POR FABIO JOSÉ DA SILVA
BIBLIOLOGIA: O QUE É A BÍBLIA?
A Bíblia é "A Biblioteca Divina" (São Jerônimo)
Origem divina da Escritura;
Conjunto de Livros em unidade;
A Bíblia é a única fonte de autoridade para o crente "guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mateus 28:20)
Escrita por mais de 40 autores inspirados por Deus durante 1500 1500 anos.
A Revelação de Deus ao homem. homem.
TERMINOLOGIA:
Bíblia: Deriva do grego "Bíblia", plural de "Biblion" = livro
O termo "biblion" = aparece em várias passagens da bíblia: (Lc 3:17,29; Jo 20:30; 21:25; Gl 3:10; 2Tm 4:13; Hb 9:19; 10:7; Ap 1:11; 5:1,2,3,4,8,9; 10:8; 13:8, 17:8; 20:12; 21:27; 22,7,9,10,18,19)
Escritura: Deriva do grego "Grammata" = escritos
(Jo 5:47; 7:15; At 26:24; 28:21; 28:21; Rm 2:27,29;7:6; 2:27,29;7:6; 2Cor 3:6,7; Gl 6:11; 2 Tm 3:15)
É utilizada utilizada para referir-se ao AT (2 Tim 3:16)
É utilizada utilizada para referir-se ao NT (Gl 6:11)
Palavra de Deus.
Termo usado para se referir tanto tanto ao AT como ao NT
Existe muitas passagens que declaram que a Bíblia É a Palavra de Deus.
(Dt 6:6-9, 17-18; 2Sm 22:31; Sl 1:2; 12:6; 19:17-11; 119:9,11,18, 89-93, 97-100, 104-105, 130; Pv 30:5-6; Is 55:10-11; Jr 15:16; 23:29; Mc 13:31; Jo 10:35; Rm 10:17; 1 Tes 2:13; 1Pd 1:2325; Ap. 1:2).
INTRODUÇÃO:
Bibliologia é o ramo da teologia que se ocupa do estudo da Sagrada Escritura como uma Revelação Divina.
A Bibliologia inclui o estudo de todos os temas relacionados com a revelação escrita por Deus.
Esses temas são:
A inspiração
A autenticidade
A confiabilidade
A autoridade
A inerrância
A canonicidade tanto do AT como do NT
A preservação da Sagrada Escritura
O Apostolo Paulo declara que: "... o que de Deus se conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; (Rm 1:19-20) o
O apostolo afirma que a criação é um meio pelo qual Deus tem se manifestado ao homem.
o
Deus tem se manifestado por meio da criação (Sl 19).
CONHECIMENTO REVELADO
Todo conhecimento de Deus é um conhecimento revelado, de modo que é Deus quem o concede. A fonte do conhecimento referente a Deus, Seus caminhos e Sua verdade é Ele mesmo.
O conhecimento de Deus é colocado ao alcance do ser humano por meio da própria manifestação do próprio Deus mesmo.
DEUS SE REVELA
A palavra revelação denota a ação de destampar algo que se encontra velado ou oculto, enfim é o descobrimento de algo que previamente se desconhecia. É a ação de Deus ao se manifestar a Si mesmo a humanidade, de maneira tal que os seres humanos possam o conhecer e ter comunhão com Ele. Mateus 16:16-17. A criação é, portanto, um meio não escrito pelo qual Deus tem revelado a realidade de sua existência, seu eterno poder, sua inteligência, seu propósito e sua divindade.
O caráter finito e temporal do homem lhe impossibilita conhecer a Deus por si mesmo.
Deus tem que se auto revelar para que o homem possa conhece-lo.
REVELAÇÃO GERAL OU NATURAL
Existe uma revelação geral ou natural através da qual Deus se deixa conhecer a toda pessoa, em todo tempo e em todo lugar; A revelação geral é universal no sentido de que Deus possibilita que o conheçamos de uma maneira geral a todas as pessoas, em todo tempo e em todo lugar. A revelação geral manifesta-se através da natureza, das experiências e da consciência humana e da história. Revelação geral ou natural: é a comunicação de Deus mediante a natureza, a consciência humana, a providencia e a preservação desta (SL 19; Rm 1:3 At 14:15-17; 17:22-34). A Revelação geral ou natural também torna-se evidente mediante os acontecimentos históricos. Acontecimentos tais como: O diluvio; A torre de Babel; A destruição de Sodoma e Gomorra; O lugar da nação de Israel e os atos relacionados com esta nação são evidencias da revelação de Deus na história.
A Natureza Deus se revela a si mesmo por meio de suas obras. O Universo, em sua totalidade, serve ao propósito do Criador, como um veículo para a manifestação que Deus faz de Si mesmo.
A Experiência Humana
Fomos Criados a Sua imagem e semelhança; Através do sentido moral, Deus se revela na consciência dos seres humanos; As crenças e práticas religiosas são universais; (Romanos 2)
A História Deus se manifesta nos acontecimentos históricos; Toda a história carrega a marca da atividade de Deus, logo esta possui um caráter teológico. (Atos 17:22-30)
No entanto este meio de revelação é inadequada para a Salvação.
REVELAÇÃO ESPECIAL
Deus tem concedido ao homem uma revelação especial ou sobrenatural; Tal revelação consiste em responder as seguintes perguntas: Quem e o que é Deus? Quem e o que é o homem? O que Deus tem feito pelo homem? Deus tem se auto revelado a pessoas concretas em tempos e lugares definidos tornando possível que tais pessoas estabeleçam uma relação salvífica com Ele; (Milard J. Erickson) Millard J. Erikson, professor do Seminário Batista do Sudoeste, explica a necessidade da revelação especial da seguinte forma:
Porque era necessária uma revelação especial? A resposta está no fato de que o homem havia perdido a relação favorável que tinha com Deus antes da queda. Era necessário que o homem chegasse a conhecer a Deus de uma maneira mais completa para que as condições para restabelecer a comunhão pudessem ser cumpridas. Esse conhecimento teria que ir além da revelação inicial que já estava disponível para o homem, porque agora, além da limitação natural da finitude humana, havia também a limitação moral da pecaminosidade humana. Agora era insuficiente simplesmente conhecer a existência de Deus ou algo a respeito de como Ele é. No estado original de inocência o homem havia sido positivamente inclinado (ou, pelo menos, neutro) para Deus, e podia responder de maneira direta. Porém depois da queda o homem se afastou de Deus, se rebelando contra Ele. A compreensão humana de questões espirituais não somente se tornou inativa, como também se perdeu, e necessita ser restaurada. De modo que a situação do homem era uma questão mais complicada do que era originalmente e, por conseguinte, necessita de uma instrução mais completa.1
1
Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids: Baker book House, 1985), p. 176. [tradução livre].
É PARTICULAR
Esteve disponível somente a algumas pessoas escolhidas, em tempos e lugares específicos; Agora está disponível somente ao consultar as Sagradas Escrituras; É especifica, Deus se revela ao seu povo, os filhos de Abraão, seja por sua descendência natural (Gn 12:13) ou espiritual (Gl 3:16,29).
É VERBALIZADA OU PROPOSICIONAL
É PROGRESSIVA
O desenvolvimento progressivo não é contraditório, mas complementa e suplementa o que havia sido revelado previamente. Está progredindo de uma revelação menor a uma mais completa (Hb 1:1-3). Não ocorre do erro para a verdade. O Evangelho não ignora a revelação do AT, mas a cumpre levando-a a plenitude. O posterior cumpre o que vem anteriormente.
A revelação especial é principalmente redentora e pessoal, porem também é proposicional. Deus se revela pessoalmente como o “Eu Sou” (Ex 3:14). O ponto culminante da revelação pessoal de Deus foi em Jesus Cristo. O verbo se fez carne (Jo 1:1, 14; 14:9).
TRÊS ETAPAS DA REVELAÇÃO ESPECIAL
A redenção na história, gira e culmina em torno da obra do Senhor Jesus Cristo; A fonte escrita da revelação de Deus, a Bíblia. As sagradas escrituras são os registros interpretativos do que Ele tem feito para a redenção para os seres humanos. A obra do Espirito Santo nas vidas dos indivíduos, e na vida corporativa da Igreja. O Espírito aplica a revelação de Deus as mentes e corações das pessoas; Como resultado, os seres humanos recebem Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e são capacitados para seguir lhe de fielmente em uma comunidade de fé.
A REVELAÇÃO ABSOLUTA EM CRISTO (HEBREUS 1:2)
Em Cristo habita a plenitude da divindade (Cl 2:9) Cristo é o Verbo de Deus encarnado (Jo 1:1,14) Cristo veio para revelar exaustivamente a Deus (1:18)
MEIOS DE REVELAÇÃO: AUTORES BÍBLICOS
Por meio de: Visões (Is 1:1,2; 6:1; Ez 1:3) Sonhos (Dn 7:1) Êxtase (At 10:9-18) Arrebatamentos Especiais (2Cor 12:1-2) Diretamente (Ex 3:1-8) Por meio de Anjos (Dn 8:15-19; Ap 22:8-9)
A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
Nenhuma doutrina é mais importante para o teólogo conservador que a Inspiração das Escrituras. Todas as outras divisões da Teologia Sistemática são afetadas pela posição que se tome no tocante a inspiração. Esta doutrina na realidade responde as seguintes perguntas: O que é a Bíblia? Ela é a Palavra de Deus ao Homem?
USOS DA PALAVRA INSPIRAÇÃO:
A palavra inspiração tem sido usada de diferentes formas e contextos para indicar uma variedade de ideias. Quando se deseja expressar os sentimentos que produzem certa classe de músicas se emprega a palavra “inspirar ou inspiração”. Em outros momentos falamos da inspiração de um poeta ou um artista. Também dizemos que uma cerimônia religiosa, um sermão ou um hino foi inspirado. Devido aos diferentes usos que tais vocábulos tem recebido, se faz absolutamente necessário destacar qual é o seu significado bíblico. Ao mesmo tempo é necessário expor que entendemos quando falamos da doutrina da Inspiração Bíblica.
PRIMEIRO TEXTO QUE NOS POSSIBILITA COMPREENDER O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO
O vocábulo, na realidade, significa “ sopro interior ” isto implica que existe um espírito dentro. Porem a chave do uso bíblico de tal expressão se encontra em 2 Timóteo 3:16, “ Toda a Escritura é inspirada (θεοπνευστος) por Deus...” A Palavra Theopneustos somente aparece nesta passagem em todo o Novo Testamento.
É derivada de duas palavras Theos (Deus) e Pneustos (sopro). Esta palavra literalmente significa “ o sopro de Deus” ou “soprado por Deus”. O conceito proporcionado pela palavra Theopneustos não é facilmente compreendido fora de uma exegese do texto original levando em consideração outras passagens afins. (B.B Warfield) O famoso teólogo B.B. Warfield, em sua obra clássica, Inspiration and Authority of the Bible (Inspiração e Autoridade da Bíblia), destaca o seguinte: Toda a Escritura é divinamente inspirada, e é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (II Tm. 3:16/ Almeida revista e corrigida). A palavra grega usada nesta passagem, theópneustos, não significa, de maneira nenhuma, “inspirado de Deus”. Esta frase é, ante s, a tradução do latim divinitus inspirata, da Vulgata. A palavra grega nem sequer significa, como Almeida traduz, “divinamente inspirada”, embora esta tradução seja, por assim dizer, uma paráfrase rude, ainda que não enganadora, do termo grego, na linguagem teológica corrente daquele tempo. A expressão grega, porém, nada diz a respeito de inspiração ou de inspirar: fala apenas de respirar ou de respiração. Diz, sim, que é “exalado por Deus”, sendo pois o produto do “sopro” criador de Deus, e não que seja “inspirado por Deus”, isto é, que seja produto da “inspiração” divina nos seus autores humanos. Numa palavra, o que se declara nesta passagem fundamental é, simplesmente, que as Escrituras são um produto divino, sem qualquer indicação da maneira como Deus operou para as produzir. Não se poderia escolher nenhuma outra expressão que afirmasse, com maior saliência, a produção divina das Escrituras, como esta o faz. 2
A palavra hebraica usada no AT que corresponde a Theopneustos é neshmah e ocorre também somente uma vez a sua utilização. “Certamente o espirito está no homem, e o sopro do Onipotente faz com que ele entenda (Jó 32:8) A ênfase radical no poder de Deus expressada aqui como neshamah (sopro) que capacita o homem para que este entenda.
SEGUNDO TEXTO QUE NOS AJUDA A COMPREENDER O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO
Outra passagem chave para compreender o significado da inspiração é 2 Pd 1:21 “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados (Fero = carregado, levado, conduzido) pelo Espírito Santo. (2 Pedro 1:21)
2
Pedro alude nesta passagem a palavra profética (As Escrituras) a qual considera “mais segura” que a experiência humana e logo adiciona o fato que os homens que escreveram a Palavra o fizeram debaixo da direção expressa do Espírito Santo. (Edward J. Young) O grande erudito e brilhante escritor Edward J. Young, expressa-se sobre este tema da seguinte forma:
B.B. Warfield, “O CONCEITO BÍBLICO DE INSPIRAÇÃO”, Revista Os Puritanos, Ano VIII, nº. 4.
A linguagem é muito enfática. Os homens de Deus que falaram, fizeram, segundo se afirma, sendo conduzidos e impulsionados pelo Espírito Santo. É dizer, o Espírito na verdade os levantou e os levou e assim puderam eles falar. Foram conduzidos ou carregados pelo poder do Espirito e não pela força própria de cada um deles. O que é carregado, não obstante, é absolutamente passivo. Do mesmo modo os escritores da Bíblia que falaram de Deus eram passivos. Era o Espírito de Deus que os levava ou impulsionava. O Espírito era ativo e eles eram passivos. Assim pois, Ele os direcionava para a meta que havia fixado” 3.
O Dr. Young assinala que no ato de ser conduzido pelo Espírito os escritores eram passivos, porém no ato de escrever eram ativos. O que Pedro deseja destacar é que as coisas escritas e expressadas por aqueles homens de Deus não era produto de suas imaginações, mas do Espirito Santo. AS Escrituras, por tanto, tem sua origem em Deus mesmo. O que Paulo afirma em 2 Tm 3:16 é que no tocante a Bíblia é aplicado e apoiado pelo apóstolo Pedro. Paulo afirma que os escritores eram produto do sopro de Deus e Pedro nos diz que os escritores realizaram seus trabalhos mediante o impulso do poder do Espírito Santo.
TERCEIRO TEXTO QUE NOS AJUDA A COMPREENDER O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO.
Antes de formular uma definição do que é a inspiração é necessário considerar uma terceira passagem das Escrituras. No tal texto encontramos as seguintes palavras pronunciadas pelo mesmo Senhor Jesus: “[...] a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35).
O contexto desta passagem refere-se a defesa que Cristo faz de sua divindade. Os Judeus o acusavam de blasfêmia porque segundo eles, Ele “sendo homem se fazia como Deus” (Jo 10:33). O Senhor Jesus apela a autoridade das escrituras e declara: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? (João 10:34)
É muito importante observar que Jesus cita o Salmo 82:6 e o chama vossa lei. O livro dos salmos supostamente, não faz parte do Pentateuco, no entanto, Cristo o chama A Lei. O ponto em questão é o fato de que Jesus outorga a mesma força de autoridade aos Salmos ao chama-lo de a Lei da mesma forma que o Pentateuco. (Palavras de Young y Morris). Ou como disse Warfield: “Em outras palavras, (Cristo) da aqui autoridade legal a toda a Bíblia, em conformidade com o conceito mais comum entre os judeus (Jo 12:34), e que
3
E.J. Young Thy Word is Truth p. 25
ocasionalmente se usa no NT, tanto nos lábios de Jesus como no dos escritos dos Apóstolos”4. A expressão “ser quebrantada”, ainda que não seja usada com frequência no NT, aparece em algumas referências em relação com o ato de quebrar o dia do repouso (ver Jo 5:18; Mt 5:19). O significado dessa frase é que “a Escritura não pode ser esvaziada de sua força de modo a provar ser errada 5.
A força das palavras de Cristo enfatiza a autoridade das Escrituras e o fato de que tal autoridade não pode ser anulada nem menosprezada. Quando digo “A Escritura” se refere a toda a Bíblia, é dizer, nada da Palavra pode ser excluído. Aqui temos uma enfática declaração a favor da infalibilidade da Palavra de Deus.
ALGUMAS DEFINIÇÕES CONHECIDAS:
O Dr. Young nos diz: “Inspiração é a superintendência do Espirito Santo sobre os escritores da Bíblia, como resultado As Escrituras possuem autoridade divina e são dignas de confiança e por conseguinte são livres de erros” pag. 27
O Dr. Ryrie escreveu: “... inspiração bíblica é essa superintendência de Deus sobre os autores humanos de modo que, usando suas próprias personalidades, eles compuseram e registraram sem erro Sua revelação ao homem nas palavras escritas por seu próprio pu nho”6.
B.B. Warfield expressa: “Inspiração é, portanto, normalmente definida como uma influência sobrenatural exercida pelo Espirito Santo sobre os escritores sagrados em virtude da qual seus escritos possuem integridade divina.” 7
René Pache oferece a seguinte definição: “Inspiração é a influência determinante exercida pelo Espirito Santo nos autores do Antigo e do Novo Testamento para que pudessem proclamar e estabelecer de maneira exata e autentica a mensagem recebida de Deus.” 8
4
E.I. Young Thy Word is Truth p. 139.
5
Leon Morris, Commentary on The Gospel of lohn pag. 527 7 C harles C. Ryrie, A Survey of Bible Doctrine pag. 38 8 B. F. Warfield, Op. cit. p. 131 6
Charles C. Ryrie, A survey of Bible Doctrine, pg. 28.
7
B.B. Warfield, Op. Cit., p. 131
8
René Pache, The Inspiration and Authority of Scripture (Chicago: Moody Press 1971) p. 45-10 Gaisler and Nix pag. 28,29 .
DEFINIÇÃO CONCLUSIVA:
A inspiração é a obra de Deus o Espirito Santo guiando, dirigindo, supervisionando, guardando os escritores humanos tanto do AT como do NT de modo que, conservando seus próprios estilos e usando suas próprias personalidades escreveram livres de erro o que é na verdade a Palavra de Deus. (Dr. Elvis Carballosa). Teologicamente falando, por conseguinte, a doutrina bíblica da inspiração inclui três aspectos indispensáveis: Deus como causa indispensável (1Cor 2:10-12).
O homem como agente ou instrumento. A Escritura nos diz que “Santos homens de Deus falaram...” (2Pd 1:21).
Deus o Espirito Santo é o único que pode efetuar a obra tanto da revelação como da inspiração.
Esses homens também escreveram sob a direção especial do Espirito Santo de Deus.
O produto: A Palavra de Deus é autentica, infalível, inerante (2 Tm 3:16-17) 9
ENTRE REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO, ILUMINAÇÃO:
Ao estudar a natureza das Escrituras é necessário diferenciar entre três aspectos fundamentais da mesma, é dizer, revelação, inspiração, e iluminação. REVELAÇÃO é o ato divino de comunicar verdades ao homem que não poderia saber de outro modo. As vezes Deus tem se revelado de forma audível somente, outras vezes tem comunicado sua mensagem por meio dos anjos. Também tem se revelado de forma pessoal (Ex 34:28). Deus tem revelado, ademais, grandes verdades que tem sido escritas tais como as que encontramos na Bíblia. No todo o que Deus revelou tem sido escrito. Ademais existem muitas coisas na Bíblia que foram conhecidas simplesmente por ser fatos históricos de conhecimento geral. Revelação, portanto, tem a ver com a comunicação da verdade ou verdades, especialmente aquelas que o homem não poderia saber de nenhum outro modo. INSPIRAÇÃO, por outro lado, tem a ver com o ato de registrar ou escrever a verdade revelada sob a direção do Espirito Santo de modo que esteja livre de todo erro. Inspiração garantia a fidelidade e a inerrância das Escrituras. Finalmente, iluminação tem a ver com a obra do Espirito Santo tornando possível que o homem, especialmente o crente possa compreender a Palavra de Deus (1Cor 2: 13,14; Ef 1:15-23; 3:14-19). A Inspiração capacita os escritores, e ilumina os leitores. O Dr. Unger diz o seguinte:
9
Geisler and Nix, pág. 28,29.
“... revelação tem a ver com a origem, inspiração se relaciona com receber e escrever, enquanto que a iluminação concerne o entender e o compreender a revelação objetiva escrita.”10
ILUMINAÇÃO
Nos incrédulos: É necessária para compreender e crer de coração a verdade bíblica (1 Cor 1:18; 2:14; 2 Cor 4:4). A obra de convicção do Espirito Santo (Jo 16:7-11) Nos crentes: É necessária para compreender a verdade bíblica. (1 Cor 2:10-12) O ofício de ensino do Espirito Santo (16:13-15)
TEORIAS FALSAS NO TOCANTE A INSPIRAÇÃO
Em relação a doutrina da inspiração tem se formulado numerosas teorias que não se ajustam aos postulado nem as afirmações que encontramos na Palavra de Deus, é por isso que consideramos que essas teorias são falsas.
INTUIÇÃO OU INSPIRAÇÃO NATURAL
Somente é uma compreensão natural dos assuntos espirituais, exercitada por pessoas bem dotadas (acima da média). FORMULAÇÃO: do mesmo modo que um artista, músico, pintor, escritor, executaram obras maestrais, assim também os homens que escreveram a Bíblia realizaram seus trabalhos como um produto de seus dote naturais. Portanto, a Bíblia pode ser a peça literária mais importante que se tenha produzido, porém por ser um produto do gênero humano é falível.
OBJEÇÕES A TAL TEORIA
1. 2. 3. 4. 5.
É contrária aos postulados da Bíblia; Reduz a Bíblia no mesmo nível de qualquer livro humano; É uma negação do que a inspiração é em si, Inspiração natural não é inspiração; Desacredita o testemunho de Cristo e dos Apóstolos; Não existe uma implicação especial de Deus.
ILUMINAÇÃO ESPECIAL
Intensificação e exaltação divina de percepções religiosas comuns aos crentes. Os dons naturais dos escritores bíblicos foram ressaltados de alguma maneira pelo Espírito Santo. Objeção: Não existe nenhuma orientação nem comunicação especial de verdades divinas.
10
Unger, Introductory Guide and the Old Testament, p ágs 24-25.
ORIENTAÇÃO DINAMICA
É uma orientação especial que o Espirito Santo deu aos escritores bíblicos afim de assegurar a comunicação de uma mensagem procedente de Deus. A mensagem de fé religiosa e vida piedosa eram dirigidos, porem os temas “não essenciais” dependiam por completo dos conhecimentos, a experiência e as preferências dos autores humanos.
INSPIRAÇÃO DINÂMICA OU MÍSTICA
São os que sustentam que do mesmo modo que os crentes hoje tem e estão cheios do Espirito, assim também os escritores da Bíblia tiveram a capacidade de realizar seus trabalhos como qualquer um poderia realiza-lo hoje. É dizer, basicamente não existe diferença entre o que escreveram aqueles homens e o que um crente que estivesse cheio do Espírito poderia escrever hoje.
OBJEÇÕES A TAL TEORIA
1. Ignora a doutrina bíblica da inspiração. 2. A escrita das Escrituras não foi concedida a todo crente, mesmo no período da era apostólica. 3. O Canon foi completado de modo que nada pode ser adicionado a ele. 4. Ignora a história eclesiástica. A igreja somente reconhece os livros canônicos como inspirados. INSPIRAÇÃO PARCIAL
Os que assumem esta postura afirmam que somente aquelas partes da Bíblia que trata de verdades desconhecidas para o homem tais como assuntos espirituais ou morais que não podem se obter pela razão nem pela investigação é que são inspirados.11 Estas afirmações são contrarias ao que a Bíblia afirma. Deus o Espirito Santo impulsionou ou dirigiu os escritores a escrever palavras (grafia) pois a única forma de expressar pensamentos é por meio das palavras. Portanto, se a inspiração está ligada ao ato de escrever ou registrar a revelação de Deus para garantir a inerrância desta, é necessário que “toda a escritura” seja produto de Deus e não somente parte dela. Finalmente dizer que a Bíblia “contém” a Palavra de Deus equivale fazer uma ostentação de um poder especial para determinar como obter a tal Palavra. Se somente algumas partes da Bíblia são inspiradas, a pergunta que podemos contestar é a seguinte: Quem é que determina quais as partes que são inspiradas? Resumindo, a ênfase bíblica é que “toda a Escritura é theopneustos”. É afirmar que todas as partes ou a totalidade da Bíblia tem a sua origem em Deus.
11
Merril F. Unger, Introductory Guide to the Old Testament pag. 35
GRAUS DE INSPIRAÇÃO
Esta teoria afirma que algumas partes da Bíblia são “mais inspiradas que outras partes”. Por exemplo, aquelas partes que sendo totalmente desconhecidas e foram reveladas tiveram um grau maior de inspiração que as que eram de conhecimento geral.
OBJEÇÕES A ESTA TEORIA:
1. Existem graus de valor porem não graus de inspiração nas Escrituras. 2. Inspiração tem a ver com o ato de escrever ou registrar a verdade sob a direção do Espírito Santo. 3. As evidencias internas apoiam que todas as partes da Bíblia apoiam que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas. INSPIRAÇÃO NA PERSPECTIVA NEO-ORTODOXA
No início do século XX iniciou um movimento teológico que tem ocupado desde então um lugar proeminente no protestantismo. Este movimento surgiu como uma reação ao liberalismo e é conhecido por vários nomes:12 “Barthianismo” , em honra a seu fundador; “Teologia da Crise” devido a ênfase no juízo de Deus sobre o homem; “Neo-Liberalismo” porque enfatiza a área transcendental (coisa que não faz o liberalismo); “Neo-Ortodoxia” devido ao esforço em regressar aos postulados bíblicos da reforma. Na verdade, pode se dizer que a neo-ortodoxia constitui um esforço por abordar os evangélicos conservadores com os liberais e modernistas.
POSTURA DOS NEO-ORTODOXOS
Os neo-ortodoxos tem assumido posturas distintas no tocante as Escrituras13. 1. Uma é a existencial e a outra se chama “demitologização”. Esta primeira posição é a que apoiava Karl Barth; a segunda é a que se atribuía a Rudolf Bultmann. a. O ponto de vista de Barth é que a Bíblia é um testemunho da Palavra de Deus. A Palavra de Deus, como tal, é Cristo. A Bíblia é a Palavra de Deus somente é um sentido secundário. b. A Bíblia, segundo Barth, está repleta de erros. No entanto afirma que a Bíblia torna-se a palavra de Deus quando o Senhor deseja usar esse meio imperfeito para confrontar ao homem o homem com a Sua Palavra perfeita. A opinião neo-ortodoxa é a seguinte: “somente Deus pode falar por Deus”. c. Ele fala de maneira pessoal somente e quando ele faz isso é revelação. A Palavra de Deus é sua presença em minha experiência. Quando Deus me fala por meio de Sua Palavra (Jesus Cristo) e eu respondo isto é considerado por Revelação. d. Entre os mais proeminentes teólogos que mantiveram esta posição estão: i. Karl Barth; ii. Emil Brunner; iii. Remold Niebhr;
12
Harvie M. Conn, Teologia Contemporánea em el Mundo, pp. 25-31
13
Geisler and Nix, General Biblical Introduction pág. 40-43
iv. Edwin Lewis e outros. e. Em resumo: i. O ponto de vista existencial da neo-ortodoxia sustenta que a revelação não é objetiva mas objetiva. ii. A Bíblia contém erros e portanto é falível; iii. A Bíblia não é uma revelação mas um testemunho da revelação; iv. Deus fala somente de uma maneira pessoal e quando fala, se eu respondo, então se ocorre a revelação; 2. O segundo ponto de vista abordado por alguns neo-ortodoxos é chamado demitologização. Esta é a posição tomada especialmente pelo teólogo alemão Rudolf Bultmann. Este conceito afirma que para entender a Bíblia e para chegar ao coração da verdade desta é necessário despojar-se de todo mito de que está revestida. É certo, dizem, que os mitos bíblicos são métodos sérios e significativos, mesmo que imperfeitos de expressar assuntos transcendentais para a existência religiosa do homem. No entanto, é necessário olhar mais além do mitologia para se conhecer a verdade da revelação. a. Os teólogos que apoiam esta posição sustentam que o mito é uma forma de comunicação teológica 14 . Relatos tais como a criação do homem, a queda, a encarnação, a cruz, a sua segunda vinda etc. são formas mitológicas de expressar certas verdades. Com referência a Cristo, é considerado somente um homem comum sem nada de sobrenatural nEle. “A doutrina que faz com que Jesus Cristo é o Filho de Deus, um Ser preexistente é simplesmente mitológica”.15 OBJEÇÕES A TAL TEORIA
1. A posição neo-ortodoxa afirma que Deus somente se revela de maneira pessoal e não proposicional. É dizer, Deus não se revela por meio da Palavra Escrita mas somente por um encontro pessoal do que a Bíblia é testemunha. Porém, o testemunho bíblico é que “ toda a Escritura (grafia) é produto do sopro de Deus”. 2. O mesmo Jesus Cristo , honrou as Escrituras, referindo-se a elas e ordenando aos homens a observa-las. E veio a este mundo, viveu, morreu, ressuscitou e ascendeu no cumprimento literal da Palavra Escrita. 16 INSPIRAÇÃO CONCEITUAL
Segundo esta teoria somente os pensamentos e não as palavras da Bíblia foram inspirados. Deus deu estes pensamentos aos escritores sagrados e permitiu que os registrassem muitos anos depois em suas próprias palavras segundo eles fossem recordando.
14
Ramm Qp. Cit.. pg. 74
15
Pache Qp. Cit. Pg. 263.
16
José Grau, Introducción a la Teologia pgs. 207-211
OBJEÇÕES A ESTA TEORIA
1. É impossível separar as palavras dos pensamentos ou conceitos; 2. As palavras são como as roupas das ideias e é inconcebível falar de uma ideia nua. DITADO VERBAL DIVINO
Esta Teoria também é conhecida pelo nome de Inspiração mecânica; A inspiração é a supervisão infalível da reprodução mecânica das palavras divinas. Afirma que a Bíblia foi ditada por Deus e que os escritores divinos foram obedientes secretários que escreveram sob a direção especial do Espirito Santo, quanto ao conteúdo, palavra e estilo.
OBJEÇÕES A ESTA TEORIA
Ainda que seja certo que algumas partes da Bíblia foram ditadas e outras como os dez mandamentos foram escritas pela própria mão de Deus, existe algumas objeções sérias a teoria do ditado verbal: 1. Não explica os diferentes estios e características da Bíblia; 2. Faz do escritor humano uma máquina ou um robô; 3. O ditado verbal exclui a possibilidade da inspiração;
PROPÓSITO INSPIRADO
Este é um conceito que surgiu recentemente e parece estar se popularizando entre o meio evangélico. O Dr. Ryrie o descreve da seguinte forma: Este simplesmente significa que mesmo que a Bíblia contenha informações erradas e discrepâncias insolúveis, no entanto possui “ integridade doutrinal” de modo que realiza perfeitamente o propósito de Deus em si. Os que defendem esta ideia podem e usam na verdade as palavras infalível e inerante, porem é importante notar que limitam cuidadosamente a infalibilidade da Bíblia ao propósito ou ênfase principal da Bíblia e não se estende até incluir a fidelidade ou correção de todos os fatos históricos e eventos paralelos. Em outras palavras a revelação principal de Deus (a salvação) tem sido transmitida infalivelmente por meio dos documentos que, não obstante, são falíveis. 17
INPIRAÇÃO VERBAL PLENÁRIA
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DEFINIÇÃO: É a verdade que ensina que o Espirito Deus guiou o autor humano na eleição de todas as palavras (verbal) usadas nos escritos originais, de modo que cada palavra usada pelo autor humano, é também por Deus e é inspirada por Ele (plenária), sendo toda a Escritura, a Palavra de Deus. Refere-se a confecção dos originais;
Ryrie Síntesis de doctrina Bíblica. P. 44.
Reconhece a intervenção sobrenatural de Deus como inspirador, controlador e supervisor do escrito bíblico. Reconhece a inerrância da Bíblia. É uma combinação da experiência humana natural dos escritores, e a iniciativa e supervisão do Espirito Santo com respeito aos seus Escritos. O Espírito Santo garantiu a exatidão e a plenitude de todo o que se escreveu como revelação de Deus.
A INERRÂNCIA BÍBLICA
A Bíblia não falha; não erra; é verdadeira em tudo quanto afirma (Mateus 5:17-18; João 10:35). Pacto de Lausanne (1974) Declaração de Chicago (1978) Reconhece as contradições ou falta de coesão interna encontradas no texto, não como erros reais, mas como dificuldades Podem ser resolvidos quando se obtém todos os dados relevantes.
AUTORIDADE DA SAGRADA ESCRITURA
As exceções mais profundas na cristandade são doutrinais; e as exceções doutrinais mais profundas são aquelas que resultam de desacordos no tocante a autoridade. 18
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A autoridade da Sagrada Escritura significa que está é o critério absoluto de Deus a respeito da verdade em tudo que afirma ; Os ensinamentos da Bíblia são seus critérios para todos os juízos e avaliações; A autoridade do mesmo Deus tem sido mediada ao homem na Bíblia em proposições; As doutrinas da Bíblia são vinculantes. Muitas de suas profecias tem sido cumpridas ao pé da letra. As que ainda não se cumpriram terão um cumprimento final porque é a Palavra de Deus. A Bíblia afirma ter autoridade divina. Os escritores do AT repetem constantemente a frase “assim diz o Senhor” como demonstração do fato de que o que escreveram e dis seram procedia de Deus. 1. A autoridade da Bíblia é expressada no AT. Como se tem destacado anteriormente, utilizaram umas duzentas vezes as expressões “assim diz o Senhor” e “o Senhor diz” (Ex 5:1; 14:1). O profeta Isaías declara 20 vezes a frase “a palavra do Senhor” (veja 1:10) e Jeremias escreve umas 100 vezes a frase “vindo, pois, a palavra do Senhor a mim” (1:4; 11, 14; 2:1). O resto dos profetas seguem o mesmo padrão, logo, podemos dizer que isto é um reconhecimento da autoridade divina de seus escritos. 2. A autoridade da Bíblia é declarada no NT. Nada tem dado maior honra a Sagrada Escritura que o Senhor Jesus Cristo. Em Mateus 5:17-18, Jesus declarou:
James L. Packer em Fundamentalism and the Word of God. P.44.
Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido. (Mateus 5:17-18)
Também o Senhor Jesus afirmou que “[...]a Escritura não po de ser anulada. (João 10:35). É afirmar que a palavra de Deus possui tal autoridade que anula-la acarretaria um castigo. Aliás, depois de sua ressureição, explicou a seus discípulos que tudo estava relacionado com sua morte e sua ressureição (Lucas 24:44-47). Por outro lado, o Senhor reconheceu a historicidade de Jonas (Mateus 12:39-41). A criação de Adão e Eva (Mateus 19:4-6). A historicidade de Daniel e seu ministério profético (Mateus 24:15); A tudo isso temos que incluir o fato de que os escritores do NT reconheceram a autoridade do AT quando usaram a frase “está escrito”. O verbo utilizado nesta frase está no tempo pretérito perfeito do indicativo. O temo perfeito sublinha uma ação completa com os resultados perduráveis. “Está escrito e permanece escrito”. 3. A autoridade das Escrituras foi suscitada pela igreja primitiva. Tanto os pais apostólicos, alguns dos quais foram discípulos e apóstolos, como outros que não foram, entretanto fizeram uso da Sagrada Escritura, dando a entender que reconheciam sua autoridade e sua inspiração. Se bem que é certo que para o segundo e o terceiro século não havia um acordo geral do número de livros que deviam ser incluídos no cânon também é certo que para o século quarto a igreja recebeu a totalidade dos livros canônicos e os considerou como autorizados. Homens como Policarpo (c. 150 d.C.) e Justino Mártir (140 d.C) citaram amplamente e reconheceram muitos dos livros do NT. Cabe citar particularmente Irineu de Lion (c. 170 d.C.) que foi o primeiro pai da Igreja que citou praticamente todos os livros do NT. As citações do NT feitas pelos Pais da Igreja alcançam o número de 23,000 citações. Tais citações seriam suficientes para reconstruir todo o NT. Sem dúvida, os Líderes da Igreja dos primeiros séculos reconheceram sem rodeios a autoridade das Escrituras.
CONFECÇÃO DOS ESCRITOS BÍBLICOS DE 2PEDRO 1:21
Deus selecionou sobrenaturalmente os escritores humanos da Bíblia (Jr 1:5) Lhes comunicou a mensagem que deveria ser entregue em seu Nome (Jr 1:9) Ordenou-lhe escrever a mensagem (Ex 17:14; Jr 36:1-2; Ap 1:19; 14:13) Deus limitou o escrito somente as palavras dadas por Ele ao escritor humano (Jr 36:2) Deus atuou de modo que não fosse omitido nenhuma de suas palavras (Jr 36:2)
CÂNON BÍBLICO
Cânon bíblico: denomina-se “cânon o conjunto de livros reconhecidos como inspirados por Deus; São a revelação infalível e plena de autoridade;
Kanón (gr) – a régua do carpinteiro ou a vara de medir. Norma ou medida pela qual se julgam ou se avaliam as coisas. Cânon do AT: O NT faz referência ao cânon do AT (Lc 24:44,45) Lei de Moisés, os profetas, os Salmos e outros escritos. A tradição atribui a Esdras ser o responsável pela reunião dos escritos sagrados dos judeus em um cânon reconhecido. O Concílio de Jamia por volta do ano 90 a 100 d.C.
CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Princípios utilizados para estabelecer a canonicidade dos escritos, seguiram a seguinte ordem: Os que foram escrito por algum apostolo; Seu caráter e espiritualidade; A aceitação universal da Igreja; Evidencia interna de ser inspirado;
FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO
No primeiro período apostólico, aqueles escritos que reclamavam essa condição (1 Ts 5:27; Cl 4:16) No primeiro período pós-apostólico foram reconhecidos todos menos a carta aos Hebreus, 2ª Pedro e 2ª e 3ª de João. O cânon foi aprovado no concílio de Cartago no ano 397 e pela igreja Oriental no ano 500.
INTERPRETAÇÃO
DEFINIÇÃO: interpretar a Escritura é dar o significado da passagem conforme o que o autor teve em mente quando escreveu e para quem o fez. PRINCIPAIS SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO: Alegórico, é o que busca um significado oculto, diferente do que as palavras indicam. Perigoso porque a interpretação passa pelo juízo do interprete. (O objeto se revela tal como é mas a interpretação sempre será subjetiva. [kant]) Literal é a interpretação válida, onde cada palavra recebe o significado próprio do tempo em que foi escrita. Esta também é chamada de “método histórico -gramatical”;
AUTENTICIDADE DA BÍBLIA: EVIDENCIAS
Evidencias Bibliográficas: Nenhum outro escrito antigo tem o respaldo de um número tão grande de manuscritos como o que tem a Bíblia. Evidencias Internas: Não existem nenhuma contradição em toda a Bíblia, apesar de ser escrita por mais de 30 autores em um período de 1500 anos. Evidencias Externas: Quando a Bíblia trata de questões de história e ciência, o faz com precisão.
RESUMO E CONCLUSÃO
A inspiração das Escrituras é uma doutrina fundamental para a Igreja Cristã. Significa que os Escritores Sagrados não escreveram o que achavam melhor, e sim foram guiados, protegidos e supervisionados pelo Espirito Santo de tal modo que escreveram o que de verdade é a PALAVRA DE DEUS. Existe numerosas teorias que pretendem explicar o QUE e o COMO da inspiração da Sagrada Escritura. A única postura que faz justiça ao conteúdo e a mensagem da Bíblia é a que afirma que a Bíblia em sua totalidade foi dada por intervenção sobrenatural do Espírito Santo. Essa postura se conhece como INSPIRAÇÃO PLENÁRIA E VERBAL.