Intertextualidade entre Os Lusíadas Lusíadas e a Mensag Mensagem em * Os Lusíadas e Mensagem cantam, em perspectivas diferentes, a grandeza de Portugal e o sentimento português.
* Nas duas primeiras partes de Mensagem é possível um diálogo com Os Lusíadas; em O Encoberto, Pessoa situa-se no momento em que o Império Português parece desmoronar-se por completo e, assume, então, o cargo de anunciador de um novo ciclo que se anuncia, o Quinto Império, que não precisa de ser material, m aterial, mas espiritual. * Os Lusíadas são uma narrativa épica, que faz uma leitura mítica da História de Portugal. Em estilo elevado, canta uma ação heróica passada e analisa os acontecimentos futuros, cuja visão os deuses são capazes de antecipar. * Fernando Pessoa, no poema épico-lírico, canta, de forma fragmentária e numa atitude introspectiva, o império territorial, mas retrata o Portugal que “falta cumprir -se”, que se encontra em declínio a necessitar de uma nova força anímica. * Camões, n’ Os Lusíadas, propõe o povo português como sujeito da ação heróica. * Camões inicia Os Lusíadas com “As armas e os barões assinalados assinalados”, mostrando que os nautas foram escolhidos para alargarem alargarem “a Fé e o Império”. * Camões procura perpetuar a memória de todos os heróis que construíram o Império Português; Fernando Pessoa descobre a predestinação desses heróis, para encontrar um novo heroísmo que exige grandeza de alma e capacidade de sonhar, quando o mesmo Império se mostra moribundo. * Os nautas, incluindo Vasco da Gama, são símbolo do heroísmo lusíada, do seu espírito de aventura e da capacidade de vivência cosmopolita. * Em Os Lusíadas, Camões conseguiu fazer a síntese entre o mundo pagão e o mundo cristão; em Mensagem, Pessoa procura a harmonia entre o mundo pagão, o mundo cristão e o mundo esotérico (do ocultismo). * Fernando Pessoa, em Mensagem, procura anunciar um novo império civilizacional. O “intenso sofrimento patriótico” leva-o a antever um império que se encontra para além do material.
Relação intertextual:
Semelhanças: * poemas sobre Portugal; * concepção da História de Portugal enquanto demanda demanda mística; * D. Sebastião, ser eleito, enviado por Deus ao mundo, para difundir a Fé de Cristo; * os Heróis concretizam a vontade divina;
* conceito abstracto de Pátria; * apresentação dos Heróis da História de forma fragmentária; * exaltação épica da acção humana no domínio dos mares; * superação dos limites humanos pelos Heróis Portugueses; * superioridade dos navegadores lusos sobre os nautas da antiguidade; * glória marcada pelo sofrimento e lágrimas; * sacrifício voluntário em nome de uma causa patriótica; * estrutura rigorosamente arquitectada; * evocação do passado (memórias) para projectar, idealizar o futuro (apelo, incentivo).
Diferenças: Os Lusíadas: * dinamismo: a viagem, a aventura, o perigo; * a acção, a inteligência, o concreto, o conhecimento do Império no apogeu e na decadência, a possibilidade de ter esperança; * o poeta dirige-se a D. Sebastião, quer era uma realidade viva, e invectiva o rei a realizar novos feitos que dêem em matéria a uma nova epopeia. Mensagem: * estatismo: o sonho, o indefinido; * o abstracto, a sensibilidade, a utopia, a falta de razões para ter esperança, o sebastianismo; * D. Sebastião é uma entidade que vive na memória saudosa do poeta, uma sombra, um mito.