Comunicação Social – Publicidade & Propaganda Preconceito Linguístico – Marcos Bagno (Resumo do capitulo I: A mitologia dos preconceitos linguísticos)
1º. Semestre Centro Universitário Nove de Julho
São Paulo 2.010/010
Comunicação Social – Publicidade & Propaganda Preconceito Linguístico – Marcos Bagno (Resumo do capitulo I: A mitologia dos preconceitos
linguísticos)
Disciplina: Língua Portuguesa I A atividade atividade proposta na disciplina disciplina visa à compreensão de desfazer a ideia preconc preconceit eituos uosa a de que soment somente e quem quem fala de acordo com a norma culta é que fala a nossa língua. Orientador: Claudio H. S. Andrade
Integrantes:
R.A.s:
Rodrigo C. da Silva M. Santos Saulo Barbosa Ramos Wanderson Nascimento
2210109117 2210109860 2210112289
Preconceito Linguístico
(Introdução)
No mundo a existência de emaranhados preconceitos, em sua melhor forma não permanece nenhum nenhum fundamento racional e justificável, ou seja, são apenas resultados da ignorância, ignorância, seja ela uma manipulação ideológica ou da intolerância. (Magno) Aqui no Brasil na seria diferente, o preconceito linguístico é alimentado diretamente pelos veícul veículos os midiát midiático icos, s, que que prega pregam m o ‘certo ‘certo’’ e o ‘errad ‘errado’ o’ da língu língua. a. Não deixand deixando o de esquecer-se do ensinamento tradicional escolar: a gramática normativa ou norma culta da língua. Em seu entendimento, o preconceito linguístico é a forma de preconceito as variantes linguísticas, são os chamados erros gramaticais, não existem nas línguas naturais. A noção de correto imposta pelos ensinos tradicionais da gramática normativa origina um preconceito contra as variantes não-padrão. Em nossa mais simplória definição conceituamos o falante que não domina a língua denominada ‘padrão’ por sua comunidade linguística, sofre preconceitos e são excluídos da rota dos privilegiados, aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade e, por isso, consideram-se melhores que os demais. O grupo visa que a massa não entenderia que a linguística é uma ciência descritiva e não prescritiva, além de acreditar que essa seria uma resposta um tanto rude. Em nota, o primeiro capítulo foca em mitos visando que: o preconceito linguístico é a atitude que consiste em discriminar uma pessoa devido ao seu modo de falar, ou seja, um exercício por aqueles que tiveram acesso ao ensino de qualidade e carimbam o diferente sobre o ‘rótulo do erro’. Infelizmente essa superstição linguística é só uma denominação ‘bonita’ para um profundo convencionalismo ‘social’: não é a maneira de i ndividual do falante. falar que sofre o preconceito, mas a identidade social e individual
Preconceito Linguístico
I: A mitologia do preconceito lingüístico
Componente Componente primordial, sendo maior ou mais sério dos mitos lingüísticos. Essa ‘unidad ‘ unidade e surpre-endente’ surpre-endente’ está tão fixada na cultura brasileira que até pessoas de visão critica se deixarão enganar por ele. P. ex.: É de assinalar que, apesar de feitos pela fusão de matrizes tão diferenciadas, os brasileiros são, hoje, um dos povos mais homogêneos lingüística lingüística e culturalmente culturalmente e também um dos mais integrados socialmente socialmente da Terra. Falam uma mesma língua, sem dialetos [Folha de S. Paulo, 5/2/95]. Este é um mito prejudicial ao ensino, devido o fato de não reconhecer a diversidade do português falado, sendo assim, instituições impõem a norma culta da língua como se fosse uma linguagem comum a todos os brasileiros. Esses debates de status social em nosso país, explicam a essência do verdadeiro absorvo lingüíst lingüístico ico entre os falantes falantes das variedades variedades não-pad não-padrão rão do portugu português ês brasileiro brasileiro que compõe a maior parte da população e os falantes da suposta variedade culta, em geral não muito bem definida, que é a língua ensinada na escola. Nota No ta-s -se e que que os fala falant ntes es das das varie varieda dade dess ling lingüí üíst stic icas as têm têm séria sériass difi dificu culd ldad ades es em compre compreen ender der as me mensa nsagen genss emitid emitidas as para para ele eless pelo pelo domí domínio nio públi público, co, que que se serve serve excepcionalmente da língua-padrão. Lembrete: a Constituição afirma que todos os indivíduos são iguais perante a lei, mas essa mesma lei é redigida numa língua que só uma parcela pequena de brasileiros consegue entender. (Magno)
Buscamos entender e visamos à própria solução, que é encontrada no mesmo mito, segue o seguinte: É breve, assim sendo, que todo o ensino abandone esse mito da “unidade” do português no Brasil e distinguir a verdadeira diversidade lingüística para melhor organizarem suas situações políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão.
II: “Brasileiro não sabe português” / “Só em Portugal se fala bem português”
De acordo com o autor, essas duas opiniões refletem o complexo de inferioridade de sermos até hoje uma uma colônia dependente de um país mais antigo e mais "civilizado". Mas fazemos uma breve pergunta de quem é a vitima, no caso? Vitima no sentido de ser propriamente um responsável por esse preconceito: quem está exprimindo uma ideologia impregnada em nossa cultura?
Numa mesma concepção segundo a qual o Brasil é um país subdesenvolvido, devida a uma população que não é de uma etnia “pura”, mas sim o resultado de uma mistura — nega negati tiva va — de ‘raç ‘raças as’, ’, send sendo o que que duas duas dela delas, s, a negr negra a e a indí indíge gena na,, resum resumin indo do,, “inferiores” à do branco europeu. (Magno) Coma base acima, “uma ‘raça não pura”, é irracional falar uma língua ‘pura’. Uma referência quérula ao “pouco apreço devotamos ao gosto pela leitura - um dado nos revela em um país o per capita mal alcança dois livros por habitante diferente de um vivente na França, que embalança em torno de oito” - então, obvia notarem-se os hábitos culturais dos franceses, que valorizam mais a leitura do que os brasileiros. Retomando o assunto, a língua portuguesa, se manteve muito bem, falada e escrita por cada vez mais gente, causou uma literatura conhecida mundialmente — essa é só uma dentre tantas outras provas de sua vitalidade. O que acontece é um único nível em que ainda é possível uma compreensão quase total entre os dois países sendo o da língua escrita formal, porque a ortografia é praticamente a mesma, com poucas diferenças, no entanto, um mesmo texto lido em voz alta por um brasileiro e por um português vai soar completamente completamente diferente, ou melhor, difrent! Mais uma vez é mostrada que esse mito é ridículo, logo o brasileiro sabe português sim. O que acontece é que o nosso português é diferente do português falado em Portugal. A língua falada no Brasil, do ponto de vista linguístico já tem regras de funcionamento, que cada vez mais se diferencia da gramática da língua falada em Portugal. Na língua falada, as diferenças entre o português de Portugal e o português falado Brasil são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão. Concluí-se que nenhum dos dois é mais certo ou mais errado, mais bonito ou mais feio: são são apen apenas as dife difere rent ntes es um do outr outro o e aten atende dem m às nece necess ssid idad ades es ling lingüí üíst stic icas as das das comunidades que os usam, necessidades lingüísticas que também são diferentes.
III: “Português é muito difícil”
Para o autor essa afirmação consiste na obrigação de termos de decorar conceitos e fixar normas - regras onde aprendemos na escola em boa parte não correspondem à língua e realmente falamos e escrevemos no Brasil, é daí que entre o denomino que “português é uma língua língua difícil” - que não significam significam nada para nós. No caso é um esforço esforço árduo árduo e inútil, um verdadeiro trabalho tentar impor uma regra que não encontra justificativa na gramática intuitiva do falante. Focando um pouco mais a expressão “Português é mais difícil”, isto ocorre por causa da cobrança indevida, por parte do ensino tradicional, de uma norma gramatical que não corresponde à realidade da língua falada no Brasil. (Magno) Por isso tantas pessoas desistem do estudo achando-se incompetentes para redigir o que quer que seja. E não é por acaso: se durante anos os professores tivessem chamado a prevenção dos alunos para para o que que é rea realm lmen ente te import important ante e ou se tivess tivessem em desenv desenvolv olvido ido as habil habilida idades des de expressão dos alunos, em vez de preencher suas aulas com regras ilógicas, as pessoas sentiriam muito mais confiança e prazer ao se pronunciar. O próprio autor foca em seu discurso em dizer que as pessoas inteligentes continuam achan achando do que que “não “não sabe sabe portu portugu guês” ês”,, é por por que que esta esta discip disciplin lina a foi trans transfor forma mada da em
esotérica, onde somente pessoas iluminadas podem dominar a língua completamente.. Então essa ideia do português ser difícil nos serve como instrumento de manutenção das classes privilegiadas. No dia em que nossa língua se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a repetir essas bobagens. Todo falante nativo de um língua sabe essa língua, pois saber a língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela. A regência verbal é caso típico de como o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Por mais que o aluno escreva o verbo assistir de forma transitiva indireta, na hora de se expressar passará para a forma transitiva direta: "ainda não assisti o filme do Zorro!" Tudo isso por causa da cobrança indevida, por parte do ensino tradicional, de uma norma gramatical que não corresponde à realidade da língua falada no Brasil.
IV: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”
Uma Uma única única língu língua a portu portugu guesa esa digna digna deste deste nome nome e que que seria seria a língu língua a ensinad ensinada a nas nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer manifestação lingüística que escape desse triângulo escola – gramática - dicionário é considerado, sob a ótica do preconceito lingüístico. Isso se deve simplesmente a uma questão que não é linguística, mas social e política. As pessoas que dizem Praca, Pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação e aos bens culturais da elite, por isso a língua que elas falam sobre o mesmo preconceito porque pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada "feia", "pobre", "carente", quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola. O autor nos força a refletir nos comparando com as épocas passadas dizendo que seríamos forçados a admitir que toda a população da província da Lusitânia também tinha esse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando. A reflexão acima nos tira a conclusão de que os brasileiros falantes das variedades nãopadrão, não passam de um exercício fonético – o problema deixa de ser social ou político - trata-se então de um preconceito sem nexo devido o fato de não entenderem a defi defici ciên ênci cia a do próx próxim imo, o, cujo cujo esse esse sist sistem ema a foné fonéti tico co sim simples plesm mente ente não não exis existe te,, inde indepe pend nden ente teme ment nte e de tere terem m difi dificu culd ldad ades es arti articu cula lató tóri rias as.. Quan Quando do,, na esco escola la,, se depararem com os encontros consonantais com L, é preciso que o professor tenha consciência de que se trata de um aspecto fonético “estrangeiro” para eles, do mesmo tipo dos que encontramos. Concluindo, que está em jogo aqui não é a língua, mas a pessoa que fala essa língua e a regi região ão geog geográ ráfi fica ca onde onde essa essa pess pessoa oa vive vive.. Se o No Nord rdes este te é “atr “atras asad ado” o”,, “pob “pobre re”, ”, “subdesenvolvido” ou (na melhor das hipóteses) “pitoresco”, então, “naturalmente”, as pessoas que lá nasceram e a língua que elas falam também devem ser consideradas assim...
Assim, o problema não está naquilo que se fala, mas em quem fala o quê. Neste caso, o preconceito lingüístico é decorrência de um preconceito social.
V: “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”
O que acontece com o português do Maranhão em relação ao português do resto do país é o mesmo que acontece com o português de Portugal em relação ao português do Brasi rasil: l: não exis existe te nenh enhuma varie aried dade nacio acion nal, al, regio egion nal ou loca locall que seja eja intrinsecamente "melhor", "mais pura", "mais bonita", "mais correta" que outra. Toda variedade lingüística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. O próprio autor fica indignado, ao tentar saber quem foi o individuo que proferiu essa gran rande bobag obagem em,, que não sabe que isso isso é apena enas um mito ito sem nenh enhuma fundamentação cientifica. P. ex.: o pronome tu está em vias de extinção na fala do brasileiro, e quando ainda é usado. Em alguns falares característicos de certas camadas sociais, o verbo assume a forma da terceira pessoa: tu vais, tu fica, tu quer, tu deixa disso etc., que caracteriza também a fala informal de algumas outras regiões. Esse arcaísmo, por essa conservação de um único aspecto da linguagem clássica literária, que coincide com a língua falada em Portugal ainda hoje, é que se perpetua o mito de que o Maranhão é o lugar “onde melhor se fala o português” no Brasil. Toda variedade lingüística é também o resultado de um processo histórico próprio, com suas vicissitudes e peripécias particulares. Se o português de São Luís do Maranhão e de Belé Belém m do Pará Pará,, assi assim m como como o de Flor Floria ianó nópo poli lis, s, cons conser ervo vou u o pron pronome ome tu com com as conjugações verbais lusitanas, é porque nessas regiões aconteceu, no período colonial, uma forte imigração de açorianos, cujo dialeto específico influenciou a variedade de port portug uguê uêss bras brasil ilei eiro ro fala falado do naqu naquel eles es loca locais is.. O me mesm smo o acon aconte tece ce com com algu alguma mass características “italianizastes” do português da cidade de São Paulo, onde é grande a presença dos imigrantes italianos e seus descendentes, descendentes, ou com castelhanismos evidentes na fala fala dos dos gaúch gaúchos, os, que que ma mant ntêm êm estreit estreitos os contat contatos os cultu culturai raiss com seus seus vizinh vizinhos os argentinos e uruguaios. Volt Voltan ando do ao prim primei eiro ro pará parágr graf afo o onde onde diz diz port portug uguê uêss do Mara Maranh nhão ão em rela relaçã ção o ao português do resto do país é o mesmo que acontece com o português de Portugal em relação ao português do Brasil. É preciso abandonar essa ânsia de tentar atribuir a uma única comunidade de falantes e passar a respeitar igualmente todas as variedades da língua. Todas elas têm o seu valor, são veículos plenos e perfeitos de comunicação e de relação entre as pessoas que as falam. Deve-se levar em consideração a presença de regras variáveis em todas as variedades, a culta inclusive. Em resumo, quando deixar de atender, a ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar às novas necessidades.
VI: O certo é falar assim porque se escreve assim”
O que acontece é que em toda língua mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico. A ortografia oficial é necessária, mas não se pode ensiná-la tentando criar uma língua falada "artificial" e reprovando como "erradas" as pronúncias que são resultados naturais das forças internas que governam os idiomas. Então é claro entender o que acontece é que na língua do mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico. Existe uma tendência muito forte no ensino da língua de querer obrigar o aluno a pronunciar “do jeito que se escreve”, como se essa fosse a única maneira “certa” de falar português. O correto seria ensinar a escrever de acordo com a ortografia oficial, mas não se pode fazer isso tentando criar uma língua falada “artificial” e reprovando como “erradas” as pronúncias que são resultado natural das forças internas que governam o idioma. Seria mais justo e democrático dizer ao aluno que ele pode dizer bunito ou bonito, mas só pode escrever bonito, porque é necessária uma ortografia única para toda a língua, para todos possam ler e compreender o que está escrito, mas é preciso lembrar que ela funciona como a partitura de uma música: cada instrumentista vai interpretá-la de um modo todo seu particular! Então é claro compre-ender que a escrita alfabética, em sua regulamentação ortográfica ofic oficia ial. l. Ela Ela não não é a fala fala:: é uma uma tent tentat ativ iva a de repr repres esen enta taçã ção o gráf gráfic ica, a, pict pictór óric ica a e convencional da língua falada, porque sabemos que não existe nenhuma ortografia em nenhuma língua do mundo que consiga reproduzir a fala com fidelidade . A importância da língua falada para o estudo científico está principalmente no fato de ser nessa língua falada que ocorrem as mudanças e as variações que incessantemente vão transformando a língua. Quem quiser, por exemplo, conhecer o estado atual da língua portuguesa do Brasil precisará investigar empiricamente a língua falada.
VII: “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”
“A Gramática é instrumento fundamental para o domínio do padrão culto da língua”. Segundo Mário Perini em Sofrendo a gramática (p.50), "não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário". Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática. A gramática normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, dependente dela. Como a gramática, porém, passou a ser um instrumento de poder e de controle. A língua passou a ser subordinada e dependente da gramática. Não é a gram Não gramát átic ica a norm normat ativ iva a que que “est “estab abel elec ece” e” a norm norma a cult culta. a. A norm orma cult culta a simplesmente existe como tal. A tarefa de uma gramática seria, isso sim, definir, identificar e localizar os falantes cultos, coletar a língua usada por eles e descrever essa
língua de forma clara, objetiva e com critérios teóricos e metodológicos coerentes. Sem isso não podemos confiar em gramáticas como a de Domingos Paschoal Cegalla, que afirma simplesmente: simplesmente: Este livro pretende ser uma Gramática Gramática Normativa Normativa da Língua Língua Portuguesa Portuguesa do Brasil, Brasil, conf confor orme me a fala falam m e escr escrev evem em as pess pessoa oas s cult cultas as na époc época a atua atuall [Nov [Novís íssi sima ma gramática da língua portuguesa, p. xix].
Esse mito está ligado à milenar confusão que se faz entre língua e gramática normativa. Mas é preciso desfazê-la. Não há por que confundir o todo com a parte. Sendo assim a gramática normativa foi num primeiro momento uma gramática descritiva de um dialeto de uma língua. Depois a sociedade fez dela um corpo de leis para reger o uso da linguagem. Por sua própria natureza, uma gramática normativa está condenada ao fracasso, já que a linguagem é um fenômeno dinâmico e as línguas mudam com o tempo; e, para continuar sendo a expressão do poder social demonstrado por um dialeto, a gramática normativa deveria mudar. O grupo aponta compreender melhor os mecanismos de exclusão que agem por trás da imposição das normas gramaticais conservadoras no ensino da língua e de que modo poderíamos, poderíamos, em nossa prática pedagógica, pedagógica, tentar desmontá-los.
VIII: “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”
Esse mito como o primeiro são aparentados porque ambos tocam em sérias questões sociai sociais. s. A trans transfor forma mação ção da socied sociedad ade e como como um todo todo está está em jogo, jogo, pois pois enqua enquanto nto viverm vivermos os numa numa estru estrutur tura a social social cuja cuja existê existênci ncia a me mesm sma a exige exige desiguald desigualdades ades sociais profundas, toda tentativa de promover a "ascensão" social dos marginalizados é, senão hipócrita e cínica pelo menos de uma boa intenção paternalista e ingênua. Seria então mais fácil compreender esse mito nos perguntando o seguinte: o caso de “dar uma língua” àqueles que eu chamei de “sem-língua”? Se o domínio da norma culta fosse realmente um instrumento de ascensão na sociedade, os professores de português ocupariam o topo da pirâmide social, econômica e política do país, não é mesmo? Por fim, supostamente, ninguém melhor do que eles dominam a norma culta. Só que a verdade está muito longe disso como bem sabemos, professores, a quem são pagos alguns dos salários mais obscenos de nossa sociedade. Fica claro que o domínio da norma culta de nada vai adiantar a uma pessoa que não tenham todos os dentes que não tenha casa decente para morar, água encanada, luz elétrica e rede de esgoto. Em mais um exemplo o domínio da norma culta de nada vai servir a uma pessoa que não tenha acesso às tecnologias modernas, aos avanços da medicina, aos empregos bem
remunerados, à participação ativa e consciente nas decisões políticas que afetam sua vida e a de seus concidadãos. O domínio da norma culta de nada vai adiantar a uma pessoa que não tenha seus direitos de cidadão reconhecidos plenamente, a uma pessoa que viva numa zona rural onde um punhado de senhores feudais controlam extensões gigantescas de terra fértil, enquanto milhões de famílias de lavradores sem-terra não têm o que comer. Então a solução é precisar garantir, sim, a todos os brasileiros o reconhecimento (sem o tradicional julgamento julgamento de valor) da variação lingüística, porque o mero domínio da norma culta não é uma fórmula mágica que, de um momento para outro, vai resolver todos os problema problemass de um indivídu indivíduo o carente. carente. É preciso preciso favorecer favorecer esse reconhecim reconhecimento ento,, mas também garantir o acesso à educação em seu sentido mais amplo, aos bens culturais, à saúde e à habitação, habitação, ao transporte de boa qualidade, à vida digna de cidadão merecedor de todo respeito.