A FILOSOFIA FILOSOFIA ANTES DE SÓCRATES SÓCRATES
Coleção CÁTEDRA coordenada por GABRIELE CORNELLI Platão: A construção do conhecimento
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José Gabriel Trindade Trindade Santos
Introdução à “filosofia pré-socrática”
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André Laks
A filosofia fi losofia antes de Sócrates: Uma introdução com textos e comentário
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Richard D. McKirahan
RICHARD D. McKIRAHAN
A Filosofia antes de Sócrates Uma introdução com textos e comentário
Título original: Philosophy Before Socrates: An Introduction, with Texts and Commentary © 2010 Hackett Publishing Company, Inc. – Second Edition Edição brasileira publicada por acordo com a Agência Literária Internacional Eulama, Roma, Itália. Tradução: Eduardo Wolf Pereira Revisão técnico-científica: Gabriele Cornelli Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Diagramação: Ana Lúcia Perfoncio Revisão: Caio Pereira Iranildo Bezerra Lopes Manoel Gomes da Silva Filho Capa: Marcelo Campanhã Impressão e acabamento: PAULUS
Dados Internacionais de Cataloação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Liro, SP, Brasil) McKirahan, Richard D. A filosofia antes de Sócrates: uma introdução com textos e comentário / Richard D. McKirahan; [tradução Eduardo Wolf Pereira]. – São Paulo: Paulus, 2013. – (Coleção Cátedra) Título original: Philosophy before Socrates: an introduction with texts and commentary. ISBN 978-85-349-3691-0 1. Filosofia - História 2. Filosofia grega 3. Pré-socráticos I. Título. II. Série.
13-06886
CDD-182
Índices para catálogo sistemático: 1. Pré-socráticos: Filosoa antia 182
Coleção com apoio:
1ª edição, 2013 © PAULUS – 2013 Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 • São Paulo (Brasil) Fax (11) 5579-3627 • Tel. (11) 5087-3700 www.paulus.com.br •
[email protected]
ISBN 978-85-349-3691-0
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO............................................................
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APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA ......................................... 11 PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO........................................................... 15 AGRADECIMENTOS DA PRIMEIRA EDIÇÃO ...................................... 19 PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO........................................................ 21 AGRADECIMENTOS DA SEGUNDA EDIÇÃO ...................................... 23
ABREvIAÇõES ......................................................................................... 29 CAPÍTULO 1 As fontes da origem da filosofia grega ....................................................... 31 CAPÍTULO 2 Hesíodo e as origens da filosofia e da ciência gregas ................................. 41 CAPÍTULO 3 O cenário cultural para as origens da filosofia ........................................... 57
CAPÍTULO 4 Tales de Mileto ........................................................................................... 61 CAPÍTULO 5 Anaximandro de Mileto ............................................................................. 79 CAPÍTULO 6 Anaxímenes de Mileto ............................................................................... 105 CAPÍTULO 7 Xenófanes de Cólofon ................................................................................ 121 CAPÍTULO 8 As primeiras realizações jônicas................................................................. 139 5
S������ CAPÍTULO 9 Pitágoras de Samos e os Pitagóricos .......................................................... 153 CAPÍTULO 10 Heráclito de Éfeso ...................................................................................... 205 CAPÍTULO 11 Parmênides de Eleia ................................................................................... 253 CAPÍTULO 12 Zenão de Eleia ........................................................................................... 299 CAPÍTULO 13 Anaxágoras de Clazômenas ....................................................................... 329 CAPÍTULO 14 Empédocles de Agrigento .......................................................................... 387 CAPÍTULO 15 Melisso de Samos ....................................................................................... 483 CAPÍTULO 16 O atomismo do século v: Leucipo e Demócrito ...................................... 499 CAPÍTULO 17 Diógenes de Apolônia ................................................................................ 561 CAPÍTULO 18 Filolau de Crotona ..................................................................................... 575 CAPÍTULO 19 Os primórdios do pensamento moral reo e os sostas do século v ...... 595 CAPÍTULO 20 O debate nomos-physis ................................................................................ 659 APÊNDICE Aluns textos contemporâneos ................................................................. 695
BIBLIOgRAFIA ......................................................................................... 759 CONCORDÂNCIA COM DIELS-KRANZ, OS FRAGMENTOS DOS PRÉ-SOCRÁTICOS................................................ 769 ÍNDICE DE PASSAGENS TRADUZIDAS ................................................ 775 ÍNDICE DE ASSUNTOS ........................................................................... 781
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APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO
A
Coleção Cátedra deriva seu nome da Cátedra UNESCO Archai: as origens do pensamento ocidental , que quis emprestar a esta coleção sua filosofia de trabalho e sua sensibilidade para os estudos das origens do pensamento ocidental. A UNESCO, patrocinando o Grupo Archai como sua Cátedra, e tornando-a membro da rede UNITWIN da UNESCO Chairs, reconheceu o impacto científico de suas diversas atividades. De fato, Archai atua há mais de uma década como centro de consolidação de pesquisas, organização de cursos e seminários, e publicação de liros e reistas, com forte atuação no âmbito nacional e internacional, procurando construir uma abordagem interdisciplinar que permita fazer compreender a filosofia antiga em seu contexto político, econômico, religioso e literário. Em parceria com a Paulus, editora renomada e de grande alcance no mercado editorial brasileiro, a coleção visa disponi bilizar, para um público brasileiro de especialistas e interessados, cada dia mais amplo e exigente, monografias, comentários, traduções, compêndios e obras temáticas que explorem o vasto campo do pensamento ocidental em suas origens greco-romanas. Gabriele Cornelli Diretor da Coleção Cátedra Coordenador da Cátedra UNESCO Archai www.archai.unb.br
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Para Voula novamente, como sempre.
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APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
N
as últimas décadas, falar de filosofia pré-socrática, isto é, dos primeiros passos da filosofia ocidental, se tornou uma tarefa não simples. Quiçá seja por isso que há sempre grande diculdade de encontrar, não somente no Brasil, obras como esta, que ousam dar uma isão panorâmica e introdutória a um universo tão extenso e diversificado de temáticas e autores. Cada autor e cada escola foram submetidos, nos anos recentes, a um profundo reexame e se tornaram objeto de acirradas disputas acadêmicas, que espaçam desde a revisão das edições críticas dos fragmentos à reconstrução do sentido mais próprio dos modos que distinguem a filosofia em seus albores. A ilusão criada pela coleção dielsiana dos textos sobre a filosofia pré-socrática sugeriu que a sucessão dos sistemas filosóficos ao longo da história pudesse significar – hegelianamente – algum tipo de progresso do pensamento. O desvelamento dessa ilusão retrospectiva, em ato nas últimas décadas, não levou ainda grande parte da crítica a rever esta perspectiva historiográfica e a compreender a filosofia pré-socrática em geral por meio das características próprias dos primeiros passos, permeáveis e fluidos, da filosofia em formação. A proposta de Laks, por exemplo, autor da obra que precede esta na coleção Cátedra (Introdução à Filosofia Pré-socrática, 2013) e que, de certa maneira, por sua proposta metodológica de abordagem da filosofia pré-socrática pode ser considerada como ideal complementação destas páginas, é de compreender a heterogeneidade com a qual a filosofia pré-so11
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crática apresenta-se como “uma diversidade não selvagem, e sim reflexiva”, no sentido de obedecer, weberianamente, a dois tipos de “consistências”: uma lógica, pela qual uma nova tese implica a resposta ou a explicitação de uma teoria anterior; e uma prática, que mobiliza mais diretamente a questão do sujeito, no caso específico do autor de determinada filosofia. A obra que aqui se apresenta, do renomado estudioso norte-americano, Richard McKirahan, professor de filosofia do Ponoma College, na Califórnia, se propõe a revelar a franca inserção das ideias e dos protagonistas do período inaugural da história da filosofia que se convencionou chamar de pré-socrático. E o faz partindo dos textos destes filósofos, como é costume na boa apresentação historiográfica da filosofia, mas apresentando uma seleção não exatamente óbvia das passagens que melhor venham representar as ideias e as questões mais sugestivas e fecundas de cada escola e personagem. Ao mesmo tempo, porém, as margens externas desta seleção, por assim dizer, encontram uma franca expansão, em estreito contato com o amplo mundo da sabedoria antiga. A prova disso é o próprio Apêndice do livro, que traz para uma leitura comparada três livros do Corpus hipocrático e o importante Papiro Derveni, textos centrais para uma história comparada das origens do pensamento ocidental, mas que são comumente desconsiderados em tanta manualística da história da filosofia. Falava-se há pouco da dificuldade da tarefa que o autor aqui se propôs. O problema do estudo dos pré-socráticos, em boa parte, reside em Aristóteles e em seus testemunhos sobre seus predecessores. Um papel central na reavaliação do testemunho aristotélico sobre os pré-socráticos (e depois sobre Platão) é desempenhado certamente pelos trabalhos de Cherniss (1935; 1944): por meio de um audo trabalho sobre as fontes, ainda hoje insuperado, Cherniss chea a concluir, já em 1935, que: Aristóteles não está, em nenhum dos trabalhos que possuímos, procurando fornecer um relatório da filosofia mais antiga. Ele está usando essas teorias como interlocutoras em um debate arti12
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ficial que ele prepara para que conduza “inevitavelmente” às suas próprias concluses (Cherniss, 1935: xii).
Cherniss, dessa forma, analisa os procedimentos historiográficos de Aristóteles, em busca de uma solução ao problema central que o corpus constitui para a reconstrução da filosofia pré-socrática: apesar de pouco confiável em sua reconstrução das teorias dos primeiros filósofos, suas constantes contradições, omissões, erros e desentendimentos, Aristóteles é ainda a principal, senão a única, fonte para o estudo dos pré-socráticos (1935, p. 347-350). Dessa forma, caberá ter aquele que Cherniss chama de “o maior cuidado” ( the greatest care) na análise do material aristotélico. Dois erros são especialmente importantes por modelar profundamente toda a história da crítica dos pré-socráticos. O primeiro diz respeito à concepção de Aristóteles de que os pré-socráticos teriam fundamentalmente um único problema ao qual dedicaram sua investigação, isto é, o da matéria que constitui todas as coisas que são . Ao contrário, olhando mais atentamente (o próprio Aristóteles não nearia isso), é possíel reconhecer os pré-socráticos empenhados na tentativa de compreensão e descrição de diversos processos e problemas específicos. O segundo erro depende do primeiro, pois constitui o motivo pelo qual Aristóteles quis restringir a riqueza e a complexidade dos temas tratados pelos pré-socráticos a uma única grundfrage – como diria Hegel: no sistema aristotélico, a divisão fundamental da natureza dá-se entre matéria e forma. E se Platão é visto como um partidário exagerado da causa formal, o é exatamente por opor-se aos pré-socráticos, dos quais constituiria a antítese. Jogando assim um contra os outros, Aristóteles reserva para si mesmo o confortável lugar de síntese, resultado filosófico do agôn dos dois momentos anteriores a ele. A proposta desta Filosofia antes de Sócrates é de apresentar manualisticamente, isto é, de maneira abordável para o público mais geral, os resultados de anos de estudos e confrontações acadêmicas sobre os autores em questão e com a árdua tarefa 13
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acima descrita, sem todavia renunciar a discutir diretamente os próprios textos, em sua maioria fragmentários, que deste aceso debate são ainda o motivo e a base. Não é certamente fora de lugar notar aqui que não há hoje à disposição do crescente público de leitores de história da filosofia no Brasil uma obra de introdução à losoa pré-socrática que apresente com o mesmo equilíbrio e precisão os textos, o debate dos principais comentadores e o lugar que cada protagonista representa na história da filosofia. De fato, com a maturidade e eleância que o distinue em toda a sua extensa produção edito rial, McKirahan consegue nas páginas que aqui se seguem articular com mestria a profundidade da pesquisa de uma temática complexa como esta das origens do pensamento ocidental com a clareza de uma exposição consciente do lugar que cada ideia e cada personagem representam numa história que é a própria história de nossa cultura, em suas origens. Gabriele Cornelli Cátedra UNESCO Archai: sobre as origens do pensamento ocidental Brasília, junho de 2013
Referências Bibliográficas da apresentação CHERNISS, H. Aristotle’s Criticism of Presocratic Philosophy. Baltimore, Johns Hopkins Press, 1935. ————. Aristotle’s Criticism of Plato and the Academy. Baltimore Johns: Hopkins Press, 1944. CORNELLI, G. O pitagorismo como categoria historiográfica. Coimbra/ São Paulo: Classica Digitalia - Universidade de Coimbra/ Anna blume, 2011. LAKS, A. Introdução à filosofia pré-socrática. Coleção Cátedra. São Paulo: Paulus, 2013. 14
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PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO
A
filosofia grega vinha florescendo havia mais de um século quando Sócrates nasceu (469 a.C.). O pensamen to de Sócrates, assim como o de todos os pensadores posteriores da filosofia grega, foi fortemente influenciado pela obra dos antigos pioneiros nesse campo, tanto os filósofos-cientistas conhecidos como “pré-socráticos” quanto os sostas do século v. As teorias, os argumentos e os conceitos dos primeiros filósofos gregos são também importantes e interessantes em si mesmos. E, ainda assim, esse período seminal de atividade filosófica e científica é bem menos familiar do que a obra de Sócrates, Platão e Aristóteles. Tal estado de coisas é devido, em parte – quiçá, sobretudo –, à natureza da evidência acerca dos pensadores anteriores à época de Platão e de Aristóteles. Em contraste com esses dois grandes filósofos, dos quais muitos trabalhos sobreviveram integralmente, nem uma única obra de qualquer dos filósofos “pré-socráticos” foi preservada da Antiguidade aos dias atuais, e possuímos apenas uns poucos e breves escritos dos sofistas. Deparamos, em vez disso, com uma variedade de citações e paráfrases de suas palaras, sumários de suas teorias, informação bioráca (em rande parte ctícia), em aluns casos, adaptaçes e extenses de suas opiniões, além de paródias e críticas. Esses materiais provêm de uma ampla gama de autores que escrevem com objetivos e preconceitos diversos e cuja confiabilidade e discernimento filosófico e histórico variam bastante. 15
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Essas circunstâncias learam aluns especialistas a perder as esperanças no que tange à possibilidade de alcançar a verdade a respeito dos primeiros filósofos. O presente livro, contudo, está fundado na crença de que é possível escrutinar a informação e desenvolver as interpretações que, embora incompletas e não demonstravelmente corretas, exibem alto grau de coerência interna, mutuamente reforçando umas às outras, possuem alguma plausibilidade histórica e podem ser aproximações das ideias originais dos pensadores em questão. Quatro características deste livro merecem comentário e explicação. Primeiro, uma vez que muito da fascinação no lidar com os primórdios da filosofia grega vem do fato de se poder elaborar interpretações próprias da evidência, estabeleci como princípio apresentar a maior parte – e em muitos casos todos eles – dos fragmentos dos filósofos discutidos, assim como outras evidências importantes de seu pensamento. À exceção de aluns poucos casos indicados, as traduçes são minhas. Busquei oferecer traduções o mais literais possível, dadas as diferenças entre o grego e o inglês. Os leitores encontram-se, assim, em posição para formular seu próprio entendimento dos primeiros filósofos e formar seus próprios juízos das interpretações que apresento em seguida. Em segundo lugar, já que nosso conhecimento desses filósofos é amplamente baseado em fontes materiais outras que seus escritos, e uma vez que esses materiais são de valor desigual, estabeleci o critério de identicar a fonte de cada passaem e (no Capítulo 1) discutir as principais fontes e comentar seus pontos fortes e fracos. Desse modo, os leitores podem estimar o valor da evidência e decidir por si próprios quanto ao peso que a elas podem conferir e com que grau de confiança podem nelas basear uma interpretação. Em terceiro lugar, durante o período coberto por este livro, o conhecimento ainda não havia sido dividido em categorias distintas, tais como a filosofia, a ciência e suas subáreas. A maioria dos filósofos “pré-socráticos” abordava tópicos que considera16
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mos mais científicos do que filosóficos, e nenhum deles estabelecia limites claros entre suas obras filosóficas e científicas. Assim, buscando ser el ao pensamento dos lósofos dos séculos vI e v, “a filosofia antes de Sócrates” deve incluir, igualmente, questões científicas; omitir tópicos que nós não consideramos filosóficos seria amputar porções vitais de seu pensamento, sem as quais o restante não faria muito sentido. Em virtude disso, dediquei um tanto mais de espaço a tópicos científicos do que se costuma fazer em livros dessa espécie, embora, em muitos casos, muito do interesse das ideias científicas resida no nível da sofisticação filosófica em que estão fundadas. Por fim, os pensadores abordados neste livro viveram em – e, em certo sentido, foram produtos de – tempos e lugares específicos. Onde foi possível e apropriado, busquei dizer algo acerca de suas idas e de seu ambiente cultural, pois tais circunstâncias tiveram importantes efeitos sobre os primeiros filósofos gregos, assim como as ideias desses homens tiveram importantes efeitos sobre a civilização grega.
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AGRADECIMENTOS DA PRIMEIRA EDIÇÃO
M
eu interesse nas origens da filosofia e da ciência gregas começou em um seminário de pós-graduação sobre os pré-socráticos dado em Harvard pelo falecido G. E. L. Own, e meu trabalho deve profundamente a seus ensinamentos inspiradores, embora eu tenha vindo a divergir de algumas de suas interpretações. Os cursos de John Murdoch so bre a ciência antiga e medieval aos quais assisti simultaneamente foram modelos de clareza na exposição de história da ciência em sua melhor forma. Um seminário do National Endowment for Humanities – “As Ciências Exatas na Antiguidade” – dado em Yale por Asger Aaboe, abriu meus olhos para a matemática e a ciência pré-gregas, fornecendo-me um contexto científico mais amplo no qual situar a ciência grega. Minha educação na interpretação de textos de filosofia antiga progrediu graças aos encontros da West Coast Aristotelian Society , dos quais tenho participado pelos últimos vinte anos, e que é dirigida por Julio Moravcsik, assim como aos encontros da Southern California Readers of Ancient Philosophy. Tenho me beneficiado bastante do trabalho revolucionário sobre a Grécia feito por G. E. R. Lloyd, que estipulou, para mim, um exemplo do que é possível nesse campo. Gostaria de agradecer-lhe por sua amizade e apoio, que significaram muito para mim. Agradeço aos professores A. A. Long, John Malcolm, Henry Mendele, Michael Wedin e Mary Whitlock Blundell pelos comentários úteis feitos nos rascunhos do livro e pelo encorajamento. Ademais, sou grato aos alunos 19
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dos meus cursos no Pomona College por sua disposição para usar o manuscrito em lugar de um livro-texto e por suas inúmeras e valiosas sugestões. Por fim, tenho uma dívida profunda com Paul Coppock por sua generosa assistência editorial e com Patricia Curd, que comentou mais de uma versão do manuscrito enquanto eu o revisava para publicação, e cujas sugestões em muitos casos levaram a significativas alterações e, creio eu, melhoramentos. Claremont, Califórnia dezembro de 1993
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PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
O
interesse no campo dos estudos pré-socráticos havia crescido na geração anterior à publicação da primeira edição de A filosofia antes de Sócrates, em 1994, mas nos últimos dezesseis anos tem se expandido radicalmente. Duas séries de colóquios internacionais sobre tópicos pré-socráticos específicos tieram luar na Europa (começando em 2000). Duas conferên cias sobre pensadores pré-socráticos individuais ocorreram na América Latina. Foi fundada a International Society for Presocratic Studies. Foram publicados livros dedicados aos pensadores pré-socráticos em séries consagradas, tais como a Cambridge Companion e a Oxford Handbook.1 Importantes livros mais antigos foram reeditados.2 Novas e significativas edições dos textos de muitos dos pré-socráticos foram publicadas. 3 Está em andamento um projeto que pretende publicar pela primeira vez coleções completas dos testemunhos dos pré-socráticos. 4 Projetos ambiciosos para a internet foram planejados. Mais importante ainda, significativas interpretações foram propostas para muitos dos pré-socráticos, assim como para a trajetória da filosofia pré-socrática 1 Lon (1900); Curd e graham (2008).
2 Por exemplo, Mourelatos (1970/2008), Coxon (1986/2009). 3 Notably
Conce (1996), Mouraie (1999–), Pendrick (2002), Taylor (1999), Curd
(2007). 4 Essa série em múltiplos olumes ( Tradition Praesocratica), publicada por De Gruyter, conterá traduções e textos originais dos testemunhos. O primeiro volume, sobre Tales, eio à luz recentemente (Wörhrle [2009]).
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como um todo. velhos paradimas e modelos sofreram pesados ataques e, atualmente, há menos consenso do que uma geração atrás. Essas circunstâncias tornaram a atualização deste liro a um só tempo importante e difícil. Minha decisão de propor uma segunda edição deveu-se inicialmente à descoberta de decisivos materiais novos sobre Empédocles,5 que, em minha opinião, tornaram obsoleta a quase totalidade das famosas interpretações anteriores. Do mesmo modo, a sempre crescente quantidade de novos comentários especializados estava tornando um livro publicado em 1994 cada ez mais ultrapassado; mesmo onde mi nhas opiniões não sofreram alterações, era necessário lidar com a literatura mais recente. E, inevitavelmente, descobri que havia mudado de ideia em um considerável número de questões desde que escrevi a primeira edição. Comecei a trabalhar na primeira edição no erão de 2006, concluindo-a na primavera de 2009. As maiores mudanças em relação à edição anterior dão-se nos capítulos consagrados a Pitágoras, Parmênides, Zenão, Anaxágoras e Empédocles, bem como no novo capítulo dedicado a Filolau, porém quase todos os capítulos contêm alterações. Incluí fontes adicionais, e modifiquei traduções em algumas passagens. Naqueles tópicos sobre os quais penso hoje de modo diferente daquele que pensava há vinte anos, modifiquei conformemente a discussão. Fiz referência, igualmente, a algumas das mais importantes novas interpretaçes que dierem da minha. (Não almejei aqui alo exaustio, e considerações de espaço impediram-me de mencionar mais opiniões, assim como frequentemente impediram-me de fazer justiça às opinies que menciono.) Acrescentei um Apêndice contendo traduções de três escritos hipocráticos e dos papiros de Derveni.
5 Martim e Primaesi (1999).
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AGRADECIMENTOS DA SEGUNDA EDIÇÃO
Q
uero expressar minha gratidão com a Hackett Pu blishing Company por ter aceito entusiasmadamente minha proposta para uma segunda edição e, subsequentemente, concordar em incluir um Apêndice de textos relacionados das mais variadas formas à tradição pré-socrática. Gostaria de agradecer especialmente a Deborah Wilkes pela ajuda em cada estágio. O livro deve consideravelmente ao Pomona College, onde tive a oportunidade de desenvolver meu pensamento acerca dos pré-socráticos e tentar novas ideias em versões preliminares do novo material a cada ano em meus cursos diante de uma brilhante e engajada audiência de alunos. Meu pensamento beneficiou-se de conferências a que assisti – particularmente, conferências patrocinadas pelo Institute of Philosophical Research, em Patras, na grécia, em 2003, 2005 e 2008, nas quais muito aprendi so bre Empédocles, Heráclito, os Pitagóricos, Filolau e o papiro de Derveni. Tive ainda o privilégio de ser convidado para participar do workshop sobre o papiro de Derveni na Universidade de Creta, em 2006, que forneceu minha primeira introdução séria a esse importante e fascinante texto. Uma viva sessão no B Club da Uniersidade de Cambride, em 2006, e discusses com Carl Huffman, entre outros, na primeira conferência da International Association for Presocratic Studies , em 2008, ajudaram-me a esclarecer meus pensamentos sobre Filolau. Os indivíduos cujos comentários auxiliaram meu pensamento são muitos para se listar, mas gostaria de agradecer aos autores de resenhas sobre a pri23
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meira edição por indicarem alguns de seus defeitos, assim como algumas de suas boas características e a Michale Frede, Charles Khan, Bob Lamberton, Tony Lon, Henry Mendell, Alex Mou relatos, Apostolos Pierris, Oliver Primavesi, Malcolm Schofield, Daid Sedley, vassileia Tzaliopoulou e voula Tsouna por seus comentários e sugestões. Por fim, quero expressar meu apreço e minha gratidão para com Pat Curd, que foi a juíza desta edição (como da anterior), e cujos criteriosos comentários e críticas do manuscrito até o fim levaram a melhorias em muitos lugares. Esta segunda edição, completada após vinte anos de casamento, como a primeira, a que dei início a exatos vinte e um anos durante nosso noivado, é dedicada com profunda gratidão à minha querida esposa voula, que me brindou com uma criança maravilhosa, um lar adorável, uma vida rica em experiências e, sempre, seu amor irrestrito. Atenas, janeiro de 2010
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