Órgãos sem Corpos – Gilles Deleuze Tradução: Rodrigo Nunes Lopes Pereira 1. A Realidade do Virtual
A medida do verdadeiro amor por um filósofo é que reconhecemos traços de seus conceitos por toda parte em nossa experiê experiênci nciaa diária diária.. Recent Recenteme emente nte,, enquan enquanto to assist assistia ia novame novamente nte a Ivan, o terrível de Sergei isenstein, notei um maravilhoso detalhe na cena da coroaç!o no in"cio da primeira parte# quando os dois amigos mais próximos $no momento% de &van derramam moedas de ouro ouro de gra grandes ndes 'aix aixela elas em sua sua ca' ca'eça eça recé recém m ung ungida, ida, essa essa verdadeira chuva n!o pode deixar de surpreender o espectador por seu caráter magicamente excessivo ( mesmo depois de vermos as duas 'aixelas quase va)ias, cortamos para a ca'eça de &van na qual moedas de ouro continuam *irrealisticamente+ a ser derramadas em um fluxo cont"nuo. sse excesso n!o é extremamente *deleu)iano+ -!o é o excesso do puro fluxo de devir so're sua causa corporal, do virtual so're o efetivo A prim primei eira ra dete determ rmin inaç aç!o !o que que vem vem ment mentee a prop propós ósit itoo de /eleu)e é que ele é o filósofo do 0irtual ( e a primeira reaç!o a isso deveria ser a de opor a noç!o de /eleu)e do 0irtual ao tópico onipresente da realidade virtual# o que importa para /eleu)e n!o é a real realid idad adee virt virtua ual, l, mas mas a real realid idad adee do virt virtua uall $q $que ue,, em term termos os lacanianos, é o Real. Realidade virtual é, por melhor di)er, uma idéia miserável, de imitar a realidade, de reprodu)ir sua experiência em um meio artificial%. A realidade do 0irtual, ao contrário, representa a realidade do 0irtual como tal, por seus reais efeitos e conseq1ências. 0amos usar um atrator de matemática# todos as linhas ou pontos positivos em sua esfera de atraç!o apenas se aproximam de maneira inte interm rmin ináv ável, el, nunc nuncaa alca alcanç nçan ando do sua sua form formaa ( a exis existê tênc ncia ia dess dessaa forma é puramente virtual, n!o sendo nada além do modelo em direç!o ao qual as linhas e pontos tendem. 2ontudo, em si mesmo precisamente, o virtual é o Real desse campo# o imóvel campo focal em torno do qual todos os elementos circulam. 3 0irtual n!o é, afin afinal al,, o Sim' Sim'ól ólic icoo como como tal tal 0amo 0amoss cons consid ider erar ar a auto autori rida dade de sim'ólica# para funcionar como uma efetiva autoridade, ela tem que permanecer n!o inteiramente reali)ada, uma ameaça eterna. 4alve) 4alve) a diferen diferença ça ontoló ontológica gica entre entre o 0irtua 0irtuall e o fetivo fetivo se5a se5a mais mais 'em 'em capt captur urad adaa pela ela muda mudanç nçaa na mane maneir iraa como como a f"si f"sica ca qu6ntica conce'e as relaç7es entre as part"culas e suas interaç7es# em um momen omentto inicia cial, ela elas aparec recem como se primei imeirro $ontologicamente, ao menos% as part"culas interagissem so' a forma
de ondas, oscilaç7es, etc.8 ent!o, em um segundo momento, somos o'rigados a representar uma radical mudança de perspectiva ( o fato fato onto ontoló lógi gico co prim primor ordi dial al é que que as próp própria riass onda ondass $tra $tra5e 5etó tóri rias as,, osci oscila laç7 ç7es es%, %, e part part"c "cul ulas as n!o n!o s!o s!o sen! sen!oo o pont pontoo noda nodall no qual qual diferentes ondas intercedem. [1] &sso nos introdu) am'ig1idade da relaç!o entre o virtual e o efetivo# $9% 3 olho humano R/:; a percepç!o da lu)8 ele perce'e a lu) de uma determinada maneira $perc $perce' e'en endo do cert certas as core cores, s, etc. etc.%, %, uma uma rosa rosa de uma uma mane maneir ira, a, um morcego de outra... 3 feixe de lu) *em si mesmo+ n!o é efetivo, mas, so'retudo, a pura virtualidade de infinitas possi'ilidades efetivadas de m
?A-/ a percepç!o ( ele inscreve o que ele *realmente vê+ em uma intrincada rede de memórias e antecipaç7es $como ?roust com o gosto da madeleine%, madeleine%, podendo desenvolver novas percepç7es, etc. @= 3 gêni gênioo de /ele /eleu) u)ee resi reside de em sua sua noç! noç!oo de *emp *empir iris ismo mo transcendental+# em contraste com a noç!o padr!o do transcendental como a rede conceitual formal que estrutura o rico flux fluxoo de dad dados emp emp"ric "ricos os,, o *tra transcen scend dent ental+ al+ dele deleu) u)ia iano no é infinitamente BA&S R&23 do que a realidade ( ele é o campo pote potenc ncia iall infi infini nito to de virt virtua uali lida dade dess fora fora do qual qual a real realid idad adee é efetivada. 3 termo *transcendental+ é aqui usado no estrito sentido filosófico de condiç7es a priori de possi'ilidade de nossa experiência da real realid idad adee cons consti titu tu"d "da. a. 3 acop acoplam lamen ento to para parado doxa xall de pont pontos os opostos $transcendental C emp"rico% em direç!o a um campo de experiência além da $ou, até mesmo, so' a% experiência da realidade consti constitu" tu"daD daDper perce' ce'ida ida.. ?erman ?ermanecem ecemos os aqui aqui dentro dentro do campo campo da consciência ( /eleu)e define o campo do empirismo transcendental como *uma pura corrente aEsu'5etiva de consciência, uma impessoal consciência préEreflexiva, uma duraç!o qualitativa de consciência sem self +.F +.F -!o é de admirar que $uma de% sua$s% referência$s% aqui se5a se5a o Gitc Gitche he tard tardio io,, que que tent tentou ou pens pensar ar o proc proces esso so a' a'so solut lutoo de autoposicionamento como um fluxo de vida além das oposiç7es de su5eito e o'5eto# :ma vida é a imanência da imanência, imanência a'soluta# ela é o puro poder, total 'eatitude. -a medida em que ela vence as aporias do su5eito e do o'5eto, Gitche, em sua
4alve) Iason ?ollocJ se5a o derradeiro *pintor deleu)iano+# seu action-painting n!o torna diretamente seu fluxo de puro devir, a vidaEenergia inconscienteEimpessoal, o a'rangente campo da virtualidade além do que determinadas pinturas podem elas mesmas reali)ar, o campo das puras intensidades sem significado a ser tra)ido lu) pela interpretaç!o 3 culto personalidade de ?ollocJ $mach!o americano alcoólatra% é secundário em relaç!o a essa caracter"stica fundamental# longe de *expressar+ sua personalidade, seus tra'alhos a *negam+Do'literam.K 3 primeiro exemplo que vem mente no campo do cinema é Sergei isenstein# se seus filmes antigos mudos s!o lem'rados primeiramente por causa de sua prática da montagem em seus diferentes aspectos, da *montagem de atraç7es+ *montagem intelectual+ $i.e., se sua ênfase é nos cortes%, ent!o seus filmes sonoros *maduros+ deslocam o foco para a proliferaç!o cont"nua do que Lacan chamou sinthomes, dos traços de intensidades afetivas. Relem'remos, através de am'as as partes de Ivan, o terrível , o motivo da estrondosa explos!o de raiva que é continuamente metamorfoseado e ent!o assume diferentes formas, da própria trovoada até explos7es de f
ntre os cineastas contempor6neos, aquele que se presta idealmente a uma leitura deleu)iana é Ro'ert Altman, cu5o universo, melhor exemplificado por sua o'ra prima Short Cuts, é efetivamente este dos encontros contingentes entre uma infinidade de séries, um universo no qual diferentes séries se comunicam e ressoam correspondendo ao que o próprio Altman se refere como uma *realidade su'liminar+ $choques mec6nicos sem sentido, encontros, e intensidades impessoais que precedem o n"vel do sentido social%.P Quando, ent!o, em Nashville, a violência explode no final $o assassinato de ar'ara Iean no concerto%, esta explos!o, ainda que n!o preparada e n!o explicada pelo n"vel da linha expl"cita narrativa, é, contudo, experimentada como inteiramente 5ustificada, na medida em que o solo para isso foi deixado no n"vel dos signos circundantes na *realidade su'liminar+ do filme. , n!o é isso que, quando escutamos as canç7es em Nashville, Altman mo'ili)a diretamente o que rian Bassumi chamou a *autonomia do afeto+ &sto é, interpretamos a'solutamente mal Nashville se situamos as canç7es dentro do hori)onte glo'al da descriç!o irTnicoEcr"tica da vacuidade e alienaç!o comercial rituali)ada do universo da m
apontando que distingue o o'servador, acusando, designando e comandandoEo. Bas o dese5o de magneti)ar é apenas um alvo transitório e moment6neo. 3 motivo maior é incitar e mo'ili)ar o o'servador, enviar aquele que contempla Xao posto de recrutamento mais próximoY, e finalmente para alémEmar para com'ater e possivelmente morrer pelo seu pa"s. D...D Aqui o contraste com os pTsteres italianos e alem!es é esclarecido. stes s!o pTsteres nos quais 5ovens soldados sa
A primeira coisa a se fa)er aqui é adicionar a esta série o famoso pTster soviético *A m!e pátria está te chamando+, no qual o interpelante é uma forte mulher madura. -ós nos deslocamos ent!o do tio imperialista americano para os irm!os europeus da m!e comunista... ( Aqui temos a divis!o, constitutiva da interpelaç!o, entre a lei e o superego $ou vontade e dese5o%. 3 que uma imagem como essa quer n!o é equivalente ao que ela dese5a# enquanto ela nos quer para participar da no're luta pela li'erdade, ela dese5a sangue, a prover'ial ?ound of our flesh [ $n!o é de admirar que o idoso estéril *4io $n!o pai% Sam possa ser decifrado como uma imagem 5udaica, correspondente leitura na)ista das intervenç7es militares americanas# *a plutocracia 5udaica quer o sangue de americanos inocentes para alimentar seus interesses+%. m suma, seria rid"culo di)er *3 4io Sam dese5a você+# 4io Sam quer você, mas ele dese5a o o'5eto parcial em você, seu ?ound of flesh[[... Quando uma chamada do superego Q:R $e ordena% que você faça, se fortaleça e se5a 'em sucedido, a mensagem secreta do /SI3 é# *u sei que você n!o será capa) de cumprir isso, ent!o eu dese5o que você falhe e triunfe em seu fracasso\\\+ ste caráter do superego, confirmado pela associaç!o com ]anJee /oodle $lem'remos o fato de que o superego ilustra um misto de ferocidade o'scena com
comédia clo^n%, é ainda sustentada pelo caráter contraditório de seu apelo# ele primeiro quer deter nosso movimento e fixar nosso olhar para que, surpresos, nos fixemos nele8 em um segundo momento, ele quer que atendamos seu chamado e sigamos para o escritório de recrutamento mais próximo ( como se, depois de nos deter, se dirige a nós com escárnio# *?or que você me olha fixamente assim como um idiota -!o entendeu o que eu quis di)er 0á ao posto de alistamento mais próximo\+ -o t"pico gesto arrogante de escárnio caracter"stico do superego, ele ri de nosso mesmo ato de levarmos a sério seu primeiro chamado. Quando riJ Santner me contou a respeito da 'rincadeira que seu pai fa)ia com ele quando era um garoto $o pai mostrava, a'rindo diante dele, sua palma, na qual havia em torno de uma d<)ia de moedas diferentes8 o pai ent!o fechava a m!o depois de alguns segundos e perguntava ao menino a quantia de dinheiro que havia ( se o pequeno riJ adivinhasse a soma exata, o pai lhe dava o dinheiro%, esta anedota provoca em mim uma explos!o de profunda e incontrolável satisfaç!o antiEsemita exprimida em uma gargalhada selvagem# *0iu só, esta é a maneira como os 5udeus realmente ensinam suas crianças\ -!o é um caso perfeito de sua própria teoria de uma protoEhistória que acompanha a história sim'ólica expl"cita -o n"vel da história expl"cita, seu pai provavelmente lhe contava histórias no'res so're o sofrimento dos 5udeus e o hori)onte universal da humanidade, mas seu verdadeiro ensinamento secreto estava contido nessas anedotas de como fa)er rapidamente transaç7es com dinheiro+. 3 antiEsemitismo efetivamente _ parte da 'ase ideológica o'scena de muitos de nós. podeEse encontrar um su'texto o'sceno semelhante mesmo onde n!o se poderia esperar ( em alguns textos que s!o comumente perce'idos como feministas. 2om o intuito de confrontar esta o'scena *praga de fantasias+ que persiste no n"vel da *realidade su'liminar+ em seu mais radical, é suficiente $re%ler The Handmaid's Tale de Bargaret At^ood, a distopia so're a *Rep<'lica de Wilead+, um novo estado na costa leste dos stados :nidos que emergiu quando a Baioria Boral tomou posse. A am'ig1idade da novela é radical# seu o'5etivo *oficial+ é, claro, apresentar como s!o efetivamente perce'idas as som'rias tendências conservadoras com o intuito de nos prevenir so're as ameaças do fundamentalismo crist!o ( a vis!o evocada espera causar horror em nós. -o entanto, o que salta aos olhos é a fascinaç!o a'soluta com este universo imaginado e suas regras inventadas. Bulheres férteis s!o distri'u"das a esses mem'ros privilegiados da nova nomenklatura cujas esposas no podem ter filhos ! proi"idas de ler, desprovidas de seus nomes #elas so nomeadas de acordo com o homem $ue as
possui% a heroína & ffred ! (of )red* +de )red, pertencente a )red elas servem como recept.culos de insemina/o0 1uanto mais n2s lemos a novela, mais se esclarece $ue a fantasia $ue estamos lendo no & a da maioria moral, mas a do pr2prio li"eralismo feminista% um e3ato espelho-imagem das fantasias so"re a degenera/o se3ual em nossas megal2poles $ue assom"ram os mem"ros da maioria moral0 4nto, o $ue a novela e3i"e & o desejo ! no o da maioria moral, mas o desejo oculto das pr2prias feministas li"erais0
2. Devir versus História
A oposiç!o ontológica entre Ser e /evir que sustenta a noç!o de /eleu)e do virtual é uma noç!o radical desde que sua referência final é o puro devir sem ser $oposta noç!o metaf"sica do puro ser sem devir%. sse puro devir n!o é um devir particular / alguma entidade corporal, uma passagem dessa entidade de um estado a outro, mas um devirEemEsiEmesmo, completamente extra"do de sua 'ase corporal. 0isto que a temporalidade predominante do ser é a do presente $com o passado e o futuro como seus modos deficientes%, o puro devirEsemEser significa que deverEseEia evitar o presente ( ele nunca *ocorre efetivamente+, ele é *sempre iminente e 5á passou+1 2omo tal, o puro devir suspende a seq1encialidade e a direcionalidade# quer di)er, em um efetivo processo de devir, o ponto cr"tico de temperatura $` grau 2elsius% sempre tem uma direç!o $a água ou congela ou derrete%, enquanto que, considerado como puro devir extra"do de sua corporeidade, esse ponto de passagem n!o é um ponto de passagem de um estado a outro, mas uma *pura+ passagem, neutra em relaç!o a sua direcionalidade, perfeitamente simétrica ( por exemplo, uma coisa está simultaneamente aumentando $o que ela foi% e diminuindo $em relaç!o ao que ele será%. os poemas ;en n!o s!o o exemplo derradeiro da poesia do puro devir, os quais alme5am meramente extrair a fragilidade do puro evento de seu contexto causal 3 Goucault mais próximo de /eleu)e é talve) o Goucault de 5r$ueologia do Sa"er, sua su'estimada o'ra chave que delineia a ontologia das enunciaç7es como puros eventos de linguagem# n!o elementos de uma estrutura, n!o atri'utos de su5eitos que as proferem, mas como eventos que emergem, funcionam dentro de um campo, e desaparecem. 2olocando em termos estóicos, a análise do discurso de Goucault estuda a leJta, enunciaç7es como puros
eventos, enfocando as condiç7es inerentes de sua emergência @emergence $como a concatenaç!o dos próprios eventos% e n!o em sua inclus!o no contexto da realidade histórica. ste é o motivo de o Goucault de 5r$ueologia do Sa"er estar t!o longe quanto poss"vel de qualquer forma de historicismo, de eventos locais em seu contexto histórico ( ao contrário, Goucault os AS4RA& de sua realidade e de sua causalidade histórica, e estuda as regras &BA--4S de sua emergência. 3 que dever"amos ter em mente aqui é que /eleu)e -M3 é um historicista evolucionista8 sua oposiç!o do Ser e do /evir n!o deve nos iludir. le n!o está simplesmente argumentando que todas as entidades estáveis, fixas s!o apenas coagulaç7es do a'rangente fluxo de vida ( ?or que n!o A referência noç!o de 4B?3 é crucial aqui. 0amos lem'rar como /eleu)e $2om Wuattari% em sua descriç!o do devir emDda filosofia, explicitamente op7e devir e história# 3 tempo filosófico é assim um grandioso tempo de coexistência que n!o exclui o antes e o depois, mas os so'rep7e em uma ordem estratigráfica. ste é um infinito devir da filosofia que atravessa sua história sem ser confundido com ela. A vida dos filósofos, e o que é mais externo a seu tra'alho, está de acordo com as leis comuns da sucess!o8 mas seus nomes próprios coexistem e 'rilham como pontos luminosos que nos levam através de componentes de um conceito novamente ou como pontos cardinais de um estrato ou plano que continuamente nos retornam, como estrelas mortas cu5as lu)es 'rilham mais do que nunca.2
3 paradoxo ent!o é que o devir transcendental inscreveEse a si mesmo na ordem positiva do ser, da realidade constitu"da, so' a capa de seu exato oposto, de uma superposiç!o estática, de um congelamento cristali)ado do desenvolvimento histórico. sta eternidade deleu)iana está, é claro, n!o simplesmente fora do tempo8 por melhor di)er, na superposiç!o *estratigráfica+, nesse momento de estase, é o ?R?R&3 4B?3 que nós experienciamos, tempo oposto ao fluxo evolutivo das coisas /-4R3 do tempo. Goi Schelling quem, seguindo ?lat!o, escreveu que o tempo é a imagem da eternidade ( uma declaraç!o mais paradoxal do que pode parecer. 3 tempo, a existência temporal, n!o é o oposto mesmo da eternidade, n!o é o dom"nio da deterioraç!o, geraç!o e corrupç!o 2omo pode ent!o o tempo ser a imagem da eternidade &sto n!o envolve duas declaraç7es contraditórias, quer di)er, que o tempo é a queda da eternidade na corrupç!o seu exato oposto, o esforço pela eternidade A
como colocou /eleu)e, o momento da superposiç!o estratigráfica que suspende a sucess!o temporal é o tempo como tal. m suma, deverEseEia aqui opor o desenvolvimento -3 tempo explos!o /3 ?R?R&3 4B?3# o próprio tempo $a virtualidade infinita do campo transcendental do /evir% aparece /-4R3 da evoluç!o intratemporal so' o disfarce da 4R-&/A/. 3s momentos de emergência @emergence do -ovo s!o precisamente os momentos de ternidade no tempo. A emergência @emergence do -ovo ocorre quando um tra'alho vence seu contexto histórico. , do lado oposto, se há uma imagem da imo'ilidade fundamental ontológica, é a imagem evolucionista do universo como uma complexa rede de transformaç7es e desenvolvimentos intermináveis nos quais plus /a change, plus /a reste le m6me# u me tornei cada ve) mais consciente da possi'ilidade de distinç!o entre devir e história. Goi -iet)sche quem disse que nada importante está livre de um Xvapor n!oEhistóricoY. D...D 3 que a história compreende em um evento é a maneira como ele é atuali)ado em circunst6ncias particulares8 o devir do evento está além do escopo da história.D...D 3 devir n!o é parte da história8 a história apenas re
?ara designar esse processo, ficaEse tentado a usar um termo estritamente proi'ido por /eleu)e, que é o de 4RA-S2-/-2&A# /eleu)e n!o está aqui argumentando que um certo processo pode transcender suas condiç7es históricas ao dar origem a um vento ra Sartre $um dos pontos de referência secretos de /eleu)e% quem 5á utili)ava o termo nesse sentido, quando ele discutia como, no ato de s"ntese, o su5eito pode transcender suas condiç7es. A'undam exemplos aqui do cinema $a referência de /eleu)e ao nascimento do neoErealismo italiano# claro que ele surgiu sem condiç7es ( o choque da && Wuerra Bundial, etc ( mas o vento neoErealista n!o pode ser redu)ido a essas causas históricas% pol"tica. m pol"tica $e que, de certo modo, remete a adiou%, a 'ase da reprovaç!o de /eleu)e aos cr"ticos conservadores que denunciam os terr"veis resultados reais de uma su'levaç!o revolucionária, é que eles permanecem cegos para a dimens!o do devir# stá na moda ultimamente condenar os horrores da revoluç!o. &sso n!o é nada novo8 o Romantismo &nglês é permeado por reflex7es de 2rom^ell muito semelhantes s reflex7es de Stalin nos dias atuais. les di)em que as revoluç7es terminam mal. Bas eles est!o constantemente confundindo duas coisas diferentes, a maneira como as revoluç7es se produ)em historicamente e o devir revolucionário das pessoas. stes relacionam dois grupos diferentes de pessoas. A
3 devir é ent!o estritamente correlativo ao conceito de R?4&bM3# longe de se opor emergência @emergence do -ovo, o próprio paradoxo deleu)ianno é que algo verdadeiramente -ovo só pode emergir através da repetiç!o. 3 que a repetiç!o repete n!o é a maneira como o passado *efetivamente se deu+, mas a virtualidade inerente ao passado e tra"da por sua atuali)aç!o anterior. -esse preciso sentido, a emergência @emergence do -ovo muda o próprio passado, quer di)er, ele muda retroativamente $n!o o passado real ( isso n!o é ficç!oEcient"fica ( mas% o 'alanço entre realidade e virtualidade no passado. 5 Recordemos o velho exemplo de alter en5amin# a Revoluç!o de 3utu'ro repetiu a Revoluç!o Grancesa, redimindo seu fracasso, desenterrando e repetindo o mesmo impulso. Iá para NierJegaard, repetiç!o é *memória invertida+, um movimento para frente, a produç!o do -ovo, e n!o a reproduç!o do 0elho. *-!o há nada de novo so' o sol+ é o mais forte contraste com o movimento da repetiç!o. Assim, n!o é apenas que a repetiç!o se5a $um dos modos da% emergência @emergence do -ovo ( o -ovo S pode emergir através da repetiç!o. A chave para esse paradoxo é, claro, o que /eleu)e designa como a diferença entre o 0irtual e o fetivo $e que pode ser ( por que n!o ( tam'ém determinado como a diferença entre sp"rito e Letra%. 4omemos um grande filósofo como Nant ( há duas maneiras de repetiElo# fixarEse em sua letra e ainda ela'orar ou modificar seu sistema, como os neoEJantianos $como Va'ermas e Luc GerrU% est!o fa)endo8 ou, tentaEse retomar o impulso criativo que o próprio Nant traiu na atuali)aç!o de seu sistema $i.e., conectar o que 5á estava *em Nant mais do que no próprio Nant+, mais do que seu sistema expl"cito, seu cerne excessivo%. Vá, conseq1entemente, dois modos de trair o passado. A verdadeira traiç!o é um ato éticoEteórico de máxima fidelidade# tem que se trair a letra de Nant no sentido de se permanecer fiel a $e repetir% o *esp"rito+ de seu pensamento. _ precisamente quando se permanece fiel letra de Nant que se trai realmente o cerne de seu pensamento, o impulso criativo motivandoEo. /everEseEia condu)ir esse paradoxo sua conclus!o# n!o se trata apenas de que se pode permanecer realmente fiel a um autor traindoEo $a letra efetiva de seu pensamento%8 em um n"vel mais radical, a declaraç!o inversa comporta ainda mais ( podeEse apenas trair verdadeiramente um autor repetindoEo, permanecendoEse fiel ao cerne de seu pensamento. Se n!o se repete um autor $no autêntico sentido JieJgaardiano do termo%, mas meramente se o *critica+, deslocandoE o, contornandoEo, etc., isso significa, com efeito, que se permanece inadvertidamente dentro de seu hori)onte, de seu campo conceitual.6 Quando W. N. 2hesterton descreve sua convers!o ao
cristianismo, ele alega que tentou *ficar uns de) minutos além da verdade. eu acho que fiquei de)oito anos atrás dela+ 7. &sso n!o vale especialmente para aqueles que, ho5e, tentam desesperadamente alcançar o -ovo seguindo a
reconciliaç!o%. ste movimento temporal para trás é crucial# a contradiç!o n!o é resolvida8 nós apenas esta'elecemos que ela sempreE5á G3& resolvida. $m termos teológicos, a Redenç!o n!o segue a queda8 ela ocorre quando nos tornamos conscientes de como o que anteriormente perce'emos $mal% como a Queda *em si+ 5á era a Redenç!o.%8 , paradoxalmente, mesmo que esta temporalidade pareça confirmar a primeira reprovaç!o $a de que nada de novo emerge no processo hegeliano%, ela, efetivamente, nos permite refutaEla# o verdadeiro -ovo n!o é simplesmente um novo conte
inesperada verdade na velha c"nica sa'edoria da :ni!o Soviética stalinista# *ele mente como uma testemunha ocular\+.
. Devir!"#$uina
4alve) o cerne do conceito de repetiç!o de /eleu)e se5a a idéia de que, em contraste com a repetiç!o mec6nica $n!o maqu"nica\% da causalidade linear, em uma inst6ncia própria de repetiç!o, o evento repetido se5a recriado em um sentido radical# ele $re%surge a cada momento como -ovo $ou se5a, *repetir+ Nant é redesco'rir a novidade radical de sua ruptura, de sua pro'lemática, n!o repetir os enunciados que oferecem suas soluç7es%. GicaEse tentado aqui a esta'elecer uma conex!o com a ontologia crist! de 2hesterton, na qual a repetiç!o do mesmo é o grande milagre# n!o há nada *mec6nico+ no fato de que o sol nasça de novo todas as manh!s8 este fato, ao contrário, mostra o mais alto milagre da criatividade de /eus.1 3 que /eleu)e chama de *máquinas dese5antes+ concerne apenas a algo completamente deferente do mec6nico# o *devirE máquina+. m que consiste esse devir ?ara muitos neuróticos o'sessivos, o medo de voar tem uma imagem 'astante concreta# ficaEse assom'rado pelo pensamento de quantas partes de tal máquina t!o imensamente complicada como o avi!o moderno tem que funcionar tranquilamente para que o avi!o se mantenha no ar ( uma pequena peça que'ra em algum lugar, e o avi!o pode muito 'em cair em espiral... Grequentemente falaEse da mesma maneira a respeito do próprio corpo# quantas pequenas coisas têm que funcionar tranquilamente para me manter vivo ( um min
materiais. m outras palavras, o verdadeiro pro'lema n!o é *2omo, de qualquer maneira, as máquinas podem &B&4AR a mente humana+, mas *2omo a própria identidade da mente humana depende de suplementos mec6nicos externos 2omo ela incorpora as máquinas+. m ve) de lamentar a maneira como a externaç!o progressiva de nossas capacidades mentais em instrumentos *o'5etivos+ $desde escrever em um papel até depender de um computador% nos priva de potenciais humanos, poderEseEia, portanto enfocar a dimens!o li'ertadora dessa externaç!o# quanto mais nossas capacidades s!o transpostas para máquinas externas, mais nós emergimos como su5eitos *puros+, na medida em que este esva)iamento corresponde ao surgimento da su'5etividade dessu'stanciali)ada. Apenas quando nós pudermos contar inteiramente com *máquinas pensantes+ é que nos confrontaremos com o va)io da su'5etividade. m março de =``=, a m"dia noticiou que, em Londres, Nevin ar^icJ se tornou o primeiro homem ci'ernético. m um hospital em 3xford, seu sistema neuronal foi conectado diretamente a uma rede de computadores8 ele é assim o primeiro homem cu5as informaç7es ser!o alimentados diretamente, contornando os cinco sentidos. S4 é o futuro# a com'inaç!o da mente humana com o computador $em ve) da su'stituiç!o do antigo pelo novo%. -ós tivemos outra prova deste futuro em maio de =``= quando foi noticiado que cientistas da :niversidade de -ova ]orJ tinham conectado um chip de computador pronto para rece'er sinais diretamente no cére'ro de um rato, com o intuito de se poder controláElo $determinandoEse a direç!o em que ele irá correr% por meio de um mecanismo de navegaç!o $da mesma maneira que se fa) correr um carro de 'rinquedo por controle remoto%. ste n!o é o primeiro caso de conex!o direta entre o cére'ro humano e um sistema de computadores# 5á existem semelhantes mecanismos que permitem que pessoas cegas tenham informaç7es visuais elementares so're o am'iente circundante, os quais alimentam diretamente o cére'ro, contornando o aparato de percepç!o visual $olhos, etc.%. 3 que é novo no caso do rato é que, pela primeira ve), a *vontade+ de um agente animal vivo, suas decis7es *espont6neas+ so're os movimentos que ele irá fa)er s!o tomadas por uma máquina externa. A grande quest!o filosófica aqui, claro, é# como o desafortunado rato *experimenta+ seu movimento, o qual foi, efetivamente, decidido de fora le continua a experimentaElo como algo espont6neo $i.e., ele é totalmente inconsciente de que seus movimentos s!o manipulados%, ou ele esta ciente de que *algo está errado+, de que outro poder externo está comandando seus movimentos Ainda mais crucial é aplicar o mesmo racioc"nio a um
experimento idêntico reali)ado com humanos $que, apesar de quest7es éticas, n!o seria muito mais complicado, tecnicamente falando, do que em relaç!o ao rato%. -o caso do rato, podeEse argumentar, n!o se poderia aplicar a essa experiência a categoria humana de *experiência+, como seria o caso se ela fosse feita com um ser humano. nt!o, mais uma ve), um ser humano cu5os movimentos s!o comandados de fora continua a vivenciar seus movimentos como algo espont6neo le permanecerá totalmente inconsciente de que seus movimentos s!o manipulados, ou estará ciente de que *alguma coisa está errada+, de que um poder exterior está comandando seus movimentos como, precisamente, este *poder externo+ aparecerá ( como algo *dentro de mim+, uma inexorável puls!o interna, ou como uma simples coerç!o externa 2 4alve) a situaç!o se5a aquela descrita no famoso experimento de en5amin Li'et38 o ser humano comandado continuará a vivenciar o impulso para se mover como sua decis!o *espont6nea+, mas ( devido ao famoso meio segundo de defasagem ( ele conservará a li'erdade m"nima para L3Q:AR essa decis!o. _ tam'ém interessante que aplicaç7es desse mecanismo foram mencionadas pelos cientistas e repórteres# os primeiros artigos concerniam ao par a5uda humanitária e campanha antiterrorista $alguém poderia usar os ratos ou outros animais manipulados para contactar v"timas de um terremoto so' os escom'ros, 'em como para aproximarEse de terroristas sem arriscar vidas humanas%. o crucial que se deve ter em mente aqui é que essa estranha experiência da mente humana diretamente integrada a uma máquina n!o é a vis!o de um futuro ou de algo novo, mas o vislum're de algo que sempre esteve em curso, que está aqui desde o começo, na medida em que é coEsu'stancial ordem sim'ólica. 3 que muda é que, confrontada com a materiali)aç!o direta da máquina, sua integraç!o direta rede neuronal, n!o se pode mais sustentar a ilus!o da autonomia da personalidade. _ notório que os pacientes que necessitam de diálise no in"cio experimentam um devastador sentimento de desamparo# é dif"cil aceitar o fato de que a própria so'revivência depende de um dispositivo mec6nico que eu ve5o a" fora, diante de mim. 4odavia, o mesmo vale para todos nós# em termos um tanto exagerados, todos nós estamos na dependência de um aparato sim'ólicoEmental de diálise. A tendência no desenvolvimento dos computadores é em direç!o sua invisi'ilidade. As grandes máquinas ruidosas com misteriosas lu)es que piscam ser!o cada ve) mais su'stitu"das por min
ser!o invis"veis, em todos os lugares e em parte alguma ( t!o poderosos que ir!o sumir da vista. ?oder"amos t!o somente relem'rar como s!o os carros de ho5e, onde muitas funç7es ocorrem facilmente por causa dos pequenos computadores que nós frequentemente ignoramos $a'ertura de 5anelas, aquecimento...%. m um futuro próximo, teremos co)inhas computadori)adas, roupas, óculos e sapatos. Longe de ser uma quest!o para um futuro distante, essa invisi'ilidade 5á está aqui# a ?hillips plane5a em 'reve colocar no mercado um fone e tocador de m
sentido imaginar como uma entidade 'iológica SB a complexa rede de suas ferramentas ( tal noç!o seria como, por exemplo, um ganso sem suas penas%, a're uma via que poderia ir muito mais longe do que vai o próprio /ennett. /ado que, para colocar nos 'ons e velhos termos marxistas, o homem é a totalidade de suas relaç7es sociais, por que /ennett n!o dá o próximo passo lógico e analisa diretamente esta rede de relaç7es sociais ste dom"nio da *inteligência externali)ada+, das ferramentas até a própria linguagem, especialmente, forma um dom"nio próprio, que é o que Vegel chamou de *esp"rito o'5etivo+, o dom"nio da su'st6ncia artificial como oposta su'st6ncia natural. A fórmula proposta por /ahl'om ent!o é# da *Sociedade de Bentes+ $noç!o desenvolvida por BinsJU, /ennett e outros% para *Bentes da Sociedade+ $i.e., a mente humana como algo que pode emergir e funcionar apenas dentro de uma complexa rede de relaç7es sociais e suplementos artificiais mec6nicos que *o'5etivam+ a inteligência%.
%. le siècle empiriomoniste
As coordenadas elementares da ontologia de /eleu)e s!o assim fornecidas pela oposiç!o *schellingiana+ entre o 0irtual e o efetivo# o espaço do efetivo $atos reais no presente, realidade experienciada, e su5eitos como pessoas $ua indiv"duos formados% acompanhado por sua som'ra virtual $o campo da protoErealidade, de singularidades m
Aqui, contudo, aparece a primeira rachadura nesse edif"cio# em um movimento longe de ser evidente, /eleu)e liga seu espaço conceitual tradicional oposiç!o entre produç!o e representaç!o. 3 campo virtual é $re%interpretado como o espaço das forças produtoras, geradoras, oposto ao espaço das representaç7es. Aqui temos todos os tópicos padr!o dos campos moleculares m43 Q: SIA A?-AS / /eleu)e é, em qualquer sentido, diretamente pol"tico8 /eleu)e é *em si mesmo+ um autor altamente elitista, indiferente em relaç!o pol"tica. A
tra'alho sta percepç!o parece t!o ó'via, essa declaraç!o assemelhaEse tanto ao que os franceses chamam de lapalissade, que é de surpreender que ela ainda n!o tenha sido amplamente perce'ida# (1) por um lado, a lógica do sentido, do deir imaterial como o eento!sentido, como o "#"$%& dos processos!causas corporais!materiais, a lógica da lacuna radical entre processo gerador e seu imaterial e'eito!sentido multiplicidades, en*uanto e'eitos incorpóreos de causas materiais, s+o impasseis ou entidades de causalidade est-ril. & tempo do puro deir, sempre /0 passado e eternamente ainda por ir, 'orma a dimens+o temporal desta impassiilidade ou esterilidade de multiplicidades.2 " n+o - o cinema o caso derradeiro do 'luo est-ril do deir super'icial imagem do cinema inerentemente est-ril e impassel, o puro e'eito de causas corpóreas, ainda *ue, contudo, ad*uirindo sua pseudo!autonomia. (2) por outro lado, a lógica do deir como &:;& de seres a emergo!tempo irtual contnuo progressiamente di'erencia! se dentro das estruturas espa>o!temporais descontnuas e'etias.3
?uer di@er, em suas an0lises de 'ilmes e literatura, eleu@e en'ati@a a dessustancia>+o de a'etos em uma ora de arte, um a'eto (t-dio, por eemplo) n+o - mais atriuel a pessoas e'etias, tornando!se um eento de lire 'lutua>+o. Aomo, ent+o, essa intensidade impessoal de um a'eto! eento relaciona!se a corpos ou pessoas "ncontramos a*ui a mesma amiguidade ou este a'eto imaterial - gerado por corpos interagindo como uma super'cie est-ril de puro deir, ou ele - parte de intensidades irtuais 'ora das *uais os corpos emergem atra-s da atuali@a>+o (a passagem do eir ao Ber). " essa oposi>+o n+o -, mais uma e@, a*uela do materialismo ersus idealismo "m eleu@e, isso signi'ica A lógica do Sentido ersus Anti Édipo. & o Bentido!"ento, o 'luo do puro eir, - o e'eito imaterial (neutro, nem atio nem passio) da intrica>+o das causas materiais! corpóreas, & as entidades positias corpóreas s+o elas próprias o produto do puro 'luo de eir. &u o campo in'inito de irtualidade - um e'eito imaterial da intera>+o de corpos interagindo, ou os próprios corpos emergem, se atuali@am a partir desse campo de irtualidade. "m A lógica do Sentido, o próprio eleu@e desenole esta oposi>+o so a 'orma de dois posseis modos de g+o para a emerg+o corporal. Cs e@es, *uando seguimos o primeiro caminDo, eleu@e aproima!se perigosamente das 'órmulas empiriocriticistas o 'ato primordial - *ue o puro 'luo da eperi
o/etio E su/eito e o/eto, como todas as entidades 'ias, s+o simplesmente coagula>Fes deste 'luo. "sta - a descri>+o tpica da posi>+o 'ilosó'ica 0sica de Gogdano, o principal representante do empiriocriticismo russo, mais conDecido como o alo da crtica de HFes, óio *ue o *ue nós comumente pensamos como o mundo da eperi+o. J...J o *ue nós consideramos como o mundo material, nature@a, o mundo comum, - o produto da eperi+o material crua. J...J al-m do mundo *ue - asicamente o mesmo para todos, eistem, por assim di@er, mundos priados. ?uer di@er, al-m da eperi+o na 'orma de id-ias ou conceitos *ue di'erem de pessoa para pessoa, ou de um grupo para outro. "istem di'erentes pontos de ista, di'erentes teorias, di'erentes ideologias.4
Gogdano en'ati@ou *ue o 'luo de sensa>Fes precede o su/eito n+o - um 'luo su/etio, mas neutro em rela>+o K oposi>+o entre su/eito e realidade o/etia E amos emergem 'ora deste 'luo (i.e., empiriomonismo, uma das auto!designa>Fes dos empiriocriticistas E esse termo n+o - uma designa>+o ade*uada tam-m do empirismo transcendental de eleu@e... sem mencionar o mecanismo de Gogdano, sua no>+o de desenolimento ma*unica...). Hacan ersus eleu@e mais uma e@ materialismo dial-tico ersus empiriocriticismo eleu@e E um noo Gogdano e uma maneira protodeleu@iana, Gogdano acusou os de'ensores da Lat-ria como uma Aoisa!em!si eistindo o/etiamente de cometer o pecado capital meta'sico de eplicar o conDecido em termos do desconDecido, o eperimentado em termos do n+o!eperimentado E eatamente como a re/ei>+o de eleu@e de toda 'orma de transcendFes com a cominatória ma*unica. inda *ue Gogdano apoiasse os GolcDei*ues contra o re'ormismo oportunista, sua postura poltica 'oi a de um es*uerdista radical lutando pelas organi@a>Fes *ue se 'ormam de aio, e n+o impostas de cima por alguma autoridade central.5 ?uando, em A Lógica do Sentido, eleu@e desdora as duas g
autoposicionamento do Bu/eito. & BcDelling dos primeiros traalDos, do Sistema do Idealismo Transcendental d0 um passo al-m reiindicando *ue, nesta alternatia, nós n+o estamos lidando com uma escolDa as duas op>Fes s+o complementares, n+o eclusias. & idealismo asoluto, sua reiindica>+o da identidade entre Bu/eito e &/eto ("sprito e Mature@a) pode ser demonstrada de duas maneiras ou se desenole a Mature@a 'ora do "sprito (idealismo transcendental, K maneira de Nant e #itcDe), ou se desenole a emergo alcan>ado por BcDelling em seus 'ragmentos Weltalter , onde ele introdu@ um %"A"$& termo dentro dessa alternatia, nomeadamente, o da g+o da 'sica *uQntica do estado da oscila>+o *uQntica irtual precedendo a realidade constituda ", e'etiamente, os resultados da 'sica *uQntica " se o *ue importa #& apenas uma rei'icada oscila>+o de onda " se, no lugar de conceer ondas como oscila>Fes entre elementos, os elementos 'orem apenas nós, pontos de contato, entre di'erentes ondas e suas oscila>Fes $sto n+o o'erece um tipo de crediilidade cient'ica ao pro/eto idealista de a realidade corpórea ser gerada a partir das intensidades irtuais O0 uma maneira de conceituar a emerg+o Reralmente, *uando remoemos alguma coisa de um dado sistema, nós diminumos sua energia. Mo entanto, a Dipótese - a de *ue D0 alguma sustQncia, alguma coisa *ue nós n+o podemos retirar de um dado sistema sem L"M% essa energia do sistema *uando o campo de Oiggs aparece em um espa>o a@io sua energia diminui mais.7 percep>+o iológica de *ue esses sistemas ios s+o tale@ melDor caracteri@ados como sistemas *ue dinamicamente eitam atratores (i.e., de *ue processos de ida s+o mantidos em ou próimos de est0gios de transi>+o) n+o aponta na mesma
dire>+o, no sentido da puls+o de morte 'reudiana em sua oposi>+o radical a toda no>+o de *ue a tend+o ao nirana uls+o de morte signi'ica precisamente *ue a mais radical tend+o de um estado de total Domeostase. uls+o de morte como al-m do princpio do pra@er - esta mesma insist+o digital in'ormacional, a reolu>+o iogen-tica, e a reolu>+o *uQntica na 'sica compartilDam e *ue todas elas marcam - o ressurgimento do *ue, por 'alta de um termo melDor, poderamos cDamar de um idealismo pós!meta'sico. $sto - como se a percep>+o de ADesterton de como a luta materialista pela total a'irma>+o da realidade, contra sua suordina>+o a *ual*uer ordem meta'sica eleada, culminando em uma perda da própria realidade o *ue come>ou como a a'irma>+o da realidade material termina como o domnio das puras 'órmulas de 'sica *uQntica. Mo entanto, esta realidade - uma 'orma de idealismo esde *ue a posi>+o materialista a'irma *ue n+o D0 Lundo, *ue o Lundo em sua totalidade - Mada, o materialismo n+o tem nada a 'a@er com a presen>a da mat-ria densa, =mida E suas próprias imagens s+o, antes, constela>Fes nas *uais a mat-ria parece desaparecer, como as puras oscila>Fes de super!cordas ou ira>Fes *uQnticas. "m contraste, se emos na mat-ria inerte, crua, mais *ue uma tela imagin0ria, nós sempre secretamente aproamos algum tipo de espiritualismo, como emSolaris de %arSosST, no *ual a densa mat-ria pl0stica do planeta incorpora diretamente a Lente. "ste materialismo espectral tem tr+o in'ormacional, a mat-ria - redu@ida ao meio da in'orma>+o puramente digitali@adaU em iogen-tica, o corpo iológico - redu@ido ao meio de reprodu>+o do código gen-ticoU em 'sica *uQntica, a própria realidade, a densidade da mat-ria, redu@ida ao colapso da irtualidade das oscila>Fes de onda (ou, na teoria geral da relatiidade, a mat-ria - redu@ida a um e'eito da curatura do espa>o). *ui encontramos &%& aspecto crucial da oposi>+o idealismoJmaterialismo o materialismo n+o - a a'irma>+o da densidade material inerte em seu peso =mido E %H materialismo pode sempre serir como um suporte para um oscurantismo espiritualista gnóstico. "m contraste com este =ltimo, um erdadeiro materialismo assume alegremente a desapari>+o da mat-ria, o 'ato de *ue D0 apenas a@io. Aom a iogen-tica, o programa niet@scDiano de a'irma>+o en'0tica e et0tica do corpo est0, ent+o, concludo. Honge de serir como a re'er
atra-s da interen>+o em sua 'órmula gen-tica E em suma, alguma coisa cu/a erdade est0 nesta 'órmula gen-tica astrata. " - crucial conceer as duas aparentemente opostas redu>Fes discerneis na ci+o materialista de nossa eperi+o da própria realidade em 'sica *uQntica) como dois lados da mesma moeda, como duas redu>Fes ao mesmo terceiro nel. elDa id-ia popperiana do %erceiro Lundo - a*ui leada ao seu etremo o *ue temos no 'inal n+o - nem o materialismo o/etio nem a eperi+o de LG&B ao eal cient'ico do processo matemati@ado imaterial. conse*u+o da 'sica *uQntica de *ue a realidade *ue ienciamos como constituda emerge 'ora de um campo precedente de intensidades irtuais as *uais s+o, em certo sentido, imateriais (oscila>+o *uQntica), ent+o a realidade corpori'icada - o resultado da atuali@a>+o do puro eento!como irtualidades. " se, neste caso, tiermos a*ui um duplo moimento primeiro, a própria realidade positia - constituda atra-s da atuali@a>+o do campo irtual de potencialidades imateriaisU ent+o, em um segundo moimento, a emerg+o entre as oscila>Fes *uQnticas e o pensamento Dumano.9
* A expressão alude à peça de W. Shakespeare O Mercador de Veneza , em que o personagem Antonio contrai uma dívida com o agiota udeu Sh!lock, o"erecendo como garantia uma li#ra de sua pr$pria carne %a &ound o" his proper "lesh'( )redores que insistem em ter sua )li#ra de carne+ são aqueles que cruelmente exigem o pagamento de uma dívida, não importando quanto so"rimento ir custar ao devedor%...'.+ em -he American eritage/ 0e1 2ictionar! o" ultural 3iterac!, -hird 4dition
op!right 5 6778 #! oughton 9i""lin ompan!, no http:;;dictionar!.re"erence.com;#ro1se;pound<67o"<67"lesh
sítio:
** =er acima
@9 A genealogia dos conceitos de /eleu)e é freq1entemente estranha e inesperada ( quer di)er, sua afirmaç!o da noç!o angloEsax! de relaç7es externas é claramente devida pro'lemática religiosa da graça. A conex!o que falta aqui é Alfred VitchcocJ, o inglês católico, em cu5os filmes uma mudança nas relaç7es entre as pessoas, de maneira alguma 'aseada em seus personagens, totalmente externa a eles, muda tudo, afetandoEas profundamente $ou se5a, quando no in"cio de North "< North=est @ Intriga Internacional , 4hornhill é erroneamente identificado como Naplan%. A leitura católica de VitchcocJ feita por 2ha'rol e Rohmer $em seu Hitchcock, 9ZKH% influenciou profundamente /eleu)e, visto que, na tradiç!o 5ansenista, seu foco é precisamente a *graça+ como uma intervenç!o divina contingente, que n!o tem nada a ver com as inerentes virtudes e qualidades dos personagens afetados. @= essa am'ig1idade n!o é homóloga ao paradoxo ontológico da f"sica qu6ntica A mesma *realidade dura+ que emerge da flutuaç!o através do colapso da ondaEfunç!o, é o resultado da o'servaç!o, i.e., da intervenç!o da consciência. A consciência n!o é, ent!o, o dom"nio da potencialidade, opç7es m
F Willes /eleu)e, &mmanence# une vie..., citado por Iohn BarJs, >illes 7eleu?e, London# ?luto ?ress 9ZZ, p. =Z.
H /eleu)e, op.cit.p.F`. GicaEse tentado a opor a esta imanência a'soluta do fluxo de vida deleu)iana, como a consciência préEsu'5etiva, ao su5eito inconsciente freudianoElacaniano $% como o agenciamento da puls!o de morte.
K a oposiç!o ?ollocJERothJo la n!o corresponde oposiç!o /eleu)e versus GreudELacan 3 campo virtual das potencialidades versus a diferença m"nima, a fissura entre fundo e figura
O Nirstin 4hompson, isensteins &van the 4erri'le# 5 Neoformalist 5nal
P Ro'ert 4. Self, 8o"ert 5ltman's Su"liminal 8ealit<, Binneapolis# Binnesota :niversitU ?ress =``=.
rian Bassumi, 4he AutonomU of Affect, in 7eleu?e% 5 Critical 8eader, edited 'U ?aul ?atton, 3xford# lacJ^ell 9ZZO.
Z 4om Bitchell, hat /o ?ictures ReallU ant in cto"er PP $Summer 9ZZO%, p. OHEOO.
9` Willes /eleu)e, The 9ogic of Sense, -e^ ]orJ# 2olum'ia :niversitU ?ress 9ZZ`, p. `. 99 Willes /eleu)e and Gelix Wuattari,@hat is :hilosoph
como contra o apego melancólico morte que retorna como fantasmas ( afirmar a máxima crist! *deixe a morte enterrar seu morto+. A ó'via reprovaç!o a essa máxima é# o que fa)emos quando, precisamente, a morte n!o aceita ficar morta, mas continua viva em nós, assom'randoEnos com sua presença espectral GicaEse, aqui, tentado a reivindicar que, a dimens!o mais radical da puls!o de morte freudiana fornece a chave de como lermos o *deixe a morte enterrar seu morto+ crist!o# o que a puls!o de morte tenta o'literar n!o é a vida 'iológica, mas a própria vida após a morte E ela tenta matar o o'5eto perdido uma segunda ve), n!o no sentido do luto $aceitando a perda através da sim'oli)aç!o%, mas em um sentido mais radical, de o'literar a própria textura sim'ólica, a letra na qual o esp"rito do morto so'revive. 9O W.N.2hesterton, rthodo3<, San Grancisco# &gnatius ?ress 9ZZK, p. 9O. 9P ?ara uma descriç!o mais detalhada desse movimento, ver cap"tulo F ddde Slavo5 ;i)eJ, The :uppet and the 7=arf , 2am'ridge# B&4 ?ress =``F. 9 &sto serve mesmo se nós reformularmos o :niversal no sentido laclauniano do significante va)io tomado na luta pela hegemonia# a singularidade universal n!o é o significante universal va)io preenchido ( homogenei)ado por ( algum conte
=H Banuel /eLanda, Intensive Science and Dirtual :hilosoph<, -e^ ]orJ# 2ontinuum =``=, pp. 9`PE9`. =K Banuel /eLanda, op0cit0, p. 9`=. =O GredericJ 2opleston, :hilosoph< In 8ussia, -otre /ame# :niversitU of -otre /ame ?ress 9ZO, p. =O. =P _ fácil ridiculari)ar Eaterialismo e 4mpiriocriticismo de Lênin, sua total irrelev6ncia filosófica, ainda que o *instinto pol"tico+ do livro para a luta de classes teoricamente se5a inequ"voco e 9``j correta. 4odos nós lem'ramos as o'servaç7es de Lênin no que tange a Lógica de Vegel, a propósito dos enunciados de Vegel tais como *o desdo'ramento imanente da rique)a concreta do universal como o autodesenvolvimento da &déia eterna divina+, no estilo de *a primeira linha, profunda e verdadeira, a segunda linha, lixo teológico\+ ( ficaE se tentado a anotar uma o'servaç!o similar na cr"tica a Eaterialismo e 4mpiriocriticismo# *o desdo'ramento da so'redeterminaç!o pol"tica da filosofia ( profunda e verdadeira, o inerente valor filosófico do livro ( lixo\+. = G..I. Schelling, The 5ges of the @orld , Al'anU# S:-] ?ress =```. =Z ?ara uma referência mais detalhada ao *2ampo de Viggs+, ver o cap"tulo F de meu livro The :uppet and the 7=arf , 2am'ridge. B&4 ?ress =``F. ?ara uma popular explanaç!o cient"fica, Wordon Nane, Fupers