UMA CARACTERIZAÇÃO DA PSICOTERAPIA
o tema desta palestra é a psicoterapia. Ocorreume a !ordar primeiro primeiro o "ue a terapia #$o é% a#tes de pe#sar #o "ue ela é. Parti de dois male#te#didos "ue co#side ro sérios. O primeiro deles% e&tremame#te 're"(e#te% co#sis te em co#siderar a terapia como o lu)ar para o#de de *em se diri)ir as pessoas culpa culp adas de al)uma coisa ou "ue est$o erradas de al)uma 'orma. +e + e ,amo ,amoss um e&em plo-- al)uém a#da / tempo com di'iculda plo di'iculd ade para dormir% te#so% !ri)a#do com a muler% por"ue com a su!stitui 0$o de seu ce'e sur)iram di'iculdades de d e r elacio#ame#to #o tra!alo. 1ua#do le per ) per )u#t u#taam se ele #$o )ostaria de 'a2er uma terapia% ele respo#de i#di)#ado- 3Eu% 'a2er terapia4 1uem tem "ue 'a2er terapia é meu ce'e% "ue é um louco% louco% "ue #$o e#te#de #ada% "ue ce)ou o#de est/ por moti*os pol5ticos pol5ticos ... 3. Esse é um po#to de *ista #$o s6 d e lei)os% mas tam!é tam! ém de muitos psic6lo)os. É comum ou* ou*irmos de terapeutas de
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cria#0as% 'rustrados com as di'iculdades "ue a 'am5lia cria #o tratame#to% o s e)ui#te- 3Ima)i#a% a cria#0a est/ 6tima% "uem precisa de terapia s$o os pais73. 8esse co me#t/rio% podemos ou*ir- 'IOS pais de*em 'a2er terapia por"ue eles é "ue est$o errados3. Do mesmo modo% #o tra!alo com popula09es care#tes% aparecem os come# t/rios- 3Essas pessoas est$o 6timas% "uem precisa de te rapia é a #ossa sociedade3. A5 tam!ém podemos ou*ir31uem est/ errada é a sociedade% é ela "ue precisa de terapia3. A terapia% e#treta#to% #$o é um recurso de repress$o social desti#ado a corri)ir as pessoas "ue est$o erradas% "ue se ,Ul)am erradas ou "ue s$o ,ul)adas erradas por "ual"uer tipo de )rupo. O "ue temos a di2er dia#te desse male#te#dido é "ue a terapia é um recurso para "uem est/% com )ra#d e di'iculdade% arca#do com o peso de uma situa0$o: al )uém "ue% de al)uma ma#eira% est/ 3pa)a#do o pato3% #$o importa se a situa0$o 'oi moti*ada por ele mesmo ou por outros. O se)u#do e"u5*oco é a co#sidera0$o da terapia como o lu)ar #o "ual s$o apre#didos os *alores% as #or mas e mesmo as dicas "ue uma pessoa de*eria se)uir #a e*e#tual solu0$o de uma situa0$o di'5cil. Acredito "ue esse male#te#dido tam!ém é ma#tido% até certo po#to% por #6s% psic6lo)os% por"ue uma tal idéia coloca o terapeuta
UMA CARACTERIZAÇÃO DA PSICOTERAPI A
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como a"uele "ue possui o sa!er% "ue tem as i#'orma09es para a resolu0$o de pro!lemas. Esse é um e#)a#o ai#da mais lame#t/*el do "ue o primeiro% pois tal*e2 o eleme#to mais 'u#dame#tal do tra!alo de um terapeuta co#sista ,ustame#te #o co#tr/ rio- #o 'ato de "ue 3ele #$o sa!e3. Em )eral% "ua#do a'i r mo "ue o terapeuta precisa ter isso sempre prese#te% pessoas "ue estudam muito me olam perple&as e di 2em- 3;om% se é para #$o sa!e r % por "ue 'a2er ta#tos tra !alos% ler ta#tos te&tos ... 43. 8$o é "ue #$o e&ista um co#ecime#to psicol6)ico: ele e&iste e sua a"uisi0$o é importa#te% #$o ta#to para "ue se tra!ale com ele % mas por"ue o pr6prio processo de a"uisi0$o desse co#ecime# to pode ser a ocasi$o de al)uém se es'or0ar pa r a apre#der a apre#der% e isso é uma ca*e 'u#dame#tal para o tra !alo terapse. 8a"uela oportu #idade% ele 'e2 uma o!ser*a0$o "ue me dei&ou i#tri)ado38o co#sult6r io% ?reud era completame#te di'ere#te . .. 3. Desco!r i e#t$o "ue esta*a co#*ersa#do #$o com um
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NA PRESENÇA DO SENTIDO
Poiesis é um le*ar lu2% é tra2er al)o para a deso estudioso de ?reud em!ora ;oss tam!ém o 'osse % culta0$o. mas com um pacie#te de ?reud. Curioso% per)u#tei- 3E A 'a2ia li#)ua)em da ra2$o% camada em )eral de li#)ua o "ue ele #o co#sult6rio43. ;oss respo#deu% !ri# )em do co#ecime#to% tam!ém desoculta o "ue esta*a ca#do- 3?a2ia Dasei#sa#al>se% #$o 'a2ia Psica#/lise3. oculto% mas de um modo di'ere#te% de um modo "ue d/ Comecei a re'letir "ue% a'i#al de co#tas% ?reud i#iciou é pr6pria dasdaci<#cias% das teorias e mes seue&plica09es. tra!alo de Ela terapeuta a#tes 'ormula0$o d a Psica mo de certas ar)ume#ta09es do cotidia#o: ela% de certa #/lise% "ue passou a e&istir a pa r tir do ac@mulo de sua 'orma% )ara#te ou 3o!ri)a3 "ueso!re al)uém e#te#da "ue à "uest$o e& peri<#cia. Retomei o "ue ?reud o'a2ia di2emos. #o co#sult6rio a#tes de ter ela!orado a teoria psica#al5 Com li#)ua)em é di'ere#te. Estame pode poética'a2ia tica. Para meadi2er o "ue ?reud e#t$o% ;oss 'aapa recer #a poesia propriame#te lou3Psicoterapia é procura3. dita% #um te&to em prosa% A di/lo)o pala*ra ou procura me#uma camou a ate#0$o% e perce!i #um mesmo piada e#)ra0ada. A pia "uedase#$o a!ria um si)#i'icado mais ori)i#al "ua#do a l5a é para ser e&plicada. mos assimpr6cura. Propomos "ue tam!ém a terapia aco#tece !asicame# 3Terapia é pr6cura3% isto é% 3ter é para cuidar3: te #a *ia da poiesis. A li#)ua)em daa pia terapia é poética. em latim% cura tem o si)#i'icado de cuidar. em seu espa0o Essa li#)ua)em !usca o i#terlocutor e#t$o% terapia é procura . Mas poeticamente, de ?u#dame#talme#te% li!erdade. 1ua#do me e&presso o outro procura de "u<4 #$o é o!ri)ado a co#cordar comi)o. 8a *erdade% #$o / 8o casora2$o da terapia% a"uilo procura #$o é te#o al)o #e#uma para "ue ele o"ue 'a0ase% e% #o e#ta#to% "ueuma *ai)ra#de aco#tecer l/ #o 'i#al processo% "ue e&pectati*a dedo "ue ele possamas meal)o compree# se der% d/% passo a passo% atra*és do modo como ela s e r e de#tro da #$o#ecessidade de c ompree#der. ali2a. st ituideo li#)ua)em% Esse 3modo3 pr6prio acesso ao 3o/"u<3 se 8essa con 'orma "ua#do compree# procura. s$o% esta *em )ratuitame#te% emocio#alme#te e sem #e cessidade de ar)ume#ta0$o mediada pela ra2$o. A"ui Pe#semos modo como"ue se d/ modo ter5amos uma#o comu#ica0$o ouaseterapia. d/% ou O #$o se d/. di2 respeito% !asicame#te% à li#)ua)em "ue é 'u#dame#tal 158
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8esse po#to uma discuss$o "ue é*ia cara #a terapia. 1ual é a e#co#tramos *ia dessa li#)ua)em4 Seria uma para os psic6lo)os- a di'ere#0a e#tre e&plica0$o e com i#telectual4 pree#s$o. Co#sidero "ue essaem di'ere#0a est/precisa e&atame#te Sa!emos "ue o pacie#te% )eral% #$o de #o Gm!ito dessas duasEle li#)ua)e#sa e&plica0$o arti e&plica09es racio#ais. mesmo é cr5tico de seussesi#to culaUma #a li#)ua)em doseco#ecime#to e a compree#s$o mas. pessoa "ue apa*ora "ua#do *ai 'alar em p@ !lico sa!e de#tro "ue #$ode/um moti*o para se#tir t$o da amea0ada. aco#tece di/lo)o #aseli#)ua)em poiesis. Mas sa !erGm!ito isso #$odadimi#ui seu medo% p arece "ueums6risco'a2 8o li#)ua)em da poiesis e&iste aume#t/lo. impot e#te dia#te dasSe eu #u#ca seiAse*erdade o outroracio#al *ai me écom pree#der ou #$o. di'iculdades psicol6)icas% "ue se se ele di*ertem em ridiculae# ele me compree#der% é como me aute#ticasse: ri2ar a r a 2$o. t$o% eu me si#to #$o s6 muito pr6&imo dele mas tam!ém 8$o é pela *iae&peri<#cia da ra2$o "ue cami#a a li#)ua)em da mi#a pr6pria "ue dese,o e&pressar. Caso daco#tr/rio% ter apia. em al)umas circu#stG#cias% ce)o até mesmo A li#)ua)em di/lo)o e#tr e terapeuta a perder de *ista apr6pria mi#a do e&peri<#cia% como s e ela see di pacie#te tem uma outr a *ia% para cu,a compree#s$o é pos lu5sse #a i#compree#s$o do outro. Em tal mome#to% poie si s. impor t a#te i#trodu2irmos a"ui uma pala*r a )r e )a% so passar !ruscame#te de uma situa0$o *i*ida como al)o Esta si)#i'ica #$o s6 poesia #o se#tido es pec5'ico% como precioso para uma outra% #a "ual me si#to terri*elme#te tam!ém ou produ0$o empara se#tido mais amplo. e&posto%cria0$o 'ra)ili2ado. Hs *e2es% descre*er essa situa Banquete, 8o di/lo)o de Plat$o% O e#co#tr amos0$o% usamos a e&press$o- 3Eu 'i"uei rid5culo3. Desco!ri mos o "ua#to somos *ul#er/*eis em #ossa comu#ica0$o Comosomos sa!es% 3poesia3 é um co#ceito m@ltiplo. Emdo)e e o "ua#to depe#de#tes da dispo#i!ilidade r al se de#omi#a cria0$o ou poesia a tudo a"uilo "ue pas outro. 1ua#do o outro #os compree#de% *i*emos uma sa da #$oe&ist<#cia e&ist<#cia. Poesia s$o as cria09es e&peri<#cia "ue se ' ae&tremame#te 2em em todas assi)#i'icati*a. artes. D/se o 1ua#to #ome de mais poeta delicada é a situa0$o e mais pessoal o e#u#ciado% maior 1 ao ar t5' ice "ue r eali2a essas cria09es. é a #ossa #ecessidade de compree#s$o e mais di'5cil se tor#a "ual"uer te#tati*a de e&plica0$o. B. PL ATÃO. B. Diálo g os. R io de Fa#eiro% Ediour o.
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Tal*e2 isso #os permita compree#der por "ue% s *e2es% a terapia pode ser t$o di'5ci l. A li#)ua)em poética, Mas por "ue uma pessoa "uer a *erdade4 #o di2er de eide))er% com "uedesde #os si#tamos Retomemos a "uest$o 'a2 da *erdade "ue a u3i #di )e#tes3% #us% pela pr6pria #ature2a da li#)ua)em. ma#idade procura por ela. 8essa procura% a *erdade est/ T5#amos dito a#tes e terapia8a é procura. sempre relacio#ada com "u li!erta0$o. ;5 !lia% Passa #os mitos mos em se)uida a per)u#tar pelo modo como ela se d/- a em )eral e mesmo #o mu#do da ci<#c ia% e#co#tramos"ual a *iali!erta. de sua 8os li#)ua)em4 acresce#tar *erdade mitos% aPodemos *erdade re*elada pelaa)oradi poiesis ... terapia é procura atra*és da li#)ua)em da *i#dade ti#a o car/ter de li!ertar o omem do ,u)o de sua ide#tidade com o resta#te da cria0$o. J uma procura da *erdade. Mas procura de "u<4 8a ist6ria de Jdipo% a cidade de Te!as e#co#trase Essa pala*ra precisa ser pe#sada. portu)u
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UMA CARAC TERI ZAÇÃO D A PSI COTER AP A I
BKB
Se lermos recordar% isso soa como se disséssemos al)o comumoacora0$o impress$o de "uealetheia, a li!erdade é sempre assim-Jcolocar de #o*o: *er dade #$o uma coisa !oa% a)rad/*el. Mas em )ra#de parte das *e merame#te o #$oes"uecido% mas a"uilo em "ue se pode 2es ela #$o é se#tida assim. Tal*e2 um dos )ra#des mé pLr de #o*o o COra0$o. ritos 8a de terapia% Sartre te#a re*elar o aspecto i#cLmodo da o "uesido 'a2emos é ree#co#trar a e&press$o li!erdade. do #osso modo de se#tir% o recordado% pri#cipalme#te E por "ue"ue a li!erdade podecaras% i#comodar4 a"uelas coisas ,/ #os 'oram "ue ,/ 'oram coi A "uest$o da li!erdade pode ser pe#sada sas do cora0$o% mas "ue perderam esse *5#culo de emduas *irtude 'ormas. A ma#eirademais comum de tomaramse pe#sar é li)ar a idéia de de di'iculdades comu#ica0$o% des)astadas. li!erdade com o tomar se li*re de al)uma coisa. A preo cupa0$o das pessoas% lutam de porprocura% li*rarseatra*és de ?oram es"uecidas% mas"ua#do #um es'or0o al)o% é completame#te a!sor*ida pelo de que elas "ue poética, podemos da li#)ua)em ree#co#tr/Ias. 1ua#do .isso remaco#tece% se li!ertar . 8a ora em "ue 'i#alme#te e#co#tram a e#co#tramos uma *erdade. li!erdade desco!rem "ue% #a luta por ela% apai&o#aram Uma *erdade assim e#co#trada #u#ca é relati*a. se de uma per*ersa a"uilo "uedela impedia 1ua#do elama#eira se ma#i'esta% #6spor somos parte e #$o a/ pr6pria li!erdade. A pala*ra per*ersa é usada a"ui #o como relati*i2ar isso. A *erdade e#"ua#to veritas, )eral se#tidoé de 3pelo#o a*esso3% as pessoas se apai me#te% dilu5da tempo% ou #o se,a% co#te&to% #as estruturas sociais &o#amou pelo culturais a*esso%"ue pelas suportam suas di'iculdades. o e#u#ciadoAssim% da *erdade. #o mome#to em "ue se *
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romper com a"uilo "ue impedia a li!erdade% ree#co#tra mos um se#tido% um para "u<% come0amos a compree#der o#de est/ o lado positi*o da li!erdade. 8$o e&iste #ada mais a)rad/*el do "ue #os se#tirmos ple#ame#te li!er tos para cami#ar #a dire0$o de al)uma coisa . A mesma dime#s$o do a!a#do#o "ue #os dei&a% de repe#te% ,o)a dos #o meio das coisas% dei&a#os li*res para a dedica 0$o a al)o. A li!er dade é co#di0$o 'u#dame#tal para "ue possamos #os dedicar "uilo "ue prete#demos. Mas mesmo esse lado positi* o da li!erdade% ou se,a% poder dedicar se a um se#tido% tam!ém pode ser i#cL modo% por"ue o se#tido s *e2es #$o est/ claro ou pare ce i#ati#)5*el. A di'iculdade% outras *e2es% pro*ém do "ua#to de compromisso e tr a !alo a pessoa se#te "ue precisar/ teresclarecer para se dedicar ao empre)o se#tido. da pala*ra se# +amos o #osso tido% *isto "ue ela é sempre discut5*el% pri#cipalme#te "ua#do "ueremos e&plic/Ia atra*és da li#)ua) em do co#ecime#to. Usamos essa pala*ra a"ui em sua acep0$o mais simples. Tratase da"uele se#tido "ue% #a ora em "ue 'alta% todos #6s sa!emos de "ue se trata. É o se#tido prim/rio% 'u#dame#tal% a "ue #os re'er imos "ua#do per )u#tamos- 31ual o se#tido de #ossas *idas4 1ual o se# tido de estarmos a"ui43.
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Al)umas *e2es #a *ida% passamos por sit ua09es #as "uais o se#tido se perde . / uma situa0$o espec5'i ca em "ue isso ocorre de 'orma dr/stica e i#te#sa- o mo me#to em "ue *i*e#ciamos a morte de um so#o. Essa é uma e&peri<#cia uma#a @#ica% pois s6 os ome#s so #am. Re'erimo#os ao so#o como e&pectati*a% espe ra#0a% perspecti*a do dese,o. 8$o s6 o omem é o @#ico a#imal "ue so#a como tam!ém% uma *e2 te#do co# "uistado o direito de so#ar% tra#s'ormou o so#o em seu *alor mais alto. A ima)em do er6i% em todas as épocas e culturas% é sempre a ima)em da"uele "ue colocou o so#o acima de tudo% até da co#ser*a0$o da *ida e da preser*a0$o da espécie. 8uma !el5ssima ce#a do 'ilme !""#, uma odisséia no espa$o, um computador ultrapassa suas 'u#09es e come 0a a e#lou"uecer. Impulsio#ado por uma )ra#de aspir a0$o% per)u#ta ao cosmo#auta- 3Ser/ "ue eu posso so#ar43. Por"ue emo sua per'ei0$o o so#o . Mas so#o tam!émtéc#ica morre%'alta*a e "ua#do isso aco#te ce 'icamos pro*isoriame#te pri*ados de se#tido. 1ua# do tudo a"uilo "ue esperamos% a "ue #os dedicamos% em #ome do "ue #os or)a#i2amos% morre% #ossa *ida morre tam!ém. 8esse mome#to% *i*emos duas e&peri<#cias i# terli)adas. Ao mesmo tempo em "ue perce!emos )ra#de
BKK
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UMA CARACTERIZAÇÃO DA PSICOTERAPIA
lucide2 e clare2a% esta é a!solutame#te i#compat5*el com a a0$o% por"ue #$o / moti*o para 'a2er coisa al)uma. A morte do so#o tra2 uma e&peri<#cia muito 'orte de solid$o. Ao co#*ersarmos com pessoas "ue *i*em o drama de uma solid$o mu ito i#te#sa% em )eral% depa ramos com um so#o "ue morreu. Para tais . pessoas% o a'eto% a preocupa0$o% a pro&imidade dos outros apro 'u#dam ai#da mais sua solid$o. É como se o amor e a preocupa0$o dos outros ao redor 'ossem a!surdos e *a 2ios% por"ue% sem o so#o% #ada se articula% o se#tido é #e)ado e #$o se tem como acoler e muito me#os retr i !uir car i#o. Muitas *e2es a pessoa carre)a em si um s o#o "ue morreu% e ela #$o co#se)ue a!a#do#ar e e#terrar esse so#o% pois isso é assustador . J assustador por"ue a de silus$o com um amor ou um ideal d/ a impress$o de "ue ,amais ela poder/ amar ou te r ideais de #o*o. E#t$o% ela se a)arra ao so#o morto% e este a escra*i2a #a co# di0$o de aus<#cia de se#tido. Ela 'ica presa #a 'alta de se#tido. É muito di'5cil #os apro&imarmos da pessoa "ue *i*e esse mome#to. O 'im de um so#o é .uma das 'ormas de perda do se#tido. Essa perda tra2 #$o ape#as dor . A pessoa po de se#tir "ue perdeu tam!ém e&atame#te o "ue 'a2ia sua e&ist<#cia ser di)#a de ser *i*ida . É como se ela se se# tisse 'er ida em sua di)#idade. Desaparece o "ue ti#a
BK
importG#cia% e% #essas oras em "ue um se#tido muito im porta#te da *ida se desarticula% o peri)o é "ue isso arraste tudo o mais% #um mo*ime#to "ue te#de a es*a2iar todas as coisas de "ual"uer si)#i'icado "ue ai#da possam ter. 8a aus<#cia de se#tido% 'ica di'5cil *i*er. Mas se a pessoa compree#der "ue% em!ora so#os se aca!em% a possi!ilidade de so#ar perma#ece% ela poder/ resta!e lecer um se#tido. Depois de a!a#do#ar um so#o morto% é ora de come0ar a so#ar de #o*o: é ora de come0ar a a!itar um #o*o so#o. 1ue é a!itar um so#o4 Sa!emos "ue somos 'r/)eis: por isso% precisamos de um lu)ar para morar . Isso *ai além da co#cretude do lu )ar% "ueremos a!itar 3emcasa3. Mas a #ecessidade de a!itar ai#da *ai mais l o#)e. Dotados de li#)ua)em% perce!e#do si)#i'icados% e capa 2es de so#ar% o precisar 3estaremcasa3 tem uma am plitude maior. Precisamos a!itar #o se#tido das coisas% a!itar #ossos so#os% "ue s$o os )ra#des articuladores de se#tido. 1uem ,/ passou pela e&peri<#cia de perder o se#ti do sa!e o "ue isso "uer di2er- ce)ar em casa e #$o ter mais casa% s6 um espa0o *a2io . a!itar #o se#tido é a possi!ilidade "ue procuramos.
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mesma 'orma como a e#co#tramos #a esta0$o rodo*i/ria 8a co#di0$o de seres "ue so#am e *
8$o ce)amos a uma d e'i#i0$o precisa de psico terapia. A *ia "ue escolemos percorrer *ai em outra di re0$o. J como podemos 'alar de psicoterapia #a perspec ti*a da Dasei#sa#al>se "ue% em #osso caso% é o "ue est/ em #osso ori2o#te e desti#o pro'issio#al.
Referência: Pompeia, João Augusto Na Presença do Sentido: Uma aproximação fenomenológica a uest!es existenciais "#sicas $ João Augusto Pompeia e %ilê &atit Sapien'a( São Paulo: )*U+ Paulus, -../(