O
Serviço Geográco do Exército apresenta a primeira edição de sua revista, Publicação que preten pretende de preench preencher er uma lacuna que já perdura há vários anos e que se explica pela acelerada evolução tecnológica e da crescente demanda da Sociedade por produtos cartográcos. Parece que agora é que o Brasil se deu conta de que precisa ser descoberto. É preciso desvendar um imenso vazio cartográco, pedaço de nosso País que ainda desconhecemos. Saibam que são eles, os topógrafos e engenheiross cartográfos do Exército, que palmilham dia a dia os caminhos e rios nheiro longínquos, mapeando o território, descobrindo o Brasil para os brasileir brasileiros. os. São esses militares que rasgam a selva intocada para plantar os marcos to pográcos que garantem a posse do solo de nossa Pátria. São eles, também, que utilizam as tecnologias mais avançadas para produzir as imagens e informações geográcas que tanto necessitamos. Esta revista propõepropõe-se se a mostrar o trabalho anônimo, difícil e tão importante do Serviço Geográco do Exército. Vamos, então, a esta nossa edição inicial. Já demos o primeiro passo, agora só faltam todos os outros.
Tenente-Coronel Clóvis Eduardo Godoy Ilha, Dr
L A I R O T I D E
Chefe do Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército
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Revista do Serviço Geográco
O C I F Á R G O E G O Ç I V R E S O D A T S I V E R 2
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Diretor do Serviço Geográco General Pedro Ronalt Vieira, MSc Editor-Chefe Tenente-Coronel Clóvis Eduardo Godoy Ilha, Dr Conselho Editorial Capitão Fabiano Costa de Almeida, MSc Capitão Pierre Moura, MSc Capitão Dênis de Moura Soares, MSc Capitão Felipe André Lima Costa, MSc Tenente Daniel Wander Ferreira Melo, MSc Tenente Daniel Luís Andrade e Silva, MSc Redatores Capitão Fabiano Costa de Almeida, MSc Capitão Felipe André Lima Costa, MSc Diagramadores Sargento Samuel Nunes Gonçalves Sargento Alessanderson de Castro Almeida
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NOSSA CAPA: CAPA: Transição de imagem óptica de um trecho do Bioma Amazônia para um modelo digital do terreno obtido processamento de dados da Banda P do sensor de radar de abertura sintética OrbiSAR-1.
SUMÁRIO 1. A.
GEOCIÊNCIAS
Página
Projeto Radiograa da Amazônia ..................................................................................... Proposta de Metodologia para a Extração de Feições Utilizando Produtos SAR (Bandas X e P) no Projeto Radiograa da Amazônia .................................................................. Correção Atmosférica e o Sensoriamento Remoto Hiperespectral ......................... ................................. ........ Utilização das Imagens do Google Earth para a Localização de Vítimas da Enchente em Blumenau-SC ........................................................................................................................ Metodologia para Validação de Dados Geoespaciais Aplicada a Estrutura de Dados Geoespaciais Vetoriais (EDGV) da Infra-estrutura de Dados Espaciais do Brasil ...................... Aplicação das Técnicas INSAR e DINSAR em Geomorfologia .......................... ..................................... ........... Geoprocessamento e Software Livre para Geotecnologias ....................... .............................................. ....................... B.
2.
23 28 37 47
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PROJETOS DE INICIAÇÃO A PESQUISA IME – 2008 E 2009 58 58 59 59 60 60
PROJETOS DE FINAL DE CURSO IME – 2008 E 2009
Mapeamento Fotogramétrico Digital Digital no Ambiente Ambiente LPS ....................................... ............. ..................................... ........... Mapeamento dos Processos Cartográcos Referentes aos Produtos Gerados pela Diretoria de Serviço Geográco (DSG)........................................................................................ Construção de uma Rede Geodésica Simulada .......................... .................................................... ...................................... ............ C.
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RESUMOS
Metodologia para Localização Estratégica de Áreas de Interesse Econômico em Ambiente SIG ....................... ................................................. .................................................... .................................................... .................................................... .......................... Determinação da Interseção de Linhas Geodésicas ......................... ................................................... ................................. Georreferenciamento de Imagens por Polinômios .......................... .................................................... .................................... Organização de Metadados ........................ .................................................. .................................................... .................................. .............. ........... Aplicações com RFID .......................... .................................................... .................................................... .................................................. ........................ Alternativas de Percepção Cartográcas ......................... ................................................... ................................................. ....................... B.
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CIÊNCIAS MILIT MILITARES ARES
Prática de Gestão de Informações no Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército (CIGEx) ...................... ................................................ .................................................... .................................................... ............................................... .....................
A.
R E V I S T A D O S E R V I Ç O G E O G R Á F I C O
ARTIGOS CIENTÍFICOS
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O QUE VAI PELO SER SERVIÇO VIÇO GEOGRÁFICO
Relato da Vi Viagem agem Fluvial de São Gabriel da Cachoeira – AM para o 1° Pelotão de Fronteiras de Yauaretê – AM......................................................................................................... 63 Visita Visi ta de Ocial de Nação Amiga (COL) ao Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército ........................ .................................................. .................................................... .................................................... ................................... ......... 65
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PROJETO RADIOGRAFIA DA AMAZÔNIA Gen Bda Pedro Ronalt Vieira, Diretor de Serviço Geográco, DSG. Ten Cel Clovis Gaboardi , Chefe da 4ª Divisão de Levantamento, 4ª DL. Maj Antônio Henrique Correia, Gerente do Projeto, DSG. Cap Rogério Ricardo da Silva, Responsável Técnico/Campo, 4ª DL. Cap Pierre Moura, Gerente de Processamento, CIGEx. Cap Rodrigo Wanderley de Cerqueira , Coordenador de Campo, 4ª DL A Amazônia Legal possui uma área total de “vazio cartográco”. Este vazio pode ser dividido em 5,2 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 1.142.000 km² que correspondem à área de oresta e cerca de 1,8 milhões não possuem informações car - 658.000 km², à área de não-oresta. tográcas terrestres. Essa área é denominada de
Fig. 1 – Articulação de Cartas Topográcas da Amazônia Legal A constante existência de grande quantidade de nuvens na região, a alta densidade da vegetação, as di culdades de logística e os perigos naturais da selva, são fatores responsáveis por tornar o mapeamento da Amazônia o maior desao nacional para os prossionais da área. Mesmo com o uso das mais diversas e moder nas tecnologias de produção cartográca, essa ores ta grandiosa em sua beleza e extensão, cria obstáculos quase que instransponíveis às atividades de cartograa e topograa. Inserido neste contexto de vencer desaos e ga rantir a soberania nacional, encontra-se o Serviço Geo gráco do Exército Brasileiro, na execução do Subpro jeto Cartograa Terrestre.
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Em 26 de fevereiro de 2008, foi estabelecido um Acordo de Cooperação Técnica entre o CENSIPAM, Marinha, Exército, Aeronáutica e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM, com vigência de cinco anos, tendo como objeto a realização de atividades conjuntas pelos partícipes na consecução do projeto denominado “Implantação do Sistema de Cartograa da Amazônia”, também chamado de Radiograa da Amazônia, cujos resultados esperados são a geração de produtos carto grácos (plani-altimétricos), na escala de 1:100.000, a geração de cartas geológicas nas escalas 1:100.000 e 1:250.000 e a atualização da cartograa náutica na es cala 1:100.000 das principais hidrovias da região ama zônica.
Fig. 2 – Área de abrangência do Projeto Cartograa Terrestre – 616 folhas na escala 1:100.000 O Projeto Cartograa da Amazônia compõese de três subprojetos: Cartograa Terrestre (sob a responsabilidade da Diretoria de Serviço Geográco – DSG, com apoio da Força Aérea Brasileira – FAB), Cartograa Geológica (sob a responsabilidade do Serviço Geológico do Brasil – CPRM) e Cartograa Náutica (sob a responsabilidade da Diretoria de Hidrograa e Navegação da Marinha). O projeto tem dimensão estratégica e sua rea lização permitirá o aprofundamento do conhecimen to sobre a Amazônia brasileira, bem como o suporte a projetos de infra-estrutura a serem implantados na região. Além do desenvolvimento regional, o projeto prevê a geração de informações para monitoramento, segurança e defesa nacionais, com especial ênfase nas áreas de fronteira. Os benefícios que serão obtidos não se restrin gem apenas à grande base de dados geoespaciais que serão produzidos, mas propiciará signicativo avanço estratégico das expressões econômicas e psico-sociais nacionais, com reexos positivos nos campos político e das relações internacionais, uma vez que o Brasil estará satisfazendo a vários requisitos da agendas in ternacionais das quais participa.
A atuação scalizadora do IBAMA, Polícia Federal e demais órgãos governamentais terá nova di mensão, ao dispor de cartas e informações geográcas precisas que podem ser associadas aos demais produtos já obtidos por imagens de satélite. Além disso, os produtos disponibilizados possibilitarão, dentre outros benefícios, o desenvolvimento das aplicações a seguir listadas, que contribuirão para a obtenção de resulta dos extremamente importantes para o gerenciamento dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável da região Amazônica: pesquisas de recursos minerais e identicação de jazidas; informação básica para pros pecção de petróleo e de gás; mapeamento de precisão dos diversos ecossistemas do bioma amazônico; inven tário estatístico orestal, com estimativa da quantidade de exemplares por espécie vegetal, do volume de ma deira, etc.; controle das áreas de proteção ambiental, das reservas ecológicas, extrativistas ou indígenas, das estações ecológicas; simulação dos regimes dos rios e estimativa do volume de água por bacia hidrográca e por época do ano; mapeamento hidrológico de alta precisão; determinação da navegabilidade dos rios; es tudos para implantação das hidrovias e integração das mesmas aos demais modais
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de transporte; estudos para implantação das rodovias e ferrovias, respectivas interligações e integração aos de mais modais; estudos para implantação de usinas hidre létricas e respectivos impactos ambientais; estudos para implantação de dutos em geral; simulação de impactos ambientais, e controle de danos, em caso de acidentes com embarcações que transportem produtos perigosos ou poluentes; estudos para implantação dos meios de comunicação, de controle e de vigilância; planejamento de zoneamento econômico - ecológico; planejamento de áreas de manejo orestal, de agropecuária, etc; in formação de apoio para previsão meteorológica; infor mação de apoio às navegações aérea, terrestre e uvial;
desenvolvimento de modelos numéricos de evolução de ecossistemas; estudos para implantação de projetos de assentamentos fundiários; dados básicos para a vigi lância e controle das fronteiras; estudos de integração e proteção das comunidades indígenas; informação básica para controle de propriedades e arrecadação de impostos; informação básica para a elaboração de esta tísticas regionais e municipais. Durante os sete anos de trabalho, o Exército Brasileiro, pela Diretoria de Serviço Geográco na condução do Subprojeto Cartograa Terrestre, preten de gerar seiscentas e dez Cartas Topográcas na escala de 1:100.000 e diversos outros produtos cartográcos, como mostra a tabela a seguir.
PRODUTOS
Cartograa Terrestre
Cartas Topográcas 1:100.000 Orto-imagens 1:100.000 Modelos Digitais de Elevação 1:100.000 Orto-imagens 1:50.000
Modelos Digitais de Elevação 1:50.000 Arquivos de estraticação vegetal Impressão off-set TOTAL
TOTAL 610 1.230 1.230 4.924 4.924 6.354 610 19.882
Tab. 1 – Produtos cartográcos a serem produzidos pelo Exército Brasileiro
As áreas de oresta estão sendo imageadas com radares de abertura sintética interferométricos (InSAR) nas bandas “P” e “X”, possibilitando, desta forma, o mapeamento plani-altimétrico no nível do solo. Para estas áreas, foi contratada a empresa Orbisat da Ama zônia Indústria e Aerolevantamento S/A, responsável pelo vôo radar. As áreas de não-oresta, que compreendem as áreas desmatadas, áreas de cultivo agrícola, áreas de pecuária e etc, serão imageadas utilizando-se radares interferométricos nas bandas “L” e “X” (com as aeronaves R99-B do SIPAM). Os principais produtos gerados serão: Cartas Topográcas na escala de 1:100.000; Orto-imagens e Modelos Numéricos de Elevação nas escalas de 1:100.000 e 1:50.000. Devido às características do voo radar e dos pontos de campo, será possível posteriormente a geração de produtos cartográcos em escalas cadastrais.
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A quantidade de dados produzidos é imensa. Todos os Hard Disks produzidos são remetidos para o Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exér cito, em Brasília, onde são processados os dados e darse-ão sequência às próximas fases de gabinete. No campo, é inserida grande quantidade de pontos de rastreio GPS e a implantação de reetores de canto, denominados corner reectors. Estas atividades estão a cargo da 4ª Divisão de Levantamento do Exér cito (4ª DL), sediada em Manaus. A Cartograa Terrestre mais parece uma operação de guerra! A região é totalmente inóspita e todos os deslocamentos de pessoal e transporte de suprimentos, equi pamentos e outros materiais são muito difíceis. As equipes são compostas por topógrafos e outros militares, cheada por um ocial engenheiro cartógrafo. Esse pessoal é destacado em bases estabe lecidas em cidades próximas às áreas de trabalho.
Fig. 3 – Equipe em Uapuí-Cachoeira A partir daí, pequenas equipes, geralmente com quatro homens, seguem para o meio da oresta por meio uvial ou aéreo. Os deslocamentos até os locais nos quais são feitos rastreios GPS e colocados
os reetores, podem levar até dois dias de voadeira (lancha regional). Ressalta-se que são transportados GPS , notebooks, gerador, equipamentos de comuni cação, combustível, materiais de apoio e individuais, gêneros alimentícios, etc.
Fig. 4 – Embarcação da 4ª DL
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Estas equipes acampam na selva em média por uma semana, até que a aeronave realize o voo radar previsto para aquela área, daí então, podem retrair para a base. Estes militares passaram por um treinamento intensivo no ano de 2008. Foram ao todo 220 horas de ins truções, que abrangiam a área técnica (rastreio e proces samento com GPS dupla frequência, GPS de navegação, utilização de imagens orbitais para navegação, softwares
técnicos, instalação de corner reectors , etc), a área administrativa e operacional. No tocante à vertente operacional dos trabalhos, vários cursos foram rea lizados, como Curso de Resgate Aquático, Curso de Condutor e Tripulante, Estágio de Emprego de Em barcações e diversos treinamentos uviais conduzidos pelo Centro de Embarcações do Comando Mili tar da Amazônia (CECMA). Além das instruções, o TFM era especíco, havendo grande carga horária de natação no rio.
Fig. 5 – Treinamento no CECMA Juntamente com as equipes, são mobilizadas viaturas leves, caminhão e caminhão-tanque com combustível de aviação para aeronave radar, bem como inúmeros outros equipamentos. Tudo isso é feito por balsas, que podem levar uma semana para transportar o material até o destino. Em face da obediência às legislações ambientais, é proibida a abertura de clareiras. Como há ne cessidade do uso de GPS de precisão e implantação
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dos reetores que devem ser visualizados pelo radar, as equipes têm que procurar na selva locais que possi bilitem o rastreio e a montagem dos corner reectors. Desta forma, alguns pontos são feitos sobre pedras existentes no leito do rio ou em cima de plataformas montadas na hora pelo pessoal. Vale lembrar que o local de trabalho possui animais selvagens, diversas doenças tropicais, corre deiras e grande incidência de chuvas fortes.
Fig. 6 – Implantação de reetor de canto na pedra (Rio Papuri-fronteira com a Colômbia) Raticando a importância do projeto, no pre sente ano o Exmo Sr Gen Ex Enzo Martins Peri, Comandante do Exército, foi visitar os trabalhos de campo da 4ª DL, acompanhado por uma comitiva de ociais generais composta pelo Gen Ex Darke Nunes Figueiredo, Chefe do Estado-Maior do Exército, Gen Ex Luís Carlos Gomes Mattos, Comandante Militar da Amazônia, Gen Ex Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, Gen Div Marco Aurélio Costa Vieira, Comandante da 12ª Região Militar, Gen Bda Jamil Megid Júnior, Comandante do 2º Grupamento de Engenharia, Gen Bda Ivan Carlos Weber Rosas, Comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva e Gen Bda Pedro Ronalt Vieira, Diretor do Serviço Geográco. Naquela oportunidade, foram ministradas palestras à comitiva formada pela DSG e 4ª DL, visita às insta lações da Base de Barcelos - AM e demonstração de instalações de reetores no campo na região de Moura AM. O Comandante do Exército pôde observar as equi pes da 4ª DL na selva, como também navegou em uma embarcação da DL.
Outra atividade relevante sobre o projeto, foi a gravação do programa Globo Repórter pela Rede Globo de Televisão nas regiões do trabalho. A equipe da Glo bo foi conduzida por militares da 4ª DL em Barcelos e próximo à fronteira com a Venezuela, no Rio Padauari. O programa foi televisionado no dia 24 de julho, ser vindo de grande projeção nacional para os trabalhos de mapeamento da DSG, evidenciando a importância da Força Terrestre na Defesa da Amazônia. A 4ª DL tem procurado divulgar o Projeto Radiograa da Amazônia no âmbito militar e civil, por palestras em Congressos e Simpósios em Manaus, para os concludentes do Curso de Operações na Selva, para cursos na UFAM, dentre outros eventos. Na semana de 12 a 17 de julho de 2009, a 4ª DL participou da 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasilei ra para o Progresso da Ciência, na Universidade Fede ral do Amazonas, em Manaus – AM. O tema da reunião deste ano foi: Amazônia, Ciência e Cultura.
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Fig. 7 – Apresentação do Projeto na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
No stand do Ministério da Defesa, a Diretoria de Serviço Geográco apresentou o Projeto Radiogra a da Amazônia. O público demonstra sempre muito interesse pelos produtos do projeto, raticando sua im portância. Este projeto é, sem dúvidas, um marco na história da cartograa nacional, não apenas pelos produtos
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cartográcos gerados e diculdades na sua execução, mas principalmente por se tratar do mapeamento de uma região de extrema importância internacional e quase que desconhecida do ponto de vista cartográ co. A Selva nos une! A Amazônia nos pertence!
PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA A EXTRAÇÃO DE FEIÇÕES UTILIZANDO PRODUTOS SAR (BANDAS X E P) NO PROJETO RADIOGRAFIA DA AMAZÔNIA FABIANO COSTA DE ALMEIDA DANIEL LUÍS ANDRADE E SILVA JÚLIO CÉSAR SCALCO PIERRE MOURA Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército (CIGEX) Estrada Parque do Contorno - DF 001 - Km 4,5 - Setor Habitacional Taquari – Cep 71559-901 - Brasilia , DF - Brasil
RESUMO A nalidade do presente trabalho é apresentar uma proposta de metodologia que facilite a extração de feições utilizando alguns produtos de radar de abertura sintética (SAR) compatíveis com a escala 1:50.000, no contexto do Projeto Radiograa da Amazônia. Para tal, foi realizado um estudo com base nos insumos (ORI X[HH], ORI P-[HH, HV, VV], COH X, COH P, DSM e DTM) disponibilizados pela empresa Orbisat após processamentos dos dados brutos adquiridos com o aerolevantamento SAR em modo interferométrico ( InSAR) nas Bandas X e P sobre uma área próxima ao aglomerado urbano da cidade de Barcelos/AM, no início do corrente ano. Neste trabalho foram testados dois diferentes métodos: o primeiro utilizou o segmentador SegSAR, desenvolvido por Sousa Jr (2005), e o segundo utilizou a ferramenta Feature Extraction, do ENVI 4.5. Em virtude da inecácia do primeiro método testado, este último foi o que apresentou o melhor desempenho. Entretanto, somente após a coleta de dados in situ, o presente trabalho poderá ser validado. Palavras chaves: extração de feições, radar de abertura sintética, segmentação, componentes principais
1 INTRODUÇÃO O Projeto Radiograa da Amazônia é a denominação dada pela Diretoria de Serviço Geográco do Exército Brasileiro ao Subprojeto Cartograa Terrestre do Projeto de Implantação do Sistema de Cartograa da Amazônia, que é coordenado pelo Centro Gestor e Ope racional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM). Seu objetivo é mapear uma área de quase 1,8 milhões de Km², correspondente ao “Vazio Cartográ co da Amazônia Legal”, que ainda não possui pro dutos cartográcos adequados nas escalas 1:100.000 e 1:50.000. Os produtos nais do aludido projeto contem plam cartas topográcas e arquivos de estraticação vegetal construídos a partir de insumos dos radares de abertura sintética (SAR, da sigla original em inglês) da empresa Orbisat, contratada pela Diretoria de Serviço Geográco para a fase de aerolevantamento. Tais ra dares operam em modo interferométrico nas Bandas X (uma passagem) e P (dupla passagem). Entre os insumos obtidos a partir de proces samentos dos dados brutos dos referidos sensores de radar estão imagens-Amplitude orto-reticadas em diferentes polarizações (HH, HV e VV), imagens de coerência interferométrica, modelos digitais de terreno e de superfície.
Usando os referidos insumos, podem ser aplica das técnicas de processamento digital de imagens tais como segmentação e classicação de imagens a m de se extrair informações previamente estabelecidas em normas legais, a saber, no Brasil, editadas pelo Decreto n° 6.666, de 27 de novembro de 2008, que estabelece a Infra-Estrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE). Dentro desse contexto, a nalidade deste tra balho é propor um conjunto de métodos que facilite a extração de feições a partir dos produtos SAR citados anteriormente. Deve-se ressaltar que na proposição dessa metodologia foram consideradas duas diferentes técnicas de processamento de imagens, a m de esta belecer comparações entre elas e vericar a ecácia e eciência das mesmas. A metodologia a ser proposta deve atender aos seguintes requisitos operacionais básicos: - Aceitar os insumos de entrada; - Gerar produtos adequados ao propósito; - Ser executada sem ou com pouca interferência humana (menor erro, maior automatismo); - Não demandar custo de aquisição; - Ser integrada a softwares do Projeto; - Ser de fácil utilização;
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- Possuir tempo de processamento inferior ao tempo de produção dos insumos; - Ser passível de otimização; - Viabilizar a geração das classes de interesse. Ressalta-se ainda que o presente trabalho possui um caráter inovador e investigativo, haja vista que são recentes os trabalhos envolvendo processamentos de dados SAR em banda P referentes à Amazônia e que também ainda não existe uma metodologia preconiza da para atender à nalidade de extração de feições uti lizando produtos SAR.
20-V-B-VI-4 (MI 306-4), em escala 1:50.000, do Ma peamento Sistemático Brasileiro. Na gura 1 é mostrada a localização geográca da área de estudo em uma imagem disponibilizada pelo sistema Google Earth (faixa visível do espectro eletromagnético). 63° 15’ 00” W
63° 00’ 00” W
00° 45’ 00” S
2. EXTRAÇÃO DE FEIÇÕES 01° 00’ 00” S
A metodologia de extração de feições a ser pro posta nesse trabalho envolve técnicas de processamen to de imagens tais como segmentação e classicação de imagens e transformação por componentes princi pais. A segmentação de imagens pode ser entendida como uma partição do espaço de atributos segundo características comuns, sendo a classicação o proces samento em que a cada uma das partições é atribuída uma especialização de uma determinada categoria de feição. Exemplos de normas que contêm especicações e especializações de categorias de feições podem ser a ET-ADGV (Especicações Técnicas para Aquisição de Dados Geoespaciais Vetoriais) e a ET-EDGV (Especicações Técnicas para Estruturação de Dados Geoes paciais Vetoriais). Um dos métodos de segmentação empregados foi o SegSAR, que emprega crescimento e agrupamento de regiões, detecção de bordas, teste de homogeneida de e teste de área mínima, integradas numa estrutura de compressão piramidal. Trabalha com imagens, tanto ópticas como SAR, em uma banda ou multi-bandas. Outra técnica utilizada nessa proposta de me todologia foi a transformação por componentes prin cipais, com o objetivo de obter um número de com binações lineares (componentes principais) de um conjunto de variáveis independente entre si que con tenham o máximo possível da informação contida nas variáveis originais.
3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 ÁREA DE ESTUDO A área de estudo está situada a noroeste do aglomerado urbano da cidade de Barcelos/AM, Região Norte do Brasil, entre as latitudes 00° 45’ 00” S e 01° 00’ 00” S e entre as longitudes 63° 00’ 00” W e 63° 15’ 00” W. Este enquadramento corresponde à folha SA12
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Fig. 1 – Localização geográca da área de estudo (imagem do sistema Google Earth).
3.2
DADOS UTILIZADOS
Nesse trabalho foram utilizados os seguintes dados: - Orto-imagem (amplitude) da Banda X em 8 bits, na polarização HH (ORI X-[HH]); - Orto-imagem (amplitude) da Banda P em 8 bits, na polarização HH (ORI P-[HH]); - Orto-imagem (amplitude) da Banda P em 8 bits, na polarização HV (ORI P-[HV]); - Orto-imagem (amplitude) da Banda P em 8 bits, na polarização VV (ORI P-[VV]); - Imagem de coerência interferométrica da Banda X (COH X) em 8 bits; - Imagem de coerência interferométrica da Banda P (COH P) em 8 bits; - Modelo digital de superfície (DSM); e - Modelo digital do terreno (DTM). 3.3 METODOLOGIA PROPOSTA A gura 2 ilustra o uxograma da metodologia proposta nesse trabalho.
Feature Extraction ENVI Zoom
Início
Segmentar imagem RGB interativamente
Cancelar bad values Mask (DTM e DSM)
Merge polígonos interativamente
Calcular dh (dh=DSM-DTM)
Renar merging
Unir bandas 8 bits Stacking de ORI e COH Calcular PC PC_Stacking de ORI e COH Gerar imagens de Textura Occurrence measures (PC) Formar imagem RGB médiaPC1,dh,VariânciaPC1
Computar atributos de classicação Classicar imagem (feições AT-ADGV)
Máxima interferência humana
Comparar verdade terrestre (validação)
Classicação OK?
Salvar imagem RGB médiaPC1,dh,VariânciaPC1
Exportar vetores shapele Fim Fig. 2 – Fluxograma Metodológico 4. RESULTADOS 4.1 SEGSAR
Porém, não atendeu ao seguinte requisito: - Possui tempo de processamento inferior ao da Realizados os testes de segmentação no SEG- produção dos insumos; Em virtude dessa restrição quanto ao tempo de SAR, foram atendidos os seguintes requisitos operacio nais básicos: processamento, o emprego do SegSAR tornou-se in- Aceita os insumos de entrada; viável. - Realiza as tarefas com um mínimo de inter 4.2 ENVI 4.5 ferência humana (automático); - É de fácil utilização; Realizados os testes utilizando a ferramenta - Tem custo de aquisição nulo; Feature Extraction no ENVI 4.5 de segmentação no - Disponibiliza produtos adequados ao propósi - S EGSAR, foram atendidos todos os requisitos opera to; cionais básicos. - É integrado ao ENVI 4.3; - É passível de otimização.
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As guras 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 mostram os resultados obtidos com o método empregado usando o ENVI 4.5.
Fig. 3 – DTM e DSM originais (scroll 1 e 2, respectivamente) e desprovidos de “bad values” (scroll 3 e 4, respectivamente).
Fig. 4 – DTM (scroll 3), DSM (scroll 4) e dh (scroll 5)
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Fig. 5 – Componentes principais
Fig. 6 – Composição RGB (R = média da componente principal PC1; G = dh; B = variância da componente principal PC1)
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Fig. 7 – Segmentação
Fig. 8 – Junção dos menores segmentos (merge)
Fig. 9 – Extração de feições 16
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5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
A metodologia ora apresentada constitui uma proposta de aplicação para a linha de produção carto gráca do Projeto Radiograa da Amazônia. Sua va lidação carece da verdade-terrestre, inexistente até o presente momento por não ter havido a fase de reambulação da folha de carta disponibilizada. Indica-se a contratação de pelo menos um(a) Engenheiro(a) Florestal com comprovada experiência em interpretação de imagens de radar para assessorar a seção de Cartograa do projeto na discriminação e preenchimento dos atributos da classe vegetação e para revisar os produtos inerentes a esta categoria. A ET-EDGV e a ET-ADGV necessitarão de adaptações para contemplar especializações da classe vegetação não previstas atualmente, caso sejam deter minadas suas inserções no banco de dados geográco, incluindo o .mdb correspondente. Não existe um algoritmo geral e simples que seja bom para todas as imagens, como também todos os algoritmos não são bons para uma imagem particular (Sousa Jr., 2005).
Souza Jr, Manoel A. Segmentação multi-níveis e multi-modelos para imagens de radar e ópticas. Tese de Doutorado. INPE, São José dos Campos. 2005.
AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que colaboraram com a construção da presente metodologia, especial ao Dr Maj Correia, da Diretoria do Serviço Geográco.
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CORREÇÃO ATMOSFÉRICA E O SENSORIAMENTO REMOTO HIPERESPECTRAL * DÊNIS DE MOURA SOARES Cento de Imagens e Informações Geográcas do Exército – CIGEx/DSG
Estrada Pq do Contorno – DF 001 – km 4,5, Setor Habitacional Taquari, Brasília, DF, Brasil, CEP 71.559-901 RESUMO Este trabalho tem por objetivo a apresentação dos conceitos básicos do sensoriamento remoto hiperespec tral, com uma abordagem acerca dos fatores atmosféricos que inuenciam na perfeita caracterização da superfície terrestre. A excessiva quantidade de informação contida nesse tipo de produto exige um estudo renado do tema, evitando manipulação inadequada de uma massa de dados desnecessária. Palavras chaves: Sensores Hiperespectrais, Efeitos Atmosféricos, Correção atmosférica.
1.
INTRODUÇÃO
Um dos objetivos principais do sensoriamento remoto é coletar informações de elementos da super fície da Terra. A utilização de sensores que trabalham num vasto intervalo do espectro eletromagnético e com um número muito elevado de bandas, permite a ex tração de informações de maneira minuciosa, possibili tando distinguir de maneira muito eciente os diversos elementos pertencentes à área imageada. A aguçada capacidade dos sensores hiperespectrais os torna muito vulneráveis a qualquer efeito que altere minimamente a propagação do uxo radiante. Assim, a existência de inúmeras partículas que compõe a atmosfera pode causar uma interação com a radiação eletromagnética e causar inconsistências na identi cação de alvos. A correção atmosférica é um essencial pré-processamento para obtenção de corretas infor mações da cena, melhorando signicativamente a aná lise dos dados (Richter, 1996). Vários métodos de correção foram desenvolvidos utilizando atmosferas padronizadas, de acordo com características regionais gerais, que permitem uma rá pida consulta por algoritmo, dinamizando, assim, o gerenciamento da imensa quantidade de dados envolvida nos procedimentos (Teillet, 2002). Este trabalho visa a apresentar uma concei tuação básica sobre os elementos envolvidos no tema, discorrendo acerca de implementações já desenvolvi das para a correção das inuências atmosféricas.
2.
SENSORES HIPERESPECTRAIS
Sensores hiperespectrais são caracterizados pela operação através da distribuição da radiação eletromagnética em centenas de bandas contíguas e de pequena largura (cerca de 10 nm, normalmente). Estas características permitem o traçado bem renado do comportamento espectral dos elementos sensoriados. 18
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O conceito do imageamento hiperespectral é mostrado na Figura 1. Cada pixel da cena é associado a um número suciente de informação, que possibili ta o traçado de um abrangente espectro de reectância (Vane e Goetz, 1988) e (Staenz, 1992).
Fig. 1 – O cubo de reectância de uma imagem do sensor AVIRIS. FONTE: Jensen (2000, gravura 7-6)
Um exemplo clássico de sensor hiperespectral, também chamado de espectrômetro, é o Airborne Vi sible Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS). Opera em 224 bandas espectrais, com 10 nm de largura, no intervalo de 400 a 2450 nm (Staenz, 1992). A Figura 1 apresenta o cubo de reectância (Staenz e Williams, 1997), também conhecido como cubo de números digitais (Vane e Goetz, 1988) ou cubo hiperespectral (Jensen, 2000). A face superior do cubo apresenta uma composição de três bandas do sensor AVIRIS. As faces laterais apresentam as camadas re lativas a cada uma das 224 bandas. As faixas pretas caracterizam bandas de absorção atmosférica, notada mente em 1400 e 1900 nm. Finalmente, observa-se uma distribuição falsa-cor com tons de preto e azul (baixa resposta) e vermelho (alta resposta) (Jensen, 2000).
É possível observar na Figura 2 que há um longo O uso de produtos de sensoriamento hiperes pectral tem inúmeras aplicações, todas apoiadas em percurso da REM pela atmosfera, dessa forma, é muisua extrema eciência na representação da interação to importante o conhecimento dos efeitos atmosféricos dos elementos da superfície terrestre com a radiação (Steffen et al., 1981). eletromagnética. Alguns exemplos de aplicações podem ser en contrados nas áreas de ecologia (componentes vege tais), oceanograa (matéria orgânica, sedimentos e constituintes marinhos), geologia (identicação mine ral), calibração de outros sensores, determinação de constituintes atmosféricos, entre outras (Jensen, 2000). A aguçada capacidade em representar pequenas variações através do espectro torna as imagens hiperes pectrais muito sensíveis a fatores atmosféricos. Dessa forma, para utilização desse tipo de produto, é funda - Fig. 2 – Interação entre a radiação eletromagnética (REM) e a atmosfera. mental o conhecimento dos componentes da atmosfera FONTE: Slater (1980, p. 21). e suas conseqüências ,bem como ferramentas de correção. Este capítulo abordará acerca dos principais elementos constituintes da atmosfera, bem como seus 3. A ATMOSFERA principais efeitos na radiação eletromagnética. A existência de diversos elementos que compõe Em sensoriamento remoto há um profundo in- a atmosfera determina, basicamente, dois tipos inte teresse na determinação da interação entre a matéria ração, quais sejam a absorção e o espalhamento. e a radiação eletromagnética. Como resultado desse processo interativo é comum a produção de uma ima - 3.1 EFEITOS ATMOSFÉRICOS gem. Tal imagem é composta por pixels apresentando números digitais variados, os quais são proporcionais 3.1.1 ABSORÇÃO aos valores de radiância que atingem os elementos de tectores. Esses valores de radiância são diretamente A absorção é o fenômeno responsável pela ate proporcionais à reectância dos alvos constituintes de nuação de uma parcela do uxo radiante, o qual ca cada elemento de resolução. Entretanto, tal radiância retido na atmosfera. Kaufman (1989) e Novo (1988) não é proveniente apenas dos alvos, mas também da armam a dependência da absorção à estrutura mole atmosfera existente entre o alvo e o sensor (Epiphanio cular dos constituintes da atmosfera. e Formaggio, 1988). A Figura 3 mostra o efeito atenuante, bem como Existem diversos elementos que constituem a os elementos atmosféricos responsáveis pelo processo. atmosfera e interagem com a radiação eletromagnéti - Pode-se notar que a ocorrência de maior absorção en ca. A interação ocorre na trajetória da radiação do sol contra-se na faixa de 1,4 e de 1,9 m, ocorrendo, tam (principal fonte de energia do sensoriamento remoto) bém, forte ocorrência de vapor d’água, impossibilitanao alvo e do alvo ao sensor (Figura 2). do seu uso para sensoriamento remoto (Vane e Goetz, 1988).
Fig. 3 – Absorção causada pelos diversos elementos da atmosfera. FONTE: Jensen (2000, p. 43).
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3.1.2 ESPALHAMENTO
Pode-se notar a complexidade na determinação da inuência de cada elemento, anal seria determinan O espalhamento é responsável pela alteração da te a identicação de cada constituinte, bem como suas direção original da radiação proveniente do sol. Ste - características físico-químicas. Para viabilizar tal pro ffen et al. (1981) comenta da geração do campo de luz cesso, são criados modelos que explicam a interação difusa devido a essa interação da energia solar com a de aerossóis atmosféricos de acordo com algumas ca atmosfera. racterísticas, como origem, processo de formação, proPode-se classicar o espalhamento de acordo cesso de sua remoção, reações atmosféricas (Kaufman, com as características dos elementos que o causam. A 1989). classicação de acordo com o tamanho das partículas espalhadoras é bem explorada nos diversos estudos so - 3.2.3 NUVENS bre o tema. Jensen (2000) faz um bom estudo acerca do assunto. Nuvens são agregados de vapores que se con Na utilização dos diversos produtos de senso- densam na atmosfera. Para Joseph (1985) e Jensen riamento remoto é de suma importância a consideração (2000), elas são um importante contribuinte na redução do espalhamento, pois a radiância captada pelo sensor da radiação que atinge a superfície da Terra. não provém apenas do alvo. Um exemplo gritante desPela alta reectância na faixa do visível o do in se efeito pode ser obtido no imageamento marítimo, no fravermelho próximo, bem como baixa temperatura no qual cerca de 80% a 90% são fruto de espalhamento infravermelho distante, massas de nuvens de tamanho atmosférico (Steffen et al., 1981). signicativo são facilmente detectáveis. O problema reside na determinação de nuvens 3.2 CONSTITUINTES ATMOSFÉRICOS de tamanho inferior ao pixel. Assim como os aerossóis, as nuvens têm al 3.2.1 GASES gumas características espaciais e de conteúdo. Joseph (1985) cita algumas: tamanho, distribuição espacial, Os principais gases constituintes da atmosfera, fração de nuvem (fração da área da superfície coberta responsáveis pela absorção, são o oxigênio (O 2), va- pela projeção da nuvem), reectância e transmitância por d’água (H2O), ozônio (O3) e o dióxido de carbono (depende do ângulo zenital e da fração de nuvem), con (CO2), sendo o ozônio o principal agente da atenuação teúdo de água líquida, altura do topo da nuvem. atmosférica (Novo, 1988) e (Steffen et al., 1981). Para um maior aprofundamento no assunto, O vapor d’água é encontrado apenas a altitudes é aconselhável a consulta ao volume 5, número 6, de acima de 1 km e sua variação causa mudanças no índice 1985 da revista Advances in Space Recearch. Este núde evaporação, bem como na ocorrência de nuvens. mero se dedica exclusivamente à discussão de ocorrên O CO2 é o gás mais estável presente na atmos- cias e características de nuvens. fera, aparecendo, portanto, bem misturado aos demais gases secos. Apresenta, normalmente, níveis quantita - 4. PROCEDIMENTOS DE CORREÇÃO ATtivos constantes, exceto sobre grandes cidades (Kauf - MOSFÉRICA man, 1989). Ainda segundo Kaufman (1989), os gases são Como apresentado no capítulo 2, os sensores consideráveis contribuintes para a irradiação solar di - hiperespectrais são capazes de identicar de maneira fusa da superfície terrestre. ótima os diversos elementos da superfície, devido à sua abrangência do espectro eletromagnético. Através 3.2.2 AEROSSÓIS da análise da radiância espectral é possível a distinção pormenorizada entre alvos pertencentes à área imageaAerossóis atmosféricos são constituídos por da. partículas líquidas e sólidas suspensas no ar (Jensen, A radiância medida pelo sensor é um resultado 2000). Portanto, para que se possa entender como se dá da radiância proveniente do alvo mais sua interação sua interação com a energia eletromagnética, é neces - com todos os elementos que constituem a atmosfera. sário um estudo acerca de cada elemento constituinte Dessa forma, é necessária a remoção dos efeitos de do aerossol. Análises quanto ao tipo de elemento, quan - absorção e espalhamento devido aos aerossóis, vapor tidade, tamanho, distribuição, densidade são necessá - d’água, nuvens e gases atmosféricos (Moran et al., rios para a caracterização. 1992).
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Devido à profunda complexidade dos eventos naturais é impossível a modelagem pontual e instantâ nea dos inúmeros fatores que inuenciam a propagação da energia eletromagnética. Portanto, para uma imple mentação matemática, utilizam-se atmosferas padrões, que variam de acordo com a latitude, longitude e sazo nalidade (Teillet, 1992). Os catálogos atmosféricos são constituídos a partir de um conjunto de pressões, temperaturas, conteúdos de vapor d’água, concentração de ozônio, para caracterização das variações possíveis (Richter, 1996). Os aerossóis, por sua própria denição, são de difícil mensuração. Anal eles podem ser constituídos de diferentes tipos de partículas sólidas e gasosas. As sim, deve-se criar grupos que representem as ocorrên cias prováveis desses elementos. Neste sentido, os aerossóis podem ser classicados da seguinte forma (Carrère, 1993): • Rural: 70% de materiais solúveis em água (amônio, sulfato de cálcio, material orgânico e 30% de poeira); • Urbano: similar ao rural, porém com adição de componentes devido à queima de carbono; • Marítimo: sal do mar devido à evaporação. Alguns outros parâmetros podem ser padroniza dos para otimização, tais como ângulos zenitais do sol, elevações do terreno, faixas espectrais de operação. Todos os parâmetros que modelam de maneira geral a atmosfera são armazenados em Look-up Tables (LUT), que são tabelas utilizadas para serem consulta das durante processo de cálculo da inuência atmosfé rica sobre a radiância (Richter, 1996). Para a determinação da radiância que, efetiva mente, é devida a um elemento da superfície, são utili zadas equações que executam consultas às tabelas su pracitadas, bem como uma formulação adequada. Estas equações são chamadas de Radiative Tranfer (RT). A armazenagem de parâmetros em LUT é um artifício para redução do tempo de processamento de dados. Tendo em vista a enorme quantidade de infor mação que constitui uma imagem hiperespectral, Ri chter et al. (2002) propõe, ainda, a utilização de um número reduzido de bandas para o cálculo da inter ferência atmosférica, escolhidas de acordo com o tipo de estudo que se deseja executar. Existem diversas formulações que abordam distintamente os parâmetros atmosféricos, tais como o modelo 5S, 6S, MODTRAN. Mas todos recaem na seguinte equação geral: Lg = o + g . La (1) Onde: Lg – Radiância emergente da superfície; o – off-set; g – ganho; La – Radiância at-sensor.
Para uma consulta mais abrangente acerca dos parâmetros e formulação matemática recomenda-se Teillet (1992), Staenz e Williams (1997) e Richter et al. (2002).
5.
CONCLUSÕES
As imagens geradas por sensores hiperespectrais são uma ótima ferramenta para determinação do comportamento espectral de elementos da superfície terrestre, porém essa potencialidade pode trazer resul tados desastrosos quando não aplicados os processos corretivos necessários. A existência de diversos constituintes atmos féricas exige a utilização de uma metodologia consis tente para correção de sua interação com a radiação eletromagnética, possibilitando a obtenção de sucesso na exploração das potencialidades das imagens de alta resolução espectral. Portanto, sem tal procedimento, a enorme quantidade de dados está fadada a signicar muita infor mação redundante, que não informa a real caracterís tica dos elementos sensoriados, não atingindo, assim, seu real objetivo.
6.
REFERÊNCIAS
Carrère, V. E Conel, J. E. Recovery of atmos pheric water vapor total column abundance from ima ging spectrometer data around 940 nm – Sensitivity analysis and application to airborne visible/infrared imaging spectrometer (AVIRIS) data. Remote Sensing of Environment, v. 44, n. 2, p. 179-204, 1993. Epiphanio, J. C. N. E Formaggio, A. R. Abordagens de uso de numero digital e de reectância em sensoriamento remoto com dados de satélites. In: Sim pósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 5., 11-15 out. 1988, Natal, BR. Anais... 1988. v.2, p. 400-405. Jensen, J. R. Remote Sensing of the Environment: An earth research perspective. Upper Saddle River: Prectice Hall, 2000. 544 p. Joseph, J. H. The morphology of fair weather cumulus cloud elds as remotely-sensed from satellites and some applications. Advances in Space Recearch. v. 5, n. 6, p. 213-216, 1985. Kaufman, Y. J. The atmospheric effect on remote sensing and its correction. In: Asrar, G. (Ed). Theory and application of optical remote sensing. Washington: John Wiley & Sons, p. 336-428, 1989. Moran, M. S.; Jackson, R. D.; Slater, P. N.; Teillet, P. M. Evaluation of simplied procedures for retrieval of land surface reectance factors from satellite sensor output. Remote Sensing of Environment, v. 41, n. 2, p. 169-184, 1992. 2º QUADRIMESTRE DE 2009
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Novo, E. M. L. M. Sensoriamento remoto: Princípios e aplicações. São José dos Campos: Edgard Blücher, 1988. 308 p. Richter, R. A spatially adaptive fast atmospheric correction algorithm. International Journal of Remote Sensing, v. 17, n. 6, p. 1201-1214, 1996. Richter, R.; Müller A.; Heiden, U. Aspects of operational atmospheric correction of hyperspectral imagery. International Journal of Remote Sensing, v. 23, n. 1, p. 145-157, 2002. Slater, P. N. Remote sensing, Optics and optical systems. Addison-Wesley: Reading, 1980. 575 p. Staenz, K. Imaging spectrometer data analyzer ( ISDA): A software package for analyzing high spectral resolution data. Canadian Journal of Remote Sensing, v. 18, n. 2, p. 90-99, 1992. Staenz, K. E Williams, D. J. Retrieval of surface reectance from hyperspectral data using a Look-up Table approach. Canadian Journal of Remote Sensing, v. 23, n. 4, p. 354-367, 1997. Steffen, C. A.; Lorenzzetti, J. A.; Stech, J. L.; Souza, R. C. M. Sensoriamento remoto: Princípios físicos; sensores e produtos, e sistema Landsat. São José dos Campos: INPE, 1981. 72 p. Publicado como: INPE2226-MD/013. Teillet, P. M. An algorithm for the radiometric and atmospheric correction of AVHRR data in the solar re ective channels. Remote Sensing of Environment, v. 41, n. 2, p. 185-195, 1992. Vane, G. E Goetz, A. F. H. Terrestrial Imaging Spectroscopy. Remote Sensing of Environment. v. 24, n. 1, p. 1-29, 1988.
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AGRADECIMENTOS Ao Dr. José Carlos Neves Epiphanio, da Divisão de Sensoriamento Remoto, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, pelas valiosas intervenções e pelo apoio na elaboração deste artigo. * Capitão. Engenheiro Cartógrafo, Mestre em Senso riamento Remoto pelo INPE.
UTILIZAÇÃO DAS IMAGENS DO GOOGLE EARTH PARA A LOCALIZAÇÃO DE VÍTIMAS DA ENCHENTE EM BLUMENAU-SC * FELIPE ANDRÉ LIMA COSTA ** PEDRO LUIS PEREIRA DA SILVA *Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército (CIGEx) EPCT DF 001, Km 4,5 – Setor Habitacional Taquari, Lago Norte, Brasília, DF, CEP 71559-901 **1o Batalhão de Aviação do Exército (1o BAvEx)
Estrada dos Remédios, 2135 – Itaim, Taubaté, SP, CEP 12086-000 RESUMO As imagens do aplicativo Google Earth representam um insumo de grande aplicabilidade para operações de resgate de vítimas de acidentes naturais. Além do fornecimento gratuito, estas imagens óticas apresentam a vantagem de constante atualização pela empresa Google . Nesse sentido, o presente trabalho propõe uma metodo logia para utilização destes insumos visando aplicação em sistemas aeromóveis, por exemplo, helicópteros para o resgate de vítimas da enchente ocorrida em Blumenau-SC. A metodologia proposta gera as imagens em formato *.jpg georreferenciadas com coordenadas geográcas (latitude e longitude), que apresentam reduzida capacidade de armazenamento. Os resultados mostram que o uso das imagens possibilitou a identicação das vilas com mo radias destruídas e isoladas pelas chuvas. Palavras chaves: Desastres naturais, Resgate de vítimas em enchentes, imagens Google Earth
1 INTRODUÇÃO Com o advento da disponibilização de imagens atualizadas de satélites óticos de alta resolução pelo aplicativo Google Earth, aplicações voltadas ao geoprocessamento utilizando estes insumos aumenta ram signicativamente, destacando-se aquelas voltadas paras as áreas socioeconômicas e ambientais. Araújo, (2009) apresenta outros segmentos que utilizam as fe rramentas disponibilizadas pelo aplicativo, que permi tem a navegação online nas imagens orbitais de todo o planeta, bem como a possibilidade de o usuário rota cionar imagens, calcular distâncias entre pontos identi cados e salvar locais de interesse. Assim, a utilização voltada ao geoprocessamento requer cuidados no que concerne à exatidão posicional, sendo apresentado em Ribas, (2008) um estudo avaliativo que permite identi car as escalas máximas de utilização das imagens do Google Earth como fontes para planejamento e toma da de decisões, aspecto essenciais, por exemplo, para operações de regaste das vítimas de acidentes naturais. Nesse sentido, este trabalho objetiva desenvolver uma metodologia que possibilite a utilização das imagens oriundas do banco de dados geoespaciais do Google Earth como insumo no resgate aeromóvel, das vítimas da enchente de Blumenau-SC. No que concerne ao desenvolvimento de ferra mentas utilizadas para o auxílio de resgate de vítimas da enchente de Santa Catarina, a Google Brasil criou um sítio digital com conteúdo para disponibilização de
informações geoespaciais que permitiram a ajuda para as vítimas da enchente no estado ( Google, 2008). O diferencial da metodologia apresentada neste trabalho está no desenvolvimento de um uxo de trabalho que possa ser aplicado para sistemas aeromóveis, por exemplo, helicópteros voltados para resgates.
2 MATERIAIS Materiais utilizados: 1) Aplicativo Envi 4.5; 2) Aplicativo IDL 7.0.; 3) 32 cenas extraídas do Google Earth.
3 METODOLOGIA A metodologia de desenvolvimento consistiu na formulação de um algoritmo que permitisse a extração das coordenadas geográcas das imagens disponibili zadas pelo Google Earth, uma vez que estas imagens após serem salvas com extensão *.jpg não apresentam coordenadas geográcas (latitude e longitude), nem possuem a resolução e a capacidade de armazenamento adequadas aos hardwares hoje existentes pelas equipes de resgate. Assim, as seções seguintes contextualizarão os procedimentos constituintes desta metologia.
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3.1
GERAÇÃO DAS IMAGENS DA ÁREA DE RESGATE
Nessa fase foi realizada a seleção das imagens que recobrem a área de resgate no aplicativo Google Earth. A partir daí foram gerados dois arquivos para cada uma das 32 cenas que compõem a área de resgate com exten sões *.jpg e *.kml. O primeiro contém o dado binário da imagem e o segundo traz as informações do polígono envolvente da respectiva imagem, dentre as quais destacam-se as coordenadas geográcas. A gura 1 (a) ilustra um recorte da imagem (*.jpg) extraída da área de resgate em Blumenau com suas respectivas coordenadas (latitude e longitude) canto contidas no *.kml (gura 1 (b)).
(a)
(b) Fig. 1 – Recorte de imagem gerada da área: (a) Imagem *.jpg; (b) Arquivo *.kml
3.2 ALGORITMO PARA EXTRAÇÃO DAS COORDENADAS A partir dos arquivos produzidos (*.jpg e *.kml), faz-se necessário georreferenciar as imagens utilizando as coordenadas contidas no arquivo *.kml correspondente. Assim, foi desenvolvido um algoritmo na linguagem IDL que permitisse a leitura da imagem
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e do arquivo *.kml correspondente. Em seguida, foram gerados os arquivos *.pts formados pelas coordenadas existentes entre as linhas do atributo do *.kml (gura 1 (b)). Com os arquivos *.pts, é possível georreferenciar as imagens *.jpg no aplicativo
Envi 4.5. A gura 2 ilustra o uxograma do algoritmo desenvolvido.
Fig. 2 – Fluxograma do algoritmo kmltopts 3.3
GEORREFERENCIAMENTO DAS IMAGENS
Esta etapa consistiu na geração das imagens em formato *.jpg com coordenadas de terreno. Para tal procedimento foi utilizado o aplicativo Envi 4.5. As sim, utilizou-se a funcionalidade Map >> Registration >> Warp from GCPs : Image to Image,
onde são geradas as imagens georreferenciadas com coordenadas geográcas e Datum WGS-84. A gura 3 apresenta um recorte da área imageada, onde são observadas as coordenadas geográcas latitude e longitude presentes no arquivo.
Fig. 3 – Recorte georreferenciado da área imageada 2º QUADRIMESTRE DE 2009
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3.4 MOSAICAGEM DAS CENAS Este procedimento consistiu na geração do ar quivo digital contendo as 32 cenas mosaicadas que re cobrem a área. Para o procedimento, foi utilizada fun cionalidade do aplicativo Envi 4.5, que é acessada na
barra do menu: Basic Tools >> Mosaicking >> Georre ferenced. A gura 4 ilustra um recorte georreferenciado da área imageada, permitindo a visualização de mora dias (círculos em preto) ao longo do rio Itajaí.
Fig. 4 – Recorte georreferenciado do mosaico de Blumenau-SC 4 RESULTADOS O mosaico georreferenciado produzido a partir das cenas extraídas do Google Earth permitiu à equipe de resgate a identicação de locais com possibilidades de deslizamento de terra, que apresentavam moradias indicadas na imagem, mas que não se conseguia ver du rante o vôo de baixa altitude. A metodologia foi aplica da nos dias 01 e 02 de dezembro de 2008 e a Operação Santa Catarina utilizou o mosaico gerado possibilitan do a distribuição de alimentos, roupas e medicamentos para as populações isoladas e desprovidas de sistema de transporte.
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Vale ressaltar que a altimetria da região é aci dentada e, por conseguinte a visualização das vilas com moradias sem um insumo georreferenciado dicultaria a localização. A gura 5 (a) ilustra a aterrissagem do helicóptero para resgate de vítimas e a gura 5 (b) mostra a distribuição de suprimentos para as vítimas. No que diz respeito à qualidade geométrica do método, foi possível identicar as vilas com exatidão posicional compatível geometricamente com as ima gens fornecidas pelo aplicativo Google Earth.
a)
b)
Fig. 5 – Recorte das fotos adquiridas durante a operação: (a) Resgate; (b) Distribuição de suprimento 5 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS
Através deste trabalho desenvolvido foi possí vel utilizar as imagens oriundas do Google Earth como insumos em para identicação e resgate de populações atingidas por desastres naturais, no a enchente de Blu menau-SC. Os resultados mostraram que tal ferramenta é viável com o uso de uma metodologia adequada. Após a aplicação da metodologia proposta entre os dias 01 e 02 de dezembro de 2008, foi observado que a mesma é destinada também a operações em que o tempo é um requisito operacional importante. Em próximos trabalhos, considera-se interessante o uso de pontos com mais qualidade posicional planimétrica para que se possa testar o quão melhor será a identicação das localidades para as equipes de resgate.
Araújo, S. T. B. O Uso de Imagens do Google Earth Aplicadas no Planejamento de Atividades Ad ministrativas e Operacionais do CIGEx, 32p. Projeto Interdisciplinar. Seção de Ensino, Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército. 2009. Google Brasil. Mapa Especial para auxiliar esforços de resgate nas enchentes em Santa Catarina. Dis ponível em: http://googlediscovery.com/2008/12/01/ google-desenvolve-mapa-especial-para-auxiliar-es forcos-de-resgate-nas-enchentes-em-santa-catarina/. Acessado em 02 Dez 2008. Ribas, W. K. Os Limites Posicionais do Goo gle Earth. Disponível em: http://www.esteio.com.br/ downloads/pdf/precisao_Google-Earth.pdf. Acessado em 01 Dez 2008.
AGRADECIMENTOS Ao 1° Batalhão de Aviação do Exército (1 BAvEx) pelo fornecimento das imagens do resgate em Blumenau-SC. o
* Capitão. Engenheiro Cartógrafo e mestre em Engenharia Cartográca (IME, 2007) ** Capitão. Combatente de Cavalaria. Piloto de helicóptero do 1o Batalhão de Aviação do Exército.
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METODOLOGIA PARA VALIDAÇÃO DE DADOS GEOESPACIAIS APLICADA A ESTRUTURA DE DADOS GEOESPACIAS VETORIAS (EDGV) DA INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAS (INDE) DO BRASIL *SÉRGIO MANFRIN *WALLACE AMARAL ALMEIDA *WELBER FERREIRA ALVES *CARLOS ALBERTO MAIA TEIXEIRA *THIAGO DOS SANTOS NASCIMENTO Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército (CIGEx)
Subseção de Informações Geográcas EPCt Km 4,5 Sobradinho – Brasília - DF, Brasil, CEP 73000-000 RESUMO O presente artigo propõe uma metodologia para validação topológica e geométrica de dados geoespaciais armazenados em banco de dados segundo a Estrutura de Dados Geoespaciais Vetoriais – EDGV, implementada em Access de acordo com o tipo Personal Geodatabase, modelo de dados criado pela plataforma GIS da ESRI. A metodologia compreende um conjunto de procedimentos com vista a contemplar as especicações da ETADG (Especicações Técnicas para Aquisição de Dados Geoespaciais) também relacionado à EDGV. Palavras chaves: Validação Topológica, Validação Geométrica
1 INTRODUÇÃO Hoje com o crescente uso de informações georreferenciadas pela comunidade e os desaos de racionalizar as ações, otimizando a utilização dos recursos públicos pelo Estado Moderno, surge a ne cessidade da criação de uma infraestrutura de dados geoespaciais INDE, com vistas a compartilhar infor mações geoespaciais, inicialmente na administração pública, e depois por toda a sociedade; incrementar a administração eletrônica no setor público; garantir aos cidadãos os direitos de acesso às informações geoes paciais pública para a tomada de decisões; incorporar as informações geoespaciais produzidas pela iniciativa privada; harmonizar a informações geográcas disponibilizada, bem como registrar as características desta informações; e subsidiar a tomada de decisões de for ma mais eciente e ecaz. Recentemente a CONCAR – Comissão Nacional de Cartograa, através de seus membros, os principais produtores de dados geoespa ciais do Brasil, nestes a DSG e o IBGE, estabeleceram as bases para implantação dessa infraestrutura.
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Uma das bases para implantação da estrutura é o estabelecimento de normas e padrões para produção dos dados geoespaciais. As Normas e Padrões permitem a descoberta, o intercâmbio, a integração e a usabilidade da informação espacial. Padrões de dados espaciais abrangem sistemas de referência, modelo de dados, di cionários de dados, qualidade de dados, transferência de dados e metadados (EAGLESON et al., 2000 apud NICHOLS, COLEMAN e PAIXÃO, 2008). A CONCAR com objetivo de estabelecer padrões publicou as seguintes normas: Especicação Técnica para a Estruturação de Dados Geoespaciais Vetoriais - ET-EDGV; Especicação Técnica para a Aquisição de Dados Geoespaciais Vetoriais – ET-ADGV; entre outras como a ET-MDG; ETCQDGV, ET-RDGV, ET-EDGM. O objetivo do presente trabalho é apresentar a metodologia de validação de dados geoespaciais de acordo com as especicações da ET-EDGV e da ET-ADGV.
Fig. 1 – Especicações técnicas da INDE As especicações contidas na ET-EDGV da estrutura de dados, seus atributos, bem como dizem respeito à modelagem de dados geoespacias. seus relacionamentos espaciais e não espaciais. No modelo são encontradas todas as classes de feições
Fig. 1 – Recorte do Modelo Conceitual da categoria Transporte contido na ET-EDGV A ET-ADGV tem por nalidade denir as regras para a construção do atributo “geometria” de cada classe de objetos constante da Especicação Técnica para Estruturação de Dados Geoespaciais Vetoriais
(ET-EDGV), bem como dos atributos essenciais à perfeita individualização das instâncias. Esta norma aborda, ainda, os atributos que denem a origem dessa geometria e os que qualicam suas acurácia e precisão. [CONCAR – ET-ADGV].
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Fig. 2 – Regra de construção dos elementos componentes de um Via Rodoviária contido na ET-ADGV
O diferencial desta metodologia está em usar, Regras de Topologia para Áreas além do recurso de topologia fornecido pelo pacote ArcGis, no uso de rotinas personalizadas com o objetivo must not overlap de satisfazer todas as exigências das especicações. must not have gaps Essas rotinas foram desenvolvidas em Visual Basic com must not overlap with utilização da API ArcObjects do pacote de software must covered by feature class of GIS da ESRI. boundary must be covered by area boundary must be covered by boundary of A regras topológicas disponibilizadas pelo ArcGis contemplam os seguintes casos: Percebe-se claramente que para geometrias tipo área e ponto, existem poucas regras. Um caso bastante Regras de Topologia para Linhas requisitado é o caso da duplicidade de geometrias, no caso de linhas e áreas existe a regra “must not overlap” must be single part que detecta geometrias coincidentes, contudo essa must be intersect or touch interior regra não existe para pontos. Foram nestes casos que must not self-overlap surgiram à necessidade do desenvolvimento de novas must not overlap rotinas de aplicação. must not self-intersect Diante dessas limitações, resolveu-se criar uma must not intersect topologia para cada conjunto de classes, da seguinte must not overlap with maneira: Energia e Comunicações; Hidrograa e must covered by feature class of Transporte; Limites; Linhas limites e Político; Relevo must not have pseudonodes e Saneamento. Cada topologia agrupa um conjunto must not have dangles de regras especícas para as particularidades de suas endpoint must be covered by feições. Assim, cada grupo possui raios de inuência da topologia, prioridades entre as classes diferentes. Regras de Topologia para Pontos
must be covered by endpoint point must be covered by line
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CLASSE ORIGEM TRA_Ponte_L
PRIOR 20
REGRA
CLASSE DESTINO
must not intersect or touch interior must not self-intersect must be single part Endpoint must be covered by
TRA_Ponte_P TRA_Ponto_Ferroviario_P TRA_Ponto_Hidroviario_P TRA_Ponto_Mudança_P
21 21 21 21
Must be covered by line Must be covered by Endpoint of Must be covered by endpoint of Must be covered by endpoint of Must be covered by endpoint of
TRA_Ponto_Rodoviario > ponte HID_Trecho_Drenagem HID_Trecho_Rodoviario TRA_Trecho_Rodoviario TRA_Trecho_Hidroviario TRA_Trecho_Rodoviario
Tabela 1 – Exemplo de regras implementadas na topologia Hidrograa e Transporte
• Geometrias duplicadas; • Linhas ou polígonos com densidade de pontos acima ou abaixo do compatível, para a escala; • Intersecções indevidas; • Superposições; • Erros de conectividade; • Erros por violação de regras topológicas. 4 INSTALAÇÃO DA APLICAÇÃO Para o uso deste processo é necessário a utilização de um conjunto de arquivos, que no caso empacotamos no arquivo EDGV121.RAR, podendo descompactá-lo em um diretório qualquer. Depois, no editor de VBA do ArcMap deve ser aberto, clicandose em Tools, Macro, Visual Basic Editor. Estando ele aberto, na aba Project – Normal, deve-se clicar em Normal.mxt, pois os arquivos devem ser importados para a estrutura Normal e não para project, como é o padrão; importam-se os arquivos edgv.bas e category. frm utilizando-se File - Import File. O código EDGV importado deverá aparecer na pasta modules com o nome EDGV e a categoria em “Forms” com o nome “Category”. Para utilizar os recursos das rotinas, é necessário instalar a barra de ferramentas EDGV (com privilégios de administrador), uma DLL. Com o ArcMap aberto, clica-se em Tools, Customize. Será aberta uma caixa de diálogo. Nesta caixa, clica-se em “add from le”, depois procure o arquivo edgv.dll (que deve ser copiado para a pasta C:\Arquivos de programas\ArcGIS\Bin) .
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Uma nova caixa será aberta listando os elementos adicionados na barra de ferramentas, apenas deve-se clicar em OK. Em seguida, na guia toolbars, seleciona-se o item EDGV, o qual ligará a barra de ferramentas.
Fig. 3 – Menu de funções da aplicação de validação da EDGV
5 DESCRIÇÃO DAS ROTINAS • Carregar Camadas por categoria: Essa rotina tem por objetivo a carga dos camadas da EDGV, de maneira personalizada. Assim, é possível carregar somente a(s) camada(s) de determinada(s) categoria(s) ou somente as camadas que não estão vazias. • Gerar Estatística: Gera relatório das feições existentes na EDGV que contém dados, discriminando elementos do tipo ponto, linha ou área. Pode também ser gerado relatório de todas as classes existentes, mesmo que não tenham dados. • Copiar Classes de feições para a camada AUX_Cobertura_Terrestre_A: Copia objetos de varias camadas que formam a cobertura terrestre, como vegetação, massas d´água, terrenos exposto, para uma classe temporária, de modo que se possa usar as regras de validação de área para evitar falhas e superposições. • Copiar feições da camada AUX_Cobertura_ Terrestre_A para Classes: Copia as áreas da camada auxiliar para as classes de origem. A rotina faz o somatório das áreas das feições da classe auxiliar e compara com a moldura. Caso seja vericada a discrepância de valores de áreas, a rotina emite uma mensagem indicando que ainda persistem falhas de superposição ou falhas na classe auxiliar, não permitindo que os objetos voltem às classes origem até que estejam livres de erros.
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• Apagar Pontos Duplicados: Faz a vericação de pontos duplicados nas camadas, presentes na EDGV. A vericação é feita dentro de cada camada e também de uma camada em relação à outra. • Gerar de Pontos de Transporte: O script gera a replicação dos pontos de transporte, que segundo a EDGV fazem parte da rede de transporte, fazendo um loop em cada classe relacionada ao sistema de transporte. Esta replicação ocorre nas feições TRA_ PontoRodoFerroviario. • Apagar feições fora da moldura da folha: Apaga todos os objetos fora do polígono da moldura da folha. • Criar Topologias: Cria uma topologia especíca. • Apagar todas as Topologias: Apaga todas as topologias presentes na EDGV. É importante executála antes de se criar uma nova topologia, pois há classes que fazem parte de mais de uma topologia. Quando ocorrer isso, a nova topologia não será criada, a menos que a antiga topologia seja apagada. • Segmentar objetos: Faz a segmentação dos objetos das classes que possuem regras que não permitem o cruzamento das linhas com os limites de áreas de outras classes com geometria área e também faz a quebra de linhas que cruzam com outras linhas.
•..Gerar Pontos de Transporte: Cria • Vericar Validação: Esta vericação é automaticamente os pontos das camadas entroncamento imprescindível no processo de validação, pois ela e os pontos de rede. aponta todos os erros topológicos explícitos nas regras • Criar Pontos Hidrograa: Cria a partir dos topológicas e referentes a relacionamentos espaciais trechos de drenagem os pontos de Conuência e Pontos que não foram corrigidos durante o processo. de início de drenagem. • Criar pontos de rede: Cria a partir de alguns 6 RESULTADOS pontos especícos, como Eclusa, Barragem, Túnel, entre outras classes, Pontos de drenagem ou Pontos Diante das ferramentas e das rotinas apresentadas, Rodoviários, dependendo da classe. houve-se uma escolha por uma determinada seqüência • Carregar arquivos de estilo: Este processo tem de procedimentos que viesse a facilitar o trabalho do o objetivo de adequar os arquivos de acordo com os usuário na execução das tarefas bem como na sua estilos de cor, peso e aparência pré-elaborados; perfeita compreensão. Embora, todas as rotinas possam • Unir Linhas: Esta rotina faz a união de linhas ser usadas em diversos momentos e até mais de uma que se conectam e que possuam mesmos atributos. vez, é necessária uma certa coerência do usuário na • Suavizar/Generalizar Linhas: Esta rotina atua escolha da ordem das rotinas, haja vista que na própria na suavização de linhas, bem como na redução de aquisição dos dados vetoriais existe esta lógica. vértices. A tabela a seguir demonstra a seqüência de rotinas adotadas para o processo de validação dentro da estrutura ET-ADGV: Limpeza 1º Apagar os objetos fora da moldura 2º Apagar pontos duplicados 3º Suavização
Validação I 4º Validação da cobertura terrestre 5º Validação da conectividade
Estruturação 6º União de linhas 7º Segmentação 8º Direcionamento dos rios 9º Geração de pontos
Validação II 10º Validação hidrograa e transporte 11º Validação energia e comunicações 12º Validação relevo 13º Vericação da validação
Tabela 2 – Etapas do processo de validação da EDGV Algumas destas rotinas merecem um destaque maior e por isso serão expostas como alguns dos resul tados obtidos neste processo. Seguindo a seqüência do processo, a rotina que apaga objetos fora da moldura tem a função de eliminar qualquer elemento ou parte de elemento que
esteja fora da área da carta, como mostra a gura a se guir. A primeira gura (da esquerda para a direi ta) mostra toda a área da carta, a segunda um recorte do canto esquerdo da carta, demonstrando os erros, já a terceira gura mostra o recorte com a correção dos erros.
Fig. 4 – processo de apagar feições fora da moldura
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O segundo processo é o de apagar pontos du plicados, demonstrado na gura a seguir com a exem plicação dos IDs (número de identicação de cada elemento) em evidência. A primeira gura mostra os pontos 56 e 143 sobrepostos pelos pontos 179 e 180 respectivamente, já a segunda exibe os pontos corrigi dos, depois de apagados os pontos a mais. Na fase de suavização é feita uma redução do número de vértices, onde certos traços que possuem pontos em excesso são simplicados, mas mantendo o correto tracejado. A primeira gura exibe a linha nor mal, a segunda põe em evidência a abundância de vér tices e a terceira o resultado da suavização.
Durante a fase de validação de conectivida de, elementos que deveriam ser contíguos e estão se parados devido a erros no processo de aquisição são conectados, embora haja uma distância de tolerância, haja vista que certos elementos devem permanecer des conectados. Nas guras a seguir os pontos que representam a nascente do rio, bem com um auente estão des conectados. Após a rotina, as nascentes são atraídas para o rios e o auente é conectado ao rio principal. Deve ser ressaltado também que o ponto cotado pre sente no recorte não se move, haja vista que a distância deste ponto às linhas é muito grande, fora da área de tolerância.
Fig. 5 – Rotina de apagar pontos duplicados Fig. 8 – Projeto de validação com topologia O próximo processo é o de união de linhas, nesta rotina elementos que estão contíguos, pertencen do à mesma classe e possuindo os mesmos atributos são transformados em apenas um elemento.
Fig. 6 – Rotina de ltragem e suavização de linhas Na validação da cobertura terrestre, espaços indevidos entre áreas e buracos são eliminados, juntan do e/ou criando elementos. Na primeira gura percebese uma descontinuidade entre as áreas e um buraco no Fig. 9 – Rotina de união de linhas continuas centro de um rio, já na segunda estes erros são repa rados com a junção dos elementos e com a criação de A fase de segmentação assume a função de uma ilha. quebrar elementos, visando a manutenção da coerência da rede. Assim quando mais de duas linhas se tocam em um mesmo ponto ou atravessam polígonos são seg mentadas, dando origem a novos elementos. Na primeira gura abaixo, o rio de ID 67 é um elemento único de sua nascente até encontrar o rio de margem dupla, no entanto ele deve ser segmentado no encontro com seus auentes e ao atravessar o polígono da massa d’água, conforme mostra a segunda gura, surgindo dois novos elementos de IDs 69 e 70. Fig. 7 – Rotina para validação de áreas
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Fig. 10 – Rotina de segmentação de feições Agora que todos os rios estão segmentados, devem-se direcioná-los tendo em vista a futura iden ticação das nascentes. Este processo visa corrigir as aquisições de rios que foram feitas de jusante para a montante que dicultam a identicação sugerida. Nas guras abaixo, as setas indicam o ponto nal dos elementos. Na primeira, pode-se perceber que alguns estão com o sentido invertido, já na segunda, após o processo, o direcionamento é corrigido.
Fig. 11 – Rotina de direcionamento de linhas de drenagem Agora que as nascentes já estão identica das, é possível a inserção dos pontos de nascente e conuência, além de outros pontos como os pontos de entroncamento. Desta forma é necessário passar para fase seguinte rodando o processo de geração de pontos. Na primeira gura, são encontrados os elementos ori ginais, já na segunda tem-se o surgimento dos pontos representando a nascente, as conuências e o entronca mento.
Fig. 12 – Rotina de criação de pontos de hidrograa As fases subseqüentes são compostas de três validações: Hidrograa e Transporte, Relevo e Energia e comunicações. Todas elas são trabalhadas utilizan do-se apenas os recursos do próprio ArcGis, os quais compreendem a inserção das regras topológicas (aque las citadas anteriormente), demonstração dos erros e correção. Embora seja um trabalho demasiado, graças às fases anteriores, os erros que cam para estas validações já estão bem ltrados. Por m, é necessário rodar o último processo, a vericação nal. Esta rotina tem a nalidade de vericar erros que possam ser cometidos durante o próprio processo de validação. Após essa rotina ser rodada, um novo elemento é criado a m de indicar todos os erros encontrados na carta, abaixo é exibido um recorte onde ca evidenciado, na linha mais escura, alguns erros encontrados em curvas de níveis. Este novo elemento também possui uma tabela que orienta o usuário, de monstrando os elementos, a descrição dos problemas e uma observação indicando uma possível correção.
Fig. 14 – Feições em preto apresentam erros
Fig. 13 – Tabela de erros emitida pela rotina de revisão da validação 2º QUADRIMESTRE DE 2009
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6 CONCLUSÕES
7 REFERÊNCIAS
Através desta metodologia foi desenvolvida a aplicação EDGV Tools, uma extensão do ArcGis para o módulo ArcMap com funcionalidades para comple mentar as omissões de regras topológicas do software e criação de processos no que diz respeito a fazer cum prir as especicações inerentes a INDE brasileira. O presente trabalho foi desenvolvido para as especicações da EDGV (Estrutura de Dados Geoespaciais Vetoriais) implementada no banco de dados Acc ces, com estrutura do “Personal Geodatabase” para va lidação de folhas articuladas. Nos próximos trabalhos, pretende adaptar o processo para validação da estrutura em bancos de grande porte e validação de bases de da dos geoespaciais contínuas. Outras rotinas podem ser criadas e as que já existem podem ser modicados com a nalidade de otimizar o processo de produção de dados vetoriais bem como incrementar a qualidade.
www.concar.gov.br CONCAR – Comissão Nacional de Cartograa.
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EAGLESON et al., 2000 apud NICHOLS, COLEMAN e PAIXÃO, 2008 http://www.esri.com/
AGRADECIMENTOS A todos os participantes do fórum de desenvolvedores de aplicações em ArcObjects, em particular a dos sites support.esri.com e arcscripts. esri.com, que tanto contribuíram para o sucesso dos trabalhos. * Tec Cartógrafo formado pela Escola de Instrução Especializada – Rio de Janeiro RJ.
APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS INSAR e DINSAR EM GEOMORFOLOGIA * DANIEL LUÍS ANDRADE E SILVA **ERICSON HIDEKI HAYAKAWA **CLÓDIS DE OLIVEIRA ANDRADES FILHO **THIAGO DE CASTILHO BERTANI **BRUNO RODRIGUES DO PRADO * Diretoria de Serviço Geográco - DSG
QGEx - Bloco “F” - SMU - 70630-901 - Brasília - DF, Brasil **Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
Caixa Postal 515 - 12245-970 - São José dos Campos - SP, Brasil RESUMO A caracterização geomorfológica da superfície terrestre e o monitoramento de eventos decorrentes de catástrofes naturais ou por inuência humana tornam-se necessários, principalmente em áreas com riscos de prejuízos econômicos e humanos. Nesse contexto, o presente trabalho versa sobre o potencial das técnicas de interferometria SAR (InSAR) e interferometria diferencial (DInSAR) aplicados a geomorfologia e na vericação de dinâmicas da superfície terrestre. O trabalho aborda conceitualmente a técnica InSAR e DInSAR, a obtenção de produtos como Modelos Digitais de Elevação (MDE), as limitações inerentes de cada técnica, e o potencial de aplicação em estudos geomorfológicos. O trabalho demonstra que embora os geomorfológos conheçam a poten cialidade dos dados SAR em abordagens geomorfológicas, tais dados ainda são subutilizados em território nacio nal. Este fato propicia novos trabalhos e pesquisas, principalmente com a gradual disponibilidade de novos pro dutos tais como imagens dos recentes radares imageadores ALOS/PALSAR, TERRASAR/X e RADARSAT-2. Palavras-chave: interferometria SAR,
interferometria SAR diferencial, MDE, geomorfologia
1. INTRODUÇÃO Segundo Christofoletti (1981), a Geomorfolo gia é a ciência que estuda a gênese e a evolução das formas de relevo sobre a superfície terrestre. Interessa à ciência geomorfológica não somente processos preté ritos ocorridos nos litotipos existentes, mas também os reexos de eventos naturais e de atividades antrópicas que agem sobre a estabilidade das formas de relevo. Com o desenvolvimento e o lançamento dos primeiros satélites de sensoriamento remoto, os geomorfólogos passaram a contar com uma impor tante fonte de dados para a análise do relevo. A inte gração entre os dados de Sensoriamento Remoto e a Geomorfologia obteve sucesso devido à facilidade em se realizar análises geomorfológicas de âmbito qua litativo e quantitativo da superfície da Terra (Cattani et al ., 2005). A descrição geomorfológica tornou-se mais detalhada e o monitoramento mais integrado às dinâmicas. Os dados orbitais permitiram a obtenção de informações geomorfológicas em curtos intervalos de tempo e espaço, o que melhora a representatividade do relevo, fundamentais principalmente em estudos que contemplam o seu monitoramento.
Nesse contexto, destacam-se os radares imageadores de abertura sintética (SAR). Trata-se de siste mas ativos que operam na faixa espectral das microon das, portanto, não dependem da reexão da iluminação solar e das condições atmosféricas para realizarem o imageamento. Em regiões tropicais como a Amazônia estes sistemas são fundamentais para contornar problemas referentes aos intervenientes atmosféricos, dada a constante presença de nuvens, fumaça, bruma e chuva, os quais restringem o uso de sensores ópticos (Para della, 2005). Demais características como a capacida de de penetrar até o dossel da vegetação (depende do comprimento de onda e densidade da vegetação), aná lise em diferentes escalas de trabalho, processamentos altamente automatizados (Rosen et al., 2000; Aronoff, 2005) fazem dos radares imageadores potenciais ferra mentas em estudos de geomorfologia. Entre as desvan tagens do uso dos radares e suas aplicações, tem-se a ocorrência de descorrelação temporal, ruído speckle, descorrelação espacial, dentre outros.
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A possibilidade de aplicação de técnicas como Interferometria-SAR (InSAR), descrita inicialmente por Graham (1974), e à sua modalidade diferencial, conhecida como InSAR diferencial (DinSAR – Differential Interferometry SAR), descrita por Gabriel et al. (1989), potencializa a utilização dos dados de radares imageadores em estudos geomorfológicos. Nesse con texto, o presente trabalho versa sobre a aplicação da técnica de InSAR e DInSAR na geomorfologia. Este trabalho abordará os principais procedimentos neces sários à geração de MDE’s interferométricos (principal produto interferométrico voltado à geomorfologia), a técnica DInSAR, suas limitações e as possíveis formas de aplicação das técnicas InSAR e DInSAR em estudos geomorfológicos.
2. INTERFEROMETRIA-SAR (INSAR)
b) Utilizando-se uma única antena com duas passagens paralelas em diferentes tempos sobre a mesma área. Este tipo é chamado de interferometria de duas passagens (two pass interferometry) ou de passagens repetidas ( repeat pass interferometry). Nesse caso a linha-base depende da distância entre as duas passagens, devendo ser calculada a partir dos dados de vôo das respectivas plataformas. Nos SAR’s orbitais, a linha-base é calculada a partir dos parâmetros orbitais dos satélites. A limitação desse modo de aquisição é a possível ocorrência de descorrelação temporal entre as imagens. O par de imagens adquirido em qualquer um desses modos deve possuir formato complexo (ampli tude e fase). A Figura 1 ilustra os dois modos de aquisição do par interferométrico.
2.1 DESCRIÇÃO DA TÉCNICA A Interferometria-SAR baseia-se na propriedade de que dois sinais de onda coerentes retroespal hados pela mesma superfície podem, em certas con dições, ser interferometricamente processados. A fase interferométrica resultante desses processamentos é a diferença de fase entre os dois sinais retroespalhados. Entre os fatores que afetam a fase interferométrica merece destaque a topograa do terreno e por conseqüên cia, torna-se possível a geração de modelos digitais de elevação (MDE’s) a partir de processamentos interfe rométricos. Esses processamentos envolvem duas ima gens SAR adquiridas do mesmo terreno, por dois dife rentes modos: a) Utilizando-se duas antenas instaladas na mesma plataforma numa direção perpendicular à di reção do vôo e separadas por uma distância chamada de linha-base (B). Este modo é conhecido como interfero metria de uma passagem (single pass interferometry), utilizada geralmente em plataformas aerotransportadas. Neste caso, o sinal eletromagnético é emitido por uma das antenas e o sinal retroespalhado é recebido por am - Figura 1 – Modos de aquisição do par interferométrico: bas, gerando-se ao mesmo tempo as duas imagens SAR (a) uma passagem; (b) duas passagens. Fonte: Mura da mesma cena. Nesse tipo de aquisição a linha-base (2000) é xa e pode ser medida com precisão, porém o fato de existirem duas antenas a bordo pode muitas vezes Em ambas as situações, as antenas A ¹ e A² esconstituir uma desvantagem operacional para o empre tão separadas pela linha-base B e distantes do ponto go desse tipo de interferometria. P respectivamente por “r” e “r + Δ r”. A relação entre a diferença de fase Δ φ entre os dois sinais de onda recebidos pelas antenas A ¹ e A² de comprimento λ e a diferença (Δr) entre as distâncias do alvo às antenas A ¹ e A² é dada pela Equação 1:
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Δ φ = 4π ( Δr ) λ
(1)
A variação de distância Δr e conseqüentemente a variação de fase Δφ dependem do comprimento da linha-base B (distância entre A ¹ e A² ). Uma linha-base muito pequena faz com que seja detectada uma dife rença de fase muito pequena para um mesmo ponto. Se a linha-base for muito grande a fase interferométrica se torna ruidosa devido à descorrelação espacial, causada pelas diferentes geometrias de aquisição (Mura, 2000). Sendo assim, é necessário denir um valor limite para o comprimento da linha-base, conhecido como linha base crítica Bn,cr (Zebker e Villasenor, 1992), que pode ser calculada pela Equação 2 (Sarmap, 2008):
Bn,cr = λ Rtg(θ ) 2 Rrg
dielétricas no solo e as variações nas trajetórias dos sis temas radares ou nas freqüências utilizadas (Paradella, 2005). Hanssen (2001) citando Zebker e Villlasenor (1992) apresenta um modelo matemático que dene a coerência interferométrica como um produto de fatores de coerência relacionados aos parâmetros citados ante riormente. A InSAR utiliza a informação de ∆ φ , obtida através da diferença de fase entre as duas imagens para gerar a informação de ∆ r, e conseqüentemente obter o valor de elevação de um determinado ponto. O conhecimento das condições de imageamento, tais como: a altura H, a linha-base B e os vetores de estado (velocidade e posicionamento) das antenas A ¹ e A² são essenciais nesta tarefa. A partir do triângulo genérico compreendido pelos pontos A ¹, A² e P, e conhecendo-se o ângulo de incidência θ , e a distância “r” de um ponto genérico P, chega-se ao valor da elevação deste ponto, expressa na Equação.
(2)
onde λ é o comprimento de onda, R é a distância nearrange (início da faixa imageada), Rrg é a resolução em alcance (range), e θ o ângulo de incidência. Quando a componente perpendicular da linha base, chamada de linha-base normal, ultrapassa a linha base crítica nenhuma informação de fase é preservada, a coerência é reduzida e o produto interferométrico gerado se torna ruidoso, podendo comprometer suas aplicações. Para avaliar então se um dado conjunto de dados interferométricos disponíveis é apropriado para aplicações interferométricas, deve-se estimar a coerên cia interferométrica, que é a medida da correlação da informação da fase correspondente aos sinais que ge ram cada uma das duas imagens que originam um in terferograma (Gens, 1998). Como uma regra geral, pares interferomé tricos que apresentam baixa coerência não devem ser utilizados para aplicações interferométricas. Segundo o CCRS (2007), valores de coerência de 0,3 a 0,5 são considerados ruidosos, embora possam ser utilizados, enquanto valores de 0,5 a 0,7 são considerados bons e valores de 0,7 a 1,0 são excelentes. Os principais fatores que afetam a estimati va da coerência interferométrica, e conseqüentemente o emprego da InSAR são: efeitos atmosféricos e pre sença de vegetação (Colesanti eWasowski, 2006), dife renças na geometria de visada, ruídos do sistema (Lu et al., 2001), alterações na superfície decorrentes de agri cultura, crescimento ou retirada da vegetação (Bovenga et al., 2006), modicações nas propriedades dielétricas
z (r,θ )= H - r cos θ
(3)
2.2 PROCESSAMENTOS INTERFEROMÉTRICOS Adquirido um par interferométrico, os processamentos que permitem obter as fases interferométricas ( Δ φ) dependem primeiramente de um co-registro pre ciso do par de imagens complexas adquiridas. A qua lidade do co-registro, cuja precisão deve ser inferior a um décimo da dimensão linear do pixel ( Hellwich, 1999), reete-se diretamente na qualidade nal do pro duto interferométrico (Gens, 1998). Após o co-registro das imagens complexas, é gerado um interferograma a partir de um processamento que consiste na multiplicação dos valores complexos dos pixels da primeira imagem, chamada de master, pelos conjugados dos valores complexos dos pixels da se gunda imagem, chamada de slave, conforme Equações 4 e 5:
pint = p1.p2*= A1 A2 j(φ -φ )
(4)
p1 =A1e φ ; p2 = A2e jφ2
(5)
1
J
2
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onde A¹ e A são as amplitudes associadas aos pixels da ² primeira e da segunda imagem respectivamente e φ ¹ e φ² são as respectivas fases. De acordo com a Equação 4, a fase associada a cada pixel do interferograma re sultante corresponde à diferença de fase relativa aos respectivos pixels homólogos do par de imagens com plexas, ao passo que a amplitude no interferograma é o produto das amplitudes associadas aos pixels homólo gos.
Isto promove um erro na determinação dessa fase, o que gera a chamada fase “dobrada”. Assim, os interferogramas são caracterizados por padrões do tipo franjas. Para que a fase interferométrica possa ser utilizada na obtenção de alturas topográcas, o seu caráter cíclico limitado em 2π deve ser removido, ou seja, é necessário transformar a fase relativa em fase absoluta. Essa necessidade de se calcular a fase absoluta implica na execução de um tipo especíco de processamento 2.3 GERAÇÃO DE MDE’S INTERFERO- interferométrico, denido como “desdobramento de fase” (Figura 2). MÉTRICOS O cálculo computacional da fase interferométrica apresenta um resultado modulado limitado em 2π, devido ao fato de que os softwares não diferenciam ar cos côngruos.
Figura 2: a) Processo de desdobramento “unwrapping ” em uma dimensão; b,c) ilustração do desdobramento bidimensional. Fonte: Mura, (2000). Antes do “desdobramento de fase”, deve-se remover a fase plana, a m de se eliminar a componente da fase devida à terra plana, mantendo apenas a componente devida à topograa. Essa remoção é justicada pelo fato de que o efeito de terra plana na deter minação da fase interferométrica introduz um erro que aumenta linearmente na direção perpendicular ao vôo (“direção em range”). Devido a esse erro, o interferograma se apresenta com valores desviados em relação aos esperados. Após o processamento de desdobramento de fase, a componente de fase removida deve ser no vamente inserida para o cálculo da fase absoluta. Em uma situação ideal, a fase interferométrica obtida pelo processamento deve-se unicamente à dife rença de percurso do sinal. Entretanto, ruídos inerentes ao sistema e à in teração radar-alvo alteram a fase do sinal e provocam a degradação da qualidade do interferograma. A razão do aparecimento destes ruídos é a descorrelação entre as duas imagens.
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Sendo assim, após a fase ser desdobrada, ain da deve ser considerada a presença de ruído de fase, que impede que seja feita apenas uma integração sim ples das fases dobradas. A conversão da fase absoluta em medida de elevação do terreno é realizada em cada uma das linhas da matriz de fase absoluta, supondo-as paralelas à di reção de range e supondo também que o primeiro ponto de cada uma dessas linhas corresponde ao ângulo de incidência inicial θ і. O método utilizado para tal transformação consiste em integrar o ângulo de incidência por toda a faixa imageada, ou seja, de θ і até θ f , em N passos, correspondente ao número de pontos de uma linha da matriz de fase absoluta. Conhecendo-se a fase absoluta e o ângulo de incidência de cada um dos “n” pontos, a altitude H da antena de referência e a linha-base B, podem-se calcular a elevação de cada um dos “n” pontos. Devido a erros na determinação do posicionamento da platafor ma, podem ocorrem imprecisões sistemáticas no mode lo de elevação obtido.
Para que o modelo tenha uma melhor pre cisão, é necessária a utilização de pontos de controle (coordenadas plani-altimétricas) na área imageada, principalmente para sistemas orbitais onde os erros de posicionamento são maiores.
3. INTERFEROMETRIA-SAR DIFERENCIAL (DINSAR) A técnica DinSAR baseia-se na conguração de passagens repetidas de antenas SAR e consiste em obter interferogramas resultantes de imagens SAR adquiridas em diferentes tempos, permitindo a partir da análise conjunta desses interferogramas vericar possí veis variações no relevo decorrentes de movimentos de massa, terremotos, dentre outros. Esse método pode ser conhecido como método da dupla diferença ou tripla passagem. As imagens adquiridas para DInSAR devem ser de datas anteriores e posteriores à data do fenômeno a ser vericado. A partir das duas imagens SAR de datas anteriores ao fenômeno tem-se a geração do interferograma de referência, enquanto um segundo interfero grama referente à época posterior ao fenômeno também é criado. Subtraindo-se esse segundo do interferograma de referência, são geradas regiões diferenciais, indican do as possíveis modicações na superfície. Essas re giões diferenciais são resultados das variações das dis tâncias do SAR aos pontos que sofreram deslocamento no terreno. Embora a DInSAR possua inúmeros leques de aplicações, a mesma também possui inúmeros limitan tes que dicultam a sua utilização para vericação de mudanças na superfície. Desdobramentos da técnica DInSAR, como a técnica offset tracking (Bovenga et al., 2006; Colesanti e Wasowski, 2006), são alternati vas que contornam e/ou minimizam os agentes limitan tes. As técnicas de DInSAR Avançadas (A-DInSAR) também estão sendo aplicadas para sanar problemas como imprecisão do monitoramento e da velocidade do deslocamento ou movimento de terreno, permitindo comparar a evolução temporal desses movimentos de massa (Herrera et al., 2008). Tais técnicas são essen ciais para potencializar a utilização da DInSAR na ve ricação de sutis variações na superfície, contribuindo também em estudos geomorfológicos. A acurácia da DInSAR é diretamente ligada ao comprimento de onda, ao nível de ruído do siste ma (Catani et al., 2005) e à coerência entre as imagens adquiridas. Os principais fatores que dicultam a apli cação da DInSAR são os mesmos observados para a InSAR, citados na seção 2.1.
Desta forma, o fenômeno de deslocamento pode ser detectado com suciente precisão sobre su perfícies que se mantêm inalteradas durante a maior parte do tempo. Entretanto, raras são as áreas as quais possuem essas características, reservando-se quase que exclusivamente a ambientes urbanos (Bovenga et al., 2006). No caso de áreas de vegetação, (Bovenga et al, 2006) expõe que a banda L ( λ = 23 cm) pode ser apli cada para a DInSAR, em virtude do seu alto potencial de penetrabilidade em relação à banda C ( λ = 5,6 cm) permitir a redução dos efeitos da descorrelação tem poral. Entretanto, o maior comprimento de onda reduz a sensibilidade de detectar movimentos nas superfícies além de dicultar a vericação de deslocamentos de baixa velocidade.
4. APLICAÇÕES DA INSAR E DINSAR NA GEOMORFOLOGIA Frente às diferentes e inúmeras fontes de da dos como as imagens dos satélites ERS-1/2, JERS-1, SIR-C/X-SAR, ENVISAT, RADARSAT/1-2 e ALOS/ PALSAR, tem-se um completo conjunto de recursos para aplicar a InSAR em Geomorfologia. A seguir são apresentados importantes exemplos de aplicação e os empecilhos encontrados nas técnicas que envolvem In SAR em Geomorfologia. De modo geral, o monitoramento de eventos do ambiente físico e a caracterização geomorfológica foram amplamente beneciadas pela tecnologia In SAR, dada especialmente pelo seu principal produ to, o MDE interferométrico. De outro lado tem-se a interferometria-SAR diferencial ( Differential InSAR) que permite avaliar quantitativamente as deformações da superfície ocasionados por terremotos, bem como outros tipos de deformações, incluindo aquelas concer nentes a causas naturais como as atividades vulcânicas, e aquelas associadas a atividades humanas como a sub sidência de terra decorrentes da extração de gás, óleo e água. Esta tecnologia também é comumente aplicada para medir as correntes oceânicas e o movimento de gelo no mar, (Aronoff e Petrie, 2005), avaliar taxas de erosão e deposição de sedimentos, movimentos de massa, monitoramento de barragens, deslocamento de geleiras, dentre outras. Exemplos de aplicação da interferometriaSAR diferencial para a vericação, monitoramento e avaliação de eventos sutis e de difícil percepção na su perfície são variados.
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No âmbito geomorfológico e seus variados leques de atuação apresentam-se desde as mudanças no terreno desencadeadas por fenômenos naturais como terremotos (Massonnet et al., 1993; Foumelis et al., 2009), atividades vulcânicas (Massonnet et al., 1995, Fernández et al., 2002) , movimentos de massa (Strozzi et al., 2008), mudanças do nível de água em am biente uvial (Alsdorf et al., 2000), subsidência e/ou soerguimento do terreno (Fang et al., 2008; Raucoules et al., 2003; Tomás et al., 2005, Chatterjee et al., 2006) ocasionados por fatores naturais ou antrópicos, dentre outros tipos de aplicações. O elemento singular a es sas aplicações refere-se a precisão centimétrica a mili métrica dos eventos abordados (Massonnet e Rabaute, 1993, Catani et al., 2005). Entretanto, embora o poten cial de aplicação da interferometria-SAR diferencial, os trabalhos voltados à geomorfologia em território na cional são pouco expressivos. Quanto ao MDE interferométrico, uma vez gerado, duas são as abordagens de aplicação em geo morfologia: a abordagem qualitativa e a quantitativa. A primeira é fundamentada basicamente na interpretação visual. A partir dos elementos chaves de interpretação (sombra, densidade, localização, tamanho, forma, tona lidade e cor, textura), promove-se a identicação e sub seqüente análise da superfície, resultando no delinea mento e mapeamento das características geomórcas da área em questão (Verstappen, 1977). Já a abordagem quantitativa é pautada na extração de medidas da super fície. A partir de um MDE é possível a extração de variáveis morfométricas como declividade, orientação das vertentes, comprimento de rampa, curvatura vertical e curvatura horizontal, amplitude altimétrica, rede de drenagem, denição de áreas de bacias, dentre outros. A utilização de MDE para obtenção de variáveis morfométricas não descrevem apenas medidas da superfície terrestre, mas permite inferir sobre dinâ micas que são inuenciadas diretamente pelo relevo. Por exemplo, a partir da declividade pode-se vericar processos erosivos, escoamento supercial e de subsuperfície. A curvatura vertical e horizontal permite observar processos de migração e acúmulo de água e sedimentos causados pela gravidade, além de denir a taxa e padrão de erosão e deposição. A altitude infe re sobre variações climáticas (temperatura e pressão) decorrentes na mudança de topograa, padrão de dis tribuição de solos e vegetação e determinação do potencial de energia. A orientação da vertente ou aspecto infere sobre o plano de maior irradiação solar e a taxa de evapotranspiração. A obtenção desses e outros parâ metros são fundamentais na modelagem dos diferentes processos de superfície.
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Um dos principais disseminadores da utili zação de MDE oriundo de interferometria refere-se ao MDE da SRTM. Desenvolvido em parceria com a NASA, o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e a Agência Espacial Italiana (ASI), o projeto SRTM ( Shuttle Radar Topography Mission) é um sistema RADAR que entre 11 e 22 de fevereiro de 2000 adquiriu dados em banda C (5,6 cm) da superfície terrestre, os quais foram utilizados para a geração de MDE’s interferométricos para aproximadamente 80% do globo (Rabus, 2003). Embora seja grande o potencial dos MDE da SRTM na extração de variáveis morfométricas e seu desdobramento em aplicações geomorfológicas, os es forços desprendidos ainda são pouco expressivos. No Brasil são desenvolvidas principalmente no projeto TOPODATA (Valeriano, 2005). Apoiando-se princi palmente nos dados obtidos pela missão SRTM, dis ponibilizaram-se metodologias operacionais referentes à extração de variáveis como declividade (Valeriano, 2002), orientação de vertentes, curvatura horizontal (Valeriano e Carvalho Júnior, 2003), curvatura vertical (Valeriano, 2003), além de extração de rede de drena gem (Valeriano et al., 2006), divisores de água e valo res de altimetria. Grohmann etal (2007) e Grohmann (2008) apresenta uma série de procedimentos metodológicos utilizando-se de MDE’s da SRTM e softwares livres para a obtenção de variáveis morfométricas aplicados a geomorfologia e morfotectônica. O autor sugere que os MDE’s da SRTM são plenamente satisfatórios para a obtenção de variáveis como declividade, orientação de vertentes, rugosidade, superfícies de base e extração automática da rede de drenagem. Dependendo da esca la de trabalho, os dados devem ser reamostrados. Para a escala de semi-detalhe sugere-se a reamostragem para melhorar a resolução espacial do MDE. Para trabalhos de escala regional, é recomendada a degradação da es cala espacial, frente ao grande volume de dados que exige demasiadamente dos sistemas computacionais. Exemplos de aplicação dos MDE interferométricos da SRTM em território nacional voltados a geomorfologia são variados Almeida Filho et al. (2005); Ibanez et al. (2007). Se destacam os trabalhos voltados a geomorfologia uvial como os desenvolvidos por Carvalho e Latrubesse (2004), Rossetti et al (2005), Almeida Filho e Miranda (2007), Rossetti e Valeria no (2007), Rossetti et al. (2008a,b), Zani (2008). Tais exemplos permitiram não só identicar as morfologias dos sistemas uviais, como também auxiliaram em in terpretações sobre a história evolutiva e a observação de dinâmicas atuais dos respectivos sistemas uviais.
Destaca-se que, embora os MDE’s interfero métricos da SRTM sofram o efeito dossel e represente a morfologia do dossel da vegetação, esta por sua vez em muitos casos reete a morfologia do terreno. Partindo dessa premissa, Rossetti e Valeriano (2007) e Rossetti et al. (2008a,b) caracterizaram e reconstruíram com pertinência, a história geológica de porções da bacia de drenagem do baixo Amazonas e da ilha do Marajó respectivamente. Pautando-se nos MDE interferométricos da SRTM e com utilização de dados de outros sensores remotos como Landsat 5/TM e Landsat 7/ETM+, os autores identicaram feições como paleocanais e cicatrizes uviais que retratam pa leodrenagens, que por motivos tectônicos tiveram seus cursos desviados, mas que ainda estão preservados na paisagem. Situação similar foi identicada por Almeida Filho e Miranda (2007). A partir de MDE da SRTM também observaram relictos de um antigo sistema de drenagem que permanecia oculto sob a densa oresta amazônica, o qual não foram revelados anteriormente com imagens de sensoriamento remoto convencionais (imagens JERS e Landsat-5/TM). A análise visual da característica geomorfológica desconhecida, aliado a informações geológicas e de campo, indicaram que o atual baixo curso do rio Negro resulta de uma captura dirigida por neotectônica. O estudo descreve a dinâmi ca que propiciou o desenvolvimento de uma nova rede de drenagem e novo ambiente de deposição. Também suscita se a dinâmica pode ter afetado e desenvolvido novos ecossistemas na região. Análises tectônicas do ponto de vista geomor fológico tem se valido de modelos digitais interfero métricos tanto no uso de imagens derivadas, como no cálculo de índices morfométricos, a exemplo da identi cação de lineamentos morfoestruturais através do uso de variáveis geomorfométricas, como a orientação de vertentes. Comparando-se o potencial entre o produto derivado do MDE da SRTM e os dados óticos do Land sat-5/TM em um setor do Estado da Paraíba, nota-se que o primeiro revela uma signicativa vantagem na detecção de feições morfoestruturais (Andrades Filho e Fonseca, 2009), possibilitando o detalhamento no ma peamento de lineamentos. No trato morfotectônico são utilizados índices morfométricos que permitem além de identicar feições, indicar a intensidade das defor mações tectônicas ocorridas em determinada área (Bull e McFadden, 1977; Keller e Pinter, 2002; El Handouni et al., 2008; Andrades Filho et al., 2008).
A partir dos dados morfométricos já disponí veis e a possibilidade de gerá-los a partir das diferentes fontes de dados de sensoriamento remoto, a tendência é a implementação de cálculos consagrados na litera tura geomorfológica, sendo os índices mais utilizados o denominado índice de Hack (1973) sob designação SL (Relação Slope vs. Lenght ), a integral hipsométrica, que corresponde à curva de distribuição de elevação em uma bacia de drenagem (Strahler, 1952) e a razão entre largura do vale e sua elevação, sensível a morfologias de vales (El Handouni et al., 2008; Troiani e Della Seta, 2008) pautados por exemplo, nos MDE’s. Embora seja possível a aquisição de imagens de diferentes sistemas radares orbitais e aerotransportados que possibilitem a geração de MDE, no Brasil ainda são poucos os trabalhos que os utilizam no des envolvimento de MDE interferométricos, o que pro move o uso freqüente dos MDE da SRTM. Ademais, quando utilizado, comumente são desenvolvidos para aplicações cartográcas, a exemplo de (Zaloti Junior, 2007) ou na avaliação dos dados interferométricos (La nari et al., 1996). Mesmo com potencialidades seme lhantes ao MDE interferométrico da SRTM, os MDE provenientes de outros sistemas sensores permanecem por ser trilhado, especialmente em aplicações geomor fológicas. Tal fato perpetua a escassez de informações topográcas e geomorfológicas em regiões de difícil acesso ou onde a base cartográca e o mapeamento são escassos e/ou generalizantes. O potencial da interferometria SAR (incluin do-se a diferencial) a aplicações geomorfológicas per mitem não só a descrição do relevo, mas também a obtenção de informações sobre unidades geológicas, interpretação de ambientes uviais, identicação de pa leoformas, distinção de diferentes categorias de super fície, identicação de feições estruturais, identicação de tipos de formas e nível de dissecação do relevo, dentre outros, os quais quando analisados integralmen te permitem um entendimento das dinâmicas da paisa gem de forma holística. Porém, mesmo que os produ tos derivados permitam a análise da superfície sobre o prisma quantitativo e qualitativo, sua utilização deve ser empregada com ressalvas para que não se alcan cem resultados equivocados. Feições antrópicas como estradas, pontes, cortes no terreno, dentre outros, po dem resultar em conclusões falaciosas, principalmente se interpretadas como feições naturais (Wladis, 1999). Assim, a utilização de elementos auxiliares como: da dos de medidas de campo, mapas topográcos, mapas de solos e rochas, mapas de vegetação, calibração dos equipamentos, podem contribuir na geração de resulta dos pertinentes.
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A experiência do intérprete também é funda mental. Tanto no âmbito quantitativo como no qualita tivo, é imprescindível que o pesquisador possua conhe cimento teórico e experiência prática sucientes para obter os produtos pretendidos e detectar as feições de interesse.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como observado, dados disponíveis de senso riamento remoto, em especial dados SAR e as técnicas de interferometria são de grande aplicação em estudos de cunho geomorfológico. A partir dessas ferramentas a caracterização geomorfológica tornou-se mais detal hada, e o monitoramento das dinâmicas da superfície passou a ser realizado com mais delidade. Além da identicação das peculiaridades da superfície, também auxilia em projetos de modelagem de bacias hidrográ cas, confecção de mapas de áreas suscetíveis a inun dações, localização de áreas de passíveis de erosão e/ ou deposição, movimentos de massa, dentre outros que, por conseguinte auxiliam em ações de gerenciamento e planejamento. Entretanto, embora os geomorfológos conheçam a potencialidade dos dados SAR em abor dagens geomorfológicas (Smith, 2002), em território nacional ainda são subutilizados o que abre um amplo leque de oportunidades, principalmente com a gradual disponibilidade de novos produtos como os recentes ALOS/PALSAR, TERRASAR/X e o RADARSAT-2.
6. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico) e a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela concessão de bolsas de mestrado e doutorado.
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GEOPROCESSAMENTO E SOFTWARE LIVRE PARA GEOTECNOLOGIAS JONAS WEINERT DE CAMPOS ARNÓBIO FERREIRA LIMA FILHO ISIDIO KUCHUMINSKI PAULO ANTÔNIO NUNES DE ARAÚJO CARLOS JOSÉ MORAES CHAGAS O presente trabalho constitui-se em Projeto Interdisciplinar realizado por um grupo de Sargentos-Alu nos do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos de Topograa no ano de 2009.
1. INTRODUÇÃO Mapas são instrumentos de localização espacial que acompanham o histórico desenvolvimento da hu manidade, acreditando-se terem surgido muito antes da escrita. Desde esboços feitos no solo, gravuras em rochedos, até placas de barro cozidas foram utilizados para orientação ao deslocamento. Os gregos, por intermédio de Ptolomeu, no sé culo I D.C. deram o primeiro grande impulso cientíco à cartograa, ao desenvolver projeções adequadas à re presentação do globo terrestre sobre superfícies planas. A Idade Média, porém, dicultaria em muito o desen volvimento cientíco que orescia na Europa. Daí em diante, até o Renascimento, os mapas teológicos toma ram conta do cenário, retratando Jerusalém, a cidade sagrada do cristianismo, como o centro do mundo e do universo. Mais tarde, a progressiva retomada dos conhe cimentos gregos, as evoluções da ciência matemática e dos mecanismos de impressão impulsionariam novamente o desenvolvimento da cartograa, que também deve muito às grandes expedições marítimas dos sé culos XV e XVI e às duas grandes guerras mundiais ocorridas no século XX. Com a conseqüente divisão e representação do globo terrestre em meridianos e paralelos, considerando-se também a altitude, conceitos que integram o sistema de coordenadas geográcas, o resultado foi maior precisão cartográca e, maior con abilidade para a realização de navegações aéreas, ma rítimas e terrestres, pois grandes formações montanho sas, banquisas e outras formas de obstáculos, naturais e articiais, passaram a ter sua localização mais ecaz mente prevista. Todavia, dois instrumentos técnicos em parti cular, inventados e aperfeiçoados a partir de meados do século XX – o computador e o satélite –, contribuíram para aprimorar em muito a acerácea das representações cartográcas, já que tornaram possível a criação do Sis tema de Posicionamento Global (GPS), isto é, um aparato tecnológico que permite determinar a localização
imediata e praticamente precisa, na forma de coordena das geográcas, de qualquer pessoa ou objeto portador de um aparelho receptor/processador de sinais emitidos por um conjunto especíco de satélites. O sucesso proporcionado pelo avanço tec nológico relacionado à ciência cartográca, contudo, não pode ser compreendido caso não se leve em con sideração o elemento informação. Satélites circulando constantemente na órbita terrestre, registrando ima gens do solo e do subsolo de nosso planeta, que são transmitidas e processadas em estações espaciais para, posteriormente, serem divulgadas ou transformadas em mapas de uso determinado, ao tempo que, em solo, pesquisadores realizam levantamentos topográcos, aerofotogramétricos e outros de natureza semelhante, com auxílio do GPS, de modo sistemático, resultam em grande volume de dados informacionais geográcos. Soma-se a isso a implementação de pesquisas realiza das no âmbito das ciências humanas, sociais aplicadas, ambientais, etc., cujo insumo são dados populacionais, econômicos e naturais que possuem relação com sua localização espacial. Esta jornada pelo conhecimento resulta, mui tas vezes, num volume de dados tal que, mesmo se considerando uma quantidade relativamente mínima, é de difícil análise. Todavia, amparando-se na gradativa evolução da ciência e da engenharia da computação e, consequentemente, no rápido aperfeiçoamento e popu larização dos computadores pessoais, alguns softwares (programas de informática) e recursos computacionais cartográcos de interface amigável têm sido desenvol vidos para facilitar e agilizar a análise de tais dados, como é o caso dos Sistemas de Informações Geográcas (SIG’s). Os SIG´s, disseminados com o auxílio da rede mundial de computadores, tornaram a utilização de ma pas algo cotidiano na sociedade moderna, com propósi tos que variam entre ns civis a militares.
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Aos prossionais da ciência geográca, es pecicamente, os mapas são instrumentos de trabalho, sendo não apenas úteis, mas fundamentais, tanto para o aprendizado quanto para o ensino, além de serem lar gamente empregados em trabalhos técnicos e de divul gação cientíca.
2. GEOPROCESSAMENTO COM SOFTWARE LIVRE A evolução tecnológica tem exigido crescen tes investimentos na área de Tecnologia da Informação (TI), resultando na compra contínua de sistemas pro prietários cada vez mais onerosos. Na área de Geotecnologias, o elevado valor das licenças para construção de uma infra-estrutura integrada inviabiliza muitos pro jetos em inúmeras empresas privadas e instituições pú blicas, estas últimas são justamente as principais usuá rias dos produtos cartográcos e as que mais sofrem com o modelo de negócios das empresas de soluções proprietárias. A rapidez do desenvolvimento das soluções livres, normalmente relacionadas ao GNU/Linux, tem permitido um grande avanço em TI a um custo compatível com os benefícios fornecidos por estas soluções. Conforme destaca o Guia Livre do Governo Federal, existem várias razões para que as instituições públicas migrem para software livre: • Necessidade de adoção de padrões aber tos para o Governo Eletrônico; • Nível de segurança proporcionado pelo software livre; • Eliminação de mudanças compulsórias que os modelos proprietários impõem periodicamente a seus usuários, face à descontinuidade de suporte a ver sões; • Independência tecnológica; • Desenvolvimento de conhecimento local; • Possibilidade de auditabilidade dos sis temas; • Independência de fornecedor único. Na realidade, a maioria das idéias citadas aci ma também são perfeitamente aplicáveis às empresas privadas. Vale destacar que o software livre, principalmente aqui no Brasil, entrou primeiro nas empresas privadas como servidor de e-mails, HTTP, etc. Agora está crescendo de forma vertiginosa em muitos órgãos públicos, contando com um forte apoio do Governo Federal. A isenção do custo de licenciamento é apenas uma característica dos softwares livres que tem criado um ambiente ideal para a contínua expansão e melhoria dos serviços públicos. 48
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A área de Geotecnologias, durante vários anos, esteve dominada por soluções de elevado custo e forma tos proprietários. Dois recentes movimentos mudaram este quadro abrindo um novo leque de opções, princi palmente para os Sistemas de Informação Geográca (SIG). Estes movimentos são: a criação do consórcio internacional Open Geospatial (OGC Open Geospatial Consortium) e a revolução do software livre. As especicações estabelecidas pelo OGC denem padrões que visam à interoperabilidade de ambientes relacionados à Geotecnologias. Diferentes sistemas proprietários e/ou livres podem interagir de maneira transparente caso estejam em conformidade com as especicações do OGC. Muitos sistemas livres já seguem estas especicações e alguns sistemas pro prietários já estão em processo de adaptação para se tornarem “padrão” OGC. A revolução do software livre fez inúmeros projetos nascerem a partir do espírito colaborador de uma crescente comunidade mundial. Esta grande le gião de voluntários tem abrangido cada vez mais áreas especícas e, nos últimos anos, atingiu a área de Geo tecnologias, causando um enorme impacto no antigo modelo de negócios das soluções proprietárias. Para compreender este novo nível de conhe cimento que inseriu o software livre na área de Geo tecnologias, faz-se necessário entender alguns concei tos associados ao movimento do software livre e ao OGC. Ao nal deste documento, você entenderá que uma solução baseada em sistemas livres tem inúmeras vantagens técnicas sobre as soluções proprietárias. Po demos destacar, por exemplo, que o elevado grau de integração de um ambiente livre baseado nas especi cações OpenGIS (OGC) deve ser considerado como um fator mais importante do que a economia promovida pelas licenças livres.
2.1 Licenciamento de Softwares Os usuários estão acostumados a não lerem as licenças dos softwares proprietários, clicando no botão aceito para fazer a instalação o mais rápido possível. Por que fazem isso? Talvez por saberem que a licença vai citar inúmeros itens que somente restringem a li berdade de copiar o software, tornando-nos eternos es cravos de uma determinada tecnologia proprietária (e normalmente estrangeira).
2.2 Softwares gratuitos, softwares de código-aberto e softwares livres Para os “marinheiros de primeira viagem”, a primeira idéia que vem à cabeça quando se fala em SL é a gratuidade do mesmo. Essa idéia não está errada,
2.2.3 Software gratuito: mas é muito limitada. Para começar a organizar estes novos conceitos, serão citadas algumas categorias de Estes sistemas são disponibilizados de forma softwares de acordo com a liberdade de uso. A forma escolhida para passar estes conceitos foi começar do gratuita, porém, normalmente, não podem ser modi mais “livre” para o mais “restrito”. Sendo assim, temos: cados e não se tem acesso ao código-fonte. É possível também que a licença impeça a redistribuição do mes mo. Também são conhecidos como Freeware. Cuidado 2.2.1 Software livre: para não confundir com os Shareware, pois estes últiO primeiro conceito que deve ser compreen- mos apesar de também serem gratuitos, possuem algu dido é o seguinte: o SL é um programa de computador ma limitação funcional em relação ao software original. Existem outras formas de classicação dos como qualquer outro programa proprietário. Ele tem a mesma nalidade, ou seja, é direcionado para atender softwares envolvendo denições adicionais como o uma determinada demanda como, por exemplo: pla - software semi-livre, o software proprietário e o soft nilhas de cálculos, editores de textos, editores de ima - ware comercial. Podem ser denidos da seguinte for gens, etc. Então, o que realmente o faz tão diferente? ma. A resposta está no tipo de licença associada ao soft 2.2.4 Software semi-livre: ware livre. Esta licença deve garantir ao SL, segundo a Fundação Software Livre ( Free Software Foundation), É o software que não é livre, mas que permi quatro liberdades: • A liberdade de executar o programa, te: a utilização, a cópia, a modicação e a distribuição (incluindo a distribuição de versões modicadas) para para qualquer propósito; • A liberdade de estudar como o programa ns não lucrativos. PGP é um exemplo de programa semi-livre. Os sistemas desta categoria não podem ser funciona e adaptá-lo para as suas necessidades; • A liberdade de redistribuir cópias, per - incluídos em sistemas operacionais livres, ou seja, não podem acompanhar uma distribuição GNU/Linux. mitindo a ajuda ao próximo; • A liberdade de aperfeiçoar o programa 2.2.5 Software proprietário: e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se benecie. Acesso ao código-fonte é um Estes sistemas normalmente são protegidos pré-requisito para esta liberdade. Para precisar o conceito de SL, deve ser obser - por algum tipo de patente. Seu uso, redistribuição ou vado que o mesmo está associado a um grande movi - modicação é proibido, ou requer que você peça per mento social, onde a idéia de liberdade do uso do soft - missão, ou é restrito de tal forma que você não possa ware é pregada como solução do problema gerado pela efetivamente fazê-lo livremente. Um software proprie limitação do conhecimento tecnológico imposta pelos tário pode ser feito com nalidades comerciais ou não. Um exemplo de um software proprietário que não pos sistemas proprietários. sui nalidade comercial é o SPRING do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 2.2.2 Software de código-aberto: Nesta categoria de softwares o usuário tem acesso ao código-fonte, podendo alterá-lo para atender as suas necessidades. Muitas vezes, as idéias de SL e código-aberto se confundem no nosso cotidiano. A me lhor forma de compreender a diferença entre eles é ob servar que, normalmente, o software de código-aberto deixa de atender alguma(s) das quatro liberdades do SL (vide item anterior). Outra forma de analisar esta dife rença é pensar que “o código-aberto faz alusão a uma metodologia de desenvolvimento, enquanto o software livre está relacionado a um movimento social”.
2.2.6 Software comercial: É o software desenvolvido por uma empresa visando obter alguma forma de lucro. Apesar de soft wares comerciais e proprietários estarem muitas vezes associados, eles pertencem a categorias diferentes. Existem softwares livres que são comerciais, assim como existe software de código aberto que também é comercial. Como exemplo deste último, podemos citar o JUMP (foi desenvolvido pela empresa canadense Vivid Solutions).
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2.3. Especicações do consórcio Open Geos patial
2.3.4 GML (Geography Markup Language): Padrão baseado no XML desenvolvido para permitir o transporte e armazenamento de informações geográcas. Muitos softwares livres implementam esse formato, mas o formato mais utilizado para esta porta bilidade ainda é o ESRI Shapele, sendo amplamente utilizado em sistemas comerciais e livres.
Criado em 1994, o consórcio internacional Open Geospatial (OGC – Open Geospatial Consortium) era denominado, inicialmente, de OpenGIS. Atualmen te o termo OpenGIS é uma marca registrada que faz referência às diversas especicações do consórcio. O OGC possui a missão de desenvolver especicações para interfaces espaciais que serão disponibilizadas li 2.4 Sistemas livres e de código-aberto para vremente para uso geral. Dentre as especicações dis - área de Geotecnologias poníveis, serão abordadas as 04 (quatro) que já estão sendo amplamente utilizadas, principalmente pelos SL. O rápido crescimento do SL tem “inundado” o mercado com diversas aplicações em vários segmen 2.3.1 SFS ( Simple Features Specication ): tos. Hoje quando se pensa numa solução livre para groupware, tem-se uma variedade de soluções disponíEsta especicação dene um formato, de acor - veis sem custo de licenciamento. O mesmo já está oco do com o SQL padrão para armazenamento, leitura, rrendo na área de Geotecnologias onde vários sistemas análise e atualização de “feições simples” (dados geo - podem atender uma determinada demanda do usuário. grácos) através de uma API (ODBC). O OGC dene Com vários caminhos possíveis, ca a dúvida sobre uma “feição simples” como uma composição de atri - como escolher a melhor solução para uma determinada butos espaciais e metadados. Estas feições são basea- situação. das em geometrias 2D com interpolação linear entre os Neste contexto de identicar um “norte” vértices. O PostGIS é o módulo do PostgreSQL (SGBD que possa conduzir a implantação de uma solução de de código aberto) que implementa essa especicação e Geoprocessamento livre dentro de uma instituição, estende as geometrias para 04 (quatro) dimensões com serão apresentadas algumas das principais soluções li inúmeras funcionalidades adicionais. O documento vres para o segmento de GEO com um resumo das ca 99-049 do OGC dene os detalhes dessa interface que racterísticas técnicas e experiências pessoais que pos deve conter, entre outras coisas, análises topológicas. sam ser úteis para os demais usuários.
2.3.2 WFS (Web Feature Service): Esta especicação apresenta uma forma de acesso (inserção, atualização, exclusão e análise) à feição através do ambiente WEB (HTTP). As operações entre clientes e servidores são baseadas no for mato GML. Observe que, assim como a SFS, a WFS trabalha com dados vetoriais.
2.3.3 WMS (Web Map Service): Esta especicação dene 04 (quatro) proto colos (GetCapabilities, GetMap, GetFeatureInfo e DescribeLayer ) que permitem a leitura de múltiplas camadas de informações (layers) georeferenciadas, contendo vetores e/ou imagens). Essa conexão permi te somente consulta de dados, sendo todo o processo de renderização do mapa feito no servidor. Com isso, o cliente recebe uma imagem que corresponde a uma visualização do mapa, de acordo com as camadas (ve toriais ou matriciais) solicitadas.
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3. CONCLUSÃO É de grande importância, para o planejamento da ocupação da superfície terrestre, que informações georeferenciadas possam ser organizadas em Sistemas de Informações Geográcas (SIG). Nestes sistemas, dados alfanuméricos e geométricos são organizados e são oferecidas ferramentas para consultas, atualização, visualização e processamento, constituindo uma ferra menta poderosa para auxiliar nas tomadas de decisão. É grande e diversa a quantidade de informações que podem ser extraídas destes sistemas. Existem vários softwares que auxiliam na realização das tarefas de SIG. Hoje em dia, os softwares mais consagrados mundialmente, em empresas, em universidades e em órgãos públicos, são patenteados e comercializados. Neste caso, os diversos pacotes de programas, em arquivos binários, resultantes da compilação do código fonte, são comercializados para siste mas operacionais especícos. Porém, há também para este m algumas alternativas interessantes em software livre, que são desenvolvidas por diversos grupos em todo o mundo. Os softwares livres também são expressivos na sua capacidade de desenvolver tarefas de SIG
e na área de geoprocessamento estão ganhando cada vez mais espaços em rmas e na administração pública, pois são capazes de substituir, na maioria dos casos, o uso de softwares comerciais. O uso de softwares livres oferece a vantagem de não haver custos nanceiros por compra de soft ware. Isto pode ser vantajoso em certas situações, por exemplo quando um grande número de cópias deve ser instalado, em várias estações de trabalho. Além disso, o software livre pode oferecer a vantagem de suprir atualizações de software mais facilmente, perante a rápida evolução do hardware. Contudo, no que se refere à mão de obra para instalação, treinamento, e manutenção, é atualmente mais difícil encontrar prossionais quali cados em softwares livres do que em softwares patenteados. No desenvolvimento de softwares especícos para SIG, sejam livres ou proprietários, podem ser per cebidas duas correntes claras, também relacionadas à licença para uso. Por um lado, se coloca o desenvol vimento de sistemas completos e complexos, que são capazes de realizar quase todas as funções envolvidas, oferecendo interfaces grácas amigáveis para os usuá rios. Esse é o caso dos softwares proprietários. No software livre, o desenvolvimento ocorre de forma diferen te. A iniciativa é normalmente nanciada por fundos de pesquisa e desenvolvimento, tanto em empresas como em universidades e órgãos públicos, em todo o mundo. Além disso, há também os entusiastas programadores, que contribuem também de maneira decisiva. O desenvolvimento ca assim mais pulverizado, sendo criados softwares normalmente de menor porte, voltados para necessidades mais especícas. Em âmbito da Diretoria do Serviço Geográco (DSG), já existe focos de utilização de softwares livres para geotecnologias, no entanto ainda há muito a se aprender e pesquisar para utilização de tais softwares. Há necessidade de incentivo de grupos de trabalho para desenvolvimento de aplicativos especícos para que possam ser utilizados nas atividades m da Diretoria do Serviço Geográco.
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PRÁTICA DE GESTÃO DE INFORMAÇÕES NO CIGEX Tenente-Coronel Clóvis Eduardo Godoy Ilha
Resumo: Este artigo mostra um método prático de gestão de informações, atualmente utilizado no CIGEx. Esse método baseia-se no conceito de que dados e informações agrupam-se em diferentes assuntos, que se relacionam com diversos elementos, tais como as fontes de dados e informações, providências adotadas, conformações e mesmo outros assuntos. Cada demanda deve gerar uma resposta que realimenta o processo. A aplicação do méto do permite ao Chefe do CIGEx obter diversos indicadores de desempenho da OM, úteis para a progressão rumo à excelência gerencial. Palavras Chave: informações, conhecimento, indicadores, gestão, excelência gerencial. 1. INTRODUÇÃO O Centro de imagens e Informações Geográ cas do Exército (CIGEx) é uma Organização Militar (OM) que atua na produção de dados geográcos e no desenvolvimento de sistemas informatizados para sua manipulação. A natureza dessas atividades indica a im portância da gestão de informações para o CIGEx. Esse assunto requer a conceituação dos termos “dado”, “informação” e “conhecimento. O dado é uma observação, que pode ser facilmente estruturada e mui tas vezes quanticada. Um simples dado não conduz à compreensão de um fato ou situação. Obtém-se a informação pela organização e processamento dos dados. A informação é o dado ela borado pela mente humana, fruto da análise. Por m, o conhecimento é a informação reetida e contextualiza da (Davenport, 2000). Para Silva et al. (2002) “a informação é o dado com signicado, faz sentido e é compreendido por al guém; e conhecimento são as novas idéias criadas pelo indivíduo a partir do conjunto de informações, base para a ação. O acúmulo de dados não signica infor mação, e o acúmulo de informação não representa conhecimento. Cada qual tem a sua distinção e seu papel no ciclo.” A eciência dos processos decisórios depen dem da sua facilidade em acessar as informações ne cessárias para a construção do conhecimento que será o pilar da tomada da decisão. As decisões fazem parte da vida das organizações. No Exército, em particular, decidir é parte fundamental da ação de comando. O comandante deve analisar as informações disponíveis, reetir sobre as conseqüências de sua conduta e decidir.
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Gerenciar informação é um processo, ou seja, compreende diversas atividades e procedimentos, mon tados numa estrutura destinada a facilitar o acesso às informações e fundamentada no ordenamento dos ar quivos que contêm as informações. O objetivo da classicação de um arquivo é ressaltar as ligações entre os documentos, facilitando sua identicação e de suas articulações. O ordenamento dos arquivos procura agilizar a localização dos documentos e permitir sua consulta de modo eciente. (Gonçalves, 1998). A classicação de documentos por assunto é o modo mais utilizado pelas organizações e deve aten der às suas necessidades, características e prioridades (Roncaglio et al.,2004). Há vinte anos atrás, o processamento da informação utilizava-se de livros de protocolo, chários e anotações. Nessas duas últimas décadas, a evolução dos meios de tecnologia da informação conduziu ao aperfeiçoamento dos métodos de armazenamento e registro de dados, permitindo um acesso muito mais eciente da informação. Ainda que os atuais computadores expandam a capacidade das organizações em processar suas infor mações, eles não substituem a tarefa da análise, elabo ração e interpretação que conduzem à decisão. Cabe ao homem executar esse trabalho, pois é ele, anal, quem gera e quem utiliza o conhecimento.
2. OBJETIVO Este artigo tem por objetivo apresentar a prá tica de gestão de informações implantado no CIGEx, a partir de um método desenvolvido inicialmente para a scalização de produtos controlados.
3. METODOLOGIA Pode-se entender “método” como um con junto de princípios estipulados para a execução de processos, trabalhos ou atividades (Aguiar, 2004). Os princípios propostos neste trabalho para classicar e armazenar dados e informações foram desenvolvidos a partir da experiência pessoal do autor. O método aplicado é o descrito por Ilha (2006), com pequenas adaptações, e foi desenvolvido a partir do conceito de que as informações agrupam-se em diferentes assuntos. A Figura 1 mostra o relacionamento entre os assuntos seus elementos. Nessa gura, as linhas cheias representam as relações que obrigatoriamente ocorrem, que são as de entrada, processamento e saída dos ele mentos. Já as linhas pontilhadas ilustram as inuências entre os elementos e podem, ou não ocorrer no tratamento de um determinado assunto. Fontes de dados e infor mações
Produtos do processamento
ASSUNTO
É necessário, então, determinar o cumprimen to de tarefas, estabelecendo metas e prazos para encon trar as soluções e elaborar os produtos do processamen to. O elemento “Conformações” agrupa as im posições para o cumprimento das tarefas. Inclui as diretrizes, ordens, planejamentos e determinações do escalão superior. Por exemplo, para o estabelecimento das prioridades, sempre são consideradas a missão da organização e sua visão de futuro. Outro exemplo re side nas normas de salvaguardas de assuntos sigilosos que determinam os assuntos e documentos que devem sofrer um procedimento diferenciado no seu armazena mento, classicação e processamento. Há diversos assuntos tratados pela Organização que estão inter-relacionados. Um mesmo docu mento de entrada pode conter demandas sobre vários assuntos diferentes. Por exemplo, uma transferência de militar gera diversas providências inter-relacionadas, como o pagamento das indenizações, obtenção de pas sagens, desligamento, trânsito e apresentação na nova OM. A seguir, será feita uma discussão da aplicação do método proposto para a classicação e arma zenamento de dados e informações.
Conformações Providências, soluções, demandas
Outros assuntos
4. APLICAÇÃO DO MÉTODO
A Figura 2 ilustra a aplicação do método no CIGEx. Os documentos entram na OM e são encaminhados ao protocolista, que os recebe e os implanta num sistema eletrônico de processamento, o SPED. Nesse Figura 1 – O relacionamento entre um assunto e sistema, o documento é reproduzido num arquivo digi seus elementos. tal, que é protocolado e encaminhado tanto para o Che fe (Ch) como para o Subchefe (SCh) da OM. O SCh verica o arquivo digital do documenO “Assunto” exerce o comando e controle dos demais elementos no processamento de dados e infor - to, observa o assunto e dá um primeiro despacho, de mações. terminando providências à seção encarregada do pro As fontes de dados e informações alimentam o cessamento. sistema e compreendem os diversos documentos rece Já o Ch CIGEx registra e classica o documen bidos pela Organização, incluindo, dentre outros, arti - to conforme o assunto tratado. Ele armazena o arquivo gos de revista, notícias, ordens ou mesmo comentários na pasta apropriada, classica o documento, controla verbais, que contenham observações relevantes para a a execução das providências determinadas pelo SCh. sua atividade. Conforme o caso, o Chefe poderá determinar providên Os dados e informações obtidos são regis- cias adicionais no tratamento do assunto. trados, classicados e processados pela Organização. Normalmente, os documentos de entrada contêm demandas e exigem providências.
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001.000.000 – ATIVIDADES MILITARES Protocolista: - Recebimento do documento - Implantação no SPED e encaminhamento ao Ch e SCh CIGEx
001.001.000 – Atividades do CMP
001.001.001 – Reu Cmdo CMP/2009 001.001.002 – Pjt Soldado-Cidadão
SCh CIGEx: Vericação e despacho
Ch CIGEx: Registro Armazenamento Classicação Controle
Figura 2 – Seqüência de ações na entrada de um documento. O Chefe do CIGEx armazena os arquivos em diferentes pastas de arquivos, organizadas conforme as seções que processarão os documentos. Para registrar, classicar e controlar os assuntos, pode-se utilizar um software de banco de dados, disponível comercialmente. Todos os assuntos tratados pela OM são organizados numa estrutura de árvore, que os agrupa de acordo com o seu objeto. A Figura 3 ilustra um segmento dessa árvo re que apresenta três níveis. O primeiro nível referese ao assunto geral. Por exemplo, o nível 001.000.000 refere-se a todas as atividades militares desenvolvidas na OM. Esse nível apresenta várias divisões. Assim, o nível 001.001.000 trata de todos os assuntos relaciona dos a atividades determinadas pelo Comando Militar do Planalto (CMP). O CIGEx, embora seja uma Organização Mi litar Diretamente Subordinada (OMDS) da Diretoria de Serviço Geográco (DSG), tem estreita vinculação com o CMP, de quem recebe orientações e demandas.
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... 001.002.000 – Instruções Militares
... 002.000.000 – ATIVIDADES TÉCNICAS 002.001.000 – Pjt Radiograa da Amazônia
Figura 3 – Segmento de árvore de registros O nível 001.001.002 refere-se ao Projeto Soldado-Cidadão, uma das principais atividades ge renciadas pelo CMP. A Figura 4 apresenta parte do registro implantado nesse assunto. Verica-se que no dia 28/07/09, houve o registro da MDO Nr 1572-E3.3/ CMP, de 23 Jul 09, que tratou de uma reunião do proje to marcada para o dia 05 de agosto. A Figura 5 mostra as informações contidas no registro daquele documento. A primeira delas é o índice, que vincula aquela MDO ao assunto “Projeto Soldado-Cidadão”. O registro contém, ainda, o número da MDO e a data de sua expedição. Trata-se de um documento assinado pelo Chefe do Estado Maior do CMP e dirigido a várias OM, dentre as quais o CIGEx. Na descrição do documento, verica-se: - a data e o número de protocolo no SPED; - o documento de referência; - o local onde o arquivo eletrônico foi arqui vado; - as providências que foram determinadas pelo despacho do Chefe do CIGEx; e - que o documento também foi arquivado no SPED.
Índice Assunto:
001.001.002 Pjt Soldado-Cidadão
Observações Em 29/07/09 - o Boletim Interno Nr 140CIGEx, de 29 Jul 09 (e), publica os militares matriculados na 1ª Fase para os cursos iniciados em 01 Jun 09 Em 28/07/09 - a MDO Nr 1572-E3.3/CMP, de 23 Jul 09 (MDO NR 1528-E3.3/CMP, de 21 Jul 09), Info Reu representantes remarcada para 05 Ago 09, 13h30, no auditório do BPEB. Em 23/07/09 - a MDO NR 1528-E3.3/CMP, de 21 Jul 09 (Ref MDO NR 1487-E3.3/CMP, de 15 Jul 09), Info Reu representantes remarcada para 04 Ago 09, 13h30, no auditório do BPEB.
Figura 4 – registro do Assunto Pjt Soldado-Cidadão O método utilizado também permite o controle das missões determinadas no processamento dos assuntos, como pode ser observado na Figura 6. Trata-se de uma missão classicada no assunto 007.001.010, que trata do Sistema de Informações Organizacionais (SIORG). O CIGEx recebeu o Ofício Nr 299-DT-Circular, de 29 Jun 09, em que o Chefe do 7º Centro de Telemática de Área (7º CTA) solicitou ao Ch CIGEx alguns dados cadastrais. O Ch CIGEx determinou ao Asp Fredson, Chefe da Seção de Informática, que, até 04 de agosto, elaborasse um documento de resposta. Aquele ocial elaborou o documento de resposta em 03 de agosto. A missão foi cumprida um dia antes do prazo nal.
ndice Nr Doc Data
001.001.002 MDO Nr 1572-E3.3/CMP, de 23 Jul 09 23/7/2009
Origem Destino
CHEM CMP Circular - CIGEx
Descrição do documento Em 28/07/09 - SPED ARQUIVADOS Em 28/07/09 - DESPACHOS SPED Comparecer em 05 Ago 09, 13h30, no auditório do BPEB, com os dados solicitados Essa reunião substitui a de 04 ago, que foi cancelada CLOVIS EDUARDO GODOY ILHA 28/07/2009 13:43 ALEX GOIS ORLANDI Não A Resolver ARQUIVO: C:\Documents and Settings\chefe\Meus documentos\Chefe 20092010\CIGEX\Trabalho\Arquivo Morto\Despacho\CCSv_S3\09[1].07.23_MDO_' U'_1572_E3.3_CIRC-CMP_REUNIAO Nº de Protocolo : 2245 Data do Protocolo: 28/07/2009 11:56 Nº do Documento: 1572-E3 REF MDO NR 1528-E3.3/CMP, de 21 Jul 09
Figura 5 – registro da MDO 1572 do CMP Sabe-se que o Comandante de uma OM passa boa parte de seu tempo lidando com assuntos de diver sas naturezas. O método permite quanticar os tipos de assuntos tratados pelo Comando. O Quadro 1 apresenta o percentual dos docu mentos submetidos à Chea do CIGEx, relacionandoos por tipo de assunto tratado. Os resultados foram ob tidos pelo autor, no período de março a julho de 2009, e indicam que o Chefe do CIGEx passou mais de um terço de seu tempo de trabalho lidando com a admi nistração da OM. Tal situação se explica pelo fato de que o Chefe é também o Ordenador de Despesas da Unidade Gestora e o principal responsável pela correta aplicação dos recursos recebidos.
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Índice
007.001.010
Missão
Até 04 Ago - Elab Of Info CTA dados responsáveis informática, telefonia e rádio do CIGEx
Encarrregado Doc Ref Prazo (data)
As Fredson Ofício Nr 299-DT-Circular, de 29 Jun 09 04/08/2009
Situação Em 04 Ago 09 – o Ofício Nr 153-SDT, de 03 Ago 09, Info CTA dados solicitados
Observação Em 28/07/09 - o Ofício Nr 299-DT-Circular, de 29 Jun 09, o CTA Sol dados de militares res ponsáveis Informática, telefonia e rádio Termino (data)
03/08/09
Tempo solução (dias)
-1
Figura 6 – registro de uma missão Por outro lado, foi surpreendente o baixo per centual (17%) dos assuntos relacionados às atividades técnicas da OM. Ou seja, menos de um quinto dos do cumentos recebidos e expedidos pelo CIGEx trataram da sua atividade-m. O mesmo percentual de 17% foi vericado no Arsenal de Guerra General Câmara, onde o método foi empregado pelo autor, em 2007 e 2008. Do mesmo modo, ao relacionar as tarefas atribuídas pelo Chefe do CIGEx com o tipo de as sunto, vericou-se um percentual de 19% referente à atividade-m. Ou seja, de cada cinco missões da OM, apenas uma referiu-se a um assunto de natureza técni ca.
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Tipo de Assunto Pessoal Administração (nanças) Atividades técnicas Outros (instrução militar, sindicâncias, etc.)
Percentual 25% 36% 17% 22%
Quadro 1 – Percentual dos tipo de assunto tratados pela Chea do CIGEx Por m, a aplicação do método tem permitido uma série de possibilidades ao Chefe do CIGEx , tais como: - obter com eciência as informações de to dos os assuntos tratados pela OM; - acessar facilmente quaisquer documentos recebidos ou produzidos; - controlar as missões atribuídas, vericando quais estão pendentes e quanticando o tempo de sua execução; esses parâmetros são empregados como subsídio para a avaliação dos militares da OM; - elaborar indicadores do trabalho da OM, quanticando os documentos e as demandas recebi das e o tempo de resposta a essas solicitações.
5. CONCLUSÃO A rotina no Comando das Organizações Mi litares do Exército envolve o acompanhamento diá rio de dezenas de documentos, que tratam dos mais diferentes assuntos e exigem decisões oportunas e acertadas. Os resultados obtidos indicam que o Chefe do CIGEx passa pouco tempo tratando de assuntos relacionados à atividade m de sua OM. Por outro lado, explica-se a elevada carga de documentos adminis trativos pela necessidade de gerenciar corretamente a aplicação dos recursos recebidos. O Comandante precisa acessar diversas informações para elaborar sua opinião e decidir com oportunidade. Além disso, a ação de comando envol ve necessariamente o controle no cumprimento das missões. O método permite tanto o acesso eciente às informações como o efetivo controle da execução das tarefas atribuídas pela Chea da OM. Por m, o método de gestão de informações atualmente aplicado no CIGEx vem permitindo à Chea da OM a formulação do conhecimento necessário à decisão e à obtenção de diversos indicadores de desempenho, úteis na progressão rumo à excelência gerencial.
6. BIBLIOGRAFIA AGUIAR, P.C.G. Aplicação da metodologia , de análise e solução de problemas na célula lateral de uma linha de produção automotiva. Monograa (Especialização). Taubaté: Uni-versidade de Taubaté, 2004. CALDERON, W.R.; CORNELSEN, J.M.; PAVEZI, N.; LOPES, M.A. O processo de gestão documental e da informação arquivís-tica no ambiente universitário. Brasília: R. Eltr. Bibl. Ci. Inf. , v 33, nº 3, p 97-107, 2004. DAVENPORT, Thomas H. Ecologia da in-formação. São Paulo: Futura, 2000. GONÇALVES, J. Como classicar e ordenar documentos de arquivo. São Paulo: Associa-ção dos Arquivistas Brasileiros Núcleo Regi-onal de São Paulo, 1998. ILHA, C.E.G.. Método de gestão de informa-ções para órgãos de scalização de produtos controlados. Rio de Janeiro: Revista Militar de Ciência e Tecnologia, v. XXIII, n. 3º Q 2006, p. 43-51, 2006. RONCAGLIO, C.; SZVARÇA, D.R.; BO-JANOSKI, S.F. Arquivos, gestão de docu-mentos e informação. Brasília: R. Eltr. Bibl. Ci. Inf. , nº. esp., 2004. SILVA, J.F.; FERREIRA, M.A.T.; BORGES, M.E.N. Análise metodológica dos estudos de necessidades de informação sobre setores industriais brasileiros: pro posições. Brasília: R. Eltr. Bibl. Ci. Inf. , Vol.31, nº 2, p 129-141, 2002.
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PROJETOS DE INICIAÇÃO A PESQUISA IME – 2008 E 2009 Metodologia para Localização Estratégica de Áreas de Interesse Econômico em Ambiente SIG Al CFG Rodrigo de Souza Pereira Al Cv Bruno de Oliveira Silva Al Cv Roberto da Rocha Moreno Fº Cap Marcos de Menezes Rocha ( Orientador ) Esse trabalho aborda conceitos necessários para Com o objetivo de apresentar o trabalho de pes a aplicação do Geomarketing na na localização de áreas de quisa, pode-se dividi-lo em duas etapas. Na primeira interesse econômico. Apresenta, ainda, um metodologia fase da pesquisa é realizado um estudo exploratório a ser seguida para realizar um projeto dessa natureza. A com revisão de literatura para construir um plano para metodologia é baseada na aplicação do Geomarketing a compreensão do projeto de geomarketing . Na segunsegun para resolver o problema de abrir um novo estabeleci - da fase realiza-se a análise de estudo de caso baseado mento em uma localização adequada. Analisa-se, Analisa-se, nesse no artigo “SIG como ferramenta de apoio a gestão em trabalho, um estudo de caso que ilustra a aplicação dos presarial: Caso McDonald´s, apresentado em 2002 no conceitos desenvolvidos no trabalho, visando apresen - Encontro de Sistemas de Informação Geográcas em tar qual procedimento deve ser adotado para imple - Portugal. mentar o projeto.
Determinação da Interseção de Linhas Geodésicas Al CFG Eurico Lourenço Nicácio Jr Al CFG Felipe de Carvalho Diniz Cap Francisco Roberto da R. Gomes ( (Orientador Orientador ) Uma das aproximações para a superfície da TeTe rra utilizada para estudos da mesma é o elipsóide de revolução, assim o cálculo de distâncias entre dois pontos no elipsóide é de extrema importância para a Engenha ria Cartográca. A linha geodésica para cada superfície é uma função unicamente obtida por dois pontos ou um ponto e um azimute, sua principal propriedade é deter minar a menor distância entre dois ponto, sendo tal dis tância medida ao longo de seu arco. Esta pesquisa trata da solução do problema de interseção de linhas geodésicas, que consiste em encontrar as interseções entre linhas geodésicas geradas por dois pontos e dois azimu tes iniciais no elipsóide de revolução, realizando abor abor dagens tanto por métodos computacionais quanto por métodos analíticos. Tal assunto é utilizado, na atuali dade, com diversas nalidades como demarcação terri torial, diversas fronteiras são geradas entre pontos que representam o cruzamento de linhas geodésicas, dis tribuição de royalties sobre a obtenção de petróleo em plataformas no mar e certamente há outras aplicações para o problema. Buscou-se inicialmente realizar uma revisão de conceitos básicos de Geodésia, enfatizando alguns teoremas e corolários necessários ao desenvolvi desenvolvi-mento matemático dos métodos. Em seguida, revisouse os conceitos de problema direto e inverso de coor coor denadas, apresentado o método de Vincenty, utilizado no decorrer do texto para resolver o problema direto e inverso, e, nalmente, avançou-se na implementação 58
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de métodos computacionais para a solução do proble ma. Para a solução computacional, obteve-se sucesso com o uso de dois métodos por busca, um método por transformada discreta de Fourier, um método por ajuste de polinômios e um método recursivo. O primeiro método por busca e o método por transformada de Fourier não se mostraram aplicáveis, o primeiro por nem sempre convergir e o segundo por exigir uma aproximação inicial para resolver um siste ma não- linear, retornando um resultado r esultado não condizente caso tal aproximação não fosse próxima do resultado verdadeiro. O segundo método por busca e o método por ajuste de polinômios foram considerados bons, o primeiro por possuir erro menor que um metro, ainda podendo ser renado, e o segundo s egundo por dar a opção ao usuário de escolher a qualidade dos resultados, poden do obter precisão sub-métrica. O método recursivo foi apenas apresentado. Para o método analítico, realizouse apenas uma discussão sobre possíveis abordagens para o mesmo, ressaltando que um método totalmen totalmen-te analítico ainda não existe. Outro ponto abordado na pesquisa é o modo como um erro em um dado inicial in in-uencia a interseção entre linhas geodésicas, mostran do que uma pequena variação nos dados iniciais pode gerar uma alteração de ordem maior que a variação ini cial na interseção de linhas. Por m, é apresentada uma conclusão, com propostas para trabalhos futuros.
Georreferenciamento de Imagens por Polinômios 1º Ten Carlos Alexandre Silva Braga en Carlos Al CFG Jorge Ricardo M. Kwasinski Fº Cel R/1 Jorge Luis Nunes e Silva Brito (Orientador ( Orientador ) No processamento de imagens digitais a fase conhecida como correção geométrica é aquela na qual a qualidade geométrica da imagem é recuperada atra vés de uma transformação matemática entre o espaço imagem e o espaço objeto visando a construção de um novo sistema de coordenadas (coordenadas Geo) para a imagem transformada. Essa tarefa encontra múltiplas aplicações na vida moderna tratando-se de uma ope ração bastante difundida em Geoprocessamento. Exis tem diversas abordagens matemáticas clássicas para a resolução do problema dentre elas o método polinomial que executa a correspondência entre os espaços por meio de polinômios que se destaca por sua imple mentação mais simples e rápida sendo, portanto a mais popularizada. Porém o conhecimento mais especíco especíco a respeito dos polinômios utilizados bem como os dados estatísticos pormenorizados não são disponibilizados ao usuário por softwares de processamento de imagens digitais como o ENVI, ERDAS, PCI P CI e etc, restringindo a possibilidade de compreensão do processo gerando apenas os valores nais. O objetivo desse trabalho foi o de realizar um estudo de caso que gerasse polinômios de primeiro a terceiro grau (geralmente mais utiliza dos) com a obtenção de parâmetros estatísticos indica dores da qualidade buscando um maior conhecimento
acerca do polinômio mais indicado a ser empregado. Em sua fase inicial estabeleceu-se um georreferen ciamento simulado “carta-imagem digital” num pa pel através das duas vias de aquisição para o formato digital: por câmara digital a 300dpi; e digitalização a 300, 600 e 900dpi. Em seguida foi denido o conjunto amostral de pontos a serem utilizados para o experi mento segundo critérios previamente estabelecidos de escolha. Essas observações foram registradas servindo como insumo para a determinação dos polinômios o que somente foi possível através da implementação de um algoritmo em ambiente MATLAB. Após a adoção desses procedimentos foram geradas as saídas relati vas aos polinômios solução do ajuste de pontos que in cluíam dados relativos aos coecientes, traço da matriz variância-covariância dos parâmetros ajustados, RMS e erro planimétrico (para os pontos de teste), resíduos e etc. Os dados obtidos na etapa anterior passaram por uma análise a m de que se pudesse determinar o po linômio de melhor performance bem como avaliar o comportamento do aumento do número de pontos de controle e do grau para cada caso comparando o efeito do aumento da resolução nas imagens digitalizadas e a diferença de qualidade no georreferenciamento entre as duas formas de aquisição a uma mesma resolução.
Organização de Metadados Geoespaciais 1º Ten Gabriel Henrique Silva Rampini 1º Ten Stefano Sampaio Suraci Cap Ivanildo Barbosa (Orientador) O Brasil encontra-se no processo de elaboração de sua Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais INDE, seguindo assim uma tendência mundial. Com a implantação da INDE, políticas e gestões de diversos órgãos públicos serão alteradas a m de se adequa adequa-rem às novas regras. Uma das mudanças previstas é a padronização dos metadados, denidos como infor infor mações que descrevem os dados, incluindo as carac terísticas de seu levantamento, produção, qualidade e estrutura de armazenamento. Para atingir este objetivo a Comissão Nacional de Cartograa (CONCAR) atra vés de seu Comitê de Estruturação de Metadados Geoespaciais (CEMG) elaborou o perl de Metadados Geoespaciais do Brasil – perl MGB. Esta norma é frufru to de uma imposição do Governo Federal através do Decreto Presidencial nº 6.666 e está baseada na ISO 19115:2003. 1911 5:2003. De acordo acordo com o referido Decreto, meta
dados de informações geoespaciais são um conjunto de informações descritivas sobre os dados, incluindo as características do seu levantamento, levantamento, produção, produção, quaqua lidade e estrutura de armazenamento, essenciais para promover a sua documentação, integração e dispo dispo-nibilização, bem como possibilitar a sua busca e ex ploração. Sendo assim, para a realização da análise do perl MGB é necessário que se entenda a ISO 19115. Ela possui um padrão universal abrangendo mais de 300 300 elementos elementos metadados; metadados; é usada por vários vários paípaí ses na criação dos pers nacionais, como por exemplo, exemplo, Canadá, Espanha, Portugal, Peru e o próprio continente europeu. Após a análise da norma internacional, o foco deste trabalho volta se ao perl MGB. Visando à fase de consulta pública, além da análise, foram feitas críti cas e sugestões ao conjunto de metadados, abordando itens com possíveis irregularidades, itens redundantes 2º QUADRIMESTRE DE 2009
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e em desacordo com as necessidades nacionais, com a nalidade de otimizar o perl MGB, que com o adven
to da INDE será de uso obrigatório à todos os órgãos e entidades do Poder Executivo Federal.
Aplicações com RFID Al Cv Eduardo da Silva Lema Del Rio Prof. Luiz Felipe Ferreira (Orientador) É provável haver novas possibilidades a serem descobertas na interação com alvos distantes que uti lizem o GNSS ou apenas a transmissão de rádio-fre quência. Anal, houve uma sucessão de importantes acontecimentos relacionados a esses segmentos. Citese: a desativação da SA, o lançamento dos primeiros satélites do sistema Galileo e o desenvolvimento dos primeiros satélites da constelação do sistema Beidou/ Compass, a série IIF de satélites do GPS a ser lançada, além do custo e dimensão cada vez menores das an tenas e das tags - etiquetas ou adesivos - RFID. Esses fatos são recentes demais e por isso podem não ter sido plenamente explorados, o que justica trabalhos como esse. Além de se realizar uma breve abordagem das aplicações do GPS e do RFID, foi proposta uma alter-
nativa de posicionamento empregando RFID. Mostrouse que a precisão desse sistema, em condições ideais, seria de 22m. Também se realizou testes preliminares com 2 etiquetas RFID ativas e um leitor, obtendo-se de mais notório uma linearidade entre a indicação da intensidade do sinal recebido pelo leitor e sua distância à etiqueta, para distâncias inferiores a 25m. Isso, se verdadeiro, pode melhorar sensivelmente a precisão do sistema proposto, conforme exposto no m do capítulo 3. Para o funcionamento do sistema proposto é necessário, preliminarmente, uma base cartográca dos postes da região. Dada a escassez desse produto, faz-se uma apresentação de possibilidades de atender esse propósito com técnicas convencionais e propõe-se novos métodos para atingir esse m.
Alternativas de Percepção Cartográcas Al CFG Luiz Felipe Parente Santiago Al CFG Saed Alex Vejdani Perim Al Cv Carlos Eduardo Carvalho Dias Prof Luiz Felipe Ferreira (Orientador) A comunicação é a base do relacionamento hu mano, fazendo-se necessário, então, conhecer métodos e técnicas que possam otimizar o seu desenvolviment desenvolvimento. o. Pode-se utilizá-la de diversas maneiras, tais como: es crita, falada, gestual e visual, sendo esta última o foco de estudo neste trabalho. O Engenheiro Cartógrafo tem como uma de suas principais atribuições a construção de mapas, que, por sua vez, devem transmitir infor infor mações ao usuário de forma clara (sem ambigüidade) e rápida (visto que as pessoas buscam cada vez mais a re dução do tempo de execução das tarefas do cotidiano). O presente estudo tem por objetivo encontrar padrões estruturais pré-denidos para os mapas, de forma a fa cilitar a busca de informações por parte do usuário. A
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idéia para encontrar estes padrões ganhou força a partir do estudo sobre visão computacional, e a proposta é a utilização de um programa, que aplica um ltro à ima gem obtendo sua estrutura básica em níveis de cinza. Para tanto, foi escolhido um algoritmo desenvolvido pelo matemático David Marr Marr (1945-1980). A partir destas estruturas pretende-se elaborar um indicador de complexidade de uma imagem (no caso mapas) relacionando a clareza das informações encontradas e a facilidade de leitura da imagem original (busca de informação sem ambigüidade em tempo mí nimo). Este trabalho propõe-se propõe-se a estudar as as diferenças entre as resoluções de 600 dpi, 300 dpi e 150 dpi de três cartas topográcas e as relações entre estas imagens e suas respectivas imagens homologas ltradas.
PROJETOS DE FINAL DE CURSO IME – 2008 E 2009 Mapeamento Fotogramétrico Digital no Ambiente LPS 1º Ten Gustavo Fluminense Carneiro 1º Ten Marielle Devaux 1º Ten Natália Curado Carneiro Cel R/1 Jorge Luis Nunes e Silva Brito ( Orientador) A proposta do trabalho é gerar uma base de dados geoespaciais a partir do processamento fotogramé trico digital de imagens obtidas por meio de câmara fotográca digital não-métrica de pequeno formato em barcada em um veículo aéreo não-tripulado (VANT). Para isso, inicialmente, foi realizada a prova de concei to da câmara através de imagens da região do muni cípio de Igarassu-PE obtidas pela mesma embarcada em uma aeronave tripulada. Esta fase foi executada en quanto o VANT encontrava-se em testes operacionais. Os resultados foram vericados de acordo com o teste do Padrão de exatidão cartográca do IBGE (PEC). A qualidade planimétrica mínima foi compatível com a
classe “B” para a escala 1:10.000. Para a altimetria foi vericada a possibilidade de se mapear em escalas me nores que 1:100.000. Posteriormente, seguiu-se para os teste na plata forma do VANT na região do CAvEx localizada no município de Taubaté-SP. Com o intuito de testar a câma ra a bordo do VANT, aproveitou-se o teste do sistema de missão e foi feito um plano de vôo com pontos de controle pré-sinalizados no terreno. A média dos erros planimétricos foi de 2,62m com desvio-padrão de 1,74 e dos erros altimétricos de 11,32m com desvio-padrão de 9,73.
Mapeamento dos Processos Cartográcos Referentes aos Produtos Gerados pela Diretoria de Serviço Geográco (DSG) 1º Ten Diogo de Santana Cândido 1º Ten Daniel Máximo Garcia Al Cv Roberto Felipe Fayad Gomes Maj Vagner Braga Nunes Coelho ( Orientador) Neste trabalho foi realizado o mapeamento dos processos dos sete produtos mais usuais gerados pela Diretoria de Serviço Geográco (DSG), órgão respon sável pela cartograa no Exército Brasileiro (EB). Cada um dos produtos tiveram seus processos mapeados uti lizando as seguintes ferramentas de gerenciamento de projetos: “ Program Evaluation and Review Technique” (PERT), “Critical Path Method ” (CPM) e o “Integration Denition for Function Modeling” (IDEF). Por meio da análise dos diagramas de processos e das redes PERT/ CPM gerados, será possível fornecer à DSG subsídios para tomada de decisão referente à otimização dos pro cessos dos seus produtos. Entre os objetivos do projeto encontram-se: Mapear, utilizando a metodologia IDEF “ Integration Denition for Function Modeling ”, os processos dos produtos mais usuais gerados pela Diretoria de Serviço Geográco (DSG); Apresentar os diagramas e as redes PERT/CPM destes produtos cartográcos; Por meio da análise dos diagramas de processos e das redes PERT/CPM gerados, fornecer à DSG subsídios
para tomada de decisão referente à otimização dos processos dos seus produtos. O mapeamento dos processos possibilitará diversos benefícios para a DSG, tais como: melhoria na produção por meio da solução de possíveis problemas identicados na cadeia produtiva, identicação de focos de pesquisa em áreas de conhecimento que apresentem deciências identicadas na rede, melhor controle dos seus produtos, melhor administração no caso de mudanças, aumento da produção devido à melhora de performance e suporte a análise de custos e de tempo. Além disso, a DSG será capaz de denir melhor os seus objetivos, quanticar os riscos, identicar possíveis problemas e, no caso de possuir múltiplos projetos, ter condições de fazer uma priorização de forma embasada, utilizando a análise dos diagramas de PERT/CPM. Os conceitos de gestão de projetos possibilitaram identicar algumas deformidades entre a teoria e a prática exercida através dos diagramas de atividades, rede PERT/CPM e o IDEF dos produtos que foram analisados. Dentre
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estas deformidades podemos citar, a existência de processos distintos com o mesmo nome, a existência de “loopings” nos diagramas e a não concordância com o ciclo PDCA. Na rede PERT/CPM nota-se que alguns processos caram sem o tempo porque deixaram de ser feitos ou ainda não foram feitos pelos integrantes entrevistados da 5ª Divisão de Levantamento. A partir da rede PERT/CPM foram obtidas as durações totais de todos os projetos: MDT – 73 turnos, Ortofoto – 72 turnos, Carta Imagem – 57 turnos, Ortofotocarta – 199 turnos, Área Patrimonial – 47 dias, Carta Topográca – 115 dias e SIG – 39 turnos, sendo cada turno composto por cinco horas e um dia com dois turnos.
A partir da metodologia IDEF foram discriminados os mecanismos dos processos de cada produto, o que auxilia no cálculo do orçamento de cada produto. Foram identicadas também na metodologia IDEF al gumas deciências como a falta de controles em muitos processos, o que pode ser solucionados através da realização de pesquisas futuras. Portanto, na confecção do trabalho foram utilizados dados coletados através da experiência prática do entrevistado, o que não pos sui o mesmo rigor se o mesmo fosse realizado através da análise estatística de dados históricos da produção, sugere-se a concepção de um banco de dados histórico para análises futuras e um maior controle.
CONSTRUÇÃO DE UMA REDE GEODÉSICA SIMULADA 1º Ten Gabriel Dresch Prof Leonardo Castro de Oliveira (Orientador) Um dos objetivos da Geodésia consiste no esta belecimento de redes geodésicas. Elas são constituídas por um conjunto de estações materializadas no terreno, sendo que as coordenadas destas estações são obtidas após o processamento do conjunto de observações co letadas entre estas as mesmas. Dentre os sistemas com putacionais existentes empregados para o ajustamento de redes geodésicas, o que é empregado no trabalho é o GHOST (Geodetic adjustment using Helmert blocking Of Space and Terrestrial data ). O sistema GHOST é disponibilizado para algumas instituições pelo Depar tamento de Minas, Energia e Recursos do Canadá. O IBGE e o IME são exemplos de instituições que em pregam este sistema: o IBGE empregou o GHOST no reajustamento da Rede Geodésica Brasileira; já o IME o emprega para ns didáticos e de pesquisa. O GHOST é constituído por um conjunto de programas que execu tam o ajustamento através do método dos mínimos qua drados empregando a técnica de Helmert Blocking para realizar a subdivisão da rede em blocos. Com o sistema GHOST é possível ajustar simultaneamente as coorde nadas planimétricas e altimétricas, tendo em vista que o mesmo adota o modelo matemático da Geodésia 3D. O caminho natural da construção de redes geodésicas, numa visão macro, consiste em realizar as observações e processá-las em um sistema computacional agre gando as informações complementares e de controle, obtendo assim as coordenadas da rede geodésica. Já a simulação de uma rede geodésica e de seu conjunto de observações se dá através do processo inverso, ou seja,
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dadas às coordenadas matemáticas, obtém-se o con junto de dados que contém as informações relativas à rede (observações, informações relativas ao geóide e de controle). Neste trabalho, uma rede geodésica é construída empregando a modelagem geodésica 3D. Nesta rede são agregados insumos que são empregados para dar um caráter real à rede. As altitudes da rede são obtidas através dos dados SRTM; a ondulação geoidal e componentes do desvio da vertical são obtidas atra vés do programa GRAVT_GM, da Escola de Geóide, o qual calcula os dados empregando o modelo geoidal EGM 2008. O conjunto de observações gerados através das equações da Geodésia 3D e do emprego dos insumos foram processados no sistema GHOST. A rede simulada foi validada, tendo em vista que as coordenadas ajustadas coincidiram com as coordenadas prelimi nares. Além da rede simulada, desenvolveu-se neste trabalho uma série de programas de computador que constituem uma ferramenta útil na criação de diferen tes cenários de pesquisa. Outro resultado obtido foi o domínio do emprego da técnica Helmert Blocking do sistema GHOST. Por m, foram criados scripts que automatizam a execução das tarefas, tornando mais aces sível a criação de redes simuladas e o emprego da téc nica de Helmert Blocking. O conjunto de dados, scripts e programas desenvolvidos nesse trabalho fornecem subsídios para pesquisas inerentes ao processo de cons trução de redes geodésicas.
Relato da viagem uvial de São Gabriel da Cachoeira - AM para o 1º Pelotão de Fronteiras de Yauaretê – AM.
* Capitão Rogério Ricardo da Silva Alto do Rio Negro: região amazônica domi nada por Terras Indígenas de diversas etnias, rica em fauna e ora, trançada por inúmeros rios caudalosos e presenteada com elevações formadoras das mais lindas paisagens. As comunidades são compostas por índios que ocupam, geralmente, as margens dos rios. Costumam usar a língua tukano além de sua nativa, tornando fácil a comunicação entre as variadas etnias. Vivendo qua se de subsistência, possuem uma alimentação pobre em proteínas e vitaminas, no entanto são dotados de boa resistência. Seus rostos não expressam sofrimento, apenas uma passividade frente às regras deturpadas de civilização que os ensinamos. São receptivos e ajudam sempre que solicitados. Os rios que penetram na região são oriundos de nossos vizinhos colombianos e venezuelanos, pos suindo assim uma temperatura mais amena, compa rados a outras regiões amazônicas. Seus trajetos são bastante sinuosos, tornando as distâncias uviais maiores que pensamos ser. São comumente calmos, porém a região é repleta de cachoeiras e áreas com presença de pedras e diferenças em profundidade, ocasionando a existência de locais de grande perigo para os navegan tes. Dicultando a vida de nossos companheiros indí genas, não há muitos peixes grandes, sendo a prática da pesca desproporcional ao volume d’água da região. A Selva é um verdadeiro tapete verde escuro, vista de cima. Suas árvores parecem se abraçar, unindo-se em uma só forma. Ao entardecer, expelem uma bruma branca, tornando o cenário ainda mais peculiar. Graças a Deus, a diculdade na logística e os perigos naturais, contribuem para manter a selva do local quase que intocável. Os animais são os mais variados possíveis. Aves exuberantes, cantos intrigantes, barulhos indeni dos. Mamíferos, répteis, insetos, etc. Tanta vida presen te na região, raticando a presença de um ser superior, grandioso em sua benevolência e criatividade. Indefesos e cheios de vida, não nos atacam por costume, apenas clamam por continuarem vivos em seu habitat. Quando vistos, permanecem em seu percurso, desde que não incomodados. Parecem que gostam de ser vistos para lembrarem que todos nós nos completa mos neste cenário bucólico. São caçados pelos indíge nas quando preciso, mas ainda há proteção.
Inseridos nesta natureza imensuravelmente bela, estamos trabalhando. Subindo o Rio Negro, saindo de São Gabriel da Cachoeira, após passar por uma grande concen tração de pedras, chegamos à Ilha das Flores. Vista da voadeira, não parece haver muitas ores, apesar de vi sivelmente ter uma boa variedade de árvores frutíferas. Aquele ponto marca a curva do Rio Negro vindo da Venezuela, passando pelo 4° Pelotão Especial de Fron teira, em Cucuí. Da ilha em diante, segue o Rio Uaupés, vindo da Colômbia. Por mais de seis horas de viagem navegamos em direção à fronteira. Ao chegar à comu nidade de Ipanoré, nos deparamos com uma corredeira intransponível, o que obriga a todos a realizar o trans bordo por terra. Força, técnica e irreverência caracterizam a atividade de tirar a embarcação da água, colocar em cima de um caminhão e percorrer perto de 5 km por terra, até a comunidade de Urubucuara, na qual todo o processo se repetirá, em sentido contrário. Após aproximadamente uma hora de boa aventura, estamos em condições de voltar a cortar o Rio Uaupés, por suas águas escuras e misteriosas. As margens são reetidas no rio, formando uma imagem de cair o queixo. O crepúsculo faz qual quer um se emocionar. Sentimo-nos pequenos e sem valor, em face de tanta beleza. A viagem à noite é perigosa e somos obrigados a parar. A escolha da comunidade para dormir é livre. Sabemos que somos bem recebidos em qualquer uma. A cultura nos leva a procurar o “capitão” da aldeia, lí der escolhido por votação para representar as famílias, manter os costumes e garantir a disciplina. Em con versa simples e hospitaleira, nos informa que estamos autorizados a pousar no local, levando-nos à maloca comunitária, utilizada para diversos ns. Confeccionada em estrutura de palha e madei ra, contendo bancos alongados postos nas laterais e teto em cumieira, é nosso hotel naquela noite. Não há luz e algum tipo de conforto, porém a paz que envolve a situação traz uma tranqüilidade no sono indescritível. O tempo é uma incógnita. Nesta região pode chover muito ou não. A variação é impressionante e, para nós que conhecemos pouco, não há previsões.
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De qualquer forma, a noite é linda e serena. Mantendo aceso o sentimento de aventura, existem os animais de hábito noturno. Sabemos que eles podem aparecer a qualquer momento, pois estarão à procura de alimento. Alguns são bastante perigosos, outros não. Entendemos que não somos alvo de sua atenção, já que não nos identicam como caça, porém acidentes podem ocorrer. Sem dúvidas os invasores somos nós e jamais temos a intenção de causar transtornos, no entanto toda cautela é necessária. Valendo-se de experiência e treinamento, mantemos a maloca fechada por portão de madeira, quando existe. Armamos nossa rede, provida de tela e telheiro, bem acima do chão, procurando também to mar medidas que evitem a aproximação de animais e insetos atraídos por odores de comida, sangue ou em busca de locais quentes e úmidos para se instalar. Mesmo fazendo tudo que aprendemos, não é garantido que não haverá surpresas. Já passamos por várias situações, como escu tar ou ver onças, sermos acordados por uma manada agressiva de porcos do mato passando abaixo de nossas redes, escutar barulhos ensurdecedores de diversas es pécies, etc. São inúmeras estórias boas de ouvir. Passada a noite, o Sol surge dentre as mar gens, causando a mais bela das alvoradas. Os índios acordam junto com ele, mas não fazem muito barulho. Enquanto que as ocas exalam a fumaça característi ca da confecção do café da manhã, alguns indígenas deslocam-se para a margem do rio, a m de tomarem banho, nus e sem pudor. Neste momento, estamos nos alimentando, recolhendo os equipamentos, fazendo a higiene pessoal e preparando-se para a nova etapa da viagem. Ao embarcar na voadeira, nos despedimos dos indígenas e seguimos em frente. Para nós signicam momentos de sacrifício, mas para eles não é nada demais. Na segunda fase, ainda no Rio Uaupés, estamos a aproximadamente quatro horas do 1° Pelotão Es pecial de Fronteira, em Yauaretê. Agora temos o Sol a nos acompanhar, cada vez mais inclinado em relação à margem, surgindo no meio das árvores, esquentando nosso corpo e secando nosso equipamento.
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A paisagem é extraordinária. Não há como não sorrir e deixar de agradecer a Deus pela oportunidade de estar ali; exatamente ali. No percurso é quase que impossível não passar por uma chuva. Não aquelas que existem nas outras regiões do país, mas a chuva amazônica. O volume e a força da água que cai é absurdamente assustador. Não há como escapar, mesmo que tentemos nos proteger, ca tudo molhado. O vento da voadeira deslocando-se faz com que venhamos a sentir um intenso frio, fazendo o corpo tremer e os dentes baterem. Mesmo assim, nos olhamos e rimos da si tuação, pois não há como lutar contra uma força tão superior. Procuramos nos manter tranqüilos, atentos e descontraídos, até que passamos pela chuva e alcance mos um local onde o Sol continua a imperar. O caminho possui regiões com grande quan tidade de pedras, sendo necessária boa habilidade do piloto. As horas passam mais rápido nesta etapa e logo avistamos a fronteira com a Colômbia, onde o Pe lotão está instalado à margem esquerda, no sentido do rio. O sentimento ao chegar é prazeroso, pois cum primos mais uma missão e estamos a salvo. Deus nos concedeu mais uma graça! Retiramos nossos materiais e somos recebidos por nossos companheiros de farda. Ao subirmos a encosta, podemos ver de perto o outro país. Não diferente, a vista é linda. É uma das pontas terrestres do nosso solo pátrio. Iremos descansar um pouco e dar início ao nosso trabalho de mapear a Amazônia. Somos sim privilegiados! Nessa imensidão de beleza e superioridade, estamos juntos cumprindo nossa missão. A selva nos une! A Amazônia nos pertence!
VISITA DE OFICIAL DE NAÇÃO AMIGA (COL) AO CENTRO DE IMAGENS E INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS DO EXÉRCITO DANIEL LUÍS ANDRADE E SILVA Centro de Imagens e Informações Geográcas do Exército (CIGEX)
Estrada Parque do Contorno - DF 001 - Km 4,5 - Setor Habitacional Taquari – Cep 71559-901 - Brasilia, DF - Brasil
1.PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE A VISITA Acompanhamento de algumas das etapas da produção cartográca durante visitas às instalações da SubDivisão Técnica (seções de Validação, Imagem, Levantamento e Vetorização). Durante essa atividade a visitante pôde interagir com integrantes das referidas seções com o intuito de vericar os dados, metodolo gias e softwares utilizados na linha de produção do CIGEX. Palestra ministrada pelo Ocial responsável pela visita sobre as missões e as atividades desenvol vidas pela Diretoria de Serviço Geográco, pelo Cen tro de Imagens e Informações Geográcas do Exército e sobre o Mapeamento Sistemático Nacional (escalas 1:25.000, 1:50.000, 1:100.000 e 1:250.000). Essa pa lestra teve por nalidade contextualizar o CIGEX no estado da arte da Cartograa brasileira.
Palestra ministrada pelo Ocial gerente do projeto Radiograa da Amazônia (mapeamento usando imagens SAR – bandas X e P) sobre algumas das metodologias a serem testadas e empregadas. Essa palestra contou com a presença do Diretor de Serviço Geográ co, Gen Ronalt, e do seu auxiliar para assuntos técnicos e acadêmicos, Maj Correia. O referido projeto constitui uma das recentes atribuições da DSG e por conseqüên cia do CIGEX.
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2. CONCLUSÕES A visita da Sub Ten Cruz promoveu um intercâmbio de informações relacionadas ao estado da arte em Cartograa/Mapeamento Sistemático dos dois paí ses. Além de algumas diferenças de metodologias e tec nologias empregadas na produção cartográca, caram agrantes também as diferentes aplicações, demandas e necessidades cartográcas dos dois países. Em virtu de de uma extensão territorial signicativamente maior do que a apresentada pela República colombiana, a de manda cartográca brasileira exige maiores quantida des de folhas de cartas em todas as escalas, ao passo Palestra sobre o sistema de informações geo - que a Cartograa nacional colombiana visa em gran grácas utilizado no Centro de Inteligência Militar do de parte o apoio à Inteligência Militar, haja vista que Exército Colombiano (CIME) ministrada pela visitante esse país apresenta constantes conitos sócio-militares para os ociais da SubDivisão Técnica. Nessa pales- (guerras, rebeliões, forças revolucionárias). tra foram mostradas e explicadas as divisões do SIG CIME: Cartograa, Imagens (Sensoriamento Remoto) e Meteorologia. Durante a palestra foi ressaltada a im portância da Cartograa e do Sensoriamento Remoto para o Serviço de Inteligência Militar na Colômbia, em virtude de constantes conitos sócio-militares noticia dos nesse país. Foi mostrado ainda o projeto de criação do Satélite Colombiano de Observação da Terra, que objetiva também um monitoramento meteorológico.
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Diretoria de Serviço Geográco Setor Militar Urbano, Bloco F, 2º Andar +55(61)3415-5169 68
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