Pitoresco e sublime
Ana F. Gouveia 2002 O pe pens nsam ament entoo Ilum Ilumin inis ista, ta, do sécu século lo XVIII XVIII,, cons consid ider eraa que a na natur turez ezaa é apreendida pelos sentidos e a sua interpretação pode ser feita intelectualmente ou alterada pela acção. Não a compreendem como uma forma repetível mas antes mutáv mu tável el (idei (ideiaa ba base se da tec tecno nolo logi giaa mo moder derna na). ). A sua sua repr repres esent entaç ação ão é me menta ntall e consciente de todos os desenvolvimentos possíveis, inclusive de ordem moral. Kant Kant fund fundam amen enta ta a «crí «crítitica ca do juíz juízo» o» a pa part rtir ir da rela relaçã çãoo en entr tree o «b «bel eloo pitoresco» e o «belo sublime» que são dois juízos sobre o belo e distintos em relação à percepção e compreensão da realidade. A. Cozens Cozens1 propõ propõee o «pi «pitor tores esco co»» como como fun funda dame mento nto de um umaa po poéti ética ca da pa pais isag agem em em qu quee a na natu ture reza za é cons consid ider erad adaa um umaa fo font ntee de estí estímu mulo loss qu quee se transformam em sensações e que se traduzem em aglomerados de manchas os quais, por sua vez, o artista elabora através da sua técnica (mental e manual) e que pretende clarificar de forma a descobrir o valor e o significado dessa sensação enquanto experiência do real. Através dessa experiência compete ao artista funcionar como guia dos seus contemporâneos, ou seja, cabe-lhe uma tarefa educativa da sociedade. Este é um dos fundamentos da cultura iluminista – o artista-educador. A variedade, enquanto princípio estético, também é fundamental porque se existe na escolha do motivo então reflecte-se nos estímulos e nas sensações e, por sua vez, na variedade das manchas distintas que são captadas pela mente activa, ou seja, se existir variedade no produto dessa experiência então essa também existe nos sentimentos transmitidos. Quanto ao processo artístico dentro da poética do «pitoresco», este parte da sensação visual e chega ao sentimento, ou seja, parte de um processo físico para culminar num moral, tendo por base a natureza como a fonte dos estímulos sensoriais que se relacionam com o pensamento. Por outro outro lado, lado, a bus busca ca do belo univers universal, al, que é o bel belo o clássico clássico,, dei deixa xa de existir para se iniciar a procura do belo característico, o belo romântico e subjectivo, ao qual se chega através da associação de ideias-imagens. Quan Qu anto to à poé poétitica ca do «sub «sublilime me», », esta esta tradu traduzz-se se nu numa ma ap apree reens nsão ão de um umaa real realid idad adee tran transc scen ende dent ntal al qu quee se ap apoi oiaa no de dese sejo jo de expl explor orar ar o invi invisí síve vell ou sobrenatural por ser algo que inquieta. Mas para que surjam os signos e símbolos das ‘verdades supremas’, então, o papel das sensações visuais desvanece-se. Esta Esta poé poétitica ca do «subl «sublim ime» e» de dest stró róii o conc concei eito to de clas classi sici cism smoo enq enquan uanto to representação da natureza por não considerar a arte clássica como expressão de equilíb equi líbrio rio entre entre hum humani anidade dade e natu naturez reza, a, apes apesar ar de exa exalta ltarr a exp expres ressão são tota totall da existência dentro dessa arte. É uma poética neoclássica, pela exaltação, e romântica, pela noção de perda do equilíbrio. Exponentes da poética do «sublime» são J.H. Füssli2, que a completa completa com com a exaltação exaltação do génio, e W. Blake3, que sublima para atingir as forças sobrenaturais e divinas da criação. Assim, Assim, o século século da razão, razão, século século XVIII, ‘replantea el problema problema de lo irracional, irracional, que es por otra parte el problema mismo de la existencia; existencia;’’ (Argan, 1977: 12-13). Este só pode surgir da razão que, consciente dos seus limites terrenos, se apercebe da sua própria transcendência. Mas ape apesa sarr de se ma mant ntere erem m bas basta tant ntee inal inalter terad ados os,, am ambo boss os conc concei eitos tos iluministas oscilam continuamente dentro da história da arte moderna, ‘ que es tal preci precisa same ment ntee po porqu rquee está está total totalme mente nte separ separad adoo de la conc concepc epció iónn clás clásic icaa del arte’(Argan, 1977: 14). Ou seja, desde meados do século XVIII até à actualidade, a história caracterizou-se por uma relação entre o indivíduo e a colectividade de forma a que a individualidade, individualidade, estranha ou rebelde, não se anule dentro da multiplicidade. Por outro lado, complementam por reflectirem essa problemática de relação mas, no entanto, opõem-se porque o «pitoresco» é uma poética do relativo, em que o
artista é visto como um indivíduo integrado no seu ambiente natural e social e que não extrapola os dados da sua experiência além da esfera dos seus sentimentos, enquanto que o «sublime» é uma poética do absoluto, na qual o artista é o indivíduo que sofre a angústia do seu próprio isolamento e da sua busca pela apreensão do que ultrapassa a realidade.
Alexander Cozens (S. Petersburgo 1717 – 23.04.1786 Londres) Pintor e tratadista, nomeadamente da paisagem. Defendia o estudo directo da natureza porque potencialmente esta oferecia qualidade imaginativa e poética, considerando essa como a essência da pintura paisagística. O seu método pretende reduzir a orientação consciente da criação, apoiando-se na exploração de manchas originárias da observação da paisagem que posteriormente seriam elaboradas e transformadas. Cozens rejeita o esquema geométrico da perspectiva clássica com a adopção da mancha e dos aglomerados que surgem das sensações estimulantes provenientes da natureza. 1
Johann Heinrich Füssli (Zurique 06.02.1741 – 06.02.1825) Pintor e também escritor suiço, inicialmente ligado ao extremismo romântico do Sturm und Drang, que, após estada em Londres vai para Roma onde se deixa influenciar pelo estilo de Miguel Ângelo e dos maneiristas. Aproxima-se do neoclássico através do seu interesse pelas obras de Mengs e pelos escritos teóricos de Winckelmann, tendo interpretado a arte antiga como reflexo da experiência vivida. Foi considerado, por alguns, como o pintor/ ilustrador de Shakespeare». A sua pintura visionária oscila entre a perfeita elegância e a perversidade, baseando-se na literatura, na epopeia e em visões fantásticas e oníricas. 2
William Blake (Londres 28.11.1757 – 12.08.1827) Poeta e pintor místico inglês que escrevia, gravava e ilustrava os seus próprios poemas e «livros proféticos» que ofereciam uma combinação renovadora entre pintura e poesia e que revelavam uma unidade simbólica entre a palavra e a imagem. Essa concepção de livro iluminado provem da sua admiração pela Idade Média. Foi influenciado pela obra de Füssli. Quanto à sua teoria sobre a arte, foi influenciada pela filosofia neoplatonista que promove o desenho e recusa as componentes sensuais da cor. Considerava que o verdadeiro artista era um profeta dotado pela inspiração divina, que explorava a sua ‘visão interior’. 3