Matem´ atica III - LEC202
S´ eries num´ ericas e integra¸ c˜ ao
Texto de apoio `as aulas volume I
Sofia Castro Gothen Faculdade de Economia do Porto Setembro de 2004
. . . we say thanks to you students . . . You are the posterity we work for. I can assure you that we are bestowing on you the most glorious gift of all – – plenty of difficult problems still unsolved. Paul A. Samuelson Nobel Banquet Speech (1970)
Introdu¸c˜ ao Este volume ´e o primeiro de dois textos que se destinam a acompanhar, sem substituir, as aulas da disciplina de Matem´atica III. Neste primeiro texto encontram-se as defini¸c˜oes e resultados relativos ao estudo de s´eries num´ericas e integrais, simples e duplos. Sendo um texto de apoio para uma disciplina de matem´atica, n˜ao se pretende desenvolver nenhuma aplica¸c˜ao de car´acter econ´omico. Tais aplica¸c˜oes ser˜ao introduzidas nas aulas de modo, n˜ao s´o a justificar e indicar os aspectos mais pr´aticos da mat´eria leccionada, mas tamb´em a fazer a liga¸c˜ao entre esta disciplina e outras da ´area cient´ıfica de economia. Com a lecciona¸c˜ao das mat´erias cobertas neste texto pretende-se que seja adquirida a capacidade para: fazer o estudo da natureza de s´eries num´ericas, tanto por c´alculo directo como usando resultados que permitem relacionar a natureza de v´arias s´eries; recorrer `a soma de uma s´erie para aproximar a soma finita de muitos termos e vice-versa; interpretar os v´arios significados de um integral bem como proceder ao seu c´alculo; calcular ´areas de regi˜oes planas usando integrais simples e duplos. Neste processo de aprendizagem, espera-se ainda desenvolver o esp´ırito cr´ıtico e a capacidade de relacionar conceitos. Para os alunos que v˜ao ser avaliados sobre as mat´erias aqui apresentadas, fica uma chamada de aten¸c˜ao relativamente a nota¸c˜ao e resultados a usar: apesar de toda a bibliografia aqui referida poder ser u ´til ao estudo dos temas propostos, a nota¸c˜ao e os resultados que podem ser utilizados, sem demonstra¸c˜ao, nas provas de avalia¸c˜ao s˜ao u ´nica e exclusivamente os referidos nas aulas te´oricas e nestes apontamentos. Resta agradecer aos Drs. Jos´e Manuel Oliveira e V´ıtor Matos os coment´arios que fizeram a uma vers˜ao inicial destas notas. Todos os erros que persistam s˜ao da minha responsabilidade. 1
1
S´ eries Num´ ericas Reais
Neste cap´ıtulo vamos preocupar-nos em saber quando ´e que uma soma infinita de n´ umeros reais representa um n´ umero real. Em alguns casos particulares em que a resposta ´e afirmativa, ´e poss´ıvel encontrar o n´ umero que a soma infinita representa. Nos casos em que n˜ao ´e poss´ıvel, ou conveniente, saber qual ´e esse n´ umero, partes finitas dessa soma infinita podem servir para aproximar o valor desconhecido. Defini¸c˜ ao 1.1. Chama-se s´ erie num´ erica real ao conjunto de duas sucess˜ oes de n´ umeros reais, (an )n∈N e (Sn )n∈N , relacionadas do seguinte modo S n = a1 + a2 + . . . + an . Ou, de forma equivalente, an = Sn − Sn−1 . ♠ A sucess˜ao (an )n∈N diz-se sucess˜ ao geradora da s´erie, o termo de ordem n desta sucess˜ao diz-se termo geral da s´erie, os termos da sucess˜ao geradora dizem-se termos da s´erie e a sucess˜ao (Sn )n∈N diz-se sucess˜ ao de somas parciais. Da defini¸c˜ao acima, ´e claro que ´e indiferente fornecer a informa¸c˜ao relativa `a sucess˜ao geradora ou `a sucess˜ao das somas parciais — dada uma das sucess˜oes ´e sempre poss´ıvel encontrar a outra. Exemplo 1. Considerando a sucess˜ao definida por an = 2n − 1 como sucess˜ao geradora de uma s´eries num´erica real, obtemos para sucess˜ao de somas parciais a sucess˜ao definida por Sn = 1 + 3 + . . . + (2n − 1) = n2 . Se sabemos que a sucess˜ao de somas parciais de uma s´erie num´erica real ´e definida por Sn = 1 − 1/2n , ent˜ao podemos encontrar o termo geral da s´erie fazendo 1 1 1 an = Sn − Sn−1 = 1 − n − (1 − n−1 ) = n . 2 2 2 ♣
2
Defini¸c˜ ao 1.2. Dizemos que uma s´erie ´e convergente se a sucess˜ ao de somas parciais tem limite finito. Caso contr´ ario, dizemos que a s´erie ´e divergente. Para as s´eries convergentes, definimos soma da s´ erie, S, como o limite da sucess˜ao de somas parciais e escrevemos ∞ X
an = S.
(1)
n=1
♠ Por abuso de nota¸c˜ao, ´e frequente a utiliza¸c˜ao do somat´orio infinito da express˜ao (??) mesmo antes de se ter feito o estudo da s´erie. Isto ´e, sem se saber se o somat´orio representa ou n˜ao um n´ umero real. Caso as express˜oes estejam bem definidas, considera-se por vezes as suces´ importante notar que, n˜ao sendo s˜oes com in´ıcio em zero em vez de um. E a inclus˜ao de mais um termo relevante para a determina¸c˜ao do car´acter convergente ou divergente da s´erie, esta inclus˜ao de mais um termo pode alterar o valor da soma da s´erie. Exemplo 2. Considere as s´eries ∞ X n=1
an =
∞ X
(2n − 1) e
n=1
∞ X
∞ X 1 . bn = 2n n=1 n=1
As sucess˜oes de somas parciais destas s´eries s˜ao as do exemplo anterior pelo que a s´erie gerada por (an )n∈N ´e tal que lim Sn = lim n2 = +∞
n→∞
n→∞
ou seja, a s´erie diverge. No caso da s´erie gerada por (bn )n∈N temos lim Sn = lim (1 −
n→∞
n→∞
1 )=1 2n
ou seja, a s´erie converge P∞e a sua soma ´e 1. se vˆe que n=1 (2n − 1) tem apenas significado formal enquanto P∞Daqui 1 umero um. ♣ n=1 2n representa o n´ Do que foi dito at´e aqui fica claro que para perceber e saber estudar s´eries num´ericas ´e indispens´avel conhecer bem as sucess˜oes de n´ umeros reais. Na sec¸c˜ao seguinte s˜ao apresentados alguns resultados sobre sucess˜oes j´a estudados no ensino secund´ario. 3
1.1
Alguns resultados sobre sucess˜ oes de n´ umeros reais
Seja (un )n∈N uma sucess˜ao de n´ umeros reais. A sucess˜ao diz-se decrescente se un > un+1 ∀ n ∈ N. Se se verifica que un 6 un+1 ∀ n ∈ N ent˜ao a sucess˜ao diz-se crescente. Uma sucess˜ao que ´e ou crescente ou decrescente diz-se mon´otona. Caso a monotonia se verifique para desigualdades estritas, falamos de sucess˜oes estritamente mon´otonas, crescentes ou decrescentes. As sucess˜oes de somas parciais usadas na defini¸c˜ao das s´eries do exemplo 2 s˜ao ambas crescentes. J´a a sucess˜ao geradora (an )n∈N ´e crescente enquanto a sucess˜ao geradora (bn )n∈N ´e decrescente. Exerc´ıcio 1. Prove a monotonia das sucess˜oes (an )n∈N e (bn )n∈N .
./
Uma sucess˜ao (un )n∈N diz-se limitada se o conjunto dos seus termos ´e limitado, ou seja, se ∃ a, b ∈ R : a 6 un 6 b ∀ n ∈ N. Exerc´ıcio 2. Mostre que a sucess˜ao de somas parciais da s´erie gerada pela sucess˜ao (bn )n∈N do exemplo anterior ´e limitada. ./ Relativamente ao estudo de sucess˜oes que foi feito anteriormente recordamos aqui o seguinte resultado. Teorema 1.1. Toda a sucess˜ao mon´ otona e limitada ´e convergente. ` luz do u Exemplo 3. A ´ltimo teorema, a s´erie gerada por (bn )n∈N ´e convergente uma vez que a sua sucess˜ao de somas parciais ´e mon´otona e limitada. Note-se que j´a tinhamos chegado a esta conclus˜ao por c´alculo directo do limite da sucess˜ao de somas parciais. Esta segunda abordagem garante a convergˆencia da s´erie sem dar informa¸c˜ao sobre a sua soma. ♣ H´a duas classes particulares de sucess˜oes que passamos a destacar. Dizemos que uma sucess˜ao (un )n∈N ´e uma progress˜ ao aritm´etica se existe r ∈ R tal que un+1 − un = r ∀ n ∈ N. Ao n´ umero r chamamos raz˜ao da progress˜ao. A soma dos n primeiros termos de uma progress˜ao aritm´etica ´e dada por Sn = 21 (u1 + un )n. 4
Dizemos que uma sucess˜ao (un )n∈N ´e uma progress˜ ao geom´etrica se existe r ∈ R tal que un+1 = r ∀ n ∈ N. un Ao n´ umero r chamamos raz˜ao da progress˜ao. O termo geral de uma progress˜ao geom´etrica pode ser escrito, `a custa da raz˜ao, como un = u1 rn−1 . A soma dos n primeiros termos de uma progress˜ao geom´etrica ´e dada por Sn = u 1
1.2
1 − rn . 1−r
S´ eries num´ ericas novamente
Regressando ao estudo de s´eries num´ericas, notemos que, conforme seja mais simples, podemos usar a soma de um n´ umero finito de termos iniciais da s´erie para aproximar a sua soma ou, alternativamente, podemos usar a soma de uma s´erie para aproximar o valor da soma de um n´ umero finito de termos iniciais. Exerc´ıcio 3. Calcule um valor aproximado da soma dos 1000 primeiros termos da sucess˜ao (1/2n )n∈N . ./ A seguir vamos estabelecer resultados relativos ao car´acter (convergente ou divergente) de alguns tipos particulares de s´eries. Defini¸c˜ ao 1.3. Uma s´erie diz-se geom´ etrica se ´e gerada por uma progress˜ ao geom´etrica. ♠ Consideremos uma s´erie geom´etrica gerada pela sucess˜ao (an )n∈N definida por an = arn−1 ∀ n ∈ N com a ∈ R. A sucess˜ao de somas parciais, (Sn )n∈N , ´e ent˜ao definida por Sn = a
1 − rn . 1−r
Da defini¸c˜ao de convergˆencia de uma s´erie resulta o seguinte P n−1 Teorema 1.2. A s´erie geom´etrica ∞ converge se e s´ o se |r| < 1 e, n=1 ar nesse caso, temos ∞ X a arn−1 = . 1−r n=1 Exerc´ıcio 4. Demonstre o teorema anterior. 5
./
Nota:
Caso o enunciado do teorema anterior definisse a s´erie como ∞ X
arn
n=1
ter´ıamos o mesmo resultado relativo ao car´acter da s´erie mas n˜ao a mesma soma. De facto, a s´erie poderia ser re-escrita como ∞ X
(ar)rn−1
n=1
e, definindo b = ar como o novo termo inicial, a soma viria dada por ∞ X n=1
arn =
∞ X
brn−1 =
n=1
b ar = . 1−r 1−r
Defini¸c˜ ao 1.4. Uma s´erie diz-se telesc´ opica ou de Mengoli se o seu termo geral ´e da forma un − un+1 . ♠ Dada uma qualquer sucess˜ao de n´ umeros reais (un )n∈N ´e poss´ıvel definir uma nova sucess˜ao (an )n∈N como an = un − un+1 . Esta nova sucess˜ao (an )n∈N ´e a sucess˜ao geradora de uma s´erie de Mengoli. Devido ao modo como a sucess˜ao geradora ´e constru´ıda, as s´eries de Mengoli tˆem sucess˜oes de somas parciais com um aspecto muito simples. De facto, da defini¸c˜ao vem que Sn = a1 + a2 + . . . + an−1 + an = (u1 − u2 ) + (u2 − u3 ) + . . . + (un−1 − un ) + (un − un+1 ) = u1 − un+1 . Assim, caso exista, a soma de uma s´erie de Mengoli ´e dada por S = lim Sn = u1 − lim un . n→+∞
n→+∞
Exerc´ıcio 5. Mostre que a s´erie gerada pela sucess˜ao (1/n − 1/(n + 1))n∈N ´e convergente e calcule a sua soma. ./ Defini¸c˜ ao 1.5. Uma s´erie diz-se de Riemann se o seu termo geral ´e da forma an = 1/nα onde α ∈ R+ ♠ 0. O caso α = 1 ´e ainda particular dentro das s´eries de Riemann e obtemos a s´erie harm´onica. O seguinte resultado, que enunciamos sem demonstrar, ´e u ´til na determina¸c˜ao do car´acter convergente ou divergente de s´eries em conjun¸c˜ao com crit´erios que veremos adiante. 6
Teorema 1.3. Uma s´erie de Riemann ´e convergente se e s´ o se α > 1. Os resultados que enunciamos a seguir permitem efectuar opera¸c˜oes alg´ebricas sobre s´eries mantendo, em muitos casos, o controlo sobre o car´acter das mesmas. Teorema 1.4 (Opera¸c˜ oes alg´ ebricas e convergˆ encia). S˜ ao verdadeiras as seguintes afirma¸c˜oes: P P 1. Se λ ∈ R (λ 6= 0) e ∞ e convergente (divergente) ent˜ ao ∞ n=1 an ´ n=1 λan tamb´em o ´e. P∞ P∞ P∞ 2. Se ao s´eries convergentes ent˜ ao n=1 an e n=1 bn s˜ n=1 (an + bn ) converge. P P P e convergente e ∞ ao ∞ 3. Se ∞ n=1 an ´ n=1 bn diverge ent˜ n=1 (an + bn ) diverge. P∞ P ao s´eries ao nada se pode con4. Se ∞ n=1 bn s˜ n=1 an e P∞divergentes ent˜ cluir sobre o car´acter da s´erie n=1 (an + bn ). Demonstra¸c˜ao: Vamos demonstrar o primeiro e o u ´ltimo pontos do enunciado do teorema. 1. Seja (Sn )n∈N a sucess˜ao de somas parciais da s´erie de termo geral an e suponhamos que a s´erie converge. Ent˜ao, por defini¸c˜ao, sabemos que limn→+∞ Sn existe e ´e igual a S. A sucess˜ao de somas parciais da s´erie de termo geral λan ´e Tn = λa1 + . . . + λan = λSn logo, tem limite igual a λS pelo que esta u ´ltima s´erie converge. A divergˆencia demonstra-se de modo an´alogo. 4. A demonstra¸c˜ao deste ponto consiste em apresentar exemplos de s´eries divergentes que d˜ao origem a uma s´erie convergente e de s´eries divergentes que d˜ao origem a uma s´erie divergente. Consideremos as s´eries divergentes ∞ X n=1
Temos que
P∞
n;
∞ X n=1
n=1 (n + 2n)
2n;
∞ X
n
(−1) e
n=1
∞ X
(−1)n+1 .
n=1
´e divergente mas
P∞
n n+1 ] n=1 [(−1) + (−1)
Exerc´ıcio 6. Complete a demonstra¸c˜ao do teorema anterior.
7
converge. ♦ ./
Apresentamos a seguir um conjunto de resultados que ajudam a determinar a convergˆencia ou divergˆencia de uma s´erie. A soma da s´erie ter´a sempre que ser encontrada com recurso `a sua defini¸c˜ao. Teorema 1.5 (Supress˜ ao de termos). Se a uma s´erie retirarmos um n´ umero finito de termos iniciais obtemos uma nova s´erie com o mesmo car´ acter, convergente ou divergente. Teorema 1.6 (Condi¸c˜ ao necess´ aria de convergˆ encia). Se a s´erie gerada pela sucess˜ao (an )n∈N ´e convergente ent˜ ao lim an = 0.
n→+∞
Sendo uma condi¸c˜ao apenas necess´aria de convergˆencia, o resultado anterior ´e particularmente u ´til para decidir que uma s´erie ´e divergente. Exemplo 4. A s´erie de termo geral an = 1 − 1/n ´e divergente uma vez que lim an = 1 6= 0.
n→+∞
♣ Teorema 1.7. Uma s´erie de termos n˜ ao negativos ´e convergente se e s´ o se a sucess˜ao de somas parciais ´e limitada. Os resultados que se seguem s˜ao muito u ´teis, conhecidos os teoremas sobre convergˆencia das s´eries geom´etricas e de Riemann. P∞ P∞ ao Teorema 1.8 (Crit´ erio de Compara¸ c˜ ao). Se n=1 bn s˜ n=1 an e s´eries de termos n˜ao negativos tais que para n > n0 ´e an 6 bn ent˜ ao temos P P ao ∞ 1. se ∞ n=1 bn converge ent˜ n=1 an converge; P∞ P∞ 2. se n=1 an diverge ent˜ao n=1 bn diverge. Corol´ ario 1.1. Nas condi¸c˜oes do teorema, se bn 6= 0 e an = α 6= 0 n→∞ bn lim
ent˜ ao as s´eries tˆem a mesma natureza.
8
P 3 Exemplo 5. Para determinar a convergˆencia da s´erie ∞ n=1 (n + 1)/(n + 2n+1) usamos do crit´erio de compara¸c˜ao com a s´erie de Riemann, Po∞corol´ario 2 convergente, n=1 1/n . Temos (n + 1)/(n3 + 2n + 1) n3 + n2 = 1 6= 0 = lim n→∞ n→∞ n3 + 2n + 1 1/n2 lim
donde se conclui que a s´erie dada ´e convergente.
♣
P Teorema 1.9 (Crit´ erio de d’Alembert ou da raz˜ ao). A s´erie ∞ n=1 an , de termos positivos, converge se e s´ o se existe n0 ∈ N tal que para n > n0 se tem an+1 6 k < 1. an Corol´ ario 1.2. Nas condi¸c˜oes do teorema anterior, se limn→∞ an+1 < 1 enan an+1 t˜ ao a s´erie converge. Se limn→∞ an > 1, a s´erie diverge. Caso o limite seja igual a 1 n˜ao ´e poss´ıvel tirar conclus˜ oes. Exemplo 6. Se aplicarmos o corol´ario anterior `as s´eries de Riemann ∞ X
1/n2 e
∞ X
1/n
n=1
n=1
obtemos o valor 1 para o limite. No entanto as s´eries tˆem natureza distinta. Exerc´ıcio 7. Determine a natureza da s´erie cujo termo geral ´e 1/n!.
./
Exerc´ıcio 8. Mostre que se se verifica a desigualdade do enunciado do Crit´erio de d’Alembert ent˜ao 1 − kn Sn 6 a1 . 1−k Complete a demonstra¸c˜ao deste crit´erio usando o Crit´erio de Compara¸c˜ao. ./ Uma vez que os resultados sobre convergˆencia de s´eries se aplicam sobretudo a s´eries de termos positivos ou n˜ao negativos, ´e u ´til considerar a seguinte Defini¸c˜ ao 1.6. Uma s´erie gerada por uma sucess˜ ao (an )n∈N diz-se absolutamente convergente se a s´erie gerada por (|an |)n∈N ´e convergente. Se a s´erie dada converge mas a s´erie gerada pela sucess˜ ao dos valores absolutos diverge ent˜ao dizemos que a s´erie ´e simplesmente convergente. ♠ 9
Assim, podemos aplicar os resultados de convergˆencia `a s´erie dos valores absolutos seguida do seguinte Teorema 1.10. Se uma s´erie ´e absolutamente convergente ent˜ ao ´e convergente. A diferen¸ca entre s´eries simplesmente e absolutamente convergentes fica clara no seguinte resultado Teorema 1.11. Se uma s´erie ´e absolutamente convergente ent˜ ao ela continua convergente e com a mesma soma mediante uma qualquer reordena¸c˜ ao dos seus termos. Se uma s´erie ´e simplesmente convergente ent˜ ao existem reordena¸c˜oes dos seus termos que a tornam divergente ou, mantendo a convergˆencia, alteram a sua soma.
2
Integra¸c˜ ao
A integra¸c˜ao de fun¸c˜oes pode ser vista por dois prismas diferentes mas n˜ao sem rela¸c˜ao: como a opera¸c˜ao inversa da deriva¸c˜ao de fun¸c˜oes ou como um limite que permite calcular a ´area entre uma ou mais curvas planas. Vamos come¸car pelo primeiro ponto de vista e us´a-lo na aplica¸c˜ao do segundo.
2.1
Integral indefinido
Considerar a existˆencia de um processo inverso de deriva¸c˜ao faz sentido de um ponto de vista n˜ao s´o te´orico mas tamb´em pr´atico. Por exemplo, se conhecemos o custo marginal de um processo produtivo, ´e importante saber deduzir da´ı a fun¸c˜ao custo. Um outro exemplo, que ser´a estudado mais adiante, diz respeito a modelos que s˜ao constru´ıdos relacionando n˜ao s´o o estado das vari´aveis mas esse estado com a taxa de varia¸c˜ao de cada vari´avel numa equa¸c˜ao que se diz diferencial. Estas equa¸c˜oes resolvem-se por um processo de integra¸c˜ao das vari´aveis. Defini¸c˜ ao 2.1. Dada uma fun¸c˜ ao f , real de vari´ avel real, definida num intervalo [a, b], dizemos que F , definida no mesmo intervalo ´e uma primitiva de f se dF (x) = F 0 (x) = f (x) ∀x ∈ [a, b]. dx ♠ Decorre imediatamente das regras de deriva¸c˜ao que se F ´e uma primitiva de f ent˜ao qualquer fun¸c˜ao da forma G(x) = F (x) + C, com C uma qualquer constante real, tamb´em ´e uma primitiva de f . 10
Defini¸c˜ ao 2.2. Chama-se integral indefinido de f ` a totalidade das primitivas de f e representa-se por Z f (x)dx. ♠ Sendo F uma primitiva de f temos Z f (x)dx = F (x) + C, com C ∈ R uma constante. Chama-se integra¸c˜ao ao processo de c´alculo do integral indefinido. Esta opera¸c˜ao goza das seguintes duas propriedades importantes: 1. [integra¸c˜ ao por decomposi¸ c˜ ao]Se f (x) = f1 (x) + . . . + fk (x) para k finito ent˜ao Z Z Z f (x)dx = f1 (x)dx + . . . + fk (x)dx 2. Se f (x) = cg(x) com c ∈ R ent˜ao Z Z f (x)dx = c g(x)dx. Exemplo 7. Conhecida a regra da deriva¸c˜ao das potˆencias ´e f´acil ver que Z 1 xn+1 , n 6= −1. xn dx = n+1 ♣ Al´em da aplica¸c˜ao das propriedades acima, h´a dois m´etodos de integra¸c˜ao importantes no c´alculo integral. Integra¸c˜ ao por partes Este m´etodo baseia-se na regra de deriva¸c˜ao do produto de duas fun¸c˜oes que passamos a recordar: sejam F e G primitivas de f e g, respectivamente. Temos d (F (x)G(x)) = F 0 (x)G(x) + F (x)G0 (x) = f (x)G(x) + F (x)g(x). dx 11
Integrando o primeiro e u ´ltimo membros da express˜ao acima obtemos Z Z Z d ( (F (x)G(x)))dx = f (x)G(x)dx + F (x)g(x)dx ⇔ dx Z Z ⇔ F (x)G(x) = f (x)G(x)dx + F (x)g(x)dx ⇔ Z Z ⇔ f (x)G(x)dx = F (x)G(x) − F (x)g(x)dx. Este m´etodo aplica-se quando a fun¸c˜ao a integrar tem a forma de um produto de fun¸c˜oes, uma das quais tem uma primitiva conhecida. Exemplo 8. Para calcular o integral indefinido de cos2 (x) escrevemos cos2 (x) = cos(x) cos(x) e, sabendo que (sen(x))0 = cos(x) fazemos f (x) = cos(x) F (x) = sen(x) G(x) = cos(x) g(x) = − sen(x) obtendo Z
Z
2
cos (x)dx = sen(x) cos(x) −
− sen2 (x)dx
Z
(1 − cos2 (x))dx ⇔ Z Z Z 2 ⇔ cos (x)dx = sen(x) cos(x) + 1dx − cos2 (x)dx ⇔ Z Z 2 ⇔ 2 cos (x)dx = sen(x) cos(x) + 1dx ⇔ Z ⇔ cos2 (x)dx = 12 (sen(x) cos(x) + x) + C. = sen(x) cos(x) +
♣
Integra¸c˜ ao por substitui¸c˜ ao Trata-se de fazer uma mudan¸ca de vari´avel que permita tornar a fun¸c˜ao a integrar numa fun¸c˜ao mais simples. Claro que o resultado do processo de integra¸c˜ao deve ser apresentado usando a vari´avel original. Podemos ent˜ao integrar uma fun¸c˜ao f (x) usando uma vari´avel t relacionada com x atrav´es de x = φ(t) fazendo dx = φ0 (t)dt 12
e substituindo no integral Z
Z f (x)dx =
f (φ(t))φ0 (t)dt.
1 + ex conside2x e ramos a mudan¸ca de vari´avel ex = t, donde obtemos dx = dt/t. Substituindo no integral a calcular vem Z Z 1+t1 1 + ex dt = dx = e2x t2 t Z Z 1 1 = dt + dt = 3 t t2 1 1 1 1 = − 2 − + C = − 2x − x + C. 2t t 2e e Exemplo 9. Para encontrar todas as primitivas de f (x) =
♣ ´ importante ter presente que, por mais complicado que seja o aspecto E formal de um integral, sabendo que F 0 (x) = f (x) qualquer integral da forma Z f (φ(x))φ0 (x)dx ´e de c´alculo imediato e igual a F (φ(x)). De facto, n˜ao de trata de mais que a aplica¸c˜ao da derivada das fun¸c˜oes compostas. 2x + 3 , relembrando Exerc´ıcio 9. Calcule todas as primitivas de f (x) = 2 x + 3x − 7 que ln0 (x) = 1/x. ./
2.2
Integral definido
Vamos agora considerar a integra¸c˜ao de fun¸c˜oes com o conceito de soma e de c´alculo de ´areas. Seja f uma fun¸c˜ao real de vari´avel real definida e cont´ınua num intervalo [a, b]. Para j´a suporemos que f apenas toma valores positivos neste intervalo. Se quisermos calcular a ´area compreendida entre o eixo horizontal, o gr´afico da fun¸c˜ao f e as rectas verticais x = a e x = b, podemos come¸car por aproximar sucessivamente esta ´area da seguinte forma: dividimos o intervalo [a, b] em n sub-intervalos de amplitude (b−a)/n nos b−a b−a pontos x0 = a, x1 = a + , . . . , xk = a + k , . . . , xn = b e, em cada n n 13
sub-intervalo, estimamos o valor de f usando o valor que a fun¸c˜ao toma num dos extremos, por exemplo, f (xk ). O valor aproximado da ´area a calcular ´e dado pela soma das ´areas dos rectˆangulos cujo lado ´e o comprimento do sub-intervalo, xi − xi−1 , e altura o valor da fun¸c˜ao num dos extremos. A aproxima¸c˜ao do valor da ´area ser´a tanto melhor, quanto maior fˆor o n´ umero de rectˆangulos, ou seja, o valor da ´area ´e dado pelo lim
n→+∞
n X
f (xk )(xk − xk−1 ).
k=1
Quando este limite existe e ´e finito dizemos que a fun¸c˜ao f ´e integr´ avel no intervalo [a, b]. Note-se que a continuidade de f ´e suficiente para assegurar a sua integrabilidade. Defini¸c˜ ao 2.3. Dada uma fun¸c˜ ao f integr´ avel num intervalo [a, b], chamamos integral definido de f nesse intervalo a Z b n X f (xk )(xk − xk−1 ). f (x)dx = lim n→+∞
a
k=1
Os pontos a e b dizem-se, respectivamente, os limites inferior e superior de integra¸c˜ao. O valor do integral definido ´e a ´ area alg´ ebrica da regi˜ ao limitada pelo eixo horizontal, o gr´afico de f e as rectas verticais x = a e x = b. ♠ Usando apenas a defini¸c˜ao ´e f´acil mostrar que o integral definido goza das seguintes propriedades: Rb 1. Se f (x) = λ ∈ R ent˜ao a f (x)dx = λ(b − a). Rb Rb 2. Se f (x) = λg(x) com λ ∈ R ent˜ao a f (x)dx = λ a g(x)dx. Rb Rb Rb 3. Se f (x) = g(x) + h(x) ent˜ao a f (x)dx = a g(x)dx + a h(x)dx. 4. Qualquer que seja a fun¸c˜ao integr´avel f temos Z a f (x)dx = 0. a
5. Se c ∈ [a, b] ent˜ao
Rb a
f (x)dx =
Rc a
f (x)dx +
Rb c
f (x)dx.
6. Qualquer que seja a fun¸c˜ao integr´avel f temos Z b Z a f (x)dx = − f (x)dx. a
b
14
7. Se f (x) > 0 ∀ x ∈ [a, b] ent˜ao
Rb
f (x)dx > 0. Rb Rb 8. Se f (x) > g(x) ∀ x ∈ [a, b] ent˜ao a f (x)dx > a g(x)dx. a
9. Qualquer que seja a fun¸c˜ao integr´avel f temos Z b Z b | f (x)dx| 6 |f (x)|dx. a
a
Uma das aplica¸c˜oes do conceito de integral definido ´e o c´alculo do valor m´edio que uma fun¸c˜ao toma num determinado intervalo. Come¸camos com uma defini¸c˜ao Defini¸c˜ ao 2.4. Chama-se valor m´ edio de uma fun¸c˜ ao f cont´ınua num intervalo [a, b] a Z b 1 f (x)dx. b−a a Teorema 2.1. Se f ´e integr´avel em [a, b] ent˜ ao existe um valor c ∈ [a, b] tal que Z b 1 f (x)dx = f (c). b−a a Este teorema d´a origem `a F´ ormula da M´edia Z b f (x)dx = (b − a)f (c) a
para algum c ∈ [a, b]. Para calcular de facto o valor de um integral vamos usar o seguinte teorema. Teorema 2.2 (Teorema Fundamental do C´ alculo). Seja f uma fun¸c˜ ao integr´avel em [a, b]. A fun¸c˜ao F definida em [a, b] por Z x f (t)dt F (x) = a 0
´e tal que F (x) = f (x). Demonstra¸c˜ao: Usando a defini¸c˜ao de derivada de uma fun¸c˜ao real de vari´avel real temos F (x + h) − F (x) F 0 (x) = lim = h→0 h Z x+h Z x = lim [ f (t)dt − f (t)dt]/h = h→0 a a Z x+h = lim f (t)dt/h h→0
x
15
Usando a F´ormula da M´edia para a u ´ltima express˜ao vem Z x+h f (t)dt/h = f (c)h/h = f (c) c ∈ [x, x + h] x
donde, quando h → 0, obtemos F 0 (x) = f (x). ♦ Para efeitos de c´alculo de integrais definidos, ´e muito usado o corol´ario seguinte. Corol´ ario 2.1 (F´ ormula Fundamental do C´ alculo). Seja f como no enunciado do teorema anterior e F uma qualquer primitiva de f . Temos ent˜ ao Z b
f (x)dx = F (b) − F (a) = [F (x)]ba .
a
Exemplo 10. O valor do integral definido entre 1 e 2 de f (x) = x3 ´e dado por Z 2 1 15 1 x3 dx = [ x4 ]21 = (24 − 1) = . 4 4 4 1 ♣ Dada a f´ormula acima, basta conhecer um primitiva da fun¸c˜ao para calcular o integral definido. Isto significa, em particular, que as t´ecnicas de integra¸c˜ao (por decomposi¸c˜ao, por partes e por substitui¸c˜ao) se podem aplicar. Chamamos a aten¸c˜ao para um cuidado especial a ter na aplica¸c˜ao da integra¸ca˜o por substitui¸c˜ao. Se para calcular o integral entre a e b de f efectuamos a mudan¸ca de coordenadas definida por x = φ(t) ent˜ao temos que considerar os novos limites de integra¸c˜ao, α e β tais que a = φ(α) e b = φ(β). Temos ent˜ao Z
b
Z
β
f (x)dx = a
f (φ(t))φ0 (t)dt.
α
Regressando ao c´alculo de ´area por meio do integral definido, notamos que relativamente a este assunto temos suposto, impl´ıcita ou expl´ıcitamente, que ´ claro que a fun¸c˜ao toma apenas valores positivos no intervalo em causa. E nem todas as fun¸c˜oes satisfazem este pressuposto. Para as fun¸c˜oes cuja imagem muda de sinal no intervalo de integra¸c˜ao, a ´area geom´etrica ´e c´alculada atendendo a que, se f (x) 6 0 em [a, b] ent˜ao a ´area geom´etrica ´e dada por Z b − f (x)dx. a
16
No caso de f ser positiva em partes do intervalo de integra¸c˜ao e negativa noutras, divide-se o intervalo de integra¸c˜ao em sub-intervalos onde o sinal de f ´e constante e usam-se propriedades do integral definido para calcular o valor da ´area geom´etrica. Consideremos o seguinte Exemplo 11. Seja f (x) = x2 − 1. Para calcular a ´area geom´etrica, A, compreendida entre o gr´afico da fun¸c˜ao, o eixo horizontal e as rectas verticais x = 0 e x = 2 fazemos Z 2 Z 1 f (x)dx = −[ 13 x3 − x]10 + [ 13 x3 − x]21 = 2. f (x)dx + A=− 1
0
♣ Podemos calcular o valor de ´areas geom´etricas compreendidas entre gr´aficos de v´arias fun¸c˜oes considerando que se f (x) > g(x) > 0 no intervalo de integra¸c˜ao ent˜ao a ´area geom´etrica compreendida entre o gr´afico das duas fun¸co˜es ´e dada por Z Z b
b
f (x)dx −
g(x)dx. a
a
Exerc´ıcio 10. Calcule o bem-estar num mercado em que a procura ´e caracterizada pela fun¸c˜ao P (q) = 4 − q e a fun¸c˜ao custo ´e C(q) = q 2 + q/10 + 1. ./ ´ poss´ıvel Em toda esta sec¸c˜ao consideramos f uma fun¸c˜ao cont´ınua. E calcular o integral de uma fun¸c˜ao descont´ınua num n´ umero finito de pontos do intervalo de integra¸c˜ao desde que exista limite finito de f de ambos os lados da descontinuidade. De facto, se f ´e descont´ınua em c ∈ [a, b] e existe e ´e finito o limite de f `a esquerda e `a direita de c ent˜ao Z b Z u Z b f (x)dx = lim f (x)dx + lim f (x)dx. a
u→c
v→c
a
v
Outras extens˜oes do conceito de integral definido s˜ao tratadas na pr´oxima sec¸ca˜o.
2.3
Integrais impr´ oprios
Vamos ver em que casos faz sentido falar na ´area limitada pelo gr´afico de uma fun¸c˜ao no caso de o intervalo considerado ser infinito ou de a pr´opria fun¸ca˜o tomar valores infinitos num dos extremos de integra¸c˜ao.
17
Defini¸c˜ ao 2.5. Um integral em que, pelo menos, um dos extremos de integra¸c˜ao ´e ±∞ diz-se impr´ oprio de primeira esp´ ecie. Dizemos que o integral Z +∞
f (x)dx a
converge se existe e ´e finito o u
Z
f (x)dx.
lim
u→+∞
a
Neste caso tomamos o valor do limite para valor do integral. Se o limite n˜ao existe ou ´e infinito, dizemos que o integral diverge. Note-se que no caso de um integral com ambos os limites de integra¸c˜ao infinitos, a convergˆencia do integral obriga `a existˆencia de dois limites finitos, a saber Z c Z v f (x)dx e lim f (x)dx lim u→−∞
v→+∞
u
c
para qualquer c ∈ R. Se se verificar a convergˆencia ent˜ao Z +∞ Z c Z v f (x)dx = lim f (x)dx + lim f (x)dx. −∞
u→−∞
v→+∞
u
Exerc´ıcio 11. Mostre que o integral
R +∞ −∞
c
x3 dx n˜ao converge.
./
Defini¸c˜ ao 2.6. Seja f tal que limx→a f (x) = ±∞. O integral de f no intervalo [a, b] diz-se impr´ oprio de segunda esp´ ecie. O integral converge se existe e ´e finito Z b
lim
u→a
f (x)dx. u
Neste caso, o valor do integral ´e igual ao valor do limite. Se o limite n˜ao existe ou n˜ ao ´e finito, dizemos que o integral diverge. Sendo os integrais impr´oprios divergentes, sabemos que a ´area limitada pelo gr´afico de f , o eixo horizontal e os limites de integra¸c˜ao ´e infinita. Para decidir se os integrais impr´oprios s˜ao convergentes podemos usar os resultados seguintes, evitando o c´alculo expl´ıcito do valor do integral. Teorema 2.3 (Crit´ erios de Convergˆ encia). Sejam f e g fun¸c˜ oes que tomam valores n˜ao negativos no intervalo [a, +∞] e tais que, nesse intervalo, se verifica f (x) 6 g(x). Verificam-se as seguintes implica¸c˜ oes R +∞ R +∞ • a g(x)dx converge ⇒ a f (x)dx converge. 18
•
R +∞ a
f (x)dx diverge ⇒
R +∞ a
g(x)dx diverge.
Se f e g tˆem limite infinito em x = a ent˜ ao temos Rb Rb • a g(x)dx converge ⇒ a f (x)dx converge. Rb Rb • a f (x)dx diverge ⇒ a g(x)dx diverge. Para a aplica¸c˜ao deste teorema ´e u ´til conhecer fam´ılias de integrais cuja natureza, convergente ou divergente, ´e conhecida. R +∞ Exemplo 12. O integral a x−2 dx (a > 0) converge porque, usando a f´ormula fundamental do c´alculo integral temos Z u 1 1 1 x−2 dx = [− ]ua = − + x u a a e limu→+∞ 1/u = 0 donde, o valor do integral ´e igual a 1/a. Exerc´ıcio 12. Averig´ ue se
R2 0
x−2 dx converge.
♣ ./
O exemplo e exerc´ıcio acima s˜ao exemplos particulares do que pode ser enunciado como um resultado geral. As demonstra¸c˜oes dos dois lemas seguintes s˜ao um exerc´ıcio que se recomenda. R b dx (b > 0) converge se e s´ o se α < 1. 0 xα R +∞ dx (a > 0) converge se e s´ o se α > 1. Lema 2.2. O integral impr´oprio a xα Lema 2.1. O integral impr´oprio
2.4
Integrais duplos
Nesta sec¸c˜ao vamos estender o conceito de integra¸c˜ao a fun¸c˜oes reais de duas vari´aveis reais. 2.4.1
Integra¸c˜ ao em rectˆ angulos
Seja f : R2 → R uma fun¸c˜ao cont´ınua de dom´ınio R = {(x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b ∧ c 6 y 6 d} = [a, b] × [c, d] , um rectˆangulo em R2 , tomando apenas valores n˜ao negativos. De modo an´alogo ao utilizado para calcular a ´area entre o gr´afico de uma fun¸c˜ao real de vari´avel real e o eixo horizontal, vamos calcular o volume compreendido entre o gr´afico de f e o seu dom´ınio. Vamos come¸car por aproximar o valor 19
deste volume pela soma dos volumes de paralelip´ıpedos j´a que o volume desta figura geom´etrica ´e f´acil de calcular. Para tal, consideremos uma parti¸c˜ao de R em n2 rectˆangulos Rij = {(x, y) ∈ R2 : xi−1 6 x 6 xi ∧ yj−1 6 y 6 yj } = [xi−1 , xi ] × [yj−1 , yj ] ; i, j = 1, . . . , n. Note-se que cada rectˆangulo Rij resulta do produto cartesiano de duas parti¸c˜oes: • uma do intervalo [a, b] em n sub-intervalos determinados pelos n + 1 pontos a = x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn = b • e outra do intervalo [c, d] em n sub-intervalos definidos pelos n + 1 pontos c = y0 , y1 , . . . , yn−1 , yn = d. Sejam Xij∗ = (x∗ij , yij∗ ) um ponto qualquer de Rij e ∆Aij = ∆xi ∆yj , a ´area de Rij . Supondo as parti¸c˜oes regulares, isto ´e, xi − xi−1 =
b−a d−c e yj − yj−1 = n n
temos valores constantes para ∆xi ≡ ∆x e ∆yj ≡ ∆y. Logo a ´area ´e igual para todos os rectˆangulos ∆Aij ≡ ∆A. Vamos aproximar os valores que a fun¸c˜ao f toma no rectˆangulo Rij pelo valor que ela toma em Xij∗ . Assim, o valor do volume do s´olido de base Rij e limitado superiormente pelo gr´afico de f ´e aproximado pelo volume do paralelip´ıpedo de base Rij e altura f (Xij∗ ) dado por f (Xij∗ )∆x∆y = f (Xij∗ )∆A. Logo, o volume do s´olido de base R e limitado superiormente pelo gr´afico de f ´e aproximado por n X Sn = f (Xij∗ )∆A, i,j=1
chamada soma de Riemann para f . Observa¸c˜ao. Quanto maior fˆor o valor de n, tanto maior ´e o n´ umero de rectˆangulos e tanto menor ´e a sua ´area. Rectˆangulos de menor ´area correspondem a uma melhor aproxima¸c˜ao do volume a calcular.
20
Defini¸c˜ ao 2.7. Se lim Sn = S < ∞
n→∞
ao f diz-se integr´ avel e se este valor n˜ao depende da escolha do ponto Xij∗ ent˜ em R e representamos S por ZZ ZZ f (x, y)dA ou f (x, y)dxdy. R
R
♠ Teorema 2.4. Se f ´e cont´ınua ent˜ ao f ´e integr´ avel em qualquer rectˆ angulo R da forma [a, b] × [c, d]. Observa¸c˜ao. Rectˆangulos que resultam do produto de dois intervalos fechados dizem-se rectˆangulos fechados. Assim como h´a fun¸c˜oes reais de uma s´o vari´avel descont´ınuas que s˜ao integr´aveis, tamb´em h´a fun¸c˜oes de duas vari´aveis que, n˜ao sendo cont´ınuas em todo o rectˆangulo R, s˜ao integr´aveis em R. O teorema seguinte ´e uma extens˜ao do teorema anterior a este tipo de fun¸c˜oes. Teorema 2.5. Se f ´e uma fun¸c˜ ao que toma valores limitados no rectˆ angulo R e tal que o conjunto de pontos nos quais f ´e descont´ınua est´ a contido na reuni˜ao finita de gr´aficos de fun¸c˜ oes reais de vari´ avel real cont´ınuas, ent˜ ao f ´e integr´avel em R. Exemplo 13. A fun¸c˜ao f definida por 1 se x > 1 f (x, y) = . 0 se x < 1 ´e descont´ınua em {(x, y) ∈ R2 : x = 1}. No entanto, pelo teorema anterior, f ´e integr´avel em R = [0, 2] × [−1, 1] . ♣ Exemplo 14. A fun¸c˜ao g definida por 1 se x > 0 x g(x, y) = . 0 se x 6 0 tem um conjunto de pontos de descontinuidade an´alogo ao da fun¸c˜ao f do exemplo anterior mas n˜ao ´e limitada em rectˆangulos contendo o eixo {(x, y) ∈ R2 : x = 0}. Logo, n˜ao podemos utilizar o teorema anterior para garantir a sua integrabilidade em rectˆangulos deste tipo. ♣ 21
Da defini¸c˜ao e de resultados sobre limites, podemos mostrar que o integral duplo goza das seguintes propriedades: 1. Se f e g s˜ao integr´aveis em R ent˜ao f + g ´e integr´avel em R. 2. Se f ´e integr´avel em R e c ∈ R ent˜ao cf ´e integr´avel em R. 3. Sendo f e g integr´aveis em R temos ZZ ZZ ZZ (f (x, y) + g(x, y))dA = f (x, y)dA + g(x, y)dA. R
R
R
4. Sendo f integr´avel em R e c ∈ R temos ZZ ZZ (cf (x, y))dA = c f (x, y)dA. R
R
5. Se f e g s˜ao integr´aveis em R e tais que f (x, y) 6 g(x, y) ∀(x, y) ∈ R ent˜ao
ZZ
ZZ f (x, y)dA 6
R
g(x, y)dA. R
6. Se R1 e R2 s˜ao rectˆangulos que n˜ao se intersectam, excepto possivelmente sobre os lados, se f ´e integr´avel em R1 e R2 e se R = R1 ∪ R2 ent˜ao f ´e integr´avel em R e ZZ ZZ ZZ f (x, y)dA = f (x, y)dA + f (x, y)dA. R1
R
R2
7. Se f ´e integr´avel em R ent˜ao ZZ ZZ f (x, y)dA| 6 |f (x, y)|dA. | R
R
Para calcular o volume de s´olidos limitados pelo gr´afico de fun¸c˜oes integr´aveis que tomam valores n˜ao positivos, consideramos a fun¸c˜ao que toma valores sim´etricos e usamos ZZ −f (x, y)dA. R
22
2.4.2
Integrais iterados
Vamos desenvolver um m´etodo para calcular o volume de um s´olido como o descrito na sec¸c˜ao anterior sem recorrer `a defini¸c˜ao. Para isso vamos utilizar conhecimentos sobre integrais simples para o c´alculo da ´area de uma figura plana. Suponhamos que o s´olido (S) cujo volume queremos calcular est´a compreendido entre o rectˆangulo R = [a, b] × [c, d] e o gr´afico de uma fun¸c˜ao cont´ınua e positiva em R. Consideremos a intersec¸c˜ao de (S) com um plano vertical y = y¯ (constante). A ´area desta intersec¸c˜ao pode ser calculada usando integrais simples. De facto, para y = y¯, fixo, definimos uma fun¸c˜ao g : [a, b] → R . x 7→ f (x, y¯) A ´area que pretendemos calcular ´e limitada pelo segmento [a, b] e pelo gr´afico de g logo, ´e dada por Z b
g(x)dx.
A(¯ y) = a
Esta constru¸c˜ao define uma fun¸c˜ao ´area que depende do valor que y¯ toma em [c, d]. A soma dos valores de A(¯ y ) para todos os valores que y¯ pode tomar ´e igual ao volume de (S). No entanto, o n´ umero de valores que y¯ pode tomar em [c, d] ´e infinito. Tentemos aproximar esta soma infinita considerando uma parti¸c˜ao de [c, d]: c = y0 , y1 , . . . , yn−1 , yn = d. Sendo yi∗ ∈ [yi−1 , yi ], a soma infinita que d´a o volume de (S) ´e aproximada pela soma finita n X A(yi∗ )(yi − yi−1 ). Vn = k=1
´ claro que quanto maior fˆor n tanto melhor ´e a aproxima¸c˜ao e o volume de E (S) ´e dado por V = lim Vn , n→+∞
supondo que o limite existe e ´e finito. Recordando a defini¸c˜ao de integral simples ´e f´acil ver que Z d V = A(y)dy. c
Este m´etodo de calculo do volume de um s´olido ´e conhecido por Princ´ıpio de Cavalieri.
23
Note-se que ZZ V
f (x, y)dA
= R d
Z =
A(y)dy Z d Z b g(x)dx dy = c a Z d Z b f (x, y)dx dy. = c
c
a
Este u ´ltimo integral ´e conhecido por integral iterado. De notar tamb´em que, considerando a intersec¸c˜ao de (S) com um plano vertical x = x¯ (constante) na constru¸c˜ao acima, obtemos um outro integral iterado Z b Z d f (x, y)dy dx. a
c
Os integrais iterados permitem calcular o integral duplo usando m´etodos de integra¸c˜ao simples. O valor de Z b Z d f (x, y)dy dx a
c
obt´em-se calculando
d
Z
f (x, y)dy c
o que, supondo x constante, permite obter uma fun¸c˜ao de x que se integra em [a, b]. Para calcular cada um dos dois integrais simples utilizamos, por exemplo, o Teorema Fundamental do C´alculo. Exemplo 15. C´alculo de ZZ f (x, y)dA R
onde f (x, y) = x2 + y 2 e R = [−1, 1] × [0, 1]. Vamos come¸car por calcular Z 1 Z 1 f (x, y)dy = (x2 + y 2 )dy. 0
0
Supondo x constante e sabendo que uma primitiva de a + y 2 , com a ∈ R ´e 1 ay + y 3 , 3 24
usamos o Teorema Fundamental do C´alculo para obter 1 Z 1 1 3 1 2 2 2 (x + y )dy = x y + y = x2 + . 3 3 0 0 Voltamos a usar o Teorema Fundamental do C´alculo para integrar esta fun¸c˜ao de x em [−1, 1], obtendo 1 Z 1Z 1 1 3 1 4 f (x, y)dydx = x + x = . 3 3 −1 3 −1 0 ♣ Um resultado importante para o c´alculo de integrais duplos ´e o seguinte Teorema 2.6 (de Fubini). Se f ´e integr´ avel em R = [a, b] × [c, d] ent˜ ao ZZ Z b Z d Z d Z b f (x, y)dA = f (x, y)dy dx = f (x, y)dx dy. R
2.4.3
a
c
c
a
Dom´ınios de integra¸ c˜ ao n˜ ao rectˆ angulos
Comecemos com a seguinte Defini¸c˜ ao 2.8. Chama-se regi˜ ao elementar a uma regi˜ ao D do plano limitada por um n´ umero finito de gr´ aficos de fun¸c˜ oes reais de vari´ avel real cont´ınuas. ♠ H´a trˆes tipos de regi˜ao elementar: • de tipo 1 ou verticalmente simples quando D ´e limitada pelo gr´afico de duas fun¸c˜oes na vari´avel x e por segmentos de recta verticais, isto ´e, ∃ φ1 , φ2 : [a, b] → R : φ1 (x) 6 φ2 (x) ∀ x ∈ [a, b] e D = {(x, y) ∈ R2 : x ∈ [a, b] ∧ φ1 (x) 6 y 6 φ2 (x)}; • de tipo 2 ou horizontalmente simples quando D ´e limitada pelo gr´afico de duas fun¸c˜oes na vari´avel y e por segmentos de recta horizontais, ou seja, ∃ ψ1 , ψ2 : [c, d] → R : ψ1 (y) 6 ψ2 (y) ∀ y ∈ [c, d] e D = {(x, y) ∈ R2 : y ∈ [c, d] ∧ ψ1 (y) 6 x 6 ψ2 (y)}; 25
• de tipo 3 se D ´e simultaneamente de tipo 1 e 2. Um exemplo de regi˜ao elementar de tipo 3 ´e D = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 6 1}, a regi˜ao limitada pela circunferˆencia de raio 1. Podemos descrever esta regi˜ao como (tipo 1) √ √ {(x, y) ∈ R2 : x ∈ [−1, 1] ∧ φ1 (x) = − 1 − x2 6 y 6 1 − x2 = φ2 (x)} ou (tipo 2) p p {(x, y) ∈ R2 : y ∈ [−1, 1] ∧ ψ1 (y) = − 1 − y 2 6 x 6 1 − y 2 = ψ2 (y)}. Note-se que se uma fun¸c˜ao f : R2 → R ´e limitada e descont´ınua apenas na fronteira de uma regi˜ao elementar D ent˜ao f ´e integr´avel num rectˆangulo contendo D (ver Teorema ??). Assim, ´e poss´ıvel calcular integrais duplos em regi˜oes elementares. Defini¸c˜ ao 2.9. Seja D uma regi˜ ao elementar e R um rectˆ angulo contendo D. Dada uma fun¸c˜ao cont´ınua f : D → R, definimos o integral de f em D, ZZ f (x, y)dA, D
do seguinte modo: seja f ∗ a extens˜ ao de f a R tal que f (x, y) se (x, y) ∈ D ∗ f (x, y) = 0 se (x, y) ∈ R\D. Como f ∗ ´e cont´ınua e limitada, excepto possivelmente na fronteira de D, pelo Teorema ??, f ∗ ´e integr´avel em R. Definimos ZZ ZZ f (x, y)dA = f ∗ (x, y)dA. R
D
♠ Exerc´ıcio 13. Mostre que o valor de ZZ f (x, y)dA D
n˜ao depende do rectˆangulo R escolhido para o seu c´alculo. 26
./
Podemos calcular o integral duplo numa regi˜ao elementar D usando integrais iterados como mostra o seguinte Teorema 2.7. Se f ´e cont´ınua numa regi˜ ao elementar D ent˜ ao o integral de f em D ´e dado por ZZ Z b Z φ2 (x) f (x, y)dydx, f (x, y)dA = a
D
se D ´e de tipo 1, e por ZZ
φ1 (x)
d
Z
Z
ψ2 (y)
f (x, y)dxdy,
f (x, y)dA = c
D
ψ1 (y)
se D ´e de tipo 2. Demonstra¸c˜ao: Fazemos a demonstra¸c˜ao para regi˜oes elementares de tipo 1. A demonstra¸c˜ao ´e an´aloga para tipo 2. Seja D = {(x, y) ∈ R2 : x ∈ [a, b] ∧ φ1 (x) 6 y 6 φ2 (x)} com φ1 , φ2 : [a, b] → R cont´ınuas. Temos ZZ ZZ f (x, y)dA = f ∗ (x, y)dA, R
D
R = [a, b] × [c, d] e
∗
f (x, y) =
f (x, y) se (x, y) ∈ D 0 se (x, y) ∈ R\D.
Para calcular o integral em R vamos recorrer ao Teorema de Fubini e usar integrais iterados para obter ZZ Z bZ d f (x, y)dA = f ∗ (x, y)dydx. D
a
c
Sendo f ∗ (x, y) = 0 se y < φ1 (x) ou y > φ2 (x), vem Z d Z φ2 (x) ∗ f (x, y)dy = f (x, y)dy, c
φ1 (x)
♦
ficando provado o teorema.
Exerc´ıcio 14. Demonstre o teorema anterior para regi˜oes elementares do tipo 2. ./ 27
RR Exemplo 16. C´alculo de D (1−y +x)dxdy onde D ´e o triˆangulo de v´ertices (0, 0), (−1, 0) e (0, 1). Definindo φ1 : [−1, 0] → R e φ2 : [−1, 0] → R como φ1 (x) = 0 e φ2 (x) = 1 + x podemos escrever D = {(x, y) ∈ R2 : x ∈ [−1, 0] ∧ φ1 (x) 6 y 6 φ2 (x)}. Usando o teorema anterior, temos ZZ Z (1 − y + x)dxdy =
0
−1 Z 0
D
Z
1+x
(1 − y + x)dydx 0
1+x 1 2 = (1 + x)y − y 2 −1 0 Z 0 1 = ((1 + x)2 − (1 + x)2 )dx 2 −1 0 1 1 (1 + x)3 = = . 6 6 −1 ♣ Para regi˜oes elementares de tipo 3 utilizamos o teorema acima para regi˜oes de tipo 1 ou 2 conforme fˆor mais conveniente j´a que Z d Z ψ2 (y) Z b Z φ2 (x) ZZ f (x, y)dxdy. f (x, y)dydx = f (x, y)dxdy = a
D
Exemplo 17. Para calcular Z 2 Z ln(x) 1
c
φ1 (x)
ψ1 (y)
√ (x − 1) 1 + e2y dydx,
0
notamos que ´e muito dif´ıcil encontrar uma primitiva da fun¸c˜ao em ordem a y mas bastante simples de encontrar uma primitiva em ordem a x. A regi˜ao de integra¸c˜ao ´e dada pelo conjunto dos pontos que verificam 1 6 x 6 2 e 0 6 y 6 ln(x), que ´e de tipo 1. Mas, o mesmo conjunto de pontos pode ser descrito por 0 6 y 6 ln(2) e ey 6 x 6 2, o que caracteriza uma regi˜ao de tipo 2. Assim, o integral a calcular ´e igual a Z ln(2) Z 2 √ (x − 1) 1 + e2y dxdy. 0
ey
Deste modo, j´a o c´alculo das primitivas ´e f´acil. 28
♣
2.4.4
C´ alculo da ´ area de uma regi˜ ao plana
Suponhamos que a regi˜ao D cuja ´area queremos calcular ´e elementar de tipo 1. Trata-se de uma regi˜ao compreendida entre o gr´afico de duas fun¸c˜oes φ1 (x) e φ2 (x) definidas num intervalo [a, b]. Sabemos calcular a ´area A da regi˜ao D usando o integral simples Z b A= (φ2 (x) − φ1 (x))dx. a
Mas, Z bZ
ZZ
φ2 (x)
dydx =
dxdy = a
D
φ1 (x) b
Z
(φ2 (x) − φ1 (x))dx
= a
pelo Teorema Fundamental do C´alculo. Logo, ZZ dxdy A= D
pelo que podemos calcular ´areas usando o integral duplo. Exerc´ıcio 15. Mostre que a ´area de uma regi˜ao plana do tipo 2 ´e dada por ZZ dxdy. D
./
3
Bibliografia
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