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PERDÃO
A MAIOR FORÇA CURADORA DE TODAS Gerald G. Jampolsky
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D edico dico este este livr li vro o à mi mi nha esposa, esposa, alma gême gêmea e par par cei cei r a de de vvii da D i ane V . C i r i ncione nci one,, Ph.D P h.D ., que tem tem tão tão intensam intensamente dem demonstr onstr ado ado e me ensinado o que está além da minha imaginação, a respeito do po poder do do amor e do perdão rdão de D eus em nossa nossass vi das junto juntos.
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SUMÁRIO Prefácio...........................................................................................................3 Agradecimentos..............................................................................................6 Introdução......................................................................................................7 Nota ao Leitor..............................................................................................11 Leitor.................................................... ..........................................11
UM As Raízes da Infelicidade............................................................................15
DOIS O que é o Perdão?........................................................................................21
TRÊS A Mente Rancorosa......................................................................................24
QUATRO As Vinte Principais Razões pelas quais não Perdoamos.............................28 Perdoamos............ .................28
CINCO Removendo os Obstáculos ao Perdão..........................................................32
SEIS Milagres do Perdão......................................................................................41
SETE
4 O caminho das Pedras para o Perdão...........................................................52 Epílogo.........................................................................................................56
PREFÁCIO
Você está segurando um livro que vai mudar a sua vida. Tenho certeza de que já ouviu falar sobre esses livros; talvez você até já tenha lido um deles. Eles são raros, é verdade. De fato, considerando-se o número de livros impressos, eles são muito raros. Mas, de vez em quando, um deles irá aparecer para você. Digo isso literalmente, isto é, ele irá literalmente aparecer para você. Talvez ele lhe seja dado como um presente, ou você poderá ouvir falar dele através de um amigo, você pode encontrá-lo sobre a mesinha de café de alguém, ou ele será o único título que realmente vai chamar sua atenção quando estiver folheando livros em alguma livraria. Somente você pode saber como o livro que está segurando agora chegou até suas mãos, mas eu posso lhe dizer isso: ele não chegou até você por acaso; você não o está lendo por acaso. Deus trouxe este livro até você, estou convencido disso. Ele faz essas coisas todo o tempo; esta é uma das maneiras de Deus comunicar-se com você quando Ele quer lhe falar algo ou quando você pede uma resposta ao universo, um insight ou ajuda para algo que o está preocupando. Não sei se existe alguma coisa que o está preocupando agora, ou se você está querendo algum insight, ou se é apenas uma daquelas épocas em que Deus sente que seria bom para você ouvir algumas coisas, mas tenho certeza de que o fato de você ter este livro em suas mãos exatamente neste momento, é perfeito. Você também verá isto quando terminar de lê-lo e vai descobrir exatamente porque o pegou em suas mãos. Agora, deixe-me falar um pouco sobre o homem que escreveu este livro. É uma das pessoas mais extraordinárias que já conheci. É um homem que carrega paz, amor e felicidade em seu coração em tal quantidade, que ela transborda por todo o seu rosto. Podemos ver isto em seus olhos, podemos senti-lo em seu sorriso e, quando ele aperta a sua mão ou lhe dá um grande abraço - e ele dá muitos grandes abraços - você pode sentir aquela paz, felicidade e amor vindo diretamente para dentro de você. Este é o tipo de homem sobre o qual estamos falando. Conheço Jerry pessoalmente e tive todas essas experiências. Estou falando a você sobre ele agora, porque acho que é importante que saiba algo sobre a pessoa que colocou estas informações à sua frente, e quero que saiba que elas vêm de uma fonte altamente confiável. Não que Jerry Jampolsky precise de uma apresentação ou de algum tipo de validação de minha parte. Seu trabalho através dos anos, criando o Centro para a Cura das Atitudes na área da baía de San Francisco, e incentivando o estabelecimento de centenas de centros similares ao redor do mundo, trouxe a ele enorme admiração em todos lugares; e seu livro "Amar é libertar-se do medo" permanece hoje, como um dos textos mais significativos de espiritualidade aplicada do último meio século. O que quero que saiba não é quem é Jerry, mas que ele é exatamente o que você sente que é, depois de ler seus escritos anteriores e de
5 observar o trabalho de toda a sua vida - em outras palavras; ele é o homem que vive o que fala. Porque eu considero importante para você saber disso? Não que eu pense que Jerry precise ou queira elogios, longe disso, mas é importante que você saiba como este homem é, porque sua vida é uma prova de que o que ele ensina funciona. Isto é um tributo, porque Jerry tem tido muitas dificuldades para vencer em sua vida. Você não tem que ler sobre elas aqui, é suficiente dizer que sua vida não tem sido o que poderíamos chamar de um mar de rosas. Já faz vinte anos que Jerry vem trabalhando pelo mundo e inspirando milhões. O que provocou esta mudança nele? A mesma coisa que vai provocar esta mudança em você - o assunto deste livro: perdão. Agora, vamos deixar algumas coisas claras sobre Jerry Jampolsky: ele não é perfeito, e ninguém que o conheça diria isso; o que diriam é que ele é perfeitamente claro sobre não ser perfeito - ninguém o é - e que este é seu grande insight curador. Ele entende que todos nós somos humanos, que cometemos erros, que podemos ser agressivos ou egoístas, grosseiros ou insensatos. Ele sabe como é lutar com o ego, brigar com o medo e se esforçar para ter amor. Ele conhece o profundo desapontamento íntimo de querer ser grande e ainda assim, agir de maneira mesquinha; de querer ser gentil e, apesar disso, agir asperamente; e o de querer ser sábio e, mesmo assim, agir de maneira tola. Ele tem tido inúmeros momentos quando é menos do que o seu grande Ser. Sua principal virtude é que ele é a primeira pessoa a reconhecer isso. Sua maior dádiva é ser sempre a primeira pessoa a permitir que você seja menos do que perfeito também - e a deixar isso de lado. Veja, Jerry Jampolsky entendeu algumas coisas sobre o perdão. Ele aprendeu a se perdoar por todas as vezes em sua vida, em que demonstrou ser menos do que Realmente É, e também aprendeu a perdoar as outras pessoas por todas as vezes em que fizeram a mesma coisa. Isto tudo levou Jerry a um estado de profunda paz interior, e deu a ele a capacidade de se relacionar com aqueles que as outras pessoas chamariam de "pessoas difíceis", com uma paciência incomum e uma serenidade inigualável. Isto fez com que ele procurasse praticar o amor incondicional, permitindo que curasse a si mesmo e aos outros. Neste momento, você pode não saber ou ter consciência de que tem algo a curar ou, até mesmo, não ter nada a curar (eu iria, francamente, ficar surpreso se este fosse o caso, porque não encontrei, até hoje, muitas pessoas que não tivessem nenhuma ferida interior para curar; mas reconheço a possibilidade de isso ocorrer), mesmo assim, isso não o impediria de curar outras pessoas. Este é o trabalho real para o qual você foi chamado aqui, neste planeta. Todos nós fomos trazidos até aqui para curar uns aos outros - para curar uns aos outros de cada falso pensamento, de cada idéia estreita, de cada conceito amedrontador ou limitativo de nós mesmos, que nos impedem de vivenciar Quem Nós Realmente Somos. Recebemos algumas ferramentas maravilhosas com as quais fazer esse trabalho e uma das mais maravilhosas de todas é o perdão. O perdão é capaz de produzir algumas das mais profundas transformações que você pode sequer ter a esperança de sentir ou imaginar em sua vida e nas vidas de outras pessoas. O perdão pode mudar tudo, da noite para o dia. Isto é o que é tão estimulante sobre ele; ele pode mudar tudo. Ele pode trazer alegria onde existe pesar, paz onde existe tumulto, satisfação onde existe raiva; e ele pode fazer com que você se volte para si mesmo. O que tenho notado em minha vida é que é mais fácil falar sobre o perdão do que praticálo. Este é o motivo pelo qual o livro de Jerry é tão importante para mim. Estou satisfeito em
6 aprender mais sobre esta ferramenta milagrosa e sobre os milagres que ela pode produzir. Estou muito feliz em aprender a usá-la, ao invés de apenas falar sobre ela. Deixe-me terminar meus comentários contando a você uma coisa final sobre este livro. Ele é a verdade de Jerry, mas também é a mensagem de Deus; Ele está apenas usando Jerry como um canal. Portanto, ao ler este livro, tenha em mente que você está conversando com Deus. E tenha certeza de que esta conversa não é por acaso.
Neale Donald Walsch Autor de Conversando com Deus
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AGRADECIMENTOS
Com meu mais profundo reconhecimento, quero agradecer às muitas pessoas que vieram ao Centro para a Cura das Atitudes em Sausalito, Califórnia, e aos muitos amigos que minha esposa, Diane Cirincione, e eu conhecemos através dos anos e que nos ensinaram tanto sobre o perdão. Meus agradecimentos calorosos e especiais ao meu querido amigo de muitos anos, Hal Zina Bennett, Ph.D., que foi tão útil na edição final deste livro. Também sou muito grato a Cynthia Black e Richard Dohn, e a toda a equipe de Beyond Words, por seus comentários úteis, apoio e encorajamento para que este livro fosse escrito. Gostaria de esclarecer, que alguns dos conceitos neste livro são a minha interpretação dos princípios do livro “Um Curso em Milagres”. Em algumas vezes, eu parafraseei o “Curso”, em outras criei a partir dele. As paráfrases estão marcadas com asteriscos. Sou grato, principalmente, a Judith Skutch Whitson e Robert Skutch, da Foundation For Inner Peace, por sua permissão para que eu pudesse criar a partir do “Curso”. “Um Curso em Milagres” é publicado pela Foundation for Inner Peace, P.O Box 598, Mill Valley, Califórnia 94942-0598 e distribuído no Brasil, pelo Instituto de Educação Espiritual, rua Marlo da Costa Souza, nr. 135 – apto 502 A – Bl.2 - barra da Tijuca – Rio de Janeiro/RJ – Fones: (21) 480-7888 / 480-7928.
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INTRODUÇÃO
Escrevi este livro porque acredito, sinceramente, que ensinamos o que queremos aprender e o perdão é a lição mais importante que tenho que aprender. Então, de uma maneira muito verdadeira, escrevi este livro para mim mesmo, como uma lembrança de que eu certamente quero acabar com o sofrimento que causo a mim mesmo e aos outros através dos meus julgamentos e dificuldades para perdoar. Aprendi, nas vezes em que realmente fui capaz de compreender estas lições, que o perdão me dá uma sensação de liberdade pessoal, de esperança, e felicidade que não consigo de nenhuma outra maneira. Mas também sei que o perdão não é uma daquelas coisas que conseguimos completar em nossas vidas. Ele é um processo contínuo, um trabalho sempre em andamento. É um processo sem fim porque, enquanto estivermos vivendo nestes corpos, existe uma parte de nós que será tentada, muitas e muitas vezes, a fazer julgamentos. Não se passa nem um dia, preciso confessar, em que eu não pise em falso, que eu não me pegue agindo como juiz dos outros ou de mim mesmo. Algumas vezes, isso acontece de maneiras aparentemente comuns. Lembro-me de uma história que aconteceu comigo há algum tempo atrás, quando estava visitando a bonita ilha de Mokolai no Havaí. Quando estava dando minha corrida matinal em volta da cerca de um campo de golfe, vi duas latas de cerveja que alguém havia jogado ao lado do caminho. Ao vê-las, fiquei realmente incomodado e crítico. Como alguém podia ser tão insensato e insensível para sujar aquela terra tão bonita daquela maneira? Eu estava inflamado. Como alguém podia ser tão estúpido e grosseiro a ponto de jogar suas latas vazias pela janela e atravancar aquele paraíso daquela maneira? Passando pelas latas, voltei ao lugar onde estava hospedado. Eu já havia construído todo um cenário real em minha mente, sobre a pessoa insensível que havia feito aquilo. Mas, então, minha voz interior me fez parar: "Espere! Ao invés de fazer julgamentos como este, talvez você pudesse voltar lá e pegar aquelas latas". Não importando como as latas haviam ido parar lá, não seria melhor corrigir o que havia sido feito do que ficar segurando em minha mente aqueles pensamentos desagradáveis e julgadores pelo resto do dia? Então, argumentei ligeiramente comigo mesmo; se eu voltasse para pegar as latas, poderia me atrasar para o compromisso que tinha. Valeria a pena gastar os cinco minutos que me restavam para pegar as latas e jogá-las no lixo? Finalmente, voltei até lá e peguei as latas. Ao fazer isso, o desconforto provocado por aqueles sentimentos julgadores que eu estava tendo foram, subitamente, substituídos por um maravilhoso sentimento de paz e alegria. Ao continuar minha corrida de volta para o hotel, lembranças começaram a vir à minha mente; lembrei dos tempos da minha juventude quando joguei lixo pela janela do carro. Eu havia feito coisas tão insensatas e insensíveis quando aquela pessoa que havia deixado suas latas de cerveja para trás. Neste momento, pude perceber que parte de meus julgamentos sobre aquele ato era uma projeção de minha própria culpa, de meu auto-julgamento. Pegar as latas de cerveja e jogá-las no lixo era mais do que fazer algo para honrar a beleza daquela
9 ilha paradisíaca; era uma lição sobre como me libertar do passado e dos meus auto julgamentos. A lição mais profunda para mim era que eu não tinha que deixar a bagunça no chão, nem tinha que carregar os sentimentos julgadores e desconfortáveis que estava tendo. Além disso, vi que meus sentimentos críticos eram julgamentos sobre mim mesmo. O simples processo de perdoar o desordeiro liberou-me de sentimentos que eu vinha carregando sobre meu próprio comportamento passado. Aquele momento foi um lembrete para mim, de como o perdão pode ser curativo, de como ele pode nos liberar do passado e nos permitir a alegria de viver completamente o momento presente. Na vida diária, temos a tendência de pensar no perdão como sendo pouca coisa mais do que aceitar as desculpas de uma pessoa. Às vezes, apenas para sermos educados, aceitamos as desculpas quando, na verdade, não estamos sentindo muita vontade de perdoar. Ou, talvez, nós nos agarremos às nossas mágoas sobre a maneira como um amigo ou um ser amado nos colocou para baixo, acreditando que esta é uma maneira de proteger a nós mesmos. Em nossa confusão sobre o perdão, não só nos agarramos ao que nos causa dor como também nos tornamos cegos para quilo que pode nos curar. Talvez, uma das coisas mais difíceis para mim, no momento, seja que a ausência de perdão me mantém preso a coisas que aconteceram no passado. Sempre que me agarro às mágoas passadas, condeno-me à escuridão. Se eu tivesse me agarrado ao passado, e mantido todos aqueles pensamentos críticos sobre as latas de cerveja, as chances de elas ainda estarem lá, ao lado do caminho em Molokai, seriam muito grandes; e eu ainda estaria me sentindo desconfortável em relação a meus próprios julgamentos sobre mim mesmo. O perdão nos liberta de tantas coisas; ele interrompe nossas batalhas internas conosco mesmos, e permite que paremos de reviver a raiva e a culpa. O perdão nos permite saber quem realmente somos. Com ele em nossos corações podemos, finalmente, experimentar nossa verdadeira essência como amor. O perdão é a grande força curativa que nos permite sentir unidos uns aos outros e a tudo o que é a vida. O perdão tem o poder de curar tanto nossa vida interior quanto exterior. Ele pode mudar nossa maneira de ver a nós mesmos e aos outros, a maneira que sentimos o mundo e pode trazer um fim, de uma vez por todas, para os conflitos internos que tantos de nós carregamos conosco em cada momento de cada dia. Imagine a paz que poderia vir para o nosso planeta, se todas as pessoas do mundo deixassem as velhas mágoas em relação aos seus vizinhos. Imagine o que poderia acontecer se deixássemos ir embora batalhas seculares sobre diferenças raciais, religiosas e mágoas passadas de uns para os outros! Como médico durante mais de 40 anos, posso lembrar de pessoas com uma grande variedade de doenças - de problemas de coluna até úlceras, pressão alta e até mesmo câncer - que tiveram muitos de seus sintomas diminuídos ao aprenderem a perdoar. Tenho me sentido emocionado nos últimos anos, de ver surgirem pesquisas que mostram a relação entre o perdão e a saúde. Nós agora sabemos que a falta de perdão - o que significa agarrar-se à raiva, ao medo e à dor - tem realmente um impacto mensurável em nossos corpos. Isto cria tensões que afetam os sistemas psicológicos dos quais dependemos para nossa saúde, a circulação do sangue, a eficiência de nosso sistema imunológico, enche de stress nossos corações, cérebros e, virtualmente, cada órgão de nossos corpos. A falta de perdão é, verdadeiramente, um fator de saúde.
10 Penso sobre meus próprios anos como alcoólatra. Beber era minha maneira de me isolar da dor de meus autojulgamentos e dos julgamentos de outras pessoas. Aquela maneira de lidar com estes sentimentos tornou-se uma fonte de stress para mim e para todos ao meu redor. Se eu tivesse continuado naquele padrão, certamente teria aumentado os conflitos tanto com a minha vida interna quanto com a externa. Com o tempo, poderia ter desenvolvido sérios distúrbios físicos como doenças no fígado, câncer, problemas digestivos ou doenças do coração. Há 25 anos atrás, o primeiro Centro para Cura das Atitudes tornou-se real. Ele começou como um lugar seguro para apoiar crianças que estivessem encarando doenças terríveis e, logo, expandiu-se para incluir adolescentes e adultos. Baseado em alguns dos princípios de "Um Curso em Milagres", o primeiro objetivo dos grupos de membros, da equipe, do conselho, dos facilitadores e dos voluntários é encontrar paz interior, como uma maneira de criar a saúde verdadeira e de curar pelo fato de deixar o medo ir embora.Mesmo quando não podiam fazer nada para mudar as condições de seus corpos, eles eram capazes de curar os sentimentos de raiva, traição, injustiça e medo de se ter uma séria condição de saúde. E é freqüentemente através do perdão, que eles se sentem livres de seus medos e desconfortos a fim de poderem ir em frente para viver vidas criativas, produtivas e felizes. Hoje, o Centro tem 120 centros irmãos ao redor do mundo, que utilizam os princípios da Cura das Atitudes para uma grande variedade de desafios humanos, desde problemas de relacionamento até conviver com doenças graves e curar conflitos dentro de famílias e organizações. O perdão continua a ser o ensinamento principal desses centros independentes, e ele continua a trazer conforto e liberdade para as vidas das pessoas, mesmo quando elas têm que enfrentar as mais dolorosas situações. Foi a partir dos anos ouvindo milhares de histórias de cura, que a inspiração para este pequeno livro que você agora está segurando em suas mãos, surgiu.Tendo testemunhado tantas curas advindas da prática da Cura das Atitudes, estou convencido do poder inigualável do perdão. Ao mudarmos nossas mentes, somos levados a um lugar de paz, não importando os desafios que a vida tenha nos trazido. Os Lembretes de Perdão no final de cada capítulo podem ser usados para meditações diárias. Você pode achar útil escrever Lembretes de Perdão em um pedaço de papel ou cartão e carregá-lo com você, consultando-o muitas vezes durante todo o dia. Tenho esperança de que você, leitor, encontre nestas páginas, uma maneira de sentir mais felicidade, paz e liberdade em sua vida. Estamos nesta jornada juntos. É minha crença e convicção, que através da prática do incessante processo do perdão, todos nós poderemos fazer parte do ato de trazer mais alegria e paz, não apenas para nossas próprias vidas, mas para as vidas de todos ao nosso redor.
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O que precisamos perdoar nos outros, talvez seja algo em nós mesmos que escondemos de nossa consciência. *
Podemos escolher ter a mente em paz como nosso único objetivo de vida. *
Somos responsáveis por nossa própria felicidade. *
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NOTA AO LEITOR
Quando estiver lendo este livro, procure ter à mão um caderno pequeno ou um diário. Será útil para anotar comentários ou insights que venham à sua mente. Gostaria de sugerir que uma boa maneira de começar a escrever em seu diário é fazendo uma lista das pessoas que poderiam ser perdoadas. Inclua nesta lista pessoas que você, neste momento, sinta que nunca deveriam ser perdoadas. Para poupar algum tempo neste processo, tentamos pensar em algumas das diferentes possibilidades que podem surgir. As sugestões seguintes podem fazer com que fique mais fácil para você escolher quem deverá incluir na sua lista. Pais, sogros, membros da família e parentes. Muitos de nós crescemos sentindo que nossos pais não nos deram exatamente o que queríamos ou precisávamos quando éramos crianças. Em nossas palestras e workshops, Diane e eu geralmente pedimos para que as pessoas que perdoaram completamente seus pais levantem as mãos; dificilmente vemos mais de 50% das pessoas conseguirem fazê-lo. Em alguns casos, pode ter havido abuso emocional, espiritual, físico ou sexual deixando feridas que parecem que nunca vão cicatrizar. Em outros casos, pode ter existido um ambiente familiar mais gentil e protetor durante a infância, mas, ainda assim, existirem feridas por coisas que tenham acontecido. Mesmo que seu sentimento atual seja de que o que aconteceu em sua infância não pode ser perdoado – ou sinta-se apenas confuso -, escreva todos os nomes que possam estar relacionados a esses fatos. Esposos, ex-esposos e relacionamentos amorosos passados. Em nossos workshops ao redor do mundo, geralmente pedimos às pessoas para que levantem suas mãos se forem divorciadas; depois, pedimos a essas pessoas, para levantarem as mãos se perdoaram totalmente seus ex-esposos. Menos de 25% delas levantam as mãos, restando 75% de pessoas que não perdoaram seus ex-esposos. Não há dúvida de que perdoar um ex-esposo pode ser difícil. Com certeza, estas são pessoas para quem abrimos nossos corações e em quem um dia confiamos. A dor, o desapontamento ou os.sentimentos de traição e mágoa que experimentamos podem ser muito profundos. Mesmo que você, neste momento, sinta que essas pessoas nunca deveriam ser perdoadas ou ache não ser possível fazê-lo, pelo menos coloque seus nomes na lista. Figuras de autoridade. Muitos de nós tivemos a experiência de ser deixados de lado, feridos, iludidos, desiludidos, enganados ou mesmo ter sofrido abusos por parte de pessoas em quem sentíamos que poderíamos acreditar, em vários aspectos de nossas vidas, como professores, líderes religiosos, pais adotivos, profissionais de saúde ou terapeutas, oficiais públicos, políticos, líderes do governo, fabricantes, lojistas e prestadores de serviços. Líderes governamentais, por exemplo, são muitas vezes responsáveis por horríveis atentados contra a humanidade; só temos que nos lembrar da segunda guerra mundial e do holocausto para comprovar este fato. Da mesma maneira, existem ocasiões em que profissionais que pagamos para nos ajudar, muitas vezes nos causam embaraços ou sérias ofensas. Certamente, pode parecer que essas pessoas são as que menos poderíamos perdoar, já que confiamos nelas
13 para servir ao público. Mais uma vez, coloque seus nomes em sua lista, mesmo que você esteja absolutamente convencido de que não merecem perdão. Seu corpo físico. Você está completamente em paz com seu corpo ou está infeliz a respeito de sua aparência ou suscetibilidade? Você tem alguma limitação física genética ou causada por uma doença ou acidente? Você está passando por alguma doença séria? Você está infeliz com algumas limitações que o impedem de fazer coisas que você queria poder fazer? Ou você está bravo com seu envelhecimento e não há nada que possa fazer para deter o processo? Se qualquer uma destas coisas for verdade para você, descreva-as brevemente e coloque-as na lista. Seus próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos passados ou presentes. Muitos de nós temos julgamentos sobre nós mesmos. Podemos achar difícil aceitar um determinado comportamento que parecemos repetir indefinidamente, não importando o quanto nos esforcemos para mudá-lo. Podemos ter feito coisas no passado que ofenderam ou feriram outras pessoas. Podemos sentir que não importando quanto tempo e energia utilizemos para tentar melhorar um relacionamento com um amigo ou membro da família, não conseguimos resultado algum. Podemos sentir que sempre falhamos em melhorar em nosso emprego ou na tentativa de atingir um determinado objetivo. Ou talvez sintamos que deveríamos ser mais generosos em relação às outras pessoas – ou menos julgadores e mais clementes! Não importa o que seja, descreva-o brevemente e o coloque em sua lista. Atos de Deus, destino, sorte, um poder maior, as estrelas ou a própria vida. De vez em quando, pode parecer que a própria vida está contra nós. Freqüentemente, escutamos frases como: “Nunca vou ter sorte", “É meu destino”, “Se existe um Deus, porque Ele permite que isto aconteça?", ou “Tudo está escrito nas estrelas". Claro que existem épocas em que estamos bravos com forças que parecem ser maiores do que nós ou que parecem estar além do nosso controle. Anote qualquer uma dessas situações que pareça se aplicar a você. Acidentes, ofensas e crimes praticados por estranhos. A vida pode, de vez em quando, aparentar ser cheia de problemas ou mesmo de perigos que chegam até a nós sem que tenhamos feito nada para isso. Seja um acidente no tráfego, um insulto vindo de um estranho, ou um ladrão entrando em nossa casa e levando objetos valiosos ou que tenham valor sentimental para nós, estas injustiças também podem parecer imperdoáveis. Acrescente-as à sua lista.
Reflexões Sobre Completar sua Lista Conforme você estiver terminando sua lista, é provável que muitos pensamentos e perguntas passem por sua cabeça. Aqui estão algumas coisas que podem aparecer: - Tenho medo de perdoar esta pessoa. Se eu o fizer, não estarei desculpando aquilo que ela fez? O fato de perdoar não vai passar a ela a mensagem de que concordo com seus atos? - Sinto que por causa da injustiça que sofri, existe uma cerca de arame farpado em volta do meu coração – ou, meu coração é como uma pedra e eu nunca vou poder retirar esse peso que sinto quando penso naquela pessoa. - Fico vacilando entre querer ficar em paz com esta pessoa que me magoou e querer apagar toda esta situação da minha memória.
14 - Nunca vou poder me perdoar pelo que fiz e não mereço ser feliz outra vez. - Eu adoraria ser capaz de deixar ir embora esses sentimentos detestáveis que carrego sobre aquela pessoa, mas tenho medo de que, se deixá-los ir, vá me ferir novamente. - Tenho quase certeza de que me sentiria muito mais feliz depois de deixar esta mágoa ir embora, mas não consigo nem mesmo imaginar como fazê-lo. Dúvidas e pensamentos como estes vem à tona para muitos de nós, ao tentarmos nos sentar para fazer uma lista de pessoas e situações que poderíamos perdoar. Não existem respostas fáceis e rápidas para essas perguntas, mas este livro foi escrito com a esperança e a convicção de poder ajudar os leitores a olharem de maneira mais profunda para a natureza do perdão. Ele fala sobre olharmos para as vantagens e desvantagens de liberarmos as mágoas que acumulamos no decorrer de nossas vidas. Como você vai logo perceber, a lista que acabou de fazer vai ajudá-lo a se concentrar nas maneiras reais com que o perdão pode trabalhar em sua vida.
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Perdoar significa ver a luz de Deus em todas as pessoas - não importando o comportamento que tenham. *
Os casamentos mais felizes são construídos sobre uma base de perdão.
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UM As Raízes da Infelicidade --------------------------------------------------------------------------------------------Porque a é tão difícil para nós vermos que nossa procura pelo pote de ouro no final do arco-íris, está apenas escondendo o fato de que somos ambos, o arco-íris e o ouro? ---------------------------------------------------------------------------------------------
Considere, por um momento, que a felicidade é nosso estado natural de ser. No Centro para a Cura das Atitudes, onde o perdão é uma parte tão integrante de tudo o que fazemos, dizemos que a essência de nossos seres é o amor.* Aprendemos a olhar para a vida sob a perspectiva de que somos seres espirituais que estão apenas temporariamente nestes corpos físicos. Quando olhamos para nossas vidas desta maneira, também começamos a perceber que o amor e a felicidade são inseparáveis, e que o perdão nos ensina que é possível escolher o amor ao invés do medo e a paz ao invés do conflito, não importando quais circunstâncias estejam afetando nossas vidas. Antes de falarmos sobre o perdão, vamos explorar brevemente as raízes da infelicidade. Olhando para onde a infelicidade começa, podemos caminhar em direção a uma maneira muito diferente de ver o mundo. Um bom lugar para começar esta pesquisa é aquela parte de nós que acredita que nossa felicidade repousa em coisas exteriores. Vivendo nesta sociedade moderna, como fazemos, somos facilmente induzidos a acreditar que o dinheiro e o acúmulo de bens materiais vai nos trazer felicidade. O problema é que quanto mais bens acumulamos, mais queremos; não importa quanto conseguimos, quase nunca parece suficiente. Uma vez que começamos a fazer escolhas a partir desta perspectiva, adquirimos o hábito de acreditar que um dia, encontraremos algo fora de nós mesmos, que vai nos trazer a felicidade duradoura. O fato de que essa busca freqüentemente termina conosco nos sentindo frustrados, bravos, infelizes e até mesmo sem esperanças é o indício de que esta crença não está funcionando. Por que é tão difícil para nós vermos que a nossa busca pelo pote de ouro no final do arcoíris está apenas escondendo o fato de que somos ambos, o arco-íris e o ouro? Existem tantas tentações no mundo sobre as quais jogar a culpa da nossa infelicidade ou de nossa falta de dinheiro e de coisas materiais. Olhamos ao nosso redor e vemos pessoas que têm mais do que nós e parecem ser mais felizes. Procuramos as outras pessoas e tentamos preencher o espaço vazio em nossas almas com relacionamentos. Parece ser um progresso muito grande que estamos fazendo, entre ver mais coisas materiais como a resposta e passar
17 a ver outras pessoas como esta mesma resposta; mas a mesma parte de nós que nos diz que as respostas serão encontradas em coisas externas, também nos diz que conseguiremos fazer com que as outras pessoas sejam responsáveis pela nossa felicidade. Pensamos que, com toda a certeza, se apenas pudéssemos encontrar a pessoa certa, nossas vidas seriam preenchidas! Rapidamente, estaremos vivendo um drama psicológico, girando muitas vezes em um círculo sem fim, desapontados e infelizes, porque nem o dinheiro, nem as coisas materiais, nem nossos relacionamentos estão nos fazendo felizes. Temos alguns momentos de reflexão, mas eles passam rápido demais. Podemos começar a sentir que a vida nos preparou uma armadilha. Mas qual, podemos perguntar, é a alternativa? Qual é a parte de nós que faz com que procuremos respostas do lado de fora? Podemos pelo menos nomeá-la? Ela é a parte de nós que acredita que a nossa verdadeira identidade está limitada aos nossos corpos físicos e às nossas personalidades individuais. É a parte de nós que sorri desdenhosamente ante qualquer sugestão de que nossa verdadeira essência é sermos seres espirituais vivendo por algum tempo nestes corpos. Gostaria de usar o termo ego para descrever esta parte de nós que está tão ligada aos fatos exteriores. O ego tenta justificar sua presença em nossas vidas dizendo que está apenas cuidando de nossos melhores interesses, que nossos corpos precisam dele para circular por aí ou poderemos, acidentalmente, correr para frente de um trator em alta velocidade, esquecer de nos alimentar ou de nos proteger de todos os perigos do mundo. Nossos egos querem que acreditemos que qualquer pessoa que não pense que o dinheiro pode comprar felicidade, apenas não está sabendo onde comprá-la. Repetidamente, nossos egos nos mandam a mensagem de que vivemos em um mundo injusto e que nos tornaremos vítimas se não estivermos constantemente de prontidão. Nossos egos ficam muito felizes quando nos convencemos da nossa situação de vítimas porque, desta maneira, entregamos todo nosso poder para eles. A última coisa que eles iriam querer que acreditássemos é que temos uma escolha: que podemos escolher não ser vítimas, que podemos, na verdade, escolher o amor ao invés do medo e perdoar ao invés de nos agarrarmos às nossas amarguras, ódios e julgamentos. É fácil perceber por que o ego interpreta felicidade, amor e paz interior como inimigos, já que quando estamos apreciando estes estados de espírito, estamos experimentando nossa essência espiritual. Estamos vendo um mundo que é diferente daquele que o ego nos apresenta. Perdoar é fácil quando olhamos para o mundo através dos olhos do amor porque, então, torna-se claro que as respostas que estivemos procurando durante toda a nossa vida, podem ser encontradas aqui e não nas crenças do ego sobre as coisas exteriores da vida. Na sua pior performance, escutamos o ego dizendo em nossas mentes que é impossível vivenciar a felicidade por muito tempo e que seria melhor, portanto, podermos voltar para a realidade física a fim de conseguirmos felicidade verdadeira e duradoura. Um dia, as coisas vão desmoronar, algo vai dar errado, alguém ou alguma coisa vai se intrometer na nossa felicidade, portanto, seria melhor que já procurássemos pela pessoa que iremos culpar por isso. O conselho do ego é que nos tornemos uma pessoa que procura erros para que nos asseguremos de estar sempre certos enquanto as outras pessoas estarão sempre erradas. No final das contas, nossa felicidade ou infelicidade acaba sendo verdadeiramente medida pelo grau em que aceitamos os conselhos de nossos egos. Pense sobre o que acontece sempre que julgamos outras pessoas, mantemos a amargura em nossos corações e nos agarramos à censura e à culpa. O que sentimos nesta hora impede-nos de vivenciar amor, paz e felicidade; nossos sentimentos de infelicidade são intensificados e nos tornamos pessoas que procuram
18 o erro, investigando nosso mundo à procura de circunstâncias ou pessoas que poderiam ser culpadas pela nossa infelicidade. O perdão é um processo de transformação. Em um segundo, podemos deixar ir embora o paradigma exterior que diz que precisamos olhar para fora de nós a fim de acharmos a verdadeira felicidade. Com uma simples alteração mental, podemos nos liberar da convicção do ego de que, para estarmos a salvo, precisamos acreditar em nossa condição de vítimas e agir defensivamente. Com uma mudança de perspectiva, podemos parar de procurar pessoas e coisas fora de nós para culpar por nossa infelicidade. Podemos abraçar nossa verdadeira essência espiritual e, instantaneamente, perceber que ela sempre foi nossa fonte de amor, paz e felicidade. Tudo isto está bem ao nosso alcance e totalmente livre de questionamentos. O perdão pode ser aprendido em qualquer idade e por qualquer pessoa, não importando quais sejam suas crenças atuais, experiências passadas ou maneira de tratar as outras pessoas ao seu redor.
Um Modelo Para o Perdão Há muitos anos atrás, minha esposa Diane e eu conhecemos uma mulher formidável chamada Andréa de Nottbeck. Entramos em contato com ela, através de um telefonema muito incomum de uma pessoa da Suíça, que nos contou que uma mulher que vivia lá tinha uma pintura que gostaria de nos dar. Esta mulher tinha 93 anos de idade naquela época, e era muito saudável. Embora já tivesse doado a maior parte de sua riqueza para organizações filantrópicas, ela ainda tinha uma posse material para doar antes de morrer; era uma pintura de Jesus Cristo, de 300 anos de idade. Estando confusa sobre as pessoas para quem deveria dar o quadro antes de morrer, Andréia viajou para as montanhas para meditar. Depois, ela escutou a mensagem "Amar é libertar-se do medo”. Então, decidiu que deveria dar a pintura ao autor daquele livro, Jerry Jampolsky, o qual fala sobre as maneiras com as quais nos impedimos de amar. Depois disso, ela pediu a sua amiga que ligasse para mim nos EUA. Ficamos sabendo que após a morte de seu marido, muitos anos antes, Andréa havia se tornado uma mulher amarga e excêntrica; era difícil conviver com ela, pois se comportava, freqüentemente, de maneira provocativa, e argumentava de maneira exaustiva por qualquer coisa. Quando estava com 85 anos, uma amiga deu a ela um exemplar de Amar é libertar-se do medo. Este livro tornou-se o livro de cabeceira de Andréa. Logo, ela começou a perdoar todas as pessoas em sua vida que ela sentia que a haviam magoado e também ao seu próprio comportamento não amoroso, que havia causado dor a outras pessoas. Milagrosamente, sua vida mudou; já que não era mais excêntrica e raivosa com o mundo, ela se tornou despreocupada e feliz como nunca havia sido antes. Para celebrar sua transformação, trocou seu nome para Felicidade. Sem que eu o soubesse antes de conhecê-la, Felicidade havia sido a responsável pela tradução e publicação de Amar é libertar-se do medo na França, alguns anos antes. Quando ouvimos a história sobre a transformação de Felicidade, Diane e eu decidimos visitá-la, planejando a viagem para que coincidisse com outra que eu já ia fazer para os países do mediterrâneo. Assim que chegamos, encontramos esta mulher extraordinária. Ela nos mostrou uma revista francesa com sua foto na capa, mostrando seu vôo em um planador sobre
19 a capital francesa! Ela tinha 88 anos nesta época e, como se não bastasse isso, ainda fez acrobacias em um bimotor com a idade de 91 anos. Passamos dias maravilhosos com Felicidade, em sua casa em Genebra, Suíça.Tenho que dizer, que ela realmente vivenciou seu novo nome de todas as maneiras imagináveis.Ela era uma das pessoas mais felizes, pacíficas e amorosas que já conheci. Quando perguntamos a Felicidade o que ela havia feito para provocar todas essas mudanças em sua vida, ela respondeu: "Ah, apenas desisti de todos os meus julgamentos". Deixamos Felicidade em sua casa logo depois do primeiro dia do ano, depois de termos comemorado a passagem do ano com ela. Diane levou a pintura que ela nos deu de volta para a Califórnia, enquanto eu fui para o meu encontro com alguns amigos do mediterrâneo. Três semanas depois, recebemos um telefonema informando que Felicidade havia morrido tranqüilamente durante o sono, exatamente como havia previsto. A partir daquele dia, penso sempre sobre a história de Felicidade e de como ela transformou sua vida através do perdão. Sou muito grato por ter tido a oportunidade de conhecer aquela mulher encantadora. Ela permanecerá para sempre como um poderoso modelo de perdão tanto para Diane quanto para mim, e como um lembrete de que nunca somos velhos demais para mudar.
Milagres Inspirados pelo Perdão Finalmente, existe uma história no livro de Yitta Halbertstam e Judith Leventhal, Small Miracles: Extraordinary Concidences from Everyday Life (Pequenos Milagres: Coincidências Extraordinárias da Vida diária), que ilustra claramente o processo do perdão. Reproduzo esta história abaixo: “Havia um jovem chamado Joey que, com 19 anos, saiu de casa e deu as costas para a religião judaica. Seu pai ficou muito aborrecido com ele, e ameaçou deserdá-lo se ele não mudasse de idéia. Joey não mudou de idéia, portanto, toda a comunicação entre o pai e o filho cessou. O filho viajou por todo o mundo a fim de encontrar a si mesmo; apaixonou-se por uma mulher maravilhosa e, durante algum tempo, achou que sua vida tinha significado e objetivo. Alguns anos se passaram e um dia, em um café na Índia, Joey encontrou um velho amigo da sua cidade natal. Ele e o amigo passaram juntos o resto do dia e, então, o outro disse: "Senti muito saber da morte do seu pai no mês passado". Joey ficou perplexo; era a primeira vez que ouvia falar que seu pai havia morrido. Ele voltou para casa e começou a reexaminar suas raízes judaicas. Ele e a namorada romperam por que, embora ela também fosse judia, não queria saber desta tradição. Depois de um curto período, Joey viajou para Jerusalém e foi ao Muro das Lamentações, pretendendo escrever uma carta para seu falecido pai, expressando seu amor e pedindo perdão. Depois de escrever a carta, Joey a enrolou e tentou colocá-la em uma das aberturas do muro. Ao fazê-lo, uma outra carta caiu da mesma abertura e foi parar em seus pés. Joey abaixou-se e pegou-a. Curioso, desenrolou a carta. A caligrafia parecia familiar, ele leu-a. Incrivelmente, a carta era de seu próprio pai pedindo a Deus que o perdoasse por ter rejeitado seu filho e expressando amor incondicional por Joey. Joey estava atordoado. Como isto poderia ter acontecido? Isto era mais do que uma coincidência, era um milagre. Ainda que fosse muito difícil para ele acreditar no que havia
20 acontecido, a carta em suas mãos, escrita por seu pai, era a prova irrefutável de que tudo não era apenas um sonho. Joey começou a estudar a fé judaica com determinação. Vários anos mais tarde, de volta aos EUA, um rabino seu amigo convidou-o para jantar. Naquela noite, na casa do rabino, Joey ficou frente a frente com sua antiga namorada que o havia deixado anos antes. Ela também havia retornado às suas raízes judias. E, é claro, Joey e sua namorada acabaram se casando”. Muitas e muitas vezes, ouvimos histórias em que o processo do perdão liberta as pessoas de uma lista de mágoas referentes a um passado doloroso. Parece difícil de aceitar o fato de que uma mudança de perspectiva possa produzir tais milagres, removendo os bloqueios que nos impedem de ter consciência do amor. Mas, a história de Joey nos mostra, que nem mesmo a morte pode impedir este processo. É como se a realidade do fato, que uma vez nos causou tanta dor, desaparecesse e fosse substituída pelo amor que sempre esteve lá - e que sempre estará.
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Não perdoar é decidir-se pelo sofrimento.*
Para ser feliz, tudo o que tenho que fazer é desistir de meus julgamentos. *
O perdão é a maior força curativa de todas. *
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DOIS O que é Perdão? ------------------------------------------------------------------------------------ Nós verdadeiramente temos relacionamentos mais pacíficos quando paramos de dizer aos outros como devem viver e começamos a praticar o amor e o perdão. -------------------------------------------------------------------------------------
A partir da perspectiva do Amor e do Espírito, perdão é a disposição para deixar ir embora todo o passado doloroso. É a decisão de não sofrer mais, de curar seu coração e sua alma. É a escolha de não mais encontrar valor no ódio e na raiva. É deixar ir embora o desejo de ferir a si mesmo e aos outros por algo que já está no passado. É a decisão de abrir os olhos para a luz dentro das outras pessoas, ao invés de julgá-las ou condená-las. Perdoar é sentir a compaixão, a gentileza, a ternura e a atenção que estão sempre dentro de nossos corações, não importa como o mundo nos pareça naquele momento. Perdão é o caminho para um lugar de paz e felicidade interior, o caminho para nossa alma. Este lugar de paz sempre está disponível para nós, sempre pronto a nos acolher. Se, em algum momento, não conseguimos ver esses sinais de boas vindas, é porque estamos agarrados à nossa raiva. Por algum motivo, existe uma parte de nós que acredita que podemos conseguir a paz interior que procuramos, nos mantendo ligados ao ódio, à raiva ou à dor. Existe uma parte de nós que diz que precisamos nos proteger e que podemos conseguir felicidade e paz interior, estando ligados ao ódio e à procura de vingança. Existe uma parte de nós que diz que precisamos esconder e negar nosso amor e alegria, porque fomos feridos no passado. Podemos olhar para o amor como uma travessia através de uma ponte imaginária, ligando um mundo onde estamos sempre renovando nossa raiva, a um outro mundo de paz. Esta travessia nos leva à nossa própria essência espiritual, e ao coração de Deus. Ela nos leva a um novo mundo de amor incondicional e que está em constante expansão. Através do perdão, recebemos tudo o que nossos corações poderiam desejar. Somos libertados de nossos medos, raiva e dor para vivenciarmos nossa unicidade com todas as pessoas e com nossa Fonte Espiritual. Perdão é o caminho para fora da escuridão, em direção à Luz.É nossa função aqui na terra, nos permitir reconhecer a nós mesmos como a Luz do mundo. Isso nos permite escapar das sombras do passado, sejam elas nossas ou de outras pessoas. O perdão nos liberta da prisão do medo e da raiva que impusemos às nossas próprias mentes. Ele nos libera da nossa necessidade e esperança de mudar o passado. Quando perdoamos, nossas mágoas referentes a ofensas passadas são limpas e curadas. De repente,
23 experimentamos a realidade do amor de Deus. Nesta realidade, existe apenas amor, nada mais. Nesta realidade, nunca há nada a ser perdoado. Em Um Curso em Milagres, existe uma passagem linda sobre o perdão. Eu a reproduzo aqui, porque ela descreve os benefícios que podemos conseguir através do perdão:
“O PERDÃO OFERECE TUDO O QUE EU QUERO”
O que poderias querer que o perdão não possa dar? Queres paz? O perdão a oferece. Queres felicidade, uma mente serena, certeza acerca do teu propósito e um senso de valor e beleza que transcende o mundo? Queres atenção, segurança e o calor da proteção garantida para sempre? Queres uma quietude que não possa ser perturbada, uma gentileza que jamais possa ser ferida, um consolo profundo e duradouro e um descanso tão perfeito que jamais possa ser transtornado? O perdão te oferece tudo isso, e mais. Ele brilha nos teus olhos quando acordas e te dá alegria para saudar o dia. Conforta a tua fronte enquanto dormes e repousa sobre as tuas pálpebras para que não tenhas sonhos de medo e mal, malícia e ataque. E quando acordas de novo, ele te oferece um outro dia de felicidade e paz. O perdão te oferece tudo isso, e mais. * (DA LIÇÃO 122)
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O Perdão é deixar ir todas as esperanças de um passado melhor.
O poder do amor e do perdão em nossas vidas pode produzir milagres. *
A palavra-chave para aprender a perdoar é querer perdoar. *
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TRÊS A Mente Rancorosa ------------------------------------------------------------------------------------------A maioria de nós evita tomar remédios que sabemos terem efeitos colaterais. Apesar disso, a maior parte do tempo, não somos muito seletivos com os pensamentos que colocamos em nossas mentes – nem estamos conscientes dos efeitos tóxicos que esses pensamentos podem ter sobre nossos corpos. --------------------------------------------------------------------------------------------
No capítulo um, falei sobre a parte de nós mesmos que nos vê como um corpo e uma personalidade. É a parte que nos diz que nossa felicidade pode ser encontrada no mundo exterior, através da acumulação de bens. É a parte que nos diz, que se pelo menos encontrássemos o relacionamento certo, tudo em nossas vidas seria perfeito. É a parte que acredita, que quando as coisas vão mal, a única coisa razoável a se fazer é encontrar alguém ou alguma situação para culpar. Chamamos esta parte de ego. Pode ser útil pensar no ego como se ele tivesse um sistema de crenças próprio. Se quisermos, podemos aceitar essas crenças ou procurar outras maneiras de olharmos para o mundo. Obviamente, temos que lembrar que nossos egos são parte de nós mesmos. Quanto maior for a nossa habilidade em reconhecer nosso ego amedrontado, mais livres seremos para escolher uma vida mais amorosa e pacífica. Pense no sistema de crenças do ego como baseados no medo, na culpa e na censura. Se tivéssemos que escolher seguir apenas seus princípios, sempre estaríamos em um estado de conflito e qualquer paz ou felicidade que pudéssemos ter iria sumir completamente de nossas vidas. . Já que esta é a maneira pela qual o ego trabalha, não é surpresa dizer que ele não acredita no perdão. Na verdade, ele irá fazer tudo o que puder para nos convencer de que ninguém no mundo merece nosso perdão. E ainda vai mais além do que isso, dizendo que nós também não merecemos perdão! Ele se agarra ferozmente à crença de que as pessoas fazem coisas pelas quais nunca devem ser perdoadas. O ego, de qualquer maneira, acredita que precisamos estar constantemente nos defendendo. Ele nos comunica isto de uma maneira facilmente reconhecível; por exemplo, sua mente rancorosa tenta nos convencer de que o único caminho que nos protege de danos futuros é punir as outras pessoas com nossa raiva e nosso ódio, afastando-nos delas a fim de que se sintam mal pelo que fizeram.
26 . Nossos egos nos fazem sentir que seríamos tolos, estúpidos ou simplesmente insanos se perdoássemos aquela pessoa cujas ações, de alguma maneira, nos magoaram ou ameaçaram. E, se isso não for suficiente, eles nos lembram que existem pessoas em nossas vidas, que estão sempre querendo colocar o dedo em nossa ferida e que tais pessoas nos magoam e merecem nossa raiva, não nosso perdão. É claro, que nossos egos são muito espertos. Eles sabem como escolher e apresentar suas testemunhas. E você pode estar certo de que eles têm um bom olho para selecionar apenas aquelas que concordam totalmente com eles. Os amigos que escolho hoje, agora que estou no caminho espiritual, são muito diferentes daqueles que eu tinha ao meu redor durante o período em que estava ligado ao álcool. O ego é cheio de contradições. Ele tem que esconder de nós, por exemplo, o fato de que quando nos agarramos à nossa raiva para punir outras pessoas, aprisionamos a nós mesmos. Outro segredo que ele tem que guardar é que nossos pensamentos rancorosos criam um espaço vazio em nossos corações e que isto, não apenas nos provoca um sentimento de perda e tristeza, como também nos impede de experimentar a paz interior e o amor. Este espaço vazio nos separara uns dos outros e da nossa conexão espiritual com as outras pessoas. Se você acredita em Deus, o ego ficará ocupado em lhe dizer que o seu Deus é julgador e raivoso. Ele pode se esforçar para dizer que Deus está sempre pronto para lhe jogar a primeira pedra e puni-lo por seus crimes e pensamentos “errados”. Ou ainda, pode se preocupar em dizer que você não pode confiar ou se sentir seguro com Deus. O ego, freqüentemente, tenta lhe dizer que o amor incondicional de Deus não passa de uma ilusão que você criou e que, enquanto estiver apegado a esta noção tola, estará se iludindo. Nossos egos querem que acreditemos que Deus é um ser colérico e que, a qualquer momento, pode provocar a morte de uma pessoa, ou criar desastres naturais como terremotos e tornados que matam muitas pessoas e deixam outras sem lar. O ego, inclusive, quer que acreditemos que essas são maneiras para punir as pessoas por seus crimes e pensamentos errados. A mente rancorosa do ego sempre tem uma reserva de medo, miséria, dor, sofrimento, desespero, exaustão e dúvida. É uma mente que vê enganos como pecados que nunca devem ser perdoados.
Possíveis Efeitos Colaterais Tóxicos de nossos Pensamentos Os médicos tentam estar vigilantes sobre os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos que eles prescrevem aos seus pacientes; e, nos dias de hoje, conforme os pacientes assumem maior responsabilidade sobre sua própria saúde, também se interessam por este tipo de informação. Se quisermos nos libertar do fardo e do desconforto de nossas mágoas, precisamos analisar os pensamentos que colocamos em nossas mentes tão cuidadosamente quanto as drogas que colocamos em nossos corpos. Os efeitos colaterais de se conservar pensamentos rancorosos em nossas mentes podem ter um impacto muito negativo em nosso próprio bem-estar. Dê uma olhada na próxima lista; aqui estão alguns de nossos problemas físicos que podem estar associados a uma mente rancorosa: - Dores de cabeça
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- Dores nas costas - Dores no pescoço - Sintomas de problemas estomacais e úlceras - Depressão - Falta de energia - Ansiedade - Irritabilidade - Tensão e nervosismo - Insônia e agitação - Medo sem razão (não ligado a nenhuma situação específica) - Infelicidade Poucos de nós tomariam drogas que sabemos que podem nos prejudicar; mesmo assim, não somos nem de longe tão seletivos com os pensamentos que colocamos em nossas mentes. Qual é o antídoto? Qual é o remédio mais poderoso que temos para curar os pensamentos que causam esta longa lista de sintomas? Perdão. É um curador poderoso, espantoso e miraculoso, com a capacidade de fazer com que todos esses sintomas desapareçam.
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A mente rancorosa esconde de nossa consciência, o fato de que nos aprisionamos ao nos agarrarmos à raiva e ao ódio. *
Perdoar aos outros é o primeiro passo para perdoarmos a nós mesmos. *
Nosso sistema imunológico pode se fortalecer quando perdoamos.
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Quatro As Vinte Principais Razões pelas quais não perdoamos ----------------------------------------------------------------------------Sempre existe uma escolha a ser feita: Podemos ouvir a voz do amor ou a voz do ego. * -----------------------------------------------------------------------------É difícil perdoar quando ouvimos o conselho do ego nos dizendo que estamos fazendo a coisa mais saudável ao punirmos a pessoa que nos magoou e ao negarmos nosso amor a ela. É difícil perdoar por que temos egos irredutíveis, sempre tentando nos convencer que é melhor e mais seguro para nós odiar do que amar. É importante que não façamos de nossos egos um inimigo, nem que fiquemos submetidos aos seus conselhos, mas também é igualmente importante reconhecermos que nossos egos nos tiram do caminho correto. Nossos egos estão constantemente nos fazendo pregações. Eles se agarram a um sistema de crenças que prioriza o medo, o conflito, a indiferença e a infelicidade e ainda insistem que expressar amor é simplesmente insano. Eu gostaria de considerar isto de maneira diferente: que talvez sejamos realmente insanos apenas quando não nos permitimos experimentar e expressar nosso amor. Quando nos condicionamos a ouvir a voz do ego, o que estamos particularmente propensos a fazer em épocas de stress ou quando as coisas não estão indo da maneira que gostaríamos, iremos ouvir ou sentir em nossas mentes, as mensagens silenciosas dizendo para não perdoarmos. Sempre existe uma escolha a ser feita: Podemos ouvir a voz do amor ou a voz do ego.* Como podemos saber quando é o ego que está falando? A voz do ego sempre vem do medo; ela nos leva a um estado de conflito, não de paz. Quando ouvimos a mente rancorosa do ego, encontramos incontáveis razões pelas quais não devemos perdoar, sempre escondendo o fato de que, quando não perdoamos, nos transformamos na pessoa que sofre e perde o sentimento de paz..* Aqui estão vinte exemplos do raciocínio do ego: 1. Aquela pessoa realmente o magoou. Ela merece sua raiva, sua recusa de amor e qualquer punição que venha a receber. 2. Não seja tolo! Se você perdoar, a pessoa vai fazer de novo aquela mesma coisa horrível.
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3. Você será um fraco se perdoar. 4.
Se você perdoar aquela pessoa, será o mesmo que reconhecer que ela está certa e você errado!
5.
Só uma pessoa com uma auto-estima realmente muito baixa até mesmo pensaria em perdoar aquela pessoa.
6.
Quando você não perdoa, é como se controlasse a outra pessoa. O controle é a melhor maneiro do ego se sentir seguro.
7.
A melhor maneira de conservar a distância entre você e a pessoa que o magoou é nunca perdoá-la.
8.
Guarde seu perdão já que esta é uma maneira de se sentir bem, sabendo que, assim, terá um bom caminho para conseguir vingança.
9. Negar seu perdão dá a você poder sobre a pessoa que o magoou. 10.
Perdoar as pessoas que o magoaram é simplesmente estúpido.
11.
Se você perdoar, vai abandonar todo o sentido de segurança.
12.
Se você perdoar alguém, ele pode pensar que você concorda com suas atitudes.
13.
Perdoar nada mais é do que desculpar o mau comportamento.
14.
Se o impulso ficar muito forte, você só deve perdoar alguém se ele lhe oferecer desculpas sinceras e, mesmo assim, perdoar apenas parcialmente.
15.
Se você perdoar, Deus vai fazê-lo cair.
16.
Sejamos sinceros: é sempre a outra pessoa que erra então, para que perdoar?
17. Nunca acredite em qualquer um que tente lhe dizer que as coisas que você não suporta nas outras pessoas são aquelas que você não quer enxergar em si mesmo. 18. Não caia nessa de que, se não puder perdoar alguma coisa que alguém lhe fez, é porque não pode aceitar o fato de que você mesmo fez algo que considera imperdoável. 19.
Se você perdoar aquele ato horrível é porque não é melhor do que a pessoa que considera culpada.
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20.
Você saberá que realmente se perdeu por causa do perdão, quando começar a acreditar que existe um Deus ou um Poder Superior que o protege de ser uma vítima inocente e não permite que se fira.
O que Fazer com as Mensagens do Ego Leve algum tempo para se familiarizar com esta lista de afirmações do ego. Logo, você irá reconhecer quando elas vierem aos seus pensamentos; neste ponto, vai perceber que tem uma escolha entre a voz do ego e a voz do amor, a voz do perdão. Nos próximos capítulos, vamos examinar maneiras melhores de escutar esta voz.
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O perdão nos liberta do passado doloroso. *
Se você não perdoar completamente, não terá perdoado nada. *
Para perdoar, tenha o desejo de entregar toda sua raiva e angústia para Deus. *
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Cinco
Removendo os Obstáculos ao Perdão -------------------------------------------------------------------------- Podemos escolher os pensamentos que colocamos em nossas mentes. * ----------------------------------------------------------------------------
Sempre que pegamos o jornal ou assistimos ao noticiário na TV, ficamos conhecendo todas as situações chocantes que estão acontecendo no mundo; até mesmo em nosso “quintal”. É fácil sentir -se quase convencido de que algumas coisas que ocorrem são simplesmente imperdoáveis; podemos até mesmo sentir que nós mesmos fizemos ou dissemos coisas em nossas vidas que não merecem perdão. Mas existe uma mensagem poderosa aqui, que afirma ser apenas através do perdão que poderemos interromper o círculo vicioso de destruição e dor em nosso planeta.
Mudando nosso Sistema de Crenças Se quisermos aprender o valor do perdão (de perdoar a todos, incluindo a nós mesmos), precisamos mudar nosso sistema de crenças. Podemos começar desistindo da crença do ego de que precisamos encontrar alguém para culpar sempre que as coisas vão mal. Podemos acolher novas crenças em nossos corações, algumas que nos permitam enxergar o valor de nos libertarmos da autocondenação e da condenação de outros e de nos rendermos ao amor. * Uma das maneiras pelas quais podemos fazer isto é mudando nosso modo de pensar sobre quem e o que somos. O ego nos identifica totalmente com o corpo físico, ao invés de nos ver como seres espirituais que vieram para viver por algum tempo em corpo físico. Se pudermos adotar a determinação de olharmos para nós mesmos e para os outros como seres espirituais eternos e não apenas como corpos, será muito mais fácil perceber o valor do perdão. Olhando para trás em minha própria vida, vejo que o que me impediu de experimentar a paz interior foi minha resistência em perceber o valor de perdoar a mim mesmo e aos outros. Fui tragado por um redemoinho de vergonha e culpa, negação e raiva, sobre coisas que
34 aconteceram no passado. Durante muitos anos, eu me vi como uma vítima; culpei o mundo e a todas as pessoas pela minha própria infelicidade. Minha própria jornada espiritual começou em 1975, quando me mostraram Um Curso em Milagres. Aqueles escritos provocaram uma mudança extraordinária em minha maneira de enxergar o mundo e a mim mesmo. Hoje, continuo a aprender com o Curso e a desaprender algumas de minhas crenças do passado. Agora estou convencido de que, para sermos verdadeiramente felizes e cheios de paz, precisamos aprender o valor de perdoar e amar a nós mesmos e aos outros. A felicidade e a paz vêm até nós ao pararmos de procurar por alguém ou alguma coisa para culpar quando as coisas dão errado em nossas vidas. Culpar não pode nos trazer a felicidade que desejamos, nem a vingança ou a punição; apenas o perdão pode nos dar o que precisamos. Nós, portanto, temos que ser aquela pessoa que vai parar de reviver a raiva, a mágoa, a amargura e a dor das lutas internas e externas. Ao nos responsabilizarmos por liberar nossos auto-impostos bloqueios, que nos impedem de perdoar os outros e a nós mesmos, ficamos curados, felizes e em paz.
A Mudança Acontece ao Ultrapassarmos Um Obstáculo de Cada Vez Ultrapassando o medo, a vergonha e a culpa. O primeiro obstáculo que precisamos vencer é nossa resistência em mudarmos nosso sistema de crenças. Talvez, o maior bloqueio ao perdão seja ter um sistema de crenças baseado no medo, ao invés de no amor.* Este bloqueio começa a se desvanecer conforme afirmamos a determinação em nossas vidas, de ver as outras pessoas como amorosas, assustadas e suplicando amor. Isto significa não mais interpretar o comportamento de outras pessoas, a fim de determinar se são culpadas ou inocentes. Significa ver as outras pessoas não como agressivas, mas como amorosas, assustadas, e suplicando amor. Durante a maior parte da minha vida, preciso admitir que, com toda certeza, não vi as coisas desta maneira. Como a maioria das pessoas, cresci com muito pouco ou nenhum modelo de perdão. De repente, eu era um adulto com pouca consciência sobre o que o perdão poderia oferecer ou sobre quão importante poderia ser. Quando estava crescendo, ouvi sobre o perdão, mas era apenas um conceito religioso abstrato; eu não tinha a menor idéia do que ele tinha a ver com minha própria vida. Pelo que posso me lembrar, nunca me ensinaram nada sobre a aplicação prática do perdão em minha vida diária. Por volta dos meus vinte anos, tornei-me um especialista em atacar e depreciar a mim mesmo e aos outros. Procurei e encontrei muitas pessoas no mundo, que estavam mais do que dispostas a cooperar comigo neste tipo de comportamento. Naquela época, meu ego era como um piloto automático, ligando-se sozinho sempre que eu me sentia atacado. Uma vez ligado, que Deus ajudasse qualquer um que acontecesse estar em minha linha de fogo! Eu entrava instantaneamente em meu comportamento de atacar e defender. Às vezes penso que nossas histórias pessoais são a mais poderosa ferramenta que temos para transmitir aos outros as lições que aprendemos. Sempre que reflito sobre aqueles anos difíceis e sobre o que aconteceu naquela época, lembro-me de que devo ter uma mente aberta e acreditar que nada, nada mesmo, é impossível. Por esta razão, gostaria de compartilhar a história sobre o meu divórcio. Rendendo-nos ao amor, ao invés do medo. Em 1973, minha primeira esposa, Pat, e eu nos divorciamos depois de um casamento de 23 anos e eu me vi em um turbilhão emocional.
35 Fiquei vagando em um mar de dor, vergonha, raiva, culpa e frustração; pensei que nunca me sentiria livre. A maioria das pessoas que se divorciam sabe do que estou falando. A culpa, a hostilidade e a autocondenação que eu estava sentindo puxaram-me para baixo, deixando-me exausto. Voltei-me para o álcool em busca de alívio; tornei-me um alcoólatra e pensava em me suicidar. Durante aqueles anos dolorosos, acreditei, que meu relacionamento com Pat nunca poderia ser curado; parecia impossível até de imaginar. Naquela época, eu já havia sido um ateu durante muitos anos. A idéia de que eu poderia um dia trilhar o caminho espiritual parecia tão impossível quanto eu e Pat um dia voltarmos a ser amigos. Então, em 1975, comecei a estudar os ensinamentos de Um Curso em Milagres. Percebi que meu sistema de crenças estava mudando; onde antes eu havia lutado para colocar censura, culpa e vergonha, agora não havia mais nada. Logo notei que estava vendo a mim e a Pat de maneira muito diferente, e que estava assumindo a responsabilidade por todos os meus pensamentos e ações. Todos os dias, eu me esforçava para ver Pat sob esta nova luz. Ao invés de procurar qual de nós deveria culpar, pedi a Deus que me ajudasse a perdoar a mim mesmo e a minha atual ex-esposa. Eu acordava todos os dias com um único propósito: ter paz interior, paz divina. Milagrosamente e de maneira inesperada, logo notei que a tensão sobre Pat e nosso relacionamento estava se dissipando. Pat casou-se novamente um ano depois e mudou-se para Seattle. O tempo passou e, um dia, fui agendado para dar uma palestra no Opera House daquela cidade. Pat, seu pai e seu novo marido vieram para escutar minha conferência. Nós nos encontramos para o café da manhã do dia seguinte e Pat disse que adorou tudo o que eu havia dito. Como nossas vidas haviam mudado desde o nosso casamento! Quando voltei para San Francisco, disse a todos: “Sabe de uma coisa? Esta história de perdão realmente funciona!”. Seis meses mais tarde, soube que Pat e seu novo marido estavam se mudando para a cidade de Tiburon, onde eu vivia. Minha primeira reação a essas notícias foi: “Ah, não!”. Foi fácil perdoar Pat e a mim mesmo enquanto ela estava vivendo centenas de quilômetros distante de mim, mas eu imaginava o que iria acontecer se topássemos, volta e meia, um com o outro na mercearia. Durante os anos seguintes, entendi como é importante fazer do perdão uma prática diária. Fico feliz em dizer, que hoje, Pat e eu somos grandes amigos. A animosidade dos anos anteriores acabou. Quando Pat casou-se novamente, pediu que eu tirasse fotos de seu casamento e que minha esposa, Diane, o filmasse; o que nós fizemos com muito prazer. Naquela época, eu já estava novamente grato pelo impacto milagroso do perdão nas vidas de todos nós. Tornando-se consciente sobre percepção e projeção. Como seres humanos, temos um jeito todo especial de compreender nossas vidas. Temos memórias fantásticas para tudo o que nos aconteceu, quase desde o dia em que nascemos e, provavelmente, de antes ainda. Se tiverem acontecido coisas amedrontadoras ou que nos magoaram, não apenas as relembramos como também temos a tendência de nos agarrarmos a elas ao julgarmos o presente e o futuro. Nossas mentes são como projetores de imagens em movimento. Nossas memórias do passado tornam-se as imagens que projetamos em nossa tela; e o roteiro dessas projeções é constante, não importando qual pessoa esteja conversando conosco no momento. Se o filme que passamos em nossa mente for de culpa ou raiva, vamos projetar essas percepções na situação atual; podemos achar que a outra pessoa está tentando nos fazer sentir culpados ou podemos vê-la como se estivesse merecendo nossa raiva.
36 Embora a percepção e a projeção façam parte de nossa condição humana, nossos egos são completamente capazes de usar a projeção para seus próprios propósitos; eles irão nos convencer de que aquilo que estamos projetando na outra pessoa é real e verdadeiro. O resultado disso, é que nossos egos nos convencem de que todos os nossos pensamentos e sentimentos desconfortáveis são provocados por outras pessoas ou situações do mundo exterior. A última coisa que nossos egos querem que entendamos é que o que vivenciamos é determinado pelos pensamentos que estão em nossas mentes. Embora possamos não querer assumir a responsabilidade por nossas próprias percepções e projeções, quando assim o fazemos, passamos a ser capazes de escolher entre o sistema de crenças do ego e o do amor. Ao nos tornarmos conscientes de como nossos egos usam a projeção, podemos fazer mudanças; podemos aceitar nossos sentimentos e decidir se queremos conservá-los ou deixá-los ir. Quando meus filhos eram bem pequenos, eu sempre ficava atrás deles para que limpassem seus quartos; só muitos anos mais tarde, percebi que meu próprio escritório estava sempre bem desarrumado. Embora eu me sentisse desconfortável por ver tanta desordem, não poderia permitir a mim mesmo tornar-me consciente disso. Ao invés disso, meu ego me disse que todos aqueles sentimentos me invadiam como resultado dos maus hábitos domésticos de meus filhos. Perdoando seu ex-esposo. Há muitos anos atrás, quando eu estava dando um workshop para enfermeiros que trabalhavam com pessoas com câncer, propus um exercício em que o grupo devia imaginar uma lata de lixo onde colocasse toda sua raiva e culpa. Depois de terem enchido as latas de lixo com aqueles sentimentos, perguntei a eles se queriam liberar aqueles sentimentos. Será que eles gostariam perdoar a si mesmos e às pessoas que talvez os tivessem magoado? “Se estiverem prontos”, eu disse, “imaginem que vocês têm um balão de gás hélio enorme; amarrem-no na lata e a deixem ir. Então, assistam a lata de lixo subir vagarosamente no ar, indo cada vez mais alto no céu até que desapareça completamente”. A maioria das pessoas do grupo fez o exercício, mas uma enfermeira ficou em pé no fundo da sala, observando. Eu estava envolvido com os outros e não a notei; durante o intervalo, entretanto, ela veio rapidamente para me contar suas experiências. “Quando você começou o exercício, eu estava certa de que não tinha nada sobre o que me sentisse irritada ou culpada, então, decidi apenas observar. Mas, de repente, lembrei-me de meu ex-marido, aquele filho da p...! Ele me trocou por uma mulher mais nova. Então, em minha imaginação, agarrei-o pelo pescoço e joguei-o dentro da lata de lixo; amarrei a lata no balão imaginário e a vi desaparecer no céu, exatamente como você disse, como se ela se dissolvesse nas nuvens. Ouvi um estalo bem forte em meu pescoço e, de repente, foi-se embora uma dor que me perseguia desde o nosso divór cio!” Ela ainda me disse que, depois, percebeu que não foi de seu marido que ela havia se livrado, mas de sua fixação na raiva que sentia pelo que ele havia feito. Ela disse: “Meu marido não é mais uma dor no pescoço para mim”. Ela finalmente havia visto sua própria raiva e não tinha mais que projetá-la sobre outra pessoa. Controlando o passado e o futuro. Para prepararmos nossos corações e mentes para o perdão, precisamos ultrapassar o obstáculo de acreditar que o passado irá, inevitavelmente, repetir-se no futuro. Quando somos atacados, o medo nos coloca em guarda. Mesmo muitos anos depois, podemos nos descobrir aprisionados por aquele medo, acreditando que seremos novamente atacados daquela maneira. Nossos egos nos dizem para não acreditarmos em outras pessoas
37 e até mesmo para esperarmos que elas nos ataquem outra vez. Existe uma parte de nós que vive no passado amedrontador, certa de que ele vai se repetir; ela quer que acreditemos que o passado doloroso pode predizer um futuro doloroso. A crença de que o passado é um indício do futuro é defendida pelo ego, que se alimenta de uma dieta fixa de pensamentos rancorosos, medo, julgamento, censura e culpa. Mas, esta mesma dieta nos mantém separados uns dos outros, de nosso verdadeiro ser, de experimentar o amor e a presença de Deus. Os sintomas do sofrimento e da dor têm suas raízes em pensamentos rancorosos e podem tomar várias formas diferentes. Pesquisas sobre os aspectos psico-fisiológicos do stress humano nos mostram que os pensamentos e sentimentos que seguramos em nossas mentes são, freqüentemente, transformados em sintomas físicos ou problemas emocionais: ansiedade, depressão, agitação, baixa auto-estima, dores de cabeça, nas costas, no pescoço, no estômago e enfraquecimento do sistema imunológico, que nos deixa propensos a infecções e alergias. É tempo de pararmos de atacar nossos corpos com nossos pensamentos negativos. Nossos próprios julgamentos e pensamentos rancorosos transformando-se em respostas de stress que literalmente atacam nossos corpos, tornando-se fatores subjacentes no desenvolvimento de sintomas psicossomáticos de muitos tipos e também como doenças orgânicas reais. Ficar presos a pensamentos rancorosos, portanto, tem um efeito muito tangível em nossa saúde geral. Não importando a descrição da dor e sofrimento pelo qual estamos passando, é sempre bom procurarmos pela presença de pensamentos rancorosos que podem estar nos impedindo de estarmos saudáveis. É difícil aceitarmos a possibilidade de que, quando mantemos pensamentos rancorosos nós realmente estamos escolhendo o sofrimento. Nossos egos podem estar nos dizendo que esta é a maneira de punir outras pessoas que nos magoaram, mas nós, freqüentemente, prejudicamos a nós mesmos. Lembre-se de que a dor, o medo, a incerteza e a doença alimentam o ego; ele detesta a paz, o amor, a felicidade e a saúde. Agarrando-se às suas armas usuais, nossos egos obstinados irão nos dizer que está tudo bem em se perdoar parcialmente, nunca totalmente. Por exemplo, você pode perdoar parcialmente tio Harry por ter contado piadas impróprias em seu jantar festivo, mas relembre-o de que você não perdoou sua falta de educação completamente; nunca mais mande a ele um cartão de aniversário. Outra maneira de nossos egos tentarem controlar nossa intenção de perdoar é perdoar alguém, mas manter nossa superioridade no processo. Por exemplo, você poderia dizer a tio Harry: “Para manter a paz na família, eu o perdôo. Mas você criou um problema muito sério e estou de olho em você”. A percepção do ego em que temos a tendência de acreditar é que, se não continuarmos a manter uma aversão por quem nos magoou, nos colocaremos em perigo. O problema é que esse tipo de energia negativa cresce e volta para nós. Lembre-se de que seus pensamentos e crenças determinam como você vai encarar sua vida.* O objetivo do perdão é nos liberar do passado; das aversões e mágoas que temos em relação às outras pessoas. Ao contrário de representar algum perigo, nosso perdão permite que vivamos mais intensamente o presente. O presente pacífico, por sua vez, ajuda-nos a olhar para o futuro com sentimentos de paz. O presente pacífico, então, pode se estender para o futuro e ambos se tornam um só. Infelizmente, a maioria de nós vive uma realidade em que o passado amedrontador e o futuro amedrontador tornam-se um só e nossas crenças criam uma realidade onde o pior ainda está por vir.
38 Liberando os obstáculos de culpa e vergonha. Em 1981, quando conheci Diane, eu estava escrevendo um livro intitulado Adeus à Culpa. Pedi a todos os meus amigos que me contassem suas histórias sobre quando se sentiram mais culpados em suas vidas. Quando fiz esta pergunta a Diane, ela disse que não havia nada sobre o que se sentisse culpada. Mais tarde, no mesmo dia, ela começou a falar sobre seu pai falecido e descobriu que vinha escondendo sua culpa, raiva e pensamentos rancorosos até de si mesma. Ela descreveu o quanto seu pai havia sido fisicamente abusivo. Ela mesma, nunca havia apanhado, mas disse que se sentia culpada por querer que seu pai tivesse sido diferente do que era. E também se sentia culpada porque outras pessoas de sua família haviam apanhado enquanto ela nunca. Por mais que estivesse brava com seu pai por seu comportamento, ela represou sua raiva, enterrando-a em um compartimento mental que permaneceu trancado até aquele dia. Durante a semana seguinte ao seu reconhecimento desses acontecimentos, Diane recordou as muitas vezes em sua infância em que desempenhou o papel de pacificadora. Ela lidou com seus sentimentos sufocando-os, e fazendo tudo o que podia para manter a paz na família, a fim de que ninguém se machucasse. Agora que havia aberto este estoque de sentimentos, ela pediu ao Poder Superior para ajudá-la a perdoar. Um dia, sentiu-se guiada a escrever um poema para seu pai. Ela deu permissão para colocá-lo neste livro: SE EU PUDESSE CAMINHAR AO SEU LADO, PAPAI Se eu pudesse caminhar ao seu lado, papai, Em um momento roubado do tempo, Eu sentiria o ritmo em que você andava, E descobriria que ele é reconfortante para mim. Ao entardecer, No sol poente de agosto, Exausto do trabalho, Com todos os pequenos trabalhos domésticos para fazer, Seus prazeres eram tão pequenos, E pareciam tão sem valor Para mim. E agora, ao terminar cada dia, São eles que me fazem sentir livre. Suas flores, seu jardim, Da argila queimada, você deu a eles Vida; Seus pássaros, com suas asas, Instrumentos de Deus para voar. Nós conversamos tão pouco, E compartilhamos ainda menos.
39 Se eu pudesse caminhar com você, papai, Meu coração confessaria Que nunca entendi sua Raiva, Ou suas frustrações, ou sua Dor. Mas, mesmo sendo tão confuso, Só saí ganhando com isso. Porque você me forçou a me voltar para Dentro de mim mesma, A fim de procurar e encontrar O sentido da vida, Do amor e do tempo. Você me ensinou sem palavras E me deu, de dentro de mim mesma, Muitos significados para esta jornada Embora você nunca tenha sabido porque. Você era meu jardineiro, E minha ternura, e meu professor Inconfesso, Com seu coração e suas Mãos, Ajudou a moldar meu espírito. De meu frágil casulo, Protegida das lutas, Ouvi de dentro de mim, O significado da vida. Portanto, eu dou a você agora, conforme caminhamos esta noite, pai meu coração... nossa ligação nunca mais triste já que o passado acabou E eu deitei para descansar, Porque nós dois agora sabemos Que fizemos o melhor que sabíamos. E eu fico no topo Das colinas da minha mente E aceno para você Em sua jornada no tempo
40 Para encontrar sua família Na Luz, em um círculo completo De amor, paz e perdão Para que você possa estar em abundância. Depois de escrever este poema e conversar sobre os sentimentos que estava guardando sobre seu pai, ela descobriu que a cura podia acontecer em um instante através do perdão, mesmo depois da pessoa ter morrido. O perdão apagou a sombra do passado doloroso e, agora, ela só tem memórias amorosas de seu pai, memórias essas que, anteriormente, estavam bloqueadas. A experiência de Diane nos mostra não apenas o poder do perdão, mas também como podemos curar nossos relacionamentos com outras pessoas, mesmo quando elas não estão próximas ou já faleceram. Várias vezes, durante os workshops ou palestras, Diane lê seu poema e fala sobre sua história com seu pai, para a platéia. Muitas pessoas vêm agradecer a Diane e dizer a ela o quanto o poema as ajudou a curar seus próprios relacionamentos com seus pais. Outras maneiras de perdoar e esquecer. A experiência de Diane nos mostra o quanto o ato de escrever pode ser uma poderosa ferramenta no processo de perdoar e curar nossos relacionamentos. Um poema, uma carta para um amigo, uma página ou duas em um jornal, até mesmo uma carta não enviada para a pessoa que provocou nossa dor, tudo pode proporcionar-nos uma maneira de expressarmos sentimentos difíceis, mas que precisam ser respeitados. A criança amedrontada, talvez ainda dentro de você, pode ser profundamente curada e ter a certeza de seu amor, através do processo do perdão. Para ajudar neste processo, você até pode querer pegar uma fotografia de quando era bebê e depois, como criança. Coloque essas fotos no seu espelho, na sua escrivaninha ou onde quer que possa vê-las sempre e lembrar-se delas. Ame a criança amedrontada que vê nestas fotos todos os dias, e talvez descubra, que a criança amedrontada dentro de você vai se transformar em um adulto mais alegre e amoroso.
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O Perdão cria um mundo onde não escondemos nosso amor de ninguém. *
Torna-se muito mais fácil perdoar quando escolhemos não mais acreditar que somos vítimas.
O perdão é um processo contínuo, não algo que fazemos apenas uma ou duas vezes.
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Seis Milagres do Perdão ---------------------------------------------------------------------O perdão é o caminho para a felicidade e a maneira mais rápida de acabar com o sofrimento e a dor. * --------------------------------------------------------------------A história de Diane, no capítulo anterior, mostra o quão rapidamente podemos mudar algo em nós mesmos quando nos tornamos conscientes de sua existência. Isto é importante de se entender, porque freqüentemente escondemos dos outros e até de nós mesmos, a raiva que sentimos. Esta raiva escondida é o que torna tão difícil para nós perdoar. E nossa falta de perdão pode nos corroer por dentro, criando tensões que limitam nossos relacionamentos e atacam nossos corpos. Neste capítulo, gostaríamos de examinar alguns exemplos em que as pessoas trouxeram ofensas do passado à consciência e as liberaram. É a minha esperança que estas histórias verdadeiras possam ser modelos úteis para guiar outras pessoas em direção à liberação do passado através do perdão.
Curando as Cicatrizes Religiosas Muitas pessoas ao redor do mundo afastaram-se de qualquer coisa que lembre religião ou Deus, por causa de experiências dolorosas que tiveram quando crianças. De certo modo, Deus tem sido muito censurado em nossa cultura e é culpado por simplesmente tudo o que se possa imaginar. Percebemos isto até nas apólices de seguro que excluem o pagamento por danos ou ferimentos causados por “atos de Deus” o que, normalmente, significa catástrofes naturais como inundações, terremotos, furacões, tornados e incêndios florestais causados por raios. Já é hora de pararmos de culpar Deus por todas as coisas terríveis que nos acontecem. Recentemente, estávamos jantando com uma mulher que descreveu a si mesma como uma “católica recuperada”. Ela me contou que foi criada em um orfanato e que sentiu este fato como uma experiência horrível, sobre a qual ainda se sentia zangada. Continuou descrevendo, em mínimos detalhes, os abusos que sofreu. Já adulta, descobriu-se repetindo o mesmo papel de vítima inúmeras vezes, com dor e autopiedade. Ela descobriu que estava presa em sua própria raiva e ódio por ter sido abandonada por sua mãe. Ao invés de protegê-la do passado, sua raiva tornou-se sua carcereira, fazendo com que este passado se repetisse.Ela ficava irritada sempre que ouvia as palavras religião e Deus, vendo-as como a causa de sua dor. Nos dois anos anteriores, entretanto, ela havia começado a trilhar o caminho espiritual, e tornou-se cada vez mais consciente do quanto estava culpando Deus e a religião por seus
43 sentimentos de abandono e abuso. Quanto mais consciente se tornava, mais capaz ela ficava de ver a si mesma como a responsável por se agarrar à dor que ainda estava sentindo. Esta mulher fez um grande trabalho de perdão. A cada dia, ela se sente ainda mais livre da dor e da raiva associadas ao seu passado. Existe um brilho em seus olhos que nunca esteve lá antes e ela está começando a sentir felicidade e até alegria pela primeira vez em sua vida. Ela não culpa mais seus pais ou a igreja por seus sentimentos; está deixando ir embora as percepções dolorosas que a aprisionaram. Mas, não se engane, ela não está corroborando o comportamento de seus pais ou das pessoas no orfanato onde foi criada; ela, de maneira nenhuma, concorda que o comportamento daquelas pessoas foi bom. Só que, finalmente, percebeu que eram apenas seus próprios pensamentos que a estavam mantendo em agonia. O perdão literalmente mostrou-lhe o caminho para a liberdade. Esta mulher tem muito em comum com tantas pessoas que conheci que, depois de curarem as mágoas passadas, não apenas são capazes de experimentarem novamente o conforto de uma ligação espiritual com um Poder Superior, mas também retornam aos seus templos iniciais de culto religioso. Infelizmente, existem outras que deixaram suas lutas com Deus e a religião dominarem suas vidas, através de sentimentos de raiva e falta de fé. Podemos encontrar em nossos sentimentos de censura, um sinal para nos conscientizarmos de como estamos nos agarrando às mágoas passadas, e caminharmos em direção ao perdão. Perdoando nossas concepções erradas sobre Deus e liberando-O da culpa, abrimos os olhos para nossa realização pessoal.
Perdoando os Entes Queridos Falecidos Quando alguém muito próximo e querido morre, pode haver um fluxo enorme de emoções.Os sentimentos de mágoa associados à sensação de perder a presença física daquela pessoa podem ser imensos. Alguns de nós negamos nossa perda e mágoa, não derramando lágrimas. Outros podem ficar em lágrimas por meses ou até anos. Às vezes, quando um ser amado morre depois de uma doença prolongada e dolorosa, os membros da família e os amigos podem se sentir aliviados. Seu ego pode lhe dizer que você deveria se sentir culpado por este sentimento e que uma “boa pessoa” não teria esse tipo de emoções. A perda de um ente querido pode nos fazer ficar irritados com Deus e com o mundo; estejamos ou não conscientes dessa raiva. O ego pode nos dizer que deveríamos nos sentir culpados por causa disso. Conheci uma mulher maravilhosa chamada Minnie, em um workshop no Havaí. Ela me contou que tinha oitenta e um anos e que durante os dois últimos anos, não havia conseguido parar de chorar. Tudo começou quando seu filho morreu, com a idade de quarenta e cinco anos; desde então ela vinha se sentindo deprimida e abandonada. Uma semana antes, o terapeuta de Minnie havia lhe dito que era “tempo de parar de chorar e continuar vivendo”. Ao ouvir estas palavras, uma pequena voz dentro do meu coração disse-me exatamente o que eu deveria falar para Minnie. Primeiro, lembrei-a de que era médico e disse que iria prescrever-lhe um remédio. Sua face iluminou-se e ela aquiesceu. Então, peguei um pedaço
44 de papel e escrevi: “Está tudo bem em você chorar, o quanto e quantas vezes quiser, para o resto de sua vida”, assinei meu nome e o entreguei a ela. O rosto de Minnie iluminou-se com um sorriso que ia de orelha a orelha. Tornou-se claro para mim que, se quisesse ajudá-la, deveria dar-lhe meu amor incondicional e aceitação.Ela não tinha que se modificar para que eu a amasse. Dividi com ela minha crença pessoal de que, na realidade, não existem roteiros sobre como uma pessoa deve prantear alguém ou encarar a morte. Muitos dos problemas de comunicação que temos na vida são resultado de termos roteiros que queremos que os outros sigam. Rasgar nossos roteiros é uma maneira de nos tornarmos felizes. Ela estava realmente se sentindo muito melhor. Então, perguntei se ela tinha uma boa imaginação. Ela respondeu que sim. Isso aconteceu durante o intervalo de um workshop, portanto, olhei ao redor e encontrei um homem que aparentava ter quarenta e cinco anos; a idade do filho de Minnie quando morreu. Perguntei a esse homem chamado Brad, se ele se candidatava a ser o filho de Minnie, cujo nome era Franklin, por pouco tempo. Brad disse que ficaria muito feliz em participar. Expliquei a Minnie, que nos próximos dez minutos, ela poderia usar sua imaginação para visualizar que seu filho, Franklin, estava realmente no corpo de Brad. Ela poderia dizer a ele o que quisesse e Franklin iria conversar com ela. Ela concordou e comecei perguntando se havia ficado brava com Franklin por tê-la deixado. Ela ficou quieta por um segundo e depois disse: “Sim, é claro que fiquei!”; e dividiu alguns sentimentos que teve, relativos a esta raiva. Orientei Brad sobre o que dizer. Como Franklin, ele disse a Minnie que estava bem e que estava com ela em espírito durante todo o tempo.Ele disse: “Não temos que estar em corpos físicos para nos comunicarmos. Nossas mentes podem se comunicar sem uma presença física”. Então Franklin, através de Brad, disse que quando sabemos que somos um com Deus e com os outros, existe apenas felicidade. Ele assegurou a ela que nunca estaria sozinha, porque poderia escolher sentir sua presença e a de Deus sempre que quisesse. Minnie parou de chorar quase imediatamente depois de ter ouvido estas palavras. Ela pressionou sua cabeça contra o queixo de seu filho (Franklin). Em pouco tempo, estava pronta para dizer a ele: “Eu o perdôo por morrer”. Sua energia alterou-se drasticamente. Um peso enorme havia saído de seus ombros; ela era só luminosidade e sorrisos. Uma hora mais tarde, Minnie veio até mim e disse que não se sentia mais chorosa. “Isso é ótimo”; eu disse. “Mas também está tudo certo se quiser chorar”. Mais tarde, quando o workshop estava terminando, ela disse: “Jerry, alguém me disse que você gosta de dançar. É verdade?” “Gosto sim!”, eu disse. “Adoro dançar”. Com um brilho no olhar, Minnie me falou sobre um baile que iria acontecer. Será que eu estaria interessado em comparecer? Disse-lhe que adoraria e então, saímos para dançar e nos divertimos muito. Esta não só foi uma lição maravilhosa sobre o poder do perdão, mas também outra confirmação de que dar, realmente, é receber.
Perdão em Nossa Vida Profissional
45 Relacionamentos no local de trabalho representam um desafio especial tanto para os empregadores quanto para os empregados. Podem aparecer ciúmes, medo de rejeição, medo de ser honesto e muitos outros problemas. Algumas vezes, o stress em nossas relações de trabalho pode resultar em sintomas físicos; é como se voltássemos a raiva que temos de outras pessoas, para dentro de nós mesmos. Eis um exemplo: Fui convidado para dar uma palestra a um grupo no Canadá. A mulher que era a diretora da organização para a qual eu estaria falando teve um ataque muito sério da vesícula biliar, sentia muita dor e não poderia comparecer. Na verdade, ela estava esperando por uma vaga no hospital para ser operada. Mary quase não podia falar comigo por causa da dor. Perguntei se gostaria de tentar fazer alguns exercícios de relaxamento; ela respondeu que sim. Depois de alguns minutos, ela começou a relaxar e a dor diminuiu um pouco. Ao conversarmos, ela me contou o que estava acontecendo em sua vida imediatamente antes do ataque de vesícula. Ela havia trabalhado no consultório de um médico durante os quinze anos anteriores. Seis meses antes, o médico que era seu patrão pediu-lhe que tirasse da parede alguns quadros que sua irmã havia feito e que colocasse outros no lugar. Foram novidades boas para Mary porque ela não gostava dos quadros. Mas, não fazia muito tempo que os retirara da parede, quando a irmã do médico veio até à cidade e pediu que ele os colocasse de volta. Mary ficou tão irritada que pediu demissão imediatamente. Até conversarmos, ela não havia associado os acontecimentos; sua raiva e seu ataque da vesícula. De repente, ela fez a ligação, e disse que queria respeitar sua raiva, mas que, definitivamente, não queria mantê-la. Começamos fazendo alguns exercícios para o perdão e, dentro de vinte minutos, a dor tinha acabado. Ela se sentiu bem o suficiente para ir à palestra no dia seguinte, e seu médico disse que estava tudo bem. Na palestra, Mary dividiu sua história sobre como seu ataque da vesícula estava associado com sua raiva e como o perdão a libertou da dor que estava sentindo. Nas próximas semanas, ela acabou de perdoar seu patrão e voltou a trabalhar com ele.
A Amnésia Celestial é Lembrar Apenas do Amor Em nossa vida profissional, é extremamente útil termos um processo de perdão fácil de por em prática sempre que sentimos ser necessário. Você simplesmente imagina que alguém lhe deu um remédio, que vai provocar uma forma seletiva de amnésia durante dez minutos. Pode ser útil imaginar que este remédio especial está em um copo de água que você bebe. Durante o período de dez minutos em que o remédio está fazendo efeito, você se esquece de todas as memórias dolorosas do passado; lembre-se apenas de memória amorosas. Ao se concentrar nessas memórias amorosas, a maioria das pessoas sente que está se tornando pacífica e alegre, vivendo intensamente o momento atual. Não importando onde você esteja, lembre-se de que o perdão lhe oferece paz interior e tudo o mais que você possa querer ou esperar. É um elixir fazendo com que se sinta completo, levando-o ao coração de Deus e à unicidade com nosso Criador.
Perdão em Épocas de Catástrofes
46 Em 1978, um terremoto muito forte atingiu San Francisco e muitas pessoas perderam suas casas. Uma dessas famílias mudou-se para as colinas de Oakland, do outro lado da baía. Poucos anos mais tarde, um incêndio terrível espalhou-se por esta área e destruiu sua casa novamente. Seria fácil para qualquer um que passasse por tais desastres sentir-se vítima e entrar na autopiedade, mas esta família era diferente. Eles respeitaram seus sentimentos e, então, perdoaram o que parecia estar acontecendo a eles, em suas vidas. Reconheceram que o que aconteceu estava além de qualquer explicação e, ao invés de se deixarem aprisionar sentindose vítimas, continuaram com suas vidas. Dificilmente se passa uma semana sem que, em algum lugar de nosso mundo, aconteçam desastres naturais que provocam grande prejuízo às pessoas. Muitas famílias podem se sentir vítimas e se agarrarem às suas mágoas pelo resto de suas vidas. Como a família acima se curou? Ela descobriu que perguntar porque, não ia ajudar. A resposta para esta pergunta permanece um mistério para sempre. Para nos curarmos destes desastres, precisamos perguntar o que, não porque. O que posso aprender com essa situação: O que posso fazer para ir em frente? O que posso aprender com essa situação que me ajude no futuro? Quando catástrofes desse tipo acontecem em países extremamente pobres, as posses de algumas pessoas podem ficar reduzidas a uma tigela de arroz e à roupa do corpo. Elas realmente sabem que nessas horas, o que conta mais é a preciosidade da vida em si mesma e do amor da família e dos amigos.
Perdoando um País As biografias de Anwar Sadat, Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela e de muitos outros como eles, nos dizem como eles encontraram seu caminho para o perdão enquanto estavam na cadeia. Eles conheciam e respeitaram seus sentimentos de amargura, raiva e vingança, mas perdoar ajudou-os a transformar estes sentimentos em atitudes positivas para modificarem a si mesmos quando finalmente saíram da cadeia. Conforme a história mostra, seu perdão não significou que eles estavam coniventes ou concordavam com aqueles que os haviam prendido. Eles entenderam que a verdadeira prisão está em nossas mentes quando estamos cheios de medo, raiva e mágoas profundas e ultrapassaram estes sentimentos a fim de trazerem as mudanças sociais pelas quais foram responsáveis. Temos um amigo próximo muito querido, Henri Landwirth, que foi prisioneiro em Auschwitz e em outros campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Houve uma época em que ele pensou que nunca seria possível perdoar aqueles que haviam sido tão cruéis com ele e com outros milhares de pessoas.Mais tarde, Henri mudou de idéia. Ele havia visto a pior face da vida; quase foi assassinado e chegou perto de morrer de fome muitas vezes. Quando Henri veio para os EUA depois da guerra, seu coração estava cheio de ódio pelo governo alemão; ele pensou que esses sentimentos nunca o deixariam. Seu pai e sua mãe haviam sido assassinados sob o regime nazista. Ele tornou-se um homem de negócios de sucesso neste país e fundou uma organização filantrópica chamada Give Kids the World (Dê o Mundo às Crianças). Esta organização possibilita às crianças com doenças de risco de vida, visitarem Disney World, em Orlando,
47 Flórida. Mais de sete mil crianças visitam o parque a cada ano. Para muitas delas, Give Kids the World funciona como uma ponte para o paraíso. Henri contou-me que o fato de agarrar-se ao seu ódio contra os soldados alemães que haviam cometido atrocidades o estava matando; mas, seu coração havia se transformado por seu trabalho tão próximo às crianças através do Give Kids the World. Tem sido um processo gradual, mas ele afirma que hoje, já perdoou a Alemanha e as pessoas que cometeram aquelas atrocidades horrendas. Ele afirma que não quer mais ficar revivendo sua raiva. No ano passado, Henri e outros sete sobreviventes foram convidados a falar em um jantar em homenagem às vítimas do Holocausto. A maioria dos sobreviventes falou sobre sua raiva e ódio ainda presentes em relação ao passado. Henri foi o último a falar. Ele falou sobre todas as bênçãos que recebeu desde que veio para os Estados Unidos, sobre como é grato pelo amor que continua a receber e enfatizou como é importante viver no presente e não estar agarrado ao passado.
Perdoando Instituições Desde que Yeltsin sucedeu Gorbachev na Rússia, as relações tornaram-se mais harmoniosas entre nossos países. Durante um coquetel naquele país, do qual eu estava participando, um dos oficiais russos disse-me: “Agora que nossos países estão em paz, acho que os Estados Unidos vão ter que procurar outro inimigo”. Achei que seu comentário tinha muita razão de ser. Quando seguimos o credo do ego, sempre estamos procurando por um novo inimigo. Assim que curamos algum conflito de relacionamento, aparece outro. Às vezes, parece que não podemos viver nossas vidas sem termos pelo menos um inimigo para lutarmos contra. Nos Estados Unidos, a Secretaria da Receita Federal tornou-se uma instituição fácil de odiar e considerar como inimiga.Existem histórias terríveis de pessoas e negócios que foram arruinados pelas táticas abusivas dos agentes. Enquanto os legisladores nos prometem que estão escrevendo novas leis para prevenir os abusos da SRF, ainda existem pessoas que odeiam tanto a SRF que estão considerando a possibilidade de se mudarem para outro país. É muito fácil para nós, estarmos irritados com a SRF. Podemos apontar coisas que eles fizeram que parecem justificar nossa raiva. Além disso, existem muitas pessoas ao nosso redor que também estão igualmente irritadas e irão apoiar o que estamos sentindo. É humano e compreensível irritar-se com situações como esta. É o fato de nos agarrarmos à raiva que nos traz problemas. Algumas pessoas que conheço abandonaram seu ódio por instituições como esta. Deixaram ir sua necessidade de puni-las, perdoaram e continuaram em paz. Reiterando, perdoar – seja um amigo íntimo ou uma sociedade inteira – não retira a responsabilidade das pessoas que fizeram coisas que provocaram sofrimento, morte ou dor emocional. Perdoar não significa concordar com este comportamento. Acima de tudo, o perdão é o processo de liberarmos nossos apegos aos pensamentos negativos de nossas mentes. É o processo de curar nossa própria mente e nossa alma. É possível acreditar que podemos viver neste mundo sem precisar achar que temos inimigos? Sempre que faço esta pergunta a mim mesmo, lembro-me de uma tira em quadrinhos cômica do Pogo, em que um dos personagens diz: “Encontramos o inimigo e ele é nós mesmos”.
48 Talvez, como o Pogo sugere, não iremos mais ter inimigos no dia em que escolhermos perdoar o passado e viver inteiramente no presente. E, neste dia, descobriremos que foi apenas nossa falta de perdão que nos manteve presos ao passado doloroso.
Perdoando as Forças Armadas Nossos egos têm a capacidade de nos induzir ao mau hábito de culparmos e entrarmos em conflito com qualquer pessoa, lugar ou instituição. O perdão, por outro lado, é como uma chave, libertando-nos dos grilhões de nossos egos. Algumas vezes, como na próxima história, escondemos nosso rancor tão profundamente nas cavernas de nossas mentes, que não temos consciência de nossos julgamentos e mágoas latentes. Em 1979, meu amigo dr. Bill Thetford e eu fomos convidados a dar um seminário sobre o perdão na Base da Força Aérea de Travis, no norte da Califórnia. Quando estávamos na estrada, comecei a me sentir incrivelmente desconfortável. Finalmente, disse a Bill que iria parar no acostamento porque tinha que conversar conv ersar com ele. “Bill” – eu eu disse – disse – “Como “Como posso dar um seminário sobre o perdão para as Forças Armadas, quando estou sentindo uma mágoa mágoa tão grande em relação a eles?” Durante o conflito na Coréia, fui convocado a deixar minha residência na psiquiatria infantil para trabalhar em Travis. Cada nervo de meu ser resistiu contra isso; eu era contra matar ou ferir pessoas de qualquer maneira que fosse, por qualquer razão. De jeito nenhum eu queria servir uma organização que pensava estar tudo certo, sob determinadas circunstâncias, em se matar pessoas. “Ainda estou muito preso ao ressentimento e à raiva em relação às forças armadas, para para colaborar com eles contra a minha vontade”. Eu disse a Bill que ainda estava agarrado àqueles sentimentos julgadores e que não estava em paz; havia uma verdadeira guerra dentro de mim. Pedi a Bill que meditasse comigo conforme eu tentava me libertar daqueles sentimentos, perdoar e voltar ao presente sem toda aquela bagagem vinda do meu passado. Funcionou! Logo, eu estava em paz e fizemos um workshop de muito sucesso. Eu já não tinha nenhum dos antigos sentimentos negativos contra as forças armadas, que antes estavam em minha mente. O perdão nos permite experimentar exper imentar nossa totalidade, nossa unicidade com toda a vida. Ele abre nossos olhos para experimentarmos a luz e a essência do amor que somos. O perdão é como ficar grávida; ou se está grávida ou não se está. Assim também, você nunca pode “perdoar parcialmente”. O perdão parcial simplesmente não funciona; ele tem que ser total e completo. É sempre útil olharmos novamente para as pessoas e situações que não perdoamos. Pergunte a si mesmo se existe valor valor ou prejuízo para você, em continuar se agarrando a essas antigas mágoas. O processo do perdão não tem estrutura ou forma fixas. A pessoa que você está perdoando não precisa se modificar. Para esse processo, ela não precisa mudar nunca! A única coisa necessária é seu desejo de mudar os pensamentos em sua própria mente.
Perdoando a Si Mesmo
49 A equipe do Centro para a Cura das Atitudes de Sausalito, Califórnia, juntou-se a mim e à Diane em um workshop no Havaí. Em determinado momento, o grupo grup o se dividiu em pares; cada parceiro encarando o outro. Um deles deveria contar ao outro algo em si mesmo que gostaria de perdoar. A pessoa que estava ouvindo deveria se esforçar para par a não fazer quaisquer julgamentos e também para criar um espaço de amor incondicional. Quando chegou minha vez de dizer algo que ainda não havia perdoado em mim mesmo, não consegui pensar em nada. De repente, algo irrompeu em minha mente. Eu disse à mulher compassiva e compreensiva sentada à minha frente, que havia feito um roteiro para mim mesmo, para fazer a revisão final do livro que estava escrevendo. Eu não estava consciente de que estava avaliando a mim mesmo e ao meu progresso, mas, naquele momento, percebi que estava me dando uma pontuação fraca. Terminei de contar minha e história e, no final, já havia perdoado a mim mesmo mes mo por meus julgamentos negativos. Seria o coroamento co roamento de tudo ouvir ou vir minha parceira dizer “Eu perdôo per dôo você”. Curiosa, ela perguntou: “Qual é o título do livro que você está escrevendo?” Mal acabei de dizer as palavras e nós dois caímos na gargalhada. O livro que eu estava Perdão: A maior Força Curadora Curado ra escrevendo é o mesmo que você está segurando agora – agora – Perdão: de Todas. Todas. Portanto, embora eu tenha escrito este livro sobre o perdão, ainda tenho minhas tentações e desafios. Provavelmente, enquanto estivermos nestes corpos físicos, seremos tentados a julgar e a não perdoar. Sempre precisaremos nos lembrar que cada novo momento é uma oportunidade de escolher outra vez. Estou convencido de que uma das maiores dádivas de tudo isso, é nosso poder de escolhermos os pensamentos que colocaremos em nossas mentes. A liberdade de escolher pode nos libertar de nossas auto-impostas celas de prisão. Pode nos libertar do inimigo que Pogo descobriu – descobriu – nós nós mesmos e nosso apego ao passado. O perdão nos coloca no fluxo do amor. O resultado do nosso perdão é uma lembrança de que o amor é nossa única realidade, de que o amor está em tudo e em todos os lugares. O amor é tudo o que existe e é a resposta para cada problema e situação que podemos algum dia ter que enfrentar.
Perdoando uma Criança e um Diretor de Escola Estou convencido de que teremos uma sociedade mais centrada na cooperação do que na competição, quando começarmos a expressar amor e perdão em nossos lares e nas escolas. Quando acreditamos que o amor pode produzir milagres, eles começam a acontecer. Em 1998, Diane e eu fomos para a parte oeste da África, a fim de trocarmos idéias com o Centro para a Cura das Atitudes em Accra. Enquanto estávamos lá, a diretora do centro, Mary Clottey, contou-nos esta história: Mary é professora em uma escola localizada a aproximadamente duas horas de viagem da capital. Em suas aulas, ela passa bastante tempo ajudando seus jovens estudantes a encontrarem maneiras de se comunicarem uns com os outros sem raiva ou disputas. Ela enfatiza o processo do perdão. Na realidade, seus alunos a conhecem como “a professora do perdão”. Havia um menino de dez anos de idade na escola, que era realmente terrível. Ele brigava com todo mundo e perturbava tudo ao seu redor. Onde quer que entrasse, parecia quebrar coisas, embora nunca assumisse qualquer responsabilidade pelo que fazia.
50 Um dia, ele foi pego em flagrante roubando dinheiro da bolsa de sua professora. prof essora. O diretor da escola imediatamente convocou uma reunião. De acordo com a tradição da escola, o menino deveria ser surrado com uma vara sobre um palco, onde todos pudessem pude ssem vê-lo. Dessa maneira, eles iriam fazer dele um exemplo e depois o expulsariam da escola. Toda a escola se reuniu em um auditório onde o castigo seria executado. Mas, quando o menino foi levado até lá, Mary estacou. No minuto em que iria dizer “Perdoe“Perdoe-o”, o”, todas as crianças à sua volta ficaram em pé. “Perdoe-o! “Perdoe-o! Perdoe-o! Perdoe-o!”, Perdoe-o!”, as crianças cantaram ritmadamente, até que toda a sala estava ressoando com a mensagem. O menino fitou a platéia com os olhos arregalados e sucumbiu, começando a soluçar. De repente, toda a atmosfera da sala havia mudado. No final das contas, o menino não foi surrado nem expulso. Ao invés disso, ele foi perdoado e amado. Desse dia em diante, ele nunca mais entrou em uma única briga, quebrou alguma coisa, roubou ou perturbou alguém de qualquer maneira que fosse. No início, muitas pessoas pess oas na escola achavam a chavam que a atitude do diretor em e m convocar uma reunião para punir o menino havia sido severa e injusta. Mas, ele também foi perdoado e, nesse processo, foram plantadas as sementes para um ambiente novo e mais amoroso na escola.
O Perdão na Comunidade Aqui está uma outra história sobre perdão que aconteceu na África. Quando uma pessoa age de maneira injusta ou irresponsável na tribo de Babemba, na África do Sul, ela é colocada sozinha no centro da aldeia, mas não é impedida de sair correndo se quiser. Todos na aldeia param de trabalhar e se reúnem em círculo ao redor da pessoa que foi acusada. Então, cada pessoa, independente da idade que tenha, começa a dizer à pessoa no centro, todas as coisas boas que ela fez durante sua vida. Tudo o que possa ser lembrado sobre esta pessoa é descrito nos mínimos detalhes.Todos os atributos positivos, boas ações, pontos fortes e gentilezas em seu benefício, benef ício, são lembrados. Cada pessoa no círculo faz isso com muitos detalhes. Todas as histórias sobre esta pessoa são contadas com profunda sinceridade e amor. Ninguém pode pod e exagerar o que q ue aconteceu e todos sabem que não podem inventar histórias. Ninguém é insincero ou sarcástico ao falar. Esta cerimônia continua até que todos na aldeia tenham dito algo sobre como valorizam esta pessoa como sendo um membro respeitado de sua comunidade. Este processo pode continuar por dias. No final, eles desfazem o círculo e uma celebração alegre acontece conforme a pessoa é acolhida de volta à tribo. Através dos olhos do amor, que esta cerimônia descreve tão belamente, encontramos apenas união e perdão. Cada pessoa no círculo, assim como a pessoa no centro, é lembrada de que o perdão nos dá a oportunidade de liberarmos o passado e o futuro amedrontadores. A pessoa no centro não é rotulada como uma má pessoa ou excluída da comunidade. Ao invés disso, ela é lembrada do amor que está dentro dela e se une às pessoas à sua volta.
Perdão entre Irmãos
51 Com freqüência, nossos conflitos e mágoas mais profundos são em relação a membros da família que sentimos terem feito algo imperdoável. Há vários anos atrás, quando eu estava dando uma palestra em Honolulu um homem de meia-idade, usando um terno, veio até mim e perguntou se podia falar. Todas as outras pessoas na sala estavam usando camisas havaianas e roupas informais então, imaginei que ele fosse médico, e estava certo. Ele me contou que não falava com o seu irmão já fazia seis anos. Seu relacionamento havia terminado por causa de uma discussão. Ele explicou que havia lido meu livro Amar é Libertar-se do Medo e, já que havia começado a perceber o valor do perdão, decidiu telefonar para seu irmão. Ele telefonou e disse para seu irmão que gostaria de deixar de lado tudo o que havia acontecido, de permitir que o passado ficasse realmente no passado. Os dois homens concordaram em se encontrar na semana seguinte. Durante o almoço no dia combinado nem um dos dois fez qualquer referência à sua discussão anterior. Ao invés disso, o amor que sentiam um pelo outro, irradiou-se de sua mesa. O médico agradeceu-me porque sentia que, se não tivesse lido meu livro, nunca iria encontrar-se com o irmão naquele dia. Isto foi duplamente importante para ele porque, uma semana mais tarde, seu irmão morreu em um acidente de carro. Que lembrete maravilhoso esta história é de que nunca é muito cedo ou muito tarde para perdoar! Cerca de dez anos depois de ouvir esta história, consultei um médico sobre um problema de saúde que estava tendo. Quando entrei em seu consultório, o médico apresentou-se e perguntou se eu me lembrava dele. Tive que confessar que não me lembrava.Ele então disse: “Sou o homem que contou a você sobre a experiência de perdoar meu irmão.” Fiquei emocionado por poder agradecer a ele novamente por sua história, que eu havia compartilhado com milhares de pessoas durante todos aqueles anos.
Um Guia para o Perdão Espero e acredito que você possa usar as histórias neste capítulo como um exemplo e um guia para ver como o perdão pode trabalhar em nossas vidas. No próximo capítulo, descrevo os passos iniciais e a ação efetiva para o processo do perdão.
52
O perdão é o caminho mais rápido para Deus.
O perdão é aquilo que faz o passado doloroso desaparecer.
Perdoar pode ser o processo mais importante não apenas para quem está morrendo, mas para as pessoas que ficam.
53
Sete O Caminho das Pedras para o Perdão ------------------------------------------------------------------- Permita que a paz interior seja seu único objetivo – não o ato de mudar as outras pessoas ou puni-las. * ---------------------------------------------------------------------
O Estágio Inicial: Mudando Nossas Crenças O estágio inicial para re-treinarmos nossas mentes começa aprendendo a aquietá-las para que não sejam envolvidas no corre-corre diário. Rezar pode ser útil para isso. Se você medita, pode começar por aí. Meditação significa simplesmente ter uma mente pacífica. Você pode visualizar uma caminhada montanha acima, até um lago tão claro e puro que se possa ver o fundo. Deixe que esta imagem ou outra parecida seja seu símbolo para uma mente pacífica. Uma mente pacífica é nosso estado natural de ser, um que seja tranqüilo, quieto, alegre e amoroso. Sua luminosidade torna-se possível porque não existem pensamentos conflitantes, julgamentos ou medos. Para ter uma mente pacífica, encontre uma imagem como o lago na montanha, que funcione para você. Então, leve de cinco a vinte minutos por dia, concentrando-se nesta imagem, em um lugar onde você não possa ser perturbado por outras pessoas, pelo telefone ou por qualquer outra coisa. Achar um tempo para estar em contato com a natureza e experimentar sua unicidade com ela, também pode ser útil. Ou apenas fique quieto, sem nada para distraí-lo – televisão, rádio ou conversas. Desligue o telefone. A quietude que você criar vai ajudá-lo a ser mais receptivo às diferentes maneiras de olhar para o perdão. Incluí neste capítulo, uma lista de princípios que já discutimos. Não deixe o tamanho desta lista perturbá-lo. Seja gentil e paciente consigo mesmo. Resista a qualquer tentação que pos sa ter de comparar-se com os outros ou de medir seus progressos. Encontre um espaço que seja confortável e convidativo para você e respeite-o. Deseje ter a mente aberta ao revisar estes princípios. Lembre-se de que está tudo bem em se discordar ou rejeitar qualquer um desses pensamentos. O perdão é uma escolha e você não é obrigado a perdoar ou a acreditar nele. Mas faça o melhor que puder para perceber as conseqüências de sua escolha entre perdoar e não perdoar; deixe seu coração ajudá-lo a decidir.
* Esteja aberto à possibilidade de mudar suas crenças sobre o perdão. * Deseje pensar que você não é apenas um corpo, mas sim um ser espiritual vivendo temporariamente em um corpo. * Pense sobre a possibilidade de a vida e o amor serem um e eternos.
54
* Não encontre valor na autopiedade. * Não encontre valor em ser uma pessoa que procura erros. * Escolha ser feliz, ao invés de estar “certo”. * Deseje deixar ir embora a condição de vítima. * Faça da paz interior seu único objetivo. * Olhe para todos que encontrar como professores de perdão. * Acredite que conservar mágoas e pensamentos rancorosos é o caminho para seu sofrimento. * Reconheça que qualquer dor emocional que você sinta neste momento é provocada apenas pelos seus próprios pensamentos. * Acredite que você tem o poder de escolher os pensamentos que põe em sua mente. * Acredite que se agarrar à raiva não traz o que você realmente quer. * Acredite que é melhor para você tomar decisões baseadas no amor ao invés de no medo. * Acredite que não existe valor nenhum em punir-se. * Acredite que você merece ser feliz. * Ao invés de ver as pessoas como se o estivessem atacando, veja-as como amedrontadas e gritando por amor. * Deseje ver a alegria da criança em todos que você encontrar, não importando que roupas estejam usando ou que coisas terríveis tenham feito. * Deseje ver a alegria da criança dentro de você. * Deseje contar suas bênçãos ao invés de suas mágoas. * Procure o valor de desistir de todos os seus julgamentos. * Acredite que o amor é a maior força curadora do mundo. * Acredite que cada pessoa que encontra é uma professora de paciência. * Acredite que o perdão é a chave para a felicidade.
55
* Acredite que você pode experimentar a “amnésia celestial”, esquecendo, momentaneamente, tudo, menos o amor que outras pessoas deram a você. * Reconheça que cada encontro que você tem, com cada pessoa, é um Encontro Divino. Imagine que a pessoa que você está encontrando é, na realidade, Jesus, Buda, Maomé, Madre Teresa ou qualquer outro sábio mestre espiritual que está dentro da pessoa com a qual você está lidando. Não importando como possa parecer, trate isto como um relacionamento sagrado no qual existe a oportunidade de aprender. * Deixe de lado o fato de ver qualquer valor em se magoar ou punir as outras pessoas ou a si mesmo. Lembre-se de que o propósito do perdão não é mudar as outras pessoas, mas mudar os pensamentos conflituosos e negativos que estão em sua mente.
O Estágio da Ação: Escolher o Perdão Uma palavra-chave, boa vontade, dá a você o poder de ir em frente com o processo do perdão. Quando você começa a agir e diz a si mesmo, com toda a convicção, que deseja transformar todas as suas mágoas e raiva, aparentemente justificadas, na mais completa verdade dentro de você – um Poder Superior, Deus ou qualquer nome que queira utilizar para falar de sua Fonte – sua raiva começará a se transformar em amor. É o seu desejo de pedir ajuda a este Poder Superior que permite que você transforme sua raiva em amor. * Decida que você não vai mais sofrer com o efeito bumerangue de seus pensamentos rancorosos. * Você pode achar útil escrever uma carta para a pessoa que quer perdoar. Expresse todos os seus sentimentos e, depois, rasgue-a * Você pode achar curativo no processo do perdão, escrever uma poesia. Coloque seus pensamentos e sentimentos em palavras introspectivas e bem escolhidas. * Tenha em mente que seu único objetivo é paz interior, não mudar ou punir outras pessoas. * Deseje ver a pessoa que o magoou como um de seus melhores professores, que lhe dá a oportunidade de realmente aprender o que é o perdão. * Lembre-se que, ao perdoar a outra pessoa, você está perdoando a si mesmo. * Comece a praticar e perceba o valor de abençoar e rezar tanto pelas outras pessoas quanto por si mesmo. * Lembre-se de que, ao perdoar, você não está concordando com a outra pessoa ou apoiando seu comportamento prejudicial.
56 * Aprecie a felicidade e a paz que vêm do perdão.
Gentileza e ternura são irmãos do perdão.
O perdão faz o fardo que carregamos na vida muito mais leve.
Nunca é cedo demais ou tarde demais para perdoar.
57
EPÍLOGO Quando assumirmos a responsabilidade por remover os bloqueios à presença do amor através do perdão, sentiremos paz, alegria e felicidade além de nossa imaginação. O perdão é a ponte para Deus, para o amor e a felicidade. É a ponte que nos permite dizer adeus para a culpa, a censura e a vergonha. Ela nos ensina que amar é libertar-se do medo. O perdão limpa o ar e purifica o coração e a alma; ele nos coloca em contato com tudo o que é sagrado. Através do perdão, nos conectamos àquilo que é maior do que nós, que está além de nossa imaginação e à compreensão completa. Ele nos permite ficar em paz com o mistério da vida e cria a oportunidade, para nós, de fazermos o que viemos fazer:
Ensinarmos apenas o amor, pois é Isso O Que Somos. Ao terminar este livro, gostaria de dividir com você um poema que escrevi na Bósnia em 1998, enquanto Diane e eu estávamos a caminho de um workshop intitulado “Perdão e Reconciliação para Líderes Religiosos e Espirituais”. Talvez você queira ler este poema uma vez por semana, como uma maneira de revisar alguns dos princípios do perdão deste livro.
PERDÃO Perdoar é o preceito Para a felicidade. Não perdoar é o preceito Para o sofrimento. É possível que Toda a dor, Seja qual for a causa, Tenha em si algum componente De falta de perdão? Agarrar-se a pensamentos vingativos, Ocultar nosso amor e compaixão Certamente deve interferir Com nossa saúde E sistema imunológico. Agarrar-se ao que chamamos de raiva justificada, Interfere com o ato de experimentarmos A Paz de Deus.
58 Perdoar Não significa Concordar com o ato em si, Não significa ser conivente Com um comportamento ultrajante. Perdão significa Não mais viver No passado amedrontador. Perdão significa Não mais remexer nas feridas De maneira que continuem a sangrar. Perdão significa Viver e amar Inteiramente no presente, Sem as sombras do passado. Perdão significa Libertar-se da raiva E dos pensamentos de ataque. Perdão significa Deixar de lado todas as esperanças De mudar o passado para melhor. Perdão significa Não negar Seu amor a ninguém. Perdão significa Curar o espaço vazio em seu coração Provocado por pensamentos rancorosos. Perdão significa Ver a luz de Deus Em todos, não importando Que comportamento tenham. Perdão não é só Para as outras pessoas – mas para nós mesmos E para os erros que cometemos. E para a culpa e vergonha que ainda carregamos.
59 Perdão, em seu sentido mais profundo, É perdoarmos a nós mesmos Por termos nos afastado de um Deus amoroso. Perdão significa Perdoar Deus, e nossas possíveis Percepções incorretas de Deus De que, alguma vez, tenhamos sido Abandonados ou deixados sozinhos. Perdoar neste instante Significa não sermos mais Reis do Clube da Protelação. O perdão abre a porta Para nossos sentimentos de união em Espírito Como um só com todas as pessoas, E de todas as pessoas com Deus. Nunca é cedo demais Para perdoar. Nunca é tarde demais Para perdoar. Quanto tempo leva Para se perdoar? Depende de seu sistema de crenças. Se você acreditar que isso nunca vai acontecer, Nunca irá acontecer. Se você acreditar que vai levar seis meses, Levará seis meses. Se você acreditar que vai levar só um segundo, É tudo o que vai demorar. Acredito de todo o meu coração Que a paz virá para o mundo Quando cada um de nós assumir A responsabilidade de perdoar a todas as pessoas, Incluindo a nós mesmos, completamente.
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Outros Livros de Gerald G. Jampolsky, Médico Amar é libertar-se do medo
. To Give Is to Receive: An Eighteen-Day Mini-Course On Healing Relationships *
. Teach Only Love: The Seven Principles Of Attitudinal Healing *
. Good-bye to Guilt: Releasing Fear through Forgiveness *
. Out of Darkness into the Light: A Journey of Inner Healing *
. One Person Can Make a Difference: Ordinary People Doing Extraordinary Things *
Livros escritos com Diane V. Cirincione, Ph.D. Love Is the Answer: Creating Positive Relationships *
. Mude A Sua Mente e Transforme Sua Vida
. “Me First” and the Gimme Gimmes: A Story of Love
and Forgiveness, Choices and Changes *
61
Wake-up Calls *
Livros escritos com Lee. L. Jampolsky, Ph.D. Listen to Me: A Book for Men and Women About Father-Son Relationships *
Fitas cassetes Amar é Libertar-se do Medo
. Teach Only Love *
. Good-bye to Guilt *
. To Give Is To Receive *
. Love Is the Answer Creating Positive Relationships *
. Forgiveness Is the Key to Happiness *
. Introdução a Um Curso em Milagres
.
62 One Person Can Make a Difference *
. The Quiet Mind *
. Achieving Inner Peace *
. Visions of the Future *
. Finding the Miracle of Love In Your Life: Based on A Course in Miracles *
Videocassetes Achieving Inner and Outer Success *
. Healing Relationships *
. Visions of the Future
OBS: AS OBRAS MARCADAS COM “*” AINDA NÃO TÊM TÍTULO EM
PORTUGUÊS