Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Autor Paulo César Medeiros
2008 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
© 2008 IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
M488 Medeiros, Paulo César. / Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia. / Paulo César Medeiros. — Curitiba: IESDE Brasil S.A. , 2008. 144 p.
ISBN: 978-85-387-0580-2
1. Geografia. 2. Educação. 3. Ciências Humanas. I. Título. CDU 372.8
Todos os direitos reservados. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 80730-200 • Curitiba • PR www.iesde.com.br Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Sumário Apresentação.........................................................................................................................7 Geografia: a ciência da Terra................................................................................................9
Por que ensinar a Geografia?....................................................................................................................9 O encolhimento do planeta Terra..............................................................................................................10 A crise socioambiental e as Ciências Humanas........................................................................................13 A Geografia no século XXI.......................................................................................................................14
A sistematização do saber geográfico...................................................................................23
A evolução da Geografia...........................................................................................................................23 As escolas de Geografia............................................................................................................................24 Os princípios fundamentais da ciência geográfica....................................................................................26 Grandes conceitos da Geografia...............................................................................................................27
Ser humano: o construtor do espaço.....................................................................................33 O nascer da humanidade...........................................................................................................................33 O trabalho humano...................................................................................................................................34 Quadro comparativo do Australopitecus afarensis com o Homo habilis.................................................35 As técnicas de produção...........................................................................................................................37 O espaço humanizado...............................................................................................................................38
O espaço vivido e o espaço percebido..................................................................................41 O indivíduo e as instituições sociais.........................................................................................................41 A percepção do espaço..............................................................................................................................42 A cognição do espaço...............................................................................................................................43 O lugar e o poder da identidade................................................................................................................44
O espaço representado..........................................................................................................49 O que é uma representação?.....................................................................................................................49 A produção/representação do espaço........................................................................................................50 As representações e o contexto social......................................................................................................51 A Geografia das representações................................................................................................................52
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares............................................................59
A Geografia e a Educação Infantil............................................................................................................59 A Geografia no primeiro ciclo..................................................................................................................61 A Geografia no segundo ciclo...................................................................................................................62 Construindo um sistema avaliativo...........................................................................................................64
O ensino de Geografia e os Temas Transversais...................................................................71 A ética e a pluralidade cultural.................................................................................................................71 A saúde e o meio ambiente.......................................................................................................................72 Geografia e educação sexual.....................................................................................................................72 Geografia, trabalho e consumo.................................................................................................................73 Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O eu e o outro........................................................................................................................75 Justificativa...............................................................................................................................................75 Objetivos...................................................................................................................................................75 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................76 Avaliação..................................................................................................................................................78
Explorando o espaço da escola.............................................................................................81
Justificativa...............................................................................................................................................81 Objetivos...................................................................................................................................................81 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................82 Avaliação..................................................................................................................................................84
Conhecendo os lugares.........................................................................................................87 Justificativa...............................................................................................................................................87 Objetivos...................................................................................................................................................87 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................88 Avaliação..................................................................................................................................................90
O trabalho e a organização do espaço...................................................................................93 Justificativa...............................................................................................................................................93 Objetivos...................................................................................................................................................93 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................94 Avaliação..................................................................................................................................................96
A natureza e suas dinâmicas.................................................................................................99
Justificativa...............................................................................................................................................99 Objetivos...................................................................................................................................................99 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................100 Avaliação..................................................................................................................................................102
O campo e a cidade...............................................................................................................105 Justificativa...............................................................................................................................................105 Objetivos...................................................................................................................................................106 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................106 Avaliação..................................................................................................................................................109
As atividades produtivas.......................................................................................................113 Justificativa...............................................................................................................................................113 Objetivos...................................................................................................................................................113 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................114 Avaliação..................................................................................................................................................116
A cultura e os grupos sociais.................................................................................................119 Justificativa...............................................................................................................................................119 Objetivos...................................................................................................................................................119 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................120 Avaliação..................................................................................................................................................122
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço geográfico brasileiro..............................................................................................125 Justificativa...............................................................................................................................................125 Objetivos...................................................................................................................................................125 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................126 Avaliação..................................................................................................................................................128
O espaço geográfico mundial................................................................................................131 Justificativa...............................................................................................................................................131 Objetivos...................................................................................................................................................131 Procedimentos Metodológicos..................................................................................................................132 Avaliação..................................................................................................................................................134
Referências............................................................................................................................137
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Apresentação
O
questionamento norteador deste livro é por que ensinar geografia. A humanidade vive um cenário constante de mudanças, desde o século XV por meio das grandes rotas marítimas iniciando as atividades mercantilistas e as relações capitalistas, ao início do século XXI com a globalização, o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação dividindo o mesmo espaço com catástrofes, medos, angústias e atentados terroristas. O estudo da geografia apresenta alguns aspectos teórico-metodológicos que orientam o ensino dessa disciplina como suporte para cidadania e formação da criança, criando uma ponte entre o espaço vivido e o percebido por ela. Nesse sentido o trabalho do professor-educador é peça fundamental para estabelecer referência entre o social e o cultural para que se construa um conhecimento contínuo, uma integração da criança com o seu ambiente e a sociedade do qual faz parte. O convívio com a família, grupos de amigos, religião, lazer e principalmente a escola são fundamentais para a criação da identidade de cada um. É o exemplo dos pais, amigos, dos professores e da sociedade que moldam nosso aprendizado todos os dias, sejam adultos ou crianças, pois são fundamentais para o seu desenvolvimento. Ao trabalhar com o saber geográfico mundial, ou seja, com a geografia, o educador consegue desenvolver a autonomia da criança diante da sociedade e do ambiente. É a partir desses laços que se reconhecem as diferenças e semelhanças e isso contribui para o esclarecimento e enriquecimento do indivíduo. Paulo Freire ensinou que só participa ativamente na história e para a transformação da mesma, aqueles que tem consciência de sua própria capacidade de transformá-la. O ponto de partida é compreender e apreender como o homem e suas relações sociais, psicológicas, econômicas, culturais e estruturais influenciam sua transformação com o meio. Então podemos dizer que ensinar geografia é ensinar as gerações a conhecer e reconhecer-se, todos os dias no espaço social onde tudo o que se pratica produz causa e efeito.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra Paulo César Medeiros* Vivemos num mundo conquistado, desenraizado e transformado pelo titânico processo econômico e tecnocientífico do desenvolvimento do capitalismo, que dominou os dois ou três últimos séculos. Sabemos, ou pelo menos é razoável supor, que ele não pode prosseguir ad infinitum. O futuro não pode ser uma continuação do passado, e há sinais, tanto externamente quanto internamente, de que chegamos a um ponto de crise histórica. As forças geradas pela economia tecnocientífica são agora suficientemente grandes para destruir o meio ambiente, ou seja, as fundações materiais da vida humana. As próprias estruturas das sociedades humanas, incluindo mesmo algumas das fundações sociais da economia capitalista, estão na iminência de ser destruídas pela erosão do que herdamos do passado humano. Nosso mundo corre o risco... Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão. (HOBSBAWN, 1995, p. 562)
Por que ensinar a Geografia?
A
s diferentes nações mundiais vivem momentos de angústia e medo, as notícias que circulam nos meios de comunicação apresentam um cenário de catástrofes e terror. O início do século XXI vê suas primeiras marcas históricas registradas nas sucessões de atentados terroristas internacionais. As tecnologias usadas, que atualmente permitem monitorar o mundo em tempo real, ofereceram aos telespectadores de todo o mundo as cenas instantâneas. O tempo e o espaço são continuamente desafiados pela maximização das redes eletrônicas. Simultaneamente, a humanidade defronta-se com limitações para satisfação das necessidades básicas de existência e a divisão internacional do trabalho e dos recursos naturais distanciou milhões de pessoas da possibilidade concreta da emancipação humana. Nesse sentido, observa-se um amplo esforço das ciências naturais e humanas, principalmente no final do século XX, em buscar respostas e em estimular ações concretas que permitam aos indivíduos libertar-se da alienação socioespacial, superando-a. Paulo Freire nos ensinou que o ser humano só tem as possibilidades de participar ativamente na história, na sociedade e na transformação da realidade se for auxiliado a tomar consciência da realidade e de sua própria capacidade para transformá-la. O indivíduo não pode lutar contras as forças que não compreende, a não ser que descubra que ele pode. Essa conscientização coloca o primeiro objetivo da educação que é “antes de tudo provocar uma atitude crítica, de reflexão, que comprometa a ação”. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente é professor titular da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR) e professor titular do Instituto Modelo de Ensino Superior Sc Ltda.
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
O conhecimento empírico do espaço é o primeiro estágio de desenvolvimento humano, servindo como fornecedor das primeiras referências espaciais para o conhecimento do ambiente vivido, o qual terá de desvendar durante toda a sua vida. Basta lembrar como o trajeto que fazemos de nosso trabalho até nossa casa está armazenado em nossa memória. Assim também estavam nos primeiros humanos, que memorizavam seu ambiente e retornavam às cavernas após horas de caça em campo aberto ou nos bosques, em longas distâncias. No entanto, o ser humano levou milhares de anos para sistematizar suas reflexões sobre as informações espaciais, criar os primeiros sistemas matemáticos para referenciar o espaço terrestre e organizar uma descrição da superfície planetária. Há pouco mais de cem anos, nas universidades européias, constitui-se a cadeira de Geografia, e de lá para cá essa disciplina é ensinada e promovida nas sociedades contemporâneas. Ao iniciarmos o estudo da Geografia temos de ter a clareza de estarmos tratando de assuntos pertinentes ao ser humano e que este é sujeito ou objeto da construção do espaço, dependendo de seu grau de consciência. Assim, quando apresentamos a importância do estudo da Geografia para as crianças, estamos depositando esforços na construção de um espaço geográfico mais humano, crítico e solidário.
O encolhimento do planeta Terra Parabolicamará Gilberto Gil
Antes mundo era pequeno
Ê, mundo dá volta, camará
Porque Terra era grande
De jangada leva uma eternidade
Hoje mundo é muito grande
De saveiro leva uma encarnação
porque Terra é pequena
De avião o tempo de uma saudade
Do tamanho da antena
Pela onda luminosa
Parambólicamará
Leva o tempo de um raio
Ê, volta do mundo, camará
Tempo que levava Rosa
Ê, mundo dá volta, camará
Pra arrumar o balaio
Antes longe era distante
Quando sentia que o balaio ia
Perto só quando dava
Escorregarê, volta do
Quando muito ali defronte
Mundo, camará
E o horizonte acabava
Ê, mundo dá volta, camará
Hoje lá trás dos montes
[...]
Den’de casa, camará Ê, volta do mundo, camará 10
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra
Antes do processo de mundialização das relações capitalistas de produção, a humanidade estava dividida em diferentes mundos, cada qual correspondendo ao espaço geográfico construído por seus ancestrais. Povos europeus, asiáticos, árabes, tupis, incas, astecas, africanos e tantos outros. Com o início das atividades mercantilistas do século XV, por meio de grandes rotas marítimas, inicia-se um novo processo de conhecimentos sobre a superfície do planeta. Vejamos a figura a seguir que sugere o encolhimento do mapa do mundo de acordo com as capacidades técnicas de deslocamento humano na superfície terrestre.
Mapa reproduzido em 1456 com base no original do século XII, feito pelo cartógrafo árabe Al-Idrissi. Era comum os árabes construírem seus mapas invertidos em relação ao que estamos acostumados hoje, colocando o sul na parte de cima (MOREIRA; SENE, 2000, p. 10).
Após um longo processo de mundialização das relações capitalistas, percebemos que o conhecimento do planeta atingiu níveis de precisão elevados. Basta compararmos as imagens apresentadas por cartógrafos ao longo dos tempos para confirmar como o conhecimento da superfície planetária evoluiu. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
11
(MOREIRA; SENE, 2000, p. 11)
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
(MOREIRA; SENE, 2000, p. 11)
Mapa elaborado em 1508, por Francesco Rosseli, um cartógrafo florentino. Esse foi o primeiro mapa-múndi da história da cartog rafia, ou seja, o primeiro a mostrar o planeta inteiro.
(CURIOSIDADES, 2004)
Mapa elaborado em 1508, por Francesco Rosseli, um cartógrafo florentino. Esse foi o primeiro mapamúndi da história da cartografia, ou seja, o primeiro a mostrar o planeta inteiro.
Imagem do governo terrestre feita pelo satélite GOES em novembro de 1992.
12
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra
A crise socioambiental e as Ciências Humanas Nos anos 1980 do século passado, o relatório Nosso Futuro Comum demonstra que o modelo de desenvolvimento capitalista, empreendido em profundidade no final do século XX, teve como principais conseqüências a morte de milhões de humanos, pela fome, por acidentes químicos e nucleares. Cerca de 60 milhões de pessoas, sendo a maioria crianças, mortas por doenças relacionadas à água contaminada e pela desnutrição. Diante da crise ambiental, anunciada oficialmente pelas últimas grandes conferências de meio ambiente e desenvolvimento e pelos documentos que delas derivaram, surge a necessidade de se educar os cidadãos para a racionalidade do uso dos recursos naturais. A educação apresenta-se como a principal alternativa e difundese como um novo modelo de abordagem pedagógica para a formação social. Dentre os primeiros trabalhos voltados às relações socioambientais humanas, merecem ser citados autores como Thomas Huxley, que em 1863 escreveu sobre as interdependências entre os seres humanos e os demais seres vivos em seu ensaio Evidências sobre o Lugar do Homem na Natureza. George P. Marsh em sua obra, O Homem e a Natureza, analisou as causas do declínio de civilizações antigas a partir da ação humana; Aldo Leopoldo publicou em 1949, A Sand Country Almanac, em que discutiu uma ética de usos dos recursos da Terra. Em 1962, Rachel Carson em seu livro Primavera Silenciosa, apresenta um estudo sobre a perda da qualidade de vida produzida pelo uso indiscriminado e excessivo dos produtos químicos e os efeitos dessa utilização sobre os recursos ambientais. A formação do Clube de Roma1, em 1968, inicia um movimento para discutir a crise planetária e publica em 1972, The Limits of Growth, denunciando que “o crescente consumo mundial levaria a humanidade a um limite de crescimento e possivelmente a um colapso”. Nesse mesmo ano, a realização da Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo – Suécia, marca um novo momento da questão socioambiental. Na Declaração sobre o Ambiente Humano2, foi estabelecido o Plano de Ação Mundial, com o objetivo de “inspirar e orientar a humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano”. Em 1975, a Carta de Belgrado indicava a necessidade de uma nova ética global, com a finalidade de estabelecer meios para a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação humanas, apontando e censurando as nações que se desenvolvem sob a exploração de outras. 3
Em 1977, realizou-se em Tiblisi – Geórgia (ex-URSS) – a Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Essa conferência constituiu-se no início da estruturação de um Programa Internacional de Educação Ambiental; apontou para que os Estados membros incluam em suas políticas de educação medidas que visem a incorporação de conteúdos, de diretrizes e atividades ambientais a seus sistemas; convidou as autoridades de educação a intensificar seus trabalhos de reflexão, pesquisas e inovaEsse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
1
Em 1968, foi realizada em Roma uma reunião de cientistas dos países desenvolvidos para discutir o consumo, as reservas de recursos naturais não-renováveis, o crescimento da população mundial até meados do século XXI. Dessa reunião foi publicado o livro Limites do Crescimento (Perspectiva. São Paulo, 1978), que foi durante muitos anos uma referência internacional às políticas e projetos. Os intelectuais latino-americanos, no entanto, liam nas entrelinhas do documento a indicação de que, para se conservar o padrão de consumo dos países industrializados, era necessário controlar o crescimento da população dos países pobres. (REIGOTA, 1994).
2
O grande tema em discussão na Conferência foi a poluição ocasionada, principalmente, pelas indústrias. O Brasil e a Índia, que viviam na época “milagres econômicos”, defenderam a idéia de que “a poluição é o preço que se paga pelo progresso”. (REIGOTA, 1994).
3
Em Belgrado, na então Iugoslávia, em 1975, foi realizada a reunião de especialistas em Educação, Biologia, Geog rafia e História, entre outros, definindo-se os objetivos da educação am bient al, publicados no que se convencionou chamar de “Carta de Belgrado”. (REIGOTA, 1994).
13
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
ção com respeito à Educação Ambiental; solicitou o intercâmbio de informações e experiências e solicita à comunidade internacional que ajude a fortalecer essa colaboração, em uma esfera de atividades que simbolize a necessária solidariedade de todos os povos e que possa ser considerada como particularmente alentadora para promover a compreensão internacional e a causa da paz. Em nível internacional, dois eventos marcam o final dos anos 90. A publicação do relatório chamado Nosso Futuro Comum (abril, 1987), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU e o Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais (agosto, 1987), realizado em Moscou. A conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992 foi, sem dúvida, um marco no final do século XX. Mais de 170 países estiveram debatendo temas de importância mundial. Esse trabalho resultou na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, nas Convenções da Biodiversidade, da Mudança do Clima, o Protocolo de Florestas, o Direito Internacional e o Desenvolvimento Sustentável.
A Geografia no século XXI As democracias do século XXI serão cada vez mais confrontadas com o gigantesco problema decorrente do desenvolvimento em que ciência, técnica e burocracia estão intimamente associadas. Essa enorme máquina que domina a informação internacional não produz apenas conhecimento e elucidação, mas produz também ignorância e cegueira. Os avanços disciplinares das ciências não trouxeram apenas as vantagens da divisão do trabalho, trouxeram também os inconvenientes da hiperespacialização ou globalização. Com o parcelamento do saber, cada vez mais dominado pelos técnicos especialistas, o saber universal fica cada vez mais distante da ampla maioria da população. O espaço social apresenta-se como uma organização que se adapta e evolui sem cessar seus efeitos, este espaço socialmente construído constitui-se numa unidade, um território onde a organização e o funcionamento decorrem das relações socioespaciais que o animam. Podemos pensar, então, em um sistema espacial como o produto de decisões dos atores. Nesse sentido, a Geografia deve preocupar-se com a análise de algumas questões, tais como: Os processos da construção do espaço e da organização espacial como resultado dos diferentes grupos de indivíduos que compõem cada sociedade. As transformações no espaço sofrem uma construção contínua de cada sociedade que o habita. O ser humano como indivíduo ou sociedade de seres humanos atuam como atores do espaço. 14
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra
As decisões são tomadas mediantes a racionalidade econômica dentro de todas as sociedades, assim o espaço percebido é julgado, valorizado, interiorizado e reformulado em cada momento histórico. Pensar em ensinar Geografia para as gerações do futuro significa refletir sobre as múltiplas dimensões dos indivíduos: antropológicas, biológicas, psicológicas, sociológicas, históricas e geográficas. O espaço geográfico é o reflexo de sua sociedade e nele encontramos as marcas das diversas humanidades. O educador-cidadão é um ator primordial na construção dos saberes que alimentarão os discursos e quem sabe as ações das novas gerações. Para tal, é fundamental que construa uma base teórica ampla que permita dialogar com muitas disciplinas específicas e estabeleça um vínculo com o espaço vivido pelos atores do processo educacional.
(BLACHE, 1993)
Chamado a falar de Geografia perante um auditório de futuros professores formados nos métodos científicos, mas se preparando ao ensino de diversas disciplinas, meio embaraçado indagueime sobre qual seria, entre as questões que esse tema sugere, aquela que melhor convinha em tais circunstâncias. Ao refletir, fiquei impressionado pelos mal-entendidos que reinam sobre a própria idéia da Geografia. No grupo das Ciências Naturais, ao qual sem nenhuma dúvida se integra, ela possui um lugar à parte. Suas afinidades não excluem sensíveis diferenças. Ora, é sobretudo a respeito dessas diferenças que as idéias são pouco precisas. Pareceu-nos que tentando colocar alguma luz nesse lado das coisas, isto é, propondo-me a especificar o que distingue a Geografia, eu me ajustarei à intenção que preside estas conferências. A Pedagogia é uma obra de coordenação e de relações: será que ela não deveria ser considerada como uma espécie de filosofia abraçando tudo aquilo que contribui à formação do espírito? A Geografia é considerada como se alimentando nas mesmas fontes de fatos da Geologia, da Física, das Ciências Naturais e, de certa forma, das Ciências Sociológicas. Ela serve-se de noções, sendo que algumas delas são o objeto de estudos aprofundados nas ciências vizinhas: daí vem, então, a crítica que se faz às vezes à Geografia, a de viver de empréstimos, a de intervir indiscretamente no campo de outras ciências, como se houvesse compartimentos reservados no domínio da ciência. Na realidade, a Geografia possui seu próprio campo. O essencial é considerar qual uso ela faz dos dados sobre os quais se exerce. Será que ela aplica métodos que lhe pertencem? Será que traz novos horizontes, de onde as coisas possam aparecer em perspectiva especial, que os mostra sob ângulo novo? Todo o problema é este que está aí. Na complexidade dos fenômenos que se entrecruzam na natureza não se deve ter uma única maneira de abordar o estudo dos fatos; é útil que sejam observados sob ângulos diferentes. E se a Geografia retoma certos dados que possuem um outro rótulo, não há nada para que se possa taxar essa apropriação de anticientífica.
A unidade terrestre
A Geografia compreende, por definição, o conjunto da Terra. Este foi o mérito dos matemáticos-geógrafos da Antigüidade (Eratóstenes, Hiparco, Ptolomeu), o de colocar em princípio a unidade terrestre, o de fazer prevalecer esta noção acima das descrições empíricas das regiões. É Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
15
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
nesta base que a Geografia pôde-se desenvolver como ciência. A idéia de correspondência, de solidariedade entre os fenômenos terrestres, penetrou e tomou corpo, muito lentamente na verdade, porque se tratava de apoiá-la sobre fatos e não sobre simples hipóteses. Assim, quando no início do século XIX Alexandre von Humboldt e Karl Ritter fizeram-se os iniciadores do que se chamava então de geografia comparada, eles se orientavam de acordo com uma visão geral do globo; e foi por aí que sua impulsão foi fecunda. Todos os progressos posteriormente obtidos, no conhecimento da Terra, foram atribuídos a melhor esclarecer esse princípio de unidade. Se existe um domínio no qual ele se manifesta muito claramente, então é o domínio das massas líquidas que cobrem 3/4 do globo e do oceano atmosférico que o envolve. Nos movimentos da atmosfera, escreve o meteorologista Dove, “não se pode isolar nenhuma parte, pois cada parte age sobre sua vizinha”. É assim que, propagando-se, as borrascas formadas nas proximidades da Terra Nova atingem as costas da Europa Ocidental e, evidentemente, do Norte do Mediterrâneo; e se as perde de vista a seguir e se sua marcha escapa dos observatórios, não há dúvida de que a série das repercussões continua. As partes do oceano estão em comunicação íntima por uma circulação de fundos e de superfície. Bernard Varenius já escrevia que Quum ocesnus movetur, totus movetur. A parte sólida do globo também sofre a participação de uma dinâmica geral. O conjunto de fatos tectônicos, que as explorações feitas nas diversas regiões da Terra coletaram, contribuiu para que Eduard Suez pudesse edificar sobre eles uma síntese, cuja própria idéia poderia ter parecido anteriormente como ilusória. O conhecimento das regiões polares promete-nos, enfim, novos exemplos de correspondência e de correlação que esclarecerão, sem dúvida, a gênese dos fenômenos. Esta idéia de unidade é comum, sem dúvida, a todas as ciências que tocam a física terrestre, assim como as que estudam a repartição da vida. A insolação, a evaporação, o calor específico da terra e da água, as mudanças de estado do vapor da água etc. esclarecem-se pela comparação recíproca das diversas partes do globo. A lei da gravidade domina toda a diversidade das formas de erosão e de transporte, e manifesta-se assim na sua plenitude. Toda espécie viva está em perpétua tensão de esforços para adquirir ou defender um espaço que lhe permite subsistir, e isto serve de guia ao naturalista. O conhecimento destes fatos que, em ordem diversa e em graus diferentes, contribuem para fixar a fisionomia da Terra, resulta de um conjunto de observações em que cada parte do globo deve, tanto quanto possível, trazer o seu testemunho. Cada ciência realiza, neste sentido, a tarefa que lhe é própria; mas não se pode dizer, por isso, que elas preenchem o papel da Geografia: é este papel que se deve precisar.
A combinação dos fenômenos
Cabe-me emprestar do autor de uma das melhores obras já publicadas sobre a Climatologia, o professor J. Hann, os termos dos quais ele se serve para estabelecer a distinção entre a meteorologia e o estudo dos climas. “Esta distinção (diz ele) é de natureza mais descritiva; ela tem por objeto fornecer ao leitor uma imagem tão viva quanto possível da ação combinada de todos os fenômenos atmosféricos sobre uma parte da Terra.” Pode-se dizer, generalizando esta anotação, que a Geografia, inspirando-se como as ciências vizinhas na idéia de unidade terrestre, tem por missão especial procurar como as leis físicas ou biológicas, que regem o globo, combinam-se e modificam-se aplicando-se às diversas partes da superfície. Ela as segue em suas combinações e suas interferências. A Terra lhe oferece, para isso, um campo quase inesgotável de observações e de experiências. Ela tem por objetivo principal estudar as expressões mutáveis que revestem, conforme os lugares, a fisionomia da Terra. 16
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra
Antes de prosseguir, notemos que esta combinação é a própria forma sob a qual os fenômenos se oferecem em todos os lugares na natureza. A Geografia é solicitada para as realidades. Disse-nos Buffon: “Na natureza, a maioria dos efeitos depende de várias causas diferentemente combinadas.” Com maior precisão ainda, o pensador Henry Poincaré assim se exprime em um dos seus últimos trabalhos: “O estado do mundo, e mesmo de uma muito pequena parte do mundo, é qualquer coisa extremamente complexa e que depende de um grande número de elementos.” A justeza dessas noções nos choca, qualquer que seja a parte da Geografia que considerarmos. O modelado do solo resulta do conflito entre as energias, que se desdobram para o ataque dos agentes meteóricos, e a força de resistência, que lhes opõem as rochas; mas este conflito se exerce em um campo que já foi remanejado no decorrer dos tempos e que ainda o é incessantemente seguindo as modificações dos níveis de base e as oscilações do clima. O que se chama de clima de uma região é uma média na qual contribuem a temperatura, a umidade, a luminosidade, os ventos; mas a avaliação destes diversos elementos somente daria uma idéia muito incompleta, se não se procurasse saber como eles se combinam, não somente entre eles mas também com o relevo, a orientação, as formas do solo, a vegetação e mesmo as culturas. Vê-se, por exemplo, o máximo da estação de calor coincidir com o máximo de umidade? Todas as características de certo tipo de clima, o do Sul do Mediterrâneo, surgem diante do espírito. Outros tipos, com múltiplas nuanças correspondem, ao contrário, aos diversos regimes de chuvas de verão. A diversidade dos elementos a considerar também se encontra no domínio dos seres vivos. A vegetação de uma região é um conjunto heterogêneo, no qual se distinguem plantas de diversas proveniências: umas invasoras, outras refugiadas, outras que são legadas de climas anteriores, outras que acompanharam as culturas dos homens. Tudo indica também, à medida que se avança no exame e na análise das faunas regionais, o seu caráter heterogêneo. As migrações, cujo sentido e datas nos escapam freqüentemente, misturaram as tribos de seres vivos, compreendendo também os homens; e é de seus resíduos que se formaram os ocupantes sobre as diversas regiões, onde eles puderam concentrar-se. Enquanto as classificações lingüísticas nos fornecem a ilusão de grandes grupos humanos, os índices que fornecem a antropologia e a pré-história concordam em mostrar a diversidade das raças que, como aluviões sucessivas, formaram a maioria de nossos povoamentos. A análise desses elementos, o estudo de suas relações e de suas combinações compõem a t rama de toda a pesquisa geográfica. Não se pode mais questionar, segundo este ponto de vista, uma antinomia de princípio entre duas espécies de Geografia: uma que sob o nome de Geografia Geral seria a parte verdadeiramente científica e a outra que se aplicaria, tendo como fio condutor somente uma curiosidade superficial, na descrição das regiões. De qualquer maneira que se enfoque, são os mesmos fatos gerais, nos seus encadeamentos e na sua correlação, que se impõem à atenção. Estas causas, se é permitido usar esta palavra ambiciosa, ao se combinar originam as variedades sobre as quais o geógrafo trabalha: seja quando ele se propõe a determinar os tipos de clima, formas de solos, de hábitat etc., como faz quando trata de Geografia Geral; seja quando ele se esforça para caracter izar as regiões, até mesmo de as pintar, pois o pitoresco não lhe é proibido.
As superfícies
O campo de estudo da geografia, por excelência, é a superfície; este é o conjunto dos fenômenos que se produzem na zona de contato entre as massas sólidas, líquidas e gasosas, que constituem o planeta. Este contato é o princípio de fenômenos inumeráveis, sendo que apenas Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
17
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
alguns estão definidos; ele age como um reativo para colocar em evidência as energias terrestres. A coluna de ar modifica-se sem cessar no contato com as superfícies sólidas ou líquidas; e o vapor d’água, transportado em seguida a essas oscilações, cresce, condensa-se ou precipita-se conforme o estado térmico das superfícies que encontra. O solo está exposto aos meteoros, não somente a ataques de força ativa mas também a ataques por infiltração. Sua epiderme se endurece ou, então, se decompõe ao seu contato. O ar e a água penetram então na sua textura porosa; e a terra tornase, conforme a expressão de Berthelot, alguma coisa viva. Os fermentos e as bactérias entram em movimento; o ácido carbônico dissolve os fosfatos, a cal, o potássio e outros ingredientes que entram nos corpos das plantas, ou que se elaboram, sob a ação da luz, para servir de alimento aos outros seres vivos. Sem dúvida, o interior da Terra é a sede de outros fenômenos de transformação, de uma incalculável grandeza. A Geografia, entretanto, neles está apenas indiretamente interessada. Se está quase certo que os dobramentos e os acavalamentos, que tomam um aspecto tão saliente em certas cadeias montanhosas, formaram-se em profundidade sob o esforço de pressões e de contrações enormes, esta obra subterrânea só se torna um objeto geográfico porque, pela ação combinada dos soerguimentos e das desnudações, ela aparece na superfície. Ela toma, então, lugar no relevo, associa-se às outras formas do solo, influi sobre o modelado que a envolve; e torna-se um dos mais poderosos centros de ação sobre o clima, a hidrografia, a vegetação e os homens. Entre as superfícies que estuda a Geografia, as da litosfera têm a vantagem de conservar mais ou menos a impressão das modificações que elas sofreram desde a sua emersão. Elas apresentam, por isso, um interesse particular e abrem uma nova fonte de ensinamentos. É como um quadro registrador, sobre o qual o estado presente das formas revela-se em continuação dos estados anteriores. Através das formas que pertencem ao ciclo atual de evolução, distinguem-se linearmente das que as precederam. Estas formas subsistem, às vezes, tão claramente, que se pode distinguir até o grau de evolução atingido pelas formas do solo, devido às ações de natureza semelhantes às que trabalham sob nossos olhos, quando um novo ciclo de erosão é aberto. Na cadeia das idades, é naturalmente o anel mais próximo, o antecedente imediato que menos sofreu desgaste. Ele se transforma mais do que é abolido. A obra do passado persiste através do presente como a matéria sobre a qual se exercem as forças atuais. A partir daí, estamos em plena Geografia. Nas regiões que sofreram as invasões das geleiras quaternárias, os cursos d’água não terminaram de transportar os detritos que elas acumularam. Alguns ainda procuram o seu leito por meio desses materiais, no qual formam aluviões. Os vales originados por um clima mais úmido no Saara são, aparentemente, formas fósseis: exercem uma influência sensível sobre as fontes, os poços, a vegetação, e o vento, apoderando-se de suas aluviões arenosas, encontra aí os materiais das dunas que ele edifica. O aspecto da superfície sólida revela-se, assim, como o resultado de modificações incessantemente remanejadas de época em época; ele representa uma seqüência e não um estado uma vez dado e atingido de repente. As formas atuais só são inteligíveis se as focaliza na sucessão das quais fazem parte. Como explicar, por exemplo, sem recorrer à consideração de um regime de declividades anteriores, a direção tão paradoxal, na aparência, desses rios que atravessam, ao invés de os contornar, os obstáculos que parecem opor-se à sua passagem? Tudo isso continuaria sendo um enigma se não tivesse penetrado na ciência, com a ajuda da comparação e da análise, esta noção de evolução das formas que é a chave. Pode-se dizer que atualmente ela domina qualquer pesquisa.
18
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra
A força do meio e a adaptação
Se desejarmos nos colocar no espírito de um geógrafo, ou seja, analisarmos os fatos como um geógrafo, estaremos ligados a fatores de ordem diversa de proveniência heterogênea, e formando entre si combinações múltiplas; sentiremos que o equilíbrio resultante dessas combinações não tem absolutamente nada de estável, que ele está à mercê de modificações cuja multiplicidade dos fatores abre uma ampla margem. Pode-se perguntar onde está o princípio diretor que permite edificar, nesse terreno aparentemente móvel, métodos que se mantêm, e tentar experiências coordenadas de descrições terrestres. Recorramos ainda à observação. O que a observação e a análise encontram nessas superfícies onde se imprimem os fenômenos, não são casos isolados, traços incoerentes, mas grupos de formas obedecendo a uma ação de conjunto, ligadas por afinidades, e trabalhando em comum para eliminar da superfície o que não convém mais às condições atuais. Lá onde os cursos d’água não possuem mais a força para carregar os detritos de destruição das rochas, todo o aspecto do modelado recebe a impressão desta impotência: estreitas margens terrosas encaixando os talvegues, grandes superfícies unidas, acima das quais emergem aqui e acolá picos cônicos, compõem uma diversidade de traços que, entretanto, convergem para o conjunto clássico da paisagem da região árida. O contraste é completo com o mundo das formas que povoam a superfície, quando a obra de um desgaste avançado modelou os flancos dos vales, colocando a nu as vertentes das montanhas, dissecando e diversificando os planos. Lá onde as geleiras passaram, subsiste, ao menos provisoriamente, esse conjunto caótico de montículos e de lagos que se chama paisagem morênica. O nome de aparelho litorâneo caracteriza uma afluência de formas que, variadas em si mesmas, não aparecem uma sem a outra: aqui fjords, com lagos interiores e prolongando-se em direção ao mar por orla recortada de ilhas e de recifes que os escandinavos chamaram skiargaard; em outros lugares, a fileira uniforme das lagunas, das barras fluviais e dos cordões litorâneos. Cada um destes tipos se compõe de formas em dependência recíproca. Assim também é a fisionomia da vegetação. Não é só a oliveira que personifica a vegetação mediterrânea e muito menos uma andorinha não faz verão. O que evoca esta expressão do Mediterrâneo é uma enorme quantidade de plantas, cujas formas têm, por sua variedade, excitado a imitação artística, mas que coexistem num conjunto que a linguagem popular designa sob os nomes de maquis, guarrigues ou outros. É uma das associações características que distingue a ciência botânica. Por todos os lados encontraremos expressões coletivas, algumas populares, outras científicas, correspondendo a estes fatos de observação. Estas expressões coletivas serviriam para nos dizer que um elo comum existe entre os diversos elementos em que reconhecemos a complexidade. Do que é formado este elo? É por esta questão que somos levados à noção de meio; noção cuja aparência vaga levou ao abuso que dela se fez, mas que por menos que se a pesquise, mostrase cheia de ensinamentos. É o clima, pode-se dizer, que decide sobre a preponderância das formas de entulhamento ou de desnudação. Mas esta explicação é muito sumária e esta palavra não expressa de maneira adequada e completa os fenômenos. No entanto, vemos que as próprias formas procuram organizar-se entre si, a realizar certo equilíbrio. Aqui com a ajuda do vento, acolá com a ajuda das águas correntes, trabalham de acordo com um plano e para um fim determinado; pouco importa se atingem ou não esse fim. As dunas e as areias alinham-se seguindo uma geometria; concluem uma obra de nivelamento. Cada flecha estende-se na direção de sua vizinha, e tende a juntar-se com aquela que lhe faz face. A ravina que, nascida de uma valeta, entalha o flanco de uma montanha, abastece-se
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
19
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
de um conjunto de valetas semelhantes; e quando desse conjunto é formado um curso d’água, este trabalha, de acordo com seus irmãos, para adaptar o seu perfil conforme um nível de base comum. Se no mundo das formas inanimadas os traços se coordenam, esta adaptação recíproca não é menos sensível entre os seres vivos, mas se exerce diferentemente. As plantas que povoam uma região, os animais aos quais essas plantas servem de alimento, e até certo ponto os próprios grupos humanos que encontram neste meio ambiente o princípio de um gênero de vida, são compostos por elementos díspares. Entram, dissemos, nas associações vegetais as mais diversas espécies de proveniência e de forma. Mas acima dessas diferenças uma tonalidade geral domina; as plantas organizam-se fisiologicamente, revestem, para se acomodar às influências ambientais, uma aparência comum, de acordo com a altitude, as intempéries, a seca, o calor úmido. Não somente modificam seguindo procedimentos diversos e às vezes muito inesperados, os seus órgãos exteriores, mas também combinam-se entre si de maneira a se repartirem no espaço. Nesses agrupamentos, que são aspectos normal sob o qual se apresenta e se grava nos nossos olhos fisionomia da paisagem, cada planta está organizada com as suas vizinhas para ter sua parte de solo, de luz e de alimento. Os seres vêm-se associar e se unir “encontrando vantagem e proveito nas condições determinadas pela presença dos outros”. Uma floresta é uma espécie de ser coletivo onde coexistem, numa harmonia provisória e não à prova de mudanças, árvores, vegetais do tipo rasteiro, cogumelos e uma multidão de hóspedes igualmente subordinados, insetos, térmitas, formigas. Assim, as coisas apresentam-se a nós em grupos organizados, em associações regidas por um equilíbrio que o homem perturba incessantemente ou, conforme o caso, retifica colocando a mão. A idéia de meio, nessas diversas expressões, precisa-se como correlativo e sinônimo de adaptação. Ela manifesta-se através das séries de fenômenos que se encadeiam entre si e são postos em movimento por causas gerais. É por essas causas que incessantemente retornamos às causas de clima, de estrutura, de concorrência vital, que impulsionam muitas atividades especiais das formas e dos seres.
O método descritivo
Pode-se julgar, pelo que acabou de ser dito, o papel capital que desempenha a descrição. A Geografia distingue-se como ciência essencialmente descritiva. Não seguramente que renuncie à explicação: o estudo das relações dos fenômenos, de seu encadeamento e de sua evolução são também caminhos que levam a ela. Mas esse objeto mesmo a obriga mais que em outra ciência, a seguir minuciosamente o método descritivo. Uma dessas tarefas principais não é localizar as diversas ordens de fatos que a ela concernem, determinar exatamente a posição que ocupam, as áreas que abrangem? Nenhum índice, mesmo nenhuma nuança não poderia passar despercebida; cada uma tem seu valor geográfico, seja como dependência, seja como fator, no conjunto que se trata de analisar. É preciso, então, tomar sobre o fato cada uma das circunstâncias que o caracterizam, e estabelecer exatamente o resultado. No rico teclado de formas que a natureza expõe a nossos olhos, as condições são tão diversas, tão intercruzadas, tão complexas, que elas arriscam escapar a quem acredita tê-las cedo demais. Há dois obstáculos que devem, particularmente, ser levados em consideração: o das fórmulas muito simples e rígidas entre as quais deslizam os fatos e o das fórmulas multiplicadas a tal ponto que se acrescentam mais à nomenclatura e não à clareza. Descrever, definir e classificar além de deduzir são as operações que logicamente se mantêm; mas os fenômenos naturais de ordem geográfica não se curvam com uma solicitude sempre dócil às categorias do espírito. A descrição geográfica deve ser maleável e variada como seu próprio objeto. Freqüentemente, é proveitoso para ela servir-se da terminologia popular; está 20
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Geografia: a ciência da Terra
sendo formada diretamente em contato com a natureza, tal designação apreendida sobre o atual, tal máxima rural ou provérbio podem abrir uma luz sobre um relatório, uma periodicidade, uma coincidência, qualquer coisa que se reclama diretamente da Geografia. Não é sem razão que nos livros ou memórias geográficas as representações figuradas aparecem cada vez mais. O desenho e a fotografia entram a título de comentários na descrição. As figuras esquematizadas têm sua utilidade como instrumento de demonstração. Mas nada vale o desenho como meio de análise para captar de perto a realidade, e como controle dessas observações diretas, que encontram hoje nas excursões geográficas a ocasião freqüente de se exercer. O hábito dessas lições itinerantes é, para nós, um dos mais notáveis ganhos pedagógicos desses últimos anos. É a escola ao ar livre, mais higiênica e mais eficaz que qualquer outra. Ela escolhe antecipadamente os seus textos, isto é, as paisagens onde se junta, numa perspectiva mais fácil, a apreender este conjunto de traços característicos que gravam no espírito do geógrafo a idéia de região.
A geografia e a história
É preciso dizer que nesta fisionomia o homem impõe-se, direta ou indiretamente por sua presença, por suas obras ou conseqüência de suas obras. Ele também é um dos agentes poderosos que trabalha para modificar a superfície. Coloca-se, por isso, entre os fatores geográficos de primeira ordem. Sua obra sobre a Terra já é longa; há poucas partes que não levam seus estigmas. Pode-se dizer que dele depende o equilíbrio atual do mundo vivo. É uma outra questão aquela de saber qual influência as condições geográficas exerceram sobre seus destinos e particularmente sobre sua história. Não posso deixar de abordar aqui este ponto importante. A História e a Geografia são companheiras antigas por há muito tempo caminharem juntas e que, como acontece com os velhos conhecimentos, perderam o hábito de discernir as diferenças que as separam. Longe de mim a intenção de atrapalhar a harmonia deste arranjo. É útil, no entanto, que, continuando a prestar serviços recíprocos, elas tenham nítida consciência das divergências que existem nos seus pontos de partida e nos seus métodos. A Geografia é a ciência dos lugares e não dos homens. Ela se interessa pelos acontecimentos da História à medida que acentuam e esclarecem, nas regiões onde eles se produzem, as propriedades, as virtualidades que sem eles permaneceriam latentes. A história da Inglaterra é insular, a da França é sacudida entre o mar e o continente; o dedo da Geografia está marcado sobre cada uma delas. Estes encadeamentos históricos têm seu lugar na evolução dos fatos terrestres; mas quanto é limitado o período de tempo que eles abrangem! É uma espécie de truísmo opor a brevidade da vida humana à duração que exige a natureza para suas mínimas mudanças: mas, enfim, quão poucas gerações seriam necessárias para colocar de ponta a ponta, para tocar no ponto além do qual não há mais testemunho histórico, e mesmo, já que a História resume-se em grandes esforços coletivos, onde não há mais história! O estudo da evolução dos fenômenos terrestres supõe o emprego de uma cronologia que difere essencialmente daquela da História. Somos, muitas vezes, levados a esquecê-la. É o que acontece, por exemplo, quando diante do espetáculo de civilizações decadentes, mencionamos a explicação dessas decadências e dessas ruínas às das mudanças de climas. Seguramente, houve tais mudanças desde a época quaternária; mas podemos aplicar seus efeitos à história humana? Ficamos inquietos diante de tais hipóteses, cujo menor defeito não é contornar a questão e fechar a porta às pesquisas que tomam a História por base, que não teriam, sem dúvida, dito sua última palavra. É tempo de concluir: conhecemos há muito tempo a Geografia incerta de seu objeto e de seus métodos, oscilando entre a Geologia e a História. Esses tempos passaram. O que Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
21
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
a Geografia, em troca do auxílio que ela recebe das outras ciências, pode trazer para o tesouro comum é a aptidão para não dividir o que a natureza juntou, para compreender a correspondência e a correlação dos fatos, seja no meio terrestre que envolve a todos, seja nos meios regionais onde eles se localizam. Há aí, sem dúvida nenhuma, um benefício intelectual que pode estender-se a todas as explicações do espírito. Retraçando as vias pelas quais a Geografia chegou a esclarecer seu objetivo e a fortalecer seus métodos, reconhecemos que ela foi guiada pelo desejo de observar cada vez mais diretamente, cada vez mais atentamente, as realidades naturais. Esse método trouxe seus frutos: o essencial é agarrar-se a eles.
22
1.
Sugestão de atividade em grupo com o uso do texto do geógrafo Paul Vidal de La Blache, sobre a Geografia: dividam a turma em seis grupos de trabalho. Cada equipe fará uma síntese de um dos seis tópicos do texto e apresentará aos demais colegas.
2.
Realize uma pesquisa com pessoas de várias idades. (sugestão: 3 jovens, 3 adultos e 3 idosos), com as seguintes perguntas: a. O que é Geografia? b. Qual a importância do estudo da Geografia?
3.
Com base nas respostas, elabore um texto comentando as opiniões que mais lhe chamaram a atenção e apresente seu ponto-de-vista com relação ao estudo da Geografia.
Formem grupos e organizem uma apresentação dos resultados. Cada equipe poderá elaborar uma resposta para as questões da pesquisa e, como fechamento, confeccionar um painel com os resultados do trabalho.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A sistematização do saber geográfico A evolução da Geografia
A
té o final do século XVIII, o conhecimento geográfico encontrava-se disperso. A diversidade de matérias com essa designação não permitia estabelecer um conteúdo unitário. Até então, o termo Geografia podia estar associado aos relatos de viagens; aos compêndios de curiosidades sobre lugares exóticos; relatórios estatísticos, ao conhecimento de fenômenos naturais e outros conhecimentos sobre porções da superfície terrestre. O rótulo Geografia é bastante antigo, sua origem remonta à Antigüidade Clássica, especificamente ao pensamento grego do século V – II a.C. Dessa forma, é possível considerar que o conhecimento sobre os fenômenos geográficos e a busca pela compreensão das relações do homem com seu meio estiveram associados ao desenvolvimento do pensamento da humanidade. No entanto, é importante observar que a sistematização do conhecimento geográfico é um fato que se consolidou efetivamente no início do século XIX. As condições materiais para a sistematização do conhecimento geográfico surgem no processo da industrialização. No momento em que houve a necessidade de que os indivíduos apresentassem determinadas capacidades para o processo produtivo foram lançadas as bases destas condições, portanto, “são forjadas no processo de avanço e domínio das relações capitalistas” (MORAES, 1997). A Geografia, nesse momento, apresentou-se como uma ciência particular e autônoma e, com essas identidades, ganhou espaço na academia. Essa posição garantiu o desenvolvimento científico que, assim com as demais ciências, tornou-se um dos instrumentos para implementação dos interesses da burguesia na organização e controle dos Estados. Nesse cenário de transformação de uma produção feudal para um modelo capitalista, emergindo uma nova dinâmica na relação do homem com os elementos da natureza. A industrialização marcou um novo momento de organização socioespacial e estabeleceu as condições para o surgimento dos sistemas de ensino que passaram a aplicar as ciências na formação dos indivíduos. A introdução da Geografia como disciplina integrante dos currículos escolares e universitários foi realizada inicialmente pela Alemanha. Humboldt e Ritter foram protagonistas desse processo e constituíram a base inicial do pensamento geográfico nas escolas alemãs. Esse pensamento tinha como objetivo contribuir com a formação do Estado Nacional Alemão. Se antes a Geografia era destinada aos estados-maiores militares ou aos interesses financeiros, desde a final do século XIX, e inicialmente por razões patrióticas, faz-se necessário ensinar noções de Geografia aos futuros cidadãos. Essa Geografia, tornando-se um saber universitário, não possui mais uma função estratégica. Seu papel é ideológico e, por esta razão, se converte num discurso sem conotações políticas expressas. A visão, naquele momento, foi a de que à Geografia não caberia discutir os problemas do Estado, afirmando que este não é objeto do conhecimento geográfico. Assim, oculta-se o alcance político do saber geográfico. A visão naturalista e mecanicista da realidade passou a determinar a organização dos conteúdos da Geografia. (PEREIRA, 1989, p. 38) Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Alguns dados são apresentados por Pereira (1989) e demonstram que em 1860, todas as crianças entre os 6 e os 15 anos na Prússia eram obrigadas a freqüentar a escola. Na Prússia, em 1870, o percentual de analfabetos com mais de 10 anos era de 10% entre homens e 15% entre mulheres, chegando a atingir índices inferiores a 5% em algumas regiões. A necessidade de professores para as escolas exigiu do Estado a formação desses profissionais. A universidade assumiu então esta tarefa, provocando a diversificação das publicações de cunho geográfico e a expansão universitária. A partir 1871, as Cátedras da Geografia estendem-se a todas as universidades da Alemanha e ganham o reconhecimento dos países inimigos. Em 1870, quando a Alemanha derrota a França, a vitória é atribuída por muitos ao ensino ministrado nas escolas alemãs que é de qualidade muito superior ao que recebem os franceses. Torna-se voz corrente que a guerra havia sido ganha pelo mestre-escola alemão. A França, derrotada, lança-se num processo de reformulação do sistema de ensino. Entre as leis que foram promulgadas em 1870 estava a obrigatoriedade do ensino gratuito e laico. Estas reformas defendiam uma maior autonomia das universidades, criavam novas disciplinas e aumentavam o número de vagas para os professores universitários. O modelo de ensino alemão serviu para os franceses disseminarem por meio das escolas as idéias positivistas. Idéias estas que tiveram como seu maior representante, Paul Vidal de La Blache. A escola geográfica francesa nasce, portanto, como instrumento capaz de auxiliar na recuperação da imagem de grande potência que a França perdera ao sair derrotada da guerra com a Alemanha. A geografia francesa, que até então mantivera-se apenas como uma disciplina auxiliar do ensino da História, fortemente marcada ainda pelo caráter informativo e descritivo, será alcançada ao nível de ciência através das formulações de Paul Vidal de La Blache. (PEREIRA, 1989, p. 46)
O discurso geográfico, na sua forma escolar, passa a funcionar, então, como instrumento de mistificação. Os conhecimentos aplicados na educação francesa buscaram impedir o desenvolvimento de uma reflexão política acerca do espaço e ocultar a estratégia praticada no nível do espaço como meio para a manutenção do poder. A Escola, em sua fase inicial de implementação, teve sua orientação voltada à construção de Estados Nacionais e o fortalecimento das classes dominantes. Tal ponto de vista abre a perspectiva da compreensão da escola e do ensino de Geografia no contexto da expansão do capitalismo. Observa-se, também, que a Geografia coloca-se como protagonista das transformações concretas vividas nesse momento e também consolida uma visão de educação geográfica que será criticada por várias correntes que se formarão no século XX.
As escolas de Geografia A Geografia passou por diversos momentos na construção de sua base teórica. É possível dividir a história do pensamento geográfico em dois momentos; o primeiro, que vai da origem da Geografia como ciência no século XIX até meados dos anos 50/60 do século XX, e o segundo, que vai dos anos 60 até os dias atuais. 24
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A sistematização do saber geográfico
O primeiro momento pode ser chamado de naturalista, já que essa escola entende o meio ambiente como a descrição do quadro natural do planeta (relevo, clima, vegetação, hidrografia, fauna e flora). As bases dessa Geografia, enquanto conhecimento científico que se organizava, foram lançadas por Alexandre von Humboldt, conselheiro do rei da Prússia, e Karl Ritter, tutor de uma família de banqueiros. Humboldt era naturalista de formação, suas viagens eram, sobretudo, g randes aventuras, as quais apresentavam as bases do seu sistema de análise sobre o meio ambiente. Acreditava ele que o geógrafo deveria contemplar a paisagem de uma forma quase estética, o que daria ao observador as condições para explicar as causas das conexões nela contidas. Ritter tinha formação em Filosofia e História e buscou identificar as individualidades dos arranjos espaciais. Suas pesquisas o levaram a concluir que, comparando essas individualidades, poderia-se determinar as causas que, para ele, estavam submetidas à designação divina. Nesse primeiro momento, ainda, surge a obra de Friedrich Ratzel, também alemão e prussiano. Em sua análise, Ratzel definiu o objeto geográfico como o estudo da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade e na idéia de que a natureza atua na possibilidade de expansão de um povo, impondo obstáculos ou acelerando-a. Em 1882, escreve Antropogeografia – fundamentos da aplicação da Geografia à História, obra que lança a Geografia Humana nos debates acadêmicos. A visão naturalista de Ratzel manteve o método de análise das ciências da natureza, pois esse concebia que as causas dos fenômenos humanos e naturais eram semelhantes. Constitui-se nesse momento, o princípio da escola determinista1. A escola determinista encontrou na França seus primeiros críticos. Paul Vidal de La Blache, um historiador que vivenciou a transição entre os séculos XIX e XX, fundou, também, a Escola Francesa de Geografia. Naquele momento, a burguesia francesa, vitoriosa pela revolução e preocupada com a manutenção do poder e de seu projeto liberal, optou por impedir o ímpeto revolucionário popular, utilizandose para tal da ruptura política no pensamento geográfico. A Geografia de La Blache “imprimiu no pensamento geográfico o mito da ciência asséptica, propondo uma despolitização aparente do temário dessa disciplina” (MORAES, 1997). A crítica à Geopolítica alemã levou La Blache à valorização do elemento humano e seu componente criativo contido em suas ações e que, por esse motivo, não estavam submetidos às imposições do meio. O possibilismo de La Blache deixa evidente a ruptura com a visão naturalista ao afirmar que “a Geografia é uma ciência dos lugares, não dos homens”. Assim, o que mais importava era a análise do resultado da ação humana na paisagem e não a ação propriamente dita. A Geografia Física avança a partir da ruptura de La Blache e terá seu estudo aprofundado por Emmanuel de Martonne, que a divide em sub-ramos (geomorfologia, climatologia, biogeografia e hidrogeografia). Em seu Tratado de Geografia Física, de Martonne deixa implícito o método positivista2, na medida em que subdivide o estudo da Geografia e apresenta sua visão, na qual os elementos naturais não se inter-relacionam na elaboração das diferentes paisagens. Essa abordagem permaneceu com forte influência sobre estudiosos durante a primeira metade do século XX. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
1
Os discípulos de Ratzel mantiveram análises empí ricas, utilizando-se de máximas como “as condições naturais determinam a História”, ou “o homem é produto do meio”. Tais análises manifestaram-se no Brasil por meio de inter pretações na História como, por exemplo: a “indolência do homem tropical”, ou o “subdesenvolvimento, como fruto da tropicalidade”. (MORAES, 1997)
2
Foi no século XIX, com Augusto Comte, que surge o positivismo. Segundo ele, a mente humana, ao procurar explicação para os fenômenos, dá inicialmente uma explicação sobrenatural (teológica), depois uma explicação das causas por forças abstratas (metaf ísica) e, finalmente, uma explicação visando a descoberta de leis que explicam os fenômenos. O método, então, apresenta-se como o conjunto de procedimentos científicos que permitem tais explicações.
25
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
O método positivista teve vários adeptos, porém, é importante lembrar que a Geografia, enquanto uma ciência que se desenvolvia na academia, estava vinculada à produção de conhecimento para as classes dominantes. Poucos foram os estudiosos que se opuseram à produção científica nestes moldes. Nesse aspecto, pode-se ressaltar a obra de Elisée Reclus, militante anarquista que pertenceu à Primeira Internacional e marcou presença na Comuna de Paris, sendo um dos estudiosos que se posicionou contrariamente aos interesses da burguesia francesa. Publicou as obras Geografia Universal e A Terra e o Homem, nelas demonstrando, naquele momento, a sua vertente ambientalista associada à sua posição política anticapitalista, justificando o desinteresse na publicação de sua obra, reconhecida somente após os anos 60.
3
A denominação de Nova Geografia “foi inicialmente proposta por Manley (1966), considerando o conjunto de idéias e de abordagens que começaram a se difundir e a ganhar desenvolvimento durante a década de 50. O surgimento de novas perspectivas de abordagem está integrado na transformação profunda provocada pela Segunda Guerra Mundial nos setores científico, tecno lógico, social e econômico”. (CHRISTOFOLETTI, 1982).
4
Ludwig von Bertalanffy escreve em 1968 a Teoria Geral dos Sistemas que, segundo ele, “consiste numa ampla concepção que transcende de muitos problemas e exigências tecnológicas, é uma reorientação que se tornou necessária na ciência em geral e na gama de disciplinas que vão da Física e da Biologia às Ciências Sociais e do comportamento e à Filosofia”. Segundo CAPRA, 1996, Bertalanffy não viu e realização de sua visão, “no entanto, duas décadas depois de sua morte, em 1972, uma concepção sistêmica de vida, mente e consciência começou a emergir, transcendendo fronteiras disciplinares e, na verdade, sustentando a promessa de unificar vários campos de estudo que antes eram separados”.
5
Segundo Mendonça (1998), Soctchava considerou o geossistema como abord agem metodológica da Geografia Física para o tratamento do quadro natural do planeta. Essa metodologia marcou na geografia física soviética, permitindo um amplo con hecimento do território.
26
O segundo momento vivido pela Geografia na sua evolução aconteceu nos anos 50. Esse período é marcado pelo surgimento da Nova Geografia3, revisando as idéias positivistas vigentes e marcando um novo momento no qual a Geografia Física revitalizava-se devido aos pressupostos do neopositivismo. Tais pressupostos caracterizavam essa nova etapa do pensamento geográfico. Nos anos 60, surge a Teoria Geral dos Sistemas4, influenciando a Geografia Física na sua análise e no tratamento do quadro natural do planeta. Na União Soviética, denomina-se essa abordagem metodológica de Geossistêmica5. Os Estados Unidos, por sua vez, preocuparam-se em formular metodologias teórico-quantitativistas, seguindo as linhas de William Morris Davis. Essa concepção teórica, segundo Christofoletti (1982) “predominou de modo inconteste por quase meio século. Se muitas críticas lhe eram endereçadas, não surgia outra proposição coerente e global capaz de substituí-la”. É importante ressaltar que essas duas concepções estavam embutidas em um contexto político internacional que delimitava o conhecimento científico aos interesses de duas grandes potências políticas e industriais. Essa predominância não impediu o desenvolvimento de diversas abordagens geográficas em outros países. No entanto, são compreendidos nessa pesquisa como principais protagonistas das alterações ambientais deste período.
Os princípios fundamentais da ciência geográfica As diferentes escolas de Geografia que se desenvolveram ao longo dos séculos XIX e XX deixaram grandes contribuições teóricas e metodológicas. Para que possamos compreender o funcionamento do pensamento geográfico é importante ter em mãos alguns dos seus princípios fundamentais que auxiliam na explicação dos fenômenos geográficos. O princípio da extensão – todo o fenômeno geográfico tem sua ocorrência numa determinada porção do espaço, portanto, esse fenômeno pode ser delimitado, dimensionado, aferido e representado. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A sistematização do saber geográfico
O princípio da analogia – todo o fenômeno geográfico é possível de ser comparado a outros fenômenos do mesmo tipo, assim, pode-se estabelecer semelhanças e diferenças que facilitarão a sua compreensão. O princípio da causalidade – todo o fenômeno geográfico tem uma ou mais causas, por isso, o entendimento delas deve ser buscado e explicado a fim de se entender o processo. O princípio da atividade – todo o fenômeno geográfico tem um caráter dinâmico em constante transformação e o seu estudo deve compreender sua relação com o tempo histórico, assim, cada fato está associado ao movimento contínuo da sociedade e da natureza. O princípio da conexidade – todo o fenômeno geográfico provoca mutações em outros fenômenos interligados, assim como sofre mutações por eles provocadas.
Grandes conceitos da Geografia Como todas as demais ciências sociais, a Geografia possui alguns conceitoschave que permitem apresentar o seu objeto, delimitando suas categorias específicas. Como ciência social, a Geografia tem por seu objeto de estudo a sociedade humana sobre a superfície terrestre, a morada do homem. Os conceitos que iremos apresentar têm entre si uma aparente semelhança, pois em nosso cotidiano usamos muitas vezes essas expressões, porém elas são categorias fundamentais para compreendermos a complexidade da sociedade em suas relações e nas relações com a natureza.
O espaço geográfico Durante a evolução do pensamento geográfico ocorreram muitas escolas e pensamentos distintos. A Geografia Tradicional concebeu o espaço como um receptáculo que apenas contém as coisas, os objetos, ou seja, o termo espaço é utilizado no sentido de área que contém os fenômenos e que estes são localizáveis. A Geografia Teorética-quantitativa apresenta o espaço em duas perspectivas. A primeira admite o espaço como a planície isotrópica que se explica de forma racionalista e hipotética-dedutiva. A segunda executa as representações matriciais e topológicas, constituindo os meios operacionais que permitem conhecer a organização espacial e gerar diferentes modelos de interpretação da realidade espacial. A Geografia Crítica surge na década de 1970, sendo que sua maior base filosófica assenta-se no materialismo histórico e na dialética sustentados na obra de Karl Marx. Dessa forma, rompe com a visão tradicional e com a visão quantitativista. O espaço agora é visto como o locus da reprodução das relações sociais de produção. A contribuição de Henri Lefébvre para a afirmação de que o espaço é o locus da reprodução da sociedade aparece na sua obra A Produção do Espaço (1974) e em muitas outras obras. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
27
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estaria essencialmente vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção. (LEFÉBVRE, 1976, p. 34)
A vasta obra de Milton Santos teve grande inspiração em Lefébvre e seu conceito de espaço social. A natureza e o significado do espaço aparecem como fator social e não apenas como reflexo. Constitui-se o espaço, segundo Milton Santos, em uma instância da sociedade organizada que subordina e é subordinado por ela. Para analisar o espaço, Santos (1985) sugere o uso das seguintes categorias: Forma – é o aspecto visível, exterior e perceptível ao observador de um objeto ou de um conjunto de objetos. Função – implica em uma tarefa, atividade ou papel a ser desempenhado pelo objeto ou conjuntos de objetos em forma. Estrutura – diz respeito à natureza social e econômica de uma sociedade em determinado momento histórico, é a matriz social na qual as formas e funções são criadas e justificadas. Processo – é definido como uma ação que se realiza de modo contínuo, visando resultados, que constantemente são reformulados pelas contradições internas de cada sociedade, ao longo do tempo. Forma, função, estrutura e processo são quatro termos disjuntivos associados, a empregar segundo um contexto do mundo de todo dia. Tomados individualmente, representam apenas realidades parciais, limitadas, do mundo. Considerados em conjunto, porém, e relacionados entre si, eles constroem uma base teórica e metodológica a partir da qual podemos discutir os fenômenos espaciais em totalidade. (SANTOS, 1985, p. 52)
A Geografia Humanística e Cultural que se desenvolveu também na década de 1970, preocupou-se em buscar uma definição em relacionar à noção de espaço a subjetividade humana. O espaço adquire a idéia de “espaço vivido”. Assim, apresentam-se vários tipos de espaços pessoais e grupais que são vivenciados por meio de construções materiais e simbólicas. As temáticas referentes ao espaço vivido são inicialmente desenvolvidas nas escolas francesas e debatidas em diferentes lugares. A posição de Tuan, ao pensar um espaço mítico, revela a possibilidade de penetrar no universo do sagrado e do profano que habita o interior humano. “O espaço mítico é também uma resposta do sentimento e da imaginação às necessidades humanas fundamentais. Difere dos espaços concebidos pragmática e cientificamente no sentido que ignora a lógica da exclusão e da contradição” (TUAN, 1983, p. 112). Assim, o espaço geográfico firma-se como o resultado da ação concreta do trabalho humano. De acordo com cada civilização deu-se a evolução das formas de produzir a sobrevivência. Da coleta à agricultura, da indústria à biotecnologia, foram mais de 5 milhões de anos de evolução humana que imprimiram na superfície terrestre o rastro da humanidade. O espaço geográfico revela as causas e efeitos de cada sociedade que o produz. 28
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A sistematização do saber geográfico
O lugar O conceito de lugar guarda uma dimensão prático-sensível, isto é, trata-se da porção espacial necessária e apropriada para a existência individual. Nesse caso, lugar configura-se no espaço vivido e reconhecido. Ao viver e estabelecer relações de consenso e conflito, o indivíduo adquire uma identidade. Para Tuan (1979), o lugar possui um “espírito”, uma “personalidade”, havendo um “sentido de lugar” que se manifesta pela apreciação visual ou estética e pelos sentidos a partir de uma longa vivência. É no lugar que ocorrem as relações do movimento da vida, enquanto dimensão do tempo passado e presente. O lugar comporta, portanto, as condições físicas e humanas para o exercício da relação sujeito-objeto.
A região A palavra região deriva do latim regere, palavra composta pelo radical reg, que deu origem a outras palavras como regente, regência, regra, e outras. O Império Romano designava regione para as áreas subordinadas às regras de Roma. Atualmente, emprega-se, em geral, esse conceito para se designar determinadas áreas onde há predomínio de determinadas características que as distingue das demais. Também é um sentido bastante usado para unidades administrativas para facilitar a administração dos estados. Na Geografia, o conceito de região é bastante discutido desde muito tempo. Inicialmente, aparece como suporte para as explicações de ambientes naturais. As regiões naturais surgem então da idéia de que existem determinados ambientes com certos domínios que orientam o desenvolvimento da sociedade. A perspectiva humanista concebe a região como unidades básicas do saber geográfico que resultam da ação humana em determinado meio ambiente, explicando as formas de civilização, gêneros de vida que devem ser apreendidos e explicados. Com o avanço das técnicas de representação e geração de informações surgem muitas perspectivas para assuntos regionais dando um impulso a inúmeros estudos geográficos de âmbito regional. Podemos considerar em nosso estudo de Geografia que a região manifesta-se como resultado da divisão do espaço por meio de um sistema classificatório, hierárquico e uniforme; como produto relativo, fruto da aplicação de critérios particulares que operam internamente e são predeterminados; como um conceito que se funda a partir do interesse de comunidades em relação a determinadas áreas.
O território O território surge das relações entre os atores sociais, políticos e econômicos que interferem na gestão do espaço geográfico. Ele refere-se aos projetos e práticas desses atores, numa dimensão concreta, funcional, simbólica, afetiva e manifesta-se em diferentes escalas. O território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado para e a partir de relações de poder. Se as condições necessárias à existência de uma sociedade estão contidas nos recursos naturais de determinadas áreas ou se as ligações afetivas e de identidade entre grupos sociais Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
29
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
e seu espaço de vivência estão criadas as condições para a constituição da territorialidade. O território surge na tradicional Geografia Política como um espaço concreto em si que é apropriado, ocupado por um grupo social. As identidades socioculturais das pessoas estariam ligadas aos atributos do espaço concreto e este é delimitado por fronteiras. Assim, assume a sua forma de organização espacial.
A paisagem Pode ser compreendida como uma unidade visível do arranjo espacial que a nossa visão alcança. A paisagem tem um caráter social, pois ela é formada de movimentos resultantes da ação humana por intermédio do seu trabalho, da sua cultura e dos seus sentimentos. A paisagem é então percebida e apreendida constantemente. Portanto, ela é produto da percepção humana que se desenvolve no processo seletivo de apreensão empírica do indivíduo em suas relações com o ambiente e com os grupos sociais aos quais pertence. A paisagem nos permite compreender como os indivíduos percebem, representam e explicam aquilo que é percebido e sentido e percebemos tudo isso por meio de algumas das grandes obras produzidas ao longo da História da Arte. Não muito longe podemos perceber nos sensíveis traços de uma criança ao desenhar sua família, as condições objetivas de conhecermos o pensamento humano por meio de suas representações do espaço sensível, humano, único e real. A paisagem é uma categoria útil a todo o educador para suas abordagens cotidianas.
A reflexão sobre a importância do ensino da Geografia poderão ser debatidas e aprofundadas nos encontros de estudo. 1.
30
Durante a evolução da Geografia surgiram várias correntes de pensamento que se apresentaram como alternativas de explicação do espaço humano e que serviram de orientação para a formação de diferentes nações do planeta. Faça um comentário sobre a importância da Geografia na organização dos territórios nacionais que se constituíram a partir do século XVII.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A sistematização do saber geográfico
2.
Com base nos conhecimentos sobre os princípios fundamentais da Geografia, desenvolva uma proposta de estudo sobre algum tema da Geografia que mais lhe interesse. Lembre-se de que todo o fenômeno geográfico possui suas dimensões de extensão, analogia, causalidade, conexidade e atividade. Após ter desenvolvido sua proposta de estudo, escreva e apresente para seu grupo.
3.
Observe a paisagem do lugar onde você mora ou trabalha, escreva uma breve descrição e desenhe-a no quadro.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
31
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
32
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Ser humano: o construtor do espaço O homem vive uma relação metabólica com o restante da natureza, uma relação de intercâmbio intranatureza realizada pelo e com o trabalho. Desse intercâmbio, o homem extrai suas condições de sobrevivência, mudando o conjunto da natureza ao tempo que muda a si mesmo. Dá-se, então, uma relação de hominização do homem pelo próprio homem, um processo de história social que desdobra uma longa história de hominização do homem pela evolução natural da natureza. Essa relação interna do homem com o restante do universo e da natureza se externaliza para se materializar na forma do espaço. Então, o que internamente era relação de metabolismo do homem com a natureza, externamente passa a ser a relação de espaço do homem com o homem na sociedade historicamente concretizada. (MOREIRA, 2002)
O nascer da humanidade
A
Geografia, ao trabalhar com as escalas temporais para explicar as diferentes paisagens e fenômenos geográficos, utiliza-se tanto do tempo geológico (Eras da evolução natural do Universo e da Terra) como do tempo histórico (o tempo da existência da humanidade). Para este ensaio usaremos o tempo histórico, em que apresentaremos uma breve resenha da evolução humana desde seu surgimento até hoje e das marcas de suas relações deixadas na superfície terrena. Existem muitas perguntas acerca da evolução do gênero Homo e seus predecessores. Segundo Foladori (2001), nas últimas décadas realizaram-se avanços importantes na Paleontologia Humana e da Biologia Molecular. Segundo os dados da Biologia Molecular, os primeiros hominídeos come çaram a desprender-se do tronco comum, que também deu origem aos grandes símios, há 5 ou 6 milhões de anos. Pouco tempo em relação aos demais seres vivos. Hoje, os fósseis hominídeos mais primitivos conhecidos datam de 3,5 milhões de anos (Australopitecus afarensis). Sua diferença básica em relação aos parentes símios é a posição erguida e de locomoção bípede não tão sofisticada como as do Homo erectus e Homo habilis, são datados em 2,5 milhões de anos. A mudança da postura foi fundamental para a liberação das mãos e para a transformação de todo o organismo, vinculada às pressões seletivas, produto de importantes transformações climáticas. Há 20 milhões de anos começou uma época de resfriamento generalizado, que implicou uma redução da franja equatorial e substantivas alterações em todo o mundo. A isso se somou, no leste africano, onde surgiram os hominídeos, um movimento tectônico conhecido como Falha de Rift. Tal falha se originou há cerca de 8 milhões de anos. Ao leste da falha, desde a Etiópia até o sul da África, as chuvas se tornaram descontínuas e as florestas foram substituídas pela savana. Os frutos tropicais se tornaram escassos, e as condições de vida, para os antepassados do homem, mais difíceis. Então, sob a pressão da seleção natural, os antepassados humanos tiveram de se adaptar pra sobreviver. Já não podiam subsistir da vida arbórea, tanto porque os alimentos se tornaram mais escassos e dispersos como porque as condições de segurança não eram as mesmas dos bosques. Com isso, a posição erguida foi favorecida. Permitia o deslocamento mais efetivo por áreas mais extensas para buscar alimento e também favorecia, pela altura, um horizonte visual mais amplo, o que garantia maior segurança. (FOLADORI, 2001, p. 65-66)
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
A. ramidus
A. afarensis
A. africanus
A. boisei
A. robustus
Período
5a4
4a3
3a2
2,5 a 1
2 a 1,5
Distribuição
Leste da África
Leste/Sul da
Leste da África
Leste da África
Sul da África
Locomoção
bípede/arbórea
bípede/arbórea
bípede
bípede
bípede
Alimentação
vegetal/onívora
vegetal/onívora
vegetal/onívora
vegetal
vegetal
Volume do crânio em cm3
—
380 a 450
430 a 520
500 a 530
500 a 530
Altura em metros
—
1 a 1,5
1 a 1,5
1,5
1,5
(em milhoes de anos atrás)
África
(CUNHA; MONTANARI, 1999, p. 56)
Registros fósseis comprovaram que este longo processo de adaptação climática promoveu o desaparecimento de mais de vinte variedades de grandes símios, restando apenas três variedades deles que somadas às seis espécies de hominídeos, formavam o grupo de sobreviventes dos primatas no ambiente natural do continente africano. Por volta de 3 milhões de anos atrás, uma nova onda de frio provocou alterações e tornou o clima mais seco, pressionando a mudança de dietas alimentares. A escassez e o processo de seleção natural levaram nossos ancestrais a se bifurcarem em duas práticas de sobrevivência. O grupo de Australopitecus especializou-se em extração de raízes e sementes e o Homo habilis com uma dieta onívora (alimentação vegetariana e carnívora), alcançou êxito evolutivo mental e físico.
A posição erguida e a locomoção bípede trouxeram uma vantagem adaptativa, acelerou as funções de deslocamento e liberou definitivamente as mãos para a transição do símio para o hominídeo. Com a nova habilidade internalizada, as pressões sobre as articulações faciais reduzem, dando lugar para a expansão dos órgãos da fala e no volume do cérebro. A transição do hominídeo ao homem é tema de muitos debates científicos. Os achados arqueológicos nos permitem compreender como fabricavam seus instrumentos e utensílios, como se distribuíam espacialmente e como adaptaramse às condições ambientais em que viviam. Esses registros, possíveis de verificar na paisagem, nos dão raras informações, porém restam lacunas naquilo que pensavam e na linguagem que utilizavam. Do que sabemos, a relação cérebro – mãos – meio natural representou uma aceleração na hominização do humano, pois mudou a história de suas relações e dessas relações com a natureza.
O trabalho humano A habilidade tornou-se a nova força de sobrevivência do Homo habilis, o primeiro representante do gênero Homo. Sua característica era única: a capacidade de produzir e utilizar artefatos líticos. Os primeiros registros datam de, aproximadamente, 2,5 milhões de anos atrás, no leste da África. Esses 34
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Ser humano: o construtor do espaço
utensílios eram instrumentos muito simples, produzidos a partir de pedra e ossos. Os ossos serviam para escavar o solo em busca de raízes e as pedras serviam para diferentes f unções, como quebrar os ossos para a obtenção de tutano, corte de ervas e gramas, talhar madeira, caçar pequenos animais e até para a defesa.
(CUNHA; MONTANARI, 1999, p. 60)
Quadro comparativo do Australopitecus afarensis com o Homo habilis Quadro comparativo do Australopitecus afarensis com o Homo habilis Características
Australopitecus afarensis
Homo habilis
Volume do crânio em cm3
380 a 450
510 a 750
Altura em metros
1 a 1,5
1
Locomoção
bípede/arbórea
bípede
Alimentação
herbívora/onívora
herbívora/onívora
Distribuição
leste africano
leste africano
Utensílios
–
ósseos/líticos
Entre 3 e 1 milhão de anos atrás, sabe-se que dois grupos de hominídeos conviviam nas mesmas pastagens. Uma espécie mais robusta, com mandíbulas e dentes muito desenvolvidos e outra espécie que possuía um cérebro maior e habilidades de escavar, cortar, perfurar e raspar. (CUNHA; MONTANARI, 1999, p. 64)
Por volta de 1 milhão de anos somente uma das espécies sobreviveu e o que se sabe é que a inteligência de produzir e utilizar instrumentos são as adaptações que permitiram ao Homo habilis sobreviver à seleção natural imposta pelo ambiente. O uso de ferramentas mostra que sua dieta era baseada em produtos de origem vegetal, suplementada com alimentos de origem animal. A nova dieta provoca alterações nas estruturas físicas dando passagem para a formação de um novo indivíduo com um corpo maior e
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
35
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
mais robusto, com a forma da face mais achatada, redução da dentição e a testa mais alongada, o Homo Erectus. Com o domínio do fogo, o conhecimento da fabricação de instrumentos e dotado de condições físicas vantajosas, o Homo Erectus empreende, a partir da África, a primeira dispersão do homem pelo Velho Mundo. Fósseis que datam de mais de 1 milhão de anos demonstram que já haviam se distribuído amplamente pela África, Ásia e Europa. Por volta de 500 mil anos atrás, começam a surgir formas mais avançadas de hominídeos. Os registros fósseis desses homens modernos são encontrados na África, Europa e Ásia. Essas populações viviam em locais diferentes, apresentavam características diferentes como o tamanho e o formato do crânio, além de distintos estágios evolutivos do seu modo de produzir a subsistência (Neandertais e Sapiens). Fósseis de pessoas fisicamente como nós começam a parecer nos registros a partir de 200 mil anos atrás. O aspecto anatômico do corpo, a fluente expressão oral e o expressivo desenvolvimento tecnológico de sua indústria lítica são o que mais aparecem até então. Durante os 2,5 milhões de anos do gênero Homo, nossos antepassados dividiam o tempo em processos produtivos de trabalho individuais e coletivos. Desenvolveram um modo de produção baseado na caça e na coleta de sementes, frutos, raízes e ervas. Podemos, então, nos referir aos nossos ancestrais como caçadorescoletores, que produziram um espaço geográfico baseado na apropriação coletiva de recursos naturais com a finalidade de suprir as necessidades básicas, sem a preocupação acumulativa e privada. A descoberta da agricultura, cerca de 10 mil anos atrás, promoveu uma segunda revolução no modo de produzir a subsistência. Esse novo processo necessitou de áreas férteis e irrigadas, dando início ao processo de organização das primeiras civilizações humanas. O novo modo de produção provocou o crescimento demográfico e a formação dos primeiros grandes a ssentamentos humanos. O surgimento da indústria, no século XVIII, promoveu uma das maiores revoluções no modo de produção humana. A descoberta de fontes de energia e a mecanização da produção trouxeram uma aceleração ainda maior na transformação da natureza. O processo de industrialização implantou-se em todos os continentes e reorganizou todo o trabalho nos últimos trezentos anos. Durante esse processo evolutivo do trabalho humano, a combinação do uso de instrumentos com uma atividade e um desenho mental, resultou em produtos úteis. Segundo Foladori (2001, p. 88): O trabalho desenvolve a tridimensionalidade do tempo. Utiliza instrumentos produzidos no passado para desenvolver uma atividade no presente, que tem como propósito um produto de seu uso futuro. É possível que esse conceito tridimensional do tempo tenha resultado dos milhões de anos de uso e fabricação de instrumentos.
Dessa forma, podemos compreender que a objetivação da natureza é o resultado do trabalho humano, que origina os produtos úteis aos quais a consciência concede autonomia de seu uso por sua necessidade. Esse processo de objetivação implica na conversão do ser humano em um sujeito que tem na natureza o seu objeto e dessa relação podemos extrair os elementos fundamentais 36
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Ser humano: o construtor do espaço
para compreender o espaço geográfico passado e presente, numa visão evolutiva do processo de objetivação da natureza.
As técnicas de produção O processo de objetivação da natureza transforma-a em uma atividade acumulativa. Mas também modifica o sujeito por meio do acúmulo de novas habilidades e conhecimentos. Esse fenômeno torna-se, então, um fato socializante que assume um caráter de extensão sobre a superfície. A influência da forma de produção para além do indivíduo permite perceber como os objetos transcendem ao seu criador e acumulam-se no espaço material. Para entendermos esse processo de evolução do trabalho humano usaremos uma linha de acumulação de experiências da produção humana, que nos sugere Foladori (2001, p. 91-93): 1. As primeiras manifestações do trabalho humano estão contidas no uso da própria mão humana como instrumento, representando o arranque motriz que deu ao gênero Homo as condições iniciais do desenvolvimento psicomotor. 2. O grande salto qualitativo se constitui com a utilização de instrumentos, ainda que de forma rudimentar, como artefatos de pedras, madeira e ossos, que substitui a mão como ferramenta e esta passa a ser responsável pela energia do ato do trabalho. 3. Com o surgimento de certos instrumentos que potencializaram o movimento originado pelo corpo humano como, por exemplo, o fogo, o arco, a flecha e todos os propulsores, o ser humano passa a aplicar o primeiro impulso e obtém um movimento original que se multiplica pela força corporal. 4. O movimento que produz a necessidade torna-se independente do corpo humano, como no caso da utilização da energia eólica, hidráulica, o cultivo e a domesticação de animais. 5. O grande avanço da tecnologia de geração de força que se transforma calor em movimento, combinado com sucessivas atividades mecânicas, ocorre durante a Revolução Industrial no século XVIII. 6. A segunda Revolução Industrial do último terço do século XIX, tem como inovação central o incremento revolucionário do transporte, aplicado com os derivados de petróleo ao motor de combustão interna e logo mais pela força da eletricidade. 7. A objetivação das funções e tarefas, que antes se realizavam pelo intelecto humano, agora passam a ser reprogramadas automaticamente por máquinas, com aplicação dos métodos de controle numérico da produção. 8. A tecnologia industrial atinge seu último estágio evolutivo na informática e microeletrônica e somada à utilização de satélites, fizeram com que a atividade que vinha sendo realizada preferencialmente pelo próprio cérebro humano se tornasse independente dele. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
37
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
O processo de objetivação da natureza pelo ser humano explica-se, nesse sentido, pelo uso crescentemente de uma consciência, mediada pelo objeto do trabalho, pela diversificação das matérias bióticas a abióticas que resultam na satisfação de necessidades sociais e pelo conhecimento cada vez mais acabado das leis que regem a natureza. O ser humano conseguiu impor-se sobre os demais seres vivos e construiu seu espaço geográfico artificial dentro de um mundo natural. A força com a qual cada sociedade provocou alterações no meio natural esteve constantemente associada às relações políticas, econômicas e culturais que as sociedades construíram em cada momento histórico. Nesse sentido, é primordial que na análise geográfica sejam abordados os modos e as técnicas de produzir e reproduzir os meios de subsistência para que possamos identificar as forças que agem no interior da sociedade humana. É necessário explicar o espaço construído pela existência humana e libertar os indivíduos da alienação que deriva das relações das técnicas da produção e das relações sociais, construindo uma nova perspectiva para o aproveitamento pleno da aprendizagem.
O espaço humanizado As transformações ocorridas na sociedade contemporânea, em sua relação com a natureza, são profundamente marcadas pelo contexto histórico da primeira metade do século XX. A industrialização, a bipolarização econômica e seus desdobramentos criaram condições para uma crise ambiental de proporções globais. A Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, deixou uma marca de destruição na Europa e Ásia, colocando aquela população em precárias condições de higiene, alimentação e moradia. Por outro lado, o conflito bélico desencadeou movimentos ecológicos, que defendiam a paz e denunciavam a ameaça atômica. A globalização das economias capitalista e socialista empreenderam políticas econômicas na implantação de bases industriais e a dominação ideológica. Os países do então chamado Terceiro Mundo foram os mais atingidos ambientalmente nesse processo, pelo sistema de transferências de complexos industriais, denominados de indústrias sujas e, em seguida, foram também receptores de lixo urbano-industrial tóxico. Esse processo acabou por garantir a situação de dependência econômica, marginalização, desemprego, analfabetismo, êxodo rural, epidemias, violência, subnutrição e degradação ambiental. A explosão demográfica e a concentração populacional nos países em desenvolvimento foram conseqüências imediatas desse processo econômico. Vários estudiosos se preocuparam em explicar esse fenômeno demográfico, gerando políticas de controle populacional e mecanismos de dominação dos países do Primeiro Mundo. Se por um lado o capitalismo julgava-se capaz de desenvolver tecnologia de controle populacional, por outro, a humanidade observou, pela primeira vez, 38
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Ser humano: o construtor do espaço
as limitações do planeta quanto à sua capacidade. Essa preocupação tornou-se o objeto de estudo de várias ciências. Até onde sabemos, a espécie humana é a única a ter consciência da necessidade de produzir as condições materiais de existência pelo trabalho organizado socialmente. Porém, ela não se relaciona de maneira homogênea, a relação dáse de maneira diferenciada, segundo sua estrutura de classes sociais. Segundo Foladori (2001) “Não existe nenhuma relação técnica que não esteja subordinada a um determinado tipo de relação social, historicamente determinada e resultante de uma estrutura de classes particular”. As conferências internacionais de meio ambiente e desenvolvimento apontaram uma profunda crise socioambiental. Essa crise tem sido vista por muitas ciências físico-naturais como uma dicotomia sociedade-natureza que se origina das relações técnicas que se fazem ao explicar os impactos causados ao meio abiótico e aos outros seres vivos. No entanto, essa visão torna-se simplista e generalista, pois desconsidera que o problema principal da humanidade não é de inter-relação com outras espécies vivas e o meio ambiente, é sim um problema de relação do ser humano com o próprio ser humano. As relações sociais são as que se estabelecem entre os seres humanos a partir da forma como se distribuem os meios de produção. Essa distribuição dos meios de produção é que determina um acesso diferenciado aos recursos naturais, o grau de intervenção e de decisão sobre seu uso, as leis que regulam o uso, a forma e o acesso privado aos meios naturais. O estudo geográfico deve, portanto, preocupar-se com a explicação do espaço humano, pois é das relações sociais que derivam as forças que agem na construção material do espaço geográfico.
1.
Estudar a história geológica da Terra é fundamental para compreendermos as condições ambientais que permitiram o surgimento de nossa espécie. As transformações climáticas e geológicas ocorridas na superfície terrestre permitiram o aparecimento dos mamíferos, entre eles os primatas, nossos ancestrais. Realize uma pesquisa sobre a separação dos continentes da Terra e como os primatas puderam sobreviver. Construa um texto, na forma de uma história, para ser apresentado para um público infantil. Os textos poderão ser lidos e analisados no encontro do grupo.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
39
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
40
2.
Percebemos em nosso estudo que o trabalho humano e as técnicas de produção foram fatores predominantes no desenvolvimento material e intelectual do ser humano. Com base nessa abordagem realize uma pesquisa sobre as principais atividades econômicas de sua cidade, quais as técnicas de produção que são envolvidas e quais as habilidades de trabalho que são exigidas das pessoas. Registre seus dados e opiniões e apresente ao grupo de estudo.
3.
Quais são os principais problemas sociais e ambientais de seu bairro? Na sua opinião, quais seriam as medidas necessárias para resolver esses problemas e gerar melhorias na qualidade de vida do lugar onde você mora?
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço vivido e o espaço percebido Amala e Kamala eram duas meninas que foram descobertas em 1921, numa caverna da Índia, vivendo entre lobos. Essas crianças, que na época tinham, aproximadamente, idades de 4 e 8 anos, foram confiadas a um asilo e passaram a ser observadas pelos estudiosos. Amala, a mais jovem, não resistiu à nova vida. A outra, porém, viveu mais uns oito anos. Ambas apresentavam hábitos alimentares bastante diferentes dos nossos. Como fazem normalmente os animais, elas cheiravam a comida antes de tocá-la, dilacerando os alimentos com os dentes e poucas vezes fazendo uso das mãos como instrumento para beber e comer. Possuíam aguda sensibilidade auditiva e desenvolvimento do olfato para a carne. Para se locomover apoiavam-se sobre as mãos e os pés, adotando a marcha quadrúpede, como faziam seus antigos companheiros, os lobos. Kamala, por exemplo, levou seis anos para utilizar a marcha ereta. Notou-se também que Kamala não se sentia à vontade na companhia de outras pessoas, preferindo a dos animais, que se entendiam maravilhosamente com ela, jamais se espantando quando de sua aproximação. (TELES apud OLIVEIRA, 1991, p. 115-116)
O indivíduo e as instituições sociais
A
observação do caso das meninas-lobo da Índia permite-nos afirmar que é praticamente impossível que uma criança sobreviva e se desenvolva como ser humano se não viver dentro de um grupo humano. A vida social é uma exigência do gênero humano. A sociabilidade é uma tendência natural que herdamos dos nossos ancestrais pré-históricos. Na vida social, os indivíduos estabelecem contatos sociais de forma primária – família, amigos, grupos de lazer, grupos de trabalho etc.; e de forma secundária – são contatos impessoais. Dessa forma, os indivíduos interagem socialmente em relacionamentos com outras pessoas ou grupos de pessoas. Além das formas de relação, existem, também, processos sociais que permitem aos indivíduos atuarem nos grupos ou com as pessoas individualmente. Os processos de cooperação social, nos quais o trabalho se destina a um mesmo fim como, por exemplo, um mutirão para construir as casas de moradores de um bairro ou a organização de uma festa de Natal para c rianças carentes. Os processos de competição e de conflito que resultam da forma de luta pela existência e por valores da existência como, por exemplo, a luta pela terra no Brasil, em que de um lado lutam milhares de famílias de trabalhadores rurais e, de outro, dezenas de famílias de grandes latifundiários que têm a propriedade privada da terra. O espaço geográfico, tem um caráter social, como uma organização que se adapta e evolui sem cessar seus efeitos, movidas pela ação do trabalho. Esse espaço de vida social constitui uma unidade, um território onde a organização e o funcionamento decorrem das relações socioespaciais que o anima. Partindo dessa idéia percebemos que existe um sistema espacial que é produto de decisões dos atores. A Nova Geografia (anos 1960), desenvolve uma abordagem denominada de Geografia dos Atores. Apresenta um conjunto de pressupostos que pode auxiliar a compreensão espacial: Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
A organização espacial é resultado das relações sociais de diferentes grupos de indivíduos que compõem a sociedade. O espaço geográfico sofre uma construção contínua da sociedade que o habita animada pela atividade do trabalho humano. O ser humano como indivíduo ou sociedade de seres humanos são os atores do espaço e, portanto, os portadores da força de trabalho. As decisões são tomadas mediantes a racionalidade econômica (espaço percebido, julgado, valorizado, interiorizado e reformulado) e resulta nas muitas paisagens humanas. Dentre muitas abordagens que admitiram o ser humano como principal ator do espaço temos a Geografia Humanística ou Comportamental e a Geografia da Percepção. Essas duas abordagens geográficas da atualidade têm contribuído amplamente para a compreensão dos processos de relação sociedade-sociedade e sociedade-natureza. Utilizando conceitos que são originais da Psicologia, da Sociologia e da Filosofia, os geógrafos humanistas podem desvendar as paisagens construídas nos diferentes lugares. O estudo de Geografia nos auxilia a compreender e apreender como os homens produzem e consomem o espaço, como suas relações psicológicas, sociais, culturais, econômicas e estruturais influenciam a transformação das paisagens.
A percepção do espaço A percepção geográfica está associada às atividades perceptivas humanas. Essas atividades (visão, audição, olfato, tato e paladar) estão associadas a uma certa posição do sujeito percebedor em relação ao seu meio circundante. No âmbito da Geografia procura-se compreender como a percepção dos indivíduos sobre o meio em que vivem está relacionada com o seu modo de vida e este com a sociedade em que vive. Nesse processo de relação indivíduo – sociedade – natureza estão contidos os elementos que possibilitarão compreender a sensação humana do espaço. A sensação é condição básica da condição sensorial da percepção, necessitando um órgão corporal para se realizar. E poderíamos dizer que a percepção é a apreensão de uma qualidade sensível, acrescida de uma significação, como uma qualidade essencial, e não apenas um acréscimo. (OLIVEIRA, apud MENDONÇA; KOZEL, 2002, p. 191)
O ponto de partida para o entendimento da percepção dos indivíduos sobre a realidade é a reflexão a partir da relação daquilo que se crê com a percepção de um mundo objetivo que independe da existência individual, pela absorção do movimento de um real impulsionado pela atitude humana. Assim, a questão da autonomia da consciência, de uma percepção plenamente objetiva que espelhe a realidade de fato, torna-se uma lacuna teórica de difícil solução e, se levarmos em conta que sob o capitalismo a natureza ganha uma unificação prática no processo de produção, tornando-se um meio universal para esta e que isso redunda em uma atitude de um sujeito que se enquadra aos ditames – da condição para a reprodução global do sistema – dessa perspectiva ao torná-la 42
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço vivido e o espaço percebido
objeto pelo seu trabalho e, simultaneamente, ao absorver as conseqüências desse seu trabalho temos uma lacuna assentada na prática em que objeto concebido e sujeito que concebe se entrelaçam, remontando o conceito de natureza em uma totalidade que não permite uma distinção plena entre pensamento e realidade. Por fim, dentro desse longo processo de relação homem/natureza, em que o primeiro se constrói na simbiose de seu trabalho com a segunda – e desta relação resulta uma unidade, não uma dissociação – temos, na atualidade do capitalismo, a emergência de um meio técnico-científico informacional como o meio geográfico atual, no qual os objetos mais proeminentes são elaborados a partir dos próprios mandamentos da ciência, servindo-se de uma técnica informacional que lhes empresta o alto coeficiente de uma intencionalidade servidora das diferentes modalidades do modo de produção (SANTOS, 1996). Há, na implementação desse meio, a clara emergência de uma troca de símbolos, nos quais a incrustação da técnica sobre a superfície do mundo faz dele um relator de uma nova racionalidade, de um novo fim posto para o conhecimento, de um olhar recentemente construído.
A cognição do espaço Jean Piaget (1896-1980) iniciou sua obra com pesquisas no campo da psicologia da criança, no Instituto Jean Jaques Rosseau, em Genebra. Nesse instituto foi professor e diretor do Centro Internacional de Educação (1929). Em 1955, fundou o Centro de Estudos de Epistemologia Genética, organismo que estuda os processos de aprendizagem do homem. A teoria do pensamento cognitivo de Piaget busca explicar o desenvolvimento mental do ser humano, no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade. A natureza e a característica da inteligência muda significativamente com o passar do tempo. O desenvolvimento intelectual do homem, segundo Piaget, atravessa uma seqüência de estágios: Estágio sensório-motor (0 a 2 anos) – a criança percebe o ambiente e age sobre ele. Estágio pré-operacional (2 a 6 anos) – a criança desenvolve a capacidade simbólica, imagens ou palavras, que representam objetos que não estão presentes. Estágio das operações concretas – nesse período, as operações mentais da criança ocorrem em resposta a objetos e situações reais. Há diferencia ção de classes e subclasses em que os objetos se distribuem no espaço. Estágio das operações formais – o pensamento não necessita mais da percepção ou da manipulação de objetos concretos. O pensamento se torna hipotético e dedutivo. Outra grande contribuição de Piaget foi o estudo do desenvolvimento da Linguagem, a qual evolui de uma linguagem egocêntrica para uma linguagem socializada e Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
43
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
acompanha o avanço das estruturas mentais. O intelecto da criança se desenvolve por meio de sua interação com as coisas e com as pessoas do seu meio ambiente. A cognição humana do espaço segue uma lógica de desenvolvimento sensórioespacial sobre os objetos e as ações sobre o espaço. Assim, todos nos inserimos como indivíduos em um meio no qual o homem atua e constrói seus valores que podem ser compreendidos a partir da expressão oral, corporal, escrita, sonora, artística e outras. Em Geografia, importa tanto a percepção como a cognição. Mas pode-se dizer que a cognição fundamenta toda a pesquisa geográfica a partir da percepção que cada um de nós constrói da realidade e a meta que perseguimos ou tentamos atingir. Aceita-se que o verbo de cognição é conhecer. Conhecer consiste em construir ou reconstruir o objeto do conhecimento, de maneira a aprender o mecanismo desta construção. (OLIVEIRA, apud MENDONÇA; KOZEL, 2002, p. 192)
O conhecimento espacial representa para o indivíduo muito mais do que a simples localização, pois é vital para a realização da existência e dos sonhos, nascendo com o ser humano e se desenvolvendo dentro de sua cultura. Porém, na medida em que adquire-se a consciência espacial cria-se a condição necessária para a libertação dos mecanismos de dominação social sobre o indivíduo e abrese a possibilidade do crescimento intelectual e moral.
O lugar e o poder da identidade Nosso mundo e nossa vida vêm sendo moldados pelas tendências conflitantes da globalização e da identidade. A revolução da tecnologia da informação e reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede. Essa sociedade é caracterizada pela globalização das atividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico; por sua forma de organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do emprego e a individualização da mão-de-obra. (CASTELLS, 1999)
Segundo Castells, juntamente com essa revolução tecnológica e a transformação do capitalismo numa poderosa máquina cultural que procura criar uma sociedade global, desenvolveu-se um movimento e o avanço de expressões poderosas de identidade coletiva, que desafiam a globalização e o cosmopolitismo, em função das singularidades culturais que exigiram o respeito às suas relações sociais e ambientais. Como exemplo, citamos as várias culturas indígenas, as populações nômades, as sociedades caboclas, caiçaras, os povos da floresta e tantos outros grupos que formam o nosso complexo tecido social. O conceito de lugar guarda uma dimensão prático-sensível, isto é, trata-se da porção espacial necessária e apropriada para a existência individual. Nesse caso, o lugar se configura no espaço vivido e reconhecido. Ao viver e estabelecer relações de consenso e conflito, o indivíduo adquire uma identidade. O lugar comporta, portanto, as condições físicas e humanas para o exercício da relação sujeito-objeto. No que diz respeito a atores sociais, entendo por identidade o processo de construção de significados com base em um atributo cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, a(s) qual (ais) prevalece(em), sobre outras fontes de significado. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator coletivo, pode haver identidades múltiplas. No entanto, essa pluralidade é fonte de tensão e contradição tanto na auto-representação quanto na ação social. (CASTELLS, 1999 p. 22) 44
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço vivido e o espaço percebido
As identidades se constituem como fontes de significados para os próprios atores, fontes originadas e construídas por meio de um processo de individualização. A Sociologia define como papel social a ação de um indivíduo em determinado grupo, um trabalhador, uma dona-de-casa, um militante sindicalista, um jogador de futebol, um líder religioso, um estudante etc. Contudo, identidades são mais complexas do que os papéis sociais, devido ao significado que o papel tem sobre o indivíduo. Segundo Castells, “identidades são fontes mais importantes de significado do que papéis, por causa do processo de autoconstrução e de individualização que envolvem. Em termos mais genéricos... pode-se dizer que identidades organizam significados, enquanto papéis organizam funções”.
A vida social baseia-se em organizações hierárquicas institucionalizadas, nas quais o indivíduo assume papéis e constrói sua identidade de acordo com seus critérios de verdade, seu interesse e sonho. A construção da identidade necessita, também, de uma base territorial e, por isso, o espaço do indivíduo deve ser considerado na análise geográfica, pois é da soma dos espaços das identidades individuais e coletivas que vemos surgir as condições para a existência do lugar, do território, da região e da configuração das paisagens. No plano cultural e social, os lugares estão carregados de significações múltiplas. Então, todo espaço, enquanto substância social, está carregado de afetividades e símbolos, que são percebidos pelos homens conforme seu valor mental, no qual, através dos conflitos entre os atores, percebe-se as valorizações diferentes e criação de significados da identidade.
Carta protesto dos índios contra a colonização Hoje, é esse dia que podia ser um dia de alegria para todos nós. Vocês estão dentro de nossa casa. Estão dentro daquilo que é o coração de nosso povo, que é a terra, onde todos vocês estão pisando. Isso é nossa terra. Onde vocês estão pisando vocês têm que ter respeito porque essa terra pertence a nós. Vocês quando chegaram aqui, essa terra já era nossa. O que vocês fazem com a gente? Nossos povos têm muitas histórias para contar. Nossos povos nativos, donos desta terra, que vivem em harmonia com a natureza: tupi, xavante, tapuia, caiapó, pataxó e tantos outros. Séculos depois, estudos comprovam a teoria, contada pelos anciões, de geração em geração dos povos, as verdades sábias, que vocês não souberam respeitar e que hoje não querem respeitar. São mais de 40 mil anos em que germinaram mais de 990 povos com culturas, com línguas diferentes, mas apenas em 500 anos esses 990 povos foram reduzidos a apenas 350 mil. Quinhentos anos de sofrimento, de massacre, de exclusão, de preconceito, de exploração, de extermínio de nossos parentes, aculturamento, estupro de nossas mulheres, devastação de nossas terras, de nossas matas, que nos tomaram com a invasão. Hoje, querem afirmar a qualquer custo a mentira. A mentira do Descobrimento. Cravando em nossa terra uma cruz de metal, levando o nosso monumento, que seria a resistência dos povos indígenas. Símbolo de nossa resistência e de nosso povo. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
45
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Impediram a nossa marcha com um pelotão de choque, tiros e bombas de gás. Com o nosso sangue, comemoraram mais uma vez o descobrimento. Com tudo isso, não vão conseguir impedir nossa resistência. Cada vez somos mais numerosos. Já somos quase 6 000 organizações indígenas em todo o Brasil. Resultado dessa organização: a Marcha e a Conferência Indígena 2000, que reuniu mais de 150 povos; teremos resultado a médio e a longo prazos. A terra para nós é sagrada. Nela está a memória de nossos ancestrais que clama por justiça. Por isso, exigimos a demarcação de nossos territórios indígenas, o respeito às nossas culturas e às nossas diferenças, condições para a sustentação. Educação, saúde e punição aos responsáveis pelas agressões aos povos indígenas. Estamos de luto. Até quando? Vocês não se envergonham dessa memória que está na nossa alma e no nosso coração, e vamos recontá-la por justiça, terra e liberdade. Pronunciamento do índio pataxó Matalauê, 24 anos (batizado pelos brancos como Jerry Adriani Santos de Jesus), durante protesto de índios na Missa dos 500 Anos de Evangelização, realizada em 26 de abril.
46
Após a leitura do texto complementar faça uma reflexão sobre o discurso do índio pataxó e apresente suas conclusões sobre como a identidade do povo indígena foi marcada pela colonização européia no Brasil.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço vivido e o espaço percebido
1.
Escolha um grupo social de que você participa, pode ser o grupo familiar, dos amigos de trabalho, grupo esportivo, religioso, de estudo ou de lazer. Faça uma rápida pesquisa sobre os seguintes aspectos deste grupo que você escolheu e responda as questões: a) Qual é seu grupo escolhido?
b) Quais os espaços que esse grupo ocupa em sua cidade?
c) Existem relações de hierarquia nesse grupo? Quais são?
d) Qual a sua posição nesse grupo?
e) Como são decididas as ações do seu grupo?
f) Como são aplicadas as regras neste grupo?
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
47
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
48
2.
Com base na pesquisa sobre esse grupo social, apresente uma breve descrição das principais atividades que ele desenvolve e como você contribui para estas ações.
3.
No encontro do grupo apresente os resultados dessa pesquisa e elaborem uma reflexão sobre o papel dos grupos sociais na construção da identidade. Escreva suas conclusões a respeito da importância dos grupos sociais para a sua vida e para a comunidade onde você vive.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço representado As representações em geografia constituem-se em criações individuais ou sociais de esquemas mentais estabelecidos a partir da realidade espacial inerente a uma situação ideológica, abrangendo um campo que vai além da leitura aparente do espaço realizado pela observação, descrição e localização das paisagens e fluxos, classificados e hierarquizados. (KOZEL, 2002)
O que é uma representação?
A
percepção do espaço vivido e conhecido pode ser externada pelas ações comportamentais, orais, escritas ou grafadas. Para o geógrafo, é possível, a partir do entendimento das representações, a compreensão da subjetividade humana em sua relação com o espaço vivido e construído.
As relações entre as pessoas e os lugares podem ser classificadas por meio de signos que lhe apresentam um significado. A representação é o termo que permite evocar alguns objetos embora, em tese, não seja diretamente perceptível. Portanto, toda representação é um ato de criação convencional e imperfeito. O conceito de representação oferece um recurso no estudo das construções imaginárias e imaginadas. Os quadros mentais permitem perceber a idéia que a pessoa tem do espaço, adquirida pela sua vivência. Considerando isto, a análise dos mapas mentais deve estar inserida na prática da Geografia, com a função de organizar novas percepções e elaborar novas relações a partir de experiências prévias. A realidade objetiva não existe fora de nossas representações. O lugar não existe nele mesmo, mas só enquanto apoio das relações criadas, por meio da história nessa sociedade. Assim, o que foi representado objetiva o que foi percebido. Os obstáculos no mundo das representações estão na multiplicidade de interpretações dentro dos campos científicos – psicologia social, psicologia cognitiva, ciências e técnicas da cognição, sociologia, economia e semiótica. No entanto, a noção de representação se liga a um princípio comum, remete-se às teorias do conhecimento e, portanto, apresenta-se como uma questão filosófica. Aceitar a problemática geral das representações é considerar que o espírito humano é o suporte das representações, que são produtos cognitivos resultantes das interações do indivíduo com o mundo. Estamos inseridos em um mundo cada vez mais complexo nos quais as imagens tomam força como meio de comunicação. A aparência e a essência dos fenômenos integram-se na medida em que compreendemos as representações individuais e coletivas. Isso permite conhecer como as sociedades transformam seu espaço geográfico, a partir das relações sociais, culturais, econômicas e ecológicas. Segundo Kozel (2002), as representações, inicialmente, foram consideradas como produtos de uma história pessoal associada a saberes e experiências adquiridas. Essa interpretação surge na psicologia cognitiva e social, assim como na biologia. A partir dos anos 1980, com a revolução técnicoEsse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
científica, houve a necessidade de conhecer os sentidos da consciência espacial, incorporando aportes lingüísticos e socioculturais. As novas demandas provocadas pela sociedade tecnológica requisitou uma compreensão maior das representações. Estamos inseridos no mundo e não podemos nos excluir dele para compararmos aparência com essência, conteúdo com representação, pois o senso comum e o contexto estão implícitos e não podem simplesmente ser eliminados, constituindo-se no cerne do processo cognitivo. As representações espaciais advêm de um vivido que se internaliza nos indivíduos, em seu mundo, influenciando seu modo de agir, sua linguagem, tanto no aspecto racional como no imaginário, seguidas por discursos que incorporam ao longo da vida. (KOZEL, 2002, p. 221)
Para o ensino da Geografia, o uso das representações é de vital importância, pois é por meio da representação que os indivíduos externam a sua percepção. Os mapas são representações pelos quais podem ser trabalhados os conteúdos geográficos. As paisagens ao serem representadas refletem o percebido e o vivido, são os meios de compreendermos como os atores pensam o seu espaço geográfico.
A produção/representação do espaço Marx e Engels (1984) ressaltam que, pela confecção de instrumentos de trabalho, os homens vão se diferenciar dos demais seres da natureza, produzindo os meios para a sua vivência ao mesmo tempo em que transformam a própria natureza que os circunda em potencial para essa referida produção. É nessa relação com os outros seres da natureza, inclusive com os da sua própria espécie, que o homem toma consciência de si mesmo. Uma consciência adquirida pela apreensão do movimento de um real acionado pelo homem, mas também, existente e apreendido nos demais ciclos da natureza. Temos, no trabalho, um elemento primordial na transição do ser-biológico para o ser-social, em que a consciência deixa de ser voltada somente para a necessidade de reprodução biológica, para se construir em um processo gradual de hominização pela dialética do externo/interno. Somente no trabalho, quando põe os fins e os meios de sua realização, como um ato dirigido por ela mesma, com a posição teleológica, a consciência ultrapassa a simples adaptação ao ambiente – o que é comum também àquelas atividades dos animais que transformam objetivamente a natureza de modo involuntário – e executa na própria natureza modificações que, para os animais, seriam impossíveis e até mesmo inconcebíveis. (LUKÁCS, 1978, p. 15)
A construção do conhecimento por meio da construção de imagens pode ser gerada a partir dos processos provenientes da percepção sensível, do conhecimento imaginário e abstrato, assim como da internalização de discursos, ou dialogismos. Os humanos, por serem seres sociais, interagem com seus semelhantes por meio dos enunciados e estabelecem o diálogo entre os discursos proferidos, o que vem a se constituir numa antropologia filosófica ou dialogismo. Porém, pelo dialogismo, os sujeitos tornam-se históricos e sociais por incorporarem diferentes vozes ou discursos dos outros, e este tecido de muitas vozes entrecruzam-se, 50
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço representado
completam-se, polemizam entre si, com o interior e o exterior. Dialogismo não é apenas mais um conceito entre tantos, mas um instrumento imprescindível no estudo da compreensão do real (KOZEL, 2002, p. 229). Nessa perspectiva, podemos considerar as representações como uma forma de conhecimento, que se elabora na vida social e partilha-se na medida em que se executam as práticas sociais. Ao mesmo tempo em que os indivíduos reproduzem as suas relações na atividade conjunta da construção e reconstrução do espaço geográfico, eles representam essas relações. A representação é um tipo de linguagem; portanto, trata-se de uma construção sígnica, resultante das diferentes formas de comunicação. Os discursos construídos coletivamente são externados individualmente. Isso quer dizer que o interior e o exterior dos indivíduos somam-se quando são representados os sentimentos. A representação revela o aspecto imaginativo que é inseparável do aspecto significativo e assim necessitamos compreender a subjetividade dos atores para entendermos os processos que interferem na percepção do real e na representação do imaginário.
As representações e o contexto social ... um signo ou representâmen é algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa alguma coisa para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo melhor desenvolvido. Ao signo assim criado denomino interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto. Coloca-se no lugar desse objeto não sob todos os aspectos, mas com referência a um tipo de idéia que tenho, por vezes denominado o fundamento do representâmen... (PIERCE, 1974, p. 44)
Se as representações revelam-se um problema filosófico pelo fato de estarmos tratando da consciência, da imaginação, da abstração e da subjetividade humana, temos de reconhecer que a Geografia está entre o real e as representações humanas, pois o saber geográfico é construído na relação entre o que os percebem e representam do espaço. Nesse sentido, é possível afirmar que os modelos que foram utilizados para interpretar as manifestações representativas seguiram os padrões de cada momento histórico, tanto nas práticas da representação como no “gosto”, no “estilo”, no “modo de vida”, nas “formas”. O conjunto de simbolismos que se apresentavam na composição estavam impregnados do contexto social, sobretudo com as relações de poder, religião e cultura. Na Geografia, o espaço tem um caráter geométrico, topológico, projetivo, psicológico e social e, por isso, é considerado um espaço de muitas faces, mas dependendo sempre de seu contexto histórico, para que se torne legível. Enquanto representativo, o espaço é simbólico e geométrico, precisando ser mapeado e mensurado, pois o representamos como processo, reconstruímos, e ainda, como representação mental e gráfica, reflete a imagem mental dos indivíduos que o representam. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
51
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Vejamos o esquema a seguir que sugere uma interpretação do espaço territorial em suas dimensões representativas na Geografia. As dimensões imaginárias Geografia Geografia humanista cultural Geo-literatura
Topophilia
O território
O indivíduo
O grupo social
Psicologia do espaço
O espaço vivido
As cartas mentais
O discurso
O espaço percebido
O espaço produzido
As dimensões comportamentais A Geografia tem como seu objeto de análise o espaço construído pelos humanos. Um espaço que é resultante da soma dos interesses sociais. As redes de povoados ligadas por caminhos construídos para garantirem o fluxo de pessoas, materiais e idéias, formam o grande complexo, que constitui a paisagem humanizada e que define o processo da representação. Quando usamos as representações em Geografia devemos utilizar o conhecimento da percepção e da cognição, pois das relações individuais com o meio vivido e com a cultura de uma sociedade resultarão representações distintas que fornecerão ao educador a possibilidade de conhecer as relações individuais em cada contexto social.
A Geografia das representações No desenvolvimento da didática em Geografia dos anos 1970 e 1980, a noção de representação apresentou-se com uma inovação pedagógica. Migne em 1970 propôs um sistema explicativo para as representações considerando três aspectos: História pessoal, saber escolar e experiência profissional. Dessa forma, a representação estaria associada ao meio no qual os indivíduos constroem sua existência.
52
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço representado
Em 1987, a Comissão C do Segundo Encontro Nacional sobre a Didática da História e da Geografia propôs um guia metodológico completo: 1. Os alunos precisam ter conhecimento dos elementos constitutivos das representações. 2. Permitir o desenvolvimento de suas próprias representações e confrontar com os sistemas de representação do grupo. 3. Estabelecer relações entre as competências escolares do aluno e de sua representação em relação às disciplinas. 4. Avaliar o conhecimento dos alunos procurando ampliá-los a partir das representações. 5. O conhecimento científico constrói-se contra o senso comum. 6. Partir das representações empíricas para as representações apuradas, para o conhecimento científico e para uma prática teórica. (INPR, 1987). A crise de identidade da Geografia ensinada na escola francesa e particularmente nas escolas secundárias, entre os anos 1980-1990, tornou-a uma disciplina pouco admirada, pois era ensinada sem se interrogar o que se ensinava. Com o desenvolvimento de múltiplos meios para se obter a informação geográfica e dos mapas produzidos pelos geógrafos, o ensino de Geografia perdeu progressivamente o monopólio desse tipo de informação. Alguns professores de Geografia iniciam um processo de revisão do saber geográfico partindo de uma análise no sistema de representações sociais e essa concepção geográfica é defendida por Yves André e Antoine Bailly. Essa nova forma de ensinar fundamentouse sobre três principais proposições: 1. O conhecimento geográfico circula num contexto de representações sociais que são inerentes e sua difusão depende do seu contexto e de sua pertinência científica. 2. Os educandos são portadores de suas representações sociais, mesmo com a vulgarização por parte das ciências. A Pedagogia deve evitar proteger os conteúdos do saber formal constitutivos da Geografia que refutam interrogar a sua transposição didática. 3. O imaginário é parte integrante da criação científica e da formação das representações sociais. A Geografia pode utilizar esse imaginário em sua ligação com o conhecimento científico. A análise das representações forneceu uma nova aprendizagem sobre esse processo constante de produção e consumo do espaço, o qual pode ser visto como o lugar onde os homens, de ideologias diferentes, tentam impor suas representações, suas práticas e seus interesses. O surgimento de uma escola de Geografia, que teve como base a percepção, assentou-se em quatro princípios básicos defendidos por vários autores:
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
53
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
1. Os geógrafos pertencem a sociedades das quais eles refletem as ideologias e as seguranças; por isso a importância de se explicitar as ideologias. 2. O espaço em si não é objeto de pesquisa, pois o objeto real não existe. A Geografia não é a ciência das paisagens, mas a interpretação dos sinais de acordo com suas problemáticas. 3. Toda Geografia é um diagrama, um modelo simplificado do mundo, elaborado por um indivíduo. 4. Na relação da sociedade entre si e da natureza, ocorre um ponto de retribuição, no qual as representações estão inseridas nas práticas e vice-versa.
O professor de Geografia e as representações Representações dos alunos sobre o mundo e sobre a Geografia
Representações das sociedades e dos indivíduos em sociedade
As estratégias didáticas
Produção de consciências
Pesquisa científica
A construção dos saberes geográficos
O professor de Geografia
A demanda social da Geografia
Quais os desafios para o professor de Geografia entender as representações de seus alunos? Quais os meios de análise e de noções sobre as representações? Como se constitui sua natureza, seu funcionamento? Como representar as representações? Essas são perguntas que necessitam ser respondidas pelos atores da educação e podem ter suas respostas ligadas ao exercício cotidiano do educador. O conhecimento do mundo vivido do aluno pode revelar os caminhos para que se construa um sistema avaliativo das representações. A Geografia, por uma questão de método, trabalha com uma pluralidade de espaços e lugares com recortes muito variados. Nesse sentido, o professor de Geografia necessita de recursos técnicos e didáticos que permitam aproximar-se dos objetos de estudos das representações empíricas de seus alunos e, a partir delas, gerar as condições para a explicação do mundo percebido e conhecido de cada estudante. 54
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço representado
1.
Desenhe no quadro abaixo uma representação do lugar onde você mora, em forma de paisagem, apresentando a vista que você tem da janela de sua casa; escolha a melhor vista que puder e represente os elementos culturais e naturais que podem ser observados. Paisagem do lugar onde moro...
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
55
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
2.
Agora faça uma representação de seu bairro em forma de planta (visto de cima). Apresente os elementos culturais (ruas, praças, igrejas, lojas, pontos de ônibus etc.) e os elementos naturais (rios, montanhas, florestas, lagos, mar etc.). Construa uma legenda para indicar cada um desses elementos do seu mapa mental. Planta do lugar onde moro...
56
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço representado
3.
Após ter desenhado o seu lugar de moradia vamos comparar com os demais desenhos e verificar os elementos que mais chamaram a atenção do grupo. O que mais se destacou nas representações? Por que alguns elementos destacam-se com mais freqüência nos desenhos? O que esses elementos querem dizer em nossas representações? Registre aqui suas conclusões.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
57
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
58
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
O
s documentos que serão analisados fazem parte da série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados pelo Ministério da Educação e do Desporto, atendendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96).
A leitura dos documentos oficiais auxilia no trabalho do educador, pois coloca-o diante do projeto social da educação brasileira. Permite que ele faça uma reflexão crítica acerca do currículo escolar, dos materiais didáticos, dos programas de escolas públicas e particulares, oferecendo as condições para a ampliação da formação intelectual do docente.
A Geografia e a Educação Infantil IESDE Brasil S.A.
A educação infantil foi consi derada a primeira etapa da educação básica pela Lei 9.394 (título V, capítulo II, seção II, art. 29), tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Com base nessa lei, formulou-se o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI/1998, um documento contendo referências Grupo de crianças pintando. e orientações pedagógicas vindas da Secretaria de Educação Fundamental/MEC. O Referencial considera a pluralidade e diversidade da sociedade brasileira e apresenta-se como uma proposta aberta, flexível e não-obrigatória, cabendo à sociedade definir o uso nos sistemas educacionais.
O RCNEI adota uma concepção de criança como um sujeito social e histórico e faz parte de organizações sociais em determinado momento histórico. A criança é profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. Por isso, a necessidade de se compreender o processo de construção do conhecimento das crianças, que utilizam diferentes linguagens e capacidades. Nesse sentido, o documento aponta a necessidade de garantir à criança a educação, dentro do seguinte propósito: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (RCNEI, 1998, p. 23) Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
IESDE Brasil S.A.
De acordo com as RCNEI, a educação deve atuar nos âmbitos da Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo. Nessa perspectiva, foram propostos seis eixos que norteiam a educação infantil (Movimento, Artes Visuais, Música, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática). Embora essa subdivisão tenha um caráter organizativo do processo pedagógico, é fundamental que o educador tenha claro que o objeto de estudo, que está inserido no mundo real, é portador de todas as dimensões das ciências naturais e humanas.
A Geografia pode se articular amplamente com os diferentes eixos temáticos. citamos alguns exemplos: Geografia e Movimento – é a partir do movimento que a criança constrói os sentidos de tempo e espaço. Uma caminhada ou o simples deslocamento da casa para a escola podem revelar um universo de paisagens, lugares que elas desvendam diariamente. Essas referências espaciais são fundamentais para o “conhecer-mundo”. Geografia e Música – a música está presente na vida cotidiana da criança, os diferentes tipos de músicas relatam histórias, crenças, comportamentos e sonhos. A partir dos diferentes sons produzidos pela natureza ou pelas pessoas podemos identificar diferentes lugares e pessoas abrindo as portas para o conhecimento geográfico, partindo da linguagem musical para uma cognição espacial.
60
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Geografia e Artes Visuais – ao apresentarmos o estudo da Geografia das Representações, apontamos algumas referências do trabalho com as imagens e a produção de representações. O fazer artístico, a apreciação da arte e a reflexão artística são aspectos teóricos do ensino da arte. O olhar geográfico estende-se nos signos e códigos que revelam as conexões ocultas da relação do indivíduo com seu espaço vivido. Geografia, Linguagem Oral e Escrita – as histórias revelam as diferentes pessoas e lugares do espaço vivido da criança. A partir da comparação de histórias contadas com a história vivida criam-se possibilidades de cognição do espaço. A linguagem permite o distanciamento do mundo real por meio de representações simbólicas e abstratas e permite, também, construir valores que poderão influenciar decisivamente na ação da criança diante desse mundo. Geografia, Natureza e Sociedade – a relação da sociedade com a natureza se dá por meio do trabalho humano, pois é pelo trabalho que os indivíduos transformam a natureza e constroem o espaço geográfico. O conhecimento cada vez mais elaborado do ser humano e da natureza, vindos das mais diferentes ciências, podem auxiliar na explicação da condição humana. Geografia e Matemática – as noções matemáticas de contar, relacionar, quantificar e espacializar são fundamentais para que a criança crie autonomia nas atividades, jogos e desafios que são colocados pelo espaço vivido. A construção de mapas, maquetes e os trabalhos de campo podem ser úteis na relação Matemática com a Geografia.
A Geografia no primeiro ciclo O educador, no primeiro ciclo, deve levar em conta que a leitura do espaço ocorre no processo de alfabetização. Portanto, é no contexto da criação simbólica da criança com o mundo que está contida a condição de ensino-aprendizagem. A partir dos conhecimentos que a criança traz e de seu contanto com o ambiente escolar, o educador terá o suporte material e humano para construir o processo de formação geográfica.
O processo do trabalho humano é o elemento-chave para
IESDE Brasil S.A.
Ao valorizar a experiência empírica da criança, o educador mergulha no seu mundo para daí extrair as situações limites da aprendizagem e, da soma das diferentes experiências, criar seu método de trabalho e seus critérios avaliativos. Atividades em grupo.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
61
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
entender a produção e transformação do espaço. Nesse caso, o espaço primordial de estudo é o ambiente escolar. É nele que estão contidas as pessoas e os objetos que permitem sua existência. A escola como objeto do trabalho geográfico pode ser desvendada aos poucos e com bastante profundidade. Nessa fase, a criança que, em geral, já passou pela pré-escola, tem referências espaciais centradas nos esquemas corporais que já se ligam aos objetos no espaço como, por exemplo, a lateralidade e a distância nos jogos e brincadeiras e os desenhos de figuras humanas em paisagens. Essas noções corpóreo-espaciais são o ponto de partida para o início do processo de orientação em relação à superfície, aos movimentos do sol e da Terra. À medida que o espaço da escola vai sendo desvendado surge a necessidade de representá-lo e, nesse momento, entramos na Geografia das Representações, inicialmente desenhando a paisagem da escola e depois descobrindo onde fica a sala de aula, que, aliás, pode ser o início do trabalho para representação em maquete e a confecção de uma planta baixa. Assim, dá-se início ao processo de alfabetização cartográfica que será desenvolvido numa lógica crescente do lugar para o globo. Nas primeiras séries, as crianças devem ser estimuladas a conhecerem o espaço onde vivem e circulam. Nesse caso, o itinerário das crianças e seus locais de vivência oferecem um importante suporte para construção do saber geográfico. As diferentes paisagens que fazem parte da percepção da criança podem ser desvendadas gradativamente. Na medida em que são estudadas por meio de desenhos, gráficos, estudos de campo, ensaios fotográficos etc.; a cognição espacial evolui e transforma o saber espacial da criança.
A Geografia no segundo ciclo Nesse ciclo, é fundamental que as crianças representem os ambientes que as cercam, estabelecendo relações entre elementos naturais e culturais como, por exemplo, a vegetação e o uso inadequado das florestas. Também é possível que a criança já possa diferenciar elementos do ambiente, como do campo e da cidade. No segundo ciclo, as noções de localização no tempo e no espaço, de orientação e representação do espaço vivido, são fundamentais para a alfabetização geográfica. Tais conteúdos e processos de aprendizado específicos da Geografia, evidentemente, situam-se no contexto mais amplo da alfabetização, principal tarefa da escola até esse momento. O aluno que, situado no processo de auto e heteroconhecimento, desloca-se, paulatinamente, das relações topológicas e de vizinhança, às noções de distante/perto, em cima/embaixo, esquerda/direita, interior/exterior, tem a auto-confiança e se sente
62
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
bem no mundo. Como ainda utiliza seu mapa corporal e sua base sensório-motora, para a compreensão de relações mais complexas que exigem a sua projeção-intervenção no espaço g eográfico, é necessário que o educador esteja atento à criança. Nesse salto qualitativo que o cidadão-aluno realiza nas séries iniciais, ele é des locado de seu ego-centro para a centralidade das relações sociais. Nesse caso, a família e os amigos da escola são o seu meio de comunicação com o mundo. Essas mudanças não significam que a compreensão da projeção euclidiana e da representação cartográfica stricto sensu, sejam primordiais. É fundamental que ele possa se reconhecer num mundo de alteridade e desigualdades sociais, cercado de sujeitos privilegiados ou excluídos, e que isto ocorre pela contradição do trabalho. A compreensão de que os homens se relacionam pelo trabalho pode ser estimulada pelo estudo de tudo o que cerca a criança. As coisas que são usadas por ela como as roupas, os brinquedos, os alimentos e o transporte são resultado do trabalho humano. Nesse sentido, abre-se a possibilidade dela compreender a relação campo-cidade, apresentando os elementos sociais e naturais que predominam nesses dois modos de vida. Se a produção das necessidades é resultado do trabalho, é fundamental que a criança, ao final do segundo ciclo, possa diferenciar as formas de produzir as necessidades. Além de reconhecer os processos produtivos como a indústria, a agricultura, o extrativismo e o comercio, é fundamental que ela relacione essas atividades com a divisão do trabalho no campo e na cidade. Ao compreender as diversas etapas da produção o educando está apto a desvendar os mecanismos de exploração do trabalho. A partir das relações de trabalho que o educando possui na sua família ele percebe as condições de trabalho e os conflitos entre as classes sociais. O educando necessita, nessa fase, formular um discurso sobre a utilização dos recursos naturais, visto que ele adquiriu durante o ensino das Ciências Naturais e da História uma dimensão ecológica e social, que seja fortemente marcada pela crítica aos modos de produzir que levam à destruição da natureza. A utilização incorreta dos solos, das águas, das florestas e dos demais seres vivos para gerar a sustentação humana deve ser percebida pelo educando e, nesse caso, é fundamental que o educador esteja atento para auxiliar a conexão desses fenômenos com o espaço vivido da criança. Pois é no seu local de vida que se expressam as contradições entre a sociedade e a natureza. É importante que o educando possa compreender que o modo de vida no qual ele está inserido é formado pelas relações de produção pelos meios e técnicas de produção, pela sociedade na qual ele se insere está dividida entre os possuidores dos meios de produção e pelos portadores da força de trabalho. Além disso, é fundamental que a criança consiga perceber-se como um sujeito histórico e que esteja ligada a estas relações de produção.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
63
IESDE Brasil S.A.
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Consciência ecológica.
Os mapeamentos dos fenômenos espaciais são fundamentais para a abstração das dinâmicas da sociedade e da natureza. Nesse caso, o trabalho com representações abstratas do espaço geográfico, como plantas, a construção de globos e mapas, podem contribuir com o aprendizado sobre a orientação espacial, a apropriação espacial, as desigualdades espaciais e o papel da sociedade nas transformações espaciais. É importante perceber nos mapas a dinâmica sociedade/natureza.
Construindo um sistema avaliativo O estudo de Geografia apresenta alguns aspectos téorico-metodológicos que orientam o ensino dessa disciplina com o objetivo de criar um suporte para o uso do saber geográfico como instrumento de formação da criança cidadã. Nesse sentido, compreendemos a importância e a responsabilidade de construir continuamente o conhecimento e, para isso, é fundamental acompanhar o desenvolvimento intelectual da criança e, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento da proposta e elaborada pelo educador como forma de garantir uma dinâmica contínua de elaboração. Dessa maneira, constituiu-se uma base de referência para análise do desenvolvimento da criança ao longo da educação infantil e do primeiro e segundo ciclos. A partir da elaboração de um plano de ensino que se encaixe na realidade escolar, o educador poderá criar sua matriz avaliativa e ampliar os objetivos a serem atingidos pelos educandos.
64
A matriz de referência avaliativa abaixo foi construída com base nas Matrizes Curriculares de Referência do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica-INEP), utilizada para avaliação nacional do ano de 1999. Adaptações foram necessárias para a aplicação na prática da formação de docentes. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
O espaço vivido e percebido A leitura do eu e do outro Agrupar pessoas por sexo, idade, tamanho e cor. Comparar pessoas por sexo, idade, tamanho e cor. Identificar grupos de pessoas por sexo ou idade em representações pictóricas.
O grupo da família Observar uma gravura de uma família e apontar os seus diversos componentes. Reconhecer a moradia como espaço de vivência familiar. Identificar os membros da família pela sua posição social.
Os grupos da escola Reconhecer as atribuições dos membros da escola. Compreender a necessidade de regra para o funcionamento da escola. Compreender os usos diferenciados do espaço da escola.
Os grupos do bairro Reconhecer os grupos de uma comunidade a partir de representações. Diferenciar grupos da escola de grupos da comunidade, comparando reprentações. Reconhecer numa lista de regras aquelas que são pertinentes aos espaços públicos.
Diferenças sociais e culturais Descrever as atividades profissionais. Associar as profissões aos locais de trabalho. Indicar, a partir de uma lista, atividades de lazer. Inferir uma regra social mediante um contexto observado em gravuras. Identificar situações de preconceito social ou racial. Diferenciar funções sociais a partir de um diálogo como, por exemplo, entre um guarda e um motorista. Identificar os meios de transporte. Ler placas de trânsito. Diferenciar os principais meios de comunicação. Associar a propaganda ao produto. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
65
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Diferenciar traços culturais de grupos, tais como indígenas e negros. Explicar o que é um migrante. Concluir, a partir de frases e pequenos textos, a situação social de imigrantes. Interpretar frases ou pequenos textos relativos ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Interpretar frases ou pequenos textos relativos ao Código do Consumidor. Explicar por que a exploração do trabalho infantil fere os direitos da criança.
Espaço representado Organização e orientação espacial Identificar elementos à direita e à esquerda, tendo por referência a si próprio ou objetos. Indicar a sua posição, aplicando noções de direita, esquerda, frente e atrás. Indicar a posição de um objeto ou pessoa, tendo por referência uma outra pessoa ou objeto. Identificar o leste a partir da observação do Sol nascente, utilizando-se de uma figura. Deduzir os pontos colaterais a partir dos pontos cardeais. Identificar na rosa-dos-ventos os pontos cardeais e colaterais. Reconhecer o deslocamento no espaço, tendo por referência os pontos cardeais e colaterais.
Noções de escala Medir distâncias, utilizando-se de escala métrica. Comparar duas fotografias (vista aérea) de um mesmo local, em escalas diferentes, para localizar um mesmo ponto existente em ambas. Comparar duas fotografias (vista aérea) de um mesmo local, em escalas diferentes, localizando a de maior escala na outra. Ampliar e reduzir mapas e plantas, usando um plano quadriculado.
Representação simbólica Identificar representações gráficas de objetos numa perspectiva vertical (de cima para baixo). Associar objetos representados numa perspectiva oblíqua (plano inclinado) com representações numa perspectiva vertical (de cima para baixo). 66
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Figuras cartográficas Descrever lugares de uma escola, casa, quarteirão ou áreas agrícolas a partir da representação em mapas, utilizando-se da legenda. Descrever itinerários, utilizando-se de mapas. Ler gráficos de barras e de setores (pizzas). Identificar, a partir do mapa político da América do Sul e utilizando-se dos pontos cardeais e colaterais, os países vizinhos do Brasil. Identificar, a partir do mapa político do Brasil e dos pontos cardeais e colaterais, os estados vizinhos ao seu.
O ambiente em que vivemos Campo e cidade Reconhecer, a partir de uma gravura, elementos do ambiente do campo ou da cidade. Reconhecer, a partir de uma lista de produtos, quais são produzidos no campo ou na cidade. Caracterizar a vida na cidade e/ou no campo. Identificar produtos industrializados que são utilizados no campo, a partir da observação de uma figura. Identificar produtos agrícolas que são comercializados na cidade, a partir da observação de uma lista. Identificar produtos agrícolas (cana-de-açúcar, laranja, soja, entre outros) que são transformados pela indústria no campo.
A natureza e sua dinâmica Reconhecer elementos da natureza a partir da observação de uma gravura. Comparar as condições do tempo atmosférico (frio ou calor, umidade do ar) a partir de duas figuras de um mesmo lugar em momentos diferentes. Dada uma figura na qual se encontram representados a Terra e o Sol, indicar as partes do planeta iluminadas (dia) e não-iluminadas (noite). Identificar as estações do ano, a partir de uma seqüência de fotografias de um mesmo lugar do mundo temperado, ao longo do ano. Descrever as mudanças provocadas no ambiente pela ação do vento, do mar, dos rios ou das geleiras, a partir da observação de uma seqüência de figuras. Descrever as mudanças provocadas no ambiente pela ação dos vulcões ou terremotos. Compreender o ciclo da água. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
67
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Reconhecer, a partir de um desenho, os principais tipos de formação vegetal (florestas, campos, cerrado, caatinga, vegetação de montanha, deserto e tundra). Reconhecer, a partir de um mapa-múndi, os continentes, os oceanos, ilhas, arquipélagos, baías e lagos.
Trabalho e a organização do espaço geográfico Agrupar elementos construídos pelos seres humanos a partir da observação de uma gravura. Reconhecer as matérias-primas existentes nos produtos industrializados. Ordenar as etapas da produção industrial a partir de um conjunto de gravuras. Descrever as atividades agropecuárias, extrativas, industriais, comerciais e dos serviços. Classificar as indústrias quanto ao seu tipo, a partir de uma lista. Identificar, a partir de figuras, quais são os meios de transporte utilizados para a circulação de mercadorias (caminhão, navio, trem, avião). Reconhecer a importância da água na atividade industrial ou agropecuária, a partir de figuras. Reconhecer a importância da água para a produção de energia elétrica, a partir de uma figura. Reconhecer a existência de empregados e empregadores a partir da observação de gravuras. Indicar, no mapa político da América do Sul, o Brasil. Identificar, a partir do mapa político da América do Sul, os países que pertencem ao Mercosul. Comparar as atribuições dos poderes executivo, legislativo e judiciário nos três níveis (municipal, estadual e federal). Reconhecer, numa lista, bens comuns dos cidadãos. Relacionar o lixo e esgoto com a proliferação de pragas e doenças. Relacionar o uso indiscriminado de agrotóxicos com a contaminação ambiental. As referências avaliativas apresentadas não estão em ordem crescente de aplicação. A construção das competências e habilidades poderá ser realizada ao longo da formação infantil e dos dois primeiros ciclos. Portanto, o educador não necessita de um sistema avaliativo muito fechado e rígido. Tem o tempo necessário para desenvolver com o educando as suas capacidades de resolver as situações da aprendizagem e pode acompanhar o desenvolvimento da criança com segurança.
68
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
1.
Vamos organizar um projeto de pesquisa em Geografia para ser desenvolvido por grupos de crianças de 1.ª a 4.ª séries. Esse estudo pode ser sobre algum aspecto humano ou ambiental que atinge a nossa escola ou o lugar de moradia dos alunos. Siga os passos abaixo e elabore seu projeto para ser apresentado ao grupo. Utilize seu caderno para organizar o trabalho. a) Tema da pesquisa (qual o aspecto geográfico que vou pesquisar?) b) Justificativa (por que eu vou pesquisar isso?) c) Objetivo (o que eu quero descobrir com essa pesquisa?) d) Metodologia de pesquisa (como vou conseguir as informações e os dados de minha pesquisa?) e) Revisão teórica (quais os conceitos, princípios e conteúdos que me ajudarão a explicar meus resultados). f) Cronograma (quais as tarefas que executarei para obter meus resultados e concluir a pesquisa).
2.
Como ficou o projeto? Bem, agora apresente uma proposta de como os alunos poderiam contribuir com a pesquisa, de acordo com suas idades e séries específicas e com base na proposta de ensino da Geografia nas séries iniciais até a 4.ª série. Lembre-se que a criança desenvolve suas noções espaciais de forma gradativa e constrói seu conhecimento do concreto para o abstrato.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
69
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
3.
70
Após apresentar seus resultados ao grupo realize um debate sobre as propostas de pesquisa. Registre aqui suas conclusões.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Temas Transversais Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, estudar Geografia, em relação aos Temas Transversais, é: Estudar os lugares, territórios, paisagens e regiões e pressupõe lançar mão de uma ampla base de conhecimentos que não se restringem àqueles produzidos dentro do corpo teórico e metodológico apenas da Geografia. Muitas são as interfaces com outras ciências. Alguns temas que são por natureza de interface (tais como a questão ambiental, a pluralidade brasileira, relações de trabalho e consumo, entre, outros) requerem um tratamento para além das áreas de conhecimento. (PCN, 1998. p. 42)
Nesse caso, os fundamentos teóricos e metodológicos da Geografia que apresentamos durante o curso serão possíveis de serem aproveitados como base para que possamos dialogar com as demais ciências. Vejamos os Temas Transversais em suas interfaces com a Geografia.
A ética e a pluralidade cultural
O
s principais conteúdos apresentados pelo documento de etica são o respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade. Nesse caso, a Geografia poderá contribuir de forma a valorizar a cultura local e o ambiente natural. As relações pessoais entre os educandos devem ser valorizadas na medida em que direcionem a aprendizagem para as atitudes de confiança, superem o individualismo e se canalizem para uma visão solidária das relações humanas.
Ao perceberem que os lugares são frutos de uma coletividade, as crianças passam a desenvolver o respeito mútuo e adquirem identidade socioespacial, passam a promover a justiça e o diálogo como processo de defesa dos interesses coletivos e tornam-se solidárias na medida em que se sentem úteis e necessárias ao grupo e são por ele solidarizadas. A pluralidade cultural articula-se com a ética na medida em que compartilha seu objeto de análise, as relações humanas e os processos individuais e coletivos. A Geografia, ao preocupar-se com a caracterização dos espaços, necessita explicar as configurações dos diferentes segmentos culturais que ocupam a superfície terrestre. Ao fazer isso, expõe as diferentes habilidades para localizar, representar, explicar as diferentes paisagens humanas e demonstrar que são construídas de acordo com os sentimentos coletivos de cada povo. Ensinar a pluralidade cultural significa mergulhar na essência dos grupos humanos, na sua história, seus valores, seus objetos, suas representações, sua música, sua dança e todas as manifestações culturais. Este tema pode contribuir para a diversificação do estudo sobre o bairro, a cidade, o estado, a região e o território nacional. A construção de cada uma dessas configurações não poderia ser explicada sem adicionar as variáveis das diferentes culturas que ocuparam e ocupam o Brasil.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
A saúde e o meio ambiente O Brasil apresenta um cenário complexo com relação à saúde e para comprovarmos isso é só pesquisar os números da Organização Mundial de Saúde (OMS). No final dos anos 80, o documento Our common future (Nosso futuro comum, 1984-1987) demonstra que o modelo de desenvolvimento capitalista, empreendido em profundidade no final do século XX, teve como principais conseqüências a morte de milhões de seres humanos pela fome e por acidentes químicos e nucleares. Cerca de 60 milhões de pessoas, sendo a maioria crianças, foram mortas por doenças relacionadas à água contaminada e pela desnutrição. Diante da crise ambiental, anunciada oficialmente pelas últimas grandes conferências e pelos documentos que delas derivaram, surge a necessidade de se educar as crianças para os hábitos saudáveis ao corpo e ao meio ambiente. Assim, o ensino da Geografia poderá estar comprometido com a mudança de comportamento para a melhoria da qualidade de vida da comunidade escolar. A compreensão das questões ambientais pressupõe um trabalho interdisciplinar, pois as crises ambientais envolvem questões históricas, políticas, econômicas, ecológicas e geográficas. A Geografia oferece um amplo leque de possibilidades para o trabalho com o meio ambiente. O estudo da evolução do planeta e da formação da biosfera planetária contribui para que o educando conheça as condições básicas para a existência da vida no planeta. Esse conhecimento soma-se ao estudo da espécie humana e suas capacidades de construção do espaço geográfico. O estudo da evolução dos modos de produção que os humanos desenvolveram pode nos ajudar a compreender como as sociedades caçadoras – coletoras, agriculturas – criadoras, manufatureiras – industriais, perceberam seus espaços e neles construíram seu modo de vida, por meio do trabalho. Com isso compreendese que a sociedade constrói uma relação com os elementos da natureza e que os impactos causados ao meio ambiente são resultantes dessas relações de produção e que o desequilíbrio é fruto da contradição social e da divisão do trabalho. A poluição das águas, do ar, do solo, as queimadas e o desmatamento das florestas, que causaram o desaparecimento de milhares de espécies de plantas e animais, além da contaminação química dos alimentos são impactos ambientais e, por isso, objetos de análise das ciências humanas e naturais. A Geografia pode dar sua contribuição na espacialização dos fenômenos, na tabulação dos dados sobre os impactos ambientais, na leitura e interpretação de mapas e gráficos e, principalmente, no planejamento das ações que envolvam a organização da comunidade em ações que possam interferir no meio ambiente.
Geografia e educação sexual Desde os primeiros estudos da educação infantil, o corpo é sua maior referência para a comparação e medição das coisas. Na medida em que se iniciam os estudos sobre as estruturas que formam os grupos sociais, as crianças passam a perceber os diferentes papéis desempenhados por homens e mulheres em cada 72
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
sociedade. O educador pode construir as primeiras reflexões sobre a sexualidade a partir dessas divisões de tarefas e levar as crianças a compreenderem quais os processos que estão envolvidos na organização social. A discriminação e a exploração da mulher nas sociedades machistas e patriarcais podem ser reveladas a partir da compreensão que a criança tenha das suas próprias relações familiares. Daí a importância de um estudo aprofundado da função da família como célula mater em cada sociedade. Ao escolher a família e o espaço vivido da criança como base para pensar a educação sexual, o educador coloca-se como um interlocutor do debate sobre a discriminação sexual, a violência sexual e a saúde sexual. Ao construir um diálogo aberto e longe de preconceitos, o educador estará respeitando as opiniões de seus alunos segundo seus valores familiares. Em Geografia, é possível tratar desse tema nos momentos em que são tratados os assuntos referentes à cidadania, aos modos de produção, aos modos de vida e à distribuição populacional. Por exemplo, ao estudar as doenças sexualmente transmissíveis podem ser analisados quais os fatores geográficos que estão associados a esses fenômenos. Eles podem ser tabulados e cartografados e servirem para gerar o debate sobre as possíveis soluções desses fenômenos. Outra forma de relacionar a Geografia à educação sexual é por meio do estudo de problemas gerados nas concentrações dos grandes bolsões de pobreza. A explosão demográfica e a incidência de casos de violência sexual, prostituição infantil e doenças relacionadas à falta de educação sobre sexualidade. Todos os fatores envolvidos podem derivar em estudos geográficos e ampliar as possibilidades do educador abordar as questões referentes à sexualidade e suas implicações na organização do espaço geográfico.
Geografia, trabalho e consumo Como vimos durante o curso, o trabalho humano é a forma pela qual a sociedade expressa sua relação com a natureza. Ao valorizar o trabalho como expressão humana e relacioná-lo aos diferentes povos e culturas, o educador oferece amplas possibilidades de interpretação das paisagens construídas pela humanidade. É possível também propiciar a análise de como o trabalho acontece nas relações sociais. De acordo com a divisão da propriedade dos meios de produção, as classes sociais conflitam-se e o trabalho humano passa a ser utilizado como forma de exploração destinada à obtenção de riqueza e poder dos proprietários dos meios de produção em contrapartida ao empobrecimento das classes trabalhadoras. Ao perceber que nas sociedades de classes o trabalho torna-se um instrumento de dominação e geração de desigualdades entre o que é produzido e o que é consumido pela sociedade, o educador promove uma reflexão sobre a qualidade de vida das crianças. A comparação entre o consumo de bens primários e secundários nos países ricos e pobres e a diferença entre o consumismo e a miséria podem levar o educando a compreender as próprias relações de produção e consumo do lugar onde vive. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
73
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Realizar pesquisas sobre os brinquedos que são vendidos pela televisão ou pela internet, poderá levar as crianças a identificarem seus próprios padrões de consumo e refletirem sobre o papel dos meios de comunicação na promoção do consumismo. É possível também fazer uma conexão com a produção, o consumo e a destruição dos recursos naturais, pois as pesquisas apontam que os graves problemas ambientais deste século estão associados aos padrões de consumo dos países ricos e que levaram ao esgotamento das reservas naturais e à exclusão de milhões de pessoas. A construção da cidadania está ligada à educação das crianças para o exercício de seus direitos constitucionais como ser humano e como um consumidor. Nesse sentido, a educação para o consumo e para o desenvolvimento de hábitos saudáveis de vida pode levar a criança a desenvolver o hábito de analisar e questionar as propagandas que incitam o consumo, posicionando-se criticamente diante da indústria do consumo. Relacionar o consumismo e a miséria com a exploração do trabalho humano é permitir que o indivíduo tenha clareza dos conflitos na produção e no consumo de seu espaço vivido.
74
1.
Vamos elaborar um projeto de pesquisa que envolva os Temas Transversais. Para começar, vamos dividir os temas entre o grupo de estudo. Em seguida, cada equipe apresentará um projeto de pesquisa, de acordo com o seu tema. O desafio dessa atividade é o de relacionar o Tema Transversal com o ensino da Geografia. Escreva o seu projeto em seu caderno.
2.
Após a elaboração do projeto, cada equipe apresentará suas conclusões e debaterá suas idéias com os demais grupos. Anote aqui as suas conclusões.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O eu e o outro Justificativa
A
criança é portadora de capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Desde que nasce, tem o desejo de estar próxima às pessoas. A interação e o aprendizado contínuo com os outros, sejam adultos ou crianças, são fundamentais para o seu desenvolvimento. Dentre os diferentes recursos que a criança utiliza destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal. As diferentes linguagens que ela usa estão em sintonia com seu espaço vivido. Nesse sentido, é fundamental que o educador estimule o aprendizado por meio de vínculos de cooperação e de associação, com a finalidade de exercitar os diferentes recursos que a criança usa para se relacionar e aprender com os outros. As atividades que serão apresentadas podem ser desenvolvidas a partir da utilização das capacidades da criança para o desenvolvimento da cognição espacial. A partir do conhecimento de suas dimensões corporais e de suas relações com o outro, a criança estabelece as referências que utiliza para significar o espaço vivido. A criança, como todo o ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma família, de diferentes grupos sociais. Assim, em seus vínculos com os outros estabelece relações onde é marcada profundamente, mas também deixa suas marcas. Toda a criança possui um jeito singular que a caracteriza como ser humano. Esse jeito próprio de cada uma, no convívio da escola, possibilita uma interação de diferenças que se organizam por meio de um processo de constantes relações, frutos de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. O educador é um articulador deste trabalho e pode orientá-la para o desenvolvimento das muitas dimensões.
Objetivos Promover a integração e a socialização da turma. Desenvolver a noção da importância de aprender com o auxílio do outro. Explorar as noções de dimensões do corpo, bem como de lateralidade e proporcionalidade. Facilitar a compreensão dos conceitos geográficos, como os de fronteira, limites e noções cartográficas. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos Metodológicos Tema 01: Banho imaginário Esta atividade leva o educando a identificar as partes do próprio corpo em uma atividade coletiva que tem como base a mímica.
Material necessário Folha de papel de cores variadas.
Procedimentos Os alunos devem fingir que estão tomando um banho usando como esponja um pedaço de papel amassado. Orientar os educandos para que finjam tirar a roupa, uma peça de cada vez, e que todos façam movimentos como se estivessem entrando no banho. Depois devem fazer que estão abrindo o chuveiro e, como se estivessem com a “esponja”, iniciam o banho imaginário. O educador orienta para que lavem as partes do corpo em uma seqüência por ele determinada: esfregar o lado de cima da cabeça; esfregar a parte de traz da cabeça; esfregar o braço direito; esfregar o braço esquerdo etc. Após o banho, devem desamassar o papel e utilizá-lo como toalha para secar-se. Neste momento, podem ser repetidas as noções de lateralidade.
Tema 02: Eu e o grupo Materiais necessários Papel, lápis de cor, fotografia do aluno, material de desenho e pintura.
Procedimentos Cada criança deverá escrever o seu nome e o de seus colegas em uma folha, sendo que cada nome deverá possuir uma cor. Em outra folha de papel será colada a fotografia e deverão ser registrados os seguintes dados da criança: nome, sexo, idade, local de nascimento, bairro onde mora, o que mais gosta de fazer etc. Fazer, em outra folha de papel, uma tabela na qual conste a lista com o nome de cada um e o resultado das informações acima listadas, o qual será entregue em branco para cada aluno. Após este procedimento, as crianças formarão duplas de trabalho, e o educador incentivará a troca das informações registradas.
76
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O eu e o outro
Cada criança irá apresentar o seu colega para os demais, e estes registrarão todos os dados em suas tabelas. Nesta atividade ainda pode ser utilizado o recurso de cada um desenhar o seu colega e apresentá-lo à turma. Pronto, agora cada criança tem um pequeno banco de dados sobre seus colegas. Os desenhos e os registros podem ser expostos e avaliados coletivamente.
Tema 03: O mapa do eu Esta atividade leva o educando a identificar as partes do próprio corpo e do corpo do colega. Dessa maneira, depende de que se formem duplas para o trabalho.
Materiais necessários Papel bobina ou jornal, barbante, fita adesiva, lápis ou giz de cera, sucatas.
Procedimentos Em duplas, os educandos farão cada um o mapa do outro de forma alternada. O educando A deita-se sobre o papel, enquanto o educando B risca o seu contorno. Em seguida, invertem-se os papéis. Cada um, com o contorno de seu corpo, irá realizar a decoração por meio de desenhos, colagens, pinturas ou mesmo escrevendo o nome das partes do corpo. Com o mapa do corpo decorado, o educador poderá iniciar uma seqüência de atividades e brincadeiras por meio de comandos aos educandos: podem desenhar e recortar objetos como um relógio, uma flor, um colar, um chapéu, luvas, sapatos etc. Os comandos poderão ser dados de forma que o educando exercite a lateralidade. Ex: coloquem o relógio na mão esquerda! O sapato direito! A luva na mão direita, depois na esquerda e assim sucessivamente. Os mapas poderão ser utilizados também para a decoração da sala, sendo colados na parede. Neste momento, poderão ser agrupados por tamanho, ordem alfabética, altura etc.
Fontes de pesquisa As fontes de pesquisa para estas atividades poderão ser copostas com o Atlas do corpo humano, livros infantis que contem histórias sobre o corpo humano, guias sobre saúde e higiene da criança, além dos materiais didáticos disponíveis na escola.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
77
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Avaliação A avaliação, neste tipo de atividade, deve ser qualitativa e cumulativa ao longo do processo de formação. As atividades apresentadas são apenas sugestões de abordagens didático-pedagógicas. Na medida em que a criança reconhece as dimensões do corpo por meio dos exercícios com a lateralidade, são criadas as possibilidades de construção de referências para a cognição espacial ao longo dos ciclos. Este ponto de partida pode oferecer ao educador a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento cognitivo do educando em sua prática cotidiana de sala de aula. Por meio de jogos e de perguntas diretas sobre a posição dos alunos na sala de aula e de objetos dispostos poderão ter noções básicas do conhecimento do corpo em relação ao espaço. O banho de papel é importante para introduzir noções de autonomia no que diz respeito à higiene pessoal da criança, devendo ser estimulado para que ela, ao tomar o banho diário, lembre-se dos movimentos sobre o corpo e de fato internalize a lateralidade de forma cumulativa. Ao desenvolver o trabalho de integração e de conhecimento das diferentes características pode-se avaliar o nível de integração e do reconhecimento do outro e da percepção de cada criança em relação ao grupo.
1.
78
A Geografia é uma ciência que se preocupa com a explicação de como o ser humano cria o seu espaço, ou seja, o espaço geográfico, por meio de suas técnicas e do uso de sua força de trabalho. Na sua opinião, como o trabalho de cada indivíduo contribui no seu dia-a-dia com a construção do espaço geográfico?
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O eu e o outro
2.
Nos estudos sobre a evolução da humanidade, percebemos que a humanização somente ocorre pelo convívio do indivíduo no grupo social. Com base nestes conhecimentos, desenvolva uma análise sobre a importância do convívio social para o desenvolvimento da criança e de suas capacidades.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
79
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
80
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Explorando o espaço da escola Justificativa
O
espaço da escola representa um ponto de partida para a construção de referências básicas em relação ao espaço vivido do educando, além de oferecer um conjunto de formas e objetos que permitem representações. O espaço escolar também está ligado à vida da criança pelas relações sociais que ela desenvolve durante boa parte do tempo em que nele se encontra. É, também, na escola, que as crianças percebem as diferenças e semelhanças entre as pessoas, pois convivem com seus amigos, educadores e funcionários. Por meio destas relações penetram no universo da sociedade humana e extraem as noções fundamentais de vida social fora do ambiente da família. Além das relações humanas, as crianças também iniciam seu conhecimento de dimensões espaciais. Inicialmente, a sala de aula e, posteriormente, as demais dependências da escola. Na medida em que são trabalhados os conteúdos da Geografia, o espaço escolar ganha novas dimensões e valores. Conhecendo os arredores da escola formam-se as noções espaciais que possibilitarão o conhecimento do bairro e, posteriormente, da cidade.
Ao selecionar o espaço da escola como objeto de estudo, o educador deve estar preparado para levar as crianças numa aventura de exploração de cada detalhe do ambiente e explicar suas relações físicas e humanas, criando condições para que elas sintam-se protegidas e, ao mesmo tempo, tenham um sentimento forte de identidade com o ambiente de aprendizagem. A afetividade ao espaço da escola e aos seus ocupantes é resultante do descobrimento e da valorização cotidiana que se dá pelo processo de cognição espacial.
Objetivos Observar e identificar todos os membros da comunidade escolar, além dos colegas de outras turmas, realizando um passeio de estudos na escola. Construir uma maquete da sala de aula utilizando sucata e representando os objetos em suas proporções geométricas. Representar a sala de aula em uma folha à parte por meio da observação das dimensões dos objetos dispostos. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – Conhecendo o espaço escolar Antes da saída para o passeio de reconhecimento da escola, é importante elaborar, em conjunto, um roteiro que indique os detalhes que devem ser observados e anotados. Por exemplo: Qual o ambiente que foi visitado? Quem trabalha neste ambiente? Qual a função das pessoas que foram visitadas? Para que serve cada um dos espaços visitados? Quais as regras que cada ambiente possui? Este procedimento contribui para estimular a percepção das crianças. Após o detalhamento do trabalho de investigação, os educandos partem para seus estudos. Cada ambiente deve ser bem explorado para que todas as informações espaciais e pessoais sejam observadas; pois isso será fundamental para o reconhecimento posterior na sala de aula. A visita pode começar pela área administrativa, conhecendo-se a sala da direção, a supervisão, a secretaria, as salas de materiais, etc...; além de todos que trabalham nestes ambientes. Em seguida, pode-se visitar as instalações que são utilizadas pelos alunos diariamente, como a biblioteca, os laboratórios, o refeitório, as salas especiais, o parque e o pátio. Ao término da visita de estudos, a turma voltará para a sala de aula onde será realizada a segunda parte do trabalho. Listar no quadro-de-giz tudo aquilo que foi observado, indicando cada ambiente e suas características físicas e humanas. Organizar duplas de trabalho para a sistematização de tudo o que foi visto por meio de textos e confecção de desenhos, maquetes, pinturas, fotografias etc. Exposição e avaliação coletiva de todo o material produzido.
Tema 02 – Construindo a maquete da sala de aula Material necessário Caixas de fósforo (uma para cada criança), uma caixa de papelão, sucata para representar os demais objetos que existem na sala, papel colorido, tinta, lápis de cor, cola, tesoura, giz de cera e outros objetos que forem necessários para a oficina.
Procedimentos A primeira tarefa é identificar o tamanho da carteira para calcular a escala de redução para, posteriormente, calcular o tamanho da sala; (ex: se 82
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Explorando o espaço da escola
a carteira mede 50cm de comprimento e a caixa 5cm de comprimento, a escala de redução foi de 1:10). Usando esta escala pode-se, posteriormente, calcular todos os demais objetos da sala de aula para construir tudo dentro das devidas proporções (ex: se a sala mede 5 metros por 8 metros, a caixa de papelão deverá ter o fundo medindo = 50cm por 80cm). Caso queira deixar todas as dimensões exatas pode-se calcular também a altura da sala. As crianças deverão observar e medir todos os detalhes da sala, porta, janelas, quadro-de-giz, disposição das mesas, carteiras e cadeiras, lata de lixo, armários, e outros objetos. Após a preparação de todo o material em sua escala reduzida e a sala de aula de papelão toda decorada pode-se iniciar o processo de disposição dos objetos conforme eles são organizados diariamente. Como os objetos móveis podem ser alternados é possível discutir com as crianças sobre as melhores formas de organização da sala e, quem sabe, até fazer algumas mudanças!
Tema 03 – Construindo o mapa da sala de aula Materiais necessários Papel transparente, lápis de cor, papel branco, lápis ou caneta.
Procedimentos Se a turma já construiu a maquete, agora deve produzir uma folha um pouco maior de papel transparente e, em equipes de 3 alunos, retirar o papel colocado na tampa da caixa, desenhando os objetos e os contornos da sala. Caso não tenha a maquete, é necessário usar a escala de redução de acordo com as proporções dos objetos e da sala (ex: se a sala medir 5 metros por oito metros você pode reduzir usando a escala 1:10. No mapa, ela será representada com as dimensões de 50cm por 80cm). Para facilitar os desenhos dos objetos podem ser recortados modelos em papel grosso para facilitar a transposição no mapa. Agora, inserir todos os elementos que um mapa necessita: título, legenda, grupo de trabalho, data, escala de redução e indicação do norte terrestre. Para a construção da legenda, os grupos poderão utilizar símbolos que representem os elementos do mapa (ex: cores para indicar cada carteira e seu ocupante, reduções dos objetos como cestos, armários, quadro-degiz, janelas, porta etc.). Com esta etapa desenvolvida pode-se fazer, ainda, um mapa menor. Neste caso, é só aplicar uma escala e reduzir para uma folha menor e proceder do mesmo modo. Agora é só montar a exposição que poderá ser avaliada coletivamente. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
83
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Fontes de pesquisa Atlas geográfico, livros de desenho geométrico, cálculos matemáticos de escala.
Avaliação Alfabetizar para a compreensão e representação é compreender o princípio norteador de toda a base cartográfica e possibilitar as condições necessárias para a criança expressar-se com linguagens simbólicas. Neste caso, o educando, nas séries iniciais, já desenvolveu várias habilidades e consegue transferir para os outros objetos as posições ligadas à lateralidade e às direções cardeais. Apenas o trabalho gradativo pode responder cada vez mais às noções elaboradas e à confecção de pesquisas e representações de lugares próximos e distantes. Porém, são importantes alguns parâmetros que possam indicar o desenvolvimento da cognição espacial da criança. Vejamos os seguintes:
Organização e orientação espacial Identificar elementos à direita e à esquerda, tendo por referência a si próprio ou objetos. Indicar a sua posição, aplicando noções de direita, esquerda, frente e atrás. Indicar a posição de um objeto ou pessoa, tendo por referência uma outra pessoa ou objeto. Identificar o leste a partir da observação do Sol nascente, utilizando uma figura. Deduzir os pontos colaterais a partir dos pontos cardeais. Identificar, na rosa-dos-ventos, os pontos cardeais e colaterais. Reconhecer o deslocamento no espaço, tendo por referência os pontos cardeais e colaterais.
Noções de escala Medir distâncias, utilizando-se de escala métrica. Comparar duas fotografias (vista aérea) de um mesmo local, em escalas diferentes, localizando a de maior escala na outra. Ampliar e reduzir mapas e plantas usando um plano quadriculado.
Representação simbólica: Identificar representações gráficas de objetos numa perspectiva vertical (de cima para baixo). Associar objetos representados numa perspectiva oblíqua (plano inclinado) com representações numa perspectiva vertical (de cima para baixo). 84
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Explorando o espaço da escola
1.
Como você já deve saber, a Terra gira em torno de si mesma, originando os dias e as noites. É por causa deste movimento que a Terra faz em relação ao Sol que se tem a impressão de que este se move durante o dia. Com base em seus conhecimentos sobre o movimento do Sol descreva a forma de localização dos pontos cardeais, tendo como base a observação deste astro.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
85
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
2.
86
Após ter desenvolvido seus conhecimentos sobre a localização dos pontos cardeais, elabore uma planta de seu bairro indicando, a partir de sua casa, os principais pontos de referência nas direções cardeais e colaterais.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Conhecendo os lugares Justificativa
A
partir do conhecimento do espaço da escola, a criança pode ser levada a perceber que a construção do espaço é resultante da interação dos grupos sociais com o ambiente em que vivem e que o trabalho é a principal força que age na construção dos lugares. Com noções sobre direções cardeais e sobre o posicionamento dos objetos no espaço, é possível construir propostas de trabalho que permitam às crianças compreenderem as paisagens dos diferentes lugares que conhecem, podendo também, auxiliar na análise comparativa dos lugares distantes de sua realidade. É importante considerar que a criança já traz consigo os valores simbólicos que norteiam sua percepção dos lugares, por exemplo, a memória de seu caminho de casa até a escola, as distâncias e paisagens dos arredores de sua casa e dos arredores da escola. É fundamental que a criança amplie sua percepção espacial (casa – rua – escola – quarteirão – bairro – cidade – Estado – país – continente), por meio de relações de inclusão social e ambiental. A percepção das dimensões naturais e culturais dos diferentes lugares auxilia a criança no desenvolvimento de sua identidade com seu espaço vivido. A diversidade cultural e natural do Brasil possibilita, ao educador, buscar na realidade em que os educandos estão inseridos os elementos organizadores do seu trabalho pedagógico. Ao nascer e se desenvolver em seu grupo social, a criança recebe um mundo com valores já estabelecidos e que interfere em sua percepção do mundo. A percepção do espaço deve envolver tanto os aspectos físico-naturais como também os socioculturais, cabendo ao educador propiciar as condições para o estudo dos lugares.
Objetivos Desenvolvimento das capacidades de observação, de leitura e de representação do caminho casa-escola. Desenvolvimento das capacidades de observação, de leitura e de representação do bairro, da casa e da escola. Desenvolvimento das capacidades de localização em relação ao bairro da casa e da escola. Desenvolvimento das habilidades de coleta de informações por meio de pesquisas.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – Conhecendo o trajeto casa-escola Materiais necessários Mapa do município com as divisas de bairros, material de pintura e desenho, fios coloridos.
Modo de fazer Inicialmente, peça para os alunos representarem o trajeto de sua casa até a escola em uma folha branca, tamanho A4. Oriente para que eles representem o máximo de elementos da paisagem e pintem tudo o que foi desenhado. Neste caso, é importante que o educador trabalhe com a criança a construção de símbolos e signos para que as informações de seu mapa mental se tornem o mais legível possível. Após a confecção do mapa mental do caminho casa-escola, cole a folha A4 em uma folha maior A3, deixando um espaço superior e lateral para colocar as seguintes informações: nome da criança, data do mapa, bairro onde mora, bairro da escola, legenda e suas respectivas descrições. Com os mapas prontos, localizar o trajeto de cada um no mapa dos bairros onde moram e o da escola. Após cada um se localizar por meio da comparação de seu mapa mental e mapa real, cada aluno irá colar um fio colorido em seu trajeto casaescola, construindo-se uma legenda para o mapa grande. Podem ser produzidas cópias dos mapas reais dos bairros nos quais as crianças moram e do bairro da escola para que sejam localizados todos os elementos que apareceram no mapa mental, podendo ser construída uma legenda para este novo mapa. Além da observação dos trajetos, os elementos que apareceram nos mapas mentais também podem ser debatidos com a turma. Estes elementos podem ser naturais ou culturais e permitem que o educador elabore várias atividades de leitura destas paisagens.
Tema 02 – Conhecendo o bairro da escola Materiais necessários Cópia do mapa do bairro onde se encontra a escola, materiais de desenho e pintura.
88
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Conhecendo os lugares
Modo de fazer Fazer uma ampliação do mapa do bairro utilizando a cópia ampliada ou a técnica de transporte do desenho por meio de quadrículas. A ampliação deve ter as ruas e quadras destacadas para o trabalho. Após conhecer os limites do bairro da escola, por meio do mapa, é hora de fazer o levantamento dos elementos culturais e naturais. Se for possível, fazer uma aula de campo com as crianças nos arredores da escola ou até mesmo por todo o bairro. Depois de todos verem os elementos, desenhar um símbolo ou cor para cada elemento (casa, prédio, loja, lanchonete, cinema, banco, rios, florestas, bosques, plantação etc.). Cada criança poderá receber uma ficha para preencher as principais informações do bairro: nome do bairro onde moro, distância de minha casa até a escola, tipos de construções, relevo, vegetação, rios, serviços públicos etc. Além das informações espaciais é necessário fazer uma pesquisa sobre a história do bairro. Para isso, pode-se recorrer a diferentes fontes de informações. As entrevistas com os moradores mais antigos podem ser uma alternativa de levantamento de dados históricos. Após a coleta de todas as informações sobre o bairro podem ser elaborados cartazes e textos que apresentem tudo o que foi visto em uma grande exposição. Pode-se, também, gerar um debate com as crianças sobre as transformações ocorridas no bairro, os problemas que são enfrentados pela comunidade e quais seriam as possíveis alternativas para a melhoria da qualidade de vida no bairro de nossa escola.
Tema 03 – Aula de campo nos arredores da escola Materiais necessários Caderneta, lápis, papéis, material de desenho.
Procedimentos Antes de sair para o trabalho de campo é importante que se faça um roteiro de estudos com base na planta do bairro. Pode-se elaborar um roteiro que contenha as principais informações que a turma deseja sobre os arredores da escola (ex: nome do bairro, tipos de construções, áreas verdes, áreas de lazer, condições das ruas, limpeza pública, animais na rua, sons, poluição do ar e da água etc.).
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
89
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
É importante que o educador conheça previamente a história do lugar e os principais processos sociais e ambientais do bairro em que está localizada a escola. Isso facilitará a orientação da percepção das crianças. Durante o trabalho de campo é importante que o educador estimule a percepção das crianças por meio de detalhes da paisagem, permitindo que elas tenham momentos de observação e reflexão. De volta à escola, é hora de iniciar a reflexão sobre o que foi visto e a representação do trajeto em forma de desenhos e maquetes. Tudo o que foi visto poderá ser escrito no quadro. Após a listagem dos elementos, serão feitos desenhos que representem cada um dos elementos. Desenhar, em tamanho grande, um mapa do trajeto que foi estudado no trabalho de campo. Depois de desenhado o mapa do trajeto poderão ser construídas miniaturas em papel, papelão ou sucata dos objetos vistos e desenhados. Com os objetos em miniatura, transforme o mapa em uma maquete. Faça, também, uma legenda para a maquete dos arredores da escola. As crianças poderão fazer diferentes leituras do espaço construído por meio de representações e produção de textos e relatórios do trabalho.
Fontes de pesquisa Mapa do município com as divisões dos bairros. Atlas geográfico. História do município e do bairro.
Avaliação Alfabetizar para a compreensão e representação é compreender o princípio norteador de toda a base cartográfica e possibilitar as condições necessárias para a criança expressar-se com linguagens simbólicas. Neste caso, o educando das séries iniciais já desenvolveu várias habilidades e consegue transferir para os outros objetos as posições ligadas à lateralidade e às direções cardeais. Apenas o trabalho gradativo pode responder cada vez mais às noções elaboradas e à confecção de pesquisas e representações de lugares próximos e distantes. Porém, são importantes alguns parâmetros que possam indicar o desenvolvimento da cognição espacial da criança. Vejamos os seguintes: Organização e orientação espacial Identificar elementos à direita e à esquerda, tendo por referência a casa e a escola. Indicar a sua posição, aplicando noções de direita, esquerda, frente e atrás. 90
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Conhecendo os lugares
Identificar o leste a partir da observação do sol nascente, utilizando uma figura. Reconhecer o deslocamento no espaço, tendo por referência os pontos cardeais e colaterais. Noções de escala Medir distâncias, utilizando-se de escala métrica. Comparar as escalas de mapas diferentes identificando as reduções e ampliações. Construir objetos que representam estruturas reais, conservando as proporções. Representação simbólica Representar os elementos do caminho casa-escola por meio de símbolos e signos. Comparar e identificar os símbolos que representam os elementos da paisagem do caminho casa-escola. Comparar e identificar os símbolos que representam os elementos dos arredores da escola.
1.
Construa uma breve história do bairro onde você mora. Lembre que o espaço geográfico é resultado do trabalho humano e que conforme ele desenvolve seu modo de vida, a paisagem é alterada e resulta em novas formas espaciais.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
91
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
92
2.
Como vimos na proposta de trabalho, é fundamental que se tenha uma visão ampla do espaço geográfico do bairro para a ampliação dos conhecimentos da Geografia. Com base nestes conhecimentos, responda estas questões:
Quais são os principais problemas enfrentados pela população do seu bairro? Como são solucionados estes problemas? Como você colabora para a solução destes problemas?
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O trabalho e a organização do espaço Justificativa
A
observação dos elementos que estão próximos à criança podem trazer revelações de como tudo o que consumimos pode ser explicado como resultado da atividade do trabalho, sofrendo muitas transformações ao longo de sua produção. É neste contexto que estão colocadas as bases para a compreensão das relações de produção e da organização espacial. Ao abordar os temas ligados aos recursos naturais e à produção das necessidades básicas, estão sendo analisadas as relações entre o espaço geográfico e a organização da produção rural e urbana. Assim, a criança está rodeada por bens e objetos que contêm a explicação do trabalho humano. Além disso, ela também está cercada por pessoas que desenvolvem algum tipo de atividade profissional. Este contexto permite também que a criança estabeleça comparações entre os tipos de profissões e de como elas estão associadas ao modo de produzir de cada lugar, seja na cidade ou no campo. Pode ser percebido que o trabalho é valorizado de acordo com um tipo de divisão espacial no qual as atividades primárias, secundárias e terciárias, são ordenadas de acordo com os padrões culturais e naturais de cada sociedade. Ao escolher o Trabalho Humano como objeto de estudo em Geografia, o educador deve criar as condições para que os educandos percebam as diferenças e semelhanças nos tipos de produção (artesanal, manufatureira e maquinofatureira) e que tudo aquilo que se utiliza diariamente está sendo tirado da natureza e, por trás do consumo, existem relações de trabalho e poder econômico, pois a criança está inserida no universo das relações econômicas e sociais da produção.
Objetivos Reconhecer os principais processos de produção das necessidades humanas. Reconhecer as formas de relações econômicas para a obtenção das mercadorias de uso diário. Identificar o modo de produção rural e representar por meio de desenhos e maquetes. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – O caminho dos alimentos Materiais necessários Embalagens de alimentos industrializados, cartazes, material de desenho.
Procedimentos Serão montados grupos de trabalho com três ou quatro crianças. O grupo irá escolher um tipo de alimento industrializado para sua pesquisa. Estruturar um roteiro para que o grupo descubra todos os pontos por onde este alimento passou até chegar ao consumidor final. O roteiro poderá conter as seguintes informações: nome do produto, local de origem, nome da indústria, região do país, quais são as fases de obtenção do produto primário, quais são as fases da industrialização deste produto, quais são as fases para o deslocamento do produto da fábrica para o consumidor. Em sala de aula, o grupo deverá produzir cartazes com desenhos ou colagens, reconstituindo todos os momentos da produção do alimento. Os cartazes poderão indicar todo o caminho do produto escolhido e a identificação de cada fase. Realize um debate na turma sobre a origem e o caminho dos diferentes alimentos e como se organiza a produção e a distribuição dos produtos, além de investigar a matéria-prima e o trabalho necessários para a obtenção dos alimentos.
Tema 02 – Mercadinho de brinquedo Materiais necessários Embalagens de produtos, papel para cartaz, lápis, material de desenho e pintura.
Procedimentos O mercadinho é organizado a partir de um acervo de embalagens de diferentes produtos utilizados no cotidiano, elas deverão ser coletadas pelos educandos em suas casas, a partir do que consomem diariamente. A partir da coleta de embalagens suficientes e diversificadas para iniciar o funcionamento do mercadinho, é necessário discutir com a turma sobre como será a circulação de moedas para a circulação dos produtos.
94
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O trabalho e a organização do espaço
Neste caso, pode-se organizar uma pesquisa sobre os diferentes tipos de moedas que já existiram. Depois, é só escolher o melhor tipo de moeda, que serão confeccionadas pela turma, utilizando sucata e material escolar. É importante, neste momento, que as noções de preço e de valor sejam trabalhadas para que as moedas e os produtos possam ser calculados e tudo fique devidamente registrado. Após tudo pronto, é preciso organizar a decoração do mercadinho. Podese fazer uma decoração que ocupe um espaço pequeno. Com todos os produtos (embalagens) devidamente catalogados, vamos fazer um estudo sobre as diferentes formas de industrialização dos produtos do mercadinho. Pode-se agrupar os produtos por tipos de uso ou por processos de fabricação (ex.: alimentos, higiênicos, enlatados, naturais, materiais escolares, brinquedos etc.), e realizar uma pesquisa sobre os diferentes processos de fabricação destes produtos. Todo o estudo sobre a produção pode ser apresentado na forma de cartazes com os dados sobre cada grupo de produtos. O mercadinho deve ter um proprietário, seus empregados, os compradores e outros atores. Todos os movimentos poderão ser observados, registrados e analisados coletivamente.
Tema 03 – Montando uma indústria e uma fazenda Materiais necessários Papéis, lápis, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Dividir a turma em dois grupos. Um grupo irá construir uma indústria, o outro, uma fazenda. Os dois grupos deverão pesquisar sobre vários produtos produzidos em ambos os modos de produção. Após a pesquisa, cada equipe escolherá um produto e irá preparar uma exposição. Para o estudo de cada produto pode-se levantar os principais momentos de sua produção e dos recursos materiais e humanos necessários para sua obtenção. Pode-se construir uma maquete de sucata, com os principais momentos do processo produtivo da fazenda e da indústria.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
95
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Além da estrutura e das técnicas de produção, os educandos devem listar, também, quais devem ser as principais estruturas de circulação e distribuição da produção dos produtos. É necessário, também, identificar os recursos naturais e as paisagens que cada modo de produção necessita. Isso permite aos educandos produzirem suas representações com mais perspectivas. Após montado todo o projeto da fazenda e da indústria, os educandos poderão dar um nome fantasia para seu novo empreendimento e indicar seus produtos para o comércio, por meio de uma campanha de mercado. Todo o material produzido pode ser transformado em uma exposição e a turma poderá avaliar coletivamente tudo o que foi produzido. Os alunos poderão produzir textos e fazer reflexões sobre as diferenças e semelhanças dos modos de produção na fazenda e na indústria.
Fontes de pesquisa Atlas geográfico. Jornais. Revistas. Sites: IBGE, Procon.
Avaliação As atividades apresentadas estão centradas na questão da transformação dos espaços utilizados para o desenvolvimento da criança tendo em vista de suas necessidades básicas. Assim, tudo aquilo que ela utiliza para sua vivência no cotidiano permite ao educador conhecer e ensinar tipos de trabalho, as relações com o tempo e os diferentes modos de vida das populações. O estudo das relações do trabalho na construção dos ambientes leva à percepção de como são criadas as condições que provêm a sobrevivência, assim podem ser abertas várias possibilidades de aprendizagem. As possibilidades de acompanhar o desenvolvimento das crianças, neste processo, serão percebidas quando estas passem a conhecer os principais processos de produção das necessidades humanas e compreender que estes processos estão no seu cotidiano, nas suas relações de consumo. A aprendizagem da criança sobre a obtenção das mercadorias de uso diário será notada à medida que sejam explicadas como são produzidas e distribuídas as mercadorias de seu uso cotidiano. Ao identificar o modo de produção rural e representá-lo por meio de desenhos e maquetes, a criança estará demonstrando suas capacidades de reconhecimento e exposição de sua percepção sobre as diferentes paisagens produzidas pelos modos de vida urbano e rural. 96
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O trabalho e a organização do espaço
1.
Realize uma pesquisa sobre os modos de produção artesanal, a manufatura e a indústria. Com base nos resultados da pesquisa faça uma representação explicando, com suas palavras, cada um destes processos.
Produção artesanal
Manufatura
Indústria
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
97
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
98
2.
Com base nos seus conhecimentos sobre o espaço urbano e rural, construa uma análise sobre a região que você mora identificando quais são as áreas que desenvolvem estas atividades e quais as suas principais características.
3.
Após o desenvolvimento das atividades, reúna seu grupo de estudos e elaborem uma avaliação coletiva do que foi produzido. Em seguida, registre aqui suas conclusões.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A natureza e suas dinâmicas Justificativa
N
a medida em que a humanidade aumentou sua capacidade de intervir nas dinâmicas da natureza para satisfazer suas necessidades e desejos, cada vez mais crescentes, a tecnologia, a informação, a comunicação, a circulação somadas à força de trabalho humana, provocaram a constituição dos territórios, formando modos de vida e culturas. Nas últimas cinco décadas, formou, também, um modelo de civilização, trazendo consigo a industrialização, a mecanização da agricultura, a divisão social do trabalho e a degradação dos recursos naturais. Este modelo interferiu na dinâmica das populações modernas e levou-as a um processo de intensa urbanização e concentração populacional. O crescimento demográfico acrescentou a superpopulação, a saturação dos centros urbanos e a degradação socioambiental. A crise ambiental atingiu as áreas agrícolas, pelo uso acentuado de agrotóxicos em monoculturas que degradam os ambientes naturais e provocam o extermínio da biodiversidade, além de poluírem o solo e as águas. A criança é motivada pelo estímulo e pela imitação de atitudes do seu grupo social. Dessa maneira, é fundamental que o educador preocupe-se com os trabalhos sobre temas ambientais, partindo da realidade e ampliando para visões mais complexas. A complexidade da natureza exige uma abordagem sistêmica, ou seja, uma visão de que todos os elementos da natureza estão em constante conexão. Ar, água, solo e seres vivos estão interrelacionados e interdependentes. A criança percebe estas conexões na medida em que seus sentidos são aguçados pela ação pedagógica.
Objetivos Estimular a percepção da criança em relação aos animais e plantas que ocupam o espaço do bairro, da escola e da casa. Contribuir para a interação do grupo a partir da sensibilização ambiental e social da criança. Construir um experimento para a realização de observações do ciclo hidrológico e da dinâmica natural das plantas. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – Observando a fauna e a flora do nosso bairro Materiais necessários Papéis, revistas para recortes, lápis e material de pintura.
Procedimentos: Para iniciar o trabalho, devem ser realizados estudos prévios sobre os seres vivos, os quais permitirão às crianças identificarem os diferentes reinos do mundo animal e vegetal. Por meio de uma observação do bairro podem ser listadas as espécies da fauna e da flora que mais chamaram a atenção das crianças. Após a coleta de informações, deve-se listar tudo o que foi visto e pedir para que formem duplas e escolham uma planta e um animal para ser estudado. Distribuídos os temas, a pesquisa deverá buscar as informações sobre a identificação, seus ciclos naturais, sua alimentação, sua função, reprodução e tempo médio de vida. Cada dupla irá produzir um texto que contenha estas informações. Cada dupla produzirá um cartaz que contenha uma ilustração da planta e do animal com informações indicativas. Agora é só montar a exposição dos cartazes e realizar uma rodada de leituras de tudo o que foi produzido e de uma avaliação coletiva do trabalho.
Tema 02 – A árvore da vida da turma Materiais necessários Papéis coloridos, cola, barbantes, papel para cartaz, material de pintura.
Procedimentos Esta atividade necessita de conhecimentos prévios sobre a origem e sobre a família de cada criança, para a formação das raízes da árvore. Cada criança irá escrever as informações de sua origem no papel e recortar em forma de raiz (ou de outra forma). Após, cada uma deve desenhar, pintar e recortar o papel em forma de uma folha (verde), para formar a parte superior. Nesta folha, ela escreverá seu nome. 100
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A natureza e suas dinâmicas
Deve ser amarrado um pedaço de barbante (60 a 80cm) da folha até a raiz e, em seguida, fazer uma colagem de todo o material no cartaz, em forma de uma árvore. Depois, é só colorir o cartaz como a turma achar melhor e colar na sala. A árvore da vida pode ser utilizada para iniciar o trabalho sobre a relação entre os seres humanos e as relações entre os elementos da natureza.
Tema 03 – Observando o ciclo hidrológico Materiais necessários Um pote de vidro alto e com tampa (tipo maionese), areia, pedrinhas, terra preta e mudas de plantas, de tamanho pequeno.
Procedimentos Cada criança irá construir um terrário para que possa observar a dinâmica das plantas e a circulação de materiais, gases e água. Inicialmente, coloca-se no fundo do pote uma camada de pedrinhas entre 1 e 2cm. Sobre a camada de pedrinhas, coloca-se uma camada de areia com a mesma espessura, cuidando para que não se misture com as pedras. Em seguida, põe-se a camada de terra preta, que pode ser entre 2 a 4cm. Dependendo do tamanho do pote serão coladas as mudas uma a uma, com paciência para não destruir as camadas. As mudas devem ser fixadas somente na camada de terra preta para obterem mais nutrientes. Após o plantio das mudas, é necessário irrigar a terra para alimento da planta. Deve-se tampar o vidro de forma que não entre ar. Tudo pronto, agora é só começar a observação e a anotação do que vai acontecer daqui para a frente. Com o tempo, as crianças observarão se as paredes do vidro começam a concentrar partículas de água. Conforme as gotículas são formadas nas paredes e adquirem peso ideal, retornam para o solo. Será que a plantinha irá morrer? Em quanto tempo? Como ela irá respirar? Como irá se alimentar? Daqui para a frente é só explorar todas as possibilidades de estudos que expliquem o ciclo hidrológico, o ciclo de vida das plantas e a influência da luz e dos gases no ambiente que foi construído. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
101
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Fontes de pesquisa Catálogos e livros sobre animais e plantas. Mapa do bairro. Documentos históricos do bairro. Constituição Brasileira de 1988 – Capítulo VI – Do Meio Ambiente. Livros e revistas sobre o desmatamento e a poluição ambiental.
Avaliação Espera-se que a criança, a partir da observação das diferentes formas de vida e organização dos seres vivos no espaço geográfico do lugar onde vive, desenvolva sua percepção acerca das características que explicam a existência de ciclos na natureza. A criança deve identificar os processos de interação da sua comunidade com os seres vivos e, a partir destas relações, apontar as transformações de sua paisagem. A partir da identificação dos impactos negativos que degradam o ambiente e ameaçam os seres vivos, indicar possíveis soluções. O reconhecimento da paisagem local e a construção da identidade junto à sua comunidade podem, também, levar a criança a perceber a relação entre a qualidade de vida e a necessidade de tomadas de atitudes que valorizem o uso adequado dos recursos naturais e da conservação da biodiversidade.
1.
102
Realize uma pesquisa sobre a evolução da vida na Terra. Observe que durante o processo de formação de nosso planeta a Estrutura Rochosa (Litosfera), o Ar (Atmosfera) e a Água (Hidrosfera), estiveram sempre interagindo para as condições de surgimento e evolução da vida. Anote as suas principais conclusões.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A natureza e suas dinâmicas
2.
Sabe-se que a humanidade atravessa uma profunda crise social e ambiental. Como você explicaria esta crise e quais seriam, na sua opinião, as formas de envolver a comunidade escolar em ações que levem a mudanças de comportamento da sociedade diante desta crise?
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
103
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
3.
104
Realizem um debate no encontro do grupo sobre as questões 1 e 2. Com base no que foi debatido e apresentado, anote a principais conclusões positivas e negativas a respeito da crise e do papel do educador frente a ela.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O campo e a cidade Justificativa
O
estudo dos espaços urbano e rural é desenvolvido pela Geografia na Educação Fundamental e, por uma questão didática desta temática, é importante que o educador tenha o conhecimento dos processos históricos, econômicos, ecológicos e socioambientais que distinguem e unem o campo e a cidade. O geógrafo Milton Santos nos apresentou uma divisão para o Brasil em áreas agrícolas e urbanas, na qual é possível conhecer a história dos lugares a partir do estudo dos meios técnico – científico – informacional. É necessário lembrar que muitas regiões agrícolas contêm grandes cidades e nas regiões urbanas também são encontradas várias atividades agrícolas. Nesse sentido, ao pensarmos o campo e a cidade, estamos nos referindo às principais semelhanças e diferenças que marcam os modos de vida dos moradores destas áreas e que podem revelar, a partir do estudo das relações socioambientais, como e porque constroem suas paisagens. Além das relações sociais que se estabelecem entre os moradores de cada espaço, o que pode explicar suas dimensões é o acesso aos serviços e garantias fundamentais, além das condições de acesso aos recursos naturais, à saúde e ao desenvolvimento. O trabalho, o lazer, a alimentação, as vestimentas e os hábitos diários são formas de compreender-se, também os processos que distinguem o campo e a cidade. A criança pode, a partir da comparação, desenvolver a percepção das paisagens agrárias e urbanas e relacionar as atividades produtivas e o consumo de produtos naturais e industriais. A urbanização e a crise das grandes concentrações populacionais provocaram intensos debates sobre a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental nos espaços urbanos. A atividade agrícola que utiliza grandes áreas de terras para o desenvolvimento de monoculturas, com a aplicação de agrotóxicos e fertilizantes químicos, resultou na expulsão de milhares de famílias das áreas agrícolas e, conseqüentemente, o êxodo rural. Desta forma, trabalhar com esta temática significa abrir um amplo diálogo com as crianças a respeito das condições de vida da população brasileira e das diferenças regionais, para que se possam comparar o espaço vivido com os lugares e suas paisagens. Possibilitar à criança reconhecer o seu meio e diante dele reconstruir seus valores e sua identidade. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Objetivos Reconhecer e representar os principais momentos da evolução das técnicas de produção agrícola e do modo de vida das populações agrárias. Identificar e representar os fluxos de matéria e energia consumidas pela população urbana e seus principais impactos ao meio ambiente e à saúde. Representar e explicar os diferentes elementos do espaço urbano e agrário, comparando os modos de vida das populações e suas principais características.
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – A história do campo Materiais necessários Gibis para recorte, papel bobina, materiais de pintura e desenho.
Procedimentos O trabalho consiste em contar para as crianças a evolução do ser humano. Esta temática se encontra em um de nossos estudos anteriores. A história deve abordar a origem das atividades de domesticação de plantas e animais, que permitiram a fixação dos grupos humanos nas regiões agrícolas. O desenvolvimento de técnicas e instrumentos e a mecanização do campo até os dias de hoje, seus aspectos positivos e negativos. Em seguida, as crianças formarão duplas ou trios. Cada criança irá escolher um personagem dos quadrinhos que deverá utilizar para recontar a história da agricultura. A partir dos personagens, as crianças deverão elaborar os diálogos que serão escritos em balões ou rodapés dos quadrinhos. Os cenários e paisagens poderão ser produzidos usando desenhos e colagens. Se for possível, podem ser assistidos filmes ou desenhos animados para estimular a percepção da paisagem rural. Depois de tudo pronto é só preparar os cartazes para a exposição e a avaliação coletiva dos resultados. As crianças poderão ser estimuladas a realizarem dramatizações de seus personagens e, quem sabe, isso possa resultar em outro trabalho.
106
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O campo e a cidade
Tema 02 – A cidade comilona Materiais necessários Sucata, papel, materiais de pintura e desenho.
Procedimentos Nesta proposta de trabalho, as crianças serão estimuladas a construírem uma representação em desenho, colagem ou construção de maquetes de uma cidade que tem vida e devora os ambientes naturais. Alguns estudiosos das grandes cidades, afirmam que, do ponto de vista ecológico, elas se assemelham a um animal enorme, imóvel, que cresce o tempo todo e consome oxigênio, água, energia, alimentos e recursos naturais. Ao mesmo tempo que consome a natureza, a cidade elimina (excreta) calor, poeira, gases tóxicos, resíduos sólidos. Nos ecossistemas naturais, o consumo de energia para se produzir 1 caloria é de 10 calorias. Nos ecossistemas urbanos são necessárias 100 calorias para produzir 1. Após a sensibilização da turma e o desenvolvimento de estudos sobre o consumo nas cidades e os problemas ambientais gerados, construam uma cidade comilona. Esta atividade poderá ser em duplas ou trios. Como fazer a cidade: ela pode ser desenhada em folhas grandes para que sejam expostas. Cada grupo de trabalho irá imaginar a sua cidade e deve ser estimulado pelo educador a percebê-la como um ser vivo, que se alimenta e elimina dejetos. A representação, em maquete, pode ser um recurso também interessante, neste caso pode-se utilizar um saco de pano ou papel que será decorado com a forma de um ser vivo. Agora que a cidade comilona já foi projetada é necessário representar os elementos que ela está consumindo e excretando. Quais são eles? A cidade consome: água, alimentos, recursos animais, vegetais e minerais, energias fósseis e elétricas. A cidade elimina: calor, partículas sólidas, gases tóxicos, lixo e materiais não-recicláveis, poluição. Após a produção das representações, cada grupo de trabalho irá apresentar a sua cidade comilona aos demais.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
107
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Neste momento, é fundamental que o educador estimule o debate sobre a origem dos elementos que a cidade consome e o destino daqueles que são eliminados. Agora, é só expor tudo o que foi produzido para a avaliação coletiva do trabalho.
Tema 03 – Representando o campo e a cidade Materiais necessários Caixas de papelão e objetos pequenos de sucata que representem os objetos urbanos e rurais (casa, prédio, fazenda, carros, pessoas, animais etc.)
Procedimentos Esta atividade deve ser realizada após o desenvolvimento do estudo de paisagens da cidade e do campo. A criança já possui os conhecimentos de seu espaço vivido e, a partir disso, pode comparar os ambientes para facilitar as representações tridimensionais. Esta atividade será desenvolvida em duplas de trabalho. Cada dupla irá desenhar uma planta de uma cidade e de uma fazenda para depois ser transportada para a maquete. Preparando o terreno: cortar dois pedaços de papelão com, aproximadamente, 30cm x 30cm, que será utilizado para a base da maquete. Para que o relevo não fique somente em uma base plana, podem ser cortadas algumas lâminas de papelão e sobrepostas para formar morros e vales. Uma base será a cidade, a outra, o campo. Após o corte e colagem das lâminas, aplica-se uma camada de jornal para que o relevo fique bem moldado. Pintar esta base em cor branca para ser posteriormente decorada. Agora que a base já está pronta, vamos desenhar e colorir as áreas de moradia, estradas, rios, construções, plantações e florestas. Neste caso, podem ser utilizados materiais como pó e serragem tingidos, ou materiais triturados para colagem e diferenciação das áreas. Após a decoração das maquetes com os objetos da cidade e do campo, cada dupla irá produzir um texto sobre como é o modo de vida do campo e da cidade. O texto será lido para a turma em apresentações programadas. Todo o material produzido será avaliado coletivamente.
Fontes de pesquisa Revistas, jornais e gibis com a temática campo-cidade. Mapa do município e suas regiões produtoras e do relevo. Atlas geográfico. 108
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O campo e a cidade
Livros de Geografia Urbana e Geografia Agrária. Filmes educativos sobre as questões urbana e agrária.
Avaliação Para que o processo de avaliação da temática campo-cidade seja desenvolvido com bases seguras, é fundamental que o educador tenha o conhecimento da realidade na qual estão inseridos os educandos. Sua posição social e suas relações com o seu ambiente (rural ou urbano) são a referência básica para a construção de uma percepção crítica da criança. Ao reconhecer e representar, a partir de gravuras e maquetes, os elementos do ambiente do campo ou da cidade, a criança apresenta sua percepção sobre as paisagens urbanas e agrárias e sua cognição sobre o espaço. Ao caracterizar a vida na cidade e/ou no campo, ela externa suas impressões sobre como vê os modos de vida e compara com o seu meio, dando possibilidades de verificação sobre a compreensão socioespacial. O trabalho do educador deve fazer com que as crianças, a partir dos estudos desta temática, possam identificar os produtos, as vestimentas, os comportamentos e as paisagens agrícolas e compará-las com a cidade. Desta forma, a criança ressignifica seu próprio modo de vida e sua relação com o lugar.
Observe a tabela abaixo que trata da distribuição dos estabelecimentos rurais segundo o tamanho e registre suas conclusões para serem levadas ao grupo de estudo. Brasil – Distribuição dos estabelecimentos rurais segundo o tamanho Tamanho dos estabelecimentos
% do total de estabelecimentos
% da área total de estabelecimentos
Menos de 10 ha.
52,9
2,7
De 10 a 100 ha.
37,2
18,5
De 100 a 1 000 ha.
8,9
35,0
de 1000 a 10 000 ha.
0,9
28,8
Mais de 10 000 ha.
0,03
15,0
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
(IBGE, Censo agropecuário de 1985 Adaptado).
1.
109
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
2.
110
Realize uma pesquisa sobre as relações de trabalho no campo (despossuídos, assalariados permanentes e temporários, arrendatários, meeiros e proprietários) e na cidade (despossuídos, assalariados, terceiros, informais e desempregados). Após, registre suas conclusões para serem apresentadas ao grupo de estudo.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O campo e a cidade
3.
Como você classifica o lugar onde você mora: urbano ou rural? Quais são as características que permitem a você definir esta classificação? Quais os aspectos positivos e negativos do modo de vida de seu lugar? Registre suas respostas e debata-as com seu grupo de estudos.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
111
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
112
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
As atividades produtivas Justificativa
A
s primeiras formas de produção do ser humano deram-se pelo Homo habilis, o nosso ancestral humano. A partir da confecção de ferramentas para a produção de suas necessidades, o ser humano foi transformando-se em um artesão. O artesão é um trabalhador que projeta, prepara, constrói e utiliza o seu produto. Assim, o artesanato foi a primeira forma que o ser humano criou para conseguir a sua subsistência. As técnicas de fabricação desenvolveram-se e passaram a ser organizadas em forma de linha de artesãos, denominadas de Manufaturas. Dessa maneira, a produção acelerava-se e o trabalhador dedicava-se à confecção segmentada de mercadorias, gerando a divisão do trabalho. Com a Revolução Industrial do século XVII, os processos de produção foram reordenados pela descoberta da energia termodinâmica e, posteriormente, pela elétrica e fóssil. A indústria consolidou-se como um modo de produção no qual o trabalhador dedica-se numa fase da produção que se dá em série e concentrou-se em fábricas que exigiam cada vez mais matéria-prima para a produção em larga escala. Portanto, o trabalho humano foi se alienando e se desenvolvendo à medida que os centros industriais urbanizavam-se e a população sofria fortes processos de explosão demográfica, gerando desigualdades sociais e econômicas. A tecnologia que se desenvolveu nas últimas décadas levaram a uma fragmentação e organização de novas redes de trabalho. O desenvolvimento das telecomunicações, da robótica, da informática, da energia nuclear e da biotecnologia ampliaram as formas de ordenamento dos processos produtivos. Assim, quando trabalhamos as atividades produtivas com as crianças, devemos ter claro que o processo de organização das atividades produtivas está em sua realidade, assim como na do educador.
Objetivos Reconhecer as atividades artesanais como fonte de organização das sociedades, por meio da realização de um trabalho prático. Identificar as diferenças e semelhanças das atividades comerciais nos diferentes povos do planeta, por meio de pesquisa histórica. Desenvolver as capacidades criativas e inventivas da criança na elaboração, construção e apresentação de um produto. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – Feira de artesanato Materiais necessários Massa colorida, argila, barbante, papéis coloridos, peças de bijuterias, cola, tesoura, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Este trabalho consiste em organizar uma feira com o artesanato produzido pelas crianças na qual todos irão expor seus produtos e realizarão uma atividade de trocas diretas ou por meio de moedas. Inicialmente, é importante que a turma conheça a história das técnicas artesanais e reconheça essa forma de produção. É, neste momento, que entra o papel criativo do educador, pois ele poderá explorar toda a criatividade das crianças. Podem ser confeccionados brinquedos, pinturas, escultura em massa ou argila, colagens, bijuterias, decorações e outros. Além dos produtos artesanais podem ser confeccionadas moedas de papel com os valores que a turma achar melhor. Todos receberão uma quantia para desenvolverem as trocas durante a feira. Tudo pronto, agora é só decorar as barracas dos pequenos artesãos e dar início ao mercado de artesanato. Façam uma relação de todos os produtos que foram vendidos e trocados durante a feira para que o movimento financeiro seja utilizado para estudos de Matemática. Ao final da feira, todos devem fazer uma reflexão sobre o que descobriu de importante sobre o artesanato.
Tema 02 – O comércio tem história Materiais necessários Papéis coloridos, cola, tesoura, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Esta proposta de trabalho tem por finalidade a identificação das formas de comércio nos diferentes povos do mundo. É importante que as crianças tenham um conhecimento prévio sobre o surgimento das trocas de produtos entre as comunidades para atender suas necessidades materiais e seus desejos. 114
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
As atividades produtivas
Para organizar esta pesquisa, podem ser formados grupos de três crianças e cada equipe escolherá um povo para pesquisar sobre a forma de comércio que desenvolveram(egípcios, árabes, chineses, hindus, ocidentais, americanos e outros). Orientar para que as crianças coletem imagens sobre produtos e as moedas que são utilizadas nas trocas nos diferentes povos. Após os dados levantados, os grupos irão produzir um cartaz que contenha as principais informações sobre o seu tema. Todos os grupos farão uma apresentação dos resultados de suas pesquisas e, juntos, realizarão a avaliação coletiva.
Tema 03 – O inventor dos produtos Materiais necessários Papéis coloridos, revistas para recorte, papel para cartaz, materiais de pintura e desenho.
Procedimentos Este trabalho consiste em desafiar a criatividade das crianças para que elas projetem um novo produto para ser vendido no mercado. Todas as etapas, desde a sua idealização até a divulgação do produto, poderão ser acompanhadas e auxiliarão na aprendizagem. Pode-se formar duplas de trabalho. Cada grupo pesquisará sobre algum tipo de produto que é consumido pelas crianças. Os alunos farão um relatório de tudo o que for feito durante o trabalho. Este relatório será útil para que elas apresentem melhor o seu produto. Após a escolha de cada dupla, inicia-se a fase de descrição das atividades que são necessárias para a obtenção do produto. Todos os procedimentos devem ser anotados nas seguintes fases: obtenção da matéria-prima; forma de fabricação; forma de distribuição; forma de divulgação; forma de comercialização. As duplas confeccionarão um protótipo de seu produto para ser apresentado na reunião dos inventores. Poderá ser confeccionado, também, um cartaz com a propaganda e o desenho do produto, para ser exposto na sala e utilizado na apresentação da equipe.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
115
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
O educador poderá inserir uma abordagem ambiental, sensibilizando as crianças no desenvolvimento de seus produtos com a utilização de energias limpas, processos industriais não-poluentes, materiais recicláveis e benéficos à saúde. Ao final da exposição, todos farão uma avaliação coletiva do que foi produzido.
Fontes de pesquisa Revistas de circulação geral. História das civilizações. História da moeda. Propagandas e comerciais publicitários.
Avaliação As diferenças sociais e culturais são fundamentais para explicar as relações de produção de consumo na sociedade. As atividades produtivas estão diretamente ligadas aos processos históricos. Por isso, é fundamental que o educador tenha em mente que, ao explicar sobre um tipo de atividade produtiva, estará construindo um olhar sobre a construção do espaço geográfico. É importante que a criança possa descrever as atividades profissionais percebendo suas diferenças. Ao associar as profissões aos locais de trabalho, podem diferenciar funções sociais dos trabalhadores. Ao diferenciar os principais meios de comunicação e associar a propaganda ao produto, a criança desenvolve o seu senso crítico em relação aos interesses econômicos que existem por trás das campanhas publicitárias. Neste trabalho, podem ser utilizados recursos de análise e interpretação de frases ou pequenos textos relativos ao Código do Consumidor. Ao introduzir uma relação de cidadania para o consumo, o educador estará possibilitando a formação de uma visão ampla sobre o consumo e a qualidade de vida. Ainda como processo avaliativo poderão ser utilizados recursos que permitam, em meio ao trabalho com as propostas acima indicadas, explicar a utilização de mão-de-obra barata dos trabalhadores e que ainda existe, em alguns lugares, a exploração do trabalho infantil. Ao informar e formar as crianças sobre as atividades produtivas, o educador contribui para que sejam cumpridos os direitos da criança ao acesso à informação e à cidadania.
116
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
As atividades produtivas
1.
Como percebemos ao longo de nosso estudo, a ação do trabalho humano esteve diretamente ligada à construção dos modos de vida. Faça uma pesquisa sobre as formas de produção dos objetos de uso e consumo pessoal. Seguem, abaixo, as formas de produção que você deverá pesquisar. Artesanato
Manufatura
Maquinofatura
Robotização
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
117
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
118
2.
Após o desenvolvimento da pesquisa sobre as formas de produção, faça uma reflexão sobre quais destas atividades mais se encontram em sua cidade e escreva suas conclusões para serem lidas no grupo de estudo.
3.
Que relação você faz da expansão das relações comerciais que evoluíram durante as grandes navegações mundiais, com o desenvolvimento econômico e social do nosso país? Anote aqui suas conclusões e leia-as para o seu grupo de estudos.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A cultura e os grupos sociais Justificativa
A
o estudar sobre a cultura do povo brasileiro, busca-se que a criança amplie a sua noção de diversidade cultural, procurando compreender de que forma as sociedades estruturam-se em suas diferentes formas de manifestações.
Nesse sentido, o estudo visa compreender que a cultura é uma criação humana, ampliando, dessa forma, a noção de diversidade e alteridade, na medida em que eles conhecem e reconhecem os grupos humanos em suas diferentes formas de viver. Os costumes, hábitos, crenças, festas e outras manifestações da cultura necessitam ser entendidos no contexto em que são produzidos e no momento em que recebem seus significados. Assim, o educador poderá evitar os estereótipos e alegorizações. A experiência com as tradições culturais brasileiras, como recurso didáticopedagógico, pode auxiliar no estudo da Geografia local, regional e nacional. Assim, serão ampliadas e ressignificadas, a partir da escola, para o conhecimento cada vez mais subjetivo. A criança recebe e oferece ao seu grupo social a influência da cultura de suas origens. As tradições e os hábitos culturais são transmitidos pelos pais aos filhos e tornam-se as suas referências para reconhecer o seu espaço. Neste sentido, é fundamental que o educador construa um diálogo que permita a livre expressão de sua percepção sobre seu espaço vivido e a partir dela amplie para a compreensão dos elementos culturais de outros lugares. O Brasil, pela história de formação do seu povo, possui uma das maiores diversidades culturais do mundo. Portanto, muitas tradições conservaram-se e misturaram-se no interior e nos centros urbanos. Em todo o país, festas populares, festas religiosas, folguedos e hábitos regionais são realizados todos os anos e podem oferecer um universo de possibilidades de relacionar a cultura nacional com a realidade do espaço vivido da criança.
Objetivos Resgatar, a partir de uma pesquisa, os elementos que formam o imaginário das crianças a respeito de lendas e contos do seu lugar. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Identificar e representar as festas populares do lugar e compará-las com festas de outras regiões brasileiras, buscando diferenças e semelhanças. Organizar um baile de carnaval que tenha como elementos centrais os ritmos e costumes locais, buscando as diferenças e semelhanças com as festas de outras regiões do Brasil.
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – Causos e lendas Materiais necessários Papéis, lápis, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Esta proposta de trabalho busca compreender, a partir de histórias do lugar da criança, a sua percepção dos seus aspectos culturais e sua interpretação do imaginário popular. Primeiramente, é importante que o educador tenha um conhecimento prévio de diferentes histórias, contos, lendas e causos do lugar onde vive. Isso facilitará o acompanhamento do trabalho das crianças. Algumas personagens das lendas brasileiras sempre estão nos contos locais (Saci-Pererê, Lobisomem, Boitatá, Iara, Negrinho do Pastoreio, MulaSem-Cabeça, Caipora etc.). As crianças formarão duplas para desenvolver a pesquisa sobre os causos e lendas de sua região. Cada dupla pesquisará, junto aos livros, sobre a história da cidade e de suas principais personalidades, além de descobrir se existem lendas ou histórias populares. Poderão ser entrevistados os moradores mais antigos que geralmente conhecem algum causo interessante para contar. Após o trabalho de investigação, a dupla fará uma produção de texto, que deve ser lida para a turma. Cada apresentação poderá ser valorizada, à medida que são realizadas, com a confecção de desenhos feitos pelos alunos para gerar ilustrações ou dramatizações sobre as personagens. Após todas as histórias lidas e comentadas, pode-se formar um grande mural na sala de aula com os textos e as ilustrações. É importante que o educador aproveite este recurso para ensinar a importância da cultura na organização espacial e na formação dos valores culturais dos grupos humanos. 120
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A cultura e os grupos sociais
Tema 02 – As festas populares Materiais necessários Papéis, lápis, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Esta proposta envolve uma investigação sobre as diferentes festas populares que existem em nossa região e também em outras regiões do Brasil. Assim, as crianças serão levadas ao universo das comunidades em suas manifestações de identidades culturais. As festas populares costumam celebrar algum acontecimento importante. Em alguns lugares, estas festas envolvem a participação de grande parte da comunidade. As crianças formarão grupos de trabalho e, sob a orientação do educador, realizarão uma pesquisa em livros da história local. Todas as festas populares que ocorrem na localidade servirão para comparar com outras festas no país. Para orientar o roteiro da pesquisa apresentamos a seguinte sugestão de dados a serem coletados: comidas e bebidas da festa brincadeiras e jogos músicas e danças roupas e enfeites motivo principal A partir deste roteiro, podem ser estudadas outras festas do país que servirão para orientar a apresentação do trabalho. Com os dados coletados, os grupos produzirão um texto e uma apresentação de suas conclusões à turma. Poderão ser realizados cartazes e outras representações das características principais das festas estudadas. Cada grupo fará a sua apresentação e, ao final, pode-se realizar uma avaliação coletiva.
Tema 03 – Baile de carnaval Materiais necessários Papéis coloridos, fitas coloridas, materiais de desenho e pintura, máscaras de carnaval, fantasias, aparelho de som e decorações de festa.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
121
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Procedimentos O trabalho com esta temática justifica-se pela sua abrangência na cultura nacional. Dele participam milhões de pessoas em todo o país, o que o torna mais interessante, porque em cada região do país esta festa adquire características próprias e ressignificam-se os valores culturais locais. Em primeiro lugar, é importante que a turma conheça um pouco da história do carnaval. Sabe-se que esta festa assemelhava-se às festas portuguesas de rua. Mais tarde, sob a influência da cultura afro-descendente, associou o samba, as marchinhas e o frevo. Atualmente, assumiu diferentes configurações de acordo com os muitos lugares onde esta festa ocorre. A tarefa consiste em coletar o máximo de informações sobre o carnaval de nossa cidade, ou verificar se o nosso bairro possui algum bloco de carnaval, para que seja possível conhecer as características locais da festa. As crianças pesquisarão sobre as fantasias, alegorias e as músicas que são mais tocadas nos carnavais do lugar. Estas músicas devem ser copiadas em fita K7 ou CD, pois servirão para animar o baile na escola. As letras das músicas serão também copiadas para serem analisadas nas aulas. Agora que já sabemos sobre o carnaval de nosso lugar, vamos montar uma oficina de máscaras e fantasias, para que todos possam escolher uma personagem para se vestir no baile. Após a decoração concluída e os materiais prontos, é só dar início ao baile de carnaval e se divertir.
Fontes de pesquisa Livros de história da cidade. Acervos culturais e documentos antigos. Manuais de pintura e desenho. Livros de História e Geografia do Brasil.
Avaliação A utilização da cultura como referência para o estudo da Geografia dos lugares permite trabalhar com a criança, aproveitando o espírito de transcendência e de subversão de valores que permeia o imaginário dos grupos sociais. A experiência de contar e recontar os contos e lendas de cada lugar é o exercício da cultura na sua cognição espacial.
122
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
A cultura e os grupos sociais
As diferenças sociais e culturais são percebidas nas festas e tradições dos diferentes povos. Ao diferenciar traços culturais de grupos, tais como indígenas, negros e brancos, a criança inicia um processo de compreensão da diversidade cultural de seu país. Em cada região do Brasil, as festas são comemoradas de formas diferentes, assim, as alegorias, as fantasias, as máscaras são resultantes de um processo de acumulação histórica e podem revelar diferentes impressões dos povos em suas relações com o ambiente vivido. A idéia do sincretismo religioso, tão presente em nossa sociedade, pode ser trabalhada na medida em que muitos dos festejos são de ordem religiosa e podem revelar muitos processos de representação simbólica dos povos dos diversos lugares. Assim, a avaliação da criança neste tipo de trabalho requer do educador um profundo conhecimento sobre a realidade que a cerca, para que possa compreender seu desenvolvimento intelectual em relação ao espaço em que vive.
1.
Leia o fragmento de texto abaixo e faça um comentário sobre a importância do Trabalho e da Cultura para o desenvolvimento do ser humano. Por ser uma atividade relacional, o trabalho, além de desenvolver as habilidades, permite que a convivência não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos instrumentos, mas também enriqueça a afetividade resultante do relacionamento humano: experimentando emoções de expectativa, desejo, prazer, medo, inveja, o homem aprende a conhecer a natureza, as pessoas e a si mesmo. A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do homem, o que o caracteriza como um ser de mutação, um ser de projeto que se faz à medida que transcende a sua própria existência. (ARANHA; MARTINS, 1986, p.5-6)
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
123
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
2.
124
Quais as características culturais fundamentais da população de sua região? Anote suas conclusões e leia para o seu grupo de estudos. Juntos, elaborem um debate sobre a importância do ensino da cultura para as crianças e anotem tudo o que for importante.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço geográfico brasileiro Justificativa
O
conhecimento sobre a origem e evolução do território brasileiro deve ter seu início nas primeiras séries do Ensino Básico, pois a identidade da criança é diariamente associada com seu país e sua comunidade. Vejamos o exemplo dos eventos esportivos internacionais, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Nestes, e em muitos outros momentos, cada criança ressignifica sua percepção sobre o que é o Brasil. Ao pensarmos sobre o espaço geográfico brasileiro temos que organizar um estudo individual sobre os principais aspectos da Geografia do Brasil. Neste caso, é fundamental que se tenha alguns conhecimentos básicos como: Aspectos Históricos, Aspectos Naturais, Aspectos Culturais, Aspectos Humanos e Ambientais. Assim, o educador terá apoio em sua ação prático-pedagógica. As idéias que as crianças têm sobre o Brasil foram formadas a partir de suas experiências e das informações que foram adquirindo pela vivência e convívio com seus familiares e amigos. No espaço vivido de cada criança estão contidos os elementos que orientam seu olhar-mundo.
A ocupação humana do Brasil, antes da chegada dos europeus, era uma forma de relação com seus recursos naturais baseada na extração natural de subsistência. Após a colonização, a exploração desordenada alterou a forma de organização socioespacial dando lugar ao modelo agrícola, extrativista e minerador português. É importante perceber que este processo de extração, como recurso, tinha como objetivo a transformação de mercadorias para enriquecer as classes dominantes européias. Este processo seguiu após a industrialização e a urbanização do país. Nesse sentido, cada lugar está, de algum modo, marcado pelo processo histórico que orientou o desenvolvimento dos lugares. As cidades e a regiões rurais são interligadas por uma cadeia de fluxos de objetos, informações e idéias. A aprendizagem sobre os aspectos geográficos do Brasil pode contribuir para que a criança perceba estes fluxos no seu cotidiano.
Objetivos Reconhecer, a partir da produção de representações, as principais paisagens brasileiras. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Reconhecer e diferenciar as formas de regionalização do Brasil, por meio da confecção de quebra-cabeças. Reconhecer e diferenciar as culturas regionais a partir de pesquisa e apresentação musical.
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – As paisagens do Brasil Materiais necessários Atlas do Brasil, revistas para recorte, fotos e catálogos com paisagens brasileiras, materiais de pintura e desenho.
Procedimentos Este tema permite o trabalho com a percepção das crianças, a partir da comparação das diferentes paisagens brasileiras com as paisagens de sua região, permitindo que percebam as características naturais de seu ambiente. Em primeiro lugar, é importante providenciar um mapa da vegetação do Brasil (Floresta Amazônica, Mata dos Cocais, Mata Atlântica, Mata de Araucária, cerrado, caatinga, campo, vegetação do Pantanal, vegetação litorânea). Este mapa será ampliado para produzir os cartazes ao final do trabalho. Serão formados grupos para pesquisar sobre as principais características naturais destas florestas que coletarão imagens que representem cada tipo de vegetação. Poderão ser realizadas, também, oficinas de desenho de observação destas paisagens naturais. Neste momento, podem ser utilizados outros recursos, tais como filmes sobre diferentes lugares do Brasil, para identificação das paisagens. Após deve-se fazer a confecção do mapa das paisagens naturais. Ampliar o mapa da vegetação do Brasil, utilizando a técnica da quadriculação e transporte de desenho. (ex.: se a folha do Atlas for de 30cm x 20cm quadricule de 1 em 1cm. Faça um quadriculado numa folha usando 4cm por quadrícula, assim terá um mapa de 120cm x 80cm). Agora é só fazer uma colagem sobre o mapa utilizando as imagens coletadas e anexando textos que informam as características. Produzir uma legenda para o mapa e indicar um título, lançar a escala, a fonte e a indicação do norte. Assim, teremos o mapa das paisagens naturais. Podem ser utilizadas várias formas de análises como descrição visual, produção textual, representações gráficas, etc. 126
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço geográfico brasileiro
Tema 02 – As divisões regionais Materiais necessários Cartolinas, papel transparente, Atlas do Brasil, cola branca, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos A proposta desta atividade resume-se na confecção de um quebra-cabeças com as diferentes divisões regionais que o Brasil possui. Para a confecção do quebra-cabeças serão necessárias cópias das divisões regionais (Segundo o IBGE: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul – segundo GEIGER: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul). Estas cópias devem ser do mesmo tamanho para melhorar o resultado. Agora, basta copiar no papel transparente e colar sobre a cartolina. As regiões devem ser coloridas cada uma com uma cor para que, depois, possam ser comparadas e identificadas. Aplica-se uma camada de cola sobre toda a superfície para que se torne mais resistente. Recorta-se, com cuidado, todas a regiões dos dois mapas. Pronto. Está feito o quebra-cabeças. Para montá-lo, pode-se utilizar várias dinâmicas, por exemplo: cada aluno irá pesquisar alguma curiosidade de uma região e expor para a turma. No dia da montagem, faz-se um sorteio e cada um colocar a sua peça depois de apresentar sua pesquisa. Jogos de perguntas e respostas entre equipes, para ver quem fica por último para colocar a sua região no quebra-cabeças. A partir do desenvolvimento da percepção espacial, pode-se aprofundar a cognição das diferenças regionais e de suas paisagens humanas e naturais.
Tema 03 – Música e Geografia do Brasil Materiais necessários Letras musicais, aparelho de som, papel para cartazes, material de desenho e pintura.
Procedimentos Este trabalho consiste em realizar um festival musical com a turma, a partir de uma pesquisa sobre estilos musicais das cinco regiões brasileiras. A turma será dividida em cinco grupos, sendo que cada equipe desenvolverá uma pesquisa sobre os tipos musicais de uma região. Deverá escolher duas músicas e suas respectivas letras. As músicas devem ser gravadas em fitas ou CDs e, juntamente com a letra, serão apresentadas na escola. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
127
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
O educador deve orientar para que as letras das músicas contenham informações sobre os aspectos históricos, os costumes, as paisagens e os conflitos vividos pelos povos em sua região. Após todo material coletado, cada grupo apresentará suas músicas em um festival na escola. Cada canção pode ser apresentada de forma oral, comentando sua importância na cultura regional e o que quer dizer em sua melodia. Neste momento, pode-se utilizar, também, a dança como expressão corporal de acompanhamento da música. A utilização de instrumentos e das roupas típicas para cada estilo de música também podem ser um recurso para a ampliação desta atividade. Agora, resta debater com a turma sobre as diferenças regionais do Brasil e registrar tudo o que for debatido e analisado.
Fontes de pesquisa Atlas do Brasil. Mapas de vegetação, relevo e político do Brasil. Guias turísticos e revistas de paisagens brasileiras. Livros de História e Geografia do Brasil. Internet: IBGE.
Avaliação O ensino da Geografia do Brasil assume um caráter dinâmico na medida em que o educador promover situações de ensino-aprendizagem que correspondam aos interesses dos educandos. Interesses estes que são estimulados pela sensibilização aos conteúdos de Geografia. A natureza e a cultura do Brasil são, sem dúvida, as principais dimensões que atraem o interesse das crianças. Ao reconhecer elementos da natureza, a partir da observação de uma gravura, comparar as condições do tempo atmosférico (frio ou calor, umidade do ar) a partir de duas figuras de um mesmo lugar em momentos diferentes, a criança estabelece referenciais para pensar a diversidade dos lugares e regiões. Para que se inicie um processo de reconhecimento das formações naturais do território nacional pode-se apresentar imagens dos principais tipos de formação vegetal (Floresta Amazônica, Mata Atlântica, campos, cerrado, caatinga, floresta de araucária, Pantanal e vegetação litorânea). Assim, o educador promoverá, por meio da análise de paisagens, uma reflexão e uma explicação dos fenômenos geográficos que elas revelam. À medida que a criança conhece e identifica as diferenças naturais e humanas das regiões brasileiras pode-se aprofundar o conhecimento sobre a diversidade cultural do país. Por intermédio de histórias, contos, festas populares, comidas 128
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço geográfico brasileiro
típicas, danças, artes e música, podem ser abordados todos os elementos que se manifestam no espaço geográfico de cada região e dos diferentes lugares.
1.
Realize uma pesquisa sobre as principais características humanas e naturais destas três regiões indicadas abaixo. a) Amazônia:
b) Nordeste:
c) Centro-sul:
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
129
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
130
2.
Agora que você já desenvolveu um olhar sobre estas regiões, faça uma comparação entre a divisão acima e a divisão regional utilizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul). Registre suas conclusões e leve-as para seu grupo de estudos.
3.
Quais são os aspectos históricos de sua região e como eles interferiram na organização do espaço geográfico, por meio da construção de cidades, estradas e na produção dos modos de vida de hoje? Escreva suas conclusões e leve-as para seu grupo de estudos.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espaço geográfico mundial Justificativa
U
ma importante contribuição do educador é a organização do pensamento a partir do conhecimento informal, da cultura que a criança adquire fora do ambiente escolar, pois ela atua como sujeito de uma sociedade. Considerando esse papel ativo da criança, o educador deve estar alerta para que o conhecimento que ela traz acerca do mundo seja tomado como ponto de partida para o conhecimento e a formação dos conceitos. O conhecimento dos aspectos globais e locais tem contribuído com a formação de um projeto educacional em Geografia que leve em consideração o ambiente terrestre. Assim, estudos sobre os fenômenos geográficos internacionais ou globais são fortemente marcados por questões de âmbito geográfico. Como, por exemplo, os efeitos climáticos como o do efeito estufa e a camada de ozônio. A fome e a falta de recursos básicos para a subsistência de muitos habitantes do planeta leva à revisão de todas as políticas dos governos do mundo e faz sentir a falta de uma educação voltada aos interesses da humanidade. Ensinar a condição terrena está entre uma das premissas da educação do futuro, segundo Edgar Morin em sua reflexão sobre os saberes do futuro. Nesse sentido, o ensino da Geografia poderá contribuir com a elucidação dos principais momentos da evolução do planeta Terra e de sua ocupação pelos humanos. Ao se trabalhar o espaço geográfico mundial temos certeza de que estamos apresentando a complexidade dos fenômenos naturais e humanos na sua menor escala e na sua maior amplitude.
O educador deve estar atento a esse estudo, pois será diretamente responsável pelo trabalho dos educandos em sua comunidade. Educadores e educandos deverão estar conscientes de suas atribuições sociais e culturais.
Objetivos Produzir um mapa dos principais ecossistemas planetários e desenvolver uma análise sobre suas principais características. Organizar um debate sobre os problemas enfrentados pelos países mundiais por meio da simulação de uma Assembléia Geral da ONU. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
Promover uma pesquisa sobre os pratos típicos de outros países e identificar suas principais formas de produção e consumo, comparando-os com os pratos brasileiros.
Procedimentos Metodológicos Tema 01 – As paisagens mundiais Materiais necessários Atlas geográfico, papel para cartaz, material para desenho e pintura.
Procedimentos Essa proposta de trabalho pretende construir uma ampliação do mapamúndi e a cartografação dos grandes biomas terrestres. A partir da representação dos biomas, as crianças serão capazes de desenvolver sua percepção sobre as características de cada bioma e compará-las com a paisagem natural do espaço regional da criança. Para começar, vamos fazer uma pesquisa sobre os principais ecossistemas do globo (tundra, taiga, floresta temperada, pradarias e estepes, savanas, florestas úmidas e desertos). Podem ser montados grupos de pesquisa para cada tema. As equipes deverão buscar informações como a localização, tipo climático, formação vegetal, fauna e a utilização econômica de cada um desses biomas. Serão, também, recolhidas imagens dessas paisagens para que se possa visualizar e representar cada uma delas. Após as equipes recolherem todas as informações necessárias, os grupos produzirão textos e organizarão suas imagens para que sejam coladas no mapa-múndi. A ampliação do mapa mundial será feita a partir das técnicas de quadriculação e transporte de desenho. Após o mapa dos biomas mundiais ser ampliado em tamanho adequado serão coladas as imagens dos biomas sobre cada região. Os textos serão lidos e fixados em forma de painel. Será produzida uma legenda para o mapa mundial dos biomas e cada equipe irá apresentar sua pesquisa. Nessa atividade podem ser utilizados filmes para ilustrar o trabalho de confecção das imagens. Também podem ser realizadas atividades de interpretação e produção de textos. 132
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espacço geográfico mundial
Tema 02 – Os defensores da paz mundial Materiais necessários Papéis coloridos, lápis de cor, varetas, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Essa proposta busca despertar nas crianças o interesse pelos temas atuais do mundo, desenvolvendo o senso crítico em relação aos organismos internacionais de poder político e econômico. Por meio da simulação de uma reunião da Organização das Nações Unidas – ONU. Cada criança irá escolher um país do mundo que tenha representação na Assembléia Geral da ONU. Em seguida, deverá realizar uma pesquisa sobre os principais problemas que o país escolhido enfrenta e fazer um pequeno relatório para apresentar na assembléia. Além do relatório, cada criança irá confeccionar uma bandeirinha do país que for representar para que fique fácil a identificação durante a assembléia. No dia da assembléia, a turma escolherá um presidente e um secretário. O presidente chamará cada um dos membros que se apresentará com sua bandeira para compor a mesa da reunião. Após o relatório de cada país, a assembléia decidirá quais são os assuntos mais importantes a serem discutidos sobre a atualidade. A reunião poderá durar vários dias, se for necessário, e deverá apontar soluções para cada assunto escolhido. Só serão aprovadas decisões da assembléia com mais de 50% de votos dos países. Os países em conflitos deverão assinar os acordos e se comprometerem, caso a assembléia decida, em manter a paz mundial. Nesse tipo de proposta, o educador deve estar atento às sugestões das crianças para que tudo seja devidamente anotado pelo secretário e para que os encaminhamentos sejam aprovados com a maior clareza possível.
Tema 03 – Cardápio Internacional Materiais necessários Papéis coloridos, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos Esse trabalho consiste em organizar uma pesquisa sobre os principais pratos originários dos diversos países do mundo. Com base neste estudo, podem ser realizadas reflexões sobre a origem e o desenvolvimento das culturas e da produção de cada um desses países. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
133
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
As crianças formarão duplas de trabalho e cada dupla escolherá um país do mundo que lhe agrade. Em seguida, pesquisarão seguindo um breve roteiro.
Roteiro para pesquisa Origens históricas e geográficas: nome do prato, receita, ingredientes e técnicas de preparo, país de origem e como se deu a disseminação desse alimento pelo mundo. Origens dos ingredientes: forma de obtenção da matéria-prima, forma de transformação artesanal ou industrial. Mapeamento do lugar: local da matéria-prima, local da indústria, regiões consumidoras, gráficos e tabelas do produto. Composição dos alimentos: conservantes, calorias, proteínas, carboidratos, importância para a saúde. Além dos registros sobre os pratos, os alunos irão confeccionar um cartaz com a ilustração ou imagem do tipo de prato com as informações necessárias sobre suas principais características. Neste momento podem ser desenvolvidas atividades em relação à qualidade dos alimentos consumidos em nossa região, bem como a comparação com os pratos típicos e sua ligação com os pratos internacionais. Após tudo pronto, as duplas apresentarão seu trabalho em forma de palestras, murais com exposições de tudo o que foi produzido.
Fontes de pesquisa Guias turísticos internacionais. Atlas Mundial. Guias de alimentos e de saúde alimentar. Livros de História e Geografia mundiais. Filmes sobre gastronomia.
Avaliação O processo de avaliação sobre os temas da Geografia mundial deve privilegiar o conhecimento abstrato do aluno, pois se trata de temas que estão fora do seu âmbito espacial, o ensino dos temas internacionais deve ser relacionado com os temas de seu espaço vivido para que ele tenha os parâmetros necessários para compreender o conteúdo apresentado pelo educador. Nesse caso, é fundamental que, a partir de sua compreensão das dinâmicas espaciais, de sua região e do país, ele estabeleça os critérios para que possa compreender as dinâmicas internacionais. 134
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
O espacço geográfico mundial
Ao estudar sobre os ecossistemas globais, a criança reconhece as diferenças a partir de sua compreensão dos ecossistemas aos quais tem acesso e reconhece no próprio país as semelhanças e diferenças que existem em outros ecossistemas dos diferentes lugares do globo terrestre. No desenvolvimento do tema sobre a paz mundial, é importante perceber a postura da criança em relação aos problemas que são enfrentados pelos países, em relação à sua economia, aos recursos naturais, à crise social e à ameaça da guerra. A criança, ao manifestar sua posição em relação aos problemas mundiais, utiliza como parâmetros os valores de sua cultura e, assim, permite que o educador acompanhe seu raciocínio crítico e, a partir dele, redimensione seu trabalho com a Geografia. As diferentes culturas globais produziram hábitos e costumes que podem ser utilizados como recurso didático para que se conheça a diversidade humana. Nesse caso, o uso de propostas que trazem para a sala de aula, os costumes, as tradições, as comidas, as danças e músicas podem contribuir para o desenvolvimento de um olhar mais atento sobre a diversidade das culturas.
1.
Realize uma pesquisa sobre as diferenças climáticas que ocorrem no planeta Terra. O que explica a existência de calotas polares nos pólos terrestres e faixas tropicais, subtropicais e equatoriais? Escreva o resultado de suas pesquisas e leia para o seu grupo de estudos.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
135
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
136
2.
Realize uma pesquisa sobre a história da ONU, como se deu sua organização e quais as suas finalidades. Reflita sobre o seu papel no mundo atual e escreva suas conclusões para ser lida ao seu grupo de estudos.
3.
Com a formação de blocos econômicos, iniciados a partir da Segunda Guerra Mundial, houve alterações nas relações econômicas entre os países capitalistas e, também, na divisão internacional do trabalho. Isso ocorreu porque o processo de formação de cada bloco, que previa a criação de zonas de livre comércio e a isenção de tarifas alfandegárias, por exemplo, modificou o perfil dos diferentes países envolvidos com o comércio internacional. Com base nesse estudo, realize uma pesquisa sobre os principais blocos econômicos de hoje e como o Brasil está envolvido no comércio internacional. Escreva suas conclusões e apresente-as ao seu grupo de estudos.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Referências ABEC. Associação Brasileira de Educação e Cultura. Notícias. São Paulo, nov. 2003. Disponível em: . Acesso em: abr. 2004. ADAS, M. Panorama Geográfico do Brasil: contradições, impasses e desafios socioespaciais. 3.ed. São Paulo: Moderna, 1998. AGENDA 21 BRASILEIRA. Base para Discussões. Brasília: MMA/PNUD, 2000. (Organização de Washington Novaes, Otto Ribas e Pedro da Costa Novaes). AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, 1992; Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 1995. ANDRÉ, Y. Ensinar as Representações Espaciais. Paris: Anthropos-Economica, 1998. BLACHE, Paul Vidal de La. Transcrito dos Annales De Géographie, 22 (124): 289-299, 1913. Título do original: Des Caractères Distinctifs de la Géographie. Tradução de Odete Sandrini Mayer. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia. Brasília, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente, saúde. Brasília, 1997. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília, 1999. CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996. CARNEIRO, S.M.M. A Dimensão Ambiental da Educação Escolar de 1.ª a 4.ª Séries do Ensino Fundamental na Rede Escolar Pública da Cidade de Paranaguá. [Paranaguá], 1999. CASTELLAR, S.; MAESTRO, V. Geografia. 2.ed. São Paulo: Quinteto, 2002. CASTELLS, M. O Poder da Identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999. _____. Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel, 1982. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blücher, USP, 1974. CURIOSIDADES. Terra: foto da terra tirada por satélite. Disponível em: . Acesso em: abr. 2004. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992, Rio de Janeiro. Agenda 21. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 1995. DEBESSE-ARVISET, M. L. A Escola e a Agressão do Meio Ambiente. São Paulo: Difel, 1974. DIAS, G.F.D. Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental. 3.ed. São Paulo: Global, 1997. _____. Educação ambiental: princípios e práticas. 4.ed. São Paulo: Gaia, 1992. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
FOLADORI, G. Limites do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Unicamp, 2001. FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Moraes, 1980. GONÇALVES, C.W. P. Os (Des) Caminhos do Meio Ambiente. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2000. GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental da Educação. São Paulo: Papirus, 1995. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1993. HOBSBAWM, E. Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1980. _____. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1988. _____. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1990. _____. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1994. _____. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1998. KOZEL, S.; FILIZOLA, R. Didática de Geografia: memória da terra, espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996. LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988. LUCKÁCS, G. As bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem. In: Lúckacs, G. et al. Temas da Consciência Humana. São Paulo: Ciência Humanas, 1978. MAGNOLI, D. A Nova Geografia: estudos de geografia geral. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1995. MAGNOLI, D.; ARAUJO, R. A Nova Geografia: estudos de geografia do Brasil. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1996. MENDONÇA, F. de A. Geografia a Meio Ambiente. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1998. KOZEL, S. Elementos da Epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002. MENDONÇA, F.; KOZEL, S. Elementos da Epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: UFPR, 2002. MENDONÇA, F.de A. Geografia a Meio Ambiente. 3.ed. São Paulo: Contexto, 1998. MORAES, A.C.R. Geografia Pequena História Crítica. 15. ed. São Paulo: Hucitec, 1997. MORAES, A.C.R. Geografia: pequena história crítica. 15.ed. São Paulo: Hucitec, 1997. MORANDI, S.; GIL, I.C. O Espaço do Homem. São Paulo: CEETEPS, CETEC, 1999. MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografia para o Ensino Médio: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002 MORENO, J.C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Lago, IBEP, 1996. MORIN, E. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 8. ed. Brasília, DF: UNESCO, 2003. MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – Brasil. Crianças: encontro dos sem terrinha 138
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Referências
(foto de Douglas Mansur). São Paulo, 2003. Disponível em: . Acesso em: abr. 2004. NIDELCOFF, M.T. A Escola e a Compreensão da Realidade. 14.ed. São Paulo: Brasiliense, 1975. Novaes, W.; Ribas, O.; Novaes, P. da C. Agenda 21 brasileira: base para discussões. Brasília: MMA/ PNUD, 2000. O espaço geográfico em análise. RA´EGA, Curitiba, PR: Departamento de Geografia, UFPR, v. 1, n. 3, 1999. OLIVA, J.; GIANSANTI, R. Espaço e Modernidade: temas da geografia mundial. São Paulo: Atual, 1995. OLIVA, J.; GIANSANTI, R. Espaço e Modernidade: temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1995. _____. Espaço e Modernidade: temas da geografia mundial. São Paulo: Atual, 1999. _____.Espaço e Modernidade: temas da geografia do Brasil: São Paulo: Atual, 1999. PEIRCE, C. S. La Ciencia de la Semiótica. Buenos Aires: Nueva Visión, 1974. PEREIRA, G.B. P. Práticas Pedagógicas no Ensino de Geografia: 1.ª a 4.ª séries. Vitória da Conquista, BA: UESB, 1997. PEREIRA, R. M. F. A. Da Geografia que se Ensina à Gênese da Geografia Moderna. Florianópolis: Editora da UFSC, 1989. REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994. ROSS, J. L.S. Geografia do Brasil. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1998. SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, 1997. SANTOS, M. Ensaios sobre a Urbanização Latino-Americana. São Paulo: Hucitec, 1982. Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 7., 1997, Curitiba; Fórum Latino Americano de Geografia Aplicada, 1., 1997, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR, 1997. 1 v. Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada; Simpósio Brasileiro de Geografia Física e Aplicada, 7.;Fórum Latino Americano de Geografia Aplicada. Anais... Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1997. 1 v. Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada; Simpósio Brasileiro de Geografia Física e Aplicada, 8. Resumos... [Belo Horizonte]: Instituto de Geociências, Departamento de Geografia, Universidade Federal de Minas Gerais, 1999. TORRES, P. L. Uma Leitura dos Temas Transversais: ensino fundamental. Curitiba: SENAI-PR, 2003. TUAN, Y-F. Espaço e Lugar. São Paulo: Difel, 1983. VESENTINI, J. W. Geografia, Natureza e Sociedade. São Paulo: Contexto, 1989.
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
139
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Anotações
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de Geografia
142
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
Anotações
Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
143
Hino Nacional Poema de Joaquim Osório Duque Estrada Música de Francisco Manoel da Silva
Parte I
Parte II
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte!
Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; “Nossos bosques têm mais vida”, “Nossa vida” no teu seio “mais amores.”
Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!
Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.
Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - “Paz no futuro e glória no passado.”
Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza.
Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!
Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Atualizado ortograficamente em conformidade com a Lei 5.765 de 1971, e com o artigo 3.º da Convenção Ortográfica celebrada entre Brasil e Portugal em 29/12/1943. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br