Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste MÓDULO 2 : DINAMISMO CIVILIZACIONAL DA EUROPA OCIDENTAL NOS SÉCULOS XIII A XIV ESPAÇOS, PODERES E VIVÊNCIAS 2.1 A fixação do território – do termo da Reconquista ao estabelecimento e fortalecimento das fronteiras
1-MAPAS DA RECONQUISTA 1
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Fronteiras de Portugal em 1185
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste 2-SUBLINHAR A ACÇÃO DO CONDE D-HENRIQUE E DE D. AFONSO HENRIQUES PARA A DEFINIÇÃO DO ESPAÇO PORTUGUÊS O condado foi concedido a D. Henrique a título de dote hereditário, pelo seu casamento com D. Teresa, filha de D. Afonso VI, quando D. Afonso VI separou este território da Galiza para o conceder ao conde D. Henrique de Borgonha, que viera para a Península para ajudar na luta contra os Mouros. Pode-se mesmo afirmar que Portugal é um produto da reconquista cristã. Quer a autonomização politica e o alargamento territorial do reino de Portugal, resultaram da luta contra os muçulmanos que dominavam a Península. Com efeito, foram as vitórias no campo de batalha contra o Islão, que deram a D. Afonso Henriques o prestígio e a autoridade necessários para reivindicar, junto das autoridades castelhana e papal, o direito de usar o título de rei e ser aceite como soberano pelos seus súbditos. Foi ainda o sucesso militar que lhe permitiu obter um território suficientemente amplo para viabilizar a existência de Portugal como reino independente. Alargando a sua fronteira para sul até à linha do Tejo -Sado, Afonso Henriques conquista a cidade de Santarém em 1147. A sua posse abriu-lhe caminho à tomada de Lisboa, feito alcançado com a ajuda dos cruzados, em 14 de Outubro desse mesmo ano. Seguiram-se-lhes as conquistas 3
de Sintra, Almada e Palmela, fortalezas importantes para a defesa de Lisboa, e mais tarde de Alcácer do Sal (1158-1160). Ao mesmo tempo que se ia processando o alargamento territorial para Sul, D. Afonso Henriques e os seus sucessores dividiam os seus esforços no povoamento e na organização administrativa, e económica e social das áreas conquistadas, elementos fundamentais para a consolidação das fronteiras e para a própria sobrevivência do Reino. Para realizar estes objetivos, foram concedidos inúmeras cartas de Foral, criaram-se os primeiros órgãos da administração central e fizeram-se importantes doações de terras e privilégios às ordens religiosas e às ordens militares. A conquista ou a tomada de posse por D. Afonso III, em 1249, das cidades e castelos do Algarve que ainda se encontravam nas mãos dos mouros concretizaram o grande objectivo de estenderas fronteiras de Portugal até ao limite Sul do território até ao mar.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste 3-SITUAR A DEFINIÇÃO DO ESPAÇO PORTUGUÊS NO CONTEXTO DA RECONQUISTA A definição do território de Portugal e a sua existência como entidade politica independente no Oeste peninsular, está intimamente ligada ao processo da Reconquista (Séculos VIII-XV). A Reconquista Cristã deu-se com a formação do condado Portucalense em 1096, quando D. Afonso VI separou este território da Galiza para o conceder ao conde D. Henrique de Borgonha, que viera para a Península para ajudar na luta contra os mouros.
4-MOSTRAR OS AVANÇOS DA RECONQUISTA E DO SEU TERMO Portugal nasceu e consolidou-se como reino independente e definiu as suas fronteiras em estreita ligação com o processo da Reconquista cristã peninsular. Por isso podemos dizer que o nosso País é um produto da Reconquista. Ao longo do tempo Portugal foi-se definindo e consolidando o território e a autonomia politica. Na Reconquista já é feita uma distinção entre concelhos rurais e concelhos urbanos, sendo os primeiros 4
constituídos por pequenos grupos de povoadores, enquanto os segundos se dividiam em burgos, onde as pessoas viviam dependentes do poder senhorial e onde uma carta de foral concedia aos seus moradores igualdade de direitos. Os concelhos criados ou legalizados pelos forais, dispunham de graus variáveis de autonomia. Esta exprimia-se nomeadamente, através da existência de uma assembleia e de magistrados locais eleitos, na garantia das liberdades individuais e na exclusão do exercício dos direitos senhoriais na área municipal e era simbolizada pelo uso de um selo próprio e pela existência do pelourinho. O rei era o maior e mais poderoso dos senhores, reservando para si, em exclusivo, certos direitos, como o de justiça maior, o comando militar e a cunhagem da moeda. A partir do século XIII, a reestruturação central e local e a abertura das Cortes à participação dos representantes dos concelhos vieram dar mais força e autoridade à realeza para combater a expansão senhorial.
5-EXPLICAR AS CONDIÇÕES DO ESTABELECIMENTO DEFINITIVO DAS FRONTEIRAS DE PORTUGAL A definição do espaço territorial português ficou concluída em 1297 com a celebração do Tratado de Alcanices entre D. Dinis, de Portugal e D. Francisco IV de Castela. Fixou-se assim de forma praticamente
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste definitiva, a fronteira Leste do País: O rei de Portugal assegurou a posse das praças tomadas na terra de RibaCôa, juntamente com Olivença, Campo Maior, Ouguela e São Feliz de Galegos, assim como Moura e Serpa, já cedidas em 1295 mas não entregues em contrapartida, desistiu das suas pretensões relativamente a Aracena, Aroche, Ferreira, Esparregal e Aiamonte. Portugal estabelecia assim, ainda no século XIII, as fronteiras do seu território, que com pequenas alterações posteriores, haveriam de permanecer até aos nossos dias.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste A origem e evolução da maioria das famílias nobres portuguesas na Idade Média, estão relacionadas com a emigração de além-fronteiras (Leão, Castela, França, Norte da Europa) e a promoção social como recompensa por serviços prestados nas lutas da Reconquista, ao longo dos séculos XI e XII. Esta realidade histórica permite compreender a predominância do regime senhorial no Noroeste português na região entre Douro e Minho, e no litoral até ao Mondego, onde um grande número de senhores sujeitou pela posse das armas e pelo exercício de poderes públicos uma numerosa massa de camponeses. O regime senhorial avançou depois para Sul do Tejo, através das concessões às ordens militares, encontrando os maiores obstáculos na política de centralização régia e nas instituições concelhias, criadas ou preservadas pela concessão de cartas de foral. Como nos demais reinos europeus, em Portugal a nobreza era uma categoria social privilegiada, distinguindo-se pelo exercício de funções politicas e militares, que faziam dela um auxiliar imprescindível da Realeza. Os reis governavam através dos nobres, que aparecem muitas vezes na documentação qualificados como fideles, os fiéis, e faziam a guerra com o apoio das suas armas e dos seus homens. O uso das armas e do cavalo, 6
a posse de terras e a sua familiaridade com o poder davam-lhes uma enorme superioridade sobre o conjunto da população. A nobreza como as restantes ordens sociais, não constituía uma categoria social semelhante. Na realidade integravam-na grupos ou classes com níveis de rendimento e até de estatuto muito diferenciados. Os ricoshomens, magnates conhecidos como nobres de pendão e caldeira – tinham o poder e a autoridade para arregimentar sob o seu estandarte cavaleiros e peões e os meios para os sustentar no decurso de uma campanha militar, aproveitaram as acções militares da luta contra os mouros para conquistar os favores dos reis. A quem se encontravam ligados pelo sistema de vassalidade, para obter imunidades, enriquecer e transformar-se no grupo mais importante de entre os nobres. Abaixo destes homens-ricos situava-se um grupo muito mais numeroso de aristocratas terratenentes que, na sua maioria, descendiam das antigas famílias de homens livres dos períodos romano, suevo e visigodo, os infanções (nobres de nascimento) e ainda uma nobreza que vivia fundamentalmente do serviço militar e que era constituída por cavaleiros e escudeiros.
10-DESCREVER A EXPLORAÇÃO ECONÓMICA DO SENHORIO A nobreza senhorial vivia da terra e das rendas dominiais, conjunto de bens em espécie, dinheiro ou serviço, que cobrava aos camponeses que cultivavam as suas propriedades (as honras) e sobre os quais exercia uma jurisdição limitada. As honras beneficiavam de um conjunto de privilégios e imunidades muito favoráveis para os seus titulares, como o direito de proibição de entrada a funcionários régios, a isenção do pagamento de
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste impostos e a autonomia judicial e administrativa. No entanto, a Realeza manteve sempre o controlo sobre o poder senhorial, reservando para si determinados direitos, como a justiça maior (pena de morte ou corte de membros), ou mesmo combatendo-o abertamente.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste O país urbano e concelhio – multiplicação de vilas e cidades concelhias O país rural e senhorial, nascido no Entre Douro e Minho, cedo se complementou com um país de cidades e vilas concelhias. Trata-se do país urbano e a sua pujança e protagonismo verificam-se do século XII em diante. Mas em que contexto as cidades e vilas irromperam e se desenvolveram em território português? Recuemos no tempo. Em 1064, Coimbra é definitivamente conquistada aos muçulmanos. Em 1075, a construção da catedral de Santiago de Compostela, onde se abrigava o túmulo do apóstolo, faz deste local um dos centros de devoção mais concorridos da Cristandade medieval. Tal significa que o espaço a norte do Mondego, que em breve fará parte do reino de Portugal, se vê sulcado de peregrinos e caminhos que demandam a cidade do noroeste da Galiza. Com tal movimento, é natural que os núcleos urbanos se revitalizem, readquirindo um dinamismo desconhecido há séculos, pelo estado de guerra então vivido. O Porto e Guimarães, por exemplo, saem beneficiados. Entretanto, a Reconquista prosseguia e, com ela, territórios de forte presença urbana, que o domínio muçulmano além de preservar soubera estimular, acrescentavam-se ao Norte tradicionalmente rural e senhorial. Referimos já a conquista de Coimbra; à cidade do Mondego juntavam-se, na segunda metade do século XII, Lisboa, Santarém e Évora como pólos estruturadores da futura evolução económica e política do reino de Portugal. Doravante, o Entre Douro e Minho ficará secundarizado face a um Centro e Sul que dele recebe excedentes demográficos, que herda os saberes artesanais e os contactos comerciais do mundo muçulmano, que valoriza as transacções monetárias e onde comunidades de homens livres, e não exclusivamente os senhores, tomam nas mãos o exercício do poder local. Eis um dos motivos por que Afonso Henriques transfere a capital de Guimarães para Coimbra. Libertava-se das exigências da fidalguia nortenha, que o pusera no trono e angariava apoios de estirpes menos nobres, é certo, mas, nem por isso menos gratas e ousadas. 8
A presença da corte, então verdadeiramente itinerante, nas cidades do Centro (Coimbra, Leiria) e Sul (Santarém, Lisboa, Évora) contribuiu, por seu turno, para a consolidação das estruturas urbanas do reino nos seus primeiros séculos de existência. Com o seu séquito de funcionários e letrados, a proliferação de serviços burocráticos e de forças militares, cada vez mais se distanciavam aqueles centros urbanos do país rural, face ao qual se sentiam mais poderosos e esclarecidos. Se a presença régia prestigiava uma urbe, não menor engrandecimento derivava das suas funções eclesiásticas. Referimo-nos, concretamente, às sedes de bispado, as únicas a merecerem a designação de cidades. Remontavam aos primeiros tempos de organização do Cristianismo na Península e, certamente, a sua reconquista e posterior restauro foram motivo de desmedido orgulho. A urbanidade de uma povoação media-se, em grande parte, pelo seu grau de superintendência jurídica. A cidade e a vila concelhia dispunham, na verdade, de uma capacidade auto-administrativa, maior ou menor, que os monarcas e, às vezes, um senhor lhe concederam através de uma carta de foral. Num país que nasceu à sombra de castelos e igrejas, compreende-se o privilégio que representava a vida num concelho, onde as amarras senhoriais eram mais ténues ou praticamente inexistentes. Ele explica-se, especialmente, pela necessidade de atrair moradores a zonas que urgia defender e povoar: a Beira interior, a Estremadura, o Alentejo. Nestas regiões se situaram, predominantemente, os concelhos perfeitos ou urbanos, cuja organização analisaremos mais adiante. O desenvolvimento urbano dependeu da proximidade dos eixos de comunicação, da facilidade dos transportes terrestres, do estabelecimento e dinamismo de uma rede comercial. Para alimentar a sua população e, em simultâneo, exportar as suas produções rurais e artesanais, a cidade deve inserir-se numa vasta rede de trocas. Ao surto urbano português não é, por conseguinte, estranho o ressurgimento comercial que o Ocidente medieval viveu a partir do século XII. Não é por acaso que as urbes de maior dimensão, como Guimarães, Porto, Coimbra, Santarém, Lisboa e Évora, se localizavam num eixo norte-sul paralelo à costa atlântica, com a qual facilmente comunicavam. Ao dinamismo dos seus mercadores se deve a concessão das respectivas cartas de foral. * Concluindo: Beneficiando das peregrinações a Santiago de Compostela, do avanço da Reconquista, da estância da corte régia, do restauro das sés episcopais, da criação de concelhos e do dinamismo comercial, Portugal recuperou, desde o século XII, uma fisionomia urbana.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO CITADINO * Urbanismo cristão e urbanismo muçulmano Embora os Romanos, com o seu espírito prático e organizador, nos tivessem legado cidades regulares construídas segundo o sistema em quadrícula, a verdade é que as urbes medievais portuguesas já nada revelavam do urbanismo latino. Sucessivas invasões e contributos civilizacionais de Godos e Muçulmanos, a construção desorganizada e os acidentes de terreno somaram-se, durante séculos, para conferir um fácies à cidade portuguesa que não a afastava muito das suas congéneres peninsulares. Assim, quer no nosso território quer na restante Ibéria, distinguia-se, em princípio, um urbanismo cristão, a norte, de um urbanismo muçulmano, mais nítido à medida que caminhamos para sul. Apesar de não faltarem no primeiro as ruas tortuosas e os becos sem saída, como em qualquer cidade medieval que se prezava, o facto é que a urbe cristã sempre dispunha de uma ou mais praças (um luxo nas densas e labirínticas cidades do sul!) e, de um modo geral, irradiava a partir de um centro, enquanto a cidade muçulmana se distribuía pela alcáçova, reservada aos dirigentes, e pela almedina, a zona popular. De fundação cristã ou de influência muçulmana, há, no entanto, traços comuns no urbanismo medieval, tanto mais quanto os contactos económicos e culturais não escasseavam, mesmo quando os dois mundos ferozmente se digladiavam; e tanto mais também quanto, à medida que a Reconquista progredia, a integração das diferenças se processava.
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* O espaço amuralhado Antes de mais, a cidade medieval portuguesa, como as suas irmãs peninsulares ou os burgos europeus, destacavase na paisagem por estar envolta numa cintura de muralhas. De maior ou menor perímetro, com as suas ameias e os seus cubelos, a muralha delimitava o espaço urbano, dava-lhe segurança e proventos (pelas inúmeras taxas pagas nas suas portas e postigos), além de embelezá-la! Com indisfarçável orgulho, os citadinos gravavam, nos seus selos concelhios, as muralhas, qual símbolo do poder e autonomia. Desde o século XIII, o crescimento demográfico do reino e as movimentações populacionais estiveram na origem de reestruturações urbanísticas de vulto. As obras iniciaram-se ainda com D. Dinis, prosseguiram com D. Afonso V e terminaram no reinado de D. Fernando, que passou à História como o monarca construtor de cercas por excelência. Muitos dos antigos arrabaldes (bairros extra-muros) bem como zonas rurais ficaram, então, incluídos nas novas cinturas de muralhas e não tardaram a encher-se de construções e habitantes. Toda a cidade medieval comportava uma zona nobre, um centro, que se distinguia do restante espaço. E dizemos nobre, não porque nele habitassem os aristocratas de sangue — que, aliás, sofriam de várias limitações para construir casas na cidade —, mas porque nele se situavam os edifícios do poder e moravam as elites locais. Referimo-nos ao castelo ou à torre de menagem do alcaide, à Sé ou igreja principal, ao paço episcopal, aos paços do concelho, às moradias dos mercadores e mesteirais abastados. São edifícios altivos, de robusta pedra que desafia os tempos. Não longe deles estava o mercado principal numa praça ou rossio, se bem que muitos outros mercados proliferassem no interior da cidade medieval. Fora daquele centro, que hoje nos chocaria pelo amontoado das construções e pela falta de espaço que, por certo, impediria uma boa panorâmica da catedral, a cidade espraiava-se numa desordem total. Só no reinado de D. Dinis se abriram ruas para servirem de eixo ordenador do espaço urbano. Mais largas que o habitual iam directamente de um ponto ao outro da cidade, ligando duas das suas portas. Chamavam-se ruas direitas e, tal como as ruas novas surgidas desde o século XII, enchiam de satisfação os citadinos, que aí abriam as suas melhores oficinas, lojas e estalagens. Tudo o mais eram ruas secundárias, autênticas vielas para os nossos padrões, fétidas, escuras e poeirentas, raramente calcetadas, onde os despejos se faziam a céu aberto, cães e porcos focinhavam e mil perigos espreitavam. Nelas se distribuíam as habitações populares, as oficinas dos mesteirais, as tendas para a venda dos produtos e, até, albergarias e hospitais, que acolhiam peregrinos, pobres e doentes. Uma curiosa compartimentação sócioprofissional levava a que os ofícios se agrupassem em ruas específicas, que a toponímia viria a perpetuar. Donde os curiosos nomes das ruas dos Sapateiros, Correeiros, Pelames, Caldeireiros, do Ouro, da Bainharia ou dos
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Mercadores. Facilitava-se, desse modo, a aquisição da matérias-primas, a aprendizagem das técnicas, a comercialização de bens. Não faltavam, na cidade medieval portuguesa, as minorias étnico-religiosas: os judeus e claro, por razões históricas, os mouros submetidos. Muitos dos judeus eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros), mas houve-os também médicos, astrónomos, cobradores de rendas. Mais letrados que o comum dos cristãos (as discussões teológicas, na sinagoga que também era escola, a tal os predispunha), mais abastados, dados à usura e ao negócio, embora os humildes não faltassem, os judeus viviam em bairros próprios, as judiarias, com os seus funcionários, juízes e hierarquia religiosa. Durante séculos, e apesar do antagonismo religioso e de pontuais invejas motivadas pela sua superioridade económica e intelectual, a sociedade portuguesa tolerou os judeus e as cidades, como vimos, albergaram-nos dentro de muros. Um grupo numeroso de judeus era, aliás, entendido como símbolo de dinamismo económico do burgo. Em finais do século XV, a convivência entre os dois credos romper-se-ia Referimo-nos ao momento em que um edicto de D. Manuel obrigou os judeus à conversão, sob pena de expulsão. Quanto à comunidade mourisca, não foi senhora de uma abastança comparável à dos judeus. A opinião pública fixou a máxima do «trabalhar que nem um mouro» sinal da condição inferior dos islâmicos. Mas nem por isso os cristãos deixaram de os recear: relegaramnos, também, para bairros próprios — as mourarias—, que fizeram situar no arrabalde.
*O arrabalde Localizado fora de muros, o arrabalde acabou por se transformar num prolongamento da cidade. Nele se encontravam as hortas, tantas vezes designadas de almuinhas (palavra de origem árabe), que, juntamente com os ofícios poluentes (pelames ou curtumes), estavam próximos de cursos de água. Os ferreiros eram outro grupo de mesteirais que, frequentemente, se fixava nos arrabaldes. A fuligem e o barulho ensurdecedor que saía dos seus 10 martelos e bigornas tornava-os tão indesejáveis, no espaço intra-muros, quanto os surradores e os carniceiros. Outros, como os carpinteiros e calafates navais do Porto, desceram as escarpas da sua acidentada cidade, vindo fixar-se à beira-rio onde deram origem ao próspero arrabalde de Miragaia. Para muitos mesteirais e mercadores, o arrabalde constituía um local privilegiado. Instalando as suas oficinas e lojas nas vias que conduziam às portas da cidade, eram naturalmente os primeiros a abastecerem os que dela saíam e os que nela entravam. No arrabalde semanalmente, tinha lugar um bem fornecido mercado, onde citadinos e aldeãos se cruzavam. Nem sequer animação lá faltava: aos habituais malabaristas e saltimbancos vinham juntar-se, por vezes, as touradas. Contudo, um certo ar de marginalidade rodeava o arrabalde. Não só as actividades menos limpas para ele eram remetidas. Os pedintes e os leprosos, esses párias que a sociedade medieval hostilizava, confinavam-se ao seu espaço. Eis o motivo por que as ordens mendicantes se instalaram nos arrabaldes desde o século XIII. Atraídos pelo mundo da pobreza e da exclusão, Franciscanos e Dominicanos desempenharam com êxito a sua missão de assistência e protecção aos humildes e desenraizados. * O termo Para além do arrabalde, espraiava-se o termo, espaço circundante de olivais, vinhas ou searas e aldeias várias incluídas. Sem o termo a cidade medieval não poderia viver. Nele exercia a jurisdição e o domínio fiscal; nele impunha obrigações militares. A tal dava direito a autonomia das cidades e vilas concelhias... Semanalmente, os aldeões do termo acorriam ao mercado que se realizava junto às portas da cidade. Traziam os indispensáveis produtos da terra; no fim das vendas, não partiriam, certamente, sem antes transporem a muralha e adquirirem nas lojas uma peça de pano, calçado ou as alfaias agrícolas de que estavam necessitados. Tal era o prestígio e a abastança oriundos da posse do termo que os monarcas o alargavam ou encurtavam se desejassem agraciar ou castigar as cidades! Foi o que aconteceu na Revolução de 1383-85, em que vilas como Santarém, por seguirem o partido de D. Beatriz, viram o seu termo reduzido. Já o Porto, que tudo dera à causa do Mestre de Avis, receberia de presente Gaia, Vila Nova, Azurara e Mindelo.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste O EXERCÍCIO COMUNITÁRIO DE PODERES CONCELHIOS; A AFIRMAÇÃO POLÍTICA DAS ELITES URBANAS Já referimos como a necessidade de repovoar o interior e o sul do país, obtendo simultaneamente a ajuda militar das populações, levou monarcas e senhores a reconhecerem a autonomia político-administrativa de parcelas do território. Trata-se dos concelhos, comunidades de homens livres, cujos privilégios e obrigações ficaram consignados nas cartas de foral. Durante os séculos XII e XIII concederam-se forais à maior parte das cidades e grandes aldeias; frequentemente, limitavam-se a sancionar formas embrionárias de organização local e tradições de autonomia existentes no Sul muçulmano. Referimo-nos, concretamente, às liberdades que, nas cidades islâmicas, costumavam ser concedidas às comunidades cristã (moçárabe e judaica). O número mais significativo de concelhos, sobretudo daqueles que lograram maiores capacidades de gestão governativa, situavase nas regiões fronteiriças das Beiras, na Estremadura e no Alentejo. Eram os chamados concelhos urbanos ou perfeitos. Compreendiam a cidade propriamente dita, ou vila, sedes do concelho, cuja área de influência jurisdicional — o termo — incluía aldeias e uma vasta população rural. Chamavam-se vizinhos a todos os homens livres, maiores de idade, que habitavam a área concelhia há um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram proprietários. Deles estavam excluídos os nobres e os clérigos, a não ser que se submetessem às leis comuns e abdicassem dos seus privilégios. O mesmo acontecia com as mulheres — excepção feita às viúvas —, os judeus, os mouros, os estrangeiros e, naturalmente, os servos e escravos. Aos vizinhos competia a administração do concelho. Revestia o carácter de uma administração comunitária, distinta da do senhorio que pertencia a um único titular. Para o efeito, os vizinhos integravam a assembleia (concilium), que era o grande órgão deliberativo do concelho. Conhecidas por posturas municipais, as decisões da assembleia dos vizinhos regulamentavam questões económicas relacionadas com a distribuição de terras, o aproveitamento dos pastos e dos bosques, o exercício dos mesteres, o abastecimento dos preços, não descurando, também, os preceitos de higiene, a 11 manutenção da concórdia e dos bons costumes entre os habitantes. Mas as competências mais significativas do concelho, precisamente aquelas que distinguiam um município perfeito de outro imperfeito, eram as que se relacionavam com a administração da justiça e a eleição dos magistrados. Fixemos seus nomes e funções. Os alcaides ou juízes (dois ou quatro), também chamados de alvazis, eram os supremos dirigentes da comunidade. Os almotacés (doze no século XIII) estavam encarregados da vigilância das actividades económicas (mercados, preços e medidas), da sanidade e das obras públicas. O procurador exercia o cargo de tesoureiro e representava externamente o concelho. Quanto ao chanceler, competia-lhe guardar o selo e a bandeira do concelho. A estes magistrados acrescentavam-se, desde 1340, os vereadores (dois a seis), nomeados pelo rei de entre os vizinhos. Possuíam vastas competências legislativas e executivas, vindo a sobrepor-se, inclusivamente, à assembleia dos vizinhos e aos restantes magistrados. Alcaides, almotacés, procuradores ou vereadores, todos os magistrados pertenciam à elite social do concelho, sendo comummente chamados de homens-bons. Eram proprietários rurais e donos de razoáveis cabeças de gado nas terras do interior; já nas cidades do litoral, as suas fortunas provinham, maioritariamente, do comércio. Até ao século XIII desempenharam um papel fundamental na Reconquista e defesa do território a sul do Mondego. Por isso, a realeza os agraciara ao fazê-los cavaleirosvilãos. Serviam na guerra a cavalo, com as suas armas de ferro e os seus séquitos de peões. Mereciam um tratamento judicial reservado aos infanções, não podendo receber açoites. Do ponto de vista fiscal, estavam isentos do pagamento da jugada e dispensados de fornecer a pousadia. Ao protagonismo social, derivado das suas riquezas e dos privilégios alcançados, os homens-bons somavam a preeminência política, já que monopolizavam os cargos e as magistraturas do concelho. Evitavam a todo o custo a participação dos nobres e dos próprios mesteirais nas vereações camarárias. Até na composição da assembleia dos vizinhos, os homens-bons se impuseram, excluindo os peões, menos favorecidos economicamente. É verdade que estes não possuíam a abastança e a disponibilidade necessárias para se deslocarem às reuniões na cidade ou vila. Mas, é verdade também, os homens-bons invocavam o pretexto de um elevado número de pessoas tornarem as reuniões conflituosas e inoperantes.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste O PODER RÉGIO, FACTOR ESTRUTURANTE DA COESÃO INTERNA DO REINO Monarquia feudal – Monarquia na qual o rei se assume como o maior e mais poderoso dos senhores feudais; em troca de doações e da concessão de protecção faz convergir para a sua figura os laços de dependência pessoal de vassalos e súbditos. Seguindo as tendências então vigentes na França dos sécs. XII e XIII, a monarquia feudal portuguesa, que também fundamentava o poder real no direito divino, caminhou para a centralização, em virtude de o rei nunca abdicar da chefia militar e da justiça suprema. Dotada de funcionários e de órgãos do governo especializados, a monarquia portuguesa foi capaz, desde 1211, de criar Leis Gerais. Analisar o funcionamento da monarquia feudal. Na monarquia feudal, cabia á figura régia e à instituição monárquica o difícil e importante papel de unificar os particularismo, dotando o espaço territorial de coesão interna e conferindo às suas gentes uma identidade nacional. Esta monarquia pode ser caracterizada como tocada pelas vivências e relações de dependência feudal, que o rei habilmente manejava para se afirmar e impor. Na monarquia feudal portuguesa o rei era o ―dominus rex‖ (rei senhor). Isto é, o rei assumia -se como um senhor feudal na sua corte de vassalos. Tal como no resto da Europa o reino era considerado um bem pessoal do rei, que ele transmitia aos seus descendentes (primogénito varão – primeiro filho homem) tal como podia doar parcelas do território nacional (coutos, honras) a senhores nobres e eclesiásticos, como recompensa de serviços prestados nos primórdios da monarquia que, em troca de tal cedência de bens e poderes (fundiários, militares, judiciais e fiscais), criou a realeza uma corte de vassalos, que lhe devia fidelidade e apoio nas tarefas de defesa, expansão e administração do reino. Ao rei era lhe permitido cobrar rendas ou exercer o poder público nos seus domínios pessoais, os reguengos, mas também nos alódios e nos concelhos, que exigia prestações públicas de natureza judicial, militar 12 ou fiscal. Também o governo do reino era considerado património pessoal, neste caso, de uma família ou dinastia. Sublinhar a passagem da monarquia feudal à monarquia centralizada. (Factores que contribuíram para a centralização do poder régio) 1. O monarca é considerado um representante de Deus na Terra (monarquia de direito divino) 2. O monarca (=rei) concentra cada vez mais as funções de rei: poder militar (chefia do exército e convocação directa dos homens para a guerra); poder judicial (o rei possui a justiça maior: aplica pena de morte, talhamento de membros e direito de apelação); poder fiscal (criação das Sisas Gerais, impostos por todos os súbditos; e cunhagem exclusiva de moeda); poder legislativo (em 1211 Afonso II publica as primeiras Leis Gerais: destinavam-se a combater os privilégios senhoriais; regulamentarem questões monetárias; tabelarem dos preços e ainda para impor os bons costumes e a moral) 3. Reestruturação da administração central: Criação de um corpo de altos funcionários: Alferes-mor: posto mais alto da hierarquia militar Mordomo-mar: chefiava na administração civil do reino Chanceler (auxiliado por notários e escrivães) : guarda os selos régios e redacção dos diplomas régios) Escrivão da Puridade : secretário pessoal do rei O concelho consultivo do rei ou CÚRIA RÉGIA passa a estar dividido em três órgãos:
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Concelho régio – correspondendo às antigas reuniões ordinárias (normais) da Cúria Régia, este concelho funciona como um órgão permanente de apoio ao rei (passa a ser composto maioritariamente por legistas); Tribunais superiores – trata das questões da justiça maior e são compostos também por legistas. Cortes – as primeiras cortes reuniram em 1254, no reinado de D.Afonso II, em Leiria. Correspondem ás antigas reuniões extraordinárias da Cúria Régia. Eram compostas por representantes do Clero, da nobreza e dos Concelhos (povo). Tratavam das questões mais importantes como: aclamação de novos reis, lançamento de novos impostos, quebra da moeda. 4. Reforço do poder do rei ao nível da administração local: O país foi dividido em comarcas (divisão administrativa dirigida por um meirinho), julgados (divisões judiciais dirigidas por corregedores e juízos de fora), almoxarifados (divisões fiscais dirigidas por almoxarifes). 5. Reforço do poder do rei face aos grandes senhores: leis de Desamortificação inquirições confirmações
A partir do séc. XIII
Progressiva Centralização do Poder Régio Monarquia Centralizada (séc. XIV)
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Como era composta a reestruturação da administração central. A administração central era marcada pela itinerância da corte que com ela acompanha o governo central compostos por um corpo de funcionários e assembleias (pgt acima). Como órgão consultivo de apoio á administração, dispunham os monarcas de uma Cúria Régia. Nela se debatiam todos os problemas relativos à administração do reino, desde os assuntos da governação quotidiana às questões económicas e desde a confirmação das doações régias ás questões da paz e da guerra. Acrescentavam ainda importantes funções judiciais como, o julgamento dos conflitos da nobreza e, cabia ainda o papel de supremo tribunal do reino, decidindo da aplicação da justiça maior e dos casos que apelavam para o rei. Quando os assuntos revestiam uma dimensão nacional, o monarca convocava uma Cúria extraordinária em que todos os elementos da Cúria ordinária entre outros de importantes cargos eram chamados para a sua resolução. Este divide-se em três órgãos … (pgt acima) Evidenciar a intervenção do rei na administração local. Nas áreas concelhias, para além da organização da administração dividida das regiões (2ºpgt), o rei intervinha ao longo dos séculos XIII e XIV nestes concelhos representado : pelo alcaide-mor , que comandava as tropas ao serviço da Coroa e vigiava as actividades judiciais locais; pelos almoxarifes e mordomo , que cobravam os direitos e as rendas devidos ao rei; pelo corregedor e juízes de fora , que inspeccionavam os magistrados e a administração municipal; pelos vereadores, os novos magistrados concelhios. Com esta intervenção, o rei não pretendia anular a autonomia dos concelhos mas zelar pelos seus direitos; mas, sobretudo, estava interessado em promover o bem público, eliminando abusos e arbitrariedades do poder local.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Discriminar as medidas régias de combate à expansão senhorial. Criação nas Leis Gerais no reinado de D.Afonso II as: Leis de Desamortização (proibição de os mosteiros e igrejas adquirirem bens de raiz) Confirmações ( representaram o reconhecimento, pelo rei, dos títulos de posse de terras e direitos da nobreza e do alto clero, doados pelos predecessores); Inquirições (averiguações feitas nos bens reguengos sobre os direitos e rendas devidos ao rei, permitiram descobrir que os fidalgos, as ordens militares, os bispos e os abades haviam cometido inúmeras usupações, tendo o monarca determinado que as propriedades régias usurpadas deveriam voltar á posse da Coroa)
Exemplificar a afirmação de Portugal no quadro político Ibérico. O prestígio da monarquia portuguesa atravessou fronteiras, em que no contexto político ibérica, o rei de Portugal, D.Dinis, foi um interlocutor apreciado que interveio nas decisões internas do reino de Castela. Uma dessas intervenções suscitou o Tratado de Alcanises e, com ele, a resolução do problema da fronteira terrestre entre os dois reinos. Para a sua afirmação contribui também a Coroa de Aragão onde se estreitaram os laços – o monarca português casou com a princesa Isabel de Castela; a intervenção, no reinado de Afonso IV, cujo apoio militar é solicitado pelo seu genro, Afonso XI, em que os Merínidas de Marrocos ameaçavam restaurar o domínio muçulmano na Península.; e ainda quando as forças portuguesas e castelhanas travaram a Batalha do Salado com as hostes muçulmanas, a vitória cristã foi total. Portugal afirmava-se assim, entre os grandes, ombreando com os monarcas peninsulares. 14 3. Valores, vivências e quotidiano Linha Conceptual
No século XIII, a cidade fervilha de inovações: abre as suas portas às novas formas de arte, erguendo, em estilo gótico, catedrais altíssimas; acolhe os estudantes que acorrem às suas escolas e universidades; desenvolve novos laços de solidariedade, dando um novo sentido à caridade cristã. Partilhando estes tempos de mudança, a velha nobreza guerreira deixa-se imbuir (convencer) dos nobres ideias da cavalaria, que as histórias romanceadas de heróis reais e lendários propagam pela Europa. Assim se adopta, nas cortes régias e senhoriais, outra forma de estar e de conviver, mais refinada, em que o amor passa a assumir um lugar destacado. Nesta época, abrem-se também novos horizontes geográficos. O gosto pelas viagens, adormecido desde o fim do mundo romano, desperta nos Europeus. Cruzam-se os caminhos do comércio, percorrem-se os caminhos de peregrinação, encetam-se longas travessias rumo a um Oriente fabuloso e desconhecido. A vastidão do mundo começa a entrever-se. Aos Portugueses caberá, mais tarde, precisar os seus contornos.
Caracterizar a época medieval A época medieval é um período muito extenso da vida da humanidade (cerca de 1000 anos) que se convencionou balizar entre as datas 476 (queda do Império Romano do Ocidente) e 1453 (queda do Império Romano do Oriente). Naturalmente, um período tão alargado no tempo corresponde a muitas transformações ao nível do tempo curto (dos eventos ou acontecimentos) e do tempo médio (das conjunturas). No entanto, é possível destacar algumas características perenes, isto é, duradouras, que se mantiveram praticamente inalteradas ao longe de todo esse período: estamos a falar das estruturas correspondentes ao tempo longo. Assim, na Europa Ocidental, podemos destacar as seguintes: Estrutura económica - era centrada, essencialmente na agricultura, sector pouco desenvolvido porque estava dependente dos factores climáticos e da mão-de-obra. É de salientar, no entanto, a crescimento agrícola registado a partir do século XI, possibilitado por um conjunto de inovações na forma tradicional de cultivar . A
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acompanhar o progresso agrícola, assinala-se o progresso comercial, através da criação de uma rede de rotas comerciais dominada pela Flandres, pela Liga Hanseática e pelas cidades italianas. Estrutura demográfica - uma elevada taxa de mortalidade, sobretudo infantil, impedia que a população aumentasse significativamente, apesar da também elevada natalidade. Uma vez que a evolução da população era consequência directa do sistema económico, os progressos na agricultura e no comércio dos séculos XI a XIII constituíram um factor importante para o crescimento demográfico e para o surto urbano desses séculos. Noutras épocas, nomeadamente no século XIV, a fraca produtividade agrícola (fomes) aliava-se às doenças (pestes) e aos conflitos políticos (guerras) para produzir um recuo demográfico. Estrutura social - era assente em estratos ou ordens - clero, nobreza e Terceiro Estado categorias sociais rigidamente separadas consoante os seus deveres e privilégios. Dentro do Terceiro Estado deve ser destacada a singularidade da burguesia, grupo em ascensão no século XIII devido ao enriquecimento pelo comércio e à ascensão a cargos de chefia na administração dos burgos. Estrutura política - depois de um período muito conturbado politicamente, devido às invasões de diversos povos no espaço do antigo Império Romano, a Europa cristalizou-se politicamente em reinos, senhorios e comunas, sobressaindo, no centro da Europa, o Sacro Império Romano-Germânico coma tentativa de unificação europeia. Nos campos, a palavra-chave é dependência: relações de dependência entre senhores nobres, por um lado, e entre estes e os membros do povo, par outro. 0 Rei, neste contexto, fez esforços, sobretudo a partir do século XIII, para impor a seu estatuto de Líder. Servia-se, muitas vezes, do apoio da elite citadina para obter a centralização do seu poder. Aspecto arquitectural – inicialmente o românico, com monumentos relativamente baixos, pouca luz e poucas janelas, com o arco redondo e fraca decoração. Existia uma arquitectura religiosa (conventos / mosteiros, igrejas e catedrais Sé Velha de Coimbra) outra civil (casas Domus Municipalis de Bragança) e uma outra militar (castelos e muralhas). Aspectos culturais – Reter sobretudo o papel relevante do clero na transmissão dos saberes antigos, através do trabalho realizado nos conventos e mosteiros pelos monges copistas, tradutores, iluministas, etc. Sendo o clero também a única classe que sabia ler e escrever. Havia além disso, embora de modo mais restrito, uma cultura profana cultivada por jograis e trovadores (cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer), por cronistas (caso das crónicas de Fernão Lopes ou de Gomes Eanes de Zurara) e romancistas (Amádis de Gaula e toda a literatura em torno do rei Artur e dos cavaleiros da Távola redonda ) . Pintura e escultura tiveram proporções menos relevantes. →
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Reconhecer os elementos característicos do estilo gótico. A Arte gótica é característica da Europa entre os séculos XII e XIV, caracterizada pela abundância decorativa ao nível da escultura e da pintura, pela utilização de arcos quebrados e abóbadas em ogiva que facilitaram a verticalidade das construções, sobretudo catedrais, pelos arcobotantes que lhes conferiu elegância e leveza, e pelas janelas e rosáceas com vitrais que lhes criou luminosidade interior. A decoração das igrejas preocupava-se com a evangelização dos fiéis e com a doutrinação. Era também comum encontrar-se arcos em ogiva, apoiados em colunas altas, bem como abóbadas ogivais ou de cruzamento de ogivas, evoluindo para a abóbada de arestas, já utilizada no românico, e que confere aos portais e às arcaturas interiores um aspecto de verticalidade e elevação. Como soluções típicas da arquitectura gótica surgem igualmente os contrafortes e os arcobotantes, com o fim de reforçar os pontos de pressão. No fundo, a arte gótica introduziu o pensamento filosófico da época, realçando o equilíbrio matemático, a ordem racional do mundo criado por Deus, sendo por isso valioso por si e o ideal Realista e Naturalista, proporcionado, individualizado e expressiva, reflectindo assim a cultura urbana. Todos estes elementos conferiam à catedral gótica a sua imponência e grande identidade No caso português, este estilo apareceu tardiamente em comparação com o resto da Europa, dado o tardio surto Urbano de Portugal.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Principais elementos construtivos: Arco quebrado – veio substituir o arco de volta inteira, este arco também chamado de «arco gótico» confere aos portais e às arcaturas interiores um aspecto de verticalidade e elevação. Abóbada de cruzamentos de ogivas – esta identifica-se pelos arcos diagonais de suporte ( ogivas) que são compostas por secções independentes ( tramos) justapostas. Os arcos de cada tramo desempenham o papel de uma armação, suportando o peso da abóbada e descarregando-o nos quatro ângulos onde se encontram os pilares, permitindo assim fragilizar as paredes, introduzindo-lhes grandes aberturas preenchidas por vitrais. Arcobantes – servem para reforçar, no exterior, os pontos de pressão. O arcobante é composto pelo estribo que é reforçado por um pináculo e por um ou mais arcos que, partindo do estribo, vêm apoiar as paredes da nave central. Arcobantes, pináculos e elementos decorativos conferem á catedral gótica grande parte da sua imponência e identidade. As torres altas com agulhas, que pretendiam aproximar-se do céu , conferiam também um aspecto de verticalidade, muito tradicional do gótico
Ligar o estilo gótico à afirmação do mundo urbano. Com o objectivo de embelezar e engrandecer, os burgueses contribuíam com quantias avultadas para as grandes construções urbanas, daí que surge um novo estilo artístico, o Gótico, que dá expressão ao orgulho citadino. As suas construções eram elevadas a grandes alturas como meio de competir com a cidade vizinha quem era a mais poderosa, quanto mais alta fosse maior seria a importância do burgo e das suas gentes. Coincidindo com este espírito construtivo, um novo estilo artístico, o Gótico, dá expressão ao orgulho citadino, portanto o importante papel de embelezar e mostrar o orgulho que o burguês tinha na sua cidade. 16 Podemos assim concluir que o gótico apoiou a renovação das cidades ao longo dos séculos XI e XIII, com a construção de edifícios de cariz religiosos, como catedrais, entre outros. O gótico exprime por isso uma elite social urbana a Burguesia empenhada na demonstração do seu poder financeiro, nem que para isso tivesse de competir com as elites das cidades vizinhas, rivalizando a construção de catedrais, o expoente máximo do gótico, cada vez mais altas e exuberantes. Identificar construções góticas portuguesas. Mosteiro de Alcobaça e da Batalha e a Sé de Évora Justificar o nascimento nas cidades de novas formas de solidariedade Durante o século XIII, a cidade foi um lugar de prosperidade, atraindo muitos Camponeses que abandonavam o campo e que se instalavam nos arrabaldes das cidades. Porém, estas nem sempre lhes ofereceram trabalho e os migrantes experimentavam a miséria e a solidão por falta das redes tradicionais de apoio, como os vizinhos, as famílias, as paróquias. Neste contexto surgiram novas estruturas de apoio aos desfavorecidos, entre elas, as confrarias. As confrarias eram associações de entreajuda de cariz religioso, que se organizavam em torno de um Santo. Estas destinavam-se a proteger os associados nos momentos difíceis da vida, como a pobreza, doença ou morte. Reuniam habitualmente certas categorias profissionais ou sociais, para defenderem os seus interesses. Além da protecção dos seus membros, visavam a formação profissional e qualidade do trabalho, e evitavam a concorrência mútua, tabelando preços e salários. Deste modo, estas associações de carácter solidário, juntavam-se a associações de carácter profissional, as corporações, que uniam os profissionais do mesmo ofício, promovendo a solidariedade social. Cada confraria tinha os seus estatutos, aos quais estavam os confrades obrigados a respeitar. Os fundos para estas associações provinham não só de uma pequena quotização anual, obrigatória para todos os irmãos, como também de generosas ofertas dos confrades mais ricos.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Sublinhar o papel das ordens mendicantes na renovação da religiosidade cristã Os progressos registados ao nível económico, na Idade Média, tiveram os seus efeitos sobre a sociedade, diferenciando os mais ricos, que procuravam cada vez mais ostentar o seu poder, dos mais pobres, que viam a sua miséria cada vez mais evidenciada pelo constante cortejo de riqueza. Para amenizar estas desigualdades desenvolveram-se novos laços de união e cooperação que, com o tempo, se estruturaram em organismos de solidariedade destinados à ajuda mútua e à prática da caridade. E mbora nascidos quase espontaneamente, muito do seu êxito ficou a dever-se à renovação espiritual trazida pelas ordens mendicantes, bem como à propagação de uma religião de misericórdia, à defesa do princípio da providência Divina, à responsabilização do crente pelos seus hábitos e à participação de uma comunhão entre o crente e Deus, originando uma mentalidade mais fraterna e preocupada com o sofrimento alheio. Na Idade Média a Igreja Católica, contrariando os seus ideais, identificava-se com o grupo dos ricos, levando uma vida luxuosa, valendo-lhe assim o repúdio de muitos crentes, que se afastaram do catolicismo. Para contestar e contrariar o luxo do clero surgiram movimentos de retorno à humildade e pobreza originais do cristianismo dentro da própria Igreja. De todos, o que mais contribuiu para mudar comportamentos e mentalidades foi o das ordens mendicantes, criadas por S. Francisco e S. Domingos. S. Francisco fundou a Ordem Franciscana, a dos Frades Menores (no sentido de humildes), que viviam numa pobreza absoluta, trabalhando e esmolando para garantir o sustento diário (daí o termo mendicantes). Dedicavase à pregação e à ajuda dos mais infelizes e necessitados. S. Domingos fundou uma ordem que partilhava os mesmos ideais os Dominicanos -, que porém davam maior ênfase à pregação como forma de combate às heresias, pelo que os seus membros se dedicavam afincadamente ao estudo da Teologia, atingindo alguns deles, como S. Tomás de Aquino, grande fama como professores universitários. As ordens mendicantes contribuíram grandemente para a renovação da vida religiosa e das vivências comunitárias 17 medievais, desenvolvendo os sentimentos de solidariedade e amor ao próximo que inspiraram a criação das confrarias e outras associações de socorro mútuos. Enquadrar a expansão do ensino nas transformações económicas e políticas dos últimos séculos da Idade Média. No séc. XI, organizaram-se as primeiras escolas urbanas, onde a multiplicidade destas deveram-se ás novas necessidades da administração e da economia. As cidades precisavam de pessoas com estudos para os seus mais altos cargos nos tribunais, nas repartições públicas, ou seja, de homens de letra que constituíssem o novo funcionalismo público, necessários à centralização do poder pelos monarcas. Assim contribuíram para o desenvolvimento económico do país e para preencher cargos na política. Sublinhar o papel desempenhado pelas universidades na renovação cultural da Europa. No decurso do séc. XII, algumas escolas catedralícias obtiveram, pela qualidade dos seus mestres, fama internacional que atraíam assim, numerosos estudantes estrangeiros e especializaram-se em áreas como o Direito, a Teologia ou a Medicina. Consoante a estrutura da escola se foi dificultando, houve a necessidade de criar uma estrutura rígida, que definisse claramente as matérias a estudar e a forma de obtenção dos graus académicos, podendo também defender os seus membros, docentes e alunos. Foi então que surgiram as universidades. Estudar numa universidade passou a ser, desde então, uma forma de adquirir prestígio e subir na escala social. Foi assim que começaram importantes e prestigiadas Universidades pela Europa, como as duas escolas catedrais a de NotreDame, em Paris, e a de Bolonha e, mais tarde em 1290 a primeira universidade portuguesa de nome, o Estudo Geral de Lisboa. Caracterizar o ideal cavaleiresco. A nobreza identificava-se, por volta de 1300, com um ideal mais elevado: o do perfeito cavaleiro.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste A primeira condição exigida ao cavaleiro é o seu bom nascimento, pois para entrar na cavalaria tinha de ser nobre. Este deveria seguir uma série de virtudes militares herdadas dos séculos anteriores: a honra, a coragem, a lealdade para com o se senhor. A estas somam-se a virtude e a piedade, pois a cavalaria é, simultaneamente, um ideal profano e religioso, que por isso deveriam também seguir um ideal de cruzadas. Estes ainda deveriam seguir um código de amor que existia entre os cavaleiros: o cavaleiro é o herói que serve por amor.
Descrever a educação do jovem cavaleiro. A concretização dos ideais cavaleirescos só poderia ser feita através de uma educação rigorosa. Só depois de ter transporto todas as suas etapas e de ter dado provas da sua habilidade e valentia, o jovem tinha a suprema honra de ser «armado cavaleiro». A educação do jovem cavaleiro nos seus primeiros anos de vida era feita sob os cuidados da sua mãe e depois, já rapaz, era enviado para o paço de um senhor de maior estatuto, onde permanecia até a idade adulta. Aí servia, primeiro, como pajem (cerca de 7 anos), iniciando-se na equitação e no manejo de armas. Em adolescente este tornava-se escudeiro onde, durante 7 anos, este servia um cavaleiro, a quem tratava do cavalo e das armas, acompanhando-o nas suas expedições e assistindo-o em tudo o que respeitasse às lides de cavalaria. Durante este período o jovem desenvolvia um treino intenso onde praticava uma série de desportos, onde se destacavam a caça, os torneios e as justas. Depois de cerca de 14 anos de aprendizagem, o jovem escudeiro proferia os votos de cavalaria que eram enquadrados por um ritual solene. Por fim, era investido numa ordem de cavalaria, recebendo as esporas de cavaleiro e a tão desejada espada. 18
Relacionar o código de cavalaria com as regras do amor cortês Tal como existia um ideal de cavaleiro, também as relações entre nobres e damas, nas cortes, obedeciam a um ideal de amor, pautado pelo refinamento e pela espiritualidade. Para conquistar a sua amada, o cavaleiro nobre deveria ser virtuoso, paciente, elegante no vestir, bem-humorado, respeitoso perante as mulheres, enquanto a dama, bela e púdica, deveria alimentar o seu amor com gestos comedidos. Ideal de amor cortês - a homenagem do cavaleiro à sua dama era cultivada através da poesia trovadoresca. Nas festas cortesãs, era habitual que, após o banquete, os jograis recitassem poesia e tocassem música; depois, os convidados dançavam, já não em grupos, como antes do século XII, mas em pares. Embora nascida no sul da França (Provença), a poesia trovadoresca conheceu um extraordinário acolhimento na Península Ibérica sob o impulso de Afonso X, rei de Castela, e graças à criatividade dos poetas portugueses (entre os quais 0 próprio neto de Afonso X, 0 rei D. Dinis) nos géneros das Cantigas de Amigo , das Cantigas de Amor e nas de Escárnio e maldizer. - Ideal de amor cortês - Definido nas relações entre os homens e mulheres segundo: . Respeito pelas damas. . Elegância no vestuário. . Educação refinada. . A mulher como símbolo de veneração. . Os conceitos de moda . A submissão ao homem. . A homenagem do cavaleiro à dama. . A reputação. .Visão idílica do amor
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Sublinhar a importância assumida pela literatura na difusão de novas formas de sociabilidade. O florescimento das cortes régias e senhoriais proporcionaram o convívio entre os dois sexos que, a partir do séc. XII, revestiu uma forma específica, conhecida por amor cortês. O amor cortês é essencialmente espiritual em que a sua dama corresponde ao tipo idealizado de mulher. Esta propagação do ideal de amor cortês teve importância nas poesias trovadorescas. O amor foi, pois uma componente essencial da sociabilidade cortesã, e da cultura erudita da Idade Média. Sobre ele, a sua essência e a sua valia travaram-se longos debates e escreveram-se algumas das obras mais belas deste período. Ele foi, para muitos, um código de vida, senão mesmo um ideal de vida. O ideal de cavalaria e o Ideal de amor cortês são indissociáveis das formas literárias que os sustentaram e difundiram: Ideal de cavalaria - os preceitos a que devia obedecer o cavaleiro foram tratados literariamente na narrativa de cavalaria, destacando-se as novelas sobre o rei Artur, os cavaleiros da Távola Redonda e a sua busca do Santo Graal (novelas arturianas). Na Península Ibérica é de salientar, pelo impacto que teve sobre varias gerações de o romance Amadis de Gaula. Já no que concerne aos aspectos práticos da formação do cavaleiro, é uma fonte importante 0 Livra da Ensinança da Arte de Bem Cavalgar em toda a Sela, verdadeiro manual de equitação dos jovens cavaleiros, da autoria do rei português D. Duarte. Justificar o culto prestado pela Nobreza aos seus antepassados A memória dos antepassados é característica das famílias nobres que assim trazem ao presente feitos valorosos da sua ascendência. A história dos antepassados servia para valorizara categoria social da Nobreza, afastando-a do anonimato. Por outro lado, servia também para legitimar os direitos a bens fundiários e patrimónios, como recompensas pelas conquistas aos Mouros. Este culto era revestido também de uma função pedagógica, que 19 inspirava os herdeiros a seguir o exemplo dado pelos seus antepassados. Desta forma nasceu a literatura genealógica, onde os senhores faziam escrever as suas memórias ancestrais, que se difundiu largamente entre a Nobreza europeia dos séculos XIII e XIV. Explicar o renascimento do gosto e da prática das viagens. O renascimento do gosto dá-se nos sécs. XIII e XIV quando, sob o impulso do comércio, as velhas barreiras geográficas, que tinham fechado a Europa entre si mesma e isolado as suas regiões, começaram a ceder. O desenvolvimento do grande comércio criou laços entre os mercadores e os governantes. Assim muitas viagens aliaram-se ao negócio missões politico-diplomáticas e muitos comerciantes começaram a desempenhar o papel de embaixadores das cortes da Europa. Reconhecer nas romarias e peregrinações uma forma típica de religiosidade medieval. Na Idade Média, a religião assumia contornos muito concretos exprimindo-se pela prática dos actos rituais: a oração nas horas canónicas, a assistência aos ofícios religiosos, a confissão, a penitência, os jejuns e as peregrinações eram obrigações de todos os que aspiravam à vida eterna. Em toda a Cristandade abundavam igrejas, capelas e ermidas que eram objecto de devoção especial. A elas acorriam grande número de pessoas em busca de alívio para as suas doenças, em pagamento de promessas feitas ou, simplesmente, para satisfação da fé. Estas deslocações incluíam as romarias, celebrações organizadas em honra de um santo, numa data fixa do ano, estas atraíam numerosos fiéis e assumia muitas vezes um carácter lúdico e folgazão. Pela sua constante repetição e pela estreita aliança entre a componente religiosa e profana, as romarias foram uma das expressões mais notáveis da cultura popular medieval. O componente maior da tradição judaico-cristã era os hábitos das grandes peregrinações. Estas eram feitas principalmente para três locais distintos de peregrinação da Cristandade Ocidental: Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela.
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Objectivos de história – 10º ano - 2período- 2º teste Distinguir as expressões da cultura erudita das da cultura popular. A cultura erudita é a cultura própria dos grupos mais elevados da sociedade, intimamente ligada à leitura e ao estudo. É uma cultura intelectualizada, não acessível à maior parte da população. Na Idade Média, são focos de cultura erudita os conventos, com as suas livrarias, as universidades e as cortes régias e senhoriais.
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