Cole~fioStyius Dirigidaa por 1. Dirigid 1. Guins Guinsbburg
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entao se desconhecem uns aos outros, mostra 0 quanta tentaram resolver os mesmos problemas humanos Das circuDstancias que favorecem a ruptura com 0 passado proximo, ou com 0 mundo "ordenado" da Idade M edia, permitindo uma nova transmuta~ao de valores.
o periodo do R omantismo e fruto de dois grandes acontecimentos na hist6ria da humanidade, ou seja, a Revolu~ao Francesa e suas deriva. ~6es, e a R evolu~ao Industrial. A s duas revolu~oes provocaram e geraram novos processos, desencadeando for~as que resultaram na forma~ao da sociedade modema, moldando em grande parte os seus i deais (sociais). A s institui~6es pollticas tradiconais sllfreram fortes abaios eas fronteiras entre os povos foram modificadas criando novo equili brio entre as na~oes. 0 nacionalismo nesse tempo irrompe impetuosamente em cena, arrastando consigo boa parte dos povos europeus em dire~ao as suas aspira~oes politicas e sodais. N ovas ideologias e teocias accrca do Estado acornpanham as mudan~as rapidas inerentes a tal processo. A s ciencias se ampliam em um vasto numero de novas areas do conhecimento hurnano, que se abrem para a investiga~ao e 0 estudo. A s artes recebern os novos elementos gerados em tais circunstancias, incorporando-os em suas varias formas de expressao, ja anteriormente preparados com a revolu~ao intelectual dos seeulos X V I I e X V m. o perf odo Que se estende de 1770 a 1848 e agitado incessantemente por revoJu~oes e bastaria lembrarmos as mais signif icativas para avaH armos 0 quanto determinaram 0 espfrito da epoca. De 1770 a 1783, temos a R evolu~ao A mericana que daria urn govemo constitucional e democratico aos Estados Unidos. De 1787 a 1790, depararno-nos com uma onda de agita~ao revoIU cionaria nos Paises Baixos austriacos que se sublevam contra 0 absolutismo il ustrado de J ose II . De J 787 a 1789, assistimos a Revolu~50 Francesa, que determinaria de modo tao decisivo os destinos das na~6es europeias. D e 1788 a 1794, a Polania trava uma luta revolucioOilria em prol
de sua liberdade naciona!. B oa parte das na~6es europ6ias acabam por adotar as f ormas govemamentais republican as que substituem os Estados momhquicos absolutistas. T ai5 revolu~6es se alastrariam inevitavelmente a outros conlinentes, encontrando solo fertil nas colanias espanholas da A merica e outras regioes do Continente europeu. o fundo geral de tais revolu~6es aponta causas Iigadas a propria estrutura da sociedade, ao ,d.esenvolvimento eeo~amico e as conjunturas pohticas do tempo. A "Idade do absolutismo" 2, que se estende de 1660 a 1815, caracteriza-se pelo estabeiecimento de governos f ortes, assenlados sob o absolutismo mOO lirquico. ~ justamente conlra o principio politico absoluli sta que vao atuar as id6ias e os program as politicos dos revoiuciomlriosdo sCeulo XVITI, os quais fazem do ideal democratico sua bandeira de luta, de f orma que a hist6ria da humanidade caminha cada vez mai s nesse rumo e as massas populares participam mais e mais nas decisoes politicas l igadas ao seu proprio destino. Sob esse aspecto 0 A ncien Regime era na verdade fundamentado sobre classes ou grupos privilegiados, l imitados a certas oligarquias rurais e urbanas concentradas lao-somente em seus proprios interesses. T al situa~iio, que cingia a uma pequena minoria as conquistas culturals e cientfficas da civiliaz~ao, era 0 idea1 para represar deseontentamento e revolta Que iriam eclodir com v iolencia a partir da segunda melade do sceulo X V I I I. 0 desenvolvimento de novas for~as, sociais e de novos credos poHlieos e filos6ficos se conjugaram no assalto as v elhas jnstitui~6es que ja apresentavam sinais de f i ssura c anacronismo. As revolu~oes, A mericana e Francesa, seriam as primeiras de uma Ionga serie de revolu~6es que. teriam como cenario as mesmas au identicas causas. M as ao movimento politico anteeede urn . processo econamico e social profundo, que ocorreu na Europa aproximadamente a partir de 1750: a Revolu~ao Industrial.
t A s multiplas inova~6es ocorridas na teeniea industrial a partir dos meados do scculo X V II I tinham par fundo hislorico mais longillqU O 0 desenvolvimento do comercio que levou, como conseqiiencia, ao desenvolvimento e ao eslimulo dado a industria. 0comercio maritimo, Que se fazia entre as metr6poles e as colonias espanholas e porluguesas, ate as do E xtremo Oriente, traz ao C ontinente europeu um grande af l uxo de metais preciosos. A Inglaterra, com sua poHtica colonial e, utilizando-se de tratados que a favorecem abertamente, tais como 0 de M ethuen, em 1703, e 0 de Paris, em 1763, adquire privilegios eomerciais imensos que acabam eanalizando para seus cofres quantidades signif i eativas de mctal preeioso. Tambem a Fran~a se beneficia do comercio intenso corq a Espanhn e aeumula contiIiuamente 0 metal tao procurado pelos govemos das na~oes implicadas nesse comercio intemacional. AIem do mnis, ja naquela epoea, pela f acilidade e carater pratico, e introduzido 0 papelomoeda que acompanha a clio fusao da teenica bancaria, bastante aperfei~oada pelo acumuio de uma experiencia que vinha desde as grandes ciandes medievais ligadas ao eomercio intemacional, tais como as cidades costeiras da Italin e outTascomo Antuerpia, Amsterda, que receberiio posteriormente no seculo xvn, incenlivos. Os bancosconquistam os Estados europeus do Ocidente ao Oricnte, e as transa~oes comerciais jn nao se fazem habitualmente com 0 emprego direlo do valor metalico, mas de um meio drculante mais comodo e rapido, como 0 papel-moeda, lilulos de banco, l etras de cambio, que acabam por sobrepujar 0 anterior. Os bancos e os banqueiros incentivam a industria, desenvolvendo uma t6cniea de credito que encoraja os empreendimentos e. os neg6cios induslriais atraves de empreslimos faceis, as vezes, em troca de titulos e a~oes. Esse e 0 passo dado pata a eria~ao de sociedades de a~6es que encontram na :Bolsa o seu mereado oe transa~oes, onde pululam os agentes de cambio que vendem a~es, obriga~oes
e rendas, onde nao faItam as artimanhas da pecula~iio que a caracterizara futuramente. es _ :;. Na Inglaterra, desenrola-se 0 inicio de uma evolu~ao industrial que vai substiluir as of i cinas e tendas dos arlesaos peias grandes manufaturas e abrir 0 caminho a um avan~o tecnol6gico decisivo na hist6ria da economia ocidenta J . 3 0fenomeno paralelo que acompanba e pacticipa desse processo e 0 crescimento demografico que, numa demonstra~ao eslatistica Iigada aregiao da IngIalerra e ao Pais de Gales, aponta que 0 numero de habitantes em 1700 era ao redor de 5,5 milhoes, em 1750 de 6,5 milhoes e em 1801 de 9 milh6es, atingindo em 1831 a ellra de 14 milh6es 3, 0 fato e que nn segundn melade do seculo X V I I I a popula~iio havin aumentado em 40% e nas tres primeiras decadas do sCeulo X I X 0 crescimento foi superior nos 50%. No Co ntinente, por volta de 1700, a popula~ao passaria de 118 milh6es para 180 milh6es no f im do seculo. E sle aumento populacioDal nao era conseqiiencia somente da taxa de nataUdade, mas de outras causas, tais como a queda do indice de mortalidade, que deeresceu quase conlinuamente a partir de 1740. Segundo A shton, a introdu~ao das colheitas de tubercuios tomou posslvel aU mentar mais gada nos meses de invemo, lomando maior 0 fomecimento de carne verde duranle'todo o ano. A produ~iio cada vez mais elevada do trigo e de cereais forneceu aUmeoto imporlanle para aumentar a resisteneia dos indivfduos as doen~as. A imuniza~iio contra as enfermidades tambem cresceu devido 11 aquisi~ao de habitos de higienc pessoal melhor difundidos. 0emprego de ti jolos em lugar de madeira e da pedra em lugar do cOlmo oa feilura dos telhados das casas protegeu melhor as popula~6es conlra as epidemias. o cuidado com a 10caliza~50das habita~6es operarias longe dos lugares insalubres e n oelvos lrouxe mais conforto domestico. 0 desenvo1vimento urbano levou ao emprego da pavimenta~ao das ruas e a utiliza~50 de esgotos e agua 3. Amtoll, T . S. A Rtf.I •••• Europ,.Amirie.>. 1971. p. 2 J .
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corrente, tomando a vida da cidade mals saudavel do que era antes. A evolu~ao das ciencias medicas, da higiene, da cirurgia e constru~ao aceierada d e h ospitals contribuiram para com bater doen~as que ate entao ceifavam as popula9iies menos favorecidas. 0 progresso industrial deu tambem sua a juda ao cerscimento populacional, po is a multiplicac;ao dos meios de sUbsistencia aJudou a desenvolver 0 nivel do consumo em relaC ;1ioao passado proximo. A introciuc;ao de novas cuituras e dissemina1.\ c;ao de outras, como 0 nabo e a batala, alem de fomecerem uma alimenlac;ao mais substanciosa ao gada e aos horn ens, levou a urn aproveitamento maior das areas a serem lavradas. Houve nmpliac;ao da superff cie cultivada, pantanos e aguas eslngnadas foram drenados e antigas paslagens comunais lransformadas em solo aravel. o numento do capital que se veri fica na epoca tambem e acompanhado de urn acrcscimo na capacidnde de poupan9a em largas camadas da sodedade, poupanca essa aplicada no mercado de capltai que experimenta grande impuiso nessas condiC;6es. A diminuic;ao gradallva da laxa de J uros em meados do seculo X V III constilulu urn serio f a lor que acentuou 0 desenvolvimento economico, pois a livre iniciativa era estimuiada por encontrar capitai relativamente barato. S A s reiac;6es comercia is c om o s paises ultramarinos, a intensif i cac;iio das trocas, a demanda cada vez maiar de produtos, as necessidades ou os gostos espcciais dos novos clienles, a iuta contra os concorrentes haviam operado uma concentrac;ao comerdai na industna 4, Tai situac;ao fana com que a industria domcstica, pnncipalmente a Industria da l a, onde trabalhavam numerosos proprietario s das m:iquinas que utiliza Y am, sofresse a pressao das novas necessidades do mercado. A te agora 0 artesao comprava a maleria-prima, lrabalhava-a em sua maquina, para depois vende-Ia pessoaimenle, como produto, no mercado. Normalmenle era eie urn campones que
tambem exercia alguma ativid ade agricola ao par do seu trabalho artesanai on de produzia leci· dos, arm as e outros artigos que entravam no circuito d o mercado nacional e cram tambem exportados para as colonias no estrangeiro. M as, quando os comerciantes se dedicam a industria, aitera-se 0 sistema de produ~ao; eles mesmos passam a f o mecer a materia-prima e a exercer 0 papel de distribuidor do produto no mercado, lidam direlamente com 0 comprador e 0 fomccedor, sendo que 0 passo final e decisivo sera a transformaC;ao do artesiio independente em assalanado com a apropriac;ao das m iiquinas pelo comerdante, quer pelo [ ato d e 0 artesao nao poder cumprir com os compromissos financeiros assumidos com 0 comerciante-empresario, quer por causa de adversidades ligadas il atividade agricola do produtor artifice. Nesse periodo, 0 da manufatura, encontramos as primeiros escaias na divisiio do trabalho que se aprofundarao na industria modema. A divisao de trabalho esla ligada a introduc;ao da tecnlca d o [ ab ricante em serie, que encontra urn modelo precursor na induslria da H i e n a de alf inetes onde, segundo A dam Smith, em J 776, os operarios, executando uma, duas ou tres das dezoito opera~6es em que se dividia 0 fabrico, conseguiam produzir il mao, 48 000 alf inetes por dia 5. Se a manufatura, de urn modo generalizado, caracterizava-se pelo fa10 de a produc;ao se fazer em pequenas ofieinas individuais que lrabalhavam para urn comerciante, paraleiamenle enconlramos grandes oncinas onde se realiza 0 ncabamento f inal do produto, of ici nas que J a pressup6em as fabricas da nova sociedade industriaL (o.A R evoluc;ao Industrial tambem se r ea iizou gra~as a empresario s ambiciosos que souberam empregar a imaginac;ao a f i m de combinar os f atores produtivos em f unC ;ao do atendimento dos mercados, ampliando-os em benefici o p roprio. Tal espirito empreendedor era acompanhad o d e uma nova mentalid ad e e de nov os senlimentos cuja bussoia economi ca f oi a livre em-
presa. A regulamenla~a o d a industria e, ao mesmo tempo, sua limitac;ao por meio de corpora~6es, leis mUnlcipais e pelo E stado, cede lugar a livre- jniciativa, e foi nas regi6es menos submetidas a regulamentaciio e ond e nao se f aziam sentir as organiza~6es corporaltvas, tais COmo M anchester e Birmingham na Inglalerra, Que se deu urn rapido desenvo lvimento industria\. . 1 0 espirito inventivo, devido aos [atores concretos mencionados anteriormente, levou a uma verdadeira eclosiio de inventos, Que vieram solucionar problemas Iigados diretamente a tecnica de produC;ao. A industria, a tecnologia e a ciencia estavam indiscutivelmenle alendendo as mesmas necessidades economica s e socia i s, ainda que muitas vezes 0 sistema de palentes, destinado a estimular 0 inventor, apresentasse 0 paradoxo de dificultar 0 caminho a novas crta~iies pelo fate de confirmar privilegios durante espac;o de tempo excessivo. Contra esses abusos criaram-se associac;6es que nao s6 visavam a conlestar a legalidade dos direitos exigidos pelos patenteadores, mas procuravam con veneer os invenlores a colocarem seus inventos 1 1 disposi~iio de to dos, como no caso da Sodedade Promotora das A rtes, M anufaturas e Comercio, fundada em 1754, que tambem os premiava. 0 Parlamento, por seu lado, concedeu igualmente recompensas aqueles que abrissem mao dos produlos de seu engenho em favor da soeiedade e em benef icio direto deJa. Desta forma podemos encarar a Revoluc;ao Industrial como ligada a divisao de trabalbo, sendo em parte causa c em parte efeito dessa divisao, que significava uma ampliaeao do principio da especializa9ao. 'h Devemos ainda consider ar qu e 0 surto de inv en~6es durante 0 perfodo em questao, especialmente na In glaterra, e fruto de urn processo de aciJ mulo de conbecimenlOs teoricos, a partir de Francis B acon, que contribulu para 0 estabelecimento da ciencia experimental, com a contribui~ao de uma pleiade de f i losofo s e cieotistas, tais como Robert B oyle e Isaac Newton, que assentaram os f undarnento s d o metodo cientff i co mo demo. N ao parece ser algo f i rmado que os
invenlores f ossem homens sempre destituidos de saber teonco, com o m uitos autores af irmam com insistencia, pO lS ninguem ignora que f i sico s e quimicos, assim como cientlslas de varias areas, estavam vinculado s p or diferentes iaC ;os de amizade a muilas das personalidades da industria, 0 4ue envol ve de certo modo uma via de comuoicacao entre a ciencia do pesquisador de gabinele ou laborat6rio e a experim entac;ii o na ofi clna de trabalho, para a soiuc;a o dos problemas surgidos na produc;ao. '\ Uma (onga serie d e inventos ocorrem em primeiro plan o na industria do algodao, livre dos entraves corporativos e em rapido desenvolvimento. Em 1733 J ohn K ay introduzlu no tear importante melhoria, a ian9adeira. L i gada a urn sistema de duas rodas era atirada de uma ourela a outra por meio de martelos, alravessan do com a trama to da a urdideira. T ai J novaC;ao, a ianc;adeira votante, acarretava grande economi a de lrabalho e permitia a urn unico tecelao confcccionar panos de uma iargura que antes exig ia 0 trabalho de dois homens. J :i em 1760, apos serem vencidas as dificuldades da inova~ao, a lanC ;adeira estava difundida na industria texti\. E m 1738 L ewis Paul introduziu 0 cilindro de toreao que desempenhou enOrme papel na industria da f i aC;ao. 1" A partir desse marco, os aperfeic;oamentos tccnicos na industria lexl il se s ucederam num encadeamenlo conllnuo, lais como a f iac;ao com mais de urn fw so ou splllning-jenn y, em 1764, de J ames H argreaves; a wQi ,er-Jrame, a miH ]uina movi da a agua, em 1767, de Th omas H ighs; 0 engenho mednico de fiac;ao, urn desenvoivimento cia maquina automatica de L ewis Paul, roi a conlribui~ao deCISiva de R ichard A rkwright, em 1768, para 0 avanc;o da lecnica texti l; a mille- jenny, em 1774, de Samuel C ompton, que pemliliu a urdid ur a d e fios fin os e resistentes; em 1784, C artwright conslroi 0 tear inteiramente mecanico e, no mesmo ano, D eiaroche, na FranC;a, a milquina de aparar 0 tecido. N a metalurgia, a f undi~ao do coque, em 1735, por D arby, resolve 0 problema da escassez do carvao vegelal, devido a constante ampliac;ao dos pastos e a conse-