Índice I- Os diferentes modos de meditação........................................................................................5 A- A meditação escrita (ou hypomnemata)..........................................................................5 B- Prosoché ou a arte da atenção............................................. .................................................................... ..............................................6 .......................6 II- Exercícios como apicaç!es contínuas de "#$ica% &ísica e 'tica...............................8 A- "#$ica Prtica.........................................................................................................................9 *- A disc iscipi ipin na do do +uí +uí,o ,o.......................................................................................................9 - Os exercícios de Aproptôsia e Epochê............................................ ................................................................... ...........................10 ....10 B- &ísica prtica............................................ ................................................................... .............................................. ...................................................... ............................... 12 *- A discipina do dese+o (e a.ersão)...............................................................................12 - Exempos de Epilegein no dese+o................................................................................13 a- Premeditação............................................ ................................................................... .............................................. .............................................. ....................... 13 /- 0efinição &ísica.............................................. ..................................................................... .............................................. ........................................14 .................14 c- 1estituição........................................... .................................................................. .............................................. ....................................................15 .............................15 d- Imperman2ncia ou metamorfose uni.ersa...........................................................15 e- O 3aduceu de 4ermes.............................................. ..................................................................... .............................................. ............................16 .....16 3- 'tica prtica............................................ ................................................................... .............................................. ........................................................17 .................................17 *- A discipina do impuso.............................................. ..................................................................... .............................................. ..............................17 .......17 .................................................................... .................................19 ..........19 - Exempos de epilegein no impuso.............................................
a- 0efinindo a ação pane+ada........................................... .................................................................. .............................................19 ......................19 /- A$indo com 5reser.a6.............................................. ..................................................................... ...................................................20 ............................20 III- 3omo proceder7 tentati.a de reconstrução da meditação est#ica............................22 A- A a+uda da terapia /udista 8Samatha-Vipassyana 8......................................................22 B- A a+uda da tradição dos Padres do 0eserto.................................................................24 *- 9e 9edi dita tarr com como o uma uma mont montan anha ha (haixis).....................................................................25 - 9e 9edi dita tarr co como a pap papou oua a ( phusis)........................................... .................................................................. ...................................25 ............25 :- 9e 9edi dita tarr co como o oc ocea ean no ( psuchê).............................................................................26 ;- 9e 9edi dita tarr cco omo um s/io /io (nous)..................................................................................26 I<- Pensamentos concusi.os............................................ ................................................................... .............................................. .................................28 ..........28 =O>A 0O >1A0?>O1..................................................................................................................30
Índice I- Os diferentes modos de meditação........................................................................................5 A- A meditação escrita (ou hypomnemata)..........................................................................5 B- Prosoché ou a arte da atenção............................................. .................................................................... ..............................................6 .......................6 II- Exercícios como apicaç!es contínuas de "#$ica% &ísica e 'tica...............................8 A- "#$ica Prtica.........................................................................................................................9 *- A disc iscipi ipin na do do +uí +uí,o ,o.......................................................................................................9 - Os exercícios de Aproptôsia e Epochê............................................ ................................................................... ...........................10 ....10 B- &ísica prtica............................................ ................................................................... .............................................. ...................................................... ............................... 12 *- A discipina do dese+o (e a.ersão)...............................................................................12 - Exempos de Epilegein no dese+o................................................................................13 a- Premeditação............................................ ................................................................... .............................................. .............................................. ....................... 13 /- 0efinição &ísica.............................................. ..................................................................... .............................................. ........................................14 .................14 c- 1estituição........................................... .................................................................. .............................................. ....................................................15 .............................15 d- Imperman2ncia ou metamorfose uni.ersa...........................................................15 e- O 3aduceu de 4ermes.............................................. ..................................................................... .............................................. ............................16 .....16 3- 'tica prtica............................................ ................................................................... .............................................. ........................................................17 .................................17 *- A discipina do impuso.............................................. ..................................................................... .............................................. ..............................17 .......17 .................................................................... .................................19 ..........19 - Exempos de epilegein no impuso.............................................
a- 0efinindo a ação pane+ada........................................... .................................................................. .............................................19 ......................19 /- A$indo com 5reser.a6.............................................. ..................................................................... ...................................................20 ............................20 III- 3omo proceder7 tentati.a de reconstrução da meditação est#ica............................22 A- A a+uda da terapia /udista 8Samatha-Vipassyana 8......................................................22 B- A a+uda da tradição dos Padres do 0eserto.................................................................24 *- 9e 9edi dita tarr com como o uma uma mont montan anha ha (haixis).....................................................................25 - 9e 9edi dita tarr co como a pap papou oua a ( phusis)........................................... .................................................................. ...................................25 ............25 :- 9e 9edi dita tarr co como o oc ocea ean no ( psuchê).............................................................................26 ;- 9e 9edi dita tarr cco omo um s/io /io (nous)..................................................................................26 I<- Pensamentos concusi.os............................................ ................................................................... .............................................. .................................28 ..........28 =O>A 0O >1A0?>O1..................................................................................................................30
Introdução Richard Lewis nos lembra em The Price of Tranquillity [1] [1] e em Taking Advantage of Adversity [2] [2] que uma coisa seria estudar os princípios do Estoicismo, mas outra seria aplicá-los em nossa vida cotidiana Ele menciona, em se!uida, al!umas t"cnicas com as quais teve e#peri$ncias para nos au#iliar %inha meta ao escrever esse ensaio " a de tentar avan&ar neste sentido 'um primeiro olhar, as de(ini&)es est*icas de (iloso(ia podem parecer dissimilares, mas elas s+o, na realidade, muito pr*#imas entre si e acordo com $neca [.], /al!uns disseram que consistia em e#ercitar a si mesmo na virtude 0 studium virtutis, virtutis, outros que era e#ercitar-se para corri!ir a mente 0 studium corrigendae mentis mentis e, conseqentemente, conseqentemente, al!uns in(eriram que era a busca pelo raciocínio correto 0adpetitio 0 adpetitio rectae rationis3 rationis3 Em termos concretos, a (iloso(ia consiste em e#ercer a virtude 4 virtude, que constitui a e#cel$ncia ou a nobre5a 0 aretê aretê da vida humana, " tamb"m a saúde da psique psique 6en+o opta por di5er que a virtude consiste em /viver de acordo com3 0 homologoumenôs zein, zein, (rase onde o !re!o pode ser tradu5ido tradu5ido tanto como a con(ormid con(ormidade ade de cada um de n*s com o logos ou a con(ormidade da ra5+o com ela mesma, que " livre de pai#)es 4 virtude tamb"m " considerada, !eralmente, como sendo uma ci$ncia 0 epistêmê, epistêmê, o que si!ni(ica total compreens+o de um certo n7mero de no&)es que (ormam um sistema coerente e verdadeiro 8 que os anti!os est*icos tentaram e#plicar ao usar o termo total compreensão era compreensão era de que a virtude n+o deveria ser apreendida apenas atrav"s da mera investi!a&+o intelectual mas tamb"m pela incorporação da eperiência eperiência 8utra no&+o muito importante " a id"ia de que cada um de n*s " seu pr*prio tera terape peut uta a 9ara 9ara os anti anti!o !os, s, o term termo o therapeut!s tinha tinha dois dois si!ni( si!ni(ica icado dos s 9ode 9ode ser tradu5ido tanto como /servir, cuidar, adorar3, ou /curar3 e (ato, %arco 4ur"lio [:] di5 que o homem n+o deve (alhar ao /a!arrar-se ao espírito !uardi+o dentro dele e servi-lo e#clusiva e#clusivamente mente33 0 pros pros nomo to endon eanton daimoni einai kai touton guesios therapeuein therapeuein 4ssim os anti!os est*icos tamb"m praticavam medicina 0 iatrikê, iatrikê, mas sua pro(iss+o era superior ;quela normalmente praticada nas cidades, que apenas cura os corpos corpos,, pois pois eles eles tamb"m tamb"m buscava buscavam m curar curar a psychê quando psychê quando esta 7ltima era vítima de severa severass en(erm en(ermida idades des chamad chamadas as pai#)e pai#)es s
e#plica para n*s como devemos proceder para sermos virtuosos
adot prop)e que al!uns tratados sobre tais e#ercícios e#istiam, mas que a!ora est+o perdidos '*s sabemos pouco sobre as anti!as práticas dos est*icos e (ato, apenas um pequeno e 7til tratado escrito por %us?nio Ru(o [@] sobreviveu 'ele o autor distin!ue duas principais cate!orias de e#ercíciosA 9rimeiramente, e#ercícios peculiares ; alma Esta primeira cate!oria se divide em duas subse&)esA 1- 4queles que consistem em sempre manter em mente 0ou meditar sobre os ensinamentos (undamentais da escola, que visam desenvolver uma di(erente perspectiva sobre as coisas 4qui, os anti!os est*icos requeriam que seus estudantes aprendessem de cor um resumo de suas doutrinas na (orma de pequenas senten&as lo!icamente e harmoniosamente li!adas entre si 8s est*icos eram conhecidos pelo seu ri!or entre as outras escolas de (iloso(ia 2- 4queles que consistem em e#aminar a pure5a da inten&+o 8 que eu chamo de e#ercícios de #aproptôsia$ s+o um bom e#emplo disso 0Ber abai#o Em se!undo lu!ar, e#ercícios relacionados tanto ao corpo quanto ; alma 4 meta dessa se!unda cate!oria de e#ercícios " se acostumar ao (rio, calor, (ome, comida (ru!al, uma cama incon(ortável, etc 4o (a5$-lo, o corpo do estudante se torna insensível ; dor, e conseqentemente a pr*pria alma " (orti(icada e se torna coraCosa, disciplinada e pronta para a a&+o Esse ensaio (ocará na primeira cate!oria de e#ercício, daqueles re(erentes ; alma =ontudo, n+o subestimo o valor da se!unda cate!oria de e#ercícios, pois " obviamente di(ícil resistir a di(erentes tipos de deseCos se, por e#emplo, a pessoa nunca dei#ou a se!uran&a de uma casa con(ortável ou caso sempre tenha sido acostumado ; comida cara ou ao lu#o das roupas ele!antes e quentes
9ode haver um real valor em praticar tais e#ercícios hoCe 'o entanto acredito que est*icos modernos deveriam ser cuidados em sempre pedir conselhos aos m"dicos antes de levar ; cabo e#ercícios nessa linha, pois suponho que esse treinamento n+o seCa um treinamento (ácil Boc$ nunca deve esquecer que ser um therapeut!s implica que voc$ deve tomar conta de si e n+o destruir seu corpo atrav"s de treinamento imprudente que n+o irá lhe tra5er nada =ontudo, penso que um bom come&o seria praticar re!ularmente al!uma (orma de e#ercício (ísico Cuntamente com uma dieta saudável Dma boa id"ia seria consultar um m"dico para criar um pro!rama especial Esse ensaio irá primeiramente descrever os di(erentes tipos de medita&+o Em se!undo lu!ar irá desenvolver a teoria de 9ierre >adot de que os e#ercícios est*icos eram na realidade uma constante aplica&+o da L*!ica, ísica e Ftica, antes de (inalmente tentar reconstruir uma (orma de medita&+o est*ica
I- Os diferentes modos de meditação 9ierre >adot [G] (e5 uma reconstru&+o apro#imada do modo que os (il*so(os est*icos costumavam meditar
A- A meditação escrita (ou hypomnemata) 9ierre >adot [H] demonstrou que a /medita&+o escrita3 era um e#ercício espiritual em si, especialmente para os est*icos da era imperial =omo e#pliquei acima, os anti!os est*icos aconselhavam seus estudantes, dia e noite, a relembrar suas doutrinas com a aCuda de resumos compostos de má#imas memoráveis 4os estudantes era provavelmente requerido que escrevessem seu pr*prio /diário3, usando os resumos mencionados como modelos e pontos de partida 4s %editaç&es de %arco 4ur"lio deveriam ser compreendidas desse modo Em seu trabalho, o Imperador (ormula para si mesmo os do!mas do estoicismo =ontudo n+o " su(iciente meramente reler palavras 9elo contrário, o importante " continuamente re(ormular as doutrinas e senten&as que convidam a um tipo particular de a&+o 8 que " realmente importante " a arte da escrita" de falar para si mesmo 4 /medita&+o escrita3 n+o " um resumo semelhante a uma (*rmula matemática que deve ser relida pela pessoa e aplicada mecanicamente onde quer que lhe a!rade eu obCetivo n+o " resolver quest)es abstratas e te*ricas, mas colocar a pessoa em tal situa&+o que se sinta obri!ada a viver como um est*ico 9or isso que %arco 4ur"lio parece repetir tantas ve5es a mesma coisa de vários modos em suas %editaç&es, como provavelmente voc$s Cá notaram Essa (orma de e#ercício " tipicamente est*ica, e seu uso se estendeu pelos s"culos Em seus 'erc(cios 0ou Askemata, ha(tesburJ, um est*ico moderno vivendo no s"culo de5oito, ainda respeita essa tradi&+o
B- Prosoché ou a arte da atenção Prosoch) " o e#ercício de auto-aten&+o ou consci$ncia F uma (orma de
desenvolvimento mental pelo qual pro!ressivamente aprendemos a permanecermos atentos a cada a&+o sin!ular, pensamento ou sensa&+o que n*s podemos ter ou sentir no e#ato momento em que aparecem =laro que desenvolver essa habilidade requer al!um treinamento usando das (erramentas adequadas e (ato, quer esteCa caminhando, sentando, de p", a!achado, dormindo, comendo, bebendo, etc, voc$ deve estar completamente consciente do que está (a5endo Isso si!ni(ica que voc$ deve viver na sua a&+o presente Isso n+o si!ni(ica que voc$ deve esquecer-se do passado e do (uturo 9elo contrário, voc$ deve pensar sobre os outros tempos, mas em rela&+o ao presente, e sua presente a&+o, e quando (or necessário Essa id"ia " bem apresentada por uma das concep&)es est*icas de presente, onde o presente " de(inido em rela&+o ; consci$ncia humana que o percebe e ao !rau de aten&+o aplicado aí esse ponto de vista, o presente tem uma certa dura&+o, certa /densidade3 que pode ser mais ou menos intensa 0 kata platos Prosoch) n+o si!ni(ica que voc$ deveria pensar e(etivamente /eu estou (a5endo isso3 ou /eu estou (a5endo aquilo3 8 peri!o em pensar /eu estou (a5endo isso3 sur!e quando voc$ se torna consciente de si mesmo e, conseqentemente, voc$ n+o vive na a&+o, mas na id"ia de /eu estou3 4 mesma aten&+o deve ser aplicada a cada sentimento ou sensa&+o que voc$ pode ter 'a realidade, voc$ deve estar apto a observar-se como um cientista o (aria F estranho notar que uma pessoa que (ica com raiva normalmente n+o percebe que está com raiva Lo!o que al!u"m (a5 com que ela perceba sua emo&+o, ela (ica mais quieta e (reqentemente um pouco descon(ortável 4 aten&+o aos pensamentos e sensa&)es " o mais di(ícil de praticar, penso 8s anti!os !eralmente de(iniam a psique em termos de atividade, como /aquilo que move a si mesma3 =onseqentemente, o hegemonikon * ;s ve5es chamado de nous ou daimon pelos anti!os est*icos, como (oi demonstrado por 9ierre >adot K dá lu5 a pensamentos bons ou maus e emo&)es em resposta aos vários tipos de impress)es Esses podem ser classi(icados como /movimentos da alma3 Em re(er$ncia ; pessoa n+oeducada, o +egemonikon pode ser classi(icado como sendo aekinetos kai polukinetos,
que si!ni(ica /sempre e e#tremamente a!itado3 9ortanto, a pessoa n+o-educada n+o está apta a controlar as m7ltiplas pai#)es que podem sur!ir se ela n+o (or capa5 de paci(icar sua psich$ =omo Epíteto e#plicouA / A alma ) como o vaso cheio de ,gua- e as impress&es são como o raio de luz que cai so.re a ,gua/ 0e a ,gua ) tur.ulenta" o raio parecer, tur.ulento do mesmo modo" em.ora não o se1a na realidade/ Portanto" sempre que um homem ) dominado pela vertigem" não são as ha.ilidades e virtudes que estão confundidas" mas o esp(rito em que elas eistem- e" se este vier ao repouso" tam.)m virão elas do mesmo modo3 [] esenvolver a aten&+o, coisa que n+o pode ser alcan&ada sem paci(icar a mente, nos aCuda a sair desse estado de dispers+o F claro nos 2iscursos que a aten&+o, ou prosoch), " a (unda&+o necessária para a prática de todos os e#ercícios espirituais que irei detalhar abai#o
II- Exercícios como apicaç!es contínuas de "#$ica% &ísica e 'tica 4pesar da perda dos tratados escritos por 6en+o e =risipo, " possível, com os (ra!mentos que dispomos, Cunto com o trabalho de =ícero, %arco 4ur"lio, $neca e Epíteto, entender as principais características do ensinamento deles 'o estoicismo, a l*!ica, a (ísica e a "tica n+o s+o apenas disciplinas te*ricas, mas tamb"m constituem tr$s temas de e#ercícios para estudantes e que devem ser concretamente aplicados por aqueles que visam viver como um (il*so(o 9arece que há certa correspond$ncia entre as tr$s partes do ensinamento (ilos*(ico e as tr$s disciplinas con(orme aplicadas por Epiteto em 2iscurso e em %anual 0o ponto central para essas disciplinas como sendo hypolepsis, oreis e hormê 9or e#emplo, a disciplina do deseCo 0 oreis, que pode ser entendida como estar cuidadoso em relação 3 orientação de nosso dese1o ao con(rontar eventos 0estino, pode ser percebida como uma concreta aplica&+o de (ísica 4 disciplina do impulso 0hormê " parte da "tica, e está (ocada na orienta&+o do impulso 0 hormê atrav"s da aplica&+o de /deveres3 E, por 7ltimo, a disciplina do Cuí5o 0hypolepsis que ", obviamente, a direta aplica&+o da l*!ica Irei a!ora descrever em detalhes os di(erentes tipos de e#ercícios e#istentes '+o pretendo o(erecer uma lista e#austiva, e me baseei pro(undamente na variada pesquisa de 9ierre >adot nesse assunto 9rimeiramente, irei (ocar na l*!ica prática, depois na (ísica prática e, por 7ltimo, na prática da "tica
A- "#$ica Prtica *- A discipina do +uí,o 4 disciplina do Cuí5o tamb"m " conhecida como o uso apropriado das impress)es ou representa&)es 4ntes de introdu5ir esse importante e#ercício espiritual est*ico, vale a pena estudar os conceitos de representa&+o 0 phantasia, de Cuí5o 0krisis, hypolepsis e de assentimento 0sunkatathesis
á al!um vento3, ou /Eu n+o posso mais ver o porto3 Puí5os como esses podem resultar em um caso de leve consterna&+o =ontudo, outras representa&)es podem sur!ir do subconsciente, embora n+o diretamente estimuladas pela realidade que voc$ tem lo!o diante dos seus olhos 9ortanto, o discurso inicial se torna di(erente, e voc$ pode di5er para si mesmoA /Mue terrível marQ3 ou /Essa será uma morte horrívelQ3 e uma pai#+o como o medo deve conseqentemente aparecer Ent+o, de acordo com Epíteto, nem toda representa&+o ou impress+o " provocada por obCetos e#teriores, mas tamb"m por toda a sorte de ima!ens criadas pela mente 8 7nico modo de controlar nossas pai#)es " n+o dar nosso assentimento a tais representa&)es 9ierre >adot e#plica que os est*icos nomearam al!umas impress)es de / phantasia kataleptik)3 ou /representa&+o compreensiva3, uma representa&+o que " livre de qualquer Cul!amento Essa seria uma impress+o primária e obCetiva na qual nenhuma interpreta&+o subCetiva se (a5 presente 8 obCetivo da maioria dos e#ercícios espirituais est*icos " treinar a si mesmo para resistir ;s representa&)es subCetivas, alcan&ando a invulnerabilidade psicol*!ica Eles insistem no (ato de que o que está em nosso poder " o uso correto das representa&)es
- Os exercícios de Aproptôsia e Epochê Dm e#ercício espiritual que aparece re!ularmente no %anual [11] consiste em duvidar da impress+o inicial, per!untando-se ela n+o seria, na realidade, (alsa [12] Esse e#ercício " chamado de aproptôsia, e consiste na prática est*ica de n+o assentir muito rapidamente aos Cuí5os que correspondem diretamente ;s representa&)es [1.] 4 aplica&+o concreta da disciplina do Cuí5o " reali5ada em duas etapas 9rimeiramente, deve4se resistir ; rea&+o diante de uma representa&+o ou ima!em interna que nos incomoda ou aterrori5a pela sua severidade Isso sup)e uma /retirada de nossas proCe&)es3 que nos impedem de ver /o que "3 de (ato Dm elemento importante da anti!a terapia " a epoch), /colocar entre par$nteses3 diante de al!o, de al!u"m, de um evento, o colocamos suspenso /entre par$ntesis3 '*s (a5emos isso para /suspender nosso 1u(zo3, n+o proCetando no obCeto em quest+o nossos medos, nossos deseCos e todas nossas /ba!a!ens da mem*ria3 Ber claramente ", em primeiro lu!ar, ver o que ) o que " e nada mais 'poch) di5 respeito ; emo&+o assim como ao Cuí5o e ao pensamento Ela presume uma !rande liberdade em rela&+o ;s nossas rea&)es =omo indicado acima, n*s normalmente n+o controlamos atitudes reativas, as quais s+o, (reqentemente, /a&)es3 equivocadas 4ntes mesmo de ima!inar que tal coisa " possível, n*s devemos estar cientes disso 'poch) (ornece um momento muito importante que permite o a(astamento do /nosso pr*prio ponto de vista3 e nosso condicionamento antes de assentir ; phantasia Esse " o início de uma visão clara 4 se!unda etapa consiste em /adicionar al!uma coisa3 ;quilo que a impress+o implica inicialmente Essa se!unda etapa " chamada epilegein por Epíteto e si!ni(ica /di5er al!o a mais3 8 discurso interior, ou o diálo!o com si mesmo ao qual me re(eri mais acima, aparece nesse está!io Essas ima!ens mentais d+o ori!em aos nossos deseCos e impulsos e normalmente est+o acompanhadas de Cuí5os repletos de medo ou de valor atraente, como e#pliquei anteriormente 4 meta da epilegein est*ica " a de estabelecer a verdade sobre a impress+o atrav"s da distin&+o do que está em nosso poder de aquilo que n+o está em nosso poder [1:] Está a coisa em seu poderS e estiver em seu poder,
pode ser tanto um bem quanto um mal e n+o estiver em seu poder, ent+o n+o " um mal 0embora n+o possa ser um bem tamb"m Epíteto ima!ina que as representa&)es nos questionam [1@], e que " por isso que epilegein " uma (orma de diálo!o interior F importante lembrar que nosso hegemonikon " constantemente estimulado por impress)es Ent+o uma prática meditativa re!ular, tal como detalhada na 7ltima parte desse ensaio, " de !rande aCuda, pois visa o desenvolvimento da aten&+o e o paci(icar da mente 4!ora iremos ver como os e#ercícios espirituais s+o aplicados na (ísica e "tica est*icas
B- &ísica prtica *- A discipina do dese+o (e a.ersão) =omo deveríamos de(inir a disciplina do deseCoS Epíteto aconselha [1G] aqueles que deseCam praticar essa disciplina a suportar insultos, beber vinho com modera&+o, evitar comer um bolo ou ter rela&)es se#uais com uma bela mulher, n+o ter medo da pobre5a, doen&a ou morte, ou n+o perse!uir honras ou rique5as eseCos correspondem ; atra&+o que temos em rela&+o ;quilo que acreditamos ser bom e ;quilo de que n*s podemos ser privados 4vers)es correspondem ; repuls+o que sentimos por aquilo que acreditamos ser mau, e conseqentemente tememos 4ssim, a disciplina do deseCo preocupa-se primeiramente com as coisas que nos a(etam e secundariamente com a procura de certo estado mental ao se buscar a obten&+o do bom ou o evitar do mau 9arece que para muitos (il*so(os o simples ato de deseCar " em si uma doen&a, um sinal de descontentamento, uma /de(ici$ncia3 mais ou menos dolorosa 'o seu %anual , Epíteto insiste no (ato de que seus estudantes deveriam parar de ter deseCos Isso parece surpreendente 9ode-se per(eitamente entender que Epíteto proíbe o deseCo de coisas que n+o dependem de n*s, pois podemos perd$-las e, como
conseq$ncia disso, nos tornarmos vítimas de uma /pai#+o3 %as como poderia ser errado deseCar coisas que dependem de n*s e que est+o con(orme a nature5aS =omo poderia ser possível n+o deseCar bondade moral, ser capa5 de um Cuí5o e de uma a&+o correta, isto ", de deseCar a eudaimoniaS 'a realidade, o mal n+o está no ato de deseCar, pois este " um sinal de vida, mas na m, orientação do dese1o 8 drama da vida humana " que o homem deseCa bens e#ternos, que s+o realidades transit*rias, e os con(unde como sendo /a3 realidade, acreditando neles como imutáveis 4 pervers+o do deseCo " a idolatria dos obCetos Muando al!u"m (alha em alcan&ar sua meta, outro estado de mente sur!e tal como a pai#+o da triste5a, do medo ou da raiva 9or esta ra5+o, Epíteto tamb"m chama a disciplina do deseCo de disciplina das pai#)es [1H] Epíteto deseCa nos ensinar a tomar conta de nosso deseCo, a reorientar o deseCo para a virtude 4 ra5+o pela qual ele recomenda que n*s paremos de deseCar " simples 4qui n*s devemos reconhecer uma das mais poderosas práticas espirituais anti!as 0adotada depois pelos crist+osA voc$ n+o deve pretender que pode alcan&ar imediatamente um alto estado de per(ei&+o sem prepara&+o asc"tica Boc$ deve come&ar com avers+o ao comportamento irracional e aprendendo a identi(icar suas (alhas eseCar uma per(ei&+o inacessível antes de /limpar sua alma3 criaria apenas triste5a e desencoraCamento
- Exempos de Epilegein no dese+o a- Premeditação '+o " su(iciente concordar em aceitar eventos uma ve5 que eles Cá tenham acontecido Dm estudante est*ico deve aprender a antecipar tais eventos Dm dos e#ercícios est*icos mais importantes " o da praemeditatio, no qual os estudantes est*icos se preparam para superar e#peri$ncias desa!radáveis ou dolorosas Esse e#ercício consiste em representar a si qualquer coisa que possa ocorrer no curso da vida cotidianaA di(iculdades, reveses, so(rimentos ou at" mesmo a morte, por e#emplo F
claro que, praticando a praemeditatio, o est*ico deseCa suavi5ar o impacto de eventos desa!radáveis 0mas n+o escapar deles e acima de tudo restaurar a pa5 em sua mente e (ato, n+o devemos (icar com medo de pensar sobre o que as outras pessoas consideram como males 9elo contrário, devemos pensar sobre esses (reqentemente para nos recordar, primeiramente, que os males (uturos n+o s+o males porque eles ainda n+o est+o presentes, e que eventos tais como a doen&a, a pobre5a e a morte n+o s+o males porque eles n+o est+o em nosso poder e, conseqentemente, n+o possuem peso na moralidade Dma coisa importante a se notar " que o constante pensar na morte trans(orma radicalmente nosso modo de viver, pois nos (a5 perceber o valor absoluto de cada momento no tempoA 4 cada hora dedique-se em espírito resoluto, como adequado a um romano e a um homem, para cumprir a tare(a ; m+o com escr7pulo e di!nidade desa(etada, e com amor pelos outros, independ$ncia e Custi&a e conceda a si mesmo uma suspens+o de todas as outras preocupa&)es E isso voc$ alcan&ará ao reali5ar cada a&+o como se (osse a 7ltima, liberto de toda (alta de prop*sito e desvio intencional da norma da ra5+o, e da duplicidade, e!oísmo e descontentamento com o que " atribuído a voc$ [1] Esse e#ercício está intimamente li!ado ; disciplina do deseCo, pois, quando um est*ico a!e, ele antev$ todo obstáculo, e conseqentemente nada realmente acontece contra sua vontade, e sua inten&+o moral permanece inalterada
/- 0efinição &ísica Esse e#ercício " um e#emplo típico de epilegein =onsiste em de(inir precisamente a o que se " ape!ado, e o que se deseCa manter 4 de(ini&+o permitirá a distin&+o clara entre os Cuí5os subCetivos e a(etivos da representa&+o obCetiva que se deve ter sobre tal i5 %arco 4ur"lioA #0empre defina ou descreva se1a o que for que se apresenta 3 sua mente de modo que ve1a que tipo de coisa ) quando despo1ada de sua essência" como um todo e em partes
separadas- e diga a si mesmo o nome pr5prio da coisa" e os nomes dos elementos de que a coisa foi composta e nos quais ela ser, finalmente determinada/$ [1N] 4 disciplina do deseCo implica, com sucesso, na redu&+o do deseCo por possess)es materiais ou por posi&+o social =onseqentemente, esse e#ercício deve ser aplicado a tudo que nos cerca, e n*s devemos tentar ver essas coisas como elas verdadeiramente s+o
c- 1estituição Dm dos ensinamentos centrais do estoicismo " entender que tudo o que voc$ possui 0rique5as, honras, assim como as pessoas que ama podem ser tomados de voc$ a qualquer hora =onseqentemente, a perspectiva de um est*ico sobre essas coisas " a de sempre v$-las como meros empr"stimos, pois um empr"stimo precisa sempre ser retornado ao seu verdadeiro dono al!um dia Ent+o, quando voc$ estiver prestes a perder sua vida ou al!uma possess+o, ou quando voc$ descobre que uma pessoa querida morreu e voc$ se sente triste, a se!uinte senten&a deve imediatamente vir ; sua menteA " uma /restitui&+o3 Em suma, devemos nos acostumar ; id"ia de que n*s iremos perder tudo que amamos =omo podem adivinhar, esse pequeno e#ercício " concebido para incutir o desape!o de tudo que para o n+o-(il*so(o " pretenso de valor, e, por (im, " um meio de alcan&ar a liberdade interior [21]
d- Imperman2ncia ou metamorfose uni.ersa 8s anti!os est*icos li!aram a "tica e a boa vida ; compreens+o total da 'ature5a, e conseqentemente uma (orma de medita&+o (oi desi!nada para educar o estudante est*ico a compreender a imperman$ncia e apreciar a cone#+o que vincula todos os seres vivos nesse mundo
9or (im, isso nos permite entender o qual " nosso lu!ar neste universo constantemente em trans(orma&+o 'esse sentido, o estoicismo ", indubitavelmente, uma senda espiritual, pois desenvolve nos seus estudantes um pro(undo amor pelo mundo que os criou e tudo que os cerca 4 compreens+o da imperman$ncia pode ser alcan&ada por vários meios 9elo meio da medita&+o escrita, ou pelo caminho de uma epileigein F possível, mas n+o há nenhuma evid$ncia de todo, que essas práticas incluíam t"cnicas de visuali5a&+o Reconstru&)es destes tipos de e#ercícios ir+o requerer muita ima!ina&+o e conhecimento meditativo prático de n*s
e- O 3aduceu de 4ermes 8 e#ercício /=aduceu de >ermes3 " outra (orma de n+o ser dominado pelas impress)es Muando al!o /ruim3 ocorre com voc$, deves imediatamente distin!uir o que depende de voc$ e o que n+o depende de voc$ Epíteto re(ere-se ao e#ercício em todo um discursoA [2:] a inten&+o moral encontra em toda ocasi+o a habilidade de e#ercitar a virtude 'a realidade, " como o =aduceu de >ermes, que possui o poder de trans(ormar tudo em ouro 4quele que o insulta lhe dá a oportunidade de e#ercitar a paci$ncia 4 en(ermidade lhe dá a oportunidade de e#ercitar a cora!em e a serenidade 4 morte o obri!a a con(ormar sua vontade ; vontade da pr*pria 'ature5a 8utros e#emplos de obri!a&)es seriam, como diria Epíteto, /comer como um homem, beber como um homem, limpar-se como um homem, casar-se, ter (ilhos, ter uma vida apropriada de cidad+o etc3 8 estoicismo, penso, " uma (iloso(ia muito realista, mas tamb"m otimista 4 vida pode n+o ser (ácil, mas depende de voc$ ver as coisas de modo di(erente e obter (or&as desta observa&+o da vida
3- 'tica prtica *- A discipina do impuso 4 disciplina do impulso en!aCa nosso senso de responsabilidade F sobre como nos relacionamos a outros seres humanos, aqueles da nossa nature5a, que podem ser (ontes de pai#)es por serem de nossa esp"cie e porque n*s devemos pre5ar por eles, apesar do (ato de que eles possam ser despre5íveis 4 disciplina do impulso " obviamente li!ada ; disciplina do deseCo, pois uma pessoa n+o suCeita ;s pai#)es " mais suscetível de a!ir sabiamente, isto ", a!ir de um modo apropriado ; nature5a
Essa id"ia " entre!ue ; (iloso(ia est*ica pela importante no&+o de kathekon 7athekon8 * (reqentemente tradu5ido como dever K representa para os est*icos uma a&+o apropriada ; nature5a Essa a&+o, a qual depende de n*s, tamb"m sup)e uma inten&+o boa ou má que n+o pode ser reali5ada de modo indi(erente =ontudo, essa a&+o tamb"m está em rela&+o com um (ator indi(erente, pois n+o está totalmente em depend$ncia de n*s, mas tamb"m dependente de outros seres, circunstTncias e eventos e#ternos =om a inten&+o de esbo&ar um c*di!o prático de conduta que nos permita selecionar entre os indi(erentes que possam ser obCetos de nossas a&)es, os est*icos perceberam como ponto inicial que um instinto (undamental da nature5a era uma e#press+o da /vontade3 da 'ature5a e acordo com a (iloso(ia est*ica, esse impulso natural deve ser e#ercido com respeito ; hierarquia introdu5ida pela scala naturae da nature5a =omo al!uns de voc$s Cá sabem os est*icos, de (ato, desenvolveram uma teoria muito interessante sobre os níveis internos da nature5a 0scala naturae e dividiram o macrocosmo em quatro níveisA haiis 9pedras:" phusis 9flores" plantas" ,rvores:" psuchê 9animais: e (inalmente nous 9uma caracter(stica pertencente unicamente ao ser humano: 8 humano, cria&+o mais comple#a da 'ature5a, " composto de todos esses quatro níveis e há conseq$ncias disso em sua rela&+o com a impuls+o
=omo e#emplo, a palavra / phusis3 tamb"m si!ni(ica /(or&a de crescimento3, e seres humanos, como as plantas, tamb"m possuem essa (or&a que os leva, por e#emplo, a se alimentar, a se vestir e a respirar Ela ", essencialmente, o cuidar do pr*prio corpo
%as os seres humanos n+o possuem apenas a /(or&a de crescimento3, mas tamb"m a /(or&a da sensa&+o3 0 psuchê Esse " um nível mais elevado de (or&a, que tamb"m " chamado de /(or&a do animal3 'este caso, a autopreserva&+o " alcan&ada atrav"s da vi!ilTncia dos sentidos F interessante notar que os termos / psuchê3 e / pneuma3 0alento (reqentemente t$m a mesma ori!em etimol*!ica e (ato os est*icos pensavam que o pneuma /inteli!ente3 por todo o corpo humano era o meio para a 1
Conceito criado por Zenão e freqüentemente traduzido como comportamento adequado! ou comportamento de acordo com a natureza! "#. do $.%.
sensa&+o 0aisthesis Pneuma pode ser ent+o considerado como a porta para a psuchê Ele cuida de sua psuchê
=ontudo, caso e#a!erado, o papel da sensa&+o pode ter uma má in(lu$ncia em um nível ainda superior de (or&a chamado / nous3 ou /hegemonikon3, ou aquele que permite aos humanos consentirem com as !randes leis da 'ature5a, com o destino ou com os eventos que (a5em parte dessa nature5a universal
escreverei abai#o al!uns e#ercícios que s+o normalmente li!ados a essa disciplina
- Exempos de epilegein no impuso 4 disciplina da a&+o deve ser somada ; ri!orosa disciplina do deseCo, mas deve ser praticada de (orma comedida e reservada
a- 0efinindo a ação pane+ada 8 %anual , no capítulo :, trata das atividades que n*s planeCamos empreender F importante que lembremos a n*s mesmos de toda possível a&+o que pode ocorrer como resultado da tentativa de completar tal atividade ;uando você est, tentando tomar em mãos qualquer ato" lem.re4se que tipo de ato )/ 0e você est, indo ao .anho" ponha diante de si o que acontece no .anho< alguns a espirrar ,gua" outros se empurrando" alguns se aproveitando dos outros" e alguns rou.ando- e você se encarregar, do assunto com mais segurança" ao dizer para si" #agora eu pretendo ir ao .anho e manter minha vontade conforme 3 natureza$/ ' assim você far, em todo ato/ Pois então se qualquer dificuldade ocorrer em relação ao .anho" deie esse pensamento pronto- não era apenas isso que eu pretendia" mas eu pretendia tam.)m manter minha vontade de modo conformado 3 natureza- mas eu não irei mantê4la como tal se ficar a.orrecido com o que acontece/ 8 banho " considerado normalmente como uma atividade muito a!radável, mas tamb"m pode ser acompanhada de vários in(ort7nios possíveis $neca Cá havia usado o
e#emplo do banho para ilustrar o e#ercício de premedita&+o aplicado ; disciplina da a&+o [2@] Esse e#ercício " tamb"m associado com a prática de /a!ir com reserva3 descrita abai#o 8 e#ercício au#ilia o prokopton= est*ico a nunca esquecer que a coisa mais importante " asse!urar a pure5a de sua inten&+o Dma no&+o muito importante pode ser introdu5ida aqui 4ssim como qualquer outra arte ou pro(iss+o, o /trabalho3 de ser um (il*so(o est*ico tem sua pr*pria meta 0 scopos e (im 0telos Telos si!ni(ica, nesse sentido, /recompensa3 e scopos /correndo no est,dio3 8 telos do (il*so(o est*ico, sua recompensa, " obviamente a eudaimonia, que 6en+o de(ine como sendo um /bom (lu#o de vida3 0copos " de(inido como sendo a vontade da psychê, uma constante aplica&+o da mente de qual o (il*so(o est*ico Camais deve se a(astar [2G] 8 scopos do (il*so(o est*ico ", como diria %us?nio Ru(o, estar atento ; pureza da intenção Essa pure5a da inten&+o " ent+o o !uia e#clusivo ou a re(er$ncia para os deseCos e a&)es do (il*so(o 9ara asse!urar essa pure5a da inten&+o, o estudante est*ico deve estar bem disciplinado, submetendo-se a um treinamento para (a5er o uso correto da impress+o, a uma dieta, ; leitura e ; prática das virtudes 8 !re!o anti!o " muito claro quando di5 / kata scopon diocho3 ou /eu estou correndo" orientando4me na meta3 e o est*ico esquece-se de manter sua meta com (or&a e perseveran&a, ele será, ent+o, incapa5 de alcan&ar seu telos, a vida eudaimonísta 8s anti!os est*icos usavam a analo!ia do arqueiro atirando em um alvo para e#plicar essa no&+o [2H]A /8 arqueiro deve (a5er todo o possível para alcan&ar sua meta 0skopos, mas " esse pr*prio ato de (a5er todo o possível para alcan&ar sua meta que ", se " que posso di5er, o im 0telos do arqueiro, o qual corresponde ao que chamamos, quando nos re(erimos ; vida, o supremo bem alcan&ar a meta " apenas uma coisa que devemos deseCar, mas n+o " al!o que merece ser buscado por si mesmo3 8 capítulo acima do %anual destaca o (ato de que o prokopton deve sempre lembrar que eleUela agora pretende .anhar4se 9ou qualquer outra intenção:" e manter sua vontade de acordo com a natureza essa (orma, eleUela nunca se esquecerá de /correr orientandose na meta3 2
Prokopton & o nome dado ao e'tudante e't(ico "#. do $.%.
/- A$indo com 5reser.a6 =omo muitos provavelmente Cá sabem, /a!ir com reserva3 " uma e#press+o t"cnica 4l!u"m a!e com reserva quando percebe que, ao decorrer de sua a&+o, " bem provável que venha a se deparar com obstáculos que s+o independentes de sua vontade, e que estes podem impedir o sucesso da a&+o 8 est*ico antev$ 0ou tenta antever cada obstáculo, e assim manter sua equanimidade em todas as circunstTncias, pois isso o aCudará a permanecer (iel ; sua escolha de vida $neca di5 [2]A 6 homem s,.io se p&e so.re cada ação com reserva< #se não aconteça nada que pode impedi4lo$/ Por essa razão" dizemos que ele sempre tem êito e que nada inesperado ocorre a ele- pois dentro de si ele considera a possi.ilidade de que algo entrar, no caminho e o impedir, de lograr aquilo a que ele se prop&e/ E novamente [2N]A A pol(tica mais segura ) raramente tentar >?ortuna@" mas mantê4la sempre em mente e não confi,4la em nada/ 'ntão< #'u devo vele1ar a não ser que algo aconteça$- e #'u devo me tornar um pretor a menos que algo me impeça$" e #%eu neg5cio ser, .em4sucedido a menos que algo interfira$/ por isso que dizemos que nada ocorre a um homem s,.io contra suas epectativas/ 'o tocante a esse e#ercício, Veith eddon e#plica [.O]A /Dma ve5 que percebemos que as coisas que ocorrem no mundo, incluindo o modo que as outras pessoas a!em, n+o est+o completamente em nosso poder, n*s obtemos a possess+o de um presente maravilhoso, pois a!ora podemos adentrar em nossos a(a5eres com uma esp"cie de serenidade, uma pa5 de espírito rec"m-encontrada e uma con(ian&a (ortalecedora3 =ontudo, esses e#ercícios, que s+o varia&)es da premedita&+o, n+o s+o (áceis de praticar
%arco 4ur"lio nos adverteA #Bão se pertur.e ao imaginar sua vida como um todo- não reúna em sua mente os muitos e variados pro.lemas que vieram a você no passado e virão novamente no futuro/$ 4 resposta para esse problema está em se concentrar apenas nas a&)es presentes, e tamb"m nas presentes di(iculdades, que ent+o se tornam um (ardo mais (ácil de carre!ar, Cá que est+o isoladas no momento presente somente F muito importante n+o se tornar vítima de al!uma an!7stia (utura
III- 3omo proceder7 tentati.a de reconstrução da meditação est#ica A- A a+uda da terapia /udista 8Samatha-Vipassyana 8
impossível sem uma medita&+o ativa 4p*s ter paci(icado a mente, o budista pro!ressivamente aprende a observar todos os (en?menos 0pensamentos, emo&)es, sensa&)es (ísicas que emer!em na mente Esse " o componente /vipassyana3 de seu sistema meditativo F a capacidade de ter uma consci$ncia de al!o sem se tornar cativo dela 9or e#emplo, si!ni(ica estar consciente de um pensamento sem pensar o pensamento 8u /vendo3 um pensamento, emo&+o ou sensa&+o como se observaria um carro passando em uma auto-estrada uspeito que o hegemonikon poderia ser essa habilidade, pois eu descobri al!umas cita&)es interessantes nas %editaç&es de %arco 4ur"lio 9reciso trabalhar ainda mais nesse assunto, e penso que preciso melhorar minha pr*pria prática meditativa antes de tentar propor uma solu&+o e(iciente
B- A a+uda da tradição dos Padres do 0eserto escobri, há al!uns anos, que os primeiros crist+os (oram inspirados pelos anti!os (il*so(os, especialmente pelos est*icos, para criar sua pr*pria terapia Dm bom e#emplo pode ser encontrado nos trabalhos de Pean-Xves Leloup, um te*lo!o ortodo#o, que " bem conhecido na ran&a como um autor popular dentro da espiritualidade e da psicolo!ia %uitos de seus livros est+o disponíveis tradu5idos ao portu!u$s esicasta de acordo com o 9adre era(im . Esse ensinamento " um modo de medita&+o puramente natural e terap$utico, usando a scala naturae 0haiis, phusis, psuchê, nous 4 humanidade tem, de (ato, muitas ve5es perdido contato com esses elementos naturais, que caminham Cuntos para (ormar nosso microcosmo, e isso (reqentemente leva a toda sorte de descon(ortos, doen&as, inse!uran&as e ansiedades 8 ser humano sente-se indeseCado, alienado do mundo F por isso que a medita&+o, de acordo com os anti!os, " para, antes de tudo, entrar no meditar e enaltecer de todo o universo
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)*e parece 'e referir ao +adre ,erap-im o'e "#. do $.%.
*- 9editar como uma montanha (haixis) 4s primeiras instru&)es di5em respeito ; estabilidade colocar-se em uma boa postura e (ato, o primeiro conselho a ser dado a qualquer um que queira meditar n+o está no nível espiritual, mas no (ísico ente-se entar como uma montanha tamb"m si!ni(ica sentir seu pr*prio peso, ser pesado em presen&a 'o início, voc$ pode achar di(ícil permanecer im*vel, com as pernas cru5adas, e os quadris um pouco acima dos Coelhos 0voc$ pode usar um zafu para aCudar =om perseveran&a, voc$ notará que seu entendimento do tempo irá mudar completamente %ontanhas conhecem outro tempo, outro ritmo entar-se como uma montanha " ter o tempo diante de si Essa " a atitude correta para qualquer um que deseCa adentrar na medita&+o F aprender como ser G, simplesmente ser, sem meta ou prop*sito %editar como uma montanha tamb"m irá modi(icar o ritmo de seus pensamentos voc$ aprenderá a ver sem Cul!ar, como se estivesse dando a tudo que cresce o direito de e#istir
- 9editar como a papoua@ ( phusis) 4 medita&+o " antes de tudo uma postura, mas a medita&+o tamb"m " orienta&+o, e isso " o que a papoula ensinaA a voltar-se para o sol, voltar-se das pro(unde5as de si mesmo para a lu5, para a bele5a 0to kalon, (a5endo da medita&+o a inspira&+o de toda 4
/rifo do tradutor "#. do $.%. parentemente e*e 'e refere papou*a rtica Papaver Radicatum ariedade que apre'enta -e*iotropi'mo "#. do $.%
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sua (or&a e vi!or Boc$ tamb"m irá aprender da papoula que para manter essa posi&+o a (lor precisa ter uma haste (orte, e assim voc$ tamb"m come&ará a endireitar sua coluna 4 papoula tamb"m " (rá!il, seu (lorir lo!o desvanece Ent+o " necessário n+o apenas (lorir, mas tamb"m murchar 4 montanha nos dá o senso da eternidade, a papoula do tempo 4ssim voc$ aprenderá a meditar sem /prop*sito ou proveito3, mas pelo simples pra5er de ser e amar a lu5
:- 9editar como o oceano ( psuchê) 4 medita&+o " o adotar de uma boa postura e de um estado de espírito apropriado, mas tamb"m " aprender a escutar a pr*pria respira&+o, e " isso que o oceano ensina Boc$ será solicitado a harmoni5ar sua pr*pria respira&+o com a !rande respira&+o das ondas Boc$ inspira e voc$ e#pira o ar Ent+o voc$ " inspirado e voc$ " e#pirado ei#ese carre!ar pela sua pr*pria respira&+o Boc$ pode muito bem primeiro perder consci$ncia, ou (lutuar a sua volta %as lo!o n+o será mais levado para lon!e pelo ritmo apro(undado de sua respira&+o e aprenderá que meditar " respirar pro(undamente, dei#ar a /va5ante3 do respirar e seu (lu#o simplesmente ser
;- 9editar como um s/io (nous) =om a medita&+o do sábio, voc$ adentrará em uma consci$ncia nova e mais elevada, a consci$ncia do logos" que se mani(esta na troca íntima com todas as coisas, mas que n+o pode ser apreendida por todas as coisas >eráclito inspirou pro(undamente a (ísica dos est*icos e, portanto, " muito importante entender o si!ni(icado da palavra logos con(orme ela (oi usada por ele
esse tipo de compreens+o linear de >eráclito nos dei#a na m+o =omo deveríamos entender o logos em !re!oS %uito antes de ser palavra ou discurso, lo!os era o recolher H / Iegein si!ni(ica primeiramente /colher3 ou /pe!ar3 oi apenas com o desenvolvimento do !re!o clássico que logos veio a se tornar /(alar3 ou /di5er al!o3 %as mesmo por volta de 2HO4 = 8 poeta %osco de iracusa ainda escrevia aglaien rhodou legein que si!ni(ica /apanhar o (lorescer da rosa3 >eráclito nos convida para /apanhar o (lorescer3 8 ouvir tamb"m " contempla&+o, a qual implica na aus$ncia de dire&+o Dm ouvinte orientado, ao contrário, " um ouvinte do conhecido, do pensamento, da mente, da mem*ria, do hábito 8utras tradi&)es usam o termo /ego3 %arco 4ur"lio em suas %editaç&es descreve esse e#ercício como se!ueA >á tr$s coisas das quais voc$ " compostoA corpo, alento e mente essas, as duas primeiras s+o voc$ mesmo na medida em que " seu dever tomar conta delas mas apenas a terceira " voc$ no sentido completo Ent+o, se voc$ colocar lon!e de si K isto ", de sua mente K tudo o que os outros (a5em ou di5em, e tudo que voc$ mesmo disse ou (e5, e tudo aquilo que te perturba em rela&+o ao (uturo, e todo o pertencente ao corpo que envolve voc$ e a respira&+o conCu!ada com aquilo que está li!ado a voc$ independentemente de sua vontade, e tudo que o v*rtice que se a!ita (ora de voc$ varre em seu despertar, ent+o o poder de sua mente, antes entre!ue ;s amarras do destino, poderá viver uma vida pura e irrestrita, so5inha consi!o mesmo, (a5endo o que " Custo, deseCando o que vier a acontecer, e di5endo o verdadeiro 8u seCa, voc$ a(astará da (aculdade !overnante tudo o que, vindo das a(ei&)es do corpo, se a!re!a a ela, e tudo que permanece no (uturo ou no tempo Cá ido, e (ará de voc$, nas palavras de Emp"docles, /uma esfera .em .alanceada regozi1ando4se na solidão ao seu redor 3, e empenhar-se-á em viver apenas a vida que " pr*pria, isto ", sua vida presente Ent+o voc$ estará apto a passar ao menos o tempo que lhe sobra at" sua morte em serenidade e benevol$ncia, e como al!u"m que está em pa5 com o espírito !uardi+o que habita dentro de si
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)''e conceito faria 'entido no 'entido de que physys iria do rotar! e o logos permitiria ao -omem colher a natureza brotada da' coi'a'. )''a interpretaão & apontada por Ce*'o de *ieira ieira em 'ua di''ertaão de me'trado Razão, alma e sensação na antropologia de Heráclito! "noemro de 2010 :;/ p.10% "#. do $.%.
9ermanecendo nesse estado de escuta, de abertura, em toda circunstTncia, " (a5er de voc$ /uma esfera .em .alanceada regozi1ando4se na solidão ao seu redor 3 Esse " o pr*prio si!ni(icado do mote /viver de acordo com a nature5a3 como 6en+o estabeleceu ou /vivendo de acordo com a e#peri$ncia da nature5a3 de acordo com =risipo, que " o meu (avorito
I<- Pensamentos concusi.os F realmente importante entender que o que tentei (ornecer " apenas uma vis+o !lobal das práticas meditativas est*icas nesse curto ensaio 4l!uns podem criticar o uso e#tensivo que (i5 das teorias de 9ierre >adot Eu recentemente descobri que elas s+o tema de controv"rsia, especialmente no que di5 respeito ; sua interpreta&+o da teoria do conhecimento e do seu tratamento das impress)es '+o obstante, optei por contar com >adot, pois senti, ao ler al!uns de seus vários trabalhos, que há al!um tipo de espiritualidade que sur!e dele 4l"m disso, na minha vis+o, sua interpreta&+o das /impress)es3 pode ser (acilmente incorporada em um sistema meditativo compreensivo Eu mesmo passei por uma considerável evolu&+o no meu caminho para entender essas práticas, especialmente quando descobri a anti!a tradi&+o dos 9adres do eserto e (ato os primeiros crist+os tiveram pro(unda inspira&+o dos anti!os (il*so(os, talve5 mesmo dos est*icos ou plat?nicos 4!ora Cá sabemos, por e#emplo, que o 'ncheiridion de 4rriano (oi usado pelos crist+os, depois de ser pro(undamente modi(icado, para sua prática diária, e mesmo depois para evan!eli5ar o povo chin$s 9ercebi que seria ra5oavelmente (ácil tentar uma reconstru&+o de al!uns ensinamentos centrais est*icos usando cola&)es de =assiano H dos trabalhos de PeanXves Leloup 8utra vanta!em desse m"todo " a de que podemos contar com uma tradi&+o viva que eu creio ser a 7nica (orma !enuína e aut$ntica de ensinar a arte do viver bem %eus estudos budistas (oram de !rande aCuda, especialmente at" onde concerne ;s t"cnicas de medita&+o F interessante notar que avid ontana observa que embora as t"cnicas de medita&+o se desenvolvessem em muitas di(erentes culturas 0e n+o apenas nas orientais, as t"cnicas em si s+o similares onde quer que seCa F por isso que os primeiros crist+os tamb"m (ocavam na respira&+o como (orma de desenvolver a aten&+o 7
)*e 'e refere a
Espero que tenham apreciado esse ensaio e, acima de tudo, que ele seCa de !rande aCuda a voc$s
>1? ic-ard @eAi' Stoic Voice Journal o*. 1 #o. 4. >2? ic-ard @eAi' Stoic Voice Journal o*. 1 #o. 6. >3? ;ora* )pi't*e nB89 >4? ;editae' 2.13 >5? Dn E< :e'tuFiGreH' IeuJ pr&dicateur' de *Hntiquit& K $&*G' et ;u'oniu' +ari' rin 1978 p. 69L71. >6? +ierre Madot Qu’est ce que la philosophie antique? fo*io e''ai' /a**imard 1995. )''e *iro foi traduzido para o portuFu=' 'o o tNtu*o de que ! a "iloso"ia antiga?# >7? +ierre Madot $%ercices spirituels et philosophie antique& )tude' auFu'tinienne' +ari' 1987. >8? 'iscursos DDD 3 20E2 >9? (anual 45 >10? 'iscursos DD 16 22 >11? (anual 3 4 9 e 12 >12? 'iscursos DDD 12 15 >13? 'iscursos DD 8 29 >14? 'iscursos DDD 3 15O DDD 16 15 >15? 'iscursos DDD 8 1E6 >16? 'iscursos DDD 12 10 >17? 'iscursos DDD 2 3 >18? (edita)*es 2.5 >19? (edita)*es 3 11 >20? 'iscursos D 1 111 >21? 'iscursos D 1 32 e D 24 14 >22? (edita)*es 10.11 >23? (edita)*es 10. 18 >24? 'iscursos DDD 20 >25? )pi'tu*ae ;ora*e' ad @uci*ium carta 107. 2 >26? ,ee er uma co*aão muito intere''ante de 27? Ie :iniu' DDD 6 22 >28? Ie Qeneficii' 4.34.4 trad Ionini DnAood and Ionini 1999 p 737 >29? Ie $ranqui**itate nimi 13.2E3 trad Co'ta 1997 p 51E2 >30? +ntroduction to Stoic Philosophy , -he Quest "or inner peace L +aper nB2 >31? 'iscursos DDD 3 20E2 >32? Dn Menepo*a /unaratamaH' (ind"ulness in plain english 1991 >33? 'iscursos D 20 5 >34? .eing still& Re"lections on an ancient mystical tradition traduzido e editado por ;.,. @aird "2003 /raceAinF )dition%
=O>A 0O >1A0?>O1 Y6 que ) noite para todos os seres ) a hora de despertar para o autocontrolado- e a hora de despertar para todos os seres ) noite para o s,.io introspectivoY -Berso GN, =apítulo II do Zha!avad-ita auda&)es, camaradasQ '+o " habitual que as considera&)es do tradutor esteCam no (inal do livro %as n+o creio que seCa al!o de tanta importTncia 8ptei por essa or!ani5a&+o para que as minhas considera&)es pudessem ser relacionadas com o conte7do do te#to enquanto ele estivesse ainda (resco na mente do leitor Mual a importTncia de estudar o conte7do prático dentro do estoicismoS 8u, melhor, qual seria a importTncia de procurar aplica&)es práticas dentro das di(erentes escolas (ilos*(icasS eparamos-nos, aqui, com conte7dos de caráter asc"tico que proporcionam um verdadeiro a(astamento das inclina&)es viciosas que uma vida !uiada pela dispers+o e pela consci$ncia entorpecida - que, dentre outros (atores, " (ruto de al!umas (acilidades t"cnicas alcan&adas pelo homem e de sua predisposi&+o ao abri!o da comodidade - nos p)em no encal&o e no adiantar de cada passo e estivermos sitiados pelo en(raquecimento de nossa consci$ncia, de nossa autonomia e#istencial, de nossa comunica&+o solitária e meditativa privile!iada pela quietude, de um senso de desape!o e de transitoriedade da mat"ria, ent+o esses ensinamentos est*icos sur!em como um primeiro au#ílio ; recupera&+o de nossa liberdade '+o " um caminho pronto, mas uma indica&+o de como proceder nos níveis mais pr*prios em que podemos operarA sobre aquilo que está em nosso poder Ya!oraY %uitas ve5es (alamos em permanecer (ora das oposi&)es ilus*rias, da serpente bic"(ala, da dualidade do arqu"tipo e entender sua nature5a una na onte, na 8ri!em 0dou este e#emplo para Custi(icar que mantemos um discurso semelhante em várias (rentes nisso pensamos constantemente numa terceira-via, numa outra op&+o que nos permita uma apro#ima&+o mais verdadeira de n*s mesmos e do modo de se relacionar com as coisas reqentemente essa manobra de ver-al"m nos su!ere um movimento de dar um passo para (ora nos distanciar, simplesmente 8 distanciamento ", antes de tudo, interior, uma distTncia interior que n+o se mede, mas há, e separa o indivíduo da coisa ou, o mais importante, da sua ocupa&+o intencional com ela 'isso reconhecemos o pr*prio princípio de apoliteia, ou ainda a id"ia de que a de!rada&+o de nosso tempo n+o deve ser
en(rentada com um !iro de 1O !raus rumo ao passado, mas com um passo-para-(ora do processo !lobal de tecnici5a&+o e massi(ica&+o do homem E se operarmos tal distanciamento no momento presente atrav"s dos e#ercícios e#postosS iperb*rea - n+o entrarei no m"rito da doutrina em si -, a suspens+o das impress)es para o vislumbre, na medida do possível, do que a coisa realmente ), se relacionaria com a 4L aplicada ao Ysímbolo sa!radoY F uma prática que de al!uma (orma lapida nosso YverY para que n+o seCamos consumidos pelas pai#)es, pelos vícios, pelo crescente apelo que uma ima!em pode apresentar diante de n*s =hamo aten&+o tamb"m para a constante consci$ncia de morte, da possibilidade de n+o-e#ist$ncia, de ter em mente que a morte che!a para todos e sua possibilidade nos acompanha sem descanso Essa consci$ncia, re(or&ada por tantas tradi&)es, nos au#ilia sempre no presente, ensinando a aceitar a transitoriedade das coisas e o caráter de restitui&+o das coisas mundanas 8 homem será cadáver Em termos esot"ricos, a consci$ncia de morte, assim como a consci$ncia do sobrenatural 0quando esta ocorre, normalmente em meio a um tipo especí(ico de conversa&+o ou num ambiente propício, nos abre para uma dimens+o muito pr*pria do homem, al!o primordial e misterioso onde se anunciam coisas di(íceis de captar =omo o te#to " tradu5ido, al!uns erros podem ser encontrados, e al!umas coisas n+o podem corresponder ao pensamento !eral que temos, mas a parte prática deverá ser de !rande utilidade 9enso que al!uns dos nossos se encontram num caminho, mas outros apenas va!am 9or"m, espero apenas que esse pequeno manual adquira al!uma importTncia nas práticas de cada um Re(or&o a a(irma&+o do te#to de que a correta prática dos princípios est*icos e#postos pode levar o estudante a um estado de tranqilidade e pa5 interior equilibrado, e isso sem que o praticante caia na tolice das doutrinas amolecidas pelas á!uas de aquário, ao mesmo tempo em que tr ilha um caminho de satis(at*ria auto-supera&+o E o (alat*rio, as min7cias do cotidiano entorpecido, a constante dispers+o curiosa que pro!ride de coisa em coisa, tudo isso