UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL CENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC ENGENHARIA AMBIENTAL
ECOLOGIA ECOSSISTEMAS NATURAIS E IMPACTOS ANTRÓPICOS NO COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR MUNDAÚ MANGUABA
ARLAN SCORTEGAGNA ALMEIDA
MACEIÓ – ALAGOAS SETEMBRO DE 2010
Este trabalho tem por objetivo realizar um breve levantamento bibliográfico a respeito do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba, seus sensíveis ecossistemas e as atividades antrópicas que tanto o tem prejudicado. A faixa litorânea de Alagoas é uma área de rara beleza com uma vegetação típica de Mata Atlântica e manguezais. manguezais.
Um de seus maiores
recursos hídricos é o Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba (CELMM), tradicionalmente conhecido pelas suas “alagoas” que propiciaram a etimologia do nome deste Estado. A Mata Atlântica que domina este ecossistema é formada por florestas ombrófilas, florestas estacionais, vegetação de restinga e manguezais, apresentando alta biodiversidade. Um destaque especial deve ser feito para o ecossistema manguezal. Ele geralmente está associado às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com o mar, ou diretamente expostos à linha da costa. São sistemas funcionalmente complexos, altamente resistentes e estáveis. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, se instala em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra (Novelli, 1999). Esta formação vegetal é encontrada na totalidade da faixa litorânea alagoana, inclusive na capital Maceió, onde os manguezais ainda resistem à expansão urbana e ao aumento de atividades antrópicas. Graças às condições propiciais para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, é considerado como importante transformador de nutrientes em matérias orgânicas e gerador de bens e serviços, daí a importância e necessidade de sua preservação. O CELMM (Figura 1) é constituído basicamente por duas grandes Lagunas: Mundaú e Manguaba. Elas se intercomunicam por uma série de canais e desaguam no Oceano Atlântico através do canal do Calunga, Calunga, formando assim o complexo estuarino. A Laguna Mundaú, com uma área de 27km², tem sua origem no rio Mundaú, enquanto Manguaba, com 42km², origina-se a partir das bacias dos rios Paraíba do Meio e Sumaúma Grande.
Ambas apresentam mangues, principalmente nos trechos próximos ao mar, onde há maior influência da salinidade.
Figura 1 – Vista espacial do CELMM
Atividades antrópicas nas cidades circunvizinhas a este estuário, com destaque para a capital Maceió, utilizam suas águas e paisagens naturais para realização de atividades turísticas, industriais e extrativistas. Ao redor do CELMM é possível encontrar uma grande concentração de bares e restaurantes, muitos dos quais situados em margens de mangues, que constituem-se em vetores de poluição e devastação do ecossistema lagunar. Também está presente a atividade industrial na forma de um pólo cloroquímico próximo, indústria de fertilizantes e olarias. Agregado a estes fatores está a intensa exploração sucro-alcooleira ao longo das bacias hidrográficas que alimentam o CELMM. O lançamento de efluentes industriais de usinas e destilarias origina um grave problema de poluição hídrica devido ao grande número de unidades implantadas e da pequena vazão dos corpos receptores (Medeiros,1996). Matadouros irregulares, contaminação por agrotóxicos e assoreamento devem ser citados. Este último é oriundo do desmatamento intenso nas encostas próximas às bacias de seus rios e provoca alterações na circulação das águas podendo gerar, por exemplo, o fechamento das bocas dos rios e diminuição das profundidades nos canais de acesso.
Outro fator de suma importância é o extrativismo de crustáceos e moluscos, como o tradicional sururu, sururu, e a pesca. A pesca artesanal é a principal ocupação e fonte de renda das comunidades ribeirinhas, todavia esta prática está sendo visivelmente afetada: pescadores alegam que já não é mais possível retirar das águas uma grande quantidade de peixes. A insuficiente cobertura de saneamento consiste em um grave problema de saúde pública no Estado e seus impactos também refletem na degradação dos manguezais e poluição das águas superficiais. É possível encontrar ao longo da orla da Lagoa Mundaú habitações precárias e despejo constante de lixo e esgoto doméstico. Todavia, em estudo de caso que objetivou determinar a composição e densidade fitoplantônicas e as variáveis ambientais do CELMM, Magalhães et al. concluiu que a região dos canais encontra-se preservada, pois não foram observadas florações de algas cianofíceas que afetam as lagunas deste ecossistema. Porém, ressalva-se que a capacidade de autodepuração das águas de um estuário não é infinita e depende de uma série de processos de natureza física, biológica, química e geológica que interagem entre si de forma complexa. Certamente a natureza resiste às diversas atividades antrópicas as quais é submetida, mas até quando será possível continuar ignorando este grave problema ambiental em solo alagoano? Uma área de proteção ambiental, APA Santa Rita, engloba o CELMM e nela é realizado o monitoramento e fiscalização por parte do órgão ambiental responsável, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas. Entretanto, segundo o professor e geógrafo da Universidade Federal de Alagoas, Maurício Pereira,
“a
Área de Proteção Ambiental de Santa Rita existe somente no papel. Ao longo das duas últimas décadas, o processo de ocupação da APA não obedeceu a qualquer plano ou limite, originando um cenário de forte descumprimento dos seus objetivos, culminando em agressões ao meio ambiente, na especulação imobiliária e no empobrecimento das comunidades locais”. Esta situação é lastimável e uma vergonha para um local que foi abençoado com tamanha riqueza. É preciso mais eficiência na atuação dos órgãos ambientais e interferência da sociedade alagoana no intuito de preservar de forma sustentável o CELMM.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRÁFICAS
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7.
Em Alagoas, APA de Santa Rita completa 21 anos sem implantação
prévia.
Disponível
em:
http://www.ecolnews.com.br/apa_sta_rita.htm.. Último acesso em http://www.ecolnews.com.br/apa_sta_rita.htm 4 de Outubro de 2011. 8.
Apa
de
Santa
Rita. Rita.
Disponível
em:
http://diruc.ima.al.gov.br/?page_id=23.. Último acesso em 4 de http://diruc.ima.al.gov.br/?page_id=23 Outubro de 2011.