Gabriela Isaias – A A Sociedade do Espetáculo. DÉBORD, Guy. "A Sociedade do Espetáculo", Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p. 130-138. No sétimo capítulo da obra
A Sociedade do Espetáculo ”, nomeado
“
A
“
ordenação do território ”, Débord (2000) explica como se deu a formação dos espaços urbanos e interiores sob a produção capitalista, o processo de homogeneização e e unificação dos lugares globalizados e ainda busca conceber o que chama de pseudocoletividade pseudocoletividade”.
“
Inicialmente, o autor apresenta a unificação espacial capitalista como um processo extensivo e intensivo de banalização. Para Débord (2000), ( 2000), “a acumulação de mercadorias produzidas em série para o espaço abstrato do mercado [...] dissolveu a autonomia e a qualidade dos lugares ” (DÉBORD, 2000, p. 130). Dessa forma, além da definição do processo de homegeneização descrito, é preciso entender também qual conjuntura corrobora para a monotonia imóvel dos espaços. Também são apresentadas, na fase inicial do capítulo, uma série de afirmações que sustentam a tese do escritor francês de que, enquanto as distâncias geográficas são cada vez mais reduzidas, o distanciamento entre os indivíduos aumenta, formando uma separação espetacular ”. Débord (2000) explica que a assimilação do sistema capitalista
“
de produção acaba apoderando-se de indivíduos isolados em conjunto, gerando uma espécie de “ pseudocoletividade”, como em fábricas, casas de cultura e até mesmo colônias de férias. É nesse contexto que as imagens e símbolos são inseridos adquirindo pleno poderio sobre a sociedade. sociedade. “Com os meios de massa a grande distância, o isolamento da população torna-se um meio de controle bastante eficaz ” (MUMFORD apud DÉBORD, DÉBORD, 2000, p. 132).
Já em um segundo momento, o autor argumenta sobre como o processo de urbanização dos espaços atende à demanda de separação da economia do capital. Débord (2000) demonstra que a decisão autoritária de ordenação dos territórios encontra-se como condição das construções modernas visto que essa é a primeira vez em que a arquitetura encontra-se diretamente destinada aos pobres (DÉBORD, 2000, p. 133). Tendo isso em vista, o autor apresenta a questão autofágica nos centros urbanos. Para Débord (2000), os imperativos do consumo estão presentes até mesmo na disposição de espaços em supermercados, que são cercados em grande parte das vezes
por estacionamentos. “Mas a organização técnica do consumo não é outra coisa senão o arquétipo da dissolução geral que conduziu a sociedade a consumir-se a si própria ” (DÉBORD, 2000, p. 134). Nos estudos de “autofagia” que constituem o capítulo a partir da tese de número 174, Débord (2000) explica como a dissolução de barreiras entre campo e cidade colaboram para um “desmoronamento simultâneo ” que consiste em uma “autofagia recíproca”. É essa mistura eclética, por sua vez, que torna as cidades centros de concentração do poderio social e antros de consciência de um passado recente. Ao mencionar uma ideologia alemã, o autor afirma: O urbanismo que destrói as cidades, reconstrói um pseudocampo, no qual estão perdidas tanto as relações naturais do antigo campo como as relações sociais diretas da cidade histórica, diretamente postas em questão [...] As forças da ausência histórica começam a compor a sua própria e exclusiva paisagem (DÉBORD, 2000, p. 136-137).
Débord (2000) conclui apresentando, segundo ele mesmo, a
ideia mais
“
revolucionária do urbanismo: a reconstrução integral de territórios de acordo com as necessidades reivindicadas através do diálogo entre povo e autoridades. “E o poder dos
Conselhos não pode ser efeti vo senão transformando a totalidade das condições existentes
”
(DÉBORD, 2000, p. 138).