Encontro: 23 de outubro de 2008 Facilitador: Charles Couto
ACADEMIA CULTURAL 2008 - ANO XII
REFLEXÕES E APONTAMENTOS OPERATIVOS
A Regressão a Vidas Passadas como Método de Cura
Pesquisa: Helder Henrique da Silva Revisão: Ana Rita Soares
Tema: A Natureza, o Homem e suas Formas de Expressão
Academia Cultural / 2008 – Ano XII / Segundo Semestre
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Título do Livro:
A Regressão a Vidas Passadas como Método de Cura
Sobre o Livro:
Estudo sobre a reencarnação, tanto como experiência como método psicoterápico.
Autor:
Thorwald Dethlefsen
Sobre o Autor:
Thorwald Dethlefsen é psicólogo diplomado pela Universidade de Munique e alcançou grande renome com seus livros e com o documentário feito para a TV: “Vivemos apenas uma vez?” Atualmente, dirige o “Privatinstitut für Ausserordentliche Psychologie” [Instituto particular para psicologia fora do comum] de Munique.
Editora/Cidade:
São Paulo
N /Ano da Edição:
1997
Tema:
Estratégias para a Realização Pessoal e Profissional
Pesquisa:
Helder Henrique da Silva
Referências Bibliográficas:
Dethlefsen, Thoward. A Regressão a Vidas Passadas como Método de Cura. São Paulo: Pensamento, 1997. CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
Facilitador:
Charles Couto
°
Fale Conosco:
Copyright: N de Páginas/Capítulos: °
1975
243
Revisão: Ana Rita Soares
www.academiacultural.com.br
[email protected] 55 31 3297-7428
Tema: A Natureza, o Homem e suas Formas de Expressão
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Sumário Prólogo ........................................................................................................................... 4 1. Contexto do Problema e Justificativa ........................................................... 5 2. Objetivos .................................................................................................................. 7 3. Metodologia............................................................................................................. 7 4. Tratamento e análise parcial dos dados ...................................................... 9 5. Considerações (Quase)Finais ......................................................................... 11 Epílogo e Apontamentos Operativos ................................................................ 13 Referências Bibliográficas ..................................................................................... 14
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Prólogo O livro A Regressão a Vidas Passadas como Método de Cura quer provar uma convicção arrogando para si um conhecimento, que, para ser aceito, exige para si um estatuto de ciência. Destarte, é uma reivindicação cientifica, uma vez que defende a experiência da reencarnação, além de defender que psicopatologias na vida de vigília remontam a traumas ocorridos em vidas passadas. O problema capital, todavia, que se inscreve no exposto, está baseada em toda produção que almeje caráter científico deve observar o seu próprio desejo político e ideológico, não apenas como impulso de investigação, mas também, mediante um sobre esforço de autocrítica, colocar estas mesmas convicções no domínio de um objeto de investigação. Então, para promover o almejado discernimento entre interpretação e os fatos concretos, optou-se aqui por desenvolver um trabalho que
organize cientificamente a proposta descrita no livro. A Regressão de vidas passadas como método de cura é uma obra audaciosa que atende aos objetivos investigativos da Academia Cultural, de modo a provocar o leitor quanto a possibilidade de se abrir para novas possibilidades acerca não apenas da vida como também da morte. Por ora um outro problema suscitado poderia ser explicitado com a seguinte pergunta, Seria também uma pesquisa que atenderia aos objetivos da instituição universitária? A partir desta questão, este trabalho apresentará a conformação de um anteprojeto de pesquisa para Mestrado no departamento de Psicologia de qualquer universidade. Assim, convido ao leitor a usufruir integralmente desta proposta de modo a imaginar quais seriam as reações deste projeto caso o mesmo fosse submetido.
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1. Contexto do Problema e Justificativa Do ponto de vista do estudo dos costumes da coletividade e da vida social, possuímos um imaginário pelo qual se reproduzem ideologias e modelos valorativos de compreensão do mundo. Consoante Dethlefsen (1997), este fenômeno pode afetar negativamente o indivíduo, no caso em que este se aferre a tais referências de realidade, de modo até mesmo sofrer padecimentos psíquicos decorrentes de fixações às mesmas. Neste sentido, o tema da reencarnação não pertence a coleção de ideologias aceitas, não sendo então um tema fácil a ser pesquisado. Contudo, apesar de ser um tema controverso, a hipótese da reencarnação se destaca por sua característica multicultural. De acordo com Dethlefsen (1997), a reencarnação é um conceito presente no cerne de todas as religiões1, o que contribui para que suscite, em torno da temática, problemas passíveis de investigação. É, com efeito, importante lançar várias questões que oportunizem resultados acerca de um tema tão complexo e polêmico. Por exemplo, como pode
ser possível a reencarnação uma mera crença, sendo esta compartilhada por povos étnica, geográfica e historicamente distintos e que pouco provavelmente tiveram comunicação entre si? A despeito de refutarmos a informação do autor de que o termo reencarnação deriva do grego, concordamos com a sua tradução, a de que reencarnar significa, certamente em latim, fazer-se carne outra vez. Aliás, a reencarnação possui outros argumentos etnológicos que corroboram a sua hipótese. Entre tais salienta-se concepção tripartite do ser humano, dividido em corpo, alma e espírito, sendo este último considerado imortal e independente da manifestação carnal. Quando se estuda os aspectos antropológicos e filosóficos acerca da reencarnação salienta-se esta noção enquanto um conjunto de crenças e deixa-se de lado a possibilidade de estudar a hipótese factual e vivencial da reencarnação.
Na tradição judaico-cristã este conceito reencarnacionista foi abolido por interesses defendidos no Concílio de Constantinopla, no Séc. VI. 1
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De acordo com Dethlefsen (1997), a Regressão a Vidas Passadas, além de ser uma possível comprovação experimental da teoria da reencarnação, se mostra também como um singular método de cura para padecimentos psíquicos. Assim sendo, a pesquisa sobre a reencarnação passa a se justificar também por suas propriedades terapêuticas. Partindo da tese psicanalítica de que o sintoma surge da expressão de uma emoção intensa, que, ao seu modo, remonta a um conflito esquecido e não elaborado, a orientação psicoterápica em questão postula que a elaboração da memória de vidas passadas se mostra como um interessante recurso para o tratamento de traumas psíquicos. Segundo o autor (1997), o método de regressão por meio da hipnose permite que o sujeito elabore uma cura no processo de regressão. Tal cura consiste na reorganização das emoções, mediante o reposicionamento do sujeito. Para tanto, o autor postula que é indispensável o confronto do sintoma com lembrança da experiência traumática do sujeito.
Contudo, cabe lembrar as atuais noções construtivistas do processo mnêmico. Como nos salienta Cury, a memória está longe de ser uma recordação ou uma regressão, não sendo, pois, um mero olhar para o passado. De modo diverso, a memória é um processo de totalidade, sendo o recordar uma construção identitária no qual o presente constitui o passado para assim produzir experiências futuras. A ruptura da linearidade temporal possui um estreito paralelo com as noções bergsonianas acerca da memória, sendo esta um processo de duração, conceito fundamental para a noção de sujeito nas orientações psicoterápicas de base fenomenológico-existencial. Sob o prisma teoria psicanalítica, a noção do complexo demonstra a importância do tratamento clínico para o sofrimento psíquico, uma vez que, por meio da clinica, se verifica que as vidas são constituídas pelo sujeito e que este é constituído por seu campo vital. Sendo assim, a integração dos diversos contextos e vidas resulta na constituição do sujeito, como base para a tese de que a recordação é uma forma de construir a história individual, de modo a implicar o sujeito pelo próprio processo de vida.
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2. Objetivos 2.1.Objetivo Geral Avaliar a experiência de regressão a vidas passadas em seu emprego como método de cura e como comprovação experimental da teoria da reencarnação.
2.2.Objetivos Específicos 2.2.1 – Avaliar a eficácia da regressão como método de cura;
2.2.2 – Diagnosticar os resultados terapêuticos tendo em vista critérios psicodiagnósticos, os sintomas e a queixa do paciente em torno do seu sofrimento; 2.2.3 - Subsidiar unidades terapêuticas e terapeutas quanto uma possível validade da técnica de regressão; 2.2.4 - Capacitar profissionais da psicoterapia quanto a utilização de técnicas da regressão nos mais diversos contextos clínicos.
3. Metodologia 3.1. Modelo de Investigação Optou-se, para desenvolver esta pesquisa, pela descrição de discursos e sinais verbais e nãoverbais registrados durante sessões psicoterapêuticas. O método clínico foi empregado por oportunizar o foco vivencial dos conteúdos tratados. Nestes, a lógica emocional das experiências relatadas pelos clientes suplanta a lógica cronológica do tempo situacional. (Dethlefsen, 1997) Para tanto, o método clínico será compreendido basicamente por quatro etapas.
A primeira é o diagnóstico. O autor
defende que este procedimento deve ser sumário, sendo considerando o menos relevante tanto para o processo de investigação como o de cura. O diagnóstico consiste em levantar informações por meio de uma anamnese do paciente, pela qual se registrará todo tipo de alteração, como elementos orgânicos neurológicos, doenças, acidentes e outros itens anatomopatológicos que o paciente sofra. O autor se isenta em relação a um possível psicodiagnóstico da estrutura psíquica dos pacientes, ressaltando que classificar sintomas é muito menos
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importante que o sujeito estar ali procurando por ajuda. Outro elemento valorizado no diagnóstico é o horóscopo. Segundo o autor, por meio do horóscopo pessoal é possível desenvolver a cartografia do melhor desenvolvimento do sujeito, suas dificuldades e crises. Por fim, salienta, como complemento diagnóstico, a avaliação psicológica. O autor utiliza especificamente o Teste de Cores de Luscher. A segunda parte do método clínico do autor é a hipnose. Inicia-se a
preparação para esta etapa com o Teste do Pêndulo, no qual se verifica o grau de adesão e de sugestão do paciente, além da relação entre imaginação e o seu impacto na expressão da realidade fenomênica. O autor salienta que hipnose não é um processo de manipulação, como sugeriu as apresentações sensacionalistas em teatros feitas por mágicos. De diferente modo, a hipnose se aproxima de um relaxamento ou sono profundo e é análoga a uma lente de aumento para o campo da consciência. O campo se amplia, mas corre-se o risco de se perder os detalhes, havendo, pois, a necessidade de um manejo psicológico para a sua elaboração. O autor chamou por dramatização da experiência a terceira parte de seu método clínico. Nela, o
paciente adentra no campo de imagens, sensações, pensamentos, lembranças sem qualquer intenção preestabelecida conscientemente. A imaginaçãoativa, técnica desenvolvida por C.G.Jung, é a base da dramatização da experiência, de modo que por meio desta se elabora vivências, como experiências de sentido, isto é, experiências do simbólico. A quarta e última etapa consiste na regressão ao nascimento e na vivência de vidas passadas. De
acordo com o autor, é neste momento que se descobre experiencialmente que o “não se lembrar de” é um “não querer se lembrar de”. A partir de uma experiência-piloto observou-se o desenvolvimento de detidas e aprofundadas descrições da vida intra-uterina e de outras formas de vida. Tenciona-se assim replicar estes experimentos nos procedimentos desta pesquisa, de modo a escrever as vidas passadas com precisão de detalhes, datas, nomes e conjunturas traumáticas. Nestes modus operandi , a sessão termina com o retorno ao momento atual de vida do paciente sem que ele se esqueça das vivencias relatadas, na qual se opera o confronto das lembranças com a personalidade do indivíduo desperto.
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3.2. Sujeitos Durante o projeto-piloto, os sujeitos da investigação foram pessoas que tinham interesse no tema ou que mesmo declaravam crer na hipótese da reencarnação. O número de sessões foi variável e o número de sujeitos, de ambos os sexos, não foram especificados. A faixa etária estipulada foi dos 25 a 35 anos. A inscrição dos mesmos no experimento se deu por meio de anúncio em jornal. Sujeitos Mulheres Homens
Voluntários 20 20
Nesta pesquisa será realizado também convite público para pessoas interessadas e para pessoas com sofrimento mental de alto grau de disfuncionabilidade provenientes de hospitais psiquiátricos. Todos os sujeitos atestarão consentimento por meio das resoluções de ética e os dispositivos legais cabíveis.
Pacientes Psiquiátricos 10 10
3.3. Instrumentos Apesar de não ter sido salientado pelo autor, é interessante a demarcação de instrumentos que captem adequadamente os diversos registros verbais e nãoverbais do sujeito. Destarte, o instrumento deverá além considerar as funções psicológicas
superiores básicas (memória, concentração, sensação, pensamento, sentimento e imaginação), há que se destacar, nos instrumentos desenvolvidos, o comportamento não-verbal do sujeito do experimento.
4. Tratamento e análise parcial dos dados Por meio da descrição do projetopiloto, pôde-se estabelecer construções que não se restringem ao saber psicológico, mas também aportes antropológicos e filosóficos acerca do tema.
Em se tratando de filosofia, o autor desenvolve um confronto de suas descobertas com os conhecimentos das tradições do ocidente e oriente. O primeiro ensinamento é que as tradições
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orientais não são mais profundas que as ocidentais sendo que as tradições da alquimia, da cabala e da magia possuem uma instigante identidade com a sabedoria da Índia, Japão e China.
e deve se implicar pelo sentido da mesma. Assim sendo, a compreensão desta lei possibilita que o sujeito constitua uma relação de justiça, beleza, bondade e verdade com o mundo.
Outro elemento observado na fundamentação teórico do tema, foi o fato da reencarnação ter sido reconhecida por todas as religiões, inclusive a cristã até o Concílio de Constantinopla, no ano de 553 da nossa era.
Uma segunda lei deduzida das experiências se verifica naquilo que as tradições esotéricas denominam por Princípio da Polaridade. E, em poucas palavras, é conseguir ver o avesso das coisas, tal como uma criança, de aproximadamente seis anos de idade, que uma vez disse que morrer é ver uma flor pela raiz.
Em se tratando dos experimentos clínicos, verificou-se que a noção de que a vida é uma grande desconhecida, corroborando-se deste modo a matriz inconsciente do aparelho psíquico. Em comparação às tradições a isto as culturas chamam por destino. Também conhecido no oriente pelo binômio dharma-karma, a relação do homem com o destino se configura em meio a situações vividas que este não consegue ou não quer se responsabilizar. Assim, a primeira lei que se observa nas pesquisas de Regressão de Vidas Passadas é o Dharma-Karma, que prefiro traduzir por Princípio da Responsabilidade.
Uma experiência de trânsito entre polaridade pode ser favorecida pelo método clínico, no encontro entre emoção e memória, entre pensamentos e percepções, entre intuições e sentimentos. Ademais, tudo é polaridade, de modo que, pode-se asseverar que todo trabalho científico bem realizado possui uma poesia cheia de lirismo em outra dimensão que o complementa. A Lei da Periodicidade é outra
verificação das pesquisas realizadas. A concepção cíclica observada na natureza pode ser extrapolada para a vida humana quando se elabora as experiências de regressão a vidas passadas.
Por tal principio pode-se depreender que o homem mesmo Segundo o autor (1997), as ignorante de sua condição é, não pessoas submetidas a seu método obstante, responsável por sua vida 10 Tema: A Natureza, o Homem e suas Formas de Expressão Academia Cultural / 2008 – Ano XII / Segundo Semestre
de cura apresentaram uma relação mais otimista em relação à vida e à morte, sendo tais consideradas como que faces de uma única moeda. Do ponto de vista antropológico, pode-se constatar mudanças que
modificavam sua representação acerca da morte e da vida. Em se tratando das contribuições aos resultados da clínica, exibiu bons resultados tendo em vista o tempo de tratamento e a qualidade dos resultados.
5. Considerações (Quase) Finais Diante do exposto, o autor estabelece que, para definir a comprovação experimental da teoria da reencarnação, faz-se pertinente discernir esta de outros quatro fenômenos. O primeiro é a sugestão, que é facilmente diferençada dada a qualidade de descrições dos diversos sujeitos submetidos à experiência de regressão. Verificou-se também a distinção da regressão clínica de uma mera recordação formal e fria de uma experiência. Na regressão a vidas passadas, o sujeito descrevia com detalhes a experiência como se lá estivesse, sem se lembrar de elementos presentes apenas em sua vida atual, como automóveis e outros elementos tecnológicos da contemporaneidade. A possibilidade da experiência da regressão ser uma telepatia, entendendo por esta o acesso a um registro inconsciente é
refutado pelo autor. A regressão a vidas passadas permite estabelecer a associação com traumas da vida vigente, não sendo assim uma mera apreensão de informações psíquicas alheias ao sujeito do experimento. A comparação dos fenômenos descritos com a consciência herdada instintivamente pelos animais apresenta também uma substancial diferença. Isto porque nas experiências de regressão se desenvolve um juízo da recordação, de modo a ver, e de maneira distinta, o conteúdo recordado, não sendo uma repetição de um aprendizado geneticamente herdado. Para responder a esta questão seria interessante desenvolver o método de regressão em gêmeos monozigóticos, para verificar a semelhança ou não dos conteúdos descritos por herança genética. Por fim, a fantasia se difere da memória da regressão tanto por
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fatores objetivos, como comprovações históricas, língua e dialetos pronunciados adequadamente e desconhecidos pelo sujeito do experimento ao acordar, como subjetivos, como a compreensão entre as situações relatadas e os sentimentos expressos e a coerência entre sensações e pensamentos. Segundo o autor, a experiência rica em novas vivências e em fatores factuais decorrente do método de regressão a vidas passadas é chamada por hipermnésia, diferindo-se da fantasia também pelo fato desta sempre derivar-se de materiais conhecidos. Muitas das recordações obtidas tiveram suas comprovação histórico-sociológica, havendo também a mudança no comportamento não-verbal, como gestos e escritas de olhos fechados. Consoante o autor, a Terapia da Reencarnação oportunizou a cura de traumas psíquicos da vida atual por meio da elaboração das vivências traumáticas de vidas anteriores. A verificação de cura de sintomas na vida vigil foi obtida com êxito em pacientes submetidos à hipnose e, então, experimentaram uma alta carga de experiências inconscientes
reprimidas. Atingiu-se os seguintes objetivos, a partir do referido método: 1. Completo autoconhecimento; 2. Reconhecimento do principio de organização; 3. Aceitação do princípio de organização como bom e necessário; 4. Submissão voluntária ao principio de organização. A aplicação da hipnose foi um elemento que abreviou a importância da resistência e da transferência para a direção e tratamento da clínica. Valorizar esses aspectos é importante para respeitar o ritmo próprio de cada paciente, afinal, a consciência é uma proteção do sujeito para lidar com conteúdos violentos, como aqueles presentes em uma possível vida passada. Como próximos passos para pesquisa proposta, é importante enfatizar mais o estudo das habilidades específicas relatadas pelos sujeitos acerca de suas vidas passadas, como tocar piano, agricultura, conhecimentos lingüísticos, culturais etc. Cabe também avaliar a presença de traços de diferentes personalidades, contextos socioculturais e idiossincrasias como medidas, pesos e avaliações.
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Epílogo e Apontamentos Operativos Deixemos de lado se a reencarnação é um conceito encarnado ou descarnado da verdade. Lancemos a atenção para elementos que, a despeito de se comprovar ou não a hipótese da reencarnação, serão um importante aporte para nossas vidas, tendo em vista que as contribuições da pesquisa podem permitir algumas decisões para um ótimo desenvolvimento humano. Apesar de não se verificar a afirmação dos reencarnacionistas, de que quanto mais imatura é a alma mais curto é o intervalo entre as encarnações, constatouse uma tendência para um encurtamento geral entre as encarnações, sendo que a explosão demográfica possui o paralelo com a diminuição do intervalo entre as encarnações. A associação destas duas informações pode contribuir para reconsideração acerca do planejamento familiar. Outro elemento importante gira em torno do relato de pessoas casadas em vidas anteriores sendo agora mãe e filho ou pai e filha. Tal descrição não deixa de estabelecer ressonâncias com o
Complexo de Édipo e o Complexo de Electra. Assim as categorias familiar e não-familiar possuem de fato nexos causais que devem ser considerados para o desenvolvimento do indivíduo. Outro elemento importante é o valor da vida em gestação. Nas descrições do livro é apresentada, com profusão de detalhes, a experiência fetal consciente do cliente. Assim, corrobora-se a noção de ser o aborto uma morte e defende-se métodos de parto que respeitem as necessidades do bebê. Agora passemos para o lado lúdico do texto. Parte deste trabalho é quase um rigoroso anteprojeto de pesquisa. Precisa somente de um recheio de citações bibliográficas que agrade o orientador da universidade a ser pleiteada - e a retirada de muito dos seus excessos propositalmente registrados para um melhor diálogo com a obra em foco. E, por fim, para quem quiser se divertir um pouco mais, autorizamos que o submeta, obviamente com as devidas retificações, para a Santa Madre Universidade. Boa sorte.
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Referências Bibliográficas CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. DETHLEFSEN, Thoward. A Regressão a Vidas Passadas como Método de Cura. São Paulo: Pensamento, 1997.
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