Paulo Bauler FRAGMENTOS PÓS-MODERNOS
Uma Poética Da Pós-Modernidade Pós-Modernidade Rio de Janeiro 2003
Faça o que faça, a vida é ficção, / E formada de contradições... [William Blake]
Não pode haver mundo, nem haveria distinções se tudo fosse igual. Parece que as diversidades constituem a harmonia na espécie humana. [Qorpo-Santo]
As the Aposttle was shown a mixed bundle of beasts in his vision, So shall my book, dear friend, offer you clean and unclean.
[Johann Wolfgang Goethe]
Imaginação rigorosa é a mola mestra da atividade criadora. O mundo da “realidade” não passa de uma criação da imaginação imperfeitamente rigorosa. A imaginação que o estabeleceu endureceu e petrificou-se no curso de milênios, a ponto de não sabermos mais da origem imaginária do mundo da “realidade”.
[Vilém Flusser]
Sem poesia não há nenhuma realidade.
[FriedrichSchlegel]
Evoé, Vênus!
[Manuel Bandeira]
O leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar e repassar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava, ou parecia estar escondida. [Machado de Assis]
Make it new.
[Ezra Pound]
It’s It’s a long, long, long, long way…
[Caetano Veloso]
A poesia deve ser a derrocada do intelecto.
[André Breton]
Leitor: Está fundado o Desvairismo. [Mario de Andrade]
A poesia deve ser uma festa do intelecto.
[Paul Valéry]
Aquele que escreve em sangue e fragmentos não quer ser lido, Quer ser aprendido de cor... cor...
[Friedrich Nietzsche]
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Um dos muitos modos de prefácio...
O leitor do qual espero alguma coisa deve ter três qualidades. Deve ser calmo e ler sem pressa. Não deve intrometer-se, nem trazer para a leitura a sua “formação”. Por fim, não pode esperar na conclusão, como um tipo de resultado, novas propostas de escrita ou de leitura. Não prometo verdades teóricas, nem novo texto de estudo para universitários, admiro muito mais a natureza cheia de força daqueles que estão prontos para atravessar todo o caminho, desde as profundezas do empírico até as alturas dos pro probl blem emas as cult cultur urai aiss autê autênt ntic icos os,, e no nova vame ment nte, e, dest destas as para para as entr entran anha hass do doss regulamentos mais áridos, e dos programas didáticos arranjados. Mesmo satisfeito por ter subido, ofegante, uma montanha bem alta e tendo recebido lá em cima a alegria da vista mais livre, nunca poderei satisfazer os amigos de regulamentos neste trabalho. Bem vejo chegar um tempo em que gente séria, a serviço de uma formação totalmente renovada e purificada, trabalhando em conjunto, vão se tornar de novo os legisladores da educação cotidiana – a que leva à referida formação. Provavelmente deverão elaborar novos regulamentos e programas. Mas como está longe este tempo! E o que não vai acontecer acontecer até lá! Talvez alvez encontre-se encontre-se entre ele e o presente presente a dissolução dissolução do ensino universitário, ou pelo menos uma reformulação tão ampla das assim chamadas universidades, que seus antigos regulamentos e programas parecerão, aos olhos da posteridade, sobras do tempo das palafitas. O trabalho se destina aos leitores calmos, a pessoas que ainda não estão comprometidas com a pressa vertiginosa de nossa época rolante, e que ainda não sentem um prazer idólatra quando se atiram sob suas rodas, portanto a gente que ainda não se acostumou a estimar o valor de cada coisa segundo o ganho ou a perda de temp tempo. o. Ou seja seja – a mu muit itoo po pouc ucos. os. Esses Esses,, po poré rém, m, “ainda “ainda tem tempo tempo”, ”, a eles eles é permitido, sem que fiquem envergonhados, procurar a reunião dos momentos mais frutíferos e mais fortes de seus dias, a fim de refletir sobre o futuro de nossa formação acadêmica, eles podem até acreditar que chegam à noite de modo vantajoso e digno, quer dizer: na meditatio generis futuri. futuri. Uma pessoa assim ainda não desaprendeu a pensar enquanto lê, ainda compreende o segredo de ler nas entrelinhas, sim, ele esbanja tanto, que ainda reflete sobre o que foi lido – talvez muito após ter largado o livro. E, contudo, não para escrever uma resenha ou um novo livro, mas apenas assim, para refletir! Esbanjador leviano! Você Você é o meu leitor, pois será calmo o suficiente para seguir um longo caminho com o autor, cujas metas ele mesmo não pode ver, nas quais deve acreditar honestamente, para que uma geração posterior, talvez distante, veja com os olhos o que só tateamos às cegas e dirigidos apenas pelo instinto. Se o leitor, em contrapartida, achar que só é necessário um pulo ligeiro, um ato bem-humorado, se considerar que se alcança tudo o que é essencial com uma nova legislação decretada
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pelo Estado, então devemos temer que ele não tenha chegado a entender nem o autor, nem o problema propriamente dito. Por fim, dirige-se ao leitor a terceira e mais importante exigência: a de que ele não se intrometa de modo algum, à maneira do homem moderno, e não traga para a leitura a sua “formação”, algo como uma medida, como se com isso possuísse um critério para todas as coisas. coisas. Desejamos Desejamos que ele seja suficientement suficientementee formado formado para pensar em sua formação de modo restrito e até desdenhoso. Então lhe seria permitido abandonar-se com total confiança à condução do escritor que, justamente, só ousa falar do não-saber e do saber do não-saber. Antes de tudo, o leitor não quer recorrer a nada além de um sentimento forte e agitado do que é específico em nossa barbárie presente, daquilo que nos distingue, distingue, como bárbaros do século século vinte e um, diante de outros bárbaros. bárbaros. Assim, Assim, com este livro na mão, ele procura os que são movidos por um sentimento semelhante. Deixem Deixem-se -se encont encontrar rar,, solidá solidário rios, s, em cuja cuja existê existênci nciaa eu acredi acredito! to! Perdid Perdidos os de si mesmos, que sofrem, em si mesmos, a dor da corrupção de uma alma brasileira... Contemplativos, cujos olhos são incapazes de escorregar de uma superfície para a outr ou traa com com um umaa espi espiad adaa chei cheiaa de pres pressa sa...... Al Alti tivos vos,, qu quee Aris Aristó tóte tele less cele celebr braa po por r atravessarem a vida hesitando e sem ação, a não ser que uma grande missão e uma grande obra os reclame... A vocês vocês faço meu apelo. Não se escondam, só desta vez, na caverna de sua reclusão e de sua desconfiança... Pensem que este livro é destinado a ser arauto... Se vocês mesmos aparecerem no campo de batalha, em sua própria armadura, quem ainda cobiçará olhar para o arauto que os convocou?...
Friedrich Nietzschei
Velas de Navegação Estética 4
A pós-modernidade – o livro parte dessa concepção – é um fato. É um fenôm fenômen enoo da cult cultur ura, a, não não um umaa idéi idéia, a, um umaa vanguarda, vanguarda, com com a qu qual al pret preten ende dem, m, progressistas, liberais, ou revolucionários, modificar o mundo da arte ou da política. Como fenômeno, a pós-modernidade compreende um espaço – e espaço ampliado – em qu quee se dese desenv nvol olve ve,, ou se retr retrai ai,, um umaa mu mult ltip ipli lici cida dade de inco income mens nsur uráv ável el de possibilidades artísticas, culturais, sociais, etc., que buscam fixar moradia, cada qual a seu próprio modo, em um contexto de fragmentação de todas as utopias, ideologias, escolas, absolutos de todo gênero. De Platão a Marx, passando por Hegel, e a popularidade atual de Nietzsche bem o comprova, o pensamento unívoco, unívoco, a retórica da totalidade, totalidade, a pregação do sistema filosófico filosófico como como justificador justificador das ações e criações criações humanas humanas desabaram por terra. terra. A cultura desmantelou-se, fragmentou-se, não como de ordinário vem se concebendo, por uma ação desconstrutivista subjetiva, que se animasse ou se movimentasse pela determinação consciente de pensadores, de artistas, de homens de cultura enfim. Isto é apenas um dos seus efeitos. A Tecnologia, que retira do humano o domínio d omínio do Sistema Ordenador da sociedade do século que ora se inicia – mas que ao mesmo tempo concede amplas possibilidades de realização de desejos – é ela a força motriz desse fenômeno. Daí que se instauram, na nova sociedade desse início de milênio, novas divisões e conf confli lito toss de clas classe sess não não tant tantoo econ econôm ômic icas as,, ao meno menoss nas nas medi medida dass até até aqui aqui verificadas, mas em volta à produção e distribuição de poder , que antecede a produção e distribuição distribuição de riqueza. riqueza. Tanto no que concerne à dicotomia dicotomia Velha Velha Ordem/V Ordem/Velha Economia versus Nova Ordem/Nova Economia, como aos múltiplos fragmentários conflitos que se sucedem em progressão geométrica na base piramidal da sociedade: tribo, “eu”, “outro”, são categorias que – e mesmo por conta de reformulação de iden identi tida dade des, s, indi indivi vidua duais is e socia sociais is – estã estãoo aí a exib exibir ir confl conflit itos os ao inte interi rior or do doss microcosmos de poder como nunca dantes se conheceu. Trava-se, aos subterrâneos da sociedade pós-moderna, batalhas cotidianas que, se nem a todos é dado ser sujeito, a elas todos nós de um modo ou de outro nos sujeitamos. Porr ou Po outr troo lado lado,, o desd desdob obra rame ment ntoo do Po Pode derr Cult Cultur ural al em Po Pode derr So Soci cial al e Econômico é novidade da pós-modernidade, que rompe definitivamente com a simples equação Poder Econômico = Poder Poder Social. Fragmentada a Cultura Cultura – fragmentado está o Poder. Poder. Organizad Organizadaa a Cultura Cultura a partir de uma Lógica Informacion Informacional, al, duas são as fontes de poder: informação e capacidade de gerenciamento de gerenciamento informacional : ou seja, o poder – e assim a cultura – vai se medindo por gigabites... gigabites... Das concepções humanistas, metafísicas – que justificavam a ciência por ela mesma, e que centralizavam no Humano o seu desenvolvimento, no mais das vezes em função de perspectivas éticas – à substituição do elemento científico nuclear, o saber, pela informação, informação, aprofunda e expande a divisão de trabalho iniciada com a revolução industrial, no século XVIII, alterando substancialmente o conceito de ciência e, com ciência, a, na pós-mode pós-moderni rnidade dade,, é inform informaçã açãooisso, isso, os seus seus elem elemen ento toss orbi orbita tais is:: ciênci fragmento, com valor de uso e, conseqüentemente, com valor de troca. troca . De um saber filosófico, metafísico, que elevava o humano aos mais nobres ideais, eis que a ciência se transforma transforma em mercadoria. mercadoria. Ao centro, a mãe de todas as ciências, ciências, a Informática, Informática, dado que é esta que lida com a informação, ainda em seus primeiros albores. Nesse
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processo, a informação passa a criar uma linguagem própria (com uma concepção lingüística a que se tem dado pouca atenção nesses seus primeiros vagidos), uma metodologia a ela apropriada, e uma objetivação do pensamento – e da arte – de modo a configurar o mundo, o humano e todas as suas ações e relações, como um sistema com ompu puttacion cional al,, em qu quee tud udoo se faz trad traduz uzir ir po porr bit bits, um umaa mo moed edaa de troc roca inform informaci aciona onal,l, que exprime exprime valor e substâ substânci nciaa útil. Ou seja, tudo tudo se reduz, reduz, ou é redutível, à linguagem de um sistema que opera à revelia do humano, e que, em nome do indivíduo, em tudo a este reduz em humanidade. A antiga divisão de trabalho, articulada às mais modernas concepções de sua especialização – é conclusão até bastante natural – força uma fragmentação não apenas do pensamento e da atividade artística artística (imaginário), mas mas da própria relação social. A atividade acadêmica acadêmica – é claro claro – segue os passos da sociedade sociedade do seu tempo. tempo. Morre o anti antigo go cate catedr drát átic ico, o, o clín clínic ico-g o-ger eral al do Sa Sabe ber; r; pu pulu lula lam m os mest mestre ress do pequ pequen enoo conhecimento, aceita-se a ignorância das causas se resultam bem sabidos os efeitos parciais de um pequeno fragmento-causa sobre um dado espaço-fragmento do saber informaci informacional. onal. A desconexão desconexão cultural cultural entre os partícipes partícipes da atividade atividade intelect intelectual ual é então conseqüência que de ordinário se impõe. Saber mais do que o seu espaço fragmento exige é avançar fronteiras bem demarcadas pela boa gestão dessa nova mercadoria mercadoria,, caracteri caracterizada zada como bit-informação, bit-informação, expressão pós-moderna para uma nova moeda de troca, e que se localiza no centro nuclear de todo o conjunto de itens econômicos (consumo) que pressupõem valor de uso. As informações, elevadas ao patamar superior da ciência, coroadas ao centro da criação, criação, manejadas segundo a racionalidade de um sistema avesso às inutilidades (e que acabam, afinal, por negá-la em sua essência), transitam pelo sistema operacional de um ciberespaço absolutamente livre de compromissos umas com as outras senão na temporalidade e no dado espaço em que se fazem necessárias, no momento mesmo em que são convocadas convocadas a exibirem exibirem seu valor de uso. Corta-se Corta-se aqui de um texto, texto, cola-se acolá, em um outro – que jamais seriam supose to de se unirem umas, desunirem outras – fragmentos que se encontram e se desencontram na exata medida de sua utilização no efeito efeito desejado. Se há um saber do sistema, este não pertence ao campo campo das concepções humanas: que cada um saiba apenas o que lhe cabe, segundo a sua espe especi cial aliz izaç ação ão,, é condi condiçã çãoo nece necessá ssári riaa à paz paz soci social al,, ao prog progre ress sso, o, e à harm harmoni oniaa informática. Contribua cada qual com seus fragmentos, fragmentos, e se fará feliz o mundo... Em contrapartida, fragmenta-se a personalidade individual nos tantos cotidianos exercícios de fragmentação a que os indivíduos se obrigam no (s) mundo (s) em que se inserem. E a tecnologia, nisso, não desaponta: oferece oferece permanentemente a cada cada faceta fragmentada da personalidade, os seus brinquedos. Da indústria de entretenimento aos eletrodomésticos, do acesso aos fragmentos culturais – o que possibilita a todos um nível básico democrático de cultura, no sentido mass-media de pulverização de uma antiga, e decadente, erudição – até ao consumo inocente de pornografia (o sexo utilitário, matéria-prima industrial, modo de produção que se articula à vontade de poder, à vontade de prazer, que se articulam ao desejo de consumir seja lá o que for), a individualidade se amplia em exercícios fragmentários de existências, partícipes de histórias das humanidades, livres de compromissos com uma História-modelo, com uma História da Espécie Humana, seja com o belo, belo, seja com a idéia. idéia.
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O indivíduo humano, o “eu” pluralizado pelas múltiplas personas sociais sociais que a ampliação fragmentária de utilização tecnológica lhe põe ao alcance e disposição pela Máquina/Sistema, acaba por desenvolver nesse “eu” antes unívoco, e singular em cada qual, uma extraordinária capacidade de exercitar-se em tantas múltiplas personas, personas, até originariamente contraditórias, tornando o paradoxo um modo natural de estar no mundo. Muito Muito mais importante, importante, a capacidade capacidade de ampliar ampliar em muitos modos o ver, o crer crer e o saber saber,, a realida realidade de do mundo mundo em que se insere insere.. E daí, por por consegu conseguint inte, e, a capa capaci cida dade de de ampl amplia iarr o im imag agin inár ário io,, soci social al e indi indivi vidua dual, l, em mu muit itos os mo modos dos de imaginar. Na pós-modernidade toda informação é útil – importa apenas utilizá-la a tempo e espaço que não se lhe deixe perder a inalienável liberdade de associação e/ou de desassociação, desassociação, onde seu único requisito de existência a conduza: seu valor de uso. Infor Informaç mação, ão, bit comput computaci acional onal,, fragme fragmento nto,, ind indiv ivídu íduoo são, são, na pós-mo pós-moder dernid nidade ade,, parentes de uma mesma família: importa seu valor utilitário e sua liberdade de ir e vir, de permanecer permanecer fragmento, fragmento, indivíduo, indivíduo, informação informação,, bit computaci computacional: onal: dependentes dependentes apenas apenas da necessi necessidad dade, e, sempre sempre passag passageir eira, a, em exprim exprimir ir-se -se como como valor de uso, uso, mercadoria, mercadoria, enfim. Mas é evidente que esta é uma das faces da moeda: pois a ampliação do espaço em que transitam, pela pluralização desses todos fragmentos, acabam por produzir – por movimento motor posto em funcionamento – um afastamento progressivo dos seus anti antigo goss cent centro ros, s, de tal tal mo modo do qu quee acas acasoo e im imag agin inár ário io pass passam am a ter ter um pape papell extremamente relevante para a ampliação das possibilidades, de um lado, de satisfação de desejos; de outro, de utilização de cada potencial informacional. A vida social rompe – definitivamente, talvez – com a estática das relações humanas, do “eu” com o “outro”, tanto quanto do “eu” com os “outros”, aos muitos modos desse “eu”, como ainda do múltiplo “eu” com cada qual dos múltiplos “outros”. A vida cultural, por conseguinte, não pode ser vista e vivida senão como processo, como um fluir, fluir, como uma fruição. fruição. E a literatura, a arte em geral, se s e necessita manter-se articulada à vida e à cultura, não o será senão como procedimento, como modo processual/procedimental processual/procedimental de ler, ler, escrever e pensar o mundo. Pois é justo através de procedimentos que a arte une e desune fragmentos no desiderato de construção do in-construído, in-construído, de criação do in-criado. in-criado. Procedimento é ação, ação, não revelação do existente; existente; procedimento procedimento é criação, construção do inexistente. Ou seja, lá se foi o tempo de se revelar – fragmento a fragmento – o puzzle da existência em qualquer nível: é a hora do mosaico tipo lego, lego, em que a peça-fragmento a que por necessidade se unirá outra peça-fragmento, via acaso, via imaginário, criam a figura – em permanente devir – a que o antigo puzzle fazia estática, imutável, dotada de generalidade generalidade e coerção coerção social. É hora, pois, de a Literatura Literatura voltar-s voltar-see à autêntica autêntica liberdade de criar – e abandonar tanto a obrigação de criar (vanguarda) quanto o medo de criar (tradição). A Poesia deve voltar ao comando das coisas. A prop propos osta ta de auto autorr bu busc scaa trab trabal alha harr, po port rtan anto to,, esse essess dive divers rsos os plur plurai ais, s, fragmentários/elementos da pós-modernidade, a partir da única estética possível de fazê-lo – a que possui as mesmas características do objeto analisado: fragmento, informação, individuação, imaginário, muitos modos de ver, a presença da máquina, etc., a partir de identificação de elementos anteriores à eclosão desse fenômeno que, se
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não lhe deram causa direta, pontuam, pontuam, com indubitável indubitável intensidade, intensidade, cada qual em seu aspecto próprio, todo um percorrer de trilhas que desembocaram, como uma vasta rede pluvial, no oceano da pós-modernidade. Alguns fragmentos são em si, metodológicos; são – eles mesmos – velas de navegação necessárias a singrar os mares da estética fragmentarista, fragmentarista, aos ventos – ora calmos, ora nervosos – da pós-modernidade. Cabe ao leitor leitor içá-las, ou recolhê-las, ao sabor das próprias ítacas, ítacas, ao prazer das próprias penélopes próprias penélopes.. A linguagem imagética, a confundir signo e símbolo – e que, por linguagem, linguagem, autoriza arriscar dizer das possibilidades futuras da lingüística em recuperar o espaço que se vai lentamente perdendo à semiologia – vai se tornando elemento comum de diálogo e de compreensão de um mundo antes feito só à mão dos conceitos verbais. O livro, na aceitação da imagem como uma especificidade, em seus discursos cotidianos, da pós-m pós-mode oderni rnida dade de,, como como um elem elemen ento to que se desd desdobr obraa para para além além da anti antiga ga simbologia, busca – e ao entremear a textualidade fragmentária com imagens comuns ao discurso que se desenvolve a partir de uma recepção também fragmentária – esta estabe bele lece cerr mo modo doss plur plurai aiss de rece recepç pção ão,, qu quee po poss ssam am como como lego/fragmentos – lego/palavras e lego/imagens, lego/conceitos – construir, em decorrência específica a esse procedimento, procedimento, muitos modos de ler, qual seja, afinal, a base que se acredita de cristalina compreensão do que seja esse fenômeno denominado pós-modernismo. Não há, na convicção do autor, outra maneira de coletar elementos/fragmentos teóricos para a construção de discursos – e quanto mais polifônicos melhor – que tratem da pós-modernidade para muito além das meras posições contra/a favor/mais ou menos com que muitos autores, mercê de um discurso unívoco, que parte do princípio de que se fala o que se sabe, obrigam-se a falar de um fenômeno do qual ainda muito pouco se sabe, como se sabido fosse. Não pode ser outro o caminho retórico, e estético, não podem ser outros os elementos de análise, não pode ser outra a atitude do que pretende examinar a pósmodernidade: modernidade: trazer à baila tudo o que com ela se relaciona, e deixar – pois é assim mesmo o seu modo próprio de animar a sua fragmentária composição – que cada necessidade de utilização dê o valor de uso que cada fragmento merecer; que cada acaso acontecido acontecido aos imaginário imaginárioss de quem avança avança nos textos, imagens e entre-textos, entre-textos , possa resultar em qualquer interessante e bela união entre os fragmentos desses legos, legos, que será sempre individual, de cada leitor, singular, singular, e que mesmo m esmo jamais se repetirá em outras leituras. Como resulta compreensíve compreensívell do que se anotou quanto à natureza natureza processual processual da exis existê tênc ncia ia frag fragme ment ntár ária ia,, das das uni uniõe õess e desun desuniõ iões es entr entree frag fragme ment ntos os,, toda toda essa essa movimentação se dá por idas e vindas, tanto por linhas como por espirais, retas e curvas, dribles e chutes a gol, defesas, enfim, em tantas formulações geométricas quantas as possibilidades de uso os convidarem. A investigação, pois, não poderia adotar outro procedimento: procedimento: como realizar uma narrativa só linear, na construção de uma teoria pré-concebida, quando o que se busca é conhecer o desconhecido, quando se busca criar novos espaços teóricos para um fenômeno que não resulta diretamente de uma idealização de vanguarda, mas de toda uma pluralidade de concepções de ver o mundo, que ao longo dos séculos vêm despontando aqui e ali, se acumulando ao longo de gerações, até a sua eclosão barulhenta nesses inícios de milênio? Realizar a retórica da univocidade é evadir-se – e
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não importa quantos elementos descritivos se colecione, nem quanto de contestação se acumule contra a prática da pós-modernidade – é arredar-se, como num jogo de quente e frio, é gelar as possibilidades de conhecer, e fazer conhecer, um pouco mais disso que a cada dia parece tornar-se ainda muito maior que nós todos. Por ser um mosaico em lego, que se constrói ainda com o imaginário, a transmitir uma linguagem sub/supra jacente ao texto, a provocar uma amplitude de pensamento que livre das amarras de d e uma só textualização, muitos fragmentos pegarão de surpresa o leitor leitor. Mas o efeito, inclusive inclusive estético estético,, que se busca, quando quando obtido, certament certamentee o recompe recompensará. nsará. Por outro outro lado, lado, uma uma linguagem linguagem subjetiva subjetiva própria própria às textualizações escolhidas (procedimental/e do imaginário), obriga cada fragmento a aguardar sua vez de entrar em cena, não sendo de aceitar-se a imposição desse fato como como deco decorr rrên ênci ciaa de op opçã çãoo ob obri riga gató tóri riaa po porr apen apenas as um do doss mu muit itos os po poss ssív ívei eiss casamentos lógicos de causa e efeito, quando o que se pretende é justo obter-se o efeito (inclusive, mas não só, estético) que possibilite ao leitor criar os seus próprios liames, dar a cada fragmento escolhido o valor de uso que ele mesmo lhe atribuir: pois é este um dos modos preferenciais do sistema próprio à pós-modernidade que se assiste, segundo a utilização informacional esboçada acima, e que se reflete – a olhos vistos – na vida cotidiana de cada um de nós. Dadas as claras concepções esboçadas no texto, espera-se resulte pacífico que não move o autor qualquer pretensão de vanguarda teórica da literatura, da arte, ou da cultura, pois que mero coletor de elementos, um servente em seu carrinho de mão, a reunir tantos materiais quanto úteis aos que, por competência e talento que lhes sejam próprios, estejam aptos à construção dos respectivos prédios teóricos. Se algum mérito este livro pretende atribuir-se é o de valorização do espaço poético como elemento de solução, ou, ao menos, de alívio, para as mazelas e tensões, incl inclus usiv ivee teór teóric icas as,, qu quee estã estãoo a no noss deix deixar ar inse insegu guro ross no diadia-aa-di diaa dess dessaa pó póssmodernidade que, com aspecto de moda passageira, vai a cada espasmo ocupando maior espaço nas práticas e nas histórias das artes e das literaturas, das ciências e das culturas, culturas, das nossas nossas próprias próprias vidas cotidiana cotidianas. s. E, no entanto, entanto, sendo o humano um animal poético – confissão de fé no seu ofício – o autor faz-se parceiro e amigo da pós-modernidade em busca dos mistérios da sua poesia. Sobre as concepções poéticas que o livro anuncia, ainda fragmentariamente, têm a única finalidade de ajudar o leitor, e nisso se faz epistemologia, e epistemologia única e necessária aos fenômenos intelectivos e sensíveis que possibilita – embora aqui e ali se avance por soluções de efeito estético, tanto quanto a convidar o leitor à parceria do texto silencioso – o acesso àquela parte do texto em que, e aqui se trata de profunda profunda convicção convicção do autor, autor, em verdade se encontrará encontrará A Poesia; pois que seja esse texto teórico tal qual o texto poético: não o reduto, forma ou essência, do que seja a poesia; mas a ela o seu convite. convite. Os perigos da pós-modernidade, que nos vem assombrando a todos, ainda mais nos angustiam porque ela trava seus combates mais acirrados no espaço poético da sensibilidade e do imaginário, espaço próprio aos campos de Orfeu e das Nove Musas, e aos modos de transformá-los em cyberespaços de indivíduos reduzidos a bits informáticos ou, quem sabe, baterias de energia, tal qual em Matrix, Matrix, o filme. Só a
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Poética, no que ela se identifica com a infinitude, infinitude, poderá nos iluminar a vencer essas novíssimas dificuldades. De resto, como é próprio aos mosaicos feitos de peças de lego, o objeto de contem contempla plação ção se encont encontra ra sempre sempre mais mais para para lá... lá... O que se oferec oferecee é a explor exploraçã açãoo desses fragmentos da pós-modernidade, de modo a enfrentar as dificuldades criadas pel pelas as suas suas prát prátic icas as de plur plural alid idad adee frag fragme ment ntár ária ia,, com com as gran grandi dios osid idad ades es toda todas, s, possibili possibilitadas tadas justamente justamente pelo exercício exercício consciente consciente dessas práticas práticas de pluralidad pluralidadee fragmentária. Mas uma poiética uma poiética da pluralidade fragmentária só se aprecia, e aproveita, os seus eventuais méritos, no seu exercitamento, exercitamento , na fecunda parceria de fragmentos por vezes tão díspares; ou, como já se disse acima, not supose to... dialogarem. Este, quando se consiga o resultado desejado, será o maior mérito mérito do livro. Mérito maior do leitor que avançar daí. Até pode ser que ao final de cada leitura, por cada leitor, os fragmentos se deixem deixem ordena ordenarr, classi classific ficar ar,, que sempre sempre o será será aos modos modos fragme fragmentá ntário rioss que os motivou e que, sobretudo, lhes serviu serviu de estrutura estético-literária. estético-literária. Afinal, a proposta basilar do autor é – em essência e aparência, motivação e exercício – a apresentação de uma estrutura textual, contextualizada e contextualizante, contextualizante, de natureza estético-literária. E como as próprias Histórias da Humanidade, desconhecendo de onde viemos e par paraa on onde de vamo vamos, s, cora corajo josa same ment ntee suspe suspenso nsoss na assus assusta tador doraa cord cordaa cósm cósmic icaa sem sem princípio ou fim, este livro trabalha com a perspectiva, ainda fragmentarista, fragmentarista, de que o texto próprio à pós-modernidade é sempre to be continued ... ...
FRAGMENTOS PÓS-MODERNOS (uma poética da pós-modernidade)
I celebrate myself, And what I assume you shall assume, For every atom belonging to me as good belongs to you. [Walt Whitman, 1855]
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...pós-modernos, fragmentados e fragmentários... ...carnavalizados...
[René Magritte,1989]
...O Homem é Um Animal Poético... No ofício de recolher, cada qual, nossos próprios fragmentos, e sabendo-nos estrelas de uma escuridão ancestral, temos fé e imaginação... Se nos reunimos em constelações humanas, se nos damos outros nomes, nômades, às nossas tantas tribos (ainda) primitiv primitivas, as, em igual já sabemos sabemos que algumas estrelas estrelas do céu logo se apagarão... apagarão... Em igu guaal, algu algunns do doss no noss ssos os bril brilho hoss se apaga pagam m... ... Po Porr qu quee segu seguiir reco recollhend hendo, o, melancolicamente, fiapos de luz, enquanto, éons em nós, novas estrelas já anunciam a vez de nascer? Aos escuros dos entre luzes, há mais claridade. Aguardando que nossos modos de ver se apercebam... Que toda luz é sempre um fragmento de luz...
...O Homem é Um Animal Poético... .
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Há uma novíssima safra literária (romances, novelas, ensaios, hipertextos, poemas, líric líricas as & músicas músicas,, filmes filmes,, vídeo-clips, vídeo-clips, etc.) da Pós-Modernidade, ligada à Nova Economia, vale dizer, à Nova Tecnologia, motor disso que chamam Globalização (ainda em estado de globalizamento), globalizamento), que estão, por inclusão do elemento virtual, a aproximar realidade e ficção, confundindo-as, desordenando as cartas desses dois baralhos (e afinal parecem ainda tão idênticos os signos...)...
[The Wachovski Brother s, 2000]
... Que está a provocar que não mais se identifique qual a origem da informação transmitida à zona central do cérebro, se real se imaginária, qual dos lados deverá processá-la... Sim, isso isso é um perigo... Uma transação acelerada entre os dois gomos do cérebro pode significar, a uma, que assim estamos ampliando o uso da nossa capacidade cerebral para além dos usuais 5%; a duas, que – e isso seja como for ocorrerá – o humano está a transcender o humano...
…going back to the monkey, going to destruction, ou back/going to the future, to the superman, uma espécie de nietzsche movido a tecnologia fragmentariamente dispersa?… A soci socied edad adee human humanaa desse dessess iníc início ioss do sécu século lo XXI no noss apon aponta ta para para real realid idad ades es fragmentárias – o humano disperso em tantos outros humanos desiguais... Na pós-modernidade temos um quadro ampliado de realidades obscuras que só uma apreensão a passos livres, e por particularidades, parece indicar-nos as possibilidades de ampla apreensão cognitiva ii. Tanto Tanto no campo das ciências quanto no das artes...
…backing to the pré-socratic times: backing to the postfuture?… Impactos tais que os das imagens de aviões de passageiros sendo lançados, por guerrilheiros do arcaico, contra as torres do World Trade Center, no imaginário ocidental, obrigarão à plena aceitação de uma unicidade maniqueísta, que já se ia aos seus estertores – em direção aos tempos postmatrix? postmatrix? O mundo, a natureza, a cultura, nós mesmos, individualmente considerados, somos ente entess ficc ficcio iona nais is,, somo somoss o frut frutoo priv privil ileg egia iado do das das no nossa ssass mais mais ousa ousada dass ficç ficçõe ões: s: a
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construção do humano e de tudo o que humanamente nos cerca... O espaço infinito em que transitamos, espaço em permanente devir, é o espaço do d o humano... Sendo o humano que constrói A Totalidade um humano ficcional , qualquer totalidade nascerá, manter-se-á e resultará sempre em ficção... A construção de uma Totalidade é a vontade máxima de poder no humano...
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Sendo o espa Sendo espaço ço da ficç ficção ão um espa espaço ço hu huma mano no em perm perman anen ente te devi devirr, porta portant ntoo necessariamente fragmentário quando flagrado em estática parcialidade, resulta daí que somos sempre em estado de fragmento – particularidades múltiplas reunidas em totalidades ficcionais e em permanente estado de movimentação... A retórica da totalidade, ou integralidade, será sempre uma retórica de ordenação de fragmentos fragmentos... ... Mera ordenação ordenação ficcional de fragme fragmento ntoss fictícios – por um ser ficcionalmente estabelecido – eis o que é a retórica da unicidade... O século XXI, com a pós-modernidade, se inicia com o reconhecimento dessas ficções, ficções, dessas fragmentariedades, fragmentariedades, ora ora em disp disper ersã são. o..... Sim, Sim, tal tal os átom átomos os em dispersão...
...tudo o que é sólido desmancha no ar ... ...iv A compreensão de que os pensamentos, fruto da vida material, se agrupam como Ideologia, engendrando sistemas de idéias dominantes, e daí ao fim do mito iluminista da neutralidade científica, foi só um pequeno passo para o pensamento dos séculos XIX e XX, mas um passo gigantesco para a cultura ocidental desde que um platonismo
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unívoco (embora Sócrates) enterrou o sonho pré-socrático das várias perspectivas (fragmentárias) do mundo...
[Capa: Eunice Duarte, 1969]
Foi a compreensão da natureza ideológica das idéias que desvelou a farsa da reta razão do mundo – razão humana, bem entendido – segundo a qual as civilizações e com elas as organiza organizações ções sociais possam refletir a Idéia, Idéia, o Absoluto, Absoluto, em todo o seu esplendor, esplendor, como resultado das boas ações humanas, especialmente dos seus governantes: de que nos basta bastaria ria traduz traduzir ir materi materialm alment entee os proces processos sos ideai ideaiss de relaçõ relações es sociai sociaiss para para chegarmos à sociedade perfeita... Isto significou também o fim de todas as utopias... Este fim da utopia, ou seja, a recusa das idéias e das teorias que ainda se serviam de utopias para indicar determinadas possibilidades histórico sociais, podemos hoje concebê-lo, em termos bastante precisos, também como fim da história; isto é, no sentido (e este é precisamente o tema sobre o qual os convido a discutir) de que as novas possibilidades de uma sociedade humana e de seu ambiente não podem mais ser imaginadas como prolongamento das velhas, nem tampouco serem pensadas no mesmo continuum histórico (com o qual, ao contrário, pressupõem uma ruptura)...v Utopia é idéia absoluta e absolutista, e jamais construída por uma razão neutra: neutra: é um elem elemen ento to de li limi mita taçã çãoo do pens pensam amen ento to e das das açõe açõess human humanas as;; de esta estagna gnaçã çãoo da criatividade; de favorecimento daqueles que em seu nome determinam os rumos da cultura, justificados por arbitrários “fundamentos” das organizações sociais...
A descoberta do funcionamento da ideologia , por Marx e Nietzsche, um tanto incipiente no século XIX, em face das análises d’ O Capital e d’ A Vontade de Poder (e das proposições políticas dos socialismos e seus contrapontos) é entre todas essas, e mesmo contra estas, a de maior relevânci relevânciaa filosófica filosófica,, pois é justamente justamente essa reflexão
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que vai transformar o pensamento do mundo ocidental no sentido de liberação das consciências para uma série de formulações ditas modernas, até às pós-modernas, que só seriam possíveis com o desmantelamento do aparato ideológico, em todos os níveis, quee pesa qu pesava va sobr sobree os indi indiví vídu duos os como como send sendoo As Verdad erdades es Absol Absolut utas as e Su Suas as Distorções... Distorções... Em conseqüência, estavam soltas as peias dos Imaginários...
I don’t care what they say I won’t stay In a world without love
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Tanto Marx quanto Nietzsche esta estava vam m por dema demais is conv convic icto to do atomismo de Demócrito , segundo o qual, no mundo, todas as coisas são combinações de átomos que se movem no vazio, em obediência à dura necessidade (elemento comum ao homo economicus e à fatalidade, fatalidade, à vontade vontade de poder)... poder)... E foi essa noção de necessidad necessidadee material que, de um lado, propiciou nossa percepção de que todo pensamento é pensamento necessário à vida material, e, de outro, o de que seria a organização das necessidades que levaria o humano à utópica sociedade sem classes... O problema é que de qualquer organização das necessidades sempre resulta, por cons conseq eqüê üênc ncia ia mesm mesmoo dessa dessa orga organi niza zaçã çãoo – ho hoje je bem bem o comp compre reen ende demo moss – novas novas nece necess ssid idad ades es,, em no novo voss pensa pensame ment ntos os a sere serem m orga organi niza zado dos, s, em eter eterno no devi devirr de organizações, em sempre reciclado absolutismo filosófico, ou: O Sorriso de Hegel ...
[Gerome Ragni, Jim Rado&Galt MacDermont, Hair, 1979]
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Toda utopia, por seu racionalismo exacerbado, por dogmático e não crítico, de que resulta jamais se colocar em dúvida, produz intolerância... A utopia, como modelo de construção de um futuro melhor, sacrifica uma geração de humanos por outra, sucessiva e permanentemente, de modo que condena todas ao infortúnio e à infelicidade... vii Por que, porém, foi escolhida a história do poder, e não, por exemplo, a da religião, a da poesia?... po esia?... É que os homens são inclinados a adorar o poder. Mas não pode haver dúvida de que a adoração do poder é uma das piores espécies de idolatrias humanas, uma relíquia dos tempos da jaula, da servidão humana... human a... viii A adoração do poder nasceu do medo... A ação política não deve ser revolucionária, não deve visar à reconstrução total da sociedade, de resto imprevisível; deve resultar de paulatinas transformações de suas partes...ix Curios Curiosame amente nte,, se a int interp erpret retaçã açãoo marxis marxista ta do mundo mundo e suas suas propost propostas as pol políti íticas cas reduziram-se ao mesmo absolutismo filosófico, o próprio embate ideológico que se suce sucede deuu acab acabou ou por labor laborar ar no sent sentid idoo da mo mort rtee de toda todass as ideo ideolo logi gias as,, como como instituidoras de verdades absolutas... O modo moderno de pensar do século XX já compreendia, dir-se-ia talvez melhor, ainda aceitava, que a organização social e, conseqüentemente, a formalização da cult cultur uraa que lhe lhe é própr própria ia,, esta estava va inti intima mame ment ntee vinc vincul ulad adaa ao exer exercí cíci cioo do po pode der r institucio institucionaliz nalizado, ado, poder apropriado, apropriado, material e ideologica ideologicamente mente,, ao conjunto conjunto dos indi indiví vídu duos os qu quee comp compõe õe a soci socied edad adee hu huma mana na.. E qu quee a cult cultur uraa de um povo, povo, a organ organiza ização ção da cultur culturaa desse desse povo, povo, seus seus cânone cânoness e suas suas relaçõ relações es cultur culturais ais,, suas suas invenções e respectiva aceitação ou repúdio estivessem, é claro, em razão direta desse poder socialme socialmente nte organizado organizado... ... O pós-modernismo pós-modernismo é o fenômeno que decorre da paulatina liberação de amarras tais que essas à afirmação de culturas tribais e mesmo individuais...
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[Capa: Equipe Hemus, 1976]
A compreensão dialética, desde Heráclito e Hegel, até Marx, ganha em Nietzsche sua dimensão dimensão mais aperfeiçoa aperfeiçoada, da, verdadeiro verdadeiro coup de grâce nas idealizações utópicas: o humano é um processo, um permanente caminhar para o além-do-humano... À noção marxista de que vivemos a pré-história da humanidade Nietzsche contrapõe, aperfeiçoando-a, a conclusão de que a cultura - como conseqüência dos que a fazem ainda é humana, demasiada humana... humana... no mesmo mesmo sentid sentidoo do que, talve talvez, z, dirá dirá um filósofo do futuro da cultura dos super-homens, que já estão a caminho: super-humana, demasiado super-humana...
* A ordem de desenvolvimento dos pensamentos, em que se funda a crítica de Popper, desde os de Hegel aos de Marx, e que se inicia em Platão, o primeiro inimigo da sociedade aberta popperiana aberta popperiana,, é justamente o sentido de uma ordenação dos modos de ver e saber da comunidade humana, ordenação essa que se coloca a partir de uma unidade lógica em direção a uma totalidade (ou integralidade)... A formação fragmentária do pensamento pré-socrático, como parte do confederalismo grego, e de sua democracia, em que o sentido do mundo se construía a partir das indi indivi vidu dual alid idad ades es,, em cont contra rapo posi siçã çãoo ao pens pensam amen ento to roma romano no de exal exalta taçã çãoo da nacionalidade e da cidadania, ou seja, do indivíduo como um ser agregado ao Estado, o modo clássico grego de ver o mundo possibilitava a percepção inequívoca de variadas variadas verdades, verdades, como fragmentos de uma verdade maior, de uma totalidade sempre inatingível , de apreensão retórica, portanto, impossível... Desde o atomismo de Demócrito, como na compreensão do movimento, movimento, de processo de processo em Heráclito, mas especialmente na idéia de , a tranqüilidade da alma atin atingí gíve vell apen apenas as po porr um umaa cons consci ciên ênci ciaa prof profun unda da de ser ser, enquan enquanto to ind indiví ivíduo duo
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absolutamente livre e independente, na convicção de que os átomos também se movem por contingência da vontade : linha de pensamento que Nietzsche retomará para formular sua idéia primeira de fatalidade – a mesma necessidade de Demócrito (superável pela pulsão – vontade de poder em Nietzsche/ princípio do prazer em Freud) – que Marx absorveu... Comparando a filosofia da natureza de Epicuro com a filosofia da natureza de Demócrito, Marx reconhece que na base de ambas se encontram os mesmos princípios: no mundo todas as coisas são combinações variadas de átomos que se movem no vazio... vazio...x ...e que Lênin desdenhou... Toda a sociedade será um único escritório e uma única fábrica, com igualdade de trabalho e igualdade de salário... Pois quando todos tiverem aprendido a administrar e administrarem de fato autonomamente a produção social, realizarem realizarem autonomamente o registro e o controlo sobre os parasitas, os fid fidal algo gote tes, s, os viga vigari rist stas as e os ou outr tros os “d “dep epos osit itár ário ioss da dass trad tradiç içõe õess do capitalismo”... A necessidade de observar as regras simples, fundamentais, de hábito....xi toda a convivência humana se tornará muito mu ito depressa um hábito.. A liberdade não é conceito oposto, mas articulado à necessidade... necessidade... A liberdade é o motor da vida, é a inteligência que a engendra, condição essencial de toda coisa viva... Pois é com ela, a liberdade – agindo sobre e de acordo à necessidade, que os átomos se reúnem em seres vivos e os aperfeiçoam...
* No sentido de liberdade (relações necessidade/pulsão/vontade), e não apenas nesse, o fragmentarismo da pós-modernidade vem a ser uma (ainda claudicante) retomada dos modos pré-socráticos de saber e de viver o mundo: a possibilidade de apreensão, diálogo e aceitação a partir dos muitos modos de ver, ler e saber a realidade do mundo... Se no prin princí cípi pioo era era O Verbo erbo,, li lingu nguag agem em divi divina na,, uni unive versa rsal, l, lingu linguag agem em de um umaa cosmológica metainteligência, metainteligência, O Verbo Verbo fez-se carne humana, e do verbo-carne a carne (matéria) fez-se linguagem humana, e da linguagem humana fez-se a cultura humana...
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O Universo é, ao menos para nós humanos, a máxima expressão material pensável d’O Verbo, Verbo, ponto convergente do sagrado e do profano, fiéis, agnósticos, agnós ticos, e ateus... Não importa sob quais proposições pensemos ou expliquemos o Universo Infinito e Misterioso: só com o verbo se o fará, numa cultura em que a tradição se impõe pela palavra...
A natureza ficcional da cultura se realiza a partir da linguagem, do discurso verbal, primária (oral, escrito, gestual) ou secundariamente, por transliteração (musical e
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imagét imagética ica), ), modo modo privil privilegi egiado ado de transm transmiss issão ão de experi experiênc ências ias e conhec conhecime imento ntos, s, tradição e tradução cultural... A fala iletrada favorecera o discurso descritivo da ação; a pós-letrada alterou o equilíbrio a favor da reflexão. reflexão. A sintaxe do grego começou a adaptar se se a uma uma possi possibi bili lidad dadee cres cresce cent ntee de enun enunci ciar ar prop proposi osiçõ ções es,, em lugar lugar de descrever eventos. Este foi o traço fundamental do legado do alfabeto à cultura pós-alfabética. Uma conclusão tão radical é de molde a enfrentar resistências em três diferentes níveis. Ela propõe que tanto a lei como a ética, tais como hoje as entendemos, querendo dizer estruturas verbalizadas que definem princípios e desc descrrevem evem suas suas apl aplic icaç açõe ões, s, vier vieram am à exis existê tênc ncia ia como como resul esulta tado do de uma uma mudança na tecnologia da comunicação. Aquilo que as precedeu era da ordem da praxe, mas que do âmbito dos princípios; incorporava-se em forma de hábito social e se comemorava por meio da fala ritmada. As sociedades préalfabéticas não eram imorais, mas, no sentido conceitual, eram amorais. Os filósofos moralistas por certo não vão apreciar uma tal conclusão – nem a sub subse seqüe qüent nte, e, de qu quee a fi filo loso sofi fia, a, como como uma disc discip ipli lina na inte intele lect ctual ual,, é uma uma invenção pós-alfabética: em suma, a conclusão de que muito da história da chamada filosofia grega dos primórdios não é uma história de sistemas de pensamento e sim a de uma busca de uma linguagem fundamental em que algum alg um sistem sistemaa pudesse pudesse expri exprimir mir-se -se.. Os ideali idealista stass tampouc tampoucoo acharão acharão fácil fácil conciliar-se com uma interpretação histórica a qual, de fato, não apenas afirma que “o meio é a mensagem”, isto é, o conteúdo do que se comunica é regid egidoo pela pela tecn tecnol ologi ogiaa util utiliz izada ada,, mas mas tamb também ém asse asseve vera ra que essa essa mesm mesmaa tecnologia pode ter uma função causal na determinação do modo como pensamos... pensamos...xii
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Assim como o verbo humano não se esgotou nos sons e nas imagens primitivas, tamb também ém não não se esgo esgota ta na escr escrit itaa conceitual : o verb verboo hu huma mano no enco encont ntra ra-s -see em permanente devir de linguagens...
* Em Assim Em Assim falou Zaratrusta Zaratrusta – especialmente, pois que isso ocorre ao longo de toda a obra de Nietzsche , a dicotomia arte-filosofia é neutralizada pelo projeto de fazer da poesia o meio de apresentação de um pensamento filosófico não conceitual e não demonstrativo... Um pensamento emancipado, emancipado, portanto, da razão... Assim falou Zaratrusta é um livro daquele e para aquele que, “onde pode adivinhar, detesta inferir”, daquele e para aquele que pensa ter pouco valor o que precisa ser provado, daquele e para aquele que admira a potência do “grande estilo”: “a potência que não tem mais necessidade de prova, que desdenha agradar, que dificilmente dá resposta, que não sente testemunhas por perto, perto, que vive sem se dar conta de que existe existe oposição a ela, que repousa repousa em si, fatalista, uma lei entre leis”... Com sua forma poético-dramática, Zaratrusta é a realização do projeto wagneriano, tal como Nietzsche o havia interpretado no primeiro período de sua filosofia, ou, mais precisamente, aparece em continuidade com o que Nietzsche dizia, em Richard Wagner em Bayreuth, sobre o modo como Wagner lida com a música e o mito... Tal como pensa Nietzsche nessa época, a missão singular de Wagner teria sido reintroduzir o mito no mundo e libertar a música enfeitiçada, fazê-la falar, falar, através de sua força dramática... dramática... O gênio poético de Wagner está no fato de ele pensar por acontecimentos visíveis e sensíveis, e não por conceitos, isto é, em pensar por mitos, que exprimem uma representação do mundo por uma série de fatos, de atos... Sentindo que o primeiro perigo, quando os heróis e deuses dos dramas ti tive vess ssem em de se expr exprim imir ir po porr pa pala lavr vras as,, era era qu quee essa essa ling lingua uage gem m verb verbal al despertasse o homem teórico, Wagner forçou a linguagem a voltar a seu estado de origem, em que ela não pensa por conceitos, em que ela ainda é poesia, imagem, sentimento...
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Em Assim falou Zaratrusta, a forma poética de filosofar tem como ápice o eter eterno no retor etorno no,, pens pensam amen ento to trág trágic icoo qu quee só po pode de ser ser ad adeq equa uada dame ment ntee xiv enunciado através do canto, da palavra poética...
*
O Eterno Retorno, a mais alta fórmula de afirmação até hoje atingida xv tem como forma de expressão poética o ditirambo dionisíaco (greco-latino) em que a palavra, apolínea, apolínea, se deixa vencer, por embriaguez, pela música dionisíaca... dionisíaca... Mas por que o Zaratrusta , um livro, seria música?... Por Porque que reali ealiza za o proj projet etoo niet nietzsc zschi hiano ano de faze fazerr a escr escrit itaa atin atingi girr a perfeição da música... Música da qual Nietzsche disse um dia, aproximando-se de Wagner e de Scho Schope penh nhau auer er,, ser ser arte rte supe superi rior or:: “Comp Compar arad adaa com com a músi música ca,, tod odaa comunicação por palavras é vergonhosa; as palavras diluem e brutalizam; as palavras despersonalizam; as palavras tornam o incomum comum”. xvi Em Assim Em Assim falou Zaratrusta, Zaratrusta, Nietzsche – Ecce Homo! – busca ir ainda mais longe do que permite o uso dos seus ditirambos dionisíacos: dionisíacos: Nietzsche busca realizar em realizar em livro tal qual Wagner o fazia em ópera... ópera... O ditirambo sinfônico !... Em minha hipótese, considerar o Zaratrusta canto significa dizer que nele a palavra canta pela própria musicalidade da palavra... Não será isso o que indica Ecce homo quando, ao dizer que o Zaratrusta é música, explicita essa idéia – em um sentido que evidencia o quanto Nietzsche já está distante do privilégio que Schopenhauer dá à música em sentido estrito... E da fund fundam amen enta taçã çãoo meta metafí físi sica ca qu quee ap apre rese sent ntaa pa para ra isso isso,, qu quee determinou a concepção de O nascimento da tragédia, afirmando que ele implica o renascimento da arte de ouvir; que é a eloqüência tornada música... Pelo retorno da linguagem à natureza da imagem? E nã nãoo esta estará rá essa essa idéi idéiaa em cont contin inui uida dade de com com as afir afirma maçõ ções es de Nietzsche de que escrever é dançar com a pena... ...De que o maior desejo de um filósofo é ser um bom dançarino?... xvii
Daí porque a expressão: eu não creio em um Deus que não dança , refletindo uma estratificação, estratificação, uma formalização formalização demasiada de Deus, que nos chega praticamente incólume até os 60, quando o movimento hippie aproxima a divindade dialogando com a fé a partir da idéia de paz e amor, na apologia da alegria de viver, da vida em natureza, da autenticidade nas relações humanas... xviii
* Matéria que ideologiza, ideologiza, matéria que engendra a sua própria superação, o humano constrói sua cultura a partir de ficções que realiza, para si e para as suas relações
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materiais de poder: com a natureza (interna e externa) e com os seus semelhantes (natural e socialmente considerados)... O hu huma mano no,, soci social al e, po port rtan anto to,, cult cultur ural alme ment ntee cons consid ider erad ado, o, é, tant tantoo em sua sua individualidade quanto em sua dimensão cultural, uma ficção... Ou seja, psicológica e socialmente construído, constituído, e a partir da sua natureza primária, por elementos de natureza ficcional ...
... O Homem é Um Animal Poético ... xix
Porque o humano é ficcional, assim se formam, em inquestionável decorrência, todas as suas categorias institucionais: pessoalidade, pessoalidade, sociabilidade, sociabilidade, culturalidade, culturalidade, desde o ser individual, ao ser social, ao ser econômico e ao ser político, e aos muitos possíveis modos do seu ser literário... Porque o humano é ficcional assim se define, por construção literária, literária, sua própria identidade, tanto individual, quanto natural e cultural... Porque o humano se define por construção literária, literária, assim também se define, ainda por construção por construção ficcional , toda a cultura em que se insere, como sujeito e objeto dessa mesma cultura...
* Ainda por construção literária se formam os Estados: ficções que se institucionalizam a partir de si mesmas. O Estado nada mais é, pois, e também, uma ficção, ficção, (como, aliás, estabelecido pela Arte do Direito, a saber, uma ficção uma ficção,, no âmbito desta, jurídica desta, jurídica)... )... Assi Assim, m, por via via de conse conseqüê qüênc ncia ia lógi lógica ca,, as suas suas no norm rmas as,, norma normass jurí jurídi dica cas, s, por derivarem de um Estado Ficção, pouco importando sua legitimidade, ou mesmo legalidade, possuem natureza ficcional... Daí que, para a sua correta hermenêutica, há sempre que considerar este aspecto, que é da sua essência mesma, tanto na formulação de uma teoria geral quanto para sua hermen hermenêut êutica ica:: como como um modo modo de int interp erpret retaçã açãoo que se jun junta ta aos modos: modos: litera literal,l, gramatical, sistemático, teleológico e crítico, em autêntica interpretação ficcional – interpretação literária – dos muitos modos do Direito... O que se dizer então das demais ciências humanas?... O que dizer então da Teoria Literária?... Literária?... ...Para Bachelard existem três instâncias que, em seqüência, concorrem para para formar formar um saber saber disci discipli plinar nar,, isto isto é, ofi oficia cializ lizar ar,, normati normatizar zar,, tornar tornar discur discursiv sivoo um conhec conhecime imento nto:: a impr impressão essão primei primeira, ra, a geomet geometriz rizaçã açãoo e a abstração... A primeira instância é a percepção sensorial, o contato primeiro com o fenômeno, o momento em que o fato se revela, e apresenta-se como interessante, passível de mensuração e/ou estudo. Nesse instante só se possui a
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impressão do acontecimento... A instância segunda, denominada geométrica, pode ser definida como o procedimento de organização racional de uma primitiva ordenação casuística, caótica, fenomenológica: tornar Geométrica a repr repres esen enta taçã ção, o, isto isto é, deli deline near ar os fenô fenôme meno noss e orde ordena narr em séri sériee os acontecimentos decisivos de uma experiência . É a classificação, a medida nece necessá ssári riaa pa para ra qu quee se po possa ssa repet epetir ir,, ou repr epresen esenta tarr, arti artifi fici cial alme ment ntee o fenômeno. Dão-se nomes, medem-se os fenômenos, define-se o sistema. É a instância descritiva... descritiva... Mas essa geometrização aparente, aparente, com o tempo, torna se insuficiente, sendo necessário, pois, procurar o porquê, no nível abstrato: o pensamento científico é então levado para construções mais metafóricas libertação do saber discursi discursivo; vo; o escape das das fórmulas fórmulas pela que reais... É a libertação necessidade de se ir além da linguagem para só então retornar a ela. O nível abstr abstrat atoo – entr entree-lu luga garr im imag agin inár ário io – é dete detect ctad adoo naqui naquilo lo qu quee modif modific icaa a geometrização, que já então se mostra insuficiente. A pergunta de Bachelard é a sua própria tese:” por que não considerar a abstração como o objetivo do espírito científico? ” . ...Todo ...Todo saber adquirido é saber prestes a ser superado. O único estado plausível é o da transformação do conhecimento: ninguém pode arrogar-se o espírito científico enquanto não estiver seguro, em qualquer momento da vida vida do pens pensam amen ento to,, de recon econst stru ruir ir todo todo o próp própri rioo sabe saberr ... Para a reconstrução desse saber – fotografia de uma geometrização momentânea – importa estabelecer uma psicologia do aprendizado científico, que implica, em última instância, analisar a base afetiva da necessidade do conhecimento: conhecimento : deve devemo moss leva levarr em cont contaa inte interresse essess dife difere rent ntes es qu que, e, de cert certaa form forma, a, constituem-lhe a base afetiva . ...O não querer desfazer-se do conhecimento c onhecimento conquistado, a resistência à transformação e à abstração, é definido como “obstáculo “obstáculo epistemológic epistemológico” o” , instinto instinto conservativo conservativo de base afetiva. afetiva. A psicanálise psicanálise dos motivos instintivo instintivoss e irracionais é o processo de purificação espiritual que permite atingir o real objeto científico – a abstração: “psicanalizar o interesse, derrubar qualquer utilitarismo, por mais disfarçado que seja, por mais elevado que se julgue, voltar o espírito do real para o artificial, do natural para o humano, da representação para a abstração (...) tornar claramente consciente e ativo o prazer de estimulação espiritual na descoberta da verdade (...) modelar o cérebro com a verdade (...). No estado de pureza alca alcanç nçad adoo por por um umaa psic psican anál ális isee do conh conhec ecim imen ento to,, a ciên ciênci ciaa é a estética da inteligência” inteligência”. ...Não tem interesse para a ciência uma experiência que confirma a experiência científica é, portanto, realidade: mas sim a que a desconfirma. A experiência uma experiência que contradiz a experiência comum. A experiência experiência comum conhecime imento nto,, portant portanto, o, caract caracteri erizaza-se se não não é de fato fato cons constr truí uída da...... O conhec justamente pela construção. Ele é edificado sobre outro conhecimento que ou ampara o novo ou por ele é transformado:
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...“quando o espírito se apresenta à cultura científica, nunca é jovem. Aliás, é bem velho, porque tem a idade de seus preconceitos. Aceder Aceder à ciênc ciência ia é rejuv rejuvene enesce scerr espiri espiritua tualme lmente nte,, é buscar buscar uma brusca mutação que contradiz o passado”... xx
* O Cine Cinema ma,, ao comu comuni nica carr po porr im imag agen ens, s, tent tentaa cria criarr um umaa ou outr traa ling lingua uage gem, m, não não propriamente uma metalinguagem (senão como estágio primário de formação de sua própria semântica, quem sabe uma sintaxe, quiçá uma gramática)... Uma linguagem que busca ampliar, articulando linguagens com/para o visual, pensado e comunicado, os horizontes de interpretação do mundo... Tudo eleva a crer que o Verbo Verbo não esgotou, ainda, os seus mistérios... Talvez não seja tão ousado (ou profano) dizer que a fragmentação, com suas muitas linguagens (polifonia) é uma estratégia do Verbo e sua civilização...
* ficcional de todos os elementos da cultura, Dada a necessidade de uma interpretação ficcional de temo temoss qu quee os disc discur urso soss verb verbai aiss corr corres espo pond nden ente tes, s, não não apen apenas as a essa essa mesm mesmaa interp int erpret retaçã ação, o, como como ainda ainda à própria própria consti constitui tuição ção do fenôme fenômeno no cultur cultural, al, forçoso forçoso admitir, possuem, em sua natureza essencial discursiva, a qualidade de discurso literário, ou seja, discurso apto à transmissão material, poética do pensamento, tanto quanto à transmissão espiritual, poética do imaginário...
...O Homem é um Animal Animal Poético... El Correo Gallego / O Correo Galego ... a súa capacidade para artellar historias, perfectamente compatible co fragmentarismo elusivo, máis denotativo que connotativo, das súas primeiras entregas ... www.elcorreogallego.es/periodico/20010531/Revistas_das_Letras/ www.elcorreog allego.es/periodico/20010531/Revistas_das_Letras/ N38980.asp - 22k Los Andes On Line ... incluso de autoría. Todos los lenguajes que tienen que v er con el fragmentarismo, fragmentarismo, el minimalismo, la deconstrucción… Y aunque yo provengo de otra generación ... www.losandes.com.ar/2001/0418/suplementos/cultura/nota21 www.losande s.com.ar/2001/0418/suplementos/cultura/nota21856_1.htm 856_1.htm - 32k -
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Quando se aponta a natureza ficcional da antropologia cultural, especialmente no que respeita aos insuspeitos trabalhos de descrição etnográfica de uma dada cultura, de que todas as descrições do tipo são meras interpretações xxi, mais ou menos superficiais, mais ou menos densas, está a se considerar o fato de que o intérprete realiza um trab trabal alho ho nece necessa ssari riam amen ente te ficc ficcio iona nal/ l/li lite terá rári rio, o, e qu que, e, não não por acas acaso, o, enco encont ntra ra na imaginação o seu mais eficiente instrumento de aproximação com o real... Quanto às diferenças existentes entre o discurso literário strictu sensu, discurso de sensu, e o discurso inte interp rpre reta taçã çãoo antr antropo opoló lógi gica ca,, ambos ambos oriu oriund ndos os da imaginação , deco decorr rrem em essa essass diferenças muito mais por conta tanto das condições de suas respectivas criações, e conseqüentemente dos muitos modos de olhar, enfoques de prismas (e, naturalmente, enge engenh nhoo e arte arte), ), do que naqui naquilo lo qu quee po pode deri riam am dive diverg rgir ir qu quan anto to a sere serem m ambo amboss construtores de ficto de ficto,, de serem ambos “fabricações” do real... Literatura (estrito senso) e Antropologia, e pouco importa que cada qual à sua su a maneira, discursos de interpretação do mundo, revelação ficcional do mundo humano já antes, e pelo próprio humano, hum ano, ficcionalmente constituído... constituído...
* Não apenas todos os discursos possuem a mesma natureza ficcional, como também a própria constituição da cultura pelos humanos que a integram, desde a sua origem, é fruto de uma fabricatio uma fabricatio humana, (interpretações ficcionais do mundo pelos nativos de qualquer cultura)... mais ou menos superficiais, superficiais, mais ou menos densas, de acordo acordo com o estágio de complexidade dessa cultura...
...O Mundo é sempre um mundo aos muitos modos da Interpretação Humana... ...Viver – o humano – é viver interpretando... ...Viver – o humano – é viver interpretado... O humano tudo fabrica, o humano por tudo é fabricado... O humano é um processo, um processo literário (poético) de interpretação permanente... Os humanos são processos cotidianos de transformação das interpretações que não tiveram um início, processos de transformação das interpretações que possivelmente não terão um fim, e cujo escopo só pode ser – independentemente de isto ser possível ou não – as infinitas interpretações do Verbo Verbo da Vida em direção aos muitos modos das d as eternidades...
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* Cada interpretação cultural é sempre uma das possíveis interpretações ficcionais de muit mu itas as inte interp rpre reta taçõ ções es ante anteri rior ores es,, aind aindaa ficc ficcio iona nais is,, do mu mund ndo; o; ficc ficcio iona nalm lmen ente te vive vivenc ncia iada da por algum algumaa dada dada comu comuni nida dade de human humana, a, e a part partir ir de rito ritoss e signo signoss ficcionalmente instituídos, que possibilitam a sua singularização (aldeia ficcional) em rela relaçã çãoo às dema demais is,, a sabe saberr, um umaa iden identi tida dade de hu huma mana na (nac (nacio iona nali lida dade de)) tamb também ém ficcionalmente estabelecida... Mesmo quando a arte é uma imitação (enquanto interpretação) interpretação) da vida, a vida, tal como como os hu huma mano noss a vive vivem, m, só é po poss ssív ível el como como um umaa im imit itaç ação ão vivi vivida da,, vívi vívida da,, discursiva, (e ainda enquanto interpretação) interpretação) da arte (pré-verbal) (pré-verbal) de constituir constituir ficções sobre esta mesma vida...
...Toda ...Toda A Arte, toda A Filosofia e toda toda A Ciência são potências da Poesia... O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de vez em quando olhando para trás... E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto, vist o, E eu sei dar por isso muito bem... Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo... xxii
A Poesia é o verdadeiro real absoluto. Isto é a essência da minha filosofia. Quanto mais poético, mais verdadeiro... xxiii A roda roda,, qu quee nã nãoo exis existe te na na natu ture reza za,, é tão tão fant fantás ásti tica ca qu quan anto to o lobisomem... A magia é a potência da imaginação. Cria formas e imagens não existentes. Estes seres podem ser centauros, hidras, sereias ou esfinges. Mas também podem ser artefatos e máquinas, cujo modelo não se encontra na realidade... realidade...xxiv
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* Tudo é interpretação: tudo nasce como imaginação, tudo se realiza como ficção; tudo é, pois, antes, Poesia, depois, Literaturas... Imaginação - é o que os tempos pós-modernos estão a exigir nesta virada de milênio em que já se fabrica humanos e super-humano super-humanoss fic ficcionai cionaiss, tanto na possibilidade de clonagem de seres humanos quanto, e principalmente, na construção de humanos digitais, partícipes de uma humanidade virtual...
[Josef Rusnak e Ravel Centeno Rodriguez, 1999]
O cinema vem pouco a pouco se tornando o posto mais avançado de uma interpretação literária da realidade humana – filmes que estão a desvelar, para um público cada vez maior, as relações de poder a que se submetem os indivíduos em geral... Filmes que apontam para novas reflexões a respeito da própria condição humana, constr construin uindo do novíssi novíssimas mas int interp erpret retaçõ ações es para para concei conceitos tos tão ancest ancestrai raiss quanto quanto,, por exemplo, o que seja alma, alma, o que seja o corpo e seus sentidos , sentidos , o que sejam o natural, o real, o artificial, o imaginário , o que seja o humano , o que sejam o tempo e o que seja o espaço... Sob a alegoria fantástica de filmes como The Truman’s Show, Matrix, Being John Malkovitch, The Thirteenth Floor, Artificial Inteligence, Inteligence , por exemplo, há toda uma interpretação pós-moderna de mundo que, ao mesmo que contextualizá-los, literaturizá-los segundo segundo uma novíssi novíssima ma articu articulaç lação ão de elemen elementos tos tecnol tecnológi ógicos cos e existenciais da pós-modernidade, está a construir novos modos de ver, ler, crer e saber o humano e seu mundo relacionados ao processo pós-moderno de fabricação de novos fictos ficto s culturais, culturais, e que está a exprimir uma realidade pós-tecnológica divinizada, que tenta responder às problematizações às problematizações geradas pela inserção do humano em um mundo de infinitas infinitas possibilidad possibilidades es tecnológic tecnológicas, as, humanidade humanidade pouco a pouco submetida submetida ao
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deus Virtualis , senhor absoluto de um universo virtual , para muito além de todos os big brothers que afligiam a modernidade... Pois agora não se trata mais da simples inserção de máquinas primitivas num mundo humano humano,, até então então apen apenas as modern moderno.. o.... Mas Mas da adaptaç adaptação ão progre progressi ssiva va da mente mente huma hu mana na aos aos recl reclam amos os da perf perfei eiçã çãoo virt virtua ual, l, nu num m pó póss-ra raci cion onal alis ismo mo,, nu num m pó póssxxv iluminismo, que faz o panoptikon o panoptikon de Bentham , nos parecer jogo jogo de amarelinha ama relinha... ...
[Giorgio de Chirico, Família do pintor, 1926]
Filmes como Show de Truman, Truman, Clube da Luta, Luta, Quero Ser John Malkovich, Malkovich, 13o. Andar , Magnólia e entre nós, Cronicamente Inviável , são filmes nitidamente pós-modernos, no sentido de que apresentam a crítica, tanto temática quanto estética, de uma sociedade humana organizada sob um olhar unívoco, e por isso totalizador, numa numa ótica piramidal unitária do mundo, como ainda porque propõem, através de uma releitura da condição humana, um modus de olhar que convida o humano a superar as misérias e os conflitos que vem se acirrando nesses tempos pós-modernos...
* Exercícios da imaginação tecnológica, o hipertexto, hipertexto, e sua principal reflexão – a ainda incipiente web-literatura – são desdobramentos necessários de uma reconstrução fragmentária do mundo que, no bojo da pós-modernidade, busca uma ampliação das possibilidades humanas, tanto nas artes quanto nas ciências, na medida em que pluraliza as possibilidades de manifestação, criação e comunicação, dos muitos modos de ver existentes na cultura...
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* Não Não há mais mais como como tenta entarr recu recupe pera rarr um Humanismo funda fundando ndo-s -see na idéi idéiaa de Humanidade, em seu sentido de categoria absoluta, como referencial mistificador de uma unidade essencial de toda a espécie humana (como se possível um sistema de essências essências universais universais redutor das contingências contingências diversific diversificadas). adas)..... Já vimos que essa e qualquer outra unidade essencial absoluta, por sua natureza – sempre ficcional, já suficientemente esclarecido – são próprias às ideologias que as animam... ...Talvez ...Talvez até se possa, ou se deva, aqui e ali, aceitar o humanismo – termo e conceito –, aos apelos da boa fé, no sentido que lhe deram Marleau-Ponty e out outros ros,, um humanismo que ainda ofereça espaço para a resistência à opressão e uma necessária enquan anto to um do doss recom recomend endaçã açãoo de tol tolerân erância cia,, compr compreen eensão são e genero generosid sidade ade xxvi, enqu conceitos passíveis de contraposição à brutalidade escravocrata, dos que atentam contra a liberdade e a dignidade de cada qual de todos os indivíduos, na aceitação dos muitos modos de saber e viver, já se contrapondo à sua apropriação por eventuais grupos de poder... poder... Quando, na pós-modernidade, se fala em Humanidade, Humanidade, fala-se das Humanidades, fala-se dos humanos em construção, do humano plural, do humano liberto das amarras do (s) outro (s), (s), um humano que é ainda e sempre seu próprio outro... outro...
A Poesia e a Literatura são as fontes primordiais da nossa hum umaani nida dadde e da no nosssa civi villização. Dever verão regê-l gê-laas também... Talvez mesmo se possa falar de um humano pós-histórico humano pós-histórico,, um humano em processo de superação para um além-do-humano a-histórico, a-histórico, ao qual deverá ceder seu antigo lugar... Talvez até mesmo, e assim como o próprio deus nietzschiano esteja nietzschianamente morto, o humano, também nietzschianamente considerado, já o esteja; e o que vemos seja apenas o reflexo de estrelas que já cederam seu brilho ao caos...
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Talvez, na pós-modernidade, black super-men já estejam a caminho, como na cena final de Matrix, Matrix, o filme...
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A palavra “super-homem” para designar um tipo de suprema perfeição em contraste com homens “modernos”, com homens “bons”, com com cris cristã tãos os e dema demais is nihi nihili list stas as;; um umaa pa pala lavr vraa qu que, e, na bo boca ca de Zaratrusta, aniquilador da moral, dá muito que pensar, foi quase só entendida, por todos os lados, com suma ingenuidade, no sentido daqueles valores cujo contrário foi justamente revelado na figura de Zaratrusta: isto é, como tipo “idealístico” de uma espécie superior de homens, meio santos, meio gênios... xxviii Como se prestou, essa concepção de super-homem em Nietzsche, a tantos distintos papéis! De ícone nazista a homem de aço, aço, um superman um superman mantenedor da mantenedor da ordem social, a alegoria é apropriada agora, em Matrix, Matrix, como desmistificador dessa desmistificador dessa mesma ordem social, e mesmo seu algoz: herói da superação de um estágio de submissão, como um ícone de liberdade e plenitude, para uma possível livre existência pós-tecnológica... Matrix Matrix sugere que a ordem social até o advento advento da pós-modernidade, pós-modernidade, idade crítica crítica da idade anterior (e alguém já definiu a pós-modernidade como um conflito de gerações), seja a mesma que a da sua ficção, criada como metáfora crítica aos sistemas sociais unív un ívoc ocos os,, qu quee mant mantêm êm os indi indiví víduo duoss escr escrav aviz izad ados os aos aos seus seus inte intere ress sses es de auto auto-alimentaç alimentação... ão... Nesse diapasão diapasão a queda da Matrix Matrix seria uma metáfora metáfora da festejada festejada desconstrução que muitos consideram a própria definição da pós-modernidade... Talvez o reino da liberdade, o reino do super-homem nietzschiano seja exatamente deixar-se ser, o humano – super-humano – ser só poético ...
* O escritor analítico observa o leitor, como ele é; a partir disso faz seu cálculo e ajusta a máquina, para produzir nele o efeito correspondente. O escritor sintético constrói e produz para si um leitor, como ele deveria ser, não o pensa morto e inerte, mas vivo e reagente. Faz com que aquilo que inventou lhe surja gradualmente ante os olhos, ou o seduz para que ele mesmo o invente.
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Não quer produzir sobre o leitor nenhum efeito determinado, mas estabelece com ele o sagrado relacionamento da mais íntima sinfilosofia ou simpoesia... xxix
* Se com as palavras é que explicamos o mundo, e ainda com elas é que sabemos o que se passa nesse mundo, jamais vencemos a distância que separa esse saber , por mais comp comple leto to e comp comple lexo xo qu quee se faça faça,, do simp simple less ato ato de ver , ou seja, entre um conhecimento científico, científico , que se estabelece pelo conceito, e o conhecimento sensível , desse mundo que se expõe, e se impõe, a todos nós, sem que dele possamos nem nos alienar nem apreender em sua/nossa plenitude cognitiva...
xxx
O modo como vemos todas as coisas, e assim as pessoas, tanto no mundo da natureza natureza quanto no da sociedade, sempre guarda estreita relação seja com aquilo que pensamos que sabemos que sabemos,, seja com aquilo que pensamos que acreditamos... acreditamos...
* Se a Literatura busca revelar, desvelar, explicar, enfim, narrar e interpretar o mundo, através das palavras, proporcionando-nos assim o progressivo conhecimento desse mundo, o texto cinematográfico busca expandir essas narrativas e interpretações ao lugar dos sentidos contidos nessas mesmas narrações e interpretações, demonstrandoas sensivelment sensivelmente. e. Assim fazendo fazendo o cinema busca, busca, então, reduzir reduzir a distância distância entre conhecimento conceitual e conceitual e conhecimento factual conhecimento factual ... ... O cinema não apenas transmite a realidade textual de que se origina, mas – e é o que lhe proporciona estabelecer-se a si mesmo como um novo texto em igual original – o cinem inemaa cri cria os seus seus próp própri rios os modos de narrar e interpretar o mun unddo xxxi.
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Conseq Conseqüen üentem tement ente, e, cria cria também também seus seus própri próprios os modos modos de ser visto, visto, de ser lido lido,, correspondentes a esses modos próprios de narrativa e interpretação... Os modos de ver tanto ver tanto a vida quanto o filme, os modos de ler tanto ler tanto o livro quanto o filme, não escapam ao fato inarredável de que tudo o que vemos está ligado ao que sabemos ou ao que acreditamos, ou seja, às nossas ciências ou às nossas crenças. crenças. Portanto, esses modos de ler o ler o filme possuem a sua especificidade decorrente de ser uma narrativa correspondente a uma interpretação original do mundo, com sua pletora de signos, seu modus faciendi específico, e a especificidade dos saberes e crenças de cada um dos que o lêem, dos que o vêem... Claro está que, se os modos de ver o ver o mundo encontram-se em relação direta com os saberes e os credos de cada qual, em igual medida encontram-se os seus diversos modos de fazer de fazer oo mundo, aos modos próprios de cada qual... O s modos de fazer o livro/filme/quadro não escapam aos respectivos modos de ver o mundo, mundo, em maior ou menor medida, de acordo com o poder de cada qual em impor à obra seu modo próprio de ver, desde seus autores/roteiristas, editores/produtores, diretores, atores, cinegrafistas, o público a que se dirigem, as instituições, e assim por diante... Se o modo como vemos as coisas, as pessoas e os fatos da vida decorre do sistema sistema de conhecimento e de crenças em cada indivíduo, assim como de uma dada cultura, há ainda inda um terc tercei eiro ro eleme lement ntoo qu quee con onst stiitui o no noss ssoo mo modo do próp próprrio de ver : a imaginação... imaginação... Embora o imaginário a fantasia,, o sonho, sonho, qualidades da imaginação, imaginação, ainda careçam imaginário, a fantasia de muitas explicações, oscilando a sua compreensão em meio a uma diversidade de outros out ros fatore fatores, s, dos quais quais depend dependeri eria, a, negand negando-l o-lhes hes,, portan portanto, to, condiç condição ão autônom autônomaa (percebidos como, por exemplo, um meio para a perfeição, perfeição, ou de contrariedade à ordem das coisas, coisas, ou ainda como invenção ou inspiração, inspiração, ou mesmo como mera expressão de desejos reprimidos), reprimidos), fato é que, ao menos no que concerne aos modos de ver, a imaginação se constitui em elemento de formação de formação desses muitos modos de ver o mundo, desses desses muitos modos de fazer o mundo, desses desses muitos modos de ler o mundo assim na literatura (arte literária strictu literária strictu sensu), sensu), como no cinema, na pintura, etc. Os modos como vemos as coisas, as pessoas, os fatos do mundo, decorrem do que sabemos, sabemos, do que cremos e do que imaginamos... imaginamos... A imaginação sugere uma mediação entre o que sabemos que é e o que acreditamos que seja, que possa ser ou vir a ser... Embora eventualmente a imaginação possa identificar-se com o saber e o crer, ela normalmente deve deve a sua sua exis existê tênc ncia ia a um esta estado do inte interm rmed ediá iári rioo , entre o que chamamos de ficção e o que se impõe como realidade , que nos proporciona, desigualmente, em função apenas de cada qual de nós, muitos determinados e pessoais modos de ver: a saber, o fato de que possuímos, cada qual de nós, em maior ou menor
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grau, aqui não importa, nossos próprios e pessoais modos de imaginar, de fantasiar, de sonhar, que nos modifica inteiramente, de uns a outros, singularizando-nos (e aos outro outros), s), em conse conseqüê qüênci nciaa das infini infinitas tas possib possibil ilida idades des de articu articula lação ção desses desses infinitos modos de ver o mundo ...
[René Magritte, A chave dos Sonhos, 1997]
Os muitos modos de ver o ver o mundo, toda leitura, toda interpretação do mundo, ciências e crenças, decorrem dos caracteres ideológicos adquiridos no embate sócio-cultural ; a imaginação , sendo infensa às diversas realidades do mundo, talvez seja justamente aque aquela la cond condiç ição ão do human humanoo que mais mais dire direta tame ment ntee venh venhaa a refl reflet etir ir aqui aquilo lo qu quee chamam chamamos os de livre livre arbítri arbítrioo, que mais mais int intrin rinsec secame amente nte venha venha a consti constitui tuirr-se se em exercício de todas as liberdades humanas, como origem primeira de toda a condição de liberdade...
[Pink Floyd, The Dark Side Of The Moon,1973] Moon ,1973]
A verdadeira aceitação, assim como as rupturas e rasuras das realidades naturais e sociais de que o humano participa, só se tornam possíveis a partir do livre exercício da imaginação...
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Só no terreno do imaginário é que nos reconhecemos livres, que nos sabemos livres, qu quee nos nos cremos livre livres.. s.... Só no imagin imaginári árioo é que podemos podemos transit transitar ar inteiramente livres...
[Capa: Rogério Méier, 1989]
O saber se inicia pela Poesia , visto ser o modo poético do humano o que lida com a matéria do imaginário, da intuição vital, lida com o pré e o meta verbal, com os infinitos silenciosos, lida com os espaços vazios do conhecer... A Poesia Poesia possui possui dupla dupla linguagem linguagem... ... A linguage linguagem m escrit escrita, a, que nos proporc proporcion ionaa as chav chaves es para para o porta portall do conh conhec ecim imen ento to vita vitall intu intuit itiv ivo; o; e a lingu linguag agem em própr própria ia à substância substância incogniscíve incogniscível,l, do imaginári imaginário, o, correspondente correspondente a esse vital intuitivo. intuitivo..... A linguagem linguagem secreta secreta do humano cosmológico, cosmológico, do humano que se considera considera à imagem imagem e semelhança da energia criadora de todas as coisas... Um novo saber , seja místico, científico ou estético, nasce, sempre e necessariamente, das lidas do humano com os espaços vazios dos entretextos, das inter-letras, das entrelinhas, dos entretantos, entretantos, das pausas entre os discursos todos, tanto os discursos das coisas, os discursos materiais, quanto os discursos dos humanos, os discursos verbais...
*
A aventura poética, a exploração dos espaços vazios da realidade tem muito da compreensão da relevância dos espaços vazios entre os átomos xxxii na formação da matéria...
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Uma diferença profunda, porém, separa os atomistas de todos os filósofos gregos anteriores e posteriores. Que diferença é esta? Entre um átomo e outro, há o vazio ou o vácuo, que é o não-ser como algo real, existente. Assim, pela primeira vez, um grego, admitindo o vácuo, afirma que o espaço é real sem ser corporal. Dessa maneira, maneira, será mais correto correto dizer que para os atomistas a phýsis são os átomos e o vácuo. O pleno (o átom átomo) o) e o vazi vazio o são são os prin princí cípi pios os cons consti titu tuti tivo vos s de toda todas s as xxxiii coisas... ...
* Necessida Necessidade de ou casualida casualidade dexxxiv, o qu quee imp mpor ortta mesm mesmoo é (mes (mesmo mo antes ntes qu quee as motivações) o fato de que a união dos átomos não elimina a ausência de matéria nos entre textos da organização material... Mas não serão os entre textos os próprios mentores da organização organização dos átomos?... Ou seja, não se encontrarão exatamente neles o que chamamos de energia espiritual criadora? Se Deus está em todas as coisas observáveis, com muito mais razão não nos parece estar naquelas infinitas imensidões não observáveis? Esta é a razão porque a fé não se explica... Pois fé é poesia, é ler em uma linguagem meta-imaginária, que só se permite revelar aos olhos de ler nos espaços invisíveis, inaudíveis, de quem se permite aceitar os alfas e os ômegas da infinitude poética...
A fé fé é a mais perfeita leitura da mais perfeita linguagem poética...
* A intuição, chave primeira do portal da imaginação, nasce lá fora, nos espaços vazios, vazios apenas porque não-observáveis, vazios apenas porque plenos de uma linguagem imaterial, pré-verbal... A intuição nasce do encontro da energia criadora, antes e para além de nós, com a energia vital em em nós... Aquela energia vital concentrada no âmago do que percebemos como como o mais mais profund profundoo mi mist stér ério io da exis existê tênc ncia ia,, o mi mist stér ério io da vida.. vida.... E é nesse nessess encontros que residem tanto a matéria matéria da poesia, quanto a poesia da matéria... matéria... Tanto quanto o mistério de toda a poesia, que sempre está muito mais allá... allá...
Enfi Enfim m vamo vamoss per percebe cebend ndoo qu quee o hu hum mano ano além-do-humano é a prova literária mais que perfeita de que o humano é um animal poético... Não é senão s enão pela capacidade, a saber, capacidade poética, de intuir, imaginar, fantasiar, fantasiar, pela capacidade de lidar com os “espaços vazios” do imaterial, de exercer a liberdade como potência criadora do universo, que se constrói, ou se reconstrói, o humano, a natureza, as civilizações, a própria humanidade...
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EXTREMO Ultrapassei o teus limites, última testemunha da noite, quintessência dos nomes e das cores, desespero dos espaços vazios incendiados pelos longos janeiros que articulas na penugem dos pêssegos. Sou límpido e táctil como um vaso destilado da vida, nesta margem, neste extremo que busca o manancial inesgotável e derradeiro. xxxv É da intuição, não da razão, que nasce toda a nossa noção, pública ou particular, do que seja a autêntica liberdade... Liberdade, liberdade: cuja essência está na natureza, em toda a vida, que age, como Bergson xxxvi apontou, como potência psíquica criadora, não apenas em nós, mas em todo um universo que existe em permanente processo de ser, sendo... Tão livre quanto imprevisível...
* A máxima aristotélica segundo a qual o homem é um animal político não diferencia ainda o humano das demais espécies animais: mesmo um símio e um golfinho são animais políticos... Afinal, a seu modo, que espécie não age e não se organiza organiza e não se situa como “ polis”, polis”, o bando (tal qual tribo), politicamente? A polis humana avança pelo exercício do imaginário para além de si mesma... A polis humana se constrói e as suas maiores conquistas materiais pelo exercício da poesia... É a visão poética do mundo, uma visão aberta do fenômeno humano tanto quanto da sua cultura e da sua sociedade (por conseguinte, de sua arte e da sua ciência), que nos proporcionou avançar por terrenos inexplorados até o século XX... É a compreensão de que todos os avanços humanos de até então ocorreram no ppre reen ench chim imen ento to do doss espa espaço çoss vazi vazios os do im imag agin inár ário io pres presen ente tess na tess tessit itur uraa e/ou e/ou textualidade das culturas humanas, e que resultaram em ampliação proporcional dessa mesma tessitura e/ou textualidade...
* O pós-modernismo, e seu método privilegiado de exploração de possibilidades – o fragmentarismo, resulta justamente de um reconhecimento das infinitas ordens de
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idéi idéias as pres presen ente tess no noss entretextos e nos entre-tecidos sociais/cu sociais/cultura lturais, is, ainda inexplorados, ainda desconhecidos de um mundo que se impôs construtivista só a partir dos tecidos e textos já postos na cultura (fosse para negá-los, fosse para afirmálos) em função de ideologias dominantes ou em processo para a dominação... A exploração dos espaços vazios intertexto/tessitura do silêncio, a abordagem poética, que liga, pelo imaginário xxxvii, os diversos fragmentos do textualmente/tessituramente conhecidos, proporciona uma comunicação entre esses fragmentos de modo a não apenas afirmá-los como unidades verdadeiras, mas, muito especialmente, compreender a un unid idad adee tota totali liza zada da como como algo algo feit feitoo tant tantoo de text texto/ o/te teci cido do qu quan anto to de espa espaço ço imaginário, sendo esta unidade percebida como uma realidade infinita, que em si humanamente inesgotável, e de impossível apreensão/compreensão se não comunicada por por ótic óticaa e li lingu nguag agem em do im imag agin inár ário io em parc parcer eria ia com com aque aquela la de repr repres esen enta taçã çãoo conceitual...
...O pensamento é, por natureza, livre; e só o grau de imaginário nele contido é capaz de atestar a sua idoneidade... ...Tudo o mais são sombras de platônicas cavernas...
Talvez eu escreva, em parte, para preencher com outros sonhos aquele espaço destinado a Deus, que se esvaziou (dentro de mim), porque esse espaço é, afinal, um espaço para sonhar... sonhar...xxxviii
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* O fragmentarismo, que nos pré-socráticos pressupunha uma apreensão da realidade (material, ética e estética) do mundo, por passos e por partes partes, dado o reconhecimento da impossível apreensão in totum, totum, esta que própria ao pensamento teológico (crença), é o mo modo do qu quee propo proporc rcio iona na estr estran anha hame ment ntos, os, ou no noçõ ções es de vazi vazio, o, qu quee obrig obrigam am o observa observador dor/le /leit itor or ao exercí exercício cio ativo ativo da razão/ razão/ima imagin ginaçã açãoo à maior maior apreen apreensão são da realidade material, científica e, particularmente, artística. Comp Compor or po porr frag fragme ment ntos os é acen acentu tuar ar o cont conteú eúdo do on onír íric icoo do mu mund ndoo mate materi rial al,, possibilitando o conhecimento ou a contemplação para além do que o só texto anuncia... É insistir insistir no fato de que toda realidade, científica ou artística, é passível de textualização , não apenas pela descrição e pelo conceito, mas, sobretudo, pela imaginação , através de um diálogo e uma linguagem que lhe são próprios...
*
É po possí ssíve vell textualizar o não-textualizável ... ... simp simple lesm smen ente te con convi vida dando ndo o leitor/observador à leitura dos espaços vazios entre(inter)textos... É o que se obtém quando se constrói uma disposição fragmentária de intertextos...
[Capa: Ulisses Wensell, 1975]
Numa etapa da civilização em que amiúde se flagra o fato de que tudo, mesmo em nome de categorias platônicas ou aristotélicas, se reduz ao sofista ( ), o fragmentarismo retoma a noção de verdade na contra-face do discurso retilíneo, no ponto de convergência entre o real e o ideal, entre discurso e materialidade, só accessível pela via do imaginário, por suas possibilidades de apreender, a um só tempo, a parte (o texto) e o todo (o inter-texto), a linha e a entrelinha, o múltiplo e o unívoco possíveis...
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* No fragmentarismo idéia e realidade se conciliam no discurso, na constituição de uma modo póspósli lingu nguag agem em que as conv convid idaa perm perman anen ente teme ment ntee ao diál diálogo ogo,, como como um modo moderno de retomada do conceito de verdade...
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* A julgar do que nos restou salvo da violência das univocidades ao longo dos primeiros séculos da era cristã, talvez a primeira obra literária de natureza fragmentarista, retomando a perspectiva da pluralidade, ironizando as verdades unívocas, mantendo-se firme e fiel à visão pré-socrática do mundo, tenha sido os Diálogos dos Mortos , a sátira menipéia de Lukiano de Samósata (séc. II d. C.; depois Luciano, pelos romanos... xl)... Frag Fragme ment ntar aris ista ta heró heróic ico, o, em plen plenaa era era de conso consoli lida daçã çãoo da un univ ivoc ocid idad adee roma romana na,, Lukiano de Samósata, um grego sob o Império Romano, ironiza os próceres da Unidade Grega, ao tempo em que os declara, satiricamente, mortos, talvez no sentido da inutilidade dos seus galardões, talvez por conta da decadência do Estado Grego... É pelo recolhimento dos seus despojos fragmentários que Lukiano de Samósata monta a sua sátira; pela abolição das noções de tempo e de espaço, prática bem de acordo à percepção e à textualização fragmentaristas; é pela sua despreocupação em formatar seu discurso ao gosto g osto das explicações exp licações retilíneas de racionalização simplória; é pela convicção pessoal de que realmente fazia fazia lite literatura ratura independente independentemente mente dos padrões canônicos de época; é pelo modo fragmentarista de colecionar experiências a
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construir um texto em que a lógica do real ficcional (imaginação) ficcional (imaginação) se sobrepõe à lógica do ficcional do ficcional real (ideologia)... real (ideologia)...xli
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Em forma e conteúdo os Diálogos os Diálogos dos Mortos, Mortos, ultrapassando as eras, se contata à pósmodernidade como um vaticínio (de vate) literário, como a mostrar que em toda a literatura, em toda a obra de arte, é a poesia, o poeta (de profeta) que permanece no etéreo eterno a aguardar tempos cada vez mais plenos de compreensão... Em Lukiano de Samósata , o que menos importa para a análise da linhagem estética, que nos ajuda a esclarecer as nebulosas perspectivas da pós-modernidade, é seu óbvio Comédia, de Dante; ou como inaugurador parentesco com os temas da Divina da Divina Comédia, inaugurador de um dialogismo, dialogismo, de um múltiplo dialogal, que só em Dostoievski , com seu romance polifônico, irá se aprimorar e transformar em modelo estéticoxliii; ou mesmo seu aprimoramento, ou sua referência para aquilo que, presente até hoje em textos dos mais diversos gêneros literários, denominou-se de sátira menipéia, denominação que se deve a Menipo de Gádara [séc. II a.C.]; ou mesmo os ensinamentos técnicos (na linha dos modos socráticos) de construção dialogal presente em seus textos... O importante em Lukiano de Samósata é sua natureza fragmentarista, presente no disc discur urso so qu quee só se apre aprese sent ntaa visí visíve vell em sua sua gran grande deza za qu quan ando do vist vistoo sob sob essa essa perspectiva, sob uma perspectiva para além da “facilidade textual” com que renegam, os próceres da linearidade, os textos só aparentemente “fáceis” da atualidade pósmoderna... O importante em Lukiano, como em toda textualização fragmentária, é a sua retórica do silêncio, no caso, contraposta ao riso (o riso amargo da comédia), o silêncio que se lê com as lentes do imaginário, leitura de linhas e entrelinhas...
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...Não se pode deixar de conectar a sátira menopéia à cosmovisão carnavalesca na literatura, nas propostas de Bakhtin quanto ao romance polifônico de Dostoievski xliv, estendendo ambas, menipéia e carnavalização aos exercícios – arte e cultura – da pósmodernidade... A Meni Menipé péia ia e a carn carnav aval aliz izaç ação ão,, atra atrave vess ssan ando do a Idad Idadee Médi Média, a, im impõ põee-se se no Renascimento, e chega à era moderna com Dostoievski em sua máxima expressão, atravessando toda a modernidade, desde Mário de Andrade , em Macunaíma, Macunaíma, aos realismos fantásticos como Incidente como Incidente em Antares, Antares, de Érico Veríssimo , e bem presente ao longo de toda obra de Jorge Amado...
[Capa: Vera Café, 1997]
A carnavalização permite a Dostoievski ver e mostrar momentos do caráter e do comportamento das pessoas que não poderiam revelar-se no curso normal da vida. vida. É especialmente profunda a carnavalização do caráter de Fomá Fomítch: este já não coincide consigo mesmo, já não é igual a si mesmo, não lhe cabe uma definição unívoca e conclusiva , conclusiva , ele antecipa em ... xlv grande medida os futuros heróis de Dostoievski ... Na pós-modernidade pós-modernidade a carnavaliz carnavalização ação se torna parte integrante integrante da vida social quanto da arte e da cultura, como um forte elemento – e muito especialmente – das práticas brasileiras, gerando inclusive o termo brasileiração para designar, entre povos do primeiro mundo, um tipo carnavalizado de tratar os temas políticos, econômicos e culturaisxlvi...
A carnavalização carnavalização acirra-se na pós-modernidade...
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...A carnavalização é um dos fundamentos da pós-modernidade... ...Muito especialmente da macunaímica vocação brasileira para tudo aquilo que atualmente se junta e anima sob a rubrica satírica dos pós-modernismos... pós-modernismos...
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A idéia de carnavalização, carnavalização, que Bakhtin apresentaria em seu livro Problemas da Poética de Dostoiévski, Dostoiévski, já se exibia, também mercê da cultura brasileira, no poema Bacanal , de Manuel Bandeira, que abre o seu livro Carnaval , exibindo o poder de anteci antecipaç pação ão de concei conceitos tos teóric teóricos os da poesia poesia brasil brasileir eiraa xlviii, o que levou Gilberto afirmarr, peremp peremptor toriam iament ente, e, ter ter sido sido Manuel Mendonça Mendonça Teles a afirma Manuel Bandeira Bandeira um xlix precursor dessa idéia de carnavalização ... De fato, em que pesem as considerações de ordem puramente teórica de Bakhtin, os elementos do conceito já estavam bem firmes na literatura brasileira da fase heróica do nosso modernismo, tal qual se observa, por exemplo, nos losangos coloridos à arlequim da capa do livro Paulicea idéias do desvairismo de Desvairada de Mario de Andrade ... Note-se a correlação de idéias l o Bacanal de de Bandeira... Mario com o Bacanal
li
Porque é mesmo que a idéia de carnaval/carnavalização, algo tão próprio às raízes, à alma e aos modos de ser brasileiro, poderiam deixar de ser anunciado a priori pela poesia poesia brasileira brasileira?... ?... Se o Brasil Brasil era o país do carnaval carnaval,, era o país da carnava carnavaliza lização ção dionisíaca...
BACANAL Quero beber! cantar asneiras No esto brutal das bebedeiras Que tudo emborca e faz em caco... Evoé Baco! Lá se me parte a alma levada No torvelim da mascarada, A gargalhar em doudo assomo... Evoé Momo!
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Lacem-na toda, multicores, As serpentinas dos amores, Cobras de lívidos venenos... Evoé Vênus! Se perguntarem: Que mais queres, Além de versos e mulheres?... – Vinhos!... o vinho que é o meu fraco!... Evoé Baco! O alfanje rútilo da lua, Por degolar a nuca nua Que me alucina e que eu não domo! Evoé Momo! A Lira etérea, a grande Lira!... Por que eu extático desfira Em seu louvor versos obscenos. Evoé Vênus! lii
[Terry Gilliam, Tom Tom Stoppard, Charles McK own, Brazil,o own, Brazil,o filme,1985] filme, 1985]
* O inter (ou inter (ou entre, entre, prefira-se) texto, texto, o espaço vazio entre as textualidades aponta para a existência do nada, tal qual o pressupunham alguns dos pré-socráticos, e, muito especialmente, que é no espaço vazio que se encontra, à plenitude poética, a verdade textual...
Em realidade, porém, nada sabemos, pois no abismo está a verdade... verdade...liii 44
Um turbilhão de todos os tipos de formas separou-se sepa rou-se do Todo... Todo...liv
[Sem indicação de capista]
O nada existe tanto quanto o “alguma coisa” ... ... lv A palavra é o meio do Espírito para multiplicar-se no Nada...lvi
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lvii
A leitura de espaços vazios, a leitura poética, o intertexto, o entrelinhas, enfim, a leitura do texto fragmentário corresponde ao conteúdo metafísico das palavras gregas (boa-fé de quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir – o meta-texto) e (as verd verdad ades es ocul oculta tass – no text texto) o),, tamb também ém pres presen ente te no Novo Novo Testa estame ment ntoo (repreensão de Jesus aos escribas e fariseus que exaltavam a literalidade – dos textos sagrados).
A textualização fragmentária convida a uma compreensão poética, a par e para além, da apreensão material e conceitual da obra, incentivando o leitor/observador a buscar as verdades para além da só literalidade, a fim de compreendê-las como fruto de um conjunto de discursos, como a resultante de uma pluralidade de afirmativas, as quais, reduzidas a uma retórica unívoca, sempre restam submersas... s ubmersas...
* O text textoo frag fragme ment ntar aria iame ment ntee real realiz izad adoo tem como como coro corolá lári rioo a po poss ssib ibil ilid idad adee de contemplar várias vozes textuais, tanto quanto vários olhos de leitura, abordando o objeto de um ponto de vista prismático, obrigando-se, tanto autor quanto leitor, à compreensão do fato de que nenhum texto pressupõe verdade unívoca, mas uma
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pluralidade de verdades, algumas inaccessíveis, bem como atentos para o fato de que há muitos modos de ver e ler o mesmo fato, o mesmo objeto, o mesmo fenômeno...
[Capa: Claudia Zarvos . Foto: Márcia Ramalho, 2000]
De autores soberanos e leitores subservientes ao texto, numa relação monologal que monologal que muitas vezes impede o prazer da leitura, um conjunto de fragmentos permite que se formem múltiplas parcerias com leitores da mais variada perspectiva intelectual, que no jogo lúdico de aceitar ou repelir esta ou aquela formação textual, de refletir ponto a ponto em busca de uma inteireza que se encontra sempre mais para lá, propiciando torn tornar arem em-s -see tamb também ém auto autore res, s, qu quee se alia aliam m a ou outr tros os text textos, os, como como leit leitor ores es qu quee participam de outros textos, fragmentários ou não, como co-autores, na medida em que sabem navegar pelos espaços vazios dos entre-textos, dos entre-livros, das todas entreliteraturas…
Se qualquer fragmento pode eventualmente conter fragmentos de verdade, é no entre-texto que esses fragmentos, essas verdades even eventu tuai ais, s, se exib exibem, em, como como frag fragme ment ntos os corr corres espo pond nden ente tess aos aos muitos modos de ver e ler e saber, saber, como verdades fragmentárias, e se aperfeiçoam no espírito do leitor, leitor, que apreende texto e contexto, e que assim aprende a navegar os oceanos invisíveis da infinitude imaginária...
* O método fragmentarista também é um modo de conhecimento do mundo tanto quanto de cada ada indi indiví vídu duo. o..... Nesse esse sent sentid ido, o, é tamb mbém ém um métod étodoo de ensin nsinoo e de autodi autodidat datism ismo.. o.... Com cert certeza eza,, o modo mais mais leve leve e mais mais praze prazeros rosoo de o aluno aluno manifestar seus conhecimentos, e buscar outros, com a mesma naturalidade que tem ao brincar…
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Tome cada qual de um caderno e vá-se registrando o dia a dia de seus pensamentos, das suas leituras, cada qual das idéias que ex-surgem das reflexões ou falas de cada qual, e se terá, seis meses a um ano após, uma radiografia intelectual/sensitiva, e mesmo emocional da individualidade, ponto de partida para uma reflexão aprofundada a partir de si mesmo, para sua própria revisão de conceitos, para o desenvolvimento de suas capacidades, e para a ultrapassagem de idéias que não lhe aproveitam, de preconceitos e reações pavlovianas que lhe obstaculizam o aprendizado de si e do mundo... Que se exercite o método fragmentarista durante o ano letivo dos alunos, e que se questione questione às provas finais não o que o aluno sabe sobre tal e qual ponto do programa, mas que se dê a ele a oportunidade de mostrar, mostrar, fragmentariamente o que sabe… Pois é mais que óbvio que o interesse despertado sobre tais e quais aspectos disciplinares, e a gratificação do seus esforços – em nada importa a medida – se articulará diretamente à gratificação da sua individualidade…
Só o interesse, que se articula à necessidade e à vontade, forma alunos livres para o aprendizado teórico de si e do mundo que lhe cerca…
* A só aparente facilidade do texto fragmentado, a que aludem seguidamente os críticos da pós-modernidade, resulta apenas da dificuldade desses mesmos críticos em lidarem com as autênticas relações de semelhança... O discurso fragmentado busca realizar, literária, estética, estética, retórica e textualmente, textualmente, a semelhança entre verbo e vida... O grau de aparente veracidade do discurso unívoco nada mais é que fruto de uma reprodução de rela relaçõ ções es arti artifi fici ciai aiss de simi simili litu tude de que, que, sob sob a capa capa de absol absolut utaa corr corres espon pondê dênc ncia ia igualitária, em verdade oculta o permanente deslocar-se, vida e mundo, entre os muitos modos de saber, ver, viver, verbalizar...
* Se, de um lado, é bastante comum em nome da pós-modernidade (e do texto fragmentário) a utilização fácil de conceitos, que transitam superficialmente por tudo sem nenhuma contribuição efetiva, na crítica de um Giddenslviii, por exemplo, por outro lado é nítida a ampliação de fronteiras teóricas, a ampliação do diálogo e, sobretudo na abordagem empírica, a ampliação do divertimento que – basta ver o seu apro aprove veit itam amen ento to pela pela mí mídi diaa – tudo tudo isso isso a qu quee cham chamam am pó póss-mo mode dern rnid idad adee vem vem causando… Para a Literatura, a pós-modernidade – e et pour cause – o fragmentarismo, alarga sobremaneira as fronteiras da sua soberania…
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O fragmentarismo possibilita – e mesmo exige – uma atividade dialogal, de expansão polif polifôni ônica, ca, entre entre concep concepçõe çõess até antagôn antagônica icas, s, mui muitas tas vezes vezes consti constitui tuindo ndo ali alianç anças as paradoxais entre uma pluralidade de modos de ver e saber o mundo, que acaba por proporcionar aos leitores um encontro com verdades teóricas, às vezes até comezinhas, que só fragmentariamente podem se constituir... A contribuição do fragmentarismo para a democratização dos discursos (polifonia) e para a aceitação do outro (relativização), é uma contribuição para o desenvolvimento da boa-vontade existencial… Não há porque distinguir, para os mochos fins a que se propõem os céticos, entre a superficialidade de práticas ditas pós-modernas ditas pós-modernas e as todas superficialidades de antigas práticas ditas modernas... modernas... É a mesma fenomenologia, que dispensa em ambas maiores esclarecimentos... É difíc difícil il comp compre reen ende derr como como um ho home mem m (Her (Herde derr, 1744) 1744) capa capazz de escrever quarenta volumes de trabalhos diversos, todos faiscantes de talento e ciên ciênci cia, a, nã nãoo teri teriaa a capa capaci cida dade de prec precis isaa pa para ra comp compor or un unss oito oito ou dez dez volumaços sobre uma só matéria, dentro de uma só ordem de idéias... idéias... A pretendida virtude do que se poderia chamar integralismo literário, não fala sempre em favor de quem a possue... possue ... Diz muito bem Heinrich Landsmann: Landsmann: ...quanto maior é o gênio, tanto mais sensível se lhe torna o que há de fragmentário na natureza humana, que muitas vezes não chega à consciência de uma criatura vulgar: motivo porque semelhantes entes não podem propriamente chamar-se naturezas incompletas... A inteligência comum sabe arranjar comodamente o mundo por todos os lados, até onde sente o prazer ou a necessidade de ter uma compreensão do mundo, mun do, mas sem dúvida dúvida só – até onde!.. onde!.... Quando Quando pois esta esta int intelig eligênc ência ia doméstica e cotidiana mete-se a fazer obras de arte, a mediocridade mostra-se entã en tãoo expe expedi dita ta,, e a medio edioccrida ridade de é semp sempre re larg largaa e in inte teir ira, a, nu nunc ncaa fragmentária... fragmentária...lix
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Quando João Gilberto Noll afirmou, por exemplo, que não consegue deter-se a ver um filme com muita historinha, historinha, está a discorrer sobre uma necessidade típica da leitura pós-moderna: a presença de uma fragmentação que abra a percepção para além do texto texto unívoc unívoco. o..... Se Sem, m, no enta entant nto, o, é clar claro, o, cair cair no conto do vigário de um dinamismo superficial que ele considera típico de thrillers, thrillers, do mero congestionamento da ação, preferindo, pois, certos esboços que não levam a nada...
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João Gilberto Noll sugere que se desconstrua a narrativa de histórias mais ou menos contínuas para a composição de seqüências dispersas de cenas estáticas, destinadas a induzir nos leitores um “êxtase”, pelo qual, mesmo por um pequeno instante, exponha o fundo fundo escuro” escuro” lx (prefiro chamá-lo chiaroscuro)... chiaroscuro)... ...” Para que mais e mais maneiras de externar a mesma merda se o mundo carece não de uma linguagem mas de um fato tão ostensivo na sua crueza que nos cegue nos silencie e nos liberte da tortura da expressão, é isso, pronto!”... lxi
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São fundamentos da escrita fragmentária: A apresentação aberta de fenômenos para os quais ainda se tem pouca compreensão, na medida em que os conhecimentos já postos são insuficientes ao convencimento do espírito – medida de cada qual, naturalmente... n aturalmente... A apresentação linear dos fenômenos muitas vezes escamoteia, em sua univocidade, algu alguma mass das das verd verdad ades es nele neless cont contid idas as,, po porr isso isso qu quee im impe pede dem m a ampl amplia iaçã çãoo da lxii consciência na medida em que embaraça a atividade especulativa ... A provocação de estados imaginativos que levem à percepção ou compreensão dos fenômenos para além da sua mera tessitura conceitual, desconstruindo uma pretensa unidade histórica (de puzzle a lego) lego) com o fim de alcançar-lhes as “ kundalínicas” kundalínicas” energias constitutivas... A ampliação da apreensão de uma realidade (científica ou artística) que jamais se desnuda por completo no discurso textual, mas que se oculta, misteriosamente, nos espaços vazios inter-textos, sempre só passível de relativa apreensão, via imaginário... O estabelecimento, tanto quanto possível, de um discurso prismático, que contemple os mu muit itos os mo modo doss de ver ver e ler ler a real realid idad adee hu huma mana na e/ou e/ou natu natura rall (art (artís ísti tica ca e/ou e/ou cientificamente colocada)... O desnudamento do fato poético sempre presente em qualquer realidade, mormente a textual, independentemente da sua forma e de seu s eu conteúdo... A compreensão de que qualquer totalidade é uma totalidade possível, buscada através do diálogo entre os diversos fragmentos que a compõe, em face da impossibilidade humana de ser senão fração de qualquer totalidade a que se queira referir... referir... A busca incessante da totalidade, que se processa através de séries fragmentárias que se vão conectando, não como um quadro pré-determinado, como num jogo de puzzle, de uma totalidade retórica que delimita artificialmente as fronteiras do conhecimento, mas como uma aventura para além dessas totalidades artificiais, para o desconhecido,
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como num jogo de lego, em que o se dar às mãos das partes fragmentárias amplie as correntes da percepção em direção ao desconhecido... A apresentação paulatina dos fragmentos, porque exibindo as respectivas essências, proporciona, em processos mentais de adição e supressão de característicos – que ocorre silenciosamente na mente do leitor – que se chegue à essência de uma possível totalidade que relacione todos os temas... A textualização textualização do que mais interessa dizer, a tematização do que mais interessa saber, na busca literária dos fenômenos que se pretende observar... A poesia dos objetos e dos discursos...
* Os modos fragmentaristas de ler são também as únicas ferramentas do espírito a compreender – ver, ler, saber, viver – a silenciosa narrativa mitológica, quando em quase nada importa a exatidão lógica dos conceitos e formas, estes sempre meras referências à generalização primeira dos mitos, para cuja adoração faz-se necessária a compre compreens ensão ão ind indivi ividual dual singul singulari arizad zadaa (aproxi (aproximaç mação ão com o real real e o imagin imaginári árioo individual)... Uma primeira questão se desdobra da ilusão de que a leitura seja corolário da escrita e de que antes dos sumérios, com suas tabulas de barro, a experiência da leitura não existia. Basta lembrar as cavernas de Lescaux ou Altamira para poder admitir-se que há mais que imagens avulsas, há uma narratividade naquelas representações e portanto, uma leitura que as precede. Por trás das imagens dos bisões e cervos cervos há uma narrativa narrativa mitográfica lxiii que só imaginariamente podemos suplementar su plementar... ...lxiv
* Em muitos casos, e a atualidade do texto de Heródoto – que já por fragmentarista por fragmentarista é também fundadora da noção pós-moderna de Histórias de Histórias – bem o comprova, só fragmentariamente se constrói um texto que corresponde à necessidade de fazê-lo acompanhar a pluralidade fática ou fenomenológica... Pode ser que, no final, os fragmentos se deixem ordenar, mas dentro do espí espírit ritoo fragm fragmen entá tário rio qu quee os mo motiv tivou ou e, na verd verdade ade,, lh lhes es serv serviu iu de estrutura estético- literárialxv ...
* As principais críticas ao texto herodótico (fantasista e sem ordenação rigorosa de tempo e espaço) são fruto de uma visão superada da arte e ciência históricas, na medida em que a inclusão de fenômenos mitológicos em sua História nos proporciona
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ler a um só tempo fato e fantasia, real e imaginário, tal qual se processava nas mentes do seu tempo – nada mais próprio ao texto histórico... A falta de rigor linear-normativo, quanto às noções de espaço e tempo, do texto fragmentário de Heródoto não é – como acusam seus críticos, e mesmo aceitam alguns dos seus admiradores – devido ao fato de que as noções científicas de espaço e tempo ainda não se tinham apresentado ao espírito humano na época de Heródoto... lxvi , mas resultante do método fragmentarista de saber o mundo, adotado pelo pré platonismo... lxvii
Uma leitura mais literária dos diálogos socráticos, não apenas em Platão , mas em Xenofonte, e muitos outros que adotaram o método lxviii, nos leva à convicção de que muit mu itoo po pouc ucoo tem tem o socr socrat atis ismo mo com com o plat platon onis ismo mo,, apro aproxi xima mand ndoo-se se mu muit itoo mais mais Sócrates do pré-socratismo do que do idealismo unívoco de Platão, que o platonismo exaltou em detrimento da sua estética lxix, ainda muito muito pouco pouco conhecida... conhecida... Ou seja, seja, em Platão o diálogo socrático é apenas método dialogal-polifônico (ética e estética) de busca da verdade.. verdade.... Mas a verdade verdade unívoca é que ele mesmo mesmo é apropriado apropriado de modo absolutista (talvez animados com o absolutismo reacionário de A República) pelos seguidores de Platão, orientados pelo conteúdo “educativo” lxx dos diálogos, e de tal modo que acaba por negar a “revolução “revolução permanente” permanente” do espírito socrático... Bakhtin segu seguee aind aindaa mais mais fundo fundo na apre apreci ciaç ação ão,, libe libert rtaa de ofic oficia iali lism smos os filo filosóf sófic icos, os, do dialogismo socrático, socrático, especialmente mercê de sua percepção essencialmente literária dos escritos de Platão , observando suas bases carnavalizantes em seus discursos sobre a(s) verdade (s)... O “diálogo socrático” não é um gênero retórico. Ele medra em base carn carnav aval ales esco co-p -pop opul ular ar e é prof profun unda dame ment ntee im impr preg egna nado do da cosm cosmov ovis isão ão oral de seu desenvolvimento... carnavalesca, sobretudo no estágio socrático oral de A princípio, já na fase literária de seu desenvolvimento, o “diálogo soc socrát rátic ico” o” era era quase quase um gêne gênerro memo memori rial alís ísti tico co:: eram eram recor ecordaç daçõe õess da dass
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palestras reais proferidas por Sócrates, anotações das palestras memorizadas, organizadas numa breve narração... Mas muito breve, o tratamento artístico livre da matéria quase liberta totalmente o gênero das suas limitações históricas e memorialísticas e conserva nele apenas o método propriamente socrático de revelação da verdade e a forma exterior do diálogo registrado e organizado em narrativa... É esse caráter criativo livre que observamos nos diálogos socráticos de Platão... lxxi É preciso ler e reler a obra socrático-platônica, leitura e re-leitura às lentes só literárias, literárias, a perceber a natureza libertária dos diálogos platônicos, sem deixar margem a dúvidas quanto à oposição do discurso socrático, mesmo e muito claramente tal qual se encontram em Platão, aos lineares, retilíneos e unívocos discursos dos oficialismos todos... O gênero se baseia na concepção socrática da natureza dialógica da verdade e do pensamento humano sobre ela. O método dialógico de busca da verdade se opõe ao monologismo oficial que oficial que se pretende dono de uma verdade acabada , opondo-se igualmente à ingênua pretensão daqueles que pensam saber alguma coisa... A verdade não nasce nem se encontra na cabeça de um único homem; ela nasce en entre tre os ho home mens ns , que juntos a procuram no processo de sua comunicação dialógica...
Sócrates se denominava “alcoviteiro”: reunia as pessoas, colocando-as frente a frente frente em discussão, de onde resultava o nascimento da verdade...lxxii
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Todo texto é, engenharia engenharia e arquitetura, de origem fragmentária... fragmentária... Fragmentos que se aprisionam uns aos outros, que se disfarçam as diversidades em meio a uma retórica linear sempre arbitrária, à moda sofística, à maneira das artes advocatícias... Na retórica linear a narrativa se faz unívoca pelo ocultamento da natureza polifônidofragmentária das verdades, textuais e contextuais, do Livro da Vida Vida humana... Um livro de fragmentos é como o Tao Te King lxxiii a convidar a todos ouvirem a Poesia presente em todas as coisas...
A poesia é feita de pequeninos nadas...
lxxiv
* Teremos ganho muito a favor da ciência estética se chegarmos não apenas à intelecção lógica mas à certeza imediata da introvisão de que o contínuo desenvolvimento da arte está ligado à duplicidade do apolíneo e do dionisíaco...lxxv
* No exercício do fragmentarismo também é preciso não perder de vista uma busca renovada da (inexprimível) Totalidade (o Tao), para que a fragmentação seja bem apreendida... E para que sempre se evite evite a imposição ideológica ideológica de uma retórica retórica que possa nos impor qualquer parte por quaisquer desses muitos todos tolos que rastejam por aí...
* A arte da interpretação se aproxima de uma atividade fisiológica nãohumana: a lenta e salutar digestão bovina, que o “homem moderno” teria completamente desaprendido... Um crítico é um leitor que rumina. Ser-lhe-ia, portanto, necessário ter vários estômagos...lxxvi O fragmentarismo smo é também, aos seus muit uitos modo doss de ler, método de saber/interpretar próprio à pós-modernidade: enquanto processo de mastigação de verdades verdades unívocas unívocas,, por rumi rumina naçã çãoo progr progres essi siva va e im impl plac acáv ável el do doss seus seus mú múlt ltip iplo loss fragmentos postos em seus lugares, e a tanto está sempre convidando os leitores dos seus textos de fragmentos, na medida em que permite a pausa intertextual necessária à essa atividade crítica...
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As As conc concep epçõ ções es socr socrát átic icas as da na natu turreza eza dial dialóg ógic icaa da ver verda dade de se assentavam na base carnavalesco-popular do gênero do “diálogo socrático” e determinavam-lhe a forma a forma,, mas nem de longe encontravam encontravam sempre expressão expressão lxxvii O cont conteú eúdo do ad adqu quir iria ia no próp própri rioo con onte teúd údoo de algu alguns ns diál diálog ogos os.... freqüentemente caráter monológico, que contradizia a idéia formadora do gênero... lxxviii Nos diálogos do primeiro e do segundo período da obra de Platão, o reconhecimento da natureza dialógica da verdade ainda se mantém na própria cosmovisão filosófica, se bem que em forma atenuada. Por isso, os diálogos desse período ainda não se convertem em método simples de exposição das idéias acabadas (com fins pedagógicos) e Sócrates ainda não se torna o “mestre”... ...Mas no último período da obra de Platão isso já se verifica: verifica : o monologismo do conteúdo começa a destruir a forma do diálogo socrático... socrático... ...Mais ...Mais tarde, quando o gênero do “diálogo socrático” passa a servir a concepções dogmáticas do mundo já acabadas de diversas escolas filosóficas e doutrinas religiosas, ele perde toda a relação com a cosmovisão carnavalesca e se converte em simples forma de exposição da verdade já descoberta, acabada e indiscutível , degenerando completamente numa forma de perguntas-respostas de ensinamento de neófitos (catecismo)... lxxix
* Curioso notar como tantos autores da atualidade venham, há tanta tinta e papel, já agora a gigabits, combatendo a univocidade, o positivismo, a linearidade do pensamento imperial, com discursos, retóricas e estéticas, próprios à Linguagem Imperial... Talvez porque a polis a polis literária seja governada pela polis pela polis política... política ...
*
Há, Há, como como em toda todass as époc épocas as,, noví novíss ssim imos os modo modo de faze fazerr lite litera ratu tura ra no ar polifônico da pós-modernidade: contar/cantar o mundo inside/outside of us... Porq Po rque ue afin afinal al esta estamo moss todo todoss desc descon onst stru ruin indo do-n -nos os em vez vez de simp simple lesm smen ente te contar/cantar contar/cantar o mundo inside/outside of us?...
* Cabe observar que a cosmovisão carnavalesca também desconhece o ponto conclusivo. conclusivo..... É hostil hostil a qualquer qualquer desfecho desfecho definitivo: definitivo: aqui todo fim é apenas um novo começo, as imagens carnavalescas renascem a cada instante... lxxx
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* Se o pós-modernismo é filho do modernismo (que sofreu no passado as mesma espécie de crític críticaa temerá temerária ria que hoj hojee sofre sofre o primei primeiro), ro), herdei herdeiro ro daquel daquelee ind indivi ividua duali lismo smo mundano exacerbado que então dividia a filosofia e a teologia alemãs dos finais do século XIX, inícios do XX [o [ o modernismo era cego para tudo o que não é o eu ou não lxxxi serve ao seu eu ], como o novo que vai saindo de dentro do velho (ou o velho de dentro do novo) como diz Gilberto de Mendonça Teles das experimentações de Manuel Bandeira, feito por dentro da linguagem poética lxxxii, isso não se faz aos “ pouquinhos, humildemente, quase a pedir licença, licença, como Irene entrando no céu”lxxxiii , mas a partir de uma nova ruptura, a desconstruçãolxxxiv, ao mesmo tempo em que se espalha, numa autêntica explosão de vanguardas, pela cultura (saber) e pela sociedade (viver), constituindo toda uma fenomenologia que lhe é própria e que, bem ao contrário dos experimentalismos e vanguardas da modernidade, vem se processando em um ritmo muito mais veloz do que tem podido absorver não só as teorias literárias, mas mas as próp própri rias as ob obra rass de li lite tera ratu tura ra...... E qu quee ocup ocupaa seus seus prin princi cipa pais is espa espaço ços, s, a construção pó póss-m mod oder erna na,, nas nas artes rtes im imag agét étic icas as,, cinem inema, a, telev eleviisão, são, cli clips publicitários,etc., e nas ligadas à informática, os sites internet e a web-literatura...
São, talvez, por múltiplos, por polifônicos, como mil polvos de mil braços, algo assim como muitos novos renascendo de uns poucos velhos heróicos... As vanguar vanguardas das modern modernist istas as buscav buscavam am a ruptura ruptura como como instan instante te ( horizontalização periódica da cultura), a retomar a caminhada a partir p artir do novo elemento conquistado... Na pós-modernidade, a ruptura, ruptura, como desconstruçaão é o cotidiano, é o procedimento polifônico de um processo que não se resolve jamais, na grande explosão da vida unívoc uní vocaa que deixou deixou tud tudoo aos fragment fragmentos os da plu plural ralida idade. de..... Na pós-mod pós-modern ernida idade, de, primeiro como uma super -horizontalização permanente da cultura, nivelação (por cima e/ou por baixo) de todas as possibilidades sociais, intelectuais e artísticas, aos mesmos patamares, cada fragmento busca a ampliação e a sobrevivência, em que
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qualque qual querr tota totali lida dade de é semp sempre re alia aliança nça temp tempor orár ária ia,, nu nunc ncaa um perm perman anen ente te esta estado do unitário.. unitário.... Por segundo, segundo, como conseqüência conseqüência da primeira primeira fase, a pluralidade pluralidade como tônic tôn icaa segue segue desconstruindo horizo horizonta ntali lizaç zações ões e vertic verticali alizaç zações, ões, para para que cedam cedam espaço a direções estelares... Na pós-modernidade a tribo/polis/estado da Grécia pré-alexandrina substitui-se ao estado-império da Roma Imperial... A Cidade-Estado Cidade-Estado da Grécia clássica se justificava a partir do indivíduo, da cidadania grega; bem ao contrário, no Império Romano a cidadania só se justificava a partir do Estado... Daí que, numa era a plenitude, o desenvolvimento do homem grego (a Paidéia), a essência da cidade grega; noutra, Roma, era o Império, o Estado Romano, o que importava construir e desenvolver...
* Meu partido, é um coração partido E as ilusões estão todas perdidas... Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito, eu nem acredito Que aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) Freqüenta agora as festas do grand monde Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia, eu quero uma pra viver O meu prazer agora é risco de vida Meu sex and drugs não tem nenhum rock’n’roll Eu vou pagar a conta do analista Pra nunca mais ter que saber quem eu sou Pois aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) Agora assiste a tudo em cima do muro Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia Eu quero uma pra viver lxxxv
* A pós-modernidade, a partir de uma consciência plural e fragmentária do mundo, amplia desmesuradamente as possibilidades do Mercado, com uma ampliação do Consumo como nunca antes vista, na medida em que as partes-fragmentos (tribos, indivíduos) exigem itens de consumo próprio, e muito especialmente na medida em que as possibilidades combinatórias inter-fragmentos (tribos/indivíduos) multiplicam multiplicam o “self” em tantos outros em um mesmo consumidor, e a “trieb” (pulsão, vontade de poder) em vontade de consumir...
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* – Ao fim de todas as coisas! (Max levanta levanta o copo e bebe). bebe). Sabem como sei que é o fim do mundo? Porque tudo já foi feito. Todo tipo de música, todos os governos... Todos os cortes de cabelo, todos os sabores de chiclete... Todo tipo de cereal... Sabem como é?... Comno vamos sobreviver outros mil anos? Estou dizendo... Acabou-se... Esgotamos tudo.. . .lxxxvi
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A necessidade de expressar-se, de exprimir-se, cada indivíduo e as suas muitas... ...múltiplas personas, personas, cada cada trib triboo e toda todass as suas suas mu mult ltip ipli lica cada dass inte interr-rel -relaç açõe ões, s, necessidades essas tradicionalmente sufocadas até o advento da pós-modernidade, ganha, nesta, instrumentos de realização (e não só tecnológicos lxxxvii ) que conduzem, por exemplo, ao hipertexto, à web-literatura...
* Trava-se nos céus da pós-modernidade um novo combate ideológico representado pelo embate embate entre o que se usa chamar de Nova Economia Economia e o ancién regime da economia capitalista, esta desenvolvendo em direção à concentração, aquela – como um remédio eficaz ao que Marx chamou de carregar em si as sementes da própria destruição – para a pluralizaçã pluralizaçãoo econômica econômica e, por conseguinte conseguinte social e política. política..... É claro que a arte literária não pode permanecer imune aos reflexos desses embates pós-modernos... Por isso que as concepções teóricas e estéticas acabam por se constituírem como expressão da antiga ou da nova n ova sociedade ocidental... Et por cause, cause, mas, é claro, não só por isso lxxxviii, seja a pós-modernidade, seja o fragmentarismo, são conceitos que, fenômenos do pensamento e da cultura, ainda carecem de reconhecimento pela cultura institucional ... ... lxxxix
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Et por cause, ainda, os principais textos existentes a respeito da pós-modernidade, ignorando seus aspectos Literários (lato senso), se apegam ao modernismo, ou ao marxismo, em estranhíssimas alianças canônicas (se não fossem essas alianças parte do fenômeno que ignoram), para combater o pós-modernismo xc, buscando negar-lhe o sentido, sentido, a fenomenolog fenomenologia, ia, de fase autônoma da cultura, cultura, quando não lhe adjetivam adjetivam de contrafação, dando-lhe, até mesmo, contornos de contravenção. Ou seja, a um tempo confrontação e contrafação, esquecendo-se que o que confronta é sempre contrafação para o confrontado... confrontado... Aliás, tal qual se fez fez contra contra o modernismo em seus primórdios (o que, para os fins do presente texto, é o mais significativo)... Quan Quanto to ao sent sentiido do termo ermo (pós-modernismo) , talvez só ha hajja concordância em afirmar que o “pós-modernismo” representa alguma espécie de reação ao “modernismo” ou de afastamento dele. Como o sentido de modernismo também é muito confuso, a reação ou afastamento conhecido como “pós-modernismo” o é duplamente. O crítico literário Terry Eagleton (1987) tenta definir o termo da seguinte maneira: Talvez haja consenso quanto a dizer que o artefato típico é travesso, auto-ironizador e até esquizóide; e que ele reage à austera autonomia do alto modernismo ao abraçar impudentemente a linguagem do comércio e da mercadoria. Sua relação com a tradição cultural é de pastiche irreverente, e sua falta de profundidade intencional solapa todas as solenidades metafísicas, por vezes através de uma brutal estética da sordidez e do choque. xci Não se pode negar ao pós-modernismo seu status de fenômeno autônomo xcii: Nas últimas duas décadas, “pós-modernismo tornou-se um conceito com o qual lidar, e um tal campo de opiniões e forças políticas conflitantes que já não pode pode ser ser igno ignorad rado. o.“A “A cult cultura ura da soci socied edad adee capi capita tali list staa avan avança çada da”, ”, anuncia anunciam m os editor editores es de PRECI (1987),, “Passou “Passou por uma profu profunda nda PRECIS S 6 (1987) mudança na estrutura do sentimento”. A maioria, acredito, acredito, concordaria concordaria com a declaração mais cautelosa de Huyssens (1984): O que aparece num nível como o último modismo, promoção publicitária e espetáculo vazio, é parte de uma lenta transformação cultural emergente nas sociedades ocidentais, uma mudança da sensibilidade para a qual o termo “pós-moderno” é na verdade, ao menos por agora, totalmente adequado. A natu na turreza eza e a prof profun undi dida dade de dess dessaa tran transf sfor orma maçã çãoo são são disc discut utív ívei eis, s, mas mas transformação ela é. Não quero ser entendido erroneamente como se afirmasse haver haver uma uma mudan mudança ça glob global al de paradi paradigm gmaa na nass orde ordens ns cult cultur ural al,, soci social al e econômica; qualquer alegação dessa natureza seria um exagero. Mas, num importante setor da nossa cultura, há uma notável mutação na sensibilidade, nas práticas e nas formações discursivas que distingue um conjunto pós-
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mode modern rnoo de pres pressu supo post stos os,, expe experi riên ênci cias as e prop propos osiições ções de um perí períod odoo precedente. xciii Ao que o pós-mod pós-modern ernism ismo, o, pós-mod pós-modern ername amente nte carna carnaval valiza izado, do, pós-mod pós-modern ername amente nte polifônico, dar-se-á, certamente, por satisfeito... Há alguns que desejam que retomemos ao classicismo e outros que buscam que trilhemos o caminho dos modernos. Do ponto de vista destes últimos, toda a época tem julgada a realização da “plenitude do seu tempo, não pelo ser, ser, mas pelo vir-a-ser .xciv
* O que se percebe, de um modo geral, entre os autores favoráveis à pós-modernidade que nos chegam da Europa e dos Estados Unidos, a pós-modernidade é vista o mais das vezes como um fenômeno estético especialmente delimitado, próprio aos espaços da arquitetura, das artes plásticas, da publicidade, ponta de lança da sociedade de consumo, fenômeno de uma sociedade capitalista da fase pós-industrial... Quan Quanto to aos aos parâ parâme metr tros os esté estéti tico coss próp própri rios os a um umaa po poss ssív ível el lite litera ratu tura ra da pó póssmodernidade nada ou quase nada foi feito, a julgar pelo que consta dos poucos textos até aqui editados no Brasil... xcv Muito pouco ou nada se fez em teoria literária aplicável à pós-modernidade que não se resuma ao conceito de desconstrução... desconstrução... A teoria literária há que trazer a si os resultados, tanto empíricos quanto teóricos, das práticas interdisciplinares: interdisciplinares : por exemplo, encontramo-nos numa época em que os gêneros perdem ou confundem as suas fronteiras.. fronteiras...xcvi, uma característica própria à pósmodernidade, que segue a quebra do discurso unívoco para dar lugar à coexistência teórica entre os muitos modos de d e saber... saber... Faz-se pós-modernismo, à espera de delineamento teórico, quando se abre espaços textua textuais is para para autore autoress das mais mais div divers ersas as tendên tendência cias, s, diálog diálogoo plu plural ral de pol polifo ifonia nias, s, especialmente na prática atual – atual – e, aliás, a prática prática fragmentari fragmentarista sta deste texto texto bem o exercita – de textualizar os autores por suas próprias palavras, em vez de fazer-se porta-voz dos autores, seu interpretador ... interpretador ... xcvii
*
...A mim mesmo eu canto e celebro E ao que eu celebro e canto Venham também vocês celebrar cantar Que há em mim o mesmo exato átomo O mesmo exato átomo que em tudo e todos há... xcviii
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* ...O diálogo de Platão representa, segundo Aristóteles, um novo gênero artístico, uma manifestação intermédia entre a poesia e a prosa. É fora de dúvida que que isto se refere refere em primeiro primeiro lugar à forma, forma, que é a de um drama drama espiritual em linguagem livre. Mas, segundo a opinião de Aristóteles sobre as liberdades que Platão se permite na maneira de tratar o Sócrates histórico, devemos supor que era também no tocante ao conteúdo que Aristóteles considerava o diálogo platônico uma mescla de poesia e prosa, de ficção e realidade...xcix
* A Gl Glob obal aliizaç zação é o proc proceesso sso – jama amais de desfragmentação – de harm harmon onia ia fragmentário-planetária, em que a extrema pluralidade humana não será apequenada com as retóricas da similitude… Se as diferenças entre as múltiplas folhas de inúmeras mangueiras são desprezadas pelas suas semelhanças com “a folha de mangueira”, no humano não se abolirá singul singulari aridad dades es que nos nos encerre encerrem m a todos todos n’O Humano Humano... ... Qual Qual de nós será será mais mais humano?... Quem mais semelhante?... Se buscarmos, humanos, nas palavras de Jesus, sermos perfeitos como nosso Pai... Decerto haveremos de manter nossa presença, vivificando-a, em cada qual dos nossos fragmentos... O ‘globalizamento’ atual nada mais ainda é que a manipulação dos nossos todos fragmentos sociais, nossos seres fragmentários, uma ‘desfragmentação ‘ desfragmentação’’ segundo os hard(and soft)wares dos donos, ou dos que se apoderaram dos computadores...
Eu desconfio de todos os sistematizadores e os evito. A busca de um sistema é uma falta de integridade... c
A racionalidade a qualquer custo, a vida brilhante, fria, circunspecta, consciente, sem instinto, em oposição aos instintos, não tem sido mais do que uma forma de doença, uma outra forma de doença – e de modo algum um retorno à “virtude”, à “saúde”, à felicidade...Ter felicidade...Ter que combater seus s eus instintos – esta é a fórmula para a décadense: enquanto a vida é ascendente, a felicidade e o instinto são uma só coisa... ci
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A Literatura encontra, no Hipertexto, como Web-Literatura, uma possibilidade de ampl amplia iaçã çãoo da arte arte li lite terá rári riaa tant tantoo no sent sentid idoo da apre apreen ensã sãoo das das possi possibi bili lida dade dess de imaginário (provocando uma comunicação mais larga entre imaginários), quanto na utilização dialogal entre textos de linguagem transparente (comunicação objetiva) com text textos os de lin linguag guagem em densa densa ou opaca (comun (comunic icaçã açãoo subjeti subjetiva; va; ou literá literária ria), ), na cii diferenciação clássica , entre arte e ciência, entre signos de distintas procedências culturais, inclusive suas respectivas linguagens idiomáticas...
Ao articular links articular links de diversas procedências e orientações, o hipertexto, a web-literatura funda uma comunicação entre imaginários para além das possibilidades imaginativas registradas nos conteúdos textuais, comunicação nem oral nem escrita, uma autêntica linguagem do imaginário, cujo método de apreensão pressupõe textos-fragmentos, de um lado, e percepção poética, de outro, como uma ponte entre autores/leitores e os respectivos textos linkados... linkados... www.pw.org/mag/wittig.htm
Sei Sei como como qu quer eroo a mi minha nha lápi lápide de:: uma simp simple les, s, pequ pequen enin inaa pal palav avra ra gravada gravada em um pedaço de mármore mármore leit leitoso oso – “Boo!”. “Boo!”..... ...neste ...neste epitáf epitáfio io se contém inteiramente a essência do que é a comédia do ato de escrever, dessa nossa conspiração “instantânea”, nosso truque, nossa beleza, nosso sonho impossível... fazer falar um objeto inanimado, através de letras gravadas em pedra ou tinta, ou de traços numa tela, para uma pessoa que se encontra ausente... ciii
*
Quanto mais se mostra o fragmento, mas a totalidade ganha em apreensão...
* As aspas, o ponto de exclamação, a palavra informal no ambiente formal, a rapidez com que cada palavra pode ser lida, o tamanho da palavra e
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os espaços espaços adjacentes... adjacentes... ...não fosse pela literatura eletrônica, esses detalhes detalhes civ poderiam me iludir... A literatura eletrônica tem proporcionado a muitos de nós avançar na abordagem da materialidade do ato de escrever... escrever... A E-lit (literat (literatura ura eletrônic eletrônica) a) está está revol evoluc ucio ionan nando do a ap apar arên ênci ciaa e o funci funcionam onament entoo do texto, texto, levando levando-nos -nos a repensa epensarr coisas coisas já estabe estabelec lecida idas, s, reapr reaproxi oximan mando-n do-nos os de aspect aspectos os da histór história ia da litera literatur turaa que têm têm estado estado obscurecidos nesses dois últimos séculos pelo instrumental de todo o aparato da literatura romântico-industrial... Muito do que coloco sobre a E-lit a E-lit éé visto como um ataque da lite literatura ratura eletrô eletrônic nicaa contra contra a cultur culturaa da tinta-etinta-e-pape papel.. l.... olh olhos os atentos, atentos, vejo a “e-lit ” como mais uma etapa normal da longa história literária... literária... cv
* A webl weblit iter erat atur ura, a, como como havi haviaa de ser ser natu natura ral, l, acab acabaa prov provoc ocan ando do um umaa revi revisã sãoo de conceitos teóricos que não deixam de abranger toda a Literatura, e não apenas no que diz respeito à criação desse novo gênero novo gênero literário... literário ... ...A retomada de uma idéia de Marcel Duchamps quanto à ação do acaso no processo de criação artística é um dos aspectos dessa contribuição, aliás bem ao sabor da pósmodernidade... A idéia de vanguarda também se modifica: não se busca mais novos sentidos, temas, nem mesmo técnicas: são os procedimentos que se busca explorar na busca do novo... Pois, compreendida a vida como um processo, qual procedimento artístico se fará correspondente às novas e sucessivas etapas da cultura, se tanto as atuais, as que aguardam serem vencidas?... La herramienta de las vanguardias... es el procedimiento... Para una visión negativa, el procedimiento es un simulacro tramposo del proceso por el que una cultura establece el modus operandi del artista; para para los vang vangua uardi rdista stas, s, es el ún únic icoo mo modo do qu quee qu qued edaa de reco recons nstr trui uirr la radicalidad constitutiva del arte. En realidad, el juicio no importa... La vanguardia, por su naturaleza misma, incorpora el escarnio, y lo vuelve um dato más de su trabajo... Entendidas como creadoras de procedimientos, las vanguardias siguen vige vigent ntes es,, y ha hann po pobl blad adoo el sigl sigloo de ma mapa pass del del teso tesoro ro qu quee espe espera rann ser ser expl explot otad ados os.. Con onst stru ruct ctiv ivis ism mo, escri scritu tura ra au auto tomá máti ticca, read readyy-m mad ade, e, dodecafonismo, cut-up, azar, indeterminación. Los grandes artistas del
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sigl iglo XX no son los los que hici icieron obra, ra, sin sino los que inventaro aron procedimientos para que las obras se hicieran solas, o no se hicieran. ¿Para quéé ne qu nece cesi sitam tamos os ob obra ras? s? ¿Quié ¿Quiénn qu quie iere re otra otra no nove vela, la, otro otro cu cuad adro, ro, otra otra cvi sinfonía?... ¡...como si no hubiera bastantes ya!
* O controle da máquina, da tecnologia que possibilita e vai ampliando infinitamente as possibilidades plurais da sociedade, especialmente sua mais recente expressão literária, o hipertexto, ainda se encontra em mãos de d e uma Velha Velha Economia, que controla os bens primários de produção, o que resulta em um controle severo da intertextualização, a saber, das possibilidades de que o hipertexto, e a literatura web , possam transitar livres, dos produtores de texto aos seus tantos possíveis consumidores... O controle dos meios de transmissão da informação individual, da produção intelectual e artística, vai ao encontro da Velha Economia, a impedir a literatura web de alçar os altos vôos a que está destinada... Em verdade, a WebLiteratura, que deve ser compreendida em seus modos mais amplos, para além da especificidade da linguagem escrita, a incluir toda transmissão cultural, cultural, na pluralida pluralidade de das suas manifesta manifestações, ções, oral-escri oral-escrita-i ta-imagét magética, ica, diz respeito respeito à ambiência literária: o espaço do computador como um ambiente, uma sala de cultural, um centro de cultura, onde se pode freqüentar todo tipo de manifestação artística... A ambiência cultural da webliteratura ainda está em seus primórdios: só a distância tecnológica nos impede ainda de ler um livro, assistir um filme, ver uma escultura ou uma pintura, assistir uma conferência, etc., tal qual na realidade física. A ficção literária e cinematográfica já aponta para essa futura realidade virtual em filmes como Disclosure.cvii
* A literatura imagética, o cinema, especialmente, em nada prejudica a literatura escrita na medida em que, e até por ser dela consumidor, co-produtor e divulgador, realidade ficcional (filme) e sua absorção e transmissão conceitual (escrita) são e sempre serão interdependentes, como atividades mentais que se complementam... A linguagem imagética, que a pós-modernidade vem cada vez mais ampliando e dese desenvo nvolv lven endo do,, desd desdee a publi publici cida dade de,, o víde vídeoo-cl clip ip,, o gibí gibí,, o cart cartum um,, etc. etc.,, um umaa linguagem imagética de que os hieróglifos e os ideogramas são corolários, se produz não apenas no nível primário de leitura, modo de linguagem transparente, meramente comunicativo, como no nível artístico, de linguagem densa... cviii Junte-se uma série de cartazes, sem qualquer texto, e as disponha à visão (leitura) do outro, que certamente esse outro terá a oportunidade de saber (ler), seja no nível da
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simples comunicação, seja no nível da experiência artística, o que se está a dizer (texto)...
Cada qual de nós tem sua própria coleção de imagens... As imagens de cada qual são classificadas ainda ao modo próprio de cada qual... A coleção de imagens de cada qual traduz pensamentos de acordo com o repertório de cada qual, assim quanto à expressão seja também quanto à recepção de novas imagens, que lhe chega cotidianamente, como convite à reformulação permanente tanto da sua disposição quanto da formulação de novos pensamentos...
* A “leitura virtual” formatada pelo texto eletrônico é indiciada pelos elem elemen ento toss de sua sua orga organi niza zaçã ção. o. No texto exto elet eletrô rôni nico co,, a ab abun undâ dânc ncia ia de informação e a quantidade de conexões possíveis propicia uma atitude de leitura fragmentária; o leitor faz “zappings”, ou seja, pula de um texto para outro lendo aos pedaços. A leitura no monitor não é linear, pois o texto é organizado para que a informação seja encontrada de maneira funcional, de tal forma que só se leia aquilo que é buscado. Por isso, esta prática de leitura é base ba sead adaa na aten atençã çãoo fl flut utua uant ntee ou no inte interresse esse po pote tenc ncia iall em relaç elação ão à informação; o leitor/navegador recolhe fragmentos de informação (daí o uso do verbo inglês browse, para designar o processo de quem lê o hipertexto. Prática de leitura semelhante é desempenhada pelo espectador de televisão, que com o controle remoto remoto “zapeia” de um canal a outro...cix A lei leitur turaa do texto texto lit literá erário rio consti constitui tui-se -se como como atuali atualizaç zação ão dos sentid sentidos os do texto, texto, pro promo movi vida da pela pela ação ação ativ ativaa e cria criador doraa do leit leitor or,, conf config igur uran ando do um proc proces esso so de comunicação fundado em um texto potencial, e em pontos de indeterminação, ou vazios, que o leitor atualiza e preenche. T Tais ais vazios conduzem a atividade participativa do leit leitor or e dire direci ciona onam m suas suas proj projeç eçõe õess im imag agin inat ativ ivas as,, gui guian ando do-o -o na ativ ativid idad adee de constituição de sentidos do texto... A produção midiática, midiática, ao contrário, oferece-se como um sitema “tagarela” que ocupa todos os espaços da linguagem. No entanto, o excesso de informações velozmente produzidas não pode impedir que, em silêncio, cada indivíduo inscreva sua percepção das imagens que se oferecem ao olhar. Ao fechamento discursivo, contrapõe-se a abertura do silêncio, espaço por excelência do exercício da leitura. Embora os meios de comunicação de massa e a comunicação eletrônica alterem completamente o jogo, observa-se que os mesmos princípios podem reger a educação do leitor, do espectador de filmes e do “navegante” na n a internet... cx
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Mas Mas um umaa im imag agem em só vale vale mais mais qu quee mi mill pala palavr vras as qu quan ando do essa essass pala palavr vras as nada nada significam ou quando possui tessitura poética suficiente à produção do poema ainda irrealizado... Pois é a palavra, consciente ou inconscientemente mentalizada, que nos proporciona comunicar o vínculo poético entre nós e a realidade observada ou imaginada...
cxi
Quero acrescentar algumas palavras sobre a minha arte do estilo. O sentido de todo o estilo outro não é, por certo, senão este: comunicar por meio de sinais um estado de ânim ânimo, o, uma uma últi última ma tens tensão ão do path pathos os,, com com o ritm ritmo o próprio e consoante. E, considerando que a variedade dos estados de ânimo é em mim extraordinária, tenho muitas possibilidades de estilo, a maior diversidade de estilos de que um homem jamais pôde dispor. É autêntico autêntico todo aquele estilo que comunica realmente um íntimo estado de ânimo, o que não engana sobre os sinais, sobre o ritmo dos sinais, sobre os gestos; todas as leis do estilo são formas do gesto.
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O estilo bom em si é pura loucura, puro “idealismo”, como o “belo em si”, o “bom em si”, a “coisa em si...” cxii
* Pré-so Pré-socra cratis tismo, mo, fragme fragmenta ntaris rismo, mo, pós-mod pós-modern ernism ismo, o, hip hipert ertext exto, o, são elos elos da mesma mesma corrente estética que se vai constituindo em gigantesco renascimento artístico do ociden ocidente. te..... Os muitos muitos modos modos do humano humano conte contempl mplar ar e criar criar obras obras de arte... arte... A liberação das energias criativas do humano, aprisionadas em retóricas unívocas, talvez resultant resultantes es das respectivas respectivas etapas etapas da civiliza civilização, ção, estas que vinham impedindo impedindo o livre trânsito multiplicador do ser poético em nós... A nova retóri retórica ca da Grande Grande Totalid otalidade ade Pla Planet netári ária, a, a estrat estratégi égiaa da Global Globaliza ização ção,, pressupõe a fragmentação dos mercados tanto quanto das tessituras e textos (literários) porquanto totalidades menores hão que ser fragmentadas para a sua posterior reinclusão inclusão nos mercados, mercados, tessituras tessituras e textos globais... globais... Outra Globaliz Globalização, ação, a Grande Mult Multip ipli lici cida dade de Pl Plan anet etár ária ia,, seri seriaa a arti articu cula laçã çãoo dess desses es frag fragme ment ntos os todo todos, s, sem sem hier hierar arqui quiza zaçã ção, o, respe respeit itad adas as,, po porr natu natura rais is,, as sobre sobrepos posiç içõe õess even eventu tuai ais, s, semp sempre re transitórias, sempre enquanto processos e seus procedimentos...
* Se o poeta não busca a Eternidade, a Totalidade Totalidade Incompletável... Que poeta é ?... E se não busca, fragmento a fragmento, expandir a sua poesia para além da Totalidade préconcebida, que poesia terá?...
* I’ve nothing to say and I’m saying it …
cxiii
* O poeta é um canário preso às grades-versos de uma gaiolapoema: só o verbo, som e imagem, do seu canto é livre-poesia...
* A exist istênc ência se pa pass ssaa em um rolo olo de im imag agen enss qu quee se desd desdob obra ra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de significado) varia constantemente, constituindo uma linguagem feita de imagens traduzidas em
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palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência... As imagens que formam nosso mundo são símbolos, sinais, mensagens e alegorias. alegorias. Ou talvez sejam sejam apenas presenças presenças vazias vazias que completamos completamos com o nosso desejo, desejo, experiência experiência,, questionament questionamentoo e remorso. Qualquer Qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos... feitos...cxiv As sombras na parede da caverna de Platão, os letreiros de néon em um país estrangeiro cuja língua não falamos...
A escrita que os antigos sumérios acreditavam poder ler nas pegadas dos pássaros sobre a lama do rio Eufrates, as figuras mitológicas que os astrômonos gregos identificavam na concatenação dos pontos assinalados por estrelas distantes, o nome de Alá que o fiel vislumbrou num abacate aberto e no logotipo logotipo dos artigos esportiv esportivos os da Nike... o bilhete bilhete rasgado de um quadro de avisos e realojado em uma pintura de Tàpies, o rio de Heráclito que é também o fluxo do tempo, as folhas de chá no fundo de uma xícara na qual os sábios chineses acreditam poder ler nossas vidas, o vaso estilhaçado do Sahib Lurgan que quase se recompleta por inteiro inteiro diante dos olhos incrédulos incrédulos de Kim... Kim... tudo isso oferece ou sugere, ou simplesmente comporta, uma leitura limitada apenas pelas nossas aptidões...cxv
*
O que agora está provado, foi outrora somente imaginado... 69
cxvi
Como saber se cada pássaro que cruza os caminhos do ar não é um imenso mundo mundo cxvii de prazer, vedado por nossos cinco sentidos?...
Um Poder somente faz um Poeta – Imaginação A Divina Visão...
cxviii
* Se a natureza e os frutos do acaso são passíveis de interpretação, de tradução em palavras comuns, no vocabulário absolutamente artificial que construímos a partir de vários sons e rabiscos, então talvez esses sons e rabiscos permitam, em troca, a construção de um acaso ecoado e de uma natureza espelhada, um mundo paralelo de palavras e imagens mediante o qual podemos reconhecer a experiência do mundo que chamamos real...cxix A Voz Voz de alguém clamando no Deserto PRINCÍPIO PRINCÍPIO 1º Que o Gênio Poético Poético é o verdadeir verdadeiroo Homem, e que o corpo ou forma visível do Homem é derivada do Gênio Poético. Da mesma maneira que as formas de todas as coisas se originam do seu Gênio, que pelos antigos era chamado um Anjo & Espírito & Demônio. PRIN PRINCÍ CÍPI PIO O 2º Como Como todo todoss os homens homens são seme semelh lhant antes es na forma forma visível, Então (e com a mesma infinita variedade) todos são semelhantes no Gênio Poético...cxx
...O Homem é um Animal Poético... “Em um enigma cujo tema é o xadrez, qual é a única palavra proibida?” Refleti por um momento e respondi: “A palavra xadrez” xa drez”cxxi Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo se mostraria ao homem tal como é, infinito... Pois o homem encerrou-se em si mesmo, a ponto de ver tudo pelas estreitas fendas da sua caverna... cxxii
* A imagem imagem limita e aprisiona a mente ao fragmento do real apreendido... Já as palavras, essas nos convidam a acrescentar-lhes outras, em direção a novos sentidos... Outros conceitos... Para um além-do-objeto... A image imagem m é finitude finitude,, a palavra palavra é infinit infinita.. a.... Mas uma uma não vive sem sem a outra... outra... No frag fragme ment ntar aris ismo mo,, a apro aproxi xima maçã çãoo text textua uall com com cada cada ob obje jeto to é tamb também ém um umaa maio maior r aproximação com a sua imagem e com as palavras que lhe somam significações...
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A estética fragmentarista é, portanto, a arte de retomar o mistério ainda contido no objeto, que remonta às origens de sua criação, e que aponta para as suas infinitas possibilidades ainda inexploradas...
Resgatar o silêncio é o papel dos objetos...
cxxiii
Toda boa história é, está claro, uma imagem e uma idéia, e quanto mais elas estiverem entremeadas melhor terá sido a solução do problema... cxxiv
A poesia é um fragmento perfeitamente formado de um edifício inexistente... cxxv
O fragmentarismo resgata o silêncio presente nas relações dos objetos entre si, como espaço intertextual, ao tempo em que deixa-os “falarem” por si mesmos, sem que uma articulação imposta por uma consciência imperial emudeça suas próprias vozes... vo zes... Não era necessariamente como uma tentativa de não comunicar cxxvi que Stéphane Mallarmé apresenta “em “em desespero”, desespero”, a página em branco, que Eugène Ionesco decreta em suas peças que “o “ o mundo impede que o silêncio fale”, fale ”, que Beckett põe em cena um ato sem palavras, que John Cage compõe uma música chamada “ silêncio” silêncio” e que Pollock “ pendura na parede de um museu uma tela coberta de espirros mudos...” mudos...” Eram tentativas de comunicar , mas exatamente no silêncio das coisas, a morada poética do objeto de arte... O fragmentarismo respeita os silêncios do mundo tanto quanto, por não traduzi-los, ou melhor melhor,, não ordená ordená-lo -los, s, em discur discurso so lin linear ear que preenc preencha ha misera miseravel velmen mente te esses esses silêncios com falas unívocas... Não tenho certeza de nada, a não ser da santidade dos afetos do coração e da verdade da imaginação – o que a imaginação capta como beleza deve ser verdade – tenha ou não existido antes...cxxvii
* En la época inmediatamen mente post osterior a Bac Bach se compu pusso ocasionalmente usando el azar, con dados... lo hicieron Mozart, Haydn, Carl Phillip, Emmanuel Bach, entre otros... otros... El ingreso de la personalidad del artista, de su sensibilidad y las complicaciones políticas del yo...tarda un siglo en agotarse.... El El gran gran mecá mecáni nicco Schö Schöeember mbergg le da un unaa vuel uelta de tuer uerca a la profesionalización del músico, preparando la entrada de un nuevo tipo de artista: el músico que no es músico, el pintor que no es pintor, el escritor que no es escritor.. escrit or....
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Ya en 1913 Marcel Duchamp había hecho un experimento en el mismo sentido, sentido, de determinar determinar las notas por azar, azar, pero pero sin ejecutarlo ejecutarlo;; consideraba consideraba la realización realización "muy " muy inútil"...
¿para qué hacer la obra, una vez que ya se sabe cómo hacerla?... John Cage ... (um músico norte americano cuya obra es uma mina inesgotable de procedimientos...) ...justifica el uso del azar diciendo que "así es posible una composición musical cuya continuidad está libre del gusto y la memoria individuales, y también de la bibliografía y las 'tradiciones' del arte"....(...lo que llama "bibliografía" y "tradiciones del arte" no es sino el modo canónico de hacer arte, que se actualiza con lo que llama "el gusto y la memoria individuales"...) El vanguardista crea un procedimiento propio, un canon propio, un modo individual de recomenzar desde cero el trabajo del arte... ...Lo hace porque en su época, que es la nuestra, los procedimientos tradicionales se presentaron concluidos, ya hechos, y el trabajo del artista se desplazó de la creación de arte a la producción de obras, perdiendo algo que era esencial... ...S ...San an Agust Agustín ín dijo dijo qu quee sólo sólo Di Dios os conoc conocee el mund mundo, o, po porrque él lo hizo hizo...... ...Nosotr ...Nosotros os no, porque no lo hicimos... hicimos... ...El arte arte entonces entonces sería el intento de llegar al conocimiento a través de la construcción del objeto a conocer; ese objeto no es otro que el mundo.... mu ndo.... ...El mundo entendido como un lenguaje... No se trata entonces entonces de conocer conocer sino de actuar. actuar. Y creo creo que lo más sano de las vanguardias, de las que Cage es epítome, es devolver al primer plano la acción, no importa si parece frenética, lúdica, sin dirección, desinteresada de los resultados resultados... ... ...Tiene ...Tiene que desinteres desinteresarse arse de los resulta resultados, dos, para seguir siendo acción... El procedimiento de las tablas de elementos, que usa Cage, podría servir para cualquier arte... En la pintura, habría que hacer tablas de formas básicas, de colores, de tamaños, y usar algún método de azar para ir eligiendo cuáles actual actualiza izarr en el cuadro cuadro... ... Cual Cualqui quier er arte.. arte.... ...La ...La literat literatura ura tambi también, én, por por supuesto... ...Al compartir todas las artes el procedimiento, procedimiento, se comunican entre ellas: se comunican por su origen o su generación... Y, al remontarse a las raíces, el juego empieza de nuevo... ...El procedimiento en general, sea cual sea, consiste en remontarse a las raíces...cxxviii A poesia é uma fabricação – no significado originário grego da palavra – importando menos a obra que o ato de fabricá-la, por meio do qual o próprio espírito se eleva e se aperfeiçoa...cxxix
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E l arte que no usa un procedimiento, hoy día, no es arte de verdad . verdad . Porque
lo qu quee dist distin ingu guee al arte arte au auté tént ntic icoo del del mer mero uso uso de un leng lengua uaje je es esa esa cxxx radicalidad...
cxxxi
O resgate intelectual do fragmentarismo pré-socrático, ora em plena expansão pósmoderna, já vinha no bojo dos primórdios da modernidade, desde Novalis e Schlegel, passando por Nietzsche, cuja influência dos pré-socráticos é notória, do mesmo modo que na arte moderna, e pode-se captá-lo ainda, aqui e ali, ao longo das histórias
literárias, em muitos autores que sem abandonar a retórica da linearidade propuseram uma literatura do gênero...
Existem fragmentos que se tornaram fragmentos, e fragmentos natos... cxxxii
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* Os Cantos inferem a interpenetração de estruturas, a interpenetração de temas temas e motivo motivos. s. O básico: básico: a dia dialé léti tica ca entre entre os método métodoss de montagem montagem ou princípios princípios do ideograma ideograma com a idéia de metamorfose metamorfose (Ovídio). (Ovídio). Por isso, nos mesmos Cantos, passa-se muitas vezes, como de flash a flash, de um tema, assunto, mote ou alusão para outro, heterogêneo, rompendo-se assim com os cânones cânones tradicionais tradicionais da linearidade linearidade.. Na estrutura estrutura refer referencia enciall dominante, dominante, interpolam-se também a Odisséia e a Divina Comédia, além da mitologia grega, Virgílio Virgílio e trechos trechos da história da China, dos Estados Unidos e da Itália.
cxxxiii
O documentário alia-se, no mesmo sentido de montagem, às narrativas, pensam pensament entos, os, invoca invocaçõe ções, s, descri descriçõe ções: s: a collag collagee de fragme fragmento ntoss de texto textoss históricos com cartas, mensagens, documentos burocráticos, transcrição de outro out ross autores. autores. Em paralelo paralelo,, não apenas apenas a reproduç eprodução ão dos ideogramas ideogramas chineses e das passagens em grego, como inúmeros trechos ou fragmentos e expressões em diversas línguas estrangeiras. E mais o enjambement freqüente, a separação das palavras, a alteração de nomes próprios, os desenhos, traços, figuras geométricas. Continuando: a freqüente despontuação, os recursos de sincopar, o uso da visualidade das palavras e dos sinais de pontuação. A justaposição dos objetos torna-os mutuamente inteligíveis, sem a interposição conceitual. Enfim, essa épica hors concours mescla versos e linhas, poemas “poé “p oéti tico cos” s” e po poem emas as pros prosai aico cos. s. Na supe superf rfíc ície ie,, a im impr pres essã sãoo de um caos caos intenc int encion ional; al; no fun fundo, do, a versão versão sintét sintético ico-id -ideog eográf ráfica ica de como como acionar acionar o cxxxiv pensamento...
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cxxxv
A matéria-prima tanto do surrealismo quanto do cubismo é a mesma matéria-prima do fragmentarismo: a tentativa de chegar a uma narrativa de provocação do imaginário, que só pode pode ser reconhe reconhecid cidaa e lida atravé atravéss do diálogo diálogo razão= razão=ima imagin ginaçã ação.. o.... Um convite à parceria poética, a fazer do leitor artista da contemplação... Co-produtor do poema...
Pode-se caracterizar outra coisa que indivíduos?... Não há indivíduos que contêm em si sistemas inteiros de indivíduos?... indivíduos?... cxxxvi Tod odaa auto autono nomi miaa é orig origin inár ária ia,, é orig origin inal alid idad ade, e, e toda toda orig origin inal alid idad adee é mo mora ral, l, originali originalidade dade do homem integral. integral. Sem ela não há energia energia da razão, razão, nem beleza da alma...cxxxvii A literatura é o fragmento dos fragmentos; escreve-se a mínima parte do que acontece e do que se diz, e do que se escreve pouquíssimo perdura... cxxxviii
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Linguagem Falão-se os montes Falão-se as fontes Falão-se as feras Falão-se as pedras! - Todos se falão!
Falão-se os galos Falão-se as redes Falão-se Falã o-se os lagos Falão-se as...sedes Falão-se as cassas Falão-se os bixos Falão-se as massas! Falão-se Falão-se os nixos! - Todos se falão! - Todos se falão!
Falão-se os gatos gat os Falão-se os sapos Falão-se as aves Falão-se...as traves! - Todos se falão!
Falão-se as pennas Falão-se as scenas Falão-se as cazas Falão-se as brazas! - Todos se falão!
Falão-se Falão- se os sernes Falão-se os vermes Falão-se as flautas Falão-se as pautas! - Todos se falão!
Falão-se os broncos Falão-se os troncos Falão-se os peixes Falão-se os feixes! - Todos se falão!
Falão-se as vinhas Falão-se as pinhas Falão-se os livros Falão-se os bilros! - Todos se falão!
Falão-se Falão-se os tigres Falão-se os livres Falão-se os tactos Falão-se os fatos! - Todos se falão!
Falão-se os rios Falão-se... os frios Falão-se os ares Falão-se os mares! - Todos se falão!
Falão-se os barros Falão-se os jarros Falão-se as faxas Falão-se as taxas! - Todos se falão!
Falão-se os matos Falão-se os ratos Falão-se as fibras Falão-se as tigras! - Todos se falão! cxxxix
Relação natural cxl Derribada c’o vento – de pedras cêrca, De tantos humanos – similhantemente, Como dellas, talvez fosse – igual perca!... Saber tão grande, - não m’é dado á mente! Relacionado tudo – como está, Sempre saibamos – forma mysterioza, A nós homens – só admirar compete; Á Natureza – só variar – agrada! cxli Relações naturais de acordo a natureza das coisas, e não relações sociais absurdas, que as violentavam, violentavam, eram eram essas as primeiras reflexões reflexões de Qorpo-Santo.. Qorpo-Santo...... Mas isso não quer dizer, absolutamente, que tudo se resumia a um retorno à natureza rousseauniana, a apologia do bom selvagem... selvagem... Ao contrário, Qorpo-Santo tinha exata noção da força caótica da natureza em relação ao humano, como, aliás, o final do poema Relação
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Natural bem o sugere e a peça As Relações Naturaiscxlii deixará muito mais claro adiante... Não Não era era a arbi arbitr trár ária ia subst substit itui uiçã çãoo das das rela relaçõ ções es natu natura rais is po porr rela relaçõ ções es sociais, sociais, só aparentemente racionais (teoria ficcional da cultura), pois que as percebia, estas, igualmente caóticas, tão absurdas quanto, em sua constituição e exercício (conforme ele mesmo sentia à própria pele, especialmente pela experiência kafkiana em tentar provar, perante a justiça, a sua sanidade mental, peticionando e submetendo-se a exames médicos, até mesmo em lugares tão distantes da antiga Porto Alegre, como o Rio de Janeiro, publicando sua saga judiciária em sua Ensiqlopèdia... Qorpo-Santo se colocava muito mais como um observador, primeiro, das relações humanas – naturais e sociais – para, então, delinear-lhes, e delinear-lhes esteticamente, esteticamente, os modos e as formas, o que só lhe parecia possível pela ascese espiritual, pela supe supera raçã çãoo de amba ambas, s, pela pela divi divini niza zaçã çãoo li lite terá rári riaa do seu seu ser ser, pela pela elev elevaç ação ão da sua natureza natureza humana para além da própria própria natureza, natureza, para além da própria sociedade, que percebia ser absurda, demasiado absurda... Para um além do humano-absurdo seguia o pensamento de Qorpo-Santo... Do outro lado do mundo, um filósofo faria dessa idéia um dos mais firmes pilares da sua novíss novíssima ima filosof filosofia ia... ... Não por acaso também também consider considerado ado louco; louco; não por acaso acaso também só melhor compreendido aos cem anos depois... Tal qual Nietzsche, Qorpo-Santo tinha absoluta convicção intelectual e artística do seu gênio, e, portanto, do seu fazer literário, por experimentá-lo corajosamente em si, na solidão de si mesmo, ao realizar a terrível opção – literária – de tornar-se o que se torno tornou: u: gu guer erre reir iroo e sace sacerd rdot otee de um umaa fé, fé, a fé lite literá rári ria, a, deco decorr rren ente te de terter-se se literariamente elevado a matéria densa pensante (por isso “Qorpo-“) aos céus da criação – alimentado pelos “Reis do Universo” cxliii e ao próprio Criador – (por isso que “-Santo”)...
FÉ cxliv Por fé qe tenho – nada temo, Quando falo, quando esqrevo! A Deus pedi, E esqrevi: Jamais – por meus lábios – êrros, Qonsenti, Senhôr – qe eu profira! Ou qe minha língua pronuncie Juizo, qe á qonviqção – fira! Para Qorpo-Santo, se a natureza e as relações naturais que dela decorrem possuem suas próprias razões de – variar , a realidade sócio-humana, impondo-se à realidade natural, o faz sem nenhuma razão lógica, gerando, com isso, a absurdidade, o regresso ao invés do progresso...
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Para QorpoPara Qorpo-Sa Sant nto, o, a real realid idad adee mo mora rall é pu pura ra ficç ficção ão,, circ circo, o, absu absurd rdo, o, pant pantom omin ina, a, irrealida irrealidade, de, imaginação, imaginação, teatro teatro de variedades. variedades..... São ação e discurso discurso desconexos, desconexos, não apenas “fora” das relações naturais, mas mesmo absurdamente “contra” as relações natura naturais. is..... Estas, Estas, no entant entanto, o, seguem fazend fazendoo o seu trabalh trabalho.. o.... As pessoas pessoas assim assim colocadas são, pois, meras marionetes de “espíritos” (uma explicação literária do absurdo) que agem nas mentes dos indivíduos, provocando-os o agir e o falar de acordo acordo com as suas – “espiritu “espirituais” ais” – vontades... vontades... Por isso, hoje são umas; umas; amanhã, outras... Ora um general fala como criança, criança, ora uma criança fala fala como um general...
Tão lindas as aranhas Tão belas, tão ternas Pois caem do teto E não quebram as pernas ! !
cxlv
Para pint Para pintar ar a esté estéti tica ca da absur absurdi dida dade de,, e não não por um umaa acei aceita taçã çãoo form formal al de um moralismo realista próprio à segunda metade do século dezenove, o teatro de QorpoSant Sa ntoo cont contra rapõe põe doi doiss disc discur ursos sos dram dramát átic icos os:: como como se o prim primei eiro ro,, empo empost stad ado, o, moralizante, próprio do teatro realista então em voga, pareceria O Bem; Bem; e, o segundo, representado pela movimentação cênica sugerida em seus textos, pertencente à farsa, ao baixo cômico, ao circence, à comédia de costumes, que faria a glória de um Martins Pena na década de 1840, por exemplo, seria tido como O Mal ... ... Mas essa é uma percepção ainda superficial e ligeira da sua estética teatral... Absolutamente: Qorpo-Santo Qorpo-Santo não deixa deixa pedra sobre pedra.. pedra.... Ambos são O Mal , no sentido de que ambos são caóticos, absurdos... Nenhum movimento há em Qorpo-Santo que não seja o delineamento radical das absurdidades da própria existência humana, premida entre suas condições naturais e morais, morais, ambas igualmente desconexas da ação e do discurso humanos, tal qual, e isso é o menos relevante à análise literária da sua obra, observa no contexto social com o qual está literariamente literariamente envolvido... cxlvi Minhas obras esqritadas Não podem ser censuradas! Pois estão relacionadas relacionadas Qom as qouzas enxergadas! enxergadas! Delas são – fiel retrato, Qual de fotografia fotografia – acto! cxlvii
A obra de arte literária se explica pela sua estética... O fato biográfico apenas subsidia a compreensão textual, morfológica. E jamais decide a sua gênese... Se há uma aparente “facilidade” na escritura do teatro de Qorpo-Santo, como se a ação dramática, se desenvolvendo a partir de quadros “desconexos”, resultasse de um “espontaneísmo” do autor, fato é que isto decorre de uma necessidade estética, estética, ao modo de desenhar, literariamente, literariamente, as mesmas relações humanas, caóticas, que em sua existência, já literariamente radicalizada, radicalizada, estavam, ainda literariamente, a se exibir
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perante seus olhos literários... literários... A vergastar a sua carne (qorpo) e a sua consciência (santo), “literaturizadas “literaturizadas”... ”... Por isso que, na só aparente aparente simplici simplicidade dade do seu poema CENSURA , mantendo o clima de absurda comicidade, a personagem Qorpo-Santo declara à praça dos apressados censores que a sua obra, absurda, é tal qual (fiel retrato) a absurda realidade humana... Para Qorpo-Santo o “desconexo” é o mote principal da ação humana. Absurdas são as relações sociais, em que as pessoas (pessoas virtuais, em verdade) agitam-se em atos e falas (vida e discurso), ora como se uns, ora como se outros... Vivendo uma série ines inesgot gotáv ável el de situ situaç ações ões frag fragme ment ntad adas as,, não não apen apenas as desc descon onec ecta tadas das de qu qual alque quer r realidade, mas, na maior parte das vezes, contraditórias, negando a si mesmas, em relaciona relacionamento mentoss sociais tão caóticos caóticos quanto absurdos.. absurdos.... Os humanos como meras meras marionetes de uma existência sem qualquer sentido lógico... .
A obra de Qorpo-Santo aponta também o descompromisso moral das moral das relações naturais, capr capric icho hosa sass em sua essê essênc ncia ia...... Daí Daí a “ simplória naturalidade” da sua escrit escritura ura,, necessária às convicções estéticas que obteve no exercitamento do seu ofício literário, em que fez da própria existência o palimpsesto sobre o qual redigiu seus primeiros rascunhos... Personagem de si mesmo, mesmo, seu qorpo, submetido às absurdidades das relações naturais na sociedade humana, torna-se santo, torna-se texto literário.. literário.... Po Pois is só de um umaa perspectiva de um personagem-autor, de um qorpo-santo, qorpo-santo, é que poderia realizar uma obra literária suficientemente pura a traduzir em arte as absurdidades que flagrava no contexto contexto natural (material (material)) e moral (ideológi (ideológico) co) da existência existência humana... humana... Nele, como em todo artista de gênio, é a obra que explica a vida... O teatro de Qorpo-Santo é, sim, a contraposição de um discurso moralista do realismo de época, ao discurso circence da ópera bufa... Ma não para exaltar um e negar o outro,
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nem mera opção formalista maniqueísta de bem/mal... Porque ambos eram absurdos, o teatro de Qorpo-Santo é a exibição absurda do absurdo da comédia humana, a representação dramática dessa absurdidade, desnudando tanto a pretensão realista de aproximação com o real, realismo de época, como a própria comédia de costumes, ao lhe inseri inserirr (contr (contrapo apor) r) o compon component entee da ridícu ridícula la (novam (novament entee absurd absurda) a) aparen aparente te cientificidade do discurso de moral positivista que, no final das contas, é o que acaba prevalecendo no espírito dos espectadores dessas comédias... Qorpo-Santo negava gregos e troianos, no teatro assim na vida, inclusive porque nisto resid esidee o fat fato (con (conse seqü qüêência ncia,, não não caus causa, a, de sua sua lite iterat ratura) ura) de pilh pilhar ar-s -see um “desempatotado”, desempatotado”, tal qual já se disse, alhures, de um Cruz e Souza, por exemplo... O real humano, drama ou comédia, é, para Qorpo-Santo, falso, caótico, absurdo... Mais dado ao regresso que ao progresso, como proclama o absurdo criado de Mateus e Mateusa... Mateusa... O absurdo ganha, portanto, portanto, voz... Não como um elemento elemento do sensato, mas mas como um diálogo diálogo do absurdo com o absurdo... absurdo... Pois se tudo se mostra mostra absurdo, que linguagem, que retórica, senão as do absurdo, farão com que o seu texto ganhe consistência literária, na medida que parceiro da absurdidade em que se envolvem todas as relações humanas? Nada de acaso, nada de “espontaneísmo “espontaneísmo”... ”... Qorpo-Santo criou uma sua própria linguagem dramática, dramática, linguagem linguagem necessária necessária e suficiente suficiente à representa representação ção das próprias próprias idéias literárias... Idéias essas que o levaram, com urgência e heroísmo, à condição de pensador e inventor de estética literária... literária... E que, houvesse houvesse sido sido contemplad contempladaa em sua époc época, a, talv talvez ez ante anteci cipa pass ssee a mo mode dern rnid idad ade: e: o que no noss apro aproxi xima ma da rele relevâ vânc ncia ia da Literatura para o progresso geral das cidades... Tudo em Qorpo-Santo parece fugir à reta razão quando se trata de estabelecer um fio condutor linear de seus pensamentos: quando já vamos acreditando haver decifrado seus códigos de escritura e representação, quando aprisionamos uma linha de idéias na esperança de haver desvendado o seu sistema estético, eis que outra ordem possível de conclusões surge, como se do nada, fazendo desabar, como num passe de mágica, todo o edifício arduamente arduamente construído... Isto é que é o seu fragmentarismo. Que se observem as interessantes conclusões a que se poderá chegar, a partir de uma anális análisee semiol semiológi ógica ca das funçõe funçõess das persona personagen genss de Qorpo-S Qorpo-Sant anto, o, especi especialm alment entee quanto à metafórica presença do criado Inesperto, de As Relações Naturais... Naturais... Será algo distinto do papel reservado ao que aparece à cena final de Mateus e Mateusa, Mateusa, o Barrios? Ou se aproximaria mais do Ministro, de Hoje Sou Um; E Amanhã Outro, Outro, na medida medida em que ambos ambos “esque “esquecem cem”, ”, tempora temporaria riamen mente, te, suas suas respec respecti tivas vas posiçõ posições es hierárquicas? O provável é que, em ambas as peças Qorpo-Santo, aproximando-se da sátira menipéia carnavalizante, desloca o eixo da narrativa, polifonicamente, em várias personas: a do ministro conselheiro, do escritor Impertinente, do sábio Qorpo-Santo e até mesmo do criado criado Inesperto, Inesperto, na cena macunaímic macunaímicaa em que lança lança pedaços pedaços de carne humana à sanha antropofágica da fêmea primeva: a comicidade esconde, aqui, a tragédia humana...
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cxlviii
O discurso discurso moralista moralista é, em toda a obra de Qorpo-Santo, absurdo: absurdo por inoportuno, inoportuno, absurdo por inconveniente, inconveniente, absurdo por despropositado, despropositado, absurdo por inesperto. inesperto. Fato é que o espetáculo torna risível ambos os discursos discursos moralistas, moralistas, tanto o da ordem dita moral ( Hobbes) quanto o da ordem natural ( Rousseau ). Qualquer interpret interpretação ação (e encenação) encenação) das peças de Qorpo-Santo Qorpo-Santo não pode deixar de considerar considerar esse essess elem elemen ento toss de máxi máxima ma forç forçaa na cons constr truç ução ão do seu seu teat teatro ro...... do absur absurdo. do.da da existência existência humana... humana... Absurdidade Absurdidade esta que viria viria ser, muito muito mais tarde, o ponto de partida filosófico para toda a literatura existencialista, de Sartre a Camus...
Fosse o observador da realidade, natural e social, que o rodeava, fosse o artista, QorpoSanto adotava o método método fragmenta fragmentarista rista (mais uma absurdidade absurdidade reveladora), reveladora), daí a sua
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Ensiqlopèdia, à melhor estirpe pré-socrática, e mesmo socrática, ultrapassando, por todas absurdas em sua univocidade, as dialéticas propostas pelo ordenamento unitário e absolutista do mundo das idéias, tanto quanto da natureza e da sociedade, que fizeram das dogmáticas de Platão, Hegel e Marx os mais poderosos inimigos da sociedade aberta... Abri-me em qualquer parte; E lerás coisa que farte! cxlix
O título sob o qual Qorpo-Santo reúne a sua obra, Ensiqlopèdia sugere uma leitura dos enciclopedis enciclopedistas tas franceses franceses,, no que tinham de libertário, e de disposição da cultura como enumeração de fragmentos, todos igualmente relevantes, cuja importância se atri atribu buii de um umaa pers perspe pect ctiv ivaa da nece necessi ssida dade de do conh conhec ecim imen ento to,, para para a qu qual al deve deve contribuir o leitor, leitor, idéias centrais de qualquer qualquer boa enciclopédia... O epíteto que se lhe segue, Ou Seis Mezes De Huma Enfermidade!, Enfermidade!, mote a um só tempo irônico e sarcástico, segue a insistente linha da absurdidade literária, pois, numa só aparente concordância com sua fama de doente mental, está a demonstrar, pelo seu conteúdo, qual era a sua doença: era o modo de Qorpo-Santo declarar, e o confessar, que, durante seis meses (e fora muito modesto nisso) sofrera da aguda febre aguda febre literária, literária , a que acomete os que se entregam tão radicalmente, corpo e alma, ao seu fazer literário, e de dizer: Eis a doença!... doença!... A uma totalidade formal e materialmente disposta em Unidade, como seria, por exemplo, o livro em formato tradicional, reunindo os temas em seu contexto próprio, com destaque individualizado, Qorpo-Santo preferiu a miscelânea jornalística, o almanaque, o magazine, a enciclopédia mundana, em que a totalidade de sua obra
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literária se esparrama fragmentariamente em meio a toda uma série de preocupações não propriamente estéticas... Ao enumerar os seus volumes, se os denomina de livros (de 1 a 9), e anote-se que possuem todos os mesmos frontispícios, é para fazer ver que o seu trabalho se qualifica qualifica como literatur literatura... a... Na forma própria ao livro que inventa: livro livro de conteúdo conteúdo fragmentário, e fragmentado, a tratar de uma realidade fragmentária, e fragmentada... Por isso é que nem o moralismo (ou teatro realista) de suas personagens, nem as relações naturais (comédia de costumes) podem representar, em termos absolutos, o mal e/ou o bem: ambos os caminhos levam a humanidade aos sítios do absurdo exatamente quando tomados aos modos absolutistas... Em ambas, o caos... Daí Daí sua sua esté estéti tica ca im impi pied edos osam amen ente te frag fragme ment ntar aris ista ta:: tant tantoo as rel relaçõe açõess soci sociai aiss descon desconect ectada adass das relaçõ relações es natura naturais is eram eram absurd absurdas, as, quanto quanto as relaç relações ões natura naturais is desconectadas das relações sociais igualmente o eram... Para demonstrar essa absurdidade, esse caos, esse mundo aos pedaços, nada mais apropriado que uma estética radical da absurdidade... Quanto ao aparente simplismo d a obra de Qorpo-Santo, há que se lhe seguir a indicação de tratar-se de obra aberta, aberta, até aí um antecipador, e complementar-lhe a aventura do seu texto conforme confo rme as respectivas velas de navegação estética... A estética se define a partir do estilo/tema próprio do autor de obra literária, em que sempre se há de seguir a concepção aristotélica de que forma é condição de conteúdo... Para um conteúdo tão fragmentariamente, tão radicalmente absurdo, uma forma, um discurso ao mesmo tempo tão fragmentariamente quanto radicalmente absurda, em todos os seus elementos...
[Capa: Renata Barros , 1995]
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Se a Ensiqlopèdia é construída como uma colcha de retalhos, algo assim como as atuais agendas dos adolescentes pós-modernos (que são a um só tempo agendas, diários, álbuns de figurinhas, enfim, registro de tudo o quanto lhes faça a cabeça), cabeça), é porque Qorpo-Santo percebe que o tudo que se passa no mundo compondo a vida humana, possui igual relevo, igual força motriz, sendo descabida a hierarquização dos elementos vitais, assim do humano quanto da natureza e da sociedade... so ciedade... Para Qorpo-Santo, como para a pluralidade pós-moderna, um poema é tão importante quanto uma receita culinária... Uma petição judicial é tão significativo quanto um rol de cuidados com a saúde... s aúde...
Uma peça teatral guarda as mesmas proporções que um código de conduta para os jornalistas... Assuntos que se dispõem, fragmentariamente, sem hierarquia gráfica, pelos seus vários livros... Que, afinal, visto como Literatura (lato senso), como poética, todo fato é fato literário, tudo é poesia...
*
Na pós-modernidade, tanto quanto já o fazia Qorpo-Santo, o mundo, a vida, a natureza, o humano, a própria sociedade, são percebidos e compreendidos em sua especificidade fragmentária, sem hierarquização... ...O Todo, Deus, mediado, em Qorpo-Santo, pelos Reis do Universo Universo,, aloca em tudo e em todos, os espíritos, espíritos, as energias energias vitais... vitais... Estes sopram sopram como os ventos através através dos humanos, fazendo-os serem, hoje, uns, e amanhã, outros, à semelhança da teoria dos átomos desordenados de Demócrito e Epicuro: Qorpo-Santo não explica se ao inteiro acaso...
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Todos somos fragmentos em movimento, movimentos ao acaso, constituindo-nos por um processo permanente de união e desunião com os demais fragmentos... Por isso, todos somos iguais... For every atom belonging to me as good belongs to you... cl Átomos, conjuntos mutáveis de átomos, a nos esbarrar, fundir, desgarrar, num ir e vir incessante de espíritos, espíritos, mesmo que alguns tenham se feito carne... O que se cons consti titu tuii em inex inexor oráv ável el im impos possi sibi bili lida dade de de agir agir conf confor orme me qu qual alqu quer er ordenamento absolutista, sem que isso nos condene eternamente ao sofrimento, ao desprazer, às relações absurdas e injustas...
Hoje Sou Um; E Amanhã Outro MINISTRO - Primeiramente,saiba V.M. de uma grande descoberta no Império do Brasil, e que se tem espalhado por todo o mundo cristão, e mesmo mesmo não cristão! cristão! Direi mesmo – por todos os entes da da espécie humana! O REI (muito adm admirad irado) o) – Oh! Oh! Dizei; falai! falai! Que desc descob obrira riram m - é erro!? MINISTRO MINISTRO - É cousa tão simples, quanto verdadeira: 1a . – Que os nossos corpos não são mais que os invólucros de espíritos, ora de uns, ora de outros; que o que hoje é Rei como V.M. ontem não passava de um criado, ou vassalo meu, mesmo porque senti em meu corpo o vosso espírito, e convenci-me, por esse fato, ser ser então então eu o verd verdad adei eiro ro Rei, Rei, e vós vós o me meu u Mini Minist stro ro!! Pelo Pelo procedimento procedimento do Povo, e desses a quem V.M. chama conspiradores conspiradores – persuadi-me do que acabo de ponderar a V.M. 2 a . Que pelas observações filosóficas, este fato é tão verídico, que milhares de vezes vemos uma criança falar como um general; e este como uma criança.cli Aos conjuntos mutáveis de átomos Qorpo-Santo acrescenta a idéia de conjuntos voláteis de voluntariedade alheia, e dá-lhes o nome de espírito, espírito, que compõem, em permanente transação, o espírito de cada indivíduo... À noção de espírito como vontade plural, como voluntariedade, a explicar a variedade comportamental do humano, e para além das concepções místicas (de alma como unidade, como motor de reencarnações) que se encontra em Qorpo-Santo, vem se juntar a idéia de mundo enquanto Sistema, e vida humana enquanto unidade energética (que também em Matrix , o filme, se observa), presentes no filme 13º Andar clii, da novíssima safra cinematográfica da pós-modernidade... A correspondente exata do pensamento de Qorpo-Santo quanto aos espíritos que habitam a mente humana encontra-se no filme indicado ao Oscar 2000, Quero Ser John Malkovitch Malkovitch ( Being Being John Malkovich) Malkovich)cliii, em que várias pessoas “freqüentam” o corpo/espírito da personagem-título, fazendo-o agir ora como uns, ora como outros...
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A história de Quero Ser John Malkovich (nome do conhecido ator que o interpreta, alusão alusão pós-moderna pós-moderna à idéia idéia de representaç representação, ão, de interessan interessantes tes significados), significados), pode ser vista como uma explicitação, uma demonstração fenomenológica das idéias de QorpoSanto, Santo, em sua peça: Hoje Sou Um; Amanhã, Amanhã, Outro... Outro... Até a metáfora metáfora principal principal do filme, o títere,corresponde títere,corresponde exatamente ao objeto da fala da personagem de QorpoSanto, o Ministro, Ministro, que fala como conselheiro do Rei... Rei... QorpoQorpo-San Santo to ataca ataca doi doiss aspectos: as pessoas como títeres de espíritos, e o fato de que os pensamentos não são propriamente pensamentos pessoais, como reflexo da mente individual (ideologia)... Idéias que respeitam à formação da consciência individual, da disfunção entre a personalidade e os seus atos, do fato de que um general às vezes fala como criança; de que uma criança às vezes fala como general ... ... Qorpo-Santo é muito claro quando usa o verb verboo habitar para para defini definirr essa essa presenç presençaa “alhei “alheia” a” na consci consciênc ência ia ind indivi ividua dual,l, exatamente como o faz Charlie Kaufman, no “Manual “ Manual do Hospedeiro Humano, O Ciclo da Vida do Hospedeiro Humano Conhecido como Lester”, Lester”, livro utilizado pelas personagens do filme, que buscam a imortalidade transferindo-se para a mente de John Malkovich... Habitar a mente de outrem, esta é precisamente a alegoria principal sobre a qual o filme elabora sua ficção: algo totalmente absurdo, em meados do século XIX, QorpoSanto brinca com a aparente absurdidade dos seus pensamentos, tanto quanto com a absurdidade do pensamento de época... Ao centro, sempre, o fato ficcional... Não é por por acas acasoo qu que, e, no film filme, e, se cons consul ulta ta um tal tal Manu Manual al do Hosp Hosped edei eiro ro Huma Humano no:: tivéssemos nós acesso “ficcional” a este curioso livro, quem sabe constataríamos que, dele, talvez mesmo em sua “bibliografia”, constasse alguma referência à obra de Qorpo-Santo? Será que Lester e Qorpo-Santo seriam consciências ocupadas por esses tais Reis do Universo, de que nos fala a peça Hoje Sou Um; Amanhã. Outro Outro...? Algo assim, como uma forma democrática e pluralista de coabitação tanto espiritual quanto natural...
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Quero Ser John Malkovich, Malkovich, e 13º Andar (habitação Andar (habitação sucessiva de personagens, do real ao virtual) são alegorias típicas de uma era pós-moderna: Qorpo-Santo anunciara-lhes já em 1866... Que bem exemplificam o caráter profundo e extenso extenso da obra de arte, que há de sempre ser lida, assim a literatura (estrito senso) quanto o cinema, aos seus muitos modos de ler e saber... saber...
* Bob Dylon previu algumas fragmentações de pensamento, de imagens e da própria sociedade... sociedade...
cliv
Bob Dylan não mistura apenas álbum a álbum ou canção a canção, com ele é verso a verso; você passa para um mundo diferente em cada verso seguinte... seguinte... clv Ele fazia um quadro do que acontecia à sua volta. Para mim ele é o Picasso do Rock’n’Roll ... ... clvi
* Há um tempo para desconstruir... E há um tempo para selecionar, dentre os materiais da desconstrução, o que servirá a novas construções... Na pós-modernidade, todos os materiais (fragmentos) se aproveitam...
*
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clvii
Ficç Ficção ão de um indiv indivíd íduo uo (alg (algum um Mons Monsie ieur ur Teste este às aves avessas sas)) que abolisse nele as barreiras, as classes, as exclusões, não por sincretismo, mas por por simpl simples es remo remoçã çãoo desse desse velh velhoo espe espect ctro: ro: a cont contrad radiç ição ão lógic lógica; a; que misturas rasse tod odaas as ling inguagen gens, ain inda da que fossem con onssidera deraddas incompatíveis; que suportasse, mudo, todas as acusações de ilogismo, de infidelidade; que permanecesse impassível diante da ironia socrática (levar o outro ao supremo opróbrio: contradizer-se) e o terror legal (quantas provas penais baseadas numa psicologia da unidade!). Este homem seria abjeção de nossa sociedade: os tribunais, a escola, o asilo, a conversação, convertê-loiam iam em um estra strang ngei eiro ro:: qu queem supo suport rtaa sem sem nen enhu hum ma vergo ergonh nhaa a contradição? Ora este contra-herói existe: é o leitor de texto; no momento em que se entrega a seu prazer. Então o velho mito bíblico se inverte, a confusão das línguas não é mais uma punição, o sujeito chega à fruição pela coabitação das linguagens, que trabalham lado a lado: o texto de prazer é Babel feliz Se leio com prazer esta frase, esta história ou esta palavra, é porque foram escritas no prazer (este prazer não está em contradição com as queixas do escritor). Mas e o contrário? Escrever no prazer me assegura – a mim, escritor – o prazer do meu leitor? De modo algum. Esse leitor, é mister que eu o procure (que eu “drague”), “drague”), sem saber onde ele está. Um espaço de fruição fruição fica então criado. Não é a “pessoa” do outro que me é necessária, é o espaço:
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a possibilidade de uma dialética do desejo, de uma imprevisão do desfrute: que os dados não estejam lançados, que haja um jogo...clviii
* O fragmentarismo, formulação estética capaz de acolher os muitos modos de ver e saber o mundo, sempre esteve esteve presente presente no pensamento pensamento desde que, segurament seguramente, e, foi o modo inicial inicial do humano humano compor o seu discurso da realidade realidade e do seu pensamento, pensamento, do seu sentime sentimento nto de perple perplexid xidade ade e de desejo desejo de conhecim conheciment ento.. o.... Agora, Agora, na póspósmodernidade, faze-se revival , eclode como necessário ao atual estágio da civilização... A cultur culturaa contem contemporâ porânea nea é, essenc essencial ialmen mente te uma cultur cultura-m a-mosa osaico ico.. Compreendê-la com maturidade implica em dominar os seus fragmentos. Isto significa que ela não se dá como um todo. E não se dando como um todo, ela decreta a morte da visão de conjunto. Não podemos pensá-la da mesma mane maneir iraa pela pela qual qual pensá pensáva vamo moss a Idad Idadee Mé Médi diaa ou o Rena Renasc scim imen ento to.. Sua hete heterrog ogen enei eidad dadee arra arrast staa cons consig igoo um expe experi rime ment ntal alis ismo mo ince incess ssant antee e um relativismo permanente. Se a Idade Média ou O Renascimento eram, graças aos seus seus ponto pontoss cent centrai raiss de refer eferên ênci ciaa (o teoc teocen entr tris ismo mo na prim primei eira ra e o huma umanismo no segun unddo), um macrocosmo smos anali alisáv sável, a cultura contemporânea enfeixa um volume móvel e contraditório de microcosmos. A unive uni versa rsali lida dade de qu quee bu busc scáv ávamo amoss no todo todo das cult cultur uras as an ante teri rior ores es,, nós a encontramos hoje em cada fragmento capaz de conter o sentido ou o selo do nosso tempo. O império do fragmento tem as suas conseqüências. Num plano geral de metodologia, ele nos obriga a meditar as manifestações tópicas e particulares da realidade. Ele nos leva a evitar os conceitos extensivos e absolutos e a assu assumi mirr um tipo ipo de reflex flexão ão ba base sead adaa na nass con ondi diçõ çõees pecu peculliar iares do doss acontecimentos no seu curso presente e imediato. Esse império antepõe a idéia de pesquisa à idéia de formulação sistemática. Viveríamos assim na idade do ensaio, em que o pensamento age por dedução, a partir de experiências parciais, conforme a natureza também parcial do seu objeto de análise. Não temo temos, s, po porr isso isso,, dian diante te de nó nóss a conf config igur uraç ação ão glob global al da cult cultur ura, a, mas mas culturemas ou cápsulas que podem resumir a significação da época inteira. E o fundamento maior dessas contradições, na cultura-mosaico, está em que qualquer ideologia, concepção ou projeto só se efetivaria concretamente, indo de etapa a etapa de experimentação, de teste a teste, de fragmento a fragmento. Se desejássemos impor qualquer uma delas em bloco e de vez, perderíamos a capacidade racional do ensaio e as converteríamos em místicas irracionais, em verdadeiras profecias que esperamos se cumpra contra tudo e contra todos...clix Mas todo discurso material unívoco, que se resume em interpretação unilateral do mundo, imposta – e aceita – conforme seu maior ou menor grau de convencimento,
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seja ideológico, seja autoritário pura e simplesmente, peca ainda pelo simples fato de que, qu e, dada dada li limi mita taçã çãoo do hu huma mano no em inte interp rpre reta tarr, mesm mesmoo em inte interp rpre reta tarr-se se,, toda toda interpretação sempre será de veracidade duvidosa, seja ela unitária, seja múltipla. Ou não haveria O Mistério... A linearidade e a univocidade, no fragmentarismo, são discursos próprios aos silêncios textuais... O fragmentarismo permite que se ouça o discurso da Totalidade, o discurso do Tao, da totalidade que é inapreensível pela univocidade só material, cuja linearidade, tais quais as correntes magnéticas da Terra, os sons das esferas, o cosmos em que o humano se insere, é uma linearidade de eterno devir de mundo, humano e cultura... No fragmentarismo, A Totalidade existe no mar de silêncio em que navegam os fragmentos, no silencioso fluir próprio de todas as coisas, como um fluxo poético da cultura... Tal qual o fluir poético do Kosmos... O Tao da Terra... O constante devir poético do próprio humano... O poético devir do humano, o fluir poético do mundo, o fluxo permanente da cultura em direçã direçãoo à Poesia.. Poesia.... ...Quem, ...Quem, por maior que seja, seja, autor autor ou ou leitor leitor,, se arrogará arrogará sua absoluta apreensão, a sua total mimesis?... O Mistério se revela, para nós humanos, em fragmentos de tempo tanto quanto em fragmentos de matéria, em fragmentos de espaço...
Em matéria de arte, toda ela, que – et pour cause – podemos denominar, lato sensu, A Poética, toda interpretação linear e unívoca será sua negação, a negação do Mistério que necessariamente encerra, que necessariamente faz de uma obra de arte o que ela é...A sua Poesia...
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Se a Poesia é o que faz de uma obra uma obra de arte, já que é ela que se assemelha ao Mistério, toda interpretação é fazer retornar, por negação do misterioso, do poético, uma obra de arte, ao seu elemento puramente material... O fato artístico, fato poético, todo ele, é jamais interpretável senão pelo que se contém na obra... Pela sua capacidade – objeto de arte – de nos remeter diretamente ao terreno do Mistério, sem que para isso tenhamos que ser intermediados seja pelo racional, seja pelo pelo irraci irraciona onal,l, seja seja pelo pelo pensam pensament entoo exato, exato, seja seja pelo pelo pensam pensament entoo delira delirante nte ou absurdo... ...Algo assim como estar diante diante de um simples cálice... cálice... Um santo graal Toda obra de arte hierarquizada de acordo as diversas interpretações do mundo segue, pouco a pouco, perdendo a seiva da sua concepção original, para tornar-se algo estritamente material, sem o condão energético que a elevou, originariamente, ao Mistério... A estratificação hierárquica da obra é um estabelecimento artificial de uma concepção de perfeição que, até por humana – raça que não possui título de propriedade sobre o Mistério – é sempre simulacro da Perfeição, esta, a autêntica, só apreensível por lampejos lampejos da Poesia... Poesia... Mais grave: grave: que se harmoniza com o humano, via inspiraç inspiração, ão, independentemente de erudição, cultura, educação, bom senso, moralidade, etc... As palavras, enquanto signos de representação, haverão de se aproximar, mas uma aproximação por semelhança, e o mais que possa, ao significado (já por natureza tão distantes entre si – missão de exatidão impossível) a revelar o seu objeto tal qual se encontra no mundo, seja dos fatos, dos sentimentos ou das idéias... Por isso que, (e daí a impossível semelhança/similitude nas traduções literárias), significantes e significados (e não apenas os significantes) são vários e distintos entre os diversos povos e línguas... O acesso ao Mistério se dá segundo cada qual dos povos que os criaram (significantes) e os percebem (significados) clx... Freedo Freedom m não não é o mesmo mesmo que Liberd Liberdade ade... ... Love Love nunca será o mesmo que L’amour L’amour... ... Saudade é verso de uma estrofe só... A similitude (correspondência quase exata) entre significantes e significados, em linguagem transparente, impede o acesso ao Mistério, conectando apenas a parte materialmente apreensível, sempre simplória, dos objetos comunicados... A comu comuni nica caçã çãoo está está pa para ra a ling ngua uage gem m da mesm mesmaa form formaa qu quee a reprodução reprodução está para a sexualidade. Na comunicação, as palavras e os conceitos interagem com o intuito de reprodução reprodução e circulação, sem jamais copular. copular. Inteligência artificial, assexuada, in-sex in-sexuada uada,, equiva equivalen lente te à insemi inseminaç nação ão artifi artificia cial.l. Máximo Máximo de repr reprodu odução ção,, mínimo de sexo. Ao inverso, o êxtase poético da linguagem corresponde à fase libertina de uma sexualidade sem reprodução (a linguagem poética se exaure em si
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mesma e não se reproduz, assim como o pensamento, cuja continuidade, por esse motivo, jamais é assegurada).clxi
Parece-me que Magritte dissociou a semelhança da similitude, joga esta contra aquela. A semelhança tem um “padrão”: elemento original que coordena e hierarquiza a partir de si todas as cópias, cada vez mais fracas, que podem ser tiradas. Assemelhar significa uma referência primeira que descreve e classifica. O similar se desenvolve desenvolve em séries séries que não têm começo nem fim, que é possível percorrer num sentido ou em outro, que não obedecem a nenhuma hierarquia, mas se propagam de pequenas diferenças em pequen pequenas as difere diferença nças. s. A semelhan semelhança ça serve à repres represent entaçã ação, o, que reina sobre ela; a similitude serve à repetição, que corre através dela. A semelhança se ordena segundo o modelo que está encarregada de acompanhar e de fazer reconhecer; a similitude faz circular o simulacro como relação indefinida e reversível do similar ao similar...clxii Hierar Hierarqui quizaç zação ão de semelh semelhanç anças, as, descri descriçõe çõess e classi classific ficaçõ ações es não signif significa icam, m, em hipótese alguma, hierarquização positiva dos objetos de arte, pois é sempre de Arte que se está está a considerar considerar... ... Nesta, Nesta, as semelhanças semelhanças ocorrem ocorrem em em mais de um plano... plano... Objetos, Objetos, fatos, fatos, pensamentos pensamentos,, sentime sentimentos. ntos..... Cujos “padrões” “padrões” são, pelo Mistério, Mistério, inatingíveis... A semelhança já nasce tanto da diferença, diferença, quanto dessa noção de inatingibilidade de identidade absoluta (apropriaç (apropriação) ão) com o Mistério. Mistério..... A similitude , simulacro que se convida à repetição, repetição, estabelece artificial identidade ocultando, assim, as diferenças intrínsecas, o que justifica os modelos, em especial, os positivismos...
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A semelhança – tal como é usada na linguagem cotidiana – é atribuída às coisas que possuem ou não natureza comum. Diz-se: ‘parecidos como duas gotas d’água’, e diz-se, com a mesma facilidade, que o falso se parece com o autêntico. Esta pretensa semelhança consiste em relações de similitude, distinguidas pelo pensamento que examina, avalia e compara. Tais atos do pensamento se efetuam com uma consciência que não vai além das similitudes possíveis: a essa consciência, as coisas revelam apenas seu caráter de similitude. A semelhança semelhança se identifica identifica com o ato essencial do pensamento: pensamento: o de parecer. O pensamento parece tornar-se aquilo que o mundo lhe oferece e restituir aquilo que lhe é oferecido, ao mistério no qual não haveria nenhuma possibilidade de mundo nem de pensamento. A inspiração é o acontecimento onde surge a semelhança. A arte de pintar – não concebida como mistificação mais ou menos inocente – não seria capaz de enunciar idéias nem exprimir sentimentos: a imagem de um rosto que chora não exprime a tristeza, do mesmo modo que não enuncia uma idéia de tristeza, pois idéias e sentimentos não possuem nenhuma forma visível. A arte de pintar – que merece verdadeiramente se chamar arte da semelh semelhanç ançaa – permit permitee descre descrever ver,, pela pin pintura tura,, um pensame pensamento nto susc suscet etív ível el de se torn tornar ar visív isíveel. Este Este pens pensam amen ento to comp compre reeend ndee exclusivamente as figuras que o mundo oferece aos nossos olhos: pessoas, cortinas, armas, astros, sólidos, inscrições, etc. A semelhança reún reúnee espo espont ntan anea eame ment ntee essa essass figu figura rass nu numa ma orde ordem m qu quee evoc evocaa diretamente o mistério. A descrição de um tal pensamento não suporta a originalidade. A originalidade ou a fantasia só trariam fraqueza e miséria. A precisão e o encanto de uma imagem da semelhança dependem da semelhança e não de um modo fantasioso fantasio so de descrever. ‘O como pintar’ a descrição da semelhança deve se limitar unicamente em dispor as tintas sobre uma superfície, de tal modo que o aspecto efetivo delas se distancie e deixe aparecer uma imagem da semelhança. Uma imagem da semelhança mostra tudo o que ela é, quer dizer, uma reunião de figuras onde nada é subentendido. Querer interpretar – a fim de exercer não sei que falaciosa liberdade – é desconhecer uma imagem imagem inspirad inspiradaa substitu substituind indo-lh o-lhee uma interpre interpretaç tação ão gratuit gratuitaa que pode, por sua vez, ser o objeto de uma série sem fim de interpretações supérfluas. Uma imagem não deve ser confundida com um aspecto do mundo nem com alguma coisa de tangível. A imagem de um pão com geléia não é alguma coisa de comestível e, inversamente, tomar um pão com geléia e expô-lo num salão de pintura não muda em nada seu aspecto efetivo, que seria tolo acreditar capaz de deixar aparecer a descrição de um pensamento qualquer. A mesma coisa acontece, diga-
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se de passagem, passagem, com as tintas dispostas, dispostas, por vezes atiradas, atiradas, sobre uma tela por prazer ou por uma utilidade particular. A inspiração oferece ao pintor aquilo que é preciso pintar: a semelhança que é um pensamento suscetível de tornar-se visível pela pintura – por exemplo, um pensamento cujos termos são um pão com geléia e a inscrição ‘isto não é um pão com geléia’ ou ainda, um pens pensam amen ento to cons constit tituí uído do por um umaa pa paisa isage gem m no notu turn rnaa sob sob um céu céu ensolarado. ‘De direito’ tais imagens evocam o mistério, enquanto, ‘de fato’ somente, o mistério seria evocado pela imagem de um pão com geléia geléia solitária ou pela imagem de uma paisagem paisagem noturna sob um céu estrelado. Entretanto, todas as imagens que contradizem o ‘senso comum’ não evocam , necessariamente, ‘de direito’ o mistério. A contradição pode derivar apenas de um modo de pensar cuja vitalidade depende de uma possibilidade de contradizer. A inspiração não depende de uma boa ou má vontade. A semelhança é um pensamento inspirado que não se preocupa de se harmonizar com um modo de pensar ingênuo ou erudito. Ela se opõe necessariamente tanto à razão quanto ao absurdo. É com palavras que os títulos são dados às imagens. Mas essas pala palavr vras as deixa deixam m de perm perman anec ecer er fami famili liare aress ou estra estranh nhas as qu quan ando do nomeia nomeiam m conven convenien ientem tement entee as imagen imagenss da semelh semelhanç ança. a. É precis precisoo clxiii inspiração para dizê-las e ouvi-las...
clxiv
O qu quee é a ver verda dade de,, po port rtan anto to?? Um ba bata talh lhão ão móve móvell de metá metáfo fora ras, s, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo, sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões...
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Das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas... moedas ...clxv Se por um lado, a invenção do conceito, surgindo a partir da palavra escrita, deu partida partida ao poderoso poderoso motor da civiliza civilização ção ocidental, ocidental, desde os gregosclxvi, multiplicando em progre progressã ssãoo cultur cultural al mais mais que geomét geométric ricaa as possib possibil ilida idades des de descob descobert ertas as e invenções de todo gênero, artísticas, filosóficas e científicas, de outro tornou plausível o encobrimento das diferenças... ...d ...daa singu singula lari rida dade de,, vist vistaa entã então, o, enqu enquan anto to ser ser anti anti-c -con once ceit itua ual, l, como como inim inimig igaa da sociedade organizada... A pós-modernidade é fruto de múltiplas tentativas de descerrar os véus da objetividade conceitual, as ilusões das verdades unívocas... ...de ...de provar, provar, talvez talvez pecaminosam pecaminosamente, ente, os muitos muitos frutos frutos proibidos: proibidos: as muit muitas as verdades verdades das múltiplas ilusões... No No bo bojo jo dessa dessa reav reaval alia iaçã çãoo conc concei eitu tual al,, é clar claro, o, emer emerge ge o prim primit itiv ivis ismo mo – entã entãoo margi argina nallizado zado como como magi magiaa – qu quee amor amorda daça çado do e mani maniet etad adoo pel pela ati ativida vidade de conceitual conceitual...pe ...pelo lo estabelec estabeleciment imentoo da semelhança como como elemen elemento to organ organiza izador dor da cultura... Uma idéia geral, uma idéia idéia invisível, superior e perfeita, perfeita, no mais nobre estilo Platão-Hegel, que, a bem da verdade, não se encontra nas proposições estéticas de Magritte em sua busca pela semelhança, semelhança, muito ao contrário, pois que este estava bem atento atento (o suficie suficiente nte para para combat combatê-l ê-las) as) à transf transforma ormação ção/su /subst bstitu ituiçã içãoo paulat paulatina ina das semelhanças em/pelas similitudes... ...Nietzsche já havia observado esses perigos da invenção do conceito de semelhança, ela ela mesm mesma, a, já o iden identi tifi fica cand ndoo com com o esta estabe bele leci cime ment ntoo dest destaa como como simi simili litu tude de filosófica... ...Toda palavra torna-se logo conceito quando justamente não deve serv servir ir,, even eventu tual alme ment ntee como como reco record rdaç ação ão,, pa para ra a vivê vivênc ncia ia prim primit itiv iva, a, completamente individualizada e única, à qual deve seu surgimento, mas ao mesmo tempo tem de convir a um sem-número de casos, mais ou menos semelhantes, isto é, tomados rigorosamente, nunca iguais, portanto, a casos claramente desiguais. Todo conceito nasce por igualação do não igual. Assim como é certo que nunca uma folha é inteiramente inteiramente igual a uma outra, é certo que o conceito de folha é formado por arbitrário abandono dessas diferenças individuais, por um esquecer-se do que é distintivo, e desperta então a representação, como se na natureza além das folhas houvesse algo, que fosse “folha”, eventualmente uma folha primordial, segundo a qual todas as folhas fossem tecidas, desenhadas, recortadas, coloridas, frisadas, pintadas, mas por mãos inábeis, de tal modo que nenhum exemplar tivesse saído correto e fidedigno como cópia fiel da forma primordial...
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...e especialmente suas implicações no terreno de formação ideológica do discurso unívoco... ...Denominamos um homem “honesto”; por que ele agiu hoje tão honestamente honestamente?? – perguntamos. perguntamos. Nossa resposta resposta costuma costuma ser: por causa de sua honestidade. A honestidade! Isto quer dizer, mais uma vez: a folha é a causa das folhas. O certo é que não sabemos nada de uma qualidade essencial, que se chamasse “a honestidade”, mas sabemos, isso sim, de numerosas ações individualizadas, portanto desiguais, que igualamos pelo abandono do desigual e designamos, agora, como ações honestas; por fim, for formu mula lamo moss a pa part rtir ir dela delass uma ‘qua ‘quali lita tass occ occul ulta ta’’ com com o no nom me: “a honestidade”. honestidade”. A desconside desconsideração ração do individual e efetivo nos dá o conceito, assim como nos dá também a forma, enquanto que a natureza não conhece formas formas nem conceitos, conceitos, portanto portanto também não conhece conhece espécies, mas somente somente um X, para nós inaccessível e indefinível. Pois mesmo nossa oposição entre indivíduo e espécie é antropomórfica e não provém da essência das coisas, mesmo se não ousamos dizer que não lhe corresponde: isto seria, com efeito, umaa afir um afirma maçã çãoo do dogm gmát átic icaa e como como tal tal tão tão in inde demo mons nstr tráv ável el qu quan anto to seu seu contrário...clxvii
A maior maior parte das coisas boas no cinema acontece por acidente.. . .
clxviii
Tanto na vida material quanto nas artes todas, o fragmentarismo larga sua função apenas metodológica para constituir-se cons tituir-se em prática social e artística... O fragmentarismo é a única maneira, com todas as ressalvas que o paradoxo aponta, “unitária” de se perceber a realidade e a alma de nossos tempos... Hoje, mais que nunca, em todas as histórias das humanidades ocidentais, desde os présocráticos, fervilham, ao mesmo nível das relevâncias, seja a que título for, os muitos modos de ver e de ler o mundo, muito especialmente as escritas todas, as que o humano inscreve de múltiplas formas em sua própria humanidade...
Pentimentar: pensar/sentir/saber/agir por fragmentos é dançar ao som dos próprios múltiplos sons ubíquos do Espírito...
Os fragmentos fragmentos que nos chegam chegam através dos sonhos, das emoções, do imaginário imaginário,, são, em princípio, fragmentos natos... A razão razão muitas vezes nos convida à fragmentação no sentido da análise, da ampliação do conhecimento das partes, da decomposição de uma dada totalidade... São fragmentos que se tornam tais...
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clxix
As fragmentações (classificações, desconstruções) são metodológicas... Pois o mundo, natural ou humano, opera por p or intercambiação fragmentária...
clxx
A tota totali liza zaçã çãoo é apen apenas as um mo mome ment ntoo de un uniã iãoo frag fragme ment ntár ária ia...... É press pressupo upost stoo ideológico, ou processo, caminhada progressiva em direção à infinitude... Nos sistemas unívocos, tal como ocorre nos computadores, objetos e fatos e idéias são arqu arquiv ivos os qu quee frag fragme ment ntam am o prog progra rama ma inic inicia iall na medi medida da mesm mesmoo em qu quee são são regularmente utilizados... As periódicas operações de desfragmentação, que tornam à
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integralidade do sistema, são apenas momentos de inanição, de estática... Pois tão logo se retorne à dinâmica da ação, assim se vão outra vez fragmentando, soltando-se do sistema, objetos e fatos e idéias... Pois se a vida Pois vida,, se cons consid ider erar armo moss temp tempoo e espa espaço ço hu huma mano nos, s, é frag fragme ment ntár ária ia e fragmentada, viver , o humano, na plenitude das suas potencialidades, e enquanto suje sujeit itoo da própr própria ia exis existê tênc ncia ia,, propr proprie ietá tári rioo da própr própria ia vida vida,, é fragm fragmen enta tarr-se se e fragmentar ... ... A atividade humana de desfragmentação, assim da realidade quanto do discurso, é uma atividade religiosa, religiosa, um ato de oração... oração... Só Deus, na sua integralidade integralidade originária, será Unid Unidad ade, e, Total otalid idad ade. e..... Mas Mas a ubi ubiqü qüid idad adee de Deus Deus é dom pres presen ente te em em toda toda fragmentação, em cada qual dos seus fragmentos...
clxxi
– No No estudo Eliot e a poética do fragmento, Ivan Junqueira(2000) aponta que ao assimilar suas multiformes influências, Eliot desenvolveu um sutilíssimo proce processo sso de glo global baliza ização ção liter literári ária. a. Filtra Filtrando ndo,, metabol metaboliza izando ndo e int integr egrando ando median mediante te comple complexas xas operaçõ operações es miméti miméticoco-met metamór amórfi ficas cas o passado passado orient oriental al sânscrito, certas pulsações gregas e latinas, certas flores da França desde a Provença até Mallarmé, Dante também e toda a multiforme floração da poesia inglesa, Eliot promoveu uma revitalização e eliotização de todo esse passado clássico. clássico. Neste processo processo de transformação transformação e de síntese síntese estilíst estilística ica (buscando e desenvolvendo a sua marca de fábrica, Eliot nada mais fez, segundo Junqueira, do que ratificar a sua crença de que a poesia é um continuum destinado a preservar e reviver ( e transformar, eu diria) a herança legada pelos estratos literários de épocas anteriores. Na visão de Eliot, como conseqüências do exposto, mesmo no poeta mais original poderemos amiúde descobrir que não apenas o melhor, mas também as passagens mais individuais de sua obra, podem ser aquelas em que os poetas
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mortos, seus ancestrais, revelam mais vigorosamente sua imortalidade. (Citado por Junqueira, 2000, p. 111). O passado está vivo, contido no presente e o envolvendo também. Os antepassados, através de suas formas estéticas consagradas, escoram as ruínas emocionais do poeta, e povoam o mundo da perpétua solidão e negritude. Talve alvezz po poss ssamo amoss dize dizerr qu quee no proc proces esso so de cria criaçã çãoo do poema poema,, toch tochas as se acendem convocando à luz da linguagem os ancestrais do poeta com os quais ele ele se iden identi tifi fica ca.. Os mort mortos os emer emerge gem m da dass prof profun unde deza zass tumu tumula larres do inconsciente do artista e iluminam a vida e dão forma e consistência ao poema. As palavras se movem, a música se move (...). As palavras após a fala alcançam o silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma. Podem as palavras ou a música alcançar O repouso, como um vaso chinês que ainda se move Perpetuamente em seu repouso. Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura. Não apenas isto, mas a coexistência, Ou seja, que o fim precede o princípio, E que o fim e o princípio sempre estiveram lá Antes do princípio e depois do fim. E tudo é sempre agora. A quase totalidade da poesia de Eliot caracteriza-se pela experiência da fragmentação, da multiplicidade descontínua de matrizes composicionais, do desenvolvimento assimétrico das partes isoladas (Junqueira, op.cit., p.111). Essas partes podem se reunir numa espécie de todo, contidas e enfeixadas no organismo poemático maior. Eliot escreve que essa é uma das maneiras pelas quais a sua mente parece operar, do ponto de vista poético, ou seja, realizando fragmentos poéticos em separado, e depois estudando a possibilidade de fundilos num conjunto, fazendo uma espécie de todo...clxxii
* Todo texto filosófico é, por primeiro, prosa poética. Demócrito Heráclito, Platão, Hegel, Rousseau, Thoreau, Marx, Sartre, Nietzsche, Freud, Jung, Reich, Marcuse , enfi enfim, m, o qu quee prim primei eiro ro asso assomb mbra ra em seus seus text textos os é a po poét étic icaa pres presen ente te em suas suas entrelinhas... Portanto, e por primeiro, a filosofia é um fato poético; por segundo, a poesia poesia é também o modo de conhecimento conhecimento do mundo... mundo... A poesia poesia é o sopro divino no barro de todas as epistemologias... O fragmentarismo esconde, esconde, por detrás detrás das suas aparentes aparentes “ facilidades”, facilidades”, o fato de ser pensamento, pensamento, com com as difi dificu culd ldad ades es iner ineren ente tess ao pensar ; e sentimento, sentimento, com as dificulda dificuldades des inerentes inerentes ao sentir ... ... Razão e Emoção aliadas no exercício poético de galgar a infinitude...
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O século vinte encontrou diante de si, herdado do século que o precedeu, um problema fundamental – o da conciliação da Ordem, que é intelectual e impessoal, com as aquisições emotivas e imaginativas dos tempos recentes. É imposs impossíve ívell resol resolver ver este este probl problema ema,, como como quere querem m os int integra egralis listas tas franceses, pela supressão de um dos seus termos. É igualmente impossível resolve-lo aceitando a predominância da emoção sobre a razão, porque, aceite esta predominância, desaparece a ordem, e o problema está por resolver. Evidentem Evidentemente ente que há só uma solução: solução: o levar a personalidade personalidade do artista artista ao abstrat abstrato, o, para que contenh contenhaa em si mesma mesma a discip disciplin linaa e a ordem ordem.. Assim Assim a ordem será subjetiva e não objetiva. ob jetiva. Torna ornarr a imagi magina naçã çãoo ab abst stra ratta, torna ornarr a emoç moção ab abst stra ratta, é o clxxiii caminho.
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No texto unívoco, o leitor escapa (e assim o autor) de ter que percorrer toda a linha de raciocíni raciocínioo a chegar à conclusão, conclusão, ao fim do texto... Tal qual nas novelas de horário nobre, a perda de uma parte, parte, por preguiça preguiça ou incompree incompreensão, nsão, não acarreta a perda do texto, ou da proposta, ou da conclusão, do fim, pois logo que se o retoma, o que importa mesmo é o final feliz...
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No fragmentarismo, tal qual nos seri nos seriados ados e casos especiais, especiais, a perda de um episódiofragmento da série acarreta a perda daquela conclusão, daquele fim, daquela proposta, seu seu final inal,, qu quee tant tantoo po podde ser ser feli felizz ou infe infeli liz. z..... O qu quee se ganh ganha, a, ent então, ão, são são (in)conclusões... Mas...não será assim a vida humana?... A Humanidade é feita de fragmentos que buscam completudes: as vidas humanas, nossos corpos e almas, que nós tentamos, quase sempre em vão, e salvo por uns poucos momentos de eterno, juntar jun tar como um modelo de armar... A Poesia é a única inteligência desse puzzle: por isso que são muitos os modos lego poéticos de nos sabermos humanos...
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clxxvi
Há uma nova pergunta no ar, nesses inícios do século XXI: somos tantas personas que, afinal, afinal, quais quais mesmo mesmo somos nós? nós? Desde já já algo parece parece indubitáve indubitável: l: somos somos estados estados fragmentários de consciências...
* Desmaterializado pelo movimento facetado, o espaço cubista não é em verdade tanto um espaço espiritualizado como um espaço intelectualizado, na tônica racional de áreas sistemática e logicamente superpostas. Naturalmente, isso não lhe tira o caráter emocional. Embora na fase analítica as obras cubistas já tenham perdido os traços mais violentos da influência africana, per perma mane nece cem m no ritm ritmoo gera gerall os ab abru rupt ptos os cont contra rast stes es e a frag fragme ment ntaç ação ão.. Conseqüentemente, o teor expressivo dessas obras é inquieto e conflitante... Na obra de Jackson Pollock (1912-1956), pintor americano da chamada ‘arte informal’ (action painting), as características de inquietação e de conflito são aprofundadas e acompanhadas ainda de uma maior desmaterialização. Em lugar de qualificações intelectuais ressalta o caráter emocional da obra; ela é intensamente intensamente carregada carregada de emoção. emoção. Não há nela qualquer qualquer referência referência nem nem a fi figu gura rass hu huma manas nas nem a ob obje jeto toss nem nem a pai paisag sagen ens. s. Tampou ampouco co se identificam sequer superfícies ou volumes. Falta, portanto, qualquer dado físico que possua extensão, peso ou densidade. Os elementos que constituem as configurações de espaço de Pollock são unicamente linhas. Segmentos lineares. Segmentos retorcidos. Às vezes esses segmentos se acompanham, às vezes se superpõem, se retomam, se entrelaçam, inflam, afinam, e subitamente cessam. Tudo isso acontece de modo veloz, descontínuo, explosivo, sem uma pausa e sem crescimento crescimento rítmico. A agitação visual visual parece quase romper romper os limites do quadro. quadro. Temos uma imagem que se assemelharia assemelharia à trajetória trajetória de fragmentos fragmentos
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movido movidoss e aceler acelerados ados no espaço espaço,, quais quais incont incontáve áveis is estre estrelas las cadent cadentes es que cruzassem um espaço a um só tempo...clxxvii
Erram quando afirmam que o pós-modernismo, com a máxima de que a cultura está aos pedaços, pedaços, é só uma bobagem. bobagem..... O pós-moder pós-modernis nismo mo está vincul vinculado ado ao ajuste ajuste globalizante do mundo, com a horizontalização dos povos, com a correção política, com com a demo democr crat atiz izaç ação ão terr terraa-aa-te terr rraa das das dive divers rsas as expr expres essõ sões es regi region onai ais. s..... O desconstrutivismo pós-modernista tem, como toda exaltação de vanguarda artística, afinal se adequado às propostas mais gerais da sociedade, balizada pelo mercado e, por isso, isso, fugi fugind ndoo às prop propost ostas as teór teóric icas as orig origin inai ais, s, conf config igur uran ando do apen apenas as mo mome ment ntoofragmento(s) fenomenológico(s) da(s) pós-modernidade(s)... Mas que ninguém se iluda: trabalhamos todos para alimentar a Máquina que, aos enquantos ainda chamamos Humanidade... Desconstruimos, fragmentamos, singularizamos, particularizamos, individualizamos, mas... De tempos em tempos A Máquina Máquina se clicka a janela de desfragmentação... desfragmentação... Quem sabe para nós, brasileiros, uma boa marretada poética na cultura luso-colonial brasi brasilei leira, ra, e/ou e/ou demais demais luso-c luso-colo olonia nial-e l-estr strang angeir eiras, as, ou tal talvez vez melhor melhor dizen dizendo, do, nos arremedos de cultura brasileira e estrangeiras – todas estas muito bem postas, obrigado – fazendo-as aos pedaços, aos pedaços pós-modernos, até que nos seria muito útil... Pós-modernos ou não, é bom poder criar infantilmente e livremente usar os retalhos guardados ao fundo dos baús do Sótão ( sem sem que nos reprimam reprimam nossos pais... pais... ) A pós-modernidade nos convida a enfrentar as zonas obscuras das univocidades, das totalidades, para fazer crescer os infantilismos da nossa humanidade... Por outro lado, esse negócio de que está tudo aos pedaços na arte e na cultura do pri prime meir iroo mu mundo ndo nos põ põee todo todoss de vo volt ltaa ao mesmo mesmo barc barco. o..... Enfim Enfim,, para para nós, brasileiros, qualquer perspectiva pós-moderna será, no âmbito da arte&cultura, sempre atraente...
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clxxviii
Coleciono fragmentos por saber que a minha mente é fragmentária, que só apreendo uma realidade fragmentada... O pós-modernismo é um fragmentarismo... É a modesta aceitação da nossa vocação artística e cultural, a plena aceitação da impossibilidade de se cons constr trui uirr um mo mode delo lo úni único co,, inte integr gral al,, qu quee apre apreen enda da,, enfi enfim, m, toda toda a gama gama de experiências e percepções, fazendo justiça a todas... Por isso mesmo ando a colecionar meus fragmentos, sem nenhuma organicidade, depositando-os, um a um, só conforme vão sendo colhidos à medida que reflito sobre os objetos... objetos... Portanto, o primeiro não não é o primeiro, o segundo não é o segundo, nem o terceiro será o terceiro... Confesso que nada nada sei dos inícios, inícios, que nada sei dos meios meios,, que nada sei dos finais. finais..... Isso Isso é da essência do fragmentarismo, cuja origem remonta à visão de Demócrito quanto aos átomos...clxxix Fragmentarismo, porque o Absoluto (Platão, Hegel) não existe ou, no mínimo, é inapreensível pelo humano. É uma ficção. Nós que lhe damos existência. A diferença da filosofia fragmentarista (Demócrito, Heráclito), segundo a qual Razão, Emoção, Sexualidade, apreendem-se de um mundo fragmentário e em constante devir, para a filosofia do Absoluto, A Idéia, estão sempre à espera de seus proprietários, seus donos... Os humanos têm guerreado e destruído a fim de se apropriarem da Idéia, do Absol Absolut uto, o, e assi assim m im impor porem em suas vonta vontade dess (de (de poder poder)) aos aos dema demais is.. Quan Quanto to aos aos fragmentos, bem, os fragmentos desdenham encoleiramentos... Os fragmentos não têm donos donos porque porque é imp impossí ossível vel reunireuni-los los a tod todos os e, especi especialm alment ente, e, aprisi aprisioná oná-lo -loss no Conceito Geral... Sendo cada indivíduo um conjunto de fragmentos de si, a um só tempo sistema peculiar de fragmentos, fragmentos de infinitas possibilidades de combinações, esse sistema de fragmentos torna-se a identidade fragmentária de cada qual, de impossível imitação, tais como as digitais... d igitais... ...O fragmentarismo fragmentarismo é incompatível incompatível com a hierarquização dos saberes... saberes... Só a Poesia, que nos envolve como o éter envolve a Terra, alcança o não-sabido... Se nós somos as peças de um puzzle, somos as peças do puzzle poético de Deus...
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O Tempo segue o Espaço. Tempo é fragmento. O Ontem, o Hoje, o Amanhã, não são absolu absolutos tos nem relati relativos. vos..... São fragmen fragmentos tos que se medem medem à medida medida de cada ser humano... Na diversidade do nosso ser fragmentário, fragmentário, cada qual dos nossos fragmentos vive o tempo segundo sua própria contagem... Portanto, para alguns dos nossos fragmentos ainda é ontem; para outros, só o hoje tem existência real; e há aqueles que já vivem vivem o amanhã. amanhã..... Exerce Exercerr, cada cada ser humano, humano, o seu próprio próprio tempo tempo parti particul cular ar fragmentário é libertar-se das coleiras dos proprietários do Tempo Absoluto, é viver sem violentar seu tempo particular, sem agredir seu corpo-espaço fragmentário...
* – Mas nenhuma arte soube exprimir tudo o que temos de sexy quanto nossa música. A música popular do Brasil é a voz instintiva do nosso desejo. Nossos autores mais representativos – Roberto Silva, Assis Valente, Jorge Benjor, Tim Maia – se distribuem por nossa história como vetores espalhados pel pelaa cor coreogr eograf afia ia de um corpo corpo no cio. cio. Nosso Nossoss grand grandes es esti estili list stas as – Cyr Cyro Mont Mo ntei eirro, Lu Lulu lu Santo Santos, s, Carme Carmem m Mi Miran randa, da, Naçã Naçãoo Zu Zumb mbi, i, Orla Orland ndoo Silv Silva, a, Racionais MC’s – são vozes da nossa carne. E nossos maiores inventores – Villa-Lobos, Antonio Carlos Jobim, Dorival Caymmi, Ary Barroso e João Gilberto – parecem ter inventado não só nossa música e nosso ritmo, mas nossa sensibilidade e nosso nos so corpo. A alma é um luxo posterior. posterior. Pode ser que essa prioridade simbólica da música entre nós seja mesmo resultado histórico da interação ritual entre a religião, o trabalho e a festa – ou simplesmente a forma mais feliz de uma arte que soube como nenhuma outra acompanhar os movimentos de nossos músculos ao caminhar. Nossa música aderiu a nosso corpo como um bronzeador. bronzeador.
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Sempre preocupado com as relações entre a cultura e o corpo, Nietzsche escreveu, sem saber, boa parte de sua obra eleogiando o Brasil enquanto pensava estar comentando Bizet: o Brasil foi o único país do mundo a incorporar e irradiar com uma vitalidade sempre renovada todas as lições do que Euclides da Cunha descreveu como “a linha fulgurante do trópico” – e essa lição nos veio embalada pela música. Toda nossa antropologia, antropologia, por isso, deveria começar com um atabaque e terminar com um banquinho e um violão.clxxx
clxxxi
O brasileir brasileiro, o, o brasileir brasileiroo é o povo mais musical do mundo, embora não saiba se dar valor... valor... Eles não gostam de ser brasileiro... brasileiro... Disfarçam... É preci preciso so não troca trocarr o sentido sentido das das coisas. coisas..... Não confu confundi ndirr povo, povo, o povo... povo... Não confundi confundirr nem com público público,, nem com massa... massa... É importante. importante..... A massa é a massa... O público se enfeita todo, vai para a sala de concertos com cara de quem está entendendo tudo... É preciso notar a diferença... A massa é é di-a-gohorizontal, o público é vertical, o povo, pelo menos o povo brasileiro é di-a-gonal , é por isso que eu gosto gosto do povo. povo..... É por isso que que a mi minh nhaa músi música ca é popular, popular... Porque eu cuido muito mais do aspecto diagonal do que do horizontal ou do vertical... clxxxii
* Copacabana. Milhares de corpos em toda parte. Na realidade, um único corpo, imensa massa de carne ramificada, todos os sexos confundidos. Um único pólipo humano expandido, impudico, um único organismo onde todos têm a mesma cumplicidade dos espermatozóides no fluxo seminal...
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De algum modo, a indiferenciação da cidade e da praia leva a cena primitiva diretamente à praça pública. O ato sexual é permanente, mas não no sen senti tido do do erot erotis ismo mo nó nórrdico dico:: ele ele está está na prom promis iscu cuid idade ade epid epidér érmi mica ca,, na confusão confusão dos corpos, corpos, dos lábios, lábios, das bundas, das ancas – um único ser fractal fractal disseminado sob a membrana do sol... Esse hiper-organismo humano faz pensar no outro imenso indivíduo orgânico, orgânico, o maior do mundo, no Canadá, feito de 45.000 álamos, na confusão de suas raízes, todos participando do mesmo caminho telúrico – a floresta constituindo um único ser vegetal. Os corpos brasileiros constituem do mesmo modo uma espécie de ser único, vivos da mesma vida, penetrados pelos mesmos fluidos, vibrando pelas mesmas paixões. Que estatuto social ou político pode haver para um ser dessa ordem? clxxxiii
Comentário : Isso é o que se pode chamar de visão franco-primitivista (embora, que não se negue, amorosa – l’homme naturellement bon...– do nosso povo ( Brazil? ( Brazil? C’est clxxxiv bizarre!)... bizarre!)... Do nosso Brasil... Plural Plu ralida idade, de, pol polifo ifonia nia,, singul singulari aridad dadee fragme fragmenta ntada da para para o primei primeiro ro mundo, mundo, massa, massa, univocidade, conjunto vegetal, raiz, para nós brasileiros... Em compensação... O Brasil: será o melhor protótipo da cultura Lego que se anuncia como universal... Amontoado de fragmentos de civilizações que poderão ser reunidos ao bel-prazer de cada um... Situado Situado dessa forma na vanguarda das tendências tendências mundiais da cultura, cultura, vai-se tornar um dos faróis da criação criação artística planetária... planetária... Será de bom-tom visitá-lo em busca de inspiração...
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Vai-se falar do “Brasil-mundo” como uma corrente estética, um sistema de valores, um modelo social feito de barbárie assumida, prazer e regozijo ilimitados, mestiçagem sofisticada e violência crua... clxxxv
Lego: O grande Jogo que caracterizará todo o século XXI: montagem sob medida, para si próprio, de civilizações, culturas, obras de arte, roupas, cozinhas, substitutos amorosos, etc...clxxxvi
O Brasil tem tudo para vir a ser a futura Matriz do Mundo PósModerno... clxxxvii
O Brasil é o metrônomo da Humanidade...
clxxxviii
A pós-modernidade brasileira – por isso mesmo talvez a mais claramente observável – vive a um só tempo sua dupla face construção/desconstrução em direção a suas futuras reconstruções – que já o primeiro mundo busca resolver – em todos os campos da cultura. cultura. Não é irreleva irrelevante nte que o termo termo brasileirizaçãoclxxxix indique, indique, para esses outros povos, um estado de coisas carnavalizado... carnavalizado...
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cxc
As nossas vivências, prática social e cultural, aliadas às nossas próprias reflexões, sejam talvez mais aptas ao estabelecimento das premissas e desdobramentos teóricos, do que seja o fenômeno da pós-modernidade, do que o pensamento menos flexível dos povos de cultura mais solidamente estruturada, ou só aqui e ali carnavalizadas... carnavalizadas...
cxci
A prática da carnavalização encont encontra, ra, na pós-mod pós-modern ernida idade, de, seu ápice, ápice, desde desde as práticas sociais polifônicas às personificações fantasistas e seus clowns que as práticas sociais brasileiras exibem, ora alegremente, ora em suas mazelas, em nosso nos so dia a dia... Pluralismo... Multiplicidade... Raças, cores, cores, credos, sexos, etc...são, por princípio, princípio, tão bons quanto legítimos... legítimos... O pós-modernismo abre as compotas das represas ideológicas para que as águas puras das nossas possibilidades fragmentárias corram soltas... E livremente se encontrem... Se desencontrem... Se reencontrem...
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Toda utopia pressupõe o puzzle pré-concebido, em que os humanos se espremem nas li limi mita tada dass pare parede dess das das masm masmor orra rass ideo ideoló lógi gica cas. s..... Junta Juntarm rmos os e desj desjunt untar armo moss e rejunt rejuntarm armos os os nossos fragmen fragmentos tos em legos... legos... Eis o que é avança avançarr a inteligê inteligênci nciaa humana para além das estrelas...
Capa: Gustavo Meyer, 1995
Construir em Lego os fragmentos pós-modernos é fazer, dos antigos jugos, jogos lúdi lúdico cos. s..... Singu Singula lare ress jogos jogos lúdi lúdico cos. s..... Tod odaa vida vida é praz prazer erosa osa...... Ou será será apen apenas as sobrevivênc sobrevivência... ia... Subserviên Subserviências. cias..... Por isso o pós-moderni pós-modernismo smo caminha em todas as possíveis direções, tanto de tempo quanto de espaço... espaço... Tanto matéria quanto idéia idéia – O Espírito e sua ubiquidade... No aqui-do-humano, e no além-do-humano...
Capa: Deco, 1997
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O pós-modernismo coloca, pela primeira vez nas histórias das humanidades, para além dos pré-socráticos, para mais além das concepções anarquistas, e para além das concepções de vanguarda, as possibilidades sociais de realização dos imaginários individuais sem que disso resulte nem a segregação, nem a dominação, nem o conflito. conflito..... É um antimodel antimodeloo que incorpora incorpora modelos modelos fragmentad fragmentados... os... Por isso, por essa libertação dos imaginários, o pós-modernismo vai ampliando as capacidades humanas, tanto tanto as advindas da natureza quanto quanto as já desenvolvidas pela cultura... cultura... As possibilidades científicas e artísticas decorrentes são ainda inimagináveis... O pós-modernimo é ainda um reconhecimento da legitimidade dos desejos humanos... É mesmo a libertação dos desejos humanos que estiveram, por séculos, aprisionados em edifício edifícioss ideoló ideológic gicos.. os.... Pouco Pouco a pouco, pouco, sob os escombros escombros dessas dessas ideolo ideologia gias, s, escapam escapam fragment fragmentos... os... Nossos próprio próprioss fragmento fragmentos... s... a necessit necessitar ar de cuidados, cuidados, a maioria...
cxcii
A busca de correção política, outro princípio pós-moderno, é a aceitação consciente das múltiplas possibilidades do humano ser... O lego pós-moderno é a união progressiva de fragmentos em direção ao infinito e desconhecido puzzle de Deus... A totalidade invisível e inconcebível pela natureza humana... Tentar impor à sociedade humana um jogo de armar armar em que as peças são os humano humanoss (por (por nature natureza, za, fragment fragmentári ários) os) é arroga arrogarr-se se o papel papel de div divind indade ade... ... uni unir r pau paula lati tina name ment ntee os bloc blocos os-f -fra ragm gmen ento toss que são são os hu huma manos nos,, em suas suas mú múlt ltip ipla lass possibilidades, por natureza variáveis, é reconhecer em nós as infinitas possibilidades de caminharmos, mãos coligadas, em direção ao espaço e tempo infinitos... A Tota Totalid lidade ade Infinita Infinita se faz dos nossos nossos tod todos os finito finitoss fragme fragmento ntos.. s.... E tal talvez vez nem mesmo esses nossos todos fragmentos sejamos assim tão finitos: pois que ainda se nos apresentam infinitas, incomensuráveis as nossas todas possibilidades combinatórias, nossos eternos retornos... retornos... A pós-modernidade pode também ser compreendida, ainda historicamente, como uma continuidade de algo que se inicia nos primeiros sorrisos da modernidade – Schlegel, Novalis, Poe, Baudelaire, Whitman – e das vanguardas modernistas todas, inclusive
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nossa Semana de 22 – até o existencialismo de pós-guerra (Sartre e Camus), acirrandose na geração beat americana, e no movimento hippie, para afinal eclodir pelos idos da década década de 1980, em todas todas as artes... artes... Indiscipli Indisciplinado, nado, fragment fragmentado, ado, múltipl múltiplo, o, veloz e incendiado como um ninho de vespas em erupção...
Capa: José Roberto Aguilar e Gabriela Favre, 20 01
No romance, seguindo a tradição pela linearidade na Literatura, embora o assombroso Ulisses de Jame Jamess Joy Joycecxciii, o pó póss-mo mode dern rnis ismo mo se apre aprese sent ntaa como como mais mais um experimentalismo: livros como Zero, Zero, de Ignácio de Loyola Brandão (com méritos singul singulare ares), s), PanAméri PanAmérica, ca, de José Agripp Agrippino ino de Paula, Paula, e Balada da Infância, Infância, de Antonio Torres, por exemplo, são livros que pressupõem o fragmentarismo como técnica narrativa, sem que – e a julgar pelas obras posteriores – os autores tenham real ealizado zado um umaa op opçã çãoo est estétic éticaa em dire direçã çãoo à ampl ampliiaçã ação dessa essass ent então no nova vass possibilidades...
Capa: Rafael Siqueira, 1982
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Falando sobre Falando sobre o fragme fragmenta ntaris rismo, mo, enquant enquantoo método método de criaçã criaçãoo literá literária ria,, Affons Affonsoo Roma Romano no de Sa Sant nt’A ’Ann nnaa narr narraa qu quee Mach Machad adoo de Assi Assiss mere merece ceuu seve severa ra crít crític icaa de Guimarães Guimarães Rosa, segundo o qual o autor de Dom Casmurro Casmurro utilizava utilizava o método método como “facilidade”, pensamento ainda hoje muito comum entre autores que se aferram à univocidade de discurso em que, afinal, foram formados – Adquiri certeza quase absoluta, de que ele, antes mesmo de compor seus livros, ia anotando: pensamentos, frases, etc. em livro ou em cadernos especiais, espécie de surrão ou alforje, de onde sacava, aos punhados, ou pinçava, um a um, os elementos de reserva que houvessem resistido ao tempo conservando-se bem. bem. Ao que Affonso Romano de Sant’Anna, como bom poeta, aduziu, entre parênteses: Processo aliás muito louvável. Tanto quanto o hábito de compulsar dicionários (outra técnica fragmentarista, adotada por Mallarmé, aduzo eu) visível em Machado de Assis... Assis... Diz Affonso em sua defesa da técnica fragmentarista machadiana: Quanto à observação de que Machado tinha um “surrão ou alforje”, onde ia jogando frases e anotações que usava posteriormente, é relevante mostrar que este foi também o método usado por Rosa, conforme as fichas que deixou, onde anotações já ffei eita tass sobr sobre fl flor oraa e faun faunaa eram eram poste posteri riorm ormen ente te encaixadas na na narr rrat ativ ivaa em cons constr truç ução ão.. Este Este é um recur ecurso so comu comum m no noss escr escrit itor ores es.. Vão jogando jogando em pa past stas as anotações aleatórias ou sistemáticas que, qu e, de repente, recobram vida... Ignácio de Loyola, por exemplo, confessou que este foi o processo que usou ... cxciv para a narrativa fragmentada de seu conhecido “Zero” ... Mas há algumas particularidades que merecem atenção: em primeiro, não se pode dizer propriamente de Rosa que tenha adotado o método fragmentarista, a julgar pelo texto... Guimarães Rosa usou sim, uma técnica (muito comum entre os escritores), de ir coletando material na medida em que a obra vai germinando em sua intenção literária; uma coisa é ir coletando material a preparar o texto em formação, encaixe que qualquer estudante realiza em seu dia a dia de trabalhos escolares... Outra, bem distinta, é reunir, aleatoriamente, um material disperso, mais ou menos, em termos formais, desconectados entre si, autênticos fragmentos de realidade ficcional (não ficcional (não há aqui contradição entre os dois termos, pelo que já se disse, mas podemos também usar realidade (re) ficcionável ficcionável ) para que, da sua reunião posterior se componha um texto imprevisível, impensado enquanto se os reunia... A prim primei eira ra,, de natu nature reza za estr estrit itam amen ente te técn técnic ica, a, part partee de um disc discur urso so uní unívo voco co já estabe estabelec lecido ido de antemã antemão, o, traduz traduzind indo-s o-see em mera mera ilust ilustraç ração ão desse desse discur discurso so préprédeterminado (era o que Guimarães Rosa fazia)... Já a segunda, bem ao contrário, provoca no autor a elaboração de um texto que fornecido pelo processo de coleta de material, num deixar-se levar por processos inconscientes de elaboração intuitiva, de seguir os passos de uma realidade em pri princ ncíp ípio io inap inapre reen ensí síve vell pela pela razã razãoo prépré-or orde dena nada da.....( .(si sim, m, este este é um métod étodoo fragmentarista de criação)...
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Já o mérito maior de Inácio Loyola Brandão – por isso mesmo, e até onde se sabe, o autor brasileiro, dentre nossos escritores mais consagrados pelo público e pela crítica, que inaugura a pós-modernidade brasileira no romance – adotou o fragmentarismo como como méto método do e como como esté estéti tica ca, manten mantendo do a estrut estrutura ura fragme fragmentá ntária ria do materi material al coletado, independentemente de ter lançado mão ou não daquela técnica tradicional entre os autore autoress de todos os tempos... tempos... Por isso Zero, seu belo romance, também um livro que consagrado por crítica e público como uma das jóias da literatura brasileira, especialmente pela sua estrutura épica, há obrigatoriamente de ser reconhecido como o primeiro (estranhamente ainda o único a vir à luz, pela imprensa especializada em canonizações) grande romance da pós-modernidade literária no Brasil... Registre-se – entretanto – que Zero é, afora o mérito de ser o primeiro livro brasileiro intei int eiram rament ente, e, radica radicalme lmente nte concebi concebido do numa numa estéti estética ca pós-mod pós-modern ernist ista, a, em que o fragmentarismo se impôs desde a sua concepção, um livro que ainda ensaia os primeiros passos à criação de uma reconhecida literatura brasileira pós-moderna... Afinal, percebe-se claramente em Zero uma forte retórica unívoca, guiada por um autor experimentado em unificar (como em seus melhores escritos) todo o material disponível em uma só direção, tanto ética quanto em estética... confessou... Deliciosa, note-se, a expressão de Affonso em seu texto: Inácio Loyola confessou... O pós-modernismo e seus métodos, infelizmente, têm sido vistos como um balbuciar li lite terá rári rio, o, nas nas raia raiass da faci facili lida dade de li lite terá rári ria, a, em qu quee os terr territ itór ório ioss dema demarc rcad ados os da Literatura restam miscigenados, de traços fronteiriços fronteiriços despistados... despistados... Pouco a pouco a crítica especializada começa a investigar sua fenomenologia, e a adivinhar-lhe as possibilidades... Os americanos, dizem, vão a Disneylândia para sentir que fora dali sua vida é real. O pós-modernismo está ancorado aqui: na insustentável leveza de não crer nem na realidade nem na ficção. Nesse desvão descrente passeiam os sim simul ulac acrros ofer oferta tados dos pelo peloss mass mass medi media, a, os mode modelo loss comp comput utac acio ionai nais, s, a tecn tecnoc ociê iênc ncia ia – no nova va orde ordem m na qu qual al a simu simula laçã çãoo do roman omance ce pela pela sua sua destruição ainda é subversiva porque invoca clownescamente, se não verdades, ao meno menoss po poss ssib ibil ilid idad ades es atra atrave vess ssad adas as pelo pelo ab absu surrdo do,, o qu quee é semp semprre inquietante. Não é outro o motivo da generosa acolhida que essa literatura teve entre os jovens.. jovens....cxcv O pós-modernismo não é, ele mesmo, um movimento de vanguarda de uma juventude mimada, tresloucada... O pós-modernismo é um fato cultural, um fenômeno que resulta de um determinado estágio da cultura e seus efeitos se sentem em todos os níveis sociais e, muito especialmente, nas camadas menos favorecidas, em que há tantos centros irradiadores de atividade cultural quanto possibilidades “tribais” de “fazer moda”, o que já é em si uma novidade nas histórias das civilizações ... Daí a dificuldade não apenas de fixar-lhe os contornos, seus parâmetros teóricos, quanto de estabelecer sobre ele qualquer crítica que não lhe condene especialmente os efeit efeitos, os, mas os seus seus princí princípio pios.. s.... O pós-mod pós-modern ernism ismoo é feito feito de fragme fragmento ntoss que escorregam como os sabonetes...
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Mas de um modo geral, o pós-modernismo ainda é considerado mero experimentalismo (se realizado por escritores canonizados), quando não como um convite ao absurdo, como dizem seus críticos mais conservadores (quando exercido por autores que não freqüentam a boa e velha ordem literária, naturalmente), ávidos por por defe defend nder er a bo boaa e velh velhaa li lite tera ratu tura ra,, aos aos mesm mesmos os tons tons de supe superf rfic icia iali lida dade de e arrogância reacionárias, à esquerda e à direita, infelizmente tão comuns numa cultura ainda por se libertar de um modo ainda binário, maniqueísta, colonizado, estratificado, de ver o mundo, com as lentes unívocas das esferas de poder das ideologias “literárias” dominantes... ...Criação permanente, pesquisa permanente, pensamento permanente, ou literatura permanente – eis o que é o fragmentarismo... O fragmentarismo literário não é desconstrução textual, mas metodologia integrante do processo de re-construção do discurso, necessário e correspondente à etapa da pósmodernidade... Tanto os Diálogos de Platão quanto o Novo Testamento, dois dos principais verbos fund fundad ador ores es da civi civili liza zaçã çãoo ocid ociden enta tall po possu ssuem em,, em verd verdad ade, e, natu nature reza za de text textoo fragmentário... Tanto no que respeita à sua realização textual, quanto nas respectivas proposições filosóficas e religiosas... religiosas... Em que se faz necessário algo mais que a mera leitura leit ura de palavra palavrass ordenada ordenadass em frases... frases... Só uma uma perspe perspectiva ctiva estético-l estético-liter iterária ária é capaz de elucidar essa fragmentação e articulá-la aos seus “ edifícios inexistentes” cxcvi , para para uma leit leitura ura renova renovada da de suas palav palavras ras... ... Especia Especialme lmente nte no que se refere refere às articulações entre o pré-socratismo, socratismo pré-socratismo, socratismo e o platonismo o platonismo... ... Na pós-modernidade, nenhuma das contradições até aqui laboradas pelos filósofos possui, excludente das demais, natureza fundadora das relações humanas... Um Novo Conceito de Livro :
A poesia de Oswald de Andrade põe um novo conceito de livro. Seus poe poema mass difi difici cilm lmen ente te se pres presta tam m a uma uma sele seleçã çãoo sob sob o crit critér ério io da peça peça antológica. Funcionam como poemas em série. Como partes menores de um bloco maior: o livro. O livro de ideogramas. Daí que, desde o Pau-Brasil,
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passando pelo Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, até as Poesias reunidas O. Andrade (título que parodia certa sigla de Indústrias Reunidas...), o layout tipográfico das coletâneas oswaldianas sempre tivesse tido grande importância. Para isso contribuíram os desenhos de Tarsila e do próprio autor e os “achados” que são as capas: a do Pau-brasil uma bandeira brasileira com a divisa mudada para Pau-Brasil; a do Primeiro caderno, uma capa de caderno de curso primário, com florões inscritos dos nomes dos Estados brasileiros e outras garatujas infantis. As ilustrações de Oswald para este segundo livro ligam-se intimamente a seu contexto, e é uma pena que, numa edição de tiragem comercial como a presente, não se possa reproduzir integralmente o plano original dessa obra. O livro de poemas de Oswald participa da natureza do livro de imagens, do álbum álbum de fi figu guras ras,, do doss qu quad adri rinho nhoss do doss comi comics cs.. Sua atua atuali lidad dadee nest nestee particular é espantosa. Ainda há pouco, o crítico inglês John Willett, do corpo redatorial de The Tmes Literary Supplement, fazendo um balanço das relações entre artes visuais(pintura gráfica) e literatura, salientava: ...parece que estamos no limiar de uma revolução no que respeita à maneira pel pelaa qu qual al expri exprimi mimo moss nosso nossoss pens pensame ament ntos os;; esta estamo moss nos libe libert rtan ando do da dass “limitações da prosa linear” e começando a aprender “como manipular a informação informação e a própria própria linguagem linguagem através de técnicas técnicas absolutament absolutamentee novas”; novas”; estamos fadados a “desenvolver um modo menos restrito de escrever livros e transmitir informações e nele o uso de símbolos e o layout bidimensional na página deverão desempenhar um papel importante”; “a nova acuidade pública para para a im imagé agéti tica ca visua visual, l, qu quee a tele televi visã sãoo esti estimul mulou ou,, signi signifi fica ca qu quee uma combinação de palavras e ilustrações é hoje congenial para o leitor”; “que aspecto irá ter o livro parcialmente parcialmente diagramático do futuro, com sua su a linguagem condensada e sua exata colocação de palavras e proposições na página?” Para chegar a estas considerações, Willett passara em revista as tendências da atual literatura de vanguarda, incluindo, ademais, um retrospecto das fontes históricas do fenômeno, tais como, de um lado, os exemplos de poetas-pintores (Maiakovski) e pintores-poetas (Klee), e, de outro, a tradição vitoriana de livros ilustrados (as estórias de Alice de Lewis Carroll), onde “o livro tornou se impensável sem suas figuras”, isto sem esquecer as remotas origens da escrita pictográfica.... Ao invés de embalar o leitor na cadeia de soluções previstas e de inebria-lo nos estereótipos de uma sensibilidade de reações já codificadas, esta poesia, em tomadas e cortes rápidos, quebra a morosa expectativa desse leitor, força-o a participar do processo criativo... A técnica de montagem -, este recurso que Oswald hauriu nos seus contatos com as artes plásticas e o cinema... De apelo ao nível de compreensão crítica do leitor, leitor, que está implícito no procedimento básico da sintaxe oswaldiana... É o efeito que se encontra também nos poemas lacônicos da fase madura de Bertolt Brecht, a fase que começa em 1939 com os poemas escritos no exílio (em basic German, segundo o próprio Brecht):
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Hollywood Toda manhã, para ganhar meu pão Vou ao mercado, onde se compram mentiras. Cheio de esperança Alinho-me entre os vendedores. Walt alter er Jens Jens observ observaa que, que, em compos composiçõ ições es dessa dessa nat natur ureza eza,, o poeta poeta “trabal “trabalha ha prefe prefere rente ntemen mente te com reduçõe eduções, s, com raref rarefaçõe açõess e abrevi abreviatu aturas ras estilísticas, de uma tal audácia, que o contexto omitido compensa a dimensão escrita do texto”; seu método consistiria em “enfileirar frases justapostas, entre as quais o leitor, leitor, para compreender o texto, deve inserir articulações”. E Anatol Rosenfeld, descrevendo essa poesia à luz do Verfr erfrem emdun dungs gsef effr frek ektt (“ef (“efei eito to de alie aliena naçã ção” o”), ), carac caracte terí ríst stic icoo do teat teatrro brechtiano, diz: “O choque alienador é suscitado pela omissão sarcástica de toda de toda uma série de elos lógicos, fato que leva à confrontação de sit situa uaçõ ções es apar aparente enteme ment ntee desc descon onex exas as e mesmo mesmo ab absu surrdas. das. Ao leit leitor or assim assim provocado cabe a tarefa de restabelecer o nexo”... Pois os poemas-comprimidos de Oswald, na década de 20, dão um exemplo extremamente vivo e eficaz dessa poesia elítica de visada crítica, cuja sintaxe nasce não do ordenamento lógico do discurso, mas da montagem de peças que parecem soltas...cxcvii
* É sempre necessário compreender que o pós-modernismo não se esgota na exploração do imaginário, no manuseio do absurdo e do delírio, pois que apenas o torna possível na medida em que liberta o artista do discurso estético unívoco e linear, e sempre positivista (no que este tem de restrição às demais possibilidades discursivas), para inseri-lo de volta ao mundo das percepções fragmentárias... Todas odas as críti críticas cas ao pós-mod pós-modern ernism ismoo descon desconsid sidera eram m suas suas possib possibili ilidad dades es estéti estéticas cas porque partem de uma retórica que pressupõe uma unidade do mundo (relações sonho/realidade), de uma organização sócio-cultural que reflete essa unidade, e que hierarquiza a criação menos pelas obras (pois a maioria delas renegada quando produzidas) e muito mais pela estratificação da cultura em hierarquias piramidais... A livre articulação das várias vozes da cultura tem por escopo principal respeitar a polifonia a partir do seu articulador textual, em que cada qual das vozes dialógicas se apresenta em igual nível de importância – dado que são muitos os modos de ver os temas, os que são objeto de apresentação teórica fragmentária – apenas destacados em função das articulações estético-textuais e da relevância que possam ter, aqui e ali, para as proposições teóricas do texto...
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Capa: Federico Spitale, 1968
A polifonia, para ser bem absorvida, deve escapar às marcas hierárquicas e canônicas que levem o leitor a antecipar o eventual valor do texto em função do autor citado – em prejuízo de uma livre leitura e, portanto, valoração particular, personalíssima – fazendo fazendo cair por terra a aceitação aceitação de uma estética estética polifônica polifônica (daí a remessa remessa das notas de citação para o final do trabalho)... Observar moldes textuais que colidam com as proposições estético-literárias do autor é atender a uma estética da univocidade que, ao menos para os fragmentaristas, já perdeu perdeu o seu vigor... vigor... Ora, em Literatur Literaturaa jamais se pode perder perder de vista o prazer prazer do texto, que parte antes de tudo da perspectiva do seu autor... Se há, pela sua especificidade, um gênero tese, tese, e/ou dissertação, dissertação, e a pós-modernidade convida também a essa investigação teórica, retórica e estilística, estética e temática, buscar novas formas de apresentação apresentação textual é obrigação de ordem literária... literária... Normas técn técnic icas as qu quee im impon ponha ham m a uni univoc vocid idad adee não não deve devem m nem nem podem podem – mo morm rmen ente te na Literatura (arte e ciência necessariamente combinadas) – impedir as experimentações ou, melhor, melhor, as adequações adequações que a vida cultural cultural da contemporaneida contemporaneidade de convida convida todos a buscar... buscar... A realização dos textos não pode ser medida medida à luz de regras e ordenamentos textua textuais, is, mas pela pela funcion funcionali alidad dadee das técnic técnicas as justif justifica icadam dament entee empreg empregada adass cxcviii... Aliá Al iás, s, essa essa tendê endênc ncia ia já vem, vem, po pouc ucoo a po pouc uco, o, se torn tornan ando do prát prátic icaa acei aceita ta se considerarmos, por exemplo, as teses de doutoramento de Luiz Antonio Assis Brasil à PUC-RS (romance) [Luiz Antonio Assis Brasil, 1999] e a de Érico Braga Barbosa Lima [Lima, 26.03.02], à PUC-Rio (texto de teatro)...
* Para a retórica unívoca, o imaginário do “outro”, o imaginário da pluralidade, é sempre e apenas delírio... delírio... Absurdidades... De nenhum valor valor de troca, troca, seja científica, seja, por conseguinte desse pensamento hierarquizante, hierarquizante, estética...
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O pós-modernismo não é uma idéia de vanguarda, não é um modo pré-estabelecido como ideal estético, ao contrário, o pós-modernismo é a naturalidade de todas as vanguardas, é a eliminação mesma da própria idéia de vanguarda e também de experimentação artística: o pós-modernismo é apenas um fato – e fato sempre, desde semp sempre re,, pu puls lsan ante te no inte interi rior or da cult cultur uraa – cuja cujass orig origen enss remo remont ntaa à um umaa visã visãoo fragm ragmeentár ntária ia do mun undo do e ao estar star no mun undo do mun uniido dess dessees fragm ragmeentos ntos...... ...Aceitando-se ser fragmentário, o humano aceita-se, enfim, viver fragmentariamente... Na impossibilidade de eliminar os eliminar os espaços vazios de compreensão do mundo e de si, o huma hu mano no passa passa a acei aceitá tá-l -los os como como cond condiç ição ão inar inarre redá dáve vell (e por isso isso natu natura ralm lmen ente te dispostos à imaginação) de toda a (humana) existência... O exercício do imaginário liberta, ainda, o humano, por levar-nos reconhecer a impossibilidade de impô-lo aos outros como modelo... Nem a nós mesmos, muito menos aos outros... Ou seja, o reconhecimento de que há muitos modos de viver, ver e ler o mundo... Seja em si, seja no outro... Muitos Muitos modo modoss de ver ver, de crer crer,, de sabe saber, r, de imag imagina inarr... Eis o que são são as nova novass tentativas pós-modernas de libertação do humano dos modelos utópicos imaginados os quais, por definição, não se transferem aos demais imaginários, e só se exercitam como irrealidade... irrealidade...cxcix Os perigos da anestesia dos imaginários nesses tempos pós-modernos, encontra-se, paradoxalmente, no exercício permanente da fragmentação do Discurso pelos canais de mídia, e mesmo pela atividade de “ zapping” “ zapping” no controle remoto das televisões cc domésticas...
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A essência de um doce prazer nunca pode ser aviltada...
cci
Na Grécia Clássica, o prazer, o desejo, eram atributos naturais do indivíduo, para cujo gozo deviam se adestrar, educarem-se, como parte da paidéia (a educação do homem grego), como parte indissociável da arete (excelência física e moral) ccii e em nome dos pri princ ncíp ípio ioss un univ iver ersa sais is qu quee ampa ampara ram m o dire direit itoo do indi indiví vídu duoo de go goza zarr a vida vida,, independentemente das razões da polis da polis,, como em Arquíloco: Se Arquíloco: Se nos afligirmos com a maledicência do povo, não desfrutamos o prazer da vida... vida...cciii Ou em Mimnermo: Sem a loira Afrodite não há vida nem przer! Preferia estar morto – se tivesse de não gozar dela mais... mais...cciv No Império Romano, sociedade que privilegiava o Estado sobre os indivíduos, o Estado Romano, como condição e medida dos seus cidadãos, o prazer é visto como inimigo perigoso, que afasta o homem do reto caminho da adoração do princípio coletivo, como em Sêneca ccv: O praze prazerr ha habi bitu tual alme ment ntee se esco escond ndee e proc procura ura as trev trevas, as, fica fica na nass vizinhanças das casas de banho, das saunas e dos lugares que temem a polícia; é mole, não tem força, é úmido de vinhos e perfumes, pálido ou pintado, embalsamado com ungüentos un güentos como um cadáver. cadáver... Na pós-modernidade se recupera o princípio da separação entre prazer individual e obrigação social, anterior à era platônica e ao fortalecimento jurídico do Estado Grego...
A palavra triebccvi, do alemão: vontade, vontade, com a qual Nietzsche construiu a sua tese do humano como vontade de poder funcionava, especialmente em meio à juventude, como similar para tesão... Em verdade, verdade, a expressão vontade vontade de poder foi criada criada com essa conotação de tesão pelo poder... poder... É muito provável que Nietzsche a escolheu escolheu ainda com essa conotação erótica...
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Freud, do círculo pessoal de Nietzsche, desenvolveu toda a sua teoria da sexualidade, sua concepção de libido e da sexualidade como fator determinante do comportamento humano, a partir de uma feliz compreensão da trieb nietzscheana...
O tipo e o grau da sexualidade de um homem atingem os cumes mais altos do seu espírito... ccvii
Il commence bien à mourir qui abandonne son désir ... ...
ccviii
O que se faz por amor sempre acontece além do bem e do mal...
ccix
A satisfação nos protege até mesmo de resfriados. Uma mulher que se sabe bem vestida se resfria alguma vez?... ccx O entendimento humano muito deve às paixões... É pela sua atividade que nossa razão razão se aperfe aperfeiço içoa; a; só procu procuramo ramoss conhec conhecer er porque porque deseja desejamos mos usufrui usufruirr... E é impossível conceber porque aquele que não tem desejos ou temores dar-se-ia ao trabalho de raciocinar... ccxi Segundo o evangelista João, lembra Paulo Coelho ccxii, o primeiro dos milagres de Jesus foi a transformação da água em vinho para a alegria – e a dança de Eros – dos conviv convivas as de uma festa festa de casament casamento.. o.... Portan Portanto, to, eu também também não creio, creio, com/sem com/sem ccxiii Nietzsche, em um Deus que não dança...
A princípio só se falou pela poesia, só muito tempo depois é que se tratou de raciocinar... ccxiv
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O pós-modernismo é um fato, um fenômeno de uma civilização em forte expansão pluridimensional : adotá-lo, ou criticá-lo, como modelo teórico unívoco é alhear-se do seu estudo, que só pode seguir-lhe as múltiplas direções... No pós-modernismo, como em todo fato cultural, sua interpretação comporta uma diversidade de interpretações... interpretações... A novidade é que a pós-modernidade manuseia essas essas diversas interpretações culturais sem hierarquizações e sem abandonar a ótica do prisma... A visão prismática visão prismática,, na aceitação dos diversos modos de ver, permite a coexistência de diversos saberes, mesmo opostos, mesmo paradoxais... Eis dois outros elementos fundamentais aos estudos da literatura, da arte pós-moderna: prisma e paradoxo... Que se juntam ao fragmentarismo fragmentarismo e à libertação libertação do desejo... Ao imaginário e à conscientização do inconsciente... A pós-mo pós-moder dernid nidade ade não eli elimin minaa o discur discurso so uní unívoc voco, o, a retóri retórica ca da lin linear earida idade. de..... Apen Apenas as que não lhe lhe conc conced edee o gala galard rdão ão de raci raciona onali lida dade de nece necessá ssári ria. a..... Nem Nem o hierarquiza sobre o discurso fragmentário, este muito mais eficiente a conhecer a poesia poesia dos fatos e dos objetos... objetos... A, por isso, mais eficient eficientee a conhecer os fatos e os objetos... A linearidade da retórica e a univocidade de pensamento são conquistas da inteligência que prosseguem em seu curso necessário, mas como uma exploração de um dos caminhos possíveis, uma das muitas possíveis aventuras do pensamento na ambição de ampliar ampliar-se -se em direção à totalidade totalidade infinita. infinita..... Um caminho que só se faz útil quando incorpora a presença desafiadora dos espaços vazios da realidade realidade poética... Quando se permitem fragmentações sem perda de substância discursiva... O que se pode fazer enquanto filosofia e poesia estão separadas, está feito, perfeito e acabado. Portanto é tempo de unificar as unificar as duas...ccxv O homem utiliza a palavra escrita ou falada para expressar o que deseja transmitir. Sua linguagem é cheia de símbolos, mas ele também, muitas vezes, faz uso de sinais ou imagens não estritamente descritivos...ccxvi
ccxvii
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O que chamamos símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser familiar familiar na vida diária, embora possua conotações conotações especiais especiais além do seu significado significado evidente e convencional convencional.. Implica Implica alguma coisa vaga, desconhecida ou oculta para nós...ccxviii Uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imag im agem em têm têm um aspec specto to “inc “incon onsc scie ient nte” e” ma mais is am ampl plo, o, qu quee nu nunc ncaa é precisamente definido ou de todo explicado. E nem podemos ter esperanças de defini-la ou explicá-la. Quando a mente mente explora um símbolo, é conduzida a idéias que estão fora do alcance da nossa razão... A imagem de uma roda pode levar nossos pensamentos ao conceito de um sol “divino” mas, nesse ponto, nossa razão vai confessar a sua incompetência: o homem é incapaz incapaz de descrever descrever um ser “divino”. “divino”..... Quando, com com toda a nossa limitação intelectual, chamamos alguma coisa de “divina”, estamos dando-lhe apenas um nome, que poderá estar baseado em uma crença, mas nunca em uma evidência concreta... concreta... ...O humano nunca percebe plenamente uma coisa ou a entende por completo... completo...ccxix Não importa que instrumentos ele empregue; em um determinado momento há de chegar a um limite de evidências e de convicções que o conhecimento consciente não pode transpor... transpor... Além disso, há aspectos inconscientes na nossa percepção da realidade. O primeiro deles é o fato de que, mesmo quando os nossos sentidos reagem a fenômenos reais, a sensações visuais e auditivas, tudo isto, de certo modo, é transposto transposto da esfera da realid realidade ade para a da mente... mente... Dentro Dentro da mente estes estes fenômenos tornam-se acontecimentos psíquicos cuja natureza extrema nos é desconhecida (pois a psique não pode conhecer sua própria substância).. substância)...ccxx Há, ainda, certos acontecimentos de que não tomamos consciência... permanecem, por assim dizer, dizer, abaixo do limiar da consciência... consciência... aconteceram, mas foram absorvidos subliminarmente, sem nosso conhecimento consciente. ccxxi
ccxxii
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A unidade da consciência é algo precário e que pode ser facilmente rompido... ccxxiii Não resta dúvida de que, mesmo no que chamamos “um alto nível de civilização”, a consciência humana ainda não alcançou um grau razoável de continuidade. Ela ainda é vulnerável e suscetível à fragmentação...ccxxiv
* Olhamos Olhamos para o céu quando a Terra envolta envolta em trevas, e o que vemos? Fragmentos... Fragmentos... Fragmentos e mais fragmentos da Luz... Aos céus claros dos dias, vemos a unicidade solar... Mas já sabemos que este é só o sol mais próximo dos muitos modos solares... Que este é ainda um dos muitos fragmentos da Luz... Já podemos olhar ao interior do nosso sol em atividade, e o que vemos? Fragmentos, átomos solares em múltipla atividade... .Já .Já podem podemos os olha olharr na escu escuri ridã dãoo cósm cósmic ica, a, e o que vemo vemos? s? Inte Intens nsaa ativ ativid idad adee de fragmentação... O Kosmos Kosmos fala por fragmen fragmentos tos... ... Só a energi energiaa que o sustent sustentaa é unívoca, unívoca, infinit infinita, a, ubíqua... Pois o texto Cosmogâmico é em torno e ao interior do texto que se vê... Só os silêncios do poema nos permitem a Sua aproximação...
* O Globo: Na nova edição de “Convite à filosofia”, há uma sugestão para que os alunos comparem o Mito da Caverna, de Platão, com o filme “Matrix”. Como elementos da cultura popular podem ser usados no ensino da filosofia? Marilena Chauí : Eles devem servir para fazer paralelos e reflexões da produção contemporânea. No primeiro “Convite à filosofia” eu usei a literatura brasileira para fazer esses paralelos. Professores amigos meus sugeriram que eu usasse algo mais próximo do cotidiano dos estudantes na nova edição do livro. Por conta disso estou ouvindo toda a produção atual de rap. Quero usar as letras das músicas para tratar de ética e política... ccxxv
* Se o frag fragme ment ntar aris ismo mo é a técn técnic icaa esté estéti tica ca de buscar buscar-s -see a tota totali lida dade de possí possíve vel, l, o fragme fragmenta ntaris rista ta é o que fornece fornece as pista pistass para para esse esse possíve possível.. l.... O leito leitorr deve, deve, nessa leitura, usar os trajes próprios à essa aventura: A Poética... Poética... A simples leitura de fragmentos já é um exercício artístico formidável: buscar a Total otalid idaade “sen “senttida” da” pelo pelo aut autor. or... Ou insi nsinu nuaada. da... At Atéé mesm mesmoo para ara qu quee o leitor/observador, em parceria, ao texto una seus próprios fragmentos... Seus múltiplos sentidos, ritmos e sentimentos...
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De um passado que se faz distante ecoa um verso que fiz adolescente, parodiando uma canção dos Beatles (Eleanor Rigby, de Lennon e McCartney): Under my thumb/you will find a lot of things... then you’ll find ... ... you’ll find me... me... Fragmentos Fragmentos de mim... mim... Não será assim com todo o humano que se vai?... Não são fragmentos de vida, o que nos ocorre na hora h ora definitiva? Átomos de pantimento em jogo lúdico – aproveitand aproveitando/ada o/adaptando ptando uma expressão expressão original de Lillian Hellman – À medida que o tempo passa, a tinta velha em uma tela muitas vezes se torna transparente. Quando isso acontece, é possível ver em alguns quadros, as linhas originais: através de um vestido de mulher surge uma árvore, uma criança dá lugar a um cachorro e um grande barco não está mais em mar aberto. Isso se chama PENTIMENTO, porque o pintor se arrependeu, mudou de idéia. Talvez Talvez se pudesse pudesse dizer que a antiga concepção, concepção, substituída substituída por uma imagem ulterior, é uma forma de ver, e ver de novo, mais tarde... ccxxvi Cujo sentido aproveito para representar a dialética do pensamento e sentimento a múltiplos tempos, tempos, e ainda lhe acrescentar o significado de explosão, explosão, derivada de uma multiplicidade de modos de ver, que resulta dessa união dialogal: átomos que circulam aos ventos sociais, polifonias que se encontram anonimamente, indivíduo e sociedade, e se tornam cultura. Pantimento é pan-poesia... pan-poesia...
Tropicália ou Panis Et Circenses, Circenses, não é por acaso que assim se titula o discomanifesto do Tropicalismo, reunindo os artistas da música popular brasileira, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão e Os Mutantes, um trabalho musical que inclui desde o tango/bolero de Vicente Celestino, ao frevo de João Antonio Wanderley Wanderley,, composições de Capinam, Tom Zé e Torquato Neto, tudo sob o arranjo e a regência do gênio de Rogério Duprat, um trabalho que, curiosamente, navega por caravelas outras que as de Pedro Álvares Cabral: Las Três Carabelas Carabelas,, em versão de João de Barros, referência direta àquelas outras, as de Cristóvão Colombo ( Santa Maria, Pinta e Niña), Niña), que o conduziram à descoberta da América... América...
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Imagine-se o triplo golpe com que o Tropicalismo atinge as univocidades todas... A uma, um a, o naci nacion onal alis ismo mo ufan ufanis ista ta da dita ditadu dura ra mi mili lita tarr... ... Em segu seguid ida, a, os dive divers rsos os seguimentos de ação ideológica e política de cunho radical, então submetidos à divisão ideológica do mundo, num tempo em que qualquer referência positiva a América e aos americanos era tida como traição às esquerdas brasileiras organizadas... Enfim, ao espírito luso-colonizador dos diversos estamentos de d e poder da cultura brasileira... ccxxvii
A Tropicália, Tropicália , como autêntica overture da pós-modernidade brasileira, forma-se a partir das propostas estéticas lançadas pelo Movimento Modernista, Modernista, por um lado, mais especificamente como um desdobramento do Manifesto Pau-Brasil , na medida em que absorve, mas de um modo mais explícito, antropofagicamente, antropofagicamente , elementos de cultura européia, e norte-americana, sem deixar de exaltar o nativo nacional como sua pièce de rèsistence – o índio brasileiro – aproximando-se, embora de um outro modo, da exaltação dos mitos indígenas, realizada pelo Movimento Antropofágico, Antropofágico, de Oswald e Mário de Andrade e de Raul Bopp (Cobra (Cobra Norato)... Norato)... De outra vertente, o Movimento da Bossa Nova, que já miscigenava o jazz americano à cultura musical brasileira, João Gilberto à frente, embora, no dizer do próprio Caet Caetan anoo Velos elosoo a Tropi ropicá cáli liaa tenh tenhaa sido sido o mo movi vime ment ntoo qu quee no noss anos anos 60 viro virouu (des (desco cons nstr truç ução ão pó pós-m s-mod oder erna na,, podepode-se se acre acresc scen enta tar) r) a trad tradiç ição ão mu musi sica call popul popular ar brasileira, e a bossa nova, segundo ele sua ele sua mais perfeita tradução, tradução, pelo avesso... ccxxviii A Tropicália, no melhor sentido semanista, semanista, e no ainda mais eficiente antropofagismo cultural, exaltando radicalmente o elemento humano mais primitivo nativo das terras brasileiras, incorporando os elementos literários e musicais de todas as vertentes da cultura brasileira, do luso ao negro, do europeu ao norte-americano, especialmente as miscigenações já realizadas no interior da cultura brasileira, consegue, a um só tempo, incorporar essas todas vertentes, inclusive as interpretações relativas às conquistas da modernidade, como, por exemplo, os ideais libertários, contra todas os preconceitos limitador limi tadores es do humano... humano... Sem, no entanto, reduzir reduzir essa força unificadora unificadora a qualquer qualquer estereótipo (univocidade) apropriável por eventuais setores da sociedade que o tentem fazer... A Tropicália, pós-modernismo à vista, tornou-se o principal fator de desarticulação (desconstrução) de uma identidade baseada, seja na noção de nacionalidade, com as agruras de época tão conhecidas, seja com o olhar redutor de uma elite sócio-política mistificadora, e redutora, das reais virtudes do humano hu mano brasileiro... Um brasileiro musical, um brasileiro inteligente, um brasileiro plural, fundado na noção do elemento terra brasileira, na harmonia entre humano e natureza, o índio hiper-civilizado, um brasileiro pau-brasil, enfim, liga as vanguardas presentes na Semana de Arte Moderna às da Tropicália, Tropicália, da modernidade à pós-modernidade... A identidade cultural do que é o ser brasileiro ensaiava seus novos passos (ainda modernistas), quando talvez essa identidade já estava se tornando um elemento de redução do humano a dimensões por demais despiciendas (pós-modernistas), num mundo que então, hoje bem o sabemos, caminhava aos passos sorrateiros de uma globalização, mais que econômica, cultural... Não será mérito maior da cultura brasileira essa pluralidade e antropofagia a partir da vida vida do hu huma mano no sobr sobree a sua sua terr terra? a? Não Não será será aind aindaa mu muit itoo mais mais civi civili liza zado do (e
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civilizatório) civilizatório) o processo cultural que se conduz especialmente pela música enquanto seu discurso literário (Theory) mais cultural ?
Ilustração de Arnaldo Baptista, 1999.
Música jamais excludente dos sons do humano sobre a terra, ao contrário, aglutinadora e miscigenadora dos vários elementos das mais diversas culturas?... Enquanto os demais discursos, pretendendo-se reais, ignorando serem tanto quanto fictos de interpretação, ainda estavam a gaguejar linguagens prontas de outras culturas, e como discursos prontos, prontos a aplicá-los, sem mediação antropofágica, como interruptor das luzes de um próprio modo brasileiro de pensar, interpretar e reinventar o mundo?... Ignorando que a cultura brasileira possui a mesma invejável virtude que tem feito a glória da cultura norte-americana, e ainda muito mais rica de possibilidades, fruto de nossa capacidade capacidade de miscigenaç miscigenação, ão, a capacidade capacidade de absorver absorver e incorporar incorporar as todas as conquistas culturais das diversas aldeias, desde as mais primitivas às mais ricas?...
Foto: Mara Fernandes, 1997.
Se a música popular vem se tornando a ponta de lança nesse processo de re-construção do discurso cultural brasileiro, o que se tem a fazer é ampliar essas interpretações através dos diversos outros discursos da cultura, muito mais importando realizá-la enquanto cultura de um novo mundo, mais justo, mais harmonioso, mais pacífico e,
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por que não dizer, mais prazeroso, mais musical, do que, propriamente, identificá-la, aos polegares luso-brasileiros, nos institutos félixpachecos institutos félixpachecos dos globalizamentos...
Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento... Alegria, Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, composição vencedora do Festival da Record de 1967, título que não participa da sua letra, e com a qual o compositor pretendeu expressar a consciência de alegria imediata na fruição das coisas... Porque a alegria imediata de fruição das coisas é dos mais autênticos dos elementos da cultura cultura brasileira. brasileira..... Que nós todos, nos dias difíceis difíceis de um hoje que se anuncia anuncia póstecnológic tecnológico, o, de racionalismo racionalismo galopante, galopante, devemos – e não há nenhum moti motivo, vo, mesmo aqui e sempre, para deixar de dizê-lo – procurar cultivar...
Se sermos um nos deixa tristes, por que não sermos uns?... Talvez seja essa vivenciação das multiplicidades, individual e coletiva, vocação pós-moderna, a melhor tradução do que é esse ser brasileiro... brasileiro... Especialmente num mundo em que o sol se reparte em “crimes” pós-modernos...
ccxxix
MANGUEBEAT, MANGUETOWN, AFROCIBERDELIA: ou, A PÓS-MODERNIDADE NA BOCA DO POVO...
Dado empírico: de uma mistura de estilos e sons surge em Recife uma movimentação cultural pós-moderna que se instala (violentando a perversa tradição luso-colonial bra brasi sile leir iraa de im impo posi siçã çãoo un unid idir irec ecio iona nal, l, de cima cima para para baix baixo, o, alhe alheio io às rica ricass possibilidades de troca multidirecional e oxigenação cultural), como um movimento popular fundado numa polifonia de raízes locais, mesclada à polifonia popular de mídia especialmente norte-americana... Dado empírico do que seja a pós-modernidade, vocação brasileira...
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Ilustração: Helder, 1993.
A impressionante (e necessária) invasão dos homens-caranguejos (aspectos ficcionais e políticos do manguebit) No texto Arqueologia do Mangue,o jornalista Renato Lins relata que certa vez encontrava-se com alguns amigos em um bar bastante freqüentado na época no Recife, Recife, não sabe ao certo se o ano era 1991 ou 92, quando chegou o até então conhecido como Chico França numa mesa repleta de cervejas e deu o seguinte depoimento:”mixei depoimento:”mixei uma batida de hi-hop com o groove do maracatu e ficou bem legal. Vou chamar essa mistura de Mangue” Mangue ” . No entanto, num outro artigo, Renato L. explica que o percurso musical de Chico Science iniciou mais cedo. Nos inícios dos anos 80, “o garoto Francisco França ganhava uns trocados durante o dia fazendo ‘biscates’ na vizinhança, para garantir a entrada nos bailes funkies dos finais de semana. Seus ídolos eram James Brown, Sugar Hill Gang, Kurtis Blown. Grand Máster Flash e outros grandes nomes da Black Music”. Em Em 19 1984 84,, Chic Chicoo pa pass ssou ou a integ ntegra rarr a Le Legi gião ão Hi Hipp Hop, Hop, uma uma da dass principais gangues de dança das ruas do Grande Recife. Sua primeira aventura como músico ocorreu três anos mais tarde numa banda chamada Orla Orbe que teve uma curta existência. No final da década, passou a integrar o grupo Loustal, cujo o nome era uma homenagem ao quadrinista francês Jacques de Lousta stal. Nesse grup rupo, Chico já começava ava a dar most mostrras das sua uass potencialidades para a criação de novos sons, propondo mesclar um rock ao estilo dos anos 60 com elementos do soul, do funk e do hip-hop. Segundo Renato L., neste momento: “Francisco França já começava a se transformar em Chico Science, o cientista dos ritmos, o rei das alquimias sonoras”. “Cascos, cascos, cascos
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Multicoloridos, cérebros, multicoloridos Sintonizam, emitem, longe Cascos, cascos, cascos Multicoloridos, homens, multicoloridos Andam, sentem, amam Acima, embaixo do mundo Cascos, cascos, cascos Imprevisibilidade Imprevisibilidade de comportamento O leito não-linear segue Pra dentro do universo Música quântica?”ccxxx A resposta para essa pergunta revela a face mais curiosa e menos conhecida conhecida do Manguebit. Manguebit. Para inventar uma cena, os ideólogos do Mangue já tinham à disposição exemplos históricos, como o próprio movimento punk. Há de se convir convir, no entanto, entanto, que seria muito fácil tocar um projeto projeto cultural cultural numa metópole pós-moderna como Londres do que numa cidade pós(?)-coronelista como Recife. Mas a coisa aconteceu. E aconteceu da forma mais fantástica que poderia ter acontecido. A cena Mangue não foi criada apenas como uma crítica objetiva ao sistema e as estruturas de poder (o que ocorre sem dúvida, e num momento posterior até de forma mais explícita). Ela partiu de um delírio ficcional feito para história em quadrinhos, de uma criação gráfica elaborada pelos artistas Helder Aragão (hoje conhecido como DJ Dolores) e Hilton Lacerda que na época formavam a dupla Dolores & Morales. Tal como Kafka em A Metasmorfose ou como Arrigo Barnabé em Clara Crocodilo, a trama dos quadrinhos contava uma história absurda, na qual os indivíduos de uma locali localidade dade estava estavam m se transf transforma ormando ndo em homens homens-ca -carang ranguej uejos. os. Como? Como? Os próprios quadrinhos narram a causa da metamorfose: “O relatório da OMS apontou o verdadeiro motivo dessas transformações. Segundo a respeitada instituição, tudo começou quando uma grande fábrica de cerveja resolveu se instalar sobre o aterro de um manguezal. A água utilizada no fabrico da bebida estava contaminada com resíduos tóxicos, provenientes da baba do caranguejo. 8O referi referido do crustáceo crustáceo decápode produziu tal substância substância por ficar exposto aos raios ultra-violeta do sol, sem protetor. Além disso, a afrociberdelia levou a população a movimentar-se de maneira tal, que findou por condensar e dimensionar esses ingredientes”. Mais absurdo parece impossível. No entanto, as idéias para alimentar tal delírio partiram de uma outra ficção que tinha como base uma dura realidade dos manguezais: o ciclo do caranguejo. Tal ciclo foi narrado de uma forma impressionante pelo geógrafo Josué de Castro – muito mais conhecido por sua obra de cunho cunho humanista e político político (Geografia da Fome tornou-se um clássico para os estudos sociais) – no romance Homens e Caranguejos: “os mangues do Recife são o paraíso do caranguejo. Se a terra foi feita para o homem com tudo para bem servi-lo, o mangue foi feito essencialmente para o caranguejo. Tudo aí é, ou está para ser caranguejo, inclusive a lama e o homem que vive nela. A lama misturada com urina, excremento e outros
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resíduos que a maré traz, quando ainda não é caranguejo vai ser. ser. O caranguejo nasce nela, vive dela, cresce comendo lama, engordando com as porcarias dela, fabricando com a lama a carninha branca de suas patas e a geléia esverdeada de suas vísceras pegajosas. Por outro lado, o povo daí vive de pegar caranguejo, chupar-lhe as patas, comer e lamber seus cascos até que fiquem limpos como um copo e com sua carne feita de lama fazer a carne do seu corpo e a do corpo de seus filhos. São duzentos mil indivíduos, duzentos mil cidadãos feitos de carne de caranguejos.O que o organismo rejeita volta como um detrito para a lama do mangue para virar caranguejo outra vez”.ccxxxi
* Está claro que o fragmentarismo é uma estética (que já pressupõe uma ética), uma epistemologia, que já supõe uma lógica... O fragmentarismo é ainda uma παιδευµα, no sentido de que é uma ciência, um saber, uma articulação singular e polifônica do conhecimento, aos muitos modos de ler o mundo , de maneira que o próximo homem (ou geração) possa encontrar, o mais rapidamente possível, a parte viva dele e gastar um mínimo de tempo com itens obsoletos...ccxxxii
Capa: Eugênio Hirsch, 1977
O Ulisses de Joyce é o grande exemplo de articulação entre o Todo e o Múltiplo: como deve ser o discurso fragmentarista, em que a totalidade apresenta-se, como fato poético, poético, oculto oculto aos olhos que presos somente somente no texto-tema. texto-tema. Os muitos discursos discursos de Joyce aparecem em Ulisses fragmentad fragmentados, os, desencontra desencontrados, dos, como fluxos de narrativa narrativa do inconsciente e da memória viva, alternando informações do cotidiano e de erudição, em que a pluralidade dos elementos da vida humana se encontra e se desencontra sem qualquer qualquer hierarquiza hierarquização.. ção.... Acolhendo Acolhendo os muitos modos de ler o mundo, o escritor
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irlandês carnavaliza o tema épico de Ulisses e fragmenta os discursos (ao interior mesmo dos monólogos de suas personagens, personagens, tal qual a fragmentad fragmentadaa polifonia polifonia da vida interior de qualquer um) à maneira polifônica de apresentar as suas muitas estórias, tematizadas a partir de uma leitura (e transliteração) nem linear nem unívoca do clássico de Homero... ccxxxiii A cidade, heroína maldita de toda a sua obra, lhe parece um labirinto, de onde onde sua sua perso personag nagem em Stph Stphen en Dedal Dedalus us prec precis isaa esca escapar par,, assim assim como como o mitológico Dédalo escapara do labirinto de Creta. Era a idéia central de “Ulisses”, concluído em Paris, em 1921, editado pela jovem americana Sylvia Beach, especialista em obras de vanguarda. Mas a censura censura está está vigila vigilante nte:: as aut autori oridade dadess americ americanas anas queima queimam m qui quinhe nhento ntoss exem exempl plar ares es,, as ingl ingles esas as inut inutil iliz izam am ou outr troo tant tanto. o. Só em 1933 1933 o livr livroo será será liberado... A ação de “Ulisses” Ulisses” transcorre em Dublin num único dia, 16 de junho de 1904...A linguagem utilizada por Joyce, que vai do poema à ópera, do sermão à farsa, contém não apenas termos usuais – da prosa clássica à mais grosseira gíria - , mas também elementos criados pelo escritor com base em seu seuss conh conhec ecim imen ento toss de lati latim, m, greg grego, o, sânsc sânscri rito to e uma uma vint vinten enaa de idio idioma mass modernos...Na organização dos vários estilos e das múltiplas formas literárias, Joy Joyce ce segu seguee a técn técnic icaa do monó monólo logo go inte interi rior or:: o flux fluxoo da memó memóri riaa e do inconsciente de personagens que pensam em voz alta, revelando assim toda a complexa trama da existência, Em verdade, estabelecendo um paralelismo com a “Odisséia” de Homero (Século VIII a.C.), Joyce cria uma grande viagem experiment experimental al ao mundo de hoje, obtendo vigorosa vigorosa síntese síntese de suas descobertas descobertas ccxxxiv científicas, seus problemas raciais, religiosos, estéticos, sexuais...
* O frag fragme ment ntar aris ismo mo cont contem empl plaa a possi possibi bili lida dade de de cada cada pens pensam amen ento to,, com com seus seus sentimentos subjacentes, torne-se mais consciente, mais saber , na medida em que tamb também ém prom promov ovee um umaa apro aproxi xima maçã çãoo com com o real real frag fragme ment ntár ário io po porr um hu huma mano no fragmentário... Pois é lógico que não se obterá senão senão parcela ínfima de conhecimento conhecimento (sempre fragmento) se não se considera as diversas partes que transitam em torno o fragmento de realidade, sobre o qual se tenta discernir... discernir... O fragmentarismo contempla a possibilidade de cada pensamento ser expresso por seu correspondente humano pensante, que a retórica da linearidade inviabiliza por sua necessidade necessidade de costurar costurar fragmentos fragmentos arbitraria arbitrariamente mente selecionado selecionados, s, lin linear eariza izando ndo o ilinearizável , a partir de uma retórica pré-estabelecida pelo autor em função do seu rela relaci cion onam amen ento to com com as dema demais is vo voze zess (em (em gera gerall câno cânone ness soci sociai ais, s, artí artíst stic icos os,, culturais...)... Que se obriga assim podá-los, resumi-los, interpretá-los, transliterá-los (os fragmentos), com evidente perda (por vezes até à emasculação) da manifestação intelectual original... original... A boa e velha “citação”, in casu, casu, prossegue prossegue cumprindo cumprindo melhor esse papel, proporcionando aos leitores separar joios de trigos conforme suas próprias experiências intelectivas. Mas que não se iludam os apressados: tudo há de convidar à atividade atividade dialogal, dialogal, multidial multidialogal, ogal, pluridial pluridialogal. ogal..... O autor será, então, e ainda, um
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articulador dessas plurivocidades todas, juntando-se a elas em suas próprias vozes, em direção, que até pode ser unívoca e linear na intenção, se o que se busca é um melhor caminho para o conhecimento (sempre pleno de pluralidades fragmentárias), desde que daí não resulte desfragmentação, desfragmentação, nem do discurso nem, muito menos, do tema (seja no real, seja no ideal). Afinal, se o autor (pensador) que se resume já o disse, como melhor se exprimia a sua percepção conceitual, qual motivo suficientemente forte para substituí-lo em dizer?... Ao preservar-se a originalidade de pensamento de cada tese no discurso, apenas juntando-se a elas novos fragmentos em igual originários, fazemo-nos todos, autores e leitores, parceiros parceiros na grande aventura do conhecimento... conhecimento... Jamais servos, ou papagaios, de palavras alheias... Obras tais que essas últimas, últimas, podem ter lá o seu valor; mas que não se substituam jamais às perplexidades – e nos basta o convite às múltiplas respost respostas as – obt obtida idass na lógica lógica fragme fragmenta ntaris rista. ta..... Em se tratan tratando do de teori teoriaa da arte, é mesmo uma pretensão uma pretensão inominável...
* O mundo é um e múltiplo. O mundo é a vontade de poder. Pode-se suspeitar, de acordo com isso, que também a vontade de poder é um e múltiplo... O um, como teológica e metafisicamente fundante, é recusado por Zaratrusta. Ele denomina “malvadas todas essas doutrinas do um” Também o um não é, para Nietzsche, de modo algum, “o simples”. “Tudo o que é simples é meramente imaginário, não é ‘verdadeiro’, nem é um, nem é redutível a um... A multiplicidade acede ao primeiro plano. Só uma multiplicidade pode ser organizada em unidade. Trata-se, no múltiplo organizado, de “quanta de poder”, se, pois, o único mundo não é nada mais que vontade de poder... A vontade de poder é a multiplicidade das forças em combate umas com as outras... outras... O mundo de que fala Nietzsche Nietzsche revela-se revela-se como jogo e contrajogo contrajogo de forças ou de vontades de poder. Se ponderamos, de início, que essas aglomerações de “quanta” de poder ininterruptamente aumentam e diminuem, então só se pode falar de “unidades” continuamente mutáveis, não, porém, da unidade. Unidade é sempre apenas organização, sob a ascendência, a curto prazo, de vontades de poder dominantes... ccxxxv
* As teses pós-modernas, as teses fragmentaristas, como é próprio da Teoria Literária Teoria Literária da Cultura, Cultura, se provam no processo mesmo em que são colocadas, em que existem como processo e procedimento, nas ficções que formam a vida humana... 1001 usos para um barômetro Engenhosidade de um aluno supera expectativa do mestre
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Ilustração: Cruz, 2002
Algum tempo atrás, recebi um chamado de um colega que me pediu para arbitrar uma questão referente à avaliação de uma pergunta de prova. Ao que parecia, ele estava a ponto de dar zero a um aluno numa questão de Física, mas o estudante alegava que merecia nota máxima e que queria ganhar um dez mesmo, mas que não ganharia porque o sistema de ensino era uma armação contra os alunos. Dirigi-me ao escritório desse meu colega e li a questão, que dizia simplesmente: “Mostre como é possível determinar a altura de um arranhacéu com a ajuda de um barômetro.” (que, como se sabe, é um instrumento que mede a pressão atmosférica.) A resposta do aluno: “Leve o barômetro até o topo do prédio, amarre nele uma longa corda e vá baixando-o até a rua. Depois puxe-o de volta e meça o comprimento da corda, que será igual à altura do edifício”. Bem, é uma resposta interessante, mas será que o rapaz deveria receber pontos por ela? Argumentei que ele até merecia, já que respondeu à ques qu estão tão comp comple leta ta e corre correta tame mente nte.. Por Por ou outro tro lado, lado, se rece recebe besse sse a no nota ta máxima, isso contribuiria para aumentar seus pontos gerais no curso de Física. Um alto número de pontos certificaria que o estudante é bom em Físi Física ca,, ma mass a resp respos osta ta da dada da pelo pelo alun alunoo nã nãoo conf confir irma ma isto isto.. Com Com esta estass considerações em mente, sugeri que se desse a ele uma outra chance. Achei natural que meu colega concordasse – mas me surpreendi quando o aluno topou a parada. Agindo nos termos do acordo, dei ao estudante seis minutos para responder à questão, com a advertência de que a resposta deveria comprovar algum conhecimento de Física. Ao final de cinco minutos, o sujeito ainda não tinha escrito nada. Perguntei-lhe então se queria desistir, já que eu tinha uma aula para dar em seguida, mas ele disse que não desistiria. Contou-me que tinha tantas respostas para o problema que estava apenas pensando em qual qu al seri seriaa a melh melhor or.. Desc Descul ulpe peii-me me po porr tê-l tê-loo in inte terr rrom ompi pido do e pedi pedi qu quee prosseguisse. No minuto seguinte, ele rapidamente escreveu sua resposta: “Leve o barômetro até o topo do edifício e incline-se no telhado, deixando cair o aparelho até o chão, e meça o tempo de queda com um cronômetro. Então, calcule a altura do prédio usando a fórmula S = metade de ‘g’ (aceleração da gravidade) vezes o tempo ao quadrado”.
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Diante disso, perguntei ao meu colega professor se ele se dava por satisfeito. Ele cedeu e dei ao rapaz quase a nota máxima. No entanto, ao deixar o escritório, lembrei-me de que o estudante havia mencionado ter outra ou trass respo resposta stass para para o probl problem emaa e fui fui lh lhee pergu pergunt ntar ar qu quai aiss eram eram.. Ele Ele respondeu que existem muitas maneiras de determinar a altura de um prédio usando um barômetro. Num dia ensolarado, por exemplo, poder-se-ia medir a altura do barômetro, o comprimento da sua sombra, o comprimento da sombra do prédio e – valendo-se de uma simples regra de três – calcular a altura da construção. Pedi mais outra solução e ele veio com um método extremamente básico, mas funcional. Pegaria o barômetro e subiria as escadas do prédio, marcando verticalmente na parede a altura do instrumento, subindo a cada marca. Quando chegasse ao telhado do edifício, bastaria contar as marcas e multiplicar pela altura do barômetro. Um método bem direto. Depois disso, ele apresentou uma solução mais sofisticada, em que penduraria o barômetro num fio e o faria oscilar como um pêndulo. Com isso, determinaria o valor de ‘g’ no térreo e depois em cima do prédio. Pela diferença entre os dois valores de ‘g’, a altura do arranha-céu poderia, a princípio, princípio, ser calculada. calculada. O estudante estudante concluiu, sempre brilhante, que se não estivesse limitado a soluções para o problema que usassem conhecimentos de Física, poderia levar o barômetro até o escritório do zelador do prédio e dizer para ele: “Sr. Zelador, tenho aqui um lindo barômetro de alta qualidade. Se o senh senhor or me diss disser er a altu altura ra dest destee edif edifíc ício io,, eu lh lhee da dare reii o ba barô rôme metr troo de presente”. Neste ponto não agüentei e perguntei ao estudante se ele realmente não sabia a resposta correta do problema. Ele admitiu que sim, mas que já estava de saco cheio com os professores tentando ensiná-lo como deveria raci racioc ocin inar ar e usar usar seu seu pens pensam amen ento to crít crític ico, o, em vez vez de lh lhee mo most stra rare rem m a estrutura fundamental do tema e deixá-lo livre para encontrar soluções originais e criativas. Assim, ele decidiu dar esta sacaneada no mestre. ccxxxvi
* A pó póss-mo mode dern rnid idad adee abre abre a caix aixa de pa pand ndor oraa da sexu sexual alid idad adee hu hum mana ana ao reconhecimento das múltiplas possibilidades de relacionamento e prazer sexual, sem que disso resulte qualquer transtorno às relações sociais... Só o reconhecimento do humano h umano como um ser fragmentário, jamais unívoco, permite o livre fluir das sexualidades humanas... No conjunto de tantos fragmentos que formam o indivíduo, dão-se as mãos aqueles tais que que encontram encontram ressonânc ressonância ia nos de outrem, outrem, este como uma individuali individualidade dade em igual igu al fragment fragmentári ária.. a.... Assim Assim os relaci relaciona onamen mentos tos se formam formam,, se conformam conformam,, se deformam e se abandonam, ou mesmo se estabilizam, na medida mesma dessas relações fragmentárias... fragmentárias... A conseqüência é que a sexualidade, sexualidade, considerada apenas em si, desprende-se do núcleo para a periferia das relações sociais...
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ccxxxvii
A fuga do mundo moderno assume uma forma diferente na obra de Francesco Clemente. Em vez de escapar para um passado idealizado (tornado mais simples para os neo-expressionistas italianos pela existência de uma herança artística praticamente irresistível), Clemente voltou-se para o seu interior. Ele mistura as tradições ocidentais com as orientais – especialmente da arte e filosofia hindus – para criar obras que sugerem a experiência do mundo como uma extensão do ego. Clemente emprega motivos de fontes tão diversas quanto o cristianismo, o tarô, a alquimia e astrologia, mas seu tema recorrente é a sua própria face e corpo, muitas vezes com ênfase nos orifícios físicos. Grande parte da obra expressa uma sexualidade andrógina, autoerótica e polimorfa, que evidencia ao seu interesse por ioga tântrica. Sol da meia-noite (fig. acima), por exemplo, é cheio de símbolos, com múltiplas camadas, que representam uma espécie de transcendência espiritual pelo sexo. Três figuras entrelaçadas, uma delas com os olhos vendados, são circundadas por um mar de olhos que também sugerem vaginas. Talvez seja uma referência a uma lenda hindu do deus Indra, que foi punido por uma indiscrição sexual e teve o corpo coberto com marcas do yoni, ou vagina, que depois se transformariam em olhos. Porém aí, cada uma apresenta uma peq peque uena na vela vela.. Quand Quandoo as pequ pequen enas as embar embarca caçõ ções es pa part rtem em pa para ra lugar lugares es desc descon onhe heci cidos dos,, parec parecem em assum assumir ir a form formaa de um conh conhec ecim imen ento to insp inspir irad adoo ccxxxviii sexualmente e que emana das figuras centrais... Erotismo e pornografia, enquanto ética maniqueista, vêm apagando as suas mútuas fronteiras, no pós-modernismo, na medida em que o exercício das preferências sexuais em nada mais determina determina a ética sócio – ora fragmentários fragmentários – individual... Na pós-modernidade o livre curso de fragmentos sexuais em cada um, salvo os perigos da violência (que faz do sexo mero instrumento, como uma arma, descaracterizando-o como atividade sexual), e dos estados patológicos obsessivos (violência ideológica que também descaracteriza a atividade), inclui-se tão somente na esfera individual de cada qual... Na pós-modernidade, a exploração dos limites da sexualidade individual, fragmentos do Eros Absoluto, abre caminho para a separação entre sexo e Estado, entre sexo e Religião, entre entre sexo e Moral... Estabelecendo que vingue, vingue, afinal, a inata autenticidade das múltiplas fronteiras fronteiras estéticas (o que pressupõe múltiplas múltiplas éticas)... Tanto quanto as múltiplas fórmulas de comércio sexual, se considerarmos as possibilidades que o
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cinema vem apontando, via desenvolvimento desenvo lvimento de uma realidade virtual, para além ainda mais das pornowebs... – Diga, Diga, algu alguma ma vez vez se ligo ligou? u? Fez Fez uma viag viagem em eletr eletrôni ônica? ca? – Não... nã não... – Um céreb cérebro ro virge virgem. m. Ótimo Ótimo.. Vam Vamos os começa começarr bem. bem. Diga Diga o que sabe sabe sobre sobre isso. – Só o que eu li. O FBI aperf aperfeiç eiçoou oou isto isto para substi substitui tuirr o microfon microfonee no corpo. corpo. Agora vendem no mercado negro. – Exatam Exatament ente. e. Esta Esta convers conversaa não está está acont acontece ecendo. ndo. – Pode crer. – Ótimo. – Entã Então, o, me dá o gra grava vado dor? r? – Dou um um a preç preçoo de custo. custo. Ganh Ganhoo com com “soft “softwar ware”. e”. – Clips, hein? – Certo, certo. – Olha, Olha, quero quero que saiba saiba exatam exatament entee do que estamos estamos falan falando.. do.... Não é “como “como na TV, TV, mas melhor”... Isto é a vida real... real... É uma parte da vida de alguém. Pura, sem cortes... direto do córtex cerebral. Você está fazendo... Está vendo, ouvindo, sentindo. – Que Que tip tipoo de de coi coisa sass? – O que quiser quiser.. Quem você você quiser quiser ser. ser. Se quer esquia esquiarr da sua sala, sala, pode. pode. Mas alguém como você se quer esquiar vai a Aspen. Não está interessado interessado nisso. Quer o que não pode fazer. O fruto proibido. – Entrar Entrar numa numa loja loja com um magnum magnum .357 .357 com com a adrenali adrenalina na bombea bombeando ndo.. Ou... Ou... Vê aquele cara com uma bela garota? Não gostaria de ser ele durante vinte minutos? – Sim... – Você pode, pode, sem sem mancha mancharr a sua sua alia aliança nça.. – Pa Pare rece ce bo bom m (co (coça çando ndo a ali alian ança ça)) – Consi Consigo go o qu quee você quise quiserr. Só tem tem que falar falar comig comigoo e confia confiarr, está bem? bem? Porque sou seu confessor. Seu psiquiatra.Sou sua ligação com o comutador de almas. Sou o Mágico. O Papai Noel do subconsciente. Diga, pense e pode ter. ter. Quer uma garota? Duas garotas? Não sei qual é sua curiosidade. Quer um cara? Quer ser uma garota? Pense nisso. Ser uma garota. Ver como é. Talvez queira que uma mulher o amarre. Tudo é possível...(...) – Vai ser uma grande noite, não sente? Pode-se ganhar grana, vender sonhos (referindo-se a “clips”, “clips”, fitas de um gravador que se liga diretamente ao cérebro, através de uma “rede” de cabeça, proporcionando ao “ligado” viver, como se realidade seja, com todas as ações e reações físicas e mentais da pessoa “gravada” em atividade real) – É pornografia... pornografia... ( Macey, Macey, seriamente contrariada) – Isso é ignorância. Vendo Vendo experiências. Faço um serviço humanitário. hu manitário. Talvez Talvez salve vidas. – Queria ver isto... (irônica)
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– Todos devem fazer algo proibido. proibido. Somos assim. Mas agora o risco é muito grande. A rua é um campo de batalha. Sexo mata. Você põe a “rede” e consegue o que precisa. Quase como a realidade e mais seguro. – É pornografia. porno grafia. Você Você vende a “rede-viciados”. “rede-viciados”. – Você está muito severa... severa...ee isso é falso. falso. Meus clientes clientes são profissio profissionais. nais. Alguns são até celebridades... ccxxxix A pornografia institucionalizada, a pornografia de violência, a pornografia de estados obsessivos, que se incrementa no bojo da pós-modernidade, é em verdade uma reação ao livre curso das sexualidades...
ccxl
É uma velha sexualidade tentando ainda fixar os limites de uma univocidade que não aceita perder o império das velhas dicotomias... dicotomias... É uma velha economia economia sexual versus uma nova economia sexual...
ccxli
A pornografia institucionalizada mantém, através de mixagens de imagens bizarras com simples manifestações fragmentárias de sexualidade natural, com nomenclaturas tais que “sick sex”, “sin sex”, “insane sex”, etc., que o sexo siga envolto pelos véus da culpa e da marginalidade, mesmo da para-ilegalidade (e aqui não se fala, é óbvio, das violências sexuais, que têm muito de violência e raro ou nada de sexual (sexo como instrumento do abuso de poder...)... Como um modo de sustentação de uma moralidade que, na pós-modernidade, se vai fazendo cansada... De outro lado, matérias de revista, tanto femininas quanto masculinas, dão uma aura de normalidade a exercícios sexuais que, em última análise, leva o sexo para a fria ração das motivações que não correspondem necessariamente aos anseios individuais, como receitas de bolo de aniversário...
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Enfim, são fragmentos de sexualidade que se vão afastando do eixo de uma antiga sexualidade exemplar, que pressupunha uma identidade sexual única entre todos os múltiplos indivíduos, identificados apenas pela razão carnal...
De toda maneira, pouco a pouco o erotismo vai incorporando a si elementos que eram de domínio exclusivo da pornografia...
* No No lug ugar ar de trat ratar a sex sexua uallida dade de como como um aspe aspect ctoo alt altame amente nte especializado da experiência humana, uma força em ação na vida das pessoas em certos momentos, Freud mostra sua infiltração, fazendo de uma teoria da sexualidad sexualidadee uma precondi precondição ção para entender o que poderia ser eminentemente eminentemente não-sexual... O não-sexual torna-se uma versão particular do que Freud chama de “sexualidade alargada”ccxlii. Essas reversões desconstrutivas, que dão um lugar privilegiado ao que fora considerado marginal, são responsáveis por muito do impacto revolucionário da teoria freudiana. Tornar aquele singular monstro, Édi Édipo po,, no mode modelo lo do amadur amadurec ecim imen ento to normal normal,, ou estu estudar dar a sexu sexual alid idad adee normal como perversão – uma perversão instintiva – é um procedimento que até hoje não perdeu sua força de escândalo. O exemplo mais geral da desconstrução de Freud é certamente o deslocame amento nto das oposições hie hierárquicas entre o consci sciente nte e o ccxliii inconsciente... “É essencial abandonar a supervalorização da propriedade de ser consciente, antes que seja possível formar qualquer visão correta da origem do que é mental... o inconsciente é a esfera maior, que inclui dentro dentro de si a esfera esfera menor do consciente consciente.. Tudo o que é consciente consciente tem um estágio inconsciente preliminar, enquanto o que é inconsciente pode
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permanecer permanecer naquele estágio e, ainda assim, assim, exigir exigir ser visto como tendo tendo valor pleno de um processo psíquico. O inconsciente é a verdadeira realidade psíquica... ccxliv
* Sou poeta Apenas poeta Nada mais que poeta Quando jogo meus dados Quando lanço meus dardos Quando me faço de galo Quando me fazem de pato Quando falo, quando talho Sou poeta Apenas poeta Nada mais que poeta Quando me firo nos cios Quando me ardo de amor Quando dos altos me grito Quando me faço menor Quando sou caminho Quando sou dor Sou poeta Apenas poeta Nada mais que um poeta Tudo mais é contradança Tudo mais mais é peripécia... peripécia...ccxlv
* DISCIPLINA SEM DISCIPLINA Uma das constatações recentes de Jonathan Culler segundo a qual “one of the most dismaying features of theory today is that it is endless” (Culler, 1997, 15), em princípio expressão de desalento diante do cenário expansivo e indomável das práticas teóricas complexas e difíceis no terreno dos estudos da literatura, no último esforço de atualização ensaiado pelo autor, transforma-se paradoxalmente em animado convite ao divertimento e ao prazer: enjoy! Como se explica esse inesperado otimismo, contrariando não só a costumeira sisudez e cert certoo pess pessim imis ismo mo cult cultur ural al na área área,, mas mas tamb também ém a reaçã eaçãoo usua usuall de desconforto face a uma disciplina (des) caracterizada pela imensa diversidade de seus interesses e sem muita certeza quanto aos conteúdos e formas de seus objetos de investigação e , muito menos, quanto à própria relação que deveria ter com estes? A publicação de Literary Theory, em 1997, na série “A Very Short Introduction”, da Oxford University Press, apresenta-se declaradamente como introdução acessível a uma ampla variedade de temas e termos da reflexão contemporânea sobre questões centrais acerca do fenômeno literário.
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Nos estudos literários e culturais circula hoje menos o termo teoria da literatura. Usamos com muito mais freqüência apenas teoria, ou “just plain theory”, como diria Culler (Culler, 1997,1). Neste sentido, não se privilegia uma teoria singular, mas acentuamos a condição da teoria como prática ao mesmo tempo específica e geral, “something “so mething you do or don’t don’t do” (1997,1). Par Paraa Cull Culler er,, theo theory ry no noss estu estudo doss lite literá rári rios os nã nãoo corr corres espo pond ndee à investigação da natureza da literatura ou a métodos analíticos produzidos especialmente para uma análise de textos literários individuais, ainda que estes façam parte dela. O seu projeto não se limita a textos literários e suas possíveis marcas de distinção, mas, entre outros, procura até argumentos para tentar explicar as inexplicáveis razões da alegria que motiva as nossas preocupações com literatura. A sua pergunta “what is involved in treating things as literature in ou ourr cult cultur ure? e?” ” remet emetee aind aindaa à conv convic icçã çãoo de qu quee o term termoo lite litera ratu tura ra corr corres espo pond ndee a um rótu rótulo lo inst instit ituc ucio iona nall qu quee no noss perm permit itee espe espera rarr qu quee os resultados dos esforços investidos na leitura tenham pelo menos alguma forma de valor (Culler, 1997,22). É nesta perspectiva ampla que precisamos entender esse seu programa teórico: “It’s “It’s a body of thinking and writing whose limits are exceedingly hard to define” (1993,3). Este novo gênero em desenvolvimento – que, citando Richard Rorty, “is neit neithe herr the the eval evalua uati tion on of the the relat elativ ivee meri merits ts of lite litera rary ry produ product ctio ions ns,, nor intell int ellect ectual ual histor historyy, nor moral moral phi philos losophy ophy,, nor episte epistemol mology ogy,, nor social social prophecy, but all of these mingled together in a new genre” – é endossado por Culler, então, pelo acento sobre a palavra sem adjetivação específica. Teoria, nesta perspectiva, é vista como gênero a partir da forma de seu estudo: for a da própria matriz disciplinar (1987, 8). Transformações na esfera epistemológica, estética e política facilitaram também a emergência efetiva do estudo das literaturas das mais diversas minoridades. As discussões sobre essas formas de expressão literária – por exem exempl plo, o, blac black, k, hispâ hispâni nico co,, afr afro-am o-amer eric ican ano, o, na nati tivo vo,, ga gayy, - colo coloca cam m ho hoje je problemas complexos para os vínculos entre identidades culturais de grupos particulares, seja com a tradição, seja com o programa liberal da celebração da diversidade cultural e do “multiculturalismo” (1997, 131) Theory – “as we call it” – representa, por um lado, uma atividade especificamente acadêmica, mas dentro da universidade se comporta de forma transdiciplinar, porque desafia fronteiras em função das quais se legitima norma normalm lmen ente te a estr estrut utura ura uni unive versi rsitá tári ria. a. De modo modo gera geral, l, as disc discip ipli lina nass reinvindicam o direito de julgar trabalhos que se situam no interior de seus limites específicos, mas Culler enfatiza, ao contrário, que “in practice, theory contes contests ts the right right of psycho psycholog logyy depart departmen ments ts to contr control ol Freud Freud’’s texts, texts, of philosophy departments to control Kant, Hegel, and Heidegger” (1997, 96). No final dos anos 1990 o nome theory, que duas décadas batizava ti timi midam damen ente te esse esse novo novo gêne gênerro mest mestiç içoo por falt faltaa de ou outr tras as op opçõ ções es mais mais convincentes, institucionalizou-se em sua mais recente publicação, ainda que Culler mantivesse, curiosamente, um título tradicional: Literary Theory (1997)
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No pequeno compêndio de imensa circulação, o autor radicaliza as suas convicções hipotéticas anteriores ao reforçar a idéia de um gênero particular – uma disciplina sem disciplina – referido a obras que desafiam e reorientam o pen pensam samen ento to em esfe esfera rass dist distin inta tass do doss camp campos os de saber saber de sua sua apar aparente ente pertença. Esse tipo de explicação, que circunscreve a teoria como atividade cujos efeitos práticos se manifestam além do seu território de origem, parece captar a situação geral de grande parte dos discursos teóricos a partir dos anos 1960, mas de modo específico, e com mais pertinência, os discursos teóricos nos estudos da literatura quando estes passaram a ser elaborados explicitamente fora do seu berço disciplinar, mas apropriados por este à medida que as suas análises da linguagem, da mente, da história ou da cultura ofere oferecer ceram am perspec perspectiv tivas as persuas persuasiva ivass para para soluci solucionar onar probl problema emass textu textuais ais e culturais culturais percebidos percebidos dentro dentro do seu próprio próprio espaço (1997, 3). ¨Theory ¨Theory in this sense is not a set of methods for literary study but na unbounded group of writings about everything under the sun, from the most technical problems of academic philosophy to the changing ways in which people have talked about and thought about the body” (1997,4). Uma das marcas deste tipo de pensamento transformado em theory emer emerge ge,, dest destee modo, modo, na nass form formas as revis evisio ioni nist stas as da refle eflexã xãoo sobr sobree tópi tópico coss alienados do seu berço disciplinar. disciplinar. Em outras palavras, trata-se de um modo de entender a atividade teórica como elaboração de molduras novas e adequadas para um pensamento sobre discursos em geral. A teorização equivale, nesta visão, à elaboração de um conjunto de discursos indomáveis, ou nas palavras de Culler, Culler, à escrita de um livro de textos não encadernáveis, que crescem sem parar em função das próprias críticas a concepções vigentes, por causa das contribuições de novos pensadores à teoria e por causa da redescoberta de obras antigas invisíveis ou negligenciadas em seu tempo...ccxlvi
* É no cinema que a pós-modernidade mais exibe as múltiplas facetas da realidade, tempo e espaço fragmentados, em contraposição aquela visão unitária em vias de superação... E o faz com tamanha contundência que torna claro o formidável confronto de forças que ocorre ao interior interior da civiliza civilização ção ocidental: ocidental: pluralida pluralidade de ou univocidade univocidade,, eis a pós-moderna questão... Em Show de Truman, Truman, assistimos a uma brilhante metáfora para o caráter ficcional de qualquer realidade que se mostra unívoca, linear: esta só é possível enquanto vida despida de livre-arbítrio, enquanto vida artificial, vida que não é vivida de acordo com a natureza de cada qual, mas como um pastiche do que seja o acidentado caminhar da vida individual, tal qual a social... Show Sh ow de Trumam rumam (The (The Truman ruman Show) Show) tamb também ém exib exibee a vo vont ntad adee de po pode derr do doss absolutistas em criar o tipo de vida perfeita, iluminista, em que as mazelas da vida são evitadas através de uma organização que, se subtrai essas mazelas, leva com elas a própria existência humana...
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Viver a vida real é sempre atravessar os escuros portais do futuro a cada instante, em que a absoluta ausência de riscos acaba por eliminar a seiva vital do humano...
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Em Show de Truman, Truman, mais que a clonagem do humano é a própria vida que é clonada, vida criada criada artificial artificialmente mente,, vida virtual, virtual, em que o humano – real – passa a transitar transitar por uma virtualidade, temporal e espacial, como um modelo de vida perfeita...
ccxlviii
Show de Truman mostra um modelo de vida perfeita em que o humano, a começar pelo sucesso – valor absoluto para os mundanos telespectadores – vive um conto de fadas pós-moderno: alcançando a vida perfeita, protegido e admirado pela sociedade, na medida em que se faz personagem, personagem que se substitui ao humano...
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Sujeito que se faz objeto... Acaba por escolher correr os riscos da fragmentária e polifônica vida humana... Show de Truman é um golpe radical nos absolutismos, na regulação só racional da vida, quando se mostra que qualquer vida estabelecida na perfeição dos absolutos será sempre menos vida que a vivência fragmentária, imperfeita – no filme, representada pelos telespectadores do show – que, afinal, tem as vidas livres para, ao menos, trocar de canal... Não há mesmo qualquer vantagem em se substituir a uma vida cotidiana, pessoal, a uma vida em que o sucesso, sempre ligado a uma visão linear e unívoca das experiências, torna impessoal, artificial, artificial, a existência... existência... Em que o humano se faz objeto social, em que o indivíduo perde a sua condição de sujeito das suas próprias histórias... Essa é outra das lições da pós-modernidade, em que a marginalidade se torna a opção natural dos que, conscientes das ilusões da Razão Unívoca, desejam viver suas existências pluralizadas...
* Em Matrix, embora a retórica unívoca, e uma estética de fundo que desatenta, alheia ao fragmentarismo como uma condição (própria à pós-modernidade) da abertura dos sistemas organizaçionais que, em essência, prega (de resto esplendidamente), pode-se dizer que se coloca no limiar da passagem da modernidade para a pós-modernidade: de um lado, o combate acirrado do Sistema Unívoco, Absoluto, Estatal; de outro a busca de libert bertaç açãão ind ndiividu vidual al e do soci social al com como um con onjjun untto fragm ragmeentár ntário io de individualidades... Matrix, o filme, acerta em preparar o caminho para o início da condição pós-moderna, retrato das grandes batalhas que vão se travando no mundo pós-moderno, a destruição do Sistema Sistema Absolu Absoluto. to..... mas ainda ainda repous repousaa nas fronteir fronteiras as do que a realid realidade ade pósmoderna vem apresentando de passagem dessa dissolução dos poderes unívocos para a construção construção de uma realidade realidade fragmentária. fragmentária..... Embora, Embora, naturalmente naturalmente,, as respectivas respectivas mazelas, univocidade versus fragmentariedade, ainda dêem o tom dessa vida em devir... devir... Afinal, o fragmentarismo é um dos muitos modos de ler, ler, assim a univocidade, e a inteligê inteligência ncia humana acaba acaba por exercer tal qual as necessidades. necessidades..... E não será isso mesmo o pós-modernismo? Que importa a retórica da univocidade, ou se bem posta aos fragmentos, se, afinal, recebemos todas as inteirezas como partes de uma verdade sempre maior, sempre mais para allá allá?... ?...
* A segu seguin inte te im imag agem em da po posi siçã çãoo do ho home mem m na soci socied edad adee (ou (ou da sociedade enquanto conjunto de homens) é possível: tecido que vibra com info inform rmaç açõe õess qu quee pu puls lsam am.. Tal teci tecido do po pode de ser ser im imag agin inad adoo como como send sendoo comp compos osto to de fios fios qu quee trans transpor porta tam m mens mensag agen enss (“ca (“cana nais” is” ou mí mídi dia) a).. Em seguida é preciso imaginar que tais fios se cruzam de diversas maneiras, e que informações se represam e misturam em tais pontos de cruzamento. Tais
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nós podem nós podem ser ser ch cham amado adoss “emi “emisso ssore ress e rece recept ptore ores”, s”, ou “esp “espíri íritos tos”, ”, ou “intelectos”, ou com denominação que dependerá da preferência de quem aplica tais etiquetas. Quem conseguir tal feito de imaginação (o qual é fácil somente à primeira vista) terá elaborado modelo útil para a orientação na crise que nos engloba... ccxlix
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MATRIX, MATRIX, o filme filme Para muitos Matrix é só um filme de ficção científica, científica , nos estritos moldes dos filmes do gênero, nada nada mais. Com efeito, efeito, essa é a primeira primeira leitura leitura que se usa fazer. fazer. Pois se trata de uma história que mistura noções de tempo, tempo, a ação se passa entre um tempo presente (virtual) e um tempo futuro (real); noções de espaço, espaço, espaço real e espaço virtua virtual; l; domíni domínio, o, contro controle le e uti utiliz lizaçã açãoo das máquin máquinas as pelos pelos humano humanos; s; e domíni domínio, o, controle e utilização dos humanos pelas máquinas; transferência de humanos entre duas realidades distintas: da realidade da vida material à realidade da vida virtual e vice-versa; e, como se não bastasse, a possibilidade do apocalipse, a extinção da espécie espécie humana e da sua cultura. cultura. Nesse teor, teor, o filme filme repete elementos elementos já explorados explorados em toda uma série de filmes de ficção científica, elementos dentre os quais se pode destacar os mais óbvios...
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Primeiro, no que respeita ao superdesenvolvimento das máquinas ccli, que resulta na criação e aperfeiçoamento de uma inteligência artificial , de toda uma geração de robots e cérebros cérebros eletrônicos que acabam se sublevando contra os humanos... Ou seja, a arquetípica equação criatura versus criador , de Adão e Eva, os desobedientes, a Lúcifer, o anjo rebelde, de Frankstein ao supercomputador de 2001-Uma Odisséia no Espaço, Espaço, essa sublevação mitológica encontra-se presente em todas as culturas, desde a
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tradição greco-romana aos mitos orientais, e a filmografia a respeito, como não poderia deixar de ser, é pródiga em exemplos... Em Matrix, o filme, filme, a identificação da desobediência como um mal que acaba levando o humano à inversão psicológica de retorno ao estado da natureza, e, assim, ao fim da cultura, e conseqüentemente, do que constitui o ser humano, é transferida para a máquina, agora inteligente, ou seja, humanizada, no mesmo rol de preocupação de preservação e sobrevivência do humano e sua cultura. Nesse sentido, Matrix se insere nessa linhagem de tramas sobre a desobediência. desobediência. No caso, desobediência da máquina, máquina, um dos elementos mais explorados pela filmografia de ficção científica... A desobediência da máquina em Matrix não é o mesmo que a desobediência humana, fato também já muito explorado pelos filmes do gênero, maravilhosamente explorado em 2001 – Uma Odisséia no Espaço no Espaço,, desde que o Iluminismo o Iluminismo apontou a razão como o centro gerador dos valores humanos em direção a realização dos seus ideais de cultura e civilização: reunindo todo o conhecimento já conquistado pelo humano, detentora de um raciocínio lógico-racional limpo das impurezas da mente humana – sujeita a variações psicológico-emocionais – a máquina sobrepõe-se aos humanos como a única inteligência munida de instrumentais necessários a realizar, à plenitude, os ideais humanos de ordem e progresso e, portanto, de felicidade social, que os próprios humanos aspiram... Na filmografia de ficção científica científica em geral a criatura rebela-se rebela-se contra o criador mas é em seu nome, e para ele, criador, que essa rebelião, essa “ desobediência” se realiza. Não importa aqui a questão ideológica ideológica de quem programa na máquina máquina esses ideais. A máquina é imune a ideologias, por constituir-se em razão pura, ela mesma corrige os eventuais desvios ideológicos dos seus programadores. Toda a inteligência inteligência da ética ética de Platão a Santo Agostinho, de Thomas Morus a Kierkegaard, de Kant a Marx, reduzida a apenas alguns micro-segundos de atividade cerebral da cerebral da inteligência artificial... Em Matrix, curiosamente, a máquina não se rebela em nome da razão humana, mas em seu próprio nome, máquina desligada do humano, em nome da razão mecânica, mecânica, a instalar um programa de mundo que lhe seja próprio e suficiente à sua sobrevivência e desenvolvimento. Ou seja, A Máquina, essa filha que o humano fez sem mãe, mãe, como definiu Apollinaire, se substitui ao pai humano como ser vivo, substituindo, inclusive, blasfêmia das blasfêmias, a Natureza, na edificação de uma Natureza Artificial, em que ela, A Máquina, em diabólica inversão, inversão, gera sua própria mãe-natureza artificial e transita como sumo pontífice da criação... Matrix Matr ix,, o fi film lme, e, trat trataa de um determinis determinismo mo mecanicista mecanicista para para mu muit itoo além além do doss dete determ rmin inis ismo moss propo propost stos os pelo peloss filó filósof sofos os mais mais deli delira rant ntes es,, pelo peloss mais mais ferr ferren enhos hos adversários daquilo que Popper chamou de sociedade aberta... aberta... A sobrevivênc sobrevivência ia material do humano e da sua mater natura, natura, então, e embora em estado letárgico, estabelece-se apenas, e provavelmente enquanto não se encontra outra, como fonte de energia, energia, como baterias necess necessári árias as ao funciona funcionamen mento to do maquin maquinári ário.. o.... A forma forma
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humana humana dos machine-men sugere, sugere, metaf metafori oricam cament ente, e, a manif manifest estaçã ação, o, na estrut estrutura ura social, de um estado de coisas que, se ainda humano e natural, vai-se encaminhando em sua mesma direção, na substituição de humano e natureza por máquina e mundo artificial...
cclii
Há um aspecto apolíneo relevante – presente tanto em Matrix como em 2001 – 2001 – Uma Odisséia no Espaço – a partir da transferência, e aperfeiçoamento, aperfeiçoamento, da razão humana à máquina: o surgimento espontâneo e progressivo dos “defeitos” humanos, ou seja, que resultam do desejo, desejo, do princípio de prazer , no caso, dos desejos da só razão, razão, dos desejos gerados na razão artificial, no incomensurável prazer de realizar ao máximo os ideais de perfeição de perfeição para os quais foi programada – e bem dotada... Dois defeitos inesperados da razão, em Matrix: a ambição de poder e poder e a crueldade pela insensibil insensibilidade idade,, pela desconsider desconsideração ação do sofrimento sofrimento alheio, alheio, tornam-se tornam-se os moti motivos vos principai principaiss de atuação da máquina máquina no mundo. Se na mesma trilha trilha da razão razão sádica, a ccliii máquina é a exacerbação do princípio de prazer só apolíneo , de outro lado também é o máximo corolário do leit motiv nietzschiano: num mundo em que os humanos são demasiado humanos, a máquina, em sendo, também ela, uma fatalidade, fatalidade, é a mais pura, isenta ou imune àquilo que lhe obstaculiza – especialmente a rebeldia dos instintos – a mais autêntica vontade de poder ... ... Seria aos modos estabelecidos em Matrix que o super-homem, o além do humano, resultaria da passagem do estado da natureza ao estado da humanidade e, daí, ao esta estado do da maqui maquina nari ria? a? Verem eremos os,, ao seu seu temp tempo, o, que o human humanoo mant mantém ém suas suas esperanças, e luta...
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Se o estado de maquinaria em Matrix, Matrix, a exemplo dos mais recentes filmes de ficção científica, com base no progresso e na vulgarização da informática, é um estado digi digita tal, l, a vida vida human humana, a, sendo sendo vivi vivida da no inte interi rior or da máqu máquin ina, a, a ment mentee human humanaa transformada em chip de computador, um modo virtual de virtual de ser , isto não é, ao contrário do que aponta a maioria dos filmes do naipe, um estado de plenitude em que todos os desejos humanos se realizam independentemente dos valores que encerram... Ao contrário, Matrix não vê no estado maquinário, maquinário, na realidade virtual , nada mais que o acorrentamento do humano à máquina, em que os desejos realizáveis são apenas os que a própria máquina constrói, cons trói, ou permite, à sua própria razão lógica...
ccliv
O que é mais assustador em Matrix é o que, com um mínimo de reflexão, nos obriga à aceitação da paródia do filme com a informatização da vida humana: os humanos digitais vivem à imagem e semelhança dos humanos materiais, numa sociedade que em nada difere difere da sociedade humana atual... atual... Com sua organiza organização ção social fundada no poder, no econômico, na redução do humano a peça de engrenagem sistêmica, na repressão das individualidades, na mediocridade, mediocridade, com as fantasias digitalizadas pelas drogas, com suas esquerdas e direitas estabelecidas em padrões incomunicáveis, com cada cada qu qual al em seus seus exat exatos, os, intr intran ansi siti tivo vos, s, especializados, ortodoxos, os, uni uniform formes, es, especializados, ortodox maniqueístas, nossos artificiais modos de ser, de viver as respectivas metades, sem nunca as preencher... preencher... O humano é, é, e leia-se aí também o humano tal e qual a natura mão lhe desenhou, em sua singularidade, para o Estado-Máquina, um vírus à semelhança daqueles que interf int erfere erem m no perfei perfeito to funcio funcionam nament entoo dos comput computador adores, es, devendo, devendo, por isso, isso, ser esvaziado do seu sentido destrutivo do sistema perfeito, de uma ordem cosmológica
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fundada na fria fria razão ordenadora... No caso específico específico de Matrix, o filme, filme, através de uma mimese de objetivação metafórica, forçando-o a uma vida virtual , e só não aniq aniqui uila lado do por comp comple leto to na medi medida da em qu quee seu seu corp corpoo mate materi rial al abas abaste tece ce,, por metabolismo energético, a própria máquina, que o pretende substituir, numa referência explícita ao que serve a humanidade em nós, num mundo em que se vai cada vez mais transformando humanos em números de série, senão a só energia ainda necessária a manter ligado manter ligado o machine-man... Em Matrix a máquina atinge o seu ápice de poder: a robotização do humano pela transformação deste em um ser meramente digital, em um humano apenas virtual, um brinquedo de computador, um desejo de realização vital que só lhe é franqueada numa realidade fora realidade fora do mundo, mundo, uma espécie de sexo seguro sexo seguro,, em que o artificial, pela provocação sensorial ainda que incompleta, (trans) veste-se de material a iludir que é vida... Existência virtual em nada se confunde com o exercício do imaginário, com a liberação liberação da imaginação imaginação humana... humana... Aqui, o imaginário imaginário é substituído substituído pelo programa, programa, pelas exatas etapas pré-estabelecidas, pela aceitação das regras dos fabricantes, que se caracterizam justamente pela imutabilidade, pela proibição taxativa de adulterá-las... Imaginar para além do que é licenciado constitui sempre infração que sujeita os responsáveis às penas da machine-law... machine-law... Uma parábola friamente aterrorizante, aos mais atentos, na linhagem dos filmes que vêem na inteligência artificial aquilo que Arthur Koestler chamou de O Fantasma da Máquina, Máquina, que só aliviada pela persistência do humano em sobreviver... Em Mat Matri rix, x, o fi film lme, e, há toda toda um umaa fasc fascin inan ante te para parafe fern rnál ália ia de equi equipa pame ment ntos, os, de supercomputadores a programas de aptidão, física e intelectual, obtida em minutos pela mera exposição exposição da mente mente humana; humana; insetos de metal, metal, inseridos inseridos no corpo humano, para vigilância de seus movimentos; monstros de metal, à semelhança de polvos juliovérnicos, juliovérnicos, a envolver e perfurar a nave dos heróis humanos; armas e equipamentos de combate, das mais variadas, obtidos num estalar de dedos; uma superchocadeira em que são cultivados e utilizados como baterias todos os humanos; enfim, tudo ao melhor estilo das ficções científicas... A técn técnic icaa de triller trille r, em qu quee a mo movi vime ment ntaç ação ão feér feéric icaa dess desses es elem elemen ento toss se faz faz impressionante, levando à identificação dos leitores/espectadores com os heróis, ou, ao contrário, ao seu desinteresse em imaginar-se em tais e quais situações, se, de um lado pre prende nde a aten atençã ção, o, de ou outr troo difi dificu cult ltaa a apre apreen ensã sãoo im imed edia iata ta,, pelo peloss resp respec ecti tivos vos imaginários, dos vários discursos que se desenvolvem na tela, e assim à leitura aos muitos modos de ler o ler o filme... É justamente na necessidade impreterível de aplicar-se o espectador aos muitos modos de ver o filme que reside o desafio maior do leitor de cinema: sendo especialmente uma arte de representação do movimento, movimento, há o leitor/espectador que movimentar, dinamizar, acelerar os motores do seu imaginário de modo a apreender pari apreender pari passo o
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discurso imagético que se lhe propõe ao entendimento (e ao diálogo), desde o texto da narrativa cinematográfica ao contexto em que essa narrativa, melhor dir-se-ia, pósmodernamente, essas narrativas, ocorrem... O cerne ficcional dessa bela obra cinematográfica, e que lhe dá título, a Matrix, é um superprograma de computador produzido pelo Estado-Máquina, em que cabe toda a humanidade, em sua intensa humana ati ativid vidade ade... ... Para Para muit muitos os seria seria só mais mais um um interessante filme de ficção científica, que aponta para os perigos da máquina, somente vencida pela superioridade final do humano, através da sua superioridade mental, a saber, a vitória da inteligência natural do humano sobre as forças da inteligência artificial da máquina, que em nada se relacionaria com a vida real, a vida mesma, o cotidiano e os sonhos pessoais de cada um... Muito ao contrário do que possam supor os que arredam o imaginário, os que levam consigo ao cinema apenas saberes e crenças já estereotipados, os que se postam passivamente frente às telas, à espera apenas de que o filme confirme (ou obtenha inform informar ar,, obj objeti etivam vament ente, e, novos) novos) estere estereóti ótipos, pos, tod todaa a retóri retórica ca cinema cinematog tográf ráfica ica de Matrix, Matrix, em meio aos múltiplos instrumentos in strumentos ficcionais de pontuar, de expor, mesmo de vaticinar, fala de um cotidiano progressivamente desumanizado, não propriamente pelos defeitos humanos, mas pelas qualificações outorgadas ao fora do humano a resolver os problemas gerados pelos defeitos humanos... Matrix fala da transferência de poder do humano para o desumano... desumano... ...Como fonte absoluta de soluções para os problemas gerados pela desumanidade.... desumanidade.... Fala do dia a dia das pessoas comuns, desatentas de que as aparentes facilidades geradas pela aplicação do princípio do princípio da máquina às suas vidas, e à vida das sociedades, coloca em cena a desumanidade crescente das suas vidas, vidas que se vão fazendo vidas virtuais, virtuais, tanto quanto das vidas reais ao seu redor, vidas que se vão fazendo cada vez menos humanas, em suas todas desumanidades....
* A cria criaçã çãoo dos super super-h -her erói óiss é cont contem empo porân rânea ea do cres cresci cime ment ntoo da dass grandes grandes cidades... cidades... Revelando Revelando que os maiores maiores problemas problemas do mundo atual são oriundo oriundoss das megalópol megalópoles. es..... O int inter eress essant antee é not notar ar que os super-her super-heróis óis possuem características similares, bem ao gosto da cultura de massas para a qual foram criados... As revistas em quadrinhos criaram o Super-Homem e centenas de outros, enquanto o cinema, com recursos tecnológicos cada vez mais impressio impressionantes, nantes, vem os difundindo.. difundindo.... Escondidos Escondidos por trás de máscaras, máscaras, eles são ora humanos disfarçados em super-heróis (Batman), ora superseres disfarçados de humanos (Super-Homem)cclv O enorme sucesso do Super-Homem é explicado pela identificação do público com esse herói, diante do qual “o anônimo indivíduo massificado projeta seus anseios inconscientes e projeta sua impotência”..cclvi
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Mas Mas os supe superr-he heró róis is,, na pó pós-m s-mod oder erni nida dade de,, vão vão se tran transf sfer erin indo do para para a alma alma do doss indivíduos... Já não basta o processo de identificação psicológica com o seu superherói: na pós-modernidade o indivíduo vive seu super-herói, virtualmente, através dos jogos eletrônicos... Não comungam com os outros as aventuras super-heróicas, mas são eles mesmos os super-heróis, num isolamento da fantasia, numa entropia do heróico que vem em muitos casos gerando estados obsessivos de isolamento superheróico... Já os heróis eletrônicos, os heróis dos videogames, crescem tanto porque já não se trata de se identificar com o herói. Agora qualquer um pode po de ser o herói. Basta apertar um botão para voar, bater, tomar decisões etc. E, se morrer, basta começar de novo...cclvii .
* A leitura de Matrix como um filme do gênero ficção científica é apenas um modo parci parcial al de ver, ver, um modo modo limitado limitado de ler os seus termos.. termos.... Há outras outras necessá necessária riass leituras... Há muitos outros modos de ler... ler... Entre os muitos modos de ler Matrix, Matrix, um deles é colher do filme um discurso de valorização espiritual da civi civili liza zaçã çãoo orie orient ntal al,, em conf confro ront ntoo com com o disc discur urso so de valorização material da material da civilização ocidental, dos quais decorreria, na primeira, uma ênfase no ser no ser e, e, na segunda, no ter ... ... O indivíduo humano, no ocidente, a par do alto grau de sofisticação na produção e consumo de bens, se mostra progressivamente frágil em conseqüência da mecanização da vida vida human humana, a, em funç função ão de um umaa bu busc scaa dese desenf nfre read adaa de realização material , representa representada da pelo consumo de bens e pela conseqüente conseqüente exaltaç exaltação ão da libido... libido... Essa fragilidade resultaria do esvaziamento do humano em si, si, da sua identificação com a máquina máquina pela aceitação aceitação plena de uma existência existência por ela, ou através através dela, preenchida preenchida,, em todos os seus aspectos, com as suas ilusórias virtudes, suas virtudes de máquina, resultando no perigo sempre presente de uma sublevação que acabasse por transformar a vontade de poder do humano em vontade de poder da máquina, reduzido o humano a um humano virtual, preso a um sistema de tal modo racionalizado (maquinado), que o esva esvazi ziar aria ia comp comple leta tame ment ntee das das qu qual alid idad ades es qu quee lhe lhe gara garant ntem em a cond condiç ição ão de humanidade... De um mundo virtual colocado à disposição do humano, para satisfação imediata dos seus instintos, dos mais primários aos mais sofisticados, à transformação da vida humana em vida digital, pode ser um passo subseqüente dos mais plausíveis... A substituição de uma vida espiritual por uma vida só material, da plena submissão ao poder impessoal poder impessoal , da busca por uma economia total de esforços, e daí ao crescimento desequilibrado dos aspectos só materiais da vida, à submissão total do humano à máquina, e/ou ao sistema mecanicista que em seus princípios repousa, calando no humano material a sua essência humana, é ainda uma hipótese das mais plausíveis, de que as utopias totalitárias do século XX iam se servindo, sem que ali esgotassem, os tontos totalitários, as estratégias de redução do humano a mera aparência, aparência, já agora
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muito provavelmente animados com a progressiva informatização da sociedade, o controle social que ela possibilita, a impessoalidade do exercício de poder que dela resulta... Tal e qual o mundo da matrix... matrix... Matrix, Matrix, também num outro sentido, a um outro modo de ler, realiza a sua crítica ao só materialismo de um modo de viver ocidental, exatamente no que poderia ser entendido como sua exaltação... A exaltação do armamento, armamento, os efeitos especiais que arregalam arregalam os olhos da alma adolescente quando se coloca à disposição dos heróis uma estante surgida repentinamente do nada, com todo tipo de armas, as cenas de combate, tudo parece indicar uma exaltação do objeto arma... E no entanto em Matrix, Matrix, bem à necessidade de observar o leitor/espectador um outro modo de ver, as armas de fogo pertencem ao mundo das máquinas, ao mundo virtual, e se os heróis delas se utilizam isso se deve ao fato de que é no mundo virtual que se travam as batalhas pela pela libertação... É o humano real, o humano da natureza, natureza, este é o humano que invade a matrix a derrotar os machinemen e mostrar aos quase-humanos digitais que há vida humana fora da máquina... O culto às armas de fogo, à eficiência dos aparatos bélicos ocidentais é um culto a objetos, objetos, um culto ao fora de si, si, humano, ele se torna parte de uma filosofia da máquina... máquina... O culto oriental oriental à alma humana, ao universo universo interior interior do humano, fonte humana do divino, aponta para uma superioridade do modo de ser oriental inclusive no enfrentamento desses objetos fora objetos fora de si, si, no caso, o aparato bélico e informacional da matrix, tal como de todas as matrizes, matrizes, sejam informáticas, sejam políticas, sejam culturais...
cclviii
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Em Matrix, Matrix, a superioridade do ser sobre o ter é bem manifesta no quadro de lutas marciais orientais que se desenrola durante toda a ação, representação explícita da superioridade dessas artes – que têm como pedra filosofal o eu interior do interior do guerreiro – não apenas sobre as suas correspondentes ocidentais, mesmo ainda sobre a só aparente superioridade das tecnologias presentes nos armamentos ocidentais... Entre a força guerreira do humano, originando-se do divino, fundando-se no divino coração humano, e a força bélica da máquina – nascida do humano que se separa do divino, divino, por isso menos humano, por isso alienado das energias que movem o seu dasein, dasein, por isso um humano que se separa do humano, um quase humano, aparência de humano, aquele que se desliga da essência humana – a vitória será, em meio a toda sorte de provações, será sem dúvida a vitória do humano que mantém em si a chama espiritual que o liga eternamente às fontes primordiais da Criação... Matrix, o filme, expressa expressa isso admiravelme admiravelmente nte bem, quando das suas cenas finais... finais... Apesar Apesar de todo armamento armamento pesado utilizado utilizado nas cenas de combate, é com a força espiritual espiritual ensinada na arte marcial oriental, o encontro com o próprio eu interior , primeiro mandamento samurai, samurai, que a vitória final dos heróis é conquistada... A arte kung-fu, kung-fu, que tem sido comercialmente muito explorada em produções de mero entretenimento juvenil, ganha em Matrix o seu galardão.. galardão.... Pois embora, embora, e ainda ainda pela exuberância dos efeitos especiais, as lutas se desenvolvam ao longo de toda a extensão do filme – o que pode levar ao modo de ver Matrix como os demais filmes do gênero, de exibição impressionista da violência – o filme também a estes deplora na medida em que aponta para o fato de que não é a maestria na prática da arte guerreira que conduz à vitória, pois essa maestria só é obtida, sendo a prática mero meio para alcançá-la, por algo que lhe é anterior , que lhe é superior : a força do espírito humano... humano... Neo, o principal herói de Matrix, Matrix, segue perdendo todos os combates que trava com seus algozes até que reúne toda a força do espírito humano em si, e não apenas os vence, e não apenas a matrix é destruída, como obtém a transcendência, justamente a transcendência presente nas filosofias orientais de libertação... Matrix é sim, um filme de ficção científica, mas não apenas um filme de ficção científica; Matrix é sim, um filme de arte kung-fu, kung-fu, mas não só um filme de arte kung fu... fu... Os modos de ver a realidade, vítimas da disparidade entre modos de ser diversos, e cont contra radi ditó tóri rios os,, usua usualm lmen ente te resol resolvi vidos dos,, na vida vida human humana, a, pelo pelo conf confron ronto to e pela pela submissão de um pelo outro, indivíduo versus sistema, natureza versus maquinaria, inteligência humana versus inteligência artificial, razão versus emoção, poder versus submissão, ser versus ter, enfim, tudo o que resulta dos conflitos de interesses ao interior da sociedade humana, humana, para os quais os sistemas políticos tradicionais têm sido apenas paliativos: é, em relação a essa questão fundamental do que é o humano, humano, de como como deve devem m ser ser os modo modoss hu huma mano noss de esta estarm rmos os no mu mund ndo, o, de o qu quee seja
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verdade verdadeira iramen mente te a reali realidade dade humana humana,, que Matrix se im impõ põee não não só como como arte rte cinematográfica de primeira grandeza, mas como o filme que abre o milênio, que anuncia o milênio, que aponta para a vastidão de possibilidades tecnológicas já ao alcance do poder do humano sobre o planeta... Senão o maior, um dos maiores manifestos de vanguarda política que se tem notícia na história da filmografia universal, Matrix é uma original metáfora pós-moderna dos males derivados dos excessos da ordem organizacional, sistêmica, pós-positivista/pósracionalista, na mais pura linhagem anarquista, à Thoreau, sem que desse combate ao Leviat Leviatã, ã, no entant entanto, o, result resultee qualqu qualquer er saudosismo saudosismo ou regresso ao bom selvage selvagem m rousseauniano... Fruto dos anos 90, década de afirmação do princípio da mediocridade obediente, enquanto se procedia a uma revisão das conquistas filosóficas, e respectivos conceitos, advindos da década de 60, exercidas à plenitude na década de 70, quando se os depurou, Matrix se integra a esse processo de revisão, mas aos modos de um pósmodernismo amadurecendo, em que se afloram os muitos modos de ver e ler o mundo, a sociedade, a natureza, o humano, na pororoca dos principais afluentes presente à boca das águas mais grossas que se encontram frente ao oceano das idéias libertárias... O núcleo filosófico de Matrix é a questão da essência da natureza humana, da realidade do ser do ser , que vem contrapondo filosofias desde a mais remota antiguidade, e quee se desdo qu desdobr braa em inúm inúmer eras as ou outr tras as quest questõe ões: s: da liberdade liberdade versus segurança segurança,, determinis determinismo mo versus livre-arbí livre-arbítrio trio,, acei aceita taçã çãoo do acas acasoo vers versus us afir afirma maçã çãoo da necessidade, necessidade, e assim por diante... Nesse seu sentido maior, Matrix se afirma como um dos mais belos discursos sobre a liberdade humana...
cclix
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O humano subjugado pelo sistema mecanicista é o humano esgotado de ideologias, num mundo em que as antes disponíveis em nada resultaram senão em mais decepção, em mais dominação, seja pela riqueza, seja pelo poder, seja pelo processo de recusálas ou de obtê-las... O humano esgotado de ideologias, sem se fazer sujeito desse esgotamento, é o humano à mercê de uma vida digitalizada pelos dedos ágeis da lógica mecanicista, segundo a qual organiza o seu viver, segundo a qual aceita ser controlado e limitado em suas múltiplas possibilidades de ser humano... O humano subjugado pelo sistema mecanicista é um humano virtual, no sentido próprio do termo, qual seja, aquele que tem as qualidades do ser, mas não o seu exercício...
cclx
O hu huma mano no subm submet etid idoo ao humano humano virtu virtual al viol violen entta a hu huma mani nida dade de em si, si, as possibilidades do seu ser plural, do seu ser contraditório, mesmo paradoxal, do seu ser/fazer poético, de ser conforme a complexidade do aparato físico e espiritual de que é possuidor... E para que? Para tornar-se um arremedo de humano, rebaixado ainda menos que à condição animal, porque o animal ainda o continua sendo, enquanto na hipótese o humano nada é, apenas virtualmente mantendo as suas potencialidades vitais de pluralidade, pois que limitado, organizado o seu exercício, ao serviço de algo tão intangível quanto eram inatingíveis as utopias que o moviam no passado, algo de que se esquece a motivação, se é que algum dia se soube, conscientemente humana... Por tudo isso Matrix é ainda um filme político, um manifesto de vanguarda, com a discrição própria dos tempos pós-modernos, em que as questões geradas a partir das revoluções da década de 60 ainda calam ao fundo da alma sem respostas definitivas... Na pós-modernidade, a exaltação dos discursos tanto quanto as retóricas filosóficas, incomodam mais do que indagam ou afirmam, incomodam a alma humana como um sonho que se perdeu, como uma história de amor que não deu certo, como algo que dói ao menor sopro, e que se resolve pela aceitação de uma ordem vigente que, afinal,
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aparentemente os incorpora... A aceitação do mundo tal qual ele é, é, pois que nunca se acredita que será tal qual ele deve, deve , ou tal qual ele pode ser... Atente-se, pois, que é no contexto do humano que Matrix clama pela permanência das forças espirituais como condição da própria humanidade... h umanidade... O combate à nova utopia, a utopia da máquina; pelo enfrentamento ao injusto... A nece necessi ssida dade de de ser ser, tant tantoo quant quantoo do exis existi tir; r; pela pela tran transc scen endê dênc ncia ia hu huma mana na das das condições inumanas de uma existência de rala humanidade... A persistência na luta histórica do humano por uma libertação das amarras materiais, origem das nossas mazelas, mas sem descuidar da energia divina na natureza, ou a natu nature reza za divi divina na do hu hum mano. ano..... Na iden identi tifi fica caçã çãoo pers persis iste tent ntee daqu daquil iloo qu quee subsubrepticiamente periga nos separar da natureza e, especialmente, da natureza humana... Nossa própria Razão! Na necessidade em manter em si, mesmo a partir dos cotidianos, os valores que, afinal, são a própria razão razão de ser do progresso progresso dos sistemas sistemas e das máquinas... máquinas... Pois é óbvio que o computador que digita o humano não é o mesmo que o humano que digita o computador ... ... ...Por mais que o sistema de computadores se valha da energia dos dedo dedoss hu huma mano nos, s, como como hu huma mano noss desp despro rovi vido doss de hu huma mani nida dade de,, em sua sua próp própri riaa digitação... O super-herói pós-moderno, humanizado, destruidor do super-vilão, o superprograma Matrix, liberta o humano para viver de conformidade com a pluralidade infinita das possibilidades humanas, que é a libertação, pela riqueza do seu imaginário, imaginário, pela força do seu espírito, pela energia do seu corpo material, pela inteligência divina de que é dotado, dotado, a viver viver tudo o que que sua mente mente sonha sonha viver viver... Nunca preso preso a uma uma realidade realidade virtual, transformado em chip humano, humano, mas no mundo real, no mundo da natureza que herdamos e nos cumpre preservar e desenvolver... Todo o aparato mecânico das máquinas nada mais é que um prolongamento do corpo material, feito para libertar o humano da ignorância, e das limitações perante a ordem física... Servi-la, valorizá-la acima do humano, é inverter o caminho natural das coisas, no pior sentido que o retorno do civilizado ao primevo das cavernas, agora elevada (ela, a caverna, não ele, o humano) em caverna tecnológica, aos incomensuráveis modos daquela outra caverna famosa... Se em Matrix, o filme, filme, de um lado, o que se destrói é a Matriz Organizacional, a organização digital imposta pela máquina, sem que se resolva o impasse de uma humanidade ainda virtual (no virtual (no sentido de que ainda não se faz exercício das qualidades de que é dotada, numa denúncia alegórica de como se deve interpretar a sociedade organizada em moldes sistêmicos), de outro, presente na última cena do filme, em que o herói voa à maneira do antológico superman, superman, a esperança de que, pouco a pouco, os humanos passem ao outro lado, ao mundo do real, libertem-se do comando lógico dos sistemas, e passem a viver na integridade do seu ser, aquele mesmo dos guerreiros orientais, da arte cavalheiresca do arqueiro zen, zen, ao mesmo dos super-homens de Nietzsche: pois, se virtual, demasiado virtual, o ainda humano é, Matrix, Matrix, o filme, se faz mais outra das belas pontes para o além desse humano virtual...
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Matrix, o filme, filme, deve ser visto, deve ser lido como um filme político, em seus dotes pan panfl flet etár ário ios. s..... Como Como um film filmee de filo filosóf sófic icaa linh linhag agem em anar anarqui quist sta, a, um film filmee de contestação de um sistema um sistema organizado à só razão lógica das máquinas e matemáticas, de alijamento dos dotes espirituais da humanidade, de cerceamento do pleno exercício exercício das várias potencialidades de que o humano é generosamente provido... provido... Matrix é também um filme sobre a sociedade humana que se aliena do conhecimento de si e das coisas, vendo e vivendo a partir das suas sombras projetadas de uma realidade que lhe é não só negada pela escravidão à máquina, como distorcida pelas parcas condições de visibilidade que todo um sistema de maquinaria (e sua mídia), mídia), logra obter sobre as consciências... Avançando os tradicionais textos do gênero, a obra não apenas combate todos leviatãs, leviatãs, mas ainda a violência sem direção espiritual, tão comum no mundo de hoje, ambos, aparência de hu huma mano no e aparência de gu guer erre reir iro, o, du duas as face facess da mesm mesmaa mo moed edaa leviatânica, que não só emitida pelo Estado... Ainda nesse sentido, Matrix, Matrix, para muito além dos olhos do Big Brother , do romance de George Orwell, vai ao encontro de alguns autores muito presentes na década de 60, seja repensando Rousseau, seja revendo Aldous Huxley, seja aceitando Hermann Hesse, sempre no exercício de preservação de uma herança cultural que ainda não obteve seus definitivos cânones... Para além Para além de Thor Thorea eau, u, ou outr troo auto autorr de pres presen ença ça marc marcan ante te na déca década da de 60 60,, o neoanarquismo proposto pelos jovens The Wachowski Brothers não se resolve com o abandono da sociedade organizada, ou com vistas à formação de uma sociedade alternativa, tão veemente pleiteada por diversos seguimentos de contestação dos anos 70... Afinados Afinados com com esses esses inícios inícios de terceiro terceiro milênio, milênio, os jovens jovens autores autores de de Matrix propõem uma luta sem trégua no interior do próprio sistema... sistema... Cientes de um processo de globalização tecnológica inevitável , conscientes de que mister se faz libertar o humano em cada um de nós... Um humano cada vez mais cerceado, em sua natureza, por uma lógica lógica numérica que nos resume todos a meros trabalhadores/consumidores... Estabulados em cartões de ponto e de crédito... Contas bancárias... Estatísticas e perfis de consumidor... consumidor... Cada vez mais à mercê de toda uma parafernália eletrônica eletrônica que nos tran transf sfor orma ma a todo todos, s, desi desindi ndivi vidu dual aliz izan andodo-no nos, s, em hu huma manos nos digi digita tais is...... Em sere seress virtuais... Em gado de corte à alimentação da antropofágica e insaciável máquina organizacional e sua lógica insensível às peculiaridades, às singularidades de cada ser humano humano... ... Seu sistem sistemaa imp impla lacáv cável el de reduçã reduçãoo das nossas nossas vária váriass pot potenc encial ialida idades des individuais a um denominador comum que, de tão comum, comum acaba deixando de ser... Pois que comum arbitrário, comum abstrato, comum apenas ideologizado, ideologizado, sem que essa ideologia das aparências, aparências, autêntica ideologia do nada, nada, seja resultado de qual qu alque querr refl reflex exoo da nossa nossa vida vida mate materi rial al autê autênt ntic ica, a, desg desgru ruda dada da qu quee se faz faz das das necessidades vitais próprias do estado de humanidade... Matrix Matr ix,, o fi film lmee, prop propõe õe qu quee no noss torn tornem emos os super-humanos, super-humanos, supermen, supermen, que nos libertemos e que libertemos o próximo, pois que só assim a assustadora perspectiva do new apocalipse apocalipse,, a destruição da humanidade de dentro para fora, do interior para o exterior, pelo esgotamento do humano na espécie, poderá vir a ser afastada... Amor, amiz amizad ade, e, leal lealda dade de,, li livr vree arbí arbítr trio io,, cora corage gem, m, frat frater erni nida dade de,, dete determ rmin inaç ação ão,, enfi enfim, m,
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Humanidade Humanidade Plena, são os ingredient ingredientes es básicos básicos desse grave discurso de alerta alerta quanto quanto aos perigos da desumanização crescente de nossa organização social, resultante do que se anuncia, no subsistema globalização, como a Idade Tecnológica da história da humanidade, talvez, o fim da história, história, ou o fim de todas as histórias, das quais viveríamos hoje seu último e definitivo capítulo...
cclxi
São muitos os pós-modernos modos de ver e ler , modos de ver o ver o filme Matrix, Matrix, modos de ler o ler o filme Matrix, Matrix, modos de viver o viver o filme Matrix. Matrix. Em que a pós-modernidade vai substi substitui tuindo ndo retóri retóricas cas do Absolut Absolutoo por muitos muitos modos modos de respond responder er... ... Aos muitos muitos polifônicos modos de perguntar...
* No verdadeiro cinema, meu companheiro, uma coisa não se soma à outra para formar uma terceira. Não há todo; só partes... cclxii
A verdadeira poesia está em relação muito mais estreita com o que de melhor há na música, na pintura e na escultura, do que com qualquer parte rte da literatura que não seja verdadeira poesia... cclxiii
Dos cérebr cérebros os int inteli eligen gentes tes brota brota a tolerânc tolerância; ia; emissõe emissõess medíoc medíocres res,, ressentidas, ressentidas, emitem emitem intolerância. intolerância. Intolerância Intolerância=raios beta. Ser dadivoso e cclxiv criativo=raios tetra. Não somos filhos de um pedaço de estrela que esfriou?cclxv
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Beautiful Maíra
cclxvi
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Dis-cursus é, originalmente, a ação de correr para todo lado, são idas e vindas, “démarches”, “intrigas”. Com efeito, o enamorado não pára de correr na sua cabeça, de empreender novas diligências e de intrigar contra si mesmo. Seu Seu disc discurs ursoo só exis existe te atrav através és de lufa lufadas das de lingu linguage agem, m, que lhe lhe vêm vêm no decorrer de circunstâncias ínfimas, aleatórias. Podemos chamar essas frações de discurso de figuras. Palavra que não deve ser entendida no sentido retórico, mas no sentido ginástico ou coreográfico; enfim, no sentido grego: οχηµα, não é o “esquema”; é, de uma mane maneir iraa mui muito mai mais viva, iva, o gest gestoo do corpo orpo capt captad adoo na ação ação,, e nã nãoo contemplado no repouso: o corpo dos atletas, dos oradores, das estátuas: aquilo que é possível imobilizar do corpo tensionado. Assim é o enamorado apressado por suas figuras: ele se debate num esporte meio louco, se desgasta como o atleta; fraseia como o orador; é captado, siderado num desempenho, como uma estátua. Afigura é o enamorado em ação... ação...cclxvii
* Na pós-modernidade há filmes que buscam, estrategicamente, não apenas reafirmar umaa retó um retóri rica ca da li line near arid idad adee un unív ívoc oca, a, posit positiv ivis ista ta,, mas mas mu muit itoo espe especi cial alme ment ntee a compreensão da Máquina como algo humano, para além da humanidade, máquina humanizada, humanizada, qu que, e, em últi última ma anál anális isee apen apenas as reag reagee humanamente ao ambien ambiente te “desumano” desumano” a que serve, numa inversão de papéis que afinal acaba por tornar a máquina máquina mais humana que o humano, humano, em dupla denúncia denúncia das matrizes organicista organicistas... s... O super vilão, vilão, por mais mais que disfarce, disfarce, torna ao lugar comum da restrita restrita reta razão que habita...
cclxviii
Nas máquinas que exigem o direito de existir, independentemente de seu uso exclusivo de ampliação dos nossos sentidos, para a qual foram construídas: a humanização da máquin máquinaa convid convida, a, por um process processoo psicol psicológi ógico co de infantilização do humano, à aceitaçã aceitaçãoo da lógica lógica pós-mecanic pós-mecanicista ista (e ainda pós-positivist pós-positivista) a) pela exploração exploração de uma
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fragilidade piegas que afinal a justifique e aceite – essa lógica do sistema mecanicista, bem evidente... Em Blade Runner cclxix, um robô feminino (o que ainda imprime outras significações...) é salvo pelo herói (após a eliminação do robô masculino que lhe “ama”...); em Inteligência em Inteligência Artificial cclxx, um menino programado para exercer o papel de “fil “filho ho”, ”, ganh ganhaa sent sentim imen ento toss hu huma mano noss qu quee o faze fazem m care carent ntee de afet afetoo e aten atençã çãoo maternais...
cclxxi
Há os filmes que atenuam os riscos da filosofia da máquina, da matriz organizacional, pressupondo o fato de que os mais espertos – contando com a sorte é claro, e com o apoio de humanos pelo fato de que a Máquina, humanizada por conta do humano que a controla, sempre tem lá as suas falhas – acabam por sustentar o seu progresso pessoal com com base base na il ilim imit itad adaa frat frater erni nida dade de (lim (limit itad adaa à frat frater erni nida dade de tribal , e ao caso exce excepc pcio iona nal, l, bem bem ente entend ndid ido) o) hu huma mana na...... Mesm Mesmoo qu quee seja seja para só uma úni única ca oportunidade de contemplação da grandeza, como em Gattaca...
* Na Na cont contem empo pora rane neid idad adee mu muit itos os film filmes es vêm vêm send sendoo conc conceb ebid idos os nu numa ma esté estéti tica ca inteiramente pós-moderna, rompendo definitivamente com a narrativa linear e unívoca tradicional: esses filmes adotam uma narrativa fragmentarista aliada a uma percepção fragmentária das suas categorias, tais como as de tempo e espaço, essência e aparência, o ser e nada, a fala e o silêncio, etc... Em Cronicamente Inviável , faz-se um retrato doloroso do Brasil: personagens e histórias se entrecruzam fazendo-se acompanhar de seus respectivos, díspares, modos de ver o mundo, num quadro fragmentário do que seja A Ética e as respectivas relações sociai sociais.. s.... Uma plurali pluralidad dadee de modos de ver, ver, viv viver er,, saber saber o mundo, mundo, transit transitam am ao interior da sociedade brasileira sem que nenhuma Ordem Social intrínseca comande as suas ações... ações... Relações Relações puramente puramente individuais individuais são a tônica do viver em sociedade. sociedade.....
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Vive-se ive-se aos pedaços... pedaços... Novamente Novamente Gonçalves Gonçalves Dias: Dias: viver viver é lutar... lutar... Os mais fracos fracos tomb tombam am a cada cada relaçã relaçãoo com com o mais mais forte. forte..... Deix Deixan ando do clar claroo que ao inte interi rior or da sociedade brasileira existem subsistemas, de natureza tribal, que não se subordinam senão às regras que lhes são próprias...
cclxxii
Um retrato pós-moderno – nu e cru – da pós-moderna realidade brasileira, em que por baixo da aparente organicidade ainda sustentada pelos canais de mídia, mídia, toda uma polifônica pluralidade de ações e intenções se impõe como o mundo real que real que em nada se deixa comandar pelas pelas suas equivalentes institucionais... institucionais... Para uma retórica retórica do real fragmentado, uma retórica textual e estética fragmentada... O resultado faz desse filme o original de um veio estético que nele obtém, quanto à denunciação da violência a que estamos submetidos todos, a um grau de realismo nunca antes exibido em telas brasileiras, decorrente muito especialmente a estética fragmentarista e pós-moderna escolhida... Cronicamente Inviável enterra de vez o mito do homem cordial , de Sérgio Buarque de Holanda, expressão tomada a Ribeiro Couto, já descordializada por Cassiano Ricardo, embora nem tanto quanto o devia cclxxiii... A expres expressão são do títul título, o, alcanç alcançand andoo doi doiss sentidos, anuncia a impossibilidade de textualizar a realidade segundo a retórica da univocidade, da linearidade, senão possível em sua s ua textualização fragmentária...
* Há quatro filmes importantes saindo agora, sobre a mesma tragédia social das periferias: “O invasor”, de Beto Brant, “Estação Carandiru”, de Hector Babenco”, “Cidade de Deus”, de Fernando Meireles e Kátia Lund, e “O Homem do ano”, de José Henrique Fonseca”.
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Caricatura: André Mello, 16.04.02.
Os quatro filmes mostram esse novo mundo que cresce como um câncer à nossa volta e do qual só queremos distância e segurança. Mas os cineastas estão esfregando em nossa cara estas “cisjordânias do lixo”, estas Faixas de Gaza mortas, estes “talibãs que surgem de suas frestas”. No filme “O invasor” já dá para sentir seu impacto raiando como um sol negro sobre nós. “O invasor” é excepcional pela maneira de ver esse mundo “sujo” que subitamente invade a tranqüila sordidez de uns burgueses criminosos. Neste filme não se retratam mais os pobres como uma espécie de “decadência” dos ricos, como se os excluídos fossem seres “aquém” de nosso conforto. Não há mais a idéia de “proletários” ou de “infelizes” ou de “explorados”. Eles nos mostram o “Insolúvel”, perplexos com o mistério da miséria. miséria. Eles não sabem o que fazer com isso, eles não se comprazem comprazem mais na denúncia de uma injustiça. Eles estão diante de uma espécie de Pós-Miséria. Isso. A “pós-miséria” está gerando uma nova cultura, se é que esta palavra se aplica à vida esmagada tentando existir. existir.cclxxiv Em Amores Perros (Amores Brutos), Brutos), outro filme na mesma esteira estética, pósmode mo derna rna,, desse dessess iníc início ioss de sécu século lo XXI, XXI, a util utiliz izaç ação ão mais mais caut cautel elos osaa da esté estéti tica ca fragmentarista acaba por diluir um pouco a caracterização de uma sociedade urbana tão violenta violenta quanto quanto a nossa, fotografada fotografada em Cronicamente Inviável ... ... Mas não tanto, tanto, mercê de uma técnica em que também se entrecruzam histórias e personagens, que rompa a tradiciona tradicionall narrativa narrativa linear e unívoca... unívoca... Não tanto que faça da sua leitura leitura de um mundo cão [metáfora para pessoas interagindo como perros (Amores Perros) nessa referência pós-moderníssima ao documentário Mondo Cane] Cane]cclxxv qualquer coisa de meno menoss expr expres essi sivo vo ness nessee cont contex exto to de um umaa esté estéti tica ca (e de um umaa étic ética) a) da pó póssmodernidade... É típico do discurso imagético a fragmentarização estética da realidade e seu discurso, na comp compos osiç ição ão da narr narrat ativ ivaa po porr sele seleçã çãoo de frag fragme ment ntos os que sina sinali lize zem m o sent sentid idoo desejado com a só apresentação das imagens...
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A linguagem imagética é a linguagem discursiva do imaginário, desde a coleta de material oriundo dos sonhos às demais narrativas do inconsciente, tendo em vista que é sempre fragmentariamente que se expressam...
cclxxvi
Linguagem imagética, expressão do inconsciente, a formação de uma linguagem do imaginário... Tudo parece conduzir ao fato de que a retórica da fragmentação é o modo próprio de se expressar por imagens... O que, afinal, corresponde à nossa percepção fragmentária do mundo, dada a seleção natural, física, que a nossa mente realiza na apropriação das imagens sobre as quais desenvolve seu pensamento cclxxvii...
cclxxviii
A natureza fragmentária da narrativa por imagens já se observava desde os tempos do cinema mudo, em que se insere, por exemplo, a maestria de um Sergei Eisenstein, de O Encouraçado Potemkincclxxix, em manusear fragmentos da realidade revolucionária soviética, aos filmes de natureza essencialmente documentária, nos quais se desejava
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produzir um efeito estético, artístico, para além da mera exposição fática, de filmes como Berlim, como Berlim, Sinfonia da Metrópolecclxxx, de Walther Ruttmann, a Baraka Baraka – um mundo cclxxxi através das palavras , de Ron Fricke...
Baraka exibe o fato de que é no silêncio, nos espaços vazios do texto, no caso, imagético, que a força poética poética da imagem imagem se apresenta com com maior energia... energia... A poesia se expr exprim ime, e, em Bara Baraka ka,, não não propr propria iame ment ntee porqu porquee cont contid ida, a, em esta estado do brut bruto, o, na imagem, mas porque a sua seleção e montagem, ao qual se acresce, aqui e ali, efeitos derivados de técnicas cinematográficas, fazem com que as imagens recolhidas falem, cantem... Baraka é um cântico em que a pluralidade do mundo da natureza, em que o humano por por desti estina naçã çãoo se encon nconttra inseri serido do,, e não não a un uniivo voccida idade de um umaa retór etóriica exclusivamente humana, externa ao fragmentário mundo biológico, é que realiza o discurso poético... As palavras de Baraka são, enfim, as palavras tão silenciosas quanto ocultas no cenári cenárioo grandioso grandioso do planeta planeta Terr Terra.. a.... A nature natureza, za, em Baraka, Baraka, fala.. fala.... E tem seus próprios próprios modos (imagétic (imagéticos) os) de expressar expressar Beleza e Grandiosid Grandiosidade... ade... Basta Basta que o leitor, ao ler as suas imagens, lhe acompanhe os discursos, levante as escamas que lhe cobrem o imaginário...
* Outro filme que, bem à maneira de Matrix, constrói a metáfora de uma desconstrução da Univocidade, embora sem a explicitude deste, sem a sua riqueza metafórica, e mantendo ainda, paradoxalmente, a própria unidade como salvaguardada, é Clube da Luta: Luta: com efeito, se ao final do filme o herói vê desabarem os prédios que simbolizam o Si Sist stem emaa, em nu nuaa metáf etáfor oraa pó póss-aanarq narqui uist sta, a, é com com a sol solução ução de um umaa das das personalidades que habitam seu caráter e sua mente que isso acontece, já como uma
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censu ensura ra à plur plural aliidade dade típi típica ca de um umaa mani anifest festaç ação ão pó póss-m mod odeerna rna, em qu quee a personalidade fragmentada é a lei...
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Clube da Luta (Fight Glub) é, além da metáfora desconstrutivista, uma metáfora da violência que assombra a sociedade pós-moderna... O filme apresenta apresenta dois aspectos da violência urbana: a divisão da personalidade, pela necessidade do ser múltiplo, com a vulgarização, e institucionalização, da briga, da luta, da violência como cotidiano aceitável aceitável pelo pelo ser humano, por ser parte indissociáv indissociável el da sua existência... existência... Assim, Assim, aceitar a violência como um modo próprio de o humano estar no mundo... A metáfora da desconstrução pós-moderna – não sem uma boa dose de ironia – está presente em Desconstruindo em Desconstruindo Harry (Deconstructing Harry), Harry), filme em que Woody Alle Al lenn ironi ironiza za o mo mote te pó pós-m s-mod oder erno no da desc descons onstr truç ução ão/f /fra ragm gmen enta taçã ção, o, torn tornan ando do a principal personagem, Harry Block, fora Block, fora de foco no plano de visão própria e dos que o encontram... Sugerirá, talvez, o fato de que cada determinado “eu” exercido em um cert certoo mo mom mento ento só é perc perceb ebid idoo po porr seu seu corr corres espo pond nden ente te “o ou outr tro” o” parc parcei eiro ro de singularidade?...
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O nome do protagonista já é uma brincadeira, pois harry em inglês pode significar atormentar, afligir, e block é o verbo bloquear. Harry Block é um indi indiví víduo duo atorm atormen enta tado do po porr um bloq bloque ueio io.. O últi último mo termo termo tamb também ém pode pode significar o substantivo bloco. Daí a idéia de que o protagonista é um ser dividido em segmentos, apresentando os episódios da sua vida como peças de um quebra-cabeça – que todavia não se encaixam... O protagonista transforma episódios da sua vida em livros, que ao longo do filme são apresentados como blocos paralelos. Essas janelas narrativas, nas quais o real se alterna com o fictício – há momentos em que um se funde com o outro – podem ser vistas como o meio com que o protagonista lê a própria vida, nas suas relações com os outros, e as exterioriza através da ficção. O escritor faz, portanto, uma leitura de si mesmo, em diversas etapas da sua vida, partindo em uma jornada em busca de uma redenção, ou melhor, melhor, resignação. Par Paraa uma uma ap aprresent sentaç ação ão an anal alít ítiica do film lmee, ele també ambém m será será desconstruído: as janelas narrativas serão delineadas e observadas enquanto projeções de uma leitura pessoal. A idéia de desconstrução é aplicada em vários níveis, tanto no modo de apresentação das seqüências quanto em questões temáticas, como sexo, religião e psicanálise. E se em Desconstruindo Har Harry ry a frag fragme ment ntaç ação ão está está pres presen ente te não só na forma forma como como tamb também ém no conteúdo, uma tentativa de interpretação também deveria ser desconstrutora, porque o filme se nos apresenta como um todo coerente e passível de ser desmontado. Como afirma uma personagem ao final do filme, as obras de Harry (e, por extensão, as de Allen), quando desconstruídas, revelam uma felicidade geral, maior, maior, que paira sobre as pequenas melancolias...cclxxxiv A mesma questão da pluralidade de “eus “ eus”” numa só pessoa, consciência que chega na pós-m pós-mode oderni rnidade dade em função função das div divers ersas as faceta facetass de persona personalid lidade ade exerci exercidas das em distintas situações, individuais e sociais, que a vida pós-moderna acirra (e que no passado era entendida como uma anomalia psicológica pura e simplesmente, nos passos da afirmação de uma visão só unitária do mundo) essa mesma questão Woody Allen já havia ironizado em Zelig cclxxxv, em que a personagem principal, tal qual camaleão, segue alterando sua forma física e sua conseqüente personalidade conforme muda de ambiência, como se fosse utilizando suas plúrimas plúrimas personas personas à medida das necess necessida idades des de seu plú plúri rimo mo esta estarr no mundo mundo... ... Metá Metáfo fora ra típi típica ca de um umaa plen plenaa vivenciação pós-moderna, a transformação camaleônica deriva do exercício de várias personas conforme as atividades da vida cotidiana: para cada atividade, uma dada personalidade... A fragmentação, mercê da tecnologia cinematográfica, é mesmo a matéria-prima do cinema, que trabalha sobre uma realidade fragmentária, com técnicas fragmentárias, par paraa um umaa narr narrat ativ ivaa tamb também ém frag fragme ment ntár ária ia...... Mas Mas o frag fragme ment ntar aris ismo mo na arte arte cinema cinematog tográf ráfica ica da pós-mo pós-moder dernid nidade ade ganha ganha foros foros de tecnol tecnologi ogiaa estéti estética, ca, sendo sendo assumida como o modo natural de se fazer cinema... Se levarmos em consideração o filme Stardust Memories (Memórias), veremos que desde 1980 tínhamos um Woody Alle Al lenn preo preocu cupa pado do em trab trabal alha harr com com um umaa esté estéti tica ca e um umaa narr narrat ativ ivaa de cunh cunhoo
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nitidamen nitida mente te fragme fragmenta ntaris ristas tas,, como como um anteci antecipado padorr desse desse proces processo so típ típico ico da pósmodernidade no cinema... No cinema da pós-modernidade o fragmentarismo casual da respectiva tecnologia é transformado em fragmentarismo fragmentarismo necessário à respectiva arte... No primeiro estágio estágio o cinema tentaria suprir a fragmentariedade com técnicas lineares de narração; o cinema pós-moderno acentua e explora artisticamente essas todas fragmentações...
Clones
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A disseminação da violência por todos os quadrantes da sociedade (e, mais do que parece, da cultura), em todos os níveis, sem distinção de gentes e sem fronteiras delimitadas, é a pior das conseqüências que se seguem à fragmentação do modo de viver unívoco desses tempos pós-modernos... Clube da Luta é a metáfora da aceitação da violência como cotidiano, da incorporação da violência ao modo natural de estar no mundo dito civilizado... A uma horizontal horizontalizaç ização ão da sociedade sociedade segue-se a horizontal horizontalizaç ização ão da cultura: cultura: na pósmodernidade as marginalidades ganham voz... voz... Daí que o cinema cinema cada vez vez mais vai exibindo o modus típi pico co de trib modus vive vivend ndii tí tribos os inte inteir iras as de indi indiví vídu duos os alhe alheio ioss aos ordenamentos morais, políticos e jurídicos próprios de uma civilização calcada na verticalidade de sua estrutura social ... ... Em conseqüência, tanto a violência específica específica do interior dessas tribos, tribos, como a violência geral que decorre da ainda muito precária articulação desses múltiplos modos de viver no plano genérico da sociedade, é exibida nas telas como sendo o cotidiano urbano e o imaginário contemporâneo desse humano notada not adamen mente te precár precário io e insegu inseguro. ro..... Nesse Nesse sentid sentido, o, as lib liberd erdade adess conqui conquista stadas das no advento do pós-modernismo se voltam contra os libertos, num círculo vicioso de violência e insegurança... Pulp Fiction, Fiction, de Quentin Tarantino, é fundamentalmente uma ficção pós-moderna: uma alegoria da violência e da amoralidade... Um filme que trabalha admiravelmente bem a narrativa fragmentária, sem que lhe falte os ingredientes de aventura e de heroísmo típicos dos tradicionais filmes de ação...
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Como depois se fez em Amores Perros, Perros, a fragmentação de Pulp Fiction é apenas técnica, sem que se reflita na concepção do tema, sem que interfira no sentido linear da história, mantendo-se assim, muito embora a pluralidade de personagens e situações, a univocidade de conteúdo como nas novelas tradicionais... O que faz de Pulp Fiction um filme da pós-modernidade, além do formato gibi, gibi, de narrativa fragmentária, desprezando tanto a univocidade quanto a linearidade retóricas,
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é a im impr pres essi siona onant ntee exib exibiç ição ão de viol violên ênci ciaa já nas nas front frontei eira rass da viol violên ênci ciaa surda surda,, silenc silencios iosa, a, de pelícu películas las que começ começam am a aparece aparecerr mais recen recentem tement ente.. e.... Ainda Ainda a violência plastificada de Hollywood, mas em tal quantidade – só exibida antes talvez, e a menos tinta, em Taxi Driver, de Martin Scorsese (1976) – que realiza uma aproximação, do leitor de cinema, com a materialidade de uma violência cotidiana que não costumava (na só modernidade) freqüentar a mente das pessoas na abordagem cinematográfica até então mais superficial superficial dos fatos... Por outro lado, o tratamento do tema transita por aquilo que se chamou de pop art , uma das principais semeeiras da arte arte pó póss-mo mode dern rna, a, apro aproxi xima mand ndoo o espe espect ctad ador or das das pers person onag agen enss e suas suas hist histór ória ias, s, relacionando-o diretamente com as situações, ao mesmo que chocando, emocionandoo com as suas aventuras e desventuras, bem ao modo das antigas novelas seriadas... Os diál diálog ogos os,, em Pu Pulp lp Fi Fict ctio ion, n, feit feitos os de text textos os espe especi cial alme ment ntee long longos os,, em qu quee despontam temas do cotidiano das pessoas comuns – outra das características da pósmode mo derni rnida dade de – não não cansa cansam, m, ao cont contrá rári rio, o, apro aproxi xima mam m aind aindaa mais mais o espe espect ctad ador or,, introduzindo-o em um mundo de de violência a que normalmente se furtaria... furtaria... Essa sutil apro aproxi xima maçã çãoo espe espect ctad ador or/v /vio iolê lênc ncia ia,, medi mediad adaa por situ situaç açõe ões, s, por extr extrem emam amen ente te verossímeis, do cotidiano, propicia levantar o véu de uma violência – e violência acachapante - que sempre está mais próxima do que normalmente se acredita...
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A viol violên ênci ciaa da pós-m pós-mod oder erni nida dade de ainda ainda teri teriaa mu muit itoo mais mais a exib exibir ir-se -se atra atravé véss da exploração de situações do cotidiano e da aproximação da violência de um modo que, se ultrapassa ultrapassa a simples simples verossimelha verossimelhança nça para ati atingir ngir em cheio cheio o espectador espectador,, apaga as fronteiras com que se costuma separar a violência do “outro” com a segurança do “eu”... “eu”... Esse é exato exato o caso do filme filme austría austríaco co Funny Games (no Brasil, Violência Gratuita), Gratuita), de Michael Haneke (1997), em que essa aproximação da violência com situações do cotidiano, criam no espectador, mais do que uma sensação tradicional de verossimelhança, uma sensação de verdade factual, algo típico da pós-modernidade, que pode ser traduzida com uma frase simples: isto realmente está acontecendo... Ou, posto de outra maneira: a arte da pós-modernidade não mais imita a vida; a arte da
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pós-modernidade cria a vida... E a vida pós-moderna é ainda mais violenta violenta do que as mentes ainda adormecidas acreditam seja a violência da vida pós-moderna... pós -moderna... Pois na vida pós-moderna as imagens se objetivizam, tornam-se coisas reais... Na pós-modernidade vão assim se dissolvendo as antigas fronteiras entre ficção e realidade...
Capa: Jacob Levitineas, 1982
Chega-se, enfim, à era de libertação dos imaginários... O despregar dos imaginários do seu eixo tradicional de referência intelectual – e, por conseqüência ético – torna a todos estrangeiros não apenas do meio-ambiente social no qual qu al se inte integr gram am (pode (poderr-se-se-áá suge sugeri rir: r: se desi desint ntre rega gam) m),, e mu muit itoo espe especi cial alme ment nte, e, estrangeiros de si...
Capa: Infante do Carmo, s/d.
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O pessimismo é, então, o princípio filosófico que assombra a pós-modernidade, um pes pessi simi mism smoo tão tão terr terrív ível el e assus assusta tador dor qu quee a úni única ca reaç reação ão possí possíve vell é igno ignorá rá-l -lo. o..... Sobreviver é Sobreviver é a palavra de ordem da pós-modernidade... Sobreviver, quando “o outro” – um desconhecido – e o “eu” – qual? – são categorias que pertencem a uma selva humana onde coisa e carne se equivalem, onde o humano se faz insignificante, não mais perante uma divindade onipotente, onipotente, como no desespero desespero barroco, mas perante perante um “outro” qualquer, tão ou mais insignificante, que lhe pode interromper seu processo parti particul cular ar de sobrevi sobrevivên vência cia... ... Essênc Essência ia e existê existênci ncia, a, realid realidade ade e ficção ficção,, ação ação e imaginação, e assim por diante, tudo se faz coisa, e coisa despregada umas das outras, em que a absurdidade não é mais que outra palavra-coisa...
* ...– ...– Só que está está tudo invertido invertido.. Claro Claro que as previs previsões ões são erradas erradas para evitar evitar o pânico. Agora Kelvin sabe e quer avisar a esposa e filha a tempo. O problema não é fugir do mundo da antimatéria... ...mas recuperar a comunicação. (.............................. (.............................................. ................................. ................................. ................................. ................................. ......................) ......) ...– Onde parei? – Problema de comunicação entre a matéria e a antimatéria... Exato to.. Como Como se esti estive vess ssee nu num m bu bura raco co ne negr gro. o. Muit Muitoo fort forte, e, a forç forçaa da – Exa gravidade. Silêncio total... – Horas? – Quê? – Que horas são? – Oito e pouco. – Já? (beija a vítima no rosto...) – Adeus, bela! (...e joga a vítima “al mare”...) – Por quê? O horário era às nove... nove... Ela ainda tinha quase uma hora... – Primeiro, estava incômodo navegar assim... (com a vítima posta, por ele mesmo, entre os dois, junto ao leme que manejava...)... – ...e segundo, estou com fome... – Isso é verdade (e adernam o barco em busca de outra residência costeira)... ................................. ................................................. ................................ ................................. ................................. ................................. .................... ... – ...Quando Kelvin supera a força da gravidade acontece que um universo é real, mas o outro é ficção. – Como pode? – Era uma espécie de modelo de projeção no ciberespaço. – E cadê seu herói? Realidade, ou só na ficção? – Mas a ficção é real, não é? – Como assim? – Bem, a gente vê nos filmes.
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– Claro. – Ela é tão real quanto a realidade que vemos. – Besteira. – Por quê?cclxxxix
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ccxc
A declaração de Michael Moore ganhador do Oscar 2003, na categoria melhor documentário, de que preferia o seu gênero à ficção, pontuando que de ficção se tratava a guerra dos EUA contra o Iraque, guerra fictícia, feita por um presidente fictício, por motivos fictícios, tem referências muito mais profundas do que notaram os comentaristas na imprensa mundial, que a receberam apenas como uma manifestação contra contra a guerra. guerra. A ficcionalização da realidade é talvez o maior mal desse início de milênio pós-moderno. A mesma desatenção ocorreu na interpretação crítica de um filme que foi visto apenas como uma surpresa de bilheteria decorrente de um tipo novo de publicidade, a super divulgação boca a boca, hoje computador a computador pela malha sem peias da web. Trata-se Trata-se de A Bruxa de Blair , muito especialmente A Bruxa de Blair 2. 2. A primeira bruxa, um filme feito a custo de curta-documentário de estudantes, com técnica de documentário, com um tema de realização de documentário, e um discurso narrativo narrativo de telejornal telejornal de programa programa sensacionalist sensacionalista. a. A segunda segunda bruxa, não por acaso com direção de um reconhecido diretor de documentários, Joe Berlinger, que jamais
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dirigira um filme de ficção, ficcionaliza o tema do filme precedente (sendo por sua vez um documentário fictício de outro documentário fictício, então traduzido à inteira ficção), mas de um modo a mostrar - e aí está toda a relevância do filme - a confusão que vai se processando na mente das personagens, que passam a não mais distinguir entr entree ficç ficção ão e real realid idad ade. e. Conf Confusã usãoo essa essa a qu quee são são convi convida dados dos a part partic icip ipar ar os espectadores, a escolher as cenas do que é o real vista sob dois ângulos: o da mente das personagens (que seria, em princípio, a ficção - tanto das personagens como do próprio filme em si, dado que os espectadores vêem exatamente o que as personagens vêem) e as gravadas em câmeras de vigilância (que seriam, em princípio, o real - para as perso personag nagens ens tanto tanto quanto quanto para para os especta espectador dores) es).. Mas como como tudo se passa passa num ambiente ficcional - um filme de horror - a próprias câmeras de vigilância, parte integrante desse contexto, passam a sofrer da mesma síndrome da dúvida, aquela questão questão da verossimilhanç verossimilhançaa inerente inerente a toda obra de ficção. ficção. Ou seja, a qualidade qualidade do real própria às câmeras de vigilância, utilizadas como prova em processo judicial, menina dos olhos dos telejornais, a exibir imagens daquilo que aconteceu, daquilo que está acontecendo, nas imagens ao vivo, diretamente do palco dos acontecimentos, essa qualidade do real é posta em cheque. Afinal, qual o mais real? O que a mente vê? Ou o que a máquina vê? O que o olho humano vê, ou o que o olho da máquina vê?
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O noticiário policial da nossa sociedade pós-moderna nos tem dado conta de uma avalanche de crimes que eram exceção da exceção na cultura do século XX: filhos filhos que assassinam assassinam os pais, avós, e parentes parentes que os criam e vice-vers vice-versa. a. É que na pós-modernidade o lar é o primeiro ambiente, não mais do real, mas o lar é o primeiro ambi ambien ente te do ficc ficcio iona nal. l. A tele televi visã são, o, do no noti tici ciár ário io às tele telenov novel elas as,, passa passand ndoo pela pela publicidade, finalmente conseguiu impor-se à mente humana como algo mais real que a realidade, realidade, porque uma realidade realidade buscada, desejada por todos, aceita pela sociedade como o referencial máximo do ser social. Quem não está, por si ou seus protótipos, ou pelos bens que se agregam à personalidade (e esses merecem todo um capítulo à
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parte), na televisão primeiro (esta apenas porque o primeiro canal de veiculação social), em toda a mídia, em seguida, simplesmente não existe para a sociedade, e tudo o que a ele se refere refere é desimportan desimportante te no jogo social. social. Ou seja, quem não está na mídi mídiaa não está no mundo. Então, todo o processo de ficcionalização do humano e do seu espaço de vivenciação, que advêm dos processos de ideologização dos séculos anteriores até dese desemb mboc ocar ar em um umaa soci socied edad adee pó póss-mo mode dern rnaa plur plurii-id ideo eollog ogiizada zada,, com com os afrouxa afrouxamen mentos tos morais morais antes antes planta plantados dos na persona personalid lidade ade,, ainda ainda ideolo ideologic gicame amente nte decorrentes dessa pluralidade de “morais”, de “ideologias”, propicia uma pulverização de um sistema moral, em seus princípios básicos, comum a todas as sociedades anteriores. Se tudo é ideologia, se tudo é modo de pensar, se tudo é mídia, afinal onde pode encontrar-se o princípio de realidade senão no cadinho de ficções transmitidas pela mídia aos pontos centrais centrais do cérebro? E se na mídia tudo tudo aponta para o princípio do prazer inerente ao ficcional-ideologizado, dos filmes, telenovelas e chamamentos ao consumo, sempre em oposição ao princípio da dor inerente ao real-ideologizado, dos tele-jornais (pois todos sabemos que a notícia é sempre um prisma do fato) às misérias ainda presentes nos mesmos filmes, nas mesmas telenovelas, nos mesmos cham chamam amen ento toss ao consu consumo mo quand quandoo vist vistos os pelo pelo ângul ânguloo do doss qu quee vive vivem m um umaa vida vida mesquinha, de impossível comparação com os seres sorridentes da mídia e que afinal são mesmo tão reais. reais. O resultado resultado é que tudo tudo o que lá está está posto, de um modo modo ou de outro, seja ao formato-ficção, seja ao formato-realidade, visto sob a perspectiva de uma mente desideologizada, justamente pelo excesso de ideologização, acaba por tornar-se a única realidade, o referencial de todos, de todas as demais mentes com as quais interagem todos e cada qual dos indivíduos. Se o que não está na mídia não está no mundo, em tudo o que está, ficcionalmente posto, na mídia, se resume a única realidade tão palpável quanto possível. E a ficcionalização da vida social acaba por ocasionar a ficcionalização da vida individual. E a ficcionalização da própria vida é o maior crime que o humano comete contra a sua humanidade, contra a sua, tanto quanto legítima, vontade-de-poder. São as sombras de uma vida ficcional, lançadas sobre a claridade de uma vida natural, que escurecem os corações e mentes dos humanos, sejam os de vontade de poder a realizar, sejam os de vontade de poder em realização. E são essas mesmas sombras que confundem arte e vida ficcionalizada. ficcionalizada. Que fazem de todos artistas fictícios. Pois o humano, descomprometido com o fazer artístico, fazendo da arte meio de existir no real-ficcional, inverte o processo inerente a toda arte que é o de livrar-se, em seu fazer-se, das ficções ideologizadas das mídias de todo gênero, e a tal medida que cria - e sem criação não há nenhuma arte - de átomos a cosmos, uma abordagem da realidade para mais adiante, um conhecimento do humano e seu ambiente natural mais profundo e mais sofisticado. E nessa ficcionalização da realidade artística, em que todos refletem uma arte já posta e re-posta à exaustão, e a confundem com o simples ato de criação artística, a tal
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ponto de acreditarem-se artistas, a única chancela do que seja arte ou não desenfoca-se do ambiente artístico para o ambiente de mídia. E o próprio ambiente artístico, contaminado pelas necessidades da mídia, invadido pela barbárie do tudo-é-arte, acaba por por reso resolv lver er-s -see em nada nada é arte arte.. Exal Exalta tada da a form formaa conhe conheci cida da,, cont contra ra a essê essênc ncia ia desconhecida; privilegiada a copiação contra a criação; a novidade contra o novo; a fórmula (formato) contra a forma; enfim, todo o processo de criação artística contémse em “chips” e “softwares”, que pouco a pouco se transferem do modo de pensar da máquina ao modo de pensar humano pela mídia de uma cultura “formatizada” e formatizada pluri-ideológicamente pluri-ideológicamente segundo suas s uas plúrimas ficções plúrimas ficções.. Se as corredeiras corredeiras desse desse processo de ficcional ficcionalizaçã izaçãoo foram acelera aceleradas das numa cultura que mixou ideologias com realidades, a viagem psicodélica produzida pelas drog drogas as com com a viagem viagem psicológica psicológica produ produzi zida da pela pela publi publici cida dade de,, sua sua Igua Iguaçu çu é a dificuldade que uma civilização construída sobre os alicerces de uma vontade de poder (inerente à psique humana e ideologizada a partir de uma nobreza da dor) tem em promover a realização do princípio do prazer através de um mesmo processo de ideologização: a vontade de poder po der,, que na sociedade pós-moderna tudo ideologiza,que tudo ficcionaliza, acaba sendo ela mesma vítima das suas artimanhas, ideologizando se e ficcionalizando-se, contaminando o leito subterrâneo de seus nutrientes mais caros, o instinto da violência primeva antes de tudo. A mente humana, confundindo realidade ficcional (mental, psicológica) com realidade material (da physis), physis), a partir da cotidiana confusão entre real e ficcional por mentes infantilizadas pela egotrip das drogas ou pela egotrip das publicidades (do mero mero cons consum umoo de bens bens mu mult ltic icol olor orid idos os ao peri perigo goso so cons consum umoo de ideo ideolo logi gias as multifacetadas), acaba por praticar atos de violência real como se estivesse praticando atos de violência ficcional, um instantâneo da vida mental materializando-se materializando-se no realficcional ficcionalizado izado.. No instante instante seguinte, seguinte, porém, o real toma as rédeas do ficcional, ficcional, sem que a vida tenha making off e muito menos arquivo de cenas deletadas, como nos dvds... dvds... Esse processo de ficcionalização do real é talvez o maior desafio da pósmodernidade à mente humana, disparando um processo de desintegração física e psicológica sem precedentes precedentes nas histórias das barbáries de todo gênero. E se o núcleo dessas mazelas é mesmo a ficcionalização da realidade, talvez o único antídoto eficaz de superá-las seja o pensamento poético: pois a poesia, sendo fenômeno que a mente busca no além de si, a integrar-se com as verdades do universo infinito em que se inclui, jamais ficcionaliza jamais ficcionaliza.. A poesia, descortinando sem normatizar, normatizar, esclarecendo esclarecendo sem informar, supera a vontade dicotômica de poder e nos integra a todos no - tão infinito quanto natural - processo de caminhar para o além-do- ideológico e do ideologizável, para o além-do-fictício, para o além-do-ficcionalizado, além-do-ficcionalizado, para o além-do-ficionalizável. Se, de um lado, a pós-modernidad pós-modernidadee traz à tona a pluralidade pluralidade das vontades-de vontades-de- poder, poder, impostas impostas pelas pelas violências violências todas, tanto tanto físicas físicas (no material material)) quanto ideológicas ideológicas (no mental), mental), de outro - e pelos mesmos vieses vieses de pluralização pluralização mental - convida-nos convida-nos a
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todos buscar, no entendimento poético das realidades, material e mental, o animal poético que o humano é, que o além-do-humano ainda será.
* O homem é o lobo do homem
ccxcii ccxcii
Foto da capa: Pedro Lobo, 2001
Nietzsche havia retirado de Shopenhauer – e explorado filosoficamente – a idéia do mund mu ndoo como como vo vont ntad ade. e..... Mas Mas deix deixar araa o pessi pessimi mism smoo shope shopenh nhau auer eria iano, no, em suas suas profundezas, de lado... lado... Afinal, a concepção de um super-homem não se coaduna coaduna com uma idéia de limitação da plenitude... Mas Shopenhauer, quando anota a expressão homo homini lupus, não vê no “outro” o lobo, mas no próprio “eu” atormentado atormentado pelo pelo desejo, pela vontade vontade material... material... Bem ao contrário da noção anti-rousseauniana de Hobbes, para quem os Estados se criavam com a finalidade de prover o homem de segurança contra os avanços do “outro”, ambos naturalmente maus... A felicidade então, para Schopenhauer, aproxima-se da pregação oriental de superação do “eu”, o segundo caminho do Tao, a sublimação, o elevar-se acima dos desejos humanos...(e há bastante disso em Nietzsche, na concepção do super-homem...)...
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O pessimismo de Schopenhauer decorre da impossibilidade, como decorrência da civiliza civilização, ção, do humano sobrepujar sobrepujar o estado estado de material materialidade idade que o fizesse fizesse alcançar alcançar a plenitude... A pós-m pós-mod oder erni nida dade de reco recolo loca ca o prob proble lema ma scho schope penh nhau auer eria iano no na medi medida da em qu quee corresponde a uma ampliação dos espaços de atuação do “outro”...A um mesmo tempo em que as fronteiras de exercício individual são ampliadas, gerando, com isso, a necessidade de um esforço ainda maior de cuidados nas relações sociais... O “eu” torna-se objeto de opressão do “outro” de um modo nunca antes imaginado... Não tanto pelas ameaças de violência física, cuja ampliação ainda decorrem do mesmo estado estado,, mas mui muito to especi especialm alment entee pelas pelas possib possibili ilidad dades es concre concretas tas e cotidi cotidiana anass de violência psicológica, pela ampliação das fronteiras do “outro”, ainda mercê das desconstruções éticas e ideológicas, decorrentes da pós-modernidade... pós -modernidade... O “outro” “outro”,, na pós-moder pós-modernid nidade ade,, tornatorna-se se imprevis imprevisíve ível.. l.... Não há parâme parâmetro tro de comportamento – e, portanto, de segurança relacional – que possa assegurar – que embora ainda precária – a antiga via de diálogo entre mais ou menos iguais... A fragmentaç fragmentação ão comportame comportamental ntal que se segue à fragmentaç fragmentação ão moral (ideológica) (ideológica) ainda mais torna precário o equilíbrio das relações individuais na medida em que também essa fragmentação proporciona uma pluralização dos desejos na exata medida em que se amplia, por seu turno, o imaginário de cada um, o rol de possibilidades dos imaginários culturais e sociais em face da singularidade... O “eu” separou-se – parece que definitivamente – do “outro”... E a única precária precária via dialogal sustenta-se no relacionamento tribal ... ... Se considerarmos que a pós-modernidade ainda proporcionou uma ampliação, uma pluralização do “eu” – o “eu” se reconhece como “eus”; e ao “outro” sempre como “outros” – temos então que as preocupações de Schopenhauer – e ainda a síntese nietzscheana da vontade de poder e do super-homem – tornam-se ainda de muito maior complexidade... De um “outro”, lobo de um “eu”, de Hobbes, a justificar a perda de liberdade em prol dos ganhos da segurança, a um “eu”, lobo do “eu”, de Schopenhauer; a exigir a sublimação desse “eu” em direção a um “outro eu”, com que Nietzsche constrói seu super-homem, chega-se, na pós-modernidade, à constatação de que há muitos mais “eus” a superarem-se, e ainda tantos mais “outros” a temer... Na pós-modernidade o homem lobo do homem transforma-se em o homem alcatéia do homem... homem... Tanto no sentido hobbesiano da expressão, quanto – para ainda maior pessimismo – na concepção que q ue lhe atribui Schopenhauer... Talvez mesmo a pós-modernidade acabe por apontar que a expressão mais adequada aos tempos das neo-tribos seja...
...homo homini hyaena... 178
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A declaração de Michael Moore ganhador do Oscar 2003, na categoria melhor documentário, de que preferia o seu gênero à ficção, pontuando que de ficção se tratava a guerra dos EUA contra o Iraque, guerra fictícia, feita por um presidente fictício, por motivos fictícios, tem referências muito mais profundas do que notaram os comentaristas na imprensa mundial, que a receberam apenas como uma manifestação manifestação contra a guerra. A ficcionalização ficcionalização da realidade realidade é talvez o maior mal desse início de milênio pós-moderno. A mesma desatenção ocorreu na interpretação crítica de um filme que foi visto apenas como uma surpresa de bilheteria decorrente de um tipo novo de publicidade, a super divulgação boca a boca, hoje computador a computador pel pelaa malha alha sem peias peias da web. web. Trataata-sse de A Brux Bruxaa de Blair air , mu muit itoo especialmente A especialmente A Bruxa de Blair 2. 2. A primeira bruxa, um filme feito a custo de curta-documentário de estudantes, com técnica de documentário, com um tema de real realiz izaç ação ão de do docum cument entár ário io,, e um disc discur urso so narr narrat ativ ivoo de tele telejo jorn rnal al de programa programa sensaciona sensacionalist lista. a. A segunda segunda bruxa, não por acaso com direção direção de um diretor diretor de documentári documentários os que jamais jamais dirigira dirigira um filme filme de ficção, ficção, ficcionaliza ficcionaliza o tema do filme precedente (sendo por sua vez um documentário fictício de outro documentário fictício, então traduzido à inteira ficção), mas de um modo a mostrar - e aí está toda a relevância do filme - a confusão que vai se processando na mente das personagens, que passam a não mais distinguir entre ficção e realidade. Confusão essa a que são convidados a participar os espectadores, a escolher as cenas do que é o real vista sob dois ângulos: o da mente das personagens (que seria, em princípio, a ficção - tanto das personagens como do próprio filme em si, dado que os espectadores vêem exatamente o que as personagens vêem) e as gravadas em câmeras de vigilância (que seriam, em princípio, o real - para as personagens tanto quanto para os espectadores). espectadores). Mas como tudo se passa num ambiente ficcional - um filme de horror - a próprias câmeras de vigilância, parte integrante desse contexto, passam a sofrer da mesma mesma síndrome síndrome da dúvida, dúvida, aquela aquela questão questão da verossimi verossimilhança lhança inerente inerente a toda obra de ficção. ficção. Ou seja, a qualidade qualidade do real própria própria às câmeras de vigilância vigilância,, utilizadas como prova em processo judicial, menina dos olhos dos telejornais, a exibir exibir imagens imagens daquil daquiloo que aconte acontece ceu, u, daquil daquiloo que está está aconte acontecen cendo, do, nas imagens ao vivo, diretamente do palco dos acontecimentos, essa qualidade do real é posta em cheque. Afinal, qual o mais real? O que a mente vê? Ou o que a máquina vê? O que o olho humano vê, ou o que o olho da máquina vê?
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O noticiário policial da nossa sociedade pós-moderna nos tem dado conta de uma avalanche avalanche de crimes crimes que eram exceção da exceção na cultura cultura do século XX: filhos que assassinam assassinam os pais, pais, avós, e parentes que os criam e vice-versa. vice-versa. É que na pós-modernidade o lar é o primeiro ambiente, não mais do real, mas o lar é o primeiro ambiente do ficcional. A televisão, do noticiário às telenovelas, passando pela publicidade, finalmente conseguiu impor-se à mente humana como algo mais real que a realidade, porque uma realidade buscada, desejada por todos, aceita pela sociedade como o referencial máximo do ser social. Quem não est está, por si ou seus protótipos, os, ou pelos bens que se agregam à personalidade (e esses merecem todo um capítulo à parte), na televisão primeiro (esta apenas porque o primeiro canal de veiculação social), em toda a mídia, em seguida, simplesmente não existe para a sociedade, e tudo o que a ele se refere é desimportante no jogo social. Ou seja, quem não está na mídia não está no mundo. Então, todo o processo de ficcionalização do humano e do seu espaço de vivenciação, que advêm dos processos de ideologização dos séculos anteriores até desembocar em uma sociedade pós-moderna pluri-ideologizada, com os afrouxamentos morais antes plantados na personalidade, ainda ideologicamente decorr decorrent entes es dessa dessa plu plural ralida idade de de “morai “morais”, s”, de “ideol “ideologi ogias”, as”, propic propicia ia uma pulverização de um sistema moral, em seus princípios básicos, comum a todas as sociedades anteriores. Se tudo é ideologia, se tudo é modo de pensar, se tudo é mídia, afinal onde pode encontrar-se o princípio de realidade senão no cadinho de ficções transmitidas pela mídia aos pontos centrais do cérebro? cérebro? E se na mídia tudo aponta para o princípio do prazer inerente ao ficcional-ideologizado, dos film filmes es,, tele teleno nove vela lass e cham chamam amen ento toss ao cons consum umo, o, semp sempre re em op opos osiç ição ão ao princ princípi ípioo da dor ineren inerente te ao realreal-ide ideolo ologiz gizado ado,, dos tel tele-j e-jorn ornais ais (pois (pois tod todos os sabemos que a notícia é sempre um prisma do fato) às misérias ainda presentes nos mesmos filmes, nas mesmas telenovelas, nos mesmos chamamentos ao consumo quando vistos pelo ângulo dos que vivem uma vida mesquinha, de impossível comparação com os seres sorridentes da mídia e que afinal são mesmo tão reais. reais. O resultado é que tudo o que lá está está posto, de um modo ou de outro, seja ao formato-ficção, seja ao formato-realidade, visto sob a perspectiva de uma mente desideologizada, justamente pelo excesso de ideologização, acaba por tornar-se a única realidade, o referencial de todos, de todas as demais de mais mentes com as quais interagem todos e cada qual dos indivíduos. Se o que não está na mídia não está no mundo, em tudo o que está, ficcionalmente posto, na mídia, se resume a única realidade tão palpável quanto possível. E a ficcionalização da vida social acaba por ocasionar a ficcionalização da vida individual. E a ficcionalização da própria vida é o maior crime que o humano comete contra a sua humanidade, contra a sua, tanto quanto legítima, vontade-de-poder. 180
São as sombras de uma vida ficcional, lançadas sobre a claridade de uma vida natural, que escurecem os corações e mentes dos humanos, sejam os de vontade de poder a realizar, sejam os de vontade de poder em realização. E são essas mesmas sombras que confundem arte e vida ficcionalizada. ficcionalizada. Que fazem de todos artistas fictícios. Pois o humano, descomprometido com o fazer artístico, fazendo da arte meio de existir no real-ficcional, inverte o processo inerente a toda arte que é o de livrar-se, em seu fazer-se, das ficções ideologizadas das mídias de todo gênero, e a tal medida que cria - e sem criação não há nenhuma arte - de átomos a cosmos, uma abordagem da realidade para mais mais adia adiant nte, e, um conh conhec ecim imen ento to do human humanoo e seu seu ambi ambien ente te natu natura rall mais mais profundo e mais sofisticado. E nessa ficcionalização da realidade artística, em que todos refletem uma arte já posta e re-posta à exaustão, e a confundem com o simples ato de criação artística, a tal ponto de acreditarem-se artistas, a única chancela do que seja arte ou não desenfoca-se do ambiente artístico para o ambiente de mídia. E o próprio ambiente artístico, contaminado pelas necessidades da mídia, invadido pela barbárie do tudo-é-arte, acaba por resolver-se em nada é arte. Exaltada a forma conhecida, contra a essência desconhecida; privilegiada a copiação contra a criação; a novidade contra o novo; a fórmula (formato) contra a forma; enfim, todo o processo de criação artística contém-se em “chips” e “softwares”, que pouco a pouco se transferem do modo de pensar da máquina ao modo de pensar hum hu mano ano pela pela mí mídi diaa de um umaa cult cultur uraa “for “forma mati tiza zada da”” e form format atiz izad adaa plur pluriiideológicamente segundo suas plúrimas ficções plúrimas ficções.. Se as corred corredeir eiras as desse desse processo processo de ficci ficciona onaliz lizaçã açãoo foram foram aceleradas aceleradas numa numa cult cultur uraa qu quee mi mixo xouu ideo ideolo logi gias as com real realid idad ades es,, a viagem viagem psicodéli psicodélica ca produzida pelas drogas com a viagem psicológica produzida pela publicidade, sua Iguaçu é a dificuldade que uma civilização construída sobre os alicerces de uma vontade de poder (inerente à psique humana e ideologizada a partir de uma nobreza da dor) tem em promover a realização do princípio do prazer através de um mesmo processo de ideologização: a vontade de poder, que na sociedade pós-moderna tudo ideologiza,que tudo ficcionaliza, acaba sendo ela mesma vítim imaa da dass suas suas art artim iman anha hass, ideol deolog ogiizand zandoo-se se e ficciona ionallizan izando do-s -see contaminando o leito subterrâneo de seus nutrientes mais caros, o instinto da violência primeva antes de tudo. A mente humana, confundindo realidade ficcional (mental, psicológica) com realidade material (da physis), physis), a partir da cotidiana confusão entre real e ficcional por mentes infantilizadas pela egotrip das drogas ou pela egotrip das publicidades (do mero consumo de bens multicoloridos ao perigoso consumo de 181
ideologias multifacetadas), acaba por praticar atos de violência real como se estivesse estivesse praticando praticando atos de violência violência ficcional, ficcional, um instantâne instantâneoo da vida mental materiali materializandozando-se se no real-ficci real-ficcionali onalizado. zado. No instante instante seguint seguinte, e, porém, porém, o real real toma as rédeas do ficcional, sem que a vida tenha making off e muito menos arquivo de cenas deletadas... Esse processo processo de ficcionaliz ficcionalização ação do real é talvez talvez o maior desafio da pósmodernidade à mente humana, disparando um processo de desintegração física e psicológica sem precedentes precedentes nas histórias histórias das barbáries barbáries de todo gênero. E se o núcleo dessas mazelas é mesmo a ficcionalização da realidade, talvez o único antídoto eficaz de superá-las seja o pensamento poético: pois a poesia, sendo fenômeno que a mente busca no além de si, a integrar-se com as verdades do universo infinito em que se inclui, jamais ficcionaliza. ficcionaliza. A poesia, descortinando sem normatizar, esclarecendo sem informar, supera a vontade dicotômica de poder e nos integra a todos no - tão infinito quanto natural - processo de caminhar para o além-do- ideológico e do ideologizável, para o além-do-fictício, para o além-do-ficcionalizado, para o além-do-ficionalizável. Se, de um lado Se, lado,, a pó póss-mo mode dern rnid idad adee traz raz à tona tona a plur plural alid idad adee das das vontades-de-poder, impostas pelas violências todas, tanto físicas (no material) quan qu antto ideo ideollóg ógic icas as (no menta entall), de ou outr troo - e pelo peloss mesm esmos vies vieses es de pluralização mental - convida-nos a todos buscar, no entendimento poético das realidades, material e mental, o animal poético que o humano é, que o além-dohumano ainda será.
* O filósofo não tem idéias, o filósofo não produz ou vende idéias: o filósofo descortina a poesia do mundo. O cientista traduz a filosofia em ciência, o político traduz a filosofia em ideologia. Mas só o poeta é apto a compreender a filosofia, a descortinar a poesia na ciência e na política. Tanto quanto a sua ausência, as mazelas e misérias das idéias filosóficas. Se desde os pré-socráticos sempre coube aos poetas essa compreensão da filosofia, a pós-modernidade que desacredita sistemas filosóficos - obriga sermos todos poetas.
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* O Universo é feito de átomos. De cada conjunto de átomos. Cada átomo é núcleo do Universo. Cada grupo de átomos é núcleo de núcleos do Universo. O Universo é feito de infinitos núcleos. Por isso que o Universo é infinito em eterna contração, em eterna expansão. O Universo se contrai quando seus núcleos se anulam ou são anulados pelos demais. O Universo se expande quando seus núcleos se expandem expandem ou são expandidos pelos demais. Portanto, Portanto, a cada núcleo absorvido por cada núcleo conjunto de núcleos, o universo se contrai até à explosão, até à extinção de todo o conjunto de núcleos. E a cada núcleo aliado, sem se extinguir, à formação de conjunto nuclear de núcleos, o Universo se expande: assim as idéias, as matérias, o pensamento e a ação. Assim cada qual de nós, e nossos conjunto de núcleos, partícipes do mundo, somos Universo em expansão. A contração do Universo, assim tanto quanto do mundo, é voraz: a cada indivíduo perdido, a cada indivíduo que se cede ao conjunto de indivíduos desprezada a sua individualidade, mais se acelera a contração - até sua extinção total - de todo o mundo, tanto quanto de todo o Universo. Eros versus Thanatos, eis o que é o Juízo Final.
* Dante Alighieri é sem dúvida, um grande poeta. Ser um grande poeta perante a arte humana não é necessariamente um grande poeta perante a Poesia. Dante tinha o pecado do orgulho, de resto um pecado comum cultivado pelos florentinos. Mandar Sócrates para o inferno é o maior dos seus atos de orgulho. A inteligência é um dom de Deus. A busca da verdade é a busca de Deus. É a busca da Poesia. É verdade que Dante buscou a Poesia em sua Divina Comédia. Mas buscou-a a partir de catecismos que lhe eram anteriores. Sócrates buscou-a a partir de suas dúvidas. Dante parte de um conhecimento de Deus; Sócrates parte de uma dúvida de Deus. Se o conhecimento é limitado, por humano, qualquer conhecimento é orgulhoso; a dúvida é a busca humilde, de quem se sabe precário, de quem reconhece a verdade como algo que lhe é superior, como algo que está para além de suas humanas forças, como algo que necessita da participação de todos para encontra-la.
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* Primeiro, eu odiei o papel de vilão. E tudo fiz para fazer o papel de herói. E quanto mais eu fazia o papel de herói, mais eu era o vilão, e todos me apontavam os gestos: lá vai o vilão. A certa altura, desisti de fazer o herói, herói, quis ser o vilão. Ainda ouço os ecos das vozes lá fora: lá vai o herói. Depois que enjoei de ser herói ou vilão, me esqueceram: bom-dia, homem comum.
* A oposição conceitual entre Segurança e Liberdade, oposição acirrada pelas linhagens filosóficas herdadas de Hobbes e Rousseau, é falsa na medida em que sempre funciona a partir partir de oposições oposições políticas políticas e, portanto, portanto, ideológica. ideológica. Na Na pó póss-mo mode dern rnid idad ade, e, qu quan ando do a plur plural alid idad adee cult cultur ural al,, compo comport rtam amen enta tall po por r conseqüência, aponta no sentido da mais ampla liberdade individual, ao mesmo que mul multip tipli lica ca conflit conflitos os de int intere eresse ssess gerado geradores res de estados estados ind indivi ividuai duaiss de insegurança, essa oposição conceitual perde inteiramente sua razão de ser. ser. Segurança é condição de Liberdade. Sem estar, ou sentir-se seguro, a ninguém é dado o pleno exercício das suas faculdades e potencialidades que caracterizam o estado estado de liberdade individual. individual. Um novo conceito de Segurança implica necessariamente em pluralização de ambos os conceitos para além da per perve verrsa dico dicottom omiia qu que, e, afin afinal al,, mani aniqu queí eíza za situa ituaçõ ções es do mun undo do real eal submetendo-as aos ideologismos de plantão.
* Os conceitos ideológicos são “chips” nos cérebros informatizados de humanos-autômatos. Automatizados por uma cultura que veda o livre-pensar e o livre-existir a partir mesmo das mais comezinhas relações individuais.
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* Michel Foucault vislumbrou a importância dos conflitos de interesses nas relações pessoais, desde os núcleos mais primários da nossa existência, tentando elaborar uma microfísica do poder . Não progrediu muito: é que as relações de pod poder er na bas base cult cultur ural al,, po porr cot cotidian dianas as,, cos costum umam am ser mais ais fort ortes e intransponíveis que as de ordem macro-cultural.
* Uma vez instalados os chips conceituais, sejam de que natureza forem – arte e cultura – de um lado abre-se caminho para o preconceito e os falsos conflitos de interesses (conflitos ideológicos de interesses); de outro, submetemse as individualidades aos centros emissores de ideologias – mídia e hierarquia – cuja resistência pelo “sistema” mental do indivíduo é punida desde a cotidiana microfísica do poder – grupos familiares e comunitários – na medida em que os demais demais sistemas sistemas indi individuai viduaiss automatiza automatizados dos pelos respectivos respectivos “chips” “chips” reagem a todoo estran tod estranham hament entoo isolan isolando, do, ou mesmo mesmo agredi agredindo ndo,, físic físicaa ou moralm moralment ente, e, qual qu alqu quer er qu quee tente ente esca escapa parr aos aos mod odos os com compo porrtamen amenttais ais ou ment entais ais determinados pela equalização programada nos demais “chips”. As ideologias são passadas aos chips cerebrais pelos respectivos centros emis emisso sore ress tal tal qu qual al on onda dass de rádi rádioo são são emit emitid idas as aos resp respec ecti tivo voss apar aparel elho hoss receptores. Isso obriga os indivíduos a estarem sempre em dia com os centros emisso emissores res de ideolo ideologia gias, s, seja seja acompan acompanhan hando do as expres expressõe sõess de mí mídia dia,, seja seja cumprindo as emi emissões hierárquicas. Sem contar as periódicas desfragmentações e scandisks, scandisks, e mesmo os downloads necessários aos corretos setups e procedimentos – arte e cultura.
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O Diretor de Cinema é, no mundo pós-moderno que ora se inicia, o genuíno genuíno intelectual intelectual dessa era. Acabou-se Acabou-se o tempo dos bacharéis bacharéis e lite literatos ratos,, dos romancistas e filósofos. Senhores absolutos do Espírito Ficcional, mediador das relações psicológicas entre realidade e ficção, os diretores de cinema são os mentores, mestres e menestréis das coisas que são. São os que traduzem Arte e Cultura – das plásticas às falas, das engenharias às fotografias – em fatos. São os que filtram e distribuem ideologias – e as re-elaboram – tanto no sentido da manutenção como no da transformação dos pensamentos dominantes. Nenhum autor de ficções, em todos os séculos passados, teve à sua disposição tamanho apar aparat atoo artí artíst stic ico, o, cult cultur ural al e tecn tecnol ológ ógic icoo nem tant tantas as ment mental alid idade adess ao seu seu manuseio intelectual. Por tudo isso, os diretores de cinema vão se tornando, oráculos e profetas, os anunciadores e modeladores de futuros.
* Aceitação da antropofagia, realização pós-antropofágica, eis o que são os antropófagos eróticos.
* ...A palavra trieb, do alemão: vontade, com a qual Nietzsche construiu a sua tese do hu huma mano no como como vo vont ntad adee de po pode derr func funcio iona na,, espe especi cial alme ment ntee em meio meio à juventude, como similar para tesão... Em verdad verdade, e, a express expressão ão vontad vontadee de poder foi criada criada com essa conotação de tesão pelo poder... poder... Nietzsche a escolheu ainda com essa conotação erótica...
* ...Freud, do círculo de Nietzsche, desenvolveu toda a sua teoria da sexualidade, sua sua conc concep epçã çãoo de libi libido do e da sexu sexual alid idad adee como como fato fatorr dete determ rmin inan ante te do com compo port rtam ameento nto hu hum mano, ano, a par partir de um umaa feliz eliz com compree preens nsão ão da trieb nietzscheana...
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* ...Aquele que deseja mas não age, cultiva a peste... [William Blake] * Não me surp surprreend eende e que noss nosso o Senh Senho or Jesu Jesus s Cris Cristto apreciasse a companhia de pecadores e de prostitutas; depois de tudo, é justo o que me agrada também...
[Goethe]
* ...Só a poesia contém a chave libertadora das retrancas tanto da razão quanto da alma enquanto emanação da carne. E dos grilhões da matéria, principalmente. Na linguagem poética, todo o código erótico...
* ...A ...A estrada estrada do sofr sofrim imen ento to leva leva à escr escrav avid idão ão.. A estr estrad adaa do praz prazer er leva leva à libertação. Fazer Belo todo o prazer, eis nossa mais nobre missão...
* ...Um trope tropell de idéias idéias desor desorden denada adass ag agito itou-s u-se-l e-lhe he,, confun confundiu diu-se -se-lh -lhee no céreb cérebro ro excita excitado; do; o racioc raciocíni ínio o ausen ausentou tou-se -se,, vence venceu u o desej desejo, o, triun triunfou fou a sugestão da CARNE. Sentou-se rápido à beira da cama, sem largar a môça, puxou-a para si, cingiu-a ao peito, segurou-lhe a cabeça com a mão esquerda, e, nervoso, brutal brutal,, coloucolou-lhe lhe a bôca, bôca, na bôca, bôca, achato achatou u os seus seus bigode bigodess áspero áspeross de encontro aos lábios macios dela, bebeu-lhe a respiração. Lenita tomou-se de um sentimento inexplicável de terror, quis fugir, fêz um esfôrço violento para desenlaçar-se, desenlaçar-se, para soltar-se. Era Era o mêdo mêdo do ma mach cho, o, êsse êsse terr terrív ível el mêdo mêdo fisi fisiol ológ ógic ico o que, que, nos nos pródromos do primeiro coito, assalta tôda a mulher, a tôda fêmea.
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Baldado intento! Retinha-na os braços robustos de Barbosa: em suas faces, em seus olhos, em sua nuca os beijos dêle multiplicavam-se: êsses beijos ardentes, famintos, queimavam-lhe a epiderme, punham-lhe lava candente candente no sangue, flagelavam-lhe os nervos, torturavam-lhe a carne. Cada vez mais fora de si, mais atrevido, êle desceu à garganta, chegou aos aos seio seioss túmi túmido dos, s, duro duros, s, arfa arfant ntes es.. Oscu Osculo louu-os os,, beij beijou ou-o -os, s, a pr prin incí cípi pio o respeitoso, amedrontado, como quem comete um sacrilégio; depois insolente, lasc lasciv ivo, o, br brut utal al como como um sáti sátiro ro.. Cres Cresce cend ndo o em exal exalta taçã ção, o, chup chupou ou-o -os, s, mordicou-lhe os bicos arreitados. - Deixe-me! Deixe-me! Assim não quero! Implorava, resistia Lenita, com voz quebrada, ofegando, esforçando-se por escapar, e prêsa, todavia, de uma necessidade invencível de se dar, de se abandonar. De repen repente te fraque fraqueara aram-l m-lhe he as perna pernas, s, os braços braços desca descaíra íram-l m-lhe he ao longo do corpo, a cabeça pendeu-lhe, e ela deixou de resistir, entregou-se frouxa, mole, passiva. Barbosa ergueu-a nos braços possantes, pô-la na cama, deitou-se junto dela, apertou-a, cobriu-lhe os seios macios com o peito vasto, colou-lhe os lábios nos lábios. Ela deixava-o fazer, inconsciente, quase em delíquio, mal respondendo aos beijos frementes que a devoravam. E corria o tempo. Barbosa não podia prestar fé ao que se estava dando. Descre Descrent ntee de mulher mulheres es,, divorc divorciad iado o da sua, sua, ga gasto sto,, misant misantrop ropo, o, êle abandonara o mundo, retirara-se com seus livros, com seus instrumentos cien cientí tífi fico cos, s, pa para ra um reca recant nto o selv selvag agem em,, pa para ra uma uma faze fazend nda a do sert sertão ão.. Abandonara a sociedade, mudara de hábitos, só conservara, como relíquias do passado, o asseio, o culto do corpo, o apuro despretensioso do vestir. Levava a vida a estudar, a meditar: ia chegando ao quietismo, à paz de espírito de que fala Plauto, e que só se encontra no convívio sincero, sempre o mesmo, mesmo, dos livros, livros, no convívio convívio dos ausentes ausentes e dos mortos. mortos. E eis que a fatalidade das cousas lhe atira no meio do caminho u’a mulher virgem, môça, bela, inteligente, ilustrada, nobre, rica. E essa mulher apaixona-se por êle, êle, força-o força-o també também m a amá amá-la -la,, cativa cativa-o, -o, aniquil aniquila-o a-o.. Faz Faz mais: mais: contra contra a expectativa, tornando realidade o improvável, o absurdo, vem ao seu quarto, interromp interrompe-lh e-lhee o sono, entrega entrega-se-se-lhe... lhe... Êle a tem entre os seus braços, braços, lânguida, mole, reída de desejos; aperta-a, beija-a.. E...nada mais pode fazer! Não que o detenham preconceitos, receio de conseqüências; não tem preconceitos, já não receia conseqüências. O que que o det detém é um esg esgotam otamen entto nervo ervoso so de mom moment ento, uma uma impossibilidade física inesperada. i nesperada. Debalde procura na concentração da vontade o tom da fibra nervosa, o robustecimento robustecimento do organismo... Sente o ridículo da posição, desespera, tem as mãos frias, banha-se em suor suor,, cheg chega a a chor chorar ar.. Afas Afasto touu-se se de Leni Lenita ta,, deme dement ntad ado, o, louc louco, o, escalavrando escalavrando o peito com as unhas. - Não posso! não posso! exclamou, ululou desatinado. Deu-se uma inversão de papéis: em vista dessa frieza súbita, dêsse esmorecimento de carícias, cuja causa não podia compreender, nem sequer suspeitar;
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no furor do erotismo que a desnaturava, que a convertia em bacante impúdica, em fêmea corrida, Lenita agarrou-se a Barbosa, cingiu-o, enlaçou-o com os braços, com as pernas, como um polvo que aferra a preia; com a bôca aberta, arquejante, úmida, procurou-lh procurou-lhee a bôca; refinada instintivamente instintivamente em sensualidade, sensualidade, mordeu-lhe mordeu-lhe os lábios, beijou-lhe a superfície polida dos dentes, sugou-lhe a língua... E o prazer que ela sentia revelava-o na respiração açodada; no hálito curto, quente; era um prazer intenso; frenético, mas... sempre incompleto, falho.
Barbosa, arquejante, tinha ímpetos de levantar-se, de tomar uma pistola, de arrebentar o crânio. Pouco a pouco operou-se uma reação. Sentiu Barbosa que menos agitado lhe circulava o sangue, que um calor doce se lhe expandia pelos membros, que o desejo físico se despertava, despertava, dominante, imperativo. Recobrou-se de vez da passageira fraqueza, achou-se forte, potente, varão. Com ímpeto irresistível do macho em cio, mais ainda, do homem que se quer quer desf desfor orra rarr de uma uma debi debili lida dad de humi humilh lhos osa, a, reto retomo mou u o pa pape pell de atacante, estreitou a môça nos braços, afundou a cabeça na onda sedosa e perfumada de seus cabelos que se tinham soltado... - Lenita! - Barbosa! E um beijo vitorioso recalcou para a garganta o grito dorido da virgem que deixara de o ser...
Depois foi um tempestuar infrene, temulento, de carícias ferozes, em que os corpos se conchegavam, se fundiam, se unificavam; em que a carne entr entrav ava a pela pela carn carne; e; em que que frêm frêmit ito o resp respon ondi dia a a frêm frêmit ito, o, beijo beijo a beij beijo, o, dentada a dentada. Dêsse Dêsse marulhar marulhar orgânico orgânico escapava escapavam-se m-se pequenos pequenos gritos gritos sufocados sufocados,, gani ga nido doss de gôzo gôzo,, por por entr entree os esto estoss curt curtos os da dass resp respir iraç açõe õess cans cansad adas as,, ofegantes. Depois de um longo suspiro seguido de um longo silêncio. Depois a renovação, a recrudescência da luta, ardente, fogosa, bestial, insaciável. Pela frincha da janela esboçou-se um rastilho de luz tênue...
[Júlio Ribeiro]
* Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
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Se não perder a vista só com vê-los, Já não paga o que deve a vosso gesto. Este me parecia preço honesto; Mas eu, por de vantagem merecê-los, Dei mais a vida e alma por querê-los, Donde já me não fica mais de resto. Assi que alma, que vida, que esperança, E que quanto for meu, é tudo vosso; Mas de tudo o interesse eu só o levo;
Porque é tamanha bem-aventurança O dar-vos quanto tenho e quanto posso, Que quanto mais vos pago, mais vos devo.... [Luis de Camões]
* ...Na Grécia Antiga, o prazer, o desejo, eram atributos naturais do indivíduo, para cujo gôzo deviam todos adestrarem-se, educarem-se, como parte da paidéia (a educação do homem ho mem grego)... ...Na Roma Clássica, sociedade que privilegiava o Estado sobre os indivíduos, o Império Romano como condição e medida dos seus cidadãos, o prazer é visto como inimigo perigoso, que afasta o homem do reto caminho...
...O prazer habitualmente habitu almente se esconde esconde e procura procura as trevas, t revas, fica nas vizinhanças das casas de banho, das saunas e dos lugares que temem a polícia; polícia; é mole, não tem força, força, é úmido de vinhos e perfumes, pálido ou pintado, 190
embalsamado com ungüentos como um cadáver. (Sêneca) ...pois o prazer erótico é o inimigo nº 1 de toda sociedade organizada com base na obediência dos indivíduos aos poderes constituídos desde o Estado às microorganismos sociais... Quem ama desobedece, infringe, desconsidera qualquer regra que o afasta do objeto do seu desejo...
* ...para chegar ao fundo do êxtase em cujo gozo nos perdemos devemos sempre identificar seu limite imediato: o horror. Não só a dor dor dos outros ou a minha própria própria dor, se aproximando do momento em que o horror me inundará, podem permitir-me alcançar um estado de felicidade beirando o delírio, como também não existe nenhuma forma de repugnância em que eu não consiga discernir uma afinidade afinidade com o desejo. Isso não significa que o horror se confunda sempre com a atração, mas, se não consegue inibi-lo, destruí-lo, o horror fortalece o desejo. O perigo paralisa, mas, se não for excessivamente forte, pode excitar o desejo. Só alcançamos o êxtase na perspectiva – mesmo que longínqua – da morte, daquilo que nos destrói...
[georges bataille] *
...Ninguém chega ao fim da vida sem ter visto indeferida mais da metade dos seus desejos. [do Talmude]...
* ...Tudo que foi um desejo torna-se um fato – mas quando não mais o desejamos. [Proust]...
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* ...é imoral pretender que uma coisa desejada se realize magicamente, simplesmente porque a desejamos. Só é moral o desejo acompanhado da severa vontade de prover os meios de sua execução. [Ortega y Gasset]
* ... Todas Todas as coisas que mais desejo, que mais se agitam dentro de mim, todas as coisas que eu mais desejo são tão esquivas que quando as vejo estão no fim.
[Gilberto Mendonça Teles] * ...E assim, baqueio do desejo ao gozo, E no gozo arfo, a ansiar pelo desejo. [Goethe]
* ...Il commence bien à mourir qui abandonne son désir [1611)
* ...Não deixes de colher os frutos Que a vida te oferece. Corre A todos os festins e escolhe As copas que forem maiores. Não creias que Deus leve em conta Os nossos vícios e virtudes. Nunca desprezes qualquer coisa Que te possa fazer feliz...
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[Omar Khayyam]
* ...Todo ...Todo aprendizado parte do desejo, do interesse específico de cada um... ...É a partir do interesse lúdico numa certa atividade que se pode desenvolver todo aprendizado, aprendizado, toda educação. O atual sistema sistema educacional parte parte do aprendizado do rebanho, como um todo, sem se importar com a evolução dos desejos e interesses dos educandos... ...De uma prancha de surf, dos interesses de um surfista, de sua atividade lúdica em surfar, se pode desenvolver um aprendizado tão largo que se pode alcançar o conhecimento de anatomia e medicina, por exemplo, a partir de um interesse progressivo no funcionamento do corpo que surfa... Na pós-modernidade vai-se compreendendo que sem amor e desejo não há prazer prazer,, e sem prazer não há interesse. interesse. Interesse Interesse é o material básico com que se faz a ponte para o conhecimento. É no genuíno interesse que se manifesta o dom em cada um de nós. As organizações sociais promovem constantemente falsos interesses, assassinando os dons individuais. Na pós-modernidade que ainda dá seus primeiros passos vai-se compreendendo que parceria sexual, poder pol polít ític ico, o, dinh dinhei eiro ro,, suce sucess sso, o, aind aindaa não não resu result ltam am do fiel fiel exer exercí cíci cioo do doss dons dons individuais...
* Quando a sociedade humana puder organizar-se, na pluralidade que a pós pós-m -mode odern rnid idad adee prom promet ete, e, a part partir ir do doss sons sons (don (dons) s) de cada cada um do doss seus seus indivíduos, seus respectivos ritmos e melodias, promovendo apenas que fluam em harmonia, aí sim, a Terra Terra será Música das Esferas...
* ...O desejo é a mola da razão...
* ...O tipo e o grau da sexualidade de um homem atingem os cumes mais altos do seu espírito... 193
...O que se faz por amor sempre acontece além do bem e do mal ... ...A satisfação nos protege até mesmo de resfriados. Uma mulher que se sabe bem vestida se resfria alguma vez?... ...Eu não creio em um Deus que não dança... [Nietzsche]
* ...Quando um homem não pode mais amar e não pode mais sentir e o desejo definhou e o coração está dormente então tudo o que ele pode fazer é dizer: Assim é Tenho que agüentar isso e esperar Isso é uma pausa, quão longa não sei, no meu próprio ser... [D.H.Lawrence]
* ...o entendimento humano muito deve às paixões... é pela sua atividade que nossa razão se aperfeiçoa; só procuramos conhecer porque desejamos usufruir... e é impossível conceber porque aquele que não tem desejos ou temores dar-se-ia ao trabalho de raciocinar...[Rousseau]
* O mistério da sexualidade é um grão de poeira cósmica perante o mistério do Amor. Assim está inscrito nO Sorriso de de Eros...
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* ...E, no entanto, o pós-modernismo gera a possibilidade de um encontro plural de culturas, de modo que seja o planeta integrado na pluralidade de raças, credos, éticas, estéticas, economias, e assim por diante... Que por sua vez gera uma globalização globalização pósmoderna, e não essa, ainda só moderna, moderna, que anda pelos congressos, tanto à esquerda quanto à direita... Causando todo tipo de desintegração, justamente porque é ainda difícil difícil livrar-se livrar-se a cultura cultura dessas dessas perspectiv perspectivas as unitárias, unitárias, maniqueístas maniqueístas,, ideologiza ideologizadas, das, enquanto o mundo real, já fragmentado, em que nos reconhecemos, nos flagrando ao mesmo tempo enquanto pessoas pluralizadas, em situações de variedade muitas vezes de natureza (vistas "unitariamente"), contraditórias, mesmo paradoxais...
Capa: Marta Strauch c/ ilustração de Gustave Doré, 1997
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Para um projeto projeto saudável, pós-moderno, de globalização globalização não pode permanecer intacto intacto o processo maniqueísta do contra ou a favor em blocos... blocos... Em blocos blocos unitários, unitários, dialetic dialeticament amentee organizados, organizados, ideologiza ideologizados, dos, aos velhos absolutos absolutos hegelianos... hegelianos... Essa dialética não existe como realidade do mundo, senão s enão como apreensão fetichizada desse mesmo mundo... Deus e o Diabo na Terra do Sol não se nos apresentam senão em frag fragme ment ntos os espa espalh lhad ados os...... Nas Nas cult cultur uras as peri perifé féri rica cas, s, em acel aceler erad adoo proce processo sso de pulverização... O dito popular de que o diabo mora nos detalhesccxciv, repete uma noção ancestral ligada à organização do poder, poder, que identifica a fragmentação com O Mal... O mundo da natureza, natureza, plural plural e isento isento de éti ética, ca, é, nesse nesse concei conceito, to, O Mal Mal... ... Por isso, a teoria teoria unitária do mundo ainda caminha por aí, desde quando se impunha a necessidade de uma ação "celestial", O Um, O Bem, na cultura, a fim de que o estado de natureza fosse superado...
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As relações entre o pluralismo fragmentário e o Absoluto se resolvem mais ou menos como a parábola dos Evangelhos: trata-se de dar a césar o que é de césar, e a Deus o que é de Deus... No pensamento oriental esse confronto confronto não ocorre... Há a idéia de Unidade, Unidade, o Tao Tao ccxcv, mas essa unidade é tão distante quanto inaccessível delineá-la senão como ação cosmogâmica, tão tão invisível e tão fundamental fundamental como o ar que respiramos... E tão Ética quanto a Crítica da Razão Prática de Kant... ccxcvi
* Anda Anda ocor ocorre rend ndoo um comb combat atee terr terrív ível el,, fero ferozz entr entree um umaa Nova Nova Orde Ordem m Cult Cultur ural al e especialm especialmente ente Econômica Econômica (fragmentá (fragmentária, ria, pós-moderna, pós-moderna, desideolog desideologizada izada,, plural, plural, de natureza grega) e um umaa Velha elha Orde Ordem m (ide (ideol ologi ogiza zada da,, uni unitá tári ria, a, aind aindaa "m "mode odern rna" a",, hierarquizada, de natureza romana)... As guerras, na pós-modernidade, estão sendo transferidas para o interior da sociedade civi civil, l, para para o coti cotidi dian anoo das das pess pessoa oas, s, em qu que, e, inde indepe pend nden ente teme ment ntee das das razõ razões es,, motivações, ideologias, individuais ou coletivas, cada indivíduo (sem distinção de qualquer natureza) encontra-se no front no front ... ... Bem ao contrário das antigas guerras feitas entre Estados-Na Estados-Nações, ções, com seus generais generais e soldados... soldados... Onde cada soldado soldado do lado contrário encontra-se placidamente sentado na poltrona poltrona ao lado... Onde já não importa tanto se luta por uma causa ou pelo automóvel... Gonç Gonçal alve vess Di Dias as nunca nunca foi foi tão tão atua atual, l, ness nessee temp tempoo das das tribos: tribos: Não chores, meu filho/Não chores que a vida/É luta renhida/Viver renhida/Viver é lutar... Aliás, esse é um dos fortes indicadores de que a pós-modernidade não é projeto ou mode mo delo lo,, mas mas um fato quee vem vem se proc proceessan ssando do na soc socieda iedade de e na cult ultura ura ato qu independentemente de chef-d’écoles... chef-d’écoles... Há símbolo mais dramático aos escuros da pós-modernidade – do seu processo de descon desconstr struçã uçãoo – qu quee a trag tragéd édia ia do World orld Trade rade Cent Center er?. ?..... Os mo mono noli lito toss da Univocidade desabando pela ação fragmentária de um punhado de suicidas, mesmo em nome de uma outra univocidade, de uma das fragmentadas tribos em que se divide sua frag fragme ment ntad adaa reli religi gião ão?. ?..... E qu quee ironi ironiaa a reta retali liaç ação ão ser ser feit feitaa com com bo bomba mbass de fragmentação... fragmentação... Nosso atraso em perceber esse fenômeno, em todas as áreas da arte, do pensamento e do conhecimento, certamente nos tem levado ao atraso em resolver os conflitos dele decorrentes... Corremos cotidianamente o risco de estarmos produzindo (salvo a produção isolada de indivíduos alheios aos Sistemas de Saber Institucionalizado), arte e conhecimento
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tidos como verdades estabelecidas, de rápido e inevitável desaparecimento... De nossas soluções teóricas todas estarem sendo superadas na medida mesmo da sua produção... Na pós-modernidade não se trata mais de substituir ideologias por outras, mas de criar este esteti tica came ment ntee com com as esté estéti tica cass toda todass que aí estã estão, o, po post stas as ao longo longo de toda todass as hist histór ória ias. s..... Gara Garant ntin indodo-no noss a sobr sobrev eviv ivên ênci ciaa de toda todas, s, incl inclus usiv ivee as de natu nature reza za "unitária", autoritária, esvaziando-se dela, por simples contraposições fragmentaristas, o seu autoritarismo ainda presunçoso e pretensioso...
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Autoritarismo esse que, poder pretensioso em globalizar-se, vai apagando da mente humana, em escala global – esse o perigo de todos os perigos da pós-modernidade e suas suas frag fragme ment ntaç açõe õess – pelo pelo abuso abuso im imag agét étic icoo das das mídias de todo todo gêne gênero ro,, pela pela informatização social tendo como únicos parâmetros lucro & poder, filhos bastardos da vontade de poder, vai apagando da mente humana, por um processo de clonagem ment mental al,, a capa capaci cida dade de de raci racioc ocín ínio io e de arti articu cula laçã çãoo lógi lógica ca do mu mund ndoo e, po por r induzimento e estabulamento, estabulamento, a capacidade de livre imaginação. imaginação. É falso, pois, afirmar que a contrapartida para o aniquilamento da capacidade de pensar em bilhões de seres humanos seja a ampliação da capacidade de imaginar: se é verdade, como afirmou Vico em Scienza Nuova, Nuova, que a imaginação é tanto mais forte quanto mais fraco for o uso da razão, razão, a ausência absoluta de pensamento lógico só pode conduzir à ausência absoluta de poder imaginativo na medida em que ambos partem de uma fonte comum: a inteligência humana em sua movimentação dialética.
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E se, ainda com Vico, a arte poética trabalha com sentimentos e paixões, distante das refl reflexõ exões, es, racioc raciocíni ínios os e pensame pensamento ntoss constr construíd uídos os log logica icamen mente teccxcviii , impedidos paulatinamente, pela soberba da máquina, de pensar , só nos resta a nós humanos que não deserdamos da humanidade, dois caminhos: aceitar sem medo os muitos modos da pós-modernidade, lendo e montando esses legos, legos, na articulação lógica do que se tem a articular... ...e ampliar o mais que possamos os espaços poéticos oferecidos pela livre imaginação. Pois a Poesia sempre será a condição primeira de toda humanidade, fonte primeira de toda a nossa liberdade.
Supondo que há ouvidos para ouvir, que há homens capazes e dignos de um pathos igual ao nosso, e que não faltam seres a quem tudo isto se possa comunicar. O meu Zarat Zaratus ustra tra,, por por ex exem empl plo, o, está está hoje hoje ainda ainda busca buscand ndo o tais tais homens; ah!, terá ainda que buscá-los muito tempo! Requer- se valo valorr bast bastan ante te para para sabe saberr ouvi ouvir. r. Até Até entã então o ning ningué uém m haverá cap capaz de compree reender a arte que nesse liv livro abundantemente empreguei: ninguém pôde jamais ser tão pró pródig digo o em recu recurso rsoss artí artísti sticos cos novo novos, s, inédi inédito tos, s, criad criados os expressamente... Ignorava-se antes de mim do que era capaz a língua (...), do que era capaz, de maneira geral, a linguagem. A arte do grande ritmo, o grande estilo do discurso para exprimir os intentos altos e baixos das paixões sublimes e sobre-humanas, fui eu quem os descobriu; com um ditira ditiramb mbo, o, como como aque aquele le do terce terceiro iro Zara Zaratu tustr stra, a, Os Sete Sete Selos, voei mil vezes mais alto que tudo quanto até hoje se chamou poesia...ccxcix
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T entei entei escrever o PARAÍSO Não se mova Deixe falar o vento esse é o paraíso
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Uma pena que os poetas hajam usado o símbolo e a metáfora e ninguém aprendesse nada com eles por seu falar em figuras.
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[In] Conclusão: Como os leitores hão de ter reparado, inúmeros textos e imagens haviam de ter presença obrigatória no contexto dessa Dissertação; no entanto, dados os prazos acadêmicos, será sempre impossível proceder a um completo diálogo, diálogo, necessariamente tão honesto quanto sereno e profícuo, com todos os textos que tanta afinidade encerram com as perspectivas teóricas aqui colocadas... A par de uma necessária articulação estética, pesou também, na decisão de deixar para outr ou traa op oport ortun unid idad adee um sem sem nú núme mero ro dess desses es diálogos, diálogos, cole coleta tado doss em pesqu pesquis isas as e reflexões ao longo do curso de Mestrado, o fato de ainda não estarem, alguns deles, inteiramente amadurecidos para o autor destes Fragmentos – talvez apareçam em meio aos aos esbo esboço çoss teór teóric icos os de um umaa futu futura ra tese tese de do dout utor oram amen ento to,, talv talvez ez em fasc fascíc ícul ulos os específicos – bem como o fato de que as propostas dessa Dissertação, de natureza estético-literária, não pretendem esgotar a coleta de elementos para uma poética da pós-modernidade – aliás, por si só inesgotável – pois, sobretudo, tinham por escopo maior a apresentação de uma estética textual compatível com o material coletado, adequada ao fenômeno da pós-modernidade. Ou seja: para um fenômeno polifônico uma estética da polifonia – isso foi o que mais se pretendeu apresentar... apresentar... De outro lado, como já ficou claro, com o apoio de Aira, a dissertação alinha-se com a perspectiva de que o texto, ainda mais quando contextual, é texto em construção... construção...
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A identidade dessas contextualizações com a interdisciplinaridade dá-lhe o caráter teórico do que vem se chamando Teoria (Theory) – (Theory) – que para a Dissertação é nada mais nada menos que Teoria Literária como, e para dizer o mínimo, articuladora das demais ciências humanas – Disciplina Sem Disciplina, Disciplina, nos moldes estabelecidos em texto de Culler Culler,, apresentado apresentado pela Professora Professora Heidrun Krieger Krieger Olinto... Olinto... E, tal qual ali em boa hora apresentado, necessariamente endless... endless... Deve Deve-se -se tamb também ém aler alerta tarr qu quee o auto autorr bu busc scou ou priv privil ileg egia iarr os diál diálogo ogoss havi havido doss no transcorrer do seu curso de Mestrado, desde os ensinamentos e pesquisas havidos: com o Professor Gilberto Mendonça Teles sobre Gêneros Literários, Dialogismo, Poética Grega, Modernismo e Vanguardas Literárias; com a Professora Eliana Yunes, sobre Teoria da Leitura, Cinema, e Imaginário, aos seus métodos socráticos de lecionar; sobre Antropologia Cultural e Modernismo, com os Professores Júlio Diniz e Santuza Naves; com a Professora Pina Coco, sobre a vida e a obra de Qorpo-Santo; bem como sobre sobre Interd Interdisc iscipl iplina inarid ridade ade,, WebLit ebLitera eratur turaa e Pós-Mo Pós-Moder dernid nidade ade com o Profess Professor or Reinaldo Laddaga... Também foram privilegiadas privilegiadas algumas questões objeto de trocas teóricas havidas com os meus colegas de Pós-Graduação, especialmente quanto às minhas propostas fragmentaristas: Érico Braga Barbosa Lima, Henrique Rodrigues, Roberto Azoubel e José Francisco da Gama e Silva... Pois se nenhuma pretensão de fazer-se vanguarda, se nenhuma aleivosia de fazer-se arauto arauto ou intérprete intérprete da pós-modernida pós-modernidade, de, o texto texto dissertati dissertativo vo buscou manter-se manter-se fiel à convicção de uma linha teórica que admite os muitos modos de saber, na mais pura tentativa de aproximação poética de um fenômeno que, e disto inteiramente consciente este autor, por tudo o que restou comprovado em texto/contexto, só admite a estética, o dis-cursus [no sentido que lhe deu Barthes em seus Fragmentos De Um Discurso Amoroso] poético Amoroso] poético que adotou... Quan Quanto to à esté estéti tica ca po poét étic ica, a, na busca busca de sere serem m tamb também ém este estess todo todoss frag fragme ment ntos os,, fragmentos de um polifônico discurso amoroso (por isso mesmo sempre exposto ao risco das críticas hieráticas), é que este autor espera ter reservado para si, ainda que menor, algum mérito eventual... A rigor a rigor, a Dissertação não trabalha propriamente com a noção tradicional de autoria, autoria, outra das concepções concepções desconstruídas pela pós-modernidade, aproximando-se levemente, mantidas todas as distâncias e cautelas, do que apontam tanto Vilém Flusser quanto os adeptos do Dogma, a escola escandinava de cinema que não credita os seus diretores... Sem sentir-se habilitado, nem animado, a proposições tais que essas, o autor da Dissertação considera-se, e a todos os que trabalham com textualizações do gênero, um poiético, poiético, compreendido o conceito na pluralidade polifônica do teórico e do poético, em engenho e arte, em ética e estética, como arranjador , ou o u articulador , das múltiplas vozes poiéticas vozes poiéticas que lhe foi dado perceber...
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…to be continued secula seculorem…
Eis a Poiética!
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NOTAS:
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Friedrich Nietzsche, 1872/2000: Cinco prefácios para cinco livros não escritos, em livre (pouca) adaptação. Essa previsão científica vai ao encontro da ficção, tanto nos disquetes de aprendizagem de Matrix, o filme, quanto no super-homem de Nietzsche: Nietzsche: Implantes neurais oferecerão aumento de memória e pacotes de informações completos, como um idioma inteiro ou o conteúdo deste livro apreendido em minutos. Tais seres humanos se parecerão pouco conosco.[Stephen conosco.[Stephen Hawking, O Universo Numa Casca de Noz, Noz, 2001: 167.]. iii Personagem Darth Vader, de Guerra nas Estrelas, Estrelas, filme de George Lucas, 1977. Interessante notar que essa personagem, comandante de robôs, representa o Império, traduzindo o aspecto escuro da força unívoca, sistêica e organizadora dos totalitarismos mecanicistas. iv Karl Marx/Friedrich Engels, Manifesto Comunista,1848/1977:24. Comunista,1848/1977:24. v Herbert Marcuse, O Fim da Utopia, Utopia, 1969: 13. vi Da canção World Without Love, de Johm Lennon&Paul MacCartney (v. Signografia), interpretada originalmente por Peter & Gordon, nos anos 60 com grande sucesso. vii V. Popper, K.R., Conjecturas e Refutações (O Progresso Progresso do Conhecimento Científico), 1963/ 1972: 394. viii Karl Raimund Popper, A Popper, A Sociedade Aberta E Seus Inimigos. Inimigos. 1945/1974: 279. ix Karl Raimund Popper, A Popper, A Miséria do Historicismo, 1957/1980: 35/43. x Nikolai Lápine, O Jovem Marx, 1983: 49. xi Vladimir Ilitch Ulianov, dito Lênin, O Estado e A Revolução, 1918/1979: 291. xii Eric A. Havelock, A Havelock, A Revolução da Escrita na Grécia, 1982/1996: 16/17. xiii Paulo Bauler (lírica)&Reinaldo Vargas Vargas (música), 1999. Partitura elaborada por Rodolpho da Silva. xiv Roberto Machado, Zaratrusta, Machado, Zaratrusta, tragédia nietzschiana, nietzschiana , 1997: 23/4. xv Friedrich Nietzsche, Ecce-homo Nietzsche, Ecce-homo,, 1888/1ªed.1908/1979:121. xvi Roberto Machado, Zaratrusta, Machado, Zaratrusta, tragédia nietzschiana, nietzschiana , 1997: 25. xvii Roberto Machado, Zaratrusta, Machado, Zaratrusta, tragédia nietzschiana, nietzschiana , 1997:25/6. xviii Ver as óperas-rock: Godspell , filme de David Greene (direção) com roteiro dele com John-Michael Tebelak, Tebelak, música e letras de Stephen Stephen Schwartz, Schwartz, 1973; Jesus 1973; Jesus Cristo Superstar , filme com direção Norman Jewison e Robert Stigwood, com roteiro de Melvyn Bragg e Norman Jewison, a partir do livro homônimo de Tim Rice, com música de Andrew Lloyd Webber e lírica de Tim Rice, 1973; e Hair , filme de Milos Forman (direção), (direção), com roteiro roteiro de Michael Weller Weller,, numa adaptação da peça homônima de Gerome Ragni e James Rado, com música de Galt MacDermont, 1979. xix O homem por primeiro constrói o ficcional o ficcional que que se faz sua realidade primeira; só depois é que constrói o real, que se faz sua ficção última: Como os primeiros motivos que fizeram o homem falar foram paixões, suas primeiras expressões foram tropos. A primeira a nascer foi a linguagem figurada e o sentido próprio foi encontrado por último. Só se chamaram as cousas pelos seus verdadeiros verdadeiros nomes quando foram vistas sob sua forma verdadeira. A verdadeira. A princípio só se falou pela poesia, só muito m uito tempo depois é que se tratou de raciocinar. [Jean-Jacques Rousseau, Ensaio Rousseau, Ensaio sobre a origem das línguas, línguas, 1781/1962: 434. (grifei) xx Érico Braga Barbosa Lima, Em Lima, Em Busca do Abstrato (Bachelard), 15.08.97. xxi Clifford Geertz, A Geertz, A Interpretação das Culturas, 1989: 25. xxii Fernando Pessoa, O Guardador de Rebanhos, Rebanhos, 1912 /1977: 204. xxiii Friedrich von Hardenberg, dito Novalis, Fragmentos Novalis, Fragmentos de Novalis,1992:69 xxiv Paulo Leminski, Metamorfose, Metamorfose, uma viagem pelo imaginário grego, grego, 1998:59. xxv Katia Muricy, Os Olhos do Poder, in O Olhar, 1988/2000: 1988/2000: 482/5. xxvi James Clifford, A Clifford, A Experiência Etnográfica – Antropologia e Literatura no século XX, 1998:166. xxvii Cena de Superman, o filme,de filme,de Richard Donner (direção) & Mario Puzo (argumento e roteiro) e David Newman, Leslie Newman e Robert Benton (roteiro), 1978. xxviii Friedrich Nietzsche, Ecce-homo Nietzsche, Ecce-homo,, 1888/1ªed.1908/1979:76. xxix Friedrich Schlegel, Conversa Sobre A Poesia e Outros Fragmentos, Fragmentos, 1800 /1994:91. xxx Sem indicação de capista xxxi O que levou alguns a acreditar numa linguagem só imagética como capaz de superar a Babel: Multiplicidade das línguas, unicidade da linguagem cinematográfica – O fato da língua é múltiplo por definição: existe um grande número de línguas diferentes. Se os filmes filmes podem variar consideravelmente de um país para outro, em função das diferenças diferenças socioculturais de representação, representação, não existe, todavia, linguagem cinematográfica própria a uma comunidade cultural. É o motivo pelo qual o tema de “esperanto visual” se desenvolveu, principalmente na época do cinema mudo... [ Michel Marie, Cinema e Linguagem, in A Estética do Filme, Filme, Jacques Aumont e outros, 1995: 177.]. Mas, é claro, assim como o cinema mudo precisou mudo precisou da palavra, tal esperanto não seria uma linguagem de surdos... xxxii Tal como nesse diálogo do filme Mulholland Falls (O preço da traição), de Lee Tamahori (direção), Pete Dexter (roteiro e história) e Floyd Mutrux (história), de 1996: ii
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Sabia que o átomo é , acima de tudo, espaço vazio? Nunca pensei nisso. ...Quase totalmente vazio, com minúsculos fragmentos de matéria. ...Já que o Universo é feito de átomos, tudo o que vemos e tocamos, o chão sob os nossos pés... é feito quase totalmente de espaço vazio. Só não afundamos nele porque as partículas de matéria giram a tal velocidade...que dão a impressão de solidez. Na verdade, o chão está girando...bem embaixo dos nossos pés. Está sentindo? - Então não passamos de espaço vazio. - Exato! E essas minúsculas partículas de matéria...tão pequenas que ninguém jamais as viu...jamais...contêm energia bastante...para destruir esta casa, uma cidade inteira...todos os habitantes da Terra... (Fiel reprodução das legendas cuja autoria, aliás, não costuma ser creditada pelas empresas responsáveis. O que vem a ser inexcusável, especialmente se levarmos em consideração a generosidade com que os filmes creditam todos os que concorreram para a realização da obra de arte cinematográfica). xxxiii Marilena Chauí, Introdução Chauí, Introdução À História da Filosofia 1 – Dos Pré-Socráticos A Aristóteles Aristóteles,, 2002: 121. xxxiv V. Jacques Monod, O acaso e a necessidade, necessidade, 1976. xxxv Gilberto Mendonça Teles, 1978, 38. xxxvi Ver Henry Bergson, La Bergson, La Evolución Creadora [1907], apud T apud Teofilo Urdanoz, OP, Historia de la Filosofia, 1978. xxxvii Para o aprofundamento dessa identidade entre pensamento poético e imaginação ver João Ricardo Moderno, Estética da Contradição, 1997, págs. 132 e segs. xxxviii Salman Rushdie, Os Versos Satânicos, Satânicos, 1998: contra-capa. xxxix Sem indicação de capista. xl Ver a inscrição grega do seu nome na capa. O alfabeto grego arcaico não possuia o “c”, com duplo som; tinha o “k” (kapa) e o “s” (sigma). A “tradução” muito provavelmente vem da mesma fonte Imperial que se faz em Portugal; Portugal; o que faz pensar que o português talvez seja a mais romana das línguas... Língua e Império da Univocidade... Univocidade... Daí porque o brasileiro vem, com seus muitos modos de soar os múltiplos sons da nossa terra tropical, “helenizando” (Diz-se assim dada a intensa musicalidade do grego antigo, em comparação às línguas românicas) a língua portuguesa em direção a uma futura alforria gramatical. xli Os estudiosos vêm retomando a questão da distinção entre a ciência e a ideologia, ultrapassado o mito da neutralidade científica, aceito o fato o fato ficcional inerente ficcional inerente a ambas, a partir do conceito de cultura obtido através de uma antropologia cultural: quaisquer que sejam os rumos que tomem os acontecimentos, as forças determinantes não serão inteiramente sociológicas ou psicológicas, mas parcialmente culturais – isto é, conceptuais. Forjar um arcabouço teórico adequado para a análise de tais processos tridimensionais é a tarefa do estudo científico da ideologia – uma – uma tarefa que foi apenas iniciada. (grifei). Propõe-se, então, então, uma noção de “estratégia” estratégia” para lidar com as sobreposições que ocorrem entre uma e outra: As outra: As obras críticas e imaginativas são respostas a questões apresentadas pela situação nas quais elas surgem. Não são apenas respostas, mas respostas “estratégicas”, “estilizadas”. Existe uma diferença no estilo ou na estratégia, se alguém responde “sim” num tom que significa “Graças a Deus” ou num tom que implica um “Coitado de mim!”. mim!”. Assim, Assim, eu propo proporia ria uma distin distinção ção inicia iniciall entre entre “estr “estraté atégia gias” s” e “situa “situaçõe ções” s”,, atravé atravéss da qual qual nós pensássem pensássemos os sobre...q sobre...qualque ualquerr obra crítica ou imaginativ imaginativa...co a...como mo a adoção adoção de várias várias estratégia estratégiass para englobar situações...(Kenneth Burke, The Philosophy of Literary Form)(nota Form)(nota no original). original). Ou seja, identificando “estratégia” com “estilo”, a antropologia cultural torna ao seu berço literário, como ramo puro e simples da Teoria Literária, o que parece ser inexorável a partir da noção de “ ficto “ ficto”” como razão primeira de todo fato cultural. A noção de ficção de ficção,, o conceito de estilo, estilo, categorias próprias à teoria literária, faz retornar antigas fronteiras aos domínios da Literatura, tal qual no período pré-socrático... Como tanto a ciência quanto a ideologia são “obras” críticas e imaginativas (isto é, estruturas simbólicas), parece mais fácil alcançar uma formulação objetiva tanto das diferenças marcantes marcantes entre elas como da natureza da sua relação de uma para com a outra partindo de um tal conceito de estratégias estilísticas do que de uma preocupação nervosa com a posição comparativa epistemológica ou axiológica das duas formas de pensamento.( pensamento.( Clifford Geertz, A Geertz, A Inbterpretação das culturas, culturas, 1989: 202). Restrição faço apenas à assertiva que busca “uma “uma formulação objetiva” que a meu ver sempre resultarão infrutíferas como, de resto, em todo fato literário – sempre de natureza subjetiva, ou de dupla (senão mais) nacionalidade... xlii Sem indicação de arte de capista. xliii Mikhail Bakhtin, Problemas Bakhtin, Problemas da Poética de Dostoievski, 1929/1997: 113. xliv Bakhtin: 163 xlv Bakhtin: 165. 165. xlvi Laddaga, 2001.1. xlvii Nesse sentido, o pós-modernismo é também um pós-carnavalismo: revistas dependuradas em jornaleiros expõem nudez de corpos e relações sexuais; sexualidade carnavalizada, preferências sexuais de famosos ou quase-famosos, expostas como se anunciassem receitas culinárias; moralismo às avessas, a moral da carnavalização, em que uma recentíssima obra de arte cinematográfica, sobre a vida de um matemático destacado com o Prêmio Nobel, teve sua indicação ao Oscar 2002 contestada pela imprensa em geral porque não teria mencionado um traço eventual da sua sexualidade [do filme Mente Brilhante]; Brilhante]; sátira menipéia, carnavalização macunaímica em expressões de uso corrente como me engana que eu gosto, lei de Gerson, etc; etc; carnavalização macunaímica em que, e de todos os quadrantes,
macunaímas, macunaímas, de um povo macunaímico, macunaímico, nem sempre pacíficos, reclamam sua parte nesse carnavalizado latifúndio pósmoderno. Alegoria típica de tempos pós-modernos, o clown tem sido adotado pelo povo para protestar contra o descumprime descumprimento nto das promessas promessas político-adminis político-administrativ trativas as dos eleitos eleitos (o conhecido conhecido nariz redondo redondo e vermelho vermelho dos palhaços de circo sobreposto aos narizes dos manifestantes). Um povo clown que pouco ou nenhum valor dá às descobertas e invenções, arte e ciência, realizadas por sua gente, logo apropriadas pelas cortes do primeiro mundo. Clowns macunaínicos e suas troupes, troupes, esta parece ser a auto-imagem dos povos do terceiro mundo, inclusive o nosso. Em que o lazer se desloca entre a infantilização dos adultos e a carnavalização da infância, mesmo quando se trata de futebol, do próprio carnaval, tudo circo, dos reality shows aos circos das fórmulas fórmulas um. um. Mesmo o terrível vilão, de George Orwell, o Big o Big Brother , carnavalizado em voyeurismo despudoradamente coletivizado. Mas, é claro, esses são apenas apenas alguns modos de ver da verve macunaínica macunaínica brasileira, brasileira, e há toda uma pletora de elementos elementos positivos positivos da nossa carnavalização que acentuam os oximoros da cultura brasileira. Ver Ver Roberto DaMatta, Carnavais, Malandros e Heróis: Para Uma Sociologia do Dilema Brasileiro, 1997. Para uma interpretação do conceito em Bakhitin, Robert Stam, Bakhtin – Da teoria literária à cultura de massa, 1992:89. xlviii O Carnaval de Bandeira é de 1924; o livro de Bakhtin é de 1929. xlix Gilberto Mendonça Teles, 26.03.02. l Mário de Andrade, Paulicéia Andrade, Paulicéia Desvairada, Desvairada , 1921/1987: 59. li Sem indicação de capista. lii Manuel Bandeira, Carnaval, 1924/1993: 156. liii Demócrito, de Abdera, 370 a.C. in Gerd Bornheim (org.), Os Filófosofos Pré-Socráticos, s/d: 112. liv idem:114 lv idem:113 lvi Paul Valéry, in Hugo Friedrich, Estrutura Friedrich, Estrutura da Lírica Moderna, 1978:184. lvii Paulo Bauler (lírica e música)&Ricardo Barroso (música), 1999. Partitura elaborada por Rodolpho da Silva. lviii Luis Carlos Fridman, Vertigens Pós-Modernas, Pós-Modernas, 2000: 14. lix Tobias Barreto, 1925 lx Reinaldo Laddaga, Introducción Laddaga, Introducción A Un Lenguage Invertebrado I nvertebrado,, 2000: 158 lxi idem: 160. lxii A crise da univocidade no pós-modernismo não é apenas fruto dos novos modos políticos modos políticos,, com o fim das utopias, utopias, a compreensão das ideologias, etc.: Da segunda lei da termodinâmica à teoria da catástrofe, de René Thom; do simbolismo químico às lógicas não-denotativas; da teoria dos quanta à física pós-quântica; do uso do paradigma cibernético-informático no estudo do código genético ao ressurgimento da cosmologia de observação; da crise Weltanschuung newtoniana à recuperação da noção de “acontecimento”, “acaso” na física, na biologia, na história, o que temos é a crise de uma noção central nos dispositivos de legitimação e no imaginário modernos: a noção de ordem. E com ela assistimos à rediscussão da noção de “desordem”, o que por sua vez torna impossível submeter todos os discursos (ou jogos de linguagens) à autoridade de um meta-discurso que se pretende a síntese do significante, do significado e da própria significação, isto é, universal e consistente. [Jean-François Lyotard, A Condição Pós-Moderna, Pós-Moderna, 1979/2000: X/XI. lxiii Braga, J.L. et alli. (1995). A (1995). A encenação dos sentidos: Mídia, cultura e política. política . Rio de Janeiro: Diadorim./ Ong, W.J. W.J. (1987). Oralid Oralidad ad y escrit escritura ura:: Tecnolo ecnologia giass de la pal palabr abraa. Méxic México: o: Fon Fondo do de Cultur Culturaa Económ Económica ica.. [Refer [Referênc ências ias bibliográficas da autora] lxiv Eliana Yunes Yunes (Puc-Rio), Leitura, A Complexidade do Simples: Do Mundo à Letra e de Volta Volta ao Mundo, 2000:76. lxv Gilberto Mendonça Teles, A eles, A Escrituração da Escrita, 1996: 186 lxvi Vítor de Azevedo, Estudo Azevedo, Estudo Crítico in História, de Heródoto, 2001:41. lxvii Prefiro o termo, numa perspectiva só literária, privilegiando aspectos estéticos, dado que são perceptíveis, tanto no método socrático quanto no texto de Platão, mais pré-socratismo do que sonha a vã filosofia dos filósofos... lxviii Bakhtin:109 lxix Werner Jaeger, Paidéia Jaeger, Paidéia,, 1979:466 lxx Edgar Wind, por exemplo, procura demonstrar que a sujeição das artes, especialmente da poesia, às razões do Estado em As em As Leis e A República, República , não devem ser entendidas com as perspectivas do mundo moderno, pois visavam a educação dos gregos. gregos. Seria apenas uma “advertên “advertência cia de Platão”... Platão”... Mas é claro que, estando estando o mundo moderno moderno muito mais próximo do mundo Romano, que ainda mais radical que o Grego nessas questões, não há como defender Platão de sujeitar sujeitar a Poesia Poesia ao Estado, Estado, confrontando, confrontando, no sentido de substitui-la, substitui-la, a Paidéia grega... grega... (Wind, (Wind, A A Eloqüência dos símbolos, 1983/1997) lxxi Bakhtin: 109 (grifei em negrito). lxxii Bakhtin:109/10 (grifo do original. lxxiii Há que se admitir que esse livro, traduzido e retraduzido, é propriamente intraduzível. As máximas curtas que o compõem destinavam-se, aparentemente, a servir de tema para meditação. Seria inútil procurar atribuir-lhes um sentido único, ou até um sentido relativamente definido. Essas fórmulas tinham valor pelas múltiplas sugestões que se
podiam encontrar nelas. Tinham uma ou várias significações esotéricas – atualmente indiscerníveis... [Marcel Granet, O Pensamento Chinês, Chinês, 1934/1997: 304.]. lxxiv Expressão de Manuel Bandeira referindo-se ao fazer poético, exaltado por Gilberto Mendonça Teles em estudo crítico crítico para Man Manuel uel Bandei Bandeira: ra: Lib Libert ertina inagem gem – Estr Estrela ela da Man Manhã hã , 1998:1 1998:132. 32. Também ambém public publicado ado em Teles, eles, A Escrituração da Escrita, 1996:248. lxxv Friedrich Nietzsche, in Duda Machado, Friedrich Machado, Friedrich Nietzsche – Breviário de Citações ou para conhecer Nietzsche, Nietzsche , 2001:9. lxxvi Nietzsche (no prólogo à Genealogia da Moral ) , , e Schlegel (em seus Fragmentos Críticos): Críticos): in Maria Cristina Franco Ferraz, ”Das Três Metamorfoses”: Ensaio de Ruminação, Ruminação , 2000: 43. lxxvii Bakhtin:110 (grifo do original). lxxviii [grifei] lxxix Bakhtin: 110 (grifei) lxxx Bakhtin: 167 (grifo original) lxxxi Safranski, Heidegger Safranski, Heidegger – um mestre da Alemanha entre o bem e o mal , 2000: 44 lxxxii Teles,1996: 191, 192, 240. lxxxiii idem, 240. lxxxiv É curiosa a posição de Affonso Romano de Sant’Anna a respeito da desconstrução; desconstrução; usando o exemplo de Duchamp, sugere que, reação modernista ao pós-modernismo, ao pós-modernismo, se desconstrua a desconstrução: desconstrução: A chamada pós-modernidade falou muito em “desconstrutivismo" e tachou Duchamp de “desconstrutivista”. Então, usando o mesmo veneno como remédio (similia similibus curantur) lhes digo: é necessário desconstruir Duchamp. Affonso Romano de Santa’Anna, O xeque-mate de Duchamp, Duchamp, 2002. Ora, Affonso, não seria melhor aceitar a pós-modernidade e ocuparmo-nos todos, mais até do que com a reconstrução, reconstrução, mas com as muitas reconstruções? Que, aliás, na maioria dos casos seriam construções? Não seria mais interessante, e mesmo mais rico, para nós brasileiros, a aceitação dos muitos modos? Especialmente se considerarmos que a univocidade brasileira, como num funil invertido, pinga gotas no oceano e esse oceano arrisca esguichar? Não seria melhor tirar o funil? E permitir que os mares se juntem aos céus nos horizontes do amanhecer? lxxxv Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, Ideologia Cazuza, Ideologia,, 1987.(adaptei formato p/ o texto). Esse rock típico dos anos 80 mostra bem o vazio ideológico típico da pós-modernidade. lxxxvi Do filme Strange Days ( Estranhos Estranhos Prazeres), Prazeres), Kathryn Bigelow (Direção) e James Cameron&Jay Cocks (Roteiro), 1995. lxxxvii Costume antiqüíssimo, a tatuagem, que vinha resistindo ao tempo como uma marca de marinheiros, sugere várias ordens de idéia: a de liberdade das regras da urbis; urbis; a expressão de verve aventuresca (força e coragem) de quem se lança aos mares da vida; e, mais diretamente, a dupla manifestação de propriedade corporal e de expressão pessoal. Ganha Ganha,, na póspós-mo mode dern rnid idad ade, e, um umaa mu mult ltid idão ão de adep adepto toss como como um umaa nece necess ssid idad ade, e, face face à desp desper erso sona nali liza zaçã ção, o, desindividualização promovida pela massificação da sociedade pós-industrial, levando os indivíduos a usarem seu corpo como espaço. lxxxviii Poiss o pós-mo Poi pós-moder dernis nismo mo ganha ganha terren terrenoo nos Estad Estados os Unidos Unidos e suas suas manifes manifestaç tações ões são, são, equivo equivocad cadame amente nte,, consideradas estratégias de colonização – pós-colonização? lxxxix Basta compulsar os principais dicionários de filosofia publicados entre nós: André Lalande, Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, Filosofia, 1990/99; José Ferrater Mora, Dicionário Mora, Dicionário de Filosofia, Filosofia, 1994/2001 e Nicola Abbagnano, Dicionário Abbagnano, Dicionário de Filosofia, Filosofia, 1971/2000. xc Sobre essas concepções ver: David Harvey, Condição Pós-Moderna, Pós-Moderna, 2000: 324/6; Terry Eagleton, As Eagleton, As ilusões do pósmodernismo,1998: modernismo,1998: 127/8; xci Harvey: 19 xcii Reinaldo Laddaga, 2001.2 xciii David Harvey: 45. xciv David Harvey: 326 xcv Ver, como exemplo, Signografia; o que foi possível adquirir nas boas livrarias, no período de preparação do Curso de Mestrado. xcvi Eliana Yunes, 26.03.2002. xcvii Marília Rothier Cardoso, 26.03.02. xcviii Walt Whitman, 1855/1985, em livre tradução. xcix Werner Jaeger, 1936. c Nietzsche, in Duda Machado, 2001: 128. ci Nietzsche, in Duda Machado: 130 cii Gilberto Mendonça Teles, 1989. ciii Rob Wittig, 2001.2.
civ
Wittig, 2001.2. Rob Wittig, 2001.2. cvi Aira, 1998. cvii Filme da Warner Warner Bros, de 1994, dirigido por Barry Levinson, baseado na obra de Michael Crichton. Neste filme a personagem de Michael Douglas percorre ambientes virtuais tal qual estivesse em ambientes reais. cviii Gilberto Mendonça Teles, 1989: 17/20 cix Márcia Lisboa Costa de Oliveira, A Oliveira, A Leitura E As Miragens do Virtual , 1999: 42. cx Oliveira: 44. cxi Luís de Camões, 1595. cxii Nietzsche, 1908/1979:80/1. cxiii John Cage, apud Boudewijn apud Boudewijn Buckinx, O Pequeno Pomo, 1998: 136. cxiv Alberto Manguel, Lendo Manguel, Lendo Imagens, 2001: 21. cxv Manguel, 2001: 22. cxvi William Blake, in Blake &Lawrence, 2001: 33 cxvii In Manguel:22. cxviii William Blake, 2001: 63. cxix Alberto Manguel, 2001, 22. cxx Blake, 2001: 17 cxxi Jorge Luis Borges, apud Manguel: apud Manguel: 58. cxxii William Blake, O Casamento do Céu e do Inferno [1793], 2000: 37. cxxiii Samuel Beckett, in Manguel, 2001: 36. cxxiv Henry James, in Manguel: 16. cxxv Paul Valéry, in Hugo Friedrich, 1978: 185. cxxvi Como afirma Manguel ( 2001, 43). cxxvii John Keats, 1817, in Manguel, 2001: 288. cxxviii César Aira, 1998 (grifei e destaquei) cxxix Da poiética (aqui colocada como teoria do fazer literário) de Paul Valéry Valéry in Friedrich, 1978: 164. cxxx Aira, 1998. cxxxi Ver site site www.poesia.com cxxxii Cf. Schlegel O Dialeto dos Fragmentos [1874/1823], 1997: 233. cxxxiii Capa de Victor Burton, sobre retrato de Ezra Pound (detalhe) de Philip Caroll. cxxxiv José Lino Grünewald, Ezra Grünewald, Ezra Pound: Uma Dialética de Formas, Formas, 1986:16/7. cxxxv Pablo Picasso: Mulher em uma Poltrona (1913 – Óleo – Óleo sobre tela, 150 x 100 cm. Assinado e datado. Coleção da Sra. Ingeborg Pudelko, Florença. In Florença. In Mestres da Pintura – Picasso, Picasso, 1977: 47. cxxxvi Schlegel et alii, alii, Athenäum1997: Athenäum1997: 90. cxxxvii Schlegel, Conversa sobre a poesia e outros fragmentos, fragmentos, 1794/1823, 1994: 117. cxxxviii Johann Wolfgang Wolfgang von Goethe, Maximas Y Reflexiones [1829], 1974: 387 cxxxix Jozè Joaqim de Qampos Leão Qorpo-Santo. A Ensiqlopèdia, ou Seis Mezes de Huma Enfermidade – Livro I (Poezia e Proza), 1877: 71/2. cxl Os fragmentos que se seguem são excertos de Qorpo-Santo e a Pós-Modernidade, [Paulo Bauler, in Revista Escrita, no prelo]. cxli Qorpo-Santo, 1877: 15. cxlii In Qorpo-Santo: Teatro Teatro Completo, Completo , fixação do texto, estudo crítico e notas por Guilhermino Cesar, 1980: 65/86. cxliii A referência aos Reis do Universo em Hoje em Hoje Sou Um; E Amanhã Outro, Outro, quando o Ministro descreve as qualidades do próprio próprio Qorpo-Santo Qorpo-Santo ao seu Rei, é uma pérola de ironia e sátira. / Ao contrário contrário do que muitos afirmam, afirmam, Qorpo-Santo Qorpo-Santo não é aí megalômano, mas apenas ri de si mesmo, estatuindo para si qualidades obviamente exageradas como núcleo de comicidade comicidade e absurdo dessa sua peça. É gozação de si mesmo, ironizando-se ironizando-se e satirizando-s satirizando-se, e, pura utilização utilização do exagero como elemento ficcional do absurdo, que já estaria claro quando na fala: “que esse homem viveu em um retiro por espaço de um ano ou mais, onde produziu numerosos trabalhos sobre todas as ciências, compondo uma obra de 400 páginas...”(o mesmo número de páginas da Ensiqlopedia). Ensiqlopedia). No entanto, entanto, quando o Ministro Ministro acrescenta que “ Ainda Ainda não é tudo, Senhor! Esse homem era durante esse tempo de jejum, estudo e oração – alimentado pelos Reis do Universo, com exceção dos de palha!”, palha!”, é verdadeiramente comprar o absurdo por realidade continuar acreditando na cv
megalomania do autor. autor. E Qorpo-Santo certamente daria boas risadas de alegre satisfação em ver essa miscigenação miscigenação de elementos provocar o resultado resultado que, afinal, buscava. Tal confusão justifica sua obra da vida absurda. absurda. Essa, inclusive, parece ser a sua maior diversão. Alguns de seus poemetos, inclusive, tocam o tema das confusões que provoca. cxliv Esse poema consta da última página, do último Livro, o de n.9 da Ensiqlopèdia, Ensiqlopèdia, fechando, pois, a sua obra escrita. Curiosamente, mas não por acaso, esta última página encerra-se com quatro poemas dispostos em forma de cruz. Este, ao braço esquerdo da cruz. cxlv Poemeto muito popular em Porto Alegre. cxlvi Basta anotar que, em Mateus e Mateusa, Mateusa, o confronto absurdo, circense, que transcorre durante toda a peça, encontra seu desfecho num discurso – igualmente absurdo – moralizante – moralizante,, feito por um...criado um...criado,, e que só aparece no final! Cujo nome, Barriôs nome, Barriôs,, muito provavelmente tenha sido inspirado ou num homônimo ditador bufão de El Salvador, escorraçado do poder e fuzilado fuzilado em sua época, ou num advogado advogado com quem Qorpo-Sant Qorpo-Santoo andava às turras... turras... Isso deixa deixa claro, portanto – e aqui se mostra a exata proporção de aplicação do método biográfico – a intenção estética de registrar, ainda esteticamente, a absurdidade do discurso moralizante. cxlvii A referência à identidade entre a sua escritura e a arte da fotografia nesse poema, igualmente reforça, mais do que aparentemente nega, a concepção propositadamente propositadamente absurda de toda a sua obra. Sua afirmação aqui corresponde a um alerta aos seus censores no sentido de que – achem absurda quanto quiserem a sua literatura – não pode ser censurada, porque ela é tão absurda quanto a realidade o é... qual de fotografia – ato! Portanto, se querem reclamar da feiúra da foto, a culpa não é do fotógrafo... Ou, em outras palavras, se querem reclamar do absurdo das suas comédias, a culpa não é do “comediante”. / Outro poema inscrito ao crucifixo do final da obra (nota IX acima). / Observe-se que o poema em tela é justo colocado à parte superior do crucifixo, onde se situa, simbolicamente, simbolicamente, a cabeça do crucificado. Sob o sugestivo título de Censura. Censura. cxlviii Capa do filme(vídeo) Macunaíma, Macunaíma, de Joaquim Pedro Pedro de Andrade (direção), 1969. cxlix Essas observações, cristalizadas na sentença destacada, dizem respeito não apenas às técnicas de teatro, mas, especialmente pela liberdade explicitamente concedida por Qorpo-Santo aos produtores e diretores teatrais, para alterar seus textos de acordo com as suas eventuais necessidades. Antecipando, de certa forma, aquele desprendimento do texto pregado, por exemplo, por um Antonin Artaud. Homem de teatro, Antonio Antonio Carlos de Sena anotou (v. (v. Assis Brasil, Luiz Antonio de. Qorpo-Santo:entrevista...) que essa liberdade, acompanhada das demais informações dos textos, não constituía uma precariedade do autor como criador, mas uma invenção inovadora ao estreito relacionamento entre texto e montagem, cujo exemplo mais notório são as palavras finais do livro em que reuniu as suas comédias: “ As “ As pessoas que comprarem e quiserem levar à cena qualquer das minhas comédias podem; bem como fazer quaisquer ligeiras alterações, corrigir alguns erros e algumas faltas, quer de composição, quer de impressão, que a mim, por inúmeros estorvos, foi impossível ”. ”. Ler essa mensagem mensagem com olhos de vulgo é desconsiderar desconsiderar que um texto texto de poeta sempre sempre há que ser lido com poesia... É exercer, o leitor, sua prerrogativa de fazer-se aquilo que Nelson Rodrigues apelidou de idiota da objetividade... objetividade... cl Walt Withman, Leaves Withman, Leaves of Grass, 1855. cli Qorpo-Santo, Hoje Qorpo-Santo, Hoje Sou Um; E Amanhã Outro, in Teatro Completo,1980:108. clii Filme de Josef Josef Rusnak (direção e roteiro) Ravel Centeno-Rodriguez (roteiro), 1999. cliii Filme de Spike Jonze (direção) e Charlie Kaufman (roteiro), 2000. cliv Capa do vídeo Bob Dylan, Bob Dylan, Bob Dylan – The 30th Anniversary Concert Celebration, Radio Vision Vision International/ Sony Music, 1993. clv Depoimento de Bruce Springsteen para a História a História do Rock’n’Roll , 2002, vol.4. clvi Depoimento de Bona Vox (idem). clvii Última página do último livro da Ensiqlopedia, da Ensiqlopedia, ou Seis Mezes de huma enfermidade, enfermidade , de Qorpo-Santo, em forma de cruz, alusão à sua febre literária e ao processo de crucificação social que sofreu. clviii Roland Barthes, O Prazer do Texto, Texto, 1973/1999: 7/9.. clix Mário Chamie, A Chamie, A Linguagem Virtual , 1976: 116/7. clx No verbo de Jorge Luis Borges: Alfred North Whitehead escreveu que, entre as muitas falácias, há a falácia do dicionário perfeito – a falácia de pensar que, para cada percepção dos sentidos, para cada asserção, para cada idéia abstrata, pode-se encontrar um equivalente, um símbolo exato, no dicionário. E o próprio fato de as línguas serem diferentes nos faz suspeitar que isso não exista. [ Esse Esse Ofício do Verso, 2000: 86]. clxi Jean Baudrillard, Cool Memories II – crônicas 1987-1990, 1996: 83. clxii Michel Foucault, Isto Foucault, Isto Não É Um Cachimbo,1989: Cachimbo,1989: 60/1. clxiii René Magritte, in “orelha” de Foucault, Michel: 1989. 1989. clxiv Desenho de René Magritte in Isto não é um cachimbo, cachimbo, de Michel Foucault, 1973/1988: 87. clxv Friedrich Nietzsche, Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral [1873]. Extra-Moral [1873]. In In Os Pensadores, Pensadores, vol. XXXII, 1974: 56. clxvi V. Eric A. Havelock, A Revolução da Escrita na Grécia. 1982/1996. clxvii Nietzsche, 1873/1974 clxviii John Ford, apud Peter apud Peter Bogdanovich, Afinal, Bogdanovich, Afinal, Quem Faz Os Filmes, Filmes , 2000: 10.
clxix
Do livro infantil de Fernanda Lopes de Almeida (texto e roteiro das ilustrações) e Fernando de Castro Lopes (ilustrações), O Equilibrista, Equilibrista, 1987: 2 clxx Idem, O Equilibrista: Equilibrista: 3. clxxi Idem,O Equilibrista: 27.. 27.. clxxii José Francisco da Gama e Silva, 2001.1. clxxiii Fernando Pessoa, Sobre o Romantismo, Romantismo, in Obras Em Prosa, Prosa, 1986: 292. clxxiv Almeida & Lopes, O Equilibrista: Equilibrista: 30. clxxv Idem, idem: 31. clxxvi Idem, idem: 32. clxxvii Fayga Ostrower, Criatividade e Preocesso de Criação, Criação, 1987: 122. clxxviii Capa do filme (vídeo) de Peter Weir (direção) &Tom Schulman, Sociedade dos Poetas Mortos, Mortos, 1989. clxxix Paulo Bauler, Delírio Bauler, Delírio Antropofágico, in Ghesas de Eros, 2000: 324. clxxx Sérgio Augusto de Andrade, A Andrade, A Cultura Sexy do Brasil, 2002: 23. clxxxi Capa do filme (Vídeo) Villa-Lobos-Uma Vida de Paixão , Paixão , de Zelito Vana (produção e direção) e Joaquim Assis (roteiro), 2001. clxxxii Fala de Heitor Villa-Lobos, no filme de Zelito Viana & Joaquim Assis, 2001. clxxxiii Jean Braudrillard, Cool Memories III – fragmentos 1991-1995, 2000:84/5. clxxxiv Paulo Bauler, Delírio Bauler, Delírio Antropofágico, in Ghesas de Eros, 2000: 606. clxxxv Jacques Attali, Dicionário Attali, Dicionário do Século XXI, 2001: 85. clxxxvi Jacques Attali: 249. clxxxvii Paulo Bauler, Delírio Bauler, Delírio Antropofágico, Antropofágico , 2000: 651. clxxxviii Fala de Heitor Villa-Lobos, Villa-Lobos, no filme de Zelito Viana & Joaquim Assis. clxxxix Reinaldo Laddaga, 2001.2. cxc Foto Richard Romero; produção Cácia Scudino. cxci Foto Imago, produzida no projeto Lambe-Lambe, Carnaval de Olinda, 96. cxcii Bárbara Bárbara Kruger. Kruger. Sem título (Não seremos mais vistas nem ouvidas). 1985. Nove litografias litografias coloridas com fotolinografia e silkscreen: 52x52 cada. Apud cada. Apud Eleanor Heartney, Heartney, Pós-Modernismo, Pós-Modernismo, 2002. Este é um um bom exemplo exemplo de diálogo imagético nas artes plásticas. cxciii Uma obra como o Ulisses de Joyce é extremamente escandalosa e subversiva em sua crítica do mito burguês do significado imanente. Como protótipo de todos os textos antiauráticos – reciclagem mecânica de um documento sagrado -, Ulisses pulveriza essa mitologia arrasando as distinções entre elevado e baixo, sagrado e profano, passado e presente, autenticidade e derivação, e o faz com toda a demótica vulgaridade da mercadoria. mercadoria. Franco Moretti mostrou como Ulisses torna mercadoria a própria forma do discurso, reduzindo a ideologia burguesa do “estilo singular” a uma circulação contínua e despropositada de códigos empacotados sem privilégio metalingüístico, uma polifonia de fórmulas verbais escrupulosamente “imitadas”, completamente hostil à “voz pessoal”. [Terry Eagleton, A Eagleton, A Ideologia da Estética, Estética, 1990/1993: 271.]. cxciv Affonso Romano de Sant’Anna, Rosa Sant’Anna, Rosa versus Machado, Machado , 22.12.2001 (grifei). cxcv Jair Ferreira dos Santos, Barth, Pynchon e outras absurdetes (o pós-modernismo na ficção americana), 1995: 70/1. cxcvi Paul Valéry, apud Hugo apud Hugo Friedrich: 185. cxcvii Haroldo de Campos, Uma Poética da Radicalidade, 1981: 17, 18, 34, 35. cxcviii Cf. Todorov, em ensaio sobre a poiética em Lessing: A presença ou a ausência de um elemento no texto é determinada pelas leis da arte que se pratica. Portanto, uma tese literária jamais poderá seguir ordenamento que não lhe atenda suas todas possíveis possíveis singularidades. Não apenas de natureza natureza científica (estrito senso), mas ainda em suas peculariedades poiéticas e estéticas. [Tzvetan Todorov, Todorov, Os gêneros do discurso, discurso, 1980: 29/30. cxcix Jean Paul Sartre, O Imaginário, Imaginário, 1940/1996: 246. cc Para as mazelas da “explosão vídeo” na pós-modernidade, ver Gilbert Durand, O Imaginário-Ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem, imagem, 1999: 117/20. cci William Blake, in Tudo que vive é sagrado, sagrado, 2001: 37. ccii Werner Jaeger, Paideia Jaeger, Paideia,, 1936: 153/5 e 223. cciii Jaeger: 143. cciv Jaeger: 153 ccv Embora a manifestação anti-erótica, Sêneca, que amava Epicuro, devia estar cumprindo obrigação política... O que bem demonstra a dicotomia Estado/Indivíduo em Roma: Mas o que Sêneca teve a liberdade de escrever, não teve de viver... viver... A filosofia libertou-o, mas como era um famoso senador do povo romano, ele venerava o que rejeitava, fazia o que condenava, adorava o que desprezava desprezava... ... [Benjamin Farrington ,A Doutrina de Epicuro, 1968: 147. ccvi V. Paulo César de Souza, Notas do Tradutor, in Além do Bem e do Mal-Prelúdio-Prelúdio a uma filosofia do futuro, de Netzsche,1992: Netzsche,1992: 216.
ccvii
Nietzsche, Além Nietzsche, Além do Bem e do Mal-Prelúdio a uma filosofia do futuro, futuro, 1992: 69. Anônimo,1611 ccix Nietzsche, Além Nietzsche, Além do Bem e do Mal , 1992: 80. ccx [Nietzsche, idem. ccxi Rousseau, Ensaios Rousseau, Ensaios Sobre A Origem Das Línguas: 434 ccxii In Maktub, Maktub, coluna diária do escritor no jornal Folha jornal Folha de São Paulo. Paulo. ccxiii O discurso de Nietzsche em seu Anticristo é, no entender do autor, reflexo dos mesmos sentimentos anti-religiosos anti-r eligiosos de um Joyce, por exemplo. Já a obra de Wilhelm Reich, considerado em sua época uma espécie de anticristo, com as mesmas críticas a uma certa cristianização, cristianização, não vê oposição alguma entre o pensamento cristão e a natural alegria de viver. ccxiv Jean-Jacques Rousseau, Ensaio Rousseau, Ensaio Sobre A Origem Das Línguas, Línguas , in Obras, 1962: 434. ccxv Friedrich Schlegal, 1997: 158. ccxvi Carl Jung, Chegando ao Inconsciente, Inconsciente, 1961: 20. ccxvii Pintura Navajo em areia representando o mito do Coiote, que rouba o fogo dos deuses para dá-lo ao homem. Na mitologia grega, Prometeu também rouba o fogo dos deuses para o homem, tendo sido, por isso, acorrentado a uma rocha e torturado por uma águia [Nota da ilustração do ensaio de Joseph L. Henderson, Os mitos antigos e o homem moderno, em Carl G. Jung, 1964:114]. ccxviii Carl Jung, 1961: 20. ccxix Senão pela sua poesia, como conhecimento inconsciente de sua inteligência emocional - acrescento. ccxx Carl Jung, 1964/1997: 21. ccxxi Carl Jung: 23. ccxxii Muitos precursores da psicanálise moderna, fotografados em 1911, no Congresso de Psicanálise de Weimar, Alemanha. A indicação numérica identifica algumas das personalidades mais conhecidas. Apud conhecidas. Apud Carl Carl Jung: 26. A mim a foto foto inspir inspiraa reflex reflexões ões sobre sobre os uns e os múl múltip tiplos los,, sobre sobre a mul multip tiplic licida idade de de pensam pensament ento, o, a plu plurali ralidad dadee do conhecimen conhecimento, to, sob uma aparente univocidade... univocidade... A univocidade univocidade é uma fotografia (estática) (estática) se comparada comparada à percepção percepção fragmentária que, como um filme (dinâmica). ccxxiii Carl Jung: 25 ccxxiv Carl Jung: 25. ccxxv Marilena Chauí, Entrevista a O Globo de 09.04.2002. ccxxvi Lílian Hellman, Pentimento Hellman, Pentimento – Um Livro de Retratos, 1980: Intróito. ccxxvii Raimundo Faoro, Os Donos do Poder, 1977. ccxxviii Caetano Veloso, Verdade Tropical , 1997: 17. ccxxix CD Caetano Veloso, Veloso, sem indicação de foto ou arte. ccxxx CD Da CD Da Lama ao Caos, Chico Science & Nação Zumbi (Chaos, 1993). ccxxxi Roberto Roberto Azoubel, Azoubel, A impressionante (e necessária) invasão dos homens-caranguejos (aspectos ficcionais e políticos do manguebit), 2000.2. ccxxxii Ezra Pound, ABC Pound, ABC da Literatura, 1990: 161. ccxxxiii Qual é o estilo de James Joyce? Essa aflitiva reificação da linguagem, com todo o seu esculpir flaubertiano sobre materiais materiais verbais inertes, inertes, é exatamente exatamente o que permite o radicalism radicalismoo bakhitinian bakhitinianoo de Joyce, Joyce, seu impactar dialógico, dialógico, carnavalesco, de uma língua com outra – tanto quanto em Finnegans Wake uma sabotagem política profunda da significação fixa acontece através dos movimentos de um significante promíscuo, que, como a forma mercadoria, continuamente nivela e iguala identidades para poder permuta-las de modos fantasticamente novos. O mecanismo da troca, ou o espaço do valor de troca, é aqui o trocadilho ou o significante múltiplo, em cujo espaço, como no caso da mercadoria, os significados mais chocantemente disparatados podem se combinar. É nesse sentido que Joyce, para usar uma expressão de Marx, permite à história progredir “pelo seu lado ruim”, partindo, à moda de Brecht, das más novidades e não das boas velharias. [ Terry Eagleton, 1990/1993: 271.]. ccxxxiv Nota do Editor brasileiro de James Joyce, Ulisses, Ulisses, 1977: 852. ccxxxv Wolfgang Müller-Lauter, A Müller-Lauter, A Doutrina da Vontade de Poder em Nietzsche, 1997: 74/5. ccxxxvi Calandra, 1964/Teixeira, 2002. (V.Signografia). (V.Signografia). ccxxxvii Francesco Clemente, Sol da meia-noite, meia-noite, 1982. ccxxxviii Eleanor Heartney, Pós-modernismo Heartney, Pós-modernismo,, 2002: 20/1. ccxxxix Diálogos do filme Strange Days (Estranhos Prazeres), Prazeres), de Bigelow e Cameron&Cocks , 1995. Ver tb. nota 75. ccxl Site Internet ccxli Idem ccxlii Three Essays on Theory of Sexuality, Sexuality , vol. 7, p.134 [Nota de Jonathan Culler]. ccxliii Jonathan Culler, Sobre a Desconstrução – teoria e crítica do pós-estruturalismo, pós-estruturalismo, 1982/1997: 185. ccxliv The Interpretation of Dreams, vol. 5, pp 612-13 [Nota de Jonathan Culler (Ver (Ver nota 215 acima) , no ponto assinalado no texto]. ccviii
ccxlv
Nada mais que poeta. In I n Kama Antropofágyka, Paulo Bauler, 2002. Heidrun Krieger Olinto, Olinto, Discursos Transculturais, Transculturais, 1999: 50/3. ccxlvii Sem indicação de arte da capa; o que merece severa crítica por apropriação de autoria pela Editora. ccxlviii Filme (DVD) de Peter Weir (direção) e Andrew Nicol (roteiro), 1998. ccxlix Vilém Flusser, Ficções Flusser, Ficções Filosóficas, 1998: 129. ccl Filme da dupla de irmãos, com o nome artístico de The Wachowski Wachowski Brothers (direção e roteiro), 1999. ccli No momento, os computadores têm a vantagem da velocidade, mas não mostram sinal de inteligência. Isso não surpreende, já que nossos computadores atuais são menos complexos do que o ‘cérebro’ de uma minhoca – uma espécie que não se destaca por seus dotes dotes intelectuais... Mas os computadores computadores obedecem àquela que é conhecida como Lei de Moore: suas velocidade e complexidade dobram a cada 18 meses... Trata-se de um desses crescimentos exponenciais que, sem dúvida, não podem continuar para sempre. Entretanto, ele provavelmente continuará até que os computadores atinjam uma complexidade semelhante à do cérebro humano. Há quem afirme que os computadores nunca poderão exibir uma inteligência verdadeira – seja isso o que for. Mas parece-me que, se moléculas químicas muito complexas podem agir em seres humanos para torna-los inteligentes, circuitos eletrônicos igualmente complexos podem também fazer os computadores computadores atuar de forma inteligente. E se forem inteligentes, inteligentes, eles poderão supostamente projetar computadores computadores com complexidade e intelig~encia ainda maiores... [Stephen Hawking, 2001: 165/7.]. cclii Cena do filme 2001 – Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick (direção e roteiro) e Arthur C. Clark (livro e roteiro), 1968. ccliii Para uma análise da razão sádica apolínea ver PAGLIA, Camille. Personas Sexuais (Arte e Decadência de Nefertite a Emily Dickinson), Dickinson), 1990: 222/33. ccliv Queenboro Bridge, NY : Fotografia de Spenser Tunick, artista presente na 25ª Bienal de São Paulo, como parte de sua programação, na atividade de fotografar o humano, agora brasileiro, em estado de natureza, em contraste com o espaço urbano. Tunick já viajou viajou quatro quatro continentes continentes fotografando fotografando populare popularess nus no espaço espaço urbano. urbano. Matéria jornalística no Segundo Caderno do jornal O Globo de 21.03.02. 21.03.02. cclv Quando criado, o Super-Homem possuía como uma de suas características a força de levantar dez vezes o seu peso (a formiga foi a referência, disseram os criadores Joe Shuter e Jerry Siegel). Algumas décadas depois já aparecia realizando proezas incríveis, como o transporte de asteróides... (Do texto original. V. V. nota final a esse texto.). cclvi Martin Cezar Feijó. O Que É Herói. São Paulo: Brasiliense,1995 (nota do autor do texto). cclvii In A Figura do super-herói de Henrique Rodrigues Pinto (Trabalho apresentado à prof.ª Denise Moreira na disciplina Prática de Ensino II do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 22 de junho de 1999). cclviii Eugen Herrigel: 1975/1991. Sem indicação de capista. cclix George Woodcock: Woodcock: 1977/1985. Sem indicação de capista. cclx Charles Chaplin (Carlitos) (direção, roteiro e música), Tempos Modernos, Modernos, 1936/2001. Último filme mudo de Chaplin (ele (ele não fala mas utiliza efeitos sonoros e até participa de um número musical ), ), in Rubens Ewald Filho, Guia de Filmes DVDnews, 2001. cclxi Filme de Nicholas Meyer (direção) e Edward Hume (roteiro), 1983. cclxii Arnaldo Jabor, A Jabor, A Invasão das Salsichas Gigantes e Outros Escritos, Escritos, 2001: 166. cclxiii Ezra Pound, A Pound, A Arte da Poesia ,1991: 149. cclxiv Jorge Mautner, Fragmentos Mautner, Fragmentos de Sabonete e Outros Fragmentos, Fragmentos, 1995: 47. cclxv Mautner, 1995: 45. cclxvi Bauler (lírica) & Vargas Vargas (música), Beautiful (música), Beautiful Maíra, 1999. Partitura elaborada por Rodolpho da Silva. cclxvii Roland Barthes, Fragmentos Barthes, Fragmentos de um Discurso Amoroso, Amoroso, 1977/2000: 13/4. cclxviii Gattaca – A Experiência Genética (Gattaca), (Gattaca), 1997, filme escrito e dirigido por Andrew Niccol. cclxix Blade Runner, O Caçador de Andróides: Andróides: filme de Ridley Scott (direção) e Hampton Fancher & David Peoples (roteiro), 1982/2001 (DVD) cclxx A.I.Inteligência Artificial (A.I Artificia Intelligence) Intelligence) filme de Steven Spielberg (roteiro e direção), Ian Watson (história) e Brian Aldiss (conto), 2001. cclxxi A. I.- Inteligência Artificial ( A.I. – Artificial Intelligence), Intelligence), filme de Steven Spielberg (roteiro e direção), baseado em história de Ian Watson e no conto de Brian Aldiss, segundo produção original de Stanley Kubrick. cclxxii Cronicamente Inviável , 2001, filme de Sérgio Bianchi (direção e roteiro) e Gustavo Steinberg (roteiro). cclxxiii A expressão expressão é do escritor Ribeiro Couto, em carta dirigida a Alfonso Reyes e por este inserta em sua publicação Monterey. Monterey. Não pareceria necessário reiterar reiterar o que já está implícito no texto, isto é, que a palavra “cordial” há de ser tomada, neste caso, em seu sentido exato e estritamente etimológico, senão tivesse sido contrariamente interpretada interpretada em obra recente de autoria do Sr. Sr. Cassiano Ricardo onde se fala no homem cordial dos cordial dos aperitivos e das “cordiais saudações”, “que são fechos de cartas tanto amáveis como agressivas”, agressivas”, e se antepõe à cordialidade assim entendida o “capital sentimento” dos brasileiros, que será a bondade e até mesmo certa “técnica da bondade”, “uma bondade mais envolvente, mais política, mais assimiladora”. [Sérgio Buarque de Holanda, Raízes Holanda, Raízes do Brasil, 1936/1995: 204/5]. ccxlvi
,
A expressão “técnica da bondade” de Cassiano sugere uma certa política da malandragem brasileira que, nesses tempos pós-modernos, vem sendo substituída pela violência moral ou explícita. cclxxiv Nas periferias, a pós-miséria cria um outro país. país. Crônica de Arnaldo Jabor, no jornal O Globo de 16.04.02. cclxxv Perro (de Amores (de Amores Perros, Perros, v. nota seg.), em português cão. Mondo Cane (Mundo Cão), Cão), um documentário que fez época ali pelos idos finais dos anos 60, inícios dos 1970, em que se exibia a natureza em sua brutalidade animal (cito de memória). cclxxvi Amores Perros (Amores Brutos), Brutos), 2000, filme de Alejandro Gonzales Iñárritu (direção) e Guillermo Arriaga Jordan (roteiro). cclxxvii Essa atividade imagética fragmentária da mente humana foi estudada (e desenvolvida artisticamente como método terapêutico e científico) pela psiquiatra Nise da Silveira para o estudo da patologia esquizofrênica: O ATELIER DE PINTURA era inicialmente apenas um setor de atividade entre vários outros setores da Terapêutica Ocupacional, seção que estava sob minha responsabilidade no Centro Psiquiátrico Pedro II. Mas aconteceu que desenho e pintura espontâneos revelaram-se de tão grande interesse científico e artístico que esse atelier cedo adquiriu posição especial. Era surpreendente verificar a existência de uma pulsão configuradora de imagens sobrevivendo mesmo quando a personalidade estava desagregada. Apesar de nunca haverem pintado antes da doença, muitos dos freqüentadores do atelier, todos esquizofrênicos, manifestavam intensa exaltação da criatividade imaginária, que resultava na produção de pinturas em número incrivelmente abundante, num contraste com a atividade reduzida de seus autores fora do atelier, quando não tinham mais nas mãos os pincéis.Que acontecia? Nas palavras de Fernando estaria possivelmente a resposta:“Mudei para o mundo das imagens. Mudou a alma para outra coisa. As imagens tomam a alma da pessoa”. Nise da Silveira, Imagens Silveira, Imagens do Inconsciente, 1981: 13. cclxxviii Maria Célia Teixeira Eles eixeira Eles dizem, eles fazem. fazem. Rio de Janeiro: In BIS, Caderno de Cultura do jornal Tribuna da Imprensa, ed. 13.03.02. cclxxix O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potiomkin) [1925] , , filme de Sergei M. Eisenstein. Em Eisenstein. Em 1948 e também em 1958 uma seleção de críticos internacionais de cinema escolheram O Encouraçado Potemkin como o maior filme de todos os tempos. É o tipo de filme que é exibido no início de qualquer curso de cinema. A cena em que as tropas do czar descem a Escada de Odessa matando homens, mulheres e crianças em seu caminho é a mais famosa cena da história do cinema. Mas, O Encouraçado Potemkin é muito mais do que um documento histórico, e, mesmo atualmente, com o avanço das técnicas de filmagem muito além daquelas disponíveis na época de Eisenstein, o filme permanece uma experiência fantástica e irresistível. Este é o trabalho mais influente do homem que é considerado o mais importante diretor da História do Cinema. cclxxx Berlim – Sinfonia da Metrópole (Berlin – Die Sinfonie der Grosstadt), Grosstadt), 1927, filme de Walther Walther Ruttmann (direção) e Karl Mayer (argumento). cclxxxi Baraka – Um mundo através das palavras (Baraka), (Baraka), 1992, filme de Ron Fricke (direção, roteiro, edição e fotografia) e Genevieve Nicholas & Constantinte Nicholas (roteiro). O curioso no título do DVD brasileiro Um mundo através das palavras é que o filme nos trás uma sucessão de imagens sem qualquer palavra escrita ou oral. Terá o tradutor brasileiro errado na titulação da obra ou terá sido uma alusão ao poder narrativo da imagem? cclxxxii Clube da Luta (Fight Glub), Glub), 1999, filme de David Fincher (direção) e Jim Uhls (roteiro), baseado no livro [1996/2000] homônimo de Chuck Palahniuk. (DVD) cclxxxiii Desconstruindo Harry (Deconstructing Harry) [1997], filme de Woody Allen (direção, roteiro e atuação).
cclxxxiv
Henrique Rodrigues Pinto, Desconstruindo Pinto, Desconstruindo Allen, Allen , 2000. Zelig [1983], Zelig [1983], filme de Woody Allen (direção, roteiro e atuação). cclxxxvi Bauler & Vargas, Vargas, 1999. Partitura elaborada por Rodolpho da Silva cclxxxvii Pulp Fiction (Pulp Fiction – Tempo de Violência) Violência),, 1994, de Quentin Tarantino (direção, histórias e roteiro) e Roger Avary (histórias). cclxxxviii Funny Games (Violência Gratuita), Gratuita), 1997, de Michael Haneke (direção e roteiro). cclxxxix Diálogo de Violência Gratuita, Haneke: 1997. ccxc A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project), 1999, de Daniel Myrick & Eduardo Sanchez (Roteiro, direção e montagem). ccxci A Bruxa de Blair 2, O Livro das Sombras (Book of Shadows: Blair Witch 2), 2000, de Joe Berlinger (roteiro e direção) e Dick Beebe (roteiro). ccxcii Arthur Schopenhauer (Bryan Magee, História da Filosofia, 1999: 139), é o autor dessa frase famosa e muito atribuída a Hobbes devido ao princípio filosófico deste para a formação do Estado. ccxciii Ilustração de Gustave Doré em The Rime of the Ancient Mariner (informação Mariner (informação da edição) ccxciv Antigo provérbio alemão, cf. Paulo Coelho, em Brida em Brida,, 1990: 1990: 180. ccxcv Tao é um estado de consciência. Ele começa onde a mente acaba. Não possuímos conceito algum para traduzi-lo, simplesmente porque o ocidental desconhece esse estado. A palavra Tao é constituída de duas imagens: “cabeça” e “caminhar”. Como cabeça, podemos entender algo relativo à consciência; como caminhar, ir deixando o caminho para trás. O Tao é este estado de “consciência dinâmica”. dinâmica”. Nele você está em relação consciente com a vida. E participa dela sem perguntas ou respostas respostas preconcebidas. preconcebidas. A própria vida se faz presente... presente... King em chinês significa cclxxxv
“livro” e Te, Te, “ponte”. Em última análise, Tao Te Te King significa “O livro que leva ao contacto com o infinito, com o indivizível, com o absurdo, à finalidade última”. Pedro Tornaghi, in Lao Tse, Tse, Tao Te King , 1989: 9/10. [Muito particularmente, neste trabalho utilizo – o que me parece apropriado – o termo Tao como A como A Totalidade Infinita, o eterno caminhar assim do humano como das estrelas, tudo o que há e o que não há, no sentido de O Cheio e O Vazio Vazio em eterno processo...] ccxcvi Por se mover num mundo de emblemas e atribuir uma realidade plena aos símbolos e às hierarquias de símbolos o pensamento chinês orienta-se para uma espécie de racionalismo convencional ou escolástico. Mas, por outro lado é movido por uma paixão empiricista que o predispôs a uma observação minuciosa do concreto, e que sem dúvida o levou a observações frutíferas. Seu maior mérito é nunca haver separado o humano e o natural e ter sempre concebido o humano pensando no social. A idéia de lei não se desenvolveu e, por conseguinte, a observação da natureza ficou entregue ao empirismo, e a organização da sociedade ao regime dos compromissos. compromissos. Mas a idéia de Regra, ou melhor, a noção de Modelos, permitindo aos chineses conservarem uma concepção flexível e plástica da Ordem, não os expôs a imaginar, acima do mundo humano, um mundo de realidades transcendentais. Inteiramente impregnada de um sentimento concreto da natureza, sua Sabedoria é decididamente humanista... [Marcel Granet, O Pensamento Chinês, 1968/1997: 210]. Marcel Granet aderiu ao postulado de Voltaire sobre uma China “racional”; nenhum preconceito teológico impelia os chineses a “imaginar que o Homem compunha sozinho, na natureza, um reino misterioso”; por isso, “nada os (havia impedido) de edificar toda a sua sabedoria sobre uma psicologia de espírito positivo”. [Vadime Elisseeff, in Marcel Granet: Marcel Granet: 10]. ccxcvii Foto, sem indicação de autoria, in Gerald Thomas, A Primeira Guerra do Século XXI (Relato de uma Testemunha) Testemunha),, setembro de 2001. ccxcviii João Ricardo Moderno, Estética Moderno, Estética da Contradição, Contradição , 1997, pág. 132. ccxcix Nietzsche, Ecce Nietzsche, Ecce Homo, 1908: 81/2 ccc Omar Káyyám, Rubáyát Káyyám, Rubáyát de Omar Kháyyám, Kháyyám , versão de Octavio Tarquinio de Sousa, 1951: 37. ccci Ezra Pound, Os Cantos, Cantos, 1934/1986: 837. cccii Ezra Pound, Os Cantos, Cantos, 1934/1986: 1934/1986: 833.
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