Monday, September 22, 2014 Fichamento COX, Robert. Social Forces, States and World Orders. Economia Política Internacional (Prof. Jaime)
- A separação das disciplinas é apenas uma convenção; essas subdivisões raramente se apresentam separadamente na organização dos „human affairs‟; por exemplo separação entre Estado e sociedade civil, por exemplo, não faz mais sentido hoje. •
Duas correntes de teorias já tentaram superar o Estado: uma delas, afirmando que ele se reduz a uma “arena de entidades burocráticas competitivas ”, e a outra (liberal), reduz a importância relativa do Estado por considerar atividades privadas transacionais e redes transgovernamentais transgovernamentais entre partes da burocracia estatal.
- No entanto, não há nas RI nenhuma teoria que considere o complexo Estado-sociedade como a entidade fundamental das relações internacionais; •
“[…]
the prospect that there exist a plurality of forms of state, expressing different configurations of state/society complexes, remains very largely unexplored, at least in connection with the study of international relations. ” (p.205) [Nem mesmo dentro da teoria marxista]
- Crítica à visão wallerstariana: I. considera o Estado como derivado da sua posição no sistema; II. viés de manutenção do sistema ( “[…] the approach is better at accounting for forces that maintain or restore a system‟s equilibrium than identifying contradictions contradictions which can olving theory .. lead to a system‟s transformation. transformation.” p.206) - também seria uma problem-s uma problem-solving .. On Perspectives and Purposes
- “Theory is always for someone someone and for some some purpose” Todas as teorias t eorias têm uma perspectiva, as quais derivam da posição no tempo e espaço social e políticos.
- Naturalmente, uma teoria mais sofisticada transcende sua própria perspectiva, mas nunca consegue se livrar totalmente da perspectiva que lhe deu origem. Não há teoria em si, separada da sua posição temporal e espacial. (p.207)
- A que propósitos servem uma teoria? (I). Guiar a resolução de problemas criados a partir de determinada perspectiva, que é seu ponto de partida; (II). Ser consciente de sua própria perspectiva e sua relação com as outras perspectivas e abrir margem para a escolha de uma perspectiva diferente válida cuja problemática dê margem para a criação de um mundo alternativo. •
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problem-solving theory ” ; esse tipo de teoria toma o mundo O tipo I pode ser chamado de “ problem-solving como dado e persegue a resolução de problemas entre as instituições e relações dadas paribus , a partir das quais são com problemas específicos. […] as afirmações ceteris paribus, formuladas essas teorias, fazem com que seja possível afirmar leis e regularidades que parecem ter validade universal, mas que na verdade valem apenas dentro do conjunto de parâmetros relacionais e institucionais assumidos por esse tipo de abordagem. (p.208)
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O segundo propósito de uma teoria dá origem à teoria crítica. Chama-se assim por seu aspecto de tentar compreender antes como se sucedeu a ordem que as problem-solving theories tomam como dadas. A teoria crítica vem questionar justamente as origens da ordem atual e suas possibilidades de mudança (“[…]whether they might be in the process of changing.” p.208) A exatidão provida pelas problem-solving theories é uma força relativa que se baseia numa falsa premissa: na premissa de que ceteris paribus, de que tudo continuará como está. A ordem social e política não são fixas. A assunção de imutabilidade não é apenas uma conveniência metodológica, como também tem um viés ideológico. Essas teorias servem a um propósito de conservar a presente ordem, pretendendo solucionar os problemas para sustentar o atual sistema. Esse fim se baseia na assunção de que são “value-free” (sem valores). [Podemos dizer que o Cox é um militante da “honestidade intelectual” nietzscheana?] Diferentes tipos de teoria tendem a surgir de determinados períodos históricos. Problemsolving em tempos de estabilidade e a teoria crítica em mudanças. (p.210) Argumento central (p.210) “To reason about possible future world orders now, however, requires a broadening of our inquiry beyond conventional international relations, so as to encompass basic processes at work in the development of social forces and forms of state, and in the structure of global political economy.”
Realism, Marxism and an Approach to a Critical Theory of World Order Definição do realismo americano:
- Baseado em três níveis: (1) a natureza humana, no sentido hobbesiano; (2) na natureza dos estados, a qual, embora mude nas constituições e capacidades, são similares em termos de “interesse national”, que guia suas ações; (3) a natureza do sistema estatal, regulado pelos constrangimentos racionais dos Estados na balança de poder. Outras perspectivas:
- Para Giambattista Vico (1668-1744), a natureza do homem e das instituições humanas não pode ser pensada no termo de -substâncias imutáveis-, mas sim como uma continua criação de novas formas. Nesse sentido, não se pode abstrair o homem e o Estado da história para definir suas „essências‟ como a priori. O erro está em tomar uma fase particular da história (e, portanto, uma particular estrutura de relações sociais), como universalmente válida. Tal é a assunção primeira das problem-solving theories. (p.214)
- A teoria crítica, por outro lado, bebe na fonte do materialismo histórico, o que lhe possibilita corrigir quatro aspectos do neorrealismo. 1.
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“Both
realism and historical materialism direct attention to conflict. Neorealism sees conflict as inherent in the human condition[ …] Historical materialism sees in conflict the process of a continual remaking of human nature and the creation of new patterns of social relations which change the rules of the game and out of which new forms of
Monday, September 22, 2014 conflict may be expected ultimately to arise. In other words, neorealism sees conflict as a recurrent consequence of a continuing structure, whereas historical materialism sees conflict as a possible cause of structural change.” 2. Historical materialism adds a vertical dimension of power to the horizontal dimension of rivalry among the most powerful states, which draws the almost exclusive attention of neorealism. (dominance-subordination of metropole over hinterland); 3. Enlarges the realist perspective through its concern with the relationship between state and civil society. (oposto à raison d ’état independente da sociedade civil); 4. Muda o foco para o processo de produção como um elemento crítico para explicar determinada forma histórica do complexo Estado-sociedade.
- Premisas de uma teoria crítica (p.217) i)
An awareness that action is never absolutely free but takes place within a framework for action which constitutes its problematic. Critical theory would start with this framework, which means starting with historical inquiry or an appreciation of the human experience that gives rise to the need for theory;
ii)
A realisation that not only action but also theory is shaped by the problematic. Critical theory is conscious of its own relativity but through this consciousness can achieve a broader time-perspective and become less relative than problem-solving theory. It knows that the task of theorising can never be finished in an enclosed system but must continually be begun anew;
iii) The framework for action changes over time and a principal goal of critical theory is to understand these changes; iv) This framework has the form of a historical structure, a particular combination of thought patterns, material conditions and human institutions which has a certain coherence among its elements. These structures do not determine people‟s actions in any mechanical sense, but constitute the context of habits, pressures, expectations and constraints within which action takes place; v) The framework or structure within which action takes place is to be viewed, not from the top in terms of requisites for its equilibrium or reproduction (which would quickly lead back to problem-solving), but rather from the bottom or from outside in terms of the conflicts which arise within it and open the possibility of its transformation. Frameworks for Action: Historical Structures
- Three categories of forces interact in a structure: material capabilities, ideas and institutions. Capacidades materiais: são os potenciais de construção e destruição (tecnologia, capital) Ideias: (1) “[…]shared notions of the nature of social relations which tend to perpetuate habits and expectations of behaviour.” Por exemplo: a noção de que as pessoas são organizadas e comandadas por Estados que têm autoridade sobre determinado território.
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Monday, September 22, 2014 (2) “[…]collective images of social order held by different groups of people. [ …] The clash of rival collective images provides evidence of the potential for alternative paths of development and raises questions as to the possible material and institutional basis for the emergence of an alternative structure. (p.219) São mais diversas e se referem a, por exemplo, noção de justiça e bem comum. Instituições são um meio de estabilizar determinada ordem. Elas refletem as relações de poder prevalecentes na sua origem. Estão ligadas à ideia gramsciana de hegemonia; “[…] force will not have to be used in order to ensure the dominance of the strong to the extent that the weak accept the prevailing power relations as legitimate.” (p.219)
- O método de estruturas históricas (historical structures) aplicado a 3 níveis (interrelacionados): (1) organization of production - no que diz respeito às forças sociais (social forces) produzidas pelo processo de produção; (2) forms of state - derivado dos estudos dos complexos Estado-sociedade; (3) world orders - a configuração particular de forças que define sucessivamente a problemática da guerra e da paz para o conjunto de Estados.
- Keohane tenta, com a teoria da estabilidade hegemônica, ampliar a perspectiva realista a fim de incluir também a autoridade de normas e instituições internacionais, por exemplo; “Keohane(1980), “holds that hegemonic structures of power, dominated by a single country, are most conducive to the development of strong international regimes, whose rules are relatively precise and well-obeyed ”” (p.222) O próprio Keohane reconheceu mais tarde que se precisaria de fatores domésticos, econômicos e culturais para complementar a explicação.
- Cox sugere um approach alternativo, dando a estabilidade e hegemonia um significado baseado em uma conjunção coerente entre poder material, a imagem dominante da ordem mundial e um conjunto de instituições de aparência universal que administra a ordem. “Dominance by a powerful state may be a necessary but not a sufficient condition of hegemony. ” p.223 /// Por exemplo, as normas econômicas liberais ganharam aceitação com o crescimento do prestígio da Inglaterra, dando assim uma ideologia universal(ística) que representava essas normas como base de uma harmonia de interesses. Ou senão com os EUA de F. Roosevelt, em que o papel latente de hegemon dos EUA é assumido conscientemente rejeitando a antiga ordem. Social Forces, Hegemony and Imperialism
- De uma perspectiva da economia política, o poder é visto como emergente dos processos sociais ao invés de ser um dado na forma de capacidades materiais; busca-se, ao contrário, explicar suas origens, crescimento e fim a partir das interpelações entre as três estruturas (organização da produção, formas de Estado e ordens mundiais).
- “The existence in the colonial territory of these new social forces, labor and the petty bourgeoisie, which could agree on a nationalist political program, together with the introduction by the colonial administration of the elements of a modern state apparatus […] laid the basis for the anti colonial revolt which swept the colonial world after the IIWW. This
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Monday, September 22, 2014 movement reacted against administrative control from the metropole, but not continued involvement in capitalist production and exchange relations.” (p.228)
- As estruturas são constrangedores de ações, não atores. (p.229)
- Pax americana was hegemonic: it commanded a wide measure of consent among states out site the Soviet sphere and was able to provide sufficient benefits to the associated and subordinate elements para manter sua submissão. The Internationalization of the State Resposta às perguntas: (1) qual são so mecanismos para manter a hegemonia nessa estrutura histórica particular? (2) quais forças sociais /ou formas de Estado foram geradas nela e quais podem se opor e ultimately trazer a transformação da estrutura?
- Princípios básicos da pax americana: relativa livre movimentação de mercadorias, capital e tecnologia e um nível razoável de previsibilidade nas taxas de troca.
- As instituições tornaram-se muito mais fortes nesse período, e as instituições incorporaram mecanismos para supervisão da aplicação das normas do sistema as quais eram garantia para a assistência financeira de que precisavam os países. [pp.230-1]
- As agências centrais dos EUA certamente estavam numa posição dominante nessa estrutura de poder internacionalizada; mas é preciso notar que não por isso surge daí uma hierarquização da estrutura com ditames verticais, tampouco é uma estrutura em cujas unidades de interação eram apenas os Estados-nação; as unidades de barganha frequentemente eram „fragmentos de Estados‟. p.231
- “Um novo eixo de influência ligava as redes de política internacional com as agências centrais de governo e grandes corporações 1 .”; A internacionalização dos Estados não se limitou apenas aos estados capitalistas avançados do centro, mas também se estendeu a alguns países periféricos nos quais as instituições da economia mundial ditaram políticas que só poderiam se sustentar em uma coalizão de forças conservadoras. p.232
A internacionalização da produção
- A internacionalização da produção está associada à maior integração do processo de produção em escala transnacional, no qual vários países se envolvem em diferentes partes do processo de produção. (p.233)
- Especialmente depois da década de 70, o capital financeiro parece estar voltando a despontar, seja através das operações bancárias multinacionais, não apenas na forma do imperialismo rentista administrando empréstimos aos Estados periféricos, mas também como uma rede de controle e de planejamento privado para a economia mundial da produção internacional. (p.234)
Produção internacional e estrutura de classe
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business no original.
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- No alto da estrutura da classe global emergente está a transnacional managerial class, com sua própria ideologia, estratégia e instituições 2. Ligadas aos programas de ação de Banco Mundial, FMI e OECD. [p.234]
- Os capitalistas nacionais devem ser separados da classe transacional: o seu reflexo natural, a reação do capital nacional à ameaça da produção internacional, é o protecionismo. [p.234]
- Já os trabalhadores industriais estão dicotomizados em (1) established workers, ligados uma relativa estabilidade e segurança nos seus trabalhos; E (2) nonestablished workers, que advêm das lower-status minorias étnicas, imigrantes e mulheres. [p.235]
- outra linha de clivagem está na divisão entre capital nacional e internacional. Os trabalhadores established tendem a ser aliados do capital internacional, já que o capital internacional tem as capacidades de criar uma aparente consonância entre os interesses dos trabalhadores e aqueles da sua própria expansão. [p.235]
- Já os trabalhadores established do plano nacional, bem como os capitalistas nacionais, apelam mais ao protecionismo e defesa do capital nacional, já que parece haver uma interconexão entre este e o emprego, por exemplo. [p.235]
- Já o trabalho nonestablished tornou-se de importancia particular para a expansão da produção internacional. Essa tendência na organização da produção faz com que seja possível para o centro descentralizar a produção física para as partes periféricas, nas quais há abundante trabalho nonestablished barato, e reter o controle do processo de P&D (no que se baseia seu futuro). [p.326]
- Um grande problema para o capital internacional se tornar hegemônico é administrar as forças marginais de forma que a exploração não gere ainda mais revolta. [p.236]
Forças sociais, estruturas estatais e perspectivas de uma ordem mundial futura
- As forças sociais geradas pelos processos de produção são a chave para pensar possíveis futuros. Nesse sentido, Cox define três perspectivas:
- (I) Uma nova hegemonia baseada na estrutura global do poder social gerada pela produção internacionalizante. Essa perspectiva pediria a consolidação de duas tendências: a dominância do capital internacional sobre o nacional e a contínua internacionalização do Estado. Implícito nisto está a continuação do monetarismo como ortodoxia da economia política, com ênfase na estabilização da economia mundial ao invés do fulfillment das demandas sociopolíticas domésticas. p.237-8 - (ii) Uma nova estrutura mundial não-hegemonica de centros de poder conflitantes. Para isso acontecer, uma preponderancia do pensamento neomercantilista, ligado ao capital nacional e established labor; se concentraria em promover o capital nacional e o próprio poder e bemestar. Atacaria o monetarismo como uma crença ilusória nos mercados. p.238
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[ … ]it is a class both in itself and for itself.
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Monday, September 22, 2014 - (iii) Um modelo contrahegemônico baseado numa coalizão do Terceiro Mundo contra a dominação pelos países centrais e cujo objetivo seria se concentrar num desenvolvimento autônomo dos países periféricos e fim das relações centro-periferia. p.238
- “A state class is only likely to maintain the second and more radical orientation if it is supported from below in the form of a genuine populism. p.239
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