N o 22
NAB
AS GRANDES NOVIDADES DA
Câmeras, drones e muitos acessórios. Conheça os principais lançamentos da grande feira de Las Vegas
2015
Fashion Veja uma nova forma film de mostrar o mundo undo da moda
Áudio A febre febre dos filme filmes s de festa festa de 15 anos
Os detalhes de todos os recursos do novo gravador Zoom H6
Confira dicas de como trabalhar trabalhar neste segmento segmento
A técnica do slow motion
Curta feito com iPhone 6
80 videoclipes pelo mundo
Os primeiros passos para você fazer filmagens em câmera lenta
Os bastidores do filme que é um sucesso em festivais dos EUA
A etapa brasileira do projeto que une vídeo, música e aventura
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Aydano Roriz Aydano Luiz Siqueira Tânia Roriz Vivi Carrara Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz Diretor Executivo: Luiz Siqueira Diretor Editorial e jornalista responsável: Roberto Araújo - MTb.10.766
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Impressão: Log&Print Gráfica e Logística S.A.
Ao leitor
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célebre frase “uma “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, legado dos tempos do Cinema Novo, é de um tempo romântico em que as produções careciam de uma série de recursos e muita gente parecia não se importar com um corte brusco ou um áudio péssimo – sem contar o roteiro precário, a edição capenga cape nga e por aí vai. Hoje, em um mundo extremamente audiovisual, no qual um simples smartphone pode fazer coisas inimagináveis cinco anos atrás, não basta ter a câmera e a ideia. É preciso ir muito mais além. As id ideia eias, s, é cla claro ro,, são o pon ponto to de pa parti rtida da.. E qu quant anto o mai maiss cr criaiativas, ousadas, autênticas e surpreendentes, melhor. O passo seguinte é transformar a ideia em uma produção audiovisual de, no mínimo, boa qualidade. O ideal é buscar o ótimo, o excelente, o magnífico. Mas se ficar no bom, missão cumprida. Mesmo com todos os recursos e ferramentas acessíveis a filmmaker er atualmente, não é fácil produzir qualquer jovem filmmak com boa qualidade um curta, um videoclipe, um documentário ou uma cobertura de casamento. Por menor que seja, uma boa produção audiovisual deve atender a certos critérios. O roteiro para organizar a filmagem e a captação de som com microfone apropriado para um áudio limpo, sem problemas, é o básico. Mas muito iniciante “esquece” desses detalhes e depois reclama quando criticam o que fez. Belas imagens com péssimo som dão uma mistura ruim. Filmar na louca, sem roteiro, é perda de tempo e de dinheiro. Portanto, esqueça o clichê da ideia na cabeça e da câmera na mão. Vej V ejaa mu muit itos os fi film lmes es,, le leia ia,, es estu tude de,, pe pesq squi uise se,, pratique... Entenda o que é bom para fazer bem feitinho. Boa leitura. Se For o Caso, Reclame. Nosso Objetivo é a Excelência! Correspondência Rua MMDC, 121 CEP 05510-900 São Paulo – SP
Redação
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Sumário
r e k e u q e D s e u q c a J
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6_ FAST FORWARD Confira equipamentos lançados recentemente e novidades do mercado
12_ FASHION FILM Saiba mais sobre o segmento que pode crescer no Brasil ao unir filmagem profissional com o mundo da moda
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c i r a M n a l i M
20_ NAB SHOW 2015 Selecionamos as principais novidades apresentadas na grande feira de audiovisual que rola em Las Vegas
30_ CURTA COM CELULAR Filme romântico de 17 minutos, rodado todo com o iPhone 6, é sucesso em festivais. Saiba como ele foi feito
38_ CAPTAÇÃO DE ÁUDIO Conheça em detalhes as funções e os recursos do gravador digital Zoom H6, que substitui o best-seller H4n
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46_ SLOW MOTION Filmar em câmera lenta pode ser uma alternativa interessante de narração. Veja o que é preciso para fazer isso
54_ FESTA DE 15 ANOS O antigo baile de debutantes foi repaginado e pode ser um segmento interessante para filmmakers da área social
60_ MÚSICA E VÍDEO O filmmaker Leo Longo conta como foi o início da etapa brasileira do projeto Volta ao Mundo em 80 Videoclipes 4
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Fast Forward
GOPRO PODE TRANSMITIR AO VIVO COM NOVA TECNOLOGIA HeroCast Bacpac pode ser acoplado diretamente na caixa de proteção da GoPro
Com compacto sistema HEROCast, câmera GoPro poderá realizar transmissões de vídeo ao vivo
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á faz alguns anos que filmar esportes de ação com uma pequena e versátil câmera como a GoPro não é nenhuma novidade. Mas agora, além de captar imagens, o equipamento preferido dos praticantes de esportes poderá transmitir imagens ao vivo. Em abril, a GoPro lançou o HeroCast, um sistema de transmissão full HD ao vivo. O transmissor é pequeno, leve, versátil e capaz de transmitir vídeos de alta definição – 1080p 60fps e 720p
A tecnologia já foi utilizada pela NHL, a Liga Americana de Hóquei, e pela ESPN X Games, mostrando em sua programação ângulos incríveis das façanhas feitas pelos atletas. Ambas as configurações são compatíveis com a Hero3+ Black e a Hero4 Black. O preço é de US$ 7.500 (nos EUA) e o produto pode ser adquirido no site da marca, em GoPro.com.
Sistema HeroCast pode ser conectado à câmera como um equipamento independente por meio de um cabo HDMI
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60fps – usando o codec H.264 de baixa latência. O HeroCast funciona como uma unidade independente da câmera, conectada via cabo HDMI. Assim como a câmera, o transmissor e sua pequena antena são acoplados ao capacete ou equipamento do esportista. Já o sistema HeroCast Bacpac se conecta diretamente à caixa de proteção da câmera GoPro, trazendo uma solução integrada e imersiva para transmissão de imagens ao vivo.
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NOVO EQUIPAMENTO PÕE O BULLET TIME EM SUAS MÃOS
É
difícil esquecer do famoso efeito “bullet time ”, imortalizado nas cenas de luta do filme Matrix (1999). Desde essa época, filmmakers independentes buscam de toda forma recriar o efeito, mas sem os enormes custos e a gigantesca estrutura física requerida tradicionalmente. Agora o efeito pode ser reproduzido com a ajuda de um equipamento chamado Orca Vue, uma plataforma capaz de girar uma única câmera em
torno de um objeto, recriando com precisão o efeito, especialmente quando é usado com câmeras com altas taxas de captura, como a Phantom. A plataforma foi desenhada para dar até duas voltas por segundo, garantindo velocidade suficiente para um grande número de tomadas. O produto será disponibilizado em dois tamanhos: um “normal”, capaz de suportar até uma pessoa em sua plataforma, e feito para celulares
e câmeras menores como a Sony A7S e a Panasonic GH4; e um “XL”, ainda não disponível, capaz de carregar equipamentos como a Canon EOS 5D Mark III, Red Scarlet, Phantom Miro, entre outras, com plataforma para até três pessoas simultaneamente. O preço estimado de venda é de US$ 2.800 peloequipamentocompleto(incluindo acessórios e mala), para o menor modelo. Mais informações em www.orcavue.com.
Plataforma faz giro 360o,o que permite ao filmmaker recriar efeito bullet time
Sequência de imagens feita com o uso do equipamento, que dá duas voltas por segundo
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Fast Forward
TERCEIRAFILMECON TERÁ FOCO EM EVENTOS SOCIAIS
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Filmecon já tem data para ocorrer: a terceira edição da conferência está prevista para 23 de junho de 2015, em São Paulo, e será totalmente voltada para quem trabalha com vídeos de eventos sociais, como casamentos. A grande atração dessa edição do evento será Joe Simon, um dos pioneiros em vídeo de casamento e reconhecido mundialmente no ramo. Além dele, já estão confirmados os profissionais do Stillmotion Studio, de Portland-EUA; Fernando Lenox e Rodrigo Culturato, da Riata Filmes; e Giovanna Borgh. A apresentação ficará a cargo de Pepê Figueroa. A Filmecon é uma das poucas conferências técnicas de audiovisuais existentes no Brasil e ocorre uma vez por ano. Para mais informações, acesse: www.filmecon.com.br.
CANAL CURTA! FAZ SELEÇÃO DE PROJETOS
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e maneira permanente o canal Curta! recebe e avalia propostas, permitindo à comunidade de produtores e produtoras independentes submeter seus conteúdos para apreciação. Os critérios que respaldam a seleção de conteúdos para o Curta! não são revelados. O canal se reserva o direito de não explicar os motivos das decisões da equipe de curadoria. Caso seja aprovado, o projeto é selecionado com o propósito de ser exibido na grade do canal. O processo possui quatro diferentes etapas de seleção, que vão da análise da adequação temática das propostas a reuniões de detalhamento do projeto. O Canal Curta! está no pacote básico de 12 milhões de assinantes de TV por assinatura de todas as principais operadoras, menos na SKY. Mais informações em www.canalcur ta.tb.br/NovosProjetos .
o ã ç a g l u v i
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Edição da Filmecon 2015 está prevista para ocorrer no dia 23 de junho em São Paulo
FRAME.IO FINALMENTE É LANÇADO
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nunciadoem 2014, finalmente o Frame.io ( www.frame.io) está disponível para todos os usuários. O site é uma plataforma colaborativa de edição de vídeos que permite não só armazenar o material inteiro de um projeto na nuvem como também editar pontos do mesmo projeto em locais físicos diferentes e por diferentes profissionais das etapas de pós-produção.
A plataforma possui planos para filmmakers independentes e empresas produtoras de todos os tamanhos. Para quem deseja conhecer o produto, é possível utilizar a versão gratuita, que oferece 2 GB de armazenamento e um time de até cinco colaboradores. As versões pagas, com mais recursos e capacidades, variam de US$ 15 a US$ 150 mensais. O Frame.io já conta com mais de 14 mil usuários.
Plataforma colaborativa de edição de vídeo na nuvem já conta com mais 14 mil usuários
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MAGIC LANTERN COLOCA SISTEMA LINUX NAS CÂMERAS EOS CANON
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equipe do Magic Lantern, responsáveis por criar um firmware alternativo para câmeras Canon, capazes de viabilizar a filmagem em RAW em HDSLRs (chegando a 2,5K em alguns modelos), conseguiu agora, com sucesso, instalar o sistema operacional de código aberto Linux 3.19 em diversos modelos da marca. A expectativa é que a novidade possa permitir a criação de aplicativos específicos para câmeras, com um enorme time de desenvolvedores Linux prontos para explorar o potencial das Canon ao máximo.
ENTRETODOS ABRE INSCRIÇÕES o ã ç a g l u v i D
Magic Lantern espera melhorar o potencial das DSLRs trabalhando com o sistema operacional aberto
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Entretodos 8, Festival de CurtasMetragens de Direitos Humanos que acontece todos os anos em São Paulo, está com inscrições abertas até o dia 8 de junho de 2015. Com foco em conteúdos relacionados aos Direitos Humanos, o festival aceita inscrições de filmes de todos os formatos, feitos por amadores ou profissionais com duração de até 25 minutos, desde que sejam falados ou legendados em português. Os filmes selecionados para a 8a edição concorrerão a prêmios que variam de R$ 5 mil a R$ 7 mil. As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas pelo site: www.entretodos.com.br .
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Fast Forward
COM FOCO EM VÍDEOS DE CASAMENTO, SEGUNDA WEDDING SELECT VEM AÍ
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Congresso Wedding Select já está com data marcada para a sua segunda edição. Após trazer a São Paulo (SP) nomes de peso no mercado de vídeos de casamento brasileiro em novembro de 2014, o evento será adiantado em 2015 para os dias 14 e 15 de julho. Nessa edição, serão convidados oito palestrantes que se destacaram nos últimos anos, marcados pela intensa transformação do vídeo de casamento, e um convidado interna-
ABERTOS EDITAIS COM PARCERIA ENTRE URUGUAI E PORTUGAL
cional (com nome ainda a confirmar). O evento tem como premissas principais a união, troca de ideias e apresentação de todas as novidades para o segmento de vídeos de casamento, abordando temas como equipamentos, câmeras e acessórios de filmagem. O prazo para as inscrições do Wedding Select vai até dia 2 de julho de 2015 ou enquanto houver vagas. O evento será realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo. Informações em weddingselect.net.
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stão abertas até o dia 26 de maio de 2015 as inscrições para o Edital de Coprodução Brasil-Uruguai 2015, realizado pela Ancine em parceria com o ICAU – Instituto de Cinema y Audiovisual, do Uruguai. O concurso binacional prevê investimento equivalente a 300 mil dólares em dois projetos de longa-metragem cujas filmagens ainda não tenham sido iniciadas. Podem concorrer projetos de ficção, documentário ou animação apresentados por produtoras brasileiras que participem na condição de coprodutoras minoritárias. Cada projeto selecionado receberá, em moeda local, recursos no valor equivalente a 150 mil dólares. Já o concurso binacional Brasil-Portugal, realizado em parceria com o ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual de Portugal, investirá um total de 600 mil dólares em quatro projetos de longas-metragens de ficção, documentário e animação, de produção independente, com filmagens ainda não iniciadas até essa data. As inscrições seguem até 19 de maio de 2015.
Evento deve contar com a participação de palestrantes nacionais e uma atração internacional
CONCURSO MY RODE REEL ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS
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romovida pela fabricante de microfones Rode, a competição de curtasmetragens My Rode Reel está com inscrições abertas para filmmakers de todo o mundo. Para competir, é preciso criar um filme original com duração de até três minutos, usando os microfones da marca na captação de áudio. É preciso, ainda, produzir um vídeo de bastidores de três minutos comprovando o uso dos microfones na peça principal. Os vencedores devem receber prêmios que vão de uma câmera BlackMagic Production Cinema Camera a pacotes completos da Adobe CC. As inscrições podem ser realizadas em www.rode.com/myrodereel.
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Competição dá premiação em equipamentos e acessórios
Dicas Técnicas
A MODA DO
FASHION FILM UM MERCADO A SER DESCOBERTO Saiba com diretores, fotógrafos e produtores de moda como este novo segmento do audiovisual funciona POR CAROL
C
om linguagem de cinema e estética das artes visuais, os fashion films estão na moda e chegaram para adicionar comunicação e personalidade a coleções e grifes de roupas. Não se trata de um filme fashion, como Maria Antonieta, de Sofia Coppola, nem de uma campanha publicitária para vender um produto. O fashion film é voltado basicamente para que seja passado um conceito. E, apesar de os espaços de apresentação
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TERESA
dessa nova ferramenta ainda serem escassos no Brasil, os fashion films nacionais estão ganhando o mundo e sendo vistos em festivais internacionais dedicados a esse tipo de produção (e também por meio de mídias da web e redes sociais, como o YouTube, Vine, Vimeo e Facebook). Como ainda não há premiações específicas para esse tipo de produção audiovisual no País, o jeito é concorrer lá fora. E diretores brasileiros estão se saindo muito bem: o fotógrafo Jacques Dequeker, por exemplo,
A produção Jailbreake , com a modelo Carol Ribeiro, rendeu ao fotógrafo Jacques Dequeker o prêmio de melhor filme no International Fashion Film Awards
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Cinema
ganhou em 2014 o prêmio de melhor diretor do International Fashion Film Awards pela direção de Jailbreak , que conta a história de uma assaltante poderosa e fashion de joias representada pela modelo Carol Ribeiro. Ele também teve a produção Blue selecionada para o La Jolla Fashion Film Festival também em 2014. Ofilme foi feitoparaumacampanha de moda e trata do encanto entre uma sereia (Candice Swanepoel) e um pescador (Marlon Teixeira). Já Aline Lata e Érico Toscano, diretores e donos da Ae.Films, estão par14
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ticipando com três filmes (Black Mamba, Masqué e Walkers ) no Bokeh South African FashionFilm Festival de 2015. "Estamos muito felizes por concorrer com produções lindas, que admiramos”, diz Aline. Black Mamba foi o primeiro filme da dupla na produtora criada por eles: “Investimos bastante energia. Tínhamos um conceito muito afinado com a parceira e stylist Ana Wainer. Como é um filme mais abstrato, o roteiro é mais simples. E, para realizá-lo, a equipe toda precisou estar no mesmo ritmo. A criação foi toda con-
junta. A modelo Mariane Calazan, por exemplo, improvisou junto com a gente”, conta Aline. O conceito afinado a que ela se refere é essencial para o sucesso de um fashion film. Diferente de uma publicidade, em que se tem a obrigação de vender um produto, esse tipo de produção pode simplesmente ter a proposta de passar uma ideia, no caso, o conceito de uma coleção. “É um tipo de filme sem limites. A moda é traduzida em um clima, em aspectos de uma cultura, em slowmotion, em lifestyle e
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O fashion film não tem compromisso com a venda da marca ou com a publicidade, eles podem trabalhar apenas com um conceito de moda, segundo os filmmakers Aline Lata e Érico Toscano
até em uma música. A moda em sua forma física pode até não estar no quadro a quadro. Pode ser um filme de nudez com um conceito de moda”, observa a filmmaker .
COMO COMEÇAR Para Yael Amazonas, professora do Istituto Europeo di Design (IED) em São Paulo e produtora de moda e figurino, o fashionfilm está para o editorial de uma revista assim como o filme publicitárioestáparao catálogo. "Ele conta uma história, fala sobre o tema da
coleção”, define Yael. Enquanto na publicidade o objetivo é despertar o desejo de consumir, o fashion film busca algo mais contemplativo e pode até conquistar quem não gosta de moda, explica Yael. Para ela, a ideia é convidar o espectador a conhecer o estilista e deve ter como missão encantar por meio da linguagem. No IED, as produções de fashion film dos alunos são acompanhadas de muitos estudos teóricos, que dão o suporte técnico por intermédio de conceitos, como enquadramento, corte seco, fade in fade out , para depois ser desenvolvida a parte criativa. Já o estudo criativo se dá pelo aprofundamento da linguagem cinematográfica por meio de seus movimentos, como surrealismo, documental, contemplativo, comercial, entre outros. “Ter em mente direção de arte, fotografia, imagem da marca e público-alvo é essen-
cial para quem quer fazer um fashion film”, ensina Yael. Para ela, esse tipo de produção se baseia em três pilares: tema, marca e público. Como trata-se de comunicar algo a alguém, uma vez definidos coleção, conceito e público, é preciso pensar na linguagem estética e na direção de arte. Decidir entre locação ou estúdio, levantar todas as referências de iluminação e discutir o styling (se será modelo, dançarina ou performer, por exemplo, dependendo da mensagem que se quer passar), são passos fundamentais. Depois é preciso pensar em uma direção de fotografia que funcione melhor com o enquadramento pretendido. Por fim, é preciso programar o desdobramento do projeto e analisar como levar o fashion film para o mercado para que o público veja. "As referências são um primeiro passo. Ter uma boa F ILMMAKER
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Cinema r e k e u q e D s e u q c a J : s o t o F
As produções sempre partem de uma ideia central, que pode ser um pescador que se apaixona por uma sereia, como é o caso de Blue , de Jacques Dequeker
ideia e saber vendê-la tanto para a equipe quanto para a publicação do filme também é fundamental. A partir disso se desenvolve a parte técnica, o afinamento da equipe e da publicação. Os próximos passos são os práticos, que englobam a logística, o fazer do filme e a edição”, descreve Aline Lata. Para Jacques Dequeker, o fashion film sempre parte de uma ideia, que é o principal. Depois vem a direção e o acabamento. Depende muito do tamanho do filme e da produção. Em geral, ele conta que os profissionais envolvidos na produção são diretor, fotógrafo, assistentes de fotógrafo, modelo ou atriz, stylist , assistente do stylist , produtora de moda, maquiador e assistente do maquiador. O conceito para equipe é passado por meio de reuniões e do mood board ou painel semântico, 16
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usado na criação de coleções para visualizar informações. Na Ae. Films, segundo Aline, a ideia do filme surge no cotidiano, de alguma situação na rua que é presenciada, algum assunto conversado, de filmes assistidos, fotos vistas numa exposição ou coisas que são inspiradoras. Depois vêm o amadurecimento da ideia, o desenvolvimento do mood board com referências e a produção de uma sinopse escrita. Por meio de reuniões com outrosmembrosdaequipe aideia vai sendo afinada. São feitos um storyboard e um roteiro. "Esse processo ocorre nos trabalhos comerciais e nos filmes autorais, mas sempre deixamos um espaço para o improviso”, lembra Aline. Dequeker concorda que é preciso deixar espaço para o inesperado. “O primeiro passo é ter a ideia e desenvolver um pequeno roteiro, que nem sempre é seguido, pois aparecem muitas surpresas no meio do caminho. Às vezes, são as surpresas que transfor-
mam o filme em algo mágico", avalia o diretor e fotógrafo.
DESAFIOS No Brasil, o obstáculo maior para o fashion film é relacionado à veiculação e ao espaço para esse tipo de filme. "Ainda é muito pequeno ou então a própria plataforma do site não é adequada para o filme. Isso faz com que a demanda por fashion film e o interesse do público sejam ainda baixos”, diz Aline."Você pode divulgar seu fashion film em um canal do YouTube ou Vimeo. Mas além disso é importante ter uma publicação, seja em um site de moda ou em um site de uma revista de moda. E, no caso de campanhas, nos sites das marcas ou mesmo na televisão”, completa. Segundo ela, a publicação de um fashion film autoral/editorial determina como será a sua produção de moda, qual o budget para alugar os equipamentos, contratar as pessoas, conseguir a modelo, além de
influenciar em casos de parcerias. Para ela, é um mercado ainda pouco explorado no Brasil em relação ao que ocorre em outros países. Hoje, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França e Itália são os países de maior produção de fashion film e que têm um mercado aquecido, que vai além de filmes publicitários para marcas de moda. "São produções que se dividem em categorias sempre relacionando a moda, mas também agregando outros valores artísticos e culturais”, compara ela. E existe um entendimento dessa plataforma por parte do público, revistas e sites de moda. "Isso se deve também ao background de cada país em relação ao consumo de moda”, avalia. Para Aline, o Brasil tem muito potencial para ter uma produção notória de fashion film no mercado mundial, pois aqui existem boas ferramentas, diretores,fotógrafos,modelos, stylists , maquiadores e gente muito compeF ILMMAKER
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Cinema
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O maior obstáculo do fashion film é a veiculação: muitos circulam apenas pela internet nas redes sociais e, às vezes, em sites especializados ou de revistas de moda...
tente e reconhecida pelo seu trabalho na moda, no cinema e na publicidade. Entretanto, o desenvolvimento do setor depende de consumo, de investimento e de entendimento do que esse tipo de produção pode representar na moda brasileira. Para Jacques Dequeker, os maiores obstáculos são os equipamentos caros e a falta de festivais que dificultam o aumento de interesse para execução de mais filmes. "No Brasil esse mercado ainda está muito lento. O desenvolvimento foi mais quente, mas agora com a crise deu uma esfriada. Lá fora, o fashion film continua em alta e cada vez mais diretores aparecem”, afirma. Já para Yael Amazonas o mercado e a produção de fashion films é ainda híbrido. Isso se reflete na quantidade de cursos livres e de extensões oferecidos no mercado e na falta de festivais e canais de interesse. Para ela,
o n a c s o T o c i r É e a t a L e n i l A
... no entanto, os especialistas acreditam que o mercado no Brasil está aquecido porque ainda há muito o que ser explorado nas produções
as marcas brasileiras ainda preferem investir mais em desfiles do que nesse tipo de produto por falta de compreensão do potencial que o fashion film tem e que ele é uma arte que faz parte da coleção.
TRAJETÓRIAS A história de Dequeker com a produção de fashion film começou há seis anos, quando sua agente de Nova York lhe apresentou uma câmera RED. Começou então a fazer os primeiros filmes e não parou mais. "Foram mais de cem. Foi amor à primeira vista”, lembra ele, que já filmou fashion film com celebridades internacionais, como Ashton Kutcher, Matthew McConaughey, Olivia Wilde, Zac Efron e Joshua Bowman. "Filmar com celebridade é um desafio. O tempo é curto e a pressão é muito grande”, afirma o diretor. Já a Ae. Films surgiu quando Aline
o n a c s o T o c i r É e a t a L e n i l A
Lata e Érico Toscano perceberam que existia uma vontade de ambos de realizar filmes de moda e que a junção dos conhecimentos dos dois convergia para isso: Érico é fotógrafo de moda e Aline trabalha com e pensa em cinema o tempo todo. Para eles, significava uma possibilidade de criar livremente e fazer coisas de que gostam. "Nossas referências vêm do cinema, de fotógrafos de que gostamos,
de coisas que nos atraem, de revistas e sites, como Nowness, Showstudio, I-D e Dazed , além de campanhas de algumas marcas”, diz Aline. A diretora conta que o fashion film mais desafiador foi o mais recente, que está sendo editado. "É uma fashion série de três episódios com o tema obsessão. Foi totalmente feita em parceria e também custeada por nós”, adianta ela. F ILMMAKER
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Equipamento A FreeFly Alta é para câmeras mais pesadas e custa US$ 8,5 mil
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NAB SHOW15 TECNOLOGIA PARA
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TODOS OS GOSTOS E BOLSOS POR GUILHERME
MOTA, COM COLABORAÇÃO DE AMÉRICO FÁZIO
A feira em Las Vegas apresentou um festival de produtos de ponta, com destaque para a versatilidade, inovação e melhoria em diversas áreas 20
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rincipal feira do mundo para o setor de audiovisual e broadcasting , a NAB Show 2015, realizada em abril em Las Vegas, EUA, apresentou o que há de mais recente em relação às tecnologias para o setor. Interfaces amigáveis, plataformas inteligentes, soluções modulares e criativas e, acima de tudo, acessíveis para todos os padrões de consumo. Se em 2014 o grande destaque foi a chegada do 4K, a consolidação do formato nesse período abriu o mer-
cado às possibilidades criativas que surgem com o estabelecimento dessa plataforma de captação. As câmeras roubaram a cena com uma constelação de novos modelos – que chegam para aumentar ainda mais a competição num mercado já repleto de boas opções. As empresas mostram verdadeiras usinas em capacidade de processamento e qualidade, em corpos tão pequenos quanto os de uma HDSLR. A integração entre equipamentos também chegou com força: diversas
Canon apresentou a C300 Mark II, com sensor Super 35 de 9,8 MP e filmagem em 4K a 30 fps
BlackMagic Ursa Mini traz ótimo custo-benefício para o filmmaker : US$ 3 mil
A BlackMagicMicro Estudio Cam surge como rival da GoPro
A Arri surpreendeu com o lançamento da Alexa Mini, que faz capturas em 4K
marcas fizeram questão de mostrar que não ignoram a concorrência, ao contrário, absorvem as boas soluções e os produtos mais populares e integram-nos aos seus próprios produtos, como aplicativos e suportes para celulares e periféricos que operam em
conjunto com baterias e acessórios de outras marcas. E a moda da atualidade, os drones, também não ficou para trás, bem como os sistemas automatizados de estabilização e movimentação de câmera – um deles capaz de reproduzir
a distância os movimentos de um operador com perfeição. Para mostrar os principais destaques da NAB 2015, FilmMaker contou com a colaboração de Américo Fazio, filmmaker e apresentador do canal Audiovizuando no YouTube. Américo esteve presente na feira e selecionou os 16 principais lançamentos, entre as centenas de produtos à mostra, que prometem balançar o mercado ao longo de 2015. Confira. F ILMMAKER
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Equipamento
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Alta, novo drone da FreeFly, permite que se prenda a câmera na parte de cima ou na de baixo do aparelho
DRONES FREEFLY ALTA Um olhar diferente
Quando a empresa anuncia um drone capaz de carregar câmeras do porte de Alexa, RED Dragon e Sony 22
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F55, sabe-se que o assunto é sério. Quando essa empresa é a FreeFly, criadora do Mövi (o equipamento que revolucionou a estabilização de imagem), há a certeza de que se trata de um produto confiável e de respeito. Depois, do Mövi e do Tero, o Alta é o mais novo integrante da família de acessórios de movimentação da FreeFly, capaz de criar algo novo onde nin-
guém imaginava ser possível. E a inovação impressiona pela simplicidade da ideia: permitir que se instale a câmera sobre o drone e não abaixo dele. Com isso, um sem-número de tomadas que antes não eram viáveis tornou-se possíveis. “E não é qualquer câmera que ele carrega. São câmeras de alto nível, como Alexa e RED, usadas nas melhores produções da área. Além, é claro, do grande diferencial de ter compatibilidade total com o Mövi, um best-seller e sinônimo de categoria”, explica Américo Fazio. Dispondo de seis hélices (o que garante mais segurança e estabilidade) e ao custo de US$ 8,5 mil, o Alta permite tomadas que nenhum outro drone consegue realizar, o que deve garantir demanda e uma fatia no mercado.
Novos modelos da Phantom vêm com câmeras próprias capazes de gravar em 4K a 24 fps em até 60 Mbps
Por meio de um aplicativo, o controle remoto da Solo 3DR consegue operar até as funções da GoPro
PHANTOM 3 A fórmula de sucesso se repete
Não há dúvida de que o Phantom, da chinesa DJI, foi o grande responsável pela popularização e democratização das imagens aéreas para produções de baixo custo. De casamentos a videoclipes, de institucionais a publicidades, esses verdadeiros “cinegrafistas voadores” ampliaram nossas possibilidades de criação audiovisual. Agora, a linhagem do Phantom chega à terceira geração com upgrades , em dois modelos diferentes: o Advanced e o Professional. O primeiro, que custa a partir de US$ 999, conta com seu gimball de três eixos estabilizado e câmera próprios, sendo capaz de filmar em 1080 p a 60 fps. Na versão Professional, que não sai por menos de US$ 1.249, a câmera permite gravar em 4K a 24 fps em até 60 Mbps, um ótimo bitrate.
SOLO 3DR SOLO Novidades no ar
A grandenovidadeentre os drones ficou por conta da 3DR, com o lançamento da Solo, pronto para voar, focado nos filmmakers que não têm experiência de voo, mas que ainda assim querem tirar o máximo das tomadas que ele possibilita. A maior prova disso é o controle remoto inspirado em controles de videogames para uma operação mais intuitiva e fácil. A empresadesenvolveu ainda um app exclusivo para iOS e Android que permite controlar todas as funções da GoPro no próprio controle
remoto, por meio de cabo. Por meio de um app exclusivo e de coordenadas GPS, o controlador pode marcar keyframes – como se faz em editores como Premiere ou After Effects – e as posições do quadricóptero, como altura, inclinação, tilt e pan do gimball , que ficam todas registradas na memória. “A grande sacada da 3DR foi repensar totalmente o modo de voar, pois o aparelho não só memoriza e executa o trajeto como pode repetilo até se obter o take perfeito”, avalia Américo. Com isso, o realizador fica focado em outras necessidades da produção, como atores, iluminação e o desenrolar da cena em si. F ILMMAKER
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Equipamento A nova RED Weapon é sob medida para grandes produções com efeitos especiais
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CÂMERAS RED WEAPON Brinquedo de gente grande
Criada pelo fundador da Oakley, desde cedo a RED é marcada por um espírito desafiador. Com o lançamento da Weapon, estabelece novos limites para a filmagem digital profissional: uma câmera dotada de um sensor full frame de 19 megapixels com 16,5+ stops de latitude e muita, muita resolução, sendo capaz de filmar em nada menos que 8K (8.192 x 4.320) a 75 fps. Com tamanha potência, não deve tardar até suas imagens aparecerem nas grandes produções de Hollywood, séries e peças publicitárias. Toda essa tecnologia não sai barato: quem quiser uma RED Weapon precisa desembolsar US$ 49,5 mil apenas pelo corpo da câmera, com boas chances de investir o mesmo valor em acessórios e periféricos para 24
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poder rodar com ela. “Acredito que essa RED será mais utilizada por grandes produções que investem pesado em efeitos especiais. Esse nível de resolução ajuda muito em atividades de rotoscopia, cenário digital, animação, filmes épicos, enfim, tudo o que é feito com fundo azul e depois terminado em 3D”, diz Américo.
ARRI ALEXA MINI Forma aliada à função
De olho num público profissional que busca soluções da mais alta qualidade, porém capazes de se adequar às limitações físicas de estabilizadores, drones e pequenos espaços, a Arri balançou o mercado com o lançamento da Alexa Mini, câmera capaz de filmar em 4k RAW com +14 stops de alcance dinâmico e é ao mesmo tempo leve e fácil de manusear.
A prática Canon XC10 já vem com uma objetiva 28-273 mm f/2.8-5.6 e filma em 4k
“Essa foi a minha escolhida, a câmera de que mais gostei. Ela é maravilhosa ao vivo. Mesmo sendo pequena, você tem a sensação de que está segurando uma Arri, que reúne toda a expertise de produzir as melhores câmeras do planeta, só que num corpo reduzido”, opina Américo. Voltada a grandes produções, mas com dimensões quase de HDSLR, a Mini tem praticamente as mesmas especificações da Alexa, porém num corpo diminuto, fabricado em fibra de carbono. A um custo estimado de US$ 30 mil, chega para competir com as RED na disputa pela preferência dos grandes estúdios. Segundo Américo Fazio, a marca está abrindo um escritório no Brasil. “Pelo assédio dos donos de locadora brasileiros presentes na feira, podemos esperar que em breve certamente estará disponível no mercado nacional”, observa.
Canon C300 Mark II chega a ISO 102.400 e tem preço de US$ 17 mil
Fácil de manusear, a Alexa Mini filma em 4k e RAW com +14 stops de alcance dinâmico
CANON C300 MARK II Potência atualizada na nova geração
A Canon não ficou para trás com o lançamento da segunda geração da Canon C300, que oferece uma série de upgrades de encher os olhos. Dotada de um sensor Super 35 de 9,84 MP e um rolling shutter com leitura duas vezes mais rápida que o modelo anterior, a câmera permite gravar em 4K internamente (4.096 x 2.160 pixels) a 30 fps ou 1080 p a 120 fps. Segundo Américo, a sensibilidade ISO chega a 102.400, mas “pode ser usada sem medo até cerca de 8.000 e é bem melhor que a 5D Mark III”. A câ-
mera destaca-se pelo uso de cartões CFast 2.0 e a possibilidade de gravar 4K internamente em CanonLog 10 Bits 4:2:2, com 15 stops de latitude, e pelo sistema de foco Dual Pixel, introduzido pela primeira vez na Canon EOS 70D, porém, mais rápido e preciso no novo modelo. Ela ainda tem filtros ND e saída limpa em 4K RAW, para gravação em dispositivos externos. Outra vantagem é a gravação simultânea de arquivos proxies em 2K em cartão SD, enquanto grava a 4K nos cartões CFast 2.0. O único ponto fraco é o preço de US$ 17 mil. “É um pouco salgado, mas é uma supercâmera que, por tudo o que oferece, é uma opção incrível a se considerar”, diz Américo.
CANON XC10 4K Simplicidade de manuseio
Para um público mais interessado em filmar e não em lidar com as preocupações técnicas envolvidas na atividade, a Canon apresentou XC10, uma câmera mais próxima das camcorders do que das HDSLRs e filmadoras profissionais. A simplicidade de configuração e uso – é possível tirá-la da caixa e começar a filmar, praticamente – é o grande diferencial da XC10, que já vem com uma objetiva 28-273 mm f/2.8-5.6 e alta capacidade de processamento e resolução: filma em 4K 30 fps com 12 stops de latitude. “Trata-se de uma boa F ILMMAKER
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Equipamento A pequena BlackMagic Micro Cinema chega para ser forte concorrente da GoPro Hero 4
Menor e mais leve, a versão Mini poderá ser usada diretamente no ombro, o que agrada a muita gente. Ela terá duas versões: uma em 4K e outra com resolução de 4.6 K e 15 stops de latitude, capaz de gravar em até 60 fps, a um custo mais elevado, de US$ 5 mil. “É uma solução muito boa, com uma imagem de textura cinemática tendo como diferencial o custo. Acho que ela vai bombar no Brasil, porque o aluguel não será muito maior que o de uma 5D Mark III, mas com a possibilidade de gravar 4K RAW”, avalia Américo.
BLACKMAGIC MICRO CINEMA CAMERA E BLACKMAGIC MICRO STUDIO CAMERA 4K Estética de cinema na palma da mão
A BlackMagic Ursa Mini, que grava em 4K e RAW, promete ser um sucesso graças ao equilíbrio entre qualidade e preço
opção, com boa qualidade de imagem, mas não a vejo em produções como longas e publicidade, e sim para aquele realizador que produz para outros formatos, como internet ou filmagens técnicas e corporativas”, avalia Américo. “Também é uma boa opção para usar como segunda câmera em um documentário ou câmera de bastidores”, diz. 26
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BLACKMAGIC URSA MINI Qualidade e baixo custo
A Ursa Mini, da BlackMagic, empolgou os visitantes da feira. Apesar de só chegar às prateleiras no segundo semestre de 2015, ela promete oferecer toda a potência de uma câmera de cinemaprofissional a um preço atraente, a partir de US$ 3 mil.
Além da Ursa Mini, a BlackMagic apresentou duas novas pequenas integrantes, que se diferem basicamente pela proposta de uso. A Micro Cinema Camera chega para brigar pelo mercado de filmagens de ação, competindo com as GoPro e ActionCam. Com um sensor Super 16 com global e rolling shutter , a câmera tem o diferencial de poder ser regulada para as mais diversas situações, como uma câmera de cinema. Com suportes e mounts semelhantes aos da GoPro, ela grava imagens em full HD, nos formatos DNG RAW e ProRes. “Por ser tão pequena, mas com o poder de processamento semelhante ao da Pocket Cinema Camera, chega para eliminar a concorrência. Ela se aplica a todas as situações de uma GoPro, mas com melhor qualidade”, conclui. Já a Micro Estudio Camera, apesar de gravar em 4K e custar apenas US$ 1.295, não permite a gravação interna de conteúdo. Pensada para utilização embroadcasting , a câmera é preparada para uso em estúdios televisivos, com conexões tipo SDI, e sendo controlada por meio de interfaces da própria marca, diretamente da sala de controle.
PIX-E funciona também como gravador e permite capturar imagens em até 4K
BlackMagic Video Assist funciona com baterias LP06, as mesmas utilizadas em uma série de câmeras Canon
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MONITORES E GRAVADORES MONITOR 4K PIX-E Preço acessível e com pegada profissional
Com um display touch de 1.920 x 1.200 (superiorao full HD), o Pix-E chega para disputar a preferência dos filmmakers . Disponível nas versões de 5 e 7 polegadas, o monitor de campo produzido pela Sound Devices funciona também como gravador e permite capturar imagens em até 4K a 24 fps ou full HD a 60 fps, competindo com o Shogun, da Átomos. O Pix-E grava no codec Apple ProRes 4444 XQ e é “ideal para ser usado em conjunto com câmeras como a Sony A7s, Canon C500 e Panasonic GH4, por exemplo, até por aceitar a importação de LUT’s direto no monitor”, segundo Américo. Outro diferencial está na mídia de gravação: o aparelho usa o formato Speed Drive, uma mídia de
alta velocidade que se conecta ao computador por meio de uma porta USB 3.0, atingindo altas taxas de transferência e facilidade na hora de descarregar os arquivos. “Com ele, dá para gravar e já sair editando. Além disso, é ótimo ter as marcas disputando a preferência do público, porque ganha-se em qualidade e em preço”, observa Américo. Mesmo em sua maior versão, de 7 polegadas, o Pix-E ainda é US$ 400 mais barato que o Shogun concorrente, tendo um preço de US$ 1.595.
BLACKMAGIC VIDEO ASSIST Alinhado com o mercado
Voltado ao público de HDSLR,trata-se de um monitor de 5 polegadas que também permite gravar o sinal de vídeo e que pode ser instalado direta-
mente sobre a câmera. O grande diferencial, além da qualidade conhecida da marca, é que o Video Assist funciona com baterias LP-06, as mesmas utilizadas em uma série de câmeras Canon, além de gravar diretamente no formato ProRes 10 bits 4:2:2. Vindo de câmeras que possuem saída limpa, como a Canon EOS 7D Mark II, entre outras, o gravador permite ter uma qualidade superior àquela que seria arquivada na própria câmera. “Com isso, ele adiciona qualidade às câmeras que já estão há anos no mercado, dando uma sobrevida a toda uma série de equipamentos”, observa Américo. Por US$ 500, é uma solução completa que une economia, qualidade e versatilidade ao fluxo de trabalho, pois é possível ter o arquivo em um formato já mais amigável à edição e à correção de cores. F ILMMAKER
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Equipamento Com o Mimic FreeFly, o diretor (de jaqueta verde) consegue operar a câmera com o estabilizador Mövi
Estabilizador Nebula 400 suporta câmeras de até um 1 kg
SUPORTES E ESTABILIZADORES NEBULA 400 Pequeno e poderoso
Uma novidade pequena, mas poderosa, assim é o Nebula 400, que a empresa Filmpower trouxe à NAB. Trata-se de um estabilizador giroscópico de três eixos montado sobre uma manete, como um joystick , capaz de su-
portar até 1 kg de carga – o suficiente para a maioria das câmeras mirrorless, como Sony A7S, Panasonic GH4 e até pequenas DSLRs. O sistema possui três módulos de regulagem. No primeiro, o gimball opera em conjunto com o operador e, no modo intermediário, segue com movimentos suaves as mudanças de
posição. “No terceiro modo, ele permanece reto, não importa o que estiver ocorrendo, e pode encarar qualquer desafio e fazer uma filmagem de fato totalmente estabilizada”, explica Américo. Com uma sapata própria para a função, o Nebula oferece ainda a possibilidade de ser colocado num shoulRedrock permite mapear a distância dos atores e ajuda o foquista a fazer o foco suavemente à mão
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ILUMINAÇÃO ARRI SKYPANEL Painel de led econômico
der rig, ampliando a estabilização. O
custo é outro atrativo: apenas US$ 800.
MIMIC FREEFLY O controle volta às mãos do diretor
Quem já usou o Mövi, da Freefly, sabe o quanto o fluxo de trabalho com o aparelho pode ser cansativo e desgastante. Com o Mimic, basta o diretor de fotografia controlar uma pequena barra metálica e, como num videogame, o gimball da câmera repete seus exatos movimentos. “A grande vantagem é ter um operador para apenas segurar o equipamento, enquanto o controle da imagem volta às mãos do diretor de fotografia”, observa Américo. “Eles revolucionaram o mercado com o Mövi, agora revolucionam a forma de usar o produto deles”, diz. Muitos diretores de fotografia experientes simplesmente não conseguiam trabalhar com ele pela necessidade de carregar o conjunto, muito grande e pesado. Outro ponto positivo
é o preço: apenas US$ 500, custo relativamente baixo, especialmente se comparado ao valor do estabilizador em si. “É um must have para qualquer um que já tenha o Mövi”, diz Américo.
HALO, DA REDROCK MICRO:
Sempre um passo à frente de sua concorrência, a Arri demonstrou mais uma vez por que é uma marca tão forte não apenas no setor de câmeras, mas também em acessórios para iluminação. Já lendária por seus refletores Fresnel e HMIs, a marca investe no campo das lâmpadas led com o Sky Panel, con junto de refletores econômicos e pro jetados com o que háde melhorna tecnologia do setor. Robusto, porém leve e fácil de transportar, o conjunto oferece controles totalmente customizáveis, que permitem selecionar com precisão temperatura de cor e intensidade, permitindo a criação de luzes mais suaves e artísticas para todo tipo de cena. “Grandes marcas sentem o mercado e se adequam. A Arri trouxe o background que já tinha em construção de refletorese depositou nesse produto que promete ser uma ótima solução tanto para o pessoal de estúdio quanto para externas, documentários, videoclipes e diversas outras aplicações”, avalia Américo Fazio.
De volta às origens
Ainda em 2010, a Red Rock abriu suas portas de olho no mercado com sistemas de follow focus pensados para asdificuldadesdosusuáriosdeHDSLRs. Agora,a marca retorna às suas origens com o Halo, sistema que revoluciona a forma de se pensar e trabalhar o foco. Ao usar um sensor a laser, o Halo cria um mapa das distâncias de atores e permite ao foquista ter a posição exata de todos os envolvidos na cena. “O conceito é inovador, pois ele consegue mapear a distância dos atores e permite ao foquista fazer o foco suavemente na mão, com informações precisas”, afirma Américo. O sistema custará entre US$ 2 mil a US$ 5 mil.
Sky Panel traz conjunto de refletores econômicos perfeito para produções em estúdio
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Curta-metragem
O AMOR EM NOVA YORK PELA LENTE DE UM SMARTPHONE Rodado inteiramente com um iPhone 6 e sucesso em festivais, o curta-metragem Romance in NYC mostra a intimidade de um casal POR LUÍSA
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PÉCORA
m romântico curta-metragem inteiramente filmado com um iPhone 6 tem dado o que falar em festivais internacionais. Romance in NYC , do diretor americano Tristan Pope, tira proveito da mobilidade do smartphone para reproduzir a intimidade de um casal nas ruas de Nova York em uma produção rodada em três dias e com um orçamento de apenas US$ 7,5 mil (cerca de R$ 22 mil), obtido por crowdfunding . O curta é filmado do ponto de vista do namorado. Pope, 31 anos, opera a câmera como um narrador-personagem: seja durante um abraço na cama ou um passeio no parque, busca dar a sensação de que o público enxerga o mesmo que ele. Para captar momentos tão pessoais, o diretor queria que a filmagem também fosse íntima, sem grandes equipamentos e equipe numerosa. “Escolhi o iPhone porque era o melhor modo de contar a história. Senti que finalmente tinha encontrado a mídia que queria para alcançar essa sensação de intimidade e sinceridade”, afirma. Mas Pope também sabia que, para ir além do vídeo caseiro, precisava dominar a técnica. “Mesmo quando se filma com o celular, ainda é preciso entender de direção, de som e de luz. Não é porque você tem uma câmera que saberá fazer um filme”, afirma.
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Romance in NYC retrata a intimidade de um jovem casal e foi filmado com iPhone 6
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Curta-metragem c i r a M n a l i M : s o t o F
Em cenas noturnas, a assistente de direção iluminava as ações com um refletor de led
A primeira experiência de Pope com a mobile filmmaking foi Dancers of NYC , curta de menos de dois minutos. Durante a filmagem, ele se impressionou com a qualidade de uma imagem do sol capturada pela câmera do iPhone e decidiu se dedicar a um projeto mais ambicioso. Em Romance in NYC , ele acumulou as funções de diretor, editor, produtor-executivo e diretor de fotografia. Contou com mais sete pessoas na equipe, a começar pela assistente criativa Natalie Deryn Johnson, que fez de tudo um pouco: ajudou no roteiro, segurou portas para que Pope pudesse passar enquanto filmava e, 32
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em algumas ocasiões, operou a câmera para que o diretor usasse as duas mãos em cena. Virag Gulyas comandou o casting, do qual participaram mais de mil atrizes. A escolhida foi Rachel McO wen, que fez uma ponta em um filme da franquia Homem-Aranha e interpretou Miley Cyrus em um viral da internet. No papel da namorada, seu visual ficou a cargo do figurinista David Crowley e das maquiadoras Paige Campbell e Missy Scarbrough, que tiveram a missão de manter o rosto da atriz com aparência natural. “O iPhone mostra a pele extremamente clara, mais do que as câmeras nor-
mais”, explica o diretor. Por fim, Milan Maric ajudou na iluminação e gravou imagens dos bastidores com uma Canon EOS 7D. Pope não queria que o making of fosse rodado com um celular para que não tivesse a mesma estética do curta. “Além disso, precisava que ele usasse uma teleobjetiva para poder estar longe da ação, filmando sem aparecer no frame ”, explica.
EQUIPAMENTOS As imagens de bastidores foram usadas no making of divulgado na internet e em vídeos feitos para os patrocinadores: as empresas Glidecam
Entre os equipamentos usados para estabilizar as imagens estão um Blackwing Handle, um Generic Glidecam HD1000 e um Joby Gorilla Pod
e Blackwing e o aplicativo MoviePro, que doaram produtos e/ou contribuíram para a campanha de crowd funding . Em geral, os equipamentos usados por Pope buscaram dar estabilidade à filmagem. Em cenas em que os personagens andavam ou corriam, o diretor optou por um estabilizador Glidecam HD-1000. Em takes mais estáticos, utilizou suportes da Blackwing que permitiam segurar o iPhone com segurança. Um tripé maleável Joby Gorilla Pod F ILMMAKER
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Curta-metragem c i r a M n a l i M : s o t o F
O curta mostra o ponto de vista do namorado o tempo todo e não há diálogos, apenas ação, trilha sonora e ruídos da cidade
riores a 1%. Antes da filmagem, contatou o desenvolvedor e deu sugestões. “Trabalhamos juntos para criar e implementar ideias que agora estão disponíveis para o público”, conta. “O aplicativo salvou minha pele em várias ocasiões e o resultado foi maravilhoso: me ajudou a entender como o iPhone podia filmar melhor e me permitiu levá-lo ao limite”, diz.
SOM E PÓS-PRODUÇÃO DSLR foi operado de forma curiosa: Pope segurou apenas uma das “pernas” do acessório e usou as outras duas no próprio rosto, para posicionar o iPhone um pouco acima dos olhos. Isso permitiu que ele movesse a cabeça enquanto filmava, o que apelidou de “ângulo do namorado”. De acordo com as necessidades de cada cena, foram usados diferentes suportes, estabilizadores, tripés e monopés, além de um carregador de bateria portátil da Anker. Para melhorar contrastes, reduzir reflexos e 34
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criar outros efeitos de iluminação, a equipe recorreu a um filtro polarizador, um refletor portátil da Newer e um refletor de Led da AmazonBasics. “O iPhone pode estourar a luz facilmente, e precisávamos estar preparados”, justifica. O aplicativo MoviePro permitiu ampliar a funcionalidade da câmera do celular em quesitos como exposição, temperatura de cor e taxa de captura. Pope foi atraído pela promessa de que, se o produto falhasse, as chances de perder o material seriam infe-
Como Romance in NYC não tem diálogos, o roteiro apenas listava locações e os sentimentos e ideias que deveriam ser transmitidos em cada cena. O improviso foi frequente e bem-vindo. A ausência de diálogos também descartou a necessidade de equipamentos para captação de áudio. No pós-produção, que levou entre duas e três semanas, foram adicionados efeitos de som urbanos (como o barulho do metrô) e uma trilha sonora criada especialmente para o filme por artistas independentes. Toda a correção e edição de áudio
OS EQUIPAMENTOS USADOS NO CURTA Presilha Blackwing
Sholder rig genérico
Follow-focus
Minitripé Reticam
Cabeça de tripé Reticam
Filtro polarizador Empunhadura Blackwing
Empunhadura Blackwing
Battery pack Anker
Estabilizador Glidecam HD-1000
Minitripé maleável Gorilla Pod
foi feita em computador com o pacote Adobe Suites (Adobe Premiere e After Effects), enquanto a correção de cor foi feita com Magic Bullets, Custom LUTS e Davinci Resolve. E as cerca de 30 horas de material resultaram em um curta de 17 minutos e 44 segundos que será distribuído na internet (provavelmente no iTunes) depois de encerrar a carreira nos festivais. Romance in NYC já foi exibido em Nova York, Madri, Zurique e Toronto, e rendeu a Pope convites para palestras em lojas da Apple.
A HISTÓRIA DITA A CÂMERA Entusiasmado com o baixo custo e a mobilidade da filmagem com o celular, o diretor já fez outro curta com o iPhone, Snowday , que tem três
A assistente Natalie Deryn Johnson operava o iPhone quando Pope precisava usar as duas mãos F ILMMAKER
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Curta-metragem c i r a M n a l i M
A fim de ampliar a funcionalidade do iPhone 6, o filmmaker usou o aplicativo Movie Pro, que permite quesitos como exposição e temperatura de cor
minutos de duração e capta os movimentos de uma dançarina durante uma nevasca. “É um formato extremamente libertador. Tenho um equipamento realmente incrível, que me permite estabilizar e criar quadros que me custariam milhares de dólares em qualquer outro meio”, afirma. Isso não significa que Pope não voltará a filmar com outras câmeras – aliás, ele diz estar de olho em uma Sony Alpha 7S. “Se meu próximo filme ficar melhor nas lentes de uma RED ou BlackMagic, vou utilizá-las”, diz. Para ele, a tecnologia permite que o cineasta escolha sua câmera de acordo com a história que quer contar, sem se preocupar em seguir o padrão da indústria. “Quando era mais jovem, alugava equipamentos e acessórios não porque fosse utilizá-los, mas para que as pessoas me levassem mais a sério. Com o sucesso da mobile filmmaking , não é mais o caso. Uma história é uma história, não importa se você a vê em 1080p ou 4K”, avalia. 36
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EXPERIÊNCIAS Foi durante a faculdade de Teatro que Pope descobriu o interesse pela direção. Sem treinamento formal em cinema, ele considera que o trabalho como ator, dançarino, fotógrafo e diretor teatral o ajuda atrás das câmeras. “Sinto que tudo se combina no que faço agora: dirigir. Se por um lado sou autodidata, por outro penso que minha vida, minhas experiências e o que a i r a m i D a s s y l A
aprendi com tentativa e erro, ou apenas assistindo a muitos filmes e peças, me ajudaram a ter as habilidades que tenho”, avalia. Também foi crucial a passagem pela empresa de software e games Blizzard Entertainment. Durante pouco mais de quatro anos, Pope dirigiu, editou e produziu material para as séries Warcraft e Diablo, além de trabalhar no episódio Make Love, Not Warcraft do seriado South Park , que combinou animação e videogame e foi premiado com o Emmy, o Oscar da TV americana. Pope diz ter deixado a Blizzard para “trabalhar com pessoas”. Ele afirma que, como diretor, quer focar mais nos aspectos humanos e na história do que nos aspectos técnicos. “Mas você não pode fazer um sem o outro, por isso sou grato pelas proezas técnicas que aprendi”, diz. A formação em teatro ajudou o diretor Tristan Pope em sua atuação atrás das câmeras
Dicas técnicas O gravador Zoom H6 é mais robusto, vem com mais acessórios e tem mais funcionalidades do que os modelos anteriores
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CONHEÇA EM DETALHES O NOVO
GRAVADOR ZOOM H6 Aprenda as funcionalidades e os recursos do aparelho que promete ser a nova sensação dos filmmakers para a captação de áudio em campo e no estúdio POR GUILHERME MOTA
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ravar áudio com qualidade é, mais do que um preciosismo, uma necessidade, especialmente nos casos em que não é possível regravar nem corrigir uma captação – como em entrevistas, documentários e esportes, por exemplo. Anos atrás, realizar essa tarefa com qualidade profissional parecia impossível para equipes reduzidas e orçamentos limitados. Mas a chegada ao mercado do Zoom H4n (apresentado em detalhes na edição número 8) mudou radicalmente isso. Agora, a novidade é o Zoom H6, uma versão mais moderna e funcional do famoso gravador. Para explorar todo potencial do aparelho, FilmMaker entrevistou Adriano Plotzki, da Aiá Produtora, que utiliza o H6 em todas as suas produções.
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Dicas técnicas
Plotzki é franco em afirmar que, apesar das várias vantagens do novo modelo, comprar um H6 pode nem sempre ser a melhor opção. Atualmente, ambos os modelos são fabricados pela Zoom, e no mercado dos Estados Unidos o H4n custa cerca de US$ 200 (sem acessórios), enquanto o H6 não sai por menos de US$ 400, o dobro do preço. Ele defende que, por serem da mesma categoria (o H6 é uma “evolução” do H4n), um não desabilita o outro. “O H6 vale a pena e é uma ótima compra. No entanto, se você está montando um setup de gravação e precisa
deixar de comprar um microfone para ter um H6, por exemplo, aí não compensa. Compre um H4n e o microfone, um shotgun ou um Rode Videomic, por exemplo. Melhor ter isso que somente o H6”, avalia. Segundo o filmmaker , com o H4n é possível fazer uma ótima captação de áudio. No caso do H6, Plotzki diz que o aparelho faz tudo de uma forma melhor e mais profissional. “É um ótimo upgrade ”. Para saber mais, conheça as dez mudanças e características que tornam o H6 uma escolha acertada para os produtores independentes.
Microfone direcional shotgun é um dos acessórios que vêm com o gravador
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Gravador H6 com microfone XY acoplado em cima da câmera
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Detalhe 1 Consumo reduzido A economia de energia é um aspecto primordial para quem está em campo, especialmente se você precisa gravar por longas horas ininterruptamente. No Zoom H6 esse é um fator levado muito a sério. Alimentado por apenas quatro pilhas AA comuns – e fáceis de ser encontradas em qualquer mercado –, o aparelho pode funcionar por 24 horas com apenas um jogo, um diferencial e tanto. Em uma de suas produções regulares, a websérie “Hasthag Sal” ( #SAL), Plotzki passa dias seguidos no mar, e
economizar baterias é um aspecto crítico. “Para mim esse foi um fator decisivo em favor do H6. Estava entre ele e um Tascam DR60, mas a bateria do outro durava apenas duas horas”, explica ele. “Mesmo com a reputação maior da Tascam, o fator pesou decisivamente”, explica. Plotzki achava que por ser maior, com uma tela grande e mais entradas, seria um aparelho de maior consumo. “Mas aconteceu o contrário. Ele é mais econômico que o H4n”, observa o filmmaker .
Aparelho funciona por 24h com apenas um jogo de quatro pilhas AA
Detalhe 2 Microfones próprios
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Enquanto o Zoom H4n conta com um microfone XY embutido, que não pode ser removido, o modelo H6 oferece diversas opções, que podem ser trocadas de acordo com a finalidade da gravação. Além do XY, o aparelho apresenta duas opções: um microfone direcional do tipo shotgun, para montagens acima da câmera; e um microfone MS, que possibilita ajustar, no próprio aparelho, a intensidade do efeito estéreo captado na gravação. “Num diálogo, por exemplo, ajusto a conversa mais próxima do mono. Já numa cena externa busco um efeito estéreo mais intenso”, explica Plotzki. “É possível conseguir essa regulagem na pós-produção ou no processamento que o próprio aparelho realiza para você”, afirma. Em sentido horário: os microfones XY e MS, e um redutor de ruídos
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Dicas técnicas
Detalhe 3 Monitoração aprimorada
O aparelho permite selecionar especificamente quais entradas de microfone você quer escutar
A função básica de um gravador de qualidade é monitorar o áudio. Quando se trabalha com diferentes entradas, no entanto, selecionar especificamente qual microfone escutar é um benefício altamente valioso. A ausência dessa função no H4n obriga o operador a ouvir todos os microfones. No H6 é possível gravar diversos canais e monitorar apenas um ou jogar
canais para apenas um lado do fone, entre outras opções. “Já tive gravações com um dos microfones apresentando muito ruído, usado apenas para as perguntas do entrevistador. O importante era saber se o microfone do entrevistado estava bem, e o aparelho permite escutar apenas esse canal, evitando qualquer problema”, afirma.
Detalhe 4 Multifuncionalidade Por ter tela colorida e com ferramentas específicas para a edição de áudio, o H6 oferece praticamente uma “mesa” de seis canais à disposição do usuário, com um amplo número de funções que podem ser acessadas e utilizadas ainda em campo, como filtros de áudio, redutores de ruído, gravações em níveis diferentes, phantom power, entre outras. Essa versatilidade de ferramentas amplia enormemente o potencial criativo e os limites de uso do aparelho em campo e em estúdio.
Não importa qual a estrutura física ou de equipe, o Zoom H6 pode fazer a diferença na forma de o filmmaker independente encarar o áudio. “A multifuncionalidade e a função da mesa são fantásticas, e muita gente tem suas necessidades atendidas por essas ferramentas”, diz Adriano. “É preciso reconhecer, no entanto, que a mesa precisaria de mais botões para ser mais prática e o número de menus para navegar ainda é bem grande, mas a ferramenta permite muitas aplicações”, avalia. Visor colorido apresenta os canais que podem ser acessados pelo usuário, como redutor de ruído e filtros de áudio
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O Zoom H6 traz a função “pre-recording”, que começa antes mesmo de ser apertado o “REC”
Detalhe 5 Pré-gravação Perder o início de um depoimento pode arruinar toda uma gravação. No H6, é possível ajustar o equipamento para que ele esteja sempre a postos antes mesmo do botão “REC” ser acionado. “Ele está sempre gravando e jogando fora alguma coisa. Quando você clica para gravar, ele já armazenou um pouco. Isso pode ser interessante em várias situações, como entrevistas importantes”, diz Plotzki. Chamada de “pre-recording”, a função de gravação contínua possibilita salvar sempre os últimos dois segundos. Se a bateria for uma preocupação, no entanto, talvez seja melhor abrir mão da vantagem, pois na prática ela coloca o aparelho em modo de gravação constante.
O botão REC agora tem apenas uma função: gravar
Detalhe 6 O botão REC Por mais simples que pareça, esse detalhe faz toda a diferença. No modelo anterior, para iniciar uma gravação, era preciso apertar duas vezes o botão de REC: uma para ativar a monitoração e outra para começar a gravar de fato. No H6, o botão realiza apenas uma função: gravar. E isso muda tudo. “Era comum perder o início de entrevistas porque o aparelho simplesmente não estava gravando”, afirma Plotzki. “Agora, com a 'mesa' do gravador, existem outros jeitos de ligar e desligar a monitoração”, conta.
Detalhe 7 Robustez e design
O novo modelo melhorou no design e mostra mais robustez que os anteriores
Os aspectos construtivos melhoraram no novo modelo. Assim, enquanto o modelo H4 tinha um aspecto frágil e o sucessor H4n melhorou no quesito resistência a choques, o H6 apresenta um aspecto de robustez ainda mais aprimorado. “Ele tem uma estrutura de metal e é visível que sua construção é bem superior à dos antecessores”, afirma Plotzki.
Detalhe 8 Botões analógicos É fato: quando se trata de realizar ajustes finos ou regular alguma variável rapidamente, botões analógicos são uma vantagem considerável. No H6, o controle do volume de gravação é realizado com botões analógicos, um para cada canal de gravação. “Isso é muito bom, porque é muito mais prático e me permite regular a relação sinal/ruído melhor e afinar o resultado durante a entrevista. Antes, acabava sendo mais conservador, usando um número mais baixo para não errar
Botões analógicos ajudam a fazer rapidamente os ajustes finos
porque era muito difícil ajustar o volume”, diz Plotzki. Mas em que isso ajuda de fato? Com um ganho mais acertado, há menos ruídos e mais qualidade na gravação. “Como no alcance dinâmico de uma foto, a relação sinal/ruído aprimora a qualidade do que está sendo captado”, explica o filmmaker . “Se uma gravação tem 16 bits de amplitude, quando gravo muito baixo estou usando apenas 13, 14 bits, perdendo qualidade”, diz.
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Dicas técnicas
Detalhe 9 Com mais entradas Quanto mais opções de gravar e mixar o áudio, melhor, em qualquer situação. Além dos microfones, o H6 conta com um acessório específico, que permite conseguir duas entradas XLR adicionais de áudio. Com isso, ele funciona como um verdadeiro gravador de campo, com seis entradas de áudio. Essa função pode ser muito útil para aplicações como capturar o áudio proveniente de uma mesa (em festas e eventos, por exemplo) ou os diferentes microfones e instrumentos de uma banda, entre outras cenas de maior complexidade.
O H6 tem duas entradas XLR adicionais de áudio
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Detalhe 10 A tela
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A tela colorida, inclinada e com mais resolução em relação ao modelo anterior facilita – e muito – a vida do operador em diversas situações. “Você consegue monitorar e operar o aparelho com muito mais facilidade. Pensei que fosse exigir muito da bateria, mas isso não ocorre”, observa Plotzki. Além disso, como a tela é na diagonal, é possível pendurar o aparelho no pescoço para uso em campo. “É perfeito, você olha para baixo e consegue ver as informações”. Um operador de som direto, por exemplo, pode monitorar os níveis de gravação sem usar as mãos, enquanto se ocupa de guiar o varão de boom e caminhar pelo set , com o restante da equipe, atores e entrevistados. O ponto negativo: no sol, o LCD do H6 pode ser um pouco difícil de ler. “Isso é normal. Colocar a mão para fazer um pouco de sombra pode resolver”, afirma o filmmaker . A tela colorida e inclinada ajuda na visualização de informação da captação
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Primeiros passos
DOMINE O
SLOW MOTION Não são todas as câmeras que são aptas para capturar e produzir o efeito, mas há plugins e programas de edição que podem ajudar. Veja como filmar em câmera lenta POR GUILHERME MOTA
O
slow motion é uma poderosa ferramenta de narrativa e, sem dúvida, um dos recursos estéticos mais bem aproveitados pelos diretores de cinema nas produções recentes. Todos os grandes diretores usam, em maior ou menor grau, a câmera lenta como importante recurso. No cinema nacional atual, pode-se conferir a técnica em alguns sucessos de bilheteria, como Tropa de Elite 2 (2010), de José Padilha, Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, de uma forma ainda mais impactante,
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em 2 Coelhos (2012), de Afonso Poyart. Desde os primórdios do cinema, entretanto, a exibição de cenas mais lentas que o normal atrai a atenção do público, entre os clássicos estão Um Homem com uma Câmera (1929), do russo Dziga Vertov, e Olympia (1938), do alemão Leni Riefenstahl. Com elas, é possível guiar o olhar do espectador, chamar a atenção para determinado evento ou criar tensão e suspense – como em Os Sete Samurais (1954), do japonês Akira Kurosa wa, O Iluminado (1980), do ameri-
No filme 2 Coelhos (2012), de Afonso Poyart, o uso de câmera lenta reforça o impacto visual das cenas e ajuda a contar a trama
cano Stanley Kubrick, ou Cães de Aluguel (1992), do também americano Quentin Tarantino. Para construir uma boa cena em câmera lenta, porém, é preciso balancear cada variável para atingir o resultado sem prejudicar a qualidade de sua imagem e saber até que ponto seu equipamento está preparado para realizar a função. A fim de extrair o máximo de sua câmera para criar cenas perfeitas em slow motion, é preciso estar atento a uma série de fatores. Veja quais são eles.
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Primeiros passos
O efeito slow motion é bastante usado para mostrar uma ação congelada
Ao lado, o menu de frame rate da Nikon
D810: as HDSLRs têm alcançado taxas de frames por segundo cada vez maiores; à esq., o gravador externo Odyssey 7Q, que armazena imagens e ainda pode ser usado como monitor
1. CONCEITOS BÁSICOS
Quando se trata de câmera lenta, é importante ter em mente que o ob jetivo é sempre o de filmar cenas que envolvam alguma ação, que será “congelada” no tempo em maior ou menor grau. Uma cena em câmera lenta é, na realidade, capturada em 48
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uma velocidade superior à normal. A taxa de captura em um vídeo é medida em frames por segundo (fps). O padrão clássico de tempo de captura do cinema é 24 fps, ou seja, 24 capturas de imagem ocorrem a cada segundo de gravação. Na reprodução, ocorre o mesmo: em um segundo de “tempo normal” do cinema, você assiste a todos os 24 quadros gravados. Se você “esticar” para o tempo de um filme normal, o efeito de câmera
lenta não será perfeito, pois não há frames suficientes para preencher o tempo restante. O resultado é um vídeo que fica “pulando”, com aspecto pouco natural. Quando se grava em 60 fps, por exemplo, é preciso de mais tempo (2,5 segundos na realidade) para mostrar todos os frames , ou seja, tudo o que ocorreu em apenas um segundo. E a sensação, ao assistir à cena, é a de que o tempo transcorreu mais lentamente que o normal.
2. EXIGÊNCIAS TÉCNICAS
Gravar uma cena em slow motion (câmera lenta) não é apenas uma questão de selecionar uma opção no menu da câmera e começar a rodar. Primeiro porque a capacidade de capturar ou não vídeos nesse formato depende exclusivamente do equipamento, em um primeiro momento. De modo geral, a maioria das HDSLRs tem os formatos 1080p/24 fps e 720p/60 fps como padrão de filmagem. Porém, àmedidaque atecnologia avança, cada vez mais filmadoras, HDSLRs ou câmeras mirrorless ganham a capacidade de filmar acima dos24fps utilizadosnocinemaclássico e dos 30 fps, mais comuns à televisão. Sony FS700 e Sony Alpha A7S, Panasonic GH4, Canon EOS 5D Mark III, Nikon D850, BlackMagic 4K e Red Epic são alguns dos modelos que vão além desse padrão. Até aparelhos celulares já ultrapassaram essa marca, como o iPhone 6, capaz de filmar a 240 fps. Além disso, é preciso contar com cartões de memória rápidos o suficiente para acompanhar o fluxo de dados gerado pela câmera. Modelos novos são lançados a cada dia, e os
Em muitas câmeras, como na GoPro Hero 4, altas taxas significam menor resolução; do 4K ao 720p, a queda na qualidade da imagem é sensível, como é visível no detalhe ao lado
mais indicados são do tipo UHS-I a UHS-III, que suportam até 280 MB/s de gravação, que existem nos formatos CF, SD e Micro SD. A alternativa é adaptar gravadores externos como o Átomos Ninja ou o Odyssey 7Q, que usam SSDs para armazenar as imagens por meio da saída HDMI das câmeras e, em alguns casos, ainda funcionam como monitor de campo.
3. O FATOR RESOLUÇÃO
Ao contrário de produtos especializados como a linha Phantom (capazes de filmar até 1530 fps em full HD), a maioria das câmeras não é fabricada tendo o slow motion como objetivo
principal. Foraanecessidade dosensor apropriado, a captura em altas taxas produz uma quantidade de dados muito superior à normal e exige uma grande capacidade de processamento. Em muitas câmeras, o recurso de slow motion é obtido com o uso de apenas uma parte da resolução máxima e do sensor. Isso permite que ela consiga lidar com o aumento de frames e toda a informação resultante. Assim, quanto maior a velocidade de captura, menor a imagem. A GoPro Hero4 Black, por exemplo, atinge a incrível marca de 240 fps – dez vezes o padrão normal de captura. Para conseguir isso, no entanto, é preciso reduzir o vídeo ao paF ILMMAKER
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Primeiros passos
Acima, imagens em movimento registradas a 24 fps, como o trem, ficam “borradas” pelo movimento; quando há mais imagens registradas por segundo perde-se o efeito blur , ao lado
frames é aumentada, diminui-se pro-
porcionalmente o tempo que cada um ficará exposto e, consequentemente, a forma como a ação será registrada nele, mais nítida e clara, sem o clássico “motion blur ” (desfoque) dos 24 fps.
5. MENOS TEMPO, MENOS LUZ
drão HD (720x1280), um formato 2,25 vezes menor que o padrão full HD (1.080 x 1.920 pixels) e nove vezes menor que o limite da câmera, de resolução 4K (3.840 x 2.160 pixels).
4. O EFEITO VISUAL
Como uma fotografia feita com baixa velocidade de exposição, a captura em 24 fps não produz frames exatamente perfeitos e nítidos em grande 50
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parte dos casos, especialmente quando há movimento na cena. Muitos profissionais defendem que esse é um importante fator, responsável por dar a um filme aquela “cara de cinema”, ou seja, a estética característica para a qual o espectador já está acostumado, utilizada há mais de cem anos para a produção de filmes. Em altas taxas de captura, o primeiro fator de mudança será justamente esse. Quando a quantidade de
Menor tempo de exposição significa, invariavelmente, uma menor quantidade de luz que atinge o sensor a cada frame , o que pode resultar em imagens mais escuras e inviabilizar muitas cenas. Para lidar com esse problema, existem duas soluções: aumentar a quantidade de luz utilizada ou a sensibilidade do sensor, subindo o ISO da câmera. Na primeira opção, o lado negativo é o investimento em tempo e recursos de produção para criar a luz ideal, uma vez que cenas de ação tendem a ocorrer em locais amplos e, por isso, mais difíceis de iluminar. Quanto ao ISO, o problema estará na perda de qualidade da imagem, com aumento gradativo do ruído nas cenas, o que po-
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Sequência de imagens, gravadas com uma Phantom Miro a 1500 fps: é possível perceber que apenas o objeto está iluminado, enquanto o plano de fundo fica subexposto
derá até inviabilizar a tomada. Em função disso, é comum que cenas com planos muito abertos sejam filmadas sempre durante o dia, pois é possível conseguir imagens de alta qualidade sem grandes investimentos em iluminação, como na gravação de esportes radicais. Caso contrário, as cenas tendem a ficar subexpostas. Esse é um dos motivos pelos quais esportes radicais e outras cenas que requerem um grande ângulo de visão são sempre filmadas durante o dia, preferencialmente sob o sol, ou com uma grande estrutura de iluminação artificial de estádios e ginásios.
6. O OBTURADOR
As antigas câmeras de filme e alguns modelos específicos, como as Phantom, não são configurados em função da velocidade, mas sim do “ângulo” do obturador (que “gira” à medida que o filme passa pela câmera). Quanto menor o valor em relação aos 360° (de uma volta completa por frame ), menor a fração de tempo que F ILMMAKER
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Primeiros passos
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COMO SIMULAR O SLOW MOTION Plugins, aplicativos e outros programas de interpolação
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e a sua câmera não permite atingir altíssimas taxas de captura, usar recursos de pós-produção para conseguir o efeito deslow motion pode ser uma boa pedida. Isso pode ser realizado diretamente nos editores de vídeo e programas de efeitos especiais como o Final Cut, Adobe Première e After Effects, por meio de recursos que simulam o slow motion, ou de plugins como o Twixtor e o Kronos, vendidos à parte. Esses efeitos criam frames cujos pixels “imitam” os dos anteriores e posteriores, preenchendo os espaços “vazios” entre um e outro, recurso chamado de interpolação. Para imagens onde a diferença entre frames é clara e previsível – sem muitas variações de forma e textura, como um objeto caindo, por exemplo –, o efeito
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funciona de maneira muito mais eficiente e agradável. Algumas imagens, por outro lado, nem sempre seguem uma lógica regular e previsível de progressão. E a interpolação pode ser praticamente impossível, gerando grandes efeitos de distorção. O melhor a fazer é experimentar caso a caso os limites que podem ser alcançados e como cada plugin responde a determinada situação. Para quem filma com smartphone , dezenas de aplicativos permitem aplicar o efeito diretamente no aparelho, utilizando a mesma técnica da interpolação. Aplicativos famosos incluem o SlowCam, Dartfish Express e SlowPro, para IOS; e Coachs Eye, SlowMotion Video FX e Controlled Capture, para aparelhos Android.
É possível ver o quanto o plugin Twixtor altera a imagem para criar o efeito em arestas, bordas de objetos e texturas em movimento
Display de câmera Nikon D810 mostrando a velocidade de disparo em 1/60s
o sensor é “exposto” em relação à taxa de captura. Nas câmeras HDSLR, isso é ajustado pela velocidade de disparo, como uma referência similar ao obturador. Na prática, o ideal é utilizar uma velocidade duas vezes maior que a taxa de captura desejada (equivalente a 180o no obturador). Se você filma a 24 fps, a velocidade ideal é de 1/48s. Para gravar a 60 fps, esse valor já sobe para 1/120s. Usar uma velocidade de obturador muito acima dessa proporção pode gerar imagem com a sensação de “ flickering ”, um efeito indesejado.
Eventos sociais
O RETORNO DAS
FESTAS DE 15 ANOS Após alguns anos de queda, os bailes de debutantes voltaram com força total. O filmmak film maker er Gui Dalzoto, especialista no assunto, fala sobre as tendências do segmento POR PO R GUILHERME
S
MOTA
e há alguns anos o mercado de filmagens de casamentos foi balançado pela chegada de novos equipamentos e uma mudança estética completa, comple ta, era apenas uma questão de tempo para que essa “onda” influenciasse outros segmentos segment os da cobertura de eventos e festas. Agora, o mais novo nicho dessa transformação está nas tradicionais “Festas de 15 anos”, como têm sido chamadas. Mais que um serviço adicional, o mercado de filmagens está no centro das atenções dessas festas, marcadas por uma relação íntima entre o protocolo, o cenário e a preparação de peças audiovisuais audiovisuai s complexas feitas sob medidaparacadacliente. Aocontrárioda tradicional “Festa de Debutantes”, com um protocolo longo e maçante, os novos eventos vêm recheados de dinamismo e diversão. Mas sem perder de vista vist a elementos clássicos como a dança com o pai e a entrada marcante da debutante.
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O audiovisual é o grande destaque das modernas festas de 15 anos, que voltaram a aquecer o mercado
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Eventos sociais
Ao lado, momentos dos bastidores do clipe; acima, cena do clipe final que será exibido na festa de 15 anos
“O vídeo de 15 anos está cada vez mais valorizado e mudando toda a indústria nesse ramo. Em 2014, nossa equipe realizou mais vídeos de festas desse tipo do que casamentos. E cada uma com aspectos próprios. É uma superprodução a cada evento”, explica o filmma filmmaker ker Gui Dalzoto. Como exemplo das transformações do mercado, Dalzoto cita uma festa registrada em 2014, na qual todo o roteiro da festa foi determinado pelas necessidades e orientações da equipe de vídeo. Segundo ele, o segmento de festas de 15 anos é tão ou mais intenso e concorrido do que o de cerimônias de casamento. “Muitas festas são maiores e gastam mais do que casamentos, é uma mercado que está crescendo muito”, diz. Apesar de similares, cada formato possui suas próprias características e peculiaridades, e saber compreender 56
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as necessidades de cada um é o segredo para uma filmagem de sucesso.
com a família, a educação e a história pessoal de cada uma”, conta.
AS CLIENTES
EXIGÊNCIAS ESPECIAIS
Nesse segmento, a mudança começa já no perfil das clientes. Em vez de noivas, meninas de apenas 14 anos que esperam ansiosamente pela festa. Por ser uma fase de transformações, incertezas e mudanças, é preciso que o film filmmak maker er esteja atento para captar a verdadeira personalidade da cliente, o que varia de pessoa para pessoa. “Dos 13 aos 15 uma menina muda muito. Elas começam a interagir mais com o mundo, a participar de eventos sociais e muitas querem tomar decisões sobre o vídeo. É possível encontrar meninas de 15 anos com maturidade maior do que muitas noivas, que sabem o que querem e são determinadas. Enquanto outras são mais infantis, crianças ainda. Tudo varia de acordo
Como no mercado de vídeos de casamento, a produção de uma festa de debutantes envolve a criação de diferentespeçasaudiovisuais,utilizadas em momentos distintos do processo. Dalzoto costuma trabalhar com um formato básico que envolve a produção de três vídeos: um clipe para a festa, um vídeo de bastidores do clipe e o vídeo final. Isso, no entanto, não impede a retirada de um desses formatos ou a inclusão de outros mais familiares a cada filmm filmmaker aker . O vídeo de bastidores do clipe é composto de curiosidades, pequenos trechos das gravações e outros detalhes que ficariam de fora de um vídeo oficial. Como um trailer de cinema, os bastidores costumam ser liberados antes
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do oficial da festa, postados em redes sociais e divulgados entre os amigos, familiares e convidados da aniversariante. “Para a produção desse vídeo, sempre tem uma pessoa gravando comigo, capturando tudo o que faço. Enquanto não se grava o clipe oficial, a própria câmera principal está ligada, produzindo material. Na hora do clipe, assumo a direção e uma pessoa fica apenas nos bastidores”, conta. Preparado para ser exibido durante a festa de 15 anos, o videoclipe é uma das peças mais importantes de toda a produção. Ao contrário dos vídeos de casamento, em que a história dos noivos é retratada o mais próximo possível da realidade, para esse videoclipe tudo pode ser criado. Mesclar ficção e realidade é muito comum. Em função disso, logística, prazo e necessidadesde produçãopodem aumentar vertiginosamente. “Teoricamente, é mais fácil fazer um vídeo de 15 anos por não haver duas famílias envolvidas, como em casamentos. Ar-
tisticamente, porém, é dez vezes mais difícil porque todas querem inventar uma série de coisas”, diz. Mesmo nos vídeos em que a adolescente opta pela ficção, os clipes de 15 anos sempre trazem elementos da realidade que envolvem situações do cotidiano da aniversariante, comofestas, esportes, o colégio e, claro, todos
os amigos. “Todo o material é construído a partir da entrevista com a cliente, da conversa com a família e do que dá para fazer de fato com as ferramentas disponíveis”, explica. Para a entrega final, além dos dois primeirosvídeos, Dalzoto ressaltaque o desafio está em realizar um produto capaz de resistir ao tempo. Para isso,
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Dalzoto trabalha com uma equipe que registra todo o making of da produção do clipe da festa F ILMMAKER
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Mercado
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Nos clipes é comum misturar ficção com realidade, mas todos trazem sempre a presença da família e dos amigos
ele e sua equipe mesclamdepoimentos de familiares, amigos e o registro da própria festa. “Muitas famílias, no dia a dia, não falam frases como ‘eu te amo’ com tanta frequência, e esse registro se torna ainda mais poderoso com o tempo”, observa. MAIS FAMÍLIA
Segundo ele, mais que um registro da festa, é importante que o vídeo final foque na história da menina, mesmo que outros fatores possam parecer importantes no momento da festa, como a presença de “celebridades” entre os convidados. “Corto quase todos os excessos do meu vídeo final, porque busco a história verdadeira daquela menina”, explica. “Aos 15 anos a família é a parte mais importante da vida dela, mesmo que hoje ela não pense nisso. Daqui a alguns, se no vídeo aparecer mais o convidado especial ator de novela ou o cantor, ela vai sentir falta de outros elementos. A mãe pode não estar mais 58
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com ela, a avó pode ter morrido, e aí, nesse momento, ela dará importância para o vídeo”, avalia. BOAS HISTÓRIAS
Segundo Dalzoto, a mudança constante nos equipamentos e tecnologias de captação influenciam a produção em função da relação mais íntima que as clientes têm com as novas tecnologias. Além disso, muitos equipamentos, por serem mais acessíveis, são considerados e até exigidos pelas clientes na hora de produzir o clipe. No fim das contas, porém, mais importante do que ter um bom equipamento, é contar bem a história, reforça o filmmaker . A equipe de Dalzoto é composta por quatro pessoas trabalhando diretamente na produção e captação, e mais três editores, que já recebem todo o material pronto e roteirizado. “O trabalho deles é imprescindível para cumprir os prazos. Mas sempre aprovo todo o material antes”, afirma. Para não ter problemas em relação aos prazos, a entrega é acertada com o cliente em uma data que permita lidar com imprevistos e atrasos de produção com bastante folga, pois algo sempre pode fugir ao controle. Enquanto a equipe se programa para entregar um vídeo em 30 a 40 dias, por exemplo, o período acertado é de 120 dias. “Apesar de acertar um prazo longo, procuro entregar rapidamente para não embolar as produções. Quanto mais rápido você entrega, menos o cliente acha que houve algum problema com o vídeo. E, se o produto chega em um mês, eles vão ficar mais felizes”, aponta. Por fim, assim como no mercado de casamentos, Gui Dalzoto diz que a realização de uma boa festa e um vídeo final de qualidade são as principais plataformas para conseguir novos clientes. “As meninas gostam de superproduções, nas quais elas são as atrizes principais. Assim, se uma amiga tem um bom clipe, todas as outras da turma vão querer ter o mesmo nível de qualidade, e você será o primeiro a ser lembrado por isso”, completa.
Mais do que a presença do ator famoso para dançar a valsa com a debutante, é importante enfatizar nos momentos com a família e com as amigas na edição final do vídeo da festa F ILMMAKER
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Produção independente
RUMO À EUROPA Nos últimos dois meses, Leo Longo e Diana Boccara finalizaram a etapa Brasil da volta ao mundo em 80 videoclipes. Confira como foi esse período 60
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Clipe da música Eu era feliz , do Pato Fu, abriu a série de vídeos do projeto Around the World Music Videos
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POR KARINA SÉRGIO
GOMES
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esde o dia 1o de março de 2015, o casal Leo Longo e Diana Boccara entrou numa maratona de gravação, filmando um videoclipe por semana, para conseguir estrear o canal no YouTube do projeto Around the World Music Video no dia 26 do mesmo mês e já com três clipes de gaveta. E, no dia programado, o vídeo da música Eu era feliz , da banda mineira Pato Fu, foi ao ar. Desde então, toda segunda-feira um clipe novo é divulgado no canal do projeto ( www.youtube.com/c/aroundtheworldin80musicvideos). No entanto, esse não foi o primeiro a ser gravado. A estreia foi com o clipe Eu sei onde você está , da banda mato-grossense Vanguart. F ILMMAKER
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Produção independente o ã ç a g l u v i
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Acima, um dos músicos do Vanguart andando de bicicleta para a gravação do clipe; ao lado, Leo na caçamba da caminhonete pronto para filmar
A ideia de Leo era filmar o clipe do Vanguartusandouma fachada decasas da vila histórica em Piracicaba (SP), sua cidade natal. “Minha dificuldade era conseguir encaixar o tempo da música no espaço de construções históricas que havia naquela rua”, conta. O intuito era que as construções servissem de cenário para as ações dos músicos, como andar de bicicleta, correr ou caminhar, o que Leo deveria regis62
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trar em um único take e nada deveria dar errado, e “o que desse errado estava certo”, afirma o filmmaker . Faz parte do projeto que todos os clipes sejam filmados em um planosequência, sem qualquer interrupção ou corte. E para isso é preciso muito ensaio. Com a música rolando no set , os músicos repetiam suas ações combinadas pelo menos umas seis vezes. Quando acreditavam que tudo estava
ajustado, o grito de ação era dado e a gravaçãoseguiaseminterrupções.Leo, dentro de um carro (dirigido por um primo dele), acionou sua Canon EOS 5 D Mark III presa em um shoulder e com a lente 24-70 mm fixa em 50 mm para manter o casario em foco. Assim, filmou a sequência de ações dos seis músicos, que entravam e saíam de cena correndo ou andando de bicicleta. Por uma caixa de som, todos escutavam a canção. “Apesar de não precisar sincronizar, porque os músicos não cantam, a música é fundamental para nos dar ritmo e ela serve como um guia para as ações”, explica. Mesmo com a ajuda do shoulder , a filmagem, em alguns momentos, saiu um pouco tremida por causa do calçamento de pedra do lugar. Leo resolveu o problema na pós-produção com um filtro de estabilização, que não o corrigiu totalmente, mas deu uma visualização melhor. Essa foi a primeira experiência de Leo com filmagem em plano-sequência e, a cada take , mais elaboradas as ideias ficavam.
Acima, cenas do clipe Despedida; ao lado, os músicos do Selvagens à Procura de Lei colocando a mão na massa para montar a fogueira
NA PRAIA O segundo clipe foi o da música Despedida, da banda cearense Selvagens à Procura de Lei, que foi filmado em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Como a letra fala de partidas e mudanças no rumo da vida, o casal pediu para que os músicos levassem objetos pessoais que eles gostariam de jogar em uma fogueira. Um levou o violão que tocava na infância; outro, uma mala de viagem; o terceiro, um calhamaço de papel; e o último, um escafandro. A ideia era que eles percorressem um caminho até chegar à
praia, jogassem os itens na fogueira e corressem para o mar. O problema é que eles realmente só poderiam fazer isso uma vez , pois havia apenas um objeto de cada integrante. Depois de alguns ensaios, a equipe se sentiu pronta. Durante a filmagem com a 5D Mark III presa no shoulder e com a lente 50 mm fixa, Leo percebeu que estava com dificuldade de manter o foco nos músicos, mas ouvindo a letra no set atentou-se ao verso “Porque meus olhos estão encharcados e eu não consigo te ver”. Naquele momento, entendeu que a falta de foco era um
elemento a ser explorado. Durante a sequência, a banda também se adiantou no caminhar e Leo acabou ficando para trás, então, resolveu filmar um pouco da estrada e do céu, antes de continuar o caminho. Esses são um dos improvisos que às vezes rolam para filmar tudo em um take só. E um dos momentos em que o que “parecia dar errado deu certo”. NA CHUVA “Temos a sorte de trabalhar com duas das áreas mais colaborativas: a música e o filmmaker . São pessoas F ILMMAKER
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Produção independente o ã ç a g l u v i D : s o t o F
Acima, fram e do clipe da música Eu era feliz , do Pato Fu, filmado com a ajuda de um drone, ao lado
muito solidárias e existe uma força muito grande entre a gente”, diz. Essa forcinha foi superimportante para a realização do clipe da banda Pato Fu, em que a dupla contou com a ajuda do filmmaker Renato Passarelli, que, além de emprestar um drone para a filmagem de um labirinto em Campos do Jordão (SP), também ajudou na operação. Era Passarelli quem comandava a câmera com a grande angular 14 mm f/2.8. Leo apenas acompanhava pelo monitor e passava as coordenadas para
o cameraman. Além da cooperação de Passarelli na parte técnica, a amiga de Diana, Maria Alice Ximenes, desenhou e confeccionou o figurino de Fernanda Takai. Quem não estava muito a fim de cooperar era o tempo chuvoso. Cada trégua da chuva era um momento de ensaio. Assim que o caminho que deveria ser percorrido foi decorado pelos integrantes da banda e a chuva parou, o grito de ação foi dado. No caso desse clipe, Fernanda apareceria cantando e seria necessário fazer uma sincronização da imagem com o áudio. O que Leo não imaginava era que o drone fizesse um barulho tal que abafava sua caixa de som. A solução encontrada foi colocar em Fernanda um fone de ouvido que era acionado por Leo ao mesmo tempo que a caixa de som. CORRA, NEVILTON, CORRA Para gravar o clipe da música Noite alta, da banda paranaense Nevilton,
Banda ensaiando antes da gravação e Diana (à direita) filmando com um smarthphone para a série Behind the Trip
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Acima, Nevilton, criador da banda que leva seu nome, e, ao lado, um dos integrantes do grupo: na pele de super-heróis para o clipe
Leo pensou em usar o recurso de fast forward, deixando o vídeo mais rápido. Mas, para isso, precisava pensar em quanto tempo a mais era necessário gravar para que, na hora de correr o vídeo mais rápido, não faltassem imagens para cobrir a música. Além de minutar a canção para que as ações combinassem com cada trecho, durante a gravação, a música foi colocada em slow . Os integrantes, vestidos de super-heróis, toparam a brincadeira e, dentro do “QG”, montado em um estúdio em São Paulo, eles interpretavam os dois heróis que trabalhavam em turnos alternados, nosmomentosde folga se embriagavam e com uma xícara de café já ficam prontos para o batente. Para esse clipe, Leo usou a 5D Mark III em um tripé com a lente 24-70 mm. Ao leras letras de cada música, Leo e Diana criam roteiros que são compartilhados com os músicos que contribuem geralmente para a redação da ideia final. A obra é totalmente colaborativa. E eles vêm contando sempre com ajuda de amigos e outros voluntários, que, quando tomam conheci-
Acima, monitor Marshall por onde Leo acompanha as filmagens em plano-sequência
mento do projeto, colocam-se à disposição para ajudar. No entanto, Leo e Diana vêm se preparando para executar alguns clipes totalmente sozinhos prevendo que em alguns lugares por onde irão passar talvez não possam contar com ajuda. Leo conta que nos lugares fora da capital paulista tem sido muito bem recebido pelos órgãos públicos e privados para gravação dos vídeos. Mas, na cidade de São Paulo, encontrou dificuldade de filmar em locais pú-
blicos, como ruas ou museus. Por isso, os clipes gravados na metrópole foram todos em espaços privados, como o estúdio Glória, onde foi filmado o clipe do Nevilton. POR TRÁS DA VIAGEM Os bastidores de todas as gravações também estão ganhando capítulos à parte gravados pela produtora Diana Boccara – eles vão ao ar junto com o videoclipe na série Behind the Trip. Diana é a responsável pelo roteiro, F ILMMAKER
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Produção independente
Acima, os músicos Supla e João Suplicy conferem o clipe; ao lado, Diana filmando o making of com o iPhone 6
pela captação de imagens e pela edição dos vídeos de cerca de cinco minutos que contam os bastidores de cada produção. “Como toda mulher, faço mil coisas ao mesmo tempo. Enquanto estou produzindo o videoclipe, ajudo a fazer o foco e filmo todo o processo de produção”, conta a produtora, que às vezes ainda arruma um tempinho para entrevistar os músicos. Diana faz os vídeos em primeira pessoa, filma os bastidores e as passagens (virando a câmera para ela como em uma selfie ) com a ajuda de um iPhone 6. Enquanto o maior esforço de Leo está na pré-produção, com muitos ensaios e marcações, Diana tem horas de material bruto para ser editado depois do fim de cada gravação. E, para ajudá-la nessa tarefa, ela começou a usar o software de edição Adobe Premier. “Esse programa mudou minha vida. Ele é muito inteligente. E, como eu trabalho com muito material inativo, ele não pede para ficar rende66
F ILMMAKER
rizando a cada visualização”, diz. Diana ainda legenda todo o vídeo – o que também viu um facilitador no programa nesse trabalho. “Ele abre uma espécie de timeline em que posso escrever a legenda do vídeo. É uma ferramenta muito prática”, explica. O casal havia planejado partir para Lisboa, em Portugal, no dia 9 de maio de 2015. Deixariam gravados os clipes das bandas Móveis Coloniais de Acaju,
Skalene, Bide ou Balde, Vespas Mandarinas e Brothers of Brazil, que devem ir para o ar ao longo de maio e junho. Na próxima edição de FilmMaker, que apoia o projeto Around The World in 80 Music Videos, a dupla poderá contar como foram as últimas gravações com as bandas brasileiras e fazer uma balanço da primeira temporada da ideia de rodar o mundo produzindo 80 videoclipes.
/NikonBrasil
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