 anos. Para nós pode ser difícil até imaginar isso. E ninguém de nós consegue
entender
o
quanto
aquelas
pessoas
eram
entusiasmadas por Deus. Isso também é urna razão por que muitos colocam novamente de lado o Livro dos livros . Essa Bíblia em 99 minutos auxilia a todos aqueles que desejam ter uma visão de conjunto sobre o que diz a Bíblia. Não é nenhuma nova Bíblia, mas quer apenas abrir o apetite para mais. Em 99 minutos você poderá ler aqui o que é contado na Bíblia. Depois disso, provavelmente você terá vontade de tomar a própria Bíblia e ler exatamente tudo que está nela. Assim dará. aos poucos, espaço ao espírito em que este livro foi escrito. Depois de 99 minutos você experimentará um entusiasmo do qual já não poderá desfazer-se. I r mão Paul us Terw itt e
Panorama do conteúdo Resumo da afirmação central do respectivo capítulo
Passagens bíblicas correspondentes Antigo Testamento 1. A história das origens (Gênesis 1,1-11,9)
O ser humano é imagem de Deus. Mesmo sendo mortal, ele respira a vida eterna de Deus. O ser humano torna-se livre quando reconhece o criador de sua liberdade. 2. Abraão, o peregrino (Gênesis 11,10-25,26)
Deus procura seres humanos que lhe são fieis. O judaísmo nasce da promessa feita a Abraão. Também os cristãos e muçulmanos reconhecem a aliança de Deus com Abraão. O diálogo religioso começa com a fé na aliança de Deus com a humanidade. 3. Isaac, Jacó, José e seus irmãos (Gênesis 25,27-50,26)
A bênção divina não se interrompe nem mesmo com as trapaças dos humanos entre si. Aquele que for capaz de esperar o tempo necessário compreenderá o quanto Deus se preocupa com seus abençoados. 4. Moisés e o caminho rumo à liberdade (Êxodo 1,1-
18,27) Apenas em Deus o ser humano pode ser realmente livre. A
força que Deus nos dá promove a autodeterminação e enfraquece a heterodeterminação. 5.
Os Dez Mandamentos: princípios divinos (Êxodo
19,1-40,38) A vida humana necessita de um ordenamento. Este não é determinado pelo ser humano, mas o ser humano o encontra quando se dispõe a não ter nada em mais alto valor do que Deus e seus mandamentos. 6.
Josué
e
o
período
dos
Juízes
(Levítico;
Números ; Deuteronôm io; Josu é; Juí zes) Quem recebe de Deus muitos presentes, rapidamente se esquece de Deus. Todas as derrotas na vida são ocasiões pelas quais Deus procura nos conquistar novamente. 7.
Samuel e Saul (1Samuel)
Quando Deus escolhe uma pessoa, isto ainda não é garantia de que ela permanecerá fiel a Deus. 8.
O Rei Davi
(2Samuel; 1Reis 1,1-2,46) O fôlego de Deus é maior do que o fôlego humano. Mesmo quando os seres humanos erram, eles não conseguem derrotar a vontade salvífica de Deus. 9.
Salomão e seu reinado (1Reis 3,1-11,43)
Aquele que é incumbido de uma grande responsabilidade precisa cuidar para não ultrapassar os limites que estão relacionados a ela.
10. O Profeta Elias (1Reis 12,1-2Reis 10,36)
Os detentores de poderes políticos nem sempre são realmente os poderosos. No máximo, eles conduzem pessoas que apenas por Deus são governadas. 11.
Isaías: Deus forma Israel internamente (Isaías 1,1-
39,8) Em cada situação difícil Deus envia pessoas que enxergam melhor as coisas do que nós, com nossos medos. São os profetas, que olham serenamente o mundo com os olhos de Deus. 12.
A salvação de Jonas (Jonas)
As pessoas gostam de receber uma nova chance, mas nem sempre gostamos de dá-la. Deus nos dá coragem para acreditar na bondade dos outros. 13.
Jeremias: o declínio do Reino do Sul (2Reis 11,1-
25,30; Jeremias) Quem crê em Deus, nem por isso tem todos os seus desejos realizados. Deus nos faz críticos em relação aos nossos conceitos de felicidade. 14.
Estrangeiros e de volta ao lar
(Ezequiel; Isaías 40,1-66,19; Ageu; Zacarias; Esdras; Neemias) Com a ajuda de Deus, podemos dar nossa contribuição para que o mundo se torne mais justo. Ele permanece conosco mesmo quando não realizamos tudo.
15.
Sabedoria e poemas bíblicos (Já; Eclesiastes)
Quem crê em Deus consegue distanciar-se dos problemas do dia a dia. Este é capaz de descobrir muitas formas novas de relacionamentos e encontrar boas soluções. 16.
Os Salmos: o cancioneiro da Bíblia (Salmos)
Rezar purifica a alma. Para Deus nada é insignificante e nada é tão grave ou tão belo que não possa ser manifestado diante dele. 17.
A caminho de um novo tempo (Daniel; Macabeus;
Eclesiástico) O povo de Deus precisa aprender que o Reino de Deus significa mais e outra coisa do que domínio político. Deus dá força e sabedoria para, em cada situação, interrogar-se sobre o que é bom e correto e para agir de acordo.
N o v o T e s t a m e n to
18.
Zacarias e Maria (Lucas 1)
Deus inicia uma nova história com a humanidade. A força experimentada por Abraão desdobra-se definitivamente e de uma maneira totalmente nova na encarnação de Jesus por meio de Maria. 19.
Nasce Jesus (Lucas 2,1-40)
Com Jesus, Deus envia ao mundo uma pessoa, por quem Ele se aproxima da humanidade, e por meio de quem toda a humanidade poderá aproximar-se de Deus.
20.
A infância e a juventude de Jesus (Mateus 2; Lucas
2,41-52) Pessoas poderosas cometem muitas injustiças quando passam a temer por seu poder. O poder de Deus é diferente. Com Jesus Ele se insere no mundo de maneira silenciosa e simples. 21.
Jesus é batizado e tentado (Mateus 3,1-4,11)
Mesmo aquele que está profundamente unido a Deus precisa lidar com problemas comuns da vida cotidiana. Esses constituem para ele, todavia, oportunidades em que é possível crescer. 22.
Jesus inicia sua vida pública
(Marcos 1,14-20; Lucas 4,16-30; 7,18-23; Mateus 14,3-12) Jesus conduz as pessoas a uma nova forma de pensar. Elas, porém, encontram sempre de novo razões para apegar-se aos seus antigos pensamentos. 23.
Jesus provoca seus contemporâneos (Marcos 1,21-28;
2,1-12; Lucas 9,14-17; 13,10-17; 14,1-6; 15,1) Jesus lida com as questões religiosas diferentemente de seus contemporâneos. Ele coloca Deus e o próximo no lugar central. 24.
Jesus cria uma nova família (Mateus 10; 12,46-
50; Lucas 8,1-3; 10,1-24) Os cristãos são colaboradores de Jesus. Eles atuam no mundo em nome e por ordem de seu Senhor, para levar aquele à sua realização.
25.
Jesus ensina sobre o monte
(Mateus 5,1- 7,29) É fácil resumir a mensagem de Jesus. Ela não é difícil para ninguém. Trata-se de princípios bem simples. 26.
Jesus reza
(Mateus 6,5-15; Marcos 7,34; 14,32-42; Lucas 18,9-14; João 17) Deus é sincero conosco. Por isso, mais do que com belas palavras, é com todo seu coração e em qualquer situação da vida que as pessoas devem rezar. 27.
Jesus fala em parábolas
(Mateus 13,24-32; Marcos 4,26-29; Lucas 15,11-32; 17,7-10) A fé em Deus não é nenhuma teoria complexa. Jesus veio para esclarecer com toda praticidade o que significa crer e por que a fé faz bem.
28. Jesus dá respostas surpreendentes (Mateus 15,120; 18,1-22; 19,26-29) Perguntas e reflexão conjunta pertencem ao ser cristão. Mais que isso, o diálogo crítico entre as diferentes opiniões e posições conduz à verdade que liberta.
29. Jesus reergue pessoas (Marcos 5,21-43; 7,31-37; 8,22-26; João 4,43-54; 9,1-12) A fé em Deus não está relacionada apenas ao espírito ou à alma. Também o corpo é assumido por Deus em sua ação pela humanidade.
30. Jesus chama mortos à vida (Marcos 5,21-43; Lucas 7,11-17; João 11,1-53) Aqueles que morrem permanecem nas mãos de Deus. Em Jesus, Deus está tão próximo da humanidade que Ele vence o poder da morte.
31. Jesus se apresenta como Senhor da criação (Mateus 14,22-32; Marcos 4,35-41; 6,45-52; Lucas 5,1-11) Sendo Jesus o Filho do Criador do mundo, Ele devolve a este seu devido valor originário. O mundo serve à humanidade, e o ser humano, por sua vez, deve pro teg ê-lo.
32. J e s u s
dá
aos
discípulos
uma
visão de sua natureza
( Ma te us 1 6, 13 -2 3; 1 7, 1- 13 ) Aquele que deseja conhecer Jesus deve fundamentar-se no Antigo Testamento, pois Jesus não pode ser compreendido separadamente de Moisés, Elias e as demais testemunhas da fé.
33. Jesus em seu mais íntimo (João 1,1-18; 3,1-21; 4,1-42; 8,48-59) Jesus e a humanidade não podem ser compreendidos sem Deus. Mas Deus também não pode ser entendido sem Jesus e o ser humano. Se quisermos nos tornar verdadeiramente humanos, precisamos crer em Jesus, que nos conduz a Deus. 34.
Jesus se torna cada vez mais claro (Lucas 9,51;
11,37-52; 14,7-24; 18,31-19,10) Jesus deve sofrer, porque Ele ama a humanidade e permanece fiel à tarefa que o Pai lhe deu. Aquele que se coloca
verdadeiramente a serviço dos seres humanos não pode esperar deles um lugar de honra, mas sim de Deus. 35.
J es us a nu nc ia
o in íc io d e s eu
s of rime nto
(Mateus 21,5; 26,14-16; Marcos 10,28-45; 11,12-25; João 12,1-19) Aquele que procura unir, realmente, os seres humanos com Deus questiona seus antigos costumes. Porém, deve saber que, agindo assim, também fará inimigos. 36.
Jesus enfrenta seus opositores
(Marcos 11,27-33; 12,13-14,37) Os homens gostam de utilizar sua inteligência para encontrar argumentos contrários à mensagem de Jesus. Eles deveriam com a mesma intensidade dedicar-se a entender o sentido profundo da Palavra de Deus. 37.
Jesus fala do que acontecerá no
fim dos tempos
( Ma te us 2 5, 14 -4 6; J oã o 1 6, 7- 11 ) Os seres humanos devem harmonizar-se com Deus e com seus semelhantes. Só então Deus poderá chegar a eles e dar-lhes uma vida plena. 38.
J es us
d ei xa
u m p re se nt e p es so al (Lucas
22,1-20; João 13,17; 1Corintios 11,24-25) Jesus prepara seus discípulos para o tempo em que não poderá mais falar diretamente com eles. Ele lhes dá no pão e no vinho um meio pelo qual eles poderão manter-se unidos a Ele.
39.
Jesus é traído
(Marcos 14,26-72) Jesus assume conscientemente em sua vida o ódio das pessoas, a traição de Judas e, em seguida, a de Pedro. Ele empenha todo seu querer para manter essas pessoas em seu amor pessoal. 40.
Jesus é condenado injustamente
(Lucas 22,66-23,25) Aquele que busca a verdade não pode deixar-se enganar pela opinião da maioria. Jesus permanece só em sua pessoa e em sua verdade, mas Ele é mais autêntico e mais forte do que todos aqueles que o torturam. 41.
Jesus é crucificado e morre
(Lucas 23,26-49; João 19,20-37) Mesmo ao ser maltratado, Jesus permanece, no sofrimento, Senhor dos acontecimentos. Por mais que os homens o tratem com maldade, a confiança de Jesus em Deus transcende todo sofrimento. 42.
A ressurreição de Jesus
(Mateus 27,37-28,15; Lucas 24,13-35) Deus dá a Jesus um novo começo. E Jesus se dirige Gessa forma aos seus amigos. Eles também poderão, assim, encontrar nova esperança para si e para a humanidade. 43.
Encontros com o ressuscitado
(Lucas 24,36-53; João 21) A fé em Jesus não é resultado de uma aguda reflexão. Jesus — assim o reconhecem já os primeiros cristãos — convence
pessoalmente cada indivíduo de que Ele ressuscitou. 44.
Jesus dá força para uma nova comunidade
(Atos dos Apóstolos 1,1-9,22) O cristianismo vive pela força do Espírito Santo. Pessoas das mais diversas experiências de vida são trazidas por Jesus a um novo modo de viver em uma nova comunidade. 45.
A atuação do Apóstolo Paulo
(Atos dos Apóstolos 9,23-28,26) A mensagem da ressurreição de Jesus requer o envolvimento da pessoa por inteiro. O Apóstolo Paulo empenha seu nome no fato de que Jesus viveu e morreu por todo ser humano e de que Ele ressuscitou. 46.
Em Jesus, todo ser humano é orientado para
Deus
(Romanos) Ao lado da história de Jesus, estão seus ensinamentos e uma reflexão sobre sua doutrina e, então, as consequências que dela decorrem. Com isso tem início um novo capítulo do pensamento e do agir humanos. 47.
Jesus torna-se vivo através da comunidade
(1Corintios; 2Coríntios)
Aquele que crê não fica isento de conflitos. A fé em Jesus Cristo dá às pessoas a capacidade de se relacionarem de maneira aberta e verdadeira umas com as outras. E uma unidade que nada precisa disfarçar e, além disso, é fonte de alegria.
48.
Jesus vincula a uma comunidade
(Efésios; Gálatas) Ser cristão não é viver isolado. Aquele que crê em Jesus não é chamado apenas para Ele, mas também para a comunidade da Igreja. 49.
Jesus une o céu e a terra
(Filipenses; Colossenses) Quem crê deve cantar o amor que a fé em Jesus desperta. A fé liga a uma comunidade de oração e de prática do bem. 50. Jesus deve ser corretamente compreendido!
(1Tessalonicenses; 2Tessalonicenses) A fé cristã capacita as pessoas a viverem e trabalharem com realismo. Não se trata de belos sentimentos, mas de confiança em Deus que, em Jesus, santificou todas as coisas do mundo. 51. Precaver- se das falsas doutrinas
(1Timóteo; 2Timóteo; Tito; Filêmon) A fé cristã é aberta a muitas interpretações. É dentro delas está a verdade que não pode ser traída 52. Jesus representa o fim de todas as religiões
(Hebreus) Jesus é o Cristo. Cristo significa "o ungido". Com a unção se entende, antes de tudo, que Jesus é Rei e Sacerdote. Ele está em contato direto com a humanidade e com Deus. Os cristãos, através do Batismo e da unção com óleo, tomam parte da união de Jesus com seu Pai.
53. Viver como cristãos significa amar
(Tiago; 1Pedro, 2Pedro; 1João; 2João; 3João; Judas) Os cristãos precisam ser, como Jesus, pessoas de fé e de ação. Ao aceitarem Jesus corno Senhor de seu coração, isto não lhes será um peso. 54. Jesus levará todas as coisas à plenitude
(Apocalipse) A fé não isenta de grandes conflitos pessoais. Pela fé em Jesus, porém, Deus nos dá força para todas as situações difíceis. No fim, tudo é relativo. Pois, então, Deus virá e levará à plenitude tudo o que, para nós, humanos, ainda é sempre fragmentário.
Antigo Testamento
1 A história das origens
O princípio de tudo está em Deus. Quando ninguém ainda podia pensar, Deus decidiu criar o mundo. Água e terra, nuvens e campos, plantas e animais vieram à existência. Até mesmo o ritmo do dia e da noite vem de Deus. Tudo isto obedece, desde o começo, cegamente às leis da natureza. Mas, dentro dessa natureza, Deus criou o ser humano como uma criatura única que, de olhos abertos, pode reconhecer Deus e a beleza da criação. Deus o fez totalmente da terra, mas inspirou nele o sopro de seu amor. Deus criou o ser humano nas formas de homem e de mulher e chamou a esse primeiro casal Adão e Eva. Assim fez Deus uma criatura sobre a terra para que dela se originasse a sua espécie. Então, Deus constituiu o sétimo dia da criação como dia de repouso para si e para a humanidade. O ser humano, infelizmente, por sua determinação, opôsse a observar os mandamentos de Deus desde o início. Assim, apossou-se do fruto proibido da árvore que estava no meio do Paraíso. Até hoje a serpente da falsidade sussurra aos ouvidos humanos: torna-te como Deus! Com aqueles seres humanos, Deus não quis fazer uma comunidade e expulsou-os do Paraíso. Como Adão e Eva tiveram dois filhos, a transgressão aos mandamentos de Deus, o pecado, passou adiante. Caim, por exemplo, ficou com inveja de seu irmão Abel e matou-o cheio de fúria. As coisas não andaram bem para a humanidade. Ela
continuou afastando-se de Deus e buscando sua própria felicidade. Por isso Deus decidiu aniquilar a todos por meio de uma grande inundação. Um homem, no entanto, foi escolhido por Ele para construir uma arca para si, sua mulher, seus filhos e um casal de todos os animais do mundo. Ao término do dilúvio, quando toda a vida havia se afogado, Deus colocou um arco-íris entre as nuvens, como sinal de sua aliança com a humanidade. E prometeu nunca mais exterminar a humanidade, como acabara de fazer. Os seres humanos, no entanto, continuaram com seu ímpeto de grandezas. Na Babilônia quiseram construir uma torre que chegasse ao céu. Deus impediu que isso acontecesse confundindo-lhes a linguagem. Desde então, os homens não puderam mais levar adiante nenhum plano conjunto contra Deus. Agora, mesmo para realizar planos bons, eles precisam aprender sempre de novo a compreender uns aos outros. Gê nesis1,1-11,9
2 Abraão, o peregrino
Aos poucos, porém, Deus voltou a aproximar-se da humanidade.
Abrão,
um
velho
pastor,
foi
alguém
especialmente atencioso. Com mais de 70 anos, atendeu ao chamado de Deus e partiu com seus animais em busca de uma nova terra. Ele e seu sobrinho Ló não estavam de acordo sobre onde exatamente esta terra se situava. Abrão separou-se dele e estabeleceu-se no lado ocidental do Rio Jordão, ao longo das pastagens de Canaã. É desta terra que a Bíblia voltará a falar muitas e muitas vezes. Ali se fixaram os judeus desde então, pois eles se consideram os descendentes de Abrão. E Deus selou com Abrão uma aliança, pela qual lhe prometeu tal descendência. Desde então, Deus o chamou de Abraão, que quer dizer, pai de muitos. Como sinal de que a fecundidade desse povo provém da bênção de Deus, os judeus até hoje observam a circuncisão. O próprio Abraão, no entanto, ainda teve que esperar muito tempo até que ele e Sara tivessem um descendente, um filho. Ele tentou antecipar-se a Deus unindo-se à sua escrava Agar. O filho dessa união, Ismael, viria a ser considerado o antepassado dos muçulmanos. Finalmente, então, nasceu o filho de Abraão e Sara, que há tanto tempo Deus havia prometido. E recebeu o nome de Isaac. Porém, exatamente este único filho, Abraão deveria
sacrificar sobre o Monte Moriá. Apenas no último instante, Deus interveio. Abraão deu a esse monte o nome de "Deus providenciará" e, nessa hora, pensou também em si, pois ele havia visto seu filho apenas como uma posse sua e, com isso, perdera Deus de vista. Quando Isaac cresceu, Abraão o enviou para encontrar uma esposa. Isaac uniu-se a Rebeca e gerou com ela os gêmeos Esaú e Jacó. Gê nesis11,10-25,26
3 Isaac, Jacó, José e seus irmãos
Quando Isaac envelheceu, quis passar adiante a bênção de seu pai Abraão. Esta bênção cabia ao filho mais velho. Isaac enviou Esaú para caçar um animal a ser assado na festa da bênção. Porém Rebeca, que gostava mais de Jacó, o irmão gêmeo de Esaú, tomou uma pele de cabra e amarrou-a nas mãos e no pescoço de Jacó, para que ele parecesse com Esaú, que era peludo. Dessa forma Isaac, que estava cego e apenas conseguia apalpar, foi ludibriado na hora de transmitir a bênção, e deu-a a Jacó em lugar de Esaú. Embora abençoado, mas sob ameaça de morte por seu irmão trapaceado, Jacó teve que fugir. No caminho, ele sonhou com uma escada que ia da terra ao céu. Ali Deus lhe confirmou, com as mesmas palavras que já Abraão, seu avô, tinha ouvido, que ele, apesar de tudo, era o portador da bênção. Em sua fuga, Jacó entrou em Harã, onde encontrou seu parente Labão. Embora ele se tenha apaixonado por Raquel, a filha mais jovem de Labão, este lhe impingiu depois de um acordo de trabalho de sete anos, primeiramente sua filha mais velha. Só depois de mais sete anos de trabalho, Jacó pôde tomar Raquel por esposa. Após muitos anos, Jacó voltou para sua casa como um homem rico e com suas duas mulheres e suas criadas. Para reconciliar-se com seu irmão Esaú, Jacó lhe ofereceu uma parte de suas riquezas. Antes disso, contudo,
travou uma misteriosa luta noturna com Deus, da qual saiu com o nome de Israel, que significa "Deus luta". Em sua terra natal estabeleceu Israel a partir de seus doze filhos as doze tribos do povo descendente de Abraão. Seus nomes são: Rubem, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zabulon, Dã, Neftali, Gad, Aser, José e Benjamim. Os dois últimos foramlhe dados por sua esposa Raquel, que morreu ao dar à luz Benjamim. Naturalmente, os outros dez filhos de Israel se sentiram tratados de forma inferior. Por isso, um dia resolveram aproveitar uma ocasião oportuna e venderam José para marcadores do Egito. Israel convenceu-se de que o filho tinha sido atacado e morto por animais no deserto. José, na realidade, foi parar nas terras do Faraó do Egito e lá tornou-se o segundo homem do reino. Por esse motivo, seus irmãos, numa ocasião de grande fome em sua terra, se dirigiram a ele para comprar cereais. Eles não o reconheceram nesse reencontro. José pensou, inicialmente, em não deixar as coisas fáceis para seus irmãos. No entanto, logo em seguida, não conseguiu agir dessa forma e decidiu com alegria revelar-se a eles e, finalmente, ao pai Israel e ao irmão mais novo, Benjamim.
Gênesis 25,27-50,26
4 Moisés e o caminho rumo à liberdade
Os filhos de Israel permaneceram no Egito e se tornaram cada vez mais numerosos. Após a morte de José, todavia, eles passaram a ser malvistos. Os egípcios começaram a pressionálos de tal forma, a ponto de ordenarem que todos os filhos homens de Israel fossem mortos ao nascer. Para evitar isso, uma mãe israelita resolveu soltar seu filhinho recém-nascido em uma pequena cestinha de vime no Rio Nilo. A criança foi encontrada pela filha do Faraó, recolhida à proteção do palácio e chamada de Moisés. Já adulto, deparou-se Moisés, um dia, com uma briga entre um homem de seu povo e um egípcio. Ele matou um deles e acabou tendo que esconder-se no deserto. Ali tornou-se claro, para ele, o sangue que lhe corria nas veias. Em uma sarça, que parecia queimar mas, na verdade, não se consumia, ele ouviu o nome do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o santo nome de Deus JHWH (que nenhum judeu fiel pode pronunciar e cuja pronúncia soaria como Javé): Eu sou aquele que sou. Deus enviou Moisés para conduzir seu povo do Egito para a Terra que já havia prometido a Abraão. Num primeiro momento, o Faraó havia cedido à insistência de Moisés, mas depois proibiu o povo de Israel de sair do Egito.
Deus enviou, por isso, dez diferentes pragas sobre o país, sendo a última a pior de todas. Nessa, na noite em que o anjo vingador de Deus percorreu o Egito matando todos os primogênitos, Israel foi poupado, tendo passado sangue de cordeiro como sinal nas portas de suas casas. A passagem inofensiva do anjo da morte por suas portas foi chamada pessach, enquanto a mão poderosa de Deus abateu-se sobre todos os que não quiseram reconhecê-lo. Essa foi a noite em que o povo se apressou e fugiu do Egito. Aquela foi a noite que, até hoje, os judeus celebram como a noite da manifestação da força de Deus. O poder de Deus também se mostrou, em seguida, quando o Mar Vermelho foi dividido pela coluna de nuvens, na qual Deus passou com o povo para a liberdade. Quando os egípcios adentraram o Mar Vermelho e já estavam quase alcançando os judeus, voltaram as águas a unir-se e afogaram aqueles que queriam a ruína de Israel. Seguiu-se um longo período de caminhada pelo deserto. Sempre de novo os israelitas se rebelavam contra Moisés. Ao olharem para trás, o tempo de opressão já não parecia tão ruim assim. Porém, Deus cuidou durante a travessia do deserto, para que seu povo não passasse fome nem sede. Finalmente, eles alcançaram o Monte Sinai, onde permaneceram por muito tempo com suas tendas armadas.
Êxodo 1,1-18,27
5
Os Dez Mandamentos: princípios divinos Sobre o Monte Sinai, Moisés recebeu uma manifestação de Deus. Ali foram-lhe transmitidos os Dez Mandamentos como normas fundamentais para uma vida livre com Deus: O povo de Israel deve ter um só Deus; não pode fazer para si imagens de Deus; não abusar de seu nome e não servir a outros deuses. Deve guardar o sábado como dia sagrado; honrar os pais; não matar; não testemunhar em falso, nem mentir, nem cometer adultério ou roubar. Como Povo de Deus, Israel reconheceu essas normas de vida. Deus sempre manteve sua promessa de conduzir o povo no deserto. Moisés permaneceu por mais 40 dias sobre a montanha dialogando com Deus. O povo, contudo, aos pés da montanha, estava impaciente e exigiu de Aarão, irmão de Moisés, um novo deus. Aarão pediulhes todos os seus objetos e joias de ouro e com eles fez um bezerro de ouro, diante do qual o povo se prostrou. Moisés ouviu-os do alto da montanha e desceu com as placas de pedra onde estavam escritos os Dez Mandamentos de Deus e ao vê-los quebrou-as em mil pedaços. Em seguida demoliu o bezerro de ouro.
Com duas novas placas de pedra, Moisés subiu novamente à montanha. Deus lhe deu a instrução de construir uma tenda para as novas placas e guardá-las em uma arca de madeira, que passou a ser chamada Arca da Aliança. Finalmente, sob a forma de nuvem, Deus tomou posse da Arca, e apenas Moisés tinha permissão de aproximar-se dela. Quando a nuvem se levantava acima da tenda, os israelitas levantavam acampamento e continuavam sua caminhada pelo deserto, e quando ela descia novamente sobre a tenda, também o povo se detinha. Êxodo19,1-40,38
6
Josué e o período dos Juízes A caminhada do Povo de Israel pelo deserto durou 40 anos. Moisés, como tinha duvidado se Deus manteria mesmo sua promessa, pôde somente avistar a Terra Prometida do alto de uma montanha e morreu, a seguir, do lado leste do Jordão. Seu sucessor foi Josué. Este conduziu o povo através do rio, cujas águas recuaram diante da Arca da Aliança. Os israelitas enfrentaram então o próximo obstáculo, os muros da cidade de Jericó, que eles sitiaram e rodearam durante seis dias. No sétimo dia, repetiram esse ritual por sete vezes em torno da cidade. Finalmente, sete sacerdotes tocaram suas trombetas e fizeram assim com que o muro viesse abaixo. Em poucos anos, toda Canaã tinha sido tomada pelos israelitas. Onze, das doze tribos, dividiram entre si a terra, enquanto a tribo sacerdotal de Levi ocupou as cidades. Após a morte de Josué, os chefes das tribos se desentenderam entre si. Muitos foram infiéis ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó e adotaram as religiões naturais dos povos do lugar, pois achavam que assim poderiam manter ou até mesmo aumentar o seu poder. Então Deus permitiu que perdessem as guerras nas quais eles se envolveram. Novos representantes foram despertados por Deus na forma dos assim chamados Juízes, que eram homens de espírito profético. Um desses foi Gedeão. Ele fora um bravo guerreiro, que com poucos homens havia vencido um exército inimigo.
Todavia, ele não aceitou ser coroado rei, pois os israelitas deviam reconhecer somente a Javé como seu rei. Outro juiz foi Sansão. Este era muito forte. Desde sua infância, gozou de uma especial predileção de Deus. Como sinal disso, seus cabelos nunca deviam ser cortados. Uma mulher do povo dos filisteus, que eram inimigos dos israelitas, envolveu-o em uma cilada, cortou-lhe sete de suas tranças e dessa forma tirou-lhe as forças. Vieram, então, os filisteus, aprisionaram-no e o cegaram. Por ocasião de uma festa em honra ao seu deus Dagon, os filisteus quiseram divertir-se com Sansão. Como seus cabelos já tinham crescido novamente e ele não tinha abandonado sua fé no Deus de seus pais, Sansão recuperou sua antiga força. Tendo sido acorrentado entre as duas principais colunas do palácio dos filisteus, ele pôde empurrar as colunas e trouxe o palácio abaixo, levando à morte muitos dos inimigos de Israel junto com ele. L evíti co; Númer os; D euter on ômio; Josu é ; Juízes
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Samuel e Saul Depois de Moisés e dos Juízes, estiveram reis à frente do povo de Israel. O primeiro rei foi ungido por Samuel, cuja mãe, Ana, esperou longamente pelo filho que Deus lhe prometera. Ainda criança, Samuel tivera uma emocionante experiência com Deus. Certa noite, quando ele achava que estava sendo chamado várias vezes por seu mestre Eli, este finalmente lhe disse que, ao ouvir o chamado "Samuel, Samuel" novamente, respondesse "Fala, Senhor, que teu servo escuta". Ao fazer isso, Deus revelou ao menino que a família de seu mestre Eli não continuaria a servir o Senhor no Santuário. Quando cresceu, Samuel fez com que o povo de Israel recuperasse seu entusiasmo pelo Deus de seus pais. A Arca da Aliança foi novamente honrada. Ao invés de um descendente de Eli, por ordem do Senhor, Samuel escolheu um jovem de nome Saul, da descendência de Benjamim. Ele o ungiu como rei de Israel dando início, assim, a um novo período da história do povo de Abraão, Isaac e Jacó. Mas como Saul se comportou de forma tão autoritária quanto a família sacerdotal antes dele, Samuel recebeu do Senhor a missão de encontrar outro homem para ser o rei. O escolhido foi um jovem pastor chamado Davi, o filho caçula de Jessé, da descendência de Judá. Samuel o ungiu secretamente como rei.
Davi foi para o pátio do rei e Saul o colocou como músico do palácio, para diverti-lo tocando cítara. Em certa ocasião, os inimigos filisteus tentaram invadir o país. Eles eram liderados por um gigante que escarnecia de todo Israel. E o pequeno Davi o enfrentou com um estilingue e o pôs por terra com uma pedrada na fronte. Dessa forma Davi alcançou enorme prestígio. As pessoas cantavam: "Saul matou seus mil, mas Davi matou dez mil"! Então o rei ficou com inveja de Davi e decidiu perseguilo. Amigos de Davi o ajudaram a esconder-se. Certa vez, quando Davi podia ter matado Saul enquanto este dormia, tomou-lhe apenas a lança e cortou apenas uma ponta das vestes de Saul para mostrar-lhe o quanto tinha estado próximo do rei. Então fugiu da terra de seus parentes e ficou por quase dois anos juntos dos filisteus, sem, no entanto, atacar Israel. Após uma terrível derrota, Saul tirou a própria vida. Seus filhos já haviam sido mortos antes, na batalha. Dessa forma, o caminho estava aberto para que Davi se tornasse o próximo rei de Judá e, em seguida, de todo Israel. 1Samuel
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Salomão e seu reinado Como filho e sucessor do Rei Davi, ao ser perguntado por Deus sobre o que desejava ao iniciar seu reinado, Salomão não pediu riquezas e poder, mas sabedoria. E assim, seus ditos e conselhos são até hoje famosos, como também seu profundo conhecimento das ciências de seu tempo. O profundo conhecimento que Salomão tinha do coração humano fez dele igualmente um excelente juiz. Um dia vieram ter com ele duas mulheres, ambas afirmando serem a mãe de uma criança, que traziam consigo. Salomão pediu que lhe trouxessem uma espada e aproximou-se da criança para dividi-la em duas partes. Então uma das mulheres gritou que não fizesse isso, ao passo que a outra concordou com a proposta. Dessa forma Salomão percebeu que a primeira era a mãe da criança. Salomão estabeleceu definitivamente seu império através do planejamento e da execução da construção de um gigantesco palácio para si e de um suntuoso templo para Deus. O que seu pai Davi já havia desejado fazer, o filho transformou em realidade em apenas vinte anos. Quando, certa vez, a rainha de Sabá, no Egito, veio para conhecê-lo, ela que já havia escutado muitas coisas a respeito dele, ficou profundamente impressionada com sua sabedoria, mas também com a pompa de sua corte. Embora já fosse tão sábio e rico, Salomão também sucumbiu, como já seu pai Davi antes dele, à tentação de
tornar-se ainda tão mais sábio e mais rico, conforme o Deus de seus pais já lhe havia possibilitado. Ele tomou esposas de fora de Israel e começou a glorificar os deuses da fertilidade do povo delas. Impôs impostos cada vez mais altos e quis aumentar seu reino ainda mais. Então dividiu o reino em doze partes e colocou nelas governadores. Cada mês cabia a um dos distritos garantir o abastecimento e a manutenção do palácio e do templo. Dessa maneira Salomão foi-se afastando cada vez mais do Deus de seus pais Abraão, Isaac e Jacó. E Deus muitas vezes o alertava, ameaçando destruir o Templo se Salomão não voltasse para Ele. Até que foi tarde demais. Após sua morte, na verdade, seu filho Roboão ainda tornouse rei de todo Israel, até que o hábil mestre de obras de Salomão, Jeroboão, voltou do exílio, para onde tinha fugido após uma insurreição contra Salomão. Este conseguiu cativar dez das tribos de Israel. Israel foi dividido e nunca mais iria recuperar a unidade que havia até o Rei Salomão. Essa divisão também teve por consequência que a unidade da glória do Deus de Abraão, Isaac e Jacó foi suplantada pela adoração a muitos deuses estrangeiros. 1Reis3,1-41,43
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O Profeta Elias
Com o reinado de Jeroboão teve início um período de conflitos para o Reino do Norte de Israel. As várias tribos lutaram entre si até a morte. No ano de 869 a.C. o Rei Amri aplainou o caminho para seu filho Acab subir ao trono. Contra ele, Deus enviou o Profeta Elias, pois Acab deixouse convencer por sua esposa Jezabel a prestar cultos ao deus Baal e servir às divindades estrangeiras de Canaã. Elias profetizou ao rei, como castigo pelo abandono do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó uma grande seca. Mas Acab não deu ouvidos a isso e baniu o homem de Deus para o deserto. Isso entristeceu profundamente a Elias e ele teve sérias dúvidas se Deus realmente o tinha enviado. Deus, no entanto, o fez chegar a um lugar no deserto onde corria um pequeno córrego. Ali ele pôde beber e os corvos o alimentavam, trazendo-lhe pão de manhã e peixes à noite. Quando o córrego secou, Elias entendeu isso como sinal de que era hora de ele dirigir-se novamente para o meio do povo. Uma viúva o hospedou. Como ela lhe assou um pão com a última farinha de que dispunha, Elias fez com que o óleo não se acabasse nem seu pote de farinha esvaziasse.
Quando o homem de Deus encontrou o Rei Acab que, desesperado procurava comida, ele exigiu do rei um duelo contra todos os profetas de Baal. Estes deveriam reunir-se com ele sobre o
Monte Carmelo para realizar um julgamento público de
Deus. Os sacerdotes pagãos deviam invocar seu deus pedindolhe o fogo para a fogueira. Eles fizeram suas orações e invocações o dia inteiro, mas nada aconteceu. Então Elias mandou lançarem água sobre sua lenha e sobre o animal do sacrifício e rezou silenciosamente e com toda confiança, até que finalmente o fogo veio do céu e consumiu toda a lenha encharcada juntamente com o animal sacrificado. Em seguida, ele pediu chuva para o país e foi atendido. Embora Elias tenha salvado o país, Jezabel, esposa de Acab, quis matá-lo. Por isso Elias teve que fugir novamente, e mais uma vez Deus o confortou através de um anjo que lhe trouxe pão água. No Monte Horeb Deus se revelou a Elias, não através de tempestades nem de trovões, nem mesmo de raios e relâmpagos, mas sim por meio de uma suave e leve brisa que soprou em seguida. E ali foi-lhe revelado que Eliseu deveria ser seu sucessor. 1Reis12,1-2Reis10,36
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Isaías: Deus forma Israel internamente No ano de 739 a.C., Deus chamou Isaías como profeta de seu povo Israel. Como voz poderosa de Deus, e com palavras incisivas, ele levou o povo a uma nova consciência: se eles não fossem capazes de viver a fé no dia a dia, Deus não precisaria também dos rituais religiosos. Deus faz Isaías declarar: "Purifiquem-se! Terminem suas tarefas diárias! Aprendam a fazer o bem! Trabalhem corretamente! Socorram os oprimidos!" Para o profeta estava claro que Deus estaria presente em cada um desses chamados de qualquer modo. Deus iria conduzir seu povo completamente a si. No fim dos dias, Ele transformaria a cidade de Jerusalém, sobre o Monte Sião, num lugar de culto para todos os povos. "Por isso, os olhos orgulhosos dos homens deviam se abaixar, os soberbos deviam se humilhar, pois naquele dia somente o Senhor reinará". Porém a realidade parecia bem diferente. Os assírios tornaram-se a força dominante da região. O Rei Acaz decidiu unir-se a eles para salvar os israelitas do Reino do Norte. Isaías interveio contra isso alertando-o de que esse plano era ilusório. Deus teria mais poder que o rei da Assíria. Como prova e sinal disso, uma jovem geraria um filho a quem seria dado o nome de Emanuel (Deus conosco).
Dessa forma, Deus serviu-se da voz do profeta para fazer um apelo apaixonado; ele comparou seu povo escolhido a uma videira: "Quem busca proteção em mim e comigo se reconcilia, este assume minha luta contra todos os espinheiros da videira. No futuro, estenderão novamente suas raízes os descendentes de Jacó, e Israel irá florescer e prosperar, e encherá a terra com seus ramos.” Mas sob o comando do novo Imperador Senaquerib, os assírios de espalharam ainda mais. A grandeza de Israel parecia aniquilar-se. O templo perdeu seu brilho. Por isso o profeta começou a falar do valor interior do povo escolhido: "O Senhor dos senhores, Ele mesmo será para o resto de seu povo uma majestosa coroa e um suntuoso manto!" I saí as 1,1-39,8
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A salvação de Jonas
Uma fé autêntica põe mais confiança em Deus que no ser humano. Foi o que Jonas precisou aprender ao ser enviado como profeta à grande cidade assíria de Nínive, para profetizar-lhe sua destruição. Jonas, no entanto, fugiu dessa ordem divina. Acreditando colocar-se, assim, fora do alcance de Deus, tomou um navio em Jope rumo a Társis. Deus porém, enviou uma forte tempestade. Os marinheiros, amedrontados, dirigiram súplicas aos seus deuses e lançaram a carga ao mar para aliviar o navio. O vento, porém, não cessava. Então decidiram tirar a sorte para saber quem era o responsável pela desgraça que sobre eles se abatia. A sorte caiu sobre Jonas que, imediatamente, reconheceu ser um fugitivo do verdadeiro Deus, que tinha feito o céu e a terra. Ele próprio sugeriu que o jogassem ao mar. Então, os marinheiros, após verem que não conseguiriam chegar à terra,
decidiram
seguir
sua
proposta.
A
ventania
imediatamente se acalmou. Jonas foi milagrosamente salvo. Um grande peixe o engoliu, mas vomitou-o em terra após três dias. Jonas viu que a desobediência a Deus não tinha levado a nada e decidiu, daí em diante, aceitar a missão que Deus lhe dera. Foi profetizar a destruição à cidade de Nínive. Então o rei e seus súditos deram ouvidos a Jonas e fizeram jejum, vestindo-se, eles e seus animais, com sacos e cobrindo-se de
cinza. Por isso Deus decidiu não mais destruí-los. Então Jonas ficou zangado com Deus por sua compaixão e sua bondade, e decidiu sair da cidade e instalar-se no alto de uma pequena colina sob a sombra de uma mamoneira onde ficou discutindo com Deus. Então, no dia seguinte, Deus enviou um verme que picou a mamoneira secando-a ao calor do forte sol. Jonas ficou a ponto de desfalecer e sentiu-se tão mal que preferia a morte. Quando Deus lhe perguntou se achava justo compadecer-se de uma mamoneira que ele não havia plantado nem feito crescer, Jonas respondeu que sim e não cedeu em sua revolta. Então, Deus lhe respondeu: "Se tu tens tanta pena de um arbusto que não te custou trabalho e que não fizeste crescer, que em uma noite existiu e na outra pereceu, por que não deveria eu me compadecer por mais de 120 mil habitantes de Nínive, que não têm fé e nem amparo?" Jonas
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Jeremias: o declínio do Reino do Sul No ano de 597 a.C., Jerusalém foi mais uma vez ocupada por governantes estrangeiros. Desta vez foram os babilônios, que agiram de forma ainda mais radical do que tinham feito os assírios. Eles fizeram prisioneiro o Rei Joaquin e uma grande quantidade de moradores levando-os para a capital da Babilônia. Colocaram Sedecias como rei, mas ele não era mais que um mero governador. Por isso, ele se rebelou e provocou a segunda invasão dos babilônios de Jerusalém. Eles destruíram o templo e igualmente puseram por terra suas muralhas e levaram os sobreviventes do povo de Israel que estavam na cidade como prisioneiros para a Babilônia. Por ocasião de uma terceira revolta na Província de Judá, o governador babilônico foi morto, mas os israelitas tiveram que fugir com seus líderes e encontraram exílio no Egito. Entre os fugitivos encontrava-se também o Profeta Jeremias, uma das maiores figuras religiosas dessa época. Ele, por sua vez, veio de uma família sacerdotal, e aprendeu desde pequeno que os sacrifícios, sozinhos, não poderiam garantir a segurança da cidade de Jerusalém e do povo de Israel. Corajosamente, ele denunciava os reis e os advertia a conservarem a justiça social como ponto central de seu reinado. Ele exigia fidelidade a Deus, que vale mais do que todos os outros valores religiosos para proporcionar segurança ao país. Baseado nisso, estimulou os israelitas a manterem-se
fora da contenda entre o Egito e a Babilônia. Quando Israel foi levado prisioneiro para a Babilônia, ele viu nisso uma chance para que o povo se concentrasse novamente em Deus. Numa carta aos exilados na Babilônia, conclamou-os a manterem a paz, a construírem casas e cultivarem os campos. Seu amor apaixonado por Deus, no entanto, levou-o ao limite. "Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir. Tu me envolveste. Tu me corrigiste". Com esse lamento, Jeremias manifesta a relação de tensão com Deus que manteve durante toda sua vida. As profecias de Jeremias apontam mais para um futuro sombrio. O amor-ódio do seu ambiente transformou-se, finalmente, em exclusivo ódio. Suas palavras duras e inflexíveis foram postas por escrito para ele por seu secretário Baruc. Pois os líderes do povo as queimaram com suas próprias mãos. Jeremias foi acusado, lançado na prisão, amarrado a um tronco e atirado numa cisterna. O exílio no Egito pôs fim à sua luta apaixonada em nome de Deus. 2Reis 11,1-25,30; J eremias
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Estrangeiros e de volta ao lar
No exílio, sacerdotes e profetas se preocuparam com que os israelitas conservassem a fé transmitida. O povo de Abraão, de Isaac e de Jacó, distante da Terra Prometida, pôde compreender a fé de uma maneira totalmente nova. Foi assim que comportou-se o Profeta Ezequiel, que dirigiu sua palavra tanto aos judeus exilados quanto àqueles que permaneceram na Terra Prometida. No centro de sua pregação e de suas visões estava a fé na força permanente da promessa que Deus havia feito aos patriarcas. Deus iria arrancar do peito deles o coração de pedra e dar-lhes um coração de carne. Em uma visão, Ezequiel viu um vale com ossos secos. Esses foram revestidos de carne e transformados novamente em corpos de pessoas, nos quais Deus inspiraria novamente seu hálito de vida, o seu espírito. Da mesma forma o pequeno resto do povo de Israel iria poder novamente levantar-se pela força do Espírito de Deus. Um segundo profeta, de nome desconhecido, falou ao povo escolhido de Israel através de grandiosas imagens de esperança. Se Deus mostrar novamente sua força, então "a vaca e a pantera poderão estar juntas". Uma criança poderá brincar com uma serpente, quando despontar o reino de paz de Deus. Israel deverá ser um servo de Deus que, como um cordeiro, será conduzido ao abatedouro. Deverá sofrer pelos pecados de toda a humanidade, porém, por meio de seu
sofrimento, todos também se salvarão. Finalmente, esse grande desconhecido, cujas palavras estão registradas nos últimos capítulos do Livro de Isaías, viu a vitória dos persas sobre os babilônios e o retorno dos israelitas para sua própria terra. No ano de 539 a.C., esse sonho seria transformado em realidade pelo rei persa Ciro. Ele serviu como instrumento nas mãos de Deus, permitiu que os judeus voltassem novamente para sua terra e incentivou-os a praticar, novamente, sua religião. Sob o domínio desse estrangeiro, os israelitas construíram novamente sua pátria. Até mesmo o templo foi reconstruído e inaugurado no ano de 515 a.C. Os profetas Ageu e Zacarias fortaleceram o povo com sua atuação. Esdras e Neemias foram designados pelo governo persa para reorganizar a comunidade dos judeus. Eles deram novamente autoridade à Lei de Moisés, mas também não foram capazes de evitar que as tribos judaicas se dividissem novamente nos reinos do Norte e do Sul. Ezequi el; I saías 40,1— 66,19; Ageu Zacar ias; E sdras; Neemias
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Sabedoria e poemas bíblicos
Em toda a história do povo de Deus, sempre houve significativos mestres e poetas. Por isso, na Bíblia existem não apenas os cinco primeiros livros de Moisés que tratam da criação do mundo, da história de Israel e da lei recebida de Deus, mas também os livros dos profetas e os livros que apresentam as orações e lições de sabedoria de homens sábios da história de Israel. Esses textos são chamados simplesmente de "Os Escritos", mas são também conhecidos como os Livros Sapienciais. Entre eles encontram-se os Salmos que são hinos de oração, o livro dos Provérbios, o Cântico dos Cânticos de Salomão, que é uma poesia de amor, o livro de Jó, que é uma narração sapiencial como também os livros de Siracida (Eclesiástico) e de Coélet (Eclesiastes), que são considerados livros que transmitem sabedoria. O Livro de Jó apresenta exemplarmente o tema do sofrimento e da fé. Ele conta a história de Jó, homem temente a Deus, que se comporta de maneira correta juntamente com sua família. Então aparece o diálogo entre Deus e um de seus servidores chamado satanás, em que este maliciosamente fala que Jó, na verdade, tinha motivos para ser temente a Deus, pois tudo na sua vida ia muito bem. Ele solicitou e recebeu autorização de Deus para testar Jó causando-lhe, males, sem, contudo, ameaçar sua vida. Dessa forma satanás fez com que Jó ficasse doente e sua família sofresse desgraças. Jó, no
entanto, considerou essas desgraças com as palavras: "O Senhor deu, o Senhor retomou, bendito seja o nome do Senhor". Então satanás piora suas maldades, informa-nos o relato bíblico. Todos os familiares de Jó morrem e ele mesmo fica coberto de feridas dos pés à cabeça. Jó se lamenta, mas por fim confirma sua confiança em Deus. Os amigos de Jó presumem que Deus, talvez, esteja querendo colocá-lo pessoalmente à prova. A resposta de Jó é simplesmente: Eu te conhecia apenas por ouvir dizer, Senhor, porém, agora, te vejo com meus próprios olhos. Ele se submete a Deus. A narração termina dizendo que Deus fez com que seu servo fiel Jó recobrasse novamente a saúde e lhe deu uma nova família. Satanás, por sua vez, nunca mais poderá colocar dessa forma os seres humanos em provação. O Livro do Eclesiastes descreve a sabedoria de Salomão. Com uma grande experiência de vida, aqui se apresentam os problemas que a vida pode oferecer. Sua mensagem é que não se deve levar tudo demais a sério, pois tudo passa. Ilusão das ilusões, tudo é ilusão, ensina o autor. Até mesmo a reflexão não conduz, finalmente, a nada mais que a reconhecer que, no fim das contas, é melhor adorar a Deus: Teme a Deus e observa seus mandamentos! Isso diz respeito a cada ser humano. Deus julgará todas as ações, mesmo as ocultas, tanto as boas quanto as más. Jó; Eclesiastes
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Os Salmos: o cancioneiro da Bíblia
Na Bíblia há 150 Salmos. A maior parte deles é atribuída ao Rei Davi. Muitos deles, no entanto, foram compilados em diferentes situações posteriores. Alguns são agradecimentos, outros são lamentos ou queixas, alguns falam de bênção e outros de maldição. Alguns Salmos eram usados como orações pelo Rei, ou como hinos nas procissões religiosas. Em sua maioria, são canções próprias dos contextos litúrgicos. De acordo com seu conteúdo, são acompanhados ao som das harpas, cítaras, tambores ou trompetes. Muitos deles são cantados nas grandes liturgias nos dias festivos das peregrinações em Jerusalém. Eram cantados por um cantor ou um coral. A comunidade respondia com "Aleluia" (Louvemos o Senhor!) ou com "Amém" (Assim seja!) O Salmo 150 é um bom exemplo de como os orantes se animavam mutuamente para louvar o Senhor: Aleluia! Louvai a Deus em seu santuário, louvai-o no seu majestoso firmamento! Louvai-o por seus grandes feitos, louvai-o por sua imensa grandeza! Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com harpa e cítara! Louvai-o com pandeiro e dança, louvai-o com instrumentos de corda e flautas!
Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos vibrantes! Tudo que respira louve o Senhor! Aleluia! O s S al mo s s ão a s r es po st as d as p es so as à experiência da proximidade de Deus em sua vida. Por isso, também nos Salmos existe de tudo o que acontece na vida. Judeus e cristãos encontram nos Salmos, até hoje, uma fonte de esperança e fé. O S alm o 23 f al a d a g ra nd e co nf ia nça q ue aqueles que creem põem em Deus: O Senhor é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar, conduz-me até às fontes tranquilas e reanima minha vida, guia-me pelas sendas da justiça por causa de seu nome Ainda que eu ande por um vale tenebroso, Não temo mal algum, porque tu estás comigo; teu bordão e teu cajado me confortam. Diante de mim preparas a mesa, bem à vista dos meus inimigos; tu me unges com óleo a cabeça, e minha taça transborda. Sim, prosperidade e graça me seguem todos os dias de minha vida; habitarei na casa do Senhor por longos dias. Salmos
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A caminho de um novo tempo No tempo que se seguiu ao retorno da Babilônia e à reconstrução de Jerusalém, os israelitas refletiram e se perguntaram novamente sobre Deus e sua ação na história. Daí decorrem histórias sobre a maravilhosa fé dos descendentes de Abraão, de Isaac e de Jacó. Sidrac, Misac e Abdênago foram três homens que deixaram o rei da Babilônia tão enfurecido que ele mandou lançá-los em uma fornalha acesa. Mas o anjo de Deus estava com os três jovens, e eles não foram queimados. Então o rei mandou libertá-los e, deste dia em diante, passou a protegê-los. Outra história fala de Daniel, que vivia no palácio do rei babilônico Baltazar. Durante um grande festim, apareceu uma misteriosa
mão
que
escreveu
na
parede
palavras
incompreensíveis. Apenas o judeu Daniel, dentre os presentes no local, soube decifrar os sinais que descreviam o fim do reinado de Baltazar. Igualmente sobre Daniel há uma outra história, que conta sobre alguns invejosos que não suportavam ver um judeu sob as graças do rei. Eles acusaram Daniel ao rei, dizendo que ele não venerava os deuses do reino, contrariando o firme decreto que o rei havia promulgado. De coração pesado, o rei confirmou a sentença de morte capital: Daniel devia ser lançado na cova dos leões. Como, no entanto, Daniel foi
preservado, sem sofrer um arranhão sequer dos leões, o rei o livrou sem demora, e em seu lugar foram lançados na cova aqueles que o haviam caluniado. Daniel profetizou o final do reino persa e o domínio de Alexandre Magno. Após a morte deste, no ano 323 a.C. teve início um período de novo enfraquecimento das antigas tradições judaicas. As visões de Daniel davam forças a todos aqueles que, nesta época, procuravam conservar a fé de Israel. Finalmente, Israel teve que experimentar ainda a ocupação romana em seu país. A partir do ano 40 a.C. governou Herodes, um dos reis empossado pelos romanos na Judeia. Ele era judeu, mas não praticava sua religião. No ano 4 a.C. assumiu o governo seu filho, Herodes Antipas. Com isso cresceu para uma parte dos judeus a esperança de que o tempo da vinda do Messias tivesse chegado. Esperava-se, não apenas um Messias enviado do alto, que Deus estabeleceria como autêntico sucessor do Rei Davi, mas que pudesse expulsar os romanos do país e estabelecer um reinado duradouro. Foi nessa época que Jesus nasceu. Daniel; M acabeus; Eclesiásti co
Novo Testamento
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Zacarias e Maria Em Jerusalém predominava, no final do reinado de Herodes, uma paz cheia de tensões. As tropas romanas de ocupação exigiam pagamento de impostos dos habitantes da cidade. Os sumos sacerdotes e os demais sacerdotes ficaram limitados à sua tarefa religiosa. Eles não podiam, enquanto membros do conselho no templo, ocupar-se com questões políticas, mas apenas com a interpretação da lei judaica para os pertencentes à sua religião. Enquanto realizava suas funções no templo, o velho Sacerdote Zacarias teve uma extraordinária experiência religiosa. Um anjo lhe disse que ele e sua esposa Isabel iriam ter um filho ao qual deveriam dar o nome de João, que significa "Deus é favorável". Embora Zacarias soubesse que também Abraão tivera com Sara, em idade já bem avançada, o seu filho Isaac, ele duvidou da mensagem divina. Por isso Deus lhe tirou a fala. Pouco tempo depois Isabel ficou grávida. Seis meses mais tarde, o Anjo Gabriel visitou uma jovem, parenta de Isabel. Esta se chamava Maria e vivia em Nazaré. Ela fora escolhida para ser a mãe de uma criança, um menino, que seria chamado "Filho do Altíssimo", e seria tido como descendente do Rei Davi, para todas as gerações. Maria, que era noiva de um homem chamado José, não pôde acreditar nessa profecia, pois ainda não era casada. O anjo lhe esclareceu que a gravidez aconteceria por ação do Espírito
Santo. Diante disso, Maria disse: Eu sou a serva do Senhor. Aconteça comigo conforme tua palavra. Alguns dias depois, ela se pôs a caminho para visitar Isabel, para lhe contar essa surpreendente notícia. Isabel sentiu a alegria da criança em seu ventre, assim que Maria chegou em sua casa. Ela abençoou Maria por sua fé, e Maria louvou a Deus com as palavras: Minha alma louva a grandeza do Senhor. Eu me rejubilo em Deus, meu Salvador. Ele olhou para a humildade de sua serva. Agora todas as gerações me chamarão de bendita, porque o Deus de nossos pais fez grandes coisas em mim e em favor de todos os descendentes de Abraão. Depois que Isabel deu à luz seu filho, Maria voltou para casa. As pessoas achavam que o filho de Isabel deveria chamar-se exatamente como seu pai, Zacarias. Isabel, no entanto, insistiu no nome João e, quando o velho Zacarias confirmou que esse seria o nome, nesse momento voltou a falar. Desse modo ele pôde contar às pessoas que seu filho seria o precursor de alguém maior que ele, que viria depois dele. Lucas1
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Nasce Jesus
Maria era noiva de um homem chamado José que, por não poder entender a misteriosa gravidez de sua noiva, estava pensando em afastar-se dela secretamente. No entanto, como ele era um homem justo e temente a Deus, acreditou na voz que lhe anunciou uma noite em sonho que aquela criança tinha sido gerada por Deus. José deveria dar-lhe, assim que nascesse, o nome de Jesus, que significa "Deus salva". Depois dessa experiência, José tomou sua noiva como esposa. Um pouco antes do nascimento de Jesus, aconteceu que José e Maria tiveram que fazer uma longa viagem. O Imperador Augusto havia ordenado um recenseamento da população. Como José era descendente do Rei Davi, ele devia dirigir-se com Maria para Belém, sua cidade natal, para lá ser registrado. Quando eles chegaram a Belém, Jesus veio ao mundo. Como todas as hospedarias estavam cheias, Jesus nasceu em uma manjedoura, em um estábulo. Naquela noite, um anjo apareceu aos pastores que estavam cuidando de suas ovelhas nos campos perto da cidade e lhes anunciou uma boa notícia: que o novo rei, longamente esperado, havia nascido em Belém. Eles o encontrariam envolto em faixas e deitado numa manjedoura. Em seguida apareceu uma grande multidão de anjos louvando a Deus e prometendo paz a todos os
tementes a Deus. Os pastores se dirigiram a Belém, encontraram a família no estábulo e contaram lá e em toda parte o que eles tinham ouvido dos anjos. Passados oito dias, o menino foi circuncidado conforme o costume judaico e recebeu o nome de Jesus. Semanas mais tarde, seus pais o levaram ao templo em Jerusalém para apresentá-lo a Deus, como estava prescrito na Lei dos judeus para todos os meninos primogênitos. Lá encontraram um casal idoso e piedoso, chamado Simeão e Ana. Eles predisseram que Jesus teria um grandioso futuro. Simeão assim orou: Agora, Senhor, já posso morrer em paz. Pois já vi aquele que será a salvação para todo o povo. Ele iluminará todas as pessoas. Simeão alertou ainda a Maria, de que ela experimentaria um grande sofrimento com Jesus. Ana evocou diante de todos que lá estavam a lembrança de que Deus sempre fora a grande esperança para Israel. Lucas2,1-40
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A infância e a juventude de Jesus Enquanto José e Maria ainda estavam em Belém com Jesus, chegaram à cidade três membros de uma casta sacerdotal da Pérsia. Eles tinham avistado uma nova estrela no céu que, segundo seus textos sagrados, era o sinal do nascimento de um rei. Eles se puseram a caminho à procura desse rei. Orientaram-se pelo percurso dessa estrela. Quando chegaram à Judeia, dirigiram-se primeiramente ao palácio do Rei Herodes. Este, porém, não pôde ajudá-los, mas ficou bastante inquieto com essa informação. Seus conselheiros para assuntos religiosos sabiam que a cidade de Belém estava relacionada à esperança e à promessa de um novo rei para os judeus. Então, Herodes enviou os estrangeiros para lá e pediu-lhes que retornassem para informá-lo depois que eles tivessem encontrado essa criança destinada à realeza. Ele dizia que também queria prestar-lhe uma homenagem. Os sábios homens seguiram a estrela e encontraram Jesus finalmente em um estábulo, em Belém. Eles lhe ofereceram presentes que se dão a um rei: ouro, incenso e mirra. Tendo sido alertados por um anjo, em sonho, que Herodes pretendia matar Jesus, pois via-o como um concorrente ao trono, eles voltaram para sua terra por um outro caminho.
Também José foi avisado em sonho a respeito de Herodes. Ele fugiu com o menino e com sua esposa para o Egito. Dessa forma, Jesus escapou do assassinato de todos os meninos de Belém com menos de dois anos de idade que Herodes, com medo de perder seu trono, havia ordenado. Somente depois da morte de Herodes, José pôde voltar com sua família para sua terra. Desse retorno em diante, Jesus viveu em Nazaré. Quando tinha doze anos, participou pela primeira vez, com sua família e seus amigos, da peregrinação anual para Jerusalém, para a Festa da Páscoa. Na viagem de volta, sua família sentiu sua falta após certo tempo. Maria e José retornaram e o procuraram por toda parte. Finalmente, encontraram-no no templo, entre os doutores, ouvindo e perguntando sobre as Escrituras. Os homens estavam profundamente impressionados com a inteligência do menino e se perguntavam, diante da simplicidade de seus pais, de onde lhe viera tanto conhecimento. Quando sua mãe lhe disse "Por que nos deixaste tão preocupados? Teu pai e eu te procuramos aflitos por toda parte!", Jesus lhe respondeu: "Vocês não sabiam que eu devo estar na casa de meu pai?" Então voltou com eles para Nazaré. Jesus aprendeu a arte da carpintaria e a exerceu até cerca de trinta anos de idade. M ateus 2; L ucas 2,41-52
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Jesus é batizado e tentado
Desde jovem, Jesus já ouvia falar de seu parente João, o filho de Isabel e Zacarias. Ele vivia no deserto da Judeia. As pessoas falavam a respeito dele, sobre como vivia com sua manta feita de pele de camelo e alimentava-se apenas de gafanhotos e de mel silvestre. João pregava insistentemente a conversão em vista do Messias que estava para chegar. Como sinal de uma profunda mudança de vida e de purificação da mente e do coração, as pessoas se faziam batizar por João nas águas do rio Jordão. Dessa forma, João pretendia que fossem lavados todos os pecados das pessoas. O entusiasmo cada vez maior das pessoas pelo batismo no deserto levou os mestres dos judeus a decidirem pôr João à prova. Também a eles o homem do deserto anunciava abertamente que deviam nutrir a esperança de Israel na Salvação por meio do Messias, através de uma mudança de vida. Depois de mim virá alguém que é maior do que eu. João tinha consciência de que ele apenas batizava com água e alguém maior do que ele — assim ele ensinava — iria batizar diretamente com o Espírito Santo e renovaria a fé do povo. Como muitos outros, também Jesus estava curioso a respeito desse homem, que tinha a mesma idade sua e de quem era, inclusive, parente. Assim, também ele se colocou na fila para receber o batismo de João. Quando chegou a vez de Jesus, foi João. no entanto, quem disse: eu é que devo
ser batizado por ti. Jesus, todavia, queria ser como todos os outros. Assim Ele disse livremente sim a tudo aquilo que deveria receber de seu Pai. Ele entrou como todos os outros na água. e João o batizou. Então desceu sobre Ele o Espírito Santo na forma de uma pomba vinda do céu. e uma voz disse: Este é o meu Filho amado. Nele ponho minha afeição. Em seguida, Jesus ficou em jejum durante quarenta dias no deserto. O diabo pretendeu fazê-lo cair na tentação de abusar do poder de Deus. Mas Jesus o enfrentou citando as passagens da Escritura que falavam de sua pessoa. Por exemplo. quando Jesus ficou com grande fome por causa do jejum em que estava, ocorreu-lhe o pensamento de transformar pedras em pão. Mas Ele rejeitou essa tentação, lembrando-se da palavra da Escritura que dizia: O ser humano não vive apenas de pão, mas também de cada palavra vinda de Deus. Até mesmo pensamentos suicidas passaram pela mente de Jesus. Em dado momento, pensou em lançar-se do pináculo do templo abaixo. pois na Bíblia está escrito que os anjos estariam lá para ampará-lo, mas então reconheceu que se podem empregar erroneamente as palavras da Bíblia e lembrou-se: Dizem as Escrituras: não deves tentar o Senhor teu Deus. E também à terceira tentação Jesus resistiu. M ateus 3,1-4.11
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Jesus inicia sua vida pública
Depois que Herodes colocou João na prisão, Jesus iniciou sua vida pública proclamando uma mensagem curta e clara. Ele anunciava: "O tempo chegou. O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho". Igualmente sem rodeios, Ele escolheu seus primeiros discípulos. Junto ao Mar da Galileia, Jesus dirigiu-se primeiro a Simão, também chamado de Pedro, e a seu irmão André. Ele não lhes explicou o que tinha em mente. Só lhe importava que eles estivessem com Ele. Logo adiante, Ele chamou outros dois irmãos para deixarem seu trabalho e o seguirem: Tiago e João deixaram o pai Zebedeu e o seguiram imediatamente. Jesus tornou-se logo muito conhecido e muito se falava dele. As pessoas vinham de toda parte para ouvir o que Ele dizia. Muitos também queriam ver os milagres que Ele realizava, pois tinha o poder de curar doentes. Assim, onde quer que chegasse, Jesus era logo rodeado por pessoas de todo tipo. Em sua cidade natal, Nazaré, Jesus teve a oportunidade de um anúncio especial. Na sinagoga do lugar, convidaram-no a fazer a leitura da Escritura. Ele tomou a passagem do Profeta Isaías que diz: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu e me enviou para levar aos pobres a boa nova e aos prisioneiros a liberdade, para anunciar aos cegos a recuperação da vista e proclamar um ano de graça do Senhor. Em seguida, Jesus fechou o livro e disse apenas: Hoje se
cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. Ao dizer isso, teve início uma grande agitação. Os presentes consideraram que, como filho do carpinteiro do lugar, Jesus estava sendo muito presunçoso. E, então, quando Ele lhes explicou que dentre o povo de Israel muito poucos eram os que realmente haviam compreendido a Deus, eles foram tomados de cólera. Levaram-no até o alto do monte em que a cidade estava construída para dali o precipitarem, mas ele foi embora sem que o pudessem pegar. Na prisão, João Batista ouviu que cada vez mais pessoas falavam de Jesus. Então, enviou dois de seus discípulos até Jesus com a pergunta: És tu aquele que deve vir, ou devemos continuar esperando por outro? Jesus apenas mostrou-lhes o que fazia, como pregava aos pobres e curava os doentes. João devia tirar suas próprias conclusões a partir disso. E então disse: Felizes são aqueles que não se escandalizam de mim. Essa resposta satisfez a João. Na prisão, ele ainda tinha levado adiante sua pregação de penitência. Herodes, na verdade, o apreciava e gostava de ouvir o que ele dizia. Mas como havia sido vítima de uma insídia, teve que mandar executá-lo. M arcos 1,14-20; L ucas 4,16-30; 7,18-23; M ateus 14,3-12
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Jesus provoca seus contemporâneos
Jesus começou sua atuação inicialmente na Galileia, ao norte da Terra Prometida. Na sinagoga de Cafarnaum ele causou admiração nas pessoas devido à sua grande capacidade de interpretar as Escrituras Sagradas. Ele ensinava de uma maneira diferente dos mestres da lei. Ele falava como quem tinha uma especial autoridade, mas não apenas nas palavras, senão também em suas ações. Assim, ele libertou uma mulher possuída pelo demônio, embora fosse um dia de sábado. Nesse dia, não era permitido a judeus piedosos realizar ação alguma. Por isso Jesus foi duramente criticado, pois no mesmo dia realizou ainda outros milagres. Curou, com um simples toque, um homem que sofria de hidropisia. Muitas pessoas consideravam Jesus um homem enviado por Deus e tentavam estar sempre próximos dele. Cada vez mais pessoas acorriam até onde ele estava, por onde quer que andasse. Certa vez, um grupo de pessoas abriu um buraco no telhado de uma casa onde Jesus estava e por ali fizeram descer um enfermo acamado diretamente diante de Jesus. Ele o curou depois de perdoar-lhe os pecados. Com isso iniciaram-se novos conflitos. Apenas Deus podia perdoar pecados ou, pelo menos, para isso havia os sacerdotes que atuavam no templo. Fora esses, dizer isso era visto como uma grande arrogância. Além disso, Jesus se misturava com toda liberdade e contra toda prescrição entre
os leprosos e aqueles que, por trabalharem a serviço dos romanos, eram marginalizados. Por exemplo, Jesus ia fazer refeição nas casas de cobradores de impostos e esclarecia, então, que tinha vindo para chamar os pecadores e não para condená-los. Em uma ocasião, quando outros jejuavam e Jesus com seus discípulos não estavam fazendo isso, ele enfrentou as críticas das pessoas dizendo-lhes: Os amigos do noivo não podem jejuar quando o noivo está com eles. Enquanto estiver com eles devem celebrar e alegrar-se. Porém o tempo de seu jejum virá quando o noivo, na verdade, lhes será tirado. Com essas palavras Jesus deu a entender que para Ele, a relação com as pessoas e com Deus era mais importante do que qualquer prescrição. Jesus provocava muito aqueles que, em sua época, tinham uma fé legalista. Eles o acusavam de ter um pacto com o demônio. Jesus, porém, lhes disse: Se eu expulso os demônios enviados pelo diabo com ajuda do próprio diabo, então o seu reino está dividido! Esses argumentos perspicazes deixavam seus opositores cada vez com mais raiva dele. M arcos 1,21-28; 2,1-12; L ucas 9,14-17; 13,10-17; 14,1-6; 15,1
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Jesus cria uma nova família Doze eram as tribos de Israel e, assim, Jesus escolheu doze pessoas entre aqueles que o seguiam e os chamou de após apósto tolo los. s. A pala palavr vraa após apósto tolo lo sign signif ific ica: a: aque aquele le qu quee é escolhido, destinado para uma missão. Esses doze eram Pedro e André, Tiago, Tiago, filho de Zebedeu, Zebedeu, e João, seu irmão, Filipe e Bartolomeu, Tomé e Mateus, o cobrador de impostos, Tiago, filho de Alfeu e Tadeu, Simão o Zelotes e Judas Iscariotes que, mais tarde, o entregaria. Também havia mulheres no círculo mais próximo de Jesus, mulheres mulheres que ele tinha curado e que passaram a dedicarse ao cuidado de Jesus e dos apóstolos. Especialmente, devem ser mencionadas Maria da cidade de Mágdala e Joana, esposa de um criado do Rei Herodes. A novidade da mensagem de Jesus consistia em que a afinidade das pessoas entre si e delas com Deus não dependia de pertencer ao povo ou ter algum parentesco com Abraão. Jesu Jesuss foi, foi, aind ainda, a, muit muitoo além além diss dissoo em sua sua mens mensag agem em,, anunciando que Deus quer, através dele, unir todas as pessoas e formar com elas uma só comunidade mantida pelo Espírito Santo. Quando, por exemplo, sua própria família o procurou, querendo levá-lo de volta para casa, achando que estava fora de seu juízo, Ele respondeu: Todo aquele que faz a vontade de Deus é para mim irmão, irmã e mãe.
Os doze doze após apósto tolo loss de Jesu Jesuss part partir iram am anun anunci cian ando do o Evangelho e realizando curas em pessoas enfermas. Sem levar bens consigo, eles recebiam das pessoas a hospitalidade e o mínimo de que necessitavam para viver. Mais tarde, Jesus enviou novamente outros 72 amigos que realizaram com sucesso sua missão. Jesus deu graças por todos e agradeceu ao seu Pai no Céu. A parte final de sua oração diz assim: Tudo me foi dado pelo meu Pai. Apenas Ap enas o Pai conhece conhec e o Filho, e apenas o Filho conhece o Pai, e aqueles a quem o Filho o revelou. M ateus ateus 10; 12,46-5 12,46-50; 0; L ucas 8,1-3; 8,1-3; 10,1-2 10,1-24 4
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Jesus ensina sobre o monte
Uma vez, devido à grande quantidade de pessoas que queriam ouvi-lo, Jesus foi para o alto de uma pequena colina para pregar. Chamou seus apóstolos para perto de si a fim de salientar o significado de seu discurso. Jesus falou sobre a vida no Reino de Deus. A bem-avent bem-aventurança urança estará com aqueles que mantêm sua vida de acordo com uma orientação justa. Quem permanecer humilde na busca do d o significado da vida, quem for amig amigoo e mise miseri ricor cordi dios oso, o, quem quem serv servir ir apen apenas as a De Deus us e for for promotor da paz, este será abençoado e terá uma vida plena. E tamb também ém dev devem em cons consid ider erar ar-s -see feli felize zess aque aquele less qu quee fore forem m perseguidos por amor ao verdadeiro valor na vida. Embor Emboraa todo todoss pen pensa sasse ssem m que que Jesus Jesus tinh tinhaa uma uma no nova va doutrina, ele estava apenas reforçando o que já diziam as Escrituras Escrituras do Antigo Antigo Testamento: Testamento: o próprio rancor por alguém passa a ser visto como semelhante ao assassinato; a intenção de uma infidelidade equivale à traição; já não basta cumprir um juramento, mas é preciso sempre dizer apenas a verdade. A Lei Lei de Mois Moisés és já esta estabe bele leci ciaa qu quee era era perm permit itid idoo penalizar alguém apenas na mesma medida em que se foi por esse alguém penalizado: olho por olho, dente por dente. Jesus, porém, foi mais longe, mostrando que é preciso reconhecer no inimigo o valor que ele tem como ser humano. É preciso mostrar às pessoas que elas poderiam romper a corrente da violência apresentando a outra face a quem nos bate numa
delas. Jesus mostrou ainda que é melhor fazer o bem em silêncio do que falar alto sobre boas ações, e disse que é preciso se decidir sobre o que queremos na vida, pois ninguém é capaz de servir a dois senhores. A fé em Deus é suficiente para garantir uma vida sem preocupações nem medo, sem desconfianças ou condenações. É difícil encontrar o caminho do Reino de Deus. É importante dar um basta aos muitos sedutores. Um critério importante para reconhecer aqueles que têm boas intenções está em ver o quanto suas palavras estão conformes às suas ações. Finalmente, Jesus resumiu toda a sua mensagem nas seguintes palavras: Amarás o Senhor teu Deus, e o teu próximo como a ti mesmo. Mateus5,1-7.29
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Jesus reza
Jesus era unido ao seu Pai Celeste com íntima confiança. Muitas vezes ele se afastava de seus discípulos e ficava recolhido durante longas horas em oração pessoal. Não é possível pensar seus milagres sem as orações que, algumas vezes, restringiam-se a um olhar para o céu, ou a nada mais que um suspiro por Deus. Também na noite de sua paixão, Jesus fez suas orações, primeiramente na sala de sua última ceia, pelos seus amigos e, mais tarde, no jardim do Getsêmani, cheio de dor pelo sofrimento que estava por vir. Não admira que seus discípulos lhe tenham pedido muitas vezes para lhes ensinar a rezar. Dessa forma eles aprenderam que Deus quer uma oração pessoal e não orações públicas altissonantes. É preciso rezar sempre, como uma virtude essencial, pois as orações são sempre ouvidas: Pedi e recebereis; procurai e achareis; batei, e a porta se vos será aberta. Por isso, não existe oração sem sentido, embora Deus saiba já de antemão aquilo que nós desejamos em nosso coração. Como devemos rezar, Jesus o ensinou aos seus discípulos com as seguintes palavras: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino, seja feita tua vontade assim na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje,
perdoa-nos nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam, e não nos deixes cair em tentação mas livra-nos do mal. Com mais uma parábola, Jesus insistiu que toda oração deveria ser feita com humildade: um fariseu e um publicano foram rezar. O fariseu ficou de pé bem à frente, no templo, e agradeceu a Deus por não ser assim como o publicano, passando, em seguida, a relatar como ele cumpria corretamente todos os deveres de sua fé. O publicano, no entanto, estava parado na parte do fundo no templo, nem se atrevia a levantar os olhos, e dizia: "Oh, Deus, tenha misericórdia de mim, que sou pecador". Jesus concluiu essa parábola afirmando que o publicano, e não o fariseu, foi perdoado de seus pecados. M ateus, 6,5-15; M arcos 7,34; 14,32-42; L ucas 18,9-14; João 17
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Jesus fala em parábolas Jesus falava de modo que todas as pessoas, mesmo as mais simples, pudessem compreendê-lo. Ele recorria a experiências do dia a dia e explicava o que elas mostravam do Reino de Deus. A essas narrativas figuradas dá-se também o nome de parábolas. Por exemplo, Jesus contou sobre a semente lançada no campo. Ela cresce e produz fruto sem que o ser humano faça algo para isso. Além disso, pode-se reconhecer nesse fenômeno que todas as coisas um dia terão um fim. Isso não acontece apenas por si mas, no caso da semente, acontece por ocasião da colheita. Da mesma forma o Reino de Deus também terá um fim, quando Deus virá para ver o que os seres humanos realizaram com suas habilidades e seus planos. Jesus comparou o Reino de Deus e o que Ele fazia para isso com sua pregação e com sua vida a um grão de mostarda. Esse é um dos menores grãos que existem, mas se torna um dos maiores arbustos, no qual muitas criaturas vivas encontram sua morada. Para Jesus, era importante, em suas parábolas sobre o Reino de Deus, ajudar as pessoas a compreenderem o quanto o amor de Deus é grande. Assim, ele contou às pessoas a respeito de um camponês que tinha dois filhos. O filho mais novo pediu sua parte da herança e gastou todo o dinheiro. Como não tinha mais como viver, lembrou-se de seu pai e
decidiu retornar à casa paterna. Quando ele estava chegando, seu pai o avistou ao longe. Mas ele nem imaginava que seu pai o estivesse esperando. O pai, no entanto, dirigiu-se correndo ao filho, recebeu-o com alegria, deu-lhe vestes novas e fez uma grande festa em sua casa para celebrar o retorno de seu filho. O filho mais velho não ficou feliz ao saber disso, pois ele tinha ficado sempre em casa trabalhando. Ele falou amargamente ao pai, reclamando por este ter dado uma festa ao filho que partira, ao passo que ele mesmo nunca recebera nada de especial. Em sua resposta, o pai lhe lembrou que ele sempre estivera em casa, e aquele filho, porém, que agora voltou, estivera morto e agora estava voltando à vida. Tal atitude deveria levar as pessoas a transcenderem os laços de sangue. Jesus a comparou com a naturalidade com que os escravos daquela época ainda se colocavam a serviço em casa, depois de terem trabalhado nas lavouras. Assim, ninguém deveria gabar-se pelo amor dado aos outros, mas reconhecer nisso, simplesmente, sua obrigação. M ateus 13,24-32; M arcos 4,26-29; L ucas 15,11-32; 17,7-10
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Jesus dá respostas surpreendentes
Naturalmente, muitas pessoas faziam perguntas a Jesus. Os escribas e fariseus observantes, por exemplo, queriam saber por que os discípulos de Jesus não lavavam as mãos antes de comer. Jesus sabia que, com essas perguntas, eles não estavam, na verdade, interessados nesse assunto, mas apenas queriam fazê-lo cair em uma armadilha. Por isso, dizia-lhes: Vocês são hipócritas. Vocês fazem essas coisas, mas deveriam é obedecer à Lei de Deus. Jesus esclarecia aos seus discípulos que a impureza é algo que está no coração humano. Lá estão as maldades que terminam em mortes e assassinatos. Com a mesma fundamentação Jesus respondeu quando perguntado a respeito do divórcio. Para entender essa questão, deve-se considerar que existiam na lei judaica regras excepcionais que permitiam o divórcio, apenas, no entanto, à disposição do homem. Jesus, porém, dizia que no princípio Deus quis que um homem e uma mulher partilhassem juntos de toda uma vida. Ninguém poderia separar aquilo que Deus havia unido. Quem quer que se divorciasse e casasse novamente incorria em adultério. Também pessoas jovens, fascinadas por Jesus, se aproximavam dele trazendo questões para ele responder. Um moço quis saber especificamente como se pode viver uma vida perfeita.
Como
ele
afirmasse
já
observar
os
Dez
Mandamentos, Jesus olhou para ele com simpatia. Jesus percebeu no jovem uma inquestionável necessidade de saber que sua vida com Deus estava salvaguardada. Então o aconselhou a vender todos os seus bens, dar o dinheiro aos pobres e segui-lo. Com isso, porém, o jovem ficou triste e foi embora. Então, Jesus mostrou aos discípulos uma estreita passagem no muro da cidade de Jerusalém, chamada Buraco de Agulha e disse que seria mais fácil passar por lá um camelo com uma enorme carga do que um rico entrar com suas muitas coisas no Reino de Deus. Em outra ocasião, os discípulos de Jesus lhe perguntaram sobre quem seria o maior no Reino dos Céus. Então Jesus tomou uma criancinha e a colocou no meio deles. Com isso, sem recorrer a muitas palavras, ensinou-lhes que eles deveriam ter a simplicidade e a receptividade de uma criança. E quem acolhesse uma dessas criancinhas, reconhecendo que também Jesus se fez pequeno e indefeso neste mundo, estaria acolhendo, dessa forma, o próprio Jesus, e servindo a Deus da melhor maneira. Foi Pedro, o primeiro discípulo que Jesus chamou, quem fez a pergunta a respeito de quantas vezes deveríamos perdoar alguém que repetidamente pecasse contra nós, e se era suficiente perdoar até sete vezes. Jesus respondeu: "Setenta vezes sete vezes", mostrando que, em se tratando do perdão, não há lugar para contas e cálculos. M ateus 15,1-20; 18,1-22; 19,26-29
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Jesus reergue pessoas
Muitas vezes, eram trazidas pessoas enfermas até Jesus. Em alguns casos, as pessoas queriam simplesmente presenciar a realização de um milagre. Jesus, contudo, não se dava a isso. Na verdade, ele realizava milagres apenas quando era realmente necessário fazê-lo. Para Ele, tratava-se mais de ajudar as pessoas a recuperarem sua confiança em Deus do que, simplesmente, devolver-lhes a saúde. Dessa forma, Ele procurava manter os milagres em segredo, para que as pessoas não espalhassem uma falsa reputação dele pela região. Certa vez, um funcionário real convidou Jesus para ir a sua casa e curar seu filho que estava quase morrendo. Jesus lhe respondeu que seu filho vivia. O homem acreditou em Jesus e partiu de volta para casa. Estava ainda a caminho quando mensageiros o encontraram, cheios de alegria, trazendo-lhe a notícia de que seu filho havia ficado curado. O pai refletiu e percebeu que o menino havia recuperado a saúde exatamente na hora em que Jesus lhe tinha dito que seu filho vivia. Em algumas situações, Jesus podia curar dizendo apenas uma palavra, ou então, usava suas mãos ou as impunha sobre as pessoas. Assim, por exemplo, curou um surdo-mudo colocando nos ouvidos do homem os seus dedos e tocando sua língua com sua saliva. Em um cego, Ele colocou uma lama feita de saliva e pá sobre os olhos impondo-lhe as mãos na cabeça. Como a visão do homem voltava aos poucos, Jesus lhe
impôs as mãos mais de uma vez até que ficasse totalmente curado. De Jesus saía uma força tal que as pessoas q u er i am s i mp l es m en t e t o cá - lo . E m u m a o c as i ão , e s ta n do n o m e io d e u m a m u lt i dã o , a p ro x i mo u -s e d el e s ec re ta me nt e u ma m ul he r q ue s of ri a d e u m s an gr am en to h av ia d oz e a no s , s em q ue n en hu m médico conseguisse curá-la e, sem ser vista, tocou nas vestes de Jesus. Isso contrariava as Escrituras, pois os doentes deviam manter-se afastados das pessoas. A mulher, porém, ficou imediatamente curada. Jesus sentiu naquele momento que uma força havia saído dele e perguntou quem o havia tocado. Como a mulher ficou cheia de medo por ter sido descoberta, Jesus lhe disse: Minha filha, tua fé te curou. Vai em paz. Em Jerusalém, Jesus curou um homem cego desde o nascimento. Com isso, quis mostrar que nenhuma doença é castigo de Deus. Ao contrário, Deus pode utilizar-se de todas as situações para revelar sua grandeza. Esse milagre provocou a ira dos inimigos de Jesus, pois Ele não apenas curou a cegueira do homem, como ainda disse que eles é que eram cegos, por sua maneira obstinada de ver as coisas. M arcos 5,21-43; 7,31-37; 8,22-26; João 4,43-54; 9,1- 12
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Jesus chama mortos à vida
Em três ocasiões Jesus chamou pessoas que haviam morrido ou estavam quase morrendo de volta à vida. Uma vez, o chefe da sinagoga, Jairo, veio até Jesus. Sua filha estava muito doente. Jesus dirigiu-se à sua casa para impor-lhe as mãos, mas quando lá chegaram, a menina já havia morrido. Jesus ficou apenas com três de seus discípulos junto à cama da menina, tomou a mão da criança e lhe disse em aramaico, sua língua materna: talita kum. Isso significa: Menina, eu te digo, levantate! Imediatamente a menina se levantou, e Jesus a entregou novamente aos seus pais. Nas proximidades de Naim, na Galileia, Jesus deparouse com o cortejo fúnebre do filho único de uma viúva. Jesus parou a procissão e falou em voz alta: Jovem, eu te digo, levanta-te! Então o jovem ergueu-se e começou a falar. E Jesus o entregou novamente à sua mãe. A terceira ressurreição realizada por Jesus foi a de um amigo seu, chamado Lázaro. Ele vivia com suas irmãs, Marta e Maria, em um povoado em Betânia, perto de Jerusalém. Um dia chegou a Jesus a notícia urgente de que Lázaro estaria muito doente, e Jesus pôs-se imediatamente a caminho. Porém, quando chegou ao vilarejo, seu amigo já estava sepultado havia quatro dias. Marta e Maria se queixaram a Jesus que Lázaro poderia estar vivo se Ele tivesse
estado lá. Jesus, no entanto, perguntou- lhes: Vocês acreditam que eu sou a res ressur surrei reição e a vida? da? Co Como mo elas elas lhe respondessem em prantos que seu irmão estaria vivo se Jesus esti estive vesse sse lá, lá, tamb também ém Ele Ele come começo çouu a chora chorar. r. Em segu seguid ida, a, dirigindo-se ao túmulo, ordenou que a pedra que fechava a entr entrad adaa foss fossee remo removi vida da.. Tend Tendoo feit feitoo uma uma brev brevee oraç oração ão,, chamou em voz alta: Lázaro, vem para fora! Então Lázaro, ainda envolvido nas faixas mortuárias, levantou-se e saiu do túmulo. Este milagre foi uma das razões por que Jesus passou a ser, cada vez mais, considerado uma ameaça. Os chefes dos judeus achavam achav am que Jesus pode poderia ria levar o povo a uma agitação e tramar uma revolta popular. Eles temiam que, com isso, aumentasse a opressão infligida pelos romanos ao povo. E foi desse dess e modo que, finalmente, finalm ente, o Sumo Sacerdote Sace rdote Caifás afirmou que seria melhor que um homem morresse pelo povo, antes que a nação inteira inteir a perecesse pere cesse.. Desse dia em diante, eles começaram, sistematicamente, a planejar a morte de Jesus. M arcos 5,21-43; 5,21-43; L ucas 7,11-17 7,11-17;; João 11,1-53
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Jesus se apresenta como Senhor da criação
Jesus intervinha com sua força também nos fenômenos da natureza. Simão Pedro e seus companheiros pescadores tinham, certa vez, passado a noite inteira trabalhando sem conseguir pescar nada. E Jesus lhes propôs que lançassem as redes novamente para uma última tentativa. Então pegaram tantos peixes que as redes quase se romperam e o barco quase afundou com o peso da carga. Cheio de espanto e admiração, Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Afasta-te de mim, Senhor, pois sou um pecador. Jesus, porém, lhe respondeu: Não tenhas medo, tu serás pescador pescado r de homens. Em outr outraa ocas ocasiã ião, o, após após um dia dia cans cansat ativ ivo, o, eles eles se dirigiram ao Mar da Galileia. Sobrevindo forte tempestade, os discípulos foram tomados por um grande medo de morrer. Jesus, no entanto, dormia, extenuado no fundo do barco. Os discípulos o acordaram. Ele, então, repreendeu-os severamente perguntando-lhes por que tinham tão pouca fé. Em seguida, deu ordem ao vento e às ondas dizendo: dizendo: Silêncio! Silêncio! Calma! E tudo logo se aquietou. Então os discípulos se perguntaram entre si: Como isso é possível? Até o vento e o mar obedecem a Ele? Certa vez havia tanta gente junto de Jesus que os discípulos não viram outra solução senão pedir a Jesus que despedisse despedisse as multidões multidões para que voltassem às suas casas. Mas Jesu Jesuss lhes lhes repl replic icou ou:: Da Daii-lh lhes es algo algo para para come comer! r! Eles Eles,, no
entanto, responderam-lhe dizendo que não dispunham de mais do que cinco pães e dois peixes. Então, Jesus fez com que todos odos se sent sentas asse sem m na rel relva, va, aben abenço çoou ou os alim alimen ento tos, s, agradecendo ao Pai e pediu que seus discípulos os dividissem para todos comerem. Não somente todos comeram até ficarem saciados, como no fim ainda foram recolhidos doze cestos cheios, cheios, com os pedaços que sobraram. sobraram. Depois desse milagre, Jesus quis ficar sozinho e rezar. Ele enviou seus discípulos de barco para o outro lado do Mar da Galileia. Eles estavam na escuridão do mar e em meio a uma tempestade quando, de repente, viram Jesus caminhando sobre as águas. Pensando que fosse um fantasma, eles foram tomad omados os de pavo pavorr e grita ritava vam. m. Ele, Ele, po poré rém, m, lhes lhes diss disse: e: Coragem, sou Eu! Vocês não precisam ter medo! Pedro pediu que Jesus o chamasse. Mas tendo dado alguns passos sobre a água, começou a afundar. Então Jesus segurou-o pela mão e ambos subiram na barca, e o vento se acalmou. Os discípulos, chei cheios os de admi admira raçã çãoo e espa espant nto, o, caír caíram am aos aos pés pés de Jesu Jesuss reconhecendo: Tu és, realmente, o filho de Deus! M ateus ateus 14,22 14,22-32; -32; M arcos 4,35-4 4,35-41; 1; 6,45-52 6,45-52;; L ucas 5, 1-11 1-11
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Jesus dá aos discípulos uma visão de sua natureza
Todos aqueles que conheceram Jesus ficavam pensativos a respeito do por que desse fascínio que ele exercia. Alguns pensavam que Ele era o Messias que havia chegado para instaurar um novo reinado de Israel e para expulsar os romanos do país. Uma vez, quando chegou com seus discípulos à região de Cesareia de Filipe, ao norte do Mar da Galileia, Jesus lhes perguntou o que as pessoas comentavam a respeito dele. Para seus discípulos, muitas pessoas achavam que Jesus fosse João Batista. Para outros, seria Elias, que havia retornado, ou algum dos outros profetas. Quando Jesus lhes perguntou o que eles mesmos pensavam, Pedro lhe respondeu: Tu és o Messias. Jesus não lhe deu nenhuma resposta, apenas ordenou aos discípulos que não contassem nada a ninguém sobre isso. Em seguida, Jesus lhes revelou que Ele era mesmo o Messias, mas não aquele que as pessoas imaginavam. Ele deveria sofrer, deveria morrer, mas iria também ressuscitar. Pedro criticou tanto essa assombrosa profecia que se tornou um obstáculo para Jesus. Por isso, Jesus lhe falou severamente, mostrando que ele estava pensando de forma demasiado humana e não segundo a maneira de Deus. Quem quiser seguir, portanto, o Messias, deve estar preparado para sofrer com Ele. Aquele que quiser guardar sua vida para
si, esse irá perdê-la um dia; quem, porém, por amor a Jesus, aceitar renunciar completamente aos seus próprios planos e viver plenamente com Ele, esse ganhará a verdadeira Vida. Mais tarde, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu a um alto monte. Ali, os três tiveram uma indescritível visão da natureza e da missão de Jesus. Eles tiveram a experiência de ver Jesus se transformar diante de seus olhos. Suas roupas ficaram resplandecentes como a neve, e uma nuvem brilhante da majestade divina o envolveu. Moisés e Elias apareceram. Como testemunhas da Aliança de Deus com Abraão, Isaac e Jacó, eles conversavam com Jesus com a intimidade de quem já o conhece há muito tempo. Para os três, isto tudo foi demais. Eles perderam os sentidos e caíram por terra. Uma voz vinda da nuvem falou: Este é meu filho amado, ouvi-o! Mais tarde, quando eles desceram da montanha, Jesus os proibiu que dissessem qualquer palavra sobre isso a alguém, até que Ele tivesse morrido e ressuscitado. Mas eles não entenderam o que Ele quis dizer quando falou sobre a ressurreição. M ateus 16,13-23; 17,1-13
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Jesus em seu mais íntimo
Jesus falou muito pouco a respeito de si próprio. Em desavença com Ele, os fariseus certa vez ficaram tão nervosos que o insultaram chamando-o de louco e possuído por um demônio. Jesus lhes respondeu que eles só se alteravam pelo fato de Ele acreditar em seu Pai Celestial com a mesma intensidade com que acreditou o Patriarca Abraão. Como eles, por causa disso, o repreendessem com mais veemência ainda, pois ele se comparava com Abraão, respondeu-lhes Ele: Antes que Abraão fosse, eu sou. Com isso, Jesus quis dizer que, desde o começo do mundo, Ele já tinha parte em Deus e em seus planos. É disso que fala também o início do Evangelho de João. Deus havia constituído o mundo por meio de sua Palavra. Na Palavra já ressoava o pensamento primitivo de que, no mundo criado, haveria de viver alguém que fosse capaz de corresponder ao amor de Deus com o coração e o entendimento. Tal princípio tornou-se humanamente presente em Jesus. A Lei havia sido dada ao mundo por meio de Moisés para tornar as pessoas capazes de acolher Jesus. Infelizmente, no entanto, as pessoas não o receberam, embora nele se tivesse manifestado a vida em abundância e a verdade a todas as pessoas. Para compreender a essência da natureza de Jesus, o fariseu Nicodemos foi, certa noite, encontrar-se com Ele.
Confessou-lhe que O considerava um verdadeiro mestre enviado por Deus. Jesus, porém, não se deteve nessa questão. Mostrou-lhe, muito além disso, que sua missão tinha a ver com o Espírito Santo. O vento, sabe-se de onde vem e para onde vai apenas pela percepção de que está soprando. Tão imprevisível será, também, aquele que renasce pelo Espírito. Crer nele, Jesus, é isso. É ser, então, guiado por Deus na direção certa: alguém assim realiza a verdade e leva ao mundo a luz de Deus. Certa vez, encontrou Jesus uma mulher samaritana. Por ser Ele judeu, e ela uma mulher e uma mulher de um povo mal visto — Jesus nem deveria falar com ela. No entanto, Ele lhe pediu água para beber. A mulher ficou muito admirada com isso. Jesus, porém, explicou-lhe que dentro dele havia uma fonte de água viva, da qual ela é que lhe deveria pedir para beber! Pois Deus não quer ser adorado nesse ou naquele lugar, ou por esse ou aquele povo, mas apenas em espírito e em verdade. João 1,1-18; 3,1-21; 4,1-42; 8,48-59
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Jesus se torna cada vez mais claro
Jesus dirigiu-se a Jerusalém com plena consciência de que lá haveria perigo para Ele. No caminho alertou os seus discípulos de que logo iriam vê-lo padecer. Eles, naturalmente, não quiseram aceitar esse fato e não captaram o que Jesus estava tentando dizer. Jesus criticou os fariseus com palavras afiadas e os chamou de hipócritas e de sepulcros pintados por fora, mas que por dentro estavam cheios de podridão. Ele reclamou que os fariseus interpretavam a Lei de Moisés com tal rigor que para eles a justiça e o amor eram equivalentes. Sim, Ele chegou, inclusive, a acusá-los de oprimirem intencionalmente o povo com a interpretação que faziam da lei. Durante uma refeição, Jesus viu como os hóspedes se empenhavam por conseguir os lugares mais destacados. Ele aproveitou a oportunidade para ensinar a todos que Deus irá elevar os humildes e, por isso, como sinal de confiança em Deus, cada um devia procurar o último lugar. Em outra ocasião, contou a história de um anfitrião cujos convidados não compareceram. Irritado com aquilo, ele teria enchido sua casa com as pessoas da rua. Com isso, Jesus lhes quis mostrar o quanto o Pai do céu deseja que todas as pessoas aceitem o convite. Ao mesmo tempo, Ele estava também criticando os que pertenciam ao seu próprio povo, a quem por primeiro tinha sido dirigido o convite para entrarem no Reino de Deus, mas que não o tinham levado a sério.
Nas proximidades da cidade de Jericó, um cego chamou Jesus pelo título honroso de Messias, que estabelecia um vínculo com a figura do Rei Davi: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim! As pessoas queriam fazer com que ele ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais forte, até que Jesus pediu que alguém o trouxesse. Em seguida, o curou! Quando, em certa ocasião, Jesus entrou em Jericó, o publicano Zaqueu, de baixa estatura, quis vê-lo a qualquer custo. Ele subiu numa árvore para ver Jesus ao menos de longe. Jesus, porém, percebeu-o nos galhos da árvore e o chamou com as seguintes palavras: Zaqueu, hoje devo hospedar-me em tua casa! As pessoas ficaram escandalizadas com o fato de Jesus se fazer convidar para ir à casa de um pecador como esse, pactuado com os romanos Que oprimiam o povo. Zaqueu, porém, imediatamente prometeu a Jesus mudar de comportamento. Ele iria devolver às pessoas todo o dinheiro que tivesse tomado injustamente. Jesus então se alegrou e disse: Hoje a salvação entrou nesta casa. E disse ainda àqueles que o criticavam: Minha missão é procurar e salvar todos aqueles que estiverem perdidos. L ucas 9,51; 11,37-52; 14,7-24; 18,31-19,10
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Jesus anuncia o início de seu sofrimento
Durante sua última caminhada rumo a Jerusalém, os discípulos quiseram saber dele o que aconteceria, já que eles tinham deixado tudo para trás. Jesus lhes profetizou que eles receberiam casas e campos, mas, juntamente, iriam receber sofrimentos. No entanto, eles não deveriam se preocupar com isso, pois os que agora eram considerados os primeiros, seriam, mais tarde, os últimos. Jesus advertiu-os, mais uma vez, de que o significado do poder e da honra está sempre relacionado ao serviço. Assim, deu-lhes Ele uma nova atitude pela qual, mais tarde, os discípulos pudessem entender sua paixão e morte na cruz como um serviço prestado à humanidade e, com isso, entendessem o serviço como sua nova forma de dominar. Ao chegar a Jerusalém, as pessoas lhe correram ao encontro com folhas de palmeira nas mãos. Ele montou em um asno e assim entrou na cidade. Com isso, Ele quis lembrar a palavra da Escritura: Não temas, Jerusalém. Teu rei vem a ti montado num filho de jumenta. No dia seguinte, Jesus quis comer um figo de uma figueira. Como essa, no entanto, não havia produzido nenhum, Ele a amaldiçoou. Depois foi para o templo e expulsou de lá com veemência todos aqueles que lá faziam comércio, pois o templo é uma casa de oração e não um mercado! As autoridades religiosas se irritaram com essa interferência de
Jesus em seus negócios. Se pudessem, eles o eliminariam imediatamente, mas tinham medo da reação do povo. Na manhã seguinte, quando Jesus passou com seus discípulos novamente pela figueira, eles notaram que ela estava seca. Os discípulos ficaram espantados com isso. Jesus, porém, lhes disse: "Vocês devem apenas ter fé em Deus!" Quem realmente crer, esse será capaz de remover montanhas. Ao anoitecer, Jesus estava na casa de seu amigo Lázaro, em Betânia. Marta o servia. Então, sua irmã Maria tomou uma grande porção de óleo perfumado e ungiu os pés de Jesus. A casa ficou toda perfumada. Judas Iscariotes, que mais tarde o trairia, criticou a atitude da mulher. Hipocritamente, ele argumentou que esse dinheiro todo podia ter sido mais bem utilizado ajudando os pobres. Jesus lhe retrucou, dizendo: Pobres, vocês sempre vão ter por perto. Essa mulher já preparou meu corpo para a sepultura. Pouco depois, Judas avisou as autoridades judaicas onde poderiam prender Jesus mais facilmente. Deram-lhe, então, o valor combinado pela traição e iniciaram o plano concreto para prender Jesus. M ateus 21,5; 26,14-16; Marcos 10,28-45; 11,12-25; João 12,1-19
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Jesus enfrenta seus opositores
Às vésperas da Festa da Páscoa, havia muitos peregrinos em Jerusalém. Jesus foi quase todos os dias ao templo. Os líderes religiosos estavam muito preocupados com isso e lhe perguntaram com que direito Ele ensinava no templo. Em vez de responder, fez-lhes Ele a pergunta, se batismo de João era do céu ou dos homens. Se eles dissessem: do céu, teriam que explicar por que, então, não creram nele. E se dissessem que tal batismo era coisa humana, levantariam todo povo contra si. Por isso, responderam-lhe que não sabiam. Então Jesus lhes disse que Ele também não iria responder com que direito estava a ensinar. Quando os doutores da lei perceberam que não estavam em condições de fazer frente a Jesus, eles decidiram tirar-lhe a vida. No entanto, tinham medo da reação das massas. Então enviaram outros para dirigir-lhe novas perguntas, com a intenção de fazê-lo cair em alguma resposta errada e poder, assim, condená-lo legitimamente. Quiseram, pois, saber dele se, como judeus, deveriam pagar o imposto devido aos romanos. Jesus pediu que lhe mostrassem uma moeda e lhes perguntou de quem era a imagem que nela se via. Responderam-lhe: É a imagem de César. Então, respondeu-lhes: Deem, pois, a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus.
À pergunta sobre qual era o maior dos mandamentos, Jesus lhes respondeu que os dois primeiros eram os maiores de todos. O primeiro era: Ouve, Israel, o Senhor teu Deus, é o único Deus. Ama o Senhor teu Deus de todo teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. E o segundo era: Ama teu próximo como a ti mesmo. Uma vez Jesus observou uma pobre viúva que lançava uma pequena moeda no cofre do templo. Chamando seus discípulos, falou-lhes que aquela mulher havia dado mais do que muitos outros, que davam do que lhes sobrava; ela, no entanto, havia dado quase tudo o que tinha para seu sustento. Quando os discípulos, admirados, comentaram com Jesus a respeito da beleza do templo, Ele lhes disse que não haveria de sobrar pedra sobre pedra de tudo aquilo. O tempo estava próximo em que as famílias se dividiriam sobre a questão de qual seria o verdadeiro Deus. Ninguém poderia saber o momento em que seria colocado um fim ao ódio e à luta do senhor do mundo. Por isso, cada um deveria estar atento e aguardar sua chegada. Marcos11,27-33; 12,13-14,37
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Je sus fa la do que a co nte cer á n o fim dos tempos
Enquanto se aproximava de sua morte na cruz, Jesus revelou que Deus exige empenho dos seres humanos, mas nunca é exigente acima da conta. Contou, assim, a história de um homem que partiu em viagem e entregou a três de seus servos uma grande parte de suas posses, a cada um de acordo com suas habilidades, para que fizessem negócios. Quando retornou, quis saber quanto cada um tinha conseguido fazer render. Dois deles haviam conseguido o dobro da parte recebida. Em contrapartida disso, o senhor lhes deu cargos de responsabilidade correspondente. No mínimo, o servo que recebeu menos devia ter negociado o dinheiro do patrão pois seu risco era menor. Mas ele, com medo que o patrão exigente o castigasse se viesse a perder o dinheiro nos negócios, havia simplesmente guardado o dinheiro em um lugar bem seguro. Essa pouca confiança irritou o senhor. Ele tomou a pequena quantia e a deu aos dois que tinham trabalhado com os bens. O terceiro foi dispensado de seu serviço. No final da história, disse Jesus: A quem muito é dado, desse também muito será exigido. Tal justiça pode ser compreendida apenas com o Espírito Santo. E Ele quem ajuda os pecadores a reconhecerem Jesus e encontrarem, por meio dele, o caminho para o Pai.
Jesus instruiu seus discípulos a dedicarem sua vida totalmente a Deus e ao próximo e elucidou isso com a parábola do juízo final. O Filho do Homem se sentará, no fim dos tempos para julgar os seres humanos. Ele dividirá a humanidade em dois grupos. Os maus ficarão à sua esquerda e os bons à sua direita. Convidará os da sua direita a entrarem no Reino de Deus, pois eles lhe deram de comer e de beber, vestiram-no e o visitaram. Quando perguntado por esses sobre quando lhe teriam feito isso, Ele lhes responderá que cada vez que fizeram isso a alguma pessoa necessitada, foi a Ele que o fizeram. E, então, Ele dirá àqueles do seu lado esquerdo: Cada vez que vocês deixaram de fazer isso a quem estava em necessidade, foi a mim que deixaram de fazê-lo. Estes irão receber o castigo eterno. Os outros, porém, entrarão para a verdadeira vida para sempre com Deus. M ateus 25,14-46; João 16,7-11
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Jesus deixa um presente pessoal
Jesus percebeu que o momento de sua morte violenta estava se aproximando. Antes disso, porém, Ele quis ainda dar algo aos seus amigos. Para isso, reuniu-os consigo no andar superior de uma casa em Jerusalém. Os discípulos pensavam que ele quisesse celebrar a Festa da Páscoa segundo o ritual típico, isto é, com pães ázimos, vinho e cordeiro. Porém, quando Jesus, após a oração da bênção e de agradecimento, começou a partir o pão, disse-lhes: Este é o meu corpo que será entregue por vós. Fazei isto em memória de mim. Então prosseguiu a refeição. Ao fim da ceia, Jesus tomou, conforme previsto no ritual, o cálice da bênção com vinho. Rezou a oração da bênção e passou o cálice aos seus discípulos, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Os discípulos deveriam celebrar daí para frente esta ceia em memória dele. Durante a refeição, Pedro ficou sabendo que iria renegar o Mestre, algo que o próprio apóstolo não poderia imaginar. Jesus lhe disse: Antes que o galo cante, tu me renegarás três vezes. No rito da Ceia Pascal era previsto lavar os pés. Geralmente, havia escravos destinados a fazer isso. Mas, nessa ocasião, Jesus quis fazer esse trabalho. Com esse gesto, esclareceu a seus discípulos que se Ele, o Mestre e Senhor, lhes lavava os pés, era para que também eles aprendessem que
nenhuma posição é tão elevada que impeça servir os outros em coisas pequenas e simples. Eles deviam aprender isso dele e servir, igualmente, uns aos outros. Ao final da refeição, Judas retirou-se do meio dos discípulos. Dirigindo-se ao sumo sacerdote e aos demais chefes religiosos e contou-lhes para onde Jesus iria com os discípulos depois da Ceia. Depois que Judas saiu, Jesus contou aos onze que ficaram o que estava para acontecer e que significado isso deveria ter. Nas conversas anteriores a esse respeito, Jesus já se tinha denominado "Pão da Vida", "Luz do Mundo", "Bom Pastor" bem como "Ressurreição e Vida". Agora disse-lhes que Ele era o Caminho, a Verdade e a Vida. O caminho para o Pai passava por Ele. Comparou-se, ainda, com o a videira, de modo que apenas os ramos que permanecessem unidos a Ele poderiam dar frutos. Então lhes disse que eles deviam amar-se uns aos outros, assim como Ele amava o Pai, que está nos céus. O amor mais elevado, no entanto, se revela quando alguém dá a vida por seus amigos. L ucas 22,1-20; João 13,17; 1Cori nti os 11,24-25
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Jesus é traído
Após a Última Ceia, Jesus dirigiu-se com seus discípulos para o Monte das Oliveiras, fora da cidade de Jerusalém. Quando estavam no Jardim do Getsêmani, Ele afastou-se com Pedro, Tiago e João um pouco mais para dentro do jardim. Então, disse-lhes cheio de tristeza: Meu coração está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Em seguida, adiantandose um pouco mais, caiu com o rosto por terra e rezou, pedindo que, se fosse possível, aquela hora lhe fosse poupada, e acrescentou: Pai, tudo é possível para ti. Afasta esse cálice de mim. Mas não seja como eu quero, e sim como Tu queres. Voltando até seus amigos, encontrou-os dormindo. Acordou-os e pediu-lhes que ficassem acordados e rezassem para não caírem na tentação de renunciar à fé. Os discípulos, porém, adormeceram novamente. Quando Jesus os acordou pela terceira vez, já se aproximava dali um grupo de homens armados. Eles vieram mandados pela autoridade judaica, liderados por Judas. O traidor lhes havia dito que daria em Jesus um beijo de saudação, para que soubessem quem deveriam prender. Uma vez que o prenderam, houve uma briga e um dos soldados do SumoSacerdote perdeu uma orelha, mas Jesus o curou.
Então disse: Saístes para prender-me com espadas e cacetes, como se fosse um bandido. No entanto, eu estava todos os dias ensinando no templo. Mas agora as Escrituras devem cumprir-se. Então, Jesus foi levado preso. Seus discípulos, no entanto, fugiram apavorados. Jesus foi levado, inicialmente, até a casa do SumoSacerdote Caifás. Pedro ficou seguindo-o de longe. Ele sentou-se com um grupo de pessoas que se aqueciam perto de uma fogueira. Uma das servas o avistou e disse: Esse homem também estava com Jesus. Pedro respondeu. Não sei nada a respeito dele. Duas outras vezes lhe perguntaram a mesma coisa naquela noite e, cada vez, ele negou. Depois da terceira, Jesus olhou para ele de longe e Pedro lembrou-se do que Jesus havia profetizado sobre ele na véspera. Então, Pedro retirou-se do lugar onde estava e chorou amargamente. M arcos 14,26-72
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Jesus é condenado injustamente
Pela manhã, os guardas conduziram Jesus ao conselho dos anciãos ao qual pertenciam homens sábios e o sumo sacerdote dos judeus. Esses se consideravam os guardiões da religião israelita e os mestres da Lei de Deus para uma vida correta. Quando quiseram saber de Jesus se Ele era o Messias e o Filho de Deus, disse-lhes Jesus: Eu sou. Eles então soltaram gritos, pois consideravam o que Jesus disse uma grosseira blasfêmia. Com isso ficou claro para eles que Ele deveria ser executado. Como, no entanto, eles mesmos não podiam matá-lo, recorreram à política para isso. Então, Jesus foi conduzido a Pôncio Pilatos, o governador romano de Jerusalém. O sumo sacerdote e todo o seu conselho acusaram Jesus diante do governador, dizendo que Ele se considerava o rei dos judeus e, como tal, intentava minar o poder de Roma. Pilatos, no entanto, ao conversar com Jesus não achou que Ele tivesse feito nada de errado e quis, por isso, libertá-lo. Quando descobriu que Jesus era Galileu, preferiu enviá-lo para Herodes Antipas, que governava a Província da Galileia. Como Herodes havia ouvido falar muito de Jesus e já há tempos desejava encontrá-lo, ficou horas conversando com Ele. Por fim, enviou-o de volta a Pilatos sem fazer nada a respeito.
Pilatos tinha sempre a sensação de que Jesus estava sendo condenado injustamente. Porém, como tinha que fazer alguma coisa a respeito, resolveu que o povo deveria decidir. Ademais, era costume, por ocasião de uma festa, libertar um prisioneiro. Ele colocou diante do povo um famoso ladrão chamado Barrabás e Jesus, para que escolhessem um dos dois. Como os membros do conselho tinham infiltrado pessoas no meio do povo para esse fim, eles gritaram: Solte Barrabás. Quando Pilatos perguntou, então, o que deveria fazer com aquele de nome Jesus e chamado de Messias, eles repetiram cada vez mais alto: Crucifica-o. Crucifica-o. Pilatos percebeu que nada conseguiria fazer contra a multidão agitada e, como a situação começasse a tornar-se perigosa e poderia haver um tumulto, resolveu soltar Barrabás. Quanto a Jesus, foi entregue aos soldados para ser crucificado. Estes escarneceram dele. Vestiram-no com um manto púrpura, colocaram-lhe nas mãos um bastão e na cabeça uma coroa de espinhos. Depois disso, conduziram-no para fora da cidade, até o lugar da execução. A cruz devia ser carregada pelo próprio Jesus até o local. L ucas 22,66-23,25
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Jesus é crucificado e morre
Jesus carregou sua cruz. No entanto, Ele estava muito fraco para levá-la até o local da execução. Então, os soldados obrigaram um homem chamado Simão de Cirene a ajudar Jesus a carregá-la. Ao ver algumas mulheres chorando, Jesus as admoestou que chorassem não tanto por Ele, mas por si mesmas e por seus filhos, em vista dos tempos difíceis que estavam por vir. Finalmente, eles chegaram ao Gólgota, que significa, "lugar da caveira", onde muitos já haviam sido executados. Os soldados crucificaram Jesus entre dois criminosos. Em relação aos soldados, Jesus orou: Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem. Acima de sua cabeça os soldados
puseram a seguinte inscrição: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus. Então tomaram suas vestes e as dividiram entre si.
Quanto ao manto de Jesus, por ser uma peça de tecido sem costura, não quiseram dividi-la e tiraram a sorte sobre ela. Também na cruz, Jesus ainda foi escarnecido. Uns diziam: A outros foi capaz de ajudar; pois então, agora deveria fazer alguma coisa por si mesmo, se é realmente o Messias enviado por Deus. Até um dos
criminosos zombava dele. O outro, porém, chamou-lhe a atenção dizendo: Para nós este castigo é merecido, mas este homem não fez nada de mal. E disse para Jesus: Lembra-te de mim, Sen hor, quando estiveres em teu
Reino. Jesus lhe respondeu: Ainda hoje estarás comigo no paraíso. Aos pés da cruz estavam Maria, a mãe de Jesus, e João, seu discípulo amado. Jesus disse à sua mãe: Mulher, este é teu filho. Então, para o discípulo, disse: Esta é tua mãe. Deste dia em diante, João cuidou da mãe de Jesus. Pelas três horas da tarde, o céu escureceu. Jesus orou com voz forte: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Um soldado ofereceu a Jesus uma mistura de vinho com vinagre para beber. Ele umedeceu uma esponja amarrada em uma lança e aproximou-a da boca de Jesus. Em seguida, Jesus deu um forte grito e morreu. Neste momento, a cortina do templo rasgou-se em duas partes e a terra tremeu. Um dos oficiais romanos que lá estava disse: Este era realmente o Filho de Deus. Jesus morreu na véspera da Festa da Páscoa. Os judeus não queriam que houvesse mortos pregados na cruz no dia festivo. Quando se aproximaram de Jesus, perceberam que Ele já estava morto. Um soldado perfurou-lhe o lado com sua lança e logo saiu sangue e água. L ucas 23,26-49; João 19,20-37
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A ressurreição de Jesus
José de Arimateia, um dos discípulos de Jesus, que também era membro do conselho dos judeus, pediu a Pilatos permissão para retirar o corpo de Jesus e sepultá-lo. Tendo-lhe sido permitido, ele e alguns amigos retiraram Jesus da Cruz, envolveram o corpo em toalhas de linho e depositaram no sepulcro que José havia providenciado para si próprio. O sepulcro foi fechado com uma grande pedra. Algumas mulheres, profundamente entristecidas com a crucificação de Jesus, observaram atentamente onde e como Jesus foi sepultado. Elas se propunham a vir na manhã seguinte à Festa da Páscoa para embalsamar o corpo de Jesus. No sábado, alguns líderes judeus se dirigiram a Pilatos e lhe pediram que mandasse vigiar o túmulo. Eles tinham receio de que os discípulos de Jesus pudessem roubar o corpo e depois difundissem uma história de que Ele teria ressuscitado dos mortos. Pilatos atendeu o pedido. Então o túmulo foi completamente lacrado e teve sua entrada vigiada por guardas. Na manhã do primeiro dia da semana foram até o túmulo Maria de Mágdala e outra Maria levando preciosos óleos balsâmicos. De repente houve um grande tremor de terra. Um anjo desceu do céu, removeu a pedra do túmulo e sentou-se nela. Ele disse às mulheres: Não tenham medo. Jesus ressuscitou. Ele está indo à frente de vocês para a Galileia. Vão depressa contar isso aos seus discípulos.
Assim que saíram cheias de temor, elas avistaram o próprio Jesus. Então, caíram-lhe aos pés. Ele, porém, mandouas ir e transmitir a mensagem do anjo aos apóstolos. Os guardas do túmulo, transtornados, contaram aos líderes judeus o que tinha acontecido. Estes então os orientaram a sair e espalhar a notícia de que os discípulos de Jesus tinham vindo e roubado o seu corpo. Na tarde daquele primeiro dia da semana, dois discípulos de Jesus estavam voltando para seu vilarejo, Emaús. Jesus juntou-se a eles no caminho, mas eles não o reconheceram. Ele lhes explicou o significado que tudo que acontecera tinha para eles, e falou de tudo que Deus havia anunciado nas escrituras da primeira aliança. O Messias deveria sofrer muito antes de ser glorificado. Como hóspede à mesa deles, sentou-se e tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu. Nessa hora, finalmente, eles reconheceram que era Jesus quem estivera com eles no caminho. Então, voltaram imediatamente para Jerusalém e contaram aos amigos de Jesus tudo que tinham visto e ouvido. M ateus 27,37-28,15; L ucas 24,13-35
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Encontros com o Ressuscitado A notícia dos discípulos de Emaús confirmou o que os após apósto tolo loss já tinh tinham am ouvi ouvido do em Jeru Jerusa salé lém. m. De Depo pois is das das mulheres, mulheres, que tinham voltado do túmulo túmulo vazio, também Pedro havia visto Jesus. E, enquanto eles estavam falando, assim, sobre Jesus, Ele próprio apareceu no meio deles e lhes disse: A paz esteja com vocês. Eles Eles fica ficara ram m muit muitoo perp perple lexo xoss e pensaram, num primeiro momento, que qu e ele fosse um fantasma. Jesus, porém, os acalmou: Por que estão tão amedrontados e hesitantes? Olhem minhas mãos e meus pés e toquem-me. Nenhum fantasma tem carne e ossos, como eu tenho. Então come comeuu dian diante te dele deless um peda pedaço ço de peix peixee e lhes lhes expl explic icou ou novamente como as escrituras da primeira aliança já haviam anunciado seu sofrime rimennto e falado também de sua ressurreição. ressurreição. Em seguida incumbiu-os incumbiu-os de irem até as pessoas e lhes anunciar que seu recomeço após a morte é, para elas, o sinal de partida de um novo começo entre si e com Deus. O Apóstolo Tomé não estava presente nesse encontro. Ele Ele simp simple lesm smen ente te não não quis quis acred acredit itar ar que Jesus Jesus esti estive vesse sse realmente realmente vivo. Sem uma experiência pessoal e, antes de tudo, sem poder tocá-lo com suas mãos, ele se recusava a acreditar. Uma semana mais tarde, Jesus colocou-se novamente entre os discípulos, e mandou Tomé tocar nos furos de suas mãos e colocar colocar a mão no seu lado perfurado. Somente Somente esse convite fez Tomé crer e exclamar: Meu Senhor e meu Deus. Jesus lhe
retrucou: Por me teres visto, Tomé, tu acreditaste. Felizes são os que não veem e, no entanto, creem. Apesar dessas experiências experiências com o ressuscitado, Pedro e alguns outros discípulos preferiram retomar o seu antigo traba trabalho lho.. Eles Eles voltar voltaram am para para o Mar Mar da Galil Galilei eia, a, po porém rém pescaram pesca ram a noite inteira inteir a e não pegaram pegar am um único peixe. Pela manhã, Jesus estava à margem do mar. Ele lhes ordenou lança lançare rem m nov novam amen ente te as redes redes.. Então Então peg pegar aram am taman tamanha ha quantidade de peixes que sua barca era pequena para trazêlos à margem. Então, junto com Jesus, comeram pão e peixe. Jesus chamou Pedro à parte e lhe perguntou por três vezes: Tu me amas. Pedro respondeu por três vezes que o amava, e três vezes Jesus lhe disse: Apascenta minhas ovelhas. Por fim, Jesus anunciou a Pedro que ele morreria de uma forma violenta. Jesus fez ainda muitas outras coisas após ter ressuscitado, mas nem tudo foi colocado por escrito. Aquilo, no entanto, que está na Bíblia, foi contado no intuito de que todas as pessoas pudessem crer que Jesus é o Filho de Deus, e que por esta fé cheguem à vida eterna. L u cas 24,36-53: Joã Jo ão 21
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Jesus dá força para uma nova comunidade
Quarenta Quarenta dias após a ressurreição ressurreição de Jesus, os discípulos discípulos presenciaram a sua ascensão, tendo sido levado da terra ao céu. Ele lhes prometeu o Espírito Santo e os enviou para anunciar o Evangelho ao mundo inteiro. Eles deviam batizar a todos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mas os discípulos não partiram de imediato para fazer isso. Como dez dias depois seria celebrada em Jerusalém uma solene festa da colheita, eles permaneceram cheios de medo no cenác cenácul ulo, o, onde onde havi haviam am cele celebra brado do a últi última ma ceia. ceia. Tamb Também ém Maria, a mãe de Jesus, estava lá. Pessoas das mais diversas regiões e países estavam chegando à cidade. Em completa confusão das línguas, uns não entendiam os outros. Então soprou um vento vindo do céu e o Espírito Santo em forma de líng língua uass de fogo, fogo, colo colocou cou-s -see sobre sobre os disc discíp ípul ulos. os. Eles Eles se leva levant ntar aram am e fora foram m até até a praç praçaa pú públ blic ica. a. As pess pessoa oass se maravilhavam pois elas entendiam imediatamente o que os disc discíp ípul ulos os esta estava vam m fala faland ndoo a resp respei eito to de Jesu Jesus. s. Algu Alguns ns receberam a mensagem no coração e logo se fizeram batizar. Muitas pessoas que ouviram Pedro falar reconheceram a verdade em sua pregação. Tornaram-se cristãos e logo formouse um grupo de mais de três mil pessoas em Jerusalém. Sua fé em Jesus e em sua ressurreição lhes deu também uma consciência totalmente nova de unidade, de modo que eles partilhav part ilhavam am seus seu s bens uns com os outros outr os e começar come çaram am a
encontrar-se para as liturgias religiosas, não mais apenas no templo, mas também em suas casas. Os apóstolos impuseram as mãos sobre sete homens e os encarregaram do cuidado dos pobres. Esses receberam o nome de diáconos, pois seu serviço principal era a diaconia, a preocupação em cuidar dos necessitados. Um deles, chamado Estêvão, foi levado a julgamento. Mas ele foi tão claro em sua argumentação que os judeus, enfurecidos de raiva, o apedrejaram. Ele morreu anunciando: Eu vejo Jesus à direita de Deus! Os cristãos foram perseguidos cada vez mais. Um dos maiores perseguidores dos cristãos foi Saulo, um fariseu piedoso, porém, impetuoso, oriundo de Tarso na Ásia Menor. Ele recebeu autorização oficial para buscar e prender em Damasco pessoas adeptas do assim chamado "novo caminho". A caminho de Damasco, porém, envolveu-o de repente um forte clarão vindo do céu, e Saulo ouviu uma voz que disse Saulo, Saulo, por que me persegues? Saulo ficou cego de pavor e foi conduzido a Damasco. Ali lhe seria revelado o caminho para Cristo por meio de Ananias. Seus olhos lhe foram abertos e o Espírito Santo desceu sobre ele. Saulo recebeu o batismo e, adotando o nome de Paulo, começou a pregar que Jesus é o Filho de Deus. Atos dos Apóstolos 1,1-9,22
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A atuação do Apóstolo Paulo Apesar de todos os obstáculos e forças contrárias, a fé cristã não parou de difundir-se sempre mais. Na cidade grega de Atenas, Paulo dirigiu-se diretamente para o Areópago, o centro do culto aos deuses. Ali o viram como um homem prodigioso, mas ele pôde convencer apenas poucas pessoas. Em Corinto, alguns cidadãos receberam a fé em Jesus Cristo. Em Éfeso, na costa mediterrânea da atual Turquia, Paulo encontrou resistência dos ourives que fabricavam imagens de prata. Esses viviam da fabricação e venda de pequenas imagens da deusa Ártemis. Eles temiam pelos seus negócios, já que Paulo pregava com tanta eloquência que muitos deixavam para trás a fé em Ártemis e adotavam a fé cristã. Paulo queria comparecer diante da multidão agitada, mas os cristãos que já moravam no lugar dissuadiram-no disso. Coube à autoridade local acalmar novamente a população. Como sua situação se tornasse cada vez mais perigosa ali, Paulo partiu novamente para Jerusalém. Tiago aconselhou Paulo a demonstrar publicamente que ele nada tinha contra a Lei judaica. Então Paulo teve a ideia de cortar seus cabelos do mesmo modo que os profetas judeus faziam e misturar-se entre os judeus que iam ao templo. Porém, alguns judeus da Província de Éfeso estavam em Jerusalém em peregrinação e o reconheceram. Eles incitaram tão violentamente o povo contra
Paulo, que ele chegou a ser arrastado ante o comandante Félix. Conversando com Paulo, o comandante ficou tão fascinado que quase se tornou cristão ele próprio. Queria soltar Paulo, mas aceitou a proposta do próprio Paulo de submetê-lo, como cidadão romano, ao julgamento de César. Assim, Paulo foi colocado em um navio que o levaria a Roma. Lá foi amigavelmente recebido pelos cristãos que já habitavam na cidade. Os romanos não o puseram na cadeia, mas o mantiveram pura e simplesmente em uma prisão domiciliar. Durante dois anos ele pôde mover-se livremente na cidade e teve a oportunidade de anunciar a mensagem de Jesus e sua ressurreição. Segundo alguns pesquisadores, Paulo teria inclusive empreendido mais uma viagem missionária para a Espanha. Quanto à sua morte, para alguns ela teria ocorrido no ano 67 d.C. Em Roma mesmo firmou-se, cem anos mais tarde, a ideia de que Paulo teria sido decapitado em 62 d.C. durante uma perseguição aos cristãos. Atos dos Apóstolos 9,23-28,26
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Em Jesus, todo ser humano é orientado para Deus
No elenco da Bíblia, a primeira carta é uma longa carta do Apóstolo Paulo à comunidade de Roma. Como ainda não havia estado lá pessoalmente, apresentou-se, em primeiro lugar, como servo de Jesus Cristo, chamado a ser apóstolo para anunciar o Evangelho de Deus. Ele chama todos os membros da comunidade de santos, pois pelo batismo e pela fé eles já pertencem completamente a Deus. Em seguida, descreve como todas as pessoas são iguais: elas sabem o que Deus quer delas e, todavia, não o cumprem. Por essa razão, Deus deu aos judeus a lei por meio de Moisés. Porém a partir daí, o povo adquiriu a convicção de que seu único dever consistia em seguir a lei. Isso, porém, foi demais para eles. Diante das prescrições para a fé e a vida, eles apenas souberam dizer: Não conseguimos observar isto! O trágico é, diz o apóstolo, que esse esforço demasiado foi feito para Deus. Deus, porém, enviou Jesus para que a humanidade percebesse o que as normas poderiam vir a ser. Deus cumpriu assim o seu amor, pois Jesus morreu por nós, escreve Paulo. Jesus foi sacrificado pelas leis religiosas e, ao mesmo tempo, viveu uma nova vida religiosa. Ele continuou encarando seus adversários. Ele rezou por eles e não os condenou. Ele até mesmo pediu ao seu Pai que os perdoasse, quando eles o levaram à cruz.
Jesus é o primeiro homem que viveu perfeitamente dedicado a Deus e aos seres humanos. Nele o amor de Deus e do ser humano se realizam plenamente. Deus ressuscitou seu Filho da morte através do ser humano, e assim Ele permanece para sempre um irmão para os seres humanos. Agora tudo que conta é se nos deixamos olhar por Jesus, ao lermos sua palavra na Bíblia e procurarmos rezar e viver, na comunidade, como Ele. Se Cristo está em vós, então comportai-vos sempre de maneira correta, escreve Paulo. Sendo ele próprio também judeu, Paulo se ocupa com a pergunta a respeito do que será do povo de Israel. Ele recorre aqui à imagem da árvore, que de uma só raiz produz diversos ramos. Os judeus, para ele, são a raiz da qual o próprio Jesus veio: Se as raízes forem sadias, então os ramos também o serão. Se algum cristão achar que pode considerar-se melhor do que aqueles que continuaram sendo judeus, deveria lembrar-se da frase: Não és tu que alimentas a raiz, mas é a raiz que te alimenta. Romanos
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Jesus torna-se vivo através da comunidade
Se em casa ou na cidade, no grupo ou numa associação: o Apóstolo Paulo sabe que cada um recebeu de Jesus habilidades distintas. Mesmo que estas sejam muito diferentes, todas devem ser colocadas a serviço da comunidade e de cada um. Para que isso seja possível — assim o apóstolo exorta a comunidade em sua carta — Deus deixou a todos o amor como presente fundamental: Se eu pudesse tudo, mas não tivesse amor, eu nada seria. O amor é paciente e benigno, não tem inveja nem se envaidece. Nunca age com impertinência e nem guarda rancor. O amor nos torna capazes de suportar as nossas próprias imperfeições bem como as imperfeições dos outros. Ao lado do amor como dom maior de Deus, o que de mais fundamental existe, que sempre acompanha os seres humanos, é a fé e a esperança. Mas o apóstolo insiste com seus fiéis que o amor, a fé e a esperança nunca são gratuitos, e faz isso, especialmente, falando da ressurreição da morte. Deus irá considerar todos os bons esforços praticados pelos seres humanos. Ninguém, ao morrer, simplesmente desaparece no ar. Tudo que é transitório e inútil Deus preencherá com imortalidade e sentido. Morte, onde está tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão! desafia Paulo. Os fieis devem sempre lembrar que seu empenho para viver com Jesus e por causa dele crer, esperar e amar não será
desconsiderado. Paulo fala ainda de seu serviço apostólico. Totalmente autoconsciente, ele escreve a respeito da boa fragrância de Cristo que se difunde por toda parte por meio de suas ações. Para que sua mensagem fosse mais bem recebida, ele tudo havia feito com o intuito de não sobrecarregar a comunidade. Sua força consistia em ele também conhecer sua fraqueza. Na verdade, ele pediu muitas vezes a Deus que lhe desse força e, contudo, Deus lhe havia respondido apenas: Minha graça deve bastar-te! Assim as comunidades aprenderam que tudo vem de Deus e não de Paulo ou de outra pessoa qualquer, por forte que seja. Apenas assim é que a unidade deles poderia ser duradoura. 1Corintos; 2Coríntios
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Jesus vincula a uma comunidade Já os primeiros cristãos se colocavam a pergunta, que para eles era muito importante, se podiam mesmo acreditar em Jesus. Em sua Carta aos Gálatas, o Apóstolo Paulo coloca toda sua
autoridade
na
balança.
Escrevendo
de
forma
impressionante, ele diz que foi chamado para o apostolado não da parte de homens nem por intermédio de algum homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai, que ressuscitou Jesus dos mortos. Por isso ele mais admirado fica por saber como a comunidade rapidamente desanimou da fé. A comunidade deveria lembrarse de como estava entusiasmada antes. Eles não deveriam, nas palavras de Paulo, agir com insensatez e nem se deixar reconduzir por qualquer pessoa novamente à antiga letra morta da lei ou envolver-se com qualquer outro tipo de religião. Para eles a alternativa é a liberdade ou a escravidão. A comunidade não deve mais se deixar envolver por intrigas e querelas nem estar à mercê de quaisquer prescrições e princípios. Isso corresponderia a estar novamente na escravidão. Ela deve, pelo contrário, deixar-se conduzir pelo Espírito de Jesus, que gera amor, paz, paciência, amizade, bondade, confiança, afabilidade e autodomínio. A liberdade anunciada por Jesus não está vinculada a este ou àquele lugar específico, mas se realiza verdadeiramente em uma comunidade que aprendeu de Jesus aquele amor pelo qual são capazes de carregar o fardo uns dos outros.
A Carta aos Efésios fala da Igreja de maneira expressiva. Igreja vem da palavra grega Kyrios (Senhor) referindo-se a Jesus que, na Carta aos Efésios, é apresentado como cabeça da Igreja. Todos os batizados constituem o corpo de Cristo, escolhidos por Deus desde a criação do mundo. Revesti-vos do homem novo, criado segundo a imagem de Deus em verdadeira justiça e santidade. Paulo mesmo se descreve como instrumento bemsucedido, usado por Deus para a construção de uma comunidade formada do povo que, no entanto, precisa permanecer atenta para não vir a perder sua unidade. Como batizados, os cristãos devem superar o homem velho, que quer ser grande sem Deus, e praticar uma nova vida que consiste em reconhecer Jesus, no qual todo ser humano já é grande perante Deus. E a vida nova deve ter efeito, antes de tudo, no casal e na família_ Literalmente, escreve Paulo: Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. Isto não é um agradável passeio, escreve ele no fim da carta, mas um combate pelo Evangelho da paz, do qual é embaixador mesmo estando na prisão. Efé sios: Gálatas
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Jesus une o céu e a terra
Em Filipos estava a comunidade mais querida por Paulo. Esta havia sido sua primeira fundação em território europeu durante sua segunda viagem missionária por volta do ano 50. O apóstolo, que se encontra na prisão, assim escreve: Eu dou graças ao Senhor Jesus em todas as minhas orações por vós. Estou persuadido de que aquele que entre vós iniciou a boa obra há de levá-la à plenitude. Paulo adverte a comunidade para que permaneça unida. Em seguida, cita uma canção, cantada nas primeiras liturgias cristãs, que fala que Jesus, mesmo sendo Deus, não se apegou ciosamente à sua condição divina, mas aniquilou-se a si mesmo até a morte, para então ser exaltado por Deus acima de todo homem. Quem crer nisso firmemente terá parte com Ele no céu. Dessa fé também todos recebem a força para permanecer inabaláveis contra aqueles que, embora se digam cristãos, pregam, na verdade, falsas doutrinas. "Sua" comunidade deveria claramente ter cautela com tais pessoas. Então ele lhes confia o que espera para si próprio após a morte: Nós somos cidadãos do céu. De lá virá Jesus, que transformará nosso corpo mortal tornando-o semelhante ao seu corpo ressuscitado. Na Carta aos Colossenses, Paulo escreve para uma comunidade que ele não conhece pessoalmente. Ali havia algumas pessoas recorrendo a adivinhos e consultando astrólogos. Para reconduzi-los à fé original, também a eles
Paulo escreve um hino cristão, no qual Jesus e a criação são apresentados em uma unidade. Jesus é o primogênito de toda criatura, pois nele todas as coisas foram feitas, no céu e sobre a terra. Quem assim ora, e isso confessa, forma parte de uma comunidade em que todos desejam servir-se mutuamente. Através do batismo, deve-se simplesmente ser capaz de viver sem manifestar presunção. Pois seria pura ilusão pretender aperfeiçoar-se espiritualmente pela consulta às estrelas ou por uma determinada postura corporal. Os cristãos devem, muito mais que isso, interna e externamente irradiar verdadeira misericórdia, bondade, humildade, suavidade e paciência. Finalmente, aparece o modo como as primeiras comunidades compreendiam seus cultos divinos: elas ouviam a palavra de Cristo, mediante a qual Ele se fazia pessoalmente presente entre elas na fé. Elas ensinavam e se exortavam mutuamente e partiam juntas o pão. E louvavam a Deus de todo coração cantando salmos, hinos e cânticos, assim como o espírito lhes inspirasse. Assim elas sabiam que Deus nunca iria se retirar do meio delas. F ilipenses, Colossenses
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Jesus deve ser corretamente compreendido!
A carta mais antiga escrita por Paulo, foi dirigida à Comunidade de Tessalônica. Paulo havia fundado essa comunidade por ocasião de sua segunda viagem missionária, junto com Timóteo, por volta do ano 50. Quando já estava em Atenas para pregar, Paulo enviou Timóteo de volta para lá, preocupado com o desenvolvimento da recém-fundada comunidade. Ao encontrar-se novamente com Timóteo e ouvir notícias atualizadas, Paulo escreveu a Primeira carta aos Tessalonicenses. Essa inicia com uma oração de ação de graças pela vocação da comunidade, que se havia tomado um grande modelo para muitas outras comunidades. Como apóstolo, Paulo havia ficado muito feliz, pois as pessoas haviam acolhido a mensagem de Jesus Cristo de coração aberto, não como palavra humana, mas como verdadeira Palavra de Deus. Então, o fundador da comunidade a adverte a buscar acima de tudo viver de forma pacífica e trabalhar com suas mãos. Dessa maneira a comunidade podia alimentar a esperança de, no fim dos tempos, estar para sempre com o Senhor. Com isso, Paulo acha que Jesus não apenas realiza o indivíduo com a morte pessoal, mas também é aquele que, no fim dos tempos, receberá o mundo todo em suas mãos.
Na segunda Carta aos Tessalonicenses fica claro que a comunidade estará sujeita a enganadores. Então o apóstolo a adverte com insistência: Ninguém, de modo algum, vos engane. A comunidade deve estar atenta, em todo caso, a não perder o retorno de Jesus, e deve desmascarar todos os enganadores. Alguns, por exemplo, haviam pensado, de maneira simplória, que não precisavam mais trabalhar, pois Jesus estaria para chegar a qualquer hora e renovar todas as coisas. A isso, Paulo se opõe, dizendo: Quem não quiser trabalhar, não terá direito de comer. Ouvimos dizer que entre vós há alguns que se agitam muito e nada fazem. Exortamos a todos que trabalhem e cada um coma o pão que ganhar com seu trabalho. 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses
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Precaver-se das falsas doutrinas Nas cartas pastorais, diferentes autores se dirigem a pequenas ou grandes comunidades, com o fim de fortalecê-las na fé. Na Primeira carta a Timóteo, o autor trata, sem preâmbulos, de advertir a respeito de questões polêmicas que foram introduzidas na comunidade por falsos pregadores. Alguns, por causa disso, se afastaram do caminho abraçado e mergulharam em um palavrório interminável e extravagante. Em lugar dessas discussões inúteis, esses deveriam antes rezar e agradecer por terem tido conhecimento da verdade: porque um é Deus, um também o mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo. Ele foi contemplado pelos anjos, e anunciado às nações, acreditado no mundo e exaltado na glória celestial. Quem permanecer fiel a esse conhecimento, também deveria levar uma vida de esperança em cada situação. No fim, Jesus vai voltar, o único que possui imortalidade. Na Segunda carta a Timóteo, o tom se torna mais pessoal. Paulo exorta o seu discípulo para que, corajosamente, permaneça firme em Cristo durante todos os combates. Cristo morreu para que os que nele creem tenham vida. Mesmo que alguém lhe fosse infiel, Ele não poderia ser infiel a ele. Por isso, Timóteo deveria anunciar firmemente a Palavra de Deus, sem demora, seja que lhe deem ouvidos ou não.
A Carta a Tito é uma carta oficial que confere plena autoridade ao destinatário para estabelecer dirigentes apropriados nas comunidades. "Eles devem amar o bem, ser hospitaleiros, prudentes, justos, piedosos e honrados". Já a Carta a Filêmon, mais pessoal, permite entrever a sensibilidade do Apóstolo Paulo. Trata do escravo Onésimo, cujo senhor estava na fila, na comunidade, para dar apoio à missão de Paulo por um ano. Para não precisar ir pessoalmente, ele havia enviado a Paulo seu escravo. Agora Paulo devia mandá-lo de volta, embora esse homem se tivesse transformado em um filho espiritual de Paulo. Por isso, o apóstolo das nações pede a Filêmon a prorrogação do serviço de seu escravo a ele, Paulo. 1Ti móteo; 2Ti móteo; Ti to; F il êmon
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Jesus representa o fim de todas as religiões
Cerca de cinquenta anos após a ressurreição de Jesus, existem já muitas comunidades cristãs. Elas são todas, ainda, muito pequenas. Muitas delas ainda conhecem muito bem a tradição judaica. Como os cristãos são perseguidos cada vez mais, um autor erudito, cujo nome é desconhecido, lembra-se dos grandes tempos de esperança do povo de Israel. Esse tinha um Sumo Sacerdote que entrou na tenda do santuário para oferecer sacrifícios de plantas e animais pelo povo. Assim os fieis procuravam entrar em contato com Deus. Na época da caminhada pelo deserto e, mais tarde, no templo em Jerusalém, esse ritual era o mais importante de todos. Os fieis judeus o praticaram até o momento em que o templo foi destruído. Na Carta aos Hebreus, o autor recorda essa fonte de energia e a reinterpreta, agora, como tratando-se de Jesus. Jesus é o novo Sumo Sacerdote. A tenda está no céu. O altar é a cruz. O cordeiro imolado é o próprio Jesus, que conduz todo ser humano ao Pai. Ele é, ao mesmo tempo, sacerdote e filho de Deus para a humanidade. Ele conheceu a dor e o pranto como nós. Ele tomou sobre si os pecados da humanidade, embora Ele mesmo não tenha cometido pecado.
Como primeiro homem que Deus criou de forma nova, ele tornou-se nosso intercessor junto de Deus. Ele é o reflexo do Pai Eterno. Por sua Palavra, Ele mantém todo o universo. Ele realizou a purificação dos pecados. Ele sentou-se à direita de Deus nas alturas. Se todas as religiões até então buscaram, através de sacrifícios ou de outros rituais, entrar em contato com Deus, agora podem aproximar-se do Pai por meio de Jesus, que torna todos os sacrifícios desnecessários. Com essa afirmação, a Carta aos Hebreus anuncia que o significado das religiões se realizou. Pois elas visam fazer com que as pessoas se abram para Deus. Agora, no entanto, veio Jesus, por meio de quem todo ser humano é conduzido pessoalmente a Deus. Essa visão desperta uma esperança que ninguém mais nos poderá tirar. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Por meio dele, ofereçamos sempre de novo na liturgia o sacrifício de louvor, bendizendo o nome de Deus com nossos lábios. Hebreus
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Viver como cristãos significa a ma r Depois da Carta aos Hebreus, seguem-se ainda sete cartas, que não são dirigidas a comunidades individuais. Elas pretendem transmitir um recado a todos os cristãos que, pelo ano 60 d.C. já viviam em praticamente todo o mundo conhecido na época. Por isso esses escritos são chamados de "cartas católicas". A palavra "católica" aqui não se refere a uma denominação, mas significa "geral, universal". A Carta de São Tiago foi composta pelo chefe da comunidade primitiva de Jerusalém, que foi martirizado no ano 62 d.C. Ela se dirige a comunidades que provêm da tradição judaica. Nela se lê que a fé sem as boas obras que lhe correspondem é morta. A fé se alimenta de ouvir a Palavra de Deus. O ser humano está verdadeiramente apto para o culto a Deus quando ama os pobres por meio das obras. Por isso, mesmo os doentes podiam sentir-se plenamente acolhidos na comunidade. Os irmãos deveriam chamar um dirigente da comunidade para orar sobre os doentes e ungi-los com óleo. Com isso, todos os seus pecados eram perdoados e eles podiam esperar inclusive a cura. As duas cartas de São Pedro se dirigem a comunidades do norte e do oeste da Ásia Menor. Os destinatários desta carta são principalmente cristãos que não estão familiarizados com a tradição judaica. Eles deviam sentir-se muitas vezes sozinhos, assim pensa o autor, mas faz parte do ser cristão o fato de
encontrar-se peregrino e forasteiro em sua terra. Desse modo, fica ainda mais claro o quanto os cristãos são escolhidos. Eles devem alegrar-se até mesmo por poderem participar dos sofrimentos de Cristo. Assim eles podem também rejubilar-se com o retorno vitorioso de Cristo. Porém, é necessário que eles sejam sóbrios e vigilantes para atender ao chamado do seguimento a Jesus. Antes de tudo, no entanto, eles deviam honrar a Escritura e guardar-se de interpretá-la ao seu bel prazer, pois nos textos sagrados não há nenhuma profecia que tenha nascido por vontade de um homem, mas movidos pelo Espírito Santo é que os homens falaram o que Deus lhes ordenou. Nas três cartas de São João, a tônica está no amor e na mensagem do perdão dos pecados. Os cristãos devem guardar-se dos "apetites destrutivos que prevalecem em vosso ambiente". Apenas dessa maneira eles poderiam fazer parte da natureza de Deus que, em Jesus, vinculou-se para sempre ao ser humano. A Carta de São Judas, igualmente, chama a atenção para uma maneira cristã de comportar-se, cujo fundamento está em viver no amor. Ti ago; 1Pedro, 2Pedro; lJoão; 2João; 3João; Judas
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Jesus levará todas as coisas à plenitude
Pouco antes da final do século I d.C., um cristão chamado João escreveu visões que figuram como Livro da Revelação (ou Apocalipse) no fim da Bíblia. Durante seu exílio na Ilha de Patmos, no meio do Mar Mediterrâneo, ele viu, por exemplo, como Jesus ressuscitado trata pessoalmente da pouca fé das sete comunidades da Ásia Menor: Eu te censuro por teres abandonado o primeiro amor. As comunidades locais, apesar disso, também são louvadas, mas antes de tudo, segundo a visão de João, Jesus coloca o dedo na ferida da descrença e da frouxidão. À Comunidade de Sardes, se diz, por exemplo, que ela corria o perigo de permanecer adormecida. Se isso acontecer, Jesus poderá vir como um ladrão sem fazer-se notar de nenhuma maneira com antecedência. As visões seguintes, igualmente, descrevem como Jesus está perto das comunidades e como é simples acolhê-lo como seu hóspede. Ele está à porta e bate. E preciso apenas abrir a porta, e então Ele vai entrar e fazer junto a refeição. Depois dessa imagem do interior das comunidades, as visões mostram o interior do céu. O autor retoma imagens das visões de antigos profetas. Deus é representado sempre no centro: sentado em um trono, cercado por uma corte, a história humana em nada pode atingi-lo. Ele protege os seres humanos, para que o encontrem e vençam a luta contra os poderes do Maligno. Não resta dúvida que, no
fim, Deus irá vencer juntamente com a humanidade, pois Jesus já venceu, como homem, por todos os homens, a luta contra o pecado e a morte. Na imagem do Cordeiro imolado, diante do qual os anjos e as potestades se prostram, Deus mostra que apenas o caminho do amor desprendido leva à vitória. Outras visões sobre o julgamento divino dizem respeito à cidade cosmopolita de Roma que, como uma moderna Babilônia, certamente não irá subsistir. No fim se descreve a luta entre o diabo e os anjos, em que Deus vence com seus mensageiros. Aquele, cujo nome estiver inscrito junto a Deus e apenas com Ele se compromete, será cidadão na Nova Jerusalém. Esta nova cidade não será resultado do esforço dos homens, mas será dada por Deus dos céus. Ela é a grande comunidade humana que se reúne no Pai em torno de Jesus Ressuscitado e que vem ao encontro das outras pessoas na terra. Com essa esperança, os cristãos são ativos e põem em prática aquilo que creem. Um clamor profundamente cristão exprime essa ativa confiança e torna-se a última palavra da Bíblia: Amém! Vem, Senhor Jesus. Apocalipse
ORELHA
A Bíblia em 99 minutos não é uma nova Bíblia nem quer ser, simplesmente, uma Bíblia menor. É, antes, uma visão panorâmica, geral e unitária do conteúdo da Bíblia, útil para se conhecer globalmente as suas muitas histórias e relatos, ensinamentos e acontecimentos, sem perder "fio da meada". Tendo sido escrita por muitas mãos e em diferentes épocas, com seus textos recontados e reorganizados mais de uma vez, e com seus muitos estilos literários, é natural que o leitor acabe perdendo a visão do conjunto. Este é, portanto, um guia útil, um resumo das muitas histórias, passando livro por livro. No entanto, não é um resumo literário, mas teológico, com o objetivo de apresentar as afirmações centrais do ensinamento bíblico, afirmações que fundamentam a doutrina e a fé cristãs. Cada capítulo menciona os respectivos livros e capítulos da Bíblia para quem desejar, a partir daqui, estudar e aprofundar sua compreensão do Livro Sagrado.