A Magia Celta Revelada
1ª edição São Paulo 2017
© Copyright 2017 Ogma Books
Projeto gráco e diagramação Akemi Oiticica Oiticica Kusuno Kusuno Capa e ilustrações Bianca de Triana Franco Ilustração “Árvore Celta da Vida” Nahya Black Pagliarini Ilustração “Deus Ogma” Érico Vinícius Revisão Ana Leila Black Black de Castro Castro Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio seja eletrônico, mecânico, xerográco, sem a autorização expressa do editor (Lei n. 9.610/98). Todos os direitos reservados à: Todos Ogma Books Rua Gerânios, 60, Vargem Grande Paulista-SP CEP 06730-000
[email protected] Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro)
___________________ _________ ___________________ __________________ __________________ __________________ _______________ ______ Black, Lady Mirian Ogam: A Magia Celta Revelada; [ilustrações Bianca de Triana Franco, Nahya Bla ck Pagliarini, Érico Vinícius]. 1ª ed. – São Paulo: Ogma Books, 2017. Bibliograa ISBN 978-85-93697-00-5 1. Celtas - Religião. 2. Feitiçaria. 3. Magia. 4. Ocultismo. 5. Religião da Deusa. I. Black, Lady Mirian. II. Franco, Bianca de Triana II. Pagliarini, Nahya Black II. Vinícius, Érico. III. T’itulo CDD 133.43 ___________________ _________ ___________________ __________________ __________________ __________________ _________________ ________ Índices para catálogo sistemático: 1. Magia: Ocultismo 133.43 3. Bruxaria: Ocultismo 133.43 4. Celtas: Religião 133.43
5. Ogam: Artes Divinató Divinatórias rias
133.2424
DEDICO...
“A você, Grande Guerreiro, que livremente uniu-se a mim no Caminho. Você era toda Ordem; eu, o puro Caos! Nobre Coração que, ao contrário de todos os homens, jamais temeu a mim. Por mais que me amasse, nunca hesitou em me enfrentar, pelo que honrarei seu nome em todos os tempos. Fizemos provar do aço de nossas espadas, a dor nos consumiu até os ossos; destruímos nossos mundos, devastamos nossos corações... E quando não mais havia esperança para nós, de uma réstia de luz o amor renasceu e criamos um universo completamente novo. Renova seus votos comigo... Prometo que seus dias serão difíceis, densas tempestades se anunciam, você será continua e insistentemente testado como tem sido até então. Contudo, prometo, também, que a vida ao meu lado continuará inusitada, totalmente inconvencional e você não se arrependerá um segundo sequer, nem nesta, nem nas próximas existências!” Para Thiago, dedico esta obra e o meu amor eterno. Para Ruryk e Nahya, com todo o meu amor e admiração. Vocês são meus amores, meus tesouros!
AGRADECIMENTOS
Aos meus ancestrais, cuja força me conduz. A Jorge Pagliarini por tudo, especialmente pelas boas histórias; ao clã Correia Pagliarini – Cristiane, Leonardo, Luana e Vithor, meu carinho e gratidão. À Akemi, pela dedicação e amizade acima de tudo; à Bianca e Érico pelo comprometimento, prossionalismo e belíssimas ilustrações que deram vida à obra; à minha mãe Ana Leila pela oportuna e imprescindível colaboração; e mais uma vez ao meu querido amigo Hélio Rosa de Miranda, que como sempre, me ajudou demais. À minha querida amiga Yurika Kusuno e sua princesa Ivanna, pelas ótimas con versas, ideias e companhia. Ao meu bruxinho Ruryk, por sua compreensão e innitos amor e carinho. À minha fadinha-bruxa Nahya, por sua prestimosa colaboração através da bela ilustração da Árvore Celta da Vida. 3
Ao meu editor, Thiago, que apesar de ser extremamente exigente para comigo, embora não mais do que eu, sempre esteve ao meu lado, contribuindo ativamente para a construção desta obra, a quem eu admiro, respeito e amo demais. Aos meus guardiões caninos e do Outro Mundo que sempre me protegem. Por m, o que dizer de toda a abençoada orientação, esclarecimentos, conhecimentos que me foram legados pelos deuses através dos Guardiões, das Fadas e das Árvores Sagradas, sem os quais eu jamais teria conseguido desvendar os intrincados mistérios ocultos no Ogam em forma de código sagrado? Jamais terei como agradecer tamanha dádiva, conquanto procure caminhar dignamente de forma a honrar a Gran de Mãe e o Grande Espírito, todos os habitantes do Outro Mundo e minhas ancestrais.
4
PREFÁCIO
E
ste é um livro sobre a Magia Celta revelada através do Ogam, um conhecimento praticamente esquecido e adormecido por longos séculos, conquanto traga diversos estudos acadêmicos do ponto de vista linguístico, arqueológico e histórico, cujo intuito é enriquecer o conhecimento dos leitores. Sendo o foco desta obra a prática da Magia Celta por meio do Ogam em suas múltiplas aplicações, entendo que as pessoas precisam sentir mais do que pensar, pois sentindo, acreditarão, e acreditando, tal crença tornar-se-á verdade; tornando-se verdade, automaticamente tomará forma no mundo físico, isto é, acontecerá! Esse é o poder que torna a Magia fascinante e surpreendente: o de transformar o mundo e a realidade ao redor. E essa transformação acontece sempre e invariavelmente a partir de si mesmo. Saliento que algumas palavras aparecerão ao longo desta obra escritas com dife rentes graas, como Ogam e Ogham; Beth, Beith, Beithe, Beithi; Trefocul e Trefhocul, Forfeda e Forfedha, etc, e os leitores que já mantiveram contato com meu trabalho saberão que isto se dá porque utilizo os nomes de acordo com os inúmeros autores pesquisados, os quais, no caso em questão, trazem graas tanto no Irlandês Primitivo, quanto no Irlandês Antigo e no Moderno, além de eventualmente aparecerem palavras grafadas em gaélico escocês e em galês (País de Gales), todas corretas. Portanto, sinta-se à vontade para adotar os nomes das Ogams, por exemplo, que mais lhe agrade, anal, não gosto de me prender à forma, priorizo o conteúdo. Este livro está dividido em cinco Partes:
D Parte 1 – Ogam: o que é, sua origem e seus criadores segundo a Lin guística, a Arqueologia e a Mitologia Trata-se de um estudo essencialmente acadêmico abordando o surgimento das línguas no mundo, as muitas teorias acerca da função para a qual o Ogam teria sido criado, sua estrutura e as fontes documentais que fundamentam minha pes quisa e parte desta obra.
D Parte 2 – O Mapa Ogâmico É um método fantástico de auto-conhecimento, despertar e domínio sobre todos os potenciais desejáveis e/ou necessários à conquista dos sonhos e realização dos objetivos através da sabedoria milenar que é o Ogam. Seu Mapa Ogâmico é, na verdade, o seu mapa do tesouro. Descubra-o.
5
D Parte 3 – Ogam: um grande oráculo Traz o signicado dos vinte e cinco símbolos ogâmicos para uso oracular, ensinando como criar seu próprio Ogam. Mostra diversos métodos de leitura e interpretação, dentre eles a Árvore Celta da Vida, uma forma de visão e orien tação para todas as áreas de sua vida, identicando habilidades a serem melhor aplicadas, diculdades a serem superadas e como fazê-lo. Ao conhecer seu futuro através do Ogam, você estará apto a mudar o rumo da sua história.
D Parte 4 – Ogam: a Bérla Fortchide ou a Linguagem Oculta da Magia Celta Aprenda o uso das vinte e cinco Ogams como talismãs para atrair tudo o que desejar: qualidades, habilidades, proteção, amor, saúde, prosperidade, sabedoria, etc, além de encantamentos, feitiços, rituais ogâmicos para os mais variados ns.
D Parte 5 – Medicina Ogâmica: um novo antigo método de cura para todos os males Como o Ogam pode proporcionar o reequilíbrio sistêmico, eliminando todos os desequilíbrios (vulgo doenças) a partir de suas causas reais – espiritual, emocional, mental/psicológico e/ou física, restituindo e ensinando-o a manter a saúde plena e perfeita.
Espero que minha obra possa fazer jus à magníca sabedoria dos celtas; espero ter conseguido traduzir em palavras e levar aos leitores todo o esplendor de sua Magia através do Ogam, honrando os deuses, os guardiões, os seres encantados e minhas ancestrais com AUDÁCIA E FIDELIDADE! 1 L.M.Black
1
6
Divisa do brasão do clã Black da Escócia, ilustração acima.
ÍNDICE
D Introdução - Dois mitos sobre a criação do Ogam
13
Ogam: o que é, sua origem e seus criadores segundo a Linguística, a Arqueologia e a Mitologia
15
1
O mistério insolúvel: a origem do Ogam, o alfabeto celta das árvores
19
2
Breve história do surgimento da linguagem e das línguas no mundo 2.1 As línguas célticas
20 22
3
Quem eram os povos celtas? 3.1 Surgimento dos povos celtas
25 26
4
Ogam: o que é e qual sua origem 4.1 As diversas teorias sobre a origem do Ogam 4.1.1 O Ogam foi criado para a língua irlandesa tendo como base o latim, o grego e as runas germânicas 4.1.2 O Ogam era uma forma de comunicação sagrada e secreta, criada e utilizada somente por iniciados na Magia Celta 4.1.3 O Ogam era o zodíaco/horóscopo celta 4.1.4 O Ogam era um sistema de linguagem secreta e teria sido criado a partir das runas germânicas 4.1.4.1 O Ogam serviu de base e inspiração para as Runas 4.1.5 O Ogam era uma forma de criptograa 4.1.6 O Ogam era um sistema numérico e não um sistema de escrita 4.1.7 O Ogam foi criado como um sistema mnemônico e para assinatura 4.1.8 A escrita ogâmica teve origem no período Neolítico 4.1.9 Escrita ogâmica na América em 321 a.C. 4.1.10 Outras teses sobre a origem do Ogam 4.2 Conclusão sobre a origem do Ogam
28 28 28
38 38 39 40 41 43 45 47
5
O Ogam nas sagas irlandesas
48
6
As fontes utilizadas nesta obra 6.1 Auraicept na n-Éces
50 50
Parte 1
Capítulos
32 34 35
O Livro de Ballymote e o Diagrama do Físico Bríatharogaim
50 53
7
Os monumentos de pedras com inscrições ogâmicas
54
8
A estrutura do Ogam ou Beithe-Luis-Fern
56
O Mapa Ogâmico
59
9
O que é o Mapa Ogâmico
63
10
Como calcular seu Mapa Ogâmico 10.1 O Black Beithe-Luis-Fern 10.2 A Espiral da Integração 10.3 As Cinco Espirais Internas – O Eu 10.3.1 Data de nascimento completa – A Espiral da Essência 10.3.2 Dia do nascimento – A Espiral do Portal 10.3.3 Mês e ano do nascimento – As Espirais Auxiliares 10.3.4 Hora do nascimento – A Espiral Secreta ou Oculta 10.4 As Três Espirais Externas – Os Outros 10.4.1 Nome completo – A Espiral da Lição de Vida 10.4.2 Primeiro nome – A Espiral do Amor 10.4.3 Nome(s) de família – A Espiral da Personalidade e do Karma
65 67 68 69 69 70 71 71 72 73 75 75
11
Ativando o seu Mapa Ogâmico
78
12
A Espiral da Integração – As estações na Roda Celta do Ano do Clã Black 12.1 Inverno 12.2 Primavera 12.3 Verão 12.4 Outono 12.5 O “Não-Tempo”
80
Parte 2
6.2 6.3
Capítulos
13
As Ogams e seus signicados 13.1 Como consultar as Ogams do seu Mapa Ogâmico 13.2 Aicme Beithe Beithe – “A Beleza dos Sonhos e do Sonhador” Luis – “A Proteção Encantada dos Dragões e das Serpentes” Fern – “O Escudo e a Espada” Sail – “A Bebida Preciosa”
80 82 83 84 85 88 89 90 91 97 103 109
Nin – “A Árvore dos Mundos” 13.3 Aicme Huath Huath – “O Presente das Fadas” Dur – “Mestres da Magia” Tinne – “Beleza e Força” Coll – “O Trono do Sábio” Quert – “A Dádiva do Amor” 13.4 Aicme Muin Muin – “O Insecável – Caldeirão de Dagdá” Gort – “Mór Muman – A Deusa Solar” nGetal – “Mensageira dos Deuses” Straif – “A Forja de Heróis” Ruis – “O Corvo das Batalhas” 13.5 Aicme Ailm Ailm – “O Despertar dos Dons” Onn – “Céu e Terra” Ur – “Poder Absoluto” Edad – “Liberdade Plena” Ida – “Equilíbrio Universal” 13.6 Aicme na Forfed ou Forfeda Ebad – “Animais Sagrados” Oir – “A Ilha das Riquezas” Uillean – “A Fonte da Juventude” Pin – “A Montanha das Fadas” Emancoll – “A Chama Divina” 13.7 O Mapa Ogâmico na prática
115 120 121 127 134 140 147 153 154 160 166 171 178 185 186 191 198 205 211 219 220 225 230 235 240 244
Ogam – Um grande oráculo
245
14
Como confeccionar o seu Ogam
249
15
Realizando a glannad para confeccionar e consagrar seu Ogam 15.1 Glannad com água 15.2 Glannad com tocha 15.3 Glannad com caldeirão e/ou com fogo
251 251 252 252
16
Criando seu Ogam
254
17
Tipograas ogâmicas para confeccionar seu Ogam
255
18
O Talismã de Fedelm
256
Parte 3 Capítulos
19
Preparação para o Ritual de Consagração do Ogam
258
20
Ritual de Consagração do Ogam
260
21
A classicação das Ogams 21.1 Chieftain trees – Árvores nobres 21.2 Peasant trees – Árvores camponesas 21.3 Shrub trees – Árvores arbustivas 21.4 Herb trees – Ervas/plantas trepadeiras
263 263 264 264 265
22
O Oráculo Ogam – Breves considerações
266
23
Métodos simples de leitura e interpretação 23.1 Consulta rápida 23.2 Consulta estendida
268 268 268
24
Método de leitura e interpretação Rhotogam – A Roda Ogam
270
25
A Árvore Celta da Vida – Método de leitura completa do Ogam 25.1 Os galhos das Árvore Celta da Vida e seus signicados 25.2 Como fazer a leitura e interpretação da Árvore Celta da Vida
272 273 274
26
Signicados divinatórios das Ogams 26.1 Beithe – “A Beleza dos Sonhos e do Sonhador” 26.2 Luis – “A Proteção Encantada dos Dragões e das Serpentes” 26.3 Fern – “O Escudo e a Espada” 26.4 Sail – “A Bebida Preciosa” 26.5 Nin – “A Árvore dos Mundos” 26.6 Huath – “O Presente das Fadas” 26.7 Dur – “Mestres da Magia” 26.8 Tinne – “Beleza e Força” 26.9 Coll – “O Trono do Sábio” 26.10 Quert – “A Dádiva do Amor” 26.11 Muin – “O Insecável – Caldeirão de Dagdá” 26.12 Gort – “Mór Muman – a Deusa Solar” 26.13 nGetal – “Mensageira dos Deuses” 26.14 Straif – “A Forja de Heróis” 26.15 Ruis – “O Corvo das Batalhas” 26.16 Ailm – “O Despertar dos Dons” 26.17 Onn – “Céu e Terra” 26.18 Ur – “Poder Absoluto” 26.19 Edad – “Liberdade Plena”
279 280 282 284 286 288 290 292 294 296 298 300 302 304 306 308 310 312 314 316
26.20 Ida – “Equilíbrio Universal” 26.21 Ebad – “Animais Sagrados” 26.22 Oir – “A Ilha das Riquezas” 26.23 Uillean – “A Fonte da Juventude” 26.24 Pin – “A Montanha das Fadas” 26.25 Emancoll – “A Chama Divina”
318 320 322 324 325 326
4
Ogam – A Bérla Fortchide ou Linguagem Oculta da Magia Celta
327
27
Amuletos e talismãs ogâmicos 27.1 O que são amuletos e talismãs 27.2 O segredo para criar amuletos/talismãs ogâmicos poderosos 27.3 Criando talismãs ou amuletos 27.4 Ritual de Consagração do talismã para quem não possui o Espaço Sagrado 27.5 Ritual de Consagração do amuleto no Espaço Sagrado 27.6 Signicados das Ogams para uso como talismãs
331 331 332 333 335 336 337
28
O Talismã da Perfeita Harmonia 28.1 Ritual de Consagração do Talismã da Perfeita Harmonia
348 349
29
Encantamento “Arena Ogam”
352
30
Outras aplicações do Ogam na Magia
355
Parte Capítulos
Parte
5
Medicina Ogâmica - Um novo antigo método de cura para todos os males 357
Capítulos
31
Conceito de “saúde” e “doença”
361
32
O corpo humano segundo a Medicina Ocidental Moderna
362
33
Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa e da Medicina Naturalista e sua relação com a Medicina Ogâmica
364
34
Princípios da Medicina Ogâmica
368
35
Como a Medicina Ogâmica atua para tratar e eliminar os desequilíbrios 370
36
Medicina Ogâmica aplicada – A Terapia das Duas Árvores
372
37
374
Os Sistemas da Medicina Tradicional Chine suas correspondências com os Aicme 37.1 Aicme Beithe – Sistema MTC dos Rins 37.2 Aicme Huath – Sistema MTC do Fígado 37.3 Aicme Muin – Sistema MTC do Coração 37.4 Aicme Ailm – Sistema MTC do Baço 37.5 Aicme na Forfed – Sistema MTC dos Pulmões
374 376 376 377 378
38
A Terapia Ogâmica Tríplice
380
39
Os Elixires Ogâmicos 39.1 O Elixir Ogâmico da Longa Vida 39.2 O Elixir Ogâmico da Juventude Eterna 39.3 Outros Elixires Ogâmicos
383 384 384 385
40
Leitura de Ogam para a saúde
386
41
Aplicação do Ogam do Mastro para anular efeitos colaterais dos medicamentos
387
Anexo 1 – O baralho “Ogam – O Oráculo Celta das Árvores” inspirado no 398 Livro de Kells
401
Bibliograa
Índice das Principais Ilustrações Deus Ogma Mapas “Origem da PIE” e “Línguas Célticas” Ogam Vertical Black Beithe-Luis-Fern Mapa Ogâmico Árvore Celta da Vida Árvore Ogam Espiral Ritualística A Roda Ogam Arena Ogam Ogam do Físico Ogam do Mastro Grácos do corpo humano
17 22 57/380 58/66 61 247 260/359 261/335 270 356 388 390 392/394
INTRDUÇÃO DOIS MITOS SOBRE A CRIAÇÃO DO OGAM D Ogma – O Deus da Eloquência e da Poesia, criador do Ogam
A
Mitologia Celta nos ensina que o deus Ogma, também chamado de Ogma Grianaineach (da Face de Sol) ou Ogma Cermait (da Língua de Mel), um dos Túatha dé Dannan (Filhos da deusa Dana – os deuses da antiga Irlanda), inventou o Ogam, composto por vinte símbolos ou letras, usado pelas druidisas, druidas , bar dos e vates para escrita em locais sagrados, como oráculo e ritualmente. No entanto, não há relatos de como ele realizou esta criação, ao contrário da Mitologia Nórdica que descreve como o deus Odin criou as runas, ou da Mitologia Chinesa que descreve como o herói Fu Hsi criou os trigramas que originaram o I Ching. Na Gália (terras célticas na Europa continental), Ogma era chamado Ogmios, e foi descrito pelo autor grego Lucano no século 200 usando uma pele de leão sobre os ombros, portando uma clava, uma aljava e um arco:
“Os celtas chamam Hércules Ogmios na língua de seu país, mas a imagem que pintam dele é razoavelmente estranha. Para eles, ele é um homem velho já no m da vida, com cabelo escasso e o pouco cabelo que lhe resta é grisalho, e
com sua pele áspera e ressecada pelo Sol... Este Hércules velho é representado puxando atrás de si uma multidão de homens, todos mantidos juntos e presos pelas orelhas por correntes de ouro e âmbar... O pintor perfurou a língua do deus com a corrente, de modo que parece estar puxando ao mesmo tempo todos os homens, enquanto o deus se volta para eles sorrindo” 2 .
Esta descrição demonstra claramente que a força do deus Ogma ou Ogmios está na sabedoria de suas palavras, arrebatando, assim, os sinceros buscadores do conhe cimento.
D Fénius Farsaid e a criação do Ogam na Torre de Nimrod
3
Há outro mito que consta no Livro de Fénius 4, no início do Auraicept sobre a invenção da língua irlandesa e do Ogam. 2
Trecho extraído do livro “Ogam – The Celtic Oracle of the Trees” de Paul Rhys Mountfort, p. 12, tradução livre da autora.
3
Baseado na interpretação de McManus em “A Guide to Ogam”, p. 148/149 e no Auraicept.
4
P. 83 do Auraicept. Sobre esta obra, veja no Capítulo “As fontes para esta obra”.
Introdução
13
Fénius Farsaid era um homem culto e letrado em três línguas principais – latim, grego e hebraico. Ele viajou da Cítia para a Planície do Sinar com Goídel mac Ethéoir, Íar mac Nema e uma comitiva de setenta e dois homens, cujo objetivo era estudar as línguas que se misturaram na Torre de Nimrod ou Torre de Babel. Descobriu que estas línguas haviam se dispersado pelo mundo, e enviou seus estudiosos para investigá-las, permanecendo na torre. Ao completarem seus estudos, os estudiosos retornaram após dez anos e solicitaram que Fénius selecionasse para eles dentre todas as línguas do mundo, uma que ninguém conhecesse a não ser eles. Segundo o Auraicept, Fénius concordou e criou não uma, mas cinco Bérla tóbaide ou teipide - “Línguas Seletas”: - Língua Irlandesa, a qual Fénius chamou de godélica ou gaélica, em homenagem a Goídel; - Íarmberla – segundo McManus, designava palavras em irlandês não acentuadas e foi criada por Fénius em homenagem a Íar; - Bérla n-etarscartha – Língua Partida, usada para ns de estudos etmológicos na qual os elementos de uma palavra são separados para serem devidamente explicados; - Bérla Féne – segundo McManus era uma língua prossional, mais especicamente a Língua dos Juristas e foi criada em homenagem a si próprio, embora no Auraicept conste como “Língua Usual”, aquela que servia para todos; - Bérla Fortchide – segundo McManus era Bérla na led - Língua Obscura, usada para uma forma oculta de linguagem poética, sendo fortchide “a grande escuridão” ou “obscuridade da poesia” conforme o Auraicept. Estas cinco línguas seletas foram criadas juntamente com o Beithe-Luis-Nin, isto
é, com as vinte letras originais do Ogam, que posteriormente, passaram a ser vinte e cinco para acomodar sons estrangeiros .
Todo o som para o qual um sinal não foi encontrado em outros alfabetos, sinais foram encontrados para eles no Beithe-Luis-Nin, depois chamado de Beithe-Luis- -Fern . Dentre todos os estudiosos da Torre de Nimrod, havia vinte e cinco que eram os mais nobres e seus nomes foram dados às vogais e consoantes do Ogam.
14
- Ogam
Lady Miriam Black -
Deus Ogma. Ilustração de Érico Vinícius.
Capítulo 1 O MISTÉRIO INSOLÚVEL: A ORIGEM DO OGAM, O ALFABETO CELTA DAS ÁRVORES
A
ntes de falar sobre o Ogam propriamente dito, gostaria de explanar bre vemente sobre a evolução das línguas e seus consequentes alfabetos no mundo, considerando-se que os alfabetos ou sistemas de escrita são criados a partir de e para uma língua existente. Além disso, o Ogam especicamente foi utilizado na Grã-Bretanha e principalmente na Irlanda como sistema de escrita comum somente a partir do século 3 ou 4 até o século 9 ou 10 dessa Era, conforme demonstram as diversas inscrições ogâmicas existentes em pedras que serviram como monumentos, lápides, adornos em catedrais. Tais inscrições ogâmicas muitas vezes foram mescladas com inscrições rúnicas e latinas. Os monges cristãos da Irlanda e Grã-Bretanha criaram manuscritos sobre o Ogam, provavelmente servindo-se de fontes como instruções recebidas dos últimos druidas sobreviventes. Estes manuscritos, que são as fontes desta obra e estão elencados adiante, reme tem a outros mais antigos que se perderam pela ação do tempo, cujo enfoque principal é o Ogam enquanto gramática. Portanto, como será visto, não há uma fonte histórica e/ou arqueológica capaz de comprovar quando exatamente o Ogam teria sido criado, e por qual povo celta - se das ilhas ou do continente europeu. No entanto, o conhecimento sobre o Ogam como oráculo, como fonte de auto -conhecimento, aprimoramento pessoal e seu uso na Magia Celta perpetuou-se no tempo através de tradições familiares, sendo este o cerne desta obra.
“O Ogam é um mistério que o curioso olha e não vê; o ambicioso procura e não encontra; o não-iniciado vê e não compreende; o mestre aponta o caminho mas não pode guiar. O buscador sincero não procura e não tenta entender, pois humildemente sabe que é tão profundo quanto os oceanos, tão vasto quanto o innito e ele, na sua
pequenez, sequer almeja alcançar. Simplesmente contempla sem qualquer ambição ou expectativa, apenas deseja contemplar... e o segredo está revelado.”
(Lady Mirian Black)
- Parte 1 - A Origem do Ogam -
19
Capítulo 2 BREVE HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA LINGUAGEM E DAS LÍNGUAS NO MUNDO5
O
s seres humanos desenvolveram a capacidade de falar há milhares de anos. Por volta de 10.000 a.C., os humanos organizaram-se em grupos cujo objetivo era a proteção mútua, e além de caçar e coletar frutos, passaram a cultivar da terra em algumas culturas, a criar gado em outras, deixando de ser nômades para se xarem. A linguagem igualmente evoluiu, e com o tempo, começou a divergir de um grupo para outro. Surgiram, então, o que hoje os linguistas chamam de “famílias linguísticas”. Existem muitas famílias de línguas no mundo. Segundo o site Ethnologue 6, seguem as seis maiores em número de pessoas que as utilizam7: a) Indo-Europeia com 439 línguas vivas e 2.974.405.732 de pessoas falam essas línguas; b) Sino-Tibetana com 451 línguas vivas e 1.373.805.394 de pessoas falam essas línguas; c) Nigeriana-Congolesa com 1.524 línguas vivas e 451.034.526 de pessoas falam essas línguas; d) Afro-Asiática com 366 línguas vivas e 411.789.884 de pessoas falam essas línguas; e) Austronesiana com 1.222 línguas vivas e 324.680.782 de pessoas falam essas línguas; f) Trans-Nova Guineana com 478 línguas vivas e 3.552.424 de pessoas falam essas línguas.
Cada família de línguas é dividida em grupos e cada grupo é integrado por inúmeros idiomas e dialetos, vivos e extintos. Os grupos de línguas que integram a família indo-europeia da qual a língua portuguesa faz parte são:
20
5
Muitos artigos científicos e não-científicos, além de outras fontes, foram utilizados como base para este capítulo, os quais podem ser consultados na Bibliografia Referenciada ao final deste livro.
6
“Ethnologue: Languages of the World” ou “Ethnologue: Línguas do Mundo”, vide Bibliografia.
7
Veja a tabela no site através do link: https://www.ethnologue.com/statistics/family
- Ogam
Lady Miriam Black -