Grupo I Parte A Lê, com atenção, o texto que se segue. Doutrina religiosa do povo judaico, monoteísta1, de raízes históricas profundas, que se baseia no seu livro de leis chamado Tora. Para melhor se compreender o Judaísmo é necessário procedermos a um pequeno resumo histórico da existência do povo judeu. Em 537, terminado o exílio 2 no Egito, sob o domínio da Pérsia, os judeus readquiriram a liberdade religiosa e uma certa autonomia política. Foram dissolvidos os casamentos mistos para evitar a idolatria 3. Em 332 a Palestina foi conquistada por Alexandre Magno, a qual, a partir de 314 e até 197, foi dominada pelo Egito. Seguiu-se depois a sujeição à dinastia selêucida4 da Síria até 142, sendo que durante este período se deu uma tentativa de helenização 5 através da perseguição político-religiosa. A independência da Judeia foi reconhecida em 139 pelo senado romano e a partir de 135 passou a reinar a dinastia dos Hasmoneus. Em 63 Jerusalém foi tomada por Pompeu, adivinhando-se já a perda de independência. Em 47 Roma nomeou Antipater procurador da Judeia e constituiu o seu filho Herodes governador da Galileia; pouco tempo depois Herodes tomou Jerusalém e constituiuse rei da Judeia. Por esta breve resenha pode perceber-se a contínua frustração dos anseios de independência do povo judeu, assim como a conceção messiânica6 do reino. Enfrentando os valores v alores dos povos invasores, os judeus procuraram a todo to do o custo conservar os seus valores v alores religiosos, culturais e étnicos. No período anterior ao exílio, a representação de Deus, revela um antropomorfismo7 muito concreto. Para combater esta familiaridade entre Deus e o seu povo, o judaísmo procura deixar de usar os nomes tradicionais de Deus (Javé, Eloim, etc.), substituindo-os por outras designações. O monoteísmo é outro elemento essencial do Judaísmo, expresso através da fé no criador único e da rejeição completa do politeísmo e da idolatria. Deus tem os atributos da transcendência8, omnipotência9 e presciência10. Aos homens é exigida a santidade através da prática de boas obras, da prática de justiça e da observação dos mandamentos. Um outro aspeto a ter em conta é o da natureza dos anjos e o papel por eles desempenhado junto de Deus e dos homens. A consciência de que Israel era a nação escolhida por Deus verifica-se nos escritos rabínicos que apresentam esta eleição como sendo mérito de Abraão e dos Patriarcas. Esta consciência de eleição levou o judaísmo a fechar-se sobre si mesmo e a instrumentalizar-se em função do seu próprio nacionalismo. Devido a isto perdeu-se a consciência do carácter universal da salvação e com ela a ação missionária. A conceção de Deus do judaísmo discrimina o gentio, 1 Que
adora um só Deus Expulsão da pátria, desterro 3 Culto prestado ao que não é Deus 4 Membro de uma dinastia de reis gregos da Síria 5 Tornar igual ao que é grego 6 Relativo a um Messias, a um redentor que foi prometido aos judeus 7 Atribui a Deus uma forma humana 8 Qualidade daquele que é sublime e que está acima das ideias e acontecimentos comuns 9 Qualidade daquele que tem poderes ilimitados 10 Qualidade daquele que prevê o futuro 2
sinónimo de pecador, do judeu que, só por isso, é justo. Também por aqui se percebe a rejeição da mensagem do Cristianismo. No judaísmo, a lei (Tora) abrange, para além do Pentateuco 11, a totalidade das tradições que lhe foram acrescentadas pelo correr dos séculos. O lugar privilegiado de culto é o templo; este destina-se à oração, à leitura e comentário das escrituras. No início da era cristã, o judaísmo é um fenómeno complexo, compreendendo diversas correntes e tendências: Saduceus, Fariseus, Essénios e Zelotas. 1 – Seleciona as afirmações verdadeiras, de acordo com o sentido do texto. a) Os judeus adoram apenas um deus. b) A Torá é o seu livro sagrado. c) Os judeus foram, desde sempre, um povo livre. d) Herodes foi um homem pouco ambicioso. e) Apesar de todas as suas frustrações, os judeus esperavam por alguém que salvasse o seu povo. f) Para promover o antropomorfismo, os judeus tentaram deixar de usar alguns nomes que eram atribuídos a Deus. g) O povo judeu perdeu a noção a ação missionária, pois, por se julgar um povo especial, eleito por Deus, fechou-se em si mesmo. h) No templo, reza-se em silêncio, não se podendo comentar as escrituras. 1.1 – Corrige as afirmações falsas. Parte B Lê o texto. Se necessário, consulta as notas. Às sextas-feiras ao anoitecer e aos sábados de manhã os judeus iam à sinagoga12, enquanto os cristãos veneravam13 o seu Deus aos domingos, na igreja. A sinagoga, edifício baixo, simples, branco, com uma cupulazinha no topo, era de tão pouca aparência que nem a estrela dourada de David e as letras hebraicas, também douradas, por cima do portal, lhe conseguiam emprestar impotência. Só os cedros e os pinheiros, esguios 14 e melancólicos, faziam adivinhar alguma coisa dessa solenidade 15 misteriosa, um tanto constrangedora, mas no fim de contas indispensável a qualquer templo de qualquer crença. Apenas o ribeiro e uma sebe de cedros separavam o nosso quintal da sinagoga. Teria bastado passar a vau16 a água a meter-se pela vedação para estar no jardim da sinagoga. Mas se os cedros e os pinheiros estavam certos para o prestígio do templo, não o estavam, no meu sentir, para um jardim onde se pudesse brincar ou sonhar pois para isso eram tristes demais.
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Os cinco primeiros livros da Bíblia Assembleia religiosa de judeus 13 Adoravam, prestavam culto a 14 Longos e estreitos 15 Qualidade do que é solene, grave, majestoso e que impõe respeito 16 Passar a vau: caminhar por um curso de água adentro 12
O avô Markus sentava-se me baixo, na secção dos homens. A avó Ester e eu subíamos a escada para a galeria das mulheres. Perguntei certa vez à avó por que é que os homens ficavam separados das mulheres e por que é que as mulheres não intervinham nas cerimónias mais magníficas. Respondeu que nunca tivera tempo de aprofundar a questão, que coisas assim tinham de ser bem investigadas e estudadas, pelo que só as pessoas não obrigadas a passar a vida junto de panelas e no lavadouro se podiam ocupar delas. É que o pouco que sabia se