TRABALHO E VIDA
Conferência pronunciada por SÔNIA VIEGAS para os profissionais do Centro de Reabilitação Profissional do INSS- Belo Horizonte, em !"#$"%&%" 'u ac(o )ue * um tema bel+ssimo" ', apesar de não ter nen(uma espe especi cial alid idad adee no assu assunt nto, o, o ouu tent tentar ar de dese sen nol ole err em torn tornoo de dess ssaa relação - trabal(o e ida - )ue enole as coisas mais essenciais da relação do (omem com os outros (omens, da relação do (omem com a realidade, com o ambiente" 'ssa 'ssa etim etimol olo oia ia da pa pala lar ra" a" ' fi)u fi)uei ei um po pouc ucoo espa espant ntad adaa mesm esmo" 'la 'la tem tem uma uma raiz raiz )u )uee sin sinif ific icaa fi.a fi.ar/ r/ en ente terr rrar ar no solo solo,, afundar""" 01 de uma deriação dessa raiz, )ue * a palara palus, )ue sinifica pau, ou pal(a" ' trabal(o seria tripallium, )ue *, oriinariamente, um instrumento de tortura formado de três paus" No s*culo 2II, a palara trabal(o sinificaa precisamente tormento, sofrimento" No s*culo 2III, ela an(ou uma noa acepção, muito pr3.ima4 dispositio para imobilizar os randes animais" 'ntão, seria uma esp*cie de cana" Inclusie a palara cana * usada como met1fora de trabal(o" 5i)uei impressionada, por)ue tantas e tantas são as acepç6es )ue a palara trabal(o foi tomando, e acepç6es tão ricas e tão positias e, etimoloicamente, o )ue caracteriza a palara * e.atamente o sentido neatio, o sentido de não-realização, de uma coisa imposta" 'ntão fi)uei pensando, por e.emplo, no te.to b+blico, )uando a )uestão do trabal(o aparece" ' )ue aparece tamb*m, pelo menos manifestamente, com sentido de castio, de condenação, )uando 7dão cai em pecado, transride a lei diina e, 0unto com 'a * e.pulso do para+so e * condenado ao trabal(o, ou se0a, a an(ar a ida com o suor do seu rosto" Pelo menos a ente aprende a reliião, lê o catecismo, desde criança, e a sinificação )ue * passada * a de uma coisa penosa, de uma coisa forçada, como se o ideal para o ser (umano fosse o nãotrabal(o, ou se0a, o para+so" 'ssa seria a perspectia da palara, do conceito )ue pu.a a sua sinificação para um aspecto neatio" 8nãotrabal(o 9 para+so 9 tudo est1 pronto 9 mesmice 9 neação da condição (umana )ue * transformar o mundo e transformar-se: ;as, na erdade, e.iste uma outra palara )ue nos a0uda a pensar a )uestão do trabal(o no sentido positio, ou se0a, não no
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sentido de e.austão de forças, mas no sentido de construção do ser, )ue * a palara labor" 7 palara labor est1 liada, e.atamente na sua oriem latina, uma palara e.tremamente suestia e )ue nos conida a imaens de crescimento e não a imaens de deeneração ou e.austão" ?emos então esses dois aspectos" 7c(o )ue não podemos dei.ar passar de liso o )ue a linuaem nos mostra, o )ue a l+nua nos mostra e o )ue a pr3pria filoloia, a pr3pria etimoloia da l+nua nos mostra" @u se0a, )ue talez a nossa cultura ten(a se apropriado mais do sentido neatio da palara" ' )ue a ente ten(a )ue resatar, dentro de condiç6es especiais, ou se0a, com um esforço de sensibilidade, de refle.ão especial, o sentido positio" 7credito )ue isso deesse estar na cabeça de ocês )uando me pediram este tema, por)ue ocês são educadores, são pessoas assistentes, ou se0a, são pessoas oltadas para o bem social, o bemestar social, e deem ier na pele a contradição desses dois sentidos, sobretudo trabal(ando na instituição em )ue trabal(am" 7c(o )ue c(eam at* ocês as pessoas )ue foram acidentadas pelo trabal(o, as pessoas )ue foram fisicamente maltratadas pelo trabal(o" ' a instituição toda isa, e.atamente, a um curar-se incessante, de aluma maneira e com toda precariedade )ue a ente sabe )ue e.iste numa instituição de bem-estar social no Brasil" ;as de )ual)uer maneira ela est1 inteiramente curada sobre o sentido positio da palara e iendo toda a in0unção do sentido neatio" 7credito )ue ocês ten(am uma consciência muito profunda dessa contradição, dessa dualidade" ' )ue não ten(a sido < toa, mas )ue ten(a sido com base em uma e.periência 01 adensada, )ue ocês me pediram esse tema" > o tema com )ue ocês lidam" ' ac(o )ue temos )ue pens1-lo nas duas 3ticas, nos dois lados4 por)ue ser1 )ue o trabal(o tornou-se esse sentido neatioA
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Ser1 )ue o sentido neatio )ue a sociedade capitalista carrea, de trabal(o como sendo aluma coisa )ue pria o tempo de lazer, )ue tira o tempo do lazer, ser1 )ue esse sentido neatio, anti-ida, )uer dizer, colocar no trabal(o o sentido de a pessoa não ier/ a pessoa fala assim4 pronto, aora posso ier, não ten(o mais )ue trabal(ar" Ser1 )ue esse sentido * o mesmo )ue est1 na b+bliaA 8o fim-de-semana, as f*rias, a aposentadoria""" s3 a+ (1 idaA: 7credito )ue não, por)ue a linuaem da b+blia * uma linuaem mito-po*tica, * uma linuaem simb3lica" =uando ela fala da dureza do trabal(o, fala da dureza de se ter )ue se fazer, de se ter )ue se construir dia a dia, numa sobreiência num s3 sentido material e espiritual/ do mesmo pão )ue eu como, tiro a fisionomia e a imaem do meu ser" 'ntão, essa imaem dessa dureza * um risco, * o incDmodo de ser lire, ou se0a, de poder ultrapassar uma lealidade )ue me coloca no cerne da natureza/ o preço incDmodo disso * a liberdade" ' a maneira de construir essa liberdade * o risco incessante de ser, ou se0a, * o trabal(o cotidiano" 'ntão, o sentido b+blico não *, necessariamente, o sentido neatio" @ sentido neatio )ue con(ecemos, dentro de uma sociedade ciil, dentro de um modelo de desiualdade, dentro de uma sociedade burocratizada, calcada pela diisão do trabal(o, * o sentido )ue 01 foi amplamente analisado, desde o s*culo passado, por Earl ;ar." @u se0a, * o trabal(o alienado" 'ste sim, * um trabal(o anti-ida" > um trabal(o )ue, )uando muito, pode ser dito ocupação, mas não pode ser dito elaboração, ou se0a, não pode ser dito construção do ser da pessoa" 7 construção do ser da pessoa, por mais incDmoda, por mais anustiante )ue se0a, produz um intens+ssimo prazer" 'u posso sair esotada de uma aula,
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'sse sentido * um sentido muito espec+fico da sociedade ciil, de uma sociedade )ue trabal(a em cima da diisão do trabal(o, ou se0a, )ue opera produtiamente em cima da diisão do trabal(o e )ue faz do trabal(o uma força ou um fenDmeno desinculado do ser )ue trabal(a" @ )ue se assiste (o0e * e.atamente o contr1rio do )ue se ê no te.to b+blico" Nesse te.to, o )ue Geus, o a* fazia com 7dão era incorporar, colocar dentro da sua condição de e.istência, intr+nseca < sua e.istência, o ato do trabal(o" ' o )ue a sociedade ciil, a sociedade de pura ficção faz, * capitalismoJ separar o su0eito do trabal(o, fazer com )ue ele e seu pr3prio trabal(o se0am coisas distintas" ' * e.atamente nesse seccionamento )ue o trabal(o se torna aluma coisa de fora )ue incide sobre a pessoa, ou se0a, uma cana, um instrumento de tortura, uma coisa al(eia, uma coisa em )ue a pessoa não se encontra" @u, em suma, um trabal(o alienado, alienante" ;ar. fala4 o produto do trabal(o * trabal(o incorporado em ob0eto" Gentro dessa relação alienada, o trabal(o fica incorporado ao ob0eto e se conerte em coisa f+sica" @u se0a, ele se ob0etia, 8o produto do trabal(o e o trabal(ador: se ob0etifica, se torna uma coisa, se reifica" 'ntão, o su0eito )ue fez a)uilo não conseue se en.erar, se er 8eu me e0o em min(a obra, ela me reflete:" 7 razão fundamental por )ue uma pessoa atua na natureza, liada diretamente < sobreiência b1sica, * a modelaem de seu rosto" 'la est1 buscando o ob0eto, esculpir a sua imaem" =uando trabal(o um ob0eto, faço do meu trabal(o uma coisa altamente simb3lica" 'u cubro, incorporo < dimensão f+sica da natureza uma dimensão simb3lica, )ue * e.atamente a forma e toda a suestão e sinificação )ue esta forma atine" ' essa forma, )ue * uma possibilidade incessante de noas sinificaç6es, por)ue ai ser ob0eto do meu di1loo com os outros (omens e ob0eto do meu di1loo comio mesmo, ob0eto do meu di1loo com meu passado e ob0eto da min(a possibilidade de me pro0etar na frente, ela ai ser então um centro de sinificaç6es incessantes, de noas sinificaç6es" > essa dimensão simb3lica )ue confere ao mundo bruto )ue eu estran(o, )ue me c(oca, )ue me restrine < min(a imaem" ;as não uma imaem imperialisticamente colocada no mundo, mas uma imaem )ue acabo de improisar l1, para )ue possa me recon(ecer fora de mim e me tornar maior do )ue eu mesmo" > uma coisa realmente fundamental"
7ora, imainem )ue no trabal(o alienado o ob0eto parece )ue * uma espon0a )ue bebe a sinificação" 'ntão, ela absore e torna pedra, torna coisa todo o esto )ue faço" 'ntão não consio me en.erar no meu trabal(o" 'm ez de me encontrar nele, me perco nele" 7+ fala ;ar.4 o ob0etificação sinifica perda, e o trabal(ador se pererte" Pererte por )uêA Por)ue de aente ele se torna paciente" Ge elemento atio ele se torna o passio" ' )uando ele se apropria do ob0eto para tentar se encontrar l1, se aliena nessa apropriação, se perde tamb*m, se aliena de si mesmo nessa apropriação" 'ntão ele ai ter )ue apropriar, apropriar, apropriar e ai se alienar de duas maneiras4 ou se alienar na posse incessante, na posse compulsia, ou se0a, em um desdobramento infinito das pr3prias necessidades e dos meios de satisfação dessas necessidades )ue, contraditoriamente, arantem a produtiidade social tamb*m ao infinito, por)ue torna a sociedade altamente produtia/ ou, de outro lado, ai se perder na impossibilidade de apropriar, na indiência, na penLria de não ter ob0eto, não poder ter o pão, não poder ter a cama, não poder ter a casa, não poder, não poder, não poder" Ge )ual)uer maneira, * uma situação perertida )ue ale pelo seu contr1rio e não pela sua intenção" =uanto mais o trabal(ador se desasta no trabal(o, diz ;ar., tanto mais poderoso se torna o mundo de ob0etos por ele criados em face dele mesmo" @ mundo de ob0etos fica poderoso e ele cada ez mais pobre" ?anto no )ue se refere < sua ida interior )uanto no )ue se refere < sua auto-estima" Sua ida interior se torna cada ez mais pobre e ele cada ez se pertence menos a si mesmo" ' a relação com a naturezaA 7 relação com a natureza tamb*m ai ficar comprometida com isso" Por )ueA Por)ue não podendo esculpir a sua imaem e não podendo se apropriar dos ob0etos e se encontrar nos ob0etos, por)ue o puro ter não d1 para ele essa identidade, a liberdade desse su0eito, desse trabal(ador se reduzir1, diz ;ar., a e.ercer as funç6es animais4 beber, comer e procriar" Mocês poderiam arumentar, e o pr3prio ;ar. arumenta, o (omem não conseue e.ercer, no n+el puramente animal, nem a função de beber, nem a função de comer, nem a função de procriar" ;as acontece )ue o (omem, alienado de si e despo0ado da sua imaem, realiza abstratamente essas funç6es" 'ntão, ele come como um animal, bebe como um animal e procria como um animal"
> claro )ue a+ e.iste uma isão pe0oratia do animal, por)ue ele come muito pior do )ue o animal, e.atamente por não ser animal" @u se0a, o animal come abstratamente, para matar a fome, en)uanto )ue o ser (umano, no pleno uso de suas potencialidades espirituais, 0amais come apenas para matar a fome" Om ser (umano, no pleno uso de suas potencialidades espirituais pode ser o mais primitio dos (omens, )ue no ato, no e.erc+cio mais imediato da satisfação da necessidade b1sica est1 simbolizando, ou se0a, est1 incorporando conteLdo espiritual" ' sabemos disso por)ue o rec*m-nascido reproduz isso/ o rec*mnascido recebe, simultaneamente, os conteLdos internos do seu ser, )ue ai se formando 0unto com as primeiras suadas )ue d1 no seio materno" Gizer )ue ele realiza abstratamente * dizer )ue realiza a coisa de uma forma desinculada desse seio afetio, desse tecido afetio )ue * o Lnico poss+el para )ue o (omem possa ter uma relação plena com essa e.terioridade )ue * a natureza, e )ue * o seu meio de subsistência, * o seu meio proedor, * a sua rande diferença, e * o palco, o cen1rio onde ele ai buscar se encontrar, buscar a sua imaem, para poder dialoar ou comunicar essa imaem com os outros (omens e encontrar os outros (omens nessa imaem )ue ele pro0eta de si mesmo" Mocês 01 deem ter e.perimentado isto" Om desen(o )ue a ente faz, uma modelaem )ue a ente faz, uma mLsica )ue a ente toca, em )ue a ente se colocou" 7 ente ol(a para o outro para er se o outro nos recon(eceu l1 e ol(a para o outro com aleria e satisfação por)ue acabamos de recon(ecer o outro l1 tamb*m" > uma possibilidade de comunicação )ue sure e.atamente disso" @ trabal(o alienado seria esse trabal(o )ue se caracteriza por essa perersão do sentido da criação (umana" @ trabal(o, no sentido pleno estaria liado < construção do ser do (omem, como eu disse, ou se0a, < criação, < criatiidade" ?rabal(o * poiesis, * poesia" Poiesis * um termo )ue * usado tanto para a natureza )uanto para o ser (umano" 7 natureza, para o reo, * poiética, ou se0a, * produtia, ela produz, * abundante" Mocês 01 iram como as un(as-de-aca e as azal*as estão na cidade, e.plodindo, em pleno inernoA 7 belezaA Isso * poesia" Isso * poiesis" 7 natureza não mede, * absolutamente enerosa" ?em uma outra tamb*m, não sei se * ipê, os ipês ro.os, os ipês rosas" 'stamos em pleno inerno com os ipês ro.os, rosas, azal*as e un(as-de-aca e.plodindo por todos os cantos da cidade" Realmente * uma poiesis"
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'ntão, a poiesis e.iste a n+el da natureza, mas tamb*m a n+el do ser (umano" @ )ue * poiesis a n+el da naturezaA > produção de ida" 7 natureza, em mim, * poietica, * po*tica" Se ela não estier doente, produz ida, muita ida" ' o )ue posso estabelecer como analoia para a poiesis (umanaA @ )ue a poiesis (umana ai produzir para fazer 0us a essa poiesis natural, a essa poesia naturalA Como ou ser poeta, no sentido (umano da palara, para estar < altura da poesia da naturezaA @ )ue ou fazerA Mou produzir sinificaç6es, ou produzir sinificados, linuaem" ' produzo linuaem com toda a e.pressão do meu ser" =uanto mais conseuir me colocar no mundo e conseuir estabelecer, nessa colocação, uma lin(a )ue permita um encontro, uma confraternização com os outros (omens, se0a atra*s do meu imain1rio preresso, da min(a mem3ria, da mem3ria do meu poo, do imain1rio do meu poo, )ue eu canto, ou atra*s das obras )ue faço, ou das coisas )ue transmito, se0a de )ue maneira for )ue cada (omem faça este trabal(o de sinificação, ele est1 criando" 'st1 criando fora dele e, )uanto mais cria fora dele, mais constr3i dentro dele pr3prio" 7+ acontece com ele um fenDmeno a n+el do simb3lico muito an1loo ao )ue acontece a n+el da ida natural4 )uanto mais uma planta, por e.emplo, desabroc(a, )uanto mais mudas ocê tira dela, mais bonita ela fica" =uer dizer, )uanto mais o (omem coloca de si no mundo, mais conteLdo interior ele ai ad)uirindo" ' * e.atamente esse o sentido inculado < ida" ?rabal(o * a forma (umana de fazer 0us < ida, * a forma (umana de produzir, não no sentido de criar ob0etos reificados, simplesmente, mas no sentido de criar sinificaç6es" Sinificaç6es )ue se desdobram indefinidamente" H1 uma reerberação infinita das sinificaç6es (umanas, e isso * bel+ssimo" Por )uêA Por)ue, a partir do momento em )ue aluma coisa * feita, ocê não controla mais, não det*m mais" Por)ue a)uilo, na)uele momento, tee um sinificado para ocê, a pessoa )ue ol(a 01 ê outra coisa" Ga+ a dez anos, seu fil(o mais noo descobre a)uilo e 01 d1 outra sinificação/ a outra eração )ue em d1 outra sinificação" ' a ente escaa as rutas pr*-(ist3ricas e descobre coisas )ue estão l1 (1 milênios e milênios/ e as sinificaç6es não cessam de acontecer"
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'ssas sinificaç6es não isam apenas a desenterrar um sinificado primeiro, mas a fazer com )ue ele reerbere, com )ue ele dê lin(a < espin(a dorsal da nossa (ist3ria, a continuidade do nosso ser atra*s do tempo e faz com )ue a ente se identifi)ue nessa lin(a eolutia da (umanidade e )ue a ente se sinta 0ustificado no mundo" > essa a condição do trabal(o" @ trabal(o e)uiale, na ida (umana, ao )ue a ida faz na natureza" 'ntão, * realmente a mel(or liação, a mel(or cone.ão poss+el" Não podia e.istir outra mais perfeita do )ue a )ue ocês pensaram para mim" ' não podia e.istir tema mais bonito do )ue o )ue ocês me deram4 trabal(o e ida" 7ora amos tentar pensar um pouco isso" Por )ue ser1 )ue o (omem tem )ue trabal(arA @ animal est1 enolido com o processo ital de uma maneira imediata" Se eu peruntar para ocês4 a abel(a trabal(aA @ )ue ocês responderiamA 'la trabal(aA S3 antropomorficamente/ faz mel, ostoso, * uma oper1ria, uma mão de obra ratuita" 7 formia, tão laboriosa, ser1 )ue ela trabal(aA Podemos emprear esse termo metaforicamente, mas na erdade, nem a formia trabal(a e nem a abel(a trabal(a" 7ora, podemos pDr esses animais, antropomorficamente, a trabal(ar para n3s" P6e uma cana no boi, faz com )ue ele se torne uma força de trabal(o" Pode obriar a abel(a a ficar produzindo indefinidamente o mel e tira o e.cedente" @u, talez pela pr3pria lei da natureza 01 (a0a esse e.cedente para )ue outros animais possam, em uma economia de trocas da pr3pria natureza, se beneficiar com esse e.cedente, entre eles at* o (omem" ;as o sentido de trabal(o não e.iste a+" Por)ue o )ue a abel(a faz, o )ue a formia faz, * uma coisa instintia, ou se0a, * uma continuação, um prolonamento do seu pr3prio ser" @ seu ser não se acrescenta, o seu ser se desdobra" G1 para er a diferençaA @ trabal(o acrescenta o )ue sou ao )ue não sou, acrescenta o )ue não sou ao )ue sou" 'le d1 uma dimensão irtual para o meu ser" 'n)uanto a atiidade puramente instintual * um desdobramento 8""": rande essência, a essência nuclear do trabal(o * a noidade" Por isso )ue ele * fundamentalmente criatio" > por isso )ue a repetição, por e.emplo, esse ensino escolar repetitio * uma perersão no sentido do trabal(o, do labor (umano" 7 natureza desdobra alo )ue 01 e.iste e tem seus ciclos, a sua reularidade, os seus determinismos" ' * dentro desses ciclos e desses
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determinismos )ue ela se improisa e )ue ai, na indiidualidade, na especificidade de cada a)ui e de cada aora, de cada nascer do sol e de cada flor )ue desponta, de cada animal )ue nasce, * )ue ela ai improisar a sua criação" ;as tudo dentro desse ritual, dessa dimensão c+clica" @ (omem não" @ trabal(o dele o coloca diante do descon(ecido )ue ele *" 'le tem )ue se reinentar a cada instante, ele tem )ue se improisar" 7+ * )ue em a rande 0udiação de uma sociedade meramente produtia" 'la retira e.atamente isso da condição do trabal(o, por)ue ai imprimir ao trabal(o uma seunda natureza, ou se0a, os randes ciclos burocr1ticos da produtiidade" 'ntão o trabal(o, em ez de obedecer ao tempo da criação ai obedecer ao tempo da produção ou ao tempo de consumo" 'le ai ser amarrado por uma seunda natureza, ou se0a, uma natureza for0ada de acordo com uma determinação da ida )ue ultrapassa )ual)uer e.iência de formação da (umanidade do (omem" Isso * uma pena, por)ue o trabal(o ai perder e.atamente a sua essência" 'ntão, ele * criatio, * construtio" 'ntão est1 intimamente liado não apenas a essa sobreiência b1sica, a matar a fome, o frio, a sede, mas tamb*m est1 liado < construção do unierso interior, < formação de conteLdos interiores, como eu disse, e )ue c(amamos de mem3ria" @ trabal(o * respons1el pela consolidação da mem3ria" Mocês 01 repararam como a nossa mem3ria social * pior )ue mem3ria de alin(aA =ue a sociedade capitalista, a sociedade de consumo, a sociedade p3s-industrial tem pou)u+ssima mem3riaA 'la tem muitas formas de reistro, muitas, sofisticad+ssimas" ?em tudo computadorizado, ela pode reistrar todos os acontecimentos, microfilmar, colocar na mem3ria do computador" Isso não sinifica mem3ria no sentido criatio da palara" 7 Lnica coisa )ue pode nos proporcionar mem3ria * a elaboração do nosso ser, * a construção do nosso ser" > isso4 ocê trabal(a uma relação, cada sorriso no rosto da pessoa desta relação tem uma (ist3ria, toda a sua ida preressa est1 estampada na)uele ol(ar, na)uele sorriso" Mocê tem mem3ria ali" 7 mem3ria est1 intimamente associada ou inculada < dimensão do trabal(o" @ trabal(o cria a mem3ria" Sem esse sentido pleno de trabal(o, esse sentido criatio de trabal(o, dificilmente ocê teria condição de consolidar a mem3ria"
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'ntão, mem3ria seria o )uêA @ )ue estou c(amando de mem3riaA ;ais do )ue simplesmente reistro, acontecimentos, acumulação" 7 mem3ria seria uma aprendizaem" ' )ue aprendizaemA 'm )ue sentido ela seria aprendizaemA Como ou dizer )ue * uma aprendizaemA Por)ue e.atamente a cada momento eu me surpreendo, a cada momento ten(o )ue me recon(ecer" Cada momento meu me obria a uma reaaliação de todos os momentos anteriores" 'ntão ele estabelece uma cone.ão, um pacto, um +nculo indel*el, indestrut+el com tudo )ue fui" Se me repito, saio fora da temporalidade interna da min(a consciência, fico sub0uada < temporalidade e.terna dos acontecimentos, s3, mais nada" 'ntão, não (1 por)ue eu ter mem3ria, basta )ue eu reistre as coisas no calend1rio, na aenda e ponto final" > interessante isso, como * importante a mem3ria, por)ue * a partir da mem3ria, da possibilidade de resatar as coisas, de reinentar as coisas, de reaaliar os acontecimentos e de compreender o passado infinitas ezes, )ue * man+fico isso" S3 para fazer isso ale a pena ier" Mocê poder ol(ar o passado e dizer4 ente, mas a)uele dia, pu.a ida/ eu não tin(a percebido isso" ;as * bom demais" ;as por)ue não percebi antesA Por)ue não estaa preparada" OaiAQ ;as não estaa preparada, ii o acontecimentoA Pois *, por incr+el )ue pareça, aora estou preparada para perceber, captar uma essência desse acontecimento )ue estaa l1, irtualmente me esperando como uma semente uardada nas areias do deserto, esperando o momento das c(uas para poder transbordar, desabroc(ar" 'staa uardado l1 a)uele sentido irtual, l1 no passado" 1, onde est1 meu passadoA 1A Num luarA Numa cai.aA 7)ui" @ meu passado est1 a)ui na min(a possibilidade de ressinific1-lo" Por isso, o fato de conserar a mem3ria est1 intimamente inculado < min(a possibilidade de renoar meu passado" Gepois de ter iido nT e.periências em seuida <)uela, retorno <)uela com um ol(ar )ue me permite descobrir aluma coisa nela )ue não tin(a isto" ' essa coisa nela, )ue não tin(a isto, * a razão de ser do meu presente e * a ri)ueza do meu presente" > o meu ser (o0e" @ meu ser (o0e * poder compreender o meu passado assim, assado, dessa maneira, de outra maneira" 'ntão, o trabal(o, a elaboração, est1 inculada a essa produção de mem3ria, a essa produção do )ue estou c(amando de ida interior"
8Perunta inaud+el:4 =uando ocê fala e.erc+cio da mem3ria, ocê )uer dizer a capacidade de memorizar, de uardar coisas, de reistrar coisasA ;as ocê est1 dizendo de decorarA S - ?em um fil3sofo )ue faz uma distinção entre a mem3ria como repetição, reistro, e a mem3ria como lembrança, como rememoração, reminiscência" Cada um tem um e.erc+cio diferente" 7 repetição * um e.erc+cio de automatismo" Mocê pode e.ercitar a sua mem3ria como reistro e pode conseuir coisas incr+eis" Mocê pode uardar uma s*rie de coisas na cabeça, ocê pode fazer esse e.erc+cio" ;as ele lea a )uêA 7 nada" 8Coment1rio da plat*ia:4 7c(o )ue ele lea 8inaud+el: S - Nesse sentido sim" ;as, inclusie, inLtil (o0e, por)ue ocê tem instrumentos muito mais ade)uados" Mocê obria o menino a decorar um monte de datas" Para )uêA G1 um computador para ele )ue p6e na mem3ria do computador e, )uando ele precisar, ai l1" Para )ue ficar torturando o menino para decorar a)uela )uantidade de coisasA Inclusie, * tamb*m uma deturpação do pr3prio sentido de decorar" Saber de cor * saber de coração" Cor * coração em latim" Mocês e0am como a ente faz com as palaras" 7ora, tem um outro e.erc+cio" @ outro e.erc+cio * o da atenção" 7+ * diferente/ * o e.erc+cio da atenção" ?em ente distra+do )ue não lembra de nada, mas d1 ontade de bater/ não lembra de nada não * por)ue não tem uma cabeça capaz de uardar, * por)ue não tem atenção" Oma pessoa )ue não tem atenção * uma pessoa )ue est1 dispersa" > uma pessoa )ue não concentra, )ue não se reLne, )ue não recol(e, * uma pessoa )ue não trabal(a, cisca" 'la cisca" 'la fica ali""", o tempo todo" 5az coisas e coisas, mas não faz nada especificamente )ue mostre" @ e.erc+cio da atenção * um e.erc+cio de sensibilidade e afeto, de amor" Mocê presta atenção )uando ocê ama" ' o sintoma de )ue ocê ama * )ue ocê sente prazer em perceber, em encontrar" 'ntão, * um e.erc+cio e.tremamente sinificante" Ninu*m, em sã consciência, abre mão desse e.erc+cio" Gee ter aluma coisa""" 8Coment1rio inaud+el da plat*ia:" Mem da+" @ )ue o artista fazA 'le presta atenção nas coisas e depois faz sua pr3pria improisação" 'm sã consciência uma pessoa não abre mão desse e.erc+cio, por)ue ele * muito ratificante" Mocê prestar
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atenção, atentar nas coisas e perceber as diferenças, as nuances" Om bom 0ardineiro presta atenção nas nuances, nos matizes das flores" @ (orticultor dedicado ai saber4 enraçado, a fol(a do arião, esse ano, ficou mais lara/ o erde est1 diferente, est1 mais sedoso" 'le ai perceber as menores nuances e ai sinific1-las, ai entender o )ue est1 acontecendo, )ual a (ist3ria )ue est1 por tr1s da)uilo" > um e.erc+cio de amor" > um e.erc+cio ratificante, de compreensão e de nutrição espiritual" Mocê se nutre, se interioriza, ocê an(a uma intimidade com ocê mesmo, an(a um conteLdo interno" 'ntão, esse e.erc+cio da mem3ria não passa por ficar ali, se forçando a decorar" 7s coisas são uardadas por)ue são sinificatias" Por isso elas são uardadas dentro da sua cabeça" 5alar assim4 enraçado, a)uele dia )ue fizemos a)uele pi)ueni)ue, não consio es)uecer a)uela cena na beira do rio" Por )uêA Por)ue ela * e.atamente sinificatia, por isso não es)ueço essa cena" =uem es)uece uma coisa sinificatiaA Pode es)uecer temporariamente" 'ntão, não se trata da mem3ria acumulatia, trata-se do e.erc+cio da atenção" 7+ * )ue em a )uestão da criatiidade )ue ocê colocou muito bem, )ue ai desenoler essa min(a possibilidade de er as coisas sob 1rias 3ticas, 1rios Unulos, de 1rias maneiras" Oma outra )uestão liada a trabal(o4 eu tin(a uma amia, )uerid+ssima - infelizmente morreu - )ue tin(a um comple.o danado, se sentia culpada por)ue não trabal(aa" 'la tin(a um meio de subsistência, uma pensão )ue daa para ela ier, ela ficaa incomodada" 7c(aa 3timo, mas se sentia culpada" ' eu trabal(ando feito uma desenturada, a+ )ue ela ficaa mais culpada ainda" 7 ente sentaa para conersar e ela falaa assim4 SDnia, mas eu penso, sento na min(a cadeira de balanço e penso" 7c(o )ue faço uma coisa importante" Ser1 )ue sou desocupadaA Ser1 )ue sou improdutia, < toaA" 'u falaa4 não, * diferente" '.iste uma diferença entre improdutiidade e 3cio/ ocê * uma pessoa ociosa" ' ela ficou felic+ssima" 'st1 3timo, então não preciso me preocupar mais" Não, não precisa se preocupar mais não, boba, aproeita )ue ocê est1 ociosa, e aproeita bastante" > diferente" Realmente se faz uma diferença - a sociedade de consumo, sobretudo, a sociedade calcada na produtiidade, entre trabal(o e inatiidade" @ trabal(o * produtio, a inatiidade * improdutia" 7 sociedade tem )ue ter reseras para a manutenção de
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uma improdutiidade incontorn1el e *, eralmente, impiedosa com a improdutiidade, em eral" Impiedosa com os el(os" Impiedos+ssima com os el(os" '.atamente" ', no entanto, o el(o, numa sociedade calcada, por e.emplo, no poder da mem3ria, pode não estar fazendo coisas, mas est1 trabal(ando intensamente" 'le * altamente laborioso, por)ue est1 produzindo incessantemente a mem3ria da coletiidade, sem a )ual a coletiidade não ie" 'ntão ele * alorizado" 8Perunta inaud+el:" S - 7c(o )ue * um e.emplo muito interessante este )ue ocê est1 colocando, por)ue ac(o )ue o apão * realmente uma ciilização, uma cultura contradit3ria, desconcertante" Por)ue ela tem as duas caracter+sticas muito fortes" 'la * uma sociedade altamente tecnol3ica, est1 num n+el alt+ssimo" Inclusie as preis6es futuras colocam o apão como a potência )ue ai dominar o mundo" ', ao mesmo tempo, * uma cultura calcada na tradição" 7ora, ac(o )ue as duas coisas não estão oranicamente liadas" > como se fossem dois n+eis de realidade, mas fort+ssimos" ' ocê tem razão" ?udo )ue * criatio na cultura 0aponesa - )ue não * simplesmente a produção mecUnica, a produção do enen(o, da t*cnica - tem uma cara imensa da mem3ria ancestral, milenar" Mocê pea a arte 0aponesa, inclusie a arte contemporUnea, os pintores contemporUneos/ ocê pea as mLsicas 0aponesas/ o filme 0aponês * bel+ssimo/ * um ne3cio de uma força, de uma intensidadeQ 7 l+nua * trabal(ada tamb*m com intensidade" 'ntão, realmente, ocê tem razão, * isso mesmo" ;as * uma coisa meio desconcertante, * uma contradição" Não sei como ela ai se resoler" Por)ue são duas coisas muito dif+ceis de serem conciliadas, por)ue os modelos, os padr6es de e.istência são outros" ' o padrão urbano do apão * o padrão p3s-industrial" Não * o padrão da tradição" Não sei como fica" ;as, oltando < )uestão do 3cio""" a sociedade diide o )ue * atio e inatio" 'ssa diisão do atio e do inatio * t+pica de uma compreensão 01 deturpada do trabal(o" > como se o trabal(o fosse s3 a atiidade, não tiesse o momento da meditação, o momento da introspecção, o momento da parada, da ruptura, da lacuna" 7ssim como as sinificaç6es alem tanto pelo )ue se diz )uanto pelo )ue não se diz, assim como a poesia fala pelas entrelin(as, a atiidade se complementa isceralmente com a inatiidade, com o 3cio, ou se0a, com uma disponibilidade, como se fosse com bols6es,
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com aberturas )ue ela ai criando dentro dela para não se tornar uma compulsiidade desenfreada, )ue * mais ou menos o )ue a ente ê" 8Coment1rio inaud+el: """ S - 'nrenar comoA '.plica o )ue ocê est1 peruntandoA 8Perunta inaud+el: """ S - Mocê peruntou4 uma pessoa )ue traz, reistrado no seu corpo, uma mem3ria penosa do seu pr3prio trabal(o, ser1 )ue ela pode resatar uma mem3ria restauradora, recuperadora do seu serA =uer dizer, simultaneamente a uma recuperação f+sica, ela pode resatar uma recuperação simb3lica do seu trabal(oA > issoA >" 7c(o )ue a+ a )uestão * um pouco dif+cil, Rosa, por)ue para resatar uma coisa, * necess1rio )ue ela ten(a e.istido" Mocê não pode inentar o )ue não e.istiu" ' muitas ezes, a)uele )ue em at* ocês * um su0eito )ue foi acidentado por um trabal(o mecanizado, automatizado, compulsio, alienante, e não por um trabal(o criador" > um momento at* de parada" 8Coment1rio inaud+el: S - >" ?alez funcionar nesse sentido, de criação de um espaço" ;as isso implica tamb*m uma tramitação social, institucional" Não * uma coisa )ue ocê possa fazer a n+el da sua relação indiidualizada com a pessoa, com o acidentado" > uma coisa )ue a instituição tem )ue assumir tamb*m" 'ssa possibilidade de ele oltar e encontrar ali uma ratificação, ou se0a, uma indenização (umana" Se ele não pode resatar o outro lado da moeda, )uem sabe ele pode ser indenizadoA ;as não no sentido indenizado materialmente apenas" Por)ue ele deeria ser indenizado materialmente" 'le deeria ser, e muito bem indenizado" @ mutilado pelo trabal(o deeria ser muit+ssimo bem indenizado" 'm pa+s desenolido ele *" 7ora, al*m disso, como ele ai ser indenizado espiritualmenteA 7brindo uma comporta de ratificação )ue possa dar para ele, num outro n+el, uma coisa )ue ele perdeu no n+el de c1" Por)ue * muito terr+el" 7c(o )ue o mutilado por um trabal(o ma)uinal, por mais inconsciente ou por mais inocente )ue ele este0a, por mais cr+tico )ue se0a, dee dar uma sensação de pobreza mesmo, de e.austão interna" Gee ser muito dif+cil" Psicoloicamente muito dif+cil" 7credito )ue dea ser tão ou mais )ue o mutilado de uerra" 7c(o )ue o trabal(o )ue ocês desenolem com essas pessoas, pensando nesses aspectos, an(a uma dimensão ra+ssima, muito
importante" ;as não saberia te responder como fazer isso dentro da instituição )ue a ente tem, )ue se aproeita de uma ree, por e.emplo, para fazer economia" Se aproeita de uma ree de INPS para fazer economia nos cofres pLblicos" Realmente * dif+cil responder isso" 8Coment1rio inaud+el:" S - Reolta * um sentimento positio de afirmação de ida )ue, se puder ser trabal(ado, ou se0a, se puder ser transformado com uma relação com o mundo""" 8Coment1rio inaud+el:" Gesliado por )uêA Por)ue se liado d3i demais, desliam-no" ;as, estaa falando )ue, na erdade, se ocê considera o sentido criatio de trabal(o, o 3cio est1 dentro" @ 3cio * uma disposição" 7 ente usa a palara disposta, fala assim4 arrumei uma pessoa para fazer o seriço/ ela * disposta, ocê precisaa er" =uer dizer, dispon+el" 7 disponibilidade faz parte do menor entusiasmo )ue ocê tem do trabal(o" ' o 3cio * precisamente isso4 essa disponibilidade" Mocê pode ter a disponibilidade meramente manual e pode ter uma disponibilidade inteira" =uando ocê est1 ena0ada numa coisa, ocê * inteiramente dispon+el" =uando não est1, não precisa pele0ar )ue dali não sai" Seria preciso fazer uma realimentação" > necess1rio para ocê realimentar as enerias, * necess1rio para ocê fruir, * necess1rio para ocê contemplar" eiam o te.to b+blico4 Geus trabal(ou sete dias" 'le p1ra toda (ora" Mocês 01 repararam como ele p1raA ?oda (ora ele p1ra, descansa um pou)uin(o, ol(a as coisas" 'le descansa mesmo para aler no s*timo, mas ele d1 umas paradas, ol(a, fala )ue est1 bom" 5ala4 est1 bom" Continua" Ga+ a pouco ol(a de noo, ê )ue est1 bom/ */ ficou bom" Continua" Mocê tem )ue fruir, ocê tem )ue se encontrar na)uilo )ue ocê faz" Se não, não d1" > o 3cio" 'ssa realimentação, essa fruição, esse prazer de retirar prazer do trabal(o" 8Coment1rio inaud+el:" S - @ prazerA @ 3cio" Claro, se amadurecer * aumentar os canais de fruição do ier, * claro )ue tem )ue aumentar com a idade" Oma das antaens de ficar mais el(o * poder sentir mais prazer nas coisas" 'ntão, * interessante )ue, ideoloicamente (1 uma dicotomia" @ trabal(o est1 inculado a )uêA 7 deer" ' prazer est1 inculado a )uêA 7 não-trabal(o, a lazer, a ficar < toa, a não fazer, a não air, a
inatiidade" azer * fruição" ' o lazer est1 intimamente associado ao operar, ao air, ao atuar, ao dinamismo" Não tem )ue estar separado" @ )ue separa * uma dicotomia ideol3ica, ou se0a, tendenciosa, )ue atende aos interesses )ue não são os interesses de )uem est1 iendo a separação" Me0am como a coisa ai mais fundo4 liar o trabal(o ao deer * liar o trabal(o < culpa, < culpabilidade" 'ntão, o trabal(o ira castio" 'u trabal(o por)ue sou culpado e ten(o )ue ser castiado para depois )ue ficar bem castiado, a+ morro e ou para o c*u" 7+ fico <-toa, ol(ando, ol(ando" 7+ não ai saber ficar <-toa, como fazA Pois *, como fazA 7+ ai ser o inferno" 5icar <-toa" > iual marido domino dentro de casa, andando para bai.o e para cima" N3s, l1 no c*u, <-toa, a)uele inferno, não tem nada para fazer" 'ntão, essa liação * uma liação ideol3ica" ?ranscrição4 !!"!$!$ - 7na 'lizabet("