f\ • *
Learnlng
Valdemar Augusto Angerami - Gamon (org.) Fernanda Alves Rodrigues Trucharte Rosa Berger Knijnik Ricardo Werner Sebastiani
PSICOLOGIA HOSPITALAR Teoria e Prática Kdo revistb e ampliada
Psicologia Hospitalar Teoria e Prática 2- edição revista e ampliada
^•Idemar Augusto Angerami - Camon (organizador)
Fernanda Alves Rodrigues Trucharte
SILVA FREIRE A r v e P - S <23\2
Rosa Berger Knijnik
Biblioteca Silva Freire - UNTVAG
Ricardo Werner Sebastiani
J 130885
20// .
I
Dados
I n t e r n a c i o n a i s de Catalogação n a Publicação ( C I P ) (Câmara
Trucharte,
Brasileira
Fernanda Alves
Psicologia
do
Livro,
SP,
Brasil)
Rodrigues
hospitalar
: teoria
e prática
/ Fernanda
Alves
R o d r i g u e s T r u c h a r t e , Rosa B e r g e r K n i j n i k , R i c a r d o Werner S e b a s t i a n i ; V a l d e m a r A u g u s t o A n g e r a m i — Camon vista
e a m p l i a d a — São P a u l o
(organizador)
. — 2. e d .
re-
: Cengage L e a r n i n g , 2010.
Bibliografia. ISBN 978-85-221-0794-0 1. D o e n t e s cos
- Psicologia
3. P a c i e n t e s
Berger.
2. H o s p i t a i s
hospitalizados
I I . Sebastiani,
- Aspectos
- Psicologia
psicológi-
I . Knijnik,
Rosa
R i c a r d o W e r n e r . I I I . A n g e r a m i — Camon,
V a l d e m a r A u g u s t o . I V . Título. 09-09842
CDD-362.11019
índices
para
1. H o s p i t a i s
catálogo : Psicologia
sistemático: 362.11019
CENGAGE Learning" Austrália • Brasil • Japão • C o
t e i a
. México • Cingapura • Espanha • Reino Unido • Estados Unidos"
•% C E N G A G E Learning" Psicologia Hospitalar - Teoria e Prática - 2- edição revista e ampliada Valdemar Augusto Angerami - Camon (org.) Fernanda Alves Rodrigues Trucharte Rosa Berger Knijnik Ricardo Werner Sebastiani
Gerente Editorial: Patrícia La Rosa Editoras de Desenvolvimento: Ligia Cosmo Cantarelli Gisele Gonçalves Bueno Quirino de Souza Supervisora de Produção Editorial: Fabiana Alencar
© 2010 Cengage Learning Edições Ltda.
Para informações sobre nossos produtos, entre em contato pelo telefone 08001119 39 Para permissão de uso de material desta obra, envie seu pedido para
[email protected] Valdemar Augusto Angerami — C a m o n
Albuquerque Produtora Editorial: Monalisa Neves
Os Autores
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102,104,106 e 107 da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Psicoterapeuta existencial, professor de p ó s - g r a d u a ç ã o em Psicologia da S a ú d e na l ' l ' ( ! SP, © 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.
cx-professor de psicoterapia fenomenológico-existencial na P U C - M G , coordenador do Centro
Revisão: Alexandra Costa Fernanda Batista dos Santos
ISBN-13: 978-85-221-0794-0
de Psicoterapia Existencial e professor de psicologia da s a ú d e da Universidade l v d n . i l dn
ISBN-10: 85-221-0794-7
Rio Grande do N o r t e ( U F R N ) . A u t o r c o m o maior n ú m e r o de livros sobre Psicologia pu
Diagramação: Ponto & Linha
Cengage Learning
Copidesque: Adriane Peçanha
Capa: Eduardo Bertolini
Condomínio E-Business Park Rua Werner Siemens, 111 - Prédio 20 - Espaço 04 Lapa de Baixo - CEP 05069-900 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3665-9900 - Fax: (11) 3665-9901 SAC: 0800 1119 39 Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br
blicados no Brasil. Suas obras t a m b é m s ã o adotadas em universidades de Portugal, Méxii 11 c Canadá.
Fernanda Alves Rodrigues Trucharte Psicóloga C l í n i c a . E s p e c i a l i z a ç ã o em Psicologia Hospitalar pelo Instituto Sedes Sapientiae
Rosa Berger Knijnik P s i c ó l o g a C l í n i c a . Psicopedagoga. E s p e c i a l i z a ç ã o em Psicologia H o s p i t a l a r pelo I n s i i i u i o Sedes Sapientiae. Ricardo Werner Sebastiani Ex-coordenador do Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital e Maternidade Paii-americano. Coordenador do N ê m e t o n - Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde, Professor universitário.
Impresso no Brasil Printed in Brazil 2 3 4 5 67 8 14 13 12 11 10
Caminho... os corredores são sombrios, frios... sem vida, sem cor, sem calor... os corredores são longos, estreitados com a dor... são longos mas não o suficiente para acolher a todos os pacientes... os gemidos são ensurdecedores, amedrontadores como o silvo da serpente... são gemidos de desespero, de dor, de sofrimento. É o uivo dos umbrais... Lá de fora ecoam sirenes de ambulâncias, de viaturas policiais... sirenes de desespero, sirenes de esperança, sirenes apressadas, angustiadas. Lá de fora brotam cores de harmonia, de luz, de amor... cores trazidas pela esperança nesse momento de dor. A saúde também agoniza junto com o paciente, exaurida... as necessidades do paciente não podem ser supridas... faltam condições mínimas de atendimento, de unguento... faltam médicos, profissionais burocráticos, enfermeiros... falta tudo; e na falta de todos padece o doente. A doença no Brasil é vexatória... a doença torna-se constrangedora, predatória... a doença faz do paciente uma vítima; vítima da falta de condições do sistema de saúde. Observo... vejo a saúde padecendo juntamente com um amontoado enorme de doentes... assisto à s a ú d e enraizando-se como um privilégio de poucos... vejo a luz da esperança carreada apenas pelas cores da utopia... a saúde não existe... existe apenas uma maneira paliativa de assistência para alguns poucos doentes em seu desatino... O lixo hospitalar mistura-se aos escombros da dignidade humana... Saúde é dejeto que não pode ser reciclável. Saúde é bem precioso apenas nas empresas hospitalares. Quando proporcionam lucros. Grandes lucros... A mercantilização da saúde exclui aqueles que já foram anteriormente excluídos. Exclui aqueles que já perderam a dignidade por um nada no mundo. Lamento... observo o ritual lento e aterrorizante de todos os envolvidos na saúde... um ritual macabro feito de desalento e que piora a cada momento... E observo a tentativa ténue de transformação dessa realidade por um punhado de idealizadores... Espectadores dessa vergonha intitulada sistema de s a u e... vergonha nacional tida como prioritária em qualquer planejamento social... A realidade, a triste realidade, é o escarro da podridão social na dor do doente. A vergonhosa situação dessa realidade é a constatação odienta de que não existe nenhum sistema de saúde no Brasil... " A c o r d e s de um Réquiem VALDEMAR AUGUSTO ANGERAMI - CAMO
Para Mathilde Neder Paixão, sonho e e s p e r a n ç a . . . nas alamedas da vida, vida regato l í m p i d o da Psicologia Hospitalar Para Karlinha, Uma nova guerreira das lides hospitalares a preservar a luta pela dignidade do paciente...
Sumário
Apresentação
XI
1 O Psicólogo no Hospital Valdemar Augusto
Angerami
1 -
Camon
Introdução
1
A Despersonalização do Paciente
2
Psicoterapia e Psicologia Hospitalar
4
O Setting
Terapêutico
5
A R e a l i d a d e Institucional
7
A Psicologia H o s p i t a l a r - O b j e t i v o s e Parâmetros
10
C o n s i d e r a ç õ e s Finais
14
2 De Como o Saber Também é Amor Valdemar Augusto
Angerami
-
15
Camon
Introdução
15
Doces Reminiscências
16
Outros Tempos
18
3 Atendimento Psicológico no Centro de Terapia Intensiva Ricardo
Werner
21
Sebastiani
Introdução
21
Desmistificando o CTI
21
Objetivos G e r a i s d o A c o m p a n h a m e n t o Psicológico no CTI
24
Fatores Pessoais Decorrentes da Intervenção Cirúrgica c o m o Possíveis G e r a d o r e s d e C o m p l i c a ç õ e s na E v o l u ç ã o d o P ó s - O p e r a t ó r i o
27
MC
11.,--I >lt.11.,I
Atendimento ao Paciente e m Pós-Operatório Imediato
28
Reação à Cirurgia: Letargia e Apatia
30
Agressividade nos Pacientes Cirúrgicos
32
Depressões no Paciente Pós-Cirúrgico
34
Depressões no Hospital Geral
36
Reações de Perda no Paciente Pós-Cirúrgico
39
Atendimento Psicológico ao Paciente N ã o Cirúrgico
41
Apresentação
Fatores Ambientais c o m o Causadores ou Agravantes d o Quadro Psico-Orgânico d o Paciente
42
Fatores Orgânicos c o m o Reflexos Decorrentes d o Período d e Internação
.
42
O Paciente Ansioso
44
O Paciente Agressivo
47
O Paciente c o m Agressividade Latente
48
Pacientes Suicidas no CTI
50
O Paciente com Alterações do Pensamento e Senso-Percepção:
D
ez anos nos separam da nossa p r i m e i r a p u b l i c a ç ã o e m forma de l i v r o . Dez anos da p r i m e i r a p u b l i c a ç ã o de Psicologia Hospitalar. As c ã s dos nossos cabelos e s t ã o a mos-
53
t r a r que, apesar de todas as dificuldades encontradas ao longo dessa j o r n a d a , m u i t o foi
Distúrbios Psicopatológicos e d e C o m p o r t a m e n t o no CTI
55
conquistado, m u i t o foi a l c a n ç a d o .
O Paciente e m C o m a no CTI
60
A Psicologia Hospitalar nesse p e r í o d o deixou de ser u m sonho, u m a aventura de u m
Referências Bibliográficas
63
punhado de pessoas que acreditavam em u m a performance profissional, ao mesmo tempo
Roteiro C o m p l e m e n t a r d e Estudos
64
em que sonhavam c o m outra concretitude, algo muito a l é m do p r ó p r i o sonho. Talvez ainda
I Estudos Psicológicos do Puerpério
65
sejamos sonhadores. M a s em n ú m e r o m u i t o maior.
Introdução
65
consegue tocar. Sempre é prazeroso saber que fazemos parte dos processos de t r a n s f o r m a ç ã o
Objetivos
66
social e o simples fato de estarmos e m busca de u m novo a m a n h ã na Psicologia H o s p i t a l a r
Metodologia
66
é alento de novas buscas e esforços.
Fundamentação Teórica
66
É praticamente impossível a r r o l a r o n ú m e r o de q u i l ó m e t r o s percorridos na d i v u l g a ç ã o
C a s o s Ilustrativos
72
da Psicologia Hospitalar. U m s e m - n ú m e r o de horas de espera e m s a g u õ e s de aeroportos,
Conclusão
89
em antessalas de c o n f e r ê n c i a e e m noites e pernoites distantes do p r ó p r i o canto. Q u a n t o s
Referências Bibliográficas
90
amigos fizemos ao longo desses percursos é outra q u e s t ã o que j a m a i s poderemos detalhar.
Considerações Gerais
Fernanda
Alves Rodrigues
Trucharte e Rosa Berger
Knijnik
Pacientes Terminais: Um Breve Esboço Valdemar Augusto
Angerami
-
91
Camon
Introdução
91
A Problemática Social d o Paciente Terminal
92
Alguns Dados Relacionados c o m a Vivência d o Paciente Terminal
99
Referências Bibliográficas
106
Os sonhos de e n t ã o tornaram-se realidade ou simples a b s t r a ç õ e s que o i n d e l é v e l n ã o
Q u a n t o aprendemos c o m todos esses amigos é nuance que nunca poderemos atingir. E a t é mesmo o enriquecimento da nossa p r ó p r i a v i d a a p a r t i r dessas e x p e r i ê n c i a s é p r i v i légio que n e m todas as elegias c c â n t i c o s de agradecimentos p o d e r ã o r e t r i b u i r . Tantos acontecimentos t ã o significativos ficaram na m e m ó r i a que a simples ideia de tentar desc r e v ê - l o s é tarefa i n c o n c e b í v e l . U m a d é c a d a é u m a v i d a . V i d a v i v i d a e m intenso frenesi de e m o ç ã o e p a i x ã o . D e tantas coisas faladas, efetuadas e apreendidas no farfalhar das nossas t r a j e t ó r i a s .
r-.M ni(ji|i,i 11• >'.|>11.11.<>
0 Psicólogo
A s s u m i r que <> verdadeiro aprendizado li>i aquele realizado com <> paciente em seu leito hospitalar é talvez a nossa maior conquista. N à o estamos desprezando o aprendizado a c a d é m i c o , tampouco as tantas horas de r e l l e x à o e leitura, apenas queremos enfatizar que
no Hospital
se existe algo para ser propagado, é o lato de que aprendemos apreendendo a a n g ú s t i a , a dor e tantas outras coisas e sentimentos de nosso paciente. Ksse paciente que nos ensina sobre a força de enfrentamento da dor e do desespero da m o r t e ; que nos ensina a tolerar as p r ó p r i a s vicissitudes da vida; que nos ensina u m a nova f o r m a de entender o significado
Valdemar
Augusto
Angerami
-
Camon
da e x i s t ê n c i a ; que nos ensina sobre a suavidade da doce f r a g r â n c i a existente e m cada m o m e n t o , em cada encontro. N ã o houve em m o m e n t o a l g u m a p r e t e n s ã o de sermos pioneiros, precursores; apenas sempre fomos sonhadores que i d e a l i z a r a m u m a p r á t i c a alternativa. E assim esperamos continuar. A p r e n d e n d o e crescendo sem nunca esquecer as nossas reais l i m i t a ç õ e s .
V a l d e m a r Augusto A n g e r a m i - C a m o n
Introdução
A
i n t e n ç ã o deste trabalho é levantar alguns pontos de reflexão sobre o significado da Psicologia no H o s p i t a l e a a t u a ç ã o do p s i c ó l o g o nesse contexto. A e v i d ê n c i a qu< me
ocorre i n i c i a l m e n t e é que, apesar dos i n ú m e r o s trabalhos e artigos que hoje norteiam a p r á t i c a do p s i c ó l o g o no hospital, ainda assim é n o t ó r i o o fato de que apenas tartamudeamos as p r i m e i r a s palavras nesse contexto. A p r ó p r i a d i n â m i c a da e x i s t ê n c i a parece encontrar no contexto hospitalar u m novo p a r â m e t r o de sua o c o r r ê n c i a , dando-lhe u m a d i m e n s ã o na q u a l q u e s t õ e s que envolvem a d o e n ç a , a morte e a p r ó p r i a perspectiva existencial apre sentam u m enfeixamento inerentemente peculiar. A Psicologia, ao ser inserida no hospital, reviu seus p r ó p r i o s postulados adquirindo conceitos e questionamentos que fizeram dela u m novo escoramento na busca da compreensão da e x i s t ê n c i a h u m a n a . A s s i m , p o r exemplo, n ã o mais é possível pensar-se em u m curso de g r a d u a ç ã o e m psicologia no q u a l q u e s t õ e s como m o r t e , s a ú d e p ú b l i c a , h o s p i t a l i z a ç ã o <• outras t e m á t i c a s , que e m p r i n c í p i o e r a m pertinentes apenas à Psicologia Hospitalar, não t e n h a m p r i o r i d a d e ou n ã o sejam exigidas como n e c e s s á r i a s p a r a a f o r m a ç ã o do psicólogi >. O atual q u a d r o da f o r m a ç ã o do p s i c ó l o g o difere do que colocamos e m texto anterior de 1
1984, quando afirmamos que a atuação do psicólogo no contexto hospitalar, ao menos no Brasil, é uma das temáticas mais revestidas de polémicas quando se evocam discussões sobre o papel da Psicologia
1 - A n g e r a m i , V . A . Psicologia Hospitalar. A Atuação do Psicólogo no Contexto Hospitalar. S ã o Paulo: T r a ç o , 19K-I.
XII
Psicologia Hoipltalai
( )
( > | ( l ( | ( ) I H ) I ll)-.|>il,ll
na realidade institucional.. [formação académica do psicólogo ifalha cm rtlaçâo aos mbsídios teóricos ata
Características. E o simples lalo (Ir se lotnai "hospitalizada" faz com que a pessoa adquira os
possam embasá-lo na prática institucional. Essa formação académica, sedimentada em outros modelos de
signos que irão cnquadia-la muna nova performance existencial, sendo que a t é mesmo seus
atuação, não provê o instrumental teórico necessário para uma atuação nessa realidade. K praticamente
vínculos interpessoais p a s s a r ã o a existir a partir desse novo signo. Seu e s p a ç o vital n ã o é mais
prevendo u m a m u d a n ç a nesse quadro, o mesmo texto coloca que apenas recentemente a
algo que dependa de seu processo de escolha. Seus h á b i t o s anteriores t e r ã o de se transformar
prática institucional mereceu p r e o c u p a ç ã o dos r e s p o n s á v e i s pelos programas a c a d é m i c o s
diante da realidade da hospitalização e da d o e n ç a . Se essa d o e n ç a for algo que a envolva apenas
em Psicologia. E dentro dessa perspectiva que se abre ao psicólogo no contexto hospitalar
temporariamente, h a v e r á a possibilidade de uma nova r e e s t r u t u r a ç ã o existencial quando do
que iremos tecer nossas reflexões na busca de u m melhor dimensionamento dessa p r á t i c a .
restabelecimento orgânico, fato que, ao contrário das doenças crónicas, implica necessariamente
É na fé i n q u e b r a n t á v e l que o p s i c ó l o g o adquire cada vez c o m mais nitidez u m e s p a ç o no
uma total r e e s t r u t u r a ç ã o vital. Sebastiani explica que "a pessoa deixa de ser o J o s é ou Ana
hospital a p a r t i r de sua c o m p r e e n s ã o da c o n d i ç ã o h u m a n a . Iremos c a m i n h a r p o r trilhas
etc. e passa a ser o '21A' ou o 'politraumatizado de leito 4', ou ainda 'a fratura de bacia de l>"
2
e caminhos que nos c o n d u z i r ã o a novos horizontes profissionais.
6
andar'". E , tentando aprofundar ainda mais tais colocações, afirma que "essa caracterísl ica, 7
que felizmente notamos em grande parte das rotinas hospitalares, tem c o n t r i b u í d o muito para
A Despersonalização do Paciente
ausentar a pessoa de seu processo de tratamento, exacerbando o papel de 'paciente'".
8
A d e s p e r s o n a l i z a ç ã o do paciente deriva ainda da f r a g m e n t a ç ã o ocorrida a p a r t i r dos A o ser hospitalizado, o paciente sofre u m processo de total d e s p e r s o n a l i z a ç ã o . Deixa de ter
d i a g n ó s t i c o s cada vez mais específicos que, a l é m de n ã o a b o r d a r e m a pessoa em sua u m
o seu p r ó p r i o nome e passa a ser u m n ú m e r o de leito ou e n t ã o a l g u é m portador de u m a de-
plitude existencial, fazem c o m que apenas u m d e t e r m i n a d o sintoma exista naquela vida.
terminada patologia. O estigma de doente - paciente a t é mesmo no sentido de sua p r ó p r i a
Apesar disso, assistimos cada vez mais ao surgimento de novas especialidades que reduzem
passividade perante os novos fatos e perspectivas existenciais - i r á fazer c o m que exista a
o e s p a ç o v i t a l de u m a determinada pessoa a u m mero d e t e r m i n i s m o das implicações de
necessidade premente de uma total r e f o r m u l a ç ã o a t é mesmo de seus valores e conceitos de
certos d i a g n ó s t i c o s , que trazem e m seu bojo signos, estigmas e preconceitos. T a l carga de
homem, mundo e r e l a ç ã o interpessoal em suas formas conhecidas. Deixa de ter significado
abordagem e confrontos t e ó r i c o - p r á t i c o s faz da pessoa p o r t a d o r a de determinadas pato-
p r ó p r i o para significar a p a r t i r de d i a g n ó s t i c o s realizados sobre sua patologia. Berscheid e
logias a l g u é m que, a l é m da p r ó p r i a patologia, n e c e s s i t a r á de cuidados complementares
Walster destacam que fundamentalmente quando dizemos que sabemos qual a atitude de uma pessoa,
p a r a livrar-se de tais estigmas e signos. A e s p e c i a l i z a ç ã o c l í n i c a , na m a i o r i a das vezes, ao
queremos dizer que temos alguns dados, a partir do comportamento passado da pessoa, que nos permitem pre-
aprofundar e segmentar o d i a g n ó s t i c o , deixa de levar em conta a t é mesmo as i m p l i c a ç õ e s
dizer seu comportamento em determinadas situações* T a l a f i r m a ç ã o , utilizada para embasar muitos
dessa patologia em outros ó r g ã o s e membros desse doente, que, e m b o r a possam n ã o apre-
princípios teóricos em psicologia, perde sua força e autenticidade ao ser confrontada com o
sentar sinais evidentes de d e t e r i o r a ç ã o e c o m p r o m e t i m e n t o o r g â n i c o , e s t a r ã o sujeitos a u m
comportamento de uma determinada pessoa em uma situação de hospitalização. Embora sem
s e m - n ú m e r o de a l t e r a ç õ e s .
3
querer negar que o passado de uma determinada pessoa irá influir n ã o apenas em sua conduta
A s i t u a ç ã o de h o s p i t a l i z a ç ã o passa a ser determinante de muitas s i t u a ç õ e s que s e r ã o
como a t é mesmo em sua r e c u p e r a ç ã o física, ainda assim n ã o cometemos erro ao afirmar que
consideradas invasivas e abusivas na medida em que n ã o se respeitam os limites e imposições
a s i t u a ç ã o de h o s p i t a l i z a ç ã o será algo ú n i c o como vivência, n ã o havendo a possibilidade de
dessa pessoa hospitalizada. E , e m b o r a esteja vivendo u m total processo de despersonali-
p r e v i s ã o anterior à sua p r ó p r i a o c o r r ê n c i a . G o f f m a n coloca que o estigma é u m sinal, u m
z a ç ã o , ainda assim algumas p r á t i c a s s ã o consideradas ainda mais agressivas pela maneira
signo utilizado pela sociedade para d i s c r i m i n a r os i n d i v í d u o s portadores de determinadas
c o m o s ã o conduzidas no â m b i t o hospitalar. A s s i m , s e r á visto como invasivo o lalo de a
5
2 - Berscheid, E . ; Walster, E . H . Atração Interpessoal. S ã o Paulo: Bliicher, 1973. 3 - Ibid. Op. cit.
6 - Sebastiani, W . R . Atendimento P s i c o l ó g i c o e O r t o p e d i a . Psicologia Hospitalar. A Atuação do Psicólogo no Contexto Hospitalar, A n g e r a m i , V . A . (org.). S ã o Paulo: T r a ç o , 1984.
4 - Idem, Op. cit..
7 - Ibid. Op. cit.
5 - G o f f m a n , E . Estigma. R i o de Janeiro: Z a h a r , 1978.
8 - Ibid. Op. cit.
3
( 1 l \ i ( <)lo(|<) n<> I l o s p i l . i l
Psicologia Hospital.ir
c n l c r m c i r a acordar o paciente para aplicar injeção,
OU a
alcndentr
<|ii<'
definir a a t u a ç ã o no contexto hospitalar como sendo p r á t i c a p s i c o t e r á p i c a , ainda que rea-
interrompe uma
lizai la no contexto institucional. A seguir < (escrevemos alguns desses pontos.
determinada atividade para servir-llie as relcições. Tudo passa a ser invasivo. Tudo passa a ser algo abusivo diante de sua necessidade de a c e i t a ç ã o desse processo'. K a t é mesmo a
Objetivos da Psicoterapia
p r e s e n ç a do psicólogo, que, se n ã o se efetivar cercada de alguns cuidados e respeito ã própria
A Psicoterapia, independentemente de sua o r i e n t a ç ã o t e ó r i c a , tem como principais obje-
d e l i b e r a ç ã o do doente, i m p l i c a ser mais u m dos e s t í m u l o s aversivos e invasivos existentes no contexto hospitalar, e, e m vez de p r o p i c i a r alívio ao momento da h o s p i t a l i z a ç ã o , e s t a r á
I ivt >s levar o paciente ao autoamhecimento, ao autocrescimento e à cura de determinados sintomas. O
a m l r i b u i n d o t a m b é m para o aumento de vetores que t o r n a m o processo de h o s p i t a l i z a ç ã o
enleixamento desses objetivos, ou a i n d a de a l g u m deles isoladamente, desde que leve esse
extremamente penoso e difícil de ser v i v i d o . O hospital, o processo de h o s p i t a l i z a ç ã o e o
paciente a u m processo pleno de l i b e r t a ç ã o existencial, é, por assim dizer, o ideal que norteia
tratamento inerente que visa ao restabelecimento, salvo aqueles casos de d o e n ç a s c r ó n i c a s
c i processo p s i c o t e r á p i c o . A Psicoterapia, ademais, tem como c a r a c t e r í s t i c a p r i n c i p a l o fato
e degenerativas, n ã o fazem parte dos projetos existenciais da m a i o r i a das pessoas. Nesse
(le ser u m processo no qual a p r o c u r a e a d e t e r m i n a ç ã o de seu início se d á pela m o b i l i z a ç ã o
sentido, toda e qualquer i n v a s ã o no e s p a ç o v i t a l é algo aversivo que, a l é m do c a r á t e r abu-
do paciente. A s s i m , u m paciente, ao ser e n c a m i n h a d o para u m processo p s i c o t e r á p i c o ,
sivo, apresenta ainda componentes de dor e desalento. E a t é mesmo evidencia que muitos
muitas vezes demora u m p e r í o d o bastante longo entre esse encaminhamento e a p r o c u r a
processos de h o s p i t a l i z a ç ã o t ê m o r e e q u i l í b r i o o r g â n i c o prejudicado por causa do processo
propriamente d i t a desse processo. Chessick " adverte que a psicoterapia falha quando n ã o 1
de d e s p e r s o n a l i z a ç ã o do doente, que, ao sentir sua d e s q u a l i f i c a ç ã o existencial, pode conco-
existe u m a afinidade precisa entre aquilo que busca o paciente em sua psicoterapia e aquilo
mitantemente, muitas vezes, abandonar seu processo interior de cura o r g â n i c a e a t é mesmo
(pie o psicoterapeuta tem c o n d i ç õ e s de oferecer-lhe. A t é mesmo a falta de definições precisas
emocional. A o trabalhar no sentido de estancar os processos de d e s p e r s o n a l i z a ç ã o no â m b i t o
dos objetivos do processo p o d e r á d e t e r m i n a r i m p l i c a ç õ e s que seguramente e m p e r r a r ã o o
hospitalar, o psicólogo e s t a r á ajudando na h u m a n i z a ç ã o do hospital, pois seguramente esse
processo, a l é m de a r r a s t á - l o ao longo de u m p e r í o d o de maneira indevida.
processo é u m dos maiores aniquiladores da dignidade existencial da pessoa hospitaliza-
A o decidir pela psicoterapia, o paciente j á realizou u m processo i n i c i a l e introspectivo
da. U m trabalho de reflexão que envolva toda a equipe de s a ú d e é u m a das necessidades
da necessidade desse tratamento e suas i m p l i c a ç õ e s e m sua v i d a . Isso tudo evidentemente
mais prementes para fazer c o m que o hospital perca seu c a r á t e r meramente curativo para
a l é m da i n s e r ç ã o de suas necessidades aos objetivos da psicoterapia.
transformar-se e m u m a i n s t i t u i ç ã o que trabalhe n ã o apenas c o m a r e a b i l i t a ç ã o o r g â n i c a , mas t a m b é m c o m o restabelecimento da dignidade humana.
Psicoterapia e Psicologia Hospitalar
O
Setting
Terapêutico
A o p r o c u r a r pela psicoterapia, o paciente s e r á e n t ã o enquadrado no chamado setting terap ê u t i c o . Assim as normas e diretrizes do processo s e r ã o colocadas de maneiras bastante
A Psicologia Hospitalar, assim como a Psicoterapia, t e m seu i n s t r u m e n t a l t e ó r i c o de atua-
claras e precisas pelo psicoterapeuta, formalizando-se assim as nuances sobre as quais se
ç ã o calcado na á r e a clínica." Apesar dessa c o n v e r g ê n c i a , h a v e r á pontos de d i v e r g ê n c i a que
n o r t e a r á esse processo. Detalhes como h o r á r i o de d u r a ç ã o de cada sessão, eventuais re-
m o s t r a m os limites de a t u a ç ã o do p s i c ó l o g o no contexto hospitalar, b e m como q u e s t õ e s
p o s i ç õ e s de sessões, prazo de aviso para eventuais faltas etc. s ã o e s b o ç a d o s e o processo se
que t o r n a m totalmente inadequada a i n t e n ç ã o de muitos profissionais da á r e a de tentarem
desenvolve e n t ã o em perfeita c o n s o n â n c i a com esses preceitos. E a t é mesmo alguma eventual resistência inicial do paciente em p r o c u r a r pela psicoterapia, bem como outras i m p l i c a ç õ e s , s e r ã o resolvidas e m u m processo cujo contrato é estabelecido em acordo c o m as duas par-
'I - Kxislcm muitos pmlissii mais da á r e a que defendem que a Psicologia Hospitalar, mesmo tendo como referencial
tes envolvidas. E m b o r a seja n o t ó r i o o n ú m e r o de casos encaminhados à psicoterapia que,
os p r i n c í p i o s (la á r e a c l í n i c a , seja considerada unia nova r a m i f i c a ç ã o d a Psicologia. A s s i m , a l é m d a c l á s s i c a
(ílinica, Educacional e (Irganizacional, haveria t a m b é m u m a q u a r t a r a m i f i c a ç ã o : a Psicologia Hospitalar. E embora aeja uma q u e s t ã o que envolva bastante celeuma quando de seu aprofundamento, evideni ia IC também I nei euidade de uma nova ó l i . a sobre a Psicologia Hospitalar, seja pelo seu crescimento, seja ainda pela sua diversidade teórica.
divisa» n u
4
10 - Chessick, D . R . Why Psychoiherapists Fail. N o v a York: Science House, 1971.
( ) |'\i< l ) l l ) l | ( > IH) I l ( ) \ | ) l l . l l
r-.M o i i K | i . i i i o ' . | ) i t , i i , i i
por alguma forma de resistência, d e m o r a m muito paia procurar por tal processo, ainda
,linda por outras v a r i á v e i s decorrentes, muitas vezes, do p r ó p r i o processo em si. A s s i m ,
assim é t i xivei liei Ue estabelecer (|iie, pelo fato de o paeieule estar totalmente fragilizado <•
i pi atii amenle impossível, por exemplo, que u m psicoterapeuta i n t e r r o m p a u m a sessão
necessitando desse tipo de tratamento, a busca por tal processo se d a r á ú n i c a e t ã o somente
estancando o choro de a n g ú s t i a do paciente para simplesmente atender u m a l i g a ç ã o tele-
q u a n d o esse paciente r o m p e r c o m determinadas amarras emocionais. A i n d a que surjam
li
outras dificuldades e resistências ao longo do processo, a r e s i s t ê n c i a inicial ao tratamento
I ii i. .a recepcionar a l g u m amigo que eventualmente v á visitá-lo. O setting t e r a p ê u t i c o assim
é transposta pelo simples fato de o paciente p r o c u r a r pela psicoterapia.
iiiM
a. ( ) u ainda que u m a sessão seja igualmente i n t e r r o m p i d a para que o psicoterapeuta
resguarda a sessão para que todo o m a t e r i a l catalisado naqueles momentos seja apreen-
A psicoterapia a i n d a t e m o u t r a c a r a c t e r í s t i c a bastante p e c u l i a r de ser u m processo
dido e elaborado de m a n e i r a plena e absoluta. Tais c a r a c t e r í s t i c a s fazem, inclusive, c o m
em que o psicoterapeuta tem no paciente a l g u é m que c a m i n h a sob sua responsabilidade,
que seja m u i t o difícil avaliar-se u m processo p s i c o t e r á p i c o que n ã o seja fundamentado
mas que de f o r m a simples t e m nesse v í n c u l o seu objetivo e m si. Assim, u m psicoterapeuta
nesses moldes.
n ã o p r e c i s a r á prestar conta de seu paciente a nenhuma entidade, salvo naturalmente aqueles casos nos quais o atendimento é v i n c u l a d o a a l g u m processo de s u p e r v i s ã o . O processo em
A Realidade Institucional
si é conduzido pelo psicoterapeuta c o m a n u ê n c i a do paciente e, no caso de a l g u m i m p e d i m e n t o , a r e l a ç ã o se resolve apenas e t ã o somente pelas partes envolvidas nesse processo.
l fma das p r i m e i r a s dificuldades surgidas quando se pensa na atividade do p s i c ó l o g o na
C) setting t e r a p ê u t i c o i m p õ e ainda u m a privacidade ao relacionamento que t o r n a t o d a e
realidade hospitalar é sua i n s e r ç ã o na realidade institucional. J á afirmamos que:
12
qualquer i n t e r f e r ê n c i a externa ao processo p l a u s í v e l de ser analisada e enquadrada nos p a r â m e t r o s desse relacionamento. Chessick
11
salienta que o psicoterapeuta descende diretamente do confessor religioso
a formação do psicólogo éfalha em relação aos subsídios teóricos que possam embasá-lo na prática institucional. Essa formação académica, sedimentada em outros modelos de atuação, não o provê com o
o u e n t ã o d o m é d i c o de f a m í l i a , aquele profissional que, a l é m de c u i d a r dos males d o
instrumental teórico necessário para uma atuação nessa realidade. Torna-se então abismático o hiato que
o r g a n i s m o , escutava as a n g ú s t i a s e dificuldades d o paciente. O psicoterapeuta e m sua
separa o esboço teórico de sua formação profissional e sua atuação prática. Apenas recentemente a prática
l i n h a g e m apresenta t a m b é m r e s q u í c i o s d o c u r a n d e i r o das antigas f o r m a ç õ e s t r i b a i s ,
institucional mereceu preocupação dos responsáveis pelos programas académicos em Psicologia.
encarregado de trazer bem-estar e a l í v i o aos m e m b r o s dessa c o m u n i d a d e . A p r o t e ç ã o sentida pelo paciente nos limites do setting t e r a p ê u t i c o mostra ainda que essa o r i g e m n ã o
A i n d a que hoje e m d i a seja n o t ó r i o o n ú m e r o de cursos de g r a d u a ç ã o em Psicologia
é apenas perpetuada, mas apresenta requinte de e v o l u ç ã o no resguardo dos aspectos en-
que t ê m d e d i c a d o grande e s p a ç o p a r a o contexto i n s t i t u c i o n a l e m seus p r o g r a m a s de
volvidos nesse processo. E a t é mesmo u m " q u ê " de samaritanismo presente no processo
f o r m a ç ã o , estamos distantes d a q u i l o que seria o ideal em termos de s e d i m e n t a ç ã o t e ó r i -
p s i c o t e r á p i c o é t a m b é m r e s í d u o dessas marcas que o psicoterapeuta traz de sua o r i g e m e
c o - p r á t i c a . E na m e d i d a e m que o hospital surge c o m o u m a realidade institucional c o m
desenvolvimento. A e m o ç ã o presente na atividade p s i c o t e r á p i c a é o u t r o fator que faz c o m
c a r a c t e r í s t i c a s bastante peculiares, embora reproduzindo as c o n d i ç õ e s de outras realidades
que n e n h u m a outra forma de relacionamento possa ser comparada c o m sua performance.
institucionais, apresenta sinais que evidenciam tratar-se de amplitude sequer i m a g i n á v e l
E nesse sentido temos t a m b é m a c o l o c a ç ã o de muitos especialistas de que a psicoterapia
em u m a a n á l i s e que n ã o tenha u m real c o m p r o m e t i m e n t o c o m sua verdadeira d i m e n s ã o . "
é o s u s t e n t á c u l o do h o m e m c o n t e m p o r â n e o dentre outras tantas formas buscadas p a r a a l í v i o e crescimento emocional. A i n d a no chamado setting t e r a p ê u t i c o vamos encontrar a peculiaridade de que a m a i o r i a dos processos j a m a i s tem suas sessões i n t e r r o m p i d a s , seja p o r solicitações externas, seja
12 - Psicologia Hospitalar. A Atuação do Psicólogo no Contexto Hospitalar. Op. cit. 13 - Escrevemos um trabalho intitulado "Elementos Institucionais Básicos para a I m p l a n t a ç ã o do S e r v i ç o de Psicologia no Hospital" (in A Psicologia no Hospital. S ã o Paulo: T r a ç o , 1988) e surpreendentemente percebemos, a partir de sua a d o ç ã o em v á r i o s cursos e s e m i n á r i o s realizados sobre realidade institucional, n ã o apenas a precariedade de p u b l i c a ç õ e s a respeito como principalmente a m a n e i r a como esse trabalho tornou-se u m verdadeiro paradigma
11 - Ibid. Op. cit.
6
a tantos que p r o c u r a v a m pela i m p l a n t a ç ã o de u m S e r v i ç o de Psicologia no Hospital G e r a l .
7
(>l()()i.l I l ( > S | ) i t , l l . l l
( I | \ i c i>lo<]<> IKI
T a m b é m é inegável que, a p a r t i r do surgimento das reflexões realizadas principalmente pelos profissionais da A r g e n t i n a sobre a realidade institucional, esse aspecto ganhou uma
Mti-.|iit.il
( ) contexto hospitalar disla de hu ma significativa daquela i d e a l i z a ç ã o leila nas lides a c a d é m i c a s . Assiste-se, nesse contexto, a c o n d i ç ã o desumana a que a p o p u l a ç ã o , ja bas
corporeidade bastante precisa e i m p o r t a n t e na esfera c o n t e m p o r â n e a da Psicologia. Assim,
lanle causada de sofrer todas as l õ r m a s possíveis de injustiças sociais, leni de se submetei
o t e r m o " a n á l i s e institucional" deixou de ser u m a mera c i t a ç ã o abstraia cie alguns textos
em busca do recebimento de u m t r a t a m e n t o adequado. Cenas o c o r r e m fruto das mais
p a r a tornar-se realidade, ao menos de d i s c u s s ã o t e ó r i c a , p a r a u m s e m - n ú m e r o de a c a d é -
l a m e n t á v e i s s i t u a ç õ e s a que u m ser h u m a n o pode submeter-se. E o que é mais agravante:
micos que, a p a r t i r de e n t ã o , passaram a interessar-se pela t e m á t i c a .
tudo passa a ser considerado n o r m a l . Os doentes s ã o obrigados a aceitar como normail Iodas as formas de a g r e s s ã o com as quais se d e p a r a m em busca de s a ú d e .
E apesar do psicólogo ainda estar iniciando uma prática institucional nos parâmetros da
T u d o é visto c o m o n o r m a l ; passa a ser n o r m a l ficar seis horas em uma fila de espera em
eficácia e respeito às condições institucionais que delimitam sua situação nesse contexto, a busca
busca de atendimento m é d i c o , e muitas vezes a p ó s v á r i o s retornos â i n s t i t u i ç ã o hospitalar,
de determinantes nessa prática o levou de encontro a convergências bastante significativas
derivados de encaminhamentos feitos pelos especialistas, por sua vez decorrentes de examei
na
estruturação teórica dessas atividades.
realizados especulativamente. T a m b é m passa a ser n o r m a l o fato de ser atendido i
u
ú
piero imenso de pacientes em u m p e r í o d o de tempo absurdamente curto. T u d o passa a n i E fato que a realidade hospitalar apresenta celeumas e c o n d i ç õ e s que e x i g i r ã o do psi-
n o r m a l . E os profissionais que a t u a m na á r e a de s a ú d e assistem desolados e conformados
c ó l o g o algo a l é m da d i s c u s s ã o meramente t e ó r i c o - a c a d ê m i c a . Valores éticos e ideológicos
a esse estado de coisas. Tornam-se praticamente u t ó p i c a s outras formas de atendime
s u r g i r ã o ao longo do c a m i n h o e e x i g i r ã o performances sequer imaginadas antes de sua
que n ã o essas que impiedosamente s ã o impostas à p o p u l a ç ã o .
o c o r r ê n c i a . C o m o i l u s t r a ç ã o dessa a f i r m a ç ã o cito o grande n ú m e r o de c r i a n ç a s que pade-
O p s i c ó l o g o está inserido nesse contexto da s a ú d e de forma t ã o emaranhada quanto
cem nos hospitais de S ã o Paulo de insuficiência h e p á t i c a causada por i n a n i ç ã o . D e p a r a r
outros profissionais atuantes na á r e a da s a ú d e e, muitas vezes, sem u m a real consi iem ia
com c r i a n ç a s que padecem vitimadas pela fome em plena cidade de S ã o Paulo é algo que
dessa realidade.
n e n h u m a c a d é m i c o i m a g i n a q u a n d o idealiza efetivamente u m a atividade no hospital.
C o n t r a d i ç õ e s i n ú m e r a s sucedem em todos os níveis no contexto hospitalar. I - se poi
O u e n t ã o , que dizer dos casos de c r i a n ç a s atacadas p o r ratazanas enquanto d o r m e m , em
u m l a d o os hospitais apresentam essas enormes filas de pacientes que, padecendo em
u m a e v i d ê n c i a da precariedade e da falta de c o n d i ç õ e s m í n i m a s de dignidades existencial
corredores, m i n g u a m por a l g u m tipo p r e c á r i o de atendimento, por outro encontraremos
e habitacional em que a falta de saneamento b á s i c o é t ã o abismante que c o n c e i t u á - l o de
algumas i n s t i t u i ç õ e s nesse mesmo contexto que apresentam alta e s p e c i a l i z a ç ã o resultante
absurdo nada mais é do que aproximar-se da verdadeira realidade dessa p o p u l a ç ã o ?
do enorme processo do conhecimento na á r e a das c i ê n c i a s humanas. Descobriremos, nessa realidade, profissionais altamente especializados. Sempre muito
0 psicólogo, no contexto hospitalar, depara-se deforma aviltante com um dos direitos básicos
bem informados das t é c n i c a s existentes, e s t ã o constantemente aprimorando-as em cursi >s
que estão sendo negados à maioria da população, a saúde. A saúde, em princípio um direito de
e congressos nos centros mais desenvolvidos da E u r o p a e Estados Unidos. É possível, poi
todos, passou a ser um privilégio de poucos em detrimento de muitos. A precariedade da saúde da
exemplo, a u t i l i z a ç ã o do m é t o d o Sahling de a n á l i s e do metabolismo do feto, bem como 0
população é, sem dúvida alguma, um agravante que irá provocar posicionamentos contraditórios,
acompanhamento e l e t r ô n i c o do eletrocardiograma fetal. Os a v a n ç o s na á r e a da ()bstet ríi ia
e, na quase totalidade das vezes, irá exigir do psicólogo uma revisão de seus valores académicos,
p e r m i t e m a i n d a a p r e v i s ã o do sexo do feto ou u m a possível m a l f o r m a ç ã o c o n g é n i t a . No
pessoais e até mesmo sociopolíticos}
entanto, em termos de realidade, temos, segundo r e l a t ó r i o s sobre estudos realizados em
0
v á r i a s r e g i õ e s brasileiras, dados alarmantes i n f o r m a n d o que 9 5 % dos partos são realizai li >s em casa e sem o menor a c o m p a n h a m e n t o p r é - n a t a l . E o n ú m e r o de pessoas que recebem a l g u m t i p o de assistência é quase nulo. Esse contexto c o n t r a d i t ó r i o e incongruente recebe o p s i c ó l o g o , que tem sobre si outras c o n t r a d i ç õ e s que o envolvem diretamenle desde 14 - Psicologia Hospitalar. 15 - Ibid. Op. cit.
8
A Atuação
do Psicólogo
no Contexto
Hospitalar
Op
cit
lides de sua f o r m a ç ã o a c a d é m i c a . E o psicólogo percebe no contexto hospitalar que os ensinamentos
9
ol
.1 1 1 o s p i t . i l . i l
( ) r-.u ol()(|t) n o I l o s p i l . i l
e leituras teóricas de sua prática académica não serão, poi maiores que tejam as horas de estuda t reflexão
A minimização do s o f r i m e n t o p r o v o c a d o pela h o s p i t a l i z a ç ã o i m p l i c a r á u m leque
teórica sobre a temática, suficientes para embasar sua atuação. E aprende que terá de aprender apreendendo,
bastante a m p l o de o p ç õ e s de a t u a ç ã o , < ujas v a r i á v e i s d e v e r ã o ser consideradas para que 11
como os pacientes, sua dor, angústia e realidade. PI o paciente, de modo peculiar, ensina ao psicólogo sobre
atendimento stja coroado de ê x i t o . I Ima m u l h e r mastectomizada, em outro exemplo, lei a
a doença e sobre como lidar com a própria dor diante do sofri mento. '
no processo de e x t i r p a ç ã o do t u m o r , na m a i o r i a das vezes, a e x t r a ç ã o dos seios c o m Iodas
u
as i m p l i c a ç õ e s que tal ato incide. O processo de h o s p i t a l i z a ç ã o deve ser entendido Fifto
A Psicologia Hospitalar - Objetivos e Parâmetros
apenas c o m o u m mero processo de i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o hospitalar, mas, e principalmente! i orno u m conjunto de fatos que decorrem desse processo e suas i m p l i c a ç õ e s na vida do
A Psicologia Hospitalar tem como objetivo principal a minimização do sofrimento provocado pelo
paciente. N ã o podemos, assim, e m u m simples d e t e r m i n i s m o , aceitar que o problema da
hospitalização. Se outros objetivos forem a l c a n ç a d o s a p a r t i r da a t u a ç ã o do psicólogo com o
mulher mastectomizada se i n i c i a e se encerra c o m a h o s p i t a l i z a ç ã o . Evidentemente que
paciente hospitalizado - inerente aos objetivos da p r ó p r i a psicoterapia antes citados — trata-se
muitos casos abordados pelo p s i c ó l o g o no hospital e x i g i r ã o , a p ó s o processo de hospitali
de simples a c r é s c i m o ao processo em si. O psicólogo precisa ter muito claro que sua a t u a ç ã o no
z a ç ã o , encaminhamentos específicos para processos de psicoterapia tal a complexidade e
contexto hospitalar n ã o é psicoterápica dentro dos moldes do chamado setting terapêutico. Como
o e m a r a n h a d o de sequelas e c o m p r o m e t i m e n t o emocional.
m i n i m i z a ç ã o do sofrimento provocado pela h o s p i t a l i z a ç ã o , t a m b é m é n e c e s s á r i o abranger
E m b o r a muitas vezes seja bastante t é n u e a s e p a r a ç ã o que d e l i m i t a tais aspei los, anula
n ã o apenas a h o s p i t a l i z a ç ã o em si - em termos específicos da patologia que eventualmente
assim é m u i t o i m p o r t a n t e o clareamento desse posicionamento para que o processo em a
tenha originado a h o s p i t a l i z a ç ã o —, mas principalmente as sequelas e d e c o r r ê n c i a s emocio-
n ã o se perca e m mera e v ã d i g r e s s ã o t e ó r i c a .
nais dessa h o s p i t a l i z a ç ã o . Tomemos como exemplo, arbitrariamente, u m a c r i a n ç a de 3 anos
A Psicologia Hospitalar, p o r outra parte, contrariamente ao processo psicoterápico, n ã o
de idade que nunca tenha vivido longe do seio familiar. E m dado momento, simplesmente
possui setting t e r a p ê u t i c o t ã o definido e t ã o preciso. Nos casos de atendimentos realizados
coloquemos essa c r i a n ç a em u m a escola maternal durante apenas u m p e r í o d o do dia. Essa
em enfermarias, o atendimento do p s i c ó l o g o , muitas vezes, é i n t e r r o m p i d o pelo pessoal de
c r i a n ç a , em que pese a escola ser u m ambiente em p r i n c í p i o a g r a d á v e l e repleto de outras
base do hospital, seja para a p l i c a ç ã o de injeções, p r e s c r i ç ã o medicamentosa em detei mi
c r i a n ç a s , se d e s a r v o r a r á e e n t r a r á e m u m processo de p â n i c o e d e s e s t r u t u r a ç ã o emocional ao
nado h o r á r i o , seja ainda para processo de limpeza e assepsia hospitalar. O atendimento,
se perceber longe da p r o t e ç ã o familiar. E tantos casos ocorrem nesse enquadre que a maioria
dessa f o r m a , t e r á de ser efetuado levando-se em conta todas essas v a r i á v e i s , a l é m de outros
das escolas possui o chamado p e r í o d o de a d a p t a ç ã o , no qual a l g u m dos representantes desse
aspectos mais delicados que citaremos a seguir.
n ú c l e o familiar se faz presente na escola para acudir essa c r i a n ç a nos momentos agudos de
Descrevemos no trecho inerente ao setting t e r a p ê u t i c o a m o b i l i z a ç ã o do paciente r u m o
dificuldade. E isso tudo em u m ambiente a g r a d á v e l de escola onde muitas vezes a c r i a n ç a
ao processo psicoterápico: a i m p o r t â n c i a de uma reflexão e de u m a posterior constalaçài i d a
irá se deparar com e s t i m u l a ç õ e s e r e c r e a ç õ e s sequer i m a g i n á v e i s sem seu universo simbólico.
necessidade de se submeter a esse processo. N o hospital, ao c o n t r á r i o do paciente que pn n u r i
O que dizer e n t ã o de u m a c r i a n ç a que em u m determinado momento se vê hospitalizada '
pela Psicoterapia a p ó s romper eventuais barreiras emocionais, a pessoa hospitalizada será
sem a p r e s e n ç a dos familiares e em u m ambiente na m a i o r i a das vezes hostil?! Certamente
abordada pelo psicólogo em seu p r ó p r i o leito. E, em muitos casos, esse paciente sequer I I I I H Iam
ela e n t r a r á em u m nível de sofrimento emocional e muitas vezes a t é físico e m d e c o r r ê n c i a
qual o papel do psicólogo naquele momento de sua h o s p i t a l i z a ç ã o e a t é mesmo de vida."'
1
dessa h o s p i t a l i z a ç ã o . Sofrimento físico que transcende a t é mesmo a patologia inicial e que se origina no processo de h o s p i t a l i z a ç ã o . 18 - Nesse sentido, é muito importante que o p s i c ó l o g o seja inserido n a equipe de profissionais de s a ú d e que aluem em u m d e t e r m i n a d o contexto hospitalar. T a l i n s e r ç ã o d e t e r m i n a r á que sua abordagem seja fruiu d e e m .1
alinhamento realizado
pari respeitado, Esse
por i n t e r m é d i o de outros profissionais c o m esse paciente c o m a a n u ê n c i a dele
16-nu op. HL
que, a c i m a de qualquer outro preceito, seu a r b í t r i o de querer ou n ã o essa abordagem seja
17 - E m b o r a seja alentador o fato de que hoje muitos hospitais p e d i á t r i c o s adotem a p r e s e n ç a d a m ã e ou de algum
é u m aspecto importante a ser observado, pois determina muitas vezes a t é mesmo o ê x i t o da abordagem d n
10
arbítrio de> e
outro familiar durante o processo de h o s p i t a l i z a ç ã o d a c r i a n ç a , a i n d a assim a grande m a i o r i a dos hospitais
p s i c ó l o g o . A i n d a que o paciente necessite de m a n e i r a premente d a i n t e r v e n ç ã o p s i c o l ó g i c a , seu
n ã o apresenta sequer u m a m a i o r
ser considerado p a r a que a c o n d i ç ã o h u m a n a seja respeitada em u m de seus preceitos fundamentais.
flexibilização
a t é mesmo quanto ao h o r á r i o de visitas.
11
( ) l \ i < o l < ) ( | ( ) no I l o s p i t a l
I\U<||.M|Í.I M
il.l|.||
I )iss.i
im
in.i,
c muito impoi tinte que <> psicólogo entendi os limites de sua atuação para
r i o pragmático de produção mercantilista. O u nas palavras de Pitta,
iieli i a s p e c
o adoecer
n ã o se t o r n a r ele l a m b e m mais um dos elementos abusivamente invasivos que agridem o
nela sociedade c, consequentemente, deixai de produzir e, portarão, de ser; é vergonhoso; logo, deve ser
processo de h o s p i t a l i z a ç ã o e que p e r m e i a m largamente a i n s t i t u i ç ã o hospitalar. A i n d a que
ocultado e excluído, até porque dificulta que outros, familiares e amigos, também produzam. 0 hospital
0 paciente em seu processo de h o s p i t a l i z a ç ã o esteja m u i t o necessitado da i n t e r v e n ç ã o
perfiz este papel, recuperando quando possível e devolvendo sempre, com ou sem culpa, o doente à sua
e seguramente muitos dos pacientes encaminhados ao processo de psicoterapia t a m b é m
situarão anterior. Se um acidente de percurso acontece, administra o evento desmoralizador, deixando que
e s t ã o necessitados de tratamento, mas preservam a si o direito de rejeitar tal encaminha-
a mito da continuidade da produção transcorra silenciosa e discretamente A i n t e r v e n ç ã o do p s i c ó l o g o
mento
, a o p ç ã o do paciente de receber ou n ã o esse tipo de i n t e r v e n ç ã o deve ser soberana
nesse sentido n ã o pode prescindir de tais questionamentos c o m o risco de tornar-se algo
e deliberar a p r á t i c a do p s i c ó l o g o . B a l i z a r a sua necessidade de i n t e r v i r em d e t e r m i n a d o
desprovido da profundidade n e c e s s á r i a p a r a a b r a ç a r a verdadeira e s s ê n c i a do sofrimento
paciente, a p r ó p r i a necessidade desse paciente em receber t a l i n t e r v e n ç ã o , é d e l i m i t a ç ã o
do paciente hospitalizado. E a p r ó p r i a d i r e ç ã o c o n t e m p o r â n e a de d e s o s p i t a l i z a ç ã o do pa-
i m p r e s c i n d í v e l p a r a que essa a t u a ç ã o c a m i n h e dentro dos p r i n c í p i o s que i n c i d e m no real
ciente tem no p s i c ó l o g o u m de seus grandes aliados na m e d i d a em que p o d e r á depender
respeito à c o n d i ç ã o h u m a n a .
desse profissional u m a a v a l i a ç ã o mais precisa sobre as c o n d i ç õ e s emocionais desse paciente.
De outra parte, é t a m b é m muito i m p o r t a n t e observar-se o fato de que, ao atuar em uma
N ã o se pode, no entanto, perder o p a r â m e t r o de que a psicologia deve se a l i a r a outras
i n s t i t u i ç ã o , o psicólogo, ao c o n t r á r i o da p r á t i c a isolada de c o n s u l t ó r i o , tem que ter bastante
forças transformadoras para n ã o se incorrer em meramente ilusionistas. O u nas palavras
claros os limites institucionais de sua a t u a ç ã o . N a i n s t i t u i ç ã o o atendimento d e v e r á ser nor-
de R i b e i r o :
teado a p a r t i r dos p r i n c í p i o s institucionais. Esse aspecto é, por assim dizer, u m dos deter-
séculos antes. 0 intervencionismo e a onipotência da medicina são olhados com maiores reservas. Cada vez
minantes que mais contribuem para que muitos trabalhos n ã o sejam coroados de êxito na
mais é contestada por doentes, familiares,
i n s t i t u i ç ã o hospitalar. R i b e i r o
recursos tecnológicos hospitalares. Novos conhecimentos nas áreas da fisioterapia, propedêutica e terapêutica
19
20
pontua que o doente internado é, em síntese, o doente sobre
0 qual a ciência m é d i c a exacerba o seu positivismo, e pode a f i r m a r a t r a n s p o s i ç ã o da linha
23
há, no entanto, váriosfatores quefavorecem a desospitalização, além daqueles apontados
instituições seguradoras e pelo Estado a abusiva utilização dos
vêm permitindo diagnósticos e tratamentos que tornam prescindível a intervenção ou a encurtam.
d e m a r c a t ó r i a da normalidade. Sua patologia reconhecida e classificada precisa ser tratada.
A Psicologia Hospitalar n ã o pode se colocar dentro do hospital como força isolada solitária
A o c o n t r á r i o do paciente do c o n s u l t ó r i o que m a n t é m seu direito de o p ç ã o em aceitar ou n ã o
sem contar c o m outros determinantes p a r a a t i n g i r seus preceitos b á s i c o s . A h u m a n i z a ç ã o
o tratamento e desobedecer à p r e s c r i ç ã o , o doente acamado perde tudo. Sua vontade é apla-
do hospital necessariamente passa p o r t r a n s f o r m a ç õ e s da i n s t i t u i ç ã o hospitalar como u m
cada; seus desejos, coibidos; sua intimidade, invadida; seu trabalho, proscrito; seu m u n d o de
todo e evidentemente pela p r ó p r i a t r a n s f o r m a ç ã o social. O p s i c ó l o g o , assim, n ã o pode ser
relações, rompido. Ele deixa de ser sujeito. É apenas u m objeto da p r á t i c a m é d i c o - h o s p i t a l a r ,
u m profissional que despreze tais v a r i á v e i s com o risco de tornar-se alijado do processo
suspensa sua individualidade, transformado em mais u m caso a ser contabilizado.
de t r a n s f o r m a ç ã o social.
21
Esse aspecto inerente à i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o do paciente enfeixa u m dimensionamento
O u ainda, o que é pior, ficar restrito a t e o r i z a ç õ e s que isolam e a t o m i z a m o paciente
de a b r a n g ê n c i a de i n t e r v e n ç ã o do p s i c ó l o g o r u m o à h u m a n i z a ç ã o do hospital em seus
de c o n c e i t u a ç õ e s e conflitos sociais mais amplos. O hospital, assim como toda e qualquer
aspectos mais profundos e verdadeiros. A Psicologia H o s p i t a l a r n ã o pode igualmente per-
i n s t i t u i ç ã o , reproduz as c o n t r a d i ç õ e s sociais, e toda e qualquer i n t e r v e n ç ã o institucional
der o p a r â m e t r o do significado de adoecer em nossa sociedade, eminentemente m a r c a d o
n ã o pode prescindir de tais p r i n c í p i o s . O p s i c ó l o g o reveste-se de u m i n s t r u m e n t a l m u i t o poderoso no processo de h u m a n i z a ç ã o do hospital na m e d i d a e m que traz em seu bojo de a t u a ç ã o a c o n d i ç ã o de a n á l i s e das
19 - No caso de d i v e r g ê n c i a dos p r i n c í p i o s e preceitos d a i n s t i t u i ç ã o onde o p s i c ó l o g o desenvolve sua a t u a ç ã o ,
po-
r e l a ç õ e s interpessoais. A p r ó p r i a c o n t r i b u i ç ã o da psicologia p a r a clarear determinadas
d e r á haver um trabalho de direcionamento de t r a n s f o r m a ç ã o desses p r i n c í p i o s . A t r a n s f o r m a ç ã o d a realidade institucional, muitas vezes, pode ser determinante de u m a r e f o r m u l a ç ã o r u m o à p r ó p r i a h u m a n i z a ç ã o da i n s t i t u i ç ã o . O que n ã o pode ocorrer é, diante d a d i s c o r d â n c i a , negar-se os p r i n c í p i o s institucionais e tentar a e f e t i v a ç ã o de um trabalho sem levar em conta tais especificidades. '20 - R i b e i r o , H . P . 0 Hospital: História 21 - Ibid. Op. cit.
e Crise. S ã o Paulo: C o r t e z ,
1983.
22 - Pitta, A . Hospital, Dor e Morte como Oficio. S ã o Paulo: H u c i t e c , 23-0
12
Hospital: História
e Crise. Op.
1990.
cit.
13
Piicologia
Hospit.il.ii
De Como o Saber
m a n i f e s t a ç õ e s d e s o m a t i z a ç ã o c , i g u a l m e n t e , d e c i s i v a p a r a l a / c r c o m < | i i<- seu l u g a r n a e q u i p e d e saúde d a instituição h o s p i t a l a r esteja a s s e g u r a d o . A s somati/.açòes c a d a v e v
Também é Amor
m a i s são a c e i t a s n o b o j o d a s i n t e r v e n ç õ e s m é d i c a s e a a l u a ç ã o d o p s i c ó l o g o nesse s e n t i d o é d e t e r m i n a n t e d e u m a n o v a p e r f o r m a n c e n a p r ó p r i a r e l a ç ã o m é d i e o - p a c i e n t e . E notória t a m b é m a evidência c a d a vez m a i o r d e q u e m u i t a s p a t o l o g i a s têm seu q u a d r o clínico a g r a v a d o a p a r t i r d e c o m p l i c a ç õ e s e m o c i o n a i s d o p a c i e n t e . I n t e r v i r nesse p o n t e a m e n t n Valdemar
é o u t r a p e r f o r m a n c e q u e faz d a p s i c o l o g i a u m a força m o t r i z até m e s m o n o d i a g n ó s t i c o e
Augusto
Angerami
-
Camon
c o m p r e e n s ã o d e p a t o l o g i a s p a r a as q u a i s a p r ó p r i a M e d i c i n a n ã o t e m e x p l i c a ç ã o a b s o l u t a . A s s i m , n ã o se p o d e n e g a r , p o r e x e m p l o , a i m p o r t â n c i a d a s v a r i á v e i s e m o c i o n a i s e m u m q u a d r o d i a g n o s t i c a d o de câncer o u de a l g u m a c a r d i o p a t i a . C o m o t a m b é m é inegável a presença de d e t e r m i n a n t e s e m o c i o n a i s q u a n d o a b o r d a d a s p a t o l o g i a s não d i a g n o s t i c a d a s c o m precisão... até m e s m o p e l a f a l t a d e s i n t o m a s específicos e v a r i a d o s . P o d e m o s i n c l u i r nesse r o l a q u e l e s casos e m q u e o p a c i e n t e q u e i x a - s e o r a d e c e f a l e i a , o r a d e náuseas, o r a de c o m i s e r a ç ã o e s t o m a c a l e t c . O u a i n d a d a q u e l e s casos e m q u e o p a c i e n t e a p r e s e n t a d i v e r s o s sintomas c o n c o m i t a n t e s a diversas patologias sem, n o e n t a n t o , apresentar tais patologias. O s e x a m e s clínicos nesses casos n ã o c o n s e g u e m f a z e r u m d i a g n ó s t i c o p r e c i s o e a b s o l u t o , p o i s a p r ó p r i a a l t e r n â n c i a d e s i n t o m a s d o p a c i e n t e é a l g o a p e n a s d i a g n o s t i c a d o q u a n d o se tenta c o m p r e e n d e r , além dos s i n t o m a s , a d o r d ' a l m a q u e acomete tais pacientes.
Introdução ste t r a b a l h o r e t r a t a o d e s e n v o l v i m e n t o d a P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r n o B r a s i l p e l a descrição
E
d o r e l a c i o n a m e n t o pessoal c o m a psicóloga D r a . M a t h i l d e N e d e r , u m a das p e r s o n a l i -
d a d e s q u e m a i s c o n t r i b u í r a m p a r a a i m p l a n t a ç ã o e sistematização desse c a m p o d e a t u a ç ã o d o p s i c ó l o g o . P e l a s r e m i n i s c ê n c i a s desse r e l a c i o n a m e n t o e m e r g e m as q u a l i d a d e s pessoais
Nesse s e n t i d o , é i n t e r e s s a n t e o b s e r v a r q u e o a v a n ç o d a m e d i c i n a , c o m t o d o o seu a p a r a t o tecnológico, não consegue p r e s c i n d i r d o psicólogo p e l a sua condição de escuta das manifestações d ' a l m a h u m a n a , i m p e r c e p t í v e i s à p r ó p r i a t e c n o l o g i a m o d e r n a .
dessa d e s b r a v a d o r a q u e c e r t a m e n t e c o n t r i b u í r a m p a r a q u e e l a a s s u m i s s e a l i d e r a n ç a q u e exerce n o c a m p o d a Psicologia d a Saúde, u m interesse e m acolher, além d a c a p a c i d a d e de l i m i t e s de f o r m a c o n c i l i a d o r a e c o n s t r u t i v a , sua l o n g a experiência académica e m que i n ú m e r o s t r a b a l h o s n o c a m p o d a saúde e n c o n t r a m o r i e n t a ç ã o e,
Considerações Finais
finalmente,
t i a , q u e n ã o i n i b e o c r e s c i m e n t o d o s p r o f i s s i o n a i s q u e n e l a se e s p e l h a m . O
sua modésapontamento
d o v a l o r d a D r a . M a t h i l d e N e d e r se f a z necessário p o r q u e , a l é m d e r e t o m a r a história d a Se é v e r d a d e i r o q u e o p s i c ó l o g o c o n s e g u i u a l ç a r v o o s r u m o a u m p r o j e t o d i g n i f i c a n t e d e P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r , é i g u a l m e n t e r e a l q u e u m l o n g o c a m i n h o a i n d a r e s t a a ser t r i l h a d o . E trilhá-lo exigirá d o psicólogo u m a p e r f o r m a n c e c a d a vez m a i s a m p l a n o s e n t i d o de a b a r c a r as n e c e s s i d a d e s d a h o s p i t a l i z a ç ã o e d o s p r o f i s s i o n a i s t o t a l m e n t e e n v o l v i d o s n a s e n t r a n h a s h o s p i t a l a r e s . A P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r é r e a l i d a d e q u e , e m b o r a a i n d a necessite d e b u r i l a m e n t o , a p e r f e i ç o a m e n t o e m u i t a s b u s c a s , será, c e r t a m e n t e , a m a i s r i c a d a s a l t e r nâncias d a P s i c o l o g i a . S e r á , a i n d a , a m a i s c r i a t i v a d a s m a n i f e s t a ç õ e s clínicas d e n t r o n ã o só d a r e a l i d a d e h o s p i t a l a r , c o m o t a m b é m d a s l i d e s a c a d é m i c a s , q u e , a o a s s u m i r e m - n a , assumirão i g u a l m e n t e u m c o m p r o m i s s o c o m o próprio f u t u r o de t o d a u m a geração de profissionais. Psicologia H o s p i t a l a r , s o n h o t o r n a d o r e a l i d a d e a p a r t i r d a necessidade humanização d o hospital.
14
de
configuração d o c a m p o d a Psicologia H o s p i t a l a r , tenta r e p a r a r o registro desigual q u e e x i s t e s o b r e s u a influência, j á q u e , o c u p a d a c o m a p r á t i c a c l í n i c a e a c a d é m i c a p i o n e i r a e m P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r , Psicossomática e T e r a p i a F a m i l i a r , r e s s e n t i m o - n o s p o r e x i s t i r p o u c a p r o d u ç ã o e s c r i t a e m s e u n o m e até o m o m e n t o . U m t r a b a l h o s o b r e P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r e suas c o n d i ç õ e s e s t r u t u r a i s f o i d e i x a d o d e l a d o p e l o afã d e e s c r e v e r o q u e s e r i a m a i s i n t e r e s s a n t e e m u i t o m a i s i n o v a d o r - e s c r e v e r s o b r e u m a d a s m a i o r e s m e s t r a s dessa á r e a e f o n t e d e i m e n s a t e r n u r a e g e n e r o s i d a d e . E eis-me assim, n o v a m e n t e , escrevendo sobre M a t h i l d e Neder. M a i s u m a v e z h o m e n a g e i o nossa m e s t r a c o m esse p u n h a d o d e l e t r a s , l i n h a s e p a r á g r a f o s t r a n s f o r m a d o s e m capítulo d e l i v r o .
I\l< n l o i . i . l
I ),• ( I I I I I I I 11 S u b i u
ll.»..|,ll.,l,„
riste t r a b a l h o c u m s o n e t o de .11 m u ,
nin.i
elegia d a a l m a p a r a d e c a n t a r u m a d a s m a i s b r i -
l h a n t e s psicólogas b r a s i l e i r a s , s e g u r a m e n t e u m a d a s m a i s q u e r i d a s e m nossa r e a l i d a d e . E simples, sem o u t r a preocupação que apenas e tão somente m o s t r a r o u t r a M a t h i l d e
1 i i i i i i .1
A
I H n 11ii .11 , n i , n . i n i . i i i i i
I.I
il.is
l.unhom o Amoi
vezes, o c o r r e e m nosso i m a g i n á r i o e n a d a t e m a v e r
1 u n i .1 própria r e a l i d a d e d c nossos p e r s o n a g e n s . N o c a s o d e M a t h i l d e N e d e r , é isso o q u e t t l i i i s s u r p r e e n d e q u a n d o a c o n h e c e m o s e m sua i n t i m i d a d e .
N e d e r aos o l h o s d e seus a d m i r a d o r e s , p e s s o a q u e se m o s t r a d e u m a g e n e r o s i d a d e í m p a r e
A n t e r m i n a r a f a c u l d a d e i n i c i e i u m a a t i v i d a d e c o m p a c i e n t e s q u e t e n t a v a m suicídio
q u e , n o e n t a n t o , p o u c o s têm o p r i v i l é g i o d e c o n h e c e r e c o n v i v e r . S u a trajetória p r o f i s s i o n a l
r e r a m atendidos n o P r o n t o - S o c o r r o d o I n s t i t u t o C e n t r a l d o H o s p i t a l das Clínicas d a
lói d e s c r i t a e m l i v r o a n t e r i o r , n o q u a l seu p i o n e i r i s m o está d e t a l h a d a m e n t e n a r r a d o , c o n -
r M t ISI*
f i g u r a n d o - s e a s s i m n a v e r d a d e i r a história d a p r á t i c a d a p s i c o l o g i a h o s p i t a l a r n o B r a s i l .
nessa a t i v i d a d e , h o u v e u m a u n i f i c a ç ã o d o s d i v e r s o s s e r v i ç o s d e p s i c o l o g i a e x i s t e n t e s n o
1
O o b j e t i v o a q u i é m o s t r a r o u t r a figura, d i s t a n t e d o a c a d e m i c i s m o e d a v i v ê n c i a h o s pitalar. U m a M a t h i l d e N e d e r que tive o privilégio de conhecer e de conviver. E a p a r t i r d e c o n v i v ê n c i a s c o m o essa é q u e t e n h o c e r t e z a d e q u e se t r a t a d e a l g u é m m u i t o e s p e c i a l , p o i s t a l c o n v í v i o só m e fez c r e s c e r c o m o p e s s o a e m t o d o s os s e n t i d o s d a m i n h a e x p e r i ê n c i a h u m a n a . N ã o é m i n h a pretensão e s g o t a r os d e t a l h e s q u e p o s s a m ser atribuídos à M a t h i l d e , t a m p o u c o c o l o c a r - m e c o m o o ú n i c o q u e o s c o n h e c e s s e e q u e , p o r t a n t o , se n ã o
estiverem
a q u i r e g i s t r a d o s , n ã o e x i s t e m . T r a t a - s e apenas d e u m a p e q u e n a descrição, r e d u z i d a e m seu e s p a ç o d e e s c r i t a , e e s t a b e l e c i d a e m u m t e m p o m u i t o c u r t o e m r a z ã o d a n o s s a p r ó p r i a dificuldade de tantos e demasiados compromissos profissionais. E n f i m , u m t r a b a l h o e m q u e o a m o r é b a l i z a m e n t o p r i n c i p a l , e o a f e t o d e seu ser é a e s t r u t u r a m a i o r d e seu b o j o e d e seu c o m p r o m i s s o e d i t o r i a l .
f a c u l d a d e de M e d i c i n a d a U n i v e r s i d a d e d c São P a u l o . D e p o i s d e a l g u m t e m p o
I l o s p i t a l d a s C l í n i c a s , q u e e s t a v a s e n d o c o o r d e n a d a p o r M a t h i l d e N e d e r . F o i a í o nosso primeiro contato. E desde esse p r i m e i r o e n c o n t r o n ã o m a i s n o s l a r g a m o s . A p r e n d i a respeitá-la e a d m i r á - l a p r i n c i p a l m e n t e p e l a h u m i l d a d e d e m o n s t r a d a e m seus a t o s e até m e s m o gestos t r i v i a i s . Fui p r o c u r a d o p o r e l a p a r a ser a v i s a d o d a s m u d a n ç a s q u e e s t a v a m o c o r r e n d o
naquele
m o m e n t o n o H o s p i t a l das Clínicas. A m i n h a p r i m e i r a r e a ç ã o f o i a de q u e s e r i a s u m a r i a m e n t e escorraçad o d o h o s p i t a l , p o i s n ã o f a z i a p a r t e d e seu g r u p o d e t r a b a l h o . E c o m esse e s t a d o d e espírito f u i encontrá-la. E u , u m p r i n c i p i a n t e n a r e a l i d a d e h o s p i t a l a r , e m b o r a
coordenasse
u m t r a b a l h o q u e c o m e ç a v a a d e s p o n t a r e t e r b a s t a n t e p r o j e ç ã o e m nível t e ó r i c o - p r á t i c o , e M a t h i l d e N e d e r , a m a i o r a u t o r i d a d e e m P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r n o B r a s i l , sua p r i n c i p a l p i o n e i r a , e q u e nesse m o m e n t o r e f o r m u l a v a os serviços d e p s i c o l o g i a d a q u e l a u n i d a d e h o s p i t a l a r . S u r p r e e n d e n t e m e n t e , q u a n d o a e n c o n t r e i , sua r e a ç ã o f o i tão a f e t i v a e a m i s t o s a q u e
Doces Reminiscências
fiquei
s i m p l e s m e n t e atónito, c o m p l e t a m e n t e s e m reação, p o i s h a v i a m e p r e p a r a d o p a r a u m e n c o n t r o b e l i g e r a n t e , d o q u a l c e r t a m e n t e r e s u l t a r i a u m g r a n d e n ú m e r o d e p e r d a s irreparáveis. M a s
A i n d a e r a académico de p s i c o l o g i a , e ela notória professora n a P U C - S P , q u a n d o o u v i f a l a r
n ã o , lá e s t a v a M a t h i l d e N e d e r , c o m a q u e l e s o r r i s o a m i g o e q u e i n i c i a l m e n t e fez questão d e
d e M a t h i l d e N e d e r p e l a p r i m e i r a vez. Nesse p e r í o d o n ã o p o d i a i m a g i n a r q u e p o d e r i a
r e v e r e n c i a r o nosso t r a b a l h o , f a z e n d o g r a n d e s e l o g i o s às a t i v i d a d e s d o g r u p o .
c o n v i v e r c o m ela de m o d o tão estreito, p a r t i l h a n d o m o m e n t o s dos m a i s diferentes m a t i z e s .
S u r p r e s o fiquei e s u r p r e s o p e r m a n e c i p o r l o n g o s m o m e n t o s , p o i s d e f a t o e s t a v a s i m p l e s -
A i n d a académico, c o m e c e i a d e s p e r t a r m e u interesse p a r a a área h o s p i t a l a r e p a r a todos
m e n t e s e n d o e l o g i a d o p e l a m a i o r a u t o r i d a d e n a r e a l i d a d e h o s p i t a l a r , e l o g i o s esses q u e r e -
os l a d o s p a r a os q u a i s m e d i r e c i o n a v a , a p r o e m i n ê n c i a m a i o r d e referência t e ó r i c o - p r á t i c a
p e r c u t i r a m t ã o p r a z e r o s a m e n t e e m m e u ser q u e n ã o t i v e c o m o n ã o m e e n c a n t a r p o r e l a .
sempre era M a t h i l d e Neder.
F a l a m o s , r i m o s , a c e r t a m o s c o m o s e r i a nossa participação nessa reformulação e, p r i n c i p a l -
Nesse m o m e n t o ela e r a p a r a m i m apenas u m a
figura
m i t i f i c a d a p e l o seu d e s e n v o l v i -
m e n t e , c o m o seria a transição d o nosso m o d e l o de atuação p a r a o q u e estava sendo i m p l a n t a d o
m e n t o académico e p o r sua p e r f o r m a n c e profissional. A l g u é m q u e veneramos, mas que
naquele m o m e n t o . T u d o m u i t o simples, m u i t o n a t u r a l , de t a l f o r m a que m e senti também u m
acreditamos ser d i s t a n t e d a q u e l e s q u e a p e n a s e s t ão c o m e ç a n d o a d a r os p r i m e i r o s p a s s o s
g r a n d e n o m e d a P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r q u e d i s c u t i a c o m o u t r o g r a n d e n o m e d a área.
e m suas trajetórias p r o f i s s i o n a i s . F r i s a - s e o t e r m o " a c r e d i t a m o s " , p o i s essa é a v e r d a d e i r a d e f i n i ç ã o p a r a e x p r e s s a r a r e d o m a e m q u e m u i t o s a c r e d i t a m q u e M a t h i l d e N e d e r se e n -
C o r r i a então o a n o d e 1982. N e s s a ocasião, e u t a m b é m c o o r d e n a v a o c u r s o d e espec i a l i z a ç ã o e m P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r d o I n s t i t u t o Sedes S a p i e n t i a e , e a c o n v i d e i p a r a f a l a r aos nossos a l u n o s s o b r e s u a trajetória p r o f i s s i o n a l . E d u r a n t e m u i t o s a n o s essa r o t i n a f o i i n a l t e r a d a , c o m s u a f a l a aos a l u n o s s o b r e a m a n e i r a c o m o h a v i a se d e s e n v o l v i d o n a p r á -
I - A n g e r a m i , V . A . Tendências
16
em Psicologia
Hospitalar.
São Paulo: Cengage L e a r n i n g , 2004.
t i c a h o s p i t a l a r , c o m o h a v i a e s t r u t u r a d o s u a a t u a ç ã o p r o f i s s i o n a l d e n t r o dessa r e a l i d a d e .
17
I V
Psi< <)l()(|i.l U ( ) S | > i l . l l . l l
I oinn o S.IIHII
l . i m l m i n «'. A m i n
A l u a h u m i l d a d e a t r o p e l a a g r a n d i o s i d a d e d c suas r e a l i z a ç õ e s , p o i s , p o r m a i s i m r í -
1 )a m e s m a f o r m a , t a m b é m passei a l a l a r p a r a os a l u n o s d o s c u r s o s d e a p c r l c i ç o a m e n t i M I M
\i I (|ue possa p a r e c e r , n e m m e s m o suas p r i m e i r a s publicações e l a m a n t e v e g u a r d a d a s c
u n i d a d e d e p s i c o l o g i a h o s p i t a l a r d o H o s p i t a l d a s C l í n i c a s d a F M l FSP;
i
Outros Tempos
M I I M
i V.Mlas.
E isso p o s s o a f i r m a r s e m t i t u b e i o , p o i s p a r a e s c r e v e r a h i s t o r i a d e sua I r a j e -
p r o f i s s i o n a l t i v e d e l a p i d a r m u i t o m a t e r i a l q u e se a c h a v a m i s t u r a d o a o u t r a s l a u t a s
luii.i
p i i l i l u a ç õ e s , b e m c o m o g a r i m p a r t r a b a l h o s q u e se a c h a v a m p e r d i d o s n o s l u g a r e s m a i s Em
1 9 8 8 o c o r r e u , e m R e c i f e / O l i n d a , o I I I E n c o n t r o N a c i o n a l d e Psicólogos d a A r c a
I I I u u . m i n á v e i s . P a r a se t e r u m a i d e i a d a d i m e n s ã o dessas c o l o c a ç õ e s , c i t o u m a o c a s i ã o , pc I I
para
Volta d e I 9 9 l , q u a n d o e s t a v a t r a b a l h a n d o n a d e s c r i ç ã o d c s u a trajetória e p r e c i s a v a d c u m a
H o s p i t a l a r . L e v e i m e u filho m a i s v e l h o , E v a n d r o , n a o c a s i ã o c o m 8 a n o s d e i d a d e , q u e conhecesse aqueles cantos tão q u e r i d o s .
c o i i l e i ê n c i a q u e e l a h a v i a p r o f e r i d o n o i n í c i o d e seu d e s e m p e n h o p r o f i s s i o n a l . F u i até
N e s s a v i a g e m , M a t h i l d e c o n h e c e u E v a n d r o e p a s s o u a f a z e r p a r t e d a n o s s a família.
SII.I
i usa, c d e p o i s d e m u i t o p r o c u r a r e n a d a e n c o n t r a r , l e v e i - a p a r a a s s i s t i r a u m c o m c i t o q u e
Posteriormente conheceu a m i n h a filha, Paula, e i g u a l m e n t e não mais houve r u p t u r a no
p.n
,i
e s t r e i t a m e n t o d e nossas relações. A s s i m , b a s t a v a t e r a l g u m c o n g r e s s o f o r a d e S ã o P a u l o q u e
.ih
f i n a l m e n t e encontrá-la.
m i m era imperdível. Q u a n d o v o l t a m o s
à sua casa,
p r o c u r a m o s p o r toda
I I I . K I I
Ugada
para
E a s s i m f o i d u r a n t e t o d a a e l a b o r a ç ã o desse t r a b a l h o , u m i n c e s s a n t e g a r i m p o m> q u a l
c u r t i - l o s n o v e r d a d e i r o s e n t i d o d o t e r m o . E n ã o só e m c o n g r e s s o s , p o i s M a t h i l d e p a s s o u
cada peça e n c o n t r a d a era f a r t a m e n t e c o m e m o r a d a pelas d i f i c u l d a d e s apresentadas. E n a u
i m e d i a t a m e n t e M a t h i l d e q u e r i a s a b e r q u a l d o s m e u s filhos i r i a c o m i g o e se p r e p a r a v a
a ser figura o b r i g a t ó r i a n a s festas q u e r e a l i z a m o s e m c a s a , b e m c o m o e m m u i t o s a l m o ç o s
pense o
d o m i n i c a i s . E v a n d r o h o j e é a r t i s t a p l á s t i c o e u m a d e suas o b r a s m a i s q u e r i d a s p r e s e n t e o u
sua p a r t e , p o i s o u t r o s t r a b a l h o s indispensáveis à s u a prática p r o f i s s i o n a l estão d e v i d a i i i c n i i
à M a t h i l d e c o m o f o r m a de reverenciar o afeto q u e todos temos p o r ela.
g u a r d a d o s e c o m fácil acesso e m s e u escritório d e t r a b a l h o . O r e g i s t r o d c suas a t i v i d a d e i
l e i t o r d e m o d o p r e c i p i t a d o q u e isso p o s s a ser e v i d ê n c i a d e u m a desorganizaç&i
111<
M a t h i l d e d e i x o u e n t ã o d e ser u m a a m i g a q u e r i d a p a r a t o r n a r - s e a l g u é m d a f a m í l i a ,
li ii d e i x a d o d e l a d o p o r s u a característica d e h u m i l d a d e , q u e a i m p e d e d c se r c c o n h e i n
a l g u é m c u j a presença é indispensável e m t o d a s as ocasiões e s p e c i a i s e até m e s m o r o t i n e i r a s .
c o m o a l g u é m c u j o s passos são d e e x t r e m a i m p o r t â n c i a p a r a a p r ó p r i a história d a p i i i O
U m a presença f o r t e , m a r c a n t e e q u e , a n t e s d e q u a l q u e r o u t r a característica, t r a n s m i t e u m a
logia no Brasil.
h u m i l d a d e q u e t o r n a m u i t o difícil i d e n t i f i c a r n a s u a figura s i m p l e s u m a d a s m a i o r e s p e r s o -
E m u m a ocasião e l a s i m p l e s m e n t e f a l o u : " Q u e m v a i se i n t e r e s s a r p o r u m a
conferem l l conferem ia
n a l i d a d e s n a área d a p s i c o l o g i a . É difícil c o n s t a t a r q u e a q u e l a pessoa d e r i s o m e i g o e o l h a r
que proferi n o
d o c e e suave é i g u a l m e n t e a p r e c u r s o r a t a n t o d a P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r c o m o até m e s m o d a
que r e g i s t r a a p r i m e i r a p a r t i c i p a ç ã o d e u m psicólogo e m u m e v e n t o o r g a n i z a d o p o r médii i il
final(fim)
d o s a n o s 1 9 5 0 ? " E , n a v e r d a d e , f a z i a referência a u m a
primeiros passi i
psicossomática n o B r a s i l . É difícil e s t a b e l e c e r o p a r a l e l o d e q u e a q u e l a m u l h e r s e m p r e t ã o
n o H o s p i t a l d a s Clínicas d a F M U S P e n o q u a l e s t a v a m r e g i s t r a d o s os seus
d i s p o s t a a o u v i r os m a i s d i f e r e n t e s i n t e r l o c u t o r e s é, s e m s o m b r a d e d ú v i d a , u m a d a s m a i s n o -
b e m c o m o o nível d e aceitação a o seu t r a b a l h o p o r o u t r o s p r o f i s s i o n a i s d a saúde. O u d e o u i r a
táveis professoras d e nossa r e a l i d a d e a c a d é m i c a , a l g u é m q u e n ã o sabe d e p r o n t o o n ú m e r o d e
situação e m q u e s i m p l e s m e n t e f a l o u : " N ã o sei p a r a q u e v o c ê está i n t e r e s s a d o e m saber os de
orientações q u e p o s s u i n a a t u a l i d a d e . E q u e s e g u r a m e n t e d e p e n d e r á d e u m a g r a n d e p e s q u i s a
t a l h e s d o m e u t r a b a l h o n o h o s p i t a l " . E n o v a m e n t e estávamos d i a n t e d e u m a situação em l [UC
bibliográfica p a r a se a p u r a r o n ú m e r o d e teses a c a d é m i c a s e s c r i t a s s o b s u a o r i e n t a ç ã o . M a s
tais d e t a l h e s c o l o c a v a m e m evidência u m p o u c o d a história d a p s i c o l o g i a n o Brasil,
c e r t a m e n t e n ã o será d e s u a b o c a q u e o u v i r e m o s q u a l q u e r e l o q u ê n c i a s o b r e a m a g n i t u d e d o s t r a b a l h o s q u e o r i e n t o u a o l o n g o d e s u a trajetória p r o f i s s i o n a l . C o m o t a m b é m , se n ã o fosse o trabalho que organizamos
2
r e l a t a n d o s u a trajetória p r o f i s s i o n a l n a r e a l i d a d e h o s p i t a l a r ,
A t é m e s m o u m a foto dc u m congresso r e a l i z a d o n a E u r o p a , q u a n d o a i n d a era j o v e m , e que t i n h a grandes personagens d a psicologia m u n d i a l , c o m o M e l a i n e K l e i n
e Ernest
B e c k e r , e n t r e o u t r o s , só é m o s t r a d a d e p o i s d e m u i t a insistência. D o c o n t r á r i o , g u a o l . u l . i
c e r t a m e n t e seus feitos e c o n q u i s t a s se p e r d e r i a m a o l o n g o d o t e m p o e d o espaço, p o i s e l a n ã o
está, g u a r d a d a p e r m a n e c e r á . I m a g i n o d e o u t r a p a r t e q u e se essa f o t o p e r t e n c e s s e a m u
s e r i a c a p a z d e registrá-los o u até m e s m o d e narrá-los d e m o d o s i s t e m a t i z a d o .
m e r o s o u t r o s c o l e g a s , e s t a r i a e m d e s t a q u e e m suas salas d e v i s i t a s , c o m o u m d o s m a i o r e s t r i u n f o s d a p r ó p r i a trajetória p r o f i s s i o n a l . U m a d a s faces m a i s m a r c a n t e s d e s u a g e n e r o s i d a d e é o m o d o c o m o a c o l h e colegas de
2 -
18
Tendências
em Psicologia
Hospitalar.
Op. cit.
o u t r o s E s t a d o s , h o s p e d a n d o - o s e m s u a p r ó p r i a residência. A s s i m , é m u i t o c o m u m
encontrar 19
(>l( >< ]1.1
I lor.pit.tl.il
Atendimento Psicológico
c o l e g a s d o s m a i s d i f e r e n t e s c a n t o s q u e , a o p a s s a r e m p o r S ã o P a u l o , são r e c e p c i o n a d o s p o i M a t h i l d e , t e n d o e n t ã o e m sua residência o l o c a l d e referência c p r o t e ç ã o . E n ã o pense q u i se t r a t a a p e n a s d e n o t ó r i o s d e o u t r a s l o c a l i d a d e s , m a s d e q u a l q u e r c o l e g a , a c a d é m i c o q m
no Centro de Terapia Intensiva
seja, e q u e s i m p l e s m e n t e necessite d e u m a a c o m o d a ç ã o p o r esses c a n t o s . É c o m o já u m i d e u m c o l e g a d e M a c e i ó q u e lá e s t a v a h o s p e d a d o : " A l é m d e t u d o , a i n d a t e n h o o p r i v i l e g i e >
3
de c o n v i v e r c o m o d i a a d i a de M a t h i l d e N e d e r " . M a t h i l d e , e m s u a g e n e r o s i d a d e , g u a r d a hábitos d e e x t r e m a v a l o r i z a ç ã o d o c o n v í v i o
Ricardo
Werner
Sebastiani
f a m i l i a r . E f r e q u e n t e o u v i r - s e d e l a s o b r e a n e c e s s i d a d e d e i r até o i n t e r i o r p a r a c u i d a r de p a r e n t e s . E l a t a m b é m é m u i t o r e l i g i o s a , e u m d e nossos passeios f r e q u e n t e s é levá-la p a r a a s s i s t i r à m i s s a d o c a n t o g r e g o r i a n o n o M o s t e i r o d e S ã o B e n t o , n o c e n t r o h i s t ó r i c o d e São P a u l o . E d e q u a l q u e r m a n e i r a e l a é s e m p r e g r a t a a q u a l q u e r g e s t o q u e f a ç a m o s e m seu b e n e f í c i o . T u d o é m u i t o c o n s i d e r a d o e n ã o há a ç ã o e m q u e n ã o se d e r r a m e e m a g r a d e c i m e n t o s q u a n d o se sente a c a r i n h a d a p e l o s nossos gestos. S e m m e d o d e e r r o é possível a f i r m a r q u e o g r a n d e e, p o r a s s i m d i z e r , o seu p r i n c i p a l
Introdução
d e f e i t o é a s u a escassez d e p u b l i c a ç õ e s . P e l a m a g n i t u d e d e s u a v i v ê n c i a é u m a p e r d a i r r e p a r á v e l u m n ú m e r o t ã o r e d u z i d o d e t r a b a l h o s a c a d é m i c o s . E m b o r a esteja c o n s t a n t e m e n t e o r i e n t a n d o as m a i s d i f e r e n t e s dissertações e teses a c a d é m i c a s , c e r t a m e n t e t e r í a m o s u m a g r a n d e c o n t r i b u i ç ã o se e l a d e d i c a s s e u m t e m p o d e suas a t i v i d a d e s p a r a a p u b l i c a ç ã o de s u a v a s t a e x p e r i ê n c i a p r o f i s s i o n a l . M a s os e n s i n a m e n t o s q u e e l a n o s l e g a a c a d a e n c o n t r o n o s t o r n a m responsáveis p e l a s u a difusão. E t a m b é m n ã o p o d e m o s p e r d e r d e v i s t a q u e d o i s dos m a i o r e s pensadores d a h u m a n i d a d e - C r i s t o e Sócrates - n a d a p u b l i c a r a m , c h e g a n d o suas i d e i a s e e n s i n a m e n t o s até os d i a s d e h o j e g r a ç a s àqueles d e n t r e os seus discípulos q u e r e c o l h e r a m u m v a s t o m a t e r i a l d e seus e n s i n a m e n t o s e os p u b l i c a r a m . E a s s i m , o s a b e r p o d e se t r a n s f o r m a r e m u m a d a s m a i s b e l a s m a n i f e s t a ç õ e s d o a m o r . . .
O
C T I t r a z c o m o sério estereótipo v i n c u l a d o à s u a i d e i a a i m a g e m de s o f r i m e n t o e
t(
i m i n e n t e . N a v e r d a d e , p o r ser u m a u n i d a d e n o h o s p i t a l q u e se d e d i c a a o a t c n d i m e n t i i
i le casos e m q u e o c u i d a d o i n t e n s i v o e a g r a v i d a d e d o s p r o b l e m a s e x i g e m sei \< is c o n s t a n t e ! e e s p e c i a l i z a d o s , esse t i p o d e i m a g e m a c a b a t e n d o u m b o m c u n h o d e r e a l i d a d e . A s características intrínsecas a o C T I , c o m o a r o t i n a d c t r a b a l h o m a i s a c e l e r a d a , 11 c l i m a c o n s t a n t e d e a p r e e n s ã o , as situações d e m o r t e i m i n e n t e , a c a b a m p o r e x a c e r b a r 0 e s t a d o de " e s t r e s s e " e tensão q u e t a n t o o p a c i e n t e q u a n t o a e q u i p e v i v e m n a s 2 4 h o r a s d o d i a Esses a s p e c t o s , s o m a d o s à d i m e n s ã o i n d i v i d u a l d o s o f r i m e n t o d a p e s s o a n e l a i n t e i n . i d . i , lais c o m o a d o r , o m e d o , a ansiedade, o i s o l a m e n t o d o m u n d o , t r a z e m , sem dúvida, várioi e lõrtes f a t o r e s p s i c o l ó g i c o s q u e i n t e r a t u a m d e m a n e i r a m u i t a s vezes g r a v e p o r s o b r e 0
S e r r a d a C a n t a r e i r a , e m u m a manhã de i n v e r n o .
manifestação orgânica d a e n f e r m i d a d e q u e a pessoa p o s s u i . P a r a t a n t o , d i s c o r r e r - s e - á s o b r e o s a s p e c t o s m a i s i m p o r t a n t e s desse m o m e n t o d a história d o i n d i v í d u o , c o m e ç a n d o p o r d e s m i s t i f i c a r o q u e se a c r e d i t a ser u m ( l e n t r o de Terapia Intensiva.
Desmistificando o CTI O C T I é m a i s u m d o s f r u t o s d o e x t r a o r d i n á r i o a v a n ç o q u e as ciências m é d i c a s c sua te< n< i l o g i a a t i n g i r a m n o século X X . O b j e t i v a d o p a r a u m t r a t a m e n t o i n t e n s i v o d o e n f e r m o , vei( > se e v i d e n c i a n d o c o m o u m a u n i d a d e indispensável p a r a o t r a t a m e n t o d e d o e n t e s g r a v e s .
20
l>llll|l.l
H()S|)it.ll.ll
A t l i l l l l l l l l D I l t i i l ' ' . U i i l i i l | l i CI n u ( e l l l l i i c i e
Equipamentos sofisticados, pessoal técnico qualificado, atenção constante, 21 horas diái iu dc m e d i c a ç õ e s , e x a m e s , lesies, letisào, r o t i n a , v i s a n d o a u m só f a t o r : a pessoa e n i é r m a . N ã o o b s t a n t e essas c o n o t a ç õ e s c l o d o a p a r a t o científico c t e c n o l ó g i c o , o b s e r v a - s c u m
v.Hi h
i
E x i s t e , n a m a i o r i a d a s pessoas, u m e s t e r e ó t i p o b a s t a n t e a r r a i g a d o , a s s o c i a d o o u c u I M I N E N T E . O fator m o r t e , c o n t r o v e r t i d a
s o m a i às d o p s i c ó l o g o ,
IIIIIIII.I
'.IIIIMISI
l a l o q u e se r e p e t e n a s c e n t e n a s d e C T I s e s p a l h a d o s p e l o nosso País.
locado c o m o sinónimo de C T I : A M O R T E
ii'
le
sua p a r t i c i p a ç ã o
IIIIC
i m
I . • r , 11 > I . I I n t l M l s i v . l
l i t v o r c c c a inanileslaçài > d o s m e d o s c l a n t a s i a s d o p a c i e n t r a t a m e n t o , ouve
e
p o n d e r a s o b r e questões q u e o a f l i j a m
i a , desesperança, m u d a n ç a s e s t r u t u r a i s n a s u a r e l a ç ã o c o m a v i d a , e x p e c t a t i v a d a ele.),
lodos
esses
cslõrços v i s a m m a i s d o q u e a u m fim p u r o e s i m p l e s : v i s a m a u m
i . o i u u l i u dc e n f r e n t a m e n t o d a dor, d o sofrimento, e e v e n t u a l m e n t e d a própria m o r t e , m a i s < 111
- o m e n o s s o f r i d o possível.
r e a l i d a d e d e n o s s a existência d e n t r o d a c u l t u r a o c i d e n t a l , é, p o r p a r a d o x a l q u e p a r e ç a ,
N u m a s e pode esquecer q u e d o l a d o de f o r a d o C T I , n o c o r r e d o r , n a sala d e espera,
v i v i d o t o d o o t e m p o n a r o t i n a d i á r i a d o C T I , e x i g i n d o d a s p essoas q u e n e l e t r a b a l h a m e
• M l e u m a família i g u a l m e n t e a n g u s t i a d a e s o f r i d a , q u e se sente i m p o t e n t e p a r a a j u d a r
l u t a m p e l a v i d a u m p o s i c i o n a m e n t o m u i t o d u r o p e r a n t e este, m u i t a s v e z e s o b r i g a n d o - a i
l e u f a m i l i a r , q u e t a m b é m se d e s o r g a n i z o u c o m a d o e n ç a e q u e t a m b é m se assusta c o m o
a r e f u g i a r - s e e m u m u n i v e r s o r a c i o n a l i s t a p a r a a g u e n t a r a p r e s s ã o e m o c i o n a l q u e isto
c s p e e i r o d a m o r t e q u e m u i t a s vezes r o n d a seus p e n s a m e n t o s .
t u d o causa. A história d a M e d i c i n a t r a z situações q u e se r e p e t e m c o m o p a s s a r d o s séculos, s e m -
Essas pessoas t a m b é m p r e c i s a m d a a t e n ç ã o d o p s i c ó l o g o e c o n s t i t u e m - s e e m u m a p o leuie
força a f e t i v a q u e p o d e e d e v e ser e n v o l v i d a n o t r a b a l h o c o m o p a c i e n t e , p o i s são os
p r e q u e s t i o n a n d o o fator m o r t e e a importância d a atenção afetiva d o t e r a p e u t a diante
i c p i e s e n t a n t e s p r i n c i p a i s d e seus v í n c u l o s c o m a v i d a e, n ã o r a r o , u m a d a s p o u c a s f o n t e s
do enfermo.
de m o t i v a ç ã o q u e este t e m p a r a e n f r e n t a r o s o f r i m e n t o e a v i r t u a l i d a d e d a m o r t e .
A s c l é p i o , m é d i c o d a b a t a l h a d e T r ó i a (2), c i t a d o p o r H o m e r o e g l o r i f i c a d o d e p o i s c o m o
Sabe-se m u i t o b e m q u e o p a l c o p r i n c i p a l d o t r a t a m e n t o n o C T I a c o n t e c e n o p l a n o
d e u s d a M e d i c i n a , p r e c o n i z a v a e m seus e n s i n a m e n t o s a i m p o r t â n c i a d e u m a b o a a c o l h i d a
b i o l ó g i c o ; a i n f e c ç ã o s e n d o c o m b a t i d a p e l o s antibióticos, as falências d o s s i s t e m a s s e n d o
a o e n f e r m o , i n t e r e s s a n d o - s e p o r seu t o d o ; a m b i e n t e , interesses, família, c u l t u r a , m o t i v a ç õ e s
01 i m p e n s a d a s p o r m á q u i n a s e f á r m a c o s , a v i g i l â n c i a d o f u n c i o n a m e n t o d o o r g a n i s m o f e i t a
e s i n t o m a s e r a m c o n d i ç õ e s básicas p a r a s u a r e c u p e r a ç ã o .
I ii >r e x a m e s e testes l a b o r a t o r i a i s ; às vezes esse p r o c e s s o n o s f a z e s q u e c e r d e q u e t u d o isso
F i r m a d o neste c ó d i g o d e r e s p e i t o à pessoa h u m a n a , l e v a n t a - s e e n t ã o a n e c e s s i d a d e i m i -
t e m u m ú n i c o o b j e t i v o : p r e s e r v a r a v i d a . E o q u e é essa v i d a senão esse i n t r i n c a d o s i s t e m a
n e n t e d e u m a a m p l i a ç ã o n a a b o r d a g e m à pessoa e n f e r m a , q u e b r a n d o a defesa r a c i o n a l e,
d c e m o ç õ e s , a f e t o s , v í n c u l o s , m o t i v a ç õ e s q u e s e n t i m o s e m nosso c o r p o e d e nossa a l m a ,
a o l a d o d e l a , v i v e n d o o c o n f l i t o e n t r e v i d a e m o r t e . N ã o se t r a t a d c u m a e n t r e g a i m e d i a t a
que acontece d e n t r o de u m a m b i e n t e q u e nos c r i a e c r i a m o s c h a m a d o família, relacio-
a o s o f r i m e n t o , p o i s se c a i r i a e n t ã o n o m e s m o p r i s m a e x t r e m i s t a d a r a c i o n a l i z a ç ã o , m a s
n a m e n t o s , t r a b a l h o , m u n d o , e n f i m . . . ? É , p o r t a n t o , p e l a q u a l i d a d e d e s t a v i d a q u e se l u t a ,
s i m d e u m " e s t a r c o m " e m q u e se p o d e , c o m o m e d i a d o r , a c o m p a n h a r a v i d a e a m o r t e ,
às vezes g a n h a n d o , às vezes p e r d e n d o . Nesse p o n t o a e q u i p e d e saúde, q u e , a n t e s d e m a i s
l u t a n d o p o r a q u e l a o u c o m p r e e n d e n d o , n e s t a , nossa l i m i t a ç ã o , a b a n d o n a n d o a onipotência
n a d a , é t a m b é m c o m p o s t a d e pessoas, v i v ê n c i a n o seu c o t i d i a n o esse s i g n i f i c a d o d e v i v e r c
q u e m u i t a s vezes n o s assola c o m o u m d o m d i v i n o d e " s e n h o r d a existência".
d e m o r r e r . O p r o f i s s i o n a l d e saúde n ã o d e i x a d e ser a s s o l a d o p o r s e n t i m e n t o s a m b i v a l e n t e s
T e m - s e , p o r t a n t o , c o m o o b j e t o d a a t e n ç ã o d o p s i c ó l o g o n o C T I , u m a t r í ad e constituída
de onipotência e impotência, a própria
finitude
q u e é d e n u n c i a d a a c a d a m o m e n t o , as e x -
d c : p a c i e n t e , s u a f a m í l i a e a p r ó p r i a e q u i p e d e saúde, t o d o s e n v o l v i d o s n a m e s m a l u t a , m a s
p e c t a t i v a s d e t o d o s (família, p a c i e n t e , colegas...) são j o g a d a s s o b r e eles. P a r a s u p o r t a r isso,
c a d a u m c o m p o n d o u m d o s â n g u l o s desse p r o c e s s o .
m u i t a s vezes se r e f u g i a m e m suas defesas, o r a c i o n a l i s m o , o n ã o e n v o l v i m e n t o , a p r ó p r i a
O s o f r i m e n t o físico c e m o c i o n a l d o p a c i e n t e p r e c i s a ser e n t e n d i d o c o m o c o i s a única,
o n i p o t ê n c i a , m a s m e s m o a s s i m t o d o s esses estímulos estão a l i , p r e s e n t e s n o seu d i a a d i a .
p o i s os d o i s a s p e c t o s q u e o c o n s t i t u e m i n t e r f e r e m u m s o b r e o o u t r o , c r i a n d o u m cí r cu l o
O p s i c ó l o g o p o d e e n t ã o a t u a r c o m o f a c i l i t a d o r d o f l u x o dessas e m o ç õ e s e reflexões, d e t e c -
v i c i o s o d o t i p o : a d o r a u m e n t a a tensão e o m e d o q u e , p o r s u a v e z , e x a c e r b a m a a t e n ç ã o d o
t a r os f o c o s d e " e s t r e s s e " , s i n a l i z a r q u a n d o suas defesas se e x a c e r b a r a m t a n t o , a p o n t o de
p a c i e n t e à p r ó p r i a d o r q u e , a u m e n t a d a , g e r a m a i s tensão e m e d o , e a s s i m s u c e s s i v a m e n t e
a l i e n a r e m - s e d e si m e s m a s , d e seus p r ó p r i o s s e n t i m e n t o s , e f a v o r e c e r a c o m p r e e n s ã o d e
(9). Essa c o m p r e e n s ã o a j u d a o p s i c ó l o g o a q u e b r a r esse cí r cu l o v i c i o s o de f o r m a a t e n t a r
s u a o n i p o t ê n c i a ( q u e é falsa).
r e s g a t a r , c o m o p a c i e n t e , u m c a m i n h o d e saída p a r a o s o f r i m e n t o , e m eme, d e u m l a d o , as
Esse trinòmio merece atenção, m e r e c e respeito; o psicólogo o compõe sendo ao m e s m o t e m p o
m a n o b r a s médicas, m e d i c a m e n t o s , e x a m e s , i n t r o d u ç ã o d e a p a r e l h o s i n t r a e e x t r a c o r p ó r e o s
agente e p a c i e n t e d e t u d o q u e se m e n c i o n o u a n t e r i o r m e n t e ; sua presença p o d e ser inestimável
22
23
I\
(iloqi.i I liispit.ll.ll
I ' M < c>lo<|i( D n o l « M i m
Aluiiillmniito
nesse m o m e n t o , quase s e m p r e c r o n i c a m e n t e erítiro,
e cabe
também
a
ele
estar atento
não
I
a o o u t r o , m a s a si m e s m o , p a r a p o d e r a t u a r s e m p r e q u e p u d e r , r e s p e i t a n d o seus l i m i t e s .
Possibilitar a compreensão nas
Objetivos Gerais do Acompanhamento Psicológico no CTI
diferentes situações,
e n 11.il . m i e t i t i ) d o s a s p e i t o s psicológicos
tais
.i
quadros psicorreativos;
b)
síndromes psicológicas;
Intmr.iv.i
(psicOgênil 0 1
c o m o :
c)
distúrbios psicossomáticos;
O p r e s e n t e t r a b a l h o v i s a d i s c u t i r os aspectos psicológicos d e p a c i e n t e s s u b m e t i d o s a c i r u r g i a i
d)
quadros conversivos;
de g r a n d e p o r t e , pós-operatório i m e d i a t o , b e m c o m o d i s c o r r e r sobre as reações e m o c i o n a i s de
c)
f a n t a s i a s m ó r b i d a s c angústia d e m o r t e ;
o u t r o g r u p o d e pacientes (não cirúrgicos) d u r a n t e sua permanência n o C T I .
F)
a n s i e d a d e d i a n t e das internações (doenças, evolução, alta).
T e n d o isso c o m o m e t a d e t r a b a l h o , buscar-se-á m o s t r a r a i n t e r v e n ç ã o psicológica no e n f e r m o , q u e p r o c u r a p o s s i b i l i t a r u m a d i m i n u i ç ã o e / o u a m e n i z a ç ã o d a s intercorrências q u e p o d e r ã o v i r a c o m p l i c a r o u r e t a r d a r a recuperação e a reabilitação dele. P a r a q u e se p o s s a c o m p r e e n d e r c o m m a i s c l a r e z a o p r o c e s s o psicofísico d o e n f e r m o , é de
O Paciente C i r ú r g i c o I
1
r e a l m e n t e notável a q u a l i d a d e das reações dos pacientes d i a n t e
d a
cirurgia.
silnação, as pessoas t e n d e m a m u d a r . E l a s se r e f a z e m , r e f i n a m seu a u t o c o n t r o l e ,
NeiH
delibera
e x t r e m a i m p o r t â n c i a q u e s e j a m a b o r d a d o s os g r u p o s d e fatores q u e i n t e r v ê m d e f o r m a d i r e t a
i l a m e n t e l i m i t a m suas p e r c e p ç õ e s e s e n t i m e n t o s , n e g a m o p e r i g o , a c e i t a m c o m est» ii( i s m o
o u i n d i r e t a n a e v o l u ç ã o d o q u a d r o p s i c o - o r g â n i c o d o p a c i e n t e , c o m o será v i s t o a s e g u i r .
o inevitável e c o n s e g u e m , até m e s m o , u m a a p a r ê n c i a d e satisfação. A
O b s e r v a m o s q u e a situação d o p a c i e n t e n ã o t e m s o m e n t e o â n g u l o d e v i d a e m o r t e ,
considerável valia
dessa m u d a n ç a i n t e r n a , e m b o r a n ã o seja u n i v e r s a l , é t a l v e z m a i o r d o q u e
se p e n s a .
Com
mas também o sentimento de a b a n d o n o e dicotomitização, pois é regra c o m u m , n a m a i o r
l u a a j u d a , o p a c i e n t e n ã o a p e n a s se p r o t e g e c o n t r a u m m e d o e s o f r i m e n t o a v a s s a l a i l . n l
p a r t e dos C T I s , a proibição das visitas, e é " r e g r a " e m hospitais, p o r u m provável vício do
m a s se e n t r e g a t a m b é m a u m p a p e l m a i s p a s s i v o , c o o p e r a t i v o e tratável.
c o t i d i a n o , t r a t a r as p e s s o a s c o m o s i n t o m a s , ó r g ã o s o u n ú m e r o s (o " 2 0 2 A " , a " e s t e r o s e " d o leito 0 1 , o " n e u r o " d o 5" andar...), r e s u l t a n d o n a despersonalização, o q u e e v i d e n c i a a
Q u e n i n g u é m se d e i x e e n g a n a r p e l a c o n t e n ç ã o e m o c i o n a l d e u m p a c i e n t e cirúrgii 0 Não i m p o r t a n d o o g r a u d e i m p e r t u r b a b i l i d a d e d e s u a a p a r ê n c i a , s u b j a c e n t e a e l a , h;
importância d o t r a b a l h o d o psicólogo, ressaltando " o t e m p o e o interesse h u m a n o s " c o m o
m e d o e u m p a v o r terríveis. O p a c i e n t e s u b m e t i d o a p r o c e d i m e n t o c i r ú r g i c o apresenta
p r e p o n d e r a n t e s p a r a o auxílio n a recuperação a m p l a d a pessoa e n f e r m a .
aspectos psicológicos i m p o r t a n t e s p r i n c i p a l m e n t e c o m relação a o m e d o . T e m triedo da
P a r a t a n t o , o t r a b a l h o d o psicólogo h o s p i t a l a r baseia-se nos seguintes aspectos:
d o r , d a a n e s t e s i a , d e ficar d e s f i g u r a d o o u i n c a p a c i t a d o . T e m m e d o d e m o s t r a r
m e d o ,
e
m e d o d e m i l e u m a coisas. S o b r e t u d o , t e m m e d o d e m o r r e r . E , d i f e r e n t e m e n t e d c a l g u m a s 1.
2.
A t e n d e r i n t e g r a l m e n t e o p a c i e n t e e a s u a f a m í l i a , c o n s i d e r a n d o - s e os p a r â m e t r o s d e saúde d a O r g a n i z a ç ã o M u n d i a l d e S a ú d e (3):
base c o n c r e t a . E m b o r a a r e a l i d a d e seja s e m p r e e n r i q u e c i d a p e l a i m a g i n a ç ã o , o m e d o d a
a)
total bem-estar biopsicossocial do paciente;
c i r u r g i a n u n c a é totalmente imaginário.
b)
a t e n ç ã o p r i m á r i a , s e c u n d á r i a , t e r c i á r i a à saúde.
O t i p o d e f r e i o q u e os p a c i e n t e s e x e r c e m s o b r e o s e u m e d o f a z m u i t a d i f e r e n ç a c m
L o g i c a m e n t e , u m a pessoa i n t e r n a d a n o C T I não t e m c o m o p r i n c i p a l necessidade a
relação a o seu b e m - e s t a r . A l g u n s o têm
atenção p r i m á r i a , m a s a p r e o c u p a ç ã o c o m a profilática d e u m a o r i e n t a ç ã o a d e q u a d a
( ) u t r o s o têm tão frágil q u e p r e c i s a m de reforço, e m g e r a l , p o r m e i o d e a c o m p a n h i
a n t e s d a a l t a ; u m p r e p a r o p a r a q u e as l i m i t a ç õ e s a d v i n d a s d a d o e n ç a ( t a n t o físicas
psicológico e e v e n t u a l m e n t e d r o g a s . O u t r o s a i n d a dispõem d e métodos especiais
q u a n t o psíquicas) n ã o t r a g a m à p e s s o a s e n t i m e n t o s d e i n u t i l i d a d e p a r a s i e p a r a o
c o n t r o l a r a a n s i e d a d e , e n e m t o d o s são benéficos. U m m o d o p a r t i c u l a r é a q u e l e d o p a i iente
m u n d o são m u i t o i m p o r t a n t e s .
que, t e n t a n d o a l i v i a r a ansiedade concentrada sobre a parte d oc o r p o c i r u r g i c a m e n t e
firme,
r e l a t i v a m e n t e i n q u e b r á v e l e m u i t o útil, i para
D e s e n v o l v e r as a t i v i d a d e s s o b u m a v i s ã o i n t e r d i s c i p l i n a r ( m é d i c o , e n f e r m e i r a , assistente social,
fisioterapeuta,
b i o m é d i c o , n u t r i c i o n i s t a e t c . ), b a s e a d a s n a i n t e g r a ç ã o
d o s serviços d e saúde v o l t a d o s p a r a o p a c i e n t e e s u a f a m í l i a .
24
o u t r a s coisas t e m i d a s p e l a s p e s s o a s , o m e d o d a c i r u r g i a t e m , p e l o m e n o s e m p a r t e , u m a
1 - E x c r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . (1), Conversando
com o Paciente.
São Paulo: M a n o l e , 1978.
2S
I'MI o l o u i . i I los|)il.il,n
A l n n d i m i M i t c i l ' s i < o l o q ú o 111>
a f e t a d a , t o r n a - s c p r e o c u p a d o c o m o u t r a s p a r l e s d c seu c o r p o , o u c r i a p r o b l e m a s a r l i l i i iul
ser p r e j u d i c i a l , n ã o h á n e c e s s i d a d e
de
ler.ipia
Intensiva
a p a r e n t e m e n t e p e q u e n a p r e o i upaçào q u e a e q u i p e deve l e r e m relação à estruturação
I....i
e m o u t r a s r e g i õ e s o r g â n i c a s . Se esse d e s l o c a m e n t o d c u m a p a r t e p a r a o u t r a p a r e c e n a u
Centro
I | I seu v i n c u l o c o m o p a c i e n t e , a d e s p e i t o d c c o l o c a ç õ e s a d v e r s a s c o m o " f a l t a d e t e m p o " ,
de interferência. E m a l g u n s casos, p o r é m , o l i e m
I
Lides m a i o r e s " c i e . , n ã o so o t i m i z a as r e s p o s t a s a o t r a t a m e n t o t a n t o d o p o n t o d e
- e s t a r d o p a c i e n t e é m a i s b e m p r e s e r v a d o se a e q u i p e o a j u d a a d e v o l v e r a a n s i e d a d e , i u
v i .1.1 psíquico q u a n t o físico, c o m o l a m b e m r e d u z o t e m p o d e r e a b i l i t a ç ã o e r e i n t e g r a ç ã o
seu l u g a r o r i g i n á r i o .
|jii p a c i e n t e , o q u e , c m última instância, a c a b a p o r c o n t r a d i z e r os p r ó p r i o s obstáculos q u e
O f a t o d e u m p a c i e n t e e m p a r t i c u l a r t e n t a r d e s l o c a r a p r e o c u p a ç ã o d e u m ó r g ã o afetado
, i i • 1111 j >< - c o l o c a p a r a e m p e n h a r - s e nesse v í n c u l o .
p a r a o u t r o n o r m a l depende n o r m a l m e n t e d o valor que a t r i b u i ao órgão afetado. A c i r u r g i l d a face e das mãos p o d e c a u s a r g r a n d e a n s i e d a d e e n t r e pacientes c u j o t a l e n t o d e p e n d e d l i n t e g r i d a d e dessas e x t r e m i d a d e s . É ó b v i o q u e os ó r g ã o s v i t a i s são m a i s c o t a d o s . E m g e r a l ,
Putores Pessoais Decorrentes da Intervenção Cirúrgica como Possíveis Geradores de Complicações na Evolução do Pós-Operatório
q u a n t o m a i s v a l o r i z a d o f o r o ó r g ã o , m a i o r será a a n s i e d a d e d o p a c i e n t e d i a n t e d a c i r u r g i a i p o r t a n t o , q u a n d o esses ó r g ã o s f o r e m o p e r a d o s , será m u i t o p r o v á v e l q u e o p a c i e n t e desloque
I
s u a a n s i e d a d e deste p a r a o u t r o s ó r g ã o s saudáveis e m e n o s i m p o r t a n t e s .
• Ir.i m i o s , c a d a u m c o m características p r ó p r i a s .
T a n t o o p a c i e n t e q u a n t o o c i r u r g i ã o d e v e m ser p r o v i d o s de u m r e p r e s e n t a n t e pessoal
i>
psicólogo - cujas funções s e r i a m , de u m l a d o , r e p r e s e n t a r o p a c i e n t e q u e , e m seu estado m e n t a l e físico a f e t a d o , n ã o t e m condições p a r a r e p r e s e n t a r a si m e s m o e, p o r o u t r o l a d o , o cirurgiài i,
e g r u p o d c f a t o r e s p e s s o a i s , i n d i v i d u a i s , p o d e ser d i v i d i d o e m d o i s m o m e n t o s b e m
No primeiro momento,
considera-se:
( ) P ó s - O p e r a t ó r i o I m e d i a t o , q u a n d o o p a c i e n t e p o d e a p r e s e n t a r , d e n t r e o u t r a s , as l e g u i n t e s reações:
q u e n e m s e m p r e c o n s e g u e ser tão útil q u a n t o g o s t a r i a a o l i d a r c o m os m e d o s e fantasias do p a c i e n t e e m relação ao q u e v a i acontecer. O r e p r e s e n t a n t e seria a l g u é m q u e n a d a f a r i a - come i
a)
c o r t a r o u s u t u r a r —, caso contrário t a m b é m ele se v e r i a o b r i g a d o a e s c o n d e r e r e p r i m i r seus s e n t i m e n t o s e angústias. É o q u e se e n t e n d e c o m o " p r i v i l é g i o " d o psicólogo n o h o s p i t a l , na m e d i d a e m q u e ele não r e p r e s e n t a a m e a ç a ( o r g a n i c a m e n t e f a l a n d o ) .
b)
reação à c i r u r g i a ; •
letargia
•
apatia
agressividade;
Essa p o n t e , o u facilitação de vínculos, t e m g r a n d e i m p o r t â n c i a , s o b r e t u d o p a r a o
c)
depressão r e a t i v a ;
p a c i e n t e , p o i s e l a é u m a d a s p o s s i b i l i d a d e s c o n c r e t a s d e se d e s e n v o l v e r d o i s s e n t i m e n -
d)
reações d e p e r d a .
tos imprescindíveis p a r a o b o m p r o g n ó s t i c o e m o c i o n a l d a relação d o i n d i v í d u o c o m a c i r u r g i a e o p r o c e s s o , m u i t a s v e z e s l o n g o , d e p ó s - o p e r a t ó r i o e r e a b i l i t a ç ã o , q u e são a confiança e a autorização. Essa última n e m s e m p r e c o n s i d e r a d a c o m o f a t o r i m p o r t a n t e , m a s s a b e - s e q u e , se n ã o h o u v e r p o r p a r t e d o p a c i e n t e u m a a u t o r i z a ç ã o e x p l í c i t a e
N o s e g u n d o m o m e n t o j á se c o n s i d e r a o p ó s - o p e r a t ó r i o p r o p r i a m e n t e d i t o , n o q u a l as manifestações e a s i n t o m a t o l o g i a são d i v e r s a s :
a)
i m p l í c i t a p a r a q u e se i n t e r v e n h a s o b seu c o r p o e, e m u m a i n s t â n c i a m a i s p r o f u n d a , e m s u a p r ó p r i a v i d a , os r i s c o s d e i n t e r c o r r ê n c i a s e p r , b l e m a s n o t r a n s c u r s o d e t r a t a m e n t o a u m e n t a m significativamente. A questão d a c o n f i a n ç a e d a a u t o r i z a ç ã o r e m e t e - s e a u m d o s a s p e c t o s m a i s i m p o r t a n t e s n a r e l a ç ã o e n t r e a e q u i p e d e saúde e o p a c i e n t e q u e se p o d e d e n o m i n a r d e " e n t r e g a p a r t i -
b)
elaboração i n a d e q u a d a das limitações i m p o s t a s p e l o ato cirúrgico; •
concreta
•
imaginária
d i f i c u l d a d e de c o r r e s p o n d e r ao processo de reabilitação e reintegração s o c i o f a m i l i a r a c u r t o , m é d i o e l o n g o p r a z o s , c o n s i d e r a n d o - s e t a m b é m os l i m i t e s q u a n t o às possibilidades do paciente.
c i p a t i v a " : o u seja, a o m e s m o t e m p o e m q u e c o n f i a n a e q u i p e e a " a u t o r i z a " a c u i d a r d e l e , m a n i p u l á - l o , m e s m o e m u m m o m e n t o e m q u e está i n c o n s c i e n t e , p o r t a n t o s e m n e n h u m
A p e s a r d e esses f a t o r e s pessoais e s t a r e m l i g a d o s d i r e t a m e n t e c o m o a t o c i r ú r g i c o e m
c o n t r o l e , age p o r o u t r o l a d o m o s t r a n d o - s e interessado p e l o seu estado, s u a evolução, e
si, isso n ã o e l i m i n a n e m d e s v a l o r i z a a i m p o r t â n c i a d o s a s p e c t o s a m b i e n t a i s c o m o i n t e r v e -
esforça-se p a r a a j u d a r - s e n o t r a t a m e n t o e r e c u p e r a ç ã o .
nientes p a r a a b o a evolução e recuperação d o paciente.
26
27
I "-.I< l l l o i j j . l | | ( ) ' , | ) l t . | | , | | A t m i i l l m i M i t i ) l'sii i)lni|ii o n o ( i-iitici
Complementando,
p o d c - s c d i z e i • ejuc a m b o s os l a i o r e s
se
inierligam e
se
interpõem, •
f o r m a q u e o t r a b a l h o a ser d e s e n v o l v i d o c o m esses p a c i e n t e s é b a s t a n t e c o m p l e x o e deli) a d J p r e c i s a n d o os p r o f i s s i o n a i s t e r e m " f e e l i n g " b a s t a n t e a g u ç a d o p a r a d e t e c t a r , c o m p r e e n d i i e t e n t a r r e s o l v e r os f a t o r e s c o n f l i t a n t e s d o p a c i e n t e .
In i u m e n t i r , c c o m
I H u . i pessoa e m agilaç;"
nicsii
s riset
is
o r g â n i c o s d i m i n u e m (note b e m : e x e m p l i f i c a n d o ,
p ó s - o p e r a t ó r i o d c c i r u r g i a c a r d í a c a , a l é m d e c o m p r o m e t e r seu
, I n d o pela v o n t a d e d c l i \e t i a a p a r e l h a g e m , t e n t a n d o , p o r e x e m p l o , a r r a n c a r a cânula d , i n i u b a ç à o , l e r a , p e l o e s t a d o d c a g i t a ç ã o , u m f a t o r a g r a v a n t e à s u a pressão a r t e r i a l e às l i m a i s funções m e t a b ó l i c a s , q u e p o d e r ã o ser a f e t a d a s p o r esse q u a d r o ) .
Atendimento ao Paciente em Pós-Operatório Imediato
Do p o n t o (le v i s t a p s i c o l ó g i c o , esse m o m e n t o t e m i m p o r t â n c i a í m p a r . J á se t e v e o p o r t u nidade dc
A s c i r u r g i a s d e g r a n d e p o r t e , p r i n c i p a l m e n t e , i m p õ e m a n e c e s s i d a d e d e i n t e r n a ç ã o d< i p i c i e n t e n o C T I , n o p ó s - o p e r a t ó r i o i m e d i a t o , d a d o o e s t a d o d e l i c a d o e m q u e este se e n c o n i i à n e c e s s i t a n d o , p o r t a n t o , d e u m a a t e n ç ã o e x c l u s i v a e m a c i ç a p a r a q u e suas p o s s i b i l i d a d e ! de recuperação sejam m a i o r e s .
v i v e n c i a r o m i s t o de alívio d a pessoa n o m o m e n t o d o pós-operatório, p o s t o q u e
i ansiedade m a i o r que repousava n o e n f r e n t a m e n t o d a c i r u r g i a passou, m a s a vivência de iodo
o p r o c e s s o d e r e c u p e r a ç ã o , m u i t a s vezes m a i s d o l o r o s o q u e o p r é - o p e r a t ó r i o , s o m a -
d o .1 q u e d a d e defesas q u e n o r m a l m e n t e a p e s s o a d e s e n v o l v e p a r a s u p o r t a r a a n s i e d a d e 1 apreensão p r é e p e r i o p e r a t ó r i o , a c a b a m a c a r r e t a n d o q u a d r o s p s i c o r r e a t i v o s a l t a m e n t e
É i m p o r t a n t e f r i s a r q u e a l g u m a s u n i d a d e s h o s p i t a l a r e s p o s s u e m C T I s d e s t i n a d o s sc > m e n t e a estes casos, e e m o u t r a s t e m o s C T I s m i s t o s , q u e n ã o r e c e b e m p a c i e n t e s somente e m p ó s - o p e r a t ó r i o , c o m o t a m b é m e m o u t r o s casos g r a v e s . S e m d ú v i d a , a c o n v i v ê n c i a c o m o u t r o s pacientes e m estado grave interfere sobre o pós-operado, g e r a n d o questionamentos e f a n t a s i a s s o b r e suas p o s s i b i l i d a d e s d e e v o l u ç ã o , seu s o f r i m e n t o e m e s m o s u a m o r t e . N o s casos e m q u e o C T I d e s t i n a seu a t e n d i m e n t o e x c l u s i v a m e n t e a o pós-operado, d e v e - s e t e r e m m e n t e q u e este é o m o m e n t o e m q u e o p a c i e n t e estará m a i s d e b i l i t a d o e d e p e n d e n t e . D e f o r m a m a i s a d e q u a d a , o t r a b a l h o d o p s i c ó l o g o n o a c o m p a n h a m e n t o dessas pessoas d e v e ser i n i c i a d o n o p r é - o p e r a t ó r i o , n o q u a l é d e d i c a d a t o d a u m a a t e n ç ã o a essas pessoas e suas f a m í l i a s , p r e s t a n d o - s e o r i e n t a ç ã o e m r e l a ç ã o às e x p e c t a t i v a s d a c i r u r g i a , o u v i n d o - s e e d i s c u t i n d o - s e os m e d o s , d e s m i s t i f i c a n d o - s e as f a n t a s i a s e
isso ale
Inlensiv.i
conversando-sc
s o b r e a a n s i e d a d e e angústia j u n t a m e n t e c o m eles. Se a s s i m f o r , o t r a b a l h o d o p s i c ó l o g o será u m a c o n t i n u a ç ã o , a g o r a f o c a d o n o p e r í o d o d e r e c u p e r a ç ã o e r e a b i l i t a ç ã o g r a d a t i v a s d o paciente, q u e j á v e m sendo t r a b a l h a d o desde a internação. Esse p e r í o d o se i n i c i a c o m a v o l t a d a p e s s o a à c o n s c i ê n c i a n o C T I , o n d e e s t a s a i d o s o n o anestésico, a t o r d o a d a e t o m a n d o (ou não) g r a d a t i v a m e n t e consciência d o seu e s t a d o c, s o b r e t u d o , d e s i m e s m a . N ã o é u m m o m e n t o fácil p a r a a p e s s o a , p o i s , a l é m d a a l t e r a ç ã o d o e s t a d o d e consciência, e l a c o m e ç a a se p e r c e b e r l i t e r a l m e n t e a m a r r a d a a o l e i t o , c o m t o d a u m a p a r a f e r n á l i a d e e q u i p a m e n t o s e x t r a e i n t r a c o r p ó r e o s a n e x a d o s a o seu c o r p o (cânulas de entubação, eletrodos d o E C G , cateteres de soro e sondas, d r e n o s e t c ) . Nesse m o m e n t o o b s e r v a - s e , m u i t a s vezes, a pessoa e n t r a r e m e s t a d o d e a g i t a ç ã o , n ã o r a r o t e n t a n d o a r r a n c a r os a p a r e l h o s q u e a i n c o m o d a m . N o t a - s e q u e , q u a n d o se faz o r i e n t a ç ã o n o p r é - o p e r a t ó r i o , p r e s t a n d o - s e e s c l a r e c i m e n t o s q u a n t o a o C T I e s u a r o t i n a , este é d e s m i s t i f i c a d o p a r a a p e s s o a , e m e s m o e m e s t a d o a l t e r a d o d e consciência a i n c i d ê n c i a desse c o m p o r t a m e n t o é
1 o u 1 p r o m e t e d o r e s a o seu r e s t a b e l e c i m e n t o . I ) e n t r e eles, destaca-se a d e p r e s s ã o , m u i t o c o m u m , p r i n c i p a l m e n t e e m c i r u r g i a s c a r díacas ( o u t r o s q u a d r o s m a i s c o m u n s d e r i v a d o s d e s t a : a n o r e x i a , a s t e n i a , a p a t i a , até o u t r a s i t s p o s t a s q u e v ã o d e s d e a g i t a ç ã o p r o p r i a m e n t e d i t a até q u a d r o s c o n f u s i o n a i s d e o r i g e m psico-orgânica). ( l a b e a q u i ressaltar que, e m m u i t o s m o m e n t o s d o pós-operatório i m e d i a t o , o paciente p o d e e x p e r i m e n t a r alterações psicológicas m a i s graves associadas a intercorrências n a 1 i i u r g i a o u deficiências secundárias q u e , a p a r t i r d a c i r u r g i a ( d e s e n c a d e a d a s p o r t o x e m i a s ) c d e q u a d r o s psicóticos e x ó g e n o s r e l a c i o n a d o s a déficits n a o x i g e n a ç ã o ( p o r e x e m p l o , a p ó s l o n g o p e r í o d o d e p e r m a n ê n c i a e m c i r c u l a ç ã o e x t r a c o r p ó r e a ) , são os m a i s c o m u m e n t e o b s e r v a d o s . A a t i t u d e a n t e esses q u a d r o s d e p e n d e d e i n t e r v e n ç ã o múltipla. D e u m l a d o , o m é d i c o , b u s c a n d o e l i m i n a r as c a u s a s e x ó g e n a s q u e p r o v o c a r a m o d e s e n c a d e a m e n t o
do
s u r t o , d e o u t r o , o p s i c ó l o g o , a t u a n d o c o m o p a c i e n t e n a r e o r g a n i z a ç ã o d a s v i v ê n c i a s , e, após a remissão d o q u a d r o , a c o m p a n h a n d o o r e d i m e n s i o n a m e n t o d a p e s s o a , p o s t o q u e a consciência d e u m a e x p e r i ê n c i a d e r u p t u r a c a u s a c o m p r o m e t i m e n t o s a o e q u i l í b r i o p e r s o n a l d o i n d i v í d u o . S o b esse a s p e c t o discutir-se-á m a i s a d i a n t e . N o s e n t i d o m a i s a m p l o d o t r a b a l h o d o p s i c ó l o g o , a c r e d i t a - s e ser f u n d a m e n t a l r e s s a l t a r a i m p o r t â n c i a d a presença d e u m e l e m e n t o m a i s v o l t a d o à a t e n ç ã o a p e s s o a , q u e p o s s a o u v i r o o u t r o l a d o d e suas q u e i x a s e c o l o c a ç õ e s s e m p r e c i s a r p r e o c u p a r - s e c o m o t r a t a m e n t o c l í n i c o . T a n t o p a r a o m é d i c o q u a n t o p a r a os d e m a i s m e m b r o s d a e q u i p e a presença d o p s i c ó l o g o a u x i l i a r á a r e d u ç ã o d o estresse d e s t a e d o p a c i e n t e . O fato de a a t i t u d e d o psicólogo d i a n t e d a pessoa e n f e r m a estar d e s c o n t a m i n a d a d o c u n h o i n v a s i v o e agressivo q u e é visto p e l o paciente nos d e m a i s m e m b r o s d o serviço é g r a n d e p o n t o a seu f a v o r . V a l e f r i s a r q u e a e x i g ê n c i a técnica d e c o n d u t a s i n v a s i v a s e a g r e s -
28 29
Psicologia
Hospitalar
A l i u i d i t n i i N t " l ' s i < o l o ( | i ( o 110
sivas ( i n t e r p r e t a d a s c o m o ) é p a r t e i n t e g r a n t e d o t r a t a m e
, n a u s e n d o
possível a l t e r a i
essas características. A o d a r u m a i n j e ç ã o , t r o c a r u m c u r a t i v o o u i n t r o d u z i r u m a s
la, , i
n o a
M e s m o
I',,d.
iu dever-se
a p o s s i b i l i d a d e de sua recuperação. S e n d o assim, a posição d o psicólogo é p r i v i l e g i a d i
illlu
c o m o j á se d i s s e , n a r e l a ç ã o c o m o p a c i e n t e , p e r m i t i n d o a b r i r u m c a n a l d e c o n t a t o n o
de
a p a r t i c i p a ç ã o d e s t e será i m p o r t a n t e p a r a o t o d o q u a n t o à s u a r e a b i l i t a ç ã o .
leiapia Intensiva
1,1/ e p e i i n a n c t c r d e i t a d o , o u s e n t a d o , ( 01110 s e estivesse d o r m i n d o o u d e s l i g a d o d o q u e o
sensação d e i n v a s ã o d e n u n c i a d a p e l o p a c i e n t e está p r e s e n t e , m a s nestas c o n d u t a s r q M i u !
qual
< c n l i o de
uldade
uma
apaiia e
ao lato de a
n o H a l o de
letargia acentuadas c o m o equipe prelerii pensar que
perturbações e m o c i o n a i s
e
essas se
p o d e m passar
despercebidas.
t r a t a d e reações " c i r ú r g i c a s " à s u a
a o seu d e s e j o d e n ã o o b s e r v a r evidências
ansiedade. A c a u s a a p a r e n t e dessa l e t a r g i a / a p a t i a p ó s - o p e r a t ó r i a é a e m o ç ã o p r i m á r i a , m a s a
N o a t e n d i m e n t o a o p a c i e n t e p ó s - o p e r a d o , a a t e n ç ã o a o seu r e t o r n o a o c o t i d i a n o c
Ajjrcssividade a segue d e p e r t o . A c o s s a d o p e l o pânico, o p a c i e n t e , e m u m a m a n o b r a d e -
r e a b i l i t a ç ã o e r e i n t e g r a ç ã o será t a m b é m u m d o s p o n t o s d e t r a b a l h o p s i c o l ó g i c o . U m a a\1
l í s p e r a d a , p a r a l i s a seus s e n t i m e n t o s . E l i m i n a d e s u a c o n s c i ê n c i a n ã o s o m e n t e os p e r i g o s
h a ç ã o m i n u c i o s a d e t o d a a e q u i p e s o b r e as p o s s i b i l i d a d e s e l i m i t a ç õ e s q u e a pessoa terá e m
q u e o ameaçam de fora
s u a v i d a a c u r t o , m é d i o e l o n g o p r a z o s precisará ser t r a z i d a a e l a e a s u a f a m í l i a d e
p e r c e b e r s u a v i d a i n t e i r a - e m p a r t i c u l a r suas l e m b r a n ç a s d o s p e r i g o s e injúrias d o p a s -
fornia
a
s o b r e t u d o os p e r i g o s c i r ú r g i c o s -
c o m o t a m b é m n ã o se p e r m i t e
e v i t a r a t i t u d e s i n a d e q u a d a s d e n e g a ç ã o d a s limitações ( p r o v o c a n d o a r e c i d i v a o u a g r a v a m e n -
sado,
to d a e n f e r m i d a d e ) , o u , p o r o u t r a p a r t e , a exacerbação d o estado de limitação, t r u n c a n d o
l e c l i a n d o - s e , f a z e n d o c o m q u e ele p r ó p r i o d e s a p a r e ç a , t r a n s f o r m a n d o - s e e m n a d a .
p o t e n c i a i s d e v i d a d a pessoa, q u e p a s s a a ser t r a t a d a c o m o u m i n v á l i d o a b s o l u t o , q u a n d o
e
suas i m a g i n a ç õ e s a l i m e n t a d a s e i n s u f l a d a s p o r essas m e m ó r i a s . E m c e r t o s e n t i d o ,
Q u a n d o o p a c i e n t e v o l t a a o n o r m a l , m e s m o q u a n d o seu n o r m a l é irritável, i m p e r t i -
m u i t a s vezes p o s s u i a m p l a s c o n d i ç õ e s d e r e c i c l a r s u a v i d a d e f o r m a p r o d u t i v a e c r i a t i v a . A . >
ncuie,
p s i c ó l o g o c a b e , p o r t a n t o , o r i e n t a r s o b este a s p e c t o os f a m i l i a r e s e o p a c i e n t e , p r o c u r a n d o
p a r l e d a e q u i p e . S e n t e - s e q u e , a g o r a , o p a c i e n t e está se r e c u p e r a n d o . E s t a c r e n ç a p o d e ser
o b s e r v a r essas e x p e c t a t i v a s e a t i t u d e s d e a m b o s p e r a n t e a evolução d a pessoa, d e s m i s t i f i c a n d i >
m a i s q u e i n o c e n t e . U m p a c i e n t e q u e m a t o u suas e m o ç õ e s m a t o u t a m b é m suas esperanças
os a s p e c t o s fantasmáticos e l a b o r a d o s a r e s p e i t o d a d i n â m i c a L i m i t e x P o s s i b i l i d a d e .
e v o n t a d e d e v i v e r , e u m p a c i e n t e s e m v o n t a d e d e v i v e r r e p r e s e n t a u m g r a n d e obstáculo a suas
Reação à Cirurgia: Letargia e Apatia
difícil, q u e i x o s o , ansioso o u t e m e r o s o , a mudança é s e m p r e r e c e b i d a c o m alívio p o r
possibilidades de recuperação, m e s m o q u a n d o o prognóstico biológico é b o m .
E x e m p l o de u m a a c e n t u a d a reação apática à a n s i e d a d e i n t e n s a deu-se e m u m a m u l h e r
2
d e meia-idade, que sofrera u m a c o l o s t o m i a de emergência. N o s q u a t r o o u c i n c o dias posA l g u n s pacientes cirúrgicos, e m sua t e n t a t i v a de c o n t r o l a r o m e d o crescente, i n i b e m a f u n -
t e r i o r e s à i n t e r v e n ç ã o , e l a p e r m a n e c e u i n e r t e , d e i t a d a d e c o s t a s , c o m os o l h o s
fechados,
ç ã o m e n t a l d e f o r m a t ã o e x t r e m a d a q u e c a e m e m u m e s t a d o l e t á r g i c o o u a p á t i c o . O s casos
a p a r e n t e m e n t e d o r m i n d o . A p a c i e n t e n ã o se q u e i x a v a , n ã o e x p r i m i a desejos d e q u a l q u e r
p o u c o graves, m u i t o m a i s c o m u n s , p a r e c e m consistir e m algo m a i s d o q u e u m a e x t r e m a
espécie e, e m g e r a l , p a r e c i a u m a m u l h e r e s t u p i d i f i c a d a , insensível. C o m o f o r a u m c a s o
amnésia, a c o m p a n h a d a d e u m b a i x o nível d e r e a t i v i d a d e e m o c i o n a l e d e u m a f a l t a g e r a l
d e e m e r g ê n c i a e n i n g u é m s a b i a c o m o e r a a n t e s d a o p e r a ç ã o , a e q u i p e supôs q u e este e r a
d e interesse.
seu e s t a d o n o r m a l . V á r i o s d i a s d e p o i s , q u a n d o c h e g o u a é p o c a d e a p r e n d e r a c u i d a r d e
T a l v e z o p a c i e n t e pareça c a n s a d o e l â n g u i d o , m a s , e m u m e x a m e m a i s a t e n t o , revelar-se-á q u e q u a s e n ã o se m o v e , f a l a , s o r r i o u m e s m o se q u e i x a .
indícios d e s e u e s t u p o r - l e v o u a e q u i p e a c o n c l u i r q u e a p a c i e n t e t i n h a características d e
Q u a n d o o p r o c e s s o é m a i s p r o f u n d o , o p a c i e n t e se t o r n a d e f i n i t i v a m e n t e m a i s i n d o l e n t e , mental e
fisicamente.
si m e s m a , a p a c i e n t e n ã o c o n s e g u i u c a p t a r n a d a , e e s t a d i f i c u l d a d e - a o l a d o d o s o u t r o s
retardo mental.
O s m o v i m e n t o s e a c o n v e r s a v o l u n t á r i o s p o d e m ser m í n i m o s , e as
D e p o i s d e u m a s e m a n a , p o r é m , p a r a s u r p r e s a g e r a l , a p a c i e n t e c o m e ç o u a se m a n i f e s t a r .
p e r g u n t a s e p e d i d o s p r e c i s a m ser r e p e t i d o s várias v e z e s . O p a c i e n t e t e n d e a p e r d e r o i n t e -
Descobriu-se então q u e sua a p a t i a s e r v i r a p a r a i n i b i r u m estado a g u d o de t e r r o r . Q u a n d o
resse m e s m o p o r coisas básicas, c o m o a p a r ê n c i a , c o n f o r t o , a l i m e n t a ç ã o e d i á l o g o . T u d o q u e
e n t r o u n o h o s p i t a l , e m u m a crise de dor, não esperava sair d a l i c o m v i d a . Pensava q u e a
3
anestesia e r a a m o r t e e q u a n d o a c o r d o u , e p o r m u i t o s dias a i n d a , a c r e d i t a v a q u e estava m o r t a . C u r i o s a m e n t e , a o s a b e r q u e p a s s a r a p o r u m a c o l o s t o m i a , seu m e d o d a m o r t e n ã o 2 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . ( 1 ) , Conversando
com o
Paciente.
3 - Esse e s t a d o l e m b r a o estágio d e o b n u b i l a ç â o o u t u r v a ç ã o g e r a d o p o r c o m p r o m e t i m e n t o d a consciência, m a s a a t i v i d a d e m e n t a l d o p a c i e n t e nesses c a s o s está p r e s e r v a d a .
30
a u m e n t o u , m a s e x e r c e u u m efeito m e n t a l e s t i m u l a n t e sobre ela. E m várias t e n t a t i v a s das enfermeiras de lhe m o s t r a r c o m o cuidar-se, a paciente vagarosamente começou a perceber
31
oloqi.i I Inspilalai
A l u i u l i m o i i t i > l'si( iilii(|i( o n o ( ' . c n l i n d e
q u e , c o m o l h e e s t a v a m e n s i n a n d o o q u e l a z e r q u a n d o r e t o m a s s e p a r a sua casa, cias r e a l m e n i
, n a d o
a c r e d i t a v a m q u e e l a se c u r a r i a . Este f o i 0 p r i m e i r o s i n a l d c esperança q u e se p e r i m i i u
I
MI,
c,
o u
mio, torna
se
a g r e s s i v o . A l e m d i s s o , e m b o r a a c i r u r g i a e m si seja
I n a , a c a u s a d e sua n e c e s s i d a d e n à o o c .
e daí p a r a a f r e n t e r e c u p e r o u - s e c o m r a p i d e z .
Nesse
A l g u m a s v e z e s esse e s t a d o p o d e s u g e r i r u m a e n f e r m i d a d e c e r e b r a l , u m a p o s s i b i l i d l
percebendo
terapia Intensiva
, ,
s e n t i d o , n e n h u m p a c i e n t e está p r e p a r a d o p a r a u m a o p e r a ç ã o . C o m e f e i t o , o p a -
• <• s a l v o d e a l g o p i o r , s a l v o t a l v e z d a m o r t e , m a s d e q u a l q u e r m o d o t e r i a s i d o m e l h o r se
d e q u e s e m p r e d e v e ser l e v a d a a sério e m q u a l q u e r r e a ç ã o l e t á r g i c a p r o l o n g a d a . ( >m, ,
P p r o b l e m a n u n c a tivesse s u r g i d o . A s s i m , t a m b é m s o b este a s p e c t o , p o r c a u s a d a d e s g r a ç a
d i f i c u l d a d e d i a g n o s t i c a p o d e se a p r e s e n t a r p e l a s s e m e l h a n ç a s e n t r e l e t a r g i a e depressa,,
p r o v o c a d a p e l o " d e s t i n o " , p o d e - s e e s p e r a r q u e o p a c i e n t e c i r ú r g i c o se t o r n e a g r e s s i v o .
O p a c i e n t e d e p r i m i d o , a m e n o s q u e e s t e j a e m e s t u p o r p r o f u n d o , e m g e r a l f a l a d e sua
A l g u n s pacientes, n a t u r a l m e n t e , têm razões m a i s explícitas p a r a sua a g r e s s i v i d a d e :
d e p r e s s ã o , a d m i t e q u e se sente t r i s t e (estes são g e r a l m e n t e os casos d e d e p r e s s ã o r e a t i v j
i i . i u i o d a s as o p e r a ç õ e s t ê m ê x i t o " c o m p l e t o " . E m e s m o os p a c i e n t e s c u j a i n t e r v e n ç ã o seja
q u e serão d i s c u t i d o s m a i s a d i a n t e ) . O s p a c i e n t e s m a i s g r a v e m e n t e d e p r i m i d o s (depressa,,
11111
m a i o r o u patológica) m u i t a s vezes e x p r e s s a m s e n t i m e n t o s de c u l p a e de b a i x a e s t i m a , e J
B X e m p l o , u m p a c i e n t e p o d e s e n t i r d o r p o r u m t e m p o m a i o r d o q u e ele p r ó p r i o e s p e r a v a ,
f a z e m c o m o se r e a l m e n t e t i v e s s e m c o m e t i d o a l g u m e r r o g r a v e . P o r t a n t o , c u l p a , f a n t a s i a ' ,
n a c i c a t r i z p o d e ser m a i o r , m a i s f r i a , o u e s t a r m a i s e x p o s t a d o q u e p e n s a r a , o u t a l v e z a
mórbidas, não r a r o ideias de autoaniquilação, a c o m p a n h a m o p a c i e n t e d e p r i m i d o , po
i c i u p e r a ç ã o seja m a i s l e n t a d o q u e o e s p e r a d o . P o r t a n t o , n ã o só f a n t a s i a s m ó r b i d a s e m
d e n d o essa s i n t o m a t o l o g i a ser a c r e s c i d a d e insónia, a n o r e x i a e a m o r f i s m o a f e t i v o -
nesse
ú l t i m o c a s o sente p o u c a o u n e n h u m a e m o ç ã o , é u m e s t a d o n o q u a l se o b s e r v a m a t i t u d e s
sucesso p o d e m l i g a r s u a a g r e s s i v i d a d e a o q u e c o n s i d e r a m c o m o m o t i v o s r e a i s . P o r
i elação à c i r u r g i a , m a s t a m b é m o u t r a s m o d a l i d a d e s a p a r e n t e m e n t e " p o s i t i v a s " d e f a n t a s i a s , p o d e m g e r a r frustração e a g r e s s i v i d a d e .
d e a u t o a b a n d o n o e e n s i m e s m a m e n t o . É i m p o r t a n t e d e s t a c a r nesses casos q u e essa p o d e
M a i s p r e j u d i c i a i s são a q u e l a s r e a ç õ e s q u e i n t e r f e r e m n o b e m - e s t a r d o p a c i e n t e . P o r
ser u m a d a s r e a ç õ e s d o p a c i e n t e d i a n t e d a m o r t e , q u e n ã o d e v e ser c o n f u n d i d a c o m o
e x e m p l o , a agressividade d o p a c i e n t e p o d e m a n i f e s t a r - s e sob a f o r m a de n e g a t i v i s m o e m
m o v i m e n t o d e d e s a p e g o d a fase d e d e p r e s s ã o p r e p a r a t ó r i a q u e a n t e c e d e a a c e i t a ç ã o d a
r e l a ç ã o aos c u i d a d o s p ó s - o p e r a t ó r i o s . Passa e n t ã o a r e s i s t i r a t u d o q u e é f e i t o p o r ele, r e -
m o r t e , c o m o d e s t a c a E . K . R o s s (4,5). A i n d a s o b r e esses a s p e c t o s há o u t r o s q u e serão
Cusa-se a f a z e r t u d o q u e l h e d i z e m e i n s i s t e e m f a z e r o q u e p e n s a ser o m e l h o r .
vistos m a i s à frente.
S e m p r e q u e se s u s p e i t a d e a g r e s s i v i d a d e e s c o n d i d a c o m o c a u s a d e p e r t u r b a ç ã o n o p r o gresso o u c u i d a d o s d o p a c i e n t e , deve-se c o n v e r s a r c o m este s o b r e a sua a g r e s s i v i d a d e . D e v e - s e
Agressividade nos Pacientes Cirúrgicos
encorajá-lo a e x p r e s s a r a s u a a g r e s s i v i d a d e o u , e n t ã o , d e s c o b r i - l a . Q u e m q u e r q u e seja q u e
4
fale c o m ele p o d e d i z e r - l h e q u e a s u a a g r e s s i v i d a d e j á e r a e s p e r a d a ; e, se o p a c i e n t e se c a l a , P a r a a e q u i p e , c o m o p a r a a m a i o r i a d e nós, a a g r e s s i v i d a d e é u m a e m o ç ã o p e r t u r b a d o r a ,
é necessário c o n t a r - l h e a l g u m a s coisas q u e d e s p e r t a m a a g r e s s i v i d a d e e m o u t r o s p a c i e n t e s ,
t a l v e z a m a i s p e r t u r b a d o r a d e t o d a s as e m o ç õ e s . N ã o c o n s e g u e m entendê-la o u considerá-la
u s a n d o a projeção c o m o fator de manifestação e elaboração d o s e n t i m e n t o agressivo.
j u s t i f i c a d a ; c o n s i d e r a m - n a u m a acusação d e c o i s a m a l f e i t a e, c o m o
fizeram
tudo que p o d i a m
p e l o p a c i e n t e , n ã o a c e i t a m f a c i l m e n t e as expressões d e a g r e s s i v i d a d e .
I n f e l i z m e n t e , sabe-se q u e , m u i t a s vezes, esse s e n t i m e n t o p o d e ser d e s e n c a d e a d o p o r fatores e x t e r n o s , c o m o , p o r e x e m p l o , o a d i a m e n t o d a c i r u r g i a , a suspensão d a a l t a t ã o d e s e j a d a , a
O s c i r u r g i õ e s q u e v e e m a a g r e s s i v i d a d e desse m o d o m u i t o p e s s o a l a c h a m d i f í c i l p e n s a r
ausência d a s v i s i t a s o u p r o i b i ç ã o d e s t a s etc. S ã o situações q u e , s e m p r e q u e possível, d e v e m
c o m o u m a p a r t e n o r m a l d a v i d a . T o r n a r - s e agressivo q u a n d o i n j u r i a d o , a t a c a d o o u e m
ser e v i t a d a s p e l a e q u i p e ; n o e n t a n t o , q u a n d o o c o r r e m , é i m p r e s c i n d í v e l q u e se a u x i l i e o
p e r i g o é n a t u r a l , e d e v e ser e s p e r a d o . D e s s e m o d o , a a g r e s s i v i d a d e d o p a c i e n t e e m s e g u i d a
p a c i e n t e a e x p o r sua r a i v a e frustração, de f o r m a a e l i m i n a r o efeito e x t r e m a m e n t e n o c i v o
a u m a c i r u r g i a , à q u a l n ã o se p o d e d e i x a r d e r e a g i r c o m o a u m a t a q u e , t a m b é m s e r i a
q u e esse s e n t i m e n t o r e p r i m i d o p o d e c a u s a r t a n t o n a s u a esfera e m o c i o n a l q u a n t o física.
n a t u r a l ; sem dúvida, a c i r u r g i a é u m a t a q u e benéfico. N o e n t a n t o , p a r a a v i d a e m o c i o n a l
É i m p o r t a n t e salientar, t a m b é m , o c u i d a d o que a e q u i p e deve ter e m relação à p o s t u r a
d o p a c i e n t e , é v i o l ê n c i a - ele se sente d e f a t o e m p e r i g o , é c o r t a d o , há d o r , ele fica i n c a p a -
d i a n t e d o p a c i e n t e , b u s c a n d o não e n t r a r e m u m processo pessoal de e n v o l v i m e n t o c o m a a g r e s s i v i d a d e d o p a c i e n t e (contratransferência), f a t o esse n ã o tão r a r o a s s i m , q u e m u i t a s vezes a c a b a p o r g e r a r c o n f l i t o s n o v í n c u l o e n t r e e q u i p e - p a c i e n t e , o u até m e s m o a t i t u d e s
4 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . (1), Conversando
32
com o
Paciente.
de evitação e m relação ao p a c i e n t e .
33
Psicologia
Hospitalar
Alondiínnntii Psii o l o q i i o n o ( e n t r o d e
L i b e r t a r a b e r t a m e n t e |>arte d a a g r e s s i v i d a d e p o d e ser d c g r a n d e a l í v i o e p r o v o c a r
iim.i
m e l h o r a s i g n i f i c a t i v a n o s c u i d a d o s c t r a t a m e n t o s d o p a c i e n t e , c a l e m e s m o n a r a p i d e z d.
. Intensidade d e t e r m i n a d a s exati
n t c p i l o desgaste lisico e e m o c i o n a l e x p e r i m e n t a d o ,
iu i l a i i i u l o n o p r é - i i p e i a t o r i o .
sua recuperação pós-operatória.
1'odc-sc e s q u e m a t i z a r
o
processo
observando-se
o seguinte
Depressões no Paciente Pós-Cirúrgico II
E V E N T O
1
A m a i o r p a r t e d a s depressões p ó s - o p e r a t ó r i a s é " r e a t i v a " , q u e v a r i a e m g r a u d e leve • > 5
A a g r e s s i v i d a d e , d a q u a l o p a c i e n t e q u a s e s e m p r e é i n c o n s c i e n t e , está s e m p r e p r e s c i n , e a t i v a n a s depressões. U m d o s m e c a n i s m o s q u e p r o v o c a m a depressão é a identificação
/
V 1
grave, t e n d o fatores p r i n c i p a l m e n t e ativos.
1
L A li
N
1
'. 1
d o p a c i e n t e c o m a p e s s o a q u e é o b j e t o d e s u a agressão, neste c a s o , o c i r u r g i ã o o u o u t r o s d a e q u i p e d e saúde. P e l a i d e n t i f i c a ç ã o , t r a n s f e r i r a m - s e os s e n t i m e n t o s p e l o c i r u r g i ã o p a r a
1
1
S
D
T
A
ele p r ó p r i o . S u a consciência se t o r n a o a t a c a n t e , e e l a o a t a c a . Segue-se d a í a depressão.
l< D
Q u a n t o m a i s s e c r e t a m e n t e ele deseja f e r i r a o u t r a p e s s o a , m a i s é r e f o r ç a d o p e l a s u a c o n s -
S
E S
ciência a f e r i r a si m e s m o , e m a i s c r e s c e a depressão. O o b j e t i v o p r i n c i p a l n o d i á l o g o c o m esses p a c i e n t e s é t r a t a r essa d e p r e s s ã o a g u d a .
leiapia Intensiva
A Ç Ã O
-
Medo
-
Raiva
-
Agressividade
C I R Ú R G I C O
(CRISE)
'
gráfico:
D O S A G E N T E S
,
-
Fantasias Mórbidas
-
Insegurança
ESTRESSORES
-
Intercorrências n o s e x a m e s internação o u relação e q u i p e - p a c i e n t e
QUEDA DA
ENERGIA
M O B I L I Z A D A
E — N Í V E L
E
N O R M A L D A
D E
-
A d i a n t a m e n t o d e cirurgia etc.
A N S I E D A D E
P E S S O A
T E M P O
A o f a z ê - l o , é d e m a i o r u t i l i d a d e d e s c o b r i r c o m o q u e o p a c i e n t e está f u r i o s o , e ajudá-lo a D E P R E S S Ã O
r e d i r i g i r e a m o b i l i z a r sua agressividade p a r a o o b j e t o r e a l . O u t r o f a t o r s i g n i f i c a t i v o , g e r a d o r d a depressão r e a t i v a d e p ó s - o p e r a t ó r i o , está a s s o c i a d o às vivências e c o n f l i t o s e x p e r i m e n t a d o s p e l o p a c i e n t e n o p r é - o p e r a t ó r i o . Sabe-se a t u a l m e n t e
C o m o se p o d e o b s e r v a r , a a t i t u d e m a i s a d e q u a d a d a e q u i p e é a de a g i r p r e v e n t i v a m e n t e ,
q u e e x i s t e u m a c o r r e l a ç ã o í n t i m a e n t r e o g r a u d e estresse (10) e a n s i e d a d e d o p a c i e n t e n o
já n o i n í c i o d o c o n t a t o c o m o p a c i e n t e , se possível a i n d a n o a m b u l a t ó r i o o u c o n s u l t ó r i o ,
pré-operatório, sendo esta u m a das p r i n c i p a i s responsáveis p e l a incidência m a i o r de depressão
q u a n d o a i n d i c a ç ã o cirúrgica m u i t a s vezes é u m a d a s p o s s i b i l i d a d e s , i n t e n s i f i c a n d o
n o pós-operatório, p r i n c i p a l m e n t e nas 36 horas i m e d i a t a s ao a t o cirúrgico. Q u a n t o m a i o r
esse t r a b a l h o n a i n t e r n a ç ã o . F a t o r e s c o m o c o n f i a n ç a , d i s p o n i b i l i d a d e , c o n t i n ê n c i a a o
a a ç ã o desses f a t o r e s , m a i o r e s as c h a n c e s d e presença e i n t e n s i d a d e d a depressão.
p a c i e n t e p a r a q u e e x p o n h a seus s e n t i m e n t o s , o r i e n t a ç ã o e d e s m i s t i f i c a ç ã o d a s f a n t a s i a s
C o n f o r m e m e n c i o n a d o a n t e r i o r m e n t e , o e s t a d o a n í m i c o d o p a c i e n t e suscetível a t o d o
são f u n d a m e n t a i s .
o e v e n t o ( d o e n ç a - i n t e r n a ç ã o - i n d i c a ç õ e s cirúrgicas) m o b i l i z a - s e , b u s c a n d o d e f e n d e r - s e o u
S a b e - s e , n o e n t a n t o , q u e e m v á r i o s casos essa c o n d u t a n ã o é possível, p r i n c i p a l m e n t e
e s q u i v a r - s e d a situação d e a m e a ç a q u e p r e s s e n t e . Q u a n d o essa m o b i l i z a ç ã o é i n a d e q u a d a
nas c i r u r g i a s de urgência, nas q u a i s o t e m p o e n t r e o diagnóstico o u e v e n t o q u e i n d i c a a
e / o u os f a t o r e s v i v i d o s p e l o p a c i e n t e g e r a m o u a c e n t u a m o estresse (10) e a a n s i e d a d e , o
c i r u r g i a e esta é e x t r e m a m e n t e d i m i n u t o . Nesses c a s o s , a a t e n ç ã o a o p a c i e n t e n o C T I d e v e
d e s g a s t e e m o c i o n a l t o r n a - s e c a d a v e z m a i s p r o g r e s s i v o . T o d o s seus m e c a n i s m o s d e defesa
ser r e d o b r a d a , e a a v a l i a ç ã o d e suas reações e m o c i o n a i s a o e v e n t o c o m o u m t o d o , a v a l i a d a ;
estão v o l t a d o s p a r a o e n f r e n t a m e n t o d o e v e n t o c r í t i c o , q u e n o c a s o é r e p r e s e n t a d o p e l a
s e m p r e q u e possível, p o s s i b i l i t a r a o p a c i e n t e e s p a ç o p a r a e x p l o r á - l a s e manifestá-las.
c i r u r g i a . U m a v e z s u p e r a d a a c r i s e , há u m a q u e d a a b r u p t a d e t o d a essa e n e r g i a m o b i l i z a d a ,
É m i s t e r s u b l i n h a r q u e r a r a m e n t e o p a c i e n t e q u i e t o , p a s s i v o , v i s t o c o m o " b o n z i n h o " está
l e v a n d o , e n t ã o , o p a c i e n t e a u m e s t a d o d e p r e s s i v o r e a t i v o q u e , c o m o d i s s e m o s , terá d u r a ç ã o
b e m . Inúmeras vezes p o r trás deste c o m p o r t a m e n t o a p a r e n t e m e n t e " a d e q u a d o " temos q u a d r o s d e a p a t i a , depressão, o u m e s m o d e u m a depressão m a s c a r a d a , q u e , g e r a l m e n t e , r e d u n d a r ã o e m complicações e d i f i c u l d a d e s p a r a o paciente e e q u i p e n o pós-operatório i m e d i a t o , t a r d i o ,
5 - L u t o s e m C o m p l i c a ç õ e s ( D S M I I I R ) (6).
34
e e m t o d o seu p r o c e s s o d e r e a b i l i t a ç ã o e r e i n t e g r a ç ã o s o c i o f a m i l i a r e p r o f i s s i o n a l .
35
I'?,i<
A t e n d i m e n t o l ' s i < c >l< >< | i< <> n u ( r i i t i n
I lospil.ll.il
1c i a pia Intensiva
No I l o s p i l a l ( i e r a l , o s e g u n d o g r u p o a p a r e c e c o m u m a frequência b e m m a i s a l t a q u e o
Depressões no Hospital Geral pi A s depressões têm s i d o a l v o d e e s t u d o s , discussões e reclassificações a o l o n g o dessas úll i m a s
de
' i r o , n o q u a l a l g u m a s circunstâncias específicas d a situação d e r e l a ç ã o d o i n d i v í d u o
1 1 H I I a d o e n ç a e i n t e r n a ç ã o se d e s t a c a m :
d é c a d a s , s e n d o e m a l g u n s casos a l v o d e p o l e m i c a s i m p o r t a n t e s n o q u e t a n g e a o diagnóst i< < > depressão d e p ó s - o p e r a t ó r i o ;
d i f e r e n c i a l c às estratégias terapêuticas p a r a c o m b a t ê - l a s .
depressão r e a t i v a d c p ó s - p a r t o (não c o n f u n d i r c o m depressão p u e r p e r a l ) ;
A t e r e m o - n o s a q u i a d i s c u t i r o f e n ó m e n o d e p r e s s i v o , q u a n d o o c o r r e e m circunstâncias
depressão e m situações críticas d e m o r t e i m i n e n t e [ E . K . R o s s (4,5)];
específicas d e i n t e r n a ç ã o h o s p i t a l a r , e às d i v e r s a s situações q u e e l a d e f l a g r a .
s i n t o m a s d a angústia d e m o r t e ;
P a r a t a n t o , c l a s s i f i c a r e m o s as depressões e m d o i s g r a n d e s g r u p o s , q u e d e n o m i n a r e m o s Depressão Patológica (Depressão M a i o r - D S M I I I - R ) e Depressão R e a t i v a ( L u t o sem
depressão d i a n t e d a p e r d a d e f i n i t i v a d e o b j e t o s ( a m p u t a ç ã o , d i a g n ó s t i c o d e d o e n ç a
C o m p l i c a ç ã o - D S M I I I - R ) (6).
crónica); depressão p o r estresse h o s p i t a l a r , l i g a d a à fase d e e x a u s t ã o d e n t r o d o c r i t é r i o d o
N o I g r u p o (Depressão M a i o r ) , destacam-se c o m o sinais e sintomas p r e d o m i n a n t e s : a
S.G.A. de Selye e/ou H o s p i t a l i s m o [Spitz (10,26)]. e s t r e i t a m e n t o d a s p e r s p e c t i v a s e x i s t e n c i a i s até seu a n u l a m e n t o ; a m b i v a l ê n c i a a f e t i v a ( c a r a c t e r i z a d a , s o b r e t u d o , p e l a querelância e r e f r a t a r i e d a d e ) ; agitação p s i c o m o t o r a (inquietação); -
perturbações d o apetite;
Nesses casos, a situação d e p e r d a e o p r o c e s s o d e e l a b o r a ç ã o d o l u t o são identificáveis n o discurso d o paciente, c o m avaliação m a i s atenta p o r p a r t e d o terapeuta. Nas depressões patológicas, g e r a l m e n t e tem-se u m histórico p r é - m ó r b i d o l i g a d o a
persistência d o s s i n t o m a s p o r m a i s d e d u a s s e m a n a s ;
i m l r o s e p i s ó d i o s s i m i l a r e s e, a o l o n g o d a v i d a d o i n d i v í d u o , o g r a u d e c o m p r o m e t i m e n t o
a m o r f i s m o afetivo;
a l c i i v o e as i d e i a s d e a u t o d e s t r u i ç ã o são b a s t a n t e i n t e n s a s , a ausência d e f a t o r e s c i r c u n s -
isolamento;
t a n c i a i s c l a r o s n o r m a l m e n t e está p r e s e n t e e, m e s m o q u a n d o t e m o s f a t o r e s
-
ideias autodestrutivas;
r c a t i v o s c o m o os j á v i s t o s , a i n c o n s t â n c i a d o d i s c u r s o d o p a c i e n t e d e n u n c i a q u e estes f u n -
-
insónia, h i p e r s o n i a ;
c i o n a r a m apenas c o m o d e f l a g r a d o r e s d e u m processo m a i o r , e não c o m o seu causador.
-
prostração, a p a t i a ;
A resistência às t e n t a t i v a s d e a j u d a é g r a n d e , a o m e s m o t e m p o e m q u e s o l i c i t a m a p o i o
não percepção dos m o t i v o s q u e g e r a m o estado anímico, c o m eleição de " B o d e s
o tempo todo.
e x p i a t ó r i o s " q u e se a l t e r a m r a p i d a m e n t e ; culpa injustificada.
desencadeantes
N a s situações específicas d e a p a r e c i m e n t o d e f e n ó m e n o d e p r e s s i v o q u a n d o d a p e s s o a i n t e r n a d a e m H o s p i t a l G e r a l , é de f u n d a m e n t a l importância o diagnóstico d i f e r e n c i a l p o r p a r t e d a e q u i p e e as m e d i d a s terapêuticas cabíveis.
J á n o 2 " g r u p o ( L u t o s e m C o m p l i c a ç ã o ) , o b s e r v a m o s situações m a i s a t e n u a d a s , d a s q u a i s se d e s t a c a m :
S e m p r e é i m p o r t a n t e s a l i e n t a r q u e as depressões a l t e r a m n ã o só o e s t a d o a n í m i c o d o p a c i e n t e , c o m o t a m b é m p o d e m p r o v o c a r alterações n a s r e s p o s t a s i m u n o l ó g i c a s e, o b v i a m e n t e , e m f u n ç ã o d a a p a t i a e p r o s t r a ç ã o , a p a r t i c i p a ç ã o a t i v a d o p a c i e n t e e m seu p r o c e s s o
e n t r i s t e c i m e n t o , t o d a v i a , c o m permanência de perspectivas existenciais; situação d e p e r d a ( l u t o ) c l a r a m e n t e l o c a l i z a d a n o t e m p o e e s p a ç o h i s t ó r i c o d o i n d i v í d u o ( p o r ele p e r c e b i d a ) ;
d e r e c u p e r a ç ã o ( q u a n d o é o caso) c o m p r o m e t e - s e
sobremaneira.
Destacamos alguns pontos i m p o r t a n t e s a serem considerados pela equipe n o acompan h a m e n t o desses p a c i e n t e s :
e m p o b r e c i m e n t o de afeto, m a s sem p e r d a de sua modulação q u a l i t a t i v a ; -
s e n t i m e n t o d e angústia l i g a d a a o c o n t e x t o d e p e r d a .
a)
A r a p i d e z n o Diagnóstico D i f e r e n c i a l (descartar possibilidades orgânicas o u outros distúrbios psicóticos).
36
37
Psicologia
I))
Hospital.ir
A i . n i l i i i i e i i t o Psic o l ò g i c o n o C e n t r o d e T e r a p i a
c)
llli i,
IIII
desespero e dor.
Nossa função n o a c o m p a n h a m e n t o dessas pessoas pressupõe: c o n t i n ê n c i a , s o l i c i t u d e ,
A v a l i a ç ã o c o n j u n t a d o s a s p e c t o s e m o c i o n a i s e físicos q u e se s o b r e p õ e m ,
d ) N a s depressões r e a t i v a s , a c o m p a n h a m e n t o e a p o i o p s i c o t e r á p i c o i n t e n s i v o de G a a u x i l i a r o i n d i v í d u o n a e l a b o r a ç ã o d e l u t o e / o u angústia d e m o r t e . e)
i a , a o , o u , ( a s o contrário, o a i i l o a b a n d o n o q u e i n e v i t a v e l m e n t e r e d u n d a e m solri-
C o n t i n ê n c i a c presença a o l a d o d o p a c i e n t e , m e s m o q u a n d o este sc m o s t r a r e l i a l i à equipe.
Intensiva
Dl
i
, \a c ,
unes
A p o i o e o r i e n t a ç ã o às pessoas q u e t ê m r e p r e s e n t a ç ã o a f e t i v a s i g n i f i c a t i v a p . u a ,,
Ion
s o b r e t u d o , u m estado pessoal b e m e q u a c i o n a d o p a r a q u e n ã o c a i a m o s nas n a s d e p o s t u r a q u e são c a r a c t e r i z a d a s p e l o s d o i s e x t r e m o s : f r i e z a e i n d i f e r e n ç a
p o i m u lado; desespero, d o r e s o f r i m e n t o p o r o u t r o .
p a c i e n t e d e f o r m a q u e estas t a m b é m a t u e m c o m o a g e n t e s terapêuticos.
Hamções de Perda no Paciente Pós-Cirúrgico
f)
Busca de focos m o t i v a c i o n a i s q u e p e r s i s t a m n o paciente de f o r m a a p r o v i d e n c i a I , ,
g)
N a s depressões p a t o l ó g i c a s , é i m p r e s c i n d í v e l a solicitação d e a v a l i a ç ã o específii a
I a n g e r a l , p e n s a - s e n a s reações d e p e r d a e m c i r u r g i a s mutilatórias, q u a n d o , p r i n c i p a l m e n t e
p a r a i n t r o d u ç ã o d e m e d i c a ç ã o d e a p o i o , a l é m d e a c o m p a n h a m e n t o psicoterápii o
p a r t e d o c o r p o , i m p o r t a n t e , g r a n d e o u desejável, f o i r e t i r a d a ; p o r e x e m p l o , u m b r a ç o ,
6
q u a n d o possível e estimulá-los.
h)
i)
Nesses casos, p r i n c i p a l m e n t e o r i e n t a ç ã o à e q u i p e e v i g i l â n c i a m a i o r s o b r e o p a c i e n t e e m f u n ç ã o d e a u m e n t o d o r i s c o d e t e n t a t i v a d e suicídio.
dc v i v ê n c i a d e p e r d a seja o c o n h e c i d o " m e m b r o f a n t a s m a " , q u a n d o , a p ó s a a m p u t a ç ã o ,
N o s casos e m q u e a d e p r e s s ã o está a s s o c i a d a à situação d e m o r t e i m i n e n t e , c o m
o p a c i e n t e c o n t i n u a t e n d o a s e n s a ç ã o d e p o s s u i r o m e m b r o p e r d i d o . N ã o se s a b e a t é
prognóstico reservado, c o n s i d e r a r sempre o m o v i m e n t o d o paciente, p e r m i t i n d o
q u e p o n t o e s t a r e s p o s t a é d e v i d a à e s t i m u l a ç ã o c o n t i n u a d a d e fibras n e r v o s a s c o r t a d a s ,
q u e ele d e t e r m i n e o c u r s o d e s u a e l a b o r a ç ã o s o b r e a m o r t e .
mas parece q u e t e m p a p e l i m p o r t a n t e u m a t e n t a t i v a psicológica de não
O B S . : C u i d a d o c o m as a n t e c i p a ç õ e s , c o m o " P a c t o d o S i l ê n c i o " , o u a i n d a c o m a i
da p a r t e p e r d i d a .
d i f i c u l d a d e s q u e m u i t a s vezes p a c i e n t e , f a m í l i a e e q u i p e e n f r e n t a m p a r a d e n u n c i a i
j)
a p e r n a , e s t ô m a g o , o l h o s o u p u l m ã o . T a l v e z a r e s p o s t a m a i s d r a m á t i c a desta espécie
desprender-se
Nesse p o n t o t e m - s e c l a r a m e n t e d e n u n c i a d o q u e e s q u e m a c o r p o r a l , c o m o e v e n t o n e u r o s -
e d i s c u t i r a situação d e m o r t e e m o r r e r ,
s e n s o r i a l [ d e s t a c a - s e aí a existência d a p e r c e p ç ã o sometésica d o H o m ú n c u l o S e n s i t i v o d e
A i n d a nesse c o n t e x t o , as defesas p o r p a r t e d a e q u i p e , c o m o e v i t a r c o n t a t o c o m i >
I V n l i e l d e R a s m u n s e n (7)] e a u t o i m a g e m c o m o e v e n t o b a s i c a m e n t e p s i c o l ó g i c o a s s o c i a m - s e
p a c i e n t e , falsas i n f o r m a ç õ e s q u e p o d e m ser c o n t r a d i t a d a s , d i s t a n c i a m e n t o e f r i e z a
c m e s c l a m - s e d e f o r m a q u a s e indissociável. A p r ó p r i a estruturação d a consciência d o E U se d á p e l a s e x p e r i ê n c i a s c o r p o r a i s d a c r i a n ç a a s s o c i a d a s a i n t e r p r e t a ç õ e s d a s sensações
n o c o n t a t o d e v e m ser d e t e c t a d a s e d i s c u t i d a s e n t r e os c o m p o n e n t e s .
e v i v ê n c i a s p e s s o a i s . T e m - s e o q u e t e o r i c a m e n t e é c h a m a d o d e E U físico e E U p s í q u i c o N ã o p o d e m o s e s q u e c e r q u e a h o s p i t a l i z a ç ã o t r a z , e m seu b o j o , situações c l a r a s d e p e r d a
i n t e g r a n d o - s e e o r i g i n a n d o e n t ã o a C o n s c i ê n c i a d o E U (9).
(saúde) e l u t o , e q u e os q u a d r o s r e a t i v o s são de frequência b a s t a n t e a l t a . I m p o r t a n t e r e s s a l t a r
Nesses casos m a i s g r a v e s , e m b o r a a e q u i p e esteja q u a s e c e r t a a o p e r c e b e r q u e seu p a -
q u e as m o b i l i z a ç õ e s g e r a d a s p o r situações g r a v e s d e p e r d a n a s q u a i s a e l a b o r a ç ã o d o l u t o
c i e n t e sofrerá u m s e n t i m e n t o d e p e r d a , e l a t a l v e z n ã o t e n h a consciência d o e f e i t o g r a v e q u e
m o s t r a - s e c o m p r o m e t i d a p o d e m d e s e n c a d e a r u m p r o c e s s o d e depressão m a i o r .
tais reações p o d e m t e r sobre a recuperação i m e d i a t a o u sobre u m a adaptação e v e n t u a l à
O f e n ó m e n o d e p r e s s i v o v i v i d o p e l o p a c i e n t e i n t e r n a d o n o H o s p i t a l G e r a l , se n ã o c o n s i d e r a d o e a c o m p a n h a d o , p o d e t o r n a r - s e o d i v i s o r de águas e n t r e a o p ç ã o pela v i d a o u a e n t r e g a à m o r t e . Pode-se o b s e r v a r inúmeros casos e m q u e , e m b o r a o p r o g n ó s t i c o d o p a c i e n t e fosse b o m , a d e p r e s s ã o q u e se i n s t a l o u f u n c i o n o u c o m o seriíssimo d e seu e s t a d o biopsicológico, d e r i v a n d o p a r a a g r a v a m e n t o s
agravante
somáticos d o
p e r d a . T a l v e z n ã o p e r c e b a q u e l e v a n d o o p a c i e n t e a f a l a r l i v r e m e n t e s o b r e seus s e n t i m e n t o s , m u i t o p o d e ser f e i t o p a r a i m p e d i r u m r e s u l t a d o desfavorável. Nas operações menores, c o m remoção de partes menos i m p o r t a n t e s e menores d o c o r p o , e, s o b r e t u d o , c o m a exérese d e p a r t e s indesejáveis o u a f e t a d a s , e m b o r a se v e r i f i q u e m reações m a i s suaves, t a m b é m estas p o d e m t e r u m e f e i t o s i g n i f i c a t i v o s o b r e a c o n v a l e s c e n ç a .
q u a d r o clínico, e e v e n t u a l m e n t e l e v a n d o à m o r t e . E , m e s m o naqueles casos e m q u e a m o r t e é inexorável, a elaboração d a angústia d e m o r t e é q u e p o s s i b i l i t a a estruturação d o desapego c o m o condição p a r a aceitação de u m m o r r e r p e r m e a d o p o r serenidade e
38
6 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . ( 1 ) , Conversando
com o
Paciente.
39
l i i n i M i t i i P s i c < >l< .< |i< o n o ( I I I I I K I ( I n l e i a p i a I n t e n s i v a
Al
Psicologia Hospitalar
O m a i s difícil d c c o m p r e e n d e r c q u e , m e s m o d u r a n t e a c i r u r g i a , q u a n d o a b s o l u t a m i >u> n a d a é r e t i r a d o , p o d e h a v e r u m a p e r d a r e a l , u m a p e r d a â q u a l a l g u n s p a c i e n t e s rcauri|| d e s f a v o r a v e l m e n t e . O q u e s e m p r e se p e r d e e m q u a l q u e r c i r u r g i a c a i n t e g r i d a d e d
pu
i
p a n e d o t r a b a l h o d o psicólogo, |
a t u o , 6 s e m p r e b o m l e r e m m e n t e q u e a depressão
Ntiido d e l i r a n t e p o d e m ser, p e l o m e n o s e m p a r t e , u m a t e n t a t i v a d o p a c i e n t e d e n e g a r m i i ianpens.il os sentimentos de peida.
A p e l e é c o r t a d a e n u n c a m a i s será a m e s m a . P a r e c e r i d í c u l o q u e u m p a c i e n t e reaja a i t t |
At . . m b m o n t o Psicológico ao Paciente Não Cirúrgico
tão p e q u e n o , m a s acontece. C a r a c t e r i s t i c a m e n t e , as r e a ç õ e s d e p e r d a são i m p r e v i s í v e i s . U m p a c i e n t e p o d e
n.tti
ter u m sentimento de p e r d a e m resposta a u m p r o c e d i m e n t o m a i o r , e m c o n t r a p a r t i d a
t l u t r u s pessoas p o d e m n e c e s s i t a r d o s c u i d a d o s d o C T I , i n d e p e n d e n t e m e n t e d o p r o c e s s o
sofrendo u m a intervenção m e n o r , p o d e sofrer u m s e n t i m e n t o de p e r d a a c e n t u a d o . I . . |
, I r ú r g i c o . A s situações d e p o l i t r a u m a t i s m o , as p a t o l o g i a s o r g â n i c a s m a i s g r a v e s l e n l a r l o s ,
inconsistência e m g e r a l p o d e ser c r e d i t a d a a o f a t o d e q u e t a i s r e a ç õ e s n ã o se d e v e m apentt
Q U l l d r o s p u l m o n a r e s , r e n a i s etc.) l e v a m , m u i t a s vezes, o i n d i v í d u o à i n t e r n a ç ã o n c s i a u m
à r e a l i d a d e d o q u e se p e r d e . S ã o a l t a m e n t e pessoais e d e p e n d e m e m l a r g a e s c a l a d o siff
j i d e , a b r i n d o - s e a p o r t a p a r a u m p e r í o d o de vivências p o n t u a d o p e l o sofrer,
n i f i c a d o específico q u e o p a c i e n t e a t r i b u i à p a r t e a f e t a d a e à s u a f u n ç ã o . P o r e x e m p l o ,
n i i n e n t e , p e l a angústia e p e l o i s o l a m e n t o .
p a c i e n t e c u j a v i d a g i r e a o r e d o r d o p r a z e r p o r s u a h a b i l i d a d e física p o d e s e n t i r - s e a r r a s a i li, p e l a p e r d a d o m o v i m e n t o l i v r e d e u m m e m b r o , m e s m o q u e este n ã o seja r e m o v i d o . Era
pela
A convivência c o m a própria m o r t e e a d o o u t r o é m u i t o frequente no ( I T I ,
l c m - s e
O b s e r v a d o q u e , a o l o n g o destes a n o s , as v i v ê n c i a s e x p e r i m e n t a d a s p e l a s pessoas q u e p a s
t a i s p a c i e n t e s , a fixação, r i g i d e z o u disfunção d o m e m b r o p o d e c o n s t i t u i r a p e r d a m a i o i
. a i . i n i a l g u m t e m p o n e s t a situação p r o v o c a r a m , e m m u i t a s d e l a s , m u d a n ç a s
E m outras p a l a v r a s , m a i s i m p o r t a n t e q u e o ato cirúrgico, a interpretação q u e o pacicnie
, , i , icesso d e existência, n ã o só p a u t a d a n a c o n d i ç ã o d e a l t e r a ç ã o o r g â n i c a , m a s , s< .1 i r e t l •< l« i
d á a este é q u e d e t e r m i n a suas r e a ç õ e s e r e l a ç ã o c o m o e v e n t o .
n a intensidade d a vivência de m o r t e e m o r r e r .
A c i r u r g i a q u e i m p l i c a os o l h o s o u os órgãos g e n i t a i s quase s e m p r e e v o c a reações d e p e r d a
I . K I K
ais
P a r a c u i d a r dessas p e s s o a s , é i m p o r t a n t e q u e a p r ó p r i a d i m e n s ã o d e m o r t e e m
no
I I do
q u e p o d e m t e r p o u c a r e l a ç ã o c o m prejuízo físico. A c i r u r g i a q u e a f e t a t o d a s as p a r t e s visí-
P r o f i s s i o n a l d e saúde, p a r t i c u l a r m e n t e d o p s i c ó l o g o , b e m c o m o a d o s o f r e r e m u m l e n i tdl I
veis d o c o r p o - face, e s c a l p o , o r e l h a s , n a r i z . . .
b a s t a n t e a m p l o , seja t r a b a l h a d a ( d a d o a q u i d a t e r a p i a d o t e r a p e u t a ) , u m a vez q u e a Al itU
q u a s e s e m p r e é s e g u i d a p o r reações pessoais
exclusivas de p e r d a . Porém, n u n c a é i n t e i r a m e n t e seguro i n f e r i r quais operações provocarão
de d o p s i c ó l o g o s e m p r e estará v u l n e r á v e l a o s o f r e r , p o i s suas defesas r a c i o n a i s
tais reações, sendo m u i t o m a i s p r o v e i t o s o t e n t a r d e s c o b r i r a avaliação q u e c a d a paciente
e o l i d i a n o ) p o d e m i n t e r f e r i r m u i t o n o processo de relação pessoa a pessoa e x i g i d o de
a t r i b u i à p e r d a q u e v a i sofrer.
d o C T I . T r a t a - s e , p o i s , d a e q u a ç ã o p e s s o a l c o m o i n d i v í d u o e t e r a p e u t a q u e p r e t LM II
N ã o se p o d e d e i x a r d e t e r e m m e n t e q u e , c o m o se d i s s e , o u n i v e r s o d e s í m b o l o s , v a l o r e s e vivências pessoais d o p a c i e n t e é q u e v a i i n f l u e n c i a r m u i t o sua interpretação e reação â
IUS.K
l a i n< i
alcançar, e m q u e o p o n t o d e e q u i l í b r i o está e q u i d i s t a n t e d a f r i e z a d a r a c i o n a l i z a r a , i e d o e n v o l v i m e n t o d e s o r g a n i z a d o q u e o excesso d e s e n s i b i l i d a d e p o d e t r a z e r .
p e r d a . N o e n t a n t o , p r i n c i p a l m e n t e n a c u l t u r a o c i d e n t a l , sabc-sc q u e e x i s t e u m a c o r r e l a ç ã o
A a t i t u d e d o p s i c ó l o g o d i a n t e d a v i d a e d a m o r t e p o d e ser u m f a t o r m a u a n u p a r a I
íntima e n t r e o s e n t i m e n t o d e p e r d a e a relação d o i n d i v í d u o c o m a m o r t e , esta r e p r e s e n t a n d o
pessoa q u e este a c o m p a n h a , d a d a a s u a v u l n e r a b i l i d a d e e d e p e n d ê n c i a , e m u m m o m e n t o
a p e r d a m a i s a b s o l u t a e i r r e v e r s í v e l q u e a l g u é m p o d e t e r e q u e é d e n u n c i a d a e m t o d a s as
e m q u e suas defesas se e s v a z i a m , e seus v a l o r e s e v e r d a d e s ( a d q u i r i d o s ) estão e m p r o f u n d o
situações e m q u e o u t r o s t i p o s d e p e r d a s a c o n t e c e m n a v i d a d a p e s s o a . N o c a s o d o p a c i e n t e
q u e s t i o n a m e n t o p e l a q u e s t ã o m a i s básica q u e a e x i s t ê n c i a t r a z (e q u e m u i t a s v e z e s n o s
p ó s - o p e r a d o e m C T I , é d e s u p o r q u e a q u e s t ã o d a m o r t e esteja i n t i m a m e n t e p r e s e n t e e m
negamos a ver), q u e é a relação íntima e n t r e v i d a e m o r t e .
suas v i v ê n c i a s , s e j a m i n t e r n a s , s e j a m a m b i e n t a i s , e x a c e r b a n d o a s s i m essa c o r r e l a ç ã o . D a í 0 a g r a v a m e n t o d o risco d e p r o c e s s o s d i s s o c i a t i v o s , d e p r e s s i v o s , l i g a d o s a essa v i v ê n c i a .
A d i a n t e serão l e v a n t a d a s a l g u m a s c o n s i d e r a ç õ e s s o b r e t a l r e l a ç ã o , c o m o l a m b e m sobre a morte e o morrer.
A s reações d e p e r d a p ó s - o p e r a t ó r i a s , m u i t a s v e z e s , e x e r c e m u m p a p e l a t i v o e m o u t r a s reações c i r ú r g i c a s , e m p a r t i c u l a r n a depressão e n o e s t a d o d e l i r a n t e . E s s a c o n e x ã o é t ã o c o m u m e i m p o r t a n t e q u e t o d o s os p a c i e n t e s d e p r i m i d o s e c o m d e l í r i o d e v e m ser s u s p e i t o s dc estar
40
sol r e n d o
s e n t i m e n t o s g r a n d e s de p e r d a , d o s q u a i s t a l v e z não t e n h a m consciência.
41
Psicologia
Atendimento
Hospitalar
ai
Fatores Ambientais como Causadores ou Agravantes do Quadro Psico-Orgânico do Paciente
Psi< n l o q i i o n o C e n t r o d e l e i a p i a I n t e n s i v a
[ n i c i a n d o - s e p e l a agitação, p o d e m o s já i d e n t i f i c a r u m a r e a ç ã o b a s t a n t e a v e r s i v a à r e c u p e r a ç ã o d a pessoa, p o i s esta I r a / , c o m o r c l l e x o o r g â n i c o , s o m a d o à a n s i e d a d e , a u m e n t o d a pressão a r t e r i a l , d i f i c u l d a d e s c i r c u l a t ó r i a s , b a i x a resistência à d o r .
S a b e - s e q u e o C e n t r o d e T e r a p i a I n t e n s i v a p o s s u i a l g u m a s características especílicas < |in
S e g u n d o S/.asz (2Í5), a tensão a u m e n t a a c a p a c i d a d e d e a t e n ç ã o à d o r , d i m i n u i n d o
i n t e r f e r e m d i r e t a m e n t e n o estado e m o c i o n a l d o paciente.
o l i m i a r e a e x c i t a b i l i d a d e d a p e s s o a , b e m c o m o , e m m u i t o s casos, b l o q u e a n d o até
Situações c o m o as d e s c r i t a s a s e g u i r p r o v o c a m alterações n o e s t a d o d o p a c i e n t e ,
a absorção d e certas d r o g a s .
laniii
n o nível físico ( o r g â n i c o ) c o m o p s í q u i c o ( e m o c i o n a l ) :
In
A dcjiirssão e n t r a r i a c o m o u m a instância final n o q u a d r o p s í q u i c o e v o l u t i v o d o e n l i r i n o , c u j o s m e c a n i s m o s d e defesa, c o m o a r a c i o n a l i z a ç ã o , a n e g a ç ã o e a p r o j e ç ã o ,
a)
estresse c o n s t a n t e d o p a c i e n t e ;
v c e m - s c f a l i d o s , a p r e s e n t a n d o - s e u m a a p a t i a à v i d a e a persistência d e f a n t a s i a s
b)
tensão c o n s t a n t e d o p a c i e n t e ;
m ó r b i d a s , m u i t a s vezes e v o l u i n d o n e g a t i v a m e n t e até a m o r t e s e m u m a e x p l i c a ç ã o
c)
i s o l a m e n t o d o p a c i e n t e p e r a n t e as f i g u r a s q u e l h e g e r a m s e g u r a n ç a e c o n f o r t o ;
técnica plausível.
d)
relação i n t e n s a c o m a p a r e l h o s e x t r a e intracorpóreos;
D e v e m o s r e s s a l t a r a q u i q u e c e r t o s distúrbios o r g â n i c o s , p r i n c i p a l m e n t e hidrolíti-
e)
clima de morte iminente;
CO, c o m o m e t a b o l i s m o d o potássio, p o d e m t r a z e r q u a d r o s d e d e p r e s s ã o , m a s c o m
f)
visão e s t e r e o t i p a d a d e i r r e v e r s i b i l i d a d e d o q u a d r o mórbido;
c o n o t a ç ã o o r g â n i c a , b a s i c a m e n t e p e l a i n i b i ç ã o d e áreas d o s i s t e m a l í m b i c o . A s
g)
p e r d a d a noção d e t e m p o e espaço;
depressões p o s s u e m a i n d a o u t r o s a s p e c t o s e f a t o r e s d e s e n c a d e a n t e s , p a r t e d e l e s j á
h)
participação d i r e t a o u i n d i r e t a d o s o f r i m e n t o alheio etc.
mencionados anteriormente. c)
N o simpósio s o b r e fatores d e a n s i e d a d e n o t r a t a m e n t o i n t e g r a d o d o p a c i e n t e , o professoi
D e v e m o s r e s s a l t a r q u e a anorexia a c o m p a n h a , m u i t a s v e z e s , a d e p r e s s ã o , s e n d o t a m b é m u m a f o r m a d e agressão a u t o d i r i g i d a . A agressividade
autodirigida é
M a x H a m i l t o n , d a U n i v e r s i d a d e d e L e e d s , I n g l a t e r r a , a p r e s e n t a 16 situações d e distúrbios
d i t a d a p o r M u n i z e m s u a o b r a 0 Tratamento da Angina e do Enfarto
e m o c i o n a i s c a u s a d o s p e l a i n t e n s a a n s i e d a d e d a p e s s o a e n f e r m a , f a t o r e s estes secundários à
a u m a e s p é c i e d e p r o j e ç ã o d o s p r ó p r i o s s i n t o m a s a o m e i o , " n a d a está b o m " ,
(8), a s s o c i a d a
e t i o p a t o g e n i a d a moléstia, m a s t r a z e m c o n s i g o u m p e s o e n o r m e n a e v o l u ç ã o d a p a t o l o g i a
" a c a m a é r u i m " , " a c o m i d a é péssima", " a e n f e r m a g e m não atende d i r e i t o " . A
e m f u n ç ã o j u s t a m e n t e d a a n s i e d a d e , c a u s a d a p e l a s situações s u p r a c i t a d a s .
pessoa t o r n a - s e de difícil c o n t a t o e passa a r e c l a m a r e s o l i c i t a r a t o d o s o t e m p o
Este, então, seria o g r u p o n o q u a l fatores a m b i e n t a i s p o d e r i a m p r e j u d i c a r d e a l g u m a
t o d o , m u i t a s vezes n e g a n d o a s u a p r ó p r i a p a t o l o g i a o u n ã o a e n c a r a n d o
como
f o r m a a e v o l u ç ã o d o p a c i e n t e . E a q u i n ã o p o d e m o s n o s e s q u e c e r d e q u e q u a l q u e r alteração
realidade
n o e s t a d o e m o c i o n a l d o p a c i e n t e r e f l e t e d i r e t a m e n t e n o seu q u a d r o c l í n i c o .
A a g r e s s i v i d a d e a u t o d i r i g i d a e as m a n i f e s t a ç õ e s d e depressão, s o b r e t u d o as m a s -
presente.
c a r a d a s , c o m p õ e m u m d o s q u a d r o s psicológicos m a i s p e r n i c i o s o s p a r a o paciente
Fatores Orgânicos como Reflexos Decorrentes do Período de Internação
i n t e r n a d o n o C T I , d e v e n d o s e m p r e ser l e v a d a e m c o n t a e feita intervenção psicológica. Estímulos p o s i t i v o s , catarse, elaboração d o s c o n f l i t o s , desmistificação d e fantasias
D e n t r e eles, p o d e m o s c i t a r d e t e r m i n a d o s s i n t o m a s , c o m o :
m ó r b i d a s , c o n f r o n t o c o m os s e n t i m e n t o s d e i m p o t ê n c i a e m o r t e i m i n e n t e q u e , e n t r e o u t r o s , p o d e m e s t a r a s s o c i a d o s àquelas s i n t o m a t o l o g i a s , d e f o r m a a e v i t a r - s e o
42
a)
agitação;
b)
depressão;
c)
anorexia;
d)
insónia;
e)
perda do discernimento.
a g r a v a m e n t o d o q u a d r o e m o c i o n a l d o p a c i e n t e e, p o r c o n s e q u ê n c i a (nesses casos d i r e t a ) d e seu q u a d r o c l í n i c o c o m o u m t o d o . d) A o f a l a r d e insónia, e s t a m o - n o s r e f e r i n d o aos f a t o r e s s u p r a c i t a d o s , n o s q u a i s p o d e m o s t e r c o m o c a u s a d o r e s d a m e s m a a a g i t a ç ã o , a a n s i e d a d e etc. I m p o r t a n t e d e s t a c a r q u e , n o s q u a d r o s d e depressão m a i o r , a insónia é u m d o s s i n t o m a s m a i s p r o e m i n e n t e s ;
43
Atendimento Psicologia
d e s t a c a - s e o l a t o d c o s o n o estai', p a r a c e r t o s p a c i e n t e s , a s s o c i a d o à m o r t e , e
iln
desta impõe o q u a d r o d c insone. e)
l'si< o l o ( | i i o i i . i ( e n l i o ( l o l e i a p i a I n t e n s i v a
Hospil.il.ir
A perda de discernimento t e m j á u m a s p e c t o m a i s sério d o p o n t o d e v i s t a p s i c o d i n . co. T e m o s u m q u a d r o p e c u l i a r dos C T I s , p r i n c i p a l m e n t e daqueles q u e a p r e s e m , n u a m b i e n t e t o t a l m e n t e a r t i f i c i a l , s e m l u z d o d i a e s e m alterações s i g n i f i c a t i v a s e m na rotina (diurna e noturna).
D Iu pude vivei
I n p l a i l o a p e n a s c o m o u m a sensação, se i n a n i l e s l a , d e i x a n d o - n o s i n q u i e t o s , p r e o c u p a d o s , i
i i l a d o s , o u (.,( m o d o , i n c a p a z e s d e r e m o v e r n a prática a e n f e r m i d a d e o u a a n s i e d a d e , p r o c u r a - s e
| n i . I h o i s a í d a : l e n l a - s e e l i m i n a r a m b a s m e n t a l m e n t e . O u t r a c o i s a q u e se p r a t i c a , q u a s e , inpic piolili
A cadência d e a t i v i d a d e s constantes n o C T I , nas 2 4 horas d o d i a , a r o t i n a r c p d i d i t i n ú m e r a s vezes, o a c o r d a r e d o r m i r i n t e r m i t e n t e d o e n f e r m o , a ausência d e c o n t a t o c m u n d o e x t e r n o , a f a l t a d e u m a c o n v e r s a , d e o r i e n t a ç ã o , a c a b a m t r a z e n d o p a r a a pessoa, c o m m a i s d e três d i a s d e C T I , u m a p e r d a i n i c i a l d e n o ç ã o d e t e m p o c r o n o l ó g i c o , q u e . a,, p o u c o s , v a i se a g r a v a n d o c o m a p e r d a d a consciência d e t e m p o e e s p a ç o físico e psicológit i > [ s e g u n d o J a s p e r s (9)], d e t a l f o r m a q u e c o m p o r t a m e n t o s e s t r a n h o s c o m e ç a m a a p a r e c e i Frases d e s a r t i c u l a d a s , f u g a d e i d e i a s , a t i t u d e s obsessivas, o c o r r e n d o n ã o r a r o derivações p a t a q u a d r o s d e l i r a n t e s e desconfigurações d a i m a g e m p e r s p e c t i v a r e a l . N o t a - s e q u e a a l t e r a r a , i s e n s o p e r c e p t i v a i n i c i a - s e p e l a ausência d e estímulos s i m p l e s , c o m o o c o n t a t o c o m o d i a e a n o i t e , e v a i se a g r a v a n d o à m e d i d a q u e o p r ó p r i o c i c l o c i r c a d i a n o d o p a c i e n t e passa p o i p r o c e s s o d e d e s o r g a n i z a ç ã o e m f u n ç ã o d a ausência d e a t i v i d a d e s , d a a ç ã o d e f á r m a c o s , d a s oscilações d e consciência, d a f a l t a d e estímulos específicos à p e s s o a e t c . Esse q u a d r o , q u e se d e n o m i n a v a d e S í n d r o m e d e C T I , c a r e c e d e a t e n ç ã o e s p e c i a l , c u i d a d o este s e m p r e q u e possível p r e v e n t i v o , b u s c a n d o a i n t e g r i d a d e psíquica d o e n f e r m o p o r m e i o d c u m c o n t a t o c orientação constantes, t r a z e n d o - l h e a importância d e sua colab o r a ç ã o n a e v o l u ç ã o p r o d u t i v a d e seu q u a d r o .
III.I
a l g u m êxito, é desligar a ansiedade d a e n f e r m i d a d e e t r a n s f e r i - l a p a r a u m m e n o s i m p o r t a n t e o u p a r a o u t r o n o q u a l se p o s s a f a z e r a l g u m a c o i s a .
I v . s a d i s t o r ç ã o , n e g a ç ã o e d e s l o c a m e n t o d e s i n t o m a s físicos p o d e f a z e r u m p a c i e n t e m n l i r - s e m e l h o r , m a s n o p r o c e s s o e v o l u t i v o o q u a d r o c l í n i c o p o d e ser d e t a l m o d o a l t e r a d o i|in
11 m é d i c o se p e r d e r á . E s t e é o m o t i v o p e l o q u a l , c o n v e r s a n d o c o m o p a c i e n t e a n s i o s o , p< issível l e v a n t a r u m q u a d r o v e r d a d e i r o d a d o e n ç a q u a n d o a a n s i e d a d e d o p a c i e n t e é
M i olocada e m u m a perspectiva a d e q u a d a à sua e n f e r m i d a d e . I « m b r e - s e t a m b é m d e q u e a r e s p o s t a a n s i o s a d o p a c i e n t e à e n f e r m i d a d e a t u a l n u n c a se d e v e a p e n a s à q u e l a a f e c ç ã o . A a n s i e d a d e é histórica. T o d a s as e x p e r i ê n c i a s p a s s a d a s c o m i h K uça o u o u t r o s p e r i g o s , s i m i l a r e s o u n ã o , t e n d e m a a c u m u l a r - s e n a a t u a l . É deste m o d o BUe c a d a p e s s o a g r a d u a l m e n t e constrói s u a m a n e i r a característica d e r e a g i r à e n f e r m i d a d e c a ansiedade que ela provoca. ( ) c o n h e c i m e n t o d a s r e a ç õ e s características d o s p a c i e n t e s p o d e , c o m f r e q u ê n c i a , a j u d a r I I e q u i p e a j u l g a r r á p i d a e p r e c i s a m e n t e a s e r i e d a d e d e suas afecções. ( ) l a t o d e q u e a a n s i e d a d e t e n h a raízes históricas t a m b é m p o s s i b i l i t a e x p l i c a r u m p â nico "inexplicável" d o paciente e m resposta a u m a e n f e r m i d a d e o u a u m p r o c e d i m e n t o médico m e n o r ; o p r o b l e m a a t u a l e sem importância a s s u m i u o l u g a r d e u m a experiência m a i s terrível d e u m a época a n t e r i o r , talvez d e u m p e r í o d o esquecido d a infância, u m a e x p e r i ê n c i a q u e h á m u i t o está e n c a p s u l a d a e q u e , e x c e t o p o r o c a s i ã o d a a m e a ç a a t u a l ,
Estimulação v i s u a l , reforçar o p a c i e n t e a e x e c u t a r a t i v i d a d e s d e q u e goste e t e n h a c o n dição d e d e s e m p e n h a r , visita o r i e n t a d a de f a m i l i a r e s , informações sobre o m u n d o e x t e r n o q u e l h e p o s s i b i l i t e m c o n t a t o c o m o u t r a s coisas q u e n ã o a d o e n ç a são p e q u e n a s m e d i d a s q u e p o d e m p r e v e n i r esse q u a d r o .
O Paciente Ansioso
u o i inalinenlc s e m s e n l i i ansiedade. Este sentido d c ansiedade, c m geral
assim p e r m a n e c e u d u r a n t e anos. E m vista d a ligação d i r e t a d a ansiedade c o m o passado, é s e m p r e útil s u s p e i t a r , n o c a s o d e q u a l q u e r a n s i e d a d e i n e x p l i c á v e l , q u e a r e a ç ã o p r e s e n t e d o p a c i e n t e está s e n d o i n f l u e n c i a d a p o r a l g u m a c o i s a q u e a c o n t e c e u h á m u i t o t e m p o , o u q u e o p a c i e n t e está r e a g i n d o a s s i m p o r q u e está r e p e t i n d o o m o d o c o m o r e a g i u a n t e s . F a l a r c o m o p a c i e n t e s o b r e suas a n s i e d a d e s e s e n t i m e n t o s n ã o e x p r e s s o s o u m e s m o des-
7
c o n h e c i d o s r e d u z i m e d i a t a m e n t e o p o d e r n o c i v o destes. A s i d e i a s q u e p a i r a m m u d a s n o a r
A a n s i e d a d e é o s i n a l d o p e r i g o d a m e n t e , u m s i n a l q u e se m a n i f e s t a e m p r e s e n ç a d e u m p r o b l e m a . C o m o s i n a l , a a n s i e d a d e é a n á l o g a à d o r e t ã o i m p o r t a n t e q u a n t o esta. O h o m e m
são t r e m e n d a m e n t e a m e a ç a d o r a s p o r q u e n ã o c o n h e c e m l i m i t e s . C o l o c a d a s e m p a l a v r a s , p o d e m ser e x a m i n a d a s c o m o u m o b j e t o , n o q u a l e q u i p e e p a c i e n t e p o d e m e n x e r g a r s e u p e r i g o e, a s s i m , ficar b a s t a n t e n e u t r a l i z a d o . A a n s i e d a d e é p r o f u n d a m e n t e r i c a e m m á s c a r a s . U m d e seus d i s f a r c e s c o m u n s é u m a simples t r o c a d e nomes, c o m o , p o r e x e m p l o , " s i n t o - m e nervoso, tenso, fraco, assustado,
7 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . ( 1 ) , Conversando
com o
Paciente.
45 44
A l c t i i f l i i t i m i t o IV.ii o l o i |
I'MC oloçji.l I los|>it.il,il
a p r e e n s i v o , instável,
deprimido, a b o n e i
i d o , i n q u i e t o , p r e o i u p . i d o , o u , então, l i e o
Lulu
lo < e n l i n
(lo
loiapia Intensiva
,|, S i l u I K l ) , O ( M l l a v o r e i e s o b r e m a n e i r a a e v o l u ç ã o d o e s t a d o d c a l a r m e p a r a o d e es-
d e n o i t e , n ã o c o n s i g o c o m e r , d o r m i r o u t o m a r u m a d e c i s ã o " . ( ) p a c i e n t e usa c e n t e n a i l l
uiilaiiK n l o
p a l a v r a s e m l u g a r d e a n s i e d a d e , e a l g u n s p r o f i s s i o n a i s estão p r o n t o s a a c r e d i t a r q u e <|
ah
i i o r a p i d a m e n t e , f a l o q u e p o d e passar d e s p e r c e b i d o p e l a e q u i p e e m função,
de i o d a a t e n ç ã o q u e o q u a d r o de base e x i g e desta.
u s a essas p a l a v r a s n ã o está a n s i o s o , a p e n a s u m p o u c o n e r v o s o , t e n s o , a b o r r e c i d o . N a u á| verdade, a ansiedade inclui todas.
O Paciente Agressivo
8
T a l v e z o o u t r o d i s f a r c e c o m u m d a a n s i e d a d e é s u a r e p r e s e n t a ç ã o c o m o u m s i n a l ou s i n t o m a c o r p ó r e o . Esse d i s f a r c e p o d e t r a z e r p r o b l e m a s , s o b r e t u d o p a r a o m é d i c o qtti >
" A a g r e s s i v i d a d e , deve-se l e m b r a r , n ã o é u m a o c o r r ê n c i a p a t o l ó g i c a , n e m r a r a : t o d a s as
sente m a i s à v o n t a d e c o m as q u e i x a s físicas d o q u e c o m a a n s i e d a d e .
pessoas a l g u m a s vezes se t o r n a m a g r e s s i v a s . "
C o n t u d o , r o t u l a r esses s i n t o m a s físicos m e r a m e n t e c o m o " e m o c i o n a i s " o u " f u n c i o n a i 1
I l a u m a s p e c t o d a a g r e s s i v i d a d e m u i t o i m p o r t a n t e , s o b r e t u d o a o c o n s i d e r a r a saúde e
o u " a n s i e d a d e " é u m e r r o d e i g u a l p r o p o r ç ã o . P a r a o p a c i e n t e , esse t i p o d e r ó t u l o é u m a
a i n l é r n i i d a d e : a a g r e s s i v i d a d e p o d e e s t a r i m p l i c a d a e m t o d o s os a t o s e i n c i d e n t e s d a v i d a
a c u s a ç ã o q u e se sente o b r i g a d o a r e f u t a r e d a q u a l se d e f e n d e . P o r q u e não p e n s a r nesses s i n t o m a s físicos c o m o o m e d o de e x p r e s s a r e m o s t r a r ansiei [adi
h u m a n a . N e n h u m a situação v i t a l e l i m i n a a p o s s i b i l i d a d e d e u m s e n t i m e n t o , p e n s a m e n t o o u a i o d c r a i v a . D e s d e o n a s c i m e n t o até a m o r t e , n ã o há n a d a q u e n ã o p o s s a d e s p e r t a r e m
d o p a c i e n t e ? P o r q u e n ã o i m a g i n a r q u e o f a t o d e ele c o n t a r a o m é d i c o essas r e a ç õ e s físii u
n o s u m s e n t i m e n t o d e r a i v a . N ã o há n a d a q u e p o s s a m o s f a z e r q u e n ã o t e n h a , p e l o m e n o s
a situações t e n s i v a s é seu m o d o d e l h e d i z e r q u e se sente a n s i o s o d i a n t e delas? (Salienta-sc
p a r c i a l m e n t e , u m a motivação agressiva.
a q u i o u s o d o m e c a n i s m o d e c o n v e r s ã o , m u i t a s vezes u t i l i z a d o c o m o f o r m a d e m a n i f e s t a i . 1 . 1 d o s e n t i m e n t o de ansiedade e ameaça.) A a n s i e d a d e t a m b é m se e s c o n d e p o r trás d e o u t r a s e m o ç õ e s : os p a c i e n t e s q u e se tot n a m e x t r e m a m e n t e irritáveis, a g r e s s i v o s , p o d e m e s t a r r e a g i n d o a u m a situação s u b j a c e n t e p r o d u t o r a de ansiedade. O u t r o s p a c i e n t e s , e m r e s p o s t a a situações a s s u s t a d o r a s , r e c o l h e m - s e e t o r n a m - s e f r i o s ,
A a g r e s s i v i d a d e , b a s i c a m e n t e , é u m a p r o t e ç ã o . É a força q u e , m u i t o m a i s q u e a p e n a s o m e d o , p e r m i t e p r o g r e d i r . O m e d o o u a ansiedade é u m sinal, u m a experiência sensorial, u m a v i s o d e p e r i g o e, a s s i m , é e s s e n c i a l p a r a q u a l q u e r a t i t u d e a u t o p r o t e t o r a . E m s i , o m e d o n ã o p r o t e g e . O q u e o faz é u m a a ç ã o o f e n s i v a o u d e f e n s i v a . T a l a ç ã o n ã o é s u f i c i e n t e , i si e t o n a m e d i d a e m q u e o acesso à a g r e s s i v i d a d e é s i g n i f i c a t i v o . A a g r e s s i v i d a d e é q u e d á ao ato sua energia.
p a r a l i s a d o s e m u d o s . Essa r e a ç ã o a o p e r i g o e m g e r a l s i g n i f i c a u m c o n f l i t o e n t r e a d e p e n -
T u d o q u e p o d e e deve-se saber, e m r e g r a , é q u e , e m l a r g a m e d i d a , a agressividade é
dência passiva d a pessoa e sua a g r e s s i v i d a d e v i o l e n t a : u m c o n f l i t o q u e o leva a u m estado
histórica e n ã o " c a u s a d a " p e l o s p r o c e d i m e n t o s e p a l a v r a s d a e q u i p e , p e l o q u e esta d i z o u
de paralisia.
l a z . A l g u n s p a c i e n t e s t ê m r e a ç õ e s físicas: b a l a n ç a m a c a b e ç a , se c o n t r a e m , o u às vezes
O C T I , p o r t o d o s os aspectos j á d e s c r i t o s , d e s t i n a - s e a ser u m g r a n d e g e r a d o r de situações ansiógenas, a c o m e ç a r p e l o seu p r ó p r i o e s t e r e ó t i p o , c o m o m e n c i o n o u - s e a n t e r i o r m e n t e . Pode-se e n t ã o d e d u z i r q u e t o d o s esses c o m p o n e n t e s g e r a d o s p e l a a n s i e d a d e , d e s c r i t o s
m e r g u l h a m e m u m silêncio o u r e s p o n d e m c o m m o n o s s í l a b o s g u t u r a i s . O u t r o s p a c i e n t e s a p r e s e n t a m p o u c a s alterações físicas e d e s c a r r e g a m t u d o p e l a s p a l a v r a s . O s d e t a l h e s de c o m o os p a c i e n t e s e x p r i m e m a a g r e s s i v i d a d e e d o q u e os l e v a a isso não são
p e l o D r . B i r d (1), t ê m , n o C T I , c o n d i ç õ e s a b s o l u t a m e n t e e x a c e r b a d o r a s , g e r a n d o c o m isso
tão i m p o r t a n t e s p a r a a e q u i p e c o m o seu r e c o n h e c i m e n t o de q u e b o a p a r c e l a d a a t u a l a g r e s s i v i -
reações e m o c i o n a i s das m a i s v a r i a d a s . M i s t e r s a l i e n t a r q u e vivências ansiógenas i n t e r m i t e n t e s
d a d e se o r i g i n a d o passado e se d i r i g e c o n t r a a e q u i p e a p e n a s p o r q u e estes a g o r a r e p r e s e n t a m
d e l o n g a d u r a ç ã o e / o u g r a n d e i n t e n s i d a d e são u m a d a s p r i n c i p a i s c a u s a d o r a s d a S í n d r o m e
alguém o u a l g u m a coisa desse p a s s a d o q u e os a m e a ç a . B a s i c a m e n t e u m a a t i t u d e p r o j e t i v a .
G e r a l de A d a p t a ç ã o ( S G A ) e das D o e n ç a s d e A d a p t a ç ã o ( D A ) tão b e m i d e n t i f i c a d a s p o r
A a g r e s s i v i d a d e d i r i g i d a a o a m b i e n t e p o d e r i a , e n t ã o , ser i n t e r p r e t a d a c o m o u m a f o r m a
S e l y e (10). A e x p e r i ê n c i a d e i n t e r n a ç ã o n o C T I p o d e g e r a r n o p a c i e n t e , p o r c a u s a desses
d e o p a c i e n t e t e n t a r p r o t e g e r - s e n ã o só d a s agressões q u e sente q u e o m e i o l h e i m p õ e , m a s
f a t o r e s , prejuízos físicos e e m o c i o n a i s e n o r m e s q u e , q u a n d o n ã o c o n s i d e r a d o s , p o i s reações
t a m b é m d a s agressões q u e a d o e n ç a e seus s i n t o m a s estão l h e c a u s a n d o .
a p a r e n t e m e n t e secundárias a o q u a d r o m ó r b i d o q u e d e u o r i g e m à sua internação, v ã o g e r a n d o u m e s t a d o g e r a l d e falência d i a n t e d o s o f r i m e n t o d e t a l m o n t a q u e a c a b a m p o r e n t r e m e a r e m - s e c o m a p a t o l o g i a d e b a s e m e s m a d o p a c i e n t e . C o n s i d e r a n d o os c o n c e i t o s
46
8 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . ( 1 ) , Conversando
com o
Paciente.
47
P ' . M < > I < ). 11.1 | |oS|>Ít.ll.ll
A l i i n d i m c i n l o l'sii oloijii
,,,,,
l'i d e s u m a i m p o r t â n c i a d e s t a c a r a q u i d o i s p o n t o s r e l e v a n t e s n u s q u a i s a m a n i l i - s t i
, i a . ' I , m a i s l a i i l , de i e i l
no ( ontio do
loiapia
Intensiva
ido, lazer algo perante u m a agressividade a b e r t a . N ã o
t « c m i a / a o q u e s e e v i t a d e s p e r t a r u m CÍO a d o r m e c i d o ; a l é m d i s s o , os p r ó p r i o s p a c i e n t e s
d a a g r e s s i v i d a d e t e m características p e c u l i a r e s ; O p r i m e i r o , q u e d e s a f o r t u n a d a m e n t e aparece c o m u m a frequência bastante a l i ;
s In is| M I M .
h n i l i i u m i o q u e r e r r e c o n h e c e r a p r ó p r i a a g r e s s i v i d a d e . C o n t u d o , q u a n d o se v ê a l g u m a que parece agressividade
d o B r a s i l , está l i g a d o à manifestação agressiva c o m o a t i t u d e r e a t i v a à situação de p r o l i i n i la itll
i i u , a
siedade, tensão e frustração; refere-se a q u i p r i n c i p a l m e n t e àquelas situações e m q u e o pai
•Kpicssáo
HIIII
p o r e x e m p l o , a g u a r d a u m e x a m e i m p o r t a n t e o u c i r u r g i a ( c o m fantasias, m e d o , e x p e c t a m a i após t r i c o t o m i a , e n t e r o c l i s m a o u u m l o n g o p e r í o d o d e j e j u m , d e s c o b r e q u e o p r o c e d i m e
I,,i
c m u m paciente, u m a t e n t a t i v a de c o n d u z i - l a p a r a u m a
c l a r a p o d e ser d e g r a n d e v a l o r . E i s t o p o r q u e os s e n t i m e n t o s f o r t e s , d e q u a l q u e r
mu i u e / a , q u a n d o não expressos, p o d e m p e r t u r b a r o p e n s a m e n t o lógico e o c o m p o r t a m e n i o i i / o a v e l e , a s s i m , c o n t u r b a r as t e n t a t i v a s d e d i a g n ó s t i c o d a e q u i p e e d e c o m o
tratar
a d i a d o o u c a n c e l a d o . M u i t a s vezes o a v i s o é d a d o t a r d i a m e n t e , s e m o u t r a s explicações, e s e m ,
l a i pai lente. ( ! o m frequência
t a l v e z m a i s d o q u e se i m a g i n a - , esses s e n t i m e n t o s estão
s o b r e t u d o , p e r m i t i r - s e q u e o p a c i e n t e m a n i f e s t e suas e m o ç õ e s e m relação a o o c o r r i d o . Nesse»
i i u l a i p r o f u n d i d a d e q u e e s c a p a m a o p o d e r d a e q u i p e d e alterá-los, m a s , a l g u m a s vezes,
casos, explosões d e r a i v a , a c o m p a n h a d a s d e g r i t o s , palavrões, ofensas d i r i g i d a s a o H o s p i t a l ,
p i mi as p a l a v r a s f u n c i o n a m . M o s t r a r - s e d i s p o n í v e l e i n t e r e s s a d o p e l o s s e n t i m e n t o s d o p a -
e q u i p e o u a o p r o f i s s i o n a l q u e está à sua f r e n t e são c o m u n s , ressalte-se a q u i , m a i s saudáveis i l u
i |i ntc a u x i l i a a manifestação destes, f a v o r e c e n d o a s s i m o a f l o r a m e n t o d a q u e l a
q u e a q u e l a pseudorresignação, q u e , e m b o r a não i n c o m o d e a e q u i p e , processa estragos d c G11 m a
que de f o r m a l a t e n t e p o d e g e r a r alterações i m p o r t a n t e s , c o m o episódios d e somatização
sub-reptícia, importantíssimos, n a autoconfiança d o p a c i e n t e , e m sua confiança e aceitaçãt t d a
agressividade
rises c o n v e r s i v a s . S a l i e n t a - s e a q u i q u e a a t e n ç ã o a o c o n t e ú d o d o d i s c u r s o d o p a c i e n t e i f u n d a m e n t a l , p o i s n ã o é r a r o esse d i s c o r r e r s o b r e seus m e d o s , r a i v a s , r e s s e n t i m e n t o s d e
e q u i p e , d o t r a t a m e n t o , e e m sua d i s p o n i b i l i d a d e e v o n t a d e d e t r a t a r - s e e a j u d a r - s e . O u t r a m a n i f e s t a ç ã o específica d e a g r e s s i v i d a d e está l i g a d a à fase d e r e v o l t a , a p r e s e n t a d a p o r E . K . R o s s (4,6) e m seus e s t u d o s s o b r e as r e a ç õ e s d o p a c i e n t e d i a n t e d a m o r t e : i n c o n f o i m i s m o , i s o l a m e n t o , acusações, r e f r a t a r i e d a d e a o c o n t a t o são a l g u m a s d a s manifestações
dessa
fase, e c a b e r e s s a l t a r - s e a q u i q u e e l a p o d e a p a r e c e r e m o u t r a s situações críticas específicas além d a de m o r t e i m i n e n t e : p o r e x e m p l o , n o processo de elaboração d o luto pela a m p u t a ç ã o d c u m m e m b r o o u e x t i r p a ç ã o d e ó r g ã o d o c o r p o , situações i g u a l m e n t e f r e q u e n t e s no
I
a f i g u r a d a , p o r e x e m p l o , f a l a n d o d a situação d o p a í s , c o n t a n d o u m c a s o q u e o c o r r e u
B o m o u t r e m c q u e a p a r e n t e m e n t e n ã o t e m n a d a a v e r c o m ele o u seu e s t a d o d e saúde, m a s i|iie
c o n t a d e f o r m a c i f r a d a a m a n i f e s t a ç ã o desses s e n t i m e n t o s l a t e n t e s . ( h i t r a f o r m a de agressividade
latente é a d o t i p o e m q u e m e l h o r seria chamá-la de
"fúria". E n t r e adolescentes e j o v e n s a d u l t o s , é b a s t a n t e c o m u m esse t i p o d e fúria i n t e r i o r , a q u a l
C T I . M a i s u m a v e z , o r i e n t a - s e aos i n t e r e s s a d o s q u e c o n s u l t e m o r o t e i r o b i b l i o g r á f i c o de
p a r e c e estar p o r trás d e a l g u n s d e seus inexplicáveis c o m p o r t a m e n t o s e p r o b l e m a s
e s t u d o s , n o fim d o p r e s e n t e c a p í t u l o , p a r a a p r o f u n d a m e n t o n o t e m a .
I , m a l g u n s casos, a expressão d o s e n t i m e n t o é c l a r a , a o passo q u e , e m o u t r o s , é r e p r i m i d a .
N u n c a é demais l e m b r a r q u e t o d a e q u a l q u e r reação d o paciente t e m , c o m o
pessoais.
elemento
A l g u n s f a t o r e s c o m p o r t a m e n t a i s p o d e m c o n t r i b u i r p a r a a repressão d a a g r e s s i v i d a d e e m
básico, seu u n i v e r s o s i m b ó l i c o , suas v i v ê n c i a s e p r i n c i p a l m e n t e a f o r m a p a r t i c u l a r c o m o ele
p a c i e n t e s i n t e r n a d o s , o n d e se d e s t a c a t a m b é m o r e c e i o d e n ã o ser a c e i t o p e l a e q u i p e . A n e -
está e n c a r a n d o e e l a b o r a n d o o e p i s ó d i o c o n f f i t i v o d e d o e n ç a , i n t e r n a ç ã o e t r a t a m e n t o , q u e
cessidade d e a p o i o e aceitação l e v a o p a c i e n t e , n ã o r a r o , a e v i t a r d e m o n s t r a r seus s e n t i m e n t o s
v i v e n o seu a q u i e a g o r a , d e t e r m i n a d o p e l a s u a h i s t o r i c i d a d e , p e l a s variáveis s o c i o a m b i e n t a i s
à e q u i p e , p r i n c i p a l m e n t e os s e n t i m e n t o s l i g a d o s à r a i v a e à h o s t i l i d a d e p o r t e m e r , e m suas
q u e o c e r c a m e p e l a s relações e n t a b u l a d a s e n t r e a e q u i p e , a f a m í l i a e o p r ó p r i o p a c i e n t e .
f a n t a s i a s , represálias p o r p a r t e d e s t a . Essa a t i t u d e c o n t r i b u i p a r a o a g r a v a m e n t o d o q u a d r o e m o c i o n a l d o p a c i e n t e , e e m a l g u n s casos a e q u i p e é c o r r e s p o n s á v e l p e l o s s e n t i m e n t o s , p o i s
O Paciente com Agressividade Latente
se c o l o c a d i s t a n t e d o p a c i e n t e o u i n c o n s c i e n t e m e n t e reforça as a t i t u d e s i n a c e r t i v a s d e l e . O s
9
s e n t i m e n t o s q u e o p a c i e n t e p o d e s u s c i t a r n a e q u i p e t a m b é m d e v e m ser a l v o d e o b s e r v a ç ã o O q u e se disse é s u f i c i e n t e q u a n t o à a g r e s s i v i d a d e e x p r e s s a . M a s , e q u a n t o à a g r e s s i v i d a d e que o paciente apresenta, mas não mostra? O u à agressividade latente, m a s d a q u a l não t e m
e r e f l e x ã o , p a r a q u e se e v i t e a t u a r c o n t r a t r a n s f e r e n c i a l m e n t e n a r e l a ç ã o . Aqueles j o v e n s q u e p r o c u r a m o médico e m geral têm u m a agressividade r e p r i m i d a o u latente, aqueles q u e f a z e m t u d o p a r a não a g i r s e g u n d o seu i m p u l s o agressivo o u , q u a n d o a g e m , t e n d e m a a t a c a r - s e . S ã o esses j o v e n s q u e a d o e c e m física e m e n t a l m e n t e e p e d e m
9 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d . B . (1), Conversando
48
com o
Paciente.
a a t e n ç ã o d o m é d i c o . P r o c u r a m - n o p o r v á r i a s r a z õ e s . M u i t o s são a u t o d e s t r u t i v o s e isso
49
I''.u o l o q i . i I lii',|iil,il.il
A t i i i i i l i i n i i n t o l ' s i i oloiiii o n o ( e n t i o d e
lor.i|)i.i
Intensiva
i iileueào e m u i t o i m p o r t a n t e o b t e i d a d o s d o p a c i e n t e p o r i n t e r m é d i o d a f a m í l i a e / o u
s e m p r e é u m a p i s l a p a i a a existência d a a g r e s s i v i d a d e r e p r i m i d a . A s s i m , q u a l q u c i |nvi u
.
q u e , d e a l g u m a l i i r n i a , p a r e c e f a d a d o a o f r a c a s s o , q u e p a r e c e i n c l i n a r - s c p a r a o insui i
rii i i i n p . i n l i . m t e s , c a s s i m q u e possível i n i c i a i c o n t a t o c o m o p r ó p r i o p a c i e n t e . O s d a d o s d a
i
a d a pessoa já p o s s i b i l i t a m l e r u m a p r i m e i r a hipótese s o b r e o p e r f i l p s i c o l ó g i c o d e s t a
d e g r a d a ç ã o o u a u t o d e s t r u i ç ã o , c s u s p e i t o d e a g r e s s i v i d a d e . A s u s p e i t a j u s l i l n a s i n ||
10
i m p o r t a n d o o q u e d i z , f a z o u os s i n t o m a s q u e a p r e s e n t a à e q u i p e .
i t i i o . i u d c r i s c o s q u e i r e m o s e n f r e n t a r < aso e l a r e t o m e a c o n s c i ê n c i a e v e n h a a r e c u p e r a r
A o u t r a f o r m a q u e esses j o v e n s a g r e s s i v o s e n c o n t r a m p a r a c o n t r o l a r s u a a g r e s s i v i t lai li i
l l l i i * funções v i l a i s t a n t o físicas q u a n t o p s i c o l ó g i c a s . O q u e s i g n i f i c a , nesse p r i m e i r o m o -
a d o e c e r . P a r e c e m ser m a i s suscetíveis às e n f e r m i d a d e s o r g â n i c a s q u e os j o v e n s c o m i
i i o . a l u a r p r e v e n t i v a m e n t e sobre o risco de n o v a t e n t a t i v a a i n d a n o C T I .
saudáveis e, n e s t e p a r t i c u l a r a s p e c t o , d e s e n v o l v e m
Vários f a t o r e s p o d e m l e v a r o i n d i v í d u o a a t e n t a r c o n t r a a p r ó p r i a v i d a , d e s d e distorções
s i n t o m a s p s i c o s s o m á t i c o s e rei
h i s t e r i f o r m e s e depressivas.
K v r i a s na e s t r u t u r a d a p e r s o n a l i d a d e , e m q u e as pulsões tanáticas são fortíssimas, e n c a i R M I H I D - S C
Pacientes Suicidas no CTI
nesses c a s o s distúrbios d e o r d e m p s i c ó t i c a , até questões
psicopatologicamente
11 li i I O S g r a v e s , m a s n e m p o r isso m e n o s críticas, c o m o o suicídio d e b a l a n ç o , c o m o s a l i e n t a A C a r m a (12), o u a t e n t a t i v a d e suicídio p o r i n t e n ç õ e s m a n i p u l a t i v a s h i s t e r i f o r m e s , m u i t o
D i s c o r r e r s o b r e o s u i c í d i o e a t e n t a t i v a d e suicídio d e f o r m a m a i s a b r a n g e n t e l e v a r i a J
lo q u e n t e m e n t e observadas e m adolescentes.
p r e s e n t e t e x t o a s a i r d e seu p r o p ó s i t o . O suicídio r e p r e s e n t a u m capítulo à p a r t e n o s e s t u d o l
N o p r i m e i r o caso, o g r a u d e m o r b i d e z d a e s t r u t u r a psíquica d o p a c i e n t e é b a s t a n t e
d o s distúrbios p s i c o l ó g i c o s . A t e r - s e - á a q u i a o e p i s ó d i o d a p e s s o a q u e t e n t o u suicídi
i p r o m e t i d o , seus a n t e c e d e n t e s pessoais a p o n t a m c l a r a m e n t e p a r a u m p e r f i l p s i c ó t i c o ,
p e r í o d o e m q u e esta, q u a n d o é o caso, p a s s o u p e l o C T I .
i a b e n d o então à e q u i p e vigilância m a i s a t e n t a ao paciente d u r a n t e a internação, e enca-
A t e n t a r c o n t r a a p r ó p r i a v i d a n ã o p o d e ser c o n s i d e r a d o u m e v e n t o n o r m a l n a histói \i
m i n h a m e n t o e a c o m p a n h a m e n t o p s i q u i á t r i c o t ã o l o g o seja possível. N o s c a s o s d e p a c i e n -
d a p e s s o a , e r a r a m e n t e essa situação o c o r r e e m função d e u m e p i s ó d i o i s o l a d o dessa m e s m f
tes p o r t a d o r e s d e depressão m a i o r , o d i a g n ó s t i c o d i f e r e n c i a l d a depressão c i n t e r v e n ç ã o
história. O q u e se q u e r d i z e r é q u e , a o a t e n d e r u m a p e s s o a q u e t e n t o u suicídio, m a i s atl
m e d i c a m e n t o s a e p s i c o t e r á p i c a são f u n d a m e n t a i s . I m p o r t a n t e f r i s a r nesse p a r t i c u l a r q u e
d o q u e e m o u t r o s casos, a e q u i p e e, p a r t i c u l a r m e n t e , o p s i c ó l o g o , d e v e m e s t a r a t e n t o s ad
o p e r í o d o e n t r e o i n í c i o d a m e d i c a ç ã o a n t i d e p r e s s i v a até a p r o x i m a d a m e n t e 3 0 d i a s após
t o d o d a pessoa.
e s t e é o m a i s c r í t i c o . Estatísticas i n d i c a m u m a u m e n t o n o r i s c o d e t e n t a t i v a d e suicídio
C o n s i d e r a r e m o s p a r a fins d i d á t i c o s e d e a v a l i a ç ã o c l í n i c a a t e n t a t i v a d e suicídio apar e c e n d o d e n t r o d e d u a s m o d a l i d a d e s , c o n s i d e r a n d o - s e os critérios d e L e v y (11): o suicídio ( t e n t a t i v a ) a t i v o e o suicídio ( t e n t a t i v a ) p a s s i v o .
nesse p e r í o d o d a o r d e m d e 8 0 % . J á n o s g r u p o s d e i n d i v í d u o s q u e p o d e m ser e n q u a d r a d o s n a s d u a s últimas m o d a l i d a d e s s u p r a c i t a d a s , c a b e r e s s a l t a r q u e , i n ú m e r a s vezes, a v i v ê n c i a d e m o r t e i m i n e n t e e t o d a
N a p r i m e i r a m o d a l i d a d e , tem-se o g r u p o de indivíduos q u e d e l i b e r a d a e o b j e t i v a m e n t e atenta
mobilização, t a n t o pessoal q u a n t o f a m i l i a r q u e o a t o gera, p o d e levar a u m a reavaliação
c o n t r a a própria v i d a . N o s C T I s e n c o n t r a m o s inúmeros casos, c o m o intoxicações exógenas. N o
d e s u a o p ç ã o . O b s e r v a - s e c o m o p r o c e s s o f r e q u e n t e nesses casos u m a p r o f u n d a angústia,
B r a s i l p r e d o m i n a m a ingestão d e psicofármacos e d e o u t r o s p r o d u t o s q u í m i c o s , p o r e x e m p l o ,
s e n t i m e n t o s d e f r a c a s s o , c u l p a , r e v o l t a , a u t o p i e d a d e . P r o c e s s o esse q u e d e v e r e c e b e r i m e -
a s o d a cáustica, s e g u i d a d e i n a l a ç ã o d e gás, c o r t e s n o c o r p o ( p r e d o m i n a n t e m e n t e pulsos), uso
d i a t a m e n t e atenção psicológica, c o m o o b j e t i v o p r i n c i p a l de a u x i l i a r o p a c i e n t e a reela-
de a r m a s d e f o g o , q u e d a s o u a p r o v o c a ç ã o d e l i b e r a d a d e a c i d e n t e s , d e n t r e t a n t o s .
b o r a r suas v i v ê n c i a s , v a l e n d o - s e o t e r a p e u t a i n c l u s i v e d o m o m e n t o d e g r a n d e f r a g i l i d a d e
Nesses c a s o s o p a c i e n t e c h e g a a o C T I , q u a n d o a g r a v i d a d e d a s lesões o u p r o b l e m a s
e ausência o u e n f r a q u e c i m e n t o d e suas defesas, d e m a n e i r a a b u s c a r - s e n o v a s a l t e r n a t i v a s
g e r a d o s n o o r g a n i s m o são d e t a l m o n t a q u e i n ú m e r o s c u i d a d o s s e r ã o necessários p a r a
d e v i d a c o m a pessoa. Imprescindível l e m b r a r q u e o processo de a c o m p a n h a m e n t o não
t e n t a r s u a r e c u p e r a ç ã o . N a m a i o r i a d a s v e z e s esses p a c i e n t e s d ã o e n t r a d a n o C T I v i a
p o d e l i m i t a r - s e a o p e r í o d o d e i n t e r n a ç ã o n o C T I e q u e , n a m a i o r p a r t e d a s vezes, d e v e ser
P r o n t o - S o c o r r o , i n c o n s c i e n t e s , p o d e n d o v o l t a r g r a d a t i v a m e n t e à consciência d e p o i s de
extensivo ao g r u p o f a m i l i a r d o paciente.
a l g u m t e m p o (às vezes d i a s d e p o i s d e s u a a d m i s s ã o ) .
E s t e t a m b é m se e n c o n t r a m o b i l i z a d o e x p e r i m e n t a n d o s e n t i m e n t o s d o s m a i s d i v e r s o s ,
C a b e à e q u i p e a l g u n s c u i d a d o s imprescindíveis, e o b v i a m e n t e o p r i m e i r o deles é a
c o m o c u l p a , i m p o t ê n c i a , r a i v a , c o n f l i t o s i n t e r p e s s o a i s e t c . Sabe-se q u e e m g r a n d e p a r t e
atenção d i r e t a sobre o risco de m o r t e q u e a t e n t a t i v a p r o v o c o u , m a s c o m p l e m e n t a n d o
d o s casos a f a m í l i a t e v e e terá p a r t i c i p a ç ã o i m p o r t a n t e n o p r o c e s s o d e r e l a ç ã o d o p a c i e n t e
50
51
I'si( o l o i j i . i I l o s p i t a l a l
Alnndimonlo
c o m a v i d a . A i n t e r v e n ç ã o psicológica o m a i s b r e v e possível l o r n a - s c c n l à o p a i t e i n i i y i d » t r a t a m e n t o . É i m p o r t a n t e , i g u a l m e n t e , nesses casos r e s s a l t a r l a m b e m
q u e
o
pei uniu
l'sic D I I I I | I I I I n o ( o n l i o d o
loiapia
Intensiva
I h i i , p o r t a n t o , o a l e r t a a t o d a e q u i p e q u e t r a b a l h a c o m pessoas q u e e n t r a r a m nesse estágio. 11||
i V i h c v c i a n ç a , s o l i c i t u d e e c o m p r e e n s ã o são i n s t r u m e n t o s indispensáveis p a r a a t e n t a t i v a
q u e o p a c i e n t e p e r m a n e c e n o h o s p i t a l , n o r m a l m e n t e d e t e r m i n a d o u n i c a m e n t e p e l o a s p e i ||
i l i a|uila . i pessoa q u e p o r t a n t o s o f r e r desesperançou-se d e si m e s m a .
b i o l ó g i c o , d e v e ser a p r o v e i t a d o a o m á x i m o , i n c l u s i v e n a d e t e c ç ã o d o s f o c o s c o n í l i t i v o 1it|| l e v a r a m a p e s s o a a o p t a r p e l o suicídio e n a s e n s i b i l i z a ç ã o d e s t a e d e s u a família p a r t i I c o n t i n u i d a d e d o a c o m p a n h a m e n t o p s i c o l ó g i c o pós-alta. É r e l a t i v a m e n t e a l t a a i n c i d e m l i
0 Paciente com Alterações do Pensamento e Senso-Percepção: Considerações Gerais 10
d e casos e m q u e após a a l t a t a n t o o p a c i e n t e q u a n t o a f a m í l i a b u s c a m n e g a r e o c u l t a i o I . H o d o s o u t r o s e d e si m e s m o s , g e r a n d o u m a espécie d e " p a c t o d e s i l ê n c i o " s o b r e o oc
Iu
t »
m a s n e m p o r isso os f a t o r e s d e s e n c a d e a n t e s d o e v e n t o são r e s o l v i d o s , o q u e faz c o m q u i j m a n t e n h a m os m e s m o s c o m p o n e n t e s c o n f l i t i v o s , n o p a c i e n t e e e m seus núcleos v i n c u la ri m a n t e n d o assim o risco de nova tentativa bastante evidente.
A q u i se e n c o n t r a m a q u e l e s p a c i e n t e s q u e l i t e r a l m e n t e d e s i s t i r a m d a v i d a ,
( )s d e l í r i o s e a l u c i n a ç õ e s d o d e l í r i o , n ã o i m p o r t a n d o o seu g r a u d e b i z a r r i a , t e n d e m a 1
A s e g u n d a m o d a l i d a d e m e n c i o n a d a é a d o suicídio p a s s i v o .
i p i m e n t o c o m a r e a l i d a d e e alterações n a c a p a c i d a d e s e n s o - p e r c e p t i v a e / o u d e i n -
n i p r c i a ç ã o d o p e r c e b i d o p r o v o c a os d e l í r i o s e as a l u c i n a ç õ e s .
u r i s i m p l e s , d i r e t a s t e n t a t i v a s simbólicas d e n e g a r o c o n f l i t o r e a l d o p a c i e n t e . S e u c o n t e ú d o l l m b ó l i c o , e m g e r a l , t e m u m o b j e t i v o d i r e t o d e satisfação d e u m desejo, q u e serve n ã o a p e n a s
pessoa»
d e s e s p e r a n ç a d a s , n ã o r a r o d e p r e s s i v a s , q u e n ã o e n x e r g a m p o s s i b i l i d a d e s q u a n t i t a i i\ e q u a l i t a t i v a s p a r a a s u a existência. Esse t i p o d e p a c i e n t e é e n c o n t r a d o e m m a i o r g i . n i naqueles p o r t a d o r e s d e p a t o l o g i a s crónicas.
, p r o b l e m a s a t u a i s o b s c u r o s , m a s p a r a c r i a r falsas c u r a s e crenças q u e são o o p o s t o , e m a l g u m a f o r m a , d a situação a t u a l . P o r e x e m p l o , u m p a c i e n t e i n t o x i c a d o , q u e está c o n f u s o i d e s o r i e n t a d o , e c u j a c a p a c i d a d e i n t e l e c t u a l s o f r e u u m a interferência t e m p o r á r i a , p o d e e x p e r i m e n t a r delírios d e q u e é u m g é n i o m a t e m á t i c o .
O suicídio p a s s i v o é o b s e r v a d o p e l a s a t i t u d e s a u t o d e s t r u t i v a s i n d i r e t a s , c o m o : a n e g l l g ê n c i a a o t r a t a m e n t o , a n ã o o b s e r v â n c i a d a s o r i e n t a ç õ e s m é d i c a s , a insistência e m r e a l i z a i
M e s m o q u a n d o os delírios e alucinações d o e s t a d o d e l i r a n t e são d e s a g r a d á v e i s , eles t e n d e m a ser u m a t e n t a t i v a d e e n c o b r i r p r o b l e m a s r e a i s q u e são a i n d a m a i s d e s a g r a d á v e i s .
a t i v i d a d e s o u o u t r a s ações c o n t r a i n d i c a d a s p a r a seu q u a d r o c l í n i c o e f r e q u e n t e m e n t e q a b a n d o n o p u r o e s i m p l e s d o t r a t a m e n t o . S ã o pessoas c u j a a t i t u d e d e a u t o a b a n d o n o p e i
S e m p r e se d e v e s u p o r q u e há p r o b l e m a s r e a i s , d o a q u i e a g o r a , e m u m p a c i e n t e d e l i r a n t e . P r o b l e m a s q u e são físicos, q u í m i c o s o u p s i c o l ó g i c o s , o u u m a c o m b i n a ç ã o d o s três.
m e i a o c o t i d i a n o . E m a l g u n s casos, i n d e p e n d e n t e m e n t e d a s p e r s p e c t i v a s p r o g n ó s t i c a s , e s s a a t i t u d e passa a d o m i n a r o indivíduo, d i f i c u l t a n d o s o b r e m a n e i r a a intervenção d a e q u i p i
N ã o desanime ante a c o m p l e x i d a d e e a falta de sentido d o estado d e l i r a n t e . C o m a l g u m t e m p o e u m p o u c o d e h a b i l i d a d e , o s e n t i d o p o d e ser e n c o n t r a d o m e s m o n a s aberrações graves.
d e saúde. São indivíduos q u e p r e c i s a m m u i t o d a atenção e d a s o l i d a r i e d a d e d a e q u i p e e d a família, m e s m o q u e d e m o n s t r e m i n d i f e r e n ç a o u r e v o l t a d i a n t e dessas t e n t a t i v a s d e a p r o x i m a ç ã o . O psicólogo deve estar atento a q u a l q u e r manifestação m o t i v a c i o n a l d o paciente para utilizá-la c o m o e l e m e n t o d e e s t í m u l o . E i m p o r t a n t e e s t a r c o n s c i e n t e d e q u e a p i o r a r m a d i l h a p a r a a e q u i p e d e saúde é e n t r a r n a m e s m a s i n t o n i a d o p a c i e n t e e, p o r c o n s e q u ê n c i a , " a b a n d o n á - l o " t a m b é m . O t r a b a l h o c o m esse p a c i e n t e m o s t r a - s e n a m a i o r i a das vezes árido e p o u c o c o m p e n s a d o r , n ã o o b s t a n t e os esforços d o s q u e o c e r c a m . N o e n t a n t o , a b u s c a d c u m a r e l a ç ã o q u a l i t a t i v a m e l h o r c o m a existência n ã o p o d e a b a n d o n a r as i n t e n ç õ e s da e q u i p e , i n d e p e n d e n t e m e n t e d o t e m p o suposto de s o b r e v i d a d o p a c i e n t e o u d o péssimo
N ã o p r o c u r e c a u s a s i s o l a d a s . R a r a m e n t e há a p e n a s u m a . H á , e m g e r a l , v á r i o s f a t o r e s cm
jogo p a r a trazê-lo à t o n a . A febre é u m agente c o m u m , tão c o m u m q u e a m a i o r p a r t e
de nós, d u r a n t e u m a f e b r e a l t a , s o f r e p e l o m e n o s a l g u m a interferência n o f u n c i o n a m e n t o m e n t a l . A s t o x i n a s p r o d u z i d a s p o r a l g u m a s moléstias são o u t r a c a u s a , e t o d a s as e n f e r m i d a d e s " t ó x i c a s " t e n d e m a a f e t a r a m e n t e , p r o v o c a n d o d e l í r i o s . A s substâncias tóxicas i n t r o d u z i d a s n o o r g a n i s m o p o d e m i g u a l m e n t e p r o d u z i r alterações n o j u í z o d a r e a l i d a d e ( p e n s a m e n t o ) e / o u n o s e n s o - p e r c e p ç ã o . O á l c o o l , p o r e x e m p l o , t a l v e z seja u m d o s a g e n t e s m a i s c o m u n s d o e s t a d o d e l i r a n t e , e o " d e l i r i u m t r e m e n s " t a l v e z seja a f o r m a d o e s t a d o d e d e l í r i o m a i s e s p e t a c u l a r e l e t a l . A f a d i g a , os t r a u m a s o r g â n i c o s e a f o m e são o u t r o s agentes i m p o r t a n t e s .
p r o g n ó s t i c o q u e seu q u a d r o t e m . Sabe-se, p e l a p r á t i c a clínica, q u e u m p a c i e n t e q u e desiste d e a j u d a r - s e , i n d e p e n d e n t e m e n t e d e seu q u a d r o clínico, t e m r e d u z i d a s , e m m u i t o , suas p e r s p e c t i v a s r e a i s d e s o b r e v i d a . 10 - E x t r a í d o , a d a p t a d o e c o m p l e m e n t a d o a p a r t i r d e B i r d , B . (1), Conversando
52
com o
Paciente.
53
Psicologia
I lnspit.ll.il
A t e n d i m e n t o I'M< OIOOH O n o ( e n t i o d e
O s f a t o r e s p s i c o l ó g i c o s , e m b o r a d c g r a n d e i m p o r t â n c i a e t i o l ó g i c a , sào m u i t a s vi
I
1
terapia Intensiva
10 i l o l i c n i - c s l a i m e n t a l . < > m e s m o vale p a r a a p e r d a d o c o n t a t o c o m pessoas q u e l h e são
s u b e s t i m a d o s . P r o c u r a d o s c r e c o n h e c i d o s , p o d e m ser inestimáveis não a p e n a s p a t a . n|||
hlli: i id,is, a s s i m c o m o p a r a a ausência d o l a r , d a c a m a , d o q u a r t o , das r o u p a s , dos a l i m e n t o s ,
p r e e n d e r a r a z ã o d o e s t a d o d e l i r a n t e , m a s p a r a o r i e n t a r b e m o seu t r a t a m e n t o . Deste i
i
In
iu m e s m o dos objetos pessoais. E m l u g a r d a r o t i n a estável e f a m i l i a r , l i g a d a às pessoas e às
v a l e s e m p r e a p e n a p r o c u r a r c h o q u e s psicológicos, tensões e s e n t i m e n t o s de p e r d a . ' I à I \ / m
, ,n i , . o p a c i e n t e é j o g a d o n o m e i o de e s t r a n h o s e de circunstâncias c o m p l e t a m e n t e n o v a s . E l e
situações psicológicas m a i s d i g n a s d e a t e n ç ã o s e j a m os fatos q u e a m e a ç a m o u i n t e r r
pode a i n d a m a n t e r seu c o n t r o l e , m a s t o d o s os seus p o n t o s de referência não estão lá.
|
o c o n t a t o d o p a c i e n t e c o m seu p r ó p r i o m u n d o p a r t i c u l a r , s o b r e t u d o a q u i l o q u e o afasta 111 pessoas, l u g a r e s e o b j e t o s f a m i l i a r e s , e d o fluxo d e seus estímulos p r ó p r i o s .
A l e m d i s s o , o f u n c i o n a m e n t o m e n t a l d o p a c i e n t e h o s p i t a l i z a d o p o d e ser a f e t a d o pi las d r o g a s e, q u a n d o i s t o se d á , p o d e h a v e r m e s m o u m a p e r d a d e c o n t r o l e . A s d r o g a s
M u i t o s i g n i f i c a t i v o o f a t o d e ter-se o b s e r v a d o i n ú m e r o s casos d e p a c i e n t e s p o r t a d o ! de p a t o l o g i a s g r a v e s , c o m p r o g n ó s t i c o r e s e r v a d o , q u e , a p ó s p a s s a r e m p o r u m p c
li i
, , I u i\, hipnóticas e analgésicas, a d m i n i s t r a d a s p a r a m a n t e r o p a c i e n t e c a l m o , p o d e m •ii i | i c r i g i isas p a r a a q u e l e s q u e p o s s u e m t e n d ê n c i a a o e s t a d o d e l i r a n t e . E m l u g a r d e p r o -
a n t e r i o r d e e x t r e m o s o f r i m e n t o físico e e m o c i o n a l , e n t r a r a m e m q u a d r o d e dissociaçAtd com
alterações p r i m á r i a s i m p o r t a n t e s n a a f e t i v i d a d e , consciência d o E U e P e n s a m e n t o
s e g u i d a s d e a l u c i n a ç õ e s , e m q u e o s u r t o a p a r e c e c o m o u m a f o r m a d e defesa d e r r a d e i r a (I,. p a c i e n t e d i a n t e d a a m e a ç a r e a l e i n e x o r á v e l d e a n i q u i l a ç ã o (13). Nesses casos, deve-se o b s e r v a r p r i n c i p a l m e n t e d o i s a s p e c t o s f u n d a m e n t a i s , a s a b e i :
v e r e m o sono e o r e l a x a m e n t o , elas p o d e m r e d u z i r o nível d o i m p a c t o s e n s o r i a l dos ,
mios e x t e r n o s , d i m i n u i n d o assim a c a p a c i d a d e d o paciente de m a n t e r a orientação e l a l o c o m o q u e o cerca, fatos q u e p o d e m l e v a r a u m estado d e l i r a n t e o u a episódios
, nnfusionais, c o m desorientação n o t e m p o e n o espaço, lapsos de m e m ó r i a e o u t r o s . 1 )c q u a l q u e r m a n e i r a , q u a n d o o c o r r e r u m e s t a d o d e l i r a n t e , d e v e - s e p r o c u r a r u m a 11 i m b i n a ç ã o d e causas q u e , e m c o n j u n t o o u h i e r a r q u i c a m e n t e , t e n h a a f e t a d o c r i t i c a m e n t e
a)
O a p a r e n t e q u a d r o d e confusão d o p a c i e n t e r e v e l a n o c o n t e ú d o d e seus s i n t o m a p r o d u t i v o s (delírios e alucinações) t o d a a r e a l i d a d e c l a r a e n u a d e seu p a v o r d e a n l q u i l a ç ã o . A f i g u r a d a m o r t e , d o s o f r i m e n t o , d a s p e r d a s irreversíveis, d a impotência
b)
a capacidade m e n t a l do paciente. A p r o p o s t a o r i g i n a l d o presente t r a b a l h o t e m c o m o p r i n c i p a l pressuposto u m a leitura B i u l t i f a t o r i a l e i n t e r d i s c i p l i n a r d a p e s s o a q u e está à f r e n t e d a e q u i p e , e s u a d o e n ç a . E e x a t a -
a b s o l u t a , d a t o t a l f a l t a d e p e r s p e c t i v a s e x i s t e n c i a i s a p a r e c e m c l a r a m e n t e n o discursa
u i e i i t e a s o m a d o s c o n h e c i m e n t o s e o b s e r v a ç õ e s d e t o d o s os m e m b r o s d a e q u i p e , m é d i c o s ,
e n a s descrições p e r c e p t i v a s " d i s t o r c i d a s " d o p a c i e n t e .
e n l c r m e i r o s , a u x i l i a r e s , a t e n d e n t e s , técnicos, psicólogos, n u t r i c i o n i s t a s ,
G e r a l m e n t e , o p a c i e n t e e m s u r t o i n c o m o d a e ameaça a e q u i p e de saúde, p r i n c i p a l m e n i i
assistente s o c i a l e até m e s m o ( i m p o r t a n t e r e s s a l t a r ) o p e s s o a l d e a p o i o , c o m o c o p e i r a s ,
fisioterapeutas,
n o H o s p i t a l G e r a l e p a r t i c u l a r m e n t e n o C T I . A e q u i p e de saúde t e m , n a m a i o r p a r t e
laxineiras e t c , que n a sua observação e c o n t a t o c o m o paciente p o d e m d a r pistas i m p o r -
das vezes, p o u c a i n t i m i d a d e c o m o c h a m a d o " p a c i e n t e psiquiátrico", e p o r t o d a a sub-
t a n t e s p a r a u m a b o a c o m p r e e n s ã o d o f e n ó m e n o q u e assola o p a c i e n t e e, c o n s e q u e n t e m e n t e ,
j e t i v i d a d e d o q u a d r o , as d i f i c u l d a d e s de avaliação e intervenção são m a i o r e s , g e r a n d o ,
n o r t e a r a c o n d u t a m a i s a d e q u a d a p a r a auxiliá-lo.
não r a r o , a f a s t a m e n t o d o c o n t a t o c o m o p a c i e n t e , sensação de i n c ó m o d o e impotência, a l g u m a s vezes h o s t i l i d a d e , e t a m b é m ansiedades de t a l m o n t a q u e l e v e m a o desejo cie
Distúrbios Psicopatológicos e de Comportamento no CTI
"verem-se livres do paciente", precipitando condutas o u encaminhamentos. Nos H o s p i t a i s G e r a i s , c c m p a r t i c u l a r nos C T I s , tem-se n o t a d o certa d i f i c u l d a d e q u e a Nesses casos, s e m p r e é i m p e r a t i v o o d i a g n ó s t i c o d i f e r e n c i a l f e i t o p e l o c o m p o n e n t e de saúde m e n t a l d a e q u i p e o u , n a ausência d e s t e , a solicitação d e i n t e r c o n s u l t a .
e q u i p e a p r e s e n t a p a r a l i d a r c o m p a c i e n t e s d e distúrbios p s i c o p a t o l ó g i c o s . A p r ó p r i a e s t i g m a t i z a ç ã o q u e a p e s s o a p o r t a d o r a desse t i p o d e distúrbio v e m s o f r e n d o
A ausência dessas c o n d u t a s d e s a f o r t u n a d a m e n t e g e r a m a i s s o f r i m e n t o , m a i s c o n f l i t o ,
a o l o n g o d o s a n o s s o m a d a a o f a t o d e esses distúrbios t e r e m u m c u r s o s u b j e t i v o , q u e foge d o s
p o r c o n s e g u i n t e o a g r a v a m e n t o d o q u a d r o , c r i a n d o a s s i m u m círculo v i c i o s o e m q u e , e m
c o n c e i t o s c a r t e s i a n o s n o r t e a d o r e s das avaliações e intervenções clínicas, a c a b a m p o r a g r a v a r
ú l t i m a instância, t o d o s s o f r e m .
essas d i f i c u l d a d e s , g e r a n d o , n ã o r a r o , sérios p r o b l e m a s p a r a a e q u i p e e o p a c i e n t e .
Por este m o t i v o , os h o s p i t a i s p o d e m ser n o c i v o s p a r a esses pacientes. E n t r e t a n t o , n o h o s p i t a l , o p a c i e n t e fica a f a s t a d o d e t o d a s as coisas das q u a i s m u i t o s de nós d e p e n d e m o s p a r a a m a n u -
54
D e s t a c a r - s e - ã o neste c a p í t u l o a l g u n s d o s q u a d r o s psiquiátricos m a i s f r e q u e n t e m e n t e observados no C T I .
55
I\il
(>|C)(]I.I I
Atendimento
l\i< oloijii o n o < e n t r o d e t e r a p i a
Intensiva
N ( ) T A : A b o r d a - s c e s p e c i f i c a m e n t e os I r a n s t o r n o s d e o r d e m psicótica, c o n s i d c r a n d
, UNOS), inquietação ( p o d e n d o a l i n g i i ale a agitação p s i c o m o t o r a ) , i m p u l s i v i d a d e i n t e n s a ,
critérios classificatórios desse g r u p o d e p a t o l o g i a s , s e g u n d o S< I m l l e e T o l l c ( I I ) .
i m o r a l i d a d e , d e n t r e o t t t r i is s i n t o m a s , esses p a c i e n t e s t e n d e m a ser
G e r a l m e n t e , o q u e m a i s m o b i l i z a e d i f i c u l t a o t r a b a l h o d a e q u i p e d e saúde são os q u a d f J q u e v ê m a c o m p a n h a d o s , s o b r e t u d o , d o s s i n t o m a s p r o d u t i v o s o u secundários, c o m o d e i
»
e a l u c i n a ç õ e s , a c r e s c i d o s d e a g i t a ç ã o p s i c o m o t o r a , f u r o r e confusão m e n t a l .
negligentes
c o m o trata-
n o , m o b i l i z a m m u i t o as atenções s o b r e si m e s m o s , p o l e m i z a m , c r i a m c o n f l i t o s e n t r e a • q i l i p e , m a n i p u l a m funcionários e p a c i e n t e s , g e r a n d o c l i m a d e a t r i t o s e d e s e n t e n d i m e n t o . N o i m a l m e n t e s ã o refratários â a b o r d a g e m p s i c o l ó g i c a e n ã o p o s s u e m n e n h u m a crítica
Esses s i n t o m a s , n a v e r d a d e , p o d e m a p a r e c e r e m d i v e r s o s q u a d r o s d e f o r m a c o n j i
« o b r e seu e s t a d o p s i e o p a t o l ó g i c o . A l g u m a s m e d i d a s p o d e m a u x i l i a r a e q u i p e a l i d a r c o m
o u e m g r u p o s , o q u e o b r i g a r i a a e q u i p e a estabelecer antes d e q u a l q u e r intervenção d i t i l
0 p r o l t l e m a , o b s e r v a n d o os j o g o s q u e o p a c i e n t e t e n t a i m p o r n a s suas r e l a ç õ e s , p r o c u r a n d o
nóstico-diferencial.
o.10 incentivá-los. A i n d i c a ç ã o m e d i c a m e n t o s a específica é, e m m u i t o s casos, necessária,
T a m b é m n o s q u a d r o s d e p r e s s i v o s m a i o r e s (depressão p a t o l ó g i c a ) t e m - s e p r o b l e m a s , n
1 c i m p o r t a n t e d a r - s e l i m i t e s a o p a c i e n t e , s e m , n o e n t a n t o , e n t r a r e m c o n f r o n t o c o m este.
s o c i a d o s à t e n t a t i v a d e suicídio e à a p a t i a e a u t o a b a n d o n o d o p a c i e n t e , f a t o r e s q u e i n c i t leni
( ) p s i c ó l o g o d e v e e s t a r a t e n t o à d i n â m i c a d o q u a d r o e a t u a r t a m b é m o r i e n t a d o às pessoas
d i r e t a m e n t e sobre o q u a d r o clínico, p o d e n d o agravá-lo o u l e v a r o paciente à m o r t e
q u e têm c o n t a t o c o m o p a c i e n t e s o b r e a f o r m a d e i n t e r a t u a r c o m este.
T r a t a r - s e - á , e n t ã o , d e c l a s s i f i c a r os g r a n d e s g r u p o s d e t r a n s t o r n o s d e f o r m a a f a c i l i i . u a avaliação d o paciente.
II - P S I C O S E S E X Ó G E N A S 1 fma g a m a bastante s i g n i f i c a t i v a d e eventos sobre o m e t a b o l i s m o o u a
I - PSICOSES E N D Ó G E N A S
Psicopática.
h u m o r , p e n s a m e n t o , consciência d o E U , m e m ó r i a e t c . Q u a d r o s t o x ê m i c o s , i n f e c c i o s o s , o b s t r u ç ã o h e p á t i c a , s e p t i c e m i a s , alterações a b r u p t a s
N a s e s q u i z o f r e n i a s , p a r t i c u l a r m e n t e e m suas s u b f o r m a s P a r a n ó i c o A l u c i o n a t ó r i a c H e b e f r ê n i c a , a e x u b e r â n c i a d o s s i n t o m a s p r o d u t i v o s é m u i t o f r e q u e n t e , c o m delírios p e r secutórios, d e l í r i o s d e r e f e r ê n c i a , a l u c i n a ç õ e s a u d i t i v a s ( p r e d o m i n a n t e m e n t e ) e v i s u a i s ; confusão m e n t a l , s a l a d a d e p a l a v r a s e o u t r o s distúrbios g r a v e s e n v o l v e n d o
do corpo
p o d e m g e r a r , c o m o s i n t o m a c o m p l e m e n t a r , alterações d e c o m p o r t a m e n t o , senso-percepção,
D e s t a c a m - s e nesse g r u p o p r i n c i p a l m e n t e as E s q u i z o f r e n i a s , a P M D , a M e l a n c o l i a I n v o l u i i\ e a Personalidade
fisiologia
pensamentos,
a f e t i v i d a d e e c o n s c i ê n c i a d o E U t a m b é m e s t a r ã o p r e s e n t e s . R a r a m e n t e esses episódios o c o r r e m c o m o p r i m e i r o s u r t o n o C T I ; t e m o s história p r e g r e s s a d e p a c i e n t e c o m o u t r o s
d a PA, descompensações d o equilíbrio hidroeletrolítico, c o m p r o m e t i m e n t o s n a absorção de O
n o S N C são a l g u m a s c a u s a s possíveis dessas alterações.
T e m o s a i n d a intoxicações exógenas p o r p r o d u t o s químicos diversos e c o m p r o m e t i m e n tos g e r a d o s p o r r e a ç õ e s a d e t e r m i n a d o s t i p o s d e f á r m a c o s , a l g u n s i n c l u s i v e u t i l i z a d o s n o próprio t r a t a m e n t o d o paciente. Esses q u a d r o s são c l a s s i f i c a d o s e m três s u b g r u p o s :
s u r t o s , n ã o r a r o i n t e r n a ç õ e s p s i q u i á t r i c a s , n a r r a t i v a d a f a m í l i a e / o u a c o m p a n h a d o s de estranhezas de c o m p o r t a m e n t o d o paciente. A o b t e n ç ã o desses d a d o s é f u n d a m e n t a l p a r a f o r n e c e r as p r i m e i r a s p i s t a s p a r a o d i a g -
a)
Psicoses Sintomáticas:
C o m o o próprio n o m e sugere, o s u r t o aparece c o m o s i n t o m a de
u m q u a d r o d e b a s e m a i o r , a s s o c i a d o a alterações m e t a b ó l i c a s , c o m o p o r e x e m p l o
nóstico d i f e r e n c i a l . I m p r e s c i n d í v e l t a m b é m n a a n a m n e s e saber-se d o u s o d e p s i c o f à r m a c o s
s e p t i c e m i a s o u déficit n a a b s o r ç ã o d e 0
p o r p a r t e d o p a c i e n t e , q u e , caso s e j a m suspensos, p o d e m r e i n c i d i r o s u r t o . C a b e a q u i à
casos e m q u e h o u v e c i r c u l a ç ã o e x t r a c o r p ó r e a n o p r o c e s s o c i r ú r g i c o . Esses episódios
2
pelos neurónios, c o m o o c o r r e e m a l g u n s
e q u i p e m é d i c a a v a l i a ç ã o d o s r i s c o s e, s o b r e t u d o , d e c o m o c o m b i n a r o t r a t a m e n t o c l í n i c o
d e v e m ser d e t e c t a d o s p e l a a v a l i a ç ã o clínica d o p a c i e n t e , c o n s i d e r a n d o seu histórico
de urgência q u e m o t i v o u a internação n o C T I c o m a p s i c o p a t i a q u e i n t e r i n f l u e n c i a o c o m -
psieopatológico pregresso (que n o r m a l m e n t e n ã o t e m dados s i g n i f i c a t i v o s pré-mór-
p o r t a m e n t o d o p a c i e n t e e / o u a p r ó p r i a p a t o l o g i a q u e é o a l v o d a s atenções.
bidos), o c o n t e x t o
fisiológico
e m e t a b ó l i c o d o p a c i e n t e e as características d o s u r t o ,
O u t r o s q u a d r o s d e psicoses e n d ó g e n a s , c o m o a fase m a n í a c a d a P M D e a P e r s o n a l i d a d e
q u e a p a r e c e m a b r u p t a m e n t e , m a n t e n d o estado d e consciência d o E U e j u í z o d e
Psicopática, q u a n d o p r e s e n t e s n o p a c i e n t e i n t e r n a d o n o C T I , t r a z e m a l g u m a s vezes p r o -
r e a l i d a d e o s c i l a n t e . O t r a t a m e n t o d e v e s e m p r e b u s c a r o s a n e a m e n t o d a s causas
b l e m a s , s o b r e t u d o n a esfera d o r e l a c i o n a m e n t o e n t r e e q u i p e e p a c i e n t e . P o r se t r a t a r d e
físicas ( i n f e c ç ã o , h e m ó l i s e e t c ) , c a b e n d o a o p s i c ó l o g o i n t e r v i r e m três m o m e n t o s
p r o c e s s o e m q u e e x i s t e e l a ç ã o d o h u m o r , g r a n d i l o q u ê n c i a , delírios d e g r a n d e z a ( e m a l g u n s
específicos, a s a b e r :
56
57
IV.il u l o i j i . i
A t m u l i n M i n t o IV.ic ( i l o i | i i o n o ( o n t i o d o l o i . i p i . i
H(>S|>ÍI,ll.ll
d c síndr
n u diagnóstico d i l i i c m i a l c o m a equipe;
• d e a b s l i n c n i 1.1 a l i oólica s ã o : t r e m o r e s d c e x t r e m i d a d e s , d e s o r i e n t a ç ã o
na a t e n u a ç ã o d o s u i I n . p r i n c i p a l m e n t e q u a n d o este é a c o m p a n h a d o d e a g i t a ç ã o
a u t o c alopsíquica,
p s i c o m o t o r a e confusão m e n t a l . S a b e - s e q u e esses e v e n t o s p o d e m
provocar
p r e d o m i n â n c i a d e a l u c i n a ç õ e s tácteis e v i s u a i s ( z o o p s i a s ) , a g i t a ç ã o p s i c o m o t o r a
alterações n o paciente c, c o n s i d e r a n d o - s e a d e l i c a d e z a d e seu q u a d r o , o p r ó -
e i d e i a s persecutórias. A s m e d i d a s terapêuticas nesse m o m e n t o são m é d i c a s :
p r i o p a c i e n t e p o d e com] > r o m e t e r s u a r e a b i l i t a ç ã o . U m a d a s t é c n i c a s u t i l i z a d a s
desintoxicação, uso d c m e t a q u a l o n a o u administração c o n t r o l a d a de álcool p a r a
nesses c a s o s é a d e e n t r a r n o s u r t o a t u a n d o c o m o p a c i e n t e , b u s c a n d o a o s
r e t i r a d a g r a d a t i v a deste, e outras a critério d o clínico q u e estiver a v a l i a n d o o
p o u c o s i n t r o d u z i r dados d e r e a l i d a d e e m seu d i s c u r s o , p r o c u r a n d o a c a l m á - l o
p a c i e n t e . O b v i a m e n t e esse t r a b a l h o d e v e l e v a r e m c o n s i d e r a ç ã o o q u a d r o c l í n i c o
e p o s s i b i l i t a n d o à e q u i p e t e m p o p a r a as m e d i d a s n e c e s s á r i a s p a r a a t e n u a ç ã o
geral d o paciente.
do quadro;
A o p s i c ó l o g o c a b e a a v a l i a ç ã o n o diagnóstico d i f e r e n c i a l e t r a b a l h o i n i c i a l , a i n d a n o
q u e i x a s
d e
d o n s de M I S , alterações d a senso-percepção c o m
o t e r c e i r o m o m e n t o de a t e n ç ã o refere-se a o a u x í l i o d e q u e o p a c i e n t e precisará,
C T I , d e sensibilização p a r a t r a t a m e n t o específico d e a l c o o l i s m o e e n c a m i n h a m e n t o
após a remissão d o surto, p a r a a r e o r g a n i z a ç ã o d e v i v ê n c i a , p o s t o q u e n a m a i o r i a
p o s t e r i o r à a l t a a serviço
das vezes este m a n t é m na m e m ó r i a o episódio c o n f u s i o n a l e essa e x p e r i ê n c i a a t i v a
b)
Intonsiv.i
c)
especializado,
Psicoses Organocerebrais: d e s e n c a d e a d a s a p a r t i r d e p r o c e s s o g r a d a t i v o d e d e t e r i o r a -
seus s e n t i m e n t o s d e a m a r g u r a , i n s e g u r a n ç a e a m e a ç a , a f i n a l , u m e p i s ó d i o d e
ç ã o o u c o m p r o m e t i m e n t o f u n c i o n a l d o S N C . Esse g r u p o d e p s i c o s e s e x ó g e n a s é d e
" l o u c u r a " é u m d o s eventos m a i s t e m i d o s p o r b o a p a r t e d a s pessoas, e a sensação
prognóstico m a i s r e s e r v a d o , g e r a d o p o r expansão d c t u m o r e s n o cérebro, processos
d e f r a g i l i d a d e e g o i c a passa a a g i r c o m o a m e a ç a c o n s t a n t e ,
infecciosos meníngeos, deterioração dos sistemas d e condução n e u r a l (na demência
Psicoses Tóxicas: p r o v o c a d a s p o r i n t o x i c a ç õ e s e x ó g e n a s , l i g a d a s à i n g e s t ã o d e d r o g a s
alcoólica e demência epiléptica, p o r e x e m p l o ) , e n t r e o u t r o s . P r e d o m i n a m ,
como
o u substâncias q u í m i c a s . O b s e r v a d a s e m a l g u n s casos d e t e n t a t i v a d e suicídio e
s i n t o m a s psíquicos, confusão m e n t a l , f u g a d e i d e i a s , delírios, crises d e a g r e s s i v i d a d e ,
p r i n c i p a l m e n t e n o u s o d e d r o g a s psicodislépticas, c o m o a p s i l o c i b i n a , a d i e t i l a m i d a
desorientação a u t o e alopsíquica, despersonalização, l a b i l i d a d e a f e t i v a . O q u a d r o d e
d o á c i d o l i s é r g i c o , a heroína, e d e a l g u m a s d r o g a s p s i c o a n a l é p t i c a s , c o m o o c r a c k ,
b a s e nesses casos é c l a r o p e l a e v o l u ç ã o clínica d o p a c i e n t e , q u e m o r m e n t e se a r r a s t a
a c o c a í n a e os anfetamínicos, m u i t a s vezes a s s o c i a d o s a o u t r o s f á r m a c o s , c o m o o
a o l o n g o d e v á r i o s a n o s c o m o p r o c e s s o p s i c ó t i c o se i n s t a l a n d o g r a d a t i v a m e n t e .
á l c o o l . Esse ú l t i m o m e r e c e u m a a t e n ç ã o e s p e c i a l e m v i r t u d e d o g r a n d e n ú m e r o d e
E m a l g u n s casos d e t u m o r e s c e r e b r a i s , p o d e - s e t e r o a p a r e c i m e n t o d o s distúrbios
pessoas p o r t a d o r a s d a doença d o a l c o o l i s m o .
psiquiátricos a n t e s d e o u t r o s s i n t o m a s , d i f i c u l t a n d o a a v a l i a ç ã o d o q u a d r o e m u m
O b s e r v a - s e e m C T I s gerais internações d e p a c i e n t e s p o l i t r a u m a t i z a d o s v í t i m a s d e
p r i m e i r o m o m e n t o . A i n d a nesses casos, a l g u n s processos e x p a n s i v o s t ê m p e r s p e c t i v a
a c i d e n t e s , q u e d a s , a t r o p e l a m e n t o s , a c i d e n t e s automobilísticos e t c . E m g e r a l , o p a -
c i r ú r g i c a e seu p r o g n ó s t i c o m e l h o r a d o .
c i e n t e é a t e n d i d o n o s P r o n t o s - S o c o r r o s e, u m a v e z c o n s t a t a d a a g r a v i d a d e d o caso,
O u t r o g r u p o d e distúrbios psicológicos p o d e s u r g i r a s s o c i a d o a o s T C E s , A V C e a
e n c a m i n h a d o a o C T I . Por se t r a t a r d e a t e n d i m e n t o d e urgência e d e i n ú m e r a s vezes
o u t r o s p r o b l e m a s de o r d e m neurológica. Nesse c a m p o e m p a r t i c u l a r a n e u r o p s i c o -
o paciente e n c o n t r a r - s e inconsciente o u não a p r e s e n t a r condições de f o r n e c e r dados
l o g i a t e m , n o s últimos a n o s , o b t i d o a v a n ç o s s i g n i f i c a t i v o s . D e s t a c a m - s e
à e q u i p e , s e g u e m - s e os p r o c e d i m e n t o s d e u r g ê n c i a , d e i x a n d o p a r a o u t r o m o m e n t o
d e g n o s i a e p r o p r i o c e p ç ã o , alterações d o h u m o r e c o m p r o m e t i m e n t o
a a n a m n e s e m a i s d e t a l h a d a d o p a c i e n t e . D e n t r e esses p a c i e n t e s p o d e m o s e n c o n t r a r
n a s a t i v i d a d e s m e n t a i s básicas.
alcoólatras c r ó n i c o s , q u e , ao r e t o m a r e m a consciência j á n o C T I , d e p o i s d e a l g u m
C o m o se m e n c i o n o u n o i n í c i o , a g a m a d e distúrbios p s i c o p a t o l ó g i c o s e c o m p o r t a -
t e m p o d e i n t e r n a ç ã o , e n t r a m e m s í n d r o m e d c abstinência o u , c m o u t r o s casos, e m
m e n t a i s é e x t e n s a e d e causas múltiplas. P r o c u r o u - s e a q u i d a r o r i e n t a ç ã o g e r a l e m
"delirium tremens".
r e l a ç ã o a a l g u n s casos o b s e r v a d o s n o s C T I s c o m m a i o r f r e q u ê n c i a .
A s í n d r o m e d e abstinência d o á l c o o l é u m q u a d r o b a s t a n t e c l a r o , d e v e n d o ser
R e c o m e n d a - s e aos i n t e r e s s a d o s p r o c u r a r n o fim desse t r a b a l h o as Referências B i b l i o -
a v a l i a d o pela e q u i p e p a r a que m e d i d a s c o m p l e m e n t a r e s a o p o l i t r a u m a t i s m o sejam
gráficas c o m p l e m e n t a r e s p a r a e s t u d o s m a i s a p r o f u n d a d o s (14, 15, 16, 17, 18, 2 6 ) .
distúrbios
generalizados
t o m a d a s , i n c l u s i v e p r o c u r a n d o e v i t a r o a g r a v a m e n t o deste. O s p r i n c i p a i s s i n t o m a s
58
59
Psil o l o i p . l I l o s p i t i i l . i i
A t i . o d i n i o i i t o l\i< olo(|i( o n o C o n t i o d o
O Paciente em Coma no CTI
I
pia Intensiva
1'llt'l ( 2 n , d e m o n s t r a m de l o i m a b a s t a n t e c l a r a q u e o p a c i e n t e s o b e l e i t o d e a n e s t e s i a g e r a l :
n . i o só p o d e c a p t a r o q u e o c o r r e a sua v o l t a n o c e n t r o c i r ú r g i c o , m a s t a m b é m e n c o n t r a - s e D u r a n t e m u i t o t e m p o , e t a l v e z a i n d a h o j e , c o n s i d e r o u - s e q u e , s o b o p o n t o d e v i s t a ilit
p a i i i i u l . n m e n t e sugcstionávcl às e v e n t u a i s i n l ó r m a ç õ e s q u e a b s o r v e . I s s o t u d o t e m l e v a d o
intervenção psicológica n o p a c i e n t e c o m a t o s o , q u e r p o r c o m a traumático, q u e r p o i <
Inúmeros p r o f i s s i o n a i s i n l e n s i v i s l a s a c o n s i d e r a r o u t r o s f a t o r e s n a r e l a ç ã o c o m o p a c i e n t e
i
c o m a t o s o q u e n ã o só o e s t r i t a m e n t e b i o l ó g i c o .
anestésico, h a v i a m u i t o p o u c o o u n a d a a se fazer. P a r t i n d o - s e d o p r e s s u p o s t o d e q u e o c o m a e r a i g u a l à ausência d e v i d a psíquica, o u n i v e r s o m e n t a l d o p a c i e n t e p a s s o u a ser s i m p l e s m e n t e d e s c o n s i d e r a d o n o s casos c m q u r
S o b esse a s p e c t o a l g u m a s c o n s i d e r a ç õ e s d e v e m ser f e i t a s : ( ) I c n ô m c n o q u e a b a r c a o p r o c e s s o S - * R , q u a l seja, a p a r t i r d a e n t r a d a d e d e t e r m i n a d o estímulo o u g r u p o s d e estímulos n o S N C até a e f e t i v a ç ã o d a r e s p o s t a , t e m s i d o a l v o
este se e n c o n t r a v a nesse e s t a d o . N o e n t a n t o , u m a coletânea c a d a vez m a i o r de r e l a t o s , n o m í n i m o i n q u i e t a n t e s , f o r n e c i d o * p o r p a c i e n t e s q u e saíram d o c o m a , s o b r e suas vivências, o u m e m ó r i a de vivências, n o perít >< li i
dc atenção d o s pesquisadores, n a t e n t a t i v a de e x p l i c a r o q u e p o d e estar o c o r r e n d o c o m o p a c i e n t e c o m a t o s o , a l g o c o m o a p o s s i b i l i d a d e d e se a b s o r v e r e c o m p r e e n d e r o e s t í m u l o .
de c o m a , acrescida de pesquisas recentes sobre respostas e m o c i o n a i s e c o m p o r t a m e n t a l - ,
N ã o c o n s e g u i r acessar os m e i o s p a r a a e f e t i v a ç ã o e x p l í c i t a d a r e s p o s t a p o d e e s t a r n o c e r n e
do paciente comatoso, começam a apontar p a r a outra realidade, a i n d a pouco conhecida,
d a s a v a l i a ç õ e s i n e x a t a s q u e às vezes se f a z d o p a c i e n t e e m c o m a , até p o r q u e se o b t ê m d a d o s
sobre a a t i v i d a d e m e n t a l d o paciente d u r a n t e o processo de c o m a .
d a consciência p e l a s r e s p o s t a s e g r a u d e sofisticação d e s t a s .
O f e n ó m e n o d a v i d a psíquica t e m s i d o a l v o d e a t e n ç ã o m a i s d e t a l h a d a d e p e s q u i s a i li i
D e f o r m a esquemática tem-se:
res d o m u n d o i n t e i r o , p a r t i c u l a r m e n t e a p a r t i r d a d é c a d a d e 1 9 9 0 , c o n s i d e r a d a a década d o cérebro n o q u e t a n g e a i n v e s t i m e n t o s e m pesquisas nos g r a n d e s c e n t r o s d e estudos d o
Significante
m u n d o , p a r t i c u l a r m e n t e nos Estados U n i d o s . A v a n ç o s s i g n i f i c a t i v o s , q u e c o m p r o v a m a existência d e v i d a p s í q u i c a j á n o f e t o d c 6
S — > • P e r c e p ç ã o — * - A p e r c e p ç ã o — * - Decodificação
m e s e s d e i d a d e g e s t a c i o n a l , até o m a p e a m e n t o t r i d i m e n s i o n a l d a a t u a ç ã o d e s i s t e m a s intrapsíquicos n o c é r e b r o h u m a n o através d o P E T S c a n n e r e d o S q u i d , t ê m p o s s i b i l i t a d o a
Externo
/
©
©
Compreensão —
© V
Significado
e s t u d i o s o s d a s n e u r o c i ê n c i a s d o m u n d o i n t e i r o d e s v e n d a r a l g u n s d o s i n c o n t á v e i s mistérios q u e e n v o l v e m o f u n c i o n a m e n t o d o c é r e b r o h u m a n o , e s o b r e t u d o c o m e ç a r a c o n s t r u ç ã o diu r n a p o n t e confiável c i e n t i f i c a m e n t e e n t r e cérebro e m e n t e . A l g u m a s
subespecialidades
n o v a s c o m e ç a m a s u r g i r , c o m o a p s i c o l o g i a pré-natal (19,20,21) e a n e u r o p s i c o l o g i a (22,
— + -
Recodificação
®
— * -
Eleição d o s m e i o s d e r e s p o s t a
— » -
Ativação destes
— > -
Emissão d a R e s p o s t a R
©
2 3 , 2 4 ) . U m d o s s e g m e n t o s desses e s t u d o s a b a r c a o t e m a q u e o r a se d e s e n v o l v e e passa p e l a i n q u i e t a n t e p e r g u n t a : há v i d a e m u m p a c i e n t e c o m a t o s o , e se há, c o m o detectá-la e acessá-la?
Esse p r o c e s s o , q u e se i n i c i a a p a r t i r d o a c o n t e c i m e n t o d o estímulo, v a i g r a d a t i v a m e n t e a c e s s a n d o p r o c e s s o s m e n t a i s q u e se i n i c i a m p o r m e i o d a s A t i v i d a d e s M e n t a i s Básicas,
O f e n ó m e n o d a consciência, q u e s e g u n d o J a s p e r s (9) p o d e ser c o n s i d e r a d o c o m o " T o d o
p a r t i c u l a r m e n t e a s e n s o - p e r c e p ç ã o : 1 - p r o s s e g u i n d o c o m a solicitação d e i n t e r v e n ç ã o d e
o m o m e n t o d a v i d a psíquica", t e m s i d o a l v o d e discussões e controvérsias e n t r e d i v e r s o s
o u t r o s c o m p o n e n t e s d o a p a r e l h o psíquico, j á pertencentes a o g r u p o d e a t i v i d a d e s m e n t a i s
e s t u d i o s o s , médicos, psicólogos,
s u p e r i o r e s , c o m o p e n s a m e n t o , m e m ó r i a , inteligência, a f e t i v i d a d e , m o t i v a ç ã o e v o l i ç ã o ; 2 -
filósofos,
fisiologistas,
dentre outros tantos, não r a r o gerando
até c u l m i n a r c o m a a t i v a ç ã o d o s m e c a n i s m o s específicos p a r a r e s p o s t a , l i n g u a g e m ( v e r b a l
m u i t o m a i s p e r g u n t a s d o q u e respostas. O f a t o d e o b s e r v a r - s e inúmeros r e l a t o s d e p a c i e n t e s saídos d o c o m a
descrevendo
conversas t i d a s e n t r e e q u i p e , v i s i t a n t e s o u o u t r a s pessoas à v o l t a dele, e m u m p e r í o d o e m q u e este e s t a v a s e n d o c o n s i d e r a d o c o m o i n c o n s c i e n t e , o u d e d a d o s científicos m a i s c o n t u n d e n t e s , c o m o os a p r e s e n t a d o s p e l o p s i c ó l o g o n o r t e - a m e r i c a n o H e n r y B e n n e t t e m
60
e não v e r b a l ) , respostas p s i c o m o t o r a s e t c ; 3 - o c a m i n h o q u e o evento p e r c e b i d o e c o n s c i e n t i z a d o p e r c o r r e p o d e e s t a r c o m p r o m e t i d o e m a l g u m nível p e l a p a t o l o g i a o u situação q u e g e r o u o c o m a , m a s n ã o n e c e s s a r i a m e n t e n o m o m e n t o p r i m e i r o d a p e r c e p ç ã o . Pelos fatos n a r r a d o s , s o b r e p a c i e n t e s q u e d e s c r e v e m as v i v ê n c i a s e m u i t a s vezes até s u a angústia e m
61
I'\i< t >I a >< | •. I I I n s p i l . l l . l l
A l i M i i l i i n e i i l o !'•
n ã o c o n s e g u i r respi nu l e i , I u< lo leva a c r e r <|uc, p e l o m e n o s nesles c a s o s , o e v e n t o p e r i o l I I 11
loipi o i u . < e n l i o i l e l i M . i p i a I n t e n s i v a
Roferências B i b l i o g r á f i c a s
seu c a m i n h o até n o m í n i m o a c o m p r e e n s ã o ( l o s estímulos, m a s <|uc n ã o h o u v e c o n i l d e e f e t i v a r - s e a r e s p o s t a . Pela ausência d e s t a , p o r m e n o r q u e lóssc, os m e m b r o s d a c q u i p t
(I)
BIRD, B. C o n v e r s a n d o < ofTl 0 P â i lente. São Paulo: M a n o l e , 1978.
l o t a m l e v a d o s a i n t e r p r e t a r , e r r o n e a m e n t e , a ausência d e c o n s c i ê n c i a , v i n d o esta a i i
•
LOPES, O . C . A Medicina
( I)
Rev. Alma Ata, Publ. O r g . P a n a m e r i c a n a d e S a ú d e , 2- S e m e s t r e , 1977.
(4)
ROSS, E.K. S o b r e a M o r t e e o Morrer.
d e n u n c i a d a p o r a l g u n s p a c i e n t e s t e m p o s d e p o i s , q u a n d o estes r e c o b r a m n ã o a c o n s c i a , c o m o c o m u m e n t e se d i z , m a s a c a p a c i d a d e d e r e s p o n d e r a o s estímulos. O b v i ; t e m o s i n ú m e r o s o u t r o s casos n o s q u a i s essa n a r r a t i v a n ã o a p a r e c e n o d i s c u r s o d o p a i ii nti
Está-se m u i t o p e r t o , p e l a e v o l u ç ã o d o s m e i o s d e a v a l i a ç ã o d o f u n c i o n a m e n t o c e r e b r a l , ih
a c r e d i t a - s e ser b a s t a n t e a d e q u a d o c o n s i d e r a r q u e a p o s s i b i l i d a d e d e se m o b i l i z a r o pacient! p o r m e i o de comentários, visitas o u o u t r a s f o r m a s de estimulação d i r e t a p o d e a c a r i c i a i
Perguntas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico
(/)
M A C H A D O , A . Neuroanatomia
(8)
MUNIZ, M . O Tratamento
Funcional.
da Angina
(9)
JASPERS K. Psicologia
São Paulo: A t h e n e u , 1974.
e do Enfarto.
LEVY, N.B. " A s p e c t o s P s i c o l ó g i c o s d e Pacientes S o b H e m o d i á l i s e n o D o w n s t a t e M e d i c a i C e n t e r " . In: Clínicas
Adaptation
Médicas
Syndrome.
da América
(12)
do Norte.
GARMA, A . " S o b r e Factores D e l S u i c í d i o " . In. V a n d e n b e r g , P e q u e n a Psiquiatria.
(13)
FERREIRA, M.L. Intercorrências
Psicológicas
BRIDGES, P.K. Emergências
p o r e x e m p l o : a u m e n t o d a P A e m m o m e n t o s m a i s críticos e m o c i o n a l m e n t e d e n t r o d o C T I ;
(17)
PAIM, I . Curso d e Psicopatologia.
a l t e r a ç ã o d a F C q u a n d o d a v i s i t a d e f a m i l i a r e s o u d e c o m e n t á r i o s i n a d e q u a d o s a o l a d o di 1
(18)
M A C K I N N O N e t al. Avaliação
e P s i q u i á t r i c a s n o Hospital
Geral ( m o n o g r a f i a ) .
TOLLE, R. & SCHULTE, E . Manual
de Psicopatologia.
Psiquiátricas.
Porto A l e g r e : M a s o , 1981.
São Paulo: M a n o l e , 1976.
de Psiquiatria.
São Paulo: A t h e n e u , 1972.
São Paulo: G r i j a l b o Ltda., 1975.
Psiquiátrica
na Prática Clínica.
Porto A l e g r e : Artes M é d i c a s ,
1988.
p a c i e n t e ; manifestações m o t o r a s " a u t o m á t i c a s " i m e d i a t a m e n t e após a l g u m e v e n t o m o b i l i (19)
VERNY, T. A Vida Secreta
da Criança Antes
(20)
KLAUS, N . O Surpreendente
(21)
CUNHA, I. Treinamento
(22)
POPPER, K. & ECCLES, J . Eu, o Seu Cérebro.
p o r t a n t o , q u e c o n s i d e r a r a p o s s i b i l i d a d e d e existência d e v i d a psíquica n o p a c i e n t e c o m a -
(23)
LURIA, A.R. Fundamentos
t o s o , r e s p e i t a n d õ - o , e s t i m u l a n d o - o , e s t a n d o a seu l a d o e d a q u e l e s q u e l h e são c a r o s , p o d e
(24)
BARBIZET, ALLI. Manual
n ã o ser, c o m o m u i t o s a i n d a a c r e d i t a m , u m g e s t o v ã o , u m a p e r d a d e t e m p o . P o d e t a l v e z
(25)
BENNET, H. In Journal
of American
r e p r e s e n t a r o elo e n t r e o l i m b o d e i n c o m u n i c a b i l i d a d e e a v i d a d e relação e interação.
(26)
SACKS, O . O Homem
que Confundiu
62
Buenos
São Paulo: B i b i . NÊMETON, 1992.
SPOERRI, T.H. Compêndio
ficam...
Rio d e J a n e i r o : I n t e r a m e r i c a n a Ltda.,
A i r e s : B i l b l . para el H o m b r e A c t u a l , 1972.
(16)
Pode representar também u m m o r r e r sentindo-se a c o l h i d o e respeitado n a sua d i g n i d a d e
N o v a York: G r u n e e S t r a t o o n , 1952.
1977.
(15)
d e p e s s o a , n o seu a n t i g e s t o s i l e n c i o s o d e a d e u s aos q u e
Rio d e J a n e i r o : G u a n a b a r a K o o g a n ,
SELYE, H. T h e Story ofthe
q u e a p a r e c e m e m a l g u n s p a c i e n t e s p o r m e i o d a l e i t u r a d o seu e s t a d o c l í n i c o g e r a l , c o m o
t e m sido t a m b é m experiência nossa t o d a g a m a de eventos m e n c i o n a d a . A c r e d i t a m o s ,
de Mente ( D S M -
(II)
(14)
G o s t a r í a m o s d e f a l a r neste p a r á g r a f o u s a n d o a p r i m e i r a p e s s o a , p a r a c o l o c a r m o s q u e
e Estatística
(10)
d o t r a b a l h o de estimulação. N o t a m - s e a q u i a l g u n s d a d o s c o m p l e m e n t a r e s s i g n i f i c a t i v o ,
t ã o i n c o n s c i e n t e , t a m p o u c o insensível a o g r a n d e d r a m a q u e a c e r c a .
São Paulo: M a r t i n s F o n t e s , 1981.
Geral. São Paulo: A t h e n e u , 1973.
f a m í l i a , q u e , d e v e n d o ser o r i e n t a d a a d e q u a d a m e n t e a n t e s d a v i s i t a , p o d e e d e v e p a r t i c i p a i
z a n t e ; e a l g u n s casos até o c h o r o , l á g r i m a s e s c o r r e n d o d o r o s t o i n e r t e d e u m a p e s s o a não
e o Morrer.
1977.
c i e n t e estímulos p o s i t i v o s , p o s s i b i l i d a d e s d e c o n t a t o c o m o m u n d o e x t e r n o , p a r t i c u l a r m e n t e c o m coisas q u e l h e são s i g n i f i c a t i v a s (obtém-se esse d a d o c o m os f a m i l i a r e s ) e s o b r e t u d o a
a Morte
lll-R). São Paulo: M a n o l e , 1989.
t a n t o r e a ç õ e s p o s i t i v a s q u a n t o n e g a t i v a s n e s t e . Esse t i p o d e c u i d a d o é possível, e caberá .1 e q u i p e a t e n t a r p a r a ele. A s s i m c o m o c a b e r á e s p e c i f i c a m e n t e a o p s i c ó l o g o p r o p i c i a r a o pa
Sobre
São Paulo: M a r t i n s F o n t e s , 1979.
(6)
se c h e g a r a o p o n t o d e p o d e r a v a l i a r d e f o r m a c l a r a e o b j e t i v a até q u e p o n t o a v i d a psíquicf d o p a c i e n t e e m c o m a está a t i v a . N ã o o b s t a n t e , e n q u a n t o esses r e c u r s o s n ã o estão disponíveil,
e Respostas
São Paulo: M e l h o r a m e n t o s , 1970.
(5)
pós-coma, e o u t r o s a i n d a e m q u e a m o r t e sobrevêm antes m e s m o de u m a r e t o m a d a ' I | c a p a c i d a d e responsiva p o r p a r t e deste.
no Tempo.
de Nascer.
Recém-Nascido.
Peri-Natal.
São Paulo: C. J . Salmi, 1989.
P o r t o A l e g r e : A r t e s M é d i c a s , 1989.
P o r t o A l e g r e : Sagra D.C. Luzzatto, 1981. São Paulo: Papirus, 1991.
de Neuropsicologia. de Neuropsicologia.
São Paulo: E d u s p , 1984. São Paulo: M a s s o n , 1985.
Anestesiology
Association,
Sua Mulher
EUA., set. 1989.
com Um Chapéu.
São P a u l o : I m a g o ,
1989. (27)
SPITZ, R. O Primeiro
(28)
SZASZ, T. D o r e Prazer. Rio d e J a n e i r o : Zahar, 1976.
Ano de Vida da Criança.
São Paulo: M a r t i n s F o n t e s , 1979.
63
I ' M ( ()lc)(|l,l I l ( > ' . | ) l l . l l . l l
Estudos Psicológicos
Roteiro C o m p l e m e n t a r de Estudos ALEXANDER, F. Medicina
Psicossomática.
ANGERAMI, V.A. (org.). Psicologia . A Psicologia . O Doente, GEOFF, S. Além
Hospitalar.
G U T T M A N N , G. Introdução
e o Hospital.
São Paulo: Pioneira, 2- e d i ç ã o , 1994, 1992.
São Paulo: M c G r a w - H i l l , 1987. à Neuropsicologia.
São Paulo: M a n o l e , 1977.
KASTENBAUM, R. e t a/. Psicologia
da Morte.
São Paulo: P i o n e i r a / E d u s p , 1983.
LAMOSA, B.W.R. (org.). Psicologia
Aplicada
à Cardiologia.
LEPARGNEUR, H. O Doente,
a Doença,
OLIVIERI, D. O Ser Doente.
São Paulo: C o r t e z , 1984.
PERESTRELO D. A Medicina
da Pessoa.
PITA, A . Hospital: ROCH, F. Distúrbios
Dor e Morte Mentais
do Puerpério
São Paulo: T r a ç o , 1984.
São Paulo: T r a ç o , 1988.
a Psicologia
do Cérebro.
P o r t o A l e g r e : A r t e s M é d i c a s , 1999.
Hospitalar.
como
e a Morte.
Fernanda
Alves
Rodrigues
Trucharte
\
Berger
Knijník
São Paulo: A t h e n e u , 1982. Ofício.
Pós-Traumáticos.
SACKS, O. Uma Perna para se Apoiar.
São Paulo: F u n d . Ed. BYK, 1990
São Paulo: Papirus, 1987.
São Paulo: H u c i t e c , 1991. São Paulo: Liv. C. H u m a n a s Ltda., 1973.
São Paulo: I m a g o , 1989.
SZASZ, T. Dor e Prazer. Rio d e J a n e i r o : Zahar, 1976.
Introdução
O
presente capítulo t e m c o m o t e m a c e n t r a l a b o r d a r aspectos i m p o r t a n t e s d o p e r í o d o d o puerpério, i l u s t r a n d o , p o r m e i o d o d e s e n h o gráfico de a l g u m a s pacientes, senti-
m e n t o s , e m o ç õ e s e f a n t a s i a s a c e r c a desse m o m e n t o d e transição. A e s c o l h a d o t e m a deve-se à n e c e s s i d a d e d e u m e s t u d o m a i o r dessa fase d e v i d a p a r t i n d o de vivências c o m o m e m b r o s i n t e g r a n t e s de u m serviço dc G i n e c o l o g i a e Obstetrícia. É i m p o r t a n t e c o n s i d e r a r q u e os s e n t i m e n t o s e reflexões a r e s p e i t o d o p u e r p é r i o d e v e m ser c l a r a m e n t e d i s c u t i d o s p e l a e q u i p e d e saúde, p o i s , às vezes, i n t e r f e r e m c o m o d i f i c u l d a d e s e n f r e n t a d a s n a nossa r o t i n a . T a m b é m c a b e - n o s s a l i e n t a r q u e u m a i n t e r v e n ç ã o psicológica neste p e r í o d o v i s a p r e v e n i r a saúde m e n t a l e física d a m ã e e d o b e b é , c o m o o b j e t i v o d e e s t i m u l a r u m a l i g a ç ã o m a i s saudável e n t r e a m b o s . P a r a sua realização, f o r a m u t i l i z a d o s recursos bibliográficos c o m o o b j e t i v o de f u n d a m e n t á - l o t e o r i c a m e n t e e n f o c a n d o : características e m o c i o n a i s d o p u e r p é r i o , o s i g n i f i c a d o p s i c o l ó g i c o d a a m a m e n t a ç ã o , o n a s c i m e n t o d o a p e g o e a s p e c t o s d a assistência h o s p i t a l a r n o puerpério. P o s t e r i o r m e n t e , s e g u e m - s e os d e s e n h o s g r á f i c o s d e a l g u m a s p u é r p e r a s , p r o c u r a n d o entendê-las d i n a m i c a m e n t e q u a n t o a o seu f u n c i o n a m e n t o , e m u m a i n t e g r a ç ã o e n t r e t e o r i a e prática. P o r fim, há u m a conclusão s o b r e o q u e f o i a p r e s e n t a d o , f u n d a m e n t a d o e d i s c u t i d o a o 64
longo do trabalho.
I'M< olo<|i.i I l i i s p i t i i l . i l
I st I H l o s
Objetivos
c o l o r i a e a depressão
dade. O a t e n d i m e n t o de puérperas teve c o m o o b j e t i v o c o m p r e e n d e r as e m o ç õ e s , s e n t i m e n t o s ,
Fantl
alternam
i c r a p i d a m e n t e , p o d e n d o cstti
o l o i | i < o s d o r u m | l e i ii i
última atingir grande intensi-
A l g u n s a u t o r e s c o n s i d e r a m q u e esses s i n t o m a s são d e v i d o s às mudanças
bioquímica!
q u e se p r o c e s s a m l o g o após o p a r l o , l a i s c o m o a u m e n t o d a secreção d c c o i I i c o c s l e i o i d e s e a s u b i l a q u e d a d o s níveis h o r m o n a i s . S u p õ e m t a m b é m a a t u a ç ã o d c o u t r o s l a l o r e s , (ais ci u n i >
sias e t e m o r e s d e c o r r e n t e s desse p e r í o d o d e transição, a l i v i a n d o as a n s i e d a d e s p r e s e n t i V i s a t a m b é m e s t i m u l a r u m a l i g a ç ã o m a i s saudável e n t r e m ã e e b e b é , e s c l a r e c e n d o .
as frustrações e m o n o t o n i a d o p e r í o d o d e i n t e r n a ç ã o c a p a s s a g e m d a situação de espera ansiosa típica d o f i m d a g r a v i d e z p a r a a c o n s c i e n t i z a ç ã o d a n o v a r e a l i d a d e , q u e , a o l a d o d a
i n f o r m a n d o acerca dos aspectos referentes ao puerpério.
satisfação d a m a t e r n i d a d e , s i g n i f i c a t a m b é m a r e s p o n s a b i l i d a d e d e a s s u m i r n o v a s t a r e i a s e
S o b r e t u d o , p r e v e n i r a saúde m e n t a l d e a m b o s : m ã e e b e b é .
a l i m i t a ç ã o de a l g u m a s a t i v i d a d e s a n t e r i o r e s . A s vezes é difícil d e t e r m i n a r a l i n h a divisória
Metodologia
e n t r e a n o r m a l i d a d e e a p a t o l o g i a n o c a s o d a depressão p ó s - p a r t o . D c t o d o m o d o , a i n i e n silicação o u p e r m a n ê n c i a d o s s i n t o m a s d e p r e s s i v o s a l g u m a s s e m a n a s n o Serviço de G i n e c o l o g i a e Obstetrícia d o H o s p i t a l |
ser v i s t a s c o m m a i s c u i d a d o .
A c l i e n t e l a a t e n d i d a é constituída d e p a c i e n t e s q u e p o s s u e m convénios p a r t i c u l a r e i
ansiedades de esvaziamento
Este t r a b a l h o f o i desenvolvido Maternidade
Pan-americano.
Observamos,
c o m o : A m i l , U n i m e d , B l u c L i f e , Interclínicas etc.
g r a v i d e z ) e o a d q u i r i d o (o
Para tanto f o r a m realizadas entrevistas individuais, atendimento e m g r u p o , p a n h a m e n t o f a m i l i a r e orientação sobre m a n e j o das pacientes c o m equipe de
acom
médica
e
enfermagem. A o término d e c a d a a t e n d i m e n t o solicitávamos dois desenhos:
neste p e r í o d o ( c o n f o r m e
figura
humana e
outro
mcici em
Soifer), estados d e confusão na p a r i
>
filho).
U m a s p e c t o i m p o r t a n t e é q u e , p a r a a m ã e , a r e a l i d a d e d o feto " i n ú t e r o " n ã o <• a m e .ma
as q u e a p r e s e n t a m f o r t e d e p e n d ê n c i a i n f a n t i l e m r e l a ç ã o à própi ia
mie
o u a o m a r i d o . P o d e m f a c i l m e n t e g o s t a r d o f i l h o e n q u a n t o a i n d a está d e n t r o d e l a s e a i n . o u m a i m a g e m i d e a l i z a d a d o b e b é , m a s n ã o a r e a l i d a d e d o r e c é m - n a s c i d o . A s observi d a a u t o r a m o s t r a m q u e isso o c o r r e p r i n c i p a l m e n t e n a s m u l h e r e s q u e t e n d e m a a<
Fundamentação Teórica
nlc,
e d e c a s t r a ç ã o , o u seja, a a m b i v a l ê n c i a e n t r e o p e r d i d o
r e a l i d a d e d o b e b é r e c é m - n a s c i d o , e p a r a m u i t a s m u l h e r e s é d i f í c i l f a z e r essa t r a n s iç ã o, especialmente
d e s e n h o q u e d e m o n s t r a s s e os s e n t i m e n t o s d o p a c i e n t e n a q u e l e m o m e n t o d e v i d a .
pós-parto
reditftl
q u e seu b e b é será " d i f e r e n t e " - t r a n q u i l o , q u e c h o r a p o u c o , d o r m e à n o i t e desde etc. - , n e g a n d o a n t e c i p a d a m e n t e a r e a l i d a d e d e u m b e b é n a s p r i m e i r a s s e m a n a s de \a
1. C a r a c t e r í s t i c a s E m o c i o n a i s d o P u e r p é r i o S e g u n d o M a l d o n a d o (1985), o puerpério, assim c o m o a g r a v i d e z , é u m p e r í o d o bastante v u l n e r á v e l à o c o r r ê n c i a d e c r i s e s , d e v i d o às p r o f u n d a s m u d a n ç a s i n t r a e i n t e r p e s s o a i s desencadeadas pelo p a r t o . K i t z i n g e r (apud M a l d o n a d o ) considera o puerpério c o m o o " q u a r t o t r i m e s t r e " d a g r a v i -
d i a n t e d o q u a l se s e n t e m f r e q u e n t e m e n t e a s s u s t a d a s e c o n f u s a s c o m a
responsabilidade
dos c u i d a d o s m a t e r n o s . K i t z i n g e r ( a p u d M a l d o n a d o ) c o m e n t a q u e , n a g r a v i d e z , o filho é m u i t a s vezes s e n t i d o c o m o p a r t e d o c o r p o d a m ã e e, p o r essa r a z ã o , o n a s c i m e n t o p o d e ser v i v i d o c o m o u m a a m p u t a ç ã o . A p ó s o p a r t o , a m u l h e r se d á c o n t a d e q u e o b e b é é o u t r a p e s s o a : t o r n a - s e
d e z , c o n s i d e r a n d o - o u m p e r í o d o de transição q u e d u r a a p r o x i m a d a m e n t e três meses após 11
necessário e l a b o r a r a p e r d a d o b e b é d a f a n t a s i a p a r a e n t r a r e m c o n t a t o c o m o b e b é r e a l
p a r t o , p a r t i c u l a r m e n t e a c e n t u a d o n o p r i m e i r o filho. Nesse p e r í o d o , a m u l h e r t o r n a - s e espe-
Essa t a r e f a se t o r n a p a r t i c u l a r m e n t e p e n o s a n o c a s o d e crianças q u e n a s c e m c o m
c i a l m e n t e sensível, m u i t a s vezes c o n f u s a , q u a n d o a a n s i e d a d e n o r m a l e a depressão r e a t i v a
graves o u c o m malformações
são e x t r e m a m e n t e c o m u n s .
problemas
extensas.
Acredita-se que u m a intervenção n o puerpério, considerado c o m o crise vital para a
O s p r i m e i r o s d i a s após o p a r t o são c a r r e g a d o s de emoções intensas e v a r i a d a s . A s p r i m e i r a s
m u l h e r , é f a t o r d e p r e v e n ç ã o p a r a a q u a l i d a d e d a r e l a ç ã o m ã e x f i l h o e m ã e v f i l h o \.
2 4 h o r a s c o n s t i t u e m u m p e r í o d o de r e c u p e r a ç ã o d o cansaço p o r c a u s a d o p a r t o . A puérpera,
S e g u n d o a l g u n s autores, o período de duração d o puerpério é variável. N o e n l ;
e m g e r a l , scnte-se d e b i l i t a d a e c o n f u s a , p r i n c i p a l m e n t e q u a n d o o p a r t o é f e i t o s o b n a r c o s e .
s a b e m o s q u e os p r i m e i r o s seis m e s e s após o p a r t o s e r v e m c o m o p a r â m e t r o n a
A l a b i l i d a d e e m o c i o n a l é o p a d r ã o m a i s característico d a p r i m e i r a s e m a n a após o p a r t o : a
d a saúde m e n t a l d a m u l h e r q u a n d o d a e l a b o r a ç ã o d e s t a fase.
66
avaliação
6/
r - . i i <>i<><11.11icv.pit.ii.n
Estudos Psicológicos do Puerpério
A l g u n s l i o s p i l a i s p e r m i t e m o e s t a b e l e c i m e n t o d o sistema de a l o j a m e n t o c o n j u n t o " in"
||J
o b e b é p e r m a n e c e n o q u a r t o c o m a m ã e , q u e c u i d a d e l e e g e r a l m e n t e dispõe d a ajill||
d e e n f e r m e i r a s . O a l o j a m e n t o c o n j u n t o t e m a g r a n d e v a n t a g e m de e v i t a r a separaçãi i dc ma>
Segundo I lelene Deutch (1960), o n a t u r a l m e n t e ,|u
. u i i b i e i i i e , d.i
|
situaç
Por l i t n , V i d e l a (1973) e x p l i c a q u e a
rsso psíquico d o puerpério, c m seu c o n j u n t o , d e p e n d e c a l de v i d a , dos c o s t u m e s dos p a i s , d a família etc.
mulher n ã o
necessita q u e l h e d i g a m o s c o m o o bebê
e f i l h o e m u m a época tão c r u c i a l p a r a a consolidação d o vínculo m a t c r n o - l i l i a l . Portanlil
deve ficar n o peito, n e m q u a n d o e n e m q u a n t o t e m p o de cada lado. O q u e deve acontecer
o a l o j a m e n t o c o n j u n t o p o d e ser c o n s i d e r a d o u m a e t a p a n a p r e p a r a ç ã o p a r a a m a t e i n i i Im I,
e 11111
a m p l i a n d o o a t e n d i m e n t o obstétrico p a r a o p e r í o d o de pós-parto, c o m o o b j e t i v o de satislii i ,
t o m o d a mãe.
método de ensaio c e r r o p o r m e i o desta d e l i c a d a a p r e n d i z a g e m t a n t o d a criança
as necessidades físicas e e m o c i o n a i s d e p r o x i m i d a d e e c o n t a t o e n t r e m ã e e f i l h o . A s possíveis c o n s e q u ê n c i a s b e n é f i c a s d o a l o j a m e n t o c o n j u n t o d e p e n d e r ã o n u m , . ,|< aspectos d a p e r s o n a l i d a d e d a mãe.
2. C o n s e q u ê n c i a s d e u m M a u P u e r p é r i o I V s t a c a r e m o s a g o r a as m a n i f e s t a ç õ e s d a d e p r e s s ã o p u e r p e r a l e x a c e r b a d a ,
E i m p o r t a n t e s a l i e n t a r q u e o p u e r p é r i o c a u s a g r a n d e i m p a c t o n o m a r i d o , q u e p o d e i .1
conhecida
c o m u m e n t e c o m o psicose p u e r p e r a l .
p a r t i c i p a r a t i v a m e n t e dos c u i d a d o s d o b e b é , d i v i d i n d o c o m a m u l h e r a r e s p o n s a b i l i d a d i |
T a l estado caracteriza-se pelo repúdio t o t a l ao bebê: a paciente não q u e r vê-lo, a t e r r o -
d a n d o - l h e a p o i o e e n c o r a j a m e n t o , o u sentir-se m a r g i n a l i z a d o , r e j e i t a d o n a relação mãe-filho
r i z a - s e c o m ele, p e r m a n e c e t r i s t e , a f a s t a d a , a u s e n t e , sofre insónia, inapetência, d e s c u i d a - s e
s e n t i m e n t o s q u e t e n d e m a a g r a v a r - s e c o m a abstinência s e x u a l das p r i m e i r a s s e m a n a s e com d
d a p r ó p r i a a p a r ê n c i a , n ã o se veste, n ã o se b a n h a n e m se p e n t e i a . M u i t a s vezes faz referência
1
a alucinações g e r a l m e n t e a u d i t i v a s o u e x p r i m e i d e i a s d e l i r a n t e s . T a l e s t a d o p o d e r e m i t i r
m a i o r e n v o l v i m e n t o d a m u l h e r c o m o bebê. E m m u i t o s casos, o m a r i d o r e c o r r e a m e c a n i s de f u g a , m e r g u l h a n d o n o t r a b a l h o o u e m relações e x t r a c o n j u g a i s .
p o r si m e s m o , a o c a b o de a l g u n s d i a s , s e m a n a s o u meses. N a remissão, é m u i t o i m p o r t a n t e a capacidade dos f a m i l i a r e s p a r a tolerar, absorver e m o d i f i c a r a ansiedade q u e d e t e r m i n a
A intensidade das vivências do parto e a regressão da esposa induzem-no também a um estado
o q u a d r o : a n s i e d a d e d e e s v a z i a m e n t o o u d e castração. A s i d e i a s d e l i r a n t e s são d o t i p o p a -
depressivo e regressivo, embora menos intenso, que se choca com as exigências impostas pelo puerpério
r a n o i d e : a l g u é m v e m r o u b a r a p a c i e n t e , matá-la, envenená-la. T a m b é m p o d e m a p r e s e n t a r
da mulher. Por outro lado, sente-se necessidade de apoio e estímulo; encontra-se sozinho em casa,
s e n t i m e n t o s d e a u t o d e p r e c i a ç ã o e a u t o c e n s u r a c o m características m e l a n c ó l i c a s : e l a se v ê
assumiu nova responsabilidade, experimenta um sentimento ante esse desconhecido que é o bebê,
inútil, imprestável, n ã o sabe se p o d e r á c r i a r os filhos etc.
agora seu rival definido (Soifer, 1980, p. 70).
À s v e z e s , esse q u a d r o é t ã o i n t e n s o q u e p r o d u z a l a r m e n a f a m í l i a e se r e c o r r e e n t ã o a o p s i q u i a t r a . E n t r e as manifestações a l a r m a n t e s p o d e m o s m e n c i o n a r as t e n t a t i v a s d e suicídio
E m c a s o d e m ã e s multíparas, o b s e r v a - s e t a m b é m u m g r a n d e i m p a c t o d o p u e r p é r i o m 19 o u t r o s filhos. O s s e n t i m e n t o s m a i s típicos são d e c i ú m e , t r a i ç ã o e a b a n d o n o . E n f r e n t a m
o u o a t a q u e d i r e t o a o b e b ê . E m g e r a l , a n t e s d e c h e g a r à a ç ã o , a p u é r p e r a c o m u n i c a suas intenções nesse s e n t i d o , p e d i n d o a j u d a .
t a m b é m u m a situação d e c r i s e , c o m m u i t a s m u d a n ç a s : a m ã e u m d i a s a i d e c a s a e não
O u t r a f o r m a d e depressão a n o r m a l é a m a n í a c a . A p u é r p e r a a g e c o m o se n a d a tivesse
v o l t a , a u s e n t a - s e p o r a l g u n s d i a s e a o v o l t a r t r a z c o m e l a u m b e b ê q u e p a s s a a s o l i c i t a i .1
a c o n t e c i d o , m o s t r a - s e a l e g r e e n ã o se o c u p a d o b e b ê . A p a r t i r d a s e g u n d a o u t e r c e i r a
m a i o r p a r t e d e seu t e m p o e d e s u a a t e n ç ã o .
s e m a n a , p r o c u r a p e r m a n e c e r o m a i s a f a s t a d a possível d o filho, d e i x a n d o - o aos c u i d a d o s
S ã o c o m u n s os s i n t o m a s r e g r e s s i v o s p o r p a r t e d o s o u t r o s
filhos,
tais c o m o : voltar a
m o l h a r a c a m a , q u e r e r m a m a d e i r a o u c h u p e t a , s o l i c i t a r atenção e c u i d a d o s etc.
d e o u t r a p e s s o a . A a n o r m a l i d a d e se e x p r i m e p o r u m e s t a d o d e tensão p e r m a n e n t e , i r r i t a bilidade e hiperatividade.
C o n f o r m e V i d e l a (1973): " U m i r m ã o é a m a i o r r i q u e z a p s i c o l ó g i c a q u e os p a i s p o d e m d a r a o filho. S e r á o c a m i n h o q u e o c o n d u z i r á à s o c i a l i z a ç ã o h u m a n a , o m o d o m a i s s i m p l e s
3. O P u e r p é r i o e a A m a m e n t a ç ã o
o n d e a p r e n d e r á a c o m p a r t i l h a r , a r e c e b e r e d a r , a q u e r e r e ser q u e r i d o p o r a l g u é m d e seu
A p ó s o p a r t o , os p a i s se d e f r o n t a m c o m a p e r c e p ç ã o d a s diferenças e n t r e o " b e b ê i m a g i -
m e s m o s a n g u e e / o u o u t r o ser s e m e l h a n t e " .
n á r i o " (gestação) e o " b e b ê r e a l " , c o m suas características e p e c u l i a r i d a d e s .
O u t r o f a t o r i m p o r t a n t e a c o n s i d e r a r são as influências c u l t u r a i s , s o c i a i s e e c o n ó m i c a s relacionadas ao puerpério.
68
O p e r í o d o d o puerpério t r a z m u i t a s transformações decorrentes d o a j u s t a m e n t o a u m a realidade nova.
69
Psicologia
1 s t I I , l o s 1'sll l l l t l l j l l o s d o P i l e i p e i l o
Hospitalar
A i n t e r a ç ã o m ã e - b e b ê c o início dessas m a m a d a s l o g o após o p a i t o nos c o m p r e ivaiH I existência d e u m a s i n t o n i a s u t i l e n t r e a d u p l a .
a i a p a e i d a d e d o b e b é p a r a s c n l i i q u e suas i n i c i a l i v a s s o c i a i s l e v a m a t r o c a a f e t i v a c o m sua
Q u a n d o e x i s t e u m e n t e n d i m e n t o e h a r m o n i a e n t r e a m ã e o seu f i l h o n o m o m e n t o ' l a a m a m e n t a ç ã o , o l e i t e flui n o r m a l m e n t e e v a i a c o n t e c e n d o u m a r e g u l a ç ã o e n t r e a sui çau d a criança e a liberação d o leite p r o d u z i d o .
mãe.
Esse autor acredita q u e ao tél mi
lo p r i m e i r o a n o a d u p l a m ã e - b e b ê já t e n h a d e s e n -
v o l v i d o u m p a d r ã o p r ó p r i o de i n t e r a ç ã o . D e a c o r d o c o m e s t u d o s r e a l i z a d o s n e s t a área, o c o r r e n a s mães u m a d u p l a identificação:
P o r o u t r o l a d o , q u a n d o há d e s a r m o n i a n o c o n t a t o d a m a m a d a , s u r g e m várias d i f i c u l d a d e e p r o b l e m a s q u e b l o q u e i a m a lactação, i n i b i n d o a produção e/ou a liberação d o leite A l é m d e u m a f a l t a d e s i n t o n i a e n t r e b o c a e m a m i l o , d i f i c u l d a d e s d a m ã e , d a criança, e b o i c o t e s f a m i l i a r e s , a instituição h o s p i t a l a r c o m s u a r o t i n a r í g i d a e f a l t a d e a l o j a m , c o n j u n t o c o n t r i b u e m p a r a m a i o r e s p r o b l e m a s nesse p e r í o d o .
i u n i o feto e c o m s u a p r ó p r i a m ã e . 1, i m p o r t a n t e s a l i e n t a r neste s e n t i d o q u e as relações e s t a b e l e c i d a s p e l a s mães c m sua família d c o r i g e m p o d e m i n f l u e n c i a r a l i g a ç ã o c o m seu
filho.
A s s i m c o m o t a m b é m o d e s e j o d e g r a v i d e z , a e x p e c t a t i v a d o s e x o d o nené, as f a n t a s i a s a n t e r i o r e s a o n a s c i m e n t o deste, as frustrações e s e n t i m e n t o s o c o r r i d o s neste p e r í o d o l e n i
O u t r a questão i m p o r t a n t e é q u e o leite é u m p r o d u t o i n t e r i o r d o c o r p o , a s s i m c o m o a menstruação e o gozo sexual. A s s i m , se p r e d o m i n a u m a a u t o i m a g e m de q u e o i n t e r i o r d o c o r p o é r u i m e seus p r o d u t o s , c o n t a m i n a d o s (essa a u t o i m a g e m é o r i u n d a de vivências r e l a t i v a s à c u l p a sexual,
ligação d i r e t a n a interação d a d u p l a mãe-bebê. D e n t r e os s e n t i m e n t o s q u e s u r g e m n a s m u l h e r e s , a t r i s t e z a p e l a s e p a r a ç ã o c p e r d a o c o r r e e m t o d o s os p a r t o s c o m s i g n i f i c a t i v a f r e q u ê n c i a .
doenças, i n f e r t i l i d a d e , a b o r t o s e t c ) , a a m a m e n t a ç ã o p o d e ser " s a b o t a d a " desde o início. A l i g a ç ã o s e x o e a m a m e n t a ç ã o t a m b é m d e v e ser c o n s i d e r a d a , p o i s há u m a dissocia ç ã o e n t r e m a t e r n i d a d e e s e x o , t o r n a n d o difícil esta i n t e g r a ç ã o p a r a h o m e n s e m u l h e r e s ;
Essa sensação de perda ocorre em todas as mulheres depois de qualquer tipo de parlo, a consequência do período realmente gratificante em que carrega o bebê dentro de si (Brazelton, 1988, />. 95).
m u i t o s h o m e n s se u n e m a o " n ã o q u e r e r a m a m e n t a r " d a m u l h e r , d e s e s t i m u l a n d o - a p a r a a E m t o d o p a r t o e x i s t e u m c u r t o p e r í o d o e m q u e s o b r e v ê m a sensação d e p e r d a e s e p a -
amamentação, ao colocá-la c o m o antagónica ao e n c o n t r o s e x u a l . A puérpera " m ã e recém-nascida" p r o v o c a inveja n o h o m e m , f a m i l i a r e s e profissionais d e saúde c o m s e n t i m e n t o s c o n t r a d i t ó r i o s : p o i s a " n u t r i z " d e t é m o p o d e r d e a c o l h e r v i d a e
ração de u m a p a r t e m u i t o a m a d a d o próprio c o r p o . A l g u m a s instituições h o s p i t a l a r e s s e n t e m q u e a s e p a r a ç ã o e n t r e a m ã e e seu f i l h o é desnecessária e t ó x i c a p a r a a m b o s .
n u t r i - l a a p a r t i r d e seu p r ó p r i o c o r p o . N e s t e p e r í o d o , a m u l h e r t o r n a - s e v u l n e r á v e l às pessoas e situações q u e a c e r c a m , e a a m a m e n t a ç ã o fica i n f l u e n c i a d a p o r f a t o r e s e obstáculos q u e d e v e m ser a n a l i s a d o s .
S e g u n d o K l a u s - K e n n e l l (1978), "este v í n c u l o e n t r e m ã e e filho é a f o n t e de o n d e e m a n a m , d e p o i s , t o d o s os vínculos q u e h a v e r ã o de ser e s t a b e l e c i d o s p e l a criança e q u e c o n s t i t u e m a
P o r fim, é i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e , n a s m u l h e r e s e m q u e o " n ã o q u e r e r " a m a m e n t a r
relação q u e se f o r m a r á d u r a n t e o c u r s o d a criança. P a r a t o d a a v i d a , a força e a q u a l i d a d e
t o r n a - s e u m a e s c o l h a , a p o s s i b i l i d a d e d e ser b o a m ã e n ã o se e s g o t a n o a t o d e a m a m e n t a r ,
deste laço i n f l u i sobre a q u a l i d a d e de t o d o s os f u t u r o s vínculos q u e serão estabelecidos c o m
m a s , s o b r e t u d o , n a i n t i m i d a d e e e m f a v o r e c e r o d e s a b r o c h a r d e seu
o u t r a s pessoas".
filho.
C o m isso é i m p o r t a n t e c o n c l u i r q u e a q u a l i d a d e d a r e l a ç ã o e n t r e m ã e e filho i n f l u e n c i a d i r e t a m e n t e o d e s e n v o l v i m e n t o físico e e m o c i o n a l d o b e b ê , f o r m a n d o a b a s e p a r a u n i
4. O Nascimento d e A p e g o M u i t o s autores a f i r m a m q u e o processo de formação d o vínculo mãe-filho inicia-se d u r a n t e
progresso a d i c i o n a l posterior.
a gravidez. E m a l g u m a s m u l h e r e s , os v í n c u l o s a f e t i v o s c o m seus bebés se i n i c i a m o u se i n t e n s i f i c a m
K l a u s e K e n n e l l (1978) r e l a t a m q u e esse s e n t i m e n t o d e a p e g o c o m e ç a e m u m p ó s - p a r t o
B o w l b y (1981) s a l i e n t a q u e e x i s t e m condições necessárias p a r a q u e o a p e g o se dê e n t r e mãe
70
n o s a t e n d i m e n t o s , m a s t a m b é m e m e s t a r a t e n t o às n e c e s s i d a d e s e m o c i o n a i s d o paciente, O o b s t e t r a é figura i m p o r t a n t e c o m q u e m a m u l h e r j á e s t a b e l e c e u u m v í n c u l o quando
i m e d i a t o , c h a m a n d o - o p e r í o d o sensível.
e filho. E n t r e elas s e r i a a s e n s i b i l i d a d e d a m ã e d i a n t e d o s s i n a i s d o b e b ê , c o m o
5. A s p e c t o s d a A s s i s t ê n c i a H o s p i t a l a r n o P u e r p é r i o M e s m o a n t e s , n a p r ó p r i a gestação, o o b s t e t r a n ã o se r e s t r i n g e s o m e n t e aos e x a m e s rotineiros
a o a p a r e c e r os m o v i m e n t o s f e t a i s .
também
a a c o m p a n h o u n o p r é - n a t a l , e t a m b é m e e s p e c i a l m e n t e neste m o m e n t o d o p u e r p é r i o e m que todos d e d i c a m atenção somente ao bebê.
Psicologia
I s l l l l l o s 1'sil olo(|l< o s d o
Hospitalar
A r o t i n a e m u m h o s p i t a l p o d e ser n o c i v a p a r a a m ã e o
seu
bebé, l ' m a d e l a s
sei
il
Interpretação dos Desenhos
,1,
t r a z e r o r e c é m - n a s c i d o para a m ã e s o m e n t e 2 4 h o r a s após o p a r l o , q u a n d o v á r i o s estudo!
1'ueipelio
I.
Análise Individual
e n t r e eles d e K l a u s e K e n n e l , d e m o n s t r a m q u e essa s e p a r a ç ã o i n t e r f e r e n e g a t i v a m e n t e na c o n s o l i d a ç ã o d o v í n c u l o m ã e - b e b ê , i n t e n s i f i c a n d o a depressão p ó s - p a r l o e p r e j u d i t andl
Desenho 1
a amamentação.
Dados de Identificação
O u t r o f a t o r q u e n o s faz p e n s a r c o m o n o c i v o s e r i a o b e r ç á r i o , p o i s i m p l i c a u m a separai, a n mãe-bebê e e m u m a r o t i n a " a r t i f i c i a l " , sabotando a amamentação. O bebê, q u a n d o i
I
m a m a d e i r a n o berçário, chega ao q u a r t o d a mãe já s e m fome, p r e j u d i c a n d o a p r o d u ç l l d e l e i t e . Faz-se necessária aí a a ç ã o t a n t o d o o b s t e t r a q u a n t o d o p e d i a t r a , s u s p e n d e n d o
•
mamadeiras.
Nome: M.K. Idade: 23 anos Estado C i v i l : casada N
u
d e filhos: 2
a
filho
T i p o de p a r t o : n o r m a l
O alojamento conjunto traz m u i t a s vantagens p a r a m u i t a s mulheres. U m m a i o r contato d o b e b ê c o m seus p a i s d i m i n u i a a n s i e d a d e d a saída p a r a casa, u m a v e z q u e a m ã e já sai d a m a t e r n i d a d e s a b e n d o l i d a r c o m seu
filho.
O a m b i e n t e d a m a t e r n i d a d e d e v e r i a s e r m a i s c a s e i r o d o q u e h o s p i t a l a r p a r a q u e ., m u l h e r pudesse sentir-se a c o l h i d a . À s vezes, n e m t u d o o c o r r e b e m , o u seja, q u a n d o m ã e e filho n e m s e m p r e estão em p e r f e i t a s c o n d i ç õ e s , i n s t a l a n d o - s e u m a situação crítica d e c u i d a d o s e s p e c i a i s . Q u a n d o n a s c e u m a c r i a n ç a m a l f o r m a d a o u m o r t a , i n s t a l a - s e u m a situação d e crise n a família. A c r i a n ç a q u e m o r r e a o n a s c e r e m d e c o r r ê n c i a d e a c i d e n t e (e n ã o d a m a l f o r m a ç ã o e m g e r a l , s u s c i t a p r o f u n d o s s e n t i m e n t o s d e p e r d a e d e p r e s s ã o - a m u l h e r e a f a m í l i a se p r e p a r a r a m p a r a a c o l h e r o b e b ê , q u e s e q u e r c h e g a a i r p a r a c a s a . A m u l h e r sente-se espe-
Interpretação O d e s e n h o d a figura h u m a n a a p r e s e n t a f a l t a d e m ã o s e pés, o q u e i n d i c a u m a d i f i c u l d a d e de contato c o m o m u n d o . A f a l t a d e base sugere c e r t a insegurança ("sem chão"). O círculo d e s e n h a d o a c i m a d a cabeça p o d e r e f l e t i r u m " p e s o " e m relação à m a t e r n i d a d e : a paciente p o d e estar a m e d r o n t a d a c o m a n o v a situação d e v i d a . N o segundo desenho aparecem
pernas
c i a l m e n t e d e p r i m i d a q u a n d o c h e g a o l e i t e , e n t ã o s e m função. A l a c t a ç ã o , e m m u i t o s casos,
e braços q u e b r a d o s , o q u e n o v a m e n t e p o d e
cessa e s p o n t a n e a m e n t e ; e m o u t r o s , t o r n a - s e necessário o u s o d e substâncias i n i b i d o r a s .
i n d i c a r c e r t a d i f i c u l d a d e d e c o n t a t o . Sente-se
Q u a n d o a criança é m a l f o r m a d a , e s p e c i a l m e n t e se nasce c o m d e f o r m a ç õ e s visíveis, sua m o r t e t r a z n ã o só t r i s t e z a , m a s t a m b é m a l í v i o , m u i t a s vezes i n c o n f e s s o e v i v i d o c o m c u l p a .
" a m p u t a d a " p a r a a b r a ç a r e crescer. O c o r r e n o v a m e n t e a ausência d e base. Neste m e s m o desenho denota-se u m a
Casos Ilustrativos
a m b i g u i d a d e e m relação aos sentimentos, ao m e s m o t e m p o e m q u e aparece u m a sen-
S o l i c i t a m o s d e s e n h o s d e o i t o p u é r p e r a s c u j a s i d a d e s v a r i a v a m d e 19 a 4 5 a n o s . F o r a m
sação de f e l i c i d a d e . Percebe-se t a m b é m u m a
p e d i d o s d o i s d e s e n h o s : o p r i m e i r o d e figura h u m a n a e o s e g u n d o d e c o m o elas e s t a v a m se
sensação d e c h o r o e t r i s t e z a .
sentindo naquele m o m e n t o .
A l é m disso, é u m desenho i n f a n t i l i z a d o .
A p a r t i r desses d a d o s , j u n t a m e n t e c o m as e n t r e v i s t a s , p u d e m o s traçar a l g u m a s característ i c a s g e r a i s dessas p u é r p e r a s e m u m t r a b a l h o e m q u e t e o r i a e prática se c o m p l e m e n t a m .
72
73
I \ t l l d i i ' . I \ i < < > 11 >• 11 • I I ' . i l n
Desenho 2
Dados de Identificação Nome: S.k. I d a d e : 2H a n o s Kstado ( l i v i l : casada N"dc
f i l h o s : 1"
filho
l i p o de p a r t o : n o r m a l
I n t e rpr e t a ç ã o ( ) desenho da figura h u m a n a aparece envolto, p r o t e g i d o , o q u e p o d e d e n o t a r c e r t a confusão e n t r e e l a (mãe) e o b e b ê . O seu d e s e j o d e p r o teção é m a r c a n t e . A face h u m a n a não apresenta o r e l h a s , o que pode i n d i c a r passividade e dificuldade de c o n t a t o . A ausência de braços c o r r o b o r a esta i d e i a . N ã o a p a r e c e m n o d e s e n h o os
membros
inferiores e somente p a r t e dos superiores, o q u e nos m o s t r a u m p r o f u n d o
desconhecimento
do próprio corpo. O segundo desenho aparece m u i t o infantilizado. N ã o há u m a distinção e n t r e casa e t e l h a d o , o q u e p o d e s u g e r i r a falta de diferenciação entre v i d a instintiva e v i d a emocional. A c a s a , a á r v o r e e a flor m o s t r a m - s e " s o l t a s " , apesar d a t e n t a t i v a de base, o q u e p o d e i n d i c a r c e r t a insegurança.
74
I • . I l i d i r . P M I I i l i n | i i n s ( I n 1'iHH | m i ii i
I D e s e n h o [i
Dados I/I Identificação Nome: Id,ide:
(!.F. l ! l anos
Estado ( iivil: (asada N"de
filhos:
l"filho
I i p o d e p a r t o : cesárea
Interpretação N o d e s e n h o d a f i g u r a h u m a n a , os o l h o s apresentam-se fechados, o que p o d e i n d i c a r i m a t u r i d a d e p a r a e n f r e n t a r a n o v a situação de v i d a . O nó n o pescoço e o cinturão p o d e m sug e r i r q u e a p a c i e n t e sente-se " f e c h a d a " p a r a a vida sexual. N o v a m e n t e a p a r e c e a ausência d e b a s e , o que p o d e i n d i c a r c e r t a insegurança. N o s e g u n d o d e s e n h o a p a r e c e m três c o q u e i ros e m t a m a n h o s d i f e r e n t e s , q u e p o d e m ser vistos c o m o a mãe, o p a i e a f i l h a recém-nascida. E interessante observar o m e s m o traçado e m dois dos coqueiros, o que p o d e d e m o n s t r a r i d e n t i f i c a ç ã o c o m o m e s m o sexo. O s cocos p o d e m s i m b o l i z a r a capacidade de gerar. O corte v e r t i c a l que aparece desenhado n a f o l h a p o d e d e m o n s t r a r q u e a p a c i e n t e sente-se f e c h a d a p a r a o u t r a s coisas; é c o m o se u m a d e t e r m i n a d a fase tivesse a c a b a d o e o u t r a prestes a se i n i c i a r . O sol r e p r e s e n t a u m a
figura
superegoica.
I ' . l l l i l l ,'. I '•,!(
I I ||. , ,•
l)«'NI'Illl(> 'I Dmlin
dr
Identificação
N u m e : A.(
I.
idade: 37 a n o s l.sl.ido ( l i v i l : (asada N " dc filhos: 3"
filho
T i p o d c p a r t o : cesárea
Interpretação < íhservando o desenfio d a f i g u r a h u m a n a , BOta-se q u e o b r a ç o d i r e i t o a p a r e c e q u e b r a d o c há a ausência d c m ã o s , o q u e p o d e s u g e r i r dificuldade de contato e talvez p o u c a d i s p o nibilidade para a maternidade. N o s e g u n d o desenho a p a r e c e m duas m o n t a n h a s q u e p o d e m s i m b o l i z a r os seios. T a m b é m aparece u m c a m i n h o levemente tortuoso, o q u e p o d e r e p r e s e n t a r a c h e g a d a desse n o v o filho
78
e a necessidade de mudanças.
4
K
I
sttldos
l \ i . olo(|
lio
I>IIO||IOMO
Desenho >
/ W m de Identificação Nome: M . ( ! . Idade:
24 anos
I . S I . K I O
N".lc
(livil: (asada
filhos: I "
filho
I ' i p o d e p a r l o : cesárea
Interpretação A
figura
h u m a n a mostra-se não
identificada
i o n í , i f i g u r a f e m i n i n a , p o d e n d o nos i n d i c a r BUe . i p a c i e n t e n ã o se sente i d e n t i f i c a d a o próprio sexo. A p a r e c e , s i m , u m a
com
grande
identificação c o m o b e b ê . Parece não saber representar
simboli-
c a m e n t e seus s e n t i m e n t o s , u t i l i z a n d o - s e
da
e s c r i t a p a r a isso. N o segundo desenho aparece também a escrita c o m o u m a f o r m a de não simbolizaçâo adequada d e seus s e n t i m e n t o s .
80
(11
I\i< ()l()(|j.l I
I -.11a<11>•. I \ o l o ( |
D c S f l l l l O !>
Qadoi de Identificação Nome: M . l ) . li Lu le: 'M) a n o s l i s t a d o ( livil: casada N " de f i l h o s : 3 " filho Ti|><> d c p a r t o : cesárea e l i g a d u r a tubária
Interpretação N i I (lesciilio d a f i g u r a h u m a n a aparece nos olhos a ausência d e p u p i l a , p o d e n d o d e n o t a r c e r t a d i f i c u l d a d e i n t e r n a d e v i s u a l i z a r as coisas. A p a r e c e u m a transparência n a área g e n i t a l , o q u e nos faz p e n s a r e m u m a d i f i c u l d a d e nesta área, p r i n c i p a l m e n t e c o m a p r o c r i a ç ã o . P a r e c e u m a pessoa s o f r i d a , m a r c a d a p e l a \< la. P o d e m o s o b s e r v a r isto p e l a face d a
figura
h u m a n a , b e m c o m o pela dureza d o desenho. ( ) d e s e n h o a p a r e c e s e m base, i n d i c a n d o c e r t a insegurança. N o segundo desenho a perspectiva d a m a t e r n i d a d e é v i s t a c o m o u m a castração. P a r e c e q u e a " a l e g r i a " d a l i g a d u r a t u b á r i a está se s o b r e p o n d o à situação d a m a t e r n i d a d e .
( I n 1'IHII
Psicologia
Hospitalar
Desenho 7
Dados de Identificação Home: E.S. [dade:
45 anos
listado ( avil: separada N " de f i l h o s : < i " l i l h o l i p o dc p a r t o : n o r m a l
Interpretação A lisura h u m a n a aparece bastante c o m p r o m e t i d a , p o i s n ã o há u m a d i s c r i m i n a ç ã o e n t r e a s pessoas e os a n i m a i s . ( ) d e s e n h o d a s pessoas está b a s t a n t e d i s torcido e deformado. Há u m e n q u a d r a m e n t o do desenho, o que pode i n d i c a r c e r t a r i g i d e z . Pode-se sugerir t a m b é m u m a v i d a difícil, u m e m p o b r e c i m e n t o da v i d a afetiva. N o s e g u n d o d e s e n h o há u m a desproporção e n t r e casa, árvore, r a m o de flores e f o l h a . A casa • p a r e c e r o d e a d a de objetos b e m m a i o r e s , o q u e pode sugerir sensação de m e d o . A paciente parece v i v e r e m u m m u n d o d c coisas p e r i g o s a s . O s desenhos n o v a m e n t e a p a r e c e m e n q u a drados, o que pode i n d i c a r rigidez. A casa a p a r e c e " s o l t a " n o a r , o q u e p o d e i n d i c a r c e r t a insegurança.
84
I • • t l l d o ' . !'•
Ió(|i< <)•. ( l o 1 ' l l n l | x . | I . .
Desenho8 Dados dc Identificação c: K . I . .
N
I d . i d e : 2. ) a n o s r
Estado ( l i v i l : casada N
a
de filhos: 3
a
filho
T i p o d e p a r t o : cesárea
Interpretação A figura h u m a n a d e s e n h a d a é d o sexo m a s c u l i n o , o q u e p o d e s u g e r i r a f a l t a de identificação I I n 1 1 o próprio sexo e q u a n t o a experiência da m a t e r n i d a d e p o d e ser difícil p a r a esta paciente. ( ) desenho aparece de p e r f i l , o q u e p o d e representar certa dificuldade de enfrentar o meio. •
A p a r e c e a ausência d e b a s e , o q u e p o d e
i n d i c a r certa insegurança d i a n t e d a n o v a etapa de v i d a . N o segundo desenho, aparecem cinco p e i xes, q u e p o d e m i n d i c a r s u a situação f a m i l i a r a l u a i (ela, o m a r i d o e os três
filhos).
Este d e s e n h o d e n o t a c e r t a regressão e m função d o m e i o l í q u i d o q u e a p a r e c e .
86
ft/
Psicologia Hospitalar I slllllns l\i(
ili>
Pllltipi-llo
Interpretação Geral dos Dosonhos G r á f i c o s i r desenhos r s i udados dni<>lam tinia v a r i e d a d e de sentimentos c a r a c t e r i z a d o s p o r a l e g r i a , doi
. o n f u s ã o e s i n a i s d e a p a r e n t e t r i s t e z a . Esses s e n t i m e n t o s p o d e m ser c o n s i d e r a d o s
a d e q u a d o s se p e n s a r m o s q u e p r o v é m d e p a c i e n t e s q u e a c a b a r a m d c g a n h a r seus b e b é s i q u e . d c c e r t a f o r m a , l e r ã o d c r e o r g a n i z a r suas v i d a s c o m a c h e g a d a d e a l g u é m
novo
na f a m í l i a . ( I I I I I I I I já l o i a b o r d a d o a n t e r i o r m e n t e , nesse m o m e n t o s u r g e m d ú v i d a s , n e c e s s i d a d e dc mudança d c papéis, reestruturações pessoais e f a m i l i a r e s , q u e p o d e m e s t a r s e n d o v i v i d o s i o i n ( c r i a ambivalência (alegria-tristeza). A l g u n s desenhos mostram-se i n f a n t i l i z a d o s e regredidos. A ausência d e base a p a r e c e e m m u i t o s d e s e n h o s , d e n o t a n d o i n s e g u r a n ç a . É interessante o b s e r v a r e m a l g u n s desenhos o s e n t i d o d c família s i m b o l i z a d o p e l o i i oqueiros e pelos peixes. 1 )<• t o d o s os d e s e n h o s d e figura h u m a n a e s t u d a d o s , a p e n a s e m u m deles a p a r e c e a l i g u i a m a s c u l i n a , o q u e p o d e d e m o n s t r a r a n ã o i d e n t i f i c a ç ã o c o m a figura f e m i n i n a c
q u a i M o
a
m a t e r n i d a d e p o d e ser u m a e x p e r i ê n c i a difícil p a r a esta p a c i e n t e , p o i s , q u a n d o se d e s e n h a a f i g u r a h u m a n a d o s e x o f e m i n i n o , é a c o m p r o v a ç ã o d a f e m i n i l i d a d e c o m a m a t e r n i t lai lc P a r a m u i t a s m u l h e r e s , isso é u m a d e s c o b e r t a , s e n t e m - s e m u l h e r e s q u a n d o são mães. N o d e s e n h o 6 , a p e r s p e c t i v a d a n o v a m a t e r n i d a d e se v ê c o n t a m i n a d a c o m 0 p r o i e d i i n c u t o d a l a q u e a d u r a t u b á r i a . A p a c i e n t e d e s e n h o u u m útero c o r t a d o q u a n d o s o l i i i t a d a B d e s e n h a r s o b r e seus s e n t i m e n t o s . A p a r e c e u m c o m p r o m e t i m e n t o i m p o r t a n t e n o d e s e n h o d e figura h u m a n a 7, c m que M I i g u r a s estão b a s t a n t e d i s t o r c i d a s e d e s p r o p o r c i o n a i s , m i s t u r a n d o - s e c o m a n i m a i s . D e n o t a - s e t a m b é m , nos d e s e n h o s 5 e 6, a d i f i c u l d a d e d e r e p r e s e n t a r s i m b o l i c a m e n t e os s e n t i m e n t o s , nos q u a i s as pacientes p r e c i s a v a m d a l i n g u a g e m e s c r i t a p a r a expressá-los.
Conclusão A p a r t i r d a r e a l i z a ç ã o d o p r e s e n t e t r a b a l h o , c o n c l u í m o s q u e a presença d o p s i c ó l o g o e m u m a u n i d a d e de G i n e c o l o g i a e Obstetrícia é de f u n d a m e n t a l importância. P r i m e i r a m e n t e p o r q u e e s t a é, p a r a m u i t a s p a c i e n t e s , a o p o r t u n i d a d e única d e s e e x p r e s s a r e m , f a l a r e m s o b r e seus t e m o r e s , r e c e i o s , d ú v i d a s , a n s i e d a d e s , f a n t a s i a s n o p e r í o d o de transição c a r a c t e r i z a d o p e l o puerpério. S e g u n d o , p e n s a m o s q u e este t r a b a l h o p o d e ser v i s t o c o m o p r e v e n t i v o , o u seja, p o r uma l i g a ç ã o m a i s saudável e n t r e m ã e e filho, q u a n d o se l u t a p o r u m a m a t e r n i d a d e m e l h o r .
87
I'\l< < l l o C j l . l I l()',|)jt,||,||
Pacientes Terminais:
K m t e r c e i r o l u g a r , a c r e d i t a m o s q u e a p u é r p e r a s c i i l c - s e m u i t a s vezes d e s p r o t e g i d a i d e s a c o m p a n h a d a p e r a n t e u m a relação f o r m a l c o m o m é d i c o , c o n t r i b u i n d o p a r a u m a f a l h l d a c o m u n i c a ç ã o e n t r e a m b o s , i n i b i n d o - a d e e x p r e s s a r c l a r a m e n t e suas d ú v i d a s .
Um Breve Esboço
K i m p o r t a n t e s a l i e n t a r q u e e m u m hospital g e r a l c o n g r c g a n i - s c profissionais d e divi I sas e s p e c i i d i d a d e s , b e n e f i c i a n d o o p a c i e n t e e m u m a t e n d i m e n t o m a i s g l o b a l e e f i c i e n t e i c o n t r i b u i n d o p a r a u m a t r o c a d e i n f o r m a ç õ e s s i g n i f i c a t i v a e n t r e p s i c ó l o g o e o u t r o s p n >li. Valdemar
s i o n a i s . A o m e s m o t e m p o , u m a e q u i p e d i s s o c i a d a p r e j u d i c a a q u a l i d a d e d o atendimento
Augusto
Angerami
-
Camon
D e d i c a d o a Regina D ' A q u i n o
P o d e m f a z e r p a r t e d e s t a r o t i n a d e a t e n d i m e n t o c a r ê n c i a d e n ú m e r o d e p r o f i s s i o n a i s , i li equipamentos e m e d i c a ç õ e s , t o r n a n d o o t r a b a l h o d o p s i c ó l o g o l i m i t a d o . Por o u t r o lado, e m a l g u n s m o m e n t o s médicos, enfermeiras e pacientes i m a g i n a m e \ v e m 0 p s i c ó l o g o c o m o " S a l v a d o r " , " u m m á g i c o " , c a p a z d e s o l u c i o n a r t o d o s os p r o b l e m a s . C a b e a o p s i c ó l o g o d e s m i s t i f i c a r essa f a n t a s i a , m o s t r a n d o - s e t a m b é m l i m i t a d o d i a n t e d e v á r i a s situações.
Introdução
E
ste t r a b a l h o f o i p u b l i c a d o e m m e u p r i m e i r o l i v r o . N a m e d i d a e m q u e essa p u b l i c a ç ã o
Referências B i b l i o g r á f i c a s
1
se e s g o t o u e s u a r e e d i ç ã o c a r e c e d e propósitos m a i s a t u a l i z a d o s , c u r v e i - m e à insistência
BOWLBY, J o h n . Cuidados
Maternos
e Saúde Mental.
BRAZELTON, T. Berry. O Desenvolvimento A r t e s M é d i c a s , 1988. DEUTSCH, H e l e n e . La Psicologia
do Apego:
de la Mujer.
São Paulo: M a r t i n s Fontes, 1981. Uma Família
em Formação.
c o m q u e m u i t o s c o l e g a s , r e i t e r a d a s vezes, p e d i r a m p o r u m a n o v a e d i ç ã o deste c a p í t u l o e m
Porto Alegre
p u b l i c a ç ã o específica d e P s i c o l o g i a H o s p i t a l a r . K , a s s i m , d e p o i s d e r e c u s a r n o v a p u b l i c a ção e m diversas revistas e anais especializados, ei-lo reescrito e m a n t i d o e m sua e s t r u t u r a
B u e n o s Aires: Losada S.A., 5. e d . , 1960.
básica, f a t o r i m p r e s c i n d í v e l p a r a q u e a essência n ã o fosse a l t e r a d a , isso s e m p r e s e g u n d o a
MELLO FILHO, J u l i o d e , et al. P s i c o s s o m á t i c a Hoje. Porto A l e g r e : A r t e s M é d i c a s , 1992. KLAUS, K e n n e l l . La Relation
Madre
M A L D O N A D O , Maria Teresa. Comunicação Vozes, 1988. . Psicologia
da Gravidez.
SOIFER, Raquel. Psicologia VIDELA, M i r t a . Maternidade,
ótica desses c o l e g a s .
- Hijo. B u e n o s A i r e s : Losada S.A., 5. e d . , 1960. entre Pais e Filhos-A
Linguagem
do Sentir.
c i e n t e t e r m i n a l , o d e f i n h a m e n t o c o r p ó r e o e suas implicações. N ã o h o u v e a intenção de c r i t i c a r
P e t r ó p o l i s : Vozes, 7. e d . , 1985.
da Gravidez,
Parto e Puerpério.
Mito y Realidad.
P o r t o A l e g r e : A r t e s M é d i c a s , 1980.
B u e n o s Aires: A . Pena Lillo, E d i t o r S.R.L, 1973.
WINNICOTT, D.W. Os B e b é s e suas M ã e s . C o l e ç ã o Psicologia e P e d a g o g i a . São Paulo: M a r t i n s Fontes, 1988.
E s t e t r a b a l h o é a p e n a s u m a t e n t a t i v a d e r e l a t o s o b r e u m a p r o b l e m á t i c a específica, o p a -
Petrópolis
os p o s t u l a d o s e x i s t e n t e s , t a m p o u c o d e c o m p a r á - l o s , a s s u m i - l o s o u refutá-los; s i m p l e s m e n t e •
h o u v e u m a t e n t a t i v a de q u e s t i o n a m e n t o d a p r o b l e m á t i c a d o d e f i n h a m e n t o c o r p ó r e o . A s s i m , t e n t o u - s e a e l a b o r a ç ã o d e u m t r a b a l h o e m q u e as p r i n c i p a i s p r o p o s i ç õ e s e c e l e u m a s e x i s t e n t e s n o seio d a s discussões teóricas s o b r e a p r o b l e m á t i c a d o p a c i e n t e t e r m i n a l fossem a r r o l a d a s . R e s t a a i n d a , p o r o u t r o l a d o , a c e r t e z a de q u e m u i t o s d a d o s p o d e r i a m ser a p r o f u n d a d o s e e x p l o r a d o s . I g u a l m e n t e o u t r o s
ficaram
omissos p o r não t e r e m sido
c o n s i d e r a d o s i m p o r t a n t e s o u até m e s m o necessários p a r a a e l a b o r a ç ã o deste t r a b a l h o .
1 - A n g e r a m i , V . A . Existencialismo
90
& Psicoterapia.
São Paulo: Traço, 1984.
r-,i< o i o c j i . i
I'.
iios|>jt.ii.it
seguramente, muito resta a ser dito e exploradt >. mas o
i m p o r t a n t e é o q u e s t i o n a n u ntti
Dessa m a n e i r a ,
e
ili.ne
ntos
loi minais
Ilin Itievo
I slioço
, pacientes p o r t a d o r e s dc doenças degenerativas
que,
e o d e s p e r t a r d e eonseiêneia s< i b r e l a t o s e c o i s a s n útil içadas, p r i i K i p a l m e n t e p e l a o m i s s A n
R i e s m o não s e e n c o n t r a n d o n o aspei t o t e r m i n a l d c suas v i d a s , n e m a p r e s e n t a n d o
s o c i a l c até m e s m o a c a d é m i c a . E l a t o , p o r é m , q u e a p a r t i r d o t r a b a l h o d c c o l e g a s q u i •
visíveis d e d e f i n h a m e n t o c o r p ó r e o , e i n c l u s i v e n ã o a p r e s e n t a n d o s i n a i s d e c o m p r o m e t i -
d e d i c a m i n t e r m i t e n t e m e n t e a o e s t u d o d a t e m á t i c a d a m o r t e ' , esse q u a d r o está c m p l e n o
m e n t o e m seu p r a g m a t i s m o , n ã o c o n s e g u e m v o l t a r às a t i v i d a d e s a n t e r i o r e s a o s u r g i m e n t o
processo de alteração, h a v e n d o c a d a vez m a i s l u g a r p a r a u m a compreensão m a i s h
e digna
d a s questões q u e e n v o l v e m
a
.ma
d a d o e n ç a . ( ) p r ó p r i o h o s p i t a l é c o n i v e n t e c o m essa d i s c r i m i n a ç ã o . R i b e i r o
6
sinais
coloca que o
h o s p i t a l a c a b a s e n d o u m a o f i c i n a , e o m é d i c o , seu p r i n c i p a l m e c â n i c o . C u m p r e a ele f a z e r
morte.
c o m q u e a m á q u i n a h o m e m r e t o r n e o m a i s d e p r e s s a possível à c i r c u l a ç ã o c o m o m e r c a d o -
i Problemática Social do Paciente Terminal
r i a a m b u l a n t e . I n t e r e s s a consertá-la, m a s i n t e r e s s a m e n o s e v i t a r q u e se q u e b r e . E l a t e m
3
q u e t e r , c o m o q u a l q u e r m á q u i n a , u m t e m p o útil, d u r a n t e o q u a l p r o d u z a m a i s e m e l h o r ; t o d a v i a , há o u t r o s h o m e n s - m á q u i n a s e n d o p r o d u z i d o s e q u e p r e c i s a m ser c o n s u m i d o s , e é b o m , p o r isso, q u e e l a v á a s s i m aos p o u c o s . . .
A) A Sociedade e o Paciente Terminal A o d e b r u ç a r m o - n o s s o b r e a t e m á t i c a d o s a s p e c t o s terapêuticos i n e r e n t e s a o p a c i e n t e tei
7
A p r e s e n ç a d a d o e n ç a d e g e n e r a t i v a f a z c o m q u e o p a c i e n t e seja d i s c r i m i n a d o e até
m i n a i , d e p a r a m o - n o s i n i c i a l m e n t e c o m as i m p l i c a ç õ e s e x i s t e n t e s n a s o c i e d a d e , b e m c
m e s m o r e j e i t a d o n a s situações m a i s d i v e r s a s , q u e p o d e m v a r i a r d e s d e situações f a m i l i a r e s
c o m o c o n t e x t o i n s t i t u c i o n a l h o s p i t a l a r q u e i n c i d e s o b r e ele. T o r r e s
até situações e m q u e se e x e r c e m a t i v i d a d e s p r o d u t i v a s . O p a c i e n t e p o r t a d o r d e d o e n ç a
4
afirma que a morte
é, n o século X X , o s u j e i t o a u s e n t e d o d i s c u r s o . E n t r e t a n t o , n o s ú l t i m o s 5 0 a n o s , o silén
degenerativa,
c i o c o m e ç a a ser r e m o v i d o n a s ciências h u m a n a s . H i s t o r i a d o r e s , a n t r o p ó l o g o s , b i ó l o g o
d c a l g u é m " d e s a c r e d i t a d o " s o c i a l m e n t e , seja e m t e r m o s d e c a p a c i d a d e p r o d u t i v a , seja
além d a d e b i l i d a d e orgânica inerente à própria doença, c a r r e g a o fardo
filósofos, p s i c ó l o g o s , p s i q u i a t r a s e p s i c a n a l i s t a s i n i c i a m c o m a u d á c i a u m a l u t a c o n t r a a
e m t e r m o s d a m i t i f i c a ç ã o d e q u e se r e v e s t e a p r o b l e m á t i c a d a d o e n ç a . E a i n s t i t u i ç ã o
m o r t e i n t e r d i t a , d e n u n c i a n d o as causas q u e l e v a r a m à n e g a ç ã o d a m o r t e e r e d e s c o b r i n d i >
h o s p i t a l a r surge n o b o j o das contradições sociais de e x i g i r produção c o m o sinónimo d o
a importância d o t e m a .
p r ó p r i o r e s t a b e l e c i m e n t o o r g â n i c o . S a ú d e - p r o d u ç ã o é u m b i n ó m i o invisível, q u e i n s e r e o
5
E m u m a s o c i e d a d e n a q u a l a pessoa é e s p o l i a d a e e x p l o r a d a m e r c a n t i l m e n t e , a p e r d a da
doente e m u m a condição de significação apenas e tão somente a p a r t i r de sua condição
c a p a c i d a d e p r o d u t i v a fará c o m q u e o " d e s a m p a r o s o c i a l " seja s e n t i d o c o m m a i s i n t e n s i d a d e ,
p r o d u t i v a . O u a i n d a , nas palavras de R i b e i r o :
A f a l t a d e p e r s p e c t i v a e x i s t e n c i a l t o r n a - s e o p r i m e i r o i n d í c i o d e d e s e s p e r o e m situações
p r e s e n t a a e m e r g ê n c i a d e interesses s u b m e r s o s d a p r o d u ç ã o i n d u s t r i a l e m saúde. O q u e
n a s q u a i s a p e r d a d a c a p a c i d a d e f u n c i o n a l t o r n a - s e i m i n e n t e . O t o t a l a b a n d o n o a q u e se
a p a r e c e , t o d a v i a , é o seu r e s u l t a d o m a i s b r i l h a n t e e s o c i a l m e n t e a c e i t o : o c u i d a d o c o m o
e n c o n t r a m e n t r e g u e s os inválidos d e m a n e i r a g e r a l l e v a o p a c i e n t e t e r m i n a l a d e s e s p e r a r - s e
e n f e r m o . S e m e m b a r g o , é b o m q u e a recuperação aconteça, m a s é melancólico saber q u e
d i a n t e d a r e a l i d a d e q u e se l h e a p r e s e n t a .
o u t r o s t a n t o s a d o e c i d o s d o s m e s m o s m a l e s e d e o u t r o s s o c i a l m e n t e p r o v o c a d o s e evitáveis
O q u a d r o d e g e n e r a t i v o faz de seu p o r t a d o r alguém s o c i a l m e n t e a l i j a d o d a c o m p e t i ç ã o a v i l t a n t e existente e m nosso m e i o s o c i a l , a l g u é m q u e irá m e r e c e r s e n t i m e n t o s de complacência.
8
" O h o s p i t a l , seja p ú b l i c o o u p r i v a d o , r e -
o c u p a r ã o os m e s m o s l e i t o s , r e p e t i n d o o suplício d e T â n t a l o , q u e a c a b a s e n d o a f u n ç ã o do hospital". E m u m a s o c i e d a d e q u e e s c r a v i z a o h o m e m , v a l o r i z a n d o os m e i o s d e p r o d u ç ã o e m d e t r i m e n t o d o s v a l o r e s d e d i g n i d a d e h u m a n a , a saúde p a s s a a ser a l g o v a l o r i z a d o
2 - Nesse sentido, gostaria de registrar o t r a b a l h o p i o n e i r o das colegas R e g i n a mais recentemente
D'Aquino e W i l m a C. Torres, e
q u a n d o está e m r i s c o a c a p a c i d a d e
apenas
f u n c i o n a l d o i n d i v í d u o . E s t e , c o m o ser b i o l ó g i c o e
d e M a r i a J u l i a K o v a c s e M a r i s a D e c a t d e M o u r a . E e m q u e pese o f a t o d e q u e a o citá-las
c o m e t o e n o r m e injustiça c o m o u t r o s t a n t o s p r o f i s s i o n a i s q u e i g u a l m e n t e t r a b a l h a m nessa m e s m a d i r e ç ã o , o
t a m b é m s o c i a l , v i v e essa i n t e r a ç ã o d e m a n e i r a t o t a l e c o n s e q u e n t e m e n t e
s o f r e e m níveis
d e t e r m i n i s m o , o a r r o j o e o p i o n e i r i s m o desses p r o f i s s i o n a i s t o r n a r a m a t e m á t i c a d a m o r t e p r e s e n t e d e m a n e i r a indissolúvel n a s lides a c a d é m i c a s e h o s p i t a l a r e s . 3 - E m nosso t r a b a l h o estamos f a z e n d o referência a o paciente t e r m i n a l p o r t a d o r d e doença 4 - T o r r e s , C . W . A R e d e s c o b e r t a d a M o r t e . In: A Psicologia
e a Morte,
R i o de Janeiro: Editora d a Fundação Getúlio Vargas, 1983. 5 - Ibid.
92
Op.
cit.
degenerativa.
Torres, C.W., Guedes G.W. e Torres
C R .
6 - R i b e i r o , P. H . O Hospital: 7 - Ibid.
Op.
cit.
8 - Ibid.
Op.
cit.
História
e Crise.
São Paulo: Cortez, 1993.
93
Psu olo(|i,i
Hosfiit.il.II
Pai iit u t u s
o r g a n í s m i c o s t o d a s as c o n t r a d i ç õ e s d a p r o b l e m á t i c a s o c i a l , d a (|tial l a /
parte
inen i m
e indissoluvelmente.
11o
lusive e m u n i a homenagem
específico q u e p r o v o c a v a
A d e m a i s , existe t o d a u m a propulsão social de negação d a m o r t e c o m o
fenómeno,
l
i
negação de f o r m a c o n s t r i t a cerceia t o d a e q u a l q u e r t e n t a t i v a de compreensão das implicações il.i m o r t e n o c o t i d i a n o das pessoas. T o r r e s ' a f i r m a q u e o m o r i b u n d o só t e m o status que lhe c coulei n 1.1 p e l o u n i v e r s o h o s p i t a l a r , isto é, u m status n e g a t i v o , o d e u m h o m e m q u e , p o r n ã o p o d e r
voltai
a
loiminais: U m Hmvii
I sboço
• A l mauer < i c h a r d I lansc, medico que descobriu o bacilo
doença , 0
câncer c e r t a m e n t e g a n h a r a o u t r a
denominação
q u a n d o for t o t a l m e n t e d o m i n a d o pela m e d i c i n a . ' ' ( ) p a c i e n t e t e r m i n a l está a f r o n t a n d o l o d o s os p r e c e i t o s d c n e g a ç ã o d a m o r t e . E c o m o se m o s t r a s s e a c a d a i n s t a n t e q u e a m o r t e , e m b o r a n e g a d a d e f o r m a irascívcl p e l a s o c i e d a d e , o a l g o existente e inevitável. K i i b l c r - R o s s ' salienta q u e a m o r t e é u m t e m a e v i t a d o , i g n o r a d o 1
à n o r m a l i d a d e f u n c i o n a l , e n c o n t r a - s e à espera. O m o r i b u n d o é a l g o q u e i n c o m o d a . U m a vei
p o r nossa s o c i e d a d e a d o r a d o r a d a j u v e n t u d e e o r i e n t a d a p a r a o p r o g r e s s o . E q u a s e c o
q u e a p r ó p r i a m o r t e é o c u l t a , m a s c a r a d a , e s v a z i a d a , e q u e s o b r e e l a se f i x a o c o n j u n t o de V I
se a considerássemos a p e n a s m a i s u m a e n f e r m i d a d e n o v a a ser d e b e l a d a . O l a l o , p o r e m , é
lores n e g a t i v o s d a s o c i e d a d e , a a g o n i a n ã o p o d e t e r status a u t ó n o m o . N ã o p o d e ser valorizai l l
q u e a m o r t e é i n e g á v e l . T o d o s nós m o r r e r e m o s u m d i a ; é a p e n a s u m a questão d c t c i n p i i. A
E p r e c i s o q u e e l a desapareça n a p a t o l o g i a , s u b m e r s a , p e r d i d a , irreconhecível. "
m o r t e , n a v e r d a d e , é t ã o p a r t e d a existência h u m a n a , d o s e u c r e s c i m e n t o e d e s e n v o l v i m e i r
1
T a m b é m é n o p a c i e n t e t e r m i n a l q u e t o d a sorte d e p r e c o n c e i t o s , i n d e p e n d e n t e m e n t e d l
t o , q u a n t o o n a s c i m e n t o . E u m a d a s p o u c a s coisas n a v i d a d c q u e t e m o s c e r t e z a . E l a n a u
p a t o l o g i a q u e possa a c o m e t ê - l o , e n c o n t r a - s e e n f e i x a d a e d i r e c i o n a d a p a r a a t i t u d e s q u e pro
é u m i n i m i g o a ser c o n q u i s t a d o n e m u m a p r i s ã o d e o n d e d e v e m o s e s c a p a r : e u m a pai le
p u l s i o n a m m u i t o m a i s a d o r d o t r a t a m e n t o em si p a r a aspectos p e r t i n e n t e s a tais preconceitOI
i n t e g r a l d e nossas v i d a s q u e r e a l ç a a existência h u m a n a . A m o r t e e s t a b e l e c e u m l i m i t e em
A s s i m , u m p a c i e n t e , a o ser r o t u l a d o c o m o aidético, p o r e x e m p l o , trará s o b r e si, a l é m d e
todo
o s o f r i m e n t o d e s u a d e b i l i d a d e o r g â n i c a , u m a série d e acusações s o b r e a m a n e i r a d i s t o r c i d a c o m o a s o c i e d a d e c o n c e b e s u a p a t o l o g i a . O m e s m o o c o r r e r á c o m o p a c i e n t e p o r t a d o r de
nosso t e m p o d e v i d a e n o s i m p e l e a f a z e r a l g o p r o d u t i v o nesse e s p a ç o d e t e m p o , e n q u a n t o dispusermos dele.
14
A s o m a d e t o d a a i n c o n g r u ê n c i a s o c i a l , os c o n f l i t o s d e v a l o r e s , d e e s t e i o d a d i g n i d a d i
câncer, o u a i n d a d e q u a l q u e r o u t r a d o e n ç a d e g e n e r a t i v a . O p r e c o n c e i t o f a z c o m q u e t o d a e
f a z e m c o m q u e o p a c i e n t e t e r m i n a l seja d e p o s i t á r i o d e u m a série d e i n c e r t e z a s q u e n ã o
q u a l q u e r p a t o l o g i a a s s o c i a d a d i r e t a m e n t e à i d e i a d e m o r t e seja c o n s i d e r a d a i n f e c t o c o n t a g i i i s a
c u l m i n a r t o r n a n d o - o alguém v i t i m a d o não apenas p o r u m a d e t e r m i n a d a
e seus p o r t a d o r e s , pessoas q u e n e c e s s i t a m ser a l i j a d a s d o c o n v í v i o s o c i a l . E v i d ê n c i a disso c
m a s , e p r i n c i p a l m e n t e , p o r t o d a u m a i n c o m p r e e n s ã o d e s u a r e a l situação. Humanizai ai
a p r ó p r i a d e n o m i n a ç ã o d a s doenças e m u m a c o n f i g u r a ç ã o d i r e t a c o m a i d e i a d a d e s t r u t i v i -
c o n d i ç õ e s d e v i d a d o p a c i e n t e t e r m i n a l é, a c i m a d e t u d o , b u s c a r u m a c o n g r u ê n c i a
d a d e . O t e r m o câncer, c o m o m e r a c i t a ç ã o , f o i a s s o c i a d o à d o e n ç a p e l a semelhança desta a< >
e m t o d o o seio d a s o c i e d a d e , h a r m o n i z a n d o a v i d a e a m o r t e d e m a n e i r a
patologia em ll maioi
indissolúvel.
c a r a n g u e j o ( n o B r a s i l , q u a n d o se p r o n u n c i a a p a l a v r a câncer, n ã o se associa d e i m e d i a t o â
S o m e n t e a s s i m p o d e r e m o s a s s e g u r a r aos nossos d e s c e n d e n t e s a c o n d i ç ã o d e m o r t e e \a
figura
d i g n a s . A m o r t e p r e c i s a ser v i s t a c o m o u m p r o c e s s o n o q u a l a e s p e r a n ç a se f u n d e C
d o crustáceo, t a l q u a l o c o r r e n a E u r o p a , o n d e essa definição teve l u g a r ) .
11
A s s i m , o " c â n c e r " a p r i s i o n a sua vítima t a l q u a l o crustáceo q u e l h e e m p r e s t a o n o m e até a m o r t e . E m b o r a o p r o g r e s s o d a M e d i c i n a seja n o t ó r i o n a á r e a d e o n c o l o g i a , h a v e n d i >
uma
p e r s p e c t i v a e x i s t e n c i a l s e m exclusão d e q u a l q u e r u m a d a s p o s s i b i l i d a d e s d a existência. O
m o r r e r é p a r t e i n e r e n t e d a c o n d i ç ã o h u m a n a e o a p o i o a a l g u é m q u e se encontra
i n c l u s i v e casos e m q u e é possível u m a a t u a ç ã o b a s t a n t e e f i c a z q u a n d o d e seu d e s c o b r i m e n t o
n o l e i t o m o r t u á r i o é, a n t e s d e t u d o , o r e c o n h e c i m e n t o d a n o s s a p r ó p r i a
p r e c o c e , a i n d a a s s i m é d i f í c i l n ã o se v e r n o " c â n c e r " u m a e n f e r m i d a d e
c o n d i ç ã o d e seres m o r t a i s e, p o r t a n t o , passíveis d a s m e s m a s v i v ê n c i a s e o c o r r ê n c i a s d o
imediatamente
associada a o espectro d a m o r t e . E , d a m e s m a f o r m a c o m o o c o r r e c o m o u t r a s doenças que
finitude.
D a n< >ssa
paciente t e r m i n a l . ' 1
i g u a l m e n t e e s t i r p a v a m e c e i f a v a m m u i t a s v i d a s h u m a n a s - u m e x e m p l o disso é a l e p r a : tão l o g o p a s s o u a ser d o m i n a d a p e l a m e d i c i n a , t e v e s u a d e s i g n a ç ã o m u d a d a p a r a hanseníase, 12 -Ibid.
Op. cit.
13 - K u b l e r - R o s s , E . Morte, 1 4 - Ibid. 9 - Psicologia 10 -Ibid.
e a Morte.
Op. cit.
15 - É c o m o
Op. cit.
94
A Atuação
Finalda
Evolução.
R i o de J a n e i r o : R e c o r d , 1975.
se h o u v e s s e
u m a necessidade
p r e m e n t e d e a m o r t e d e i x a r d e ser temática m e r e c e d o r a
apenas c tão somente de religiosos. E interessante observar-se
11 - A n g e r a m i , V . A . e M e l e t i , R . M . A A t u a ç ã o d o P s i c ó l o g o J u n t o a P a c i e n t e s Hospitalar.
Estágio
Op. cit.
do Psicólogo
no Contexto
Hospitalar.
São Paulo: Traço, 1984.
Mastectomizadas.
In:
Psicologia
de M e d i c i n a e Psicologia
de atenção
nesse s e n t i d o q u e a m a i o r i a d a s f a c u l d a d e !
sequer t e m espaço e m suas estruturações p r o g r a m á t i c a s p a r a a discussão
dessa
t e m á t i c a . A s s i m , esse p r o f i s s i o n a l , a o d e i x a r a s l i d e s a c a d é m i c a s e i n g r e s s a r e m u m a a t i v i d a d e e s p e c i f i c a n a
95
Psicologia
l'a< i o n t o s
Hospitalar
B) O Staff
O p a c i e n t e t e r m i n a l é u m ser h u m a n o q u e está v i v e n d o u m e m a r a n h a d o d c e m o ç õ e s i | i n i n c l u e m ansiedade, luta pela sua d i g n i d a d e e c o n f o r t o , a l e m dc u m a c e n t u a d o l e i
|in
se r e l a c i o n a c o m s e u t e m p o d e v i d a , l i m i t a d o , f i n i t o . M a u k s c h " ' a f i r m a q u e , n a s o c i e d a d l t e c n o l ó g i c a m o d e r n a , m o r r e r é a l g o q u e a c o n t e c e n o h o s p i t a l . M a s os
e enfermeiras,
de seus m é d i c o s
e o C o n t e x t o Hospitalar Diante d o Paciento Terminal
lentir
U m Hiovo
I slioço
q u e d e v e r i a ser g r a t o p e l o s c u i d a d o s q u e r e i ebe
dessas " p e s s o a s m a r a v i l h o s a s , " A interação e q u i p e - p a c i e n t e
g i r a t a m b é m c m t o r n o d e incessantes c o n f l i t o s entre a
l u l a d o p a c i e n t e a g o n i z a n t e c a e q u i p e d o h o s p i t a l desejosa d e d e s i g n a r c e r t o s papéis a o p a c i e n t e , q u e envolvem i n c l u s i v e s u a c o m p l e t a d e s p e r s o n a l i z a ç ã o e i s o l a m e n t o . ( ) p a c i e n t e
hospitais sào
tuições e f i c i e n t e s e d e s p e r s o n a l i z a d a s , o n d e é m u i t o difícil v i v e r c o m d i g n i d a d e
deve
Iluminais
não ha
e m a r g i n a l i z a d o , passando a c a r r e g a r o estigma de m o r i b u n d o , alguém desprovido dc
t e m p o n e m l u g a r , d e n t r o d a r o t i n a , p a r a c o n v i v e r c o m as n e c e s s i d a d e s d o s e n f e r m o s . ( >.
s e n t i d o e x i s t e n c i a l . D e i x a d c ser u m a pessoa e passa a ser u m leito a m a i s n o h o s p i t a l
h o s p i t a i s são instituições c o m p r o m e t i d a s c o m o p r o c e s s o d e c u r a , e os p a c i e n t e s à n u il tl
S u a existência g a n h a s i g n i f i c a ç ã o n a d o e n ç a e o t o d o e x i s t e n c i a l passa a ser a p e n a s c i ã o
são u m a a m e a ç a a essa f u n ç ã o p r e c í p u a . O s p r o f i s s i o n a i s t ê m p e r s p e c t i v a s e r o t i n a s I
s o m e n t e a d o e n ç a e suas i m p l i c a ç õ e s .
c u m p r i r : eles s i m p l e s m e n t e n a d a t ê m a v e r c o m os d o e n t e s e os q u e estão p a r a
m o r r e i
< »
E e v i d e n t e q u e as reações d o p a c i e n t e a essa d e s p e r s o n a l i z a ç ã o e
m o r r e r é u m a a m e a ç a às funções desses p r o f i s s i o n a i s e c r i a s e n t i m e n t o s d e i m p r o p r i e d a d e ,
m u i t o , d e p e n d e n d o d e c a d a história,
i n c o m p a t í v e i s c o m suas funções d e f i n i d a s - d e pessoas q u e e f e t i v a m e n t e p o d e m l i d a r ci n u
diferenças.
d o e n ç a s . N ã o há l u g a r n a s funções p r e s c r i t a s desses p r o f i s s i o n a i s p a r a q u e se
comportem
c o m o seres h u m a n o s n o a t e n d i m e n t o a seus p a c i e n t e s q u e se e n c o n t r a m à m o r t e .
p a r t e . Essa p a r t i c i p a ç ã o m u i t o v a i i n f l u i r n o e s t a d o desse p a c i e n t e , d e t e r m i n a n d o
Eé
ficando
isolamento
fazem
inclusive
os a s p e c t o s d e rejeição o u a c e i t a ç ã o d o t r a t a m e n t o , e até m e s m o d a p r ó p r i a d o e n ç a . Q u a n d o u m p a c i e n t e é a d m i t i d o n o h o s p i t a l , a e q u i p e d e l i n e i a a c h a m a d a "trajetória
irão
difícil p a r a o staff h o s p i t a l a r l i d a i i
consenso, inclusive, n o m e i o hospitalar, q u e o paciente
variai I l l
considerado
m i e
q u a d o " é a q u e l e q u e a c e i t a d e m o d o i n q u e s t i o n á v e l o t r a t a m e n t o e as n o r m a s impOltai p e l a e q u i p e h o s p i t a l a r . A q u e l e o u t r o p a c i e n t e , q u e se r e b e l a c o n t r a o
1 7
Esse p a c i e n t e v i v e u m m o m e n t o d o q u a l seus f a m i l i a r e s e o j(o//Tiospitalar t a m b é m
21
tratamento e, muitai
vezes, i n c l u s i v e , a c e i t a até m e s m o a i d e i a d e r e s i g n a r - s e e a m o r t e d e
maneira plena, trai
s o b r e si t o d a a i r a d a instituição h o s p i t a l a r .
não poderá
O staff h o s p i t a l a r a c r e d i t a q u e , n ã o o f e r e c e n d o a c u r a a o p a c i e n t e ,
lh(
o f e r e c e r , n a d a m a i s . T e m e q u e o p a c i e n t e o u a f a m í l i a v e n h a m a p e n s a r n a hipóteit d .
transi endl
h o s p i t a l a r " . Essa trajetória se d á p o r m e i o d e e n c a m i n h a m e n t o s r e a l i z a d o s p e l o p r o n l o -
f r a c a s s o . A instituição h o s p i t a l a r e x i s t e p a r a c u r a r , n ã o a d m i t i n d o n a d a q u e
- s o c o r r o o u a i n d a p o r i n t e r m é d i o d e d i a g n ó s t i c o s r e a l i z a d o s fora d o h o s p i t a l . U m a vez
esses p r i n c í p i o s . A m e d i c i n a é d e f i n i d a c o m o a a r t e d e m a n t e r a c e s a a
h o s p i t a l i z a d o , o p a c i e n t e é e n c a m i n h a d o p a r a o setor específico de t r a t a m e n t o , o n d e , a
t o r n a n d o - s e inadmissível a c e i t a r o c o n t a t o c o m a l g o t ã o terrível e q u e p o n h a c m 1 1 o
p a r t i r d e i n t e r v e n ç õ e s necessárias - c i r u r g i a s , t r a t a m e n t o s m e d i c a m e n t o s o s ,
esses p r i n c í p i o s .
infiltrações
e t c . - , são d e l i m i t a d o s os i t e n s d e s u a p e r m a n ê n c i a e m u m d e t e r m i n a d o setor." Essa t r a j e 1
chama
d a
\a
O í/a//lrospitalar, r e v e s t i d o desses p r i n c í p i o s , vê-se e n t ã o n a r e s p o n s a b i l i d a d e d c • u i d a i
tória, d e u m a f o r m a g e r a l , a l é m d o d i a g n ó s t i c o , c o n s i s t e até m e s m o n a s e x p e c t a t i v a s dessa
d o p a c i e n t e e d e s u a d o e n ç a d e m a n e i r a infalível. O c u i d a r d o p a c i e n t e p r o v o c a m
e q u i p e p e r a n t e esse p a c i e n t e . A s v a r i a ç õ e s dessa trajetória i r ã o i n f l u i r n o c o m p o r t a m e n t o
nesse p r o f i s s i o n a l n a m e d i d a e m q u e n ã o t e n h a l i d a d o o u e l a b o r a d o seus
d a e q u i p e , h a v e n d o s e m p r e a p o s s i b i l i d a d e d o s u r g i m e n t o d e inúmeras contradições na
o n i p o t ê n c i a , q u e n a m a i o r i a d a s vezes n ã o são m a n i f e s t o s , e m b o r a s e j a m d e t e r m i n a n t e s
interação e q u i p e - p a c i e n t e . M a u k s c h " ressalta q u e o p a c i e n t e deve sentir-se
d a m a i o r i a d o s p r o c e d i m e n t o s a s s u m i d o s p o r esses p r o f i s s i o n a i s .
1
dependente
tensão
sentimentos de
Q u a n d o isso o c o r r e , esse p r o f i s s i o n a l t e n t a p r o t e g e r - s e c o n t r a o r i s c o d a f a l h a profiss i o n a l - a m o r t e . A s s i m , n ã o será d a d a a m e n o r i m p o r t â n c i a p a r a a q u i l o q u e o p a c i e n t e q u a l a m o r t e s u r j a c o m o p o s s i b i l i d a d e r e a l , terá d e a d q u i r i r as c o n d i ç õ e s necessárias p a r a t a l a b o r d a g e m d c
d e m o n s t r a : m e d o , f a n t a s i a s e a n s i e d a d e s e m r e l a ç ã o a o seu t e m p o d e v i d a .
m a n e i r a i n t u i t i v a , e m u i t a s vezes sequer t e m condições e m o c i o n a i s p a r a t a l . É fato q u e a m o r t e s e m p r e é u m a vivência única, pessoal e intransferível, e q u e os s e n t i m e n t o s d i a n t e d e s u a ocorrência são i g u a l m e n t e p e c u l i a r e s
Esse p r o l i s s i o n . i l
r e a g i r á d e f e n s i v a m e n t e a esses s e n t i m e n t o s p r e s e n t e s n a r e l a ç ã o : a c e r t e z a l a t e n t e de n ã o
a c a d a indivíduo, m a s a ausência t o t a l d e u m a discussão s i s t e m a t i z a d a s o b r e a m o r t e e suas implicações na e x i s t ê n c i a h u m a n a é, n o m í n i m o , u m t o t a l a c i n t e a essas f o r m a ç õ e s a c a d é m i c a s . 16 - M a u k s c h , O . H . O C o n t e x t o O r g a n i z a c i o n a l d o M o r r e r . In: Morte, 17 - Ibid.
18 - A n g e r a m i , V . A . ^ 4 Psicologia 1 9 - 0 Contexto
96
Estágio
Final
da Evolução.
Op. cit.
Op. cit.
Organizacional
no Hospital.
do Morrer.
São Paulo: Traço, 1984.
Op. cit.
2 0 - Ibid.
Op. cit.
2 1 - O c o n c e i t o d e d e s p e r s o n a l i z a ç ã o é m a i s b e m a b o r d a d o n o c a p í t u l o 1, " O P s i c ó l o g o n o H o s p i t a l " .
Psicologia Hospitalar
Pai l e n t e s
p o d e r s a l v a r a v i d a d o p a c i e n t e . ( ) c u i d a r d o p a c i e n t e c o n s t a n t e m e n t e o u m e s m o a presi ti ça deste será u m p r e n ú n c i o d a i m p o t ê n c i a desse p r o f i s s i o n a l , o (|tic, s e g u r a m e n t e ,
poderá
p r o v o c a r desejos n e b u l o s o s e p o u c o p r e c i s o s d e q u e o p a c i e n t e m o r r a , l i n d a n d o a s s i m .1
pi ia.
Em
alguns C a s o s
essa
Iei minais
U m llieve I slxiçn
necessidade s«ibrcpòc-sc inclusive à necessidade
terapêutica
da
medicamentosa. E necessário
q u e
c a d a
profissional envolvido
nessa
problemática
t o m e
i.i
consciêiK
l o n g a a g o n i a desse r e l a c i o n a m e n t o . M a u k s c h ' " a f i r m a que o p a c i e n t e h o s p i t a l i z a d o i a m
d c s u a atuação c o m e s s e t i p o d e paciente, pois de n a d a adiantará u m a real sensibilidade
b é m p r o c u r a d e s c o b r i r q u a i s são as r e c o m p e n s a s e as p u n i ç õ e s p a r a o c o m p o r t a m e n t o til I
na c o m u n i d a d e d a v e r d a d e i r a c d e s o l a d o r a
1
problemática da doença degenerativa, s i -
h o s p i t a l . E n t r e t a n t o , é m a i s d i f í c i l p a r a o p a c i e n t e d e s c o b r i r isso p o r q u e as r e g r a s nà< > s . n .
n o a m b i e n t e h o s p i t a l a r esse p a c i e n t e c o n t i n u a r a s o f r e r t o d a a i n t e n s i d a d e d a r e j e i ç ã o
c l a r a s , v a r i a m as d e f i n i ç õ e s e n ã o e x i s t e c o m u n i d a d e i n f o r m a l d e p a c i e n t e s . Esse c l i m a d e
s o c i a l d e q u e se r e v e s t e a p r o b l e m á t i c a . '
27
A t e m á t i c a d a m o r t e p r e c i s a ser inclttíd;
d e p e n d ê n c i a a n t e o p e s s o a l d a instituição e s g o t a n o p a c i e n t e o senso d e i n d i v i d u a l i d a d e .
r e f e r e n c i a l d a s questões e x i s t e n c i a i s . O u a i n d a n a s p a l a v r a s d e K u b l e r - R o s s : ' " " m o r r e r é
d e v a l o r h u m a n o . E m t a l a m b i e n t e é possível a p r e s e n t a r u m d e m e u s ó r g ã o s p a r a c o n s e r t a
p a r t e i n t e g r a l d a v i d a , tão n a t u r a l e previsível c o m o nascer. M a s e n q u a n t o o n a s c i m e n t o
p o r é m é m u i t o m a i s difícil e n c a r a r o f a t o d e q u e e s t o u m o r r e n d o . '
é m o t i v o de c o m e m o r a ç ã o , a m o r t e t r a n s f o r m a - s e e m u m terrível e inexprimível
2
P o r o u t r o l a d o , q u a n d o o p a c i e n t e deseja m o r r e r , n ã o s u p o r t a n d o m a i s
fisicamente,
esse
p r o f i s s i o n a l i n c o n f o r m a d o i n t e n s i f i c a o t r a t a m e n t o e i r r i t a - s e q u a n d o ele se r e c u s a a a l g u m a m u d a n ç a t e r a p ê u t i c a , p o i s essa r e c u s a s i g n i f i c a , d e m a n e i r a m u i t o c l a r a , q u e o
paciente
está a p e n a s e tão s o m e n t e m a n i f e s t a n d o o d e s e j o d e r e n d i ç ã o , o q u e e m ú l t i m a
instância
s i g n i f i c a desejar o "alívio de m o r r e r " . K u b l e r - R o s s
2 4
c o l o c a q u e esses p a c i e n t e s r e p r e s e m a 111
a s s u n t o
a ser e v i t a d o d e t o d a s as m a n e i r a s n a s o c i e d a d e m o d e r n a . T a l v e z p o r q u e ela n o s r e l e m b r a n o s s a v u l n e r a b i l i d a d e h u m a n a , a p e s a r d e t o d o s os a v a n ç o s retardá-la, m a s não p o d e m o s escapar
tecnológicos,
Podemos
dela".
Alguns Dados Relacionados com a Vivência do Paciente Terminal
u m f r a c a s s o d a instituição n o seu p a p e l d e a p o i o à v i d a , e n ã o há n a d a nesse s i s t e m a q u e s u p r a a c a r ê n c i a d o espírito h u m a n o q u a n d o o c o r p o n e c e s s i t a d e c u i d a d o s . '
O psicólogo h a b i t u a d o a t r a b a l h a r aspectos e esquemas c o r p o r a i s
2 :
D e o u t r a f o r m a , assume o p a p e l de esclarecedor,
i n f o r m a n d o o paciente sobre o que
certamente d
I
l i m i a r d a verbalização, t e n d o c o m o c e r n e de sua atuação o e x p r e s s i o n i s m o gestual, i a p a , -
enfatizai
r e a l m e n t e está a c o n t e c e n d o , n ã o n o s e n t i d o d e d a r - l h e o d i a g n ó s t i c o d a d o e n ç a , ' m a s
de e x p r i m i r t o d a e q u a l q u e r espécie de s e n t i m e n t o s . P o r o u t r o l a d o , ao
e s c l a r e c e n d o d a d o s s o b r e a i n t e r n a ç ã o h o s p i t a l a r , b e m c o m o o e s t i g m a q u e e n v o l v e esses
comunicação não v e r b a l , estamos abertos e m u m a dimensão m u i t o m a i s
a s p e c t o s , e o q u e é m a i s i m p o r t a n t e , d e i x a d e v e r n o p a c i e n t e u m a e n f e r m i d a d e q u e eslá
v a r i a d o s s e n t i m e n t o s , q u e , n a m a i o r i a d a s v e z e s , n ã o são passíveis d c v e r b a l i z a ç ã o .
p o n d o e m r i s c o s u a eficácia p r o f i s s i o n a l .
s e n t i m e n t o s são inefáveis, e, p o r t a n t o , c o m u n i c a d o s a p e n a s e tão s o m e n t e p e l o
21
M u i t a s v e z e s o p a c i e n t e e m s o f r i m e n t o d e s a l e n t a d o r está n e c e s s i t a n d o d e a p o i o e x i s t e n c i a l , p a l a v r a , c o n f o r t o , e n f i m , de sentir-se u m a pessoa c o m significação e x i s t e n c i a l pró-
o
intensa
R10I •<
aos
mal»
M u i t o s
expressio-
nismo corporal. N a relação terapêutica c o m o p a c i e n t e t e r m i n a l , o c o n t a t o e a dimensão d o express i o n i s m o c o r p o r a l e x i s t e m , i n c l u s i v e , não apenas c o m o opção de atuação, mas também c o m o a l t e r n a t i v a ao d e f i n h a m e n t o corpóreo progressivo d o paciente, que m u i t a s
2 2 - 0 Contexto
Organizacional
IZ-Ibid.
Op.cit.
2 4 - Morte,
Estágio
2 5 -Ibid.
Op.cit.
Final
do Morrer.
da Evolução.
Op.
Op.
vezes,
inclusive, o i m p e d e de manifestar-se v e r b a l m e n t e . Dessa m a n e i r a , v a m o s e n c o n t r a r a l g u n s
cit.
pacientes que, e m certos m o m e n t o s , e m consequência d o d e f i n h a m e n t o corpóreo c m
cit.
q u e se e n c o n t r a m , a l é m d a d o r e d o t o r p o r p r o v o c a d o p e l o t r a t a m e n t o
2(i - C r e m o s e r r a d a a a t i t u d e m é d i c a , c o m u m e n t e e m p r e g a d a , de n e g a r a i n f o r m a ç ã o a o p a c i e n t e s o b r e seu próprii i s i n t o m a e e l e g e n d o a f a m í l i a c o m o t e n d o c o n d i ç õ e s e m o c i o n a i s p a r a r e c e b e r essa i n f o r m a ç ã o .
T a l prática,
medicamentoso
a q u e são s u b m e t i d o s , n ã o c o n s e g u e m e x p r e s s a r - s e d e o u t r a f o r m a a n ã o ser p e l o a l a g a i
c o m u m n o m e i o m é d i c o , r e f l e t e a f a l t a d e u m a a t i t u d e c r i t e r i o s a s o b r e as c o n d i ç õ e s e m o c i o n a i s d o p a c i e n t e . Sc u m d a d o paciente, p o r e x e m p l o , não possui condições e m o c i o n a i s p a r a receber o i m p a c t o de u m a informação s o b r e o d i a g n ó s t i c o d e u m possível câncer, n a d a p o d e n o s a s s e g u r a r q u e os f a m i l i a r e s p o s s u e m t a l c o n d i ç ã o . Essa a t i t u d e médica revela, e m última instância, u m a p o s t u r a e m q u e o profissional recusa-se ao e n f r e n t a m e n t o das condições e m o c i o n a i s d o p a c i e n t e d i a n t e d o diagnóstico.
T o r n a - s e , a s s i m , c ó m o d o d e i x a r p a r a os
f a m i l i a r e s esta r e s p o n s a b i l i d a d e e m q u e pese, n a m a i o r i a das vezes, a fusão dos s e n t i m e n t o s e m o c i o n a i s s o b r e e s t e d i a g n ó s t i c o . A Psicologia
98
no Hospital.
Op.
cit.
2 7 - É i m p o r t a n t e r e s s a l t a r - s e q u e , a o se f a z e r r e f e r ê n c i a à c o m u n i d a d e c o m o a b r a n g ê n c i a d e t o d a u m a r e f l e x ã o s o l i i r a r e a l i d a d e d o p a c i e n t e t e r m i n a l , e s t a m o s f a z e n d o r e f e r ê n c i a à t o t a l i d a d e d o t e c i d o s o c i a l , aí i n c l u i n d o - I G d e s d i a q u e l e s s e g m e n t o s m a i s d i s t a n t e s d a p r o b l e m á t i c a e m s i , até a q u e l e s q u e d i r e t a m e n t e l i d a m c o m a temátii . i . 2 8 - Morte,
Estágio
Final
da Evolução.
Op.
cit.
99
Psicologia
Pai
Hospitalar
H•!111••. I c o n i n a i ' ,
Um
llieve I
'.IH.I,..
pelo olhai'. ( ) o l h a r angustiado e suplicante
O o l h a r , d e n t r e as f o r m a s d e e x p r e i t i o n i s m o s d o s s e n t i m e n t o s , é, s e g u r a m e n t e , a m a i s
dc u m paciente t e r m i n a l possui a imensidão da d o r c d o desespero presentes n o e x i s i n
a b r a n g e n t e e m t e r m o s de d i m e n s i o n a m e n t o a b s o l u t o , a i n d a q u e t e n h a e m si a presença da
h u m a n o . M e s m o e m situações n a s q u a i s o p a c i e n t e c o n s e g u e e x p r e s s a r - s c v e r b a l m e n t e , o
pró] i r i a subjetividãde In i m a n a . I l m o l h a r d c d o r m o s t r a o sol r i m e n t o d e u m a m a n e i r a q u e
r e l a t o s e m p r e v e m a c o m p a n h a d o d c u m f o r t e e x p r e s s i o n i s m o c o r p o r a l . C o m o ilustração,
as p a l a v r a s s e q u e r p o d e m c o n c e b e r . I I m o l h a r d e desejo d e s n u d a m u i t o a l é m d c q u a l q u c i
temos o caso de N . G . L . , casado, 36 anos, e m estado b a s t a n t e avançado de
o u t r a f o r m a d e insinuação. U m o l h a r m e i g o t r a n s m i t e u m a d o ç u r a p e r c e p t í v e l c inegável
dc mãos, ou pela comunicarão estabelecida
definhamento
c o r p ó r e o . N . G . L . , após r e f e r i r - s e a situações d e s u a v i d a , r e l a t a : "... e r a p r e f e r í v e l m o r r e i a t e r q u e v i v e r d e f o r m a t ã o d e g r a d a n t e , a b s u r d a . A s pessoas n ã o m e o l h a m , m i n h a m u
U m o l h a r de ó d i o f u l m i n a m a i s q u e 0 p u n h a l m a i s c o r t a n t e . A v i v ê n c i a c o m o p a c i e n t e t e r m i n a l t r a z m u i t o p r e s e n t e o o l h a r , seja t a l v e z p o r ser o
l h e r repete a c a d a instante que eu estou p o d r e e que precisa t r a t a r d a documentação do
m a i s p u r o d o s e x p r e s s i o n i s m o s , seja a i n d a p o r c o n s e g u i r t r a n s m i t i r os v e r d a d e i r o s s e n t i -
i n v e n t á r i o . A t é m e u s f i l h o s , q u e são a r a z ã o d o m e u v i v e r , a g o r a m e e v i t a m ; e u a c h o q u e ,
mentos daquele m o m e n t o desesperador.
além de t u d o , a i n d a d e v e m s e n t i r v e r g o n h a d o estado d o p a i . . . é horrível, seria m e l h o r
o u t r a s f o r m a s d e e x p r e s s i o n i s m o p e r d e s s e m o s e n t i d o e até m e s m o sua c o n d i ç ã o na essêni ia
m o r r e r e a c a b a r l o g o c o m isso t u d o . . . . e u n ã o a g u e n t o m a i s (sic)". E m s e g u i d a , c h o r a u n i
h u m a n a . E x e m p l o dessa c i t a ç ã o é o c a s o d e M . C . C . , 6 4 a n o s , c o m p r o m e t i d a p< n mctáslase
c h o r o c o m p u l s i v o , t o t a l m e n t e i n c o n t r o l a d o . A o m a n i f e s t a r - s e nesse c o m o v e n t e
óssea, o q u e a d e i x a v a t o t a l m e n t e t r a n s t o r n a d a n ã o a p e n a s p e l a d o r c o m o p e l a c o n d i ç ã o d c
depoi-
E d i a n t e dessa m a n i f e s t a ç ã o d o o l h a r , <• c o m o se
m e n t o , N . G . L . m o s t r a gestos d e d e s e s p e r o , a p e r t a n d o as m ã o s d e t a l f o r m a q u e p a r e c e
i m o b i l i s m o . D e p o i s d e v á r i o s a t e n d i m e n t o s , e p o r c a u s a d e seu d e f i n h a m e n t o
t e r a i n t e n ç ã o d e destruí-las. C o n c o m i t a n t e m e n t e , l e v a as m ã o s até o r o s t o , p r o c u r a n d o
M . C . C , p r a t i c a m e n t e n ã o se e x p r e s s a v a v e r b a l m e n t e . A s s i m , o a t e n d i m e n t o e r a t o t a l
e s c o n d e r - s e , p a r e c e n d o e v i t a r t o d o e q u a l q u e r c o n t a t o , l e m b r a n d o através d e seus gestos
d i r e c i o n a d o p a r a o u t r a f o r m a d e expressão. D u r a n t e esse p e r í o d o , tão l o g o a c u m p r i m e n t a v a
a rejeição d o s filhos e d a m u l h e r .
e m seu l e i t o , c o l o c a v a m i n h a m ã o d i r e i t a s o b r e a s u a m ã o e s q u e r d a , gesto q u e fazia I
Por o u t r o lado, a vivência c o m o paciente t e r m i n a l possui sempre presente o
espectro
progressivo, t(
que M . C . C , respondesse i m e d i a t a m e n t e c o l o c a n d o sua m ã o d i r e i t a sobre a m i n h a . I . assim
d a m o r t e , a i n d a q u e ele n ã o m a n i f e s t e v e r b a l m e n t e essa presença. O p r ó p r i o d e f i n h a m e n t i i
ficávamos
c o r p ó r e o é u m i n d í c i o m a r c a n t e e v e r d a d e i r o d a m o r t e e m i n e n t e m e n t e p r e s e n t e n a relação,
o d e s e s p e r o d e q u e m t e n t a v a d e t o d a s as m a n e i r a s c o n t i n u a r v i v e n d o o u a i n d a l i b e r t a i I I
o q u e , p o r si só, e s t a b e l e c e u m a v i b r a ç ã o e n e r g é t i c a n o s e n t i d o físico d o t e r m o , e q u e t r a n s -
d a q u e l a situação d e s o f r i m e n t o . E m n o s s o ú l t i m o e n c o n t r o e s t a v a n o v a m e n t e c o m
c e n d e o l i m i a r d a r a z ã o e, p o r t a n t o , d a n ã o r a z ã o , e q u e c a r a c t e r i z a r á a p r ó p r i a r e l a ç ã o .
m ã o d i r e i t a e n t r e suas m ã o s q u a n d o p e r c e b i u m b r i l h o e m seu o l h a r até e n t ã o ( l e s e m i h e i Ido
E x i s t e m casos e m q u e a r e l a ç ã o i n i c i a - s e d e s d e a i n t e r n a ç ã o d o p a c i e n t e n o h o s p i t a l ,
Olhei
a l g u m t e m p o : suas m ã o s s e g u r a n d o m i n h a m ã o d i r e i t a e o o l h a r t r a n s i m i nu lo t o d o
fixamente
ha
p a r a esse o l h a r t e n t a n d o d e c i f r a r o s i g n i f i c a d o d a q u e l e e s t r a n h o b i i l l u i I
q u a n d o esse a i n d a n ã o a p r e s e n t a s i n a i s visíveis d e c o m p r o m e t i m e n t o o r g â n i c o . Nesses c a -
assim passaram-se alguns segundos, instante eterno d'alma. E m seguida coloquei a m i n h a
sos, é possível p e r c e b e r t o d o o p r o c e s s o c o r p ó r e o , suas i m p l i c a ç õ e s e c o n s e q u ê n c i a s . E x i s t e
m ã o esquerda j u n t o daquelas mãos. E então constatei: M . C . C , h a v i a m o r r i d o naquela
d u r a n t e esse p r o c e s s o a c e r t e z a d e q u e t o d a a r e l a ç ã o q u e t e r m i n a l e v a c o n s i g o u m p e d a ç o
ç ã o d e s e g u n d o s . A m i n h a m ã o e s q u e r d a c o n s t a t o u q u e a v i b r a ç ã o energética d a s o u i i . e .
m u i t o g r a n d e d a v i d a d a s pessoas e n v o l v i d a s nessa r e l a ç ã o . A s s i m , e l e v a n d o - s e e m c o n t a
m ã o s se m i s t u r a v a c o m o a r d o r d a m o r t e . A q u e l e b r i l h o e s t r a n h o e m seu o l h a r era o b r i l h o
q u e a r e l a ç ã o c e r t a m e n t e t e r m i n a r á c o m a m o r t e d e u m a d a s pessoas e n v o l v i d a s n e l a , a
d a m o r t e . M . C . C , m o r r e u s e g u r a n d o m i n h a m ã o t e n t a n d o agarrar-se à v i d a . M o s t r o u no
p r o x i m i d a d e d o m o r r e r é s e n t i d a d e f o r m a m u i t o i n t e n s a , c o m o se fosse a l g o q u e d e i x a s s e
b r i l h o d o o l h a r as luzes d o m o r r e r . T e n t o u e m v ã o s u p l i c a r p o r m a i s a l g u n s i n s t a n t e s d i -
u m l e v e a r o m a n o e s p a ç o e q u e fosse p e r c e p t í v e l a p e n a s n a v i v ê n c i a d o e n v o l v i m e n t o dessa
v i d a . M o r r e u e seu o l h a r t r a n s m i t i u t o d a a i m e n s i d ã o d o m o m e n t o .
frl
r e l a ç ã o ; a l g o indescritível p e l a r a z ã o , a l g o s e n t i d o a p e n a s n a v i v ê n c i a e n a e m o ç ã o e x a l a d a s
A r e l a ç ã o c o m o p a c i e n t e t e r m i n a l t e m d e ser e n t e n d i d a e a b o r d a d a d e f o r m a p r ó p r i a ,
dessa r e l a ç ã o . O e x a u r i r d a m o r t e t r a z à t o n a o p r o c e s s o , b e m c o m o t o d a s as fases p e l a s
a l é m d a s i m p l i c a ç õ e s i n e r e n t e s a o f a t o d e o a t e n d i m e n t o ser r e a l i z a d o a o l a d o d o l e i t o , na
q u a i s t a l p r o c e s s o se d e s e n v o l v e u , m o s t r a n d o a i r r e v e r s i b i l i d a d e d o t e m p o e d o e s p a ç o
" c a m a m o r t u á r i a " d o p a c i e n t e , o u seja, n o l u g a r o n d e o p a c i e n t e se v ê d e f i n h a n d o , o n d e
n a s coisas q u e se d e i x a r a m p o r f a z e r , o u q u e f o r a m p r e t e r i d a s o u p o s t e r g a d a s p a r a o u t r o
sofre a i n t e n s i d a d e d a d o r c a u s a d a p e l a d o e n ç a . T e m o s a i n d a o u t r a s v a r i á v e i s q u e i n c i d e m
m o m e n t o . A s r a z õ e s d o e x i s t i r e a p r ó p r i a r a z ã o s o f r e m c o n s t a n t e s revisões, t r a n s c e n d e n d o
sobre o paciente, c o m o o c u i d a d o m e d i c a m e n t o s o , a d o r progressiva que a n i q u i l a ioda
m u i t a s vezes até o l i m i a r d a existência.
e q u a l q u e r resistência o r g â n i c a , b e m c o m o as i m p l i c a ç õ e s e m o c i o n a i s d o
100
definhamento
101
Ta. i m i t e s I l u m i n a i s : U m Umvii I s l . o . , . .
Psicologia Hospitalar
c o r p ó r e o . E a r e l a ç ã o d e v e a i n d a ser e n t e n d i d a c o m o específica a r e a l i d a d e n a <|iial se
q u e experienciava. A e q u i p e d e s.iiide como u m l o d o mostrava-se i n d i g n a d a diante d o
e n c o n t r a i n s e r i d a , n ã o p o d e n d o ser t r a n s p o r t a d a p a r a o u t r o s p a r â m e t r o s q u e n ã o a q u i I.
d e p o i m e n t o d e F . A . L . , p i a t i i a m e i i l e i o n s i i I c r a i li > e m u n í s s o n o c o m o a b s u r d o .
q u e d e t e r m i n a m essa f o r m a d e a t u a ç ã o .
depoimento representava o total • lesprezo p e l o s avanços d a m e d i c i n a e u m a t o t a l entrega
Aquele
A v i v ê n c i a c o m o p a c i e n t e t e r m i n a l e x i g e d o t e r a p e u t a q u e este t e n h a m u i t o c l a n i e d l
a o d e s c a n s o d a m o r t e . A s u a l e m a i d a d e d e i x a v a a l o d o s m u i t o m a i s p e r p l e x o s , c o m o se a
f o r m a a s s u m i d a d e t e r m i n a d o s q u e s t i o n a m e n t o s e v a l o r e s e m r e l a ç ã o à m o r t e e a o ato dl
a c e i t a ç ã o d a m o r t e lõsse p e r t i n e n t e a o s m a i s v e l h o s . M u i t a s reuniões c discussão d e c a s o
m o r r e r , o q u e n ã o s i g n i f i c a d i z e r q u e esse p r o f i s s i o n a l t e n h a d e ser t o t a l m e n t e insensívi I
e n t r e a e q u i p e a p e n a s d e m o n s t r a v a m c o m u m a c l a r e z a c a d a v e z m a i s nítida q u e E A . L ,
à m o r t e . Esse t i p o d e e x i g ê n c i a , g u a r d a d a s as d e v i d a s p r o p o r ç õ e s , s e r i a c o m o i m p o r q u e
r e i usava-se a c o n t i n u a r c e r c a d o d e t o d o aquele a p a r a t o s e m ter, no e n t a n t o , a p r o x i m i d a d e
u m g i n e c o l o g i s t a não m a i s t e n h a s e n s i b i l i d a d e d i a n t e d a genitália f e m i n i n a , o u então q u e
d a família. E A . L . recusava-se a c o n t i n u a r a q u e l e corolário de s o f r i m e n t o s e m o s t r a v a - s e
a existência h u m a n a e m c o n t a t o d i r e t o c o m a m o r t e n ã o c h o r e u m c h o r o p r o f u n d o c d o
i n d i g n a d o d i a n t e d a r e c u s a d a e q u i p e d e saúde e m a c e i t a r o seu d e s e j o . ( ) s n o s s o s COntatOl
l o r o s o q u a n d o c o i s a s se v ã o e d e i x a m d e e x i s t i r n a f o r m a e n a essência h u m a n a s . O e x i s i n
c s t r e i t a r a m - s e e s e r v i a m c a d a v e z c o m m a i s i n t e n s i d a d e p a r a que ele mostrasse quanto
h u m a n o é ú n i c o e finito, e c o m o t a l d e v e ser v i v e n c i a d o e s e n t i d o . A d i m e n s ã o d o infinito e
desejava
d o i r r e a l t o r n a - s e m u i t a s vezes i n a t i n g í v e l d i a n t e d o s a s p e c t o s a b s u r d a m e n t e r e a i s t r a z i d o s
c a n t o d o i n t e r i o r d c M i n a s G e r a i s (sic)". E r a d i f í c i l p a r a ele a c e i t a r qualquer contraponto
pelo sofrimento d o d e f i n h a m e n t o corpóreo.
q u e n ã o fosse a s u a transferência p a r a p e r t o d a f a m í l i a . A r g u m e n t a v a , i n c l u s i v e , s o b r e as
P o r o u t r o l a d o , n a q u e l e s casos e m q u e o p a c i e n t e m a n i f e s t a o d e s e j o d e m o r r e r , i r e m i 11
o b t e r o d i r e i t o d e m o r r e r a o l a d o d e seus f a m i l i a r e s , "naquele pedacinho de
d i f i c u l d a d e s d a m ã e e m v i s i t á - l o , t a n t o p e l a d i s t â n c i a e m si c o m o pelo custo finam eira
e n c o n t r a r n u a n c e s t ã o específicas n a s q u a i s o e x p r e s s i o n i s m o se m i s t u r a às c o n t r a d i ç õ e s
d e t a i s v i a g e n s . E A . L . t o c a v a v i o l ã o a n t e s d a h o s p i t a l i z a ç ã o e esse d e t a l h e l
inerentes a o processo e m si.
o n o s s o r e l a c i o n a m e n t o se e s t r e i t a s s e a i n d a m a i s , e m v i r t u d e t a m b é m d a m i n h a i n t e n s a
É m u i t o d i f í c i l , e m t e r m o s g e r a i s , a a c e i t a ç ã o d a i d e i a d e q u e m u i t a s vezes se necessita
pi<
l i g a ç ã o c o m a música. V á r i o s d e nossos e n c o n t r o s f o r a m p e r m e a d o s a p e n a s e t . i o somenti
m o r r e r , d a m e s m a f o r m a q u e e m o u t r o s m o m e n t o s n e c e s s i t a m o s d o r m i r , r e p o u s a r . Nesse
p e l a música. E l e a c o n t a r q u a n t o q u e r i a t e r e s t u d a d o música d e m a n e i r a mais profunda
c a s o , o p r o f i s s i o n a l se a f l i g e c o m a i d e i a d e n ã o p o d e r c o m p e t i r c o m a c o r r i d a invencível
e u a c o n t a r d o s t e m p o s e m q u e m i n h a a t i v i d a d e p r i n c i p a l e r a d e musicista envolvid
d o t e m p o , t e n d o c o m o fracasso tangível a i m p o s s i b i l i d a d e d e c u r a d o p a c i e n t e , p o i s , de
c o n c e r t o s e recitais. Estabelecemos u m vínculo m u i t o forte, n o q u a l , além da compreensão
f o r m a g e r a l , p o s s u i o s e n t i m e n t o d e n ã o e s t a r e f e t i v a n d o os p r i n c í p i o s d a m e d i c i n a q u e
d e seu d e s e j o d e m o r r e r , t í n h a m o s t a m b é m a música c o m o p o n t o d e u n i ã o e âfinidadi
e n v o l v e m a p r e s e r v a ç ã o d a v i d a . C o m o ilustração, c i t o o c a s o d e F . A . L . , 16 a n o s , e t a m b é m
A e q u i p e d e s a ú d e , d e p o i s d e m u i t a s discussões,
finalmente
i
r e s o l v e u liberai I A I
a c o m e t i d o d e metástase óssea. O s nossos e n c o n t r o s i n i c i a i s se d e r a m q u a n d o E A . L . a i n d a
p a r a q u e ele v o l t a s s e p a r a j u n t o d e seus f a m i l i a r e s e m M a r i a n a , f o r a m t o m a d a s i o d a . a .
estava h o s p i t a l i z a d o e m São P a u l o . E após várias t e n t a t i v a s de t r a t a m e n t o - i n c l u i n d i i
p r o v i d ê n c i a s - d e s d e a m b u l â n c i a s p a r a l o c o m o ç ã o até d e t a l h a m e n t o d o s cuidados p a i a
desde c i r u r g i a s p r e v i a m e n t e m a r c a d a s e p o s t e r i o r m e n t e d e s m a r c a d a s d e v i d o a especi-
q u e a p r e s c r i ç ã o m e d i c a m e n t o s a fosse s e g u i d a - p a r a q u e E A . L . p u d e s s e e n t ã o v o h . u p . u a
ficidade
e r a possível p e r c e b e i
o seu c a n t o c e r c a d o d o s c u i d a d o s m í n i m o s necessários p a r a s u a n o v a fase d e v i d a . Após
q u e E A . L . n ã o t i n h a m a i s d i s p o s i ç ã o p a r a c o n t i n u a r r e s i s t i n d o às i n t e m p é r i e s d a d o e n ç a .
essa d e c i s ã o , e r a i m p r e s s i o n a n t e o s e n t i m e n t o d e f r a c a s s o e s t a m p a d o na face de l o d o s o s
E l e n e g l i g e n c i a v a t o d a s as a l t e r n a t i v a s d e t r a t a m e n t o q u e d e p e n d i a m d e s u a c o l a b o r a ç ã o .
m e m b r o s d a e q u i p e d e saúde. E m c a d a n a r r a t i v a , e m c a d a gesto, e m c a d a e x p l i c a ç ã o , < i i l i i n .
M o s t r a v a - s e e x a u r i d o d e t a n t o s o f r i m e n t o , fosse p e l a d o e n ç a e m s i , fosse a i n d a p e l a d o r
e m q u a l q u e r d e t a l h a d a m e n t o e m q u e o c a s o e r a e x p o s t o , o p r i m e i r o q u e se evidenciava
q u e o c o n s u m i a . E a p e s a r d e t o d o s os esforços d a e q u i p e d e saúde e m d e m o v ê - l o dessa
e r a a sensação d e f r a c a s s o p e l a d e l i b e r a ç ã o d e E A . L .
d o c a s o até t r a t a m e n t o m e d i c a m e n t o s o e r a d i o t e r á p i c o -
a t i t u d e , os r e s u l t a d o s e r a m p r a t i c a m e n t e n u l o s .
N o último e n c o n t r o que tivemos e m São Paulo, E A . L . c h o r o u m u i t o ao relatar a alegria
O seu d e f i n h a m e n t o e r a perceptível e a u m e n t a v a c o m a m e s m a i n t e n s i d a d e q u e a d o r
d e p o d e r v o l t a r p a r a o s e u c a n t o . N e s s a o c a s i ã o , e u disse a ele q u e e m a l g u m a s semanas
q u e o d o m i n a v a . S u a m a i o r r e i v i n d i c a ç ã o p a s s o u a ser v o l t a r p a r a M a r i a n a , s u a c i d a d e ,
estaria e m O u r o Preto, cidade próxima à dele, p a r a r e a l i z a r u m t r a b a l h o c o m u m g r u p o
e a l i p e r m a n e c e r c o m sua família. Q u e r i a descanso, trégua de t o d o aquele a p a r a t o t e c n o -
de colegas d e B e l o H o r i z o n t e . Disse a i n d a q u e n a t e r c e i r a n o i t e d e m i n h a estada n a q u e l a
lógico que apenas t r a z i a desconforto e q u e efetivamente não a l i v i a v a a d o r e o sofrimento
c i d a d e r e a l i z a r i a u m r e c i t a l d e música p a r a o g r u p o , a l é m d e a l g u n s c o n v i d a d o s . E A . L .
102
103
I'
Psicologia Hospitalar
iitns
Iluminais: l l m llnivu I slioço
e n t u s i a s m o u - s e d e i m e d i a t o e p e r g u n t o u s e e l e t a m b é m p o d e r i a assistir a e s s e r e c i t a l . I ) i . m i e
felicidade
d a m i n h a a n u ê n c i a ele f i c o u m u i t o f e l i z c e x u l t a n t e , c l i a m a n d o - m c a a t e n ç ã o o c u i d a d o
n o i t e I r i a o l h a v a p a r a 0 céu e s t r e l a d i i c o m o l u a r e s t a m p a n d o a d e l i c a d e z a d a N a t u r e z a e m
q u e teve p a r a situar-se e s p a c i a l m e n t e e m relação a o l u g a r o n d e faríamos o n o s s o r e t i r o
e s p l e n d o r . N a q u e l a n o i l e m i o c o n s e g u i d o r m i r c o m t r a n q u i l i d a d e . I I m a turbulência i n t e r i o r
p r o f i s s i o n a l . E e m b o r a fosse u m l u g a r d c difícil acesso, s i t u a d o n a s c e r c a n i a s d e O u r o P r e t o
m u i t o g l a n d e p r e j u d i c o u - m c o s o n o . A i m a g e m d e E A . L . e r a presença c o n s t a n t e n o m e u
f o i - l h e fácil o e n t e n d i m e n t o t a n t o p e l o i n t e r e s s e d e m o n s t r a d o c o m o p e l o
i m a g i n á r i o . N o i n i c i o d a m a n h ã , c o m os p r i m e i r o s r a i o s d e S o l c o l o r i n d o a m a d r u g a d a ,
conhecimento
que t i n h a d a região.
i.u,ual . i sua v i d a . P u , n o e n l , m i o , eslava i s o l a d o , s e n t a d o n a v a r a n d a . E n a q u e l a
fui a Pelo H o r i z o n t e , o n d e a p a n h a r i a o avião q u e m e t r a r i a a São Paulo. N o a e r o p o r t o ,
D e s p e d i m o - n o s e a sensação p r i m e i r a q u e m e i n v a d i u e r a q u e a q u e l e e n c o n t r o t a l v e i
u m a força i m p e r i o s a m e fez l i g a r p a r a o b t e r notícias d e E A . L . E o f a m i l i a r q u e m e a t e n d e u
fosse a ú l t i m a v e z q u e n o s v í a m o s . A d o r d a d e s p e d i d a e s t r a n g u l a v a n o p e i t o , e s q u e c e m I . .
a o t e l e f o n e , aos p r a n t o s , n a r r o u q u e n a q u e l a n o i t e ele d o r m i u c o m o f a z i a h a b i t u a l m e n t e ,
t o d a s as circunstâncias q u e d e t e r m i n a v a m o s e u a f a s t a m e n t o .
mas h a v i a a m a n h e c i d o m o r t o . H a v i a m o r r i d o e m p a z , talvez a i n d a sob o s o m d a q u e l a s u a
N a sequência f u i p a r a O u r o P r e t o , c o m o e s t a v a p r e v i s t o . E n a n o i t e d o r e c i t a l , n o i t e
m e l o d i a . C u s t o a c r e r q u e esse c a s o seja r e a l . T e n h o a sensação d e q u e se t r a t a d c u m a
fria, c o m o luar envolvendo a cidade de f o r m a magistral, enquanto conversava c o m a l g u m
criação d a m i n h a a l m a e m u m m o m e n t o de psicotização c o m a p r o p r i a realidade. A n u m
a m i g o s n o s m i n u t o s q u e p r e c e d i a m o i n í c i o d a música, f u i a v i s a d o d e q u e h a v i a u m grupe >
m e p a r e c e , m u i t a s vezes, impossível t e r v i v i d o esse e n r e d o d e fatos e a c o n t e c i m e n t o s . ( > q u e
d e pessoas q u e r e n d o m e d i r i g i r a p a l a v r a . Q u a n d o f u i a o e n c o n t r o desse g r u p o d e p a r e i c o m
m e t r a z a i n d a u m p o u c o p a r a a r e a l i d a d e é p o d e r e x e c u t a r essa p e ç a m u s i c a l e m e l e m b r a i
E A . L . e seus f a m i l i a r e s . U m a c e n a e m o c i o n a n t e : os f a m i l i a r e s p r o v i d e n c i a r a m u m a c a d e i r a
d e E A . L . , d e f i n i n d o - a c o m o a c a l a n t o p a r a se m o r r e r e m p a z .
d e r o d a s p a r a t r a n s p o r t á - l o , p o i s e m q u e p e s e a distância d a s d u a s c i d a d e s ser p e q u e n a , o
O s e n t i m e n t o de a b a n d o n o q u e e x p e r i m e n t a m o s q u a n d o m o r r e u m paciente que
ateu
seu e s t a d o d e saúde i n s p i r a v a b a s t a n t e c u i d a d o . M a s lá e s t a v a ele e n v o l v i d o e m u m c o b e r t o r
d e m o s é d e s o l a d o r . E s o m a d o a o f a t o d e e s t a r m o s a l q u e b r a d o s c o m a d o r d a p e r d a em l i ,
d e lã x a d r e z , c o m o q u e a m o s t r a r q u e , a p e s a r d e t o d a s as d i f i c u l d a d e s , lá e s t a v a ele ansios. >
temos a i n d a u m a família q u e a g u a r d a ansiosa p o r a l g u m a f o r m a dc c o n f o r t o e a m p a r o I
p a r a m e v e r e m e o u v i r . N ã o h o u v e c o m o c o n t e r as l á g r i m a s , e r a m u i t o p r a z e r o s o v ê - l o
a sensação q u e m u i t a s vezes m e i n v a d e é a d e q u e o p a c i e n t e , após a m o r t e , é q u e m
n o v a m e n t e . E m s e g u i d a ele se a c o m o d o u n a s a l a o n d e se r e a l i z o u o r e c i t a l e a l i p e r m a n e c e u
a c u i d a r d e nós, c o m as coisas d e i x a d a s e e n s i n a d a s d u r a n t e o p e r í o d o d e c o n v i v e m la
paill
até o fim, o r a a p l a u d i n d o , o r a s o r r i n d o , o r a c o m p e n e t r a n d o - s e n a p r o f u n d a i n t r o s p e c ç ã o
O c o n t a t o c o m o paciente t e r m i n a l questiona, de m a n e i r a p r o f u n d a e c r u c i a l , m u i t o .
d a música. T e r m i n a d a a a u d i ç ã o , E A . L . a g r a d e c e u d e m o d o c o m o v e n t e p e l a " a l e g r i a e
v a l o r e s d a essência h u m a n a . T u d o p a s s a a ser q u e s t i o n a d o p o r o u t r a ótica, e m u i t a s I o i i a i
p a z (sic)", e p e d i u - m e q u e fosse visitá-lo e m s u a casa a n t e s d e r e t o r n a r a S ã o P a u l o . E a s s i m
t i d a s c o m o v e r d a d e i r a s e a b s o l u t a s p a s s a m a ser c o n s i d e r a d a s s e m a m e n o r i m p o r t a m i a ;
o c o r r e u . N a t a r d e d o d i a s e g u i n t e e s t á v a m o s n o v a m e n t e j u n t o s , a g o r a e m s u a c a s a . E ele
e outros fenómenos, tidos c o m o m u i t o p o u c o significativos, t o r n a m - s e
p e d i u e n t ã o q u e e u tocasse u m a p e ç a d e q u e h a v i a g o s t a d o m u i t o . I n c o n t á v e i s vezes r e p e t i
significativos, o c u p a n d o de f o r m a g l o b a l i z a n t e o sentido existencial, de t a l f o r m a que l í
a q u e l a p e ç a . E m d a d o m o m e n t o ele f a l o u q u e a q u e l a música e r a m a r a v i l h o s a , r e p o u s a n t e ,
t r a n s f o r m a m n a essência e n o s e n t i d o d a p r ó p r i a v i d a . O m a i s s i g n i f i c a t i v o nessa v i v e m ia
i d e a l c o m o a c a l a n t o p a r a " d o r m i r e até m e s m o m o r r e r e m p a z (sic)". E r a d i l a c e r a n t e o u v i r a q u e l e d e p o i m e n t o d e b u s c a d e a l í v i o n a m o r t e , sensação q u e se t o r n a v a a i n d a m a i s cáustica d i a n t e d a constatação de q u e o d e p o e n t e , e m b o r a adolescente n a i d a d e , a i n d a m a n t i n h a n o c o r a ç ã o a p u r e z a e a i n o c ê n c i a d e u m a c r i a n ç a . E r a m a i s u m a v e z a presença d a d i f i c u l d a d e d e aceitação d o " a l í v i o d a m o r t e " , e r a a constatação d e q u e aceitá-lo n o desejo d e m o r r e r e r a a l g o i n c o n c e b í v e l , m e s m o p a r a pessoas q u e t e o r i c a m e n t e até a c e i t a v a m t a l p o s i c i o n a m e n t o . M a s ele e r a b a s t a n t e d e t e r m i n a d o e r e s s a l t a v a após c a d a e x e c u ç ã o q u e a q u e l a música e r a a c a l a n t o p a r a se m o r r e r e m p a z . N o i n í c i o d a n o i t e v o l t e i a O u r o P r e t o , d e p o i s d e u m a c o m o v e n t e d e s p e d i d a . E após o j a n t a r fiquei i s o l a d o d o g r u p o d e c o l e g a s q u e se d i v e r t i a m u i t o , a festejar a ú l t i m a n o i t e e m q u e e s t á v a m o s r e u n i d o s n a q u e l e e s p a ç o . S u a s a l g a z a r r a s e a l e g r i a s d e m o n s t r a v a m q u e n a q u e l e m o m e n t o n a d a m a i s q u e r i a m d a v i d a a n ã o ser u m a
104
verdadeiramente
é a constatação de q u e o p a c i e n t e t e r m i n a l nos e n s i n a u m a n o v a f o r m a de v i d a , u m a nova m a n e i r a d e e n c a r a r as v i c i s s i t u d e s q u e p e r m e i a m a existência, u m a f o r m a d e v i v ê n c i a m a i s autêntica, n a q u a l os v a l o r e s d e c i d i d a m e n t e s e j a m p r e s e r v a d o s e m d e t r i m e n t o d c a s p e c t o s m e r a m e n t e a p a r e n t e s , q u e , n a m a i o r i a d a s vezes, p e r m e i a m as r e l a ç õ e s i n t e r p e s s o a i s . A v i d a g a n h a n o v o s i g n i f i c a d o a o se p e r c e b e r a a m p l i t u d e d a i m p o r t â n c i a d e c a d a segundo, de c a d a encontro, d o Sol r o m p e n d o a n e b l i n a e m u m a manhã dc outono, da f l o r a d a d o i p ê - r o x o e d a suinã n o i n v e r n o , d a e m o ç ã o d o a m o r c o n t i d a e m u m b e i j o c c m u m afagar de mãos. É c o m o se tivéssemos d e c o n v i v e r e s t r e i t a m e n t e c o m a m o r t e p a r a r e s s i g n i l i c a r a p r ó p r i a v i d a , p a r a r e s s i g n i f i c a r c a d a d e t a l h e d a existência. A m o r t e t o r n a - s e u m p r o c e s s o
105
Psicologia
I lospit.il.ir
v i t a l , determinante dc u m encontro com a plenitude, com a transcendência do amoi e do transbordar da paixão de simplesmente viver. Simplesmente sorrir diante do encantamento;
b \E •*
Learning
sorrir diante do belo. D e simplesmente chorar quando a emoção assim o determinar; r h o i .11 diante da d o r o u a i n d a diante de situações de alegria. D e simplesmente saber que a vida l u m a emoção contínua e que transborda prazer de f o r m a intermitente. E necessário u m novo sentimento de ardor para se sorver o deleite de paz propiciado
vivência na que o amealhar de fortunas; u m a ni liti
p o r essa nova m a n e i r a de apreensão da realidade. Por essa nova m a n e i r a de qual o sorriso de u m a criança será mais i m p o r t a n t e
Outras Obras Sobre o Tema
de t r a n q u i l i d a d e estreitando-se nos braços u m corpo querido e amado terá significado m calculável e imensurável; a doçura de u m a noite de verão seja a concretude da existência E o b r i l h o de u m doce e meigo o l h a r seja a razão de toda a eternidade.
Valdemar A u g u s t o A n g e r a m i - G a m o n
(Org.)
K a Psicologia E n t r o u no Hospital... E s t e l i v r o m o s t r a o t r a b a l h o d o p s i c ó l o g o n o h o s p i t a l , b u s c a n d o a h u m a n i z a ç ã o d o p a c i e n t e .• .1 0 impreensão dos aspectos e m o c i o n a i s , presentes n o processo de adoecer. E u m a das m a i s b r i l h a n t e
Referências B i b l i o g r á f i c a s
d e s c r i ç õ e s d e c o m o a P s i c o l o g i a se i n s e r i u n o c o n t e x t o h o s p i t a l a r . E s t a o b r a e s t á n a v a n g u a r d a d . i s
ANGERAMI, V.A. Existencialismo • (org.) Psicologia
& Psicoterapia.
Hospitalar.
A Atuação
t e m á t i c a s c o n t e m p o r â n e a s , a p r e s e n t a n d o u m a d a s m a i s n o t á v e i s performances
São Paulo: Traço, 1984. do Psicólogo
no Contexto
Hospitalar.
São Paulo
Traço, 1984. . A Psicologia
Valdemar A u g u s t o A n g e r a m i - C a m o n
RIBEIRO, H.P. O Hospital:
Estágio
Final da Evolução.
Rio de Janeiro: Record, 1975.
e a Morte.
O Doente, a Psicologia e o Hospital 9* e d i ç ã o a t u a l i z a d a
História e Crise. São Paulo: Cortez, 1993.
TORRES, C.W.; GUEDES, G.W.; TORRES, CR. A Psicologia Getúlio Vargas, 1983.
(Org.),
1 leloisa Benevides de C a r v a l h o C h i a t t o n e & Edela A p a r e c i d a N i c o l e t t i
no Hospital. São Paulo: Traço, 1988.
KUBLER-ROSS, E. Morte,
d a Psicologia.
Rio de Janeiro: Fundação
T r a t a - s e d e o b r a indispensável a t o d o s q u e d i r e t a o u i n d i r e t a m e n t e t r a b a l h a m n a área d a saúde. N e l a , os a u t o r e s e s c r e v e m s o b r e o t r a b a l h o q u e d e s e n v o l v e m e m h o s p i t a i s d a c i d a d e d e S ã o P a u l o , l e v a n d o , desse m o d o , a u m a reflexão p o r m e n o r i z a d a s o b r e a o c o r r ê n c i a d e a l g u m a s
patologias
e suas i m p l i c a ç õ e s e m o c i o n a i s . A s temáticas apresentadas - A I D S , câncer, violência c o n t r a a m u l h e r e a criança, a l c o o l i s m o e urgência e m p r o n t o - s o c o r r o - são acrescidas d e u m a r e t o m a d a d a s consequências e sequelas
emocionais
que d e r i v a m não apenas de suaocorrência c o m o também de suaperspectiva de t r a t a m e n t o .
Valdemar Augusto Angerami
Camon
(Org.)
Novos R u m o s n a Psicologia d a Saúde A p s i c o l o g i a d a saúde é o n o v o c a m i n h o d e t o d o s os q u e b u s c a m i n s t r u m e n t a l i z a rs u a prática profissional n a área d e Saúde M e n t a l . Este l i v r o traz novos r u m o s n o c a m p o d a Psicologia d a S a ú d e , a p r e s e n t a n d o o q u e e x i s t e d e v a n g u a r d a n a área. P r o f i s s i o n a i s d e t o d a s as áreas d a saúde terão n e s t a o b r a u m i n s t r u m e n t o s e g u r o d e c o n s u l t a p a r a n o r t e a r s u a prática nesse c a m p o . O b r a i n d i s p e n s á v e l a t o d o s q u e , d e a l g u m a m a n e i r a , se i n t e r e s s a m p e l o s a v a n ç o s e c o n q u i s t a s e f e t i v a d o s p e l a n o v a força d a saúde m e n t a l : a P s i c o l o g i a d a Saúde.
106
Valdemar Augusto Angerami
Camon
(Org.)
Psicossomática e a Psicologia d a D o r D i r i g i d a a estudantes, professores
e p r o f i s s i o n a i s d o setor d e saúde, a o b r a reúne sete t e x t o s ,
de vários a u t o r e s , q u e e n f o c a m os d i v e r s o s aspectos d o processo auxiliar o leitor a compreender
dc somatização. O objetivo é
os p r o b l e m a s q u e p o d e m ser a p r e s e n t a d o s pelos p a c i e n t e s q u e
s o f r e m de d o r crónica e suas sequelas e m o c i o n a i s . O s a r t i g o s são d e José C a r l o s Elizabeth Ranier M a r t i n s do Valle, M a r i l d a Oliveira Coelho,
Riechelmann,
E r i k a Nazaré Sasdelli,
Eunice
M o r e i r a Fernandes M i r a n d a , Gildo Angelotti, Roseli Lopes d a Rocha, c o m organização professor
do
Camon.
Valdemar Augusto Angerami - Camon Psicologia da
(Org.)
Saúde
U m N o v o S i g n i f i c a d o p a r a a Prática Clínica D i r i g i d o a estudantes dos cursos de g r a d u a ç ã o e pós-graduação e m p s i c o l o g i a clínica e aos p r o f i s s i o n a i s d a á r e a , o l i v r o r e ú n e seis t e x t o s q u e b u s c a m s i s t e m a t i z a r u m a n o v a f o r m a
de
c o m p r e e n s ã o d a prática clínica n a área d a saúde. O s a u t o r e s são p r o f i s s i o n a i s d o s e t o r d e P s i c o l o g i a d a S a ú d e q u e t e n t a m c r i a r u m a c o n f i g u r a ç ã o teórica e m relação à m a n e i r a de a b o r d a r a doença e o doente
Valdemar Augusto Angerami - Camon
hoje.
(Org.)
A Ética n a Saúde T r a t a r d o t e m a Ética é s e m p r e u m a missão tão i m p o r t a n t e q u a n t o polémica. I m p o r t a n t e p o r ser c o m p o n e n t e f u n d a m e n t a l d e u m a s o c i e d a d e o r g a n i z a d a q u e t e n c i o n a b u s c a r e a p r i m o r a r o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o , a p e r f e i ç o a n d o o r e l a c i o n a m e n t o e n t r e as p e s s o a s e c r i a n d o p a r â m e t r o s de c o n d u t a . Polémica p o r estar a n c o r a d a n o juízo pessoal, e m códigos de c o n d u t a próprios o u m e s m o e m códigos impressos, os q u a i s m u i t a s vezes d e p e n d e m
de interpretações pessoais.
l i v r o está d i v i d i d o e m n o v e c a p í t u l o s , c o m d i v e r s a s a b o r d a g e n s s o b r e o t e m a .
Biblioteca Silva I reire - ( J M V A G
I
10HH',
O
A
ÊTJI
|s,\
\
I >l
PSICOLOGIA HOSPITALAR Teoria e Prática
Torna-se cada voz m a i s e v i d e n t e o fato de q u e m u i t a s p a t o l o g i a s t ê m seu q u a d r o c l í n i c o a g r a v a d o p o r c o m p l i c a ç õ e s e m o c i o n a i s d o p a c i e n t e . Daí a importância d a psicologia h o s p i t a l a r , q u e t e m c o m o o b j e t i v o p r i n c i p a l minimizar o s o f r i m e n t o c a u s a d o pela hospitalização. Esta s e g u n d a edição revista e ampliada de Psicologia
Hospitalar traz relatos
de p r o f i s s i o n a i s e x p e r i e n t e s n o s t e m a s d i v e r s o s da p s i c o l o g i a h o s p i t a l a r e i n c l u i u m n o v o capítulo, sobre a trajetória d e M a t h i l d e Neder, p i o n e i r a n a área n o Brasil.
Aplicações L e i t u r a r e c o m e n d a d a para as d i s c i p l i n a s p s i c o l o g i a hospitalar e psicologia da saúde n o s cursos de graduação e pós-graduação e m Psicologia.
Biblioteca Silva Freire - U N I V A G
,„
\CENGAGI Leàrnmg.
ISBN
,-85-221-0794-0™ 10
85-221-0794-7
l %
Para suas soluções d e c u r s o e a p r e n d i z a d o , v i s i t e www.cengage.com.br
9 788 5 2 2 » 1 0 7 9 4 0
