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Viila Nilo V
NOVOS BAIRROS DE SÃO PAULO
HABITAÇÃO
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Vila Nilo
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Vila Nilo Elisabete França | Keila Prado Costa | Mônica Oliveira Viera Cyrillo
ORGANIZAÇÃO
1a Edição São Paulo 2011
HABITAÇÃO
A importância do amor
Ainda que a Superintendência de Habitação Popular da Secretaria de Habitação contasse – como de fato dispõe – dos melhores arquitetos da cidade, não seria suficiente para desenvolver os projetos de urbanização de favela hoje realizados pelo departamento. Intervenções desse gênero são muito mais complexas do que se imagina. Quaisquer que sejam as propostas contidas no projeto, as ações afetam diretamente as pessoas que moram nas comunidades, causando apreensão e expectativa. Ainda que o Poder Público dispusesse de recursos infinitos para construir moradia a todos que hoje vivem de forma precária na cidade, não seria o bastante. Apesar de a maioria dos assentamentos informais não ter condições dignas, para seus moradores, a casa simples é uma conquista duramente conseguida após esforço de anos. Não é somente uma casa, mas o direito de morar em um lugar que ofereça proteção para a família, que então estabelece fortes relações com outras, vizinhas, de perfil semelhante, formando-se uma rede fortíssima de sustentabilidade social. Há um texto muito conhecido que se inicia justamente assim: “ainda que...” A referência é proposital. A 1 a Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, fala da importância do amor como o melhor legado a ser deixado pelos cristãos, que, àquela época, viviam a expansão da nova religião pela Europa e Ásia, forjando o que hoje se conhece por civilização ocidental. A maioria dos discípulos valorizava mais os milagres e o poder da fé, e São Paulo lembrava que o diferencial frente aos outros credos era o amor ao próximo. É preciso uma dose extra de amor paulino para trabalhar na urbanização de favelas. O processo de intervenção é longo, afetando de maneira e intensidade diferentes essas pessoas durante anos. Além das famílias residentes, há outras entidades e organismos envolvidos nos mais diversos temas: meio ambiente, educação, saúde, transporte, infraestrutura, cada um com suas prioridades.
Há atores do Poder Público legislativo, praticantes locais da política, e do Poder Judiciário, defensores e fiscalizadores do processo. Todos muito bem intencionados, é certo, mas com interesses distintos. O cobertor é excessivamente curto para cobrir todos esses “pés”. Para obter o sucesso desejado, a equipe Sehab-Habi possui uma metodologia complexa e completa: uma política urbanística que busca o desenvolvimento sustentável social, ambiental e econômico ao mesmo tempo. Envolve de um profundo diagnóstico da situação de um assentamento precário e uma abrangente discussão com os membros da comunidade afetada à seleção de profissionais de alto nível envolvidos no processo, do estímulo à criatividade para aumentar o número de soluções à alocação de recursos necessários e um rigoroso controle na execução das obras. No entanto, tudo isso que chamamos urbanização de favelas não se restringe a um bom trabalho técnico-social. Tampouco os profissionais envolvidos se limitam a apenas implementar essa boa estratégia. É preciso muita dedicação, uma capacidade de renúncia pessoal que apenas pessoas vocacionadas têm. Procurei em diversos compêndios técnicos sobre o assunto e não achei definição melhor que a bíblica, descrita na carta citada do apóstolo: “O amor é paciente e prestativo; não é invejoso, não se ostenta nem é orgulhoso, nada faz de inconveniente. O amor não procura o próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com uma injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” Talvez a melhor estratégia do time da Sehab-Habi tenha sido essa, a do amor. Por isso, o melhor pagamento está na alegria estampada no rosto e nas declarações dos moradores da Vila Nilo.
Ricardo Pereira Leite Secretário Municipal de Habitação
Vila Nilo E I R É S
NOVOS BAIRROS DE SÃO PAULO
ORGANIZAÇÃO
Elisabete França Keila Prado Costa Mônica Oliveira Vieira Cyrillo
Renata Gimenez Paoliello Rinaldo Gomes Pinho Ricardo Pereira Leite DEPOIMENTOS
PROJETO E COORDENAÇÃO DA SÉRIE
TEXTOS
Elisabete França
Candelária Maria Reyes Garcia Elaine Cristina da Costa Elisabete França Ellade Imparato Emanuel Cortez Keila Prado Costa Márcia Maria Fartos Terlizzi Maria Cecília S. F. Nammur Maria das Graças Alves Cândido Maria Teresa Cardoso Fedeli Mônica Oliveira Vieira Cyrillo
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, sem autorização escrita. All rights reserved: Secretaria Municipal de Habitação Copyright Secretaria Municipal de Habitação Publicado no Brasil em 2011 Primeira edição Printed in Brazil
Débora Nogueira Targas Elaine Cristina da Costa Eliane Guedes José Nilton Chiesa Laura Vitória M. de Oliveira Luis Henrique Tibiriçá Ramos Maria Cecília S. F. Nammur Maria das Graças Alves Cândido Maria Teresa Cardoso Fedeli Marion Katscher Mônica Oliveira Vieira Cyrillo Renata Gimenez Paoliello ENTREVISTAS
Keila Prado Costa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
MORADORES ENTREVISTADOS
Vila Nilo / Elisabete França, Keila Prado Costa, Mônica Oliveira Vieira Cyrillo, organização. – 1a ed. – São Paulo: HABI – Superintendência de Habitação Popular, 2011. – (Série Novos Bairros de São Paulo) Bibliografia ISBN 978-85-62906-04-6 1. Bairros – São Paulo (SP) 2. Favelas – São Paulo (SP) 3. Planejamento urbano 4. Política habitacional 5. Política urbana 6. Urbanização 7. Vila Nilo (São Paulo, SP) – Bairro – Descrição I. França, Elisabete. II. Costa, Keila Prado. III. Cyrillo, Mônica Oliveira Vieira. IV. Série 11-10241 Índices para catálogo sistemático: 1. Vila Nilo: Bairro: São Paulo: Cidade: Política urbana: Urbanismo
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CDD-711.40981611
711.40981611
Cícera Lima da Silva Gomes Cleonice Belo Pereira da Silva Demerval Ferreira da Silva Edijane Bezerra dos Santos Francisco Chagas de Oliveira José Aristides Conceição Luiza Pereira Cassiano Luzinete Souza Santos Maria Aparecida da Rosa Maria Regina Cipriciano Maria Santos de Santana Patrícia Aparecida Soares Reginaldo Evangelista da Silva Valdeci Antônio Gomes
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Vila Nilo na Cidade de São Paulo ............................. 15
O crescimento da cidade na direção norte ........... 16 O novo bairro do outro lado da rodovia ............... 21
Urbanização na Vila Nilo .......................................... 29 Primeiros passos ................................................. Urbanização e a participação dos moradores ....... Vila Nilo em obras .............................................. Integrando os bairros – um desafio ..................... Casas sobrepostas ............................................... À espera do novo bairro ...................................... Regularização fundiária ...................................... Vila Nilo no PMH ................................................
29 36 39 43 56 60 63 64
A Nova Relação com o Espaço ................................. 73 Centro de convivência ........................................ 75 Centro de reciclagem ......................................... 77
Crônicas da Vila Nilo ................................................ 87 Uma varanda de frente para a Fernão Dias .......... Dona Regina: uma voluntária .............................. Uma casa colorida .............................................. Mudança de vida ................................................
92 94 96 98
English Version ...........................................................100 Referências bibliográficas ........................................... 117
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Vila Ni Vil Nilo na na Cidade de São Paulo Os números que apresentam a cidade de São Paulo impressionam: são 1.509 quilômetros quadrados, mais de 11 milhões de habitantes, 31 subprefeituras, 96 distritos. A dinâmica da cidade não permite precisar quantos bairros existem no município. Alguns, por antiguidade e formação, são bastante conhecidos de toda a população, como é o caso da Sé, Penha, Brás, Barra Funda, Santo Amaro, Pinheiros, Santana. Outros foram constituídos informalmente, de modo precário, e guardam a memória de uma cidade que se desenvolveu de maneira diversa e heterogênea, tanto em relação a seus aspectos culturais e sociais quanto arquitetônicos e urbanísticos. A formação da Vila Nilo, o bairro formal, aconteceu nesse processo contínuo de mudança. Ela está localizada ao norte da cidade, na divisa com o município de Guarulhos, entrecortada pela BR-381 – Rodovia Fernão Dias. Ao seu lado também está o Jaçanã, bairro cuja fama ultrapassou fronteiras nos anos 1960, VILA NILO
eternizado pela canção de Adoniran Barbosa, Trem das Onze . Na década de 1990, uma área pública vazia, confinada entre a divisa com o município de Guarulhos e a Rodovia Fernão Dias, deu lugar a uma nova Vila Nilo, que surgiu e cresceu de forma espontânea, sem planejamento e sem infraestrutura, logo se constituindo em mais uma favela na cidade de São Paulo. Com uma história bastante peculiar, a nova Vila Nilo foi, desde os anos 1990, um território objeto de intervenções do setor público: primeiro, como área doada para os movimentos de moradia para que construíssem suas casas através do sistema de autoajuda. Depois, como um dos palcos da implantação do Projeto Cingapura (1996/1997) e do Programa Bairro Legal, no início dos anos 2000. Finalmente, a partir de 2005, passou a compor o conjunto de favelas que integra o Programa de Urbanização de Favelas da Secretaria Municipal de Habitação da cidade de São Paulo.
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O crescimento da cidade na direção norte Na história da cidade, o desenvolvimento de São Paulo, a partir do centro, de bairros como Bela Vista, Bom Retiro, Mooca, Higienópolis, começou a se intensificar no período da industrialização paulista, no final do século XIX. Toda a região norte, onde estão Santana, Tremembé, Jaçanã e também a Vila Nilo, era desabitada até meados de 1880, reduto de poucas famílias de fazendeiros. A Ponte das Bandeiras – a primeira construída na capital ainda no século XVI – era a principal rota de interligação dessa parte da cidade, do outro lado do Rio Tietê, com a região central1. No final do século XIX, foi construída uma linha férrea, a Tramway da Cantareira, que ligava os reservatórios de água da Cantareira aos bairros centrais. Essa linha, que possuía um ramal que passava pelo Jaçanã e seguia até o município de Guarulhos, foi um dos principais meios de transporte da região entre 1893 e 1965, quando foi totalmente desativada. Com as indústrias e empresas que se instalavam na cidade, a demanda por mão de obra se intensificou, assim como a necessidade de implantar novos bairros onde os trabalhadores pudessem se estabelecer com suas famílias. Grande parte dessa população que chegava à cidade tinha como destino os cortiços e as vilas operárias da região central, que nem sempre gozavam de condições sanitárias adequadas. Isso se somava 16
à precária rede de água e esgoto da época, que contribuiu para o aparecimento de uma série de epidemias em São Paulo. Em 1893, a “Commissão de exame e inspecção das habitações operarias e cortiços no districto de Santa Ephigenia” encaminhou à Câmara Municipal de São Paulo um relatório sugerindo que fossem construídas vilas operárias na região norte da cidade, mais precisamente na região de Santana, com o objetivo de diminuir a quantidade de moradores de cortiços na região central e, consequentemente, conter a proliferação de doenças. A situação mais conveniente para as villas operárias deve ser, sem dúvida, aquella que reúna, a facilidade de comunicação a barateza dos terrenos que devem ser amplos bem como as vantagens de um abastecimento regular. Em torno da cidade de São Paulo, num raio de 10 a 15 kilometros não faltam logares preenchendo estes requisitos como vamos rapidamente descrever. (...) Para os lados de Sant’Anna, nos campos que se desenvolvem entre o rio Tietê e a serra da Cantareira, daqui distantes de 3 a 5 kilometros, servidos já por uma linha de bonds e mais tarde ligados á esta Capital pelo tramway do serviço de abastecimento d’água, a construção das villas operarias encontraria todos os elementos adequados (p. 53).
Tal recomendação refletia a leitura que se tinha na época para a expansão de São Paulo. Uma grande quantidade de pessoas vivendo sem condições adequadas de salubridade na área central não era uma situação aceitável, o que levou o poder público e a iniciativa privada a buscar outras regiões para a implantação de loteamentos apropriados para receber os novos moradores. m oradores.
1. SOUSA, M.T.R. “O efeito barreira e os problemas de acessibilidade: A Marginal Tietê como obstáculo à área central da cidade de São Paulo”. In: Estudos Geográficos , Rio Claro, 6(2): 93-103, 2008 (ISSN 1678-698 1678-698X). X).
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Na década de 1910, os herdeiros de uma das maiores fazendas da Zona Norte, a fazenda da família Vicente de Azevedo, criaram a Companhia Vila Albertina de Terrenos, dando início ao loteamento urbano da região onde se localiza hoje o bairro do Tremembé. O clima serrano e a distância da efervescência central contribuíram para que fosse construído no bairro do Jaçanã (antigo Guapira), em 1911, o Hospital Geriátrico da cidade – um desdobramento do asilo para mendigos e idosos que funcionava na Rua da Glória desde 1885. O edifício, projetado e construído por Francisco de Paula Ramos de Azevedo, é um dos marcos da paisagem urbana da região.
Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II, localizado na Avenida Guapira, Jaçanã.
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3. A Vila Nilo está localizada na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, sub-região hidrográfica Penha-Pinheiros e sub-bacia do Rio Cabuçu de Cima, ocupando uma superfície de 127 km² dividida entre os municípios de São Paulo e Guarulhos. Vila Nilo
1. Geologia da Sub-bacia do rio Cabuçu de Cima e da Gleba da Vila Nilo.
Vila Nilo
2. Localização da Sub-bacia do rio Cabuçu de Cima e da Gleba da Vila Nilo na Bacia do Alto Tietê.
2. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. In: São Paulo – Tremembé > Dados Adicionais > Densidade Demográfica (habitante/km2)>. 3. A Serra da Cantareira é formada por floresta latifoliada tropical úmida e floresta subtropical de altitude, ambas típicas da Mata Atlântica. 4. Os principais rios que correm no interior da APA são o Cabuçu, o Itaguaçu e o Engordador. 5. “A partir do novo surto de industrialização, liderado pela indústria de bens de consumo duráveis nos anos 1950, as novas fábricas implantadas em São Paulo atraem grandes contingentes de migrantes de outras regiões do país. A principal alternativa para esta população será a compra de um lote em loteamentos irregulares abertos nas franjas da malha urbana consolidada, conduzindo à conurbação com os municípios vizinhos”. In: FRANÇA, E. (org.), HERLING, T. (org.). Habitação de Interesse Social em São Paulo: desafios e novos instrumentos de gestão . Superintendência
de Habitação Popular, Cities Alliance: São Paulo, 2008. p. 18.
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Nos anos seguintes, a Zona Norte se desenvolveu no mesmo ritmo dos demais bairros da cidade, mas manteve, em virtude da grande quantidade de áreas verdes reservadas, um índice de densidade demográfica abaixo da média paulistana. No Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade de São Paulo apresenta densidade de 7.387,69 habitantes por quilômetro quadrado, bastante superior à de 4.828,9 registrada no Tremembé 2. Ao longo dos anos, a urbanização dessa região da cidade se consolidou na maior parte da sub-bacia do Cabuçu de Cima. A vegetação nativa remanescente se encontra nas proximidades do Parque Estadual Alberto Loefgren (Horto Florestal) e da Serra da Cantareira3, que abriga o mais importante manancial de abastecimento de água da cidade de São Paulo. A Área de Proteção Ambiental Estadual Parque da Cantareira 4 possui 7.474,85 hectares divididos entre os municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e Guarulhos (Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, 2009). Até o final dos anos 1950, a área hoje ocupada pela Vila Nilo era um terreno inteiramente vazio, conforme registrado no voo de 1958 – um território despovoado no trecho limítrofe com o município de Guarulhos. Nessa época, ainda havia muitas chácaras na região que se dedicavam à produção e ao cultivo de hortifrutigranjeiros. A inauguração da Rodovia Fernão Dias em 1959, interligada à Rodo-
Aerofoto 1958.
via Presidente Dutra, impulsionou a instalação de indústrias na região durante as décadas de 1960 e 1970, principalmente pelo fácil trânsito para a distribuição da produção em direção a outras partes do estado e do país, modificando significativamente a paisagem dessa parte da cidade. A transformação por que passou São Paulo entre as décadas de 1920 e 1950, ocasionada pelo aumento populacional de centenas de milhares de novos moradores, resultou, nas décadas seguintes, na modificação de uma paisagem com resquícios rurais, em um território caracterizado VILA NILO
por uma ocupação desordenada, que não obedece a padrões mínimos de ocupação e uso do solo 5. Nesse processo, as questões habitacionais de São Paulo se tornaram demasiadamente complexas, impulsionando o surgimento e a consolidação de assentamentos precários em todas as regiões da cidade. Na Vila Nilo, essas questões do desenvolvimento refletem a coexistência entre os resquícios do passado e as ações do presente, cujos resultados apontam para perspectivas de melhor qualidade de vida a todos os habitantes do bairro.
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Vila Nilo
Favelas Núcleos Cortiços Loteamentos
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6. No início dos anos 1990, havia uma proposta de construção de 722 unidades habitacionais no terreno da Vila Nilo, com recursos municipais e estaduais. De acordo com o processo 05.012.52391*10, as unidades habitacionais estariam assim distribuídas: “Recursos Municipais: 82 embriões/ empreiteira – atendimento ao grupo denominado Jardim União, residente em abrigo provisório em área municipal; 80 apartamentos/empreiteira – atendimento a demanda Jardim União não residente em abrigo; 200 apartamentos/mutirão – associação Santo Dias – convênio FUNAPSComunitário já assinado. Recursos estaduais: 200 apartamentos/mutirão – associação por moradia popular de Vila Albertina e Vila Rosa; projeto já desenvolvido pela assessoria técnica (Usina); 160 apartamentos/mutirão – associação de Construção por mutirão Força da Luta Popular, projeto já desenvolvido pela assessoria técnica (Norte Assessoria)”. Entretanto, um despacho de técnicos da Sehab de 14/12/1994 informa: “Processo aberto, porém não foi feita reserva de recursos nem foi encaminhado para o Conselho Deliberativo do Funaps, conforme cota solicitava. Assim, não foi concluída a licitação de obras de infraestrutura da gleba Vila Nilo através deste expediente”. In: Vila Nilo. Provisão Habitacional. FUNAPS, Caixa 85/86. Biblioteca Habi.
O novo bairro do outro lado da rodovia Até o final da década de 1980, havia de um lado da Rodovia Fernão Dias, na altura do quilômetro 86, apenas os bairros Vila Laura, Vila Nilo, Vila Isabel, Jardim Cabuçu e Jardim Aliança, formalmente constituídos. Do outro lado da rodovia, um terreno vazio, coberto de mato, circunscrito pelo Córrego Cabuçu, Rua General Jerônimo Furtado, Rua Manuel F. da Silva e Rua Arumã. Esse terreno, propriedade do Município, foi destinado, no início dos anos 1990, a famílias ligadas aos movimentos de moradia da Zona Norte, que se organizaram em regime de mutirão para a construção de suas casas. Sem acesso aos serviços básicos de infraestrutura – água encanada, energia elétrica, coleta de lixo e rede de coleta de esgoto –, as famílias passaram a reivindicar esses serviços junto aos órgãos públicos. Cerca de quatro anos após a construção dessas primeiras casas, a Pre-
feitura limpou o restante do terreno, com o intuito de destiná-lo à construção de novas moradias 6. O espaço livre atraiu dezenas de famílias que ocuparam a área de forma precária, construindo irregularmente barracos de madeira e casas de alvenaria, sem acesso à infraestrutura básica. Não há registros precisos de onde provinham essas famílias, de como tiveram acesso ao local, ou se eram ou não ligadas a movimentos de moradias. Em geral, os moradores contam que ficavam sabendo da existência do terreno e da formação do assentamento e se mudavam para lá, mesmo tendo conhecimento de que poderiam ser obrigados a deixar a área a qualquer momento. No final dos anos 1990, a Vila Nilo estava ocupada por centenas de famílias vivendo em moradias improvisadas. Esse novo assentamento precário passou a integrar o cadastro das favelas da cidade de São Paulo.
Quem me trouxe pra cá falou o seguinte: ‘Valdeci, não é meu nem é seu. Isso aqui é da Prefeitura. Você pode morar 20 anos, mas também pode morar 20 dias’. Valdeci Antônio Gomes 21
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A gente veio para cá no tempo do mutirão para morar e ajudar a tomar conta da área, para não deixar ninguém invadir. José Aristides Conceição
GUARULHOS
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C ó r r e g o C a b u ç u d e C i m a
SÃO PAULO
A Vila Nilo está localizada no bairro Vila Laura. Partindo do centro da cidade, suas principais rotas de acesso são a Rodovia Fernão Dias e o corredor formado pelas avenidas General Ataliba Leonel e Guapira. Mapa Habisp – 2011 (acima). À esquerda, aerofoto 2003. 23
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Nesta página, Conjunto Habitacional Vila Nilo antes da revitalização (2006). Na página 24, imagens da Vila Nilo no início das obras de urbanização (2006): faixa da rodovia Fernão Dias e interior da favela.
7. O Projeto Cingapura teve início em 1994, ano da concepção e licitação das primeiras obras de verticalização de favelas na cidade de São Paulo (Fase 1). Em 1996, a Prefeitura de São Paulo firmou um contrato de repasse de recursos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), quando então recebe o nome oficial de Programa de Verticalização de Favelas (PROVER). 8. SÃO PAULO (MUNICÍPIO), DIAGONAL URBANA. Vila Nilo. Plano de Acompanhamento Social – Bairro Legal – Urbanização de Favela. In: Relatório de Acompanhamento Social, Vila Nilo, Caixa 01/02. Biblioteca da Habi. 9. Os domicílios localizados em áreas de risco eram monitorados pela Subprefeitura Jaçanã/Tremembé e pela Divisão Técnica de Regional Norte da Sehab. 10. O Bairro Legal agregou as experiências anteriores dos programas PROVER, Lote Legal e Programa Guarapiranga, completando-as com o componente da regularização fundiária, possibilitado, a partir de 2001, com a promulgação do Estatuto da Cidade.
Em 1996, a Prefeitura iniciou a implantação de um dos empreendimentos previstos no Projeto Cingapura ou PROVER 7, do outro lado do valo de drenagem que dividia a área ocupada do terreno vazio. Foram construídos 13 blocos de apartamentos que receberam 260 famílias, provenientes do alojamento existente no local e de famílias que viviam em assentamentos precários vizinhos à Vila Nilo, nas favelas Edu Chaves, Baia de Santa Clara e Sayoá8. O novo conjunto habitacional não pôde atender a todas as famílias previstas no projeto inicial e, no terreno remanescente, formou-se uma nova favela. É importante observar que a falta de um projeto integrado para a região resultou em uma situação característica dos antigos empreendimentos habitacionais públicos: implantou-se um conjunto habitacional que não atendia às necessidades do assentamento precário localizado VILA NILO
nas imediações, ocasionando uma intensificação da ocupação desordenada. As novas construções irregulares localizavam-se nos limites do terreno em condições de risco cada vez maiores; e as áreas livres do conjunto habitacional, bem como seus acessos e arredores, foram sendo ocupadas por novas habitações e comércios irregulares9. A precariedade da favela implicava uma série de riscos para as famílias que ali viviam, como a ocorrência de incêndios e desmoronamento das casas localizadas ao longo do valo de drenagem. Somavam-se a essas condições de risco a falta de saneamento básico, de iluminação pública, o acúmulo de lixo e as dificuldades de acesso nas ruas existentes. Em 2002, a Vila Nilo voltou a ser objeto da atenção da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), que incluiu a área no conjunto de favelas a serem urbanizadas no âmbito do Programa Bairro Legal 10.
A VILA NILO NA CIDADE DE SÃO PAULO
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Vila Nilo, 2002-2006. Os domicílios precários localizados às margens valo de drenagem ofereciam riscos às famílias.
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Nessa época tinha muita assembleia e reunião. O povo tinha medo de perder as casas; então, a mobilização era grande e a gente orientava o povo para não construir nas áreas muito adensadas. Reginaldo Evangelista da Silva 27
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Urbanização na Vila Nilo Primeiros passos
11. Dos 546 domicílios, 219 eram de madeira e 327 de alvenaria. In: SÃO PAULO (MUNICÍPIO), DIAGONAL URBANA. Vila Nilo. Plano de Acompanhamento Social – Bairro Legal – Urbanização de Favela. In: Relatório de Acompanhamento Social, Vila Nilo, Caixa 01/02. (Biblioteca Habi).
Em abril de 2003, foi dado início ao trabalho preparatório para a elaboração do projeto de urbanização da favela. Procedeu-se à identificação das lideranças, realização do cadastramento das famílias, à indicação dos representantes de rua e à contratação do projeto de urbanização, que ficou sob a responsabilidade do Consórcio Ambiente Urbano Planejamento e Projetos Ltda. e LENC Laboratório de Engenharia e Consultoria S/C Ltda. Essas atividades foram coordenadas de forma integrada pela equipe técnica da Superintendência de Habitação Popular, através da Divisão Técnica Regional de Atendimento Habitacional Norte (Habi Norte) e da Diretoria de Projetos e Obras (Habi 3). As reuniões entre a equipe da Habi e os moradores da Vila Nilo eram realizadas no espaço cedido pela Associação 13 de Maio, na EMEF Frei VILA NILO
Galvão e em outros locais situados próximo ao terreno. Nesses encontros, as alternativas para a consolidação do projeto de intervenção eram apresentadas às famílias, privilegiando a democratização da informação, a discussão coletiva dos principais aspectos da urbanização e os procedimentos necessários para viabilizar seu desenvolvimento. No início dos estudos para a urbanização da favela, o cadastro apontou a existência de 546 domicílios na Vila Nilo 11. Desse total, 48 edificações possuíam dois pavimentos e 55 estavam localizadas em área de risco. Além disso, foram identificadas dez construções de uso coletivo ou de comércio – pequenos bares e vendas de produtos diversos, uma igreja católica e três evangélicas. Finalizada a etapa dos levantamentos básicos e do diagnóstico da situação real existente na favela, a equipe URBANIZAÇÃO NA VILA NILO
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pôde elaborar o projeto básico contendo três alternativas de intervenção, as quais foram apresentadas e debatidas com os moradores da Vila Nilo. O resultado dessas discussões foi a escolha de uma das alternativas, a qual incorporou as modificações sugeridas pelos técnicos da Sehab e, também, as indicadas pela população. A concepção geral do projeto partiu de pressupostos clássicos da urbanização de favelas: remoção de moradias localizadas em situações de risco geotécnico ou sobre córregos e rios (no caso da Vila Nilo, sobre o valo de drenagem); remoção em áreas com restrições legais; garantia de acessibilidade para todas as moradias remanescentes; implantação de infraestrutura básica; criação de
espaços de uso coletivo; implantação de áreas verdes e construção de novas unidades habitacionais para atendimento às famílias que são retiradas de situações de risco. Para o caso específico da Vila Nilo, o projeto continha um conjunto de propostas para as diversas situações encontradas no local (ver quadro). A apresentação das três alternativas propostas para a intervenção era um aspecto peculiar da elaboração do projeto. No geral, elas se diferenciavam pelo número de novas unidades habitacionais a serem construídas na área, em substituição às moradias precárias. Na assembleia realizada com os moradores para escolher a melhor opção, a Alternativa 3 foi eleita com 84,3% dos votos.
Tinha três propostas. Tinha prédio e casa sobreposta, e essa proposta que a gente escolheu era a melhor. A gente sabia que ia atender mais pessoas. Patrícia Aparecida Soares 30
Na página ao lado, imagens da assembleia e votação realizada com os moradores da Vila Nilo para a escolha do projeto de urbanização para a área.
PROPOSTAS DO PROJETO DE URBANIZAÇÃO DA VILA NILO • MANUTENÇÃO DOS ACESSOS PRINCIPAIS JÁ EXISTENTES NA FAVELA; • CRIAÇÃO DE UM NOVO ACESSO PELA MARGINAL DA RODOVIA FERNÃO DIAS;
• ALARGAMENTO DO TRECHO FINAL DA RUA DAS FLORES PARA IMPLANTAÇÃO DE NOVAS UNIDADES JUNTO AO VALO DE DRENAGEM;
• ALARGAMENTO DA TRAVESSA DA PAZ PARA IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA;
• CRIAÇÃO DA RUA NOVA, DE ACESSO AO NOVO CONJUNTO DE MORADIAS A SER CONSTRUÍDO NA ÁREA LIVRE PARA REASSENTAMENTO E QUE SE CONECTA COM A RUA DA PAZ;
• LIGAÇÃO VIÁRIA ENTRE A RUA DA PAZ E A TRAVESSA DAS FLORES, PARA USO COMPARTILHADO VEÍCULOS E PEDESTRES;
• LIGAÇÕES DE PEDESTRES COM O FUTURO PARQUE LINEAR DO CABUÇU;
• ALARGAMENTO DO TRECHO FINAL DA RUA DA PAZ;
• CONSTRUÇÃO DE UMA PASSARELA DE PEDESTRES – TRAVESSA DA PASSARELA – LIGANDO AS DUAS PORÇÕES (NORTE E SUL) DA FAVELA;
• ALARGAMENTO DA TRAVESSA SÃO JOSÉ;
• IMPLANTAÇÃO DE CENTRO COMUNITÁRIO E ESPAÇO PARA RECICLAGEM DE LIXO.
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URBANIZAÇÃO NA VILA NILO
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Alternativas de intervenção
A Alternativa 1 previa a remoção de 174 imóveis para a realização de obras viárias e saneamento básico. O reassentamento de 10 1022 famílias em unidades sobrepostas e a provisão habitacional para 72 famílias fora da Vila Nilo.
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A Alternativa 2 previa a remoção de 220 imóveis para a realização de obras viárias e saneamento básico no local, bem como o reassentamento de 50 famílias em 25 unidades de casas sobrepostas e 104 famílias em unidades verticalizadas (cinco blocos com cinco pavimentos cada um), num total de 154 famílias reassentadas na Vila Nilo. Também eram previstas unidades para famílias fora da área.
A Alternativa 3 propunha remover 218 imóveis para a realização de obras viárias e saneamento básico, com reassentamento de 154 famílias em unidades sobrepostas na própria área e provisão habitacional para 64 famílias fora da Vila Nilo. Essa proposta previa apenas a construção de casas sobrepostas.
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URBANIZAÇÃO NA VILA NILO
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Eliane Guedes Arquiteta e urbanista
O projeto de urbanização da Vila Nilo foi elaborado a partir de uma metodologia de trabalho coordenada pela Prefeitura de São Paulo, cujas diretrizes exigiam que o escritório realizasse diversos estudos sobre o contexto urbano de formação e localização da área a ser urbanizada. Levantamentos sistemáticos das condições físicas e sociais em que viviam os moradores diagnosticaram as características da vizinhança, as distâncias e mobilidade para pedestres e automóveis, a relação do assentamento precário com os demais espaços do bairro e com a Rodovia Fernão Dias, os equipamentos existentes na vizinhança, além de todas as questões de infraestrutura da área, incluindo os domicílios em situações de risco. Essa rotina de levantamentos e diagnóstico foi trabalhosa, mas extremamente importante para a constituição do projeto e para todas as discussões posteriores a sua elaboração, tanto com a população residente na Vila Nilo, quanto com os demais órgãos públicos envolvidos na urbanização. Todos os dados e análises técnicas constituíram os argumentos fundamentais para as indicações de remoção dos domicílios que estavam localizados nas faixas não edificantes, nas margens do valo de drenagem ou em locais muito adensados. O projeto de urbanização de uma favela é um verdadeiro bordado. A manutenção ou remoção de cada casa é rigorosamente analisada e a solução exige muitos detalhes, num processo completamente diferente de uma edificação nova onde se pode construir o que quiser, do modo que quiser, desde que atenda aos requisitos da legislação. Portanto, para pensar o projeto é preciso conhecer e respeitar a lógica que orientou a implantação da favela e
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usar todas as oportunidades para dar acessibilidade e permeabilidade aos espaços dentro de um tecido urbano e social muito complexo. Na Vila Nilo, o levantamento do sistema viário foi crucial para a concepção das propostas de urbanização que apresentamos para a área. As vias foram classificadas em categorias, como, por exemplo: as que poderiam receber infraestrutura e servir de fluxo para pedestres e veículos; as que poderiam ter infraestrutura, mas com passagem apenas para pedestres; e as que poderiam servir de passagem para os moradores, mas que não permitiam a instalação de infraestrutura, devido às suas dimensões e geometria. Do mesmo modo, as regras para a ocupação nas proximidades do valo de drenagem e nas áreas não edificantes também ajudaram a conduzir as intervenções no espaço. Como não é saudável chegar com o prato pronto, a partir de todos esses resultados que formaram um diagnóstico montamos três alternativas para que a população pudesse entender o projeto, discutir e escolher a melhor maneira de realocar os domicílios que seriam removidos, até porque nem todas as famílias poderiam ser atendidas na própria área. A primeira proposta foi chamada de Conservadora, e apenas propunha equacionar aquilo que era fundamental, ou seja, as questões de risco, sem intervir nos domicílios que apresentavam alto grau de adensamento. A segunda, chamada de Desadensamento, fazia o inverso: além de resolver as questões de risco e acessibilidade, procurava deixar o espaço mais permeável e desadensado, mas, para isso, propunha a remoção de 220 domicílios e o reassentamento das famílias em casas e prédios.
A terceira alternativa – escolhida em assembleia pelos moradores –, era Mista: resolvia as questões de risco, desadensava a área, mas removia um número menor de domicílios, realocando as famílias apenas em casas. Na época do projeto, em 2003/2004, a construção de novas unidades habitacionais em prédios era mal recebida pelos moradores da Vila Nilo. Embora parecessem mais desassistidos que as famílias que viviam nos prédios do Cingapura ao lado da área, eles apresentavam uma maior coesão social e viam o Conjunto Habitacional como um problema. Na época, não estava prevista e nem sequer era mencionada a possibilidade de interligação e revitalização do Conjunto Cingapura. Os moradores queriam manter um muro que dividia a área, não queriam sequer que as crianças convivessem. Diziam: “A gente quer o nosso jeito aqui, e o nosso jeito é casa”. Desenvolver um projeto de urbanização de favela é sempre um novo aprendizado e exige um grau de proximidade com os moradores que nem todos os profissionais estão preparados para vivenciar, mas que resulta numa experiência de vida muito enriquecedora.
Débora Targas Engenheira
Duas impressões iniciais marcaram fortemente o meu envolvimento no projeto de urbanização da Favela Vila Nilo. A primeira foi das fotos do local recebidas da Sehab, mostrando uma quase total degradação ambiental; um panorama de filme ou revista inimaginável de existir em um local tão próximo a nós e em nossa cidade. A segunda foi quando, pela primeira vez, compareci a uma reunião com a comunidade local. Nessa ocasião, avistei um grupo de pessoas que
pensei ser técnicos da Sehab, mas, ao me aproximar, percebi que eram de moradores. Durante a preleção que houve sobre o projeto, alguns moradores estavam acompanhados de bonitas crianças pequenas, seus filhos. Como pensar que elas viviam naquele lugar? Era quase incabível. Tenho uma satisfação imensa de ter elaborado o projeto de urbanização através do Consórcio Ambiente Urbano – LENC. O córrego foi canalizado, as habitações que estavam sobre ele ou invadindo a sua calha, foram removidas. Moradias dignas foram implantadas, e um projeto de urbanismo e paisagismo com áreas livres e de lazer, foram implantados. Implantou-se também um projeto de comunicação visual e de coleta de lixo, e redes de água, esgoto e drenagem foram executadas, ruas foram pavimentadas, pontilhões foram executados para travessia do córrego. Saliento a forte participação dos moradores no acompanhamento do desenvolvimento do projeto e dos técnicos da Sehab e da Habi Regional, com seus arquitetos, assistentes sociais, todos trabalhando juntos para que as melhores soluções fossem encontradas. Esperamos por um dia em que não existam favelas e que o país tenha recursos suficientes para prover saúde, educação e rendimentos adequados a todos, mas enquanto esse ideal estiver distante são fundamentais projetos como o da Vila Nilo, que levam dignidade e cidadania não apenas diretamente à sua população, mas a toda a cidade, e, nesse caso, transformou um cenário degradante em qualidade de vida.
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Urbanização e a participação dos moradores O Programa de Urbanização de Favelas da Secretaria Municipal de Habitação12 tem como uma das suas principais atividades um intenso trabalho social junto às comunidades que são objeto da intervenção. A urbanização de uma favela pressupõe a aplicação de uma metodologia desse trabalho, que vem sendo consolidada através dos anos de experiência da Secretaria na coordenação dos programas habitacionais para população de baixa renda 13. A diretriz central adotada trata do respeito e da participação dos moradores através do acesso à informação e do envolvimento da comunidade em todas as etapas do processo de urbanização, de modo a evitar impactos desnecessários no cotidiano das famílias. Com a devida adaptação às circunstâncias e especificidades de cada área urbanizada, o trabalho social desenvolve-se em etapas que se iniciam com o reconhecimento das lideranças locais e a apresentação do Programa e das propostas. Na sequência, é apresentado e debatido o projeto específico, quando, então, são coletadas as contribuições da comunidade. Com o início das obras, os moradores são informados sobre o cronograma de atividades, as áreas afetadas e as remoções e reassentamentos necessários. Na Vila Nilo, a equipe responsável pela coordenação do trabalho social acompanhou a população em todas 36
as etapas da urbanização, desde os primeiros encontros para o reconhecimento das lideranças, a elaboração do cadastro até a apresentação das alternativas de projeto. Um momento importante do processo de participação da comunidade local foi a criação do Conselho Gestor da Zona Especial de Interesse Social (ZEIS)14, o qual foi composto por 16 membros, oito deles representando os órgãos públicos e concessionárias − Secretaria Municipal de Habitação (Habi Norte), Subprefeitura Jaçanã/Tremembé, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Educação, Limpurb, Loga15, Eletropaulo e Sabesp − e oito representantes escolhidos entre as lideranças dos moradores. Os principais objetivos e atribuições do Conselho Gestor são aqueles relacionados ao acompanhamento e à implementação das atividades previstas no projeto de urbanização: informar a população moradora sobre todas as ações; articular e promover o debate das propostas, bem como definir e regulamentar os mecanismos para sua implementação; examinar propostas relativas ao desenvolvimento e implementação do plano e projeto de urbanização, encaminhados por qualquer pessoa ou entidade. As reuniões mensais eram realizadas na Associação de Moradores do Jardim Cabuçu e, quando do início das obras, várias modificações necessá-
Reunião com moradores na Vila Nilo.
12. Os conceitos, diretrizes e etapas do Programa de Urbanização de Favelas da Sehab estão sintetizados no livro Urbanização de Favelas – A Experiência de São Paulo (2008). 13. “O trabalho social no Programa de Urbanização de Favelas, a partir de 2005, adota diretrizes construídas em oficinas de trabalho, envolvendo os técnicos da Superintendência de Habitação Popular da Sehab, com o objetivo de uniformizar e normatizar os procedimentos e as ações desenvolvidas no Programa, nas fases de elaboração do diagnóstico social, da aprovação do projeto, de sua execução e, finalmente, na etapa de pós-urbanização”. In: FRANÇA, E. (org.), DINIZ, M.T. (org.). Urbanização de Favelas – A Experiência de São Paulo . São Paulo: Superintendência de Habitação Popular, 2008. p. 97. 14. De acordo com o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei nº 13.430/2002), todos os planos de urbanização das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) devem ser subscritos pelo Conselho Gestor da respectiva Zeis e aprovados pela Comissão de Avaliação de Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social (CAEIHIS), da Sehab. O Conselho Gestor é um grupo deliberativo composto por membros do poder público, das concessionárias de serviços públicos, da população moradora das Zeis (ou representantes de suas Associações, quando houver), e representantes dos proprietários de imóveis localizados nas Zeis. 15. A LOGA (Logística Ambiental de São Paulo S.A.) é uma das concessionárias responsáveis pela coleta de resíduos domiciliares, seletivos e hospitalares da cidade de São Paulo. Seu trabalho é coordenado pela Secretaria Municipal de Serviços. Atualmente, a LOGA atende às subprefeituras Butantã, Casa Verde, Freguesia do Ó, Jaçanã/Tremembé, Lapa, Mooca, Penha, Perus, Pinheiros, Pirituba/Jaraguá, Santana/Tucuruvi, Vila Maria/Vila Guilherme e Sé. Além disso, também administra o Aterro Sanitário Bandeirantes (Perus), e o transbordo Ponte Pequena. ( Secretarias > Serviços > Coleta de Lixo>)
rias para a adequação do projeto à realidade foram discutidas e aprovadas pelo Conselho Gestor, como, por exemplo, o alargamento de vias para a passagem do caminhão de lixo, bombeiros, ambulâncias; as construções de um Centro de Convivência e de um Centro de Reciclagem; e a permanência da residência do Seu Aristides no local original, com a construção de casas sobrepostas em outra parte da área. Além disso, todas as ações sociais realizadas com os moradores tiveram participação ativa do Conselho Gestor, especialmente a “I Ação para Sensibilização ao Meio Ambiente”, capacitando os moradores a cuidarem e preservarem as novas áreas verdes e praças implantadas no bairro como parte do projeto urbanístico. Para melhorar ainda mais a comunicação entre as diversas frentes de trabalho e os moradores, foi contratado um Agente Comunitário, selecionado entre os moradores da Vila Nilo. Dos 14 moradores inscritos, Francisco Moreira de Franca Filho foi o escolhido para a função e, após passar por um processo de capacitação técnica, colaborou com o trabalho diário da equipe técnica da Habi, ajudando com a mobilização da comunidade para as reuniões e os eventos realizados na área, esclarecendo dúvidas dos moradores e encaminhando os casos mais complexos para o plantão social. Essa interação agilizava os trabalhos e a disseminação de informação entre todas as pessoas.
1. Centro de Reciclagem.
2. Centro de Convivência.
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Vila Nilo em obras 16. O Protocolo de Intenções, assinado em 26/6/2006, previa a transferência de R$ 400 milhões para obras de urbanização nas favelas Jardim Olinda; Heliópolis – Glebas A e N; Nossa Senhora Aparecida; Monte Tao/Vergueirinho/São Francisco – Núcleo A; Dois de Maio; Nova Jaguaré; e Vila Nilo (Convênio 0544/06). 17. O Plano Municipal de Habitação da Cidade de São Paulo (PMH) propõe ações que visam equacionar as questões habitacionais do município entre 2009 e 2024. 18. Para garantir que a integração dos estudos e trabalhos tenha efeitos positivos na melhoria da qualidade urbanística e ambiental da cidade, o PMH adotou a sub-bacia hidrográfica como unidade de planejamento do território de desenvolvimento urbano e ambiental. No interior de cada uma das 99 sub-bacias hidrográficas de São Paulo, foram traçados Perímetros de Ação Integrada (PAI).
As obras de urbanização da Vila Nilo foram executadas entre 2006 e 2007.
Em 2006, a Sehab firmou um Protocolo de Intenções com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo (CDHU), que previa a transferência de R$ 400 milhões para a construção de unidades habitacionais nas áreas objeto de urbanização 16. Entre as áreas selecionadas estava a Vila Nilo, cujas obras se iniciaram ainda no ano da assinatura do convênio. Tendo em vista as novas ocupações que surgiram no local após a conclusão do projeto executivo, as equipes técnicas da Secretaria Municipal de Habitação realizaram uma análise e revisão do projeto que havia sido aprovado em 2003, adequando-o às diretrizes da política habitacional do município que estavam sendo consolidadas para o desenvolvimento
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do Plano Municipal de Habitação da Cidade de São Paulo (PMH) 17. Os estudos para a elaboração do PMH se iniciaram em 2006, com capacitação da equipe técnica e desenvolvimento de um Sistema de Informações, o Habisp (www.habisp. inf.br), que traz informações completas e atualizadas sobre as condições urbanísticas, ambientais e sociais de cada um dos assentamentos precários da cidade. Essas informações permitiram definir de modo claro e transparente a priorização de intervenções do poder público e readequar projetos que estavam em curso para que pudessem ter melhores resultados não só em suas propostas de intervenção específicas, mas na articulação de todo o espaço 18.
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19. O projeto de urbanização da Vila Nilo faz parte da sub-bacia do Córrego Cabuçu de Cima. 20. O auxilio aluguel é pago pela Sehab às famílias que saem de suas casas durante a fase de obras, por estarem em áreas de risco ou em frentes de intervenções. A família recebe o benefício enquanto aguarda a mudança para a nova unidade habitacional. 21. A compra de uma nova residência era realizada após vistoria da equipe de arquitetos do projeto da Vila Nilo, considerando as condições da moradia e a situação fundiária no município de São Paulo.
No caso específico da Vila Nilo, as informações e a revisão do projeto permitiram integrar o espaço urbanizado da favela – com novas unidades habitacionais, equipamentos públicos e áreas de lazer – ao Conjunto Habitacional Cingapura por meio de uma requalificação urbanística eficiente, permitindo sua consolidação em um novo bairro de São Paulo19. Para que essa e outras ações pudessem ser executadas, foi necessário iniciar o atendimento das famílias que ocupavam áreas de risco ou não edificantes. Para tal, a favela foi dividida em setores e os moradores retirados paulatinamente. As famílias eram atendidas de acordo com suas opções, desde o Auxílio Aluguel20 aguardando o retorno para a área urbanizada e para as novas unidades habitacionais; a Verba de Atendimento Habitacional, em que os moradores recebiam uma quantia em dinheiro para comprar uma casa 40
em outro lugar21; e o encaminhamento para unidades habitacionais em outras regiões da cidade, como o Conjunto Habitacional City Jaraguá e o CDHU – Cidade Tiradentes. Todo esse processo foi realizado e desenvolvido com um acompanha-
mento bastante próximo às famílias, com o objetivo de minimizar todos os possíveis transtornos decorrentes das mudanças e, para isso, cada caso era analisado particularmente. Essa atuação exigiu da equipe técnica uma habilidade para negociação e
DADOS E NÚMEROS DA OBRA PROJETO EXECUTIVO INÍCIO DAS OBRAS TÉRMINO DAS OBRAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO FAMÍLIAS BENEFICIADAS NOVAS UNIDADES HABITACIONAIS VIAS PAVIMENTADAS GUIAS REDES DE ÁGUA REDES DE ESGOTO REDES DE ÁGUA PLUVIAL CANALIZAÇÃO DO CÓRREGO FONTE DE RECURSOS
31/08/2004 17/11/2005 31/10/2007 39.536 m2 536 136 12.401 m2 2.300 m 1.494 m 1.391 m 1.211 m 162 m PMSP, CDHU e CEF
In: FRANÇA, E. (org.), DINIZ, M.T. (org.). Urbanização de Favelas – A Experiência de São Paulo . São Paulo: Superintendência de Habitação Popular, 2008. p. 87.
estabelecimento de acordos com os moradores, nunca perdendo de vista as especificidades do projeto de intervenção da área. As principais ações desenvolvidas para o planejamento integrado do reassentamento das famílias foram: • Levantamento da situação escolar das crianças e dos adolescentes: com o objetivo de diminuir o impacto das mudanças no cotidiano das famílias, buscava-se evitar a transferência dos estudantes para outra escola, quando, em virtude das obras, as famílias se mudavam para outros bairros. Nesse processo, a articulação com os representantes das secretarias e órgãos competentes foi fundamental. Reunião com os técnicos da área de obras para a programação e o plane jamento logístico das remoções. • Reuniões com as famílias para esclarecimento das alternativas de atendimento habitacional. • Reuniões com as famílias para
orientações sobre a programação dos reassentamentos e os procedimentos quanto à organização geral. • Organização da documentação para o recebimento do auxílio aluguel.
A maior mudança da urbanização foi a facilidade de circulação das pessoas, que antes tinham muitas dificuldades para circular. Maria Aparecida da Rosa
As famílias que optaram por aguardar em aluguel a construção das casas sobrepostas na Vila Nilo continuaram a ser acompanhadas pela equipe social até o retorno para o bairro urbanizado. Eram realizadas visitas periódicas às famílias, atividades de capacitação contínuas e reuniões mensais com todos os moradores. Os que permaneceram na área durante a execução das obras, além de terem o mesmo acompanhamento, presenciaram todos os passos de uma verdadeira transformação do lugar. O espaço ocupado irregularmente, sem infraestrutura e serviços urbanos, foi totalmente redesenhado e a Vila Nilo foi integrada à cidade formal. 41
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Integrando os bairros – um desafio Dentre todas as intervenções implantadas na Vila Nilo, algumas foram fundamentais para a requalificação urbanística de todo o território, como a canalização do valo de drenagem, a composição de uma estrutura viária no interior do terreno interligada à malha que o circunscreve, possibilitando o trânsito de veículos e a coleta de lixo, a implantação de redes de água, esgoto e energia elétrica, e a integração das duas partes do território – de um lado a favela e o do outro o Cingapura. Em virtude da própria paisagem do lugar, essas duas partes da área viviam isoladas e, consequentemente, a interação entre os moradores era prejudicada. O Plano de Obras foi iniciado priorizando a canalização do valo de drenagem, executada por contenção em muro de gabião, num trecho de 160 metros de extensão. A opção por esse tipo de canalização seguiu as diretrizes recomendadas pela Secre-
taria Municipal de Infraestrutura Urbana (SIURB), com o objetivo de conservar o canal aberto e facilitar a manutenção posterior, realizada pela subprefeitura local. As margens foram estabilizadas recebendo tratamento paisagístico, o que possibilitou a implantação de novas unidades habitacionais. O projeto para o valo de drenagem explorou a conexão entre o novo e o antigo, pois a partir do desenho para a sua canalização, foram construídas uma passarela e uma praça interligando as ruas internas do bairro, permitindo a circulação dos pedestres de um lado para outro e possibilitando a integração entre os moradores das duas comunidades. Além disso, a requalificação urbanística da área também permitiu a implantação de áreas de lazer, que foram fundamentais para a consolidação do novo bairro e para sua efetiva integração à cidade.
Antes, da minha janela, a visão que a gente tinha era a do ferro-velho, muitos barracos, pessoas no esgoto. Muita gente tinha vergonha de trazer amigos e parentes aqui.
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Edijane Bezerra da Silva VILA NILO
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A remoção dos domicílios nas quadras muito adensadas permitiu a requalificação de vielas e becos estreitos em ruas adequadas. Anteriormente, nenhuma rua do interior da Vila Nilo era pavimentada, e cerca de 36% da extensão do sistema viário consistia em vielas com menos de 4 metros de largura. Com as obras, 100% das ruas e vielas foram pavimentadas e tiveram suas dimensões requalificadas para que pudessem atender às necessidades de mobilidade dos moradores, possibilitando a circulação de automóveis, ambulâncias e caminhões de lixo que efetuam a coleta no bairro três vezes por semana. Todas as vias internas da área receberam pavimentação com blocos intertravados e canaleta central para drenagem superficial, permitindo um melhor escoamento das águas pluviais, facilitando e contribuindo para uma drenagem adequada do bairro. Paralela à pista local da Rodovia Fernão Dias foi construída uma pista de desaceleração pavimentada com asfalto ecológico, que se tornou um dos principais acessos ao bairro e eliminou os riscos de acidentes e atropelamentos que eram recorrentes entre os moradores da área. Com as quadras redefinidas pelo novo projeto geométrico das vias, todos os domicílios puderam receber as redes de infraestrutura necessárias ao abastecimento de água, coleta de esgoto, drenagem superficial e energia elétrica. Antes da urbanização, a Vila Nilo possuía apenas duas casas com relógios de água indivi44
Planta de remoção do projeto executivo (2004).
duais. O restante dos domicílios era abastecido por um relógio comunitário que ficava localizado na entrada principal da favela, na esquina da Rua General Jerônimo Furtado com a Rua Nossa Senhora Aparecida. Após a urbanização, todas as famílias passaram a ter acesso ao serviço de água tratada fornecido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), através de ligações domiciliares oficiais. O sistema de reserva do núcleo é composto por caixas-d’água individuais de cimento amianto ou fibras de vidro. Além disso, existe, ainda, um hidrante localizado na esquina das ruas General Jerônimo Furtado e Manoel Fernandes Silva. Os esgotos domiciliares eram, em sua maioria, coletados por uma rede clandestina e lançados no valo de drenagem. A partir da intervenção, os domicílios tiveram suas redes interligadas ao sistema de coleta e tratamento da Sabesp. Atualmente, 100% dos domicílios possuem coleta de esgoto regular.
Paisagismo final (2007). À direita vista aérea do bairro urbanizado. VILA NILO
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Do mesmo modo, toda a área foi dotada de redes de energia domiciliar, sob a responsabilidade da concessionária AES Eletropaulo, e de iluminação pública em sua totalidade. Com isso, as instalações elétricas clandestinas e improvisadas que havia nas residências foram substituídas pela rede oficial, eliminando os riscos de incêndios por curtos-circuitos em instalações inadequadas. É importante destacar que o pro jeto de urbanização implementado manteve a maior parte dos domicílios autoconstruídos em condições adequadas de habitação. Algumas moradias, construídas em madeira e que não estavam localizadas em áreas de risco, foram substituídas por casas evolutivas 22 a partir de estudos particulares realizados para cada caso, que consideraram as condições de conforto ambiental e futuras ampliações da edificação. Essas casas evolutivas eram compostas por três cômodos – sala, cozinha e banheiro –, com acabamento em alvenaria e piso em cerâmica. Ainda como parte do projeto de requalificação urbanística, as moradias da Vila Nilo receberam pinturas em suas fachadas, realizadas seguindo a orientação de um estudo cromático. Foram elaborados projetos por setores, com cores e contrastes aplicados em formas geométricas diversas e sem repetição, a partir de fotos dos domicílios. Nas casas que tinham como limites do lote cercas de arame e madeira, foram construídos muros que receberam o mesmo tratamento cromático das demais 46
residências. Esse trabalho proporcionou um maior equilíbrio das fachadas com os demais espaços públicos construídos durantes as obras. Na pesquisa realizada com os moradores, as cores que predominavam na preferência dos entrevistados, preponderavam na definição do setor (coletivo), e as cores de contrastes atendiam, em especial, ao gosto específico de cada um, criando uma identificação no resultado final. Nas áreas não edificantes, localizadas na galeria de águas pluviais e à margem da Rodovia Fernão Dias, foi desenvolvido um projeto de paisagismo integrando as quadras da Rua das Flores, Rua da Paz, Rua 10 e as ruas de acesso ao Conjunto Habitacional Vila Nilo. A Praça da Paz foi concebida em patamar elevado em relação ao nível da rua, permitindo acessibilidade através de rampas. No local, o espaço destinado às crianças e aos adolescentes que empinam pipas ganhou destaque com piso de concreto e mosaico em cerâmica colorida nas cores primárias e laranja. As cerâmicas foram aplicadas na geometria de uma pipa gigante. Na praça há ainda brinquedos em madeira ecológica tratada e mesas para jogos de xadrez e dominó, permitindo que crianças, adultos e idosos possam desfrutar desse ambiente de lazer. Já na Praça das Flores, onde também há brinquedos de madeira, o destaque especial é para a área de vivência coberta por uma estrutura de madeira pergolada. A Praça das Flores, junto com o paisagismo próxi-
Uma pista de desaceleração foi construída ao lado da pista local da rodovia Fernão Dias, permitindo o acesso de veículos ao bairro em velocidade adequada.
22. As casas evolutivas são unidades habitacionais compostas por três cômodos (sala, cozinha e banheiro), que podem ser ampliadas pelos moradores de acordo com suas possibilidades e desejos. 23. O trabalho de implantação do estudo cromático da área urbanizada e do Cingapura foi plane jado e executado pela equipe de arquitetos que acompanhavam a obra, com a participação intensa da comunidade local, principalmente quando da definição das cores a serem utilizadas, criando um painel.
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mo ao Espaço de Reciclagem e Praça dos Esportes, está implantada num eixo linear à Rodovia Fernão Dias, formando uma barreira de proteção arbórea contígua à pista de desaceleração criada. Na Praça dos Esportes, localizada entre o núcleo da Vila Nilo e os edifícios do Cingapura, foi construída uma quadra poliesportiva com dimensões oficiais. Num dos limites da quadra, num muro de alvenaria, foram aplicados desenhos lúdicos rebaixados no acabamento do reboco, que permitem futuras manutenções na pintura do local 23. Para a execução, foram feitos desenhos em papel Kraft, em escala próxima à real, recortados e harmonizados na alvenaria do muro. O tema desenhado reflete as brincadeiras locais das crianças na Vila Nilo, ou seja, crianças caricaturadas andando de bicicleta, jogando bola e empinando pipa. O muro recebeu cores de fundo e contrastes com as aplicações destes desenhos. Complementando o projeto de urbanização da Vila Nilo, o paisagismo VILA NILO
na área do Cingapura conta também com quadra poliesportiva, áreas de estar e lazer, bem como pavimentação em concreto e piso com blocos intertravados, dando destaque aos acessos dos blocos. Para a pintura das fachadas foi realizado estudo cromático apresentando seis propostas de cores para escolha dos moradores. Essas propostas foram pintadas na fachada de um dos edifícios e ficaram expostas até o dia da assembleia para escolha da proposta vencedora. Além das questões descritas acima, o projeto considerou para regularização e aprovações legais: as destinações de áreas verdes por lotes, vagas de estacionamento e perímetro dos dois condomínios. Todos os aspectos e propostas para a requalificação urbanística da Vila Nilo foram discutidos com a população do núcleo e do Conjunto Habitacional em reuniões realizadas na Praça da Paz. Concomitante a esse processo, foi realizado no mesmo local um plantio coletivo e uma discussão com jovens sobre “Cores e sua influência em nosso dia a dia”. URBANIZAÇÃO NA VILA NILO
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ETAPAS DE TRABALHO DO ESTUDO CROMÁTICO • ELABORAÇÃO DE PESQUISA POR DOMICÍLIO SOBRE AS CORES DE QUE OS MORADORES GOSTAVAM E TAMBÉM
AS QUE NÃO GOSTAVAM; • REGISTRO FOTOGRÁFICO PANORÂMICO E POR DOMICÍLIO; • RESUMO DAS PESQUISAS POR RUA E QUADRA PARA DEFINIÇÃO DOS SETORES DE CORES PRINCIPAIS E CORES
DE CONTRASTE DEFINIDAS EM DESENHOS GEOMÉTRICOS; • DESENHO DAS FACHADAS FOTOGRAFADAS, BEM COMO AS GEOMETRIAS COMPLEMENTARES PARA O CONTRASTE; • HARMONIZAÇÃO DAS CORES ENTRE SETORES.
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Na página 48, imagens das residências antes da requalificação das fachadas. Nesta página, ruas da Vila Nilo após a pintura das fachadas a partir do Estudo Cromático.
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Muita gente arrumou suas casas. Pensavam: ‘Minha rua está bonita, vamos valorizar a nossa casa!’ As pessoas aprenderam com o projeto. Edijane Bezerra dos Santos
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À esquerda imagens da Praça da Paz. À direita, Praça das Flores. 51
Praça das Flores: a instalação de brinquedos e o paisagismo implementado modificaram o principal acesso ao novo bairro.
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O muro da quadra poliesportiva construída na Praça dos Esportes recebeu a aplicação de desenhos lúdicos rebaixados no acabamento do reboco.
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Requalificação do Conjunto Habitacional Vila Nilo: paisagismo, reforma e pintura dos edifícios.
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Casas sobrepostas As novas unidades habitacionais construídas na Vila Nilo para receber os moradores que residiam anteriormente em domicílios precários, localizados em áreas de risco, compunham-se de casas sobrepostas. Esse projeto foi escolhido pelos próprios moradores e possui uma concepção próxima do conceito residencial existente em toda a região, ou seja, casas com acessos independentes. Todas as casas foram construídas em alvenaria de blocos de concreto estruturais, caixilhos metálicos, com lajes de concreto e telhado em telhas de fibrocimento. Elas estão dispostas com pavimento térreo e primeiro andar, formando um conjunto de 4 (quatro) domicílios, compostos de forma variável ao longo das duas margens do valo de drenagem, contíguo à área do Conjunto Cingapura, no final da Rua São José e da Rua 10. As novas unidades apresentam planta compacta, com sala de estar integrada à cozinha e área de serviço, e dois dormitórios. Elas foram divididas em três opções de projeto:
As unidades situadas no andar térreo são configuradas em seu perímetro por pequeno quintal, e, em locais onde havia área remanescente nos fundos dos lotes das unidades sobrepostas, foi projetado um novo perímetro criando dimensões variáveis de quintais. E, no conjunto de 4 (quatro) unidades habitacionais,
A1 área de 45,10 m², com 2 casas sobrepostas agrupadas; A2 área de 44,47 m², com 4 casas sobrepostas agrupadas; B área de 44,35 m², com 1 casa sobreposta. A1: corte e elevação
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há uma caixa de escada externa, garantindo melhor aproveitamento na disposição interna dos ambientes. Nas casas sobrepostas também foi realizado um estudo cromático para a pintura das fachadas, definido para transmitir vivacidade e compor uma paisagem harmônica com o projeto urbanístico realizado.
A2: corte e elevação
B: corte, elevação e planta
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As casas sobrepostas mantiveram as características do bairro. Os estudos realizados para a pintura de suas fachadas, bem como para as fachadas dos domicílios remanescentes e do Conjunto Cingapura, proporcionaram uma harmonia cromática à Vila Nilo.
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À espera do novo bairro Paralelamente às obras, os moradores recebiam informações e eram preparados para as novas condições de moradia que teriam dali em diante. A urbanização da Vila Nilo e sua integração com os bairros vizinhos resultava na melhoria da qualidade de vida de todo o lugar e das pessoas, e exigia uma série de novas posturas por parte dos moradores, tanto aquelas relacionadas à nova moradia quanto aos novos espaços comuns 60
que estavam sendo implantados. Com a urbanização, os moradores da Vila Nilo passaram a ter acesso aos serviços públicos de abastecimento de água e luz, coleta de esgotos e lixo, e as casas mais precárias seriam substituídas por novas unidades bem-construídas e adequadas. Portanto, foi preciso entender e habituar-se às novas despesas que esses benefícios exigem, pois o exercício da cidadania requer conhecimento dos
direitos e consciência dos deveres. O trabalho desenvolvido pela equipe social buscava estudar o cotidiano e as particularidades das famílias desde o início das intervenções, visando contribuir efetivamente para constituição de um novo bairro. Para isso, a experiência adquirida ao longo dos anos do trabalho social em habitação, apontou a necessidade de um olhar que se detivesse para além da moradia, da casa, do abrigo físico.
Os primeiros resultados dos estudos realizados indicaram uma grande quantidade de famílias que tinham como fonte de renda a coleta de material reciclável. No entanto, a maioria dos catadores que residiam na área tinham um modo de operação bastante desorganizado. Eles deixavam suas carroças espalhadas por todas as ruas e vielas, e a coleta era realizada nesses mesmos espaços, causando transtornos e deixando resíduos por todo o local. Outro aspecto importante identificado entre os principais anseios dos moradores era um local adequado para atividades de capacitação e lazer. De acordo com o perfil socioeconômico das famílias, a equipe social avaliou a possibilidade da realização de cursos e oficinas para os moradores, com atividades segmentadas por idade e interesse. Para isso, a partir das informações levantadas, o pro jeto de intervenção urbanística considerou a construção de um Centro de Convivência dentro da Vila Nilo, facilitando a participação de todos os interessados. Além disso, durante o período das obras e construção desses espaços, foram realizadas palestras, ministradas pela Sabesp e Eletropaulo, para explicar como seriam os pagamentos dos serviços de água e energia elétrica, abordando também o uso consciente desses recursos, não só para equilibrar os custos, mas para contribuir com a preservação ambiental. Houve ainda palestras que explicaram para a população como seriam os pagamentos das presta-
ções das casas sobrepostas para as quais se mudariam, esclarecendo os termos do contrato e da posse. Em 21 de outubro de 2006, foi realizado o I Dia de Ação e Sensibilização ao Meio Ambiente, em parceria com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, e com a participação da Subprefeitura Jaçanã/Tremembé, das secretarias de Educação e Saúde, Limpurb, Sabesp, Eletropaulo, Associação 13 de Maio, Grupo de Mulheres e representantes de rua. Os trabalhos socioeducativos desenvolvidos nesse dia tinham como intuito preparar a população para estabelecer uma nova relação com o espaço que estava sendo transformado. Era importante pensar e refletir sobre a questão do lixo, limpeza das ruas e do córrego, conservação das praças nesse novo ambiente. Na sequência, foram desenvolvidas atividades como mutirão de limpeza,
VILA NILO
operação cata-bagulho, oficinas de brinquedos com material reciclável, oficinas de papel machê, espetáculos de teatro, como a peça Macunaíma e também a exposição de painéis sobre a obra de urbanização, com fotos, maquete da área, exposição e orientação sobre animais sinantrópicos (ratos, baratas, mosquitos). Nessa fase, eram realizados encontros semanais do Grupo de Mulheres, que, além de tratar de assuntos de gênero, organizava oficinas para produção de peças de artesanato, com o objetivo de capacitação e geração de renda. Esse grupo participou de diversas feiras realizadas na cidade para a venda de seus produtos. Além disso, para angariar fundos para equipar o Centro de Convivência que estava em construção, o Grupo de Mulheres e os representantes de rua organizaram eventos como festas juninas e feijoadas.
URBANIZAÇÃO NA VILA NILO
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Durante o processo de urbanização, os moradores participaram de atividades e cursos de capacitação que contribuíram para a for mação do novo bairro. 62
Regularização fundiária Com a finalização das obras de urbanização na Vila Nilo, foi dado início ao processo de regularização fundiária, para garantir aos moradores a segurança jurídica da posse das suas casas e, também, para que o novo bairro fosse definitivamente incorporado à cidade. A regularização fundiária é um processo complexo, desenvolvido em várias etapas – jurídica, administrativa e urbanística. Equacionada esta última, que ocorre quando a urbanização é finalizada, passa-se a investir nas demais etapas. O diagnóstico fundiário da Vila Nilo não encontrou qualquer interferência que pudesse prejudicar o proces-
24. O Departamento de Regularização do Parcelamento do Solo (Resolo) é responsável pela regularização urbanística e fundiária dos loteamentos irregulares ou clandestinamente implantados. Também atua na contenção de novos assentamentos ilegais em conjuntos com as subprefeituras. O Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov) é responsável pela instrução, análise e decisão dos pedidos de licença para construção, reforma e reconstrução de edificações de médio e grande porte na cidade de São Paulo. Ambos são subordinados à Secretaria Municipal de Habitação ( Secretarias > Habitação > Departamentos>).
so de regularização fundiária. Trata-se de área desapropriada pela municipalidade, oriunda de Decreto que a declarou como Área de Interesse Social com imissão provisória na posse registrada, em 9 de janeiro de 2003, sob R1 da matrícula 170.088, do 15º Serviço de Registro de Imóveis (SRI). A esfera jurídica envolve a resolução da questão fundiária e as providências para a legalização da posse dos moradores, mediante a entrega dos títulos de concessão e das escrituras dos imóveis construídos pela Prefeitura, proporcionando seu ingresso no registro de imóveis. O aspecto administrativo inclui a oficialização dos endereços, a inscrição dos imóveis nos cadastros municipais e a definição de normas de urbanização e construção. Na Vila Nilo, a regularização fundiária contempla toda a Zeis N-135, que é dividida em dois empreendimentos, o Núcleo Habitacional Vila Nilo e o Conjunto Habitacional. Inicialmente foi priorizada a outorga de títulos de concessão de uso especial aos moradores do Núcleo Habitacional Vila Nilo, dos imóveis beneficiados pela infraestrutura implantada e, para tal, foram realizados o cadastramento das famílias e a selagem das residências. A emissão dos títulos de concessão proporciona, além da segurança jurídica, o acesso a crédito e a obtenção de financiamentos que normalmente são VILA NILO
revertidos na melhoria das moradias. No entanto, a regularização edilícia das casas sobrepostas e das unidades do Conjunto Habitacional dependia de um processo de regularização diferenciado, em face da exigência legal de inseri-las em um parcelamento previamente aprovado e registrado. Tal desafio demandou a organização de procedimentos que envolveram diversos departamentos da Secretaria Municipal da Habitação – Habi, Resolo e Aprov 24 –, que resultou num trabalho modelo, a ser seguido nos demais assentamentos com as mesmas características. Com base no Estatuto da Cidade, no Plano Diretor Estratégico e em legislação municipal específica foi criado o Plano Integrado de Regularização, que consiste em um único processo administrativo que trata da aprovação do novo parcelamento por um Conselho Gestor e da regularização das edificações novas. Tal procedimento garantiu a participação da comunidade e deu agilidade ao processo, por propiciar, em um único ato, a oficialização do viário, a constituição dos lotes e quadras, a destinação de áreas verdes e institucionais, bem como o registro de todos eles em cartório. Finalizando a intervenção pública na Vila Nilo, cada um dos novos lotes constituídos receberá uma inscrição no cadastro municipal e este novo bairro passará a integrar definitivamente os mapas oficiais da cidade. URBANIZAÇÃO NA VILA NILO
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Vila Nilo no PMH Após receber intervenções de urbanização, a Vila Nilo se tornou um núcleo urbanizado, que agora aguarda a conclusão do processo de regularização fundiária para que suas famílias recebam o título de concessão especial de uso. A exemplo do que ocorreu em diversas intervenções do Programa Guarapiranga, as intervenções integradas do projeto de urbanização da Vila Nilo tornaram-se modelo para a formulação da metodologia de intervenção integrada adotada no Plano Municipal de Habitação (PMH). Este núcleo está inserido na sub-bacia hidrográfica do Cabuçu de Cima (mapa ao lado), e compõe o Perímetro de Ação Integrada Cabuçu de Cima 11 (mapa na página 65). Este perímetro abrange áreas com um total de 1.019 famílias (segundo cadastro Habisp, 2011), das quais 543 se situam na Vila Nilo. As demais devem receber obras de urbanização e regularização a partir de 2016 (3o quadriênio).
Sub-bacia hidrográfica do córrego Cabuçu de Cima. 2009
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2012
2016
2020
2024
NOME
TIPO DE ASSENTAMENTO
SERVIÇO A EXECUTAR
ÁGUAS DE CHAPECÓ
Favela Favela Favela Favela Favela Núcleo urbanizado
Urbanizar e regularizar Urbanizar e regularizar Urbanizar e regularizar Urbanizar e regularizar Urbanizar e regularizar Regularizar (título)
AQUARELA DO PARQUE EDU CHAVES BAIA DOS PÁSSAROS MIMOSA SÃO JOSÉ VILA NILO
TOTAL
FAMÍLIAS
36 190 70 70 110 543
1019
Favelas Núcleos Loteamentos Empreendimentos PAIs Microbacias
Perímetros de Ação Integrada da sub-bacia hidrográfica do córrego Cabuçu de Cima 65
O trabalho de Urbanização de Favelas tem como principais objetivos a inclusão social de pessoas socialmente excluídas, a transformação de favela em bairro, a geração de renda e a preservação do meio ambiente. Esse trabalho só será concluído quando as pessoas se conscientizarem da importância do respeito a si mesmas, ao próximo, ao meio ambiente e à sociedade. Na Vila Nilo, na urbanização, demos o primeiro passo de uma longa caminhada. Considero ter contribuído com uma pequena parcela no resgate da autoestima de famílias que hoje têm orgulho do lugar onde moram. Percebo como conquista o respeito pelo trabalho social desenvolvido junto às mulheres e aos catadores de recicláveis e espero que as pequeninas sementes de cidadania lançadas nos corações infantis resultem em uma comunidade consciente de suas conquistas, de seus direitos e deveres na construção de um bairro melhor e de um mundo mais justo e fraterno.
Maria das Graças Alves Cândido Assistente Social da Habi Norte
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José Nilton Chiesa
Engenheiro Divisão Técnica de Obras e Projetos Habi 3 Trabalhar com a equipe da Habi Norte sempre foi um desafio. As “meninas”, ou, como dizem os engenheiros, “AS” assistentes sociais, cobram, insistem e não dão sossego enquanto as obras (que deveriam ser de responsabilidade dos engenheiros) não acontecem do “jeito” delas. Argumentam que devemos ser “engenheiros sociais” e ter outro olhar sobre as obras e, cá entre nós, estão certas. Mas, quero falar sobre dois momentos específicos do trabalho na Vila Nilo: o inicio e o fim das obras. Quando a ordem para o início dos trabalhos estava em via de ser emitida, chegamos ao local e não havia lugar para construir o canteiro de obras. A área era extremamente adensada, sem espaços vazios. A única parte do terreno mais viável estava ocupada irregularmente por uma empresa de reciclagem de metal. Havia um mandado de reintegração de posse dessa área em andamento, mas pensei: “Já começamos mal...”, mas conseguimos outra área para o canteiro e, no local onde estava a empresa de reciclagem, construímos 134 novas moradias com a reintegração da posse. No final, pouco antes de entregarmos todas as obras, os moradores que por lá passavam diziam que não acreditavam que em favela pudesse haver um local “tão bonito”, e uma vez eu disse: “Não é mais favela, é um novo bairro”. Eles estavam felizes com as praças, especialmente uma construída de frente para a Fernão Dias, com os brinquedos de madeira ecologicamente tratada, os bancos, a arborização. De fato, ficou muito bonito, como pode dizer um “engenheiro social”. Não começamos tão bem, mas finalizamos muito bem!
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Maria Teresa Fedeli Arquiteta e urbanista Sehab
Trabalhar em Urbanização de Favelas pressupõe conhecer o território e a comunidade com intimidade, elaborar um excelente diagnóstico e criar um projeto que absorva não apenas as questões ligadas à moradia e infraestrutura, mas também o lazer e equipamentos sociais. Recriar espaços da cidade e dar vida em seus usos diversos: meu dia a dia era habitar a Vila Nilo. Além de acompanhar os projetos e obras, foi possível conhecer as brincadeiras das crianças e a predileção dos adolescentes, e, através dessa oportunidade, desenvolver um painel lúdico para estampar a quadra de futebol, arregaçar as mangas e pintar a grande tela com as bicicletas, pipas e bola! Passar de porta em porta e perguntar a cada morador qual cor lhe agradava ou não, para poder desenvolver o estudo cromático das fachadas e criar ambientes coloridos e referenciados. Assim foi possível concluir o trabalho que transformou a ocupação Vila Nilo, implantando a estrutura principal de urbanismo e detalhando os meandros da ocupação, respeitando as técnicas das disciplinas e compatibilizando com o conhecimento e saber popular. Trabalhar na Urbanização de Favela Vila Nilo foi poder concretizar todas as etapas de um processo que não tem receita pronta!
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Elaine Cristina da Costa Arquiteta Divisão Técnica Regional Norte
Embora tenha acompanhado a etapa de projeto, foi durante a obra de urbanização e pós-urbanização que mais participei do trabalho na Vila Nilo. Fui trabalhar ao lado de uma grande amiga e parceira de trabalho. Minha tarefa era contribuir na modificação do traçado de algumas ruas para melhorar a conexão e possibilitar a circulação do caminhão de lixo na área como também adequar o projeto de paisagismo (áreas livres, praças e vazios residuais), aos desejos dos moradores. Com o caminhar dos trabalhos, víamos que quanto mais melhorávamos o local, mais detalhes queríamos resolver. Foi quando surgiram as propostas de melhorar as fachadas das casas remanescentes da ocupação, substituir as casas de madeira pelas casas evolutivas e a revitalizar o Conjunto Habitacional Vila Nilo, conhecido como Cingapura, possibilitando uma intervenção integrada em todo o bairro. Depois das obras concluídas, no acompanhamento do pós-ocupação, pude perceber a maior das experiências adquiridas nesse processo. Em nossas pesquisas buscávamos sempre soluções bem aceitas pelos moradores e viáveis economicamente, mas que acima de tudo fossem sustentáveis ao longo do tempo: encontrar belas espécies vegetais que resistissem a pouca manutenção; brinquedos que divertissem as crianças e que resistissem ao uso; tratamento das fachadas, buscando além da boa estética visual, a oportunidade de refazê-las e definir junto aos moradores o limite dos seus lotes e a cor que mais lhe agradavam (tomamos como base estudos realizados anteriormente, como o do arquiteto Ruy Ohtake em Heliópolis); pintura da parede da quadra, com o desenho executado em baixo relevo para facilitar a sua manutenção. Buscamos com este trabalho além do resultado estético, um processo que fosse adequado a Vila Nilo, pensando na manutenção futura dos espaços. Voltando a Vila Nilo hoje, podemos ver a importância dessa intenção, e ver também que para o bom funcionamento dos equipamentos e a durabilidade física da obra é fundamental além de um bom projeto de urbanização, a definição dos papeis e responsabilidades dos envolvidos (poder público e população moradora), na conservação e manutenção dos espaços. Se não conseguimos resolver as questões de sustentabilidade, a urbanização da favela perde efetividade sendo necessária a realização de constantes intervenções em locais já atendidos. Para isso, é necessária a articulação junto à comunidade na formação de estruturas de operação e manutenção.
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A Nova Relação com o Espaço
A gente tinha a oportunidade de construir mesmo aqui, mas ficava aquele negócio: ‘Vai sair? Não vai sair?’. Patrícia Aparecida Soares
Após dois anos de obras, o projeto de urbanização da Vila Nilo foi concluído. A entrega oficial das casas e dos trabalhos de infraestrutura aconteceu em setembro de 2007. Os moradores que retornaram do aluguel social para as casas sobrepostas tinham muitos planos e expectativas. Os demais, que haviam testemunhado todo o processo realizado na área, também estavam ansiosos por usufruir esse novo modo de viver. A partir da urbanização, a relação das pessoas com o espaço na Vila Nilo se renovou por completo. Os espaços públicos de lazer construídos em toda a área, como quadras poliesportivas e praças, se tornaram um novo local para o encontro entre os moradores. Os times de futebol infantil que disputam partidas nas novas quadras são formados por meninos de todas as partes do bairro: – “Eu moro no Cinga!” – diz um dos garotos. Outro completa: – “Eu moro nas casinhas!”. VILA NILO
E, assim por diante, se expressam laços de interação que antes não podiam existir pelos limites que o lugar impunha. Todas as famílias que se mudaram para as casas sobrepostas passaram por um processo de escolha do local em que morariam: rua, casa, andar. Em geral, elas foram destinadas exatamente para a casa, a rua e o andar que escolheram. Esse resultado demandou um grande esforço da equipe social que coordenava o processo. Durante as reuniões com os moradores, estabeleceu-se que as famílias com crianças e pessoas com dificuldades de locomoção teriam preferência na ocupação das novas unidades térreas. Os andares de cima seriam destinados prioritariamente às famílias pequenas ou a idosos, que saem pouco de casa ou desejavam mais tranqüilidade. Nesse trabalho de escolha, cada família foi consultada e ouvida. De novembro de 2007, quando as obras foram entregues, a dezembro A NOVA RELAÇÃO COM O ESPAÇO
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Casas sobrepostas, Rua 10, Vila Nilo
de 2008, as equipes da Prefeitura realizaram na Vila Nilo trabalhos chamados de “pós-ocupação”. Esses trabalhos envolveram parcerias intersecretariais que contribuíram para complementar as intervenções com ações específicas, como, por exemplo, a atuação da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela desratização, controle de dengue e participação nos eventos do meio ambiente. Outra importante parceria foi a do Programa Ação Família, da Secretaria Municipal de Assistência Social, que foi parceiro em atividades com crianças e jovens, e contribuiu com o acompanhamento de situações de vulnerabilidade social. A Sehab reformou uma casa na Vila Nilo, onde funcionou a sede do Centro de Referência Ação Família (CRAF) até o final das obras de ur74
banização. Atualmente, os trabalhos coordenados pela SMADS se desenvolvem no Centro de Convivência. Algumas ações realizadas em parceria com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, e com a orientação de uma educadora ambiental, surtiram efeitos muito positivos na conservação das áreas públicas. Foram realizadas oficinas com materiais recicláveis, plantio de mudas e confecção de cercas para os jardins, com grande participação dos moradores – crianças e adultos. A equipe social organizou um novo mutirão de limpeza com a participação dos grupos de representantes, crianças, catadores e demais moradores. Nesse mutirão, houve nova operação cata-bagulho, coordenada pela Subprefeitura Jaçanã/Tremembé. Além disso, as ruas da área foram
lavadas e cada morador cuidou da limpeza da frente de sua casa. O sucesso entre os moradores e os bons resultados com a I Ação e Sensibilização ao Meio Ambiente fizeram com que houvesse mais duas edições desse evento, com a mesma participação solidária e atenciosa das famílias. Essas ações proporcionavam momentos de reflexão sobre o quanto a Vila Nilo estava se transformando e sobre a responsabilidade de desenvolver atitudes de preservação e conservação do novo bairro. Os espaços coletivos criados para atividades de qualificação e geração de renda também trouxeram benefícios à comunidade e se tornaram exemplos de práticas bem-sucedidas neste projeto de urbanização, com consequências positivas na inclusão social das famílias.
Refeitório do Centro de Convivência
Centro de Convivência Com 90 metros quadrados, o Centro de Convivência da Vila Nilo foi construído na parte interna da área, próximo ao córrego onde deságua o valo de drenagem canalizado durante as obras. Para alguns moradores, esse não foi um bom lugar para abrigá-lo, pois teria maior evidência se estivesse em algum local central na área ou próximo à entrada da Vila. Entretanto, dentro das concepções do projeto esse espaço garantiu que as famílias tivessem acesso a servi-
ços e atividades que antes nem sequer podiam imaginar. Desde que ficou pronto, e ainda durante as obras, o Centro de Convivência se tornou um local de importantes atividades para a comunidade. A equipe social realizou muitas de suas atividades nele, como: trabalhos educativos com crianças e jovens; reuniões e oficinas temáticas com os moradores e representantes de rua e com o grupo de catadores; e atendimento do plantão social. VILA NILO
Destacam-se entre as atividades o acompanhamento dos grupos de Representantes de Rua e Representantes de Bloco, cujo trabalho foi focado na motivação e instrumentalização para que eles pudessem entender a importância do seu papel na gestão participativa dos espaços, na captação de recursos e na ampliação das melhorias para o bairro. Esses representantes também participaram de duas oficinas com técnicos contratados para investir na A NOVA RELAÇÃO COM O ESPAÇO
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capacitação desse grupo com abordagens que focavam temas como: tipos de liderança; postura do líder; comunicação eficaz; diferenças e semelhanças entre grupo e equipe; competição e cooperação; como lidar com limitações; metas e objetivos coletivos; gestão participativa. O Centro de Convivência se tornou também um importante espaço de interação e aprendizado para as crianças. Em encontros semanais, com oficinas temáticas, teatro de fantoches, passeios, sessões de filmes e desenhos, foram abordadas, de forma lúdica e educativa, questões como respeito, cidadania, colaboração, solidariedade, conservação dos espaços públicos e comuns, conservação do meio ambiente. Após o término do acompanhamento social no período de pós-ocupação,
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a gestão do Centro de Convivência foi transferida para uma entidade que, por meio de licitação pública realizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMADS), passou a exercer atividades de um centro intergeracional, realizando cursos profissionalizantes especialmente voltados para pessoas entre 15 e 24 anos. A busca pelo convênio com SMADS era uma garantia institucional que possibilitaria a promoção de cursos, oficinas, treinamentos, principalmente para a população jovem do bairro. Ao longo dos anos de trabalho na Vila Nilo, a equipe social percebia a forte influência do tráfico de drogas entre crianças e adolescentes. Com isso, buscou-se atender a uma demanda imediata da área, caracterizada por sua população jovem e em formação.
Centro de reciclagem “Quando não tinha o Centro de Reciclagem, a gente encostava nos terrenos baldios, pegava o que precisava, o que era de reciclagem, e o resto deixava lá. Em vez de cooperar com a natureza, agredia mais”. (Demerval Ferreira da Silva, presidente da Associação Reciclagem 15 amigos). A frase de Seu Demerval ilustra bem o modo como os próprios catadores lidavam com o material reciclável antes do projeto de urbanização da Vila Nilo. De certo modo, eles estavam alheios a todas as implicações ambientais do trabalho que realizavam, pois, embora a reciclagem fosse uma ação positiva, o que era inservível ficava exposto em locais inadequados, causando uma desorganização espacial, sujeira, poluição visual, agredindo o meio ambiente. Isso explica a resistência que os demais moradores da Vila Nilo
tinham em relação ao trabalho deles. Durante as obras de urbanização, foi construído um espaço destinado ao trabalho com o material reciclável. Esse espaço também não estava previsto no projeto inicial de 2003 para a Vila Nilo, mas o acompanhamento das famílias nas fases de implementação das etapas de urbanização demonstrou a importância dessa adequação para o novo bairro que se desenhava. O Centro de Reciclagem foi pensando como um espaço para otimizar o trabalho dos catadores, a separação e a organização do lixo reciclável. Localizado no início da Rua 10, ocupa uma área de 390 m², é construído com base em alvenaria, telas de aço, possui banheiros, pias e 15 boxes, onde cada um dos associados pode armazenar o material coletado. Os boxes são cobertos com telha e possuem acabamento interno em cerâmica e piso, o que facilita a lim VILA NILO
peza, e são fechados com um portão em tela de aço, garantindo a individualidade e a segurança dos materiais coletados. A história da organização desses catadores em um espaço adequado para o trabalho com o material reciclável exigiu atenção especial da equipe social da Secretaria Municipal de Habitação e foi um trabalho pioneiro entre os projetos de urbanização realizados até então pela Sehab. O esforço da Secretaria em desenvolver soluções para essa problemática fez com que os técnicos do projeto de urbanização como um todo, arquitetos e assistentes sociais se dedicassem ao estudo do tema. Os primeiros contatos com esses trabalhadores aconteceram de maneira informal, por meio de visitas domiciliares, com o objetivo de compreender o ambiente de cada um, os hábitos e a forma de comercialização dos materiais recicláveis. Após A NOVA RELAÇÃO COM O ESPAÇO
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essa abordagem, a equipe social sugeriu a criação de um grupo de discussão sobre o trabalho com reciclagem e foi marcado um primeiro encontro entre todos aqueles que trabalhavam com essa prática. Entre os desafios de se iniciar uma ação com o grupo, a equipe social tinha diante de si perfis cujas características alertavam para um histórico de desemprego e trabalhos 78
informais, desajuste familiar, alcoolismo, entre outros. Com isso, boa parte desses moradores se encontrava desmotivada diante de suas próprias vidas. Esse cenário exigiu um trabalho perseverante com o grupo. As primeiras reuniões apresentaram uma grande rotatividade no comparecimento das pessoas, pois os catadores não tinham a percepção e o hábito da
atividade em grupo, da partilha de experiências e da troca de informações, que poderiam ampliar as possibilidades de trabalho com os materiais recicláveis. Com o correr do tempo, o trabalho em grupo se mostrou profícuo na vida dos catadores, que passaram a valorizar as atividades das reuniões e o conhecimento adquirido e disseminado entre todos. Sentido-se seguros e à vontade, alguns começaram a discutir temas pessoais delicados, como motivação, autoestima, higiene e dependência alcoólica. Para superar seus próprios limitadores e obter mais qualidade de vida, esses moradores, além do suporte do grupo, deveriam enfrentar individualmente os problemas que os incomodavam. Todos os membros participaram de palestras sobre esses temas com profissionais especializados das secretarias da Saúde, Educação e Assistência Social. Além disso, no âmbito do trabalho com materiais recicláveis, foram promovidas atividades externas, como visitas a cooperativas especializadas no tema, para que os catadores pudessem ter o máximo de conhecimento sobre todo o processo que envolve essa prática. Em algumas reuniões eram discutidas especificamente as questões ambientais, a partir de palestras e oficinas sobre a coleta e a separação correta dos recicláveis, utilizando em alguns momentos exercícios de dramatização e técnicas de dinâmica de grupo. Essas experiências contribuíram para que cada um avançasse
na superação de seus desafios pessoais e profissionais. Nesse período, a formalização do grupo em uma associação foi outra questão bastante trabalhada com os catadores. O intuito era apresentar a eles as possibilidades de incrementar a atividade a partir de sua regularização, pois uma associação poderia, tratando-se de pessoa jurídica, realizar parcerias, convênios ou agregações com outras entidades afins. Toda essa ação com os catadores foi iniciada em 2006 e o espaço do
Centro de Reciclagem foi entregue para utilização na inauguração da obra de urbanização, em setembro de 2007. No entanto, o trabalho de acompanhamento dos técnicos sociais com o grupo não foi descontinuado. Apesar do amadurecimento do grupo já observado na época da entrega oficial do Centro de Reciclagem, a formalização só se efetivou em abril de 2010. Todos os membros concordaram em compor uma associação, que, em virtude do número de pessoas, ganhou o nome “Associação Reciclagem 15 Amigos”. Foi estabelecido um estatuto com os regimentos do trabalho e ocorreu uma eleição para a escolha formal do presidente, do vice-presidente, tesoureiro e conselheiros da entidade. Eles se organizaram e mensalmente realizam uma arrecadação entre os membros para o pagamento de despesas como água e luz, e ainda possuem um fundo de caixa para despesas extras.
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De acordo com relatos dos membros do próprio grupo, a interação entre eles e os demais moradores da Vila Nilo se modificou bastante com a organização da Associação, bem como o próprio modo de trabalhar de cada um deles. Cabe ressaltar, que durante todo esse processo o grande desafio das equipes da Prefeitura era que as discussões, atividades e palestras resultassem em mudança de comportamento, possibilitando mais qualidade de vida e interação entre suas atividades e os demais moradores da Vila Nilo. Hoje, todo o bairro compreende mais e melhor o que é e o que significa o trabalho com materiais recicláveis. Muitos moradores chegam a separar o lixo de suas casas e levam até o Centro todos os resíduos possíveis de serem reciclados, e os catadores fazem a triagem correta dos materiais. Todos esses avanços refletem resultados muito diferentes dos constatados no início da urbanização, em 2006. Com a criação do Centro de Reciclagem e da Associação, os catadores tiveram um aumento no lucro da venda dos materiais recicláveis em cerca de 60%, a partir de uma separação correta e adequada do papel, plástico e papelão. Desse modo, além de garantir mais dignidade e satisfação aos catadores, a reciclagem realmente lhes tem propiciado uma renda maior. Eles se sentem mais valorizados como profissionais e cidadãos, pois têm seu trabalho reconhecido pela família, amigos e por toda a comunidade.
A NOVA RELAÇÃO COM O ESPAÇO
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Luis Henrique Tibiriçá Ramos Engenheiro Diretor da Divisão Técnica de Obras e Projetos Habi 3
Com muita satisfação é que participei da obra de urbanização da favela Vila Nilo. A integração entre as equipes da Habi e o pioneirismo na utilização de recursos federais, estaduais e municipais em um mesmo empreendimento fizeram desta obra, sem dúvida nenhuma, um marco no Programa de Urbanização de Favelas desenvolvido pela Sehab. O resultado foi o melhor possível, com a alegria estampada no rosto dos moradores e o orgulho das equipes da Habi na concretização de um projeto de grande aprendizado.
Laura Vitória M. de Oliveira Arquiteta Divisão Técnica de Projetos e Obras Habi 3
A Favela Vila Nilo se deu com a ocupação ao longo dos anos em parte da gleba Declarada de Interesse Social para habitacionais na década de 90 para a implementação do Programa de Mutirões desenvolvido na então administração. Na urbanização da favela Vila Nilo houve alguns desafios tanto para o desenvolvimento do projeto como para a execução como o grande adensamento da área, parte desta área estava com reintegração de posse e esta lindeira a rodovia Fernão Dias, uma das principais rodovias do estado, onde o projeto seguiu as diretrizes da DERSA quanto à faixa “non aedificand” da rodovia em relação à implantação da urbanização. Por fim, agora com o projeto implantado através da execução das obras, vem sendo elaborado o Plano de Urbanização, este plano, é um piloto uma vez que contempla o parcelamento e todas as edificações novas e as existentes inseridas na urbanização e no Conjunto Habitacional Vila Nilo, denominado como Plano de Urbanização Integrado uma vez que se trata de uma ZEIS. O objetivo deste plano é no final levar a registro a regularização urbanístico e fundiária, permitindo assim à utilização dos instrumentos previsto em legislação a titularidade aos moradores e assim inseri-la na cidade formal.
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Maria Cecília Sampaio Freire Nammur Assistente Social Diretora da Habi Norte
O diferencial do trabalho de urbanização na Vila Nilo foi o dedicado e intenso empenho do grupo de técnicos composto por assistentes sociais, arquitetos e engenheiros sempre envolvidos em buscar alternativas mais adequadas para aprimorar o projeto e executar a melhor obra. A criação do Centro de Reciclagem 15 Amigos foi uma experiência inédita que muito nos orgulha pela inovação e pela coragem de enfrentar um problema tão conhecido nas favelas e tão complexo para a cidade de São Paulo. A lição aprendida é que a transformação de uma favela em um bairro requer muito mais do que obras de infraestrutura e construção de moradias. Exige o oferecimento de novas oportunidades para a comunidade, a integração dos serviços públicos na construção de uma rede solidária e principalmente na eliminação do preconceito de que aquela área não é mais uma favela e sim faz parte do bairro e que está inserida na malha urbana da cidade de São Paulo.
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Marion Katscher
Arquiteta e urbanista Divisão Técnica de Obras e Projetos Habi 3 Há mais de 20 anos trabalho na Diretoria de Projetos e Obras da Secretaria Municipal de Habitação da cidade de São Paulo. De 1989 até o presente momento, pude trabalhar em diversas fases da gestão municipal, com programas e diretrizes habitacionais variadas em relação à Habitação de Interesse Social. Nesse percurso, pude acompanhar e gerenciar projetos urbanísticos e arquitetônicos junto aos escritórios contratados. Trabalhei com a área da Vila Nilo a partir de 2002, desde a licitação de projetos até a conclusão do Projeto Executivo e a preparação da licitação das obras em 2005. Apesar de ser considerado de pequenas proporções, pelo tamanho e número de domicílios, o escopo do projeto da Vila Nilo previa urbanização da favela com implantação de redes de infraestrutura, canalização do valo de drenagem, novas unidades habitacionais, áreas de lazer e geração de renda, tornando-o um projeto complexo, enriquecido pelo trabalho de acompanhamento das obras feito pela Habi Norte. Na Sehab, nossas atividades requerem conhecimentos técnicos das diferentes disciplinas da engenharia e da arquitetura inerentes à implantação de infraestrutura, urbanismo, paisagismo, eliminação de áreas de risco e projeto do edifício, o que exige dos profissionais uma relação de respeito e carinho com as pessoas que vivem nos assentamentos, especialmente diante de seus anseios e dificuldades. Essa parte da profissão não é ensinada na faculdade; é adquirida dia após dia, desafio após desafio e, quando exercida primordialmente com amor, nos qualifica e transforma em “arquitetos sociais”. Hoje, vendo os resultados alcançados, considero o projeto da Vila Nilo um exemplo de integração das intervenções feitas pelo poder público em momentos diferentes, agregando valores e somando experiências de uma gestão a outra, capaz de transformar e melhorar o local consideravelmente.
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Renata Gimenez Paoliello Arquiteta Divisão Técnica de Projetos e Obras Habi 3
Cada obra de urbanização de favela tem sua peculiaridade e especificidade. Os trabalhos executados na Obra do Vila Nilo podem servir como bom exemplo de articulação entre as reivindicações locais, e as viabilidades técnicas e financeiras existentes. A dedicação das equipes em busca das melhores soluções enriqueceu o desenvolvimento dos projetos e obras, sendo um passo importante para o sucesso da intervenção. Participar na readequação dos projetos durante as obras e ver sucesso alcançado, foi muito gratificante.
Mônica Oliveira Vieira Cyrillo Assistente Social da Habi Norte
Considero a experiência do meu trabalho na Vila Nilo muito enriquecedora, uma vez que tive a oportunidade de acompanhar esta urbanização desde o início, conhecendo os representantes dos moradores e participando das primeiras reuniões para definição da intervenção a ser realizada no local. Por meio da participação nas reuniões da equipe de Projetos e Obras, pude acompanhar e sugerir pontos importantes relacionados às melhorias que seriam implantadas. Já no processo de obras e pós-ocupação, pudemos desenvolver um trabalho social voltado não somente para a liberação de frentes de obras, mas também para questões ligadas a cidadania, geração de renda, autoestima, meio ambiente, entre outras. Aprendi muito, e entre erros e acertos, hoje entendo que e a transformação física e social só terá bons resultados por meio de um esforço e comprometimento coletivo, não só por parte dos moradores, como também das secretarias e do poder público. É neste caminho que temos que seguir, para o pleno desenvolvimento do cidadão.
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Alguns dizem que ainda é favela, mas é um bairro. Hoje, pra mim, é um bairro! Eu me sinto uma rainha! Luiza Pereira Cassiano
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Crônicas da Vila Nilo Essa foi uma experiência que deve ser implantada, deve ser multiplicada no país, pelos grandes centros urbanos. Reginaldo Evangelista da Silva
25. In: COSTA, KP., et alli (org.). Revista SP . Prefeitura de São Paulo, Secretaria Executiva de Comunicação: São Paulo, 2008. p. 14-15.
A história da formação da Vila Nilo não se diferencia, em muitos aspectos, da história de outros núcleos, favelas e assentamentos precários da cidade, que surgiram a partir do desenvolvimento urbano, atraindo para a capital paulista milhares de migrantes de outros estados brasileiros. No final de 2009, um levantamento realizado com os moradores apontou que 68,66% dos chefes de família da Vila Nilo vieram de estados da região Nordeste do Brasil, como Francisco Chagas de Oliveira, que saiu do Rio Grande do Norte em direção a São Paulo “para trabalhar, sonhando alto como todo nordestino”. Esse sonhar alto do qual fala Francisco acompanha o horizonte paulistano há séculos. Neide Duarte, no artigo A Geografia da Cidade , diz que “o mito de fundação de uma cidade parece acompanhar a sua história para sempre, como se lhe marcasse um destino a cumprir” 25. Partindo dessa afirmação, é possível resgatar a história e recordar os de VILA NILO
safios encontrados para ultrapassar a Serra do Mar e que perduraram nas expedições bandeirantes do século XVII, e acompanharam todo o crescimento da metrópole nos séculos seguintes – de polo industrial a centro de tecnologia e serviços. Em toda essa transformação, os sonhos de uma vida melhor, de abrir novos caminhos e fixar territórios nunca esmaeceram em seus habitantes. Mas ter semelhanças não significa ser igual. Se o mito paulistano de fundação for verdadeiro, os moradores da Vila Nilo, especialmente aqueles que lá chegaram quando o bairro, como dizem, era apenas um matagal, ratificam esse “destino” de São Paulo. As peculiaridades da área e dos moradores podem ser observadas quando se olha atentamente para as relações que as pessoas mantêm entre si e para as relações que elas desenvolvem com o espaço onde vivem. Quando a Vila Nilo começou a ser ocupada por famílias pertencentes a CRÔNICAS DA VILA NILO
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Eu sei o que é bom pra mim. Não sei o que é bom para o meu vizinho, mas vou fazer o que é melhor pra nós. Maria Santos de Santana
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movimentos de moradia, os laços de relação social se formaram naturalmente. As pessoas já se conheciam dos movimentos e, ao construir suas casas em mutirões, passavam a fazer parte da vida uma das outras. Alguns desses primeiros moradores relatam uma união solidária ainda hoje. Tamanha parceria se tornou mais difícil com o adensamento da área. Reginaldo, presidente da primeira associação de moradores formada no bairro – hoje ONG 13 de Maio –, conta que quando chegou o Núcleo tinha, no máximo, 30 famílias que moravam do lado do terreno onde o acesso é feito pela Rua General Jerônimo Furtado. Pouco tempo depois, todo o espaço estava ocupado. Nessa época havia uma insegurança muito grande entre os moradores sobre a permanência deles na Vila Nilo. Como sabiam que ocupavam uma área pública, temiam ter de deixá-la a qualquer momento. Com isso, grande parte das pessoas não se sentia responsável pelo espaço, não tinha vontade de construir casas mais bem estruturadas e menos ainda de construir e preservar espaços para o lazer das crianças ou para a convivência social dos moradores. Esse receio era facilmente transformado em um sentimento de negação do lugar, e muitos não gostavam de estar ali. A negação tinha consequências piores para as questões coletivas que envolviam o dia a dia do local, como, por exemplo, o lixo. Eram poucos os moradores que se preocupavam com o destino de seu lixo. A maioria deixava os resíduos a
céu aberto, em locais inadequados, fazendo com que a população de ratos proliferasse. Sem espaços públicos de lazer ou convivência, a vida social dos moradores acontecia predominantemente nas igrejas e templos improvisados. Dona Maria Aparecida, por exemplo, desenvolvia um trabalho com as crianças do bairro em sua própria casa, que na parte da frente possuía uma garagem onde eram realizadas as reuniões. Também era nesse lugar que ela e outros membros de sua igreja se reuniam para orar. Na Rua das Flores, outros moradores organizaram a construção de uma capela, ligada a uma paróquia de um bairro próximo, onde realizavam festas, feijoadas e outros eventos. Os problemas apresentados eram muitos. Além de toda a precariedade das construções de madeira e das condições insalubres da favela, havia ainda a questão do tráfico de drogas, que ameaçava a segurança dos moradores. De acordo com relatos, a rivalidade entre grupos de traficantes provocou ao menos dois incêndios de grandes proporções, prejudicando centenas de famílias. Outros incêndios menores também eram frequentes e, em geral, causados por curtos-circuitos nas instalações elétricas inadequadas. Contudo, ainda nas palavras de Reginaldo, o maior desafio para os moradores da Vila Nilo era vencer o preconceito. O estigma da favela, de favelado, era evidente quando os moradores precisavam fazer compras, se inscrever em cursos,
Cheguei na favela e não pagava água, não pagava luz, não pagava aluguel. Aí, parei de trabalhar. Quando fui inventar de trabalhar novamente (...) não tinha endereço. Se não tem endereço, ninguém quer. Não tem esse negócio de que não existe preconceito. Demerval Ferreira da Silva
Quadra poliesportiva, Praça dos Esportes. 89
Praça da Paz.
As pessoas precisavam passar no médico e não tinham como comprovar o endereço. Em muitos casos, não eram atendidas. A pessoa queria trabalhar e também não tinha endereço. O processo é muito difícil! Tanto que num determinado momento a gente montou uma espécie de caixa de correio grande na Associação. Aí, nós orientávamos as pessoas: vai pra loja, compra alguma coisa e dá este endereço. Reginado Evangelista da Silva 90
concursos, escolas, seleções de emprego, preencher fichas em hospitais, simplesmente porque não possuíam endereço regular. Para tentar diminuir os transtornos causados pela falta de endereço, a Associação orientava as famílias a realizar compras e cadastros com o endereço de sua sede. Assim as pessoas poderiam ter um comprovante de residência. Essa questão legal do endereço das residências acabava por interferir na própria identidade das pessoas. Muitos moradores dizem que na época em que a Vila Nilo era tomada por barracos de madeira, ruas de terra e esgoto a céu aberto, eles mesmos tinham vergonha de morar ali e de convidar amigos e parentes para visitar suas casas. Quando os primeiros estudos para a urbanização da área começaram a ser realizados pela Prefeitura, todos esses aspectos se tornaram ainda
mais relevantes, pois, além de transformar o lugar com a instalação de infraestrutura, era necessário resgatar a autoestima das pessoas. Atualmente, quase quatro anos após a entrega oficial das obras, os próprios moradores relatam que o pro jeto de urbanização desenvolvido na Vila Nilo foi um excelente impulso para novas e maiores conquistas em suas vidas: há pessoas que depois de 40 anos voltaram a estudar; outras que se dedicam ao trabalho voluntário; aqueles que abraçaram o projeto de urbanização com entusiasmo se capacitaram e hoje têm uma nova vida. Mesmo entre os que desconfiaram e resistiram ao trabalho que seria feito, há uma certa satisfação em perceber o quanto o dia a dia mudou. Algumas dessas histórias estão apresentadas a seguir e ajudam a compreender um pouco mais a vida na Vila Nilo.
Voltei a estudar. Eu não sabia fazer conta, matemática, essas coisas... Não sabia escrever direito nem meu nome. Escrevia, mas... Graças a Deus, agora eu estou aprendendo. Está a mil maravilha. Luiza Pereira Cassiano
Praça das Flores. 91
Uma varanda de frente
para a Fernão Dias
As flores nos canteiros do quintal dão as primeiras pistas da atm osfera que existe na casa de Seu Aristides. Na década de 1970, ele saiu de Bananal, interior do Estado de São Paulo, em direção à capital. Casado com Dona Lurdes, duas filhas, dois netos, Seu Aristides, que está na Vila Nilo há 18 anos, é o que a equipe de assistentes sociais que trabalhou em todo o processo de urbanização da área chama de “liderança natural do bairro”. Ele foi um dos primeiros a se mudar para o terreno no início dos anos 1990. Participante ativo dos movimentos populares de moradia nessa época, Seu Aristides fazia parte de um grupo que havia conquistado, junto à Prefeitura, permissão para construir suas moradias na Vila Nilo. Na época, a política de mutirão era bastante incentivada na cidade e foi assim que ele e seus vizinhos ergueram suas casas, com as próprias mãos: “Um ajudava o outro, e construímos todo esse lado aqui”. Seu irmão, já falecido, foi quem mais o ajudou na construção. Ele conta que uma escola estava sendo desmanchada no Tremembé, e as madeiras de lá deram forma à sua casa. A casa de madeira era para ser provisória, mas se tornou uma atração à beira da Fernão Dias. Charmosa e bem-construída, Seu Aristides se orgulha ao contar que muitas pessoas, ao avistarem de seus carros aquela casa totalmente inusitada naquela paisagem paulistana, paravam seus carros, desciam e vinham lhe pedir para conhecê-la e tirar fotografias. Alguns chegavam a lhe fazer propostas de compra: “Quer vender?” Falei: “Não! Não é para vender. É para o meu uso”. Mas mesmo com a popularidade, e diferentemente do desejo de Dona Lurdes, que é reformar a casa e mantê-la de madeira, o sonho de Seu Aristides é reconstruí-la em alvenaria. Ele sonha com um belo sobrado com um terraço com vista para a Fernão Dias. Logo depois de Seu Aristides e outros moradores construírem suas casas, aconteceu a ocupação irregular da área. Na época, não havia no bairro serviços de água e energia elétrica, as ruas não eram asfaltadas, o transporte público era precário e não havia coleta de lixo. Mas, com o mato derrubado e o terreno limpo, muitas pessoas começaram a construir seus barracos. Para Dona Lurdes, essa foi a pior coisa que aconteceu, pois poucos tinham intenção de realmente viver no local: “Só invadiram para vender, só para comércio, só!”. Aos poucos, o lugar foi se tornando violento. 92
O meu desejo aqui é um belo sobradinho. A varanda pra gente ficar olhando pra Fernão Dias e o churrasquinho lá em cima. José Aristides Conceição Com o início das obras de urbanização da Prefeitura em 2005, o lugar começou a mudar. Seu Aristides acompanhou tudo sem sair um dia sequer de sua casa. Quando as obras começaram, muitos moradores deixaram seus barracos e, subsidiados pela Prefeitura, foram morar em imóveis alugados, aguardando até que tudo estivesse pronto. Seu Aristides não quis sair. De fato, sua casa era completamente diferente dos barracos precários e em situação de risco que existiam ali. Além disso, ele havia construído e cuidado de tudo com tanta dedicação que não conseguia se ver em outro lugar: “Eu lutei muito por isso aqui, desde o começo. Eu gostava muito, eu gosto muito daqui. Eu achava que depois de tudo que eu fiz (...) era muito desaforo sair. Eu falei: eu vou à luta e não vou sair daqui”. Foram dois anos de negociação com as equipes técnicas que coordenavam as intervenções urbanísticas na Vila Nilo, pois uma parte de seu lote estava localizada em uma área non aedificandi . Nesse período, o projeto para a área chegou a ser modificado para que a casa de Seu Aristides permanecesse onde está: “O pessoal foi muito bacana. A equipe fez tudo o que pôde pela gente aqui. Cada um tem um problema, não é? Eles acompanharam passo a passo os problemas de cada família aqui. Graças a Deus, entenderam o meu”. Para Seu Aristides, a Vila Nilo é o seu lugar! E ele se sente satisfeito de ter visto as obras começarem e terminarem na Vila que ajudou a fundar: “Quem viu isso aqui antes e vê agora... Estamos no céu!”. Nem todos os moradores ficaram para ver a transformação. Nem todos esperaram pelas obras, e hoje Seu Aristides diz: “Muitas pessoas se arrependeram de sair daqui. Acharam que aqui não ia dar em nada, que é isso e aquilo... não tiveram paciência. Hoje em dia, vêm aqui e olham: ‘Onde eu morava?’. ‘Não sei onde você morava mais, está tudo mudado aqui! Tudo pela luta!’”. E esse é o maior orgulho de Seu Aristides: ter lutado por tudo o que conseguiu e ter ajudado outras famílias a terem seu lar! Mas seu sonho ainda não está completo. Ele quer construir seu sobrado e nele uma varanda com vista para a Rodovia Fernão Dias, onde passará as tardes de domingo fazendo churrasco, olhando o vai e vem dos carros, ao lado de sua esposa, suas filhas e vendo os netos crescerem. 93
Dona Regina:
uma voluntária
De acordo com as lembranças de Dona Regina, “foi numa quinta ou sexta-feira que mais de 50 pessoas pularam o muro e o portão do terreno da Vila Nilo”, onde algumas famílias tinham construído suas casas por meio do Programa de Mutirões da Prefeitura. A ocupação da área, que até então se dava de modo organizado, tornou-se incontrolável, dando origem à favela. Aos 69 anos, e com uma voz doce e tranquila, ela conta como foi construir sua casa ali, sozinha, para viver com a filha. As frases são ditas pausadamente; às vezes, com certo tom de saudade, outras vezes com melancolia. Por muitos anos, Dona Regina trabalhou como faxineira e copeira em muitas empresas de São Paulo. Logo que construiu sua casa na Vila Nilo, fez o pedido de ligação de água e luz regularmente. Pagava as contas em dia todos os meses, mas as ligações clandestinas de outros moradores fizeram com que ela e sua filha ficassem um ano e oito meses sem água e um ano sem luz. As ruas de terra atrapalhavam a travessia, com chuva ou sol: “Eu mesma fazia uma pontezinha de tábua. Punha pedra embaixo e uma tábua em cima pra gente poder atravessar e chegar até o portão. Isso tinha de ser direto, com chuva ou com sol, porque a água escorria tanto de um lado quanto de outro. Não tinha caminho porque era um trilho pequeno; de um lado era água, de outro era mato”. Dona Regina conta, ainda, que por todo lado naquele terreno brotava água. Havia até um lago: “Era até muito bonito! À tarde vinham os gansos nadar”. Mas diz que como trabalhava muito não podia aproveitar as tardes ensolaradas à beira d’água. Ainda hoje, o trabalho de Dona Regina continua incessante. Ela diz que a coisa que mais gosta de fazer é se dedicar a trabalhos voluntários, cuidando de doentes, fazendo companhia às pessoas nos hospitais. Durante os trabalhos de urbanização, ela também participou voluntariamente de muitas ações propostas pela equipe social que acompanhava os moradores, 94
Eu prefiro trabalhar voluntariamente. Quando a gente é voluntário, a gente recebe mais porque o outro fica mais satisfeito. Maria Regina Cipriciano
trabalhando, inclusive, no Centro Comunitário. Ajudava a organizar as reuniões, festas, trabalhos com o Grupo de Mulheres. Enquanto algumas moradoras aprendiam a fazer artesanatos em crochê, pintura, Dona Regina organizava e participava da exposição e venda da produção: “Nós estivemos no Prédio Martinelli, em Guarulhos, no Jardim São Paulo... em todos eu fui”. Essa disponibilidade em trabalhar em grupo, Dona Regina acredita ser também uma característica dos moradores mais antigos do lugar, que se uniam para lutar pela água, pela luz, pela pavimentação das ruas: “Se fosse agora aquele tempo, com o pensamento desses jovens eles não iam lutar muito não. Eles gostam de tudo mais fácil” . E ela cita um certo descuido que muitos têm em relação à varrição das calçadas, da coleta de lixo. Antes da urbanização, não havia coleta de lixo de porta em porta. Os moradores tinham que levar os sacos até as caçambas localizadas nas ruas de acesso à área. Com as ruas abertas e pavimentadas, o caminhão passou a recolher regularmente os resíduos de cada casa, mas, segundo Dona Regina, nem todos se habituaram a essa rotina ou ao fato de terem os serviços de água e luz regulares, com custos de utilização: “Eles gostam de viver assim, mas sem ter que fazer essas coisas, sem ter que pagar, sem ter que limpar muito”. Para Dona Regina, esse cuidado é fundamental! Principalmente porque considera o trabalho de urbanização um grande ganho para todos os moradores: “A urbanização das ruas, das calçadas e cada um ter sua casinha, sair dos barracos, daquela sujeirada, água dentro de casa, foi muito bom!”. Hoje, não há mais lagos nem gansos nadando, como alguns moradores gostavam de observar nas tardes de sábado, mas, vendo todas as transformações do lugar, Dona Regina afirma que se sente feliz! 95
Uma casa
colorida
Hoje, acho que as pessoas aprenderam a ficar em casa e a cuidar das casas. Eu fiz da minha casa um arco-íris! Luzinete Souza Santos
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A casa de Luzinete, ao final da Rua 10, chama a atenção pelo colorido. Ela mesma diz que sua casa é um arco-íris. Sala, cozinha, quartos. Todos os cômodos têm cores vivas. O que chama ainda mais a atenção é ouvi-la contar como ela mesma aplicou as texturas e tintas nas paredes, assentou pisos e azulejos, cuidou de cada detalhe do acabamento e da decoração: “Fiz tudo sozinha. Não fiz curso, nada. Eu via a pessoa fazer e como gosto de observar... Observando fazer tem que dar certo!”. Luzinete vive na Vila Nilo desde 1998. Quando chegou à área, comprou um barraco de madeira. Algum tempo depois, ela o demoliu e construiu um sobrado. A casa tinha cômodos grandes, mas estava em um local do terreno considerado área não edificante. Durante a urbanização, a casa foi removida. Luzinete morou alguns meses em um imóvel alugado perto dali e retornou, definitivamente, para uma das novas unidades habitacionais construídas pela Prefeitura. Mesmo tendo que se mudar para uma casa menor, Luzinete estava ansiosa pela urbanização e por todas as mudanças que ela traria ao lugar. Sabia que agora a “vida sairia da clandestinidade... falta de energia, que era clandestina, falta de água e a rua que era de terra. Isso me incomodava muito, principalmente a rua de terra porque você limpava a casa e parecia que não limpava”. Agora, Luzinete tem gosto em limpar sua casa e ver a limpeza conservada, mesmo com dois garotos agitados e um cachorro. Ela diz, inclusive, que percebeu uma mudança significativa em outros moradores do bairro em relação à limpeza e conservação das ruas e das próprias casas a partir da urbanização. “Minha colega nem lavava as roupas dela; hoje, a casa dela dá gosto de você entrar. Agora ela cuida, a casa é limpinha, bem arrumadinha. Ela tem gosto de comprar as coisas, ela tem gosto de arrumar a casa.” Até vir para São Paulo, aos 14 anos, para trabalhar como empregada doméstica em uma casa de família, Luzinete havia estudado apenas até a 4ª série do ensino fundamental. Aos 25 anos, ela voltou a estudar e está completando o ensino médio. Ela conta essa conquista com um sorriso largo e um olhar de quem valoriza os estudos. Essa valorização repercute nos olhares admirados de seus dois filhos, Lucas, 11 anos, e Luan, 6. Observadores, eles deixam transparecer nos olhos brilhantes e curiosos um amor cuidadoso pela mãe. Querem sempre vê-la bonita e feliz. De repente, ouvimos um grito estridente: “Mãe, sorria! Eu já disse pra você sorrir!”
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Mudança
de vida
Quando veio para São Paulo, em 1982, Seu Demerval tinha quase 40 anos. Em Pernambuco era eletricista, e chegou aqui com a promessa de um trabalho com carteira assinada e salário fixo. Como não havia sido informado sobre os encargos trabalhistas, que diminuíam o valor líquido de sua remuneração, Seu Demerval não aceitou o emprego e começou a trabalhar por conta própria como eletricista, pedreiro, até começar a recolher materiais recicláveis. Ele chegou à Vila Nilo em 1999. Na época, comprou sua casa de três cômodos por 5 mil reais. Com as obras de urbanização, todo o bairro se valorizou e chegaram a lhe fazer uma proposta de compra da casa por um valor bem maior, R$ 30 mil: “O cara deu 30 mil. Eu disse: ‘Não é pra vender agora não’”. Afinal, como diz Seu Demerval, agora a Vila Nilo está “uma beleza”. Durante os trabalhos de urbanização, ele e outros moradores que não precisaram deixar suas casas acompanharam o processo de abertura e pavimentação das novas ruas, a canalização do valo de drenagem, a implantação das redes de água e esgoto e a construção das novas unidades habitacionais. Ele conta que não acreditava no que via: “As obras aqui foram uma coisa que quase a gente não acreditava! Quando a gente viu as máquinas encostarem, dissemos: ‘Vai ficar a mesma coisa; vai ficar um montueiro de terra e pedra aí, vai ficar pior pra juntar rato’. Mas o quê? Foi ligeiro pra fazer! A obra logo ficou pronta!”. O Centro de Reciclagem do qual é presidente foi construído pela Prefeitura durante esse processo. Na época, a equipe social identificou que muitas famílias ali tinham como principal fonte de renda a venda de material reciclável. Mas, sem um local apropriado, os moradores faziam a seleção dos materiais nas ruas ou em terrenos baldios, o que resultava em mais poluição. Seu Demerval diz que hoje, com o Centro, é possível separar o material de modo mais adequado: papel, papelão, plástico. E, com isso, a margem de lucro na venda do material aumentou 60%. Agora, ele diz que quer dar entrada em sua aposentadoria e pensa em buscar a felicidade em outras atividades: “Quando eu me aposentar, eu vou procurar ser feliz! Passar um fim de semana pescando, caçando; aí já completa mais a felicidade!”. 98
A mudança aqui foi como da água para o vinho. Demerval Ferreira da Silva
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English Version The importance of love (page 8)
If the Social Housing Superintendence of the Municipal Housing Secretariat counted on the best architects of the city, which is indeed a true statement, this fact alone would not be enough for developing favela upgrading projects now conducted by the department. Interventions of this kind are much more complex than one can imagine. Whatever proposals contained in the project, the actions directly affect people living in communities, causing apprehension and expectation. If the Government provided infinite resources to build housing for all whom now live precariously in the city, this would not be enough. Although most informal settlements do not provide dignified dwellings for their residents, the simple house is a hard-won achievement after years of efforts. It is not just a house, but the right to live in a place that offers protection for the family, who then establishes strong relationships with similar-profile neighbors, forming a very strong network of social sustainability. There is a well-known text that starts exactly like this: “if ...” The reference is deliberate. The 1st Letter of Saint Paul to the Corinthians, Chapter 13, is about the importance of love as the best legacy to be left by the Christians, who at that time l ived at expansion of the new religion in Europe and Asia, creating what is now known as Western civilization. Most disciples valued more the miracles and the power of faith, and Saint Paul reminded them that the distinguishing factor with regard to the other faiths was that “you shall love your neighbor as yourself”. It takes an extra dose of Saint Paul love to work in slum upgrading. The intervention process is long, affecting these people for years in different ways and intensity. In addition to the dwelling families, there are many other entities and agencies involved in various areas: environment, education, health, transportation, and infrastructure, emphasizing their own priorities. There are actors from the legislative power, local practitioners of politics, and from the judiciary, advocates and enforcers of the process, all of them very well intentioned, of course, but with different interests. 100
The blanket is too short to cover all these “feet”. In order to achieve the desired success, the Habi-SEHAB team has a complex and complete methodology: an urban policy that seeks the social, environmental, and economic sustainable development at the same time. It involves from deep assessment of a precarious-settlement condition and comprehensive discussion with the community affected members to the selection of senior professionals to be involved in the process, and from encouraging creativity to increase the number of solutions to the allocation of necessary resources and accurate control in the completion of works. However, all that we call favela upgrading is not restricted to a good technical-social work. Besides that, they do not limit themselves to only implementing this good strategy. It takes much dedication, a capacity to personal renunciations that only devoted people have. I have looked in several technical textbooks on the subject and I have not found better than the biblical definition, described in the apostle above mentioned letter: “Love is patient, love is kind and is not jealous; love does not brag and is not arrogant, does not act unbecomingly; it does not seek its own, is not provoked, does not take into account a wrong suffered, does not rejoice in unrighteousness, but rejoices with the truth; bears all things, believes all things, hopes all things, endures all things.” Perhaps the best strategy of the HabiSEHAB team has been that of love. Therefore, the best payment is the joy on faces and in the words of the Vila Nilo residents. Ricardo Pereira Leite Municipal Housing Secretary
VILA NILO IN THE CITY OF SÃO PAULO
(page 15) The numbers that introduce the city of São Paulo are impressive: 1,509 square kilometers, more than 11 million people, 31 submunicipalities, and 96 districts. The city dynamics has prevented the precise number of neighborhoods in the city. People know well some of them for their seniority and formation, as is the case of Sé, Penha, Brás, Barra Funda, Santo Amaro, Pinheiros, and Santana. Others, more contemporary, are familiar only to its residents. Still, others were made informal and very precariously,
and hold the memory of a city that had had diverse and heterogeneous development, both in relation to their cultural and social aspects as architectural and urban ones. The Vila Nilo formation, the formal neighborhood, has formally happened in this continuous changing process. It is located north of the city, bordering the Guarulhos Municipality, crisscrossed by Fernão Dias highway. Next to it, there is also the Jaçanã neighborhood, whose fame crossed borders in the 1960s in the song of Adoniran Barbosa, Trem das Onze (Eleven o’clock p.m. train), perpetuating it. In the 1990s, a public empty area, confined between the border with the Municipality of Guarulhos and Fernão Dias highway, gave rise to Vila Nilo, which emerged and spontaneously grew without planning and infrastructure, quickly becoming another favela in the city of São Paulo. With a very peculiar history, since the 1990s the new Vila Nilo has been a territory subject to intervention by the public sector. First, it was an area donated to the housing movements to build their houses through self-help system; then, a scenario for the Cingapura Project implementation of the Bairro Legal Program. Finally, since 2005, it has comprised the set of favelas that are part of the Favela Upgrading Program of the Municipal Housing in São Paulo.
The city’s growth northward (page 16)
In the history of the city, the São Paulo development, from the central area, neighborhoods like those of Bella Vista, Bom Retiro, Mooca, Higienópolis begun intensifying at the time of the São Paulo industrialization, in the late nineteenth century. The entire northern region, where Santana, Tremembé, Jacanã, and Vila Nilo are located, was uninhabited until mid1880, a redoubt of few farmers. Ponte das Bandeiras – the first bridge built in capital in the sixteenth century – was the main route across the Tietê River, linking this part of city to the central region 1. In the late nineteenth century, São Paulo built a railroad, the Cantareira Tramway, linking Cantareira water reservoirs to central neighborhoods. This rail line, with a route passing through Jacanã and proceeding to Guarulhos Municipality, was one of the main means of transportation in the region between 1893 and 1965, when the city finally deactivated it. With the settling of industries and companies in the city, the demand for labor intensified, as well as the need to
implement new neighborhoods where the workers could settle in with their families. Much of the population that came to town has ended up in cortiços (slum tenements) and working-class villages in the central region, which have not always enjoyed adequate sanitation. This, added to the poor water supply and sewage at the time, has contributed to the emergence of a series of epidemics in São Paulo. In 1893, the “Committee of examination and inspection of the workers’ housing and cortiços in the district of Santa Ephigênia” sent to the Municipality of São Paulo a report suggesting those workers’ villages would gather in the north of the city, more precisely in the Santana region. Their objective was to reduce the number of cortiço dwellers in the central region, and thus, contain the spread of diseases. The most convenient place for the workers’ villages should be no doubt, the one that gathers easy locomotion, and large and cheap land, with the advantages of a regular supply. Around the city of São Paulo, within a range from 10 to 15 kilometers, there are plenty of places fulfilling these requirements, as we will describe. (...) The worker’s village construction would have all appropriate elements for establishing themselves near Sant’Anna, in the fields that extend between the Tietê River and Serra da Cantareira, therefore, 3 to 5 kilometers away from here, already counting with streetcar line, and later, with the water-supply service tramway that will connect the place to this Capital (p. 53). This recommendation reflects the interpretation of the São Paulo expansion at the time. A significant amount of people living without adequate sanitation in the central area was an unbearable situation, which has led the government and private sector to seek other areas for implementing the appropriate settlements to house the new residents. In the 1910s, the Vicente de Azevedo family, heirs of one largest farm in the Northern Zone, created the Vila Albertina Land Company, beginning the urban housing development in the region where today the Tremembé neighborhood is located. The mountain climate and the distance from the city center contributed for the construction of the Geriatric Hospital of the city in 1911, in the neighborhood of Jaçanã (formerly
Guapira). It was an offshoot of asylum for homeless and elderly people, which had been in operation on Glória Street since 1885. The building, which Francisco de Paula Ramos de Azevedo designed and built, is a landmark in the urban landscape of the region. In subsequent years, the Northern Zone has developed at the same rate as the other neighborhoods of the city, but has maintained, because of the large amount of green reserved areas, an index of population density below the São Paulo average. In the 2010 Census that the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) conducted, the city of São Paulo presented density of 7,387.69 inhabitants per square kilometer, which was well above the 148.96 recorded in Tremembé2. Over the years, this area of the city has had its urbanization consolidated in most part of the Cabuçu de Cima sub-basin. The remaining native vegetation is located close to Alberto Loefgren State Park and Cantareira Forest 3, which houses the most important water source supply for the city of São Paulo. The Environmental Protection Area for the Cantareira State Park4 has 7,474.85 hectares divided among the municipalities of São Paulo, Caieiras Mairiporã, and Guarulhos (Plan for the Alto-Tietê Basin, 2009). The area that Vila Nilo occupies now was an entirely empty land by the late 1950s, as recorded onto the 1958 overflight map – an uninhabited territory in the stretch bordering the Municipality of Guarulhos. At that time, there were still many farms in the region dedicated to the production of fresh produce. The inauguration of the Fernão Dias highway in 1959, linking it to the Presidente Dutra highway, triggered the setting up of industries in the region during the 1960s and 1970s, mainly due to the easy route for the product distribution to other parts of the state and country, significantly changing the landscape of this part of city. The transformation São Paulo undertook from 1920s to 1950, caused by population increase of hundreds of thousands of new residents, in the following decades changed a rural-remnant landscape into a territory characterized by a disorderly occupation, which does not comply with minimum standards of occupancy and land use 5. In this process, the São Paulo housing issues have become too complex, driving the emergence and consolidation of precarious
settlements in all regions of the city. In Vila Nilo, these development issues reflect the coexistence of the remnants of past and present actions, pointing out prospects of better quality of life for all neighborhood inhabitants.
The new neighborhood across the highway (page 21)
Until the late 1980s, the only neighborhoods formally constituted on one side of the Fernão Dias highway, near 86 km, were the Vila Laura, Vila Nilo, Vila Isabel, Jardim Cabuçu, and Jardim Aliança. Across the highway, there was only vacant lot, overgrown with weeds, enclosed by Cabuçu Stream, General Jerônimo Furtado Street, Manuel F. da Silva Street, and Arumã Street. In the early 1990s, this land owned by the Municipality was allotted to the families connected to the housing movements in the North Zone, who organized themselves em regime de mutirão (in multi-aid group work) to build their homes. Without access to basic infrastructure – running water, electricity, and sewage network, and garbage collection – families began to demand these services with public agencies. Nearly four years after the construction of these first houses, the Municipality cleared the rest of the field, in order to consign it to the construction of new housing 6. The free space has attracted dozens of families who occupied the very precarious area with illegally built wooden shacks and brick houses without access to basic infrastructure. There are no accurate records where these families came from, how they had access to the site or whether or not there was any link to the housing movements. In general, residents say that they have heard about the terrain existence and the settlement formation, and they have just moved there, even knowing that the landowner could force them to leave the area at any time. In late 1990s, hundreds of families were living in improvised dwellings in Vila Nilo. This new precarious settlement joined the cadastre of the São Paulo favelas. In 1996, the Municipality initiated the implementation of an enterprise allotted under the Cingapura Project or PROVER 7 across the drainage ditch that separated the occupied area from the vacant lot. The Municipality built 13 apartment blocks that housed 260 families that came from rooming houses at the site and the precarious settlements neighboring Vila
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Nilo, in the Edu Chaves, Baia de Santa Clara, and Sayoá favelas 8. The new housing development could not shelter all the families intended in the initial project, and the remainder area became a new favela. It is important to note that the l ack of an integrated project for the region has lead to a situation similar to the previous social housing projects: they have implemented a housing complex that did not meet the needs of the precarious settlements located nearby, causing disorderly sprawl intensification. The new irregular buildings were located bordering the increasingly at-risk areas; and new houses and irregular businesses have gradually occupied the housing-development open spaces, as well their access and surroundings 9. The favela precariousness has lead a number of risks to the families living there, such as fires and collapsing of the houses located along the drainage ditch. Besides these dangerous conditions, there were lack of sanitation and public lighting infrastructure, trash piling up on the streets, and difficulties to access the existing streets. In 2002, Vila Nilo caught the attention of the Municipal Housing Secretariat again, which included the area in the group of favelas to upgrade in the Bairro Legal Program10.
VILA NILO UPGRADING (page 29) Getting started (page 29)
In April 2003, the Municipality initiated the preliminary work for the favelaupgrading project. The identification of leaders took place, as well as the family cadastre, selection of street representatives, and the hiring of upgrading design, which was under the responsibility of Consortium between Ambiente Urbano Planejamento e Projetos Ltda and LENC – Laboratório de Engenharia e Consultoria S/C Ltda . The technical staff of the Social
Housing Superintendence has interactively coordinated these activities, through the Technical Division of Housing Assistance of Northern Region (North Habi) and the Department of Public Works (Habi 3). The Habi team and Vila Nilo dwellers held meetings in spaces the “May 13 th Association” has provided in EMEF Frei Galvão Public School and other sites located near the favela. In these meetings with the families, they presented alternatives for the consolidation of the 102
intervention project, focusing on the information democratization, collective discussion of the upgrading main aspects, and necessary procedures to enable the project implementation. In the early studies for the favela upgrading, the cadastre showed the existence of 546 households in Vila Nilo 11. Out of this total, 48 buildings were two-story houses and 55 were located in at-risk areas. In addition, the team identified ten buildings for collective use or commerce – small bars and sales of various products, and a Catholic and three Evangelical churches. After the preliminary research and diagnosis of the real situation in the favela, the team was able to develop the basic project, containing three intervention alternatives, which they presented and discussed with the Vila Nilo dwellers. The choice for one alternative resulted from these discussions, to which they incorporated changes the SEHAB technical team and residents had suggested. The overall project design the came from classic principles, that is, removal of houses located in geotechnical risk situations, or on streams and rivers (in case of Vila Nilo, on the drainage ditch), and removal from areas with legal restrictions, guaranteeing accessibility for all remaining dwellings. The project also included installation of basic infrastructure, creation of spaces for collective use, implementation of green areas, as well as construction of new housing units for families that would evacuate from at-risk areas. For the Vila Nilo specific case, the project has contained a set of proposals for the various situations encountered on site, as shown below:
The presentation of the three proposals for intervention in the area was a peculiar aspect of the project design. In general, they differ by the number of new housing units they propose to build in the area to replace the substandard housing they would have to remove. In a meeting held with residents to choose the best option, they chose the third proposal with 84.3% of the vote. Proposal 1 provided the removal of 174 properties to carry out road works and basic sanitation networks. There would be the resettlement of 102 families in overlapping units in the same upgrading area, and housing unit provision for 72 families outside Vila Nilo area. Proposal 2 provided for the removal of 220 properties to carry out road works and basic sanitation networks on site, as well as the resettlement of 50 families in 25 housing units, together with 104 families in overlapping vertical units (five groups with five floors each), in a total of 154 resettled families in Vila Nilo. There would be housing unit provision for families, outside Vila Nilo area. Proposal 3 proposed removing 218 properties to carry out road works and basic sanitation, resettlement of 154 families in overlapping units in their own area, and provision of housing units for 64 families, outside the Vila Nilo area. This proposal was the one that provided the largest number of property removals, building only overlapping houses.
Eliane Guedes, architect and urban planner (page 34)
The Vila Nilo upgrading project has used methodology of work, which the Municipality of São Paulo has coordinated,
• MAINTENANCE OF THE EXISTING MAIN ACCESSES TO THE FAVELA; • CREATION OF A NEW ACCESS THROUGH THE FERNÃO DIAS-HIGHWAY PERIPHERAL ROAD; • ENLARGEMENT OF THE TRAVESSA DA PAZ TO IMPLEMENT INFRASTRUCTURE; • CONNECTION OF STREET BETWEEN PAZ STREET AND TRAVESSA DAS FLORES, ALLOWING VEHICULAR-ANDPEDESTRIAN SHARED USE; • ENLARGEMENT OF PAZ STREET FINAL STRETCH; • ENLARGEMENT OF TRAVESSA SÃO JOSÉ; • EXTENSION OF THE FINAL STRETCH OF FLORES STREET TO IMPLEMENT NEW UNITS ALONG THE DRAINAGE DITCH; • OPENING OF A NEW STREET, ENABLING ACCESS TO THE NEW HOUSING UNITS THE MUNICIPALITY WILL BUILD IN THE OPEN AREA DESIGNATED FOR RESETT LEMENT AND CONNECTED WITH PAZ STREET; • PEDESTRIAN CROSSINGS LINKING RESIDENTS TO THE FUTURE CABUÇU LINEAR PARK; • CONSTRUCTION OF A FOOTBRIDGE – T RAVESSA DA PASSARELA – CONNECTING THE TWO PARTS (NORTH AND SOUTH) OF THE FAVELA; • IMPLEMENTATION OF A COMMUNITY CENTER AND SPACE FOR WASTE RECYCLING.
and whose guidelines required that the project staff carried out several urbancontext studies on location and formation of the area to be upgraded. They have carried out systematic surveys of the physical and social conditions in which the inhabitants lived. They have also diagnosed the characteristics of the neighborhood, distance, vehicular-and-pedestrian mobility, the precarious settlement relationship with the other areas of the neighborhood and with the Fernão Dias highway, the existing equipment in the neighborhood, as well as all infrastructure issues in the area, including at-risk houses. This survey and diagnosis routine was laborious, but extremely important for the design setting up and for all subsequent discussions, both with the Vila Nilo dwellers and other public bodies involved in the upgrading. All data and analysis techniques were the key arguments for the guidelines for removal of household located on the non-aedificandi areas , on
the drainage ditch
banks, or in very densely populated area. The upgrading project in a favela is true embroidery. The maintenance or removal of each house is carefully analyzed and the solution requires many details in a completely different process from the new building where people can build whatever they want, as they want, provided they meet the legislation requirements. Therefore, one needs to know and respect the logic that has guided the favela implementation to conceive the design, and use every opportunity to provide access and permeability to the spaces within the very complex urban and social fabric. In Vila Nilo, the road system implementation was crucial for the proposal conceptions presented for the urban area. The streets were classified in categories, such as the following: the ones that could receive infrastructure and serve as a pedestrian-and-vehicular flow; the ones that could receive infrastructure, but would get only pedestrian flow; and those that could serve as a passage for the residents, but that did not allow infrastructure implementation, due to its size and geometry. Similarly, the guidelines for the occupation near drainage ditch and non-aedificandi areas helped to conduct interventions in the area. As “it is not smart to bring a stockpot food to a la carte dinner”, from all these results that formed a diagnosis, we set up three alternatives so that the residents could understand the project. They had a chance
to discuss and choose the best way to relocate dwellings that the Municipality would have to remove, since the project could not place all families in the same area.
The first proposal, called the Conservative, suggested considering only what was essential, that is, issues of risk, without interfering in dwellings that had a high densification degree. The second, called Dedensification proposed the opposite: besides resolving risk and accessibility issues, it tried to make more permeable and dedensified space, but in order to achieve this, it proposed removal of 220 houses, relocating the families in housing units and buildings. The third alternative – which local residents chose – was a mixed one: besides dealing with the issues of risk, would dedensify the area, but would remove a smaller number of properties, relocating families only in houses. At the time of the Project, in 2003/2004, the Vila Nilo residents badly received new housing development buildings. Although these dwellers seemed in more disadvantage than the families living in the Cingapura buildings next to them, they had greater social cohesion and viewed the vertical Housing Development as a problem. At the time, nobody expected, not alone mentioned, the possibility of interconnection and revitalization of the Cingapura Housing Development. The residents wanted to maintain a wall that divided the area; they did not even want any children interaction. They said, “We want the way things are here, and our way means houses.” Developing a slum-upgrading project has always been new learning and requires a degree of proximity to residents that not all professionals are prepared to experience this. However, it has resulted in a very enriching life experience.
Debora Targas (page 35)
Two initial impressions shaped my involvement in the Vila Nilo favelaupgrading project. The first one is related to site photos that SEHAB sent us, showing an almost-total environmental degradation: a movie scenery or magazine picture of unimaginable existence of a place so close to us and in our city. The second one was the first time I attended a meeting with the local community. On this occasion, I saw a group of people that I thought was the SEHAB technical staff, but as I approached, I realized that they were residents.
During the lecture, which was about the project, beautiful young children accompanied some residents, their parents. How could one imagine them living in that place? It was almost inconceivable. I have great satisfaction of having prepared the upgrading project through the Urban Environment Consortium – LENC. The project canalized the stream, removed the houses on it or invading its chute, and built decent houses. There was also an urban planning and landscape design, with open-and-recreational areas. Besides that, it implemented visual communication and waste disposal project, implemented water, sewage and drainage networks, paved the streets, and built footbridges for crossing the stream. I emphasize here the strong participation of the residents in monitoring the project development, as well as the SEHAB and Regional Habi technical staff, with their architects and social workers, working together, in order to find the best solutions We have hoped for a day when there are no slums and the country has enough resources to provide health, education, and adequate income to all. However, while this ideal is far away, projects such as the Vila Nilo are vital, providing dignity and citizenship not only directly to its residents, but also to the entire city, and in this case, changing a degrading scenario into life quality.
Upgrading and the participation of residents (page 36)
The Favela Upgrading Program of the Municipal Housing Secretariat 12 has had an intensive social work with communities that were subject of intervention as one of its main activities. The upgrading of a favela presupposes the methodology implementation of this work, which has been consolidated through years of the Housing Secretariat experiences in the coordination of housing programs for low-income population13. The Secretariat has adopted central policy of respect and participation of residents through access to information and community involvement at all stages of the upgrading process, in order to avoid unnecessary impacts the daily lives of families. With proper adaptation to the circumstances and specifics of each upgraded area, the social work has developed in stages that begin with the recognition of local leaders, cadastre
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elaboration, Project presentation, and alternative proposals for it. Next, the specific project is presented and discussed, at which time the community contributions are collected. With the beginning of works, residents are informed about the schedule of activities, the affected areas, and the necessary removal and resettlement. In Vila Nilo, the social-work coordination team followed the population at all upgrading stages, from the first meetings for the leadership recognition, the cadastre elaboration, and the presentation of project alternatives. An important moment in the process of local community participation was the creation of the Special Social Interest Zones (ZEIS)14 Management Council, consisted of 16 members. Eight of them represented the public sectors and utilities: Municipal Housing Secretariat (North Habi) Jaçanã/ Tremembé Submunicipality, Municipal Health Department, Municipal Department of Education, Limpurb, Loga 15, Eletropaulo and Sabesp – and eight representatives chosen among the main leaders of the Vila Nilo residents. The main objectives and tasks of the Management Council are those related to monitoring and implementation of activities under the upgrading project, which are, informing the residents about the course of works, and articulating and promoting the discussion of the proposals, as well as defining and regulating the mechanisms for its implementation. Besides these, the Management Council should examine the proposals for the development and implementation of the plan, and the upgrading projects any person or organization submits. They have held monthly meetings in the “Jardim Cabuçu Resident Association” and, when construction began, the Managing Council discussed and approved several adjustments to adapt the project to the reality, such as the street widening for the passage of dump truck, fire truck, and ambulance; the construction of a Community Center and a Recycling Center; and the decision to keep Seu (informal way of saying Mr.) Aristides’ house at its original location, with the construction of overlapping housing units elsewhere in the area. In addition, all social actions related to the residents were carried out with active participation of the Management Council, especially the “Action for Environmental Awareness”, enabling residents to care 104
for and preserve the new green areas and squares implemented in the neighborhood as part of the urbanistic project. To improve further communication between different work fronts and residents, a Community Worker was hired, selected among the Vila Nilo dwell ers. Among 14 enrolled residents, Francisco Moreira de Franca Filho was chosen for the position. After going through a process of technical training, Francisco collaborated with the daily work of the Habi technical team, helping with the community mobilization for meetings and events in the area, clarifying questions of residents, and referring the more complex cases to the social-work duty team. This interaction sped up the works and the dissemination of information among all people.
Vila Nilo under construction (page 39)
In 2006, SEHAB signed a Memorandum of Understanding with São Paulo State Housing and Urban Development Company (CDHU), which provided for the transfer of BRL$ 400 million for the construction of housing units in areas subject to upgrading16. Vila Nilo was among the selected areas, and the works started in the year the agreement was signed. In view of the new occupations that have arisen after the completion of the executive project, the Municipal Housing Secretariat technical staff analyzed and reviewed the project that was approved in 2003, adapting it to the housing policy guidelines the Municipality had consolidated in the development of Municipal Housing Plan (PMH) 17. The studies for the PMH preparation began in 2006 with the training of technical staff and development of an Information System, HABISP (www.habisp.inf.br), which provides complete and updated information on urbanistic, environmental, and social conditions of each precarious settlement in the city. This information has allowed the definition of clear and transparent prioritization of government intervention and adjustment of ongoing projects, so they could improve not only their specific intervention proposals, but also the whole space articulation 18. In the Vila Nilo specific case, the project information and revision allowed the integration of the favela upgraded space – with new housing units, public equipment, and recreational areas – to the Cingapura Housing Development, through an efficient urban requalification, allowing its
consolidation into a new neighborhood of the city of São Paulo 19. In order to perform such actions as well as the others, it was necessary to initiate the removal of families occupying at-risk or non-aedificandi areas . For this reason, the favela was divided into sectors and gradually removed residents. The families were reallocated according to their choices. They could choose among Rental Assistance20, where the residents wait for the return to the upgraded area and for new housing units; and the Housing Allocation Service, where residents receive a stipend to buy a house elsewhere 21; and referral for housing units in other parts of the city, as the City Jaraguá Housing Development and CDHU – Cidade Tiradentes. All this process was performed and developed together with close following up of the families, in order to minimize any potential complications arising from the changes. For this, each case was analyzed in detail. This role required negotiating ability from the technical team, to establish agreements with the locals, never losing sight of the area specifics of the intervention project. The main actions developed for the integrated planning of the families’ removal were: • Survey on the children and adolescent school situation: aiming at reducing the removal impacts in the everyday life of families, the idea was to avoid the transfer students to other schools when, because of the works, their families moved to other neighborhoods. In this process, working together with representatives of relevant departments and agencies was essential; • Meeting with experts in the work eld for scheduling and logistical planning of the removals; • Meeting with families to clarify the alternatives of housing assistance; • Meeting with families for guidance on the removal planning and procedures regarding the overall organization; • Organization of the documentation for receiving rental aids. Social workers kept following up families who had decided to wait for the construction of overlapping units in Vila Nilo, in the rental houses, until they returned to the urbanized neighborhood. The social team made periodic visits to families, and provided continuous training activities and monthly meetings with all
residents. Those who had remained in the site during the works, besides having the same follow-up, witnessed all real transformation stages of the place. The illegally occupied space and without urban infrastructure and services was completely redesigned, integrating Vila Nilo into the formal city.
for Urban Infrastructure and Public Works (SIURB), in order to keep the canal open and facilitate subsequent maintenance in charge of the local municipality. After stabilization of the canal banks, they received landscaping treatment, which allowed the implementation of new housing units.
DATA OF THE WORKS EXECUTIVE DESIGN BEGINNING OF WORKS END OF WORKS INTERVENTION AREA BENEFITED FAMILIES NEW HOUSING UNITS PAVED STREETS CURBS WATER NETWORK SEWAGE NETWORK DRAINAGE NETWORK STREAM CANALIZATION SOURCE OF FUNDS
08/31/2004 11/17/2005 10/31/2007 39,536 SQ M 536 136 12,401 SQ M
2,300 M 1,494 M 1,391 M 1,211 M 162 M PMSP, CDHU e CEF
In: Superintendência de Habitação Popular. Slum Upgrading - The Experience of São Paulo, organized by França, E. and Diniz, MT. 2008. p. 87.
Integrating neighborhoods – a challenge (page 43)
Of all the interventions implemented in Vila Nilo, some were critical for the urban requalification of the entire territory, for instance, the drainage ditch canalization and the road structure implementation inside the plot that is connected to the grid that encloses it, allowing the transit of vehicles and garbage collection. Other interventions were made, such as the implementation of water, sewage and electricity networks, and the integration of the two parts of the territory – the favela on one side, and Cingapura, on the other side. Due to the site landscape, these two parts of the area were isolated and, consequently, interaction among residents was poor. The Works Plan started by prioritizing the canalization drainage ditch, performed by gabion retaining wall, in a 160-meter long stretch. The option for this type of canalization followed the guidelines recommended by the Municipal Secretary
The project for the drainage ditch explored the connection between old and new, because from its canalization design, a small footbridge and a square were built, interconnecting the internal streets of the neighborhood, allowing the pedestrian crossing from one side to the other, and enabling integration among residents of two communities. In addition, the urban requalification of the area also allowed the establishment of recreational areas, which were vital to the consolidation of the new neighborhood and its effective integration into the city. The houses’ removal of the more densified blocks allowed the requalification of narrow alleys and lanes into appropriate streets. Previously, none of the Vila Nilo streets was paved, and about 36% of the length of the road system consisted of alleys with less than 4 meter wide. With the works, 100% of streets were paved and alleys and its dimensions requalified, so that they could meet the mobility needs of residents, allowing the flow of cars, ambulances, and garbage trucks that collect
waste in the neighborhood three times a week. All internal streets were paved with interlocking blocks complemented with a central canal for surface drainage, allowing better rainwater drainage, and facilitating and contributing to an adequate drainage of the neighborhood. Parallel to the Fernão Dias hi ghway, it was built a deceleration lane paved with green asphalt, which has became one of the main accesses to the neighborhood and eliminated the risk of car accidents and pedestrian run-overs that had been recurrent among the inhabitants of the area.
The new geometric of road design redefined the blocks, allowing every household to receive the necessary network infrastructure for water supply, sewage collection, surface drainage, and electricity. Before upgrading, Vila Nilo had only two houses with individual water meters. A community water meter supplied the remaining households. It was located at the favela main entrance, on the corner of General Jerônimo Furtado Street and Nossa Senhora Aparecida Street. After upgrading, all families had access to treated water services that the Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) supplied through official
household connections. The neighborhood reservoir system is made of asbestoscement or fiberglass individual water tanks. In addition, there is also a fire hydrant located on the corner of General Jerônimo Furtado Street and Manoel Fernandes da Silva Street. The housing sewers had been mostly collected in an underground network of pipes and thrown into the drainage ditch. From the intervention on, dwellings have had their networks connected to the Sabesp collection and treatment system. Currently, 100% of households have regularly had sewage collection. Similarly, the AES Eletropaulo utility company was responsible for the whole area energy networks, and public lighting in its entirety. With that, the official network replaced the clandestine and improvised electrical hookups in houses, eliminating risks of fires caused by short circuits in inadequate facilities. It is important to highlight that the implemented upgrading project spared most of the self-built dwellings in adequate housing conditions. The expandable core houses22 replaced some houses, built of wood and not located in at-risk areas, from studies performed for each particular case,
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considering the conditions of comfort and future extensions of the building. These expandable core houses consist of three rooms – living room, kitchen, and bathroom – with brick finish and ceramic floors. Still, as part of the project of urban requalification, the Vila Nilo dwellings undertook facade paintings from a chromatic study. Projects were developed according to sectors, with colors and contrasts applied in various geometric shapes and without repetition, from the houses’ photos. For houses within the wire-and-wood fence limits, walls were built, which received the same chromatic treatment applied to the remaining units. This work provided a better balance with the other public space facades built during the works. In the survey among the residents, the colors
that predominated in the respondents’ preference were the major ones in the sector definition (collective) and the contrast colors were the ones that attended the specific tastes of each one, creating a personal identification in the result.
the enjoyment of this leisure environment. On the other hand, Flores Square, where there are wooden toys, the special emphasis is for a community gathering space covered by a wooden pergola. Flores Square, together with the landscaping around the recycling area, and the Sports Square, is located on an axis linear to the Fernão Dias highway, forming a protective barrier of trees adjacent to the deceleration lane. In Sports Center, located between the Vila Nilo housing units’ area and the Cingapura buildings, official multi-sports court dimension were built. In the limits of the court, on a masonry wall, bas-relief pl ayful designs were applied in the plaster finishing, which allow future painting maintenance of the site 23. For their implementation, drawings in Kraft paper were made, trueto-scale, cut, and harmonized to the wall masonry. The designed theme reflected the local children plays in Vila Nilo, caricatured children riding bicycles, playing ball and flying a kite. The wall received background colors and contrasted with the appli cations of these designs.
WORK STEPS OF THE CHROMATIC-STUDY • PREPARATION OF SURVEY PER HOUSEHOLD ON THE COLORS THAT THE RESIDENTS LIKED AND ALSO DID
NOT LIKE; • PANORAMIC AND PER-HOUSEHOLD PHOTO REGISTRATION; • BY-STREET AND BY-BLOCK SURVEY SUMMARY TO DEFINE THE SECTORS FOR THE MAIN COLORS AS WELL AS THE
CONTRASTING ONES, DEFINED USING GEOMETRIC DESIGN; • DESIGN OF ALL PHOTOGRAPHED FACADES, AS WELL AS COMPLEMENTARY GEOMETRIES FOR CONTRAST; • COLOR HARMONIZATION BETWEEN SECTORS.
In non-aedificandi areas located in the stormwater drain galleries and on the margins of the Fernão Dias highway, it was developed a landscaping project, integrating the Flores Street, Paz Street, and New Projected Street blocks, and the access roads to the Vila Nilo Housing Development. Paz Square was conceived at a higher level in relation to street level, allowing access via ramps. In the place, the space for children and teenagers who fly kites stood up with the concrete floor and colorful ceramic mosaic in the primary colors and orange. Ceramics were applied to kite geometry. In the square, there are also ecological treated wooden toys and chess and dominoes games tables, offering children and adolescents, adults and seniors 106
Complementing the upgrading project in the Vila Nilo, the landscaping project in the Cingapura area has also a multi-sports court, recreational and leisure areas, as well as concrete paving and interlockingblock floor, with a focus on the accessibility to the blocks. For the facade painting, a Chromatic Study was made, presenting six color proposals to residents. These color proposals were painted on the facade of one of the buildings, and they remained there until the day of the assembly for the choice of the winning proposal. In addition to the matters described above, the project considered the premises for legal regularization and approval, that is, the green-area destination per lot, parking lots, and perimeter of the two condominiums. All aspects and proposals for the Vila Nilo
urbanictic requalification were discussed with the residents of the housing units and Housing Development at meetings held in Paz Square. Concomitantly with this process, in the same place, there were collective planting with the children and discussion with young people on “Colors and their influence in our daily life”
Overlapping houses (page 56)
The new housing units built in the Vila Nilo to receive the residents who had previously lived in precarious dwellings, located in at-risk areas, were overlapping houses. The residents chose this project, which had a design conception very close to existing residential concept throughout the region, i.e., houses with independent access. All the houses were built of structural concrete masonry, metal frames, with concrete slabs and fiber-cement roofing shingles. They consist of ground floor and first floor, forming a set of 4 (four) households, composed of a variable forms along both banks of the drainage ditch, adjacent to the area of the Cingapura Housing Development, at the end of São José Street and New Projected Street. The new units feature compact plant, with living room integrated to the kitchen and laundry area, and two bedrooms. They were divided into three design options: A1 with an area of 45.10 square meters, with two overlapping houses grouped together. A2 with an area of 44.47 square meters, with four overlapping houses grouped together. B with an area of 44.35 square meters, with an overlapping house. A small yard configures the perimeter of the units located on the ground floor. In places where there were remaining lots of the overlapping units, new perimeter was projected, creating variable backyard dimensions. In addition, in the set of four (4) housing units, there is an external stairwell, ensuring the best use of available internal environments. In the overlapping houses, a chromatic study for the painting of the facades was performed, defined to convey vivacity and compose a harmonic landscape with the urban project done.
Waiting for a new neighborhood
(page 60) Alongside the works, the residents received information and were prepared for the
new housing conditions they would have thereafter. The Vila Nilo upgrading and its integration with the neighborhoods resulted in improved life quality of the whole place and people, and demanded a series of new attitudes on the part of residents, both of those related to new housing , and the new spaces that were being implemented in the area. With upgrading, the Vila Nilo inhabitants had access to piped water and electricity, sewer and garbage collection, and wellbuilt and adequate new units would replace the most precarious houses. It was, therefore, necessary to understand and get used to the new expenses that come with these benefits, because the exercise of citizenship demands knowledge of rights and conscience of duties. The work done by social workers sought to study the daily life and each family peculiarity since the beginning of interventions, aiming to contribute to effectively forming a new neighborhood. For this, the experience gained over the years in social work, pointed to a need to look beyond the dwelling, the house, the physical shelter. The first study results indicated a large number of families who had recyclablematerial collection as a source of income. However, most recycling collectors who lived in the area worked in a disorganized way. They would leave their carts scattered throughout the streets and alleys where the collection was held, causing disruptions, and leaving residues all over the place. A place for training and leisure activities was another important aspect identified among the main concerns of the residents. According to the socioeconomic profile of families, the social workers assessed the possibility of courses and workshops for residents, with activities targeted by age and interest. To do this, from information gathered, the urban intervention project considered the construction of a Community Center in Vila Nilo, facilitating the participation of all stakeholders. In addition, during the period of works and construction of these spaces, Sabesp and Eletropaulo gave lectures explaining how water and electricity would be charged, also addressing the conscious use of these resources, not only to control the costs, but also to contribute to environmental preservation. In addition, there were lectures explaining the population what would be the installment payments of the overlapping houses to which the residents
would move, clarifying the terms of the contract and ownership. On October 21, 2006, the Action and Environmental Awareness Day was carried out, in partnership with the Municipal Secretariat for the Green and Environment, and with the participation of Jacanã/ Tremembé Submunicipality, the Education and Health Secretariat, Limpurb, Sabesp, Eletropaulo, May 13 Association, Women’s Group, and representatives of the street. The socio-educational work developed that day aimed at preparing the population to establish a new relationship with the space that was being transformed. It was important to think and reflect on the issue of garbage on the streets and cleaning of the stream, the conservation of the streets, finally, on this completely new environment. Next, activities were carried out such as mutirão da limpeza (multi-aid cleaning group), cata-bagulho (pick-up stuff from street) operation, and workshops on recycled material toys, besides papier-mâché workshops, theater, the Macunaíma play, and the display of panels on the upgrading work, with photos, area model, and exhibition and guidance on synanthropic animals (rats, pigeons, cockroaches, mosquitoes). In this phase, the Women’s Group has held weekly meetings, which, besides addressing gender issues, organized workshops for the production of handicrafts, with the objective of training and income generation. This group participated in several fairs held in the city to sell their products. In addition to raising funds to equip the Community Center that was under construction, the Women, along with the street representatives, organized events like state fairs and selling of food, such as feijoadas .
Land Tenure Regularization (page 63)
With the completion of upgrading works in Vila Nilo, the Municipality has initiated the process of regularization, in order to give residents the land tenure security. In addition, the new neighborhood would finally be incorporated into the city. The land tenure is a complex process, developed in several stages – legal, administrative, and urban. Equated the latter, which occurs when upgrading has been completed, it is now time to invest in other stages. The land diagnosis of the Vila Nilo has not found any interference that could undermine the regularization process. The Municipality expropriated this area, through
a decree that declared it Social Interest area, with certificate of provisional land ownership obtained on January 9, 2003, registration number R1 – 170088, at 15º Register of Deeds (SRI). The legal sphere involves the resolution of the land issues and the steps to provide legal property rights to the dwellers, upon issuing land tenure titles and deeds of the properties that the Municipality has built, and the corresponding entry in the register of deeds. The administrative aspect includes the official addresses, registration of public records, and setting up of upgrading and construction standards. In Vila Nilo, land regularization includes all N-135 Zeis, divided into two projects, the Vila Nilo Housing Units and the Housing Development. Initially, the Municipality has prioritized the granting of special concession of use for housing purposes to residents of the Villa Nilo Housing Units, related to the property benefited by the implemented infrastructure. To this end, the Municipality has made the cadastre of the families and the labeling of the dwellings. The issuing of permits has provided legal security, besides access to credit and financing, which residents have usually reinvested in the home improvements. However, the rights through the government regularization process of the overlapping houses and the Housing development units has depended on a differential regularization process, given the legal requirement to insert them into a subdivision or land parcel previously approved, and registered. This challenge has required the procedure organization involving several departments of the Habi (The Urban and Land Regularization Program) of the Municipal Housing Secretariat, and RESOLO Aprov 24, resulting in a working model they would follow in other settlements with similar characteristics. Based in the Statute of the City, the Strategic Master Plan, and municipal bylaw, the Municipality has specifically created the Comprehensive Adjustment Plan, which consists of a single administrative process that deals with the approval of new land parceling by the Management Council, and the regularization of new buildings. This procedure has ensured the participation of the community and has given flexibility to the process, by providing in a single act, street requalification, creation of lots and blocks, allocation of green and institutional
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areas, as well as registration of those in a land registry office. Finishing the public intervention in Vila Nilo, each of the new created lot will receive a registration in the municipal cadastre and this new neighborhood will definitely integrate the official city maps.
Vila Nilo in the MHP (page 64)
After receiving upgrading interventions, Vila Nilo has become an upgraded urban area, which is now awaiting the completion of land tenure so these families can have special concession of use permits. As has occurred in several interventions of Guarapiranga program, the Vila Nilo integrated interventions has become an example for the formulation of integrated intervention methodology adopted in the Municipal Housing Plan (PMH). This area is inserted in the Cabuçu de Cima sub-basin and it constitutes the Cabuçu de Cima 11 Perimeter of Integrated Action. These perimeters include areas with 1,019 families (according to the HABISP 2011 cadastre), of which 543 are located in Vila Nilo. The remainder areas are to going to receive upgrading and regularization and settlement works from 2016 (third quadrennial).
who now take pride of the place where they live. I see as an achievement the respect for the social work that was carried out with the women and the recyclable collectors. I hope that the tiny citizenship seeds casted in the children’s hearts give birth to a community aware of their achievements, their rights, and duties in building a better neighborhood and a more fair and fraternal world.
José Nilton Chiesa, Engineer, Habi 3 Technical Division of Projects (page 67)
Working with the North Habi team has always been a challenge. The “girls” – or as the engineers call, the SW (social workers) – have demanded results, have persisted, and have not rested until the works (which should be the responsibility of engineers), do not happen “their way”. They have argued that we should be “social engineers” and have a different look at the works and, between you and me, they are right. However, I would like to talk about two specific moments of the works in Vila Nilo: the beginning and the end. When the works order was about to be issued, we arrived there and there was no place to build the plant site. The area was extremely dense, without open spaces.
NAME
SETTLEMENT TYPES
WORK TO PERFORM
ÁGUAS DE CHAPECÓ
Favela Favela Favela Favela Favela Urbanized area
Upgrade and regularize Upgrade and regularize Upgrade and regularize Upgrade and regularize Upgrade and regularize Regularize (title)
AQUARELA DO PARQUE EDU CHAVES BAIA DOS PÁSSAROS MIMOSA SÃO JOSÉ VILA NILO
NUMBER OD FAMILIES
36 190 70 70 110 543
1,019 Maria das Graças Alves Candido, Social Worker of the North Habi (page 66) The Slum Upgrading work has the social inclusion of socially excluded people, the requalification of a favela into neighborhood, the income generation, and the environmental preservation as its main objectives. This work will only be complete when people become aware of the importance of respecting themselves, each other, the environment, and society. In the Vila Nilo upgrading, we have taken the first step of a long journey. I believe I have contributed a little in the rescue of the self-esteem of the families, 108
A metal recycler business had illegally occupied the single most viable part of the land. There was in an area an ongoing mandate for property repossession, but I thought, “We have got off on the wrong foot...” However, we got another area for the plant site, and in the area where there was the recycling business, we built 134 new homes with property repossession. In the end, just before delivering all the works, some passing-by residents have said they did not believe that a favela could have “such a beautiful” place. One time I said back, “It is no longer a favela, but a new neighborhood.” Residents were
happy with the squares, especially the one built across Fernão Dias highway, with eco-treated wooden toys, with benches, and with afforestation. In fact, it was very beautiful, in the words of a “social engineer”. We have not started so well, but have finished very well!
Maria Teresa Fedeli, SEHAB Architect
(page 68) Working in Slum Upgrading has required intimately knowing the territory and community, producing excellent diagnostic, and creating a project that absorbs not only housing and infrastructure issues, but also leisure and social facilities. Recreating city spaces and giving life in its various uses: my day-to-day life has been to inhabit Vila Nilo. Besides monitoring the projects and works, it was possible to get know the children’s plays, the teenager predilections, and through this opportunity, to develop a playful panel to picture the soccer field, and rolling up the sleeves, to paint the big screen with bicycles, kites, and balls! Going from door-to-door and asking residents which color they liked or not, in order to develop the study of color and create colorful and referenced facades. Thus, it was possible to complete the work that has transformed the Vila Nilo settlement, implementing the main urbanism structures, detailing the occupation intricacies, while respecting the technical disciplines, and matching with the knowledge and popular wisdom. Working in the upgrading of the Vila Nilo favela has made possible all the steps of a process that has no ready recipe!
Elaine Cristina da Costa, Architect of the North Habi (page 69) Although I have followed the design stage, it was during the upgrading and postupgrading works that I most participated in the Vila Nilo work. I worked alongside a great friend and working partner. My task was to contribute towards changing some street layouts in order to improve connection and enable the circulation of the garbage truck in the area. My task also involved adapting the project landscaping (open spaces, squares, and empty voids) according to the wishes of residents. As the work progressed, we saw that the more we upgraded the site, the more details we wanted resolve. Then, there were proposals to improve the facades, replacing the wooden houses for modular
ones, and revitalizing the Vila Nilo Housing development known as Cingapura, providing an integrated intervention in the whole neighborhood. After completion of the works, when monitoring of post-occupation, I could understand the greatest experiences gained in this process. In our research, we always looked for solutions well accepted by residents and economically viable, but above all, sustainable over time: finding beautiful plant species that resist a little maintenance; choosing toys that entertain children and resist use; and renovating the facades, seeking in addition to good visual aesthetics, the opportunity to redo them with the residents. Besides all that, we also set the limits of the lots and the colors the residents liked (based on studies we conducted earlier, as the one by architect Ruy Ohtake in Heliopolis), painting the sports court wall with drawing executed in low relief, for easy maintenance. Besides the aesthetic result of the works, we aimed at achieving a process that was adequate to Vila Nilo, keeping in mind the future maintenance of the spaces. Returning to the Vila Nilo today, we can see the importance of this intention and that, in order to get proper equipment functioning and physical durability of the work, we must have good urban design, definition of roles and responsibilities of those involved (government and resident population), as well as conservation and maintenance of spaces. If we cannot resolve the issues of sustainability, the favela upgrading loses effectiveness, being necessary to carry out constant intervention in places already upgraded. For this, the link with the community has to happen in the operation and maintenance formation structures.
THE NEW RELATION WITH THE SPACE
(page 73) After two years, the dwellers finally saw the completion of the upgrading project of a new neighborhood. The official handover of houses and infrastructure works happened in September 2007. Residents that would return from the social rental houses to overlapping houses built in the area had many plans and expectations. The others, who had witnessed the whole process done in the area, were also eager to enjoy this new way of living. The relationship between people and
place in Vila Nilo has completely renewed with upgrading. The public recreational spaces built throughout the area, such as multisport courts and squares, have become a new gathering space for the residents. Boys from all over the area integrate the children’s soccer teams that play games on the courts: – I live in the Cinga ! (Short for Cingapura) – says one of the boys. Another child adds, “I live in the little houses!” And so on, kids have expressed friendship and interaction that could not have existed prior to those spaces, by limi ts that the place had imposed. All families who moved into the overlapping homes have had the opportunity to express their preferences for the site they would live: street, house, and floor. In general, the project has managed to place all families in exactly the same house, street, and floor they had chosen. This outcome has required huge effort from the part of the social worker team who coordinated the process. During meetings, the residents and the social staff have established that families with children and people with mobility problems would have preference in occupying the new ground-floor units. The upper floors would primarily be for small families or the elderly that leave the house less frequently or just want a more quiet life. For this placement work, the social staff has consulted and heard each family. From November 2007, when the Municipality
delivered the works in Vila Nilo, to December 2008, the Municipality staff has performed “post-occupation” works. These works have involved inter-secretarial actions, which contributed to complement the interventions with specific actions, for example, the work of the Municipal Health Secretariat, performing pest control, dengue control, and participation in environmental events. Another important partnership was the Family Action Program, from Municipal Social Assistance Secretariat (SMADS), which has generated contributions in monitoring of situations of social vulnerability. SEHAB has renovated a Vila Nilo house, which served as headquarters of the Family Action Reference Center (CRAF) until the end of the upgrading works. Currently, SMADS has coordinated the partnership works in the Community Center. Some actions carried out in partnership with the Municipal Secretariat for the Green and Environment, and with the guidance of an environmental educator, have had very positive impact on
conservation of public areas. The social staff has conducted workshops on recyclable materials, planting of trees, and construction of fences for the gardens, with great participation of the residents – children and adults. The social workers had also felt the need to organize a new mutirão de limpeza with the participation of the group representatives, children, collectors, and other residents. In this joint effort, there was new catabagulho operation, coordinated by Jaçanã/ Tremembé Submunicipality, the washing up of streets, and each resident cared for cleaning the front of his/her house. The success rate among residents and the good results achieved with the First Environmental Awareness and Action has generated this event repetition twice, with the same joint and active participation of families. These actions have provided moments of reflection on how much Vila Nilo was changing and the responsibility to develop preservation and conservation actions in the new neighborhood. The collective spaces created for qualification and income generation activities have brought benefits to the community, and have become examples of successful practices in urban projects, with positive consequences on the social inclusion of families.
Community Center (page 75)
With 90 square meters, the Vila Nilo Community Center was built inside the area near the stream that flows into the piped drainage ditch during the construction. For some residents, this was not a good place; it would have more evidence somewhere in the central area or near the Vila entrance. However, within the project conceptions, this space has ensured that families have access to services and activities that they could not even imagine. Since it was ready, and even during construction, the Community Center has become a place of important community activities. The social team has accomplished many of their activities there, such as educational work with children and young people, thematic meetings and workshops with residents and street representatives, meeting with a collector group, and onduty social assistance. Among the activities, the monitoring of the Street Representatives and the Block Representative groups have stoop up, whose work focused in motivation and orchestration so they could understand the
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importance of their role in the participatory management of spaces, fundraising, and expansion of the neighborhood improvements. These representatives also participated in two workshops with experts hired to invest in this group training with approaches that focused on topics such as types of leadership, leader attitude, effective communication, differences and similarities between groups and teams, competition and cooperation, how to deal with limitations, targets and collective goals, and participative management. The Community Center has also become an important social interaction and learning space for children. In weekly meetings with thematic workshops, puppet shows, tours, film and cartoon sessions, the social staff addressed issues such as respect, citizenship, collaboration, solidarity, preservation of public spaces, and common environmental conservation in a playful and educational way.
After the post-occupancy social support, the Municipality transferred the Community Center management to an entity that, through public bidding held by the Municipal Secretariat for Assistance and Social Development (SMADS), started to perform activities of an intergenerational center, conducting ‘tailor-made’ training courses for people aged 15 to 24 years. The search for the SMADS agreement was an institutional guarantee that would enable the promotion of courses, workshops, trainings, especially for young people in the neighborhood. Working over the years in Vila Nilo, the social team has realized the strong influence of drug trafficking among children and adolescents. Thus, they have sought to meet an immediate demand of the area, characterized by its extremely young population and in a stage of development.
Recycling Center (page 77) “Before there was a recycling center, we got to empty lots, took what we needed, recycled stuff, leaving behind the rest. Instead of cooperating with nature, we attacked it even more.” (Demerval Ferreira da Silva, president of the 15 friends Recycling Association). Seu Demerval’s words illustrate how well
the collectors themselves have dealt with recyclable material before the Vila Nilo upgrading project. In a sense, they were unaware of all the environmental implications of their work, because 110
although the act of recycling was a positive action, things which were unusable, remained exposed in inappropriate places, causing a space clutter, dirt, visual pollution, and attacking the environment. This explains the resistance of the other residents of Vila Nilo had about their work. During the upgrading works, the Municipality built for a space specially reserved for dealing with the recyclable material. The Vila Nilo initial project from 2003 has not contemplated this space for Vila Nilo, but the following-up of families in implementation of the upgrading stages demonstrated the importance of this project adequacy for the new neighborhood being created. The Recycling Center was designed as a space for optimizing the collector’s work of separating and organizing the recyclable waste. Located at the beginning of 10 Street, it occupies an area of 390 square meters. It is made of brick, steel screens, with bathrooms, sinks and 15 boxes, where each associate can store the collected material. The boxes are covered with tile and ceramic interior finish and floor, which facilitate cleaning, and are closed with a wire mesh gate, ensuring individuality and safety of collected materials. The organization history of these collectors in adequate space to work with the recyclable material required special attention from the Municipal Social Housing staff, being a pioneering work, among the upgrading projects that SEHAB had undertaken so far. The Secretariat effort in developing solutions to this problem has caused the engagement of the upgrading-project technical staff as a whole – architects, and social workers – in the study of the subject. The first contacts with these workers have informally taken place through home visits, in order to understand each collector’s environment, habits, and way of marketing the recyclable materials. Following this approach, the social workers suggested the creation of a discussion group about recycling work, and a first meeting was scheduled among all those who worked with recycling. Among the challenges of starting an action with this group, the team was faced with social profiles whose characteristics suggested a history of unemployment and informal work, family dysfunction, alcoholism, among others. Thus, most of these residents lacked motivation before their own lives.
This scenario required a steadfast work with the group. The first meeting had a large turnover concerning people’s presence because the collectors did not have a proper understanding of scope of group activity, not alone were used to it, sharing experiences, or exchanging information which could extend their possibilities of working with recyclable materials. Over time, group work proved fruitful in the lives of the collectors, who came to value the meeting activities and the knowledge acquired and disseminated among all. Feeling safe and at-ease, some collectors have begun to discuss sensitive personal issues, such as motivation, selfesteem, hygiene, and alcohol dependence. To overcome their own limits and have better quality of life, these residents, together with group support, should face the problems that bother them on their own. All members have attended lectures on these topics with professionals from the health, education, and social assistance secretariats. Moreover, with regard to the work with recyclable materials, outdoor activities were promoted, such as visits to cooperatives specialized in the subject, so that collectors could have as much knowledge as they could about the whole process that involves the practice. At some meetings, environmental issues were specifically discussed, from lectures and workshops on the collection and proper separation of recyclable materials, in some moments using role-playing exercises, and group dynamics techniques. These experiences contributed to each individual advance in overcoming his/her personal and professional challenges. During this period, the group formalization in an Association was another matter much worked with the collectors. The aim was to present to them the possibilities of increasing the activity from its regulation. As an association they could, as a legal person, form partnerships, make agreements, or aggregate with other entities. All this action with the collectors started in 2006, and the Municipality provided the Recycling Center space for use, on the inauguration of upgrading works, in September 2007. However, the social workers following-up with the group continued. Despite the maturity of the group already observed at the time of the Recycling Center official delivery, the formalization only took place in April 2010.
All members agreed to make an association that, because of the number of people, got the name “15 Friends Recycling Association.” They established a statute with the formal work regulations, and there was an election to choose the Entity’s president, vice president, treasurer, and directors. They have organized and have held monthly collection among the members, to pay for expenses such as water and electricity, putting aside a petty cash fund for extra expenses. According to reports from members of the group itself, the interaction among them and the other Vila Nilo residents has changed a lot with the Association organization, and the same happened to the way each of them worked. It is noteworthy that, throughout this process, the Municipality teams’ greatest challenge was to make all the discussions, lectures, and activities result in these residents’ behavior change, enabling them to have improved their life quality and interaction between their activities and with the other Vila Nilo residents. Today, the entire neighborhood has a better understanding of what working with recyclable materials is and what it means. Many residents even separate their household waste, take all possible recyclable residues to the Center, and the collectors make the correct sorting of materials. All this progress has reflected today in very different results than those found at the beginning of the upgrading works in 2006. With the creation of the Recycling Center and the Association, the collectors had an increase in profit from the sale of recyclable materials by 60%, from a correct and proper separation of paper, plastic, and cardboard. Thus, in addition to ensuring greater dignity and satisfaction to collectors, recycling has really generated higher income. Besides that, the coll ectors feel more valued as professionals and citizens, having their work recognized by family, friends, and the whole community.
Luis Henrique Tibiriçá Ramos, Engineer, Director of Technical Division of Projects (page 80) Participating in the upgrading work of the Vila Nilo favela has given me great satisfaction. The integration among the Habi teams and the pioneering of the federal, state, and municipal resource uses have undoubtedly made this work a milestone in the Favela Upgrading Program developed by SEHAB.
Laura Vitória M. de Oliveira, Sehab Architect, Technical Division of Projects
(page 80) The Vila Nilo Favela has been created over the years of occupation in part of the declared Special Social Interest Zone in the 1990s for implementation of the MultiAid Group Work Program developed by the administration at the time. There have been some challenges to overcome in the Vila Nilo favela upgrading, both for the development and execution of project, as the great density of the area. Part of this area was repossession, bordering the Fernão Dias highway, one of the main highways of the state, where the the upgrading implementation project followed the DERSA guidelines regarding non aedificandi highway area. Finally, now with implementation of the project through the execution of works, the Upgrading Plan has been drawn. This is a pilot plan as it contemplates the parceling, all new buildings, as well as the existing ones embedded in upgrading, and the Vila Nilo Housing Development. This is known as the Integrated Action Plan for Informal Settlements and it is a ZEIS (Special Social Interest Zones). The objective of this plan is land tenure and landscaping regularization, thus allowing residents to make use of the land registry tools regulated by the tenure laws, inserting this neighborhood into the formal city.
Maria Cecilia Sampaio Freire Nammur, Social Worker, Director of North Habi
(page 81) The upgrading work differential in Vila Nilo has based on dedication, intense commitment of a group of experts consisted of social workers, architects, and engineers, always involved in looking for alternative measures to improve the project and perform the best work. The creation of the 15 Friends of Recycling Association has been a new experience that makes us very proud for their innovation and courage to face such well- known problem in the favelas and so complex for the city of São Paulo. The lesson learned is that a transformation of a favela into a neighborhood requires much more than infrastructure works and housing construction. It requires providing new opportunities for the community, integration of public services, building a network of solidarity, and, especially, elimination of prejudice regarding this area,
which no longer is a favela, but it is part of the neighborhood inserted into the urban fabric of the city of São Paulo.
Marion Katscher, Sehab Architect, Technical Division of Projects (page 82)
I have worked on the Board of Projects of the Municipal Housing of São Paulo for over 20 years. From 1989 until now, I have worked at different occasions in the municipal administration, with various housing programs and policies related to Social Housing. Along the way, I could monitor and manage the urban and architectural projects together with the hired offices. I have worked with the Vila Nilo area from 2002, from project bidding to completion of the Executive Project and preparation of the bidding works in 2005. Although the Vila Nilo project is considered to be of small proportions, for its size and number of households, its scope provided for the favela upgrading with infrastructure implementation, canalization of the drainage ditch, new housing units, recreational areas, and income generation, making it a complex project, enriched by the monitoring work of the North HABI. In SEHAB, our activities require expertise from different engineering and architecture disciplines inherent to the implementation of infrastructure, urban planning, landscaping, elimination of risk areas, and building design. All of those require from the professionals, a relationship of respect and affection with people who live in the settlements, especially in light of their concerns and difficulties. Colleges do not teach this part of the profession. We acquire it day-to-day, challenge after challenge, and when exercised primarily with love, it qualifies us and transforms us into the “social-architect.” Today, seeing the results, I consider the Vila Nilo project is an example of i ntervention integration the government has made at different times, aggregating values, and adding experiences from a management to the other, allowing considerable site transformation and improvement.
Renata Gimenez Paoliello, Sehab Architect, Technical Division of Projects (page 83) Each favela upgrading work has its peculiarity and specificity. The works performed in Vila Nilo can serve as a good example of coordination of local claims and the existing
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financial and technical viability. The dedication of the teams in finding the best solutions has enhanced the development of projects and works, an important step for successful intervention. It has been very gratifying participating in the readjustment of projects during construction and witness success that has been achieved.
Mônica Oliveira Vieira Cyrillo, Social Worker of the North Habi (page 83)
I consider my work experience in Vila Nilo very enriching since I have had the opportunity to follow this upgrading from the beginning, meeting the resident representatives, and attending the first meetings to define the intervention to be held. Through participation in Project team meetings, I was able to follow and suggest important points related to the improvements that the Municipality would implement. In the works and postoccupation process, we could develop a social work that addressed not only the beginning of work fronts, but also work with citizenship, income generation, selfesteem, and environmental issues, among others. I have learned a lot, and between right and wrong, and I now understand that the physical and social transformation will only have good results through a collective effort and commitment, not only of residents, but also the interdepartmental involvement by the government. We must follow this path if we want the full development of the citizen.
VILA NILO CHRONICLES (page 87)
The history of the Vila Nilo formation is no different, in many ways, from the history of other irregular subdivisions, favelas, and precarious settlements of the city, which have emerged from the urban development, attracting thousands of migrants to the capital city, from other Brazilian states. In late 2009, a survey of residents found that 68.66% of Vila Nilo household heads came from the from Brazilian Northeastern states, as Francisco Chagas de Oliveira, who moved from Rio Grande do Norte to São Paulo “to work, dreaming high like all nordestinos (people from northeast) do.” Great expectations such as the one in Francisco’s speech has accompanied São Paulo skyline for centuries. Neide Duarte, in The Geography of the City article, said, “The myth of the founding of a city seems to accompany its history forever, as if it had
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a destiny to fulfill25. From this statement, one can go back in history and remember the challenges faced in overcoming the Serra do Mar, persisted during the pioneer expeditions in the seventeenth century, and followed all the metropolis development in the following centuries – from industrial center to technological and service center. In all this transformation, the dreams of a better life, of opening up new paths, and establishing territories have never left its inhabitants. However, having similarities does not mean being equal. If the São Paulo foundation myth is true, the Vila Nilo residents, especially those who got there when the neighborhood was just an underwood, as they say, have ratified São Paulo’s “fate”. The area and resident peculiarities can be seen when one looks closely at the relationships people have with each other, and the relationships they develop with the living space. When the families belonging to housing movements occupied Vila Nilo, the social relationship ties naturally formed. People had already known each other from housing movements, and, building their houses in mutirões , would become part of each other’s life. Some of these early residents have reported a sympathetic union among them today. Such partnership has become more difficult with the increasing density of the area. Reginaldo, the first president of the neighborhood association formed in the neighborhood – now May 13 NGO – says that when he arrived there, the housing units consisted of 30 families at the most, who lived on the side of the land with access through General Jerônimo Furtado. Shortly thereafter, the entire space was occupied. At that time, there was great uncertainty among residents about their sojourn in Vila Nilo. As they knew they had occupied a public area, they feared having to leave it at any time. As a result, most people did not feel responsible for the space, had no desire to build better-structured homes, much less to build and preserve space for children’s leisure or for the resident’s social interaction. This fear was easily transformed into a feeling of denial of the place, and many dwellers did not like being there. The denial had harmful consequences for the collective issues involving the daily routine of the place, for example, the waste. Few residents were concerned about the garbage disposal.
Most of them left the waste in the open, in inappropriate places, causing the proliferation of the rat population. Without recreational and public gathering spaces, the residents’ social life was predominantly in improvised churches and temples. Dona (informal way of saying Mrs.) Maria Aparecida, for example, had developed a work with the neighborhood kids at home. The meetings took place in a garage on the front part of the house. It was also there that she and other members of his church would gather to pray. On Flores Street, other residents had organized the construction of a chapel attached to a parish in a nearby neighborhood. In this space, they would perform parties, feijoada food selling, and other events. The presented problems were many. In addition to all the precarious wooden buildings and unsanitary conditions of the favelas, there was still the issue of drug trafficking that threatened the safety of residents. According to reports from residents, the rivalry among drug gangs has caused at least two large-scale fires, damaging hundreds of families. Other smaller fires were also common, but usually caused by short circuits in inadequate electrical installations. However, still in Reginaldo’s words, the biggest challenge for the Vila Nil o residents has been overcoming prejudice. The stigma of the favela and favela residents have become evident when residents went shopping, enrolled for classes, competitions, and schools, applied for a job, and filed-out hospital forms, simply because they had no regular address. Trying to reduce the inconvenience caused by lack of address, the Association advised families, when going shopping, to fill out the personal registry with the address of its headquarters, because, by doing that, people could have a proof of residence. This legal issue of home address got to the point of interfering in people’s own identity. Many people say that Vila Nilo had wooden shacks, dirt roads, and open-air sewers. They themselves were ashamed to live there and invite friends and relatives to visit their homes. When the Municipality begun performing the first upgrading studies of the area, all these aspects became even more relevant because, in addition to transforming the place with the infrastructural implementation, it was necessary to rescue the people’s self-esteem.
Today, nearly four years after the official handover of the works, the residents have reported that the upgrading project developed in Vila Nilo was an excellent boost to new and greater achievements in their lives. Some people, after 40 years, have gone back to school; others have engaged in volunteer work. Some residents embraced upgrading project with such an enthusiasm that they qualified themselves and now, have a new life. Even among those who were suspicious and resisted the work to be done, there is a certain satisfaction in seeing how the daily life has changed. The stories reported below help understand a little more the life in the Vila Nilo.
A balcony facing the Fernão Dias highway (page 92)
The flowers in the garden beds give the first clue that the atmosphere of Seu Aristides’ home. Living in Vila Nilo for 18 years, he had left Bananal, in the São Paulo State hinterland, to come to the capital more than 40 years ago. Married to Dona Lurdes, 2 daughters, 2 grandchildren, Seu Aristides is someone who the social worker team that worked throughout the area upgrading process called “natural leader of the neighborhood.” He was among the first to move to the area in the early 1990s. Active participant in the housing movements at that time, Seu Aristides belonged to group that had won, before the Municipality, permission to build their houses in Vila Nilo. At the time, the muritão policy was very encouraged in the city. That was how he and his neighbors built their homes, with their own hands: “We helped each other, and we built all this side here.” His brother, now deceased, was the person who helped him the most in the construction. He said that, at that time, a school was being torn down in Tremembé, and the woods from there have shaped his house. The wooden house was intended to be temporary, but became an attraction on the verge of Fernão Dias: charming and well built. Seu Aristides is proud to mention that many people, seeing from their car the very unusual house in that landscape of São Paulo, stopped, got out of their car, and asked him permission to visit the house and to take pictures. Some even make him purchase offers: “Do you to sell it?” I said – ‘No! It is not for sale. It’s for my use.’” However, even with this popularity, and unlike the desire of Dona Lourdes, who would like to renovate the wooden house,
Seu Aristides dreams to rebuild it in brick.
He dreams of a beautiful two-story house with a terrace overlooking the Fernão Dias. Soon after Seu Aristides and other residents built their homes, occupation of the area became illegal. At the time, in the neighborhood, there were no water and electricity services, the streets were not paved, public transport was poor, and there was no garbage collection. Nevertheless, with the woods cut down and land cleared, many people began to build their shacks. For Dona Lurdes, this was the worst thing that has happened, because few people actually intended to live in the area: “They‘ve just invaded to sell, only for the money, only that.” Gradually, the place became violent. With the beginning of the municipality upgrading works in 2005, the place began to change. Seu Aristides followed everything without leaving home a single day. When construction works began, many residents left their shacks, and subsidized by the Municipality, moved to rented properties, waiting until the housing units were ready. Seu Aristides did not want to leave. In fact, his house was completely different from the at-risk precarious shacks that existed there. In addition, he had built and cared for everything with such dedication that he could not see himself anywhere else: “I have fought hard for it here, from the beginning. I liked here a lot, I like here. I thought that after all I did (...) leaving was an insult. I said, I’m going to fight and I will not leave here.” It took two years of negotiation with the technical teams that coordinated urbanistic interventions in Vila Nilo, because part of his lot was located in the non-aedificandi area . During this period, the project for the area was modified, so that Seu Aristides’ house could remain where it was. “People were nice. The staff did everything they could for us here. Everybody has a problem, right? There was systematic follow up of the problems of every family here. Thanks God, they understood mine.” According to Seu Aristides, he belongs to Vila Nilo! Moreover, he is pleased for having seen the works begin and end in Vila Nilo, which he helped to build: “People who’ve seen this here before and see it now ... We’re in heaven!” Not all residents have remained to see the transformation. Not everyone has waited for the works, and today, Seu Aristides says, “Many people regretted having l eft here. They thought that this place wouldn’t
succeed, and so-and-so…they had no patience. Today, they come here, see, and ask, ‘Where did I live?’ – ‘I don’t know where you used to live any longer’. Everything’s changed here! It’s everything for the cause!” Seu Aristides is very proud for having fought for all his achievements and having helped other families to built their home! However, he has not completely fulfilled his dream yet. He wants to build his two-story house with a balcony overlooking Fernão Dias highway, where he will spend Sunday afternoons making barbecue, watching the coming and going of cars, together with his wife, his daughters, and seeing his grandchildren grow up.
Dona Regina: volunteer (page 94)
According to the Dona Regina’ memories, “it was on a Thursday, or a Friday that more than 50 people jumped over the fence and the gate of the Vila Nilo land”, where some families had built their homes through the Municipality Muritão Program. The area occupation, which until then had been organized, became uncontrollable, resulting in the favela. At the age of 69, and with a sweet and smooth voice, she says how she, herself, has built her house, to live with her daughter. She slowly says the sentences, sometimes with a certain regret tone, others with sadness. For many years, Dona Regina has worked as a housekeeper and house cleaner in many companies in São Paulo. Soon after building her house in Vila Nilo, she asked the utility companies to connect water and electricity meters, and she has regularly paid the bills. She has paid her bills on time every month, but because of the malicious meter connections other residents have made, she and her daughter spent one year and eight months without water and one year without light. The dirt roads hindered the crossing, both with rainy and sunny days: “I myself made a little wooden-board bridge. I used to put stones underneath a board, so we could cross over and get to the gate. I had to do this on a regular basis, both with rainy and sunny days, because water was constantly dripping on both sides. There was no away; there was just a narrow trail with water, on the one side, and bush on the other” Dona Regina adds that water sprung up everywhere in that ground. There was even a lake. “It was really very beautiful! In the afternoon, the geese gathered here to swim.” However, she says that, as she
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worked hard, she could not take advantage of sunny afternoons by the water. Even today, Dona Regina keeps working interruptedly. She says that engaging in volunteer works is what she likes to do the most, caring for the sick, and keeping company to people in hospitals. During the upgrading works, she also has voluntarily participated in many cases brought by social workers that accompanied the residents, working even at the Community Center. She has helped organize meetings, parties, working together with the Women Group. While some residents learned to make crafts crocheting and painting, Dona Regina organized and participated in the production exhibition and sales. “We have been in Martinelli Building, in Guarulhos, Jardim São Paulo ... I went to all of them.” Dona Regina believes this willingness to work in groups is also a feature of the oldest Vila Nilo residents, which have gathered to fight for water, light, paving of the streets: “If it was nowadays, with these young people’s mind, they wouldn’t put up too much of a fight. They prefer taking the easy way out of things.” She cites a certain degree of carelessness concerning sweeping of the sidewalks and garbage collection. Before upgrading, there was no garbage collection from door-to-door. Residents had to take the bags to the dumpsters located on the access roads to the area. With the streets opened and paved, now the truck has regularly begun to collect waste from each house. However, according to Dona Regina, not everyone is accustomed to this routine or the fact of having regular water and light services, with running costs: “They live like this, but without having anything to do with these things, without having to pay, without having to clean very much.” For Dona Regina, this concern is fundamental! It is mainly because she considers the upgrading work a major gain for all residents: “The upgrading of streets, sidewalks, and everyone having his/her own little house, out of the favela, that di rt, water inside the house, it’s been very good.” Today, there are no lakes or geese swimming, as they liked to watch on Saturday afternoons, but seeing all the transformations of place, Dona Regina says she fells happy!
A colorful house (page 96)
Luzinete’s house at the end of the 10 Street calls attention for its appearance. She 114
herself says her house is a rainbow. Living room, kitchen, bedrooms: all rooms are brightly colored. What draws even more attention is to hear her tell how she herself applied this texture and paint to the walls, and tiles to floors, kitchen, and bathroom. She took care of every finish and decoration details: “I did everything by myself. I haven’t attended any course, or the like. I saw people working and because I like to observe... Observing how to things, one ought to get them right!” Luzinete is 32 years old and she had lived in Vila Nilo since 1998. When she came to the area, she bought a wooden shack. Sometime later, she tore it down and built a two-story house. The house had large rooms, but because it was in a located in a non-aedificandi area , during upgrading works, it was removed. Luzinete lived several months in a rented property nearby and returned definitely to a new housing unit built by the Municipality. Despite having to move to a smaller house, Luzinete looked forward to the upgrading and all the changes it would bring to the place. She knew that now the “life would come out from underground.” Water and electricity services would be regulated, garbage collection organized, and the streets finally paved, “From the beginning, I liked the upgrading. We faced illegal-energy shortage, as well as water shortage and dirt streets. That bothered me a lot, especially the dirt road because you cleaned the house and it seemed as if you hadn’t cleaned it. “ Now Luzinete likes cleaning her house and seeing that it remains clean, even with two energetic kids and a dog. She even says she has noticed a significant change in other neighborhood residents, regarding the cleaning and maintenance of streets and their homes since the upgrading. “My colleague didn’t even wash her clothes; now, one feels good inside her house. Now she takes care of her home, which now is clean and tidy. She takes pleasure in buying things and she finds it worth cleaning the house.” When she came to São Paulo, at the age of 14, to work as a house cleaner at a family’s house, Luzinete had only completed elementary school. At the age of 25, she went back to school and she is finishing high school. She brags about this achievement with a wide smile and a looks of a person who values her education. Thi s appreciation is reflected in the admired looks of her two sons, Luke, 11, and Luan, 6. Observers, they betray in the bright and
curious eyes, a loving care for their mother. They want to see her always beautiful and happy. Suddenly, we heard a scream, “Mom, smile! I’ve already told you to smile.”
New Life (page 98)
“Today, I’m almost happy,” says Seu Demerval about himself. This statement triggers sincere curiosity of whoever is listening to him, but soon he explains himself, leaving no doubt in the air: “Now, at this age, I have had a broken heart. I ended up never being happy again. And ... I am almost happy.” Seu Demerval is 66 years old and a widower. He has two daughters, and after this heartbreak does not any desire to refurbish his house anymore. “I have left the house in such a condition for not receiving visits, not to please, because I don’t want to suffer another disappointment.” Therefore, he has dedicated himself to preside over the Vila Nilo Recycling Center called “15 Friends.” When he came to São Paulo in 1982, Seu Demerval was nearly 40 years old. In Pernambuco, he was an electrician, and he arrived here with the promise of a j ob, with a formal contract and salary. As people had not informed him about the labor charges, which decreased his salary’s net value, Seu Demerval ended up not taking the job and began working on his own as an electrician, bricklayer, until he started collecting recyclable materials. He came to Vila Nilo in 1999. At the time, he bought his three-room house for 5,000 reais . With the upgrading works, the whole neighborhood was worth much more and he had an offer for the house for a much higher value, BRL$ 30, 000. “The guy offered me thirty thousand. I said, – ‘It isn’t for sale now.’’’ After all, as Seu Demerval says, now Vila Nilo is “a beauty!” During the upgrading works, he and m any other residents who did not have to leave their homes accompanied the process of opening and paving of new streets, the canalization of the drainage ditch, the implementation of water and sewage networks, and construction of new housing units. He says he would not believe his eyes: “Almost no one believed in the works here! When we saw the machines arriving, we said, – ‘It’ll end up in same thing; we’ll be left with pile of earth and rocks and it’ll be good place for sheltering rats.’ But do you know what? It took them a very short time! Soon, the work got ready!” The Municipality built the Recycling Center, which he has presided during this
process. At the time, the social workers identified that many families’ main source of income is the recyclable material sale. However, without an appropriate location, residents made the selection of materials on the streets or in vacant lots, which resulted in more pollution. Seu Demerval Demerval says that today, with the Center, they can separate the material more adequately: paper, cardboard, and plastic. In addition to that, the profit margin on the sale of the material increased by 60%. Now, he says he wants to apply for retirement benefits. He does not want to find another love, and he is seeking happiness in other activities: “When I retire, I’ll try to be happy! I’ll spend a weekend fishing, hunting; then, happiness will be already more complete!”
NOTES 1. SOUSA, MTR. O efeito barreira e os problemas de acessibilidade: a Marginal Tietê Como obstáculo à área central da cidade de São Paulo .
In: Estudos Geográficos, Rio Claro, 6(2): 93-103, 2008 (ISSN 1678-698X). http://rc.unesp.br/ojs/ index. php/estgeo. 2. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. In: www.censo2010. ibge.gov.br/sinopseposetores br/sinopseposetores > São Paulo – Tremembé > Dados Adicionais > Densidade Demográfica (inhabitants/sq km). 3. Cantareira Forest consists of tropical moist broadleaf forest and subtropical forest in altitude, both typical of the Atlantic. 4. The main rivers that run inside the APA are Cabuçu, Itaguaçu, and Engordador. 5. “New factories that were set up in São Paulo from the new wave of industrialization, led by the industry of durable consumers in the 1950s, attract large numbers of migrants from other regions of the country. The main alternative for this population would be buying a lot in irregular settlements on the fringes of the consolidated urban areas, leading to the conurbation with neighboring municipalities.” In: Superintendência de Habitação Popular and Cities Alliance. Social Housing in São Paulo: Challenges and New Management Tools , organized by França E. and Herling, T. New York: 2008, 18.
6. In the early 1990s, there was a proposal to build 722 housing units on the Vila Nilo tract, with municipal and state resources. According to the proceedings number 05012523-91 * 10, the housing units would be distributed as follows: “Municipal Resources: 82 embryos/contractor – assistance to the group named Jardim União
residing in temporary shelters in the municipal area; 80 apartments/contractor – assistance to the Jardim União not residing in temporary shelters; 200 apartments /multi-aid group work – Santo Dias association – Community – FUNAPS agreement already signed. State Resources: 200 apartments/multi-aid group work – Vila Albertina/Vila Rosa social housing association; technical assistance (Usina) project had already developed 160 apartments/multi-aid group work – Força da Luta Popular multi-aid group work association, already developed by the project technical advisory (Norte Assessoria). “However, a technical dispatch from SEHAB technicians, dated /12/14/1994, says, “Process opened, but no resource reservation was made or referred to the Funaps Advisory Board, concerning requested quota. Thus, the bidding for infrastructure projects of the Vila Nilo tract has not been completed through this expedient.” In: Vila Nilo . Provisão Habitacional. FUNAPS, box 85/86. Habi Library. 7. The Cingapura Project began in 1994, the year of project design and bidding for the first vertical-favela units in São Paulo (Phase 1). In 1996, the City of São Paulo signed a contract to transfer funds to the Inter-American Development Bank (IDB), when it received its official name: Slum Verticalization Program (PROVER). 8. São Paulo Município and Diagonal Urbana. Vila Nilo. Plano de Acompanhamento Social – Bairro Legal – Urbanização de Favela. In:
Relatório de Acompanhamento Social, Vila Nilo, Caixa 01/02. Habi library. Submunicipality/Tremembé and the 9. Jacanã Submunicipality/Tremembé SEHAB Technical Division of the Northern Region monitored households located in at-risk areas. 10. The Bairro Legal Program added the experiences of the PROVER previous programs, Lote Legal Program Program (Legal Plot), and Guarapiranga Guarapira nga Program, completing them with the land-tenure regularization component, which the enactment of the City Statute enabled from 2001. 11. Of the 546 households, 219 were of wood and, 327 masonry. São Paulo Municipality and Diagonal Urbana. Vila Nilo. Plano de Acompanhamento Social – Bairro Legal Acompanhamento – Urbanização de Favela . In: Relatório de
Acompanhamento Social, Vila Nilo, Vila Nilo, Acompanhamento Boxes 2.1. (Habi Library). 12. The concepts, guidelines, and steps of the SEHAB Slum Upgrading Program are summarized in the book Urbanização de Favelas – A Experiência de São Paulo,
(bilingual edition) 2008. 13. “The social work in the Slum Upgrading Program, since 2005, has adopted directives made in workshops involving experts from Sehab’s
Superintendence of Social Housing, with the aim of standardizing and regulating the procedures and social actions developed in the program, during the elaboration phases of the social diagnosis, design approval, execution and finally,, the post-urbanization stage.” finally In Prefeitura de São Paulo. Secretaria Municipal de Habitação, Urbanizaç ão ão de Favelas – A Experiência de São Paulo , organized by França, E. and Diniz, MT. (bilingual edition) 2008. p. 113 14. According to the Strategic Plan of the Municipality of São Paulo (Bylaw N o. 13.430/2002),), all upgrading plans of the Special 13.430/2002 Social Interest Zones (ZEIS), must be endorsed by the respective ZEIS Management Council and approved by the SEHAB’s Committee for the Evaluation of Housing Developments and Social Interest Housing (CAEHIS). The Management Council is a deliberative group composed of members of government, utility companies, the ZEIS resident population (or, when appropriate, representatives representatives of their associations), representatives representatives of the owners of property located in ZEIS. 15. The LOGA (The Logistics of São Paulo Environmental Environmen tal S. A.) is one of the utilities responsible for collecting household waste, selective and hospital in São Paulo. Municipal Services has coordinated their work. Currently Currently,, LOGA has assisted Butantã, Casa Verde, Freguesia do Ó, Jaçanã/Tremembé, Lapa, Mooca, Penha, Perus, Pinheiros, Pirituba/Jaraguá, Santana/ Tucuruvi, Vila Maria/Vila Guilherme, and Sé Municipalities. In addition, it has also managed the Bandeirantes landfill (Perus), and the Ponte Pequena transshipments (www.prefeitura.sp.gov. br> Secretarias > Serviços > Coleta de Lixo ). 16. This MoU, signed on 06/26/2006, provides for the transfer of BRL$ 400 million for upgrading works in Jardim Olinda; Heliópolis favelas – Glebe A and N; Nossa Senhora Aparecida; Monte Tao/ Vergueirinho/São Vergueirin ho/São Francisco Francisco – Area A; Dois de Maio; Nova Jaguaré; and Vila Nilo (Grant 0544/06). 17. The Municipal Housing Plan of the City of São Paulo (PMH) proposes actions that aim to balance the housing issues in the city between 2009 and 2024. 18. To ensure that the integration of studies and have positive effects on improving the quality of urban and environmental city, the PMH adopted the sub-basin as a management unit of the urban-and-environmental-deve urban-and-env ironmental-development lopment territory. Within each of the 99 sub-basins of São Paulo, the PMH has established the Integrated Action Plan (IAP). 19. Vila Nilo upgrading upgrading Project is part of the Cabuçu de Cima stream sub-basin. 20. SEHAB gives rental assistance to families who
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leave their homes during the works for being in at-risk or intervention areas. The family receives the benefit while waits to move back to new housing unit. 21. The Municipality purchased new houses for them after the inspection the Vila Nilo project team of architects, considering the conditions of housing and land situation within the Municipality of São Paulo. 22. The expandable core houses are housing units consisting of three rooms (living room, kitchen, and bathroom) that residents can expand, according to their abilities and desires. 23. The implementation work of the upgraded area and the Cingapura Chromatic Study was planned and executed by the team of architects that accompanied the work, with intense participation of the local community, especially when the definition of colors to be used, creating a panel. 24. Department of Land Parceling Regularization (RESOLO) is responsible for the regularization of urban and land irregular or clandestinely deployed settlements. It also serves on the containment of new illegal settlements in conjunction with the municipalities. The Department of Approvals of Constructions (Aprov) is responsible for instructions, analysis, and decisions on license applications for construction, renovation, and reconstruction of medium and large buildings in São Paulo. Both are subordinate to the Municipal Housing. . (www.prefeitura.sp.gov.br > Secretarias > Habitação> Departmentos). 25. Duarte, Neide, The Geography of the City , In: Revista SP, organized by Costa, KP and others. Prefeitura de São Paulo. Secretaria Executiva de Comunicação: São Paulo, 2008. pp. 14-15.
DWELLERS QUOTES Page 21: The person who brought me here said the following: “Valdeci, this is neither mine nor yours. This belongs to the Municipality. You may live 20 years, but may live 20 days as well. (Valdeci Antônio Gomes) Page 23: We came here at the time of the mutirão to live and help taking care of the area, not to let anyone invade it. (José Aristides Conceição) Page 27: At that time, there were many assemblies and group meetings. People were afraid of losing their homes, so the mobilization was great and we advised people not to build in very densely populated areas. (Reginaldo Evangelista da Silva) Page 30: There were three proposals. There were buildings and overlapping houses and this proposal was the one we considered the best. 116
We knew it would meet demands of more people. (Patrícia Aparecida Soares) Page 41: “The major upgrading change was the easy pedestrian flow, because before that, people struggled to move around.” (Maria Aparecida da Rosa) Page 43: Before, from my window, I overviewed a metal scrap heap, many shacks, and people in the sewer. Many people were ashamed to bring their folks, friends, and relatives here... (Edijane Bezerra da Silva) Page 50: “Many people refurbished their homes. They thought, “Our streets are beautiful, so, let’s value our houses!” “People have learned from the project.” (Edijane Bezerra dos Santos) Page 73: “We had the opportunity to build it here, but that it remained the doubt, “‘Will they let us stay? Will they kick us out?” (Patrícia Aparecida Soares) Page 85: “Some say it is still a favela, but it’s a neighborhood. Today, Today, in my opinion, it’s a neighborhood! And I feel like a queen!” (Luiza Pereira Cassiano) Page 87: “That was an experience that the country should implement and should multiply in large urban centers.” (Reginaldo da Silva Evangelista) Page 88: “I know what’s good for me. I don’t know what’s good for my neighbor, but I’ll do what’s best for us.” (Maria Santos de Santana) Page 89: “I arrived in the f avelas and I didn’t pay for water, light and rent. Then I stopped working. When I made up my mind to going back to work (...) I had no address. If you don’t have any address, no one wants you to work for him or her. There is no such thing that there is no prejudice. (Demerval Ferreira da Silva) Page 90: “People had to go to the doctor and had no way to prove their address. In many cases, they couldn’t make any doctor’s appointment. The person wanted to work and had no address. The process was very difficult! Things were so complicated that, at any given time, we set up a kind of large mailbox in the Association. Then, we oriented people: ‘Whenever you go to the store and buy something, give this address’”. (Reginaldo Evangelista da Silva) Page 91: I went back to school. I couldn’t work with numbers, do math, and stuff like ... or couldn’t write my name right. I could write, but ... Thanks to God, now I’m learning. Things are wonderful now! (Luiza Pereira Cassiano) Page 93: What I look forward to having here is a beautiful two-story house with the balcony, so that we can see Fernão Dias and barbecue on the top floor. (José Aristides Conceição) Page 95: “I prefer to work voluntarily. When one is a volunteer, one gets more because the other is most pleased”. (Maria Regina Cipriciano)
Page 96: “Today, I think people have learned to stay home and care for their homes. I made a rainbow from my house” (Luzinete Souza Santos) Page 98: “The changes here were like turning water into wine, that is, things have radically changed.” (Demerval Ferreira da Silva)
CAPTIONS Page 17: Dom Pedro II Geriatric and Convalescent Hospital (right and below), located at Guapira Avenue. Page 18: 1. Map of the Cabuçu de Cima River Sub-basin Geology; 2. Map of the Cabuçú de Cima River Sub-basin and the Vila Nilo Glebe located in Alto Tietê; 3. Vila Nilo is located in Alto Tietê Basin, Penha-Pinheiros hydrographic hydrographic sub-region and Rio de Cima Cabuçu sub-basin, occupying an area of 127 square kilometers divided between the municipalities of São Paulo and Guarulhos. Page 19: 1958 aerial photo. Page 23: The Vila Nilo area is officially located in Vila Laura neighborhood. From the city center, its main access routes are the Fernão Dias highway and the corridor formed by the General Leonel and Ataliba Guapira Avenues. Habisp Map: 2011 (above). On the left, 2003 aerial photo. Page 25: On this page, the Vila Nilo Housing Development before revitalization (2006). On page 24, images of the beginning of Vila Nilo upgrading works (2006): Fernão Dias highway section and inside the favela. Page 26: Vila Nilo, 2002-2006. The precarious dwellings located on the banks of drainage ditch posed risks to families. Page 30: On page 31, images of the assembly and voting process held with residents of Vila Nilo to choose upgrading project for the area. Page 36: Vila Nilo Management Council Meeting Page 37: 1. Recycling Center; 2. Community Center. Page 39: The Vila Nilo upgrading works performed between 2006 and 2007. Page 44: Executive Project of Removal Plant (2004) Page 45: Final Landscaping (2007). On the right hand corner, aerial view of the upgraded neighborhood. Page 46: A deceleration lane built next to the Fernão Dias highway local lane, allowing adequate-speed vehicle access to the neighborhood. Page 49: On page 48, images of houses before the façade renovation. On the right, the Vila Nilo streets after having the facades painted from the Chromatic Study.
Page 51: On the left, images of Paz Square; on the right, images of Flores Square. Page 52: Flores Square: the installation of toys and implemented landscaping changed the main access to the new neighborhood. Page 53: The wall built on the multi-sports court of Sports Square with bas-relief playful designs applied in the plaster finishing. Page 55: Vila Nilo Housing Development Revitalization: landscaping, renovation, and painting of buildings. Page 56: A1 – plan and elevation Page 57: A2 – plan and elevation; B: plan, elevation, and section Page 59: The overlapping-built houses maintained the neighborhood characteristics. Studies to paint their facades, as well as the facades of the remaining houses and Cingapura Housing Development, provided a chromatic harmony in Vila Nilo. Page 62: Throughout the upgrading process, the Vila Nilo inhabitants participated in training courses and activities that contributed to the formation of new neighborhood. Page 64: Hydrographic sub-basin of the Cabuçu de Cima stream. Page 65: Map – Perimeters of Integrated Action of the sub-basin of the Cabuçu de Cima stream. Page 74: Overlapping houses, Street 10, Vila Nilo Page 89: Multi-sports court, Sports Square, Page 90: Paz Square Page 91: Flores Square
Referências Bibliográficas CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Relatório da Comissão de Exame e Inspeção das Habitações Operárias e Cortiços no Distrito de Santa Ephygênia. Apresentação pelo intendente municipal Cezário Ramalho da Silva. São Paulo, 1893. CONSÓRCIO AMBIENTE URBANO/LENC. Vila Nilo – Projeto Executivo. Programa Programa Bairro Legal. Dezembro, 2004. COSTA, K.P., et alli (org.). Revista SP . Prefeitura de São Paulo, Secretaria Executiva de Comunicação: São Paulo, 2008. FRANÇA, E. (org.), DINIZ, M.T. (org.). Urbanização de Favelas – A Experiência de São Paulo . São Paulo: Superintendência de Habitação Popular, 2008. FRANÇA, E. (org.), HERLING, T. (org.). Habitação de Interesse Social em São Paulo: desafios e novos instrumentos de gestão . Superintendência de Habitação Popular, Cities Alliance: São Paulo, 2008. FRANÇA, E. (org.), HERLING, T. (org.). Plano Municipal de Habitação da Cidade de São Paulo – 2009-2024 (versão (versão para debate público). Superintendência de Habitação Popular: São Paulo, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. In: São Paulo – Tremembé > Dados Adicionais > Densidade Demográfica (habitante/km2)>. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Habitação. Habisp. In: . PREFEITURA DE SÃO PAULO. Subprefeitura Jaçanã/Tremembé. In: . SÃO PAULO (MUNICÍPIO), DIAGONAL URBANA. Vila Nilo. Plano de Acompanhamento Social – Bairro Legal – Urbanização de Favela. In: Relatório de Acompanhamento Social , Vila Nilo, Caixa 01/02. (Biblioteca Habi). SÃO PAULO (MUNICÍPIO), DUCTOR. Projeto Cingapura – Urbanização de Favelas com Verticalização.. Relatório fotográfico de obras – 1a , 2 a e 3 a fases . Outubro Verticalização de 1996. In: Cingapura, Relatório Fotográfico, Caixa 16. (Biblioteca Habi). SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Vila Nilo. Provisão Habitacional. FUNAPS, caixa 85/86. Bi blioteca Habi. SOUSA, M.T.R. O efeito barreira e os problemas de acessibilidade: A Marginal Tietê como obstáculo à área central da cidade de São Paulo. In: Estudos Geográficos , Rio Claro, 6(2): 93-103, 2008 (ISSN 1678-698X). .
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DIRETORIA
Alonso López
DIVISÃO TÉCNICA REGIONAL CENTRO HABITAÇÃO
Carlos Alberto Pellarim
DIVISÃO TÉCNICA REGIONAL SUL
Felinto Carlos Fonseca da Cunha DIVISÃO TÉCNICA REGIONAL LESTE
GILBERTO KASSAB PREFEITO
Helen Mara Monpean
DIVISÃO TÉCNICA FINANCEIRA
Luiz Henrique Girardi
DIVISÃO TÉCNICA REGIONAL SUDESTE
SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO
Luis Henrique Tibiriçá Ramos
Ricardo Pereira Leite
Maria Cecília Sampaio Freire Nammur
SECRETÁRIO
Elton Santa Fé Zacarias SECRETÁRIO MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA URBANA
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO (2009-2010)
DIVISÃO TÉCNICA DE OBRAS E PROJETOS
PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA 3R
Maria Teresa Diniz
PROJETO DE URBANIZAÇÃO DE PARAISÓPOLIS
Rita de Cássia Corrêa Madureira
COORDENAÇÃO SOCIAL DO PROGRAMA MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
Ricardo Corrêa Sampaio
PROGRAMA MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
Tereza Beatriz Herling
PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO
Vanessa Padiá de Souza
PROJETO DE URBANIZAÇÃO DE HELIÓPOLIS
Violêta Saldanha Kubrusly
SECRETARIA EXECUTIVA DO CMH
DIVISÃO TÉCNICA REGIONAL NORTE
Nancy Cavallete da Silva
DIVISÃO TÉCNICA DE TRABALHO SOCIAL
Nelci Alves da Silva Valério
DIVISÃO TÉCNICA DE CONTRATOS
DEPARTAMENTO DE REGULARIZAÇÃO DO PARCELAMENTO DO SOLO (RESOLO)
Orlando de Almeida Filho
Ana Lucia Callari Sartoretto
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE CONTROLE URBANO
DIRETORIA DE DEPARTAMENTO TÉCNICO
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO (2005-2008)
Luiza Harumi A. Martins ASSESSORIA TÉCNICA
Elisabete França
COORDENADORES DE PROGRAMAS E PROJETOS
ASSESSORIA TÉCNICA
José Frederico Meier Neto
Ademir Moreno Escribano Eliene Corrêa Rodrigues Coelho
SECRETÁRIA ADJUNTA CHEFE DE GABINETE
HABISP – SISTEMA DE INF. PARA HABITAÇÃO
Darcy Gebara Ramos Francisco Silvia de Mesquita Rodrigues de Freitas SUPERINTENDÊNCIA DE HABITAÇÃO POPULAR
Elisabete França SUPERINTENDENTE
PROGRAMA DE REGUL. FUNDIÁRIA DE FAVELAS
Maria Helena M. H. Cintra Hatsumi Miura
DIVISÃO ADMINISTRATIVA, RECURSOS HUMANOS E FINANCEIRA
Claudia Emilia David Hernandes DIVISÃO TÉCNICA URBANÍSTICA
Fabienne Hoelzel
George Artur Falsetti
Keila Prado Costa
João Justiniano dos Santos
Luiz Fernando Arias Fachini
Rute Alves de Andrade e Clemente
Marcel Costa Sanches
Maria Eulina Martins Ulhôa Cintra
PROJETOS URBANÍSTICOS COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL (PUBLICAÇÕES) PROJETO DE URBANIZAÇÃO DE NOVA JAGUARÉ PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO
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Márcia Maria Fartos Terlizzi
DIVISÃO TÉCNICA DE PROJETOS E OBRAS DIVISÃO TÉCNICA DE INFORMAÇÕES DIVISÃO TÉCNICA SOCIAL ASSESSORIA TÉCNICA
COMPANHIA DE HABITAÇÃO DE SÃO PAULO (COHAB)
PROJETO DE URBANIZAÇÃO VILA NILO
FONTE DE RECURSOS
DIRETOR PRESIDENTE
DIVISÃO TÉCNICA DE ATENDIMENTO HABITACIONAL NORTE
Prefeitura do Município de São Paulo
Ricardo Pereira Leite
Jose Ricardo Franco Montoro
Maria Cecília Sampaio Freire Nammur
VICE PRESIDENTE
DIRETORIA
Dinorah Vicentini
EQUIPE – VILA NILO
CHEFE DE GABINETE
Élcita Ravelli
DIRETORIA ADMINISTRATIVA
Angela Luppi Barbon
DIRETORIA COMERCIAL E SOCIAL
Eduardo Meda Solai
Elaine Cristina da Costa Emília Mieko Onohara Maria das Graças Alves Cândido Maria Teresa Cardoso Fedeli Mônica Oliveira Vieira Cyrillo
DIRETORIA FINANCEIRA
DIVISÃO TÉCNICA DE OBRAS E PROJETOS
Hisae Gunji
Luis Henrique Tibiriçá Ramos
DIRETORIA TÉCNICA
DIRETORIA
Marcelo Rodrigues da Silva
EQUIPE – VILA NILO
DIRETORIA DE PATRIMÔNIO
Aloisio Cesar de Resende DIRETORIA DE PARTICIPAÇÃO
José Nilton Chiesa Laura Vitória M. de Oliveira Marion Katscher Renata Gimenez Paoliello
ASSESSORIAS
Sérgio Duran
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Vera Lúcia Silveira Rosa de Barros ASSESSORIA JURÍDICA – GAT/SE/CMH
EXECUÇÃO DAS OBRAS
Schahin Engenharia S/A PROJETO EXECUTIVO
Consórcio Ambiente Urbano Planejamento e Projetos Ltda. e LENC – Laboratório de Engenharia e Consultoria S/C Ltda. PROJETO EXECUTIVO (ADEQUAÇÕES)
Schahin Engenharia S/A GERENCIAMENTO DO PROGRAMA – PROJETOS E OBRAS
Consórcio Bureau de Projetos e Consultoria Ltda. e Sistema Pri Engenharia de Planejamento S/C Ltda. GERENCIAMENTO SOCIAL
Diagonal Urbana Consultoria Ltda.
Governo do Estado de São Paulo Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) Governo Federal Caixa Econômica Federal
Vila Nilo E I
R
É
S
NOVOS BAIRROS DE SÃO PAULO
COORDENAÇÃO EDITORIAL
AGRADECIMENTOS
A todos os moradores da Vila Nilo
Caixa Econômica Federal Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU)
Elisabete França
DIREÇÃO DE ARTE PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA
2011 Marcello de Oliveira ASSISTENTE DE ARTE
Bruno Attili FOTOGRAFIAS
Acervo PMSP/Sehab Fabio Knoll VERSÃO EM INGLÊS
Maria Cristina N. V. Vasconcelos REVISÃO DE TEXTOS
Maria Luiza Xavier Souto MAPAS E ILUSTRAÇÕES
Sistema Habisp Eliene Corrêa Rodrigues Coelho Marcos Aurélio da Silva Paula Walter Peres Coelho Jr. William Petry Barros Martinha Ulisses Dias Cambraia Sardão Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBHAT) CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Foram impressos 2 mil exemplares em outubro de 2011, no formato fechado de 24,0x26,0 cm. No miolo foi utilizado o papel off-set 150 gramas, e na capa, papel cartão 300 gramas. A arte foi desenhada com a tipologia Rotis Semi Sans, em mancha de 18,5x20,5 cm. 120
Associação dos Moradores do Jardim Cabuçu Clube Escola Cabuçu Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBHAT) Companhia de Habitação de São Paulo (Cohab) Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) EMEF Frei Antonio de Sant’Anna Galvão Grupo Musical Acordeões em Sintonia Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Polícia Militar do Estado de São Paulo Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Docial Subprefeitura Jaçanã/Tremembé Supervisão de Vigilância em Saúde (SUVIS – Jaçanã/Tremembé) Alberto Mussalem Alessandra Bulgarelli Ancesqui Ana Lucia Callari Sartoretto Ana Maria Artigas Roca Ana Maria Gomes de Lacerda Fuzioka Antonio Carlos Arruda da Silva Antonio Carlos Forte Camila Teixeira Carlos Eduardo Lopes de Carvalho Claudia Emilia David Hernandes Eliana Ovídeo Eliene Corrêa Rodrigues Coelho Elisabeth de Lima Licastro Eliseu Aparecido Neto Elza Aparecida Calleja Everton Horácio Campos
Fanny Sasae Noba Flavio Augusto de Souza Geraldo Gondolo Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua Hélio Aparecido da Silva Henrique de Toledo Groke Humberto Pelliciari Neto Hussain Aref Saab João Luiz Santos José Aécio Oliveira de Almeida José Alexandre Rodrigues Carvalho Melrinho José Antonio Guerra Filho José Celestino da Mata Joselito de Souza Kalil Rocha Abdalla Kátia Faraco Aveline Katia Verônica Costa Ribeiro Lúcia Agata Lucy Cunha Santana Luis Henrique Tibiriçá Ramos Marcelo Cardinale Branco Marcos Penido Maria Aparecida Russo Spinola Calhado Maria Helena M. H. Cintra Maria Inês Dalessio Reis Marta Musbacher Nancy Cavallete da Silva Natália Aparecida da Silva Natasha Maria Bautto Neusa Maria Ferreira Barrancos Nivaldo Bernardo Máximo Norma Bráulio Franzosi Orlando de Almeida Filho Padre Juarez Murialdo Darlan Paulo Leite Jr. Rita de Cássia Molon Rogério Henriques Gagliardi Rosane Cristina Gomes Sandra Maria da Penha Alves da Silva Silvia de Mesquita Rodrigues de Freitas Soraia Machado de Souza Sueli Luciano Pires Tânia Rodrigues Monteiro Mendes Tereza Beatriz Herling Valdir Rabazallo Vanilza dos Santos Violêta Saldanha Kubrusly