Módulo 2 Impactos dos Agrotóxicos na saúde humana
Conteudista Conteud ista Responsá Responsável: vel: Virginia Virginia Dapper
Módulo 2 Impactos dos Agrotóxicos na saúde humana
Conteudista Conteud ista Responsá Responsável: vel: Virginia Virginia Dapper
Em 2008 o Brasil assume a liderança mundial no consumo de agrotó ag rotóxicos xicos
TIPOS DE INTOXICAÇÃO
Censo Agropecuário 2006 Dos 1,4 milhão de estabelecimentos estabelecimentos que utilizaram agrotóxicos em 2006: 56% não receber receberam am orientaç ori entação ão técnica; 70% utilizavam pulverizador costal; 21% não utilizavam EPIs (Equipamentos de Proteção Proteç ão Individual); 41% não dav davam am destino adequado às embalagens de agrotó agrotóxicos; xicos; Ocorrência de intoxicação em 25.008 estabelecimentos. • •
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imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke smoke--1143600
(IBGE, 2006)
IMPACTO •
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que ocorrem no mundo 3 milhões de intoxicações agudas por agrotóxicos a cada ano e cerca de 220 mil mortes. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, entre trabalhadores de países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam anualmente 70 mil intoxicações que evoluem pra óbito. E pelo menos 7 milhões de doenças agudas e crônicas não fatais.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/fumes -1211453
SUBNOTIFICAÇÃO
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A OMS estima que para cada caso notificado existem outros 50 casos de intoxicações por agrotóxicos.
Efeitos tóxicos
Efeitos Agudos
Efeitos Crônicos
imagem: http://www.freeimages.com/photo/harvest -1329053
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Leves
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Moderado
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Grave
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Letal
INTOXICAÇÃO AGUDA
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Ocorre depois das exposições de curta duração, absorção rápida do agente químico, uma dose única ou várias doses, geralmente, em um período não maior que 24 horas. Os efeitos aparecem, em geral, rapidamente, de forma leve, moderada ou grave.
imagem: http://www.freeimages.com/photo/grapes -1329606
Intoxicação crônica
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Exposição a quantidades pequenas, a maioria das vezes misturas de produtos; Períodos longos de exposição; Sintomas de início lento e insidioso por tempo muito longo (meses ou anos);
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Sinais e sintomas inespecíficos;
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Pode acarretar danos irreversíveis.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/gasmask -1244337
Toxicologia, monitoramento e intoxicação TOXICODINÂMICA TOXICOCINÉTICA
Biomarcador de efeito/alvo
Biomarcador de exposição EXPOSIÇÃO
Dose Interna
Dose Biologicamente efetiva
Efeito Biológico precoce
Alteração Estrutura/ função
Doença/ intoxicação
Suscetibilidade individual/grupo Genotipo
Socioambiental
Biomarcador de suscetibilidade
Fase subclínica imagem: http://www.freeimages.com/photo/harvest -1329053
Fase clínica
AS FASES DA INTOXICAÇÃO Exposição: nesta fase as superfícies externas ou internas do organismo entram em contato com os agrotóxicos. É necessário considerar fatores que condicionam a disponibilidade ou fração disponível para absorção como: dose, concentração, via de introdução, frequência e duração (temporalidade) da exposição, propriedades físico-químicas e suscetibilidade da população exposta. imagem: http://www.freeimages.com/photo/harvest -1329053
AS FASES DA INTOXICAÇÃO Toxicocinética: inclui os processos de absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção. As propriedades físico-químicas dos agrotóxicos determinam o grau de acesso aos órgãos alvo, assim como a velocidade de eliminação do organismo.
imagem: http://www.freeimages.com/photo/harvest -1329053
AS FASES DA INTOXICAÇÃO
Toxicodinâmica: compreende a interação entre as moléculas do agrotóxico e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento do desequilíbrio homeostático.
imagem: http://www.freeimages.com/photo/harvest -1329053
AS FASES DA INTOXICAÇÃO Fase clínica: Nesta fase há evidências de sinais e sintomas, ou alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do agrotóxico com o organismo. Pelo grande número de agrotóxicos utilizados e considerando que muitas vezes a exposição é múltipla, a sintomatologia da pessoa exposta aos agrotóxicos é inespecífica, especialmente na exposição de longo prazo. imagem: http://www.freeimages.com/photo/harvest -1329053
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A OMS publicou em 2008 uma proposta de definição de intoxicação aguda por agrotóxicos: qualquer doença ou efeito sobre a saúde, resultante de exposição suspeitada ou confirmada, que ocorra dentro de 48h (com exceção de raticidas). Os efeitos podem ser locais ou sistêmicos e incluem reações tóxicas no sistema respiratório, cardiovascular, neurológico, urinário, endócrino e reações alérgicas (OMS, 2008). Caso possível: dois ou mais sintomas subjetivos. Caso provável: três ou mais sintomas compatíveis com a exposição ao pesticida. Os sintomas devem surgir ou piorar após o trabalho com agrotóxicos.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/worderful -fruit-1456506
Fonte: COLOCAR FONTE
Fonte: Bulletin of the World Health Organization 2008;86:205 –209.
Fonte: Bulletin of the World Health Organization 2008;86:205 –209.
Fonte: Bulletin of the World Health Organization 2008;86:205 –209.
Fonte: Bulletin of the World Health Organization 2008;86:205 –209.
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Alguns dos sinais e sintomas mais comuns de intoxicação por agrotóxicos citados nesta matriz OMS são: Irritação ocular, lacrimejamento, dor de cabeça, lesões de pele/alergia, tonturas/vertigens, suor excessivo, queimaduras na pele, náuseas, vômitos, tosse, salivação, falta de ar, agitação/irritabilidade, catarro/secreção respiratória, visão turva, formigamento, dor abdominal, tremores, diarreia, cãibras, digestão difícil, chiado peito.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
Fonte: FARIA, N. M. X.; ROSA, J. A. R.; FACCHINI, L. A. Intoxicações por agrotóxicos entre trabalhadores rurais de fruticultura, Bento Go nçalves, RS. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 335-344, mar./abr. 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 maio 2016.
Fonte: FARIA, N. M. X.; ROSA, J. A. R.; FACCHINI, L. A. Intoxicações por agrotóxicos entre trabalhadores rurais de fruticultura, Bento Go nçalves, RS. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 335-344, mar./abr. 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 maio 2016.
Fonte: FARIA, N. M. X.; ROSA, J. A. R.; FACCHINI, L. A. Intoxicações por agrotóxicos entre trabalhadores rurais de fruticultura, Bento Go nçalves, RS. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 335-344, mar./abr. 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 maio 2016.
EFEITOS CRÔNICOS • • • • • • • • • • • • • • •
DEPRESSÃO NEUROPATIAS PERIFÉRICAS DERMATOSES ALERGIAS PNEUMONITES FIBROSE PULMONAR HEPATOPATIA INSUFICIÊNCIA RENAL DEPRESSÃO IMUNOLÓGICA CATARATA E CONJUNTIVITE DESREGULAÇÃO ENDÓCRINA TERATOGÊNESE MUTAGÊNESE REDUÇÃO DA FERTILIDADE CÂNCER.
Fonte: Agricultural Health Study na página https://aghealth.nih.gov/
ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS •
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A OMS estima em 25 mil o número de casos/ano de sequelas neurocomportamentais persistentes. Os sintomas neuropsicológicos e neurocomportamentais mais frequentes relacionados à exposição crônica são: diminuição da concentração, lentidão no processamento de informações, alterações de memória, redução de velocidade psicomotora, depressão, ansiedade e irritabilidade (Hartman, 1988).
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/fumes -1211453
ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS •
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A exposição aos agrotóxicos tem mostrado associação significativa com efeitos neuropsiquiátricos em vários estudos, tanto em exposição ocupacional como ambiental e mesmo durante a gestação (London, 2012). Vários estudos prospectivos evidenciam que exposição pré-natal a agrotóxicos provoca alterações no desenvolvimento neurológico das crianças expostas (Young, 2005; Engel, 2007; Bouchard, 2011).
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/fumes -1211453
ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS •
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Em Antônio Prado e Ipê foram avaliados 1479 agricultores, destes, 12% já haviam sofrido intoxicações agudas por agrotóxicos e 36 % apresentavam Transtornos Psiquiátricos Menores -SRQ-20. 2% tiveram intoxicação no último ano; 80% entre outubro e janeiro; 48% não procuraram atendimento médico; 35% afirmaram nunca usar EPI’s. (Faria et al., 2000)
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/fumes -1211453
ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS
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Estudo sobre avaliação neuropsiquiátrica detectou alterações compatíveis com parkinsonismo em 32% dos trabalhadores fumicultores expostos a organofosforados avaliados, sendo que a dosagem de acetilcolinesterase permaneceu normal. (Salvi et al., 2003)
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/fumes -1211453
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Estudo publicado na revista Pediatrics (Bouchard, 2010) mostrou maior prevalência de déficit de atenção e hiperatividade em crianças com níveis mais elevados de metabólitos de organofosforados na urina.
Fonte: BOUCHARD et al. Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Urinary Metabolites of Organophosphate Pesticides. Downloaded from pediatrics.aappublications.org on October 17, 2014.
ALTERAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS •
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Estudo publicado na revista Neurology mostrou maior risco para desenvolvimento de Demência e Alzheimer em agricultores expostos a organofosforados (Hayden, 2010). Estudo publicado na revista Annals of Neurology mostrou incidência 70% maior de Doença de Parkinson em pessoas expostas a agrotóxicos (Ascherio, 2006).
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/fumes -1211453
Fonte: Faria NMX, et al. Association between pesticide exposure and suicide rates in Brazil. Neurotoxicology. 2014.
CÂNCER •
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Vários agrotóxicos situam-se nos grupos 2A e 2B do IARC, provavelmente e possivelmente carcinogênicos para humanos, dentre eles os organoclorados, os herbicidas fenoxiacéticos (2,4 D) e alguns fungicidas. Em março de 2015 a IARC publicou a Monografia volume 112, classificando o herbicida glifosato e os inseticidas malation e diazinon como prováveis agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2A).
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/gasmask -1244337
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Estudo de revisão sobre agricultores mostrou a existência de riscos significativamente maiores para o desenvolvimento de linfomas, leucemias, melanoma, câncer de estômago e câncer de próstata (Blair, 1992). Estudo de revisão (Bassil, 2007) mostra associação consistente entre agrotóxicos e linfoma não Hodgkin, leucemia, câncer próstata, cérebro e rim.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/worderful -fruit-1456506
JOBIM, P. F. C. et al. Existe uma associação entre mortalidade por câncer e uso de agrotóxicos? Uma contribuição ao debate. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 277-88, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a33v15n1.pdf . Acesso em: 11 maio 2016.
JOBIM, P. F. C. et al. Existe uma associação entre mortalidade por câncer e uso de agrotóxicos? Uma contribuição ao debate. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 277-88, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a33v15n1.pdf . Acesso em: 11 maio 2016.
Fonte: CURVO, Hélen Rosane Meinke; PIGNATI, Wanderlei Antônio; PIGNATTI, Marta Gislene. Morbimortalidade por câncer infantojuvenil associada ao uso agrícol de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro , v. 21, n. 1, p. 10-17, Mar. 2013 .
Fonte: CURVO, Hélen Rosane Meinke; PIGNATI, Wanderlei Antônio; PIGNATTI, Marta Gislene. Morbimortalidade por câncer infantojuvenil associada ao uso agrícol de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro , v. 21, n. 1, p. 10-17, Mar. 2013 .
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Estudo de caso-controle (Ma et al., 2002) de leucemias em crianças americanas menores de 15 anos, observou aumento de risco quando a exposição ocorreu nos 2 primeiros anos de vida. Estudo (Shim, 2009) mostra o aumento significativo na incidência de câncer cerebral em crianças expostas a herbicidas nas residências. Manual da EPA “RECOGNITION AND MANAGEMENT OF PESTICIDE POISONINGS”, 2013, afirma que há evidências
consistentes entre o aumento de risco de câncer em crianças e a exposição pré-natal a agrotóxicos, sendo a mais forte evidência para Leucemia Linfocítica Aguda. •
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
Fonte: RIGOTTO, Raquel Maria et al . Tendências de agravos crônicos à saúde associados a agrotóxicos em região de fruticultura no Ceará, Brasil. Rev. bras. epidemiol., São Paulo , v. 16, n. 3, p. 763-773, Sept. 2013 .
Fonte: INCA, 2015.
Desreguladores Endócrinos •
Vários agrotóxicos fazem parte da Lista dos prováveis “Disruptores Endócrinos”, produtos capazes de desequilibrarem o sistema endócrino, causando alterações comportamentais, anomalias na função reprodutiva masculina (criptorquidia, hipospádia, alteração qualidade do sêmen) e feminina (ovários policísticos, falência ovariana, menarca e puberdade precoce) e certos tipos de câncer que sofrem influência de hormônios.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
: UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME AND THE WORLD HEALTH ORGANIZATION. State of the science of endocrine disrupting chemicals 2012 / imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600 b Ake Ber man Jerrold J. Heindel Susan Joblin Karen A. Kiddand R.Thomas Zoeller.WHOPress. Geneva Switzerland.2013.
Fonte: Elaine Maria Frade Costa, Poli Mara Spritzer, Alexandre Hohl, Tânia A. S. S. Bachega. Effects of endocrine disruptors in the development of the female reproductive tract. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58/2
Desreguladores Endócrinos •
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Existem evidências de aumento progressivo na incidência de câncer testicular e redução da fertilidade na última metade do século. Estudo mostra a ocorrência de taxas elevadas de infertilidade e câncer de testículo em municípios com níveis altos de produção agrícola em SP (Koifman, 2002).
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
Desreguladores Endócrinos •
Uma revisão sistemática da Sociedade Americana de Endocrinologia demonstrou o potencial de vários agrotóxicos (organoclorados, organofosforados, atrazina entre outros) em provocar desregulação endócrina em humanos, incluindo alteração de fertilidade, câncer de mama, câncer testicular, câncer de próstata, malformações urogenitais e alterações de tireóide.
(Diamanti-Kandarakis, Bourguignon JP. Endocrine-Disrupting Chemicals: An Endocrine Society Scientific Statement. 2009). imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
Desreguladores Endócrinos
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Estudo (Main, 2010) mostra associação entre exposição a agrotóxicos desreguladores endócrinos e aumento de câncer de testículo e infertilidade masculina, especialmente se a exposição ocorre no período gestacional e na infância.
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
Desreguladores Endócrinos
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Estudo mostrou associação de hipotireoidismo e exposição a fungicidas, herbicidas e organoclorados (Goldner, 2010). Agricultores expostos a agrotóxicos apresentam maior incidência de cânceres que sofrem influência hormonal (Buranatrevedh, 2001).
imagem: http://pt.freeimages.com/photo/toxic -smoke-1143600
Crianças e Adolescentes
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MAIOR NÚMERO DE CÉLULAS SE DIVIDINDINDO RAPIDAMENTE;
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IMATURIDADE DE ATIVIDADE ENZIMÁTICA;
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BARREIRA HEMATO-ENCEFÁLICA IMATURA;
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GRADIENTE DE ABSORÇÃO AUMENTADO POR UNIDADE DE PESO; SISTEMA IMUNE IMATURO.
Crianças e Adolescentes •
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Na região de Nova Friburgo, foram avaliadas 70 crianças entre 10 e 18 anos (Sarcinelli, 2003) com os seguintes resultados: - 54 % afirmavam “ajudar” na lavoura (misturar a calda, puxar a mangueira, lavar o aplicador costal);
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- 17 % com redução de BChE;
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- 43 % referiam cefaléia freqüente;
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- 40% com desenvolvimento sexual (Tanner) abaixo do normal.