eBook Aula 02
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SUMÁRIO O Mistério Pomba Gira
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Pomba Gira de Umbanda
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Linha e Arquétipo das Guardiãs Pomba Gira
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Salve as Pomba Giras
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Morri! E Agora?
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O MISTÉRIO POMBA GIRA POR RUBENS SARACENI
C
om a permissão da Divina Mahor-yê, Trono Guardião do Mistério Pomba-Gira no Ritual de Umbanda Sagrada. O mistério Pomba-Gira é regido por uma divindade cósmica que tanto gera quanto irradia o fator desejo. Saibam que esses fatores, vigor (Exu) e desejo (Pomba-gira), se completam e criam as condições ideais para que a Umbanda tenha seus recursos mágicos e cármicos, atuando através de linhas de força horizontais ou inclinadas, e dispensa a ativação direta dos Tronos Cósmicos ou dos aspectos negativos dos regentes das linhas de Umbanda. Saibam também que nem Exu E xu natural nem Pomba-Gira Natural seguem a mesma li-
nha de direção evolutiva dos espíritos, pois eles seguem outra orientação e direcionamento. Pomba-Gira natural é um ser cuja presença desperta o desejo, porque é irradiadora natural desse fator divino. Só que esse fator não se limita ao sexo, destina-se a todos os sentidos da vida, pois só desejando um ser empreende alguma coisa ou toma alguma iniciativa em algum sentido. Portanto, o desejo é um fator divino fundamental em nossa vida, pois nós o absorvemos por todos os setes chacras principais e também pelos secundários. O desejo só existe porque Deus assim quis, e ele não se manifesta só através do
sexo, pois sentimos o desejo de aprender, de viajar, de conversar, de nos divertir, de comer determinado alimento ou de vestir determinada roupa, etc. O mistério Pomba-Gira se manifesta na Umbanda através de seres naturais ou de espíritos incorporados às suas hierarquias ativas, pois são elementos mágicos que podem ser ativados por qualquer pessoa, desde que o faça dentro de um ritual codificado como correto pelo Ritual de Umbanda Sagrada, assim como são agentes cármicas, pois podem ser ativadas pela Lei Maior. O mistério Pomba-Gira é em si neutro, e pode ser ativado com oferenda ritual, pois é elemento mágico, assim como pode ser
ativada pela Lei Maior porque é agente cármica, esgotadora de emocionais apassionados ou despertadora de desejo em seres apáticos. Entendam que Deus criou tudo, também gerou o desejo como uma de suas qualidades ou fatores, pois sem vibrarmos o desejo nada desejaremos e nos tornaremos apáticos, desinteressados, e nos paralisaremos. Logo, Deus, que tudo sabe, cuidou deste aspecto de nossa vida e gerou o dese jo como um de seus fatores, assim como gerou uma divindade cósmica que tanto o gera como o irradia a tudo e a todos. Essa divindade de Deus também formou
sua hierarquia divina, que chega até nós no nosso nível terra como as exuberantes Pombas-giras, que são regidas por um Trono Cósmico feminino cujo nome mântrico é Ma- hor-iim-yê, ou Mahór yê, Senhora Guardiã dos Mistérios do desejo, que polariza horizontalmente com o Trono Cósmico Guardião dos Mistérios do Vigor. Logo Pomba-Gira polariza com Exu. E o desejo, unindo-se com o vigor, cria nos seres as condições ideais que os ativarão em todos os sentidos e os induzirão a assumir com vigor e paixão as empreitadas mais temerárias. Mas, caso sejam ativados e usados indevidamente, aí perdem suas grandezas e
se tornam paixões devastadoras e vigores atormentadores para quem der uso a eles, pois são em si mistérios, e, como tal, voltam-se contra quem lhes der mau uso. Aí subjugam essa pessoa, induzem-na aos maiores destinos e aberrações, até lançá-la num tormento alucinante, delirante e bestificante, cuja finalidade é levá-la à loucura em todos os sentidos. Saibam que muitas pessoas que abandonaram a Umbanda e o Candomblé e, todos confusos, atrapalhados e perseguidos por hordas de espíritos obsessores, estão entre as que achavam que Pomba-Gira e Exu eram seus escravos e os atenderiam inconsequentemente. Mas como começaram a pagar o preço
ainda aqui, correram para o abrigo das seitas salvacionistas, e dali se voltam contra estes mistérios cósmicos, acusando-os de “demônios”. Pomba-Gira não se autoativa contra ninguém, ou alguém a ativa ou isso quem faz é a Lei Maior. E tanto pode ser ativada para ajudar quanto para esgotar o desejo em todos os sentidos da vida de uma pessoa, só num sentido, onde está se excedendo e se desviando de sua evolução reta e contínua. Não foi aberto para a dimensão material o mistério Exu feminino. Logo, quem descreve Pomba-Gira como Exu fêmea não sabe nada sobre este outro mistério da Umbanda. Fonte: UMBANDA SAGRADA Rubens Saraceni – Ed. Madras.
POMBA GIRA
DE UMBANDA POR RUBENS SARACENI
N
a Umbanda, a entidade espiritual que se manifesta incorporada em seus médiuns está fundamentada num arquétipo desenvolvido a partir da entidade Bombogira, originária do culto Angola. Nos cultos tradicionais oriundos da Nigéria não havia a entidade Pomba-gira ou um Orixá que a fundamentasse. Mas, quando da vinda dos nigerianos para o Brasil (isto por volta de 1800), estes aqui se encontram com outros povos e culturas religiosas e assimilam a poderosa Bombogira angolana que, muito rapidamente, conquistou o respeito dos adoradores dos
Orixás. Com o passar do tempo a formosa e provocativa Bombogira conquistou um grau análogo ao de Exu, e muitos passaram a chamá-la de Exu Feminino ou de mulher dele. Mas ela, marota e astuta como só ela é, foi logo dizendo que era mulher de sete exus, uma para cada dia da semana, e, com isso, garantiu sua condição de superioridade e de independência. Na verdade, num tempo em que as mulheres eram tratadas como inferiores aos homens e eram vítimas de maus tratos por parte dos seus companheiros, que só as
queriam para lavar, passar, cozinhar e cuidar dos filhos, eis que uma entidade feminina baixava e extravasava o ‘eu interior’ feminino reprimido à força e dava vazão à sensualidade e à feminilidade subjugadoras do machismo, até dos mais inveterados machistas. Pomba-gira foi logo no início de sua incorporação dizendo ao que viera e construiu um arquétipo forte, poderoso e subjugador do machismo ostentado por Exu e por todos os homens, vaidosos de sua força e poder sobre as mulheres. Pomba-gira construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal e
liberada, exibicionista e provocante, insinuante e desbocada, sensual e libidinosa, quebrando todas as convenções que ensinavam que todos os espíritos tinham que ser certinhos e incorporarem de forma sisuda, respeitável e aceitável pelas pessoas e por membros de uma sociedade repressora da feminilidade. Ela foi logo se apresentando como a “moça” da rua, apreciadora de um bom champanhe e de uma saborosa cigarrilha, de batom e de lenços vermelhos provocantes. “O batom realça os meus lábios, o rouge e os pós ressaltam minha condição de mulher livre e liberada de convenções sociais”. Escrachada e provocativa, ela mexeu com
o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua, à rameira oferecida, e ela não só não foi contra essa associação como até confirmou: “É isso mesmo”! E todos se quedaram diante dela, de sua beleza, feminilidade e liberalidade, e como que encantados por sua força, conseguiram abrir-lhe o íntimo e confessarem-lhe que eram infelizes porque não tinham coragem de ser como elas. Aí punham para fora seus recalques, suas frustrações, suas mágoas, tristezas e ressentimentos com os do sexo oposto. E a todos ela ouviu com compreensão e a ninguém negou seus conselhos e sua ajuda num campo que domina como ninguém
mais é capaz. Sua desenvoltura e seu poder fascinam até os mais introvertidos que, diante dela, se abrem e confessam suas necessidades. Quem não iria admirar e amar arquétipo tão humano e tão liberalizado de sentimentos reprimidos à custa de muito sofrimento? Pomba-gira é isto. É um dos mistérios do nosso divino criador que rege sobre a sexualidade feminina. Critiquem-na os que se sentirem ofendidos com seu poderoso charme e poder de fascinação. Amem-na e respeitem-na os que entendem que o arquétipo é liberador da femi-
nilidade tão reprimida na nossa sociedade patriarcal onde a mulher é vista e tida para a cama e a mesa. Mas ela foi logo dizendo: “Cama, só para o meu deleite e, mesa, só se for regada a muito champanhe e dos bons! Com isso feito, críticas contrárias a parte, o fato é que o arquétipo se impôs e muita gente já foi auxiliada pelas “Moças da Rua”, as companheiras de Exu. A espiritualidade superior que arquitetou a Umbanda sinalizou a todos que não estava fechada para ninguém e que, tal como Cristo havia feito, também acolheria a mulher infiel, mal amada, frustrada e decep-
cionada com o sexo oposto e não encobriria com uma suposta religiosidade a hipocrisia das pessoas que, “por baixo dos panos”, o que gostam mesmo é de tudo o que a Pomba-gira representa com seu poderoso arquétipo. Aos hipócritas e aos falsos puritanos, pomba-gira mostra-lhes que, no íntimo, ela é a mulher de seus sonhos... ou pesadelos, provocando-os e desmascarando seu falso moralismo, seu pudor e seu constrangimento diante de algo que os assusta e ameaça em sua posição de dominador. Esse arquétipo forte e poderoso já pôs por terra muito falso moralismo, libertando muitas pessoas que, se Freud tivesse co-
nhecido, não teria sido tão atormentado com suas descobertas sobre a personalidade oculta dos seres humanos. Mas para azar dele e sorte nossa, a Umbanda tem nas suas Pombas-giras ótimas psicólogas que, logo de cara, vão dando o diagnóstico e receitando os procedimentos para a cura das repressões e depressões íntimas. Afinal, em se tratando de coisas íntimas e de intimidades, nesse campo ela é mestra e tem muito a nos ensinar. Seus nomes, quando se apresentam, são simbólicos ou alusivos. - Pomba-gira das Sete Encruzilhadas;
- Pomba-gira das Sete Praias; - Pomba-gira das Sete Coroas; - Pomba-gira das Sete Saias; - Pomba-gira Dama da Noite; - Pomba-gira Maria Molambo; - Pomba-gira Maria Padilha; - Pomba-gira das Almas; - Pomba-gira dos Sete Véus; - Pomba-gira Cigana; etc. O simbolismo é típico da Umbanda porque na África ele não existia, e o seu arquétipo anterior era o de uma entidade feminina que iludia as pessoas e as levavam à perdição. Já na Umbanda é o espírito que “baixa” em seu médium e, entre um gole de champanhe e uma baforada de cigarrilha, orien-
ta e ajuda a todos os que as respeitam e as amam, confiando-lhes seus segredos e suas necessidades. São ótimas psicólogas. E que psicólogas! “Salve as Moças da Rua”! Fonte: Pomba Gira de Umbanda, por Rubens Saraceni, Livro Arquétipos de Umbanda, Ed. Madras.
LINHA E ARQUÉTIPO DAS GUARDIÃS POMBA GIRA POR RUBENS SARACENI
- Olá moço! Salve! - Minhas reverências Senhora! - Moço, coube a mim falar um pouco de nós, vamos lá? - Vamos sim, pode começar! - Como o companheiro Tranca Ruas já adiantou sobre nossos nomes simbólicos e condição do Grau de um espírito redimido na seara da evolução, vou me preocupar em tratar de outras coisas, certo? - Senhora, sou apenas a sua mão, está tudo certo, você conduz como queira. - Então vamos do começo. O termo Pomba Gira é mal compreendido e também não falarei disso, você faz isso depois, pode ser? - Tá certo Senhora, no final eu coloco uma
nota. - Ótimo! - Senhora, já que tentarei escrever sobre o termo do “Orixá Pomba Gira” vamos falar da questão prática, ou seja, do surgimento de vocês mulheres na força de exu, também conhecidas como Exu Mulher. - Ah moço, ainda tem essa, né? Exu Mulher já é demais. Seria o mesmo que dizer Rodrigo Mulher ou coisa parecida. Mas entendemos, quando criaram este termo era apenas para tentar explicar algo que desconheciam e demoraria ainda um bom tempo para se ter ferramentas e bons argumentos para melhor explicar nossa “aparição” nos terreiros. - Entendido... E como isso se dá?
- Antes de “aparecermos” nos terreiros de Umbanda já manifestávamos em alguns lugares que nos permitiam como em alguns Catimbós, Macumbas Cariocas etc. Não usavam o termo Pomba-Gira, mas sim Princesa, Madame e coisas do tipo. Estas aparições eram rareadas e ficava a cargo de médiuns mulheres que se abriam a nós, no entanto poucas o faziam. - E por que isso? - A sociedade em que você vive é patriarcal, logo extremamente machista, hoje um tanto mascarada pela evolução tecnológica e globalizada, mas são essencialmente machistas, tanto é que ainda chamam Deus de Pai, figura masculina e estrutura patriarcal.
- Isso é verdade! - E há um século era muito pior e declarado este rebaixamento ao sexo feminino. Assim, aparecemos em peso nos terreiros na década de 60 nos juntando ao movimento feminista que neste país criou grande repercussão nesta época. - Hummm, quer dizer que vocês vieram nos combater? (risos) - Viemos combater a desigualdade moço, e continuamos fazendo. - A Umbanda se mostra como um ponto de convergência para todos os meios menos favorecidos e oprimidos, não acha? - É fato. Seu universalismo e sua meta é essa, por isso tem quem acredite que será a religião principal do futuro.
- Continuando, por séculos a mulher era apenas coadjuvante existencial, sem muita importância, porém necessária, e aquelas que tentaram mudar esta realidade foram mortas e ridicularizadas de alguma forma. Mas não ficarei aqui relembrando o passado, certo? - Tudo bem. - Esta realidade brutal se arrastou por séculos a fio e, como já disse, começou a mudar a realidade nos anos 60 aqui neste país. Quando aparecemos nos terreiros éramos o retrato de tudo aquilo que as mulheres sonhavam em ser, mas já tinham perdido a esperança. Também éramos tudo que os homens gostavam, mas combatiam covardemente.
- Não entendo. Temos notícias que vocês eram tratadas como ex-prostitutas, ex-marginais e ex-alguma coisa muito ruim e amoral. - (Gargalhada) Isso é o que tentaram dizer. Intriga dos covardes moço. - Então continue. - Pois bem, nesta época, veja os retratos das mulheres nesta época. Eram opacas, pálidas, feias e amarguradas. A vaidade era abafada de todas as formas e a sensualidade era algo que muitas vezes nem brotava no âmago da mulher. Um combate cruel contra a natureza. E surgimos nós, mulheres independentes, firmes, alegres, risonhas, esbanjando sensualidade, sem papas na língua “afrontan-
do” a covardia machista imperante. Confesso moço, viemos auxiliar a mulher para se livrar deste cárcere emocional em que vivia. Fomos muito combatidas, até hoje somos, mas a luta já está mais fácil. Neste tempo não tachavam somente a nós como seres amorais e todos adjetivos que possa imaginar, a médium caia na mesma vala. Se pra mulher incorporar uma pomba-gira era um escândalo, imagine quando ocorria com um homem. Era raro, mas fazíamos questão de provocar essas situações. No momento em que começamos aparecer nos terreiros e tudo isso foi cautelosamente pensado, nos preparamos e foi uma “invasão” coletiva, simultânea. A médium que aparecia opaca no terreiro ao
estar mediunizada por nós ficava linda, pois juntava sua sensualidade escondida com a nossa e aquela mulher virava um furacão. É certo que muitos casamentos acabaram por isso, porém muitos outros também foram salvos. Nosso foco inicial era a mulher. Libertar o ser feminino do medo e da dependência foi e é nosso norte. Fazemos a guarda do movimento feminista. Reconheça que muito se conquistou assim. Tínhamos que provocar, por isso, quando nos perguntavam se éramos “putas” respondíamos com uma sonora gargalhada. Se éramos “bruxas” a mesma resposta. E quando cantavam que “pomba gira é mulher de sete maridos”, a provocação estava
feita. Pois era a situação inversa, ou seja, não o homem podendo a poliga- mia, mas sim a mulher subjugando vários homens sob seu feminilismo e encanto. - Interessante... - Árduo moço, muito árduo. Desde então nosso trabalho foi crescendo e se manifestando de forma organizada igual ao trabalho dos exus, somos a outra parte de exu que usando este termo abriga os seres masculinos no grau Guardião de evolução, e nós no termo Pomba-Gira somos as mulheres no grau Guardiã de evolução. - Quer dizer que o arquétipo de vocês também se baseia na milícia? - Não, apenas representamos a mulher independente, capaz e livre. Somos, como
disse, aquilo que toda mulher busca ser e tudo aquilo que os homens gostam mas têm medo. - É certo que existem algumas Pombas-giras que foram prostitutas e marginais? - Sim é certo, como também existem Exus que foram a pior espécie de homens. Porém, isto é um caso a parte. O que fomos pouco importa, pois no geral, como todos os encarnados, somos espíritos humanos que sofreram sua queda e já lúcidos retomamos nosso caminho de evolução, assumindo um grau e campo de atuação sob a regência dos Orixás e guardando a esquerda dos encarnados. - Senhora, é verdade que vocês são especializadas em fazer amarrações?
- Sim, da mesma forma que somos especializadas em transformar homens em gays (gargalhada). Brincadeira a parte moço, esta é mais uma colocação dos mal informados. Nós já estamos livres destes “vícios” emocionais e não praticamos nada fora do livre arbítrio que impera na criação Divina. Portanto, não somos amarradoras de nada e não decidimos sexualidade de ninguém. No entanto, somos especializadas em desfazer estas anomalias magísticas. - É isso moço, vamos parar por aqui e fica em síntese registrado que Pomba-Gira são espíritos humanos femininos que estão num grau ao lado de exu e atuam principalmente no coração e na mente daqueles
que de certa forma se permitem ficar acrisolados em suas próprias tormentas. Estimulamos o que o indivíduo tem de melhor, para que estes desejem ser melhores. Em nosso encanto e sensualidade mostramos que de tudo o que vale a pena é preservar a felicidade. Fique em paz moço, noutra oportunidade sentamos novamente. - Muito obrigado senhora. Este é um assun to extenso e poderíamos fazer um livro com centenas de páginas, mas não é possível agora, então mais uma vez muito obrigado! - Salve! - Saravá Pomba Gira Maria Padilha.
SALVE AS POMBA GIRAS POR FERNANDO SEPE
U
ma das linhas de trabalho mais conhecidas dentro da Umbanda, a linha das Pombas-giras, é ainda uma linha que poucos umbandistas entendem, enquanto muitos outros de fora têm uma visão preconceituosa e equivocada a seu respeito. Portanto, se fazem necessários a informação e o estudo sério, quebrando assim as barreiras do preconceito e ampliando o discernimento. Pomba-gira provavelmente seja uma corruptela do termo Bombojiro(a) ou Pambu Jila, termos que vêm do Kimbundo (língua falada pelos Angolanos) e que designam um Inkice (divindade cultuada nos candomblés de Nação Angola) muito parecido com o Orixá que os Nagôs (língua Yorubá)
chamaram de Exu. Então fique claro que Pomba-gira não existe dentro do Candomblé, apenas existe como entidade a partir da Umbanda. Pomba-gira, negando o que muitos dizem não é um Exu-mulher, pois tem funções e atribuições diferentes de um Exu. Quando falamos em Pomba-gira na Umbanda, assim como falamos em Exu, estamos falando em basicamente três aspectos: Mistério, Orixá e Linha de Trabalho. Primeiro no aspecto mistério, onde um Trono dos Desejos sustenta toda essa força conhecida por nós como Pomba-gira. Esse Trono é responsável por criar e enviar a
toda Criação vibrações de estímulo para que nada fique estático, e busque evoluir, crescer e se desenvolver. Nos seres e criaturas, desenvolve o desejo, estimulando a todos em vários campos da vida. Não é uma divindade que desperta apenas o “desejo sexual”, mas também o desejo de evoluir, de aprender etc. Esse Trono forma uma linha de forças junto com o Trono da Vitalidade (Exu) e juntos vitalizam e estimulam toda a Criação. Na África, houve a humanização do Trono da Vitalidade na figura de Exu, assim como na Grécia ele foi humanizado na figura de Dionísio, no Egito na figura de Seth e em praticamente quase todas as divindades fálicas que já existiram. Já o Trono dos De-
sejos, praticamente, não foi humanizado e cultuado nas culturas conhecidas, por isso não chega até nós hoje, um culto a um “Orixá Pomba-gira” seja na Umbanda ou no Candomblé. Na Umbanda, trabalhamos com “entidades” (espíritos desencarnados com roupagem feminina) que apresentam-se como Pombas-giras. São espíritos que atuam junto com os Exus guardando os locais onde realizam–se as reuniões espiritualistas, refreando os ataques oriundos do baixo-astral, cortam magias trevosas, além de serem ótimas manipuladoras e dispersoras das energias sexuais desvirtuadas dos encarnados. Portanto, Pomba-gira nada tem desse rótulo de prostituta e obsessora
sexual que muitos querem dar a ela, pelo contrário, ela é especialista em manipular e acabar com vampirizações sexuais e bloqueios nesse sentido da vida. Utilizam-se de velas, cigarros, bebidas etc. como elementos para trabalhar e auxiliar as pessoas, nunca porque são viciadas. Trazem uma força estimulante, estimulando a evolução, o amor, o conhecimento e todos os outros sentidos e campos da vida das pessoas que buscam seu auxílio. Toda Pomba-gira além de trazer a força do Trono dos Desejos também traz a força dos amados Pais e Mães Orixás, existindo assim Pombas-giras de Oxum, Iemanjá, Iansã, Egunitá, Omulu etc.
Por último, lembramos que, assim como Exu, Pomba-gira EM HIPÓTESE ALGUMA REALIZA TRABALHOS DE AMARRAÇÃO OU FECHAMENTO DE CAMINHOS DENTRO DE UM VERDADEIRO CENTRO DE UMBANDA! Exu e Pomba- gira dentro da Umbanda são entidades que trabalham pela LUZ! O que existe são muitas casas que se dizem de Umbanda, mas não passam de casas onde realizam-se magias trevosas, e NADA TÊM A VER COM UMBANDA! Também dentro da Umbanda NUNCA UTILIZA-SE O SACRIFÍCIO ANIMAL E O USO DE SANGUE, seja para Exu, Pomba-gira ou qualquer outra linha de trabalho ou Orixá. O fundamento do sacrifício animal é do Candomblé, que não estamos criticando, mas explicando apenas, que isso NÃO É UMBANDA!
Portanto umbandistas, estudem e aprendam os fundamentos da nossa religião para que saibam argumentar, explicar, desmistificar e compreendê-la. Muito do preconceito que a Umbanda sofre é causado por descaso e falta de conhecimento dos próprios umbandistas, quando não somos nós os verdadeiros preconceituosos. Portanto estudem, leiam, corram atrás. Hoje a informação está aberta a todos, mas você precisa esforçar-se! Laroiê Pomba-gira! (Olhe por mim Pomba-gira) Pomba-gira Mojubá! (Pomba-gira é forte e eu me curvo à sua força)
MORRI! E AGORA? O TEXTO ABAIXO FAZ PARTE DO LIVRO “MORRI E AGORA” DA AUTORA/MÉDIUM VERA LUCIA MARINZECK DE CARVALHO, EDITORA PETIT. MAIS ABAIXO ESTÁ UMA CARTA DE RUBENS SARACENI ENVIADA PARA A EDITORA QUE NA ÉPOCA SE COMPROMETEU A ALTERAR AS FUTURAS EDIÇÕES
P
ág 155: - Você não está alegre! Pombagira não é animada? - Fui prostituta quando encarnada e não consigo me livrar dos meus vícios de fumar, beber e fazer sexo, por isso, fico mendigando as sensações dos encarnados. Pág 156: - Tive um nome quando encarnada, chamava-me Vera. Agora me chamam lá no terreiro de Pombagira. Você também será uma Pombagira, uma das secundárias como eu. Vai viver neste lugar e para se alimentar terá que sugar as energias dos que estão encarnados lá no bordel. Você é viciada, e a morte não nos livra dos vícios.
Sentirá vontade de fumar, beber e fazer sexo, como também de se alimentar, terá sede e dores. Pág 158: Tornei-me uma Pombagira secundária, aquela que somente pode vampirizar e fazer pequenos favores aos frequentadores do bordel para ter o gozo de seus vícios. Pág 161: Pombagiras são desencarnados, principalmente os que vestiram quando encarnados uma roupagem feminina, que foram promíscuos sexualmente e continuaram na espiritualidade viciados. Chegam até a incorporar se a encarnada for médium. Fa-
zem favores aos que estão no plano físico desde que possam usufruir do prazer. Não é uma entidade somente que recebe esse título de Pombagira. São muitas que se apresentam em terreiros, ou seja, em lugares que usam a mediunidade sem estudo e conhecimento que visam à melhora do indivíduo. Obedecem normalmente a chefes e tentam viver desencarnadas do melhor modo possível. Senhores editores: Lamentavelmente, lendo o capítulo “Os Abusos do Sexo”, do livro “Morri! E agora?”, da médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, editado pelos senhores, não tive como conter a revolta que despertou-me
ler algumas poucas linhas carregadas de preconceito contra a Umbanda e uma de suas linhas de trabalho espirituais, a das entidades que se apresentam como Pombas-giras. A autora e o espírito Antônio Carlos demonstram de forma cabal que nada entendem do assunto e que comentam sobre um assunto que desconhecem. Tacham de forma acintosa, que fere o nosso bom-senso, os terreiros de Umbanda como “lugares que usam a mediunidade sem estudo e conhecimento que visam à melhora do indivíduo”. Só essa afirmativa já desclassifica a auto-
ra, o espírito e vossa editora, que publicou algo tão afrontoso à Umbanda e aos médiuns umbandistas. A autora e o espírito Antônio Carlos devem ser muito sábios para afirmarem tal coisa, não é mesmo? Julgam os umbandistas como um bando de ignorantes e colocam-se como os já ascencionados porque trilham a “seara bendita” não é mesmo? Colocam todas as médiuns umbandistas como se fossem mulheres obsediadas por vampiras sexuais, não respeitando a honra e a moral alheias, pois temos na Umban-
da milhares de senhoras respeitabilíssimas, que além de médiuns são mães de família e filhas exemplares e não pessoas vampirizadas sexualmente, como está escrito com todas as letras pela autora. Isso afronta a família umbandista e fere nossa dignidade, assim como nos coloca perante seus leitores como ignorantes. A autora e o espírito Antônio Carlos desconhecem o mistério Pombagira e acreditam que são espíritos de prostitutas, portanto, continuam a ser prostitutas, escravas do sexo e de vícios carnais. A autora desconhece a Umbanda e sua di-
nâmica de trabalho, os fundamentos das linhas da Pombas-giras; o benéfico trabalho desenvolvido por esta entidade; julga os terreiros de Umbanda como antros do obscurantismo e têm-se na conta de luminares acima dos mortais comuns. Senhores editores responsáveis por essa editora, alerto-os para o risco de serem acionados judicialmente por calúnia e vilipêndio por alguma médium umbandista que se sinta ofendida, pois não são pessoas vampirizadas, e sim mulheres, mães e filhas de famílias de moral e de bons costumes. Aceitem esse nosso protesto como um
alerta, pois ainda há tempo para corrigir tais disparates cometidos por uma médium e um espírito extremamente preconceituosos e ignorantes sobre o lado interno da minha religião, a Umbanda. Cordialmente, Rubens Saraceni.