Ciência: pesquisa, métodos e normas
Sandro Dau
Ciência: pesquisa, métodos e normas
2a edição revista e ampliada
Editora Alexandria
Copyright by Sandro Dau
Editoração, arte e impressão Editora Alexandria
Revisão Rodrigo Tostes Geoffroy
Ficha catalográfica
D235c Dau, Sandro. Ciência/ Sandro Dau. – Juiz de Fora: Alexandria, 2006, 184 p. 155: il. Rev., Amp. 1.Metodologia de pesquisa. Metodologia científica. I. Título.
Capa Litografia Drawing Cornelius Escher.
hands
(1948)
de
2.
Maurits
“Depois de observado por muitas experiências, pareceme ser esta a condição humana em relação às coisas intelectuais: quanto menos entende-se e sabe-se, com tanta mais força quer-se discutir; e, pelo contrário, mais coisas são conhecidas menor é tendência de discutir resolutamente sobre qualquer novidade.” Galileu Galilei
Dedicado a André Gomes Dau e a Arthur Gomes Dau.
Sumário Apresentação ............................................................ 15 Capítulo I Leitura de textos técnico-científicos........................ 17 1.1. Diferenças entre explicação e comentário ........ 19 Capítulo II Metodologia ............................................................... 21 Capítulo III Ciência e teoria .......................................................... 26 3.1. Ciência ............................................................. 26 3.1.1. Métodos da Ciência ................................... 31 3.1.2. Características da Ciência ......................... 33 3.1.3. Generalizações científicas ......................... 34 3.1.4. Interesse da ciência ................................... 34 3.1.5. Elementos da ciência ................................. 34 3.1.6. Objeto da ciência ....................................... 38 3.1.7. Objetivo da ciência..................................... 38 3.1.8. Objetividade da ciência .............................. 38 3.1.9. Devemos evitar os preconceitos ................ 39 3.1.10. Análise científica ...................................... 43 3.2. Teoria ............................................................... 44 3.2.1. Valor da teoria ........................................... 45 3.2.2. Crítica à teoria ........................................... 46
Capítulo IV Conceitos ................................................................... 47 4.1. Natureza dos conceitos .................................... 49 4.2. O que são os conceitos .................................... 49 4.3. Origem dos conceitos ....................................... 50 4.4. Uso dos conceitos ............................................ 50 4.5. Importância dos conceitos ................................ 51 Capítulo V Verdade ...................................................................... 53 5.1. Três tipos de verdades científicas..................... 54 5.2. Tipos de ciências sociais .................................. 56 5.3. Quatro tipos de referências da verdade em relação aos fatos ..................................................... 57 5.4. Quatro espécies de relações do espírito com a verdade ................................................................... 57 5.5. Seis critérios reveladores da verdade do espírito ................................................................................ 59 Capítulo VI Pesquisa científica .................................................... 62 6.1. Divisão da pesquisa.......................................... 62 6.1.2. Pesquisa metodológica .............................. 64 6.1.3. Pesquisa empírica ..................................... 64 6.1.4. Pesquisa prática ........................................ 65 6.2. Como pesquisar ............................................... 65 6.3. Objetivo da pesquisa ........................................ 66
Capítulo VII Esquema .................................................................... 68 7.1. Utilidade do esquema ....................................... 68 7.2. Objetivo do esquema ........................................ 68 7.3. Características do esquema ............................. 69 7.4. Recursos para se fazer um esquema ............... 69 Capítulo VIII: Resumos - NBR 6028 ................................................ 71 8.1. Aspectos principais de um resumo ................... 71 8.2. Tipos de resumos ............................................. 71 8.3. Conteúdo do resumo ........................................ 72 8.4. Tamanho dos resumos ..................................... 72 8.5. Como resumir ................................................... 72 8.6. Como não resumir ............................................ 73 Capítulo IX Resenha crítica - NBR 6023 ...................................... 74 9.1. Estrutura formal da resenha ............................. 74 Capítulo X Fichamentos .............................................................. 77 10.1. Composição da ficha ...................................... 77 10.2. Tipos de fichas ............................................... 77 10.2.1. Fichamento de uma obra inteira.............. 77 10.2.2. Fichamento de parte de uma obra ........... 79 10.2.3. Ficha tipo citação: .................................... 80
10.2.4. Ficha tipo esboço ..................................... 81 Capítulo XI Como apresentar citações - NBR 10520 .................. 83 11.1. Termos latinos ................................................ 83 11.1.1. Idem ........................................................ 83 11.1.2. Ibidem ...................................................... 84 11.1.3.Opus citatum............................................. 84 11.1.4. Apud ........................................................ 85 11.2. Tipos de citações ............................................ 85 11.2.1. Citações curtas ........................................ 85 11.2.2. Citações longas ....................................... 86 Capítulo XII Referências bibliográficas - NBR 6023 .................... 88 12.1. Objetivos das referências ............................... 88 12.2. Localização das referências ........................... 88 12.3.Tipos de referências ........................................ 90 12.3.1 Um autor escreveu a obra......................... 90 12.3.2. Dois autores escreveram a obra .............. 91 12.3.3. Três autores escreveram a obra .............. 92 12.3.4. Mais de três autores escreveram a obra .. 93 12.3.5. Vários os autores escreveram a obra....... 94 12.3.6. Notas de sala de aula .............................. 94 12.3.6. Notas de sala de aula .............................. 95 12.3.7. Monografias ............................................. 96
12.3.8. Monografia em meio eletrônico ................ 97 12.3.9. Periódicos ................................................ 98 12.3.10. Artigos de periódicos ............................. 99 12.3.11. Artigos de jornais ................................. 100 12.3.12. Artigos em meio eletrônico ................... 101 12.3.13. Documentos de eventos ...................... 102 12.3.14. Evento como um todo em meio eletrônico .......................................................................... 103 12.3.15. Trabalho apresentado em evento ........ 104 12.3.16. Trabalho apresentado em evento em meio eletrônico ........................................................... 105 12.3.17. Legislação............................................ 106 12.3.18 Jurisprudências ..................................... 107 12.3.19. Doutrinas ............................................. 108 12.3.20. Documentos jurídicos em meio eletrônico .......................................................................... 109 12.3.21. Filmes, vídeos e DVDs......................... 110 12.3.22. Documento cartográfico ....................... 111 12.3.23. Documento cartográfico em meio eletrônico ........................................................... 112 12.3.24. Documento sonoro............................... 113 Capítulo XIII Projeto de pesquisa - NBR 15287 ........................... 114 13.1. Objetivos do projeto de pesquisa .................. 114 13.2. Conteúdo do projeto de pesquisa ................. 115
13.3. Elementos do projeto de pesquisa ............ 117 13.3.1. Capa do projeto ..................................... 118 13.3.2. Folha de rosto do projeto ....................... 119 13.3.3. Sumário ................................................. 120 13.3.4. Apresentação do projeto ........................ 121 13.3.5. Justificativa do projeto ........................... 122 13.3.6. Área de concentração ............................ 123 13.3.7. Natureza do projeto ............................... 123 13.3.8. Delimitação do assunto (tema)............... 123 13.3.9. Revisão da literatura .............................. 125 13.3.10. Problema (pergunta) ............................ 127 13.3.11. Hipótese(s) .......................................... 132 13.3.12. Procedimento....................................... 136 13.3.13. Análise dos dados................................ 136 13.3.14. Objetivos .............................................. 136 13.3.15. Conteúdo Programático da pesquisa ... 138 13.3.16. Metodologia ......................................... 139 13.3.17. Cronograma de execução .................... 140 13.3.18. Bibliografia básica ................................ 141 13.3.19. Anuência do orientador ........................ 142 Capítulo XIV Elaboração de monografias.................................... 144 14.1. Definições de monografia ............................. 144 14.2. Importância da monografia ........................... 144
14.3. Características da monografia ...................... 145 Capítulo XV Estrutura da Monografia ......................................... 147 15.1. Partes da monografia ................................... 147 15.1.1. Introdução .............................................. 147 15.1.2. Corpo do trabalho ou desenvolvimento .. 149 15.1.3. Conclusão .............................................. 152 15.1.4. Notas de rodapé .................................... 152 15.1.5. Bibliografia ............................................. 152 15.1.6. Outras orientações básicas.................... 153 Capítulo XVI Trabalho acadêmico - NBR 14724 .......................... 154 16.1. Formato ........................................................ 154 16.2. Margens ....................................................... 154 16.3. Espaço entre as linhas ................................. 155 16.4. Numeração das páginas ............................... 155 Capítulo XVII Estrutura formal da monografia ............................. 156 17.1. Elementos pré textuais ................................. 157 17.1.1. Capa ...................................................... 157 17.1.2. Anverso da folha de rosto ...................... 158 17.1.3. Verso da folha de rosto .......................... 159 17.1.4. Folha de aprovação ............................... 160 17.1.5. Dedicatória ............................................ 162
17.1.6. Agradecimento....................................... 163 17.1.7. Epígrafe ................................................. 164 17.1.8. Resumo em português ........................... 165 17.1.9. Resumo em língua estrangeira .............. 166 17.1.10. Lista de ilustrações .............................. 167 17.1.11. Lista de tabelas .................................... 168 17.1.12. Sumário ............................................... 169 17.2. Elementos textuais ....................................... 170 17.2.1. Introdução .............................................. 170 17.2.2. Desenvolvimento ................................... 170 17.2.3. Conclusão .............................................. 170 17.3. Elementos pós textuais ................................. 171 17.3.1. Bibliografia ............................................. 171 17.3.2. Glossário ............................................... 172 17.3.3. Apêndice................................................ 173 17.3.4. Anexo .................................................... 175 17.3.5. Índice ..................................................... 176 17.3.6. Contracapa ............................................ 177 Capítulo XVIII Relatórios técnico-científicos - NBR 10719 ........... 178 Capítulo XIX Artigo científico impresso em periódico - NBR 6022 .................................................................................. 182 19.1. Elementos pré textuais ................................. 183
19.2. Elementos textuais ....................................... 184 19.3. Elementos pós textuais ................................. 185 Bibliografia .............................................................. 186
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Apresentação O livro Ciência: pesquisa, métodos e normas não pretende ser definitivo. Na verdade, esta obra é a experiência advinda de um trabalho que se acredita válido pela praticidade e objetividade oferecida àqueles que desta se servirem. No conjunto dos assuntos tratados neste manual, houve a preocupação em abordar, de modo claro e acessível para o leitor, as normas e os métodos que são utilizados para se fazer Ciência. Procedeu-se, para tal, a uma seleção de itens fundamentais, presentes no quotidiano científico. De início, o planejamento que norteou Pesquisa: Ciência, métodos e normas teve como ponto de partida uma divisão equilibrada em dezesseis capítulos, nos quais se pode reconhecer cinco grandes temas. O primeiro abrange a Ciência e seu interesse, seus elementos, sua tarefa, fornecendo ao leitor uma delimitação precisa sobre a matéria. O segundo se ocupa da pesquisa e sua metodologia. Aqui estão arrolados os tipos de pesquisas, seus métodos específicos e o roteiro que deve ser seguido, para se fazer uma pesquisa científica. O terceiro tema abarca os tipos de textos científicos, diferenciando-os quanto às suas estruturas e quanto às suas aplicações. O quarto tema trata das normas da ABNT, para citações de autores e referências bibliográficas. A abordagem é objetiva e prática, utilizando quadros
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esquemáticos, nos quais o leitor visualiza todos os elementos das citações e das referências. Por último, o quinto grande tema compreende as sugestões para se realizar um trabalho científico, apresentando, ao leitor, a estrutura e a organização de uma monografia. Assim sendo, ao ensejo desta obra, os autores acreditam estar prestando um auxílio aos alunos que precisem elaborar trabalhos científicos, segundo os parâmetros estabelecidos pela ABNT. E também a todos aqueles que necessitarem de esclarecimentos, em relação aos temas constantes neste livro. Prof. Rodrigo Tostes Geoffroy
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Capítulo I Leitura de textos teórico-científicos Uma dificuldade apresenta-se constantemente àqueles que estão entrando para o mundo da Ciência: a não compreensão da linguagem utilizada na academia. Por ser uma linguagem lógico-dedutiva, a mesma foge ao entendimento da maioria dos estudantes. No mundo acadêmico, saber ler é fundamental, para se formar uma sólida base teórica. Essa afirmação parece óbvia, visto que uma grande parcela dos estudantes admite que sabe ler muito bem. Entretanto, a experiência mostra que, às vezes, o desinteresse dos alunos está ligado diretamente a não compreensão dos textos técnicos, uma vez que, no entendimento desses não se admite a imaginação e, menos ainda, a experiência de vida dos leitores. A grande dificuldade de se compreender um texto científico encontra-se no fato dele ser apresentado, na maioria das vezes, através do método dedutivo1. Por esse motivo, torna-se relevante este capítulo, uma vez que nele se encontram algumas técnicas de estudo úteis. Não se deve esquecer que a compreensão de um texto é base da aprendizagem. Não obstante, a aprendizagem torna-se um esforço desmotivante, para alguns indivíduos, devido à falta de compreensão do que se lê. 1
A dedução é o raciocínio puramente abstrato, no qual sua inteligibilidade ocorre diretamente das proposições inerente ao texto.
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Aí se encontra o empecilho para alguns estudantes, visto que a leitura técnica é uma atividade, como foi visto mais acima, na qual não pode entrar nem a imaginação, nem as experiências, e, menos ainda, as opiniões do leitor: “Nestes casos, conta-se tão-somente com as possibilidades da Razão reflexiva, o que exige muita disciplina intelectual para que a mensagem possa ser compreendida com o devido proveito e para que a leitura se torne menos insípida.”2 Quando se lê um texto científico, é preciso que se conte somente com o poder da Razão, para se conseguir o entendimento do conteúdo. Na ciência o conhecimento deve ser pautado pela Razão, a qual utiliza argumentações universais. Consequentemente suas conclusões podem ser aplicadas a outros casos proporcionando uma “previsibilidade” dos acontecimentos futuros, caso as condições sejam mantidas. A seguir, apresentam-se algumas diretrizes para leitura de obras científicas: delimitar uma parte do texto de sentido completo. É preciso compreendê-la e, somente após isso, deve-se passar a outro item; analisar o texto por inteiro, a fim de compreender seu conteúdo, porém é uma leitura sem mais aprofundamentos. Nesta fase, é aconselhável fazer um esquema do texto, para que se possa ter uma visão completa; tematizar o texto é o próximo passo. Aqui o leitor apresentará suas dúvidas ao texto, visando a
2
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. a 13 ed.. São Paulo: Cortez, 1986, p. 48.
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entendê-lo. Entender3 o texto é descobrir seu tema, ou seja, o assunto que está sendo exposto: fazer uma análise interpretativa, ou melhor, ultrapassar o que foi escrito, perguntando ao autor sobre as ideias apresentadas; problematizar o tema lido. Nesta etapa, o leitor faz perguntas, a fim de realizar uma reflexão particular; redigir uma síntese própria, em outras palavras, é o momento da leitura em que o estudante deve escrever o que entendeu do texto.
1.1. Diferenças comentário
entre
explicação
e
Uma explicação é uma resposta a uma pergunta. Ela deve ser testada empiricamente, a fim que possamos verificar como poderia ocorrer o fato4 a ser explicado: “Explicar a ocorrência de um acontecimento é, portanto, fazer o enunciado que o descreve derivar de outros enunciados verdadeiros e empíricos, dos quais pelo menos um há de ser lei geral. Mais resumidamente: explicação é subsunção dedutiva a leis gerais.”5
3
É a explicação que nos faculta tomar consciência da situação. “O que é ou acontece na medida em que é tomado como um dado real da experiência, sobre o qual o pensamento se pode afundar.” In LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. Tradução de Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 388. 5 LAMBERT, K. e BRITTAN, G. G.. Introdução à Filosofia da Ciência. São Paulo: Cultrix, 1972, pp. 46-7. 4
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Explicação Prevalece sobre o comentário É anterior ao comentário
Comentário Supõe uma explicação É posterior à explicação
Está a serviço do texto
Interroga o texto
Parte do texto Restringe-se ao texto
Parte do texto Não se restringe ao texto
A seguir reproduzimos o “Esquema sobre as diretrizes para a leitura, análise e interpretação de textos”6, pois sua clareza possibilita-nos a compreensão da atitude intelectual que o estudante deve ter frente a uma obra científica:
6
SEVERINO, Antônio Joaquim. op. cit., p. 61.
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Capítulo II Metodologia A metodologia estuda os métodos de se fazer Ciência. Método é um conceito formado por dois radicais gregos (meta = além; odos = caminho) significando, literalmente, caminho além. Em outros termos, o método é o caminho estabelecido por determinada ciência, a fim de conseguir conhecimentos válidos por intermédio de instrumentos confiáveis. Em linguagem mais acadêmica, o método é o “conjunto dos processos de conhecimento que constituem a forma de uma determinada ciência [...].”7 Com menos formalidade, pode-se dizer que o método é o caminho usado pelo pesquisador, para tentar resolver um problema (pergunta, dúvida, questão, dificuldade). Uma característica marcante do método científico é sua simplicidade: “Todo pensamento será formulado tão clara e simplesmente quanto possível, o que só pode ser efetuado mediante trabalho árduo.”8 E, continua o autor: “o método da ciência consiste em tentativas experimentais para resolver nossos problemas por conjecturas que são controladas por severa crítica.”9 Um método para ser denominado de científico deve levar em consideração a: escolha de fenômenos
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LIARD, L.. Lógica. São Paulo: Cia. Ed. Nac., 1979, p. 10. POPPER, Karl. Lógica das Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978, p. 39. 9 Ib., p. 16. 8
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importantes; diversidade dos meios para se descobrir uma lei. O método tem os seguintes momentos: investigação; transmissão; organização. O primeiro se propõe a fazer novas descobertas; o outro tem como objetivo transmiti-las: é, também, chamado de método didático; por fim o método de organização visa à sistematizar as pesquisas com a finalidade de se conseguir uma maior eficiência. Todo e qualquer método se apoia em dois pontos básicos: reprodutibilidade; falsificabilidade. Com relação àquela é necessário, para se ser científico, que os resultados conseguidos sejam repetidos por outros pesquisadores, os quais devem chegar ao mesmo resultado, independente da época ou lugar. A falsificabilidade é a característica, segundo a qual é necessário criar diversas hipóteses que neguem a afirmação, quanto mais essa se sustente mais ela é considerada correta. Com relação ao objeto o método pode ser: racional; experimental. O método racional parte do fato ou de proposição evidente. No primeiro caso tem-se a Filosofia e no segundo a Matemática: há autores que o denomina de método reflexivo. O método experimental parte das experiências, por isso é conhecido como método indutivo. Como critério de validade tem-se a verificação dos dados objetivos. Não é preciso dizer que esse método é racional, visto que tem por base a reflexão. Ele tem
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quatro fases: observação10; elaboração da hipótese; experiência; generalização. Existem vários métodos de se abordar um problema, portanto compete ao estudante decidir qual o melhor caminho (empírico; teórico; histórico; trabalho de campo; trabalho de laboratório). A metodologia é considerada um conjunto de métodos, pelo qual se adquire o conhecimento sistemático e exato do mundo "real", em oposição à intuição, à especulação e às observações mais ou menos casuais, embora não raro penetrantes, da literatura, da filosofia, da teologia, etc.: “Em qualquer campo de estudos, a substância a ser aprendida é que deverá ditar o método de seu aprendizado. Jamais poderá essa ordem ser trocada, ou seja, permitir-se que uma prática ou um método predetermine a visão do assunto.”11 Como podemos ver ela é importante, quando se trata de fazer Ciência, porém a mesma é apenas um instrumento, um meio para se pensar cientificamente, mas não se pode ser extremista, e dizer que essa é inútil. Ela tem relevância, dentro do mundo acadêmico, visto que possibilita ao cientista perguntar sobre a verdade, os limites, a extensão e o valor dos conhecimentos apreendidos.
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“Observação é a consideração atenta dos fatos com o objetivo de descobrir-lhes as formas de comportamento e as causas. É um primeiro passo para determinar o „como‟ e o „porquê‟ dos mesmos.” In NERICI, Imideo G.. Introdução à Lógica. São Paulo: Nobel, 1971, p. 122. 11 LIPSON, Leslie. Os Grandes Problemas da Ciência Política. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 24.
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Com uma boa metodologia, o cientista tem condições de bem delimitar o objeto a ser estudado, bem como lhe facilita a criatividade, no desenvolvimento da pesquisa. Além disso, otimiza a capacidade do cientista de entender o assunto que pesquisa: “O objetivo da metodologia, que é uma praxiológica da produção dos objetos científicos, é o de esclarecer a unidade subjacente a uma multiplicidade de procedimentos científicos particulares, ela ajuda a desimpedir os caminhos da prática concreta da pesquisa dos obstáculos que esta encontra.”12 A metodologia é o instrumento usado para fazer ou definir a Ciência, logo a possibilidade de agir cientificamente é saber utilizar esse instrumento. Somente será um bom cientista aquele que souber utilizar bem o instrumento da Ciência: a Lógica13,14. Portanto, o seu conhecimento é sumamente importante, para todo aquele que deseja ingressar no mundo da ciência. Os críticos ao método científico apontam três limitações que ele apresenta: a indução pode não ser válida para todos os casos; não se conseguir a
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BRUYNE, Paul de. Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977, p. 27. 13 “Lógica é a ciência que estuda as leis gerais do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na ivestigação e demonstração da verdade dos fatos.” In NERICI, Imideo G.. Introdução à Lógica. São Paulo: Nobel, 1971, p. 16. 14 Nem todos os pensadores aceitam esse papel da lógica e alguns a colocam em segundo plano: “A lógica não passa de uma técnica de aplicação da psicologia como sublinha Husserl, ela não pode pretender regulamentar a ciência, pois ela vem depois e não antes da ciência; [...].” In MOLES, Abraham. A Criação Científica. São Paulo: Perspectiva, 1971, p. 38.
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inferência através dos fatos experimentados; a inferência ser muito abstrata. Apesar dessas críticas não devemos deixar de afirmar que, rigorosamente falando, não existe uma ciência, caso não seja precedida por um método: isso não é uma novidade, visto que ele foi o guia do pensamento científico desde o século XVI. Não se pode esquecer que: “o que realmente interessa é a pesquisa. Essa é a maior finalidade da Ciência. A metodologia é o melhor caminho para se conseguir esse objetivo." 15 Dentro do ambiente acadêmico, a pesquisa é o objetivo, mas, para se fazer Ciência, é imprescindível a utilização de um método, pois a Ciência sem o método é impossível.
15
DAU e DAU. Metodologia Científica. Juiz de Fora: Editar, 2001, p. 14.
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Capítulo III Ciência e teoria 3.1. Ciência A ciência é o conhecimento que quantifica a natureza, por outras palavras, é o conhecimento que utiliza a matemática, para estudar a natureza. Nesse mesmo sentido, podemos ainda, dizer que a ciência é a matematização da natureza, transforma os dados da natureza em números. O conceito ciência “deve ser considerado o conjunto das aquisições intelectuais, de um lado, das matemáticas, do outro, das disciplinas do dado natural e empírico, fazendo ou não uso das matemáticas, mas tendendo mais ou menos à matematização.”16 A fim de definir mais esmiuçadamente esse conceito podemos ainda dizer que: “é um sistema teórico de desenvolvimento autônomo, quer dizer, que se estrutura conforme critérios de coerência interna. Mas se uma suposta verdade dessa estrutura for contraditada (falseada) pela realidade, a própria estrutura tem de ser reajustada.”17 A palavra ciência tem vários significados, contudo, atualmente, a mesma é usada, basicamente, em dois sentidos: é um corpo de conhecimento que tira sua validade das experiências rigorosas, organizadas em leis gerais. Por outras palavras, é qualquer corpo de conhecimentos fundado em observações dignas de fé e 16
JAPIASSÚ, H. F.. Op. cit., pp. 15-6. BORRÓN, Juan C. G.. A Filosofia e as Ciências. Lisboa: Teorema, 1988, p. 113. 17
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organizado no sistema de proposições ou leis gerais; a ciência é formada por um conjunto de métodos que buscam sistematizar (organizar) o conhecimento sobre a natureza. Galileu Galilei (1564-1642) é um marco para a história da ciência, porque foi um dos primeiros a usar o método cientificamente, ou seja, das observações particulares chegou a leis gerais, as quais lhe facultavam a previsão dos acontecimentos futuros. Estabeleceu seu papel ao afirmar que ela deve ter por finalidade o questionamento das verdades inabaláveis lançando dúvidas sobre seus fundamentos: “promover aquelas dúvidas, que parecem abalar as opiniões manifestadas até agora e propor alguma nova teoria para examinar se existe alguma coisa, que possa esclarecer e abrir o caminho rumo à verdade [...]”.18 A finalidade da ciência é a tentativa de compreensão da natureza e do homem. Nesta tentativa, os caminhos são múltiplos: uns mais árduos e outros mais fáceis. Cabe à metodologia mostrar ao pesquisador, qual o caminho mais fácil para se fazer ciência. O conhecimento científico tem sua origem na preocupação do indivíduo em conseguir um conhecimento, que ultrapasse suas necessidades primárias e atinja um grau de organização que possa fazer com que outros indivíduos tenham condições, por meio de experiências, provar o que foi afirmado. Esse conhecimento quer atingir um conhecimento seguro num mundo mutável. 18
GALILEU. O Ensaiador. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 63.
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O primeiro passo para se produzir o conhecimento científico é questionar a validade e extensão dos conhecimentos existentes em sociedade. Na ciência é a pergunta o ponto de partida, para se substituir os conhecimentos existentes: A investigação científica se inicia, portanto, (a) com a identificação de uma dúvida, de uma pergunta que ainda não tem resposta; (b) com o reconhecimento de que o conhecimento existente é insuficiente ou inadequado para esclarecer essa dúvida; (c) que é necessário construir uma resposta para essa dúvida e (d) que ela ofereça provas de segurança e de confiabilidade que justifiquem a crença de ser uma boa 19 resposta (de preferência, que seja correta).
É comum aceitar que a ciência parte das observações empíricas, mas que não se atém a elas especificamente, pois seu objetivo é o geral. Isso é evidente, porque um fato isolado é apenas um exemplo, através do qual não se pode atingir a generalização necessária às afirmações científicas. Diversos fatos isolados não formam uma teoria científica, visto que para se chegar a ela é preciso que haja uma elaboração de diversas proposições, organizadas hierarquicamente, desde o fato mais particular à afirmação mais geral. A ciência surgiu pela primeira vez na Grécia, a 2700 anos, mais precisamente, na cidade de Mileto, na região da Jônia (atualmente essa região faz parte da Turquia). O primeiro cientista, de que se tem notícia, foi Tales de Mileto (625-558 a.C.), e, desde o início, ele estipulou que a ciência deveria procurar a ordem na 19
a
KÖCHE, J. C.. Fundamentos de Metodologia Científica. 19 ed. Petrópolis: 2001, p. 30.
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natureza, e que essa mesma ordem não se encontrava na superfície das coisas. A busca pelo conhecimento científico somente será possível caso o indivíduo questione os conhecimentos existentes tanto em sua validade, como em sua extensão. Essa problematização é o ponto de partida, para que se possa esquadrinhar as verdades existentes no meio em que se está inserido. A preocupação científica nasce no momento em que o indivíduo busque um conhecimento, o qual ultrapasse a simples satisfação de suas necessidades quotidianas. Tal conhecimento deve ser sistematizado, a fim de que os demais indivíduos possam comprovar o que foi afirmado utilizando as experiências específicas. Seu objetivo é a assunção de uma verdade a respeito do mundo, no qual percebemos, por meio da sensibilidade, uma complexa relação de coisas mutáveis. No mundo da ciência, sabe-se, hoje, que suas verdades não são eternas, perfeitas e imutáveis. Atualmente, os cientistas sabem que há uma aproximação da verdade, mas que essa verdade não é jamais alcançada por completo. Aquele que entrou para um ambiente no qual se trabalha com o pensamento científico (por exemplo uma universidade) tem que estar consciente de que sua vida será uma eterna busca pela verdade. Deve também estar ciente de que, ao alcançar uma verdade, essa não é um ponto de chegada, porém uma nova largada, no aprofundamento sobre a verdade da natureza ou do homem. É por isso que se diz que a ciência é um perene caminhar.
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A mesma é uma maneira de se investigar a natureza e o homem, mas existem diversas maneiras de se investigá-los: filosofia; religião; arte; ciência; etc: Filosofia Razão pura verdade este mundo homem inspiração 20 crítica objetiva
Religião fé verdade outro mundo homem inspiração não-crítica subjetiva
Arte intuição verdade este mundo homem inspiração crítica subjetiva
Ciência Razão aplicada verdade este mundo homem inspiração crítica objetiva
Todo conhecimento científico, para ser científico, deve generalizar as experiências particulares. Não há nada de novo nessa proposição, pois Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) afirma que não existe ciência do particular, mas só do geral. Essas generalizações devem se submeter ao crivo das comprovações experimentais: “Por meio de experiências repetidas, mantendo-se constantes todos menos um dos possíveis fatores que influenciam um fenômeno, podem-se isolar causas e chegar a descobertas verificáveis em qualquer laboratório do mundo.”21 Isso ocorre dessa maneira, visto que uma única experiência não nos permite atingir a condição
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Esse conceito em do grego krisis e significa julgamento. Ter uma visão crítica de mundo é apenas fazer uma valoração a respeito do que se estuda, entretanto para alguns sectários do marxismo, o conceito adquiriu um sentido mágico, o qual se refere à capacidade de compreensão dos truques da burguesia, a fim de enganar o proletariado. No sentido kantiano, é o ato de fazer uma pergunta sobre a possibilidade de se discutir uma questão, de modo livre e público. Neste livro, crítica deverá ser entendida, no sentido kantiano. 21 BUTLER, D. E.. Comportamento Político. Rio de Janeiro: Laudes, 1958, p. 28.
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fundamental da ciência que é a generalização. Também, devemos insistir, que diversos fatos sem relação entre si não constituem uma teoria científica, porquanto essa somente é possível, quando podemos elaborar proposições sistematizadas numa hierarquia: partindo do simples devemos alcançar o geral (método indutivo). Portanto, compete dizer que o que se deseja com a ciência é a conclusão generalizante sobre o tema pesquisado, para tanto criam-se hipóteses racionalmente elaboradas, com o intuito de orientar o estudo. O conhecimento científico é resultado da relação da inteligência (quando se serve de conceitos) com a reflexão racional, a qual produz uma conclusão lógica.
3.1.1. Métodos da Ciência Basicamente dedutivo; indutivo.
a
Ciência
tem
dois
métodos:
3.1.1.1. Método dedutivo No método dedutivo, a preocupação maior do pesquisador é demonstrar e justificar uma teoria, uma análise, etc. Seus objetos são ideais, visto que são abstrações. Quanto a seu propósito quer alcançar a coerência, a não-contradição, ou seja, suas afirmações não podem se contradizer. O ponto de partida de quem utiliza esse método é o universal, e o ponto de chegada é o particular. Com ele, quer-se provar racionalmente uma proposição.
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3.1.1.2. Método indutivo Quanto ao método indutivo, pode-se dizer que o mesmo procura provar empiricamente (através de experiências) uma afirmação. O ponto de partida de quem utiliza esse método é o particular (experiência) e o ponto de chegada é o universal (geral). Esse método, que é a base da ciência, recebe o seu nome da forma de raciocínio denominada indução: forma de conhecer segundo a qual, partindo de elementos particulares chegamos, a um conhecimento universal. Em outras palavras, podemos ainda afirmar que a indução tem sua origem nas observações rigorosas de fenômenos particulares, cujo objetivo é atingir o maior grau de generalização possível. A indução é composta de três etapas: observação e análise dos fatos com intuito de descobrir as causas de sua manifestação; comparação procurando encontrar uma relação constante; generalização por intermédio da qual estabelecemos uma relação entre os fatos análogos. Existem dois tipos de indução: formal; científica. Esta, de acordo com Aristóteles, induz de alguns casos ou mesmo de um único caso. Ela tem como base as relações, as causas e as prováveis leis que regem o dado. No que diz respeito à indução formal podemos dizer que ela simplesmente procura a generalização pela enumeração de casos específicos. A indução é regida por três relações gerais: do essencial dos dados; dos fatos idênticos; da quantificação dos elementos.
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Os problemas tratados pelo método indutivo são empíricos, ou seja, dizem respeito à experiência sensível (visão, olfato, paladar, tato e audição), entretanto o cientista deve ultrapassar o mundo do sensível e atingir o plano lógico, o plano da teoria. É utilizado sempre que o cientista deseja provar empiricamente uma proposição.
3.1.2. Características da Ciência A Ciência tem algumas características peculiares: seus métodos são lógicos; seus resultados não são um fim, mas um novo ponto de partida; suas verdades não são eternas; seus conhecimentos devem unir a teoria com a prática; suas experiências devem ser cuidadosamente controladas pelo cientista (rigor científico); seus resultados se voltam para o mundo prático. Um conhecimento, para ser científico, ainda deve comportar os seguintes traços: classificar os conhecimentos; descrever os fatos; explicar os fenômenos; interpretar os diferentes casos; ser autocorretivo; experimental; descritivo; particular; cumulativo; operativo. Outra característica da ciência é não admitir o princípio de autoridade, o qual tem mais a ver com a crença do que com a ciência e aquele que quer tornarse pesquisador deve dar azo às provas sobre o que se disse e não deve se preocupar com quem disse. Em resumo: O cientista deve ter sempre claro, em seu pensamento, que não existe uma teoria definitiva na ciência. Todo e qualquer conhecimento no âmbito da ciência não é um ponto de chegada, mas um ponto de
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partida. Quem quiser encontrar um conhecimento absoluto sobre as coisas, não deve buscar a ciência, todavia procurar outra forma de conhecer a natureza.
3.1.3. Generalizações científicas As proposições, que constituem qualquer corpo de conhecimento científico, são generalizações. Tais generalizações não se referem a acontecimentos ou a entidades individuais, senão a classes ou tipos de fenômenos. As generalizações científicas devem estar sujeitas, direta ou indiretamente, a comprovações experimentais.
3.1.4. Interesse da ciência As ciências se interessam pelo padrão, pelo atributo ou característica partilhados, pelo que os acontecimentos, os elementos, as árvores ou as coisas tenham em comum. Toda ciência se funda na suposição, tão claramente examinada e descrita pelos gregos, de que existe uma "ordem na natureza" que o homem pode descobrir.
3.1.5. Elementos da ciência Toda ciência compõe-se de dois elementos imprescindíveis: Razão22 (teoria); experiências23;24
22
“Conjunto de conhecimentos e de investigações com um suficiente grau de unidade, de generalidade, e suscetíveis de trazer aos homens que se lhe consagram conclusões concordantes, que não resultam nem de convenções arbitrárias, nem de gostos ou interesses individuais que lhes são comuns, mas de relações objetivas que se descobrem gradualmente e que se confirmam através de métodos de verificação definidos.” In LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 155.
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(práticas). Assim, a ciência, não só como conhecimento, mas também como método, tem dois elementos essenciais: o racional e o empírico. Se o conhecimento for baseado só na Razão, o mesmo é chamado de Filosofia, mas, caso seja fundamentado somente na experiência, ele é chamado de senso comum. O conhecimento científico é resultado da relação da inteligência (quando se serve de conceitos) com a reflexão racional, a qual produz uma conclusão lógica. Assim, temos que o conhecimento pode ser dividido em duas espécies: científico; empírico. Esse, também chamado de vulgar ou espontâneo, tem como base os sentidos. É um conhecimento desorganizado que depende de cada sujeito cognoscente, bem como é aplicado a cada coisa em particular. Por intermédio desse conhecimento não vemos as relações existentes entre as coisas no mundo. O importante nesse conhecimento são as qualidades e não as quantidades. Nele a aparência torna-se relevante, a subjetividade é a regra e não é possível prever aspectos futuros, portanto é um conhecimento que limita a ação do homem. Esse é o conhecimento do homem ordinário e é a forma mais simples de interpretação do mundo. É um conhecimento que não se preocupa com elaborações lógicas complexas, mas sim com a solução de problemas práticos do quotidiano. Não é um 23
É o conhecimento do mundo externo, que ocorre através dos sentidos (olfato, visão, tato, paladar, audição). 24 Sentidos: “São as impressões recebidas das coisas que fornecem o conhecimento, mas de modo superficial, sem ligação uma com as outras.”NERICI, Imideo G.. Op. cit., p. 105.
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conhecimento que procure as causas do fenômeno, mas somente seu porquê: “Através de milhares de anos de aperfeiçoamento e modificações, o conjunto de generalizações da experiência começa a constituir um „núcleo compacto de crenças‟ que „parecem quase evidentes por si‟. Assim, nesse modo prático de conhecer, a generalização indutiva formula-se conceptualmente como uma lei. A sua forma mais geral é uma formulação universal e abstracta do tipo „sempre que ocorre x, ocorre y‟.”25 No conhecimento via senso comum existe uma regra geral indicadora do caminho a seguir, entretanto ele não se serve de um método rigoroso em sua aplicação, o que pode levar a resultados diferentes: “Na origem, o senso comum leva-nos a considerar as coisas e o mundo sensível como existentes fora de nós, de tal forma que as nossas ideias não são mais que suas imagens fieis.”26 O conhecimento científico quer explicar os fatos por intermédio das possíveis causas e pelas leis. Este conhecimento tem duas funções: especulativa; prática. A primeira visa à descoberta de novas relações de causalidade; ao passo que a segunda tem como objetivo a utilização do conhecimento teórico na resolução de problemas da vida do dia a dia. Esse conhecimento parte do pressuposto de que o método racional contribui para se conhecer a natureza,
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BORRÓN, Juan C. G.. A Filosofia e as Ciências. Lisboa: Teorema, 1988, p. 112. 26 BROCHARD, V. Do Erro. Coimbra: Atlântida, 1971, p. 09.
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o homem e as relações dos homens entre si e com a natureza. A ciência parte das experiências, não obstante procura ultrapassá-las, uma vez que seu objetivo é a generalização de seus resultados. O que se deseja com ela é a conclusão generalizante sobre o tema pesquisado, para tanto criam-se hipóteses racionalmente elaboradas, com o intuito de orientar o estudo. O conhecimento científico diferencia-se do senso comum por causa do rigor com o qual ele adquirido. A característica, então, desse conhecimento é dada por seu método. Além disso, espera-se que um conhecimento dessa espécie possibilite explicações sistematizadas e fundamentadas em experiências. Como conhecimento substantivo, a ciência é constituída de proposições logicamente relacionadas, que devem ser também sustentadas pela evidência empírica. Como método, põe em destaque a observação objetiva, que possa ser verificada e analisada logicamente. Uma verdade para ser científica deve se submeter a experiências. Após essa verificação é necessário submetê-la aos questionamentos do público: esse é o momento da crítica intersubjetiva. O conhecimento científico parte das causas, para se conseguir explicar um fenômeno. É uma relação de causa e efeito, porém é necessário tomar cuidado com as relações, visto que somente é possível relacionar coisas do mesmo gênero, por isso o pesquisador procura ser cauteloso, rigoroso ao comparar os elementos, pois pode relacionar coisas de gêneros diferentes e concluir absurdos.
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3.1.6. Objeto da ciência O objeto da ciência é o material com que essa trabalha. Esse material pode ser: ideias; minerais; vegetais; palavras; povos; estrelas; rios; etc.
3.1.7. Objetivo da ciência Toda ciência tem como objetivo criar um conjunto de teorias, as quais possam incluir diversas experiências. Assim, sua meta é a criação de uma teoria que indique, quais experiências devam ser estudadas por esta determinada ciência. Seu objetivo não é dizer o que vai ocorrer, mas o que, dependendo das condições, poderá ocorrer. Outro objetivo é a construção de teorias que possam explicar o maior número possível de experiências. Considera-se uma teoria melhor do que outra, devido ao número de experiências que a mesma pode explicar e comprovar. Por exemplo, a Teoria da Queda dos Corpos de Isaac Newton (1642-1727) é melhor do que a de Aristóteles, porque aquela pode ser experimentada e comprovada, além de explicar um número maior de casos.
3.1.8. Objetividade da ciência A principal característica da análise, como da observação científica, é a objetividade, ou melhor, todo conhecimento da ciência se pauta por não depender das opiniões, gostos, culturas, religiões, vontades, desejos, etc. A ciência busca conhecer a natureza, contudo o conhecimento do homem sobre essa é afetado pela
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maneira como ele vê o mundo, uma vez que seus paradigmas são dados pelos conceitos, com os quais foi educado. Por isso é premente tomar cuidado com aquelas verdades que parecem evidentes, pois essas podem ser preconceitos. O ideal da ciência é a objetividade, por esse ideal se procura criar modelos teóricos que representem a natureza de maneira “fiel”, ou seja, a ciência quer ser verdadeira e nessa busca pela verdade tenta-se atingir um grau de imparcialidade (âmbito da verdade semântica). Uma ciência torna-se objetiva quando seu método é usado com rigor lógico. Nesse caso a objetividade não se relaciona com os valores do pesquisador, mas com o grau de racionalidade adotado na utilização de um determinado método. Karl Popper afirma, em sua Décima-segunda tese, a respeito da objetividade da ciência: “O que pode ser descrito como objetividade científica é baseado unicamente sobre uma tradição crítica que, a despeito da resistência, frequentemente torna possível criticar um dogma dominante.”27
3.1.9. Devemos evitar os preconceitos A grande dificuldade, em se fazer pesquisa, está em superar os preconceitos. Os mesmos são as maneiras de pensar, que aparecem aos homens como verdades, por esse motivo dificultam toda e qualquer tentativa de se descobrir algo novo. Cabe ao cientista compreender que o conjunto de ideias com o qual ele foi 27
POPPER, Karl. Op. cit., p. 23.
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educado é, em muitas das vezes, o maior escolho para a descoberta do novo. Deve-se, portanto, tomar cuidado com as verdades a que se está acostumado, visto que elas podem induzir ao erro. Com toda clareza dos pensadores ingleses Francis Bacon (1561-1626) expôs os empecilhos epistemológicos na tentativa de se conseguir atingir à verdade. À causa dos erros, nas análises sobre a natureza, ele denominou de preconceitos ou ídolos (que impedem o homem de conhecer a verdade). Em seu entender cumpre evitar os preconceitos, os quais ele denomina de ídolos: Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de seu pórtico logrado e descerrado, poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos contra eles, se 28 cuidem o mais que possam.
São os preconceitos as formas de conhecimento de uma realidade mais perigosa que possa existir, uma vez que eles servem de barreiras a todo e qualquer conhecimento novo. Existem quatro espécies de preconceitos que impedem o homem de conhecer a verdade.
3.1.9.1. Ídolos da tribo (idola tribus) São as limitações derivadas das deficiências naturais de compreensão que afetam os homens. São 28
BACON, F.. Novum Organum. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 39.
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inclinações comuns à humanidade, que impedem a aceitação de fatos que vão contra as teorias particulares: “Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza, na própria tribo ou espécie humana. É falsa a asserção de que os sentidos do homem são a medida das coisas. Muito ao contrário, todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza humana e não com o universo. O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe.”29
3.1.9.2. Ídolos da caverna (idola specus) Referem-se aos enganos proporcionados pela natureza individual do homem, devido a sua educação, às autoridades intelectuais e ao ânimo do indivíduo: “Os ídolos da caverna são os dos homens enquanto indivíduos. Pois cada um - além das aberrações próprias da natureza humana em geral - tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza: seja devido à natureza própria e singular de cada um; seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram; seja pela diferença de impressões segundo ocorram em ânimo preocupado e predisposto ou em ânimo equânime e tranquilo; de tal forma que o espírito humano – tal como se acha disposto em cada um - é coisa vária, sujeita a múltiplas perturbações, e até certo ponto sujeita ao acaso.”30
29 30
Ib., p. 40. Ib., p. 40.
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3.1.9.3. Ídolos da praça pública, do mercado (idola fori) Erros provenientes do uso da linguagem, pois nós somos condicionados na interpretação das coisas por meio da língua: “Há também os ídolos provenientes, de certa forma, do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos do gênero humano entre si, a que chamamos de ídolos do foro devido ao comércio e consórcio entre os homens. Com efeito, os homens se associam graças ao discurso, e as palavras são cunhadas pelo vulgo. E as palavras, impostas de maneira imprópria e inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto. [...] E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias.”31
3.1.9.4. Ídolos do teatro (idola theatri) Ideias derivadas de sistemas e de raciocínios filosóficos. São erros provenientes dos grandes mestres da filosofia, os quais se tornaram argumentos de autoridade e ninguém tem coragem de questionar: “Há, por fim, ídolos que imigraram para o espírito dos homes por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração. São os ídolos do teatro: por parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são outras tantas fábulas, produzidas e representadas, que figuram mundos fictícios e teatrais. [...] Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos, na sua universalidade, mas também nos numerosos princípios e axiomas das ciências que 31
Ib., p. 41.
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entraram em vigor, mercê da tradição, da credulidade e da negligência.”32 O significado filosófico desta divisão baconiana está em exigir do cientista o perfil crítico e independência intelectual. Para se pensar cientificamente é premente, que se abandonem os preconceitos, porquanto eles não permitem a verdade surgir na mente humana. É importante reconhecer que os homens veem, com frequência, o que estão preparados para ver ou o que desejam ver. Sendo assim, o cientista deve abandonar essa condição do senso comum, e se esforçar em compreender o mundo, de acordo com os pressupostos da análise científica.
3.1.10. Análise científica Uma análise, para ser científica, deve ter as seguintes características: logicidade (as ideias devem ser encadeadas de acordo com a Razão); objetividade (as afirmações não devem depender dos contextos); clareza conceitual (os conceitos não devem ambíguos); precisão dos conceitos (não devem ser sugestivos).
32
Ib., p. 41.
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3.2. Teoria A linguagem utilizada pela ciência, para enunciar a descoberta de um novo conhecimento, é construída através de teorias definidas de tal forma, que as opiniões de quem as enunciam não sejam levadas em consideração. Teoria, ou sistema dedutivo, vem de theorein cujo significado é “visão”, donde se conclui que uma teoria é uma visão sobre um tema. Pode ser aplicada a tudo que se deseja conhecer e seu significado remete a um conjunto de ideias mais elaborado. Quando criamos uma teoria queremos simplesmente tentar explicar um problema: “A teoria consiste, em parte, numa forma de estenografia mental, que reduz imensa variedade de fatos, vinculados entre si, a uns poucos e breves símbolos.”33 A teoria é formada por diversas proposições encadeadas logicamente, e deve ter as seguintes características: definição rigorosa; coerência interna; generalização, por meio de deduções; ampliação do conhecimento. Na ciência, ela deve ser submetida à comprovação. Caso não haja nenhum fenômeno, experiência, prova, fato, etc. que a desaprove, a mesma poderá ser considerada como válida. Quando a experiência não verifica a teoria, a mesma deve ser abandonada ou melhorada. É muito importante que o cientista adapte sua teoria ao mundo e não o mundo a sua teoria. 33
LIPSON, Leslie. Op. cit., p. 41.
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A teoria busca identificar quais são as condições em que podem ocorrer determinados fatos, desta maneira, possibilita predizer o que ocorrerá e, com isso, oferece ao cientista um determinado controle sobre a natureza. A predição que afirma se ocorrerá ou não determinada ação não é uma profecia, porquanto a ciência não diz o que ocorrerá, mas o que poderá ocorrer, se determinadas características se apresentarem futuramente.
3.2.1. Valor da teoria O valor de uma teoria está em sua capacidade de incluir e de generalizar o maior número possível de experiências. A ordenação das experiências tem como meta a generalização das ideias através de leis34, ficando estabelecido que, na presença de determinados fatores, poderá ocorrer determinado fenômeno. A generalização, como o próprio nome indica, aponta para o aspecto geral dos fenômenos e não para suas características particulares. Essa por si só, não basta para tornar as observações uma ciência. É preciso criar uma teoria. Ao se colocar uma experiência, em determinada categoria, e relacioná-la com outras experiências conhecidas, é possível tirar delas conclusões que serão úteis, para a vida do homem em seu quotidiano. Como exemplo, pode-se citar a utilização da Teoria da Evolução, de Charles Darwin, em contraposição à Teoria Criacionista. A teoria de Darwin, é usada hoje em dia, por ser mais útil aos homens modernos e não, 34
É a relação invariável entre dois ou mais elementos.
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necessariamente, porque esteja correta. Sobre essa utilidade a passagem abaixo aponta para esta condição: “O mundo deixou de acreditar que Josué fez parar o Sol, pois a astronomia era útil à navegação; abandonou a física de Aristóteles, pois a teoria de Galileu sobre a queda dos corpos tornou possível calcular a trajetória de uma bala de canhão; rejeitou a história do dilúvio, pois a geologia é útil à mineração – e assim por diante.”35
3.2.2. Crítica à teoria Critica-se a teoria, ao afirmar que a mesma limita a visão de mundo do homem, visto que o cientista deve diminuir ao máximo possível as variáveis existentes na natureza, para colocá-las dentro de uma determinada teoria. Com essa atitude, a visão de mundo do cientista se limita somente a alguns aspectos da natureza e, assim, seu estudo sobre ela se torna mais restrito. Essa crítica está correta, pois, ao se observar determinados aspectos do mundo, por meio de um conjunto de conceitos, é natural que se fechem os olhos para outros caracteres que também são importantes. No entanto não se pode esquecer que uma das características principais da ciência é a sua autocorreção, isto é, a mesma está sempre se aperfeiçoando. Com isso, a teoria deixa de ser uma verdade eterna e se torna aberta às novas provas e a novos fatos que surjam.
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RUSSELL, Bertrand. O Poder. São Paulo: Cia. Ed. Nac., 1957, p. 111.
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Capítulo IV Conceitos Os conceitos são a base da ciência, mas um conjunto de conceitos não forma uma ciência. Se assim o fosse, um dicionário seria uma ciência, mas o mesmo não o é. Os conceitos são os menores elementos com os quais se constroem as teorias científicas. Esses elementos não são organizados aleatoriamente, contudo, há, em sua união, uma organização que é organizada pela Razão. O indivíduo que não está familiarizado com os conceitos de um tema, quando participa de uma discussão acaba por se tornar vítima daquele que conhece o significado dos diversos conceitos. Na ciência os conceitos são encadeados de modo sistemático, a fim de que se possa chegar a conclusões coerentes. O fio condutor que orienta este encadeamento é a Lógica.36 É através do conhecimento dos conceitos fundamentais de uma ciência, que se pode afirmar que se compreende a mesma. Sem conhecê-los é impossível entender com o que se está trabalhando: “Defina sempre um termo ao introduzi-lo pela primeira vez. Não sabendo defini-lo, evite-o. Se for um dos termos principais de sua tese e não conseguir defini-lo, abandone tudo. Enganou-se de tese (ou de profissão)."37 Em outras palavras, a definição dos 36
Cf. Notas 13 e 14. a ECO, Umberto. Como se Faz uma Tese. 2 ed.. São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 89. 37
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conceitos é imprescindível ao trabalho acadêmico. A ironia com que Umberto Eco trata essa questão mostra a sua importância para o mundo da ciência. É de máxima importância que o principiante em qualquer ciência conheça os conceitos formadores da mesma, visto que eles orientarão o modo como e o que se observa na natureza. As expectativas do homem são definidas pelos conceitos, ideias que ele traz consigo. As ideias são os meios (são os instrumentos), utilizados por ele na organização e na interpretação do mundo. Os conceitos são os instrumentos utilizados por todos os cientistas e por todos os indivíduos no quotidiano. São eles que definem os fenômenos a serem estudados, bem como diferem uma ciência de outra, por isso cada ciência tem seu próprio conjunto de conceitos, que determina os campos de ação, os métodos, os temas, os objetivos e os objetos de pesquisa. São eles que orientam o cientista no mundo, apresentam quais as características que são importantes e quais devem ser estudadas e como são estudados os problemas levantados. A definição dos conceitos é fundamental na discussão científica, visto que aquele que afirma e aquele pergunta devem ter bem claro qual o significado do conceito empregado. A necessidade desse cuidado está em não enganar aos outros e/ou enganar a si próprio. Quando escrevemos um texto científico, é de bom tom utilizar palavras conhecidas no mundo da Ciência.
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Para conceitualizar rigorosamente é de bom alvitre: especificar o elemento principal da coisa a ser definida; buscar a concisão; apresentar de maneira “clara e distinta”; evitar o excesso; evitar a negação; evitar a tautologia.
4.1. Natureza dos conceitos Um conceito é uma palavra, porém não é como as utilizadas no quotidiano, cujo significado é passageiro, móvel. Ele, no âmbito da Ciência, caracteriza-se por ter um único significado claro, preciso e abstrato, que não resulta de preferências, de gostos e de anseios individuais. No mundo da ciência, o conceito pode ser compreendido, a partir do próprio contexto em que se encontra não necessitando, que o leitor invoque o auxílio de qualquer elemento extrínseco ao texto.
4.2. O que são os conceitos A característica principal do conceito é a identificação dos elementos centrais do que é estudado. Além disso, é preciso dizer que um conceito se refere não a um indivíduo, a um caso único, a um fenômeno, mas a classes, a grupos, a relações, etc. Podemos afirmar que é uma palavra que tem como características: universalidade (seu significado é válido, de igual maneira, para todos os componentes da comunidade científica); necessidade (sua definição não pode mudar de significado de acordo com os interesses dos cientistas); objetividade (seu sentido não depende das preferências individuais de quem fala).
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A relevância de sua utilização pelos cientistas está na tentativa de diminuir, ao mínimo possível, a variação dos sentidos da palavra empregada, a fim de que se possa comunicar um pensamento, o qual possa ser inteligível ao maior número possível de membros da academia.
4.3. Origem dos conceitos Sua origem está na abstração das características particulares dos fenômenos38. A partir de uma determinada quantidade de elementos, extrai-se uma característica comum, repetitiva, padronizada, igual em todos os membros estudados.
4.4. Uso dos conceitos Com sua utilização o cientista procurará os padrões, as regularidades, as uniformidades, as repetições contínuas e permanentes das experiências, porquanto somente assim é possível poder falar do geral. É a condição que permite o pensar científico, por isso não podemos esquecer o primordial na atitude científica: “A Razão é o passo, o aumento da ciência, o caminho e o benefício da humanidade o fim. Pelo, contrário, as metáforas e as palavras ambíguas e destituídas de sentido são como ignes fatui, e raciocinar com elas é o mesmo que perambular entre inúmeros absurdos, e o seu fim é a disputa, a sedição ou a desobediência.” 39 No ato de pensar a ciência não
38
Fenômeno (phaenomenon) é uma palavra de origem grega, e significa “aquilo que se manifesta”. 39 HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 35.
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devemos usar metáforas ou quaisquer outras figuras de linguagem, mas a palavra em seu sentido próprio.
4.5. Importância dos conceitos É graças a eles que se torna possível delimitar e caracterizar uma determinada ciência, pois orientam o olhar do cientista para determinados aspectos da realidade informando ao cientista o que ele deve procurar na natureza. Tome-se, como exemplo, uma partida de futebol, dependendo dos indivíduos que estão olhando o jogo, aspectos distintos, uns dos outros, serão notados: Classes Torcedores Biólogos Engenheiros elétricos Fisioterapeutas
O que poderá interessar O resultado da partida O tipo de grama A estrutura elétrica do estádio O esforço muscular dos jogadores
Médicos
A saúde dos torcedores
Policiais
A segurança dos participantes
Jornalistas
As notícias sobre o jogo
Nutricionistas
A alimentação dos jogadores
Farmacêuticos
As drogas que podem ser usadas
Esse exemplo poderia se estender mais ainda, contudo se quer chamar atenção para o aspecto de que cada indivíduo olha, para aquilo que foi educado a ver, ou seja, cada um percebe o mundo com os conceitos com os quais foi educado. Uma investigação científica deve partir dos conceitos, os quais devem estar ordenados em um
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vocabulário, cuja clareza dos significados tenha sua origem na racionalidade de seu encadeamento. Conclui-se, então, que uma ciência está madura, quando seus conceitos estão elaborados de modo racional de tal maneira, que a comunidade científica não tenha dúvidas, quanto a seus significados. Caso contrário não se pode dizer, que ela tenha atingido a sua maioridade. Antes de iniciar sua pesquisa deve o cientista começar por definir os conceitos com os quais tentará resolver a questão proposta. Essa é uma precaução afirmada por Cícero, quando ele coloca na boca de Cipião as seguintes palavras: “começarei a discussão observando uma regra necessária em toda disputa, se se quer afastar o erro, que é ficar de acordo quanto à denominação do assunto discutido e explicar claramente o que significa. O sentido particular deve estabelecer-se bem antes de abordar a questão geral, porque nunca se poderão compreender as qualidades do assunto que se discute se não se tem o mesmo na inteligência.”40
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CÍCERO, M. T.. Da República. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1965, pp. 34-5.
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Capítulo V Verdade Na história da filosofia existem três modos de conceituar a verdade: correspondência entre o conhecimento e o objeto (realismo); coerência lógica (idealismo); utilidade prática (pragmatismo). A correspondência entre o conhecimento e o objeto foi defendida desde os tempos de Aristóteles (384-322 a.C.) como sendo o fundamento da verdade. Estuda qual o valor do pensamento em relação à realidade. Aristóteles, bem como Sócrates e Platão, não admite o ceticismo41. A verdade, afirma o Estagirita, se encontra no entendimento (juízo) e não nos sentidos, portanto a coisa não é verdadeira ou falsa. A verdade ou a falsidade se encontra na relação de uma ideia com outra, isto é, no juízo. Sendo assim, uma ideia por si só não é falsa ou verdadeira. A verdade afirma que o que existe, existe e o que não-existe, não-existe, a verdade ou falsidade não está nas coisas, todavia na psiqué, no entendimento humano em função do juízo. Para Emanuel Kant (1724-1804) o posicionamento do filósofo deveria ser a investigação das fontes das afirmações, a fim de que se pudesse encontrar a certeza. A verdade não se relaciona com o objeto, visto que não se pode conhecer sua essência, por isso a
Ceticismo vem do grego (examinar, enganar). Como doutrina filosófica pode ser entendido como dívida sobre a capacidade do homem de chegar à verdade. 41
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verdade kantiana tornou-se a identidade dos pensamentos entre si e as leis os que regem. O pragmatismo foi fundado por William James (1842-1910). Este conceito vem do grego pragma e significa ação. Ele é o ceticismo moderno e como tal não aceita a verdade (identidade do pensamento com a existência). A verdade para o pragmatismo é aquilo que é útil. Seu enfoque abandona a teoria e se fixa na ação, pois admite ser o homem não um ser teórico, mas prático. Com o pragmatismo a verdade tornou-se aquilo que é útil: a verdade deixa o plano teórico e se repousa sobre o grau de eficiência que possa ser advinda dela, para o meio. Uma ideia é considerada verdadeira, quando ela está em conformidade consigo mesma. A evidência não pode ser considerada um critério da verdade, como queria René Descartes (1596-1650), visto que a ideia deveria aparecer como verdadeira para todos, assim a evidência é apenas uma crença ou uma certeza subjetiva. Uma ideia por si só não é verdadeira ou falsa: a verdade ou a falsidade dela é dada pelas relações em que ela aparece, portanto não há ideia errada, mas erro de síntese mental.
5.1. Três tipos de verdades científicas O primeiro tipo de verdade científica é a ciência do certo, a qual tem na certeza seu dado imediato desejando construir um conhecimento exato do mundo: “Logo, a certeza já não se distingue da verdade. Não seria uma boa definição considerá-la como adesão da
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alma à verdade: ela não é outra coisa mais que o próprio conhecimento do verdadeiro. Não é um estado subjetivo da alma; não é uma coisa que se junta à ideia verdadeira. Se a alma está certa, não é por ser a alma de este ou aquele, individual ou determinada, mas porque representa um objeto e faz parte do absoluto.”42 Essa ciência era tida no século XIX como capaz de descrever o mundo em sua totalidade. São exemplos: a geometria e a mecânica. O segundo tipo verdade científica é dado pela ciência do provável, a qual interpreta o mundo por intermédio da estatística. Com ela tem-se a introdução do aleatório nas interpretações das experiências: substitui a noção de causa da ciência do certo (que é apenas um caso particular da ciência do provável) pela de correlação. Para esse tipo de verdade o homem é colocado em segundo plano em relação aos instrumentos de pesquisa. O papel do homem é “abstrato em um mundo que se reduz essencialmente a uma dialética matéria/energia; [...].”43 Ele é substituído pela noção físico-química e pela observação dos fatos. O exemplo deste conhecimento é a termodinâmica estatística e a microfísica. Por fim, encontra-se a ciência do percebido, a qual parte do pressuposto que o mundo é a representação do próprio indivíduo: este é reduzido ao aspecto químicofísico. Essa ciência aceita a dialética matéria/energia, contudo acrescenta a dialética do previsível/imprevisível,
42
BROCHARD, V.. Op. cit, p. 10. MOLES, Abraham. A Criação Científica. São Paulo: Perspectiva, 1971, p. 06. 43
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tendo o homem como medida de todas as coisas. Como exemplo pode-se citar a psicologia.
5.2. Tipos de ciências sociais As ciências sociais podem, por questões didáticas, ser enquadradas em quatro grupos, os quais na prática ultrapassam esse artificialismo acadêmico e se entrecruzam em constante fluidez: ciências nomotéticas (tenta criar leis); históricas (preocupa-se com os aspectos concretos de objetos particulares; jurídicas (destaca o caráter normativo); filosófica (busca a universalização.
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5.3. Quatro tipos de referências da verdade em relação aos fatos Em relação aos fatos quatro, podem ser os tipos de verdade que é possível se encontrar: lógico-formal; objetivo; ontológico; moral. A verdade lógico-formal tem como preocupação a a não-contradição do raciocínio, para tanto segue princípios formais e enunciados estabelecidos procurando expressar uma nova proposição verdadeira. Uma verdade é lógico-formal, quando o sujeito e o predicado se adequam um ao outro. A verdade objetiva relaciona o pensar com o existir. Em outros termos tem-se uma verdade objetiva, quando ela se adequa ao mundo exterior ou ao objeto. A verdade ontológica, também chamada de verdade metafísica ou verdade do Ser, se preocupa com a essência da coisa exprimindo seu Ser. A verdade moral pode ser denominada de veracidade. É aquela que se preocupa com o agir correto e corresponde à relação entre o pensar e sua expressão.
5.4. Quatro espécies de relações do espírito com a verdade O espírito ao se relacionar com a verdade pode expressar quatro estados distintos: ignorância; dúvida; opinião; certeza. Diz-se que o espírito está no estado de ignorância, quando a respeito de um objeto ele nada conhece.
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O estado de dúvida é aquele momento em que o espírito não se atreve a dizer nada sobre o objeto. É possível se enumerar quatro tipos de dúvidas: espontânea; refletida; metódica; universal. A dúvida espontânea ocorre quando o espírito se abstém de fazer juízo a respeito de algo, mesmo tendo elementos suficientes para poder fazê-lo. Na dúvida refletida o espírito examina os dados, mas não tem elementos suficientes para elaborar um juízo. Quanto à dúvida metódica é tão somente uma ação mental que se relaciona a um objeto específico de estudo. A dúvida é utilizada como método de evitar o preconceito no estudo do objeto. Com esse método o cientista duvida de todas as coisas, mesmo das verdadeiras com o intuito de conseguir uma verdade indubitável. Ela é imprescindível naqueles que pretendem fazer ciência. Por fim, existe a dúvida universal, a qual não admite que o indivíduo possa alcançar a verdade. É a posição intelectual dos céticos. A opinião é uma afirmação inconsistente, na qual o sujeito sabe que pode estar errado. É uma afirmação cujos conhecimentos a respeito do que se afirma são insuficientes. Ela pode ser de duas espécies: crença; científica. A opinião é chamada de crença, quando sua verdade se sustenta sobre aspectos subjetivos. É científica, quando se baseia na Razão e em métodos rigorosos e objetivos. Na certeza o espírito tem a posse da verdade não existindo dúvida sobre sua validade. Ela se divide em dois tipos: subjetiva; objetiva. A certeza subjetiva é
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aquela que pertence ao indivíduo, entretanto não é aceita pelos demais, visto que sua base depende do ponto de vista daquele que expressa uma ideia. A certeza objetiva tem como fundamento não o indivíduo e sim ocorrências, as quais independem do observador, pois sua validade tem origem na observação externa.
5.5. Seis critérios reveladores da verdade do espírito O espírito deve ter como base critérios que possam mostrar sua verdade. Esses critérios são de seis espécies: autoridade; evidência; consenso universal; senso comum; necessidade lógica; experiência. O princípio da autoridade continua a ter valor na religião, entretanto perdeu sua validade na ciência, a partir das pesquisas de Galileu Galilei (1564-1642). Na ciência mais vale a comprovação por intermédio das experiências, do que através das palavras de uma autoridade. A evidência percebe sem dificuldades que um predicado se refere a um sujeito. É o critério adotado por René Descartes (1596-1650), o qual dizia ser esse o único caminho para se chegar à verdade. O critério do consenso universal, afirma que um juízo aceito por todos é verdadeiro. É um critério que se mostra falho no âmbito da ciência. O critério do senso comum é “indicado por Tomás Reid que diz ser a verdade fornecida por uma faculdade íntima, especial e comum a todos os homens, que seria
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o sentido comum. Seria como um instinto que nos revela certas verdades que seriam a própria base da ciência.”44 O critério da necessidade lógica defende que a verdade não deve ter contradições, parte do pressuposto que a verdade está em acordo com o pensamento. A sua validade é possível no campo da Matemática, entretanto nem sempre é válido para as outras ciências. Por último tem-se o critério da experiência, o qual considera como verdade aquilo que passou pelo crivo da experiência. A verdade deve ser considerada em relação com a experiência.
44
NERICI, Imideo G.. Introdução à Lógica. São Paulo: Nobel, 1971, p. 20.
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Capítulo VI Pesquisa científica A pesquisa é a procura de respostas a uma determinada questão (problema, pergunta, dúvida, dificuldade) apresentada. A mesma é uma ação ordenada, sistemática (organizada de modo que seus elementos tenham relações entre si), visando a descobrir relações constantes entre os fenômenos. Sua característica principal é a utilização de métodos racionais, científicos, na comprovação, ou não, das respostas encontradas. Como princípio geral, a pesquisa científica deve ser objetiva (as afirmações feitas não devem depender dos gostos, opiniões e desejos de quem fala, mas depender somente da Razão). Para se desenvolver bem uma pesquisa, é necessário que se cumpram duas condições: definir quais tipos de coisas se argumenta e a partir de que material se raciocina; deve-se estar bem servido dos materiais sobre os quais se discute.
6.1. Divisão da pesquisa Costuma-se dividir a pesquisa em quatro tipos: teórica; metodológica; empírica; prática. Deve-se ter em mente que essa divisão é apenas didática, uma vez que não existe uma pesquisa totalmente pura: esses diversos tipos estão constantemente interligados.
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6.1.1. Pesquisa teórica Estuda as teorias sobre um determinado tema. A mesma é fundamental, porque será essa a condição necessária, para se formar o primeiro conhecimento sobre um determinado assunto. Para tanto, é imprescindível que o pesquisador leia as obras clássicas sobre o tema estudado, pois são essas que lhe darão condições de ser um pensador autônomo e não um mero burocrata do saber. A pesquisa teórica possibilita uma maior visão crítica sobre o assunto estudado. O conceito crítica, nos últimos anos, tornou-se uma palavra mágica que se relaciona com a capacidade de entendimento do indivíduo. Entretanto crítica, em sentido positivo, é o exame livre e público, a respeito de uma determinada questão. Em seu aspecto negativo, uma visão crítica é a não aceitação de verdades, sem antes perguntar sobre seu conteúdo (crítica interna) e sua origem (crítica externa): A crítica é um ponto fundamental para o desenrolar do pensamento científico. A criticidade é muito mais importante do que a erudição, pois enquanto aquela leva o pensamento adiante, esta é apenas um conhecimento de autores e obras, que pouco, ou quase nada, acrescenta a quem não tem uma 45 visão autônoma do problema a ser estudado.
Todo pensamento, para ser considerado científico, tem que apresentar considerações críticas a respeito do assunto estudado, a fim de que possa haver um aumento do conhecimento pesquisado. A erudição tem 45
DAU e DAU. op. cit., p. 16. Ver também nota 21.
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pouca valia, visto que não passa de uma mera exposição de ideias de outros autores e, em nada, contribui, para o desenvolvimento da ciência.
6.1.2. Pesquisa metodológica Essa pesquisa auxilia o cientista a abandonar a visão ingênua do mundo. Ela é composta por instrumentos que auxiliam a compreensão da natureza. É por intermédio dela, que se podem identificar os métodos utilizados por outros cientistas na construção de suas teorias. Nesse processo de identificação dos métodos é necessário comparar o método utilizado por um cientista com outros métodos. Após ter feito esse trajeto, o pesquisador está em condições de criar sua teoria e, a partir dela, comunicar aos demais cientistas suas descobertas.
6.1.3. Pesquisa empírica O conceito empírico vem do grego, empiria, e significa experiência, daí ser essa uma pesquisa que tem como preocupação as experiências. A pesquisa empírica trabalha com o mundo dos objetos concretos, por isso apresenta seus resultados quantitativamente. A mesma é uma tentativa de união do mundo teórico com o mundo prático.
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6.1.4. Pesquisa prática Esse último tipo de pesquisa procura comprovar as teorias através de experiências práticas. Sua importância encontra-se em ser uma atitude “política das ciências sociais.” Nessa perspectiva, é uma atividade científica que visa a conhecer os interesses que movem as sociedades.
6.2. Como pesquisar Não se deve esquecer o conselho dado por Émile Durkheim (1858-1917): "Em toda a ordem de pesquisas, com efeito, é apenas quando a explicação dos fatos está suficientemente avançada que se pode definir o fim para o qual tendem.”46 Como se pode ver ele está chamando a atenção, para algo que acontece com aqueles que pretendem fazer uma pesquisa científica e que deve ser evitado: afirmar peremptoriamente a solução do problema a ser estudado, antes mesmo de iniciar a pesquisa. A fim de evitar esse risco, aconselha-se a todos os que se iniciam nos estudos científicos que sigam o percurso abaixo, pois será um guia que orientará o iniciante, facultando-lhe condições mínimas em suas primeiras pesquisas: reconhecer o objeto estudado; classificar as espécies; procurar por indução metódica (experimentação) as causas das variações; comparar os diversos resultados; tirar uma fórmula geral.
46
DURKHEIM, Émile. op. cit., p. 99.
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6.3. Objetivo da pesquisa O objetivo da pesquisa é encontrar respostas coerentes para os problemas (questões) propostos pelo pesquisador. Essas respostas devem ser feitas, baseadas em métodos científicos. O objetivo da pesquisa é o conhecimento e a explicação racional do mundo. Somente se pesquisa, quando se tem um objetivo específico para ser explicado: “Uma obra sem um desígnio se assemelha mais a extravagâncias de um louco do que aos sóbrios esforços do gênio ou do sábio.”47 Ao traçar seus objetivos, o pesquisador demonstra ter bem claro, em seu pensamento, o problema a ser estudado, visto que eles, ao serem definidos, coerentemente, aumentam o conhecimento não só de quem pesquisa, mas da própria sociedade.
47
HUME, D.. Investigação Acerca do Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 42.
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Capítulo VII Esquema O esquema, o resumo e o fichamento são ferramentas importantes no aprendizado, pois forçam o estudante a repetir, com suas palavras, o conteúdo analisado. A repetição continuada, é, como disse Aristóteles, um meio de se criar a memória e, por consequência, o saber.
7.1. Utilidade do esquema O esquema, assim como o resumo e o fichamento, é útil, ao se estudar um texto, uma vez que oferece condições ao leitor de: delimitar a ideia central; ressaltar os aspectos importantes; apreender as definições; especificar os conceitos básicos.
7.2. Objetivo do esquema Possibilitar ao estudante um meio de compreender uma obra em seu todo, relacionando as suas diversas partes. A técnica de esquematizar um texto traz o benefício de facilitar ao estudioso a compreensão lógica desse, ou seja, possibilita-o isolar a ideia principal, e ligá-la às ideias secundárias, de maneira racional.
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7.3. Características do esquema Um esquema tem diversas características, dentre as quais compete citar: “fidelidade ao autor” (não se pode afirmar algo que não tenha sido dito pelo autor); logicidade (ao identificar a ideia fundamental do texto o estudante deverá relacioná-la a outras ideias subordinadas); utilidade (o esquema existe para facilitar a vida do pesquisador, e não para torná-la difícil); subjetividade (um esquema sempre é feito para o uso particular. Sendo assim, é impossível existir um modelo válido para todos.
7.4. Recursos para se fazer um esquema Vários são os recursos utilizados para se fazer um esquema, mas não se deve esquecer sua quarta característica (subjetividade). Por esse motivo, as indicações abaixo não podem ser tomadas como únicas: usar gráficos; fazer desenhos; construir símbolos. A seguir encontra-se um esquema da utilização do método indutivo: Método Indutivo: Teoria ↑ Hipótese ↑ Padrão ↑ Observação
O esquema pode ser útil em algumas situações particulares, contudo, por ser um meio limitado, recomenda-se fazer um resumo ou um fichamento, por
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este motivo nos dois próximos capítulos estudaremos estas ferramentas.
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Capítulo VIII Resumos - NBR 6028 O resumo48 é a apresentação concisa dos elementos de um texto qualquer. O mesmo deve ser utilizado principalmente, quando se quer uma interpretação e uma visão geral do texto. No mundo científico o resumo tem vários nomes: abstract, résumé, resumen, resenha e outros. Ele é elaborado com a intenção de facilitar a decisão do leitor sobre a necessidade ou não da leitura integral do texto, por isso o resumo deve ser elaborado com a maior honestidade científica possível.
8.1. Aspectos principais de um resumo Um resumo, que pretenda apresentar as ideias contidas num texto, deve partir dos seguintes aspectos: apresentação da ideia principal, logo na primeira linha; definição das ideias secundárias, em relação à principal; estruturação, a partir dos pontos que se marcou no texto; utilização de frases curtas, a fim de se ser claro.
8.2. Tipos de resumos Conforme a NBR 6028: 2003, os resumos podem ser de quatro tipos: indicativo: indica os pontos importantes do texto; informativo: “Informa ao leitor finalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma que este possa, inclusive,
48
ABNT – NBR 6028. Resumo. Rio de Janeiro: 2003.
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dispensar a consulta ao original.”49 informativoindicativo: é uma combinação dos dois anteriores; crítico (recensão ou resenha): “Resumo redigido por especialistas com análise crítica de um documento.”50
8.3. Conteúdo do resumo Um resumo deve conter: o objetivo do texto; o método utilizado pelo autor; os resultados da pesquisa; a conclusão do autor.
8.4. Tamanho dos resumos O tamanho do resumo varia de acordo com sua função, por isso o número de palavras que esse contém deve ser de: cem para comunicações breves; duzentas para artigos e monografias; quinhentas para relatórios e teses.
8.5. Como resumir O resumo deve ser composto de frases concisas. A primeira linha deve trazer o tema principal. O tipo de texto resumido (científico ou não, estudos de caso ou não, teórico ou não, etc.) deve ser especificado. A redação deve ser feita na terceira pessoa.
49
ABNT – NBR 6028. Resumo. Rio de Janeiro: 2003. Ib., p. 01. A NBR de 1990 trazia a locução análise interpretativa. Preferimos esta, pois ao definir resumo crítico como análise crítica temos uma petitio principii. 50
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8.6. Como não resumir Utilizando parágrafos. Usando frases negativas. Criando fórmulas. Elaborando diagramas. Exemplo de como se deve resumir:
1
A ontologia presente nas metáforas
A existencialidade dos seres pode ser manifestada, na linguagem, através de vários recursos, a começar pelo processo de referenciação desencadeado pelas expressões nominais definidas. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é descrever um dos processos que vem enriquecer o universo ontológico dos seres – a saber, a metáfora – demonstrando que a utilização de uma expressão no lugar de outra encerra inúmeras implicações no âmbito da filosofia da linguagem e da linguística cognitiva. Tal estudo se deu através da aplicação de aspectos linguístico-cognitivos da metáfora a sentenças da linguagem entremeando essa aplicação. A partir desse estudo, pode-se concluir que, subjacentes aos aspectos técnicos de utilização da metáfora, existem vários aspectos no campo da ontologia que enriquecem esse tipo de abordagem nos estudos da língua.
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Capítulo IX Resenha crítica - NBR 6023 É também chamada de recensão. A resenha crítica, como foi visto no capítulo VIII – 2, no item 4, tem como objetivo apresentar o conteúdo de uma obra. De acordo com a NBR 6028: 200351, a mesma deve ser elaborada por especialistas no assunto, uma vez que eles têm de dizer o valor da obra (juízo de valor).
9.1. Estrutura formal da resenha Uma resenha se compõe de quatro partes. A primeira traz a referência bibliográfica, a qual deve ser apresentada de acordo com a NBR 602352. Enquanto que a segunda apresenta a vida e obra do autor estudado. Nesse ponto, expõe-se a experiência acadêmica do autor, a sua formação profissional, o seu método utilizado no texto, etc. Na terceira parte é premente conter resumo da obra. É importante detalhar as ideias principais, dizendo o assunto e sua característica, bem como apresentando o tema abordado. Ainda, nessa parte, expõem-se as conclusões do autor. Por fim, a quarta parte devemos fazer a crítica da obra (julgamento de valor a respeito do texto analisado). É o momento no qual o resenhista julgará a obra, em conformidade com o posicionamento do autor, em relação a outros pensadores. Cabe a ele dizer qual a contribuição daquele texto para o universo científico. 51 52
ABNT – NBR 6028. Resumo. Rio de Janeiro: 2003. Ver capítulo XII, p. 91.
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Compete também ao resenhista analisar o estilo da escrita e de sua forma. Por fim, ele indicará a quem o texto é destinado (estudantes, profissionais, leigos, etc.). Exemplo: Primeira parte: Referência bibliográfica Segunda parte:
Apresentação do autor
Terceira parte: Resumo da obra
MILL, John Stuart. Da Liberdade. Tradução E. Jacy Monteiro. São Paulo: Ibrasa, 1963, 130 p. John Stuart Mill nasceu em 1806. Sua educação foi voltada para a visão utilitarista do mundo. Mas questões futuras fizeram com que ele abandonasse esse caminho inicial. Ele é o autor, por excelência, do liberalismo inglês. No seu mais importante livro, Da Liberdade, se encontra o fundamento do seu pensamento político, que procura uma intermediação entre a liberdade individual e a participação na sociedade. O ponto de partida desse seu livro é a ideia de felicidade, contudo uma felicidade que seja protegida. Essa proteção não se encontra na conformidade com o mundo, mas no antagonismo, de opiniões. E é por meio desse antagonismo, que ele irá repensar a política tendo como base a liberdade. O seu objetivo é conseguir a felicidade ao maior número possível de indivíduos. Já o problema que o move é buscar um meio termo entre o interesse particular e o público. O tema do livro é a liberdade social ou civil. O autor irá discutir a natureza e limites do poder, que a sociedade poderá exercer, de forma legítima sobre o indivíduo. Para Mill, esta será a questão no futuro das discussões políticas. A autoridade não pode impedir a opinião de sequer um só homem, pois caso se tente calar o indivíduo, é porque, provavelmente, este indivíduo está com a verdade. Recusar
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Quarta parte: Crítica da obra
ouvir a um só indivíduo é considerar que se possui uma verdade absoluta. Ele examina a condição em que o homem, sendo livre para expor suas opiniões, não sofra pressão nem física e muito menos moral, visto que essa é uma condição indispensável. Qualquer ato que possa prejudicar terceiros, “sem causa justificada”, deve ser punido. nesse ponto, a liberdade individual deve ser limitada, porquanto não se deve causar aborrecimento a terceiros. Para ele, pertence à individualidade tudo aquilo que interessa ao indivíduo e à sociedade tudo aquilo que a pertence. Como conclusão, é possível afirmar que todo o argumento da obra Da Liberdade é impor limites a toda e qualquer autoridade coletiva que, em hipótese alguma, deve impedir a liberdade individual. Ele procura dar à liberdade individual uma característica universal, ou seja, ele busca a liberdade do indivíduo, porém não esquece que esse indivíduo vive em sociedade, portanto é necessário sempre pensar a liberdade em relação a terceiros. Essa obra de John Stuart Mill é uma ampla defesa da liberdade individual. Tal, não fora visto antes dele. É uma obra fundamental que deve servir de guia a todo pensador que preze a liberdade. Ela é escrita de tal forma que é acessível a qualquer um, pois não há nela nenhuma artimanha linguística, e, menos ainda, artifícios que forcem a aceitação de seus argumentos. Da Liberdade é uma obra voltada tanto para os filósofos, como também para os não filósofos. É a obra de todo aquele que defende a liberdade do indivíduo em sociedade.
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Capítulo X Fichamentos O fichamento é um instrumento metodológico que possibilita guardar um grande número de informações sobre um livro, em um pequeno espaço. O mesmo é útil, pois facilita ao pesquisador o acesso rápido e seguro ao conteúdo estudado anteriormente.
10.1. Composição da ficha É composta por alguns elementos básicos: termo genérico: refere-se ao assunto em geral; termo específico: refere-se ao assunto particular; numeração: toda ficha deve ter um número, no canto superior direito.
10.2. Tipos de fichas Existem vários tipos de fichamentos: obra completa; parte de uma da obra; citações; esboço.
10.2.1. Fichamento de uma obra inteira Esse tipo de ficha é muito útil, uma vez que, em poucas linhas, é possível conhecer, de maneira geral, o conteúdo de uma obra, que poderá ser usada, no desenvolver da pesquisa. Exemplo:
78 o
(termo genérico) (termo específico) n Filosofia antiga História 01 SANTOS, Mário José dos. Os pré-socráticos. Juiz de Fora: UFJF, 2001. A obra é um estudo sobre a filosofia anterior a Sócrates. O autor procura estudar os principais filósofos pré-socráticos, situando-os lógica e cronologicamente. Mas não só, ele pretende mostrar como as ideias desses primeiros filósofos aparecerão futuramente, em outros autores, principalmente na elaboração dada por Sócrates. O autor tem em mente, devido à sua longa experiência na graduação, que os alunos têm uma deficiência sobre as origens da Filosofia e de sua importância para o filosofar. A preocupação filosófica, nesses primórdios, é a natureza e suas complexidades. Os filósofos pré-socráticos tentam explicá-las sem recorrer aos deuses e mitos. Além disso, eles procuram reduzir a multiplicidade da natureza em um único aspecto, o qual deveria ser admitido pela Razão. (Biblioteca particular, 2004)
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10.2.2. Fichamento de parte de uma obra É um tipo de fichamento que enfocará apenas uma parte da obra, que seja relevante para o desenvolvimento da pesquisa. Não se preocupará com a obra inteira, mas apenas com uma parte ou capítulo. Exemplo: o
(termo genérico) (termo específico) n Razão vital Vida e preocupação 2 CARVALHO, José Maurício de. Vida e preocupação. In: Introdução à filosofia de Ortega y Gasset. Londrina: Cefil, 2002, p. 68. Os elementos da vida são recebidos pelo indivíduo. Esses elementos fazem parte de sua vida. A vida oferece a ele inúmeras possibilidades, por esse motivo, o indivíduo pode ser interpretado como um projeto. A vida dá ao indivíduo infinitas opções de agir. Interpretar a vida dessa maneira é apresentá-la como uma coisa que ocorre aqui e agora. Entretanto, o indivíduo tem a capacidade de pensar o futuro. Essa capacidade de pensar o futuro, em meio às circunstâncias do aqui e do agora, pode ser chamada de liberdade: uma liberdade que é, antes de mais nada, histórica.
(Biblioteca particular, 2004)
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10.2.3. Ficha tipo citação: Nesse fichamento, o pesquisador faz uma citação sobre uma determinada passagem que ele admita ser relevante, para o desenvolver de sua pesquisa no futuro. Exemplo: o
(termo genérico) (termo específico) n Economia de Senhora dos O Motim das Taquaras 3 Remédios Acesas ASSIS, João Paulo Ferreira de. O Motim das Taquaras Acesas. In: História do município de Senhora de Remédios. Barbacena: [s.n.], 2003, p. 88. “Vieira não economizou adjetivos injuriosos aos remedienses: „facinoroso‟, „mal inclinados‟, „infratores‟, „ingratos‟, sugerindo ainda que fossem depravados, criminosos, assassinos e ofensores. Toda a adjetivação sugere que Vieira redigiu sua catilinária no calor da raiva, o que já torna suspeita a sua versão dos acontecimentos. Sendo assim, Vieira poderia ter omitido informações que dariam razão aos amotinados.”
(Biblioteca particular, 2003)
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10.2.4. Ficha tipo esboço Nesse fichamento, faz-se um apontamento das principais partes de uma obra, que servirão de subsídios a uma futura argumentação sobre o tema tratado. Exemplo: o
(termo genérico) (termo específico) n A democracia segundo Tocqueville e os liberais 3 Tocqueville doutrinários VÉLEZ RODRÍGUEZ, Ricardo. A democracia liberal Número segundo Alexis de Tocqueville. São Paulo: das páginas Mandarim, 1998.
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Alexis de Tocqueville não concordava com François Guizot, quanto à utilização do voto censitário, como meio de se superar o período revolucionário. François Guizot influenciou Alexis de Tocqueville em relação ao respeito que os jovens devem ter pelo passado, a fim de que se possa tornar a nação una. Para Alexis de Tocqueville, a liberdade não deveria ser garantida apenas para a burguesia, como queriam os doutrinários, mas para “todos os franceses.” A democracia, para o autor, é um regime político que se consolida no antagonismo dos interesses de classes.
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Verso da ficha
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A crítica de Alexis de Tocqueville aos doutrinários fez com que esse grupo reagisse contra ele. François Guizot “destruiu a moralidade ao proclamar a autonomia das vontades em detrimento dos direitos de Verdade, tal como ela se apresenta aos espíritos esclarecidos.”
(Biblioteca particular, 2004)
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Capítulo XI Como apresentar citações - NBR 10520 A citação53 é uma passagem de outro texto, ou de outro autor, que ajuda a compreender o assunto estudado. Neste livro, somente se fará a apresentação das citações de notas de rodapé, pois essas ficam fora do texto e não interferem na leitura do trabalho. Sendo assim, para se saber como se faz a citação, dentro do texto, no fim de capítulo ou no fim livro, será necessário, aos interessados, recorrerem à NBR 10520: 2002. Nas notas de rodapé, é importante: usar os números arábicos; numerar, de modo contínuo, cada capítulo; apresentar a referência completa, quando ela aparecer pela primeira vez.
11.1. Termos latinos Para auxiliar a apresentação das citações, utilizam-se alguns termos latinos: idem; ibidem; opus citatum; apud.
11.1.1. Idem Significa mesmo autor e se grafa assim: Id.. É utilizado, quando a citação seguinte for uma referência ao autor citado imediatamente antes, cuja obra é diferente da anterior citada.
53
ABNT–NBR 10520: Citações de Documentos. Rio de Janeiro: 2002.
84
Exemplo: 1. VÉLEZ RODRÍGUES, Ricardo. Liberalismo y conservantismo em América Latina. Bogotá: Tecer Mundo, 1978, p. 55. 2. Id. Tópicos especiais de filosofia contemporânea. Londrina: UEL, 2001, p. 79.
11.1.2. Ibidem Significa mesma obra e se grafa assim: Ibid.. É utilizado, quando a citação seguinte for uma referência à mesma obra citada imediatamente antes, mas a página for diferente da que foi citada anteriormente. Por outras palavras, refere-se a uma mesma obra de um mesmo autor, quando se muda apenas a página citada. Exemplo: 1. CARVALHO, José Maurício. História da Filosofia e tradições culturais: um diálogo com Joaquim de Carvalho. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001, p. 139. 2. Ibid., p. 165.
11.1.3. Opus citatum Significa obra citada e se grafa assim: op. cit.. É utilizado quando a obra do autor já tiver sido citada, mas a nota antecedente se referir a outro autor. Exemplo:
85
1. VÉLEZ RODRÍGUES, Ricardo. Liberalismo y conservantismo em América Latina. Bogotá: Tecer Mundo, 1978, p. 55. 2. SANTOS, Mário José dos. Pré-socráticos. Juiz de Fora: ed. UFJF, 2001, p. 41. 3. VÉLEZ RODRÍGUES, Ricardo. op. cit., p. 82.
11.1.4. Apud Significa citado por e se grafa assim: apud. É utilizado, quando a citação feita foi colhida de outro autor, e não do autor original. Exemplo: 1. CONSTANT DE REBECQUE, Benjamin apud VÉLEZ RODRIGUES, Ricardo. Ética empresarial: conceitos fundamentais. Londrina: Ed. Humanidades, 2003, p. 56.
11.2. Tipos de citações As citações podem se apresentar de duas formas: curtas; longas.
11.2.1. Citações curtas São chamadas de citações curtas aquelas que tem até três linhas. As mesmas devem se apresentar com as seguintes características: colocadas dentro do texto; usadas com aspas; utilizadas com mesmo espaçamento do texto; inseridas com a mesma fonte do texto; explicadas, após inseridas. Exemplo:
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Encontrar-se-á a “lógica da censura”, onde a proibição ao sexo toma uma forma tripla: “afirmar que não é permitido, impedir que se diga, negar que exista”.54 A “lógica da censura” é, pois, a diversidade levada ao seu grau maior, uma vez que nega a existência ao sexo; em conseqüência, ele não pode se manifestar (como algo inexistente pode manifestar-se?), assim a seu respeito deve-se calar.
11.2.2. Citações longas São citações com mais de três linhas que devem ser: colocadas fora do texto; grafadas sem aspas; usadas com espaço simples entre as linhas; utilizadas com uma fonte menor do que a do texto, em dois pontos; explicadas, após a inserção. Exemplo: Para ele, no início dos tempos, havia homens com raízes no lugar dos pés e ramos no lugar das mãos. Com essa afirmação, tenta mostrar a origem natural dos homens, por meio da evolução e não como uma criação divina. Não se os vê, hoje em dia, porque os mais aptos perderam as raízes e os ramos e assim sobreviveram, enquanto os outros pereceram: Ademais, diz ele que os seres humanos originalmente nasceram de animais de uma espécie diferente, tendo em vista que os outros animais desde cedo conseguem cuidar de si mesmos, ao passo que os seres humanos são os únicos que requerem um longo
54
Foucault, M.. História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, 1976, p.82.
87 período de cuidados; por essa razão, tivesse sido esta sua forma original, não teriam sobrevivido. ([Plutarco], Miscelâneas, fragmento 179.2, em Eusébio, 55 Preparação para o Evangelho I, vii 16).
Esta é a primeira ideia sobre a evolução do homem. No pensamento de Anaximandro, o homem não fora criado pelos deuses, mas sua origem foi fruto de uma competição em que os melhores, adaptados ao meio ambiente, sobreviveriam. Essa ideia voltará ao pensamento ocidental, no século XIX, com Charles Darwin. Observação: É muito importante saber que as citações devem ser utilizadas com parcimônia e de forma lógica. É preciso que se evitem citações descontextualizadas. O momento de se fazer uma citação é crucial. Deve-se citar o pensamento completo do autor e não apenas um resumo de suas ideias. Além disso não podemos esquecer que o plágio não é só moralmente condenável, todavia é crime identificado no Código Penal em seu artigo 184 com penas que variam de multa à detenção.
55
BARNES, Jonathan. Filósofos pré-socráticos. São Paulo: Martins Fontes, 1977. p. 85.
88
Capítulo XII Referências bibliográficas – NBR 6023 Conforme a NBR 6023, a referência é um “conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual.”56 São elas que especificam os elementos mais importantes, a serem indicados aos leitores, sobre uma determinada obra.
12.1. Objetivos das referências De acordo com a NBR 6023, seus objetivos são: fixar como os elementos devem aparecer, ao citar uma obra; orientar a preparação das referências; apresentar a ordem como os elementos devem aparecer nas referências; preparar o material para inclusão de bibliografias.
12.2. Localização das referências A NBR 6023 normatiza que as referências devem se localizar: no pé de página; no fim do texto; no fim do capítulo; na lista de referências.
56
ABNT – NBR 6023: Elaboração de referências bibliográficas. Rio de Janeiro: 2002., p. 02.
89
Observação: A notação das referências é muito diversificada e cheia de minúcias, por esse motivo, os exemplos serão apresentados em forma de gráficos, pois, assim, o estudante poderá visualizar melhor os inúmeros detalhes que cercam sua apresentação. Além disso, caso ele siga cada um dos passos, em sua notação, a possibilidade de erro será quase nula. Essas regras não existem para serem decoradas, portanto quando o estudante tiver dúvidas, deverá consultar o livro, por isso deve tê-lo sempre à mão.
90
12.3.Tipos de referências 12.3.1 Um autor escreveu a obra Elementos Exemplo SOBRENOME, KANT, Prenome. Emanuel. Título: (negrito ou, Crítica da Razão Pura: (quando não itálico) houver subtítulo, deve-se utilizar um ponto e não dois pontos). Subtítulo. (quando não houver subtítulo, este item não aparecerá). Tradução de. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. a Edição. 2 ed.. Local: São Paulo: Editora, Abril Cultural, Data. 1983. o N de páginas. 415 p. Volume, , (quando for volume único, não é preciso indicar). Série, , (quando não pertencer a uma série, não se referencia). Coleção. . (se não pertencer a nenhuma coleção, este item não aparecerá na referência).
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
91
12.3.2. Dois autores escreveram a obra Elementos SOBRENOME, Prenome; SOBRENOME, Prenome. Título:
Subtítulo. Tradução de. Edição. Local: Editora, Data. No de páginas.
Exemplo LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. (quando não existir subtítulo, coloca-se ponto e não dois pontos). . (quando não houver subtítulo, este item será ignorado). . (quando não for tradução, este item será ignorado). 3a ed.. São Paulo: Atlas, 1991. 230p.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
92
12.3.3. Três autores escreveram a obra Elementos SOBRENOME, Prenome; SOBRENOME, Prenome; SOBRENOME, Prenome. Título: Subtítulo. Tradução de. Edição. Local: Editora, Data. No de páginas.
Exemplo DAU, Sandro; CAMACHO, Carlos Mário Paes; GEOFFROY, Rodrigo Tostes. Os Pensadores Sociais Contemporâneos: Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. (quando não for tradução, este item será ignorado). . (quando for a primeira edição, não será necessário indicar). Barbacena: UNIPAC, 2004. 197.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
93
12.3.4. Mais de três autores escreveram a obra Neste caso, após o primeiro nome que aparece na capa do livro, deve-se acrescentar o termo latino et al. (et alli) que significa e outros. Elementos SOBRENOME, Prenome et al. Título:
Subtítulo. Tradução de.
Edição. Local: Editora, Data. No de páginas.
Exemplo DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. (quando não existir subtítulo, coloca-se ponto e não dois pontos). . (quando não houver subtítulo, este item será ignorado). Tradução de Izidoro Blikstein et al. 11a ed.. São Paulo: Cultrix, 2001. 650p.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
94
12.3.5. Vários os autores escreveram a obra Quando se for referenciar uma obra escrita por vários autores, mas somente aparece em destaque o nome de um só, é preciso que, após o nome do autor em destaque, acrescente-se o termo Org. (organizador) ou Coord. (coordenador). Elementos SOBRENOME, Prenome (org.). Título: Subtítulo. Edição. Local: Editora, Data. No de páginas.
Exemplo MORGENSBESSER, S. (org.). Filosofia da Ciência: . (quando não houver subtítulo, este item será ignorado). . (quando for a primeira edição, não é necessário indicar). São Paulo: Cultrix, 1975. . (quando não constar o número de páginas, este item deverá ser desconsiderado).
Exercite
_____________________________________ _____________________________________ _____________________________________
95
12.3.6. Notas de sala de aula Elementos SOBRENOME, Prenome. Título: Subtítulo. Data. Espécie. Apresentação texto.
Exemplo CAMACHO, Carlos Mário. História das ideias políticas: Michel de Montaigne . 12 – 27 de out. de 2003. Notas de aulas. do Fotocopiado.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
96
12.3.7. Monografias Elementos SOBRENOME, Prenome. Título em negrito. Edição.
Exemplo PEREIRA, Arthur. Grécia Clássica. . (Quando for a primeira edição, não é necessário indicar). Local de publicação Barbacena: do trabalho: Editora que publicou UNIPAC, o trabalho, Data de publicação. 2003. Número de páginas. 211 p. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
97
12.3.8. Monografia em meio eletrônico Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta o seguinte: Disponível em
acesso em: colocar a data de quando se consultou o site. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ Quando o material, disponível na Internet, for de curta duração, não se aconselha fazer a referência.
98
12.3.9. Periódicos Elementos NOME DO PERIÓDICO. Local de publicação do periódico: Nome da editora; Data de início do periódico -
Exemplo IPUB. Rio de Janeiro:
Edições IPUB-CUCA; 1997- (Quando o periódico ainda for publicado, utiliza-se o ponto e não o traço). Data de encerramento . (Quando o periódico ainda for do periódico (quando publicado, este item será for o caso). ignorado). Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
99
12.3.10. Artigos de periódicos Elementos SOBRENOME, Prenome. Título.
Exemplo
MOLLICA, Maria Cecília. Enfoques de pesquisa sobre a relação língua e sociedade. Nome do periódico Veredas – revista de estudos em negrito. linguísticos. Local de publicação Juiz de Fora, do periódico, Número do volume, v. 5, Número do n. 1, periódico, Página inicial - final 7-19, do artigo, Data de publicação 2002. do artigo. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
100
12.3.11. Artigos de jornais Elementos SOBRENOME, Prenome. Título do artigo.
Exemplo GEOFFROY, Rodrigo Tostes. A literatura: uma viagem Portugal. Nome do jornal em O Democrata. negrito. Local de publicação Barbacena, do artigo, Número do volume, v. 22, Seção do jornal (dia, 19 dez. 2002; mês e ano); Parte do jornal em Variedades, que se encontra o artigo, Número da página. p. 02.
a
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
101
12.3.12. Artigos em meio eletrônico Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta o seguinte: Disponível em acesso em: colocar a data de quando se consultou o site. Exercite: _____________________________________________ _____________________________________________ ____________________________________________ Quando o material, disponível na Internet, for de curta duração, não se aconselha fazer a referência.
102
12.3.13. Documentos de eventos Elementos NOME DO EVENTO, Número do evento, Ano de realização do evento, Local de realização do evento. Título em negrito.
Exemplo SEMANA DE HISTÓRIA, I, 2003, Juiz de Fora.
Os movimentos sociais História: livro de resumos. de Juiz de Fora:
na
Local publicação: Editora, CES-JF, Data de publicação. 2003.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
103
12.3.14. Evento como um todo em meio eletrônico Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta o seguinte: Disponível em acesso em: colocar a data de quando se consultou o site. Exercite: _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ Quando o material, disponível na Internet, for de curta duração, não se aconselha fazer a referência.
104
12.3.15. Trabalho apresentado em evento Elementos SOBRENOME, Prenome. Título do artigo.
Exemplo CAMACHO, Carlos Mário Paes. Tocqueville: a Revolução Francesa e a ética Jacobina. In: (palavra latina In: que significa em) NOME DO EVENTO SEMANA DE HISTÓRIA, EM LETRAS MAIÚSCULAS, Número do evento; I; Data de realização 2003, do evento, Local de realização Juiz de Fora. do evento. Título do Livro de resumos. documento. Local de publicação: Juiz de Fora: Editora, CES-JF, Data de publicação. 2003. Página inicial - final 125–131. do trabalho. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
105
12.3.16. Trabalho apresentado em evento em meio eletrônico Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta o seguinte: Disponível em < http://www.nome do site > acesso em: colocar a data de quando se consultou o site. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ Quando o material, disponível na Internet, for de curta duração, não se aconselha fazer a referência.
106
12.3.17. Legislação Elementos Exemplo JURISDIÇÃO. BRASIL. Título e numeração, Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-lei n° 5.452, Dia, mês e ano. de 01 de maio de 1943. Nome da Lex: coletânea de legislação: publicação em edição federal, negrito, Local de publicação, São Paulo, Volume, v.7, Página inicial – , (não referenciar, quando não página final, constar as páginas). Mês e ano. 1943. Parte da publicação Suplemento. em que se encontra a jurisdição. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ ____________________________________________
107
12.3.18 Jurisprudências57 Elementos JURISDIÇÃO. Órgão Judiciário.
Exemplo BRASIL. Tribunal Regional Federal (5. Região) . 0 Título e numeração. Apelação cível n 42.441-PE (94.05.01629-6). Partes envolvidas (ape- Apelante: Edilemos Mamede dos lantes e apelados). Santos e outros. Apelada: Escola Técnica Federal de Pernambuco. Relator: Relator: Juiz Nereu Ramos. (após colocar o nome do relator coloca-se .) Local, Recife, Dia, mês e ano. 04 de março de 1997. Nome do órgão que Lex: jurisprudência do STJ e publicou a jurispru- Tribunais Regionais Federais, dência em negrito, Local de publicação, São Paulo, Volume, v.10, Número, n. 103, Página inicial - página 558-562, final, Mês e ano. mar. 1998.
Exercite
_________________________________________ _________________________________________ ________________________________________
57
Ib., p. 09.
108
12.3.19. Doutrinas Elementos SOBRENOME, Nome do autor. Nome da doutrina.
Exemplo
BARROS, Raimundo Gomes de. Ministério Público: sua legitimação frente ao Código do Consumidor. Nome do órgão Revista Trimestral de que publicou, Jurisprudência dos Estados, Local de São Paulo, publicação, Volume, v. 19, Número, n° 139, Página inicial – p. 53–72, página final, Mês e ano. ago. 1995. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
109
12.3.20. Documentos jurídicos em meio eletrônico Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta o seguinte: Disponível em < http://www.nome do site > acesso em: colocar a data de quando se consultou o site. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ Quando o material, disponível na Internet, for de curta duração não se aconselha fazer a referência.
110
12.3.21. Filmes, vídeos e DVDs Elementos TÍTULO DA OBRA. Nome do diretor. Nome do produtor. Nomes dos intérpretes. Roteiro.
Exemplo AMADEUS. Milos Forman. Saul Zaentz. F. Murray Abraham. Tom Hulce. Peter Shaffer. . (quando não vier especificado o roteiro, este item não precisa ser referenciado). de Nova Iorque:
Local publicação: Editora, Ano. Número de unidades físicas. Tempo de duração. Sonoro ou não, Colorido ou não.
HBO vídeo, 1984. 2997. 158 minutos. Sonoro digital áudio (Hi-fi stereo), colorido.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
111
12.3.22. Documento cartográfico58 Elementos AUTOR,
Exemplo INSTITUTO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO (São Paulo, SP), Título em negrito. Regiões de governo do Estado de São Paulo. Local de publicação, São Paulo, Data de publicação. 1994. Quantidade. 01 atlas. Escala. 1:600.000. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
58
Ib., p. 11.
112
12.3.23. Documento cartográfico em meio eletrônico Repete-se a mesma regra anterior e se acrescenta o seguinte: Disponível em < http://www.nome do site > acesso em: colocar a data de quando se consultou o site. Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ Quando o material, disponível na Internet, for de curta duração não se aconselha fazer a referência.
113
12.3.24. Documento sonoro Elementos Compositor ou intérprete. Título em negrito. Local de publicação: Gravadora, Data. Especificação do suporte.
Exemplo Wolfgang Amadeus Mozart. Requiem. Berlim: VEB Deutsche Schallplatten, 1985. 1 CD.
Exercite _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________
114
Capítulo XIII Projeto de pesquisa - NBR 15287 Um projeto de pesquisa59 é o primeiro passo para se iniciar a pesquisa científica, por isso sua elaboração deve ser rigorosa e obedecer aos processos metodológicos básicos. Ele tem apenas funções de auxílio na elaboração da pesquisa. É somente a apresentação de um plano, para se investigar um objeto orientando na consecução dos meios, que possam auxiliar na resolução do problema proposto. Essas informações se referem às ações concretas a serem executadas com o intuito de solucionar o problema pesquisado. Sua atenção volta-se, para a maneira como se pretende resolver o problema.
13.1. Objetivos do projeto de pesquisa São objetivos do projeto de pesquisa: definir o caminho que será percorrido, no estudo do problema proposto; planejar a estrutura da pesquisa a ser seguida; orientar o professor sobre o que o aluno pretende estudar; subsidiar o candidato a uma bolsa de estudos. Toda pesquisa, para ser desenvolvida, necessita de um projeto, que definirá os caminhos a serem seguidos pelo pesquisador. O projeto é direcionado a uma determinada instituição que, após a análise, definirá se esse será aceito ou não.
59
ABNT – NBR 15287. Projeto de Pesquisa. Rio de Janeiro: 2005.
115
O mesmo é a apresentação do planejamento da pesquisa. Seu objetivo é comunicar, ao meio acadêmico, como será estudado o problema em pauta, a fim de que se possa encontrar a orientação necessária, para seu desenvolvimento bem como um financiamento, ou mesmo um acompanhamento pelos pesquisadores interessados no tema.
13.2. Conteúdo do projeto de pesquisa O projeto de pesquisa traz informações sobre: o tema que se deseja estudar; as hipóteses que orientarão a pesquisa; a metodologia utilizada; a origem das informações recolhidas; as fontes de consulta; as pesquisas de campo que deverão ser usadas; o cronograma; o orçamento; a bibliografia. Não deve ser amplo, uma vez que o aprofundamento será feito no desenvolvimento da própria pesquisa. É preciso evitar entrar em detalhes sobre a pesquisa, visto que o projeto é apenas o primeiro passo, para se iniciar o estudo. É necessário se mostrar seguro, quanto à escolha do que pesquisar, pois um posicionamento convicto demonstra condições de desenvolver o que se propõe estudar. Aristóteles60 afirma que, primeiro, é preciso o pesquisador conhecer vários argumentos sobre o tema estudado. Depois, é necessário saber o significado dos conceitos utilizados bem como ser capaz de identificar os aspectos distintos, em cada elemento, e, por fim, o estudioso tem que ter capacidade de encontrar as 60
ARISTÓTELES. Tópicos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 20.
116
diversas semelhanças existentes entre os fenômenos pesquisados. Essas considerações são importantes ao se apresentar um projeto a uma instituição, mas não podemos esquecer que é apenas um rascunho, ou melhor, é um mero documento, indicando o caminho a seguir, e não, necessariamente, tem que ser conduzido da maneira como foi apresentado. Assim sendo, as alterações de percurso acontecerm e podem ser substituídos alguns itens: o problema pode ser mudado; uma ideia secundária tem condições de se tornar principal; um questionamento, que antes não fora percebido, pode se tornar importante; um determinado problema, antes não visualizado, pode ser aprofundado. O projeto proporciona o controle das mudanças ocorridas durante o processo de execução da pesquisa. Isso demonstra que o pesquisador conhece a situação em que se encontra o seu estudo. Essa percepção o ajuda a não se fazer diversas versões sobre o tema, o que torna as ideias confusas, levando à desilusão com o trabalho. Não altere, constantemente, o projeto de pesquisa, pois, caso isso aconteça, não se conseguirá desenvolver o trabalho.
117
13.3. Elementos do projeto de pesquisa Não existe um modelo definido de projeto de pesquisa, contudo há elementos imprescindíveis: a) capa; b) folha de rosto; c) sumário; d) apresentação do projeto; e) justificativa do projeto; f) área de concentração; g) natureza do projeto; h) delimitação do assunto; i) revisão da literatura; j) problema (pergunta); k) hipótese(s); l) procedimento; m) análise dos dados; n) objetivos; o) conteúdo programático; q) metodologia; r) cronograma de execução; s) bibliografia; t) anuência do orientador.
118
13.3.1. Capa do projeto A capa do projeto de pesquisa apresenta os seguintes elementos: a) nome da instituição; b) nome do proponente; c) título da pesquisa; d) subtítulo; e) departamento a que se destina; f) nome da instituição; g) local e data. Exemplo:
AEV – Associação Educacional de Vitória FISP – Faculdades Integradas São Pedro UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
Pedro Alcântara
Filosofia Grega
Vitória, janeiro de 2011
119
13.3.2. Folha de rosto do projeto A folha de rosto do projeto de pesquisa apresenta os seguintes elementos: a) nome do proponente; b) título da pesquisa; c) subtítulo; d) departamento a que se destina; e) nome da instituição; f) local e data. Exemplo:
AEV – Associação Educacional de Vitória FISP – Faculdades Integradas São Pedro UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
Pedro Alcântara Filosofia Grega
Trabalho apresentado à AEV – Associação Educacional de Vitória, com o intuito de obtenção de créditos parciais na disciplina Filosofia. Orientador Prof. Dr. Pedro Paulo Couto.
Vitória, janeiro de 2011
120
13.3.3. Sumário do projeto de pesquisa É a enumeração das partes do projeto de pesquisa61. Sumário...............................................................................04 Apresentação do projeto.........................................05 Justificativa
do
projeto.........................................122....06 Área
de
concentração.........................................123....08 Natureza
do
projeto............................................123....08 Delimitação
do
assunto
(tema)................................123..09 Revisão
da
literatura............................................125....10 Problema..........................................................................112 73 Hipótese(s).......................................................132..... 13 Procedimento.....................................................136.... 14 Análise
dos
dados................................................136...15 Objetivos...........................................................136.... 16 Metodologia.......................................................................171 39 Cronograma de execução.......................................140..18 Bibliografia básica................................................141...19 Anuência 61
orientador 142.20 Não confundir com........................................... o sumário da pesquisa. Ver p. 142.
do
121
13.3.4. Apresentação do projeto Neste tópico o tema a ser estudado é apresentado de modo simples e sintético. É preciso que o projeto seja claro de tal maneira, que com uma breve leitura o orientador possa compreender o que se pretende. A fim de se conseguir esta simplicidade exigida faz-se premente seguir as sugestões a seguir. O primeiro parágrafo deve conter o tema da pesquisa, bem como sua atual situação no meio acadêmico. No segundo parágrafo apresenta-se o problema que se propôs a estudar. No terceiro parágrafo identifica-se os objetivos, geral e específico, que movem a pesquisa. No quarto parágrafo aponta-se importância da pesquisa, para o meio acadêmico e a sociedade em geral. No quinto parágrafo é preciso descrever, qual a metodologia empregada na tentativa de solução do problema apresentado. No sexto parágrafo expõe o posicionamento de outros autores a respeito do tema, a fim de informar seu grau de relevância na academia. No sétimo parágrafo é necessário mostrar, sempre de modo sucinto, a revisão da literatura referente ao tema. Esta etapa descreve os autores em que se fundamentou, para desenvolver a pesquisa.
122
No oitavo parágrafo enumera-se os conceitos que nortearão a pesquisa, pois é preciso deixar claro o posicionamento do pesquisador frente ao tema. No nono parágrafo faz-se uma análise do sumário: no capítulo I estudaremos X; no capítulo II; analisaremos Y e no capítulo III estabeleceremos a relação entre Z e K.
13.3.5. Justificativa do projeto A credibilidade científica, inerente ao projeto, passa, antes de mais nada, pela convicção do pesquisador, portanto a justificativa da escolha é um aspecto a ser bem trabalhado. Na justificativa, o proponente ao estudo diz qual foi o motivo que o levou àquela escolha. Dessa maneira, apresenta a importância do trabalho, tanto na perspectiva de como aquela pesquisa o ajudará a explicar a sua específica visão de mundo, bem como a relevância dos seus estudos para o mundo acadêmico e para a sociedade em que está inserido o trabalho. É o momento no qual apresenta-se o porquê da pesquisa: aqui o pesquisador deve expor a relevância do trabalho que pretende desenvolver.
13.3.5.1. Importância do tema Um tema é importante por dois aspectos: atualidade; necessidade básica de desenvolver aquele determinado ramo da Ciência. Caso o tema não seja importante devemos abandoná-lo.
123
13.3.5.2. Momentos da justificativa A justificativa do porquê de se pesquisar é imprescindível no projeto. A mesma se divide em quatro fases, nas quais o proponente precisa: 1. informar a importância do trabalho para a sociedade, mostrar o porquê da execução da pesquisa se faz necessário; 2. defender seu trabalho, mostrando aos outros por que ele é significativo; 3. expor os motivos que o levaram a pesquisar aquele tema; 4. relacionar o projeto com um dos seguintes objetivos: iniciação científica; dissertação de mestrado; tese de doutorado e outros.
13.3.6. Área de concentração Neste espaço, indica-se em qual parte da Ciência o trabalho está inserido (Política, Ética, Cosmologia, Pedagogia, Enfermagem, etc.).
13.3.7. Natureza do projeto Neste tópico, indica-se qual motivo da realização do trabalho (Bolsa de Iniciação Científica, conclusão de curso, obtenção de créditos parciais, etc.).
13.3.8. Delimitação do tema O tema é mais teórico: é o próprio assunto a ser estudado. Para se pesquisar, e se chegar a um resultado que possa aumentar o conhecimento, em determinada área, é necessário seguir alguns critérios na escolha do assunto.
124
Determinar o assunto é escolher com o que se irá trabalhar: é um passo imprescindível, para iniciar qualquer pesquisa. Nessa escolha, é preciso levar em conta se há bibliografia disponível sobre o assunto. Caso não haja, é aconselhável procurar outro tema para ser estudado. Para facilitar a pesquisa, é necessário limitar seu campo de ação, uma vez que nenhum pesquisador pode falar sobre um assunto muito amplo. A delimitação do tema deve ser feita, a fim de facilitar o estudo do mesmo, uma vez que é mais fácil pesquisar um tema restrito do que amplo. Com a delimitação do tema, o pesquisador tem a vantagem de ampliar sua compreensão sobre o mesmo: “Um homem está mais apto a saber o que afirma quando tem uma noção nítida do número de significados que a coisa pode comportar.”62 Nesta etapa do projeto indica-se que se pretende pesquisar.
13.3.8.1. Escolha do tema Assim, antes de se iniciar qualquer pesquisa, é preciso, em primeiro lugar, escolher um assunto. Essa escolha não é feita de maneira aleatória, mas deve seguir alguns critérios: ser delimitada; ser específica; ser executável; ter bibliografia acessível; ter importância para a sociedade; adequar-se à capacidade intelectual do pesquisador; enquadrar-se na disponibilidade de tempo do pesquisador.
62
ARISTÓTELES. Op. Cit., p. 26.
125
13.3.8.2. Características do tema O tema diz respeito ao que será explorado, pesquisado. Um tema de pesquisa tem que ter as seguintes características: clareza; objetividade.
13.3.9. Revisão da literatura Com essa revisão da literatura, ou levantamento bibliográfico, indica-se, quais foram os autores com que se dialogou, a fim de estruturar a pesquisa. A revisão é feita por intermédio da pesquisa bibliográfica, após se ter definido qual tema será estudado. A mesma é feita a partir de trabalhos existentes, cuja presença na formação intelectual do pesquisador é a conditio sine qua non para o desenvolvimento da pesquisa. Essa revisão fornece as informações básicas sobre o tema a ser estudado, além de orientr a não repetir pesquisas alheias, bem como oferecer conhecimentos necessários, para se evitar os erros de outros pesquisadores. A pesquisa bibliográfica tem como universo as publicações sobre um determinado tema e é essencial a qualquer um que queira ser um pesquisador, com uma sólida base teórica. O primeiro contato do estudioso, ao se aprofundar no mundo científico, é feito por meio dessa pesquisa. Uma pesquisa bibliográfica, aprofundada e diligente, possibilitará ao pesquisador as condições mínimas necessárias para ultrapassar os limites da mera repetição, levando-o a conclusões inovadoras e enriquecedoras.
126
13.3.9.1. Necessidade da revisão literária A revisão literária é necessária por três motivos: ler sobre o tema e o que foi exposto sobre esse evita repetir ideias alheias como se fossem inéditas; permitir uma perspectiva ainda não abordada sobre o tema; possibilitar a localização do tema dentro de determinado ramo específico da ciência, pois, com tal revisão, sabemos o que escreveram os diversos autores e qual é o quadro teórico referencial que os une ou os separa. Através da revisão de literatura, forma-se o quadro teórico (base teórica ou quadro teórico-referencial). Esse é o conhecimento que o proponente tem sobre um determinado tema, que o situa em uma escola de pensamento específico. É o resultado das leituras feitas pelo proponente que refletem a sua visão de mundo, frente a um tema em particular. O quadro teórico-referencial é o conjunto de ideias (conceitos) que formam o pensamento do proponente e, portanto, dirigem seu olhar no mundo. O mesmo é a condição que facilita a visão do proponente, sobre um determinado aspecto na realidade. É a base teórica que orienta a conduta do pesquisador, por isso é de importância ímpar. Contudo, no projeto de pesquisa, a mesma é apresentada em linhas gerais.
127
13.3.10. Problema (pergunta)63 Definido o tema que se irá estudar, é preciso que esse seja problematizado: problematizar é fazer uma pergunta a respeito do assunto. Somente pode perguntar alguma coisa aquele que tenha uma dificuldade, uma dúvida, uma contradição, etc., em relação ao que foi analisado, estudado. O problema se refere geralmente a: o que pesquisar? como pesquisar? O mais importante na pesquisa é o problema. A ciência ou a filosofia não se preocupam com a resposta e sim com as perguntas, pois essas são um caminhar em busca da superação dos mais obscuros dogmatismos. A origem da ciência está na elaboração de problemas e, por extensão, poderia se dizer que não existe uma ciência caso não exista um problema: “é o caráter e a qualidade do problema e também, é claro, a audácia e a originalidade da solução sugerida, que determinam o valor ou a ausência do valor de uma empresa científica.”64 Todo aquele que queira fazer uma pesquisa científica deve partir de um problema. O conhecimento existe em relação direta com o problema, porquanto
Problema vem do grego (lançar à frente; abertura para). Somente pode fazer uma pesquisa aquele que está aberto a novos conhecimentos, por isso defendemos o uso do conceito problema e não o de pergunta (do latim prae-cunutare, que significa indecisão) ou o de dúvida (do latim dubitare, que significa incerteza) como o motivo de uma pesquisa. Ao se colocar o problema o cientista está ciente de que as respostas existentes, para determinadas situações, não são as únicas e, portanto, é lícito procurar outras posições. 64 POPPER, Karl. Op. cit., p. 15. 63
128
sem problemas não é possível a existência do conhecimento. A importância da pergunta se encontra no fato de que ao questionar o indivíduo inicia o processo de reflexão conceitual. F. N. Kerlinger65 afirma que o problema pode ser geral ou específico: no primeiro caso revela-se como necessidade de investigação de determinado tema. O problema é uma questão que deve ser pesquisada; com relação ao sentido específico do problema é o momento em que se questiona o relacionamento da variáveis. Assim, percbe-se que no âmbito particular da ciência, o problema é uma pergunta sobre a relação entre as diversas variáveis. Sem problema é impossível pesquisar: para o homem comum, o problema é uma situação ruim, que necessita ser evitada, mas, para o cientista, é o motor do estudo. O problema é somente uma pergunta, uma dúvida, uma dificuldade que o cientista procura solucionar. A busca da solução do problema é a pesquisa, assim o problema é aquilo que o pesquisador procura resolver. A diferença entre um problema e uma proposição está no seu enunciado, pois, enquanto o problema é colocado de forma interrogativa, a proposição é feita de modo explicativo. Ele, portanto, é uma pergunta a que se deseja responder: o mesmo é feito sempre como uma interrogação. O problema somente será bem formulado 65
KERLINGER, F. N.. Metodologia de Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Edusp, 1980, p. 35.
129
se a revisão literária, sobre o tema, for profunda, por conseguinte somente problematiza quem tenha conhecimento sobre o assunto. O objeto a ser estudado depende diretamente do problema proposto. Ele se preocupa com a parte da realidade a ser estudada. Neste tópico é premente que ressaltemos a parte da realidade que pesquisaremos. A escolha do problema é a parte mais difícil de toda a pesquisa, pois somente é possível pesquisar um assunto se, e somente se, ele for apresentado.
13.3.10.1. Origem do problema Sua origem se encontra na dificuldade, ou insuficiência de conhecimentos, do proponente frente a uma determinada situação. O problema está dentro dos limites teóricos do pesquisador, ou melhor, ele se refere aos conhecimentos possuídos sobre o tema.
13.3.10.2. Apresentação do problema Como já foi dito, e não é demais repetir, o problema é uma pergunta, uma dúvida, uma dificuldade sobre a qual o pesquisador passa a refletir, buscando uma possibilidade de solução, geralmente é apresentada de forma: interrogativa (pois ainda não se sabe a resposta); precisa (não se confunde com outros problemas); clara (não paira dúvidas sobre o que se quer pesquisar); objetiva (não há rodeios em sua apresentação).
130
Além desses aspectos é necessário ainda afirmar, segundo Marconi e Lakatos66, que o problema deve ser viável, importante, novo, executável e oportuno. Sem essas condições, a pesquisa não apresenta interesse ao mundo em que se situa.
13.3.10.3. Cuidados ao se escolher um problema O problema é uma interrogação (sobre a natureza, o homem e suas relações entre si e aquela) sendo a resposta dada, ou não, pela pesquisa. Em outros termos, o problema é: uma pergunta que desejamos responder; apresentado sempre como uma interrogação; claro e distinto; bem formulado, se a revisão literária sobre o tema for boa, como também se a análise crítica do autor refletir um posicionamento particular; correspondente ao tema. Pode-se fazer as mesmas perguntas que os autores clássicos fizeram, pois não há nenhum demérito em seguir os passos dos grandes mestres.
13.3.10.4. Alguns modelos de perguntas A fim de orientar aqueles que estão começando a fazer uma pesquisa científica, seguem abaixo quinze tipos de problematizações que podem ser feitas, em relação a um tema qualquer. As sugestões servem somente como orientação para o pesquisador, e não pretendem ser um esquema fixo:
66
a
MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M.. Técnicas de Pesquisa. 3 ed.. São Paulo: Atlas, 1996, p. 25.
131
a) b) c) d) e)
f) g) h) i) j) k) l) m) n) o)
definição ou conceitual: como se define? qual a natureza da coisa? o que é? distinção: como se difere x de y? a diferença entre x e y é de natureza ou não? lugar: a qual parte do conhecimento pertence este problema? razão: qual o motivo de ser? possibilidade ou fundamento: quais condições possibilitam esta coisa? qual a razão? qual o fundamento? origem: qual a origem? quem pensou esta coisa? gênese: como se produziu? como foi pensado? finalidade: qual o fim? qual o objetivo? efeitos: qual a consequência? de que pode ser a causa? gerais: que tipo? específicas: qual a espécie? causais: por que? qual a causa? qualitativas: é melhor? é pior? quantitativas: quantos são? é maior? é menor? comparativas: qual a relação entre X e Y?
132
13.3.11. Hipótese(s) A elaboração da hipótese é importante, uma vez que ela define o caminho a ser percorrido no estudo. Após ter levantado o problema, o pesquisador deve elaborar uma hipótese, a qual deverá ser estudada: “Colocando o problema, em toda sua amplitude, o autor deve enunciar suas hipóteses: a tese propriamente dita, ou hipótese geral, é a ideia central que o trabalho se propõe a demonstrar.”67 É interessante comerçarmos por definir termo, pois no âmbito da ciência sempre que um termo for apresentado pela primeira vez deve-se defini-lo: “Hipótese vem do grego, υπόθεση, e quer dizer, suposição. De fato, toda hipótese não passa de suposição explicativa a respeito de um fenômeno ou grupo de fenômenos. Em outras palavras, hipótese é a suposição provisória de uma lei à espera da confirmação.”68 Ela é uma suposição que se faz antes de se iniciar o desenvolvimento da pesquisa. É feita sem que se conheça exatamente o que se está pesquisando, é parte de um conhecimento sem comprovações teórica e/ou empírica. A hipótese é a ideia que será defendida durante a pesquisa. É ela que vai orientar os caminhos a serem seguidos na observação dos fatos. É importante, porque guia todas as pesquisas em busca de um conhecimento a respeito de um fenômeno. É uma resposta prévia que se oferece ao problema antes de se pesquisá-lo. Após a pesquisa, a 67 68
SEVERINO, Antônio Joaquim. Op. cit., p. 161. NERICI, Imideo G.. Op. cit., p. 124.
133
hipótese pode ou não ser comprovada. É um raciocínio provável e se divide em: dedutiva; indutiva; especial; geral. A hipótese dedutiva parte de princípios, portanto sem a participação de experiências. A indutiva parte de experiências tendo como base um fato anterior, do qual ainda não se tem uma explicação aceitável. Enquanto que a especial prima pela explicação de um fato ou um grupo restrito de fatos. Por último encontra-se a geral (também denominada de sistema ou teoria), a qual tem como objetivo explicar o maior número possível de experiências. Mais acima, foi dito que a hipótese é a primeira resposta que é apresentada a um determinado problema. Contudo, é uma resposta que não deve ser aceita de imediato, e sim que precisa ser experimentada, para isso é forçoso coletar os dados com o intuitto de se comprová-la ou não. Como o problema, a hipótese se coloca dentro do quadro teórico do pesquisador. A mesma tem uma relação muito íntima com o problema. É uma conjectura sobre a relação entre variáveis, enquanto o problema é uma proposição, feita de modo interrogativo, a hipótese é feita de forma afirmativa. É mais específica que o problema, e será testada na pesquisa, para se comprovar ou não sua validade. O seu valor está em evitar que o cientista, ao pesquisar, exponha, em seus estudos, suas preferências, portanto as hipóteses são responsáveis pela tentativa de se construir uma ciência objetiva. Na maioria das vezes, as mesmas são deduzidas da teoria. A hipótese será tão mais útil, quanto mais puder ser testada por outros cientistas.
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A demarcação dos objetivos da pesquisa auxiliará na formulação das hipóteses de trabalho. Toda a pesquisa é feita para que se desenvolva o estudo das hipóteses. A sua estrutura lógica é: se X for verdade, logo deverá ocorrer ou não Y. A hipótese sempre é feita afirmando, ou negando, mas nunca na forma interrogativa. Essa forma está fora do ambiente da experiência, pois não se pode se esquecer de que é apenas uma conjectura. É exigência acadêmica que a sua elaboração, de maneira lógica, parta de um conhecimento não comprovado, e que seja experimentada. Para se elaborar uma hipótese é preciso ser rigoroso, por este motivo indica-se a seguir, por didatismo, as seguintes sugestões: ser necessária (explicar algo novo); ser possível (não ir contra uma lei estabelecida, pois cairia em contradição); ser verificável (visto que a ciência necessita de provas. Essa verificação é: direta; indireta). Na verificação da hipótese de maneira direta é preciso que o fato seja repetido em diversas experiências. A verificação da hipótese de maneira indireta ocorre, quando estamos impossibilitado de realizar a experiência, por isso utilizamos uma profunda observação, além da dedução. A partir da hipótese “devemos deduzir consequências que possam ser postas à prova, por meio da observação. Se essas consequências forem verificadas, a hipótese é, provisoriamente, aceita como verdadeira, ainda que usualmente, ela venha a requerer
135
modificações posteriores, por causa da descoberta de novos fatos.”69 Uma hipótese será considerada verdadeira caso um determinado número de fatos a confirmem. É consenso, que o pesquisador deva começar pelas hipóteses mais simples, só devendo abandoná-las caso não consiga comprová-la frente a novos fatos.
13.3.11.1. Tipos de hipóteses Existem dois tipos de hipóteses: hipótese a verificar (são respostas preliminares, que se preocupam em relacionar duas variáveis); hipótese de trabalho (são os meios a serem seguidos no desenvolvimento da pesquisa).
Observação: Não há nada de depreciativo em uma pesquisa caso a hipótese não seja comprovada, afinal de contas, a pesquisa é o teste da hipótese. Se o estudioso, antes de iniciar a pesquisa, tem certeza da resposta, não deve pesquisar, pois somente deve pesquisar aquele que ainda não sabe a resposta.
69
RUSSEL, B.. A Perspectiva Científica. São Paulo: Cia Ed. Nac., 1969, p. 49.
136
13.3.12. Procedimento É exigido uma conduta básica na elaboração de uma pesquisa, segundo a qual se descreve detalhadamente o processo de coleta e de registro de dados. No procedimento o objeto estudado é demarcado e os recursos metodológicos a serem utilizados são detalhados.
13.3.13. Análise dos dados A análise ocorre após a classificação dos dados, a confrontação dos resultados das tabelas e das provas estatísticas, se utilizadas. Essa análise tem por objetivo a comprovação de verdades ou falsidades das hipóteses, propostas no estudo: “A acumulação de fatos, evidentemente, não é um fim em si mesmo, e só tem importância como base para a interpretação. Mas embora a busca de fatos seja um prelúdio necessário à análise correta de uma situação, algum tipo de análise deve mesmo preceder a coleta de dados.”70
13.3.14. Objetivos A exposição dos objetivos71 da pesquisa serve para aclarar a ideia, a ser desenvolvida no desenrolar do estudo. Com os objetivos bem definidos, o pesquisador consegue expor, de maneira mais determinada o problema que será estudado. O objetivo é definido quando o pesquisador pergunta por que se deve estudar aquele tema e não 70
BUTLER, D. E.. Op. cit. Rio de Janeiro: Laudes, 1958, pp. 32-3. A palavra objetivo vem do latim objectum (por à frente). Na pesquisa o objetivo é aquilo que se deseja conseguir, mais à frente, com o estudo desenvolvido. 71
137
outro. O objetivo é a finalidade a que se destina o trabalho. É a tentativa de responder ao questionamento: para que fazer a pesquisa? Os objetivo se relacionam às ações concretas a serem executadas com o intuito de solucionar o problema proposto. Sua atenção volta-se para a maneira como se pretende resolver o problema: é quando o pesquisador se ocupa com os resultados auferidos da intervenção na realidade questionada. Veja alguns verbos que devemm ser usados ao apresentar os objetivos no anexo 1, p. 178.
13.3.14.1. Tipos de objetivos O objetivo é dividido em duas espécies: geral (relaciona-se com a visão mais ampla da pesquisa, e mostra o fim a que se pretende chegar com o trabalho); específicos (relacionam-se diretamanente a cada capítulo parte da pesquisa).
13.3.14.2. Importância dos objetivos A indicação dos objetivos visa a apresentar ao orientador, qual o ponto que se pretende alcançar com a pesquisa. São os objetivos que definem a natureza do trabalho e respondem às perguntas: por que? para quê? para quem? A relação dos objetivos com a justificativa é grande, visto que aqueles apresentam, de maneira mais detalhada, o que se deseja pesquisar.
138
13.3.15. Conteúdo 72 pesquisa
Programático
da
São os capítulos, itens ou subitens que compõem a pesquisa.
Capítulo I Origens da filosofia grega .......................................01 Capítulo II Escola milésia Tales...........................................................................10 Anaximandro...............................................................20 Anaxímenes................................................................30 Capítulo III Escola socrática Sócrates......................................................................40 Platão..........................................................................70 Aristóteles..................................................................150
72
Não se deve confundir o sumário da pesquisa com o do projeto de pesquisa. Ver p. 123.
139
13.3.16. Metodologia No projeto de pesquisa, também não podem faltar os instrumentos que serão utilizados para se estudar o problema, ou seja, a metodologia. Sua apresentação é o momento em que o proponente define o tipo de pesquisa a ser executado. Ela informa como o trabalho será realizado, em outras palavras, o pesquisador deve esclarecer como e com quais instrumentos trabalhará. Em resumo ela é uma referência sobre quais os instrumentos, que serão utilizados para se efetuar a pesquisa.
13.3.16.1. Três momentos da metodologia A metodologia deve ser apresentada em três estágios: explicar qual método será usado, para se conseguir estudar o problema; esclarecer como ele será posto em prática, quais serão as técnicas (amostras, coleta de dados, análises de dados, etc.); especificar a titulação do proponente, sua função, suas atividades na pesquisa e a duração da mesma. Ao abordar a metodologia, espera-se que o pesquisador trace a sequência do trabalho, como ele se subdivide (expor quais são suas partes) e quais as técnicas utilizadas, para efetivá-lo.
13.3.16.2. Tipos de técnicas de pesquisa As técnicas são variadas: coleta de dados; análise de dados; entrevistas, etc. Espera-se que o proponente deixe claro o caminho teórico a ser seguido, e por qual motivo foi traçada aquela linha teórica.
140
13.3.17. Cronograma de execução O cronograma se divide em dois tipos: físico; financeiro.
13.3.17.1. Cronograma físico Serve para delimitar e administrar o tempo a ser utilizado na pesquisa, pois ela não é feita eternamente, tem que ser encerrada. A administração de seu tempo sempre está submetida às condições colocadas pelo pesquisador. O cronograma relata o tempo necessário para a realização da pesquisa. Esse relato geralmente é apresentado num gráfico como no exemplo abaixo73:
73
SALOMON, D. V.. Op. cit., p. 224.
141
Sempre é importante ressaltar, que o cronograma serve como orientação e não como meta rígida. O mesmo pode ser mais curto ou mais longo do que o apresentado.
13.3.17.2. Cronograma financeiro É conhecido também como orçamento. É utilizado quando o pesquisador não tiver condições materiais de financiar seus estudos e necessitar de verbas de terceiros. Nesta fase, o proponente apresenta o custo da sua pesquisa ao órgão financiador. Ao apresentar o cronograma financeiro, o pesquisador deverá relatar como o dinheiro será usado no desenvolver do trabalho. É por intermédio do orçamento que os financiadores saberão sobre a honestidade e as perspectivas da pesquisa.
13.3.18. Bibliografia básica Bibliografia é o conjunto de livros, artigos, teses, etc. que o pesquisador utilizou em seu estudo: liga-se diretamente ao quadro teórico de referência. Ela orientará o proponente na resolução do problema apresentado. A bibliografia é a identidade do autor, pois explicita como ele abordará a questão. No projeto de pesquisa ela deve a menor possível, uma vez que a própria pesquisa mostrará outras fontes de importâncias diversas.
142
13.3.19. Anuência do orientador É a folha pautada que encerra o projeto de pesquisa. É nela que o orientador fará suas observações, sobre o material que foi apresentado. Exemplo:
_______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Menção:________
Assin. prof.:__________
143
144
Capítulo XIV Elaboração de monografias 14.1. Definições de monografia Em qualquer trabalho científico é preciso definir os conceitos empregados, partindo desse pressuposto, deve-se, então, enunciar o que é monografia: uma primeira definição é a simples análise de sua etimologia. A palavra monografia é constituída de dois radicais gregos mono (um) e graphein (escrita). Daí ser a monografia um texto sobre um único assunto, cujo objetivo, como o de qualquer pesquisa, é o aprofundamento e o alargamento do horizonte da ciência. Além dessa definição é possível também encontrar dois outros significados: particular; geral. No primeiro sentido é uma tese, é um trabalho que aborda um único tema, com determinados métodos científicos, a fim de contribuir para o aumento do conhecimento, em determinada área do saber. Entendida de maneira geral identifica-se com qualquer trabalho científico, fruto de uma pesquisa, feita de modo rigoroso. É filha legítima da pesquisa contendo uma reflexão particular a respeito do tema, para que não seja uma simples repetição de ideias alheias.
14.2. Importância da monografia Uma monografia é importante, pois possibilita ao escritor sistematizar suas ideias. Elaborá-la é antes de mais nada: identificar um determinado tema; escolher
145
uma bibliografia relevante; organizar, de maneira lógica, a bibliografia; escrever de tal forma que o leitor possa entender.
14.3. Características da monografia Como todo e qualquer trabalho científico, ela deve tratar o tema com grande rigor metodológico. É o primeiro passo em direção a uma pesquisa mais ampla. Suas características básicas são: sistematicidade (organizada segundo a Razão); especificidade (trata de um tema único); metodologicidade (utiliza métodos científicos); relevância (contribui para o aumento do conhecimento). Na apresentação de um trabalho monográfico, é preferível um trabalho delimitado a determinado aspecto do que a um trabalho panorâmico, uma vez que uma boa delimitação do tema possibilita trabalhar com mais segurança. Ao escrever a monografia, deve-se utilizar termos mais familiares, pois isso tornará o texto mais fácil de ser entendido por todos. Lembre-se sempre de que a ciência deve ser acessível a todos, tanto a especialistas, como estudiosos ou leigos: “para difundir e cultivar um caráter tão aperfeiçoado, nada pode ser mais útil do que as composições de estilo e modalidades fáceis, que não se afastam em demasia da vida, que não requerem, para ser compreendiadas, profunda aplicação ou retraimento e que devolvem o estudante para o meio de homens plenos de nobres sentimentos e de sábios preceitos, aplicáveis em qualquer situação da vida humana. Por meio de tais composições, a virtude torna-
146
se amável, a ciência agradável, a companhia instrutiva e a solidão um divertimento.”74 A redação da monografia deve ser feita com precisão e muito cuidado, para isso, é necessário respeitar a ordem dos parágrafos (cada parágrafo deve conter apenas uma ideia, e cada ideia deve estar num parágrafo). Utilize parágrafos curtos e subtítulos, pois essa técnica tornará mais fácil a compreensão do conteúdo, tanto por parte de quem lê, como de quem escreve. É preciso dar atenção devida à pontuação, para tanto, o domínio da língua formal é fundamental. O jargão tem que ser evitado, uma vez que seu uso é traduzido como sinônimo de pouco domínio sobre o que se está escrevendo.
74
HUME, D.. Investigação Acerca do Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 27.
147
Capítulo XV Estrutura da Monografia 15.1. Partes da monografia A monografia se divide, basicamente, em cinco partes: introdução; desenvolvimento (explicação; discussão; demonstração); conclusão; bibliografia; notas de pé-de-página.
15.1.1. Introdução A introdução é a parte na qual se faz a apresentação do tema estudado. Identifica o tema da pesquisa, de maneira direta, simples e sintética. Além disso, explica a metodologia que será usada, para se pesquisar. Nesta parte, é exposta a situação do problema pesquisado, citando os trabalhos que se referem a ela diretamente.
15.1.1.1. Partes da introdução Geralmente, divide-se em três partes, que servem para: apresentar a situação em que se encontra o problema; mostrar que o problema é importante para os leitores; expor o método utilizado na busca de respostas. Nas palavras de Umberto Eco: Esta não é mais que o comentário analítico do índice: com o presente trabalho propomo-nos demonstrar uma determinada tese. Os estudos precedentes deixaram em aberto inúmeros problemas e os dados recolhidos não bastam. No primeiro capítulo tentaremos estabelecer o ponto “x”; no segundo, abordaremos o problema “y.” Concluindo, tentaremos provar isto e aquilo. Deve-se ter presente que nos fixamos limites
148 precisos, isto é, tais e tais. Dentro destes limites o 75 método que seguiremos é o seguinte etc. e etc.
Por outras palavras, na introdução fazemos um breve comentário do sumário, dizendo o que se propõe com o trabalho. É preciso dizer que os trabalhos existentes não resolveram a questão. Além disso, é necessário mostrar a delimitação da pesquisa e, como foi dito mais acima, de seus métodos.
15.1.1.2. Conteúdo da introdução Na introdução, é necessário: expor o tema (o assunto que será tratado); apresentar a tese (aquilo que o autor afirma); problematizar o tema (fazer uma pergunta sobre ele); mostrar os objetivos (enunciar a meta a ser atingida); justificar sua elaboração (sublinhar a importância de se estudar o assunto); fazer a revisão da literatura (enfocar o autor, o tema e a relevância de ambos no contexto da pesquisa); estudar os conceitos que serão utilizados, mas de maneira superficial; analisar os métodos utilizados ou os resultados obtidos; relacionar o trabalho com outros já produzidos; evitar fazer um resumo.
75
ECO, U.. Op. cit., p. 83.
149
15.1.2. Corpo desenvolvimento
do
trabalho
ou
O desenvolvimento é a própria pesquisa; nele os argumentos são apresentados de acordo com a lógica. Serve para dar as bases teóricas ou práticas, utilizadas no estudo do problema tendo como objetivo expor os argumentos e depois prová-los.
15.1.2.1. Partes do desenvolvimento Divide-se em três partes: explicação; discussão; demonstração.
15.1.2.1.1. Explicação A explicação é o momento em que o pesquisador torna clara uma ideia que antes estava obscurecida. Na explicação o tema é discutido de maneira analítica, a fim de que o leitor tenha condições de compreender o assunto estudado. Nesta etapa procura-se compreender o objeto pesquisado, para tanto é preciso torná-lo o mais fácil de ser entendido.
15.1.2.1.2. Discussão Na discussão, apresentam-se estudos que se opõem ao posicionamento defendido na monografia. O objetivo de trazer autores contrários, à perspectiva estudada, é mostrar suas falhas, para que se possa apresentar a solidez dos argumentos defendidos na monografia. Aqui, a pesquisa é comparada a outras perspectivas e apresentada em proposições. Uma discussão deve partir da mesma base comum, do mesmo critério de verdade, a fim de que se
150
decida quem apresenta ou não sustentação racional em seus argumentos.
15.1.2.1.3. Demonstração A demonstração pode ser definida, no seu sentido geral, “como sendo „o raciocínio certo em que as premissas são verdadeiras, dando, logo, uma conclusão legitimamente certa‟. Em sentido restrito, porém, demonstração é „silogismo do necessário, isto é, em que as premissas são verdades necessárias, logo, a conclusão é necessariamente necessária‟. É preciso notar que a demonstração, em geral, parte de premissas certas, o que não se verifica em outras formas de raciocínio.”76 É a etapa em que se faz uso da dedução, a fim de demonstrar a validade dos argumentos empregados. Nesta fase do desenvolvimento o pesquisador deve utilizar o método dedutivo, ou de outro modo, parte-se de uma ideia geral e faz-se a aplicação a um caso particular. Desde Aristóteles (384-322 a.C.), ficou estabelecido que não se pode aceitar nenhuma afirmação como verdadeira caso não seja, antes, demonstrada como tal. Então demonstrar algo é torná-lo claro, é apresentar as conexões existentes, necessárias entre as coisas ou ideias.
15.1.2.1.3.1. Características da demonstração O ato de demonstrar uma ideia, um argumento, tem duas características: lógica; metodológica. 76
NERICI, Imideo G.. Op. cit., p. 139.
151
Quanto ao aspecto lógico é preciso dizer que a ciência não se preocupa com o mundo abstrato, não obstante com o mundo das experiências sensíveis. Sendo assim, ela não pode se ater totalmente à lógica formal. Sobre a questão metodológica, que se pressupõe na argumentação, bastaria dizer que um trabalho científico deve ter as suas afirmações comprovadas ou justificadas, por intermédio de métodos rigorosos.
Observação: Uma observação é necessária (ainda que, para muitos, seja supérflua): durante o processo de escrita da monografia, os três momentos se misturam constantemente.
152
15.1.3. Conclusão É um resumo das ideias centrais, apresentadas anteriormente. É a apresentação concisa dos resultados mais importantes da pesquisa. Para se apresentar uma conclusão coerente, com o tema estudado, é preciso que a mesma se refira diretamente às hipóteses do trabalho. A conclusão diz se a hipótese é verdadeira ou falsa. Nesta etapa da pesquisa, apresentam-se questões que não foram resolvidas pelo estudo e que poderão ser estudadas, em outro momento.
15.1.4. Notas de rodapé São as indicações dos livros, artigos, teses, etc. que foram citados. Nas notas de rodapé, também podem aparecer definições de termos, informações sobre um assunto, um autor, etc. Nelas pode-se fazer uma discussão dos temas. Servem para deixar o texto principal sem interferências externas tornando mais agradável a leitura77.
15.1.5. Bibliografia É conjunto d os livros, artigos, dissertações, teses, doutrinas, leis, etc. que foram utilizadas para se fazer o trabalho78.
77
Para maiores informações sobre a apresentação de tais notas ver p. 92. 78 Para maiores informações sobre a apresentação da bibliografia ver p. 145.
153
15.1.6. Outras orientações básicas Não é excessivo apresentar mais algumas técnicas, que podem ser utilizadas por aqueles, que queiram se iniciar no campo da pesquisa científica. Seguem abaixo algumas indicações, mas não é preciso lembrar que essa relação poderia ser acrescida de um maior número de itens: deve ser inteligível o tema; ser fiel ao assunto é o princípio fundamental de uma boa monografia; redigir com cuidado; estudar exaustivamente o assunto; abordar, com técnicas próprias, cada tema; evitar os preconceitos; evitar as definições prontas; começar a trabalhar, sabendo que as definições são provisórias; colocar de lado as generalizações infundadas; dar exemplos, com validade universal.
154
Capítulo XVI Trabalho Acadêmico - NBR 14724 Os trabalhos acadêmicos79 devem ser apresentados com a máxima precisão possível, tanto no que se refere ao conteúdo, como com relação à forma. Por esse motivo, seguem abaixo algumas sugestões para uma apresentação aceitável.
16.1. Formato O trabalho acadêmico deve apresentar as características gráficas a seguir: papel branco; tamanho A4 (21 cm X 29,7 cm); impresso na cor preta; fonte (letra) arial tamanho 12 (doze) para o texto; fonte (letra) arial tamanho 10 (dez) para as citações longas, notas de rodapé, número de páginas; a citação longa deve estar a 04 (quatro) cm da margem esquerda em espaço simples e fonte (letra) tamanho 10.
16.2. Margens Esquerda: 3 cm; Superior: 3 cm; Direita: 2 cm; Inferior: 2 cm.
79
ABNT - NBR 14724: Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. Rio de Janeiro: 2005.
155
16.3. Espaço entre as linhas O texto deve ser apresentado com espaço 1,5; as demais informações devem ser anotadas em espaço simples; as referências bibliográficas são impressas em espaço simples e separadas uma das outras com espaço 1,5; os títulos sempre se iniciam a 8 cm da margem superior; os títulos são separados do texto por dois espaços 1,5.
16.4. Numeração das páginas O número da página deve ser colocado: na parte superior direita a 2 cm da borda. Quanto à numeração, é preciso: utilizar os números arábicos; numerar a partir da primeira folha do texto, apesar de se contar as páginas a partir da folha de rosto.
156
Capítulo XVII Estrutura formal da monografia Estrutura
Elementos
Pré textuais
Capa; Folha de rosto; Folha de aprovação; Dedicatória*; Agradecimento*; Epígrafe*; Resumo em português; Resumo em língua estrangeira; Lista de ilustrações*; Lista de tabelas*; Sumário.
Textuais
Introdução; Desenvolvimento; Conclusão.
Pós textuais
Bibliografia; Glossário*; Apêndice*; Anexo*; Índice*.
* Elementos opcionais
157
17.1. Elementos pré textuais 17.1.1. Capa A capa deve apresentar os seguintes elementos de identificação: nome da instituição (opcional); nome do autor; título; subtítulo; local; data. Exemplo:
AEV – Associação Educacional de Vitória FISP – Faculdades Integradas São Pedro UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
Pedro Alcântara
Filosofia Grega
Vitória, janeiro de 2011
158
17.1.2. Anverso da folha de rosto Deve apresentar os seguintes elementos de identificação: nome do autor; título; subtítulo; natureza e objetivo do trabalho, nome da instituição e área de concentração; nome do orientador; local; data. Exemplo:
AEV – Associação Educacional de Vitória FISP – Faculdades Integradas São Pedro UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
Pedro Alcântara Filosofia Grega
Trabalho apresentado à AEV – Associação Educacional de Vitória, com o intuito de obtenção de créditos parciais na disciplina Filosofia. Orientador Prof. Dr. Pedro Paulo Couto.
Vitória, janeiro de 2011
159
17.1.3. Verso da folha de rosto No verso da folha de rosto, deve aparecer a ficha catalográfica, ou seja, a ficha que traz as informações técnicas do trabalho. Exemplo:
Dau, Sandro. D235h História da Filosofia / Sandro Dau, Carlos Mário Paes Camacho. - - Juiz de Fora: Central, 2003. 105p. : il. Filosofia antiga - História. Camacho, Carlos Mario Paes, colab.
CDD – 180
160
17.1.4. Folha de aprovação De acordo com a NBR 14724: 2005, a folha de aprovação é o: Elemento obrigatório, colocado logo após a folha de rosto, constituído pelo nome do autor do trabalho, título do trabalho e subtítulo (se houver), natureza, objetivo, nome da instituição a que é submetido, área de concentração, data de aprovação, nome, titulação e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituições a que pertencem. A data de aprovação e assinaturas dos membros componentes da banca examinadora são colocadas após a aprovação do 80 trabalho.
Exemplo: ver próxima página
80
Ib., p. 05.
161
AEV – Associação Educacional de Vitória FISP – Faculdades Integradas São Pedro
UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
Pedro Alcântara Filosofia grega Doutoramento em Filosofia Membros da Banca Examinadora ________________________________ Dr. Pedro Paulo Couto (Orientador) ________________________________ Dr. Paulo Henrique de Castro ________________________________ Dra. Isabela Alves Silveira ________________________________ Dra. Adriana Pinto de Oliveira ________________________________ Dr. Antônio Carlos do Couto
Vitória, 2010
162
17.1.5. Dedicatória Nesta página, o trabalho é dedicado a um ou mais indivíduos. Presta-se uma homenagem àqueles, os quais o autor tem uma determinada consideração afetiva, profissional, acadêmica, etc. Exemplo:
Dedicamos este trabalho a todos aqueles que me auxiliaram durante esta pesquisa.
163
17.1.6. Agradecimento É o momento em que o autor do trabalho agradece àqueles que foram importantes na execução do mesmo. Caso o trabalho tenha sido financiado por alguma instituição ou agência de fomento, é imprescindível agradecê-las. Exemplo:
a
Agradecemos à Prof Maria da Penha pela sua colaboração constante. À Maria do Carmo por suas anotações em aula e sugestões constantes. À AEV – Associação Educacional de Vitória pelo apoio dado à publicação deste trabalho.
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17.1.7. Epígrafe É uma citação de um determinado autor, cujo conteúdo se relaciona diretamente com o trabalho apresentado. Exemplo:
“Temos três tipos distintos de sensações de infinito, todos eles matizados com distintas tonalidades, a saber: o gozo estético e sereno, cheio de encantamento, como no caso do pastor contemplando a quietude da noite estrelada; a ansiedade aniquilante e a opressão angustiosa, como no caso dos marinheiros perdidos nas imensidões oceânicas, à mercê dos ventos e tempestades; e, por último, uma espécie de estupor e assombro, como no caso do vigia, que vê perdida na ilimitada solidão do mar a pequena ilha, a cujo redor a imensidão das águas forma como que uma coroa que se estende ao infinito (apeiritos) em toda direção.” Rodolfo Mondolfo
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17.1.8. Resumo em português Nele, apresentam-se os principais pontos do trabalho, de forma concisa. Seu objetivo é mostrar, de forma rápida, o conteúdo e as conclusões a que se chegou. Apresenta as seguintes características: ser elaborado na terceira pessoa; ter um único parágrafo; ter, no máximo, quinze linhas; palavras-chave81. Exemplo: Resumo A tese procurará entender o funcionamento do poder-saber, segundo Michel Foucault, porquanto a normalização desta técnica da sociedade moderna possibilita o conhecimento de todo o seio social, limitando a liberdade humana. Com a analítica sobre o poder, Foucault desloca-o de um centro privilegiado e coloca-o no caldeirão das transformações sociais. O poder deixa de ser algo abstrato e torna-se mais difuso e mais difícil de se combater, visto que ele metamorfoseia-se em estratégias, que estão em constante movimento. A tarefa de Foucault é mostrar que o poder não é o que sempre foi dito e aceito: algo negativo. Foucault chamará atenção para a pluralidade das forças e para as suas relações, que constituem o poder. O funcionamento da normalização social se dá através do poder-saber, por isso Foucault irá dizer que a neutralidade do saber científico, nas Ciências Humanas e Sociais, é uma quimera, porquanto o saber está diretamente ligado ao poder, porém de forma nem sempre estável. Palavras-chave: poder; saber; sexualidade.
81
Para maiores informações ver capítulo VIII: Resumos - NBR 6028, p. 74.
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17.1.9. Resumo em língua estrangeira Todo trabalho científico deve conter um resumo em uma língua estrangeira. O objetivo desse resumo é a divulgação internacional dos resultados obtidos. As mesmas regras para o resumo em Língua Portuguesa devem ser usadas para o resumo em língua estrangeira. Exemplo: Resumé La thèse cherchera entendre le fonctionnement du pouvoir-savoir selon Michel Foucault, vu que la connaissance de cette technique de la societé moderne c'est que la possibilite normaliser tout le sein social, en limitant la liberté humaine. Avec l'analytique concernant au pouvoir, Foucault le déplace d'un centre privilégié et le met dans un chaudron des transformations soxiaux. Le pouvoir laisse d'être quelque chose metaphysique et se de vient plus diffus et plus difficile de se combattre, vu qu'il se metamorphose en stratégies en constant moviments. La tâche de Foucault c'est de montrer que le pouvoir n'est pas ce que toujours a été dit et a été accepté quelque chose négative. Le fonctionnement de la normalisation sociale survient du moyen du pouvoir-savoir, c'est pourquoi Foucault ira júsqu'a à dire que la neutralité du savoir scientifique est une chimére, car le savoir est directement attaché au pouvoir mais de forme pas toujours stable. Mots clé: pouvoir; savoir; Foucault.
167
17.1.10. Lista de ilustrações É a lista que contém as páginas nas quais se encontram: desenhos; gravuras; imagens; mapas. Exemplo: Lista de ilustrações Paternon Busto de Protágoras de Abdera Mapa de Queroneia Gravura representando Górgicas Leontino
23 35 53 79
168
17.1.11. Lista de tabelas De acordo com a ABNT NBR 14724 tabela é um “elemento demonstrativo de síntese que constitui unidade autônoma.”82 Exemplo: Lista de tabelas Número de habitantes na Europa no século XIX Taxa de mortalidade da Inglaterra no século XIX Taxa de natalidade na Itália no século XVIII
82
Ib., p. 02.
33 56 97
169
17.1.12. Sumário A ABNT NBR 14724 define sumário como sendo a “enumeração das principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede.”83 Exemplo: Sumário
83
Capítulo I: Metodologia Tipos de metodologia
1
Capítulo II: Pesquisa
9
Pesquisa teórica
11
Pesquisa metodológica
16
Pesquisa empírica
19
Ib., p. 02.
3
170
17.2. Elementos textuais 17.2.1. Introdução Para maiores informações sobre como se fazer a introdução veja p. 148.
17.2.2. Desenvolvimento Para maiores informações sobre como se fazer o desenvolvimento veja p. 149.
17.2.3. Conclusão Para maiores informações sobre como se fazer a conclusão veja p. 152.
171
17.3. Elementos pós textuais 17.3.1. Bibliografia Conjunto de livros, artigos, dissertações, etc. que serviram de suporte teórico, para o desenvolvimento da pesquisa. Exemplo:
BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. _____________.NBR 6023: informação e documentação referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2000. BARROS, A. J. P. e LEHFELD, N.A.S.. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1986.
172
17.3.2. Glossário É a parte na qual se encontram as definições das palavras de significado pouco conhecido. Exemplo:
Glossário Certeza apodítica: “Absoluta necessidade, não se baseando em nenhuma espécie de fundamentos de experiência: é, portanto, um produto da razão, mas além disso sintético.” Intuição: “... É uma representação, como se dependesse imediatamente da presença do objeto.”
ela
Intuição empírica: “Torna possível (...) que ampliemos nosso conceito dado por um objeto da intuição, através de novos predicados que a própria intuição oferece ... .” Método analítico: “é algo completamente diferente de um complexo de proposições analíticas: significa apenas que se parte daquilo que se analisa, como se tivesse sido dado, e se chega às condições sob as quais somente é possível. Neste método empregam-se frequentemente apenas proposições sintéticas, do que dá um exemplo a análise matemática e poderia ser melhor denominado de método regressivo em contraposição com o sintético ou progressivo.”
173
17.3.3. Apêndice É o material elaborado pelo autor, com o intuito de completar sua argumentação. Esse material é colocado fora do texto principal, a fim de não prejudicar sua leitura. Não se deve confundir anexo com apêndice, de acordo com a ABNT NBR 14724: 2002, apêndice é o “texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho.”84 Exemplo: Ver próxima página.
84
Ib., p. 02.
174
1. Margem do Parágrafo: 2 cm; 2. Margem da citação longa: 4 cm, com espaço simples e fonte arial 10; 3. CAPÍTULO (SEMPRE A 8 cm, EM VERSAIS); 4. Fonte arial 12, para o texto; 5. Fonte arial 10, para citação longa, nota de rodapé e número de páginas; 6. Espaço entre linhas: 1,5 para o texto e simples para as citações longas e notas; 7. Folha A 4 (21 cm X 29,7 cm); 8. Papel branco; 9. Impresso, na cor preta.
Margem inferior : 2 cm
Margem direita: 2 cm
Margem esquerda: 3 cm
Margem superior : 3 cm
175
17.3.4. Anexo De acordo com a ABNT NBR 1472485 anexo é o material elaborado por outro autor, cujo intuito é fundamentar uma ideia, comprovar um argumento ou ilustrar uma proposição. Exemplo86: “Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração. Como exemplos de verbos usados na formulação dos objetivos, podem-se citar para: a) determinar estágio cognitivo de conhecimento: os verbos apontar, arrolar, definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear; b) determinar estágio cognitivo de compreensão: os verbos descrever, discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever; c) determinar estágio cognitivo de aplicação: os verbos aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar; d) determinar estágio cognitivo de análise: os verbos analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar; e) determinar estágio cognitivo de síntese: os verbos articular, compor, constituir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar; f) determinar estágio cognitivo de avaliação: os verbos apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.”
85
Ib., p. 02. Silva, E. L. da; Menezes E. M.. Metodologia da Pesquisa e a Elaboração de Dissertação. 3 ed. rev. e at. Florianópolis: UFSC, 2001. 86
176
17.3.5. Índice De acordo com a ABNT NBR 14724: 2002, índice é uma “lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto.”87 Exemplo:
Índice Capítulo I Diretrizes para a leitura de textos teórico-científicos
06
Capítulo II Ciência
08
Capítulo III Conceitos
26
http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa% 203a%20edicao.pdf 87 Ib., p. 02.
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17.3.6. Contracapa Folha em branco, que protege e encerra o trabalho.
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Capítulo XVIII Apresentação de relatórios técnico-científicos - NBR 10719 É uma norma que contribui, para a elaboração e apresentação padronizada de relatórios técnicocientíficos. A NBR 10719 define este tipo relatório como: Documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento ou que descreve a situação de uma questão 88 técnica ou científica.
Na confecção de qualquer relatório é preciso trazer uma numeração específica, a qual possa identificar o documento e seu autor. Os relatórios técnico-científicos devem apresentar os seguintes elementos: a) pré textuais; b) textuais; c) pós textuais. Os elementos pré textuais são: a) capa (frente e verso); b) folha de rosto identificação); c) apresentação; 88
ABNT-NBR 10719. Apresentação científicos. Rio de Janeiro: 1989, p. 01.
de
(ficha
Relatórios
de
Técnico-
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d) resumo; e) listas; f) sumário.
Exemplo: Capa AEV – Associação Educacional de Vitória FISP – Faculdades Integradas São Pedro UCCS – Unidade de Conhecimento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
No 041
Campanha Publicitária
Janeiro de 2011
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Folha de rosto o
Classificação de segurança
Documento n
Mês e ano
Projeto n
Título e subtítulo
N do volume
o
o
o
N da parte Título do projeto Entidade executora (autor coletivo)
Autor
Entidade patrocinada (cliente ou destinatário principal) Resumo
Palavras-chave o
N de edição Distribuidor Observações
o
N de ISSN páginas o N de exemplares
CDD Preço
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Quanto aos elementos textuais temos: a) introdução; b) desenvolvimento; c) conclusões. Por fim, os elementos que aparecem após o texto são: a) anexos; b) agradecimentos; c) referências bibliográficas; d) glossário; e) índice; f) ficha de identificação do relatório; g) contra capa. Caso o relatório tenha um grande número de páginas aconselha-se dividi-lo em volumes. Estas partes deverão ser identificadas da seguinte maneira: v.1; v.2, etc. Os relatórios técnico-científicos são impressos em folha A4, frente e verso. A numeração das páginas deve ser no canto direito superior nas páginas ímpares e esquerdo nas páginas pares.
182
Capítulo XIX Artigo científico impresso em periódico - NBR 6022 O artigo científico é a apresentação resumida dos resultados de uma pesquisa: “artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas de conhecimento.”89 Seu objetivo é a divulgação do tema estudado e para tanto se faz mister: indicar o quadro teórico referencial utilizado; apresentar a metodologia empregada; noticiar os resultados alcançados. Com este instrumento espera-se tornar público os estudos realizados com o intuito de contribuir, para a discussão sobre determinado tema. O artigo tem como característica a síntese, portanto urge que ele apresente: uma linguagem clara, coerente, objetiva, impessoal. Deve conter os seguintes elementos: a) pré textuais: capa90; folha de rosto; resumo; palavras-chave. b) textuais: introdução; desenvolvimento; conclusão. c) pós textuais: referências; apêndices; anexos.
89
ABNT-NBR 6022: Artigo em publicação periódica científica impressa. Rio de Janeiro: 2003, p. 02. 90 Opcional.
183
19.1. Elementos pré textuais91
Título do artigo Autores: breve currículo do(s) autor(es). Resumo: deve ser apresentado de acordo com a NBR 6028, 1990. É a síntese de um texto, a qual possibilita ao leitor ter uma visão mais ampla deste texto. Seu objetivo é auxiliar na decisão sobre a leitura ou não do texto, por este motivo ele deve estar em conexão direta com o material apresentado. Sua primeira frase deve conter a ideia principal e as frases devem ser curtas, a fim de conseguirmos uma maior clareza. Além disso, deve conter: o objetivo; o método; os resultados; a conclusão. É preciso elaborá-lo na terceira pessoa. Em média deve conter 250 (duzentas e cinquenta palavras). Palavras-chave: no mínimo três palavras.
91
Apesar da vigência da NBR 6022: 2003 cada revista tem suas normas editoriais.
184
19.2. Elementos textuais
Introdução: devemos apresentar, de maneira concisa, os (as): tema; metodologia; justificativa; situação em que se encontra o problema, principais conceitos. Desenvolvimento: é a própria pesquisa. Neste estágio é premente aclarar os conceitos estudados. Devemos apontar as posições contrárias à tese defendida. Por fim, esperamos que o autor tenha condições de demonstrar a validade lógica dos argumentos defendidos. Conclusão: é um resumo das principais ideias apresentadas no decorrer do artigo.
185
19.3. Elementos pós textuais
Referências: é o conjunto de livros, artigos, teses, etc. apresentado no trabalho. Devem ser apresentadas em conformidade com a ABNT – NBR 6023: 2002. Apêndice: a ABNT NBR 14724: 2002 define este elemento como sendo o material elaborado pelo autor com o intuito de tornar ainda mais clara as ideias discutidas. Anexo: de acordo com a ABNT NBR 14724: 2002 o anexo é o documento elaborado por outro autor com o intuito de fundamentar, comprovar ou ilustrar os argumentos em pauta.
186
Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. _____________.NBR 6023: informação e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002. _____________.NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro: 1989. _____________.NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro: 1987. _____________.NBR 6029: apresentação de livros. Rio de Janeiro: 1993. _____________.NBR 6032: abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas. Rio de Janeiro: 1989. _____________.NBR 6033: ordem alfabética. Rio de Janeiro: 1989. _____________.NBR 6034: preparação de índices de publicações. Rio de Janeiro: 1989. _____________.NBR 10522: apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro: 2002. _____________.NBR 10522: abreviação na descrição bibliográfica. Rio de Janeiro: 1988.
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_____________.NBR 10523: entrada para nomes de língua estrangeira em registros bibliográficos. Rio de Janeiro: 1988. _____________.NBR 10524: preparação de folha de rosto de livro. Rio de Janeiro: 1988. _____________.NBR 10719: apresentação de relatórios técnico-científicos. Rio de Janeiro: 1989. _____________. NBR 14724: apresentação trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro: 2006.
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