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Saúde Mental na 3ª Idade
Condições de Utilização: O presente manual, destina-se ao curso (“Saúde Mental na 3ª IDade) sendo o conteúdo do mesmo, propriedade ………. A sua duplicação para outros fins só poderá ser feita, mediante autorização expressa da…….. O Manual está estruturado de acordo com o índice e os conteúdos inseridos estão adaptados em função dos objectivos / competências do curso e do público-alvo, sendo um instrumento de apoio à realização da acção de formação.
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ÍNDICE OBJECTIVOS ..................................................................................................4 UTILIZAR AS NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA, EM CONTEXTO LABORAL, AO NÍVEL DO RECONHECIMENTO/DETECÇÃO DOS SINTOMAS SUBJACENTES ÀS PERTURBAÇÕES MAIS CORRENTES ENTRE A POPULAÇÃO IDOSA............................................................................................................4 CE1. IDENTIFICAR AS NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA ...........4 CE2. COMPREENDER AS NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA, DIFERENCIANDO ENTRE ENVELHECIMENTO NORMAL E PATOLÓGICO .................4 CE3. INTERVIR AO NÍVEL DO RECONHECIMENTO/DETECÇÃO DE ALGUMA SITUAÇÃO PATOLÓGICA NOS UTENTES IDOSOS E PROCESSO DE ENCAMINHAMENTO PARA OS SERVIÇOS COMPETENTES E ESPECIALIZADOS ......4 TEMA: SAÚDE MENTAL E RECURSOS................................................................6
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Objectivos
• Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da pessoa idosa em particular. • Enunciar as noções de psicopatologia da pessoa idosa. • Diferenciar os recursos comunitários de apoio à pessoa idosa com doença mental.
Competências
Utilizar as noções de psicopatologia da pessoa idosa, em contexto laboral, ao nível do reconhecimento/detecção dos sintomas subjacentes às perturbações mais correntes entre a população idosa CE1. Identificar as noções de psicopatologia da pessoa idosa CE2. Compreender as noções de psicopatologia da pessoa idosa, diferenciando entre envelhecimento normal e patológico CE3. Intervir ao nível do reconhecimento/detecção de alguma situação patológica nos utentes idosos e processo de encaminhamento para os serviços competentes e especializados
Implementar intervenções mais adequadas à realidade dos utentes idosos, bem como à sua condição psicológica
CE1. Identificar as intervenções psicossociais mais adequadas à realidade dos utentes idosos com os quais lidam diariamente
CE2. Compreender a diversidade das intervenções psicossociais mais adequadas à realidade dos utentes idosos com os quais lidam diariamente
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a nível psicossocial, atendendo à diversidade e à realidade dos utentes
idosos, contribuindo para um envelhecimento mais saudável Introdução O envelhecimento das populações é cada vez mais um fenómeno a nível mundial, sobretudo nos países mais desenvolvidos. A OMS (Organização Mundial de Saúde, 2001) fez uma projecção que aponta para um 1,2 biliões de pessoas entre os 60 e os 80 anos, sendo que a maior parte destas pessoas (75%) vive nos países considerados desenvolvidos. Tendo em conta as grandes transformações demográficas em alguns países do mundo, sobretudo nos países europeus, no que diz respeito ao envelhecimento da população o debate e a troca de impressões sobre os aspectos sociais deste fenómeno têm vindo a estar cada vez mais na ordem do dia. Portugal viu nas últimas décadas uma mudança muito significativa em relação à evolução demográfica, sendo que actualmente os problemas com os quais se depara e se questiona são em tudo semelhante aos restantes países da união europeia. A população continua a aumentar a sua esperança média de vida a par de uma baixa taxa de natalidade, como resultado a população vai envelhecendo cada vez. Neste sentido as projecções respeitantes ao escalão etário de 14 e menos anos e 65 e mais anos efectuada entre 1990 e 2020 mostram claramente um acréscimo em valor absoluto e em importância relativa dos mais idosos. O envelhecimento visto de um ponto de vista meramente demográfico pode ser encarado por uma melhoria significativa nas condições de vida com a ajuda do avanço das ciências, sobretudo das ciências médicas que em muito contribuíram para o aumento da esperança média de vida. Contudo, esse aumento significativo da esperança média de vida é, cada vez mais alvo de uma análise, integrando variáveis que estão no cerne de uma boa qualidade de vida do idoso. De acordo com os problemas sociais que o envelhecimento nos coloca torna-se cada vez mais pertinente dar respostas adequadas neste domínio, quer do ponto de vista quantitativo, quer do ponto de vista qualitativo. Assim o debate nas últimas décadas recai em torno das questões ligadas ao denominado envelhecimento bem sucedido, AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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que tenta encontrar formas de compatibilizar o envelhecimento com a qualidade de vida das pessoas idosas nas diversas dimensões do seu Self.Cada vez mais, torna-se fundamental manter a pessoa idosa no seu meio social tendo em vista o seu bem-estar físico, psíquico e emocional. Serão alvo de consideração todos estes aspectos mencionados ao longo da presente introdução, evidenciando a pertinência do estudo da Saúde Mental na 3ª Idade em toda e qualquer instituição de apoio à 3ª idade.
Tema: Saúde mental e recursos •
A saúde mental na 3.ª idade •
Definição, Promoção; Saúde mental e comunidade
A saúde como um “Estado físico e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias” (Nordenfelt, 2001). Há autores que defendem que a saúde deve ser encarada como“A medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo” (OMS, 2009) Em contrapartida, a SAÚDE MENTAL é definida como “Nível de qualidade de vida cognitiva e/ou emocional ou a ausência de uma doença mental” ou considerando a psicologia positiva, “Capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as actividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica”.
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A Saúde Mental continua a ser desprezada pelos diversos profissionais que lidam com os utentes idosos, sendo este desprezo devido às seguintes causas: Os doentes idosos dependem mais dos médicos de família do que os doentes mais novos; A existência de múltiplas doenças do foro médico nos doentes idosos pode desviar a atenção dos médicos dos sinais e sintomas psiquiátricos; Médicos com pouca formação psicológica ou geriátrica podem ter dificuldade em distinguir as alterações devidas ao envelhecimento normal dos sinais de perturbação mental. A depressão e a ansiedade poderão ser consideradas normais em pessoas idosas com doenças graves do foro médico; Em termos de conhecimentos necessários para um trabalho mais eficaz com os idosos destacam-se as seguintes qualidades: Envelhecimento normal: alterações normais, psicológicas e sociais; AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Perturbações mentais predominantemente observadas na 3ª idade (Doença de Alzheimer, demências relacionadas, psicoses com início tardio, perturbações do humor, etc) Efeitos da idade noutras perturbações mentais (perturbações de humor e da ansiedade) Gestão dos problemas sociais e físicos da 3ª idade: luto, perda de papéis, dor, perturbações do sono; Interacções das doenças mentais e físicas e seus tratamentos;
Qualidades pessoais e abordagens profissionais necessárias para trabalhar eficazmente com utentes idosos Devido à pertinência e importância de se ser assertivo no trabalho com idosos, debruçar-nosemos sobre esta temática. A assertividade diz respeito ao “acto de defender os direitos pessoais e exprimir pensamentos, sentimentos e convicções de forma apropriada, directa e honesta de modo a não violar os direitos dos outros” (Gabriel, 1996). Outros autores consideram que a assertividade diz respeito à capacidade de se auto-afirmar na interacção social, expressar adequadamente opiniões, sentimentos, necessidades e insatisfações, defender os próprios direitos sem desrespeitar os dos outros e solicitar mudanças de comportamentos indesejados” (Jardim e Pereira, 2006)
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Co TEMA 2: Psicopatologia da pessoa idosa • O normal e o patológico Conceito de doença mental • Envelhecimento normal e patológico
Comportame Passivo
• Depressão na pessoa idosa • Psicopatologia do delírio
• Perturbações sensoriais e delírio
Envelhecimento normal vs envelhecimento patológico: As alterações biológicas e psicológicas devidas ao envelhecimento ocorrem normalmente de forma gradual, ao longo de anos ou décadas,daí que não existe uma idade determinada em que as pessoas possam ser consideradas velhas. Os gerontologistas, especialistas no domínio da 3ª idade consideram que:
Velhos-jovens (abaixo dos 75 anos de idade)
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Comportame
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(acima dos 75 anos de idade)
Velhos-mais velhos (85 anos de idade ou mais)
No fundo considera-se que o mais importante é...
Em muitas medidas biológicas e psicológicas, a variabilidade é maior em amostras de indivíduos idosos do que entre adultos mais novos. De facto, existem muitas trajectórias diferentes do envelhecimento normal, com tendências variáveis em diferentes subgrupos genéticos e socioculturais. No processo de envelhecimento ocorrem: Alterações nas capacidades cognitivas Alterações emocionais e da personalidade O contexto social do envelhecimento Temos de considerar também, diferenças em aptidões específicas que estão ligadas a declínios em 3 recursos fundamentais do processamento cognitivo
1. A velocidade com que a informação é processada;
2. A memória de trabalho;
3. Capacidades sensorial e perceptiva;
Em termos cognitivos, verificamos um défice pouco acentuado nas actividades diárias, mesmo quando é exigido um processamento cognitivo relativamente complexo. Sendo por isso primordial, dispensar grande atenção, ao nível da monitorização dos medicamentos e condução automóvel. Os idosos possuem grande sabedoria emocional que se reflecte num melhor controlo emocional, bem como um raciocínio mais adequado e flexível sobre dilemas com carga AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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emocional e ainda melhor capacidade de recordação para informação com carga emocional do que factos neutros. Os idosos são ainda capazes de assumirem uma postura de distanciamento do problema, aceitação da responsabilidade e reapreciação positiva do problema. Relativamente ao contexto social de envelhecimento, deve salientar-se que na 3ª idade ocorrem mudanças/perdas de papéis, estatuto educacional, laboral e financeiro, casamento e viuvez, ao nível da participação da família, dos amigos e de grupos. Por tudo isto é que Estar socialmente envolvido e dependente de outros parece ser importante para se envelhecer com êxito, tanto subjectiva como objectivamente. A este nível, revela-se essencial e necessário identificar fontes de apoio social, bem como facilitar contactos plenos de sentido para os que carecem de redes sociais e promover a reciprocidade na ajuda. Em suma, “Ser necessário aos outros e contribuir para a família ou a sociedade como um todo enquanto factores importantes para se manter o sentimento de autovalor, tal como lamentar a perda de antigas aptidões e papéis sociais”. “O fenómeno do envelhecimento confunde-se com o próprio acontecimento iniciador e formador do ser humano em evolução, quando já se faz sentir a acção do tempo a partir do momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide e consequente transformação em célula-ovo embrionária. Portanto, envelhecemos desde quando nascemos e acompanhamos o tempo, no seu passar inexorável, como nosso companheiro inseparável. Daí concluirmos por ser tal fenómeno normal e necessário, sem o qual seria impossível nascer, viver e evoluir...” PSICOPATOLOGIA DO IDOSO Consequências da depressão na 3ª idade Sofrimento dos doentes e dos prestadores de cuidados; Amplificação da incapacidade associada a perturbações médicas e cognitivas da 3ª idade Aumento dos custos com os cuidados de saúde Aumento da taxa de mortalidade aliada ao suicídio e a doenças médicas
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Verifica-se que a depressão é uma problemática Subdiagnosticada e por conseguinte, subtratada porque apenas 35% dos idosos que têm depressão estão a tomar um antidepressivo. Este aspecto devem-se aos seguintes “porquês”:
Falácia Normativa: Crença de que os sintomas de depressão são normais ou expectáveis dada a idade do doente, as circunstâncias sociais (incluindo perdas recentes) e o estado médico;
Atribuição de sintomatologia neurovegetativa a problemas médicos existentes: Sintomatologia neurovegetativa como perda de energia, falta de apetite e as perturbações do sono;
. Relutância em aceitar “problemas mentais”:Há idosos que estando relutantes em aceitar os problemas mentais que exacerbados pelo défice de memória podem levar a que sejam terceiros a darem informações;
Expressão do sofrimento psicológico em termos físicos: Esta tendência conduz a exames desnecessários, dispendiosos e por vezes arriscados, em busca de estados físicos inexistentes;
Em termos de sintomatologia, a depressão major caracteriza-se por: Humor depressivo durante a maior parte do dia, quase todos os dias Diminuição clara do interesse em todas ou quase todas as actividades durante a maior parte do dia, quase todos os dias Perda/aumento de peso; diminuição/aumento do apetite; Insónia/hipersónia quase todos os dias; Agitação ou lentificação psicomotora quase todos os dias (observável por outros) Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva ou inapropriada (não meramente autocensura ou sentimentos de culpa por estar doente) Diminuição da capacidade de pensamento ou da concentração, ou indecisão Pensamentos recorrentes acerca da morte (não somente acerca do medo de morrer), ideação suicida ou um tentativa de suicidio; AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Queixas funcionais comuns em pessoas idosas Queixa
Comentário
Perturbação do sono
Perda de apetite
-
Diminuição do tempo total de sono
-
Aumento do tempo de latência do sono
-
Interrupções mais frequentes
-
Mais tempo passado na cama
-
Menor eficiência do sono
-
Menor dispêndio de energia
-
Menos actividade
-
Diminuição do gosto/olfacto, problemas dentários ou alimentação não apreciada
Menos energia, fadiga
- Agravada por doença crónica
Défice de concentração
-
e memória
Um esquecimento normal pode ser sentido como um sintoma
-
Agravado por perdas sensoriais e medicação
Desconhece-se a etiologia da maioria das depressões major no idoso; se bem que são apontados
os
seguintes
depressiva:Vulnerabilidade
aspectos genética;
que
intervêem
Determinada
fisicamente medicação
com e
a
Doenças
questão como
hipotiroidismo. Em termos comportamentais e cognitivos verifica-se o conceito de “Desânimo Aprendido” (Seligman), associado aos declínios do vigor físico, da função sexual e da saúde em geral associados à sensação de desamparo passivo. Em termos de perturbações de humor, destacam-se ainda a perturbação bipolar caracterizada pela coexistência de Episódio Maníaco/Hipomaníaco e Episódio Depressivo. Ao falarmos de 3ª idade, é também essencial abordar a temática do “Luto”. O luto normal pode apresentar algumas ou todas as características da depressão major, excepto suicidalidade, psicose, perda grave da auto-estima e de funcionalidade e lentidão psicomotora;
Depressão (maior concentração em si próprio e no seu papel na perda, culpa e autoestima reduzida); AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Nome do Curso Luto (centração
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no objecto perdido);
FASES DO LUTO
1. As primeiras semanas após a morte de uma pessoa querida... Entorpecimento, choque, incredulidade e sensação de vazio, frequentemente acompanhados por ansiedade intensa, perturbação do sono e queixas somáticas
2. O 1º ano após a morte de um ente querido... Período de adaptação durante o qual ocorre o trabalho de elaboração cognitiva e afectiva, através de um processo de rememoração, fantasia e racionalização; termina com a aceitação da perda;
3. Depois do primeiro ano pós-perda... Inicia-se uma fase de recuperação, durante a qual se dá uma redefinição do Eu sem a pessoa amada perdida
DEPRESSÃO VS LUTO TRAUMÁTICO
Sintomas de sofrimento de separação (e.g. pensamentos sobre a pessoa falecida, ânsia e procura da pessoa falecida e sentimento de solidão que se segue à perda);
Sofrimento traumático (ausência de finalidade ou futilidade face ao futuro; sentimento de embotamento ou desligamento; “a vida não tem qualquer sentido”)
Associado ao suicídio e a enfarte de miocárdio; a partir dos 7 meses após a perda; EM JEITO DE CONCLUSÃO: O que é a Depressão? Poderíamos dizer: a Depressão é um Transtorno Afectivo (ou do Humor), caracterizada por uma alteração psíquica e orgânica global, com consequentes alterações na maneira de valorizar a realidade e a vida! Também é uma doença afectiva! O tratamento é psicoterapêutico, todavia, o terapeuta efectivo há de ter afecto e carinho pelo paciente sob pena da terapia não resultar em nada! PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE As perturbações de ansiedade são as mais comuns em adultos de todas as idades; prevalência mais baixa em adultos com mais de 65 anos de idade. O diagnóstico exacto de AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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perturbações da ansiedade em doentes idosos pode ser especialmente difícil devido à sobreposição entre os sintomas das perturbações da ansiedade e os sintomas de ansiedade observados na depressão, na demência e psicose com início tardio. Pode também ser difícil distinguir os sintomas de ansiedade dos sintomas de patologias cardíacas e pulmonares (por exemplo, palpitações, dispneia e dor torácica) que são comuns em pessoas idosas. A ansiedade é um Estado subjectivo de apreensão ou expectativa disfóricas, acompanhadas por diversos sintomas; Ansiedade enquanto reacção a uma situação transitória e reacção a uma mudança permanente ou semipermanente no tempo. Em termos de sintomatologia da ansiedade, refira-se: Inquietação ou sensação de nervosismo ou de excitabilidade Fadiga fácil Dificuldade de concentração ou sensação de cabeça vazia Irritabilidade Tensão muscular
Perturbação do sono (dificuldade em adormecer ou manter-se adormecido, ou sono agitado e insatisfatório)
•
Palpitações, coração a bater forte ou taquicardia
•
Sudorese
•
Estremecimentos ou sacudidelas
•
Sensações de falta de ar ou de sufoco e de estrangulamento
•
Dor ou mal-estar no peito, náuseas ou indisposição abdominal
•
Sensação de tonturas, insegurança, “Cabeça no ar” ou desmaio
•
Desrealização ou despersonalização
•
Medo de perder o controlo ou de enlouquecer e de morrer
•
Parestesias (entorpecimento ou sensações de formigueiro)
•
Calafrios ou afrontamentos
Tipologias de ansiedade
A. Ansiedade situacional AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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de adaptação: Reacções de adaptação com ansiedade durante ou depois
de períodos de uma evidente crise pessoal e em relação com crises que poderão não parecer particularmente stressantes à primeira vista;
Ansiedade generalizada: Ansiedade e preocupação (a pessoa tem dificuldade em controlar a preocupação);A ansiedade ou preocupação não estão relacionados com ter um ataque de pânico, ficar embaraçado em público, ser contaminado; Sintomas pelo menos 6 meses e não podem ser provocados por um estado físico geral ou uma substância;
Ansiedade fóbica: Medo acentuado e persistente que é excessivo ou irracional, desencadeado pela presença ou antecipação de um objecto ou situação específica; A pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional e a situação é evitada ou enfrentada com intensa ansiedade e mal-estar; Por exemplo, os idosos podem ter medo em se juntar aos amigos para jogar Às cartas, porque têm medo de não serem capazes de acompanhar o jogo ou de ter um episódio de incontinência;
POC (obsessivo-compulsiva): Obsessões (Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são experimentados como intrusivos e inapropriados; Pensamentos, impulsos ou imagens que não são simplesmente preocupações excessivas acerca de problemas reais de vida; A pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou acção; A pessoa reconhece que os pensamentos obsessivos, impulsos ou imagens são produto da sua mente) e Compulsões (Comportamentos repetitivos ou actos mentais que as pessoas se sentem compelidas a executar em resposta a uma obsessão, ou de acordo com regras que devem ser aplicadas de modo rígido; Os comportamentos ou actos mentais têm como objectivo evitar ou reduzir o mal-estar ou prevenir algum acontecimento ou situação temidos; contudo, estes comportamentos ou actos mentais ou não estão ligados de um modo realista com o que pretendem neutralizar ou evitar, ou são claramente excessivos;
Perturbação de Pânico : Normalmente, pensa-se em enfarte de miocárdio, em AVC ou noutro episódio de outra doença física com risco de vida; Ataques de Pânico inesperados e recorrentes; Preocupação persistente acerca de ter novos ataques; AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Preocupação acerca das implicações dos ataques ou das suas consequências; Alteração significativa no comportamento relacionada com os ataques Outras perturbações mentais frequentes do idoso
Insónia: com a idade, o sono torna-se mais fragmentado, necessário mais tempo para adormecer, despertares mais frequentes, Sono relativamente menos profundo e Tendência para passar mais tempo na cama;
MELHORAR A HIGIENE DO SONO •
Dormir tanto quanto necessário para se sentir refrescado e saudável no dia seguinte, mas não mais. Encurtar o tempo passado na cama parece consolidar o sono
•
Uma hora certa para acordar de manhã leva a horas regulares de início do sono
•
Provavelmente uma quantidade constante de exercício diário aprofunda o sono
•
Ruídos intensos ocasionais perturbam o sono, mesmo de pessoas que não acordadas e não se lembram deles de manhã
•
Temperatura amena no quarto
•
A fome pode perturbar o sono; uma refeição leve pode ajudar a dormir
•
O uso crónico de medicação é ineficaz para quem sofre de insónia
•
Cafeína à noite perturba o sono
•
O álcool ajuda pessoas nervosas a adormecer, mas o sono é fragmentado
•
Pessoas furiosas ou frustradas por não dormirem devem acender a luz e fazer outra coisa, não adianta tentar dormir a todo o custo
•
O uso crónico de tabaco perturba o sono
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Os homens têm probabilidades muito maiores de problemas com a bebida do que as mulheres; Os alcoólicos idosos começaram a beber quando eram jovens adultos, mas um nº significativo não desenvolveram problemas antes da 3ª idade A dor enquanto forma eficaz e aceitável de obter atenção; Os doentes idosos conseguem gerir bem a dor crónica com os analgésicos disponíveis e com treino de relaxamento, nomeadamente através da actividade física; DISFUNÇÃO SEXUAL Os estereótipos de que as pessoas idosas não são atraentes fisicamente, não têm interesses por sexo ou são incapazes de sentir algum estímulo sexual, ainda são amplamente difundidos. Estes estereótipos, unidos a falta de informação, induzem a gente a uma atitude pessimista em tudo que se refere ao sexo na velhice. Se bem que, com uma saúde razoável e um partner disponível, a maior parte dos anciãos continuam a ter relações sexuais mesmo aos 80/90 anos. A actividade sexual permanece na terceira idade, havendo somente uma diminuição na sua frequência. O sexo na terceira idade, alem da satisfação física, reafirma a identidade de cada parceiro, demonstrando que cada pessoa pode ser valiosa para a outra. Junto ao sexo também estão valores muito importantes na terceira idade: a intimidade, a sensação de aconchego, o afecto, o carinho, o amor. DISFUNÇÃO ERÉCTIL: Baseia-se na função diminuída numa ou mais das 3 primeiras fases do ciclo da resposta sexual: Fase do desejo (desejo sexual hipoactivo); Fase da excitação (disfunção eréctil); Fase do orgasmo. Sabe-se que na 3ª idade a função sexual está diminuída nestas fases, sobretudo no homem mas tem de se considerar as mudanças normais no envelhecimento;
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PERTURBAÇÃO DE DELÍRIO E DOENÇA DE ALZHEIMER É importantíssimo o papel dos familiares e das pessoas que se assumem como cuidadores de pessoas idosas porque serão elas que são responsáveis pela elaboração da história clínica exacta da doença actual Estabelecimento de relações temporais entre eventuais etiologias orgânicas e o início do declínio cognitivo; Distinção dos diverso tipos de demência e distinção potencial entre Doença de Alzheimer com início precoce ou início tardio; O Exame clínico completo do estado mental continua a ser a pedra de toque do diagnóstico de demência, ao nível de Função cognitiva; Categorias gerais do aspecto; Nível de vigilidade; Grau de cooperação; Humor e afecto; Forma, fluxo e conteúdo do pensamento; Actividade psicomotora; Presença de alucinações, ideias delirantes e outros conteúdos mórbidos de pensamento; Juízo e sentido crítico. Algumas perguntas de despiste... Orientação no tempo -
Em que data estamos?
Registo -
Ouça com cuidado. Vou dizer três palavras. Repita-as quando eu terminar. Pronto? Ei-las... CASA (pausa) CARRO (pausa) LAGO (pausa). Por favor repita estas palavras (repetir até 5 vezes, mas classificar só a primeira tentativa)
Nomeação -
O que é isto? (apontar para um lápis ou uma caneta)
Ordem escrita -
Por favor leia isto e execute o que está escrito (mostrar ao idoso as palavras sob a forma de estímulo: FECHE OS OLHOS)
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É essencial avaliar a aptidão para executar as actividades quotidianas de forma independente, para além de examinar o estado mental, quando se suspeita de demência ou outras alterações cognitivas; Pessoas com pouca ou nenhuma instrução têm muitas vezes mau desempenho em exames do estado mental; A doença de Alzheimer caracteriza-se por: Tipicamente de aparecimento insidioso e progressão gradual para défice cognitivo; Nos estádios iniciais, os défices cognitivos podem ser ocultados ou compensados e os amigos e familiares que têm apenas contacto superficial com os doentes podem não se aperceber de défices relativamente graves; Por vezes, os familiares que têm estado a observar o declínio funcional tentam minimizar o significado daquilo a que assistem; Os idosos podem mostrar negação, projecção, somatização e substituição, evidenciadas em aspectos como: Acusações de que membros da família os estão a roubar (negação e projecção); Comportamento hipercrítico e hostil dirigido contra membros da família (negação e substituição) Queixas somáticas múltiplas, às vezes bizarras (somatização); Em fases posteriores, os idosos precisam de uma figura de autoridade, constante, solícita e curativa, cuja atenção pode ter efeitos positivos, aliviando a ansiedade e elevando o humor; Disseminação de conselhos práticos para a família e para os cuidadores, sendo essencial que estes possam exprimir emoções e temores relacionados com a doença;
Detecção do abuso de idosos: indícios de abandono ou maus tratos HISTÓRIA
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1. Padrão de saltar de médico para médico e/ou de hospital 2. Atraso inexplicável na procura de tratamento 3. Uma série de faltas a consultas marcadas 4. Existência de lesões anteriores inexplicadas 5. Explicação de lesões do passado incompatível com os resultados 6. Relatos anteriores de lesões semelhantes OBSERVAÇÃO POR PROFISSIONAIS A. O idoso parece ter medo do familiar ou do cuidador B. O idoso parece relutante em responder quando interrogado C. O idoso e o cuidador dão explicações contraditórias do incidente D. O cuidador é indiferente ao idoso, ou está furioso com ele e recusa proporcionar os cuidados necessários E. O cuidador mostra-se nitidamente preocupado com os custos dos cuidados e serviços F. O cuidador tenta impedir que o idoso tenha contacto em privado ou fale abertamente com outras pessoas G. O cuidador mostra-se preocupado com o problema particular do idoso mas não com a saúde em geral do idoso O abuso psicológico (por exemplo, intimidação, infantilização) e a negligência (por exemplo, não fazer companhia, ignorar comunicações ou pedidos) devem ser avaliados em visitas domiciliárias, tal como o abuso financeiro (roubo de dinheiro ou de bens) deve ser considerado, mesmo quando a forma inicial de apresentação sugere que elas são de natureza delirante... Em jeito de conclusão... acerca da Doença de Alzheimer? 1. O que é?
Doença do cérebro (morte das células cerebrais e consequente atrofia do cérebro), progressiva, irreversível e com causas e tratamento ainda desconhecidos. Começa por
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atingir a memória e, progressivamente, as outras funções mentais, acabando por determinar a completa ausência de autonomia dos doentes. Os doentes de Alzheimer tornam-se incapazes de realizar a mais pequena tarefa, deixam de reconhecer os rostos familiares, ficam incontinentes e acabam, quase sempre, acamados. 2. Causa da DA - A causa da doença de Alzheimer ainda não está determinada. - No entanto, é aceite pela comunidade científica que se trata de uma doença geneticamente determinada, embora não seja necessariamente hereditária. Isto é, não implica que se transmita entre familiares, nomeadamente de pais para filhos. Ao princípio observam-se pequenos esquecimentos, perdas de memória, normalmente aceites pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e, por vezes, agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta. Acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as actividades elementares do quotidiano, como alimentação, higiene, vestuário, etc. A doença de Alzheimer não tem cura e, no seu tratamento, há que atender a duas variáveis: - Ao tratamento dos aspectos comportamentais. Nesta vertente, além da medicação, convém também contar com orientação de diferentes profissionais de saúde; - Ao tratamento dos desequilíbrios químicos que ocorrem no cérebro. Há medicação que ajuda a corrigir esses desequilíbrios e que é mais eficaz na fase inicial da doença,
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mas, infelizmente, tem efeito temporário. Por enquanto, não há ainda medicação que impeça a doença de continuar a progredir. COMO LIDAR COM O DOENTE DE Alzheimer? Esteja próximo e olhe bem para o seu doente, olhos nos olhos, quando conversam; Permaneça calmo e quieto. Fale clara e pausadamente, num tom de voz nem demasiado alto nem demasiado baixo; Evite ruídos (rádio, televisão ou conversas próximas); Se for possível, segure na mão do doente ou ponha a sua mão no ombro dele. Demonstre-lhe carinho e apoio. O doente deve trazer sempre algo que o identifique, por exemplo, uma pulseira com o nome, morada e telefone; Previna os vizinhos e comerciantes próximos do estado do doente. Estes podem ajudálo em qualquer momento caso se perca e peça informações; Em casa, feche as portas de saída para a rua, para evitar que o doente vá para o exterior sem que dê por isso; Tenha uma fotografia actualizada do doente, para o caso deste se perder e precisar de pedir informações; Se o doente quiser sair de casa, não deve impedi-lo de o fazer. É preferível acompanhá-lo ou vigiá-lo à distância e, depois, distraí-lo e convencê-lo a voltar a casa; Pode ser necessário pedir aconselhamento ao médico assistente. Não faça disso um “bicho de sete cabeças”. Se for possível, aguarde um pouco, pode ser que mude de disposição; Simplifique a tarefa: tenha sempre em ordem e à mão as coisas que são necessárias, como sabão, sabonete ou espuma, toalhas, etc.; Se o banho é de imersão, verifique a temperatura da água; Instale pegas e tapetes que evitem escorregar dentro e fora da banheira. Há bancos e cadeiras adaptáveis à banheira, assim como outros dispositivos de apoio e ajuda que podem ser muito úteis; AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Se o doente preferir tomar duche, deixe-o. O melhor é procurar manter a rotina a que a pessoa estava habituada; Se o doente recusar mesmo tomar banho, então tente a lavagem parcial; Aplique, se possível, cremes ou pomadas adequadas para evitar escaras Simplifique o mais possível a roupa a usar; Evite laços, botões, fechos de correr (substitua-os por velcro), sapatos com atacadores, etc.; Prepare as peças de roupa pela ordem que devem ser vestidas; Procure que a pessoa se conserve bem vestida e elogie o seu bom aspecto; Enquanto o doente tiver autonomia, deixe-o actuar conforme ainda pode. Sente o doente com o tronco bem direito e a cabeça firme; Se necessário, ponha-lhe um grande guardanapo só para comer; Não tagarele com o doente durante a refeição; Aguarde que a boca esteja vazia para fazer alguma pergunta; Dê-lhe tempo para comer tranquilamente e não o contrarie se ele quiser comer à mão; Dê-lhe bocados pequenos de alimentos sólidos; por vezes, o doente poderá preferir alimentos passados ou batidos; Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastigação e a deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca; Pouse-lhe a chávena ou o copo, depois de cada gole, fazendo uma pausa. Note que dar-lhe de beber é muitas vezes difícil; Deixe-o deglutir uma segunda vez, se alguns alimentos ainda estiverem na boca; Lave-lhe cuidadosamente a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem para os pulmões. Com uma gaze húmida, limpe-lhe o interior das faces. Use uma pasta dentífrica infantil; Deixe o doente sentado durante 20 minutos após a refeição. Se possível, procure compreender o que originou a reacção agressiva. Não deve partir do princípio que o doente o quer agredir ou ofender pessoalmente; AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Evite discutir, ralhar ou fazer qualquer coisa que se assemelhe a um castigo. Não force contactos físicos e deixe-lhe bastante espaço livre; Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto. Fale calma e tranquilamente e procure desviar a atenção do doente para qualquer outra coisa. Não seja demasiado exigente com a rotina diária do doente; Deixe que o doente faça o que ainda lhe é possível fazer, ao seu ritmo, sem pressas e sem exigir a perfeição; Não critique, antes pelo contrário, elogie (mas não exagere); Ajude, mas de forma a não parecer estar a dar ordens; Procure que o doente faça actividades que lhe interessem; Assegure-se de que o doente faz exercício físico suficiente; Esteja atento a sinais que possam indiciar crise iminente e procure distrair a atenção do doente. A NÓS, CUIDADORAS... É extremamente difícil cuidar de um doente de Alzheimer. Tem de acompanhar o doente ao longo do tempo, viver um dia-a-dia que se torna progressivamente mais difícil e experimentar sentimentos diversos, muitos deles negativos.
É normal que sinta tristeza pela sensação de que a pouco e pouco vai perdendo alguém que lhe é muito querido.
Sentirá também frustração, pois tem a consciência de que todos os seus cuidados, atenção e carinho não impedem a progressão da doença.
Vai sentir culpa, pela falta de paciência que por vezes tem, pelo sentimento de revolta em relação ao próprio doente, pela situação que vive e por poder admitir a hipótese de procurar um lar.
Poderá também sentir solidão, pelo afastamento gradual da família e dos amigos, pela impossibilidade de deixar o doente, pela falta de convívio.
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Todos esses sentimentos negativos não significam que não seja um bom prestador de cuidados e de apoio. São apenas reacções humanas! Pelo que, para seu bem e para o bem dos idosos de quem cuidam... CUIDEM DE VOCÊS TEMA 3: Recursos comunitários de apoio •
Respostas sociais à velhice
•
Saúde e comunidade
•
O hospital e o seu papel face à pessoa idosa
•
Outros recursos . família . apoio domiciliário . lares
Não adianta falarmos apenas dos recursos comunitários de apoio, é imprescindível falar de qualidade de vida e da promoção de um envelhecimento com qualidade de vida. A este nível, é de vital importância a questão da animação social na 3ª idade. Deste modo, consideram-se como objectivos da animação do idoso: 1. PROMOVER A INOVAÇÃO E NOVAS DESCOBERTAS 2. VALORIZAR A FORMAÇÃO AO LONGO DA VIDA 3. PROPORCIONAR UMA VIDA MAIS HARMONIOSA, ATRACTIVA E DINÂMICA COM A PARTICIPAÇÃO E ENVOLVIMENTO DO IDOSO 4.
INCREMENTAR A OCUPAÇÃO ADEQUADA DO TEMPO LIVRE PARA EVITAR QUE O TEMPO DE ÓCIO SEJA ALIENANTE, PASSIVO E DESPERSONALIZADOR
5. RENTABILIZAR
OS
SERVIÇOS
E
RECURSOS
COMUNITÁRIOS
PARA
MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO 6. VALORIZAR AS CAPACIDADES, COMPETÊNCIAS, SABERES E CULTURA DO IDOSO, AUMENTANDO A SUA AUTO-ESTIMA E AUTO-CONFIANÇA
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Para tal, é fundamental conhecer os idosos, nomeadamente as suas características pessoais, osvalores, os seus princípios, a sua cultura, capacidades e dificuldades e ainda os seus gostos pessoais. A nível institucional, devem conhecer-se bem os horários, o funcionamento, os espaços disponíveis, os recursos materiais, financeiros e humanos acessíveis, bem como as prioridades o os objectivos da direcção. É ainda essencial conhecer a comunidade local, em particular, a sua cultura, modos de vida, as outras instituições, equipamentos, organizações sociais e culturais.
IDOSO
INSTITUIÇÃO
ANIMAÇÃO
ANIMADOR
COMUNIDADE LOCAL
A nível da animação dos idosos é essencial que o responsável pela animação dinamize e trabalhe os hábitos de higiene e limpeza, utilizando diferentes técnicas e materiais. É também essencial estimular a actividade cognitiva através da observação directa, manipulação e experimentação, de modo a reforçar sempre a autonomia. Para tal deve apostar-se numa boa planificação da sessão e das activdades, bem como o material a utilizar, apostando-se na AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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motivação, explicação da actividade a ser desenvolvida e o porquê da sua realização. É importante que as actividades sejam realizadas no mesmo horário no mesmo dia, não alterando muito as rotinas, devendo ainda criar-se um ambiente sereno, desocntraído e aberto a espexriência estéticas. Deve atender-se ao facto dos idosos se cansarem rapidamente das actividades e dar importância aos interesses, motivaões e estado de humor dos idosos, adoptando sempre uma atitude marcada pela não imposição. Actualmente, defende-se a elaboração do Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) do idoso e que consiste num instrumento que visa os serviços prestados ao cliente, que promovam a sua autonomia e qualidade de vida, respeitando o projecto de vida, hábitos, gostos, confidencialidade e privacidade da pessoa. A elaboração do PDI deve ser adequada às necessidades, hábitos, interesses e expectativas de cada cliente, na medida em que este é um ser único e individual, até porque pretende conhecer o utente e definir áreas de intervenção a desenvolver de acordo com as suas necessidades e vivências.
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Facilmente se depreende que na elaboração do PDI se devem ter diversos cuidados... A saber... •
Respeitar as diferenças religiosas, étnicas e culturais
•
Promover a autonomia e qualidade de vida
•
Respeitar o cliente quanto à sua individualidade, capacidades, potencialidades, hábitos, interesses e expectativas
•
Promover a participação activa dos idosos e/ou familiares nas actividades
•
Promover a comunicação, convivência e ocupação do tempo dos clientes
Também ao nível das planificações das actividades sócio-culturais se deve ter um cuidado arreigado, atendendo à importância elevada que este instrumento de trabalho tem.
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Ao falarmos de animação do idoso, falamos necessariamente de qualidade de vida, termo que envolve uma série de aspectos que devem ser tidos em conta quando se pretende incrementar a qualidade de vida de todo e qualquer idoso. A saúde é considerada como uma dimensão da qualidade de vida, essencial e que surge associada ao papel do hospital na vida de um idoso...
Na medida em que falamos de saúde e bem-estar do idoso, falamos de um envelhecimento com qualidade de vida, um envelhecimento que na literatura especialiszada é designado como ENVELHECIMENTO ACTIVO, definido do seguinte modo:
Facilmente se depreende que o alargamento das redes sociais, que na maioria dos idosos estão apenas associadas à família e aos vizinhos, é uma das medidas que devem ser tidas em conta ao nível da promoção da qualidade de vida. Para isto muito contribuem toda uma série de instituições como seja os centros de convívio, os serviços de saúde, os centros de dia, e outras associações e instituições. Atendendo agora às instituições dedicadas à prestação de serviços de saúde é nevitável falar da necessidade premente de humanizar estes serviços de saúde que se tornaram demasiado mecanizados e parecem esquecer-se que a substância do seu trabalho é um ser humano que
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precisa de cuidados, de carinho, de protecção, daí que mais do que um acto, o cuidado deve ser uma atitude, tal como defende Boff. É essencial que ao nível da prestação de serviços a utentes idosos, os serviços de saúde adoptem uma postura de integralidade, marcada por um tratamento digno e respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo. A inclusão da “voz do outro” com vista a superar “monopólio do diagnóstico de necessidades”, bem como a horizontalização dos programas e a interdisciplinaridade são estratégias que não devem ser postas de lado, associadas ao interface até hoje bastante desprezada como sejam o existente entre os serviços de natureza curativa e os mais vocacionados para a prevenção. Analise-se de seguida a linha de cuidado e de saúde do idoso que surge a partir da base existente nos serviços de saúde. Facilmente se depreende que estes surgem como a primeira resposta de apoio ao utente idoso, devendo também funcionar como facilitador no acesso às demais isntituições comunitárias de apoio ao idoso.
Outros recursos comunitários de apoio ao idoso são os lares, que no século XV eram designados como asilos ou albergues, no século XX passam a designar-se como lares de idosos e na actualidade, designam-se como residências para seniores. Utilizaremos a desginação de “lares de idosos” amplamente difundida e ainda utilizada no seio dos colaboradores das instituições de apoio ao idoso. A definição destes serviços énos facultada pela Segurança Social:
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Os lares devem ter como objectivos:
A) Proporcionar serviços permanentes e adequados à problemática biopsicossocial das pessoas idosas;
b) Contribuir para a estabilização ou retardamento do processo de envelhecimento;
c) Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação interfamiliar;
d) Potenciar a integração social.
Acerca das condições gerais de funcionamento, eles devem primar para que o funcionamento garanta e proporcione ao idoso: a) A prestação de todos os cuidados adequados à satisfação das suas necessidades, tendo em vista a manutenção da autonomia e independência; b) Uma alimentação adequada, atendendo, na medida do possível, a hábitos alimentares e gostos pessoais e cumprindo as prescrições médicas; c) Uma qualidade de vida que compatibilize a vivência em comum com o respeito pela individualidade e privacidade de cada idoso; ) A realização de actividades de animação sócio-cultural, recreativa e ocupacional que visem contribuir para um clima de relacionamento saudável entre os idosos e para a manutenção das suas capacidades físicas e psíquicas; e) Um ambiente calmo, confortável e humanizado; f) Os serviços domésticos necessários ao bem-estar do idoso e destinados, nomeadamente, à higiene do ambiente, ao serviço de refeições e ao tratamento de roupas. O funcionamento do lar deve fomentar A convivência social, através do relacionamento entre os idosos e destes com os familiares e amigos, com o pessoal do lar e com a própria comunidade, de acordo com os seus interesses, bem como a participação dos familiares, ou pessoa responsável pelo internamento, no apoio ao idoso, sempre que possível e desde que este apoio contribua para um maior bem-estar e equilíbrio psico-afectivo do residente. O lar
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deve ainda permitir a assistência religiosa, sempre que o idoso a solicite, ou, na incapacidade deste, a pedido dos seus familiares.
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Para além das respostas institucionais designadas por lares de idosos, existe também o serviço de apoio ao domicilio (SAD).
Objectivos do SAD, de acordo com as directrizes da Segurança Social: Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e famílias; Garantir a prestação de cuidados de ordem física e apoio psicossocial aos indivíduos e famílias, contribuindo para o seu equilíbrio e bem-estar; Apoiar os indivíduos e famílias na satisfação das necessidades básicas e actividades da vida diária; Criar condições que permitam preservar e incentivar as relações inter-familiares; Colaborar e/ou assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde; Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização; Prevenir situações de dependência, promovendo a autonomia. O SAD apoia na realização nas actividades da vida diária do idoso, nomeadamente em termos de: Higiene e conforto pessoal Medicação Arrumação e pequenas limpezas AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Preparação de refeições Tratamento de roupas Acompanhamento nas deslocações ao exterior Aquisição de bens e serviços A DECO Proteste, associação de defesa do consumidor publicou os cuidados que os utentes devem ter aquando da escolha de um serviço de apoio ao domicilio para a prestação de serviços. Quando se pretende apostar num SAD de excelência tais critérios devem ser tidos em conta, daí a pertinência de se incluírem nesta temática. Analisar as necessidades da pessoa que usufruirá do apoio domiciliário e fazer uma simulação horária (por exemplo, calcule o tempo para confeccionar refeições ou tratar da roupa). Sabendo o número de horas, pedir orçamentos e comparar os preços. Averiguar se são cobrados à hora ou por mês e qual o custo dos fins-de-semana e dos feriados. Perguntar ainda se fazem apoio nocturno, se prestam cuidados médicos e se têm um número de telefone para emergências. Analisar as necessidades da pessoa que usufruirá do apoio domiciliário e fazer uma simulação horária (por exemplo, calcule o tempo para confeccionar refeições ou tratar da roupa). Sabendo o número de horas, pedir orçamentos e comparar os preços. Averiguar se são cobrados à hora ou por mês e qual o custo dos fins-de-semana e dos feriados. Perguntar ainda se fazem apoio nocturno, se prestam cuidados médicos e se têm um número de telefone para emergências. Certificar-se de que a empresa dispõe de uma autorização de funcionamento. Poderá obter-se a informação, contactando o centro distrital de segurança social da sua área. Perguntar ainda o nome do director técnico e do responsável pelos serviços prestados. Pedir o regulamento da empresa e o contrato que terá de assinar no final e estudá-los atentamente. AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Tendo optado por alguma empresa, deixar sempre uma lista com os trabalhos a efectuar para a pessoa que se deslocar ao domicílio. Deste modo, controlará a execução dos serviços pretendidos. Se algo correr mal, exigir o livro de reclamações. Os serviços sociais e de apoio domiciliário são obrigados a ter um. Guardar uma cópia da reclamação, munir-se de toda a documentação que poderá servir de prova e procurar ter uma testemunha do sucedido. Debruçar-nos-emos agora sobre o recurso comunitário de apoio ao idoso que se reveste da maior importância – a FAMÍLIA. Infelizmente o que se verifica em algumas circusntâncias é que a família do idoso se demite total ou parcialmente das suas responsabilidades enquanto família, sendo que as necessidades do idoso têm de ser asseguradas pelas instituições de apoio ao idoso que assim passam a ser a família deste. Alguns dados acerca da estrutura familiar... 97,5% da população idosa (indivíduos com 65 e mais anos) vivia em famílias clássicas e 2,5%, ou seja 33 015 indivíduos, em famílias institucionais (por exemplo Lares). A percentagem varia conforme o sexo e o grupo etário analisado. À medida que aumenta a idade, a proporção de idosos a viver em famílias institucionais, cresce significativamente. No grupo dos 65-69 anos a proporção é apenas de 0,8%, para atingir no grupo 80 ou mais anos, o valor de 6,1%. O peso da população idosa feminina a residir neste tipo de famílias é sempre superior, em todos os grupos etários, aos valores da população masculina. A situação varia ainda de região para região, atingindo os valores mais elevados no Alentejo, onde 3,9% da população idosa vivia neste tipo de famílias; no grupo dos 6569 anos esse valor é de 1,0%, subindo para os 10,5% no grupo dos 80 e mais anos.
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De qualquer modo, seja qual for o recurso comunitário de apoio ao idoso de que estamos a falar...
Assim se pede a todo e qualquer cuidador... e quem é o cuidador ou cuidadora? Estes são toda e qualquer pessoa que presta assistência a uma pessoa adulta que está doente, dependente ou que precisa de ajuda. Pode ser a filha que decidiu mudar-se para a casa da mãe doente, o vizinho que passa todos os dias para visitar o amigo, ou alguém que leva a sogra à consulta médica, ou as colaboradoras de uma IPSS. A ajuda pode variar de algumas tarefas até uma assistência 24h por dia. Claro que cuidar de alguém que, repentina ou progressivamente, fica doente ou debilitado, incapaz de realizar as tarefas que sempre desempenhou com total autonomia e independência, envolve um grande desafio pessoal. É pedido ao Cuidador que desenvolva novas capacidades, num momento único da sua vida ao qual se deve adaptar. Não nos devemos esquecer nunca, enquanto cuidadoras que cuidar é uma tarefa difícil, mas gratificante. Ao cuidar estamos a valorizar aquilo que é verdadeiramente essencial na vida: as relações, os afectos, as pessoas.
CONCLUSÃO AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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Questiona-se cada vez mais a institucionalização da pessoa idosa como resposta social prevalente, verificando-se uma tendência para a actuação conjunta dos vários organismos institucionais, quer a nível nacional como a nível local no sentido de criar respostas alternativas à institucionalização do idoso. Criaram-se nos últimos anos respostas tais como: os serviços de apoio domiciliário, centros de dia e de convívio, e até mesmo os serviços de acolhimento domiciliário. A nível nacional, as respostas sociais institucionais existentes podem caracterizar-se segundo dois tipos: o acolhimento permanente que engloba os equipamentos de colocação institucional de idosos, tais como: os lares, as residências e famílias de acolhimento; o acolhimento temporário, de carácter não institucional, reúne os serviços de apoio e acompanhamento local dos idosos, tais como: os serviços de apoio domiciliário.Cada vez mais, as instituições tentam oferecer serviços que promovam um envelhecimento bem sucedido, que potenciem a conservação do empenhamento social e do bem-estar subjectivo, conceitos estes difundidos pelos especialistas nesta matéria (Baltes e Baltes, 1995; Garfein e Herzog, 1995; Hazard, 1995; Fontaine e col., 1977).Nos últimos anos têm vindo a realizar-se vários estudos no sentido de se saber quais os factores que mais contribuem para o melhoramento da qualidade e diversidade das respostas sociais que permitam uma maior satisfação das necessidades da pessoa idosa, quer esteja ou não institucionalizada. Um dos estudos mais ambiciosos neste domínio foi conduzido por Cameron (1975) que refere que os sentimentos de felicidade, de tristeza, e de bem-estar subjectivo não se degradam com a idade e que os idosos não têm uma satisfação de viver inferior à dos jovens. A variabilidade entre os indivíduos parece, pelo contrário, aumentar com o envelhecimento, neste sentido fala-se cada vez mais de velhices e não de velhice, não existindo assim a velhice, mas antes dando enfase à existência da heterogeneidade com que cada idoso vive o seu próprio processo de envelhecimento, sendo este, altamente influenciado pelo suporte social de que dispõe, permitindo ao mesmo tempo a manutenção da sua participação social, tanto quanto possível.Desde as investigações de Durkheim (1987), que o isolamento e a ausência das relações com os outros são factores de predição dos comportamentos suicidas, que foram também ao encontro dos estudos feitos com idosos (Antonucci e col.,1989; Avorn e col., 1982).Neste sentido, os equipamentos sociais têm de AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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basear todas as suas resposta fazendo com que as pessoas percebam o seu potencial, promovendo o seu bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da sua vida, o que inclui uma participação activa dos seniores nos mais variados domínios da sociedade, intervindo nas questões económicas, espirituais, culturais, cívicas e até mesmo ao nível da participação das políticas sociais.Donald (1997) formulou algumas classes gerais que podem servir de referência às respostas sociais, tais como:-O bem-estar físico, em que se destacam os aspectos materiais, saúde, higiene e segurançaAs relações interpessoais, que pode incluir a família, amigos e participação na comunidadeO desenvolvimento pessoal, que representa as oportunidades de desenvolvimento intelectual, e auto-expressão-As actividades recreativas que podem subdividir-se em três partes: Socialização, entretenimento, passivo ou activo-As actividades de carácter espiritual, em que estão envolvidas, a actividade simbólica, religiosa e o autoconhecimentoMuitos estudos vem referir que a qualidade de vida, ou falta desta nos idosos, depende em grande medida do facto dos idosos possuírem autonomia para executar as actividades do dia-a-dia, manter uma relação familiar ou com pessoas significativas para si, ter recursos económicos suficientes e desenvolver/participar em actividades lúdicas e recreativas continuamente.Segundo Jacob (2002), as respostas sociais tendem a evoluir, sendo que
os
estudos
apontam
para:
-O aumento da procura deste tipo de serviços, havendo um elevado nível de procura expressa não satisfeita (lista de espera) nas valências para idosos (Amaro, 1997; Santos, 2001, p.85)Que os actuais centros de convívio poderão evoluir para as chamadas universidades de terceira idade, tornando-se assim mais dinâmicos, e com uma maior adesão por parte dos idosos, sendo mais activos;-Para que os Centros de Dia funcionem todos os dias da semana (fins de semana e férias) e em horário mais alargado;-Que os serviços de apoio domiciliário tenderão a aumentar, assim como os serviços tenderão a funcionar todos os dias, mesmo no horário nocturno;-Que os lares tenderão a diminuir, tornando-se cada vez mais especializados em grandes dependentes e idosos com demências;-Que irão surgir mais residências, versões mais reduzidas (até 25 utentes) e melhorados os lares;-Que o trabalho com idosos irá ser cada vez mais especializado e exigente;-Para que exista um aumento bastante significativo de actividades de animação para sénior;Tendo em conta os estudos realizados nesta área que vieram contribuir para encarar de forma diferente o processo do envelhecimento, bem como, AGENTE EM GERIATRIA/Saúde Mental da 3ª Idade
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as problemáticas que se colocam, a necessidade de uma formação específica e contínua dos recursos humanos destas instituições e equipamentos sociais, quer ao nível das chefias, quer ao nível dos seus colaboradores, torna-se fundamental. Essa formação deve ser específica e contínua, uma vez que, numa sociedade em constante mudança vão surgindo novas realidades e novas problemáticas que este tipo de serviços deverá dar resposta. Assim, é necessário que as instituições e equipamentos sociais tenham um espírito de abertura suficiente face ao exterior, no sentido de estarem em pleno contacto com o meio, sendo capazes das necessárias adaptações, quer ao nível das políticas sociais, quer ao nível das respostas que efectivamente prestam. Assim, e só assim, este tipo de serviços e equipamentos sociais poderão colocar o utente, o cliente no centro de toda a sua actuação, sendo este o princípio primordial de toda e qualquer resposta social, de acordo com as novas orientações.
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