UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE PSICOLOGIA
Uma análise do filme “Quanto vale ou é por quilo?” segundo o olhar de Karl Marx, por Daiane Santos e Tatiane Justine.
Em Marx observamos que o Estado gerencia meios para manutenção e inalteração do sistema capitalista, dessa forma conta com aparelhos de reprodução ideológica, cuja função é disseminar uma inversão do real, instituições como a escola e a igreja são veículos de instancias sociais diferentes, mas que em essência apresentam distorções da real classe, a qual o sujeito pertence, naturalizando por muitas vezes a riqueza ou a pobreza, atribuindo a primeira ao mérito do individuo e a segunda a incapacidade deste de responder as necessidades do mercado. Quero tratar em um primeiro momento da entidade presídio que dentro do arquétipo em questão é um dispositivo que em conformidade com o discurso ideológico burguês é uma ferramenta que visa reeducar aqueles que infringiram o direito a propriedade privada, todavia de acordo com Karl Marx isso nada mais significa do que a estruturação dos recursos da elite com o proposito de proteger seus lucros. “Quanto vale ou é por quilo?” é um filme dirigido por Sérgio Bianchi, em que há uma analogia entre o modelo econômico escravista e o nosso molde de produção capitalista, no qual se conclui de forma irônica, que em nome da “liberdade” vivemos uma escravidão contemporânea e por esse motivo, negros não possuem donos, Lázaro Ramos atua no filme como um negro, vindo de família pobre e que está preso, ao relatar as condições subhumanas do sistema penitenciário, enuncia: “Todo presídio tem um pouco de navio negreiro!”. Em outra linguagem o que Marx diria sobre o cárcere é que ele é um “tapete para esconder sujeira”, a sujeira e a miséria daqueles que são expl orados em nome do capital, daqueles que sustentam o lucro dessa nata, o cárcere também é uma punição para aqueles que tentam atrapalhar/fechar o círculo do capital, impedindo que o lucro gire. O filme ilustra isso: “Sequestro é uma forma de redistribuição de renda!”, ou seja , se tentam “desconfigurar” ou rearranjar a norma (capitalista), “cadeia neles!” Uma noticia recente publicada na internet mostra que nos Estados Unidos da América (EUA) há mais negros na
prisão do que no século XIX, apenas o titulo da noticia nos revela segundo o viés marxista que a prisão de fato é uma ferramenta de exclusão social. Vejamos o que diz Calixto: “De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. ” (CALLIXTO, 2013).
Disseca-se nesse trecho um apontamento do autor sobre os fenômenos e contingências socias, na qual esse preso foi inserido e problematiza as chances dele ser um sujeito bem sucedido. Outra tese que nos ajudar a compreender de forma mais periférica os temas aqui abordados é que para Foucault a prisão caracteriza-se como instrumento de “docilização dos corpos” e aparato de poder que atua junto ao c orpo do individuo, todavia sua importância não se restringe a tal, é estendida como uma “advertência” aos que estão do lado de fora das celas. Além de castigar os infratores da lei (burguesa, é claro), a prisão também é um ótimo negócio, nos EUA a penitenciaria é de iniciativa privada e o instituto
Pew Charitable Trusts
registrou durante alguns anos recordes consecutivos de lucros, o segundo mais rentável do país (CALIXTO, 2013). Com esses dados e uma análise mínima capta-se que essas corporações vão “zelar pela ordem”, com o intuito de garantir que muito pobre negro e marginalizado vá para a cadeia. O exame e estudo de Marx sobre a sociedade moderna foi bastante feliz e podemos notar na nossa contemporaneidade como tais eventos se dão de maneira aberta. Referencias: CALIXTO, Dodô. Penitenciárias privadas batem recorde de lucro com política do encarceramento em massa. Opera mundi, 2013. Disponível em: Acessado em 9 de novembro de 2014. CALIXTO, Dodô. Sem tempo para sonhar: EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX. Disponível em: Acessado em 9 de novembro de 2014.