MARGEM ABANDONADA MEDEAMATERIAL MEDEAMATERIAL PA PAISAGEM COM ARGONAUTA ARGONAUTAS Lago de Straussberg Margem abandonada abandonada vestígio De argonautas de testa chata Cerdas de junco Galhos mortos ESTÁ ÁRVRE !" V#$ CRESCER %R C$M# DE M$M Cad&veres de 'ei(es )rilham na lama Cai(as de biscoito monte de e(cremento *!TE+ )ELM!T #bsorventes rasgados Sangue Das mulheres de C,l-uida M#S VC. TEM /0E TM#R C0$D#D S$M S$M S$M S$M S$M )CET# S0*# E0 D$G # EL# ESTE 1 ME0 2MEM ME 3DE VEM DC$!2 #t4 -ue a #rgo destrua seu cr5nio navio n6o mais usado %endurado na &rvore hangar e lugar de de7eca86o dos abutres 9 es'era #cocorados nos trens Rostos de jornal e cus'e 0m membro nu em cada cal8a olha a carne la-ueada Sarjeta -ue custa o sal&rio de tr:s semanas #t4 -ue o verni; Estale Suas mulheres es-uentam a comida 'enduram as camas nas janelas escovam v!G0# DE 3R# !# )#RR$G# LETRE$R E0 S0 S0 0M CV# CV#RDE Mas no ch6o Med4ia o irm6o des'eda8ado !os bra8os # 'erita Dos venenos
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MEDEAMATERIAL PAISAGEM COM ARGONAUTAS Med4ia *as6o Meu 'rimeiro e meu @ltimo #ma nde est& meu homem #ma Com a 7ilha de Creonte mulher Med4ia Com Creonte tu disseste #ma Com a 7ilha de Creonte Med4ia Tu disseste com a 7ilha de Creonte Sim %or -ue n6o com a 7ilha de Creonte tem o 'oder Decerto sobre Creonte seu 'ai -ue direito de moradia em Corinto 'ode nos dar u e('ulsar 'ara outro 'aís )em agora talve; abrace ele *as6o Com s@'licas seus joelhos sem rugas %or mim e seus 7ilhos -ue ele ama Tu ris ou choras ama #ma Senhora eu Sou mais velha -ue meu chorar ou rir Med4ia Como vives nas ruínas do teu cor'o Com os es'ectros de tua juventude ama Tra; um es'elho Esta n6o 4 Med4ia *as6o *as6o Mulher -ue vo; Med4ia Eu !6o sou desejada a-ui /ue uma morte me leve Tr:s ve;es cinco noites *as6o tu n6o Me -uiseste Com a tua vo; n6o E n6o com a vo; de um escravo nem Com as m6os ou olhar *as6o -ue -ueresA Med4ia B
Morrer *as6o $sto eu ouvi muitas ve;es Med4ia Este cor'o n6o signi7ica Mais nada 'ara ti /ueres beber meu sangue *as6o *as6o /uando isso vai acabar Med4ia /uando come8ou *as6o *as6o -ue eras tu antes de mim mulher Med4ia Med4ia Tu me deves um irm6o *as6o *as6o Dois 7ilhos eu te dei 'or um irm6o Med4ia Tu # mim Tu os amas *as6o teus 7ilhos /ueres t:los novamente teus 7ilhos Teus eles s6o -ue 'ode ser meu tua escrava Tudo em mim teu instrumento tudo de mim %or ti eu matei e gerei Eu tua cadela tua 'uta eu Eu degrau da escala da tua gl,ria 0ntada com teu e(cremento Sangue dos teus inimigos E se em mem,ria de teu triun7o Sobre meu 'aís e meu 'ovo -ue 7oi minha trai86o De suas vísceras -ueres tran8ar uma coroa Em tuas 7ontes elas s6o tuas Minha 'ro'riedade as imagens dos mortos s gritos dos es7olados minha 'osse Desde -ue me 7ui da C,l-uida minha '&tria Em tua trilha de sangue sangue de meus iguais Em minha nova '&tria a trai86o Cega 'ara as imagens 'ara os gritos surda Eu 7ui at4 -ue rom'este a rede Tran8ada do meu e teu go;o /ue era nossa morada agora meu estrangeiro Em suas malhas deslocada estou #s cin;as de teus beijos nos l&bios Entre os dentes a areia de nossos anos Sobre minha 'ele s, meu 'r,'rio suor Teu h&lito um 7edor de cama alheia 0m homem d& 9 sua mulher a morte de des'edida
Minha morte n6o tem outro cor'o -ue o teu 1s meu homem ainda sou tua mulher %odia arranc&la de ti a tua 'uta # -uem me denunciaste e minha Trai86o -ue 7oi teu go;o Gra8as 9 tua Trai86o -ue me devolve os olhos %osso ver o -ue vi as imagens *as6o /ue com as botas da tua tro'a tu %intaste sobre minha C,l-uida uvidos novamente %ara ouvir a m@sica -ue tocaste Com as m6os da tua tro'a e com as minhas /ue 7ui tua cadela e tua 'uta Sobre cor'os ossos t@mulos de meu 'ovo E meu irm6o Meu irm6o *as6o /ue atirei no caminho de teus 'erseguidores Es-uartejado 'or estas minhas m6os de irm6 %ara tua 7uga do 'ai roubado Meu e dele #mas teus 7ilhos Tu me deves um irm6o *as6o /uem mais amais c6o ou a cadela Se ao 'ai lan8ais olhos l5nguidos E 9 sua nova cadela e ao rei Dos c6es em Corinto a-ui seu 'ai Talve; vosso lugar seja em seu cocho Toma *as6o o -ue me deste s 7rutos da trai86o de teu s:men E embucha nas entranhas da tua 'uta Meu 'resente nu'cial 'ara teu casamento e dela $de com o 'ai -ue vos ama E de modo /ue ele ignore a m6e a b&rbara %or-ue vosso caminho ascendente a molesta !6o -uereis sentarvos 9 mesa alta Eu 7ui a vaca leiteira vossa ban-ueta agora /uereis Vossos olhos n6o vejo brilharem F lu; da alegria dos ventres saciados -ue vos mant4m ainda 'resos 9 b&rbara /ue 4 vossa m6e e vossa m&cula #tores sois v,s 7ilhos da trai86o Cravai vossos dentes em meu cora86o e ide Com vosso 'ai -ue o 7e; antes de v,s Dei(ame *as6o as crian8as mais um dia E ao meu 'r,'rio deserto -uero ir Tu me deves um irm6o *as6o !6o 'or muito tem'o 'osso odiar o -ue tu amas amor vem e vai !6o 7ui 'rudente em Es-uecer isso Entre n,s nenhum rancor Meu vestido de noiva toma como 'resente de n@'cias %ara a tua %enosa me sai a 'alavra dos l&bios noiva /ue teu cor'o vai abra8ar chorar !os teus ombros 'or ve;es sus'irar em :(tase vestido do amor minha outra 'ele )ordado com as m6os sa-ueadas do uro da C,l-uida e tinto de sangue
Do ban-uete nu'cial de 'ais irm6os 7ilhos Deve teu novo amor vestir como Em minha 'ele %erto de ti assim estarei %erto de teu amor bem longe de mim Vai agora 'ara tuas novas n@'cias *as6o /uero 7a;er a noiva em tocha nu'cial Vede vossa m6e vos 'ro'icia agora um es'et&culo /uereis v:la arder a nova noiva vestido de noiva da b&rbara 4 'r,'rio 'ara Com 'ele estranha unirse mortalmente 3eridas e cicatri;es d6o bom veneno E 7ogo cos'e a cin;a -ue 7oi meu cora86o # noiva 4 jovem L@brica retesase a 'ele %ela idade n6o devastada 'or nenhuma 'role Sobre seu cor'o escrevo agora meu es'et&culo /uero ouvirvos rir -uando ela gritar #ntes da meianoite ela arder& em chamas !ascer& meu sol sobre Corinto /uero vervos rir -uando ele nascer Com meus 7ilhos 'artilhar minha alegria #gora entra o noivo na c5mara nu'cial #gora deita aos '4s de sua jovem noiva vestido de noiva da b&rbara o 'resente nu'cial Embebido em meu suor de resigna86o #gora 'avoneiase a 'uta ao es'elho #gora ta'alhe os 'oros o ouro da C,l-uida %lantalhe na carne uma selva de 7acas vestido de noiva da b&rbara 7esteja n@'cias Com tua *as6o virgem noiva # 'rimeira noite 4 minha 1 a @ltima #gora ela grita Tendes ouvido 'ara o grito #ssim gritava -uando em meu ventre est&veis C,l-uida E grita ainda Tendes ouvido o grito Ela -ueima Rides /uero vervos rir Meu es'et&culo 4 um com4dia Rides Como l&grimas 'ara a noiva #h meus 'e-uenos Traidores !6o 'or nada chorastes De meu cora86o cortarvos eu -uero Meu cora86o Minha mem,ria Meus -ueridos Devolvei meu sangue de vossas veias Em meu ventre de volta v,s vísceras 2oje 4 dia de 'agamento *as6o 2oje Tua Med4ia cobrar& suas dívidas %odeis rir agora # morte 4 um 'resente De minhas m6os deveis receb:la $nteira abatida atr&s de mim eu tenho -ue chamava '&tria agora atr&s de n,s meu estrangeiro /ue n6o se vos torne '&tria 'or ironia Com estas minhas m6os humanas #h Tivesse eu 'ermanecido o animal -ue 3ui #ntes -ue um homem me 7i;esse sua mulher Med4ia # b&rbara agora enjeitada Com estas minhas m6os b&rbaras M6os maculadas marcadas imundas muitas ve;es H
%artir em duas a humanidade eu -uero E no meio va;io habitar Eu !6o mulher !6o homem %or -ue gritais %ior -ue a Morte 1 ser velho )eijaríeis a m6o /ue vos 'resenteia a morte se conhec:sseis a vida $sso 7oi em Corinto /uem sois /uem vos Vestiu nos cor'os de meus 7ilhos /ue animal se esconde em vossos olhos 3ingis de mortos # m6e n6o enganais #tores sois mentirosos e traidores 2abitados 'or c6es ratos cobras Latem e chiam e sibilam Eu ou8o bem #h eu sou astuta eu sou Med4ia Eu !6o tendes mais sangue Tudo agora sil:ncio s gritos da C,l-uida tamb4m emudecidos e nada mais *as6o Med4ia Med4ia #ma Conheces este homem
PAISAGEM COM ARGONAUTAS Devo 7alar de mim Eu -uem De -uem se 7ala -uando Se 7ala de mim /uem est& !a chuva de e(cremento dos '&ssaros !a 'ele calcinada u outro Eu estandarte #ndrajo sangrento des7raldado 3lutuar Entre nada e !ingu4m desde -ue haja vento Eu escarro de homem Eu escarro De mulher Lugarcomum em cima de lugarcomum Eu in7erno de sonhos /ue leva meu nome acidental Eu medo Do meu nome acidental ME0 #VI 3$ $D$T# !# )EJC$# Eu minha viagem marítima Eu minha ane(a86o Minha Caminhada 'elos sub@rbios eu Minha morte !a chuva e(cremento dos '&ssaros na 'ele calcinada # 5ncora 4 o @ltimo cord6o umbilical Com o hori;onte desa'arece a mem,ria da costa %&ssaros s6o des'edida s6o reencontro # &rvore abatida lavra a cobra o mar 3ino entre o eu e o n6o mais eu o casco M#R 1 # !$V# D M#R$!2E$R s mortos di;em est6o no 7undo de '4 !adadores eretos Descansam at4 os ossos #casalamento dos 'ei(es no t,ra( estri'ado Cracas no cr5nio Sede 4 7ogo K
Chamase &gua o -ue -ueima a 'ele 3ome mastiga a gengiva sal os l&bios bscenidades e(citam a carne s, #t4 -ue o homem agarra o homem Calor de mulher 4 uma cantilena #s estrelas sinais 7rios c4u e(erce g4lida vigil5ncia u o desembar-ue in7eli; Contra o mar sibila estalo das latas de cerveja D# V$D# DE 0M 2MEM Lembran8a de uma batalha de tan-ues Minha caminhada 'elos sub@rbios eu Entre os escombros e entulhos cresce !V Cubículos 'ara 7oder com a-uecimento central tubo da imagem vomita mundo na sala Deteriora86o 7a; 'arte do 'lano cont:iner Serve de cemit4rio Vultos nos escombros !ativos do concreto %arada Dos ;umbis 'er7urados de an@ncios !os uni7ormes da moda de ontem cedo # juventude de hoje 7antasmas Dos mortos da guerra -ue acontecer& amanh6 M#S /0E REST# 1 %#TRC$!#D %EL#S )M)#S !o es'l:ndido acasalamento de albumina e ;inco #s crian8as 7a;em 'aisagens de li(o 0ma mulher 4 o con7orto habitual ! ME$ D#S C+#S # MRTE TEM 0M# ES%ER#!# u o sonho iugoslavo Entre est&tuas -uebradas em 7uga De uma cat&stro7e desconhecida # m6e a rebo-ue a velha com a canga 30T0R acom'anha em coura8a en7errujada 0m bando de atores 'assa em marcha VC.S !" %ERCE)EM /0E ELES S" %ER$GSS S" #TRES C#D# %1 DE C#DE$R# V$VE 0M C#C2RR Lama de 'alavras de meu Cor'o sem dono abandonado Como sair da mata es'essa Dos meus sonhos -ue cresce lenta Silenciosa ao meu redor 0m 7arra'o de Shaes'eare !o 'araíso das bact4rias c4u 4 uma luva ca8ando Mascarado de nuvens de ar-uitetura desconhecida Descanso na &rvore morta #s irm6s 'a'ade7unto Meus dedos brincando na vagina F noite na janela entre cidade e 'aisagem #ssistíamos a morte lenta das moscas Como !ero 'airava e(ultante sobre Roma #t4 o carro 'assar #reia no c5mbio 0m lobo na estrada -uando ele se des'eda8ou Viagem de
Em'oava suas cin;as sobre minha 'ele Durante a viagem ouvíamos a tela rasgar E víamos as imagens entrando umas nas outras #s matas ardiam em E#STM#! CLR Mas a viagem n6o tinha chegada ! %#RO$!G Com um olho %oli7emo controlava tr5nsito no @nico cru;amento !osso cais era um cinema morto #s estrelas em concorr:ncia a'odreciam sobre a tela !a bilheteria 3rit; Lang estrangulava )oris Oarlo77 vento sul brincava com velhos carta;es 0 DESEM)#R/0E $!3EL$= s negros mortos Cravados como estacas no atoleiro !os uni7ormes de seus inimigos D P0 REMEM)ER D P0 ! $ D!QT sangue seco 3umega ao sol teatro da minha morte Estreou -uando eu estava entre as montanhas !o meio dos com'anheiros mortos sobre a 'edra E acima de mim surgiu o es'erado avi6o Sem re7letir eu sabia /ue a-uele a'arelho era -ue minhas av,s chamavam de Deus # 'ress6o do ar varria os cad&veres do 'lat< E tiros es'ocavam em minha 7uga cambaleante Eu sentia ME0 sangue esca'ando de M$!2#S veias E ME0 cor'o se trans7ormando na 'aisagem D# M$!2# morte %EL#S CST#S %RC resto 4 lírica /uem tem os melhores dentes sangue ou a 'edra
O texto requer o naturalismo da ena! MARGEM ABANDONADA "ode ser a"resentada durante o #unionamento de um %ee' Sho $ MEDEAMATERIAL em um la%o em Strauss&er%$ que "ode ser uma "isina &arrenta em Be'erl( )ills ou as instala*+es de &an,o de uma l-nia de re"ouso! Como MAUSER "ressu"+e uma soiedade que rom"e limites$ em que um ondenado . morte "ode trans#ormar sua 'erdadeira morte em uma ex"eri/nia oleti'a no "alo$ PAISAGEM COM ARGONAUTAS "ressu"+e as at0stro#es nas quais a ,umanidade tra&al,a! A "aisa%em "ode ser uma estrela morta$ onde uma miss1o de res%ate de um outro tem"o ou de um outro es"a*o ou'e uma 'o2 e enontra um morto! Como em qualquer "aisa%em$ o Eu neste tre,o do texto 3 oleti'o! A simultaneidade dos tr/s textos "ode ser enenada li'remente!
Tradu86o Christiane Roehrig Marcos Renau( Colaboraram Gabriel VillelaU M&rcio MeirellesU Vera 2olt; e Guilherme Leme