Dasar Teori Hemostasis adalah kemampuan alami untuk menghentikan perdarahan pada lokasi luka oleh spasme pembuluh darah, adhesi trombosit dan keterlibatan aktif faktor koagulasi, adanya koordi...
sociologia geral do direitoDescrição completa
Descrição completa
A obra “Sociologia e Antropologia do Direito” tem como diferencial a preocupação de entender o Direito sob uma perspectiva multidisciplinar, abrangendo a Antropologia e a Sociologia jurídicas em ap...Full description
Descrição completa
Descrição completa
A obra “Sociologia e Antropologia do Direito” tem como diferencial a preocupação de entender o Direito sob uma perspectiva multidisciplinar, abrangendo a Antropologia e a Sociologia jurídica…Descrição completa
A obra “Sociologia e Antropologia do Direito” tem como diferencial a preocupação de entender o Direito sob uma perspectiva multidisciplinar, abrangendo a Antropologia e a Sociologia jurídicas em ap...
Descrição completa
Descrição completa
Sociologia Do Lazer
Para o concurso de AFTFull description
Brass quintet
Full description
Latin Music
nSodotoda do Brasil Urbano
Rnthony Leeds e Elizabeth Leeds /iflTROPOLOGifc S O C IA L
Hnthony Leeds e Elizabeth Leeds
ogia
Tradução de M a r ia L a u r a V iv e iro s de C a s tr o
Revisão Técnica de M á rc ia B a n d e ira de M e llo L e ite N u n es
N enhum a parte deste livro poderá ser reproduzida sejam quais fo rem os m eios em pregados {mirneografi&, x erox » datilografia, gravação, reprodu ção em disco ou em fita ), sem a perm issão por escrito da editora. A os infratores se aplicam as sanções previstas nos artigos 122 e 130 da L ei 5.938 de 14 de dezem bro de 1973
1978
Direitos para esta edição contratados com ZAH AR ED ITO R ES Caixa Postal 207, ZOOO, Rio Im presso n o Brasil
índice Apresentação I. II. r'v ú
—
T h a les de A zevedo
Introdução
—
A n t h o .n y L e e d s
7
11
Poder Local em Relação com Instituições de Poder Supralocal —
A n th o n y L eeds
26
Introdução, 26; A Comunidade, 29; A Localidade, 31; Caracte rísticas da Localidade, 33; As Estruturas e os Recursos de Po der, 36; Localidade e Fontes de Poder, 38; Instituições e Estru turas Supralocais, 38; O Estada e as Localidades, 39; Estado e Localidade — O Caso da Favela, 42; Favelas como Localidades “versus” Instituições e Estruturas Supralocais, 45; Generali zações e Conclusões1 47; Bibliografia, 49. II I,
IV .
Carreiras Brasileiras e Estrutura Social: Uma História de Caso e um Modelo — A n t h o n y L e e d s ...........................................
O Brasil e o Mito da Ruralidade Urbana: Experiência Urba na, Trabalho e Valores nas “Áreas Invadidas” do Rio de Janeiro e de Lima — A n t h o n y e E l iz a b e t h L e e d s ...................
86
Introdução, 86; A Experiência Urbana dos Moradores das Áreas Invadidas, 92; O Nascido na Cidade, 95; Caminhos de Entrada na Cidade, 98; Experiência Ocupacional Anterior, 102; Fatores Que Operam na Seleção para a Vida na Favela, 105; Experiência Urbana no Interior da Área Invadida, 113; Valores Urbanos, 119; Comentários Informais do Autor, 130; Bibliografia, 136. V.
Tipos de Moradia, Arranjos de Vida. Proletarização e a Estru tura Social da Cidade — A n t h o n y L e e d s .................................... A Especialização da Moradia no Rio, 145; Arranjos de Vida Alternativos, 156; Conseqüências das Escolhas entre Arran jos de Vida, 162; Restrições sobre a Escolha, 168; Clivagem de Elite e Coalisões com Grupos Proletários, 172; Implica ções para o Planejamento, 180; Bibliografia, 182.
144
A SocroLOGiA do B r a sil U rbano
6
V I.
Favelas e Comunidade Política: A Continuidade da Estrutu ra de Conirole Social — A n t h o n y L e e d s e E l iz a b e t h L e e d s
186
Introdução, 186; Comunidade Histórica na Estrutura do Pro blema Habitacional, 189; O “Problema da Favela” Vira Moda, 191; A "Democracia” Pós-Vargas, 198; O Segundo Período de Vargas e os Anos 50, 204; O Papel do Administrador Polí tico, 206; A Era do Controle Renovado, Erradicação e Repres são, 214; Conclusões, 245; Apêndice I, 248; Apêndice II, 251; Apêndice III, 254; Bibliografia, 257. V II.
Considerações sobre Diferenças Comportamentais: Três Siste mas Políticos e as Respostas das Áreas Invadidas por Possei ros no Brasil, Peru e Chile — A n t h o n y L e e d s e E l i z a b e t h L e ed s
Uma Metodologia e um Modelo Holísticos, 266; A Literatura sobre a Politização, 272; As Três Comunidades Políticas, 276; Brasil, 278; Peru, 288; As Respostas Políticas dos Moradores das Áreas Invadidas no Peru, 298; Chile, 301; Á Resposta de Moradores das Áreas Invadidas e “Pobladores”, 312; Conclu sões, 319; Bibliografia, 320.
264
Apresentação A difícil tarefa de prefaciar um livro torna-se um desafio em casos como o deste conjunto de estudos de Anthony e Liz Leeds. Um desses desafios está em que os braziliamsts — assim denominados principalmente os norte-americanos e ingleses que es crevem sobre o Brasil — quase sempre se nos apresentam com monografias no estrito sentido, analisando determinado e bem de finido objeto. Aprofundam e esmiuçam, isto é, detalham e decom põem em mil elementos para, depois e mediante tal tipo de exame, concluírem — a estrutura, o dinamismo, as funções, os efeitos e as causas de tais ou quais instituições ou fenômenos sociais, políti cos ou históricos. Delimitam nitidamente suas temáticas e seus ângulos de visão ainda quando, por tal método — e não isto que estamos discutindo — lançam luz sobre a totalidade da cultura e da, sociedade. Recusam-se, por bem dizer, às análises globais, aos apanhados compreensivos, as generalizações que possam parecer subjetivas, e impressionistas^ em _virtude, as mais das vezes, do rigor empmcista _ do seu indutivismq. Outros especialistas em Brasil — predominantemente europeus e raros norte-americanos — buscam apreender glehalmeii£e a realidade ou totalizar com outros elementos dados relativos a específicos fenômenos ou conjunturas: estes são autores mais intuitivos e inclinados à empatia e à inte gração com o país e a sua gente, por uma longa vivência ou por outros compromissos pessoais. Os primeiros^ ajuntam parcelas, não raro preciosas, às sínteses que são as metas finais jjas ciências do homem e da sociedade. Mas podem valer mais pela massa de dados que colhem, pela sistematização de componentes, pela ordenação do conhecimento de particularidades do que como respostas_aos. problemas focalizados. São, as duas, vocações intelectuais e epistemológicas — racionais, científicas e críticas em modos diferentes — que, sem dúvida alguma, prestam serviços à apreensão da com; plexa fenomenologia humana brasileira.
8
A S o c io lo g ia do B r a s il U rb a n o
E ste livro não cabe inteiramente em nenhuma das duas ca tegorias ideais a que aludimos, embora seja tributário_ de ambas. Não é uma monografia quanto à sua temática, pois abrange uma diversidade de questões dçrivada da ávida curiosidade científica djps autores e da sua experiência da vida brasileira. Basta percor rer o sumário para verificá-lo, e até o seu taefòdb: este é algumas vezes descritivo e interprelativo, outras vezes questiona nte e polê mico, do que resulta o caráter provocativo do conjunto em bene ficio de todo o seu variado conteydo. Com isso lucram as ciências humanas envolvidas — particularmente a Antropologia Social — e a inteligência das coisas brasileiras, mais uma vez evidenciando, como no dito popular, que “ da discussão nasce a luz.” Assim ocorre, por exemplo, com as conceituaçÕes de urbano, de rural, de rurbano e de íavelra^ no Brasil. AbÕrdándõ"'! os mecanismos de\ controle social em perspectivas diaerpnica e sincrônica, cada uma,/ /a seu tempo, ou ía ^ n d o .jncidbf essas,_duas^ oticag_concorrentemeu-f |te sobre a cultura e a organização social nas mencionadas situa-; I ções, qfteScõBrem) continuidades temporais- e existenciais que os im-i . pelem, 'à_eríticà, talvez a contestação, tde conceitos" fixados oiVjia/ . aplicação de determinados métodos. — o marxista, por exemplo — i I em certos momentos da formação da teoria e da análise antropo-i lógica entre cientistas brasileiros. Se é certo que várias dessas crí- j ticas^ em tese como em referência ~ao Brasil, já forãm feii§s~e respondidas, os dados sobre _os quais operam çõnstituem outras 1 tantas contribuições- dos dois autores à constriição de cõrpos teóriçqs que possivelmente estimularão algumas “reavaliações das pro blemáticas respectivas, como a das relações de poder em referên cia aos modos de ser em situações ecológicas ou de ubicação sócio-territorial diferentes, porém correlacionadas e faseológicas. A análise conjparativá, que fazem com elementos colhidos no Peru e no Chile,“ a reconsideração do método dos estudos de comuni dades — de há muito posto em debate, mas trazido de novo a exame sob uma ótica original — , os contrastes factuais, com suas conseqüências teóricas, entre poder local e poder supralocal no tocante às favelas, a retomadà’ do problema dos conflitos de clas ses no Brasil/constituem interesse para esta coletânea, — a qual, numa ponderação final, vem am o strar-se mais_ coerente do que poderá indicar o índice do livro. E será, este, mais uma instiga ção à reformulação, entre nós, de. políticas demográficas e habi tacionais. Obra inevitavelmente polêmica pela natureza de sua temática e pelas posições que os autores adotam criticamente, esta coletânea de artigos, alguns publicados há alguns anos, realiza sua coerên cia ou sua coesão, em plano teórico e epistemológico, a partir da
9
A presen taçã o
Introdução. Por certo que a autoridade dos autores não decorre apenas do seu tirocínio de pesquisadores preocupados com formu lações teóricas, mas também da sua experiência com problemas brasileiros. Anthony Leeds ocupa-se de Brasil a partir de um pro longado e repetido contato com nossa sociedade, da mesma ma neira que com o P eru e o Chile. Sua carreira acadêmica iniciou-se mesmo com o trabalho de campo, de mais de um ano de duração, que empreendeu na região cacaueira da Bahia em 1951-52, como participante do Program a de Pesquisas Sociais do Estado da Bahia — Columbia University, sob a direção do Prof. Charles Wagley. Sua tese para o doutoramento em Antropologia teve como objetoos padrões de formação fundiária da agricultura do cacau e as relações do sistema de fazendas com a sociedade regional e na cional sob as políticas do comércio internacional que comandaram o desenvolvimento daquela lavoura. Depois daquela permanência, várias vezes e por períodos longos voltou ao país em ^itividades 'de pesquisa e de participação acadêmica, trabalhando na compajnhin e com a colaboração de cientistas sociais brasileiros. À marca^ 'do seu espírito inquieto e penetrante é saliente nesta coletânea, de estudos. T h a l e s de A zev ed o
Introdução A n t h o n y L eed s
Toda a minha vida profissional girou em torno de vários problemas básicos — alguns originais, outros não. Tentei reunilos, ao longo dos anos, num único quadro teórico. 0 primeiro deles, mas que talvez ainda persista, é o de dar substância aí) con ceito de classe — sobretudo num sentido marxista. Marx, ou M arx e Engels juntos (referir-me-ei a ambos, daqui por diante, simples mente como “M arx” , para maior simplicidade), não inventou o conceito, e nem mesmo algumas das interpretações básicas que fa zem parte de sua visão. 0 conceito já está estabelecido em seu significado econômico e estrutural em Adam Smith ( 1 7 7 6 ) , num exemplo altamente significativo — significativo porque Smith é, no mesmo trabalho, também ancestral dos economistas clássicos, formalistas, que M arx repetidamente atacou, embora seu próprio pensamento econômico seja intimamente derivado daí e suas supo sições desempenhem um papel muito importante na estrutura das explicações marxistas sobre a economia. Todavia, Marx elevou a discussão de classe a uma tentativa sistemática de criar uma teoria de classes e apresentar uma análise de classe substantiva derivada dessa teoria. Em essência, estas análises constituem teorias espe ciais de sociedades pós-capitalistas particulares. sO esforço, como o sabemos hoje, foi apenas em parte bem sucedido. Deixou-nos muitos problemas não resolvidos que todo teórico maior do século X X — Weber, Tauney, Lenjn, Luxemburg, Lukács, Millet, Bottomore, Mills, Dahrçndorf, Althiissgr, Poulantzas, para mencionar apenas alguns — enfrentou. Por que o esforço persistente para resolver estes problemas? A resposta não
12
A S o cio lo g ia do B r a s il U rb a n o
é imediatamente auto-evidente, de vez que deve ser dada pergun tando-se: “Não será possível que não sejam absolutamente pro blemas, mas simplesmente quebra-cabeças criados pela própria teo r ia ? ” A julgar pelas suas produções, os teóricos americanos, da estratificação como Kingsley Davis e W . L. Warner, adotaram es sencialmente esta visão, A resposta parece estar na sensação que os homens têm_ de que as populações humanas parecem agir como se existissem enti dades supra-individuais como atores na sociedade. Vontades, cognições, açÕes e atores individuais são amplamente, se não universal mente, vistos como relativamente secundários ou mesmo insignifi cantes diante dessas entidades, para as quais existe uma vasta co leção de termos — “nós” e “ eles”, o Estado, as classes, os grupos, estados, associações, órgãos, corporações, instituições. Asenjjxladês como atores são sentidas operando segundo padrões estandardiza, dos e modos estruturais que chamamos “instituições” e, na ver dade, padrões supra-individuais podem realmente ser diretamente percebidos, como em cerimônias e disposições de lugares. Além disso, em nossas apreensões de como a vida e a experiência se con figuram, do conflito, da mudança, sentimos a centralidade dessas entidades. Enfatizo sentir para indicar que as bases epistemológicas de todos esses conceitos e suas supostas referências ontológicas são am bíguos, não porque o sentir — nosso único caminho direto para o conhecimento — seja ambíguo, mas porque a maioria de nossas traduções científicas do sentir para proposições empiricamente com prováveis, articuladas por formas estandardizadas de lógica verbal, necessitam tornar-se metodologicamente explícitas. Especificamen te , isso significa desenvover uma teoria da natureza das ordens supra-individuais que especifique características únicas àquela or dem, per se — isto é, não redutíveis aos indivíduos (ver Samueljson, sobre a falácia reducionista, Koestler e Smythies, 1 9 6 9 ) — mas que também explique quais são os processos geradores e mantenedores das ordens supra-individuais. Ela deve explicar co mo os indivíduos se articulam com a ordem. Mais ainda, tal teoria deve tornar explícitas suas bases epistemológicas, especialmente as regras ~5e correspondência que ligam o sentir original a seus con ceitos e construções subseqüentes, e estes últimos à refinada obser vação metodológica. Dito de outro modo, aceito como axiomática a correção daquela apreensão quase que universalmente sentida do mundo, mas aceitando-a, é necessário que eu, então, como cien tista, clarifique a metafísica. Devo descobrir seus aspectos pura mente especulativos ou filosóficos, recolocando-os com sólidas ba ses empíricas, com método e lógica apropriados. Aceito que os pro-
I n tr o d u ç ã o
13
blemas com os quais M arx lidou sejam realmente problemas, uma vez que tanto nossa experiência ocidental como virtualmente toda experiência humana parece apresentar um sentir comum da natu reza do mundo humano. Marx. realizou um empreendimento estupendo ao clarificar o que estava em questão na análise de classe, erradicando muita metafísica especulativa na cíêncI£~sõcíaT que desenvolveu, e ela borando muitos aspectos de uma metodologia empiricamente ori entada, incluindo conceitos cujas regras de elaboração estão impli cadas em suas definições. Ele foi, apesar disso, apanhado — ■ como não podia deixar de ser na sua época da evolução Ua história das idéias — por certas dificuldades J^todológicas que ele, em parte, não viu, e\ em parte, vendo, não pôde resolver. Uma dessas é um dualismo desenfreado que se reflete em sua egeolha de unia lógica — a forma hegeliana de dialética (im pli cando mesmo etimologicamente dualismo) — , uipn lógica, cujo empréstimo de Hegcl não^foi compelido por nenhuma necessi3ãijê^ nem mesmo pelo caráter das ideologias existentes na época. Por que Marx optou por uma lógica tão intimamente vinculada à meta ísíc a ocidental, dualista e especificamente cristã? Como estu dante de filosofia durante seus anos de universidade, ele conheceu bastante bem as alternativas. J*or que cie optou por uma metalógica que, na verdade, ontologiza a lógica ao fazê-la isomorfa’ aos processos sociais reais (com o em H egcl), como exemplificado na espúria identificação da “contradição” (um a concepção lógica co mo seu locus na linguagem) e “conflito” (u m conjunto de rela ções humanas) que atormenta todo o pensamento neom arxista?_0 que é visto coWQ_lo%icamciite contraditório, segundo algum axioma subjacente à lógica, poãe ou não envolver_ conflito, e o conflito pode ou não envolver contradição, a menos que sc parta do aprio•, nsmo_ de que eles são identidades. Esta decisão foi puramente axiomática, de forma alguma justificada por critérios independen tes. Marx era obviamente conhecedor de muito do que estava en volvido metaficamente em Hegcl, tornou-o manifesto em suas atitudes relativas a, e na “inversão” daquele grande filósofo-historiador, mas o compromisso subjacente mais profundo com o dua lismo parece ter-lhe escapado — e a tantos de seus descendentes intelectuais. Esta não é uma questão trivial, já que não é absolutamente auto-evidente que as coisas ocorram no universo aos pares, menos ainda em pares cm oposição ou “contradição” (com uma síntese trinitária como resultado). A noção de “ contradição” e, mesmo pior, sua identificação com o conflito é, à luz da metafísica, pro-_.
14
A S o cio lo g ia d o B r a s il U rb a n o
fundamente dualista. Estou totalmente convencido de que__godejniQS quase sempre demonstrar que as dualidades, especialmente as oposiçÕes, às quais áemos tão freqüentemente status ontológico, isão um produto de nossos axiomas, categorias e lógica, quando §e vai diretamente ao encontro da experiência. Além disso, o compro misso de M arx com a dualidade infundada permeia seus escritos: qualquer leitura intensiva, por exemplo de O Capital, mostra dua lidades desnecessárias injustificadas virtualmente em cada pá gina. Onde isso criou o maiorjnúmero de problemas para a ciênçia fcociaI~Ioi na análise de classes, pois os critérios de classe na teoria geral dé- classes-' ^ " criadores versus apropriadores de mais valia o a organização interna de cada um desses agregados assim dife rençados — leva necessariamente a uma análise de duas classes. Pode-se interpretar muitos dos recentes escritos neomarxistas como - íima tentativa para resolver esse dilema quando confrontado com ordens sociais que “resistem” (isto é, “entram em contradição com a teoria” ), sendo intelectualmente encaixadas num molde dual de classes (v er a tentativa fracassada de Millet, 19)* Muitos . de meus trabalhos tTataram deste problema (especialmente 1964a Cap. 2, neste livro; 1 9 6 7 , 1 9 7 3 ). Um problema relacionado a isso é que a lógica dualista, dia lética fez com que se tratasse a presença da classe como axiomá tica ao invés de exigir, pelas próprias regras de correspondência originais de Marx, a demonstração. Este apriorismo, que infesta virtualmente toda análise social corrente na tradição marxista e neomarxista, em vez de redefinir e reordenar a análise de classes clarificando problemas epistêmicos e metodológicos, obscureceu a análise tanto da estrutura quanto da dinâmica p o rq u e^ axioma j jtende à análise dos mecanismos criadores de limites e dos processos] ide automanutenção, bem como respostas conflituosas a ambos por outras classes (ver Leeds, 1 9 6 4 b ). Sem nos desfazermos disso, não poderemos entender processos “reais”, materiais, a interação polí tica e social real, a motivação real individual e de grupo, as varia ções de ideologia reais, menos ainda as mudanças em qualquer uma dessas coisas ao longo do tempo. Meu próprio trabalho envolveu de modo crescente a tentativa explícita de desenvolver, no interior de um quadro de referência do materialismo histórico marxista e da lógica das multiplicidades de “forças sociais” (o termo é de Durlcheim, com seu modelo implícito, indesejável, newtoniano de interação física, mas servirá de momen to ), abordagens substantivas e teóricas inais refinadas_e detalhadas
I n tr o d u ç ã o
15
desses problemas. Como indico abaixo, alguns dos trabalhos neste volume fornecem exemplos desses contínuos esforços. Herdamos outra, dificuldade^ de M arx: sua idenjjficação de bases materiais da sociedade especificamente e apenas na produ ção, e, ainda mais, com uma concepção relativamente, estreita, da produção e do produtivo — ambos virtualmente isomorfos àquelas concepções em que aparecem tanto na economia clássica como na neoclássica. Esta é uma identificação axiomaticamente dada, e não empírica. Pode-se questionar por que M arx a adotou. Onde esta difi culdade aparece mais fortemente — pela primeira vez nos próprios escritos de M arx — é na aplicação da teoria marxista geral a casos específicos de análise da estrutura de poder. É muito difícil ajus tar a teoria geral de poder (amplamente baseada na análise teó rica genérica e necessariamente de duas classes de qualquer socie dade com propriedade privada) a uma teoria específica da distri buição de poder numa dada sociedade, num momento e lugar da tis, ou seja, a um conjunto concreto de condições históricas, como diria Marx — por exemplo, a França do 18 Brumário de Luís Bonaparte. Apesar do alerta de Marx nos Grundrisse (c a . 1 8 5 7 ) con tra abstrações reifiçadas (c f pp 1 8 ) , e de sua intimação de que baseássemos toda análise em realidades concretas, a teoria geral está cheia de abstrações cuja aplicação na análise de caso jé, na melhor das hipóteses, ambiguamente consistente e, na pior, marcadamente inconsistente, com o uso na teoria geral, por exemplo, do conceito de “ modo de produção” . Por vezes ele parece caracterizar toda uma sociedade. No 18 Brumário, ele caracteriza as bases de várias “classes” e “frações de classes” (nao é nem mesmo claro se havia classes com a amplitude da sociedade cuja apropriação dife rencial de mais-valia pareceria necessariamente im plicar) — às vezes parecendo mais grupos de interesse de base ecológica. Essaambigüidade permeia toda a análise marxista subseqüente e ê par-; ticularmente visível no recente ressurgimento de abordagens m ar xistas, onde, em instâncias extremas, qualquer variação na organi-; zação da produção torna-se ipso facto “um modo de produção” (c f . Paul Singer, 1 9 7 6 ). Isso me paree
16