Manual do Professor
Sumário A proposta da obra A dimensão do tempo, 4 ❚ A dimensão da escala, 5 ❚ Organização dos conteúdos, 5 ❚ O sentido do planejamento pedagógico, 7 ❚ As atividades e a avaliação, 8 ❚ A avaliação do aprendizado, 8 cartográficos,, 9 ❚ Critérios cartográficos ❚ Fontes estatísticas, 9 ❚ Navegando na internet, 10 ❚
Parte 1 A dinâmica da natureza e as tecnologias Unidade 1: A linguagem da Geografia, 12 Capí tulo tulo 1: A produção do espaço geográfico, 13 Capí tulo tulo 2: Interpretando os mapas, 13
O enfoque interdisciplinar, 13 Biblioteca do professor, 14 Indicações de leitura, 14 Unidade 2: A geografia da natureza, 15 Capí tulo tulo 3: Geomorfologia e recursos minerais, 15 Capí tulo tulo 4: As bases físicas do Brasil, 15 Capí tulo tulo 5: Dinâmica climática e ecossistemas, 16 Capí tulo tulo 6: Os domínios de natureza no Brasil, 16 Capí tulo tulo 7: A esfera das águas e os recursos hídricos, 17 O enfoque interdisciplinar, 17 Biblioteca do professor, 18 Indicações de leitura, 19 Unidade 3: Tecnologias e recursos naturais, 19 Capí tulo tulo 8: Os ciclos industriais, 19 Capí tulo tulo 9: Agropecuária e comércio global de alimentos, 20 Capí tulo tulo 10: Estratégias energéticas, 20
O enfoque interdisciplinar, 21 Biblioteca do professor, 21 Indicações de leitura, 22
Parte 2 O Brasil, território e nação Unidade 4: O Brasil e a globaliza ção, 23 Capí tulo tulo 11: Industrialização e integração nacional, 24 Capí tulo tulo 12: A matriz energética, 24 Capí tulo tulo 13: Os complexos agroindustriais, 25
Capí tulo tulo 14: Urbanização e redes urbanas, 25 Capí tulo tulo 15: Comércio exterior e integração sul-americana, 26
O enfoque interdisciplinar, 26 Biblioteca do professor, 27 Indicações de leitura, 28 Unidade 5: Sociedade e espaço geográfico, 28 Capí tulo tulo 16: A estrutura regional brasileira, brasileira, 28 Capí tulo tulo 17: Nordeste, nordestes, 29 Capí tulo tulo 18: A Amazônia e o planejamento regional, regional, 29 Capí tulo tulo 19: Desigualdades sociais e pobreza, 30 Capí tulo tulo 20: A questão fundiária, 30
O enfoque interdisciplinar, 31 Biblioteca do professor, 31 Indicações de leitura, 32
Parte 3
Geografia e geopolítica da globalização Unidade 6: O espaço da globalização, 33 Capí tulo tulo 21: Os fluxos da economia global, 34 Capí tulo tulo 22: Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano” , 34 Capí tulo tulo 23: União Européia e CEI, 35 Capí tulo tulo 24: A Bacia do Pacífico, 35
O enfoque interdisciplinar, 35 Biblioteca do professor, 36 Indicações de leitura, 37 Unidade 7: A fronteira Norte/Sul, 37 Capí tulo tulo 25: Periferias da globalização, 37 Capí tulo tulo 26: A transição demográfica, demográfica, 38 Capí tulo tulo 27: Urbanização e meio ambiente, 39
O enfoque interdisciplinar, 39 Biblioteca do professor, 39 Indicações de leitura, 40 Unidade 8: Geopolí ticas ticas da globaliza ção, 41 Capí tulo tulo 28: Da Guerra Fria à “nova ordem mundial”, 41 Capí tulo tulo 29: O mundo muçulmano e o Oriente Médio, 42 Capí tulo tulo 30: Estado e nação na África, 42
O enfoque interdisciplinar, 43 Biblioteca do professor, 43 Indicações de leitura, 44
Respostas Exercícios propostos, 45 Vestibulares/Enem, 92
A proposta da obra O espaço geográfico é constituído por uma trama de objetos técnicos e informacionais construídos pela sociedade, pelos fluxos de matéria e informação que neles se apóiam e os transformam e pelo substrato físico e bioquímico da superfície terrestre. Ele pode ser comparado a um texto, escrito em parte pelos seres humanos e em parte pelos processos naturais. O ensino de Geografia destina-se a formar cidadãos capacitados a “ler” esse “texto”, ou seja, a decifrar a trama do espaço geográfico, identificando suas estruturas básicas e as relações principais que se estabelecem entre elas. Essa função é essencial na democracia da chamada “era da informação”. A “leitura” do espaço geográfico constitui, ao lado de competências desenvolvidas em outras disciplinas, um instrumento crucial para a interpretação da torrente aparentemente caótica de informações que atinge os cidadãos. As Diretrizes e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNs e PCNs) ecoaram a crítica de educadores contra o ensino enciclopédico e formalista reproduzido pela força da inércia e muitas vezes legitimado pelos exames vestibulares tradicionais. “[...] a formação básica a ser buscada no ensino médio se realizará mais pela constituição de competências, habilidades e disposições de condutas do que pela quantidade de informação. Aprender a aprender e a pensar, a relacionar o conhecimento com dados da experiência cotidiana, a dar significado ao aprendido e a captar o significado do mundo, a fazer a ponte entre teoria e prática, a fundamentar a crítica, a argumentar com base em fatos, a lidar com o sentimento que a linguagem desperta.” MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio:: um currículo voltado para as competências médio básicas. Brasília: MEC, 1999. p. 35.
“Aprender a aprender e a pensar”: não se trata de oferecer um cardápio mais ou menos vasto de informações, mas de desenvolver a autonomia dos estudantes, capacitando-os a atuar como sujeitos na “era da informação”. A tradução dessa meta geral no ensino de Geografia solicita a construção do conceito de espaço geográfico em suas dimensões de tempo e de escala escala..
A dimensão do tempo A Geografia situa-se no campo das Ciências Humanas. O espaço geográfico é produto da atividade social sobre um substrato natural, que é a superfície terrestre. Seu estudo exige o reconhecimento das distintas dinâmicas que o permeiam: o “tempo da natureza” e o “tempo da história”.
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Os processos físicos e bioquímicos que ocorrem na biosfera e modificam a superfície terrestre são ritmados pelo “tempo da natureza”, que se apresenta eventualmente de modo “cataclísmico”, mas é fundado em dinâmicas de longa duração. O “tempo geológico” – na expressão inspirada de Stephen Jay Gould, “tempo profundo” – é sua expressão extrema. A atividade social de construção do espaço geográfico, por sua vez, é ritmada pelo “tempo da história”, que se revela nas mudanças das formas de organização da sociedade, nos conjuntos de tecnologias empregados na produção e no consumo e das concepções e idéias sobre o mundo. Milton Santos sugeriu interpretar o espaço geográfico como “acumulação desigual de tempos”. Vale a pena seguir seu raciocínio, no contexto de uma discussão sobre as técnicas: 8
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“Será possível falar da idade de um lugar segundo [...] um critério propriamente ‘geográfico’? Os geomorfólogos o fazem. A observação da incidência local dos processos naturais lhes permite datar áreas inteiras, segundo a disposição das camadas que revelam as fases da história natural. [...] Diante das pai sagens elaboradas pelo homem, será possível encontrar um método de observação que produza idêntico resultado? Pode a técnica exercer, em relação à geo grafia, um papel semelhante ao dos cortes geológicos e geomorfológicos? A materialidade artificial pode ser datada, exatamente, por intermédio das técnicas: técnicas da produção, do transporte, da comunicação, do dinheiro, do controle, da política e, também, técnicas da sociabilidade e da subjetividade. As técnicas são um fenômeno histórico. Por isso, é possível identificar o momento de sua origem. Essa datação é tanto possível à escala de um lugar, quanto à escala do mundo. Ela é também possível à escala de um país, ao considerarmos o território nacional como um conjunto de lugares.” SANTOS, Milton. A Milton. A natureza do espaço . São Paulo: Hucitec, 1996. p. 46.
O reconhecimento da dimensão temporal do espaço geográfico deve ser uma das metas gerais do ensino de Geografia. Isso não significa, contudo, importar a abordagem da História, que reconstitui cronologicamente os processos sociais, narrando uma trama singular de eventos a partir de fontes documentais. A Geografia não é uma “história das técnicas”, pois seu método não é o método da História. Na abordagem geográfica, o ponto de partida e de chegada é o espaço geográfico geográfi co do presente, em suas diferentes escalas. O enfoque processual destina-se a identificar e caracterizar seus elementos singulares,
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propiciando o reconhecimento das relações que mantêm entre si. Essa “datação” revela a existência concomitante do “novo” e do “velho” numa totalidade que é mundial e se expressa desigualmente nos territórios nacionais, nas regiões e nos lugares.
A dimensão da escala
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Na cartografia, o conceito de escala tem um sentido estritamente matemático. Mas a opção pelo uso de uma determinada escala requer uma compreensão abrangente do espaço geográfico e das técnicas de representação. Os mapas em pequena escala ocultam uma infinidade de fenômenos, mas explicitam relações entre as grandes estruturas espaciais. Os mapas em grande escala não podem captar essas relações, mas representam as estruturas de dimensões menores. A opção de escala repercute sobre o significado da representação. Ou, na síntese de Yves Lacoste: 8 9 9 1 e d o
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“[...] um fenômeno só pode ser representado numa determinada escala; em outras escalas ele não é representável ou seu significado é modificado.” LACOSTE, Yves. A Yves. A Geografia: Geografia : isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988. p. 74.
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Geografia não é igual a cartografia, embora esta última seja uma técnica crucial para a apreensão e interpretação do espaço geográfico. O problema da escala, em Geografia, não se esgota no uso correto da escala cartográfica. O tema, de óbvia relevância para o ensino, foi proposto da seguinte forma por Iná Elias de Castro:
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“A análise geográfica dos fenômenos requer objetivar os espaços na escala em que eles são percebidos. Este pode ser um enunciado ou um ponto de partida para considerar, de modo explícito ou subsumido, que o fenômeno observado, articulado a uma determinada escala, ganha um sentido particular. Esta consideração poderia ser absolutamente banal se a prática geográfica não tratasse a escala a partir de um raciocínio analógico com a cartografia, cuja representação de um real reduzido se faz a partir de um raciocínio matemá-
tico. Este, que possibilita a operação, através da qual a escala dá visibilidade ao espaço mediante sua repre sentação, muitas vezes se impõe, substituindo o pró prio fenômeno. É verdade que para os geógrafos as perspectivas da grande e da pequena escala ainda se fazem por analogia àquela dos mapas, fruto da confu são entre os raciocínios espacial e matemático [...].” CASTRO, Iná Elias de. “O problema da escala”. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa e CORRÊA, Roberto Lobato (Orgs.). Geografia Geografia:: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 120-121.
A discussão teórica sobre o problema da escala geográfica, entendida como conceito não redutível à escala cartográfica, está longe de uma conclusão. Contudo, é cada vez mais claro que o uso de diferentes escalas geográficas proporciona a apreensão de características diversas dos fenômenos e processos espaciais. O fenômeno da urbanização, por exemplo, revela-se nos seus diferentes aspectos quando abordado na escala do mundo, do território nacional, da região ou do lugar. A escala do mundo evidencia funções da cidade relacionadas à divisão internacional do trabalho e aos grandes fluxos da economia global. A escala do território nacional ilumina suas funções na divisão regional do trabalho e na rede urbana do país. A escala da região possibilita a investigação da sua capacidade de polarização. A escala do lugar deslugar desvenda os nexos da estrutura do espaço intra-urbano e as percepções sociais ligadas à vivência urbana. As diferentes escalas geográficas não se confundem, mas se inter-relacionam. A estrutura intra-urbana de São Paulo, para retomar o exemplo anterior, é fortemente influenciada pelas funções de metrópole global que a cidade desempenha na atualidade. O lugar, mais do que em qualquer época anterior, é um lugar-no-mundo. O reconhecimento das diferentes escalas geográficas não se reduz à capacidade de operar com a escala cartográfica, mesmo que, obviamente, essas competências estejam relacionadas. Uma meta crucial do ensino da Geografia consiste em proporcionar aos alunos os instrumentos conceituais para a distinção entre as escalas do mundo, do território nacional, da região e do lugar.
Organização dos conteúdos Algumas interpretações superficiais das DCNs e dos PCNs difundiram-se largamente, configurando caricaturas que funcionam como obstáculos para a reforma do ensino. Uma dessas interpretações consiste na crença segundo a qual o ensino deve buscar o desenvolvimento de competências e habilidades, ao invés de conteúdos curriculares.
O equívoco embutido nessa crença é o de contrapor as competências aos conteúdos. Os próprios documentos oficiais encarregam-se de definir conteúdo definir conteúdo curricular como curricular como o conjunto de discursos que entram em jogo no processo de ensino-aprendizagem, que abrange tanto os conteúdos programáticos (planos e programas de estudos) quanto as competências e habilidades construídas. Segundo os PCNs:
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“[...] as competências não eliminam os conteúdos, pois que não é possível desenvolvê-las no vazio. Elas El as apenas norteiam a seleção dos conteúdos, para que o professor tenha presente que o que importa na educação básica não é a quantidade de informações, mas a capacidade de lidar com elas, através de processos que impliquem sua apropriação e comunicação e, principalmente, sua produção ou reconstrução, a fim de que sejam transpostas a situações novas. Somente quando se dá essa apro priação e transposição de conhecimentos para novas situações é que se pode dizer que houve aprendizado.” MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais – ensino médio: médio : ciências humanas e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999. p. 26.
Uma qualidade dessa definição é a de esclarecer que há uma relação permanente entre conteúdos programáticos, de um lado, e competências e habilidades, de outro. Se não funcionam como fontes para o desenvolvimento das competências e habilidades desejadas, os conteúdos programáticos não merecem esse nome – são apenas fragmentos de informações enciclopédicas destituídas de relevância. Ao mesmo tempo, as competências e habilidades não se produzem no vácuo intelectual, mas emergem da reflexão organizada sobre um corpo de conhecimentos relevantes que são exatamente os conteúdos programáticos. Eles são os veículos – isto é: os meios – para alcançar as metas do curso de Geografia. Meios e fins mantêm relações estreitas. A seleção adequada dos meios é indispensável para que se alcancem as finalidades planejadas. Abordando o ensino de Geografia, os PCNs direcionaram a crítica a duas tradições – uma mais antiga, outra mais recente – que se manifestam nos livros didáticos. “Em primeiro lugar, é necessário abandonar a visão apoiada simplesmente na descrição e memorização da ‘Terra e o Homem’, com informações sobrepostas do relevo, clima, população e agricultura, por exemplo. Por outro lado, é preciso superar um modelo doutrinário de ‘denúncia’,, na perspectiva de uma sociedade pronta, em ‘denúncia’ que todos os problemas já estivessem resolvidos.” MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais – ensino médio: médio : ciências humanas e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999. p. 59.
A tradição mais antiga enxerga os conteúdos programáticos como listas de temas ou assuntos que, por programáticos motivos arbitrários, deveriam ser conhecidas pelos estudantes. A mais recente recorta caprichosamente os conteúdos programáticos em função do “modelo doutrinário” eleito como verdadeiro. Nesta obra, os conteúdos programáticos são encarados como veículos na construção dos conceitos básicos da
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Geografia e, portanto, das competências necessárias para “ler o texto” constituído pelo espaço geográfico. Isso significa que a obra não contém “toda a Geografia”, qualquer que possa ser o sentido dessa expressão, mas se pauta pela abordagem aprofundada dos conteúdos selecionados, distinguindo-se radicalmente dos “almanaques geográficos” tão em voga no universo do ensino. Nela, a opção metodológica ganha consistência pela articulação entre a exposição e as atividades propostas. As atividades dividem-se em quatro seções distintas, que contemplam,, em cada capítulo, níveis diferentes de aprecontemplam ensão dos conteúdos e abrangem a interpretação de mapas e de textos. Além delas, uma seção que conclui cada Unidade, contém sugestões de projetos de trabalhos interdisciplinares. Finalmente, a obra contém baterias de exercícios selecionados que apareceram em exames vestibulares recentes, em todo o país. A estrutura da obra condensa uma proposta de organização dos conteúdos nas três séries do Ensino Médio. A Parte I – A dinâmica da natureza e as tecnologias, tecnologias, composta por três unidades e dez capítulos, compreende as noções básicas da Geografia. A Parte II – O Brasil, território e nação situa o olhar na escala do território nacional. A Parte III – Geografia e geopolítica da globalização está pautada na escala do mundo. A Parte I destina-se a construir os fundamentos do conceito de espaço geográfico. Sua unidade inicial (A (A linguagem da Geografia), Geografia), que atua como introdução de toda a obra, discute o espaço geográfico como fruto da humanização da superfície da Terra e aborda a cartografia como técnica e expressão de concepções culturais sobre o mundo. As unidades seguintes (A (A geografia da natureza e Tecnologia e recursos naturais) naturais ) abordam, respectivamente, as dinâmicas naturais e as relações entre as tecnologias e a produção do espaço geográfico. Essas duas unidades têm a finalidade de elaborar os conceitos de “tempo da natureza” e “tempo da sociedade”, e investigar o caráter processual de produção das paisagens e do espaço geográfico. A Parte II situa-se na perspectiva da escala do território nacional. Isso não significa que as demais escalas geográficas estejam ausentes, mas que elas aparecem como instrumentos auxiliares na apreensão da construção do espaço geográfico brasileiro. A primeira unidade (O (O Brasil e a globalização)) está consagrada à dialética entre a escala do globalização território nacional e a do mundo. A segunda unidade (Soci(Sociedade e espaço geográfico), geográfico), à dialética entre a escala do território nacional e as escalas da região e do lugar. É importante sublinhar que essa parte da obra tem como foco o território nacional, mas não é um “livro de Geografia do Brasil” anexado a uma coleção, pois alguns conteúdos tradicionalmente estudados em Geografia do Brasil aparecem na parte inicial da obra, assim como na parte final. A explicação encontra-se na opção metodológica: nesta obra, os conteúdos não possuem um valor R
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intrínseco, mas são plataformas sobre as quais erguemse os blocos de conceitos. A Parte III situa-se na perspectiva da escala do mundo. Mais uma vez, isso não significa que as outras escalas geográficas estejam ausentes. As escalas dos territórios nacionais, das regiões e dos lugares são usadas em momentos distintos, como instrumentos destinados a evidenciar as diferentes dimensões do espaço mundial da chamada “era da globalização”. Na unidade inicial (O (O espaço da globalização), globalização), aborda-se a reorganização do espaço mundial associada à
globalização econômica. A unidade seguinte (A (A fronteira Norte/Sul)) discute a persistência de uma “fronteira NorNorte/Sul te-Sul” marcada por profundas desigualdades socioeconômicas entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. A unidade final (Geopolíticas (Geopolíticas da globalização) globalização ) muda o registro de análise, abordando o espaço mundial sob o ponto de vista geopolítico e estratégico. Na seqüência deste manual, discute-se com maior profundidade a organização dos conteúdos de cada uma das partes, unidades e capítulos, além das estratégias pedagógicas sugeridas pelos autores.
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O ensino conteudista e enciclopédico enciclopédi co e seu corolário extremo, representado pelos materiais apostilados que proliferaram à sombra dos exames vestibulares tradicionais, repercutiu devastadoramente sobre o planejamento pedagógico. Os “cursos prontos”, em receituários produzidos aula-a-aula, privaram escolas e professores de uma autonomia pedagógica básica. Esses modelos, abstraindo a singularidade das escolas, impuseram padrões rígidos que, além de tudo, referenciam-se unicamente aos conteúdos programáticos, e não estão focados na construção de competências. Nessa moldura, a atividade de planejamento do curso perde seu valor pedagógico, limitando-se a uma ordenação de assuntos em função do calendário escolar. Muitas vezes, tudo se resume à reprodução do sumário do material didático ou à sua adaptação direta à carga horária disponível. O ensino renovado define os conteúdos programáticos como etapas de construção de conceitos e competências. Sob essa perspectiva, cada um dos temas é o suporte para a elaboração do edifício conceitual da disciplina. A atividade de planejamento, destinada a explicitar a trama de conceitos associados aos temas e assuntos, ganha, assim, sua verdadeira dimensão pedagógica. O planejamento é, ainda, o momento no qual traçam-se as estratégias destinadas ao desenvolvimento das competências gerais e específicas trabalhadas em cada série e disciplina. No planejamento, o professor evidencia para si mesmo o sentido de seu trabalho didático. Ele não tratará da geomorfologia para fixar na mente dos estudantes a sucessão de eras e períodos da coluna geológica, mas para elaborar o conceito de “tempo profundo”. Não tratará da geografia da indústria para promover a memorização das regiões industriais européias e norte-americanas, mas para elaborar o conceito de localização industrial. O planejamento do curso permitirá visualizar a trama de conceitos na sua totalidade e, portanto, as relações que se estabelecem entre eles.
As seções deste manual consagradas às partes, unidades e capítulos são subsídios para o planejamento. Elas explicitam um ponto de vista dos autores, mas não devem ser interpretadas como uma camisa-de-força imposta ao professor. Na atividade de planejamento, o professor tem a oportunidade de criar seu próprio curso, inclusive por meio de ordenamentos alternativos do conteúdo programático. Sobretudo, porém, o professor tem a oportunidade de colocar ênfases especiais a determinados conteúdos e/ou atividades, que decorrem da sua própria estratégia de desenvolvimento dos conceitos e competências. Neste manual, na conclusão da exposição dos conteúdos de cada Unidade, há uma seção intitulada O enfoque interdisciplinar . Trata-se de sugestões de pesquisa e trabalho em equipes que requerem a participação de professores de outras disciplinas. A seção não foi incluída no corpo da obra a fim de não prejudicar a flexibilidade do planejamento escolar. Além dela, aparece a seção Biblioteca do professor , que contém um texto e indicações de leitura. Essa seção não se destina obviamente a ser utlilizada com os alunos, mas à reflexão teórica e metodológica do professor. O livro didático consiste em uma seleção, entre outras possíveis, dos conhecimentos geográficos adequados para o processo de ensino-aprendizagem. Essa seleção é genérica – cabe ao professor adaptá-la às condições singulares da escola e do público com o qual trabalha, bem como à sua própria forma de entender o ensino de Geografia. A escolha de materiais de apoio didático – livros, publicações periódicas, jornais, vídeos, etc. – é uma das estratégias para realizar essa adaptação. Outras estratégias são o planejamento de avaliações e atividades, os pro jetos de pesquisa, o estudo do meio. Por essas vias, o professor apropria-se do curso, define suas ênfases, ritmo e pontuação. Assim, ele subordina o livro didático às à s necessidades de uma escola e um público específicos, exercendo plenamente sua função criadora.
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As atividades e a avaliação As propostas originais de atividades da obra foram dispostas em seções distintas, pois desempenham papéis também distintos no processo de ensino e aprendizagem. No final de cada capítulo, aparecem quatro seções de atividades: • Revendo o capítulo. capítulo. Seção destinada à retomada dos principais conceitos trabalhados no capítulo. Sua função é promover uma leitura competente do texto teórico, isto é, levar o aluno a desenvolver a plena compreensão da estrutura da narrativa, com a identificação das idéias centrais e dos nexos explicativos internos do texto. Idealmente, esses exercícios deveriam ser indicados como tarefa de casa e discutidos na aula seguinte. • O capítulo no contexto. contexto . Seção voltada à aplicação dos conceitos principais do capítulo em contextos distintos. O uso freqüente de recursos como pequenos textos, gráficos e tabelas é uma característica da seção. Esses exercícios, que apresentam grau de complexidade maior, têm a finalidade de funcionar como parâmetro do aprendizado. • Trabalhando com mapas. mapas. Como o título indica, trata-se de uma seção voltada para a interpretação de representações cartográficas de um ou mais fenômenos discutidos no capítulo. Sua finalidade é propiciar ao professor um instrumento para a continuidade da “alfabetização cartográfica”, ao longo de todo o curso. As questões que acompanham os mapas podem versar sobre técnicas de representação ou sobre a natureza dos próprios fenômenos. Sugere-se que as questões sejam propostas para resolução em pequenos grupos, mediante discussão prévia dos alunos.
• Dialogando com o texto. texto . Seção associada à leitura dos textos complementares. Esses textos, de diferentes autores, evidenciam o debate social que cerca algum problema abordado no capítulo. As questões que acompanham esses textos funcionam como uma “ficha de leitura”, ou seja, como um resumo das idéias centrais e, em certos casos, como uma expansão da problemática neles contida. Além das quatro seções básicas, a obra oferece projetos de trabalho e baterias de exercícios dos exames vestibulares. A seção Projeto de Trabalho, Trabalho, que aparece ao final de cada unidade, oferece propostas de projetos interdisciplinares, sempre associadas aos conteúdos e competências desenvolvidos nos capítulos precedentes. São sugestões a serem apresentadas aos professores de outras disciplinas e, eventualmente, incorporadas ao planejamento geral da escola. As propostas estão voltadas para o trabalho em equipe, sob orientação constante dos professores. Todas prevêem que a pesquisa conduza a um produto final. Na forma como foram elaboradas, solicitam várias semanas de trabalho e podem ser propostas em bases bimestrais, trimestrais ou semestrais. A seção Questões de vestibulares/Enem abrange baterias de testes de múltipla escolha e exercícios discursivos extraídos de exames vestibulares de todo o país, de programas de avaliação seriada e do Enem. Os autores selecionaram essas questões utilizando critérios de qualidade, representatividade e diversidade geográfica. Algumas questões foram selecionadas com base na sua qualidade intrínseca, outras porque evidenciam certas abordagens tradicionais ou determinados problemas valorizados pelos exames vestibulares
A avaliação do aprendizado “Somente quando se dá [...] apropriação e transposição de conhecimentos para novas situações é que se pode dizer que houve aprendizado.” Os PCNs apontam o rumo: avaliação não é cobrança de uma série maior ou menor de informações específicas, mas aferição da construção de conceitos e competências relevantes. Isso significa que a simples memorização não indica aprendizado. O ponto de partida do aprendizado, em Geografia como nas demais disciplinas, é a competência de leitura e interpretação. O sucesso na apreensão do sentido e dos significados de textos, mapas, gráficos e tabelas deveria ser objeto de aferição contínua.
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A competência para estabelecer relações entre fenômenos, com a mediação de conceitos, é um indicador decisivo de que houve aprendizado. No caso da Geografia, essa competência abrange a capacidade de identificar fenômenos espaciais, nas suas diferentes escalas, e de estabelecer relações pertinentes com outros fenômenos espaciais. A “transposição do conhecimento para novas situações” abrange a capacidade de aplicar no cotidiano os conceitos básicos da Geografia. Os fenômenos estudados em sala de aula manifestam-se, sob formas específicas, no “lugar-mundo” do aluno, quer por meio da experiência vivida quer por meio da torrente de informações
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oferecidas pela mídia. A avaliação do aprendizado deve esforçar-se para aferir essa capacidade, explorando as potencialidades de estudos do meio e fazendo uso do noticiário cotidiano dos meios de comunicação. Uma meta fundamental do ensino é a construção do espírito científico. A capacidade de operar com o método científico – identificando fenômenos relevantes, observando-os e descrevendo-os, formulando hipóteses sobre sua origem e dinâmica, testando essas hipóteses e elaborando explicações – é desenvolvida desde o início da vida escolar e ganha sofisticação crescente. A avaliação do aprendizado deve conferir maior valor ao processo de construção do espírito científico que à adequação ou ao rigor das conclusões obtidas. As atividades propostas na obra foram elaboradas com vistas a contribuir para a avaliação contínua do
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aprendizado. Essa observação vale particularmente para as seções O capítulo no contexto, Trabalhando com mapas e Dialogando com o texto. Além disso, particularmente no caso da 3 a série, a seção Questões de vestibulares/Enem oferece subsídios para a elaboração de provas ou simulados. A avaliação contínua é, atualmente, um consenso entre os educadores. Mas esse processo permanente de aferição da aprendizagem não deveria implicar a supressão das provas formais. O momento da prova tem valor pedagógico comprovado e elas oferecem ao professor um termômetro acurado da própria eficiência das estratégias de ensino utilizadas. As provas periódicas deveriam estar pautadas pela aferição de metas de aprendizagem nítidas, definidas desde o momento do planejamento em termos de conteúdos, conceitos e competências.
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Nesta obra, utilizam-se estatísticas oriundas das mais diversas fontes: governos nacionais, instituições e agências multilaterais, organizações não-governamentais. Todas as fontes estão citadas. i
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Na medida do possível, a obra utiliza estatísticas padronizadas, de modo a facilitar a comparação entre informações apresentadas em diferentes seções ou capítulos. Assim, por exemplo, privilegia-se o uso do PIB mensurado pelo método da paridade do poder de compra, embora em casos isolados, por razões específicas, utilize-se outras formas de medir a riqueza nacional. Sempre que relevante, há explicação do significado do método de mensuração ou da unidade de medida utilizados. R
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A periodicidade dos censos e pesquisas nacionais varia de país a país. Algumas séries estatísticas publicadas por instituições e agências multilaterais ou organizações nãogovernamentais apresentam descontinuidades no tempo. Além disso, há importantes pesquisas que foram realizadas uma única vez e perderam parte de seu rigor quantitativo, mas ainda conservam forte poder explicativo. Como regra, procurou-se utilizar a estatística mais atualizada disponível. Contudo, em alguns casos, as séries séri es disponíveis encontram-se defasadas no tempo. Um caso notório, por exemplo, é o do Censo Agropecuário brasileiro, realizado pela última vez em meados da década de 1990. O critério adotado nesses casos foi o do poder explicativo das séries existentes, à luz das finalidades do livro didático. As informações didáticas foram utilizadas.
Critérios cartográficos Nesta obra, foram adotados os seguintes critérios, em relação à orientação, projeção e notação da escala dos mapas.
Orientação A agulha da bússola aponta para o norte magnético da Terra (Ilha Ellef Ringnes, Canadá), mas, para simplificar sua leitura, os mapas já estão orientados para o norte geográfico.
Projeção Adota-se uma projeção cartográfica de acordo com os objetivos do mapa, tendo em vista a extensão, a configuração e a posição da área de interesse no globo. A conveniência de uma ou outra projeção está relacionada às suas propriedades básicas – conformidad conformidadee (ângulos verdadeiros), equivalência (áreas verdadeiras) e eqüidistância (distâncias verdadeiras) – na tentativa de reduzir ao mínimo as deformações. Nesta obra, a maioria dos planisférios estão na Projeção de Miller, que representa os pólos como uma linha e não deforma exageradamente nem áreas nem formas.
Escala Para facilidade, empregou-se neste livro a escala gráfica. Ela permite medir as distâncias diretamente sobre o mapa e pode ser usada mesmo em reduções ou ampliações.
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Navegando na internet
A internet oferece uma verdadeira “biblioteca da Babilônia” pós-moderna, imensa e diversificada. Existem milhares de sites dedicados a temas relevantes para o ensino de Geografia. A relação seguinte limita-se a sites em português, de boa qualidade, renovados de modo sistemático ao longo do tempo, que são mantidos por instituições públicas, organizações não-governamentais ou empresas privadas.
Agência Carta Maior
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)
Portal da Agência de Notícias Carta Maior, que destaca os grandes temas da agenda ambiental e social brasileira.
Site da antiga estatal, gigante da mineração e da logística. Além de páginas de interesse empresarial, empresarial, o site oferece uma história da CVRD e uma página dedicada a assuntos relativos à mineração.
Ciência Hoje Site da tradicional revista de divulgação científica. Oferece artigos sobre tecnologia, saúde e ambiente relevantes para os conteúdos de Geografia.
Climatempo Site de previsão do tempo e análise climática. Exibe imagens orbitais cedidas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa), dos Estados Unidos, além de imagens orbitais do Brasil e dos diferentes di ferentes continentes.
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O portal brasileiro da agência de notícias alemã traz diversos dossiês temáticos de grande interesse. Ele é uma excelente fonte de pesquisa para temas como a agenda ambiental global, as relações do Brasil com a Alemanha e com a União Européia e os grandes destaques da política internacional.
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Clube Mundo Site mantido pelo jornal Mundo – Geografia e Política Internacional. Oferece textos de análise sobre a con juntura política e econômica. Disponibiliza as edições completas do jornal, dos anos anteriores, com um sistema de busca que permite a consulta a mais de uma década de textos de análise.
Site da União Européia, com versão em português. Oferece informações históricas, econômicas e sociais, além de estatísticas sobre o bloco europeu.
Greenpeace Brasil Site da seção brasileira da organização ambientalista global. Além da divulgação de campanhas, tem uma seção de textos sobre temas relativos às políticas ambientais e energéticas.
Com ciência Revista eletrônica de jornalismo científico, produzida pela SBPC e pelo Labjor-Unicamp. Oferece dossiês temáticos que contemplam diversos conteúdos associados ao ensino de Geografia.
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) O site do IBGE oferece parcela significativa das informações estatísticas obtidas nos censos e pesquisas do
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órgão. É um instrumento eficiente para pesquisas de alunos, especialmente em temas ligados à demografia e à economia brasileiras. Instituto Nacional de Meteorologia Site de previsão do tempo e do clima, mantido pelo Inmet, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Oferece imagens do satélite Goes de abrangência global e da América do Sul, nas faixas visível, infravermelho e vapor d’água. . 8 9 9 1 e d o
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Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
National Geographic Site da National Geographic , revista publicada em diversos países e idiomas pela National Geographic Society. Trata de temas de geografia, história, arqueologia, paleontologia, cartografia e explorações.
Organização das Nações Unidas Portal em português da ONU, que reúne informações sobre a atuação de suas agências no Brasil e apresenta reportagens interessantes sobre os eventos temáticos patrocinados pela organização.
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Site mantido pelo Inpe, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Oferece dados climáticos e ambientais gerados a partir de imagens orbitais da Terra do projeto Landsat . e
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Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o
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O site do órgão de pesquisa vinculado ao Ministério do Planejamento oferece dois recursos relevantes para os professores de Geografia. Um deles é a página do IPEADATA, uma base de dados estatísticos sobre economia mais abrangente que a do IBGE. O outro são os textos para discussão, que podem ser acessados em versão eletrônica e abordam inúmeros temas socioeconômicos.
Petrobras O site da estatal de petróleo contém diversas informações úteis. A página Sala de Aula está dedicada às escolas e representa um instrumento extremamente útil para o ensino das diversas etapas da exploração, produção, refino e distribuição do petróleo. Rios Vivos Trata-se de um interessante portal dedicado às questões ambientais, em especial àquelas referentes aos recursos hídricos. O portal é mantido por uma coalizão de Organizações Não-Governamentais.
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Parte 1
A dinâmica da natureza e as tecnologias O objetivo da Parte I desta obra é construir o conceito de espaço geográfico em suas múltiplas dimensões. Sua estrutura está baseada no referencial teórico elaborado pelo geógrafo Milton Santos, para quem a história humana se expressa como uma sucessão de meios geográficos. O meio natural é pautado pelas dinâmicas da natureza. Sua expressão sensível são as paisagens naturais. Através delas, é possível observar a diversidade de situações gerada pelos processos físicos e bioquímicos e a interdependência entre os elementos naturais. Para decifrar as dinâmicas da natureza, é indispensável conceituar o tempo geológico. Esse “tempo profundo” distingue-se radicalmente do tempo histórico, ao qual está habituada a sensibilidade humana. A distinção não é apenas quantitativa, mas qualitativa: a escala de milhões de anos não faz parte da nossa experiência. Assim, um aspecto fundamental desta Unidade é estabelecer relações significativas entre as paisagens naturais e os processos de longa duração que as produziram. É um erro teórico e filosófico contrapor o “homem” à “natureza”. O ser humano é parte do mundo natural e compartilha a biosfera com os demais organismos. O que singulariza a humanidade é seu poder de transformação extensiva e intensiva do ambiente, através da elaboração de projetos e da criação de tecnologias capazes de executá-los. O ser humano que atua sobre o substrato natural e o transforma em meio técnico e em meio tecnocientífico e informacional é um ser social. Não é o “homem”, mas a sociedade que produz os sucessivos meios geográficos. As tecnologias, criações sociais embebidas por um “tempo histórico”, são o principal objeto de análise da última unidade desta Parte I.
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A linguagem da geografia
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“A ordem global busca impor, a todos os lugares, uma única racionalidade. E os lugares respondem ao Mundo segundo os diversos modos de sua própria racionalidade [...]. A ordem global funda as escalas superiores ou externas à escala do cotidiano. Seus parâmetros são a razão técnica e operacional, o cálculo da função, a lin guagem matemática. A ordem local funda a escala do cotidiano, e seus parâmetros são a co-presença, a vizinhança, a intimidade, a emoção, a cooperação e a socialização com base na contiguidade [...]. [...] . Cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente.” SANTOS, Milton. A Milton. A natureza do espaço . São Paulo: Hucitec, 1996. p. 272-273.
Conforme afirmamos na apresentação da proposta desta obra, as competências e habilidades a serem desenvolvidas pelo ensino de Geografia podem ser sintetizadas como a capacidade de “ler” o espaço geográfico, ou seja, a trama formada pelos objetos naturais e técnicos e pelas múltiplas relações entre eles. Esta primeira Unidade apresenta os elementos básicos para o desenvolvimento destas habilidades. O arcabouço conceitual que sustenta o conhecimento geográfico, bem como as múltiplas relações entre as diferentes escalas de análise geográfica da realidade às quais se refere o fragmento de texto reproduzido acima, são abordados no Capítulo 1.
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A Geografia distingue-se nas Ciências Humanas pela espacialidade espaciali dade do seu objeto. Os mapas e cartas, destinados a captar arranjos espaciais na superfície terrestre, formam sua linguagem e são instrumentos privilegiados de análise do espaço geográfico. O Capítulo 2 dedicase à cartografia.
• Co Conte nteúdo údo pro progr gram amát átic icoo Capítulo 1
A produção do espaço geográfico As paisagens, as técnicas e as tecnologias; A natureza do espaço geográfico; A economia em rede; O lugar, o território e o mundo.
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Este primeiro capítulo destina-se a construir os conceitos que fundamentam a perspectiva geográfica de apreensão da realidade, e que formam o arcabouço estrutural do conjunto da obra. A paisagem é a dimensão sensível do espaço geográfico, e, por isso mesmo, o ponto de partida para seu estudo. As diferentes escalas temporais que produzem as formas naturais e as formas sociais que compõem as paisagens são apresentadas por meio das noções de “tempo da natureza” e de “tempo da história”. Além das formas naturais e sociais, o espaço geográfico também abrange a rede de relações dos homens entre si e com a superfície terrestre, mediada pelas técnicas. Assim, o espaço geográfico incorpora a diversidade natural que caracteriza esta superfície e a intervenção igualmente desigual das sociedades sobre ela. De acordo com o geógrafo Milton Santos, o espaço geográfico se apresenta como meio natural, quando ritmado pelos tempos da natureza; como meio técnico, quando predominam as estruturas da era industrial, ou como meio tecnocientífico e informacional, quando dominado pelas tecnologias de informação que estruturam as redes virtuais. Estes conceitos, que são a chave da aventura geográfica de descoberta do mundo, são cuidadosamente elaborados neste capítulo. Para discutir os efeitos da difusão desigual das infra-estruturas do meio tecnocientífico e informacional no espaço geográfico, por exemplo, é utilizado o exemplo do trágico tsunami que custou a vida de centenas de milhares de pessoas na bacia do Oceano Índico. Os conceitos de lugar, de território e de mundo ilustram as diferentes escalas da análise geográfica e as múltiplas relações entre estas escalas. A reflexão em torno das relações dialéticas entre o lugar e o mundo, mediadas pelos poderes políticos que controlam os territórios nacionais, encerra este capítulo introdutório.
Capítulo 2
Interpretando os mapas A descoberta do mundo; A linguagem dos mapas; Coordenadas geográficas; A representação da Terra. Este capítulo enfoca a Cartografia na sua dupla condição de técnica de representação e de elemento da cultura. Os exemplos extraídos da história da Cartografia apresentam os mapas em sua condição de produtos sociais, que traduzem uma visão de mundo. Os mapas são também instrumentos do planejamento. Através deles, o poder público adquire o domínio intelectual sobre o território. Eles servem, por exemplo, para finalidades de zoneamento urbano e rural, destinado a disciplinar os usos da terra. A revolução tecnocientífica e informacional multiplicou as possibilidades da Cartografia. As tecnologias modernas de sensoriamento remoto, baseadas no uso de imagens digitais de satélites em diferentes bandas do espectro eletromagnético, proporcionam mapas constantemente atualizados das mais diversas características de quase toda a superfície do planeta. A cartografia computadorizada reduziu brutalmente os custos e o tempo para a produção de mapas. Esse conhecimento mais vasto e profundo do espaço geográfico materializase em Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Do ponto de vista do Ensino Médio, as técnicas cartográficas têm importância na medida em que permitem desenvolver habilidades de interpretação da linguagem dos mapas, que envolvem a compreensão do sistema de coordenadas geográficas, da escala cartográfica numérica e gráfica e da legenda. As projeções são, em princípio, técnicas cartográficas. Mas a opção por determinada projeção é, muitas vezes, um ato cultural e politicamente motivado. As diferenças entre as projeções cilíndricas de Mercator e de Peters permitem revelar duas visões de mundo distintas, cada uma delas adequada ao seu tempo. A projeção de Mercator materializa o eurocentrismo; a de Peters, a valorização do Terceiro Mundo. Por outro lado, a projeção azimutal responde às necessidades da geopolítica.
• O enfo enfoque que inte interdi rdiscip sciplin linar ar Cartografia e Navegações As Grandes Navegações são tema muito relevante no estudo de História. Elas foram cruciais para o desenvolvimento da Cartografia moderna, pois revelaram para os europeus as verdadeiras dimensões do planeta e a disposição das terras emersas e oceanos. O estudo de mapas antigos pode ser muito esclarecedor. Como era o mundo cartografado pelos gregos, na Antiguidade? E o mundo cartografado no século XVI? Como a concepção de mundo expressa pelos mapas renascentistas participou da revolução de idéias do seu
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tempo? Quando e por que se fixaram as convenções atuais, utilizadas na produção de planisférios planisférios,, como a de colocar o Hemisfério Norte na parte superior do mapa?
• Bi Bibli bliot oteca eca do pro profe fesso ssor r Do ponto de vista da Geografia, o processo de globalização é também o da emergência de um meio tecnocientífico e informacional. No texto abaixo, Milton Santos reconstrói a história dos sucessivos meios geográficos, mostra os profundos impactos dos sistemas técnicos sobre o território e enfatiza as especificidades do momento atual, no qual os objetos técnicos são movidos pela energia da informação. “O meio tecnocientífico e informacional
A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da Terra, o caminho c aminho que vai de uma situação a outra se s e dá de maneira particular; e a parte do ‘natural’ e do ‘artificial’ também varia, assim como mudam as modalidades de seu arranjo. Podemos admitir que a história do meio geográfico pode ser grosseiramente dividida em três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio tecnocientífico e informacional. [...] Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, es sas condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo. [...] O período técnico vê a emergência do espaço mecani zado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente formado do natural e do artificial. Mas o número e a qualidade de artefatos variam. As áreas, os espaços, as regiões, os países passam a se distinguir em função da extensão e da densidade da substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, por objetos técnicos. [...] O terceiro período começa praticamente após a Se gunda Guerra Mundial e, sua afirmação, incluindo os países de terceiro mundo, vai realmente dar-se nos anos 1970. É a fase que R. Richta [...] chamou de período técnico-científico, e que se distingue dos anteriores, pelo fato da profunda interação da ciência e da técnica, a tal ponto que certos autores preferem falar de tecnociência para realçar a inseparabilidade atual dos dois conceitos e das duas práticas. [...]
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Neste período, os objetos técnicos tendem tend em a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem como informação; e, na verdade, a energia principal de seu funcionamento é também a informação. Já hoje, quando nos referimos às manifestações geográficas decorrentes dos novos progressos, não é mais de meio técnico que se trata. Estamos diante da produção de algo novo, a que estamos chamando de meio tecnocientífico e informacion informacional al. Da mesma forma como participam da criação de novos processos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais), a ciência e a tecnologia, junto com a informação, estão na própria base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço e tendem a constituir o seu substrato. Antes, eram apenas as grandes cidades que se apre sentavam como o império da técnica, objeto de modi ficações, supressões, acréscimos, cada vez mais sofisticados e mais carregados de artifício. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural. [...] Cria-se um verdadeiro tecnocosmo [...], uma situação em que a natureza natural, onde ela ainda existe, tende a recuar, às vezes brutalmente. Segundo Ernest Gellner [...], ‘a natureza deixou de ser uma parte significativa do nosso ambiente’. [...]
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Podemos então falar de uma cientificização e de uma tecnicização da paisagem. Por outro lado, a informação não apenas está presente nas coisas, nos objetos técnicos, que formam o espaço, como ela é necessária à ação realizada sobre essas coisas. A informação é o vetor fundamental do processo social, e os territórios são, des se modo, equipados para facilitar a sua circulação. [...]
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Os espaços assim requalificados atendem sobretudo aos interesses dos atores hegemônicos da economia, da cultura e da política e são incorporados plenamente às novas correntes mundiais. O meio tecnocientífico e informacional é a cara geográfica da globalização.” SANTOS, Milton. A Milton. A natureza do espaço . São Paulo: Hucitec, 1996. p. 186-191.
• In Indic dicaç ações ões de le leit itura ura CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. v.1. JOLY, Fernand. A cartografia. Campinas: Papirus, 1990. MARTINELLI, Marcello. Cartografia temática: caderno de mapas. São Paulo: Edusp, 2003. MORAES, Antonio Carlos Robert. A gênese da Geo grafia moderna. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1989. SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.
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UNIDADE 2
A geografia da natureza O geógrafo Jurandir Ross sintetiza a dinâmica dos ambientes naturais e as múltiplas interferências da sociedade sobre estes ambientes:
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“As unidades de paisagens naturais se diferenciam pelo relevo, clima, cobertura vegetal, solos ou até mesmo pelo arranjo estrutural e do tipo de litologia ou por apenas um desses componentes. No entanto, como na natureza esses componentes são interdependentes, quando há variações na litologia, por exemplo, certamente observam-se diferenças na forma do relevo, na tipologia dos solos e até mesmo na composição florística da cobertura vegetal. Esta última interfere no clima ou pelo menos no microclima, na diferenciação e distribuição da fauna e microrganismos, e assim sucessivamente para os demais componentes. [...] Nesse panorama [...] de ambientes naturais, o homem, como ser social, interfere criando novas situações ao construir e reordenar os es paços físicos com a implantação de cidades, estradas, atividades agrícolas, instalações de barragens, retificações de canais fluviais, entre inúmeras outras.” ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia Geomorfologia:: ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1997. p. 11-12.
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A superfície da Terra é o substrato material sobre o qual atuam as sociedades, produzindo o espaço geográfico. Há, portanto, um meio natural prévio à humanidade, fruto de processos físicos e bioquímicos. Esses processos são resultantes tanto da dinâmica energética interna quanto da dinâmica externa do planeta, esta última baseada na interação da energia solar com a atmosfera. O meio natural, portanto, se encontra em estado de fluxo permanente. Além disso, é um meio vivo, ou seja, não é apenas um ambiente que abriga a vida, mas consiste, em parte, num produto da atividade dos organismos. Esta Unidade 2 se dedica a investigar as dinâmicas do meio natural e a transformação de seus elementos em recursos naturais.
• Co Conte nteúdo údo pr prog ogram ramáti ático co Capítulo 3
Geomorfologia e recursos minerais O planeta Terra; As grandes estruturas geológicas; O modelado da crosta; Os recursos minerais. A dinâmica da litosfera compõe o eixo central do Capítulo 3. A litosfera está em contato com a hidrosfera e a atmosfera. Sua dinâmica estrutural depende do fluxo
de energia do interior do planeta, ou seja, da dissipação do calor do núcleo através do manto. É essa dinâmica que determina a existência de placas tectônicas. A compreensão da escala de tempo geológico, apresentada no capítulo, envolve uma forte capacidade de abstração, pois ela está baseada em uma dimensão temporal dissociada da experiência sensível. Os métodos de datação das rochas e as evidências do registro fóssil, discutidos no capítulo, fornecem as evidências empíricas desta dimensão. O Texto Complementar trabalha o tempo geológico do ponto de vista lógico, utilizando paralelos e metáforas. As grandes estruturas geológicas da litosfera são geradas pelos processos geomorfológicos de longa duração. O estudo dos escudos cristalinos remete a processos muito antigos, ligados à origem da litosfera. O estudo dos dobramentos modernos remete à construção do conceito de placas tectônicas e à identificação das suas faixas de fronteira, continentais e oceânicas. O estudo das bacias sedimentares remete aos processos permanentes de destruição e construção das feições da crosta. Por meio das tecnologias, as rochas, agregados formados por um ou mais minerais que constituem cada uma das grandes estruturas geológicas, são transformadas em recursos utilizados intensivamente pelas sociedades; por isso, os recursos minerais são discutidos neste capítulo. O modelado da crosta também é um produto dos processos geomorfológicos de longa duração. Tais processos decorrem de fatores internos (modeladores), associados ao tectonismo, e fatores externos (esculpidores), associados à erosão e à sedimentação. Os primeiros compreendem a orogênese e a epirogênese e, numa outra escala de tempo, as manifestações “catastróficas” do vulcanismo e dos sismos. Os segundos compreendem a erosão eólica, a erosão provocada pelo trabalho das águas (fluvial, marinha e glacial) e o intemperismo.
Capítulo 4
As bases físicas do Brasil O arcabouço geológico; A modelagem do relevo. O Capítulo 4 esclarece o trabalho das forças internas e externas sobre a Placa Sul-americana, que geraram as estruturas geológicas e as formas do modelado presentes no território brasileiro. Para tanto, divide o tempo geológico em dois componentes: os “tempos antigos”” e os “tempos recentes” tigos recentes”. Os “tempos antigos” abrangem o Pré-Cambriano e as eras Paleozóica e Mesozóica, associando-se à configuração do arcabouço geológico. Os “tempos recentes” abrangem os períodos Terciário e Quaternário da Era Cenozóica e associam-se à modelagem do relevo. Essa distinção é crucial, pois permite dissipar a confusão bastante comum entre as estruturas geológicas e as formas do modelado.
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A análise dos “tempos antigos” está focalizada nas forças tectônicas, isto é, na orogênese e na epirogênese. A orogênese antiga que age no que atualmente é o território brasileiro configurou sistemas de dobramentos, dos quais aparecem apenas vestígios. A epirogênese epirogêne se soergueu toda a plataforma sul-americana, provocando regressão marinha generalizada. O capítulo enfatiza os resultados atuais da ação das forças geológicas, destacando a localização dos depósitos de minérios metálicos e de carvão mineral. A análise dos “tempos recentes” está focalizada na ação das forças externas de erosão e sedimentação, que constituem processos controlados pelos climas. O capítulo apresenta a proposta de classificação das formas do modelado elaborada pelo geógrafo Jurandyr Ross, na qual elas são divididas em planaltos, depressões e planícies. A noção de erosão diferencial é vital para a compreensão das molduras de depressões configuradas em torno dos planaltos brasileiros e também das formações de chapadas comuns em vastas áreas do território.
Capítulo 5
Dinâmica climática e ecossistemas A radiação solar; Circulação da atmosfera e das massas líquidas; Os grandes tipos climáticos; As paisagens vegetais; A Convenção da Diversidade Biológica. O capítulo prossegue o estudo sobre os processos proce ssos que configuram o meio natural, enfocando a dinâmica climática e sua relação com os grandes ecossistemas da Terra. A dinâmica da troposfera, camada inferior da atmosfera, origina os climas do planeta. Os gases da troposfera absorvem a radiação terrestre. O “jogo de reflexão” que se forma entre a troposfera e a superfície do planeta produz um efeito estufa, sem o qual a temperatura média e a amplitude térmica seriam desfavoráveis para o desenvolvimento da vida. Considerando a polêmica atual sobre os “gases de estufa”, é importante esclarecer que o efeito estufa é um traço do meio natural, ainda que possa ser intensificado pela ação antrópica. A energia solar recebida pela Terra varia em termos temporais e espaciais. A rotação determina os ciclos diários, expressos pelo sistema dos fusos horários. A translação determina os ciclos anuais, expressos pelas estações do ano. Os efeitos das latitudes, do modelado e da maritimidade/continentalidade, são responsáveis pela diferenciação das quantidades de luz e calor recebidas pelas diversas áreas da superfície terrestre num mesmo momento. A análise de cada um desses fatores ajuda a introduzir a noção da diversidade de ambientes naturais do planeta. A compreensão da dinâmica dos climas exige também o estudo das trocas de calor em escala planetária: a circulação atmosférica e a circulação oceânica são os principais mecanismos dessas trocas de calor. A atuação das massas
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de ar, a influência das correntes marinhas e os efeitos de maritimidade/continentalidade são fundamentais para a diferenciação dos grandes tipos climáticos. O estudo de cada um deles se baseia na análise de climogramas, de forma a propiciar o desenvolvimento de habilidades específicas de leitura de gráficos que relacionam o ciclo sazonal a duas variáveis: médias térmicas e precipitações. A dinâmica sazonal das monções asiáticas recebe atenção especial, em virtude da nitidez com que permite explicar as relações entre os climas e as massas de ar. Os solos são produto da complexa interação entre atmosfera, litosfera e biosfera. Sua gênese está associada ao desgaste das rochas pelo intemperismo. Os solos são um meio vivo: a atividade física e químico-biológica dos organismos participa da sua formação. O conhecimento dos horizontes dos solos permite esclarecer a ação do intemperismo e relacionar os diferentes tipos de solos às características dos climas de cada área. O conceito de ecossistema fundamenta a análise dos domínios fitogeográficos. Trata-se de um conceito operativo, utilizado para uma abordagem integrada dos diversos componentes da natureza e das suas relações recíprocas. Os domínios fitogeográficos apresentam aspecto geral contínuo e definem a área de abrangência dos grandes ecossistemas da Terra. A compreensão das características de cada um dos domínios fitogeográficos facilita o entendimento da polêmica suscitada pelo processo atual de devastação das florestas pluviais equatoriais e tropicais e de redução da diversidade biológica que as caracteriza. Por isso, a Convenção da Diversidade Biológica é apresentada neste capítulo, que aborda também a oposição entre os interesses dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos no tratamento deste e de outros grandes temas ambientais. ç
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Capítulo 6
Os domínios de natureza no Brasil As massas de ar e os tipos climáticos brasileiros; Os domínios morfoclimático morfoclimáticos. s. O capítulo analisa a relação entre a dinâmica climática e a diversidade das paisagens naturais na escala do território brasileiro. As massas de ar atuantes sobre o território brasileiro são explicadas em função da circulação geral atmosférica e, em particular, da convergência intertropical e da atividade das frentes frias de origem polar. As correntes marítimas, predominantemente quentes, exercem influência mais direta sobre os climas da fachada costeira, em especial no Nordeste e Sudeste. Os tipos climáticos equatorial, tropical atlântico, tropical, semi-árido e tropical de altitude associam-se ao comportamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), enquanto o clima subtropical associa-se predominantemente ao comportamento da massa Polar atlântica (mPa).
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A análise do quadro natural brasileiro baseia-se no conceito de domínio morfoclimático, elaborado por Aziz Ab’Sáber, que considera a íntima conexão entre os elementos da natureza. A análise dos fatores limitantes limitantes que definem a configuração das formações vegetais proporciona um nexo concreto entre o estudo dos climas e o dos domínios morfoclimáticos brasileiros. Por isso, na caracterização de cada um dos domínios, são discutidas di scutidas as temperaturas (médias e amplitudes térmicas) e as precipitações (anuais e sazonais) associadas às formações vegetais. No caso da caracterização do cerrado, também é importante destacar os fatores limitantes de ordem pedológica e as funções ecológicas desempenhadas pelas queimadas naturais. A análise da intervenção antrópica sobre os domínios morfoclimáticos demonstra as diferentes conseqüências ambientais das atividades sociais e econômicas. O desmatamento praticamente destruiu as florestas subtropicais e as florestas tropicais da Mata Atlântica, e ameaça uma parcela considerável das florestas amazônicas. No cerrado, a aceleração da erosão, resultante muitas vezes de práticas agrícolas inadequadas, torna-se particularmente dramática em função das enxurradas tropicais que removem solos férteis, geram sulcos, ravinas e voçorocas e causam assoreamento dos rios. Nos domínios da Caatinga e das Pradarias, o capítulo discute os processos de arenização e desertificação, destacando as práticas econômicas que os provocam.
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O ciclo hidrológico; As sociedades e a utilização de água; O estado das águas no Brasil. Este capítulo aborda a dinâmica da hidrosfera e as múltiplas dimensões da crise contemporânea dos recursos hídricos, no mundo e no Brasil. A hidrosfera, formada pelo conjunto de reservatórios de água do planeta, é supostamente um sistema fechado, no qual a água migra continuamente de um reservatório para outro. O conceito de ciclo hidrológico esclarece os mecanismos naturais responsáveis por esta migração. As águas doces superficiais e subterrâneas representam uma parcela da hidrosfera, e sua distribuição desigual pelo planeta é um fenômeno do meio natural, condicionado, principalmente, pela dinâmica climática e pelas estruturas geológicas. Em diversas regiões do globo, entretanto, os impactos das atividades humanas sobre o ciclo hidrológico, a contaminação de fração crescente dos reservatórios de água doce e o abuso das práticas de irrigação agrícola geram ou intensificam um quadro de escassez de água
potável que repercute em escala global. Além disso, o consumo de água contaminada por resíduos tóxicos industriais e mesmo residenciais figura entre os maiores problemas de saúde pública do mundo contemporâneo. Nas grandes cidades, o quadro de escassez está fortemente relacionado à poluição dos mananciais disponíveis e à ampliação do consumo. O caso brasileiro é bastante ilustrativo. Mesmo dotado de uma riqueza excepcional em termos de recursos hídricos superficiais e subterrâneos – entre os quais se destaca o Aqüífero Guarani –, o país enfrenta problemas sérios de abastecimento de água, principalmente na porção semi-árida da região Nordeste e nas principais regiões metropolitanas. Para enfrentar este quadro, o Estado adotou um modelo institucional de gestão dos recursos hídricos centrado na formação de Comitês de Bacia e na cobrança pelo uso de grandes quantidades de água para fins industriais ou agrícolas, que é apresentado para discussão neste capítulo.
• O enfo enfoque que int inter erdi disci scipl plin inar ar Fósseis e evolução biológica O registro fóssil desempenha papel destacado na Geologia. Mas ele é crucial para a Biologia, pois sustenta a teoria da evolução. Essa discussão pode pod e envolver o professor de Biologia, que terá muito a acrescentar sobre o trabalho de investigação das espécies extintas a partir dos fósseis. O trabalho em colaboração com o professor de Biologia pode esclarecer os critérios utilizados para a elaboração da coluna geológica, cujas divisões baseiam-se na evolução da vida. Há perguntas interessantes: O que distingue o Pré-Cambriano das eras seguintes? Quando começou a se desenvolver uma flora continental exuberante? Quando viveram os dinossauros? Por que as grandes “catástrofes” geológicas – como as transgressões marinhas ou a orogênese terciária – tiveram grande impacto sobre a evolução das espécies? Nos domínios da termodinâmica A dinâmica dos climas está associada às trocas de calor . Na atmosfera atmosfera,, trata-se do movimento das massas de ar. Nos oceanos, do movimento das correntes marinhas. Mas há também trocas de calor entre calor entre a troposfera e a superfície e entre as massas líquidas e continentais. Esses mecanismos obedecem às leis da termodinâmica. O professor de Física pode contribuir para esclarecê-los. Por que há diferenças na pressão atmosférica? Por que o ar quente descreve movimento ascendente, enquanto o ar frio descreve movimento descendente? Por que as massas líquidas apresentam comportamento térmico diferente das massas sólidas?
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Essas e outras questões podem ser alvo de trabalho interdisciplinar e, eventualmente, originar propostas de experimentos em laboratório.
• Bi Bibli bliot oteca eca do pro profe fesso ssor r O texto seguinte, extraído de uma entrevista dada por Aziz Ab’Sáber à Revista de Estudos Avançados publicada pelo IEA-USP, sintetiza a complexa história geológica da Amazônia brasileira, relacionando-a com os padrões de drenagem e com o afloramento das grandes reservas minerais. “ Estudos Estudos Avançados – Diante da semelhança entre geógrafos e geólogos no que tange à noção de escala do tempo, da natureza e da escala de tempo da humanidade, como o sr. vê a escala do século que passou? Gostaria que a avaliação fosse feita com ex pectativas para o século XXI. Aziz Ab’Sáber – Vou decepcioná-lo um pouco. Você fa-
lou nas escalas de tempo e espaço e, no caso da Ama zônia, isso é essencial. O que aconteceu na história geológica da Amazônia brasileira, sobretudo, foi extraordinário em termos de interferências tectônicas e mudanças de tipos de bacias sedimentares. A teoria de placas que procura explicar a junção de África e Brasil tem mais propriedade do que as teorias de derivas antigas, embora a deriva deva ser considerada entre os dois blocos; sendo assim, se é que a teoria de placas pode ser aceita, a depressão amazônica, antes que houvesse qualquer barreira oeste tipo andina, era um golfão, e a presença de sedimentos de várias idades do Paleozóico, Siluriano, Devoniano e Carbonífero e depois muito mais tarde, restos de sedimentos marinhos do Mioceno, em vários lugares, a oeste, um pouquinho a leste, lest e, na região da Bragantina, servem para documentar que o mar vinha de oeste até um certo tempo. Nesse caso, o dobramento dos Andes acabou com o golfo, criando um paredão volteado, que nós chamamos de terras cisandinas. De maneira que isto proporcionou o começo de uma sedimentação terrígena flúvio-lacustre muito ampla, que é a que deu origem, dentro do golfão anti go, a grandes territórios para a Formação Alter do Chão: barra, barreiras. Somente a partir dessa sedimentação é que o rio se inverteu – o Amazonas era e ra um rio complicado dentro do golfão que não era muito homogêneo. Quando os Andes se soerguem, a sedimentação terrígena estende-se de oeste para leste, tamponando velhas formações sedimentares paleomesozóicas do antigo macrogolfo regional (Amazônia ocidental); existe a certeza de que a drenagem amazônica possuía um rumo leste-oeste, na direção do grande golfo regional. Nos fins do Terciário, o paleorio Amazonas, que diferia totalmente do atual, foi tamponado pelas formações sedimentaress pliocênicas (Formação Alter do Chão e For sedimentare mação Barreiras), de forma que o rio Amazonas, tal
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como o conhecemos hoje, é um curso fluvial hidrologicamente recente, gerado em tempos pós pliocênicos. Tais acontecimentos geológicos foram responsáveis por uma drenagem quaternária tipicamente centrípeta na Amazônia ocidental, sob a condicionante ecológica de um domínio clímato-botânico equatorial. A porção brasileira da Amazônia, pelo seu tamanho e extensão, constitui o mais importante megadomínio de natureza tropical da Terra. Na realidade, é um domínio quente e úmido propiciador de uma história vegetal que embrionariamente remonta ao início do período Quaternário. Até o Terciário Médio, comportava-se como um paleogolfão da fachada pacífica do continente, intercalado entre os terrenos do Escudo Guianense e do Escudo Brasileiro norte-oriental. Essa grande inversão, forçada pelo dobramento da Cordilheira Andina, exige que, antes desse fato, os bordos da Amazônia oriental ainda teriam vínculos com os terrenos antigos da África Ocidental. Isso me leva a dizer que as escalas de tempo na Ama zônia são muito complexas, porque o embasamento cristalino que está do lado das Guianas e do lado do planalto brasileiro setentrional possuiu rochas gnáissicas e graníticas em importantes enclaves (Carajás, Serra do Navio), de rochas metalogênicas (manganês, ferro, entre outros), de antiqüíssimas orogêneses criadas em determinadas situações que hoje não podemos imaginar, visto que o escudo de rochas resistentes sofreu vários soerguimentos epirogênicos, acompanhados acompanhados de sucessivos processos erosivos que acabaram por expor jazidas minerais formadas em grande profundidade, através de muitos contatos de calores extraordinários. E do outro lado há a grande área de manganês que também sugere tempos muito antigos – embora hoje a Serra do Navio esteja reduzida a um buraco [...]. Na parte, também do sul, onde está Carajás, com grandes reservas de minério de ferro da mais alta qualidade, há, paralelamente, um distrito mineral, provavelmente o último grande distrito mineral descoberto no mundo durante a segunda metade do século XX. As idades dos terrenos cristalinos, cristalofianos e os dotados de ferro de um lado e manganês do outro, são muito antigas. Constam, por aproximação, de um bilhão e quinhentos milhões de anos, enquanto os terrenos Devonianos, Silurianos e Carboníferos, que são como depósitos marinhos de fundo de golfo do passado, têm cerca de trezentos milhões de anos. Os terrenos sedimentares desta vasta bacia, formada pelos dobramentos dos sedimentos flúvio-lacustres, possuem no máximo quinze milhões de anos.” BORELLI, Dario Luis. Aziz Luis. Aziz Ab’Sáber: problemas da Amazônia brasileira. Cadernos de Estudos Avançados.. n. 53, 2005. p. 7-35. v. 19. Avançados
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• In Indi dica caçõ ções es de le leit itur uraa
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“As características da sociedade e do espaço geográ fico, em dado momento de sua evolução, estão em relação com um determinado estado das técnicas. Desse modo, o conhecimento dos sistemas técnicos sucessivos é essencial para o entendimento das diversas formas históricas de estruturação, funcionamento e articulação dos territórios, desde os albores da história até a época atual. Cada período é portador de um sentido, partilhado pelo espaço e pela sociedade, representativo da forma como a história realiza as promessas da técnica.” SANTOS, Milton. A Milton. A natureza do espaço . São Paulo: Hucitec, 1996. p. 137.
O período atual é marcado pela presença de um sistema técnico tornado universal e pelo avanço do meio tecnocientífico e informacional sobre o meio natural. Esta Unidade 3 investiga esses sinais nos processos produtivos industriais e agropecuários e nas estratégicas energéticas. A crise ambiental contemporânea revela os impasses e limitações do modelo de produção e consumo implantado nas áreas mais ricas do planeta. Por isso, a discussão ambiental se integra à análise das diferentes
atividades econômicas abordadas nesta Unidade e ganha destaque no Capítulo 10 10,, que relaciona os padrões de consumo energético e de emissão de gases de estufa com o nível de industrialização e o modelo energético das economias nacionais, e apresenta os termos do Protocolo de Kyoto.
• Con onte teúd údoo pr prog ogra ramá máti tico co Capítulo 8
Os ciclos industriais Os ciclos tecnológicos da Revolução Industrial; Tecnologia e localização industrial; A siderurgia no Brasil. A aceleração tecnológica da era industrial e a configuração de um espaço mundial de fluxos são os fundamentos gerais deste capítulo, estruturado em torno do conceito de ondas de inovação e na teoria dos ciclos tecnológicos. A força motriz dos ciclos tecnológicos da era industrial é a chamada “destruição criadora”, pela qual as inovações dissolvem tecnologias estabelecidas e renovam radicalmente os padrões da divisão técnica do trabalho. O resultado das inovações é o salto da economia para novos patamares de produtividade, que implicam a redução de custos de produção e a expansão dos mercados. No terceiro ciclo da revolução industrial, i ndustrial, por exemplo, o advento da eletricidade e do motor a combustão interna, ao lado do uso de derivados do petróleo como combustível, possibilitaram o surgimento da indústria automobilística e a organização do trabalho fabril em linha de montagem. O “ciclo do petróleo” imprimiu profundas transformações em diferentes escalas do espaço geográfico, conforme explicita o capítulo. O espaço geográfico dos ciclos iniciais da “era da indústria” constitui-se em um meio técnico, profundamente marcado pela urbanização acelerada da população e pelos fenômenos de concentração industrial. Em contrapartida, desde meados do século XX, começa a se esboçar uma tendência à desconcentração industrial. No plano internacional, esta tendência resultou na industrialização de regiões situadas nos países subdesenvolvidos dotadas de importantes vantagens comparativas, principalmente no que diz respeito ao custo da mãode-obra. Mas a desconcentração industrial também se manifesta no plano nacional, em especial nos países desenvolvidos: nas antigas regiões industriais, a escassez de terrenos, a força do movimento sindical, os congestionamentos e a degradação ambiental se traduzem em deseconomias de aglomeração. aglomeração. As indústrias de alta tecnologia, marcadas pela forte integração com os centros de pesquisa e desenvolvimento e com as universidades, se
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instalam longe das velhas aglomerações fabris, dinamizando regiões industriais em ascensão. Os tecnopólos, tecnopólos , centros de produção de pesquisadores, tecnologias e novos produtos, são resultantes desse processo. A localização industrial não se define unicamente pelos ciclos tecnológicos e pela economia de mercado, mas depende também da política industrial conduzida pelo Estado. No Brasil, a concentração espacial da siderursi derurgia no Sudeste foi, em parte, condicionada pela configuração da região industrial central, mas foi também um produto de decisões políticas. A disputa entre as elites políticas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais traduziu-se em decisões específicas de localização das siderúrgicas estatais. A configuração do Vale do Aço deve ser encarada como resultado dessa disputa política, na qual a elite de Minas Gerais soube impor a precedência das reservas de matéria-prima como fator locacional decisivo.
Capítulo 9
Agropecuária e comércio global de alimentos Agropecuária, natureza e tecnologia; Os sistemas da agricultura tropical; Agropecuária e comércio internacional; Agropecuária e meio ambiente. Nas sociedades urbano-industriais, o conjunto da agropecuária é condicionado pelas necessidades urbanas, no que diz respeito tanto à demanda de alimentos quanto de matérias-primas para as indústrias. Por seu turno, a agropecuária depende cada vez mais dos maquinários e insumos industrializados, que garantem a elevação da produtividade. Essa dependência está na origem do conceito de agricultura industrializada, que revela a intensidade tecnológica que caracteriza o setor em algumas regiões do planeta. Entretanto, e apesar de seu conteúdo técnico, a agricultura permanece estruturalmente diferente da indústria: a produtividade da agricultura é limitada pelo fato de que suas matérias-primas são seres vivos, cujo desenvolvimento depende de processos naturais. Há milênios, as técnicas de seleção dirigida buscam ampliar o controle humano sobre esses processos. Nas últimas décadas, o surgimento de novas biotecnologias, responsáveis pela produção de organismos transgênicos por meio da engenharia genética, revelam o notável avanço do meio tecnocientífico sobre o meio rural. A análise do espaço agrário dos Estados Unidos e da União Européia revela o quanto o meio rural é diversificado, mesmo em áreas nas quais predomina a agricultura industrializada. Essa diversidade não é apenas tributária da diversidade do meio natural, mas também da história: nos Estados Unidos, a agricultura nasceu sob o signo do mercado; na Europa, a economia de mercado deparou-se com as tradicionais aldeias camponesas,
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cujas marcas ainda estão presentes na paisagem. Conforme já disse Milton Santos, “o espaço é uma acumulação desigual de tempos”. Na maior parte do mundo tropical, a revolução tecnocientífica não se completou no meio rural. Assim, predominam as técnicas tradicionais da agricultura camponesa voltada para a subsistência, muitas vezes associada às plantations implantadas pelos colonizadores. Contudo, a diversidade também marca os sistemas da agricultura tropical, conforme revelam os exemplos analisados no capítulo. O abismo tecnológico que separa os países desenvolvidos dos países subdesenvolvidos, que será retomado nos capítulos da Unidade 2 da Parte 3 deste livro, é aqui apresentado sob o prisma da agricultura: a tecnologia presente na elevada produtividade que caracteriza as principais potências agrícolas do planeta. Além da tecnologia, também o recurso aos subsídios agrícolas reduz substancialmente a competitividade dos países subdesenvolvidos no concorrido mercado mundial de alimentos. Os impactos ambientais provocados pelas práticas agrícolas também são objeto de discussão di scussão neste capítulo. Entre eles se destaca a redução da diversidade biológica (em especial nas áreas de monocultura); a intensificação da erosão (sobretudo nas vertentes tropicais); a desertificação (nos ecossistemas do semi-árido) e a salinização (causada pela irrigação descontrolada). Tecnologia e meio ambiente se cruzam no debate sobre os organismos geneticamente modificados (OGM). De um lado, o processo em curso é definido pelas estratégias de corporações transnacionais, fortemente respaldadas pelos Estados Unidos. De outro, organizações ambientalistas alertam para os riscos potenciais de transferência horizontal de genes e para a redução mais acelerada da diversidade biológica. O capítulo traça as grandes linhas de força do debate, enfatizando tanto a sua dimensão tecnológica quanto a sua dimensão ecológica e social.
Capítulo 10
Estratégias energéticas A energia e os ciclos industriais; As fontes de energia; Geopolítica do petróleo; Alternativas energéticas; O aquecimento global. A história dos ciclos tecnológicos da era industrial pode ser contada por meio da evolução do consumo energético e da incorporação de novas fontes de energia. Entretanto, nas sociedades pré-industriais, o consumo e o balanço energético pouco se alteraram nos últimos séculos; neste caso, ainda predominam as fontes tradicionais, tais como a força muscular e a madeira. Os combustíveis fósseis, recursos não-renováveis gerados pela fossilização de material orgânico, figuram
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entre as fontes energéticas mais utilizadas e alimentam rotas comerciais estratégicas. Utilizados como fonte de calor nas indústrias, nos transportes e na produção de eletricidade, os combustíveis fósseis liberam grandes quantidades de gases de estufa na atmosfera. O urânio, que alimenta as centrais nucleares dedicadas à produção de eletricidade, também é uma fonte não-renovável de energia. Nesse caso, a geração de resíduos com elevado poder de contaminação figura como o grande problema ambiental. Entre as fontes renováveis de energia, destaca-se a força das águas correntes, transformada em eletricidade nas centrais hidrelétricas. Porém, o potencial de geração de energia hidrelétrica é limitado pelas condições morfológicas e climáticas. Nos países de consumo energético intensivo, mesmo aqueles dotados de elevado potencial, estas centrais produzem uma porcentagem relativamente pequena da demanda por eletricidade. Nos anos que se seguiram aos choques do petróleo protagonizados pela OPEP, a busca da eficiência energética e da viabilização do uso comercial de energias alternativas sustentáveis do ponto de vista ambiental – tais como a solar e a eólica – se transformaram transformaram em programas prioritários nos países desenvolvidos. Mas estes programas respondem também a imperativos econômicos: em meados da década de 1980, alguns deles foram total ou parcialmente desativados. Atualmente, sob o impacto da “guerra ao terror”, da intensificação dos conflitos associados ao petróleo e do debate sobre o aquecimento global, as fontes alternativas apresentam renovado interesse. A intensificação do consumo de energia e da emissão de gases de estufa nas sociedades industriais figura entre as principais causas da crise ambiental contemporânea, cujos impactos afetam o conjunto do planeta. De fato, a Convenção sobre Mudanças Climáticas Globais e os termos atuais do Protocolo de Kyoto atribuem metas de redução da emissão de gases de estufa apenas aos países desenvolvidos, considerados os maiores responsáveis pelas alterações climáticas que ocorrem em escala global. Os Estados Unidos, entretanto, recusam os termos do tratado e comprometem seriamente sua eficácia.
• O enf enfoqu oquee inte interd rdisc iscip iplilinar nar Revolução Industrial e organização do trabalho A Revolução Industrial deu origem a características essenciais da sociedade contemporânea, tanto em termos da sua estrutura social – com a formação de uma classe de empresários industriais e uma classe de operários fabris – como da organização do seu espaço geográfico – com a expansão da urbanização e a configuração de regiões industriais. A Geografia e a História cruzamse e se enriquecem mutuamente na investigação da Revolução Industrial.
Uma dimensão vital dessa investigação envolve as formas de organização do trabalho. Como se distingue o sistema de fábrica das formas de produção anteriores? Qual foi a novidade introduzida pela linha de montagem nesse sistema? Como o advento da indústria moderna e do operariado fabril modificaram politicamente a sociedade? E como eles modificaram a paisagem urbana?
• Bi Bibl blio iote teca ca do pr prof ofes esso sor r O texto selecionado para esta seção é de autoria do geógrafo francês Claude Raffestin. Raffestin produziu uma obra geográfica singular, que percorre um caminho próprio e não admite as tradicionais divisões entre a Geografia Física, a Geografia Econômica e a Geografia Política. Suas inspirações teóricas abrangem a historiografia dos “tempos longos” de Fernand Braudel e a lingüística de Saussure e Barthes. Sobre esses fundamentos interdisciplinares, ele construiu uma abordagem da globalização que articula as noções de rede, tecnologia, informação e poder. O texto seguinte reflete acerca do controle dos países desenvolvidos e das empresas transnacionais sobre as tecnologias e o saber de ponta. Nele, o autor não faz apenas uma análise, mas defende a tese de que as tecnologias intermediárias podem revelar-se adequadas para as necessidades dos países subdesenvolvidos, mas geralmente são rejeitadas por razões políticas. As tecnologias intermediárias consistem em processos de produção e equipamentos que, por não incorporarem os avanços da atual revolução tecnocientífica e informacional, custam menos e utilizam mais mão-de-obra por unidade de capital que as tecnologias de ponta. As multinacionais e a transferência tecnológica
“Em matéria de tecnologia, são as empresas multinacionais que centralizam a produção dos conhecimentos e que asseguram a circulação interna e externa dessa informação. O essencial das atividades de pesquisa e de desenvolvimento é efetuado nos países de origem das multinacionais […]. É uma estratégia da informação, que permite preservar o controle real sobre os recursos. Todavia, essa informação circula no espaço e, nesse sentido, pode-se falar de transferências, mas na maioria das vezes trata-se de uma transferência interna no espaço das empresas. A rede de circulação dessa informação não é pública, mas privada. Os fluxos de informação tecnológica li gam as matrizes às filiais. Isso não significa que não se façam pesquisas nos centros secundários, mas só o centro principal conhece a sua finalidade e, assim, pode utilizá-la com eficácia. A informação paga pelas multinacionais oferece a possibilidade de uma estocagem fácil e de uma mobilização muito rápida
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dos conhecimentos necessários à tomada de decisões. É uma estratégia que se concebe, se elabora el abora e desabrocha em ‘territórios abstratos’, ou melhor, nos territórios das empresas. Existe a circulação externa da informação [que], na maioria das vezes, trata-se de uma tecnologia neces sária à utilização do produto. É, de certa forma, um ‘saber-manejar’ o produto que é transferido, mas não um ‘saber-fazer’ o produto. Sem dúvida, é do interes se da empresa vulgarizar o ‘saber-manejar’, enquanto o ‘saber-fazer’ permanece privado. A informação do ‘saber-fazer’ é a base do poder das multinacionais, por isso elas não têm nenhum interesse em deslocar a inovação e, nessas condições, a circulação interna permanece preponderante e predominante em relação à circulação externa. […] Estamos na presença de relações assimétricas que são a conseqüência do desenvolvimento desi gual do saber. […] Enquanto as relações forem marcadas pela cunha da dominação, as transferências tecnológicas continuarão a ser desviadas. Como chegar a uma nova ordem tecnológica […]? Pode-se distinguir três tipos de tecnologia: a tecnologia alienada, cedida em virtude de um acordo particular, que é a informação não-livre, não-livre, secreta, cristalizada de uma forma complexa nos produtos, capitalizada nos bens intermediários e nos bens de capital; a tecnologia socializada, disponível e acessível sem restrição, que é a informação livre; e, enfim, a tecnologia ‘encarnada’, o conhecimento de base, o saber-fazerr assimilado pelos homens. saber-faze A variável tecnológica tem um caráter multidimensional, pois afeta as taxas de crescimento, o emprego, a repartição dos lucros, o balanço de pagamentos e o meio, entre outros. Não temos dúvida de que o problema recai sobre a questão da escolha entre técnicas que implicam muito capital, a exemplo das técnicas ocidentais muito sofisticadas, e aquelas que implicam muita mão-de-obra. Essa escolha, fundamental para a elaboração de uma estratégia, de semboca na tese [da] tecnologia intermediária, mediatizada pelo Estado e pelas universidades. Sabe se que a China, muitas vezes evocada a propósito das tecnologias intermediárias, hoje se distancia delas, considerando sem dúvida que por essa via o caminho para o poder é muito lento. Os recentes acordos feitos com o Japão indicam uma mudança, até mesmo uma reformulação da política industrial. […] Por meio da tecnologia intermediária, procura-se criar instrumentos pouco dispendiosos que utilizam muita mão-de-obra e serviços que podem aumentar a capacidade produtiva de uma comunidade, minimizando, ao mesmo tempo, os deslocamentos dos indivíduos. A tecnologia intermediária se situa
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entre as técnicas ancestrais e as técnicas sofisticadas. Para que interessem […], devem ser pouco onerosas: 100 dólares de capital por cada emprego criado. Por outro lado, devem servir para mobilizar matérias locais que permitirão produzir artigos destinados ao consumo doméstico. Isso não significa que os bens criados não alimentarão um mercado de exportação, mas esse não é o principal objetivo visado. Além dis so, essas técnicas devem ser criadoras de empregos e de pólos de desenvolvimento. […] Entretanto, isso não chega a elimi nar a descon fiança dos países do Terceiro Mundo, que logo têm a impressão de estarem utilizando uma tecnologia de segunda mão. […] Os países que dispõem de tecnologias avançadas fazem questão de valorizálas, mas também de fazer delas as condições para o seu poderio. Os países que não as possuem e que procuram adquiri-las não desejam obter tecnologias que não sejam verdadeiras fontes de poder, no sentido político do termo. […] Nesse caso, a satisfação das necessidades sociais vem depois da satisfação das necessidades políticas de poder. A esse respeito o exemplo da tecnologia intermediária é esclarecedor, pois essa tecnologia não satis faz a nenhum dos atores em questão. É a prova de que se trata de um problema de poder: os países desenvolvidos só podem conservar sua potência pelo controle quase total do mercado tecnológico, e os subdesenvolvidos não podem concorrer eficazmente com eles.” RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder . São Paulo: Ática, 1993. p. 245-250.
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• In Indi dica caçõ ções es de le leit itur uraa
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Parte 2
O Brasil, território e nação . 8 9 9 1 e d o
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As fronteiras políticas indicam os limites do território no qual o Estado exerce sua soberania. Mas, do ponto de vista do Estado-Nação contemporâneo, a soberania só se torna efetiva pela apropriação econômica do território. Essa apropriação é uma obra social que jamais se encerra. O povoamento, que se realiza pela difusão desigual das forças produtivas e da população, qualifica o território nacional, configurando uma totalidade heterogênea e dinâmica. A regionalização é uma tentativa de captar a imagem complexa do território apropriado pela sociedade nacional.
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O modelo econômico brasileiro associa-se às dinâmicas territoriais nacionais, numa dupla direção. De um lado, o modelo econômico atualiza o território, em função das suas necessidades sempre renovadas. De outro, o território, que incorpora as heranças do longo ciclo de modernização por substituição de importações, define os campos de opções dos investidores e empresários, refinando o modelo econômico e qualificando as vocações das regiões e dos lugares. Esta associação se expressa nos padrões de concentração industrial no Centro-Sul, na distribuição da produção energética, na organização espacial da agroindústria, na estruturação da rede urbana e nas infra-estruturas subcontinentais de transportes. O papel do Estado como agente e indutor das dinâmicas territoriais se torna nítido na análise das políticas de desenvolvimento regional direcionadas para a Amazônia e para o Nordeste. Nordeste. A extrema desigualdade social que caracteriza o Brasil também apresenta múltiplas relações relações com as dinâmicas espaciais. Em grande parte, ela é tributária da concentração fundiária e da modernização perversa da agricultura brasileira. Nas cidades, a exclusão social é ancorada nos mecanismos de segregação espacial. No território brasileiro, a produção social da riqueza está intimamente associada com a reprodução da pobreza.
UNIDADE 4
O Brasil e a globalização “Assim como se fala de produtividade de uma máquina, de uma empresa, podemos, também, falar de produtividade espacial ou produtividade geográfica, noção que se aplica a um lugar, mas em função de uma determinada atividade ou conjunto de atividades. Essa categoria se refere mais ao espaço produtivo, isto é, ao ‘trabalho’ do espaço. Sem minimizar a importância das condições naturais, são as condições artificialmente criadas que sobressaem, enquanto expressão dos processos técnicos e dos suportes geográficos da informação. [...] Os lugares se especializam, em função de suas virtualidades naturais, de sua realidade técnica, de suas vanta gens de ordem social. Isso responde à exigência de maior segurança e rentabilidade para capitais obrigados a uma competitividade sempre crescente. [...] Na medida em que as possibilidades dos lugares são hoje mais facilmente conhecidas à escala do mundo, sua escolha para o exercício dessa ou daquela atividade torna se mais precisa. Disso, aliás, depende o sucesso dos empresários. É desse modo que os lugares se tornam competitivos. O dogma da competitividade não se im põe apenas à economia, mas também à geografia.” SANTOS, Milton. A Milton. A natureza do espaço . São Paulo: Hucitec, 1996. p. 197-199.
O novo estágio das dinâmicas territoriais brasileiras está marcado pela crescente inserção da economia nacional nos fluxos da globalização. Este processo integra diferencialmente os lugares, valorizando aqueles dotados de maior produtividade espacial e redimensionando o quadro de desigualdades entre as regiões brasileiras. A reestruturação dos eixos de circulação, as formas de integração entre os complexos regionais e entre o Brasil
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e os seus vizinhos hispano-americanos também são expressões do modelo econômico internacionalizado no território nacional.
• Con onte teúd údoo pr prog ogra ramá máti tico co Capítulo 11
A indústria e a integração nacional A integração do território brasileiro; A concentração industrial; As migrações inter-regionais. Este capítulo, que introduz a análise do espaço geográfico em escala nacional, aborda a formação territorial do Estado brasileiro. A América Portuguesa caracterizou-se pela fragmentação política e pela fragmentação econômica, consubstanciada na estruturação de pólos exportadores fracamente conectados entre si. O Estado brasileiro herdou essa dupla fragmentação. No plano político, enfrentou o desafio da construção da unidade nacional. No plano geoeconômico, o “arquipélago econômico” de origem colonial perdurou por cerca de um século. O conceito de “arquipélago econômico” não pretende negar a conexão entre as economias regionais brasileiras, mas realçar a existência de mercados regionais distintos, que estavam separados por impostos que oneravam a circulação interna de mercadorias e pela virtual ausência de redes de transporte nacionais. No interior do “arquipélago econômico” brasileiro, a emergência da economia cafeeira assinalou o início da tra jetória que conduziria à integração nacional. A prosperidade da “ilha exportadora de café” propiciou acumulação interna de capitais e gerou um mercado regional significativo, dinamizado pela imigração de trabalhadores livres. Esse foi o arcabouço para a industrialização, que acabou por gerar um mercado nacional unificado sob a hegemonia do Sudeste. O processo de industrialização foi baseado no modelo de substituição de importações, que se consolidou por meio dos fluxos de capitais produtivos que permitiram a implantação de um setor diversificado de produção de bens de consumo duráveis no país, em especial no pós-guerra. A montagem da nova economia urbana e industrial assentou-se sobre um tripé, constituído pelos capitais nacionais, pelas empresas estatais e pelos investimentos transnacionais. A integração nacional, sob o comando dos capitais e das elites industriais do Sudeste, deu origem a uma nova divisão territorial do trabalho e estimulou as migrações inter-regionais. Os fluxos de nordestinos para o Sudeste refletiram as desigualdades regionais crescentes e alimentaram o crescimento econômico do pólo urbano-industrial
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do país. A “marcha para o oeste”, deflagrada desde a “era Vargas” e estimulada pela transferência da capital, assinalou uma etapa crucial da constituição de um mercado nacional unificado. A colonização moderna do Centro-Oeste e das molduras meridionais da Amazônia realizou-se por meio das frentes de expansão e das frentes pioneiras. pioneiras. A distinção entre esses conceitos, fundamentais no pensamento geográfico brasileiro, é vital para a compreensão dos conflitos fundiários que pontuaram e ainda pontuam as fronteiras agrícolas do país.
Capítulo 12
Energia no Brasil A matriz energética brasileira; O sistema elétrico; A energia e o transporte. A matriz energética guarda nítidas relações com o perfil das economias nacionais. No modelo agroexportador, vigente até as primeiras décadas do século XX, a lenha se destacava como a principal fonte energética. A emergência do modelo urbano-industrial, em meados do século XX, alterou profundamente os padrões de consumo de energia. Desde então, a indústria e os transportes passaram a dominar a demanda energética. No Brasil, o setor industrial apresenta elevado consumo energético relativo, em função das formas assumidas pela industrialização. O peso determinante dos ramos energointensivos (com destaque para a siderurgia e a metalurgia do alumínio) revela a importância da transformação dos recursos minerais na indústria brasileira e solicita oferta de energia abundante e barata. Na montagem do tripé industrial brasileiro, analisado no capítulo anterior, o Estado assumiu a função de fornecedor de energia barata para esses ramos industriais. Impulsionando a modernização dependente, a Eletrobrás passou a garantir subsídios indiretos para a indústria, oferecendo energia a preços inferiores aos custos reais de produção. No novo modelo do setor elétrico brasileiro, o Estado busca substituir o investimento público pelo investimento capitalista na ampliação da capacidade de geração e distribuição de eletricidade no país, atraindo investidores privados para o setor. Os percalços no caminho desta transição ficaram patentes durante a crise energética que se abateu sobre o país em 2001. A modernização dependente exigiu a implantação de uma rede nacional de transportes. Essa rede estruturou-se a partir da opção rodoviária, definida ainda antes da Segunda Guerra Mundial. O alto consumo energético do setor de transportes é uma decorrência dessa opção e tornou-se a raiz principal das importações de petróleo que durante décadas oneraram a balança comercial brasileira. Os padrões de consumo de energia condicionados pelo modelo urbano-industrial têm como contrapartida um esforço de produção, organizado em três frentes principais: a eletricidade, o petróleo e a biomassa. bi omassa. R
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A produção de eletricidade desenvolveu-se essencialmente pela implantação de hidrelétricas. Essa opção, que distingue o país no panorama internacional, associou-se ao elevado potencial natural dos rios brasileiros, que se explica em função dos climas e do relevo. Nesse ponto, a força explicativa da Geografia revela todo seu vigor, permitindo estabelecer as conexões entre o modelo econômico e as características naturais do território nacional. A produção de eletricidade por termelétricas desempenhou papéis secundários no Brasil. As termelétricas movidas a combustíveis fósseis limitaram-se quase apenas aos estados do Sul e à Amazônia, enquanto as usinas nucleares assumiram maior importância política que energética. Contudo, os custos econômicos e ambientais crescentes crescen tes da produção hidrelétrica, assim como o fornecimento de gás natural de origem boliviana e a descoberta de grandes reservas de gás no território brasileiro, apontam para um significativo crescimento da produção termelétrica no Centro-Sul. A análise da produção petrolífera abrange, em primeiro lugar, as particularidades da prospecção no país, fortemente dependente de campos situados na plataforma continental. A exploração desses campos, viabilizada pelas tecnologias desenvolvidas pela Petrobras, tornouse prioritária após os “choques do petróleo”, que elevaram as cotações internacionais do produto. Em segundo lugar, a análise da produção petrolífera abrange as atividades de refino, destacando-se a amplitude dos mercados consumidores como fator decisivo na implantação espacial das refinarias brasileiras. Os “choques do petróleo” estiveram na raiz do lançamento do Proálcool, na década de 1970. A produção nacional de álcool para os transportes teve grandes repercussões na agricultura do Centro-Sul e do Nordeste, mas oscila ao sabor das flutuações das cotações internacionais do petróleo. Por outro lado, o lançamento l ançamento de um número crescente de automóveis dotados de motores bicombustíveis traz novas perspectivas para o álcool combustível.
Capítulo 13
Os complexos agroindustriais A modernização conservadora; A divisão territorial do trabalho na agropecuária; Os impactos ambientais da agropecuária brasileira. Neste capítulo, a discussão sobre os complexos agroindustriais desdobra-se em três direções: a análise da organização produtiva do agronegócio, o estudo da divisão territorial do trabalho na agricultura brasileira e um panorama dos impactos ambientais provocados pela moderna economia agrícola. Do ponto de vista histórico, os complexos agroindustriais substituíram os antigos complexos rurais, que se subordinavam à lógica do modelo agroexportador. A consolidação do modelo urbano-industrial ocorreu paralelamente
à modernização da economia rural, materializada pela mecanização da agropecuária e por um processo, ainda em curso, de transferências setoriais de mão-de-obra que liberou força de trabalho para os setores urbanos. Por meio das da s cadeias produtivas, o agronegócio fornece alimentos e matérias-primas para a indústria, além de fornecer commodities para o mercado externo, gerando divisas. Consumindo tecnologias, insumos e sementes, a agricultura moderna mantém relações estreitas com a pesquisa científica. As cadeias produtivas estão subordinadas aos capitais industriais e aos capitais financeiros, mas suas etapas agrícolas são realizadas por empresas rurais, que funcionam em bases capitalistas, ou por produtores familiares, que não dispõem de capital e raramente empregam trabalhadores assalariados. A análise econômica dos complexos agroindustriais é o fundamento para a discussão das suas características espaciais no território brasileiro. Aqui, trata-se de evidenciar a existência de uma divisão territorial do trabalho na agricultura, que reitera e aprofunda as desigualdades regionais. Os impactos ambientais da modernização da agropecuária são sintomas da industrialização do meio rural e revelam os problemas de sustentabilidade ecológica da acumulação de capital promovida pelos complexos agroindustriais.
Capítulo 14
Urbanização e redes urbanas Rumo às cidades; A rede urbana brasileira; Os espaços metropolitanos; A cidade-capital. O ponto de partida do capítulo é o processo de urbanização e o conceito de meio urbano. A polêmica em torno dos critérios oficiais utilizados no Brasil para classificar a população como urbana ou rural evidencia a idéia de que o conceito de meio urbano é uma construção teórica, cujo significado varia em função dos diferentes contextos histórico e geográfico. A análise da urbanização brasileira funciona como suporte para a discussão di scussão da rede urbana e, em seguida, dos espaços metropolitanos. No conjunto do território brasileiro, o processo de urbanização acelerou-se após a Segunda Guerra Mundial, sob o efeito da modernização econômica e do êxodo rural gerado pela dissolução da economia rural auto-suficiente. Contudo, os ritmos da urbanização expressam as desigualdades regionais e as taxas de urbanização e servem como sinais das diferenças econômicas estruturais entre as regiões brasileiras. A rede urbana define-se pela configuração de uma hierarquia particular, que é uma expressão das dinâmicas territoriais em escala nacional e regional. A introdução da categoria de metrópole global, associada a São Paulo e ao Rio de Janeiro, permite aprofundar a discussão sobre a polarização e as funções urbanas na era da “revolução da informação”.
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A hierarquia urbana é, tradicionalmente, definida de modo quase exclusivo em termos da polarização proporcionada pelas redes de transport transportes. es. Atualmente, contudo, essa definição deve incorporar a polarização proporcionada pelas redes de comunicações comunicações.. Na esteira dessa revisão e ampliação ampliaçã o do conceito, os mapas de polarização urbana mais recentes produzidos pelo IBGE, utilizados nesta obra, representa representam m as descontinuidades espaciais e as superposições das regiões de influência urbana no Brasil. A concentração espacial da população e de recursos produtivos, que tem raízes coloniais, foi impulsionada pelas formas específicas da modernização industrial brasileira. A figura jurídica da região metropolitana constituiu um reconhecimento das tendências geográficas do processo de urbanização e ofereceu um quadro para o planejamento urbano nas metrópoles e áreas conurbadas. Desde o início da década de 1990, os processos de conurbação, que envolvem também cidades médias situadas em diversas áreas do país, conduziram à criação de mais de uma dezena de regiões metropolitanas e da Região Integrada do Distrito Federal e Entorno. Neste último caso, as regiões administrativas que compõem o Plano Piloto se distinguem das chamadas “cidades satélites” pela dinâmica da segregação, cujos contornos são analisados no item que encerra o capítulo. No Sudeste, o desenvolvimento do processo de urbanização está na base de dois fenômenos de escala regional. Um deles é o da constituição da megalópole brasileira no eixo que conecta as duas metrópoles nacionais. O outro é o da constituição da metrópole expandida, ou macrometrópole, que têm por centro a Região Metropolitana de São Paulo. Estes dois conceitos proporcionam a oportunidade para a abordagem dos problemas sociais e ambientais associados à expansão das manchas urbanas em escala regional.
Capítulo 15
Comércio exterior e integração sul-americana O Brasil no comércio mundial; O Mercosul e a América do Sul; A Área de Livre Comércio das Américas. As transformações na divisão internacional do trabalho, causadas pelos fluxos da globalização e pela revolução tecnocientífica contemporânea, assinalaram o esgotamento do modelo de substituição de importações. Na década de 1990, o Brasil transitou para o modelo de internacionalização da economia, expresso na abertura comercial e na ampliação do comércio exterior. O comércio multidirecional, que já caracterizava o país, consolidou-se através do aumento dos fluxos de intercâmbio com a América Latina e, em especial, com a Argentina. Desse modo, o Brasil firmou-se como global trader , mantendo fluxos de intercâmbio com a União Européia, o Nafta e o
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Mercosul. A importância adquirida pelo comércio exterior e a condição de global trader realçaram o papel desempenhado pela Organização Mundial de Comércio na política exterior brasileira. A importância adquirida pelo comércio exterior também lançou um foco de luz sobre os custos de deslocamento de mercadorias no território nacional, pondo em relevo a inadequação da rede de transportes construída à sombra do modelo de substituição de importações. A necessidade de redução dos custos de deslocamento das exportações nacionais traduziu-se em projetos ferroviários e hidroviários destinados a gerar uma rede de transportes em “bacia de drenagem”. A inserção do Brasil nos processos de integração regional em curso no subcontinente sul-americano empresta especial relevância às políticas sul-americanas, destinadas a estreitar os laços geopolíticos e econômicos que unem o Brasil aos seus vizinhos hispano-americanos. O Mercosul figura como a mais importante entre essas políticas. Estruturado em torno das duas maiores economias sul-americanas, mas compromissado com a noção de regionalismo aberto, ele foi projetado para servir como plataforma de inserção competitiva nos fluxos internacionais de mercadorias e capitais. Assim, seu fundamento é sobretudo o da integração econômica. Ao contrário do que acontece na União Européia, o Mercosul não prevê o compartilhamento de soberanias entre os Estados-membros, e depende sobretudo da diplomacia presidencial nos momentos de impasse. impasse. Entretanto, a estratégia norte-americana de integração hemisférica, consubstanciada na Alca, pode representar uma ameaça para o futuro do Mercosul. Para o Brasil, a alternativa consiste em consolidar o bloco do Cone Sul e avançar no sentido da criação de uma área de livre comércio sul-americana, como forma de tornar mais equilibrada as negociações da Alca. Nesse contexto, o incremento das trocas comerciais entre o Brasil e os demais países sul-americanos e o aprimoramento das infra-estruturas subcontinentais de transporte se tornam tarefas urgentes.
• O enfo enfoque que int inter erdi disci scipl plin inar ar A química na agricultura moderna A agricultura moderna caracteriza-se pelo uso intensivo de agrotóxicos no combate ao desenvolvimento de pragas. Uma pesquisa, orientada pelos professores de Química e Biologia, pode esclarecer os principais efeitos desses produtos no ambiente e na saúde humana. Quais são os produtos químicos mais utilizados e em quais cultivos? De que maneira eles afetam os produtos cultivados? Quais os riscos envolvidos no consumo desses alimentos? Os agrotóxicos deixam resíduos nos campos de cultivo? Quais os impactos ambientais desses resíduos?
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Por que as pragas se desenvolvem em monoculturas e, muitas vezes, tornam-se resistentes aos agrotóxicos? Como a engenharia genética pode contribuir no combate às pragas agrícolas? O olhar cinematográfico sobre a ditadura Tanto no Brasil como na Argentina, o regime militar serviu de tema para um conjunto importante de obras cinematográficas. A colaboração dos professores de Comunicação e Expressão pode ser solicitada para a montagem de uma mostra de vídeos sobre o tema, que pode ser complementada por um ciclo de debates organizado pelos alunos. A título de exemplo, sugerimos o filme argentino A Historia Oficial (Dir. Luis Puenzo) e os brasileiros Pra Frente, Brasil (Dir. Roberto Farias) e O que é isso, companheiro? (Dir. Bruno Barreto).
• Bi Bibli bliot oteca eca do pro profe fesso ssor r . 8 9 9 1 e d o
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James Holston é antropólogo especializado em estudos urbanos. O texto que reproduzimos nesta seção foi extraído de sua pesquisa, desenvolvida na década de 1980 a respeito de Brasília, que analisa os valores e atitudes envolvidos no processo conflituoso de produção social da cidade. O pensamento geográfico não se restringe aos trabalhos e reflexões de geógrafos. No campo dos estudos urbanos, inúmeras contribuições para a compreensão dos processos de produção do espaço geográfico originam-se de arquitetos, urbanistas, economistas, sociólogos e antropólogos. O texto de Holston é um exemplo do caráter transdisciplinar dos estudos urbanos. Ele desvenda as relações entre a produção social da cidade e os valores e atitudes envolvidos nesse processo conflituoso. A segregação planejada
“[…] Brasília sustenta um padrão de urbanização que deriva e contradiz seus princípios iniciais: é um padrão típico das grandes cidades brasileiras, onde as elites habitam o centro urbano e dominam os estratos inferiores e desassistidos da periferia. Deve também ser ob servado, contudo, que Brasília intensifica, de várias maneiras significativas, as desigualdades do típico padrão metropolitano. […] A capital tem, proporcionalmente, mais habitantes na periferia e menos habitantes no centro que qualquer outra grande cidade brasileira. […] Enquanto outras cidades misturam bairros residenciais de elite e favelas ou cortiços em suas regiões centrais, Brasília separa rigorosamente os primeiros no Plano Piloto e os outros nas cidades-satélites. Isto não significa menosprezar o crescente crescen te número de habitantes de média renda e de burocratas de nível médio morando
nas cidades-satélites mais próximas, ou as favelas que resistem a investidas policiais em áreas isoladas do Plano Piloto. É meramente observar que nas áreas mais urbanizadas da capital não há cortiços […]. Ademais, […] as disparidades de renda entre o centro de Brasília e sua periferia são bem maiores que em outras cidades brasileiras, precisamente porque a alta renda, no Distrito Federal, está concentrada de forma esmagadora e quase uniforme no Plano Piloto e nas mansões do Lago. Por fim, o que também intensifica as diferenças entre o centro de Brasília e sua periferia é a forma com que são expressas em termos espaciais. Enquanto outras cidades são ocupadas continuamente do centro até a periferia, Brasília dicotomiza-os em termos absolutos: não há nenhuma cidade-satélite em um raio de 14 quilômetros a partir do Plano Piloto. Assim, a distinção entre centro e periferia é implacavelmente nítida […]. Um processo básico na formação da periferia de Brasília é a transformação de tomadas de terras ilegais em urbanizações legais. Com efeito, as próprias cidades-satélites têm origem em ciclos de rebelião e legitimação que remontam aos pioneiros e continuam até hoje. Na primeira fase desse processo, a população se apropria de direitos à terra formando favelas. Na segunda fase, o governo reconhece formalmente esses direitos usurpados, seja dotando as terras tomadas de um status legal in situ , seja removendo os moradores para terrenos residenciais recentemente demarcados em uma cidade satélite já existente. Esta mudança de status legal resulta na adição de novos moradores ao conjunto dos que têm direitos legais a serviços urbanos, e na expansão da periferia urbana em novas áreas […]. Seguindo a tradição dos pioneiros, as associações de favelados na Brasília de hoje organizam tomadas de terra para obter acesso legal à propriedade e aos serviços urbanos. Como em outras cidades brasileiras, os favelados alcançam este objetivo persuadindo as autoridades a mudar o status de seus povoamentos. O paradoxo desta situação — de que os favelados estão bem conscientes — é que na maioria dos casos é apenas por meio do ato ilegal de invadir um terreno que eles podem ter os serviços de que necessitam desesperadamente. Mais ainda, sua situação é paradoxal em outro sentido: o que a maioria dos favelados fav elados procura, além dos serviços urbanos básicos, é a res peitabilidade social que a sociedade legítima lhes nega. Carentes de respeito, organizam-se para obtêlo esposando um dos valores fundamentais da ordem social em que lutam por inserir-se: a propriedade privada. A invasão de terras é para eles um meio de adquirir os serviços urbanos e o status social de res peitabilidade que derivam da propriedade privada.” HOLSTON, James. A James. A cidade modernista: modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 293-296.
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• In Indi dica caçõ ções es de le leit itur uraa CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. DEÁK, Csaba e SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: Edusp, 1999. EVANS, Peter. A tríplice aliança. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. SANTOS, Regina B. dos. Migrações no Brasil . São Paulo: Scipione, 1994. SILVA, José Graziano da. A modernização doloro sa. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil . São Paulo: Alfa-Ômega, 1981. VEIGA, José Eli. A face rural do desenvolvimento. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 2000. VESENTINI, José William. A capital da geopolítica. São Paulo: Ática, 1986.
• Con onte teúd údoo pr prog ogra ramá máti tico co Capítulo 16
Estrutura regional brasileira Divisões regionais do Brasil; A globalização e as desigualdades regionais; A industrialização concentrada; A industrialização descentralizada.
A regionalização oficial do território brasileiro, elaborada em diferentes versões pelo IBGE, foi concebida para servir de base aos levantamentos estatísticos que subsidiam as políticas públicas e de planejamento econômico, além de apresentar finalidade didática. Considerando sobretudo os padrões de produtividade da economia, as densidades demográficas e as paisagens naturais, o IBGE divide o território brasileiro em cinco macrorregiões macrorregiões.. Mas a região não é um dado da realidade: é uma construção teórica que admite os mais diferentes critérios e que se transforma com a história. Por isso mesmo, a proposta de regionalização do IBGE não é nem única nem definitiva. definitiva. No final da década de 1960 1960 surUNIDADE 5 giu uma proposta de regionalização do território brasileiro capaz de sintetizar as dinâmicas territoriais impulsionadas pela integração nacional e pela hegemonia dos capitais industriais e financeiros do Sudeste: trata-se da divisão do Brasil em três grandes complexos regionais, elaborada pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger. No iní“A questão da espacialidade, da territorialidade bracio do século XXI, o geógrafo Milton Santos cunhou a sileira, é sempre deixada de lado nas discussões políexpressão Região Concentrada para identificar um ticas e nas formulações dos planos e políticas públinovo conjunto regional formado pelas regiões Sul e Sucas. Os discursos produzidos sobre estas questões deste. Surgida da internacionalização da economia e da insistem em ignorar que as características essenciais concentraçãoo das infra-estr infra-estruturas uturas do meio tecnocientída economia brasileira, ou, melhor dizendo, a forma- concentraçã ção socioespacial brasileira, a formação do território fico e informacional, a Região Concentrada se estende brasileiro, são produtos das relações sociais no Bra- entre Minas Gerais e o Rio Grande do Sul. O conceito de Região Concentrada ilumina aspec sil. A sociedade e o espaço brasileiros precisam ser tos importantes das dinâmicas territoriais em curso no considerados concomitantemente.” Brasil. A “soldagem” entre o Sudeste e Sul evidencia o SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. O Novo atual processo de descentraliz descentralização ação industrial, materialiBrasil Urbano, integração ou fragmentação. zado pela emergência de novos pólos industriais do inIn: GONÇALVES, Maria Flora. O novo Brasil urbano. urbano . Porto Alegre: Mercado Aberto, 1995. p. 69 terior de São Paulo e do Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Brasil meridional. Neste processo, a metrópole As políticas territoriais de planejamento, voltadas paulista não está perdendo a hegemonia econômica para a correção dos “desequilíbrios regionais” por meio tradicional, pois a redução da sua participação na ativida dinamização ou da conquista de determinadas por- dade industrial ocorre paralelamente ao reforço do seu ções do território, deixaram marcas profundas no espa- papel dominante na centralização financeira das ativiço geográfico brasileiro, em especial no Nordeste e na dades produtivas em geral. As regiões industriais periAmazônia. Mas não alteraram o traço estrutural da soci- féricas no Nordeste e na Amazônia, por sua vez, são edade e do espaço nacional: o Brasil permanece sendo o em grande parte tributárias das políticas de planejaterritório da desigualdade. mento regional.
Sociedade e espaço geográfico
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Capítulo 17
Nordeste, nordestes Os “nordestes”; O Nordeste e o Planejamento Regional; O Nordeste da Sudene; O Nordeste e a globalização.
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Este capítulo está organizado em torno de quatro grandes eixos temáticos, organizados de forma a esclarecer o significado das diferentes políticas regionais voltadas para o Nordeste brasileiro. No primeiro deles, investiga-se os “nordestes “nordestes”” produzidos pela economia agroexportadora. O “Nordeste açucareiro”, dos grandes latifúndios da Zona da Mata, foi o primeiro a se configurar, ainda nos primórdios da colonização. O “Nordeste algodoeiro-pecuarista” emergiu no Sertão, durante a vigência do Império. O “Nordeste cacaueiro”, por sua vez, estruturou-se no sudeste da Bahia, nas primeiras décadas do século. Ao longo da história republicana, as elites latifundiárias presentes em cada um desses “nordestes” protagonizaram uma disputa calorosa pelo controle político estadual e pela captura dos recursos federais. Os “coronéis do sertão” defendiam a atuação governamental no combate aos impactos da seca; os “barões do açúcar” lutavam para manter a competividade de suas lavouras ante os concorrentes do Centro-Sul. O segundo eixo deste capítulo aborda as políticas públicas resultantes desta disputa. A chamada “política hidráulica”, esboçada ainda durante o Império, oficializada na primeira década do século XX e consolidada no governo Getúlio Vargas, representou uma vitória das oligarquias sertanejas. Por meio dela, um conjunto de obras patrocinadas pelo governo federal no semi-árido – tais como açudes, barragens, poços e estradas de rodagem – funcionava como meio de valorização das propriedades dos coronéis. Os barões do açúcar, por sua vez, encontram amparo no Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), criado em 1926. Estabelecendo um mecanismo de cotas de produção e implementando um sistema de preços únicos, o IAA, na prática, oferecia subsídios públicos às elites do Nordeste açucareiro. O terceiro eixo temático do capítulo enfoca a constituição do Nordeste como região geoeconômica periférica, resultante do processo de industrialização comandado pelo Sudeste e da integração nacional. Nesse contexto, e sob a ótica do desenvolvimentismo, as políticas públicas voltadas para a região passaram a enfatizar sobretudo a implementação de pólos de desenvolvimento industrial, dinamizados por capitais oriundos do Centro-Sul, como forma de minimizar os desequilíbrios regionais existentes no Brasil. Finalmente, o quarto e último eixo temático analisa o impacto da abertura econômica e da chamada globalização sobre as estratégias de planejamento regional voltadas para
o Nordeste. Agora, trata-se principalmente de integrar a região aos fluxos de investimentos globalizados e ao mercado mundial. Esta é a lógica que norteia a nova política de incentivos, voltada sobretudo para a agricultura empresarial de frutas no semi-árido, para o turismo e para as grandes obras de infra-estrutura. A transposição do rio São Francisco se insere nesta lógica, na medida em que cria novos pólos de agronegócio na região. No tocante ao setor industrial, destaca-se o crescimento do setor de bens de consumo não-duráveis, ou seja, das indústrias de trabalho intensivo. Os conglomerados do setor são atraídos por diversas modalidades de incentivos federais e estaduais e também pelo baixo custo da mão-de-obra local, que lhes confere competitividade internacional.
Capítulo 18
A Amazônia e o planejamento regional A conquista da fronteira amazônica; Amazônia Amazô nia Oriental; Amazônia Ocidental; Planejamento e desenvolvimento sustentável; O Estado na fronteira. A Amazônia Legal, região de planejamento, foi criada junto com a Sudam, em 1966, nos primeiros anos do regime militar. Concebida como um espaço de fronteira política, demográfica e econômica, a região foi objeto de políticas territoriais marcadas pelo signo da conquista. No plano político, a conquista da Amazônia envolvia a construção de bases para o exercício da soberania nacional nas faixas de fronteira; no plano demográfico, o povoamento com base nos excedentes populacionais gerados no Nordeste e no Centro-Sul; no plano econômico, a atração de grandes investimentos em projetos agropecuários, minerais e industriais. O conjunto de políticas voltadas para a conquista da Amazônia deixou um rastro de violência e degradação ambiental, muitas vezes sobrepostos. Os conflitos fundiários envolvendo índios, grileiros e migrantes recém-chegados configuraram um “arco da violência” nas franjas orientais e meridionais da Amazônia, enquanto os grandes projetos criavam um “arco de devastação” nas áreas em que foram implementados. Também como resultado do empreendimento de conquista, orientado pelos principais vetores de transporte, a região Amazônica foi bipartida. Na Amazônia Oriental, estruturada pelo eixo da Belém-Brasília e da E. F. Carajás, a devastação é sobretudo resultado dos grandes projetos de exploração mineral, transformados em verdadeiros enclaves na floresta e indutores de um processo de urbanização urbaniza ção caótico e desordenado em seu entorno. A Amazônia Ocidental, estruturada pelo segmento sul da Cuiabá-Santarém e da Brasília-Acre, foi o principal eixo de expansão da fronteira agrícola, além de abrigar um enclave industrial idealizado pelo governo militar: a Zona Franca de Manaus.
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A política de desenvolvimento regional dos milita- por pesquisadores do IPEA, que estabeleceram uma linha res valorizou sobretudo a acumulação de capital por nacional de pobreza cruzando dados referentes à renda grandes empresas por meio do uso predatório dos recur- per capita familiar e ao preço de bens de consumo consisos naturais. O desmatamento de imensos trechos da flo- derados essenciais. Os resultados obtidos em 2002 reveresta e a miséria urbana foram seus resultados mais sig- lam que mais de 30% dos brasileiros vivem em famílias nificativos. Os novos projetos de obras viárias, em cuja renda não é suficiente para garantir suas necessidaespecial a pavimentação da BR-319 (Porto Velho- des básicas em termos de habitação, alimentação, vestuáManaus) e da BR-163 (Cuiabá-Santarém), assim como o rio e transporte. Revelam ainda que a pobreza tem um avanço da agropecuária moderna sobre áreas florestadas forte componente regional, e que sua incidência relativa é parecem estar anunciando um novo ciclo de devastação maior entre as populações rurais do que entre as populaambiental, de proporções ainda maiores. A reversão des- ções urbanas. Nas cidades, a pobreza alimenta um mercase quadro depende da adoção de políticas territoriais do imobiliário informal constituído por loteamentos clanvoltadas para o desenvolvimento sustentável e funda- destinos, cortiços e favelas; muitos dos quais situados em mentadas em um minucioso zoneamento econômico e áreas de risco ambiental e epidemiológico. ecológico da região. A disseminação do trabalho infantil é uma das conEm contrapartida, a preocupação com o exercício seqüências da situação de pobreza na qual vivem milhada soberania efetiva sobre a extensa faixa de fronteiras res de famílias brasileiras. Embora a porcentagem de criamazônicas sobreviveu ao regime militar. O Projeto Ca- anças trabalhadoras esteja recuando no Brasil, as lha Norte, implantado em 1985, foi concebido para fa- estatísticas mostram que esse ainda é um problema socizer frente a esta preocupação. Também o Sivam é uma al de grandes dimensões. Os programas federais criados iniciativa voltada para o controle do espaço amazônico. para combater o trabalho infantil têm se mostrado mais eficientes no meio rural do que no meio urbano, já que, nas cidades, os rendimentos auferidos pelos menores traCapítulo 19 balhadores são significativamente superiores à bolsa Desigualdades sociais e pobreza fornecida pelo governo para as famílias que mantêm seus A economia da desigualdade; Pobreza e desenvol- filhos na escola. Por fim, as modalidades de trabalho forvimento humano; A geografia da pobreza; Traba- çado que ainda resistem no Brasil constituem o limite extremo da exclusão social. lho infantil e exclusão social. o
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Este capítulo busca desvendar os mecanismos responsáveis pela disseminação da exclusão social e da pobreza no Brasil, que inscrevem o país entre os campeões mundiais de concentração de renda. A análise dos indicadores sociais revela a existência de um verdadeiro fosso econômico e cultural separando os brasileiros ricos dos brasileiros pobres. O monopólio de acesso à terra e a transferência de um grande contingente de trabalhadores sem qualificação para os grandes centros urbanos, por meio do êxodo rural, garantiram as condições de reprodução da pobreza, mesmo nas fases de grande expansão do PIB nacional. Os indicadores de condições de vida elaborados pela ONU ajudam a dimensionar a exclusão social e os níveis de pobreza vigentes vigen tes no país. De acordo com o IPH, cerca de 12% dos brasileiros vivem em condições de extrema carência. Com relação ao IDH, o Brasil também ocupa uma posição bastante modesta, abaixo de sua classificação em termos de PIB per capita. Isso significa que, apesar dos avanços dos últimos decênios, registrados nos relatórios da ONU dedicados ao desenvolvimento humano, o país ainda tem um longo caminho a percorrer no sentido de transformar a renda nacional em bem-estar social. Mas a tragédia social brasileira é ainda mais nítida quando analisada de acordo com os critérios elaborados
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Capítulo 20
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A questão fundiária
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A terra e os trabalhadores do campo; Trabalhadores do campo; A luta pela terra.
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O capítulo está organizado em torno de três grandes eixos temáticos, fortemente fortemente relacionados entre si. O primeiro discute as origens históricas da concentração fundiária, o segundo analisa a estrutura ocupacional da agropecuária e o terceiro aborda a luta pela terra. A modernização da agricultura, acompanhada por um processo de valorização das terras e de expulsão da mão-de-obra, aprofundou a concentração fundiária nas regiões agrícolas mais dinâmicas. Este processo alimentou tanto o êxodo rural quanto os fluxos migratórios que se dirigiram para regiões de fronteira, inicialmente ocupadas pelas pequenas propriedades familiares. Mais tarde, com a chegada dos grandes proprietários às fronteiras agrícolas, iniciava-se um novo ciclo de concentração fundiária e de expulsão de mão-de-obra. Este padrão de concentração, desconcentração e reconcentração fundiária que caracterizou a expansão da área agrícola total do país perdurou pelo menos até a década de 1980. Ao contrário do que acontece nos setores urbanos, no campo brasileiro o número de produtores diretos supera com larga margem o número de trabalhadores asR
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salariados. Os produtores diretos formam uma categoria social heterogênea composta por proprietários familiares, parceiros, rendeiros e posseiros. Enquanto os estratos superiores praticam uma agricultura empresarial, marcada pelo uso de tecnologias sofisticadas, os estratos inferiores dedicam-se principalmente à produção de subsistência, e constituem-se como fonte de mão-de-obra sazonal para a agricultura patronal. A força de trabalho engajada na agricultura patronal, por sua vez, é constituída pelos assalariados permanentes e pelos assalariados temporários. A oferta de empregos sazonais, porém, encontra-se em declínio, já que um número cada vez maior de empresas rurais está mecanizando a colheita. No Brasil a agricultura familiar sempre foi preterida em favor da agricultura patronal. Essa é uma das causas da disseminação da pobreza no campo brasileiro e da trágica situação econômica e social na qual se encontra a maior parte dos pequenos produtores. O último eixo do capítulo apresenta um panorama da história da luta pela terra no Brasil, destacando a importância política do MST na história recente do país, e apresenta o sentido econômico, social e ambiental da noção moderna de reforma agrária voltada para a consolidação da agricultura familiar.
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A exploração do trabalho infantil é objeto de intensos debates internacionais, tanto no âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) quando no da Organização Mundial do Comércio (OMC). No Brasil, o tema tem sido objeto de diversas campanhas de esclarecimento, patrocinadas tanto pelo governo federal como por ONGs. Além disso, o governo federal busca combater o trabalho infantil por meio do Programa Bolsa-escola. Com o auxílio dos professores de Comunicação e Expressão, os alunos podem organizar um painel com depoimentos de crianças trabalhadoras e produzir um relatório relacionando o teor dos depoimentos com os mecanismos de exclusão social abordados no capítulo. O professor de Sociologia, por sua vez, pode contribuir para um debate sobre as virtudes e defeitos nos programas federais de combate ao trabalho infantil. O desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável se tornou amplamente conhecido por meio do relatório produzido pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, instituída pela ONU. Publicado em 1987, o Relatório Brundtland (como ficaria mundialmente conhecido) aborda de maneira integrada as questões ambientais, demográficas e sociais. De acordo com ele, o uso intensivo de recursos naturais e a manutenção de
padrões de consumo acima das possibilidades ecológicas em certas regiões do planeta, assim como a disseminação da pobreza em outras, são fatores de risco para o ambiente global. Vale a pena investigar os significados desse conceito, com o auxílio do professor de Biologia. Além disso, os alunos poderiam ser orientados no sentido de realizar uma pesquisa sobre as atividades econômicas implantadas na Amazônia que atendam aos requisitos da sustentabilidade ambiental.
• Bi Bibl bliot iotec ecaa do pro profes fesso sor r Bertha Becker, uma das maiores expoentes do pensamento geográfico brasileiro, dedica grande parte de sua vasta produção teórica à reflexão sobre a Amazônia brasileira. No trecho reproduzido abaixo, o enfoque recai sobre as perspectivas da região diante do processo contemporâneo de mercantilização na natureza. Globalização e Amazônia como fronteira do capital natural
“Até recentemente, dominava no projeto internacional a percepção da Amazônia como uma imensa unidade de conservação a ser preservada, tendo em vista a sobrevivência do planeta, devido aos efeitos do desmatamento sobre o clima e a biodiversidade. A base dessa percepção teve como origem, em grande parte, a tecnologia dos satélites, que permitiu pela primeira vez uma visão de conjunto da superfície da Terra e da sua unidade trazendo o sentimento sentim ento da responsabilidade comum, assim como a percepção do esgotamento da natureza, que se tornou um recurso escasso. A natureza foi então reavaliada e revalorizada a partir de duas lógicas muito diferentes, mas que convergem para o mesmo projeto de preservação da Amazônia. A primeira lógica é a civilizatória ou cultural, que possui uma preocupação legítima com a natureza pela questão da vida, o que dá origem aos movimentos ambientalistas. A outra lógica é a da acumulação, que vê a natureza como recurso escas so e como reserva de valor para a realização de ca pital futuro, fundamentalmente no que tange ao uso da biodiversidade condicionada ao avanço da tecnologia. Outro recurso de que pouco se fala, mas que já é fundamental, é a água ág ua como fonte de vida e de energia em razão dos isótopos de hidrogênio, questão teórica ainda não solucionada, mas que vem sendo pesquisada em muitos países, especialmente na Alemanha e nos EUA. Torna-se patente que, se há uma valorização da natureza e da Amazônia, há também a relativização do poder da virtualidade dos fluxos e redes do mundo contemporâneo, com a globalização, que
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acaba com as fronteiras e com os Estados. Na verdade, os fluxos e redes não elimi nam o valor estratégico da riqueza localizada, in situ; situ; eles sustentam a riqueza circulante do sistema financeiro, da informação, mas a riqueza localizada no território também tem seu papel e seu valor. Isso, conseqüentemente, conseqüentement e, trouxe uma disputa das potências pelos estoques das riquezas naturais, uma vez que a distribuição geográfica de tecnologia e de recursos está distribuída de maneira desigual. Enquanto as tecnologias avançadas são desenvolvidas nos centros de poder, as reservas naturais estão localizadas nos países periféricos, ou em áreas não regulamentadas juridicamente. Esta é, pois, a base da disputa. Há três grandes eldorados naturais no mundo contemporâneo: a Antártida, que é um espaço dividido entre as grandes potências; os fundos marinhos, riquíssimos em minerais e vegetais, que são espaços não regulamentados juridicamente; e a Amazônia, re gião que está sob a soberania de estados nacionais, entre eles o Brasil. Esse contexto geopolítico, principalmente nas décadas de 1980 e 1990, gerou sugestões mundiais pela soberania compartilhada e o poder de gerenciar a Amazônia, que abalou até o Direito Internacional. Hoje, contudo, são crescentes os interesses ligados à valorização do capital natural, que tende a se sobre por à lógica cultural. Observa-se um processo de mercantilização da natureza. Elementos da natureza estão se transformando em mercadorias fictícias, usando a expressão de Karl Polanyi, em seu livro A grande transformação. Fictícias por quê? Porque elas não foram produzidas para venda no mercado – o ar, a água, a biodiversidade. Mas, no entanto, através desta ficção são gerados mercados reais e isto se deu, como Polanyi mostra muito bem, no início da industrialização, quando terra, dinheiro e trabalho foram transformados em mercadorias fictícias, gerando mercados reais. [...] Não é fantasia o fato de que está em curso na Ama zônia a transformação de bens da natureza em mercadorias. É o caso da Peugeot, que faz investimentos no sentido de seqüestro do carbono no Mato Grosso; na ilha do Bananal, a empresa inglesa S. Barry; a Mil Madeireira, que tem um projeto neste sentido no estado do Amazonas; a Central South West Corporations, de Dallas, uma empresa de ener gia que fez uma aquisição no Paraná de setecentos mil hectares, através da mediação da National Con servancy, da reserva da Serra de Itaqui; além dos
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projetos que não conhecemos, visto que uns são oficiais e outros não. Há restrições a colocar ness e sentido porque a terra e a floresta são bens públicos, e a venda de floresta significa venda de território e não é correta do ponto de vista do país. [...] Polanyi mostra que há uma necessidade de organização da sociedade para impedir o livre jogo das forças de mercado em relação aos elementos vitais para o homem. Para tanto, foram criados sindicatos para proteger o mercado do trabalho e organizadas associações para regular o mercado da terra e o papel do estado tornou-se fundamental. Que vamos fazer no Brasil, e qual deve hoje ser nossa reação? Temos todos esses trunfos – florestas, biodiversidade, água; como a sociedade e o governo brasileiro devem se comportar em relação ao seu uso? Hoje, o movimento de mercantilização é irreversível e temos de saber como lidar com ele. Parece-me que caberia ao governo e à sociedade lutar pela regulação desses mercados, mas ela deveria ser bem negociada [...]” e
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• In Indi dica caçõ ções es de le leit itur uraa AB’SÁBER, Aziz N. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: Edusp, 1996. ANDRADE, Manuel Correia de. Classes sociais e agricultura no Nordeste. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Massangana, 1985. ARAÚJO, Tânia Bacelar de. Ensaios sobre o de senvolvimento brasileiro: heranças e urgências. Rio de Janeiro: Revan/Fase, 2000. AUBERTIN, Catherine. A ocupação da Amazônia: das drogas do sertão à biodiversidade . In: EMPERAIRE, Laure. A Floresta em jogo: o extrativismo na Amazônia central. São Paulo: UNESP/Imprensa Oficial, 2000. BECKER, Bertha K. e MIRANDA, Mariana (Org.). A geografia política do desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. BRANDÃO, Carlos Antônio, GONÇALV GONÇALVES, ES, Maria Flora e GALVÃO, Antônio Carlos. Regiões e cidades, cidades nas regiões. São Paulo: Unesp/ Anpur, 2003. FURTADO, Celso. A fantasia desfeita. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Bra sil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. R
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Parte 3
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Esta Parte 3 aborda o espaço mundial contemporâneo e sua perspectiva é fornecida pela pel a escala geográfica do mundo. As demais escalas, tratadas com freqüência, funcionam como instrumentos auxiliares no desvendamento da trama do espaço mundial. O ensino de Geografia, tributário em alguma medida da tradição dos estudos regionais da “escola francesa”, acostumou-se a abordar o espaço mundial como uma somatória de espaços nacionais. Por muito tempo – e essa prática ainda subsiste aqui e ali – ensinou-se uma “Geografia regional do mundo” por meio da descrição de características físicas, humanas e econômicas das unidades políticas nacionais. Essa tradição degradou-se a ponto de transformar os cursos em pouco mais que a apresentação de sínteses de almanaque das “características geográficas” de cada país. No fundo, a abordagem tradicional sequer reconhece a escala geográfica do mundo, obscurecendo a teia de relações econômicas, políticas e culturais que se estabelecem no espaço mundial. O título dessa Parte merece um comentário. O termo “globalização” é um foco de polêmicas teóricas e políticas. No terreno teórico, argumenta-se que a globalização, se entendida como processo de configuração de uma economia mundial integrada, tem suas raízes nas Grandes Navegações. E, de fato, o capitalismo comercial do século XVI já estruturava uma nítida divisão internacional do trabalho e diversas especializações produtivas regionais. Numa linha semelhante, argumentase que os dois ciclos da Revolução Industrial do século XIX geraram ondas de investimentos internacionais que integraram em profundidade a economia mundial. De certa forma, a maior parte do século XX pode ser interpretada como uma longa reversão do processo de globalização das décadas anteriores. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Revolução Russa (1917), a Grande Depressão (1929 – década de 1930), a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Revolução Chinesa (1949) e a formação do bloco soviético da Guerra Fria interromperam ou mesmo reverteram as tendências anteriores. Sob uma perspectiva histórica, o que se denomina hoje “globalização” poderia ser interpretado como
uma “segunda globalização” globalização”,, cujas raízes encontram-se no fim da Guerra Fria, na implosão da União Soviética e na abertura econômica da China. Sob a perspectiva da Geografia, a globalização contemporânea não pode ser dissociada da revolução tecnocientífica e informacional. O ciclo de inovações dessa revolução, que se desenvolve desde os anos 1970, reorganiza extensa e profundamente o espaço mundial. Essa reorganização – desigual, traumática e perversa – é o objeto de análise desta Parte da obra.
UNIDADE 6
O espaço da globalização Manuel Castells sintetizou a configuração da “economia global regionalizada” que emergiu nas duas últimas décadas: “A economia global apresenta diversificações internas representadas por três regiões principais e suas áreas de influência: América do Norte [...], União Européia [...] e a região do Pacífico asiático [...]. Em torno desse triân gulo de riqueza, poder e tecnologia, o resto do mundo organiza-se em uma rede hierárquica e assimetricamente interdependente, conforme países e regiões diferentes competem para atrair capital, profissionais especiali zados e tecnologias para suas praias [...]. O conceito de uma economia global regionalizada não representa nenhuma contradição de termos. Há, de fato, uma economia global porque os agentes econômicos operam em uma rede global de interação que transcende as fronteiras nacionais e geográficas. Mas essa economia é diferenciada pelas políticas, e os governos nacionais desempenham um papel muito importante nos processos econômicos.” CASTELLS, Manuel. A Manuel. A sociedade em rede. rede . São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 117-119.
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É preciso destacar os elementos dessa análise, que ocupam lugares estratégicos na abordagem geográfica do espaço mundial da globalização: 1. Um tripé de “riqueza, poder e tecnologia”, constituído pela América do Norte, União Européia e Bacia do Pacífico, estrutura o espaço mundial; 2. A economia global opera em rede, uma rede “hierárquica e assimetricamente interdependente” que abrange o conjunto das regiões e países; 3. As diferenciações na economia global decorrem, em medida significativa, dos papéis desempenhados pelos governos. A Unidade 6 dedica-se a caracterizar, de modo geral, a configuração desse espaço mundial. Os fluxos mundializados – de mercadorias, capitais, pessoas e informações –, que dinamizam o processo de globalização, geram redes hierárquicas e interdependentes. Na base desses fluxos encontra-se o meio tecnocientífico e informacional, que garante a conexão e a complementaridade complementaridad e dos processos de produção e de consumo em escala mundial.
• Con onte teúd údoo pr prog ogra ramá máti tico co Capítulo 21
Os fluxos da economia global Globalização: a economia policêntrica; Os conglomerados transnacionais; Fluxos de mercadorias: o comércio global; Fluxos de capital: os investimentos internacionais;; As cidades mundiais. internacionais O ponto de partida do Capítulo 21 é a configuração da economia mundial capitalista do pós-guerra, no ambiente geopolítico da Guerra Fria. A ordem econômica constituída em Bretton Woods, baseada no padrão dólar e nas instituições econômicas multilaterais (FMI, Banco Mundial e GATT, atual OMC), propiciou as condições para as reconstruções européia e japonesa. A gradual emergência de uma economia global policêntrica, de um lado, e os investimentos no exterior das corporações transnacionais, de outro, formaram as bases do atual processo de globalização. O capítulo apresenta o tripé “riqueza, poder e tecnologia” que estrutura o espaço mundial por meio da análise dos fluxos de mercadorias e dos fluxos de capitais na economia global. Essa análise desvenda a complexa divisão internacional do trabalho contemporânea, que se manifesta no espaço mundial sob as formas das especializações produtivas regionais, regionais , dos eixos de comércio internacional e da distribuição dos pólos das finanças mundiais. As cidades mundiais figuram como um traço marcante da globalização. O estudo da função, localização e distribuição desses centros financeiros e sedes
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dos quartéis-generais das corporações transnacionais ajuda a esclarecer a topologia do espaço mundial.
Capítulo 22
Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano” Formação territorial dos Estados Unidos; O caldeirão dos povos; A dinâmica regional; O Nafta e a Alca. O Capítulo 22 está consagrado ao estudo dos Estados Unidos e das suas esferas de influência econômica mais imediatas. A seção inicial tem por finalidade investigar a dinâmica expansionista do século XIX, amparada na Doutrina Monroe e no Destino Manifesto, e o contraste entre as formações socioespaciais do Norte e do Sul. O ponto de chegada é a Guerra Civil e a integração econômica e política do território sob o comando da burguesia nortista. Esse ponto de chegada, porém, funciona como ponto de partida da análise da formação nacional. As ondas de imigração européia, os fluxos contemporâneos de imigrantes latino-americanos e asiáticos e a difícil trajetória de incorporação dos negros na sociedade são abordados pelo prisma da noção de melting pot , o “cadinho” de povos, e dos conceitos de integração/segregação. Os fluxos migratórios contemporâneos, em particular a imigração de mexicanos, evidenciam a importância da discussão do conceito de fronteira, nas suas dimensões política e cultural. O tema da incorporação dos negros na sociedade norte-americana, por sua vez, oferece a oportunidade para a discussão dos processos gêmeos de segregação social e espacial, e da configuração de guetos étnicos e sociais urbanos. A seção destinada à abordagem da dinâmica regional segue a trajetória de concentração e desconcentração industrial nos Estados Unidos. A formação e o apogeu do Manufacturing Belt , seguido no pós-guerra pela desconcentração de investimentos industriais para o Sul e o Oeste, revelam o impacto das mudanças tecnológicas e das políticas públicas no espaço nacional. Nesta seção, o conceito de meio tecnocientífico desdobra-se na análise dos pólos de alta tecnologia e dos pólos das altas finanças, situados em lugares diferentes do território. A seção final aborda a criação do Nafta e o projeto da Alca. Essas iniciativas, que só podem ser entendidas na moldura da globalização, evidenciam a configuração de uma esfera de influência regional da maior potência econômica do mundo. No caso do Nafta, o conjunto da América do Norte solda-se economicamente aos Estados Unidos. O projeto da Alca, por sua vez, tem o potencial de conectar em profundidade a América do Sul aos Estados Unidos. R
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Guerra Fria experimentou notável reconstrução econômica e redefiniu seu lugar na divisão internacional do trabalho. União Européia e CEI O novo lugar ocupado pelo país foi determinado, durante A integração européia; Núcleo e periferias da décadas, pela parceria estratégica e pelo intercâmbio ecoUnião Européia; A Rússia e a CEI. nômico com os Estados Unidos. A emergência dos Novos Países Industrializados (NPIs, O capítulo prossegue na investigação sobre a etapa atual do processo de constituição de uma economia ou “Tigres Asiáticos”) refletiu as mudanças profundas na mundial, marcada pelas tendências aparentemente con- divisão internacional do trabalho provocadas pela revolução tecnocientífica e informacional. O Japão redefiniu mais traditórias de globalização e regionalização. uma vez seu lugar na economia global, tornando-se imporCriando vastos “mercados interiores” e reforçando tante fonte de investimentos no exterior. Os NPIs iniciaram o poder econômico das grandes corporações que atuam sua trajetória de crescimento com base nos investimentos no mercado global, os blocos econômicos supranacio supranacionais nais japoneses e no mercado consumidor norte-americano. De funcionam como pilares da globalização. O processo de certo modo, a nova grande região industrial surgiu como regionalização se manifesta contemporaneamente de diextensão dos pólos da microeletrônica e da informática javersas formas. Na Europa, ele resulta de uma longa hisponeses e norte-americanos. tória de aproximações e acordos diplomáticos, cujas oriA emergência econômica da China assinala uma gens remontam ao período da Guerra Fria. etapa posterior nesse processo e deflagra novos Atualmente, a União Européia vive um novo ciclo rearranjos na divisão internacional do trabalho. A segunde alargamento, que empurra os limites do bloco da seção do capítulo está consagrada ao estudo da emersupranacional até as fronteiras da Comunidade de Estagência da China e da reconfiguração da Bacia do Pacífidos Independentes (CEI). As dimensões política, econôco que está em curso. mica e estratégica desse processo são objetos de discusdi scusAo longo do capítulo, a perspectiva central da são neste capítulo, que aborda também as negociações em torno do Tratado Constitucional, do qual emerge a abordagem é fornecida pela escala geográfica do mundo. Mas, isso não implica o abandono das escalas naciofigura do “cidadão europeu”. nal, regional e local. No caso do Japão, discute-se a forA expansão mais recente da União Européia evidenmação da megalópole de Tokaido e o fenômeno mais ciou a divisão geopolítica da Europa no pós-Guerra Fria. recente de descentralização industrial, que gera pólos A Rússia e seu chamado “exterior próximo” – isto é: a industriais no interior do arquipélago e financia parcialCEI – configuram um bloco geopolítico e conferem novo mente a industrialização dos NPIs. No caso da China, significado à expressão Europa Oriental. propõe-se uma análise das desigualdades socioeconôO capítulo retoma e rediscute os conceitos de Esta- micas regionais, que são aprofundadas pela abertura do, território, bloco supranacional, fronteira política e econômica do país. fronteira estratégica. Além disso, proporciona a oportunidade para o exame das desigualdades socioeconômicas no interior do bloco europeu e das políticas públicas vol• O enfo enfoque que int inter erdi disci scipl plin inar ar tadas para a coesão estrutural desse bloco. A economia-mundo e a rede de cidades Capítulo 24 No passado, quando o comércio internacional co-
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A Bacia do Pacífico
O Japão e os “Tigres Asiáticos”; A China, nova potência mundial? O capítulo aborda a Bacia do Pacífico, um bloco radicalmente distinto do Nafta e da União Européia por não estar definido em tratados comerciais, econômicos ou políticos. A Bacia do Pacífico, entretanto, pode ser interpretada a partir do conceito de bloco econômico em virtude do processo de integração comandado pelos fluxos intra-regionais de investimentos, que geram intercâmbios regionais cada vez mais significativos. O ponto de partida é a análise da evolução geopolítica do Japão, desde a Restauração Meiji, e da sua reorganização no pós-guerra, definida, em larga medida, pela ocupação norte-americana. O Japão empresarial-burocrático da
meçou a interligar espaços distantes, desenhando a moldura da economia-mundo, algumas cidades desempenharam funções similares às das atuais cidades mundiais. Gênova, no mar Tirreno, e Veneza, no mar Adriático, foram as pioneiras do movimento de expansão comercial da Europa nos séculos XIV e XV. Dois séculos mais tarde, Amsterdã, na Holanda, tornou-se a mais importante “cidade mundial”, funcionando como vértice do comércio holandês no Oriente e no Ocidente. A Companhia das Índias Orientais estabeleceu a hegemonia holandesa sobre as rotas do Oceano Índico, agindo nos mercados asiáasi áticos a partir de sua base um Batávia (atual Jacarta), na Indonésia. A menos poderosa Companhia das Índias Ocidentais chegou a controlar o comércio açucareiro do Caribe e, por algum tempo, as áreas de plantations nordestinas da América Portuguesa.
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Um trabalho conjunto com o professor de História pode estabelecer algumas semelhanças e diferenças entre: ❚ as “cidades-Estado” do passado e as cidades mundiais do presente; ❚ as companhias de comércio holandesas e as atuais corporações transnacionais.
• Bi Bibli bliot oteca eca do pro profe fesso ssor r A configuração de uma macrorregião macrorregião integrada por investimentos industriais e fluxos de comércio na Bacia do Pacífico foi um dos fenômenos marcantes das últimas décadas. A configuração do espaço mundial alterou-se em profundidade e as repercussões do crescimento econômico da China e dos NPIs (os “Tigres Asiáticos”) continuam a se fazer sentir, modificando globalmente as didi reções dos investimentos financeiros e dos intercâmbios de bens e serviços. Nos NPIs e em vastas áreas da China litorânea, a onda de modernização varreu antigas paisagens de sociedades agrícolas, gerando novas paisagens urbanas e industriais. O texto seguinte, de Jean-Raphael Chaponnière, analisa esse processo. As tendências apontadas continuam a se desenvolver, confirmando a análise do autor. O vírus industrial no Extremo Oriente
“Desde a metade da época de 1950, o crescimento econômico tornou-se contagioso na Ásia. A reconstrução do Japão foi seguida pela arrancada da Coréia do Sul, de Taiwan, de Hong Kong e de Cingapura já na década de 1960 e, vinte anos mais tarde, pela emer gência da Indonésia, da Malásia, da Tailândia e da China e, enfim, depois da desagregação do bloco soviético, pela do Vietnã. Um após o outro, esses países adotaram estratégias de industrialização combinando a promoção das exportações de manufaturados e – com exceção de Hong Kong e Cingapura – uma proteção seletiva dos seus mercados [...]. Tal dinamismo causa espanto. O Banco Mundial evoca os ‘milagres asiáticos’ e a mídia descreve os ‘novos tigres’, diferentes dos ‘pequenos dragões’ (isto é, Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura). Contudo, tais qualificativos não dão conta da diversidade de países que, excetuando a localização geográfica, não têm muito em comum. A distância econômica entre a Alemanha e a Grécia, na Europa, é pouca coisa comparada ao fosso que separa Taiwan, com renda per capita vizinha à da Es panha, da Indonésia, com renda per capita próxima à do Egito. Cingapura é uma cidade-Estado povoada por cerca de 3 milhões de habitantes; a Indonésia, um arquipélago de quase 200 milhões de habitantes, e um quinto da humanidade é chinesa. Enquanto a
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Coréia do Sul e Taiwan se caracterizam pela homogeneidade étnica, a Malásia acolheu imigrantes indianos e chineses no século XIX. As diferenças culturais são consideráveis: a esfera de povoamento chinês está longe do mundo muçulmano da Malásia e da sociedade budista tailandesa [...]. Correndo o risco da simplificação, podem-se distin guir os Novos Países Industrializados, ou NPIs (Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura), que com partilham o fundo cultural chinês, da segunda onda composta pela China e os países da Ásia Ási a de Sudeste (Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã). Mesmo desprovidos de recursos naturais, os NPIs zar param na frente. As análises elaboradas por Arnold Toynbee para compreender a história das civilizações encontram uma aplicação imprevista nesses países onde o desenvolvimento consistiu em ultrapassar de safios: o do Japão – antiga metrópole colonial – e da concorrência próxima do comunismo, para a Coréia do Sul, Taiwan e Hong Kong, e aquele do entorno malaio, para o enclave chinês de Cingapura. e
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Postos avançados da Guerra Fria, a Coréia do Sul e Taiwan se beneficiaram de uma ajuda internacional im portante nos anos 1950 [...]. A diminuição da ajuda os estimulou a adotar uma estratégia de promoção das exportações. Lançados no movimento iniciado pelo Ja pão, esses países exportaram sucessivamente camisas, tecidos, televisores, em seguida peças eletrônicas e automóveis [...]. Entre 1987 e 1995, com o auxílio da democratização e das lutas sociais, os salários aumentaram mais de 10% ao ano e o diferencial com os níveis de vida europeus diminuiu. Essas altas ampliaram o consumo local, mas pesam sobre os custos de produção [...]. Para superar essa restrição, os industriais investiram pesadamente na China e no resto da Ásia. Foi através da valorização dos seus recursos naturais abundantes (estanho, petróleo, gás natural, plantações de borracha e produção de óleo de palmeira) que os países do Sudeste asiático se desenvolveram após as independências. A indústria de bens de con sumo não-duráveis, controlada por empresários de origem étnica chinesa, era pouco exportadora. A partir de 1980, a queda dos preços das matérias-primas no mercado internacional convenceu os Estados a conferirem prioridade às exportações; na mesma época, a China engajava-se nas reformas de modernização para construir o ‘socialismo de mercado’. Tais mudanças coincidiram com o início das relocalizações japonesas [...], coreanas e taiwanesas. O Sudeste asiático e a China se tornaram plataformas de exportação de produtos industriais. O petróleo e o gás repre sentaram o essencial das exportações da Indonésia em 1980, mas menos de 40% em 1994. Desde 1992, a China exporta mais que a Coréia do Sul [...].
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O movimento de integração que acompanha a emer gência da Ásia testemunha um fenômeno de regionalização. Nem o fax, nem as teleconferências permitiram eliminar as restrições da geografia, e a maior parte dos países realizam o essencial das suas trocas com os seus vizinhos: a França com a Alemanha, os Estados Unidos com o Canadá. Esse não era o caso da Ásia. Embora baste uma jornada de navio para ir da península coreana ao litoral chinês ou para atravessar o estreito de Taiwan, nem a Coréia do Sul, nem Taiwan realizavam comércio com a China. Tudo mudou depois de 1989. Em 1995, a China foi o terceiro parceiro comercial da Coréia do Sul, e Taiwan realiza 10% das suas trocas com o continente chinês. A isso, deve-se acrescentar os fluxos ligados às relocalizações da Ásia oriental na direção da Ásia de sudeste.” . 8 9 9 1 e d o ir
CHAPONNIÈRE, Jean-Raphael. L’émergence des économies asiatiques: une croissance contagieuse. In: L’État du Monde 1996. 1996. Paris: La Découverte, 1995. p. 132-135. Traduzido pelos autores.
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BEAUD, Michel. História do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1987. BENKO, Georges. Economia, espaço e globalização. São Paulo: Hucitec, 1996. MAGNOLI, Demétrio. Globalização: Estado nacional e espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2004. ——. União Européia: história e geopolítica. São Paulo: Moderna, 2004. —— e ARAUJO, Regina. O projeto da Alca: Hemisfério Americano e Mercosul na ótica do Brasil. São Paulo: Moderna, 2003. ROCHEFORT, Michel. Rede e sistemas. São Paulo: Hucitec, 1998. SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998. WALLERSTEIN, Immanuel. O capitalismo histórico. São Paulo: Brasiliense, 1985.
UNIDADE 7
A fronteira Norte-Sul O par conceitual desenvolvimento/subdesenvolvimento consolidou-se durante o processo de descolonização do pós-guerra. Sua expressão geopolítica foi a noção de Terceiro Mundo, propagada a partir da Conferência de
Bandung, de 1955. A escola de geógrafos franceses da “Geografia Ativa” abordou o subdesenvolvimento em diversos estudos, que conduziram a listagens de características dos “países subdesenvolvidos”. Aquelas características esvaziaram-se de significado nas últimas décadas, em virtude da difusão da indústria por diversos países subdesenvolvidos e da aceleração da urbanização na América Latina, Ásia oriental e, em grau menor, também na Ásia meridional e na África Subsaariana. Há sentido utilizar o par conceitual desenvolvimento/subdesenvolvimento na “era da globalização”? Essa indagação continua submetida a interessantes debates e polêmicas apaixonadas. A obra que apresentamos utiliza esse par conceitual, redefinindo-o de acordo com sugestões de diferentes autores. O espaço mundial estruturado pelo tripé “riqueza, poder e tecnologia” e organizado em “uma rede hierárquica e assimetricam assimetricamente ente interdependente” está atravessado por uma fronteira socioeconômica de fundo. Essa fronteira que separa o “Norte” do “Sul” define-se pelo controle sobre os grandes estoques de capital e pelo controle das tecnologias da revolução tecnocientífica e informacional. Yves Lacoste sugere que a fronteira socioeconômica também expressa as desigualdades no ritmo do processo de transição demográfica. “Norte” e “Sul” representam, na escala mundial, conjuntos de países que desempenham funções de centro e periferia na economia global. Mas “Norte” e “Sul” expressam, em outras escalas, o contraste entre regiões e lugares inscritos nos circuitos da globalização, de um lado, e regiões e lugares excluídos desses circuitos, de outro.
• Con onte teúd údoo pr prog ogra ramá máti tico co Capítulo 25
Periferias da globalização As fronteiras da produtividade; As fronteiras da pobreza; Ásia meridional; África Subsaariana. A problemática do desenvolvimento e do subdesenvolvimento constitui o eixo central do capítulo. A abordagem proposta elabora o conceito de produtividade econômica e, com base nele, discute o processo de transferências setoriais da força de trabalho associadas à evolução tecnológica. A finalidade é desvendar os significados históricos e geográficos das transferências de força de trabalho do setor agrícola para os setores econômicos urbanos e relacionar essas transferências ao conceito de desenvolvimento. Mas o conceito de desenvolvimento experimentou, ele próprio, um desenvolvimento. Atualmente, esse conceito deve ser referenciado na revolução tecnocientífica e na configuração do meio tecnocientífico-informacional. O
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desenvolvimento significa, cada vez mais, controle sobre as tecnologias de ponta, o que representa aumento da produtividade geral da economia e, o que é de importância singular na Geografia, aumento da “produtividade espacial”. O mapa dos investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento que conclui a primeira seção do capítulo oferece a oportunidade de apreensão de uma dimensão fundamental do espaço mundial contemporâneo. Ele revela os contornos do “Norte” e do “Sul” e, também, permite apreciar aspectos importantes das desigualdades entre os países do “Sul”. As seções seguintes do capítulo estão destinadas à análise da difusão da pobreza no espaço mundial. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é certamente o mais completo indicador das condições de vida das populações em todo o mundo: daí seu destaque no capítulo. Se é verdade que a pobreza está presente também em países de IDH elevado, como revela o Índice de Pobreza Humana (IPH), é verdade também que ela não se distribui no mundo de maneira uniforme. O capítulo discute em detalhes a Ásia Meridional e a África Subsaariana, que apresentam as maiores concentrações de pobreza absoluta no mundo. Na Ásia Meridional, a excessiva pressão demográfica sobre os vales férteis e a permanência de uma estrutura de produção agrícola baseada no trabalho intensivo figuram entre as principais causas da pobreza generalizada. Em algumas regiões da África Subsaariana, como o Sahel, a pobreza é também conseqüência da pressão demográfica sobre sistemas ecologicamente frágeis. Mas, no conjunto, a miséria africana é principalmente uma herança do colonialismo. As economias agroexportadoras, implantadas pelos colonizadores, ocupam as melhores terras e uma parte significativa da força de trabalho, enquanto as economias de subsistência foram, e ainda são, desestruturadas pela penetração desigual das relações de produção capitalistas. As dramáticas crises de fome que abalam o continente e a pandemia de aids são indicadores da difusão da pobreza absoluta, mas não podem ser explicadas uniuni camente sob esse prisma. Elas refletem, em grande medida, a falência política dos Estados pós-coloniais.
Capítulo 26
A transição demográfica Industrialização e demografia; O mito da explosão demográfica; As migrações internacionais; Dinâmica da população no Brasil; A estrutura etária da população brasileira. O capítulo aborda a transição demográfica global e no Brasil. A construção do conceito de transição demográfica fundamenta a crítica das explicações naturalistas do comportamento demográfico da humanidade. Ao
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mesmo tempo, revela a teia de relações que conecta a demografia humana à economia, às tecnologias e ao espaço geográfico. O ritmo e a intensidade do crescimento demográfico das populações variam no tempo e no espaço. De acordo com as proposições malthusianas, tanto o comportamento reprodutivo das sociedades humanas quanto o padrão geral de mortalidade nelas vigente seriam determinados por mecanismos naturais de regulação. Nessa perspectiva, a natureza se encarregaria de “eliminar” o excedente por meio de epidemias e crises generalizadas generali zadas de fome que teriam a mesma função reguladora que a dos predadores entre os animais. O conceito de transição demográfica proporciona uma narrativa isenta de naturalismo. A transição demográfica se refere à transição entre duas situações padrão de crescimento demográfico. No período pré-transicional, um regime demográfico tradicional se define por altas taxas de natalidade e de mortalidade. O período póstransicional, ou seja, o regime demográfico moderno, define-se por baixas taxas de natalidade e de mortalidade. A fase aguda de crescimento da população corresponde exatamente ao período de transição, no qual a taxa de mortalidade já caiu e a de natalidade permanece elevada. A Europa, berço da Revolução Industrial, conheceu esse período de transição no século XIX. A permanência de taxas de fecundidade relativamente elevadas explica o grande aumento do crescimento vegetativo que marcou essa etapa da história do continente, na qual surgiram as teses malthusianas. Atualmente, a transição demográfica já se completou tanto na Europa quanto no conjunto dos países desenvolvidos, caracterizados por um regime demográfico moderno. O caso europeu, no entanto, é ainda bastante particular: a manutenção da PEA do continente dependerá cada vez mais da imigração. Nos países subdesenvolvidos, a transição se iniciou muito mais tarde, após a Segunda Guerra Mundial, com a redução generalizada das taxas de mortalidade, resultante da revolução médico-sanitária. A conseqüência disso, ou seja, o incremento demográfico sem precedentes na história humana, alimentou o mito da explosão demográfica e o surgimento do neomalthusianismo e do ecomalthusianismo. Entretanto, todas as regiões do mundo subdesenvolvido já ingressaram na segunda fase da transição demográfica, ou seja, apresentam tendência de queda das taxas de mortalidade, ainda que o ritmo do processo seja desigual. A análise dessas desigualdades proporciona a apreensão de mais uma dimensão do espaço mundial contemporâneo. Na moldura conceitual anterior, o capítulo aborda a evolução das estruturas etárias e analisa, em particular, o caso da estrutura etária brasileira. Nesta seção, R
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evidencia-se a relação entre estrutura de idades e demandas sociais, o que coloca em pauta a discussão das políticas públicas de educação, saúde e previdência.
Capítulo 27
Urbanização e meio ambiente O processo de urbanização; Metrópoles e megalópoles; O fenômeno das megacidades; O meio ambiente urbano.
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O processo acelerado de urbanização da população mundial, o espaço das grandes aglomerações urbanas e suas dinâmicas ambientais constituem os eixos temáticos deste capítulo. A Revolução Industrial pode ser vista como o marco inicial desse processo, já que com ela emergiu a divisão social do trabalho que caracteriza as sociedades modernas. No conjunto dos países desenvolvidos, a segunda metade do século XIX correspondeu a um período de grande urbanização. De um lado, a introdução de novas tecnologias no campo gerou intensa migração em direção às cidades, alimentando o mercado de trabalho industrial em expansão. De outro, os grandes centros urbanos e mesmo os núcleos modestos se transformaram em metrópoles, imensas superfícies urbano-industriais que nasceram em função da tendência à concentração geográfica da produção, típica do capitalismo industrial. Mais tarde, seria a vez das megalópoles, grandes regiões urbanizadas polarizadas por duas ou mais metrópoles. Nos países desenvolvidos, a urbanização praticamente já se completou e a população da maioria das metrópoles parou de crescer ou cresce muito lentamente. Mas, no conjunto dos países subdesenvolvidos, o processo de urbanização deslanchou após a Segunda Guerra Mundial, sob o efeito da modernização econômica e do êxodo rural provocado pela dissolução da economia rural auto-suficiente. As diferenças no processo de urbanização dos países desenvolvidos e dos subdesenvolvidos devem ser abordadas sob o ponto de vista estrutural, isto é, qualitativo. No caso dos países subdesenvolvidos – mesmo naqueles que conheceram significativa industrialização – a oferta de empregos no setor secundário é relativamente escassa. O resultado é a expansão do pequeno comércio, dos serviços de baixa qualificação e das mais variadas formas de exclusão social. Além disso, na Europa pré-industrial, já havia uma densa rede de cidades antes da arrancada da urbanização: a metropolização apenas tornou mais complexa uma hierarquia urbana preexistente. Em muitos países subdesenvolvidos, ao contrário, quase todo o êxodo rural está direcionado para uns poucos centros urbanos, gerando o fenômeno conhecido como macrocefalia
urbana. Atualmente, a maior parte das megacidades está urbana. localizada no mundo subdesenvolvido. Todas elas sofrem de grandes problemas de infra-estrutura, principalmente aqueles relacionados ao saneamento básico e à moradia. Mas é claro que esses problemas são tão mais intensos quanto menor for a capacidade de investimento i nvestimento do poder público e, portanto, quanto mais pobre for o país no qual ela se situa. Nas grandes cidades, o predomínio das formas artificiais atesta de maneira inequívoca o recuo do meio natural e suas conseqüências, em termos de impactos ambientais. Os resíduos lançados nos rios, solos e atmosfera são os principais responsáveis pelos problemas ambientais tipicamente urbanos. No ambiente das grandes cidades, configura-se um microclima urbano fortemente alterado e potencialmente danoso para a saúde humana. A poluição atmosférica deriva da emissão de gases e de material particulado, que também produzem os nevoeiros constantes e contribuem para a ocorrência de chuvas ácidas. O uso intensivo de combustíveis fósseis e a densidade das construções produzem o fenômeno conhecido como ilha de calor , perceptível principalmente nas áreas centrais. Por meio do metabolismo urbano, a energia e a matéria consumidas e processadas pelas cidades geram quantidades colossais de resíduos sólidos e líquidos.
• O enfo enfoque que int inter erdi disci scipl plin inar ar Subnutrição, desnutrição e fome A incidência da fome é um dos indicadores mais contundentes da pobreza e das precárias condições de vida das populações. Uma pesquisa interdisciplinar envolvendo o professor de Biologia pode revelar outras dimensões desse problema. Os alunos poderão investigar, por exemplo, quais são os patamares diários mínimos de ingestão de calorias, recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e em que eles se baseiam. Além disso, poderão buscar informações acerca do significado clínico da subnutrição e da desnutrição, e sobre seus efeitos no organismo.
• Bi Bibl bliot iotec ecaa do pro profes fesso sor r O geógrafo Yves Lacoste participou – ao lado de Pierre George, Raymond Guglielmo e Bernard Kayser – da obra coletiva A Geografia Ativa que, na década de 1960, anunciou um movimento de renovação crítica do pensamento geográfico. Na época, ele formulou, sob a perspectiva da Geografia, os conceitos de subdesenvolvimento e Terceiro Mundo. Os dois conceitos acompanharam toda sua reflexão posterior. A industrialização parcial e desigual dos países
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subdesenvolvidos obrigou-o a rever as idéias originais, adaptando-as às transformações do espaço mundial. Depois, enfrentando os críticos que se voltavam contra a noção de uma bipartição do mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, Lacoste mais uma vez defendeu a validade do par conceitual. O texto a seguir, extraído da obra na qual contesta os críticos, reflete sobre as relações entre subdesenvolvimento, crescimento demográfico e fome. A explosão demográfica contradiz a tese da fome planetária
“[…] É incontestável que a fome, no sentido exato do termo, afeta periodicamente uma parte da po pulação de Estados como a Etiópia, o Sudão, os da zona do Sahel, Moçambique e, sem dúvida, também o Haiti e Bangladesh, que no total formam […] menos de 10% da população do Tercei ro Mundo — e isso já é inadmissível, pois hoje essas tragédias podem ser evitadas sem que seja necessário esperar o estabelecimento de uma ‘nova ordem econômica’ no planeta. Entretanto, não só é falso mas também […] extremamente perigoso proclamar que a fome devasta hoje a totalidade do Terceiro Mundo. Na realidade, sabemos que os países da África, Ásia e América Latina se caracterizam há vários decênios por um grande crescimento demográfico, que resulta da manutenção de altos índices de natalidade e, sobretudo, de uma considerável redução dos índices de mortalidade. […] A redução da mortalidade que se manifestou nes ses últimos decênios […] resulta principalmente do emprego de técnicas sanitárias eficazes (um dos efeitos positivos da revolução científica e técnica). Mas esta redução da mortalidade também é conseqüência do fato de que, nos últimos trinta anos, as terríveis fomes de outrora puderam ser vencidas na maioria dos países. […] É importante frisar que os gravíssimos períodos de fome que se manifestavam periodicamente durante todo o século XIX e nas primeiras décadas do século XX, na maioria dos países do Terceiro Mundo, ocorreram quando a densidade de povoamento era duas ou três vezes menor que hoje, e o crescimento demográfico era ainda muito reduzido. Não há correlação entre a fase de multiplicação dos períodos de fome e a do grande crescimento demográfico. Ao contrário, apesar do que se poderia acreditar, a correlação é inversa: foi depois do grande aumento da po pulação no conjunto dos países do Terceiro Mundo que a fome se tornou muito menos freqüente que antes. E este fato explica aquele.
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[…] As populações não confundem, de modo algum, a subalimentação ou a má nutrição de que sofrem permanentemente, ou durante longos períodos, com a fome, que elas temem como uma catástrofe e que, muitas vezes, provoca movimentos de êxodo ou de pânico. Fome é gente morrendo em grande número ao longo das estradas, e os que ainda não morreram sem forças sequer para enterrá-los. […] Durante os últimos decênios, o desenvolvimento das contradições econômicas, sociais, políticas e culturais que caracterizam os países do Terceiro Mundo, e o fato de que, por diversas razões, as populações tomam cada vez mais consciência da sua miséria — tudo isso conduziu os governos a temer o desencadeamento da fome. Esta pode provocar tumultos, rebeliões difíceis de dominar. Os progresso progressoss da climatologia permitem agora prever com antecedência os efeitos de certas irregularidades climáticas. A ampliação da rede rodoviária, a multiplicação do número de caminhões e a ajuda internacional permitem agora encaminhar os socorros mais ou menos a tempo de evitar que a verdadeira fome se manifesmanif este. Hoje a fome é muito perigosa politicamente. 9
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Ora, é importante constatar que os períodos atuais de fome e os que ocorreram nos últimos quinze anos se localizam nos países do Terceiro Mundo onde a extensão das atividades resultantes do sistema capitalista é ainda particularmente reduzida. É o caso dos países do Sahel: as terras permaneceram basicamente coletivas, as culturas de exportação quase não se desenvolveram e vastas regiões regi ões estão ainda nas mãos de pastores. Na Etiópia, não são as regiões cafeeiras que são atingidas pela fome, mas as regiões semiáridas de agricultura tradicional. Em contrapartida, consegue-se conter a fome há várias décadas — apesar de um grande crescimento demográfico — nos Estados mais modernizados pelo crescimento das atividades ligadas ao setor capitalista, e ela teve de ser vencida em razão das contradições sociais e políticas que este crescimento produz. No entanto, o fato é que, em todos os países do Terceiro Mundo, a subalimentação, a má nutrição e a situação sanitária são muito graves para a grande maioria da população.” LACOSTE, Yves. Contra os antiterceiro-mundistas e contra certos terceiro-mundistas. terceiro-mundistas. São Paulo: Ática, 1991. p. 41-46.
• In Indi dica caçõ ções es de le leit itur uraa DOWBOR, Ladislau. A formação do Terceiro Mundo. São Paulo: Brasiliense, 1985. FERRO, Marc. História das colonizações. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
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LACOSTE, Yves. Contra os antiterceiro-mundistas e contra certos terceiro-mundistas. São Paulo: Ática, 1991. MARTINE, George (Org.). População, meio ambiente e desenvolvimento . Campinas: Unicamp, 1996. ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: Brasiliense, 1995. VERRIERRE, Jacques. As políticas de população. São Paulo: Difel, 1980.
UNIDADE 8
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Geopolíticas da globalização 8
No registro do imaginário, a fronteira distingue uma comunidade do Outro, isto é, do estrangeiro estrangeiro.. Essa distinção realiza-se por meio de uma narrativa sobre a singularidade da comunidade política: a língua e a cultura compartilhadas, um passado comum, a crença num futuro de unidade. A Unidade 8 dirige as atenções para a construção dos conceitos de Estado, nação, território e fronteira. O temário abrange temas fundamentais da geografia política contemporânea, mas sua finalidade não é, primariamente, oferecer informações ou explicações para o sistema internacional pós-Guerra Fria, os conflitos no Oriente Médio ou os dilemas políticos africanos. É desenvolver o quadro de conceitos que proporciona a leitura competente do noticiário político e, portanto, o pleno exercício da cidadania.
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O que é a fronteira? Na natureza, fronteiras são faixas, às vezes bastante largas, que assinalam a transição entre domínios. Na política, são estruturas lineares que delimitam territórios. O geógrafo Michel Foucher evidenciou os três registros da fronteira política: política :
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“As fronteiras são estruturas espaciais elementares, de forma linear, que exercem funções de descontinuidade geopolítica, de delimitação e demarcação, nos três registros do real, do simbólico e do imaginário. A descontinuidade interpõe-se entre as soberanias, as histórias, as sociedades, as economias, os Estados, freqüentemente – mas não sempre – também entre as línguas e as nações. o
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No registro real, é o limite espacial de exercício de uma soberania [...]. O simbólico remete à participação em uma comunidade política inscri ta num território que lhe pertence: é um sinal identitário. O i ma ginário conota as relações com o Outro, vizinho, amigo ou inimigo, e portanto as relações da comunidade política com a sua própria história e seus mitos fundadores [...]. A fronteira não é, então, um limite funcional banal, com simples funções jurídicas ou fiscais.” FOUCHER, Michel. Fronts et frontières: frontières: um tour du monde géopolitique. Paris: Fayard, 1991. p. 38.
No registro do real, a fronteira delimita soberanias políticas e, portanto, territórios definidos por sistemas de leis. Mas a fronteira não desempenha apenas funções jurídicas ou fiscais. No registro do simbólico, a fronteira delimita o território de uma comunidade política que se define por sinais de identidade: o hino, a bandeira, o mapa.
Capítulo 28
Da Guerra Fria à “nova ordem mundial” O equilíbrio bipolar da Guerra Fria; A “nova ordem mundial”. O capítulo aborda a ordem internacional bipolar da Guerra Fria, sua dissolução e as características da ordem internacional atual. A seção inicial, dedicada à ordem da Guerra Fria, discute os conceitos de sistema internacional de Estados, blocos geopolíticos e fronteira estratégica. estratégica. O caráter bipolar e universal do sistema da Guerra Fria estrutura-se sobre a dupla hegemonia das superpotências nucleares. A Europa é o palco principal de confrontação das superpotênciass nucleares. A divisão da Europa em blosuperpotência cos geopolíticos estabeleceu os conceitos antagônicos de Europa Ocidental e Europa Oriental. A Cortina de Ferro funcionou como fronteira estratégica entre os blocos europeus. A dissolução da Guerra Fria, cujos marcos são a queda do Muro de Berlim (1989) (1989 ) e a implosão da União Soviética, originou uma ordem internacional instável e complexa. “Nova ordem mundial” não é uma descrição adequada da ordem pós-Guerra Fria, mas uma bandeira dos Estados Unidos triunfantes do início da década de 1990. A segunda seção está consagrada ao sistema internacional atual. A ordem pós-Guerra Fria não configura um sistema de polaridades claramente definidas. No plano estratégico, os Estados Unidos funcionam como hiperpotência global. No plano econômico, a época da globalização apresenta-se sob configuração
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multipolar. A complexidade do sistema manifesta-se também nas transformações do espaço europeu, após o fim do bloco soviético e a expansão da OTAN e da União Européia em direção ao leste. A fronteira estratégica européia não desaparece, mas muda de natureza e de lugar, passando a separar s eparar a Rússia e a CEI do restante do continente. Na ordem pós-Guerra Fria, as instituições internacionais sofrem os efeitos da tensão gerada pela hegemonia da hiperpotência. Essa tensão manifestase sobretudo na ONU, como atestam os acontecimentos ligados à invasão norte-americana do Iraque, em 2003. O sistema internacional atual está longe da estabilidade. Um dos fatores principais de instabilidade são os conflitos nacionais, que voltaram a abalar a Europa e, particularmente, os Bálcãs na década de 1990. A análise dos conflitos balcânicos e da questão irlandesa abre caminho à construção dos conceitos de Estado e nação, que solicitam a elaboração da idéia de fronteira nos registros do simbólico e do imaginário.
Capítulo 29
O mundo muçulmano e o Oriente Médio Mundo árabe, mundo muçulmano; O nacionalismo árabe e o Estado de Israel; O Islã e o terror global. A Doutrina Bush alçou o conceito de civilização à condição de elemento central do programa de política externa da hiperpotência global. Parte significativa e influente da mídia ocidental entregou-se à difusão de estereótipos e preconceitos sobre árabes e muçulmanos. O exame dos conceitos de mundo árabe e mundo muçulmano, na seção incial do capítulo, destina-se a fundamentar toda a discussão seguinte, que pretende situar o conflito entre palestinos e Israel e a questão do terror global numa moldura política. Esse procedimento tem a finalidade de mudar o registro estereotipado proposto por essa parte da mídia, que se engajou na sua própria “guerra ao terror”. A segunda seção aborda o Oriente Médio e, em particular, o conflito na Palestina. O conceito de fronteira reaparece sob um novo enfoque. A estratégia é evidenciar o conteúdo nacional do conflito entre Israel e os palestinos, e suas releituras culturais e religiosas, que obedecem às necessidades da narrativa dos fundamentalistas dos dois campos antagônicos. Além disso, procura-se revelar o sentido estratégico das disputas territoriais na Palestina, inclusive sob o ponto de vista do controle das fontes de água, um recurso natural escasso na região. A terceira seção aborda a Doutrina Bush e a questão do terror global. A análise histórica evidencia que a
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“jihad” global não é fruto do Islã, mas o resultado de doutrinas políticas contemporâneas que se consolidaram após a virtual dissolução do projeto pan-arabista. O terror “islâmico” não é, portanto, o porta-voz de uma religião, uma cultura ou uma civilização.
Capítulo 30
Estado e nação na África África do Norte e África Subsaariana; As fronteiras e os Estados; O fracasso do Estado-Nação. No ensino tradicional de Geografia, a África Subsaariana é abordada unicamente sob a perspectiva do subdesenvolvimento, da miséria e da “explosão demográfica”. O ponto de vista metodológico exclui, conscientemente ou não, as sociedades africanas do terreno da política. Tudo se passa como se essas sociedades estivessem “condenadas” à pobreza e à exclusão. O capítulo tem a finalidade de situar em outros termos a discussão sobre a África Subsaariana, evidenciando as raízes históricas e as fontes políticas dos seus dilemas socioeconôm socioeconômicos. icos. A seção inicial caracteriza a África Subsaariana, ressaltando sua extraordinária diversidade. No fundo, o conjunto que hoje se denomina África Subsaariana não apresenta unidade interna, pois o tráfico negreiro e, mais tarde, a expansão imperial européia “inventaram” uma África Subsaariana. Essa “invenção” deixou marcas e cicatrizes profundas, discutidas na segunda seção. A “caça ao homem” e o empreendimen empreendimento to mercantil internacional do tráfico negreiro afetaram a demografia e a política africanas. Em especial, o tráfico negreiro internalizou-se, funcionando como argamassa para a construção de aparelhos políticos das elites negreiras africanas. Muitas das atuais identidades étnicas na África Subsaariana foram construídas nesse processo, cujas repercussões explicam, ao menos em parte, os conflitos atuais entre clãs e etnias nas sociedades africanas. A expansão imperial européia desenhou as fronteiras políticas africanas. As potências coloniais estabeleceram territórios que viriam a gerar os atuais Estados africanos. A descolonização significou, em diversos casos, a substituição do poder europeu pelo poder de elites étnicas selecionadas pelos colonizadores. Os atuais Estados africanos não surgiram, de modo geral, como expressão de nacionalismos africanos, mas como herança do imperialismo europeu. A terceira seção dedica-se ao exame dos dilemas da miséria e das guerras civis. A moldura política da análise é o fracasso do Estado-Nação em grande parte da África Subsaariana. Esse fracasso em unificar sociedades atravessadas por identidades étnicas e clânicas, em erguer instituições nacionais verdadeiramente R
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públicas, não reflete um “destino”. É um produto da história e, por isso mesmo, pode ser modificado pela ação criadora dos cidadãos.
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A Geografia e a História nasceram, como ciências contemporâneas, contemporânea s, no berço do positivismo. Ensinadas nas escolas fundamentais e médias desde o século XIX, essas disciplinas tornaram-se instrumentos da difusão de identidades nacionais. Os procedimentos metodológicos do positivismo moldaram as descrições geográficas e as narrativas históricas do nacionalismo. A História desempenhava a função de inscrever a pátria no tempo, elaborando a narrativa das origens. A Geografia cumpria a função de inscrever a pátria no espaço, fornecendo uma narrativa sobre o território nacional. De que modo o positivismo moldou a Geografia e a História, no século XIX? Quais são os procedimentos das descrições geográficas típicas do nacionalismo? E as das narrativas históricas nacionalistas? Estas questões, fundamentais para uma compreensão mais profunda das ciências, podem ser abordadas em conjunto com os professores de Filosofia e História.
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O texto seguinte é de autoria da antropóloga AnneMarie Thiesse. A autora aborda o tema da fabricação cultural das “paisagens nacionais”, que é de especial interesse para a Geografia. Seu texto revela o papel desempenhado pelo paisagismo na construção política das identidades nacionais. Por meio dele, é possível perceber que a nação é um produto da história e da cultura, bem como da geografia. A construção de “paisagens nacionais” típicas foi um empreendimento diversificado, do qual participaram geógrafos, escritores, pintores, viajantes. Os resultados forneceram imagens e símbolos poderosos para a consolidação dos Estados nacionais. Paisagens nacionais
“A pintura da paisagem se renova no final do século XVIII, propondo a contemplação de uma natureza na qual não mais aparecem os homens e seu trabalho. Natureza virgem, animada pela sua própria vida, na qual os traços da atividade humana, quando aparecem, só o fazem sob a forma de ruínas. Os picos alpinos, as margens acidentadas do Reno participam des sa estética na qual a contemplação do grandioso ofe-
rece ao espectador o sentimento do sublime. E ainda é uma natureza supostamente virgem que os primeiros pintores franceses da paisagem vão procurar em 1830 na floresta de Fontainebleau, a ‘selva’ mais pró xima da capital. Isso, por outro lado, conduz rapidamente a transformar as paisagens pintadas em lugares ‘a serem vistos’. Logo, os guias de viagem pas sam a indicá-los e Napoleão III institui as ‘zonas artísticas protegidas’. […] Colina arenosa, rochas, solidão: essa paisagem de Fontainebleau é […] um dos grandes modelos de construção das paisagens do século XIX. Não há nada de espantoso nisso, se sabemos que a formação dos pintores não passa mais pela viagem à Itália, mas por temporadas na França e na Alemanha. Outros grandes modelos de base: a paisagem alpina, descoberta inicialmente na Suíça pelos ingleses e, mais tardiamente, a costa da Bretanha, na condição de con servatório do litoral selvagem. As paisagens nacionais derivam, geralmente, de um ou de outro desses modelos, por adaptação e adição de elementos significativos. O trabalho de elaboração da paisagem nacional é, de fato, uma obra coletiva, realizada tanto por poetas e escritores quanto por pintores: a descrição paisagística ocupa um lugar destacado na literatura do século XIX. Todas selecionadas no reservatório da natureza e, segundo uma estética coerente, os cenários são carregados de sentido e portadores de sentimentos. Mas como determinar precisamente as paisagens que sintetizam a nação, funcionando como seus emblemas? Como escolher entre montanha e planície, mar, lago ou rio, floresta ou landes, sabendo que vários países possuem a gama completa ou parte dela? É, em geral, um princípio de diferenciação que é posto em prática. A paisagem nacional norueguesa, assim, não é vale nem floresta, mas toma a forma do fiorde imaculado de neve, cuja cor e verticalidade contrastam fortemente com as verdes pradarias do antigo dominador dinamarquês e das não menos verdes florestas do novo dominador sueco. A Hungria tem montanhas, nos Cárpatos, e colinas. Mas, por uma distinção radical em relação à Áustria e seus Alpes grandiosos, os poetas e pintores húngaros retiveram como paisagem típica da Hungria a Puszta (Grande Planície). Um poema de Petofi, em 1844, exalta essa paisagem, em princípio ingrata, i ngrata, proclama que a Puszta é bela e que os húngaros devem amá-la. Essa imensidão descrita como infinita e batida pelas tempestades, sob um céu carregado de cumulus, aparece como um tipo de mar continental, símbolo de liberdade feroz. […] A Suíça, apesar da ampliação de seu território terri tório no início do século XIX, permanece diminuta entre seus
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vastos vizinhos: ela se apresenta alta, muito alta. O país dos helvéticos se representa todo em picos prodigiosos e resplandescentes. A paisagem nacional francesa é mais complexa, pois aparece essencialmente sob a forma de uma série de paisagens regionais bem identificadas mas bastante diversas. Essa aparente indeterminação da imagem nacional não se deve apenas à quantidade de pintores, franceses e estrangeiros, que se dedicaram na França à repre sentação paisagística. É que no século XIX se instala uma concepção da especificidade francesa baseada na variedade de recursos naturais do país: a França, pela sua diversidade, pode se orgulhar de ser algo como uma síntese ideal da Europa, onde se encontra junto tudo aquilo que, em outros lugares, só existe separadamente.” THIESSE, Anne-Marie. La création des identités nationales. nationales . Paris: Leul, 1999. p. 185-188. Tradução dos autores.
• In Indi dica caçõ ções es de le leit itur uraa ARBEX JR., José. Islã, um enigma de nossa época. São Paulo: Moderna, 1996. ARMSTRONG, Karen. O Islã. Rio de Janeiro: Ob jetiva, 2001. COSTA, Wanderley Messias da. Geografia política e geopolítica. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1992. HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. KAPUSCINSKI, Ryszard. Ébano: minha vida na África. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. MAGNOLI, Demétrio. O poder das nações no tem po da globalização. São Paulo: Unesp, 2005. ——. África do Sul: capitalismo e apartheid. São Paulo: Contexto, 1998. MARTIN, André Roberto. Fronteiras e nações. São Paulo: Contexto, 1992. RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder . São Paulo: Ática, 1993. e
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RESPOSTAS
EXERCÍCIOS PROPOSTOS povoados e cidades. A contigüidade à estrada de ferro valorizava aquelas localizações, que davam acesso à nova rede de transportes e, portanto, aos mercados consumidores vinculados à economia cafeeira paulista.
PARTE 1 A dinâmica da natureza e as tecnologias UNIDADE 1
5.
Assim como a instalação de novas redes de transporte, as novas redes de comunicações deflagram processos de “valorização espacial”. Os lugares servidos por infra-estruturas de internet em banda larga oferecem acesso privilegiado à rede mundial da “era da informação”, atraindo empresas e negócios. Os produtos e serviços comercializados pelas empresas instaladas nesses lugares beneficiam-se de maior visibilidade em todos os mercados influenciados pela rede.
6.
Na “era da globalização”, os fluxos de mercadorias, capitais e informações têm caráter mundial. A abrangência e intensidade desses fluxos tendem a romper o antigo isolamento dos lugares e das pequenas comunidades. O lugar, no mundo contemporâneo, mantém profundos intercâmbios materiais e culturais com regiões e países distantes.
A linguagem da Geografia ■
Capí tulo tulo 1
A produção do espaço geográfico
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. As paisagens humanas são um produto do trabalho social. Elas sedimentam o esforço coletivo e organizado de gerações que, por meio das técnicas disponíveis, instalam artefatos que servem a finalidades úteis. A evolução técnica, as novas tecnologias e as mudanças culturais imprimem-se às paisagens sob a forma de artefatos humanos. As paisagens são, por isso, testemunhos da organização social, das técnicas e das idéias de diferentes tempos históricos. 2.
As mudanças no meio natural decorrem de processos físico-químicos e biológicos que se desenrolam na biosfera. Esses processos são ritmados pelo pel o “tempo da natureza”: o tempo das transformações geológicas, morfológicas e biológicas que modificam as paisagens naturais. Algumas dessas transformações são cataclísmicas, como por exemplo, as que decorrem de abalos sísmicos. Mas os processos de fundo realizam-se na escala de tempo dos milhões de anos: a escala do “tempo profundo”, que escapa aos sentidos humanos.
3.
Meio natural, meio técnico e meio tecnocientífico e informacional não são “coisas” mas conceitos analíticos. Os lugares, as regiões, os territórios nacionais combinam elementos naturais e artefatos humanos que expressam diferentes momentos da evolução tecnológica. Os elementos do meio natural são dominantes na maior parte do espaço amazônico, onde as vias líquidas, formadas pela rede hidrográfica, funcionam como principais suportes para os fluxos de pessoas e mercadorias. As vias férreas de transporte de minérios ilustram as tecnologias características do meio técnico. Um elemento recente, as torres de recepção de sinais de telefonia celular, evidenciam a introdução das tecnologias do meio tecnocientífico e informacional nas paisagens.
4.
As estações ferroviárias das “ferrovias do café” tornaram-se núcleos em torno dos quais cresceram
O capítulo no contexto 7.
Os elementos constitutivos das paisagens humanas expressam as formas de organização social e econômica, as técnicas e as visões de mundo da época em que foram produzidos. A Avenida Paulista, nas primeiras décadas do século XX, ocupada pelas mansões dos “barões do café”, traduzia uma das funções desempenhadas pela cidade de São Paulo, de centro polarizador da economia cafeeira e sede da elite social e política daquela economia agroexportadora. A paisagem atual da Avenida Paulista, dominada por edifícios de instituições financeiras e grandes empresas, traduz uma das principais funções desempenhadas pela metrópole na economia nacional, de centro do capital financeiro e de elo entre o mercado brasileiro e a economia globalizada.
8.
a) A figura revela que a população mundial concentra-se predominantemente nas cotas altimétricas mais baixas, rarefazendo-se com o aumento da altitude. b) O fato de que mais de metade da população mundial concentra-se na cota mais baixa de altial titude é uma herança da história das implantações humanas. As implantações humanas situadas nas planícies costeiras e vales fluviais beneficiaram-se do acesso às vias naturais de transporte, que são os mares e os rios. Elas prosperaram e cresceram, pois estabeleceram conexões com mercados distantes, desenvolvendo intercâmbios materiais.
45
9.
a) As estações ferroviárias facilitam o acesso dos bens aos mercados consumidores, reduzindo os custos de transferência. Em torno delas, estabelecem-se empresas e estruturas de comercialização, gerando demanda por força de trabalho e serviços. Esse processo estimula a formação de centros urbanos. b) O meio técnico é formado pelas concentrações industriais, campos agrícolas, cidades e infraestruturas de circulação estabelecidos ao longo da era industrial. As redes ferroviárias são um elemento característico do meio técnico. As estradas de ferro, implantadas na prairie canadense nas últimas décadas do século XIX, deflagraram processos de expansão das culturas comerciais e formação de centros urbanos, incorporando toda a vasta área aos fluxos da economia internacional. 10. Segundo o autor, o lugar opera segundo uma lógica singular, que domina as escalas mundial e nacional, diferente da lógica da razão técnica, utilizada pelas grandes empresas e pelos Estados. O lugar, nessa visão, opera segundo lógicas ligadas à sociabilidade cotidiana, aos relacionamentos interpessoais diretos, aos códigos e costumes gerados pela proximidade. 11.
a) O autor se refere à nação como uma “comunidade imaginária” para enfatizar o caráter cultural e ideológico da nação. A comunidade política nacional é uma construção histórica relativamente recente, gerada pelo nacionalismo. b) A nação é, historicamente, um empreendimento das elites políticas nacionalistas que, a partir dos séculos XVIII e XIX, unificaram povos em torno de de sistemas de leis, regras econômicas, conjuntos de valores, crenças e símbolos, uma língua oficial etc. Esse empreendimento conferiu uma identidade comum a populações que cultivavam diferentes tradições, falavam diversos dialetos, participavam de variados agrupamentos culturais. O nacionalismo borrou a lembrança das tradições singulares e produziu novas memórias.
b) Essa rede de hidrovias é um elemento do meio técnico, pois sua implantação envolveu a construção de canais artificiais, barragens e eclusas. 2.
a) Nessa rede, os arcos de transmissão estão representados pelos eixos e os pontos de acesso, pelas cidades. b) A cidade que ocupa o lugar mais valioso na rede é Detroit, pois funciona como nó de bifurcação de um grande número de arcos de transmissão. c) Sault Ste. Marie Marquette e Petoskey são as cidades que ocupam os lugares mais periféricos na rede, pois são servidas por apenas um arco de transmissão.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Os objetos naturais “não são obra do homem”; por isso, devem ser investigados sob a escala do “tempo da natureza”. Os objetos sociais, que são “testemunhas do trabalho humano”, devem ser investigados sob a escala do “tempo da história”. e
2.
3.
1.
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a) A rede de hidrovias interiores da Europa de noroeste abrange, essencialmente, as planícies costeiras dos Países Baixos, da Bélgica, do nordeste da França e norte da Alemanha. O limite das montanhas assinala a faixa de fronteira dessa rede de transporte. A construção de eclusas e canais permitiu conectar algumas cidades situadas na área montanhosa à rede hidroviária das planícies e aos portos do Mar do Norte.
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Os elementos constitutivos da paisagem surgiram em tempos diferentes e modificam-se em lapsos de tempo diferentes. Assim, a paisagem materializa diversos momentos da história social e, também, da história natural. [Questão de resposta aberta. Sua finalidade é dirigir a atenção dos estudantes para as paisagens relacionadas à sua própria vivência e estimular a observação e análise dos processos de transformação do espaço urbano. Fenômenos como a verticalização de áreas centrais ou de determinados bairros, a substituição de usos residenciais por usos comerciais, a implantação de shopping centers ou de condomínios fechados podem, entre outros, aparecer nas respostas.]
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TRABALHANDO COM MAPAS
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Capí tulo tulo 2
Interpretando os mapas ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. a) O modelo cartográfico Ptolomaico sintetizava os conhecimentos geográficos anteriores às Grandes Navegações. No seu mapa do mundo, o Oceano Índico era representado como um mar interior, limitado por terras meridionais
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que conectavam o sul da África à extremidade da Ásia. O mapa, que pretendia mostrar todo o ecúmeno, dividia o mundo em três continentes: Europa, Ásia e África. b) O planisfério de Cantino, de 1502, evidenciou uma revolução no pensamento geográfico provocada pelas Grandes Navegações. Ele foi o primeiro documento cartográfico a registrar a existência da América – a “Quarta Parte do Mundo”. As dimensões da Terra e a configuração geral dos continentes e oceanos tornavam-se, finalmente, conhecidas. 2.
Durante a Idade Média, as concepções religiosas fundamentaram grande parte da cartografia produzida na Europa cristã. Os planisférios elaborados pelos sábios religiosos funcionavam como representações simbólicas, nas quais se misturavam conhecimentos geográficos, crenças religiosas e monstros míticos. Os mais famosos, conhecidos como cartas T-O, são os que inscrevem o mundo habitado em um círculo, representado por um disco chato e centrado em Jerusalém. A divisão entre os três continentes conhecidos era representada por meio de cursos d’água, formando o T. O T, além de representar a cruz e o sacrifício de Cristo, é o símbolo da Santíssima Trindade. O O evoca a harmonia de um mundo fechado.
3.
A escala, um dos atributos fundamentais de um mapa, estabelece a correspondência entre as distâncias representadas no mapa e as distâncias reais da superfície cartografada. Existem duas maneiras de expressar a escala de um mapa. Na escala numérica a correspondência é indicada por meio de uma fração. Na escala gráfica, essa correspondência é diretamente indicada em uma linha graduada.
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4.
a) Quando os relógios marcam 20 horas em Colombo, são 12 horas em Brasília. b) Quando os relógios marcam 20 horas em Brasília, são 4 horas do dia seguinte em Colombo.
5.
a) A projeção de Mercator distorce as superfícies das massas continentais. Nessa projeção, à medida que aumenta a distância do Equador (onde está o foco da projeção), aumentam as superfícies relativas. Como conseqüência, os continentes e países situados nas latitudes maiores são “favorecidos”, aparentando uma dimensão relativa maior do que a real. b) Na projeção de Peters, as formas são distorcidas, gerando o alongamento dos continentes. Isso é bem perceptível na silhueta da África ou da América do Sul.
O capítulo no contexto 6. A cartografia é um instrumento de poder pois oferece informações especiais sobre a superfície terrestre e a organização do espaço geográfico. Os mapas revelam com exatidão a distribuição espacial dos objetos naturais e sociais, funcionando como meios para o controle intelectual e material do espaço e dos territórios. 7.
e.
8.
a) As escalas utilizadas dependem do atlas consultado. Mas, no mesmo atlas, a escala do planisféplani sfério político será menor que a do mapa político da Europa. Isso porque, para representar áreas maiores, é necessário usar uma redução também maior, ou seja, uma escala menor. b) No mapa político da Europa dos atlas escolares aparecem informações como a localização das capitais e cidades principais, o traçado dos rios mais importantes e os nomes de diversas ilhas. Devido à escala utilizada, no planisfério não aparecem as cidades, os rios e a maior parte das ilhas. 9. A convenção da hora do meridiano de Greenwich (GMT) estabelece um padrão horário mundial que facilita as comunicações e os fluxos internacionais em geral. As transmissões internacionais de televisão ao vivo usam essa referência, que serve também para controle de vôos em rotas internacionais.
10.
Todos os planisférios tendem a difundir idéias preconceituosas ou preconcebidas pois não é possível reproduzir com exatidão uma superfície esférica sobre um plano. Os planisférios decorrem da opção por uma projeção cartográfica, que veicula um modo específico de representar o mundo e implica a valorização de certas áreas ou características, em detrimento de outras.
11.
A projeção azimutal eqüidistante permite a construção de planisférios centrados em qualquer ponto da superfície terrestre, a partir do qual as direções e distâncias são expressas com precisão. Trata-se da pro jeção mais adequada para a elaboração de mapas geopolíticos, nos quais geralmente se pretende representar a situação de um Estado específico diante do seu entorno ou do resto do mundo.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
No mapa, a escolha das cores não obedece à regra da boa leitura, pois a escala cromática não foi utilizada corretamente. As zonas nas quais a participação da lenha e do carvão vegetal no consumo energético é menor deveriam receber as cores mais claras.
2.
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3.
Utilizou-se uma projeção semelhante, ou conforme. Nesse tipo de projeção, conserva-se a relação entre as formas da esfera e as do planisfério, mas a relação entre as superfícies é distorcida. Essa distorção transparece no mapa, por exemplo, na superfície muito exagerada da Antártida.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Ao mencionar o “intervalo medieval”, o autor refere-se ao longo período no qual a cartografia subordinou-se à hegemonia ideológica da Igreja. Nesse intervalo, os mapas funcionaram em grande medida como símbolos religiosos, expressando essencialmente a idéia de que a Terra é uma obra de Deus. 2.
3.
4.
5.
Exemplificando as relações entre a cartografia e o poder político, o autor menciona: o uso de mapas fundiários no Egito antigo pelos coletores de impostos do faraó; o desenvolvimento cartográfico da época das Grandes Navegações, que servia aos interesses das potências coloniais; o projeto cartográfico da Endeavour, que fornecerá informações estratégicas ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O mapa da Endeavour contribuirá para estudos sobre o ambiente global e os ecossistemas, análises de erosão e perda de solos, projetos ligados às telecomunicações, entre outros. Beneficiará agricultores, o setor de turismo, governos, instituições científicas e empresas ligadas às tecnologias da informação. Resolução significa, no caso, a distância mínima entre dois objetos para que eles apareçam separados na imagem. A restrição à divulgação pública de dados de maior resolução tem motivação estratégica: o Departamento de Defesa dos Estados Unidos pretende manter sigilo sobre informações relativas à localização precisa de instalações de interesse militar. O Departamento de Defesa dos EUA contribui para o financiamento do projeto pois ele oferecerá informações estratégicas que permanecerão sob seu controle estrito.
UNIDADE 2
A geografia da natureza ■
Capí tulo tulo 3
Geomorfologia e recursos minerais
48
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. a) A estrutura interna da Terra é composta pelo núcleo interno, núcleo externo, manto e crosta. b) Porque ela é formada por elementos de diferentes pesos e densidades. Durante o processo de formação do planeta, os elementos mais pesados e densos migraram para o interior, enquanto os mais leves afloraram à superfície. 2. Os minerais são constituintes naturais da crosta terrestre. Já os minérios são uma classe especial de minerais, dos quais é possível extrair substâncias de interesse econômico. O conceito de minérios depende, assim, da organização econômica e das tecnologias. 3.
Essas cordilheiras montanhosas são denominadas dobramentos modernos, pois configuram estruturas de formação geológica recente. Os dobramentos modernos formaram-se no período Terciário da Era Cenozóica. fe
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4.
a) As bacias sedimentares são formadas por diversas camadas de materiais sedimentares depositados em diferentes eras e períodos geológicos. b) Elas podem abrigar combustíveis fósseis, tais como o carvão, o petróleo e o gás natural. c) As bacias podem sofrer soerguimentos tectônicos, constituindo baixos planaltos ou platôs. 5. O arquipélago japonês e a Califórnia situam-se em regiões de contato entre placas tectônicas, sujeitas a falhamentos, vulcanismo e grande atividade sísmica. u
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O capítulo no contexto 6. a) A hipótese atualmente aceita é a de que a crosta é constituída por placas tectônicas separadas que flutuam sobre a astenosfera. b) Os estudos do assoalho oceânico mostram como os materiais provenientes do magma incorporam-se à crosta, fornecendo evidências de que as placas tectônicas estão em movimento. 7. Os trabalhos de erosão e de sedimentação realizados pelos ventos e pela água, assim como o intemperismo físico e químico, são processos exógenos (ou externos), transformadores do relevo. A atuação de cada um desses agentes varia de acordo com o clima: nas regiões equatoriais, por exemplo, dotadas de elevada umidade, predomina o intemperismo químico, químico, enquanto nos desertos, onde a amplitude térmica diária é muito grande, a desintegração mecânica das rochas é explicada por meio do intemperismo físico. físico . R
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8.
A figura mostra as diferentes idades de formação das ilhas do arquipélago havaiano, que formam uma fileira desde a mais antiga (Kauaí) até a mais recente (Havaí). Ela sugere um “ponto quente” fixo atuando sobre uma placa tectônica em movimento.
2.
O tempo histórico é uma medida de tempo adequada à história da humanidade; o tempo geológico é uma medida de tempo adequada à história do planeta Terra; o tempo cósmico refere-se à medida de tempo dos fenômenos que configuraram o universo.
9.
De acordo com o princípio da isostasia, os blocos continentais que flutuam sobre o manto encontramse em estado de equilíbrio. O derretimento do gelo na Península Escandinava torna este bloco continental mais leve; como conseqüência, sua raiz subterranêa diminui por meio do soerguimento.
3.
10.
Esta previsão sustenta-se no sentido do movimento atual das placas tectônicas. A Dorsal Meso-Atlântica, por exemplo, fornece evidências do afastamento progressivo entre a Placa da Eurásia e a Placa Norte-Americana.
A história da Terra é pontilhada de eventos climáticos e geológicos extremos, que modificaram a superfície do planeta e provocaram a extinção de um grande número de seres vivos. Basta lembrar do soerguimento de grandes cadeias montanhosas, das erupções vulcânicas, dos abalos sísmicos provocados pelo ajuste das placas rochosas que formam a crosta terrestre ou, ainda, das glaciações que cobriram de gelo grande parte do planeta. Assim, as alterações ambientais provocadas pelas sociedades modernas não põem em risco a existência do planeta, ainda que ameacem seriamente as condições necessárias para a sobrevivência de diversas espécies que o habitam, inclusive os homens.
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Cada uma das placas tectônicas se move de maneira independente, com uma direção e um sentido peculiar. A Placa Indo-Australiana, por exemplo, se move na direção nordeste, chocando-se com a Placa da Eurásia. A Placa Sul-Americana, por sua vez, desloca-se para o oeste, chocando-se com a Placa de Nazca.
■
Capí tulo tulo 4
As bases físicas do Brasil
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Nas faixas de encontro entre as placas predominam os dobramentos modernos, bem como o vulcanismo ativo.
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3.
As zonas de afastamento entre as placas são dominadas pelas dorsais submarinas.
4.
As rochas situadas sob os oceanos são resultantes do material vulcânico expelido nos sistemas de falhamentos que acompanham as dorsais submarinas, e, portanto, são mais recentes que a maior parte das rochas continentais.
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ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1.
A plataforma sul-americana é constituída por escudos cristalinos e bacias sedimentares. sedimentares . Os escudos são formados por rochas cristalinas do PréCambriano. As bacias, por material rochoso oriundo da erosão das rochas magmáticas e metamórficas ou por detritos orgânicos que se acumularam nas depressões.
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2.
O território brasileiro experimenta notável estabilidade geológica por estar inteiramente contido na plataforma sul-americana. As plataformas são formadas por um embasamento cristalino de origem pré-cambriana e por coberturas sedimentares antigas ou recentes. Sua estabilidade deriva do fato de estarem localizadas fora das faixas orogênicas de contato entre placas tectônicas.
3.
d.
4.
Os depósitos de carvão do sul do Brasil começaram a se formar no ambiente glacial do permocarbonífero, durante o qual as florestas e os pântanos de Gondwana foram recobertos por sedimentos.
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TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Diante da vastidão do tempo geológico, a história das sociedades humanas parece muito pequena. A escala do tempo geológico é estranha à experiência e sensibilidade humanas: daí o uso da expressão tempo profundo. profundo. O tempo profundo é mensurado em milhões de anos; o tempo histórico histórico,, em centenas de anos. Neste caso, as metáforas são utilizadas para comparar fenômenos de ordens de grandeza muito diferentes, tornando mais compreensível a noção de tempo geológico. geológico.
49
5.
6.
Protegidas pela vegetação, as dunas contribuem para atenuar os efeitos da erosão marinha sobre a planície costeira. Quando ocorre desmatamento das dunas, a planície fica mais vulnerável ao avanço do mar, que pode ameaçar vias de tráfego e habitações. Além disso, o deslocamento da própria duna também pode se tornar uma ameaça para as construções humanas implantadas na planície.
O capítulo no contexto 7. As chapadas são mesas delimitadas por taludes abruptos. As rochas mais resistentes à erosão formam a chapada. Os taludes revelam a atuação pretérita da erosão sobre rochas menos resistentes. Assim, as chapadas – como a dos Veadeiros, que aparece na foto – são feições residuais do relevo. 8.
mostra sua ligação com um esporão de areia já existente. A quarta figura registra a evolução do esporão, com a formação de uma lagoa.
Este arcabouço estrutural é fruto dos sistemas de dobramentos e falhamentos resultantes da orogênese ocorrida no Pré-Cambriano, que foram reativados pelo soerguimento epirogenético durante a Era Cenozóica.
No relevo brasileiro, as depressões que circundam os planaltos foram, em grande parte, geradas pelo desgaste erosivo das massas rochosas menos resistentes. Em geral, o arcabouço geológico das depressões é constituído pelas bacias sedimentares. As bordas de contato das depressões com os planaltos atestam a resistência desigual do substrato rochoso à erosão. Assim, a erosão atua diferenciadamente sobre os diversos substratos, produzindo as depressões.
b) A causa do fenômeno é a acumulação arenosa pelo trabalho das águas do mar. Seu resultado é a formação de uma restinga. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
Os mapas de altimetria mostram as altitudes, isto é, um aspecto da realidade do modelado do relevo. Já os mapas de classificação de relevo são resultantes do trabalho de interpretação de seus autores, que dividiram o modelado em compartimentos por eles criados.
2.
Aroldo de Azevedo criou compartimentos de relevo com base nas altitudes médias. Já Aziz Ab´Sáber considerou sobretudo os processos de sedimentação e erosão que originaram as formas do modelado. Por isso, apresenta um número maior de compartimentos. Além disso, Ab’Sáber sugere a denominação Planícies e Terras Baixas Amazônicas para a área classificada por Azevedo como Planície Amazônica,, já que os processos erosivos predomiAmazônica nam sobre o processo de sedimentação na maior parte deste compartimento. a
3.
9.
a) A expressão estrutura geológica designa o substrato físico que forma a crosta e pode ser estudado pelas suas características litológicas. As formas da crosta – ou seja, o relevo – são “esculturas” da natureza, que podem ser estudadas como uma organização espacial. O relevo está sustentado por estruturas geológicas mas não se confunde com elas. b) O alerta do geógrafo destina-se a enfatizar o fato de que o relevo brasileiro deriva, em grande parte, do trabalho geologicamente recente de erosão e sedimentação. 10. A primeira foto mostra uma paisagem natural típica de áreas úmidas, com formas arrendondadas pelo intemperismo químico; a segunda revela uma paisagem natural formada, principalmente, pela decomposição mecânica, com formas angulosas e afloramentos rochosos. 11.
50
a) Nas duas primeiras figuras, observa-se a formação de um banco arenoso ilhado. A terceira figura
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Jurandyr Ross também considerou os processos de erosão e sedimentação ao elaborar sua tipologia classificatória. Porém, ele criou um novo tipo de compartimento, denominado de depressão depressão,, que como nos planaltos exibem predomínio dos processos erosivos, mas apresentam características peculiares com relação à forma das superfícies. u
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TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. O carvão é chamado de combustível fóssil pois se origina da fossilização de material orgânico. Tal processo teve início com o soterramento de antigas florestas, no ambiente glacial dos períodos Permiano e Carbonífero. 2.
A drenagem ácida resulta do descarte dos minerais que se apresentam intercalados com as camadas de carvão durante os procedimentos de extração. Estes minerais contêm sulfeto de ferro, que em contato com o oxigênio forma ácido sulfúrico, que torna ácidos os cursos fluviais nos quais se espalha. Esta forma de poluição só ocorre em escala regional em Santa Catarina, que responde pela maior parte da produção nacional e concentra a maioria das minas de carvão em atividade.
4. ■
a) No continente americano, os desertos estendemse pelo sudoeste dos Estados Unidos e pelo litoral norte do Chile e sul do Peru (Atacama).
Capí tulo tulo 5
Dinâmica climática e ecossistemas
b) Os desertos do sudoeste dos Estados Unidos resultam principalmente da disposição das cordilheiras montanhosas, que bloqueiam a ação das massas úmidas provenientes do mar. Secundariamente, esses desertos são condicionados pela influência da corrente marinha fria da Califórnia. O deserto de Atacama, uma das áreas mais secas do mundo, resulta, basicamente, da influência da corrente marinha fria de Humboldt.
ATIVIDADES
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Revendo o capítulo 1. Os ventos alísios e contra-alísios formam a Célula Tropical da circulação geral atmosférica. A dinâmica da Célula Tropical é condicionada pelas diferenças de pressão entre o Equador e os trópicos. A Célula Tropical redistribui calor e umidade entre as latitudes equatoriais e subtropicais. Na faixa equatorial, a subida e resfriamento dos alísios úmidos provoca condensação e chuvas o ano inteiro. Os contra-alísios, enquanto se deslocam para o norte e para o sul, perdem calor, tornando-se cada vez mais pesados. Ao descerem, estão bastante secos, absorvem a umidade existente nas proximidades da superfície e condicionam a formação de áreas desérticas nas faixas tropicais. 2.
O climograma de Cingapura mostra precipitações mínimas mensais sempre superiores a 150 mm, o que evidencia a ausência de estação seca no clima equatorial. As chuvas abundantes ao longo de todo o ano decorrem do mecanismo da convecção dos ventos alísios de ambos os hemisférios, que ascendem na zona de baixa pressão equatorial.
3.
a)
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5.
A lixiviação é o processo de lavagem dos horizontes superficiais do solo pelas chuvas torrenciais típicas do clima tropical. Por meio da lixiviação, ocorre transporte dos nutrientes minerais e empobrecimento do solo.
6.
a) O bioma da tundra ocorre nas altas latitudes boreais, ocupando uma faixa circumpolar de 2 milhões de hectares nos quais não existem árvores. Seu limite norte é a calota permanente de gelo polar. Seu limite sul são as florestas de coníferas. Devido à posição latitudinal dos continentes, a tundra praticamente não ocorre no Hemisfério Sul. A floresta boreal de coníferas (ou taiga taiga)) é encontrada principalmente no Hemisfério Norte, devido à posição latitudinal dos continentes, abrangendo abrangendo a faixa que se estende entre a tundra, ao norte, e as florestas temperadas e pradarias, ao sul.
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b) A presença permanente de uma camada de solo congelado abaixo da superfície – o permafrost – impede o desenvolvimento de raízes de árvores e marca rigidamente a fronteira entre a tundra, ao norte, e a taiga, ao sul.
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Chicago
OCEANO ATLÂNTICO
O capítulo no contexto 0
630 km
7.
Miami
a) 160
b) A amplitude térmica anual de Miami é de 8,6 C. A amplitude térmica anual de Chicago é de 28,4 C. c) A amplitude térmica anual de Miami é pequena pois a cidade localiza-se em latitude subtropical, em região dominada pelo clima subtropical, fortemente influenciado pela maritimidade. A amplitude térmica anual de Chicago é grande pois poi s a cidade localiza-se em latitude intermediária, em região dominada pelo clima temperado, sob forte influência do fenômeno da continentalidade. °
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°
51
b) O vidro de Nescafé foi recuperado por um menino norueguês, mais de 8º ao norte de onde foi lançado ao mar, pois derivou arrastado pela corrente do Atlântico Norte, que é o prosseguimento da Corrente do Golfo.
ximam-se de 500 mm anuais, aparecem manchas campestres. Em áreas com temperaturas um pouco acima de 00C a tundra vai dando lugar à floresta de coníferas. 11.
c) As correntes marinhas são empurradas pelas massas de ar que se deslocam sobre os oceanos e refletem, até certo ponto, os padrões da circulação atmosférica. Mas suas trajetórias são desviadas pela disposição das terras emersas. A Corrente do Golfo origina-se da ação dos ventos alísios, que empurram as águas do Atlântico Central para o istmo centro-americano, centro-americano, e da disposição do istmo e das ilhas das Antilhas, que desviam essas águas para o Atlântico Norte, através dos estreitos da Flórida. A corrente do Atlântico Norte, que é prosseguimento da Corrente do Golfo, é empurrada pelos ventos de oeste. Essa corrente quente atua no litoral ocidental e setentrional da Europa, amenizando as amplitudes térmicas da fachada atlântica do continente e provocando significativas precipitações. É a ação dessa corrente que evita o congelamento das águas oceânicas, na costa ocidental norueguesa. 8.
a) As chuvas de monções, na Ásia meridional, caracterizam os meses de verão. Elas se iniciam em julho mas ganham intensidade intensidad e em agosto e setembro. b) A brusca alteração climática é o início do período chuvoso, marcado por fortes precipitações diárias e elevada umidade do ar. Essa alteração decorre da transferência dos centros de baixa pressão do Oceano Índico para as áreas centrais da massa continental asiática.
9.
10.
52
A diferença na amplitude térmica registrada nas três cidades ocorre sobretudo em função dos efeitos de maritimidade e continentalidade. Em Amiens, situada na costa atlântica da França, a ação da Corrente do Golfo ameniza a temperatura durante o inverno. Praga, na República Tcheca, apresenta grande amplitude térmica anual pois sofre principalmente o efeito de continentalidade, que é ainda mais acentuado em Kiev, na Rússia. De acordo com o gráfico, as florestas tropicais são características de regiões de temperaturas e precipitações relativamente elevadas. Desertos e tundras compartilham níveis baixos de chuvas, mas distinguem-se em relação às médias térmicas. A vegetação campestre desenvolve-se numa ampla faixa de condições térmicas, mas não ultrapassa as áreas com precipitações superiores a 1.000 mm anuais, que são domínios florestais. Na orla dos desertos temperados, onde as precipitações apro-
a) Durante as negociações da Convenção sobre Diversidade Biológica, os governos dos países subdesenvolvidos resistiram em adotar políticas preservacionistas que acarretam restrições aos fluxos demográficos e às atividades econômicas. Em defesa de programas de colonização de áreas florestais como as do Peru e Brasil, os países subdesenvolvidos aferraram-se à defesa da soberania nacional e rechaçaram a aplicação do conceito de patrimônio da humanidade a ecossistemas localizados em seus territórios. b) Do ponto de vista científico, a biodiversidade representa um vasto campo de pesquisas, que poderão resultar na ampliação dos conhecimentos acerca da riqueza e da complexidade da vida na Terra. Do ponto de vista econômico, a biodiversidade pode ser a base de novos e lucrativos negócios para as indústrias de alimentos, de remédios e de cosméticos. 0
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Trata-se da floresta pluvial equatorial, perene, caracterizada por uma grande diversidade biológica. O desmatamento para a exploração madeireira, mineral e energética ou para a formação de pastos e campos de cultivo figura entre as principais causas da devastação retratada nos mapas.
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3.
Apesar de toda a devastação recente, a floresta equatorial amazônica ainda recobre uma vasta região sul-americana e o Brasil é o país com maior área de floresta original do mundo. Por isso, a Amazônia ocupa o centro dos debates internacionais sobre biodiversidade.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. A diversidade biológica nas florestas da Europa e América do Norte é limitada pela curta duração dos períodos de verão e pela grande amplitude térmica anual. Além disso, a diversidade biológica é estruturalmente pequena em função dos episódios glaciais que marcaram os paleoclimas do Quaternário. 2.
O plano canadense de manejo é adequado às florestas homogêneas, que apresentam pequena diversidade biológica. O reflorestamento não é capaz de
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reconstituir domínios de florestas tropicais como as brasileiras, devido à sua diversidade e à complexidade das suas cadeias alimentares. 3.
ções de temperatura próximas às do ponto de congelamento. b) Esses fenômenos ocorrem predominantemente nos planaltos da Região Sul em função das baixas temperaturas de inverno nessas áreas. As quedas de temperatura que provocam geadas e nevadas resultam, muitas vezes, da invasão da massa Polar atlântica (mPa).
A destruição da Mata Atlântica é qualificada como tragédia que não pode ser dimensionada, pois é impossível inventariar a diversidade biológica de uma floresta tropical. 9.
■
Capí tulo tulo 6
Os domínios de natureza no Brasil ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. c.
10.
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2. 9 1 e d o
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Belo Horizonte situa-se no domínio do clima Tropical de Altitude. As chuvas concentram-se no verão e o inverno é a estação da estiagem. As médias térmicas de inverno caem abaixo dos 19 C, em função do efeito da altitude. As médias térmicas de Teresina, João Pessoa e Cuiabá são bem mais elevadas que as dos climograma apresentado. Joinville encontra-se em domínio subtropical, no qual as chuvas estão distribuídas de forma mais equilibrada entre as estações do ano. °
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3.
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6.
O cerrado apresenta a relação com o fogo descrita no texto. Neste ecossistema, o fogo atua no processo de reciclagem, transformando os detritos acumulados em nutrientes minerais.
8
4.
d.
5.
e.
a) A irregularidade das precipitações, a presença de solos pouco profundos, a predominância de espécies vegetais decíduas e de rios intermitentes e sazonais figuram entre as principais características deste domínio. b) O desmatamento para a formação de campos de cultivo e pastagens, o sobrepastoreio, a mineração e o uso de técnicas inadequadas de irrigação são responsáveis pelos principais impactos ambientais de origem antrópica neste domínio. 11. a) O mapa mostra o avanço de uma frente fria pelo Brasil meridional. A frente fria provoca rebaixamento da pressão atmosférica e tempo instável. b) A ZCIT encontra-se ao norte do Equador porque, durante o inverno, o disco solar encontra-se sobre o Hemisfério Norte. c) Na maior parte do território nacional, predominam as altas pressões e o tempo bom. Há tempo instável, com possíveis chuvas, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Há instabilidades tropicais em uma faixa que se estende entre Rondônia e o sul do Amazonas.
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No caso das caatingas, a queda periódica das folhas está associada aos prolongados períodos de seca que ocorrem nesse ecossistema; nas florestas temperadas, o fenômeno é resultante das baixas médias térmicas que caracterizam o inverno. A Amazônia e a Mata Atlântica, por sua vez, situam-se em regiões tropicais de elevada pluviosidade: daí a predominância de espécies perenes.
O capítulo no contexto 7. a) A amplitude térmica diária é a diferença de temperatura entre a hora mais quente e a hora mais fria do dia. A amplitude térmica anual é a diferença de temperatura entre a média do mês mais quente e a média do mês mais frio. b) Genericamente, as amplitudes anuais aumentam com o aumento das latitudes. Assim, no Brasil, as menores amplitudes anuais são registradas na Amazônia e as maiores, na parte meridional do território. c) Isso ocorre porque grande parte do território brasileiro está situada na Zona Intertropical, sob domínio de climas equatoriais e tropicais, característicos das baixas latitudes. 8. a) As geadas são precipitações de baixíssima altitude que resultam do congelamento do orvalho nas proximidades do solo. As nevadas são precipitações de grande altitude que ocorrem em condi-
d) Após a passagem da frente fria, as temperaturas devem cair e o tempo torna-se claro e estável. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
No verão, as menores precipitações são registradas no Nordeste, no extremo sul do país e em Roraima.
2.
No inverno, as maiores precipitações são registradas no litoral oriental nordestino e em porções setentrionais da Amazônia.
3.
As precipitações na Amazônia estão basicamente vinculadas ao fenômeno da convecção das massas de ar e, portanto, os máximos sazonais de chuvas
53
acompanham o deslocamento da ZCIT. No verão do Hemisfério Sul, o disco solar move-se para a faixa do Trópico de Capricórnio e as maiores precipitações atingem a Amazônia meridional. No outono, o disco solar está sobre a linha do Equador e as chuvas mais abundantes caem sobre a parte setentrional da Amazônia. 4.
O litoral oriental nordestino apresenta regime de chuvas contrastante com o da maior parte do Brasil. Nessa faixa, as precipitações máximas concentramse no outono e no inverno.
tre em diversos locais situados nas altas latitudes do Hemisfério Norte. Mais tarde, essas depressões se cobririam de água, transformando-se em imensos lagos e sistemas lacustres. O Hemisfério Sul não foi atingido por este ciclo glacial e abriga uma parcela significativamente significativamen te menor do estoque global de água doce lacustre. 3.
Atualmente, pelo menos 1 bilhão de pessoas depende da água dos lençóis subterrâneos para suprir suas necessidades básicas. Além disso, os estoques subterrâneos são utilizados intensamente para a irrigação de cultivos agrícolas. O esgotamento destes reservatórios pode diminuir a produtividade da agricultura e a produção de alimentos em diversas regiões, além de acirrar os conflitos internacionais pelo controle das reservas superficiais.
4.
Conforme demonstra o gráfico, o acesso à água potável não é condicionado apenas pelo tamanho das reservas hídricas de cada país, mas, principalmente, em função dos investimentos realizados no setor. Assim, nos países pobres, parcelas expressivas da população estão sujeitas aos diversos problemas de saúde decorrentes do uso de água contaminada e da inexistência de serviços sanitários eficientes.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Essas conclusões são apoiadas por dois tipos de evidências: a presença de estruturas rochosas subterrâneas que indicam a presença de água e a presença de fósseis de espécies vegetais característicos de domínios florestados. 2.
3.
O processo de formação das espeleotemas, estruturas que dependem da presença de água, foi datado por meio do método de desintegração radioativa dos elementos urânio e tório. No passado, é provável que tenha havido intercâmbio genético de espécies animais e vegetais entre os diversos ecossistemas florestados que compõem estes domínios. Este intercâmbio e o conseqüente surgimento de novas espécies pode ser uma das chaves explicativas da imensa biodiversidade que caracteriza tanto a Floresta Amazônica quanto a Mata Atlântica.
■
Capí tulo tulo 7
A esfera das águas e os recursos hídricos ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. O ciclo hidrológico é o processo de transferência contínua da água de um tipo de reservatório para outro. A evaporação e a transpiração, por meio das quais a água é transferida da superfície para a atmosfera, são diretamente causadas pela energia solar. A atuação da força de gravidade pode ser exemplificada pelo fluxo contínuo das águas fluviais em direção aos oceanos. 2.
54
Durante as glaciações quaternárias, a erosão glacial escavou profundas depressões na superfície terres-
5.
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Nesse intervalo de tempo, ocorreu um brutal aumento na velocidade do escoamento superficial na região metropolitana e, por conseqüência, da quantidade de água que escoa pela calha do rio Tietê durante episódios de chuvas fortes. Este processo é resultado do crescimento da área impermeabilizada pelas construções e pelo asfalto. o
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O capítulo no contexto co 6. O estabelecimento de cotas de uso de água e a cobrança pelo excesso de consumo pode ser uma maneira eficaz de garantir o atendimento das necessidades sociais básicas e, ao mesmo tempo, limitar a contaminação dos recursos hídricos por parte dos grandes usuários. No caso do México, por exemplo, a cobrança acarretou a redução do desperdício desperdí cio e a adoção de novas práticas agrícolas, de forma a racionalizar o uso dos estoques hídricos sem prejuízo das atividades econômicas. 7.
a) A “guerra da água” na Bolívia evidencia uma das dimensões cruciais da crise contemporânea dos recursos naturais: em um cenário de deterioração das reservas pluviais disponíveis e do aumento acelerado do consumo, a água potável se torna uma “mercadoria” tanto mais valiosa quanto mais escassa. Contudo, muito antes de ser uma mercadoria, ela é um recurso essencial para a vida humana.
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b) Para os movimentos sociais bolivianos, a água deve ser tratada como um bem público, públ ico, e, como tal, deve atender às necessidades básicas do conjunto da população. Para as multinacionais que operam no setor, a água é uma mercadoria, cujo valor oscila em função das leis da oferta e da procura. 8.
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Em um cenário de diminuição drástica dos estoques de água potável no planeta, os atuais conflitos pelo uso dos sistemas fluviais, lacustres e subterrâneos que atravessam territórios nacionais distintos tendem a se acirrar, e novos focos de tensão diplomática ou de guerra aberta podem surgir. Ao que tudo indica, a água ocupará um lugar cada vez mais destacado nas relações internacionais. Apesar da aparente abundância de recursos hídricos, diversas cidades brasileiras sofrem severas limitações no que diz respeito ao consumo de água. Apenas em alguns centros urbanos do semiárido nordestino o problema principal é mesmo a escassez de fontes de abastecimento. Na grande maioria dos casos, porém, a escassez resulta da concentração da demanda e da contaminação dos mananciais: é o que ocorre, por exemplo, nas regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte.
TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1. O desvio de grandes quantidades de água dos rios Amurdarya e Sydarya, tributários do mar de Aral, para abastecer projetos de irrigação que servem sobretudo às culturas de algodão na Ásia Central, figura como a principal causa da drástica redução do volume do mar de Aral. 2.
A redução do volume aumentou a salinidade do mar de Aral. Além disso, a utilização intensiva de pesticidas e defensivos agrícolas nas culturas irrigadas resultaram em elevadas taxas de contaminação dos solos da região, inclusive na área que já foi ocupada pelas águas do Aral.
3.
O mar de Aral é um exemplo incontestável da extrema degradação ambiental que pode resultar de grandes projetos de irrigação realizados sem os necessários estudos acerca das conseqüências do desvio das águas para o conjunto do ecossistema. Neste sentido, ele pode servir de alerta para impedir novos desastres ambientais.
UNIDADE 3
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O texto considera que a escassez de água é antes um fato econômico e social do que um fato físico. De acordo com seu argumento central, o principal problema não é a falta de água, mas a falta de dinheiro para arcar com os custos do acesso regular à água potável, por parte de parcelas crescentes da população mundial.
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TRABALHANDO COM MAPAS 1.
O Canadá dispõe de uma população de pouco mais de 30 milhões de pessoas, enquanto a China é o país mais populoso do mundo, com mais de 1,25 bilhão de habitantes. Assim, a disponibilidade per capita de água é muito maior no Canadá que na China, ainda que os dois países detenham estoques semelhantes.
2.
Nos países situados nesta vasta região, o predomínio de climas desérticos e semi-áridos caracterizados pelos baixos índices de precipitação é o principal fator responsável pela escassez crônica de água.
3.
No caso do Egito e do Sudão, o conflito está ligado à disputa pelas águas do rio Nilo, fundamental para o abastecimento humano e a irrigação agrícola em ambos os países.
Tecnologias e recursos naturais ■
Capí tulo tulo 8
Os ciclos industriais ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. c. 2.
A afirmação II é falsa pois a fase descendente dos ciclos caracteriza-se pela saturação do mercado e pela redução das margens de lucro, o que dificulta a entrada de pequenos capitais na disputa por mercados submetidos ao domínio de oligopólios. A afirmação IV é falsa, pois a teoria dos ciclos de inovação ajuda a compreender as tendências de localização industrial mais importantes em cada ciclo, ao mostrar a importância variável dos fatores de produção (como matérias-primas ou mão-de-obr mão-de-obraa especializada, por exemplo).
3.
Na cadeia produtiva do setor petroquímico, o primeiro estágio produz matéria-prima para o segundo, e, por isso, ambos tendem a operar de maneira concentrada. Já o terceiro estágio, que produz mercadorias prontas para o consumo final, tende a ser atraído pelos grandes mercados consumidores.
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4.
No segundo ciclo tecnológico da Revolução Industrial, que se espalhou na Europa em meados do século XIX, o carvão era a principal fonte de energia tanto para as indústrias de base (em especial a siderurgia) como para as indústrias de bens de consumo (principalmente as do ramo têxtil). Por isso, as bacias carboníferas tornaram-se focos de grandes concentrações fabris. Essas concentrações originais continuam a responder por grande parte da produção industrial européia.
5.
c.
O capítulo no contexto 6. a) Entre o final do século XVIII e meados do século XIX, a indústria têxtil nascente organizava-se em torno do tear hidráulico. A água corrente dos rios era a principal fonte de energia mecânica para as fábricas e, por isso, as indústrias aglomeravam-se em torno dos cursos d’água. b) O carvão mineral e a máquina a vapor funcionaram como fonte de energia principal e tecnologia essencial para a Revolução Industrial do século XIX. Em função dos altos custos de deslocamento, as aglomerações industriais estabeleceram-se junto às jazidas de carvão mineral. c) No século XX, a eletricidade e o petróleo abriram um amplo leque de novas localizações industriais. Os baixos custos de transmissão da energia elétrica possibilitaram a implantação de indústrias em lugares distantes das fontes de energia. Os motores a combustão interna e a indústria automobilística deflagraram a construção de rodovias, que representaram novas redes de transporte, muito mais densas que as redes ferroviárias, originando novas localizações para as indústrias e os centros urbanos. 7. a) O conceito de “acumulação flexível” diz respeito à forma de acumulação nascida com a revolução tecnocientífica, fundada na qualificação técnica e científica da força de trabalho e voltada para a produção de mercadorias de elevado conteúdo tecnológico, adaptadas a nichos de mercado com exigências específicas. b) As regiões industriais tradicionais, nascidas sob a égide do fordismo e da produção serializada, tendem a perder importância com a emergência das regiões industriais características do meio técnico-científico-informacional, marcadas pela disseminação das tecnologias de ponta. 8. a) O fundamento da “reconversão econômica global” ao qual se refere o texto é produto da desconcentração seletiva da indústria no plano internacional, por meio da qual as indústrias de
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tecnologias básicas e intermediárias tendem a se implantar nos países subdesenvolvidos industrializados e as indústrias de conteúdo tecnológico avançado tendem a se concentrar nos países desenvolvidos. b) O crescimento da indústria têxtil e de confecções nos países asiáticos, que se manifesta desde a década de 1970, é um exemplo desta nova divisão internacional do trabalho. c) No Brasil, a importância estratégica do setor siderúrgico e a participação incipiente dos setores de ponta no conjunto da produção industrial demonstram que o país está afirmando sua inserção nos fluxos econômicos globais com base em indústrias oriundas de ciclos de inovações anteriores à revolução tecnocientífica. 9.
a) O complexo siderúrgico brasileiro está altamente concentrado no Sudeste, em virtude da proximidade dos grandes mercados consumidores industriais. b) No interior da região, Minas Gerais concentra a maior parte da produção, em virtude da proximidade do Quadrilátero Ferrífero. As grandes siderúrgicas de São Paulo e do Espírito Santo situam-se junto aos portos marítimos. No Rio de Janeiro, a CSN está conectada por ferrovia às reservas minerais do Quadrilátero Ferrífero e aos portos marítimos.
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c) O Vale do Aço é a maior concentração siderúrgica do país. O espaço de relações do Vale do Aço é definido pelas ferrovias que o conectam ao Vale do Paraíba e ao porto de Tubarão, no Espírito Santo. O eixo siderúrgico mineiro tornou-se um importante corredor de urbanização e configurou uma área de significativo dinamismo econômico associada a Belo Horizonte. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
A maioria dos pólos de alta tecnologia do mundo está localizada nos países industriais centrais, em especial nos Estados Unidos e na União Européia. Contudo, observa-se a existência de pólos importantes na China, na Índia e nos NPIs, sinalizando a importância da região do Pacífico no mapa mundial da indústria de ponta.
2.
A geografia industrial contemporânea é marcada por uma desconcentração seletiva. Os países subdesenvolvidos recebem uma parcela significativa dos novos investimentos em setores industriais baseados em tecnologias tradicionais, enquanto a grande parte dos investimentos em setores industriais marcados pelo uso intensivo de tecnologias inova-
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doras se realiza nos países industriais centrais. Esta bipartição tecnológica é o cerne da divisão di visão internacional do trabalho que atualmente caracteriza o espaço mundial da indústria.
nado pelos produtores familiares. As grandes empresas concentram-se, geralmente, na comercialização e industrialização de alimentos. 2.
A seleção dirigida consiste numa intervenção sobre os mecanismos evolutivos naturais: por meio de cruzamentos entre variedades ou raças da mesma espécie, são gerados descendentes com algumas características desejadas. A engenharia genética consiste num patamar mais avançado de intervenção sobre a natureza: através da introdução de genes escolhidos em plantas ou animais, criam-se características que não se encontram no potencial genético da espécie. A seleção dirigida limita-se a promover o intercâmbio de material genético no interior das espécies; a engenharia genética faz esse intercâmbio por cima das fronteiras das espécies. A seleção dirigida origina novas raças de animais e variedades de plantas; a engenharia genética produz organismos geneticamente modificados (OGM).
3.
O caráter intensamente comercial da agricultura norte-americana gera importantes conseqüências espaciais, pois os produtores agrícolas definem os usos da terra de modo a obter vantagens comparativas e maximizar seus lucros. A diversidade climática, o acesso diferencial aos mercados e o preço desigual das terras influem nos custos de produção. A acirrada concorrência entre os produtores provoca a especialização de cultivos. Sob o impacto da lógica da concorrência, delineou-se historicamente um zoneamento agrícola caracterizado pelo surgimento de cinturões especializados denominados belts. O cinturão dos laticínios localiza-se nas adjacências das concentrações urbano-industriais, em virtude da proximidade do mercado consumidor. O cinturão do milho localiza-se no alto e médio Vale do Rio Mississipi, o que facilita o abastecimento das áreas de pecuária leiteira intensiva dos Grandes Lagos. A cultura do algodão, adaptada a climas mais quentes, domina as áreas subtropicais do sudeste e do baixo Vale do Rio Mississipi.
4.
a) A herança histórica distingue a agropecuária da Europa meridional. Durante a Idade Moderna, os latifundiários passaram a residir nas cidades e subdividiram suas propriedades em parcelas, entregando-as à exploração de camponeses pobres, em troca de uma renda equivalente à metade da colheita. A dissolução desse sistema de trabalho, no século XIX, originou a estrutura de pequenas propriedades familiares característica de toda a região. Na Grã-Bretanha, onde a velha agricultura camponesa foi destruída pelos cercamentos e, mais tarde, pela modernização industrial do século XIX, os estabelecimentos atingem as maiores áreas médias do continente.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. As redes de comunicação possibilitam o descolamento espacial entre as diferentes etapas do processo produtivo. Assim, as empresas podem dispersar suas unidades produtivas, aproveitando vantagens comparativas oferecidas por diferentes localidades para cada uma dessas etapas e minimizando os custos de produção. 2. . 8 9 9 1 e d o ir er e v fe e d 9 1 e d 0 1 6. 9
Esta frase remete às vantagens locacionais oriundas da aglomeração inicial de indústrias. De fato, essa aglomeração, provocada por fatores muitas vezes circunstanciais, pressiona pela implantação de infraestruturas, cria ambientes empresariais e amplia o mercado de consumo e de mão-de-obra. Tudo isso atua sobre as novas decisões de localização, gerando vantagens comparativas que irão atrair novos ini nvestimentos.
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De acordo com o texto, a Geografia resulta da síntese entre o ambiente natural e a história. Nesta perspectiva, o estudo da Geografia tem como meta a compreensão do processo histórico de produção das paisagens e de avanço do meio técnico sobre o meio natural.
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Capí tulo tulo 9
Agropecuária e comércio global de alimentos ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. As tecnologias da indústria e da biotecnologia garantiram um enorme salto de eficiência e produtividade no setor agropecuário, mas não eliminaram os condicionamentos naturais aos quais o setor está submetido, tais como os ciclos vegetativos naturais, as limitações climáticas e pedológicas e a vulnerabilidade da agropecuária às alterações climáticas e ambientais que escapam ao controle humano. Uma das conseqüências deste fato é que o trabalho na agricultura e na pecuária, mesmo modernizadas, continua a ser menos produtivo do que o trabalho na indústria. É por isso que a produção agropecuária continua a constituir um setor econômico domi-
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b) Nos países europeus, o tamanho médio dos estabelecimentos é muitas vezes menor que o das fazendas norte-americanas. O contraste reflete o peso das tradições históricas européias, ligadas à agricultura camponesa pré-capitalista, e da modernização mais intensa da agricultura norteamericana. Mas ele também decorre, em parte, das densidades demográficas, que são muito maiores na Europa. 5.
9.
d.
O capítulo no contexto 6. a) Pierre George refere-se ao sistema de plantations. b) De acordo com o texto, as aldeias tribais da região do Golfo da Guiné, nas quais é praticada a agricultura de subsistência, funcionam como reserva de mão-de-obra sazonal para as plantations que integram a economia agrícola de mercado. 7. a) O gráfico revela a importância dos subsídios agrícolas concedidos pelos países desenvolvidos. Ele mostra que apenas na área do Euro ocorreu uma forte redução de subsídios entre 1991 e 2001, embora os subsídios europeus continuem significativamente superiores aos norte-americanos. b) A Rodada Uruguai da OMC provocou a necessidade de uma reforma na Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia. Essa reforma reduziu os subsídios agrícolas dos países da UE. c) A reduzida participação dos países subdesenvolvidos no mercado mundial de alimentos decorre, antes de tudo, da concorrência desigual dos produtores dos países desenvolvidos, que se beneficiam de vultosos subsídios agrícolas. 8. Os agroecossistemas exibem diversidade biológica muito menor que os ecossistemas naturais. Esse efeito de redução da biodiversidade acentua-se com a modernização agrícola, que enfatiza a especialização produtiva de cada área e tende a eliminar as tradicionais culturas promíscuas. O combate às pragas tornou-se um dos vetores da agropecuária moderna. Mas a introdução de pesticidas provoca aumento da toxicidade do ambiente e a contaminação de águas fluviais e l ençóis subterrâneos. subterrâneos. Por isso, do ponto de vista ecológico, a agricultura pré-industrial é mais eficiente que a moderna agricultura capitalista. Contudo, do ponto de vista econômico, a moderna agricultura capitalista é muito mais produtiva. Um exemplo de sistema de subsistência ecologicamente adequado é o praticado no sul da faixa do Sahel, em domínios tropicais submetidos a longas secas. O sistema se baseia na rotação de terras. Depois de alguns anos de cultivo,
58
os campos de sorgo, milhete ou cevada são deixados em pousio e neles crescem naturalmente as acácias. Esse sistema é capaz de recompor a produtividade de solos marginais. a) A desertificação consiste num conjunto de mudanças ecológicas regressivas que terminam por reduzir a capacidade de sustentação e a produtividade da terra. b) A desertificação é deflagrada pela combinação de fatores naturais, como secas prolongadas, e fatores antrópicos, como a retirada da vegetação e a intensificação do uso da terra para pastoreio. Nessas condições, a erosão eólica transporta o fino material superficial, degradando o solo.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
Os produtos destacados no mapa são chamados “gêneros tropicais” por serem adaptados aos tipos climáticos que caracterizam a zona intertropical. i
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As Américas Latina e Central, o Golfo da Guiné e o sudeste asiático são as regiões do mundo que se destacam na exportação destes produtos. Apesar da grande diversidade entre as economias dos países que compõem estas regiões, todos eles podem ser considerados subdesenvolvidos. e
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4.
O mercado mundial de produtos tropicais está su jeito a grandes oscilações na demanda dos países desenvolvidos, que são os principais importadores. Essas oscilações refletem-se nas cotações internacionais desses produtos e provocam a grande instabilidade que o caracteriza caracteriza..
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Nos países classificados como “em desenvolvimento” pelo autor do texto, tanto o preço das terras quanto o da mão-de-obra tende a ser significativamente menor do que nos países industriais centrais. Devido a essas vantagens comparativas, teoricamente, os sistemas agrícolas podem operar com menores custos nesses países. 2.
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O sistema agrícola responsável pela produção destes gêneros, chamado plantation, é caracterizado pela utilização intensiva de mão-de-obra e pelo cultivo em grandes propriedades monocultoras, voltadas para a exportação.
De acordo com o estudo citado, os subsídios agrícolas tornam artificiais os preços das commodities, bloqueiam a entrada de produtores competitivos no
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mercado mundial de alimentos e atrasam ou impedem a saída de produtores não competitivos. 3.
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Os produtores dos países em desenvolvimento sairiam ganhando com a liberalização comercial, que lhes garantiria acesso a maiores parcelas do mercado mundial. Os consumidores dos países que praticam elevados subsídios também seriam beneficiados com a redução das tarifas de importação e com o aumento da variedade de produtos. A União Européia, o Japão e a China, por seu turno, sofreriam com a redução dos empregos no setor agrícola. Os países em desenvolvimento que desfrutam de acordos comerciais preferenciais, como os países industriais centrais, provavelmente perderiam parte de seus mercados e sairiam prejudicados caso tivessem que concorrer em condições de igualdade com os demais países produtores. De acordo com estudo do Banco Mundial, esse con junto de estratégias tem poucas chances de reverter em elevação da renda interna nacional; pelo pel o contrário, ele poderá agravar a situação de pobreza, caso o quadro protecionista atual não seja revertido.
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Capí tulo tulo 10
Estratégias energéticas n e P o gi d ó C d
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Revendo o capítulo 1. Em meados do século XIX, a lenha era a principal fonte de energia utilizada no país. O carvão assume a liderança no final do século XIX, quando as fábricas multiplicavam-se e a economia moderna era instalada. O petróleo e o gás natural dominaram no século XX, época da emergência da indústria automobilística. A década de 1970 assistiu ao início do crescimento acelerado da energia nuclear, que se prolongou pelas décadas seguintes. Atualmente, o aumento da demanda explica a incorporação de novos recursos energéticos, que se agregam sucessivamente aos que já existiam. 2.
a) A eletricidade pode ser produzida em usinas termelétricas (tradicionais ou nucleares) ou em usinas hidrelétricas. b) As termelétricas tradicionais produzem energia por meio da queima dos combustíveis fósseis, processo que libera uma grande quantidade de poluentes na atmosfera. As termonucleares, além de apresentarem riscos de acidentes, geram resíduos com grande poder de contaminação, mas
não afetam diretamente as condições atmosféricas. As usinas hidrelétricas utilizam um combustível renovável, a água, e também não lançam resíduos na atmosfera. Porém, as grandes usinas exigem a inundação de vastas áreas, causando alterações profundas nos ecossistemas nos quais são implantadas. 3. Trata-se de países de grande extensão territorial, dotados de uma rica rede hidrográfica, na qual estão presentes rios caudalosos que atravessam terrenos acidentados. 4.
Com a segunda Guerra do Golfo e a derrubada do ditador Sadam Hussein, os Estados Unidos passaram a exercer influência política decisiva sobre o Iraque. Essa influência coloca os Estados Unidos em posição mais favorável para negociar com a monarquia saudita o isolamento da seita dos Wahabitas, que controla a religião e a educação na Arábia Saudita e mantém conexões com a rede terrorista internacional Al-Qaeda, além de assegurar o controle sobre as imensas reservas iraquianas de petróleo.
5.
a) Esse tipo de energia envolve tecnologias sofisticadas e caras, inacessíveis para a maior parte dos países subdesenvolvidos. b) Devido aos dois “choques” do petróleo, ocorridos na década de 1970, muitos países desenvolvidos optaram por substituir as usinas termelétricas tradicionais pelas termonucleares, de forma a diminuir o uso do óleo.
O capítulo no contexto 6. Apesar de ser o maior produtor mundial de hidreletricidade e figurar entre os maiores produtores de energia nuclear, o Canadá apresenta predomínio do petróleo e do gás natural em seu balanço energético, devido à existência de reservas importantes destes combustíveis em seu território e o elevado consumo per capita que caracteriza o país. No balanço energético dos Estados Unidos, que é o maior produtor mundial de energia nuclear e figura entre os grandes produtores de petróleo e hidreletricidade, predominam o petróleo, o carvão mineral e o gás natural, pois o consumo per capita é ainda maior. A China, por seu turno, é o maior produtor de carvão mineral do mundo, e utiliza intensamente essa fonte de energia, principalmente para alimentar o setor industrial. Contudo, o uso do carvão vegetal, que aparece sob a rubrica de “combustível renovável”, é intensivo no setor rural. Na Zâmbia, o predomínio do carvão vegetal denuncia a precariedade tecnológica e a devastação da cobertura vegetal. Finalmente a França, que não dispõe de reservas importantes de combustíveis fósseis, é movida sobretudo pela energia nuclear e pelo petróleo importado.
59
7.
c.
8.
Em diversos países do continente africano, a lenha é intensivamente utilizada para suprir a demanda energética. Por isso, grandes áreas originalmente florestadas estão sendo desmatadas para gerar uma quantidade de energia relativamente pequena.
9.
Este fenômeno é, provavelmente, devido ao aquecimento global, resultante da elevada concentração de gases de estufa na atmosfera.
10.
De acordo com o texto, o Brasil seria um dos “perdedores” porque, entre outras conseqüências, o aquecimento global representa uma grande ameaça para a biodiversidade dos ecossistemas amazônicos.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
A principal diferença é que, ao contrário do que acontece no Golfo Pérsico, as reservas de hidrocarboneto situadas na bacia do Cáspio estão distantes de saídas oceânicas.
as tendências climáticas de fundo não podem ser alteradas rapidamente por uma eventual redução das emissões de “gases de estufa”. 3.
Segundo Lovelock, o aquecimento global não podia ser claramente compreendido a partir de uma visão fragmentária da Terra, na qual a crosta rochosa, a atmosfera e a hidrosfera são objetos de estudo separados. Essa visão ocultava que a Terra é um sistema auto-regulado e impedia a compreensão do papel desempenhado pela vida – isto é, pelos organismos – na regulação do sistema terrestre. A superação da visão tradicional proporcionou a compreensão das relações entre os componentes do sistema terrestre e, portanto, das interações presentes no processo de aquecimento global.
4.
O argumento central é que as usinas nucleares podem substituir em larga escala as usinas térmicas convencionais na produção de eletricidade, sem emitir “gases de estufa”. Esse benefício, na opinião de Lovelock, supera os custos ligados à segurança das instalações e ao destino do “lixo “l ixo atômico”. e
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Atualmente, existe um grande duto controlado pela Rússia que escoa petróleo e gás para o mar Negro, um outro que parte do Azerbaijão e atinge a Geórgia e um gasoduto de pequena extensão que liga l iga o Turcomenistão ao norte do Irã.
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PARTE 2 O Brasil, território e nação
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3.
A Rússia seria beneficiada com a construção da rota 1, que ligaria o Cazaquistão ao mar Negro, pois ela passaria pelo território russo e reforçaria o poder de Moscou sobre as riquezas naturais da região; já a China pressiona pela implantação do projeto que conecta o Cazaquistão ao seu próprio território (rota 10), por razões semelhantes.
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Lovelock quer dizer que o clima terrestre é um sistema complexo e, por isso, está submetido a forças inerciais poderosas. Assim como um grande navio em velocidade não pode mudar de rumo rapidamente,
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Industrialização e integração nacional p
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TEXTO COMPLEMENTAR
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O Brasil e a globalização
ATIVIDADES
Dialogando com o texto 1. O aquecimento global gerado por causas antropogênicas decorre, principalmente, da queima de combustíveis fósseis na produção e consumo de energia. O Protocolo de Kyoto iniciou um processo de imposição de limites para a emissão de “gases de estufa”. As estratégias energéticas nacionais já são afetadas por esse processo, que incentiva mudanças nas matrizes energéticas, com a redução da queima de combustíveis fósseis.
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UNIDADE 4
Revendo o capítulo 1. a) O conceito de “arquipélago econômico” foi cunhado para descrever um conjunto de economias regionais que mantém fracas articulações internas e fortes laços comerciais com os mercados externos. b) No início do século XX, a economia brasileira exibia características de “arquipélago econômico”, pois era possível identificar “ilhas econômicas” regionais pouco articuladas entre si. O complexo cafeeiro paulista, a economia açucareira da Zona da Mata nordestina e a região amazônica, organizada em torno da exportação de borracha natural, são os melhores exemplos do “arquipélago econômico” brasileiro.
2.
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3.
b.
4.
O modelo de substituição de importações foi o arcabouço do crescimento industrial brasileiro e do processo de integração do espaço nacional durante meio século, desde a década de 1930. Seu fundamento foi a proteção do mercado interno por meio de barreiras alfandegárias alfandegárias e estímulos às indústrias (nacionais ou estrangeiras estrangeiras)) instaladas no país. Sua meta consistiu na promoção do crescimento e diversificação da indústria, a partir de investimentos privados nacionais e estrangeiros ou investimentos estatais.
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a) A participação do Nordeste na população brasileira diminuiu porque a região se transformou em área de repulsão demográfica. Enquanto a economia nordestina conhecia declínio relativo, fluxos de migrantes do Nordeste dirigiam-se para o Centro-Sul e para a Amazônia. b) A Região Sul comportou-se, até a década de 1970, como área de atração populacional, devido principalmente à expansão da fronteira agrícola e à oferta de empregos no meio rural. Depois disso, porém, a concentração da propriedade fundiária e a intensa mecanização das lavouras transformaram a região em área de repulsão demográfica.
9.
A construção de Brasília representou o ápice de uma estratégia de cunho geopolítico longamente acalentada no Brasil, qual seja, a afirmação política do Estado sobre o conjunto do território nacional. Mas ela só se tornou possível devido à integração econômica e geográfica promovida pela industrialização, que articulou os mercados regionais sob o comando de São Paulo e estimulou a construção de uma infra-estrutura nacional de transporte terrestre.
10.
a) Entre 1995 e 2000, houve mais entradas de migrantes no Nordeste que saídas, configurando um saldo migratório positivo. b) Os fluxos de saída predominam na faixa etária entre 17,5 e 25 anos de idade. Os fluxos de entrada predominam em todas as demais faixas etárias. Uma hipótese explicativa é que os jovens e adultos em idade de ingresso no mercado de trabalho buscam oportunidades de emprego fora da Região Nordeste, enquanto famílias constituídas por migrantes nordestinos retornam à região.
11.
b) No processo de industrialização do Brasil, o Estado funcionou como indutor do crescimento industrial, seja por meio de políticas destinadas a proteger o mercado interno da concorrência estrangeira, seja por meio de investimentos diretos voltados, principalmente, para a indústria de base.
c) Nesse período, ao lado do início do deslocamento das fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste, ocorreu a transferência da capital federal para Brasília. Esse processo gerou um importante fluxo migratório. C o d 4 8 .1t r A . a id ib or p o ç
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O capítulo no contexto 7. A tabela evidencia que o valor relativo das exportações de São Paulo para o resto do Brasil aumenta no período, enquanto diminuem as exportações para o exterior. Esse é um indicador importante do processo de constituição de um mercado interno unificado no Brasil, em curso nas primeiras décadas do século XX. Do ponto de vista da dinâmica regional brasileira, é um indício da crescente polarização exercida pelo estado de São Paulo. 8.
A várzea do rio Amazonas destaca-se sobre o pano de fundo das densidades muito baixas da Amazônia desde os tempos coloniais, pois a ocupação regional realizou-se, historicamente, por meio das “estradas líquidas” formadas pela rede hidrográfica. Ao longo do vale do Amazonas e dos vales dos principais afluentes estabeleceram-se os núcleos urbanos mais importantes da região.
a) Essas empresas formaram-se nas décadas de 1940 e 1950, sob os governos de Getúlio Vargas, no curso do processo de constituição de indústrias de base com financiamento estatal.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
O mapa expressa os saldos migratórios em números absolutos.
2.
Porque esses estados são os principais pólos econômicos nacionais, abrigam as duas maiores metrópoles do país e apresentam grande população absoluta.
3.
Excluindo-se São Paulo e Rio de Janeiro, os estados com saldos migratórios positivos mais significativos encontravam-se nas regiões Centro-Oeste e Norte, o que reflete as direções de expansão das fronteiras agrícolas nacionais.
4.
Os estados com elevados saldos migratórios negativos concentravam-se na Região Nordeste. O fenômeno reflete o longo ciclo histórico de repulsão demográfica regional que acompanhou o declínio relativo da economia nordestina.
5.
Os saldos migratórios negativos do Paraná e do Rio Grande do Sul resultam dos fluxos de saída de
61
migrantes desses estados em direção às novas fronteiras agrícolas do Centro-Oeste e da Amazônia. TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. O “movimento centrípeto”, mencionado pelo autor, são as migrações em direção aos pólos econômicos nacionais, situados no Sudeste e, particularmente, no estado de São Paulo. Essas migrações envolveram sobretudo nordestinos, realizando-se desde as décadas de 1920 e 1930 e acompanhando o processo de industrialização do país. 2.
O conceito de frente pioneira descreve a fronteira de expansão da economia de mercado, que se realiza pelo estabelecimento de migrantes e atividades econômicas comerciais em áreas até então ocupadas pela pequena produção de autoconsumo. O “movimento pioneiro” na direção do Centro-Oeste e da Amazônia corresponde à expansão da fronteira agrícola, com o estabelecimento de cultivos comerciais em novas áreas dessas regiões.
Provavelmente,, o contraste contraste entre o litoral litoral densadensa3. Provavelmente mente povoado e o interior pouco povoado é mais forte no Nordeste que no Sudeste devido ao seu processo de industrialização. Esse processo gerou importantes núcleos urbanos interiorizados, nos estados de São Paulo e Minas Gerais. 4.
5.
A construção de Brasília desempenhou papel significativo na intensificação da “marcha para o Oeste”. A nova capital atraiu migrantes para o Distrito Federal e seus arredores. As infra-estruturas de transporte que conectaram a nova capital às demais regiões funcionaram como eixos de povoamento do Brasil Central e da Amazônia. A mobilidade espacial no Brasil reflete, sobretudo, as desigualdades na dinâmica econômica e na oferta de emprego ou trabalho entre as diversas regiões. Os fluxos migratórios para o Sudeste decorrem da busca de empregos nos setores econômicos urbanos. As migrações para o Centro-Oeste e a Amazônia decorrem, principalmente, da expansão da fronteira agrícola. A migração possibilita, muitas vezes, a conquista de melhores empregos e salários ou de terras para cultivar, funcionando como veículo de mobilidade social.
■
Capí tulo tulo 12
A matriz energética
62
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. a) O elevado potencial hidrelétrico das bacias hidrográficas brasileiras resulta do predomínio de elevadas médias pluviométricas e de relevos planálticos no conjunto do território. b) A energia gerada na Bacia do Paraná atende à grande concentração urbana e industrial instalada no Centro-S Centro-Sul ul brasileiro, responsável pela maior parcela do consumo energético nacional. Por isso, a utilização do potencial energético da bacia é mais intensiva. c) A Bacia Amazônica, situada em uma região marcada pelas baixas densidades demográficas, está distante dos principais mercados de consumo energético do país. 2. a) O gráfico revela um aumento significativo da capacidade de geração de energia em termelétricas convencionais a partir de 1998. b) A disponibilidade de gás natural boliviano, importado por meio do gasoduto Brasil-Bolívia, assim como a descoberta de reservas de gás natural em bacias sedimentares brasileiras, oferece boas perspectivas econômicas para a expansão da geração termelétrica no Brasil, em especial quando se considera o elevado custo da expansão da oferta de energia hidrelétrica no CentroSul do país. c) As termelétricas a gás natural geram menos resíduos tóxicos e gases de estufa na atmosfera do que as termelétricas a carvão mineral. Por isso, representam uma alternativa energética menos nociva do ponto de vista ambiental. 3. a) O gráfico revela que o Rio de Janeiro responde por mais de 80% da produção petrolífera nacional. b) Os campos petrolíferos do Rio de Janeiro localizam-se em bacias sedimentares marinhas. A extração desse petróleo, que se encontra sob águas profundas, mobiliza um grande aparato tecnológico, que envolve a construção de plataformas flutuantes, de linhas submarinhas e de dutos flexíveis de escoamento. 4. Essa disparidade explica-se pela elevada taxa de urbanização da Região Sudeste e pelo poder aquisitivo, em média, mais elevado de sua população. O capítulo no contexto 5. a) A acentuada diminuição da dependência externa de petróleo entre 1973 e 2003 se deve ao aumento significativo da produção nacional, em grande parte devido à descoberta das reservas da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
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b) Em 1985, com a inauguração da hidrelétrica de Itaipu, o Brasil passou a comprar sistematicamente uma parte da metade paraguaia da energia gerada pela usina, o que resultou no aumento da dependência externa de eletricidade. 6. a) A usina de Tucuruí foi construída para atender o complexo metalúrgico da Amazônia Ocidental, mas cumpre também a função de abastecer as capitais nordestinas nas ocasiões em que as usinas da Chesf não produzem o suficiente para atender à demanda regional. Assim, apesar do imenso impacto ambiental gerado pela construção de Tucuruí, a usina assume uma importância econômica inegável para as regiões Norte e Nordeste do país. b) Do ponto de vista ambiental, a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia implica alagamento de áreas florestadas e sensíveis alterações nos ecossistemas regionais. Do ponto de vista econômico, esta estratégia implicaria elevados custos de transmissão, dada a distância entre a Bacia Amazônica e os principais mercados consumidores do país. 7.
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O São Francisco é o único rio perene que atravessa o semi-árido nordestino. Portanto, suas águas são vitais tanto para o consumo das populações locais quanto para os projetos de irrigação. A construção de diversas barragens ao longo do curso do rio pode comprometer os outros usos de suas águas, com conseqüências sociais e econômicas desastrosas. a) A energia gerada em Itaipu pertence, em partes iguais, ao Brasil e ao Paraguai. O Brasil destina sua parcela e, ainda, parte da parcela que pertence ao Paraguai, para abastecer as cidades e as indústrias do Centro-Sul de seu território. O Paraguai conta quase que exclusivamente com esta usina para suprir sua demanda por eletricidade. b) Ao proclamar que “a natureza está do nosso lado”, a mensagem se refere ao fato de que, devido ao regime climático que predomina na área da bacia, a vazão do rio Paraná é mais estável do que a do rio Yang-tse, o que permite uma menor oscilação na quantidade de energia produzida ao longo do ano. Mas a mensagem fornece uma explicação suplementar para a estabilidade do rio Paraná, que não tem nenhum condicionante natural: as diversas barragens construídas a montante de Itaipu, que reguregu larizam artificialmente a vazão do rio.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
As principais reservas de gás natural do Brasil estão localizadas em bacias sedimentares situadas no estado do Amazonas e ao longo dos litorais dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará.
2.
O gasoduto Brasil-Bolívia atravessa os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
3.
O traçado do gasoduto Brasil-Bolívia aumenta a disponibilidade energética na região Centro-Oeste, e poderá se transformar em fator de atração para empreendimentos industriais na região. Entretanto, ele pode reforçar ainda mais a concentração industrial nas regiões Sudeste e Sul, que em conjunto compõem a “Região Concentrada”.
TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1. Do ponto de vista econômico, o autor do texto 1 defende a construção de Angra III considerando a importância da energia que seria gerada para as regiões Sudeste e Centro-Oeste e dos empregos que beneficiariam diretamente a população do estado do Rio de Janeiro. Do ponto de vista estratégico, a usina seria importante porque permitiria que o país obtivesse domínio tecnológico sobre todo o ciclo de geração nuclear. 2.
O custo da importação de fontes de energia, tal como com todas as importações, oscila em função das diferenças cambiais. No caso de uma grande valorização do dólar, por exemplo, o Brasil teria que arcar com o aumento do preço do gás importado da Bolívia, o que está sendo chamado pelo autor de “impacto cambial tarifário”.
3.
De acordo com José Goldemberg, a idéia de construir usinas nucleares no Brasil se originou de um pro jeto megalomaníaco do governo militar que visava substituir em grande escala a energia hidrelétrica pela energia nuclear. A história recente da eletricidade brasileira mostrou o equívoco deste projeto.
4.
José Goldemberg defende a expansão da oferta de eletricidade a partir da construção de novas usinas hidrelétricas, da utilização da biomassa e da opção termelétrica, com a construção de usinas movidas tanto pelo gás natural boliviano quanto pelo gás produzido no Brasil.
5.
Resposta pessoal.
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Capí tulo tulo 13
Os complexos agroindustriais Revendo o capítulo cri a1. A agropecuária envolve apenas a agricultura e a criação de gado. Já o agronegócio abrange também o
63
conjunto das cadeias produtivas alimentadas pela agropecuária, o que inclui diversos setores industriais, além dos sistemas de estocagem e distribuição. Por isso, corresponde a uma parcela significativamente maior do PIB. 2.
e.
3.
No Brasil, o setor agropecuário liberou força de trabalho para os setores urbanos industriais; representa uma fatia importante do mercado das indústrias mecânicas; é fundamental para o equilíbrio da balança comercial e fornece alimento a custos razoáveis para as populações urbanas. Entretanto, os agricultores familiares e os trabalhadores rurais auferem rendimentos médios muito baixos, e são praticamente excluídos do mercado dos bens de consumo produzidos nas cidades.
4.
5.
6.
A concentração da produção agropecuária nos estados do Centro-Sul do país pode ser explicada pela adoção de tecnologias modernas, que elevam a produtividade nesta porção do país. Além disso, essa região abriga grande parte dos mercados consumidores dos produtos da agropecuária voltados para o consumo interno. A “erosão genética” refere-se à perda da diversidade genética que caracteriza as áreas de agricultura tradicional, devido à homogeneização promovida pelas monoculturas. Correntes importantes do movimento ambientalista argumentam que a introdução de cultivares transgênicos de elevada produtividade tende a acelerar este processo, na medida em que pode acarretar uma homogeneização ainda maior dos campos de cultivo. Nesse período, o incremento da produção ocorreu principalmente em função do aumento da produtividade resultante de um conjunto de inovações tecnológicas, tais como a correção artificial da acidez dos solos e introdução de cultivares de maior rendimento.
O capítulo no contexto 7. A expansão da soja sobre os cerrados só foi possível graças à grande densidade científica e técnica incorporada ao setor agropecuário, que permitiu a correção da acidez natural dos solos e produziu sementes adaptadas às características climáticas e pedológicas do ecossistema. Desta forma, os campos de soja no Brasil central integram o meio tecnocientífico e informacional. 8.
64
a) O gráfico mostra a relação entre o volume produzido, a área ocupada pela agricultura de grãos e a produtividade da terra, em cinco estados brasileiros.
b) A produtividade da terra é maior no Mato Grosso do que no Paraná ou no Rio Grande do Sul. Este fato tem relação com a elevada densidade técnica que caracteriza a agricultura de grãos no Centro-Oeste, responsável pelo aumento significativo do preço da terra na região registrado nos últimos decênios. 9. Trata-se da técnica de cultivo em curvas de nível, também conhecida como terraceamento. Sua função é diminuir o impacto das enxurradas tropicais sobre os solos, de modo a atenuar os processos erosivos e a evitar os prejuízos econômicos oriundos da perda de terras férteis. 10.
O texto revela os mecanismos pelos quais os complexos agroindustriais subordinam a agricultura familiar. No exemplo em questão, os pequenos produtores cumprem o papel de fornecedores de matérias-primas para uma grande empresa do setor, a qual padroniza os insumos e controla o beneficiamento e a comercialização da produção. or
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A modernização da agricultura brasileira foi parcial, pois não incorporou a grande maioria dos produtores rurais, e conservadora, pois gerou um êxodo rural intenso e teve um impacto negativo na distribuição da renda, além de ter sido fortemente predatória preda tória do ponto de vista ambiental. e
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TRABALHANDO COM MAPAS 1.
2.
Em Rondônia e no norte do Mato Grosso, que funcionaram como fronteiras agrícolas na década de 1970, os processos recentes de concentração da propriedade fundiária são responsáveis pelos fluxos atuais de êxodo rural e pela elevada porcentagem de migrantes rurais no conjunto da população urbana. Também no caso dos estados da Região Sul, em especial no oeste do Paraná e de Santa Catarina, a concentração fundiária e a expulsão dos trabalhadores rurais estão na origem do peso relativamente elevado dos migrantes rurais na população urbana.
TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1. O conceito de “agricultura de precisão” refere-se às práticas agrícolas que incorporam elevada densidade de técnicas, de ciência e de informação, como acontece nos exemplos citados pelo texto, e que atestam a difusão do meio técnico-cientifico-informacional sobre áreas específicas do meio rural brasileiro.
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2.
O fenômeno das “fazendas dispersas” guarda relações com a dispersão característica de determinados setores industriais, que concentram suas unidades de pesquisa nos países desenvolvidos, mas distribuem a fabricação e a montagem final de seus produtos em plantas industriais situadas em países que dispõem de menores custos de mão-de-obra.
3.
O contrato de integração das empresas agroindustriais que operam na Região Sul com os agricultores familiares exemplifica esta “dupla dependência”: de acordo com ele, a agroindústria é a fonte dos insumos e o destino da produção.
principais cidades do país e pelas aglomerações agl omerações a elas conurbadas. Tais estruturas deveriam configurar como unidades de planejamento do desenvolvimento urbano. b) A criação das regiões metropolitanas, no início da década de 1970, representou o reconhecimento da importância social e territorial dos processos de conurbação que se realizavam em torno das principais metrópoles do país. 6. b.
O capítulo no contexto 7.
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Capí tulo tulo 14
Urbanização e redes urbanas . 8 9 9 1 e d
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Revendo o capítulo 1. No pós-guerra, o acelerado processo de urbanização da população brasileira apoiou-se essencialmente no êxodo rural. A repulsão da força de trabalho do campo decorreu da mecanização agrícola e da concentração fundiária. A atração dessa população para as cidades decorreu da presença de uma economia diversificada, que abre a possibilidade do trabalho sem vínculo empregatício, e dos serviços públicos de saúde e assistência social. r
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De acordo com os critérios adotados no Brasil, população urbana é o conjunto da população residente nas sedes de município ou de distrito e nas demais áreas definidas como urbanas pelas legislações municipais. Entretanto, a imensa maioria das sedes de municípios brasileiros não dispõe dos equipamentos urbanos necessários para gerar bens e serviços capazes de polarizar uma determinada porção do território; por isso, ainda que sejam considerados urbanos, esses municípios não funcionam como vértices da rede urbana.
3.
Parte significativa do êxodo rural nordestino realizou-se sob a forma de migrações inter-regionais. Durante décadas, o movimento migratório para o Sudeste transferiu populações do campo nordestino para as cidades de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Atrás desse fenômeno encontra-se o processo de modernização urbano-industrial e integração territorial do país.
4.
e.
5.
a) As regiões metropolitanas foram definidas como estruturas territoriais especiais, formadas pelas
a) O gráfico da questão exemplifica, na escala estadual, o processo de urbanização regional retratado no gráfico que aparece no capítulo. Em termos gerais, eles mostram que a urbanização começou antes e foi mais intensa no Sudeste. Também mostram que a urbanização do CentroOeste e do Sul acelerou-se na década de 1970, o que não ocorreu com a mesma intensidade nas regiões Nordeste e Norte. b) Em função do crescimento industrial e da modernização agrícola, a urbanização no estado de São Paulo é mais antiga e mais intensa i ntensa que a dos outros estados que aparecem no gráfico. Ela acelerou-se na década de 1960 e atualmente é mais lenta pois se encontra em seu estágio final. c) A urbanização no estado de Goiás acelerou-se na década de 1960, quando as taxas de população urbana ultrapassaram as do Paraná. A urbanização no Paraná acelerou-se na década de 1970, impulsionada pela concentração fundiária e mecanização agrícola, adquirindo ritmo similar à de Goiás. Atualmente as taxas de população urbana de ambos encontram-se muito próximas, com pequena dianteira para Goiás.
d) A urbanização no estado do Pará desacelerouse desde a década de 1970, em função da abertura de frentes pioneiras agrícolas no leste e sul do estado. Essa desaceleração permitiu que as taxas de urbanização da Bahia ultrapassassem as do Pará. Na última década, ocorreu uma certa desaceleração na urbanização da Bahia, em função da abertura de frentes pioneiras agrícolas no oeste do estado. 8. Durante décadas, a Amazônia funcionou como a grande fronteira demográfica nacional, recebendo fluxos de migrantes oriundos do Centro-Sul e do Nordeste. Estes migrantes mantêm relações com seus lugares de origem, que se expressam em comunicações com familiares e conhecidos e viagens de visita às cidades natais. Os migrantes funcionam, assim, como veículos da influência crescente das
65
metrópoles do Centro-Sul e do Nordeste sobre vastas áreas amazônicas. 9.
a) Há um desnível crescente na capacidade de polarização das duas principais metrópoles brasileiras. A influência de São Paulo, que já era hegemônica, ganhou novo impulso com a aceleração dos fluxos associados à globalização e difunde-se intensamente por todas as regiões do país. A influência do Rio de Janeiro, por sua vez, foi atingida negativamente pela privatização de empresas estatais que mantinham suas sedes na antiga capital. A centralização do mercado acionário brasileiro em São Paulo reforça ainda mais este desnível. b) As cidades globais são centros nodais das finanças internacionais, do comércio mundializado, dos serviços internacionais de consultoria especializada e das instituições públicas multilaterais. Na América Latina, São Paulo, Buenos Aires e a Cidade do México desempenham limitadamente funções de cidade global, conectando os territórios nacionais aos fluxos mundiais de capitais e às redes administrativas das corporações transnacionais. No caso do Rio de Janeiro, contudo, a retração histórica da capacidade de polarização torna problemática a aplicação do conceito de cidade global.
10.
a) O mapa mostra a localização dos núcleos urbanos que são sedes de municípios no estado do Paraná. b) O mapa revela que a maior concentração de sedes de municípios localiza-se no norte do estado, onde ocorre um nítido processo de conurbação. Esse processo justifica a criação das regiões metropolitanas nucleadas por Londrina e Maringá.
11.
O texto apresenta as duas causas principais para a configuração da megalópole brasileira. Os obstáculos naturais – as serras do Mar e da Mantiqueira – definiram o eixo de circulação do Vale do Paraíba, situado entre as metrópoles nacionais. Trechos da via regional de circulação, a rodovia Dutra, foram incorporados como vias de transporte intra-urbano pelas metrópoles e cidades médias do Vale do Paraíba, acarretando expansão linear das manchas urbanas ao longo desse eixo.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
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Nos estados do Amazonas e do Pará, a maior parte dos núcleos urbanos se distribui ao longo dos eixos formados pelos cursos fluviais. No caso do Pará, po-
rém, o eixo viário representado pela Rodovia BelémBrasília também abriga diversos núcleos urbanos. 2.
Nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás, a maioria dos núcleos urbanos está localizada ao longo dos eixos viários.
3.
No primeiro caso, desde a colonização o povoamento foi atraído pelo eixo de comunicação natural do Vale do Rio Amazonas e de seus tributários. Desde a segunda metade do século XX, porém, com a construção da Belém-Brasília, o Pará conhece um processo de urbanização inédito para os padrões regionais, estruturado em torno de um eixo viário que atravessa extensas áreas florestadas. No segundo caso, a expansão acelerada dos núcleos urbanos está relacionada com a construção dos grandes eixos viários de integração nacional – em especial as rodovia s Belém-Brasília e Cuiabá-Porto Velho. 9
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Dialogando com o texto 1. No texto de Roberto Lobato Corrêa, o conceito de tempo histórico é fundamental na caracterização dos diferentes padrões espaciais presentes na rede urbana brasileira, já que eles resultam de determinações surgidas em contextos históricos igualmente distintos. O padrão dendrítico, por exemplo, resultou de um modelo econômico “em arquipélago” fundado na exportação de produtos primários; a industrialização foi responsável pela integração da rede urbana brasileira. 2.
O padrão espacial dendrítico caracteriza-se pela forte polarização em torno de um centro urbano litorâneo, organizado em torno de um porto exportador e transformado em ponto de apoio para a valorização econômica do interior.
3.
A criação da Região Metropolitana de Campinas é uma resposta às demandas de infra-estrutura e abastecimento surgidas com o processo de conurbação entre Campinas e os núcleos urbanos situados em seu entorno. Isso resultou em uma grande mancha urbanizada contínua marcada pela integração funcional e atravessada por fluxos pendulares diários de trabalhadores.
4.
A rede urbana é constituída por fluxos de matéria e de informação. As ligações telefônicas interurbanas e internacionais são parte importante dos fluxos de informação, e sua densidade ajuda no dimensionamento da integração que caracteriza a rede.
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Capí tulo tulo 15
Comércio exterior e integração sul-americana ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. b. 2.
O Brasil é um glob global al trad trader er – isto é, um parceiro global – pois exibe um comércio exterior multidirecional. As exportações e importações do país estruturam-se sobre vários eixos importantes, com destaque para a União Européia, os Estados Unidos, a América Latina e a Ásia. Entre as vantagens dessa condição, destaca-se a limitação do impacto das recessões econômicas em um parceiro comercial sobre o intercâmbio internacional do país. Entre as desvantagens, destaca-se o risco para as nossas exportações representado pelas medidas protecionistas adotadas pelos principais blocos econômicos – a União Européia e o Nafta.
3.
a) No Centro-Sul, a malha rodoviária é densa, o que reflete a elevada população absoluta, a intensidade do povoamento e a existência de uma rede urbana complexa. Na Amazônia, a malha rodoviária é rarefeita, o que reflete as baixas densidades demográficas da região e a existência de poucos centros urbanos expressivos. b) O Centro Sul está conectado à Amazônia principalmente por meio de três grandes eixos rodoviários: Belém-Brasília, Brasília-Acre e CuiabáSantarém.
4.
Na Geografia Física, bacia de drenagem é a rede ini ntegrada de canais que drenam as águas de determinada área. Aplicado à Geografia Humana, o conceito designa a rede integrada de vias de transporte destinada a deslocar mercadorias até os portos marítimos exportadores.
5.
a) A Hidrovia Tietê-Paraná apresenta situação geográfica privilegiada pois conecta os principais pólos econômicos do Brasil ao grande pólo econômico da Argentina, percorrendo centros de produção industrial e de agropecuária moderna do Centro-Sul brasileiro e do Pampa argentino.
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b) Atualmente a Hidrovia do Madeira tem, como função principal, o transporte de grãos cultivados no Centro-Oeste brasileiro até os portos exportadores da Amazônia. 6. a) Os processos mais ou menos simultâneos de redemocratização no Brasil e na Argentina e a aproximação diplomática entre os dois países formaram
as condições políticas que propiciaram a criação do Mercosul. econômi ca e os processos de aberb) A globalização econômica tura comercial no Brasil e na Argentina formaram as condições econômicas que propiciaram a criação do Mercosul.
O capítulo no contexto 7. a) Entre as empresas exportadoras, predominam aquelas ligadas à indústria extrativa mineral e aos ramos alimentares e automobilístico. Entre as importadoras, destacam-se os ramos de telefonia, automobilístico e petroquímico. b) Este é o caso da Petrobras, da Embraer, da Bunge Alimentos e de diversas montadoras automobilísticas. No caso da Petrobras, isto acontece porque a empresa é importadora de petróleo e exportadora de derivados e serviços. No caso da Bunge, destaca-se a exportação de soja e a importação de milho. A Embraer, assim como as montadoras, importa diversas peças e exporta os produtos finais. 8. a) O texto revela claramente o peso dos custos de transporte no custo final do produto. No caso da soja brasileira, mais de um terço do preço final é formado pelos custos de transporte. Esse item reduz a competitividade do produto nacional, que ainda é transportado predominantemente pelo meio mais caro – o rodoviário. b) De acordo com os dados fornecidos, o custo de transporte de 120 toneladas de soja, num trajeto rodoviário de 600 quilômetros, é de R$ 4.032,00. Por ferrovia, o custo seria de R$ 1.152,00. Por hidrovia, de R$ 648,00. polí tica c) Tendo em conta essa relação de custos, a política de transportes para as exportações agropecuárias deve priorizar a integração entre as ferrovias e as hidrovias. 9. a) O Mercosul é o principal parceiro comercial da Argentina, seguido pela União Européia e pelo Nafta. b) O Brasil é o maior parceiro comercial individual da Argentina. A parceria econômica com o Brasil tornou-se crucial para o comércio da Argentina. O intercâmbio comercial entre os dois países assenta-se sobre um processo de cooperação política iniciado em meados da década de 1980 e formalizado nos tratados do Mercosul. 10. a) Entre as principais mudanças do período 19831993 destacam-se o forte aumento do intercâmbio comercial com os países do Mercosul e o declínio acentuado das importações do Oriente Médio. O primeiro fenômeno resultou da formação do Mercosul. O segundo, da redu-
67
ção acentuada dos preços do petróleo no mercado mundial. b) Entre as principais mudanças do período 19932003 destacam-se a redução relativa do intercâmbio comercial com os países do Mercosul e o significativo aumento do intercâmbio com a Ásia. O primeiro fenômeno resultou da crise financeira e econômica da Argentina em 2000 e 2001. O segundo, da emergência da China como grande ator no cenário comercial global. 11. a) A espinha dorsal da integração viária entre os dois países é a Estrada de Ferro Brasil-Bolívia. Sua importância regional tende a aumentar em virtude do tratado comercial firmado entre o Mercosul e a Comunidade Andina. b) O gasoduto propicia a instalação de usinas termelétricas nas suas proximidades. A energia gerada, por sua vez, contribui para a implantação de pólos industriais. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
a) O Eixo Mercosul-Chile deve ser considerado o mais importante, do ponto de vista da quantidade e diversidade de fluxos de intercâmbio, pois conectará o Centro-Sul brasileiro a Buenos Aires e ao Pampa argentino, possibilitando os fluxos de mercadorias entre os principais pólos industriais e agrícolas da América do Sul e o comércio do Mercosul com o Chile e os mercados da Bacia do Pacífico. b) A construção da E. F. Brasil-Bolívia obedeceu à lógica estratégica de projetar a influência geopolítica do Brasil sobre o vizinho. O instrumento para isso seria a ampliação do comércio bilateral e a concomitante criação de um eixo viário ligando a Bolívia ao Oceano Atlântico. c) O Eixo Venezuela-Brasil-Guiana associa-se ao potencial de comércio gerado pela concentração industrial da Zona Franca de Manaus. d) O Eixo Peru-Brasil aproxima o Brasil Central da Ásia, pois abrirá uma via de escoamento dos grãos produzidos no Centro-Oeste em direção aos mercados consumidores da Bacia do Pacífico.
validade, que durante muito tempo marcou as relações entre os vizinhos. 2.
Ao afirmar que as fronteiras entre os países do Mercosul não são “naturais”, o texto não está sugerindo que existam fronteiras políticas naturais. Está apenas salientando que essas fronteiras não foram traçadas com base em nítidos acidentes geográficos como o curso de grandes rios ou as cristas de cadeias montanhosas. 3. A frase de síntese pretende enfatizar o contraste entre o poder econômico dos Estados Unidos e o dos países latino-americanos, individualmente considerados. No fundo, do ponto de vista dos países latino-americanos, o atrativo potencial da Alca é, essencialmente, a oportunidade de acesso facilitado ao imenso mercado consumidor dos Estados Unidos. 4. O poder sem igual dos Estados Unidos confere uma óbvia dimensão geopolítica ao projeto da Alca. A decisão brasileira de participar ou não da Alca provavelmente se refletirá no conjunto das relações políticas entre o Brasil e os Estados Unidos e tende a afetar, em especial, o nível de cooperação entre os dois países nos organismos financeiros hemisféricos (como o BID) e nos organismos de segurança regional (como a OEA). 5. O texto traz três críticas ao projeto da Alca, do ponto de vista dos interesses brasileiros: a) as regras de livre-comércio exporiam setores da indústria nacional à concorrência direta de empresas norte-americanas mais poderosas; b) os compromissos que os Estados Unidos insistem em introduzir no tratado da Alca limitariam as possibilidades de intervenção do Estado na economia brasileira; c) o acordo aumentaria a dependência brasileira em relação ao mercado norte-americano e aos capitais estrangeiros.
UNIDADE 5
Sociedade e espaço geográfico ■
Capí tulo tulo 16
A estrutura regional brasileira
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1.
68
Segundo Celso Lafer, o Mercosul é destino, pois o tratado de integração é o elemento central da aliança estratégica entre o Brasil e a Argentina. Essa aliança estratégica representou a inversão da antiga ri-
ATIVIDADES
Revendo o capítulo espaço exibe menos heterogen heterogeneidade eidade na esca1. O espaço la das microrregiões. A microrregião é a menor unidade de divisão regional oficial do Brasil,
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abrangendo apenas um pequeno conjunto de municípios. Sua dimensão a torna menos heterogênea, sob os pontos de vista físico e humano, que as mesorregiões e macrorregiões. 2.
a.
3.
a) A Região Concentrada, tal como proposta por Milton Santos, abrange as regiões Sudeste e Sul.
paços organizados sob a lógica de divisões do trabalho anteriores à revolução tecnocientífica. 7. a) As informações da tabela evidenciam que as principais empresas estatais atuavam na produção de bens de produção e bens intermediários (mineração, siderurgia) e no setor de infra-estrutura (eletricidade, telecomunicações). b) O programa de desestatização foi acompanhado pela criação de agências de regulamento e fiscalização das empresas privadas que se tornaram concessionárias de serviços públicos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por exemplo, tem a função de assegurar a concorrência no setor de telefonia e o cumprimento dos compromissos contratuais de qualidade e universalização dos serviços. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) destina-se a supervisionar a geração e distribuição de eletricidade.
b) A Região Concentrada distingue-se do restante do país pela densidade de objetos e infra-estruturas geradas pela revolução tecnocientífica e informacional e pelos fluxos baseados nesses objetos e infra-estruturas. Na Região Concentrada, o meio tecnocientífico e informacional desempenha função definidora das características do espaço geográfico. 4. . 8 9 9 1 e d o ir er e v fe e d 9 1 e d 0 1 6. 9
a) Na região metropolitana de São Paulo, a industrialização foi impulsionada por um conjunto de fatores reunidos no complexo cafeeiro exportador, desde as últimas décadas do século XIX. Entre esses fatores destacam-se a disponibilidade de capitais, a mão-de-obra gerada pela imigração européia e a infra-estrutura de transporte, representada pela malha ferroviária. b) Na região metropolitana do Rio de Janeiro, a industrialização foi originalmente impulsionada pela presença, no final do século XIX, do maior porto de exportação e importação do país e pela função de capital política nacional desempenhada pela cidade.
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i nc) Na região metropolitana de Belo Horizonte, a industrialização refletiu, desde o início, o esforço de atração de investimentos realizados pela elite el ite política do estado, por meio da concessão de incentivos fiscais e da pressão pela instalação de siderúrgicas estatais no Vale do Aço, junto às reservas minerais do Quadrilátero Ferrífero. a id ib or p o ã ç u d or p e R
d) No Vale do Paraíba, o crescimento industrial refletiu a expansão dos mercados consumidores metropolitanos de São Paulo e do Rio Ri o de Janeiro e foi impulsionado pela implantação da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), durante a Segunda Guerra Mundial. 5.
8.
a) O conceito de economias de aglomeração explica a concentração industrial na metrópole paulistana. O salto industrial inicial, propiciado pelas riquezas geradas no complexo cafeeiro, criou condições para a atração de novos investimentos. As infra-estruturas, o mercado consumidor e o mercado de trabalho resultantes desempenharam o papel de novos fatores de atração de investimentos. b) O conceito de deseconomias de aglomeração explica a retração industrial da metrópole paulistana a partir da década de 1980. A elevação geral dos custos de produção – em função do aumento do preço da terra e dos tributos e da organização sindical dos trabalhadores – adicionou-se a fatores como os congestionamentos de tráfego e a degradação ambiental. Nessas condições, os novos investimentos tenderam a procurar localizações exteriores à metrópole, contribuindo para a descentralização industrial. 9. b.
10.
d.
O capítulo no contexto 6. a) Segundo essa argumentação, a Região Concentrada é o espaço geográfico estruturado em torno do meio tecnocientífico e informacional. b) Fora da Região Concentrada, os elementos do meio tecnocientífico e informacional se apresentariam em manchas ou pontos isolados, em es-
A expansão industrial recente aumentou a participação da Região Sul no valor da produção e no emprego, o que significa que ocorreu descentralidescentralização da indústria, em escala nacional. Contudo, essa expansão industrial recente na Região Sul realizou-se, essencialmente, nas regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre, reforçando aglomerações já existentes.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
a) As unidades da Fiat localizam-se em Betim (MG) e Sete Lagoas (MG). A opção de implantação das fábricas nas proximidades de Belo Horizonte
69
refletiu a tendência de se evitar as deseconomias de aglomeração da metrópole paulistana, buscando custos de produção mais baixos, sem contudo abandonar as vantagens de localização associadas à proximidade dos grandes mercados consumidores do Sudeste. b) O Vale do Paraíba, com fábricas de veículos implantadas em São José dos Campos (SP), Taubaté (SP) e Porto Real (RJ), configura uma dessas novas localizações. A região metropolitana de Curitiba, com fábricas de veículos implantadas em Curitiba (PR) e São José dos Pinhais (PR), é outra dessas novas localizações.
serviços de consultoria. Outro exemplo são as atividades bancárias. 3.
São Paulo é uma “metrópole onipresente” no território nacional pois concentra os centros de decisão das grandes empresas industriais e financeiras e as empresas que atuam em serviços especializados, como grandes escritórios de advocacia e de consultoria.
4.
O capítulo discute a descentralização industrial recente e as transformações na economia do estado de São Paulo, que reforçou sua hegemonia no setor bancário e financeiro. Essas tendências podem ser entendidas por meio da noção de concentração das atividades de comando e dispersão das atividades de produção.
c) A única fábrica localizada fora da chamada Região Concentrada é a unidade da Ford em Camaçari (BA). O padrão geral representado no mapa revela a preferência por localizações na Região Concentrada, mas fora das metrópoles de São Paulo e do Rio de Janeiro. 2.
a) O “novo polígono” abrange a maior parte da Região Concentrada. Ela oferece um vasto espectro de localizações industriais situadas fora das duas metrópoles globais. b) As localizações situadas no “novo polígono” abrangem as grandes e médias cidades do Sudeste e Sul, beneficiadas pelos elementos do meio tecnocientífico e informacional. c) O “novo polígono” ajuda a entender a noção de Região Concentrada, pois evidencia as profundas desigualdades na organização do espaço geográfico nacional. As metrópoles e cidades médias do Sudeste e do Sul estão integradas por intensos fluxos financeiros e por infra-estruturas típicas da “era da informação”.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1.
2.
70
O fenômeno da “dispersão das modernizações pelo país nas décadas mais recentes” está associado aos novos investimentos industriais no CentroSul, mas fora das aglomerações tradicionais, e à difusão da agricultura moderna no Centro-Sul e nas franjas da Amazônia. Entre os inúmeros exemplos podem-se citar os novos investimentos da indústria de automóveis no Paraná e em Minas Gerais, e a expansão do cultivo de soja no Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. A “produção imaterial” é constituída pelas atividades financeiras e pelos serviços ligados à difusão e análise de informações especializadas. O texto exemplifica essa “produção imaterial” ao analisar os
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Capí tulo tulo 17
Nordeste, nordestes
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Revendo o capítulo 1. c. 2.
a) Entre 1988 e 2002, a produção brasileira de cacau despencou, devido à brutal redução da produção baiana. Essa redução deve-se à concorrência dos produtores africanos, à queda dos preços internacionais do produto e à praga da “vassoura-de-bruxa”, que dizimou as plantações do sudeste da Bahia.
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b) As cidades são Ilhéus e Itabuna.
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a) A sub-região da Zona da Mata compreende as planícies e os tabuleiros litorâneos úmidos do Nordeste oriental. Historicamente, Historicamente, seu espaço organizou-se em torno da produção canavieira e dos engenhos, e depois usinas, de açúcar. Na Zona da Mata encontram-se as metrópoles nacionais de Recife e Salvador, as capitais estaduais do Nordeste oriental e os principais pólos industriais nordestinos. b) A sub-região do Agreste é uma zona de transição climática e ecológica entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semi-árido. Parte importante da sub-região corresponde ao Planalto da Borborema. Historicamente, seu espaço organizou-se com base na policultura familiar em pequenas propriedades. As principais cidades do Agreste, chamadas “capitais do Agreste”, adquiriram importante função comercial.
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c) A sub-região do Sertão, uma vasta depressão pontilhada por chapadas, é o domínio do semiárido e da caatinga. Historicamente, seu espaço organizou-se com base no latifúndio pecuarista, muitas vezes associado à produção algodoeira. Nas últimas décadas, com a irrigação, surgiram importantes pólos exportadores de frutas. 5.
c.
O capítulo no contexto 6.
. 8 9 9 1 e d o ir er e v fe e
a) Do ponto de vista do meio natural, o “Nordeste açucareiro” estruturou-se nas planícies e tabuleiros litorâneos do Nordeste oriental. Essa faixa caracteriza-se por precipitações abundantes, concentradas no outono e inverno. No passado, esteve recoberta pela Mata Atlântica. O “Nordeste algodoeiro-pecuarista”, por sua vez, estruturou-se no semi-árido nordestino, ou seja, nas depressões interiores caracterizadas por precipitações irregulares e relativamente escassas e pela cobertura vegetal da caatinga. b) Do ponto de vista social e político, o “Nordeste açucareiro” caracterizou-se pela hegemonia da elite de usineiros e grandes plantadores de cana. O “Nordeste algodoeiro-pecuarista”, por sua vez, caracterizou-se pela hegemonia dos grandes latifundiários da pecuária, que associaram a essa atividade o cultivo de algodão, muitas vezes por meio de sistemas de arrendamento.
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8.
a) O Pólo Petroquímico de Camaçari foi um empreendimento financiado por capitais estatais e privados, que se beneficiaram de incentivos fiscais da Sudene. Sua implantação respondeu à estratégia de industrialização do Nordeste por meio da implantação de pólos de produção de bens intermediários voltados para os mercados do Centro-Sul. b) A implantação de novas indústrias têxteis no Ceará reflete tendências mais amplas da globalização da economia. Os investimentos destinam-se a extrair o máximo de benefícios da vantagem comparativa regional representada pelos baixos custos da força de trabalho. Os incentivos fiscais, as políticas industriais do governo estadual e a adoção de sistemas flexíveis de organização do trabalho funcionaram como ingredientes decisivos na estratégia das empresas. 9. O Vale do Jequitinhonha mineiro foi incluído na área de atuação da Sudene como resposta à pressão da elite estadual de Minas Gerais, que reivindicava participar da direção do órgão de planejamento e beneficiar-s beneficiar-see dos incentivos fiscais destinados ao “Nordeste da Sudene”. A inclusão foi justificada com base em características naturais (a ocorrência de secas) e sociais (a pobreza) do Vale do Jequitinhonha mineiro.
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a) Segundo o diagnóstico do Dnocs, a pobreza nordestina decorria do fenômeno natural das secas. Com base nesse diagnóstico, a solução seria a construção de obras hidráulicas, principalmente açudes, que pudessem reter, por longos períodos, a água das chuvas. b) A passagem citada constitui uma crítica à linha oficial do Dnocs pois o autor revela uma visão ecológica mais abrangente sobre o semi-árido. Na sua visão, os setores de planejamento deveriam preocupar-se com a proteção da cobertura vegetal e dos solos, ameaçados pela devastação. c) Denomina-se “indústria da seca” aos mecanismos de desvio de recursos públicos para as oligarquias nordestinas, a título de combate às secas. As obras hidráulicas e as estradas financiadas por recursos federais funcionaram como instrumentos de valorização do latifúndio sertanejo, onde em geral foram construídas. Manipuladas pelos “coronéis do Sertão”, as verbas destinadas ao combate às secas engordaram o patrimônio de particulares e contribuíram para as carreiras políticas dos poderosos locais.
1.
Na área irrigada indicada no mapa desenvolve-se o cultivo de frutas tropicais para exportação.
2.
No semi-árido nordestino predomina a pecuária extensiva tradicional. O Vale do Açu distingue-se tanto pela atividade econômica (o cultivo de frutas tropicais para exportação) quanto pelas técnicas modernas utilizadas no cultivo e comercializ comercialização ação dos produtos.
3.
As rodovias viabilizam o pólo de fruticultura do Vale do Açu, pois asseguram o transporte dos produtos até os portos exportadores.
TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1. O texto 1 expressa posição contrária à transposição, pois o rio São Francisco não teria água suficiente para atender às novas demandas e porque o projeto estaria destinado a expandir o agronegócio no Sertão nordestino, provocando degradação ambiental. Segundo esse texto, a solução adequada para aumentar a oferta de água no semi-árido é
71
a multiplicação de cisternas familiares que retenham as águas da chuva para o consumo humano e para os animais. 2.
Segundo o texto 2, 2, o projeto não gera impactos ambientais desfavoráveis de grande monta, pois o volume de água submetido à transposição seria muito pequeno e porque o período de maior demanda de água no semi-árido coincide com a estação das chuvas nas cabeceiras do São Francisco.
3.
O debate sobre a transposição das águas do rio São Francisco não se circunscreve a aspectos técnicos. Trata-se de um debate de cunho político. Os defensores do projeto enfatizam a carência de água para explicar a pobreza do semi-árido. Aqueles que a ele se opõem argumentam que a pobreza deriva da estrutura de propriedade da terra, interpretam a transposição como estímulo ao agronegócio e insistem em políticas de fomento à pequena agricultura familiar.
■
postos e bases do Exército e da Aeronáutica numa faixa de cerca de 150 quilômetros adjacente às fronteiras setentrionais, desde Oiapoque (AP) até Tabatinga (AM). b) O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) tem como objetivos principais o controle do tráfego aéreo, a fiscalização de fronteiras, o monitoramento de queimadas, o desflorestamento, os garimpos ilegais e o mapeamento de recursos naturais, por meio de uma rede integrada de sensoriamento remoto e telecomunicações que abrange a maior parte da Amazônia Legal.
O capítulo no contexto 6.
Capí tulo tulo 18
A Amazônia e o planejamento regional ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. e. 2.
Na década de 1970, sob a coordenação da Sudam, a Amazônia Legal transformou-se transformou -se em um vasto cenário de investimentos estimulados por recursos públicos. Até 1985, mais de 900 projetos foram aprovados pela Sudam. A legislação vigente nesse período determinava que a devolução dos recursos públicos recebidos por projetos cancelados não envolveria juros ou correção monetária. Desse modo, em ambiente econômico inflacionário, abandonar projetos incentivados tornou-se um negócio altamente lucrativo.
3.
a) A usina hidrelétrica de Tucuruí localiza-se no rio Tocantins, no sul do Pará. b) A usina fornece eletricidade aos projetos mineroindustriais da Amazônia Oriental. Os principais clientes industriais de Tucuruí são os grandes pro jetos de alumina e alumínio situados em Barcarena (PA) e São Luís (MA). 4. d.
5.
72
a) O Programa Calha Norte foi concebido com a finalidade de proteger as fronteiras setentrionais, por meio da instalação de uma rede integrada de
7.
a) Os padrões tradicionais de ocupação do espaço geográfico na Amazônia estruturaram-se em torno da pequena agricultura de várzea, associada à pesca e à coleta florestal, e da circulação pelas vias fluviais formadas por rios e igarapés. Os padrões modernos de ocupação do espaço amazônico estruturam-se em torno das metrópoles regionais e de grandes projetos minerais e agropecuários, e baseiam-se na circulação rodoviária. b) Os igarapés constituem as vias básicas de circulação das populações ribeirinhas. Sua privatização implicaria a supressão dos fundamentos do modo de vida tradicional dessa população, gerando êxodo rural e inchaço urbano. Por isso, justificase a proteção dos igarapés como vias públicas públi cas de circulação. a) O oeste do Maranhão encontra-se na área de atuação da Sudene, pois o Maranhão faz parte da Região Nordeste. Encontra-se também na área de atuação da Sudam, pois faz parte da Amazônia Legal. b) O pólo industrial de São Luís (MA) mantém relações mais consistentes com a Amazônia do que com o Nordeste, pois depende da eletricidade fornecida pela usina de Tucuruí e do eixo de transporte da E. F. Carajás.
8.
a) O gráfico revela que a expansão demográfica acelerada de Manaus ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, quando a participação da cidade na população do estado do Amazonas saltou de cerca de um terço para cerca de metade. b) O fenômeno da expansão demográfica acelerada de Manaus foi provocado pela cri ação da Zona Franca de Manaus e pela conseqüente implantação de um pólo industrial moderno na cidade.
9.
O ecoturismo tem potencial para se firmar como importante atividade econômica na Amazônia,
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gerando renda e empregos e dinamizando um conjunto de atividades do setor terciário. Seu fundamento é a preservação das paisagens e dos ambientes da região. 10.
As palafitas, que são favelas erguidas sobre rios ou igarapés, refletem o inchaço das cidades amazônicas e o caráter desordenado desordenado do crescimento urbano na região. A Vila de Carajás é uma companytown , ou seja, um núcleo urbano planejado, erguido por uma empresa e destinado a abrigar a mão-de-obra permanente empregada no projeto mineral. As duas formas de urbanização derivam dos processos de modernização da economia amazônica, que se realiza sob o signo da exploração empresarial dos recursos naturais e à margem de qualquer planejamento orientado para o desenvolvimento sustentável.
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TRABALHANDO COM MAPAS 9 1 e d o
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1.
O mapa revela o processo histórico de apropriação de terras em Rondônia pela agricultura comercial que decorreu da frente pioneira constituída por migrantes, geralmente provenientes do Centro-Sul. O título do mapa é adequado, pois sintetiza esse processo por meio do uso do conceito de fronteira agrícola.
2.
A apropriação de terras em Rondônia pela agricultura comercial realizou-se, essencialmente, ao longo da rodovia Brasília-Acre, que figura como principal eixo de transporte de produtos agrícolas para os mercados do Centro-Sul.
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A proximidade, ou mesmo contigüidade, entre as áreas de colonização agrícola e as reservas indígenas é fonte de tensões fundiárias e de violência no campo, envolvendo colonos e indígenas.
TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1. Os dois textos abordam o extrativismo florestal, discutindo-o em relação ao planejamento do desenvolvimento na Amazônia. 2.
O autor do texto 1 expressa uma posição ferozmente contrária à noção de que o extrativismo possa funcionar como esteio para o desenvolvimento amazônico. Ele considera que esse tipo de proposta traduz uma visão ingênua e idílica ou, de outro lado, os interesses empresariais “da poderosa indústria farmacêutica internacional, dos grupos econômicos que trabalham com a biotecnologia, com a engenharia genética e a etnobiologia”.
3.
A autora do texto 2, 2, pelo contrário, defende a idéia de que o extrativismo possa funcionar como eixo de um redirecionamento da economia amazônica, baseado no conceito de desenvolvimento sustentável. Ela afirma que uma prioridade é “garantir “garanti r o controle do acesso aos recursos naturais por seus usuários, assegurando assim os direitos dos trabalhadores da floresta”, o que revela a visão de uma economia extrativista moderna, mas baseada na pequena produção local.
■
Capí tulo tulo 19
Desigualdades sociais e pobreza Revendo o capítulo 1. a) Os 20% mais ricos apropriavam-se, em 2000, de 68% da renda total. b) Os dados do gráfico evidenciam que a distribuição da renda no Brasil é extremamente desigual: o quinto mais rico da população concentra mais de dois terços da renda total enquanto os quatro quintos restantes não chegam a apropriar-se sequer de um terço da renda total. c) O padrão extremamente desigual de distribuição da renda nacional é uma das principais causas da pobreza de parcela significativa da população brasileira. 2. b. 3.
Ainda que a incidência de pobreza seja maior no meio rural, o número absoluto de pobres é maior nas cidades, devido ao elevado grau de urbanização da população brasileira.
4.
a) João dos Santos Oliveira não coloca seu filho na escola porque depende da ajuda dele para realizar seu trabalho e porque não tem residência fixa, pois depende de serviços oferecidos esporadicamente em cidades distintas. b) A incidência do trabalho infantil é maior nas atividades agropecuárias porque muitas delas não exigem qualificação específica do trabalhador, tal como acontece na grande maioria das atividades urbanas.
O capítulo no contexto 5. a) O Brasil pertence ao segundo grupo, formado pelos países nos quais a concentração da renda é a principal causa da pobreza. b) Historicamente, a extrema concentração da renda no Brasil foi condicionada por estruturas sociais marcadas por rígida estratificação de classes, herança da escravidão, e pela concentração da propriedade fundiária. Em meados do século XX, a concentração de renda aprofundou-se em virtude
73
dos processos combinados de urbanização e industrialização, que provocaram uma nítida distinção entre os rendimentos dos trabalhadores urbanos qualificados e não-qualificados. 6.
d.
7.
A Região Nordeste é a de maior incidência da pobreza no Brasil, em conseqüência de suas estruturas econômicas históricas, marcadas pelo contraste entre o latifúndio e o minifúndio e agravadas pelo processo excludente de desenvolvimento industrial iniciado em meados do século XX. A Região Sul, ao contrário, é a de menor incidência de pobreza, em virtude da formação de um mercado consumidor regional que se apoiou sobre uma estrutura agrária de pequenas propriedades familiares e uma industrialização largamente sustentada por capitais regionais.
8.
9.
O senador José Sarney sugere que, apesar de ser apontado pelas estatísticas nacionais e internacionais como um dos estados mais miseráveis do Brasil, o Maranhão ostenta a maior igualdade social do país, já que quase metade da população vive no campo em regime de subsistência. De acordo com ele, os indicadores sociais só provam que a população do estado não é afetada pela “sedução do consumismo” típica das metrópoles. Entretanto, as estatísticas mostram que, no Maranhão, a mortalidade entre crianças até um ano de idade, assim como o analfabetismo entre os maiores de 15 anos, é significativamente superior à média nacional. Isto significa que parcela expressiva da população maranhense morre por falta de cuidados básicos com a saúde das gestantes e dos recém-nascidos, e parte dos que sobrevivem jamais irão aprender a ler ou a escrever. Considerando o discurso do senador, parece que também os hospitais e as escolas atendem a necessidades supérfluas, geradas pelo consumismo desenfreado das populações urbanas... O texto revela o mecanismo por meio do qual a população de baixa renda, que não tem acesso ao mercado imobiliário formal, é levada a ocupar áreas de risco ambiental ou interditadas pelo poder público. Este mecanismo é um dos principais responsáveis pela degradação ambiental urbana, que acaba por atingir de maneira mais direta a população carente que ocupa as encostas íngremes sujeitas ao desmoronamento, os fundos de vale sujeitos à inundação e as margens de mananciais poluídos, que se transformam em focos de transmissão de doenças.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
74
Os mapas não sustentam a conclusão de que há pouca diferença de renda per capita no interior de cada unidade da federação. Eles mostram a renda
per capita média de brancos e negros no interior de
cada unidade da federação e, por isso, não autorizam conclusões sobre a distribuição de renda nesses grupos populacionais. Além disso, os mapas permitem concluir que existem fortes diferenças de renda per capita per capita média entre brancos e negros no interior de cada unidade da federação. 2.
Os mapas evidenciam a forte desigualdade de renda no Brasil, sob o ponto de vista regional e estadual. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e o Distrito Federal, apresentam níveis de renda per ca pita superiores ao do restante do país, para brancos e negros. O Sudeste e o Centro-Oeste apresentam níveis de renda per capita superiores aos do Norte e Nordeste, para brancos e negros.
3.
São Paulo e Rio de Janeiro situam-se na mais alta classe de renda p er capita nos dois mapas, pois são as unidades da federação que concentram as maiores e mais produtivas empresas dos setores Secundário e Terciário, funcionando como pólos da economia nacional. O Distrito Federal situa-se na mais alta classe de renda per per capita capita nos dois mapas pois concentra a maior parte da burocracia de Estado, que dispõe de salários muito mais elevados que a média nacional.
4.
Os mapas evidenciam que a renda per capita dos negros é menor que a dos brancos, em média, em todos os estados da Federação. Eles também evidenciam que as desigualdades regionais de renda manifestam-se com intensidade similar entre as populações branca e negra.
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TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES ã
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Dialogando com os textos 1, não existe uma 1. De acordo com a autora do texto 1, relação direta entre pobreza e violência; para ela, a criminalização da pobreza é antes fruto do preconceito do que da realidade social. 2.
O autor do texto 2 argumenta que a proximidade física entre pobres e ricos na cidade do Rio de Janeiro é um produto das múltiplas relações entre os dois grupos, posto que os pobres garantem sua sobrevivência prestando serviços aos ricos, que por sua vez garantem seu estilo de vida comprando os serviços dos pobres.
3.
O texto 4 mostra como o poder público, ao remover uma favela situada em um local nobre do tecido urbano, induziu a ocupação ilegal da terra, já que a indenização paga aos moradores não foi suficiente para lhes garantir acesso ao mercado imobiliário formal. Este episódio ilustra o argumento central do texto 3, 3, de acordo com o qual a produção da ilegalidade é parte do mecanismo de desenvolvimento urbano brasileiro.
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A questão fundiária ATIVIDADES
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Revendo o capítulo 1. a) Na raiz desse fenômeno encontra-se a crise da agricultura familiar, que sofre os efeitos da concorrência globalizada, da subordinação aos oligopólios industriais e agroindustriais e da sucção de recursos pelo sistema financeiro. Uma das razões dessa crise é a redução dos subsídios agrícolas verificada ao longo da década de 1990. b) A crise da agricultura familiar gera êxodo rural, inchaço das periferias urbanas e aumento da quantidade de trabalhadores sem terra no campo. 2. A tabela revela que as regiões Sudeste e CentroOeste exibem participação da agricultura familiar na produção agrícola regional significativamente menor que as demais. Esse fenômeno resulta da difusão maior da agricultura patronal empresarial no Sudeste e no Centro-Oeste. 3.
a) A canção retrata o processo de êxodo rural que se desenrola aceleradamente no Brasil desde a década de 1930. b) A transferência de mão-de-obra da agropecuária para a indústria e os serviços é a causa principal do êxodo rural. Essa transferência, em ritmo acelerado, está associada à modernização técnica da agropecuária e à concentração fundiária.
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O capítulo no contexto 6.
a) O texto esclarece como o apossamento de terras na Primeira República contribuiu para acentuar a concentração fundiária. Os posseiros-fazende posseiros-fazendeiros iros dispunham de recursos para assegurar o controle sobre as terras que ocupavam. Por outro lado, l ado, os pequenos posseiros, carentes desses recursos, acabavam perdendo a posse das terras. b) A “fronteira aberta” funcionou como válvula de escape para as tensões sociais, ao possibilitar o estabelecimento dos trabalhadores pobres do campo em novas terras, como posseiros. c) O padrão de expansão contínua da fronteira agrícola entrou em esgotamento na década de 1980. A fronteira agrícola, durante décadas, recebeu parte dos excedentes demográficos gerados pela modernização agrícola. O “fechamento” da fronteira agrícola provoca aumento do êxodo ru-
ral e intensificação das tensões no campo e dos conflitos fundiários. Grile leir iros os são os agentes dos grandes proprietários 7. a) Gri fundiários que se dedicam a legalizar a propriedade sobre as terras apossadas ilegalmente. A falsificação de títulos de propriedade da terra, pela via da corrupção de funcionários cartoriais, é um de seus principais instrumentos de atuação. Posseiros são camponeses que detêm a posse real, mas não a propriedade legal da terra que cultivam. b) Os métodos utilizados pelo MST são variados e abrangem a realização de acampamentos de trabalhadores sem-terra às margens de rodovias, a ocupação de terras reivindicadas para reforma agrária e manifestações públicas nas cidades. 8. O tamanho dos estabelecimentos rurais está relacionado às formas de uso da terra. A proporção de terras utilizadas para lavouras permanentes ou temporárias diminui dos pequenos para os grandes estabelecimentos. A parte das terras utilizadas para pastagens naturais ou plantadas é menor nos pequenos estabelecimentos e maior nos estabelecimentos médios. A proporção de terras com matas aumenta dos pequenos para os grandes estabelecimentos. O reflorestamento empresarial é o uso da terra característico dos grandes estabelecimentos. 9. a) A instalação de empresas de telecomunicações e alta tecnologia absorveu parcela significativa da mão-de-obra não-especializada, gerando carência de força de trabalho nas lavouras de café. b) O relevo montanhoso da região limita as possibilidades de mecanização das lavouras. Por isso, dada a carência de mão-de-obra não-especializada, os fazendeiros de café recorrem ao antigo sistema da parceria. c) A queda dos preços do café no mercado internacional tende a suprimir os produtores menores, abrindo caminho para a aquisição dos sítios pelos fazendeiros e provocando, portanto, concentração fundiária. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
A elevada participação de estabelecimentos rurais com menos de 10 hectares no Maranhão, no Ceará e na Bahia reflete a sobrevivência de extensas áreas de agricultura tradicional, voltada essencialmente para o autoconsumo, nesses estados. O binômio lal atifúndio-minifúndio, característico da agricultura tradicional no Brasil, continua a marcar a estrutura fundiária da maior parte do Nordeste.
2.
A elevada participação de estabelecimentos rurais com mais de 2.000 hectares no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul reflete as formas de ocupação do meio rural em grande parte do Centro-Oeste.
75
Os latifúndios de pecuária extensiva continuam a marcar a paisagem regional, ao lado de extensas fazendas modernas de grãos, especialmente soja. TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1. O texto de João Pedro Stédile propõe a desapropriação de “todos os latifúndios existentes” e o estabelecimento de “um tamanho máximo da propriedade da terra”. Essas propostas configuram um projeto de mudança radical das estruturas fundiária e agrária no Brasil, com a virtual extinção da grande agricultura patronal. 2.
3.
4.
O texto de José Eli da Veiga defende a agricultura familiar, pois ela tem alto potencial de geração de empregos e seu estímulo tem efeitos positivos sobre os padrões gerais de distribuição da renda nacional. O texto de Francisco Graziano Neto critica a noção de que os assentamentos de reforma agrária possam contribuir para a redução do desemprego. Na sua visão, o desemprego se combate com a criação cri ação de empregos, não com a distribuição de terras, pois a imensa maioria dos desempregados não dispõe dos meios financeiros, técnicos e intelectuais para sobreviver como agricultores na economia moderna. João Pedro Stédile enxerga a reforma agrária como uma mudança estrutural na economia e na sociedade brasileiras, que se expressaria na extinção da classe de grandes empresários rurais e na implantação de um modelo econômico autônomo em relação ao mercado mundial. José Eli da Veiga interpreta a reforma agrária como um processo de reformas destinado a amenizar a pressão migratória sobre as cidades e melhorar a distribuição de renda. Francisco Graziano Neto não vê a necessidade histórica de mudanças provocadas pelo governo e pela legislação nas estruturas de propriedade da terra.
PARTE 3 Geografia e geopolítica da globalização UNIDADE 6
O espaço da globalização ■
Capí tulo tulo 21
Os fluxos da economia global
76
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. O capitalismo industrial estruturou, na segunda metade do século XIX, uma divisão internacional do trabalho baseada no intercâmbio de produtos industriais da Europa e dos Estados Unidos por gêneros tropicais e matérias-primas do resto do mundo. É nessa moldura que se registra a expansão acelerada da produção de gêneros tropicais de exportação na América Latina, Ásia e África. 2.
c.
3.
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4.
A aceleração do processo de centralização de capitais, na década de 1990, foi impulsionada pelo acirramento da concorrência em escala global, em virtude da tendência à liberalização dos mercados nacionais. Além disso, foi estimulada pelos vultosos investimentos em pesquisa, marketing e comercialização exigidos pela concorrência globalizada.
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a) O intercâmbio internacional de mercadorias tem, como eixos principais, os fluxos de comércio entre os Estados Unidos, a Europa Ocidental, a Ásia oriental e o Japão. b) As trocas comerciais entre os países subdesenvolvidos são pouco significativas, em primeiro lugar, em função das próprias dimensões das economias e dos mercados desses países, que limitam sua capacidade de exportar e importar. Em segundo lugar, são pouco significativas devido à composição das exportações da maior parte dos países subdesenvolvidos: os principais mercados consumidores de gêneros agrícolas tropicais e matérias-primas são os países desenvolvidos.
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Investimentos produtivos são fluxos de capitais destinados à implantação de unidades de produção ou comercialização de bens ou serviços nos países receptores. Investimentos financeiros são fluxos de capitais destinados aos mercados financeiros de títulos ou ações dos países receptores.
O capítulo no contexto 7. a) O sonho de Gerstacker revela a utopia ultraliberal de uma economia de mercado sem nenhuma regulação ou interferência estatal. Nessa situação utópica, as empresas transnacionais poderiam, sem qualquer empecilho, aproveitar-se plenamente das diferenças de recursos naturais e humanos entre as várias áreas do mundo de modo a maximizar seus lucros.
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b) As empresas transnacionais não funcionam, realmente, como “ilhas sem pátria”. Elas têm sede em determinado país, onde geralmente mantêm a maior parte de seu patrimônio e recrutam seus principais executivos. Em muitos casos, essas empresas mantêm estreitas relações com o governo do país onde fica sua sede. 8. Centralização de capital é o processo de expansão dos recursos controlados por um grupo empresarial por meio de fusões com outros grupos ou aquisições de outras empresas. O conglomerado suíço Nestlé ilustra esse processo. Por meio de inúmeras aquisições, retratadas na figura, configurou-se o atual conglomerado mundial. 9.
b) Os desembolsos anuais com juros e taxas de risco funcionam como sorvedouro de recursos em moedas fortes conseguidos através das exportações de mercadorias. O chamado “serviço da dívida” absorve, em alguns países devedores, parcela significativa das divisas obtidas com as exportações. Ele impõe a necessidade de esses países alcançarem elevados saldos comerciais positivos ou de atrair capitais financeiros de curto prazo, através da manutenção de altas taxas de juros internos. Assim, a dívida externa orienta as economias dos grandes devedores, reproduzindo a dependência financeira. . 8 9 9 1 e d o
ir er e v fe e d 9 1 e d 0 1 6. 9 i e L e l a n e P o gi d ó C o d 4 8 r
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a) As maiores dívidas externas do mundo são as do Brasil, da Rússia, do México, da China, da Indonésia e da Argentina.
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No contexto da revolução tecnocientífica e informacional, desenvolvimento é o controle sobre imensos volumes de capital e sobre as tecnologias que dinamizam as indústrias de ponta. A magnitude dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico é um importante indício do grau de desenvolvimento das economias nacionais. Os países subdesenvolvidos, carentes de capital, dependem de fluxos de capitais externos e das tecnologias controladas por empresas estrangeiras.
11. Nova York é uma das principais cidades mundiais, ou cidades globais, do planeta em grande parte devido ao papel que desempenha como centro financeiro mundial. Como revela a tabela, as empresas financeiras sediadas em Nova York possuem ativos muito superiores aos ativos somados das empresas financeiras sediadas nos demais centros de finanças dos Estados Unidos. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
Cidades mundiais são os centros onde se situam as sedes das corporações transnacionais, as bolsas de
valores, as grandes companhias de comércio exterior, as principais empresas de serviços jurídicos e financeiros internacionais e as organizações multilaterais como a ONU, o FMI e o Banco Mundial. Nessas cidades são tomadas decisões capazes de afetar a organização de territórios em escala macrorregional, continental ou mundial. 2.
As cidades mundiais, devido às funções que desempenham na economia internacional, são pólos de fluxos de tráfego aéreo muito i ntensos, pois elas figuram como destinos privilegiados das viagens de negócios.
3.
O mapa mostra que Nova York, Londres e Tóquio, as mais importantes cidades mundiais, são os maiores pólos de fluxos de tráfego aéreo no mundo.
4.
A África abriga apenas dois pólos destacados de tráfego aéreo: Cairo, no Egito, e Johannesburgo, na África do Sul. A comparação com os outros continentes revela que a África está fracamente conectada à economia global.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Durante o primeiro ciclo, nos anos 1970, os chamados “petrodólares” foram reciclados através dos grandes bancos privados internacionais, ampliando brutalmente a oferta de capitais de empréstimo. Durante o segundo ciclo, nos anos 1980 e 1990, os mercados de capitais desregulamentados funcionaram como veículos para os investimentos financeiros nos países subdesenvolvidos. 2.
Os capitais gerados pelos “choques de preços” do petróleo, nos anos 1970, foram a base financeira dos empréstimos bancários aos países subdesenvolvidos. Esses empréstimos ampliaram brutalmente as dívidas externas dos países asiáticos, latino-americanos, africanos e do Leste europeu.
3.
A chamada “crise das dívidas externas” foi deflagrada pela elevação dos juros nos Estados Unidos, no início da década de 1980. Os altos juros norteamericanos repercutiram sobre os juros internacionais, ampliando o estoque das dívidas dos países subdesenvolvidos.
4.
A globalização dos mercados financeiros não teria sido possível sem a “revolução da informação”. A evolução das telecomunicações e da informática gerou os meios técnicos para a integração dos mercados financeiros nacionais e para a intensificação dos fluxos globais de capitais financeiros.
77
7. ■
a)
Estados Unidos: população nascida no exterior (%)
Capí tulo tulo 22
Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano”
% 15
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ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. A mensagem de James Monroe ao Congresso definiu a orientação geral de política externa dos Estados Unidos até, pelo menos, menos , a Primeira Guerra Mundial. Seu sentido estratégico foi estabelecer uma distinção entre a política européia e a política americana. Os Estados Unidos afirmavam sua oposição à interferência das potências européias nas Américas e, implici tamente, apresentavam-se como a grande potência do “Hemisfério Americano”. 2.
3. 4.
5.
O expansionismo dos Estados Unidos foi justificado como base no ideário do Destino Manifesto. De acordo com ele, o povo norte-americano tinha sido selecionado pela providência divina para ocupar a enorme área entre os oceanos Atlântico e Pacífico, que seriam as “fronteiras naturais” do seu território. O Destino Manifesto funcionou como justificativa para a incorporação de territórios coloniais britânicos, franceses e espanhóis na América do Norte aos Estados Unidos. Mais tarde, funcionou como justificativa para a projeção da influência norte-americana na América Central e no Caribe. d. As leis de segregação racial, de um lado, e a expansão industrial do Nordeste e dos Grandes Lagos, de outro, provocaram o prolongado movimento migratório de negros do sul para o , desde o início do século XX Manufacturing Belt até a década de 1970. a.
O capítulo no contexto 6. a) A fronteira política não é um fato natural, pois sempre resulta de decisões humanas, adotadas pelos Estados. b) No Destino Manifesto, a doutrina das fronteiras naturais funcionava como justificativa para o processo de expansão territorial dos Estados Unidos. Nessa moldura, o rio Mississipi, primeiro, e o Oceano Pacífico, depois, foram declarados “fronteiras naturais” da nação norte-americana.
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Fonte: U.S. Census Bureau. Disponível em: . Acesso em 7 dez. 2004.
b) O gráfico revela que a parcela da população norte-americana nascida no exterior aumentou sem cessar entre 1850 e 1910, passando de 9,7% para pa ra 14,7%, mas experimentou redução no período seguinte, até atingir apenas 4,7% em 1970. Depois, voltou a crescer, atingindo 11,1% no ano 2000. Essas informações refletem as oscilações históricas na imigração para os Estados Unidos. As grandes ondas de imigração européia, de meados do século XIX até o início do século XX, XX , foram responsáveis pelo ciclo de crescimento da parcela da população norte-americana nascida no exterior. As restrições à imigração, nas décadas seguintes, provocaram o declínio registrado nos dados de 1940 e 1970. Nas últimas décadas, a forte onda imigratória constituída por latino-americanos e asiáticos gerou um aumento muito significativo da parcela de população norte-americana nascida no exterior que aparece no dado de 2000. 8. a) Atualmente, os principais grupos de imigrantes que se estabelecem nos Estados Unidos são latino-americanos (com destaque para os mexicanos) e asiáticos. b) A explicação de Victor Trevino evidencia que os grandes fluxos migratórios da América Latina para os Estados Unidos refletem os níveis salariais muito mais altos vigentes nesse país. 9.
O gráfico revela que, há décadas, as importações mexicanas originam-se predominantemente dos Estados Unidos e do Canadá. Entre 1980 e 2000, esse predomínio aumentou ainda mais, de forma que a América Anglo-Saxônica tornou-se responsável por três quartos das importações mexicanas. O Tratado do Nafta explica esse crescimento da participação dos Estados Unidos e do Canadá nas importações mexicanas.
10.
a) A tabela mostra que, no período 1980-2000, a América Latina aumentou bastante sua participação nas importações da Argentina e do Brasil. A União Européia e os Estados Unidos perderam
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participação nas importações da Argentina. A União Européia e os Estados Unidos aumentaram discretamente suas participações nas importações do Brasil. b) A implementação da Alca provavelmente provocaria um aumento significativo da participação dos Estados Unidos nas importações das duas maiores economias do Cone Sul, à custa da participação da União Européia. Isso porque ocorreria a redução ou a eliminação de tarifas de importação de produtos norte-americanos, o que aumentaria sua competitividade frente aos produtos europeus. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
O mapa representa os principais eixos de entrada de imigrantes mexicanos nos Estados Unidos e as áreas de origem e destino desses imigrantes.
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2. 9 1 e d
ro i er e v fe e d 9 1 e d 0 1 6.
O Sudoeste dos Estados Unidos configura uma faixa de fronteira cultural, pois a população de origem mexicana representa quase um quinto da população total dos estados dessa parte do país. Isso significa que a língua espanhola e a cultura mexicana em geral marcam fortemente essa região norte-americana.
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3.
O fenômeno representado no mapa esclarece um dos motivos principais da decisão norte-americana de criar o Nafta. O Acordo de Livre Comércio foi imaginado como um instrumento de integração mais forte entre as economias dos dois países, de modo a gerar empregos no México e reduzir as pressões migratórias em direção aos Estados Unidos.
4.
A caracterização do fenômeno como uma “reocupação” territorial remete à anexação, pelos Estados Unidos, da área que forma seu atual Sudoeste, em meados do século XIX. Mas essa caracterização não é adequada, pois a significativa presença de populações de origem mexicana em nada altera a soberania norte-americana nessa parte dos Estados Unidos.
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TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. Com a Guerra de Secessão, a burguesia industrial e financeira do Nordeste dos Estados Unidos estabeleceu sua supremacia política e econômica sobre todo o país. As políticas que essa burguesia impôs favoreceram o crescimento industrial do Nordeste e dos Grandes Lagos, o que configurou o Manufacturing Belt . 2.
O desenvolvimento do Sun Belt foi estimulado por meio de políticas públicas federais, como os investimen-
tos do New Deal em infra-estruturas nos estados do Sul, na década de 1930, e a descentralização estratégica da indústria bélica rumo ao Oeste, no pós-guerra. 3.
No pós-guerra, a força dos sindicatos reduziu-se sem cessar em função do declínio da participação da indústria no emprego total e das tendências de desconcentração espacial da indústria, que reduziram o predomínio das antigas concentrações industriais do Manufacturing Belt , onde se situam as principais organizações sindicais do país.
4.
As cidades do Nordeste conservam importante poder econômico e político porque funcionam como centros financeiros ou sedes das grandes corporações empresariais dos setores industrial e de serviços.
■
Capí tulo tulo 23
União Européia e CEI ATIVIDADES
Revendo o capítulo Mercad cadoo comum comum é o bloco econômico caracteri1. a) Mer zado pela livre circulação de bens, pessoas e capitais. Na união econômica e monetária, monetária , além dessas características, os Estados partilham uma moeda comum, emitida por um banco central comunitário. b) Tratado da CECA (1951), Tratado de Roma (1957), Tratado de Maastricht (1992). 2. a) Jean Monnet usava a expressão “Estados Unidos da Europa” para fazer referência ao processo contínuo de fusão de soberanias que conduziria a uma Europa federal. b) O euro não está transformando a União Européia num super-Estado, pois os Estados nacionais continuam controlando, soberanamente, suas forças armadas e conservam constituições próprias. 3. e. 4. a. 5. d. O capítulo no contexto 6. a) A CECA representou uma resposta política adequada ao rearmamento da Alemanha Ocidental, pois estabeleceu uma aliança estrutural entre ela e a França, ao colocar o controle sobre a estratégica indústria siderúrgica nas mãos de uma autoridade comunitária supranacional. b) A união econômica e monetária representou uma resposta política adequada à reunificação alemã, pois reafirmou e consolidou a aliança estrutural entre a
79
Alemanha Ocidental e a França, ao colocar o controle sobre a moeda e a política monetária nas mãos de um banco central comunitário supranacional. 7. a) A faixa de custos mais elevados compreende Alemanha, Suécia, Grã-Bretanha, França e Itália. A faixa de custos intermediários compreende Espanha, Grécia e Portugal. A faixa de custos mais baixos compreende Polônia, República Tcheca, Hungria e Eslováquia. b) Essas diferenças têm origem histórica. Na faixa de custos mais elevados encontram-se as potências econômicas industriais. Na faixa de custos intermediários intermediár ios encontram-se os países da Europa mediterrânica que conservam áreas econômicas significativas baseadas na agropecuária tradicional. Os países com custos menores são integrantes recentes do bloco europeu, cujas economias transitaram há poucos anos para o sistema de livre mercado, abandonando o modelo de planificação central adotado durante a Guerra Fria. 8. a) Do ponto de vista geopolítico, o Magreb é constituído pelo Marrocos, Argélia e Tunísia, países da África do Norte que foram colônias francesas. Do ponto de vista cultural, é constituído por sociedades árabes e muçulmanas. b) Esse fluxo migratório decorre das profundas desigualdades de renda e de salários que separam a França do Magreb. c) Esse fluxo migratório decorre da afinidade lingüística, pois a colonização francesa difundiu o francês entre parcelas significativas da população urbana do Magreb. 9. d. 10. A indústria na área da Comunidade de Estados Independentes organizou-se essencialmente no quadro da União Soviética, sob o sistema de planificação econômica central. Essa planificação orientou-se pelo imperativo estratégico da descentralização industrial e favoreceu a formação de grandes aglomerações de indústrias pesadas nas proximidades de importantes jazidas minerais. 11. A Chechênia, como outras repúblicas russas da região do Cáucaso, é habitada majoritariamente por muçulmanos. A bandeira da independência da Chechênia expressa, ao menos em parte, a oposição de lideranças políticas regionais ao poder russo, que é identificado com o cristianismo. TRABALHANDO COM MAPAS 1.
80
A Rússia européia exibe, de modo geral, densidades demográficas muito mais altas que a Rússia asiática.
Na Rússia européia encontra-se também a maior parte das grandes cidades do país. 2.
O corredor de densidades demográficas maiores que se estende de Moscou a Novosibirsk e depois prossegue, em trechos de densidades médias, até o Oceano Pacífico, corresponde à faixa sob a influência da Ferrovia Transiberiana. Ao longo da ferrovia, implantaram-se pólos industriais e surgiram importantes centros urbanos.
3.
As baixas densidades demográficas que dominam a Rússia setentrional refletem as condições climáticas e ecológicas da zona subártica. O frio intenso, o congelamento sazonal dos rios e mares e a camada de permafrost que limita o uso agrícola dos solos explicam o fraco povoamento dessa zona.
TEXTO COMPLEMENTAR 8
. 9
Dialogando com o texto 1. Os eventos discutidos desenrolam-se na passagem entre as décadas de 1940 e 1950. Ao tratar da “Alemanha”, Monnet refere-se à RFA, criada em 1949.
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As reservas de carvão e a siderurgia da faixa de fronteira entre Alemanha e França contribuíram para aprofundar os conflitos históricos entre os dois países pelo controle do Ruhr, da Alsácia e da Lorena. d
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Os Estados Unidos e o Reino Unido favoreceram a recuperação da economia industrial alemã pois, com o início da Guerra Fria, a RFA tornava-se um aliado crucial no interior do bloco ocidental. Esse foi o motivo decisivo para a aplicação do Plano Marshall à RFA. p
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4.
A solução elaborada por Monnet para “o problema da soberania” foi o tratado da CECA, que criava uma autoridade comunitária supranacional com a finalidade de exercer o controle sobre a exploração dos minérios siderúrgicos e sobre a indústria do aço. O Tratado da CECA representou o embrião do Mercado Comum Europeu.
5.
O carvão e o aço desempenhavam um papel significativo nas relações internacionais, pois a siderurgia era considerada, na época, uma indústria estratégica. Além de fornecer bens intermediários a outras indústrias, ela também fornecia o aço usado em tanques, blindados, navios militares e canhões.
6.
A solução européia aos problemas da nova conjuntura foi a união econômica e monetária. O método de Monnet voltou a ser utilizado: a fusão de soberanias num campo estratégico como instrumento de soldagem da aliança política entre os Estados europeus.
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b) Os gráficos revelam a grande importância dos fluxos de comércio intra-asiáticos, principalmente nos casos da China e da Coréia do Sul, mas também no caso do Japão. Eles evidenciam que esses fluxos, tomados em conjunto, são maiores que os fluxos com os Estados Unidos e muito maiores que os fluxos com a União Européia.
Capí tulo tulo 24
A Bacia do Pacífico ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. c. 2. a. 3.
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“toyotismo”” identifica um sistema a) A expressão “toyotismo de trabalho flexível, baseado em pequenas equipes de operários, na radical redução de estoques por meio de sofisticadas técnicas de logística e na extensão da automação produtiva.
b) O “fordismo” surgiu no início do século XX, enquanto o “toyotismo” foi elaborado a partir da década de 1970, associando-se à revolução tecnocientífica. No “fordismo “fordismo”, ”, a mão-de-obra organiza-se de modo rígido, segundo a lógica das linhas de montagem e a produção é padronizada e serializada. No “toyotismo” a automação domina os processos produtivos e as mercadorias são customizadas. 4. O modelo de plataforma de exportação baseia-se em políticas públicas destinadas a ampliar ampli ar as exportações de bens manufaturados. A manutenção de uma taxa de câmbio subvalorizada assegura a competitividade dos produtos de exportação no mercado mundial. O investimento em educação técnica garante a oferta de mão-de-obra qualificada. Ao mesmo tempo, a legislação trabalhista assegura às empresas que os custos de contratação de mão-de-obra permaneçam relativamente baixos. Nesse modelo, as demandas do mercado mundial, não as do mercado interno, orientam os investimentos e o crescimento econômico.
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O capítulo no contexto 6. a) O Estado japonês que emergiu da Restauração Meiji era militarista e expansionista. A terrível derrota na Segunda Guerra Mundial, concluída pelos bombardeios nucleares, provocou uma reinvenção política do Japão. Essa reinvenção expressou-se na Constituição pacifista adotada no pós-guerra. b) O Japão não construiu seu próprio arsenal nuclear devido à proibição constitucional, à ampla oposição da opinião pública interna e ao acordo de defesa militar firmado com os Estados Unidos no pós-guerra. 7. a) Os gráficos revelam que os Estados Unidos são o maior cliente do Japão, da China e da Coréia do Sul, adquirindo entre um quinto e um quarto de suas exportações.
a) Hong Kong e Cingapura são cidades-Estado, exibindo áreas e populações muito menores que as dos demais NPIs. b) A Indonésia é o mais populoso entre os NPIs, e também o mais pobre, o que se evidencia por seu PIB per capita, significativamente menor que os dos demais países. c) O setor da eletrônica e informática desempenha um papel crucial na indústria dos NPIs e nas suas relações com a economia glo bal. Uma parcela significativa dos investimentos em eletrônica e informática provém do Japão. A maior parte da produção destina-se ao mercado dos Estados Unidos.
9.
a)
Fontes dos investimentos externos diretos na China (%) 1995
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54,5
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Taiwan
8,5
5,6
Cingapura
5,1
5,4
Japão
8,2
7,1
Coréia do Sul
2,7
3,7
79,0
60,8
Estados Unidos
8,2
10,8
Reino Unido
2,4
2,9
Alemanha
1,1
2,4
Outros
9,3
23,1
Hong Kong
Total Bacia do Pacífico
Total geral
100,0
100,0
Fonte: Statistical Yearbook of China, 2002. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2004.
81
b) Entre 1995 e 2000, a participação dos países da Bacia do Pacífico nos investimentos externos na China diminuiu significativamente, em virtude, sobretudo, da queda da participação dos investimentos oriundos de Hong Kong. Assim, embora a Bacia do Pacífico e, em particular Hong Kong, tenha conservado a posição de fonte da maior parte dos investimentos externos, a China tornou-se um destino de investimentos diretos provenientes do mundo inteiro. c) As empresas e os investidores da Bacia do Pacífico desempenharam um papel decisivo na abertura da economia chinesa, como revelam os dados da tabela. Uma parcela significativa desses investidores tem origem chinesa e atuam a partir de Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Coréia do Sul ou Malásia. 10.
11.
A China e os “Tigres Asiáticos” figuram como grandes potências comerciais, pois suas arrancadas industriais realizaram-se realizaram-se na moldura da globalização e suas políticas econômicas priorizaram as indústrias exportadoras, não a produção para os mercados internos.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1.
A conclusão inicial não é referendada pelo resto do texto. Ao contrário, a análise mais refinada dos dados mostra que, com a globalização, apenas alguns poucos países subdesenvolvidos ampliaram sua participação no comércio mundial.
2.
Os países asiáticos responsáveis por esse crescimento são a China e os NPIs.
3.
A expansão da participação do México no comércio mundial decorreu praticamente do salto do seu comércio com os Estados Unidos e o Canadá, provocado pela criação do Nafta. A China e os NPIs percorreram trajetória diferente, em função da expansão do comércio intra-asiático. Assim, ao contrário do México, uma parcela significativa da expansão da participação desses países no comércio mundial refletiu o crescimento do intercâmbio com outros países subdesenvolvidos.
4.
a) O Xinjang-Uigur é habitado majoritariamente por muçulmanos de origem turcomena. As políticas de estímulo às migrações de chineses étnicos, conduzidas por Pequim, destinam-se a soldar a região ao restante da China, evitando o crescimento das pressões autonomistas e separatistas. b) O Xinjang-Uigur se localiza na passagem entre a China e a Ásia Central. Culturalmente, separa a civilização chinesa dos povos muçulmanos da Ásia Central. Economicamente, essa passagem é importante devido aos vastos depósitos de gás natural e petróleo da bacia do mar Cáspio.
82
1.
A escolha das cores usadas no mapa obedece aos critérios de clareza e boa leitura. Os tons mais escuros identificam as zonas onde o fenômeno representado (produto por habitante) é mais intenso. Os tons mais claros identificam as zonas onde o fenômeno representado é menos intenso.
2.
As grandes disparidades espaciais dos valores do produto por habitante refletem a importância desigual da indústria no território chinês. A industrialização concentrou-se nas províncias litorâneas, gerando empregos de maior remuneração e estimulando o comércio e os serviços. No interior, predominam largamente as atividades agrícolas.
d
No início de sua arrancada industrial, industrial, os NPIs gravitavam em torno do mercado consumidor dos Estados Unidos e dependiam de importações de máquinas e equipamentos do Japão. Eles funcionavam como nexos na rede global da microeletrônica e informática que liga os Estados Unidos ao Japão. Hoje, porém, os NPIs estão muito mais integrados a uma densa rede intra-asiática de comércio e investimentos. a
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“O dínamo chinês está integrando o mercado asiático”, pois a China tornou-se uma potência comercial e o principal destino dos investimentos internacionais. Essas mudanças provocaram forte crescimento das relações econômicas entre o Japão, os NPIs e a China. O texto procura responder a questão a partir de uma ampla perspectiva histórica. Levando em conta o passado e a demografia, o texto sugere que a expansão econômica chinesa pode ainda percorrer um longo caminho, aumentando bastante sua participação na produção e na riqueza globais.
UNIDADE 7
A fronteira Norte/Sul ■
Capí tulo tulo 25
Periferias da globalização
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muito pequeno, em função da pobreza da população rural. Em conseqüência, a urbanização e a industrialização desenvolveram-se de modo muito limitado.
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. c. 2.
e.
8.
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O Brasil é um país subdesenvolvido industrializado, com maioria de população urbana. Sua estrutura setorial da PEA revela que a modernização das atividades agrícolas ainda não se completou. A Índia é um país subdesenvolvido com maioria de população no meio rural, cuja economia depende fortemente das atividades agrícolas. O Japão é um país desenvolvido que apresenta estrutura setorial da PEA típica das potências pós-industriais. 4. a) O IDH foi criado pela ONU para servir como referência comparativa das condições de vida das populações do mundo. b) O IDH baseia-se em três grandes indicadores, aos quais são atribuídos pesos iguais: a expectativa de vida; o nível de instrução, representado pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa de escolarização; e o PIB per capita. c) O PIB per capita é a divisão da riqueza nacional pela população. O resultado é uma fração ideal, que não leva em conta que grande parte da riqueza nacional é capital empresarial e que há fortes desigualdades na distribuição da renda familiar. O IDH procura corrigir essas distorções, pela adição de indicadores vitais e sociais. 5. Essas informações evidenciam que, ao contrário da Ásia meridional, a Ásia oriental percorreu uma trajetória de crescimento econômico que provocou uma forte redução da pobreza absoluta e a melhoria real das condições de vida das populações. 6. d.
O capítulo no contexto 7. a) O sistema de agricultura de trabalho intensivo, que organiza o cultivo do arroz na Ásia meridional, assenta-se na grande utilização de força de trabalho e na fraca aplicação de capital. Nas planícies e vales dominados pelo cultivo de subsistência do arroz, as altas densidades de população rural determinaram um excessivo parcelamento da terra. A criação de gado nunca se desenvolveu como atividade independente, pois as pastagens são escassas. A enorme população rural tem de sobreviver exclusivamente com os rendimentos agrícolas proporcionados pela quantidade limitada de terras disponíveis. b) A divisão do trabalho e o comércio entre o campo e a cidade conheceram um desenvolvimento
a) O gráfico evidencia que o IDH nem sempre acompanha o PIB per capita. Nos casos do Paquistão e da Jamaica, não há grandes disparidades entre os dois indicadores. Porém, nos casos do Vietnã e do Marrocos há: o primeiro apresenta PIB per capita muito baixo, mas IDH intermediário; o segundo, apresenta PIB per capita superior à média, mas IDH inferior à média. b) Provavelmente, essas discrepâncias refletem a maior ou menor desigualdade na distribuição da renda familiar e a maior ou menor difusão dos serviços públicos de saúde e educação.
9.
a) Nos países desenvolvidos, a participação da alimentação nos gastos familiares é pequena, enquanto nos países subdesenvolvidos esse item responde pela maior parcela dos gastos familiares. b) As diferenças refletem as desigualdades na renda das famílias. Nos países subdesenvolvidos, a renda média reduzida das famílias é consumida principalmente nos itens de primeira necessidade. Nos países desenvolvidos, as famílias têm renda disponível para consumo mais diversificado.
10.
a) As crises agudas de fome não se confundem com a subalimentação crônica. A fome aberta deriva da indisponibilidade absoluta de alimentos. A subalimentação não deriva da falta de comida, mas da carência de renda. A escassa renda disponível é direcionada para necessidades inadiáveis, como a aquisição de remédios, roupas, moradia ou transporte para o trabalho. b) As crises de fome na África Subsaariana coincidem, de modo geral, com grandes secas ou inundações, ou ainda com guerras civis. Mas, por trás delas, existem fatores estruturais responsáveis pela miséria permanente de imensas parcelas da população africana: a combinação de elevadas taxas de incremento populacional com a retração conjunta do valor das exportações agrícolas e minerais e da produção de alimentos para o mercado interno.
11.
A análise da pirâmide etária demonstra o impacto avassalador da Aids na estrutura de idades da população de Botsuana. A epidemia reduziu dramaticamente a expectativa de vida e diminuiu significativamente a proporção de adultos em idade reprodutiva. No final da década, a estrutura etária exibirá predomínio de populações nas faixas entre 15 e 30 anos.
83
TRABALHANDO COM MAPAS
O fenômeno da pobreza absoluta apresentou evoluções divergentes nas diversas regiões do mundo subdesenvolvido. A quantidade de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia foi radicalmente reduzida na Ásia Oriental e Pacífico, Pacífico , o que é um reflexo dos efeitos positivos do crescimento econômico da China e de vários outros países da região sobre as condições de vida da população pobre. Na Ásia do Sul a quantidade de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia reduziu-se muito pouco. Uma redução proporcionalmente maior verificou-se na América Latina e Caribe.. Contudo, na África Subsaariana ocorreu forte ribe aumento da quantidade de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia, como reflexo d a combinação entre fraco crescimento econômico e elevadas taxas de incremento demográfico. TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1.
2.
3.
4.
84
O fato de Botsuana apresentar a maior taxa de prevalência do HIV no mundo é paradoxal, pois o país não está entre os mais pobres da África Subsaariana e apresenta um sistema político estável. Esse paradoxo explica-se, de acordo com o texto, pela elevada mobilidade espacial da população do país e pela importância singular dos fluxos de trabalhadores temporários empregados na mineração na África do Sul. Essas condições foram particularmente favoráveis à difusão do HIV e ao desenvolvimento da epidemia de Aids. As minas de ouro sul-africanas do Witwatersrand são o foco de migrações regionais de trabalhadores de toda a África austral. Na área das minas, a promiscuidade sexual e o uso irregular de preservativos geraram condições propícias à prevalência do HIV. As migrações de retorno dos trabalhadores das minas difundiram a infecção em vários países da África austral.
5.
As iniciativas destinadas a elevar o estatuto social das mulheres são elementos decisivos nas estratégias de combate à epidemia de Aids na África Subsaariana e também em outros lugares do mundo. O acesso à educação e a possibilidade de conquista de independência financeira reduzem a prostituição feminina e aumentam as chances de que as mulheres exijam de seus parceiros sexuais o uso de preservativo.
■
Capí tulo tulo 26
A transição demográfica Revendo o capítulo 1. A teoria malthusiana, surgida no contexto da transição demográfica da maioria dos países europeus, naturaliza a dinâmica demográfica das sociedades e argumenta que a miséria e as doenças são mecanismos naturais de controle do crescimento da espécie humana. A teoria neomalthusiana, que começou a ser difundida quando a transição demográfica impulsionava o crescimento da população dos países subdesenvolvidos, defende que a pobreza é resultante das elevadas taxas de incremento demográfico. L
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2.
O gráfico destaca o elevado incremento populacional dos países subdesenvolvidos desde meados do século XX, em contraste com o incremento populacional moderado que marca os países desenvolvidos no mesmo período. Esta desigualdade é fruto da queda generalizada da mortalidade que teve início nos países subdesenvolvidos nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, devido ao fenômeno conhecido como “Revolução Médico-Sanitária”.
3.
As migrações da África do Norte para a Europa ocidental e de diversos países do Oriente Médio para o Golfo Pérsico evidenciam a importância da proximidade nos fluxos migratórios internacionais.
4.
A crise da estrutura familiar expressa-se na difusão da prostituição aberta ou oculta, como estratégia de sobrevivência de parte da população feminina. Essas condições propiciaram a difusão acelerada da Aids na África austral.
A queda da mortalidade infantil no período assinalado deve-se principalmente aos diversos programas de saúde da família implementados pelo Estado, ao aumento da cobertura vacinal entre as crianças brasileiras e aos programas de combate à subnutrição infantil financiados por entidades civis.
5.
A difusão acelerada da Aids na África austral aprofunda a crise da estrutura familiar, pois produz famílias constituídas por adolescentes e crianças órfãos, alguns dos quais infectados desde o nascimento. Esses adolescentes e crianças ficam aos cuidados de seus avós.
As pirâmides revelam a redução da natalidade e o aumento da expectativa de vida que ocorreram no Brasil entre 1970 e 2000.
O capítulo no contexto 6. De acordo com Thomas R. Malthus, a natureza impõe as leis que conservam as populações dentro de
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limites prescritos, negando-lhes o espaço e o alimento necessários ao crescimento ilimitado. No caso da humanidade, estas leis naturais se traduziriam na existência de miseráveis, aos quais a natureza nega a satisfação das necessidades básicas. Este raciocínio contesta a importância da cultura e da história como condicionantes de todas as atividades humanas, inclusive aquelas que dizem respeito à procriação. 7.
. 8 9 9 1 e d o ir er e v fe e d 9
O mapa revela que os países subdesenvolvid os vivem em momentos diferentes da transição demográfica. Na América Latina, por exemplo, devido à urbanização, as taxas de natalidade apresentam sinais de decréscimo já há algumas décadas e a transição demográfica se encontra em sua segunda fase; na África Subsaariana a tendência de declínio da natalidade só começou a se manifestar na década de 1990, as taxas de crescimento natural da população continuam sendo as mais elevadas do planeta, e a transição demográfica ainda não completou sua primeira fase. Assim, não existe uma dinâmica demográfica comum ao mundo subdesenvolvido.
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a) Os gráficos revelam que a taxa de fecundidade e a taxa de mortalidade infantil diminuem sensivelmente conforme aumentam os anos de estudo das mulheres e das mães, respectivamente. b) Os gráficos revelam que as mulheres com baixo grau de instrução apresentam as maiores taxas de fecundidade e estão sujeitas a elevadas taxas de mortalidade infantil. Estas variáveis estão de fato relacionadas: as mulheres tendem a ter mais filhos quando sujeitas a riscos elevados de mortalidade infantil; além disso, os anos de estudo da mãe se refletem no maior conhecimento sobre os métodos anticoncepcionais e em maiores recursos para o cuidado com as crianças.
gi d ó C o d 4 8 .1t r A . a id ib or p o ã ç u d or p e R
9.
10.
De acordo com este argumento, a redução da mortalidade infantil é contemporânea ao aumento da mortalidade entre os jovens, que são os mais afetados pela epidemia de violência que se espalha nos grandes centros urbanos brasileiros. Assim, apesar da mudança do perfil da mortalidade, ele ainda é um sinal inequívoco da tragédia social que marca a realidade brasileira. Em uma parcela significativa dos lares brasileiros, a aposentadoria dos idosos contribui decisivamente no orçamento familiar. Dessa maneira, os recursos destinados aos idosos acabam sendo transferidos para seus filhos e netos, ampliando o acesso destes ao consumo e ajudando a dinamizar o conjunto da economia. Este é o significado do efeito multiplicador ao qual se refere o texto.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
De acordo com o mapa, as principais zonas de expulsão demográfica são o México, a América Central e o Caribe, o Peru e a Colômbia, a Bolívia e o Paraguai, a África do Norte, o Sahel, o Egito, Egi to, a Turquia, o Indostão, a China, a Coréia do Sul e o Sudeste Asiático.
2.
De acordo com o mapa, as principais zonas de atração de movimentos migratórios são os Estados Unidos, a Europa Ocidental, a África do Sul, os países do Golfo Pérsico, a Austrália e a Nova Zelândia, o Japão e a Argentina.
3.
O mapa revela que os Estados Unidos, o Canadá e a União Européia formam os pólos de atração dos imigrantes qualificados, isto é, cientistas, pesquisadores, engenheiros e técnicos, que deixam principalmente os países subdesenvolvidos da Ásia.
TEXTOS COMPLEMENTAR COMPLEMENTARES ES
Dialogando com os textos 1, o planejamento 1. De acordo com o autor do texto 1, familiar deve ser considerado uma prioridade, dado o custo social das gestações não planejadas no Brasil, que repercutem no inchaço das cidades e na carência generalizada de escolas, hospitais, habitações e até mesmo de cadeias. 2.
O autor do texto 1 enfatiza que, na década de 1970, os militares, a Igreja católica e os comunistas eram contrários às políticas de planejamento familiar. Os militares, porque pensavam no significado estratégico do povoamento do conjunto do território brasileiro; a Igreja, porque seus dogmas não admitem o uso de métodos anticoncepcionais; os comunistas, porque esperavam que as convulsões sociais resultantes da explosão demográfica ajudassem na derrocada do capitalismo.
3.
De acordo com as autoras do texto 2, 2, o declínio sistemático da taxa de fecundidade ocorrido nas últimas décadas no país, principalmente entre as mulhemulhe res mais pobres, desautoriza qualquer preocupação com a explosão demográfica.
4.
Ambos os textos abordam o rejuvenescimento da fecundidade brasileira, brasil eira, isto é, o fato de que a proporção de nascimentos aumentou entre as mulheres mais jovens. De acordo com o autor do primeiro texto, trata-se de uma tragédia social, já que a maior parte destas mulheres não tem maturidade ou recursos para criar seus filhos de maneira digna.
85
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Capí tulo tulo 27
Urbanização e meio ambiente ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. d. 2.
Cidades globais são aquelas que funcionam como intermediárias dos fluxos de mercadorias, capitais, serviços e informações que impulsionam a globalização da economia, independente do número de habitantes que possuem. Megacidades são aglomerações metropolitanas que abrigam mais de 10 milhões de habitantes.
3.
O gráfico revela a tendência de cresciment crescimentoo das megacidades situadas nos países subdesenvolvidos, que acompanha a rápida urbanização desses países. Como não existem recursos suficientes para ampliar as infra-estruturas urbanas básicas, as novas megacidades do mundo subdesenvolvido apresentam profundos problemas sociais e ambientais.
4.
a) O mapa revela que a periferia de Washington apresenta, no outono, temperaturas abaixo de zero muitos dias antes da zona central da cidade. Esse é um claro indicador da ação do fenômeno da ilha de calor .
O capítulo no contexto 6. a) A taxa de urbanização indica o ritmo de incremento da população urbana. Os países desenvolvidos apresentam vasta maioria de população urbana, ao contrário da maior parte dos países subdesenvolvidos. Justamente por isso, o ritmo de incremento da sua população urbana é, atualmente, menor que o dos países subdesenvolvidos. b) Os países mais pobres ainda apresentam maioria de população rural. Essa população transfere-se para as cidades em ritmo acelerado, sob o impulso dos fatores do êxodo rural. Isso explica suas elevadas taxas de urbanização. c) De modo geral, o nível de urbanização (isto é, a parcela de população urbana na população total) é diretamente proporcional ao nível de desenvolvimento econômico. Os países desenvolvidos apresentam economias baseadas na indústria, no comércio e nos serviços – ou seja, nas atividades essencialmente urbanas. 7. A Europa já exibia uma densa rede urbana composta por milhares de cidades dos mais diferentes tamanhos quando a Revolução Industrial fez surgir o fenômeno das metrópoles. Por isso, a população urbana dos países no continente não está concentrada em apenas alguns núcleos urbanos, como acontece em diversos países subdesenvolvidos. o
8.
b) As grandes cidades apresentam temperaturas médias maiores do que as zonas rurais dominadas pelo mesmo clima. Na mancha urbana, as temperaturas aumentam da periferia em direção ao centro. Esse fenômeno, conhecido como ilha de calor , resulta de alterações humanas sobre o meio ambiente. O consumo intensivo de combustíveis fósseis em aquecedores, automóveis e indústrias transforma a cidade em uma fonte inesgotável de calor. Os materiais usados na construção, como o asfalto e o concreto, elevam o índice de albedo, pois servem de refletores para o calor produzido na cidade e para o calor solar. De dia, os edifícios funcionam como um labirinto de reflexão nas camadas mais altas de ar aquecido. À noite, a poluição do ar impede a dispersão de calor. 5.
86
A expressão “cidade legal” designa as áreas da cidade nas quais o parcelamento do terreno, o uso do solo e as construções estão estã o de acordo com as normas da legislação urbanística vigentes no município; o que não acontece na chamada “cidade ilegal”.
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b) A favela representa um artifício para morar na cidade sem consumir as mercadorias imobiliárias. Ela se caracteriza pela ocupação ilegal e precária de terrenos públicos ou particulares. O cortiço representa a solução mais antiga e difundida do problema de moradia das classes de baixa renda. Esses imóveis, em estado de conservação deplorável, são subdivididos e locados para inúmeras famílias. A divisão do imóvel funciona simultaneamente como estratégia imobiliária capaz de gerar lucros para os proprietários e solução para o problema de habitação dos locatários, que não podem pagar o preço do aluguel de uma residência individual. 9.
d
a) O padrão periférico de crescimento urbano é caracterizado pela disseminação de moradias populares em bairros autoconstruídos na periferia da mancha urbana.
O texto demonstra que uma porcentagem significativa das habitações precárias do Rio de Janeiro está localizada em áreas de elevado risco ambiental, em especial deslizamentos e inundações. De fato, o mercado imobiliário reserva as áreas nobres do tecido urbano para a população de elevado poder aquisitivo.
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Para os pobres, restam as áreas sujeitas aos mais diversos riscos ambientais. Assim, não é por acaso que eles são sempre os mais afetados pelos desastres ambientais que costumam acontecer nas grandes cidades brasileiras. 10.
a) A reciclagem dos resíduos sólidos possibilita que o lixo, em vez de se acumular no ambiente, seja reintroduzido no circuito de produção e consumo, de forma a diminuir tanto a demanda pelos recursos quanto o volume de dejetos.
tam o centro às periferias, não responde adequadamente a essas necessidades. 4. Uma primeira repercussão transparece na verticalização de tradicionais bairros residenciais, que reflete a insegurança associada à residência unifamiliar. Uma segunda repercussão transparece na proliferação de condomínios residenciais fechados, que “vendem” a segurança.
b) O vidro e os materiais plásticos podem ser reutilizados; o papel pode ser reciclado.
UNIDADE 8
Geopolíticas da globalização ■
TRABALHANDO COM MAPAS
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1.
Evolução do fenômeno urbano nos países do Golfo da Guiné;
2.
O mapa revela o acelerado processo de urbanização e de crescimento dos núcleos urbanos que ocorre na região.
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O acelerado êxodo rural é a principal causa deste fenômeno. Entre suas conseqüências, destaca-se o acirramento dos problemas de infra-estrutura e das diversas carências urbanas, já que nesta região o incremento da população não é acompanhado pelo crescimento da economia urbana.
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Dialogando com o texto 1. a) Segundo o “esquema clássico” da estruturação do espaço urbano, o centro da cidade é ocupado pelas atividades comerciais e de serviços, enquanto os bairros residenciais e os distritos industriais distribuem-se, em função das vias de circulação, em anéis periféricos. b) 1. O surgimento de importantes núcleos de comércio e serviços e centros de negócios em localizações periféricas; 2. O surgimento dos condomínios residenciais de alto padrão em áreas periféricas distantes do centro (periurbanização). 2. Porque essas infra-estruturas de circulação conectam a cidade a mercados internacionais. Esse fenômeno revela a importância e o papel dos principais núcleos urbanos na era da globalização. 3.
As novas necessidades de deslocamento exigem a conexão, por transportes públicos, entre áreas diversas dos bairros residenciais, subúrbios e pólos econômicos dispersos no espaço urbano. O esquema tradicional dos transportes públicos, que conec-
Capí tulo tulo 28
Da Guerra Fria à “nova ordem mundial”
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. a) A fronteira estratégica da Guerra Fria denominava-se Cortina de Ferro. b) O bloco geopolítico ocidental, sob a liderança dos Estados Unidos, caracterizava-se pela economia de mercado e pelo predomínio de sistemas políticos democráticos. O bloco geopolítico da Europa oriental, sob a liderança da União Soviética, caracterizava-se pela economia centralmente planificada e por sistemas políticos de partido único. c) O alargamento das fronteiras econômicas e estratégicas do bloco ocidental na direção do leste expressou-se, desde o fim da Guerra Fria, pela transformação dos países do antigo bloco soviético em economias de mercado e pelo ingresso na OTAN e na União Européia de vários desses países. 2.
a) Essa dicotomia traduziu-se na geopolítica européia pela constituição de um bloco liderado pelos Estados Unidos, de um lado, e pela consolidação da influência soviética sobre os países do Leste europeu, de outro. No fundo, a Doutrina Truman contribuiu decisivamente para a divisão da Europa em blocos geopolíticos antagônicos, separados pela fronteira estratégica da Cortina de Ferro. b) O Plano Marshall, na esfera econômica, e a OTAN, na esfera militar, foram os principais instrumentos de intervenção dos Estados Unidos na política européia da Guerra Fria.
3.
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4.
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O capítulo no contexto 5. O conceito de sistema uni-multipolar proposto pelo autor expressa a desconexão entre os fundamentos econômicos e os fundamentos estratégicos da ordem mundial pós-Guerra Fria. No plano econômico, o cenário global é nitidamente multipolar. No plano estratégico, o cenário é unipolar, pois os Estados Unidos ocupam o lugar de hiperpotência. hi perpotência. 6.
7.
8.
O autor evidencia a fraqueza e as distorções no intercâmbio cultural entre os Estados Unidos e o mundo árabe e muçulmano. As imagens caricaturais dos árabes e muçulmanos nos Estados Unidos e as proibições de difusão de informações sobre os Estados Unidos impostas por regimes ditatoriais árabes são responsáveis por essa deficiência no intercâmbio cultural. a) Os órgãos deliberativos máximos da ONU são a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança. Na Assembléia Geral, cada Estado dispõe de um voto e as principais decisões são tomadas por maioria qualificada de dois terços, enquanto as decisões corriqueiras só necessitam de maioria simples. Mas, no que concerne às questões de paz e segurança, a Assembléia Geral está limitada a produzir recomendações, pois a tomada de decisões é atribuição do Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes e dez rotativos, eleitos pela Assembléia Geral. Os membros permanentes – Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França – dispõem de direito de veto. As decisões sobre temas de paz e segurança dependem de uma maioria de nove votos e da inexistência de um veto. b) A invasão do Iraque representou uma crise no sistema das Nações Unidas pois realizou-se à margem do Conselho de Segurança e, o que é pior, desafiando uma maioria do Conselho de Segurança que não se dispunha a autorizar a operação militar norte-americana. A guerra étnica que provocou a intervenção internacional em Kosovo, em 1999, foi detonada pelo conflito entre os nacionalismos sérvio e albanês. O nacionalismo sérvio ancora-se numa narrativa mítica que atribui a Kosovo o papel de berço histórico da nação. Mas Kosovo abriga uma maioria populacional de origem albanesa e religião muçulmana, que reivindica a independência.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
88
O inglês é a língua com maior área de difusão geográfica em virtude da expansão imperial britânica,
entre os séculos XVIII e XX. O Império Britânico estabeleceu o poder de Londres sobre territórios de todos os continentes, difundindo a língua inglesa por nações, colônias e possessões no mundo inteiro. 2.
A difusão geográfica da língua portuguesa acompanhou o colonialismo português. O Brasil, as antigas colônias portuguesas na África e alguns pequenos enclaves na Ásia tornaram-se, ao lado de Portugal, territórios onde o português é falado pela maioria da população.
3.
A difusão geográfica da língua russa acompanhou a expansão territorial da Rússia. No Império Russo, uma entidade política multinacional euro-asiática, o russo era a língua oficial.
4.
O ensino de espanhol em escolas brasileiras destina-se, principalmente, a intensificar o intercâmbio cultural entre o Brasil e os países hispânicos das Américas. Esse intercâmbio é um instrumento importante na consolidação dos acordos de integração política e comercial na América do Sul. d
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Dialogando com o texto 1. Os neoconservadores norte-americanos encaram a invasão do Iraque como um processo civilizatório pois imaginam que os Estados Unidos têm a missão de difundir valores “superiores” de organização política (a democracia representativa) e econômica (a economia liberal de mercado) entre os povos árabes e muçulmanos do Oriente Médio. 2.
O Ocidente e o Islã estão historicamente separados pelos valores atribuídos à política e à religião. No Ocidente, com a Reforma e o Iluminismo, difundiuse a idéia de que o Estado e a religião funcionam em esferas separadas. No mundo muçulmano, que ficou relativamente à margem dessas grandes revoluções filosóficas, o princípio de subordinação da política à religião continua a ser adotado por parcela importante das elites dirigentes.
3.
O texto mostra que, durante séculos, o mundo muçulmano desempenhou funções de vanguarda no campo das idéias. Nos tempos medievais, o Islã conservou o legado da filosofia e da ciência helenísticas. Durante sua expansão, o Islã protegeu e aprimorou os conhecimentos dos povos que subjugou. Ao longo de toda sua história, o mundo muçulmano vivenciou momentos importantes de debates filosóficos e políticos que desafiaram a rigidez doutrinária do fundamentalismo religioso.
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4.
Segundo o texto, a política dos Estados Unidos no Oriente Médio baseia-se numa interpretação histórica preconceituosa e procura introduzir reformas políticas e econômicas por meio da violência e da superioridade militar. Na avaliação do texto, essa política tem como resultado “semear o terreno no qual o fundamentalismo islâmico recruta seguidores”.
■
Capí tulo tulo 29
O mundo muçulmano e o Oriente Médio ATIVIDADES
governos dos países árabes e muçulmanos e se opõem à hegemonia ocidental. Esse programa de ação política ocupou um lugar que, antes, pertenceu ao pan-arabismo. 7. O texto refere-se ao processo de erradicação da paisagem árabe e da sua substituição pela paisagem israelense na Palestina, ao longo da trajetória de criação e consolidação do Estado de Israel. No plano político, esse processo acarretou o aparecimento de uma nação sem território, constituída pelo povo palestino. No plano simbólico, representou a supressão de elementos cruciais da memória palestina que, como a de qualquer povo, se inscreve nas paisagens sob as formas de cidades, povoados e campos cultivados. 8.
.
Revendo o capítulo 1. b. 8 9 9 1 e d
2.
e.
3.
d.
4.
O mundo árabe é o conjunto cultural constituído pelos países árabes do Oriente Médio e da África do Norte. Esse conjunto define-se como uma área de povos de língua árabe. O mundo muçulmano é o conjunto cultural constituído pelos países de população majoritariamente muçulmana, abrangendo áreas da África, Ásia e Europa.
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b) O “muro de segurança” pode ser interpretado como uma fronteira religiosa e cultural, pois separa árabes de israelenses e muçulmanos de judeus. 9.
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a) A dimensão religiosa da questão palestina expressa-se como tensão entre muçulmanos e cristãos palestinos, de um lado, e judeus de Israel, de outro. A dimensão cultural da questão palestina expressa-se como conflito entre árabes palestinos, de um lado, e judeus de Israel, de outro. b) Jerusalém é considerada cidade santa pelas três religiões monoteístas. Os lugares sagrados de Jerusalém concentram-se na Cidade Velha, em especial, na Esplanada das Mesquitas (chamada, pelos judeus, de Monte do Templo). Israel proclama Jerusalém como sua capital “eterna e indivisível”. Os palestinos reivindicam que a parte leste de Jerusalém, onde se situa a Cidade Velha, se torne a capital de seu futuro Estado.
O capítulo no contexto 6. a) A autora sustenta a tese de que o fundamentalismo tem aparecido em todas as grandes religiões como resposta aos problemas da modernidade. b) O fundamentalismo islâmico contemporâneo surgiu “como resposta aos problemas da modernidade” no sentido de que ofereceu um programa de ação política a grupos que combatem os
a) Desde 1967, Israel colocou em prática uma política de povoamento judaico dos territórios palestinos ocupados. A política oficial de colonização instalou mais de 200 mil israelenses na Cisjordânia, habitada por 2,2 milhões de palestinos.
A plataforma política do fundamentalismo islâmico contemporâneo é a restauração do califado que desapareceu junto com o império Turco-Otomano. Seu instrumento é a jihad (“guerra santa”) contra os “regimes infiéis” no mundo muçulmano e contra as potências ocidentais.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
A origem da ocupação israelense da Cisjordânia encontra-se na Guerra dos Seis Dias, de 1967.
2.
Sob o ponto de vista demográfico, a Cisjordânia é habitada por 2,2 milhões de palestinos, que vivem em cidades e povoados rurais, e por pouco mais de 200 mil israelenses, que vivem em assentamentos (colônias) criados a partir de 1967.
3.
Sob o ponto de vista geopolítico, a Cisjordânia é uma região da Palestina histórica. Essa região, habitada por árabes palestinos, fazia parte do território do Estado Palestino previsto pela ONU em 1947. Entre 1949 e 1967, a Cisjordânia permaneceu sob controle provisório da Jordânia. Desde 1967, tornou-se um território submetido à ocupação israelense.
4.
O Vale do Rio Jordão destaca-se, estrategicamente, por separar a Cisjordânia da Jordânia e por representar uma fonte de água numa região carente de recursos hídricos.
89
entre os diferentes grupos étnicos e culturais que foram agrupados no mesmo Estado. Até hoje, o aparato administrativo e burocrático dos Estados é quase sempre dominado apenas por um dos grupos étnicos, enquanto os demais são marginalizados.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dialogando com o texto 1. A meta do pan-arabismo era a unificação política dos povos árabes num Estado. Essa meta não se relacionava ao Islã pois baseava-se na identidade nacional (o projeto de uma nação árabe) e não na identidade religiosa. 2.
3.
4.
A Guerra dos Seis Dias representou não apenas uma dura derrota militar mas uma humilhação política do Egito nasserista diante de Israel, que tinha sido definida por Nasser como o inimigo principal da “nação árabe”. Por isso, a guerra assinalou a decadência do pan-arabismo. A meta do fundamentalismo islâmico contemporâneo é a restauração da unidade política da comunidade muçulmana (umma). Em outras palavras, a meta é a restauração do califado, o poder central do império islâmico. A Arábia Saudita tornou-se o foco principal de organização do fundamentalismo islâmico contemporâneo pois a monarquia saudita deu guarida aos líderes da Irmandade Muçulmana egípcia e estimulou o desenvolvimento de um “Islã político” em oposição à doutrina do pan-arabismo. Na Arábia Saudita surgiram as organizações da jihad global que, depois da Guerra do Golfo (1991), romperam com a monarquia saudita.
■
4.
O fracasso político dos Estados tem como conseqüência a desestruturação das redes de transporte e abastecimento e o isolamento de populações, que ficam extremamente vulneráveis às intempéries naturais, tais com as secas e as inundações.
O capítulo no contexto 5. Na primeira etapa, que se estendeu do século XVI até o início do século XIX, o tráfico de escravos africanos funcionou como um suporte para a dominação colonial européia da América e das Antilhas; na segunda etapa, que teve início em meados do século XIX, o continente africano tornou-se ele mesmo objeto de colonização e a rede de tráfico atlântico foi desmontada. 6.
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As violentas guerras étnicas que sacodem periodicamente diversos Estados africanos, tais como Etiópia, Sudão e Ruanda, figuram entre estas repercussões. 9
6.
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7.
Capí tulo tulo 30
Estado e nação na África
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As fronteiras atuais dos Estados africanos foram engendradas durante o período colonial, no qual as metrópoles européias aglutinaram etnias e tribos rivais no interior dos mesmos territórios. Mais tarde, com as independências, estas fronteiras passaram a delimitar países soberanos, marcados pela fragilidade do sentimento nacional e pela disputa entre diferentes elites tribais pelo controle contro le dos aparelhos de Estado. d
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8.
ATIVIDADES
Revendo o capítulo 1. A África do Norte compreende o conjunto civilizatório e cultural árabe e muçulmano, enquanto a África Subsaariana designa o conjunto de sociedades e culturas que se desenvolveram ao sul do deserto do Saara.
90
2.
Devido ao tráfico de escravos, o crescimento populacional do conjunto do continente africano foi nulo por cerca de duzentos anos, entre 1650 e 1850.
3.
a) As fronteiras na África não refletem a diversidade étnica e cultural dos povos do continente, pois, em sua maioria, foram traçadas pelas potências imperialistas da Europa. Por isso, elas não são fronteiras africanas. b) Em grande parte, a instabilidade política crônica na África Subsaariana resulta das tensões
O “racismo científico” apresentava a conquista dos povos “inferiores” como um dever moral dos povos “superiores”, destinados a dirigir o conjunto da humanidade. Assim, ele funcionou como uma justificativa ideológica da empresa colonial européia na África.
TRABALHANDO COM MAPAS 1.
A Nigéria forma um único país, pois as potências imperiais européias, ao estabelecerem seu domínio sobre a África, produziram fronteiras políticas que, hoje, delimitam os países africanos. As fronteiras nigerianas foram criadas pela Grã-Bretanha.
2.
Os hausa, que ocupam o norte do país, na faixa de fronteiras com o Sahel, tornaram-se predominantemente muçulmanos, pois sofreram a influência cultural dos mercadores árabes que percorriam o Saara. Os ibo, que ocupam o litoral e o baixo vale de
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3.
4.
rios que desembocam no mar, professam, na sua maioria, o cristianismo, pois sofreram mais diretamente a influência cultural das potências européias.
2.
Porque os atlas comuns apresentam mapas da África em escalas pequenas, nas quais é praticamente impossível representar estas ilhas.
A primeira capital da Nigéria independente foi Lagos, pois a cidade, localizada numa ilha costeira, funcionava como núcleo do poder colonial europeu no país. A localização de Lagos tornava-a diretamente acessível por mar e facilitava sua defesa em face de eventuais ataques provenientes do interior.
3.
O conceito de transgressão marinha explica que o mar tenha submergido parte do território do continente, deixando emersos apenas os cumes montanhosos transfigurados em ilhas e arquipélagos. Uma regressão marinha em larga escala poderia assim redefinir os contornos do continente.
4.
Estes arquipélagos funcionaram como pontos de apoio para os navegadores europeus que fizeram o reconhecimento do litoral africano, bem como para os negociantes e traficantes que organizaram o tráfico humano que alimentou as plantations americanas e antilhanas e para o estabelecimento das feitorias que iniciaram o empreendimento de conquista do continente.
5.
A conquista imperial do interior do continente africano foi deflagrada em meados do século XIX, e teve com conseqüência a divisão colonial do território que deu origem a maior parte das fronteiras e dos conflitos étnicos atuais.
A elite política dos ibos alimenta projetos de secessão, pois controla a área petrolífera do país e almeja auferir toda a renda advinda das exportações de petróleo.
TEXTO COMPLEMENTAR . 8 9 9 1 e d o
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Dialogando com o texto 1. Ilhas Seychelles, Ilhas Comores, Ilhas Cabo Verde, Ilhas Canária e Ilhas Dahlak estão entre os inúmeros arquipélagos situados próximos à costa africana.
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RESPOSTAS
VESTIBULARES VESTIBULAR ES /ENEM
PARTE 1 A dinâmica da natureza e as tecnologias Unidade 1
A linguagem da Geografia ■
Capí tulo tulo 1
A produção do espaço geográfico
1. d. 2. a)
b) Houve um movimento divergente das placas tectô-
nicas onde se encontravam o Brasil e a África, que começaram a se afastar gradativamente. Esse processo provocou falhas ou fraturas nas rochas superficiais do território brasileiro, o que possibilitou a elevação do material da astenosfera à superfície. c) A dinâmica das placas pode distribuir determinadas espécies em continentes diferentes, assim como pode também promover o surgimento de espécies endêmicas.
Entre a paisagem da cidade cristã de 1440 e a de 1840 registra-se adensamento das edificações. Além disso, na cidade de 1440 as construções que se sobressaem são as igrejas, enquanto na de 1840 sobressaem-se as indústrias.
3. e.
b) Essas alterações derivaram do conjunto de mudanças
4. a.
socioeconômicas associadas à Revolução Industrial européia. O êxodo rural provocou crescimento das cidades, que se tornaram foco da produção industrial.
5. a)
1. a)
2. c. 3. c. 4. d.
■
Capí tulo tulo 2
Interpretando os mapas 1. a)
O atlas revela o mundo sob uma perspectiva eurocêntrica. Os continentes são interpretados segundo as necessidades européias: a Ásia é vista como fonte de riquezas mercantis; a África, como fonte de mão-de-obra; a América, como região bárbara que deve ser colonizada e civilizada.
Porque o movimento dos materiais do manto atinge a crosta, gerando constantes acomodações das placas, imperceptíveis, e às vezes rearranjos repentinos e violentos.
O petróleo é de origem orgânica, sendo gerado pela decomposição anaeróbica deste material em ambiente marinho. Ele é encontrado em bacias baci as sedimentares e sua origem remonta à Era Mesozóica, quando, sob rápido soterramento, se inicia uma fase de acúmulo de microorganismos animais e vegetais. b) Um impacto ambiental negativo se dá com a poluição das águas, que causa danos aos ecossistemas marinhos atingidos. Isto ocorre pelo vazamento do óleo no momento em que é transportado em grandes navios. Os acidentes que provocam vazamentos durante o armazenamento e o transporte são comuns. Outro impacto negativo ocorre com a liberação de gás carbônico, no momento da queima do petróleo. Esse gás, um dos mais poluentes da atmosfera, produz a ocorrência do efeito estufa artificial.
b) O atlas de 1574 pertence ao período das Grandes
Navegações, época do capitalismo comercial. Nesse período, a Europa impunha seu domínio sobre as outras partes do mundo. 2. c.
■
Capí tulo tulo 4
As bases físicas do Brasil
3. e.
1. a.
4. d.
2. a.
5. d.
3. a. 4. d.
Unidade 2
A geografia da natureza ■
Capí tulo tulo 3
Geomorfologia e recursos minerais
92
5. a)
I — Planície Litorânea; II — Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste ou, simplesmente, Planalto Atlântico; III — Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná ou, simplesmente, Depressão Periférica Paulista; IV — Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná ou, simplesmente, Planalto Ocidental Paulista.
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b) A Planície Litorânea é um compartimento forma-
do por sedimentos marinhos, fluviais e lacustres do período Quaternário. O Planalto Atlântico é formado por cinturões orogênicos muito antigos, dobrados durante o ciclo brasiliano, no Pré-Cambriano, e submetidos a prolongado desgaste erosivo. A Depressão Periférica Paulista formou-se por sedimentação antiga, no Paleozóico, e assenta-se sobre camadas de arenitos. O Planalto Ocidental Paulista ergue-se sobre camadas de arenitos do Paleozóico, recobertas por rochas vulcânicas derramadas no Mesozóico.
Paisagens polares: caracterizam-se pelas baixas temperaturas ao longo do ano, devido à incidência perpendicular da radiação solar na superfície terrestre, permitindo, no máximo, a existência de uma cobertura vegetal muito rarefeita e restrita ao verão, a exemplo dos musgos. b) Floresta equatorial: áreas com baixas altitudes e vasta rede de drenagem, com grandes extensões alagadas por água doce; presença de clima equatorial com alta pluviosidade, grande umidade e elevadas temperaturas.
4. a)
5. a. 6. a)
■
Capí tulo tulo 5
Dinâmica climática e ecossistemas 1. c. . 8
2. c. 9 9 1 e d o
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I – Taiga ou coníferas II – Tundra III – Florestas tropicais úmidas IV – Savanas
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b) O cerrado está muito associado à área de expan-
são da fronteira agrícola pioneira; suas características vegetais e geomorfológicas favorecem a ocupação agrícola de seus espaços; e, por fim, o cerrado resiste melhor às queimadas.
V – Estepes ou pradarias b) I – Pinheiros aciculifoliados P
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II – Musgos e liquens III – Espécies latifoliadas d ó C o d 4 8 .1t
IV – Vegetação herbáceo-arbustiva V – Formações de gramíneas r A . a id ib or o
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O clima tropical é marcado pela alternância entre estação chuvosa de verão e estiagem de inverno. Na Mata Atlântica predomina o clima tropical úmido com tempo de estiagem menor, enquanto o cerrado, clima tropical semi-úmido, é marcado por tempo maior de estiagem. Quanto à característica botânica o cerrado se distingue por ser composto de dois extratos arbóreos: um mais alto, de caráter lenhoso e outro baixo formado por gramíneas, enquanto a Mata Atlântica se caracteriza botanicamente por sua densidade.
■
Capí tulo tulo 7
A esfera das águas e os recursos hídricos 1. d. 2. c. 3. c. 4. d.
■
Capí tulo tulo 6
Os domínios de natureza no Brasil 1. d. 2. d.
A massa Polar atlântica (mPa). b) A massa Equatorial continental (mEc) e também a massa Tropical atlântica (mTa). c) No verão, a massa Equatorial continental não encontra obstáculos, por isso se expande por boa parte do território brasileiro. No inverno, o avanço da massa Polar atlântica inibe a presença da massa Equatorial continental, restringindo-a ao noroeste amazônico.
3. a)
A maior parte do Aqüífero Guarani está situada no território brasileiro, e em porções menores no Paraguai, Argentina e Uruguai. b) O Aqüífero Guarani se encontra nos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná. É uma importante reserva de água de boa qualidade para o abastecimento da população, e sua recarga anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 km3 por ano, sendo que desta, 40 km 3 por ano é o potencial explorável sem riscos para o próprio sistema aqüífero. 6. a) O escoamento superficial é mais intenso devido à impermeabilização impermeabiliza ção gerada pelo processo de compactação dos solos agrícolas. 5. a)
93
b) A bacia onde se mantém a cobertura florestal na-
tural. Ali a erosão é bem menos intensa, porque a vegetação retém mais a água e as raízes ajudam a manter a estrutura do solo. c) Onde a declividade do terreno é mais acentuada ocorre maior torrencialidade, gerando maior capacidade de erosão com bacias de dispersão. Já onde a declividade é menor, o fluxo é menos intenso e a erosão também é menor, favorecendo as bacias de acúmulo.
integração produtiva com os países da bacia do Pacífico, particularmente particularmente com o Japão, a China e os Tigres asiáticos.
Capí tulo tulo 9
■
Agropecuária e comércio global de alimentos 1. b. 2. d. 3. c.
Unidade 3
Tecnologias e recursos naturais ■
Capí tulo tulo 8
Os ciclos industriais 1. c. 2. d. 3. As
inovações tecnológicas possibilitaram a transmissão instantânea e simultânea das informações, dando maior agilidade aos fluxos financeiros e de mercadorias. Por meio da ampliação dos meios técnicos e informacionais (nas áreas de telecomunicação e transportes), ocorreram a desconcentração industrial e a formação de tecnopólos (áreas industriais especializadas com alta tecnologia). A Inglaterra foi o berço da industrialização mundial, polarizada pelas indústrias têxtil e siderúrgica. Por muito tempo, o processo industrial foi caracterizado por empregar numerosa mão-de-obra (incluindo crianças) por longas jornadas, e poucos direitos trabalhistas. Em seguida a indústria, com as mesmas características da industrialização inglesa, se expandiu para outros países europeus, tais como Alemanha, França, Bélgica. b) Os novos espaços industriais europeus caracterizam-se pelas aglomerações de instalações e tecnopólos, incluindo novas áreas como o sul da Espanha, a Finlândia e a Irlanda. Também é possível observar uma reorganização do espaço industrial no continente, envolvendo, principalmente, os países industriais mais antigos, através dos consórcios de pesquisa e desenvolvimento, sob influência da integração econômica em curso.
Os países desenvolvidos buscam com os subsídios, entre outras coisas, preservar os empregos de sua população rural bem como garantir o controle de toda a cadeia de produção e circulação envolvida no agronegócio. b) Os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos restrigem as vendas e elevam o preço dos produtos agropecuários brasileiros no comércio exterior, tanto para os países desenvolvidos, quanto para os subdesenvolvidos.
4. a)
5. a)
6. a)
As indústrias de ponta, ligadas à informática e às telecomunicações.
b) Na Costa Oeste, com destaque para o Vale do Si-
lício, na Califórnia. A localização geográfica dessas indústrias facilita o intercâmbio comercial e a
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b) As diferenças estão associadas aos tipos de uso
do solo. Nas áreas de matas originais ela é menor, pois as raízes das plantas sustentam a terra. À medida que há desmatamento há um maior deslizamento da terra, que vai perdendo sua sustentação, no caso das pastagens, pelo pisoteamento dos próprios animais. Em cultivos permanentes a perda é menor pois, apesar do desmatamento há um uso constante dos solos, enquanto nos cultivos anuais a fixação das plantas ao solo é baixo, porque os cultivos são sazonais sazon ais e a terra fica parte do tempo desprotegida. É recomendável manter a cobertura vegetal e plantar obedecendo as curvas de nível.
4. a)
5. b.
Erosão. Sudeste Asiático, África, Estados Unidos, Brasil (América do Sul), norte da Europa e Austrália.
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Capí tulo tulo 10
Estratégias energéticas 1. b. 2. a. 3. e. 4. De
acordo com o gráfico, não existe uma correspondência entre a localização das reservas e a concentração do consumo de petróleo. A América do Norte, por exemplo, dispõe de apenas 3% das reservas, mas é responsável por 28% do consumo. No outro extremo, o Oriente Médio dispõe de 64% das reservas,
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mas participa com apenas 4% do consumo global. Esse descompasso ajuda a entender a importância econômica e estratégica dos países e regiões que abrigam as grandes reservas petrolíferas e dos fluxos internacionais do óleo. 5. Nos
países ricos os padrões de consumo estão apoiados no uso intensivo de fontes de energia não-renováveis, na ineficiência dos processos de aproveitamento dos recursos naturais e na redução indiscriminada da diversidade biológica. Estes padrões, caso sejam adotados pela maioria da população do planeta, somarão mais problemas ambientais, pois aumentarão as emissões dos gases de estufa, e com isso a poluição pol uição e a contaminação do ar, da água e do solo.
PARTE 2 O Brasil, território e nação . 8 9 9 1 e d o
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Unidade 4 9
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O Brasil e a globalização d
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Industrialização e integração nacional n
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O pequeno produtor obtém certa garantia de venda de seu produto, protegendo-se das freqüentes oscilações do mercado, além de absorver parte da tecnologia e insumos provenientes da grande empresa agroindustrial. b) O grande agricultor capitalista evita investimentos na compra de terras para concentrá-los nas fases mais lucrativas da cadeia produtiva, além de deixar para os pequenos produtores os riscos ambientais (esgotamento dos solos, pragas, intempéries). 5. b. 6. a) O algodão do tipo arbustivo é o que predomina na agricultura brasileira. Ele é plantado como cultura temporária, exigindo sempre replante a cada safra. Na entressafra há períodos sucessivos de exposição do solo, o que facilita a ação erosiva. b) A atividade agrícola impõe um processo tão intenso de degradação do solo, que a renovação ou manutenção de suas características físico-químicas é quase sempre mais lenta do que as perdas ocorridas durante a exploração agrícola. c) Entre os principais problemas estão: a perda de massa, o assoreamento dos canais de cursos d’água (decorrentes da erosão mecânica), bem como os processos de lixiviação (empobrecimento do solo) e de laterização (decorrentes do intemperismo químico). 4. a)
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Capí tulo tulo 14
Urbanização e redes urbanas
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Capí tulo tulo 12
A matriz energética 1. a. 2. c. 3. b. 4. c. 5. b.
■
Capí tulo tulo 13
Os complexos agroindustriais 1. c. 2. b. 3. c.
e. O esquema clássico de rede urbana estrutura-se sobre uma rígida hierarquia funcional. Nessa hierarquia, quanto mais elevada é a classe da cidade, mais especializados e raros são os bens e serviços que ela oferece e mais vasta é a sua região de influência. Em virtude dos custos de deslocamento, as relações externas mais significativas das populações das pequenas cidades se restringem às cidades médias mais próximas. b) O esquema atual de rede urbana foi moldado pela intensificação dos fluxos materiais e, principalmente, dos fluxos de informações. Os modernos meios de transporte reduziram os custos de deslocamento, e as redes de comunicação contemporâneas diminuíram os custos das trocas simbólicas. Desse modo, todas as cidades, pequenas e médias, adquiriram novas possibilidades de acesso aos bens e serviços característicos das metrópoles nacionais.
2. a)
95
3.
b.
4. a)
A metrópole paulista exerce influência sobre o con junto das principais cidades brasileiras, exemplificada no mapa pela expansão do alcance dos sistemas de telecomunicações. Ela oferece bens materiais e financeiros, além de serviços diversificados, incluindo os de tecnologia mais avançada. De São Paulo, as atividades econômicas realizadas no território brasileiro são conectadas à rede global e ao fluxo da economia internacional, justamente pela metrópole concentrar as principais filiais de empresas transnacionais.
queda, entre 1999 e 2000, influiu na balança comercial negativamente. 2.
e.
3. a)
b) A ruptura na hierarquia urbana tradicional ocorre
porque a expansão das redes informacionais possibilita um contato direto com a maioria das cidades do mundo, independentemente de distâncias físicas e do porte das cidades na qual estão sediadas, dispensando, em muitos casos, as intermediações de outras cidades. 5. a)
b) Os subsídios tornam os produtos agrícolas dos paí-
ses desenvolvidos artificialmente mais competitivos no mercado externo, reduzindo a concorrência dos países subdesenvolvidos, que têm a maior parte de suas exportações voltadas aos produtos agrícolas. É importante lembrar também que a onda neoliberal que varreu os países periféricos prejudicou os subsídios fornecidos por seus governos. Isso tudo gera menores investimentos, reduz a margem de lucros e influencia o número de empregos no campo.
No período entre 1950 e 1960 houve um crescimento da participação da população das regiões metropolitanas na totalidade da população urbana do Brasil; já entre 1970-1991 houve uma queda da participação da população das regiões metropolitanas na totalidade da população urbana brasileira.
b) A partir de 1970, e sobretudo nas décadas seguin-
tes, a população das regiões metropolitanas cresceu menos que o restante da população urbana brasileira, constituindo a chamada involução metropolitana ou desmetropolização. Essa mudança da dinâmica populacional do Brasil ocorre em grande parte pelo fato de os fluxos migratórios, antes orientados para as regiões metropolitanas, se orientarem para outras cidades, por conta da nova dinâmica espacial da economia brasileira. 6. d.
Capí tulo tulo 15
Conjunto do agronegócio: curva crescente entre 1998 e 1999, ligeira queda entre 1999 e 2000 e novo crescimento entre 2000 e 2002. Conjunto da balança comercial: apresenta-se relativamente crescente ao longo de todo o período. Há um processo deficitário entre 1998 e 2000, após o qual o saldo da balança comercial se torna positivo. b) O saldo do agronegócio manteve-se positivo na maior parte do período com grande importância na estabilização econômica do país. Nota-se que sua
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Sociedade e espaço geográfico ã
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A estrutura regional brasileira 1. e.
Comércio exterior e integração sul-americana 1. a)
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4. e.
Entre os fatores que justificam a inclusão do sul de Minas e do Triângulo Mineiro no novo polígono de aglomeração industrial do Brasil podem-se destacar: a proximidade dos grandes mercados consumidores e das metrópoles de São Paulo e Minas Gerais; a presença de instituições universitárias e de mão-de-obra qualificada; a tendência ao desvio de investimentos industriais das grandes aglomerações urbanas para as cidades médias. b) A constituição de parques tecnológicos insere o país na onda atual da revolução tecnocientífica, diversificando a indústria brasileira, gera empregos em uma vasta cadeia de negócios e estimula a qualificação da mão-de-obra.
2. a)
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O Proálcool foi criado em meados da década de 1970 para reduzir a dependência externa brasileira em relação ao petróleo, que vinha sofrendo altas no preço e era importado em grandes proporções. O subsídio governamental favoreceu tanto os produtores quanto as montadoras de automóveis. No período atual, a guerra no Iraque e o aumento do consumo pela China e pelos EUA elevaram o preço do barril de petróleo. Essa situação, somada ao desenvolvimento dos motores bicombustíveis, tem elevado o consumo de álcool combustível, porém, desta vez, sem os subsídios governamentais.
3. a.
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4. e. 5. a)
área irrigada no vale, conjugado com a demanda de água para a transposição, pode comprometer a vazão mínima necessária para a geração de energia.
Uma primeira característica geográfica do centrooeste brasileiro que justifica a criação de um porto seco é sua localização no centro da América do Sul. Uma segunda característica é o desenvolvimento da agropecuária, gerando a necessidade de centros de aglomeração da produção para melhor distribuição no mercado interno ou para exportação.
b) Entre as principais críticas dos movimentos ambi-
entalistas contra o projeto da transposição está o alto custo das obras de transposição das águas que pode ser substituído por soluções menos custosas e mais sustentáveis, como a construção de poços e cisternas. Outra crítica alerta para o fato de o regime fluvial e a vazão do rio São Francisco já estarem bastante comprometidos pelo desmatamento em suas cabeceiras e de seus formadores, com isso a transposição seria um golpe mortal na vida do rio. A transposição comprometeria também a vazão do rio a jusante, aumentando a salinidade em sua foz, o que afeta a vida nos manguezais. Além disso a transferência das águas do São Francisco, com os seres vivos que nelas vivem, para os rios do Nordeste setentrional, afetaria seriamente os ecossistemas fluviais do semi-árido.
contemporân ea requer a consb) A produção agrícola contemporânea trução de redes de infra-estrutura para escoar continuamente a produção. Essas redes devem atender tanto às demandas quantitativas quanto à diversidade de produtos requeridos, e a região do Centro-Oeste apresenta condições geográficas favoráveis para isso.
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Capí tulo tulo 17
Nordeste, nordestes 1 e d o
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Na região a ser beneficiada, o projeto pode estimular a implementação de novos projetos de agricultura irrigada, assim como disponibilizar maior quantidade de água para o consumo das populações. b) O governo e a população da Bahia alegam que, caso implementado, o projeto pode afetar o abastecimento de água nas áreas do estado situadas a jusante do trecho escolhido para a transposição. c) O governo e a população de Minas Gerais não têm se posicionado da mesma forma porque o projeto não afeta a vazão do trecho mineiro do Rio São Francisco, situado a montante do local escolhido para a transposição. 2. e. 1. a)
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3.
a) Os fatores locacionais são: infra-estrutura portuá-
ria fornecida pelo porto de Itaqui; proximidade da província mineral de Carajás, no Pará, de onde é extraído o minério de ferro; existência de uma moderna ferrovia, a E. F. Carajás, ligando as jazidas de ferro ao estado; abundância de energia elétrica produzida na Usina de Tucuruí, no estado do Pará. b) Baixo nível de organização sindical, incentivos fiscais concedidos na região, mão-de-obra abundante e barata, maior proximidade geográfica dos mercados importadores localizados na Europa e nos EUA. 4. a) A localização geográfica das principais áreas irrigadas à montante da seqüência de quedas-d’água no rio São Francisco, onde estão situadas as usinas de Paulo Afonso I, II, III e IV, Moxotó, Itaparica e Xingó, faz com que a expansão da irrigação, que demanda cada vez mais água, esteja competindo com a demanda para geração de energia. O aumento da
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Capí tulo tulo 18
A Amazônia e o planejamento regional 1. a. 2. a)
Os textos referem-se ao fenômeno das migrações inter-regionais e intra-regionais.
b) Esse fenômeno é provocado pela desestruturação
da economia tradicional e pelos mercados de trabalho formal e informal gerados a partir dos grandes projetos. 3. a) Entre os objetivos do governo brasileiro para ampliar o Programa Calha Norte destacam-se a repressão ao contrabando, o combate à ação do narcotráfico e de grupos guerrilheiros dos países vizinhos, em particular da Colômbia, além da proteção dos recursos naturais das áreas fronteiriças. b) O programa é dificultado pelas precárias e insuficientes redes de transportes e de comunicação, pela baixa densidade demográfica e pela dificuldade de locomoção, devido à floresta pluvial amazônica. 4. b. 5. d.
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Capí tulo tulo 19
Desigualdades sociais e pobreza 1. a. 2.
a) São as regiões Nordeste e Sul, respectivamente.
97
b) A elevada incidência da pobreza no Nordeste tem
Na atualidade, países desenvolvidos e subdesenvolvidos distinguem-se, essencialmente, pelo grau de domínio sobre as inovações da revolução tecnocientífica e pela capacidade de realizar investimentos em ciência e tecnologia. b) Informática, biotecnologia, aeroespacial, mecatrônica.
1. a)
origem na estrutura de propriedade da terra, marcada pela coexistência do latifúndio com o minifúndio, que bloqueou o desenvolvimento regional. Com a urbanização, reproduziu-se a rígida divisão de classes típica do meio rural, onde uma elite privilegiada convive com a pobreza da maioria da população. No Sul, onde a ocupação da terra foi impulsionada pela imigração européia, a economia rural nasceu com base nas pequenas propriedades de tipo familiar, e deu origem a uma classe média proporcionalmente vasta.
A urbanização acelerada e desordenada da maioria das metrópoles brasileiras produz e reproduz no meio urbano também as desigualdades sociais, criando situações extremas de pobreza e riqueza, exemplificadas nos bairros ou enclaves fortificados: locais isolados e fortemente protegidos, acessíveis apenas a uma população de renda mais alta (as edge cities). b) Segregação socioespacial, privatização de domínios públicos, preconceito social e racial. c) Instalação de sistemas de vigilância e segurança ostensivos, condomínios arborizados e planejados envolvidos por bairros pobres de ocupação desordenada.
Capí tulo tulo 20
A questão fundiária e. d. c.
2. 3.
A “reforma agrária de novo tipo” requer mais do que a simples distribuição de terras por meio de assentamentos. Envolve também a adoção de políticas públicas de financiamento e apoio tecnológico, incluindo a preocupação com o meio ambiente.
4.
PARTE 3 Geografia e geopolítica da globalização Unidade 6
O espaço da globalização ■
Capí tulo tulo 21
Os fluxos da economia global
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d.
e. 4. d. 3.
5. a)
1.
dustrializados, carece de excedentes de capitais para investimentos nas áreas cruciais da pesquisa científica e tecnológica. 2.
c. 4. b. 3.
■
c) O Brasil, como outros países subdesenvolvidos in-
5. Na
fase atual do capitalismo globalizado, o circuito financeiro ocupa um papel hegemônico devido ao rápido retorno (liquidez) e ao alto rendimento das transações econômicas (investimentos em fundos, ações, carteiras, títulos públicos). A intensificação dessas transações financeiras foi impulsionada pelos sistemas de comunicação e informática através da integração, i ntegração, em tempo real, das inúmeras praças financeiras de cidades mundiais organizadas em redes.
O fluxo de capital especulativo ou capital financeiro foi acelerado e integrado pelos sistemas de informação (telecomunicações e informática). Assim as transações financeiras ocorrem todos os dias e em tempo real, acelerando a capacidade de circulação do dinheiro. b) Para atrair capitais especulativos (de curto prazo) muitos países chamados de emergentes adotam políticas de estabilização monetária, que ocorrem por meio da valorização da moeda e do aumento das taxas de juros. O problema dessa prática econômica é que ela exerce pressão inflacionária interna seguida, principalmente, pela recessão e, conseqüentemente, pelo arrocho salarial. 7. a) Fórum Mundial Econômico (FEM), em Davos, na Suíça. Esse encontro reúne países paí ses do G7 (grupo dos 7 países mais ricos) e representantes das maiores empresas multinacionais. Nele se discute a orientação política mundial para o próximo período, visando a melhoria do rendimento econômico mundial sob a ótica das grandes potências mundiais. O outro evento é o Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre, RS. Esse é marcado pela presença de vários movimentos sociais, com forte presença das ONGs, de muitos países. 6. a)
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b) O Fórum Social Mundial nasceu como contrapon-
to ao FEM e é caracterizado pelos debates sobre a desigualdade social e econômica entre as classes sociais e os países, bem como sobre as questões
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ambientais, étnicas e nacionais. O FSM, até sua quarta realização, tem se apresentado como um espaço predominante de discussão, não se propondo a apresentar resoluções para combater os efeitos danosos da globalização.
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2. e.
No plano geopolítico, a integração dos países da Europa centro-oriental solda os destinos dos novos membros ao da União Européia, reduzindo radicalmente a influência de Moscou sobre essa parte do continente. No plano econômico, a integração desses países abre novos mercados e campos de investimentos para as grandes empresas da Europa ocidental.
3. a)
Capí tulo tulo 22
Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano” A Doutrina Monroe e o projeto da Alca assemelham-se por basearem-se na noção da liderança dos Estados Unidos no chamado “Hemisfério Americano”. b) A formação de blocos econômicos estimula a circulação internacional de mercadorias e capitais, oferecendo possibilidades de ampliação dos mercados e dos lucros das empresas transnacionais. Do ponto de vista dos Estados, a participação em blocos econômicos contribui para o aumento das exportações e para a recepção de investimentos estrangeiros. 2. c. 3. b.
b) Em tese, a Turquia não foi admitida ainda na União
Européia em função da fragilidade de suas instituições democráticas e das violações de direitos humanos. Na prática, a União Européia, formada por nações cristãs, resiste em incorporar um país populoso de cultura e tradição muçulmanas.
1. a)
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No momento “before”, a Europa Ocidental estava fragmentada e a União Soviética constituía uma unidade. No momento “after”, a Europa é representada como um bloco e a União Soviética aparece fragmentada.
5. a)
b) De um lado, a União Soviética deixou de existir e
em seu lugar surgiram 15 repúblicas independentes. De um outro, foram consolidados os fundamentos jurídicos e econômicos que constituíram a União Européia. Mas, é claro, trata-se de uma simplificação da realidade: a União Européia não suprimiu as fronteiras políticas que separam seus integrantes.
4. Os n
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principais interesses econômicos e estratégicos norte-americanos na região do Caribe estão relacionados ao combate das guerrilhas e à produção de folha de coca e cocaína na Colômbia; à garantia do suprimento de petróleo vindo da Venezuela; ao uso privilegiado do canal do Panamá; e à preocupação com o governo socialista de Fidel Castro em Cuba.
4. a.
6. c.
5. b.
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6. a.
A Bacia do Pacífico
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1. a. 2. c. ■
Capí tulo tulo 23
União Européia e CEI Diante dessa nova situação, por iniciativa da França e da Alemanha Ocidental, a Itália e os países do Benelux engajaram-se no projeto de integração econômica e política européia. O primeiro passo desse projeto foi a constituição da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (Ceca), (Cec a), em 1952, que preparou as bases para o Tratado de Roma e a criação da Comunidade Européia, em 1957. b) A principal meta estabelecida pelo Tratado de Maastricht foi a união econômica e monetária, por meio do estabelecimento da moeda única. O euro tornou-se moeda oficial da maior parte dos países da UE em janeiro de 1999.
1. a)
3. a. 4. b. 5. a)
O Quadro I revela que mais de um quarto da renda mensal média das famílias chinesas transformase em poupança, enquanto as despesas com bens de consumo são mais baixas. Essa situação configura a existência de um vasto mercado consumidor potencial, que atrai empresas transnacionais.
b) O grande potencial de crescimento econômico chi-
nês está associado à demografia. A população, em torno de 1,5 bilhão de habitantes, é um imenso mercado potencial, ainda inexplorado, para bens de consumo duráveis e não duráveis. 6. e.
99
reconstrução da Europa, no período entre o pósSegunda Guerra e os anos 1970. Eles formaram uma mão-de-obra abundante, barata e com pouca ou nenhuma qualificação técnica, liberando a população nativa para outras funções no mercado de trabalho.
Unidade 7
A fronteira Norte/Sul ■
Capí tulo tulo 25
Periferias da globalização
b) Um argumento de ordem econômica é aquele
1. b. 2. a)
que diz que atualmente os imigrantes concorrem com a população nativa pelos postos de trabalho, além da acusação de que os imigrantes pressionam “para baixo” os níveis salariais. Entre os argumentos de ordem étnico-cultural destacamse: a visão de que os imigrantes, cultivando os valores de seus países de origem, ameaçam os valores culturais nativos; o medo de futuro predomínio numérico de outras etnias; o receio de perda de hegemonia da língua nacional; os conflitos de natureza religiosa.
O primeiro, o Muro de Berlim, simbolizava a ordem da Guerra Fria, que separava o mundo em blocos socialista e capitalista. O segundo, o Muro de Tijuana, no México, é hoje um símbolo da separação entre o Norte rico e o Sul pobre.
b) O Muro de Tijuana expressa a barreira que impede
a entrada indesejada de populações dos países periféricos, que tentam alcançar nos países ricos melhores condições de vida e de trabalho. 3. e.
7.
e. . 8 9 9 1
4. b. 5. a)
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O mapa apresenta os indicadores de subnutrição no continente africano, com os maiores percentuais na faixa intertropical.
b) Os menores percentuais de subnutrição estão no
norte (baixas densidades populacionais) e no sul (maior desenvolvimento da República Sul-Africana) do continente africano. A faixa intertropical é marcada por grande concentração populacional, produção agrícola ineficiente e inúmeros conflitos étnicos, principalmente na sua porção central. 6. e.
■
Capí tulo tulo 26
Transição demográfica 1.
c.
2.
d.
3. a)
O ingresso da mulher no mercado de trabalho, a popularização do uso de anticoncepcionais e o aumento dos custos de educação das crianças contribuíram para a queda do índice de natalidade na Europa.
b) Como conseqüência, a população do continente
está envelhecendo, o que gera um aumento na demanda por programas de aposentadoria e de assistência social aos idosos. 4.
b.
5.
b.
6. a)
100
Os imigrantes estrangeiros na Europa Ocidental desempenharam um papel muito importante na
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Capí tulo tulo 27
Urbanização e meio ambiente
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1. c. 2. c.
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Estes países apresentam geralmente distribuição espacial desigual da riqueza; rede de cidades com pouquíssimas cidades médias; convergência dos fluxos populacionais nacionais para uma única cidade, gerando, muitas vezes, problemas como favelização, violência, trânsito caótico. b) A concentração populacional nos países desenvolvidos ocorre em redes urbanas mais equilibradas, com raros casos de surgimento de megacidades. Isso se explica devido a uma maior desconcentração das atividades econômicas e dos sistemas de transporte e de comunicação nesses países. Ao contrário dos países menos desenvolvidos, onde as atividades econômicas e as infra-estruturas técnica e social se concentram em poucas cidades. 4. As cidades apontadas no mapa são caracterizadas por serem espaços de decisões econômicas, políticas e culturais; por apresentarem sedes de grupos empresariais com alcance global; por possuírem sedes de bolsas de valores que operam com empresas nacionais e de outros países e cujo movimento tem conseqüências sobre o mercado produtivo e financeiro mundial; por receberem imigrantes de diversas partes do mundo, o que lhes confere uma face cosmopolita; por sediarem grandes companhias do setor de comunicação e agências de notícias; por terem muitas vezes uma conexão 3. a)
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mais forte entre si do que com os espaços nacionais nos quais se situam. Aterros sanitários, usinas de compostagem, lixões. b) A geração de lixo é diretamente proporcional à riqueza do país, porque nos países mais ricos a composição do lixo acompanha o ritmo do consumo.
5. a)
6. a)
As três megacidades que apresentaram maiores taxas de crescimento entre 1975 e 2000 foram Mumbai, Déli (Índia) e Karachi (Paquistão). O crescimento explosivo dessas e de outras cidades situadas em países subdesenvolvidos deve-se principalmente ao êxodo rural.
b) Cidades globais apresentam uma grande concen-
tração de sedes de grandes corporações bancárias e industriais e funcionam como centros de tomada de decisões capazes de afetar a economia mundial. megacidades tende a agravar o déficit habitacional, já que a maior parte dos novos habitantes está excluída do mercado imobiliário formal. 8 9 9 1 e d o er fe
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Da Guerra Fria à “nova ordem mundial” 4
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1. a. 2. a.
Israel obteve o controle territorial das Colinas de Golã, na parte síria da Cisjordânia, que pertence à Jordânia. Ao anexar esta região, Israel se apropriou de um território com amplos recursos hídricos, o que facilitou também os assentamentos agrícolas e fortaleceu a defesa das fronteiras israelenses. b) A bacia do rio Jordão drena uma pequena área de clima árido e suas águas correm sobre uma falha geológica.
3. a)
c) Colinas de Golã (Síria); Cisjordânia foi parcialmen-
te devolvida à ANP; Faixa de Gaza, que ainda permanece sob controle parcial israelense.
Em relação ao poder econômico podemos citar a forte presença dos Estados Unidos em organismos supranacionais, como o FMI, o BIRD, a OMC, o G7. Em relação ao poder militar podemos citar a presença de bases e soldados dos Estados Unidos em diversos pontos do planeta. b) A presença nos organismos econômicos internacionais permite aos Estados Unidos direcionar a política de muitos países para fazer valer seus interesses comerciais e financeiros. O mesmo ocorre com a expansão geográfica de sua força militar, que fincada em um país acaba, de alguma forma, subjugando governos, povos e Estados. 5. c. 6. b. 4. a)
7. c.
4. b. 5. c. 6. A
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6.
Capí tulo tulo 29
O mundo muçulmano e o Oriente Médio
c) Nos países pobres, o crescimento acelerado das .
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Tchetchênia é uma região da Federação Russa que vive desde 1992 intensos conflitos entre o movimento separatista e o Estado russo. A Tchetchênia está localizada nos sopés da cadeia do Cáucaso e possui clima temperado continental. Não interessa a Moscou a separação, pois a região tem grande importância por suas reservas petrolíferas e pelo contato com outros países. As diferenças étnico-religiosas consistem em um importante fator de coesão dos tchetchenos, já que em sua maioria são islâmicos, i slâmicos, o que aproxima essa região do mundo muçulmano. A ação separatista tem sido fortemente reprimida pelo Estado russo, inflexível desde o início quanto à independência da região, recebendo como resposta dos separatistas mais radicais os atentados terroristas.
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Capí tulo tulo 30
Estado e nação na África 1. A
colonização, a espoliação dos recursos naturais e a criação artificial de Estados sem considerar as diferenças e os conflitos étnico-tribais produziram uma situação de barbárie em muitos países do continente africano, marcados por fome, doenças e guerras civis. A desestabilização desses países afasta os investimentos estrangeiros e desconecta a África do capitalismo globalizado, aumentando e reproduzindo a pobreza da região.
8. a.
2. d.
9. c.
3. a.
101
A região de Darfur, no Sudão, possui importantes jazidas de petróleo, o que atrai o interesse dos EUA e da Inglaterra, que vêem ameaçada a estabilidade da produção petrolífera. O conflito de Darfur envolve grupos muçulmanos, o que pode ser mais um elemento de preocupação para ambas as potências, atualmente em conflito com países majoritariamente muçulmanos. b) O Congo (ex-Zaire) foi colonizado pela Bélgica até o fim da Segunda Guerra Mundial, período marcado pela partilha artificial do continente africano pelas potências européias. A partir daí o Congo ficou sob a influência dos EUA, que instalou no poder o ditador Mobutu Sese Seko, derrubado em 1997 por Laurent Kabila, que também se revelou um déspota como seu antecessor. No centro desses conflitos, que já levaram à morte cerca de 3
milhões de pessoas, está o interesse pelas vastas jazidas de diamante, cobre e cobalto.
4. a)
c) A Nigéria também é palco de inúmeros conflitos
étnico-tribai s, como a oposição entre cristãos e muétnico-tribais, çulmanos, que dominam a porção setentrional do país. A Nigéria viveu uma longa colonização britânica e é formada, atualmente, por um mosaico com mais de 200 grupos étnicos, reunidos numa mesma unidade política. A disputa do poder por esses grupos se intensificou com o processo de independência. A Nigéria é o principal produtor de petróleo africano, além de possuir outros recursos naturais, como ferro e diamante, o que aumenta os conflitos por seu controle. 5. c. 6. c. . 8 9 9 1 e d or i e r e v fe e d 9 1 e d 0 1 6. 9 i e L e l a n e P o gi d ó C o d 4 8 .1t r A . a id ib or p o ã ç u d or p e R
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