© 2003, Editora Campus Ltda. — uma empresa Elsevier Science Ilustrações Esther Kreimer Bonder Editoração Eletrônica D!hoeni" Editorial Revisão Gráfica Edna Cavalcanti #o$erta dos Santos Bor%es Projeto Gráfico Editora Campus Ltda. & 'ualidade da (n)orma*+o #ua Sete de Setem$ro, — -2 andar 2000/002 — #io de aneiro — # — Brasil ele)one1 2 3450/4300 6a" 2 205/44 E/mail1 in)o7campus.com.$r 6ilial Campus1 #ua Elvira 6erra8, 49 0:2/0:0 — ;ila 9/32/59/0 C(!/Brasil, Catalo%a*+o/na/)onte. Sindicato >acional dos Editores de Livros, # ?@?B-4:s @?@?Bonder, @?>ilton@ ?So$re @?Deus @?e @?o @?sempre @?A @?>ilton @?Bonder. @?— @?#io @?de @?aneiro1 @?Campus, @?2003.@ ?(SB>1 @?9/32/59/0@ ?@. ?Deus @uda=smo.? @?2. @?empo @?eolo%ia. @?(. @?=tulo.@
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© 2003, Editora Campus Ltda. — uma empresa Elsevier Science Ilustrações Esther Kreimer Bonder Editoração Eletrônica D!hoeni" Editorial Revisão Gráfica Edna Cavalcanti #o$erta dos Santos Bor%es Projeto Gráfico Editora Campus Ltda. & 'ualidade da (n)orma*+o #ua Sete de Setem$ro, — -2 andar 2000/002 — #io de aneiro — # — Brasil ele)one1 2 3450/4300 6a" 2 205/44 E/mail1 in)o7campus.com.$r 6ilial Campus1 #ua Elvira 6erra8, 49 0:2/0:0 — ;ila 9/32/59/0 C(!/Brasil, Catalo%a*+o/na/)onte. Sindicato >acional dos Editores de Livros, # ?@?B-4:s @?@?Bonder, @?>ilton@ ?So$re @?Deus @?e @?o @?sempre @?A @?>ilton @?Bonder. @?— @?#io @?de @?aneiro1 @?Campus, @?2003.@ ?(SB>1 @?9/32/59/0@ ?@. ?Deus @uda=smo.? @?2. @?empo @?eolo%ia. @?(. @?=tulo.@
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A Sarita Solter z"l Anna Dorfman Dorfman z"l
O homem pensa e Deus ri. DITADO IÍDICHE
Sumário
I. INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 5 Eu Sou Seu Deus Aquele que No !................................................................................................ " Tempo nos #ua$ro %un&os............................................................................................................ '( II. INCURS)ES NO ANTES............................................................................................................. '5 Di*eren+a en$re ,assa&o e -An$es-................................................................................................. ' Tempo Re/resso............................................................................................................................. '0 Small 1an/..................................................................................................................................... (2 A %or$e 3omo '4 &o Na&a.......................................................................................................... 6" Ins$rumen$os &a Cria+o................................................................................................................. 2 7ron$eiras 3om o Na&a.................................................................................................................... 26 8os$o 9 E:is$;n3ia 7ora &o Corpo................................................................................................ 22 III. INCURS)ES NO A8ORA.......................................................................................................... 2< En3on$ro em Tempo Al/um............................................................................................................ 5' Te:$os para Es3apar &a Iluso........................................................................................................ 56 Corpo e o A/ora.............................................................................................................................. 55 Er=$i3o 9 O Sempre no -A/ora-................................................................................................... 5" I> INCURS)ES NO DE,OIS........................................................................................................... ' O %un&o >in&ouro......................................................................................................................... 2 ?imi$es &o -Depois-....................................................................................................................... < Enumera os Teus -A/oras-............................................................................................................. 0 Irre@ersiili&a&e &o Tempo............................................................................................................. <' >. INCURS)ES NO SE%,RE.......................................................................................................... <2 Um Tempo que B um ?u/ar............................................................................................................ <5 Sempre 9 Tempo sem Dire+o...................................................................................................... << Um %o&elo &e Ine:is$;n3ia............................................................................................................ " >I. INCURS)ES NA INEISTNCIA............................................................................................ "( A*e$o e ,resen+a............................................................................................................................. "6 O Tu que No E:is$e....................................................................................................................... " O Eu que No E:is$e...................................................................................................................... "0 E:is$e %as No HF........................................................................................................................ 0' U% 9 EHAD................................................................................................................................. 02
I. INTRODUÇÃO
DES Esta a)irma*+o do te"to $=$lico, mais do ue um al%oritmo ou uma hieraruia, F uma e"press+o meta)=sica com %randes implica*Ges. < HInesis, a Cria*+o, sJ )oi poss=vel atravFs da %era*+o de dualidade e de diversidade. Separa/se a lu8 da escurid+o, os cFus da terra, o homem da mulher e rami)icam/se espFcies ampliando a $iodiversidade, e assim se cria. < , entretanto, n+o se inclui sea na diversidade, sea na Cria*+o. < F uma %rave a)irma*+o ue ressoa de canto a canto de nossa consciIncia. >ele hM in)orma*Ges preciosas so$re a nature8a e o ocultamento de Deus. & uest+o da e"istIncia de Deus nos mo$ili8a pro)undamente n+o tanto pela curiosidade, mas por aco$ertar uma an%Nstia ori%inal. !or de)ini*+o, an%Nstia F a mistura entre pra8er e dor. 6icamos an%ustiados uando e"perimentamos a mistura do ue ueremos com auilo ue n+o ueremosO ou uando a certe8a e a dNvida se )undem. >o caso de Deus essa an%Nstia procede de con)irma*Ges e desmentidos ue se entrela*am %erando percep*Ges ue n+o podem ser descartadas e, ao mesmo tempo, n+o podem ser plenamente sustentadas. Deus se revela e se oculta. m )ator importante desta an%Nstia provFm do )ato de se e"cluir n+o apenas da Cria*+o mas, em particular, do tempo. & possi$ilidade de ue al%o possa estar )ora do tempo uestiona o parPmetro mais palpMvel de nossa rela*+o com a e"istIncia. &)inal, F no tempo ue nos perce$emos e F nele ue res%atamos a memJria do ue M e"istiu. &s implica*Ges de nos remete a um va8io, a uma ine"istIncia, ue nos F )amiliar. !or mais estranho ue pare*a, rever$era em nJs um ru=do constante ue provFm de uma Fpoca em ue n+o Framos nada. m ru=do ue pertur$a ao desa)iar nossa mais elementar no*+o de realidade. #elutamos em aceitar ue haa um tempo distinto do tempo lJ%ico, um tempo da e"istIncia ue n+o sea composto de passado, presente e )uturo. & invisi$ilidade de Deus talve8 sea o resultado de ser Ele o ue F e"terior ao )lu"o do nosso tempo. Deus ha$itaria num outro tempo1 em nenhum dos trIs tempos ue conhecemos, mas em um uarto tempo ue F o sempre. Esse tempo no ual tam$Fm estar=amos imersos, em$ora nos sea impercept=vel aos sentidos, F um parPmetro intuitivo presente em nossa consciIncia. Como se por um portal mM%ico pelo ual desvanece e reaparece, o sempre se )i8esse um )antasma perpFtuo. 'uando o sempre nos )a8 companhia, Deus e outras realidades se descortinam, uando des$ota, se con)i%ura como uma )antasia. Este livro F um convite para uma via%em. ;isa situar/nos num apa aior onde as coordenadas s+o dadas n+o por re)erIncias e"ternas, mas internas. #e)erIncias ue s+o sempre a histJria, o caminho tra*ado. Cada um de nJs contFm em si a memJria n+o acess=vel de uma incr=vel traetJria ue nos tra8 atF aui, neste momento e deste eito. Esta memJria )eita de passados e da sensa*+o de transitoriedade do tempo tam$Fm F repleta de um sentimento anti%o da presen*a do sempre e do . >ele reside a eternidade e a divindade. E esta )oi a revela*+o )eita ao pF do onte Sinai — Deus n+o estM no tempo, estM )ora dessa diversidade ue perce$emos como e"istIncia. &o proi$ir ualuer representa*+o em )orma so$re si, Deus revelava sua essIncia maior — sua alteridade ao tempo. udo o ue tem )orma )oi criado e moldado pela transitoriedade do tempo1 uma crian*a, um adulto, uma montanha, uma Mrvore ou uma pedra. Sua )orma F o retrato de uma histJria no tempo. < prJprio niverso estudado pela 6=sica e pela Cosmolo%ia tem seu tempo medido pela )orma, pela radia*+o emitida ou por sua e"pans+o. !odemos di8er ue se a ener%ia F uma propor*+o entre massa e velocidade, a e"istIncia F uma propor*+o entre )orma e tempo. udo ue tem )orma tem tempo. m Deus ue n+o tem )orma n+o estM sueito ao tempo. E para nJs ue vivemos
na percep*+o do tempo, essa F uma compreens+o e"tremamente di)=cil. & ausIncia de Deus no tempo n+o F uma prova de ue sea uma inven*+o ou uma ilus+o, mas ao contrMrio, a caracter=stica central de Sua essIncia. Especular acerca de um Deus ue n+o hM no tempo permite a$ordarmos certos aspectos de nossa prJpria e"istIncia. Como se o deslocamento pelo tempo )osse apenas a ponta de um ice$er% ue responde por um tempo de outra ordem. !ara tal via%em vamos )a8er uso de todos os recursos poss=veis para visuali8ar a silhueta desta e"istIncia ue n+o reside em nossa realidade.
Eu Sou Seu Deus Aquele que Não É < te"to $=$lico tem como meta principal introdu8ir o ser humano a seu Deus. &pesar de seus vMrios livros e testamentos, sua vers+o ori%inal aceita pelos he$reus compreende menos do ue o ;elho estamento. & orM !entateuco, o te"to sa%rado lido anualmente pelos udeus, se compGe apenas dos cinco primeiros livros da B=$lia. Essa vers+o resumida n+o visava servir de manual para rituais e condutas, como as diversas tradi*Ges a trans)ormariam a partir de sua interpreta*+o, mas unicamente como uma introdu*+o ou um mapa da Divindade. 'uem F este Deus ue alFm de ser um Nnico tem tam$Fm determinadas caracter=sticas di)=ceis de serem apreendidasQ & resposta ou a apresenta*+o deste Deus F a inten*+o maior da orM. Esta F a ra8+o maior de seu nome — orM — como o caminho ou a dire*+o. Caminho para ondeQ Coordenadas para uIQ !ara este Deus Nnico, criador e animador da realidade. Se uisFssemos ser ainda mais puristas dir=amos ue a orM compGe/se apenas de dois livros1 o HInesis e o R"odo. alve8 da= a idFia de apenas duas tM$uas como apresentadas na ima%em do rece$imento dos livros no onte Sinai. Estes dois livros desenham teoricamente esse caminho de cone"+o ou compreens+o da Divindade. < HInesis contFm a Cria*+o n+o sJ do niverso, mas de Deus. Do para=so de &d+o e Eva, passando pelas di)iculdades Fticas $Msicas das %era*Ges atF >oF ue n+o identi)icavam nenhum compromisso entre criatura e Criador, che%a/se s primeiras no*Ges acerca deste Deus. rata/se da era dos patriarcas e matriarcas, matri8es ue s+o de um ser humano com a consciIncia necessMria para identi)icar Deus em sua realidade. >este estM%io, Deus se mani)esta atravFs das rela*Ges )amiliares e particularmente atravFs da uest+o de so$revivIncia pela continuidade e procria*+o. Sua uest+o maior se apresenta na escolha das lideran*as e dos caminhos ue permitir+o a e"istIncia de um )uturo ue melhor os preserve. Entretanto, o HInesis n+o di8 apenas respeito Cria*+o do ser humano, mas acima de tudo cria*+o de Deus. alve8 o arremate )inal na cria*+o do ser humano, ou o tFrmino em si da prJpria Cria*+o, sJ aconte*a no momento da desco$erta de ue hM um Deus na realidade. < R"odo, por sua ve8, relata a histJria de oisFs e da sa=da do E%ito e intitula/se Shemot nomes em he$raico. al t=tulo deriva da se%unda palavra contida em seu te"to e ue se inicia com "Estes (são os nomes"! < t=tulo captura o sentido literal de R"odo ue se inicia listando os nomes das )am=lias descendentes de aco$ e ue sa=ram da escravid+o do E%ito. Em um sentido mais sim$Jlico, porFm, este F o livro no ual o >ome de Deus serM apresentado. !or nome devemos compreender a essIncia, al%o ue e"presse a individualidade dauilo ue nomeamos. < R"odo F $asicamente um livro ue e"plicita, ou melhor, revela o >ome deste Deus ue os patriarcas e matriarcas conheceram em sua realidade, mas ue n+o sa$iam nomear. >+o sa$I/lo denota um conv=vio sem compreens+o ou uma dimens+o intuitiva carente de consciIncia acerca de Sua essIncia. uito provavelmente &$ra+o compreende este Deus como o Deus do )uturo. m Deus preocupado em lhe prover )am=lia e descendIncia.
< Deus ue se revela a oisFs )a8 uest+o de nomes. oisFs, porFm, ue primeiro se mostra interessado pela nature8a de Deus ao per%untar seu nome diante da sar*a ardente. E Deus n+o lhe )urta uma resposta como )urtara anteriormente a aco$1 E disse oisFs a Deus1 Eis ue uando eu vier aos )ilhos de (srael e lhes disser To Deus de vossos pais enviou/me a vJsU, e dir+o para mim1 T'ual o seu nomeQU — 'ue direi a elesQ E disse Deus a oisFs1 Serei < 'ue Serei. E disse1 &ssim dirMs aos )ilhos de (srael1 Serei enviou/me a vJs. E". 313/:
Esta F a primeira re)erIncia ue Deus )a8 a seu nome como uma essIncia e"pressa pelo tempo. Serei #ue Serei contFm identidade porue aparece na primeira pessoa e contFm temporalidade. &parentemente F um tempo )uturo, mas F mais do ue um tempo )uturo. !ara isto teria $astado chamar/se de Ehie — Serei! VM um es)or*o lin%W=stico por determinar um ver$o num tempo novo. deste tempo ue Deus desea )alar como )orma de se )a8er compreendido por sua criatura. 'ue tempo F esteQ E por ue Deus se de)iniria como uma e"press+o no tempoQ Essa parece ser a %rande revela*+o de R"odo, uma revela*+o ue ousa a$ordar a uest+o da prJpria essIncia do Criador. & centralidade da uest+o do >ome em R"odo reaparece em outra passa%em em ue Deus tenta esclarecer oisFs acerca de sua nature8a. E )alou Deus a oisFs e disse/lhe1 Eu sou XVYV. E apareci a &$ra+o, a (saue e a acJ como ShadaiO mas por meu nome, XVYV, a eles n+o me )i8 sa$er E". -13
< si%ni)icado de a eles n+o me )i8 sa$er denota maior amplitude a este novo >ome. ais ainda, este >ome contFm em si al%uma in)orma*+o ue vai alFm dauela conhecida pelos patriarcas. & eles Deus se revela como Shadai$ como um Deus ue F parte da nature8a. &%ora, a oisFs, novamente o >ome de Deus se e"pressa pelo tempo. Da mesma )orma ue Serei #ue Serei" se. es)or*a para de)inir um tempo distinto, XVYV, o etra%rama em )orma de >ome/revela*+o, tam$Fm F um empenho por de)inir al%o novo. 'ualuer pessoa )amiliari8ada com a l=n%ua he$raica sa$e ue XVYV estM associado no*+o de tempo, uma ve8 ue contFm o radical do ver$o e"istir ou do ver$o SE#. Como a l=n%ua he$raica n+o declina o ver$o ser no presente, XVYV parece ser uma mistura dos ver$os ele serM, ele )oi e ele F somado ao %erNndio do ver$o SE#. M outros pre)erem a leitura do etra%rama como uma representa*+o do tempo presente VYV sendo precedido pela part=cula X, ue lhe dM um sentido )uturo. essa leitura, Deus se de)ine como a prJpria )or*a motri8 do tempo. ais do ue se e"pressar como o tempo — lem$rando ue o tempo desi%na )orma e Deus se revelou nos De8 andamentos como ausente de )orma ou irrepresentMvel —, talve8 haa aui um es)or*o para tornar vis=vel ao humano al%o ue lhe F interdito. Em resumo, o etra%rama seria um cJdi%o do tempo. Como um al%oritmo ou uma instru*+o so$re o tempo. >este sa$er estaria o mapa ou o caminho orM ao Criador. Como se empenhado em mediar entre o sa$er e nossa i%norPncia, o Criador talve8 estivesse di8endo ue o maior o$stMculo a Ele F a no*+o limitada ue temos do tempo. Sem ultrapassar nossa ilus+o do tempo, n+o podemos nos sensi$ili8ar presen*a ou e"istIncia do Criador. Basicamente Deus n+o hM na realidade ue conce$emos no dia/a/ dia. Esta seria a ra8+o do es)or*o por esta$elecer outros parPmetros para a leitura da
realidade ue permitam en"er%ar o ue estM para alFm de nossa vis+o. Esta, em si, F a #evela*+o. +o )a*am )ormas de im nem tentem desenhar per)is de im. !ois Eu sou auele ue n+o tem )orma. &uele ue estM )ora do tempo ue vocIs conhecem. Eu Sou a essIncia dauilo ue n+o hM, mas ue perpassa a realidade de vocIs a todo o momento. inha atemporal idade F a chave )undamental para ue vocIs conhe*am uma outra )ace da realidade. >a presen*a de al%o ue n+o se representa F ue vocIs se maravilham e se atemori8am. M%ica e responsa$ilidade s+o produtos desta invisi$ilidade constante em nossas vidas. Louvar o Deus ue n+o F e"pressa a suprema so)istica*+o de uem tem )F. & %rande chave F o tempo, ou melhor, a capacidade de a$andonar os %rilhGes do tempo ue nos aprisiona a uma realidade parcial e, portanto, ilusJria. eras centelhas da percep*+o desta outra dimens+o do tempo M s+o su)icientes para descortinar um sem/)im de novos portais ue s+o orM, caminho a$erto ao Criador ue n+o F. 'ue tempo F esse pelo ual a essIncia do Criador se e"pressaQ < ue podemos apreender so$re o tempo a partir dessa #evela*+oQ
&>ES, &H<#& E DE!<(S
& percep*+o do tempo F )ruto do pro$lema )undamental da consciIncia1 a compreens+o da transitoriedade. < ue no +o hM nada mais racional do ue a no*+o de tempo. Ela F o instrumento maior do pensamento e, ao mesmo tempo, seu maior o$stMculo. Sua utilidade F t+o %rande uanto a limita*+o ue nos impGe. >ossa mais sJlida re)erIncia e tam$Fm nossa maior i%norPncia. Sai$a, o tempo nada mais F do ue produto da i%norPncia1 ou sea, o tempo nos parece real porue nosso intelecto F t+o limitado. 'uanto maior o intelecto, mais insi%ni)icante se torna o TtempoU. ome um sonho, por e"emplo. >ele o intelecto menor se torna adormecido e um per=odo de 50 anos pode passar em menos de um uarto de hora... #e$ >achman de Bratslav, in=cio do sFculo Z(Z.
Como o sol ue nasce e se pGe, dando a sensa*+o ue F ele ue se desloca, o tempo nos ilude de )orma semelhante. Somos nJs ue passamos, mas F o tempo ue parece se deslocar. Enunciar o tempo pela perspectiva da nossa passa%em F )alar ao
invFs de passado, presente e )uturo, de antes, a%ora e depois. )alar de antes como um tempo do nJs, o a%ora como um tempo do eu e o depois como um tempo do eles. o nosso deslocamento, nossa impermanIncia, ue produ8 esta sensa*+o de antes, a%ora e depois. Enuanto tudo ue e"iste tem um passado, presente e )uturo, sJ o ue F vivo tem um antes, a%ora e depois. 6a*amos uma $reve anMlise so$re a certe8a do antes, o pra8er e a dor do a%ora e o medo e a )antasia do depois.
Tempo nos Quatro Mundos
>os Salmos e na litur%ia udaica aparecem cita*Ges ue descrevem o andamento do tempo pela perspectiva de DUus. DUus F so$erano, DUus )oi so$erano, DUus serM so$erano — para todo o sempre %ah &elech$ %ah &alach$ %ah Imloch 'elam )aed! Essa a)irma*+o F comumente entendida por seu sentido literal — pressupGe trIs tempos distintos1 o presente, o passado e o )uturo. >o entanto, hM uma outra leitura poss=vel ue aparentemente n+o )a8 sentido em nossa e"periIncia da realidade cotidiana, mas ue se adeua a uma importante teoria da m=stica udaica — a e"istIncia de uatro mundos. sado como uma )orma elementar de decodi)ica*+o da realidade, calcada na e"istIncia de uatro elementos $Msicos, a Ca$ala a)irma ue tudo neste mundo pode ser decomposto em uatro distintas dimensGes. udo pode ser descrito por uatro componentes nos mundos — )=sico, emocional, intelectual e espiritual. < prJprio >ome revela estas uatro dimensGes. Se tomarmos esta interpreta*+o, poder=amos tradu8ir o Salmo como representando Deus no tempo, em uatro di)erentes tempos1 o presente F so$erano, o passado )oi, o )uturo serM e o sempre para todo o sempre. < tempo presente F o tempo )=sico. >ele hM dor e hM pra8er. < corpo nutre ou se des%asta, se revi%ora ou adoece. >ele a e"istIncia acontece e nele ela se des)a8 — nascemos e morremos em a%oras. Este incr=vel tempo instantPneo F e"perimentado como tendo supremacia so$re o passado e so$re o )uturo. Enuanto no passado sJ e"iste a dor e o pra8er da lem$ran*a e no )uturo a dor do medo e a e"pectativa da antecipa*+o, no a%ora e"iste uma ine%Mvel concretude. Este F o tempo do E, onde o e%o reina e a uem nos su$metemos pela promessa de nos res%uardar e salvar. Sua preocupa*+o maior F e"pressa pela per%unta ComoQ, ou sea, de ue maneira optar M ue este F o tempo onde as decisGes acontecem. !or sua )luide8 — uma ve8 ue nossa percep*+o n+o captura nunca o presente, estando sua sensa*+o sempre a um passo atrMs M tendo sido, ou a um passo adiante ainda na ima%ina*+o —, F ue o presente se mani)esta pelo elemento M%ua. < passado, por sua ve8, assume a roupa%em e"istencial do antes com toda a sua car%a a)etiva. o tempo inclusivo do nJs, onde todos os ue dele participaram constituem o %rupo ue nos )ormou atF o presente momento. Sentimos como se eles )ossem partes de nJs, parte dauilo ue nos tornamos. Da= )uncionar na primeira pessoa do plural e representar a per%unta/sensa*+o De
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ESSOA ER!UNTA E"EMENTO
'uando )a8emos um e"erc=cio de matemMtica estamos $asicamente e)etivando modelos de leitura do )uturo. 'ualuer enunciado de pro$lema nos )a8 ima%inar e %erar respostas. Essas respostas s+o antecipa*Ges de cenMrios poss=veis. Sua representa*+o F o )o%o ue F imaterial comparado concretude da terra passado ou mesmo da M%ua presente. Deus se mostra a oisFs numa sar*a ardente, so$ a )orma de )o%o, pois estM prestes a e"por/se atravFs da #evela*+o no onte Sinai, $asicamente de nature8a intelectual. &)inal, a lei F um e"erc=cio de )o%o, ou melhor, um e"erc=cio intelectual de podes e n+o podes, ou melhor ainda, um e"erc=cio )uturo de identi)icar conseWIncias para nossas escolhas do presente. Sua prospec*+o atravFs da per%unta — !ara onde vamosQ — $usca %arantir preserva*+o atravFs da melhor escolha, alFm de conter elementos da moral. Como toda constru*+o ou modelo F impessoal, sendo representada pelo mundo da terceira pessoa do plural. < )uturo pode nos preocupar, mas n+o pode conter nada, nem mesmo sentimentos. < presente F marcado por sentimentos, o passado, por a)etos ue se tornam sentimentos no presente. M o )uturo mesmo tendo representa*Ges em sentimento no presente tais como a inse%uran*a ou o sonho, n+o dispGe de a)eto ou ualuer outra mani)esta*+o alFm do ue se processa no presente. !or isso F um mundo ue apesar de nos incluir, di8 respeito a eles. rata/se de uma inclus+o mental, uma elucu$ra*+o destitu=da de e"periIncia. < sempre, no entanto, F como uma moldura, um pano de )undo ao tempo. Enuanto o tempo esta$elece )ormas e as de)orma, con)orma ou re)orma, o sempre responde pela essIncia. Sua e"istIncia nos parece imaterial como o ar — parece/nos verdadeiramente n+o e"istir. >+o hM )antasia ue o preencha porue estM alFm da possi$ilidade da dor ou do pra8er. al como nossa e"istIncia antes de nascermos n+o se presta a ul%amento. Como eraQ De onde FramosQ !ara onde =amosQ S+o per%untas desprovidas de sentido uando pertenc=amos a esse nada, ou a esse sempre. >ele n+o havia passado, presente ou )uturo ou mesmo antes, a%ora e depois. < tempo n+o passava, ou melhor, nJs n+o passMvamos. Sua pessoa F a se%unda do sin%ular. < tu ue F e"terno ao eu do presente, ue n+o inclui o nJs do passado, e ue n+o aceita elucu$ra*Ges )antasiosas so$re o eles do )uturo, F a pessoa do sempre. E com este tu ue o eu do presente dialo%a a cada momento. odas as $In*+os em he$raico se re)erem ao etra%rama como u *aruch +ta %,-,$ como uma presen*a )ora da nossa e"istIncia. verdade ue o eles do )uturo nos parece tam$Fm e"terno. porFm um e"terno mental, irreal, enuanto ue o u F uma presen*a ine"istente em nJs, mas uma constante em nossa e"periIncia.
& M%ua, o presente, tam$Fm pode nos iludir e uerer )a8er/se passar pelo sempre. &)inal o presente, em particular o a%ora, parece/nos uma seWIncia in)inita de e"periIncias ue se assemelham a um sempre. >o entanto, como a M%ua, o a%ora tem )orma e estM, portanto, dentro do tempo. & M%ua pode nos )a8er acreditar ue n+o tem )orma, mas ela se con)orma. < ar ou os %ases ue se e"pandem, entretanto, n+o tem )orma. >+o F apenas por acaso ue a M%ua e o ar %ases s+o )ronteiri*os. ossos parPmetros de percep*+o, no entanto, nos o$ri%am a estudarmos mais pro)undamente os tempos como os conhecemos — passado, presente e )uturo — lu8 de nosso )u%idio discernimento de um tempo sempre.
'
Esses parGme$ros re$ira&os &os elemen$os &e nossa e:peri;n3ia 3o$i&iana so me$F*oras 3uas represen$a+es no so e:a$as so por$an$o sensoriais e no men$ais. ,o&eriaJse ar/Kir por e:emplo a$ra@Bs &a *Lsi3a &as par$L3ulas que o ar sim possui *orma.
II. IN#URS$ES NO ANTES
D%&eren'a entre assado e (Antes( < passado F uma constru*+oO o antes, por sua ve8, e"istiu. >+o importa uanta in)orma*+o tenhamos do passado, ele serM sempre composto de um " nNmero de versGes. Suas versGes ser+o sempre um relato ou uma descri*+o, e ele, portanto, nunca terM realmente e"istido. >em mesmo a possi$ilidade teJrica de todas as in)initas poss=veis versGes captura a e"istIncia, porue F um olhar, um vo^eurismo do tempo. esmo os aromas, os %estos, as inten*Ges, os sonhos, os deseos, as intera*Ges, a mentalidade, as concep*Ges, as sutile8as e tantos itens mais, mesmo ue pudessem ser descritos, apenas comporiam este tempo morto, ine"oravelmente passado. & percep*+o de passado F responsMvel por al%uns )en_menos humanos importantes, entre os uais se destaca a identidade , a mor$ide8 e a solid+o. & identidade F produto da vers+o do passado aplicada ao prJprio indiv=duo. &s versGes de nosso passado nos d+o uma sensa*+o de identidade — de um eu ue F prota%onista de tudo ue aconteceu. Este lu%ar de prota%onista esta$elece um enredo ue produ8 a sensa*+o de traetJria e de caminho. & mor$ide8, por sua ve8, F a vers+o do passado aplicada e"istIncia. < )ato de o passado ser composto de cenas ue se e"tin%uiram e das uais M )i8emos parte dei"a em nossa memJria contornos mJr$idos so$re a e)emeridade. &conteceu e n+o F mais, n+o estM mais. Esta percep*+o se torna ine%Mvel e, muito mais do ue o postulado meramente teJrico so$re nossa )initude, produ8 certe8a so$re a morte. & morte n+o F real, mas o ue M )oi e n+o F mais, isso F a$solutamente concreto e real. M a solid+o, trata/se da vers+o do passado aplicada aos outros. < )ato de termos nosso destino totalmente desvinculado dos outros nos tra8 o discernimento de nossa solid+o. >+o importa o u+o unto esteamos dos outros, nosso destino F particular. Estas trIs percep*Ges, no entanto, s+o as )ormas espec=)icas com ue se mani)esta a i%norPncia causada pela ilus+o de e"istir um tempo passado. odos, sem e"ce*+o — identidade, mor$ide8 e solid+o — s+o ilusGes ou mira%ens produ8idas pela e"istIncia. < antes, porFm, e"iste. Como uma e"periIncia viva ue nos constituiu e ue F parte de nJs, o antes n+o )a8 )ronteira com o a%ora, como )a8 o passado com o presente. < antes desem$oca no a%ora. Como com$ust=vel da trans)orma*+o e da transitoriedade ele che%a )uncionalmente ao a%ora, ue por sua ve8 produ8irM o potencial do depois. < antes F apenas um componente da e"periIncia de antes/ a%ora/depois. >o processo de trans)orma*+o o antes representa o elemento da cria*+oO o a%ora, o elemento da revela*+oO e o depois, o elemento da reden*+o. < antes F a matFria/prima da impermanIncia e teve ue ser criado. Esta F provavelmente a melhor tradu*+o da primeira )rase da B=$lia1 Com o TantesU .ereshit$ atravFs do TantesU, DUus criou os cFus e a terra. < primeiro a%ora )oi um um$i%o do sempre. as ao ser sucedido por um novo a%ora criou/se o antes, esta$elecendo um moto cont=nuo de a%oras e depois. Estava criado este universo ao criar/se uma e"periIncia de tempo particular. &S '&#< E]#(&S DE &>ES
odo o antes )oi em al%um momento um a%ora, ou sea, )oi um momento revelado, inFdito e irreprodu8=vel. !ara os ra$inos a nature8a de uma revela*+o t+o mM%ica como o a%ora sJ poderia ser descrita pela metM)ora utili8ada na #evela*+o do onte Sinai no rece$imento das M$uas da Lei. Se%undo eles a revela*+o seria %uardada ou preservada de duas )ormas — em per%aminho ou esculpida na pedra. Estas duas )ormas de preservar a memJria da revela*+o o a%ora eram em$lemMticas de dois processos internos de nossa lem$ran*a. < primeiro, o per%aminho, F um meio ue permite rece$er so$re sua super)=cie a tinta. Esta tinta, por sua ve8, produ8 o te"to ue com ela )oi escrito e ao mesmo tempo, e n+o menos importante, o conte"to ue F constitu=do do entorno $ranco ue circunda o desenho das letras )eitas com esta tinta. < per%aminho seria a memJria ue podemos acessar ou a memJria voluntMria, e ue se su$divide em duas Mreas1 e"pl=cita te"to impresso so$re o per%aminho ue F como lem$ramos dos acontecimentos e sentimentos, ou 2 impl=cita $ranco ue circunda o te"to ue dedu8imos da realidade ue circunda nossa lem$ran*a e"pl=cita. !osso lem$rar de uma desaven*a, por e"emplo, para somente anos depois entender inNmeras circunstPncias ue propiciaram auela e"periIncia. >+o se trata apenas de uma anMlise posterior, mas de uma verdadeira memJria de coisas ue, por uma ra8+o ou outra, decidimos ocultar e ue F responsMvel por lem$rar/nos de nosso passado da maneira ue lem$ramos. #es%atar esta memJria impl=cita F parte do processo de terapia psicanal=tica. al F a )or*a da participa*+o deste conte"to na e"periIncia ue, uma ve8 revelado, altera por completo a compreens+o do te"to ou da memJria a)etiva do passado. >+o podemos mudar o passado — a$andonar dores anti%as ou des)rutar de pra8eres passados —, mas podemos modi)icar a maneira com ue o antes atua no a%ora. >o entanto, o ue mais nos interessa F a memJria no sentido da escultura em pedra ou involuntMria. & ima%em de M$uas da Lei F $astante intri%ante. Di)erente do per%aminho, o esculpir n+o %era nenhum outro material, como a tinta ue se so$reponha pedra. a prJpria pedra ue F retirada. &s letras esculpidas te"to s+o parte da pedra conte"to. >+o F poss=vel, portanto, lem$rar de um te"to como sendo o$etivo e de um conte"to dedut=vel de )orma separada. < te"to e o conte"to s+o uma Nnica coisa. & memJria esculpida F de nature8a involuntMria.
memJrias evolutivas ue constituem memJrias de e"istIncia mesmo ue n+o possamos acessM/las conscientemente. Este seria um meta/te"to, pois ao mesmo tempo ue descreve a realidade, se con)unde em nature8a com o conte"to ou com a prJpria memJria. Vaveria, no entanto, uma outra )orma involuntMria e impl=cita encravada em nJs. rata/se de um componente na memJria involuntMria ue pertence a um tempo em ue n+o e"ist=amos. al como o Criador n+o e"iste nesse tempo transitJrio do ual todas as outras memJrias s+o constitu=das, nJs tam$Fm ter=amos uma parcela de ima%em e semelhan*a ue nos dotaria de uma n+o e"istIncia no tempo. Este va8io, este nada de nossa ine"istIncia seria como o entorno $ranco do per%aminho na dimens+o da pedra esculpida. Seria o ue os ca$alistas conheciam como o esculpir ue va8a a pedra de lado a lado. >+o apenas n+o se tem tinta, ou sea, te"to e conte"to s+o )eitos da mesma essIncia na pedra esculpida, mas desta ve8 o nada, o va8io, F ue determina o te"to e para os dois lados da pedra. < ue o $ranco representa para a tinta, o va8io representa para a escultura. &o mesmo tempo em ue o nada F o te"to dessa pedra, con)unde/se em nature8a com o conte"to do o$eto pedra esculpida cuo entorno F tam$Fm o va8io, )ormando, portanto, ue denominar=amos de um meta/conte"to. >essa es)era o e"iste, o te"to )eito de va8io, F da mesma nature8a do conte"to va8io e"terno de seu conte"to a pedra. VM plantado em nJs uma ine"istIncia ue de)ine um te"to em nossas vidas e ue nos permite conhecer o meta/conte"to de nossa e"istIncia. Essa memJria de pedra/ esculpida/va8ada F re%istro de nossa ine"istIncia.
MEM)RIA
MUNDO
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TEMO
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Tempo Re+resso
!ara retrocedermos s )ronteiras do nada no passado temos ue )a8er uso do antes. &travFs do antes podemos re%redir no tempo com a inten*+o de tan%enciar o passado $uscando, ao invFs de mer%ulhar nele, dele nos desprendermos. SJ assim podemos ser arremessados para )ora do tempo passado e penetrar neste meta/conte"to no ual o antes mas n+o o passado estM imerso. !ara empreendermos uma ornada desta nature8a em tempo re%resso, temos ue atin%ir o limiar de um antes t+o lon%=nuo ue nos permita sair do passado e permanecer na realidade do antes. E, portanto, um antes ue vai para alFm da memJria voluntMria e ue )a8 incursGes por uma realidade ue n+o possui te"tos e conte"tos dedut=veis. claro ue n+o seremos $em sucedidos neste intento e este reconhecimento se )a8 necessMrio antes de em$arcarmos nesta ornada. >+o seremos $em sucedidos ustamente por ser a nau desta via%em )eita de tinta e de pensamentos. &m$os n+o pertencem ao mundo da escultura, uanto menos do va8io, e estar+o sempre nos dei"ando )rustrados a um passo de onde %ostar=amos de che%ar, $arrados nas al)Pnde%as da e"istIncia. !orFm a simples e"periIncia de che%ar/se a essas )ronteiras F repleta de mistFrios e maravilhamentos. Contaremos, no entanto, com dois importantes instrumentos. < primeiro deles F o conto. achman de Bratslav, para muitos a principal )onte da ual Ka)a $e$eu. Entre seus mFritos estava o dom de se )a8er um canal por onde o inconsciente e as pro)unde8as do ser )lu=am super)=cie como incandescentes orros de lava. Suas mM"imas so$re ale%ria e desespero despeam este material $ruto tra8ido das pro)unde8as humana. < se%undo F o mito. Enuanto o conto F o recurso individual para dei"ar )luir o inconsciente, o mito F o recurso coletivo. ;amos, portanto, ele%er o mito $=$lico da Cria*+o como um se%undo instrumento. < cru8amento deste conto so$re as ori%ens e o mito das ori%ens pode ser um poderoso instrumento para entendermos onde nossa histJria e nosso passado est+o esculpidos. ... &conteceu certa ve8 uando um navio sin%rava o mar. ;eio ent+o uma tempestade muito )orte e o navio se partiu, mas as pessoas se salvaram. Elas su$iram numa torre $astante alta, e na torre encontraram roupas, comida e vinho e tudo de $om. !ara passar seu tempo, propuseram umas s outras1 ;amos cada um contar a histJria mais anti%a ue nos venha ca$e*a, e veremos uem tem a memJria mais arcaica.
;elhos e ovens estavam entre eles, e o primeiro a )alar )oi o mais velho de todos e seus ca$elos M eram $rancos por conta do tempo. < ue posso lhes contarQ, disse ele. Eu ainda me lem$ro uando a ma*+ )oi cortada do %alho. &pesar de se encontrarem entre eles muitos sM$ios, nenhum compreendeu o sentido de sua histJria, mas todos concordaram ue era de tempos muito anti%os. Ent+o o se%undo mais velho em idade disse1 Esta F realmente uma histJria muito anti%a Eu, no entanto, lem$ro uando isto aconteceu e me lem$ro ainda antes... uando a veia ainda estava acesa. odos concordaram ue esta era uma histJria ainda mais anti%a ue a primeira, e se admiraram como uma pessoa mais ovem poderia se lem$rar de al%o mais anti%oO pediram ent+o ao terceiro mais velho ue lhes contasse uma histJria, pois che%ara a sua ve8. Lem$ro/me atF mesmo de uando a )ruta come*ou a crescer, disse ele, pois a )ruta estava apenas come*ando a tomar )orma. Esta F uma histJria, sem dNvida al%uma, ainda mais anti%a, todos concordaram. E o uarto mais velho se pronunciou1 Eu lem$ro de uando a semente )oi tra8ida para ser plantada na )rutaO o uinto disse1 Lem$ro/me do sM$io ue pensou so$re a sementeO o se"to, ue era ainda mais ovem, declarou1 Lem$ro o %osto da )ruta antes mesmo ue o %osto entrasse na )rutaO o sFtimo disse1 Eu me lem$ro do aroma da )ruta antes ue a )ruta tivesse um aromaO o oitavo, porFm, arrematou1 !ois eu me lem$ro da aparIncia da )ruta antes ue a )ruta pudesse ser vista, e eu ainda sou uma crian*a. < narrador da histJria, o mendi%o ce%o, disse1 Sai$am ue eu era o mais ovem em anos entre todos nauela torre, e depois ue todos )alaram eu me pronunciei1 TEu me lem$ro de todaO estas coisas e mais, eu me lem$ro a coisa ue F o >ada.U odos ue lM estavam concordaram ue a minha histJria era de al%o muito distante, de um lon%=nuo passado, mais anti%o do ue todos os outros acontecimentos, e se admiraram da crian*a cua memJria ia mais lon%e do ue a memJria da pessoa mais velha. E ent+o ouvimos o $ater de asas nas paredes da torre e vimos uma %rande M%uia. Ela disse1 ;ou retirM/los desta torre, o mais velho primeiro e assim sucessivamente, de acordo com a idade. E ent+o ela tomou/me primeiro e o mais idoso em anos ela tomou por Nltimo. 'uando estMvamos todos M )ora da torre, ela nos disse1 !osso e"plicar/lhes todas as histJrias ue vocIs contaramO pois auele ue se lem$rou uando a ma*+ )oi cortada do %alho, lem$rou/se como em seu nascimento )oi cortado de sua m+eO a vela incandescente, era o $e$I no ventre de sua m+e, pois estM escrito ue uando a crian*a estM no Ntero uma vela )ica acesa so$re sua ca$e*aO e auele ue recordou uando a )ruta come*ou a crescer, lem$rou/se de como os seus mem$ros come*aram a se )ormar no Ntero maternoO uem lem$rou como a semente )oi tra8ida, recordou como )oi conce$idoO e auele ue relem$rou a sa$edoria ue criou a semente, lem$rou de uando a concep*+o ainda estava na menteO o %osto ue precedia a )ruta, era a memJria da E"istIncia ne)eshO o aroma, o Esp=rito ruachO a vis+o, a &lma neshamaO irias a crian*a ue lem$rou do >ada )oi mais lon%e no
passado do ue os demais, pois se recordou do ue e"istia antes da E"istIncia, do Esp=rito e da &lmaO relem$rou/se da vida ue pairava so$re o limiar da eternidade. Sete &endi/os$ Re, Na-man de *ratsla/
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ma das inten*Ges n=tidas deste conto de #e$ >achman F !ertur$ar nossa no*+o acerca do tempo. Sua lJ%ica se $aseia na idFia de ue o mais anti%o F na verdade o mais novo e o mais novo o mais anti%oO e sua estratF%ia constitui/se em cercar o >ada por seus prJprios limites. 'uando che%amos a este mundo, se por um lado n+o temos e"periIncia al%uma so$re a realidade e so$re o tempo, por outro carre%amos uma misteriosa memJria por sermos imi%rantes do >ada. m $e$I estM mais perto do va8io da ine"istIncia do ue o velho, apesar de o Nltimo estar mais prJ"imo de reencontrM/lo. Este ciclo de >ada/e"istIncia/>ada permite ao velho maior memJria voluntMria, mas )a8 do mais ovem al%uFm mais =ntimo da memJria involuntMria. < velho tem muitas memJrias e"pl=citas e impl=citas de sua caminhada pela realidade, memJrias ue pode manipular relem$rando/as, analisando/as ou simplesmente )icando delas saudoso. < $e$I, por sua ve8, estM imerso nas in)orma*Ges involuntMrias. Heneticamente ele sa$e o ue )a8er porue sua memJria tem re%istros de etapas e processos a serem empreendidos. !orFm, para alFm desta M inacreditMvel memJria nele esculpida, estM essa )amiliaridade com o >ada ue o conto Sete &endi/os tenta capturar. < tempo do $e$I ainda F de)ormado pela pro"imidade com o >ada. Ele dorme a maior parte de seu dia e sua percep*+o do tempo F de ue este F in)inito. !ara ele o tempo se mede por intensidades e n+o por comprimento. poss=vel ue o tempo do sempre sea tam$Fm mais uma medida de intensidades do ue de seWIncias. Como se houvesse um tempo vertical, di)erente deste tempo hori8ontal ue e"perimentamos durante a e"istIncia. &l%o como e"perimentamos nos sonhos onde a seWIncia F necessidade apenas do indiv=duo ue desperta e tenta reco$rar a lJ%ica de um tempo desconhecido. & e"periIncia alFm de )rustrante, revela o tempo seWencial como impotente no res%ate de uma e"periIncia vivida por outra dimens+o temporal. & realidade do tempo seWencial parece mais or%ani8ada e mais so)isticada porue serve aos propJsitos de controle manipula*+o. < pensamento precisa da $en%ala de um tempo seWencial para n+o se tornar re)Fm de uma realidade ue n+o pode ser apreendida. &ssim sendo, o antes F o ue precede o a%ora, para ele hM sempre um depois. >um tempo vertical hM apenas o durante. >este, por outro lado, perdura uma medida a$soluta ue )unde antes e depois em um a%ora permanente. < $e$I e nossa memJria in)antil ainda se recordam destas e"periIncias tan%enciais. #e$ >achman inicia nos posicionando em rela*+o prJpria realidade. < tempo F uma pertur$a*+o na eternidade. Da= a idFia de um navio ue sin%rava os mares como ima%em de uma realidade no sempre. E veio ent+o uma tempestade e rompe o navio. Essa tempestade F a pertur$a*+o do tempo seWencial ue rompe o sempre e coloca as pessoas numa torre $astante alta, e na torre encontraram roupas, comida e vinho e tudo de $om. >a torre da realidade da e"istIncia hM a vivIncia de tudo de $om. o tempo seWencial e sua impermanIncia ue na verdade produ8em os conceitos de $om e
ruim. < $om e o ruim ou o conceito de $em e mal s+o su$stratos da e"istIncia do antes e do depois, como a$ordaremos mais )rente. ma ve8 na torre — na e"istIncia —, os ha$itantes da torre tentam )a8er uma re%ress+o ao mais anti%o e desco$rem ue os mais novos lem$ram do mais arcaico. < tempo parece seWencial de )orma re%ressa, mas vai tan%enciando o antes interno ao invFs de se )i"ar no passado e"terno. < ue lhes permite vislum$rar um pouco de sua memJria involuntMria F a M%uia. & M%uia F o s=m$olo ue dM asas para ue se possa ver a realidade do alto — de )orma vertical. um s=m$olo predador e o)erece risco, ao mesmo tempo em ue se presta audMcia e al*a v_o carre%ando em suas asas a )antasia e o medo. &)inal n+o F incomum a ima%em da M%uia ue retira a presa de sua realidade viva e terrena carre%ando/a para o desconhecido. Como uma M%uia da morte ela sim$oli8a uma )un*+o da morte raramente perce$ida. >ormalmente sua presen*a F temida por ser identi)icada com o cumprimento da e"ecu*+o dos des=%nios da )initude. >o entanto, ela aparece na torre apenas para permitir ue se vea para alFm do tempo. &)inal, elucidar F sempre uma )un*+o )undamental da morte, ue, in)eli8mente, empalidece diante do terror de en)rentM/la. Essa F a ra8+o de a M%uia da morte colocar so$re suas asas primeiro os mais ovens e detentores de mais vis+o na dire*+o do antes, do ue os idosos, temerosos ue s+o de seu encontro derradeiro com o sempre. & morte, em sua )un*+o elucidativa, estM sempre mais perto dos mais ovens do ue dos mais velhos. 6eli8 do velho ue vI na morte seu carMter elucidativo e n+o apenas e"ecutivo. Esse velho se )a8 ovem, nas poucos alcan*am a %rande8a dessa conuista. ma ve8 ue nossos persona%ens est+o postados so$re as asas da M%uia, )ica mais )Mcil vislum$rar, mesmo ue momentaneamente, o si%ni)icado contido em suas memJrias involuntMrias. &ssim sendo, do mais velho para o mais novo, vemos reveladas uma a uma as diversas lem$ran*as relatadas pelos indiv=duos da torre. '. a ma*+ sendo cortada do %alho representa o corte do cor d+o um$ilical. & importPncia desta primeira lem$ran*a estM no )ato de ue nossa verdadeira Cria*+o acontece uando nos tornamos separados, sJs. E este F, por e"celIncia, um ato ue representa maturidade. Estamos t+o preparados ue M podemos ser lan*ados vida. (. a vela re%ride vida intra/uterina. al idFia provFm de uma men*+o do almud onde os ra$inos se uestionara so$re as poss=veis atividades do )eto durante os nove meses de %ravide8. alve8 movidos pela sensa*+o de ue o Jcio sea um desperd=cio contrMrio prJpria nature8a da vida, os ra$inos a)irmam ue, lu8 de velas, o ano Ha$riel assume a )un*+o de tutor para os )etos durante nove meses. Sua )un*+o seria ministrar aulas e ensinar a orM o caminho para seus Mvidos e em$rionMrios disc=pulos. Este per=odo se )a8 sim$Jlico das inNmeras tare)as ue involuntariamente temos ue empreender para e"istirmos. < estudo em si F a passa%em de in)orma*+o para ue os necessMrios desenvolvimentos or%Pnicos possam se produ8ir. 6. o come*o do crescimento do )ruto, por sua ve8, remonta aos primeiros estM%ios da e"istIncia. Se no estM%io anterior de %ravide8 as di)erencia*Ges acontecem dentro dos prJprios Jr%+os, re%redimos a%ora a um momento mM%ico uando cFlulas idInticas v+o rece$er incum$Incias di)erentes. Com a mesma in)orma*+o certas cFlulas se responsa$ili8ar+o por encar%os de ser san%ue,
outras de ser )=%ado e assim por diante. sem dNvida a memJria de um evento marcante. 2. a lem$ran*a de como a semente )oi tra8ida contFm a memJria dos eventos da )ecunda*+o. Captura o momento em ue destinos separados se )undem na )orma*+o de um novo ser. VM novamente a marca de encontros e separa*Ges. m conunto de in)orma*Ges se )unde com outro conunto de in)orma*Ges, %erando um terceiro conunto. 5. a recorda*+o se%uinte, a lem$ran*a da sa$edoria ue criou a semente, remonta a um tempo uando a concep*+o ainda estava na mente. Este F um tempo t+o anti%o ue che%a )ronteira da prJpria ine"istIncia e da imaterialidade. #epresenta um momento anterior a ualuer individualidade. >ele somos uma possi$ilidade, mas ainda n+o temos nada ue perten*a nossa prJpria individualidade. Seria em termos de tempo passado o deseo se"ual ue nos criou, mas na dimens+o do antes sim$oli8a a re%ress+o de nossa %era*+o para a %era*+o anterior. m eu ue se perde %radativamente num outro, num tu ue F di)erente de nJs, mas no ual estamos plantados como possi$ilidade. um tempo onde nossa e"istIncia re%ride para a vida de nossos pais. . uanto s trIs se%uintes memJrias, do %osto antes ue o %osto entrasse no )ruto, do aroma do )ruto antes ue estivesse no )ruto e da aparIncia antes ue o )ruto pudesse ser visto, representam distintos aspectos da alma se%undo o misticismo udaico. !or alma devemos entender uma presen*a ue e"iste e ine"iste. S+o as estruturas mais sutis de uma individualidade. 6uncionam como uma silhueta do ue e"istirM um dia. S+o como o %osto e o aroma ue podemos antecipar na ima%ina*+o ao prJprio de%ustar e prJpria )ra%rPncia. M a aparIncia antes ue pudesse ser visto F a )ronteira do tempo. Como M mencionamos anteriormente, a )orma F produto do tempo e toda a aparIncia, mesmo ue apenas um contorno sem conteNdo, estM inserida no tempo. &ui, no caso, trata/se da prJpria $ali8a ue delimita o tempo e o sempreO a e"istIncia e a ine"istIncia. <. a Nltima memJria F a lem$ran*a em si deste va8io. E nada melhor do ue as prJprias palavras de #e$ >achman1 vida paira no limiar da eternidade.
Small *an+
& concep*+o de #e$ >achman nos leva a um momento limite do antes em ue hM um salto da ine"istIncia e"istIncia e ue nos cria individualmente. Como o universo teria sido criado de um evento inicial, nJs tam$Fm e"perimentamos esta realidade de )orma individual. >a verdade, essa ornada desde o nada F em si a memJria coletiva da pertur$a*+o da eternidade ue se mani)esta em tempo e histJria. < in=cio da vida ecoa em nJs como o ru=do ue viaa pelo universo deste instante inicial. &)inal, ter=amos tam$Fm um *i/ *an/ particular, um small .an/$ ue determina a e"istIncia e0 nihilo$ desde o nada. importante mencionar ue o passado n+o conhece esta realidade. !ara o passado e"iste apenas a hereditariedade, ou sea, antes de nossa e"istIncia havia a e"istIncia de nossos pais e anteriormente a de nossos avJs e assim por diante. < ue o antes nos auda a perce$er F uma cone"+o, um um$i%o, entre o ue F, entre o ue e"iste, e o ue n+o F, e ine"iste. ais ainda, talve8 o antes nos aude a perce$er ue dependemos da pertur$a*+o na eternidade, dependemos do tempo para e"istirmos. >ossa e"istIncia tem ue ser inventada no tempo, ela F uma percep*+o ue ine"istia atF um dado momento. Da mesma )orma ue as cFlulas ue )ormam os olhos nos permitem ver, n+o hM nada a 1riori para ser visto. o e)eito de se ter olhos ue produ8 as cenas e as paisa%ens. Com olhos podemos conhecer as )ormas, podemos tra)e%ar pelas marcas do tempo seWencial. Criamos um e)eito especial para perce$er e)eitos especiais. as nenhum deles, sea o e)eito olho ou o e)eito de coisas para ver, s+o em si a realidade. !ossu=mos )orma unicamente por conta da histJria sur%ida apJs a pertur$a*+o na eternidade coletiva ue nos )e8, a tudo e a todos, parte da Cria*+o. Somos coletivamente al%o inventado, como um o%o, um e)eito, so$re um pano de )undo distinto. Somos um destino coletivo, produtos de uma inten*+o ue nos F oculta e nos escolta. as em meio a esta percep*+o do tempo ue molda tudo ue e"iste, ainda e"perimentamos um outro e)eito de nature8a individual ue F o nosso nascimento. Se por um lado o D>& e a memJria involuntMria e"pl=cita s+o nossa histJria pre%ressa atF os limites do sempre, por outro dispomos de uma outra memJria particular relativa passa%em do nada para a sensa*+o de e"istIncia. < caminho da ine"istIncia para a e"istIncia nos F conhecido por conta da e"periIncia de sermos introdu8idos a um tempo pessoal, particular. >ossos )ilhos, netos e assim por diante continuar+o a contar a histJria da pertur$a*+o no sempre. &o indiv=duo resta a intimidade com o nada e com o sempre ue mar%eiam seu nascimento e morte. Enuanto os astr_nomos $uscam ru=dos e vest=%ios da )ronteira do antes no mundo e"terno, o m=stico sa$e ue contempla em si um ru=do de nature8a semelhante. o ru=do do nada e do sempre ue rever$eram em nJs. as F importante ressaltar ue o ru=do F semelhante, mas n+o F idIntico. >ossa passa%em da e"istIncia para a ine"istIncia e vice/versa n+o F a passa%em de uma essIncia como muitas ve8es
ueremos acreditar. apenas uma percep*+o, um e)eito de se mer%ulhar no tempo seWencial ou de se sair dele. & cren*a de ue hM uma essIncia ue se transmite F uma e"press+o de deseo. a tentativa de carre%ar para a eternidade a seWencialidade do tempo e %arantir/nos a e"istIncia. Devemos ser cuidadosos com esta ilus+o para ue n+o se torne um portal ao desapontamento e ao desespero. &liMs, uma di%ress+o imprescind=vel F mencionar a rela*+o de #e$ >achman e o desespero. !ara ele o desespero F parte do estudo do tempo. >+o F por acaso ue em portu%uIs o desespero se tradu8 por carIncia de espera. & e"periIncia do desespero estM intimamente li%ada com o ape%o ao tempo seWencial. m indiv=duo precisa esperar por al%o. & sensa*+o ue nos ronda e assom$ra a todos os momentos F de ue perderemos nosso lu%ar neste tempo de esperas. >esta dimens+o em ue o a%ora F sempre sucedido pelo depois, n+o poder ansiar por esta sucess+o F vivido como uma e"periIncia insuportMvel. !ara #e$ >achman o desespero sJ pode ser verdadeiramente neutrali8ado pela memJria do >ada. < res%ate desta memJria )a8 do velho um ovem. #etira o velho de um limite no )uturo e o recoloca num limite passado. !rodu8 nele ao invFs do terror do desconhecido, o con)orto do )amiliar. error ue sJ cresce no decorrer da passa%em do seu tempo, marcado pela sensa*+o de desesperos menores e da che%ada de um derradeiro a$soluto desespero — o momento onde n+o mais se esperarM por um depois. De ualuer maneira, small .an/ seria a proposta de ue a concep*+o de nosso universo particular nos e"pGe ao tempo n+o seWencial. < small .an/ n+o F uma interven*+o no tempo, uma tempestade como #e$ >achman descreve. < small .an/ F apenas uma sensa*+o, uma reprodu*+o constante de entradas e sa=das do tempo seWencial. < ue isto uer di8er F ue nosso nascimento n+o F uma interven*+o no sempre, mas a continuidade da histJria de uma pertur$a*+o no tempo ue ocorreu no in=cio da Cria*+o e na ual tudo e todos est+o imersos. >ossos %enes n+o s+o nossos, mas parte de uma histJria ue n+o pertence ao nosso e%o e da ual possu=mos apenas a memJria involuntMria. !or isso n+o podemos impor ao ato de nosso nascimento a mesma relevPncia ue con)erimos ao ato da Cria*+o. >osso nascimento estM inclu=do na Cria*+o, n+o F um ato de Cria*+o. as a sensa*+o ue cada um de nJs e"perimenta ao )a8er parte deste tempo seWencial produ8 uma memJria desta entrada. >+o podemos re%ressar ao sempre pelo nosso nascimento, mas podemos a partir dele vislum$rar o sempre. Esta F a lem$ran*a do mais ovem ue se recorda dos tempos mais arcaicos, do antes ue se des)a8. & eternidade n+o tem )ronteira com o indiv=duo, mas apenas com tudo ue e"iste, com o universo. & eternidade sJ )a8 )ronteira com o coletivo da realidade. SJ o antes a$soluto descrito na %Inesis do niverso, o .ereshit o come*o, e o depois a$soluto s+o )ronteiras com a eternidade. Essa F a idFia mais di)=cil de apresentar a nosso e%o — a de ue n+o temos uma histJria particular. >+o entramos e sa=mos da vida por portais ue nos levam eternidade. >ossa histJria permanece no tempo seWencial. &)inal nossa histJria F a continuidade ue nada mais F do ue o nosso passado acrescido de nossa histJria particular. & consciIncia cria este e)eito no ual a vida e a morte passam por um portal. 'uem che%a a este mundo ou uem parte deste mundo sairia ent+o do tempo seWencial. Essa F nossa e"periIncia mais corriueira e dramMtica. !orFm, esta sensa*+o F apenas um
e)ei e)eito to,, por porue ue,, como como diss dissem emos os,, nin% nin%uF uFm m entr entra a ou sai sai dest deste e temp tempo o seW seWen enci cial al individualmente, as )ronteiras s+o coletivas. & sensa*+o, porFm, F indu$itavelmente real para uem e"iste e tem consciIncia. Esta F a ima%em ue se tem uando se estM dentro deste tempo seWencial. as uma ve8 ue nossa ida e vinda individual ao nada F um mero e)eito e n+o uma essIncia, de ue nos serve a re%ress+o a esta )ronteira do antes de e"istirmosQ Esta )ronteira n+o seria uma mera ilus+oQ Como o sonho n+o F real, mas tem pro)undas li%a*Ges com nossa realidade, nossa passa%em pelos portais da e"istIncia n+o F real, mas nos permite pro)undas li%a*Ges com a realidade realidade.. < nada nada individual individual F uma espFcie espFcie de inconsci inconsciente ente da e"istIncia e"istIncia,, um sonho ue nos revela as dimensGes impl=citas na e"istIncia, mas ue s+o e"ternas prJpria e"istIncia. esmo ue a entrada individual no tempo seWencial sea uma ilus+o, nos auda a es$o*ar um tempo ue nos F t+o di)=cil compreender. >o es)or*o de tra$alhar com silhuetas precisamos valori8ar os e)eitos mesmo ue n+o seam essIncias. >a $usca de melhorar o )oco desta silhueta ue estamos tentando es$o*ar vamos )a8e )a8err uso uso de um se%u se%und ndo o )iltr )iltro o so$r so$re e noss nossa a memJ memJri ria. a. 6a*a 6a*amo moss ent+ ent+o o uma uma dupl dupla a re%ress+o. Se, por um lado, #e$ >achman nos o)erece uma proposta de re%ress+o indiv individ idua uall ue ue res% res%at ata a a sens sensa* a*+o +o de reto retorn rno o ao nad nada a,, por por outro outro,, a cult cultur ura a nos nos disponi$ili8a tam$Fm uma memJria coletiva de retorno ao nada. rata/se dos dias da Cria*+o descritos no te"to $=$lico de HInesis. 6aremos isso com o o$etivo de usar todos os recursos dispon=veis no es)or*o de real*ar e o$ter a mais alta de)ini*+o poss=vel de nossa memJria involuntMria. Lem$remos, no entanto, ue se trata de reconhecer per)is e silhuetas a$rindo m+o de e"pectativas por plena nitide8.
DIA
!0NESIS do Un%/erso
2IM DO 3O DIA
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3O DIA
4O DIA 5O DIA
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< livro do HInesis tem como o$etivo em seus cap=tulos iniciais reprodu8ir uma re%ress+o memJria involuntMria coletiva. Sa$emos disso tanto pela estrutura do te"to ue apresenta a Cria*+o passo a passo, dia a dia com suas evolu*Ges e novidades, como tam$Fm pelo recurso literMrio ue visa dar um tom surrealista sua descri*+o. +o se trata da inten*+o de capturar uma memJria viva na consciIncia, mas res%atar apenas resu=cios e reminiscIncias esculpidos em nJs. & cria*+o do ser humano ue aparece no te"to $=$lico no se"to dia sJ F conclu=da no episJdio de deso$ediIncia de &d+o e Eva, uando arrancam o )ruto da \rvore da Sa$edoria. &tF auele momento, )ica claro, o processo de %esta*+o n+o havia sido conclu=do. seu ato de independIncia, representado pelo ato de deso$edecer, ue sim$oli8a o corte com o mundo prote%ido do !ara=so. >o ardim do 2den o ser humano ainda n+o se di)erenciara do universo ue o precedeu. Da mesma )orma, o corte do cord+o um$ilical um$ilical F um evento evento irrevers=vel irrevers=vel ue marca independIncia e di)erencia*+o. &tF esse momento o $e$I se assemelha a um apIndice da m+e. Sua nova %era*+o n+o se con)irma atF este ato. Como se o $e$I ainda estivesse ape%ado realidade da %era*+o ue o precedeu. < si%ni) si%ni)ica icado do desse desse moment momento o ultrap ultrapass assa a as dimens dimensGes Ges de ualu ualuer er memJr memJria ia voluntMria. esmo ue pudFssemos ter acesso s impressGes sensoriais dauele instante ue, de al%uma )orma )oram re%istradas, hM esculpida em nJs uma nova realidade ue di8 respeito a uma %era*+o posterior ue se di)erencia. < portal portal do !ara=s !ara=so o ue F vi%iad vi%iado o por %uardiGe %uardiGess com espadas espadas )lamean )lameantes tes F o port porta al ue sepa separa ra as %era era*Ge *Ges. rata rata/s /se e do temp tempo o seWe eWen ncia cial ue ue impG impGe e a irreversi$ilidade %arantida pelos %uardiGes. !or sua ve8, a deso$ediIncia, ou o livre ar$=trio, representam os pilares do tempo seWencial em nossa consciIncia. & concep*+o da causalidade, o arca$ou*o $Msico de nossa percep*+o de causa e conseWIncia, advFm da possi$ilidade de decidirmos e de conhecermos o livre ar$=trio. com este olhar ue passamos a compreender o mundo nossa volta. 6ormulamos ent+o pela primeira ve8 a conclus+o se aconteceu isso... ent+o aconteceu auilo. < )inal do se"to dia, portanto, marca o advento da consciIncia e o cl=ma" da cria*+o do tempo seWencial. o momento ue coroa a e"istIncia deste tempo, momento em ue a prJpria Cria*+o o reconhece como estrutura )undamental de sua realidade. HIne HInesi siss seri seria a ent+ ent+o o o rela relato to dest deste e even evento to e"tra e"traor ordi dinM nMri rio o uan uando do a eter eterni nida dade de )oi )oi pertur$ada %erando um tempo seWencial.
< nascimento e o ser partido da m+e s+o li*Ges importantes so$re a estrutura da vida e do tempo. & e"puls+o da m+e ocorre em estM%ios, hM o parto ato de partir, separar, o corte do cord+o um$ilical e o desmame. Estes estM%ios se preservam em memJrias ue perduram por nossa e"istIncia construindo nossa percep*+o do tempo. & evolu*+o, a passa%em do tempo, F vivida como sendo sempre uma e"periIncia prematura. odo nascimento F prematuro. Di8ia Bion1 >Js levamos muito tempo para perdoar nossa m+e pelo )ato de termos nascido. & m+e F limitada, n+o conse%ue nos conter para sempre. E do parto )ica a sensa*+o de ue parte de nJs ainda permanece dentro de nossa m+e. uma sensa*+o carnal de parto representada pela placenta — um res=duo de nJs em nossas m+es. as hM tam$Fm um parto de memJria. 6ica para trMs a lem$ran*a de )a8er parte de uma %era*+o anterior. < tempo se mostra como uma )or*a e"terna ue nos empurra para o )uturo independente de nossa vontade. & m+e F esta )or*a ue nos )a8 parir, ue nos arranca de nossa ancestralidade e nos separa da %era*+o anterior. & inFrcia do nenFm depende do es)or*o para )ora da m+e para e"istir. >+o )osse pela m+e o $e$I, com certe8a, permaneceria. Como a m+e, Deus e"pulsa do !ara=so. &m$os s+o inventores do tempo seWencial para aueles ue adentram este mundo. Somos e"pulsos para poder viver, mas n+o compreendemos isso. >ossa percep*+o vive essa e"puls+o como uma puni*+o, como uma e"press+o de raiva. & e"puls+o do !ara=so F marcada com a maldi*+o atravFs da ual Eva so)reria as dores do parto. &s dores do tempo seWencial s+o dores constantes de estarmos sendo arrancados do presente em dire*+o a um tempo )uturo. < antes do ual somos saudosos )oi um a%ora do ual )omos arrancados, paridos. < nome de Eva, 3havá$ si%ni)ica vida. 'uem %era a vida tam$Fm en%endra a dor. dor de parir, mas F dor tam$Fm de ser parido. a dor constante do e"=lio e"pressa por um tempo ue n+o espera, ue e"pulsa e empurra. m tempo ue molda a todo instante. E como a m+e ue nos mutila ao )icar com parte de nJs atravFs da placenta, assim F o tempo1 nos mutila com a sensa*+o de ue parte de nJs )icou para trMs.
SEZ< D(&
< se"to dia F o dia de cria*+o dos homens e dos mam=)eros. o dia ue marca o nascimento e o re%istro da perple"idade dauele ue se torna e"istente. & consciIncia ue aduirimos pela vida a)ora F a mera ponta do ice$er% dauilo ue nos F revelado ao nascermos. < processo em si F marcante o su)iciente para nos acompanhar por toda a vida. & desco$erta ue o Ntero materno, esse lu%ar nirvPnico, se torna %radativamente estreito e descon)ortMvel F a li*+o matricial da vida — n+o haverM nenhum lu%ar de)initivo. < e"=lio ue se institui ao nascer F, como na histJria de HInesis, uma maldi*+o ue nos acompanha pelo tempo ue durar a consciIncia. < estreitamento de lu%ares outrora '
Mil*re& R. 1ion '""
amplos F parte da percep*+o de transitoriedade do tempo e do )ato de estarmos sendo constantemente moldados. >ossa )orma ue e"pressa temporalidade F t+o transitJria uanto o tempo ue nos circunda. Essa li*+o F, sem dNvida, ministrada pela morte. das reminiscIncias desta intimidade com o ano ue nos recordamos. Ele nos revela sua )ace durante os meses da %ravide8 enuanto nos ensina. Huardi+o ue F do portal da vida e da morte, ca$e a ele introdu8ir/nos realidade deste tempo seWencial. Suas li*Ges correspondem ao desenvolvimento dos mem$ros e dos Jr%+os durante a %esta*+o e s+o, em si, a prJpria e"periIncia do processo de tomar )orma. Este tutor F responsMvel pelo primeiro contato sensorial com o tempo e com sua passa%em ine"orMvel. 'uando #e$ >achman seleciona a lenda talmNdica na ual ano ensina a orM o caminho lu8 de vela, $usca duas associa*Ges. & primeira F a idFia de ue hM um aprendi8ado inerente em tomar/se )orma. Li*Ges ue ser+o relem$radas sea pela crian*a em seus estM%ios de desenvolvimento, pelo adolescente em pu$erdade, pelo adulto ue matura ou pelo velho ue decai. Este Nltimo compreende ue a decadIncia da )orma tam$Fm F parte da prJpria )orma e do tempo seWencial. En)im, perce$emos o tempo primordialmente em nossa prJpria passa%em. em nosso corpo e em suas trans)orma*Ges ue desco$rimos entalhada em nJs a realidade deste tempo eterno ue )oi pertur$ado em )initudes e em ciclos. ;emos isso em nJs, em nossos )ilhos e netos. uitas ve8es essa no*+o de um aprendi8ado prF/natal parece ser uma reedi*+o da no*+o aristotFlica de ue todo o aprendi8ado F apenas uma recorda*+o. M nascemos sa$endo, mas esuecemos. &ssim sendo, tudo o ue aprendemos nos tra8 uma sensa*+o de )amiliaridade, arrancando/nos interei*Ges e suspiros saudosos. E talve8 sea assim mesmo. >+o ue se trate de um saudosismo de um aprendi8ado ue di%a respeito a conteNdo. >+o creio ue um ano nos ensine matemMtica ou ualuer matFria o$etiva. as atravFs da e"periIncia %radativa de sermos %erados, nos s+o passados se%redos evolutivos ue recontam a histJria de nossa ori%em. Dessas li*Ges esculpidas so$ram aromas e cenMrios ue nos )a8em nostMl%icos. E tal como relata a lenda, permanece em nJs uma lem$ran*a esuecida, um )o% ue nos F )amiliar. Se%undo esta, o ano ao )indar o per=odo de instru*+o nos toca com o dedo na re%i+o entre o nari8 e a $oca e esuecemos tudo ue aprendemos no ventre. Essa talve8 sea a maneira ue tem o almud de nos )alar so$re as memJrias impl=citas ue e"istem so$ a )orma de lem$ran*as/esuecimento. Sermos )ormados, portanto, nos ensina so$re o tempo seWencial, so$re uma realidade ue vamos conhecer de perto por todos os dias de nossa e"istIncia. &prender si%ni)ica ue M estamos com um pF em uma nova %era*+o. a lem$ran*a deste ano/ tutor, porFm, ue res%ata reminiscIncias de um mundo antes de um tempo seWencial. >ossa )orma*+o F a maneira de in%ressarmos na causalidade e em nosso tempo. & Cria*+o se%undo o relato $=$lico, assim sendo, mimeti8a a e"periIncia individual. & cria*+o dos mam=)eros e do prJprio homem F o desdo$ramento em Jr%+os e mem$ros de nossa espFcie. &s vertentes ancestrais ue se di)erenciam em ratos ou macacos e desem$ocam no ser humano representam a histJria contada pela )orma, a passa%em do tempo descrita pela evolu*+o.
E nada poderia coroar melhor a percep*+o da prJpria )orma do ue a ima%em de si mesmo do lado de )ora. Estarmos )ora de nossa m+e F a prova ca$al do rompimento e o tiolo )undamental so$re o ual o tempo ue passa, ue F transitJrio, se assenta.
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< uinto dia marca a cria*+o dos pei"es, dos rFpteis e das aves. & vida ultrapassa o estM%io das ame$as ou de simples con%lomerados de cFlulas idInticas. & passa%em de uma realidade celular para o n=vel or%Pnico F paralela lem$ran*a )etal. Essa F a recorda*+o na histJria de #e$ >achman correspondente a uando a )ruta come*ou a se )ormar. & comple"idade )etal euivale ao in=cio da vida diversi)icada so$re a )ace da terra. ossa evolu*+o particular F paralela evolu*+o coletiva de toda a vida. E a vida F um e)eito de um tempo seWencial.
E viu Deus ue era $om. E e"perimentou o )eto a comple"idade de sua prJpria diversidade corporal e viu ue era $om.
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"E disse 4eus5 6Sejam luminares na e01ansão dos c7us 1ara se1arar o dia da noite e 8ue sejam 1or sinais e 1or 1ra9os e 1or dias e 1or anos!6 E fe9 o lu9eiro maior 1ara /overnar o dia: e o menor 1ara /overnar a noite!!! 1ara se1arar entre a lu9 e entre a escuridão! E viu 8ue era .om; E foi tarde e foi manhã$ 8uarto dia!" < sol e a lua s+o os relJ%ios cJsmicos do planeta. S+o eles ue tIm a incum$Incia de marcar os ciclos e os per=odos. radu8em ao n=vel do indiv=duo a lem$ran*a dos primeiros ciclos deste em$ri+o recFm/)ormado. Suas primeiras rotinas de rece$er nutrientes e se manter vitali8ado s+o re%istro de uma recente incum$Incia ue F se manter vivo. < sol e a lu8 vIm tra8er a realidade dos ciclos de in%est+o e e"cre*+o, inspira*+o e e"pira*+o. < dia dM lu%ar noite, e am$os s+o necessMrios. Se in%erir parece/nos )undamental, desco$rimos ue, uma ve8 in%eridos os nutrientes, e"pelir seus res=duos se torna prioridade )undamental. Se rece$er o"i%Inio e inspirar parece )undamental, uma ve8 ue o ar tenha sido inspirado, a necessidade passa a ser a e"pira*+o e elimina*+o de %ases residuais. unto com o preencher lu8 vem o esva8iar escurid+o. & e"periIncia de esva8iar remete o em$ri+o/)eto memJria anti%a da competi*+o e ao terror do )racasso iminente e"perimentado pelo espermato8Jide. < uarto dia produ8 a desco$erta de ciclos. < tempo seWencial F )eito de causa e conseWIncia. & inspira*+o causa a e"pira*+o ue, por sua ve8, causa a inspira*+o ue, por sua ve8, causa a e"pira*+o e assim por diante. & respira*+o F em si o prJprio pulso do tempo seWencial. Esse )en_meno dos ciclos sJ e"iste na es)era de um tempo seWencial. & eternidade n+o conhece os ciclos, seuer as linearidades. com am$os, c=rculos e retas, ue o Criador constrJi o tempo seWencial e sua realidade. & vida rever$era neste uarto dia atravFs da novidade dos ciclos, a Nltima etapa da semente ue entra na )ruta. EstM )ormado o em$ri+o, o proeto da vida.
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"E disse 4eus5 6
Esta lem$ran*a corresponde etapa da )i"a*+o da semente na )ruta, al%o ue ocorre em estM%io avan*ado deste momento inicial. m $reve espa*o de tempo separa a concep*+o deste instante. < Jvulo )ecundado precisa nidar/se parede do Ntero. Essa F a dimens+o M%ua/terra ue encontramos na Cria*+o do universo. & vida encontra terra )irme. < ue antes acontecia no trPnsito por entre )lu"os e l=uidos encontra um seco ue poderM o)erecer os nutrientes para seu desenvolvimento. ma ve8 )i"ado parede do Ntero, o em$ri+o pode e"perimentar erva%em, s=m$olo de reencontro com a vida. !or isso essa etapa F marcada pela ansiedade de so$revivIncia. Semelhante e"periIncia do espermato8Jide ue se deslocara por meio auoso em $usca de seu o$etivo, tam$Fm aui o )racasso si%ni)ica a elimina*+o. Essa F a ra8+o de Deus n+o perder nenhuma oportunidade de di8er1 E viu ue era $om. Bom F o ue produ8 e preserva a vida. este dia hM amea*a e res%ate. Sur%e o medo da morte ue n+o F mais uma mera morte celular, mas uma morte or%Pnica. unto com o $om, torna/se percept=vel o ruim e a morte.
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"E fe9 4eus a e01ansão: e se1arou entre as á/uas de .ai0o e as á/uas de cima5 E assim foi! E chamou 4eus a e01ansão$ c7us! E foi tarde e foi manhã$ se/undo dia!"
Esse F o momento imediatamente posterior )ecunda*+o. >ele hM pro)us+o de e"pans+o, F o per=odo em ue ocorrem modi)ica*Ges estruturais violentas. Como uma e"plos+o de vida, hM aumento de tamanho acelerado, ocorrendo divisGes e multiplica*Ges num ritmo )antMstico. VM incha*o e estu)amento ue por ve8es se con)unde com corpori)ica*+o, por ve8es com destrui*+o. & )ra%menta*+o F t+o violenta ue produ8 tam$Fm uma sensa*+o de mali%nidade. &ui se constrJi a mais arcaica )orma do eu. &s M%uas de cima s+o a pessoa da m+e. &s M%uas de $ai"o representam o sur%imento deste eu rudimentar. Essa F a etapa da di)erencia*+o, e este eu se estrutura a partir da e"periIncia de e"pans+o e de triun)o. & vida se a)irma podendo decodi)icar as diretri8es e
in)orma*Ges ue contFm em si mesma. E"ecutar tare)as e reconhecer instru*Ges para desenvolver/se constrJi n+o sJ individualidade, mas tam$Fm um senso de miss+o ue F a prJpria de)ini*+o deste eu. < ser ue tem responsa$ilidade por sua vida e ue tudo )arM para preservM/la possui um centro e uma identidade. Como se )osse uma consciIncia rudimentar da e"istIncia de)la%rada pelo ato de e"pandir/se. &)inal, F a e"pans+o ue produ8 o senso do tempo e este, por sua ve8, mani)esta um eu $aseado na percep*+o de ue lhe ca$e um destino.
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">o 1rinc?1io criou 4eus os c7us e a terra! E a terra era ca@tica e havia escuridão so.re a face do a.ismo e o es1?rito de 4eus se movia so.re a face das á/uas! E disse 4eus5 6Seja lu9;6 E foi lu9! E viu 4eus 8ue a lu9 era .oa: e se1arou 4eus entre a lu9 e a escuridão!" Esta F a descri*+o da entrada da semente na )ruta. < in=cio F uma tentativa marcada por movimentos e lutas caJticos. De )orma competitiva o espermato8Jide disputa uma %uerra apocal=ptica. & so$revivIncia F o resultado de um holocausto onde n+o apenas sucum$em milhGes de espermato8Jides, mas em mesmo os Jvulos )ecundados en)rentam uma sele*+o natural. < caminho atravFs do Jr%+o %enital masculino, passando pelo Jr%+o )eminino e o desli8ar do Jvulo trompa a$ai"o re)letem um mundo caJtico e selva%em. Desde lM e"iste essa escurid+o ue nos perse%ue por toda a vida. Essa escurid+o F a possi$ilidade do )racasso de n+o poder vin%ar e %erminar. esmo em meio escurid+o, Deus se move por so$re as M%uas como s=m$olo da vida ue ronda esse $reu e esse caos. E em dado momento, em meio con)us+o e selva%eria, a perspectiva de escurid+o dM lu%ar escolha, ao acasalamento e ao sucesso. Deus declara ent+o1 Sea lu8 e )oi lu8. Dar a lu8 F uma mani)esta*+o do $om, da vida. &s condi*Ges deste primeiro dia s+o violentas e marcadas pela un*+o de aspectos masculinos e )emininos. & e"periIncia masculina F competitiva e persecutJria. ilhGes de espermato8Jides disputando entre si n+o sJ )a8 o masculino e"perimentar a luta pela so$revivIncia, mas %era nele uma dimens+o )ratricida. E"istir si%ni)ica condenar morte um sem/nNmero de outros i%uais.
Este primeiro dia F de)initivamente marcado por resistIncias, mas a ordem Sea lu8 F mais )orte. S(< D(& E & (>;E>`f< D& <#E
>a re%ress+o em ue aca$amos de associar as memJrias arcaicas com os dias da Cria*+o, dei"amos de )ora o sFtimo dia. & Cria*+o, no entanto, F reali8ada n+o em seis, mas em sete dias. Este sFtimo dia aparentemente dedicado ao >ada, ou pausa, F parte inte%rante do ue )oi criado. ais ue isso, o Criador santi)ica esse dia entre todos os dias. 'ual F o si%ni)icado de um dia de descanso para o Criador e por ue inclu=/lo como parte do HInesisQ >+o seria este ato de santi)icar o >ada um retrocesso para um Criador ue cria a partir do >ada, e0 nihiloA & proi$i*+o de reali8ar tra$alhos no sFtimo dia F anta%_nica estrutura utilitMria de nossa percep*+o. udo ue e"iste F perce$ido como estando disposto para nosso uso. m universo ue n+o se presta a )uncionar, onde $uscamos n+o pertur$ar a realidade para alFm do m=nimo necessMrio F um conceito ue merece aten*+o. VM ra=8es pro)undas de nossa e"istIncia ue se $ene)iciam da pausa ou mesmo do nada. Conhecemos isso de nossa )isiolo%ia. & latIncia do sono e a necessidade de aliena*+o alimentam uma tens+o constante com o estado de vi%ilPncia e controle de nossa consciIncia. !ara ue dormirQ !or ue temos ue perder A3 de nossas vidas dormindoQ !arte de nossa necessidade por pausas, incluindo a %rande pausa da morte, tem sua ori%em em nossa descendIncia deste nada. < >ada nos alimenta e uma vida sem nadas se torna 8um$i e estFril. < almud chamava o sono de A-0 avos da morte >Js trataremos tam$Fm a morte como A-0 avos do nada. !or ue o almud dava esse tratamento ao sonoQ Como #e$ >achman comentava, a mais marcante caracter=stica do sono F o sonho e sua distor*+o do tempo. >a verdade a distor*+o F a da realidade, o sono apenas diminui o policiamento so$re o tempo seWencial e o encadeamento cronolJ%ico e"ercido pela consciIncia. & cada dia ue despertamos, nosso sistema de acordar )a8 rodar o pro%rama )undamental, plata)orma essencial para ue os olhos a$ertos esteam despertos. Essa plata)orma F o tempo. 'ue horas s+oQ F, provavelmente, a primeira per%unta coerente ue )a8emos ao despertar. esmo ue n+o )a*amos essa per%unta e"plicitamente ela F a primeira etapa no processo de sairmos do torpor do sono. Ela representa o res%ate com o ontem e com o tempo passado sem consciIncia. Essa per%unta F )eita por uem acorda do sono, uem se reanima de um desmaio ou uem reco$ra a memJria depois de um coma. Sem o tempo n+o hM possi$ilidade de comunica*+o e de )uncionalidade na realidade social humana. (sso certamente n+o F verdade em termos e"istenciais. m ser humano pode desconhecer o tempo em ue estM, e pode, mesmo assim, e"istir.
insuportMvel e"istir sem ele. (sso porue sem tempo n+o hM consciIncia. alve8 tivesse sido apropriado ue &d+o e Eva, alFm da ver%onha ue sentiram apJs comer da \rvore da Sa$edoria, )i8essem como primeira per%unta ao criador1 ;ocI tem horasQ De certa )orma F isso ue acontece. < Criador in)orma ao homem ue poruanto F pJ, ao pJ hM de voltar. & )initude )oi comunicada ao ser humano porue este M podia avaliar o tempo e sua passa%em seWencial. esmo as lendas ra$=nicas (midrashim contam so$re a preocupa*+o com a ual )oram tomados &d+o e Eva lo%o apJs sua e"puls+o do para=so. Come*aram a se dar conta de ue os dias diminu=am e ue as noites aumentavam. < processo ue leva do ver+o ao inverno come*ou a ser perce$ido pelos humanos. &inda ue sua preocupa*+o )osse e"a%erada, porue a partir de dado momento as noites come*aram a diminuir e os dias a aumentar, os olhos humanos se a$riram para uma realidade letal. esmo ue o tempo n+o sea linear, mas c=clico, ainda assim ele F seWencial. Come*ava a histJria dos relJ%ios e do tempo na consciIncia humana. as nem por isso podemos a)irmar ue a morte )oi inventada na e"puls+o do !ara=so, ela )oi apenas desco$erta. & inven*+o da morte ocorre na aurora do sFtimo dia. &pJs tudo o ue havia criado no se"to dia o Criador mani)esta seu ul%amento, assim di8 o te"to1 E viu Deus tudo ue )e8 e eis ue era muito .om!" !or ue ra8+o o te"to utili8a pela primeira ve8 a e"press+o muito .om"A &tF ent+o Deus se re)eria a tudo ue criava e dava vida pela e"press+o E viu ue era .om"! Em rela*+o a isso di8 o Bohar C ;ol. (( --$1 'uando Deus viu ue era .om$ o$servava a ;irtude — a vida, a $ondade e a li$erdade. as uando Deus viu ue era muito .om o$servava o al — a morte, a maldade e Sat+ o promotor. !ara o Bohar a cria*+o do al e, em particular, da morte )a8 Criador e"clamar1 uito $om Se assim F, por ue a morte mereceria um superlativo uando comparada prJpria vidaQ entemos entender. Em primeiro lu%ar, temos ue assinalar ue a no*+o de ser a morte uma inven*+o posterior vida coincide com a vis+o cient=)ica. !ara a ciIncia, a morte )oi um desenvolvimento evolutivo, posterior vida. Ela estaria codi)icada nas prJprias in)orma*Ges ue determinam o destino dos ue s+o vivos. & en%enharia da morte F simultPnea en%enharia da reprodu*+o. S+o partes de um mesmo proeto ou solu*+o. S+o duas etapas de um mesmo processo e um sem o outro perderiam a )un*+o e a e)iciIncia. & morte era muito $oa porue se austava per)eitamente vida. Como se, na produ*+o de duas pe*as de encai"e, o artes+o e"perimentasse uma satis)a*+o especial em ver am$as pe*as acoplarem/se uma outra de )orma satis)atJria. ais ainda, a e"istIncia da morte era o cord+o um$ilical de tudo ue e"iste com a eternidade, em si a moldura de todo o universo criado. < sM$ado F a cele$ra*+o desta moldura na ual tudo estM inserido.
Cole$Gnea en3i3lopB&i3a &e 3omen$Frios mLs$i3os sore o $e:$o Lli3o. ,ro@a@elmen$e &a$an&o &o sB3ulo II na Espanha. Teria si&o es3ri$o por %oshe &e ?eon que a$riula a ora e seus ensinamen$os ao Raino Shimon ar Io3hai &o primeiro sB3ulo.
ue n+o tem tempo, ue F va8ia e repleta de eternidade. & plata)orma so$re a ual se apJia tudo ue e"iste F da ordem do sempre. Se%undo o Bohar o advento da morte e do sM$ado s+o o coroamento da Cria*+o. &lFm do universo criado, Deus delineava suas )ronteiras e cone"Ges com o >ada.
A Morte -omo 893: do Nada
M hav=amos a$ordado a idFia de ue a morte n+o F um portal entre a e"istIncia e a ine"istIncia. &pesar de ser vivida por nJs como um desaparecimento do ser ou da pessoa, a morte F uma inven*+o posterior pertur$a*+o causada no tempo pela Cria*+o. Ela F posterior ao momento inicial ue separa este tempo da eternidade. Em outras palavras, uem morre n+o vai para o lu%ar onde Deus estM, mas retorna mesma realidade de antes de seu nascimento. & morte n+o )a8 )ronteira direta com a Cria*+o e, portanto, uem morre n+o se e"clui da Cria*+o. & morte, como o sM$ado, F uma )ronteira, sendo apenas uma alus+o ou um modelo dessa realidade do nada e do ue F eterno. 'uando o almud cunha a idFia de ue o sono F A-0 avos da morte, estM nos o)erecendo um paradi%ma. >enhum de nJs ao dormir dei"a de estar vivo. >ossas )un*Ges continuam, mas nossa realidade se apro"ima da morte. >+o apenas porue )icamos inertes, mas porue nossa mente entra em um processo de torpor. Sa$emos ue o rela"amento do controle da consciIncia produ8 uma letar%ia capa8 de desvirtuar o tempo. VM lapsos e hM e"periIncias de distor*+o de tempo. VM momentos ue se perdem sem cone"+o com o anterior e hM momentos em ue o encadeamento do tempo F )eito num ritmo variMvel. VM momentos ue s+o momentos uase seWenciais con)undindo o sonho com a realidade e hM outros uando o tempo se de)orma. !ode tornar/se rMpido ou lento ou atF mesmo descone"o. < tempo se torna uma e"periIncia/narrativa. &o mesmo tempo em ue vivenciamos as emo*Ges de eventos do sonho, seu destino estM marcado por uma a%enda predeterminada. VM um roteiro ue, independentemente das etapas e associa*Ges ue a mente nos )arM ter, deve cumprir a tare)a de dar conta de uma ou outra )or*a ps=uica ue nos comanda. &s associa*Ges v+o se produ8indo atF ue satis)a*am o sentimento ou preocupa*+o ue as estimulou. < )ato de todas as emo*Ges ou vivIncias serem vassalas de uma emo*+o ue as condu8 a um lu%ar predeterminado su$stitui a no*+o de tempo. >+o hM apenas um destino ue F um depois deste a%ora, mas a%ora M hM um destino ue para se )a8er conhecido percorrerM )uturos e passados desrespeitando a seWencialidade do tempo. Sa$emos ue o sono se assemelha morte n+o apenas pela perda de controle de nossos corpos e mentes, mas porue o tempo de)ormado nos apro"ima da realidade uando o tempo n+o e"istia. Se pensarmos como era nossa e"periIncia antes de termos nascido, n+o conse%uiremos caracteri8M/la como $oa ou mM. >+o era um in)erno e n+o era um para=so. < lu%ar de onde viemos e para onde vamos aparece como um re%istro do >ada. E"istiram in)inidades de momentos, muitos dos uais outros mais velhos do ue nJs vivenciaram, em ue n+o e"ist=amos. Como )oi o ano de 5:2, para mim, F uma considera*+o ue n+o )a8 sentido. >enhuma )orma de ul%amento F capa8 de se aplicar a este per=odo. verdade ue hM tradi*Ges e cren*as ue se $aseiam na idFia de um eu ue F eterno, ue reencarna e ue teria talve8 sentimentos e aprecia*Ges relativas ao ano de 5:2. Essas tradi*Ges, no entanto, tIm ue prestar contas cr=tica de se esta F uma teoria ou um deseo. oda ve8 ue a realidade se apro"ima dauilo ue %ostar=amos ue )osse real, devemos ser $astante ri%orosos e cautelosos. < )ato de a morte n+o ser uma )ronteira com o >ada antes da Cria*+o si%ni)ica, na verdade, ue n+o somos ine"istentes como Deus F, antes e depois da vida. >o tempo em ue n+o Framos nascidos e posteriormente nossa morte, continuamos parte da realidade de uma eternidade ue )oi pertur$ada. & matFria e a in)orma*+o ue )omos
continua como parte matemMtica da eua*+o ue de)ine a Cria*+o. < eu desaparece como uma onda no oceano, cumpre sua traetJria e desaparece. & M%ua ue se )e8 onda permanece para produ8ir novas ondas. Esse desaparecimento do eu na morte F similar ao desaparecimento da consciIncia no sono. 'uando a consciIncia desaparece, o tempo se distorce no sonoO uando o eu desaparece, o encadeamento do tempo cessa e temos a e"periIncia da morte. >o entanto, nossa M%ua n+o se torna ine"istente, apenas a onda. &travFs desta )initude nos apro"imamos o uanto F poss=vel da eternidade e da ine"istIncia. essa pro"imidade ue o almud ueria representar concretamente com a uanti)ica*+o de A-0 avos do nada.
Instrumentos da #r%a'ão *om$ &uito *om e >ão*om Dov$ Dov &eod e '@ Dov
!ara melhor entendermos a Cria*+o devemos reconhecer trIs )or*as criativas )undamentais1 Dov $om, Dov &eod muito $om e '@ Dov n+o/$om. Esta F a maior intimidade ue o te"to do HInesis nos o)erece uanto s motiva*Ges da Cria*+o. & )or*a Criadora e"pressa pra8er em sua Cria*+o a cada um dos seis primeiros dias reconhecendo ue F $om tov. ov contFm a inten*+o ori%inal ue responde ao poruI da prJpria Cria*+o e do )en_meno ue desencadeia a pertur$a*+o na eternidade. >ossa Nnica pista em rela*+o a esta inten*+o Criadora estM concentrada nesta rea*+o de Deus medida ue cria. Bom si%ni)ica ue al%o possui as ualidades adeuadas a sua nature8a e a sua )un*+o. Si%ni)ica ue al%o F completo e satis)atJrio. < ue move o tempo seWencial e a e"istIncia parece n+o ser e"atamente uma causa como %ostar=amos. >a eternidade n+o e"istem causas e conseWIncias, mas apenas vontade. Essa vontade F o ue conhecemos por nature8a, ou mais teoricamente por matemMtica e )=sica. ov F a essIncia desta vontade ue %overna e ue F princ=pio de tudo. >+o hM nada na e"istIncia ue n+o contenha Dov! & vida contFm Dov e a matFria contFm Dov! & se%unda )or*a F a do envelhecimento e da )initude, presente em tudo ue )oi Criado. ;imos anteriormente ue no se"to dia Deus produ8 a e"press+o Dov &eod muito $om. & interpreta*+o do te"to m=stico do Bohar F de ue essa F a essIncia da morte e do mal. & morte e o mal n+o s+o maus, ou o ant_nimo de Dov$ de $om. &o contrMrio, s+o compostos de Dov$ mais ue isso, s+o adetivos superlativos de $om. < mal F tudo o ue envelhece sistemas e estruturas, F a )or*a da )initude em nossa realidade. Esta )or*a produ8 o tempo e a ine"ora$ilidade de sua passa%em. am$Fm as )ormas s+o produ8idas e moldadas por essa ener%ia de Dov &eod! & trans)orma*+o F uma espFcie de cria*+o so$re a prJpria cria*+o. E se o ue )oi criado F $om, o ue pode ser criado a partir do ue )oi criado F muito $om. & morte e a muta*+o s+o a cria*+o da cria*+o e reciclam a vontade, produ8indo uma espFcie de vontade da vontade. & morte e o envelhecimento tiveram ue ser criados especialmente, diretamente dessa vontade. &)inal, o envelhecimento F o encai"e per)eito cria*+oO a morte, o encai"e vida. & destrui*+o F parte da constru*+o constante da Cria*+o. & terceira )or*a F auela ue o Criador perce$e ainda ausente em sua o$ra1 "'@ Dov — >+o F $om ue estea o homem sJ Hen.. >+o F $om perce$e a solid+o do homem. & solid+o da consciIncia, de nos en"er%armos como uma entidade individuali8ada e di)erenciada, sJ F a$randada pela e"istIncia de um %Inero se"ual oposto. < n+o/$om n+o F um mau. < n+o/$om F o outro lado do $om. < )ato deste '@ Dov — n+o/$om — aparecer apenas para os humanos e n+o ser e"tensivo a todas as criaturas da Cria*+o se deve a um aspecto novo concedido Cria*+o no crepNsculo do se"to dia, num Nltimo instante antes do descanso. & solid+o do homem ou da mulher seria um e)eito colateral por conta de seu potencial de desenvolver )ormas de consciIncia. & sa=da do !ara=so teria sido insuportMvel sem este Nltimo auste. !rovavelmente os ancestrais humanos amais teriam sa=do do !ara=so se n+o tivesse o
homem mulher e vice/versa. Essa solid+o da consciIncia ue Deus uer remediar antes de seu e)eito devastador F o companheirismo humano ou o ue denominamos amor. 'o Dov F uma )or*a contrMria entropia e ao destino do universo. &s leis a$solutas da Cria*+o s+o e"pansivas e pro%ressivamente ampliam a distPncia e a diversidade o ue F conhecido como desordem na 6=sica. & elas Deus se re)eria como Dov — $om — e a elas precisou contrapor 'o Dov — n+o/$om —, uma )or*a contrMria entropia. Esse ne%ativo de tudo o ue )oi criado, ao invFs de e"pandir e di)erenciar, F um elemento inte%rador. alve8 esta sea a ima%em e semelhan*a ue os humanos tIm de Deus. >+o poderiam ter nenhuma semelhan*a em seus aspectos )ormais, prisioneiros do tempo, nem de seus aspectos intelectuais limitados ilus+o da realidade criada. & semelhan*a estM neste elemento ne%ativo Cria*+o, essa presen*a em si de um acesso eternidade pelo sentimento criado atravFs de 'o Dov! Esta ener%ia anti/Cria*+o presente no universo e ue conhecemos a partir da mani)esta*+o do amor dota a Cria*+o n+o apenas da possi$ilidade da consciIncia de um Criador, mas a$re a possi$ilidade de contato com essa realidade a$soluta. poss=vel ue todos os seres vivos reconhe*am de uma )orma ou de outra a )or*a mestra ue os %erou. VM inNmeras espFcies ue louvam1 os pMssaros o )a8em ao amanhecer, insetos ao entardecer. Eles oram, mas n+o re8am. & ora*+o F uma mani)esta*+o de e"alta*+o ue provFm do $em/estar e do reconhecimento da e"istIncia. udo ue F vivo e"alta o Criador, di8 os Salmos. >o entanto, apenas o ser humano tem a ensandecida cren*a de ue, alFm de e"altar o Criador, pode entrar em contato com o mesmo. Esta F a concep*+o da re8a, di)erente da ora*+o. &creditar ue F poss=vel )a8er contato, uanto mais esperar interven*Ges da )or*a ou da realidade Criadora, F e"traordinMrio. Essa )or*a ue permite ao homem n+o se sentir sJ F parcialmente miti%ada pelo amor mulher e vice/versa. >o entanto, a )or*a 'o Dov$ ue permite n+o estarmos sJs, F essa sensa*+o constante do u. >+o estamos sJs porue hM um u ue perpassa nossa e"istIncia constantemente. Este u F um portal eternidade, a um tempo ue conhecemos n+o da e"periIncia pessoal, do eu, mas deste ami%o ima%inMrio, desta presen*a )antasma%Jrica ue n+o hM, mas ue F a$solutamente presente. & sensi$ilidade de perce$er esta presen*a F o mais re)inado ant=doto solid+o ue a consciIncia nos proporciona. & som$ra da consciIncia F essa vo8 ue nos assalta de tanto em tanto e se comunica. Essa F uma comunica*+o entre a e"istIncia e a ine"istIncia, e toda ve8 ue ela $usca tomar )orma, como o descrever de um sonho, torna/se inJcua e va8ia. & de)orma*+o do tempo e sua or%ani8a*+o atravFs de causa e conseWIncia ou de narrativa desmonta essa comunica*+o, )a8endo/a passar por uma ilus+o. Sua distor*+o neste meio repleto de tempos passados, presentes e )uturos muitas ve8es n+o )a8 sentido e F manipulada por nosso deseo mais ue ualuer coisa. as sem entrarmos demasiadamente nas cren*as e nas e"periIncias pessoais, hM o reconhecimento no HInesis de ue Deus produ8 na Cria*+o uma )or*a contrMria — um ne%ativo — Cria*+o. Essa )or*a nada tem a ver com a morte, como vimos. & morte F parte inte%rante do sistema reprodutor, inte%ra a vida. De tal maneira ela F parte da Cria*+o ue, alFm de Dov$ ela F Dov &eod$ a uintessIncia da Cria*+o. & antimatFria os res=duos do tempo eterno ou as )a%ulhas da divindade na Cria*+o est+o por conta dauilo ue contFm 'o Dov em nosso universo. < amor pode ser apenas uma mani)esta*+o de 'o Dov entre outras tantas poss=veis no niverso. < mais importante F ue hM elementos com car%a ne%ativa ou contrMria essIncia dessa realidade dentro dela mesma. !ara perce$er isso devemos lem$rar ue 'o Dov sur%e no conte"to da $usca por um companheiro para aplacar a solid+o humana. &s demais espFcies animais, como o
te"to su%ere, n+o necessitam deste novo elemento contemplado apenas pela necessidade de aliviar a solid+o. E a solid+o, pelo menos nestes cantos da Cria*+o, sJ os humanos conhecem. !ara aplacM/la, o Criador )a8 seu Nltimo retoue atravFs da )or*a de Eros, ou mais %enericamente, atravFs da )or*a do a)eto. &)eto F a mani)esta*+o de uma essIncia contrMria ao tempo seWencial. a Nnica chave atravFs da ual o ser humano pode ter acesso eternidade ue reside num Nnico momento. oda ve8 ue e"perimentamos a)eto os tempos seWenciais se des)a8em. 'ualuer )orma de deleite atravFs da )or*a do a)eto nos permite o vo^eurismo desta eternidade onde reside tudo ue F ine"istente. Em particular no or%asmo ou em momentos erJticos especiais de nossa vida este portal de comunica*+o )ica escancarado. Desco$rimos um tempo ue )unde a realidade e derrete o a%ora, o antes e o depois. Di)erente do $em/estar ue nos )a8 e"altar a e"istIncia, o a)eto disponi$ili8a da maneira mais concreta ue podemos e"perimentar o pertencimento eternidade. oda a re8a F ori%inMria desta ousadia de acharmos ue podemos )a8er contato com a realidade ue estM para alFm de nJs. odas as e"periIncias, em particular as m=sticas, dependem desta )or*a de Eros e a)eto.
2ronte%ras -om o Nada
&o nos dotar com a percep*+o de nosso eu, o Criador nos di)erenciou como a nenhuma outra criatura ue conhecemos. Com isso imp_s, ao mesmo tempo, so)rimentos e deseuil=$rios ue precisaram ser compensados. (ncluiu ent+o o elemento a)etivo na realidade humana de uma maneira sin%ular ue os mundos minerais, ve%etais e animal n+o conheciam. Esse a)eto F a chave/mestra ue permite aos humanos um v=nculo com a eternidade e o a$soluto. Vav=amos classi)icado o mundo do antes, o ue popularmente chamamos de passado, como um mundo ue reside apenas nos a)etos nostMl%icos ue e"perimentamos no presente. odos os a)etos do passado, auilo ue conhecemos de cora*+o (d7cor$ de a)eto, continuam rever$erando. #e$ >achman, em seus ensinamentos so$re o tempo, di8ia ue uando al%o si%ni)icativo acontece dei"a de pertencer ao passado e continua acontecendo a cada momento. odo o a)eto e"perimentado continua acontecendo. >o entanto, o a)eto pertence sempre ao a%oraO por mais ue o a)eto do passado rever$ere, ele sempre depende do presente para ser e"perimentado. & verdadeira )ronteira do antes com a eternidade n+o F o a)eto. Como veremos adiante, o a)eto serve de )ronteira para o a%ora. &s )ronteiras do passado se encontram nos trIs Nltimos elementos de memJria ue %uardam os so$reviventes do nau)rM%io na histJria dos Sete endi%os. S+o eles1 o %osto ue precedia a )ruta, representando a memJria da E"istIncia (nefesh: o aroma ue precedia a )ruta, representando a memJria do Esp=rito (ruach: a )orma ue precedia a prJpria )ruta, representando a &lma (neshama! odas as memJrias anteriores ue vimos estavam %ravadas )isicamente em nossos diversos cFre$ros. S+o as memJrias animais de ue dispomos. &s memJrias lJ%icas estavam no neo/cJrte" cere$ral, as memJrias comportamentais estavam no cFre$ro l=m$ico e as memJrias instintivas estavam no cFre$ro reptiliano. &s memJrias contidas nas e"periIncias intelectuais, emocionais e de autopreserva*+o v+o t+o lon%e uanto a e"periIncia de e"istir. #e$ >achman se re)ere, no entanto, a re%iGes ainda mais lim=tro)es da e"istIncia — realidade antes de o )ruto e"istir. Essas memJrias n+o est+o %ravadas )isicamente em nenhum lu%ar or%Pnico do ser. S+o imateriais como o %osto, o aroma ou a ima%em. S+o os antes ue di8em respeito n+o apenas a um indiv=duo, mas um antes coletivo.
!osto ; E<%st=n-%a 2ora do #orpo
< ue F o %ostoQ < #a$ino Versh^ Yolch comenta ue se n+o )osse pelo %osto, uma ma*+ n+o seria uma ma*+. Seria uma %elatina. Se pudFssemos desli%ar todos os outros sensos e ima%inarmos apenas o %osto da ma*+, o ue estar=amos e"perimentandoQ < %osto F a e"periIncia da vida da ma*+. Se retirMssemos a vida da ma*+ ela seria um punhado de matFria murcha talve8 de colora*+o amarron8ada. !ortanto o ue F o %osto da ma*+Q E a )rescor da vida da ma*+. < )rescor de nossa vida estM numa memJria ue nos dM identidade, nos dM %osto. E o ue nos dM %osto F al%o prJ"imo ao D>&. >+o sa$emos muito so$re isso ue denominamos de D>&. Sa$emos reconhecer ue hM a transmiss+o de in)orma*Ges ue )a8em de ma*+s, ma*+s, e de $ananas, $ananas. Essas in)orma*Ges possuem uma dimens+o )=sica na cFlula, mas est+o para alFm da individualidade de cada ser humano. Elas s+o ori%inMrias de outros or%anismos ue nos precederam e representam )ormas passadas de encarna*Ges hoe mani)estas em nosso prJprio or%anismo. & ciIncia conse%ue identi)icar e atF mapear os encadeamentos de in)orma*Ges ue s+o nossa matri8. Com esse conhecimento podem atF manipular os )rutos. >+o podem, porFm, alterar sua memJria. < conhecimento cient=)ico so$re essa memJria F t+o rudimentar ue ualuer tentativa de inter)erir neste passado in)ormativo da vida incorrerM em a$erra*Ges e de)orma*Ges. Estas de)orma*Ges representam a descone"+o entre a in)orma*+o ue F %erada e a passa%em do tempo ocorrida no passado. como se os cientistas ao me"er com o %osto estivessem se intrometendo no passado sem dispor de poderes para alterM/lo. (sso porue o passado %enFtico ue conse%uem manipular F meramente um passado particular. < passado real da Cria*+o, no entanto, F o somatJrio de todos os passados de tudo e de todos ue M e"istiram e e"istem. &s a$erra*Ges seriam criaturas ue n+o se encai"am no passado da Cria*+o. < %osto ou o D>& representa a ponte entre entidades ou indiv=duos di)erentes. E no %osto ue e"istimos )ora de nJs mesmos, residindo em nossos pais, avJs e ancestrais. odos os aspectos particulares da vida animal est+o representados neste antes codi)icado em %osto. E deste passado — a histJria e a ra8+o de uem somos — ue provFm o re%istro em nossa memJria involuntMria. Esse re%istro estM %ravado, esculpido em nJs como seres vivos. Essa memJria nos leva n+o sJ aos con)ins da individualidade, mas tam$Fm a transcender as )ronteiras da espFcie a ue pertencemos. Essa memJria animal re%ride atF aos tempos evolutivos da vida animal. Ela F uma )ronteira ue vai para alFm da memJria do Se"to Dia da Cria*+o coletiva, para a memJria do 'uinto Dia, uando as espFcies animais s+o criadas. < <& — & EZ(SR>C(& 6<#& D< #E(>< < ue F o aromaQ < aroma F al%o muito anti%o. uitas ve8es lem$ramos mais vivamente o cheiro ue tinha a casa de nossa avJ do ue de seus aspectos visuais. #econhecemos assim ue vivIncias retIm um aroma ue nos remete a lu%ares distantes e anti%os. < aroma F sim$Jlico de uma re%ress+o de nossa memJria a um antes contido nas in)orma*Ges ue
rece$emos anteriormente nossa e"istIncia e ue transcendem n+o apenas nossa prJpria espFcie, mas o reino a ue pertencemos. < aroma sim$oli8a aspectos do mundo ve%eta ve%etativ tivo o ue est+o est+o presen presentes tes nessa nessa memJri memJria. a. Estam Estamos os re%red re%redind indo o a per=od per=odos os do erceiro Dia da Cria*+o (E disse 4eus5 Produ9a a terra erva/em! Esta memJria esculpida em nJs F responsMvel por processos mais amplos da vida. ES D< 6#< & Nltima )ronteira das memJrias estM na prJpria matFria. Carre%amos em nJs um material )=sico, parte do reino mineral, ue transcende nossa estrutura*+o or%Pnica. & matFria em nJs se mantFm independente de nosso corpo individuali8ado e responde por uma memJria muito arcaica e coletiva. &s molFculas e as cFlulas contIm matFria ue possuem memJrias ue re%ridem ao !rimeiro Dia da Cria*+o. #espondem pela divis+o de M%uas M%uas e terras, terras, ou sea, divis+o divis+o dos elementos, elementos, e perdem/se perdem/se nas )ronteiras do omento (nicial da Cria*+o uando tudo era )usionado caoticamente. & separa*+o entre cFus e terra terra respon responde de por elemen elementos tos da ta$ela ta$ela periJd periJdica ica ue ue )oram )oram produ8 produ8ido idoss atravF atravFss de ener%ias li$eradas na Cria*+o. < ue hoe F )lor ou ser humano, um dia )oi material celeste — parte de estrelas ou ener%ia. 'uando di8 o te"to1 E a erra era tohu vavohu um caos, re)ere/se a um per=odo anterior memJria da matFria. & matFria ou a )orma, antes mesmo do )ruto e"istir, transcende n+o apenas o indiv=duo, sua espFcie e seu reino, mas remonta a uma realidade onde n+o Framos seuer seres, nem mesmo coisas, mas pura ener%ia. ais para alFm, porFm, conhecemos em nJs uma memJria de uando n+o Framos seuer ener%ia, mas uando n+o Framos. < >ada F uma memJria viva em cada um de nJs. o sempre em nJs e o lu%ar de onde Deus emana. >+o hM coisa al%uma ue sea mais transcendental do ue este va8io. Este va8io presente em nJs F a Nnica )ronteira ue conhecemos com a n+o e"istIncia. Ele n+o estM na morte, como vimos, pois a morte F um evento individual. &
mort morte, e, porta rtanto, nto, n+o F n+o n+o e"is e"isti tir r.. SJ e"pe e"perrimen imenta tamo moss n+o e"is e"isti tirr uando ando esta$elecemos contato direto com este va8io. & morte nos )a8 retornar a uma e"istIncia coletiva, di)usa, onde as consciIncias e memJrias ue so$revivem residem em nossa in)orma*+o trans)erida e so$ a )orma mineral. Essas memJrias s+o su)icientes para nos manter deste lado da )ronteira da e"istIncia.
III. IN#URS$ES NO A!ORA
>a realidade do a%ora a memJria n+o tem ualuer )un*+o. < a%ora representa a dimens+o )=sica. E sJ no a%ora ue nosso corpo pode e"istir, F nele ue nos mantemos ou somos )eridos ou sarados ou aniuilados. anto o antes como o depois n+o s+o amea*as a nossa e"istIncia porue a morte nunca ocorre no passado nem no )uturo. < antes e o depois n+o marcam o corpo )=sico. < a%ora F o cord+o um$ilical da Cria*+o. Im ein achshav emataiA Se n+o a%ora, uandoQ — per%untava e conclu=a o sM$io Villel. >+o hM imortalidade para o ser humano a n+o ser no a%ora. Esse F o tempo mais do ue presente, o tempo de presen*a. >ossa e"istIncia acontece toda ela nestes $reves instantes ue desem$ocam em novos outros $reves instantes. o )lu"o de a%oras ue nos parece reprodu8ir a essIncia do sempre. >o entanto, essa F uma ilus+o. < encadeamento de a%oras n+o F o sempre. Esse )lu"o F produto da Cria*+o, da pertur$a*+o do sempre. < ato da Cria*+o em si acontece num a%ora inicial, se%uido por outros a%oras ue costuraram o passado rumo a um )uturo. as se por um lado o a%ora nada tem a ver com o sempre, por outro, cada a%ora F uma reprodu*+o dauele momento inicial da Cria*+o. Cada a%ora F em si uma pulsa*+o uma pertur$a*+o no sempre e, como tal, lhe )a8 )ronteira. Essa F sua maravilha, di)erente do passado e do )uturo. >o antes, como hav=amos comentado anteriormente, n+o encontramos )ronteiras pessoais com o >ada. >ossa histJria de antes nunca )e8 )ronteira com o >ada, a n+o ser no momento inicial, marcado em memJria. rata/se, porFm, de um antes coletivo porue ao nos apro"imarmos do instante inicial, do come*o do tempo, n+o e"istia o particular. & morte, como a entendemos, sea ela a morte de antes, uando n+o e"ist=amos, ou a morte de depois, uando n+o mais e"istiremos, F uma realidade individual e, portanto, distante das )ronteiras do sempre. +o apenas por conta do )lu"o ue a M%ua causa, mas por ser o solvente universal. SJ o a%ora possui as propriedades de lavar e puri)icar constantemente. Se por um lado a M%ua supre e sacia, por outro pode nos $anhar. Em am$os os processos a vida se sustenta. >o ue di8 respeito ao >ome de Djus, ou sea, ao tetra%rama ue e"pressa a realidade em uatro tempos 6<( kVXV, kVo a%ora coletivo o tempo constantemente tan%encia o sempre, ou sea, numa )ra*+o de instante XVormalmente o tetra%rama F utili8ado com Y ao invFs de <. & letra vav, ue corresponde terceira letra do tetra%rama, possui am$as as )un*Ges no al)a$eto — Y e <. ( !ara uem %osta de mistFrios, o valor periJdico da M%ua F de 9 <- V"2l, tam$Fm o valor numFrico da palavra CV&( vida. & prJpria palavra M%ua X, tam$Fm composta por uma estrutura 2X, tem valor numFrico 40, mNltiplo de 9, utili8ando a representa*+o comum de cinco molFculas de M%ua. & ori%em he$raica destas palavras data pelo menos de :.000 anos. '
)a8 parte desta realidade para imediatamente retornar realidade das traetJrias e do tempo seWencial. Essa F a ra8+o maior para Deus e"istir )ora do tempo. < encontro entre criatura e Criador ue pode ser perce$ido nas traetJrias do passado ou na especula*+o das traetJrias do )uturo, n+o F alcan*ado na realidade do a%ora. !ortanto, Deus nunca estM dispon=vel num uadro, num ne%ativo, ue acreditamos ver a cada se%undo como parte de nossa vis+o da realidade. < a%ora, por ser um )lu"o, n+o permitirM amais o encontro entre o ue e"iste no tempo, cria*+o e criatura, com o ue e"iste )ora do tempo, o Criador. < te"to $=$lico n+o se )urta a a$ordar esta uest+o no livro de >omes R"odo, no ual os se%redos do Seu >ome, de Sua essIncia, s+o transmitidos. & impossi$ilidade de encontro com Deus o)erece um outro importante ensinamento so$re a ilus+o do tempo. rata/se do relato ue se se%ue ao episJdio do Be8erro de +o poderMs ver meu rosto !a>al, pois n+o poderM ver/me o homem, e viver. E disse o Eterno XVaX n+o verMs. < primeiro elemento ue chama aten*+o F o uso do termo espec=)ico "fa9er 1assar todo o meu *&"! Como hav=amos mencionado, D) $om F a matFria da e"istIncia. 'uando Deus cria, reconhece a cada dia da Cria*+o essa essIncia contida em toda a )orma. Como uma essIncia matemMtica da inten*+o criadora, D) contFm ualidades ue pertencem ao universo depois de *ereshit — posteriores pertur$a*+o ocorrida na eternidade. < ue Deus )a8 passar diante de oisFs F um es)or*o supremo por encontro. entar tornar/Se e"istente e real para oisFs F um es)or*o )adado ao )racasso. >+o F um )racasso de uem tudo pode. a impossi$ilidade de preservar a criatura em sua limita*+o, ue F sua prJpria de)ini*+o, e, ao mesmo tempo, e"por/Se da maneira ue oisFs ansiava. Deus tem o cuidado de elucidar isso a oisFs. >+o hM como mostrar/Se a oisFs sem ue ele tenha ue dei"ar de ser oisFs. >o entanto, antes mesmo de Sua e"plana*+o de ue mortais, ou melhor, e"istentes, n+o podem conhecI/Lo, Deus propGe novamente um ver$o desconhecido, num tempo desconhecido. &parece novamente o uso desta conu%a*+o misteriosa similar a um )uturo/M/ocorrido ou de um M/ocorrido/por/ acontecer. & %ramMtica parece ser o Nnico lu%ar ue restou ao Criador para empreender este contato =ntimo com sua criatura. "E chamarei em nome do Eterno (%,, diante de ti e trarei /raça o 8ue (et+S,eR trou0er /raça e com1adecerei o 8ue (et+S,eR com1adecer" 7 a eni%mMtica )rase de Deus a oisFs. Esta F a descri*+o de Deus dauilo ue estM prestes a acontecer. < resto do te"to F composto de precau*Ges para ue este
encontro possa acontecer. Como os m=sticos, entramos nauele ue F o Nnico campo poss=vel para a especula*+o dos mistFrios — a %ramMtica e seus limites.
En-ontro em Tempo Al+um
Deus estM di8endo a oisFs ue uando )i8er passar diante dele Seu aspecto mais percept=vel ov, uando Deus se apro"imar ao mM"imo a al%o ue se pode distin%uir como e"istente, ent+o serM pronunciado o >ome. !ronunciar o >ome si%ni)ica a$rir portais para uma dimens+o de XVo momento em ue isto ocorre, Deus come*a a )alar da mesma )orma ue )alou a oisFs uando apareceu/lhe so$ a )orma de uma sar*a ardente. >auela passa%em, uando oisFs per%unta pelo >ome dauele com uem se encontra, rece$e como resposta o eni%mMtico Ehi7 +sher Ehi7$ Serei ue Serei. Deus produ8 um ver$o para nomear a Sua essIncia, ver$o esse ue reaparece em nosso te"to, numa )orma %ramatical comple"a. ome dado a oisFs — asher$ ue. < e)eito da e)Imera e"istIncia ue Deus produ8irM a oisFs estM contido no te"to "trarei /raça o 8ue (et +S,eR trou0er /raça e com1adecerei o 8ue (et+S,eR com1adecer!" CVE> %ra*a e #ECVE compai"+o F o ue oisFs provarM desta e"periIncia de intimidade com Deus, antecipando a ualuer ser e"istente a mM"ima e"pectativa ue se pode ter de encontro com o Criador. Deus se )a8 percept=vel na realidade atravFs de Sua %ra*a e de Sua misericJrdia. Esses s+o os elementos de realidade ue Deus pode o)erecer a oisFs para tornar/se e"istente. Em outras palavras, %ra*a e compai"+o s+o percep*Ges estruturais daueles ue e"istem. < )ato de estar/se vivo neste e"ato momento, de des)rutar/se de $em/estar, de sermos o somatJrio de uma inten*+o inicial ue se mani)esta no cumprimento de nossa prJpria e"istIncia, li$era em nJs um horm_nio e"istencial ou espiritual ue F vivido como %ra*a e compai"+o. >o entanto, o ue este te"to possui de mais )ascinante n+o F o conteNdo teolJ%ico so$re as )ormas pela ual Deus se mani)esta, mas a reincidIncia do es)or*o em apresentar essa e"istIncia num tempo ue nos F inapreens=vel. < ue Deus produ8 n+o F resultado de um &%ora, de al%o ue )a8, ue )e8 ou ue )arM. < )a8er, o e"istir de Deus n+o pertence ao sistema de causa/ conseWIncia, o ue Deus )a8 estM para alFm da causalidade, o ue causa M F conseWIncia e a conseWIncia M F causa. >+o hM separa*+o, ou distin*+o, entre inten*+o e resultado. < resultado M F a inten*+o e a inten*+o M F o resultado. alve8 o ue mais se apro"ime desta concep*+o F a matemMtica. < cMlculo n+o necessita de uma histJria, n+o depende de um passado e F imutMvel no )uturo. "+sher" talve8 n+o sea tanto uma pe*a %ramatical no sentido lin%W=stico, mas matemMtico. & no*+o lJ%ica de donde implica causalidade sem ue esta estea calcada em conceitos temporais. Deus estaria di8endo a oisFs ue )aria al%o, mas ue este al%o n+o teria re%istro no tempo. claro ue teria um re%istro no tempo da vida de oisFs, mas Deus ao uerer corresponder ao pedido de mostrar a Sua HlJria n+o podia dei"ar de )ora a verdade de ue este evento n+o teria nenhuma dimens+o temporal para Si. Como se dissesse1 o ue )a*o n+o tem nenhuma causa ou, de maneira mais )iel ao te"to, trarei %ra*a donde trou"e %ra*a, compadecerei donde compadeci. al a)irma*+o F mais uma e"press+o da )us+o da matemMtica e da %ramMtica, do ue meramente uma )orma lin%W=stica. oda a lin%ua%em, com e"ce*+o de al%umas )ormas de litur%ia e poesia, se estrutura so$re a no*+o de tempo. &s tFcnicas s+o varia*Ges so$re o mesmo tema1
descrever o passado e produ8ir relatosO representar o presente em cPmara lenta ou como F vivido no sentimento dauele ue o viveO ou especula*Ges ue trans)ormam o )uturo num passado por vir. "+s.er" sim$oli8a o )ato de ue Deus n+o dei"a rastro no seu )a8er. Este Caminhante n+o )a8 seu caminho ao andar porue n+o lhe resultam traetJrias ou mesmo possi$ilidades )uturas. >esta dimens+o de sempre, "asher" F um ponto cuas coordenadas n+o s+o a sua ra8+o ou sua implica*+o. &s motiva*Ges e as decorrIncias s+o nenhuma, ou melhor, todas. Esta cone"+o entre lin%ua%em e matemMtica F intu=da pelos ca$alistas ao utili8arem o recurso da /uemátria — a tFcnica de converter letras em d=%itos. &pesar de sua )un*+o ser, ao contrMrio, a tentativa de desvendar motiva*Ges e implica*Ges ocultas, reconhece ue as palavras uando convertidas de pe*as %ramaticais em al%or=tmicas passam a )a8er parte da rede de todas as motiva*Ges e de todas as implica*Ges. >esta rede, cone"Ges ue eram impercept=veis se tornam acess=veis. !ode/se transitar por si%ni)icados ue s+o livres de tempo. E toda ve8 ue o tempo puder ser mantido )ora da percep*+o de realidade, revela/se a HlJria. Essa F a prJpria idFia revolucionMria do te"to $=$lico, da orM !entateuco. & orM F o ensinamento porue os ra$inos desvendaram o conceito de ue "ein mudam vFein meuchar .aDorá" — n+o hM antes ou depois na orM. & orM n+o tem uma cronolo%ia a ser se%uida.
Te
>omear F nosso %rande instrumento para des$ravar a realidade. < parPmetro da e"istIncia, ue insistimos em utili8ar para detectar a veracidade de al%o, F ine)iciente a ponto de n+o conter o prJprio Criador. ome e uma %ramMtica para )alar do ine"istente se esta$elece uma revela*+o. E uma proposta para )alarmos so$re o ue n+o e"iste, ou so$re a )ronteira do ue de mais )ascinante hM na consciIncia. Estarmos cientes dauilo ue amais tornar/se/M ciIncia, sea compreens=vel por conhecimento ou e"plicMvel por causalidade, F perce$er as costas do Criador, F desvelar o espelho ue nos situa )ora do tempo. < te"to da orM F representado na m=stica udaica como tendo antecedido a prJpria Cria*+o. Ela )oi a planta, a cJpia helio%rM)ica, pela ual a Cria*+o se proetou. Ela F eterna na medida em ue n+o F superada. Ela n+o contempla seuer e"pectativas internas de coerIncia temporal porue seu relato n+o tem nem antes nem depois. +o uma mMuina ue leva ao )uturo ou ao passado como a )ic*+o humana comumente )antasia, pois esta mMuina nada mais )aria do ue su$stituir o a%ora presente por outro a%ora depois ou antes, o ue aliMs F imposs=vel. < a%ora como o estamos de)inindo F apenas uma ilus+o da e"istIncia e somente com outra ilus+o poder=amos manipular essa ilus+o. (r para o passado e vivI/lo como um a%ora e"i%iria de)ormar toda a )orma ue F produ8ida pela passa%em deste tempo ue pertur$a a eternidade. & Cria*+o teria ue ser desmontada para dar conta desta )antasia. Essa matri8 ue permite deslocamento pelo tempo e"i%iria um tempo n+o seWencial, mas uma eternidade ue sJ F am$iente para a ine"istIncia.
& Nnica possi$ilidade de e"perimentarmos esta ine"istIncia acontece na ima%ina*+o e no te"to. >a es)era individual a ima%ina*+o produ8 um universo n+o temporal. #e$ >achman chamava a aten*+o para a possi$ilidade da ima%ina*+o de manipular o ritmo do tempo e de transitarmos livremente por antes, a%ora e depois. al como a orM, a ima%ina*+o — sea no devaneio, no sonho ou na loucura — n+o possui uma cronolo%ia. >a ima%ina*+o as coisas e"istem como parte de uma matri8, uma rede interconectada onde tudo F poss=vel. importante perce$ermos ue ualuer possi$ilidade F uma )un*+o do tempo. udo F poss=vel uando possu=mos um passe livre para transitarmos livres das imposi*Ges do tempo. Esse F a nosso deslum$ramento diante da ima%ina*+o. Ela )a8 e des)a8, e seus recursos s+o in)initos, ines%otMveis. !ortanto, onde n+o hM tempo, onde re%e a eternidade, n+o hM impossi$ilidades. Em al%um re%istro poFtico, ca$eria di8er ue a Cria*+o F uma ima%ina*+o do Criador. Seu poder a$soluto emana da mesma )onte da ima%ina*+o, onde a ine"istIncia F livre de ualuer )orma. & ine"istIncia re/)orma, de/)orma, trans/)orma, in/)orma, con/)orma e reali8a in)initas outras opera*Ges com a )orma prescindindo totalmente do tempo. &uilo ue a e"istIncia sJ conhece com a passa%em do tempo, a eternidade conhece sem tempo. & ima%ina*+o tam$Fm. >o Pm$ito coletivo, por sua ve8, o te"to cria possi$ilidades semelhantes ima%ina*+o. >o te"to, atravFs do comentMrio e da interpreta*+o, nos apoderamos da realidade como )a8emos com a ima%ina*+o. & matri8, no caso do te"to, n+o F um patrim_nio e"clusivo de um Nnico cJrte" cere$ral de um indiv=duo, mas se locali8a )ora e permite a intera*+o de in)initos indiv=duos. <$viamente ue hM te"tos e te"tos. 'uanto mais a$erto o te"to, ou sea, uanto mais pass=vel )or o te"to de comentMrio e interpreta*+o, maior sua apro"ima*+o ima%ina*+o. & orM n+o sJ F um te"to com essa ualidade, mas sua de)ini*+o como um te"to do Criador lhe dM a universalidade para servir como uma ima%ina*+o compartilhMvel por ualuer inteli%Incia. >a orM, o sempre se )a8 dispon=vel e o encontro com Deus F poss=vel em meio trama de seu te"to. Em suma, o Criador teria )ornecido um meio para ue a criatura pudesse des)a8er/ se do tempo e mer%ulhar na possi$ilidade do encontro. Em tese, a prJpria vida, ou a prJpria realidade, poderia ser e"perimentada como um te"to.
#orpo e o A+ora 3or1o 7 um te0to < ue nos torna di)erentes de nosso CriadorQ < te"to $=$lico di8 ue somos a ima%em e semelhan*a do Criador . ais precisamente, di8 ue somos a silhueta (tselem e ue temos o mesmo padr+o (demut! >o entanto, a primeira de)ini*+o ue o Criador o)erece de Si F a impossi$ilidade de representM/lo por ualuer )orma. !ara lidarmos com este parado"o precisamos primeiro compreender nossa prJpria )orma. >osso corpo F um meio. atravFs dele ue intera%imos com o tempo. Ele envelhece, porFm mais do ue isso, ele F suscet=vel e vulnerMvel ao a%ora. udo ue acontece a%ora impacta nosso corpo. E atravFs dele ue conhecemos a seWencialidade do tempo. < corpo nos ensina tudo o ue sa$emos so$re o tempo e so$re sua passa%em. >a verdade F ele ue tem a Nltima palavra para descrever e le%itimar a realidade. < ue vemos, escutamos, tocamos ou entendemos constrJi uma realidade repleta de tempo. < medo, a de)esa, o ataue, o deseo ou mesmo o impulso se e"pressa constantemente no a%ora. !odemos temer o )uturo ou %uardar do passado an%Nstias, mas nada disso se assemelha ao %osto de realidade ue tem o a%ora. 'uando en)rentamos momentos derradeiros — tais como um assalto ou um acidente — ue s+o versGes modernas e humanas para )alar da nature8a atravFs de seus predadores e de sua violIncia, nos deparamos concretamente com o a%ora. 'ualuer ser, sea por instinto ou consciIncia, sa$e distin%uir a amea*a ou o desa)io do momento presente. Se o passado pode nos entristecer ou o )uturo nos dei"ar ansiosos, nada se assemelha li$era*+o de adrenalina de uma situa*+o do momento. (sso porue sa$emos ue com o a%ora n+o se $rinca. !or mais ue o antes e o depois possam in)luenciar nosso estado de ser no a%ora, estar+o sempre su$ordinados sua Nltima palavra. Essa condi*+o de solvente universal do tempo permite ao momento presente atF mesmo a possi$ilidade de modi)icar as in)luIncias do passado e do )uturo. Como vimos anteriormente, o passado e"iste nauilo ue ele capacitou.
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8en. 'Q(<.
< a%ora depende de um corpo para ser perce$ido. < corpo F o te"to ue cada um de nJs tra8 para ser decodi)icado neste momento. essa e"periIncia de e"istir ue produ8iu o tempo seWencial. o entanto, ca$e ao a%ora a mais importante )un*+o nesse sistema da e"istIncia. < a%ora permite ue o te"to tanto do passado uanto do )uturo poss=vel sea lido. & leitura acontece atravFs de mensa%ens ue este corpo produ8 para si. S+o mensa%ens de preserva*+o do corpo passado, do tipo1 estou com )ome, com medo, com sono ou carente. +o F por acaso ue a descri*+o do sono F de a$andono do corpo. &o dormirmos hM uma distor*+o do a%ora. >+o hM antes nem depois no sonho porue n+o hM um claro a%ora. &s impressGes destes sonhos muitas ve8es n+o podem ser relatadas ustamente pela )alta de uma %ramMtica ue evite o uso de causalidade ou de a%oras. Sonhos se descrevem mais do ue se relatam porue sua estrutura n+o F seWencial. aim_nides, )ilJso)o e comentarista do sFculo Z(, em seus Dre9e Princ?1ios de 7$ e"plicita ue Deus n+o se parece a um corpoO Deus n+o F um corpo. Deus n+o tem corpo e n+o tem a%ora. aim_nides reconhece isso ao di8er ue Ein et elmetsiut@ — n+o hM tempo em Sua e"istIncia. >+o vemos Deus porue estamos sempre prisioneiros de um a%ora ue nos ce%a. Como o escuro da noite ue permite ver as estrelas, a claridade do a%ora nos o)usca a capacidade de perce$er a eternidade na ual estamos plantados. & ima%em e semelhan*a da ual )ala o te"to $=$lico se re)ere a uma ualidade especial ue tem o ser humano. Sua e"istIncia inova porue a partir do sentimento o ser humano F capa8 de produ8ir inteli%Incia. & sa$edoria F capa8 de estruturar a ima%ina*+o, a )antasia e o sonho. < ser humano conse%ue dentro de si conhecer a e"periIncia de matri8, de va%ar por sua mente como uma reprodu*+o da eternidade. & mente conse%ue n+o ter corpo por $reves momentos. >a verdade esta capacita*+o humana de conhecer a realidade em rede, onde n+o hM limita*Ges )=sicas de tempo, F seu atri$uto maior, cumplicidade com seu Criador, e seu maior tormento. & mente ue conse%ue n+o ter corpo F a mesma mente ue reprime sentimentos ao i%norar o corpo. #acionali8a*Ges, de)esas, proe*Ges e desespero s+o al%uns su$produtos desta capacidade de alienar/se do corpo. !odemos, mas n+o devemos viver mesmo ue $revemente sem o corpo. Se uisFssemos perse%uir a %lJria de nossa mente poder=amos indu8ir uma situa*+o similar uela da ual Deus tenta salva%uardar oisFs. Sem o corpo, sem seu tempo inerente, nos tornamos %radativamente loucos, here%es e, em Nltimo estM%io, destrutivos. < te"to de nosso corpo F um territJrio imprescind=vel. Ele nada mais F do ue a amarra entre o antes e o depois. o meio do a%ora. Deus passa e n+o se pode ver Sua
6ace porue ela n+o e"iste no a%ora. Suas Costas s+o um rastro da eternidade e da ine"istIncia na es)era da e"istIncia.
Er>t%-o ; O Sempre no (A+ora(
esse processo de )ormular sentimentos, sea de )orma residual ou intencional, o cFre$ro )oi desenvolvendo a mente.
$aseados na e"periIncia sensorial do corpo. ossas vidas s+o $asicamente o %erenciamento da e"istIncia, dos sentimentos do corpo e do recurso da mente ue nos capacita sermos conscientes. !or um lado temos ue 8elar para ue a mente n+o inter)ira demais com o corpo. uitas de nossas ma8elas s+o interven*Ges da mente tentando produ8ir modelos do ue seria certo ou atF mesmo %erando um senso de si, um e%o, ue desea nos prote%er. Esse e%o mima o nosso ser de uma )orma irreal, criando atritos com o e"istir de cada a%ora ue uer simplesmente dar conta dos impulsos e dos sentimentos. < te"to do corpo e"i%e leituras constantes, a cada momento, e tem pouca tolerPncia a distra*Ges ou di%ressGes t+o sedutoras nossa mente. !or outro lado, temos ue impedir um comando a$soluto ao corpo, porue ao dar conta de sua e"istIncia e )initude, ele en%endra desespero mente ue tem seu pF na eternidade. VM, no entanto, um centro de %ravidade, um ponto de conver%Incia entre a matri8 da ima%ina*+o da mente e as percep*Ges do corpo. Esse locus de encontro F a e"periIncia erJtica. !atrocinado pela necessidade reprodutiva, este encontro acontece no momento em ue o corpo desco$re ue seu te"to anseia pela composi*+o com outro te"to, outro corpo. & un*+o de dois te"tos para a cria*+o de um terceiro permite uma e"periIncia mente ue potenciali8a sua percep*+o do sempre. & un*+o de te"tos esta$elece um meta/te"to1 um te"to ue por mais espec=)ico, permite acesso a todos os te"tos. >+o hM apenas mais um ser, mas um amMl%ama ue passa a )a8er parte de uma rede ue transcende o corpo. >esse momento o corpo prova uma realidade de matri8 ue F maior do ue seu prJprio indiv=duo e passa a ter uma rela*+o di)erente com o tempo. !or conta deste encontro a mente e"perimenta, com nitide8 mM"ima, a sensa*+o de eternidade. Esses s+o momentos em ue a eternidade reside no momento. Esses momentos n+o s+o apenas se"uais. & se"ualidade F o meio de reali8ar um princ=pio de a*+o ue nasce do lirismo amoroso. Eros F impre%nado do sentido da vida, da $usca da vida. Di)erente da alimenta*+o ou do medo ue servem e"clusivamente ao propJsito de preserva*+o do indiv=duo, Eros contFm um sentido coletivo ue transcende ao prJprio corpo. um sentimento de preserva*+o ue por de)ini*+o conserva mais do ue ao or%anismo ue o sente. Essa F a ra8+o de a m=stica estar t+o prJ"ima de Eros. Di)erente da tica, ue F uma )un*+o mental, muitas ve8es dissociada da e"periIncia do corpo, Eros F um sentido ue )unciona coordenado com o corpo. a verdade direcionavam seu Eros para compor com a tica e produ8ir a palavra de Deus. Essas palavras eram e"pressGes %ramaticais, lin%ua%em ue tentava tradu8ir matemMticas da dimens+o do sempre. SJ nesta dimens+o a tica )a8 sentido, ra8+o pela ual as tradi*Ges reli%iosas est+o sempre
apontando para as recompensas do mundo )uturo, ou do !ara=so. & Nnica )orma de le%itimar a tica como um interesse humano F reconhecer ue para o corpo, para a e"periIncia comum da e"istIncia, ela n+o )a8 sentido pleno. Como atividade da mente, a so)istica*+o conceituai da Ftica F )antMstica, mas n+o F capa8 de nos sustentar. SJ ela n+o dM conta da e"istIncia. achman uali)icava como momentos rever$erantes. Eles aconteceram em momentos espec=)icos, em dados a%oras, mas continuam rever$erando no seu )uturo. ais do ue isso, eles parecem nunca, em momento al%um, terem dei"ado de e"istir. & u$iWidade de tais e"periIncias proeta so$re a realidade )ormas mentais, estruturas de rede ue desa)iam o conceito de tempo. Conhecemos o sempre no a%ora por conta dessas e"periIncias. Se a percep*+o do Sempre no passado estM no va8io, no presente estM em Eros. < va8io ue reside em nJs, ue remonta aos primJrdios de uando Framos nada, uando o tempo n+o e"istia, F a )ronteira do antes com o sempre. Essa )ronteira do a%ora e do sempre F Eros. SJ o erJtico produ8 uma e"periIncia do corpo ue distorce a no*+o de indiv=duo. Vaveria uma Nnica outra porta a esta distor*+o do corpo — a morte. >o entanto, estar morto n+o F uma e"periIncia do corpo, F posterior a ele. >+o hM sentimento de estar morto, porue os sentimentos pertencem vida. Essa F a ra8+o de a morte n+o ser )ronteira com o nada ou com o sempre. M o$servamos isso anteriormente. & morte F menos transcendente do ue ima%inamos e ue talve8 ueiramos crer. E poss=vel ue a morte tenha toda essa importPncia porue re)lete a auto/estima e o ape%o de nosso e%o. as a morte F apenas uma reor%ani8a*+o da vida ue n+o rompe com um tempo seWencial. Como vimos, a morte F parte inte%rante da Cria*+o, talve8 o retoue )inal. < a%ora F um )lu"o, um rio ue se encadeia constantemente. >+o haveria )lu"o se n+o houvesse morte. E a )initude ue produ8 uma tens+o entre o nascimento e o )im e ue, por sua ve8, esta$elece esses elos ue reconhecemos como a%oras. & morte, ao e"ercer sua tens+o com a cria*+o da vida como um )io esticado entre dois pJlos, cria o a%ora. < re%istro deste a%ora se dM atravFs de sentimentos.
I? IN#URS$ES NO DEOIS
>a ordem da ori%em do tempo, o a%ora antecede o antes. 6oi preciso um primeiro a%ora para ue se iniciasse o encadeamento ue produ8iu o antes. !ara cada a%ora, a partir de ent+o, hM sempre um antes. < depois, por sua ve8, n+o necessariamente e"istirM. < depois F uma proe*+o ue )a8emos da certe8a de ue todo o a%ora tem um antes. E essa no*+o de antes ue nos )a8 antecipar um depois. as atF mesmo para podermos conce$er o depois temos ue tornM/lo mentalmente um antes. &s tensGes ue o a%ora e"erce so$re a realidade %eram essa sensa*+o de linearidade do tempo ue criaram primeiro um passado e posteriormente a possi$ilidade de um )uturo. Se por um lado o depois n+o e"iste e F apenas mental, por outro, eventualmente, poderM ser um a%ora. < antes amais voltarM a ser um a%ora. E se apenas o a%ora tem o poder de reali8ar e sJ ele F real, o depois, di)erentemente do antes, tem a potencialidade de assumir essa posi*+o. &)inal, como vimos anteriormente, a representa*+o sim$Jlica do depois pelo elemento )o%o ilustra sua rela*+o com o a%ora. !or um lado o )o%o pode lentamente )a8er evaporar a M%ua, tal como pode o depois dissipar o a%ora. !or outro, a M%ua F sempre capa8 de e"tin%uir o )o%o de)initivamente, como pode o a%ora modi)icar ou mesmo suprimir o depois. Essa F a ualidade particular do depois1 ele F um des=%nio do a%ora. Se em dado a%ora n+o )a8emos op*Ges por poss=veis depois, ele se torna um des=%nio dos a%oras anteriores, ou sea, de todos os antes. osso depois F in)luenciado n+o sJ por nossa prJpria e"periIncia, como pelo acNmulo da e"periIncia passada de todos e pela e"periIncia de cada um de nossos contemporPneos. Somos e"=mios moldadores de depois e nos surpreendemos com a capacidade de ampliar nossos recursos e nossa lon%evidade como or%anismos. !or outro lado, a inten*+o ue nos dota de inteli%Incia F oculta a esta mesma inteli%Incia. !ara ue sou$Fssemos dessa inten*+o ter=amos ue partilhar da essIncia do Criador. >esse sentido somos menos sM$ios do ue nos ima%inamos. Buscamos compreender estas inten*Ges para ue possamos usar os recursos de nossa inteli%Incia para melhor promover essas inten*Ges. Como n+o conse%uimos entendI/las, nossa civili8a*+o produ8 essas inten*Ges atravFs da moral e de )undamentos.
e"celentes recursos para produ8ir estratF%ias para nosso )uturo, mas n+o sa$emos muito $em uais s+o as re%ras do o%o, ou a inten*+o implantada em nJs. >ossa inteli%Incia en"er%a o te"to e atF mesmo o conte"to, mas n+o alcan*a as pro)unde8as da e"periIncia de uma pedra esculpida. & inten*+o da e"istIncia se encontra num te"to para o ual o conte"to tem a mesma essIncia. >+o F distin%u=vel e, portanto, escapa inteli%Incia. ;amos disponi$ili8ando novos recursos )antMsticos, mas n+o sa$emos, pelo menos conscientemente, para ue )im aplicM/los. & loucura de nossa sa$edoria F ue ela o)erece cada ve8 mais recursos a ce%os. Como se o)erecIssemos aos ce%os primeiro uma $icicleta, depois um carro, depois um ato supers_nico. 'uanto mais poderoso o recurso em velocidade e poder, maior o peri%o a ue o ce%o se e"pGe. verdade ue continuam e"istindo processos coletivos ue possuem maior acuidade e sensi$ilidade para com essas inten*Ges da vida. & uest+o F se ser+o capa8es de dar conta da irresponsa$ilidade de dotar ce%o de poderes ue e"i%em cada ve8 mais auilo ue ele n+o possui — vis+o. >ossa civili8a*+o ainda de$ate se a sa$edoria )oi o come*o de nosso )im ou o )im do nosso come*o. En)im, para nenhuma outra espFcie das ue conhecemos o depois tem tanta relevPncia. < depois individual, por conta de nossa consciIncia, impGe responsa$ilidades pesadas ao a%ora. M o depois coletivo, por conta de nossos recursos cada ve8 mais poderosos e destrutivos, impGe inse%uran*as e riscos inFditos ao a%ora. < depois vem conuistando cada ve8 mais espa*o em nossa civili8a*+o. >unca hav=amos e"perimentado tanta curiosidade e ansiedade em rela*+o a nosso )uturo, sea individual ou coletivo. Especulamos em )ic*+o cient=)ica, especulamos so$re nossa preserva*+o e especulamos atF para de)inir a economia e os valores do presente. < )uturo dita atF mesmo a riue8a de hoe. alve8 uma das %randes comple"idades de nosso mundo sea a in)luIncia ue tem o depois no a%ora. Sea como )or, perce$emos ue o antes e o depois s+o componentes do a%ora. < a%ora tem um componente ue e"plica sua )orma antes e um componente ue F a conseWIncia das escolhas nele )eitas depois.
O Mundo ?%ndouro
< )uturo nos permite perce$er al%umas armadilhas de nossa rela*+o com o tempo. & sensa*+o de um tempo ue se sucede F o ue )omenta a percep*+o humana do )uturo. Desco$rimos ue a constru*+o de modelos mentais permite maior e)iciIncia em predi8er o ue acontecerM. Esses modelos prospectivos se tornam o mais )reWente truue humano para se relacionar com a realidade. & educa*+o e a cultura s+o contundentes em apontar este como o mais importante recurso humano. &prenda do passado e proete para o )uturo, F a )ormula $Msica ue inculcamos s novas %era*Ges. >+o F por acaso ue vivemos numa civili8a*+o de constantes reavalia*Ges e acertos por conta do deseuil=$rio causado pela e"a%erada importPncia dada ao )uturo. 'ualuer tentativa de diminuir a relevPncia do presente, do a%ora, resulta em desarrano para o ser humano. & vida acontece no a%ora e a superposi*+o de tempos F uma patolo%ia. odo auele ue vive no sonho da prJ"ima via%em, do encontro ue acontecerM amanh+, na possi$ilidade de mudar de cidade, pa=s ou empre%o e"perimenta um a%ora distorcido. & cali$ra%em do tempo F o ue precisamos )a8er constantemente, sea na pausa da noite, no )im de semana, ou nas )Frias. < prJprio manual do )uncionamento da vida apresentado no HInesis e"plica ue no sFtimo dia F )undamental descansar. Esse descanso n+o F uma necessidade )=sica para reco$rar )or*as. odos sa$emos ue F poss=vel repor ener%ias com alimento e sono e ue nenhum descanso semanal F necessMrio. Essa F a di)iculdade de acreditarmos ue sea imprescind=vel o sM$ado. >o entanto, esse tempo de pausa F imperativo para acertarmos nosso relJ%io interno. &)inal, o relJ%io interno F de precis+o at_mica porue nJs somos compostos de Mtomos. < tempo seWencial da Cria*+o estM impresso em nosso ser da mesma )orma ue se mani)esta nas pulsa*Ges e nos ciclos ue permitem medi*Ges. 'ualuer vivIncia de desacerto de nosso a%ora com o Hreenich cJsmico provido pela Cria*+o tem conseWIncias desastrosas. 6ora do a%ora nos de)ormamos. (nicialmente e"perimentamos uma de)orma*+o emocional e intelectual ue rapidamente se alastra para de)orma*Ges )=sicas. Se nada )i8ermos para consertar essa situa*+o ela pro%ride e destrJi. < universo n+o comporta nada vivo ue n+o estea no a%ora. Lem$remos ue esta )oi a preocupa*+o de Deus ao n+o se revelar completamente a oisFs. < )uturo coletivo )oi preocupa*+o de pro)etas e adivinhos e o )uturo individual das reli%iGes. < ue acontecerM conosco no )uturoQ !ara onde vamosQ, tornaram/se uestGes das uais nenhuma reli%i+o podia se e"imir. Essa talve8 sea a %rande uest+o, o produto mais relevante ue a reli%i+o no n=vel mais primMrio tem a o)erecer1 respostas para o ue vai acontecer conosco. (nNmeras idFias e cren*as se criaram para n+o dei"ar sem resposta essa per%unta. #enascemos, encarnamos, vamos para o cFu ou para o in)erno, ou pur%amos numa espFcie de centro de rea$ilita*+o cJsmico. odas essas tentativas $uscavam preservar o conceito de um tempo seWencial. Sempre haverM um depois. al como crian*as ue per%untam por uI a cada por ue respondido, n+o nos saciamos com os e depoisQ. E assim a vida apJs a morte, com varia*Ges e temperos de toda sorte, F ima%inada como uma eternidade de tempos seWenciais. & no*+o udaica do mundo vindouro n+o escapa de muitas destas de)ini*Ges de um tempo em outro mundo constitu=do de in)initos depois. VM, no entanto, al%umas instPncias onde se intui ue este mundo vindouro n+o F apenas uma )un*+o do )uturo. <
tratado de !irei &vot tica dos &ncestrais, parte da ishna sFculos (( e (((, tem como primeira a)irma*+o ue todos tIm uma por*+o no mundo vindouro. esmo ue n+o sea desenvolvido de )orma e"pl=cita, este mundo vindouro F um lu%ar ou um tempo ou simplesmente uma realidade com uma representa*+o no a%ora. Se%undo !irei &vot i$.(131 & sa$edoria, a transcendIncia e a Ftica Dorá$ avodM e /uemilut chassadim redu8em ou atF mesmo eliminam a ilus+o do tempo. 'uando essa ilus+o se des)a8 nossa por*+o no mundo vindouro )ica reconectada. Como se n+o )osse um mundo do porvir, mas um mundo paralelo contemporPneo de cada a%ora. Esse tempo tem como caracter=stica n+o e"istir. >+o seria um tempo do depois de nossa vida, ou o depJsito da morte, mas um mundo ue sJ F perce$ido durante a vida. & consciIncia tem condi*Ges de pressentir essa dimens+o na ual temos representa*+o uma por*+o, mas ue F ine"istente. 6ora do tempo seWencial, o mundo vindouro F uma alus+o do )uturo da mesma )orma ue Deus se nomeia no )uturo Serei o ue Serei. >+o F uma conuista do depois, mas o portal dispon=vel a cada a%ora para o sempre. & sa$edoria orM em sua )orma mais desenvolvida tem a ver com maturidade e tranWilidade. 'uando caminhamos pela vida sem )antasias de controle e poder, simplesmente vivendo a ale%ria e a e"periIncia do momento, nos li$ertamos da no*+o de )initude. & morte tam$Fm F parte da vida e nosso desaparecimento n+o F uma descontinuidade com nossa e"istIncia. !or esta perspectiva, a e"istIncia ou a ine"istIncia dei"a de ser os parPmetros dominantes da consciIncia e prova/se o %ostinho da eternidade. esses instantes a$andonamos o temor de nos esva8iarmos e desaparecermos da vida. &)inal, parte su$stancial de nosso senso de e"istIncia no dia a dia provFm de rea)irma*Ges de nossa imprescindi$ilidade. !ara produ8ir este senso nos dedicamos a )a8er e conuistar como )orma de anular a an%Nstia de esva8iar/nos. Se n+o )a8emos, n+o somos. &ui novamente a ilus+o do tempo se e"pressa na percep*+o de ue )a8er e planear )a8er no )uturo nos dM e"istIncia. & transcendIncia rompe com esta rela*+o ilusJria de e"istIncia. & Ftica (/emilut chassadim, por Nltimo, F uma sensi$ilidade ue nos retira de um tempo pessoal e nos coloca diante do outro. &tos de preocupa*+o e envolvimento com os outros rompem os limites de nossa individualidade ou mesmo de nossa e"istIncia. < dito Se uiser salvar sua alma, salve o corpo de outro correlaciona o eterno e o momentPneo. Se uiser e"perimentar um %ostinho da eternidade cuide de um mortal. < mundo vindouro dei"a assim de ser uma proe*+o de nosso deseo so$re a realidade e se trans)orma na sensi$ilidade especial ue tem o ser humano para e"perimentar o sempre. 6a8endo uso de nossa uali)ica*+o como ima%em e semelhan*a do Criador, tam$Fm temos uma representa*+o na ine"istIncia. #essoa em nJs um va8io maravilhoso ue F um componente de nossa ine"istIncia presente em nosso e"istir. >ovamente vemos ue a morte n+o F uma )ronteira com o nada. & morte F um momento como o nascimento. um $om (Dov$ ou melhor, F um muito $om (Dov &eod! >+o hM nada na morte ue )ua essIncia da vida. Cada momento de vida incluindo o prJprio momento da morte F lim=tro)e com uma realidade e"terna Cria*+o. '
odos — < te"to se re)ere a (srael1 odo o (srael tem um por*+o no mundo vindouro. >o entanto esta a)irma*+o n+o tem um carMter etnocIntrico, M ue em termos espirituais (srael n+o representa uma na*+o, mas todo auele ue, no sentido etimolJ%ico da palavra, se de$ate ou contenda com Deus.
nessa )ronteira ue os encontros com o Deus )ora do tempo se )a8em poss=vel. < mM"imo porvir n+o estM )rente, mas ao lado.
"%m%tes do (Depo%s(
>a orM o !entateuco hM um interessante detalhe so$re os preparativos para a orte do pro)eta oisFs. E disse Deus a oisFs Deut. 321:91 "So.e a cordilheira de &varim, ao monte >e.o$ de fronte a +o seria este um protocolo sMdicoQ M n+o hM $astante tens+o no te"to pelo )ato de n+o ser permitido ao pro)eta viver para ver a reali8a*+o de seu proetoQ !or ue e"p_/lo a essa dolorosa vistaQ & literatura ra$=nica F rica na descri*+o da an%Nstia de oisFs diante da morte. < aspecto humano de oisFs F ressaltado por te"tos onde ele implora ao Criador para ue n+o permita ue morra. E neste clima ue os comentaristas apresentam uma interessante interpreta*+o. !ara eles Deus recomenda a oisFs ue su$a nestes montes para ue possa ustamente se consolar. !orFm, se a preocupa*+o do Criador F o consolo, como e"plicar sua su%est+o de su$ir ao monteQ Su$imos a lu%ares altos para ue possamos ver mais lon%e. < maior terror ue temos da morte F n+o podermos participar das e"periIncias ue viver+o nossos entes ueridos no )uturo. VaverM casamentos, )estas e tantas situa*Ges em ue n+o estaremos e a dor deste sentimento n+o F despre8=vel. Deus teria uerido, portanto, ue oisFs olhasse para alFm do )uturo prJ"imo. Como se dissesse1 >+o se preocupe com o ue vocI n+o vai participar. ;ea mais lon%e. VM tanto mais alFm e ue vocI, mesmo seus )ilhos e netos n+o ver+o. S+o idas e vindas da VistJriaO tantos sucessos e )racassosO tantos nascimentos e mortes. ;ea do alto do monte e descu$ra ue o )uturo n+o F a sua terra prometida. < ja%oraj, mesmo este ue te parece t+o )u%idio e descartMvel, F nele ue reside a tua eternidade. Entra a%ora no sempre e unta/te a teu povo. e.o$ ue si%ni)ica < monte da ;is+o. Com a mesma rai8 da palavra >a.?$ ue si%ni)ica pro)eta, esse F o monte da predi*+o. < verdadeiro pro)eta n+o F auele ue prenuncia o porvir, mas ue en"er%a t+o lon%e o depois do depois ue se li$erta do )uturo. < pro)eta F apai"onado pela a*+o e, portanto, passional pelo a%ora. Deus estM ensinando sua criatura t+o estimada a $e$er da )onte da ine"istIncia aui mesmo neste tempo seWencial. Essa )onte n+o F a morte e sua )ronteira. Essa )onte F o a%ora vivenciado livre da ilus+o do )uturo.
& verdadeira sa$edoria descarta o )uturo como sendo a terra das respostas e dos se%redos inatin%=veis do presente. Eclesiastes, o livro $=$lico da impermanIncia, di8 isso claramente1 >+o hM nada de novo so$ o sol. E esse tempo perec=vel do a%ora ue contFm nossa por*+o no mundo vindouro. Essa n+o F uma ne%a*+o da imortalidade da alma, F uma ne%a*+o da imortalidade como uma no*+o conspurcada de ilusGes so$re o tempo. & eternidade da alma, como a eternidade de Deus, escapa nossa compreens+o do tempo. (mpor a Deus uma eternidade constitu=da de tempos seWenciais in)initos F um antropomor)ismo. aim_nides em seu Guia dos Per1le0os a)irmava ue a imposi*+o de conceitos temporais a Deus F uma )orma de antropomor)ismo, de )a8er de Deus uma mera ima%em e semelhan*a do humano. >ossa e"pectativa de ue haverM sempre um depois F um v=cio, uma ilus+o. < interesse pelo depois sur%e como produto da )initude. E importante e"plicar ue o )uturo F uma inven*+o $astante recente em rela*+o cria*+o do tempo. ;imos ue o a%ora %era com sua passa%em o antes e este, por sua ve8, a racionali8a*+o do depois. & consciIncia da )initude n+o F e"atamente a mesma coisa ue a morte. & morte antecede em muito a )initude ue )oi uma conuista da consciIncia $astante recente. & morte tem a ver com o tempo seWencial ou com o passado/presente/)uturoO a )initude tem a ver com a e"periIncia do tempo antes/a%ora/depois. >+o hM uma e"periIncia eterna de depois porue n+o haverM uma e"periIncia eterna de a%oras para nenhum indiv=duo.
Enumera os Teus (A+oras(
ma das %randes )antasias ue nutrimos F a imortalidade. < sonho humano de deter a morte de)initivamente n+o compreende o tempo. VM um pensamento linear ue move a ciIncia a acreditar ue os avan*os mFdicos dar+o conta das doen*as e )erimentos humanos e ue desco$riremos )ormas de deter nosso envelhecimento. 'ueremos com isso desativar o "Dov &eod" o muito $om da morte. < contra/senso estM em n+o perce$ermos ue a vida produ8iu a morte e ue para erradicM/la ter=amos ue rede)inir ou recriar a vida. >ossa e"istIncia depende de possuirmos uma )orma, porue tudo neste tempo seWencial tem )orma. < tempo seWencial modi)ica estas )ormas e as trans)orma constantemente. Este F um processo incessante, diretamente li%ado e"istIncia e e"periIncia do a%ora. Se al%o n+o estM se trans)ormando, sendo e mudando (.ecomin/ and overcomin/, n+o apenas dei"a de ter )orma, como tam$Fm n+o tem a%ora. Em outras palavras, a proposta cient=)ica de conter o envelhecimento si%ni)ica esta$elecer um novo tipo de vida destitu=do de al%o ue F, na mais pro)unda estrutura da vida, muito $om. Sem trans)orma*+o n+o podemos e"istir. Se pararmos de mudar n+o e"perimentaremos o consumo de )ormas e dei"amos de e"istir. !ortanto, essa imortalidade t+o sonhada pela ciIncia se assemelharM a uma a$erra*+o da prJpria morte. & morte F em si um evento de trans)orma*+o, o ue a torna parte da e"istIncia. & imortalidade seria al%o semelhante a tornar uma vida mineral. Da mesma )orma ue nos re)erimos a pessoas ue perdem suas )un*Ges vitais mais essenciais como ve%etando, ter=amos ue considerar nossos imortais como minerali8ando. >+o seriam nem parte da ine"istIncia e nem parte da e"istIncia da vida. al vida seria marcada por distor*Ges em seu propJsito mais essencial. Vaveria um colapso do tempo, uma ve8 ue os monstros resultantes seriam destitu=dos de a%oras. Sem a%oras, n+o haveria um )uturo. Seriam imortais ustamente porue n+o teriam um )uturo. & e"tens+o arti)icial da vida, sem ue esta sea resultado de uma ra8+o evolutiva espec=)ica, apenas retarda as trans)orma*Ges. (sso porue sem essa ra8+o evolutiva n+o dispomos de novas )ormas para assumirmos, e sem )ormas, de)ormas e re)ormas n+o hM tempo. ossos a%oras s+o numerados e se )a8em dispon=veis na medida em ue temos uma )un*+o or%Pnica para e"istirmos. o a)+ de devorar tudo ue vIem pela )rente dei"am de se importar com o or%anismo como um todo. rata/se de cFlulas ue trocam parPmetros de ualidade por parPmetros de
uantidade. & imortalidade, com certe8a, se encai"a estruturalmente na mani)esta*+o cancer=%ena. E incr=vel perce$er ue por trMs do cPncer e"istem comandos inteli%entes capa8es de produ8ir tanta destrui*+o. &s in)orma*Ges ue tomam a decis+o por uantidade ao invFs de ualidade se mostram )atalmente competentes. < corpo n+o sa$e muitas ve8es como detI/las. & nossa inteli%Incia pode assumir o mesmo padr+o. &)inal, a imortalidade F a troca do todo pela parte. #epresenta o despre8o ao toue de maestria da o$ra da Cria*+o, adetivado ue )oi como "Dov meod" muito $om. & uest+o F ue temos uma uantidade mM"ima de a%oras de)inidos de antem+o por conta de nossas uali)ica*Ges e )un*Ges na realidade. E F isso ue Deus uer mostrar a oisFs ao )a8I/lo su$ir o monte >e$o. ;isuali8ar ue seus a%oras nada tIm a ver com o )uturo remoto consola oisFs ao )a8I/lo entender ue n+o perderia nada. >+o haveria nada a ser perdido deste )uturo porue este seria composto de outros a%oras para os uais ele n+o e"istiria. & incon%ruIncia de nossas )antasias nos )a8 muitas ve8es so)rer por coisas ue est+o alFm da possi$ilidade de so)rimento. Enumera, portanto, os teus a%oras. neles, e n+o no )uturo, ue estM o teu acesso eternidade. >o tempo seWencial o )uturo sJ e"iste pelo consumo de a%oras, e os a%oras s+o uma )un*+o da trans)orma*+o. < a%ora amais serM uma ponte para levar/nos ao sempre. Este sempre n+o e"iste, pois nada da Cria*+o F t+o imutMvel para conhecer essa dimens+o. < a%ora n+o se relaciona com um sempre no )uturo, mas F um portal constante para a realidade )ora do tempo.
Irre/ers%,%l%dade do Tempo
< tempo F uma )un*+o de propJsito. Como se estivFssemos estipulando e"istencialmente ue hM um certo processo a ser percorrido. < processo representa a distPncia a ser percorrida e o tempo F uma )un*+o da velocidade de trans)orma*+o. & distPncia propJsito F percorrida pela multiplicidade de )ormas ue v+o se sucedendo e caracteri8ando a passa%em do tempo. >o momento em ue se esta$elece uma rela*+o entre tempo e propJsito, o tempo dei"a de ser o$eto manipulMvel, ou sea, revers=vel, sea pela possi$ilidade de ser revisitado ou antecipado. >+o se pode ir para trMs no tempo porue n+o hM propJsito em ir/se para trMs e n+o se pode ir para a )rente porue sem a reali8a*+o deste processo n+o hM para )rente. Esta$elecer ue o tempo F uma )un*+o de um propJsito F o mesmo ue esta$elecer uma cren*a em Deus ou uma cren*a de ue e"iste uma alteridade ao niverso. < niverso pode ser todas as partes, pode ser tudo, mas n+o responde pelo todo. Esta proposta meta)=sica dei"a de )ora o propJsito ue pertence ao sempre e ue estM )ora do tempo e do ue nele e"iste. & palavra cren*a F uma palavra importante porue ela nos redime do provMvel pecado de estarmos produ8indo uma verdade a$soluta. m importante ensinamento de #e$ balman Schachter di8 respeito linearidade de nosso pensamento. Essa linearidade F uma amea*a constante mM representa*+o da realidade, e nenhum pensamento F mais linear do ue auele ue nos )a8 ela$orar o tempo. < primeiro cuidado ue devemos ter com pensamentos lineares e inevitavelmente hM rastros de vMrios tanto acima como a$ai"o F ue eles se constroem so$ uma premissa e desenvolvem corolMrios atF che%ar a uma conclus+o. Se desarmarmos um Nnico elemento desta pro%ress+o lJ%ica, desmontaremos por completo o seu valor e sua relevPncia. Di)=cil produ8ir al%um pensamento ue n+o sea pass=vel dessa desconstru*+o. >a verdade, F para isso ue os pensamentos servem1 s+o marcos no nada, mas ue permitem comentMrios e cr=ticas. Destes Nltimos se produ8 compreens+o dos erros e do ue as coisas n+o s+o e se de)inem per)is da realidade. < %rande pro$lema da linearidade F ue ela visa conuistar nossa simpatia pelo encadeamento de causas e conseWIncias. Como todas as causas s+o pol=ticas, di)icilmente salvamos al%uma conseWIncia. as levando/se em conta nossas limita*Ges podemos compreender a partir delas. E #e$ balman alerta para essa possi$ilidade. 'uando usamos causa e conseWIncia nos tornamos o ue ele chama de uma mente di%ital. Di%ital uer di8er $inMria. 6unciona com sim ou n+o, certo ou errado, $ranco ou preto. & )alta de um espectro mais amplo ue possa mani)estar todas as $ilhGes de cores ue e"istem entre preto e $ranco F um arti)=cio da mente di%ital para poder produ8ir a)irma*Ges.
#e$ balman propGe uma mente analJ%ica ue possa se n+o )uncionar pelo menos reconhecer ue e"iste uma multiplicidade de causas ue respondem, cada uma, independente e e"clusivamente por uma conseWIncia. Ele compara a mente di%ital com a capacidade de optar entre o espectro de 3-0 %raus da realidade por um Nnico. Certo ou errado produ8 uma verdade ue F apenas %rau da verdade. odos os outros 34 %raus de verdade s+o uma mentira, uma ilus+o ou um erro. & mente analJ%ica F auela ue conse%ue, di%amos, alar%ar seu espectro para 2 %raus de amplid+o. 'ualuer um ue tenha essa amplid+o em torno de 30 %raus terM di)iculdade de comunicar/se com outras pessoas. 'uando se che%a aos : %raus nossa sanidade F colocada em uest+o. (ma%ine/se ent+o uando ultrapassados os 90 %raus de amplid+o. & partir deste ponto para cada verdade hM uma contra/verdade ue n+o redu8 a primeira, mas a e"pande e le%itima. J$vio ue nossa mente tem a )un*+o de a)unilar e n+o ampliar para alFm de n=veis suportMveis pela co%ni*+o. Se al%o desmente al%o, se o ue entendemos desentende o ue inicialmente hav=amos entendido, nossa mente reeita esse tipo de atividade. Sua )un*+o F aparentemente preencher, e n+o esva8iar. Diria melhor, sua )un*+o F preencher para permitir esva8iar, mas a se%unda )un*+o lhe F e"terna e trata/se de cren*as. &s cren*as tIm como encar%o produ8ir o esva8iamento da atividade mental sem destru=/la. Caracteri8ar a irreversi$ilidade do tempo n+o como um pensamento linear, mas como uma cren*a F )undamental. &s cren*as n+o s+o incoerIncias na medida em ue n+o s+o a)irma*Ges sJ $aseadas em pensamento, mas em intui*+o ou sentimento. & tentativa de de)ender essas cren*as raramente escapa de pensamentos lineares dos mais primMrios. as aceitM/las como esva8iamento do processo mental reconhecendo ue parte de suas incoerIncias responde por verdades para alFm dos 90 %raus da verdade F importante. Essa irreversi$ilidade intimamente li%ada e"istIncia de uma alteridade, a um outro, )ora do universo, F uma cren*a. < o$etivo maior deste livro F re%istrar ue n+o F uma cren*a num outro ser ou mesmo entidade eu)emismo para )alar de um ser, pois representam uma e"istIncia ou uma )orma. >+o F por acaso ue Deus F em dado momento 8oomJr)ico adorado so$ a )orma de animal e em outro antropomJr)ico adorado so$ a )orma humana. & )orma F a essIncia da e"istIncia e n+o conse%uimos conce$er nada ue n+o sea so$ al%uma )orma. < Deus ue se apresenta em R"odo como um Deus sem representa*+o de )orma, ue pro=$e ualuer especula*+o so$re )orma, F nitidamente um Deus ue n+o F uma entidade, n+o F um ser. Este Deus F um >ao/Ser, ou como Ele mesmo coloca1 Sou um tempo ue n+o F tempo. 'uerer reverter o tempo ou antecipM/lo F um pensamento linear ue )a8 da )orma uma realidade perene. >ada F mais e)Imero do ue a )orma. >ada F mais va8io de essIncia prJpria do ue sua mani)esta*+o como o tempo. < tempo nada mais F do ue uma dire*+o dei"ada como rastro e ima%inada como prosse%uimento de um propJsito ue identi)icamos, mas n+o dominamos. & linearidade do pensamento e leia/se tam$Fm do tempo, porue s+o uma mesma coisa n+o F uma cren*a, mas uma a)irma*+o retirada da e"periIncia. Sua )un*+o maior F permitir/nos compreender ue a verdade inteira n+o conse%ue se encai"ar neste modelo. Esse len*ol curto demais F um recurso )antMstico para demonstrarmos auilo ue ora )ica desco$erto e, ao ser co$erto, revela outra )aceta ue )ica desco$erta. importante distin%uirmos os portais ue nos permitem adentrar na realidade daueles ue nos )echam e aprisionam na ilus+o. (ma%ine um carro. VM apenas uma
chave ue li%a esse carro. E"istem in)initas chaves, mas apenas uma dM a partida. (sso n+o si%ni)ica ue essa chave sea o %rande se%redo do niverso. Carros podem dar a partida com uma li%a*+o direta, por e"emplo. & prJpria )echadura pode ser trocada e ualuer outra chave pode ser usada para o mesmo )im. & nossa percep*+o )ica muito in)luenciada pelo poder de uma chave espec=)ica. claro, se tentar ualuer outra chave n+o irM )uncionar, e isso parece um ensinamento a$soluto. as n+o F. verdade ue podemos )or*ar a realidade com mM%icas, tentando )a8er ualuer outra chave )uncionar no lu%ar dauela ue realmente dM a partida. !orFm tam$Fm F ilusJrio cultuar a chave como sendo a responsMvel, o propJsito mM"imo da realidade diante da ual estamos. 6a8er isso F tomar a parte pelo todo, ou sea, mais do ue ilus+o F uma idolatria. & chave F um recurso desenhado, criado, para se lidar com uma dada realidade. &pesar de nos parecer como a chave, e )uncionar como a chave, F apenas uma chave. &ssim F o )uturo. Ele sempre nos parecerM o )uturo. Constru=do de todos os a%oras ue o antecederam, n+o haverM outra chave para sua e"istIncia do ue este )uturo espec=)ico. esmo assim ele serM apenas um )uturo e n+o o )uturo. Da= a ra8+o da impossi$ilidade de avan*ar/se no tempo. !ara isso ter=amos ue ter o )uturo, uando na verdade F um )uturo. Herar o )uturo, um destino imutMvel e, portanto, ue possa ser visitado, F uerer impor o mesmo erro ue cometemos sonhando com a imortalidade. >ossa Nnica residIncia F o a%ora ue talve8 sea muito menos claustro)J$ico do ue ima%inamos ser. Suas )ronteiras com o sempre respondem pela amplid+o ue ueremos proetar para )rente no )uturo ou para trMs no passado. !or isso antes e depois respondem melhor pelo tempo ue o passado e o )uturo.
?. IN#URS$ES NO SEMRE
Um Tempo que @ um "u+ar
ma das pistas ue utili8amos para construir a idFia de um uarto tempo advinha da m=stica udaica ue dividia a realidade em uatro mundos. Esses mundos se relacionavam com os uatro elementos. &lFm disso, utili8amos a men*+o litNr%ica so$re Deus e ue $uscava de)inir sua e"istIncia1 Djus F so$erano, Djus )oi so$erano, Djus serM so$erano — para todo o sempre. &o invFs de lermos apenas trIs tempos, considerando o trecho para todo o sempre como su$ordinado ao )uturo Deus serM, )i8emos desse um uarto tempo. !ara todo o sempre, como vimos acima, n+o F uma )un*+o do )uturo. < sempre F um tempo independente ue n+o se locali8a nem no passado, nem no presente e nem no )uturo. &o analisarmos essa e"press+o com mais cuidado perce$eremos dois outros importantes detalhes. < primeiro F ue presente, passado e )uturo n+o aparecem na ordem cronolJ%ica ue esperar=amos, ual sea, )oi, F e serM. & hieraruia, por assim di8er, do tempo seWencial F re%ida pelo presente. !assado e )uturo so$ a )orma de antes e depois s+o relativos a um a%ora. Lem$rando ue a Cria*+o )oi a cria*+o de um primeiro a%ora ue permitiu ue Deus esta$elecesse com um antes (.ereshit o in=cio da traetJria do relJ%io universal. < se%undo detalhe di8 respeito ao )ato de ue o presente, o passado e o )uturo s+o representados pelo ver$o ser F, )oi e serM. < ver$o ser determina e"istIncia. >o entanto, ao mencionar o uarto tempo a de)ini*+o n+o F )eita por e"istIncia. Em he$raico a e"press+o "leolam vaed" se tradu8 para todo o sempre, ou literalmente atF o in)inito. >o entanto, o su$stantivo "olam" e"prime a idFia de lu%ar ou am$iente sendo comumente tradu8ido como mundo. Seria al%o como o o mundo de atF, lem$rando ue atF n+o F um advFr$io ue e"clusivamente e"prima tempo, mas tam$Fm lu%ar. < sempre seria mais $em representado, em nossa limita*+o conceituai, como um am$iente do ue como um tempo. &l%o semelhante ao ue vimos uando tratamos do conceito de mundo vindouro utili8ado pelos ra$inos. LM tentamos o$servar a possi$ilidade de este mundo n+o ser uma realidade do porvir, mas um mundo paralelo. Esta seria a ra8+o de o nome de Deus estar sempre sendo apresentado no tempo so$ uma )orma inadeuada ou constran%ida. Serei o ue Serei ou compadecerei do ue compadecer s+o e"pressGes ue, como vimos, denotam um certo desaustamento ao de)inir o tempo dos ver$os utili8ados pelo Criador. < mesmo n+o podemos di8er em rela*+o a lu%ar. m dos nomes ue Deus rece$e ineuivocamente pelos sM$ios F "hámaom" — o lu%ar. >+o hM constran%imento em de)inir Deus como o lu%ar porue talve8 essa sea a melhor maneira de apresentar o Criador como um uali)icativo de tempo e n+o espacial1 o lu%ar F um tempo. Como se estivFssemos diante de um contra/senso1 Deus em termos temporais F al%o complicado de de)inir, e"ceto pela e"press+o ue aparentemente denota uma situa*+o espacial. Essa cone"+o entre tempo e espa*o n+o deriva de ualuer proposta da )=sica moderna, mas de um olhar n+o/linear analJ%ico acerca do Criador. < sempre no ual ha$ita Deus F um am$iente.
Essa percep*+o, como dissemos, n+o vem de nenhum cMlculo ou modelo matemMtico, mas da intui*+o lin%W=stica ue )a8 o he$raico con)undir os ver$os ser e estar. !ara a l=n%ua he$raica trata/se do mesmo ver$o. !oder=amos voltar a tradu8ir nossa )rase n+o como uma )un*+o da e"istIncia — F, )oi e serM — mas como uma presen*a — estM, esteve e estarM. !ortanto o tetra%rama kXV
Sempre ; Tempo sem D%re'ão
< ue )a8 o Sempre se assemelhar mais a um estado do ue a uma e"istIncia F a )alta de dire*+o deste tempo. e"tremamente di)=cil ima%inarmos um tempo sem dire*+o, sem um deslocamento. oda a e"periIncia ue temos do tempo F contrMria a este pensamento. < tempo se desloca e o )a8 na dire*+o do hoe para o amanh+. Conhecemos o tempo apenas como um caminho pelo ual trilhamos. Esse tempo nos parece $astante concreto e atua como um parPmetro para a maioria de nossas medidas e propor*Ges. &costumados a um te"to ue F relato com in=cio, meio e )im, temos ue coneturar um am$iente similar ao ue e"perimentamos em nossos sonhos. >eles o tempo conse%ue se mani)estar de uma maneira interativa. Como se tudo acontecesse num mesmo dado momento, o tempo )ica dispon=vel para intera%ir com todos os tempos. >+o hM mais seWencialidade. alve8 o mais interessante dos sonhos F ue eles possuem um ponto )ocai para onde todo o sonho se diri%e. < propJsito de um sonho, talve8 de )orma semelhante Cria*+o, F conse%uir e"pressar um determinado sentimento em torno do ual o sonho )oi ideali8ado. < tempo )lui para ualuer dire*+o e os relatos n+o s+o inteli%=veis do ponto de vista de um relato do tipo causa/conseWIncia. Esse tempo de simultaneidade e de trM)e%o livre, sem dire*+o, n+o produ8 e"istIncia. >in%uFm morre por causa do ue acontece no sonho. >o sonho se estM, mas n+o se F. !ara vislum$rarmos o ue seria um tempo sem dire*+o temos ue )a8er uso de todos os modelos dispon=veis. m, em particular, F de utilidade. rata/se da Yorld Yide Ye$, a rede mundial conhecida como (nternet. Esse meio de intensi)icar a interatividade nos trou"e uma nova vis+o do ue seria um am$iente. Seus conceitos s+o revolucionMrios no sentido de compreender a intera*+o, al%o de ue n+o dispNnhamos no passado. SJ identi)icMvamos a possi$ilidade de conversas onde se alternasse a situa*+o de ativo e passivo. & interatividade da rede ativa tantos uantos )orem seus participantes e o)erece a possi$ilidade de compartilhar. < am$iente F o espa*o desta partilha. Depois da psicanMlise, nenhuma outra mani)esta*+o cultural produ8iu tantos termos novos, a maioria deles tentando dar conta dos )en_menos desta interatividade. !alavras como virtual, tempo real, site ou mesmo rede a$riram verdadeiros campos m=ticos atF ent+o inFditos. Estar/se sem ue se sea virtualO ou o a%ora ue F desco$erto como o a%ora em ualuer lu%ar da rede tempo realO ou um lu%ar ue n+o F )=sico, mas um ponto siteO ou mesmo a idFia de ativar/se ao se conectar com outrosO s+o amplia*Ges de nossa compreens+o da realidade. & verdade F ue a (nternet mistura os conceitos de tempo e espa*o e dM pre)erIncia cone"+o. alve8 a cone"+o sea uma )orma mais so)isticada de descrever a realidade do ue atravFs dos parPmetros de tempo e espa*o. &inda estamos no in=cio desta revela*+o, mas M perce$emos ue o tempo e o espa*o n+o s+o coordenadas t+o a$solutas como pensMvamos no passado. >Js os utili8amos porue s+o a melhor )orma dispon=vel para descrever os misteriosos processos ue di8em respeito Cria*+o. & Cria*+o, porFm, parece ser mais uma )un*+o de intera*Ges do ue de linearidade. !or este conceito as coisas n+o s+o t+o separadas ou t+o di)erenciadas como
e"perimentamos. !rocessos pro)undos de interatividade estariam em )uncionamento uando tomamos nossas peuenas decisGes da mesma maneira ue nenhuma )orma desta Cria*+o seria meramente um indiv=duo, mas um ponto de uma )antMstica rede. >ossas inteli%Incias, sensi$ilidades e intui*Ges estariam constantemente em cone"+o com um todo do ual seuer temos consciIncia. (sso seria em si a e"istIncia. >+o seria, portanto, de)inida por um indiv=duo ue se sustenta a si prJprio, como uma unidade independente, mas pela intera*+o ue esta$elece com esta rede. E"istir seria um e)eito resultante deste compromisso de intera*Ges. entativas de ir muito mais alFm e derivar maior compreens+o ainda s+o prematuras. Sea como )or, estamos lidando com novos instrumentos de descri*+o e novos recursos de ima%ina*+o. Estamos diante de uma rede ue F maior do ue a YYY, uma rede de e"tens+o mundial. Estamos diante do conceito de uma YY, uma rede de e"tens+o universal. o almud Ba$. Berachot 5a em nome do sM$io #av F dito1 < mundo vindouro n+o F como esse mundo. LM n+o e"iste comida, $e$ida, procria*+o, comFrcio, invea, Jdio ou rivalidade. a 2tica dos +ncestrais 3120, essa rede assim F descrita pelo mestre &iva1 "E a rede está a.erta so.re tudo o 8ue 7 vivo! + loja está a.erta$ o /uardião da loja oferece tudo a cr7dito$ o livro de conta.ilidade está a.erto$ e a mão nele anota$ e todo a8uele 8ue 8uiser fa9er uso 8ue venha e faça: e os coletores fa9em seus turnos continuamente$ e rece.em os 1a/amentos seja voluntariamente ou não$ 1ois 1ossuem 1romiss@rias! E o e8uil?.rio 7 um e8uil?.rio a.soluto e tudo isso torna 1oss?vel o .an8uete!"
a cone"+o ue esta$elece essa rede. Ela F interativa — nin%uFm F ativo ou passivo, mas am$os. < te"to re)ere/se a isso pela responsa$ilidade de ue hM uma conta$ilidade e"ercida n+o de )orma punitiva, mas pela prJpria condi*+o da intera*+o. udo in)luencia tudo e n+o se )ica de )ora deste processo em momento al%um. >este %rande supermercado do niverso o $anuete sJ F poss=vel por conta dessa intera*+o a$soluta de tudo com tudo. & !resen*a F )ruto da prJpria cone"+o com o odo. >+o sendo mais uma parte isolada, mas estrutural do niverso, nos $anhamos na radiPncia dessa !resen*a. < mundo vindouro F a possi$ilidade de sermos um ponto da trama da vida. Ele estM dispon=vel n+o no )uturo, mas a%ora. Essa F a coroa de ue )alam os ra$inos. alve8 possamos visuali8ar essas coroas de uma )orma mais analJ%ica. < Bohar (((, 50a, te"to clMssico da Ca$ala, assim se re)ere a elas1 "4eus oferece de9 coroas su1eriores com as 8uais se adorna e se veste! E Ele 7 elas e elas são Ele! E uma nica coisa tal como estão misturados a chama e o carvão 8ue a incandesce!" &s cone"Ges s+o chamadas de coroas e s+o elas ue )a8em com ue Ele seja elas e elas sejam Ele! Essa F a maneira ue tem nosso te"to de )alar so$re interatividade. & %rande8a de participar desta rede, de n+o se estar )ora dela, F descrita por outro te"to do sFculo (; intitulado Ialut Shimoni ((, 4-1 "#uando um feto 7 criado$ uma lu9 se acende so.re a sua ca.eça uma coroa e atrav7s dela ele 1ode fi0ar seu olhar de um fim da eternidade at7 o outro! 3omo está escrito5 68uando a lam1arina .rilhar so.re sua ca.eça6!" Essa coroa lu8 F a maneira pela ual podemos espiar de um lado ao outro da eternidade. >+o porue podemos olhar uma linha ue vai do passado ao )uturo, n+o uma dire*+o, mas porue podemos nos perce$er como parte da rede. Somos, tal como na pedra entalhada, tanto os prota%onistas do te"to e da narrativa, como somos, nJs mesmos, o te"to. 'uando e"perimentamos essa cone"+o com o odo do ual somos parte, momentaneamente provamos do sempre. Seu %osto estM entranhado em nossa e"istIncia, mas n+o F ela. >ossa e"istIncia F, ao contrMrio, um vFu ue vela o sempre do ual somos parte. Essa coroa, como um site, F nosso cord+o um$ilical na rede da eternidade.
Um Modelo de Ine<%st=n-%a
< ue a (nternet nos )ornece F um modelo para intera%ir com al%o ue e"iste mas n+o estM em lu%ar al%um. E claro ue estamos )alando de um modelo rudimentar, mas a mente humana necessita de elementos concretos, o ue de todo n+o F uma limita*+o. Sa$emos ue a a$stra*+o F muitas ve8es o inimi%o ue nos leva por trilhas de ilus+o. Lem$ro/me ue certa ve8, durante uma aula para crian*as de oito anos, a$ordamos a idFia de ue Deus n+o teria )orma. Enuanto me esmerava para e"plicar o ue isto si%ni)icava, provavelmente eu mesmo n+o sa$endo do ue )alava, uma menina interrompeu e disse1 desenhei Deus !or um momento eu e os demais alunos )icamos at_nitos. Eu aca$ara de di8er ue Deus n+o tinha )orma, ue tipo de desenho poderia ela ter )eitoQ 'uando pus meus olhos so$re o desenho vi vMrios riscos trImulos. !er%untei1 (sso F DeusQ Ela respondeu1 E Deus... uer di8er... isso F uma %elatina. Ela F como Deus, n+o tem )orma. #ealmente nossa mente )ormula a$stra*Ges, mas muito provavelmente auilo ue n+o vemos toma a )orma in)antil de %elatinas. >ossas atitudes como adultos muitas ve8es re)letem a incapacidade de incorporar estes conhecimentos ue permanecem como modelos mentais descone"os de nossa intera*+o com a vida. Essa F a importPncia de coisas prMticas, eventos concretos, ue nos )a*am intera%ir com as a$stra*Ges mentais. Deus F, com certe8a, a maior destas a$stra*Ges. !essoas ue di8em crer plenamente neste Criador de )orma so)isticada ela$oram desenhos mentais de um Deus %elatina. & importPncia da (nternet F ustamente essa. al%o ue aplicamos diariamente e ue estM nos despertando para possi$ilidades novas. &s mentes do )uturo ter+o esse %rande la$oratJrio interativo sua disposi*+o para internali8ar muitas dessas a$stra*Ges ue em nossos dias n+o passam de modelos de %elatina. sando a lin%ua%em da (nternet poder=amos construir o se%uinte modelo1 o Criador estM na rede, mas n+o F a #ede. EstM em todo o lu%ar, mas n+o estM em lu%ar al%um. & espiritualidade e o misticismo uerem )a8er com ue perce$amos ue somos contemporPneos de Deus. (n)eli8mente para muitos, sJ F poss=vel perce$er esta contemporaneidade ao deparar/nos com a morte. 'uando despertamos para o )ato de ue nossa e"istIncia F passa%eira redesco$rimos nossa cone"+o com o >ada. & concretude da morte desperta as pessoas para tentar inte%rar modelos da n+o/e"istIncia com a realidade. & (nternet veio dar/nos uma peuena amostra de ue somos tam$Fm conterrPneos de Deus, ue ha$itamos um mesmo ch+o. Ch+o ue n+o tem metra%em, mas cru8amentos. Ch+o onde a realidade estM mais prJ"ima do sonho do ue do despertador. < lu%ar de a$soluta interatividade F onde Deus reside. E interessante notar ue a e"periIncia humana de intera%ir se mani)esta atravFs de al%o muito concreto — o a)eto. 'uando )alamos de intera*+o no sentido pleno, n+o estamos )alando dos meios de comunica*+o, porue a)inal s+o apenas meios. Estamos )alando dos )ins/de/comunica*+o. E uais s+o elesQ S+o invariavelmente os a)etos. 'ueremos comunicar a)eto e sermos correspondidos por a)etos. &tF mesmo Deus F um s=m$olo universal de a)eto. &l%o se preocupa ou tem interesse em mim neste cosmos. Esse sentimento n+o F apenas o e)eito de uma carIncia ou de um deseo auto/reali8ado. a prJpria ra8+o de nossas vidas. < a)eto F tudo ue nos importa na e"istIncia. Sem
a)eto, sem a)etarmos ou sermos a)etados, a morte ou o desaparecimento a n+o/ e"istIncia nos s+o melhores. ;ea a rea*+o dos velhos uando perdem essa capacidade de a)etar e serem a)etados. >+o sJ pre)erem a morte como a cometem. Esse desli%amento da vida ue identi)icamos muitas ve8es como uma desistIncia n+o F t+o ne%ativo. & perda de cone"+o com a realidade coloca a e"istIncia em contradi*+o com a vida. Dei"a/se de e"istir ustamente porue n+o nos comunicamos mais com o mundo. &)inal esses s+o os mortos1 aueles ue n+o se a)etam e n+o s+o a)etados pelos vivos. Isso não 8uer di9er 8ue$ em outra esfera$ num mundo vindouro talve9$ a8uilo 8ue os /erou como um 1otencial interativo (ou de afeto não 1ro1orcione outras formas de interatividade! Sem1re talve9 seja essa .olsa$ esse reservat@rio eterno de interação! E essa 1rovavelmente 7 a maior contri.uição 8ue 1odemos fa9er5 reconhecer o Sem1re não como um tem1o$ mas como uma medida de interações! Se olharmos de perto veremos ue o prJprio tempo nada mais F do ue uma medida de intera*Ges. < nosso tempo entra em cPmara lenta uando estamos sendo pro)undamente a)etados por al%oO ou se torna eternamente tedioo uando n+o somos a)etados. >esse Nltimo o tempo voa e se perde uando n+o somos a)etados, mas se torna eterno uando hM a)eto. Lem$remo/nos da idFia de #e$ >achman de ue um evento a)etivo permanece acontecendo sempre. Se%undo ele, nossa memJria F mais do ue uma lem$ran*a — ela reprodu8 virtualmente todos os momentos a)etivos ue M vivemos. Eles n+o s+o eventos do passado, mas eventos do Sempre. Sua conectividade F t+o intensa ue eles passam cate%oria da e"istIncia. !odem nos in)luenciar no momento mesmo ue n+o esteam acontecendo no momento e podem nos )a8er suar, chorar, matar ou morrer. Deus F esse a)eto cJsmico. >+o F um prisioneiro de uma e"istIncia ue re)lete apenas uma intera*+o momentPnea, mas eterna. Deus F uma memJria a)etiva presente em tudo deste niverso. !ortanto, n+o F a$surdo di8er/se matematicamente ue Deus %osta de mim. rata/se de um %ostar oriundo de uma es)era )ora de nossa realidade, ustamente porue F eterno e da dimens+o do Sempre. &)etado e &)etante, Deus F a ra8+o proveniente do Sempre, para nossa prJpria e"istIncia. >ossas vidas s+o mais interativas do ue nosso e%o perce$e. &o e%o F dado administrar um certo contrato de interatividade, uma encarna*+o. as ao retornarmos terra, $olsa de interatividades da ual somos provenientes, nos re)a8emos so$ outra )orma dando continuidade Cria*+o. Cada re/vida F um novo contrato de interatividade ue e%os, self ou or%anismo tentar+o preservar enuanto houver interatividade ue usti)iue esta )orma. !or isso tratamos a morte n+o como um retorno de)initivo (ne"istIncia, mas como uma recone"+o com essa ine"istIncia com a )un*+o de nos recarre%ar para novas mani)esta*Ges de e"istIncia. 'uando uma dada e"istIncia n+o conse%ue conter a)eto, ela se decompGe com a )un*+o de reciclar e encontrar outra )orma para conter este a)eto. < Sempre F um modelo de ine"istIncia porue )ere nossa percep*+o maior ue F o tempo. !ensar o Sempre F estar pensando a ine"istIncia.
?I. IN#URS$ES NA INEIST0N#IA
A&eto e resen'a
Conta/se ue certa ve8 a )ilha de #e$ balman , ao despertar de manh+, veio ao pai com essa per%unta1 !ai, se a %ente acorda de estar dormindo F poss=vel acordar de estar acordadoQ Ela ueria sa$er se seria poss=vel estar/se num estado mais desperto do ue o costumeiro. E a resposta F ue sim. E"istem maneiras de acordar/se cada ve8 mais, mas o ue si%ni)ica issoQ Estar desperto F uma )un*+o de interatividade. 'uanto mais interativos, mais despertos estamos. alve8 colocando de )orma menos a$strata, uanto mais a)eto se investe mais despertos se )ica. & uest+o inicial seria determinar uando F ue estamos despertos. >esse sentido as tradi*Ges ben e Vass=dica podem nos audar. < %rande mestre e poeta tao=sta Chuan% se se per%unta apJs ter sonhado ser uma $or$oleta1 Bem, n+o sei direito1 era eu um homem sonhando ser uma $or$oleta, ou sou eu uma $or$oleta sonhando ser um homemQ !er%unta semelhante por outro Pn%ulo F )eita pelo hassidismo 2.< )ilho de um mestre lhe per%unta1 Se hM pessoas peram$ulando pelo undo da (lus+o acreditando ue est+o vivendo suas vidas re%ularmente, talve8 eu tam$Fm estea vivendo neste mundo de (lus+oQ Seu pai ent+o respondeu1 Se uma pessoa sa$e ue hM um undo de (lus+o, este F em si um sinal de ue n+o vive num undo de (lus+o. ais do ue uma a)irma*+o mental, o mestre hass=dico estM determinando ue uma medida m=nima de cone"+o com a vida F tudo o ue precisamos para n+o nos perder de nJs mesmos. < mestre n+o estM di8endo penso, lo%o e"isto, mas troco com a vida, lo%o e"isto. (ntera%ir F o ue pai e )ilho est+o )a8endo. < prJprio ato de per%untar F uma intera*+o sea de pai/)ilho ou disc=pulo/mestre ue usti)ica aprender. ais ainda, hM uma medida de a)eto nesta troca de per%unta e resposta ue verdadeiramente responde dNvida acerca do dentro ou )ora, do real ou do ilusJrio. E o a)eto ue nos o)erece uma Pncora realidade. >ossa presen*a depende do %rau de interatividade e essas pessoas ue est+o no undo da (lus+o s+o auelas ue se isolam em si mesmas. 'ualuer indiv=duo ao intera%ir conosco nos o$ri%a a estarmos presentes. Essa F a ra8+o pela ual muitas ve8es a loucura n+o admite companhia. !odemos perce$er ue a e"istIncia F uma medida de intera*+o uando pensamos so$re o dormir. E comum em minha prMtica de ra$ino, e aprendi isso de ami%os psicanalistas, ue )icamos com sono uando n+o hM a)eto. Se uma pessoa come*a a nos contar al%o ue n+o F o ue %ostaria de nos di8er, se aos poucos vai se )a8endo menos presente, auele ue escuta vai perdendo contato com a realidade. >+o F o tom de vo8, nem a ilumina*+o ue nos mantFm acordados, mas o a)eto. & sonolIncia se instala uando estamos sJs, perdendo contato com o mundo. 'uando somos o$ri%ados a )ocar a aten*+o em uma pessoa ue n+o estM lM vamos sendo adormecidos. 'uem sa$e essa F a ra8+o pela ual nossa consciIncia despertaQ < sonho, uma ve8 tendo cumprido suas '
Re alman S3ha3h$er Shalomi lL&er e *un&a&or &o mo@imen$o Reneal hoe pro*essor era Naropa Ins$i$u$e CO. Hassi&ismoQ %o@imen$o u&ai3o &e reno@a+o espiri$ual *un&a&o por Israel 1en Elieer '0"J'< o 1aal Shem To@ na primeira me$a&e &o sB3ulo >III na Europa Cen$ral. Es$e mo@imen$o res/a$a prF$i3as mLs$i3as que in3luem a Caala alBm &e 3Gn$i3os &an+as e sore$u&o len&as e *Fulas que re$ra$am a B$i3a e a @iso &e mun&o &essas 3omuni&a&es. (
)un*Ges de di%erir e reciclar os a)etos vividos no dia anterior, n+o F capa8 de proporcionar intera*+o. &cordamos em $usca de sermos mais despertados. Sonhamos para despertar, M ue o sonho ela$ora uestGes do a)eto ue a$andonamos sea lM por ue ra8Ges, mas acordamos porue, uma ve8 cumprida a sua )un*+o, o sonho n+o nos o)erece a oportunidade de novas intera*Ges. Essa F tam$Fm a uest+o daueles ue sonham acordados ao invFs de intera%ir com o mundo sua volta. Seu isolamento F uma pris+o, uma )alta de presen*a. ;oltando per%unta da )ilha de #e$ balman, n+o sJ podemos acordar de estar acordados, mas podemos ser colocados para dormir de estarmos acordados. & hipnose F $asicamente isso. #etira/se do indiv=duo a presen*a por entediM/lo na solid+o de uma intera*+o ue n+o e"iste, ue F uma mera repeti*+o. 6ica/se em um estado acordado ue F similar a estar dormindo. ma pessoa so$ hipnose perde a presen*a por )alta de intera*+o. !rovavelmente a hipnose F semelhante discuss+o ue )i8emos anteriormente so$re a imortalidade. !ara sermos imortais n+o podemos nos relacionar com um mundo em trans)orma*+o, porue, como imortais, n+o nos modi)icamos. m imortal n+o perce$eria a vida e perderia presen*a. ;iveria, sim, para sempre, em um mundo ue n+o F este mundo de intera*Ges. !recisamos de a)eto para estarmos despertos. 'uanto mais a)eto, mais real F o mundo. & idFia ra$=nica de ue no mundo vindouro se usu)rui a !resen*a divina F uma maneira de di8er ue este F um mundo de intensa intera*+o. < Sempre F um lu%ar de intera*+o onde nin%uFm dorme. >+o dormem porue seu a)eto F t+o intenso ue n+o s+o colocados para dormir como tam$Fm n+o precisam de mecanismos de di%est+o destes a)etos. ma histJria hass=dica o)erece a medida e"ata do ue F a)eto. &pJs mostrar sua casa a um visitante, este per%unta ao mestre1 uito $onita, mas hM al%o ue n+o entendo1 as cortinas na anela. Se vocI uer ue as pessoas olhem para dentro, por ue cortinasQ E se vocI n+o uer ue elas olhem, por ue anelaQ < mestre respondeu1 !orue um dia al%uFm ue me ame e ue eu ame tam$Fm vai passar por aui e untos vamos remover a cortina. < a)eto F o ue permite ue esteamos untos, mas, ao mesmo tempo, ue n+o nos misturemos. Essa intercone"+o, ao invFs da mistura F o ue produ8 presen*a. +o se trata da presen*a ue estamos acostumados a e"perimentar no a%ora, mas a meta/!resen*a ue ha$ita o Sempre. < Sempre F uma espFcie de meta/&%ora, um a%ora sem dire*+o cua essIncia n+o F )eita de trans)orma*Ges ue modi)icam o tempo, mas de a)eto. < tempo da Cria*+o F re%ulado pela incessante dinPmica da )orma. < Sempre, pelo incessante propJsito do todo, ou sea, dauilo ue nos a)eta e so$re o ual a)etamos. Esta F a teoria mais importante e talve8 mais revolucionMria do misticismo udaico1 reconhecer/nos como parceiros de Deus. m Deus ue precisa de nJs F, no m=nimo,
inuietante. & ra8+o desta necessidade estaria no a)eto ue depende de um outro. as como pode Deus, ue n+o tem )orma, carecer de ualuer coisaQ
O Tu que Não E<%ste
De)inimos Deus n+o como uma e"istIncia, mas como uma !resen*a. assim ue no mundo vindouro Ele F perce$ido. !orFm, mais ue isso apontamos para o )ato de ue a interatividade contempla uma rela*+o ue n+o F apenas entre um sueito ativo e outro passivo, um ue necessita e outro ue a%racia. < pensador medieval oisFs aim_nides, cua o$ra $uscou inte%rar a teolo%ia udaica com a )iloso)ia e a meta)=sica, F $astante contundente em a)irmar ue Deus n+o tem necessidades. < ue de)ine o Criador F ue ele F um doador universal, nunca um receptor. Deus dM, Deus n+o precisa rece$er.
Isaa3 ?uria '562J<(. Caalis$a &o sB3ulo >I. Re@olu3ionou o es$u&o &o mis$i3ismo u&ai3o a$rain&o /ran&e nmero &e se/ui&ores que lhe &eram o $L$ulo &e HaJAri o ?eo por 3on$a &as ini3iais &e seu nome. En$re suas i&Bias ino@a&oras es$F o 3on3ei$o &e Tim$um se/un&o o qual Deus se 3on$rai /eran&o um @aio que 3ompor$a a Cria+o.
possi$ilidade de intera*+o e de despertar, esses sim nossos $ens supremos. ma pessoa ue pouco intera%e ou ue se isola, adormece a ponto de tornar a sua vida um mart=rio. < suicida se sente t+o aliado do supermercado de trocas ue F a vida sendo essa troca o seu maior deseo ue pre)ere a$rir m+o de sua e"istIncia )=sica visando ualuer outra condi*+o ue o recoloue no mercado de trocas e intera*Ges com o universo. &s ra8Ges do suicida n+o s+o a$surdas, s+o o$viamente humanas e tentam dar conta de necessidades reais. a perspectiva de sua condi*+o ue F de)initivamente euivocada, uma ve8 ue n+o hM, por de)ini*+o, este lu%ar de isolamento a$soluto, de n+o/ interatividade. !ara artin Bu$er o ser humano se torna um eu por conta de um tu, e uanto mais encontre o eterno u, mais cristalino )ica o seu eu na consciIncia. >a verdade, Bu$er tenta desenvolver um conceito de e"periIncia ue n+o tem centro no indiv=duo, mas na rela*+o. Como se a e"istIncia n+o se e"pressasse no corpo, mas na presen*a ue depende de um outro, de um u. Deus seria essa !resen*a ue nos permite um eu. Seria n+o apenas nosso criador porue nos criou do nada no passado, mas porue nos recria do nada a todo momento )a8endo/se parceiro em nossa intera*+o com a realidade. Essa interdependIncia do Eu e do u esta$elece uma rede onde nem um nem outro s+o o ativo ou o passivo, mas s+o interativos. !ara um ser, o outro tem ue ser. E a desco$erta do monote=smo F ue cada eu n+o precisa de um tu particular. m Nnico u $asta para todos os eus e"istirem.
)uturo dormem. o entanto, F a trans)orma*+o de um indiv=duo ou coisa ue, ao variar de )orma, toca e intera%e com o Sempre produ8indo um a%ora. osso rastro F o tempo seWencial. al como e"istir F o rastro do eu em suas intera*Ges com o u, o tempo F o rastro do a%ora em suas intera*Ges com o Sempre. & e"istIncia e o tempo s+o um e)eito de uma rede de pro)unda interatividade, de uma rede e"tremamente, pro)undamente, desperta.
O Eu que Não E<%ste
m dos %randes mistFrios da m=stica udaica se encontra na rela*+o entre as palavras ani eu e ain nada. < )ato de serem escritas com as mesmas letras arranadas de )orma distinta lhes con)ere uma cone"+o repleta de si%ni)icado. Conhecemos hoe da /estalt o ue se denomina )i%uras revers=veis. Essas )i%uras permitem mais de uma interpreta*+o perceptiva. & mais )amosa delas F a )i%ura de #u$in constitu=da de um vaso cuas laterais con)i%uram dois rostos humanos. & denomina*+o revers=vel vem do )ato de ue, se nos rendemos a uma percep*+o, a outra desaparece imediatamente. Se en"er%armos momentaneamente duas )aces, n+o en"er%aremos o vaso, e vice/versa. !ara a Ca$ala o eu e o nada )uncionam da mesma maneira. S+o )i%uras revers=veis — se vemos o eu perdemos a no*+o do nadaO e se vemos o nada perdemos a no*+o de eu. as seriam )acetas de uma mesma coisaQ 'uando Deus Se revela no onte Sinai, o primeiro dos De8 andamentos come*a com a palavra Eu Jsou Deu 4eusK . Esse Eu F o mesmo "Ein Sof" — o sem/)im — ue F tudo e F nada. Como um Deus ue se con)unde com uma rede — estM em tudo e n+o estM em nada. E ani e F ain — eu e nada. & per%unta ue se con)i%ura F a se%uinte1 se Deus F o u a$soluto, haverM um Eu ue F a identidade desse u ou trata/se de uma re)erencia va8iaQ a escrita do )ilJso)o &$raham (oshua Veschel vemos uma tentativa de e"plicM/la1 "#uando re9amos o 6eu6 se torna um 6isso6! E essa 7 a desco.erta5 a8uilo 8ue 1ara mim 7 um 6eu6 7 1ara 4eus um 6isso6! E a /raça divina 8ue confere eternidade 1ara essa 1arte de nosso ser$ normalmente descrita como o sel). Portanto$ ao re9ar começase como sendo um 6isso6 na 1resença de 4eus! #uanto mais 1erto che/amos = Presença 4ele$ mais @.vio se torna o a.surdo 8ue 7 o 6eu6! 6eu6 7 1oeira e cin9as$ 1ois assim di9 +.raão5 6Sou 1oeira e cin9as6!" 'uanto mais prJ"imos de Deus mais o nosso eu se apro"ima de nada. Deus, ent+o, F o u ue permite o eu e cua !resen*a me )a8 nada. Esse nada, porFm, F a prJpria potIncia da vida. al como a ine"istIncia F a )onte da ual se nutre a e"istIncia, '
The Inse3uri$V o* 7ree&om '0 p. (55.
ou como do sempre se sustenta o a%ora, tam$Fm nossa ine"istIncia F parceira de nossa identidade. Essa F a ra8+o de Deus n+o permitir a oisFs des)rutar de maior intimidade alFm da ue M e"perimentava. ais pro"imidade e o eu de oisFs se tornaria um irrevers=vel isto. oisFs adormeceria e se perderia o a)eto, a cone"+o ue ele representava na Hrande #ede. Deus n+o podia se )a8er mais eu, ou menos nada, para n+o destruir os receptMculos da Cria*+o. < eu e o a%ora s+o estruturas muito )rM%eis. 'uanto mais o eu e o a%ora se apro"imam dessa realidade interativa, mais se des)a8em. !or isso o Eu de Deus se esconde por detrMs da Cria*+o. & Cria*+o F a cortina ue permite a intera*+o sem ue se perca a e"istIncia. & prJpria Ca$ala de (saac Luria ima%inava essa realidade. Se%undo ela, Deus teria tido ue se contrair para ue o universo )osse criado. & ine"istIncia, o va8io ue Deus produ8 em Si, F um )undamento para a e"istIncia de ualuer coisa. E esta )resta de entendimento ue estamos tentando desvendar. Deus n+o antecede a Cria*+o como costumamos pensar de um criador e sua o$ra. >+o hM antecedIncia porue n+o hM linearidade nesse tempo. & tradi*+o udaica reprodu8 essa idFia com o ensinamento no ual a Cria*+o come*a com a letra ".eit"$ a primeira letra da palavra ".ereshit" — no come*o ou HInesis. Essa letra a limitada na direita, em cima e em$ai"o, aponta na dire*+o do tempo. Esse tempo ue passa a ser linear, se%uindo o caminho dos relatos e das vivIncias, n+o F o tempo de Deus. 'uando os ra$inos se per%untam por ue o universo come*ou com a letra $eit, ue F a se%unda letra do al)a$eto, perce$em ue deveria haver al%o antes. < ale) primeira letra F um universo oculto ue estM )ora do tempo seWencial. >o entanto, o ale) n+o F um antes. Ele aparece no te"to $=$lico representado nos De8 andamentos ue se iniciam com a letra ale). &le) F a primeira letra da primeira palavra — eu. >+o hM, portanto, antes ou depois. VM um eu ue estM )ora do tempo e )ora da Cria*+o. Este Eu F Deus. 'uanto mais perto dele mais somos nada, uanto mais distantes mais real o nosso eu ue F, em si, a essIncia da ine"istIncia. Este eu F o cord+o um$ilical da e"istIncia e da ine"istIncia. Lem$remos tam$Fm ue o eu F o a%ora. +o s+o visGes do )uturo, mas do sempre.
'
O al*ae$o herai3o B es3ri$o &a &irei$a para a esquer&a. ,or$an$o na &ire+o que a le$ra a apon$a. A &ire+o &o $empo B a mesma pela qual o rela$o e a His$=ria se &iri/em.
E<%steB Mas Não C
, sem dNvida, e"tremamente di)=cil aceitar a e"istIncia de al%o ue ine"iste em nosso tempo e em nossa realidade. Como pode e"istir al%o ue n+o hMQ & Nnica porta para )ora deste escuro e in)indMvel universo estM em nosso eu e em seu respectivo a%ora. &ssim como a passa%em do tempo pode nos parecer a mais irre)utMvel verdade, n+o sendo mais do ue uma ilus+o, tam$Fm o nosso senso de e"istIncia, nosso mais con)iMvel re)erencial para veri)icar a realidade, n+o passa de uma mira%em. !or al%uma ra8+o, F mais )Mcil de)inirmos nossa e"istIncia atravFs de nossos sonhos, deseos e )omes, ou sea, por nossas )altas, do ue por nossas reali8a*Ges. &)inal, a renova*+o de nosso contrato com a vida parece depender mais de nossos proetos do ue de nossas )a*anhas consumadas. o entanto, neste %esto de con)ian*a ao antropJlo%o )icava revelado ue o va8io era um se%redo. >+o se tratava de uma mentira, de um lo%ro ou ilus+o. & sala estar va8ia era um se%redo e n+o
uma constata*+o J$via. >a realidade a sala n+o estava va8ia. E"istia na sala al%o ue era louvado com muita devo*+o e entre%a, mas ue n+o havia. < secreto F o va8io, porue para a sensi$ilidade dos devotos a sala estava preenchida de !resen*a. Da mesma maneira ue o Deus no centro de todas as devo*Ges humanas, em seu n=vel mais secreto, F am$os1 tanto a ausIncia no tempo e espa*o como a mM"ima !resen*a. Esta ine"istIncia n+o o F em essIncia, mas em )orma. Ela F importante porue por mais ue seamos re)inados e so)isticados, continuamos desenhando Deus como uma %elatina. aim_nides, em seus tre8e princ=pios de )F, enumera o primeiro deles como sendo1 & cren*a em Sua e"istIncia. & cren*a F distinta da certe8a. E uma a)irma*+o ue pressupGe ue na e"periIncia de nossa realidade Ele n+o se representa. Deus se )a8 !resente nos va8ios dessa realidade ou no sempre ue perpassa cada a%ora. E essa tentativa hercNlea ue )a8 a civili8a*+o humana para tradu8ir seu mais pro)undo se%redo em lin%ua%em — hM um Deus ue n+o e"iste no tempo. &o lon%o de uma era tradu8imos isso em 8oomor)ismo — Deus tinha uma )orma animal. al como a nature8a produ8ia outros ue eram de espFcies di)erentes, Deus, o u, o omes R"odo. >+o sJ porue lM mostra novos >omes de um Deus ue n+o tem )orma e ue ha$ita num tempo ue desconhecemos, mas porue lM se revela um caminho evolutivo importante1 "E a1areci a teus ante1assados 1or um nome: mas 1or meu novo nome$ a eles não me fi9 sa.er!" (E0! L5M Estes novos >omes s+o uma ur%Incia em nossos dias. Eles contIm muito mais do ue revela*Ges para saciar nossa curiosidade. S+o >omes ue e"pressam nosso estM%io evolutivo atual, ou sea, nossa capacidade de %erar a)eto. & capacidade de ampliarmos a interatividade da vida nos torna mais despertos e, por conseWIncia, mais aptos a perce$er outros >omes ue des)ilam por nossa realidade, mas n+o conse%uimos ouvir. Esses nomes s+o o monolito, s+o marcos ue de tanto em tanto encontramos por nossa caminhada na VistJria. >+o apenas marcos ue servem de re%istros sem maiores si%ni)icados, mas a prJpria senha ou a pista ue renova mais uma etapa desta %incana da Cria*+o. De tanto em tanto somos capa8es de entender um novo >ome, uma nova identidade, uma nova )orma de conhecer esse eu, ue tem sido nosso u desde nossas
lem$ran*as mais rec_nditas. 'uanto mais sou$ermos desse u, menos seremos eu. ConhecI/Lo )ace a )ace nos trarM de volta a nossa casa1 o Sempre do ual partimos nesta via%em pelo tempo seWencial. & ine"istIncia de Deus no tempo nos auda a entender um pouco mais de nosso eu e de nosso a%ora. >a medida em ue somos ima%em e semelhan*a do Criador, desco$rimos aspectos de nossa prJpria ine"istIncia no tempo ue nos completam e nos e"plicam. Desco$rimos assim uma )ace transcendente de nosso ser ue torna nossa ilus+o do tempo menos violenta — ele F mais nosso do ue nJs dele. &)inal, tempo bea> em he$raico tem a mesma rai8 da palavra convite aba>a. ais do ue uma trilha, talve8 o tempo sea um convite. Convite da !resen*a eterna e ine"istente neste tempo para ue participemos do in)inito $anuete de trocas e intera*Ges desta rede. < prato principal1 o despertar do convidado e do an)itri+o.
UM ; E CAD
& revela*+o mM"ima ue oisFs transmite ao povo no monte Sinai F produto de sua prJpria e"periIncia1 "uça Israel$ o Eterno (%,-, 7 nosso 4eus$ o %,-, 7 N&" Deut. -1: Esta declara*+o em conteNdo, tom e con)i%ura*+o representa uma )Jrmula. >ela se esta$elece uma rela*+o entre o in)inito e a unidade. &m$os os valores — in)inito e unidade — aparecem representados respectivamente pelo tetra%rama ue F nome de Deus — XVYV — e . XVYV F, como vimos, o somatJrio e a )us+o de todos os tempos, de todos os espa*os e de todas as )ormas. XVYV F a #ede ue contFm tudo. & interatividade a$soluta produ8 essa e"istIncia >&. Desi%nar por >ome ou &l%oritmo ao Deus ue F in)inito em Seu am$iente ue corresponde ao Sempre, tam$Fm in)inito, A sJ F poss=vel atravFs da unidade, do . Se uisermos lidar com a !resen*a desse em meio ao universo in)inito de )ormas no ual e"istimos A 0 n+o encontraremos )orma. Deus n+o compartilha de uma e"istIncia ue se de)ina atravFs do real ou irreal, do dentro ou )ora, do antes ou depois, do ser ou n+o ser, do eu ou do outro, Deus F , e"periIncia essa ue nos F t+o incompreens=vel uanto )antMstica. !or isso o apelo F para ue se ou*a Js humanos somos a suprema cria*+o, a ima%em e semelhan*a do Criador. >+o o somos, porFm, por privilF%io ou hieraruia, mas por nossa consciIncia. Caso o c+o ou o cavalo despertasse a n=veis semelhantes de nossa consciIncia, se perce$eriam a