Profecias de Daniel
A opinião tradicional é que o livro foi escrito no século VI a.e.c., e que Daniel foi realmente o autor. As evidências em favor dessa opinião são as seguintes:
Afirmações presentes no próprio Livro. Livro. O profeta Daniel fala em primeira pessoa em muitas passagens (Daniel 8:1-7, 13-19, 27; 9:2-22; 10:2-5). Afirma que recebeu pessoalmente a ordem divina de preservar o livro (Daniel 12). O fato de que existam seções seçõe s nas quais o autor se refira r efira a si mesmo em terceira pessoa não é estranho, já que esse estilo é freqüente em obras antigas. O autor conhece bem a história. história . Somente um homem do século VI a.e.c., bem versado em assuntos babilônicos, poderia ter escrito quanto a alguns dos fatos históricos que se encontram no livro. O conhecimento desses fatos se perdeu depois do século VI a.e.c., pois não se registrou em outra literatura antiga posterior. Descobertas arqueológicas mais ou menos recentes trouxeram estes fatos novamente à luz.
Daniel no Capítulo 7 menciona a marcha de grandes grandes potências, que realmente aconteceram. A Tomada da Babilônia por Ciro, o governante Medo-Persa até as mais conhecidas potências militares ascendentes da divisão do império de Alexandre o Grande, descrito no livro de Daniel como um "leopardo um "leopardo com asas" devido a rapidez de suas conquistas. Daniel D aniel escreveu valiosas profecias que estavam muito além de seu tempo. O livro se divide basicamente em duas partes. part es. A primeira (Capítulos 1 a 6) é relevantemente histórica. A segunda (Capítulos (Capítulos 7 a 12) tem cunho profético. No entanto o livro constitui uma unidade literária. Por exemplo. Só compreenderá o uso dos copos do templo no banquete de Belsazar se for levado em conta como chegaram a Babilônia etc. O Profeta é comumente citado por missionários que através de contas complicadas (Ex.: os Adventistas) e da invenção de um sistema de dias batizado de "ano profético" , distorcem alguns versos de Daniel para justificar crenças estranhas ao judaísmo e à Torah. Resumo Biográfico
Daniel (em hebraico ) é um dos profetas da Bíblia. A sua vida e profecias estão incluídas no Livro Daniel. O significado do nome é "Aquele que qu e é julgado por Du's" ou "D'us assim julgou", ou ainda, "D'us é meu juiz".
Sim! Jesus foi previsto por Daniel Judaísmo Messiânico Não Existe
Os missionários que se apresentam como 'judeus messiânicos' , distorcendo o termo para de forma rasteira enganarem judeus e afastá-los de sua herança sempre insistem em afirmar que o Tanach (Torá - Profetas - Escritos) estão cheios de profecias sobre Jesus. Será mesmo? A resposta é que sim, realmente existe uma profecia de Daniel que fala sobre Jesus. O "evento" Jesus foi previsto pelo profeta, mais precisamente no capítulo 11 versículo 14. Para uma melhor compreensão reproduzimos abaixo o capítulo XI da Leis dos Reis do livro de Juízes de Mishné Torá, de Moshê Maimônides. 1 - O Rei - Messias erguer-se-á, no futuro, e restaurará o reinado de Davi como
nos dias de outrora, e a sua soberania original; reconstruirá o Templo e reunirá os dispersos do povo judeu. Voltarão a vigorar os sacrifícios, comemorações de anos sabáticos e jubileus, de acordo com as orientações que constam na Santa Torah. Todo aquele que não acredita nele(1) ou que não espera pela sua vinda, não renega apenas os outros profetas da Torah, mas a própria Torah e Moshê Rabênu, pois a Torah garantiu sua vinda, como está escrito: "...Então o Senhor teu D'us mudará tua sorte para o melhor e se compadecerá de ti...e te reunirá de entre os povos nos quais te havias dispersado" (Devarim 30:3-5). Estas palavras explícitas da Torah já incluem tudo o que foi dito(2) pelos profetas. Na própria parashá de Bilam (Bamidbar (Números) 24:17-18) consta uma profecia sobre os dois Messias, referindo-se ao primeiro, o Rei Davi, que salvou o povo judeu de seus opressores, e ao último Messias, que será seu descendente e redimirá o povo judeu no final: "eu vejo - mas não agora" (refere-se ao rei Davi); "eu o contemplo - mas não de perto" (refere-se ao Rei Messias); "uma estrela procedente de Jacó" (este é Davi); "um cetro erguer-se-á de Israel" (O Rei Messias); "e esmaga as cabeças de Moab" : trata-se de Davi, como está escrito:"Ele venceu os moabitas e os mediu com um cordel" (Samuel Beit 8:2); " e dominará todos os filhos de Set" ;(3) - trata-se do Rei Messias, sobre quem está escrito: "O seu domínio irá de mar a mar" (Zacarias 9:10); "Edom se torna uma possessão" - tal passagem refere-se a Davi, como está escrito:"e os idumeus se tornaram súditos de Davi..." (Samuel Beit 8:6); "e Seir será uma herança..." : aqui a referência é para o Rei Messias, como está escrito: "E os salvadores subirão a montanha de Sião para julgar a montanha de Esaú. Então este reino pertencerá ao Senhor" (Ab 1:21) 2 - Mesmo com relação às cidades de refúgio,(4) está escrito: "Quando o Senhor
alargar as tuas fronteiras... acrescentarás ainda mais três cidades..." (Deuteronômio 19:8-9); isto ainda não aconteceu, e D'us não ordenou isto à toa. Quanto aos profetas, nem é preciso mencioná-los pois suas profecias estão cheias.(5) 3 - Não penses que o Rei Messias precisa fazer sinais e maravilhas, criar algo
novo [como um "novo testamento" (5A)], ressuscitar os mortos ou realizar algum ato do gênero. Não é assim: Rabi Akiva, que foi um grande sábio dentre
os sábios da Mishná, e também arauto do Rei Ben Coziva(6), dizia que aquele rei era o Rei Messias. Ele e os sábios de sua geração acreditavam que o mesmo era o Rei-Messias, até que foi morto pelo pecado(7). Quando (Ben Coziva) foi morto, todos souberam que ele não era o Rei-Messias - os sábios não lhe pediram sinal ou maravilha. O principal é o seguinte: a Torah, seus estudos e suas leis são eternos, nada se pode acrescentar ou subtrair deles. 4 - Um rei descendente de Davi, que se erga e se aprofunde no estudo da Torah,
se ocupe com os Mandamentos como seu ancestral Davi, seguindo a Torah Escrita e a Oral,(8) que induza todo o povo judeu a andar nelas, a reforçar as suas brechas e a guerrear as batalhas do senhor:(9) este provavelmente será o Messias. Se ele fizer tudo, for bem-sucedido e construir o Beit Hamikdash no seu devido lugar, reunindo o povo judeu, será o Messias com certeza, e restabelecerá o mundo todo fazendo todos servirem a D'us, juntos, como está escrito: "Então, darei aos povos lábios puros, para que todos possam invocar o nome do Senhor e servi-Lo sob um mesmo jugo" (So 3:9). Se ele não vier lograr tal êxito ou se for morto, saber-se-á então que não era quem a Torah nos garantiu, que era apenas um como todos os reis da casa de Davi, íntegros e bons, mas que faleceram. D'u só o terá feito existir para testar o povo: "Entre esses homens esclarecidos, alguns serão prostrados, a fim de que entre eles haja os que sejam acrisolados, purificados e alvejados, até o tempo do Fim, porque o tempo marcado ainda está por vir" (Daniel 11:35). Mesmo sobre Jesus, de Nazaré, que pensava ser o Messias e que foi julgado pelo Bet Din já fora profetizado: "Muitos dentre o teu povo se
insurgirão, erguendo-se como 'profetas' e fracassarão. (Daniel 11:14). Pode haver fracasso maior [que Jesus]? Todos os profetas falaram que o Messias vem redimir o povo judeu e salvá-lo, reunir os seus dispersos e fortalecer os Mandamentos: [Jesus], aquele causou a perda do povo judeu pela espada, dispersou seus sobreviventes e rebaixou-os, trocou a Santa Torah (por outros livros) e iludiu grande parte do mundo, para servir a outros deuses além de D'us. Porém, não está ao alcance do homem captar as intenções do Criador, pois, "os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e os vossos caminhos não são os Meus Caminhos" (Isaias 55:8), tudo o que fizeram Jesus de Nazaré e o ismaelita (Maumé),(10) que veio depois, é apenas uma forma de preparar o caminho para o Rei-Messias, moldando o mundo todo para servir a D'us conjuntamente, como está escrito: "Então darei aos povos lábios puros, para que todos possam invocar o Nome do Senhor e servi-Lo sob o mesmo jugo" (Sofonias 3:9). De que maneira? O mundo todo está repleto das idéias do Messias, as palavras da Torah e os Mandamentos espalharam-se pelas ilhas mais longínquas e por inúmeros povos de coração duro, eles discutem todos esses assuntos e os mandamentos da Torah dizendo: "estes preceitos são verdadeiros, porém não são mais obrigatórios hoje em dia" . Outros dizem: "há mistérios, e é preciso dar uma interpretação diferente, pois o Messias já veio e revelou o segredo..." Quando vier o Messias (Verdadeiro), e quando ele triunfar, ele se elevará,(11) então, de imediato, todos reconhecerão que herdaram apenas falsidades de seus antepassados, e seus "profetas" e ancestrais os iludiram.
Mishné Torá,Leis dos Reis, capítulo XI do livro Juízes. 1 - No Messias; 2 Posteriormente a Moisés, o que seria dito depois pelos profetas; 3 - Os sábios
debatem como será o "domínio sobre os filhos de Set" (terceiro filho de Adão e Eva, do qual adveio todas as Tribos de Israel): uns acham que, após terem recebido os castigos merecidos, os outros povos serão redimidos, mas num nível inferior ao do povo judeu; outros sábios acham que eles não terão nenhum destaque, mas ficarão submetidos aos judeus; 4 - Leia Números 35:9 34; Êxodo 21:13-14, Deuteronômio 19:1-13; 5 - De referências ao Messias;5A Nota deste editor; 6 - é o Bar Cohvá, que viveu 52 anos após a destruição do Beit Hamikdash, liderando a revolta contra Roma do ano 135 da era comum; 7 - De ter assassinado o Rabi Eleazar Ha-Modai; 8 - Talmude, tanto o da Babilônia, como o de Jerusalém. Ver na introdução.; 9 - Contra os inimigos do povo judeu; 10 - Maomé. Os sábios explicam que todos os acontecimentos e fatos, individuais ou mundiais, são Providência Divina, são meios e caminhos, com o objetivo de revelar a Divindade, só que, se o homem ou pessoa tem mérito, essa Revelação vem pelo lado positivo, e se não, pelo lado negativo; 11 - À liderança.
Quatro versos do Profeta Daniel Os missionários utilizam o capítulo 9 do Profeta Daniel como cumprimento de uma "profecia" sobre Jesus, de Nazaré. Com isto visam dar suporte a sua crença que o nazareno é o "messias" descrito nas Escrituras. No entanto, uma leitura mais atenta dos versículos e comparando traduções missionárias com hebraicas aparecem discrepâncias. Observe que: Versos em negrito - Bíblia Sagrada, versão da Imprensa Bíblica Brasileira, baseada na tradução de João Ferreira de Almeida. Versos em azul - Bíblia Hebraica, baseada no Hebraico e à luz do Talmud e Fontes Judaicas, David Gorodovits e Jairo Fridlin. 9:2 - no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações de Jerusalém, era setenta anos.
9:2 - ...eu, Daniel, examinava nos livros os cálculos sobre o número de anos que tinham se passado desde a revelação do Eterno ao profeta Jeremias, para compreender quanto faltava para que se completassem os 70 anos desde a destruição de Jerusalém.
9:24 - Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o santíssimo.
9:24 - Setenta períodos foram decretados sobre teu povo e sobre a cidade santa para dar por finda a transgressão, cessar o pecado, perdoar a iniqüidade e promover a justiça eterna, , confirmando a visão e a profecia, e consagrando o Santo dos Santos. Setenta semanas... Interessante observar que a palavra hebraica para semanas é shavua, aqui, especificamente o profeta usa shavuí, que em hebraico é semanal. O mais correto é próximo da tradução seria "períodos" . ...fazer cessar... Tradução errada: Em hebraico, "kalê" significa extingüir. Refere-se à extinção da transgressão que precedera o exílio na Babilônia. ...para dar fim aos pecados... Tradução errada: para selar os sacrifícios pelas transgressões não intencionais. ...o santíssimo. A forma colocada é intencional, para se fazer levar a Jesus. Na verdade, é sobre o Templo reconstruído. No original, Kodesh kodashim. Este é o local mais santo do templo. O Santo dos Santos. 9:25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; com praças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos angustiosos
9:25 Saiba e compreenda: desde a proclamação da ordem para restaurar e reedificar Jerusalém até que seja ungido um princípe, passar-se-ão 7 períodos; durante 62 períodos será reconstruída com suas praças e seus fossos, enfrentando tempos difíceis. ...ungido... Refere-se a Ciro, chamado pelo profeta de ungido (messias) antes de seu nascimento. Ver em Isaias 45:1 Assim disse o Eterno a Seu ungido, a Ciro... (Isaias 45:1) 9:26 E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e nada lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações.
9:26 E depois dos 62 períodos será abatido o ungido e não haverá outro; o povo de um monarca que virá e destruirá a cidade e o Santuário, mas por fim será arrastada por uma inundação; depois, até o final da guerra, grande destruição foi decretada.
As Setenta Semanas de Daniel Existe uma passagem no livro de Daniel que muitos missionários acham extremamente convincente. Provavelmente não é exagero dizer que esta passagem, mais do que qualquer outra, os convence de que Jesus foi o messias. Daniel 9:24-27 diz: "Setenta semanas foram determinadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa, para acabar com a transgressão e encerrar o pecado, e para fazer expiação pelo erro, e para introduzir justiça por tempos indefinidos, e para apor um selo à visão e ao profeta, e para ungir o Santo dos Santos." "E deves saber e ter a perspicácia [de que] desde a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém até [o] Messias, [o] Líder, haverá sete semanas, também sessenta e duas semanas. Ela tornará [a ser] e será realmente reconstruída, com praça pública e fosso, mas no aperto dos tempos." "E depois das sessenta e duas semanas [o] Messias será decepado, sem ter nada para si mesmo. E a cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um líder que há de vir. E o fim disso será pela inundação. E até [o] fim haverá guerra; o que foi determinado são desolações." "E ele terá de manter em vigor [o] pacto para com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferenda. E sobre a asa de coisas repugnantes haverá um causando desolação; e até a exterminação derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que jaz desolado." A palavra traduzida nestes versículos como "semanas" é a palavra hebraica "shavui" cuja a tradução e o significado correto é, "semanal " . A palavra hebraica para semanas é "shavua" . Este detalhe, que passa despercebido por muitos é, providência divina. Com certeza (mesmo que inconsciente) o profeta sentiu que parte de seus escritos seriam distorcidos. Esta certeza pode ser obtida pois, no capítulo seguinte (10) o profeta volta a utilizar a palavra "shavua", aqui sim, designando semanas. Então o mais correto na tradução não é utilizar a palavra semanas, e sim, períodos. Neste caso ficaria assim : "Setenta períodos foram decretados sobre teu povo..."
No entanto estes "setes" , é interpretado por cristãos como significando sete anos em vez de sete dias. Assim, "setenta semanas" no versículo 24 são interpretadas como significando setenta períodos de sete anos, ou 490 anos, "sete semanas" no versículo 25 são interpretadas como significando 49 anos, "sessenta e duas semanas" nos versículos 25 e 26 são interpretadas como significando 434 anos, e "uma semana" no versículo 27 é interpretada como significando sete anos. O ponto de partida é "a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém" . Um decreto para reconstruir o templo em Jerusalém é descrito na Bíblia em 2 Crônicas 36:22-23 e Esdras 1:1-4. Estes versículos descrevem o decreto emitido por Ciro, rei da Pérsia e contemporâneo de Daniel, em 538 A.E.C. "Sete semanas... [e] sessenta e duas semanas" ou 483 anos depois deste decreto seria 55 A.E.C., muitos anos demasiado cedo para Jesus. Por isso os missionários têm de rejeitar insistentemente a identificação do decreto do versículo 25 com o decreto de Ciro, e é exatamente isso que fazem.
Que outros decretos estão disponíveis? Josh McDowell (1972, p. 180) oferece três alternativas: a) - um decreto de Dario descrito no livro de Esdras; b) - um decreto de Artaxerxes descrito em Esdras e; c) - um decreto de Artaxerxes descrito em Neemias. O decreto de Dario, descrito em Esdras 6:1-9, ordenava uma procura nos arquivos para encontrar o texto do decreto de Ciro, e depois para continuar a construção do templo em Jerusalém usando dinheiro dos impostos. Isto ocorreu por volta de 522 A.E.C. (veja Esdras 4:24), o que colocaria a vinda do messias em 39 A.E.C. — ainda muito cedo para Jesus. O decreto de Artaxerxes para Esdras, descrito em Esdras 7:11-28, permite ao povo de Israel regressar a Jerusalém, levando consigo vários utensílios do tesouro real. Este decreto foi emitido em 458 A.E.C. (veja Esdras 7:7), o que colocaria a vinda do messias em 26 E.C. Isto funciona razoavelmente bem se colocarmos o fim das "sessenta e duas semanas" no início do ministério de Jesus, embora a maioria dos cristãos achem que o ponto final é a crucificação, devido a uma referência no versículo 26 da profecia de Daniel, que diz que o Messias seria "decepado" . A maioria dos cristãos também rejeita este decreto, bem como os de Ciro e de Dario, como sendo o ponto de partida apropriado para a profecia. Uma exceção é Gleason Archer. Archer (1982, pp. 290-291) argumenta que Esdras 9:9 implica que Esdras recebeu permissão de Artaxerxes para reconstruir as muralhas de Jerusalém, apesar do fato de estas não terem sido reconstruídas até ao tempo de Neemias (veja Neemias 1:3). Esdras 9:9 declara que D'us não abandonou os Judeus mas deu-lhes uma hipótese de "erguer a casa de nosso D'us e erguer os seus lugares desolados, e para nos dar um muro de pedras em Judá e em Jerusalém." Em defesa do fim
das "sessenta e duas semanas" como sendo o início do ministério de Jesus em vez de ser a sua crucificação, Archer sublinha que o versículo 26 da passagem apenas diz que o 'decepamento' do Messias ocorreria depois desse período de tempo, não necessariamente imediatamente depois. No entanto o decreto de Artaxerxes para Neemias, descrito em Neemias 2:1-6, na realidade não é de maneira nenhuma um decreto. Em vez disso, Artaxerxes dá a Neemias cartas de salvo-conduto para viajar para Judá e para obter madeira para reconstruir os portões do templo e as muralhas de Jerusalém. Isto ocorreu em 445 A.E.C., o que coloca o tempo do Messias em 39 E.C., demasiado tarde para Jesus, que se crê ter sido crucificado algures entre 29 e 33 E.C. Apesar de todas estas falhas, a maioria dos cristãos adota este como o decreto apropriado porque Neemias reconstruiu as muralhas de Jerusalém. Para fazer o ponto inicial 445 A.E.C. resultar num ponto final 483 anos mais tarde, situado ou no início do ministério de Jesus ou na altura da sua crucificação, tem de se usar um ano diferente do ano de 365 dias. Nisto os cristãos foram "geniais" e muito criativos. O mais popular destes cálculos, devido a Sir Robert Anderson e promovido por Josh McDowell, é adotar um "ano profético de 360 dias" — uma invenção de Anderson baseado não em escrituras hebraicas, pois simplesmente não existe, e sim em suas leituras do Novo Testamento, onde ele iguala 42 meses a 1260 dias, dando 30 dias por mês. Usando a invenção forçada de "anos proféticos" , o fim do período de 483 anos cai em 32 E.C., que na opinião de muitos é o ano da crucificação. Robert Newman (1990, pp. 112-114) aponta várias falhas neste esquema de cálculo que, tomadas no seu conjunto, lhe são fatais: (1) O próprio Novo Testamento, de onde se baseiam os defensores da mágica (Revelação 11:23) não justifica a invenção do "ano profético" , pois não há qualquer indicação de que 1260 dias sejam exatamente 42 meses (poderiam ser 41,5 arredondados para cima); (2) um ano de 360 dias ficaria totalmente fora de sincronia com as estações, e os Judeus acrescentavam um mês lunar adicional a cada dois ou três anos ao seu ano lunar de 354 dias, dando-lhes uma duração média do ano de cerca de 365 dias e; (3) o consenso atual sobre a data da crucificação é 30 E.C. em vez de 32 E.C. Newman oferece então a sua própria alternativa: o uso de anos sabáticos, que têm justificação bíblica (Êxodo 23:10-11 e Levítico 25:3-7, 18-22). Todo sétimo ano é um ano sabático. Newman usa informação do primeiro livro dos Macabeus, que tem uma referência a uma observância de um ano sabático, para calcular que 163-162 A.E.C. foi um ano sabático e portanto 445 A.E.C., o ponto inicial da profecia de Daniel, calha no ciclo sabático de sete anos 449-442 A.E.C. Se este é o primeiro ciclo sabático na contagem, o sexagésimo nono é 28-35 E.C., um período de tempo que abrange a crucificação. Em resposta ao criticismo de que a profecia diz que o messias seria "decepado" depois de sessenta e duas semanas, Newman diz que no idioma judeu convencional, "depois" significa "depois do início de".
Existem problemas para todas as interpretações acima mencionadas, que Gerald Sigal (1981, pp. 109-122) indica. Um dos principais é que a pontuação Massorética da Bíblia hebraica coloca uma divisão entre as "sete semanas e sessenta e duas semanas" , significando que em vez de dizer que o messias virá depois dos períodos de tempo combinados, ele virá depois das "sete semanas" isoladas. Outro apontamento que Sigal faz é que o texto hebraico não coloca um artigo definido antes da palavra "messias" (ou "ungido"). A Revised Standard Version da Bíblia é traduzida com estes fatos em mente, e apresenta Daniel 9:24-27 como se segue: "Setenta semanas são decretadas a respeito do teu povo e da tua cidade santa, para acabar com a transgressão, para colocar um fim ao pecado, e para expiar a iniqüidade, para trazer justiça duradoura, para selar tanto a visão como o profeta, e para ungir um lugar muito santo. Sabe portanto e compreende que desde a saída da palavra para restaurar e reconstruir Jerusalém até à chegada de um ungido, um príncipe, haverá sete semanas. Depois, durante sessenta e duas semanas será reconstruída com praça pública e fosso, mas num tempo de tribulação. E depois das sessenta e duas semanas, um ungido será decepado, e nada terá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O seu fim virá com uma inundação, e até ao fim haverá guerra; desolações são decretadas. E ele fará um pacto forte com muitos durante uma semana; e durante metade da semana ele fará cessar o sacrifício e a oferenda; e sobre a asa das abominações virá um que a torna desolada, até que o fim decretado seja derramado sobre o desolador". Usando a pontuação Massorética, as "sessenta e duas semanas" são gastas na reconstrução da cidade em vez de se aplicarem à vinda do messias. Esta interpretação explica por que é que "sete semanas e sessenta e duas semanas" são dadas separadamente, em vez de se dizer simplesmente "sessenta e nove semanas" . A maioria dos apologistas ou desconhece ou simplesmente ignora a pontuação Massorética, mas Robert Newman (1990, p. 116) rejeita-a com o argumento de que "a data de tal pontuação pode não ser anterior ao IX ou X séculos AD" e que a estrutura dos versículos como um todo favorece a sua interpretação. Qual é o resultado de tudo isto? A profecia de Daniel não é tão convincente como poderia parecer inicialmente a alguém a quem fosse apresentada apenas uma das interpretações que "funcionam" . Assim sendo, os cristãos foram criativos e não nos deve surpreender que com quatro escolhas para pontos iniciais (os decretos de Ciro, Dario e Artaxerxes, mais as cartas de Artaxerxes para Neemias), várias escolhas possíveis para pontos terminais (o nascimento, o ministério, e a crucificação de Jesus), e pelo menos três modos de contar (anos normais, "anos proféticos" , e ciclos sabáticos), se tenham encontrado cálculos para os quais Jesus se encaixa na profecia. Mas o judeu deve ficar atento, existem boas razões para se rejeitar cada uma dessas interpretações:
1 - As duas primeiras escolhas para pontos iniciais não funcionam para as interpretações oferecidas. 2 - O decreto de Artaxerxes funciona para anos normais com o ministério de Jesus como ponto terminal, mas nada diz sobre a reconstrução de Jerusalém. 3 - As cartas de Artaxerxes funcionam para ciclos sabáticos com a crucificação como ponto terminal, mas não são um decreto para se reconstruir a cidade de Jerusalém. Em vez disso, dão a Neemias um salvo-conduto para Judá e permissão para usar madeira das florestas reais. 4 - Por fim, nenhuma dessas interpretações leva em consideração a pontuação Massorética que, elimina-as a todas como possíveis interpretações do texto. * Baseado no artigo Daniel Shavua's, reproduzido aqui com autorização. Tradução e adaptação: Jonas Stefani
Profeta Daniel - Perguntas e Respostas Pergunta: Notei que existem muitas diferenças entre as traduções dos textos bíblicos judaicos de Daniel 9:2526 e as traduções cristãs. Qual seria a correta leitura?
Resposta:
No nosso estudo das diferentes traduções da bíblia, vamos comparar o texto hebraico com o do ¹Rei James (KJV) - versão da bíblia. Nele há os maiores erros, que são, por inteiro ou em parte, duplicados por outras versões cristãs da bíblia. Primeiro, a versão do Rei James coloca um artigo definido antes de "Messias Príncipe" (9:25). No texto original em hebraico não existe "O" Messias Príncipe" mas, não tendo artigo se torna "um messias - ["um ungido"] um príncipe qualquer, por exemplo, Ciro.(Isaías 45:1, 13; Ezra 1:1-2). A palavra mashiach é usada nas escrituras judaicas não como um nome próprio, mas como um título de autoridade de um rei, ou de um sumo sacerdote. Portanto, uma correta tradução do original seria: "um ungido qualquer, um príncipe" .
Segundo, a versão do Rei James despreza a pontuação judaica. O sinais de pontuação 'atnach' são como uma pausa na sentença. O '² atnach' é equivalente à vírgula no sistema moderno de pontuação. Assim, tem efeito de separar as (7) sete semanas das (62) sessenta e duas semanas: "... ate um ungido qualquer, um príncipe, serão sete semanas; depois por sessenta e duas semanas serão construídos novamente..." Criando um período de (69) sessenta e nove semanas, que não é dividido em dois períodos de (7) sete semanas e 62 semanas (como é apresentado no original hebraico) respectivamente, cristãos têm uma errada conclusão, por exemplo, que o messias virá 483 anos depois da destruição do primeiro templo. Alguns cristãos dizem que há algo chamado ano profético de 360 dias, assim, encurtando o intervalo entre o começo dos 483 anos que eles dizem que começou em 444 AEC, e a data de crucificação de Jesus. Eles fazem isso para fazer as datas coincidirem , mas a existência de um ano profético é argumento sem nenhuma fundamentação nas escrituras. Terceiro, a versão de Rei James omite o artigo definido em Daniel 9:26, que deveria ser lido: "e depois de sessenta e duas semanas..." . Tratando as (62) sessenta e duas semanas como um período distinto, essa passagem, no hebraico original, mostra que as (62) sessenta e duas semanas mencionadas no versículo 25 estão definitivamente separadas das (7) sete semanas pelo 'atnach' . Por isso, um dos ungidos mencionados nesse capítulo, veio depois das (7) sete semanas (Ciro), e o outro depois do longo período das 62 semanas (³Alexandre Yannai). Quarto, as palavras v'ayn l o (9:26) estão traduzidas incorretamente na versão do Rei James como "mas não por ele mesmo" . Eles deveriam ter traduzido como "ele não tem nada" ou "ele não terá nada" . Existem muitos comentaristas cristãos que mantêm essa frase com ambos significados, mas isso não pode ser aceito gramaticalmente. *Artigo de autoria de Gerald Sigal, reproduzido aqui com autorização (Copyright 1999-2003) Tradução Jonas Stefani NOTAS 1 - A Bíblia Rei James (ou Jaime, como costuma ser encontrado em
português), mais conhecida como Bíblia KJV (King James Version), é uma tradução inglesa da bíblia realizada para a Igreja Anglicana, sob ordens do rei James I. A primeira publicação data de 1611, causou um profundo impacto não apenas nas traduções inglesas posteriores, mas na literatura inglesa de forma geral. Até hoje esta versão da Bíblia é respeitada entre todos os cristãos, sendo que existem grupos que consideram-na a melhor tradução já feita até
hoje da Bíblia Cristã. Todas as versões em língua inglesa posteriores são revisões ou edições anotadas e atualizadas desta primeira tradução. Suas edições não são comuns em países de línguas portuguesa, espanhola e francesa. No entanto, esta tradução reina soberana nos EUA e em outros países ou territórios de língua inglesa. 2 - Sinal de pausa, representado por dois pontos, equivalente a virgula das línguas modernas ocidentais, com a função de separar. 3 - Dinastia dos Asmoneus, rei da Judéia, entre 103-76 a.e.c.