1. Como encaminhar uma pesquisa? 1.1 Que é pesquisa?
Pesquisa – procedimento procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. É requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. 1.2 Por que se faz pesquisa?
Dois grandes grupos: razões de ordem intelectual e razões de ordem prática. - Razões Razões de ordem ordem intelect intelectual ual:: decorrem decorrem do desejo desejo de conhec conhecer er pela própria satisfação satisfação de conhecer. - Razões de ordem prática: decorrem do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de modo mais eficiente ou eficaz. 1.3 O que é necessário para se fazer uma pesquisa?
1) Qualidades pessoais do pesquisador a) conhecimento do assunto a ser pesquisado b) curiosidade c) criatividade d) integridade intelectual e) atitude autocorretiva f) sensibilidade social g) imaginação disciplinada h) perseverança e paciência i) confiança na experiência 2) Recursos humanos, materiais e financeiros - Precisa fazer um orçamento adequado. 1.4 Por que elaborar um projeto de pesquisa?
Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo do seu processo sejam efetivamente planejadas. A moderna concepção de planejada, apoiada na Teoria Geral dos Sistemas, envolve quatro elementos necessários à sua compreensão: processo, eficiência, prazos e metas. Planejamento da pesquisa: processo sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior efic eficiê iênc ncia ia à inve invest stig igaç ação ão para para em dete determ rmin inad ado o praz prazo o alca alcanç nçar ar o conj conjun unto to das das me meta tass estabelecidas. Concretiza-se mediante a elaboração de um projeto, que é o documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa. 1.5 Quais os elementos de um projeto de pesquisa?
1) Formulação de um problema 2) Construção de hipóteses ou especificação dos objetivos 3) Identificação do tipo de pesquisa 4) Operacionalização das variáveis 5) Seleção da amostra
6) Elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de coleta de dados 7) Previsão da forma de apresentação dos resultados 8) Cronograma da execução da pesquisa 9) Definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a serem alocados 2. Como formular um problema de pesquisa 2.1 O que é mesmo um problema?
Primeiro, tem que se identificar o que não é: - Problemas de engenharia: referem-se a como fazer algo de maneira eficiente, - Problemas de valor: indagam se uma coisa é boa, má, desejável, indesejável, certa ou errado, ou se é melhor ou pior que outra, indagam se algo deve ou deveria ser feito. Problema de natureza científica: envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis, suscetíveis de observação o manipulação. 2.2 Por que formular um problema?
O problema de pesquisa pode ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. - Pode-se formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar determinada ação. - Pode-se formular um problema voltado para a avaliação de certas ações ou programas. - Pode-se formular um problema referente às consequências de varias alternativas possíveis. Outra categoria de problema decorrente de interesses práticos refere-se à predição de acontecimentos, com vistas a planejar uma ação adequada. Razões de ordem intelectual: interesse na exploração de um objeto pouco conhecido; interesse em áreas já exploradas, com objetivo de determinar com maior especificidade as condições em que certos fenômenos ocorrem ou como podem ser influenciados por outros; testar uma teoria específica; descrição de determinado fenômeno. Os mais importantes valores que determinam a escolha de problema de pesquisa são os valores sociais do pesquisador e os incentivos sociais. 2.3 Como formular um problema?
3.1 Complexidade da questão Não há procedimentos rígidos, mas algumas condições facilitam essa tarefa: imersão sistemática no objeto, estudo de literatura existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática no campo de estudo. Regras práticas para a formulação do problema: a) O problema deve ser formulado como pergunta b) O problema deve ser claro e preciso c) O problema deve ser empírico
d) O problema deve ser suscetível de solução (Possibilidade de resolver com os métodos disponíveis) e) O problema deve ser limitado a uma dimensão viável (Delimitação do tema) 3. Como construir hipóteses 3.1 O que são hipóteses?
Hipótese: proposição testável (passível de ser declarada verdadeira ou falsa) que pode vir a ser a solução do problema. 3.2 Como podem ser classificadas as hipóteses?
1) Casuísticas Refere-se a algo que ocorre em determinado caso; afirmam que um objeto, uma pessoa ou um fato especifico tem determinada característica. Frequentes na pesquisa histórica, onde os fatos são tidos como únicos. 2) Referem-se à frequência de acontecimentos Frequentes na pesquisa social. 3) Estabelecem relação de associação entre variáveis Variável: tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou aspectos, segundo os casos particulares ou as circunstancias. 4) Estabelecem relação de dependência entre duas ou mais variáveis Estabelece que uma variável interfere na outra. Estabelecem a existência de relações causais entre as variáveis. O que geralmente o pesquisador busca é o estabelecimento de relações assimétricas entre as variáveis. Relações assimétricas: indicam que os fenômenos não são independentes entre si (relações simétricas) e não se relacionam mutuamente (relações reciprocas), mas que um exerce influencia sobre o outro. São classificadas em seis tipos: a) Associação entre um estímulo e uma resposta b) Associação entre uma disposição e uma resposta c) Associação entre uma propriedade e uma disposição d) Associação entre pré-requisito indispensável e um efeito e) Relação imanente entre duas variáveis (uma é gerada pela outra) f) Relação entre meios e fins 3.3 Como chegar a uma hipótese?
O processo de elaboração de hipóteses é de natureza criativa. Principais fontes das quais surgem as hipóteses: a) Observação: procedimento fundamental na construção de hipóteses.
b) Resultados de outras pesquisas: conduzem a conhecimentos mais amplos que aquelas decorrentes da simples observação. c) Teorias: proporcionam ligação com o conjunto mais amplo da ciência. d) Intuição 3.4 Características da hipótese aplicável
a) Deve ser conceitualmente clara (conceitos definidos – definições operacionais) b) Deve ser específica c) Deve ter referencias empíricas: hipóteses que envolvem julgamento de valor não podem ser adequadamente testadas. d) Deve ser parcimoniosa: uma hipótese simples deve ser preferível a uma mais complexa e) Deve estar relacionada com as técnicas disponíveis f) Deve estar relacionada com uma teoria: hipóteses elaboradas sem qualquer vinculação às teorias existentes não possibilitam a generalização de seus resultados. 3.5 As hipóteses são necessárias em todas as pesquisas?
Rigorosamente, todo procedimento de coleta de dados depende da formulação previa de uma hipótese. Em algumas pesquisas as hipóteses são implícitas e em outras são formalmente expressas. 4. Como classificar as pesquisas 4.1 Como classificar as pesquisas com base em seus objetivos?
Com base em seus objetivos gerais: exploratórias, descritivas e explicativas. a) Pesquisas exploratórias Têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; c) análise de exemplos que estimulem a compreensão. Na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso. b) Pesquisas descritivas Têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Ex: pesquisa que tem como objetivo estudar as características de um grupo, pesquisas eleitorais. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação de existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. c) Pesquisas explicativas
Têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Pode-se dizer que o conhecimento cientifico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. 4.2 Como classificar as pesquisas com base nos procedimentos técnicos utilizados?
O delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação de coleta de dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera o ambiente em que são coletados os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas. O elemento mais importante para a identificação de um delineamento e o procedimento adotado para a coleta de dados, dividindo-se em dois grandes grupos: •
Fontes de papel: Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental
•
Dados fornecidos por pessoas: Pesquisa experimental Pesquisa “ex-post-facto” Levantamento Estudo de caso Pesquisa ação e pesquisa participante
4.3 Que é pesquisa bibliográfica?
1. Conceituação A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisa bibliográfica. 2. Fontes bibliográficas a) Livros de leitura corrente b) Livros de referência – informativa (dicionários, “vade mecum”) / remissiva (catálogo) c) Publicações periódicas: jornais, revistas d) Impressos diversos
3. Vantagens e limitações Vantagem: permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Limitação: muitas vezes as fontes secundarias apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada. 4.4 O que é pesquisa documental?
1. Conceituação A pesquisa documental assemelha-se muito à bibliográfica. A diferença essencial está na natureza das fontes. Enquanto a bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. 2. Fontes documentais Fontes mais diversificadas e dispersas. Há os documentos que não receberam nenhum tratamento analítico (“de primeira mão”) (arquivos de órgãos públicos, instituições privadas etc.) e documento que já foram de alguma forma analisados (relatórios de pesquisas, relatórios de empresas etc.). É possível tratar a pesquisa bibliográfica como um tipo de pesquisa documental, que se vale especialmente de material impresso fundamentalmente para fins de leitura. 3. Vantagens e limitações Vantagens: documentos constituem fonte rica e estável de dados; custo; não exigir contato com os sujeitos da pesquisa. Limitações: não representatividade e à subjetividade dos documentos 4.5 O que é pesquisa experimental?
1. Conceituação Consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. 2. Modalidades a) Experimentos “apenas depois”: são constituídos dois grupos denominados “grupo experimental” e “grupo de controle”. Estes dois grupos devem apresentar a maior homogeneidade em relação a todas as características relevantes que possa ser possível controlar. Aplica-se o estímulo apenas ao experimental, e finalmente procede-se à medição das características de ambos. b) Experimentos “antes-depois” com um único grupo: é o mais simples. É constituído por um grupo, geralmente reduzido, previamente definido quanto a suas características fundamentais. c) “Antes-depois” com dois grupos: o grupo experimental e o de controle são medidos no início e no fim do período experimental. O estímulo é introduzido apenas no grupo experimental. Para alguns autores, apenas as pesquisas deste grupo podem ser consideradas rigidamente experimentais. 3. Vantagens e limitações Vantagem: possibilita o mais elevado grau de clareza, precisão e objetividade dos resultados. Limitação: por exigir previsão de relação entre as variáveis a serem estudadas, bem como o seu controle, torna-se, em boa parte dos casos, inviável quando se trata de objetos sociais. 4.6 O que é pesquisa Ex-post-facto?
Tem-se um experimento que se realiza depois dos fatos. Basicamente, são tomadas como experimentais situações que se desenvolvem naturalmente e trabalha-se sobre elas como se estivessem submetidas a controles. Difere da experimental porque aqui os fatos são espontâneos. Nos estudos que envolvem a sociedade global a pesquisa ex-post-facto é insubstituível, porque é a única que possibilita a consideração dos fatores históricos, que são os fundamentais para a compreensão das estruturas sociais. 4.7 O que é levantamento?
1. Características Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas (amostragem) acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo. Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. 2. Vantagens e limitações Vantagens: a) Conhecimento direto da realidade b) Economia e rapidez c) Quantificação Limitações: a) Ênfase nos aspectos perceptivos. b) Pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais c) Limitada apreensão do processo de mudança (colheita de dados de um momento estático) Assim, os levantamentos são mais adequados para estudos descritivos que explicativos. São muito uteis para o estudo de opiniões e atitudes, porem pouco indicados no estudo de problemas referentes a relações e estruturas sociais complexas. 4.8 Que é estudo de caso?
1. Características É caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados. Pode ser visto como técnica psicoterápica, como método didático ou como método de pesquisa. A maior utilidade é verificada nas pesquisas exploratórias. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente conhecido a ponte de ser enquadrado em determinado tipo ideal.
2. Vantagens e limitações Vantagens: a) Estímulo a novas descobertas: recomendado para pesquisas exploratórias b) Ênfase na totalidade c) Simplicidade dos procedimentos (relatórios em linguagem acessível) Limitações: a) Dificuldade de generalização dos resultados obtidos 4.9 Que é pesquisa-ação?
Tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos. 4.10 Que é pesquisa-participante?
Caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A pesquisa-ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Envolve posições valorativas, derivadas sobretudo do humanismo cristão e de certas concepções marxistas. 5. Como delinear uma pesquisa bibliográfica? 5.1 Fases da pesquisa bibliográfica
1. Determinação dos objetivos 2. Elaboração do plano de trabalho 3. Identificação das fontes 4. Localização das fontes e obtenção do material 5. Leitura do material 7. Tomada de apontamentos 8. Confecção de fichas 9. Redação do trabalho 5.2 Determinação dos objetivos
a) Redefinição de um problema b) Obtenção de informações acerca de técnicas de coleta de dados c) Obtenção de dados em resposta ao problema formulado d) Interpretação dos resultados 5.3 Elaboração do plano de trabalho 5.4 Identificação das fontes
5.5 Localização das fontes e obtenção do material 5.6 Leitura do material
5.6.1. Diversidade de tipos de leitura A leitura que se faz na pesquisa bibliográfica deve servir aos seguintes objetivos: a) Identificar as informações e os dados constantes do material impresso b) Estabelecer relações entre as informações e os dados obtidos com o problema proposto c) Analisar a consistência das informações e dados apresentados pelos autores Classificam-se em: 1) Leitura exploratória Leitura rápida do material bibliográfico, que tem por objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa. 2) Leitura seletiva Determinação do material que de fato interessa à pesquisa. É mais profunda que a exploratória. 3) Leitura analítica É feita a partir de textos selecionados. Tem como finalidade ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema de pesquisa. O pesquisador deve adotar atitude de imparcialidade, objetividade e respeito. Passa pelos seguintes momentos: a) Leitura integral da obra ou do texto selecionado, para se ter uma visão do todo. b) Identificação das ideias chaves. c) Hierarquização das ideias. d) Sintetização das ideias.
4) Leitura interpretativa É a mais complexa, já que tem por objetivo relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma solução. Na leitura interpretativa procura-se conferir significado mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica. Enquanto nesta ultima, por mais bem elaborada que seja, o pesquisador fixa-se nos dados, na leitura interpretativa vai além deles, através de sua ligação com outros conhecimento já obtidos. 5.7 Tomada de apontamentos 5.8 Confecção das fichas 5.9 Redação do trabalho
Aspectos a serem considerados: conteúdo, estilo e aspectos gráficos. 1) Conteúdo: três partes – introdução, contexto e conclusões.
2) Estilo: qualidades necessárias – impessoalidade, clareza, precisão e concisão. 3) Aspectos gráficos do relatório: organização das partes e titulação; disposição do texto; citações; notas de rodapé; tabelas; gráficos e ilustrações e bibliografia.