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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SERD
MÓDULO: SISTEMA ENDÓCRINO, REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO (SERD) Arlindo Ugulino Netto Lívia Tafnes Almeida de Araújo
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2016
Arlindo Ugulino Netto; Lívia Tafnes Almeida de Araújo.
No Módulo S E R D , discutiremos sobre os importantes Sistemas Endócrino e Reprodutor, além do desenvolvimento embrionário do ser humano. Fica evidente, assim, a importância do estudo aprofundado deste Módulo, sobretudo no que diz respeito às síndromes clínicas e doenças relacionadas aos mais variados temas que aqui serão vistos. Na prática médica, é comum que a maioria dos recém-formados esqueçam os detalhes da organogênese humana – humana – a a maioria deles por não ter atentado para a importância do assunto. Contudo, várias doenças – doenças – bem bem como seu tratamento – tratamento – tem tem como base fisiopatológica alguem erro durante o desenvolvimento. A mesma importância deve ser dada ao estudo do Sistema Endócrino e Reprodutor: você não tem idéia de quantas vezes irá se deparar com um paciente portador de algum distúrbio relacionado a esses sistemas... Diabetes, Hipotireoidismo, Dislipidemias, Síndrome dos Ovários Policísticos, Infertilidade, Endometriose, etc. Todos estes assuntos também são bastante cobrados nas provas de residência que você fará daqui a alguns anos. Portanto, faça bom proveito deste material e...
BONS ESTUDOS!!!
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No Módulo S E R D , discutiremos sobre os importantes Sistemas Endócrino e Reprodutor, além do desenvolvimento embrionário do ser humano. Fica evidente, assim, a importância do estudo aprofundado deste Módulo, sobretudo no que diz respeito às síndromes clínicas e doenças relacionadas aos mais variados temas que aqui serão vistos. Na prática médica, é comum que a maioria dos recém-formados esqueçam os detalhes da organogênese humana – humana – a a maioria deles por não ter atentado para a importância do assunto. Contudo, várias doenças – doenças – bem bem como seu tratamento – tratamento – tem tem como base fisiopatológica alguem erro durante o desenvolvimento. A mesma importância deve ser dada ao estudo do Sistema Endócrino e Reprodutor: você não tem idéia de quantas vezes irá se deparar com um paciente portador de algum distúrbio relacionado a esses sistemas... Diabetes, Hipotireoidismo, Dislipidemias, Síndrome dos Ovários Policísticos, Infertilidade, Endometriose, etc. Todos estes assuntos também são bastante cobrados nas provas de residência que você fará daqui a alguns anos. Portanto, faça bom proveito deste material e...
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BIOQUÍMICA: PROSTAGLANDINAS CONCEITOS GERAIS Prostaglandinas: São substâncias pertencentes à família dos eicosanoides.
Eicosanoides: Constituem um grande grupo de mediadores derivados do ácido graxo poli- insaturado, o ácido aracdônico (AA), que após ser sintetizado, é incorporado aos fosfolípides da membrana citoplasmática.
Mediadores: São substâncias que ao contrário dos hormônios não são exclusivamente sintetizadas por células glandulares, mas sim por um grande número de tipos celulares.
Os eicosanoides eicosanoides agem como “hormônios locais” através de ligações com receptores de membrana, na vizinhança do seu local de síntese, sendo rapidamente degradados (segundos ou minutos). célula que os sintetizou Efeito autócrino: agem na mesma célula Efeito parácrino: agem nas células vizinhas
Os principais representantes dos Eicosanoides são: Prostaglandinas (PGs) Prostaciclinas (PGI2) Tromboxanes (TXs) Leucotrienos (LTs) Seus efeitos biológicos são inúmeros, atuando: Como 2º mensageiro de hormônios hidrofílicos hidrofílicos (tirotrofina, corticotrofina) corticotrofina) No controle da contração do m. liso liso (vasos, brônquios, útero) Na inflamação Na produção da mucosa gástrica (estimula liberação de muco) No metabolismo ósseo, SNA, SNA, sistema imune, movimento e agregação celulares (leucócitos e plaquetas), sendo também sinalizadores eficazes da dor.
FORMAÇÃO DAS PROSTAGLANDINAS A membrana plasmática é formada por fosfolipídios, os quais apresentam em sua estrutura: Glicerol, 2 ácidos graxos, fosfato e qualquer composto que irá diferencia-lo. 3
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A enzima fosfolipase A2 vai retirar o ácido graxo do carbono 2, sendo o Ácido Araquidônico (AA) na maioria das vezes, que é composto por 20 carbonos e instauração no 5,8,11,14. O Ácido Araquidônico entrará em contato com a enzima cicloxigenase, tornando-se uma prostaglandina primaria PGH2. Nós possuímos dois tipos de ciclooxigenase: COX1 e COX2. A COX1 possui 699 aa, é uma enzima fisiológica está presente no organismo e sua maior expressão se apresenta no estômago, rins, endotélio e plaquetas. A COX possui 604 aa, sendo expressada em processos inflamatórios.
OBS: COX-1 e COX-2 são codificadas por genes distintos, localizados em diferentes cromossomos (9 e 1, respectivamente). Os genes também são sujeitos a sinais reguladores bem diferentes. OBS: O Ácido Araquidônico é transformado em PGH2 (prostaglandina primária). OBS: A PGH2 pode ser transformada, dependendo do local, em PGI2 (prostaciclina), PGD2, PGF2, PGE2 e TXA2. PGD2: Possui função principal de dilatação. PGF2: Possui função de contração do musculo liso, principalmente do útero após a liberação do óvulo que não foi fecundado, no processo de descamação do endométrio. OBS: Em caso de gravidez, a PGF2 provoca aborto. PGI2 (prostaciclina): É produzida no endotélio dos vasos e provoca a vasodilatação e desagregação de plaquetas. PGE2: está envolvida no processo de dor (aumenta a sensibilidade da célula), febre (age no hipotálamo para aumentar o limiar de temperatura do corpo), produção de mucina (proteção da parede do estomago contra o suco gástrico), contração de musculo liso, diminui a secreção gástrica e vasodilatação. OBS¹: Num processo inflamatório, a PGE2 age junto com a histamina, bradicinina TXA2 (Tromboxano): Produzido pelas plaquetas, tem a função de vaso dilatação. EFEITO CASCATA As plaquetas pegam o PGH2 e produzem TXA2; o endotélio pega o PGH2 e produz PGI2; os mastócitos pegam o PGH2 e produzem PGD2; se houver inflamação há a produção de PGE2 por meio de PGH2. USO DOS AINES (ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES) Usado para combate de inflamação, problemas cardíacos, angina, infarto, entre outros. O principal exemplo é o ácido acetilsalicílico (AAS, aspirina). O AAS inibe a ciclo-oxigenase e consequente produção de prostaglandinas. As indústrias farmacológicas estão tentando trabalhar para inibir apenas a COX2, porém ainda não conseguiram. Dessa forma, inibem tanto a COX1 quanto a COX2. OBS: A ciclo-oxigenase é uma enzima proteica, portanto com posta por diversos aminoácidos. Na posição 530 da COX1 existe uma serina (na COX2 localiza-se na 516), sendo esse o ciclo ativo da ciclo-oxigenase, quando se ingere o AAS, há uma reação de acetilação, onde o acetil do AAS se liga à serina provocando uma inativação irreversível da enzima, deixando de transformar o ácido araquidônico em PGH2. OBS: Quando o paciente sofre um infarto e passa a tomar aspirina diariamente, diminui a produção de tromboxano, tornando o sangue mais fino e maior vasodilatação. O problema de doses excessivas de AAS é devido a inibição do tromboxano, possibilitando hemorragia pela diminuição da agregação das plaquetas. Por isso, algumas pessoas que irão se submeter a cirurgia devem ter cuidado, pois há a inibição do txa2 inibindo a produção de plaquetas e possibilitando o risco de hemorragias. OBS: Provoca gastrite, pois também inibe a produção da mucina pela PGE2. OBS: Causa vasoconstrição dos rins pelo excesso de vasodilatação no organismo causando extravasamento sanguíneo e consecutivo aumento da utilização renal, fazendo os rins trabalharem forçados na capacidade máxima. Existem medicamentos à base de PGI2, esse medicamento para o paciente que já está fazendo Hemodiálise vai facilitar o fluxo sanguíneo durante a hemodiálise, afina o sangue. Há uma vasodilatação e facilita o fluxo sanguíneo. Tem colírio também a base de PGF2, para tratar de glaucoma (aumento da pressão intraocular).
LEUCOTRIENOS O termo leucotrieno (LT) foi proposto porque a sua síntese ocorre nos leucócitos e sua estrutura química apresenta três ligações alternadas (trieno) de um total de quatro ligações duplas (daí o número 4, por exemplo, LTD 4). Diferentes do LTB4, os leucotrienos C4, D4 e E4 contêm o aminoácido cisteína em sua molécula e, por isto, eles são chamados de cisteinil-leucotrienos. Os leucotrienos estão envolvidos em processos e respostas inflamatórias, em função da ação de alguma bactéria ou antígeno, consequentemente gera aumento da produção de leucotrienos que vai ocasionar diversos problemas para o organismo. Um exemplo é a asma, que ocorre devido a uma sensibilidade de poeira, com isso, aumenta a produção dos leucotrienos, os quais promovem broncoconstrição e a dificuldade de respirar. Aumenta a produção de muco, aumenta principalmente a resposta inflamatória, choque anafilático. É chamado de leucotrieno, no 4
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geral, essa substância faz broncoconstrição, aumenta a produção de muco, a permeabilidade celular e choque anafilático são as ações desse
FORMAÇÃO DOS LEUCOTRIENOS: O ácido araquidônico também pode sofrer a ação de uma enzima chamada CICLO-OXIGENASE para produzir esses prostranoides ou eicosanoides. Quando ela sofra ação da enzima LIPOOXIGENASE o araquidônico é transformado em 5-HPETE (5 - Hidroperoxiicosatetraenoico) tem 4 duplas ligações e vão produzir aqui as substâncias chamadas Leucotrienos. Leucotrienos mostra que são três ligações duplas conjuntas e uma dupla ligação afastada. Uma enzima DESIDRATASE transforma esse 5-HPETE em LDA4 que é um tipo de leucotrieno. Uma HIDRATASE, com entrada de água, transforma LDA4 em LTB4. Essa LTB4 é um potente vaso broncoconstritor. LTA4 sob ação de uma enzima chamada GLUTATIONA S-TRANSFERASE, essa enzima encaixa na molécula de LTA4 um tripeptídeo chamado glicoglutationa, formado por Ácido glutâmico - Cisteína - Glicina, e vai incorporar na molécula do LTA4 transformando em LTC4. Então esse tripepitídeo aqui chamado de Glutationa vai entrar na estrutura do carbono 6, vai se ligar no enxofre da cisteína. Então quando entra esse tripeptídeo entra na molécula de LTA4, ele se transforma em LTC4. Uma enzima chamada DIPEPTIDASE vai retirar o ácido glutâmico, transformando LTC4 em LTD4. A diferença da LTC4 para LTD4 é a estrutura que mudou após a retirada do ácido glutâmico pela dipeptidase. Na LTC4 tem três aminoácidos e na LTD4 só tem dois aminoácidos: Cisteína e Glicina. Outra dipeptidase retira do LTD4 a Glicina transformando em LTE4. São substâncias que provocam broncoconstrição, produção de muco, aumenta a permeabilidade do capilar e está envolvida em resposta a processos inflamatórios e ação de bactérias também
AÇÃO DO W3 SOBRE AS PROSTAGLANDINAS Os eicosanoides modulam a resposta inflamatória de forma desigual. Aqueles provenientes do metabolismo de AGPI tipo ômega-6 são potentes mediadores inflamatórios e os de AGPI ômega-3 resultam em resposta inflamatória atenuada. Essas observações apontam para uma capacidade de AG ômega-3 de inibir a resposta inflamatória aguda, induzida ou agravada por eicosanoides derivados do metabolismo de AG ômega-6. Eles são sintetizados a partir dos AG ômega-6 ou dos AG ômega-3. Esses AG competem entre si pelas mesmas vias enzimáticas de síntese, a ciclooxigenase e a lipo-oxigenase. Estas enzimas produzem, respectivamente, prostanoides (tromboxanos, prostaglandinas) e leucotrienos e lipoxinas, como veremos, chamados de séries par e ímpar. Os eicosanoides da classe ímpar, produzidos pelos AGPI ômega-3 têm menor poder inflamatório que os da classe par produzido pelos AGPI ômega-6.
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EMBRIOLOGIA: GAMETOGÊNESE, FECUNDAÇÃO E PRIMEIRAS SEMANAS DE GESTAÇÃO Gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas especializadas, os gametas, que ocorre em organismos dotados de reprodução sexuada. Nos animais, a gametogênese acontece nas gônadas, órgãos que também produzem os hormônios sexuais, que determinam as características que diferenciam os machos das fêmeas. Esse processo de maturação é chamado de Espermatogênese no sexo masculino e Ovogênese no sexo feminino. O evento fundamental da gametogênese é a meiose, que reduz à metade a quantidade de cromossomos das células, originando células haploides, preparando as células sexuais para a fecundação, com a fusão de dois gametas haploides reconstitui o número diploide característico de cada espécie. As células que dão origem aos gametas, chamadas células germinativas primordiais (CGPs), são encontradas até a quarta semana na parede do saco vitelínico e a partir de então iniciam a migração, por movimento ameboide, e fixam-se na parede dorsal do corpo, local em que irão formar as gônadas.
ESPERMATOGÊNESE É a sequência de eventos, através dos quais a célula precursora masculina, a espermatogônia torna-se um espermatozoide, o gameta masculino. As espermatogônias permanecem quiescentes nos túbulos seminíferos dos testículos desde o período fetal, e na puberdade aumentam de número e sofrem maturação que continua até a velhice. Nesse momento, sofrem várias divisões mitóticas, crescem e se desenvolvem, formando os espermatócitos primários. Cada um desses sofre a primeira divisão meiótica (divisão reducional) para formar dois espermatócitos secundários haploides. Em seguida sofrem a segunda divisão meiótica para formar quatro espermátides haploides. Gradualmente as espermátides vão sendo transformadas em espermatozoides por um processo chamado espermiogênese.
O espermatozoide maduro é uma célula móvel, formada por cabeça, colo e cauda. A cabeça é a maior parte e contém o núcleo haploide e o acrossoma, organela em forma de capuz que contém várias enzimas importantes para a fertilização, pois facilita sua penetração ovular. O colo é a região que une essas duas estruturas. A cauda é constituída por três segmentos: a peça intermediária, peça principal e peça terminal. Essa estrutura, formada a partir dos centríolos, 6
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favorece a motilidade durante a fecundação. A peça intermediária contém mitocôndrias que fornecem ATP para a atividade desse flagelo. As células de Sertoli que revestem os túbulos seminíferos dão suporte e nutrição para células germinativas. Os espermatozoides são transportados passivamente dos túbulos seminíferos para o epidídimo, onde são armazenados e tornam-se maduros. Ele é continuo com o ducto deferente que transporta os espermatozoides para a uretra. OBS: A espermatogênese dura por volta de 64 dias nos túbulos seminíferos e 12 dias no epidídimo, etapa fundamental do ciclo senão os espermatozoides morreriam dentro de 24 – 36 horas. Eles adquirem sua motilidade somente mediante a adição de secreções das glândulas sexuais acessórias- próstata e vesículas seminais- no ejaculado.
OVOGÊNESE É o processo de formação dos ovócitos maduros. Este processo de maturação inicia-se antes do nascimento e é completado depois da puberdade, continuando até a menopausa. Maturação pré-natal dos ovócitos : Durante a vida fetal inicial, as ovogônias se proliferam por divisões mitóticas para formar os ovócitos primários antes do nascimento. O ovócito primário circundado por uma camada de células epiteliais foliculares constitui um folículo primordial . Os ovócitos iniciam sua primeira divisão meiótica antes do nascimento, mas param na prófase I (na fase do diplóteno) até a adolescência. Maturação pós-natal dos ovócitos : Após o nascimento, não se forma mais nenhum ovócito primário, ao contrário do que ocorre no homem, e existem cerca de 2 milhões de ovócito primários. Estes permanecem em repouso até a puberdade, motivo responsável pela alta frequência de erros meióticos que ocorrem com o aumento da idade materna. Na adolescência restam cerca de 40 mil e destes cerca de 400 tornam-se ovócitos secundários e são liberados na ovulação. A partir da puberdade um folículo amadurece a cada mês, completa a primeira divisão meiótica e pára na metáfase da segunda divisão. Forma-se o ovócito secundário que recebe quase todo o citoplasma e o primeiro corpo polar (célula pequena, não funcional, que logo degenera) recebe muito pouco. Antes da ovulação, o núcleo do ovócito secundário inicia a segunda divisão meiótica, mas progride até a metáfase, quando a divisão é interrompida. Se um espermatozoide penetra nesse ovócito, a segunda divisão é completada e novamente maior parte do citoplasma é mantida em uma célula, o ovócito fecundado. A outra célula, o segundo corpo polar , é uma célula também pequena, não funcional, que logo degenera.
FOLÍCULO OVARIANO O ovócito fica contido numa vesícula denominada folículo ovariano. A formação do folículo se inicia com cerca de 18 semanas, perto da metade da vida pré-natal. Inicialmente, o ovócito primário está envolvido por uma única camada de células epiteliais achatadas - folículo primordial - depois por uma camada de células cuboides ou colunares folículo primário - a seguir por um epitélio estratificado - folículo secundário - e, finalmente, por células que delimitam uma cavidade cheia de líquido, o antro- folículo terciário ou vesicular . Alguns dias após a menstruação, um novo folículo será escolhido (folículo dominante), o ovócito atinge a segunda divisão meiótica, aumenta rapidamente de tamanho mediante a produção de fluido intercelular, e atinge o estágio de folículo secundário e, posteriormente, de folículo terciário (folículo de DeGraaf). A maioria dos folículos secundários e terciários regride formando folículos atrésicos. O ovócito adquire uma cobertura chamada zona pelúcida, que é secretada tanto pelo ovócito, como pelas células foliculares. Envoltório transparente, acelular, glicoprotéica que age como barreira para os espermatozoides. Depois da fertilização, ela bloqueia a poliespermia e protege o embrião. Durante a formação do antro, as células foliculares se comprimem periféricamente e formam o estrato granuloso, em torno do qual o estroma ovariano se condensa formando 7
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uma camada glandular, a teca interna. O desenvolvimento folicular completo e a ovulação dependem do estímulo do ovário pelo hormônio FSH e LH, provenientes da hipófise.
CICLO OVARIANO E UTERINO O eixo hipotálamo-hipófise-gonadal é responsável pela produção de hormônios gonadotróficos (FSH e LH) que dão início as mudanças cíclicas no ovário na puberdade. Estes hormônios por sua vez levam o ovário a secretar estrógeno e progesterona, responsável pelo ciclo uterino. O ciclo uterino e ovariano prepara o sistema reprodutor para a gravidez. Ciclo ovariano: compreende a fase folicular e luteínica. Fase folicular : Dura 12-16 dias. o Iniciada pelo FSH, acompanhada pelo aumento de estrógeno, que tem um aumento rápido e desencadeia um aumento pré-ovulatório de LH, que induz a ovulação. Fase luteínica: Dura 10-16 dias. o Caracterizada por uma mudança na dominância de estrógenos para progesterona pela formação de um corpo lúteo.
Ciclo uterino: compreende a fase menstrual, proliferativa e secretora. Menstruação: Abrange 4-5 dias o durante os quais a membrana mucosa do endométrio descama e ocorre o sangramento. Os sinais ovarianos de queda do estrógeno e progesterona são essenciais. Fase proliferativa: Após a o menstruação, há um aumento do estímulo estrogênico, regenerando o endométrio, a partir das glândulas uterinas da camada basal. Fase secretora: Depois da ovulação, o o corpo lúteo secreta progesterona e estrógeno. O estroma uterino torna-se edemaciado e as células do estroma de hipertrofiam (reação da decídua) preparando-se para uma possível gravidez.
Correlações clínicas Modificações do Genoma: A não-disjunção ocorre quando os cromossomos pareados ou cromátides-irmãs não se separam na anáfase da meiose I, ou na meiose II. Síndrome de Down: Não-disjunção do cromossomo 21 (47, trissomia do 21).Anomalia cromossômica causada por um erro durante a meiose. Ocorre quando um gameta com duas cópias do cromossomo 21 se une com um gameta normal, resultando em um embrião com trissomia do 21, que pode sobreviver, ao contrário da monossomia do 21. Crianças com trissomia do 21 (Síndrome de Down) possuem características faciais reconhecíveis com baixa implantação das orelhas, baixa estatura, retardo mental, defeitos cardíacos congênitos, perda de audição, obstrução duodenal e defeitos no sistema imune. Estudos da década de 1990 que utilizavam uma técnica molecular sensível (Southern Blot) forneceu evidências de que cerca de 90 a 95% dos casos de Síndrome de Down acontecem pela não-disjunção na linhagem germinativa materna. OBS: Algumas vezes, uma cópia do cromossomo 21 se prende a outro cromossomo, como o cromossomo 14, evento chamado translocação que afeta 2 a 5%de todos os indivíduos com Sindrome de Down. A incidência de tal síndrome aumenta significativamente com a idade materna, após os 40 anos.et al. (2008). Síndrome de Turner : Não-disjunção dos cromossomos sexuais em mulheres (X0). Síndrome de Klinefelter : Não-disjunção dos cromossomos sexuais em homens (XYY) 8
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PRIMEIRA SEMANA 1) Fecundação União de um espermatozoide com um ovócito secundário, que ocorre normalmente na ampola da tuba uterina formando o zigoto. Fases da fecundação: Passagem do espermatozoide através da corona radiata do ovócito (reação acrossômica): Auxiliado pela ação da enzima hialuronidase, liberada do acrossoma do espermatozoide, e também, pelo movimento da cauda do espermatozoide. Penetração na zona pelúcida: Formação de um caminho na zona pelúcida através da ação de enzimas. Logo que o espermatozoide penetra a zona pelúcida desencadeia o fim da segunda meiose e uma reação zonal, mudanças das propriedades físicas da zona pelúcida que a torna impermeável a outros espermatozoides. Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide: A cabeça e a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do ovócito na área de fusão. Término da segunda divisão meiótica do ovócito: Formação do ovócito maduro (pronúcleo feminino) e o segundo corpo polar. Formação do pronúcleo masculino: Dentro do citoplasma do ovócito, o núcleo do espermatozoide aumenta para formar o pronúcleo masculino, enquanto que a cauda do espermatozoide se degenera. Durante o crescimento, os pronúcleos replicam seu DNA. Lise da membrana do pronúcleo: Ocorre a agregação dos cromossomos (23 cromossomos de cada núcleo resulta em um zigoto) para a divisão celular mitótica e primeira clivagem do zigoto (figura 2). Embriões Anormais E Abortamentos Espontâneos: A implantação inicial do blastocísto é um período crítico de desenvolvimento que pode falhar devido a produção inadequada de progesterona e estrogênio pelo corpo lúteo
Abortamento espontâneo precoce: Anormalidades cromossômicas Seleção natural de embriões
2) Clivagem do Zigoto Consiste em divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando em um rápido aumento no número de células. Estas células embrionárias –os blastômeros- tornam-se menores a cada divisão. Quando já existem de 12 a 32 blastômeros o concepto é chamado de mórula. 3) Formação e Implantação do Blastocisto A mórula alcança o útero cerca de quatro dias após a fecundação e o fluido da cavidade uterina passa através da zona pelúcida para formar a cavidade blastocística. À medida que o fluido aumenta na cavidade, os blastômeros são separados em duas partes: À medida que o fluido aumenta na cavidade, os blastômeros são separados em duas partes: Trofoblasto: Camada celular externa que formará a parte embrionária da placenta. Embrioblasto: Grupo de blastômeros localizados centralmente que dará origem ao embrião.
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OBS: Durante esse estágio o concepto é chamado de blastocisto. Cerca de 6 dias após a fecundação, o blastocisto adere ao epitélio endometrial por ação de enzimas proteolíticas (metaloproteinases) e a implantação sempre ocorre do lado onde o embrioblasto está localizado. Logo, o trofoblasto começa a se diferenciar em duas camadas: Citotrofoblasto: Camada interna de células. Sincicitrofoblasto: Camada externa de células. OBS: No final da primeira semana o blastocisto está superficialmente implantado na camada endometrial na parte póstero-superior do útero. O sinciciotrofoblasto é altamente invasivo e se adere a partir do polo embrionário, liberando enzimas que possibilita a implantação do blastocisto no endométrio do útero. Esse é responsável pela produção do hormônio hCG que mantém a atividade hormonal no corpo lúteo durante a gravidez e forma a base para os testes de gravidez. Correlações clínicas: Defeitos no desenvolvimento: A tuba uterina colabora para o transporte do ovócito. Se a tuba estiver impérvia, devido a algum processo inflamatório pregresso, pode ocorrer implantação do zigoto na mucosa da tuba, estrutura inapropriada e que causa risco de hemorragia materna - Gravidez tubária. O ovócito pode também cair na cavidade abdominal e se implantar na escavação reto-uterina (Saco de Douglas), que culmina com morte do embrião -Gravidez abdominal. Defeitos de implantação do blastocisto no útero: Após o desenvolvimento normal o blastocisto pode sofrer implantações atípicas, como próximo a cérvix uterina - placenta prévia - que pode resultar em complicações no decorrer da gestação. SEGUNDA SEMANA Caracteriza-se por: Término da implantação do blastocisto (10° dia) Formação do disco embrionário bilaminar - epiblasto e hipoblasto; 10
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Formação de estruturas extra-embrionárias: a cavidade amniótica, o âmnio, o saco vitelino, o pedúnculo de conexão e o saco coriônico.
1. Formação da cavidade amniótica, do disco embrionário e do saco vitelino Com a progressão da implantação do blastocisto, ocorrem mudanças no embrioblasto que resultam na formação de uma placa bilaminar – o disco embrionário- formado por duas camadas: Epiblasto: Camada celular espessa e colunar, que desenvolve rapidamente à cavidade amniótica. Hipoblasto: Camada celular delgada e cuboide, que forma o saco vitelino. OBS: Concomitante a esses processos, aparece um pequeno espaço no embrioblasto, a cavidade amniótica. O epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica e o hipoblasto o teto da cavidade exocelômica. Células do hipoblasto migram para formar a membrana exocelômica que reveste a superfície interna do citotrofoblasto. Logo se modifica para formar o saco vitelino primitivo. As células do endoderma do saco vitelino formam o mesoderma extra-embrionário, que circunda o âmnio e o saco vitelino. Assim, há formação do âmnio, disco bilaminar e saco vitelino. OBS: Com o desenvolvimento, surgem espaços celômicos isolados no interior do mesoderma extra-embrionário. Posteriormente, fundem-se para formar o celoma extra-embrionário, que envolve o âmnio e o saco vitelino. 2. Desenvolvimento do saco coriônico O celoma extra-embrionário divide o mesoderma extra-embrionário em duas camadas: Mesoderma somático extra-embrionário, que reveste o trofoblasto e o âmnio. Mesoderma esplâncnico extra-embrionário, que envolve o saco vitelino. OBS: Córion: Formado pelo mesoderma somático extra-embrionário e as duas camadas de trofoblasto. TERCEIRA SEMANA Caracteriza-se por: Aparecimento da linha primitiva; Formação da notocorda; Formação do disco trilaminar 1) GASTRULAÇÃO : FORMAÇÃO DAS CAMADAS GERMINATIVAS Processo pelo qual o disco embrionário bilaminar é convertido em disco embrionário trilaminar (inicio da morfogênese). Durante a gastrulação, ocorrem alguns eventos importantes como a formação da linha primitiva, camadas germinativas, placa precordal e notocordal. Cada uma das três camadas germinativas dará origem a tecidos e órgãos específicos: Ectoderma: Origina a epiderme, sistema nervoso central e periférico e a várias outras estruturas; Mesoderma: Origina as camadas musculares lisas, tecidos conjuntivos, e é fonte de células do sangue e da medula óssea, esqueleto, músculos estriados e dos órgãos reprodutores e excretor; Endoderma : Origina os revestimentos epiteliais das passagens respiratórias e trato gastrointestinal, incluindo glândulas associadas.
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Correlação Clínica: Teratoma Sacrococcígeo O tumor contém elementos das três camadas germinativas em estágios incompletos de diferenciação Incidência de 1 em 35.000 nascidos vivos Diagnosticados por ultra-sonografia e a maioria benignos Retirados cirurgicamente com bom prognóstico
Formação da Linha Primitiva No início da terceira semana a linha primitiva surge na extremidade caudal do embrião como resultado da proliferação e migração de células do epiblasto para o plano mediando do disco embrionário, constituindo o primeiro sinal da gastrulação. Na sua extremidade cefálica surge o nó primitivo, com uma pequena depressão no centro chamado fosseta primitiva e ao longo da linha forma-se o sulco primitivo. O aparecimento da linha primitiva torna possível identificar o eixo embrionário. Após esse processo, ocorre a invaginação de células do epiblasto que dão origem as três camadas germinativas do embrião: o mesênquima ou mesoblasto, que origina os tecidos de sustentação e conjuntivos do corpo, um pouco forma o mesoderma intra-embrionário e outras deslocam o hipoblasto e formam endoderma intra-embrionáiro. As demais células que permanecem no epiblasto formam o ectoderma intra-embrionario. A linha primitiva regride e desaparece na quarta semana do desenvolvimento. OBS: Restos de linha primitiva persistentes resultam em: Teratoma Sacrococcígeo
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OBS: É importante perceber que o epiblasto forma as três camadas germinativas
Formação do processo notocordal Células mesenquimais migram cefalicamente do nó e da fosseta primitiva formando um cordão celular mediano o processo notocordal . Esse processo adquire uma luz - canal notocordal - e cresce até alcançar a placa precordal, área de células endodérmicas firmemente aderidas a ectoderma. Estas camadas fundidas formam a membrana bucofaríngea (boca). Caudalmente a linha primitiva há uma área circular também com disco bilaminar, a membrana cloacal (ânus). A notocorda surge pela transformação do bastão celular do processo notocordal. O assoalho do processo notocordal funde-se com o endoderma e degeneram. Ocorre então a proliferação de células notocordais a partir da extremidade cefálica, a placa notocordal se dobra e forma a notocorda. A notocorda: Define o eixo do embrião; Base para formação do esqueleto axial; Futuro local dos corpos vertebrais. 13
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Formação do Alantoide O alantoide é um anexo embrionário que surge por volta do 16° dia na parede caudal do saco vitelino. Durante a maior parte do desenvolvimento, o alantoide persiste como uma linha que se estende da bexiga urinária até a região umbilical, chamada de úraco, a qual nos adultos corresponderá ao ligamento umbilical mediano.
2) NEURULAÇÃO: FORMAÇÃO DO TUBO NEURAL A formação da placa neural é induzida pela notocorda em desenvolvimento. Por volta do 18° dia, a placa neural se invagina ao longo do eixo central, formando o sulco neural mediano, com pregas neurais em cada lado. No fim da terceira semana, as pregas neurais começam a aproximar-se e a se fundir, formando o tubo neural, primórdio do SNC. Este logo se separa do ectoderma da superfície, se diferencia e forma a epiderme da pele. A fusão das pregas neurais avança em direção cefálica e caudal, permanecendo abertas na extremidade cranial - neuroporo rostral – até o 14
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25º dia e na extremidade caudal – neuroporo caudal – até o 27º dia. Concomitante a esse processo, as células da crista neural migram e formam uma massa entre o ectoderma e o tubo neural, a crista neural. Logo, a crista se separa em duas partes, direita e esquerda, e origina os gânglios espinhais e os gânglios do sistema autônomo e as meninges. O ácido fólico é uma vitamina importante na gestação, seu consumo também merece grande atenção, pois está associada à formação do tubo neural principalmente no início da gestação. Assim, aconselha-se a suplementação medicamentosa de 200 µg por dia antes da concepção e no primeiro trimestre da gestação. A deficiência dessa vitamina está relacionada a defeitos no tubo neural, quando ocorrer no início da gestação; e à anemia megaloblástica, devido à produção excessiva de hemácias, quando ocorrer no final. Além disso, outras consequências de sua deficiência são: aborto espontâneo, hemorragias, pré-eclâmpsia e Restrição de Crescimento Intra-Uterino
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3) DESENVOLVIMENTO DOS SOMITOS Durante a formação da notocorda e do tubo neural, o mesoderma intra-embrionário se divide em: mesoderma paraxial, intermediário e lateral (contínuo com o mesoderma extra-embrionário). Próximo ao fim da 3° semana de gestação, o mesoderma paraxial diferencia-se e forma os somitos. No fim da 5° semana 42 a 44 pares de somitos estão presentes e avançam cefalocaudalmente dando origem à maior parte do esqueleto axial e músculos associados, assim como a derme da pele adjacente. 4) DESENVOLVIMENTO DO CELOMA INTRA-EMBRIONÁRIO No interior do mesoderma lateral e cardiogênico surgem espaços celômicos que se unem e formam o celoma intra-embrionário, dividindo o mesoderma lateral em duas camadas: Camada parietal/ somática que cobre o âmnio; Camada visceral/ esplâncnica que cobre o saco vitelino: Somatopleura = mesoderma somático + ectoderma sobrejacente Esplancnopleura = mesoderma esplacnico + endoderma subjacente Durante o 2° mês, o celoma está dividido em 3 cavidades: Cavidade pericárdica; Cavidades pleurais; Cavidade peritoneal.
5) DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR No início da 3°semana começa a angiogênese no mesoderma extraembrionário do saco vitelino, do pedículo do embrião e do córion. A formação dos vasos sanguíneos inicia-se com a agregação dos angioblastos – ilhotas sanguíneas. Pequenas cavidades vão se formando dentro das ilhotas, os angioblastos se achatam e originam o endotélio primitivo. Essas cavidades se unem formando redes de canais endoteliais. O coração e os grandes vasos provêm de células mesenquimais da área cardiogênica. Durante a 3ª semana os tubos endocárdicos se fundem, originando o tubo cardíaco primitivo. No fim da 3ª semana o sangue já circula e desenvolve-se o primórdio de uma circulação uteroplacentária.
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ORGANOGÊNESE (QUARTA A OITAVA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO) O período de organogênese ocorre da quarta à oitava semana do desenvolvimento embrionário. Ao final da oitava semana, o funcionamento da maioria dos principais sistemas de órgãos é mínimo, com exceção do sistema cardiovascular. No término desse período, o embrião terá aspecto humano. 1) DOBRAMENTOS DO EMBRIÃO Os dobramentos levarão à transformação de um disco trilaminar plano em um embrião praticamente cilíndrico. O dobramento ocorre nos planos mediano e horizontal e é decorrente do rápido crescimento do embrião, particularmente do encéfalo e da medula espinhal. A velocidade de crescimento lateral do embrião não acompanha a velocidade de crescimento longitudinal, ocasionando o seu dobramento. Os dobramentos das extremidades cefálica e caudal e o dobramento lateral ocorrem simultaneamente. 2) DOBRAMENTOS DO EMBRIÃO NO PLANO MEDIANO O dobramento ventral nas extremidades cefálica e caudal do embrião produz as pregas cefálica e caudal. Prega cefálica No início, o encéfalo em desenvolvimento cresce para dentro da cavidade amniótica. Posteriormente, o prosencéfalo projeta-se cefalicamente, e ultrapassa a membrana bucofaríngea (ou orofaríngea), recobrindo o coração em desenvolvimento. Concomitantemente, o septo transverso, Coração Primitivo, celoma pericárdico e membrana bucofaríngea se deslocam para a superfície ventral do embrião. Durante o dobramento longitudinal, a parte dorsal do endoderma do saco vitelínico é incorporada ao embrião com o intestino anterior (primórdio do segmento inicial do sistema digestório). A prega cefálica também influencia a disposição do celoma embrionário já que após o dobramento, o celoma pericárdico fica em posição caudal em relação ao coração e cefálica, ao Septo Transverso. Nesse estágio, o celoma intra-embrionário se comunica com o celoma extra-embrionário.
Prega caudal Resulta do crescimento da parte distal do tubo neural. A medida que o embrião cresce, a região caudal projeta-se sobre a membrana cloacal. Durante esse dobramento, parte do Endoderma é incorporado como intestino posterior, cuja porção terminal dilata-se para formar a cloaca. Após o dobramento, o pedículo de fixação (ou pedículo de conexão), primórdio do cordão umbilical, fica preso à superfície ventral do embrião, enquanto a Alantoide é parcialmente incorporada.
3) DOBRAMENTO LATERAL NO PLANO HORIZONTAL Pregas laterais Resulta do crescimento rápido da medula espinhal e dos somitos, formando as pregas laterais direita e esquerda, cujo crescimento desloca o disco embrionário ventralmente, formando um embrião praticamente cilíndrico. Conforme as paredes abdominais se formam, parte do endoderma é incorporada como intestino médio, que antes do dobramento tinha conexão com o Saco Vitelino. Após o dobramento, essa conexão fica reduzida a um canal vitelino ou ducto vitelino. Quando as pregas do embrião fundem-se ao longo da linha média ventral, forma-se o celoma intra-embrionário. Os dobramentos do embrião são responsáveis pela arquitetura anatômica das membranas serosas no indivíduo: o interior da parede do corpo será coberto por mesoderma somático; e as vísceras, pelo mesoderma esplâncnico. O embrião formado será “um tubo dentro de um tubo” no qual o tubo ectodérmico externo forma a pele, e o tudo endodérmico interno formam o intestino. Preenchendo o espaço entre esses dois tubos, está a mesoderme. 4) Derivados dos folhetos germinativos Os Três Folhetos Germinativos (ectoderma, mesoderma e endoderma) que dão origem a todos os órgãos e tecidos são formados durante a Gastrulação. Ectoderma: sistema nervoso central e periférico; epitélios sensoriais do olho, da orelha e do nariz; epiderme e anexos (unhas e pelos); glândulas mamárias; hipófise; glândulas subcutâneas; esmalte dos dentes; gânglios espinhais, autônomos e cranianos (V, VII, IX, X); bainha dos nervos do sistema nervoso periférico; meninges do encéfalo e da medula espinhal. Mesoderma: tecido conjuntivo; cartilagem; ossos; músculos estriados e lisos; coração; vasos sanguíneos e linfáticos; rins; ovários, testículos; ductos genitais; membranas pericárdica, pleural e peritoneal; baço e córtex das adrenais. 17
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Endoderma : revestimento epitelial dos tratos respiratório e gastrointestinal; tonsilas; tireoide e paratireoides; timo, fígado e pâncreas; revestimento epitelial da bexiga e maior parte da uretra; revestimento epitelial da cavidade do tímpano, antro timpânico e da tuba auditiva.
PRINCIPAIS EVENTOS DA 4ª A 8ª SEMANA Quarta semana: Mudanças na forma do corpo No começo, o embrião é quase reto, com 4 a 12 somitos. O tubo neural forma-se em frente aos somitos, mas é amplamente aberto: neuróporos rostral (anterior) e caudal (posterior) Embrião levemente encurvado por causa das pregas cefálicas e caudal No 26º dia o neuróporo rostral já fechou Dobramento do embrião: curvatura em C O coração forma uma grande saliência ventral e bombeia sangue Com 24 dias os pares de arcos faríngeos são visíveis. Com 26 dias, 3 pares já se desenvolveram No 26º ou 27º dia, os brotos dos membros superiores tornam-se reconhecíveis na parede ventrolateral do corpo As fossetas óticas (primórdio das orelhas internas) também são visíveis Nos lados da cabeça são visíveis espessamentos ectodérmicos, denominados placoides do cristalino No final da quarta semana: 18
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O quarto par de arcos faríngeos é visível Os brotos dos membros inferiores estão presentes Longa eminência caudal Geralmente o neuroporo caudal está fechado
Quinta semana: Pequenas mudanças na forma do corpo Crescimento da cabeça excede o crescimento das outras regiões A face entra em contato com a proeminência cardíaca
Sexta semana: Os intestinos penetram na parte proximal do cordão umbilical Os membros superiores começam a apresentar uma diferenciação regional (cotovelo e placas das mãos) Formação dos raios digitais (primórdios dos dedos) Movimentos espontâneos: contração muscular dos membros e do tronco Saliências auriculares e meato acústico externo Olho bem evidente e respostas reflexas ao toque Cabeça encurvada e muito maior em relação ao tronco
Sétima semana: Os membros sofrem modificações consideráveis. Aparecem chanfraduras entre os raios digitais das mãos A comunicação entre o intestino primitivo e o saco vitelino está reduzida: pedículo vitelino Início da ossificação dos membros superiores
Oitava semana: Os dedos das mãos estão separados, mas ainda estão claramente unidos por membranas Chanfraduras são visíveis entre os raios digitais dos pés O plexo vascular do couro cabeludo já apareceu e forma faixa característica que envolve a cabeça Primeiros movimentos voluntários dos membros A ossificação começa nos membros inferiores e é identificável primeiro no fêmur Final da oitava semana: Todas as regiões dos membros já são bem evidentes o Os pavilhões auriculares começam a assumir sua forma final o Desaparecimento dos sinais de eminência caudal o Embrião com características nitidamente humana o A cabeça, porém, ainda é desproporcionalmente grande o Região do pescoço definida e pálpebras evidentes o Intestinos ainda na porção proximal do cordão umbilical o Identificação do sexo ainda não é possível o
ESTIMATIVA DA IDADE GESTACIONAL Idade gestacional (tempo de gestação): Tem por base o primeiro dia do último período menstrual normal Idade da Concepção: Usada quando a data real da concepção é conhecida.
OBS: Em algumas mulheres o cálculo da Idade Gestacional a partir da história menstrual pode não ser confiável e pode ser necessária a utilização de exames complementares. A ultrassonografia mede o tamanho da cavidade coriônica e de seu conteúdo embrionário e, a partir desses dados, estima a data da concepção. OBS: Ginecologista e ultrassonografistas devem utilizar a mesma terminologia. 19
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OBS: A data do nascimento é calculada como sendo 266 dias após a data estimada da fertilização, ou 280 dias após o início do último período menstrual normal (UPMN). Desde a fertilização até o fim do período embrionário (8 semanas), a idade é melhor expressa em dias; depois, a idade é dada em semanas. DATA PROVÁVEL DO PARTO (DPP) Com base na idade de fecundação - 266 dias ou 38 semanas Com base nas semanas menstruais - 280 dias ou 40 semanas Regra comum (regra de Nagele)- contar para trás 3 meses a partir do primeiro dia do UPMN e acrescentar 1 ano e 7 dias MÉTODOS DE MEDIDA DO EMBRIÃO Na terceira semana e início da quarta - medidas indicam o maior comprimento (MC) Comprimento topo da cabeça-nádega (CR) é usado mais frequentemente em embriões mais velhos O comprimento topo da cabeça - calcanhar, é, algumas vezes, determinada em embriões com 8 semanas PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO DO FETO Aminiocentese: Procedimento invasivo em 15-18 semanas de gravidez, o qual consiste na retirada de uma amostra de líquido amniótico, inserindo-se uma agulha através da parede abdominal uterino, anterior uterina, da mãe até a cavidade amniótica. Retira-se de 20 a 30 ml de líquido amniótico nessa punção e ai é analisado, pois dentro do líquido amniótico encontra-se células do feto em camadas; é feita uma análise dessas células para ver se existe alguma alteração cromossômica. Quando a ultrassonografia está dando algum indicativo de alteração naquele embrião, naquele feto, então se faz a amniosentese para se confirmar alguma suspeita. É feita em mães acima de 38 anos porque apresenta chance de maiores alterações cromossômicas , mas também em mães que têm um parente de primeiro grau com alterações cromossômicas , ou então uma mãe que já teve um bebe com anormalidade cromossômica.
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Dosagem De Alfa-Fetoproteína (AFP): A AFP é uma glicoproteína sintetizada pelo fígado, intestino fetal e pelo saco vitelínico. Presente em alta concentração no soro do feto, sobretudo a partir da 14ª semana de desenvolvimento. No líquido amniótico existe baixa concentração de AFP Quando presente em quantidades elevadas no líquido amniótico, fetos com defeitos abertos do tubo neural e da parede abdominal. Exame ultrassonográfico Estimativa do tempo de gestação Avaliação do crescimento do embrião Orientação durante amostragem de vilosidade coriônica Suspeita de gravidez ectópica Possível anormalidade uterina Detecção de anomalias congênitas Tomografia computadorizada e imagem por ressonância magnética: Fornece maiores informações sobre uma anormalidade detectada na ultrassonografia Vantagem: não usa radiação ionizante Desvantagem: alto custo
ANOMALIAS CONGÊNITAS Malformação: Se um órgão apresenta uma alteração em sua estrutura morfológica (em parte ou na totalidade), temos um defeito morfológico. Se for comprovado que este defeito foi causado por uma anormalidade cromossômica, pode-se dizer que é uma alteração morfogenética. Esta pode ser herdada. Perturbação: Se um bebê nasce com um defeito morfológico provocado por uma interferência externa, tal como teratógenos (drogas ou vírus, por exemplo), será classificado como perturbação. Este fator não é hereditário, mas fatores hereditários podem predispor a uma perturbação. Deformação: Isto ocorre graças às forças mecânicas, causando uma forma ou aparência anormal de uma determinada porção corpórea. Pode-se citar como exemplo o “pé equinovaro”, que é causado pela insuficiência de líquido amniótico, resultando no pé torto do bebê. Esta alteração é causada por forças mecânicas externas. 20
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Displasia: É a formação alterada de um determinado tecido, aonde as células irão se dispor de forma inusitada e não esperada, considerando os padrões. Não há uma causa específica para o acontecimento da displasia.
OBS: Em 1991 surgiram as primeiras publicações de que o vírus poderiam provocar uma invalidade nesse desenvolvimento, sendo poderiam ser decorrentes de fatores genéticos, fatores ambientais genéticos e ambientais atuam em conjunto). Por exemplo, hoje em mais olhar para ela e concluir que isso foi uma herança genética.
da rubéola e um sedativo chamado de talidomida assim descobriram que as anomalias congênitas, bem como heranças multifatoriais (quando fatores dia você ao ver uma criança cega, você não pode
TERATÓGENOS HUMANOS CONHECIDOS O conhecimento médico acerca de teratógenos possibilita as mulheres prevenir certas anomalias congênitas. Tabagismo e a nicotina: Retardo no Crescimento Intra-Uterino Cafeína: a cafeína não é um teratógeno humano conhecido; entretanto, não há garantia de que um grande consumo materno seja seguro para o embrião Álcool - afeta 1% a 2% das mulheres em idade fértil Síndrome Alcoólica Fetal: deficiência do crescimento, retardo mental, microcefalia, hipoplasia do maxilar, nariz curto, lábio superior delgado, anomalias nos membros e coração • •
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Antic onvulsivantes o o
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Tratamento de epilepsia Trimetadiona: retardo do crescimento, sobrancelhas em V, orelhas em posição baixa, fenda labial Fenitoína: retardo do crescimento, microcefalia, retardo mental, hipoplasia das unhas ( síndrome da hidantoína fetal )
Tranquilizantes
Período crítico: 24 a 36 dias após a fertilização Características da síndrome da talidomida: Meromelia (as anomalias variaram desde a amelia até a micromelia) Meromelia
Atravessa a membrana placentária e infecta o embrião/feto Síndrome da Rubéola Congênita : Catarata, defeitos cardíacos e surdez, deficiência mental, glaucoma. Quanto mais no início da gravidez, maior o perigo Infecção nas primeiras 4 a 5 semanas: anomalias no olho, orelha, coração, cérebro
Citomegalovirus
Micromelia
Rubéola
Amelia
Infecção viral mais comum do feto humano Infecção no primeiro trimestre: a maioria das gestações terminam em aborto Após o primeiro trimestre: retardo do crescimento intrauterino, microcefalia, cegueira, paralisia cerebral, surdez, retardo mental
Toxoplas ma gondii
Ingestão de carne crua ou mal cozida (de porco, de cordeiro) Contato íntimo com animais domésticos infectados (geralmente gatos) ou com o solo Anomalias: deficiência mental, microcefalia, microftalmia, hidrocefalia
RESUMO DA EMBRIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL O sistema genital (reprodutor) está embriologicamente e anatomicamente associado ao sistema urinário (excretor). 21
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A porção terminal do intestino posterior chamada CLOACA é dividida pelo septo urorretal em seio anorretal e seio urogenital até a 7ª semana.
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA GENITAL O sexo cromossômico e genético é estabelecido na fecundação. Antes da 7ª. semana, a genitália externa e as gônadas dos dois sexos são idênticas em aparência – estágio
indiferenciado do desenvolvimento sexual
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL Fenótipo masculino requer um cromossomo y. Um gene - fator determinante do testículo (FDT) foi localizado na região determinante do sexo do cromossomo yresponsável pela diferenciação testicular. A simples ausência do cromossomo y resulta na formação de um ovário. A diferenciação sexual feminina primária independe de hormônios – ocorre na ausência de ovários e aparentemente não sofre influência hormonal. Nas mulheres, os cromossomos X carregam genes para o desenvolvimento ovariano. FORMAÇÃO DAS GONADAS Os estágios iniciais do desenvolvimento das gônadas ocorrem durante a 5ª. semana, quando uma área espessada se desenvolve no lado medial do mesonefro – a crista gonadal. CÉLULAS GERMINATIVAS PRIMORDIAIS Estas células sexuais grandes, são visíveis na 4ª. Semana no saco vitelino. Durante o dobramento do embrião estas células migram até as cristas gonadais. CRIPTORQUIDIA Ocorre em até 30% dos meninos prematuros Não descida dos testículos: esterilidade Não descida dos testículos: esterilidade Decorre da deficiência na produção de andrógenos
DESCIDA DOS OVÁRIOS Os ovários também descem pela parede abdominal posterior até a região inferior da borda da pelve DETERMINAÇÃO DO SEXO Por volta da 8ª. semana, as células dos testículos começam a secretar hormônios androgênicos. A produção de testosterona é estimulada pelo HCG (Gonadotropina Coriônica Humana). O testículo fetal também produz uma glicoproteína conhecida como hormônio antimulleriano ou substância inibidora de Muller produzido pelas células de sertoli. FORMAÇÃO DOS DUCTOS GENITAIS Os embriões possuem dois pares de ductos genitais Os ductos mesonéfricos : desenvolvimento do sistema reprodutor masculino Os ductos paramesonéfricos: desenvolvimento do sistema reprodutor feminino FORMAÇÃO DOS DUCTOS GENITAIS MASCULINOS Os hormônios masculinizantes (ex: testosterona) e a substância inibidora de Muller ( hormônio antimulleriano ) produzidos pelos testículos fetais são essenciais no desenvolvimento e regressão dos ductos 22
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Testosterona - estimula os ductos mesonéfricos a formarem os ductos genitais masculinos Substância Inibidora de Muller – causa o desaparecimento dos ductos paramesonéfricos
FORMAÇÃO DOS DUCTOS GENITAIS MASCULINOS Na 8ª. semana a parte proximal de cada ducto mesonéfrico se curva para formar o epidídimo Conforme o mesonefro se degenera alguns túbulos mesonéfricos são transformados em ductos eferentes Estes ductos se abrem no ducto mesonéfrico que se transformou no ducto do epidídimo Distal ao epidídimo, o ducto mesonéfrico adquire um espesso revestimento de tecido muscular liso e se torna o ducto deferente. FORMAÇÃO DOS DUCTOS GENITAIS FEMININOS Os ductos mesonéfricos regridem por causa da ausência de testosterona Os ductos paramesonéfricos desenvolve-se por causa da ausência de substância inibidora de Muller Os ductos paramesonéfricos aproximam-se um do outro no plano mediano na região pélvica para formar o primórdio uterovaginal em forma de “y” A fusão dos ductos paramesonéfricos permite a formação de dois compartimentos peritoneais – a bolsa retouterina e a bolsa vesicouterina. Da uretra feminina surgem brotos que formam as glândulas uretrais e as glândulas parauretrais
Evaginações do seio urogenital formam as glândulas vestibulares na parte inferior dos grandes lábios Até a 7ª semana a genitália externa é indiferenciada
DESENVOLVIMENTO DA GENITÁLIA EXTERNA NO HOMEM A masculinização da genitália externa é induzida pela testosterona O falo se alonga e forma o pênis As pregas urogenitais formam as paredes laterais do sulco uretral Pregas urogenitais fundidas - uretra esponjosa Intumescências labioescrotais fundidas - escroto DESENVOLVIMENTO DA GENITÁLIA EXTERNA NA MULHER O crescimento do falo cessa gradualmente, e torna-se o clitóris As partes não fundidas das pregas urogenitais formam os pequenos lábios . As partes não fundidas das intumescências labioescrotais formam os g randes lábios . CORRELAÇÕES CLÍNICAS DETERMINAÇÃO DO SEXO DO FETO O exame cuidadoso do períneo pode identificar uma genitália ambígua
Erros na determinação e diferenciação do sexo resultam em hermafroditismo O hermafroditismo implica a discrepância entre a morfologia das gônadas e a aparência da genitália externa As condições intersexuadas são classificadas de acordo com o aspecto histológicos das glândulas: Hermafroditas verdadeiros Pseudo-hermafrodita femininos Pseudo-hermafroditas masculinos
S ÍNDR OME DA INS E NS IB IL ID ADE AND R OG Ê NICA (AIS )
Mulheres com aparência normal, apresentando testículos e uma constituição cromossômica, 46 XY Apresentam mamas e a genitália externa é feminina, mas o útero e as tubas uterinas estão ausentes Não ocorre menstruação 23
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Do ponto de vista médico, legal, social e psicológico, elas são mulheres A ausência de masculinização resulta da resistência a ação da testosterona
RESUMO DA EMBRIOGÊNESE DO SISTEMA GENITAL Do ponto de vista embriológico, metade do material genético de cada sexo (23 cromossomos) se soma para formar um novo genoma. Dois desses cromossomos determinam a formação do sexo do embrião: os cromossomos sexuais X e Y. A pergunta a ser feita é: quem determina a formação do sexo? Podemos dizer que é “o homem quem manda”: o cromossomo Y é responsável por determinar o sexo genético e, desta forma, a genitália do embrião. Em outras palavras, poderíamos dizer que a presença do Y determina a formação de um indivíduo do sexo masculino; a ausência do Y, a formação de um indivíduo do sexo feminino. SEXO GENÉTICO Para formar o sexo genético, temos: 23X + 23X Cariótipo feminino Sexo genético 23X + 23Y Cariótipo masculino SEXO GONADAL Para formar o sexo gonadal, temos: Presença do cromossomo Y (gene SRY – sex determining region of the Y ): formação dos testículos, com suas respectivas células produtoras de gametas, que são as células de Sertoli e as células de Leydig. Ausência do cromossomo Y: formação dos ovários, com suas respectivas células produtoras de gametas, que são as células da teca e as células da granulosa. GENITÁLIA INTERNA Para formar a genitália interna, ocorre uma pequena diferença: todos os seres humanos, intrinsecamente, apresentam a capacidade embriológica de formar tanto a genitália interna masculina como a feminina. Entretanto, durante o desenvolvimento embrionário, a ordem comandada pelo cromossomo Y é capaz de fazer com que a genitália masculina se desenvolva e a genitália feminina regrida; do mesmo modo, a ausência da ordem faz com que a genitália feminina se sobreponha a masculina. Então, todos nós possuímos dois pares de tubos: o ducto de Wolf (ou mesonéfrico) e o ducto de Müller (ou paramesonéfrico); entretanto, normalmente, só um deles se desenvolve, enquanto o outro regride. Presença de cromossomo Y: desenvolve-se o tubo de Wolf (mesonéfrico), ocorre a produção do hormônio antimülleriano (AMH), produzido pelo testículo, e regride o tubo de Müller. A produção de testosterona (também por parte do testículo), por sua vez, garante que o tubo de Wolf desenvolva o restante da genitália interna masculina: epidídimo, ductos deferentes, vesículas seminais. Ausência de cromossomo Y: não ocorre a formação de AMH, o que permite o desenvolvimento do tubo de Müller (paramesonéfrico), regride o tubo de Wolf, e ocorre a formação da genitália interna feminina: trompas, útero, colo uterino e 2/3 superiores da vagina.
Como conclusão, devemos tomar nota dos seguintes pontos: Os testículos não fazem parte da genitália interna masculina e nem os ovários da genitália interna feminina: ambos são gônadas. Se apenas 2/3 superiores da vagina têm a mesma origem da genitália interna feminina, devemos considerar que o terço inferior é pertencente à genitália externa. Essa particularidade explica alguns casos de mulheres (que apresentam ovários) que só possuem uma parte da vagina (pois, por algum motivo, não houve a formação de sua genitália interna). A paciente é registrada então como mulher, mas apresentando uma vagina curta (que caracteriza a síndrome de Rokitansky).
GENITÁLIA EXTERNA Para a formação da genitália externa (que caracteriza o fenótipo), diferentemente da genitália interna, dependemos apenas de estruturas comuns para ambos os sexos. Isso significa que a presença da “ordem” (cromossomo Y) determina que essas estruturas deem origem à genitália externa masculina; a ausência da “ordem”, por sua vez, determina a formação da genitália externa feminina. As referidas estruturas são conhecidas como seio urogenital, tubérculo genital, protuberância lábio-escrotal e a prega (ou dobra) urogenital . Presença do cromossomo Y: no homem, o seio urogenital dá origem a próstata e a uretra; o tubérculo genital da origem a glande; a protuberância lábio-escrotal dá origem à bolsa escrotal; a prega urogenital forma o corpo do pênis. Ausência do cromossomo Y: na mulher, o seio urogenital dá origem a vagina (terço inferior) e a uretra; o tubérculo genital dá origem ao clitóris; a protuberância lábio-escrotal dá origem aos grandes lábios; a prega urogenital forma os pequenos lábios. 24
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Toda a diferenciação entre as genitálias externas masculina e feminina depende, portanto, do cromossomo Y, que determina a formação dos testículos e, por sua vez, a produção da testosterona, determinante no desenvolvimento dessa genitália. Além da testosterona, a enzima 5α-redutase (produzida nos testículos) garante a conversão da testosterona na diidrotestosterona, que é um androgênio mais potente e que está diretamente relacionado com o desenvolvimento da genitália masculina. A ausência da 5-α-redutase é determinante no desenvolvimento da genitália externa feminina. Todas essas etapas diferentes podem gerar anomalias diferentes. Imagina-se um paciente homem, com sexo genético 46XY e sexo gonadal masculino (com testículos), que produz AMH, responsável por inibir o desenvolvimento dos ductos de Müller e incentivar o desenvolvimento dos ductos de Wolf, gerando a produção de uma genitália interna masculina (epidídimo, ducto deferente, vesículas seminais); entretanto, no momento da formação de sua genitália externa, o seu testículo não produziu 5α-redutase e, consequentemente, não produziu diidrotestosterona (deficiência de 5α-redutase). Esse indivíduo vai desenvolver, com isso, uma genitália ambígua (em caso de deficiência parcial da 5αredutase) ou genitália feminina (em caso de deficiência total dessa enzima).
Conclusões: O sexo genético (cromossômico) determina o sexo gonadal, o qual, por sua vez, irá determinar o sexo fenotípico; A masculinização fetal é determinada por hormônios produzidos nos testículos em desenvolvimento; Na ausência dos testículos (ou da produção ou ação de seus hormônios), o desenvolvimento fenotípico é feminino, mesmo na ausência dos ovários. 25
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MÓDULO: SISTEMA ENDÓCRINO, REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
2016
Arlindo Ugulino Netto; Lívia Tafnes Almeida de Araújo.
HISTOLOGIA: TECIDO GLANDULAR Os epitélios glandulares são constituídos por células especializadas na atividade de secreção. As células epiteliais podem sintetizar armazenar e secretar proteínas (pâncreas), lipídios (adrenal e glândulas sebáceas) ou complexos de carboidratos e proteínas (glândulas salivares). Os epitélios que constituem as glândulas do corpo podem ser classificados de acordo com vários critérios. Glândulas unicelulares consistem em células glandulares isoladas, e glândulas multicelulares são compostas de agrupamentos de células.
NATUREZA DA SECREÇÃO Serosa: Secretam substâncias serosas, que é algo mais fluído, com grande quantidade de proteínas. Apresentam citoplasma proteico (básico), coran do-se bem com Eosina na cor Róseo escuro. Núcleos na maioria centrais. Ex.: Pâncreas endócrino. Mucosa: Secreção mais densa, de alta viscosidade. A maioria apresenta núcleo achatado, na periferia, corandose em Roxo Vivo. Secretam mucinogênio, glicoproteína que sob hidratação, incham e tornam-se um espesso lubrificante protetor, a MUCINA, seu principal do muco. Ex.: Células intestinais, salivares, caliciformes. Mista: Contém ácinos mucosos e serosos, sendo os mucosos com semiluas serosas. Exemplo: Sublingual e submandibular. VIAS DE SECREÇÃO Constitutiva: Secreção do produto de forma contínua, sem necessidade de estímulo por moléculas sinalizadoras e sem armazenamento. Reguladora: Glândulas concentram e armazenam seus produtos de secreção, até que uma molécula sinalizadora apropriada seja recebida. EFEITO Autócrino: Ocorre quando uma célula secreta um mensageiro químico para atuar em seus próprios receptores, como por exemplo a produção do fator de crescimento epidérmico. Parácrino: Os mensageiros químicos atuam sobre células adjacentes, sendo este um modo se ação de muitas células do sistema neuroendócrino difuso. Endócrino: É a secreção de mensageiros químicos (hormônios) para a corrente circulatória, atuando sobre tecidos distantes. GLÂNDULAS EXÓCRINAS As glândulas são sempre formadas a partir de epitélios de revestimento cujas células proliferam e invadem o tecido conjuntivo subjacente, após o que sofrem diferenciação adicional. Isto em geral ocorre na vida fetal. As glândulas que mantêm sua conexão com o epitélio do qual se originaram são denominadas glândulas exócrinas. Esta conexão toma a forma de ductos tubulares formados por células epiteliais e através destes ductos as secreções são eliminadas, alcançando a superfície do corpo ou cavidade, isto é, as glândulas exócrinas têm uma porção secretora constituída pelas células responsáveis pelo processo secretório e ductos que transportam a secreção. Avaliação do ducto glandular: Ducto simples: As glândulas que possuem somente um ducto não ramificado são denominadas glândulas simples Ducto composto: As que têm ductos ramificados são chamadas de glândulas compostas.
Morfologia das Glândulas Exócrinas: A organização celular da porção secretora representa um segundo critério para classificação das glândulas. Dependendo da forma de sua porção secretora, as glândulas simples podem ser classificadas como tubulares, tubulares enoveladas, tubulares ramificadas ou acinosas (cuja porção secretora é arredondada). As glândulas compostas, por sua vez, podem ser classificadas como tubulares, acinosas ou túbulo-acinosas. Tubulosas ou Tubular: a porção secretora assume a forma de tubo; Acinosas ou Alveolares: a porção secretora assume a forma de um cacho de uvas; Composta túbulo-acinosa: quando se encontram na mesma glândula porções secretoras tubulosas e acinosas.
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Eliminação da secreção das glândulas exócrinas: Quanto à eliminação da secreção pela glândula, esta pode ser classificada em: Merócrina: quando a secreção é eliminada sem perda do citoplasma. Ex.: Sudoríparas, lacrimais, pancreáticas. Apócrina: quando a secreção eliminada contém produto de secreção mais parte do citoplasma das células secretoras. Exemplo: glândulas mamárias. Holócrina: quando a secreção eliminada é constituída pelas próprias células secretoras, cujo acúmulo de secreção determina sua morte. Exemplo: glândula sebácea.
Tipos de Glândulas Exócrinas: Tecido Epitelial - Glândula Exócrina Unicelular - Cél. Caliciforme: As células caliciformes são células epiteliais cilíndricas modificadas, que sintetizam e secretam muco, e estão localizadas entre as outras células do epitélio. O núcleo da célula caliciforme e grande parte das organelas citoplasmáticas apresentam posição basal. A região apical do citoplasma, por sua vez, é alargada, sendo conhecida como teca. Essa região é rica em vesículas contendo glicoproteínas, denominadas mucina. A mucina é composta por mucopolissacarídeos neutros e ácidos, que são liberados por exocitose, e apresenta reação positiva pela técnica do PAS.
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OBS¹:Essa glândula unicelular está presente no revestimento do trato respiratório e digestivo. 27
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Tecido Epitelial - Gl. Tubular Simples Enovelada - Gl. Sudorípara: A porção secretora da glândula simples enovelada é constituída por um epitélio cúbico simples circundado por células mioepiteliais. Já o ducto da glândula é formado por um epitélio cúbico estratificado, cujas células são menores do que as unidades secretoras. Nos cortes histológicos, os ductos são sempre mais escuros do que as unidades secretoras. Tecido Epitelial – Gl. Tubular Simples – Intestino Grosso: Essa glândula é constituída por um epitélio cilíndrico simples, sendo que possui luz tubular única e reta, onde são lançados os produtos de secreção. Tecido Epitelial - Gl. Acinosa Simples - Gl. Sebácea: Os alvéolos apresentam-se formados por uma camada externa de células epiteliais achatadas que proliferam e diferenciam-se em células arredondadas, que vão acumulando no citoplasma o produto de secreção, de natureza lipídica. Os núcleos vão gradualmente se tornando condensados e desaparecem. As células mais centrais do alvéolo morrem e se rompem, formando a secreção sebácea. Logo, é um tipo de secreção holócrina. Tecido Epitelial - Gl. TubuloAcinar Ramificada Composta - Gl. Salivar: Tem-se como exemplo de glândulas tubuloacinar, a glândula submandibular e a sublingual, que são glândulas mistas (mucosas e serosas), diferentemente da parótida que é inteiramente serosa.
As células acinares serosas estão localizadas nas partes terminais secretoras e contêm grânulos de zimogênio apicais apresentando amilase salivar e outras proteínas salivares no seu interior. Já as células acinares mucosas secretam mucinas (glicoproteínas) na saliva. o
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Tecido Epitelial - Gl. Alveolar Composta – Pâncreas: A porção exócrina do pâncreas é uma glândula alveolar composta, similar à glândula parótida em estrutura. O ácino tem formato arredondado, com uma luz pequena luz central. As células secretoras dispõem-se no ácino como fatias de uma torta, apresentando formato trapezoidal e núcleo redondo localizado na base. OBS¹:O citoplasma celular é rico em vesículas contendo enzimas digestivas (grânulos de zimogênio) como o tripsinogênio, quimiotripsinogênio, carboxipeptidase, ribonuclease, lipase, amilase e desoxirribonuclease. Esses grânulos de zimogênio estão localizados no citoplasma apical das células acinares e são liberados por exocitose para a luz do ácino em resposta à hormônios. Tecido Epitelial- Gl. Tubular Simples Ramificada- Estômago: Cada glândula consiste em várias porções tubulares secretoras que convergem para um único tubo não ramificado, revestido por células secretoras.
GLÂNDULAS ENDÓCRINAS Nas glândulas endócrinas, a conexão com o epitélio foi obliterada durante o desenvolvimento. Estas glândulas, portanto, não têm ductos e suas secreções são lançadas no sangue e transportadas para o seu local de ação pela circulação sanguínea. OBS: Alguns órgãos têm funções tanto endócrinas como exócrinas e um só tipo de célula pode funcionar de ambas as maneiras – por exemplo, no fígado, onde as células que secretam bile através de um sistema de ductos também secretam produtos na circulação sanguínea. Em outros órgãos, algumas células são especializadas em secreção exócrina e outras em endócrina; no pâncreas, por exemplo, as células acinosas secretam enzimas digestivas na cavidade intestinal, enquanto as células das ilhotas secretam insulina e glucagon no sangue. Classificação: Cordonal : As células formam cordões anastomosados, entremeados por capilares sanguíneos. O hormônio é armazenado dentro da célula e só é liberado com a chegada de moléculas sinalizadoras ou com o impulso nervoso. Exemplo: Adrenal, paratireoide, hipófise anterior. Vesicular : As células formam vesículas ou folículos preenchidos de material secretado. O hormônio é liberado na forma de seu precursor, o coloide. Com a chegada de moléculas sinalizadoras, o hormônio é reabsorvido pelas células foliculares e liberado no Tecido Conjuntivo, onde desemboca na corrente sanguínea. Exemplo: Tireoide. 28
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Tipo de glândulas endócrinas: Tecido Epitelial - Secreção Endócrina - Ilhotas de Langerhans: As células secretoras das ilhotas de Langerhans estão dispostas na forma de cordões celulares e são entremeadas por uma rica rede capilar para transportar seus hormônios. Cada aglomerado celular acha-se envolto por uma membrana basal, refletindo a origem epitelial do mesmo.
Tecido Epitelial - Secreção Endócrina – Tireoide: A tireoide é uma glândula endócrina que armazena hormônios dentro de cavidades esféricas envoltas por células secretoras, estas unidades denominam-se folículos.
OBS: O tamanho do folículo e a altura das células – que normalmente são cúbicas – dependem do grau de atividade secretora e da quantidade de hormônios armazenados no folículo. Ou seja, quanto maior o nível de atividade da glândula mais colunares serão as células e maiores serão os folículos. Logo, quanto menor a atividade glandular, mais cúbicas serão as células e menores serão os folículos. Por isso, podem-se observar os folículos tireoideanos em tamanhos variados. A secreção envolve a reabsorção do colóide (como é chamado o hormônio na luz folicular), sua liberação no espaço extracelular circundante e subsequente difusão para a rica rede de capilares que circunda cada folículo.
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HISTOLOGIA: SISTEMA ENDÓCRINO O sistema endócrino é constituído por glândulas desprovidas de dutos, por grupos distintos de células em determinados órgãos e por células endócrinas individuais, situadas dentro do revestimento epitelial do trato digestivo e do sistema respiratório.
HORMÔNIOS Hormônios são mensageiros químicos produzidos pelas glândulas endócrinas e enviados para células-alvo através do sangue. A natureza de um hormônio determina seu mecanismo de ação (sendo o efeito de curta ou de longa duração)
Classes gerais de hormônios: 1. Proteínas e Polipeptídios: hormônios secretados pela hipófise anterior e posterior, pelo pâncreas, pelas glândulas paratireoides. São principalmente hidrossolúveis. Ex: insulina, glucagon e FSH. 2. Derivados de Aminoácidos: secretados pela tireoide e pela medula da suprarrenal. São hidrossolúveis. Ex: tiroxina e adrenalina. 3. Derivados de Esteroides e Ácidos Graxos: hormônios secretados pelo córtex suprarrenal, pelos ovários, pelos testículos e pela placenta. São lipossolúveis. Ex: progesterona, estradiol e testosterona.
Localização dos receptores de hormônios: uma vez liberado na corrente sanguínea, o hormônio primeiro se liga a receptores específicos na (ou dentro da) célula. Podem estar: Aderidos na superfície da membrana celular ou sobre ela No citoplasma celular. No núcleo das células.
Depois de o hormônio ter ativado a célula-alvo, é gerado um sinal inibidor que retorna, direta ou indiretamente, para a glândula endócrina (Mecanismo de Retroalimentação) para interromper a secreção desse hormônio.
HIPOTÁLAMO A secreção de quase todos os hormônios produzidos pela hipófise é controlada por sinais hormonais ou nervosos emitidos pelo hipotálamo. Constituindo assim, o centro encefálico para manutenção da homeostasia. Os hormônios hipotalâmicos que estimulam (hormônios liberadores) ou inibem (hormônios inibidores) a adenohipófise são: Hormônio liberador de tireotrofina (TRH) Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) Hormônio liberador de somatotrofina (SRH) Hormônio liberador de prolactina (PRH) Hormônio inibidor de prolactina (PIH) Hormônio liberador de corticotrofina Hormônio melanócito estimulante CONTROLE DA HIPÓFISE PELO HIPOTÁLAMO A produção de hormônios pela hipófise anterior (TSH, GH, etc.) é controlada por hormônios do hipotálamo (TRH, GnRH, etc.), que são secretados na chamada eminência mediana e que alcançam, então, os vasos do sistema porta hipotalâmicohipofisário. Já os hormônios da neuro-hipófise não são produzidos por ela: a hipófise posterior nada mais é que uma “via” de secreção dos hormônios hipotalâmicos, como o antidiurético (ADH) e a ocitocina.
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GLÂNDULA HIPÓFISE (PITUITÁRIA) A hipófise é considerada a “glândula mestra” do sistema endócrino. É uma glândula composta por parte derivada de uma evaginação da ectoderma oral (a adenohipófise) e outra da ectoderma neural (neurohipofise), e é responsável por produzir hormônios que regulam o crescimento, o metabolismo e a reprodução.
ADENOHIPÓFISE (HIPÓFISE ANTERIOR) A adenohipófise é constituída por 3 partes:
Pars distalis Pars intermédia Pars tubelaris
ADENOHIPÓFISE – P AR S D ISTALIS A pars distalis é a principal localização de células produtoras de hormônios. As células de seu parênquima são constituídas por células cromófilas (têm afinidade a corantes) e cromófobas (pouca afinidade a corantes). Células Cromófilas Acidófilas: têm afinidade a corantes ácidos e se coram com laranja vermelho em eosina. São de o dois tipos: Somatotróficas: Secretam somatotrofina (STH); Estimuladas pelo SRH; Inibidas pela somatostatina. Mamotróficas: Secretam prolactina; Estimuladas pelo PRH e ocitocina (secretado pela neurohipófise); Inibidas pelo PIF. o
Basófilas: têm afinidade a corantes básicos e se coram em azul. São de três tipos: Corticotróficas: secretam hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e hormônio lipotrófico (LPH). Estimuladas pelo CRH. Tireotróficas: secretam hormônio tireotrófico (TSH) . Estimuladas pelo TRH e inibidas pela presença de tiroxina (T4) e triiodotironina (T 3), hormônios produzidos pela tireoide. Gonadotróficas: secretam FSH e LH. Estimuladas pelo GnRH e inibidas por hormônios produzidos nos ovários e testículos.
Células Cromófobas: têm pouca afinidade a corantes.
ADENOHIPÓFISE – P AR S I N TERMÉDIA Situada entre a pars distalis e a pars tubelaris, contém muitos cistos (resquícios da bolsa de Rathke – evaginação que deu origem a adenohipófise). Produz o hormônio alfa-melanócito estimulante (α-MSH) que, em animais inferiores, estimula a produção de melanina; no ser humano, pode estimular a produção de prolactina (fator liberador de prolactina) pelas células mamotroficas da pars distalis. ADENHOHIPÓFISE – P AR S T U BELARIS Envolve a haste hipofisária e é dotada de células basófilas que vão da forma cuboide a colunares baixas. Algumas de suas células possuem grânulos de secreção que provavelmente possuem FSH e LH. NEUROHIPÓFISE (HIPÓFISE POSTERIOR) A neurohipófise é constituída por 3 partes: Eminência mediana Infundíbulo (continuação do hipotálamo) Pars nervosa. 31
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NEUROHIPÓFISE – P AR S N E RVOSA Tecnicamente, não é uma glândula endócrina pelo fato de receber terminações distais dos axônios do trato hipotálamo-hipofisário que apenas tem o papel de armazenar e secretar hormônios produzidos pelo hipotálamo. Os hormônios secretados pela pars nervosa da neurohipófise são: vasopressina (ADH) e ocitocina. OBS:
Corpos de Herring: corpúsculos que armazenam hormônios. Pituícitos: células musculares modificadas que emitem contrações na pars nervosa da neurohipófise para liberação de hormônios.
Gigantismo X Nanismo: são condições relacionadas com distúrbios na hipófise, ocorrendo alteração na liberação de STH na infância: Gigantismo: liberação em grandes quantidades. Nanismo: liberação em poucas quantidades. Acromegalia: liberação demasiada de STH durante a fase adulta. O indivíduo acometido apresenta extremidades do corpo grandes. Diabetes insipidus : lesão no hipotálamo ou na pars nervosa da neurohipófise que reduz a produção de ADH, levando a uma disfunção renal, que causa uma absorção inadequada de água pelos rins, causando poliúria (muita urina), polidipsia (muita sede) e, consequentemente, desidratação. TIREOIDE A tireoide (glândula endócrina localizada na região anterior do pescoço) secreta os hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e calcitonina, sendo controlado pelo TSH (hormônio produzido pelas células basófilas tireotróficas da pars tubelaris da adenohipófise). Células Foliculares (Células Principais): são as produtoras do T3 e T4, hormônios ligados diretamente com: o aumento do metabolismo celular (taxa de crescimento, aumento da atividade das glândulas endócrinas, estimulação do metabolismo de carboidratos e gorduras e o aumento da frequência cardíaca e respiratória). Os iodetos são essenciais para a produção desses hormônios: a síntese desses hormônios é regulada pelos níveis de iodeto nas células foliculares assim como pela ligação de TSH aos receptores. O hormônio tireotrófico (TSH) estimula as células foliculares da tireoide a liberarem T3 e T4 no sangue.
Células Parafoliculares (células claras, células C): células encontradas em pequenos grupos na periferia do folículo responsáveis pela produção de calcitonina, que promove o depósito de cálcio nos ossos através da ação de osteoblastos. Inibem a ação dos osteoclastos (células que retiram o cálcio dos ossos e repõe de volta no sangue). Hipertireoidismo: elevação nas taxas de T 3 e T4 e queda na taxa de TSH. Os sintomas incluem exoftalmia (protrusão do globo ocular), magreza, etc. Hipotireoidismo: redução nas taxas de T 3 e T4 e elevação na taxa de TSH. Os sintomas incluem obesidade, sonolência, mixedemia (edema elástico da pele). Hipotireoidismo primário: atinge apenas a tireoide. Hipotireoidismo central secundário: atinge a hipófise. Hipotireoidismo central terciário: atinge o hipotálamo. Hipotireoidismo Subclinico: falta de receptores nas células-alvo do T3 e T4. Cretinismo: falta de T3 e T4 na infância. Bócio: significa aumento da glândula tireoide que ocorre, basicamente, por dois motivos: ou porque o TSH está alto, ou porque existem anticorpos estimulando a glândula.
PARATIREOIDES Quatro pequenas glândulas (localizadas na superfície posterior da tireoide) indispensáveis para a vida, uma vez que são produtoras do paratormônio (PTH) que regula o nível de cálcio no sangue. Seu parênquima é constituído por 2 tipos de células: 32
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Células Principais: sintetizam o paratormônio, responsável por agir nos ossos, rins e intestino para manter uma concentração ótima de cálcio no sangue. Células Oxífilas: não produzem nenhuma substância importante.
ADRENAIS (SUPRARRENAIS) São glândulas pares que se localizam no superior de cada rim e são constituídas por duas regiões: o córtex (mais externo) e a região medular (interna).
CÓRTEX DA ADRENAL De origem mesodérmica, apresenta células que secretam hormônios esteroides (derivados do colesterol, o que significa que em nossa dieta deve haver ingestão de colesterol HDL). O córtex divide-se em 3 zonas: Zona Glomerurosa: mais externa (revestida pela cápsula). Secreta meneralocorticoides (aldosterona e desoxicorticosterona) que estimulam a reabsorção de cálcio nos rins. Zona Fascilculada: intermediária. Secreta glicorticoides (cortisol e corticosterona), hormônios que regulam o metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas, atuam como antiinflamatórios, reduzem a permeabilidade capilar e suprimem a resposta autoimune. Zona Reticular: mais interna, secreta andrógenos (desidroepiandrosterona), hormônios sexuais masculinizantes. A secreção de glicocorticoides é regulada pela adenohipófise (ACTH) e de f orma indireta pelo hipotálamo (CRH). A ausência de ACTH promove a atrofia do córtex da adrenal. O excesso de secreção de ACTH causa hiperplasia (câncer) e hipertrofia (aumento) das 2 zonas internas e a liberação de glicorticoides. Hipoadrenalismo (Síndrome de Addison): altas doses de glicorticoides suprimindo a produção de ACTH pela hipófise. Sintomas: fraqueza muscular, pressão baixa, distúrbios sexuais, hipoglicemia. Hiperadrenalismo: resulta da hiperplasia do córtex ou de tumores nas células basófilas (corticotróficas) da adenohipófise levando a um aumento na produção de ACTH. Sintomas: fraqueza muscular, distúrbios sexuais, pressão alta, hiperglicemia, obesidade (principalmente concentrada no rosto e pescoço).
MEDULA DA ADRENAL De origem neuroectodermica, possui as famosas células cromafins, produtoras de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). A adrenalina (epinefrina) prepara o corpo para a “luta ou fuga” e a noradrenalina (noraepinefrina) funciona como um neurotransmissor. Em suma, esses hormônios elevam a frequência e o débito cardíaco aumentando o fluxo sanguíneo para os órgãos e a liberação de glicose para produção de energia produzindo vasoconstricção. OBS: As células cromafins funcionam como células do sistema nervoso autônomo simpático; mais especificamente, como células pós-ganglionares. CORPO PINEAL É uma glândula endócrina cujas secreções são influenciadas pelos períodos de luz e escuridão diários (“ciclo circadiano”). Suas células são: Pinealócitos: células do parênquima da pineal responsáveis pela secreção de serotonina, que é convertida em melatonina que participa do ciclo circadiano (percepção de dia ou noite, estações do ano). A serotonina é mais produzida de dia, e a melatonina, à noite. Astrócitos: células intersticiais semelhantes a da Glia. 33
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OBS: Ao comer chocolate, estimula-se a liberação de serotonina. A melatonina pode agir protegendo o SNC por sua capacidade de capturar e eliminar radicais livres produzidos durante o processo de estresse oxidativo (cada molécula de adrenalina liberada em um processo de estresse, 4 radicais livres são produzidos, responsáveis por envelhecer o corpo). Neste caso, o hormônio funcionaria como uma substância antioxidante.
PÂNCREAS O pâncreas é uma glândula mista que possui sua secreção exógena o suco pancreático e como secreção endógena hormônios produzidos locais específicos: Células α: produzem glucagon (glicogênio glicose) Células β (beta): produzem insulina (glicose glicogênio) Células δ (delta) : produz somatostatina (age nas células α e células β, além de inibir a secreção de STH). Células PP ou F: produz polipeptídios pancreáticos, atuando a nível de intestino na digestão. Células G: produz gastrina (interfere na produção de HCl no estômago).
OBS: As ilhotas de Langerhans (ou Ilhéus de Langerhans) são um grupo especial de células do pâncreas que produzem insulina e glucagon, e que dispõem em aglomerados ( clusters) no pâncreas. Com exceção das células G, todas as outras (células α, β, δ e PP) localizam-se nestas ilhotas e, por isso, atribui-se a elas o papel endócrino do pâncreas.
A diabetes melito é uma doença endocrinológica caracterizada hiperglicemia (aumento dos níveis de glicose no sangue) em decorrência de uma produção inadequada ou insuficiente de insulina pelas células β do pâncreas (diabetes tipo 1 ou insulinodependente) ou por uma resistência periférica aumentada a ação deste hormônio (diabetes tipo 2). 34
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RESUMO Hormônios produzidos pela adenohipófise ( pars dis talis ) sob estímulo do hipotálamo. Hormônios Liberador/inibidor função Somatotrofina (STH, Hormônio do Liberador: SRH Aumento da taxa de metabolismo celular; crescimento) Inibidor: Somatostatina Aumento de mitoses celulares no disco epifisário Prolactina Liberador: PRH Desenvolvimento das glândulas mamárias Inibidor: PIF durante a gravidez; Estimula a produção de leite Hormônio Adenocorticotrófico Liberador: CRH Estimula a síntese e a liberação de hormônios (ACTH, corticotrofina) do córtex da adrenal. Hormônio Folículo Estimulante LIberador: GnRH No Homem: estimula as células de Sertoli a (FSH) produzirem proteína ligante de andrógeno; Na mulher: crescimento do folículo ovariano Hormônio Luteinizante (LH) Liberador: GnRH Na mulher: hormônio da ovulação, formação do corpo lúteo e a secreção de progesterona e estrógeno. Hormônio Estimulante das células Estimula as células de Leydig a produzirem e intersticiais (ICSH) no homem secretarem testosterona. Hormônio Tireotrófico (TSH) Liberador: TRH Estimula a síntese de hormônios pela tireoide, Inibidor: retroalimentação que aumenta o metabolismo corpóreo. negativa suprime via SNC
Hormônios produzidos pelo hipotálamo (núcleo supra-óptico e paraventricular) e secretados pela da neurohipófise ( pars nervos a). Hormônios Função Ocitocina Estimula a contração do útero durante orgasmo; Causa contrações no útero grávido durante o parto; Auxilia na ejeção do leite mamário Hormônio Antidiurético Conserva a água do corpo aumentando uma reabsorção de água pelos rins; (ADH, Vasopressina) Causa contração do músculo liso das artérias aumentando a pressão no sangue.
Hormônios produzidos pela tireoide Hormônios Célula fonte Tiroxina (T4) e Células Triiodotironina (T 3) Foliculares
Hormônio regulador Hormônio Tireotrófico (TSH)
Calcitonina (tireocalcitonina)
Mecanismo de retroalimentação com o hormônio paratireoidiano
Células Parafoliculares
Função Aumentar o metabolismo celular; Aumentar a taxa de crescimento; Estimular o metabolismo de carboidratos e gorduras; Diminuir o colesterol; Aumentar a frequência cardíaca e spiratória. Abaixa a concentração plasmática de cálcio no sangue suprimindo a reabsorção óssea.
Hormônios produzidos pelas paratireoides Hormônios Célula fonte Hormônio Regulador Função Paratormônio Células Mecanismo de retroalimentação com a Aumenta a concentração de cálcio nos (PTH) principais calcitonina. fluidos corporais.
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Hormônios produzidos pela medula da adrenal Hormônios Célula fonte Hormônio Regulador Catecolaminas: Células Nervos simpáticos préAdrenalina e cromafins ganglionares esplâncnicos. Noradrenalina
Função Adrenalina: opera o mecanismo da “luta e fuga” preparando o corpo para o medo ou estresse forte Noradrenalina: Causa a elevação da pressão sanguínea por vasoconstricção
Hormônios produzidos pelo córtex da adrenal Hormônios Célula fonte Hormônio Regulador Mineralocorticoides: Zona Angiotensina II Aldosterona Glomerulosa Glicocorrticoides: Costisol e Corticosterona
Zona Fasciculada
ACTH
Andrógenos: Desidroepiandrosterona e androsterona
Zona Reticulada
ACTH
Função Controla o volume de fluidos corporais, a concentração de eletrólitos agindo sobre os túbulos distais dos rins e, consequentemente, a pressão arterial. Regulam o metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas; Diminui a síntese proteica, aumentando a concentração de A.A. no sangue; Estimulam a glicogênese; Reduzem a permeabilidade capilar. Confere características masculinas fracas.
Hormônios produzidos pela pineal Hormônios Célula fonte Hormônio Regulador Função Melatonina Pinealócitos Noradrenalina Pode influenciar a atividade cíclica das gônadas
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HISTOLOGIA: APARELHO REPRODUTOR MASCULINO O sistema reprodutor é responsável por executar a reprodução na espécie humana, propiciando a perpetuação da espécie.
DESENVOLVIMENTO DO FENÓTIPO DURANTE A EMBRIOGÊNESE Embrião ♂: presença de Testosterona e Hormônio antimuleriano. Embrião ♀: ausência de Testosterona e Hormônio antimuleriano. A ausência de testosterona torna-se impossível o desenvolvimento dos ductos de Wolff (precursores do trato genital masculino) e a ausência do hormônio antimuleriano torna possível o desenvolvimento dos ductos de Muller (precursores do trato genital feminino).
OBS: Início da puberdade: o hipotálamo é ativado e passa a produzir o GnRH, que estimula a secreção dos hormônios LH e FSH, que irão atuar no ciclo do desenvolvimento folicular e no ciclo ovulatório, caracterizando o inicio da vida reprodutora feminina. CONSTITUIÇÃO Testículos: são dois, situados no escroto. São órgãos responsáveis por produzir os espermatozoides e a testosterona. Sistema de Ductos Genitais: são ductos que conduzem o sêmen (contendo espermatozoides e secreções glandulares) até o óstio externo da uretra. Intratesticulares: estão situados dentro dos testículos e une os túbulos seminíferos ao epidídimo. o Túbulos Retos: Em maior número. Conduzem espermatozoides dos túbulos seminíferos para a rede testicular. Sua metade proximal é composta por células de Sertoli e na porção distal, epitélio cuboide simples com microvilosidades. É sustentado por tecido conjuntivo frouxo. Rede Testicular: Anastomoses dos túbulos retos. Situado dentro do mediastino do testículo e constituído por espaços labirínticos revestidos por epitélio cuboide simples, possuindo microvilosidades e um flagelo. OBS: Ductos Eferentes: drenam os espermatozoides da rede testicular para o epidídimo, ou seja, ligam o testículo ao meio extra-testicular. Formado por células cuboides não ciliadas alternando-se com colunares ciliadas. o
Extratesticulares: são formados pelo epidídimo, ducto deferente e ducto ejaculatório. Epidídimo: é um túbulo delgado altamente contorcido e comprimido que é dividido em cabeça, corpo e cauda. A porção distal (cauda) armazena espermatozoides por um curto intervalo de tempo e se continua nos ductos deferentes. A luz do epidídimo é revestida por epitélio pseudoestratificado formado por dois tipos de células: as basais (células tronco, que dão origem a novas células principais) e as principais (contém o R.E.G. abundante e um grande Complexo de Golgi). Ducto Deferente: é um ducto muscular que conduz os espermatozoides do epidídimo ao ducto ejaculatório. Formado por epitélio colunar pseudo-estratificado com estereocílios, semelhante ao do epidídimo. Possui músculo do tipo liso em sua parede. Sua porção terminal é chamada de ampola. Ducto Ejaculatório: a ampola do ducto deferente se une ao ducto vesicular (vesícula seminal) e forma o ducto ejaculatório, que penetra na próstata e se abre na uretra prostática. Não possui músculo liso em sua parede.
Glândulas Genitais Acessórias: em número, são cinco: duas vesículas seminais, duas bulbouretrais e a próstata. Vesículas Seminais: São estruturas tubulosas altamente contorcidas adjacentes a parede posterior da próstata. São formadas por células colunares que possuem microvilosidades. Estas glândulas secretam um líquido seminal rico em frutose, aminoácidos prostaglandinos e proteínas, que constitui 70% do 37
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volume do sêmen. A frutose é seu principal constituinte, pois fornece energia aos espermatozoides. Dão aspectos amarelo claro ao sêmen. Próstata: É a maior das glândulas acessórias. É perfurada pela uretra e pelos ductos ejaculatórios. A cápsula desta glândula é constituída por tecido conjuntivo não modelado altamente vascularizado, entremeado por células musculares lisas. Seu estroma é rico em musculatura lisa. Formada por cerca de 30 a 50 glândulas túbulo alveolares compostas que lançam sua secreção (fosfatase ácida, fibrinolisina e ácido cítrico) na uretra prostática, auxiliando os espermatozoides a chegarem a motilidade. A próstata é constituída por 3 camadas: mucosa, submucosa e principal. Glândulas Bulbouretrais: são duas que estão localizadas na raiz do pênis. Secretam diretamente na uretra uma secreção lubrificante e escorregadia. Sua cápsula fibroelástica possui fibroblastos e células musculares lisas e esqueléticas. O seu epitélio é composto por células cuboides a colunares simples.
OBS: A secreção das glândulas bulbouretrais é a primeira a ser secretada após a ereção peniana. Antes da ejaculação, a liberação da secreção prostática que é lançada na uretra assim como os espermatozoides na ampola deferente. As últimas secreções provêm das vesículas seminais, responsáveis por um aumento significativo no volume do sêmen.
Pênis: funciona como órgão excretor da urina, bem como copulador que deposita os espermatozoides no trato reprodutor feminino. É composto por 3 colunas de tecido erétil, cada qual contido dentro de uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso (a túnica albugínea). O tecido erétil é formado pelos corpos cavernosos, ocupando a posição dorsal, e os corpos esponjosos, que ocupam a posição central. Distalmente, o corpo esponjoso termina numa porção dilatada – a glande do pênis (T.E.R. pseudo-estratificado pavimentoso). A pele do pênis que reveste a glande é chamada de prepúcio. O tecido erétil (composto por fibras elásticas e células musculares lisas) do pênis possui numerosos espaços que recebem sangue de ramos das artérias profunda e dorsal do pênis para promover a ereção. A ereção é controlada pelo sistema nervoso parassimpático após o estímulo sexual. Esses impulsos parassimpáticos desencadeiam a liberação de oxido nítrico causando relaxamento dos músculos lisos das artérias profunda e dorsal do pênis, aumentando o fluxo de sangue para o órgão. A ejaculação se faz por parte do estímulo do sistema nervoso simpático.
TESTÍCULOS Estão envolvidos por uma capa de tecido conjuntivo denso não-modelado denominada Túnica Albugínea que dá resistência aos testículos. Abaixo desta camada está a Túnica Vasculosa, formada por tecido conjuntivo frouxo altamente vascularizado responsável por nutrir os as células. O aspecto posterior da túnica albugínea é espesso, formando o mediastino do testículo, pelo qual se irradiam septos de tecido conjuntivo dividindo o testículo em compartimentos piramidais constituindo os lóbulos do testículo (cerca de 250 em cada testículo). Cada lóbulo contém de uma a quatro túbulos seminíferos de fundo cego ricamente inervado e vascularizado devido à túnica vasculosa. Nestes compartimentos ainda estão presentes as células de Leydig (células intersticiais) responsáveis pela síntese de testosterona. Os espermatozoides são produzidos pelo epitélio seminífero dos túbulos seminíferos. 38
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Os gametas masculinos se dirigem para os túbulos retos, que se unem na rede testicular. Os espermatozoides saem da rede testicular pelos ductos eferentes que acabam se fundindo com a cabeça do epidídimo.
IRRIGAÇÃO DOS TESTICULOS A irrigação dos testículos origina-se da artéria testicular que que desce juntamente com o testículo para o escroto acompanhando o ducto deferente . Antes de a artéria testicular penetrar a cápsula testicular, ela forma ramos vasculares intratesticulares. Os leitos capilares dos testículos são coletados por várias veias, o plexo panpiniforme venoso , que estão enrolados em torno da artéria testicular. Artérias, veias e ducto deferentes formam o cordão espermático. OBS: Os testículos estão localizados fora da cavidade abdominal para melhor produção de espermatozoides uma vez que a temperatura deve estar 2ºC abaixo da temperatura corpórea. O plexo panpiniforme é responsável por auxiliar a diminuição da temperatura. A artéria testicular nutre o testículo. Criptoquirdia: em seu caminho normal, os testículos do feto, nas ultimas semanas da gravidez, desce para o escroto. No caso da criptoquirdia, os testículos permanecem na cavidade abdominal. Na maioria dos casos, eles descem no inicio da vida extrauterina. Caso isso não ocorra, deve ser corrigido com cirurgia. TESTOSTERONA Desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos. Estimulam os folículos pilosos. Estimulam o crescimento das glândulas sebáceas. muscular nas crianças durante a puberdade. Produzem o aumento de massa muscular Ampliam a laringe. Desenvolvimento da massa óssea maior, protegendo contra a osteoporose. TÚBULOS SEMINÍFEROS – a Constituídos por um espesso epitélio seminífero envolvido por um delgado tecido conjuntivo – a túnica própria. Os dois estão separados por uma lâmina basal bem desenvolvida. Cerca de 1000 túbulos seminíferos estão presentes em cada testículo (0,5 Km) O epitélio seminífero é constituído por dois tipos de células: as células de Sertoli e as células espermatogênicas. Células de Sertoli: são células colunares altas responsáveis por: células germinativas em desenvolvimento; desenvolvimento; Sustentação físico e nutricional (secreção de frutose) das células eliminado pelas espermátides durante a espermiogênese; Fagocitose do citoplasma eliminado Estabelece uma barreira hematotesticular (isola o compartimento junto da luz da influência do tecido conjuntivo, protegendo desta maneira os gametas em desenvolvimento do sistema imunológico); Síntese e liberação de ABP (proteína ligante de andrógenos): responsável por captar testosterona para o uso do testículo. Síntese e secreção de inibina, que inibe a secreção do FSH. Síntese e secreção da transferrina testicular , proteína que conduz ferro do sangue aos testículos. Síntese e liberação do hormônio antimileriano: suprime a formação do ducto de Muller , dando origem a genitália masculina no embrião. CÉLULAS ESPERMATOGÊNICAS O processo da espermatogênese, através do qual as espermatogônias dão origem aos espermatozoides, está dividido em três fases: espermatocitogênese (diferenciação das espermatogônias em espermatócitos primários), meiose e espermiogênese (transformação de espermátides em espermatozoides). ESPERMATOGÔNIAS (2n) ESPERMATÓCITOS PRIMÁRIOS (2n) ESPERMATÓCITOS SECUNDÁRIOS (n) ESPERMÁTIDES (n) ESPERMATOZOIDES
ESPERMIOGÊNESE Fase do Golgi: aumento do volume do Complexo de Golgi, ocorrendo a produção de vesículas que se fundirão para formar a vesícula acrossômica. Fase do Capuz: nessa fase a vesícula acrossômica cresce em tamanho e sua membrana envolve parcialmente o núcleo. Ao final deste desenvolvimento, passa a se chamar acrossomo. Fase do Acrossomo: caracterizada por modificações da espermátide: núcleo condensado, alongamento da célula, mudança da localização das mitocôndrias. 39
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Fase de Maturação: eliminação do citoplasma que é fagocitado pelas células de Sertoli e os espermatozoides soltos são liberados para a luz dos túbulos seminíferos (espermiação).
OBS: Espermatozoides recém-formados são imóveis e incapazes de fertilização. Eles ganham motilidade quando passam pelo epidídimo e capacitados para fertilizar quando estão no sistema reprodutor feminino. HISTOFISIOLOGIA DO TESTÍCULO O hipotálamo secreta o GnRH, estimula a hipófise anterior a produzir e secretar os hormônios gonadotróficos (FSH e LH). O LH é responsável por estimular as células de Leydig a produzir e secretar a testosterona, hormônio responsável pelas características secundárias masculinas. Quando os níveis de testosterona no sangue estão elevados, por feedback negativo, negativo, a secreção de LH é inibida. O FSH é responsável por estimular as células de Sertoli a secretar ABP (capta testosterona para uso do testículo) e inibina, o qual, por feedback negativo, negativo, controla a secreção do FSH. ESPERMATOZOIDES Cabeça: contém um núcleo eletrodenso e condensado contendo 23 cromossomos que é envolvido anteriormente pelo acrossoma. Este por sua vez contém enzimas que incluem a hialuronidase, fosfatase ácida e acrosina. A ligação do acrossoma com a proteína zp3 da zona pelúcida do ovócito, desencadeia a reação acrossômica (perfurações na membrana acrossomial, causando a liberação das enzimas) facilitando o processo de fertilização. Cauda: dividida em quatro regiões: colo (peça de comunicação que une a cabeça ao restante da cauda), peça intermediária (presença da bainha mitocondrial), peça principal (que estão circundadas pela bainha fibrosa) e peça terminal (fim). Causas da infertilidade: Varicocele: aumento na vascularização dos testículos Infecção Alterações hormonais Obstrução (epidídimo) Falência testicular Uso de drogas e anabolizantes. Tabagismo Quimioterapia e radioterapia
Patologias Relacionadas: Hiperplasia Benigna de Próstata Câncer de Próstata Tumores de Células Intersticiais Criptorquidia Raios X, Drogas, Álcool e Desnutrição
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HISTOLOGIA: APARELHO REPRODUTOR FEMININO O sistema reprodutor feminino é constituído pelos órgãos reprodutores internos: dois ovários, dois oviductos, o útero e a vagina; e pela genitália externa: clitóris, grandes e pequenos lábios. Os órgãos reprodutores femininos desenvolvem-se durante a puberdade sob estímulo dos hormônios gonadotroficos, caracterizando a menarca (primeira menstruação), que até então estão em repouso. O fim da vida reprodutora feminina é chamado de menopausa.
OVÁRIOS O ovário é coberto pelo epitélio germinativo e está dividido em córtex e medula. Abaixo do epitélio está localizada a túnica albugínea, formada de tecido conjuntivo denso não modelado. Ele está preso ao ligamento largo do útero pelo mesovário. Região cortical: presença dos folículos (primordial, secundário e de Graaf). Região Medular: grande concentração de vasos sanguíneos. Epitélio Germinativo: do tipo simples cúbico que reveste externamente o ovário. Túnica Albugínea: tecido conjuntivo repleto de fibroblastos OBS: As células foliculares não se originam do epitélio germinativo como antes se pensava. FOLICULOS OVARIANOS Passam por quatro estágios de desenvolvimento: primordial, primário, secundário e de Graaf. O desenvolvimento dos folículos primários não depende do FSH. A diferenciação e proliferação das células foliculares são induzidas por fatores locais, ainda não caracterizados. A partir do folículo secundário, estão sob influência do FSH. Folículos primordiais: são constituídos por uma camada de células foliculares achatadas que envolvem o ovócito primário, que está parado na prófase I da meiose, desde o nascimento, sob influência do OMI (Inibidor da Maturação do Ovócito). As células foliculares prendem-se umas as outras pelos desmossomos, e estão separadas do tecido conjuntivo por uma lâmina basal.
Folículos primários: há dois tipos de folículos primários: o unilamelar e multilamelar . Quando as células foliculares apresentam-se cuboides em uma única camada é denominada unilamelar (unilaminar), em contrapartida, quando as células foliculares proliferam-se formando mais de uma camada, é denominada multilamelar (multilaminar), que são também comumente chamadas células da granulosa. Durante este estágio é formado uma substância amorfa, composta por glocoproteínas zp1, zp2 e zp3, formando a Zona Pelúcida, que separa o ovócito das células foliculares.
Folículos secundários: os folículos secundários são semelhantes aos primários, exceto pela presença do antro, que abriga o líquido folicular responsável pela nutrição. A proliferação dos folículos secundários depende diretamente do FSH. O fluido folicular possui progesterona, estradiol, inibina e ativina, que regulam a liberação de LH e FSH. As células que envolve o antro, juntamente com este, formam o cumulus oofurus . Neste folículo, a camada de células que envolve o ovócito I (recoberto pela zona pelúcida) é a corona radiata.
Folículos de Graaf (Maduro): (M aduro): a proliferação das células granulosas e a formação do liquido folicular continuada forma o folículo maduro (ou de Graaf), projetando o ovócito I para a periferia do folículo, ainda envolvido pelo cumulus oofurus .
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OBS: Conceitos importantes: Ovulação: a secreção de estrógeno pelo folículo de Graaf inibe a liberação de FSH por feedback negativo e eleva repentinamente a secreção de LH. Com a secreção do LH, a meiose interrompida se completa formando o ovócito II e o primeiro corpo polar (que será degenerado por falta de citoplasma). O ovócito II entra em meiose II e é interrompida na metáfase. O pico de LH causa uma abertura entre a cavidade peritoneal e o antro do folículo de Graaf, levando a ovulação (o ovócito secundário é liberado junto com a corona radiata). As fimbrias do oviduto varrerão o ovócito II para dentro da luz da tuba (região do infundíbulo) a fim de ser fertilizado na região da ampola. Após a liberação do ovócito II, as células da teca externa e internas permanecem no ovário formando uma ferida.
Folículo Atrésico: somente um folículo sofre ovulação. Os outros que ainda estão em desenvolvimento sofrem atresia, sendo estes fagocitados por macrófagos.
Corpo Hemorrágico: é formado por um coágulo de sangue central no antro do folículo maduro resultado da ovulação.
Corpo Lúteo: formado, depois do corpo hemorrágico sob ação do LH (converte o corpo hemorrágico em lúteo – luteinização), pelo resto do folículo maduro. É uma glândula endócrina temporária que sustenta o endométrio.
Corpo Albicans: quando não ocorre a fertilização, o corpo lúteo é invadido por fibroblastos e é fibrosado e deixa de funcionar, formando o Corpo Albicans. Caso haja a fertilização, o hCG impedirá a cicatrização do corpo lúteo, o qual assumirá a produção de progesterona durante o inicio (3 primeiros meses) da gravidez, sustentando o endométrio.
OVIDUTOS Agem como um conduto para os espermatozoides atingirem o ovócito e conduzir o ovo fertilizado para o útero. Eles se dividem em quatro regiões e recoberto por três camadas. Infundíbulo: localizado na extremidade aberta para o ovário. Possui projeções, as fimbrias, que capturam o ovócito II. Ampola: região dilatada onde geralmente ocorre a fertilização. Istmo: porção longa entre a ampola e o útero. Região Intramural: extremidade que se abre na luz do útero. PAREDE DOS OVIDUTOS Mucosa: está localizado em todas as quatro regiões do oviduto, formado por epitélio colunar simples que são mais altas no infundíbulo e à medida que se aproximam do útero vão se tornando mais baixas. É constituído por dois tipos de célula: células encavilha (não-ciliadas), que possuem função secretora que criam um ambiente nutritivo e protetor para os espermatozoides em seu trajeto até o ovócito II auxiliando em sua capacitação; e as células ciliadas, que com os seus batimentos, auxiliam a condução de espermatozoide até o ovócito secundário e a condução do óvulo fecundado à cavidade uterina. Muscular: é constituída pelas camadas circular interna e longitudinal externa de músculo liso. Os espaços entre os feixes musculares são preenchidos por tecido conjuntivo frouxo. Serosa: formada de epitélio simples pavimentoso. Entre a camada serosa e a camada muscular, existem muitos vasos sanguíneos e fibras nervosas autônomas. ÚTERO Órgão muscular constituído por fundo (base arredondada), corpo (porção larga na qual se abrem os ovidutos) e cérvice (ou colo, porção circular estreita que se abre na vagina). Este órgão está localizado na linha média da pelve, preso a cavidade abdominal pelo ligamento largo e ligamento redondo. 42
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FUNDO E CORPO O corpo e o fundo são constituídos pelo endométrio, miométrio e por uma adventícia ou por uma serosa. Endométrio: é o revestimento mucoso do útero, constituído por epitélio colunar simples e pela lâmina própria. Possui células colunares secretoras não-ciliadas e células ciliadas, enquanto a lamina própria contém glândulas tubulosas. A lâmina própria é formada por tecido conjuntivo denso não modelado. O endométrio é constituído por duas camadas: Camada funcional: vascularizada por artérias helicoidais e artérias retas. Camada que descama o mensalmente na menstruação. Camada basal: situada abaixo da camada funcional e é responsável por sua regeneração após cada o ciclo menstrual. Miométrio: constituído pelas camadas longitudinal interna, média circular (ricamente vascularizada) e a longitudinal externa de músculos lisos. O processo de contração uterina durante o parto é causado por ações hormonais: (1) influência do hormônio corticotrófico (estimulam a produção de prostaglandinas); (2) hipófise posterior libera ocitocina (estimula a contração). Serosa ou Adventícia do Útero: a área retroperitoneal do útero está recoberto por uma adventícia que é tecido conjuntivo sem revestimento epitelial. O fundo a porção posterior estão recobertos por uma serosa. Endometriose: presença de tecido endometrial na pelve ou na cavidade peritoneal. Pode causar dismenorreia ou até mesmo infertilidade no período menstrual. Teoria da Regurgitação: propõe que o fluxo menstrual escapa do útero pelas tubas uterinas e penetram na cavidade peritoneal. Teoria Metaplásica: sugere que as células epiteliais do peritônio se diferenciem em células endometriais. Teoria da disseminação vascular (linfática): células endometriais entram em canais vasculares (linfáticos) durante a menstruação e são distribuídas pelo sistema vascular sanguíneo. A hemorragia proveniente deste tecido pode causar dores intensas, e pode levar a esterilidade. CÉRVICE (COLO DO UTERO) Extremidade terminal do útero e projeta-se para dentro da vagina. É revestido por epitélio colunar simples e na região onde o cérvice faz protrusão na vagina está coberto por epitélio pavimentoso estratificando nãoqueratinizado. A mucosa cervical contém glândulas cervicais ramificadas, que têm sua viscosidade influenciada pelo progesterona. Carcinoma Cervical: é um dos cânceres mais comuns nas mulheres. Apesar de ser raro em mulheres virgens e mulheres que não deram à luz. A incidência aumenta se a mulher tiver vários parceiros sexuais. Origina no epitélio pavimentoso estratificando não-queratinizado do cérvice, sendo chamado de carcinoma in situ . Técnica Papanicolal: instrumento diagnóstico para detecção do câncer cervical. É realizado aspirando fluido cervical da vagina ou a raspagem diretamente da cérvice. Depois é preparada uma lâmina histologia e examinado. CICLO MENSTRUAL Está dividido em: fase menstrual, proliferativa e secretora. Fase menstrual (do dia É caracterizada pela descamação da camada funcional do endométrio (menstruação), 1 ao dia 4) caracterizando o inicio do ciclo. Esta fase ocorre devido à regressão do corpo lúteo que cessa a secreção de progesterona e estrogênio. Com isso, o endométrio deixa de ser estimulado a permanecer, causando a interrupção de oxigênio e nutrientes, levando a necrose da camada funcional. Na menstruação, é liberado cerca de 35mL de sangue. Fase proliferativa ou Caracterizada pela renovação da camada funcional do endométrio pela camada basal. folicular (do dia 4 ao Acompanha a fase folicular e o desenvolvimento dos folículos ovarianos. dia 14) A camada funcional cresce, e há a proliferação de glândulas, estroma e artérias espiraladas que dão a capacidade secretora do endométrio, possibilitando a implantação. Fase secretora ou Caracterizado pelo espessamento do endométrio e da secreção do glicogênio acumulado luteínica (do dia 15 ao pelas glândulas. Tem inicio após a ovulação. dia 28)
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FERTILIZAÇÃO A fertilização (a fusão do espermatozoide com o ovócito II) ocorre na ampola da tuba uterina. Nesse processo, a molécula zp3 da zona pré-lúcida liga-se a proteínas receptoras do espermatozoide, causando a reação acrossômica (liberação de enzimas, como a acrosina, que degeneram a zona pelúcida), possibilitando a entrada do espermatozoide em direção ao ovócito. A entrada do espermatozoide causa a reação cortical que impede que mais um espermatozoide fecunde óvulo (polispermia). Então com a entrada do espermatozoide ocorre a indução do ovócito para completar a meiose II formando o segundo corpo polar e o oócito. O pró-núcleo feminino funde-se com o pró-núcleo masculino, formando o zigoto, que será transportado até a cavidade uterina.
IMPLANTAÇÃO É o processo que ocorre quando o blastocisto se aloja no endométrio do útero. Nessa fase, o blastocisto passa por uma série de modificações (formação do trofoblasto, embrioblasto) que o torna capaz de se implantar na parede uterina. Em síntese, ocorrem as seguintes etapas: O blastômero será dividido em duas partes: Uma delgada camada celular externa: trofoblasto que formará a parte embrionária da placenta Um grupo de blastômeros localizados centralmente: a massa celular interna que dará origem ao embrião: embrioblasto. O embrioblasto se projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto forma a parede do blastocisto. Após o blastocisto permanecer livre e suspenso nas secreções uterinas por cerca de dois dias, a zona pelúcida degenera e gradualmente desaparece o que garante ao blastocisto um rápido crescimento. Ocorre o aumento de tamanho do blastocisto e sua nutrição é feita pelas glândulas uterinas. Cerca de 6 dias após a fertilização o blastocisto adere ao epitélio endometrial. O trofoblasto começa a proliferar e se diferencia: Uma camada interna de citotrofoblasto. Uma massa externa de sinciciotrofoblasto. Em torno de 6 dias, os prolongamentos digitiformes do sinciciotrofoblasto se estendem para o epitélio endometrial No fim da primeira semana, o blastocisto está superficialmente implantado na camada compacta do endométrio e obtém sua nutrição dos tecidos maternos. O sinciciotrofoblasto (altamente invasivo) produz enzimas que erodem os tecidos maternos possibilitando ao blastocisto implantar-se dentro do endométrio. 44
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Em torno de 7 dias, uma camada de células, o hipoblasto, surge na superfície do embrioblasto voltada para a cvidade blastocística Delaminção do embrioblasto.
PLACENTA A placenta é um tecido vascular derivado do endométrio uterino, altamente vascularizado pelo sincíciotrofoblasto. Possui função endócrina, secretando hCG, tireotrofina coriônica, progesterona, estrógeno, somatotrofina coriônica.
VAGINA É uma bainha fibromuscular constituída por três camadas: mucosa, muscular e adventícia. Possui de 8 a 9 centímetros de comprimento. A luz da vagina é revestida por epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado. A lâmina própria da vagina é constituída por tecido conjuntivo frouxo fibroelástico contendo um rico suprimento vascular na parte mais profunda. A camada muscular é constituída por células musculares lisas externamente longitudinais e internamente circulares. A camada adventícia é formada por tecido conjuntivo denso fibroblástico. GENITÁLIA EXTERNA (VULVA OU PUDENDO) Constituída pelos grandes lábios (duas pregas contendo tecido adiposo e uma camada de músculo liso), pequenos lábios (duas pregas mediais constituídas por tecido conjuntivo esponjoso, contendo fibras elásticas). A fenda entre os grandes e pequenos lábios é denominada rima. A fenda entre os pequenos lábios direito e esquerdo constitui o vestíbulo. As glândulas vestibulares menores estão situadas acima do ostio da vagina e secretam um liquido lubrificante escorregadio para tornar a copula mais confortável. As glândulas vestibulares maiores estão situadas abaixo do ostio da vagina. O clitóris é coberto por epitélio pavimentoso estratificado que possui dois corpos eréteis. A extremidade visível é chamada de glande clitoridiana. GLÂNDULAS MAMÁRIAS São glândulas túbulo alveolares compostas constituídas de 15 a 20 lóbulos que se irradiam do mamilo e estão separados dos outros por tecido conjuntivo e adiposo. A secreção de estrógeno e progesterona pelo ovário e de prolactina pela hipófise, desenvolve lóbulos e ductos terminais. GLANDULAS MAMÁRIAS EM REPOUSO ou NÃO SECRETORAS Os alvéolos não estão desenvolvidos na glândula mamária em repouso, e acontece na mulher não grávida. GLANDULAS MAMÁRIAS LACTANTES ou ATIVAS Durante a gravidez, as porções terminais dos ductos se ramificam, crescem e formam unidades secretoras denominadas alvéolos. Elas são ativadas por picos de estrógeno e progesterona durante a gravidez. Após o nascimento, a prolactina ativa a secreção de leite (secreção apócrina). A ocitocina, que estimula a ejeção do leite, pode ter sua secreção estimulada apenas pela sucção no mamilo.
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MÓDULO: SISTEMA ENDÓCRINO, REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
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Arlindo Ugulino Netto; Lívia Tafnes Almeida de Araújo.
ANATOMIA: SISTEMA GENITAL A reprodução humana é o evento biológico responsável pela perpetuação da espécie Humana. Os órgãos envolvidos com essa função se reúnem para constituir o Sistema Genital. Na Espécie Humana, em razão do Dismorfismo Sexual, identificamos dois conjuntos desses órgãos denominados: Sistema Genital Masculino; e Sistema Genital Feminino.
SISTEMA GENITAL MASCULINO O sistema genital masculino pode ser dividido em órgãos internos e externos. Órgãos genitais masculinos Internos: Testículo Epidídimo Ducto deferente Ducto ejaculatório Uretra prostática e membranosa Próstata Glândula seminal Glândula bulbouretral
Órgãos genitais masculinos externos: Pênis e uretra esponjosa Escroto
TESTÍCULO O testículo é um órgão par, de formato ovoide, responsável pela espermatogênese. Está localizado, ao nascimento, em uma bolsa musculo-cutânea denominada escroto, presa à região anterior do períneo, logo por trás do pênis. Suas principais funções são: Espermatogênese: produção das células reprodutivas masculinas, os espermatozoides. Temperatura requerida 35 graus. Endócrina: produz e secreta para o sangue o hormônio testosterona, responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
É dividido, para estudo anatômico, em: Faces medial (plana) e lateral (convexa) Margens anterior e posterior Polos superior e inferior 46
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A coloração do testículo é branco nacarado, devendo-se à cápsula conjuntiva que o reveste, denominada túnica albugínea. Esta túnica envia séptulos para seu interior subdividindo-o em lóbulos. Devemos identificar as seguintes estruturas no testículo: Séptulos Lóbulos Túbulos seminíferos contorcidos e retos Rede testicular Dúctulos eferentes Mediastino do testículo: hilo
OBS: Produção, condução e Armazenamento dos espermatozoides:
EPIDIDIMO O epidídimo é um órgão tubular localizado sobre a margem posterior do testículo com função de armazenar os espermatozoides até o momento da ejaculação. Está dividido, anatomicamente, em: Cabeça: porção dilatada do órgão, recebe os dúctulos eferentes trazendo os espermatozoides produzidos no testículo. Corpo Cauda: parte afilada do órgão e responsável por sua função. DUCTO DEFERENTE O ducto deferente é um longo e fino ducto, de paredes espessas, o qual continua a cauda do epidídimo, conduzindo os espermatozoides em direção à cavidade pélvica para desembocá-los no ducto ejaculatório. Tem comprimento aproximado de 30 cm, podendo ser facilmente palpado, compondo o funículo espermático, antes de penetrar através do anel inguinal superficial, no canal inguinal através do qual alcançará à pelve. 47
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OBS: Canal inguinal: consiste em uma região anatômica em formado de um canal oblíquo, com 3 a 5 cm de extensão, o qual atravessa a parede do abdome, ligando, no homem, o escroto a cavidade pélvica. Este tubo abrese, inferiormente para o escroto através do anel inguinal superficial, e superiormente para a pelve pelo anel inguinal profundo . Através deste canal atravessam um conjunto de estruturas anatômicas denominado funículo espermático. Hérnias inguinais: HI Indireta: ocorre quando uma alça intestinal ou parte do omento maior, sofre uma protrusão através do anel inguinal profundo e canal inguinal podendo alcançar o escroto, sendo portanto contida no interior do funículo espermático. Corresponde à 75% das hérnias inguinais. É de origem congênita. HI Direta: ocorre quando um dos componentes abdominais sofre uma protrusão através da parede posterior do canal inguinal para o seu interior, sendo independente do funículo espermático. Corresponde à 35% das hérnias inguinais. É adquirida. FUNÍCULO ESPERMÁTICO O funículo espermático consiste no conjunto de estruturas anatômicas e seus envoltórios relacionadas ao testículo, os quais atravessam o canal inguinal. Seus componentes são: Ducto deferente A. testicular A. do ducto deferente A. cremastérica Plexo venoso anterior (pampiniforme) Plexo venoso posterior Ramo genital do N. Gênitofemoral O ducto deferente, após atravessar o anel inguinal profundo, separa-se dos outros componentes do funículo espermático, descendo pela parede lateral da pelve, sob o peritônio parietal. Após cruzar os vasos ilíacos cruza também o ureter, por diante, e segue medialmente para baixo em direção ao fundo da bexiga como um tubo dilatado, a ampola do ducto deferente. Ao alcançar o fundo bexiga situa-se por trás desta, por diante do reto, e medialmente a vesícula seminal correspondente. Por fim dirige-se para a base da próstata, onde seu calibre estreita-se para unir-se em ângulo agudo com o ducto da glândula seminal.
Vasectomia: é um método cirúrgico comum para esterilizar homens. São realizadas incisões na parte superior do escroto e os ductos deferentes são localizados, incisados, e ligados em dois pontos. A produção dos espermatozoides continua normal, porém, eles não alcançam os ductos ejaculatórios e a uretra. Assim o líquido ejaculado consiste apenas das secreções das glândulas anexas. Os espermatozoides não expelidos degeneram no epidídimo e parte proximal do ducto deferente.
DUCTO EJACULATÓRIO É um curto ducto de 2cm de comprimento constituído pela fusão entre o ducto deferente e o ducto da glândula seminal. Começa na base da próstata e terminam ao desembocar o sêmen na porção prostática da uretra a cada lado do utrículo, em uma dilatação da crista uretral denominada de colículo seminal. 48
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URETRA MASCULINA A uretra masculina tem a função de conduzir a urina e o sêmen. É mais longa que a feminina e apresenta curvaturas que devem ser respeitadas durante passagem das sondas vesicais. Suas divisões são: Prostática (cerca de 4cm): inicia no óstio interno da uretra, em nível do colo da bexiga, atravessando toda a próstata da base ao ápice. Nesta porção, identificamos uma elevação mediana, a crista uretral, sendo que, em sua parte média identificamos o colículo seminal, onde desembocam os ductos ejaculatórios. A cada lado da crista e do colículo identificamos um sulco, o seio prostático, no qual desembocam os ductos das glândulas prostáticas. Membranosa (1 cm): é a menor porção da uretra, ligando a uretra prostática e esponjosa entre si. Além de menor, é também o segmento mais estreitado da uretra. Atravessa o diafragma urogenital, sendo circundada pelo M. esfíncter da uretra (que dá o controle voluntário à micção). Curva-se anteriormente para penetrar no corpo esponjoso do pênis. Esta curvatura associada a sua pouca espessura faz com que seja suscetível a ruptura, como por exemplo, na passagem de uma sonda sem a necessária habilidade. Esponjosa: é a maior porção da uretra. Atravessa o bulbo, corpo e glande do corpo esponjoso do pênis. Em sua passagem pelo bulbo desembocam os óstios dos ductos das glândulas bulbo-uretrais . Em nível da glande apresenta uma dilatação, a fossa navicular . Na glande abre-se para o meio externo através do óstio externo da uretra. Normalmente curva, torna-se retilínea na ereção. GLÂNDULAS/VESÌCULAS SEMINAIS É um órgão membranoso, par, com fundo cego voltado superiormente, e sua extremidade inferior afilada para constituir o seu ducto. Cada vesícula apresenta em média 7,5cm de comprimento. Tem como função a elaboração do líquido seminal para ser adicionado aos espermatozoides Estão situadas entre o fundo da bexiga e o reto, com sua extremidade superior divergente em relação com o ducto deferente, e as extremidades inferiores para a base da próstata. PRÓSTATA A próstata é um órgão impar e mediano, de natureza mista: parte glandular e parte muscular. No adulto a próstata mede 30mm de altura, 40mm de largura e 25mm de espessura. Seu peso corresponde à 20g. Quanto a sua forma, assemelha-se a um cone curto, achatado no sentido ânteroposterior e apresentando seu ápice arredondado. Sua base está voltada para cima em relação direta com o colo da bexiga, e seu ápice está voltado para baixo em contato com o diafragma urogenital. 49
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A função da próstata baseia-se na secreção prostática, que corresponde a 20% do volume do sêmen, e é responsável por ativar os espermatozoides, neutralizar a acidez presente na uretra masculina e na vagina, dar a aparência láctea ao sêmen e também lhe conferir o odor característico, semelhante ao odor de castanhas frescas. A localização está localizada na cavidade pélvica, por baixo da bexiga, por cima do diafragma pélvico, por trás da sínfise púbica, por diante do reto, através do qual pode ser facilmente palpada. Envolve a uretra prostática e o ducto ejaculatório. A próstata apresenta para estudo anatômico as seguintes porções: base, ápice, faces, posterior, anterior, e inferolaterais. Base: em relação com o colo da bexiga, é atravessada em sua parte central pela uretra. Ápice: repousa sobre o M. esfíncter da uretra, sendo circundado pelas margens mediais dos Mm. Levantadores do ânus. Face Posterior: repousa sobre a ampola do reto, podendo ser palpada através do reto. É dividida em dois lobos através de um sulco mediano. Nela penetram os ductos ejaculatórios. Exame físico prostático: o toque retal fornece informações sobre o volume, consistência, presença de irregularidades, limites, sensibilidade e mobilidade da próstata. Devido à íntima relação anatômica entre a próstata e o reto, torna-se fácil o acesso á glândula através do mesmo. A consistência normal da próstata é semelhante à da cartilagem alar maior, a da ponta do nariz. Hiperplasia Prostática Benigna: Apesar de muitos portadores de hiperplasia benigna confirmada por biópsia não apresentarem sintomas, a metade dos homens de 60 anos se queixa de alguma dificuldade urinária. Depois dos 80 anos, esse número cresce para 90%. Os sintomas da hiperplasia têm causas obstrutivas e/ou de armazenagem. Estão relacionados com as obstruções: retardo para iniciar a micção, interrupção involuntária e diminuição da “força” do jato, sensação de esvaziamento incompleto, gotejamento no final e micção em dois tempos. Os problemas de armazenamento provocam premência e aumento da frequência das micções (especialmente durante a noite), incontinência, dores na bexiga ou na uretra ao urinar. Homens com poucos sintomas, que acordam à noite uma ou duas vezes para urinar, não necessitam de tratamento, mas precisam ser acompanhados com toques retais e determinações periódicas do PSA. O PSA é uma proteína presente no líquido prostático, a qual responde a qualquer alteração na próstata, inclusive ao toque retal. Seu valor normal é de 2 a 4 ng/ml e se o resultado for entre 4 e 10 já há suspeita de hiperplasia.
PÊNIS O pênis é o órgão de cópula masculino, impar, de aspecto cilíndrico em estado de flacidez, porém durante a ereção torna-se prismático triangular. Representa órgão comum para saída do sêmen e urina. É formado por três cilindros de tecido erétil – corpo esponjoso e os corpos cavernosos – delimitados por tecido fibroso, e revestidos por pele, fina, pigmentada, e distensível. Está localizado por cima do escroto, entre a sínfise púbica e o ânus.
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Apresenta para estudo anatômico uma raiz e um corpo. Raiz: é representada pelo bulbo e pelos ramos do pênis , formações correspondentes as extremidades posteriores das estruturas eréteis do pênis. Está fixa pelos ramos aos ossos da pelve, e através do bulbo ao diafragma pélvico. Corpo: corresponde a parte livre, pendente do pênis, sendo constituída pela demais porções dos corpos cavernosos e esponjoso, e recoberta por pele. Os Tecidos Eréteis são formações lacunares as quais se enchem de sangue durante a ereção, e assim conferem ao pênis a rigidez exigida para a cópula. É representado pelos corpos cavernosos e esponjoso. Corpos Cavernosos: são estruturas pares, unidas anteriormente para formar o corpo do pênis, posteriormente divergem entre si constituindo os ramos do pênis, através dos quais fixam o órgão aos ossos ísquio e pube. Sua extremidade anterior é arredondada e se ajusta à base da glande. Corpo Esponjoso: estrutura impar, atravessada em toda sua extensão pela uretra esponjosa. Apresenta duas extremidades, uma distal, a Glande, e outra proximal, o Bulbo. Aloja-se em um sulco da superfície inferior dos corpos cavernosos.
Dentre outras estruturas do pênis, temos: Glande: apresenta um aspecto cônico. Está ajustado sobre a extremidade anterior dos corpos cavernosos. Superiormente apresenta uma margem saliente e arredondada, a coroa da glande. Proximalmente a coroa há uma constrição, o colo da glande, em nível do ápice da glande nota-se uma abertura em fenda, o óstio externo da uretra. Possui grande concentração de terminações nervosas, por isso é importante para a estimulação física do pênis durante a cópula. Prepúcio: corresponde a uma dupla camada de pele, a qual recobre a glande em toda sua extensão. O Frênulo do prepúcio é uma prega mediana que parte da porção inferior da camada profunda do prepúcio para a glande, fixando-se nas proximidades do óstio da uretra. Bulbo: corresponde a dilatação proximal do corpo esponjoso, de forma cônica. Está fixado ao diafragma urogenital através de uma cápsula fibrosa denominada ligamento do bulbo. Neste segmento do corpo esponjoso penetra a uretra para em seguida atravessá-lo por toda sua extensão. O bulbo do pênis entra na constituição da raiz do pênis fixando-o na pelve.
Fimose: é uma condição verificada quando o prepúcio apresenta um estreitamento acentuado, sendo impossibilitado de deslizar posteriormente sobre a glande, fazendo com que a mesma permaneça sempre recoberta. Essa alteração dificulta a higiene, e normalmente causa desconforto durante a cópula. A correção da fimose se dá através de um processo cirúrgico, com anestesia local, denominado postectomia. ESCROTO O escroto consiste em uma bolsa músculo-cutânea, impar e mediana, responsável por conter, os testículos, os epidídimos, e a porção inicial dos ductos deferentes. Está localizado por trás do pênis, por diante e abaixo da sínfise púbica. Está aderido à região púbica, ao períneo, região inguinal, e ao pênis.
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OBS: A palavra “escroto” provém do latim scrotum (bolsa) e refere o saco, a bolsa cutânea que envolve os testículos. A expressão “bolsa escrotal” não pode ser considerada um erro, pois o adjetivo escrotal restringe, especifica o significado de bolsa. Ou seja, visto existirem vários tipos de bolsas, essa refere-se unicamente à bolsa que envolve os testículos. O escroto é constituído de Pele e uma túnica muscular lisa, a túnica dartos.
Pele: fina, bem pigmentada e apresenta pelos após à puberdade, é marcada por uma crista mediana, a Rafe do escroto, a qual corresponde ao septo que, internamente, subdivide está bolsa em dois compartimentos. Túnica Dartos: está firmemente aderida à pele, sua contração modifica o aspecto do escroto, tornando-o curto e enrugado. Tal função de enrugar é possível devido a associação da Túnica Dartos com o músculo cremaster, que são faixas de fibras do músculo abdominal oblíquo interno. A contração da Túnica Dartos também é importante para a espermatogênese, pois possibilita uma temperatura constante (35oC) para os testículos.
Internamente, em um corte axial, é possível observar o septo do escroto, um tabique mediano responsável por subdividir o escroto em dois compartimentos, cada um deles contendo um dos testículos, um epidídimo e o correspondente ducto deferente.
Criptorquidia: Nos últimos meses da vida intrauterina, os testículos formados no interior do abdômen devem migrar para a bolsa escrotal, seguindo um caminho que passa pelo canal inguinal. A criptorquidia ocorre quando um deles ou os dois ficam parados em algum ponto desse caminho por causa de hérnias ou anomalias na conformação do abdômen inferior. Essa alteração do percurso tem importância porque, para viabilizar a produção de espermatozoides, os testículos precisam estar 1°C, 1,5°C abaixo da temperatura corpórea. Assim que a criança nasce, é importante verificar se existe ou não criptorquidia. Se os testículos não estiverem situados na bolsa escrotal, a conduta é observar como evolui o caso durante um ano, um ano e meio, porque eles podem migrar naturalmente. Caso contrário, o menino deve corrigir a anomalia precocemente para preservar a função germinativa. SISTEMA GENITAL FEMININO O sistema genital feminino pode ser dividido em órgãos internos e externos. Órgãos genitais femininos internos: Ovários Tubas Uterinas Útero Vagina
Órgãos genitais femininos externos: Pudendo Feminino
OVÁRIOS O ovário é um órgão par, com 3cm de comprimento; 2cm de largura; e 1,5cm de espessura. Apresenta forma comparável a de uma amêndoa. Antes da Ovulação, apresenta cor rosada e aspecto liso; após Sucessivas Ovulações, cor acinzentada e aspecto rugoso. Suas funções são: Produção dos Óvulos Produção e Secreção dos Hormônios: estrogênios e Progesterona. OBS:
Corpo Lúteo: se origina após a ovulação. Corpo Albicans: cicatriz fibrosa resultado da regressão do corpo lúteo.
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Apresenta para Estudo Anatômico: 02 Faces; 02 Margens; e 02 Extremidades. Face Medial Face Lateral Margem Livre Margem mesovárica: presa a uma expansão do Lig. Largo do Útero , o Mesovário. Esta margem representa o Hilo do Ovário, por onde passam as Aa. e Vv. Ováricas. Extremidade Tubária: voltada para cima, está dirigida para Tuba Uterina. Extremidade Uterina: Voltada para baixo, está dirigida para o Útero.
Está localizado na cavidade pélvica, por trás do ligamento largo do útero, e logo abaixo da tuba uterina. Os Ovários não apresentam revestimento Peritoneal. Os meios de fixação do ovário são: Lig. Suspensor do Ovário: une o Ovário a parede da Pelve. Lig. Útero-Ovárico (Ligamento próprio do ovário): une o Ovário ao Útero.
TUBAS UTERINAS É um órgão par, de forma tubular, implantadas no ângulo Látero-Superior do Útero, e do ponto de Implantação, se estendem lateralmente em direção às paredes da Pelve. Apresentam um calibre irregular, e 10cm de extensão. Além de sua ligação ao Útero, as Tubas Uterinas apresentam como meio de fixação uma prega do Ligamento Largo do Útero, a mesosalpinge. Comunicações: Com a Cavidade Uterina: através do Óstio Uterino da Tuba. Com a Cavidade Peritonial: através do Óstio Abdominal da Tuba. ÚTERO O útero é um órgão oco, em forma de pera, impar e mediano. É predominante muscular, o que favorece a sua função, pois cabe ao mesmo, abrigar e proteger o zigoto, e ainda acompanhar seu desenvolvimento durante todas as fases de sua evolução, até o nascimento. Durante o parto, o componente muscular ainda exerce importante papel na expulsão do novo ser vivo para o meio externo através do canal do parto. Está localizado no centro da Cavidade Pélvica, por trás da Bexiga Urinária, e por diante do Reto. Apresenta para estudo Anatômico as seguintes porções: Fundo; Corpo; Istmo; e Colo. Fundo: corresponde a parte do órgão situada acima do ponto de implantação das Tubas Uterinas. Nas mulheres que já engravidaram apresenta aspecto convexo. 53
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Corpo : é a principal porção do órgão, estende-se desde o ponto de implantação das tubas uterinas até uma região estreitada denominada istmo. Apresenta para estudo 02 faces separadas através de duas margens laterais. Face Anterior: plana o Face Posterior: abaulada o Istmo: apresenta-se como uma região estrangulada localizada abaixo do corpo. Colo: é a porção mais inferior do Útero. Apresenta duas porções, a supravaginal e vaginal. A parte vaginal do colo, projeta-se na Vagina onde se abre através do óstio do útero.
Na porção superior das margens do Útero se implantam as Tubas Uterinas. Neste nível encontramos os óstios uterinos das Tubas para comunicar a luz da Tuba com a cavidade uterina. Quanto aos meios de fixação do útero, destacamos: Ligamento Largo: prega de reflexão do Peritônio, que estende das paredes da Cavidade Pélvica até as Margens Laterais do Útero Ligamento Redondo: cordões fibrosos, que partem de cada lado da margem lateral do útero, abaixo da implantação das tubas uterinas, para, através do canal inguinal, alcançarem a face profunda dos lábios maiores da vulva. Ligamento Útero-Sacral: Partem da região inferior da face posterior do corpo do útero, até o Osso Sacro.
Quanto à estratigrafia do útero, temos: Perimétrio: Camada externa representada pelo Peritônio que Reveste o Útero. Miométrio: Camada Média, constituída por Músculo Liso. Corresponde a mais espessa das camadas que formam as paredes do Útero. Determina a elasticidade necessária para o órgão acompanhar o aumento do feto durante a gestação. Endométrio: Camada Interna, mensalmente sofre modificações (torna-se mais espessa e vascularizada) para receber o Zigoto. Não havendo a fecundação essa modificações do Endométrio descamam e são eliminadas sobre a forma de Menstruação.
A cavidade uterina apresenta um aspecto triangular com base superior, em nível do corpo, e fusiforme na região do colo. Nos ângulos superiores da cavidade Uterina identificamos os óstio uterinos das tubas .
VAGINA A vagina é um tubo músculo-mebranoso, impar e mediano, o qual Representa o Órgão de Cópula Feminino. Apresenta para estudo Anatômico 02 Paredes: Anterior e Posterior, justapostas. A parede Anterior da Vagina é mais curta, em razão de sua relação com o colo do útero. A Vagina se comunica superiormente com a cavidade do útero, através do óstio do útero, inferiormente se comunica com o meio externo, através do óstio da vagina. OBS: Nas virgens, o óstio da vagina é parcialmente fechado pela presença de uma membrana conjuntiva, de pouca espessura, revestida por mucosa, pobremente inervada e vascularizada, o hímen. Após a primeira relação sexual, o hímen é rompido (na maioria das mulheres), restando apenas seus fragmentos, as carúnculas himenais, em sua margem de inserção. 54
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PUDENDO FEMININO (VULVA) O pudendo (ou vulva) está representado pelas seguintes estruturas: Monte Púbico: elevação mediana situada por diante da Sínfise Púbica. É constituída por tecido adiposo, revestido por cútis, na qual após a puberdade verifica-se a presença de pelos. Lábios Maiores: duas pregas cutâneas alongadas, que delimitam entre si uma fenda mediana, a rima do pudendo . Os Lábios Maiores apresenta uma face medial lisa, e outra lateral com pelos após a puberdade. Lábios Menores: duas pregas cutâneas lisas, situadas medialmente aos Lábios Maiores, delimitam entre si o vestíbulo da vagina, onde identificamos: Óstio da uretra; Óstio da vagina; dos ductos das Óstios glândulas vestibulares. Clitóris: órgão erétil feminino, homólogo ao pênis masculino. É constituído, por dois ramos fixos aos ramos inferiores dos púbis, unindo-se medianamente para formar o corpo do clitóris, terminando em uma dilatação anterior, a glande do clitóris, identificada, no ponto em que se unem superiormente os lábios menores. Bulbo do Vestíbulo: Formado por duas massas pares de tecido erétil, situados profundamente aos Lábios Menores da Vulva, envolvidos pelo M. Bulbocavernoso. Quando cheios de sangue, dilatam-se e desta forma proporcionam maior contato entre o pênis e o Óstio da vagina. Destacamos, ainda, as glândulas anexas do pudendo feminino. Este conjunto de glândulas visa promover a lubrificação, tornando úmidos as estruturas associadas à cópula feminina, favorecendo assim a relação sexual. Glândulas vestibulares maiores: glândula esférica, par, de tamanho próximo ao de uma ervilha, situadas profundamente no vestíbulo da vagina, onde abrem-se seus ductos. Glândulas vestibulares menores: apresentam-se em número variável, com ductos diminutos, os quais se abrem no vestíbulo da vagina, entre o óstio da uretra e o óstio da vagina.
ROTEIRO PARA ESTUDO PRÁTICO OVÁRIOS Extremidade tubaria Extremidade uterina Ligamento útero-ovárico Ligamento suspensor do ovário
TUBAS UTERINAS Istmo da tuba uterina; Ampola da tuba uterina; Infundíbulo da tuba uterina Fímbria ovárica
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ELEMENTOS DE SUSTENTAÇÃO Ligamento largo do útero Mesossalpinge
ÚTERO
Fundo do útero Corpo do útero, Istmo do útero, Óstio do útero
ELEMENTOS DE SUSTENTAÇÃO DO ÚTERO Ligamento largo do útero Ligamento redondo do útero VAGINA Parede posterior Parede anterior VULVA
Monte púbico Lábios maiores Lábios menores Óstio externo da uretra Óstio da vagina (hímen) Clitóris Bulbo do vestíbulo
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TESTÍCULOS Túnica albugínea Face lateral Face medial Pólo superior Pólo inferior Margem anterior Margem posterior EPIDÍDIMO Cabeça Corpo Cauda Ducto deferente URETRA Porção prostática Porção membranosa Porção esponjosa
PRÓSTATA
GLÂNDULA SEMINAL
PÊNIS
Bulbo do pênis Corpo cavernoso Corpo esponjoso Glande do pênis Óstio externo da uretra Prepúcio do pênis
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ESCROTO Pele do escroto Septo do escroto Rafe do escroto
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MÓDULO: SISTEMA ENDÓCRINO, REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
2016
Arlindo Ugulino Netto; Lívia Tafnes Almeida de Araújo.
FISIOLOGIA: INTRODUÇÃO À ENDOCRINOLOGIA As funções e atividades das células, tecidos e dos órgãos do organismo são reguladas pela associação do sistema nervoso e do sistema endócrino ou hormonal.
HORMÔNIOS Hormônios são mensageiros químicos produzidos pelas glândulas endócrinas e enviados para células-alvo através do sangue. A natureza de um hormônio determina seu mecanismo de ação (sendo o efeito de curta ou de longa duração) CLASSES GERAIS DE HORMÔNIOS 4. Proteínas e Polipeptídeos: hormônios secretados pela hipófise anterior e posterior, pelo pâncreas, pelas glândulas paratireoides. Ao serem produzidos, ficam armazenados em vesículas secretórias até serem necessários. São principalmente hidrossolúveis. Ex: insulina, glucagon e FSH. 5. Derivados de Amino Ácidos: secretados pela tireoide (provenientes da tirosina) e pela medula adrenal. São hidrossolúveis. Ex: tiroxina e adrenalina. 6. Derivados de Esteroides e Ácidos Graxos: hormônios secretados pelo córtex suprarrenal, pelos ovários, pelos testículos e pela placenta. São sintetizados a partir do colesterol e não são armazenados. São lipossolúveis. Ex: progesterona, estradiol e testosterona. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO LOCAL DE AÇÃO DOS HORMONIOS Locais (autócrino): tem ação no próprio tecido que é sintetizado ou em células adjacentes. Ex: acetilcolina, secretina, colecistocinina, etc. Gerais (parácrino): secretados por glândulas e causam repostas em tecidos distantes. LOCALIZAÇÃO DOS RECEPTORES DE HORMÔNIOS Tendo sido liberado na corrente sanguínea, o hormônio primeiro liga-se a receptores específicos na (ou dentro da) célula. Podem estar: Aderidos na superfície da membrana celular ou sobre ela No citoplasma celular. No núcleo das células. Depois do hormônio ter ativado a célula-alvo, é gerado um sinal inibidor que retorna, direta ou indiretamente, para a glândula endócrina (Mecanismo de Retroalimentação) para interromper a secreção desse hormônio.
MECANISMO DE AÇÃO GERAL Os hormônios agem em nível celular via AMP cíclico. Para isso, o hormônio interage com uma proteína específica de membrana e ativa a enzima adenil ciclase, que converte ATP em AMPc, o qual ativa proteínas quinases (responsáveis por fosforilar e ativar outras proteínas intracelulares) e gerar respostas celulares.
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HORMÔNIOS SECRETADOS PELO HIPOTÁLAMO A secreção de quase todos os hormônios produzidos pela hipófise é controlada por sinais hormonais ou nervosos emitidos pelo hipotálamo. Constituindo assim, o centro encefálico para manutenção da homeostasia. Os hormônios hipotalâmicos que estimulam (hormônios liberadores) ou inibem (hormônios inibidores) a adenohipófise são: Hormônio liberador de tireotrofina (TRH) Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) Hormônio liberador de somatotrofina (SRH) Hormônio liberador de prolactina (PRH) Hormônio inibidor de prolactina (PIH) Hormônio liberador de corticotrofina Hormônio melanócito estimulante HIPÓFISE Também chamada de glândula pituitária (por possuir células chamadas pituícitos), a hipófise tem menos de 1 cm de diâmetro, com 0,5 a 1g, e está conectada ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário. O hipotálamo tem apenas conexões eferentes com a hipófise, sendo geralmente associadas à síntese e secreção de hormônios. As secreções hipotalâmicas são hormônios estim uladores/inibidores da hipófise anterior (ade nohipófise) ou hormônios que são armazenados na hipófise posterior (neuro-hipófise) para que, só depois, sejam secretados por essa glândula. A produção de hormônios pela hipófise anterior (TSH, GH, etc.) é controlada por hormônios do hipotálamo (TRH, GnRH, etc.), que são secretados na chamada eminência mediana e que alcançam, então, os vasos do sistema porta hipotalâmico-hipofisário. Já os hormônios da neuro-hipófise não são produzidos por ela: a hipófise posterior nada mais é que uma “via” de secreção dos hormônios hipotalâmicos, como o antidiurético (ADH) e a ocitocina.
CONTROLE DA HIPÓFISE PELO HIPOTÁLAMO Tracto hipotálamo-hipofisário: é formado por fibras que se originam em núcleos do hipotálamo e terminam na neuro-hipófise (hipófise posterior). As fibras deste tracto constituem os principais componentes estruturais da neuro-hipófise, sendo elas ricas em neurossecreção, sendo as principais o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina. Tracto túbero-infundibular: é constituído de fibras neurossecretoras que se originam em neurônios pequenos do hipotálamo e convergem para a região hipotalâmica chamada, secretando hormônios diretamente no sistema porta-hipotálamo-hipofisário. São fatores secretados por esta via: GnRH, TRH, CRH, etc. 60
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HORMÔNIOS DA HIPÓFISE ANTERIOR A hipófise anterior produz hormônios sob estímulo do hipotálamo. São eles: Somatotrofina/ STH/ Hormônio do crescimento/ GH: promove o aumento da taxa de metabolismo celular e aumento de mitoses celulares no disco epifisário. Corticotropina/ CTH/ Adrenocorticotrofina/ ACTH: estimula a síntese e a liberação de hormônios do córtex da adrenal. Hormônio estimulador da tireoide/ TSH: Estimula a síntese de hormônios pela tireoide, que aumenta o metabolismo corpóreo. Hormônio folículo estimulante/ FSH: No Homem: estimula as células de Sertoli a produzirem proteína ligante de andrógeno; Na mulher: crescimento do folículo ovariano. Hormônio Luteinizante/ LH: Na mulher: hormônio da ovulação, formação do corpo lúteo e a secreção de progesterona e estrógeno. No homem: estimula a síntese de testosterona pelas células de Leydig. Prolactina: promove o desenvolvimento de mamas femininas e produção de leite. HORMÔNIOS HIPOTALÂMICOS SECRETADOS PELA HIPÓFISE POSTERIOR A hipófise posterior não produz hormônios, apenas libera hormônios produzidos pelo hipotálamo. São eles: Hormônio Antidiurético/ ADH/ Vasopressina: aumenta a reabsorção de água pelos rins; vasoconstricção; elevação da pressão arterial. Ocitocina: contração uterina no trabalho de parto e desenvolvimento de glândulas mamárias para ejeção de leite FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DO HORMONIO DO CRESCIMENTO (GH) Causa crescimento de todos dos tecidos corporais. Aumenta o tamanho das células. Aumenta o numero de mitoses. EFEITOS METABÓLICOS DO GH Aumento da síntese proteica. Maior mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo com fins energéticos. Conserva de carboidratos (não entram na via metabólica). PAPEL DO GH NA PRODUÇÃO DE PROTEÍNAS Aumento do transporte de aminoácidos através da membrana. Aumento da síntese proteica pelos ribossomos. Aumento na formação de RNA (transcrição do DNA). Redução do catabolismo (degradação) de proteínas e aminoácidos. EFEITOS DO GH NA UTILIZAÇÃO DE LIPÍDIOS Aumento na utilização de lipídios para fins energéticos. Aumento da liberação de ácidos graxos pelo tecido adiposo. TIREOIDE A tireoide secreta dois hormônios importantes, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), ambos de fundamental importância para os processos de metabolismo do corpo. O T44 é mais abundante por ser mais produzido, enquanto o T3 é mais potente (cerca de 4x mais, o que prova a conversão de T4 em T3 nos tecidos de alto metabolismo, como o fígado). FUNÇÕES BIOLÓGICAS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Tiroxina (T4) e Triiodotiroinina (T 3): aumento do metabolismo das reações. Calcitonina: deposição de íons cálcio nos ossos. NECESSIDADE DE IODO PELO ORGANISMO Necessário na formação de tiroxina e triiodotironina. Deve-se ingerir cerca de 1mg de Iodo por semana. OBS: O sal comum utilizado na dieta comum das pessoas já é iodetado, isto é, adicionado do íon iodeto. ETAPAS DA PRODUÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 1) Bomba de iodeto (transporte ativo primário): ocorre transferência de iodeto do sangue para as células glandulares e para o folículo, influenciada pela concentração de TSH no sangue. 61
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2) Tiireoglobulina e formação de T3 e T4: a tireoglobulina é uma glicoproteína presente nos coloides da glândula tireoidea, formada e secretada pelo folículo tireoidiano, contendo ela 70 resíduos de tirosina (aminoácido responsável pela produção dos hormônios tireoidianos). Os hormônios são formados no interior da tireoglobulina, quando a tirosina é ligada ao iodeto oxidado. Como dito anteriormente, a produção do T4 é cerca de 20x maior que a do T3; o T4, entretanto, é convertido perifericamente em T3 (que é, de fato, o hormônio biologicamente ativo) pela enzima desiodinase I. 3) Oxidação do iodeto: é uma etapa essencial devido à conversão de iodeto a sua forma oxidada, realizada por ação do peróxido de hidrogênio por meio da ação da enzima peroxidase. Dessa maneira, a combinação do iodo com a tirosina é mais facilmente aceita. 4) Iodetação da tirosina: participação da enzima no processo de incorporação da molécula de iodeto na tirosina, acelerando processo. 5) Armazenamento na tireoglobulina: após a síntese dos hormônios tireoidianos, cada molécula de tireoglobulina contém ate 30 moléculas de tiroxina e algumas moléculas de triiodotironina. Dessa forma, os hormônios são armazenados suficientemente para 2 a 3 meses. 6) Liberação da tiroxina e triiodotironina: ocorre a ligação de T3 e T4 às proteínas plasmáticas no organismo. Cerca de 99% do T3 e T4 estará ligada a globulina fixadora de tiroxina , que é uma proteína específica para esta fixação. 50% da tiroxina é liberada a cada 6 dias por ter alta afinidade às proteínas plasmáticas. 50% da triiodotironina é liberada a cada 1 dia por ter baixa afinidade. Nas células teciduais vão se ligar à proteínas intracelulares. 7) Latência (inativo) e duração da ação (ativo) da tiroxina: devido à ligação das proteínas plasmáticas e teciduais, há um longo período de latência (2 a 3 dias inativo) após a ingestão de tiroxina, que pode durar de 10 a 12 dias ativo. Ou seja, o efeito da tiroxina reposta dura cerca de 10 dias para ter inicio. 8) Latência e duração da triiodotironina: o T3 tem período de latência (inativo) durando cerca de 6 a 12 horas apenas, enquanto a sua ação ocorre quatro vezes mais rápido e eficaz que o T4 por ser mais potente, durando cerca de 2 a 3 dias ativo. 9) Conversão de T4 em T3: perifericamente, acontece a remoção de um iodo da molécula de T4 (pela desionidase) e acontece o aumento da afinidade dos hormônios T3 pelos receptores intracelulares, tendo efeito sobre as mitocôndrias: aumentam de tamanho, número e área total de membrana. OBS: Sabendo-se que o principal hormônio produzido pela tireoide é o T4 e que este regula, por feedback , a produção do TSH, podemos medir laboratorialmente a função tireoidiana solicitando-se, rotineiramente, apenas o TSH e/ou T4 livre (a dosagem do T3 livre deve ser solicitada apenas na suspeita de tireotoxicose por T3, o que ocorre em 3-5% dos casos). FUNÇÃO DOS HORMONIOS DA TIREOIDE Aumento da transcrição gênica. Aumento da atividade enzimática. Aumento das proteínas estruturais. Aumento das proteínas transportadoras. Aumento generalizado da atividade funcional do corpo. EFEITO DOS HORMONIOS TIREOIDIANOS NO CRESCIMENTO Esses hormônios manifestam-se principalmente em crianças na fase de crescimento. Crianças hipotireoideas: retardo no crescimento. Crianças hipertireoideas: crescimento em excesso. Durante a vida fetal e os primeiros anos, os hormônios da tireoide são importantes para o crescimento e desenvolvimento cerebral. EFEITOS DOS HORMONIOS SOBRE OS MECANISMOS CORPORAIS Metabolismo dos Carboidratos: aumentam a atividade enzimática. Metabolismo dos lipídios: aumento do metabolismo e esgotamento de reservas adiposas. Redução do colesterol e triglicéridios. Peso corporal: redução do peso, mas acompanhado de aumento de apetite. Sistema cardiovascular: aumento do fluxo cardíaco; aumento do débito e frequência cardíaca. Respiração: aumento da amplitude dos movimentos respiratórios. Trato digestório: aumento de secreção de sucos digestivos e motilidade dos músculos lisos. Sistema nervoso central: aumento da atividade. Função muscular: enfraquecimento devido ao catabolismo proteico; tremores. 62
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REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE HORMONIOS É regulado, principalmente, pelo hipotálamo (TRH) e hipófise anterior (TSH): Aumento da proteólise da tireoglobulina; Aumento da atividade da bomba de iodeto e iodetação da tirosina Aumento do tamanho e numero de células da glândula. Aumento da atividade secretora das células. Ativação da via do AMPc. OBS: O frio aumenta a liberação de TRH e TSH. Hipertireoidismo / Bócio difuso toxico / Doença de graves: Características: Principal causa de hipertireoidismo (com tireotoxicose) em nosso meio. Resulta de resposta autoimune às células da glândula. Ocorre Aumento de 2 a 3 vezes no tamanho da glândula. Aumento na secreção de 5 a 15 vezes. É uma doença causada por um anticorpo: antirreceptor de TSH (TRAb) Sintomas: alto grau de excitabilidade, intolerância ao calor, aumento da sudorese, grande perda de peso, fraqueza muscular, nervosismo, exoftalmia. Testes diagnósticos TSH baixo ou suprimido; T4 livre alto; Anticorpo: antirreceptor de TSH (TRAb) positivo. Tratamento: remoção cirúrgica da glândula, fazendo uso antes de substâncias antitireoideas (como o Propiltidiouracil, um bloqueador da formação dor hormônios da tireiode). Hipotireoidismo: Tireoidite de Hashimoto e Bócio Coloide Endêmico Características: A principal causa de hipotireoidismo no Brasil é uma doença primária (sem fator desencadeante conhecido): Hashimoto, uma doença autoimune. Nesta doença, existe uma diminuição da produção dos hormônios tireoidianos, o que aumenta, por feedback positivo, o TRH e o TSH. O bócio coloide endêmico ocorre devido a falta de iodo, o que resulta em uma produção deficiente de hormônios T3 e T4; sem hormônios, não há inibição do TSH, o qual se mostra aumentado; ocorre a produção excessiva de tireoglobulina (nos coloides) e, devido a isso, aumento da glândula (bócio) em 10 a 12 vezes o tamanho normal. Sintomas: ocorrem efeitos opostos ao hipertireoidismo, tais como: sonolência extrema e lentidão muscular; redução da frequência cardíaca e débito cardíaco; redução do volume sanguíneo; aumento de peso; voz rouca (semelhante ao coaxar de sapo); aparência edematosa no corpo; mixedema. Diagnóstico: TSH alto; T4 livre diminuído; Anti-TPO positivo em caso de Hashimoto. Tratamento: é realizado com administração de T4 exógeno (Levotiroxina) em doses calculadas com relação à massa corpórea do paciente. O controle do tratamento deve ser feito por meio de dosagens de TSH, que deve se manter em níveis normais, observando-se também os níveis de triglicerídeos e colesterol. OBS: Bócio, por definição, significa aumento da glândula tireoide. Em resumo, podemos definir que a glândula tireoide cresce por dois motivos, basicamente: ou porque o TSH está alto, ou porque existem anticorpos estimulando a glândula. HORMÔNIOS DO CÓTEX DA SUPRARRENAL Cortisol: controla o metabolismo de proteínas, glicose e lipídios. Aldosterona: promove a retenção renal de água e sal, reabsorvendo-os para manter a pressão arterial constante em caso de hemorragias. HORMÔNIOS DO PÂNCREAS Todos produzidos nas Ilhotas de Langerhans. 63
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Insulina: produzida pelas células β, com ação hipoglicemiante. Glucagon: produzido pelas células α, com ação hiperglicemiante. Somatostatina: inibição do STH.
HORMÔNIOS OVARIANOS Estrogênio: estimulam o desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos. Progesterona: desenvolvimento do aparelho secretor das mamas. HORMÔNIOS DA PARATIREOIDE Paratormônio: aumento do cálcio sanguíneo, através da: ativação da vitamina D3, que estimula a absorção de Ca2+ no intestino; estimula os rins na reabsorção de cálcio; retirada de cálcio do tecido ósseo pelos osteoclastos. HORMÔNIOS PLACENTÁRIOS Gonadotropina Coriônica/ hCG: promove o crescimento do corpo lúteo e a secreção de estrógeno e de progesterona por ele. Estrogênios e Progesterona Somatotropina Humana: promove o desenvolvimento de tecidos fetais, bem como as mamas da mãe.
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FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO O funcionamento do sistema endócrino é baseado em um mecanismo de regulação hormonal totalmente voltado à adaptação do corpo ao meio ambiente, onde quer que esteja o indivíduo. Este sistema engloba estruturas anatômicas que, interagindo diretamente com o sistema nervoso, secretam produtos químicos de funções reguladoras bastante precisas. O sistema nervoso pode fornecer ao sistema endócrino informações sobre o meio externo, enquanto que o sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema endócrino, em conjunto com o sistema nervoso, atua na coordenação e regulação das funções corporais. O sistema endócrino é formado por glândulas secretoras de hormônios controlados por eixos hormonais. A título de informação, eixo hormonal constitui a sequência de sinais inter-relacionados até a ativação de uma glândula.
HORMÔNIOS Os hormônios são substâncias bioquímicas ativas que apresentam ritmos de secreção e quantidades fisiológicas, com padrão de secreção pulsátil, diurno, cíclico, dependente da presença de substâncias circulantes. Eles operam obedecendo a sistemas de controle de retroalimentação ( mecanismo de feed back ) afetando apenas as células que apresentam os seus receptores específicos. São inativados pelo fígado, que os torna mais solúveis para excreção renal. Os hormônios são liberados em resposta a alterações no meio ambiente celular ou no intuito de manter regulada a concentração de determinadas substâncias ou outros hormônios. A sua secreção é regulada por fatores químicos humorais, hormonais ou neurais. TRANSPORTE HORMONAL Os hormônios são liberados no sistema circulatório pelas glândulas endócrinas. Os hormônios hidrossolúveis circulam livres, na forma não-ligada à proteínas plasmáticas. Já os hormônios lipossolúveis circulam fundamentalmente ligados a uma proteína plasmática – proteína transportadora . Esta proteína pode ser a albumina, mas quase sempre é uma glicoproteína da classe das globulinas, específica para a classe do hormônio: globulina transportadora de hormônios sexuais, globulina transportadora de testosterona. MECANISMO CELULAR DA AÇÃO HORMONAL O mecanismo de ação celular dos hormônios consiste, basicamente, em duas etapas: (1) reconhecimento por uma proteína receptora (ou receptores hormonais, cuja conformação espacial deve ser compatível com a estrutura conformacional do hormônio) localizada na membrana plasmática ou no compartimento intracelular da célula alvo e, em seguida, (2) ativação ou inibição celular, a depender da natureza do hormônio. Dependendo da natureza do hormônio, temos os seguintes mecanismos de ação: Hormônios hidrofílicos: apresentam alto peso molecular e não atravessam a membrana plasmática. Por este motivo, são chamados de primeiro mensageiro e participam de um mecanismo de transdução de sinal intracelular. Desta forma, estes hormônios produzem, no interior da célula, por meio de um evento bioquímico coordenado, moléculas chamadas de segundo mensageiro que realizam uma grande amplificação do sinal inicial. Os principais segundos mensageiros são: monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), IP3, Cálcio, Diacilglicerol (DAG). Hormônios hidrofóbicos: atravessam a membrana plasmática e ligam-se aos receptores citosólicos ou nucleares. Estes hormônios apresentam baixa solubilidade em água e são transportados no sangue por proteínas plasmáticas. Eles atravessam a membrana plasmática e ligam-se aos receptores intracelulares. O complexo hormônio-receptor liga-se a sequências específicas no DNA, chamadas de elementos responsivos aos hormônios que induzem uma modificação da expressão gênica, por ativarem/inibirem RNA polimerase e/ou a maquinaria celular de transcrição e tradução do DNA. Os hormônios esteroidais seguem este padrão. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIO-GLÂNDULAENDÓCRINA O eixo hipotálamo-hipofisário-glândula endócrina é o principal eixo de regulação hormonal do organismo humano devido à variedade de respostas fisiológicas que controla. Este eixo é composto por núcleos hipotalâmicos produtores e secretores de hormônios que atuam na hipófise, levando a estimulação da liberação de hormônios que iram atuar nas diversas glândulas endócrinas distribuídas no organismo.
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HIPOTÁLAMO ENDÓCRINO O hipotálamo tem apenas conexões eferentes com a hipófise, sendo estas conexões geralmente associadas à síntese e secreção de hormônios. O hipotálamo endócrino é constituído por núcleos de neurônios especializados em secretar hormônios peptídicos através dos tractos hipotálamo-hipofisário e túbero-infundibular . Estes neurônios apresentam as mesmas propriedades elétricas das outras células nervosas, deflagrando potencial de ação gerado no corpo celular que trafega pelo axônio, induzindo a abertura de canais de cálcio voltagem dependente e secreção de vesículas contendo os hormônios. As secreções hipotalâmicas são hormônios estimuladores/inibidores da hipófise anterior (andenohipófise) ou hormônios que são armazenados na hipófise posterior (neurohipófise) para que, só depois, sejam secretados por esta glândula. Desta forma, podemos destacar os dois tractos que comunicam o hipotálamo endócrino e os dois lobos da hipófise da seguinte forma: Tracto túbero-infundibular: é constituído de fibras neurossecretoras que se originam em neurônios pequenos (parvicelulares) do núcleo arqueado e áreas vizinhas do hipotálamo tuberal. Seus axônios convergem para a região hipotalâmica chamada de eminência mediana e na haste infundibular, onde vários hormônios são secretados diretamente no sistema porta-hipotálamo-hipofisário. São hormônios secretados por esta via: GRH, TSH, ACTH, etc. Tracto hipotálamo-hipofisário: é formado por fibras que se originam nos grandes neurônios (magnocelulares) dos núcleos supra-óptico e paraventricular , e terminam na neuro-hipófise (hipófise posterior). As fibras deste tracto constituem os principais componentes estruturais da neuro-hipófise, sendo elas ricas em neuro-secreção. As células do núcleo supra-óptico produzem o hormônio antidiurético (ADH), enquanto que as células do núcleo paraventricular produzem a ocitocina.
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Portanto, os neurônios hipotalâmicos que se relacionam com a neuro-hipófise constituem o sistema magnocelular . Fazem parte deste sistema neurônios distribuídos nos núcleos supra-ópticos e paraventricular . Destes núcleos, partem axônios que se projetam pela haste hipofisária até o lobo posterior da hipófise onde os neurohormônios são armazenados e liberados para a circulação sistêmica pela própria hipófise. Já os neurônios hipotalâmicos que se relacionam com a adeno-hipófise constituem o sistema parvicelular ou túbero-infundibular . Fazem parte deste sistema neurônios difusamente distribuídos nos núcleos arqueados do hipotálamo. Um sistema vascular especializado conecta a eminência mediana à adeno-hipófise – o sistema porta hipotálamo-hipofisário, onde os hormônios chegam em alta concentração antes de entrarem na circulação sistêmica mais diluídos.
OBS1: Note que, existem duas linhas de hormônios hipotalâmicos: Hormônios produzidos pelo hipotálamo (GRH, TRH, etc.) que estimulam ou inibem a secreção de hormônios da adenohipófise (GH, TSH, ACTH, etc.) via sistema porta-hipotálamo-hipofisário; Hormônios produzidos pelo hipotálamo, mas secretados pela neuro-hipófise (ADH e ocitocina). Os sistemas parvicelular e magnocelular estão sob influência de várias regiões do SNC. As aferências noradernérgicas originam-se principalmente do bulbo e ponte; as aferências serotonérgicas originam-se principalmente do núcleo da rafe do mesencéfalo, as aferências colinérgicas originam-se do sistema límbico pelas vias córticohipotalâmica da amígdala e do tálamo. A aferência dopaminérgica origina-se do núcleo arqueado para a eminência mediana, de modo que a dopamina exerce controle sobre a secreção dos hormônios adeno-hipofisários.
HORMÔNIOS HIPOTALÂMICOS Hormônio liberador de tirotrofina (TRH): Funções: Estimular a secreção de TSH. A expressão dos seus receptores é estimulada estrógenos e o inibida por hormônios da tireoide e corticoides. A morfina inibe sua secreção. Ações centrais: altera padrão do sono; produz anorexia; libera noradrenalina e dopamina; aumenta o pressão arterial; opõe-se a ação do etanol, fenobarbital, diazepam, clorpromazina sobre o tempo do sono e hipotermia.
Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH): Funções: estimular a secreção de LH e FSH; a inibina inibe a liberação do FSH; a morfina inibe sua o liberação. Outras ações: mediador estimulante do impulso sexual. o
Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH ou GRH) Funções: estimula a liberação do GH; as endorfinas, serotonina, e durante a fase do sono de ondas o lentas estimulam a liberação de GRH; é inibido pela somatostatina (hormônio inibidor da liberação do GH).
Hormônio liberador da prolactina (PRH): Funções: Estimula a liberação da prolactina; o TRH também é um potente estimulador da prolactina o após sucção mamária; os fatores de inibição da prolactina (PIF) inibem a secreção da prolactina.
Hormônio liberador de corticotrofina (CRH): Funções: Estimula a expressão do gene POMC; Leva a produção de ACTH, MSH, beta-endorfinas; o estresse, hipovolemia e dor são potentes indutores de sua liberação via Ach, serotonina e NA; no terceiro terço do sono noturno, precedendo a vigília ocorre um pico de liberação; sua inibição ocorre pelos corticoides.
Ocitocina: hormônio produzido pelo hipotálamo, mas sendo armazenado e secretado pela hipófise posterior. Tem a função de promover as contrações musculares uterinas durante o parto e a ejeção do leite durante a amamentação.
Hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina: também produzido pelo hipotálamo, mas secretado pela neuro-hipófise, o ADH tem a função de conservar a volemia (manter os líquidos do organismo) diminuindo a excreção de água pelos rins (atua nas aquaporinas do túbulo contorcido distal, impedindo que a água seja eliminada pelo ducto coletor), sendo secretado, principalmente, em resposta a traumas ou hipovolemia. Este hormônio é chamado de vasopressina, pois aumenta a pressão sanguínea ao induzir uma vasoconstrição moderada sobre as arteríolas do corpo. O álcool (do consumo de bebidas alcóolicas) suprime a produção do ADH, aumentando a diurese. 67
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HIPÓFISE A hipófise humana, pequena glândula endócrina conectada ao hipotálamo e situada no assoalho do III ventrículo encefálico, divide-se basicamente em duas porções: a hipófise anterior (adeno-hipófise) e a hipófise posterior (neurohipófise). HIPÓFISE ANTERIOR Histologicamente, as células da hipófise anterior organizam-se em cordões irregulares que recebem um intenso fluxo sanguíneo. Ela pode ser dividida em relação a resposta de suas células a determinados corantes, e portanto em 03 áreas distintas: Acidófilas (tireotróficas, gonadotróficas, corticotróficas): coram com eosina; Basófilas (somatotróficas, lactrotróficas): coram com eosina, hematoxilina; Cromófoba: com baixa coloração citoplasmática. As células cromófobas são células que apresentam alta secreção hormonal, sem grandes estoques de hormônios e pouca afinidade por corantes.
Hormônio tireoide estimulante ou tirotrofina (TSH): hormônio glicoproteico, formado por duas cadeias: alfa e beta. Função: Estimula a síntese e secreção dos hormônios tireoidianos – Tiroxina (T4), Triiodotironina o (T3); efeito trófico sobre a glândula da tireoide; A inibição da síntese é feita pelos hormônios tireoidianos e o controle hipotalâmico negativo. o
Gonadotrofinas (LH, FSH): Hormônio glicoproteico, formado por duas cadeias: alfa e beta FSH: Maturação folicular e ovulação, preparação da mama para lactação; Espermatogênese, o trofismo testicular e peniano. LH: Ovulação, síntese do estradiol, e progesterona; Síntese de testosterona. o A inibição é feita em feedback pelos hormônios gonadais. o
Hormônio do crescimento: é um hormônio proteico que atua primariamente estimulando a produção dos insulin growth factors (IGF-1), cujos receptores estão expressos em todos os tecidos. Funções do IGF-1: proliferação celular e estímulo da síntese de colágeno em nível da placa epifisária o óssea – Crescimento; Aumento da captação de aminoácidos e síntese proteica – Metabolismo proteico; Aumento da lipólise – Metabolismo dos lipídeos; Aumento do consumo de glicose no músculo cardíaco, acúmulo de glicogênio nos músculos do diafragma, mas diminuição na captação de glicose pelo músculo esquelético – Metabolismo dos carboidratos.
Prolactina: é um hormônio proteico que tem importante papel no processo de lactação, exercendo ações fundamentais na preparação e manutenção da glândula mamária para secreção do leite. Funções: inibe a função reprodutora por suprimir o GnRH; inibe o impulso sexual; sua secreção é o inibida pelo PIF.
Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): é derivado de um único gene – POMC. Funções: estimula a síntese de cortisol pela adrenal; sua secreção é controlada pelos corticoides; o o MSH leva a estimulação da síntese de melanina depositada nos folículos pilosos e na derme; as endorfinas têm papel analgésico, portanto nos mecanismos de percepção dolorosa.
HIPÓFISE POSTERIOR A hipófise posterior não produz hormônios, mas apenas armazena e secreta dois hormônios produzidos por núcleos hipotalâmicos: o ADH e a Ocitocina. ADH: Produzido pelo N. supra-óptico, promove a reabsorção de água pelos túbulos coletores renais. Ocitocina: contração da musculatura do útero, ejeção do leite durante a lactação. CORRELAÇÕES CLÍNICAS Doenças hipotalâmicas: Lesões nos núcleos paraventriculares, supra-óptico, e ventromedias podem levar ao panhipopituitarismo, diabetes insipidus central, obesidade hipotalâmica. As doenças hipotalâmicas podem ser congênitas, cromossomiais, neoplásicas. Distúrbios congênitos do hipotálamo: São as síndromes da linha mediana – tratos óptico e olfativo, fibras que ligam os dois hemisférios cerebrais como o corpo caloso, o septo pelúcido, comissura anterior. O mais comum é: o lábio leporino. Síndrome de Prade-Willi: ocorre uma microdeleção do cromossomo 15. A doença é caracterizada por: hipotonia muscular; hiperfagia hipotalâmica; hipogonadismo hipoganadotrófico (criptorquidismo, micrófalo); alterações crânio-faciais (dolicocefalia, olhos de amêndoa); mãos e pés pequenos, retardo mental; deficiência de GnRH, GH. 68
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Síndrome de Kallman: há um distúrbio genético ligado ao X. A doença é caracterizada por: anosmia ou hiposmia; hipogonadismo hipoganadotrófico; Indivíduo com hábito eunuco: alta estatura, imberbe, micrófalo, testículos pré-puberais, voz fina; deficiência da proteína que auxilia a migração dos neurônios produtores de GnRH e dos neurônios do bulbo olfatório. Craniofaringeoma: é um tumor pouco comum do SNC que se caracteriza por lesão expansiva do crânio, causando um quadro de cefaleia, vômitos e distúrbios visuais. Além disso, pode causar: diabetes insipidus; pan-hipopituitarismo; hiperprolactatemia; déficit de crescimento na infância, hipogonadismo no adulto, hipotiroidismo, hipoadrenalismo. A característica mais marcante é a tendência a calcificação e infiltrações de cristais de colesterol. A correção deve ser feita por cirurgia de ressecção e/ou radioterapia. Adenoma hipofisário: é a causa mais comum de doença hipofisária. Tais neoplasias podem se comportar como secretantes (isto é: produtores de GH, PRL, ACTH, TSH, LH e FSH) e não secretantes. A manifestação clínica causada pelo tumor depende do tamanho, do tipo histológico e do hormônio que ele tende a secretar. Por exemplo: amenorreia e galactorreia nos adenomas produtores de PRL; nos tumores secretantes de GH termos gigantismo nas crianças e acromegalia nos adultos; Síndrome de Cushing nos tumores produtores de ACTH; alterações metabólicas nos tumores produtores de TSH. O tumor pode causar ainda sintomas relacionados com efeito em massa: cefaleia e defeitos de campo visual (hemianopsia bitemporal). Apoplexia hipofisária: É definida como uma hemorragia da hipófise que evolui para necrose, levando ao panhipopituitarismo súbito. Os sinais são: forte cefaleia, náuseas e vômitos, com queda do estado de consciência, choque refratário à reposição volêmica e hiponatremia grave. Pode ocorrer compressão de estruturas peri-hipofisárias (quiasma óptico, nervos cranianos). A principal causa é o sangramento por macroadenomas com infar to tumoral. Hipopituitarismo: Deficiência de GH: causa nanismo hipofisário. Nos adultos, é assintomática. Deficiência de LH/FSH ou GnRH: hipoganadismo hipogonadotrófico secundário (hipófise), terciário (hipotálamo). Crianças: puberdade tardia Mulheres: amenorreia, atrofia mamária, dispaureunia, perda da libido, osteoporose Homens: redução da massa muscular, perda da libido, redução dos pelos corporais, fraqueza, osteoporose. Deficiência de TSH ou TRH: hipotireoidismo secundário (hipófise), terciário (hipotálamo). Semelhante ao hipotireoidismo primário. Deficiência de ACTH ou CRH: insuficiência suprarrenal secundária (hipófise), terciária (hipotálamo). Anorexia, fraqueza, fadiga, hipotensão arterial, hipoglicemia, hiponatremia, náuseas, vômitos – hipocortsolismo. Não ocorre hiperpigmentação cutânea – ACTH Diagnóstico: TC ou RNM – aumento da sela túrcica (sela vazia) e/ou calcificações supra-selares. Testes de função hipofisária: Teste da insulina – obter glicemia e GH Teste do GnRH – dosar LH, FSH, testosterona e estradiol Dosar TSH e T4 Dosagem do ACTH Prolactinoma: é o tumor hipofisário mais frequente com hiperprolactinemia. Manifestações clínicas: em mulheres, amenorreia, galactorreia, infertilidade, perda da libido; em homens, impotência, infertilidade, hipogonadismo, galactorreia. Diagnóstico: dosagem da prolactina (150ng/ml), TC ou RNM. Para excluir hipotireoidismo, dosa-se TSH e T4. Acromegalia: os adenomas hipofisários hipersecretores de GH correspondem a 10 – 15% dos adenomas hipofisários. Na criança causa gigantismo; no adulto, acromegalia. Manifestações clínicas: aumento da mandíbula, nariz, lábios, macroglossia; aumento acrais; hiperhidrose, pele oleosa, aumento das pregas cutâneas; hipertensão arterial, hipertrofia ventricular; Intolerância a glicose. 69
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TIREOIDE A glândula tireoide está localizada na porção superior da traqueia, próximo do terceiro anel traqueal. A tireoide é constituída por dois lobos (direito e esquerdo) unidos por um istmo. Posteriormente aos lobos da glândula tireoide, encontramos quatro glândulas paratireoides: duas superiores (de localização mais fixa) e duas inferiores (de localização menos fixa). A glândula recebe essa denominação por sua semelhança a um escudo greco-romano. O suprimento arterial é realizado pelas artérias tireóideas superiores e inferiores. A drenagem venosa é feita pelas veias tireóideas superior, média e inferior. O nervo laríngeo superior se relaciona com A. tireoide superior e o nervo laríngeo recorrente (responsável por inervar a maioria dos músculos laríngeos da fonação, o que explica a rouquidão apresentada por pacientes com tireoide aumentada) passa rente à A. tireoide inferior. As doenças da tiroide afetam cerca de 750 milhões de pessoas em todo o mundo. A cirurgia da tireoide é procedimento mais realizado por cirurgiões de cabeça e pescoço. HISTOLOGIA DA TIREOIDE Do ponto de vista histológico, dizemos que a unidade funcional da tireoide é o folículo tireoidiano: células epiteliais cuboides (epitélio folicular) que envolvem um lúmen preenchido por um coloide (constituído por grande concentração de tireoglobulina - TGB). Os folículos ativos são cilíndricos e responsáveis pela síntese dos hormônios tireoidianos. As células parafoliculares (células C) são células do folículo tireoidiano que não participam da produção da tireoglobulina, mas secretam calcitonina em resposta aos altos níveis de cálcio ionizado no soro. OBS2: O coloide, região circundada pelo epitélio folicular da tireoide, nada mais é que uma ampla região de armazenamento da grande glicoproteína tireoglobulina (TGB). Cada molécula de tireoglobulina tem aproximadamente 140 resíduos de um único aminoácido: a tirosina. Este aminoácido é secretado pelas células foliculares adjacentes ao coloide e armazenado neste coloide. Este coloide, portanto, funciona como um reservatório de tireoglobulina. FISIOLOGIA DA TIREOIDE A função primária da tireoide é a produção e secreção dos hormônios tireoidianos. A produção dos hormônios tireoidianos pela glândula normal é regulada pelo hormônio pituitário TSH. A tiroxina (T4) é o hormônio primário liberado. T4 só é convertido em T3 nos tecidos periféricos; A triiodotironina (T3) é pelo menos 10 vezes mais biologicamente mais ativo. Esses hormônios tireoidianos são os únicos hormônios do corpo que utilizam o mineral iodo (I) que, como todo mineral, não é produzido pelo nosso organismo. Portanto, deve ser ingerido junto a alimentos e, para que ele seja absorvido, além de ter que se apresentar na forma de iodeto (I-), é dependente da concentração de cloreto (Cl-) na luz intestinal (e dependente do gradiente de sódio – Na+ – sanguíneo para a produção da tireoglobulina). Por isso que o sal de cozinha é o alimento preferencial para o enriquecimento com iodo, uma vez que na dieta comum, não o iodo não se apresenta na forma de iodeto. A membrana basal da célula folicular, que está em contato direto com os capilares sanguíneos (que inclusive, a glândula tireoide é uma das glândulas endócrinas mais irrigadas do corpo), apresenta uma proteína transportadora de membrana do iodeto que o capta quando este circula pelo sangue. Acontece que este transportador também transporta sódio para a luz da célula folicular (sendo esta proteína transportadora, portanto, responsável por realizar uma simporte iodeto-sódio). Como a concentração de sódio deve ser maior fora da célula, este Na+ que entrou (juntamente ao iodeto) na célula folicular deve ser lançado fora, função esta desempenhada pela bomba Na+/K+ ATPase. Portanto, a absorção de iodo para a célula folicular é totalmente dependente de Na+ e, mesmo que nesse primeiro processo não haja gasto de energia (por se tratar de um simporte ou co-transporte), diz-se que o transporte de iodo para a célula folicular é ATPdependente, pois a bomba de sódio-potássio é dependente desse ATP para manter as concentrações plasmáticas de Na+. Já na membrana luminal da célula folicular (membrana voltada para o lúmen), há a presença de outro complexo proteico denominado peroxidase, responsável por oxidar o iodeto ( I ), transformando-o em iodo metálico ( I ). É só nesta forma oxidada (ou metálica) que o iodo pode ser incorporado aos resíduos de tirosina. -
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A própria peroxidase é responsável por introduzir o iodo metálico a molécula de tirosina, realizando uma reação denominada de organificação, ou seja, incorporação de um elemento inorgânico a uma molécula orgânica. Se a molécula de tirosina receber duas moléculas de iodo, formará a diiodotirosina (DIT), mas se receber apenas uma molécula, formará a monoiodotirosina (MIT) , que se acumularão no coloide.
OBS3: O Perclorato e o Tilcianato, utilizados para o tratamento de hipertireoidismo, bloqueiam a captação de iodo, diminuindo a produção de T3 e T4. Porém, essas drogas quase não são mais utilizadas na prática médica, sendo elas substituídas pelo Propiltiouracil (PTU) e Metimazol, que bloqueiam o complexo peroxidase, inibindo, portanto, a organificação da TGB, reduzindo a produção do T3 e T4. Quando dois DIT se acoplam, há a formação da tiroxina (T2+T2 = T4). Se um MIT se acopla a um DIT, há a formação da triiodotironina (T1+T2=T3). Acontece que o complexo peroxidase é muito mais eficiente em formar DIT do que MIT, tanto que a relação fisiológica é de 20 moléculas de DIT para 1 de MIT. Como vimos, o hormônio que regula a produção de T3 e T4 é o TSH hipofisário (produzido pela hipófise anterior sob estímulo do TSH hipotalâmico), induzindo os seguintes fatores: o TSH aumenta a síntese de TGB; induz a divisão e o desenvolvimento das células foliculares (que de cuboides, passam para um formato cilíndrico, aumentando em volume e em número); aumenta a ação das peroxidades; aumenta a quantidade de transportadores de iodeto na membrana basal das células foliculares. Os hormônios T4 e T3 atuam como controle negativo ( feedback ) para liberação do TSH hipofisário. O TRH atua na hipófise por meio de receptores específicos. Estes receptores, por meio do Ca 2+ como segundo mensageiro, ativa a PKC, responsável por ativar RNAm que levam a transcrição do TSH. O TSH, portanto, liga-se ao seu receptor na membrana basal da célula folicular e, por transdução de sinal, aumenta os níveis de AMPc. Quando há a ligação do TSH com o seu receptor, este sofre uma mudança conformacional que ativa a proteína G que, por sua vez, ativa uma adenilato ciclase responsável por converter ATP em AMPc. Este ativa a PKA que por diversos mecanismos induz: A síntese e ativação do transporte do iodeto A síntese da tireoglobulina (TGB) A síntese da tireoperoxidase A liberação dos hormônios T4/T3 Efeito trófico na glândula tireoide: Hipertrofia e hiperplasia das células foliculares
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OBS4: Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide: o TRH (hormônio liberador de tireotrofina) a liberação de TSH (hormônio estimulante da tireoide), o qual estimula, por meio do AMPc, a produção de T4 e T3 (que agem no metabolismo basal corporal), sendo estes responsável por inibir a hipófise (principalmente esta) e o hipotálamo de secretarem seus respectivos hormônios. OBS5: Distúrbios da Tireoide: Primário: o distúrbio é em nível da glândula tireoide. No caso de hipertireoidismo primário, por exemplo, encontramos concentrações plasmáticas de T4 e T3 elevadas, mas o TSH está em taxas menores que o nível basal. No hipotireoidismo primário, o T3 e T4 estão mais baixos que o normal, e o TSH nas alturas. Secundário: o distúrbio é em nível da hipófise. Um hipertireoidismo secundário apresenta, além de grandes concentrações plasmáticas de T4 e T3, o TSH também se encontra elevado. As principais causas de hipertireoidismo secundário são os tumores de hipófise hipersecretores de TSH, que realizam uma secreção autônoma que não é suprimida pelos níveis de T4 e T3. Um hipotireidosimo secundário, associado geralmente a um hipopituitarismo (necrose hipofisária), não há produção de TSH, estando seus níveis baixos assim como o T3 e T4. Terciário: o distúrbio está relacionado ao hipotálamo. HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Como vimos, a produção de T4 é 20 vezes maior que a de T3. Porém, este é o hormônio tireoidiano biologicamente ativo e funcional, e é oriundo, nos tecidos a partir do T4. Se fosse o contrário, o ser humano viveria em quadros de hipertoxicose permanente (tempestade tireoidiana). De fato, isso não ocorre pois o T4, que é produzido em proporções bem maiores que o T3, só é convertido neste em nível tecidual periférico. O TSH, ao se ligar ao seu receptor na célula folicular, induz a produção da tireoglobulina (TGB). Esta é secretada por exocitose vesicular no lúmen para formar o coloide para ser armazenada. A peroxidase é responsável por realizar a iodinação dos resíduos de tirosina da TGB. Na secreção dos hormônios, há o processo inverso ao armazenamento do coloide: primeiramente, parte desse coloide é endocitada, forma-se uma vesícula e funde-se com os lisossomos. As proteases dos lisossomos quebram as ligações peptídicas da TGB, liberando DITs e MITs no citoplasma. Estes reagirão e produzirão T4 e T3 (em uma proporção de 20:1). O T4, na realidade, é um pró-hormônio que será convertido, na região tecidual, em T3. O T3 e T4 são hormônios hidrofóbicos e não podem circular de maneira livre na corrente sanguínea, sendo transportados por proteínas globulinas específicas, como a TBG ( tiroxin binding globulin ). Aproximadamente 99,98% do T4 está ligado a 3 proteínas séricas: A TBG ~ 75% A Pré-Albumina ligadora de tiroxina (TBPA) ~ 15 – 20% Albumina ~ 5 – 10% Apenas ~ 0,02% do T4 total é o T4 livre Apenas ~ 0,4% do T3 total é livre
OBS6: Devemos reparar, porém que, embora a fração livre dos hormônios tireoidianos seja mínima, ela está em equilíbrio com a fração ligada, de modo que sempre haverá as duas frações no plasma, mesmo que seja em quantidades desproporcionais um com relação à outra. Isto é, toda vez que um hormônio tireoidiano livre é captado para o tecido, um hormônio previamente ligado à proteína sérica é liberado para circular e interagir com os tecidos da mesma maneira, mantendo uma relação equilibrada. 72
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METABOLISMO DO T3 E T4 Como vimos, a tireoide produz o hormônio T4 em maiores quantidades quando comparado ao hormônio biologicamente ativo T3. Porém, esse T4 é transformado em T3 nos tecidos periféricos à tireoide. Há uma perda de um iodo do anel externo do T4, resultando em T3 biologicamente ativo, por uma enzima denominada desionidase. Porém, se a desionidase retirar o iodo do anel interno do T4, haverá a formação do T3 reverso (rT3), que por ser inativo, não tem função biológica. O iodo resultante dessa conversão pode ser reutilizado ou é excretado. A forma de eliminação dos hormônios da tireoide é na forma de T2. Existem três desiodinases que catalisam a formação do hormônio bioativo e seu produto inativo: as D1 e D2 geram T3 bioativo por retirarem um átomo de iodo do anel externo; a D3 gera o T3r, que é inativo, por retirar o iodo do anel interno. OBS7: Um paciente pode ser considerado hipotireoideo só por apresentar uma hiperatividade da enzima D3, a qual produzirá muito mais T3r. Este, por ser inativo, não realiza nenhuma função comum dos hormônios tireoidianos, caracterizando o hipotireoidismo periférico, porém, haverá taxas de TRH e TSH normais e dos hormônios tireoidianos. MECANISMO DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Os hormônios T3 e T4 atuam como hormônios hidrofóbicos, ligando-se a um receptor de membrana e estimulando este a gerar sinais que façam com que o núcleo da célula produza mais RNAm. Estes hormônios (em especial o T3) são responsáveis por aumentar o metabolismo basal. Quando a célula é estimulada pelo T3, que é o hormônio bioativo, na realidade, ela é induzida a aumentar seu metabolismo: duplica o número de mitocôndrias, aumentam a expressão da Na+/K+ ATPase, estimulam a lipólise e o catabolismo dos carboidratos, aumenta a expressão dos receptores β1 adrenérgicos (que realizam um efeito inotrópico e cronotrópico positivo). As ações dos hormônios tireoidianos, de um modo geral, são: Aumento do número de mitocôndrias + + Aumento da expressão da Na /K ATPase Aumento dos receptores beta-adrenérgicos no coração Aumento do metabolismo basal Aumento da lipólise Aumento da captação de glicose pelos tecidos Aumento da proteólise Com isso, conclui-se que defeitos do hormônio T3, têm-se um grave caso de subdesenvolvimento corporal. A carência congênita de T3, faltando inclusive da vida fetal, cria um quadro chamado de cretinismo, em que há uma inadequada formação óssea, muscular e nervosa. Abortos de repetição podem ser causados, inclusive, por hipotireoidismo.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA TIREOIDE Dosar TSH – 0,5 – 5 μUm/mL, sendo este o exame fundamental para avaliação da tireoide. Dosar T4 livre – 0,75 – 1,80 ng/dL Dosar T3 Total – 70 – 190 ng/mL
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CORRELAÇÕES CLÍNICAS De um modo fisiológico, no que diz respeito à função endócrina da glândula, podemos classificar, de um modo geral, os distúrbios da tireoide como hipertireoidismo ou hipotireoidismo, a depender dos níveis dos hormônios T3 e T4: Hipertireoidismo: altos níveis de T3 e T4. Clinicamente, caracteriza-se por nervosismo, perda de peso, intolerância ao calor, palpitações, tremores, fraqueza, sudorese, inquietação, pele quente e úmida, diarreia, insônia, exolftalmia, mixedema pré-tibial, bócio. Hipotireoidismo: baixos níveis de T3 e T4. O paciente apresenta-se com as seguintes manifestações clínicas: letargia, rouquidão, perda auditiva, pele seca e espessa, constipação, intolerância ao frio (pois não produz ATP), dificuldade de perda de peso, sonolência, bradicardia, amenorreia, perda da libido, disfunção erétil, bócio, etc.
Podemos ainda classificar o tipo de distúrbio tireoidiano, a depender do local onde está havendo a difunção: Primário: o distúrbio é em nível da glândula tireoide. No caso de hipertireoidismo primário, por exemplo, encontramos concentrações plasmáticas de T4 e T3 elevadas, mas o TSH está em taxas menores que o nível basal. No hipotireoidismo primário, o T3 e T4 estão mais baixos que o normal, e o TSH elevados. Secundário: o distúrbio é em nível da hipófise. Um hipertireoidismo secundário apresenta, além de grandes concentrações plasmáticas de T4 e T3, o TSH também se encontra elevado. As principais causas de hipertireoidismo secundário são os tumores de hipófise hipersecretores de TSH, que realizam uma secreção autônoma que não é suprimida pelos níveis de T4 e T3. Um hipotireidosimo secundário, associado geralmente a um hipopituitarismo, não há produção de TSH, estando seus níveis baixos assim como o T3 e T4. Terciário: o distúrbio afeta o hipotálamo e envolve o TRH. Subclínico: ocorre quando, mesmo diante de níveis normais de T4 livre, o TSH apresenta-se alterado. Desta forma, temos: Hipertireoidismo subclínico: embora os níveis de T4 livre estejam normais, os níveis de TSH estão altos. Hipotireoidismo subclínico: embora os níveis de T4 livre estejam normais, os níveis de TSH estão baixos.
Hipotireoidismo: hipotiroidismo ou hipotireoidismo é um estado doentio causado pela produção insuficiente de hormônio tiroide. O exame físico baseia-se nos seguintes sintomas e fases da doença: Doença branda/moderada: Letargia, rouquidão, perda auditiva, pele seca e espessa, constipação, intolerância ao frio (pois não produz ATP), dificuldade de perda de peso, sonolência, bradicardia, amenorreia, perda da libido, disfunção erétil Doença severa (Coma mixedematoso): Coma, hipotermia refratária, bradicardia, derrame pleural, distúrbios eletrolíticos, convulsões. O hipotireoidismo pode ser classificado nos seguintes tipos: Hipotireoidismo primário: o acometimento se dá na tireoide ( TSH, T4/T3) Doença de Hashimoto: Doença autoimune que é a principal causa de hipotireoidismo em nosso o meio. Dosagem dos auto-anticorpos: anti-microssomal (Anti-TPO), anti-tireoglobulina encontramse elevados na doença de Hashimoto. Causas iatrogênicas: cirurgias, tratamento inadequado de reposição hormonal, ablação com o radioiodo, amiodarona, iodeto em excesso. Hipotireoidismo secundário: o paciente apresenta hipopituitarismo ( TSH, T4/T3) 74
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Hipotireoidismo periférico: Resistência a T3. Causado por mutação no gene c-erb-A do cromossoma 17 e 3, que codifica o receptor celular hormonal. Hipotireoidismo juvenil: Normalmente devido a um defeito da síntese dos hormônios da tireoide o devido a mutação do gene c-erb-A. Caracterizado por bócio, maturação retardada, aumento testicular/menarca precoce. Recuperação dos sintomas com tiroxina. Hipotireoidismo neonatal (congênito): carência de hormônios tireoidianos na vida intrauterina. Cretinismo: Hipotireoidismo severo o neonato. Exame físico: protuberância abdominal, pele o amarela, constipação, letargia, dificuldade de alimentação, retardo mental, fácies sindrômica. Endêmica: Bócio presente. Anticorpo materno, ou medicação anti-tireoidiana. Esporádica: agenesia da tireoide.
Tireotoxicose: Estado no qual os tecidos respondem quando expostos a um excesso de T4/T3. Exame físico: nervosismo, perda de peso, intolerância ao calor, palpitações, tremores, fraqueza, sudorese, inquietação, pele quente e úmida, diarreia, insônia, exolftalmia, mixedema pré-tibial. Doença de Graves: doença autoimune causada quando as IgG se voltam contra receptores do TSH. Pode ser estimulatório (a grande maioria) ou inibitório. Sinais clínicos: bócio geralmente presente; desenvolvimento da exolfalmia (devido à presença de um edema retro-ocular por acúmulo de mucopolissacarídeos, o que gera uma extrusão do globo ocular e uma compressão do nervo óptico); mixedema pré-tibial (edema com aspecto de casca de laranja); baqueteamento dos dedos (dilatação das extremidades digitais). Tratamento: medicamentoso (Iodeto; PTU, Metimazol, beta-bloqueadores), RAI (rádio-iodo ablação com Iodo131) e cirurgia.
Adenoma tóxico: Conhecida como Doença de Plummer , onde apresenta um único nódulo tireoidiano hiperfuncionante que secreta quantidades suprafisiológicas de T4/T3. Ocorre mutação somática nos receptores TSH de um grupo de células foliculares, tornando-o mais biologicamente ativo. Diagnóstico por cintilografia tireoidiana que mostra um nódulo “quente” (que capta muito isótopo), usualmente maiores que 3 cm. Bócio Multinodular Tóxico: O BMT predomina em idosos, onde o paciente pode apresentar sinais de tireotoxicose. O bócio pode atingir grandes dimensões, o que pode levar efeitos compressivos como disfagia, rouquidão, dificuldade respiratória. Diagnóstico pela cintilografia tireoidiana que apresenta múltiplos nódulos. Tempestade tireoidiana: Níveis excessivamente altos de hormônios da tireoide. Normalmente precedida de estresse, infecção, cirurgia, RAI ablação, ingestão de amiodarona. Causa insuficiência cardíaca, respiratória, coma e hipertermia.
Tireoidite: Doenças tireoidianas caracterizadas pela infiltração de leucócitos, fibrose da glândula ou ambas. São de dois tipos: Hashimoto: é a forma mais comum de tireoidite e a principal causa de hipotireoidismo. É uma típica doença autoimune, mas envolve uma susceptibilidade genética com herança poligênica. Quervain: O histórico do paciente relata intensa dor álgica associada após relatos de doenças virais (caxumba, varíola, rubéola). Apresenta-se como hipertireodismo seguido de hipotireoidismo e por fim eutireoidismo cerca de 3 meses após. 75
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Cretinismo: O T3 é fundamental para o desenvolvimento ósseo e muscular. É essencial também para o desenvolvimento normal do cérebro e regula a sinaptogênese, integração neural, migração celular e mielinização. Cretinismo é definido para todos os sintomas desenvolvidos por hipotireoidismo congênito ou neonatal não tratado. Durante o desenvolvimento do recém-nascido a ausência da tiroxina, um dos hormônios da tireoide, impede o amadurecimento cerebral normal. Na maior parte das vezes é decorrência de um defeito na formação da glândula, mas pode ser devido a uma deficiência enzimática em um dos passos no processo de síntese do hormônio. A incidência da doença é em torno de 1:3000 nascimentos. A identificação da doença se faz pelo teste do pezinho, processo de triagem neonatal, a partir de uma gota de sangue retirada do calcanhar da criança. Não apresenta sinais nos primeiros meses de vida, o que torna o processo de triagem fundamental para a prevenção de uma deficiência mental. Um recém-nascido sem glândula tireoide pode ter aparência e função normais, isso porque foi suprido com certa quantidade de tiroxina pela mãe enquanto no útero. Contudo, algumas semanas após o nascimento, se o caso não for descoberto e tratado com urgência, este bebê possivelmente começará a apresentar lentidão nos movimentos, retardo do crescimento físico e deficiência no desenvolvimento mental. ADRENAL (SUPRARRENAL) A adrenal é um a glândula localizada acima do pólo superior dos rins (daí a designação suprarrenal), em situação retroperitoneal, sendo ela de extrema importância para a vida humana. Encontram-se ao nível da 12ª vértebra torácica, e são irrigadas pelas artérias suprarrenais. HISTOLOGIA DA GLANDULA ADRENAL Cada glândula é composta por duas regiões histologicamente distintas, que recebem aferências moduladoras do sistema nervoso: o córtex e a medula. Córtex da adrenal: parte externa da glândula que apresenta coloração amarelada devido à grande quantidade de colesterol aí encontrada. Ela é responsável por realizar a estereidogênse (síntese dos hormônios esteroides, tendo eles como precursor comum o colesterol). Os hormônios produzidos no córtex de adrenal recebem a designação de esteroides. Tem origem embrionária na mesoderme. Subdivide-se em três regiões, devido à diferença de aspecto histológico: Zona glomerulosa: produtora o de aldosterona, desoxicorticosterona (DOCA ou DOC) e corticosterona (Comp B). Zona fasciculada: produtora de o cortisol. Zona reticulada: responsável, o princpalmente, pela produção dos estrógenos e andrógenos. Os principais produtos desta camada são: Estradiol, Testosterona, Androstenediona e DHEA.
Medula da adrenal: porção mais interna da glândula, de coloração vermelho-escuro ou cinza. Deriva, embriologicamente, da crista neural (neuroectoderme) e funciona como neurônio pós-ganglionar do sistema nervoso simpático. Desta forma, a medula da adrenal recebe uma longa fibra pré-ganglionar (diferentemente das curtas fibras pré-ganglionares do restante do SN simpático) que faz com que suas células ( células cromafins) secretem, na corrente sanguínea, catecolaminas (na proporção de 20% de noradrenalina e 80% de adrenalina, e ainda, uma pequena quantidade de dopamina ).
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OBS8: As gônadas também são responsáveis pela produção de parte dos hormônios sexuais, uma vez que, nestas estruturas, estão presentes enzimas que participam da biossíntese dos esteroides. Desta forma, os testículos produzem testosterona e os ovários, estradiol. MECANISMO DE AÇÃO DO ACTH O ACTH, ao chegar às células da adrenal, liga-se a um receptor de membrana. Esta sofre uma mudança conformacional para ativar uma proteína G, que ativa a adenilato ciclase, responsável por produzir o AMPc que ativa uma proteína quinase. Esta converte algumas proteínas inativas para a sua fase ativa, sendo nesta fase, responsável por liberar ésteres de colesterol armazenados que servirão para a síntese dos hormônios corticoides. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-ADRENAL A partir de um estímulo neuronal, o sistema parvocelular secreta o hormônio liberador de corticotrofina (CRH), o qual chega a hipófise por meio do sistema porta. Nas células corticotróficas da adeno-hipófise, por meio do estímulo do CRH O hipotálamo, há a liberação do ACTH. Este hormônio estimula a secreção de hormônios pela adrenal. Os níveis plasmáticos de cortisol são os responsáveis por inibir a secreção de ACTH (alça curta) e de CRH (alça longa). BIOSSÍNTESE DOS HORMÔNIOS ESTEROIDES Os hormônios corticoides são aqueles esteroides produzidos no córtex de adrenal. Cada região do córtex é responsável por produzir corticoide diferente, sendo todos eles oriundos de transformações do colesterol. A síntese dos hormônios da adrenal é mediada por inúmeras enzimas importantes cuja deficiência pode gerar quadros sindrômicos específicos, como a hiperplasia adrenal congênita.
Na zona glomerulosa (responsável pela síntese da aldosterona), o colesterol sofre ação de uma primeira enzima denominada de desmolase, que o converte em um composto chamado de pregmenolona . Este sofre ação de um complexo enzimático composto por duas enzimas conjugadas ( complexo isomerase: 3-β-hidroxi-esteroidedesidrogenase-δ-5,4-isomerase) e é convertido em progesterona (que já é um hormônio sexual, fundamental durante o período da gravidez). A progesterona sofre ação de uma terceira enzima chamada de 21-hidroxilase que a transforma em um composto chamado de 11-desoxi-corticosterona. Esta sofre ação de uma quarta enzima, a 11-hidroxilase, convertendo-se em corticosterona que sofre ação, por sua vez, de uma quinta enzima, que na realidade é um outro complexo enzimático (complexo 18: 18-hidroxilase-18-β-hidroxi-esteroide-desidrogenase, com atividade restrita na zona glomerulosa), transformando-se, finalmente, em aldosterona. O aldosterona é responsável por promover a reabsorção de sódio e excreção de potássio e hidrogênio e sua secreção é estimulada pela angiotensina II.
Na zona fasciculada (região produtora de cortisol), o colesterol sofre ação do complexo desmolase, sendo também convertida em pregmenolona . Esta sofre ação do complexo isomerase e é convertida em progesterona . Daí, temos a diferença: só na região fasciulada, há atividade da enzima 17-hidroxilase (com atividade restrita a zona fasciculada e zona reticulada), responsável por hidroxilar a progesterona no carbono 17, produzindo a 17-hidroxi77
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progesterona. Esta, por sua vez, sofre ação da enzima 21-hidroxilase, formando um composto chamado 11desoxi-cortisol, que sofre ação da enzima 11-hidroxilase e é convertida finalmente no composto chamado de cortisol. O cortisol é um glicocorticoide ligado ao metabolismo dos carboidratos. Este cortisol inibe a secreção do ACTH.
Na zona reticulada (região produtora de andrógenos, hormônios sexuais masculinizantes), o colesterol sofre ação do complexo desmolase, sendo também convertida em pregmenolona . Esta sofre ação do complexo isomerase e é convertida em progesterona . Daí, temos a diferença: só na região fasciulada, há atividade da enzima 17hidroxilase (com atividade restrita a zona fasciculada e zona reticulada), responsável por hidroxilar a progesterona no carbono 17, produzindo a 17-hidroxi-progesterona. Porém, nesta zona, a 17-hidroxi-progesterona sofre ação da enzima 17-liase, formando androstenediona (que já é um andrógeno, com ação semelhante a testosterona). Nesta zona, há a alta atividade da 17-hidroxilase, que converte a pregmenolona em 17-hidroxipregmenolona, que se sofrer ação do complexo 17-liase, haverá a formação do dehidroepiandrosterona (DHEA) , de extrema importância agindo também como um andrógeno. Nos testículos, nas células de Leydig, a síntese até este ponto é a mesma. Porém, neste local, há ação exclusiva de uma penúltima enzima chamada de 17-β-hidroxi-esteroidedesidrogenase que converte androstenediona em testosterona, que é responsável por todas as características masculinizantes secundárias. No ovário, a síntese é exatamente a mesma, mas nesse local, a testosterona sofre ação da enzima aromatase, convertendo-se em estradiol ou estrona (estrógenos), sendo estes dois os principais estrógenos femininos. A testosterona, hormônio responsável por todas as características masculinizantes secundárias (como o aumento da massa óssea e muscular, aumento da espessura das pregas vocais, aumento peniano, espermatogênese, etc.), ela é transformada perifericamente, nos homens, em estradiol, importante por estimular o impulso sexual pelo sexo oposto ao aromatizar o hipotálamo. A testosterona, além de se transformar em estradiol, é convertida pela enzima 5-α-redutase, transformando-se no mais potente andrógeno conhecido: diidro-testosterona.
HORMÔNIOS ESTEROIDES Em resumo, temos: Aldosterona: é um hormônio esteroide (da família dos mineralocorticoides) sintetizado na zona glomerulosa do córtex das glândulas suprarrenais. É responsável pela regulação do balanço de sódio e potássio no sangue e, consequentemente, controla o volume vascular circulante (homeostase dos fluidos). Em resumo, suas principais funções são:
Transporte ativo de sódio da célula tubular renal para o espaço extracelular. Reabsorção passiva de sódio do filtrado urinário. Secreção de ions de hidrogênio para o filtrado urinário, com consequente aumento do pH do sangue (alcalose). Aumento de reabsorção de água, com consequente aumento da pressão arterial e da volemia (volume de sangue circulante).
O controle da produção de aldosterona é estabelecido pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (graças à ação da angiotensina) que, quando ativado, é responsável por: diminuição da pressão na artéria renal aferente; diminuição de potássio; diminuição de sódio; estímulo nos nervos renais.
Cortisol: é um hormônio da família dos glicocorticoides sintetizado na zona fasciculada da glândula adrenal. É considerado a principal secreção da adrenal. Sua produção é mediada pelo ACTH, produzido pelo lobo anterior da hipófise (adenohipófise), cuja síntese é diminuída pela própria ação em feedback do cortisol (por esta razão, doenças que cursam com síntese diminuída de cortisol apresentam altos níveis de ACTH e uma glândula adrenal aumentada). É um hormônio essencial para a sobrevivência humana, e suas principais funções são: Metabolismo da glicose (sua atuação no organismo é antagônica à insuliza, porconseguinte sendo análoga à do glucagon) e lipídios. Ação inotrópica no coração Diminui a formação e aumenta a reabsorção óssea Diminui síntese de colágeno Débito cardíaco, tono capilar, permeabilidade vascular Diminui filtração glomerular Estimula a maturação fetal Antagoniza respostas imunológicas e inflamatórias Inibe a secreção de ACTH
Adrenalina (epinefrina): assim como a noradrenalina e a dopamina, a adrenalina é uma catecolamina secretada pela medula da glândula adrenal em resposta ao estímulo feito pelo sistema nervoso autonômico simpático (ativado em situações de dor, estresse, frio, trauma, hipoglicemia, etc.). Além da medula da adrenal, outros locais podem ser sítio de sua síntese, tais como cérebro e todas as terminações adrenérgicas. Suas principais funções são: Vasodilatador arteriolar 78
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Aumento de débito, contratilidade e frequência cardíaca Lipólise Inibição de insulina no pâncreas Mecanismo de “fuga”.
Como todo hormônio hidrofóbico (pois são derivados do colesterol), os esteroides atravessam a membrana celular e agem com um receptor intracelular. Este receptor vai para o núcleo e induz uma transcrição gênica. Defeitos nos receptores desencadeiam uma falta de efeito dos hormônios. Isso acontece com indivíduos geneticamente homens (pois apresentam XY) e níveis de testosterona normais, mas devido ao fato da carência de receptores e a existência da aromatase (que passará a degradar o excesso de testosterona em hormônios femininos como o estradiol e estrona), haverá apenas a expressão de estrógenos, o que faz com que esses indivíduos desenvolvam características fenotípicas feminilizantes: apresentam genitália masculina pouco desenvolvida e ambígua, nunca tiveram a semenarca (primeira ejaculação), etc.
OBS9: Indivíduos que apresentam altos níveis de testosterona e grande atividade da 5-α-redutase, apresentam como consequência altas taxas de diidro-testosterona, que é bem mais potente que a testosterona. Em geral, esses indivíduos apresentam hipertricose e quase sempre, desenvolvem calvície. A droga Finasteride é uma droga que inibe a 5-αredutase, sendo importante no tratamento ou retardo da calvície. Contudo, seu uso crônico tende a diminuir os níveis de diidro-testosterona e, consequentemente, diminuindo um pouco mais a libido. OBS10: A androgênese adrenal é importante para o homem, mas é muito mais importante para a mulher. Isso porque a capacidade do ovário de produzir androstenediona e DEA é baixa e, portanto, o ovário está sempre necessitando de andrógenos adrenais para convertê-los em estrona ou estradiol. Suponhamos, então, que uma paciente do sexo feminino tenha deficiência da enzima 21-hidroxilase (responsável por converter progesterona em 11-desoxicorticosterona), teria uma dificuldade de produção de aldosterona (hipoaldosteronismo, apresentando hiponatremia e hipercalemia) e de cortisol (responsável por aumentar a glicemia e inibir a ACTH), e a paciente apresentaria quadros de hipoglicemia. Apresentaria hipotensão, tontura, fraqueza e arritmia. Portanto, o bloqueio dessas duas vias faz com que haja desvio de substratos para a zona reticulada que é responsável pela produção de andrógenos , uma vez que o ACTH continua funcionando (pois o cortisol está baixo) e estimulando cada vez mais a produção da adrenal. Com isso, há uma hiperplasia congênita da adrenal, e esse excesso na produção de andrógenos, gera o desenvolvimento de uma genitália ambígua (com hipertrofia clitoriana). OBS11: Modificação Pós-Traducional do gene POMC . Na hipófise, o gene que codifica o ACTH é denominado de proopiomelanocortina (POMC). Quando ele é traduzido, sofre uma modificação pós-traducional. Entre as proteínas que este gene produz, estão o ACTH e o MSH (Hormônio Estimulador de Melanócitos) . Percebe-se, então, o porquê que os pacientes com hipersecreção de ACTH apresentam hiperpigmentação da pele. Além do ACTH e MSH, o POMC produz também endorfinas, que promovem sensações de analgesia. GLICOCORTICOIDES – CORTISOL O fato da síntese da mineralocorticoide aldosterona e do glicocorticoide cortisol compartilharem das mesmas enzimas (na sua maioria), considera que cada um desses corticoides realizam funções semelhantes e recíprocas. Nas concentrações fisiológicas os glicocorticoides: Ajudam no controle da pressão sanguínea (estabilidade cardiovascular). O cortisol, como já foi dito, apresenta uma síntese muito semelhante à da aldosterona. Com isso, ele passa ainda a apresentar funções endógenas semelhantes como a reabsorção de sódio nos rins. Percebe-se, então, o porquê que indivíduos que fazem uso de corticoides apresentam uma grande retenção hídrica. Controlam a glicemia (homeostase metabólica), sendo ele hiperglicemiante, uma vez que aumenta a produção hepática de glicose (gliconeogênese). Por esse fator, o excesso de corticoides desencadeiam um excesso de glicose circulante, a qual vai ser estocada e causa ganho de peso ao indivíduo. O controle da disposição corporal (manutenção da integridade das funções do SNC). O controle da temperatura (resposta ao estresse). A secreção de cortisol se dá de maneira cíclica, tendo seu maior pico às 8 horas da manha, sendo este o período ideal para a coleta de avaliação da cortisolemia de um paciente. O menor pico de cortisol se dá a noite (por volta da meia noite), estimulando a secreção de CRH e ACTH. Durante a madrugada, os níveis de ACTH e CRH vão aumentando concomitantemente ao de cortisol, o qual, ciclicamente, atinge seu pico às 8 horas. O transporte de cortisol no sangue se dá pela globulina ligadora de corticosteroides (CBG), uma glicoproteína ácida com PM 52.000 produzida pelo fígado, pulmões, rins e testículos. Ela regula a liberação do cortisol para os tecidos. Desse modo, temos duas frações de cortisol: uma fração livre (biologicamente ativa) e uma fração ligada que, estando em equilíbrio, formam, juntas, o cortisol total plasmático. Para impor o seu mecanismo de ação, o cortisol, ao entrar no núcleo, liga-se ao seu receptor específico. Este passo desloca uma proteína co-repressora que faz com que o RNA polimerase e a proteína ativadora se associe ao DNA e produza RNAm para produzir proteínas. Com isso, conclui-se que o efeito dos corticoides é um efeito mais demorado, porém mais efetivo e persistente. 79
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O cortisol é o protótipo dos glicocorticoides, tendo efeito direto no metabolismo dos carboidratos . Os efeitos metabólicos dos glicocorticoides são em geral opostos aos efeitos da insulina: enquanto que a insulina promove a captação de glicose pelo tecido muscular e adiposo (tecidos dependentes de insulina para a captação de glicose), os glicocorticoides inibem a captação de glicose. O cortisol aumenta a captação hepática de glicose e diminui a sensibilidade à insulina dos tecidos periféricos.
OBS12: Pacientes que apresentam síndrome de ovário policístico (SOP) tendem a ter uma resistência à ação da insulina, pois os esteroides da adrenal (que estão em altas concentrações), de uma maneira geral, inibem a captação de glicose pelos tecidos. Esses pacientes são tratados com Metformina, que é uma droga que aumenta a captação de glicose pelos tecidos, diminuindo a resistência à insulina e, assim, a hiperinsulinemia. O cortisol também influencia no metabolismo das proteínas. A insulina realiza anabolismo proteico, causando aumento da síntese proteica e diminuição da liberação de aminoácidos. Já o cortisol, por ser um hormônio hiperglicemiante, necessitará de aminoácidos para a gliconeogênese, realizando o catabolismo e degradação das proteínas (inclusive as musculares) e aumento da liberação dos aminoácidos. Esse fato explica a fraqueza muscular apresentada por indivíduos com hipercortisolemia. Com relação ao metabolismo dos lipídios , o efeito cortisólico também é o contrário da insulina. Esta, realiza o anabolismo e o aumento da síntese dos lipídeos, diminuição a liberação dos ácidos graxos. Já o cortisol realiza o catabolismo dos lipídios, aumento da lipólise e aumento da liberação dos ácidos graxos. O cortisol provoca uma redistribuição do tecido adiposo pelo cortisol. Indivíduos com hipercortisolemia apresenta uma distribuição centrípeta da gordura corporal. O cortisol é um agente extremamente anti-inflamatório. O cortisol inibe a resposta inflamatória, por inibir a produção de mediadores pró-inflamatórios, que são eles: os metabólitos do ácido aracdônico (prostaglandinas e leucotrienos); fator de ativação das plaquetas (PAF); fator de necrose tumoral (TNF); Interleucina – 1 (IL-1); é ativador de plasminogênio; promove a estabilização das membranas lisossomais e destruição dos eosinófilos. Um paciente com hiporcortisolemia tende a apresentar, mais facilmente, infecções oportunistas. Em geral, quando se faz uso de corticoideterapia, pode-se fazer uso associado de antibióticos. Em contrapartida, os corticoides são extremamente indicados para o tratamento de asma crônica devido a sua ação destruidora de eosinófilos, diminuindo a descarga histamínica na asma.
OBS13: Principais usos clínicos dos corticoides: Os medicamentos antiinflamatórios esteroidais (corticoides, corticosteroides ou glicocorticoides) são drogas que agem semelhantemente ao cortisol endógeno (glicocorticoide). Estes medicamentos apresentam as mesmas funções que os medicamentos antiinflamatórios não-esteroidais (MAINEs) exercem, sendo adicionada a ação imunossupressora. Alguns exemplos são: Hidrocortisona, Dexametasona, Prednisolona, etc. Terapia de reposição: para suprir a carência de hormônios na insuficiência adrenal. Ação anti-inflamatória: tratamento de doenças autoimunes, processos inflamatórios granulomatosos, processos inflamatórios pulmonares (ASMA, por exemplo), etc. Imunossupressão: úteis para diminuir a resposta imunológica após transplante de órgãos ou em doenças autoimunes. Supressão androgênica: em caso de síndromes masculinizantes. OBS14: No feto, o cortisol favorece a maturação do SNC, retina, pele, tracto gastrointestinal e, principalmente, o sistema pulmonar. O cortisol auxilia a diferençiação da mucosa intestinal do fenótipo fetal para o fenótipo adulto, o que permite à criança usar dissacarídeos presentes no leite materno. No pulmão passa-se algo semelhante, a velocidade de desenvovimento alveolar e do epitélio respiratório é acentuada pelo cortisol; e, mais importante, nas últimas semanas de gestação os glicocorticoides aumentam a síntese de surfactante (sendo usados para induzir a maturidade pulmonar em recém-nascidos prematuros), sendo útil a sua administração até, aproximadamente, a 34ª semana de gestação. MINERALOCORTICOIDE – ALDOSTERONA A aldosterona é o protótipo dos mineralocorticoides, sendo estimulada a sua secreção pela Angiotensina II. Seu mecanismo de ação primário ocorre nos túbulos renais: a aldosterona aumenta a reabsorção de sódio e excreção de potássio e hidrogênio. O efeito primário é o aumento da natremia e diminuição da calemia, e a água segue o íon sódio. Ela induz ainda a expressão aumentada da Na-K-ATPase, de canais de sódio e da síntese de ATP mitocondrial. Além disso, a aldosterona aumenta a excreção de amônia. Tem como tecidos alvos: Rins, glândulas salivares e sudoríparas, osso, trato GI, músculos. A aldosterona estimula ainda a proliferação de miócitos cardíacos. Pacientes que apresentam insuficiência cardíaca congestiva tendem 80
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a evoluir uma hipertrofia ventricular esquerda. Quando o mesmo faz uso de fármacos inibidores de ECA (como o Captopril ou Enalapril), seus níveis de aldosterona tendem a cair juntamente aos de angiotensina II.
CORTICOIDES: ESTRUTURA-FUNÇÃO Assim como vimos previamente na OBS13, os principais corticoides do mercado são: Hidrocortisona (com estrutura similar ao cortisol endógeno, apresentando, portanto, potencia 1); Prednisolona (apresenta uma ligação dupla a mais que a anterior); Metilprednisolona (apresenta um radical metil a mais que a anterior); Cortisona (apresenta uma molécula oxigênio a mais que a anterior); Prednisona (com uma ligação dupla a mais que a anterior); e Dexametasona (apresenta flúor adicionado a sua estrutura assim como mais um grupo metil), sendo esta cerca de 25 vezes mais potente que a hidrocortisona. A dexametasona tem seu efeito mineralocorticoide totalmente abolido, sem ter função nenhuma de reter sódio.
Pacientes com deficiência de aldosterona são tratados com 9-α-fluorocortisone, pois este é um potente corticoide, mas com ação mineralocorticoide, apresentando capacidade para reter sódio. Isso acontece porque adicionando um grupo flúor na posição 9-α, há um aumento da atividade mineralocorticoide do corticoide.
OBS15: Potência glicocorticoide: Dexametasona > Prednisona > Cortisol EFEITOS COLATERAIS DA HIPERCORTESOLEMIA Como os corticoides influenciam todo o metabolismo corporal, podem ocorrer alterações em vários níveis orgânicos, tais como: Metabolismo ósseo. Os efeitos colaterais de uma hipercortesolemia, em longo prazo, no metabolismo ósseo, são caracterizados por uma diminuição da atividade osteoblástica, aumento da atividade osteoclástica, diminuição da absorção do cálcio intestinal e aumento da secreção do PTH. Isso gera, portanto, uma desmineralização óssea, tornando o osso trabecular em osso poroso. Resistência à insulina. O uso crônico de glicocorticoides produz uma resistência periférica à insulina e induz o fígado a realizar gliconeogênese, tudo no intuito de realizar uma hiperglicemia. A hipercortisolemia pode levar a um quadro de diabetes denominado de diabetes medicamentosa. Sistema nervoso central. A terapia crônica com corticoides tem influência extremamente importante no sistema nervo central. Pode ocorre morte ou atrofia neural, sendo as principais estruturas afetadas o hipocampo e os núcleos da base. Os sintomas neuropsiquiátricos são: cognitivos (memória, aprendizado); humor (irritabilidade, depressão, ideação suicida, ideação paranoica); sono (insônia). Aparelho gastrointestinal. A terapia crônica com corticoides influencia também na função gástrica. O uso prolongado de corticoides pode induzir na função gástrica: aumentando a secreção do HCl e diminuindo a produção de mucinas que fazem a proteção da mucosa gástrica. Conclui-se, então, que o uso de corticoides pode aumentar o risco de desenvolvimento de úlceras gástricas (sendo este risco muito menor do que o causado pelos anti-inflamatórios não-esteroidais). Insuficiência adrenal. Como complicação principal para o uso crônico de corticoides exógenos, tem-se o bloqueio do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal. Isso faz com que a secreção de ACTH fique cada vez menor, diminuindo concomitantemente, a produção endógena de cortisol. Na maioria dos casos, a falta do estímulo pelo ACTH faz com que a glândula adrenal atrofie e esgote a produção de cortisol endógeno. Esse é o motivo para o qual o fim de tratamentos com corticoides não pode ser interrompido da uma hora para a outra: a posologia deve ser ajustada gradativamente até que a produção endógena de cortisol volte a ser regulada. Caso contrário, o paciente entra em quadro de insuficiência adrenal. CORRELAÇÕES CLÍNICAS Insuficiência Adrenal: quadro em que ocorre uma secreção inapropriadamente baixa de esteroides da adrenal, apresentando: insuficiência de aldosterona, insuficiência de cortisol e insuficiência de esteroides sexuais. A insuficiência adrenal pode ser classificada em primária (se afeta a glândula adrenal), secundária (se afeta a hipófise) e terciária (se ela afeta o hipotálamo).
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Insuficiência adrenal primária (Doença de Addison): Doença descrita primeiramente por Thomas Addison (1793-1860). Na insuficiência primária, as adrenais são destruídas, e a aldosterona é igualmente afetada. Como há uma produção carente de cortisol, o gene POMC será transcrito exacerbadamente, produzindo, além do ACTH, grandes quantidades de MSH (o que explica o escurecimento cutâneo característico da Doença de Addison). Em 80% dos casos de Doença de Addison, a etiologia se dá por uma doença autoimune, afetando todas as regiões da adrenal. Entre outras causas, temos: infecções (tuberculose, citomegalovírus, fungos); vascular (hemorragia, trombose, arterite); metástases (em pacientes com câncer); adrenoleucodistrofia (em homens jovens). Os sinais e sintomas são: perda de peso, anorexia, desidratação (devido ‘a presença de sódio nos túbulos renais), fraqueza muscular, hiperpigmentação da pele, hipotensão, etc. A falta de aldosterona (hipoaldosteronismo) leva a tontura pela hiponatremia, além de causar hipotensão e hipercalemia. Insuficiência adrenal secundária e terciária: disfunções na hipófise (sem secreção de ACTH e de cortisol, com aumento do CRH) e no hipotálamo (sem secreção de nenhum dos hormônios), respectivamente. As principais causas são: doenças vasculares (necrose Pós-Parto, chamada de Síndrome de Sheehan); doenças infiltrativas (Sarcoidose, compressão tumoral); Pós-cirurgia ou radioterapia; Tratamento crônico com corticoides. Os níveis de aldosterona estão normais por ser ela estimulada pela angiotensina II, diferentemente da insuficiência adrenal primária, na qual a aldosterona é comprometida pois todo o córtex da adrenal é comprometido. Sintomas: fadiga, indisposição moderada, fraqueza muscular proximal. Sinais: Não ocorre hiperpigmentação, nem hipotensão postural.
Adrenoleucodistrofia/Adrenomieloneuropatia: doença enzimática ligada ao cromossomo X, afetando apenas homens. O paciente apresenta insuficiência adrenal na infância, hipogonadismo hipergonadotrófico na puberdade, paraparesia, desmielinização na vida adulta. A fisiopatologia está relacionada à mutação na proteína Adrenoleucodistrofia (ALPD). A função desta ALD é funcionar como uma proteína âncora de transporte peroxisomal para Acil-CoA sintetase de cadeia muito longa. Verificam-se ésteres de colesterol com ácidos graxos de cadeia longa. Tratamento: Reposição de cortisol; Óleo de Lorenzo (ajuda na reposição dos níveis séricos dos VLCFA – mas sem benefício clínico após em média 3 anos livre da doença). Crise adrenal: a crise adrenal geralmente é causada pela retirada de corticoide exógeno abruptamente. O paciente apresenta hiperpigmentação, hiponatremia, hipercalemia, hipoglicemia, hipotensão resistente a catecolaminas. Se não tratada imediatamente, a crise adrenal pode levar o paciente a morte. Pode ser causada, por exemplo: por hemorragias (doença tromboembólica ou terapia anticoagulante); drogas que diminuem a produção de glicocorticoides (cetoconazol, metirapone); drogas que aumentam a produção de GC (fenobarbital, rifomicina). Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC): Há um defeito genético na síntese do cortisol e aldosterona, resultando em insuficiência adrenal primária. As causas mais prevalentes da HAC é deficiência da enzima 21-hidroxilase. Ocorre um aumento de CRH e ACHT. O ACHT aumentado estimula a adrenal e resulta no desvio de precursores para síntese de outros hormônios. ACTH estimula o crescimento (hiperplasia) das adrenais. A 21-hidroxilase da zona fasciculada (converte 17-hidroxi-progesterona em 11-desoxi-cortisol) é uma hidroxilase mais branda. Seu defeito causa uma HAC não-perdedora de sal (pois a produção de aldosterona estaria normal na zona glomerulosa). O paciente apresentaria quadros de hipoglicemia devido à carência na produção do cortisol. A forma mais grave da doença ocorre quando a defeitos na enzima 21-hidroxilase das duas zonas mais externas do córtex da adrenal, fazendo com que o paciente tenha carência tanto de cortisol quanto de aldosterona, desencadeando uma HAC perdedora de sal. O paciente apresenta uma desidratação severa. Como não há 82
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conversão de subprodutos para a produção do cortisol e aldosterona, há um desvio para a produção de andrógenos pela camada mais profunda. Isso repercute, para as mulheres, em um processo de masculinização (pseudo-hermafroditismo), ocasionando cliteromegalia e hirsuitismo (presença de barba).
Síndrome de Cushing: A síndrome de Cushing ou hipercortisolismo ou hiperadrenocorticismo é uma desordem endócrina causada por níveis elvados de cortisol no sangue. O cortisol é liberado pela glândula adrenal em resposta à liberação de ACTH na glândula pituitária no cérebro. Níveis altos de cortisol também podem ser induzidos pela administração de drogas. A doença de Cushing é muito parecida com a síndrome de Cushing, já que todas as manifestações fisiológicas são as mesmas. Ambas as doenças são caracterizas por níveis elevados de cortisol no sangue, mas a causa do cortisol elevado difere entre as doenças. A doença de Cushing se refere especificamente a um tumor na glândula pituitária que, por lançar grandes quantidades de ACTH, estimula uma secreção excessiva de cortisol na glândula adrenal. Foi descoberta pelo médico americano Harvey Cushing (1869-1939) e descrita por ele em 1932. Síndrome de Cushing ACTH dependente: apresenta hipercortisolemia devido a grande produção de ACTH (em casos de tumor de hipófise hipersecretor de ACTH). Pode haver ainda hipercortisolismo de produção ectópica de ACTH ou CRH por um tumor (carcinoide brônquico, Oat cell carcinoma, Feocromocitoma, CA medular de tireoide). Se esse tumor é ACTH dependente mas não é da hipófise, ele não sofre regulação do eixo hipotálamo-hipofisário. Nesses casos, ocorrerá hiperpigmentação. Síndrome de Cushing ACTH independete (Cushing da Adrenal): tumores de glândula adrenal hipersecretores de cortisol, em que há níveis elevados de cortisol no sangue independentemente do ACTH. Geralmente se dá de maneira unilateral, o que gera uma atrofia da adrenal do lado oposto ao local do tumor. Haverá associação de excesso de andrógeno (hisurtismo, acne, menstruação irregular, calvície). Manifestações clínicas: Aumento do catabolismo proteico (estrias, déficit de cicatrização, desgaste e fraqueza muscular), produção aumentada de glicose (DM), redistribuição do tecido adiposo (obesidade centrípeta), fragilidade óssea (por uma atividade osteoclásticas, gerando osteoporose), síntese aumentada de catecolaminas (hipertensão), anti-inflamatória (infecções oportunísticas), inibição do eixo HPG (amenorreia, impotência), depressão e dificuldade na memória (comprometimento do sistema límbico). Diagnósticos: Há dois testes que podem ser feitos como diagnóstico: Supressão com baixa dose de Dexametasona: dá-se ao paciente baixas doses de dexametasona, um potente inibidor do eixo hipotálamo-hipofisário. Baixa dose de dexametasona suprime a secreção de ACTH em pacientes normais ou com hipercortisolismo “fisiológico” (Estresse). A baixa dose de dexametasona não suprime a secreção de ACTH em pacientes com Síndrome de Cushing ACTH dependente (adenoma hipofisário ou produção ectópica de ACTH por tumores) e em pacientes com Síndrome de Cushing ACTH independente (tumores de adrenal). Supressão com alta dose de Dexametasona: Alta dose de dexametasona suprime a secreção de ACTH em pacientes com Síndrome de Cushing ACTH dependente (Adenoma hipofisário). Isso ocorre pois, por ser tão alta a taxa de dexametasona, o tumor é inibido de secretar ACTH. Alta dose de Dexametasona não suprime a secreção de ACTH em pacientes com Síndrome de Cushing ACTH dependente (produção ectópica de ACTH por tumores), pois a dexametasona não é capaz de suprimir a secreção de ACTH por tumores ectópicos. Hipoaldosteronismo: baixas taxas sanguíneas de aldosterona, havendo pouca reabsorção de sódio com baixos índices de natremia (índices de sódio no sangue), ou seja, hiponatremia com hipercalemia (elevadas taxas de potássio), implicando pois, nos seguintes sintomas: disritmias cardíacos (alterações no ECG devido a altas concentrações de potássio), hipotensão (devido a baixas taxas de sódio sanguíneo). OBS16: De um modo geral, temos: Hipoaldosteronismo Hipotensão, Hipercalemia e Hiponatremia Hipocortisolismo Fadiga, Hipotensão, Hipoglicemia Causas de hipercortisolismo: causas fisiológicas (gravidez, estresse e exercício excessivo); causas patológicas (Síndrome de Cushing, Diabetes Melitus, Hipertireoidismo, Anorexia nervosa, Síndrome do pânico, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Corticoides exógeno). Deficiência de DHEAS no macho (fadiga, alteração do humor); nas fêmeas (fadiga, alteração do humor, disfunção sexual). DIAGNÓSTICOS PARA DOENÇAS DA ADRENAL Devem ser feitos teste de triagem: Dosar o cortisol às 08:00 h (5 – 25 μg/dL) Se alto – Hipercortisolemia Se muito baixo – Diagnóstico 83
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Porém, mesmo sendo feito os testes de triagem, a maioria dos pacientes apresentam valores “ borderlines” (sem muita especificidade). Faz-se, necessário, portanto, o uso de testes específicos. Um dos mais utilizados teste de estimulação com ACTH, que consiste em aplicar doses de ACTH em pacientes com suspeita e observar resultados. Se o paciente for normal, o ACTH será capaz de estimular a síntese de cortisol, aumentando a sua concentração plasmática. Caso contrário, se não houver aumento do cortisol, o paciente é acometido de insuficiência adrenal primária. O teste a tolerância à insulina pode ainda ser realizado. A insulina, ao estimular a hipoglicemia, estimula o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal para que o cortisol seja produzido e aumente a glicemia plasmática. Dá-se então insulina ao paciente e espera, após a queda da glicemia do paciente, o aumento do cortisol e a diminuição do ACTH. Baixos níveis de cortisol após a hipoglicemia, tem-se insuficiência primária.
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FISIOLOGIA: FUNÇÕES REPRODUTIVAS MASCULINAS O sistema reprodutor masculino, partindo do processo de espermatogênese, é um dos responsáveis, junto ao reprodutor feminino, por executar a reprodução na espécie humana, propiciando a perpetuação da espécie.
ESPERMATOGÊNESE É o processo de formação dos espermatozoides que ocorre ao longo dos túbulos seminíferos durante a vida sexual ativa, estimulado pelos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior. Inicia-se na puberdade (13 anos de idade) e se prossegue durante boa parte da vida, diminuindo acentuadamente na velhice. ETAPAS DA ESPERMATOGÊNESE As espermatogônias (2n, células epiteliais germinativas dos túbulos seminíferos) crescem e se tornam espermatócitos primários (2n). espermatócitos primários sofrem meiose formando Os espermatócitos secundário (n), que por sua vez se dividem formando as espermátides (n). As espermátides amadurecem e se diferenciam e tornam-se espermatozoides. OBS: Cromossomos Sexuais. Metade dos espermatozoides carrega ou um cromossomo sexual masculino (Y) ou um cromossomo sexual feminino (X), que, dependendo de qual dos dois fertilizará o óvulo (X), determinará o sexo do embrião. FORMAÇÃO DOS ESPERMATOZOIDES Formam-se a partir das espermátides, as quais se diferenciam em sua estrutura, que se alongam e perdem seu citoplasma. O espermatozoide é composto por cabeça, colo e cauda. Cabeça: maior parte do volume do espermatozoide, contendo núcleo haploide (ocorre a condensação do material nuclear) além da formação do acrossoma (organela semelhante a um capuz que contém várias enzimas proteolíticas, que quebram proteínas e hialuronidases, que tem a capacidade de digerir proteoglicanos dos tecidos), tendo como função auxiliar o espermatozoide a penetrar no citoplasma do ovócito II. Colo: presença da bainha mitocondrial que fornece ATP (energia) para o movimento do espermatozoide. Cauda: peça móvel do gameta que exerce movimento de vaivém (movimento flagelar). Desloca-se em meio líquido numa velocidade média de 1 a 4mm/min. FATORES HORMONAIS QUE ESTIMULAM A ESPERMATOGÊNESE O LH é responsável por estimular as células de Leydig a produzir e secretar a testosterona, hormônio responsável pelas características secundárias masculinas e essencial ao crescimento e à divisão de células germinativas. Quando os níveis de testosterona no sangue estão elevados, por feedback negativo, a secreção de LH é inibida. O FSH é responsável por estimular as células de Sertoli a secretar ABP (hormônio que capta testosterona para uso do testículo) e inibina, o qual, por feedback negativo, controla a secreção do FSH. Sem essa estimulação, não ocorre a conversão de espermátides em espermatozoides. Os estrogênios, formados a partir da testosterona pelas células de Sertoli, também são essenciais para a espermatogênese. Bem como o hormônio do crescimento que é necessário no controle do metabolismo básico dos testículos. OBS: A fertilidade de um homem está ligada ao numero de espermatozoides produzidos por ele e pela capacidade desses gametas de fecundar. 85
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ESPERMIAÇÃO É a remoção do excesso de citoplasma quando as espermátides são convertidas em espermatozoides. MATURAÇÃO DOS ESPERMATOZOIDES Ocorre no epidídimo, durando cerca de 18 a 24 horas, para que os espermatozoides desenvolvam a capacidade de fecundar. Durante esse processo, há a liberação de nutrientes, hormônios (incluindo testosterona) e enzimas que, entre outras propriedades, propiciam a capacidade de movimentação aos espermatozoides, os quais se tornam, então, capazes de fecundar o óvulo (maturação). FISIOLOGIA DO ESPERMATOZOIDE MADURO Os espermatozoides maduros tem capacidade de realizar movimento flagelado em meio liquido, com velocidade de 1 a 4 mm/min, movimentando-se em linha reta. Sua atividade é aumentada nitidamente em meio neutro e levemente básico, enquanto é notavelmente diminuída em meio ácido. Embora o espermatozoide possa viver por muitas semanas armazenados nos ductos genitais, após ejaculados, vivem cerca de um a dois dias no trato genital feminino. CÉLULAS DE SERTOLI São células grandes responsáveis por sustentar o epitélio germinativo dos túbulos seminíferos que contribuem na convenção de espermátides em espermatozoides. Fornecem nutrientes (frutose), hormônios e enzimas para os gametas em desenvolvimento. VESÍCULAS SEMINAIS Túbulos sinuosos revestidos com epitélio secretor, que na ejaculação, secretam: frutose (nutrição), ácido cítrico e outras substâncias nutritivas, bem como fibrionogênio (que reage com uma enzima de coagulação liberada pela próstata) e prostaglandinas (que tornam o muco cervical feminino mais receptivo ao movimento dos espermatozoides e causa certas contrações peristálticas no útero e trompas, auxiliando a guia dos espermatozoides ao ovócito II). Essa secreção das vesículas seminais aumenta o volume do sêmen consideravelmente. GLÂNDULA PROSTÁTICA A próstata secreta um líquido ralo e leitoso de pH entre 6,5 e 7,5, que contém cálcio e citrato, bem como uma enzima de coagulação (que reagirá com a fibrina liberada pelas vesículas seminais) e uma pró-fibrinolisina. Durante a emissão, a cápsula muscular prostática contrai-se simultaneamente às contrações dos canais deferentes. Por ser ligeiramente alcalino, é provável que o líquido prostático auxilie na motilidade e a fertilidade dos espermatozoides. OBS: De acordo com dados do INCA, o câncer de próstata é o tumor (não cutâneo) mais prevalente em homens no Brasil e no mundo, sendo o adenocarcinoma de próstata o seu principal representante. O câncer de próstata, de um modo geral, representa cerca de 10% do total de casos de câncer, sendo a quarta causa de morte por neoplasias no Brasil. OBS: O PSA (Prostate-Specific Antigen ou antígeno prostático específico) revolucionou a história diagnóstica do câncer de próstata depois de sua descoberta como marcador desta neoplasia a partir da década de 80, substituindo outros marcadores até então utilizados (como a fosfatase ácida). O PSA é uma glicoproteína produzida pela próstata (sendo ela órgão-específico) responsável pela liquefação do coágulo seminal, favorecendo a fertilização do óvulo pelo espermatozoide na vigência de uma eventual cópula seguida de fecundação. O ponto de corte para indicação de biópsia
prostática é 4ng/ml. Contudo, estima-se que 25% dos cânceres apresentam PSA abaixo de 4ng/ml; além disso, muitos pacientes são submetidos a biópsias prostáticas desnecessárias. O PSA pode ser mensurado no intuito de fornecer dados referentes ao: Diagnóstico Estadiamento (classificação dos pacientes portadores de câncer): pacientes com PSA menor que 20ng/ml não necessitam de realização de cintilografia óssea, por exemplo. Seguimento: o PSA talvez seja o único método disponível para avaliar o paciente pós-prostatectomia e pósradioterapia, sendo realizado, normalmente, após 1 mês de cirurgia (PSA de controle) e, durante o primeiro ano, de 3 em 3 meses (para avaliação trimestral).
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SÊMEN O sêmen é o liquido ejaculado durante o ato sexual masculino, sendo composto de líquidos do: canal deferente (10% do total), vesículas seminais (60%, sendo o ultimo a ser secretado), liquido prostático (cerca de 30%, que dá o aspecto leitoso) e das glândulas bulbouretrais (aspecto mucoso do sêmen). A enzima de coagulação do liquido prostático f az com que o fibrinogênio liberado pelas vesículas seminais forme um fraco coágulo de fibrina que mantém o sêmen aderido nas regiões mais profundas da vagina. Após algum tempo, esse coágulo se rompe devido à fibrinolisina, devolvendo motilidade aos espermatozoides já no trato genital feminino. É ejaculado cerca de 2 a 6mL de sêmen, contendo 120 milhões de espermatozoides/mL. Abaixo de 20 milhões, o homem pode ser infértil. A contagem é feita pelo espermograma.
ATO SEXUAL MASCULINO ESTÍMULO NEURONAL Originado na glande por neurônios responsáveis pela sensibilidade sexual. ELEMENTO PSÍQUICO Pensamentos ou sonhos podem estimular o ato sexual masculino (pode ter como consequência a polução noturna). ETAPAS 1. Ereção: estimulo parassimpático via óxido nítrico (NO), que relaxam e dilatam as artérias penianas, fazendo o sangue fluir para o tecido erétil: os dois corpos cavernosos e o esponjoso represam o sangue, constituindo o fenômeno da ereção. 2. Tumefação e endurecimento do órgão: ocorre devido o acumulo de sangue represado nos tecidos eréteis. 3. Lubrificação: estímulo parassimpático em que há a secreção de muco pelas glândulas uretrais e bulburetrais. Entretanto, a maior parte da lubrificação do coito é realizada pelo órgão sexual feminino. 4. Emissão: estímulos de nervos simpáticos, em que há a contração dos canais deferentes, da vesícula seminal e do revestimendo muscular da próstata, forçando o esperma adiante, auxiliando nas etapas de formação do sêmen. 5. Ejaculação: liberação do sêmen da uretra para o exterior. 6. Orgasmo: período entre a emissão e a ejaculação. 7. Resolução: termino da excitação masculina. A ereção ainda perdura por um a dois minutos. OBS: A ereção é uma etapa importante no processo do ato sexual masculino. De uma forma simples, o que ocorre é o represamento de sangue nos corpos cavernosos do pênis: entra mais sangue do que sai. Para isso, os vasos sanguíneos penianos devem estar dilatados e intumescidos. Este processo se dá pela seguinte reação (e explica a ação de medicações utilizadas contra a disfunção erétil): a) A L-Arginina (aminoácido), por meio da enzima NO Sintase, forma oxido nitroso (NO) b) O NO se liga com a citrulina gerando a enzima Guanilato Ciclase. c) Essa enzima transforma o GTP (presente no corpo cavernoso) em cicloGMP (o causador da ereção) o qual dilata as artérias do corpo cavernoso, gerando o intumescimento do órgão. Esse composto é responsável também pelo aumento da frequência cardíaca (taquicardia) no ato sexual. d) No final da ereção, a enzima PDE 5 (5Fosfodiesterase) quebra a cGMP cessando a ereção. Disfunção erétil. Ocorre em 52% dos homens com idade entre 40 e 70 anos. Pode ser causado por doenças como diabetes melito, radiação ionizante, tratamento de câncer de próstata, lesão na porção inferior da medula, estresse, ansiedade, drogas (diuréticos, antidepressivos, tranquilizantes, hormônios, álcool etílico, cocaína, maconha, etc.). Embora não exista um tratamento tão eficaz e definitivo para a disfunção, existem hoje, no mercado farmacêutico, medicações que estimulam a ereção masculina. São, de uma forma geral, drogas inibidoras da 5-fosfodiesterase (PDE 5) e atuam, portanto, reduzindo a quebra do cGMP, mantendo a dilatação arterial em nível peniano (e, de certa forma, sistêmico). Os principais exemplos são: Sildenafil (Viagra®), Vardenafil (Levitra®) e o Tadalafil (Cialis®). Seus principais efeitos colaterais são: Congestão 87
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nasal; prolongamento da onda QT do eletrocardiograma (principalmente pelos medicamentos Levitra® e Cialis®); hipotensão arterial. A principal contraindicação é o uso intermitente ou contínuo de nitratos (medicações utilizadas para tratar a dor cardíaca ou angina), uma vez que o concomitante pode potencializar o efeito hipotensor de ambas as medicações (podendo causar queda brusca da pressão arterial, de difícil reversão).
HORMÔNIOS SEXUAIS MASCULINOS Podem ser androgênios e a testosterona (mais abundante, produzida pelas células intersticiais dos túbulos seminíferos – as células de Leydig). TESTOSTERONA Hormônio formado pelas células intersticiais (Leydig) dos túbulos seminíferos.
Metabolismo: Ligação com proteínas plasmáticas Ação em 30 a 60 minutos. Convertida em androesterona e desidroepandroesterona. Eliminada na bile (eliminação metabólica da testosterona), TGI (fezes) ou urina.
Funções: Desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos: aumento do tamanho do pênis, escroto e testiculos. o Estimulam os folículos pilosos: distribuição de pêlos corporais. o Estimulam o crescimento das glândulas sebáceas. o Produzem o aumento de massa muscular nas crianças durante a puberdade. o Ampliam a laringe: efeitos sobre a voz. o Desenvolvimento Fetal o Liberação a partir do 2º mês de gravidez. Fato marcante para o desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos. É um dos principais responsáveis para a descida dos testículos nos últimos 2 a 3 meses para a bolsa escrotal. Desenvolvimento da massa óssea maior, protegendo contra a osteoporose: aumento de 50% a massa o muscular em relação às mulheres.
OBS: A maioria dos anabolizantes (“bombas”) possui testosterona sintético, responsável pelo aumento exagerado da massa muscular. Pode ocorre necrose do tecido acarretado bem como diminuição da libido sexual, pois o organismo deixaria de produzir o hormônio endogenamente.
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FISIOLOGIA: FUNÇÕES REPRODUTIVAS FEMININAS As funções reprodutivas femininas estão divididas, fisiologicamente, em duas fases: preparação do corpo para a concepção e estado de gestação.
CONCEITOS Menarca: o termo menarca significa a primeira menstruação e traduz um importante evento no amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Acontece em médio entre o 11 e 14 anos, mas sua ocorrência é aceitável dos 9 aos 16 anos. Menstruação: é um sangramento genital de origem intrauterina, periódico e temporário na mulher, que se manifesta aproximadamente a cada mês, que se inicia com a menarca e termina com a menopausa. Menacme: período reprodutivo da mulher. Inicia-se com o amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Em outras palavras, tem início com a resposta do LH ao estímulo gonadotrófico, que é mais tardia que a do FSH. Após a produção folicular adequada, com produção de níveis de estradiol maiores que 200ng/ml durante 24 a 36h, ocorrerá o primeiro pico de LH, com ovulação e consequente menstruação. Climatério: tem início com o declínio progressivo da atividade gonadal da mulher. Este período de sua vida é o de transição entre o ciclo reprodutivo (menacme) e o não reprodutivo (senilidade ou senectude). Síndrome climatérica: é conjunto de sintomas que são atribuíveis à insuficiência ovariana progressiva. É importante salientar que nem sempre o climatério é sintomático. Menopausa: o termo “menopausa” significa “ultima menstruação”. É o evento que marca o climatério. Constitui o único ponto de referência durante o climatério que pode ser determinado com exatidão. Ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos de idade e só pode ser diagnosticada após 12 meses consecutivos de amenorreia (ausência de menstruação). Período perimenopausa: período que se inicia antes da menopausa com ciclos menstruais irregulares, acompanhados ou não de manifestações vasomotoras, e termina 12 meses após a menopausa. Período pós-menopausa: período que se inicia após um ano (12 meses) da ultima menstruação e vai até os 65 anos de idade. Senectude ou senilidade: período da vida que se segue ao climatério e tem início aos 65 anos. SISTEMA HORMONAL FEMININO Basicamente, o sistema hormonal feminino trabalha baseado nos seguintes hormônios: Hormônio Liberador de Gonadotropina (GnRH), liberado pelo hipotálamo; FSH e LH, liberados pela hipófise anterior; Estrogênio e Progesterona, liberados pelos ovários. GnRh: o hormônio liberador de gonadotrofinas é um hormônio produzido de forma pulsátil em neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo. Este hormônio é responsável por estimular a adeno-hipófise a secretar gonadotrofinas, que são o FSH e o LH. FSH e LH: são hormônios produzidos pela adeno-hipófise (sob estímulo hipotalâmico), e são conhecidos por gonadotrofinas por atuar nas gônadas femininas (ovários). Esses hormônios são responsáveis por estimular a função do ovário, que corresponde à ovulação. Hormônio folículo-estimulante (FSH): é o hormônio responsável por estimular e recrutar folículos o ovarianos dentre os quais, haverá a formação de um óvulo. Portanto, os folículos nada mais são que um grupo de células recrutadas inicialmente pelo FSH que abrigam o óvulo. O FSH, atuando no ovário, estimula o crescimento de vários folículos (de 10 a 15 deles), mas apenas um se destaca, rompe-se e libera o óvulo. Sabendo disso, podemos tirar a seguinte conclusão: o FSH deve estar alto no início do ciclo menstrual, de modo que, quando a mulher menstrua, o FSH atinge níveis elevados no intuito de recrutar novos folículos para que um deles permita a ovulação no novo ciclo que se inicia. O FSH é, portanto, um hormônio que começa com altos níveis no início do ciclo. Hormônio luteinizante (LH): tem uma importância maior no momento da ovulação e na 2ª fase do ciclo o menstrual (após a ovulação). Estrógeno: é considerado o hormônio mais importante para a mulher e o principal produto ovariano , sendo produzido desde a primeira menstruação até a menopausa, tendo ainda uma discreta produção hormonal através de conversão periférica (por tecido adiposo). É, justamente, o hormônio que dá os caracteres sexuais femininos que a diferencia do homem. O estrogênio é produzido durante todo o ciclo menstrual. Vale salientar que dois tipos de estrogênio são produzidos no ovário: a estrona e o estradiol (sendo este o mais importante e mais produzido). Progesterona: a partir do próprio termo (“ pró-gesta”) podemos admitir que a progesterona é um hormônio fundamental para a manutenção da gravidez (tanto é que a mulher que não produz progesterona, sofre 89
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abortamentos). Por essa razão, a progesterona é produzida a partir do momento da ovulação e, portanto, apresenta níveis elevados apenas na 2ª fase do ciclo menstrual, sendo produzida pelo corpo lúteo, uma “casquinha” amarela que sobra do folículo após a ovulação.
OBS: Para que a ovulação ocorra, o LH deve chegar ao pico, e o estrogênio e a progesterona em baixa quantidade. Os anticoncepcionais hormonais combinados possuem estrógeno e progesterona sintéticos, que, quando em concentrações altas e constantes, inibem a ação direta do LH (hormônio responsável pela ovulação). FUNÇÕES DOS HORMÔNIOS DA HIPÓFISE ANTERIOR E CICLO OVARIANO O ciclo menstrual (tem duração de 28 dias, aproximadamente) causa: Alterações rítmicas mensais na secreção de hormônios no geral. Alterações nos próprios órgãos femininos. Consequências do Ciclo Menstrual: Um só óvulo maduro é liberado. Preparação do endométrio uterino para a implantação do possível óvulo fecundado. As alterações ovarianas dependem dos hormônios gonadotrópicos da adeno-hipófise: FSH e LH. Na ausência desses hormônios, os ovários permanecem inativos Tem início entre os 11 e 15 anos, sendo marcada pela menarca (1ª menstruação). O período de modificações fisiológicas, corporais e hormonais é denominada período da puberdade . CICLO MENSTRUAL (CICLO OVARIANO) O ciclo menstrual resulta da interação entre três importantes componentes do sistema endócrino: hipotálamohipófise-ovário. Compartimento IV – Hipotálamo: responsável por liberar o GnRH, que é secretado de forma pulsátil para a produção do FSH e do LH por parte da hipófise. Esses pulsos de secreção variam em frequência e amplitude em todo o ciclo menstrual. Fase folicular (antes da ovulação): o ↑frequência e ↓amplitude. Fase lútea (após a ovulação): ↓frequência e o ↑amplitude. A variação na frequência do pulso de GnRH permite a variação do FSH e do LH durante todo o ciclo menstrual.
Compartimento III – Adenoipófise: o GnRH age sobre células da hipófise anterior, estimulando-as a produzir FSH e LH na circulação. Neste compartimento, ocorre também a produção de outros hormônios (TSH, GH, ACTH e prolactina) que não participam diretamente do ciclo menstrual. OBS: A secreção de prolactina, hormônio primariamente relacionado à lactação, é regulada pelo controle inibitório da dopamina secretada no hipotálamo. Portanto, tumores que acometam e obstruam a circulação portohipofisária prejudicam a liberação dos fatores hipotalâmicos até a hipófise, causando um quadro de hipopituitarismo + hiperprolactinemia (clinicamente: anovulação, amenorreia e galactorreia).
Compartimento II – Ovariano: representam as gônadas femininas e são responsáveis pela produção de esteroides sexuais e pelo desenvolvimento dos folículos imaturos até sua fase final de amadurecimento. Em outras palavras, os ovários possuem um duplo papel: produção de gametas e síntese de hormônios. Funcionalmente, os ovários podem ser divididos em dois compartimentos: Teca ou estroma: camada mais externa relacionada com a produção dos androgênios. Sofre ação do o LH. Granulosa: camada mais interna, que sofre ação do FSH, e que, a depender da fase do ciclo ovariano o na qual se encontra, pode produzir produtos diferentes: Folicular: produção de estrogênio (estradiol) e inibina B (B de “before” , pois é liberado antes da ovulação). Estradiol: é conhecido por sua ação no desenvolvimento folicular e endometrial, além o da produção de LH no meio do ciclo. Inibina B: secretada pelas células da granulosa mediante o estímulo do FSH ainda na o fase folicular, e tem por função inibir a síntese do próprio FSH. Lútea: produção de progesterona e iniba A (A de “after ”, pois é liberado após a ovulação). 90
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Progesterona: é conhecida por sua ação na manutenção do arcabouço endometrial e pela retroação negativa sobre a secreção hormonal hipotalâmica. Inibina A: secretada pelo corpo lúteo (células granulosas luteinizadas) sob controle do LH. Juntamente com o estradiol, controla a secreção do FSH na transição lúteofolicular.
Compartimento I – Útero-vaginal: sofre inteira influência dos hormônios distintamente secretados nas fases do ciclo, de tal forma que, analogamente ao ciclo ovariano, podemos dividir o ciclo uterino em três fases: proliferativa, menstrual e secretora
Teoria das duas células – duas gonadotrofinas e Ovulação Em nível hipotalâmico, o GnRh é produzido e passa a estimular, via trato túbero-infundibular e sistema porta-hipofisário, a adenohipófise a liberar as duas gonadotrofinas: FSH e LH. Esses hormônios, em nível ovariano, vão atuar em camadas diferentes do folículo: o FSH atua na camada mais interna do folículo, que é a granulosa; enquanto que o LH atua na camada mais externa, que é a teca. Daí, tem início a produção de hormônios foliculares: na granulosa ocorre a formação de estrogênio e na teca, a produção de androgênios. Essa é a importante teoria das duas células, duas gonadotrofinas: ela afirma que há uma subdivisão e uma atividade de síntese de hormônios esteroides em compartimentos no folículo em desenvolvimento. Nos folículos pré-antrais e antrais, os receptores de FSH estão disponíveis apenas nas células da granulosa, enquanto que os receptores para LH estão presentes apenas nas células da teca. E como vimos, enquanto que a granulosa produz estrogênio (de fundamental importância para o início do ciclo menstrual), a teca produz androgênios, que não tem nenhuma importância direta para a ovulação. Ocorre, então, que os androgênios produzidos nas células da teca são transportados para as células da granulosa, onde sofrem ação da enzima aromatase, que promove um processo de aromatização e converte os androgênios em estrogênios (estrona e estradiol). A ação da aromatase depende, entretanto, a ação do FSH nas células da granulosa – portanto, diz-se que o FSH é fundamental para a conversão de androgênios em estrogênios.
Todo esse processo ocorre ainda na primeira fase do ciclo menstrual, com o intuito de produzir testosterona para recuperar a camada endometrial uterina que receberá um eventual ovo fecundado. A partir de um determinado nível, esse estrogênio produzido passa a realizar um feedback pos iti vo , de modo que a elevação dos seus níveis promove, de forma direta, o aumento do LH. Daí gera-se um ciclo, de modo que o LH passa a atuar mais nas células da teca, produzindo mais androgênios, que são deslocados para as células da granulosa para sofrer aromatização, produzir estrogênio e estimular ainda mais a síntese de LH, reiniciando o ciclo. O aumento concomitante de estrogênio estimula o pico de LH, e este, a ovulação. A ovulação ocorre como resultado da ação simultânea de diversos mecanismos que ocorrem no folículo dominante, que estimulam a sua maturação e induzem a rotura folicular. Somente o folículo que atinge seu estágio final de maturação é capaz de se romper. O marcador fisiológico mais importante da aproximação da ovulação é o pico de LH do meio do ciclo, o qual, como vimos, é precedido por aumento acelerado do estradiol. Sabidamente, o folículo pré-ovulatório (também conhecido como folículo de Graaf ) produz, coma síntese crescente de estradiol, seu próprio estímulo ovulatório. O pico de estradiol estimula o pico de LH e, consequentemente, a ovulação. Após o processo de ovulação, o resquício do folículo forma uma estrutura celular amarelada conhecida como corpo lúteo, que sob ação do hormônio luteinizante (o LH), passará a produzir a progesterona. OBS: Se a paciente não ovular, obviamente, não haverá produção de progesterona. 91
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FASES DO CICLO OVARIANO É dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea (a fase menstrual pode ser incluída separadamente; mas por definição, corresponde à primeira parte da fase folicular). A fase folicular se estende do 1º dia da menstruação até o dia do pico de LH, no meio do ciclo. A fase ovulatória inclui três fenômenos principais, a saber: recomeço da meiose, pequeno aumento na produção de progesterona (12 a 24h antes da ovulação) e rotura folicular. Já a fase lútea compreende o período da ovulação até o aparecimento da menstruação, e tem duração fixa: 14 dias.
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Fase Menstrual (do dia 1 ao dia 5, aproximadamente): É caracterizada pela descamação da camada funcional do endométrio (menstruação), caracterizando o inicio do ciclo. Esta fase ocorre devido à regressão do corpo lúteo que cessa a secreção de progesterona e estrogênio. Com isso, o endométrio deixa de ser estimulado a permanecer, causando a interrupção de oxigênio e nutrientes, levando a necrose da camada funcional. Na menstruação, é liberado cerca de 35mL de sangue.
Folicular (do dia 1 até a ovulação, tendo um período variável): nesta fase, acontece uma sequência ordenada de eventos que assegura o recrutamento de uma nova coorte de folículos para a seleção do folículo dominante. O resultado final é um único folículo maduro viável. Este processo demora cerca de 10 a 14 dias. 1. Recrutamento folicular à ovulação a partir do aumento do FSH: o recrutamento se inicia no final da fase lútea do ciclo anterior, a partir da regressão do corpo lúteo e do aumento do FSH. 2. O FSH aumenta a produção estrogênica, promove o crescimento da granulosa e estimula a atividade da aromatase. 3. As células da teça produzem androstenediona e testosterona sob efeito do LH. 4. As células da granulosa produzem estradiol a partir dos androgênios, sob estímulo da aromatase (dependente do FSH). 5. Seleção do folículo dominante, caracterizado pela maior presença de receptores de FSH e, por isso, maior ação da aromatase e produz mais estrogênio. OBS: O desenvolvimento folicular é contínuo, ocorrendo mesmo em mulheres que não estão ovulando (infância, gestação ou em uso de anticoncepcionais orais).
Ovulatória: a ovulação acontece como resultado da ação simultânea de diversos mecanismos que ocorrem no folículo dominante. O marcador fisiológico mais importante da aproximação da ovulação é o pico do LH do meio do ciclo, o qual é precedido por aumento acelerado do nível de estradiol. 6. O pico de estradiol (produzido pela ação da aromatase) estimula o pico do LH e, consequentemente, a ovulação. 7. A ovulação ocorre aproximadamente 32 a 36 horas após o início da elevação dos níveis de LH e cerca de 10 a 12 horas após seu pico máximo.
Fase lútea (inicia no dia da ovulação e tem duração fixa de 14 dias): O aumento dos níveis de progesterona de forma aguda caracteriza esta fase. 8. Folículo roto formação do corpo lúteo. 9. Ocorre o a luteinização, que corresponde ao processo em que as células da granulosa passam a produzir progesterona (“pró-gestação”). 10. O aumento agudo dos níveis de progesterona caracterizam esta fase 11. É uma fase de duração fixa, de aproximadamente 14 dias (portanto, a mulher “sempre” menstrua 14 dias após a ovulação). 12. Com a regressão do corpo lúteo, que ocorre ao final da fase lútea, ocorre queda dos níveis circulantes de estradiol, progesterona e inibina A. 13. O decréscimo da inibina A remove a influência supressora sobre a secreção de FSH pela hipófise, e este volta a se elevar antes da menstruação (sinal para iniciar um novo recrutamento folicular).
Resumo do ciclo menstrual (dia a dia) 1º dia do ciclo: é o primeiro dia da menstruação Os hormônios, tanto hipofisários como ovarianos estão em baixa concentração. A partir dos dias seguintes do inicio do ciclo, ocorre aumento na concentração do FSH no sangue, que estimula a maturação (meiose) do folículo ovariano. O sangramento chega a durar cerca de 5 dias e gradativamente, a concentração de FSH aum enta. 6º - 7º dia do ciclo: o sangramento cessa. O folículo em amadurecimento libera estrógeno. A partir do 7º dia, o útero começa a produzir uma camada nova e vascularizada no endométrio (tecido que será liberado na próxima menstruação). O folículo atua sobre o útero estimulando esse desenvolvimento do endométrio. OBS: O estrógeno ainda atua sobre o corpo estimulando o surgimento das características sexuais secundárias femininas. 10º dia do ciclo: já com uma grande concentração de FSH e estrógeno, este ainda atua sobre a hipófise estimulando a liberação de LH, o hormônio responsável pela ovulação. Por cerca do 14º dia, a mulher atinge o pico de LH , alcançando assim a ovulação. 93
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14º dia do ciclo: com a ovulação, a progesterona e o estrógeno, combinados, inibem a ação da hipófise (feedback, inibindo a liberação de FSH e LH). Existe medicamentos anticoncepcionais que são compostos por progesterona e estrógeno, os quais impedem a ovulação. 15º dia do ciclo: o corpo lúteo (pequena ferida que marca o local da saída do ovócito II) passa a liberar progesterona (último hormônio a aumentar de concentração) que vai atuar no útero, estimulando a continuação do desenvolvimento do endométrio. 16º - 19º dia do ciclo: LH e FSH em queda Progesterona e Estrógeno em alta. Caso não ocorra a fecundação 21º dia do ciclo: cicatrização do corpo lúteo que passa a produzir menos estrógeno e progesterona.
Caso ocorra a fecundação Supomos que a fecundação ocorra no 14º dia do ciclo. O corpo lúteo, no ovário, é estimulado a não cicatrizar e passa a secretar estrogênio e progesterona para manter a 22º - 27º dia do ciclo: hormônios em baixa concentração gravidez durante os primeiros meses. (Tensão pré-menstrual) Ocorre a liberação do hCG (gonodotrofina coriônica) pelas células formadas após a fecundação. 28º dia do ciclo: ocorre a menstruação. A partir daí inicia- Com a chegada do bastocisto (nidação) ao útero, a se um novo ciclo. placenta começa a ser formada. Semanas depois da fertilização, ela será a responsável pela produção de progesterona. “ tabelinha menstrual” ou OBS: O “Método Anticoncepcional da Tabelinha”. O método rítmico, mais conhecido como “tabelinha método de Ogino-Knaus (nome dado devido a Hermann Knaus e Kyusaku Ogino), é um método contraceptivo que consiste em estimar a data da ovulação, por forma a evitar contactos sexuais durante o período fértil. A ténica correta e descrita em alguns livros consiste na seguinte: para prever o dia da ovulação, observa-se a duração dos 8 últimos ciclos menstruais e anota-se o número de dias do maior e do menor ciclo. Do número de dias do menor ciclo, diminuem-se 18 dias. Do número de dias do maior ciclo, diminuem-se 11 dias. O espaço de dias compreendido entre esses dois números é o período fértil. Evita-se a relação sexual desprotegida durante este período.
Contudo, para mulheres com ciclo rigorosamente regular, podemos tomar como base o dia da ovulação de fato. Para mulheres com ciclo regular de 28 dias, por exemplo, deve-se evitar o coito desprovido de outros métodos contraceptivos durante o período que compreende três dias antes e três dias depois da ovulação. Tal teoria parte do pressuposto que a vida média do espermatozoide no sistema reprodutor – tempo necessário para uma eventual feminino é de cerca de 2 dias – fecundação na vigência de uma relação sexual desprotegida durante este período fértil. O método da tabelinha não é seguro, com taxa de falha particularmente elevada do método de 10% por ano, porque a data da ovulação pode variar em virtude de diversos fatores.
MATURAÇÃO DOS FOLÍCULOS Desenvolvimento dos folículos devido a liberação de FSH e LH. Um folículo se desenvolve mais que todos os outros, secretando mais estrogênio, aumentando os receptores de FSH e LH. Ocorre a formação do antro, contendo líquido folicular (alta concentração de estrogênio). FSH. Os outros folículos sofrem Depois da ovulação, o estrogênio inibe o hipotálamo, reduzindo a liberação de FSH. atresia (parada do desenvolvimento, diminuindo como se nada tivesse acontecido). 94
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OVULAÇÃO alta concentração de LH: aumento, no 14º dia, aproximadamente de 6 a 10 vezes na sua liberação É necessária alta em relação ao inicio do ciclo (concentração duas vezes maior que o FSH). inicio do ciclo menstrual. Ocorre cerca de 14 dias após o inicio EIXOS HORMONAIS DE ESTIMULAÇÃO E INIBIÇÃO É necessário aos hormônios envolvidos no ciclo menstrual o controle dos níveis de gonadotrofinas, sobretudo na 2ª fase do ciclo, após a ovulação, uma vez que o FSH e o LH já teriam realizado suas funções. Para isso, atuam, justamente, o estrogênio e a progesterona, da seguinte forma: Estrogênio O estrogênio, como vimos anteriormente, é responsável por um feedback positivo positivo com o LH , pois estimula a produção desse hormônio. Por outro lado, a partir do momento que um folículo ovariano se destaca e ovula, não há mais a necessidade de recrutar mais folículos; daí, o estrogênio promove uma feedback negativo com o FSH (por esta razão que o FSH começa alto e já tem redução dos seus níveis ainda na 1ª fase do ciclo menstrual, que é quando o estrogênio e o LH se elevam).
Progesterona A progesterona é produzida apenas se a ovulação ocorreu, com o intuito de preparar o corpo da mulher para a gestação. Com isso, a ovulação não se torna mais necessária para uma mulher que, teoricamente, já teria engravidado e, por isso, a progesterona promove um feedback negativo com o LH .
Além dos processos de feedbacks realizados pelo estrogênio e progesterona, ainda existem as inibinas, peptídeos derivados das células da granulosa responsáveis por inibir a produção de FSH. A inibina B reduz a produção de FSH na 1ª fase do ciclo, enquanto que a inibina A reduz a produção de FSH na 2ª fase do ciclo. Se a mulher não engravida, as duas inibinas apresentam quedas em seus níveis ao término do ciclo, de modo que o FSH passa a ser produzido novamente, dando início a um novo ciclo menstrual a partir do recrutamento de novos folículos.
OBS: Note que há um controle antagônico entre estrogênio e progesterona: enquanto o primeiro promove um feedback positivo para o LH, o segundo promove uma inibição da secreção desse LH. Entretanto, devemos tomar nota
de um conceito importante neste impasse: “sempre, quem ganha essa briga, é a progesterona”, isso porque a progesterona inibe receptor de estrogênio . Isso é importante do ponto de vista de contracepção: se uma paciente faz uso de pílula anticoncepcional combinada (isto é, que apresenta em sua composição estrogênio e progesterona), o efeito final se caracteriza pela inibição de receptor de estrogênio. Em termos práticos, como se sabe, o estrogênio estimula no crescimento e desenvolvimento do gameta feminino, enquanto que a progesterona prepara para uma possível gravidez e inibe os receptores de estrogênio. Como quem predomina nesse efeito é a progesterona, a mulher passa a ter um endométrio atrófico e passa a menstruar pouco.
EFEITOS HORMONAIS EM OUTROS ÓRGÃOS Os hormônios produzidos ao longo do ciclo menstrual também interferem em outros fenômenos no corpo da mulher, como por exemplo, no endométrio, no muco cervical, na vagina e nas mamas. ENDOMÉTRIO O endométrio, após a menstruação, descama e passa a se apresentar, ao término do fluxo menstrual, de uma forma “careca”, incapaz de receber um embrião adequadamente. Há, portanto, a necessidade da ação do estrogênio, hormônio capaz de proliferar essa camada. 95
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O estrogênio realiza, portanto, no início do ciclo menstrual, a hiperplasia endometrial. Por esta razão, diz-se que a 1ª fase do ciclo menstrual é a fase proliferativa em nível endometrial. Após a ovulação, o endométrio passa, e ntão, a se preparar pre parar para uma eventual gravidez, passando a sofrer ação agora da progesterona, hormônio que garante ao endométrio as secreções e subsídios necessários para nutrir o novo embrião, caracterizando a fase secretora do ciclo menstrual em nível endometrial.
VAGINA Na primeira metade do ciclo (predomínio estrogênico), o esfregaço vaginal constitui-se de células eosinófilas isoladas, sem dobras nas suas bordas. É dito “limpo”, e os leucócitos estão praticamente ausentes. Na segunda metade do ciclo (estímulo progestacional), caracteriza-se pela presença de células basófilas dispostas em grupos e que evidenciam dobras em suas bordas. É dito “sujo”, com grande número de leucócitos. MUCO CERVICAL O muco cervical, produzido pelo epitélio glandular da endocérvice, está sujeito a profundas mudanças cíclicas aos níveis plasmáticos hormonais. Sob efeito do estrogênio – Fase Folicular Sob efeito da progesterona – Fase Lútea Como o estrogênio age na 1ª fase do ciclo (fase em que, Após a ovulação, os fenômenos de filância e teoricamente, a “mulher busca um parceiro para cristalização deixam de ser observados em virtude da procriar”, ocorre uma maior produção de fluidos vaginais, produção de progesterona pelo corpo lúteo. Com a ação com uma quantidade cada vez maior de muco). O muco da progesterona, o muco passa a servir como um meio é fluido, em grande quantidade e capaz de formar “fios” de proteção da eventual gravidez. Na 2ª fase do ciclo, o (filância). fluido passa a apresentar as seguintes características: Abundante e fluido Grosso e viscoso, sem filância Filância: o muco cervical torna-se mais fluido, Muco escasso e espesso comparável à clara de ovo, e adquire a Sem cristalização capacidade de elasticidade. arboriforme: o teste da Todas essas mudanças são capazes de ocluir o colo do Cristalização cristalização baseia-se na propriedade que o útero, tornando um ambiente hostil aos muco cervical tem de formar cristais. A espermatozoides. Esse mesmo muco, ao término da cristalização típica em folha de samambaia é gravidez (quando a mulher entra em trabalho de parto) é característica à microscopia. eliminado logo que a progesterona deixa de atuar, sendo um importante sinal do parto.
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