FUNDAÇÃO CECIERJ EXTENSÃO Pesquisa na Educação Básica com uso de tecnologia Prof. César Bastos / Tut. Maria Christina
Pablo da Silva Nunes Polo: Nova Iguaçu
SÍNTESE DAS REFLEXÕES DE EDGAR EDG AR MORIN
Nova Iguaçu Abril de 2009
Introdução
Propõe-se, nesse trabalho, apresentar uma síntese das reflexões Edgar Morin a respeito de questões fundamentais para melhorar a educação no século XXI. Tais reflexões que compõem o texto intitulado “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Com base na idéia de que a educação do futuro deve se aproximar mais das questões questõ es humanas, englobando englobando cada vez mais aspectos do cotidiano cotidiano e tomando tomando o ser humano como referencial para o ensino, Morin lista sete aspectos que denomina de “sab “saber eres es”” pa para ra a ed educ ucaç ação ão.. Tais ais idéi idéias as prop propor orci cion onar aria iam m um umaa prio priori riza zaçã çãoo na humanização da educação e tirariam os atuais processos educativos do estado de inércia, fazendo com que esses evoluíssem de forma compassada com as novas realidades sociais a nós apresentadas.
1. Reflexões de Edgar Morin Em defesa da religação dos saberes, Edgar Morin tocou numa inquietação disseminada nos dias atuais, quando o avanço da tecnologia de informação permite acesso inédito às informações, a globalização econômica e o fim da polarização ideológica entre capitalismo e comunismo nas relações internacionais. Diante desse cenário, o sociólogo francês Edgar Morin percebeu que a maior urgência no campo das idéias não é rever doutrinas doutrinas e métodos, métodos, mas elabo elaborar rar uma nova concepção concepção do próprio próprio conhecimento. No lugar da especialização, da simplificação e da fragmentação de saberes, Morin propôs o conceito de complexidade. Por isso a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pediu a ele um estudo sobre quais seriam os temas que não poderiam faltar para formar o cidadão do século 21. Assim nasceu o texto: “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”, uma das fontes de inspiração, no Brasil, dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Este texto antecede qualquer guia ou sumário de ensino. Não é um tratado sobre o conjunto das disciplinas que são ou deveriam ser ensinadas: pretende, única e essenc essencia ialm lmen ente te,, exp expor or prob proble lema mass cent centra rais is ou fund fundam amen enta tais is qu quee perma permane nece cem m totalmente ignorados ou esquecidos e que são necessários para se ensinar no século XXI. Servem de inspirações, modalidades que incitariam o educador a redefinir sua posição na escola, nas suas relações com os alunos, nas suas relações com os currículos, relação com as disciplinas, relação com a avaliação. avaliação. 1.1 As cegueiras do conhecimento; o erro e a ilusão.
“A educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão.” Edgar Morin
O conhecimento não é um espelho das coisas do mundo externo. Todas as percepções percep ções são, ao mesmo tempo tempo,, tradu traduções ções e reconst reconstruções ruções cerebrais cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos. Este conhecimento, ao
mesmo tempo tradução e reconstrução comporta a interpretação, o que introduz o risco do erro na subjetividade do conhecedor, de uma visão do mundo e de seus princípios de conhecimento. Daí os numerosos erros de concepção e de idéias que sobrevêm a despeito de nossos controles racionais. A projeção de nossos desejos ou de nossos medos e as perturbações mentais trazidas por nossas emoções multiplicam os riscos de erro. O desenvolvimento do conhecimento científico é poderoso meio de detecção dos erros e de luta contra as ilusões. Entretanto, os paradigmas que controlam a ciência podem desenvolver ilusões, e nenhuma teoria científica está imune para sempre contra o erro. Além disso, o conhecimento científico não pode tratar sozinho dos problemas epistemológicos, filosóficos e éticos. As ciências acostumaram-se sempre a afastar o erro das suas concepções, porém precisamos integrar os erros nas concepções para que o conhecimento avance. Essa seria a essência do primeiro saber. O conhecimento não é espelho fiel à verdade, embora tenhamos a impressão de que aquilo que percebemos é a verdade quando, mais precisamente, é uma forma de compreender a verdade, um apanhado de elementos limitado pela nossa possibilidade de pe perc rceb eber er e as assi simi mila larr. A su subj bjet etiv ivid idad adee do co conh nhec eced edor or al alte tera ra a pe perc rcep epçã çãoo e interpretação da verdade. Assim como o intelectual, o preconceito, temos emoções e sentimentos. Sufocar a afetividade não é a solução. A educação deve enfrentar o problema que todo conhecimento comporta – o risco do erro e da ilusão, sendo imprescindível fazer conhecer o que é conhecer, ou seja, estudar as características psíquicas e culturais que constituem o conhecimento humano. Já que as possibilidades de erro e ilusão são múltiplas e permanentes,
1.2 O conhecimento pertinente “O conhecimento do mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital. É o problema universal de todo cidadão do novo milênio: como ter acesso às informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articulá-las e organizálas? Como perceber e conce conceber ber o Cont Contexto, exto, o Glob Global al (a rela relação ção todo/partes) todo/partes),, o Multidimensional, o Complexo? Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo é necessário à reforma do pensamento.” Edgar Morin
O segundo saber diz respeito à desfragmentação do conhecimento. Sob esse aspecto, entendesse que há inadequação cada vez mais agravada entre os saberes separa sep arados, dos, fra fragme gmenta ntados dos,, com compar partim timent entados ados ent entre re dis discip ciplin linas as e as rea realid lidades ades ou proble pro blemas mas da rea realid lidade ade global, global, com comple plexa xa e mul multitidim dimensi ensional onal..
O des desenvo envolvi lvimen mento to
disciplinar das ciências, apesar de trazerem as vantagens da divisão do trabalho, gerou a hiperespecialização, impedindo de ver o global, pois, espedaçando em parcelas o sabe sa berr e fr frag agme ment ntan ando do os pr prob oble lema mas, s, in inib ibem em as po poss ssib ibililid idad ades es de re reflflex exão ão e compreensão do todo. Não basta ter acesso às informações, mas é preciso aprender a organizá-las e articulá-las. Saberes isolados não são funcionais. A educação precisa ajudar a perceber e a conceber as relações entre partes do conhecimento e a relação todo/partes. O conhecimento pertinente não quer aniquilar as idéias das disciplinas, mas rearticular as idéias das disciplinas em outros contextos e disciplinas afins. Como por exemplo, quando qua ndo se est estuda uda par paraa Bio Biolog logia ia sim simult ultane aneame amente nte est estuda uda-se -se bio biologi logia, a, ant antrop ropolo ologia, gia, filosofia e etc. as relações entre as disciplinas consistem em proporcionar aos alunos, aos adolescentes que vão enfrentar o mundo do terceiro milênio, uma cultura, que lhes possibilita possibilitará rá articular articular,, religar religar,, contextuali contextualizar zar,, situar-se situar-se num contexto contexto e, se possível, possível, globalizar, reunir reunir os conhecimentos que foram adquiridos em toda à sua vida. Os temas transversais, dos PCNs atuam como eixo unificador, unificador, em torno do qual organizam-se as disciplinas, devendo ser trabalhados de modo coordenado e não como um assunto descontextualizado nas aulas. O que importa é que os alunos possam construir significados e conferir sentido àquilo que aprendem.
1.3 Ensinar a condição humana “O ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos. Desse modo, a condição humana deveria ser o objeto essencial de todo o ensino.” Edgar Morin
A condição humana é o ponto central da educação do futuro, para conhecer o humano, é preciso encontrar seu lugar no Universo. As concepções do ser humano formuladas pela Biologia, História, Ecologia, etc., estão hoje desuni desunidas. das. O “huma “humano” no” está fragm fragmentado entado em olhar olhares es isolad isolados os das próprias ciências humanas e naturais e destas com a filosofia, a literatura, as artes...
1.4 A identidade terrena
“Todos “T odos os seres humanos partilham um destino comum.” Edgar Morin
Este saber nos remete a uma profunda reflexão sobre a relação do homem com o planeta. A idéia idéia de que é preci preciso so compreender compreender o carát caráter er humano no mundo, como a cond co ndiç ição ão do mu mund ndoo hu huma mano no,, qu que, e, ao lo long ngoo da hi hist stór ória ia mo mode dern rna, a, se to torn rnou ou a circunstância da era planetária, da própria sobrevivência da terra. Devemos pensar de como proteger nossa Terra-pátria, e ter uma prática de sustentabilidade terrena que seja viável para as próximas gerações. Um dos sintomas da crise civilizacional um descaso e um descuid descuidoo na salvagu salvaguarda arda de nossa casa comum, pois o cuidado envolve uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o planeta, suplantado por interesse econômico, injustiças e violência.
1.5 Enfrentar as incertezas.
“A grande conquista da inteligência seria poder, enfim, se libertar da ilusão de prever o destino humano. O futuro permanece futuro permanece aberto e imprevisível.” Edgar Morin
O autor nos situa diante da imprevisibilidade, das incertezas que nos cercam e da im impo poss ssib ibililid idad ade, e, po port rtan anto to,, de ce cert rtez ezas as so sobr bree os ac acon onte teci cime ment ntos os.. É pa pape pell fundamental da educação, nesta óptica, preparar as mentes para o inesperado e seu enfrentamento. Na escola a idéia da incerteza, o conhecimento científico nunca é o produtor absoluto absolu to das cert certezas, ezas, pelo contrário deve ser crivad crivadoo pelas idéia idéiass das incertezas incertezas que comandaria o avanço do saber, o avanço da cultura sem certezas seria incorporar essas idéias nos ensinos de química, física, história, geografia, línguas, filosofia; tudo que é criado pelo homem é crivado pelas idéias das incertezas.
1.6 Ensinar a compreensão
“A com comunic unicaçã ação o tr triun iunfa, fa, o pla planet neta a é atr atrave avessa ssado do por red redes, es, fax fax,, tel telefo efones nes celulares, modens, Internet. Entretanto, a incompreensão permanece geral. Sem dúvida, há importantes e múltiplos progressos da co mpreensão, mas o avanço da incompreensão parece ainda maior.” Edgar Morin
A missão espiritual da educação é ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade moral e intelectual da humanidade. Compreender inclui um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade. A compreensão deve ser o começo, meio e o fim da comunicação humana, a comunicação humana deve estar voltada para a compreensão. Em nossas instituições de ensino o que as caracteriza é a incompreensão, disciplinas que brigam com as outras, departamentos que não se entendem com os outros, áreas de conhecimento que não falam com as outras, seria preciso introduzir o ensino da compreensão nas unidades de ensino de qualquer nível compreensão. O
plan pl anet etaa pr prec ecis isaa de ma mais is co comp mpre reen ensã sãoo ho hoje je no noss ssoo pl plan anet etaa se ca cara ract cter eriz izaa pe pela la incompreensão política, ideológica, social e cultural.
1.7 A ética do gênero humano
“A antropoética compreende, assim, a esperança na completude da humanidade, como consciência e cidadania planetária.” Edgar Morin
O último saber referido por Morin diz respeito a uma antropoética do humano, consistindo numa decisão consciente e esclarecida de assumir a condição de indivíduo, espécie e sociedade na complexidade que ela encerra. Acerca da ética que reflete uma cons co nsci ciên ênci ciaa pe pess ssoa oall e da hu huma mani nida dade de em nó nós, s, rea ealiliza zada da pe pela la de demo mocr crac acia ia e estabelecimento da cidadania terrena. O autor ressalta o imperativo na livre expansão e expressão dos indivíduos, o desenvolvimento com propósito ético e político para o planeta e a integração da tríade indivíduo/sociedade/espécie, não apontando respostas prontas, mas traçando o caminho pelos passos que se vai desenvolvendo. Somente num ambiente democrático, com respeito às diferenças, liberdade de expressão e exercício do constante diálogo os valores desta sociedade poderão ser encontrados e preservados. A ética poderia dizer simplesmente que é: “Não desejar para o outro aquilo que você não deseja para si mesmo”. Podemos, porém, explicitar nossas finalidades; a busca da humanização, pelo acesso à cidadania terrena. Por uma comunidade planetária organizada: não seria esta a missão da verdadeira Organização das Nações Unidas?
Conclusão Os sete saberes necessários à educação do futuro, propostos por Edgar Morin, propõe a reforma do pensamento do professor onde a prática pedagógica reflexiva e vivenciada, onde tudo se liga a tudo e de que é urgente aprender a aprender, o professor adquirirá uma nova postura diante da realidade, necessária a uma prática pedagógica dialógica e libertadora. A realidade percebida, assim como o processo ensino-aprendizagem, é produto do enfrentamento do mundo concretizado e percebido pelo ser humano com toda a sua subjetividade inerente a cada um, que somente faz sentido à medida que brota e é guardado como experiência vivenciada, facilitando e otimizando a formação do ser humano. O questionamento sobre a importância do desenvolvimento dos saberes da docência e da necessidade de o professor abrir-se a novas nov as est estra raté tégi gias as e te tecn cnol ologi ogias as qu quee po poss ssib ibililititem em a tr troca oca de co conh nheci ecimen mento toss e a interdisciplinaridade, como virtude que escuta a verdade do outro e se abre para novas idéias.
Referências •
CONTEUDOESCOLA. Resenha: Os Sete Saberes Necessários À Educação
do Futuro (Edgar Morin). Disponível em: . Acesso em: 01 de d e abril de 2009. •
MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 3a. ed, 2001.
•
PTRAGLIA, PTRAGLIA, Izabel. Izabel. Edgar Edgar Morin: Morin: Comple Complexid xidade ade,, transd transdisc iscipl iplina inarid ridade ade e
incerteza.
Disp Disponí onível vel
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Complexidade.htm>. Acesso em: 01 de abril de 2009. •
SILVA, Edna Lúcia da; CUNHA, Mirian Vieira da. A formação profissional no
século XXI: desafios e dilemas . Brasília: Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002.