FLEXOGRAFIA
E U D E S
S C A R P E T A
FLEXOGRAFIA MANUAL PRÁTICO Bloco Comunicação Ltda.
São Paulo, Março de 2007
1ª edição
Agradecimentos Pode parecer fácil, mas agradecer não é algo tão simples. Muitas pessoas ajudaram sobremaneira. Outros não perceberam que estavam contribuindo para esse documento. Porém, quero destacar os seguintes: Em primeiro lugar agradeço a Deus sobre todas as coisas que orienta e permite que as coisas aconteçam. Muito obrigado. Agradeço à minha família, cujo esteio é muito importante para que as coisas andem e finalmente cheguem ao final com sucesso. Agradeço ao amigo Wilson Wilson Paduan Paduan que me auxiliou no capítulo sobre impressão, pré-impressão pré-impressão e tintas entre outras informações. Agradeço ao amigo José Carlos de Freitas, que foi grande incentivador e cotizador para que as coisas acontecessem. Agradeço ao Lopez, Paulo Sergio, Daniela, Vlamir, Dutra e Letícia, Letícia, que ajudaram a preparar imagens e desenhos para o livro em seu tempo livre. Agradeço ao ao pessoal da Bloco de Comunicação Comunicação (Marcos, (Marcos, Wilson e Carlos) em quem quem depositei depositei confiança para a edição deste livro, pois sempre admirei o trabalho sério que fazem na revista EmbalagemMarca. Agradeço aos mestres Lorenzo Lorenzo Baer, Baer, Bruno Cialone, Sergio Vay e Bruno Mortara, cuja convivência me é sempre enriquecedora. Agradeço às empresas que acreditaram no projeto projeto e que, espero, espero, ganhem também por apostarem em algo inédito na língua portuguesa. Agradeço aos dirigentes da Zaraplast, Zaraplast, que permitiram essa contribuição contribuição sobre flexografia ao mercado. Isso mostra o diferencial de uma empresa que, por meio da qualidade de seus produtos, passou à vanguarda da flexografia em seu segmento no Brasil. Nunca pouparam esforços para implementar ações de melhoria como a aplicação das normas ISO e NBR de flexografia, além de acreditarem em meu trabalho. São meus mestres. Agradeço à Abflexo e à Abiea, que viabilizaram a divulgação e que apoiaram o projeto inédito no Brasil. Agradeço à ABTG A BTG e à Abigraf por também confiarem em meu trabalho junto à ISO/TC IS O/TC 130 Comitê Internacional de normalização para a indústria gráfica mundial. Sou grato ao SENAI-SP que tanto contribuiu para o meu crescimento como profissional e, acima de tudo, como pessoa. Agradeço aos meus companheiros de trabalho que pontuaram com excelentes contribuições e a todos aqueles que, no decorrer de muitos anos, me ajudaram e tiveram paciência comigo. Agradeço a minha esposa Miriam que é uma das maiores incentivadoras e que me motiva a mostrar-lhe um trabalho bem feito. Agradeço sua paciência e agradeço por ser simplesmente “minha”. A todos meu MUITO OBRIGADO!
Dedicatória Dedico este livro à minha mãe. Sabe, dedicar uma obra à mãe certamente parece lugar-comum. Mas não é. Minha mãe é um exemplo de dedicação e trabalho. Durante muito tempo, trabalhou duro junto com meu pai e minha irmã para que eu estudasse e cursasse o Senai de Artes Gráficas. E não foram apenas os dois anos de aprendizagem industrial, mas também os quatros anos que se seguiram de escola técnica no mesmo Senai Theobaldo de Nigris. Eram tempos difíceis, em que levávamos arroz com feijão e ovo (às vezes frito, às vezes omelete ou outra criação pra disfarçar) boa parte da semana. Nascida no interior de São Paulo, logo mudou-se com sua família para o interior do Paraná, onde seu pai comprou um pedaço de terra. Época muito difícil. Com o tempo conheceu meu pai e se casou. Depois de eu e minha irmã nascermos no norte do Paraná, vieram para São Paulo tentar a vida, como se diz. Mais épocas difíceis. Mas nunca desistiram e com o tempo conseguiram criar-nos com educação e preceitos éticos e morais que, penso eu, sejam o maior legado de todos. Hoje tenho minha mãe como exemplo, inspiração de persistência e determinação. Acredito realmente que os pais são a base para o que os filhos serão no futuro. Pois no meu caso foi isso que aconteceu. Obrigado pai. Obrigado mãe.
Prefácio O Professor Eudes Scarpeta entendeu que o desenvolvimento técnico sustentável da flexografia no Brasil dar-se-á somente com a superação de seu maior paradigma: “Investimento em capital humano”, através do estudo, pesquisa e difusão dessas informações valiosas aos profissionais do setor. O Mercado da Flexografia bem-informado e a cada dia mais promissor, agradece. O Profissional Eudes Scarpeta continua contribuindo na consolidação deste ideal de crescimento, liderando o projeto de normalização setorial junto à ISO (Comitê para Normalização da Flexografia, onde atua como Líder de Projeto Internacional), elevando à condição de “Empreendedor, Inovador e Pioneiro” o nosso país, o Mercado e todos nós, profissionais oriundos do meio. O Brasil, na berlinda da normalização, agradece. O Autor Eudes Scarpeta lança seu segundo livro técnico para a indústria gráfica e convertedora. Depois de uma visão abrangente, clara o objetiva sobre redução de setup (e custos) para offset, rotogravura e flexografia (Como diminuir o setup na impressão - Editora Scortecci - 2005), ele compila tudo o que aprendeu, vivenciou e praticou nos seus trabalhados em flexografia, uma obra bastante útil e necessária ao nosso segmento. Os leitores, ansiosos, agradecem. O Amigo Eudes Scarpeta me estende o gentil convite de prefaciar este livro, de compartilhar seu conhecimento, sua sabedoria e mais do que tudo isso, me honrar com a sua amizade. O admirador Aislan Baer, com sinceridade e votos de sucesso, agradece.
Índice Capítulo 1 – Introdução .......................................................... 13
Quais os melhores ângulos para flexografia? ........................... 46
Como surgiu a flexografia ........................................................14
O que é “Moiré”? .....................................................................47
Características da flexografia ................................................... 14
Existe alguma retícula que não provoque o “Moiré”? ............... 47
Chapa flexível, mas resistente.................................................. 15
O que é lineatura? ...................................................................48
Tinta líquida e de secagem rápida ........................................... 15
Em que influi a lineatura na reprodução da imagem? .............. 49
Sistema de entintagem ............................................................15
Qual a melhor lineatura para flexografia?.................................49
Impressoras para todas as necessidades ................................. 16
Que dizer da porcentagem de pontos? ..................................... 49
As variáveis a serem controladas na flexografia....................... 18
O que é “contraste de imagem”? ............................................. 50
Características do processo flexo ............................................. 19
O que é “ganho de pontos”? ....................................................49
Como identificar um impresso em flexografia .......................... 19
Por que ocorre o ganho de pontos? ......................................... 51
Características das impressoras .............................................. 20
Como se calcula o ganho de pontos?....................................... 52 O ganho de pontos é igual para cada máquina? ...................... 54
Capítulo 2 – O design e a produção gráfica .................. 23
Como se corrige o ganho de pontos? ....................................... 55
Que cuidados o designer da embalagem deve ter? .................. 28
Como são feitas as medidas para correção de ganho de pontos? ................................................. 55
A cor que eu vejo na tela do computador é a mesma que eu vou obter na impressão? ...........................28 É possível aproximar a cor que vejo no monitor e o resultado impresso? ......................................... 28
O ganho de pontos é igual nas áreas claras, médias e escuras da imagem? .....................................55 De que forma se dá a correção do ganho de pontos? .............. 55
Que tipos de textos são mais apropriados para flexografia?..... 29
O que é um densitômetro?.......................................................55
O corpo do texto afeta a impressão?........................................ 29 Que cuidados se deve ter com textos negativos? ..................... 29
Por que ocorre a distorção ou aumento da imagem na flexografia? ........................................ 56
Qual a diferença entre fontes PostScript e TrueType? ............... 30
A distorção é igual para todos os clichês? ............................... 56
Por que as fontes PostScript são melhores em Macintosh que em PC? ....................................... 30
Quais elementos importantes de um finger print para flexografia? .............................................. 56
Imagem e ilustração não são a mesma coisa?......................... 31 O que é resolução da imagem? Qual devo usar para imprimir em flexografia? .......................................... 31
Capítulo 4 – Clichês para impressão flexo ..................... 63 O que são clichês?...................................................................64
Qual o melhor tipo de “formato” de imagem? .......................... 32
De que são feitos? ...................................................................64
O que são ilustrações em vetor e bitmap? ............................... 33 Qual a melhor? ........................................................................34
Como escolher o tipo de fotopolímero e quais fatores são importantes? .............................................64
O que é color trap e para que serve? ....................................... 34
Que métodos de gravação e cópia existem? ............................ 65
O que é um arquivo em PDF/X? ............................................... 35
Qual a altura correta do grafismo em relação ao piso? ............ 66
O que é o PDF/X-1a? ...............................................................35
Como se faz e para que serve a exposição principal no sistema convencional? .......................................... 66
Quais são os itens de um checklist básico para orientar o trabalho do designer? ........................... 38
Capítulo 3 – Pré-impressão de flexografia .................... 41 O que é pré-impressão? ..........................................................42 Quais os equipamentos utilizados? .......................................... 42 Quais os softwares utilizados na pré-impressão?..................... 43 Como a imagem é preparada para ser impressa? .................... 43
Como determinar a melhor exposição de verso e principal? .... 66 Para que serve a lavagem (gravação) da chapa e que cuidados se deve ter? .....................................68 Que cuidados com os clichês se deve ter na gravação química? ................................................68 Para que serve e por que são necessários a secagem e a estabilização do clichê? ...................................68
O que é retícula? .....................................................................43
O que acontece se não se esperar o tempo de estabilização e já se utilizar o clichê para imprimir? ................69
O que é quadricromia?.............................................................44
Como funciona o sistema de gravação a laser? ....................... 71
Os pontos de retícula possuem formatos diferentes? ............... 44
Resumo dos principais tipos de cópia e gravação .................... 72
Qual o melhor tipo de ponto para flexografia?.......................... 44
Quais os controles que se deve fazer ao receber um clichê gravado? ................................................ 73
O que é ângulo de retícula? ..................................................... 46
Qual o melhor método para limpar o clichê durante a impressão? ................................................. 73
Por que o tratamento corona tende a reduzir ao longo do tempo? ....................................... 101
Como se deve limpar o clichê após a impressão? .................... 73
O tratamento pode variar em função da tinta? ....................... 102
Qual o melhor método para armazenamento do clichê?........... 73
Resumo dos diferentes produtos e estruturas utilizadas.........103
Existem controles a serem feitos nos clichês de um modo geral? ...............................................74
Capítulo 7 – Tintas para impressão ................................109
Qual a tendência dos sistemas de gravação de chapas no mercado mundial? .............................. 74
Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão .............................................. 77 Quais os métodos de montagem de clichês ............................. 77 Qual é o melhor sistema de colagem utilizado hoje em dia? .... 79 O que é dupla-face? ................................................................80 Quais os tipos de dupla-face?.................................................. 81 O tipo de dupla-face influencia no resultado da impressão? .... 81 Densidade é o mesmo que compressibilidade?........................ 81 Qual a principal característica que uma fita dupla-face deve ter? ........................................... 82 Qual é, então, o melhor tipo de dupla-face?............................. 82 O que são “sleeves” ou camisas? ............................................ 82 Quais são os tipos de camisas mais comuns no mercado? ...... 83 Quais as vantagens e as desvantagens das camisas? ............. 83 Quais os cuidados na escolha das camisas?............................ 84 O que são provas de flexografia? ............................................. 85 Quais os tipos de provas mais comuns e qual a melhor? ......... 86
Do que são feitas as tintas de flexografia?............................. 109 O que são resinas? ................................................................109 Quais as resinas utilizadas na flexografia? ............................. 110 Qual a função das resinas nas tintas......................................110 O que são vernizes?...............................................................111 O que são solventes? .............................................................111 Que tipos de solventes são utilizados nas tintas flexo? .......... 112 Propriedades físicas dos principais solventes gráficos ........... 113 Qual o método correto para utilização dos solventes nas tintas? .......................................114 Quais os controles feitos nos solventes? ................................ 114 O que são e qual a função de pigmentos e corantes? ............ 114 Como se classificam os pigmentos e quais as suas origens? ... 115 Resistência à luz ....................................................................117 O que é moagem? .................................................................117 O que são aditivos e quais os principais utilizados nas tintas flexo? ..................................... 119 O que é viscosidade? Como controlá-la? ............................... 119 O que é rendimento da tinta?.................................................120
O que é “print” e Cromalin® ..................................................... 86
Quais os principais controles a serem feitos nos filmes de tinta impressos? ..................................... 120
O que é o catálogo Pantone ®? ................................................. 86
O que é tixotropia?.................................................................121
O que é perfil ICC? ...................................................................87
Qual seria uma formulação média para tintas de flexografia? ........................................... 122
Capítulo 6 – Principais suportes para impressão .......91
Tintas à base de água e seu uso em flexografia .................... 122
Quais os principais suportes que podem ser impressos na flexografia?....................................... 91
É possível aplicarmos tintas base água na flexografia de banda larga para substratos plásticos? ............122
Quais as boas qualidades que os suportes devem possuir? ..... 92
Que dificuldades podem surgir e quais cuidados os operadores devem ter com tintas base água? ...................123
Quais as principais aplicações do papel nos segmentos que a flexografia atende? ................................ 92
Podemos utilizar tintas à base de água para laminação? ....... 123
O que são plásticos?................................................................92
Como fazer para acertar a cor?..............................................124
O que são “filmes técnicos”? ................................................... 92
Quais são os três princípios da cor? ...................................... 125
O que são co-extrusados? .......................................................93
De que forma a densitometria pode ajudar no controle da cor? ............................................126
O que são laminados? .............................................................93 O que são metalizados? ...........................................................93 Por que utilizamos laminados e metalizados? .......................... 94
Capítulo 8 – Cilindros anilox ............................................... 129
Quais as propriedades do alumínio e por que é tão útil em embalagens?.......................................... 95
Qual a função básica do anilox?.............................................130
Por que o poliéster é tão utilizado hoje em dia? ....................... 95 Quais as qualidades do polipropileno? ..................................... 96
Quais os principais tipos de laser para gravação de anilox e quais as diferenças entre eles?............................ 131
O que é extrusão de materiais plásticos?................................. 97
Quais os itens de controle? ....................................................132
O que é tratamento corona? .................................................... 98
Por que a lineatura do anilox deve ser alta?........................... 132
O que é a tensão superficial?................................................... 99
O que é BCM?........................................................................132
O que pode afetar o tratamento corona?................................ 101
O BCM é mais importante do que a lineatura do anilox? ........ 133
Quais os tipos de anilox mais comuns? ................................. 130
Qual o ângulo da retícula do anilox? ...................................... 133
Sistemas de cura U.V. ............................................................177
Por que se escolheu esse ângulo? ......................................... 133
Electron beam........................................................................180
Em que o volume de tinta influencia a impressão? ................ 134
Sistemas E.B. aplicados a impressoras flexo.......................... 182
Qual o cálculo para converter BCM/pol² em cm³/m²?.............134
Meio-corte dos rótulos ...........................................................183
Como escolher o anilox? ........................................................134 Que outros fatores devem-se levar em conta na escolha do anilox correto? ....................................... 135
Capítulo 11 – Impressão flexo – Corrugados ............. 187
Lineaturas e volumes recomendados para cada processo ..... 136
Tipos de papelão ondulado ....................................................188
Quando utilizar rolo de borracha pelo sistema doctor roll? ..... 137
Terminologia ..........................................................................189
Há algum princípio básico na escolha do anilox? ................... 137
Tipos de ondas ......................................................................189
Quais os métodos de limpeza do cilindro anilox? ................... 138
Controle da qualidade do papelão ondulado........................... 190
Como se deve armazenar os cilindros anilox? ........................ 138
Desenvolvimento de embalagens e estruturas ....................... 190
E que dizer do armazenamento das camisas anilox? ............. 139
A impressão ...........................................................................191
As camisas anilox são tão boas quanto os cilindros anilox? ... 139
Sistema de entrada (alimentação) .......................................... 192
O anilox sleeve pode ser recondicionado?.............................. 140
Grupo impressor ....................................................................193
Que tipo de anilox é mais recomendado para grandes chapados? ..................................140
Sistema de saída ...................................................................196
Como se afere o anilox? ........................................................141 Quais são os métodos para aferição? .................................... 141
Capítulo 12 – Problemas comuns na impressão e soluções práticas ...................................201
Dicas e cuidados com camisas anilox .................................... 142
Falhas de impressão ..............................................................203
Algumas definições básicas na área de corrugados ............... 188
Variação de registro ...............................................................204
Capítulo 9 – Impressão de flexo – Banda larga ........ 145 Sistemas de entintagem ........................................................145
Cor lavada em relação ao padrão........................................... 205
Sistema construtivo ...............................................................146
Falha na sobreposição de tintas (trapping da tinta) ................ 206
A máquina impressora ...........................................................147
Variação da cor durante a impressão (color shifting) .............. 207
Sistema de entrada (alimentação) e saída.............................. 147
Variação do passo da fotocélula ............................................. 208
Eixos e tubetes ......................................................................148
Tinta U.V. não cura (seca) .......................................................205
Decalque................................................................................208
Troca de bobinas ....................................................................149
Manchas ou borrões no impresso .......................................... 209
Alinhadores ............................................................................150
Blocagem (blocking) ..............................................................210
Controle de tensão manual ou semi-automático .................... 152
A tinta arranca as fibras do papel .......................................... 211
Controle de tensão automático............................................... 152
Moiré no impresso .................................................................212
Roletes...................................................................................153
Riscos no impresso ................................................................213
O grupo impressor .................................................................155
Entupimento da retícula .........................................................214
Sistema sem-engrenagens (gearless) .................................... 158
Ganho de ponto excessivo .....................................................215
Cuidados com o sistema de entintagem ................................ 161
Marcas de engrenagem .........................................................216
Cilindro entintador (doctor roll) ............................................... 162
Fotografia (fantasma) .............................................................217
As racles (facas) utilizadas na flexografia ............................... 163
Chapado sem cobertura ou furando ....................................... 218
O certo e o errado sobre as racles e sistemas de entintagem ............................................165
Mudança de contraste durante a produção ............................ 219
Capítulo 10 – Impressão flexo – Banda estreita e média ......................................................... 171 A máquina impressora ...........................................................172 Sistema de entrada (alimentação) .......................................... 172 Grupo impressor ....................................................................173 Sistema de entintagem ..........................................................174 Impressoras com troca do grupo impressor ........................... 174 Secagem entre-cores, estufas e exaustão.............................. 175 Secagem ultra-violeta ............................................................175
Pontos de retícula falham (missing dots) ................................ 220 A tinta perde (ou muda) a cor depois de impressa ................. 221 Variação de COF ....................................................................222 Impressão sem brilho (fosca) – Blushing................................ 223 Código de barras não lê .........................................................224
Glossário e termos técnicos em flexografia ................. 225
Capítulo 1 – Introdução – 11
Neste capítulo você vai ver:
• Como Surgiu a Flexografia • Apresentação das Principais Características da Flexografia • Resumo das Propriedades das Chapas para Impressão • As tintas para Flexografia • Importância do Sistema de Entintagem • Diferentes tipos de Equipamentos para Diferentes Serviços • Variáveis a Serem Controladas no Processo
1•Introdução fle xografia evoluiu muito nos últimos anos. Mais e mais profissionais de outras áreas têm mudado para fle xo. A qualidade de impressão melhorou e o custo de fabricação não aumentou proporcionalmente, tornando assim a fle xografia forte concorrente da rotogravura em certos campos, especialmente no segmento de embalagens fle xíveis. Ao passo que há este substancial desenvolvimento, material informativo e claro não está disponível no mercado. Assim, este livro procura au xiliar aqueles que estão entrando no mercado e não conhecem bem o que é fle xografia. Ao mesmo tempo, será útil também para aqueles que já possuem experiência, mas carecem de base teórica. “Fle xografia - Manual Prático” visa ajudar técnicos, vendedores, designers, gerentes, impressores, técnicos de pré-impressão, clicheristas, profissionais da área de controle de qualidade e todos os envolvidos com esse processo de transformação que é a fle xografia a compreender esse excelente processo. Este Manual deve estar na sala de impressão, no laboratório, na sala de vendas, enfim, em todo lugar que seja de fácil acesso. A recomendação que se faz é que empresários, diretores, gerentes e responsáveis por empresas em geral disponibilizem tantos exemplares quanto possível, a fim de qualificar seus profissionais e melhorar o desempenho da empresa. O Livro é dividido em partes, de modo a facilitar a localização do assunto dese jado e o rápido acesso às causas e às soluções dos problemas em fle xografia. Assim, o leitor perceberá ser muito prática a forma como foi escrito e, principalmente, sua linguagem, de fácil entendimento por operadores e todos que o utilizarem no seu dia-a-dia. Além disso, há dicas de cuidados que se deve ter no desempenho das funções ligadas ao processo de impressão, e um apelo para a postura profissional de quem lida diretamente na execução do pedido. Capítulo 1 – Introdução – 13
Como surgiu a flexografia o ã ç u d o r t n I
Charles Goodyear, o descobridor da vulcanização da borracha, processo que viabilizou o desenvolvimento da flexografia
Demorou muito depois da descoberta da vulcanização da borracha em 1839 pelo norte-americano Charles Goodyear para a fle xografia vir à existência. Por volta da década de 30 do século 20 – isto é, quase um século depois – a vulcanização já estava bem aprimorada, e a idéia de substituir os tipos móveis de chumbo, estanho e antimônio por tipos de borracha vulcanizada foi uma feliz conseqüência. A primeira empresa a fazer uso deste recurso foi a Mosstype Corporation, que desenvolveu as chapas. O princípio de impressão consistia na entintagem do clichê de borracha com uma tinta à base de anilina. O sistema de impressão passou então a ser conhecido como “Processo Anilina” ou “Impressão Anilina”, pois não tinha outro nome ainda. Em 1938, a empresa International Printing Ink Corporation, nos Estados Unidos, aprimorou o recurso para entintagem do clichê. Passaram a usar um cilindro gravado com inúmeras células que retinham a tinta e a transferiam com uma dosagem mais controlada. Este cilindro gravado no cobre e recoberto com cromo foi chamado de Anilox e é ainda hoje vastamente usado nas impressoras fle xográficas Na década de 1930 a FDA (Food and Drug Administration), órgão do governo americano que controla alimentos e remédios, declarou a anilina tó xica. Deste modo o nome “Impressão Anilina” passou a ser considerado como algo ruim, sinônimo de veneno. Na década seguinte as gráficas americanas líderes decidiram mudar o nome deste processo de impressão, para que seus produtos pudessem ser mais bem recebidos pelas indústrias alimentícias da época. É interessante que já se usavam muitos outros tipos de tintas para a impressão, mas o estigma da anilina persistia. As gráficas abriram a oportunidade para sugestões e receberam cerca de duas mil, vindas de todas partes dos Estados Unidos. Em 21 de outubro de 1952 foi anunciada a escolha: “Processo Fle xográfico” ou “Fle xografia”.
Características da Flexografia Diversidade de substratos e variedade de formatos são características do processo de impressão flexográfica
A fle xografia possui a facilidade de imprimir sobre diversos tipos de substratos e de variar o formato. Pode-se imprimir desde etiquetas e sacolas plásticas até cai xas de papelão ondulado. A otimização é maior, pois, diferentemente de outros processos, como offset, a fle xografia não possui interrupção no perímetro do clichê colado. Assim, pode-se aproveitar melhor o substrato.
14 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Chapa flexível, mas resistente A chapa para impressão pode variar tanto na espessura quanto na dureza. Outra propriedade da chapa é o tipo de material utilizado, que pode ser fotopolímero, borracha natural ou mista, cada qual com uma finalidade específica. Normalmente, para uma maior qualidade, o fotopolímero traz melhores resultados. A dureza pode variar de 25 a 40 graus Shore “A”, a unidade de medida de dureza de borrachas (quanto maior o valor, maior a dureza) para impressão de cai xas de papelão ondulado, pois a “maciez” do clichê se amolda melhor à superfície irregular do material. Para impressão em substratos com superfícies regulares e para se obter melhor definição de impressão, utiliza-se dureza entre 55 e 60 graus Shore “A”. As chapas são coladas em cilindros ou camisas apropriados chamados de “porta-clichês”. Os métodos para fi xação das chapas podem variar, mas o mais utilizado é a colagem com dupla-face, uma fita espumada com adesivo em ambos os lados.
I n t r o d u ç ã o
G A D I O S T U
As chapas podem variar na composição, na espessura e na dureza
Tinta líquida e de secagem rápida A tinta de flexografia é normalmente líquida e de secagem rápida, permitindo boa velocidade de impressão. As tintas podem ser à base de solventes como álcool, mistura de solventes e água ou mesmo de cura ultra-violeta. O emprego de cada tipo de tinta decorre do tipo de serviço, do substrato, do equipamento, do uso final do produto. São vários os controles feitos na tinta e estes são considerados no Capítulo 7.
Sistema de entintagem O item mais importante do sistema de entintagem na flexografia é o cilindro anilox. Suas células gravadas dosam a tinta a ser depositada na superfície do clichê. Se houver pouca tinta a cor impressa poderá ser distorcida. Se houver excesso, acumulará tinta entre um ponto e outro causando manchas na imagem impressa. Os cilindros anilox são a parte É importante ter sempre em mente que o controle da dosagem de tinta é fun- mais importante do sistema de damental na flexografia. A tecnologia moderna permite muita variedade no entintagem em flexografia tipo e na profundidade de células, que são escolhidas em função do serviço a ser realizado.
O excesso de tinta pode gerar defeitos na impressão, como se observa na imagem da direita Capítulo 1 – Introdução – 15
o ã ç u d o r t n I
Impressoras para todas as necessidades Os equipamentos para impressão podem ser organizados em três grandes categorias, conforme o tipo de material a ser impresso: 1) Etiquetas e rótulos (banda estreita e banda média), 2) Embalagens em geral (banda larga) e 3) Corrugados (Papelão Ondulado). Os equipamentos para impressão de etiquetas e rótulos são relativamente pequenos e requerem apenas um operador. São diversos os tipos de etiquetas: de supermercado, para roupas, rótulos etc. R E T E P L I N : O T O F
Impressora típica de banda estreita
Rótulos auto adesivos são amplamente impressos em flexografia
16 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
As embalagens são um grande grupo: sacolas de supermercado, sacolas de papel, papel de presente, sacos de padaria, papel de embrulho, embalagens de biscoitos, sorvetes, farinhas, laminados, longa vida, pet food etc.
I n t r o d u ç ã o
Impressora Flexopower para banda larga
Embalagens flexíveis são um grande mercado de impressão em banda larga
O grupo de corrugados – isto é, as caixas de papelão ondulado – é mais rústico que os dois anteriores. Para imprimi-las, normalmente se utiliza tinta à base de água e impressão em duas ou mais cores. O equipamento é alimentado com placas de papelão, diferentemente dos dois processos anteriores, cujo substrato sempre entra na forma de bobina. Impressora Martin para corrugados
Grande parte das caixas de papelão ondulado são impressas em flexo
Capítulo 1 – Introdução – 17
G A O I D U T S
o ã ç u d o r t n I
O clichê no momento da impressão tende a deformar
As variáveis a serem controladas na flexografia Muitas são as variáveis que interferem nos resultados da impressão em fle xografia. A chapa, a tinta, o anilox, a máquina, o substrato e a própria mãode-obra, para se citar apenas os principais. Naturalmente os outros processos de impressão também possuem variáveis semelhantes, mas na flexografia estes são agravados por causa das características do processo. Por ser em alto relevo e feito de borracha flexível, o clichê obriga a um controle cuidadoso por parte dos profissionais em flexografia. No ato da impressão o clichê entra em contato direto com o substrato e tende a deformar-se. Além disso, ao ser colado no cilindro porta-clichê, a imagem gravada na chapa de fotopolímero se deforma. Tudo isso aumenta o ganho de pontos, causando um aumento da tonalidade na imagem impressa. Por ser a tinta líquida, sua dosagem deve ser feita com o mínimo necessário, visto que ela pode escorrer ou entupir a imagem gravada no clichê. Além disso, deve-se controlar a viscosidade, velocidade de secagem e tonalidade. O cilindro anilox é fator muito importante relacionado com a tinta, visto ser o principal agente de entintagem. As folgas mecânicas, imprecisões, erros de projeto e tantos outros fatores transformam o próprio equipamento de impressão em outra grande variável. Cada impressora é única, com suas qualidades e seus defeitos. Na flexografia, grande parte da qualidade do impresso depende da sensibilidade, da experiência e dos cuidados do impressor. Dele dependerá a entintagem do clichê, bem como a pressão e o encosto micrométrico do clichê no substrato. O impressor também decidirá que tipo de anilox usar, o balanceamento dos solventes na tinta, o padrão de cor, qual o melhor dupla-face etc. Portanto, não é exagero afirmar que o investimento em treinamento técnico especializado é um dos melhores que a empresa faz.
Clichê Meios
Meio ambiente
Impressora
Variáveis flexo
Material
Operador Tinta
18 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Dupla-face
Características do processo flexo I n t r o d u ç ã o
A evolução da Fle xografia significou nos últimos anos uma qualidade quase igual (em alguns casos) à da rotogravura. No entanto a melhoria da qualidade também cobrou seu tributo. Os clichês tornaram-se mais caros, surgiram novos tipos de dupla-faces, máquinas mais sofisticadas, tintas mais pigmentadas e com qualidade melhor, anilox com gravação a laser, controles automáticos de viscosidade e tantas outras melhorias. Então, o que faz da flexografia um processo competitivo? Vamos ver as principais características.
Resumo das Características do Processo • Clichê flexível com gravação em alto relevo. • Tinta líquida de secagem rápida por evaporação dos solventes ou por cura UV. • O clichê de fotopolímero pode durar perto de 1 milhão de cópias boas. • Imprime sobre qualquer tipo de suporte flexível (papéis diversos, alumínio e vários tipos de plásticos) e também papelão ondulado. • Mercado da Flexografia: Embalagens flexíveis em geral com filmes técnicos e laminados, sacolas, rótulos e etiquetas, embalagens de papelão ondulado etc.).
Como identificar um impresso em flexografia A fle xografia disputa o mesmo mercado de atuação da rotogravura e por esta razão alguns confundem os dois processos. Mas a fle xografia possui um inconfundível squash (borrões nas bordas de traços e textos) ca racterístico do processo. • Observe as bordas de traços finos e textos, se tiver o squash, é fle xografia (ver exemplo abaixo).
O squash é uma das características que marcam a impressão flexo Capítulo 1 – Introdução – 19
• A maioria das cai xas de papelão ondulado é feita em fle xografia. A exceção é feita às cai xas cuja “capa” que reveste as ondas do papelão é impressa em offset para uma melhor definição de imagem (ex: cai xas de eletrodomésticos). • Grande parte dos rótulos encontrados hoje são feitos em fle xografia (inclusive as pequenas etiquetas de preços usadas em supermercados).
o ã ç u d o r t n I
Características das impressoras As máquinas impressoras possuem configurações diferentes em função do tipo de serviço a ser realizado e da largura do suporte a ser impresso. Assim uma classificação mais genérica é: 1. Banda Larga: embalagens de snacks, sacolas promocionais, biscoitos, sacos de arroz/fei jão, ração animal (pet food); 2. Banda Estreita e Média: Rótulos auto-adesivos, etiquetas; 3. Corrugado: Cai xas de papelão ondulado.
Assim temos: 1. Sistema satélite ou tambor central: Possui um cilindro contra-pressão (também chamado de tambor central ) que é comum a todos os grupos impressores . É mais usado em banda larga. Possui a vantagem de dei xar o suporte a ser impresso totalmente preso durante a impressão de todas as cores. Isso facilita o registro das cores e diminui a dilatação do suporte. Essa estrutura é indicada para impressão de plásticos, especialmente polietileno e polipropileno.
20 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
I n t r o d u ç ã o
2. Sistema convencional ou Stack: Neste caso há um cilindro contra-pressão para cada grupo impressor . Há casos em que é utilizado em linha com a extrusão para imprimir sacolas de supermercado. Não é recomendado para suportes que podem esticar demais, tais como polietilenos, pois o material é muito tensionado e as cores podem sair de registro. Equipamento indicado para papel.
3. Sistema Modular: É semelhante ao anterior, no sentido de que cada grupo impressor possui também um cilindro contra-pressão . A diferença está no posicionamento desses grupos. Enquanto no sistema stack eles ficam um sobre o outro, nas máquinas modulares os grupos vêm em seqüência. No Brasil é muito usual na indústria de banda estreita que faz rótulos e etiquetas auto-adesivas.
Capítulo 1 – Introdução – 21
Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
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Neste capítulo você vai ver:
• Como funciona a produção gráfica • Quais os cuidados que o designer deve ter ao criar uma arte para flexografia • Qual a diferença entre fontes True Type e PostScrip • Qual a diferença entre imagens em Bitmap e Vetor • Resolução de imagem • Cuidados com trap • Importante informações sobre PDF
2•O design e a produção gráfica or produção gráfica entende-se o processo de criação de um produto (uma revista, uma embalagem, um folheto, um anúncio impresso). Esse processo passa por várias etapas antes de finalmente chegar às mãos do consumidor final. Em geral são agências especializadas que criam as peças para reprodução gráfica. Isso quer dizer as artes a serem impressas. As gráficas já possuem os projetos prontos de embalagens padronizados bastando apenas adaptar ao processo de envasamento (no caso de embalagens) do cliente. Às vezes a própria indústria de transformação (indústrias gráficas e de embalagens) propõe melhorias e/ou inovações nos produtos (estruturas de embalagens) do cliente. O processo de criação começa na agência que idealiza, dentro de especificações do cliente, opções de design para que o departamento de marketing escolha. A partir de então passa por uma série de departamentos dentro da empresa para que o projeto seja bem-sucedido (produção, departamento legal, Desenvolvimento, etc). Daí passa-se à finalização das artes. As artes prontas são enviadas à gráfica e convertedores de embalagens. Esses adaptam a arte às características do processo de impressão e fazem uma “prova” (impressão digital, normalmente em ink jet e em papel offset normal ou fotográfico) e devolvem para o cliente conferir dizeres, dimensões etc. Se estiver tudo ok, a gráfica ou convertedor solicitará um visto de aprovação nessa “prova”. Note que, embora a “prova” possa ser colorida, o objetivo não é fazer a aprovação de cores, pois as cores que sairão na impressora são diferentes das impressoras ink jet tradicionais. Além disso, a prova digital normalmente não é feita com os pontos de retícula utilizados na impressão e isso por si só já fará muita diferença no resultado final. Isso, aliás, precisa ficar bem claro ao cliente. Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
25
Dessa forma, o projeto de um produto envolverá Marketing, Produção, Qualidade Assegurada, Desenvolvimento, o Consumidor, Fornecedores, Supply Chain e Distribuição. Há ainda a preocupação com o impacto do produto (especialmente no caso das embalagens plásticas) com o meio-ambiente. Marketing Supply Chain
Produção
n g i s e D
Meio Ambiente
Distribuição Design e Projeto Gráfico
Safety Clearance
Desenvolvimento
Fornecedor
Consumidor
Marketing: faz e/ou orienta a criação do design do produto gráfico
em conjunto com o estúdio. Gerencia em parceria com o desenvolvimento, os prazos de produção em conformidade com os prazos de lançamento do produto. Desenvolvimento: Estuda e desenvolve junto com o convertedor
(gráfica) uma embalagem, por exemplo, compatível com o produto. Verifica o custo/benefício do processo de impressão, tipo de material e dificuldades de reprodução do que o marketing e a agência criaram. Produção: Avaliação do protótipo do produto em linha de produ-
ção. É importante que uma embalagem, por exemplo, tenha um bom desempenho nas máquinas de envase. Em outras palavras, deve-se antecipar problemas. Consumidor: É claro que nenhum projeto poderá ser bem-sucedido se não
incluir o consumidor. Aquele que, por adquirir o produto, dará sua aprovação. Assim, o departamento de marketing junto com o estúdio testará o gosto do consumidor final. Além disso, estão envolvidos aspectos legais como o Código de Defesa do Consumidor. 26 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Fornecedores: As gráficas ou convertedores de embalagens precisam ser
desenvolvidos, quer dizer, testados e até mesmo auditados muitas vezes. No caso de embalagens alimentícias e farmacêuticas, por exemplo, o rigoroso critério com BPF (Boas Práticas de Fabricação) e HACCP (Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle) precisarão ser os pontos fortes do fornecedor. Também deve ser verificada a “capabilidade” do processo, ou seja, se os fornecedores têm condição técnica e espaço para produzir o volume necessário ou se poderão de um momento para o outro suportar pedidos extras de última hora. É claro que tudo isso envolve também a negociação de preços. Safety Clearence: ou produto limpo e seguro. Ainda é comum muitas empre-
D e s i g n
sas utilizarem, sem saber, insumos com risco de intoxicação. Um exemplo são as tintas que podem conter pigmentos inorgânicos com metais pesados como o chumbo e que podem ser empregados desde uma revista infantil até uma embalagem alimentícia. O mesmo risco pode acontecer com outras matérias primas. Para assegurar que a embalagem é “limpa e segura” deve-se solicitar amostra para análise dos insumos ou pelo menos um laudo do fornecedor assegurando que não se utilizam produtos tóxicos no processo. Supply Chain (Cadeia de Abastecimento): é o processo integrado que per-
mite a obtenção de recursos (insumos) básicos, e os transforma agregando valores para que possa ser entregue em forma de produtos ou de serviços a clientes que estão dispostos a pagar por este valor agregado. O supply chain também pode providenciar a escolha dos fornecedores. • Logística: providenciará a melhor forma de distribuição dos produtos: como entregar (paletes, pacotes, caixas etc). Também providenciará os melhores meios de transporte e armazenamento. • Departamento Legal: Nenhuma embalagem ou produto poderá chegar ao consumidor final com textos, imagens ou gráficos abusivos, com linguagem enganadora ou que violem os Direitos do Consumidor, ou ainda omitindo informações importantes. É onde entra o Departamento Legal que, à luz das leis, códigos etc, dará aval ao projeto.
Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
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Que cuidados o designer da embalagem deve ter? Muitas são as precauções que os criadores de design de embalagens devem ter. Como vimos, cada processo possui suas características que devem ser respeitadas. A flexografia, por exemplo, possui características ímpares, e um pouco de conhecimento facilitará a criação de artes próprias para reprodução. Vamos considerar os principais cuidados que a flexografia requer. São eles: cor, textos e imagens/ilustrações. n g i s e D
A cor que eu vejo na tela do computador é exatamente a mesma que eu vou obter na impressão? Não. O que você vê é a cor formada por RGB (red, green e blue), ou seja, o monitor se utiliza de luz colorida para formar todas as cores que você vê, processo chamado de síntese aditiva. Na impressão o que formará a cor serão tintas com pigmentos que refletirão a luz (síntese subtrativa).
MAGENTA
LUZ VERMELHA
LUZ AZUL VIOLETA
VERMELHO AMARELO PRETO
BRANCO AMARELO
MAGENTA
CIANO
AZUL VIOLETA
VERDE
LUZ VERDE
CIANO
Síntese aditiva: como as cores são formadas no monitor
Síntese subtrativa: como as cores são formadas na impressão
É possível aproximar a cor que vejo no monitor e o resultado impresso? É possível sim. Porém, será necessário a calibração entre a impressora para provas digitais (tipo ink jet, por exemplo) e a impressão. Normalmente isso é feito dentro da empresa convertedora ou gráfica. Os estúdios, devido à distância e também por trabalhar com diversos convertedores, não possuem essa calibração. Hoje em dia há um grande movimento do WYSIWYG que é a abreviação da expressão em inglês What You See Is What You Get, que pode ser traduzido para “O que você vê é o que você tem”, no sentido de que a imagem que se vê na tela do computador já está com a aparência do trabalho final. 28 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
TEXTOS Que tipos de textos são mais apropriados para flexografia? Quase todas as embalagens possuem textos, mas às vezes, não se tomam cuidados simples para garantir a legibilidade das informações. Não é qualquer tipo, caractere ou fonte que pode ser usado sem atenção especial. Tipos com serifas (Garamond, Bodoni, Times) e fontes cursivas (Brush Script, Mistral, Park Avenue, Zapf Chancery) não são recomendáveis para flexo. Em geral, estes tipos possuem um grau de dificuldade na impressão por acumular tinta mais facilmente e também por falhar, quando se trata de cursivas. As fontes recomendáveis são as lapidárias ou sem serifas como a Arial, por exemplo.
Serifa
D e s i g n
N
O corpo do texto afeta a impressão? Textos com corpo muito pequeno são difíceis de reproduzir, porém em muitas embalagens, e especialmente em rótulos e etiquetas, o seu uso é inevitável. Se não der para evitar textos com corpo menores que 8 pontos, então não tenha dúvidas, utilize fontes lapidárias (sem serifas e não cursivas). O itálico também deve ser evitado, pois tende a afinar as linhas do texto.
Que cuidados se deve ter com textos negativos? São basicamente dois: evitar fontes serifadas ou cursivas e tamanhos pequenos. Abaixo de corpo 8, por exemplo, haverá problemas. Textos com corpos pequenos e com serifas tendem a entupir na impressão e a perder legibilidade.
TABELA DE TEXTOS PARA FLEXOGRAFIA CARACTERÍSTICAS
EVITAR
INDICADOS
Fonte
SERIFAS e Curivas
LAPIDÁRIAS (sem serifas)
Textos negativos
Corpo 12 Corpo 10
Textos positivos
Itálicos
Corpo 8
Corpo 8
Corpo 6
Corpo 12 Corpo 10 Corpo 8
Corpo 6
Corpo 12 Corpo 10 Corpo 6
Corpo 12 Corpo 10 Corpo 8
Corpo 6
Fonte Conjunto das letras do alfabeto, números e sinais desenhados de modo característico. Corpo Tamanho do texto, normalmente dado em pontos (pts). Ponto Unidade de medida da letra. Um ponto equivale a 0,325 mm. Itálico Inclinação que se dá a vários tipos de fontes. Serifa Traços que fazem o acabamento de uma letra. Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
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Qual a diferença entre fontes PostScript e TrueType?
n g i s e D
PostScript trata os itens de uma página como um objeto geométrico
Em cima, exemplo de texto em PostScript. Em baixo, em True Type.
PostScript é uma tecnologia que realmente fez a evolução da escrita em todos os produtos gráficos. Sem a PostScript, os desenhos feitos em computadores não iriam muito longe. Antes dessas fontes os designers não tinham controle sobre o que sairia como fontes no resultado final para impressão. Por outro lado a vantagem das fontes TrueType é que são baratas e por isso são populares. Além disso, são fáceis de manejar e gerenciar. Porém, podem causar muita dor de cabeça ao Bureau ou gráfica. PostScript foi desenvolvida pela Adobe (empresa de software que publica o Photoshop, um dos mais conhecidos e utilizados softwares gráficos). PostScript difere de outros códigos para textos porque trata os itens de uma página (textos, imagens e gráficos) como um objeto geométrico. Quando imprime em uma impressora PostScript, são enviados para o sistema em forma de comando de textos. Estes textos contêm informações exatamente como estão na página (arte). O texto é recebido, entendido e traduzido por um interpretador PostScript na sua impressora. Por causa dessa simplicidade de comandos de textos e consistência do interpretador de PostScript, qualquer impressora imprimirá sempre do mesmo jeito a informação. Enviando sempre a mesma informação Postscript para cinqüenta impressoras, você obterá sempre o mesmo resultado de impressão. A informação PostScript é importante principalmente quando se dará saída em filmes (fotolitos) em uma imagesetter ou CTP (Computer to Plate). Quando se utilizam fontes TrueType os resultados podem ser inexatos e inconsistentes (falta do texto, espaço entre as letras, repaginação, troca de letras ou fontes).
Por que as fontes PostScript são melhores em Macintosh que em PC? Os interpretadores PostScript são comuns em impressoras laser em ambiente Macintosh, mas são menos comuns em PCs com ambiente Windows®. É evidente que isso tem melhorado nos últimos anos e muito se faz hoje com um PC, mas ainda há problemas. A razão é que o PC não foi criado como uma máquina gráfica como o Macintosh, mas sim como equipamento matemático. No entanto, se você já operou um Mac sabe muito bem a diferença entre os dois. A manipulação de imagens gráficas fica muito mais simples nesses equipamentos. Ao contrário das fontes TrueType, as de PostScript permitem um desenho consistente de todo o layout sempre. O que você vê na tela do computador é o que você verá impresso não importando qual a impressora digital, imagesetter ou CTP. Até mesmo algumas empresas gráficas não aceitam artes com fontes TrueType por que terão muitas vezes que refazer o arquivo enviado pelo cliente para “dar saída” na separação de cores. 30 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
IMAGENS E ILUSTRAÇÕES
Muitos não compreendem por que uma imagem ou ilustração que na tela do seu computador parece perfeita, mas quando é utilizada em uma arte para impressão, fica “pobre”, ou, como se diz, fica sem resolução. O problema não está no processo de impressão. Como vimos, o que se vê no monitor não é necessariamente o que se obterá no produto impresso, i mpresso, não importando muito qual o processo utilizado (digital, offset, rotogravura ou flexografia).
Exemplo de imagem fotográfica
Imagem e ilustração não são a mesma coisa? No jargão gráfico normalmente as imagens se referem a fotografias. Já as ilustrações são desenhos feitos em softwares especializados, como Corel Draw e Illustrator ou algum desenho feito à mão e escaneado.
O que é resolução de imagem? Qual devo usar para imprimir em flexografia? O design gráfico não necessita mais resolução do que a capacidade de resolução da impressora ou do processo de impressão. Note que muitas vezes vemos imagens, fotos em sites na internet que parecem perfeitas e quando tentamos reproduzir em impressora ink jet, por exemplo, ficam sem definição.
Exemplo de ilustração
Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
31
D e s i g n
n g i s e D
Imagens em bitmap mostrando o resultado de diferentes resoluções
72 dpi
Isso acontece porque a resolução do monitor é baixa quando comparada à resolução da impressora. Isso significa que se uma imagem que está sendo impressa em uma impressora laser de 600 dpi também será necessário uma resolução de imagem de 600dpi para uma reprodução 100%. Uma imagesetter, por exemplo, pode ter uma resolução muito maior chegando a 2.400 dpi. É claro que dependendo da configuração, ela pode descartar imagens acima de 1.200 dpi. Isso significa que imagens com essa resolução são impressas tão bem quanto uma imagem de 3.600 dpi. Sabendo disso, não é necessário guardar imagens com resoluções tão altas se forem para impressão. Apenas ocuparão espaço precioso em seu computador ou rede além do fato que quanto mais “pesada” a imagem mais difícil de manusear em programas de edição de imagens.
150 dpi
300 dpi
Qual é o melhor tipo de “formato” de imagem? Quase todas as imagens digitais que são utilizadas no computador estão no formato RGB (red, green e blue) diferentes das que serão impressas na flexografia que são cyan, magenta, amarelo e preto ou CMYK (cyan, magenta, yellow e black. O preto é representado pelo “K” para não confundir com o azul caso fosse utilizada a letra “B”). Alguns tipos de imagens, como as em JPG usam um tipo de compressão que afeta a qualidade da imagem. Durante a edição ou tratamento da imagem, cada subseqüente exportação de um JPG (mantendo-se o esse formato) irá degradando a qualidade. Quando preparamos imagens para impressão em flexografia ou outros processos de impressão o ideal é salvar a imagem como CMYK e extensão TIFF. Esse formato que é a abreviação em inglês de Tagged Image File Format é amplamente usado pelos profissionais gráficos e designers, pois o TIFF pode ser comprimido, alterado e exportado sem alterar a qualidade de imagem e pode ainda guardar informações de cores.
32 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que são ilustrações em vetor e bitmap? O designer gráfico terá duas opções para trabalhar sua criação como arquivo digital: Vetor ou Bitmap. Na tela do computador elas parecem idênticas, mas, em uma inspeção mais acurada perceberemos muitas diferenças entre elas.
Vetor Vetor D e s i g n
As artes em Vetor são preparadas em programas de ilustração como o Adobe Illustrator ou Freehand, que são baseados em código PostScrip. O design gráfico “plota” pontos na sua prancheta digital marcando pontos. Daí ele conecta esses pontos fazendo linhas retas ou curvas. As formas são então preenchidas com cores, gradientes (para fazer degradês) ou mesmo outros padrões. Se o designer utilizar softwares como o Illustrator ou Freehand, então provavelmente a figura que criou será uma imagem em Vetor. A grande coisa sobre as imagens em vetor é que podem facilmente ser editadas por clicar nos pontos e movê-los criando outros contornos. Não importando se a imagem é grande ou pequena ou se você reduzirá ou ampliará, a imagem sairá perfeita, sem distorções. No entanto, como as imagens em vetor utilizam código PostScript pode ocorrer que essas imagens não saiam perfeitas em impressoras digitais que não possuem o código. Um objeto vetorial pode ser ampliado sem perda de qualidade
Bitmap As artes em Bitmap escaneadas ou criadas em programas de edição de imagens como o Photoshop são outra opção diferente das imagens em vetor. Uma imagem de 72 dots-per-inch (dpi) pode parecer bonita no monitor, mas não é boa suficiente para a impressão gráfica. Uma foto com c om resolução de 300 dpi é o que se indica para imprimir em tamanho natural ou 100%. Porém se aumentar em 300% todos os pixels da imagem também aparecerão, deixando-a com visual desagradável e com baixa resolução. Quando se amplia uma imagem em bitmap os pixels aparecem
Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
33
Qual a melhor? O ideal é que o designer gráfico procure criar imagens em vetor sempre que possível, pois são mais fáceis de manipular. No entanto se for uma fotografia, então não haverá escolha, pois essas imagens são sempre bitmaps. Mas não tem problema se você sempre procurar trabalhar com c om o máximo de resolução para garantir a perfeita reprodutibilidade da imagem impressa nos diferentes sistemas de impressão. n g i s e D
O que é color trap e para que serve? Depois dos filmes produzidos, as cores impressas precisam ser alinhadas (registradas) com precisão. Se as cores não estão alinhadas corretamente na página, espaços em branco podem aparecer entre as cores que estão juntas. Este problema é chamado de “fora de registro” e pode deixar o visual da impressão muito ruim. Isso acontece porque, dependendo do tipo de impressora, ou mesmo do tipo de processo de impressão, vários fatores (máquina, cilindros, camisas, material, entre outros) podem fazer com que as cores não se encaixem. Assim, para prevenir possíveis variações o operador experiente utilizará um recurso chamado de color trap. Por exemplo, o círculo cyan está registrado com o magenta de fundo. Daí separam-se os filmes/clichês em dois: um para o cyan e outro para o magenta. Porém, se não houver um recurso de trapping, qualquer variação mostrará o desencaixe.
Original
Filme/clichê do cian
Filme/clichê do magenta
Note na figura que, sem o trap, quando aparece a variação, cria-se uma área branca, e onde se aplicou o recurso de trap não há o círculo, embora haja a mesma variação. É claro que são necessários cuidados para utilizar o recurso, especialmente levando em consideração as cores.
Variação sem trap
34 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Variação com trap
Outra forma de se evitar (ou esconder a possível variação de registro) é quando em embalagens há mais de duas cores. Daí deve-se engrossar as linhas de contorno que esconderão o problema, caso ocorra na impressão (veja figura abaixo).
Linhas grossas ajudam a esconder o “fora de registro”
D e s i g n
O que e um arquivo em PDF/X? PDF/X é um subconjunto de especificações que é a sigla do inglês “Portable Document Format” (PDF) foi desenvolvido pelo comitê técnico de artes gráficas (Committee for Graphic Arts Technologies Standards - CGATS) e está sendo padronizado como norma internacional ISO pelo ISO/TC 130. O formato é baseado no PDF da empresa Adobe (a mesma que criou o Photoshop) e serve para envio/troca de documentos digitais com anotações ou não, de trabalhos prontos para a impressão inclusive com informações de cores, texto etc.
O que é o PDF/X-1a? PDF/X-1a restringe o conteúdo em um original no formato PDF que não sirva diretamente à finalidade da saída de alta qualidade da produção da cópia para impressão, tal como anotações, ações de Java, e multimídia inseridos. O PDF/X-1a elimina também os erros mais comuns na preparação e envio digital das artes. De acordo com um estudo da GATF (Graphic Arts Technology Foundation) conduzido em janeiro 2002, os erros mais comuns em arquivos PDF eram os seguintes: • Fontes de textos não incluídas. • Erros de cores. • Perda de imagens. • Características de overprint e trapping. Já quando se prepara um documento em PDF/X-1a o arquivo garantirá que esses erros não aconteçam porque ao imprimir em PDF o software (Acrobat Distiller®) tem como padrão confirmar que: • Todas as fontes e imagens devem estar incluídas. • Todos os elementos são codificados como CMYK. • O arquivo também deve indicar os trappings. • Outros itens importantes. Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
35
WORKFLOW
Necessidades do cliente
Arte digitalizada
Foto da câmera digital
Arte gerada no computador
Foto da câmera digital
Arte digitalizada
Arte gerada no computador
n g i s e D Retoque e correção de cores
PROVAS
SIM
OK ?
NÃO
Retoque e correção de cores
PROVAS
OK ?
Corrigir
NÃO
Corrigir
SIM
NÃO
Conceito do projeto
Lay-out do projeto
OK ?
Cria a prova final e a SIM printer que será aprovada pelo cliente
Informações para a separação de cores e demais informações
Montagem do trabalho
PROVAS
OK ?
NÃO
Melhoria do projeto
DESIGN 36 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
PRÉ-IMPRESS
FLEXOGRAFIA Preparação das tintas
D e s i g n PROVAS
NÃO
OK ?
Correção da imagem
NÃO
SIM
SIM
Fazer os filmes e clichês ou deixar os arquivos digitais prontos
Montar os clichês
Prova de clichês montados
OK ?
SIM
Ajustes de impressão
OK ?
SIM
Imprimir o serviço completo
NÃO
Corrigir o problema
O
IMPRESSÃO
Aprovação do cliente
Capítulo 2 – O Design e a Produção Gráfica –
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Quais são os itens de um checklist básico para orientar o trabalho do designer? Para evitar erros de projeto, o profissional de design pode seguir um checklist com diversas informações importantes. Preparei um com itens que devem ser lembrados. Alguns são considerados em capítulos específicos do livro. Outros você mesmo poderá colocar conforme as características do seu trabalho. Conforme vimos também, se você utilizar o PDF/X-1a terá seu trabalho facilitado, pois ele conferirá todos os itens que são necessários para a reprodução gráfica de alta qualidade.
n g i s e D
GERAL Imprimir seu documento (arte)
em sua própria impressora e olhar de longe se o resultado do layout é o que você está esperando. Se não for, voltar e refazer de forma que atinja o resultado que você quer e, principalmente, que seja legível.
Salvar seu documento para
LAYOUT Conferiu todas as medidas
Todas as fontes estão presentes da embalagem incluindo o passo no documento? da foto-célula e os critérios para inserção de código de barras? As fontes são legíveis e foram Lembre-se: quando a impressão é evitadas cursivas e serifadas? em flexografia, o posicionamento do código de barras possui menor distorção no sentido longitudinal da impressão.
futuras edições. Salvar em estágios diferentes e, claro, na versão final. Os elementos que serão “sangrados” quer dizer, cortados na Ler o texto e corrigir possíveis borda da arte atravessam 5mm erros. além da marca de corte?
Marque este item se você tiver tomado todos os cuidados solicitados pelo seu cliente quando lhe encomendou esse trabalho.
FONTES
Nenhum elemento importante
do projeto termina dentro de 5mm da borda da corte?
Você considerou o tipo de material em que será impresso o seu trabalho (papel, plástico, alumínio)?
Todas as cores foram criadas
Tem certeza de que tudo o que usou no trabalho é apropriado para impressão em flexografia?
Todas as cores juntas (CMYK) no total somam no máximo 270%.
CORES ou convertidas como CMYK?
T S I L K CHEC 38 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
IMAGENS
Todos os arquivos de imagens estão presentes.
Todas as imagens foram salvas
como TIFF? Nenhuma imagem foi salva como GIF ou JPEG para não permitir a degradação da cor ou resolução através da compressão?
Nenhuma imagem ou ilustra-
ção possui linhas finas menores que 0,25 pontos que são de difícil reprodução em flexografia?
As imagens fotográficas foram
salvas com pelo menos 300 dpi (dots per inch) no tamanho original?
Ilustrações a traço (tipo bico de
pena) foram escaneadas com resolução entre 800 e 1200 ppi (pixels per inch).
Meios tons (imagens reticula-
das) que foram escaneadas foram devidamente feitas de tal forma que não causem “moiré” no resultado final de impressão.
Capítulo 3 – Pré-impressão – 39
Neste capítulo você vai ver:
• O que é a pré-impressão • Por que é importante • Quais equipamentos e softwares mais utilizados • Como escolher retículas, pontos, ângulos e lineatura para flexografia • Ganho de pontos e como controlar • Densitometria e distorção de clichês
3•Pré-impressão de flexografia a reprodução gráfica é fundamental o uso de retículas. Toda imagem que possui variação tonal (observe a imagem abaixo) necessitará ser decomposta em pequenos pontos que chamamos de retícula. Esses pontos variam em freqüência ou tamanho, produzindo com isso uma imagem de graduação tonal.
Capítulo 3 – Pré-impressão – 41
O que é pré-impressão? Costuma-se designar pré-impressão (prepress) todas as operações que são necessárias para a preparação da imagem, gravação dos clichês e verificação da qualidade do mesmo por meio de provas digitais ou analógicas. A pré-impressão serve para preparar todo o processo que envolve a confecção da imagem, filmes, provas digitais ou analógicas e clichês. No entanto, é mais comum que a pré-impressão seja entendida como sendo apenas a área que possui os computadores, scanners, imagesetter etc.
Quais os equipamentos utilizados?
o ã s s e r p m i é r P
Uma configuração típica de pré-impressão possui computadores (normalmente a preferência é pela linha Macintosh), Scanner, imagesetter e uma processadora de filmes.
Computador Apple Macitonsh G5
Scanner Epson Perfection 4990 Photo
Imagesetter Avantra 44
42 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Quais os softwares utilizados na pré-impressão? São quatro os principais softwares para editoração eletrônica: 1) Editores de Textos (Microsoft Word, Word Perfect, Word pro), 2) Tratamento de imagens (Photoshop, PhotoPaint, etc), 3) Ilustrações (Corel Draw, Illustrator) e 4) Paginação (Art Pro, In Design, etc). Na prática os editores de textos são preteridos pelos softwares de paginação e o software da Esko-Graphics. Outro software utilizado especificamente para a flexografia é o FlexoCal que corrige os possíveis ganhos de pontos antes da gravação do clichê. Há, no entanto, sofwares especializados para a área de embalagens que facilitam a montagem do layout, corrigem ganho de pontos e preparam a imagem para dar saída, quer dizer, para cópia digital ou simplesmente para fazer os fotolitos.
Softwares especialistas para correção de imagem em flexografia Software da Esko-Graphics
Como a imagem é preparada para ser impressa? Toda imagem necessita de uma prévia preparação de cores. No caso da imagem fotográfica é necessário reticulá-la, ou seja, decompô-la em milhões de elementos que chamamos de pontos de retícula. No caso de traços e linhas isso não é necessário. Imagens fotográficas possuem variações de tons
O que é retícula? São os milhões de elementos que compõem a imagem. A retícula é necessária para que possamos visualizar uma imagem fotográfica na impressão. São os pontos da retícula maiores e menores que dão a ilusão de áreas claras e escuras de uma imagem. Em áreas claras os pontos são menores. Em áreas escuras os pontos são maiores. Pontos de meio-tom (como também são chamadas as retículas) são normalmente quantificados pela porcentagem da área que cobrem. Isto é necessário para permitir o depósito de diferentes quantidades de tinta que reproduzem as variações tonais da imagem original.
Capítulo 3 – Pré-impressão – 43
P r é i m p r e s s ã o
O olho humano, a certa distância, tem uma ilusão de variação de tonalidade, pois não pode perceber os milhões de elementos (pontos) que compões a retícula. Faça o seguinte teste com a figura abaixo: primeiro olhe de perto e depois a coloque a uns três metros de distância. Notou que à distância a imagem suaviza? Na realidade o olho humano tende a agrupar os pequenos pontos da retícula dando a ilusão de uma fotografia.
o ã s s e r p m i é r P
O que é quadricromia? Uma imagem fotográfica colorida é decomposta em quatro cores básicas: Amarelo, magenta, cyan e preto. Daí o termo quadricromia. Quando se usam duas cores: bicromia; três cores: tricromia e assim por diante. Acima de quatro cores usa-se normalmente o termo policromia.
Os pontos de retícula possuem formatos diferentes? Sim. Os pontos mais comuns em produtos impressos em geral são as retículas geométrica e estocástica e de ponto quadrado, redondo e elíptico.
Qual o melhor tipo de ponto para flexografia? O melhor tipo de ponto para a flexografia é o redondo. A vantagem é que nas áreas de 50 % de imagem não há o encontro dos pontos e isso facilita a impressão não permitindo o entupimento da retícula pela tinta. O mesmo não ocorre com pontos quadrados e elípticos cujos vértices se encontram prematuramente facilitando assim o entupimento da retícula. 44 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
TIPO DE PONTO
ILUSTRAÇÃO
COMENTÁRIOS
o d a r d a u Q o t n o P
Constituída por pontos exatamente quadrados. Esta forma de ponto oferece uma boa combinação de rendimento tonal e definição de detalhes, tendo a porcentagem do ponto facilmente determinada. Contudo, devido à união simultânea dos quatro vértices do ponto há um maior entupimento da retícula no clichê flexo. Deve-se evitar esse tipo de ponto na flexo.
o c i t p í l E o t n o P
Ponto de difícil reprodução visto que as elipses (cantos dos pontos) no sentido se tocam em baixas porcentagens. Isso cria um acúmulo de tinta entre os pontos que torna a impressão propensa a borrões e entupimento na impressão. Não é recomendado para flexografia.
o d n o d e R o t n o P
Esta retícula compensa parcialmente o acúmulo direcional da tinta e o conseqüente aumento dos tons. Não oferece riqueza de detalhes, mas é o ponto que melhor se adapta à flexografia, pois ameniza o problema de acúmulo de tinta entre os pontos de retícula durante a impressão.
o c i r s t a é h m n l o i e e g d o u t n o o P
Composto de linhas que aumentam ou diminuem a largura. Em áreas claras, linhas mais finas. Em áreas mais escuras, linhas mais grossas. Utilizado por algumas empresas, este ponto dificulta a análise visual da imagem e facilita o entupimento da retícula do clichê. Não é recomendado para flexografia.
Capítulo 3 – Pré-impressão – 45
P r é i m p r e s s ã o
O que é ângulo de retícula? Em processo que envolva duas ou mais cores sobrepostas de retículas é necessário que estas mantenham uma distância de pelo menos 30º uma da outra. Observe na imagem abaixo como cada cor se comporta. Caso não se respeite o ângulo, ocorrerá o “moiré” (lê-se moarê). Y = 82,5º
Y = 90º
M = 67,5º
K = 75º M = 45º
K = 37,5º
C = 15º C = 7,5º
o ã s s e r p m i é r P
Angulação padrão do processo flexográfico
Angulação padrão do processo offset
Quais os melhores ângulos para flexografia? Diferente de outros processos de impressão, a flexografia utiliza ângulos próprios pesquisados para obter o melhor resultado de impressão. Assim uma típica seleção para flexografia é: Ângulos recomendados à flexografia Cyan – 7,5º / Preto – 37,5º / Magenta – 67,5º / Amarelo – 82,5º
82,5º
67,5º
37,5º
7,5º
46 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que é “Moiré”? O “moiré” é um efeito xadrez que ocorre na imagem quando os ângulos da retícula estão em menos de 30º. A única exceção é o amarelo que permite uma inclinação de 15º (por ser uma cor clara, o moiré não é perceptível).
P r é i m p r e s s ã o
Imagem sem moiré
Imagem com moiré
Existe alguma retícula que não provoque o “Moiré”? Existe sim. Chama-se retícula “estocástica” ou “FM Screen” (retícula de freqüência modulada). Nesse caso o que varia na imagem não é o tamanho do ponto, mas sim a freqüência (quantidade) dos pontos. Em áreas escuras há maior concentração, em áreas claras menor concentração. O problema de seu uso na flexografia é que facilita o entupimento da retícula na impressão. Uma alternativa é o uso de retícula híbrida, quer dizer, em áreas de 3% à 10% utiliza-se estocástica. Acima disso, retícula convencional.
Retícula convencional
Retícula estocástica Capítulo 3 – Pré-impressão – 47
O que é lineatura? Pode-se definir lineatura como: “a quantidade de linhas de pontos existente em um centímetro ou polegada linear”. Existem retículas de diversas lineaturas e sua escolha dependerá do tipo de suporte a ser impresso (papel, papelão, plásticos, alumínio etc), e das características de reprodução do processo em que serão confeccionados os clichês. 1 cm
Veja abaixo exemplos de utilização de lineaturas:
o ã s s e r p m i é r P
80 l/cm: Apresenta riqueza de detalhes finos para trabalhos de reprodução artística
em papel brilhante e liso. Aplicado aos processos de impressão offset e rotogravura.
60 l/cm: Apresenta também resultados bons nos detalhes e
pode ser empregado em papel mais poroso. Para offset e roto.
48 a 52 l/cm: Alguns trabalhos em flexografia já são realizados
nesta lineatura. Porém, exige bom controle do processo.
36 l/cm: Muito utilizado em flexografia, pois não entope a retícula
com facilidade. Por outro lado perde muito nos detalhes da imagem.
25 l/cm: também é utilizado na flexografia para serviços grosseiros que não requerem qualidade.
48 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Em que influi a lineatura na reprodução da imagem? A lineatura é diretamente responsável pela definição da imagem. Lineaturas mais altas resultam em maior definição; lineaturas mais baixas têm menor definição. No entanto é preciso ter cautela visto que na flexografia lineaturas mais altas podem significar maior entupimento e dificuldades de impressão. Dica Importante na escolha da lineatura: É possível fazer bons trabalhos de quadricromia com lineaturas mais baixas. A vantagem, nesse caso é o ganho de velocidade na impressão e poucas paradas de máquina para limpeza do clichê durante a operação.
Qual a melhor lineatura para flexografia? Isso depende do segmento, tipo de serviço, máquina, anilox e outros fatores. No entanto, há um parâmetro médio utilizado no mercado brasileiro, conforme segue: Papelão ondulado: 25 a 34 linhas/cm = lineaturas mais baixas para máquinas com menos recursos e lineaturas mais altas para máquinas mais sofisticadas. Banda Larga (Embalagens flexíveis): 36 a 42 linhas/cm. Banda Estreita (Etiquetas e rótulos): 46 a 60 linhas/cm. Geralmente utilizam-se lineaturas mais altas para impressão com tinta U.V. É evidente que esses parâmetros podem variar bastante conforme os recursos de máquinas, tintas, clichês etc.
Que dizer da porcentagem de pontos? Porcentagem de pontos é a quantidade de área impressa em relação às áreas não impressas de uma imagem. A porcentagem varia entre 1% a 99% onde 100% é considerado um fundo chapado.
0%
5%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100% Capítulo 3 – Pré-impressão – 49
P r é i m p r e s s ã o
O que é “contraste de imagem”? O conceito de contraste é interessante, pois nem todos os profissionais da área se acostumaram a enxergar a imagem com variações tonais diferentes entre as áreas claras, médias e escuras de uma fotografia. Em linguagem simples podemos dizer que contraste é a diferença entre as áreas claras, médias e escuras de uma imagem. TIPO
o ã s s e r p m i é r P
IMAGEM
COMENTÁRIOS
e t s a r t n o C o x i a B
O baixo contraste se caracteriza pelo “achatamento” da imagem, quer dizer, as áreas claras (mínimas) subiram e as áreas escuras (máximas) baixaram. Esse problema é comum nas imagens flexo. Geralmente no momento do retoque no arquivo digital, o operador tende a subir as mínimas, pois essas áreas são difíceis de gravar.
l a m r o n e t s a r t n o C
No contraste ideal, as áreas claras, intermediárias e escuras estão equilibradas permitindo a boa visualização da imagem com suas nuances depois de impressa. Naturalmente algumas imagens já são criadas com deficiências de contraste. Nesses casos é necessário observar o que o cliente final deseja.
e t s a r t n o C o t l A
Quando o contraste é alto, as áreas de máxima ficam muito altas e as áreas de mínima (claras) ficam muito baixa. Acontece então o que na flexo chamamos de “furar” a imagem, quer dizer, não há pontos para imprimir. O resultado depois de impresso é desagradável à vista. Já nas áreas escuras os pontos se “juntam” e chapam. Em ambos os casos se perdem os detalhes da imagem.
50 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que é “ganho de pontos”? O ganho de pontos pode ser entendido como aumento físico, em nível geométrico ou óptico, de cada um dos pontos de retícula correspondente a uma imagem. Dentre os vários processos de impressão, a flexografia é, simultaneamente, o que mais cresce e um dos que mais evoluíram tecnologicamente. Entretanto, apesar de toda a evolução tecnológica, dos grandes processos de impressão, é aquele que mais apresenta restrições técnicas, exigindo grande nível de conhecimento em todas as fases do processo para obtenção de uma boa qualidade de impressão. O primeiro passo para a obtenção de uma boa qualidade de impressão é o entendimento da chamada Curva de Reprodução. Como todos os processos de impressão, a flexografia possui uma curva característica de reprodução, que em termos mais amplos, relaciona a porcentagem de ponto de uma área do original (geralmente na mídia eletrônica) com o resultado final impresso.
Por que ocorre o ganho de pontos? A flexografia é um dos processos de impressão cujo ganho de pontos é mais acentuado. Alguns fatores colaboram para esse ganho excessivo: cópia do clichê, fotopolímero muito macio contra uma superfície de contra-impressão dura, tinta líquida, ajuste de impressão que depende em grande parte da habilidade do operador, excesso de pressão, escorregamento do ponto por erro no diâmetro primitivo, rejeição da tinta pelo substrato ou por outra tinta (especialmente em tintas UV). A partir do entendimento das deformações sofridas pela imagem durante as várias fases do processo de impressão, é possível estabelecer mecanismos de compensação, que mesmo não sendo capazes de levar a imagem impressa a ser reproduzida de maneira idêntica aos originais, compensam grandemente as deformações. Princípio do ganho de ponto clichê x impresso:
O ganho de ponto acima demonstrado é, em essência, o último dos vários ganhos possíveis. Capítulo 3 – Pré-impressão – 51
P r é i m p r e s s ã o
Durante o processo de impressão, a tinta na superfície do ponto é comprimida contra a superfície do substrato apoiado no tambor central ou contra-pressão. Uma vez que o substrato, especialmente os filmes plásticos, não é capaz de absorver a tinta, a compressão desta entre duas superfícies não absorventes gera uma fuga da tinta para a periferia do ponto. Este fenômeno conhecido por “squash” resulta em uma forma característica de ponto impresso, demonstrado na figura abaixo. O círculo preto na figura ao lado representa o real diâmetro de ponto no clichê e os círculos magenta, o resultado efetivamente impresso
o ã s s e r p m i é r P
Exemplo de ponto característico da impressão flexográfica
Abaixo é apresentado um diagrama representativo do ganho de ponto e, em seguida, a análise matemática do ganho de ponto, com exemplificação para maior entendimento. É recomendável para as empresas de flexografia disporem de lentes de aumento com escala de leitura capaz de medir os pontos, uma vez que a análise geométrica do ponto demonstra uma série de defeitos.
Ponto no clichê
Ponto impresso
Como se calcula o ganho de pontos? Avaliando-se os pontos do clichê e do impresso acima temos: Clichê: % de ponto= ? Ø do ponto= 130 μ Lineatura= 54 l/cm
Impresso: % de ponto= ? Ø do ponto= 160 μ Lineatura= 54 l/c
Por definição, a % de ponto é: Área do ponto/área do módulo Módulo: Total de μ² do ponto de 100% e, 52 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Módulo = (1cm/lineatura (l/cm))² Como 1 cm = 10.000μ; Módulo = (10000/LPc)² = X μ² Assim sendo, para o ponto do clichê temos: Módulo (M) = (10000/54)² M = 34294 μ² Área do ponto no clichê (área de um circulo)(Ap) = πr² Ap = 3,14159 x (130/2)² AP = 13273μ² Portanto, a porcentagem de ponto para o clichê será: %pc = Ap/M; %pc = 13273 μ²/34294μ² %pc = 38,7% O mesmo módulo vale para o ponto impresso, visto que o módulo está atrelado a lineatura. A área do ponto sofreu um acréscimo devido ao ganho, assim sendo, a nova área do ponto será: Ap = 3,14159 x (160/2)2 AP = 20106μ² % ponto impresso (%pi) = 20106 μ²/34294μ² %pi = 58,6% Ganho de ponto: O ganho de ponto de impressão (GPI) será: GPI =( (%pi - %pc)/%pc)* 100: GPI = ((58,6-38,7)/38,7)*100 GPI = 51,42% Portanto o ganho de ponto de uma área de média baixa (39% de ponto) foi de aproximadamente 50%, o que pode ser considerado muito elevado para a flexografia atual, onde se esperaria em um bom processo convencional ou Olec (cópia com luz puntiforme) no máximo 30% de ganho e no laser praticamente nenhum ganho. Abaixo segue uma tabela demonstrativa de diversos diâmetros de ponto e sua porcentagem correspondente em algumas lineaturas usuais: Capítulo 3 – Pré-impressão – 53
P r é i m p r e s s ã o
COMPARATIVO DE DIÂMETRO DE PONTO PARA DIVERSAS LINEATURAS
% Ø
o ã s s e r p m i é r P
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 290 300
34 0,8 1,5 2,3 3,3 4,4 5,8 7,4 9,1 11,0 13,1 15,3 17,8 20,4 23,2 26,2 29,4 32,8 36,3 40,0 43,9 48,0 52,3 56,7 61,4 66,2 71,2 76,4 81,7
38 1,0 1,8 2,8 4,1 5,6 7,3 9,2 11,3 13,7 16,3 19,2 22,2 25,5 29,0 32,8 36,7 40,9 45,4 50,0 54,9 60,0 65,3 70,9 76,7 82,7 88,9 95,4 102,1
42 1,2 2,2 3,5 5,0 6,8 8,9 11,2 13,9 16,8 20,0 23,4 27,2 31,2 35,5 40,0 44,9 50,0 55,4 61,1 67,1 73,3 79,8 86,6 93,7 101,0 108,6 116,5 124,7
46 1,5 2,7 4,2 6,0 8,1 10,6 13,5 16,6 20,1 23,9 28,1 32,6 37,4 42,5 48,0 53,8 60,0 66,5 73,3 80,4 87,9 95,7 103,9 112,3 121,2 130,3 139,8 149,6
50 1,8 3,1 4,9 7,1 9,6 12,6 15,9 19,6 23,8 28,3 33,2 38,5 44,2 50,3 56,7 63,6 70,9 78,5 86,6 95,0 103,9 113,1 122,7 132,7 143,1 153,9 165,1 176,7
54 2,1 3,7 5,7 8,2 11,2 14,7 18,6 22,9 27,7 33,0 38,7 44,9 51,5 58,6 66,2 74,2 82,7 91,6 101,0 110,8 121,2 131,9 143,1 154,8 167,0 179,6 192,6 206,1
Como se nota, nas lineaturas menores temos uma faixa ampla de diâmetro de ponto para trabalhar, o que já é muito mais restrito nas maiores lineaturas.
O ganho de pontos é igual para cada máquina? Não. Conforme vimos, cada parte do processo flexo faz com que varie o ganho de pontos. Assim, é necessário fazer uma avaliação personalizada por máquina. 54 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Como se corrige o ganho de pontos? A primeira coisa que se faz é levantar a curva de reprodução. Isso é feito por se imprimir um “Finger Print” que é uma coletânea de imagens, retículas, textos, traços e meios para fazer análises densitométricas do impresso ( ver nas páginas 58 e 59 ). Além disso, pode-se também fazer uso de um cilindro de banda (veja capítulo sobre Anilox).
Como são feitas as medidas para correção de ganho de pontos? O ganho de ponto pode ser medido pela utilização de um densitômetro e o impresso com os respectivos campos de análise contidos no Finger Print ou em uma tira de controle. O ganho de ponto é medido nas áreas sólidas de impressão e nas áreas reticuladas, onde o densitômetro faz uma relação entre a luz incidente e a luz refletida sobre a impressão. O resultado obtido é em porcentagem.
O ganho de pontos é igual nas áreas claras, médias e escuras da imagem? Não. Conforme o exemplo matemático citado anteriormente, em geral o ganho de pontos é menor nas áreas claras e escuras. As áreas médias são as que possuem maior ganho de pontos. Isso se dá por que os pontos nessas áreas tendem a acumular mais tinta.
Curva de reprodução
) % ( o s s e r p m i o n o t n o p e d o h n a G
Ganho de ponto no filme/clichê (%)
De que forma se dá a correção do ganho de pontos? Os densitômetros atuais possuem programas internos que efetuam automaticamente os cálculos de ganho de ponto. A medição é feita em “steps” apropriados (5%, 10%, 25%, 50% e 75%). Daí então se utiliza esse dado para corrigir ou compensar a curva de reprodução antes de imprimir, no software de preparação da imagem.
O que é um densitômetro? São instrumentos que medem a luz transmitida ou refletida. Um densitômetro de reflexão é utilizado como instrumento de controle para verificar a uniformidade e consistência das cores de impressão. O densitômetro de transmissão é utilizado para analisar a densidade do fotolito.
Densitômetro de Reflexão
Capítulo 3 – Pré-impressão – 55
P r é i m p r e s s ã o
Por que ocorre a distorção ou aumento da imagem na flexografia? Normalmente a cópia do clichê é feita em máquinas planas. Porém quando o clichê pronto é colado no cilindro porta clichês ele sofre uma distorção natural do fotopolímero. Dessa forma, um círculo perfeito, se não for corrigida a distorção, será impresso oval. A distorção é sempre no sentido longitudinal, não havendo necessidade de distorcer ou corrigir lateralmente a imagem. y x
yd xd
o ã s s e r p m i é r P
Quando uma chapa de fototopolí mero descansa em uma superfície reta, a parte de cima do clichê e sua base são do mesmo tamanho (x=y). Porém, quando o clichê é colado na camisa/cilindro, a superfície estica pois a distância do cen tro até a base e a área de impres são são diferentes (yd>xd).
A distorção é igual para todos os clichês? Não. Clichês com espessuras menores distorcem menos. Clichês mais espessos distorcem mais. Este, inclusive é um fator a ser levado em conta no momento da compra de uma impressora.
Quais os elementos importantes de um finger print para flexografia? O Finger Print (literalmente impressão digital) possui diversos elementos gráficos que podem indicar por meio de análises densitométricas a curva de reprodução de cada impressora. Para cada sistema de impressão (Banda larga, estreita e corrugados) possui um tipo diferente. Porém, um elemento que normalmente falta é o uso de chapados e retículas em um mesmo Finger Print. Isso é importante para aqueles casos em que se utiliza retícula e chapados combinados. Veja os detalhes num exemplo de Finger Print nas páginas seguintes.
56 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
QUIVO R A U O E MA AR T U R A I V HERIA N C I L C AO E U O UREAU B M m p roU A R r ia, ao u sa r u d ua s PA e h c i l c à r ia ra e n v lo s e m
a do a rq u i vo p D ra w e I l lu s t ra to r, d e i xá s eg u nda to n e m a h c e o Co r e l 1) No f r va s e a t ra ção co mo e x to s co n v e r t ido s e m c u m o a rq u i vo s u l i e d a m g ra s t co e n v ia r j u n to im e i ra co m o v e r sõ e s: a p r a l. A l é m d i s so, o id ea l é r m no pad rão no u sada s na a r t e. co r e s o u não. m s e e t s n n e fo g s a a toda s to r ia l o s d e i m o d e co n to r n g ra ma s d e i lu s t ra ção v e ã ç i s o p e r b o s ro 2) T ra p: é a co m e ndá v e l é u t i l iza r p c r ip t o u P D F. e r s t S o o o P a s N e s t e ca s d e a rq u i vo s ão ç ra e p r e s e n t e m p g a a o ã m n ta e i l u i q c q u e fa p s pa ra ic h ê e co m 2 5 6 s t e n t e m e n t e, c l s e ü lo eq tá s i n d o e c s: e, 3) D eg rad ê na g e ra ção do fo to l ito s sag e n s d u ra e s e r . o r e s e não d e v ma d e to i n o i m p r e s sã m ra pa e é o pad rão rado e m s i s t e to ). e t e s g r : e e B s G e R v e a d e P r . T udo 4) S i s t e m rão d e co r e s e n ta, A ma r e lo d ag a p M o n, m o ya c C ( o c ia ado tad , C M Y K a ra co n f e r ê n s são, o u s e ja p e r ) t p e j m i k e n i d s é e co r co m u m ig i ta l ( o ma i s b e r t u ra do a rq u i vo. d va ro p a m e r na a 5) E n v ia r u b l e ma s od e m s e p e rd p e u q r e s e n ta r p ro p s a e h l m e d po s d e d e ta e l in ha s f ina in c i pa l m e n t e s e o c l ic h ê s o n e u q e p u i to , p r a n t e s 6) T e x to s m na co n f e c ção do c l ic h ê z e r u m t e s t e fa é l a e id u o O o a io r e s. so. d e r e p e t içã d e 2 ,8 4 o u m ca pa b i lidad e do p ro c e s s ra u s s e p s e v e r a po s s u i p r e s so ra pa ra m i o u a n i u q á m na o Co r e l D ra w a s t e m o c to n u j P r o I n D e s ig n ta r o Co p y e a pa ra 7) Ao u t i l iza p la ta fo r ma P C, não ado m ra g e u m p ro m P ho to S ho p e ) pa ra l e va r u ma f ig u ra d mo n i to r q u e a i mag e m r Co p ia r e Co la bo ra po s sa s e r v i s í v e l no ro b l e ma s na co n( e m e r p a o o u t ro po i s i nda a s s i m pod e m o co r r i vo e d e po i s u rq a a m , u ta i m e e ag e m e s tá p e r f ito. Sa l v e a i m c ê d e s e ja. r t l to fo o d Fo n te: C l ia o f e c çã u e vo q e r a w t f o s o i m po r t e pa ra
Capítulo 3 – Pré-impressão – 57
P r é i m p r e s s ã o
o ã s s e r p m i é r P
58 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
P r é i m p r e s s ã o
Capítulo 3 – Pré-impressão – 59
Capítulo 4 – Clichês – 61
Neste capítulo você vai ver:
• Características dos clichês para flexografia • Quais os principais métodos de gravação de clichês • Cuidados com os clichês durante o processo de gravação • Gravação à laser de polímeros • Cuidados com o manuseio
4•Clichês para impressão flexo clichê de flexografia possui as áreas de impressão em alto relevo, quer dizer, a imagem destaca-se acima das áreas de não-impressão. Vários são os cuidados relacionados ao clichê. Abordaremos os principais cuidados relacionados ao de fotopolímeros, que, no Brasil, é largamente usado nos vários segmentos de flexografia.
C A B A: Espessura Total da Chapa B: Altura do Piso C: Altura do relevo Capítulo 4 – Clichês – 63
O que são clichês? São formas (matrizes) de impressão que reproduzirão sempre a mesma imagem. No entanto, com o decorrer da tiragem há um desgaste e isso pode alterar a imagem.
Clichês feitos no sistema convencional utilizam fotolitos
De que são feitos? s ê h c i l C
No passado recente usou-se muito a borracha natural, borracha sintética e a mista. No ramo de papelão ondulado ainda se utilizam mantas de borrachas entalhadas para serviços de traços e letras grossas. Mas o tipo de clichê mais utilizado hoje em dia é o fotopolímero. Os fotopolímeros são monômeros compostos de metacrilatos, fotoiniciadores e outras substâncias químicas que estão depositados sobre uma base de poliéster. Assim, ele possui alta estabilidade dimensional e uniformidade de espessura.
Como escolher o tipo de fotopolímero e quais fatores são importantes? A escolha do fotopolímero levará em conta o tipo de trabalho a ser executado, máquina, etc. São três os fatores para a escolha: 1) Espessura do fotopolímero: Existem vários tipos de espessuras e o que determinará seu uso será o tipo de impressora, quer dizer, o diâmetro pri mitivo das engrenagens projetadas na fabricação da máquina. As espessuras mais comuns são: 0.76mm; 1.14mm; 1.70mm; 2.84mm; 3.18mm; 3.9mm e 5.00mm. A espessura influencia diretamente no ganho de pontos e na 64 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
deformação da imagem. Quanto maior a espessura maior a deformação. Dê preferência para clichês com 0.76mm de espessura na compra da impressora visto que facilitam o controle da curva de reprodução da imagem. O inconveniente é que requerem muito cuidado durante a gravação, pois as escovas gravadoras podem facilmente remover pontos de retícula. 2) Dureza: Os clichês podem variar entre 25º a 85º Shore “A” (normalmente as chapas mais finas possuem durezas mais altas e as mais espessas durezas menores). Clichês muito macios podem deformar a imagem no momento da impressão. Os clichês mais duros tendem a não transferir perfeitamente Durômetro verifica a tinta de impressão. a dureza da chapa 3) Resistência do polímero: Normalmente a tinta determina o tipo de resistência que o clichê deverá ter. Tintas com cura ultravioleta (U.V.) necessitam de fotopolímeros com resistência específica. O ozônio (O 3) liberado pelo tratamento corona também deve ser levado em consideração se o uso for perto dessas fontes.
Que métodos de gravação e cópia existem? Gravação convencional com fotolito: ainda é o processo mais utilizado.
Um filme negativo é colocado na superfície do fotopolímero depois que o mesmo recebeu uma exposição com luz ultravioleta pelo verso para definir o “piso”, isto é, a base de não-impressão do clichê. Dá-se então a exposição principal no mesmo equipamento com o fotolito. As áreas de imagem que estão transparentes no filme negativo (fotolito) permitem a passagem de luz que polimeriza os monômeros do fotopolímero. Posteriormente o clichê será “lavado” com produtos químicos que removerão as áreas que não receberam luz. As que receberam luz foram endurecidas e não serão removidas. Depois o clichê vai para uma estufa de secagem com uma temperatura de 60º, onde permanecerá por cerca de 1 hora. No entanto ainda é necessário um tempo de descanso que poderá variar de fabricante para fabricante de fotopolímero. Por fim é dada uma exposição com luz especial (chamada de germicida) que eliminará a pegajosidade característica do clichê e o deixará pronto para a impressão. Outra opção é a utilização de luz puntiforme para a cópia, visto que a precisão é muito maior.
C l i c h ê s
Equipamento de cópia convencional Capítulo 4 – Clichês – 65
Qual a altura correta do grafismo em relação ao piso? Isso depende da espessura e também do tipo de serviço que normalmente a empresa executa. Apesar disso, a tabela abaixo traz valores interessantes que podem servir de referência: Lineatura da imagem e porcentagem mínima
Espessura da Chapa
Linhas finas e pontos isolados na chapa
33 l/cm ou 85 lpi 3%
48 l/cm ou 120 lpi 3%
60 l/cm ou 150 lpi 3%
1,14
0,7
0,6
0,6
0,5
1,70
0,8
0,7
0,7
0,6
2,84
1,2
1,0
0,8
0,7
3,94
1,8
1,2
-
-
Como se faz e para que serve a exposição principal no sistema convencional? s ê h c i l C
A cópia com filme negativo “mate” (fosco no lado da camada do filme) é feita em equipamentos apropriados que emitem luz rica em ultravioleta. Nas áreas transparentes do filme (grafismo, imagem) a luz passará e endurecerá o fotopolímero. Nas áreas escuras a luz não passará e o fotopolímero ficara “solúvel” ao solvente de lavagem. LUZ ULTRA VIOLETA FILME NEGATIVO FOTOPOLÍMERO Esquema da cópia do fotopolímero
Como determinar a melhor exposição de verso e principal? O melhor modo é fazer uma série de testes de exposição. O ideal é utilizar um test form como o exemplo a seguir. Note também os tempos e quais devem ser os resultados. Cada fabricante de fotopolímero pode ajudar com um test form específico. 66 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
I H A S A : E T N O F
TEST FORM DO PROCESSO DE CONFECÇÃO DE CLICHÊS DE FOTOPOLÍMERO CONVENCIONAL ESPESSURA DA CHAPA
O QUE OBSERVAR NA CHAPA
1,14 a 1,70 2,84 a 5,0
Meios tons Áreas mínimas: 1%–5% Lineatura: 100–175 lpi Tipo de ponto: Round (redondo) Ângulo da retícula: 45º
Linhas finas: Positivas: 0.04–1.5 mm Negativas: 0.04–1.5 mm
Meios tons Áreas mínimas: 2%–10% Lineatura: 45–120 lpi Tipo de ponto: Round (redondo) Ângulo da retícula: 45º
Linhas finas: Positivas: 0.08–1.5 mm Negativas: 0.08–1.5 mm
Exposição insuficiente
Exposição correta
Exposição insuficiente
Exposição correta
Pontos Isolados: 0.04–0.2 mm Fontes: Lapidárias e Serifadas: 2–8 pt
Pontos Isolados: 0.06–0.3 mm Fontes: Lapidárias e Serifadas: 4–8 pt
Verifique perda de pontos ou pontos mal formados; utilize uma lente ou conta-fios.
Exposição insuficiente
Exposição correta
Veja se não há linhas tortas. Confira também linhas negativas para ver se não estão entupidas ou rasas demais.
Com uma lente verifique o formato do ponto e se a base está bem formada para poder sustentar o ponto.
Capítulo 4 – Clichês – 67
C l i c h ê s
Para que serve a lavagem (gravação) da chapa e que cuidados se deve ter? A gravação com solvente apropriado removerá as áreas que não receberam luz na exposição principal. Além dos cuidados descritos acima (como verificar pontos perdidos, linhas, pontos isolados), após a lavagem deve-se observar se há manchas, restos de materiais não removidos, efeito “casca de laranja” (espécie de vitrificação do fotopolímero) ou deformação de alguma espécie.
Que cuidados com os clichês se deve ter na gravação química? No caso da gravação química que é a mais comum, os cuidados vão desde o manuseio da chapa (corte, transporte e armazenamento) até a conferência da substância química para gravação. Quando se usa percloroetileno, por exemplo, a medida é feita com um areômetro e deve estar por volta de 42ºbé. Além disso, um bom controle do equipamento de gravação também é necessário. A pressão das escovas interfere diretamente no resultado final. Isso sem se mencionar no desgaste da mesma. Esquema de utilização do areômetro / densímetro
s ê h c i l C
Para que serve e por que são necessários a secagem e a estabilização do clichê? Logo após a lavagem com o solvente, a chapa aumenta muito de tamanho, pois ela absorve muito solvente. Portanto, é necessário que se coloque a chapa em uma estufa com ar aquecido para forçar a saída do solvente que ficou retido na chapa, com o objetivo de fazê-la voltar à espessura original. Normalmente o clichê fica por um determinado tempo a uma temperatura de aproximadamente 60ºC por um tempo determinado, que depende do equipamento e principalmente da espessura da chapa: espessuras menores, tempo menor. Espessuras maiores, tempo maior. O objetivo da estabilização é permitir que as moléculas do fotopolímero se acomodem e com isso se consiga maior tempo de vida útil do clichê na impressão. Normalmente, 8 horas são suficientes para esse procedimento. A estabilização também serve para a chapa adquirir 100% de sua espessura original.
68 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que acontece se não se esperar o tempo de estabilização e já se utilizar o clichê para imprimir? Muitas vezes é necessário fazer um clichê às pressas para repor algum que se estragou na impressora ou por outra razão qualquer. É possível utilizar o clichê, porém, provavelmente haverá dificuldades no acerto visto que o clichê pode ainda estar inchado pelo fato de o tempo não ter sido suficiente para a saída de todo solvente. Outra importante perda é que o clichê durará muito menos na impressão, uma vez que ele ainda está “aberto” e sujeito à penetração do solvente flexo que faz com que ele perca suas propriedades. Solvente: Percloetileno e n-Butanol 3,05mm (+7%) Comparada com a espessura original
2,89mm (+2%): Depois de 1 hora de secagem (2,84mm: Após 8 horas de estabilização) m m 4 8 , 2
Como pode ser observado no gráfico ao lado, até a primeira hora depois que o clichê sai da lavagem ele aumenta de espessura e, conforme as horas vão passando, ele volta ao tamanho normal.
2,86mm (+1%): Após 2 horas de secagem
C l i c h ê s Cópia com luz puntiforme: O processo é exatamente igual ao sistema
convencional descrito acima. A diferença está no equipamento de cópia. Nesse caso utiliza-se uma copiadora com um tipo especial de luz chamada “puntiforme”. O principal equipamento é a copiadora da empresa americana OLEC, cuja grande distinção é uma luz halogênica que produz um endurecimento (polimerização) profundo do fotopolímero permitindo assim uma cópia de pontos bem pequenos com pouco ganho de pontos.
Equipamento da OLEC que permite cópia com luz puntiforme Microfotografia mostrando ponto da retícula com cópia convencional
Microfotografia mostrando ponto da retícula com cópia de luz puntiforme. Baixo ganho de pontos Capítulo 4 – Clichês – 69
Gravação com cópia a laser: Neste processo, existe uma película negra
Micro-fotografia do clichê em áreas e 1% de retícula – excelente definição
(que substitui o fotolito negativo) na superfície da placa que será vaporizada pelo laser. Dá-se, então, mais uma cópia com luz ultravioleta e grava-se a chapa normalmente com produtos químicos. A vantagem deste processo é a eliminação do filme, pois a imagem é digitalizada e é transferida para a placa diretamente.
Equipamento para cópia digital de fotopolímeros da Esko-Graphics
Gravação rápida (térmica): Lançado pela Du Pont com o nome de Cyrel
Fast® , este processo baseia-se na remoção das áreas não endurecidas pela luz (não-impressão) por meio de uma espécie de “toalha aquecida” que é embobinada após o processo. A grande vantagem é a rapidez. s ê h c i l C
Equipamento Cyrel Fast®
Gravação de polímero com laser: embora já exista há alguns anos a gra-
vação em borracha para flexografia, o processo de gravar um polímero só desenvolveu a partir da DRUPA 2000 (Feira de Artes Gráficas que ocorre de 4 em 4 anos na Alemanha) com a adaptação de equipamentos de gravação a laser já existentes no mercado. Nesse caso, o laser grava diretamente um polímero removendo as áreas de não-imagem. Após a gravação o clichê está pronto para a impressão sem necessitar de quaisquer outros processamentos ou esperas visto que não foi processado com solvente. 70 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Equipamento de gravação a laser modelo Morpheus da Stork
Como funciona o sistema de gravação a laser? Os sistema mais modernos baseiam-se no conceito in-the-round. Um cilindro de aço onde é colocada a chapa de polímero (note que não é mais fotopolímero pois não é necessário mais a polimerização por meio luz nessa etapa), irá girar a uma velocidade de 18m/s (cerca de 2400 rpm), enquanto a unidade de gravação se desloca na extensão do cilindro removendo, por meio de feixes de laser, toda a área de contra-grafismo (que não será impressa). O laser nesse caso é o CO2 que permite alta precisão. A chapa ou sleeve absorve a luz que é convertida em calor, resultando numa decomposição termal. Um software irá regular o tipo e tamanho dos pontos bem como ângulo (podem ser especificados até 10 µm (0.01 mm) e 0.01 graus respectivamente).
Detalhe da gravação a laser – Equipamento Agrios da Stork
C l i c h ê s
A figura ilustra como os três feixes de laser podem “delinear” o ponto gravado Capítulo 4 – Clichês – 71
Platô Meio corte
Primeiro nível α
Relevo
Tamanho da base Configuração do desenho do ponto com gravação à laser
RESUMO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE CÓPIA E GRAVAÇÃO
s ê h c i l C
A M E T S I S
Convencional
A I P Ó C
Fotolito negativo com luz U.V.
O Ã Ç A V A R G
S A C I T S Í R E T C A R A C
Produto Químico ou Água
Cópia Cópia Digital com luz Puntiforme
Digital com laser
Produto Químico
Menor custo do mercado
Precisão nas áreas mínimas
Maior ganho de pontos
Custo ainda é alto
72 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Cyrel Fast
Gravação à laser
Fotolito e luz Puntiforme
Fotolito negativo com luz U.V.
Não tem cópia
Produto Químico
Manta aquecida que remove as áreas que não receberam luz
Laser remove as áreas de contragrafismo
Precisão nas áreas de mínimas e menor custo em relação à cópia laser Equipamento requer muitos controles
Não é necessário esperar estabilização Um único fornecedor de insumos (manta e polímeros)
Eliminação das etapas de cópia e gravação química Custo ainda é alto
Quais os controles que se deve fazer ao receber um clichê gravado? Verificar se está pegajoso (isso indica que não houve um acabamento adequado).
Ver se há um brilho excessivo (clichês com superfície muito lisa tendem a repelir a tinta especialmente à base d’água). Observar os flancos (inclinação lateral das imagens também chamada de ombros) se estão a aproximadamente 30º. Analisar a altura do grafismo e contra-grafismo (piso). Observar se existem linhas finas tortas. Certificar-se de que não tem pontos em áreas de mínima densidade faltando. Analisar o aspecto geral do clichê: furos, efeito “casca de laranja”, rachaduras, amassados, riscos, etc.
Qual o melhor método para limpar o clichê durante a impressão?
Clichê limpo e bem controla do é um dos segredos da boa qualidade de impressão
De preferência um que não deixa fiapos, que não arranque pontos ou risque o clichê. Assim, podem-se utilizar escovas bem macias, com pouco solvente para não descolar o clichê. Estopas, algodão ou panos industriais felpudos estão descartados. Em algumas empresas o uso de bolas feitas de meia-calça feminina também tem dado bom resultado. Atenção: nunca limpe o clichê com a máquina em movimento. Certifique-se que ela esteja travada. C l i c h ê s
Como se deve limpar o clichê após a impressão? O primeiro item importante é o uso do solvente que foi utilizado na própria tinta de impressão. A limpeza feita logo após o clichê ter saído da impressão é mais fácil de executar. Deve-se evitar deixar de molho em banheira de um dia para outro, pois vários solventes podem atacar o clichê. Utilizar preferencialmente escovas de pelo animal bem macias.
Qual o melhor método para armazenamento do clichê? Os fabricantes de fotopolímeros dão as seguintes sugestões: Só guardar clichês muito bem limpos. Os clichês poderão ficar na posição vertical ou plana, desde que não sofram excesso de peso ou tensão. Armazenar em local fresco e arejado, protegido da ação do ozônio, proveCapítulo 4 – Clichês – 73
niente de relâmpagos, luz solar, faiscamento de motores elétricos, luz de arco voltaico, tratamento Corona e eliminadores estáticos. Caso seja inevitável, aplicar etil-glicol para proteger. O ideal é ficar sob uma temperatura que de preferência não exceda os 25º C. Se montados em cilindros, após a aplicação de silicone, envolvê-los em papel ou em envelopes do tipo Kraft. Se desmontados, envolvê-los em papel, e nunca em plástico, visto que a impermeabilidade do plástico não permitirá a saída dos solventes retidos pelo clichê durante a impressão.
Existem controles a serem feitos nos clichês de um modo geral? Existem sim. A verificação da espessura da chapa, quer dizer sua uniformidade é recomendável. Se a chapa possuir diferenças de espessuras, haverá complicações no momento de impressão especialmente no acerto, causando uma impressão falha.
s ê h c i l C
Controle da espessura e uniformidade é fundamental para uma boa impressão
Qual a tendência dos sistemas de gravação de chapas no mercado mundial? A eliminação do fotolito já é uma realidade com a digitalização dos processos. Isso elimina custos de produção e melhora a qualidade. Mas o melhor mesmo é a gravação com laser, cujo desenvolvimento melhorou a qualidade e a velocidade e reduziu o preço. Assim, a tendência é que sistemas de gravação a laser predominem em clichês de polímeros nos próximos anos.
74 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 75
Neste capítulo você vai ver:
• Quais os métodos de montagem mais comuns • Cuidados na montagem de clichês • Características dos dupla-faces • Camisas para montagem • O que são provas de flexografia • Catálogo Pantone
5•Montagem de clichê e provas de impressão or montagem em flexografia entende-se a disposição de clichês fixados e colocados sobre a superfície do cilindro portaclichês. A montagem é uma etapa importante do processo flexográfico, pois dela depende o registro perfeito das cores. A execução de provas de impressão também ajudará a evitar desperdício de tempo no setup de máquina.
Quais os métodos de montagem de clichês? São quatro os métodos de montagem de clichês: a) Montagem manual b) Máquina de montagem óptica c) Sistema de registro por pinos d) Sistema de montagem com vídeo por micro-pontos (microdots)
a) Montagem manual A montagem manual é a mais simples e a mais imprecisa de todas, visto que depende do cuidado e da experiência do montador. A importância da boa montagem pode ser resumida no fato de que, se a colagem não for precisa no registro ou se houver bolhas entre o clichê, a dupla-face e o cilindro, temse que parar a máquina para corrigir. Em muitos casos há a necessidade de se remover o cilindro porta-clichê com perda de tempo precioso. Além disso, quando a colagem envolve vários clichês, a probabilidade de erro é maior. Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 77
Montagem para corrugado
b) Máquinas de montagem óptica O operador deste tipo de máquina deve ser especializado. Com a ajuda de um espelho de reflexão com um fator de ampliação de 1:1 ele posiciona uma imagem sobre outra usando como referência o espelho. A precisão da montagem depende em grande parte da perícia e concentração do operador para montar jogos completos de clichês com plena sincronização e, em muitos casos, jogos de oito cilindros. Tem a vantagem de permitir uma prova impressa para verificação do registro.
c) Montagem por pinos
m e g a t n o M
Neste sistema a precisão é maior, visto que o clichê é furado em determinadas posições e fixado no cilindro em um equipamento por meio de réguas. Embora o princípio seja simples, requer cuidados e não garante uma precisão absoluta. Também os furos feitos no clichê são uma janela de entrada para o solvente da tinta de impressão, podendo causar o desprendimento do clichê da dupla-face durante a impressão.
d) Sistema de montagem por micro-pontos Permite uma absoluta precisão e normalmente estes equipamentos possibilitam fazer uma prova impressa com tinta pastosa para a verificação do registro de cores. Naturalmente a prova neste equipamento é única e exclusivamente para verificar o registro.
78 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Montadora Viper Gearless computadorizada. Grava cerca de 10.000 trabalhos na memória
Qual é o melhor sistema de colagem utilizado hoje em dia? O sistema de micro-pontos (micro-dots) é o que permite maior precisão. O equipamento possui câmeras de vídeo para a visualização dos micro-pontos gravados nos clichês (cerca de 0,25 mm de diâmetro) que se movimentam por meio de motores. As vídeo-câmeras aumentam os pontos cerca de 30 vezes para equipamentos que possuem dois vídeos e 140 vezes para modelos com 8 câmeras. Como o sistema de vídeo é travado na posição do primeiro clichê, o registro de cores é preciso, bastando acertar os próximos pontos dos clichês pelo primeiro. Uma das vantagens, além da precisão do registro, é que não é necessário cortar o micro-ponto antes de imprimir, facilitando a reutilização do clichê nas próximas vezes em que voltará para a impressora. Os pontos podem ser colocados em zonas de impressão onde ficarão dobras, cortes, colas, etc. Equipamentos mais modernos, como o mostrado acima, trazem programas de computador que podem ser armazenados para facilitar montagens complexas.
Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 79
M o n t a g e m
Equipamento Heaford de montagem por micro-pontos – banda estreita
Vantagens do método: Pode-se montar múltiplos clichês na extensão do cilindro porta-clichês diminuindo os custos. Rapidez na montagem. Precisão no registro. Não é necessário remover o ponto após acertar o registro.
O que é a dupla-face? m e g a t n o M
As duplas-faces são fitas que podem ser de papel, tecido, PVC, poliéster, poliuretano, poliestireno, polímero e outros materiais que possuem adesivo em ambos os lados. O objetivo é fixar o clichê na superfície do porta-clichês. Adesivo acrílico (lado aberto) Espuma de PE (células fechadas) 0,30mm Adesivo de laminação Filme estabilizador com logo do fabricante Adesivo acrílico (lado coberto) Liner de PP Rugoso Esquema da estrutura da dupla-face
80 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Quais os tipos de dupla-face? Basicamente pode-se classificar as duplas-faces da seguinte forma: Rígidas
(papel, tecido, PVC, poliéster). Alta, média e baixa densidade (espuma de polietileno). Reutilizáveis (polímero). Camisas acolchoadas.
Chapado impresso com Dupla face macio
O tipo de dupla-face influencia no resultado de impressão? Impressão de chapado com dupla face rígido
A dupla-face influencia diretamente o resultado final de impressão. A espessura, a maciez e o tipo devem ser utilizados corretamente em função do serviço que será executado. Tipo de compressibilidade
100 m/min
200 m/min
300 m/min
400 m/min
Desvio
% De desvio
Macia
1,23
1,10
1,05
1,02
0,21
-18,7
Média Maciez
1,33
1,23
1,20
1,15
0,18
-13,5
Média Dureza
1,48
1,45
1,42
1,38
0,10
-6,8
Firme
1,52
1,50
1,48
1,47
0,05
-3,3
N N A M H O L : E T N O F
A tabela acima mostra o resultado de impressão de áreas chapadas com os vários tipos de dupla-face. Quanto menor a compressibilidade, menor a variação de densidade de impressão.
M o n t a g e m
Densidade é o mesmo que compressibilidade? Densidade não é o mesmo que compressibilidade. Densidade = peso/massa e Compressibilidade = pressão. Assim, deve-se entender que as fitas são classificadas como abaixo: Baixa densidade/alta compressibilidade: Bom para processos de impressão com linhas muito finas e impressões de retículas delicadas. Média densidade/média compressibilidade: Bom para meio-tons, linhas e impressão mista e para algumas impressões sólidas. Alta densidade/baixa compressibilidade: Bom para a maioria dos trabalhos com traços, algumas impressões mistas, para impressões de sólidos reversos (negativos) e chapados. Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 81
Qual a principal característica que uma fita dupla-face deve ter? Além da densidade/compressibilidade da fita espumada, também é relevante a sua capacidade de recuperação, ou seja, quão efetiva é a volta da fita à posição inicial após a pressão de impressão, em especial para grandes tiragens. A estrutura da espuma deve manter sua capacidade de recuperação após milhares de metros rodados, garantindo assim a repetibilidade da imagem impressa, sem ter que fazer ajustes freqüentes da pressão de impressão durante a operação. A S E T : O T O F
As microfotografias mostram as células da dupla-face. À esquerda as células bem definidas que ajudarão o impressor no acerto e na repetibilidade. À direita células desuniformes.
Qual é, então, o melhor tipo de dupla-face?
m e g a t n o M
Isso depende. No caso de retículas finas, é necessário dupla-face compressível de baixa densidade. Já para traços grossos e chapados o recomendável são duplas-faces mais rígidas. Porém se a dupla-face for utilizada sobre uma superfície macia, como no caso das camisas (sleeves), então uma dupla-face de tecido pode cumprir bem a função.
O que são “sleeves” ou camisas? São “tubos” onde serão montados os clichês a serem impressos. O uso de camisas se disseminou nos últimos anos devido ao apelo de o setup (troca de serviço) poder ser feito mais rápido e por causa da leveza do material. A camisa é colocada no eixo do porta-clichês, que é ligado ao ar comprimido que expande a camisa. Quando o ar é desligado a camisa se fixa no porta-clichê.
82 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Construção Marcas para montagem Camada anti-desgaste
Fibra de vidro
Inserto metálico para registro
Camada intermediária
I D
E D
Esquema de uma típica camisa (sleeve) para montagem de clichês
C
Quais são os tipos de camisas mais comuns no mercado? Basicamente são dois: as camisas compressíveis e as rígidas, mas as rígidas prevalecem. No caso das camisas compressíveis, normalmente, pode-se utilizar uma dupla-face rígida de papel ou outro material como o tecido. Isso barateia o gasto com dupla-face. Já nas camisas rígidas são necessárias duplas-faces compressíveis que ajudarão na qualidade de impressão.
Quais as vantagens e as desvantagens das camisas? Algumas das vantagens são a leveza e troca rápida do serviço. A principal desvantagem é que as camisas requerem muitos cuidados. Riscos e batidas comprometem seriamente o resultado da impressão. Além disso, algumas podem ser muito sensíveis aos solventes utilizados na tinta de impressão e, com o tempo, podem perder suas propriedades e ficar irregulares.
Exemplo de camisa alcochoada
M o n t a g e m Clichês montados em camisas facilitam o setup na impressão
Embora o mandril (cilindro onde é colocada a camisa) seja o mesmo, a espessura das paredes das camisas é diferente para se ajustar aos diferentes formatos exigidos Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 83
Quais os cuidados na escolha das camisas? Talvez o maior problema na escolha da camisa seja a diversidade de modelos e a compressividade. As camisas compressíveis estão mais sujeitas a cortes, riscos e deformações. Embora haja uma economia no custo da dupla-face, pois pode-se utilizar dupla-face de tecido sem compressão, a empresa que optar por esse modelo deverá ter cuidado redobrado no manuseio e armazenamento, pois quaisquer estragos inutilizarão a camisa. As camisas rígidas de fibra de carbono costumam dar bons resultados e tendem a durar mais.
DICAS PARA MONTAGEM DE CLICHÊS EM CAMISAS OU PORTA-CLICHÊS 1
2
m e g a t n o M
3
4
Limpar a superfície do cilindro porta-clichês ou da camisa e o clichê com solução apropriada (sugestão: 90% de álcool isopropílico + 10% de acetato) eliminando as imperfeições no cilindro (camisa) com lixa suave e limpando completamente resíduos de tinta seca, óleo, graxa, fitas adesivas etc. No caso das camisas, procurar usar a mesma pressão de ar utilizada pela máquina, ou ainda a menor pressão possível, para evitar eventuais variações no diâmetro externo das mesmas. Ao aplicar a fita dupla-face, primeiro desenrole o rolo em uma mesa de trabalho e, sobre uma superfície plana, corte o tamanho da fita proporcional ao tamanho do clichê. Enrole a fita cortada em um tamanho utilizável. Evite segurar o rolo inteiro e apertar muito enquanto manusear a fita, pois isso pode causar dificuldades no processo e criar tensão excessiva na espuma. Aplicar a fita dupla-face com um movimento amplo de ponta a ponta. O rolinho (ou uma espátula de plástico), ajuda na
84 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
maior pressão e obtém-se uma melhor adesão da fita. Evitar movimentos em “zigue-zague”, visto que podem provocar bolhas.
5
No início, fixar o clichê sobre uma área pequena da fita dupla-face. Deve-se evitar um contato prematuro do clichê com a fita, usando como protetor para isso o próprio liner.
6
Quando finalizar o posicionamento do clichê, pressionar o mesmo contra a fita dupla-face com um rolinho, para aumentar a união (adesão) e evitar o surgimento de bolhas.
7
Sempre deixar uma margem de aproximadamente 1,5cm de fita dupla-face ao redor da área do clichê, para fixar melhor as bordas do mesmo e evitar que ocorra o levantamento das laterais.
8
Nunca deixar coincidir as bordas da fita dupla-face com as bordas do clichê.
9
Ao limpar o clichê durante a impressão, evitar o contato do solvente com a fita adesiva que margeia o clichê. Este cuidado evita o levantamento prematuro da fita dupla-face em relação ao cilindro.
O que são provas de flexografia? As provas de flexografia são ajudas para poupar tempo e insumos antes da gravação final. Essa operação é realizada em uma máquina de provas que simula a impressão flexo, na qual há os mesmos elementos da impressora: anilox, porta-clichês, tinta flexo, etc. Porém, a máquina de provas não reproduz com precisão as características da impressora. Portanto, velocidade, viscosidade, desgaste de engrenagens, pressão de impressão, pressão de entintagem e outras muitas variáveis podem fazer com que a prova fique bem diferente do resultado impresso. Dica: Tente reproduzir na máquina de provas as condições da impressora como mesma tinta, mesma lineatura e BCM de anilox disponíveis, mesma marca de dupla-face, etc. Pode-se inclusive controlar os valores densitométricos das cromias na prova para posterior comparação com o impresso.
M o n t a g e m
Equipamento de provas da Heaford sleeve gearless. Economia de tempo na aprovação do serviço
Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 85
Quais os tipos de provas mais comuns e qual a melhor? As provas chamadas “print” ou Cromalim® são comumente utilizadas como comparativos (e às vezes até mesmo como padrões!) com o impresso. Porém, a verdadeira prova flexo é feita em equipamento apropriado com anilox, tinta flexo, porta-clichês e substrato (plástico, papel e alumínio).
Impressora Ink Jet Epson
O que é “print” e Cromalin ®? m e g a t n o M
A print (nome genérico que se dá às provas digitais) ou o Cromalin ® não são provas de flexografia, e podem ser classificadas como provas digitais. Isso significa que não conseguem reproduzir os resultados obtidos em uma impressão de verdade em impressora e não devem ser utilizadas como “padrão” para a flexografia.
O que é o catálogo Pantone ®? O catálogo Pantone® é uma coletânea de 1.000 cores partindo-se de apenas 16 bases ou cores básicas. O catálogo Pantone ® se tornou popular entre as agências de propaganda que passaram a poder especificar uma cor para a indústria convertedora. A versão com 1.000 cores é a mais popular, porém, há outras opções inclusive digitais para uso direto no computador em apoio a um software. 86 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O catálogo de cores Pantone é o mais utilizado hoje em dia
O que é perfil ICC? ICC significa International Color Consortium – Consórcio Internacional de Cores, e trata-se de um grupo de fabricantes líderes de produtos de imagem digital (inclui Adobe, Agfa, Apple, Fuji, Microsoft e outros). O ICC tem desenvolvido especificações para descrever como os dispositivos criam cor, e essa informação está incorporada na estrutura de um perfil ICC. Um perfil ICC é um arquivo que descreve as capacidades e limitações dos dispositivos que geram cor. Ele pode ser usado em conjunto com a tecnologia ColorSync da Apple e aplicações como por exemplo o Adobe Photoshop para corrigir imagens de cores, igualar cores tão próximo quanto possível do scanner ao monitor e à impressora, provas e também simular a aparência de imagens de máquinas impressoras.
Logotipo do ICC
M o n t a g e m
Capítulo 5 – Montagem de clichê e provas de impressão – 87
Capítulo 6 – Principais suportes de impressão –
89
Neste capítulo você vai ver:
• Quais os principais tipos de substratos usados na flexografia • Tipos e características dos plásticos • Co-extrusados • Alumínio e suas propriedades • Papéis diversos e aplicações • Laminação
6•Principais suportes para impressão que faz da flexografia um processo de impressão muito versátil é a variedade de suportes que se pode imprimir. Além da possibilidade da impressão em monocamadas, quer dizer, um único material, há também a proliferação de materiais combinados. Esses materiais combinados possibilitam maior resistência e qualidades de “barreira” ou proteção maior ao produto. A versatilidade dos plásticos transformam-nos em “campeão de uso” na indústria de embalagens flexíveis. Sendo fáceis de moldar, alguns possuem excelente estabilidade dimensional, resistência ao rasgo e estouro, excelentes barreiras contra óleos, água, etc. Os materiais plásticos também são muito utilizados em rótulos para diferentes produtos como alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. A facilidade de uso dos auto-adesivos em máquinas rotuladeiras (que aplicam o rótulo), favoreceu a flexografia. Processos como offset, por exemplo, não imprimem rótulos em bobinas que são utilizadas pelas máquinas aplicadoras automáticas. Empresas tradicionais do mercado de rótulos em offset têm migrado para flexografia. Um importante segmento é o de papéis. Estes são muito utilizados em rótulos, sacolas e caixas de papelão ondulado. Com o foco de muitas empresas na questão ambiental, o papel ganha cada vez mais força como embalagem.
Quais os principais suportes que podem ser impressos na flexografia? Os principais materiais utilizados são: Capítulo 6 – Principais suportes de impressão – 91
Plásticos: Polipropileno (PP), polietileno (PE), poliéster (PET), ionômeros
(Surlyn), etileno vinil acetato (EVA), cloreto de polivinilideno (PVDC), cloreto de polivinil (PVC), nylon (poliamida). Papéis: Monolúcido, couché, corrugado, offset, kraft. O Alumínio (Al) também tem sua utilização, em estruturas laminadas ou sozinho.
Quais as boas qualidades que os suportes devem possuir? Depende da utilização final, mas para a impressão qualidades como estabilidade dimensional, boa resistência a temperaturas, planicidade (uniformidade), impermeabilidade, brilho e transparência facilitam o processo. No caso dos papéis a superfície pouco rugosa e a cor são importantes, pois podem influir na aparência do impresso.
Os papéis são utilizados também em rótulos auto-adesivos
Quais as principais aplicações do papel nos segmentos que a flexografia atende? Hoje há uma ampla gama de papéis e usos para os diversos segmentos que a flexografia atende. O uso em caixas de papelão é o que vem à lembrança primeiro, porém o papel é também muito utilizado em estruturas laminadas, sacolas e sacos ecologicamente corretos e principalmente em rótulos auto-adesivos.”
O que são plásticos?
Plásticos: São materiais macromoleculares, principalmente de origem
orgânica (carbono), os quais são preparados pela modificação de produtos naturais ou por síntese de compostos de baixo peso molecular. De forma geral, podem ser moldados por processamento sob condições favoráveis de pressão e temperatura. São também chamados de polímeros.
Polímeros: do grego poly + meros = muitas partes, compostos quími-
cos, obtidos a partir da união de um número de unidades elementares ou monômeros (uma só parte), os quais se repetem sucessivamente. s e t r o p u S
O que são “filmes técnicos”? Embalagem monocamda em Polietileno
Convencionou-se usar essa expressão para materiais plásticos impressos em uma única camada e com boa soldabilidade como o polietileno e polipropileno.
92 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Podem ser utilizados para o empacotamento automático de cereais em geral, adubos, papéis higiênicos, massas alimentícias, biscoitos, produtos têxteis e alimentos em geral. Os filmes monocamadas são muito utilizados também em rótulos.
O que são co-extrusados? Co-extrusão é a união pelo processo de extrusão de vários materiais plásticos em até 13 camadas. O objetivo é fazer estruturas com alta resistência às gorduras, ao oxigênio, à água, à luz e a outras substâncias que venham a causar a deterioração rápida do produto. Geralmente, os co-extrusados são utilizados para laticínios e embutidos como salsichas, presuntos, aves, mortadelas, charques entre outros.
O que são laminados? São materiais plásticos, papéis e/ou alumínio que são unidos por meio de adesivos. O objetivo é o mesmo da co-extrusão, isto é, criar estruturas capazes de resistir a diversas substâncias que afetam o produto. Os laminados formam hoje um dos grandes nichos de mercado para as embalagens alimentícias em geral.
O que são metalizados? São materiais plásticos (polietileno, polipropileno e poliéster) em cuja superfície é aplicada uma fina camada de alumínio. O processo ocorre em um equipamento apropriado e a vácuo.
S u p o r t e s
Capítulo 6 – Principais suportes de impressão –
93
Por que utilizamos laminados e metalizados? Algumas pessoas relacionam o uso de laminados e metalizados apenas a resistências mecânicas e eventualmente efeito visual. Contudo, os laminados (e os laminados metalizados principalmente) desempenham um efeito dramático na proteção dos alimentos. Algumas das principais propriedades dos alimentos estão relacionados ao impedimento do contato deste com determinados agentes, dentre os quais destacamos o oxigênio, com dois efeitos dramáticos: Materiais metalizados e/ ou laminados aumentam a proteção e deixam a embalagem mais atraente
a) Oxidação de óleos essenciais. b) Proliferação bacteriana. Conforme pode ser observado na tabela abaixo, as propriedades dos filmes plásticos são muito diversas, e o uso da metalização também aumenta muitíssimo a barreira contra oxigênio (OTR – Oxygen Transmission Rate). Como referência, uma taxa de permeabilidade ao oxigênio menor que 15 cm³/m²/dia é considerada alta barreira. Se for inferior a 8 cm³/m²/dia é altíssima barreira. Outras barreiras são também importantes para determinados produtos, como a barreira a vapor de água (WVTR – Water Vapor Transmission Rate) para biscoitos e outros produtos que a água pode retirar a crocância e precipitar a degradação. A metalização também aumenta a barreira à umidade, colaborando com a preservação dos produtos embalados. Abaixo a tabela da barreira a oxigênio dos principais filmes utilizados na indústria de embalagens.
s e t r o p u S * Quanto menor a taxa de permeabilidade, maior a barreira
FILME
OTR* 23ºC - 0% UR
(25μ )
(cm³/m²x24h)
EVOH
0,08-1,9
NYLON 6
18,6-39
PET
31-93
BOPP
1550-2500
PP
2300-3100
PEAD
2300-3100
PS
4350-6200
PEBD
7000-8500
PET METALIZADO
0,16-0,17
BOPP METALIZADO
19-160
94 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Quais as propriedades do alumínio e por que é tão útil em embalagens? O alumínio possui duas propriedades importantes para as embalagens: proteção e apresentação. Outra vantagem na sua utilização é o baixo peso específico. O material, além de não ser tóxico, é completamente invulnerável a odores, gases e vapores. Além disso, a folha de alumínio pode ser pintada, impressa ou lavrada, realçando assim a beleza das embalagens, característica muito desejada pelo pessoal de marketing na elaboração de uma nova embalagem. Propriedades de proteção da folha do alumínio: não alimenta microorganismos; não é tóxico e é seguro para ser usado em contato com a maioria dos alimentos, remédios e cosméticos; não possui gosto nem odor próprio; não é volátil, não resseca, nem enruga; tem boa estabilidade; é impermeável à maioria dos tipos de gorduras e óleos, tanto em baixa como em altas temperaturas; é resistente à luz, e por isso pode ser utilizado para embalar produtos que não podem perder seu aroma e/ou que podem se tornar rançosos ou descorados pela exposição à luz; é bom condutor de calor, e por isso permite seu aquecimento e resfriamento rápidos. A folha de alumínio, em seu estado puro ou temperado, pode ser facilmente moldada, dobrada e prensada. Esta propriedade é muito importante para o reempacotamento e a reutilização. A folha de alumínio densa, dura ou temperada, apresenta maior resistência à tração, maior rendimento, mas menor alongamento. Sua alta condutibilidade térmica se torna ideal para produtos que devem ser embalados quentes e subseqüentemente esfriados ou congelados. A flexibilidade da folha de alumínio permite sua utilização em envoltórios externos, forração de recipientes, moldagens ou fabricação de pouches e sacos. Torna-se, no entanto, necessário aplicar adesivos ou laminação com polietileno, por exemplo, a fim de obter uma boa selagem. A maioria dos pouches ou sacos são fabricados com folhas de alumínio coladas em outro material. Uma das características principais da folha de alumínio é sua impermeabilidade a umidade, gases e odores. Encontra-se no supermercado grande variedade de aplicações do alumínio em embalagens: cigarros e tabacos, chocolates, balas, confeitos, queijos, manteiga, margarina e gordura, biscoitos, sopas, extratos de carne, embalagens semi-rígidas, comprimidos e medicinais, rótulos e etiquetas adesivas.
O alumínio possui excelentes propriedades de barreira
Por que o poliéster é tão utilizado hoje em dia?
S u p o r t e s
O poliéster é muito utilizado nas embalagens pelas seguintes características básicas: bom brilho e transparência; ausência de gosto e odor; baixa umidade; alta resistência à tração; alta resistência ao impacto; boa barreira a umidade e a gases; resistência a gorduras, óleos e açúcares. A principal desvantagem do Capítulo 6 – Principais suportes de impressão –
95
poliéster é que o material não permite soldagem a quente. Outra desvantagem é o fato de o poliéster possuir baixa umidade permitindo assim o acúmulo de cargas eletrostáticas quando este desliza pela máquina. A estática pode provocar faíscas que podem gerar incêndio durante o processo de impressão. Assim, é necessário que as impressoras tenham bons dispositivos de eliminação de estática. No entanto, há muitas vantagens do poliéster no processo de impressão que são a excelente estabilidade dimensional, facilitando o registro das cores, e alta resistência ao calor (cerca de 220º C) propiciando uma boa secagem do filme impresso e viabilizando altas velocidades de produção. A aplicação do poliéster está mais ligada à formação de embalagens especiais, devido ao seu custo alto e às suas propriedades boas como barreira ao vapor d’água, ao oxigênio e a fragrâncias, que é superior à dos filmes de polietileno e BOPP, principalmente se o poliéster for metalizado. Os principais usos do poliéster são: embalagens de produtos congelados; embalagens de alimentos desidratados; embalagens para cozimento do produto; embalagens que necessitem de barreira contra a vazão de essências como os sabonetes; embalagens que necessitem de barreira a umidade, gases e que mantenham o aroma do produto.
Quais as qualidades do polipropileno?
Processo de fabricação de filmes de BOPP
s e t r o p u S
O polipropileno mono-orientado (PP) é utilizado em balas (PPT - polipropileno de torção) e em laminações para conferir propriedades de brilho, transparência e barreiras. O polipropileno bi-orientado sofre uma orientação das moléculas nos sentidos longitudinal e transversal, conferindo excelentes características de brilho e transparência; alta resistência à tração; alta resistência ao impacto; boa barreira a umidade e a gases; resistência a gorduras, óleos e açúcares. Sua utilização é ampla em embalagens flexíveis, em embalagens que exigem grande transparência para verificação do produto, em embalagens que necessitam de barreira a oxigênio, como produtos fritos, bolos, doces, massas e biscoitos e embalagens a vácuo, como as de café, e também em embalagens de líquidos ou comestíveis que após serem embalados necessitem de esterilização ou cozimento em autoclaves. Isto se deve ao fato de o material suportar temperaturas de até 120º C e apresentar uma boa barreira aos gases e ao vapor d’água. Quanto a printabilidade o BOPP possui boas qualidades, pois resiste bem a tensões e ao calor (menos que o poliéster, entretanto). Assim como o polietileno, o polipropileno necessita de tratamento superficial. No tratamento é utilizado o sistema Corona (ver na página 98). Os métodos e soluções químicas para verificação são os mesmos do polietileno.
96 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que é extrusão de materiais plásticos? Extrusão é a conversão de resinas plásticas de grânulos para filme plástico. O equipamento que faz esta transformação pode variar dependendo do tipo de resina. No entanto, o processo segue o mesmo princípio: a resina entra sólida, é derretida e transformada em filme para impressão. Um dos métodos mais comuns de fabricar o filme plástico é o Blow, ou extrusão Balão. O processo envole a extrusão de plásticos através de um anel circular que, por meio de ar, forma um balão expandido. O pro- Detalhe do anel de ar do fabricante Macchi cesso Blow pode ser usado para fazer materiais co-extrusados e multicamadas para altas barreiras. O plástico em forma de grânulos é derretido no “canhão” da extrusora e é empurrado para um anel de ar onde é formado o balão. Depois o balão é puxado por rolos colocados no alto da máquina num longo percurso que ajuda a resfriá-lo. O filme tubular, então, em forma plana, é cortado e aberto em dois e embobinado. Normalmente é assim que os materiais como polietileno de baixa, média e alta densidades são feitos. Porém, no caso de co-extrusão, podem ser agregadas camadas de Nylon, EVA (acetato de vinil etileno) e outros materiais.
Rolos tracionadores
Balão Saída da bobina
Alimentação
S u p o r t e s
Filtro e anel de ar Rosca sem fim Ar
Rotação
Extrusora
Capítulo 6 – Principais suportes de impressão – 97
O que é tratamento corona?
Detalhe do tratador corona
Podemos definir tratamento corona como sendo a modificação química e eletrônica da superfície dos materiais plásticos na adesão e molhabilidade (propriedade de espalhamento de um líquido na superfície). É muito importante notar que a propriedade de molhabilidade gerada pelo aumento da tensão superficial do filme desempenha um papel tão importante quanto a adesão em si, pois além de ser um dos princípios básicos da adesão, resulta em boa qualidade de impressão, permitindo uma distribuição uniforme da tinta na superfície do substrato plástico, com bom fechamento dos chapados e uma impressão uniforme dos pontos. O tratamento corona promove três diferentes fenômenos na superfície dos materiais plásticos: 1) A descarga elétrica dos tratadores coronas provoca, simultaneamente, a ionização do ar e a formação de ozônio. Nessa atmosfera extremamente oxidante, a estrutura do material plástico, seja ele polietileno, polipropileno, poliéster ou qualquer outro, é oxidada, gerando grupos químicos muito mais polares que a cadeia original. Dentre os grupos formados destacam-se o C=O, C-O e C-OH, todos muito mais energéticos, possuindo relevantes níveis de forças de polarização de Keeson, contra as predominantes forças de dispersão de London, no caso das poliolefinas principalmente. 2) Outro fenômeno que explica a melhor printabilidade instantaneamente após o tratamento corona é que alguns dos radicais formados, como C=O apresentam alta reatividade, podendo reagir com a própria estrutura do polímero tratado, que agora, convém lembrar, apresenta maior presença de grupos reativos, ou mesmo com elementos da tinta, como aditivos (titanatos) ou com as resinas. Caso a impressão se dê muito brevemente após o tratamento, é de se supor que haja uma maior disponibilidade de grupos reativos para provocar ligações cruzadas com a tinta, causando uma excepcional adesão. Após algum tempo, sem contato com a tinta, é maior a possibilidade de tais grupos reagirem com o próprio substrato. 3) Finalmente, mas não menos importante, o tratamento aumenta a rugosidade do filme, o que repercute em um efeito positivo: mais superfície implica em um somatório maior de energia por área macroscópica.
s e t r o p u S
98 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Conseqüentemente, após todos esses fenômenos terem ocorrido, temos significativa mudança nas características superficiais que permitem bom nível de adesão e molhabilidade. Tinta Tinta Filme não tratado
Ângulo de contato
Filme tratado
Ângulo de contato
A figura acima demonstra claramente o efeito do tratamento corona sobre uma gota de um líquido qualquer, no caso uma gota de tinta. O filme sem tratamento apresenta um ângulo de contato superior a 90º, enquanto o filme com tratamento correto apresentará ângulo de contato inferior a 90º. Quanto menor o ângulo, melhor a molhabilidade e maior a tendência de adesão. Como abordado, não podemos dizer que o fato de uma tinta molhar o substrato seja condição suficiente para garantir a adesão, pois esta é fruto também de outras propriedades, como compatibilidade química (microscopicamente falando – compatibilidade eletrônica) e garantirmos uma mínima formação de tinta na superfície do plástico. Geralmente, o tratamento é feito durante o processo de extrusão pouco antes de o filme ser embobinado. No entanto, pode ser feito também na máquina impressora antes de o material entrar no grupo impressor. O nível de tratamento é medido em dynes/cm. A faixa de trabalho para impressão pode variar em função do material, porém esses valores ficam entre 38 e 44 dinas/cm. Um cilindro metálico revestido com uma borracha isolante por onde passa o substrato plástico funciona como um eletrodo que fica girando. Acima desse cilindro e do plástico há um barramento que é um outro eletrodo fixo. Esse eletrodo fornece a descarga elétrica na superfície do cilindro e, conseqüentemente, do plástico que passa por ali, recebendo assim o tratamento superficial.
O que é a tensão superficial? Muitos se perguntam por que, se a tensão é superficial, ou seja, refere-se a uma superfície ou área, ela é expressa em força/comprimento linear. De fato a energia da superfície é proporcional a sua área. Assim sendo, um mesmo material, como o ferro por exemplo, se apresentar por cm² de área, uma área microscópica maior ou menor, poderemos ter impacto na adesão ou mesmo molhabilidade. Em outras palavras, um cm² macroscopicamente falando, poderá apresentar áreas hipoteticamente variando do próprio 1 cm² para uma superfície teoricamente perfeitamente lisa a muitos e muitos metros quadrados no caso de extrema rugosidade. Mas respondendo diretamente a pergunta sobre por que a unidade de tensão superficial é expressa em comprimento linear e não área superficial, como era Capítulo 6 – Principais suportes de impressão –
S u p o r t e s
99
de se esperar, reportamo-nos ao teste de tensão superficial. Para a determinação da tensão superficial de um líquido é utilizado um aparelho específico denominado tensiômetro (figura abaixo)
Um recipiente contendo o líquido a ser analisado é colocado no aparelho de modo a permitir que um fino anel de platina iridizada, completamente isenta de impurezas, toque suavemente a superfície do líquido. Este anel, conectado ao tensiômetro por um fino fio, é tracionado de modo extremamente lento e suave, até o ponto em que a energia superficial do líquido que retém o anel em sua superfície é superada pela força aplicada ao anel. Neste momento, rompe-se a ligação do anel com o líquido e o aparelho registra o nível de força em que o rompimento ocorreu. Dividindo-se então esta força pelo comprimento do anel aberto, temos a tensão superficial do líquido.
s e t r o p u S Esquema de funcionamento do tensiômetro
100 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Como a tensão superficial de um líquido a uma dada temperatura é propriedade intrínseca deste líquido, a partir da determinação dessa tensão passamos a usar este líquido para mensurar a energia superficial de sólidos, como os filmes de impressão. Este é o caso do uso de misturas entre formamida e etil celosolve utilizadas na determinação do tratamento em indústrias de embalagens, pois uma vez que se saiba a tensão individual de cada líquido, é possível determinar a tensão da Detalhe do prato mistura e aplicar esta última para determinar a tensão dos filmes. do tensiômetro Ao lado, um detalhe do líquido ainda preso ao anel de platina, mesmo este já estando consideravelmente afastado da superfície do líquido.
O que pode afetar o tratamento corona? Além dos ajustes do equipamento, os aditivos que são colocados na resina durante a extrusão ou na obtenção da mesma podem requerer maior energia para atingir o nível de tensão superficial necessário. Os ajustes que podem afetar o tratamento são: distância entre os eletrodos e o filme plástico; velocidade de passagem do filme; voltagem da freqüência aplicada; e temperatura do filme.
Por que o tratamento corona tende a reduzir ao longo do tempo? Como foi explanado há pouco, o tratamento corona se configura como uma alteração permanente na superfície dos filmes tratados. Portanto, seria praticamente impossível desoxidar esta superfície, visto que o oxigênio forma uma ligação química com energia superior à ligação carbono – carbono (C-C) anterior à oxidação. De fato, esta alteração superficial não é perdida. Contudo, vários componentes adicionados ou presentes desde a polimerização dos materiais plásticos vão gradual e inexoravelmente migrando de todas as profundidades da camada do filme para as superfícies interna e externa. Dentre estes elementos, destacam-se: 1. Moléculas menores do próprio polímero que, durante o processo de polimerização, não polimerizaram em grau necessário para a sua imobilização no filme. 2. Aditivos como os de fluxo, de deslizamento, antioxidantes e outros.
S u p o r t e s
Todas essas moléculas, menores e mais fluidas que a massa de polímero que define o filme, atingem a superfície e recobrem, até mesmo pela atratividade do oxigênio da área oxidada, toda a superfície do filme. Capítulo 6 – Principais suportes de impressão –
101
Após um determinado grau de cobertura, a adesão encontra-se terminalmente comprometida, sem contar a redução drástica da tensão superficial que gera uma péssima printabilidade (ou como é comum se dizer na indústria de embalagem, um péssimo fechamento). Pode-se dizer mesmo que se passe a imprimir sobre uma capa de materiais exudados de dentro do filme. Tal fenômeno é tanto mais veloz quanto maior for a temperatura, o que explica a perda mais acentuada de tratamento no verão ou em regiões muito quentes, uma vez que a movimentação e a mobilidade molecular é tanto maior quanto mais elevada é a temperatura.
O tratamento pode variar em função da tinta? Pode sim. Se a tinta for à base de água o tratamento deve ser maior, visto que a tensão superficial de uma tinta à base de água está por volta de 45 dinas/cm e a água pura tem tensão superficial de 72 dinas/cm.
Co-extrusora Macchi
s e t r o p u S
102 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
RESUMO DOS DIFERENTES PRODUTOS E ESTRUTURAS UTILIZADAS PRODUTO
ILUSTRAÇÃO
ESTRUTURAS MAIS COMUNS
COMENTÁRIO
S É F A C
PET METALIZADO/ADESIVO/PE BOPP METALIZADO/ADESIVO/PE PET/ADESIVO/ALUMINIO/ADESIVO/PE PET/PE/ALUMINIO/ADESIVO/PE
O café possui sensibilidade ao oxigênio, à luz e à umidade. Assim, o uso de alumínio em folhas ou metalizado no filme garante a integridade do produto.
S E T A L O C O H C
PPT BOPP PEROLIZADO/COLD SEAL BOPP PEROLIZADO BOPP/ADESIVO/BOPP PEROLIZADO BOPP/ADESIVO/PE ALUMÍNIO/ADESIVO/PAPEL/PARAFINA
Os chocolates são especialmente sensíveis ao calor. O BOPP perolizado ajuda a ter uma embalagem leve e funcional e ao mesmo tempo protetora.
BOPP/ADESIVO/BOPP METAL
Para manter a “crocância” do alimento, a estrutura precisa protegê-lo da luz e também. É também injetado um gás inerte no envase para evitar a oxidação.
PET/ADESIVO/PE PET/METALIZAÇÃO/ADESIVO/PE
Como o produto é desidratado, o uso do poliéster é fundamental para a proteção.
PET/ADESIVO/AL/PP PET/ADESIVO/AL/PE PET/METAL./ADESIVO/PE PET/PE/AL/ADESIVO/PP PET/ADESIVO/PE PET/ADESIVO/PP
Os produtos usados em sachês como maionese e catchup são facilmente degradáveis quando expostos ao oxigênio. O uso de poliéster e/ou alumínio garante a integridade dos molhos.
S K C A N S
E S O Ó D P A M T E A R E D I T I S E E L D
S Ê H C A S
Capítulo 6 – Principais suportes de impressão – 103
S u p o r t e s
PRODUTO
ESTRUTURAS MAIS COMUNS
COMENTÁRIO
BOPP/ADESIVO/BOPP PEROLIZADO BOPP/ADESIVO/BOPP METAL PET/METAL/ADESIVO
Ninguém quer comer um wafer murcho. Assim, a característica de “crocância” é assegurada com o Poliéster metalizado. No passado era utilizado o alumínio puro laminado.
S O H N I D A G L A S
PET/ADESIVO/PET METAL./ADESIVO/PE BOPP/ADESIVO/PE PET/ADESIVO/ALUM/PE
Além de não permitir que as intempéries externas alcancem o produto, a estrutura também deve evitar que gorduras e óleos migrem para fora.
S A S S A M
PET ADESIVO/PE PP/ADESIVO/PE PP/ADESIVO/PP
As massas em geral não requerem estruturas complexas.
BOPP PEROLIZADO/COLD SEAL PAPEL/PE/ALUMÍNIO/PE PET/ADESIVO/ALUMINIO/PE PET/ADESIVO/PE
Há uma variedade de estruturas para balas e goma de mascar. Podem conter papel + alumínio ou simplesmente, em alguns casos, um BOPP perolizado.
BOPP PEROLIZADO/ADESIVO/PE BOPP/ADESIVO/BOPP/METALIZADO PET/ADESIVO/PAPEL/PE PAPEL PE BOPP PEROLIZADO COM COLD SEAL
As estruturas de papel + PE foram diminuindo com o tempo, ao passo que o BOPP perolado ou metalizado melhoraram as qualidades de proteção e especialmente de solda a frio (cold seal).
S R O E F T I A O W C S I O P B I T
S A L A B
s e t r o p u S
ILUSTRAÇÃO
S É L O C I P
104 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
PRODUTO S O C I T U Ê C A M R A F
S O C I T R U E Ê T C S I A L M B R A F
S E T E N O B A S
L A D M O I O N F A T O E Ã P Ç A R
S O T N E M I D N O C
ILUSTRAÇÃO
ESTRUTURAS MAIS COMUNS
COMENTÁRIO
PET/PE/ALUMÍNIO/PE
O alumínio é muito comum em estruturas destinadas ao produtos farmacêuticos.
ALUMÍNIO/PE ALUMÍNIO/VERNIZ TERMO-SELANTE
O alumínio também é muito empregado nas estruturas para blisters de remédios em comprimidos.
BOPP PEROLIZADO PAPEL COUCHÉ/PARAFINA PET/ADESIVO/PAPEL/PARAFINA
No passado, o papel com parafina era amplamente utilizado. Hoje, porém, o BOPP perolizado ganhou muita força pela praticidade, apelo visual e maquinabilidade.
PET/ADESIVO/PE LEITOSO PET/ADESIVO/BOPP/ADESIVO/PE PE/ADESIVO/PE PET/ADESIVO/ALUM/ADESIVO/PE
As estruturas para PET food podem variar. Porém, em geral precisam garantir que agentes externos não contaminem o produto, pois cães e gatos são muito sensíveis a quaisquer variações no odor do produto.
PET/PE/PP CAST
Os condimentos em geral possuem agentes químicos muito fortes e requerem uma estrutura forte e um adesivo resistente para evitar a delaminação.
Capítulo 6 – Principais suportes de impressão – 105
S u p o r t e s
Capítulo 7 – Tintas para impressão –
107
Neste capítulo você vai ver:
- Qual a composição básica das tintas de flexografia - O que são pigmentos, resinas, vernizes - Características dos solventes utilizados nas tintas - O que é e como controlar a viscosidade das tintas - Testes e cuidados - Quais são os princípios da cor
7•Tintas para impressão m bom conhecimento sobre tintas está diretamente relacionado a uma boa impressão, e ajuda o impressor a usá-las com poucos problemas. Além da qualidade da cor, do brilho e do custo, outros fatores devem ser considerados: a relação da tinta com o solvente, sua utilização em embalagens, compatibilidade com o clichê e com o suporte em que será aplicada.
Do que são feitas as tintas de flexografia? As tintas para flexografia são compostas basicamente de pigmentos, resinas e solventes. Podemos incluir ainda aditivos que são incorporados à formulação de acordo com as necessidades, ou, quando se quer dar alguma característica especial. Por exemplo, podem ser adicionadas ceras à composição da tinta para proporcionar maior deslizamento, evitando assim riscos no impresso na passagem das máquinas envasadoras.
O que são resinas? Resinas são polímeros de médio a alto peso molecular, geralmente apresentando estrutura de considerável complexidade e amorfa. Na grande maioria dos casos, sua composição é inteiramente orgânica. Quanto às suas propriedades físicas, apresentam-se como sólidos ou líquidos viscosos e não voláteis, sem Capítulo 7 – Tintas para impressão –
109
s a t n i T
um ponto de fusão (melt point) preciso, devido principalmente à dificuldade de obtenção de uma estrutura química de alto grau de pureza, no caso das resinas naturais, e da distribuição do peso molecular relativamente ampla, no caso das resinas sintéticas.
Quais as resinas utilizadas na flexografia? A resina mais comum é a de nitrocelulose (NC). Possui boa compatibilidade com os pigmentos e solventes, baixo odor residual, alta resistência ao calor, é econômica e tem grande compatibilidade com outras resinas. Também são usadas resinas maleica e fumárica em tintas base álcool ou em combinação com resinas de poliamida e nitrocelulose para papel, alumínio e plásticos. As resinas acrílicas estão sendo mais utilizadas nos últimos anos em combinação principalmente com nitrocelulose devido às suas características de adesão. As resinas de nitrocelulose apresentam baixa retenção de solventes, principalmente por sua alta temperatura de transição vítrea e ponto de fusão. No entanto, esta característica, associada geralmente a resinas duras, exige a adição de plastificantes ao sistema. Até recentemente, os plastificantes eram de natureza externa, ou seja, eram compostos por elementos, geralmente líquidos, que tendiam a migrar gradualmente para fora do filme de tinta formado. Com o desenvolvimento dos plastificantes internos, especialmente as resinas poliuretânicas de baixo peso molecular, praticamente foi extinto o uso de plastificantes externos. Dentre as vantagens que estes aportaram aos sistemas de tinta, podemos citar: 1) Produto não migrante, o que reduz a possibilidade de contaminação do produto embalado; 2) colaboração no aumento de sólidos do sistema, com vantagens na incorporação de pigmento; 3) conseqüente aumento do brilho; 4) aumento de adesão; 5) compatibilidade com os adesivos de laminação.
Qual a função das resinas nas tintas? Fixar os pigmentos no suporte. Isso se dá depois que o solvente evapora e a resina se solidifica.
110 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que são vernizes? Verniz é a mistura de uma ou mais resinas com um ou mais solventes. Os vernizes possuem como função transportar o pigmento até o substrato. Após a evaporação do solvente forma-se um filme estável que fixa o pigmento ou corante ao suporte e proporciona ao impresso as propriedades necessárias de coloração e brilho.
T i n t a s
O que são solventes? São substâncias líquidas de características físicas e químicas bastante definidas que apresentam capacidade para diluir o sistema de resinas escolhido. Podem ainda se subdividir em: 1) Solvente verdadeiro: aquele que efetivamente e sozinho dilui a resina ou o sistema de resinas. São representantes típicos deste grupo os ésteres e Cetonas, com preferência para os primeiros por serem menos compatíveis com água. 2) Co-solvente: não apresentam poder solvente para resultar em um sistema líquido como os solventes verdadeiros, porém modificam as propriedades dos primeiros de modo a melhorar a performance do sistema. O grupo mais comum de co-solventes são os éteres de glicóis, principalmente os éteres do propileno glicol como o Dowanol PM e Dowanol DPM. 3) Diluentes: não possuem propriedade solvente em relação às resinas do sistema e são usualmente utilizados para reduzir o custo da formulação. Os maiores representantes deste grupo são os álcoois e, no caso do Brasil, especialmente o etanol.
Quais são as principais propriedades que os solventes para flexografia devem ter? Dissolver
totalmente a resina. Para cada tipo de resina existem solventes específicos; ser facilmente removidos pela evaporação ou absorção do substrato para que a película de tinta seque logo após a impressão; ajudar na adesão do filme de tinta sobre o substrato; não deixar odor no filme impresso; não atacar o clichê de impressão; reagir o mínimo possível com outros componentes da tinta; estar dentro das especificações legais de segurança e preservação do meioambiente; ser compatíveis com o suporte a ser impresso.
Capítulo 7 – Tintas para impressão –
111
Que tipos de solventes são utilizados nas tintas flexo? s a t n i T
Alguns dos tipos de solventes utilizados na flexografia são: álcool etílico, álcool isopropílico, acetato de etila, etil glicol e água. Normalmente esses solventes não são utilizados sozinhos na tinta. A mistura desses solventes acrescenta propriedades específicas de solvência, tempo de secagem e viscosidade. Geralmente se dá o nome de thinner ao composto de dois ou mais solventes misturados. A composição de propriedades, principalmente em termos de solvência e velocidade de evaporação, está entre os principais fatores da melhoria de qualidade e da estabilidade do processo produtivo, devendo os formuladores prestar especial atenção àquelas duas propriedades. Genericamente, recomenda-se ajustar as tintas de impressão, especialmente para alta qualidade de impressão para: Pontos (> 30 linhas/cm): 4,5 a 6 minutos – Extensor Bird 40 Traços: entre 2,5 a 5,0 minutos – Extensor Bird 40
O extensor Bird 40 micras é utilizado para controlar a velocidade de secagem da tinta
112 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
PROPRIEDADES FÍSICAS DOS PRINCIPAIS SOLVENTES GRÁFICOS
SOLVENTE
R A L U C E L O M O S E P
) 0 O 0 Ã 1 Ç = A A R L I O T P U A B V E E E D O D T A A X T A E T C A (
O Ã ) Ç P U c L ( O º S 5 2 E E D E ” 2 / D A 1 D I C S N O E C D S I V
G N SOLUBILIDADE I H S (% massa) 20º C U ) L R B U O % A ( C A I º C 5 N 2 Ê A E O E T A T T U N N N S G I E Á A E S V U V L L E G O M O R Á E S S
) P c ( C º 0 2 E D A D I S O C S I V
) C º 0 2 / 0 2 ( E D A D I S N E D
O Ã ) Ç I C ( L º U g B H E E m D m 0 O 6 T 7 N O A P
) C O ( m c / a n i d L A I C I F R E P U S O Ã S N E T
) C º ( g H / m m R O P A V E D O Ã S S E R P
CETONAS ACETONA
58,08
520
12
20
COMP.
COMP.
0,33
0,79
56,2
23,38 (22)
184,5 (20)
DIACETONA ÁLCOOL
116,2
12
295
76
COMP.
COMP.
3,2
0,94
168
24,6 (20)
1,23 (20)
ISOFORONA
138,2
2,5
220
97
1,2
4,3
2,6
0,923
215
32,2 (20)
0,43 (25)
METIL ETIL CETONA
72,1
340
20
45
27
12,5
0,4
0,805
79,6
24,5 (25)
91 (25)
METIL ISOBUIL CETONA
100,2
155
38
78
1,7
1,9
0,59
0,8
115,9
23,6 (20)
15,7 (20)
ÁLCOOIS n-BUTANOL
74,12
46
INSOL.
–
7,9
20,1
3
0,809
118
24,52 (20)
5,5 (20)
ETANOL
46,07
150
INSOL.
–
COMP.
COMP.
1,2
0,79
78,3
22,39 (20)
40 (19)
ISOBUTANOL
74,12
62
INSOL.
–
9,5
16,9
4
0,806
108
23 (20)
10 (22)
ISOPROPANOL
60,11
135
INSOL.
–
COMP.
COMP.
2,41
0,785
82,5
21,32 (20)
44 (25)
METANOL
32,04
181
25
–
COMP.
COMP.
0,58
0,791
64,5
22,5 (20)
100 (21)
ÉSTERES ACETATO DE BUTILA
116,2
100
49
83
0,7
1,6
0,73
0,883
127
14,5 (25)
15 (25)
ACETATO DE ETILA
88,12
430
36
39
8,7
3,3
0,45
0,901
77
23,9 (20)
100 (27)
HIDROCARBONETOS TOLUENO
92,13
190
INSOL.
–
0,06
0,05
0,6
0,87
111
28,52 (20)
36,7 (30)
XILENO
106,2
60
INSOL.
–
0,04
0,05
0,8
0,87
140
29,48 (20)
6,72 (21)
ÁLCOOIS BUTILGLICOL
118,2
6,8
220
96
COMP.
COMP.
6,4
0,901
171
27,4 (25)
0,76 (20)
ETILGLICOL
90,12
39
143
59
COMP.
COMP.
2,1
0,931
135
28,2 (25)
5,29 (25)
Capítulo 7 – Tintas para impressão –
113
T i n t a s
Qual o método correto para utilização dos solventes nas tintas? s a t n i T
No processo flexo a evaporação não deve ocorrer tão rapidamente, para que a tinta não seque nas células do anilox; e nem muito lentamente, para que não ocorra a blocagem. A solvência é o fator mais importante, contudo não pode ser o único parâmetro na escolha de um solvente. A formulação de uma tinta ou verniz exige que exista um balanceamento entre os solventes usados, possibilitando uma melhor secagem.
Os solventes leves evaporam rapidamente, retirando, em curto espaço de tempo, muito calor do meio, especificamente do substrato. Devido a isso ocorre um resfriamento brusco da superfície, ocasionando condensação do vapor d’água, que provoca a precipitação da resina, causando um fenômeno chamado de névoa ou blushing. Não devem ser usados sozinhos.
Já os solventes médios têm uma velocidade de secagem ideal, proporcionando filmes brilhantes, duros e isentos de solventes retidos. São os solventes intermediários na secagem, estabilizando a velocidade de evaporação ao longo da secagem.
Os solventes pesados são requeridos nas formulações pelas ótimas propriedades que conferem aos filmes, especificamente por permitirem uma acomodação às moléculas da resina, pela manutenção do filme aberto pelo maior espaço de tempo possível, evitando a precipitação do agente filmógeno. Esses fatores permitem maior brilho e resistência do filme formado. Os solventes pesados retardam a secagem, e o seu uso deve ser limitado, pois podem causar filmes moles e pegajosos e uma retenção acentuada de solvente.
Quais os controles feitos nos solventes? A densidade, cor aparente, porcentagem de água contida (análise de KarlFisher) e cromatografia para identificação de composição, são alguns dos testes que devem ser feitos nos solventes.
O que são e qual a função de pigmentos e corantes? O pigmento é um sólido insolúvel, geralmente na forma cristalina, encontrando-se finamente disperso no verniz. Essa dispersão é obtida por moagem em moinhos especiais (de rolos, esferas, etc). 114 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O pigmento é responsável pela tonalidade e intensidade da cor, sendo que sua correta incorporação ou não pela resina afeta consideravelmente o brilho. Do pigmento dependem ainda muitas outras propriedades fundamentais das tintas (podendo inclusive restringir sua aplicação), como a resistência à luz, a ácidos, e álcalis, o que restringe a aplicação de alguns pigmentos nas embalagem de sabões, detergentes etc. Os corantes são produtos químicos que possuem a propriedade de se solubilizar até o nível molecular no veículo escolhido. Possuem alto poder tintorial, mas seu uso nas tintas é restrito, pois, com exceção dos complexos metálicos, não possuem boas resistências em praticamente todas as propriedades relevantes, como resistência à luz, ao sangramento e a álcalis e ácidos. Outro ponto forte para reduzir drasticamente o uso dos corantes é a associação entre o sangramento, definido como a capacidade de solventes, óleos ou outras substâncias líquidas dissolverem e extraírem o corante mesmo após o filme formado, com as características químicas ou tóxicas ou relativamente tóxicas de muitos tipos de corantes. Isso tem restringido cada vez mais a aplicação de corantes em embalagens de produtos alimentícios e de brinquedos, por exemplo. Com o aumento do nível de exigência dos consumidores e dos institutos de análise e proteção ao consumo, será cada vez mais restrito o uso de determinados tipos químicos, não somente os corantes, mas também muitos tipos de pigmento, como alguns inorgânicos derivados de cromo, chumbo e outros metais pesados.
T i n t a s
Como se classificam os pigmentos e quais as suas origens? Os pigmentos podem ser de origem natural ou sintética, sendo também classificados pela estrutura química em pigmentos orgânicos ou inorgânicos. A intensidade, a opacidade, a resistência às intempéries ou agentes químicos variam conforme o tipo de pigmento, especialmente os de origem orgânica. De modo geral, por questões de consistência, disponibilidade e mesmo preço, usam-se majoritariamente pigmentos sintéticos, tanto orgânicos como inorgânicos, de modo a se padronizar ao máximo a qualidade e repetibilidade dos resultados da fabricação de tintas, gerando os resultados mais previsíveis na impressão, base de toda a padronização do processo gráfico. Capítulo 7 – Tintas para impressão –
115
Classificação de pigmentos s a t n i T
Naturais
Caolin Carbonatos Óxidos de ferro
Sintéticos
Carbonatos precipitados Dióxido de titânio Sulfato de bário Sulfeto de zinco
Naturais
Púrpura Índigo Brasilina (corante do pau-brasil) Etc.
Sintéticos
Amarelos (benzedines, hansa, etc) Vermelhos (rubis, carmins, fanais, etc) Azuis (ftalocianinas, etc) Verdes (ftalocianinas) Etc.
Pigmentos inorgânicos
Pigmentos orgânicos
O pigmento ideal é aquele que, em menor quantidade, consegue tingir o verniz na intensidade desejada. Normalmente o pigmento corresponde de 8% a 30% da formulação total da tinta. O pigmento deve ser o menos abrasivo possível, evitando assim danos à racle e ao anilox. Uma característica importante para o pigmento na tinta para flexografia é a transparência. Para uma boa sobreposição a tinta dever ser transparente, evitando assim que uma cor interfira na cor impressa anteriormente, à exceção do amarelo que, por ser a primeira cor a ser impressa, não precisa ser totalmente transparente. Os pigmentos são classificados da seguinte forma quanto à cor: Pigmento preto: são geralmente obtidos por meio de combustão incompleta
de substância líquida ou gasosa, sendo que os originários da queima de gás apresentam maior profundidade e força (contudo, são os de maior complexidade para se trabalhar). Os negros de fumo são classificados quanto à origem (gás ou óleo) e quanto à absorção de óleo, que indica a quantidade de superfície presente em 1g de produto e é diretamente relacionada à força do pigmento. Os pigmentos negros apresentam áreas superficiais que geralmente variam entre 30m²/g e 500m²/g. Pigmento branco: Os pigmentos brancos devem possuir alta cobertura e alta
alvura de modo a cobrir a superfície na qual são aplicados, refletindo a luz. Os pigmentos mais comumente aplicados são de dióxido de titânio e sulfeto de zinco e sulfato de bário. A mistura dos dois últimos é conhecida comercialmente por litopônio. 116 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Pigmento colorido: são responsáveis pelo poder tintorial transferido pela
tinta, possuindo diversas e variadas propriedades de acordo com a composição química. T i n t a s
Dentre as principais propriedades destacam-se: 1- Resistência à luz; 2- Resistência a álcalis; 3- Resistência a ácidos; 4- Resistência ao sangramento; 5- Resistência Térmica, outros. Em termos de consumo, os principais pigmentos gráficos são:
Resistência à luz Como normalmente os impressos em flexo são expostos em prateleiras e, consequentemente, à luz, é importante conhecer a resistência de cada pigmento e a aplicação do mesmo. A tabela abaixo ajudará na escolha.
TABELA DE RESISTÊNCIA À LUZ (EXPOSIÇÃO DIRETA À LUZ DO SOL)
RESISTÊNCIA 1 2 3 4 5 6 7 8
EQUIVALÊNCIA 2 dias 4 dias 10 dias 20 dias 40 dias 3,5 meses 1 ano 1,5 a 2 anos
1- Amarelo 12, 13 e 14 (benzedine); 2- vermelho rubi 57.1 (bona); 3- azul 15, 15.3 e 15.4 (ftalocianinas de cobre).
O que é moagem? O processo de preparação de tintas consiste em incorporar o pigmento ao veículo de modo a obter o máximo de poder tintorial possível sem afetarmos outras propriedades como a viscosidade. Novamente a flexografia, dada a sua característica de forma em alto relevo, Capítulo 7 – Tintas para impressão –
117
é o setor que mais se beneficia de uma tinta de alto poder tintorial, pois isto reduz a camada de tinta necessária à obtenção da cor e, conseqüentemente reduzem-se o ganho de ponto, o squash, a perda de legibilidade dos textos e códigos de barra, os entupimentos freqüentes e outros defeitos característicos de altas camadas de tinta. No entanto, não é tão simples a obtenção de tintas de alto poder tintorial, pois isto implica em escolher pigmentos com maior força e também aumentar suas concentrações nas tintas. Aumentar as concentrações de pigmentos acaba impactando em aumento da tixotropia (ver na página 121), dada a alta energia superficial dos pigmentos (força Zeta). Necessita-se então de agentes dispersantes de alta performance e seleção criteriosa de pigmentos, resinas e mesmo solventes. Quanto mais moemos, ou seja, diminuímos o tamanho das partículas de pigmento, maior área superficial é gerada e maior tixotropia pode surgir.
s a t n i T
Acima a visualização em microscópio do efeito do pro cesso de moagem sobre o tamanho das par tículas (sílica neste exemplo). Partículas menores, maior espalhamento.
Os processos de moagem se modernizaram. No passado recente tínhamos o Processo chips + esferas de vidro onde era possível obter partículas grosseiras de até 30 micra. Com a utilização de esferas de óxido de zircônio (Processo novo) pode-se garantir particular médias menores que 5 micra ( veja microfotografias). Como os pigmentos são sólidos, devem ser moídos até atingir um grau muito pequeno de partículas. A moagem como é chamado o ato de moer deve estar acima de 7 hegmans no grindômetro. Os pigmentos são moídos em moinhos especiais de esferas. Processo Chips + esferas de vidro (antigo) que fornecia moagem até 30 micras
Novo processo com esferas de óxido de zircônio permite moagem até 5 micras
Medida da moagem do pigmento em grindômetro
A escala do grindômetro varia de 8 a 0 hegman, ou o correspondente a 0 e 100 micra, exatamente nesta proporção (assim, 4 hegman equivalem a 50 micra, 6 hegman a 25 micra e assim por diante).
118 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O que são aditivos e quais os principais utilizados nas tintas flexo? T i n t a s
Os aditivos são substâncias sólidas ou líquidas adicionadas à tinta em baixas concentrações que complementam as características que os outros componentes da tinta não conseguem conferir sozinhos. Os principais são: • Plastificantes, cuja principal função é manter o filme de tinta impresso flexível e elástico. Além disso, os plastificantes podem, em alguns casos, conferir propriedades de brilho e adesão. • As ceras são um outro grupo utilizado nas tintas para reduzir o blocking, promover deslizamento e repelência à água. São aplicados em uma proporção que pode variar de 1% a 3%. O excesso de ceras pode reduzir o brilho e causar problemas de aderência ao filme impresso. • O silicone aparece com propriedades de deslizante e sua aplicação varia entre 0,1% e 1,0%. Acima de 1% o filme impresso sofrerá pequenos furos (pin holing), entre outros problemas. • Os promotores de adesão, geralmente os titanatos, são muito comuns nos processos de impressão, melhorando não somente a adesão, como provocando uma reação de aumento do peso molecular das resinas hidroxiladas como a nitrocelulose, e aumentando também a resistência térmica da tinta. • Há ainda anti-espumantes, aglutinantes, e outros aditivos com funções específicas.
O que é viscosidade? Como controlá-la? Em linguagem simplificada, pode-se dizer que a viscosidade de uma tinta representa a resistência que ela oferece ao ser manipulada. É o estado de uma substância fluida ou semi-fluida que, em razão do atrito interno das suas diferentes camadas entre si, apresenta uma maior ou menor dificuldade de escoamento. A avaliação da viscosidade se faz determinando o tempo de escoamento da tinta através do orifício padrão do viscosímetro (copo de medida de viscosidade com volume padrão de 100ml). Os segundos são a unidade internacional de medida de viscosidade para tintas de flexografia. Nesse sistema de impressão, os tipos de viscosímetro utilizados para medir a viscosidade de uma tinta são o Ford4 (no Brasil é mais utilizado em laboratório) e o Zahn 2 (utilizado na sala de impressão).
Exemplo de viscosímetro Capítulo 7 – Tintas para impressão –
119
O que é rendimento da tinta? s a t n i T
Rendimento é a quantidade máxima de impressões que se pode obter com uma certa quantidade de tinta. Mantendo-se o mínimo de qualidade exigido, deve-se medi-lo obedecendo às mesmas condições: substrato, máquina e arte a ser impressa. Para uma eficiente avaliação do rendimento da tinta, devemos considerar sua força, sua taxa de diluição e o volume de célula necessário para atingir a força padrão mínima exigida para o recebimento. Sem essas três informações, estaremos fazendo uma avaliação errada.
O Controle de tempo de secagem e viscosidade é fundamental para bom funcionamento das tintas.
Quais os principais controles a serem feitos nos filmes de tinta impressos? A adesão é particularmente importante em materiais não-porosos. A adesão é verificada com uma fita adesiva aplicada sobre a superfície e removida com rapidez. Se todo o filme de tinta ou parte dele sair na fita adesiva então há problema de adesão. A resistência ao atrito também é um controle mais visual, embora existam equipamentos para isso. A resistência ao atrito é importante visto que a embalagem ou produto impresso sofrerá atrito durante o transporte, armazenamento e manuseio. Se a resistência do filme de tinta não for boa, a aparência do impresso será de que o produto ou a embalagem é velha. Mais um controle visual é o brilho. Mesmo com equipamentos que podem medir o brilho (goniophotômetro) a avaliação é feita empiricamente. O deslizamento, como é chamado o Coeficiente de Fricção (COF), é a propriedade de deslizar que o filme de tinta deve possuir principalmente no envasamento. Se essa propriedade for deficiente, então o material impresso pode enroscar na máquina de fechamento e envasamento da embalagem. Resistências aos produtos constituem testes importantes. Por exemplo, o filme de tinta impresso deve resistir a gorduras, ácidos, álcalis, óleos etc. 120 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Normalmente esses testes de resistência aos produtos são feitos com metodologia específica, mas todos implicam em colocar o filme de tinta em contato com o produto por um período de tempo, após o qual são feitas avaliações visuais. Outro teste muito relevante em embalagens alimentícias e de pet food é o de odor residual, cuja medição é feita em um equipamento chamado de cromatógrafo, que serve para medir a quantidade de certos solventes que eventualmente não foram totalmente removidos no processo de secagem da tinta. Esses solventes (geralmente os pesados como o etil glicol e dowanol) podem contaminar o produto embalado. Finalmente a avaliação da cor pode ser feita com o espectrofotômetro que mede os desvios da cor. Em muitas empresas ainda se faz a avaliação da cor visualmente.
T i n t a s
O aparelho IGT pode ser utilizado para testes de aplicação de tintas em laboratório
O que é tixotropia? Pode-se dizer que tixotropia é uma falsa viscosidade. Devido a forças de atração intermoleculares, ainda que fracas, formam-se aglomerados em torno de um núcleo mais energético como os pigmentos. Isto se dá quando o sistema não está submetido a forças externas como a de uma agitação, pois uma vez que este aglomerado formado é muito frágil, qualquer força ligeiramente maior é capaz de desfazê-lo, e o sistema reassume a sua viscosidade característica. Por isso, é muito importante que a viscosidade seja medida com a tinta em agitação, para que não tenhamos um resultado falso de viscosidade. Ao adicionarmos solvente numa tinta onde tivermos um falso valor de viscosidade, causado pelo estado tixotrópico, teremos uma queda brusca de viscosidade no momento do acerto.
A figura acima representa o fenômeno da tixotropia. Quando em repouso, estabelece-se um arranjo molecular característico que provoca um travamento do sistema. Contudo, assim que uma energia atua sobre o sistema, o arranjo é quebrado e o sistema passa a fluir mais facilmente. Capítulo 7 – Tintas para impressão –
121
Qual seria uma formulação média para tintas de flexografia? s a t n i T
As composições variam grandemente dependendo da escolha do substrato, das condições de impressão e do uso final. O gráfico abaixo ilustra uma típica tinta flexo (Pigmentos: 4%-20%; Resinas: 10%-30%; Solventes: 40%-60%; Aditivos: 1%-10%). Aditivos
Pigmento
Resina
Solvente
Tintas à base de água e seu uso em flexografia: As tintas à base de água são muito comuns na impressão de papéis, cartões e papelão ondulado, mas são mais relacionadas a tintas de qualidade inferior, de baixo poder tintorial. No entanto, as tintas à base de água, ao contrário do que se possa pensar, conseguem gerar tintas de altíssimo poder tintorial quando comparadas às tintas à base de solvente. Isto é o que verificamos no caso das impressões de rótulos e etiquetas adesivas, inclusive em substratos plásticos. Esta possibilidade está relacionada à característica das resinas utilizadas. Geralmente na forma de emulsões acrílicas, podem ser produzidas em altíssimos teores de sólidos e em viscosidades relativamente baixas e com a vantagem de possuírem excelente capacidade de incorporação de pigmentos.
É possível aplicarmos tintas base água na flexografia de banda larga para substratos plásticos? A resposta é sim. Contudo, esta aplicação está condicionada a alguns cuidados e necessidades de adaptação de anilox, processos e eventualmente máquinas. Um dos primeiros pontos a se considerar é que as tintas base água tem um caráter predominantemente alcalino, e conseqüentemente todas as partes e peças, incluindo o tambor central, estufas, recipientes para tintas e todas as demais partes que entrarão em contato com a tinta ou com seus vapores, deverão ser resistentes à oxidação. No caso de impressão de materiais plásticos, é recomendado o uso de tintas 122 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
à base de emulsão acrílica, seja pela sua adesão, seja pela resistência a água após secar completamente. T i n t a s
Que dificuldades podem surgir e quais cuidados que os operadores devem ter com tintas base água? Há um problema recorrente: as tintas à base de água permanecem ressolúveis em água apenas por um determinado (e relativamente curto) período de tempo. Apesar de podermos ajustar este tempo com o uso de alguns aditivos ou uso conjunto de resinas tipo álcali solúveis, a capacidade de ampliarmos este tempo chamado de aberto é restrita e até mesmo perigosa, pois pode resultar em extrema dificuldade de secagem da tinta. Assim é muito importante que os operadores mantenham a bateção automática dos anilox permanentemente ligada e redobrem o cuidado com a limpeza dos anilox imediatamente após cada parada de máquina, mesmo por falta de energia elétrica, por exemplo. Outra necessidade é a de se reduzir o volume dos cilindros anilox, pois uma vez que as tintas à base de água são mais fortes, mas tem maior dificuldade de secagem, deve-se trabalhar com camadas reduzidas de tinta. Isto se converte em vantagem no caso da flexografia, pois quanto menor a quantidade de tinta no processo de impressão, melhor. No caso de impressão de cromias em banda estreita com tintas à base de água de alta qualidade e alto poder tintorial, podemos utilizar anilox até de 400 linhas/cm e entre 2 e 3 bcm, com excelente resultado de força e qualidade de impressão. Algumas empresas construtoras de máquinas na Europa e Estados Unidos estão desenvolvendo projetos específicos para impressoras para tinta a base de água, com secagem amplificada para permitir boas velocidades de impressão.
Podemos utilizar tintas à base de água para laminação? Outro ponto importante na aplicação de tintas à base de água é que estas, geralmente são baseadas em resinas de Tg (temperatura de transição vítrea) baixa. Como se trata de resinas de baixa força de coesão, devem resultar em camadas muito finas ao final da impressão, para permitir que se atinjam forças adequadas de laminação. No entanto as tintas à base de água são muito compatíveis com os adesivos de laminação e com vernizes UV, não apresentando efeito sobre outras propriedades do filme como COF, por exemplo, o que é relativamente comum aos sistemas base solvente. Capítulo 7 – Tintas para impressão –
123
Como fazer para acertar a cor? s a t n i T
Um dos grandes desafios durante a troca de serviços é o acerto da cor. Um método prático que dá bons resultados é o uso de amostras físicas. Depois que o colorista ou impressor acertou a cor, colhe-se uma amostra em um recipiente, anota-se o que foi acrescentado à tinta e o recipiente é arquivado. Quando essa mesma cor voltar em impressão, prepara-se uma nova quantidade de tinta nova e fazem-se comparativos com a amostra que foi utilizada anteriormente. O comparativo pode ser feito da seguinte forma: puxada com extensor, hand proof, raspinha (puxada com um pedaço de lâmina) e impresso com clichê em mini impressora de laboratório com o RK para flexo. Para o sucesso desse processo é importante manter durante a impressão as variáveis (anilox, velocidade de impressão, viscosidade e outros) sob controle e de preferência idênticos ao que foi impresso na vez anterior.
Puxada com extensor de 10 micras
O hand proof aplica uma camada fina e uniforme de tinta em laboratório
124 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Quais são os três princípios da cor? Os três princípios da cor são: tom, saturação e luminosidade. A observação desses princípios ajuda o colorista ou impressor na comparação e acerto de cor. Tom é a própria cor, em outras palavras, ou é amarelo, ou é azul, ou é verde, ou vermelho, ou magenta e assim por diante. É o primeiro critério para avaliação da cor. O segundo é a saturação, que é a propriedade da cor ser forte ou fraca. Em outras palavras é a intensidade da cor. O último critério é a luminosidade ou a propriedade da cor ser clara ou escura. Vários sistemas para parametrizar o que chamamos de cor já foram desenvolvidos, contudo os mais aceitos são os estabelecidos pela CIE (Commission Internationale de l’Eclairage) ou Comissão Internacional de Iluminação, onde são baseados todos os aparelhos de avaliação de cor utilizados pelas indústrias em geral (tintas, gráfica, automobilística, etc).
L=25
L=50
T i n t a s
L=75
Acima, a visualização das mesmas coordenadas cromáticas a* e b* sob luminosidades diferentes (25, 50 e 75). Outro sistema, o HSV retratado abaixo, também dá uma demonstração clara das propriedades citadas, onde as variáveis são H=Hue (Tom), S=Saturation (Saturação) e V=Value (que equivale à Luminosidade).
Todos os sistemas se baseiam em conceitos tridimensionais para o espaço da cor, de forma a representar a maneira como o ser humano a enxerga e procurando, assim, definir valores matemáticos que permitam operar algebricamente com essa importante variável do processo. Capítulo 7 – Tintas para impressão –
125
De que forma a densitometria pode ajudar no controle da cor? s a t n i T
A medição da densidade das cores impressas é um excelente meio para controle da cor durante o processo de impressão. Segue abaixo a tabela de densidades das cromias.
DENSIDADE DE TINTAS SÓLIDAS – Banda Larga AMARELO
MAGENTA
CYAN
PRETO
Papel
1.00
1.25
1.25
1.50
Plásticos
1.00
1.20
1.25
1.40
DENSIDADE DE TINTAS SÓLIDAS – Banda Estreita e Média AMARELO
MAGENTA
CYAN
PRETO
Papel
1.00
1.25
1.35
1.50
Plásticos
1.00
1.20
1.25
1.40
126 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Capítulo 8 – Cilindros anilox – 127
Neste capítulo você vai ver:
• Características do anilox • Tipos de gravação a laser • Quais os melhores ângulos • Por que a lineatura é importante • Controle do volume de tinta (BCM) • Como escolher o anilox • Aferição e limpeza • Cuidados com o manuseio e armazenagem
8•Cilindros anilox Hoje em dia o melhor cilindro anilox (ou entintador) possui revestimento cerâmico e é gravado a laser. Existem cilindros gravados mecanicamente (por recartilhagem) e revestidos com cerâmica, o que foi um grande avanço em relação aos antigos cilindros gravados quimicamente. O formato das células mais usado é o hexagonal, embora o equipamento de gravação possa variar conforme a programação. Sobre o nome anilox, a história conta que a denominação se deve ao fato de a flexografia ser chamda, no início, de processo anilina. Então, foi atribuído o nome anilox ao cilindro que transportava essa anilina até o clichê. Os anilox mais indicados para flexografia são os revestidos com cerâmicas e gravados a laser
Capítulo 8 – Cilindros anilox – 129
Qual a função básica do anilox? Transferir e dosar a quantidade de tinta para a superfície do clichê. A transferência precisa ser uniforme e com muita precisão em toda a extensão do cilindro para que também toda a extensão do clichê seja entintada de modo uniforme e uma parte não fique mais forte ou fraca em relação às outras partes.
x o l i n a s o r d n i l i C
Quais os tipos de anilox mais comuns? Os anilox mais comuns são os seguintes: Anilox com revestimento cerâmico e gravação a laser; gravação mecânica (recartilhagem) e gravação química. No entanto, o mais usado hoje na flexografia é o anilox com revestimento cerâmico e gravado a laser. Os cilindros gravados quimicamente eram feitos de ferro revestido galvanicamente com cobre. Daí eram gravados, copiados e gravados com FeCl ³ (Percloreto de Ferro) no mesmo método da gravação de rotogravura. Depois de gravados, eles eram cromados também pelo processo galvânico para dar resistência ao cobre, que não suportaria o trabalho de transferência. A principal desvantagem é a baixa lineatura que o processo permitia gravar. No processo de recartilhagem dava-se o mesmo, quer dizer, a aplicação da recartilha era feita no cobre; o cilindro era cromado posteriormente. Da mesma forma, não permitia lineaturas superiores a 120 linhas/cm com qualidade razoável. A gravação com laser trouxe, assim, um grande avanço para a flexografia, e não é exagero dizer que foi a principal revolução em qualidade do processo flexo. Para se gravar a laser é necessário revestir a superfície do cilindro/camisa com um metal e recobrir essa superfície com um plasma de óxido de cromo. Daí, em cima dessa superfície de cor grafite se dá a sublimação e conseqüentemente o desenho das células. É interessante que a superfície da cerâmica é extremamente dura, com uma micro-dureza de 1150 à 1300 graus Vickers. Para se ter uma idéia comparativa, o cromo chamado duro aplicado na superfície do cilindro de rotogravura possui dureza entre 850 a 950 graus Vickers. Sendo assim, a única forma de gravação é realmente o laser.
Cabeçote para gravação a laser da Praxair.
130 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Quais os principais tipos de laser para gravação de anilox e quais as diferenças entre eles? O laser tem tido enorme impacto em inúmeros processos industriais. E não é diferente no processo de impressão flexo e na confecção de acessórios como o anilox. Como foi visto no capítulo sobre clichês, o laser ajuda na precisão e rapidez de obtenção dos polímeros, e no aumento da qualidade do impresso. Um dos tipos de laser mais utilizados é o de CO 2 (dióxido de carbono). Trata-se de um gás usado em combinação com outros dois gases (hélio e nitrogênio) para produzir a energia para gravação. O laser de CO2 foi muito usado nas últimas duas décadas na gravação de anilox com revestimento cerâmico. O laser é usado para gerar pulsos de energia para sublimar a camada de cerâmica, gerando, assim, os alvéolos. Outro tipo bem diferente de laser é o YAG, sigla em inglês para Yttrium Aluminum Garnet. Ele não usa gases e sim um tipo especial de cristal cerâmico. Ao passo que, para gravação de polímero ou borracha, o CO 2 é uma boa opção, no caso do anilox o YAG possui um diferencial interessante devido ao tipo de pulso que ele gera, mais regular, o que permite uma definição melhor entre as paredes do anilox.
Gráfico mostrando o perfil do pulso do laser CO ²
Gráfico mostrando o perfil do pulso laser YAG
Micro fotografia do resultado da gravação com CO ² . Acima e abaixo
Gráfico mostrando o perfil de pulso do laser YAG. Acima e abaixo
Capítulo 8 – Cilindros anilox – 131
C i l i n d r o s a n i l o x
Quais os itens de controle? Os cilindros anilox podem variar quanto a: 1) lineatura, 2) ângulo da retícula e 3) capacidade volumétrica (BCM). A escolha do tipo de anilox está diretamente relacionada com o tipo de trabalho a ser executado. Para isso é necessário conhecer os três fatores acima.
x o l i n a s o r d n i l i C
Por que a lineatura do anilox deve ser alta? A escolha da lineatura está relacionada, principalmente, com a lineatura utilizada na confecção da imagem reticulada no clichê. O ideal é que seja de, pelo menos, 4 a 5 vezes maior que a lineatura da imagem. Isso é necessário para evitar o efeito moiré. Porém outro fator muito importante é que nessa proporção de 5 para 1 o pequeno ponto do anilox será entintado mais uniformemente, melhorando assim a definição da imagem. Note na figura abaixo como o pequeno ponto nas áreas claras da imagem é “inundado” com tinta caso a lineatura do anilox não seja maior que a do clichê. Porta-clichês Ponto de altas luzes
Quantidade ideal Resultado da entintagem
Célula com volume maior que os pontos Cilindro Anilox
O que é BCM? O volume é medido em BCM (bilhões de micras cúbicas por polegada quadrada) e está diretamente relacionado à quantidade de tinta depositada no clichê. O critério para escolha do volume é: volumes mais baixos para retículas e textos pequenos e volumes maiores para áreas de traços grossos e chapados. No entanto, há uma falsa idéia de que, para se obter um chapado com boa cobertura, é necessário um anilox com capacidade volumétrica máxima. Na prática, pode-se conseguir uma boa cobertura com uma tinta bem equilibrada e concentrada e BCM não muito alto. Volumes altos tendem a entupir a retícula no clichê. 132 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O BCM é mais importante que a lineatura do anilox? O BCM é muitas vezes desconsiderado na escolha do anilox. Normalmente o impressor faz a escolha em função da lineatura. Assim, quando se quer diminuir o volume de tinta troca-se o anilox por outro de lineatura maior e vice-versa. No entanto, dentro de uma mesma lineatura é possível ter BCM diferentes, o que pode causar confusão e erros. Vamos supor que o impressor esteja trabalhando com um anilox de 180 l/cm e BCM de 3.30 e decida trocar por outro de 200 l/cm que “carregue” menos tinta. Se, ao trocar, ele simplesmente segue a lineatura e esquece de verificar também o BCM, que pode estar com volume de 3.50, ele estaria aumentando a “carga” de tinta, piorando o problema. Veja na tabela da página 136 uma sugestão de tabela aplicada em máquinas de flexo 8 cores. Note também as possibilidades de variação de BCM dentro da mesma lineatura.
Qual o ângulo da retícula do anilox? Embora o equipamento de gravação a laser possa fazer ângulos variados, convencionou-se utilizar na flexografia apenas o ângulo de 60º. Esse ângulo é comprovadamente o melhor para liberar a tinta que está dentro dele e também é a posição que menos favorece o moiré que poderia ocorrer com a retícula do clichê.
Ângulo com 30º
Ângulo com 45º
Ângulo com 60º
Por que se escolheu esse ângulo? Este ângulo foi escolhido porque é o melhor para transferência de tinta para os pontos do clichê. Note, nas imagens acima, alguns tipos de ângulos possíveis (observe também o formato hexagonal das células a 60º).
Capítulo 8 – Cilindros anilox – 133
C i l i n d r o s a n i l o x
Em que o volume de tinta influencia a impressão?
x o l i n a s o r d n i l i C
Influencia diretamente na força ou na intensidade da cor. Um volume maior carrega mais pigmento de uma cor, e conseqüentemente dá mais força a ela. Além disso, há problemas relacionados ao entupimento de retículas finas, textos e linhas vazadas. Assim, a regra deve ser sempre lembrada: quanto menos tinta estiver envolvida no momento de impressão entre anilox/clichê/ substrato, melhor.
Qual o cálculo para converter BCM/pol² em cm³/m²? Para converter BCM/polegada para unidades métricas usa-se a seguinte equivalência: 1.0 BCM/Pol² = 1.549 cm³/m² .
Como escolher o anilox? Pode-se escolher o anilox por meio de testes com um cilindro de banda que é um cilindro gravado com faixas (ou bandas) com lineaturas e BCM difrentes (6 a 8 faixas) e o uso de um finger print. O finger print contém linhas finas e grossas, textos positivos e negativos com tamanhos e fontes diferentes, áreas sólidas, código de barras, linhas concêntricas para verificação da pressão de impressão, combinações de retículas, lineaturas e porcentagem de pontos diversas, escala de gris, marcas de registro, entre outros itens. Veja abaixo um exemplo de cilindro de banda.
Exemplo de cilindro de banda
134 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Que outros fatores devem-se levar em conta na escolha do anilox correto? Substratos – Os porosos, como os papéis, necessitarão de um volume de tinta
maior. Papéis revestidos como os couchés, cuja superfície é menos absorvente, demandarão volume menor. Tintas – Deve-se ficar atento às tintas a base d’água com alto teor de sólidos, que são mais bem transferidas com volumes reduzidos e alta lineatura. Equipamento de impressão – Este deverá permitir a instalação do anilox e a verificação periódica, para que se analise se não apresentam folgas mecânicas em mancais e engrenagens do sistema de entintagem.
EXEMPLO DE INVENTÁRIO PARA 8 CORES Tipo de trabalho
Quadricromia e retículas finas
Textos pequenos e linhas finas
Chapados e traços grossos
Lineatura (linhas/cm)
BCM (Bilhões de Micra Data da Cúbicas/polegada Avaliação quadrada)
400
1.10 – 1.40
300
1.50 – 2.10
270
1.80 – 2.60
230
2.10 – 3.00
200
2.60 – 3.50
180
2.90 – 4.00
140
3.60 – 5.00
100
4.60 – 6.70
80
5.50 – 8.10
Quem Avaliou
Observações (aspecto, BCM atual, riscos, batidas, etc)
S A O S D E A R D P S M O E A M U O S C I E U D Q O A I R A Á H T C N N E E V E N R P I O D
É importante manter um registro atualizado do inventário de anilox para não ter surpresas ao colocá-lo em máquina e descobrir que há um sério problema com o mesmo
Capítulo 8 – Cilindros anilox – 135
C i l i n d r o s a n i l o x
LINEATURAS E VOLUMES RECOMENDADOS PARA CADA PROCESSO PROCESSO
x o l i n a s o r d n i l i C
l e v ) í x a e l g F r a L m e a g d a l n a a b B ( m E
s a v i s ) a e i d d - é o t m u A e s a t a t i e e r u t s q i t e E a e d n s a o l B ( u t ó R s o d a g u r r o C m e a t e r i D o ã s s e r p m I
IMAGENS DO CLICHÊ 150 – 175 lpi (60 – 70 lpcm) cromias 120 – 133 lpi (48 – 52 lpcm) cromias 85 – 110 lpi (33 – 42 lpcm) cromias Retículas com textos Linhas finas e textos Linhas e chapados Chapados Grandes áreas chapadas como branco e verniz 150 – 175 lpi (60 – 70 lpcm) cromias 120 – 133 lpi (48 – 52 lpcm) cromias 85 – 110 lpi (33 – 42 lpcm) cromias Retículas com textos Linhas finas e textos Linhas e chapados Chapados Grandes áreas chapadas com branco e verniz 110 – 120 lpi (42 - 48 lpcm) Cromias 85 lpi (33 lpcm) cromias Traços com sistema doctor roll Traços com sistema doctor blade Áreas chapadas com sistema doctor roll Áreas chapadas com sistema doctor blade Verniz ou Branco chapado
LINEATURA DO ANILOX LPI LPCM (linhas por (linhas por polegada) centímetro)
VOLUME DO ANILOX BCM/pol²
cm³/m²
800 – 900
315 – 355
1.4 – 2.0
2.2 – 3.1
650 – 750
255 – 295
1.8 – 2.5
2.8 – 3.9
500 – 600
195 – 235
2.2 – 2.9
3.4 – 4.5
360 – 440
140 – 175
3.2 – 4.2
5.0 – 6.5
300 – 360
120 – 140
4.2 – 5.5
6.5 – 8.5
250 – 330 200 – 300
100 – 130 80 – 120
6.0 – 7.0 7.3 – 8.0
9.3 – 10.9 11.3 – 12.4
180 – 220
70 – 90
9.9 – 10.0
15.3 – 15.5
800 – 900
315 – 375
1.4 – 2.0
2.2 – 3.1
600 – 800
235 – 315
1.5 – 2.0
2.3 – 3.1
500 – 600
195 – 235
2.0 – 3.0
3.1 – 4.7
500 – 600
195 – 235
2.5 – 3.5
3.9 – 5.4
360 – 440
140 – 175
3.5 – 4.5
5.4 – 7.0
300 – 400 300 – 360
120 – 160 120 – 140
4.5 – 7.5 5.0 – 6.5
7.0 – 11.6 7.8 – 10.1
200 – 250
80 – 100
7.2 – 8.7
11.2 – 13.5
440-550
175 – 220
2.0 – 3.5
3.1 – 5.4
360-440
140 – 175
3.0 – 3.5
4.7 – 5.4
250 – 330
100 – 130
5.5 – 6.0
8.5 – 9.3
250 – 300
100 – 120
6.5 – 7.8
10.1 – 12.1
200 – 250
80 – 100
6.5 – 7.8
10.1 – 12.1
200 – 250
80 – 100
8.0 – 9.0
12.4 – 14.0
200 – 250
80 – 100
7.8 – 12.0
12.1 – 18.6
136 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
A T F T S R I F : e t n o F
Quando utilizar rolo de borracha pelo sistema doctor roll? O doctor roll, ou sistema de entintagem com rolo de borracha, ainda é bastante utilizado em alguns tipos de equipamentos. Assim, é possível encontrar informações úteis para a combinação de anilox, rolo de borracha e o tipo de clichê/imagem.
Lineatura do Anilox
Dureza do rolo tomado (pescador)
Tipo de imagem
60 à 85 l/cm
65º
Chapados
100 à 120 l/cm
70º
Traços e Textos
120 à 140 l/cm
75º
Retículas até 28 linhas/cm
160 l/cm
80º
Retículas até 36 linhas/cm
Há algum princípio básico na escolha do anilox? Sim. O princípio envolvido é: quanto menos tinta estiver envolvida no processo de impressão, melhor. Como a tinta é líquida, ela costuma entupir a retícula do clichê. Há um engano de muitos técnicos em achar que o volume de tinta é necessário para se obter uma cor forte, quando, na prática, basta uma tinta com concentração pigmentar maior para se obter a tonalidade desejada para o impresso. Afinal, o que dá a cor é o pigmento, e não a quantidade de tinta. Menos tinta significa rápida secagem e redução no custo com a tinta. Pode significar também aumento de velocidade de máquina porque a transferência de tinta dificulta o acúmulo de tinta sobre o clichê. Volume alto do Anilox
Volume ideal do Anilox
Quando o volume do anilox é alto, o excesso de tinta gera entupimento da retícula e de letras
Capítulo 8 – Cilindros anilox – 137
C i l i n d r o s a n i l o x
Quais os métodos de limpeza do cilindro anilox? Devido à sua característica, com o uso as células do anilox entope e diminui o volume de tinta a ser transferido para o clichê. Tintas à base de água tendem a ser as piores para o anilox, pois a resina tende a secar dentro dos alvéolos, e dificilmente pode ser removida com o solvente da tinta. Recomenda-se não parar o sistema de entintagem durante a produção, limpando-o imediatamente no final do trabalho.
x o l i n a s o r d n i l i C
Micro fotografia mostrando o entupimento por tinta seca dentro das células do anilox
Por tudo isso, é necessário fazer uma limpeza freqüente e cabal dos alvéolos do anilox. Há vários meios para isso. Os processos químicos são mais baratos e possuem razoável qualidade. O processo a laser é mais caro, porém mais eficaz. Veja abaixo quais são os métodos mais comuns: Lavagem química
Ultra-som
Jateamento com esferas de polietileno
Laser
Como se deve armazenar os cilindros anilox? O anilox é um acessório caro e delicado. Portanto, seu armazenamento deve ser feito em local protegido de qualquer tipo de agressão. O ideal é que fique em prateleiras, gavetas ou estantes com suportes para encaixá-lo. Além disso, é necessário envolvê-lo em feltro ou outro material macio e que ofereça alguma proteção contra eventuais pequenas batidas. No caso de se colocá-lo preso 138 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
apenas pelo eixo, certifique-se de que o apoio esteja o mais próximo do corpo do cilindro para evitar que o peso do meio envergue o cilindro com o tempo. É claro que essa recomendação é para cilindros anilox para banda larga. Os de banda estreita, como são pequenos, não carecem dessa preocupação.
C i l i n d r o s a n i l o x Todo cuidado com anilox ainda é pouco. Ao passo que a camada cerâmica possui alta resistência ao atrito (embora isso na impeça o desgaste natural), ela possui baixa resistência ao impacto. Pense no piso cerâmico onde as pessoas passam e que resiste a riscos. Se alguém deixar cair um objeto pontiagudo e contundente, imediatamente se fará um furo na camada cerâmica do piso
E que dizer do armazenamento das camisas anilox? Todos os cuidados acima são igualmente necessários. Pode-se armazená-las em pé, mas longe do chão e com barras para não deixá-las cair. Outra forma de armazenar as camisas anilox é colocá-las na parede em barras apropriadas.
As camisas anilox são tão boas quanto os cilindros anilox? Cada tipo possui características próprias. As camisas anilox evoluíram e hoje são bastante estáveis. No passado recente, o maior problema era a excentricidade das mesmas, pois os ajustes nos mandris precisavam ser perfeitos para não vibrar. Vários meios foram tentados e hoje há certamente um resultado muito bom. Um dos principais fatores que se precisa entender sobre camisas anilox é TIR, que é a sigla em inglês para Total Indicated Run-out, ou algo como Indicador Total de Batimentos. O TIR, em termos simples, é uma medida de comparação da excentricidade da área gravada de um anilox em relação ao centro absoluto Capítulo 8 – Cilindros anilox – 139
do eixo do sleeve ou do mandril onde ele é afixado quando está em rotação. O TIR é uma importante tolerância dimensional de cilindros anilox, mas mais importante ainda é no anilox sleeve. Esse controle é feito pelo fabricante da camisa e da empresa gravadora do anilox.
BATIMENTOS NO ANILOX ACEITÁVEIS x o l i n a s o r d n i l i C
Largura < 25 cm (ou 65”)
+/- 0.0005” polegadas
0,013 mm
Largura > 25 cm (ou 65”)
+/- 0,001 polegadas
0,025 mm
O anilox sleeve pode ser recondicionado?
Células com fissuras e desgastadas
O fator mais importante a considerar é a espessura do metal ou alumínio que é a base para a aplicação da cerâmica. Assim como em rolos anilox, a camada antiga de cerâmica precisa ser totalmente removida. Ao fazer isso, certamente uma parte do metal também será removido. Então, dependendo da quantidade desse metal que foi aplicada, é possível recondicionar. Mas há limites, pois o metal ficará mais frágil a cada recondicionamento e poderá enfraquecer a estrutura e até mesmo causar vibrações. Normalmente o máximo que se recomenda para retirada da espessura no recondicionamento é de 0,010 polegadas (ou 0,25mm) no diâmetro do sleeve.
Que tipo de anilox é mais recomendado para grandes chapados? Lembre-se: o importante é que o “fechamento” da tinta seja bom e isso não quer dizer que grande quantidade de tinta resolverá seu problema, como já mencionamos anteriormente. Assim, há opções recentes de anilox como aqueles com características de retícula geométrica. O objetivo é justamente facilitar esse “fechamento” do impresso.
Este formato diferenciado neste tipo de gravação da Praxair, observado nas figuras acima, ajuda o “fechamento” do chapado e facilita a “raspagem” da faca na entintagem. Neste exemplo, uma retícula de 700 linhas/cm e com 3.8BCM significa economia de tinta em chapados
140 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Como se afere o anilox? O volume de tinta é reduzido devido ao entupimento dos alvéolos do anilox. Isso é comum, embora ruim. Com o passar dos meses, deve-se fazer avaliações periódicas das condições do volume. Normalmente essa verificação pode ser feita pela empresa que grava anilox ou pelo próprio usuário.
Quais são os métodos para aferição?
Uma análise com microscópio é fundamental para garantir a qualidade de gravação
Pode-se medir com o microscópio eletrônico, sistema manual, e outros métodos, como o Wyco, Urmi, Ravol, Volugraph e Capatch. Sistemas com ultra-som são os mais precisos, porém os equipamentos são muito caros. A avaliação do volume do Anilox pode ser feita com aplicação de um líquido, com o auxílio de uma seringa, na superfície do cilindro e espalhando-se com uma pequena lâmina raspadora. Depois se decalca a mancha em um papel e mede-se a área da mancha. Por fim se calcula o volume total que o anilox suportou.
Ao lado, o método Capatch, que é barato, prático e tem razoável precisão Capítulo 8 – Cilindros anilox – 141
C i l i n d r o s a n i l o x
DICAS E CUIDADOS COM CAMISAS ANILOX Um dos benefícios dos anilox sleeves é, sem dúvida, o peso. Eles são leves e fáceis de manu-
x o l i n a s o r d n i l i C
sear. Isso pode ser um problema, pois eles podem também cair facilmente ou ser batidos nesse manuseio. Esteja certo de não colocar o anilox sobre mesas sujas ou com objetos, ou ainda deixar cair objetos na superfície ou apoiar objetos sobre o mesmo. Um pequeno buraco invisível a olho nu pode ser o início de um grave problema de rachadura na superfície cerâmica. Às vezes o anilox sleeve não quer sair facilmente (talvez em função de ter entrado um pouco
de tinta entre o sleeve e o mandril, colando-os) e o operador da máquina força a saída ou até mesmo bate com um martelo de borracha para que saia do mandril. É claro que isso pode causar danos irreparáveis ao anilox, especialmente se o operador ferir o canto do anilox descascando-o. Se estiver difícil de sair, tenha paciência e peça ajuda de pessoal especializado. Na limpeza do sleeve não se recomenda o uso de tanques ultra-sônicos, soluções de soda
cáustica ou qualquer outro método em que a camisa seja submersa. Isso pode alterar o diâmetro interno da camisa, e devemos lembrar também que há metais na estrutura da camisa que podem ser afetados pelos produtos químicos empregados, podendo causar a delaminação da cerâmica. Tenha um inventário completo e preciso de todos os anilox na fábrica. Isso significa nume-
rá-los e medi-los periodicamente (volume). Faça observações quanto a riscos ou danos na superfície do mesmo. Bombas com filtro de tinta ruim ou inexistente e facas de baixa qualidade que soltam peda-
ços de metal também podem causar riscos na superfície do anilox. Assim, certifique-se de que se faça limpeza cabal do sistema de entintagem, bem como que se usem facas com aço que não soltem limalhas no processo de raspagem. Esses pedaços de metal incrustam-se na faca e ficam marcando o mesmo lugar, causando riscos que inutilizariam o anilox. Uma ajuda são os filtros com elementos magnéticos que seguram metais e não permitem que eles retornem ao sistema doctor blade, prevenindo, assim, estragos. A montagem incorreta das câmaras doctor blade pode contribuir para que o anilox receba
uma raspagem irregular, desgastando assim também de forma irregular, o mesmo. O modo correto de montagem das facas pode ser visto no capítulo 9. Embora o anilox seja um acessório importante para o processo de impressão flexo, ele
também é considerado um bem consumível. Não durará para sempre e muitas vezes pode se tornar obsoleto com novos avanços dos métodos de gravação ou obtenção da camisa para os revestimentos. Mas cuidado: ao ser considerado um bem consumível alguns podem achar (ou se conformar em achar) que, se estragar, estragar, compra-se outro. Porém, o custo de um anilox é muito alto e muitas vezes leva-se tempo para se obter um do fabricante. O mau uso e o manuseio descuidado pode inviabilizar o processo flexo pelo custo!
142 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Capítulo 9 – Banda larga –
143
Neste capítulo você vai ver:
• Características dos equipamentos para impressão banda larga • Sistema de desbobinamento e controle de tensão • Elementos de apoio (roletes, eixos, calandras, alinhadores) • Controladores de tensão • Sistema engrenagens e gearless • Camisas anilox e porta-clichês • Entintagem e controle da viscosidade • Secagem entre cores e secagem final
9•Impressão de flexo - Banda larga ste e os próximos capítulos sobre impressão flexo não estão em forma de perguntas e respostas. Preferi abordar de forma explicativa e deixar os problemas relacionados à impressão num capítulo apropriado. Há neste capítulo informações para banda larga mas que também são princípios para os sistemas banda estreita/média e corrugados. São informações que não coloquei naqueles capítulos para não ser repetitivo. O sistema de impressão flexográfico é bastante versátil em todos os sentidos, podendo apresentar diversas configurações de máquinas e assessórios. Dentre as mais importantes variantes do processo flexográfico, destacam-se os sistemas de entintagem e o aspecto construtivo do equipamento.
Sistemas de entintagem Doctor roll: Um cilindro de borracha imerso na tinta (pescador) a transfere,
por contato, para outro cilindro chamado entintador, que poderá ser tanto outro cilindro revestido de borracha quanto um cilindro anilox. O clichê é colado num cilindro porta-clichês e é então entintado pelo cilindro entintador, transferindo a tinta, ainda úmida, para o substrato (suporte a ser impresso). Este sistema, considerado antigo para os padrões atuais, ainda é utilizado para impressão de papelão ondulado e em máquinas de concepção mais antiga para impressos de papel (cadernos) e impressos simples. Porém, a grande maioria das impressoras modernas só utiliza o sistema doctor blade ou sistema encapsulado. Sistema de entintagem doctor roll Substrato
Cilindro
Cilindro
Contra-Pressão
Porta-clichês
Cilindro Entintador (Anilox)
Cilindro Tomador ou Pescador
Clichê
Tinteiro
Capítulo 9 – Banda larga –
145
Doctor blade: O sistema conhecido como doctor blade consiste em uma
câmara fechada por duas lâminas metálicas que removem completamente a tinta da superfície do cilindro anilox, deixando-a exclusivamente no interior das células gravadas. O surgimento desse sistema representou uma grande evolução para a flexografia, uma vez que parte do ganho de ponto observado no processo flexográfico deriva da entintagem lateral dos pontos, originada pelo excesso de tinta na superfície dos cilindros de entintagem. Substrato
Cilindro
Cilindro
Contra-Pressão
Porta-clichês
Entintagem (Encapsulado)
Clichê
a g r a l a d n a B
Cilindro Entintador (Anilox)
Sistema de entintagem doctor blade
Dica Importante: É fundamental que se observe a superfície dos cilindros anilox durante o processo de entintagem. Esta deve estar sem brilho, caracterizando a correta raspagem da superfície.
Sistema construtivo Partindo-se do conceito básico de entintagem e impressão que caracteriza a flexografia, conforme visto anteriormente, os diversos grupos impressores que constituírem a máquina impressora podem ser dispostos em diversas formas, geralmente em função do tipo de trabalho e/ou substrato a ser impresso. Por se tratar de um dos sistemas mais simples de construção dentre os vários processos industriais de impressão, as possibilidades de arranjo dos grupos impressores flexográficos são inúmeras, sendo inclusive muito utilizados como unidades aplicadoras de vernizes em conjunto com outros processos de impressão.
Exemplo de equipamento de banda larga típico
146 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
A MÁQUINA IMPRESSORA Essencialmente as máquinas de flexografia possuem os seguintes elementos, que serão analisados um a um: Sistema
de entrada e saída do substrato Grupos impressores (entintagem, porta-clichês) Sistema de secagem e exaustão (entre-cores e final)
B a n d a l a r g a
Sistema de entrada (alimentação) e saída As máquinas de flexografia são alimentadas com substratos em forma de bobinas. A exceção são as máquinas de impressão de caixas de papelão ondulado, alimentadas com folhas. Para uma boa impressão, é necessário que se tenha um bom controle na entrada de máquina, uma vez que o substrato deve ser mantido esticado em toda a extensão da impressora. Os componentes de entrada são os seguintes (trataremos aqui apenas das máquinas alimentadas a bobina): a) Eixos e tubetes b) Troca de Bobina c) Alinhadores d) Controle da Tensão e) Roletes Capítulo 9 – Banda larga – 147
a) Eixos e tubetes Os eixos são objetos onde as bobinas são colocadas e presas. Podem ser de dois tipos: não-expansíveis e expansíveis. Os não-expansíveis são de configuração simples, compostos por uma barra de ferro (A) onde a bobina é colocada e fixada por duas cunhas (B) com parafusos. Os mais comuns são os eixos com cunhas que fixam a bobina através da pressão nas laterais do tubo. Este sistema não suporta grandes tensões do material e pode danificar lateralmente a bobina. B A
a g r a l a d n a B
Os eixos expansíveis são compostos de réguas ou dispositivos que, por ação mecânica ou pneumática, fixam a bobina. Os eixos de expansão mecânica são acionados por um disco com rosca na ponta do eixo que, ao ser apertado, empurra as réguas para cima, travando a bobina. Este tipo de eixo é pouco utilizado. Eixo expansivo pneumático - Possui garras ao longo de sua extensão que
se expandem pressionadas por ar comprimido, fixando a bobina. O tipo mais comum de eixos expansíveis é o acionado por ar comprimido (pneumático), composto por câmaras que se expandem quando injetado ar comprimido, empurrando pequenas réguas que travam a bobina no eixo. Tem sido muito empregado pela sua rapidez e eficiência na troca de bobinas. Possui a desvantagem de, com manuseio inadequado, poder furar a câmara interna, requerendo assim manutenção. Não é um eixo barato, porém facilita muito o processo produtivo pela rapidez e por não prejudicar o tubete.
Eixo com cones expansíveis - É constituído de uma barra de aço com cones
passantes expansíveis que são interligados por mangueira. Castanhas cônicas - Prendem a bobina somente por pressão lateral.
Castanhas expansíveis - Travam no tubo e prendem a bobina por expansão.
148 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Tubetes Os tubetes (também conhecidos como buchas, tarugos e espulas) são elementos importantes, visto que o substrato será enrolado nele. Os tubetes podem ser de papelão, PVC ou metal (alumínio ou aço) e sua espessura e diâmetro podem variar em função do eixo ou do tipo de substrato utilizados. Substratos plásticos tendem a exercer forte tensão sobre o tubete e por isso deve-se ter cuidados especiais na escolha dos mesmos. Recomenda-se PVC ou papelão com espessura suficiente para agüentar a pressão da tensão do material embobinado. Se a tensão for excessiva e o tubete não agüentar, o eixo não sairá e será necessário forçar a saída do eixo, podendo causar estragos no mesmo. Deve-se levar em consideração que, quando ocorrem acidentes, como a queda da bobina, o tubete não pode amassar, o que geraria muitas perdas e dificuldade para utilizar a bobina, visto que o eixo muitas vezes não entra mais. Para bobinas de alumínio recomenda-se tubetes de alumínio capazes de suportar a tensão. B a n d a l a r g a
b) Troca de bobinas Quando a bobina que está sendo impressa chega ao fim, realiza-se a troca da mesma. Os métodos para a troca são três: manual, semi-automático e automático. Troca manual: Necessariamente a máquina é parada ao fim da bobina e é colocada outra. O método é totalmente manual. A fita de substrato é emendada a outra com o auxílio, normalmente, de uma fita adesiva. É recomendável colocar uma fita em toda a extensão da emenda para evitar a quebra na passagem pela máquina. Troca semi-automática: Neste caso não é interrompida a impressão (apenas a velocidade é diminuída). Há, no entanto, a necessidade da intervenção do operador na troca, cortando a fita com um estilete depois que a emenda é colada. Não há dispositivos que indiquem quando fazer a troca ou se a bobina Desbobinador com está no fim. É desaconselhável esse procedimento, pois pode facilmente causar troca automática acidentes graves. Troca automática: Neste terceiro método a máquina não pára e pode-se manter a velocidade normal de produção. Há dispositivos do tipo foto-células e/ou sensores ultrassônicos que automaticamente preparam a máquina para a troca, identificando o momento exato programado pelo operador. A intervenção humana é mínima, e se limita ao preparo da próxima bobina pelo operador. A preparação da bobina é feita passando-se cola em áreas reservadas da bobina e fazendo-se cortes na ponta da folha da bobina que será a próxima. Com a forte concorrência e clientes exigindo maior qualidade e custos baixos, qualquer parada de máquina gera perdas (tinta, material, tempo, energia etc). Por isso, as máquinas modernas saem de fábrica com estes dispositivos incor- Rebobinador com troca automática porados à impressora e não como itens opcionais.
Capítulo 9 – Banda larga –
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c) Alinhadores Os alinhadores são dispositivos capazes de manter o substrato alinhado na máquina para que a impressão ocorra sempre na mesma posição na fita e a bobina seja enrolada sem variações na sua lateral. O tipo mais comum de alinhador é o sistema pneumático. De funcionamento simples, baseia-se no princípio de saída e recepção de ar comprimido que circula por canos. O esquema abaixo esclarece o princípio.
Este tipo de alinhador faz a leitura na fita e corrige na bobina. Normalmente utilizada em impressoras pequenas ou cortadeiras e rebobinadeiras
a g r a l a d n a B
Este tipo de alinhador faz a leitura na fita e corrige na fita mesmo. É o mais utilizado, podendo ter dois na máquina: um antes do material entrar na impres são e outro já depois de impresso, antes de embobinar no final da impressora
d) Controle de Tensão Tensão é o esforço ocasionado por uma força que opera em qualquer sentido: longitudinal ou transversal. Quando medimos o elongamento de um material em função da tensão que existe sobre ele, obtemos a curva abaixo: o ã s n e T
Zona Plástica Ruptura
Zona Elástica Elongamento
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Esta curva é conhecida por Lei de Hook e divide-se em duas zonas bem distintas: zona elástica e zona plástica. Na primeira, o elongamento ∆l varia proporcionalmente à tensão aplicada, ou seja, se dobrarmos a tensão aplicada o elongamento será duas vezes maior, e se a tensão cair a zero o elongamento desaparecerá totalmente. Na zona plástica, ao contrário, esta proporcionalidade não é mais respeitada. Observamos que há uma deformação permanente do material, que continua até a ruptura do mesmo, caso a tensão seja muito grande. Este efeito está presente nas máquinas de impressão flexográfica, visto que na entrada da máquina há cilindros de tração que submetem o material a uma certa tensão por meio de um balancim ou outro sistema de controle de tensão. Em momento algum durante a produção a tensão da fita na impressão deve fazer com que o substrato entre no domínio plástico, sob pena de este deformar-se permanentemente junto com o que já foi impresso. Ao ser impressa a fita, o controle de esticamento começa na entrada da impressora. A idéia é que a força exercida para este esticamento seja a mínima necessária. Para que isto ocorra existem mecanismos de controle. Conforme a bobina diminui de diâmetro, a tensão aumenta, obrigando a uma diminuição da força aplicada sobre a bobina. Os materiais variam no tipo, na espessura e na largura utilizadas para a impressão. Portanto, as tensões aplicadas são as mais variadas, mas o fator importante é a constância da força aplicada. Esta tensão deve permanecer constante no decorrer de toda a operação de impressão, tanto no desbobinamento quanto no embobinamento. A tensão de um filme é a força aplicada em toda sua extensão transversal.
A tensão de um filme é a força aplicada em toda sua extensão transversal
B a n d a l a r g a
Força
É como se uma barra rígida colocada no sentido transversal do filme exercesse uma força (veja a figura acima). Em outras palavras, a força aplicada deve ser constante em todos os pontos da fita. Isto equivale a dizer que:
F = Constante Para que se possa aplicar a força (F), é necessário “frear” a bobina, isto é, aplicar no eixo da bobina um momento de força (F) causada pelo raio (R) da bobina. Conforme o raio diminui o Momento de força (Mf) aplicada aumenta. Em outras palavras, o Momento de força ou frenagem é uma razão direta do raio. Capítulo 9 – Banda larga –
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Se o raio diminuir de metade do seu valor inicial, Mf também deve diminuir da metade de seu valor inicial, de tal modo que a razão Mf:R permaneça constante.
Controle de tensão manual ou semi-automático O eixo porta-bobinas possui uma engrenagem em uma das extremidades e é apoiado em uma engrenagem ligada a um motor de corrente contínua, que permite um desbobinamento maior ou menor conforme o ajuste do operador da máquina. Este sistema oferece a desvantagem de precisar sempre da atenção do operador. À medida em que a impressão ocorre, a tensão aumenta e, portanto, é necessário um alívio da tensão. Como não há controle constante do desbobinamento, a tensão de esticamento varia constantemente, podendo causar problemas no tamanho da fita impressa. Nesse caso, o controle é feito por lonas de freio ou outro sistema simples de frenagem. a g r a l a d n a B
Controle de tensão automático Para manter o esticamento o mais constante possível, muitos equipamentos de impressão utilizam um balancim ou uma célula de carga. Os equipamentos de controle automático podem ser de tipos os mais variados: freios eletromagnéticos com sensores indutivos, freios pneumáticos com válvulas do tipo “relieving”, freios-motores com sensores resistivos, bailarinos de atuação vertical ou horizontal, com um ou dois roletes, ou mesmo vários. Todos, porém, com raras exceções, obedecem ao mesmo princípio. Possuem um dispositivo para “apalpar” a fita a ser impressa, e são constituídos geralmente por um ou mais roletes com liberdade de movimento (este conjunto também é chamado de balancim), um sensor que transmite a informação do conjunto de rolete a um dispositivo que coordenará o freio.
Freio (F)
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Na figura ao lado temos um rolete “P” (pois atuam pesos sobre ele) que chamaremos “bailarino”, com posição máxima superior em 1 e posição máxima inferior em 2. O sensor “s” transmite uma informação ao dispositivo de controle que atua no freio “F”. Quando o diâmetro da bobina diminui, supondo-se que o freio “F” não muda, ocorre um deslocamento do rolete “r” em direção à posição 1, pois o substrato continua a ser tracionado pela máquina. Este deslocamento será “lido” pelo sensor, que transmitirá a informação ao dispositivo de controle. Este “ordena” ao freio diminuir, de modo que a tensão permaneça constante.
Inversamente, se o freio for insuficiente, ou em outras palavras, se o peso P colocado no rolete vence o momento de força aplicado na bobina, o rolete se deslocará para a posição 2. Deste modo o dispositivo de controle, detectado pelo sensor, “ordena” ao freio que aumente a força. A célula de carga trabalha com o princípio de esforço aplicado. A fita passa por um cilindro não engrenado que, à mínima variação de tensão, envia informações elétricas que são prontamente entendidas por uma central, corrigindo a força aplicada no desbobinamento.
Esquema da célula de carga
B a n d a l a r g a
Roletes Os roletes são os elementos que conduzem o substrato através da máquina. Têm função importante, visto que sem eles não é possível o transporte do material. Além do transporte do material, esses rolos ajudam de outras formas, como no alinhamento do material, alguns evitam rugas etc. Os tipos de roletes normalmente usados pelas impressoras de flexografia são: roletes controladores de paralelismo, condutores, estriados, bananas, resfriadores e tracionadores. Estudaremos alguns destes. Roletes condutores: São os que possuem a função específica de conduzir o
suporte sem provocar nenhuma alteração em sua trajetória.
Para exercerem esta função, necessitam possuir algumas características, tais como: Devem ter um giro livre, sem oferecer qualquer resistência ao substrato, o que é conseguido por intermédio de rolamentos que são colocados nas pontas de eixo ou nas laterais da mesa; Precisam estar nivelados com a máquina; Devem estar balanceados; Necessitam possuir uma superfície que não risque e nem danifique o substrato ou camadas que venham a ser depositadas sobre este. Para possuir estas características, os cilindros normalmente são confeccionados em aço, sendo compostos por uma mesa (tubo) de alumínio ou aço galvaCapítulo 9 – Banda larga –
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nizado com níquel ou cromo, ou então revestidas de borracha. Cabe salientar que em muitas impressoras encontramos cilindros com mesa de aço, o que não é muito recomendável devido à fácil oxidação. Compensadores de tensão: São fixados em uma base móvel que se movi-
menta para evitar folgas no substrato.
Cilindros compensadores de paralelismo: Possuem um eixo fixo e um
a g r a l a d n a B
móvel. São utilizados para controlar o paralelismo na puxada do substrato, a fim de compensar a diferença de tensão do substrato entre um lado e outro. Também podem promover pequenas torções no substrato, a fim de eliminar rugas e facilitar o encaixe. Normalmente são encontrados na entrada da máquina e antes do grupo impressor. Às vezes também no final da máquina.
Cilindros tracionadores (puxadores): Consistem em um conjunto com um
cilindro rígido, tracionado, que trabalha com um cilindro de borracha pressionando o substrato sobre sua superfície. Este conjunto é encontrado na entrada e na saída da impressora, e seu objetivo é manter o material preso para facilitar o controle de tensão.
A
B
C
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A - Condutores B - Cilindro de borracha puxados C - Cilindro metálico puxador
Cilindros eliminadores de rugas: São cilindros com sulcos (estrias) com
desenho que favorecem o esticamento do material durante o processo de impressão e embobinagem. Têm a finalidade de eliminar rugas do substrato e promover o esticamento lateral.
B a n d a l a r g a
Controladores de temperatura ou calandras: São cilindros que possuem
circulação de água gelada ou vapor em seu interior. São utilizados para promover a redução ou a elevação da temperatura do substrato. Outros roletes: Há outros cilindros que podem ser utilizados na máquina,
conforme a necessidade. Podem ser revestidos com cortiça ou Teflon, material que não permite aderência, e são usados para aplicação de cold seal. Os rolos “bananas” também podem ser utilizados para “abrir” o substrato, e são assim chamados por serem curvos. Pelo movimento irregular destes roletes, o substrato é forçado a “abrir”, ajudando a eliminar as rugas no material.
O grupo impressor O grupo impressor é onde a imagem é formada, e é composto de: a) Cilindro contra-pressão b) Porta-clichês c) Sistema de entintagem Cilindro contra-pressão e tambor central: A
qualidade de impressão muito dependerá do cilindro contra pressão. Conforme foi visto anteriormente, o cilindro contra-pressão serve de apoio para o substrato que está sendo impresso. O material fica o tempo todo preso durante a impressão de todas as cores Capítulo 9 – Banda larga –
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Conforme já considerado anteriormente, há dois tipos de contra-pressão: os do sistema convencional (ou stack), onde cada conjunto ou grupo impressor possui o seu, e o sistema satélite, onde um único cilindro é capaz de servir de apoio para a impressão, e é chamado de tambor central. A precisão destes cilindros é fundamental. Devem ter paralelismo, planicidade e estar isentos de quaisquer irregularidades (o ideal são variações de batimentos entre 0,001 a 0,0015mm). Estes atributos são mais fáceis de encontrar nos cilindros do sistema stack, pois são de diâmetros pequenos, que facilitam a precisão. No entanto, o tambor central também deve ter essas condições e para isso requer mais cuidados na sua confecção. Importante também é a engrenagem utilizada nesses cilindros, no caso de máquinas que utilizam engrenagens para tracionar todo sistema de impressão. Devem ser precisas e resistentes, pois em muitas máquinas movimentarão todo o restante do grupo impressor: porta-clichês, anilox etc.
a g r a l a d n a B
Cuidados com o cilindro contra-pressão: Mantê-lo sempre limpo, com engrenagens lubrificadas, evitar que oxide, não lixá-lo ou usar instrumentos cortantes sobre sua superfície. Periodicamente, ou se tiver dúvidas quanto à exatidão do mesmo, convém fazer testes com relógio comparador, não devendo ser aceitos batimentos acima de 0,01mm, embora o ideal seja entre 0,001 a 0,0015mm.
Sistema de engrenagens: Pode-se dizer que a qualidade de impressão muito
dependerá da precisão, conservação e uso correto do conjunto de engrenagens do contra-pressão/porta-clichês/entintador (veja sobre diâmetro primitivo na seqüência). As engrenagens mais comuns usadas nos equipamento de impressão em fle xografia são as de dentes helicoidais, preferíveis às de dentes retos, por oferecerem maior precisão, visto que mantêm durante todo o tempo de movimento o contato entre os dentes das engrenagens.
As engrenagens de dentes helicoidais são as mais utilizadas em máquinas modernas, dada a sua capacidade de transferir grandes torques com suavidade
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Uma das características mais importantes para a qualidade de impressão é a precisão mecânica do equipamento flexográfico, que, se aliada à robustez, que significa, em última análise, a capacidade de manter esta precisão pelo maior tempo de uso possível, representará um equipamento com boa qualidade e estabilidade de produção. O controle mais elementar que deve ser executado em cilindros é a verificação de seu diâmetro primitivo, juntamente com a avaliação contínua de eventuais deformidades dos cilindros e desgastes em engrenagens. Diâmetro primitivo: é o engrenamento perfeito dos dentes da engrenagem.
Não pode passar do ponto de encontro dos dentes da engrenagem e nem pode ficar aquém. Quando as engrenagens do porta-clichês e do contra-pressão se encontram, no espaço que sobra entre a periferia dos dois deve caber exatamente o filme, o clichê e o dupla-face. O diâmetro primitivo é determinado pelo fabricante de máquina e é em função dele que se faz a escolha da espessura de clichês que serão utilizados. Para se alterar o valor do mesmo é necessário refazer as engrenagens e os portas-clichês. A 3M colocou no mercado um tipo de dupla-face que faz a compensação exata dessa diferença no porta-clichês, permitindo, por exemplo, que se use um clichê com espessura 1,14mm em um cilindro que seria para um clichê com espessura de 2,84mm. De qualquer forma isso é apenas um paliativo, pois o ideal é fazer a troca das engrenagens e cilindros, caso o custo/benefício justifique o investimento alto. Se estiverem ocorrendo problemas de printabilidade como, por exemplo, o ilustrado abaixo, recomenda-se uma verificação do estado dos cilindros utilizados na impressão. Infelizmente são necessárias várias leituras em diferentes pontos de um mesmo cilindro, e recomenda-se a leitura de todos os cilindros de um mesmo jogo, para evitar suposições que possam impedir a detecção mais rápida e eficiente do problema.
Microfotografia de um impresso em flexografia com o clichê + dupla-face no correto diâmetro primitivo
Microfotografia do mesmo clichê colado fora do diâmetro primitivo. Quer seja abaixo, quer seja acima, o resultado será pontos alongados
Ao comparar as duas microfotografias nota-se que na primeira os pontos estão redondos e na segun da estão ovalados (alongados), o que é causado pela velocidade periférica diferente do porta-clichê
A avaliação é feita pela comparação dos valores encontrados com o valor teórico. Para cálculo teórico temos: f = (Z x M/cos α) - (2 x EC + 2 x DF) + (P i), onde
Ø
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B a n d a l a r g a
Diâmetro do cilindro de ferro = Øf Número de dentes da engrenagem = Z Ângulo de hélice = α Módulo da engrenagem = M Módulo circunferencial = M/cosα Espessura do clichê = EC Espessura da dupla Face = DF Pressão de Impressão = Pi – geralmente de 0,1mm a 0,2 mm no diâmetro.
Exemplo: Qual o diâmetro no ferro (ou camisa) de um cilindro cuja engrenagem possui 130 dentes, módulo 1,5 e ângulo de hélice de 20º e que trabalha com clichê de 1,14 e dupla face de 0,38. f = (130 x 1,5/0,93969262) – ( 2 x 1,14 + 2 x 0,38) + 0,2 Øf = 207,5146656328 – 3,04 + 0,2 Øf = 204,6746656328 ou 204,675 Ø
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O que equivale a um repeat de 653,184 mm, antes da pressão de impressão ser aplicada.
Sistema sem engrenagens (gearless) Os grandes fabricantes de impressoras já se adaptaram à realidade do sistema gearless (sem engrenagem). Nesse sistema, não há mais engrenagens para fazer a tração, e sim motores sincronizados em cada cilindro do grupo impressor. Há inúmeras vantagens nesse sistema, como o fato de que não ocorrem mais as “marcas de engrenagem”, um defeito típico dos processos tradicionais, e de que os passos não são mais presos ao número de dentes da engrenagem.
Detalhe do encosto do anilox, porta-clichês e tambor central no sistema “gearless”
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Visão geral da lateral de uma máquina com sistema “gearless”
Cilindros e camisas porta-clichês: Os porta-clichês são cilindros onde serão
fixados os clichês. Pouca importância já foi dada a estes cilindros. Hoje, porém, sabe-se que a precisão e cuidados na preservação dos mesmos é crucial para amenizar o ganho de pontos, marcas de engrenagem e outros tantos problemas. Lamentavelmente, muitos operadores têm pouco ou nenhum cuidado com este cilindro.
Equipamentos modernos utilizam camisas porta clichês e camisas anilox
Há dois tipos, basicamente, de porta-clichês: Cilindros porta-clichês Camisas (sleeve) porta-clichês O cilindro porta-clichês é um tubo de ferro ou aço que tem os eixos fixados por flanges. Os tubos são torneados interna e externamente, balanceados e podem conter um revestimento na parte externa para evitar a oxidação. Tanto nas camisas quanto nos cilindros comuns, devem-se tomar alguns cuidados básicos: Jamais riscar, ou
bater com objeto contundente na superfície do cilindro. Se o cilindro cair, faça testes para verificar o balanceamento e o paralelismo, pois invariavelmente, devido ao peso, os eixos entortam. Batimentos acima de 0,01 mm não são aceitáveis. Lixar o cilindro também não é recomendável. Algumas pessoas utilizam lixa d’água para remover oxidação, mas o melhor é preveni-la mantendo-se os cilindros sempre limpos, secos e sem riscos, e longe de áreas que tenham gases ácidos. Ao armazená-los na horizontal, evite colocar o apoio nas pontas dos eixos. Coloque-os mais próximos do corpo do cilindro quanto for possível. As camisas devem ser guardadas em locais apropriados, como em suportes onde não sofram nenhuma queda. As camisas requerem um cuidado especial no que se refere à sua superfície, pois quedas e cortes farão com que percam suas características. Verifique periodicamente as condições dos rolamentos e buchas. As chavetas das engrenagens não podem estar quebradas ou mal posicionadas. Manter as engrenagens lubrificadas. Capítulo 9 – Banda larga –
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Sistema de entintagem: As primeiras impressoras flexográficas trabalhavam
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somente com a banheira de entintagem, e eram utilizadas em grande escala as tintas à base de corantes (anilinas), onde a circulação não era tão importante. Com o incremento na utilização das tintas pigmentadas vieram os tinteiros e a circulação da tinta para evitar a decantação e auxiliar na homogenização durante o processo de impressão. A fim de diminuir o volume de tinta em circulação surgiram as banheiras internas e os tinteiros redondos com fundo abaulado, o que, além de diminuir o volume de tinta em circulação, evita o acúmulo de resíduos nos cantos, facilitando tanto a mistura dos componentes da tinta como a limpeza no final da impressão. Mas é interessante que na flexografia é muito comum se utilizar a própria lata de tinta como reservatório. É um recurso interessante, que pode ajudar a poupar tempo no setup, pois basta fechar a lata, pesar e devolver para que o departamento de tintas analise e recupere, se for o caso. Para a eliminação das partículas incorporadas à tinta durante a impressão, foram introduzidos os filtros de tela (metálicos ou têxteis), e para retenção das impurezas metálicas provenientes do desgaste da faca vieram os filtros magnéticos, que retêm os minúsculos pedaços de aço liberados pela faca que raspa o anilox. O sistema de entintagem é composto dos seguintes elementos: Sistema de circulação da tinta Cilindro entintador (anilox) Tinteiros ou encapsulados
Bombas de circulação da tinta: Os sistemas de circulação têm papel impor-
tante no processo de impressão. Por sistema de circulação entende-se: uma bomba, filtros, mangueiras de circulação da tinta, controladores de viscosidade, pH e, em alguns casos, controladores de temperatura. As bombas de circulação podem ser de dois tipos. As peristálticas de diafragmas, e as de rotor. As primeiras funcionam como “sugadoras” de tinta. A segunda, mais usada, possui um motor elétrico que centrifuga a tinta enviando-a para a câmara doctor-blade ou tinteiro. Os filtros são necessários para impedir que partículas sólidas cheguem até a câmara e, conseqüentemente, à racle e ao anilox, o que geraria estragos. As mangueiras são condutores de borracha sintética ou outro material plástico resistente aos solventes da tinta.
Viscosímetros automáticos: O viscosímetro é incorporado ao sistema de
circulação, visto que é ele quem controlará eletronicamente a viscosidade da tinta. A grande vantagem é que ele mantém a cor constante durante o processo de impressão, liberando os operadores para outras funções que irão ficar medindo a viscosidade manualmente. O acessório mais recente incorporado 160 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
ao sistema de circulação da tinta é o controlador de pH, mais empregado em tintas à base d’água.
SENSOR
Micro Switch Entrada ar 2,5bar
Tela de toque Cilindro Ar
Válvula Ar 24vd c
Entrada solvente 1,5bar
Suporte Sensor
Pistão Copo Medição
Válvula de Solvente. Esta válvula controla a adição automática do solvente para controle da viscosidade
Esquema de funcionamento de um viscosímetro eletrônico (Norcross). Neste caso o sistema utiliza um pistão que sobe e desce regularmente. Na descida o pistão encontra certa resistência da tinta (viscosidade) que é interpretada por um sistema computadorizado. Daí, conforme o programado, o sistema libera solvente ou não para corrigir a tinta. O painel colorido indica o status de cada tinta
Equipamentos modernos já permitem o controle da densidade da tinta, e não somente da viscosidade. A vantagem é que, mesmo que haja variação na temperatura da tinta (que altera o valor de viscosidade), mantém-se a concentração da tinta. O método dá-se pelo controle da temperatura da tinta dentro do reservatório.
Cuidados com o sistema de entintagem De nada adiantam todos os cuidados existentes na fabricação da tinta no tocante a moagem, filtragem etc, se na hora da montagem do conjunto de entintagem não forem tomados alguns cuidados básicos:
A limpeza dos componentes deve estar perfeita, sem vestígio de tinta seca ou líquida utilizada anteriormente. Isso inclui não somente as bombas, os reservatórios e as mangueiras, mas também o próprio viscosímetro eletrônico, que necessita de limpeza cabal. A limpeza das mangueiras e da bomba de circulação apresenta um elevado grau de dificuldade. No caso de não se ter mangueiras descartáveis, recomenda-se a circulação de solvente no sistema após o recolhimento da tinta, a fim de facilitar o trabalho do setor de lavagem. Outra alternativa é manter mangueiras reservas limpas para a troca.
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B a n d a l a r g a
O mesmo procedimento deve ser tomado com os reservatórios de tinta. Ao acabar a tinta dos reservatórios de alimentação, deve se aplicar solvente dentro destes para facilitar a limpeza posterior. O mesmo solvente pode ser aproveitado para diluir a tinta da cor correspondente. Muitas vezes os componentes recebem uma limpeza impecável, porém sofrem a deposição de poeira enquanto esperam para a montagem na máquina impressora. Na colocação do conjunto na impressora deve ser feita uma inspeção e, se necessário, a retirada do pó. Um outro método que pode ser empregado é a cobertura do conjunto no período até sua utilização. Lembrese: um pequeno grão de areia pode riscar e estragar o anilox. Quanto às bombas de circulação elétrica, recomenda-se a verificação da rotação do eixo central, que muitas vezes trava em função do acúmulo de resíduos de tinta seca, o que pode provocar a queima do motor no acionamento e até mesmo provocar um princípio de incêndio. a g r a l a d n a B
Antes da colocação da tinta também é importante verificar as conexões das mangueiras, serviço que, se for mal executado, pode provocar um banho de tinta no grupo impressor.
Cilindro entintador (doctor roll) Com a evolução do processo de impressão em flexografia, puxada pelos fotopolímeros, a lineatura usada também aumentou. No entanto o cilindro entintador, com milhões (ou até mesmo bilhões) de células gravadas, chamado de anilox, possuía uma lineatura baixa em relação aos clichês e, conseqüentemente, acabava entintando muito os pontos da retícula que ficam em torno de 0,02mm a 0,7mm de diâmetro.
Usava-se então outro cilindro, chamado de pescador, que era um cilindro revestido de borracha. Este conjunto, pescador e anilox, foi chamado de “doctor roll” (que quer dizer: rolo dosador), e era revestido de borracha. Normalmente o descrevemos simplesmente como entintador. A grande quantidade de tinta depositada no clichê causava um acúmulo de tinta entre os pontos da retícula do clichê, gerando mudanças na tonalidade e outros problemas. 162 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Esta dosagem não era perfeita, visto que com o aumento da velocidade de impressão aumentava também a “força Porta-clichê hidrodinâmica” da tinta. Esta força é chamada assim devido à força que a Entintador tinta exerce entre o anilox e o cilindro tomador. A tinta, então, abre passagem por entre os dois cilindros. Tomador A flexão permite a passagem de mais tinta no centro dos cilindros do que nas laterais, principalmente em máquinas com larguras acima de 1 metro. Para resolver este problema começou-se a utilizar uma Tinteiro lâmina de aço paralela ao eixo do cilindro que raspava o excesso de tinta da superfície do cilindro anilox. Logo depois foi criado o sistema encapsulado, também chamado de doctor blade (lâmina dosadora), que permitiu melhor controle da tinta, que fica menos exposta ao ar, diminuindo, assim, a evaporação do solvente e exercendo uma raspagem por igual em toda a superfície do anilox. O sistema então passou a ser encapsulado, isto é, em uma câmera fechada em que a tinta circula e depois volta para reservatório. Isto permite uma economia entre 20% a 35% no consumo de solvente. Com este incremento, a qualidade da impressão melhorou e a flexografia pôde atingir parte do mercado da rotogravura que antes não alcançava.
Saída de papel
Contra-pressão
Entrada de papel
As racles (facas) utilizadas na flexografia No princípio do processo doctor blade, utilizava-se uma lâmina adaptada da rotogravura. Hoje, no entanto, já existem lâminas apropriadas para a flexografia. As lâminas podem ser de aço, plástico e especiais, como as de aço revestidas com cerâmica.
Vedação Fixação por parafusos Lâmina autoafiante Régua
No desenho está a posição da lâmina no conjunto encapsulado Capítulo 9 – Banda larga – 163
B a n d a l a r g a
Lâminas de plástico e especiais: possuem a vantagem de não sofrer a cor-
rosão e não serem agressivas ao anilox. Porém, não possuem uma limpeza tão eficaz quanto as lâminas de aço. Sua espessura pode variar entre 0,51mm e 3,18mm, sendo portanto mais espessas que as de aço ( ver a seguir). Seu uso é interessante nos equipamentos de impressão de corrugados que utilizam tinta base água e não possuem anilox com lineatura muito elevada, o que favorece a raspagem. As lâminas podem ser também especiais com tratamentos específicos. Por exemplo, podem-se encontrar lâminas de aço com revestimento anti-corrosão ou ainda com tratamentos para grande duração.
Lâminas de aço: são fabricadas em aço especial com dureza de cerca de
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600 HV. A espessura pode variar entre 0,15mm e 0,25 mm. As lâminas de aço podem ser encontradas em dois tipos: convencional e auto-afiante. O aço carbono utilizado é o mais comum e não oferece muita resistência à corrosão, o que pode ser um problema quando se utiliza tinta à base de água. O aço pode ser preparado para agüentar também pigmentos muito abrasivos.
Lâmina convencional
Lâmina auto-afiante
Bons resultados são obtidos com lâminas auto-afiantes de aço, visto que essas mantêm o fio de raspagem mais tempo que as convencionais, que logo precisarão de afiação e mudarão o ângulo de contato. O ângulo de contato deve estar entre 30º e 35º. Além disso, deve-se usar um contra-faca para melhorar a eficiência da raspagem.
Observe que ambos os rebaixos das lâminas estão para dentro e esta é a posição correta. Esse detalhe pode significar a eficiência da raspagem e menor desgaste da lâmina
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O CERTO E O ERRADO SOBRE AS RACLES E SISTEMAS DE ENTINTAGEM ERRADO
CERTO
Encapsulado torto em relação ao anilox
Posicionado corretamente 30 - 35º
A lâmina de baixo não está encostando no anilox
B a n d a l a r g a
Ângulo correto da faca em relação ao anilox Área de contato
Área de contato
O detalhe mostra a faca encostada com excesso de pressão
Pressão correta
Back-up Blade
6 mm
Sem o contra-faca
Uso correto do contra-faca
Sistema de secagem e exaustão: Embora a impressão flexográfica utilize
tinta líquida e de secagem rápida, é necessário um sistema de auxílio para secagem, exaustão e resfriamento nos equipamentos de impressão. A “blocagem”, o decalque e o odor residual são apenas alguns dos problemas relacionados à falta de uma secagem eficiente. Capítulo 9 – Banda larga – 165
São considerados os seguintes itens importantes na secagem: a) Secagem entre-cores: Esta secagem se faz necessária uma vez que a tinta
impressa que receberá a próxima deverá estar totalmente seca. Se não estiver, ela poderá ser arrancada, causando diversos problemas. Este dispositivo possui regulagem da temperatura. b) Estufas de secagem: Também conhecidas como túneis de secagem. Devem
ser extensas o suficiente para permitir total evaporação dos solventes da tinta impressa antes do embobinamento. As estufas possuem ventoinhas e resistências elétricas para aquecer o ar que será lançado sobre o material em percurso dentro do túnel. O sistema pode variar de fabricante para fabricante. No entanto, se o sistema de secagem não for eficiente, limitará até mesmo a velocidade de máquina. c) Sistema de exaustão: O ar quente lançado sobre a tinta impressa removerá
a g r a l a d n a B
os solventes da mesma. Este ar quente deverá ser removido totalmente para que não sature o ar ao redor do grupo impressor e não permita a total secagem da tinta. O sistema de exaustão trabalha com motores que aspirarão o ar saturado e o enviarão para fora do ambiente de trabalho. A exaustão deverá estar presente inclusive no sistema de entre-cores. d) Sistema de resfriamento do substrato: Após passar por sistemas que
jogam ar quente na superfície do substrato, este, por estar aquecido, pode perder suas características, ter problemas de registro, encolher e até mesmo perder o brilho. É necessário que resfrie para que não seja embobinado quente. Além disso, é a tinta que deve ser “aquecida” para que libere os solventes, e não o substrato. Por isso é que máquinas modernas têm um sistema de refrigeração por água que circula ou dentro do contra-pressão (tambor central) ou em um outro cilindro (também chamado de calandra de água fria) colocado após a estufa, para não permitir que o material seja embobinado quente. e) Secagem ultra-violeta: Nos países europeus e nos Estados Unidos, há
um clamor sempre mais presente para o uso de substâncias não poluidoras. Nesses países, o vapor de álcool, por exemplo, é considerado poluidor. As tintas de “cura” por radiação ultra-violeta ou feixe de elétrons (electron beam) estão sendo aprimoradas, e em alguns segmentos já estão sendo usadas como substitutas das tintas tradicionais para flexografia à base de solventes. As tintas para secagem ultra-violeta não possuem solventes para serem evaporados.
166 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O sistema para secagem desse tipo de tinta possui lâmpadas com emissão de luz ultra-violeta de alta intensidade. Esse meio de secagem é ainda muito caro quando comparado às tintas convencionais à base de solvente ou água. Além do apelo ecológico, outro ponto forte do sistema ultra-violeta é a alta qualidade de impressão gerada. Especialistas europeus acreditam que o Brasil demorará em utilizar semelhante equipamento em larga escala para banda larga. Mas esse sistema já é muito utilizado em máquinas de impressão de rótulos. Veja mais informações no capítulo 7, sobre tintas, e no capítulo 10, sobre banda estreita e média.
B a n d a l a r g a
Para entender o sistema de secagem flexo: A = Suprimento de ar; B = Exaustão do ar - 1) Secagem final ou verso do substrato; 2) Secagem
final ou verso do substrato; 3) Válvula de suprimento de ar; 4) Válvula de recirculação do ar; 5)Ventoinha; 6) Câmera de aquecimento elétrico; 7) Válvula principal para suprimento de ar entre cores ou final; 8) Válvula principal para regulagem do ar da exaustão; 9) Ventoinha de exaustão de ar; 10) Detalhe do sistema entre cores, onde o duto A lança ar e B remove o ar saturado.
Capítulo 9 – Banda larga – 167
Capítulo 10 – Banda estreita –
169
Neste capítulo você vai ver:
• Características dos equipamentos para impressão • Os diversos componentes da máquina impressora • Propriedades dos sistemas de secagem com tinta U.V. • Diferenças entre U.V. e sistema solvente • Sistema Electron Beam (E.B.)
10•Impressão flexo Banda estreita e média onforme mencionei no capítulo anterior, não serei repetitivo e vou me fixar nas informações mais específicas sobre bandas estreita e média. Assim, sugiro ler o capítulo anterior, onde se encontram muitas sugestões e dicas úteis válidas para quaisquer processos de impressão flexo. Neste capítulo, dou foco grande no sistema U.V. e falarei muito também sobre o sistema de secagem E.B. (Electron Beam), porque acredito que esse tem sido o diferencial da banda estreita.
Equipamento Gallus
A escolha do tipo do sistema a ser empregado dependerá em grande parte do tipo de serviço a ser realizado. O número de grupos impressores pode variar de 4 a 10 unidades. A vantagem de equipamentos com mais grupos impressores é que se podem separar as retículas e traços finos de chapados e/ou traços grossos. Além disso, uma unidade muitas vezes é utilizada para a impressão de um fundo branco e outra para verniz sobre impressão. Surgiram também no mercado, mais recentemente, máquinas híbridas para etiquetas. Esses equipamentos serão um desafio para o impressor, pois utilizam os processos de offset, flexo, roto, serigrafia e hot stamping em linha, quer dizer, em uma mesma máquina. Capítulo 10 – Banda estreita –
171
A máquina impressora Essencialmente as máquinas de flexografia banda estreita possuem os mesmos elementos básicos das máquinas de banda larga: sistema de entrada (alimentação); saída em meio-corte (facas) e embobinamento; grupos impressores; sistema de entintagem; sistema de secagem e exaustão. Grupos impressores
Entrada do material
Equipamento de impressão Aquaflex
Saída do material
Sistema de secagem U.V.
Sistema de entrada (alimentação) a t i e r t s E a d n a B
As máquinas de banda estreita são alimentadas com substratos em bobinas. Requer-se bom controle na entrada de máquina, uma vez que o substrato deve ser mantido esticado em toda a extensão da impressora. Na entrada também fica o “eliminador de resíduos”, cuja função é eliminar, em bobinas de papel, o pó, que pode ficar na superfície a ser impressa e causar pequenas falhas de impressão.
Esquema do sistema de entrada
O controle de tensão é feito no início por meio de freios e sensores que manterão o material esticado durante todo o processo de impressão. Também na entrada fica o alinhador, cuja principal função é manter o material alinhado, visto que a tendência da fita a ser impressa é deslizar na máquina impressora. 172 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Grupo impressor Grupo impressor é onde a imagem é formada. Para que a impressão fique com registro em todas as cores, o transporte é feito com o auxílio de roletes. Porém, o suporte fica sem apoio entre um grupo e outro e isso pode acarretar problemas de registro se o material não estiver bem esticado ou se o equipamento estiver com desgastes nos eixos e mancais de roletes, ou fora de paralelismo.
Esquema do grupo impressor
As impressoras atuais começam a abandonar as engrenagens, não havendo mais engrenagens para fazer a tração, e sim motores sincronizados em cada cilindro do grupo impressor. As grandes vantagens são que não ocorrem mais as “marcas de engrenagem”, um defeito típico dos processos tradicionais, e que se facilita a escolha entre diferentes espessuras de clichês. A função da engrenagem é feita por “servo motor” em cada item que necessita de movimento. Todos são sincronizados para formar a imagem registrada e precisão na impressão.
B a n d a e s t r e i t a
Detalhe do porta clichês e o acerto feito pelo operador Capítulo 10 – Banda estreita – 173
Sistema de entintagem O sistema de entintagem é composto dos seguintes elementos: sistema de circulação da tinta, controle de pH e viscosidade e cilindro entintador (anilox), tinteiros ou doctor blades. Porém, viscosímetros eletrônicos só são encontrados em máquinas modernas, pois em geral são recursos que, embora ajudem muito, não são essenciais na maioria dos equipamentos modulares para banda estreita.
a t i e r t s E a d n a B
Equipamento versátil e que facilita a troca do anilox junto com a faca
Impressoras com troca do grupo impressor Para diminuir o tempo de setup, algumas máquinas possuem o recurso de se trocar todo o grupo impressor na mudança de serviço. São facilmente cambiáveis, não sendo necessário fazer a limpeza de anilox, tinteiros, facas etc. Há também secagem entre-cores; estufas de secagem; sistema de exaustão e secagem ultra-violeta.
A troca rápida é importante para o sistema flexo
174 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Secagem entre-cores, estufas e exaustão Algumas impressoras possuem sistemas de secagem ultra-violeta, que são colocados entre-cores. Já nas impressoras com tinta à base de água ou solvente, há um sistema de secagem a ar quente com uma exaustão. A função da exaustão é eliminar o ar saturado que é removido no ato da secagem. Caso a exaustão não seja eficiente, a tinta terá dificuldade para secar até chegar à próxima cor. Este dispositivo possui regulagem da temperatura. Como em geral as impressoras para bandas estreita e média são do sistema modular, não há espaço para estufas de secagem generosas como há nos equipamentos de configuração satélite. Assim, esse é um forte motivo para que o sistema entre cores seja muito eficaz.
Secagem ultra-violeta Como vimos anteriormente, as tintas para secagem ultra-violeta não possuem solventes para serem evaporados; em seu lugar são usados monômeros reativos que polimerizam juntamente com os oligômeros (resinas) e geram uma tinta seca praticamente equivalente a 100% da camada úmida inicialmente aplicada. A radiação U.V. é caracterizada por comprimentos de onda inferior a 400nm (nanômetros), sendo conseqüentemente mais energéticas que as de comprimento de onda maiores, como a luz visível (400nm a 700nm) e o infravermelho (acima de 700nm). As lâmpadas U.V., no entanto, emitem basicamente todo o espectro abaixo, sendo que aproximadamente 1/3 da emissão situa-se efetivamente na região do U.V., e os demais 2/3 nos comprimentos entre a luz visível e o infravermelho.
B a n d a e s t r e i t a
Espectro Eletromagnético
Capítulo 10 – Banda estreita –
175
Portanto, há uma forte irradiação de calor via infravermelho e mesmo calor de condução pela temperatura da própria lâmpada (superior a 600ºC), o que obriga a termos determinados cuidados com substratos excessivamente sensíveis ao calor. O assim chamado gerenciamento de calor no U.V. é muito importante, especialmente na impressão de mangas tipo “shrink”, muito comuns para banda estreita. O esquema abaixo ilustra as principais diferenças entre os sistemas U.V. e E.B. e o sistema Solvente.
a t i e r t s E a d n a B
Detalhe do equipamento de secagem UV e seu posicionamento na impressora
No caso específico da flexografia, podemos considerar o uso de OPV (Over Print Varnish – Verniz sobre impressão) em linha com a impressão em etiquetas de papel auto-adesivo como praticamente uma regra, com grandes vantagens no aspecto de proteção e brilho. Como as máquinas flexográficas de banda estreita tornaram-se extremamente versáteis nos últimos anos, podemos considerar cada máquina como uma unidade autônoma de produção, onde temos a entrada de matérias-primas e a saída do produto acabado. Associando-se a esta versatilidade o alto valor agregado do produto e a praticidade dos sistemas UV, temos um quadro bastante favorável ao crescimento do U.V. no segmento de rótulos e etiquetas. Além da facilidade do trabalho com U.V. em flexografia, o que evita secagem da tinta sobre os anilox e incrustações ao longo de toda a área entintada, somamse às vantagens o excelente acabamento e a definição gráfica das tintas U.V. O problema residual, neste caso, é mais relacionado à velocidade de cura, que nas máquinas mais modernas atingem cerca de 150m/min, o que de modo geral é baixo para estes equipamentos. O uso de grande quantidade monômera, associado à necessidade da viscosidade relativamente baixa e à velocidade alta de impressão, gera a necessidade de aplicação de quantidades expressivas de fotoiniciadores mais nobres, com reflexos no preço final das tintas. Essa desvantagem é parcialmente compensada pela economia gerada com a maior simplicidade e racionalidade do sistema U.V., que reduz sensivelmente as
176 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
perdas de tinta verificadas no caso de uso de tintas solvente ou água. Uma possibilidade explorada especialmente em alguns países europeus para a banda estreita é a aplicação dos sistemas híbridos, onde as cores especiais e fundos são impressos em sistema solvente e a quadricromia é executada em U.V., com o seu excepcional ganho de ponto e definição da cromia e insignificante consumo de tinta. Há casos específicos de uso de U.V. para banda larga, mas seu uso está restrito a poucas empresas que se dedicam igualmente a produtos de maior valor agregado ou a procedimentos especiais, como tiragens curtas, onde o setup da impressora é minimizado pelo uso de UV ou ainda em uso intensivo de quadricromia. Outro exemplo de banda larga de alto volume e uso de UV é a patente da Cray-O-Vac para uso conjunto de U.V./E.B., onde a secagem entre cores é levada a um estágio equivalente ou superior ao de gel e a secagem final se dá por meio de equipamento E.B., reduzindo os níveis de fotoiniciador e conseqüente custo final das tintas.
Sistemas de cura U.V. Um sistema típico de cura U.V. é composto pelo refletor, lâmpada, sistema de refrigeração e “shutter”. B a n d a e s t r e i t a
Os refletores podem apresentar duas geometrias distintas, sendo os refletores elípticos os mais adequados ao processo gráfico, pois uma vez que nossa cura apresenta-se apenas bidimensional, o foco gerado pelo refletor elíptico gera melhor cura. Já o refletor parabólico apresenta distribuição mais difusa da luz, sendo adequado à cura de aplicações mais tridimensionais.
Refletor elíptico
Refletor parabólico Capítulo 10 – Banda estreita –
177
A lâmpada UV é, obviamente, a parte mais elementar do sistema, uma vez que é a geradora da luz ultravioleta responsável pela iniciação do processo de cura das tintas. Essas lâmpadas são constituídas basicamente de um tubo de quartzo, uma vez que o vidro comum bloqueia 90% da radiação UV abaixo de 300nm, o que representaria uma perda considerável de potência para o sistema. Nas extremidades do tubo são colocados os eletrodos em uma estrutura geralmente de cerâmica. Internamente aos tubos é acrescentado o mercúrio na forma líquida. Quando partimos a lâmpada, a temperatura se eleva até que haja a volatilização completa do mercúrio, quando então inicia-se o processo de geração da luz UV.
Foto do bulbo de quartzo
a t i e r t s E a d n a B
Juntamente com o mercúrio podem ser acrescidos determinados haletos metálicos, que têm por função a modificação da curva de emissão espectral da lâmpada. A curva espectral na próxima página representa uma lâmpada de vapor de mercúrio convencional. Podemos dizer que toda a energia emitida pela lâmpada, exceção à parte perdida na forma de calor e IR (infra-vermelho), é emitida de acordo com a proporção dos picos observados na curva de emissão. Portanto, para a lâmpada de vapor de mercúrio convencional, algo em torno de 7 ou 8 comprimentos de onda representam mais de 75% de toda energia emitida. Caso esses comprimentos de onda não coincidam com o comprimento de onda de ativação do fotoiniciador, o resultado de cura será pífio. Portanto, um dos princípios básicos da cura UV é a coincidência entre os comprimentos de onda mais energéticos da lâmpada e os comprimentos de onda de ativação do foto-iniciador. Para cura de sistemas pigmentados, especialmente para cores escuras como preto e azuis intensos e também para pigmentos opacos como o branco (dióxido de titânio – TiO²), foram desenvolvidos fotoiniciadores que atuam em comprimentos de onda maiores, que tendem a ser mais penetrantes e por conseqüência, a curar melhor em profundidade, o que resulta em melhor adesão, resistência e brilho.
178 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Para coincidir o comprimento de onda das lâmpadas com os novos fotoiniciadores, as lâmpadas de mercúrio passaram a ser “aditivadas” com outros metais, principalmente gálio e ferro, na forma de Haletos. O resultado é uma expressiva mudança no espectro radiante da lâmpada, conforme se observa no gráfico abaixo.
B a n d a e s t r e i t a
Com o advento das lâmpadas de gálio e ferro, houve melhora na cura dos pretos e azuis, sem dúvidas as cores mais complexas em termos de cura, especialmente em se tratando de tintas flexográficas (que estão entre as mais pigmentadas e são as mais líquidas dentre todos os principais processos de impressão, características que a tornam as mais complexas em termos de cura). No caso dos sistemas de banda estreita que apresentam serigrafia em conjunto com a flexografia, as lâmpadas de haletos metálicos proporcionam igualmente melhor cura em profundidade, especialmente desejável nos casos das grandes espessuras depositadas pelo processo serigráfico.
Capítulo 10 – Banda estreita –
179
A potência das lâmpadas U.V. dos equipamentos atuais situa-se entre 300 W/pol (120 W/cm) e 450 W/pol (180 W/cm). Contudo, aproximadamente 1/3 do total da energia radiante é efetivamente U.V. Caso o material seja termicamente instável, é recomendado isolar a emissão do calor, via refletores dicróicos, tubos de quartzo refrigerados ou qualquer outro meio, sendo um dos mais eficientes a cura da tinta com o substrato apoiado em um cilindro refrigerado.
a t i e r t s E a d n a B
Electron beam Conforme citado anteriormente, outra possibilidade de cura, além do sistema ultra-violeta é o sistema de bombardeamento de elétrons – Electron beam – E.B.
Princípio de funcionamento do electron beam
180 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Para a geração do feixe de elétrons é criada uma grande diferença de potencial (DDP) entre o filamento e a grade extratora em meio a uma câmara de alto vácuo. Esta DDP é da ordem de 150 kv para o caso de E.B. utilizados para cura de tintas, coatings e adesivos de laminação, sendo considerados equipamentos de baixa energia para a aplicação gráfica. Outras famílias de E.B. exigem muito maior DDP e projetam fluxos muito mais energéticos para outros propósitos, como o tratamento de filmes, modificações estruturais de superfícies, etc. Uma vez atingida a DDP suficiente para iniciar o feixe de elétrons, estes automaticamente são acelerados no vácuo e atravessam a grade extratora, a janela com a folha de titânio responsável pela manutenção do vácuo e vão finalmente As secagens U.V. e E.B. permitem excelente atingir o substrato a ser curado. qualidade de impressão Ao atingir os materiais reativos no substrato, sejam eles tintas, vernizes, adesivos ou coatings, os elétrons provocam rompimento das duplas ligações (sistema de cura por radicais livres – mais comumente utilizado no mercado) e a polimerização dos monômeros e oligômeros presentes. As duplas ligações são muito sensíveis a qualquer tipo de energia e muito sensíveis ao feixe de elétrons, sendo o resultado da ação do mesmo sobre estes materiais muito rápido e eficiente. Mesmo sem a presença de fotoiniciadores, as velocidades possíveis de serem atingidas com o E.B. de baixa energia podem superar os 500m/min, ainda que esteja ocorrendo aplicação de coating ou laminação simultânea. A cura dos adesivos de laminação adequados a esta tecnologia também é instantânea, ficando os materiais, imediatamente após a cura, à disposição para o pós-processamento, como refile, corte etc. O equipamento E.B. deve ser completamente blindado, geralmente com chumbo, pelo fato de que na geração do feixe de elétrons é também gerada radiação gama, que é bastante danosa a qualquer tecido vivo (esta, contudo, não apresenta caráter nuclear, ou seja, uma vez cessada a sua geração, cessa também seu efeito). As pessoas tendem a confundir este tipo de radiação, que pode e é freqüentemente utilizada para a esterilização de alimentos, com a radiação nuclear dos reatores e bombas atômicas que, além dos efeitos conhecidos, tendem a se acumular e irradiar ao longo do tempo. Os sistemas E.B. são bastantes seguros e apresentam dispositivos suficientes para garantir a operação segura dos mesmos. Dentre as vantagens do E.B. destacam-se: Possibilidade de cura, independentemente da cor; Cura em grandes profundidades; Dispensa uso de fotoiniciador, caso seja possível curar apenas
sob a radiação EB, o que reduz odor e elementos extraíveis após a cura; Maior velocidade de cura. Capítulo 10 – Banda estreita – 181
B a n d a e s t r e i t a
Dentre as desvantagens destacam-se: Maior custo de instalação (ao redor de US$ 500.000,00); Normalmente só pode ser aplicado na saída da impressora,
por isto é muito usado em sistemas offset. Consumo de nitrogênio de alta pureza para cura. Os equipamentos de cura E.B. apresentaram grande evolução tecnológica nos últimos anos, de forma que hoje estão disponíveis equipamentos altamente eficientes, compactos e a custo cada dia mais acessíveis.
Sistemas E.B. aplicados a impressoras flexo
a t i e r t s E a d n a B
Pelos grandes benefícios aportados pelo E.B., que poderíamos resumir como sendo a apropriação das vantagens da tinta U.V. sem boa parte das suas desvantagens, especialmente o custo, os possíveis contaminantes e a velocidade de processo, o E.B. tem sido cada vez mais estudado e já é aplicado em algumas impressoras, infelizmente a maioria offset e apenas em estudos e plantas piloto de flexografia, mas com resultados animadores. Espera-se que com a adaptação e melhoria contínua tanto de máquinas impressoras, como nos equipamentos de E.B., estes venham a ser realidade em produção de embalagens já nos próximos cinco anos, especialmente em bandas largas de altíssima tecnologia e para produção de embalagens sofisticadas em termos gráficos e de altíssima performance.
Os equipamentos de impressão como este da Omet podem conter acabamento em linha para caixas
182 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
É bom lembrar que o controle da temperatura nos sistemas de secagem é sempre recomendável, visto que o calor excessivo pode causar transtornos para o operador. Além disso, deve-se sempre estar atento a resistências queimadas e outros defeitos que poderiam por em risco o trabalho que está sendo feito.
Meio-corte dos rótulos Após a impressão será feito o corte (ou meio-corte) do rótulo. O objetivo é cortar apenas o suporte e não o “liner”, papel ou filme que fica no verso do auto-adesivo. Há cilindros feitos para o corte e em equipamentos modernos existem as facas magnéticas que facilitam e dão maior precisão ao registro do corte.
Facas magnéticas são práticas e precisas
B a n d a e s t r e i t a
O “esqueleto”, que é a sobra, deverá ser separado para se obter uma bobina somente com os rótulos cortados no formato.
Esquema da faca de corte Capítulo 10 – Banda estreita –
183
Capítulo 11 – Corrugados –
185
Neste capítulo você vai ver:
• Propriedades dos corrugados • Tipos de papelão ondulado • Terminologias comuns • Características dos equipamentos de impressão para corrugados • Controles aplicados na produção
11•Impressão flexo - Corrugados enho certeza de que muitas informações que estão nos capítulos precedentes sobre impressão servem bem para este capítulo também. Assim, não procuro agregar conceitos básicos muito peculiares da área de corrugados. Portanto, muitos cuidados e dicas sobre impressão para corrugados poderão ser encontrados em diversas partes deste livro. O papelão ondulado tem aumentado seu campo de atuação. Diversos segmentos industriais estão procurando se adequar aos novos tempos que pedem maior cuidado com o meio-ambiente. O papel é totalmente reciclável e biodegradável, fazendo com que seja preferido em muitos casos. Além disso, é leve e versátil. Porém, um dos inconvenientes é a qualidade de impressão sobre o papelão ondulado que, em muitos casos, deixa a desejar. De qualquer forma, os recursos técnicos têm aumentado muito e feito com que houvesse nos últimos anos uma melhora considerável.
Vista panorâmica da impressora de corrugados Martin 6 cores Capítulo 11 – Corrugados – 187
Algumas definições básicas na área de corrugados O papelão ondulado É a estrutura formada por um ou mais elementos (miolo) fixados a um ou mais elementos planos (capas) por meio de adesivos aplicados no topo das ondas. Capa Miolo
Capa Tipos de papéis utilizados para confecção do papelão ondulado: Pasta mecânica – As aparas são cozidas lentamente e em seguida moídas até
transformarem-se numa pasta para fabricação do papel semi-kraft. Papel kraft – A partir da celulose há um cozimento rápido e são adicionados produtos químicos. Possui boa resistência ao rasgo e a estouro.
Tipos de papelão ondulado Papelão ondulado capa simples - É a estrutura formada por um elemento
ondulado (miolo) colado a um elemento plano (capa). s o d a g u r r o C Papelão ondulado de parede simples – O miolo está entre duas folhas
(capas). Também conhecido como capa (face) dupla.
188 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Papelão ondulado de parede dupla – É a estrutura formada por três capas
coladas a dois elementos ondulados (miolos) intercalados.
Papelão ondulado de parede tripla – É a estrutura formada por quatro
capas coladas a três elementos ondulados (miolos) intercalados.
Terminologia Onda (flauta) – É a configuração geométrica dada ao miolo na máquina
onduladeira para posterior colagem das duas capas. O termo flauta (flute) é usado em inglês pelo formato característico.
TIPOS DE ONDAS As espessuras do papelão ondulado variam de acordo com o fabricante e o tempo de “vida” do rolo ondulador. É o que mostra o quadro a seguir:
Tipo de Onda
Espessura do Papelão Ondulado
N° de ondas em 10 cm
A
4,5mm/5mm
de 11 a 13
C
3,5mm/4mm
de 13 a 15
B
2,5mm/3mm
de 16 a 18
E
1,2mm/1,5mm
de 31 a 38
O P B A : E T N O F
Observações: • As ondas C e B são normais de linha de produção para parede simples. • A onda BC, junção de B e C, é normal de linha de produção para parede dupla.
F E C B A As ondas podem ser de diversos formatos (A, B, C, E, F etc) A onda “A” foi a primeira a ser desenvolvida e é a mais comum. A onda “B” foi a próxima a ser desenvolvida e foi menor que a “A”. A onda “C” ficou entre as duas no tamanho e as ondas “E” e “F” são menores ainda
O sentido de ondulação é uma característica importante para o bom desempenho da embalagem de transporte de papelão ondulado, principalmente em estocagem. As ondulações devem ficar na vertical, pois, no caso, funcionam como pilares de suporte de um edifício. Capítulo 11 – Corrugados –
189
C o r r u g a d o s
Miolo – É o elemento ondulado do papelão ondulado. Por extensão chama-se
miolo ao papel usado para esta finalidade. Capa – É o elemento (ou os elementos) plano do papelão ondulado. Por exten-
são chama-se capa o papel ou cartão usado para esta finalidade. Tipos de Caixas – As caixas podem ser: Caixa Normal, Caixa Normal Aba
Total, Caixa Corte/Vinco, Caixa Telescópica – Tampa/Fundo, Envoltórios . Acessórios – Alguns acessórios para as caixas são: Tabuleiros igualadores de
abas, separadores, cintas, divisões, bandejas, cantoneiras e chapas.
Controle da Qualidade do Papelão Ondulado Gramatura – Peso de 1 metro quadrado de papelão ondulado (estão incluí-
dos os pesos das capas, papel miolo e da cola). Arrebentamento – Resistência do papelão ao estouro através do aparelho
Müllen Test. Esmagamento – Resistência ao deslocamento entre as capas e o ondulado. Resistência à compressão da coluna – Resistência à compressão de um
corpo de prova de papelão ondulado, com a largura em posição perpendicular as placas compressoras e expressa em kgf/cm². Espessura – Medida em mm usando-se o micrômetro
Obs.: testes realizados após 24 horas do papel ondulado a temperatura de 20ºC e 65ºC de umidade relativa e realizado sob estas condições. s o d a g u r r o C
Desenvolvimento de embalagens e estruturas Para a empresa que fabrica seu próprio papelão com onduladeiras e máquinas de acabamentos, fica mais fácil desenvolver produtos específicos para as necessidades da indústria em geral. Hoje o desenvolvimento de caixas é feito com modernos equipamentos que fazem protótipos, poupando assim muito tempo em pesquisa e desenvolvimento.
190 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
O papelão ondulado permite versatilidade em atender diversos segmentos industriais
A impressão O princípio da impressão em flexografia corrugado é o mesmo que qualquer outro sistema e consiste em um clichê colado num cilindro que é entintado com tinta líquida. O clichê transfere a tinta ainda úmida para o papelão ondulado. Devido à característica do papelão, a tinta seca por penetração no papel, mas também um sistema de secagem com ar facilitará a secagem até a chapa chegar no grupo impressor seguinte. Um cuidado muito especial na impressão é que o clichê não pode esmagar as ondas do miolo do papelão ondulado. Por isso é que os clichês para impressão de corrugados possuem dureza muito baixa, como 35º Shore “A”, em espessuras normalmente grandes (3,94mm ou 5mm) em relação aos clichês para banda larga e estreita. Outra caracterísica é que as tintas são à base de álcool ou água. Como a espessura das chapas pode variar em função do tipo de papelão ondulado (parede simples, dupla etc), a impressora permite também fazer esse ajuste importante.
C o r r u g a d o s
Máquina Impressora Bobst – preocupação com acústica Capítulo 11 – Corrugados –
191
O sistema pode ter a entintagem por rolos dosadores ou uma câmara com lâminas raspadoras (encapsulado), como no esquema abaixo.
O esquema mostra a entrada e a saída da tinta no sistema encapsulado, que possui o mesmo princípio dos outros processos, como banda larga e estreita
O número de grupos impressores pode variar de 4 a 8 unidades, sendo que a tendência é que as caixas de papelão tenham cada vez mais cores, necessitando assim de maiores recursos para imprimir com qualidade. A vantagem de equipamentos com 8 grupos impressores é que se pode separar as retículas e traços finos de chapados e/ou traços grossos. Essencialmente as máquinas de flexografia possuem os seguintes elementos, que serão analisados um a um: sistema de entrada (alimentação) e saída das folhas de papelão, grupos impressores, sistema de secagem e exaustão.
s o d a g u r r o C
Sistema de entrada (alimentação) As máquinas de flexografia são alimentadas em folhas (chapas). Requer-se bom controle na entrada de máquina, uma vez que o papelão ondulado em chapas deve ser mantido constante em toda a extensão da impressora. Na entrada fica o “eliminador de resíduos”, cuja função é eliminar pó de papelão ou mesmo pequenos pedaços de papelão que podem ficar na superfície a ser impressa e causar desde pequenas falhas de impressão até a perda de clichês no caso de objetos maiores passarem entre o clichê e a chapa. Alguns cuidados com as folhas são: alinhamento, ligeira inclinação da pilha, manutenção constante da pilha, observação de folhas irregulares, eliminar folhas muito abauladas.
192 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Detalhe do aspirador de resíduos de papelão ondulado
C o r r u g a d o s
Esquema de entrada da impressora de papelão ondulado. O “M” indica o sistema de transporte das folhas soltas.
Grupo impressor Grupo impressor é onde a imagem é formada. A passagem de um grupo para outro é feita de forma que a folha de papelão não se movimente. Para que a impressão fique com registro em todas as cores, o transporte é feito com o auxílio de roletes e sistema pneumático (vácuo).
Capítulo 11 – Corrugados –
193
Operador colocando o clichê no grupo impressor – fácil acesso. Note que o clichê está colado sobre uma folha de poliéster e é preso por meio de pinças
s o d a g u r r o C
Neste equipamento da KBA o sistema de entintagem (anilox e facas) está na parte inferior. A chapa será impressa na parte superior e passará “prensada” junto ao clichê entintado. Por meio de sucção, a chapa passará para o próximo grupo impressor. Este equipamento é utilizado para grandes formatos de caixas
194 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Esquema de grupo impressor diferente, onde o sistema de impressão está na parte superior e a chapa será impressa na parte inferior.
Sistema de entintagem Guias
Anilox Clichê e Porta-clichês Chapa de papelão a ser impresso
C o r r u g a d o s
Normalmente as tintas são à base de água e necessitam assim de bom controle de pH e viscosidade que pode ser feitos manualmente ou de forma automática. Algumas máquinas podem incluir um sistema de lavagem automática do grupo impressor após a impressão. Capítulo 11 – Corrugados –
195
No sistema doctor blade (encapsulado) nas máquinas de impressão de corrugados, utiliza-se com grandes vantagens facas de material plástico, como as que observamos no detalhe acima. Isso se dá porque a tinta à base de água é alcalina, e ataca as facas de aço. No caso de se utilizarem facas de aço, elas devem possuir tratamentos anti-corrosão.
Sistema de saída Após a impressão da última cor, as chapas entrarão num processo de corte, dobra (vinco) e colagem. Dessa forma é possível ter todas as caixas pré-formadas prontas para serem embaladas e enviadas aos clientes que farão a montagem das mesmas e colocarão seu produto dentro delas.
s o d a g u r r o C
Exemplo de caixa impressa e aberta com todos os cortes e vincos
196 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Operador prepara as facas de corte e vinco neste equipamento da KBA
C o r r u g a d o s
O equipamento pode incluir um moderno sistema de facas e contra-facas, guias e sistema de remoção do refile já cortado
Capítulo 11 – Corrugados – 197
A impressora pode ou não ter um sistema em linha como este da foto. Depois de cortada e vincada, a chapa será dobrada automaticamente como na seqüência acima
s o d a g u r r o C
As chapas, agora já em formato de caixas cortadas, vincadas e coladas estão prontas para o envio aos clientes
198 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 199
Neste capítulo você vai ver:
• Os principais problemas relacionados aos processos de impressão flexo e possíveis soluções
12•Problemas comuns na impressão e soluções práticas ormalmente quando um problema surge na impressão, ele não é resultado somente do processo de impressão em si. Muitas vezes está relacionado aos processos que antecedem ou servem de apoio à impressão. Vejo a impressão como uma orquestra em que todos os instrumentos tem que estar afinados e em que é necessário alguém para reger. Assim, nessa analogia, cada instrumento é uma parte do processo que deve ser visto de forma sistêmica, isto é, como um todo. É também preciso entender que cada impressora, em cada empresa, é um organismo vivo e único, igual a um ser humano. Quais seriam, então, esses instrumentos da orquestra da flexografia? São: o anilox, a fita dupla-face, a impressora (com suas engrenagens, rolamentos, eixos, secagem, alinhadores, peculiaridades, desgastes, etc), a tinta, o porta-clichês (camisas ou não), o material etc. Sim, tudo isso precisa trabalhar junto e o operador deve ser o grande maestro dessa orquestra. Cada coisa precisa estar em seu lugar para que tudo funcione perfeitamente. Além disso, o operador, como um maestro, precisa ter muitos anos de estudo e, acima de tudo, prática. Precisa ser cuidadoso, metódico, organizado e eficaz na resolução de problemas. Os problemas só poderão ser resolvidos se houver o conhecimento de como fazer as coisas. De qualquer forma, coloco nesse capítulo algumas dicas de soluções de problemas que normalmente surgem na flexografia. Os problemas podem ser agrupados em categorias, conforme suas causas mais prováveis. Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 201
Se a causa raiz for encontrada, a solução fica mais fácil, pois na maioria das vezes a descoberta da causa raiz leva imediatamente à solução do problema. Porém, o que vi em dezenas de empresas é que um problema surge e, depois de muito gasto de tempo, insumos e estresse, o problema é resolvido por tentativa e erro, que é o método preferível de quase todos os operadores e técnicos (até porque só conhecem esse método). Bem, ouvi uma frase certa vez que dizia: “se a única ferramenta que você tem é o martelo, todo problema que surgir você pensa que é prego”. Infelizmente, essa é a realidade do mercado. Não há metodologia na resolução de problemas e quando esses são resolvidos, não são feitas quaisquer anotações ou registros para quando ele surgir novamente. Quando o problema voltar (e tenha certeza, isso ocorrerá na maior parte das vezes porque não há padronização da melhoria conseguida) ninguém saberá como foi resolvido, e novamente todos irão para a tentativa e erro. É incrível, mas se você, leitor, é do ramo, sabe do que estou falando. Neste capítulo sigo o critério de avaliação do impresso para, a partir daí, dar as possíveis causas e prováveis soluções. O leitor perceberá que falo muito de ações preventivas, tanto de manutenção quanto de operação mesmo. Isso se dá porque quero enfatizar que não basta saber o que fazer para corrigir o problema no momento em que ele ocorre, mas que também se deve prevenir as reincidências dos mesmos. A idéia é a de padronizar a melhoria conseguida. Perceberá também durante a leitura e/ou consulta desse capítulo que todos os problemas estão em apenas 7 grandes grupos: tinta, substrato (material), anilox, máquina (rolamentos, roletes, secagem, controles de tensão), mão-deobra, clichê e dupla-face. Esse livro não tem a pretensão de ser a última palavra em flexografia. Longe disso, pois o objetivo é que ele sirva de início para que cada técnico, operador e profissional da área tenha um senso crítico e comece (se é que ainda não o faz) a estudar mais profundamente seu processo. Por isso é que deixo algumas linhas em cada item para que você complemente com sua experiência do dia-a-dia.
s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
202 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
1- Falhas de Impressão O que é: Durante a produção ocorre, no impresso, a ausência de tinta em áreas de imagem.
Prováveis Causas: Pressão de impressão insuficiente. Pressão de entintagem (anilox) insuficiente. Falta de tinta ou a tinta está acabando no reservatório. Fluxo de tinta insuficiente na passagem da mangueira para o encapsulado. Clichê desgastado. Excentricidade do eixo. Falta ou falha de tratamento no material plástico (substrato). Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________
________________________________________________________________
Possíveis soluções: É importante criar uma sistemática para evitar o problema. Esse defeito é
difícil de se perceber especialmente se ele aparece e desaparece durante a produção. Uma forma de prevenir é checar todos os itens como anilox, clichês, cilindros e camisas. Outra solução viável é utilizar sistema de vídeo inspeção que permite visualizar a impressão. Equipamentos de detecção de defeitos também podem ajudar como o Vigitek, AVT ou BST. Verificar tratamento e, caso tenha problemas, trocar o material ou tratá-lo novamente. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 203
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
2 - Variação de registro O que é:
As cores variam durante a impressão alterando o visual e fugindo do padrão de cores e o especificado pelo cliente.
Prováveis Causas: Excentricidade do porta-clichês. Desgaste dos rolamentos de porta-clichês e de outras partes móveis da máquina. Desgaste das engrenagens do sistema de
impressão (porta-clichê, contra-pressão e anilox). No caso de corrugados, podem ser as guias com folgas ou faltantes. Cilindro prensa (traino) que fica apoiado sobre o tambor central não está bem fixado e não prende o suficiente o material que está sendo impresso, ou a borracha desse cilindro já está gasta. Excesso de tensão de puxada da bobina. Colagem errada. Pode acontecer que a colagem pareça correta, mas que durante a produção haja variação. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
Possíveis soluções: Como normalmente essa variação está ligada a folgas, a idéia é a
prevenção. Nada substitui a manutenção preventiva de todos os cilindros, rolamentos, roletes e de todo sistema de impressão. Verifique sempre se a máquina está nas condições padrão de impressão (tensão de embobinamento, puxadores etc.). Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ 204 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
3 – Tinta U.V. não cura (seca) O que é:
A tinta não cura e pode ser facilmente removida pelo contato com próprio material embobinado ou na própria impressora ou rebobinadeira. Prováveis Causas:
fotoiniciador. Falta ou desbalanceamento do fotoiniciador. U.V. com baixa intensidade ou desligada. Lâmpada de U.V. Lâmpada suja com poeira ou mesmo tinta. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções:
Trocar a tinta por outra dentro dos padrões estabalecidos pelo fabricante. fabri cante. Trocar Checar o funcionamento e a eficiência da lâmpada usando um luxímetro. Manter plano de limpeza periódica do sistema de lâmpadas. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________
________________________________________________________________
4 – Cor lavada em relação ao padrão O que é:
A cor possui aspecto lavado (esbranquiçado) e abaixo do padrão mínimo. Prováveis causas: Excesso de diluição da tinta com solvente. Uso excessivo de verniz de corte na tinta. Anilox entupido ou gasto. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________
________________________________________________________________
Possíveis Soluções: O controle da viscosidade é fundamental para a manutenção da cor
durante a impressão. Se o anilox entupir, deve-se lavá-lo ou, enquanto isso, trocá-lo por outro limpo. Checar sempre o volume do anilox para que possua condições ideais para carregar o volume correto de tinta. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ _____________________________________________________________ Capítulo 12 12 – Problemas e Soluções – 205
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
5 – Falha na sobreposição de tintas (trapping da tinta) O que é:
Quando mais de uma tinta se sobrepõe a outra, e uma arranca a outra.
A cor subseqüente (ponto) arranca a tinta que foi impressa antes.
Prováveis causas: Desbalanceamento da secagem entre as tintas. A regra diz que a primei-
ra cor deve possuir secagem mais rápida que a segunda. A segunda deve possuir secagem mais rápida que a terceira e assim sucessivamente. Isso se chama “escalonamento de secagem” e quando a segunda tinta seca mais rápido que a primeira, ela tende a arrancá-la, pois aquela ainda não secou. Secagem entre cores ineficiente. Saturação de solvente no ar nas imediações da área de impressão porque a exaustão está ineficiente. Se o ar saturado não é removido, a secagem será ineficaz. Talvez alguém fechou a saída da exaustão. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Escalonar a secagem das tintas corretamente. Se possível, trocar o grupo impressor e colocar cores que se sobrepõem, s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
distantes uma da outra. Por exemplo, o problema pode ser entre a quinta e sexta cores numa impressora de 8 cores e o serviço é de 6 ou 7 cores. Tente mudar a segunda cor para o sétimo ou oitavo grupo impressor deixando um espaço maior para secagem entre eles. Cheque o sistema de secagem entre cores, Cheque pois muitas vezes esses podem estar fechados. Mantenha o sistema sis tema de exaustão entre cores sempre aberto. Mantenha Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ 206 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
6 – Variação da cor durante a impressão (color shifting) O que é:
A cor muda de tom e/ou força durante a impressão. Esse defeito pode ocorrer durante uma produção inteira ou mesmo dentro de uma mesma bobina. Às vezes pode acontecer de modo sutil e em cores terciárias como os marrons e verdes olivas. Prováveis causas: Variação da viscosidade durante a produção. operador. Excesso de solvente na correção da viscosidade por parte do operador. Talvez o grupo acima da cor contaminada esteja Contaminação de tinta. Talvez
vazando tinta sobre o anilox no caso de máquinas com tambor central. Entupimento do anilox. O desgaste do clichê, especialmente nas áreas de retícula, também pode causar a variação, pois conforme há o desgaste os pontos ficam maiores, aumentando, assim, a área impressa e conseqüentemente mudando a cor. Excesso de pressão de impressão ou de entintagem por parte do operador. Durante a produção pode ser que a dupla-face cedeu e o operador teve que refazer ajustes de pressão de impressão e pressão de entintagem gerando um esmagamento dos pontos, o que causa uma área impressa maior, alterando a cor. Variação do registro de cores. A variação pode ser muito pequena (cerca de 50 micras), porém o suficiente para se perceber a variação da cor. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: O uso de viscosímetros eletrônicos reduzem muito a variação, pois fazem
a correção da viscosidade automaticamente. Se não for possível o uso de viscosímetros eletrônicos, então deve-se padronizar a verificação da viscosidade em períodos como, por exemplo, de 30 em 30 minutos, ou de hora em hora. Verificar se o anilox está entupido e, se estiver, trocá-lo ou limpá-lo. Caso o clichê possua um desgaste, trocá-lo. Além disso, se é sabido qual o desgaste natural do clichê e a produção exceder o limite do clichê, já deixar um jogo de clichês reserva colado, de preferência. O operador deve ficar atento a reacertos, caso sejam necessários, para que se mantenha sempre o mesmo padrão de pressão de impressão e entintagem. No caso dessa variação deve-se certificar que o registro não varie. Uma opção é utilizar dispositivos na impressora do tipo folga zero, que são acessórios que evitam quaisquer folgas nas engrenagens do sistema impressor. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 207
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
7 – Variação do passo da fotocélula O que é:
Durante a produção se detecta que o passo da fotocélula aumenta e diminui no espaço de alguns metros ou repetições. Prováveis causas: Desregulagem do sistema de tensão da máquina por problemas eletrôni-
cos, mecânicos ou simplesmente má regulagem por parte do operador. Em trabalhos com duas ou mais repetições no perímetro do cilindro/camisa, se a colagem não for muito bem dividida (e essa divisão deverá ser exata), conforme há a impressão há também um acúmulo do erro da diferença de colagem. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Conferir a regulagem e verificar se as células de carga e todos os dispositi-
vos que mantêm a tensão na máquina estão funcionando corretamente. Descolar e montar novamente o serviço respeitando a divisão milimetricamente. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
8 – Decalque O que é:
Parte da tinta fica presa no verso do material. Prováveis causas: O decalque possui em princípio as mesmas causas do bloqueio, isto é,
está relacionado com sistemas de secagem da impressora e velocidade de secagem da própria tinta e tensão de desbobinamento e embobinamento. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
Possíveis soluções: Em equipamentos para a impressão de coextrusados para
autoclave é comum utilizar amido antes de a bobina ser embobinada para que não grude. Veja mais dicas e soluções no ítem 10 – Blocagem (blocking). Veja Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ 208 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
9 – Manchas ou borrões no impresso O que é:
São pequenas áreas de aspecto diferente do padrão aprovado.
Prováveis causas: Entupimento da retícula do clichê em determinadas áreas. Defeito (talvez batida) no anilox. Sujeira (fiapos, pedaços de fita adesiva) que podem estar grudados no clichê. Se a mancha mudar de lugar, é provável que há alguma sujeira ou fita no
tambor central ou contra pressão. Batidas ou algum outro dano no tambor central ou contra pressão de impressão. No caso de corrugados, o problema pode estar relacionado à espuma que normalmente se forma em tintas à base de água. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Limpeza do clichê. Verificação do anilox e troca caso se detecte algum defeito. Verificar e limpar o tambor central ou contra pressão de impressão. Caso haja algum dano no tambor central ou contra pressão, deve-se
evitar a retífica do mesmo ou o lixamento da área, pois podem causar deformações na superfície do metal, a não ser que este seja antigo e com muitas marcas. Em tambores novos pode-se fazer um trabalho de retoque, quer dizer, tampar os furos ou riscos com algum metal mais macio, eletrodeposição ou uma massa plástica bem fina. Tudo isso é um paliativo e alguns podem dar um excelente resultado, porém tudo deve ser feito com muito cuidado e por pessoal especializado. No caso de espumas, deve-se corrigir o pH da tinta à base de água e/ou adicionar aditivos anti-espumante. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 209
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
10 – Blocagem (blocking) O que é:
O filme impresso e bobinado cola no verso do filme tornando inviável o uso da bobina, pois em graus extremos o filme nem desbobina, formando um bloco. Pode ocorrer em graus diferentes, com maior ou menor intensidade. O menor grau é chamado de “decalque” e tem a mesma fonte de causa ( ver item 8). Prováveis causas: Em geral, a blocagem tem como causa raiz a má secagem da
tinta ou verniz, que pode ser da máquina ou da própria tinta. Temperaturas de secagem (final e entre cores) fora do especificado ou abaixo do necessário para secar a tinta. Falta de resfriamento do tambor central. Falta de resfriamento da calandra de resfriamento na saída da impressora causando um embobinamento a quente do filme impresso. Tinta com balanceamento ruim da secagem ou tinta muito retardada em relação a velocidade da impressora. Excesso de tensão de embobinamento também pode causar a blocagem. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Checar todo sistema de secagem: entre-cores, secagem final e calandras
de resfriamento. Verificar temperatura e se estão funcionando ou não. No caso do entre cores, se o sistema de exaustão e abertura de ar está correta ou não. Fazer balanceamento da secagem da tinta de modo a compatibilizar a velocidade da impressora com a tinta. A tinta que roda a 150m/min não é a mesma que roda a 250m/min. Maior velocidade, tinta mais acelerada. Regular a tensão de desbobinamento e embobinamento. Checar também se as células de carga e controladores de tensão estão funcionando corretamente. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
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210 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
11 – A tinta arranca as fibras do papel O que é:
Problema que ocorre na impressão de corrugados e auto-adesivos de papel. Nesse caso a tinta age como uma cola arrancando as fibras do papel.
Prováveis causas: Tack (pegajosidade) da tinta muito alto. Soma das tintas nas áreas de máxima está
muito alta (acima de 300% no caso de papel) Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________
Possíveis soluções: A tinta precisa ser diluída com solvente dela ou acertado
o tack com resinas apropriadas de sua formulação. Baixar a soma do valor tonal para 270% ou 280%. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 211
12 – Moiré no impresso O que é:
Na sobreposição da retícula aparece o fenômeno do moiré. Às vezes acontece inclusive na tinta branca.
Prováveis causas: Ângulo da retícula do clichê menor que 30º que é o recomendado. Anilox com lineatura menor que 3 vezes a lineatura do clichê. Quando se utilizam dois brancos chapados com as bordas em
degradê, pode acontecer que uma tinta arranque a outra exatamente na área de retícula. Quando os pontos saem, deixam um pequeno furo no lugar do ponto da retícula que contrasta com a outra retícula do branco e isso causa o visual do moiré. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Conferir e corrigir todos os ângulos da retícula para que fiquem separa s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
dos em 30º. A exceção é o amarelo que em relação às outras pode ficar em 15º, pois é um cor clara (embora o moiré exista, o olho humano não é capaz de perceber). Evitar lineatura de anilox e lineatura do clichê menor que 4 x 1. O ideal é uma proporção de 5 x 1. Quando o problema é entre dois brancos, por exemplo, deve-se acertar a secagem da tinta. A primeira cor deve ser mais secativa que a segunda. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ 212 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
13 – Riscos no impresso O que é:
Linhas verticais ou horizontais aparecem no impresso. É mais comum linhas verticais que seguem o sentido longitudinal do material.
Prováveis causas: Se o risco vertical é em apenas uma cor, então pode ser a faca do
sistema doctor blade com dente ou com pequena quebra, ou o próprio anilox que está riscado. O clichê também pode ter um risco. Se o risco vertical está em todas as cores, pode ser que o material, antes ou depois de impresso, esteja passando por algum rolete fixo porque travou o rolamento, ou a passagem do mesmo está errada. Quando o risco for horizontal, a causa pode ser um risco de estilete ou outro objeto cortante no tambor central ou contra pressão. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Conferir faca, anilox clichês. Não há outro meio a não ser trocar o item
que está defeituoso. Conferir o percurso do material na máquina e descobrir o ponto onde o risco começa. Se for um rolete travado, deve-se corrigir, e fazer o mesmo no caso de uma passagem errada. No caso de risco no tambor central ou contra pressão será necessário reparar o dano de forma especial (veja as dicas no item 9 – Manchas e borrões no impresso). Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 213
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
14 – Entupimento da retícula O que é: Durante a impressão acumulam-se pequenos pontos de tinta nas áreas de retícula.
Prováveis causas: Tinta muito secativa e que não se transfere toda para o material a ser impresso. Excesso de carga do anilox. O anilox está superdimensionado em
relação à capacidade do clichê. Assim, o anilox passa mais tinta do que o clichê é capaz de transferir. A cada volta um pouco de tinta se acumula sobre a retícula, até começar a transferir o acúmulo, que está junto aos pontos de retícula, para o substrato. Esse defeito é comum também quando na borda de chapados há um degradê. Como normalmente é usado um anilox com muita carga de tinta para cobrir a área, a retícula, o excesso de tinta sobre a zona de chapado sobre o clichê acaba indo se acumular na retícula do degradê. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Acertar a secagem da tinta em relação à velocidade de máquina. No caso de excesso de carga do anilox,
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trocá-lo por outro com volume menor. Quando imprimir chapados com degradês será necessário diminuir a lineatura da retícula do clichê. Ao mesmo tempo também pensar em uma tinta com maior poder de cobertura e anilox com menor volume. Outra idéia é separar em dois clichês (um para o chapado e outro para a retícula), quando isso for possível e vantajoso. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
214 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
15 - Ganho de ponto excessivo O que é:
O ponto no impresso está muito maior que o padrão. É importante entender também que o ganho de pontos sempre ocorrerá e deve ser conhecido e controlado durante todos os processos de produção (confecção do clichê e impressão). O problema acontece quando o ganho é excessivo, quer dizer, além do que era conhecido e controlado.
O tamanho original do ponto é indicado pelo círculo vermelho. O que passar é ganho de ponto
Prováveis causas: Excesso de pressão de impressão. Excesso de tinta. Desgaste da retícula do clichê. Se o ponto estiver ovalizado no sentido longitudinal, a provável causa é
que o diâmetro primitivo da engrenagem está fora. Os dentes da engrenagem podem estar gastos. Clichê com espessura acima ou abaixo do normal. Dupla-face com espessura acima ou abaixo do normal. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________
Possíveis soluções: Reajustar a pressão de impressão, ver se há excesso de tinta e corrigir. Se houver um desgaste da retícula do clichê, será necessário trocá-lo. Quando o diâmetro primitivo estiver fora, deve-se corrigir atacando a
causa raiz como engrengem, dupla-face ou mesmo o clichê. Veja o capítulo 3 – Pré impressão de flexografia sob o tópico ganho de pontos e como corrigi-lo. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 215
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
16 - Marcas de engrenagem O que é:
Também conhecidas como costelas em alguns lugares, são marcas horizontais que deixam zonas claras e escuras na imagem impressa.
Prováveis causas: Em geral estão associadas ao desgaste do sistema de engrenagens
da máquina: porta-clichês, anilox, tambor central/contra pressão. Outro fator pode ser folga mecânica no conjunto impressor. Cilindro porta-clichês desbalanceado ou excêntrico. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________
Possíveis soluções: Revisar todo o conjunto de engrenagens, rolamentos, s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
casquilhos e trocar os que estiverem gastos ou defeituosos. Ajustar folgas mecânicas e fazer o balanceamento de cilindros porta-clichês. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
216 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
17 - Fotografia (fantasma) O que é:
Este defeito de impressão tem a aparência de uma imagem fraca sobre áreas de traços grossos e chapados. A Fotografia ou fantasma possui sempre a mesma sombra de cor e é mais comum sua visualização em cores escuras, embora o efeito possa aparecer em qualquer cor.
Prováveis causas: Às vezes esse defeito é associado a baixo volume de anilox. Tinta muito secativa. Ar sobre o anilox. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________
________________________________________________________________
Possíveis soluções: Mudar anilox para um com maior volume de tinta. Retardar a secagem de tinta. Verificar se não há excesso de ventilação e se a mesma
está sobre o anilox fazendo secar a tinta dentro dos alvéolos. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 217
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
18 - Chapado sem cobertura ou furando O que é:
Chapados ou áreas de traços grossos não possuem uma uniformidade na impressão. É como se o chapado possuísse retícula.
Prováveis causas: O uso de dupla-face macio demais para
chapados pode ocasionar esse defeito. Anilox com pouco volume. Superficie do clichê apresenta tendência de repelir a tinta, especialmente as à base de água. Isso pode acontecer se não tiver sido dado o acabamento do clichê corretamente. Viscosidade alta da tinta. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Usar dupla-face mais rígido em chapados e traços grossos. Trocar anilox por um com maior cobertura. Trocar clichê com acabamento correto. Diluir a tinta para facilitar o espalhamento sobre a superfície do clichê. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________
________________________________________________________________
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218 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
19 – Mudança de contraste durante a produção O que é:
O contraste da imagem impressa, quer dizer, a diferença entre as áreas claras e escuras, muda, normalmente passando para cores mais escuras.
Imagem normal
Contraste alterado depois de altas tiragens
Prováveis causas: Variação da força da cor da tinta em decorrência do aumento da viscosidade. Desgaste natural do clichê em longas tiragens. Os pontos ficam
maiores, aumentando assim a área coberta, especialmente nas mínimas áreas de retícula, achatando a imagem. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Acertar e manter a viscosidade ao longo da tiragem. Trocar o clichê deficiente. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________
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Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 219
20 - Pontos da retícula falham (missing dots) O que é:
Pequenos pontos na área de retícula não imprimem. Normalmente em áreas claras ou de médios tons na imagem.
Prováveis causas: Desgaste natural do clichê em longas tiragens. O efeito ocorre mais
nas áreas de mínima porque os pontos são mais frágeis nessas áreas. Arrancamento no momento de limpeza do clichê por parte do operador. Talvez tenha usado uma escova muito agressiva. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Trocar o clichê e fazer levantamento de quanto dura um clichê por produ-
ção. Se for o caso manter clichês reservas. Se o desgaste do clichê for prematuro, então deve-se avaliar as condições em que foram feitos na clicheria. O operador deve ser muito cuidadoso na limpeza dos clichês. Convém avaliar o tipo de escova que se está usando. Uma sugestão é utilizar escova para cabelo de neném, que é bem macia. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
220 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
21 - A tinta perde (ou muda) a cor depois de impressa O que é:
Dias ou até mesmo horas depois da impressão algumas cores mudam ou esmaecem. O efeito aparece também depois de exposição à luz.
Cor normal
Neste exemplo o magenta perdeu a cor
Prováveis causas: Normalmente esse defeito está associado à falta de resistência à
luz do pigmento utilizado na formulação da tinta. Deve-se, então, conferir o grau de resistência à luz do pigmento utilizado. Outra provável causa é a utilização de resinas com cadeias aromáticas como as fumáricas, fenólicas e alquídicas que tendem a amarelar cores, como, por exemplo, o branco. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Trocar o pigmento por outro mais resistente à luz. Trocar a resina por resinas de sistema alifático como as de nitro celulose. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________
________________________________________________________________
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 221
22 - Variação de COF O que é:
O COF (Coeficiente de Fricção) também chamado de deslizamento do material que varia durante a produção. Pode ficar alto ou baixo em relação ao padrão. Prováveis causas: Desequilíbrio na extrusão do material plástico (polietileno, polipropileno). Pode ser também que a tinta esteja roubando o aditivo (deslizante)
do material, deixando-o, assim, com COF mais alto. O contrário também é verdadeiro, ou seja, o material pode roubar deslizante do material. A própria tinta pode estar desbalanceada causando um COF maior ou menor. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Caso o problema esteja no material, deve-se refazê-lo corrigindo a falha. Se for a tinta, então deve-se trocá-la por outra com
formulação correta ou corrigir a que está em máquina. Se o material já estiver impresso e o problema surgir horas depois da impressão, então pode-se tentar aplicar um verniz ou uma substância que abaixe o COF do material. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
Aparelho para medir o COF
222 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
23 - Impressão sem brilho (fosca) – Blushing O que é:
O impresso tem aspecto fosco e sem brilho, embora não tenha mudado a cor. Prováveis causas: Se estiver usando verniz na última cor,
pode ser que o mesmo esteja muito diluído. Se não possui verniz, a própria tinta está desbalanceada. Calandra final de água gelada pode estar desligada. Para que o brilho ressalte é importante que o material tenha um choque térmico quando chega quente à calandra. Tinta com secagem muito acelerada. Quando o solvente evapora muito rápido ele rouba calor da superfície da película de tinta que seca antes de as moléculas se acomodarem, gerando uma característica esbranquiçada no impresso. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções: Verificar viscosidade e condições de diluição do verniz. Verificar as condições de todas as tintas ou
daquelas que estão apresentando o problema. Conferir se as todas as calandras de água gelada estão ligadas ou se estão funcionando normalmente e corrigir caso não estejam. Verificar e corrigir secagem da tinta deixando-a mais retardada. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________
P r o b l e m a s & S o l u ç õ e s
Capítulo 12 – Problemas e Soluções – 223
24 - Código de barras não lê O que é
Depois de impresso o aparelho de teste do código de barras acusa erro. Esse problema é mais comum na flexografia que em outros processos de impressão devido às características de tinta líquida e secagem rápida, clichê flexível e em alto relevo.
Sentido longitudinal que facilita a impressão e evita problemas de leitura
Sentido paralelo ao eixo do cilindro e com sujeira que pode dificultar a leitura
Prováveis causas Excesso de pressão de impressão ou de entintagem. Excesso de tinta ou tinta com viscosidade alta que
suja o clichê e, conseqüentemente, a impressão. Desgaste prematuro do clichê. Amassamento devido ao posicionamento do código de barras paralelo ao eixo do cilindro, o que aumenta as barras. Baixo contraste da barra em relação ao fundo. Acrescente aqui sua provável causa: _________________________________ ________________________________________________________________ Possíveis soluções:
s e õ ç u l o S & s a m e l b o r P
Regular a pressão de impressão e de entintagem. Verificar viscosidade da tinta. Se o clichê estiver desgastado, será necessário trocá-lo. Outro recurso importante e que deverá ser visto na elaboração
da arte, é colocar o código de barras com as barras no sentido longitudinal de impressão, como vemos na figura acima. Se o problema for contraste entre a barra e o fundo, então deve ser levado ao cliente e deve-se então mudar as cores para aquelas sugeridas pelos padrões nacionais e internacionais para os códigos de barras. Acrescente aqui sua possível solução: _______________________________ ________________________________________________________________ 224 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Glossário e termos técnicos em flexografia Acabamento superficial
O processo em que o impresso é coberto por verniz (U.V. ou não) ou laminado com um filme transparente de polímeros.
Ângulo da retícula
Com pontos de retícula de forma alongada, o ângulo que o eixo principal cria em relação à direção de referência. Com pontos de retícula de forma redonda ou quadrada, o ângulo menor dado pelo eixo da retícula em relação à direção de referência. Os valores são dados em graus. A direção na qual correm os pontos de meio-tom como resultado do posicionamento da retícula durante a conversão de arte em tom contínuo para filme em meio-tom.
Antiespumante
Um aditivo utilizado na tinta que impede ou elimina a formação de espuma de um líquido ou dissolve a espuma que já tenha se formado.
Aglutinante
O componente adesivo de uma tinta, normalmente presente na fórmula da resina; veículo da tinta. Em papel, componente adesivo utilizado para aglutinar o enchimento inerte, como argila, à folha, ou para aderir firmemente (seguramente) fibras curtas ao papel ou cartão.
Alongamento Áreas de Imagem Área de balanço de gris Área de ponto (valor tonal)
Deformação longitudinal resultante de tensão por estiramento. A área de impressão que tr ansfere tinta ao substrato. A área impressa de uma s uperfície receptora. Área de controle numa tira de controle, composta de áreas de ponto intermediárias de cyan, magenta e amarelo, cujas áreas de ponto estão em balanço de gris no filme. Em um impresso reticulado a percentagem da superfície, coberta por um filme de tinta de uma cor única (a dispersão da luz no substrato e outros fenômenos óticos são ignorados).
Auréola (halo)
Uma linha de luz em volta de um objeto cercando uma imagem, produzido por técnica ou por condições adversas no local da confecção de filmes (fotolitos). Pode interferir no resultado final de impressão.
Balanço de cinza (gris)
O balanço entre as cores cyan, magenta e amarelo que se requer para produzir um cinza neutro.
Banco de imagens
Conjunto de imagens para reprodução que podem ser disponibilizadas imediatamente através de compra por catálogos. O cliente recebe ou um original físico para ser escanerizado ou um arquivo eletrônico com a imagem em alta resolução, com restrições estabelecidas de direito autoral para usos específicos.
Base da clichê
A parte do clichê que sustenta a imagem em relevo da chapa. A base é calculada subtraindo-se o relevo da espessura total da chapa.
Bitmap
A imagem digitalizada que está mapeada dentro de uma rede de pixels. O computador atribui um valor para cada ponto de um bit de informação (preto ou branco), a quantidade de 24 bits por ponto para imagens coloridas. Formato de arquivo gráfico composto por uma matriz de pontos.
Bold Boneco Box Bureau (se lê “Birô”) Bypass Calibração Camisas porta-clichês CIE (Commission Internationale de l’Eclairage) Cilindro porta clichês Caracteres Cartão
Negrito, estilo de letra usado para destacar textos. Montagem que reflete a forma final de um impresso. Área que delimita a inserção de elementos gráficos. Uma agência de serviços especializada em “dar saída” a trabalhos feitos em softwares na imagesetter. Desvio, atalho, passagem secundária. Regula um equipamento na medida de um modelo para produzir resultados perfeitos. Também chamados de sleeves, são tubos feitos com materiais sintéticos diversos onde o clichê é colado. Depois a camisa (tubo) é encaixada em eixo chamado de mandril na impressora. O grupo internacional que desenvolveu os padrões de definição de cores. Cilindro de uma impressora no qual o clichê é montado. (veja também “camisas porta-clichês”). Letras, numerais e sinais gráficos individualizados. Folha de papel espessa com mais de 180 g.
Capítulo 13 – Glossário – 225
o i r á s s o l G
Cartão de duas camadas comumente utilizado em caixas. Cartão duplex CCD (Charge Coupled Um mecanismo usado em scanners para converter luz em carga elétrica. Device) Área de impressão que recebe 100% de tinta ou superfície ampla de cor. Chapado
Cyan (ciano) Clip Art CMYK Corante Colorímetro Compressão Contraste Convertedor Cópia fotográfica Cor acromática
Comumente chamado de azul, cor utilizada na composição da escala cromática CMYK. Necessária para impressão em quatro cores (quadricromia). “Arte pronta” para uso em documentos, que vem com programas ou adquirida de bancos de imagens. Cyan, magenta, amarelo e preto. São as cores básicas usadas no processo de impressão. Substância química totalmente solúvel em solventes (álcool, acetatos) com alto poder tintorial. Instrumento de medição (por transmissão ou reflexão) que informa valores tristímulos. Redução do campo de uma imagem. A relação (ou diferença) entre as áreas de luzes e sombra de uma imagem. Grau de gradação tonal entre as áreas mais claras e as mais escuras. A indústria que transforma a matéria-prima (papel, plásticos e alumínio) em embalagens impressas ou não. Cópia obtida em papel fotográfico a partir de um negativo colorido ou p&b. Cor destituída de tonalidade, como preto e cinza. Para objetos de transmissão também se usa a descrição ausência de cor ou cor neutra.
Cor cromática Cor de processo (impressão de quadricromia) Cor primária
Amarelo, cyan, magenta e preto.
Cor secundária
Resultado da mistura de duas cores primárias: laranja (vermelho e amarelo), violeta (vermelho e azul) e verde (amarelo e azul).
Cor terciária
Cores obtidas pela mistura de duas cores secundárias: laranja-verde, verde-violeta, violeta-laranja.
Cores de escala
Padrão de impressão offset: cyan (C), magenta (M), amarelo (Y) e preto (K). A combinação destas quatro cromias reproduz toda a gama de cores.
Cores frias Cores quentes
O inverso da cor acromática.
Cores de reprodução individual das tintas amarelo, magenta e cyan.
Azul, verde e violeta. Amarelo, vermelho e laranja.
Correção de cor
O processo de ajuste de uma imagem para compensar as deficiências do scanner ou dos equipamentos de geração de filmes.
Correção de tom
A correção dos valores tonais numa imagem, normalmente ajustada pelas curv as de tons.
Cromalin®
Marca registrada da Dupont que é uma prova de cores para simulação do resultado da impressão efetuada a partir de um jogo de fotolitos ou digitalmente.
Cursiva Decalque Default Definição Delaminação Degradê Densidade relativa Densitômetro de reflexão Densitômetro de transmissão (ou transmitância) Desenho a traço Direct-to-plate (Direto-à-forma)
Tipo de letra que se assemelha à escrita manual. Designa transferência indesejável de tinta da superfície impressa para outra folha. Método ou valor padrão que um computador define para processar uma informação. Refere-se ao grau de definição de uma imagem. Separação parcial ou completa das camadas de um laminado. Gradação obtida em um ou mais tons. Valor de densidade do qual foi subtraída a densidade da base transparente do filme de separação de cores ou da base do substrato de impressão não impresso. Reflectômetro que mede a densidade de reflexão sob condições geométricas e espectrais específicas, assim como descrito em ISO 5/4 e 5/3. Instrumento ótico que mede a densidade de transmissão sob condições geométricas e espectrais específicas. Arte executada com traços chapados. Exposição direta da imagem diretamente na forma de impressão sem o uso de filme intermediário.
226 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Direct-to-press (Direto-àimpressão) Dmax (Densidade máxima) Dmin (Densidade mínima) Dpi (Dots per inch) Drum scanner (scanner cilíndrico) Dye sublimation (Sublimação da tinta) Emulsão Entrelinha EPS (Encapsulated PostScript) Escala de Cores Espacejamento Espaço de cores CIELAB Família de fontes Fio Filme de ponto duro Filme mate (fosco) Fonte Formato Formato de papel
Eliminação do filme intermediário e formas de impressão por transferência direta dos dados da imagem para cilindros de impressão na própria impressora. O ponto de máxima densidade em uma imagem ou original. O ponto de mínima densidade em uma imagem ou original. Pontos por polegada. Medida de resolução de uma imagem produzidos por impressoras ou monitores. Processo de “escaneamento” de uma imagem, em que os originais são fixados num cilindro rotativo. Um processo de impressão que usa pequenos elementos “quentes” para evaporar pigmentos do filme impresso, depositando estes suavemente no substrato. Camada foto sensível na superfície de um substrato (filme). Em um texto, é a medida do espaço entre uma linha e outra. Um formato de arquivo usado para transferir imagens PostScript de um programa para outro. Um padrão para desenho, imagem ou uma página completa de layout, permitindo classificar-se em outro documento. Tabela impressa que contém diversas combinações de tonalidades de cores da escala cromática (CMYK). Em um texto é o espaço que determina a distância de uma letra à outra. Espaço retangular de cores, formado pelas coordenadas de cor L*, a*, b* e se referem às propriedades de luminosidade, tom e saturação da cor. Todas as variações de qualquer tipologia. Por exemplo: Arial, Arial Condensed e Arial Bold pertencem todas a uma mesma família de fontes. Elemento gráfico (linha fina) utilizada nas bordas de fotos, páginas, box etc. Filme de separação de cores com pontos de retícula, que permite uma reprodução confiável para duplicação de filmes e matrizes de impressão. Material transparente coberto com uma substância foto-sensível e que, diferentemente de outros filmes possui o lado da camada uma certa “porosidade” para facilitar a saída do ar de entre o filme e o fotopolímero. Conjunto completo de todos os caracteres, incluindo tipologia, peso e tamanho. Expressa a dimensão de um documento ou impresso. Termo que indica as dimensões de uma folha de papel expressas em centímetros ou polegadas. Pelo padrão DIN (Deutsche Industrie-Normem) o formato base A0 é uma folha retangular de papel com uma área de 1 m² (841 X 1189 mm). Os formatos derivados (A1, A2 etc) são decorrentes da dobra do papel A0. No Brasil, adotaram-se os formatos AA (ou 2A) - 76 X 112 cm, BB (ou 2B) - 66 X 96 cm e AM - 87 X 114 cm, com seus formatos derivados.
Formato final de um impresso após o refile. Formato refilado Refere-se ao maior intervalo de cores possível de reproduzir em um determinado sistema de cores. Gamut Ganho de ponto A diferença entre a percentagem da área de ponto no impresso e no filme de separação de cores. (aumento do valor tonal) Ganho de ponto Efeito de impressão em que os pontos de impressão aumentam de tamanho causando cores ou tons mais escuros. (Dot Gain) Gerenciamento Processo de compatibilização de cores em cada uma das etapas do processo de reprodução. de cores GIF (Graphics Interchange Format) Formato gráfico largamente utilizado na Web porque cria imagens de tamanho relativamente pequeno. Gramagem, é o peso de qualquer papel expresso em gramas em uma área de 1 m². Gramatura Efeito, as vezes indesejável, ocorrido quando se amplia exageradamente uma imagem. Granulação Gravadora de filme Aparelho de gravação de filmes. No Brasil é mais comumente chamado de “Imagesetter”. O aparelho grava dados (Imagesetters) digitais (imagens e textos) em filme por meio de um ou múltiplos raios de luz intermitentes. Termo geral para qualquer tipo de desenho manual ou eletrônico. Ilustração Equipamento que gera filmes (fotolitos, papéis ou chapas) a partir de arquivos eletrônicos. Imagesetter Impressão chapada Impressão em que 100% da área considerada é coberta por tinta. Também chamada de área sólida.
Capítulo 13 – Glossário – 227
G l o s s á r i o
o i r á s s o l G
ISO (International Organization for Standardization)
Órgão Internacional para normalização. O TC 130 (comitê técnico) é o que estuda normas para a área gráfica.
Interpolação
Em uma imagem é a manipulação do contexto, isto é, o aumento de uma resolução de imagem por meio do aumento de novos pontos por toda a imagem, as cores das quais são baseadas nos pontos próximos.
JPEG (Joint Photographic Experts Group) Kerning Layout Largura da retícula Legível Lineatura Lineatura da retícula (freqüência da retícula) Lpi e Lpcm Mandril Moiré (Lê-se moarê) Monocromia Negativo Negrito Orientação da emulsão do filme
Formato que permite alta taxa de compressão, porém mantendo a integridade do arquivo. Ajuste estético do espaço entre letras. Print que simula o trabalho final para aprovação do cliente. O inverso de lineatura da retícula. A unidade é o centímetro (cm). Ver “orientação de imagem”. Medida linear que indica o número de linhas de pontos por centímetro ou polegadas. Expressa em LPC (Lines per Centimeter) ou LPI (Lines Per Inch). A freqüência espacial da distribuição dos pontos de retícula ao longo do seu eixo. A unidade é o centímetro recíproco, (cm-1). Linhas por polegada ou Linhas por centímetro. Unidade de medida para retículas. Um eixo sobre o qual são montados ou fixados os cilindros ou outros dispositivos. Interferência padrão repetitiva causada por sobreposição simétrica dos pontos ou linhas da retícula tendo diferentes intensidades ou ângulos. Interferências típicas podem ser observadas entre dois filmes reticulados, ou entre um filme reticulado e um elemento estruturado do sistema de impressão, por exemplo: rolos anilox, cilindros de rotogravura, tela serigráfica. Cor única. Uma imagem ou amostra em preto e branco ou de outra cor qualquer. Imagem fotográfica disposta em meio transparente. Valores de luzes e sombras expressos inversamente. Bold, letras com traços mais grossos para destaque de textos. Orientação de um filme de separação de cores relativa ao lado da emulsão vista pelo observador.
Orientação da imagem
Os conteúdos das imagens são referidos como legíveis (ao contrário de ilegíveis), se o texto aparecer como se pretende que seja lido e se as imagens estiverem na orientação como se pretende que sejam vistas pelo usuário final. Deve-se especificar a orientação da emulsão para cima ou para baixo, quando houver referência à orientação da imagem no filme.
Pantone
Tabela de cores padronizada que associa cada cor a um código específico. A letra C significa Coated, isto é a aplicação da cor sobre papéis com cobertura como o couché; e U representa essa mesma cor sobre papéis Uncoated, sem cobertura especial.
Passo da fotocélula PDF (Portable Document Format)
medida entre uma fotocélula e outra usada na máquina de envase para cortar cada embalagem. Um formato de arquivo desenvolvido pela Adobe que facilita a conversão de documentos gráficos pesados (requer o software Acrobat) em arquivos leves para serem lidos com a ajuda do Acrobat Reader (plug-in dentro do site da Adobe).
Pixel
Denomina um elemento de imagem. É a menor área (retangular) que configura uma imagem. Vem das palavras Picture Element, às vezes é abreviado PEL.
pH
O grau de acidez ou alcalinidade medido em uma escala (de 0 a 7 é ácido; de 7 a 14 é alcalino e 7 é neutro).
Polaridade do filme (positivo ou negativo)
É positiva, se as áreas transparentes e sólidas corresponderem às áreas não impressas e impressas, respectivamente. É negativa, se as áreas transparentes e sólidas corresponderem às áreas impressas e não impressas, respectivamente.
Positivo PostScript e True Type
Reprodução que corresponde exatamente ao original. Oposto ao negativo cujos valores de tom são invertidos.
Prepress
Formatos de fonte. Ambas usam funções matemáticas só que de diferentes tipos. O formato é interpretado por RIPs, que calculam o bitmap correto para representar esse formato no monitor ou impressora usada. No Brasil convencionou-se a chamar a etapa de pré-impressão com o nome em inglês. Conjunto de atividades entre a etapa final da produção de originais (artes finais) e a impressão, podendo abranger scanner, fotolitos, provas de cor e chapas. Impressão gerada por uma máquina impressora (de produção ou de prova), cuja finalidade é demonstrar o resul-
Prova de impressora tado do processo de separação de cores, de tal forma que simule aproximadamente os resultados na máquina de (ou de máquina): impressão de produção.
228 – FLEXOGRAFIA: Manual Prático – Eudes Scarpeta
Prova fora de impressora (ou de máquina):
Impressão gerada por um método distinto da impressão, cuja finalidade é demonstrar o resultado do processo de separação de cores, de tal forma que simule aproximadamente os resultados na máquina de impressão de produção. Também conhecida como prova artificial ou de pré-impressão. Em geral para flexografia não serve como padrão de cores.
Resolução
A medida de quão detalhada é uma imagem.
Retícula
Sistema de pontos que viabiliza a impressão. A grosso modo, transforma as imagens de tom contínuo de um original em imagem em meio tom, reproduzindo também as imagens a traço.
RGB
Cores aditivas ou luzes. Reprodução das cores no monitor. A partir do Red, Green e Blue (vermelho, verde e azul, respectivamente) é composta toda a gama de cores.
RIP (Raster Image Processor)
Programa ou equipamento utilizado para converter arquivos eletrônicos de imagens em uma seqüência de pontos para formação da retícula.
Roseta
O padrão criado quando há a sobreposição da impressão das cores tradicionais formando assim um desenho circular de pontos que lembram uma rosa.
Rough (lê-se Rafe) Saída
Esboço feito para dar idéia de como será o impresso. Termo que designa gerar um fotolito em uma imagesetter, por exemplo.
Sangria
Área do impresso que será posteriormente cortada pela guilhotina. Quando não se deseja nenhum tipo de margem ou área em branco.
Scanner
Equipamento para digitalizar um original, capturando as nuances que compõem a imagem através de sensores de luz, traduzindo os padrões claros e escuros em sinais digitais.
Separação de cores Serifa Soma do Valor Tonal Sombras Squash Substrato de impressão System Pallete Template Texto justificado ou blocado TIFF (Tagged Image File Format) Tira de controle Traço Transparência Trapping Tripping Vazado Valor tonal
A divisão de uma imagem das cores para impressão. Cada cor é representado num filme e linhas de pontos (retícula) em ângulos específicos. Refere-se aos pequenos filetes nas extremidades das hastes de algumas fontes. A somatória da porcentagem máxima das cromias. Assim, uma imagem impressa em quatro cores (amarelo, magenta, cyan e preto) pode chegar no máximo a 400%. No entanto os valores devem ser dimensionados para cada tipo de serviço, sistema de impressão e principalmente do substrato a ser impresso. As áreas mais escuras da imagem quer ela seja em preto e branco quer seja a cores. Nome que se dá ao resultado do esborrachamento do ponto do clichê depois de impresso. O material derivados da celulose, metálicos, plásticos ou outros, contendo a imagem impressa. O substrato é fornecido em folhas ou em bobinas. A coleção de 256 cores de usada pelos computadores em monitores de 8 bit. Arquivo que possui atributos pré-definidos. Textos alinhados em ambos os lados da diagramção. Um formato de arquivo usado para representar preto e branco, escala de cinza ou imagens coloridas em bitmap, particularmente aquela produzidas em scanner. Arranjo unidimensional de áreas de controle composta de elementos gráficos para controles visuais e dimensionais da impressão. Arte composta de pretos e br ancos sem nuance de tonalidades. A propriedade de um filme de tinta de transmitir e absorver luz sem dispersão. Recurso utilizado para sobreposição entre áreas de cor para compensar problemas de registro de impressão. Emenda para corrigir pequenas incorreções em um fotolito. Texto ou traço aplicado sobre fundo a cores, deixando à mostra o branco do papel ou a cor de base. Ver “área de ponto”.
Capítulo 13 – Glossário – 229
G l o s s á r i o
Expediente Edição: Bloco de Comunicação Supervisão: Marcos Palhares Projeto Gráfico e Direção de Arte: Carlos Gustavo Curado Revisão: Eunice Fruet Impressão: Prol Editora Gráfica Fotos: André Godoy (Studio AG), divulgação e arquivos do autor e da editora
Impresso em papel couché Lumimax 115g/m² da VCP – Votorantim Celulose e Papel
Para a realização desse livro, contamos com a participação e apoio das seguintes instituições e empresas:
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Uma nova solução para um problema difícil.
As necessidades diárias na indústria flexográfica estão ficando cada vez mais complexas. Produtividade, qualidade e tempo são parâmetros que não podem ser comprometidos. Em situações assim, ter ao seu lado um parceiro que ajude a encontrar soluções é essencial. As chapas Asahi SH e DSH são a solução para as exigências cada vez mais freqüentes do seu dia a dia.
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