1
PREFÁCIO de Terrorismo e Comunismo de
Trotsky,
ou Desespero e Utopia no Turbulento Ano de 1920 Por Slavoj Zizek Karl Kraus, o cronista vienense e crítico cultural (autor, entre outras coisas, da a!osa air!a"#o de $ue a %sican&lise ' a %r%ria doen"a $ue ela !es!a )usca curar*, con+eceu rotsk- e! seu .lti!o s'jour / antes da Pri!eira 0uerra 1undial2 3!a das lendas so)re Kraus ' $ue, no início dos anos de /456, $uando dizia $ue rotsk- +avia salvado a Revolu"#o de Outu)ro ao or7anizar o E8'rcito 9er!el+o, ele e8cla!ou: ;ronstein?@2 Essa o)serva"#o to!a e! considera"#o a transu)stancia"#o do estilo da anedota so)re Z+uan7Ase e a )or)oleta 5: n#o oi rotsk- $ue!, durante seu e8ílio e! 9iena, 7astava o te!%o no Ca' CentralB oi o 7entil e lo$uaz =err >ronstein do Ca' Centra Centrall $ue, $ue, %osteri %osterior! or!ent ente, e, trans transor!o or!ouAs uAsee no terrív terrível el rotskrotsk-,, o la7el la7eloo dos contrarrevolucion&rios2 E8is E8iste te! ! outra outrass i7u i7ura rass de ;=er ;=errr >ron >ronst stei ein@ n@ $ue $ue ence encena na! ! se!e se!el+ l+an ante te transu)stancia"#o !istiicadora de rotsk- e, assi!, su)stitue! a !aneira correta de co!%reender sua i!%ortDncia2 E! %ri!eiro lu7ar, e8iste a i!a7e! a)ur7uesada de rotsk-, atual!ente %o%ularizada %elos %r%rios trotskistas !odernos: rotsk-, o li)ert&rio antiA)urocrata, crítico do er!idor Stalinista, %artid&rio da autoAor7aniza"#o dos tra)al+adores, %rotetor da %sican&lise e da arte !oderna, a!i7o dos surrealistas, etc2 (e %odeAse incluir nesse ;etc2@ o seu )reve ro!ance co! Frida Ka+lo*222 essa ' a i7ura do!esticada $ue leva al7u'! a n#o se sur%reender co! o ato de $ue al7uns neoconserva neoconservadores dores %artid&rios %artid&rios de >us+ s#o e8Atrotskist e8Atrotskistas as (e8e!%lar (e8e!%lar a$ui ' o destino destino da Partisan Revie : co!e"ou e! /46 co!o u!a voz dos intelectuai intelectuaiss co!unistas co!unistas e artistasB de%ois, tornouAse trotskista, %ara, ent#o, tornarAse instru!ento da 0uerra Fria li)eral a7ora, ela d& a%oio a >us+ na sua 0uerra ao error*2 Esse rotsk$uase leva al7u'! a si!%atizar co! a sa)edoria antiAtrotskista de St&lin2 G$ueles críticos de rotsk- inventara! outra i7ura de ;=err >ronstein@: rotsk- co!o o ;Hudeu errante@ da ;revolu"#o %er!anente@ $ue n#o conse7uia encontrar %az na rotina %sArevolucion&ria do %rocesso de (re*constru"#o de u!a nova orde!2 #o ad!ira $ue, nos anos de /46, !es!o !uitos conservadores via! E! rancJs no ori7inal: si7niica ;estada@, ' claro $ue e! to! irnico, na !edida e! $ue rotskestava e8ilado e n#o L %asseio e! 9iena2 (22* Filsoo taoísta c+inJs (54A546 a2C2*2 G %ar&)ola do ilsoo e da )or)oleta consiste e! $ue ele ;son+ava ser u!a )or)oleta2 #o sa)ia $ue era Z+uan7Ase2 Me re%ente des%erta2 Era Z+uan7Ase e se assustou e! ser2 H& n#o era %ossível sa)er se era Z+uan7Ase Z+uan7Ase $ue son+ava ser u!a !ari%osa ou u!a !ari%osa $ue son+ava ser Z+uan7Ase@2 (22* ascido e! a!ília de ori7e! judaica, seu no!e verdadeiro era Nev Mavidovic+ >ronstein2 1ais tarde assu!iu o no!e de Neon rotsk-2 (22* 1
2
3
2
co! )ons ol+os a contrarrevolu"#o cultural stalinista, )e! co!o a e8%uls#o de rotsk- a!)os ora! lidos co!o o a)andono do es%írito revolucion&rio judaicoA internacional %ri!itivo e co!o o retorno Ls raízes russas2 1es!o u! tal crítico do )olc+evis!o, co!o ikolai >erdaiev, e8%ressou, e! /46, u! %ouco antes de sua !orte, u!a certa si!%atia %or St&lin, e considerou retornar L 3RSS2 Go lon7o dessas lin+as, rotsk- sur7e co!o u!a es%'cie de C+e 0uevara russo e! contraste a Fidel: Fidel, o líder eetivo, autoridade su%re!a do Estado, versus C+e, o eterno re)elde revolucion&rio $ue n#o %oderia se resi7nar a si!%les!ente diri7ir u! Estado2 Isso n#o ' o !es!o $ue %rever a %ossi)ilidade de u!a 3ni#o Sovi'tica na $ual rotskn#o %recisaria ser rejeitado co!o u!a ar$uitraidor I!a7ine se, no !eio da d'cada de /456, rotsk- tivesse i!i7rado e renunciado L cidadania sovi'tica a i! de insti7ar insti7ar a revolu"#o revolu"#o %er!anente %er!anente ao redor do !undo, !undo, e, ent#o, tivesse !orrido lo7o e! se7uida a%s sua !orte, St&lin %oderia tJAlo res%eitosa!ente elevado L cate7oria de íconeQculto2 udo isso az de erroris erroris!o !o e Co!unis! Co!unis!o o , u!a r'%lica de rotsk- ao desa%iedado ata$ue de Kaust- aos )olc+evi$ues, t#o i!%ortante: ele des!ente essas duas duas i7ura i7uras2 s2 Kaust-, Kaust-, +oje !ereci !erecida! da!ent entee es$uec es$uecido ido,, era, era, e! /456, /456, o '!inence 7rise do Partido SocialAMe!ocrata da Gle!an+a, de lon7e o !ais orte %artido soci social alAd Ade! e!oc ocra rata ta do !und !undo, o, e o 7uar 7uardi di#o #o da orto ortodo do8i 8iaa !ar8 !ar8is ista ta cont contra ra o revisionis revisionis!o !o )ernsteini )ernsteiniano ano e o e8tre!is!o de es$uerda2 es$uerda2 erroris!o e Co!unis!o a%resenta u! rotsk- $ue con+ecia o $uanto %oderia ser duro o e8ercício do terror, e u! rotsk- $ue estava inteira!ente %ronto a aceitar a tarea da reconstru"#o da vida ordin&ria2 Entretanto, +& u!a terceira i7ura de ;=err >ronstein@, a$uele $ue re%ousa %recisa!ente e! erroris!o e Co!unis!o : rotsk-, o %recursor de St&lin, $ue, j& e! /456, de!andava %or u! re7i!e uni%artid&rio, %ela !ilitariza"#o do tra)al+o222 #o ad!ira $ue erroris!o e Co!unis!o seja seja rejeitado %or !uitos trotskistas, de Isaac Meustsc+er a Ernest 1andel ($ue o caracterizou co!o o ;%ior livro@ de rotsk-, sua sua recaí ecaída da na dita ditadu durra anti antide de!o !occr&ti r&tica ca**2 =& %as %assa7e sa7enns e! err error oris is!o !o e Co!unis!o $ue $ue real!ente %arece! a%ontar %ara a d'cada stalinista de /46, co! seu es%írito de total !o)iliza"#o industrial a i! de retirar a R.ssia de seu atraso econ!ico2 G%s a !orte de St&lin, u!a c%ia )astante !anuseada de erroris erroris!o !o e Co!unis!o oi oi encontrada entre seus %a%'is %essoais, c+eio de notas !anuscritas $ue assinalava! a a%rova"#o entusi&stica de St&lin o $ue !ais al7u'! %recisa co!o %rova isso $ue torna erroris!o e Co!unis!o o o livro c+ave de rotsk-, seu te8to ;sinto!al@, o $ual n#o deveria ser %olida!ente i7norado, !as, ao contr&rio, E! rancJs no ori7inal: si7niica ;e!inJncia %arda@ trataAse de u!a autoridade $ue e8erce o %oder su)terranea!ente, o lado o)sceno do %oder2 (22*
4
3
seria!ente discutido2 Mei8a!os aos canailles da sa)edoria cínica o d.)io %razer de discorrer lon7a!ente (a %artir da clarividJncia da %ers%ectiva atual* so)re as ilusTes de!asiado )vias do livro, co!e"ando co! a conian"a de rotsk- na %ro8i!idade de u!a revolu"#o na Euro%a Ocidental2 #o deve!os es$uecer $ue essa cren"a era co!%artil+ada %or todos os )olc+evi$ues, incluindo NJnin, $ue via! a so)revivJncia do seu %oder, n#o en$uanto criasse! a o%ortunidade %ara a ;constru"#o do socialis!o nu! s %aís@, !as na !edida e! $ue conservar o %oder era u!a !aneira de 7an+ar le7o, so)revivendo at' $ue o socorro c+e7asse so) a or!a da revolu"#o da Euro%a Ocidental $ue os li)eraria da %ress#oU2 O %ro)le!a crucial re%ousa e! outro lu7ar: a )atal+a %ara rotsk- s %oderia ser vencida no %r%rio terreno ;stalinista@ do terror e da !o)iliza"#o industrial: ' a$ui $ue u!a dieren"a !íni!a, e!)ora crucial, entre rotsk- e St&lin %recisa ser de!onstrada2 POR QU U! CO!U"#$!O D %URRA &' Co!ece!os co! o !o!ento +istrico no $ual o livro oi escrito: /456, o .lti!o est&7io da 7uerra civil, $uando a R.ssia tin+a sido ;sa$ueada, enra$uecida, e8aurida Ve estavaW des!oronando@, %ara citar a %r%ria descri"#o ranca e +onesta de rotsk-2 Moen"as, o!e e rio es%al+ava!Ase silenciosa!ente so)re a terraB a vida dos tra)al+adores tin+a %iorado ao inv's de !el+orarB as %ro!essas da revolu"#o estava! !ais distantes do $ue nunca a$ui, nova!ente, est& a %r%ria cDndida air!a"#o de rotsk- e! discurso %roerido no terceiro anivers&rio da Revolu"#o de Outu)ro: s !er7ul+a!os nessa luta co! ideais es%lJndidos, co! u! entusias!o es%lJndido, e isso a !uitas %essoas %areceu $ue a terra %ro!etida da raternidade co!unista, o lorescer, n#o so!ente da vida !aterial, !as ta!)'! da es%iritual, estava !uito !ais %r8i!a do $ue real!ente revelou ser222 G terra %ro!etida o novo reino de justi"a, li)erdade, contenta!ento e ediica"#o cultural estava t#o %r8i!a $ue %oderia ser tocada222 Se, +& trJs anos, nos osse dada a o%ortunidade de ol+ar %ara tr&s, n#o tería!os acreditado nos nossos %r%rios ol+os2 #o tería!os acreditado $ue trJs anos a%s a revolu"#o %rolet&ria seria t#o diícil %ara ns, t#o duro viver nesta terra222X E! rancJs no ori7inal: si7niica ;canal+as@2 G atitude cínica se caracteriza %elo n#o recon+eci!ento da eic&cia si!)lica das ilusTes2 (22* Outra li!ita"#o terica !ais es%ecíica ' $ue rotsk-, n#o !uito dierente de NJnin, continua a o%or o ;)o!@ Kaust- do início (!ar8ista ortodo8o* ao %osterior rene7ado ;!au@, n#o vendo co!o as se!entes de sua re7ress#o j& estava! lan"adas na sua anti7a ;ortodo8ia@2 ;Co!unis!o de 0uerra@ Var co!!unis! W oi o no!e dado ao siste!a %olítico e econ!ico $ue e8istia na R.ssia Sovi'tica durante a 7uerra civil de /4/X a /45/2 (22* Neon rotsk-, Soc+ineni-a (1oscou: 0osizdat, /45*, vol2 /Y, %2 X6A2 #o se %ode e8ceto ad!irar a i!%lac&vel +onestidade de sua avalia"#o, $ue ad!ite o %a%el vital do !ercado ne7ro na so)revivJncia do Estado sovi'tico: a %ro%sito da er!enta"#o caseira (sa!o7onka * ile7al, ele escrevia $ue isso ' ;o %rotesto de necessidades locais contra o centralis!o $ue as n#o satisaz222 Estou alando do se!iAcontra)ando ou a %rodu"#o co!%leta!ente contra)andeada $ue ocorre e! certas localidades e dese!%en+a u! enor!e %a%el econ!ico, %or$ue, caso contr&rio, o %aís estaria 5
6
7
8
4
isto reside a 7randeza dos )olc+evi$ues: nesse %onto de co!%leto desa%onta!ento, $uando sua %osi"#o era ;alta!ente tr&7ica@, eles n#o se retira! e ad!ite! a derrota, !as %ersiste! 2 Entretanto, o %re"o %a7o %or essa %ersistJncia, %elo seu sucesso e! so)reviver, n#o oi !uito alto G$ui reside a +istria %redo!inante so)re o atídico ano de /456, %artil+ada %or an&ticos +istoriadores antico!unistas, %ela nova 7era"#o de ;revisionistas@ e %or al7uns $ue, outrora, ora! trotskistas (co!o Meutsc+er*: a R.ssia era u! ;teatro do a)surdo@, no $ual a desalentadora realidade era a%resentada ;co!o se osse a$uela $ue se su%un+a ser, co!o a i!a7inada %elos líderes co!unistas@ 42 E o $ue ez co! $ue os líderes co!unistas i!a7inasse! essa realidade Eles )asica!ente alucinava! : sua rea"#o a total cat&stroe social era u!a estran+a euoria !ilenar, isto ', %arecia a eles $ue a cat&stroe tin+a criado a o%ortunidade de ;encurtar o ca!in+o $ue leva ao co!unis!o@: ;E! u! verdadeiro delírio ideol7ico, o !ais colossal cola%so econ!ico do s'culo oi transi7urado no co!unis!o real!ente e8istente, o radiante uturo +ic et nunc @/6 2 Por e8e!%lo, a re$uisi"#o dos 7r#os %ela or"a era ;visto %elo Partido, de NJnin %ara )ai8o, n#o co!o !era!ente socialis!o, !as !es!o co!o co!unis!o@ //2 Os )olc+evi$ues estava!, assi!, ;inclinados a ver, de %leno direito, as características essenciais do co!unis!o %ersoniicadas na 7uerra econ!ica de /4/4A/456@ /52 O %r8i!o %asso l7ico a %artir disso seria, o)via!ente, identiicar a 7uerra econ!ica co! os ca!%os de concentra"#o de St&lin: 3!a d'cada !ais tarde, St&lin, $ue e! /456A/45/ a%oiou a %olítica interna ;li)eral@ de NJnin, adotou as ideias de rotsk-, e8ceto no no!e2 e! St&lin, ne! rotsk-, ne! os %artid&rios de a!)os, ad!itia! o ato222 O $ue era a%enas u!a das acetas do %ensa!ento e8%eri!ental de rotsk-, transor!ouAse no ala e !e7a de St&lin2
O ca!in+o $ue leva de rotsk- a St&lin ', assi!, o ca!in+o $ue leva da ori7e! acidental at' sua re%eti"#o elevada L cate7oria de necessidade2 co!o se o acidente +istrico da devasta"#o da 7uerra civil tivesse tocado al7o $ue estava no ;inconsciente@ )olc+evi$ue desde o %rincí%io, servindo co!o u! ;resíduo diurno@ $ue oi trazido %ara a vida: ;a antasia )urocr&tica de i!%or o co!unis!o %or decreto@2 #o ad!ira $ue, ent#o, !es!o a%s desa%arecido o %rete8to acidental (a 7uerra civil tin+a ter!inado*, os )olc+evi$ues n#o resistira! L tenta"#o de se a7arrare! L !es!a r!ula: terror %olítico (i!%lac&vel su%ress#o de toda o%osi"#o*, !ilitariza"#o do tra)al+o, total re7ula"#o da %rodu"#o %or !eio de u! %laneja!ento estatal centralizado2 G conclus#o oi sucinta!ente or!ulada %or Orlando Fi7es: ;G arruinado2@ 9ladi!ir 2 >rovkin, >e+ind t+e Front Nines o t+e Civil Zar: Political Parties and Social 1ove!ents in Russia, /4/XA/455 (Princeton, H: Princeton 3niversit- Press, /44*, %2 5Y62 1artin 1alia, Soviet ra7ed-: G =istor- o Socialis! in Russia (e [ork: Free Press, /44*, %2 5Y62 Ro)ert Con$uest, =arvest o Sorro: Soviet Collectivization and errorAFa!ine (e [ork: O8ord 3niversit- Press, /4XU*, %2 X2 Isaac Meutsc+er, +e Pro%+et Gr!ed: rotsk- /XY4A/45/ (Nondon: 9erso, 566*, %2X42 9
10 11
12
5
%ervers#o estava i!%lícita no siste!a desde o co!e"o@2 Eis al7u!as das !ais duras or!ula"Tes de rotsk-: G introdu"#o do tra)al+o co!%ulsrio ' i!%ens&vel se! a a%lica"#o, e! !aior ou !enor 7rau, de !'todos de !ilitariza"#o do tra)al+o222 Se a atividade econ!ica di&ria ' i!%ens&vel se! o tra)al+o co!%ulsrio, este n#o ser& realizado se! a a)oli"#o da ic"#o da !#o de o)ra livre, e se! a sua su)stitui"#o %or u! %rincí%io o)ri7atrio, $ue ' su%le!entado %or sua co!%uls#o eetiva222 #o +& outra alternativa %ara o socialis!o e8ceto a re7ula"#o autorit&ria das or"as e dos recursos econ!icos do %aís, e a distri)ui"#o centralizada da or"a de tra)al+o e! +ar!onia co! o %lano 7eral do Estado2 O Estado de tra)al+o se considera le7iti!ado e! enviar cada u! dos seus tra)al+adores %ara o lu7ar onde o seu tra)al+o ' necess&rio2
Para a7ravar ainda !ais a situa"#o, de certo !odo, rotsk- !es!o %ressa7iava as ina!es teses de St&lin de $ue, na %assa7e! do ca%italis!o %ara o socialis!o, o estado ;dein+a@ atrav's do ortaleci!ento dos seus r7#os, es%ecial!ente de seus r7#os de coer"#o: so) o socialis!o n#o deveria +aver nen+u!a o)ri7a"#o222 o %rincí%io da o)ri7a"#o contradiz o socialis!o222 so) o socialis!o, ns devería!os a7ir co!%elidos %or u! senti!ento de dever, %elo +&)ito do tra)al+o, %ela atratividade do la)or, etc2, etc2 Isso ' in$uestion&vel2 G%enas essa verdade in$uestion&vel deve ser leve!ente estendida2 Me ato, so) o socialis!o, n#o deveria e8istir u! a%arato de co!%uls#o e! si, a sa)er, o Estado: ele deveria ser dissolvido inteira!ente nas atividades de %rodu"#o e consu!o no interior das co!unas2 Contudo, a estrada $ue leva ao socialis!o estendeAse atrav's de u! %eríodo de !&8i!a intensiica"#o do %rincí%io do Estado2 E vocJ e eu so!os ele!entos %assa7eiros nesse %rocesso2 al co!o u!a la!%arina $ue, antes de a%a7arAse, intensiica o )ril+o de sua c+a!a, assi! o Estado, antes de desa%arecer, assu!e a or!a da ditadura do %roletariado, isto ', a !ais i!%lac&vel or!a de Estado, $ue a)arca autoritaria!ente, e! todas as dire"Tes, a vida de seus cidad#os2
3!a tal encena"#o de antasias destrutivas n#o %oderia ter!inar de outro !odo $ue nu! círculo vicioso de violJncia $ue se retroali!enta: ;Era u! si7no indu)it&vel do car&ter ut%ico do co!unis!o de 7uerra o ato dele ter continuado i7norando a realidade at' c+e7ar a u! i!%asse, !antendoAse a%enas atrav's de doses cada vez !aiores de violJncia@ /2 Isso ator!entou os )olc+evi$ues u! ano inteiro a%s o t'r!ino da 7uerra civil, levandoAos a adotar u!a !aneira %ra7!&tica e eiciente de tratar co! a cat&stroe dando u! %asso atr&s e introduzindo a EP (;ova Política Econ!ica@ $ue res%eitava as rela"Tes )&sicas de !ercado, %a7ando aos ca!%oneses u! %re"o justo %elos seus %rodutos e %er!itindo %e$uenos servi"os e ind.strias %rivadas*2 G situa"#o econ!ica %ro7rediu ra%ida!ente: e! u! %ar de Meutsc+er, +e Pro%+et Gr!ed , %2 46A/2
13
6
!eses, a o!e e o caos ora! ultra%assados, as lojas estava! c+eias de )ens, o %aís retornou ao (a u! ti%o de* unciona!ento nor!al/2 Entretanto, u!a leitura !ais de!orada de error e Co!unis!o ra%ida!ente revela o $ue +& de errado co! essa +istria do su%osto ;delírio@ )olc+evi$ue: rotskre%etida!ente enatiza $ue a !ilitariza"#o do tra)al+o era ;ditada %or u!a situa"#o de !edo u! !edo saud&vel e natural diante da ruína do %aís@2 G$ui n#o +& nen+u! alucinado ;encurta!ento do ca!in+o ao co!unis!o@, !as a%enas a %lena consciJncia de $ue o co!unis!o de 7uerra era ;o re7i!e de u!a ortaleza cercada, co! u!a econo!ia desor7anizada e e8aurida de recursos@: ;o tra)al+o co!%ulsrio usado %ara li)erar as !assas da !orte %or rio e o!e2 e!%os diíceis e8i7e! !edidas diíceis, e ns )olc+evi$ues n#o so!os os .nicos a n#o vacilar $uando o destino da revolu"#o e do %aís %ende! da )alan"a@2 E! sua so)er)a an&lise, Nars 2 Ni+, al'! disso, de!onstrou co!o, $uando, no %onto de sua co!%leta devasta"#o, os )olc+evi$ues alava! so)re ;transi"#o@ e ;%laneja!ento centralizado@, n#o se deveria conundir isso co! o %osterior ;%laneja!ento centralizado@ e ;transi"#o %ara o socialis!o@ sovi'ticos: a transi"#o n#o era a$uela do ca%italis!o %ara o socialis!o, !as a transi"#o da co!%leta devasta"#o %ela 7uerra %ara u! !íni!o unciona!ento nor!al da sociedadeB e, de acordo co! isso, o ;%lano@ si!%les!ente ' o %lano de co!o alcan"ar isso, de co!o azer co! $ue as coisas nova!ente se !ova! /2 Se u!a %rova disso or necess&ria, o leitor %ode analisar os $uatro est&7ios do ;%lano@ $ue rotsk- descreve no livro o %ri!eiro j& nos diz tudo o $ue %recisa!os sa)er: Gci!a de tudo, %ro%iciar L classe tra)al+adora a %r%ria %ossi)ilidade de viver !es!o $ue seja nas condi"Tes de !aior diiculdade e, %ortanto, %reservar nossos centros industriais e salvar nossas cidades2 Esse ' o %onto de %artida2 Se n#o $uere!os !er7ul+ar as cidades na a7ricultura, e transor!ar o %aís inteiro nu! Estado de ca!%oneses, deve!os %restar assistJncia ao nosso siste!a de trans%orte, ainda $ue nu! nível !íni!o, e 7arantir %#o, co!)ustível e !at'ria %ri!a %ara nossa ind.stria, a)astecer o castelo2 Se! isso, ns n#o %odere!os dar u! %asso adiante2 Conse$uente!ente, a %ri!eira %arte do %lano co!%reende a%erei"oa!ento do siste!a de trans%orte, ou, de $ual$uer !aneira, a %reven"#o de sua %osterior deteriora"#o e a %re%ara"#o %ara o su%ri!ento !ais necess&rio de co!ida, !at'ria %ri!a e co!)ustível2 G totalidade do %r8i!o %eríodo ocu%arAseA& co!%leta!ente co! a concentra"#o e a e8tens#o da !#o de o)ra %ara solucionar %ro)le!as essenciaisB e Entretanto, !es!o a$ui, n#o %ode!os es$uecer u! ato crucial: os a%arel+os de Estado sovi'tico $ue todos ns con+ece!os e a!a!os n#o tJ! suas raízes no co!unis!o de 7uerra, !as ' u!a le7íti!a cria"#o do EP2 O raciocínio da elite do Partido era: na !edida e! $ue esta!os nos retirando do controle direto da econo!ia, va!os nos asse7urar $ue isso n#o custe o nosso %oder assi!, %ara contraAatacar as desenreadas or"as de !ercado, %recisa!os de u! orte a%arel+o estatal ca%az de intervir e es!a7ar o ini!i7o222 9er Nars 2 Ni+, ;\Our Position Is in t+e =i7+est Me7ree ra7ic\: >ols+evik ]Eu%+oria\ in /456@, in =istor- and Revolution: Reutin7 Revisionis! , eds 1ike =a-nes and Hi! olre-s (Nondon and e [ork: 9erso, 566Y*2 14
15
7
a%enas dessa !aneira %odere!os lan"ar as )ases %ara tudo a$uilo $ue est& %or vir2
Me ato, co!o o %r%rio rotsk- coloca e! ter!os claros e ine$uívocos: ;#o +& nen+u! socialis!o a$ui e ne! %oderia +aver@2 O co!unis!o de 7uerra co! sua !ilitariza"#o do tra)al+o era u!a deses%erada estrat'7ia de curtoA%razo a i! de criar, t#o lo7o $uanto %ossível, as condi"Tes de sua %r%ria a)oli"#o o $ue eetiva!ente ocorreu u! ano de%ois co! a introdu"#o do EP2 I7ual!ente, esta ' a raz#o %ela $ual a crítica %adr#o de re%rova"#o aos )olc+evi$ues ;Por $ue vocJs n#o introduzira! o EP i!ediata!ente a%s a 7uerra civil Por $ue es%erara! %or todo u! ano de desastres@ erra o alvo: a i! de $ue o EP osse a%licado co!o u! todo, a sociedade deveria uncionar !ini!a!ente trans%orte, %rodu"#o industrial (dar al7o aos ca!%oneses e! troca de co!ida*, !oeda est&vel, etc2B e essas condi"Tes ora! criadas %elo co!unis!o de 7uerra2 G %assa7e! do co!unis!o de 7uerra ao EP n#o era u!a !udan"a do ce7o terror ideol7ico da realidade %ara o %ra7!atis!o do senso co!u!B a!)as azia! %arte de u!a estrat'7ia consistente %ara tirar o %aís do atoleiro no !o!ento e! $ue o co!unis!o de 7uerra realizou o seu tra)al+o, ele oi a)andonado2 Entretanto, aos ol+os dos críticos do )olc+evis!o, a !ilitariza"#o do tra)al+o era a%enas u! dos as%ectos de u! %ro)le!a !uito !ais unda!ental, a$uele da ;de!ocracia versus ditadura@2 G$ui, de ato, o contraste %arece ser t#o claro $uanto %ossível de u! lado, +& o recon+eci!ento a)erto de rotsk- de $ue a ditadura do %roletariado si7niicava a ditadura do Partido: 1ais de u!a vez, o!os acusados de ter su)stituído a ditadura dos sovietes %ela ditadura do nosso %artido2 Gde!ais, %odeAse dizer co! %lena justi"a $ue a ditadura dos sovietes a%enas tornouAse %ossível atrav's da ditadura do %artido2 7ra"as L clareza de sua vis#o +istrica e sua orte or7aniza"#o revolucion&ria $ue o %artido %er!itiu aos sovietes a %ossi)ilidade de sere! transor!ados de %arla!entos do tra)al+o inor!es e! a%arel+os da su%re!acia do tra)al+o2 essa ;su)stitui"#o@ do %oder da classe tra)al+adora %elo %oder do %artido n#o +& nada de acidental, e, na verdade, n#o +& nen+u!a su)stitui"#o e! a)soluto2 Os co!unistas e8%ressa! os interesses unda!entais da classe tra)al+adora2
Mo outro lado, +& a deesa de Kaust- da de!ocracia !ulti%artid&ria co! todos os seus in7redientes, inclusive a li)erdade de i!%rensaB %ara ele, a vitria do socialis!o era eetiva!ente conce)ida co!o u!a vitria %arla!entar do Partido Social Me!ocrata, e ele !es!o su7eriu $ue a or!a %olítica a%ro%riada da %assa7e! do ca%italis!o ao socialis!o seria a coaliz#o %arla!entar da )ur7uesia %ro7ressista e dos %artidos socialistas2 (So!os tentados a levar essa l7ica ao seu e8tre!o e su7erir $ue, %ara Kaust-, a .nica revolu"#o aceit&vel seria a$uela eita atrav's de u! reerendo $ue atin7isse %elo !enos cin$uenta e u! %or cento dos votos dos
8
eleitores de !odo a o)ter sua a%rova"#o222* #o ad!ira $ue, no início da d'cada de /456, e! sua o%osi"#o L ditadura dos )olc+evi$ues, Kaust- %rei7urou Ernest olte, ao descrever os ascistas co!o ;terroristas i!itadores@, ;raternos advers&rios@ dos )olc+evi$ues, air!ando $ue o )olc+evis!o tin+a servido co!o u!a escola de t'cnicas re%ressivas %ara o ascis!o: ;O ascis!o nada !ais ' $ue a contra%artida do )olc+evis!oB 1ussolini ' a%enas u! !aca$ueador de NJnin@ /U2 Outro as%ecto dessa dieren"a unda!ental ' a avalia"#o dierente do %a%el dos ;sovietes@ (consel+os* en$uanto autoAor7aniza"#o direta da classe tra)al+adora: %ara Kaust-, os sovietes era!, ;e! rela"#o Ls or7aniza"Tes %roissionais e do %artido de !uitos %aíses desenvolvidos, n#o u!a alta or!a de or7aniza"#o, !as %ri!eiro e aci!a de tudo u! su)stituto Vot)e+el W, sur7indo da ausJncia de or7aniza"Tes %olíticas@, en$uanto %ara rotsk-, eles era! su%eriores, n#o a%enas aos a%arel+os %arla!entares de Estado, !as, e! .lti!a instDncia, ao %r%rio Partido: Se os %artidos e sindicatos osse! or7aniza"Tes %re%aratrias %ara a revolu"#o, os sovietes seria! a %r%ria ar!a da revolu"#o2 G%s sua vitria, os sovietes transor!a!Ase e! instru!entos de %oder2 O %a%el do %artido e dos sindicatos, se! di!inuir, ', a%esar disso, essencial!ente alterado2
Esse as%ecto ornece a c+ave %ara co!%reender onde reside a verdadeira i!%ortDncia do de)ate: n#o si!%les!ente na o%osi"#o de!ocracia versus ditadura, !as na ;ditadura@ de classe $ue est& inscrita na %r%ria or!a da ditadura %arla!entar esse ' o %onto tocado %or rotsk- e! sua r'%lica: G ditadura ' necess&ria %or$ue ' u! caso, n#o de !udan"a %arcial, !as da %r%ria e8istJncia da )ur7uesia2 en+u!a condescendJncia ' %er!itida nesse terreno2 S a or"a %ode ser u! ator deter!inante2 G ditadura do %roletariado n#o e8clui, natural!ente, acordos isolados, ou concessTes consider&veis, es%ecial!ente os relativos L classe !'dia )ai8a e aos ca!%oneses2 1as o %roletariado s %ode concluir tais acordos e consenti!entos a%s ter to!ado %osse dos a%arel+os de %oder, e ter 7arantido a si !es!o a %ossi)ilidade de decidir, de !odo inde%endente, e! $uais %ontos ceder e e! $uais !anterAse ir!e, conor!e os interesses da !iss#o 7eral do socialis!o2
G verdadeira $uest#o, assi!, n#o ' a$uela so)re $ue! e8erce direta!ente o %oder, u!a coaliz#o de a7entes %olíticos ou a ;ditadura@ de u! s a7ente, !as de co!o o %r%rio ca!%o, no $ual ocorre o %rocesso %olítico, e! sua totalidade, ' estruturado: ele ' o %rocesso de re%resenta"#o %arla!entar co! o seu conjunto de %artidos ;reletindo@ a o%ini#o de seus eleitores, ou u!a autoAor7aniza"#o da classe o%er&ria !ais direta, $ue re%ousa nu! %a%el !uito !ais ativo dos %artici%antes no Citado de 1assi!o Salvadori, Karl Kaust- and t+e Socialist Revolution (Nondon: 9erso, 566Y*2
16
9
%rocesso %olítico G re%rova"#o )&sica de rotsk- L de!ocracia %arla!entar n#o consiste no ato de $ue ela d& u! %oder de!asiado Ls !assas i7norantes, !as, %arado8al!ente, $ue ela a%assiva de!asiada!ente as !assas, dei8ando a iniciativa aos a%arel+os estatais de %oder (e! contraste aos ;sovietes@, nos $uais a classe tra)al+adora direta!ente !o)iliza a si !es!a e e8erce seu %oder*2
3!a sensata re%rova"#o sur7e a$ui: %or $ue, ent#o, c+a!ar isso de ;ditadura@ Por $ue n#o ;verdadeira de!ocracia@, ou !es!o si!%les!ente o ;%oder do %roletariado@ ;Mitadura@ n#o si7niica a$ui o contr&rio de de!ocracia, !as o !odo de unciona!ento su)jacente %r%rio da de!ocracia desde o %rincí%io, a tese so)re a ;ditadura do %roletariado@ envolvia a %ressu%osi"#o de $ue ela era o o%osto de outra(s* or!a(s* de ditadura, na !edida e! $ue todo o ca!%o do %oder de Estado ' a$uele da ditadura2 adiou conceitualizou esse e8cesso co!o o e8cesso da re%resenta"#o do Estado so)re o $ue ele re%resenta2 PodeAse ainda colocar isso e! ter!os )enja!inianos: en$uanto a de!ocracia %ode !ais ou !enos eli!inar a violJncia constituída, ela ainda assi! de%ende continua!ente de u!a violJncia constitutiva2 Essa crítica L de!ocracia %arla!entar %ode %arecer al7o $ue %ertence L outra '%oca, u!a '%oca do descr'dito Ls ilusTesB isso, entretanto, n#o !erece u! novo ol+ar a %artir da %ers%ectiva atual, $uando as $uei8as co! rela"#o L indieren"a e %assividade da !aioria dos eleitores, so)re a %ro7ressiva %erda de %oder do %rocesso de!ocr&tico, est& 7an+ando terreno !es!o e! na"Tes de!ocr&ticas do Ocidente G intui"#o de rotsk- so)re co!o a de!ocracia
10
%arla!entar ' o !eio a%assivador da !aioria, ta!)'! sustenta sua crítica L convic"#o de Kaust- de $ue as elei"Tes %arla!entares unciona! co!o u! ;es%el+o@ iel das o%iniTes das %essoas: e! %eríodos de relativa esta)ilidade, %odeAse considerar $ue ;as elei"Tes %arla!entares relete! o e$uilí)rio do %oder co! suiciente e8atid#o2 G 7uerra i!%erialista, $ue assola toda sociedade )ur7uesa, revela a co!%leta inutilidade do vel+o crit'rio@2 Gí reside o erro de Kaust-: ele %re7a aos tra)al+adores $ue eles deve! ;coniar sua rele8#o so)re o es%el+o curvo da de!ocracia $ue te! sido estil+a"ado %ela )ota do !ilitaris!o e! v&rios ra7!entos@2 o caos social da 7uerra !undial e da crise, a ;+i%ntica su7est#o de u!a le7alidade %aciicadora@ te! o seu encanto $ue)rado: nesses te!%os inst&veis, a %r%ria esta)ilidade %sicol7ica das !ultidTes desinte7raAseB e! rea"#o aos 7randes eventos trau!&ticos, a !aioria das %essoas %ode %assar, e! $uest#o de dias, de u! e8tre!o a outroB as oscila"Tes s#o t#o ortes e r&%idas $ue a ;rele8#o@ de!ocr&tica %erde sua eetividade: 3! deter!inado e!%urr#o %ara a es$uerda ou %ara a direita ' suiciente %ara !o)ilizar o %roletariado, %or certo %eríodo, %ara u! ou outro lado2 9i!os isso e! /4/, $uando, so) a %ress#o conjunta dos 7overnos i!%erialistas e dos %artidos socialistas %atriticos, a classe o%er&ria era, de u!a s vez, e! )loco, jo7ada %ara ora de seu e$uilí)rio e arre!essada no ca!in+o do i!%erialis!o2
esses te!%os dinD!icos onde a situa"#o est& ;a)erta@ e ' e8tre!a!ente inst&vel, o %a%el dos co!unistas n#o ' a de %assiva!ente ;reletir@ a o%ini#o da !aioria, !as a de insti7ar a classe tra)al+adora a !o)ilizar suas or"as e, assi!, criar u!a nova !aioria: Se o re7i!e %arla!entar, !es!o no %eríodo de ;%az@, de desenvolvi!ento est&vel, ' antes de tudo u! !'todo cru de desco)rir a o%ini#o do %aís, sendo $ue, na '%oca da te!%estade revolucion&ria, %erde co!%leta!ente sua ca%acidade de se7uir a luta e o desenvolvi!ento da consciJncia revolucion&ria, o re7i!e Sovi'tico, ent#o, $ue est& !ais %r8i!o, e te! u!a vincula"#o !ais direta e +onesta co! a !aioria tra)al+adora, alcan"a o seu %ro%sito, n#o en$uanto estatica!ente relete a !aioria, !as en$uanto dina!ica!ente a cria 2
Esse .lti!o %onto re%ousa e! u!a %re!issa ilosica crucial $ue torna e8tre!a!ente %ro)le!&tica a teoria %adr#o !aterialistaAdial'tica do con+eci!ento co!o ;rele8#o@ (%ro%a7ada %elo %r%rio NJnin e! seu 1aterialis!o e E!%iriocriticis!o *2 O $ue, %ara rotsk-, +& de errado co! a %reocu%a"#o de Kaustde $ue a classe tra)al+adora to!e o %oder ;de!asiado %recoce!ente@ ' $ue essa %reocu%a"#o i!%lica u!a vis#o %ositivista da +istria co!o u! %rocesso ;o)jetivo@ $ue %redeter!ina as coordenadas de u!a %ossível interven"#o %olíticaB nesse +orizonte, ' ini!a7in&vel $ue u!a interven"#o %olítica radical %udesse !odiicar as
11
%r%rias coordenadas ;o)jetivas@ e, assi!, de certa !aneira, criar as condi"Tes %ara o seu %r%rio sucesso: O ar7u!ento re%etido incessante!ente nas críticas ao siste!a sovi'tico na R.ssia, e %articular!ente nas críticas Ls tentativas revolucion&rias de instaurar u!a estrutura se!el+ante e! outros %aíses, ' o ar7u!ento )aseado no e$uilí)rio do %oder2 O re7i!e sovi'tico na R.ssia ' ut%ico ;%or$ue ele n#o corres%onde ao e$uilí)rio de %oder@2 G atrasada R.ssia n#o %oderia colocar o)jetos diante de si !es!a $ue seria! !ais a%ro%riados %ara a avan"ada Gle!an+a2 E %ara o %roletariado da Gle!an+a seria u! ato de loucura to!ar o %oder %olítico e! suas %r%rias !#os, %ois nesse ;%resente !o!ento@ %ertur)aria o e$uilí)rio do %oder2
=& !ais do $ue o%ortunis!o nessa o)sess#o co! o ;e$uilí)rio do %oder@ (o%ortunis!o condensado %or rotsk- e! u!a !aravil+osa o)serva"#o eita e! seus dias e! 9iena: ;G%s u!a conversa ao %' do ouvido do Miretor do Me%arta!ento de Polícia, u! %olítico socialAde!ocrata austríaco, nos )ons, e n#o t#o distantes, vel+os te!%os, sa)ia e8ata!ente se o e$uilí)rio do %oder %er!itia u!a de!onstra"#o %acíica %elas ruas de 9iena no Mia do ra)al+ador@*2 G$ui, rotsk- se !ant'! iel a NJnin $ue, e! seus escritos de /4/Y, reservou sua ironia !ais &cida L$ueles $ue se en7ajava! na )usca inter!in&vel %or al7u! ti%o de ;7arantia@ %ara a revolu"#oB essa 7arantia assu!e duas or!as %rinci%ais: ou a reiicada no"#o de necessidade social (n#o se %ode, %re!atura!ente, arriscar a revolu"#oB ' necess&rio es%erar %elo !o!ento e8ato, $uando a situa"#o estiver ;!adura@ co! rela"#o Ls leis do desenvolvi!ento +istricoB ;' cedo de!ais %ara a revolu"#o socialista, a classe tra)al+adora n#o est& !adura o suiciente@* ou a le7iti!idade (de!ocr&tica* nor!ativa (;a !aioria da %o%ula"#o n#o est& do nosso lado, de !odo $ue a revolu"#o n#o seria real!ente de!ocr&tica@* ' co!o se, antes $ue o a7ente revolucion&rio arriscasse to!ar e! !#os o %oder do Estado, ele tivesse $ue conse7uir a %er!iss#o de al7u!a i7ura do 7rande Outro (or7anizar u! reerendo !ediante o $ual se a%uraria $ue a !aioria a%oia a revolu"#o*2 Co! NJnin, e ta!)'! co! Nacan, a revolu"#o ne s\autorise $ue d\elleA!J!e /Y : deveAse assu!ir a res%onsa)ilidade %elo ato revolucion&rio n#o a!%arado %elo 7rande Outro o !edo de to!ar o %oder ;%re!atura!ente@, a )usca %or al7u!a 7arantia, ' o !edo do a)is!o do ato2 Gí reside a derradeira di!ens#o da$uilo $ue NJnin incessante!ente denuncia co!o ;o%ortunis!o@, e sua a%osta ' a$uela de $ue o ;o%ortunis!o@ ', e! si !es!o, u!a %osi"#o inerente!ente alsa, !ascarando o !edo de realizar o ato co! a tela %rotetora dos atos, leis e nor!as ;o)jetivos@2 G res%osta de NJnin n#o ' a reerJncia a u! conjunto dierente de ;atos o)jetivos@, !as a re%eti"#o de u! ar7u!ento eito u!a d'cada atr&s %or Rosa Nu8e!)ur7o contra Kaust-: a$ueles $ue es%era! %elas condi"Tes o)jetivas %ara a revolu"#o acontecer, es%erar#o %ara se!%re tal %osi"#o do o)servador o)jetivo (e n#o do a7ente en7ajado* ' e! si E! rancJs no ori7inal: ;s tira sua autoridade dela !es!a@2 (22*
17
12
!es!a o %rinci%al o)st&culo %ara a revolu"#o2 O contraAar7u!ento de NJnin contra a crítica or!alAde!ocr&tica do se7undo %asso ' $ue essa o%"#o ;%ura!ente de!ocr&tica@ ' e! si !es!a ut%ica: dadas as circunstDncias concretas da R.ssia, o Estado de!ocr&tico )ur7uJs n#o te! c+ances de so)reviver a .nica !aneira ;realista@ de %rote7er os verdadeiros 7an+os da Revolu"#o de Fevereiro (li)erdade de or7aniza"#o e de i!%rensa, %or e8e!%lo* ' dar u! %asso e! dire"#o L revolu"#o socialista, %ois, caso contr&rio, a rea"#o czarista vencer&2 D ()"#" A $T*(#" oda a +istria da 3ni#o Sovi'tica %ode ser co!%reendida e! +o!olo7ia L a!osa i!a7e! de Ro!a citada %or Freud, u!a cidade cuja +istria est& de%ositada e! seu %resente so) a or!a de dierentes ca!adas de restos ar$ueol7icos, e! $ue cada nível novo reco)re o %recedente, co!o (e! outro !odelo* as sete ca!adas de roia, de !odo $ue a +istria, e! sua re7ress#o e! dire"#o a '%ocas %assadas, %rocede co!o o ar$uelo7o, desco)rindo novas ca!adas na !edida e! $ue es$uadrin+a cada vez !ais %rounda!ente o terreno2 O $ue ' a +istria (ideol7ica oicial* da 3ni#o Sovi'tica, sen#o a !es!a acu!ula"#o de e8clusTes, de transor!ar %essoas e! n#oA%essoas, de u!a reescrita retroativa da +istria >astante lo7ica!ente, a ;deAstaliniza"#o@ oi !arcada %elo %rocesso o%osto de ;rea)ilita"#o@, de ad!itir os ;erros@ das %olíticas %assadas do Partido2 G ;rea)ilita"#o@ 7radual dos e8Alíderes )olc+evi$ues de!onizados %ode, assi!, servir co!o o indício !ais sensível de $u#o lon7e (e e! $ue dire"#o* oi a ;deAstaliniza"#o@ da 3ni#o Sovi'tica2 Os %ri!eiros a sere! rea)ilitados ora! os anti7os líderes !ilitares, e8ecutados e! /4/ (uk+ac+evsk- e outros*B o .lti!o a ser rea)ilitado, j& na era 0or)ac+ev, u! %ouco antes do cola%so do re7i!e co!unista, oi >uk+arin essa .lti!a rea)ilita"#o, natural!ente, era si7no claro da virada e! dire"#o ao ca%italis!o: o >uk+arin rea)ilitado era a$uele $ue, e! /456, advo7ava o %acto entre tra)al+adores e ca!%oneses (%ro%riet&rios de suas terras*, lan"ando o a!oso slo7an ;Enri$ue"a! a si !es!os@, o%ondoAse L coletiviza"#o or"ada2 Si7niicativa!ente, entretanto, u!a i7ura nunca oi rea)ilitada, e8cluída %elos co!unistas, )e! co!o %elos nacionalistas russos antiAco!unistas: rotsk-, o ;judeu errante@ da revolu"#o, o verdadeiro ;antiASt&lin@, o ;ar$uiAini!i7o@, o%ondo a ;revolu"#o %er!anente@ L ideia de ;construir o socialis!o e! u! s %aís@ /X2 >asta le!)rar u! dos !ais tr&7icos docu!entos da +istria sovi'tica, a carta escrita %or >uk+arin de sua cela de !orte %ara St&lin, e! /6 de deze!)ro de /4YB eis o $ue >uk+arin oerece a St&lin e! troca da sua vida: Se devo )ri7ar %ela !in+a vida, eu 7ostaria de re$uerer (e!)ora ten+a $ue %ri!eiro discutir isso co! !in+a es%osa* o se7uinte: $ue 1es!o +oje e7ri, e! u! livro $ue te! )oas %alavras !es!o %ara St&lin, !e re%udia e! u!a nota de %' de %&7ina e! seu .lti!o livro co!o ;o esloveno Zizek $ue, a7ora, tornouAse !ais ou !enos trotskista@2 9er Gntonio e7ri, 0ood)-e 1ister Socialis! (Paris: ditions du Seuil, 566Y*, %2 UY2 18
13
eu seja e8ilado %ara a G!'rica2 E!%reenderei u!a 7uerra !ortal contra rotsk-, triunarei so)re a!%los se7!entos da +esitante intelli7entsia 2 9ocJ %ode enviar u! e8%eriente oicial co!i7o e, %ara icar ainda !ais se7uro $uanto aos !eus %ro%sitos, %ode deter !in+a es%osa a$ui %or seis !eses at' $ue eu %ossa ter %rovado $ue real!ente estou na cola de rotsk- e co!%an+ia /42
So!os tentados a arriscar a$ui u! %aralelo co! a distin"#o reudiana entre a re%ress#o %ri!ordial (undante* e a secund&ria no inconsciente: a e8clus#o de rotsk- e$uivale a al7o co!o a ;re%ress#o %ri!ordial@ do Estado sovi'tico, al7o $ue n#o %ode nunca ser read!itido !ediante sua ;rea)ilita"#o@, u!a vez $ue a orde! no seu todo re%ousa nesse 7esto ne7ativo de e8clus#o2 rotsk- ' o .nico %ara o $ual n#o +& lu7ar, seja antes de /446, no socialis!o real!ente e8istente, seja %sA/446, no ca%italis!o real!ente e8istente, no $ual !es!o os co!unistas nost&l7icos n#o sa)e! o $ue azer co! a revolu"#o %er!anente de rotsk- talvez o si7niicante rotsk- seja a !ais a%ro%riada desi7na"#o do $ue +& de !ais di7no de reden"#o no le7ado leninista2 PodeAse le!)rar a$ui do ;=-%'rion de =^lderlin@, u! estran+o, e!)ora crucial, curto ensaio de 0eor7 Nuk&cs, escrito e! /4, no $ual Nuk&cs elo7ia o endosso de =e7el ao er!idor a%olenico contra a intransi7ente idelidade de =^lderlin L +erica uto%ia revolucion&ria: =e7el acerta contas co! a '%oca %sAer!idoriana e co! o encerra!ento do %eríodo revolucion&rio do desenvolvi!ento )ur7uJs, e ele alicer"a sua ilosoia %recisa!ente so)re a co!%reens#o desse novo %onto de virada da +istria !undial2 =^lderlin n#o az nen+u!a concess#o co! a realidade %sA er!idorianaB ele %er!anece iel ao vel+o ideal revolucion&rio de renova"#o da ;%olis@ de!ocr&tica e ' arruinado %ela realidade, na $ual seus ideais n#o encontra! 7uarida, ne! !es!o ao nível da %oesia e do %ensa!ento256
Nuk&cs reereAse a$ui L no"#o de 1ar8 de $ue o %eríodo +erico da Revolu"#o Francesa oi o necess&rio ro!%i!ento entusi&stico se7uido %ela ase n#o +erica das rela"Tes de !ercado: a verdadeira un"#o social da revolu"#o oi a de esta)elecer as condi"Tes %ara o %rosaico reino da econo!ia )ur7uesa, e o verdadeiro +eroís!o reside n#o e! ce7a!ente se aerrar ao entusias!o revolucion&rio inicial, !as e! recon+ecer ;a rosa no !eio da cruz do %resente@, co!o =e7el 7ostava de %ararasear Nutero, ou seja, e! a)andonar a %osi"#o da >ela Gl!a e aceitar co!%leta!ente o %resente co!o o .nico do!ínio %ossível %ara a li)erdade real2 Gssi!, ' essa concess#o %ara co! a realidade social $ue %er!ite a =e7el dar u! %asso ilosico crucial %ara rente, a$uele $ue su%era a no"#o %rotoA ascista de co!unidade ;or7Dnica@, %resente e! seu !anuscrito S-ste! der Sittlic+keit , en7ajandoAse na an&lise dial'tica dos anta7onis!os da sociedade civil H2 Grc+ 0ett- and Ole7 92 au!ov, +e Road to error: Stalin and t+e SelAMestruction o t+e >ols+eviks (e =aven, C, and Nondon: [ale 3niversit- Press, /444*, %2 542 0eor7 Nuk&cs, ;=^lderlin\s =-%erion@, in 0oet+e and =is G7e (Nondon: Gllen _ 3nin, /4UX*, %2 542 19
20
14
)ur7uesa2 (Gí reside o %arado8o %ro%ria!ente dial'tico do esor"o %rotoAascista de retornar a u!a co!unidade ;or7Dnica@ %r'A!oderna: lon7e de ser si!%les!ente ;reacion&rio@, o ;socialis!o eudal@ ascista ' u! ti%o de concess#oAsolu"#o, u!a tentativa ersatz 5/ de construir o socialis!o no interior dos li!ites do %r%rio ca%italis!o*2 )vio $ue essa an&lise de Nuk&cs ' %rounda!ente ale7rica: oi escrito u! %ar de !eses a%s rotsk- ter lan"ado suas teses so)re o stalinis!o co!o sendo o er!idor da Revolu"#o de Outu)ro2 Gssi!, o te8to de Nuk&cs deve ser lido co!o u!a res%osta a rotsk-: ele aceita a caracteriza"#o de rotsk- do re7i!e stalinista co!o sendo ;er!idoriano@, dando a ela u! 7iro %ositivo ao contr&rio de la!entar a %erda da ener7ia ut%ica, deveria, de u!a !aneira +eroica!ente resi7nada, aceitar suas conse$uJncias co!o o .nico es%a"o real %ara o %ro7resso social222 Para 1ar8, o)via!ente, a so)riedade do ;dia %osterior@ $ue se se7ue L into8ica"#o revolucion&ria assinala a li!ita"#o ori7inal do %rojeto revolucion&rio ;)ur7uJs@, a alsidade de suas %ro!essas de li)erdade universal: a ;verdade@ dos direitos universais do ser +u!ano s#o os direitos do !ercado e da %ro%riedade %rivada2 Se ler!os a aceita"#o de Nuk&cs do er!idor Stalinista, isso i!%lica (deensavel!ente contra sua inten"#o consciente* e! u!a co!%leta %ers%ectiva %essi!ista e anti!ar8ista: nesse caso, a revolu"#o %rolet&ria seria e! si !es!a i7ual!ente caracterizada %ela lacuna entre sua ilusria air!a"#o universal da li)erdade e seu %osterior des%ertar nas novas rela"Tes de e8%lora"#o e do!ina"#o, o $ue si7niica $ue o %rojeto co!unista de realizar a ;li)erdade real@ est& necessaria!ente adado a racassar ou n#o =istoriadores $ue tentara! de!onstrar a continuidade entre as %olíticas de NJnin e St&lin 7osta! de enatizar a i7ura de Feli8 Mzerz+insk-, o undador da C+eka (!ais tarde 0P3, K9M, K0>222*, a %olícia secreta )olc+evi$ue: co!o re7ra, ele ' retratado de acordo co! a$uilo $ue Meleuze teria c+a!ado de ;o)scuro %recursor@ do stalinis!o2 a te8tura do desenvolvi!ento %r'Astalinista da 3ni#o Sovi'tica nos dez %ri!eiros anos a%s a Revolu"#o de Outu)ro, Mzerz+insk- deve ser ;lido ao avesso@, co!o u! viajante do te!%o, $ue retornou do uturo stalinista u!a d'cada L rente2 al leitura re$uente!ente ad$uire di!ensTes %ro%ria!ente antas!&ticas, co!o na$ueles +istoriadores $ue enatiza! o 7'lido ol+ar va7o de Mzerz+insk-, su%osta!ente u!a e8%ress#o ísica de sua !ente i!%lac&vel, %rivada de todo o calor +u!ano e co!%ai8#o2 #o ad!ira, ent#o, $ue o Ocidente ten+a rece)ido co! sur%resa inantil as notícias de $ue o 7overno de Putin na R.ssia decidira recolocar a est&tua de Mzerz+insk- na %ra"a $ue ica e! rente ao ina!e Pal&cio de Nu)-anka, a sede da e8tinta K0>222 =&, entretanto, al7u!as sur%resas 7uardadas %ara a$ueles $ue se aerra! a essa i!a7e! rece)ida2 O livro de Nesle E! ale!#o no ori7inal: si7niica su)stituto, !as de u!a $ualidade inerior ao ori7inalB u!a i!ita"#o )arata2 21
15
C+a!)erlain, +e P+iloso%+- Stea!er , $ue retrata a e8%uls#o da 3ni#o Sovi'tica, e! /45/, de u! 7ru%o dos !ais a)andonados intelectuais n#o !ar8istas, u!a o)ra $ue insiste %recisa!ente no ca!in+o estreito (se n#o na continuidade direta* entre leninis!o e stalinis!o, te! co!o a%Jndice curtas notas )io7r&icas so)re todas as %essoas envolvidas eis o ver)ete so)re Mzerz+insk-: FENIKS MZERZ=ISK[ (/XYYA/45U* ascido na Polnia, diretor da C+eka, %osterior!ente da 0P3, su%ervisor das e8%ulsTes2 Mzerz+insk- %assou u! $uarto da sua vida onze anos nas %risTes czaristas e no e8ílio na Si)'ria, incluindo trJs anos de tra)al+os or"ados2 ;Sua identiica"#o co!, e o deensor dos, os des%rivile7iados e o%ri!idos@ (Ne77ett*55 era in$uestion&vel2 Mzerz+insk- %er!anece u!a i7ura eni7!&tica25
=& u!a s'rie de detal+es adicionais $ue lan"a! u!a ines%erada luz so)re essa i7ura e!)le!&ticaB entretanto, o %onto central n#o ' %ri!eira!ente enatizar $u#o ;)rando@, ;de!asiado +u!ano@, era! os %ri!eiros )olc+evi$ues2 #o se deve, de !odo al7u!, reco)rir a severidade do seu 7overno o %onto reside e! outro lu7ar: %recisa!ente $uando eles recorre! ao terror (e eles re$uente!ente aze! isso a)erta!ente, c+a!ando a )esta %elo seu no!e, ;error 9er!el+o@*, esse terror ' de u! ti%o co!%leta!ente dierente do terror stalinista2 atural!ente, !uitos +istoriadores, en$uanto est#o %rontos a conceder esse %onto, a%esar disso, insiste! $ue +avia u!a %rounda necessidade $ue levaria do %ri!eiro ao se7undo !odo de terror: a !udan"a da i!%lac&vel %ureza revolucion&ria e! terror corro!%ido n#o ' u! lu7ar co!u!, u! clic+', dos +istoriadores das revolu"Tes #o resta a !enor d.vida $ue os %ri!eiros )olc+evi$ues icaria! c+ocados e! ver a$uilo e! $ue a 3ni#o Sovi'tica +avia se transor!ado e! /46 (co!o !uitos deles icara!, e ora! cruel!ente e8ter!inados nos 7randes e8%ur7os*B entretanto, a tra7'dia deles oi a de n#o sere! ca%azes o suiciente de %erce)er no terror stalinista o derradeiro ruto de seus %r%rios atos2 O $ue eles %recisava! era sua %r%ria vers#o da anti7a intui"#o oriental do ;tatva! asi@ (9ocJ ' isso@*222 Essa sa)edoria diundida $ue, dei8eA!e air!ar clara!ente, n#o %ode ser si!%les!ente rejeitada co!o antico!unis!o )arato: te! sua %r%ria l7ica coerente, e %er!ite recon+ecer a 7randeza tr&7ica no interior da vel+a 7uarda )olc+evi$ue ' o $ue se deveria, contudo, tornar %ro)le!&tica2 G$ui, a es$uerda deveria %ro%or sua %r%ria alternativa da nova !oda entre os +istoriadores de direita de contar a +istria do %onto de vista da$uilo $ue teria acontecido se: a res%osta L eterna $uei8a es$uerdista de ;o $ue teria acontecido se NJnin tivesse so)revivido dez anos !ais co! sua sa.de intacta, sendo )e! sucedido e! de%or St&lin@ n#o ' t#o clara co!o G reerJncia ' a 0eor7e Ne77ett, +e C+eka: Nenin\s Political Police (O8ord: O8ord 3niversitPress, /4X/*2 Nesle- C+a!)erlain, +e P+iloso%+- Stea!er (Nondon: Gtlantic >ooks, 566U*, %2 /A/U2 V=& u!a tradu"#o e! %ortu7uJs dessa o)ra2 C+a!)erlain, Nesle-2 G 0uerra Particular de NJnin : a de%orta"#o da intelectualidade russa %elo 7overno )olc+evi$ue2 Ed2 Record: Rio de Haneiro, 566X, /X%2 (22*W 22
23
16
se %oderia su%or (%oderAseAia )asica!ente dizer nada ou seja, nada de real!ente dierente: o !es!o stalinis!o, a%enas %rivado de seu e8cesso*, a des%eito de u!a %or"#o de )ons ar7u!entos avor&veis a al7u! ti%o de continuidade (a %r%ria Rosa Nu8e!)ur7o j& n#o re!ontava a /4/X %ara %renunciar a ori7e! da )urocracia stalinista*2 G$ui, %odeAse su7erir $ue, e!)ora seja claro $ue o stalinis!o ten+a e!er7ido a %artir das condi"Tes iniciais criadas %ela Revolu"#o de Outu)ro e suas i!ediatas conse$uJncias, n#o se %ode a %riori desconsiderar a %ossi)ilidade de, caso NJnin tivesse %er!anecido saud&vel %or u! %ar de anos e de%osto St&lin, al7o inteira!ente dierente ter e!er7ido n#o, o)via!ente, a uto%ia do ;socialis!o de!ocr&tico@, !as, a%esar disso, al7o su)stancial!ente dierente do ;socialis!o e! u! s %aís@ stalinista, o resultado de u!a s'ria de decisTes %olíticas e econ!icas !uito !ais ;%ra7!&ticas@ e i!%rovisadas, inteira!ente conscientes de suas %r%rias li!ita"Tes2 G deses%erada luta inal de NJnin contra o reaviva!ento do nacionalis!o russo, seu a%oio aos ;nacionalistas@ 7eor7ianos, sua vis#o de u!a edera"#o !uito !ais decentralizada, e assi! %or diante, n#o era! co!%ro!issos !era!ente t&ticos: eles i!%licava! u!a vis#o de Estado e de sociedade $ue era, e! sua totalidade, co!%leta!ente inco!%atível co! a %ers%ectiva stalinista2 Mois anos antes de sua !orte, $uando tornavaAse claro de $ue n#o +averia u!a revolu"#o i!ediata e! toda a Euro%a, e $ue a ideia de construir o socialis!o e! u! s %aís era u! a)surdo, eis co!o NJnin via a situa"#o: E se a co!%leta deses%eran"a da situa"#o, esti!ulando dez vezes !ais os esor"os dos tra)al+adores e ca!%oneses, nos desse a o%ortunidade de criar os re$uisitos unda!entais da civiliza"#o de u!a !aneira co!%leta!ente dierente da$uela dos %aíses da Euro%a Ocidental5
MeveAse o)servar a$ui o !odo co!o NJnin usa u! ter!o de classe social neutro, ;criar os re$uisitos unda!entais da civiliza"#o@, acrescido do !odo co!o ele recorre L !es!a lin7ua7e! de deses%ero utilizada %or rotsk-2 Para colocar e! ter!os deleuzianos, o !o!ento de NJnin ' a do ;%recursor o)scuro@, o !ediador evanescente, o o)jeto deslocado $ue nunca encontra o seu lu7ar, entre duas s'ries: a s'rie inicial das revolu"Tes realizadas nos %aíses !ais desenvolvidos, deendida %ela ;ortodo8ia@ !ar8istaB e a s'rie da nova ortodo8ia stalinista do ;socialis!o e! u! s %aís@, e, ent#o, a identiica"#o !aoísta das na"Tes do erceiro 1undo co! o novo %roletariado !undial2 G !udan"a, a$ui, de NJnin %ara o stalinis!o ' clara e &cil de deter!inar: NJnin %erce)ia a situa"#o co!o deses%eran"ada, ines%erada, !as, co!o tal, deveria ser criativa!ente e8%lorada %or novas escol+as %olíticasB co! a no"#o de ;socialis!o e! u! s %aís@, St&lin renor!alizou a situa"#o e! u!a nova narrativa do desenvolvi!ento linear e! ;eta%as@2 Ou seja, en$uanto NJnin era 92I2 NJnin, Collected Zorks , vol2 (1osco: Pro7ress Pu)lis+ers, /4UU*, %2 Y42
24
17
co!%leta!ente consciente de $ue u!a ;ano!alia@ +avia ocorrido (a revolu"#o e! u! %aís ao $ual altava! os %ressu%ostos %ara o desenvolvi!ento de u!a sociedade socialista*, ele rejeitava a conclus#o evolucionista vul7ar de $ue a revolu"#o +avia ocorrido ;%re!atura!ente@, de !odo $ue se deveria dar u! %asso atr&s a i! de desenvolver !odernas sociedades ca%italistas de!ocr&ticas, as $uais, lenta!ente, criaria! as condi"Tes %ara a nova revolu"#o socialista2 O $ue NJnin %ro%Te a$ui ' eetiva!ente u!a i!%lícita teoria de ;+istria alternativa@: so) a do!ina"#o ;%re!atura@ das or"as do uturo, os !es!o %rocessos +istricos ;necess&rios@ (da civiliza"#o !oderna* %ode! (re*conduzirAse de u!a !aneira dierente 52 co! rela"#o ao terror %olítico $ue se %ode localizar a lacuna $ue se%ara a era de NJnin do stalinis!o: nos te!%os de NJnin, o terror era a)erta!ente ad!itido (rotsk- al7u!as vezes !es!o 7a)aAse, de u!a !aneira $uase arro7ante, so)re a natureza n#o de!ocr&tica do re7i!e )olc+evi$ue e do terror %or ele utilizado*, en$uanto nos te!%os de St&lin, o estatuto si!)lico do terror !udou co!%leta!ente o terror ora transor!ado na so!)ra o)scena, %u)lica!ente n#o recon+ecida, $ue su%le!enta o discurso %.)lico oicial2 si7niicante $ue o clí!a8 do terror (/4UAY* acontecera $uando a nova constitui"#o ora instalada e! /4U essa constitui"#o su%un+a sinalizar o i! do estado de e!er7Jncia e !arcar o retorno L nor!alidade: a sus%ens#o dos direitos civis de toda u!a ca!ada da %o%ula"#o (kulaks 5U, e8Aca%italistas* oi rescindida, o direito ao voto oi universalizado, e assi! %or diante2 G ideia central dessa constitui"#o era a de $ue, a7ora, a%s a esta)iliza"#o da orde! socialista e a ani$uila"#o das classes ini!i7as, a 3ni#o Sovi'tica n#o era !ais u!a sociedade dividida %or classes: o sujeito do Estado n#o era !ais a classe tra)al+adora (o%er&rios e ca!%oneses*, !as ;o Povo@2 Entretanto, isso n#o si7niica $ue a constitui"#o stalinista era u!a si!%les +i%ocrisia $ue escondia a realidade social a %ossi)ilidade do terror estava inscrita e! seu %r%rio D!a7o: na !edida e! $ue a 7uerra de classes era, a %artir de a7ora, %rocla!ada co!o su%erada e a 3ni#o Sovi'tica era conce)ida co!o o %aís do Povo se! classes, a$ueles $ue ainda se o%usesse! (ou $ue se %resu!isse! se o%or* ao re7i!e n#o era! !ais considerados !eros ini!i7os de classe e! conlito $ue Zizek reereAse a$ui L dial'tica +e7eliana da contin7Jncia e da necessidade2 =e7el descreve a l7ica na $ual o resultado de u! %rocesso contin7ente ' a %r%ria revela"#o da necessidade inscrito nesse %rocesso retroativa!ente2 E! outras %alavras, a necessidade ' construída retroativa!ente a %artir do aconteci!ento de certo eventoB contudo, o %r%rio aconteci!ento desse evento %er!anece co!%leta!ente acidental: ele %oderia n#o ter ocorrido2 Zizek costu!a usar o caso da cat&stroe a!)iental %ara e8e!%liicar essa l7ica +e7eliana: se ela vir a ocorrer no uturo, %ode!os retroativa!ente dizer $ue ela era necess&ria, %ois n#o ize!os nada %ara rear o desenvolvi!ento desenreado do ca%italis!oB a7ora, se n#o ocorrer, ' a%enas %or$ue a aceita!os co!o nosso destino e ize!os de tudo, assi!, no %resente, %ara evit&Ala, tornandoAse, i7ual!ente, nesse sentido, necess&ria2 (22* 3! Kulak era u! ca!%onJs rico ou %rs%ero, 7eral!ente %ro%riet&rio de u!a &rea de terra relativa!ente e8tensa, dono de centenas de ca)e"as de 7ado e de cavalos, e $ue %ossuía u!a )oa ca%acidade inanceira %ara e!%re7ar tra)al+adores assalariados2 Gntes da Revolu"#o Russa, os kulaks dese!%en+ava! u! %a%el social de desta$ue nas vilas ca!%onesas, e8ercendo un"Tes ad!inistrativas2 (22* 25
26
18
dividia! o cor%o social, !as ini!i7os do Povo, insetos, escria des%rezível $ue devia ser e8cluída da %r%ria +u!anidade2 PodeAse ta!)'! or!ular essa dieren"a e! ter!os do estatuto da %roi)i"#o: nos %ri!rdios do ;error 9er!el+o@, a %roi)i"#o era a)erta!ente ad!itida e anunciada, en$uanto $ue so) o stalinis!o, a %roi)i"#o e! si !es!a era %roi)ida era necess&rio in7ir e a7ir co!o se n#o +ouvesse nen+u! terror, co!o se a vida tivesse retornado ao nor!al2 Essa dieren"a, e!)ora %ossa %arecer u!a !era sutileza, ' crucial, %ois ela !odiica tudo: dos %ri!rdios da ;ditadura@ )olc+evi$ue $ue era a)erta e trans%arente no seu %r%rio e8ercício da violJncia (%or conse7uinte, ad!itindo a)erta!ente seu car&ter te!%or&rio, seu estatuto e8ce%cional*, ns %assa!os %ara a ditadura stalinista $ue re%ousa e! sua autone7a"#o e, assi!, so)re u!a !istiica"#o ele!entar2 isso reside a i!%ortDncia de rotsk-2 E!)ora o trotskis!o re$uente!ente uncione co!o u!a es%'cie de o)st&culo tericoA%olítico, i!%edindo u!a autocrítica e u!a an&lise radicais, necess&rias L es$uerda conte!%orDnea, a i7ura de rotsk-, a%esar disso, %er!anece crucial na !edida e! $ue ele re%resenta u! ele!ento $ue %ertur)a a alternativa ;ou socialis!o (social* de!ocrata ou totalitaris!o stalinista@: o $ue encontra!os e! rotsk-, e! seus escritos e e! sua %r&tica revolucion&ria nos %ri!eiros anos da 3ni#o Sovi'tica, ' terror revolucion&rio, 7overno do %artido, etc2, !as de u! !odo dierente da$uele %raticado %elo stalinis!o2 Gssi!, deveAse levar e! considera"#o a idelidade das eetivas realiza"Tes de rotsk-, dissi%ando o !ito %o%ular de u! rotsk- )rando e de!ocr&tico2 E, nova!ente, a conclus#o ;!es!o se rotsk- tivesse vencido, o resultado inal seria )asica!ente o !es!o@ (e, !ais ainda, a air!a"#o de $ue rotsk- estaria na ori7e! do stalinis!o, a sa)er, $ue, %erto do inal da d'cada de /456 e! diante, St&lin !era!ente a%licou e desenvolveu !edidas %ri!eira!ente conce)idas %or rotsk- nos anos do co!unis!o de 7uerra* ' errnea: a +istria ' a)erta, nin7u'! %ode sa)er o $ue teria acontecido caso rotsktivesse vencido2 O %ro)le!a reside e! outro lu7ar: no ato de $ue a atitude e a estrat'7ia de rotsk-, e! !eados da d'cada de /456, tornara! i!%ossível, %or sua e8ata orienta"#o, sua vitria na luta %elo %oder do Estado2 os di&rios de 0eor7i Mi!itrov5Y %ode!os vislu!)rar co!o St&lin era co!%leta!ente consciente da$uilo $ue o levou ao %oder, dando u! 7iro ines%erado ao seu )e!Acon+ecido slo7an ;o %ovo (os $uadros* ' nossa !aior ri$ueza@2 erlin: Gu)au 9erla7, 5666*2
27
19
O $ue ez co! $ue vencJsse!os so)re rotsk- e os outros )e! sa)ido $ue, a%s NJnin, rotsk- era o !ais %o%ular e! nossa terra222 1as ns tín+a!os o a%oio dos $uadros !'dios, eles e8%licava! nossa co!%reens#o da situa"#o Ls !assas222 rotsk- n#o deu a !íni!a aten"#o a esses $uadros2
G$ui, St&lin torna e8%lícito o se7redo de sua ascens#o ao %oder: antes, co!o u! anni!o Secret&rioA0eral, ele no!eou dezenas de !il+ares de $uadros $ue devia! sua ascens#o a ele222 isso reside a raz#o de St&lin e! n#o $uerer a !orte de NJnin no início de /455, rejeitando seu %edido de $ue l+e osse dado al7u! veneno $ue %usesse i! a sua vida a%s o inarto $ue o dei8ou isica!ente de)ilitado5X: tivesse NJnin !orrido j& no início de /455, a $uest#o da sucess#o n#o teria sido resolvida e! avor de St&lin, na !edida e! $ue St&lin, co!o Secret&rioA 0eral, ainda n#o tin+a %enetrado suiciente!ente no a%arato do Partido co! sua no!ea"#o ele %recisaria de !ais u! ou dois anos, a i! de $ue, $uando NJnin eetiva!ente !orresse, ele %udesse contar co! a%oio de !il+ares de $uadros de nível !'dio no!eados %or ele, de !odo a triunar so)re os 7randes no!es da ;aristocracia@ )olc+evi$ue2 O +ROR UT-P#CO D 1920 O $ue oi dito at' a$ui, entretanto, ' a%enas a %ri!eira eta%a a i! de co!%reender ade$uada!ente o tur)ulento ano de /456, deve!os %roceder e! duas eta%as2 Pri!eiro, ao nível da an&lise +istrica detal+ada, deveAse reutar a narrativa %redo!inante da loucura do7!&tica, do son+o ut%ico de encurtar o ca!in+o ao socialis!o, de transor!ar a cat&stroe e! )Jn"#o2 Entretanto, ' crucial su%le!entar essa eta%a co! o co!%leto recon+eci!ento do ervor ut%ico $ue sustentou os )olc+evi$ues: o deses%ero e a verdadeira uto%ia andava! juntos, sendo $ue a .nica !aneira de so)reviver ao catastrico %eríodo da 7uerra civil, da desinte7ra"#o social, da o!e e do rio, era a de !o)ilizar essas ;loucas@ ener7ias ut%icas2 #o ' essa u!a das li"Tes ele!entares dos t#o dene7ridos !ovi!entos ;!ilenaristas@, cujo caso e8e!%lar ' a revolta dos ca!%oneses na Gle!an+a do s'culo dezesseis e seu líder +o!as 1`nzer54 G verdadeira cat&stroe seria ter lido isso e! ter!os NJnin soreu u!a s'rie de inartos a %artir de /4552 E! /45, NJnin soreu !ais u! enarto $ue o dei8ou %aralisado e se! voz2 (22* +o!as 1`nzer (/X4A/5* liderou a 0uerra dos Ca!%oneses (/5A/5* na Gle!an+a2 1`nzer escreveu os ;Moze Grti7os@, nos $uais %rocla!ava $ue os ca!%oneses nascera! livres2 Miscí%ulo de Nutero, levou as teorias da Reor!a Protestante at' suas .lti!as conse$uJncias2 I!)uído de es%írito !ilenarista, deendia $ue o i! dos te!%os e $ue o Reino de Cristo estava! %restes a se instalar so)re a terra, %ro!ovendo a justi"a e a %az entre os +o!ens, ca)endo aos ca!%oneses e a todos os de!ais %o)res e e8%lorados do !undo a%ressare! seu advento2 E! virtude disso, %re7ava $ue as classes !ais )ai8as da sociedade deveria! se re)elar contra os %rivil'7ios dos %rínci%es e no)res da Gle!an+a2 Gssustado co! a revolta dos ca!%oneses contra os e8%loradores, Nutero escreveu nutrido de +orror +ist'rico diante das conse$uJncias de sua %r%ria teoria: ;S +& u!a !aneira do sr2 28
29
%ovin+o azer sua o)ri7a"#o: constran7endoAo %ela lei e %ela es%ada, %rendendoAo e! cadeias e 7aiolas, da !es!a or!a $ue se az co! )estas selva7ens 2 2 2 !el+or a !orte de todos os ca!%oneses do $ue a !orte dos %rínci%es 2 2 2 estran7ule! os re)eldes co!o aria! co! c#es
20
a%ocalí%ticos, co!o u! sinal ;do i! dos te!%os@, co!o u! novo Início $ue nos es%reita2 al autJntica at!osera a%ocalí%tica %aulina ' clara!ente discernível e! %assa7ens co!o esta: O $ue a erceira Internacional $uer de seus a%oiadores ' u! recon+eci!ento, n#o e! %alavras, !as e! eitos, de $ue a +u!anidade civilizada entrou na '%oca das revolu"TesB $ue todos os %aíses ca%italistas est#o %ro!ovendo %ertur)a"Tes colossais e u!a 7uerra de classes a)ertaB e $ue a tarea dos re%resentantes do %roletariado revolucion&rio ' a de %re%arar %ara a inevit&vel e i!inente 7uerra a ar!adura es%iritual e a )ase da or7aniza"#o necess&rias2
Meve!os ler tais e8%losTes de ervor revolucion&rio a%ocalí%tico contra o %ano de undo de suas e8%ressTes na %oesia le!)re!os do !ais a!oso %oe!a so)re a Revolu"#o de Outu)ro, Os Moze , de Gle8ander >lok, de /4/X, so)re doze soldados da 0uarda 9er!el+a $ue %atrul+a!, L noite, u!a cidade desolada2 G at!osera a%ocalí%tica clara!ente ecoa a vincula"#o si!)olista, $ue !arcou o início da o)ra de >lok, entre cat&stroe e uto%ia: Para $ue todos os )ur7ueses sora! Nan"are!os o7o 3! o7o de %ro%or"Tes universais, e !er7ul+are!os ele E! san7ue Sen+or, a tua )Jn"#o? u )ur7uJs, o7e co!o u! %ardal? Eu )e)erei teu san7ue, eu san7ue !orno, %or a!or, Por a!or aos ol+os ne7ros2
O a!oso inal direta!ente identiica os doze 7uardas ver!el+os co! os a%stolos $ue se7uia! Cristo: Eles !arc+a! co! %asso so)erano ;
aos !il+ares2 O telo7o aca)ou %reso, torturado e deca%itado2 Sua ca)e"a oi %endurada co!o tro'u nos %ortTes de entrada da$uela cidade (22*2
21
Eles !arc+a! co! %asso so)erano222 Gtr&s deles u!a !atil+a de c#es a!intos Co)ertos de neve at' o to%o de suas ca)e"as Carre7ando u!a )andeira ver!el+oAsan7ue Pisando suave!ente so)re os rede!oin+os de neve Coroados co! u!a coroa de %'rolas de locos de neve 3! diade!a lorido de 7elo, rente deles vai Hesus Cristo2
E! u! !aravil+oso ensaio so)re C+even7ur , a 7rande uto%ia ca!%onesa de Platonv escrita e! /45Y e /45X, Fredric Ha!eson descreve os dois !o!entos $ue constitue! o %rocesso revolucion&rio2 Ele co!e"a co! u! 7esto de ne7atividade radical: Esse %ri!eiro !o!ento de redu"#o do !undo, de destrui"#o dos ídolos, de )ani!ento do vel+o !undo e! san7ue e dor, ' e! si !es!o a %r'Acondi"#o %ara a reconstru"#o de al7o dierente2 3! %ri!eiro !o!ento de a)soluta i!anJncia ' necess&rio, a t&)ula rasa da a)soluta i!anJncia ou i7norDncia ca!%onesa, %ara $ue novas sensa"Tes e senti!entos nunca antes son+ados %ossa! vir a ser2 6
Ent#o, se7ueAse a se7unda eta%a, a inven"#o da nova vida n#o a%enas a constru"#o de u!a nova realidade social na $ual nossos son+os ut%icos %ossa! ser realizados, !as a (re*constru"#o desses %r%rios son+os: 3! %rocesso $ue seria !uito si!%les e e$uivocado c+a!ar de reconstru"#o ou constru"#o ut%ica, desde $ue, co! eeito, envolve o %r%rio esor"o de encontrar u!a !aneira de co!e"ar a i!a7inar a 3to%ia $ue co!e"aria co! ela2 alvez, e! u! ti%o de lin7ua7e! %sicanalítica ocidental222 ns %ode!os %ensar o novo co!e"o do %rocesso ut%ico co!o u! desejar desejar, a%render a desejar, a inven"#o do desejo c+a!ado 3to%ia e! %ri!eiro lu7ar, aco!%an+ado de novas re7ras %ara antasiar e son+ar acordado co! u!a tal coisa u! conjunto de narrativas or!ais se! nen+u! %recedente e! nossas institui"Tes liter&rias anteriores2 /
G reerJncia L %sican&lise ' crucial e !uito %recisa: e! u!a revolu"#o radical, as %essoas n#o a%enas realiza! os seus vel+os son+os (e!anci%atrios, etc2*: antes, elas reinventa! os seus %r%rios !odos de son+ar2 a$ui $ue o vínculo entre a Revolu"#o de Outu)ro e as van7uardas artísticas ad$uire todo o seu %eso: o $ue elas co!%artil+ava! era a ideia de construir u! novo +o!e!, de literal!ente reconstruíAlo ou, se7undo o %r%rio rotsk-: O $ue ' o +o!e! Me !aneira al7u!a ele ' u! ser aca)ado e +ar!onioso2 #o, ele ainda ' u!a criatura alta!ente desajeitada2 O ser +u!ano, en$uanto u! ani!al, n#o evoluiu %or !eio de u! Fredric Ha!eson, +e Seeds o i!es , (e [ork: Colu!)ia 3niversit- Press, /44*, %2 X42 I)id2, %2 462
30 31
22
%lano, !as es%ontanea!ente, e te! acu!ulado !uitas contradi"Tes2 G $uest#o de co!o educar e re7ular, de co!o !el+orar e co!%letar a constru"#o ísica e es%iritual do +o!e!, ' u! %ro)le!a colossal $ue s %ode ser co!%reendido co! )ase no socialis!o222 Produzir u!a nova, ;u!a vers#o !el+orada@ do +o!e! essa ' a tarea utura do co!unis!o2 E, %ara isso, te!os %ri!eiro $ue desco)rir tudo so)re o ser +u!ano, sua anato!ia, sua isiolo7ia e a$uela %arte de sua isiolo7ia $ue ' c+a!ada de %sicolo7ia2 O +o!e! deve ol+ar %ara si !es!o e ver a si !es!o co!o !at'ria )ruta, ou, !el+or ainda, co!o u! %roduto se!i!anuaturado, e dizer: ;Final!ente, !eu caro +o!o sa%iens , eu tra)al+arei so)re vocJ@2 5
Foi contra essa a!ea"a de %lena !oderniza"#o $ue a %olítica cultural stalinista rea7iu co! sua 7rande virada, no início e !eados da d'cada de /46, do i7ualitaris!o %rolet&rio %ara a air!a"#o da +eran"a russa2 a esera cultural, i7uras co!o Pus+kin e c+aikovsk- ora! elevadas !uito aci!a do !odernis!oB nor!as est'ticas tradicionais de )eleza ora! reair!adasB a +o!osse8ualidade oi considerada ile7al, a %ro!iscuidade se8ual condenada, e o casa!ento %rocla!ado a c'lula ele!entar da nova sociedade2 G nova %olítica cultural n#o a%enas de!andava u! retorno a or!as artísticas $ue osse! atrativas %ara as a!%las !ultidTes, !as ta!)'! cínico co!o isso %ossa soar u! retorno a or!as de !oralidade ele!entar!ente tradicionais2 os es%etaculares jul7a!entos stalinistas, as víti!as era! consideradas res%ons&veis, acusadas de sere! cul%adas, or"adas a conessar222 e! su!a, %or !ais estran+o $ue isso %ossa soar, elas era! tratadas co!o sujeitos 'ticos autno!os, n#o co!o o)jetos da )io%olítica2 Meve!os, ent#o, tirar a conclus#o $ue, co! %esar, deve!os endossar o stalinis!o co!o u!a deesa contra u!a a!ea"a !uito %ior E se a%lic&sse!os ta!)'! a$ui o !ote lacaniano ;le %bre ou %ire @ , e arriscar a escol+a %elo %ior : e se o resultado eetivo de escol+er %erse7uir a inalidade do son+o )io%olítico osse al7o io%olítica ' u! conceito desenvolvido %or 1ic+el Foucault e! seu livro =istria da Se8ualidade: a vontade de sa)er de !odo a descrever a or!a co!o o Estado de!ocr&ticoA)ur7uJs encontra sua realiza"#o e! seu conte.do ad!inistrativoAre7ulatrio2 esse sentido, a )io%olítica se constitui en$uanto %oder so)re a vida: ;u! %oder $ue se e8erce %ositiva!ente so)re a vida, $ue e!%reende 32 33
sua 7est#o, sua !ajora"#o, sua !ulti%lica"#o, o e8ercício, so)re ela, de controles %recisos e re7ula"Tes de conjunto @ (%2 /54*2 rataAse da redu"#o %raticada %elo Estado de!ocr&ticoA)ur7uJs do
sujeito L !era vida nua2 Co!o e8e!%los e8tre!os e co!%le!ent&rios te!os o caso erri Sc+iavo e as torturas dos %risioneiros e! 0uantana!o e G)u 0+rai): de u! lado, o controle estatal so)re u! ser +u!ano reduzido L si!%les vida ve7etativa (u! !ortoAvivo cuja vida %recisa ser %rote7ida %elos a%arel+os de Estado* e, de outro, os %risioneiros cujas )o!)as errara! o alvo, co!%leta!ente %rivados de direitos e di7nidade +u!ana2 (22* E! rancJs no ori7inal: ;%ai ou %ior @ ' u!a senten"a +o!onica cun+ada %or Nacan %ara se reerir L %osi"#o do analista2 Esse n#o ' u!a i7ura %aterna (a %aternal i7ura da autoridade si!)lica*, na !edida e! $ue a %resen"a do analista re%resenta e encena a sus%ens#o dessa autoridade2 Para Nacan, a escol+a do sujeito, %ortanto, seria: ou o sujeito se identiica co! o !andato si!)lico conerido %elo 7rande Outro ou ele se aerra L !ítica su)stDncia %r'Asu)jetiva !ortaAviva, a +orrível %al%ita"#o de u!a %uls#o $ue %ersiste %ara al'! da !orte e $ue esca%a L coloniza"#o si!)lica2 (22* 34
23
i!%revisível $ue sacudisse as %r%rias coordenadas desse son+o Gs a%ostas a$ui s#o e8tre!a!ente altas nin7u'! era !ais consciente disso do $ue o %r%rio rotsk-, co!o ica claro e! seu son+o na noite de 5 de jun+o de /4, e! $ue o NJnin !orto l+e a%arece: a .lti!a noite, ou, antes, cedo nessa !an+#, eu son+ei $ue tin+a u!a conversa co! NJnin2 Hul7ando %elos arredores, est&va!os e! u! navio, no conv's da terceira classe2 NJnin estava deitado e! u! )elic+eB eu estava e! %' ou sentado %erto dele, n#o estou se7uro disso2 Ele !e $uestionava ansiosa!ente so)re !in+a doen"a2 ;9ocJ %arece ter acu!ulado ati7a nervosa, %recisa descansar222@ Eu res%ondi $ue tin+a !e recu%erada ra%ida!ente da !in+a ati7ada, 7ra"as a !in+a nativa Sc+un7krat , !as, dessa vez, o %ro)le!a %arecia encontrarAse e! al7u! %rocesso %roundo222 ;ent#o, vocJ deveria seria!ente (ele enatizava essa %alavra* consultar os doutores (v&rios no!es*222@ Eu res%ondi $ue j& tin+a realizado v&rias consultas e co!ecei a contarAl+e so)re !in+a via7e! a >erli!: !as, ol+ando %ara NJnin, eu !e recordei $ue ele estava !orto2 I!ediata!ente tentei aastar esse %ensa!ento, de !odo a ter!inar a conversa2 erli! e! /45U, eu $uis acrescentar, ;Isso oi a%s a sua !orte@B !as !e controlei e disse, ;G%s vocJ se sentir !al222@
E! sua inter%reta"#o desse son+o, Nacan U concentraAse na )via vincula"#o e8istente co! o son+o de Freud, no $ual o seu %ai a%arece a ele, u! %ai $ue n#o sa)e $ue est& !orto2 Gssi!, o $ue si7niica o ato de NJnin n#o sa)er $ue est& !orto =& duas !aneiras radical!ente o%ostas de ler esse son+o de rotsk-2 Me acordo co! a %ri!eira leitura, a terriicante!ente i7ura ridícula de u! NJnin !ortoA vivo $ue n#o sa)e $ue o i!enso e8%eri!ento social $ue ele, %or si s, trou8e L e8istJncia (o $ual ns c+a!a!os de co!unis!o sovi'tico* c+e7ou ao seu i!2 Ele %er!anece c+eio de ener7ia, e!)ora esteja !orto, e as inj.rias i!%utadas a ele %elos vivos $ue ele oi a$uele $ue deu ori7e! ao terror stalinista, $ue ele era u!a %ersonalidade a7ressiva, c+eia de dio, u! autorit&rio de caso co! o %oder e o totalitaris!o, e ainda %or ci!a (o %ior de tudo* o redesco)ridor do !ercado e! seu EP nen+u! desses insultos s#o ca%azes de conerir u!a !orte, ou !es!o u!a se7unda !orte, a ele2 Co!o ' $ue, ou co!o ' %ossível $ue ele %ossa continuar %ensando $ue ainda est& vivo E $ual ' nossa %osi"#o a$ui $ue deveria ser a$uela de rotsk- e! seu son+o, nin7u'! duvida $ual ' nosso n#oAsa)er, $ual ' a !orte da $ual NJnin $uer nos %rote7er Y Neon rotsk-, Miar- in E8ile /4 (Ca!)rid7e, 1G: =arvard 3niversit- Press, /4YU*, %2 /AU2 O son+o ' analisado %or Nacan e! seu Se!in&rio 9I so)re O desejo e sua inter%reta"#o , te!%orada de Y de janeiro de /44 (n#o %u)licado*2 Fredric Ha!eson, ;Nenin and Revisionis!@, in Nenin Reloaded , SIC series, vol2 Y, eds2 S2 >ud7en, S2 Kouvelakis and S2 Zizek (Mur+a!, C: Muke 3niversit- Press, 566Y*, %2 42 35 36
37
24
O NJnin !orto $ue n#o sa)e $ue est& !orto re%resenta, assi!, nossa recusa o)stinada e! renunciar aos 7randiosos %rojetos ut%icos e aceitar as li!ita"Tes de nossa situa"#o: n#o +& 7rande Outro, NJnin era u! !ero !ortal e co!eteu erros co!o $ual$uer u! de ns, de !odo $ue ' +ora de dei8ar!os $ue ele !orra, de %er!itir $ue esse antas!a o)sceno $ue asso!)ra nosso i!a7in&rio %olítico %ossa inal!ente descansar, e, dessa or!a, a)rindo o ca!%o %ara u!a a)orda7e! de nossos %ro)le!as de u!a !aneira n#oAideol7ica e %ra7!&tica2 1as e8iste u! outro sentido no ato de NJnin ainda estar vivoB ele est& vivo na !edida e! $ue cor%oriica o $ue >adiou c+a!a de ;Ideia eterna@ da e!anci%a"#o universal, a )usca i!ortal %or justi"a e! $ue nen+u! insulto ou cat&stroe ' ca%az de !atar2 Meve!os le!)rar a$ui as su)li!es %alavras de =e7el so)re a Revolu"#o Francesa e8traídas de suas Neituras so)re a Filosoia da =istria 1undial : e!Ase dito $ue a Revolu"#o Francesa resultou da ilosoia, e $ue n#o ' se! raz#o $ue a ilosoia te! sido c+a!ada de Zelteis+eit Vsa)edoria do !undoWB %ois isso n#o a%enas ' verdade e! si e %ara si, co!o a %ura essJncia das coisas, co!o ta!)'! ' verdade e! sua or!a viva tal co!o e8i)ida nos aconteci!entos do !undo2 Portanto, n#o deve!os contradizer a air!a"#o de $ue a revolu"#o rece)eu seu i!%ulso inicial da ilosoia222 unca, desde $ue o sol sur7iu no ir!a!ento e os %lanetas co!e"ara! a 7irar e! torno dele, oi t#o %erce)ido $ue a e8istJncia do +o!e! centraAse na sua ca)e"a, isto ', no %ensa!ento, no $ual ele encontra a ins%ira"#o %ara or!ar a realidade do !undo222 unca, co!o a7ora, o +o!e! +avia avan"ado no recon+eci!ento do %rincí%io de $ue o %ensa!ento deve 7overnar a realidade es%iritual2 odo ser %ensante co!%artil+a da ju)ila"#o dessa '%oca2 E!o"Tes de u! car&ter elevado a7ita! o es%írito dos +o!ens neste te!%o e! $ue vive!osB u! entusias!o es%iritual %ercorre o !undo, co!o se a reconcilia"#o entre o divino e o secular osse, a7ora, %ela %ri!eira vez, alcan"ada2 X
Isso, natural!ente, n#o evita a ria an&lise de =e7el da necessidade inerente dessa e8%los#o de li)erdade a)strata transor!arAse e! seu o%osto, e! terror revolucion&rio autodestrutivoB entretanto, n#o se deve nunca es$uecer $ue a crítica de =e7el ' i!anente, aceitando o %rincí%io )&sico da Revolu"#o Francesa (e seu su%le!ento c+ave, a Revolu"#o =aitiana*2 E deveAse azer e8ata!ente o !es!o a %ro%sito da Revolu"#o de Outu)ro (e, !ais tarde, da Revolu"#o C+inesa*: oi, co!o >adiou assinalou, o %ri!eiro caso e! toda a +istria da +u!anidade de u!a revolta )e! sucedida dos %o)res e8%lorados eles or!ava! o 7rau zero dos !e!)ros da nova sociedade, a$ueles $ue esta)elecera! os novos %adrTes2 Contra todas as ordens +ier&r$uicas, a i7ualdade universal direta!ente c+e7ava ao %oder2 G revolu"#o se esta)ilizou e! u!a nova orde!, u! novo !undo oi criado e !iraculosa!ente so)reviveu, cercado %or u!a o%ress#o e u! isola!ento !ilitar e 022F2 =e7el, Nectures on t+e P+iloso%+- o Zorld =istor- (Ca!)rid7e: Ca!)rid7e 3niversit- Press, /4X6*, %2 5U2 38
25
econ!ico ini!a7in&veis2 Esse era real!ente ;u! 7lorioso a!an+ecer do es%írito2 odo ser %ensante co!%artil+ava da ju)ila"#o dessa '%oca@2 Essa dieren"a ' a derradeira distin"#o entre St&lin e rotsk-2 E! St&lin, ;NJnin vive %ara se!%re@ co!o u! es%írito o)sceno $ue ;n#o sa)e $ue est& !orto@, !antido vivo artiicial!ente co!o u! instru!ento de %oder2 E! rotsk-, o !orto NJnin continua a viver co!o Hoe =ill 4 ele vive en$uanto +ouver %essoas $ue ainda lute! %ela !es!a Ideia2
Zizek reereAse L can"#o co!%osta %or Paul Ro)eson e! +o!ena7e! ao sueco Hoel E!!anuel =77lund, $ue de%ois adotou o no!e de Hoe =ill2 G%enas %ara dar u!a ideia da correla"#o $ue Zizek esta)elece entre o son+o de rotsk-, o de Freud e o te!a da can"#o, cita!os u! trec+o da !es!a: ;a .lti!a noite son+ei $ue via Hoe =illQ 9ivo co!o eu e vocJQ Eu disse, ]1as Hoe, vocJ est& !orto +& 39
dez anos\Q ]Eu nunca !orri\, ele disse, ]Eu nunca !orri\, ele disseQQ Me %', 7rande co!o a vida,Q E sorrindo co! seus ol+osQ Hoe disse, ]O $ue eles es$uecera! de !atarQ Continua a se or7anizar, continua a se or7anizarQQ Hoe =ill nunca !orreu,Q En$uanto os tra)al+adores !arc+are! e! 7reveQ Hoe =ill estar& ao lado deles\ 2@ ra)al+ador i!i7rante nos Estados 3nidos, tornouAse co!%ositor de !.sicas e cartunista %o%ular e! deesa dos sindicatos radicais2 G%s juntarAse ao Industrial Zorkers o t+e Zorld (I*, ajudou a or7anizar os tra)al+adores, escrevendo can"Tes %olíticas e %oe!as
satíricos, al'! de azer discursos aos tra)al+adores2 Foi e8ecutado e! /4/, ;conundido@ co! u! dos assassinos de Ho+n 02 1orrison e seu il+o Grlin7, !ortos e! u!a !ercearia de Salt Nake Cit- %or dois assaltantes ar!ados $ue usava! len"os ver!el+os %ara escondere! o rosto2 (22* ∗
radu"#o Gndr' Susin2