F. Aldebaran
Copyleft 2007 by F. Aldebaran Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que dêem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Site do autor: www.aldebaran.k6.com.br
RESUMO
O referido trabalho monográfico tem como pretensão o uso da hermenêutica na análise do discurso, com a finalidade de tornar explícitos mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação do texto Liber Oz sub figura LXXVII do poeta e mago inglês Aleister Crowley. As reflexões deste estudo têm como objetivo situar a investigação hermenêutica em uma tênue relação com a ciência lingüística. Busca-se justificar a necessidade de um método hermenêutico no processo de interpretação e compreensão textual. Trata-se, portanto, de uma abordagem que ultrapassa os limites de uma lingüística lingüística ortodoxa, ortodoxa, justificando justificando o motivo das inúmeras exceções da língua, considerando as relações das frases que compõem o Liber Oz sub figura LXXVII, extraídas do Liber AL vel Legis, com o sentido intencionado pelo próprio autor, como um jogo de linguagem através do qual emergem os sentidos, onde se assume o entendimento de que o signo não é nem puramente significante e nem puramente significado, mas a união dos dois.
Palavras – chave: Discurso, Hermenêutica, Lingüística, Interpretação.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 06 2 A ANÁLISE DO DISCURSO, p. 08 3 A HERMENÊUTICA, p.11 4 APLICAÇÃO DA HERMENÊUTICA NA ANÁLISE DO DISCURSO, p.13 5 ALEISTER CROWLEY, p. 20 5. 1 OBRAS DE ALEISTER CROWLEY, p. 25 6. LIBER OZ SUB FIGURA LXXVII, p. 37 6. 1 O SIGNIFICADO DO AUTOR, p. 58 6. 2 O SIGNIFICADO DO TEXTO, p. 64 7 O SIGNIFICADO DO LEITOR, p. 66 7. 1 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO, p. 69 8 CONCLUSÃO, p. 73 ANEXO, p. 75 REFERÊNCIAS, p. 76
Sobre o autor, p. 78
“Hic sapientia est. Qui habet intellectum, computet numerum bestiae. Numerus enim hominis est: et numerus ejus sexcenti sexaginta sex.”
Apocalypsis XIII, XVIII
“Aqui é que está a sabedoria: Quem tiver inteligência calcule o número da Besta, pois é o número do homem; e o seu número é 666”.
Apocalipse 13:18
1 INTRODUÇÃO Neste trabalho monográfico, se entende como estudo hermenêutico, método cientícofilosófico e teológico, aplicado à lingüística para explicar ou interpretar texto, como aquilo que estabelece e reconhece o texto Liber Oz Sub Figura LXXVII como uma produção intertextual. Fundamentado na Análise do Discurso, este estudo serve como base para desvelar o univer universo so simból simbólico ico,, valore valoress sociai sociais, s, morais morais,, cultur culturais ais,, políti políticos cos e religio religiosos sos,, contid contidos os no texto, texto, permitindo que ele se mantenha coeso. E mostra que é necessário que o pesquisador procure descobrir o significado do texto que está sendo estudado. Deve-se querer saber o que o texto significa. Para Para desco descobri brirmo rmoss o signif significa icado do do texto, texto, teremo teremoss que verifi verificar car os compon component entes es envolvidos na hermenêutica: o autor, o texto e o leitor. Este trabalho que realizamos tem como pretensão o uso da hermenêutica na análise do discurso, com a finalidade específica de tornar explícitos mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação do texto Liber Oz Sub Figura LXXVII do autor Aleister Crowley. Procedimento mais ou menos intuitivo explicitado com o objetivo de contribuir para que um maior número de pessoas possa, de maneira eficaz, transformar-se em bons leitores. Utilizamos Utilizamos o método método científico científico indutivo indutivo apoiado na pesquisa pesquisa teórica e bibliográfi bibliográfica ca para descoberta dos princípios gerais contidos no Liber Oz Sub Figura LXXVII. Fizemos um levantamento dos principais dados e/ou informações referentes ao histórico da vida e obra do autor, além do levant levantamen amento to das princi principai paiss interp interpreta retaçõe çõess realiza realizadas das e divulg divulgada adass pela pela intern internet et e por outros outros pesqui pesquisad sadore oress junto junto a “SETh” “SETh” – Socied Sociedade ade de Estudo Estudoss Thelêmi Thelêmicos cos - ordem ordem místic mística/fi a/filos losófi ófica ca vincul vinculada ada a ordem ordem mundia mundiall O.T.O O.T.O – Ordo Ordo Templi Templiss Orient Orientis, is, fundad fundadaa pelo pelo própri próprioo autor autor para para divulgação de seus escritos. Temos o intuito de fornecer aos leitores subsídios eficientes e eficazes através de um levantamento bibliográfico e reflexivo a cerca do texto num processo interpretativo. Visando através de uma perspectiva hermenêutica e lingüística levar a uma melhor interpretação e compreensão da obra, por meio de uma abordagem qualitativa. Parece-nos, pois, necessário, para entendimento e compreensão do texto Liber Oz Sub Figura LXXVII, levar mais adiante os sentidos dados pelo autor, Aleister Crowley, ao seu próprio texto. Desta forma visamos mostrar em que medida o estudo hermenêutico lingüístico do referido texto fornece bases para elucidar questões como aquelas que ocorrem em salas de aula, como quando o aluno pergunta como enxergar numa produção discursiva as coisas geniais que o professor percebeu no texto, quando faz abstração de algum poema, e explica ao aluno simplesmente dizendo que para se entender e compreender um texto é preciso sensibilidade e que para descobrir os
6
sentidos do texto, é necessário lê-lo várias vezes. No entanto, esta informação não é eficiente para o processo de interpretação e compreensão textual (FIORIN, 2001). Este tipo de análise, que propomos neste trabalho, não se trata mais de permitir, por ecletismo, o livre curso de hipóteses heterogêneas. Estabelecemos a situação da mensagem textual sob sob dois dois pont pontos os:: rela relaçõ ções es entre entre text textoo poét poético ico e univ univers ersoo do disc discur urso so,, cond condic icio iona name ment ntos os determinados pelo princípio da adequação da parte ao todo criada pelo próprio autor.
7
2 A ANÁLISE DO DISCURSO Análise do discurso é uma prática e um campo da lingüística e da comunicação especializado em analisar construções ideológicas presentes em um texto. É muito utilizada, por exemplo, para analisar textos da mídia e as ideologias que trazem entre si. A análise do discurso é proposta a partir da filosofia materialista que põe em questão a prática das ciências humanas e a divisão do trabalho intelectual, de forma reflexiva 1. A análise do discurso nasce no entremeio de três disciplinas, de modo que, desde sua gestação, evoca a interdisciplinaridade. De acordo com Pêcheux (1999), o nascimento da análise do disc discur urso so foi foi pres presid idid idoo por por uma uma “trí “trípl plice ice alian aliança” ça”.. Uma Uma teor teoria ia da Hist Histór ória, ia, para para expl explic icar ar os fenôme fenômenos nos das formaç formações ões sociai sociais; s; uma teoria teoria da Lingüí Lingüísti stica, ca, para para explica explicarr os proces processos sos de enunciação; e uma Teoria do Sujeito, para explicar a subjetividade e a relação do sujeito com o simbólico. Como vimos, o discurso é um objeto de estudo que não tem fronteiras definidas. Ele é tridimensional - está na intersecção do lingüístico, do histórico e do ideológico. Por isso, foi inevitável para a análise do discurso romper com os postulados da lingüística clássica, já que, se define como o estudo lingüístico das condições c ondições de produção de um enunciado. A Análise do Discurso aparece no final dos anos 1960. Michel Pêcheux lança, em 1969, o livro Análise Automática do Discurso que, para a maioria dos estudiosos, representa a fundação dessa disciplina. “Pela primeira vez na história, a totalidade dos enunciados de uma sociedade, apreendida na multiplicidade de seus gêneros, é convocada a se tornar objeto de estudo” (CHARAUDEAU, 2004, p. 46).
A Análise do Discurso é um campo de estudo que ultimamente vem, cada vez mais, despertando o interesse de pesquisadores de várias áreas. Isso ocorre porque se trata de um espaço teórico transdisciplinar que oferece reflexão sobre a produção e a circulação dos sentidos sociais. Segundo Pêcheux (1988), fundador da teoria da Análise do Discurso, o discurso não é apenas um texto, mas um conjunto de relações que se estabelecem nos momentos antes e durante a produção desse texto e também dos efeitos que são produzidos após a enunciação desse texto. Os discur discursos sos produz produzido idoss são determ determina inados dos pelos pelos discur discurso soss anterio anteriores res e também também determ determina inam m os discursos que virão após ele. A Análise do Discurso entende que os sentidos não são postos e que as palavras não possuem um sentido único, mas um dominante. Para a Análise do Discurso, a enunciação de uma mesma materialidade lingüística, em condições diversas, pode gerar diversos efeitos de sentidos. “Chamaremos de discurso um conjunto de enunciados que se apóiem na mesma formação discursiva” (FOUCAULT, 1986, p. 72). 1
Informação obtida no site http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A 1 lise_do_Discurso
8
Amaral (2002) diz, desde o surgimento da Análise do Discurso de linha francesa, no final dos anos 60 por Michel Pêcheux, que essa linha de estudos tem demonstrado ser um campo de pesquisa muito fértil. A Análise do Discurso surgiu na conjuntura política e intelectual francesa, marcada pela conjunção entre filosofia e prática política, já como um campo transdisciplinar. Atravessou fronteiras e movimentou o campo das ciências humanas, constituindo-se hoje em uma disciplina transversal. Por este motivo, tentamos neste trabalho monográfico aplicar recursos da Análise do Discurso em consonância com a ciência Hermenêutica na prática de compreensão e interpretação textual. Nesse sentido, o discurso ultrapassa a simples referência a “coisas”, existe para além da mera utilização de letras, palavras e frases, não pode ser entendido como um fenômeno de mera “expressão” de algo: apresenta regularidades intrínsecas a si mesmo, através das quais é possível definir uma rede conceitual que lhe é própria (FOUCAULT, 1986,p.70).
É a esse “mais” que o autor se refere, sugerindo que seja descrito e apanhado a partir do próprio discurso, até porque as regras de formação dos conceitos, segundo Foucault, não residem na mentalidade nem na consciência dos indivíduos; pelo contrário, elas estão no próprio discurso e se impõem a todos aqueles que falam ou tentam falar dentro de um determinado campo discursivo. Inicialmente, podemos afirmar que discurso, tomado como objeto da Análise do Discurso, não é a língua, nem texto, nem a fala, mas que necessita de elementos lingüísticos para ter uma existência material. Com isso, dizemos que discurso implica uma exterioridade à língua, encontra-se no social e envolve questões de natureza não estritamente lingüística. Referimo-nos a aspectos sociais e ideológicos impregnados nas palavras quando elas são pronunciadas (FENRNADES, 2005, p. 20).
Essas são algumas das inúmeras definições de Análise do Discurso. Tudo na obra do autor tem conexões que precisam ser explicitadas, caso contrário repete-se com outras palavras o que se pretende demonstrar, ou se cai no reino das definições circulares. Tomamos como ponto de partid partidaa a explic explicitaç itação ão do conceit conceitoo de discur discurso, so, para para chegar chegarmos mos poste posterio riorme rmente nte à anális análisee da formação discursiva do texto, que parece ser o que sintetiza melhor a elaboração do autor sobre uma possível teoria do discurso no seu Liber Oz Sub Figura LXXVII. O que permitiu situar um emaranhado de enunciados numa certa organização foi justamente o fato deles pertencerem a uma certa formação discursiva. Não há enunciado livre, neutro e independente; mas sempre um enunciado fazendo parte de uma série ou de um conjunto, desempenhando um papel no meio dos
9
outros, neles se apoiando e deles se distinguindo: ele se integra sempre em um jogo enunciativ enunciativo, o, onde tem sua participação, participação, por ligeira ligeira e ínfima ínfima que seja. [...] Não há enunciado que não suponha outros; não há nenhum que não tenha, em torno de si, um campo de coexistências (FOUCAULT, 1986, p.114).
Os procedimentos que adotamos para a análise do discurso do Liber Oz Sub Figura LXXVII LXXVII de Aleister Crowley foram os seguintes: seguintes: elaboração de uma lista das principais principais obras do autor; autor; elabor elaboração ação de breves breves enunci enunciado adoss a partir partir dessas dessas obras; obras; organi organizaçã zaçãoo dos enunci enunciado adoss e verificação de como eles se interligam; identificação de quais enunciados do autor são empregados como como exempl exemplos os da obra obra que preten pretendem demos os veicul veicular; ar; quais quais enunci enunciado adoss sec secund undário árioss servem servem de sustentação aos enunciados principais; procurar visualizar a teia de enunciados, ou seja, como se compõe o texto, no que será possível encontrar estratégias argumentativas do autor. A Análise do Discurso não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de significar, com homens falando, considerando a produção de sentido enquanto parte de suas vidas, seja enquanto suje sujeito itos, s, seja seja enqu enquan anto to memb membro ross de uma uma dete determ rmin inad adaa form formaa de soci socied edad adee (ORLANDI, 2005, p. 15-16).
A partir desta análise, que consiste em tomar como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação, não mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma específica de manifestação da linguagem, do discurso poético, que é muito utilizado pela literatura e pelas manifestações artísticas que utilizam a linguagem como recurso, foi possível ultrapassar o cerco das palavras e encontrar o sentido do texto.
10
3 A HERMENÊUTICA Nunes Júnior (2007) 2 afirma que a hermenêutica é tida, hoje, como uma teoria ou filosofia de interpretação, capaz de tornar compreensível o objeto de estudo mais do que sua mera aparência ou superficialidade. Hermenêutica é a ciência ou metodologia da interpretação, especialmente de um texto escrito. Uma forma ampla de interpretação, no sentido da procura do simbólico. Corrente de pensamento também dita filosofia prática, inspirada por Hans-Georg Gadamer. Considera que a praxis não está subordinada à teoria, como simples técnica resultante da dedução de um saber teórico. A prática é co-natural é teoria. Procurando distinguir-se da metafísica, tem como virtude fundamental a phronesis, entendida como ligação entre a razão (logos) e a experiência moral (ethos), entre a subjectividade (da consciência) e a objectividade (do ser) as grandes abstrações pluridisciplinares. Neste sentido, Gadamer salienta que a verdade é superior ao método (MALTEZ, 2007).
O termo hermenêutica deriva do verbo grego hermeneuein e do substantivo hermeneia , que significam, em sua extensão semântica, algo que “é tornado compreensível”, “levado à compreensão”. Muitos Muitos autores autores correlacionam correlacionam o termo ao deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses - a quem se atribui a origem da linguagem e da escrita -, que tinha o dom de permitir às divindades falarem entre si e também aos homens. De uma forma ou de outra, fato é que o termo está diretamente associado à idéia de compreensão de algo antes ininteligível (PEREIRA, 2001). A hermenêutica, porém, visa revelar, descobrir, esclarecer qual o significado mais profundo que está oculto, não-manifesto, não apenas de um texto ou norma, mas também da linguagem. Pode-se afirmar que, por meio da hermenêutica, hermenêutica, chega-se chega-se a compreende compreenderr o próprio homem, o mundo em que vive, sua história e sua existência (NUNES JR, 2007). Daí a necessidade necessidade de se implementar implementar uma mudança na questão do estudo de análise análise textual, ultrapassando-se a visão tradicional, que a tem como um problema normativo e metodológico, isto é, um conjunto de métodos e técnicas destinado a interpretar a essência da norma, para chegar-se à visão contemporânea, que a tem como um problema universal, isto é, filosófico e ontológico, que afeta em geral toda a relação entre o homem e o real (Idem). A Hermen Hermenêut êutica ica fornec fornecee um referen referencial cial metodo metodológ lógico ico para para a conduç condução ão da anális análisee do discurso. Dentro de cada fase do enfoque hermenêutica, existe uma variedade de métodos de pesquisa, que estão à disposição do pesquisador, tudo requer um prévio conhecimento do objeto de análise e da investigação que será desenvolvida. Escolhemos a declaração do código de ética thelêmico - que é o Liber Oz Sub Figura LXXVII, que é considerado como a máxima expressão da Lei de Thelema como objeto de nosso 2
Professor do UniCEUB e da UniEURO, em Brasília –DF.
11
estudo com a finalidade de tornar explícitos mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação, pois observamos que muitos se atolam em interpretações e compreensões que impedem o alcance do sentido pretendido pelo autor inglês, Aleister Crowley.
12
4 APLICAÇÃO DA HERMENÊUTICA NA ANÁLISE DO DISCURSO Puhl (2007) 3 diz, a Análise Formal ou Discursiva surge em virtude dos objetos e das expressões que circulam nos campos sociais, que se tratam, também, de construções simbólicas comp comple lexa xass que que apre aprese sent ntam am uma uma estru estrutu tura ra arti articu cula lada da.. As form formas as simb simból ólic icas as são são prod produt utos os contextualizados, que têm capacidade, e têm por objetivo, dizer alguma coisa sobre algo. Este tipo de análi análise se,, está está preo preocu cupa pada da com com a orga organi niza zaçã çãoo inte intern rnaa das das form formas as simb simból ólic icas as,, com com suas suas características estruturais, seus padrões e relações, servindo para a construção do campo-objetivo. O estudo hermenêutico que realizamos é chamado de Interpretação/Re-interpretação, que é facilitado pela fase da Análise Discursiva, pois é através da análise discursiva que se constrói a interpretação. A interpretação implica um movimento novo de pensamento, ela procede por síntese, por construção criativa de possíveis significados. O processo da interpretação está localizado dentro do referencial da hermenêutica, mediado pelos métodos da Análise Discursiva, além disso, ele transcende a contextualização das formas simbólicas tratadas como produtos socialmente situados, e o fecham fechament entoo das formas formas simból simbólica icas, s, vistas vistas como como constr construçõ uções es que aprese apresenta ntam m uma estrut estrutura ura articulada (Idem). A pesq pesqui uisa sa que que util utiliz izaa o méto método do herm hermen enêu êuti tico co deve deve ser ser enca encara rada da de mane maneir iraa aproximativa e provisória. Não existem afirmações, mas sim conclusões prévias. Ao tentarmos compreender o sentido “oculto” de um texto, é preciso conhecer os antecedentes, o passado que fico ficou, u, a cult cultur uraa que que gero gerou, u, a mane maneir iraa parti particu cular lar de ser ser e a circu circuns nstâ tânc ncia ia mome moment ntân ânea. ea. O compreender do intérprete como fazendo parte de um acontecer que decorre do próprio texto que precisa de interpretação (Idem). Neste presente estudo hermenêutico, que cuida da interpretação do Liber Oz Sub Figura LXXVII, não há submissão às regras metódicas das ciências humanas, devido a exigências do texto prop propos osto to para para obte obtenç nção ão do ente entend ndim imen ento to de seu seu próp próprio rio sign signif ific icad ado. o. Port Portan anto to,, torn tornou ou-se -se indispensável a realização de um estudo a cerca da Cabala, Guematria, Tarô, “Magick”, Goetia, etc. etc.,, o qual qual foi foi reali realiza zado do junt juntoo a “SET “SETh” h” – Soci Socied edad adee de Estu Estudo doss Thelê Thelêmi mico cos, s, vinc vincul ulad adaa a O.T.O.,Ordo Templis Orientis/Brasil. Por isso, alertamos que este estudo é um estudo hermenêutico filo filosó sófi fico co.. Apes Apesar ar de a hermen hermenêut êutica ica filosóf filosófica ica desenv desenvolv olver-s er-see numa numa perspe perspecti ctiva va crítica crítica da metafísica, ela apresenta uma pretensão de universalidade. Quem quer compreender um texto, em princípio, tem que estar disposto a deixar que ele diga alguma coisa por si. Por isso, uma consciência formada hermeneuticamente tem que se mostrar receptiva, desde o princípio, para a alteridade do texto. Mas essa receptividade não 3
Doutora em Comunicação Social da PUCRS.
13
pressupõe nem neutralidade com relação à coisa nem tampouco auto-anulamento, mas inclui a apropriação das próprias opiniões prévias e preconceitos, apropriação que se destaca destes (GADAMER,1997, p. 405).
Porém tal universalid universalidade ade assume assume uma forma não dogmática, dogmática, restando-lh restando-lhe, e, portanto, portanto, uma universalidade que se move muito próxima da universalidade da crítica. “A consciência hermenêutica atinge, fere e revela os limites da auto-suficiência das ciências naturais, ainda que não possa questionar a metodologia de que elas fazem” (STEIN, 2002). Finalmente, Finalmente, hoje uma esfera de interpretação interpretação alcançou atualidade atualidade social social e exige, como nenhuma outra, a consciência hermenêutica, a saber, a tradução de informações na mídia, na literatura, etc., relevantes para a linguagem do mundo da vida social. Na medida em que a hermenêutica filosófica trabalha com o sentido, a analítica reduz a linguagem à unidade mínima que é o significado (Idem). Uma coisa é estabelecer uma práxis de interpretação opaca como princípio, e outra coisa bem diferente é inserir a interpretação num contexto, ou de caráter existencial, ou com as características do acontecer da tradição na história do ser - em que interpretar permite ser compreendido progressivamente como uma auto-compreensão de quem interpreta (Idem). A hermenêutica filosófica nos ensina que o ser não pode ser compreendido em sua totalidade, não podendo assim, haver uma pretensão de totalidade da interpretação”. "Ser que pode ser compreendido é linguagem". “Em tudo o que uma linguagem desencadeia consigo mesma, ela remete sempre para além do enunciado como tal. (STEIN, 2002).
O uso da hermenêutica tem um forte ligâmen com as epopéias de Homero, com a explicação de sua Ilíada e Odisséia, na Escola Helenística de Alexandria; ao estudo e comentário das Escrit Escritura urass Sagrad Sagradas as da Bíblia Bíblia,, relacio relacionan nandodo-se se com a Teolog Teologia; ia; aqui, aqui, em terreno terreno cristão cristão,, desenvolve-se fortemente em comunidades protestantes, que, não aceitando a leitura individual proporcionada pela Igreja, passam a definir um conjunto próprio de regras de interpretação; no romantismo alemão, a hermenêutica alça vôos mais intrépidos (SABBAD, 2004). Reag Re agin indo do ao ideó ideólo logo goss da Re Revo volu luçã çãoo Fran France cesa sa,, bem bem como como ao pode poderr infr infren enee do positivism positivismo, o, a Alemanha, Alemanha, sob forte influência da corrente corrente romântica, romântica, passa a desenvolve desenvolverr estudos estudos em torno do problema do método nas ciências humanas, possibilitando, com isso, o surgimento das várias espécies de hermenêutica, como a jurídica, a filológica e a histórica - estava-se, aí, em pleno século XIX. Era, pois, o século da Hermenêutica Profana, ou que se secularizava progressivamente. Este método teve sua culminância em Scheleiermacher (Idem). Frie Friedr dric ichh Dani Daniel el Erne Ernest st Sche Schelei leier erma mach cher er (176 (17688-18 1835 35)) é cons consid idera erado do o pai pai da Hermenêutica Hermenêutica moderna. moderna. Segundo ele, ela, a Hermenêutica, Hermenêutica, é a arte de evitar os mal-entendidos mal-entendidos.. O mérito deste autor é grande, e pode resumir-se no seguinte: preocupou-se com o texto, seja ele qual 14
fosse; tentou responder à grave pergunta “o que significa compreender?”; propunha, como método de análise, o estudo da gênese da obra, o contexto em que ela surgiu, ou emergiu. Os estudos de Scheleiermacher levaram, de forma irreversível, a uma nova posição epistemológica das ciências humanas na enciclopédia das ciências (Idem). A hermenêutica tem que ver com o algo de sagrado que há no momento de proferimento de uma palavra, ou leitura de um texto. E quem diz, está a interpretar. Quem executa uma peça teatral, ou uma partitura musical, imprime-lhes seus estilo, sua versão intelectiva, ou sensitiva. E aqui, neste sentido, há outra característica: uma execução, um desempenho interpretativo, é um ato único; pode até se repetir, mas terá outros atributos, outra forma de sentir a mensagem (Idem). O horizonte desta técnica é o da restituição de um texto ou de uma palavra, mais fundamentalmente de um sentido, considerado como perdido ou obscurecido. Numa tal perspectiva, o sentido é menos para construir do que para reencontrar, como uma verdade que o tempo teria encoberto (BESSE, J. M.; BOISSIÉRE, 1998, 1998, p. 52-53). 52-53). Nos últimos tempos, um grande número de mudanças ocorreu em diferentes partes do mundo, mundo, particu particular larmen mente, te, talvez talvez,, no mundo mundo ociden ocidental. tal. Mudanç Mudanças as políti políticas cas,, sociai sociais, s, cultur culturais ais e também grandes mudanças tecnológicas, como a aquisição de informação instantânea advinda com a internet. Podemos afirmar que, no decorrer dos últimos dez ou vinte anos, ocorreram mais mudanças no mundo, do que durante qualquer período comparável na história da humanidade. No decorrer da última década, vimos mudanças ocorrerem em um grau constante de aceleração. Mais e mais mudanças parecem estar ocorrendo em períodos de tempo cada vez mais curtos. Antigamente, quando o ritmo era mais vagaroso, várias gerações transcorriam tr anscorriam antes que uma mudança em algum departamento específico da vida se tornasse visível. Mas este não é mais o caso. Agora essas mudanças são perceptíveis no decorrer de um curto período de tempo. E vemos este ritmo acelerado de mudança em praticamente todas as esferas da vida humana e das realizações humanas, ou seja, no âmbito político, social, econômico e cultural. Mas nesta preleção interessa-nos apenas uma destas esferas, que chamaremos, para utilizar um termo geral e neutro, a esfera cultural. Neste campo em particular, uma das maiores mudanças e, potencialmente, uma das mais importantes que aconteceram em anos recentes refere-se ao tema “esoterismo”. Há vinte ou trinta anos, mal se ouvia falar em esoterismo, magia, yoga, meditação, etc., no Ocidente. Se havia qualquer interesse ou conhecimento no que se referia à magia, era em grande parte confinado a grupos obscuros e a indivíduos excêntricos. Mas agora, no período em que escritores como Paulo Coelho se tornam “best-sellers”, e filmes como “O Código da Vinci” e “Harr “Harryy Pott Potter er”” torn tornam am-se -se recor recordi dist stas as de bilh bilhete eteria rias, s, e a maio maioria ria das das tele tele-no -nove vela lass esgo esgota tam m 15
fatidicamente o tema, o termo magia é quase uma palavra doméstica. Entretanto, o fato de que a pala palavr vraa este esteja ja ampl amplam amen ente te divu divulg lgad adaa não não impl implic icaa que que seu seu sign signif ific icad adoo tenh tenhaa sido sido bem bem compreendido. A magia é relativamente nova no Ocidente. Não houve, ao menos na história recente, nada parecido ao alcance de nossa experiência. Não temos as palavras adequadas, os termos especializad especializados os adequados, adequados, para descrever descrever os estados e os processos da magia. É natural, natural, portanto, portanto, que aconteçam equívocos. Aleister Crowley (1988) no seu livro “Magick Without Tears” no capítulo I, diz: “magick is the Science and Art of causing Change to occur in conformity with Will” - magia é a arte e ciência, de causar mudanças de acordo com a própria vontade. É algo que alguém faz, ou vem a experimentar. Mas a maior parte das pessoas sabe sobre magia a partir de ouvir dizer. Não sabem a partir de sua própria prática e experiência pessoal. Portanto, elas confiam em informações de segunda, terceira, e até quarta mão. Algumas confiam em livros, talvez tenham que fazê-lo, para suprir-se de informações. Hoje em dia há diversos livros nas bancas de revistas, livrarias, bibliotecas e na internet que lidam, ou pretendem lidar, com este tema. Mas infelizmente, esses próprios livros muitas vezes são baseados nas mais infames especulações, e não em conhecimento e experiências pessoais. Neste campo há muitos que se auto-intitulam “Mestre dos Magos”. Quando algo se torna popular, como a magia está se tornando, logo muita gente procura tirar vantagens. Estamos vivendo uma explosão de espiritualidade, e pelo menos uma explosão modesta acerca da magia. Inúmeras pessoas estão insatisfeita insatisfeitass com suas vidas monotoname monotonamente nte baseadas baseadas na realidade, realidade, com o modo condicionad condicionadoo de viver e fazer as coisas. As pessoas não querem aceitar uma explicação científica da vida, apesar do grande sucesso prático da ciência ao lidar com o mundo material, enquanto que ao mesmo tempo elas são incapazes de aceitar, por outro lado, a explicação das coisas de um ponto de vista tradicional, especialmente judaico-cristão. Por isso, começam a procurar algo que as satisfaça de modo mais profundo, permanente, criativo e construtivo. Algumas pessoas olham na direção das tradições espirituais do Oriente, e especialment especialmentee na direção da yoga, yoga, meditação meditação e magia. Querem saber sobre magia, praticar rituais, querem ir às aulas de yoga, acender velas e incensos, ir para retiros de finais de semana, e desse modo é criada uma demanda pelo esotérico, pelo místico, pelo oculto. Após profundos estudos junto a “SETh” – Sociedade de Estudos Thelêmicos, vinculada a Ordo Templi Orientis Draconis – O.T.O Draconiana, ordens que divulgam a filosofia e a mística thelêmica pelo mundo, através de graus iniciáticos, pudemos observar que no grande lamaçal do 16
equívoco, equívoco, muitos se atolam em interpretaçõe interpretaçõess e compreensõ compreensões es que impedem impedem o alcance alcance do sentido pretendido pelo autor Aleister Crowley. Atualmente, a Lei de Thelema conta com milhares de seguidores em todo mundo. A ampl amplaa maio maioria ria dest destes es segu seguid idor ores es pref prefere ere não não esta estarr asso associ ciad adoo diret diretam amen ente te a nenh nenhum um grup grupoo institucionalizado que pretenda aparecer publicamente como representante da Lei de Thelema – pois devido à pretensão de institucionalizar-se como religião, os livros de Aleister Crowley podem ser baixados gratuitamente pela internet, obra semelhante à panfletagem dos protestantes, católicos, hare krishnas, etc. Quando muito, estes seguidores se reúnem em pequenos grupos, não oficiais, pois somente neles há a possibilidade do livre debate e estudo das premissas thelêmicas, de acordo com os textos de seu profeta, Aleister Crowley (RAPOSO, 2004). Contudo, até mesmo numa religião onde se pressupõe que a liberdade irrestrita seja a grande motivação, novamente existe a ameaça de se fazer valer o ditado homo homini lupus , “o homem é o lobo do homem”. Assim, embora atualmente contando com um inexpressivo séquito, existem algumas poucas seitas thelêmicas institucionalizadas, que se digladiam ferrenhamente pela posse das rentáveis obras de Aleister Crowley. O objetivo de tudo é, seguindo o conhecido modelo empregado empregado pela Igreja Católica quando de seu famoso famoso Concílio de Nicéa, se transformar transformar na única representante oficial da religião da nova era, condenando qualquer outra opção a marginalidade (Idem). Estas seitas, infelizmente, por mais novas que sejam, já têm suas histórias marcadas pelo dogma, pragmatismo e pelo fanatismo, impingindo perseguições a todo e qualquer estudante sincero que não se submeta às suas rédeas. No Brasil, a Lei de Thelema, apenas a partir da década de 1970 é que viria viria ganhar ganhar certa populari popularidad dade, e, através através da obra do genial genial Raul Seixas. Seixas. Alguns Alguns de seus sucessos, muitos destes compostos em parceria com Paulo Coelho, tiveram como origem os textos do mago Aleister Crowley (Idem). Escolhemos a declaração do código de ética thelêmico - que é o Liber Oz Sub Figura LXXVII -, que é considerado como a máxima expressão da Lei de Thelema como objeto de nosso estudo. O texto é uma declaração a cerca dos direitos individuais de todo homem e de toda mulher. As reflexões deste estudo têm como objetivo situar a investigação hermenêutica em uma tênu tênuee relaç relação ão com com a ciên ciênci ciaa ling lingüí üíst stica ica.. Busc Busca-s a-see just justif ific icar ar a nece necess ssid idad adee de um méto método do hermenêutico no processo de interpretação e compreensão textual. Trata-se, portanto, de uma abordagem que ultrapassa os limites de uma lingüística ortodoxa. Considerando as relações das frases que compõem o Liber Oz Sub Figura LXXVII com o sentido intencionado pelo próprio poeta Aleister Crowley, como um jogo de linguagem através do
17
qual emergem os sentidos, onde se assume o entendimento de que o signo não é nem puramente significante e nem puramente significado, mas a união dos dois. Serão pretendidas a compreensão e a interpretação da ausência que guarda sempre algo de inapreensível, místico, que torna ilimitada as relações associativas. Um estudo baseado num “texto aberto” como é o caso do Liber Oz Sub Figura LXXVII, aponta perspectivas que oferece ao pesqui pesquisad sador or a possi possibil bilida idade de de novos novos estudo estudoss e aprofu aprofunda ndamen mento to e acresce acrescenta ntamen mento to de novos novos método métodoss de interp interpret retação ação e compre compreens ensão ão textua textuall a partir partir da hermen hermenêut êutica ica lingüí lingüísti stica. ca. Nessa Nessa perspectiva, é possível incluir, nos estudos lingüísticos, uma análise da enunciação e do discurso que comporta o autor, o texto, e o leitor. O trabalho que realizamos explora algumas possibilidades de uso da hermenêutica, das teorias da representação e da argumentação contidas no texto: Liber Oz Sub Figura LXXVII. O estudo terá por finalidade verificar os problemas de interpretação e compreensão do referido texto, e fornecer uma possível superação ao paradigma informacional, baseado nas teorias da propaganda e da informação inadequada que tanto influenciaram a constituição dos estudos de análise textual. Deseja-se, neste estudo, discutir incursões teóricas como a realidade prática que envolve o sentido do texto. Pretende-se, a partir de um balanço de algumas das opções teóricas existentes publicadas na internet, contribuir para a construção de novos paradigmas de métodos científicos de interpretação e compreensão textual. Estes estariam e stariam relacionados às mudanças contemporâneas - em gestação - em nossas realidades materiais e simbólicas, pautadas na centralidade sociais, culturais e econômicas do processo comunicacional e informacional. O compreender do intérprete como fazendo parte de um acontecer que decorre do própri próprioo texto texto que precis precisaa de interp interpret retação ação.. A interp interpret retação ação implic implicaa um movime movimento nto novo novo de pensamento, ela procede por síntese, por construção criativa de possíveis sentidos/significados. O enfoque do estudo hermenêutico lingüístico que realizamos é um estudo de Interpretação/Reinterpretação, facilitado pela fase da Análise Discursiva, pois seus métodos procuram revelar os padrões e efeitos, que constituem e que operam dentro de uma forma simbólica ou discursiva. Uma esfera esfera de interp interpreta retação ção alcanç alcançou ou a atuali atualidad dadee socia social, l, e exige, exige, a consci consciênc ência ia hermenêutica, a tradução de informações textuais relevantes para a linguagem do mundo da vida social deste novo milênio, e é através da análise discursiva que se constrói a interpretação dessas informações. Portan Portanto, to, no estudo estudo monogr monográfi áfico co que aqui aqui realiza realizamos mos,, entend entender-s er-se-á e-á como como estudo estudo hermenêutico, método cientíco-filosófico, filológico e teológico, aplicado à lingüística para explicar ou interpretar, a base para se obter a compreensão do texto Liber Oz Sub Figura LXXVII. Um recurso ao estudo lingüístico procurando descobrir o sentido do texto a ser estudado, com o objetivo 18
de querer saber o que o texto significa, descobrir o significado do texto, através da verificação dos componentes envolvidos na hermenêutica: o autor, o texto e o leitor.
19
5 ALEISTER CROWLEY
Edward Alexander Crowley, nasceu no dia 12 de outubro de 1875, filho de um pastor de uma seita fundamentalista protestante. Seu pai morreu quando ele ainda era jovem. Sua mãe, segundo ele, era uma “estúpida”, e as inúmeras desavenças entre eles fizeram com que sua mãe o chamasse de Besta 666, nome que ele adotou posteriormente e que lhe trouxe a fama de pior homem do mundo. Mas, segundo explicações de Crowley, o número 666 o qual se refere a Bíblia, é o número “do homem”. E não “de um homem”. Porque quando se coloca “de um homem”, o sujeito fica indefinido. Mas quando se diz “do homem” significa do ser humano. Conceitos fundamentais para o entendimento da religião thelêmica estão presentes na simbologia da Besta 666 e de sua consor consorte, te, a deusa deusa Babalon. Babalon. “A Grande Grande Besta” Besta” - ver em Apocali Apocalipse pse,, capítu capítulo lo 13 - foi talvez talvez o principal pseudônimo, ou melhor, “moto mágico”, de Crowley. E a descrição de sua divindade Babilônia, também foi inteiramente retirada da Bíblia - ver Apocalipse, 17:3-5. De acordo com o biógrafo Pinheiro (2007), Aleister Crowley foi sem sombra de dúvida o maior mago do século XX. Suas explorações no campo das drogas e do sexo são enfatizadas em demasia por quase todas as pessoas que se põe a falar sobre ele. Essa sua faceta poderia ser explicada - talvez até possa ser justificada - como uma fuga genial da pútrida sociedade ultra puritana em que foi criado. O protestantismo vitoriano foi uma das manifestações mais repressoras de que já se teve notícia e Crowley, juntamente com alguns artistas de vanguarda de sua época teve a ousadia de se colocar contra todo esse sistema de valores e criar um sistema próprio, próprio, que por pior que fosse fosse era melhor do que o sistema sistema estabelecido. estabelecido. A mente de Crowley, um misto de Nietzsche e Rabelais, com uma estética egípcia e um negro senso de humor, era, de certa forma, inescrutável. Apesar de freudianamente seus complexos serem óbvios, lendo 20
Crowley nunca se tem certeza do que ele realmente quis dizer. Ele brincava com o leitor, geralmente o superestimando (principalmente nos primeiros livros, cheios de referências obscuras imprescindíveis para a compreensão da obra). Apesar disto escreveu excelentes poesias e prosas, mas que de forma alguma superaram o interesse do mundo na história de sua vida, atribulada, trágica e cheia de aventuras como foi, por si só uma obra de arte. Na escola se mostrou brilhante e obediente, até que foi culpado injustamente de um pequeno delito e foi posto de castigo, a pão e água, o que piorou sua já fraca saúde. Tempos depois, lhe receitariam heroína para a asma, substância que usou até os 72 anos de idade, quando morreu de parada cardíaca. Crowley nunca esqueceu esqueceu desse tratamento, tratamento, e desde menino começou começou a achar que havia algo de errado com o “senso comum” da época. Decidiu ser um homem santo, e cometer o maior pecado, como em uma lenda dos Plymouth Brothers (culto de seu pai) que afirmava que o maior santo cometeria o maior pecado. Na Universidade Crowley finalmente se encontrou. Com muito dinheiro - da herança de seu pai -, e livre da repressão da família, exerceu todas as atividades pelas quais ficou conhecido: alpinismo, poesia, enxadrismo, sexo e magia, e, dizem, foi excepcional em cada uma delas. Crowley travou contato com a Golden Dawn, uma ordem pseudo-maçonica de prática ritualística e iniciatória que esteve em seu auge no fim do século passado, quando Crowley a freqüentou. Subiu rapidamente pelos graus da ordem, mas foi barrado por um grupo de pessoas que chegaram a afirmar que a “ordem não era um reformatório”. Crowley era desconsiderado pelos intelectuais e desprezado pela burguesia, fato que o pode ter levado a suas inúmeras viagens e expedições de alpinismo. Crowley pode parecer extremamente arrogante e narcisista em seus escritos, mas isso não parece ser verdade, se examinarmos sua vida a fundo. Ele sempre buscou o reconhecimento e aprovação das pessoas, e quando notou que isso não era possível, mantendo sua crítica atroz aos absurdos do puritanismo inglês, ele resolveu aparecer fazendo escândalos, reais ou falsificados, ao estilo do esteriótipo esteriótipo “falem mal, mas falem”. Mesmo assim em sua autobiografia autobiografia “Confessions “Confessions of Aleister Crowley” ele se mostrou extremamente magoado quando a imprensa marrom inglesa conhecidíssima até hoje e abominada pela família real inglesa - inventava alguma coisa absurda e terrível ao seu respeito, como em uma ocasião em que o acusaram de comer carne humana na expedição ao monte K2. A Golden Dawn recusou iniciação a Crowley, mas seu chefe, McGreggor Mathers não. Talvez interessado no dinheiro do jovem Aleister Crowley ele o iniciou, e logo se tornou um mestre para Crowley. Seus trabalhos mágicos e estudos místicos o levaram as mais diversas partes do mundo, 21
experimentando com todas as formas de catarse e intoxicação, que considerava como bases da religião. Mas pouco a pouco se distanciava de Mathers, que a essa altura já havia se proclamado em contato direto com os “mestres” que regem a Terra, e com isso seu autoritarismo se tornou insuportável. Crowley foi o único a defendê-lo até o final, quando percebeu que tudo não passava de uma farsa. A crença de que existe um grupo de iniciados secretos que carregam o conhecimento humano e são os verdadeiros “chefes” da Terra é compartilhada no sentido estritamente literal por muitas pessoas e seitas. Crowley aceitou essa idéia de uma forma ou de outra até o fim da vida, mas, empregou diversas interpretações para estas entidades, algumas baseadas na psicologia - recém estabelecida como uma ciência por Freud, na mesma época. Desiludido com a Golden Dawn, passou alguns meses afastado da magia, e pouco a pouco se reaproximou, trabalhando sozinho. Então numa viagem ao Cairo em 1904, recém casado, sua esposa começou a falar algumas coisas estranhas estranhas das quais ela não poderia ter conheciment conhecimento. o. Ela o mandou mandou invocar invocar o deus Hórus. Hórus. Dessa invocação surgiu um texto pequeno, pequeno, de três capítulos, capítulos, intenso e esquisito, ditado por um dos “ministros” da forma de Hórus conhecida por “Hoor-PaarKraat”, Harpócrates, Hórus, a criança. Aiwass era o nome dessa entidade, depois reconhecida como o Sagrado Anjo Guardião do próprio Crowley. Com isso três coisas estão subentendidas: Aiwass era um dos “mestres” que regiam o presente Aeon, dedicado ao Deus Hórus, seu mentor; era também uma entidade não totalmente totalmente separada de Crowley, Crowley, embora devesse ser tratado tratado como tal, alguns poderiam dizer que ele era o self junguiano de Crowley - mesmo ele reconheceu isso -, outros, maldosamente, que era sua sombra - termo que em psicologia junguiana designa a parte de nós que reprimimos e que contém aquilo que temos medo de admitir. Crowley demorou cerca de cinco anos para acatar o que o texto dizia. Uma das profecias previa a morte de seu filho, que acabou por morrer mesmo, de doença desconhecida. Quando finalmente aceitou o Livro da Lei estava em contato com um corpo germânico de iniciados, que em outro livro dele “The Book of Lies” encontraram um segredo de magia sexual que pensavam ter o monopólio no ocidente. Nem Crowley havia entendido o que tinha escrito, mas aceitou mesmo assim uma alta posição hierárquica na Ordem. Era a Ordo Templi Orientis, que até hoje detém os direitos sobre os textos de Crowley posteriores a 1910. A O.T.O. existe até hoje, ou melhor, existem, visto que houveram cisões e brigas e etc, que somando com os charlatães, devem somar mais de 30 O.T.Os., por alto. A maioria clama legitimidade. Crowley perdeu muito dinheiro publicando seus próprios livros e os vendendo a preço de banana. E a incompetência de um tesoureiro da O.T.O., que perdeu um galpão cheio de livros 22
num lance mal entendido até hoje, acabou causando sua bancarrota final. Além da O.T.O. que tinha bases maçônicas, Crowley criou c riou um corpo próprio, designado como A.: A.:, Argenteum Astrum, esse corpo, muito mais velado, deveria servir como que “escola de treinamento” para os possíveis “mestres” da humanidade. Crowley sobreviveu de doações e venda de livros até o fim da vida. Ainda viciado em heroína, pouco tempo depois de terminar seu último trabalho, um livro sobre o Tarô que Lady Frieda Harris havia pintado com suas indicações, Crowley morreu em relativa miséria (PINHEIRO, 2007). Ao comentar sobre a vida de Aleister Crowley, não podemos esquecer esquecer de mencionar mencionar o seu encontro com o poeta português Fernando Pessoa. João Alves das Neves na apresentação intitulada de “A Besta 666 em Lisboa” do livro Fernando Pessoa – Poesias Ocultistas, 1996, diz: “Quando Fernando Pessoa publicou a tradução do "Hino a Pã", de Aleister Crowley, houve quem pensasse tratar-se de mais um heterônimo. É claro que não era. A personalidade foi ortônima e vários outros a conheceram e biografaram, cada um a seu modo, como fez Somerset Maugham, na novela O Mágico”. Cremos, porém, que o primeiro biógrafo a abordar as relações do “mágico” inglês com o poeta português foi João Gaspar Simões, que conta haver sido por causa da astrologia que Fernan Fernando do Pessoa Pessoa veio veio a conhec conhecer er "um estran estranho ho homem, homem, verdad verdadeiro eiro Caglio Cagliostr stroo dos tempos tempos modernos, em cuja complexidade e desenvoltura se acusam os traços típicos desse misto de charlatão e de inspirado que o nosso tímido mistificador debalde procurou ser." Ao ler o horóscopo de Crowley, notou Fernando Pessoa algumas falhas e apressou-se a comunicá-las: “Tempos depois, não sem surpresa (...), recebe, de Londres, uma carta de Crowley, onde o célebre mago dava inteira razão ao astrólogo português seu confrade. Estabelece-se Estabelece-se correspondên correspondência cia entre os dois; dois; Pessoa Pessoa envia a Crowley Crowley os seus “English Poems”, e um belo dia o mago anuncia ao seu émulo perdido nos confins ocidentais da Europa que virá a Portugal, Portugal, propositadam propositadamente, ente, para conhecer, conhecer, em carne e osso, osso, o prodígio prodígio astrológico astrológico que ele é”. Segundo o biógrafo, Fernando Pessoa ficou muito preocupado com a não esperada visita “daquele “daquele feiticeiro feiticeiro - cuja espantosa biografia lhe fora dado a conhecer lendo a história das suas estranhas estranhas aventuras aventuras na obra onde discernira discernira o erro de interpretação interpretação astrológica”. astrológica”. Crowley teria 55 anos quando, em 1930, chegou a Lisboa, onde desembarcou do navio “Alcântara” no dia 2 de Setembro: “Em terra, Fernando Pessoa, transido e tímido, vê avançar para ele um homem alto, espadaúdo, envolto numa capa negra, cujos olhos, ao mesmo tempo maliciosos e satânicos, o fitam repreensivamente, enquanto exclama: “Então que idéia foi essa de me mandar um nevoeiro lá para
23
cima?” - O navio atrasara a partida de Vigo cerca de 24 horas, em virtude de um espesso nevoeiro que se abatera sobre o litoral português (NEVES, 1996). O estudo deste livro é proibido. É prudente destruir esta cópia após a primeira leitura. Aquele que se interessar o faz por sua própria conta e risco. Estes são terrivelmente medonhos. Aqueles que discutem os conteúdos deverão ser evitados por todos como focos de pestilência. pestilência. Todas as questões questões da Lei devem ser decididas decididas apenas com apoio em meus escritos, cada qual por si. Não há lei além de faz o que tu queres (CROWLEY, 2000, Prólogo).
Portanto, o que o autor registrou em sua obra Liber Al vel Legis Sub Figura Figura CCXX, também chamado de Liber AL – o qual afirma ter recebido de entidades denominadas de “preterhumanas” ou “mestres secretos” nos dias 8, 9 e 10 de Abril de 1904, de 12:00h. às 13:00h., no Cairo, Egito – que segundo o próprio mago mago Aleister Crowley, é a base de toda sua obra escrita e é pedra fundamental do seu sistema “Mágicko” chamado de A Sagrada Lei de Thelema, é a fonte esclarecedora que através de um estudo analógico com o Liber Oz Sub Figura LXXVII se obtém o entendimento e a compreensão pretendida.
24
5. 1 OBRAS DE ALEISTER CROWLEY
Durante sua vida, Crowley escreveu e publicou muitos trabalhos. A quantidade exata de suas obras ainda é discutível, mas causa grande confusão. Isso resulta numa abordagem aleatória e confusa ao tema. Conseqüentemente, muitos estudantes perdem o tom e a sutileza da filosofia Thelêmica que só pode ser apreciada depois de se gastar algum tempo em detalhada comparação. A list listaa que que apres apresen enta tamo moss está está em orde ordem m crono cronoló lógi gica ca,, incl inclui ui todo todoss os seus seus trab trabal alho hoss que que são são merecedores de estudo. É nossa intenção colocar estes trabalhos em um formato tal que capacite à pesquisa. Sendo assim, para ajudar o estudante, cada trabalho foi classificado nos seguintes termos temáticos: •
Classe 1: Poesia e Trabalhos Literários
•
Classe 2: Diários e Registros Mágicos (Autobiográfico)
•
Classe 3: Trabalhos Mágicos (Geral)
•
Classe 4: Místicismo Prático e Instruções Mágicas (Iluminismo Científico)
•
Classe 5: Trabalhos Místicos e Filosóficos (Geral ou Teórico)
•
Classe 6: A Lei de Thelema
•
Classe 7: Trabalhos de Magia Sexual (O.T.O.) Muit Muitos os traba trabalh lhos os perte pertenc ncem em a mais mais de uma uma clas classi sific ficaç ação ão,, mas mas por por conv conven eniê iênc ncia ia
classificamos cada trabalho em termos de maior ou menos compreensivo que se aplicava aquele 25
trabalho. Os títulos que possuem um asterisco (*) podem ser considerados como os trabalhos mais importantes.
Ano 1898
Obra (*) Classif. White Stains: The Literary 1 Remains Archibald
of
George
Bishop,
Descrição Uma exploração poética dos
tons
filosóficos
e
a
psico psicológ lógico icoss do proble problema ma
Neur Neurop opat athh of the the Seco Second nd
do desejo que é o tema
Empire
cent centra rall de toda toda escr escrit itur uraa poétic poéticaa inicial inicial de Aleist Aleister er
1905-7
The The Work Workss of Alei Aleist ster er *
1
Crowley. 3 vols.
Crowley. Crítico literário, Charles Richard Cammell declarou que:
“por
vers ersatil atilid idad ade, e,
variedade, gama gama
de
humor, assunto e maneira, estes estes trab trabal alho hos, s, não não teve teve abso absolu luta tame mennte
nenhu enhum m
semelh semelhant antee ou contrap contraparte arte na
1906-7
Diaries
2
literatura
de
nosso
tempo”. Estes diários cobrem o perío eríodo do duran urante te o qual ual Aleister Crowley “cruzou o Abism ismo” e deu iníc início io a
1907
Konx Om Pax: Essays in
3
Light.
1907?
Ordem da A.'. A.'. Uma revolta da exp expres ressão mística, mágica, política e
Lib Liber DCLX DCLXXI XI vel
4
Pyramidos
polêmica misturadas. O Ritual básico de Inic Inicia iaçã çãoo da A.'.A .'.A..'. de Aleister Crowley, composto duran urante te o Re Reti tiro ro do seu
1909
777 vel Prolegomena *
3
John St. John. Aleister 26
Cr Crowley
Symbo ymboli lica ca
ad
Sys Systema temam m
considerava este dicionário
Viae Viae
simb simból ólic icoo de refer referen enci cias as
Scep ceptico tico-M -Myystica ticaee
Explic Explicand andae ae Fundam Fundament entum um
cruzadas
Hieroglyphicum
compar comparati ativas vas à Árvore Árvore da
Sanc Sancti tiss ssim imor orum um
Scien Scienti tiae ae
de
religiões
Vida Vida Ca Caba balí líst stic icaa e à sua sua
Summae.
comparação Ocidental
de e
cosmo
Chinês
as
contribuições principais aos
1909-13
The Equinox. 10 vols.
*
3
estudantes. Escrito em grande parte por ele, este peri eriódico semestral
resume
a
pesq pesqui uisa sa do “Ilum “Ilumin inis ismo mo Cient ientíf ífic ico” o” Crowley
de
Alei Aleist ster er
período
que
cond conduz uziu iu ao trab trabal alho ho do Cairo airo e sua con consecu secuçã çãoo pessoal do grau de Mestre do Templo da A.'.A '.A.'., docume documenta ntado do na biogra biografia fia secessiva de J.F.C. Fuller , “The “The Temple Temple of Solom Solomon on
1909
Clouds without Water
1
the King”. Aleister
Crowley
considerou ser esse trabalho
1909?
Liber Collegii Sancti
4
sua alta marca d´água lírica. Este programa oficial de tarefas
para
Externa
da
a
Ordem
A.'.A.'.
enga engano nosa same ment ntee
é
simp simple less
mas de fato fato ocult cultaa uma uma profun profunda da compre compreens ensão ão da Árvore
da
Vida
e
o
Caminho do Sábio que
27
nega
à
mentira
da
afir afirma maçã çãoo de Elli Ellicc Howe Howe que
as
atribuições
do
Golden Dawn à Árvore são
1910 1910
1910
1910
The Winged Beetle Amberg Ambergris ris:: A Selecti Selection on
1
“Arbitrárias”. Mais poesia de Aleister
1
Crowley. Um compêndio popular
from the Poems of Aleister
dos dos melh melhor ores es poem poemas as de
Crowley The The Scen Scente tedd Gard Garden en of
Aleister Crowley. Um tratado profundo
7
Abdull dullah ah the the Sati Satiri risst of
sobre o caminho místico de
Shiraz
Sufismo sob o disfarce de
The World's Tragedy
1
entusiasmo homoerótico. Esta trabalho poético e polêmico contra Yahwismo inclui
o
ensaio
autobi autobiogr ográfi áfico co
import important antee
de Aleister Crowley sobre o vício
fundament entalista
Cris Cristã tão, o, “Uma “Uma Juve Juvent ntud udee
1910
Thelema. 3 vols.
*
6
no Inferno”. Estes livros sagrados inspirados, escritos em um estado
de
alto
transe,
constituem a realização de super uperla lati tiva va
de
Alei Aleist ster er
Crow Crowle leyy e cons consti titu tuem em o cânon sagrado da Ordem de Thelema que não pode ser estudada ou discutida mas que só pode ser apreciada e entendida
1912
Hail Mary!
1
através
de
realização direta. Aleister Crowley 28
publicou
este
livro
poemas
de
Cristãos,
origi riginnalm almente ente
escr escrit itoo
à
deus deusaa egíp egípci ciaa Ísis Ísis,, para para provar
que
todas
as
religiões compartilham uma base
universal.
altamente
Era
usada
pela
Imprensa Católica Romana Oficial
até
qu que
fo foi
descob descoberta erta que havia havia sido sido escrita
1912?
The Secret Rituals of the
7
O.T.O.
por
Aleister
Crowley. Esta compilação de ritos ofici ficiai aiss e ins instru truções ções da seção de Aleister Crowley da Ordo Templi Orientis os mode modern rnos os Ca Cava vale leir iros os Temp Te mplá lári rios os - foi foi edit editad adaa rece recent ntem emen ente te por por Fran Franci ciss King, e não mais disponível nas livrarias. Ao contrário da
opinião
popular,
o
segred segredoo centra centrall da O.T.O. O.T.O. não era Magia Sexual per si, mas o coitus reservatus ,
ou o segr segred edoo de alcan alcançar çar orga orgasm smoo sem sem ejac ejacul ulaçã açãoo física
1913
The Book of Lies which Is *
6
(veja
Liber
CCCLXX). Aleister
Crowley
also Falsely Called Breaks:
cons consid ider erav avaa seu seu livr livroo de
The
enigmas
Wanderings
or
Fals Falsif ific icat atio ions ns of the the One One
profundo 29
ser e
seu
mais
completo
Thought of Frater Perdurabo,
comentário sobre Livro da
which Thought Is Itself
Lei. A escritura do livro era
Untrue
uma
experiência
“entus “entusias iasmo mo
em
energi energizad zado”, o”,
mas não é considerado ser
1913
The Lost Continent
7
canônico. Modelado sobre o mito de Atlânt Atlântida ida,, o qual qual Aleist Aleister er Crowley teve o bom senso para não levar literalmente, literalmente, este livro é um tratado político
e
um
alegórico
estudo
do
Segredo
Supremo da O.T.O., como
1913
Book Four. 2 parts
*
5
reconheceu Kenneth Anger. Originalmente cont contem empl plad adoo
em
quat quatro ro
parte partes, s, as duas duas prim primei eiras ras partes
consistem
resp respec ecti tiva vame ment ntee de uma uma introdução clássica
à de
raja-io -ioga Patanjali,
baseado na sua Ioga Sutras, e um tratado sobre o simb imbolis olismo mo
do
Tem Te mplo plo
Mágico, co,
misticame amente
inte interp rpre reta taddo
com como
uma uma
projeção do inconsciente do
1914
The Soul of the Desert
5
Magista. Este pequeno livro sobre virtude do Silêncio Mágico, se apro aproxi xima ma da subl sublim imee
1914
De Arte Mágicka
7
simplicidade do Zen. Um tratado técnico sobre várias 30
considerações
perti ertinnente entess
1914
The Paris Working
7
ao
Segre egreddo
Supremo da O.T.O. Um exemplo prático detalhado de um Trabalho Mágicko
baseado
no
Segredo
Supremo
da
O.T. O.T.O. O. Este Este livr livroo reve revela la muitos
segredos
fund fundam amen enta tais is
incl inclus usiv ivee
Aleis Aleiste terr Crow Crowle leyy como como o
1914-20
The Magical Record of the
2
daemon-logos do Aeon. Este registro inclui uma
Beas Be astt 666: 666: The The Diari Diaries es of
extensa
Aleister Crowley.
experi experimen mentos tos utiliz utilizand andoo o Supremo
série
de
Segredo
da
O.T.O., e faz alusão à Suprema
Ordália
cons consec ecuução ção Crowley
1916
Liber LXX
6
de ao
da
Alei Aleist ster er grau
de
Ipsissimus da A.'.A.'. O ritual por meio do qual Aleis Aleiste terr Crow Crowle leyy anul anulou ou formalmente a “sombra” do Aeon eon do Deu Deus Mort Mortoo, a “Grande “Grande Feitiçaria”, Feitiçaria”, assim clareando o caminho para o advento do reino de Hórus,
1916
The Gospel According to
5
St. George Bernard Shaw
a Criança. O estudo de Aleister Crowley das origens e significad significados os simbólicos simbólicos do
1918
The Amalantrah Amalantrah Working Working (Liber XCVII)
6
culto Cristão. Este Trab rabalh alho constitui a melhor
evidência
de
Aleister Crowley para sua 31
reiv reivin indi dica caçã çãoo básica
1918
Liber Aleph vel CXI:The *
6
Book of Wisdom or Folly
cien cientí tífi fica ca
de
estar
em
comunicação
com
inteligências
extra-
humanas. Um resumo profundo da Lei de Thelema escrito em um
estado ado
alterad rado
de
mas
não
consciência,
cons consid ider erad adoo ser ser um livr livroo
1919
The Equinox. Vol. III, No.
6
1.
sagrado. Este é o primeiro e único núme número ro de uma uma segu segund ndaa série
proposta
do
The
Equi Equino noxx a ser ser publ publica icada da,, antes antes de Aleist Aleister er Crowle Crowleyy finalmente
ficar
sem
dinheiro. ro. O número II alca alcanç nçou ou as gráfi gráfica cass mas mas nunc nuncaa foi foi libe libera rado do.. Este Este livro
inclui
princ rincip ipai aiss
vários dos docum ocumen ento toss
constitucionais da O.T.O de
1922
The Law Is for All
*
6
Aleister Crowley. O longo comentário de Aleis Aleiste terr Crow Crowley ley sobr sobree o Livro da Lei. Correlaciona as profecias do livro com eventos atuais e provê um fundamento
1922
Preliminary Preliminary Analysis Analysis of * Liber LXV
6
para
sua
interpretação esotérica. Este extraordinário trabalho Consecução Conhecimento 32
sobre
a do e
Conv Conver ersa saçã çãoo do Sagr Sagrad adoo Anjo Anjo Guar Guardi dião ão é o mais mais compre compreens ensivo ivo e profun profundo do come comenntári tárioo
de
Alei Aleist ster er
Crowley sobre um Sagrado
1922
The Diary of a Drug rug Fiend
6
Livro Thelêmico. Aqui ele desvela um caminh caminhoo denomi denominad nados os de Luz,
1923
The Magical Diaries of To
2
Mega Me ga Ther Therio ion, n, the the Be Beas astt 666,
1929
Aleister
Vida,
Amor
e
Liberdade. Mais diários de Aleister Crowley.
Crowley,
Logos Aionos Thelema, 93. The Spirit of Solitude: An *
2
Autohagiography,
Este extenso e penetrante auto-e auto-estu studo do dos primei primeiros ros
Subsequently
Re-
54 anos da vida de Aleister
Antichristened
the
Crowley, Crowley, documenta documenta sua sua
Confe onfesssion ions
of
Alei Aleist ster er
busca
Crowley. 6 vols.
diligente,
suas
expe experi riên ênci cias as psíq psíqui uicas cas e paranormais paranormais,, os Trabalhos Trabalhos do Cairo, e sua consecução ao grau de Magus da A.'.A.'.
e
desmistifica ica
comp comple leta tame ment ntee
1929
Moonchild: A Prologue
7
a
Busc Buscaa
Mística. Uma apres resent entação fictícia do Supr Suprem emoo Segr Segred edoo da O.T.O. no contexto da luta universal
entre
Frate ratern rnid idad ades es
1929
Magi Ma gick ck in Theo Theory ry and and * Practice
3
as
Bran Branca ca
e
Preta. Parte III do livro IV, foi descrito
por
Aleister
Crowley como uma cidade 33
1936
The Scientific Solution of
6
the Problem of Government
dentro de uma cidade. Este importante folheto fornece uma rara percepção da aplicação prática da Lei de Thelem Thelemaa aos políti políticos cos,, especialmente jurisprudência, potencialmen potencialmente te eliminando eliminando tanto a lei comum quanto a lei
estatutária
substituindo
e
os
com
uma
profun profunda da teoria teoria filosó filosófic ficaa da Verd Verdad adei eira ra
Vont Vontad ade, e,
como também superando a antítese de estado e o
1936
The Equinox of the Gods
*
6
homem. Parte IV do Livro IV finalmente consentido com instruções de publicação da “Iwaz”,
inclusive
uma
análise
intensiva
da
metodo metodolog logia ia de exegét exegética ica de
Aleister
Crowley
algu alguma ma pers perspi picá cáci ciaa igual
nas
e
sem sem
relações
de
Aleister Crowley com seu
1938
The Heart of the Master
6
“Sagrado Anjo Guardião”. Um ensaio sobre “Aeo “Aeono nolo logi giaa
Thel Thelêm êmica ica””
bem
um
como
relato
brilhante do Atus do Tarô
1938
Little Essays toward Truth *
5
na luz da Grande Obra. Um resumo dos resu result ltad ados os técn técnic icos os mais mais impo import rtan ante tess 34
da
Grand randee
Obra que constitui a base universal da espiritualidade humana. Este livro é a prin princi cipa pall cont contri ribu buiçã içãoo de
1942
Liber LXXVII
6
Aleister
Crowley
lite litera ratu tura ra
da
à
“fil “filos osof ofia ia
perene”. A declaração Thelemica dos Direitos do Homem no Aeon respeito
de
Hórus, ao
com
direito
à
liberdade é tão igualmente absoluto quanto o direito de viver provê a fundação para uma
1943 1943
The City of God Magick without Tears
*
constituição
1
Thelemica do futuro. Uma celebração poética
3
do gênio russo. Este volume repleto de corr corres espo pond ndên ênci cias as
incl inclui ui
import important antes es ensaio ensaioss sobre sobre as
Escolas
de
Magia
Branca, Negra e Amarela, metafísicas e as conclusões amadur amadureci ecidas das de Aleist Aleister er Crowley relativas ao estado de ontoló ontológic gicoo do Sagrad Sagradoo
1944
The Book of Thoth
*
6
Anjo Guardião. Este profundo tratado sobre o Caminho do Sábio sob o disfarce de um livro sobre adivinhação de Tarô contesta
a
afirmação
insensata de que no fim da vida, o cérebro de Aleister 35
1944
The Thoth Tarot
*
6
Crowley foi “amaciado”. Geralmente considerado como a melhor capitulação moder odernna do bara baralh lhoo de Tarô Ta rô,,
repr repres esen enta tand ndoo
em
forma forma gráfica gráfica a expres expressão são simbólica “perso “personal nalida idade de
da mágick mágicka” a”
de Aleister Crowley. Fonte: www.otobr.com
36
6 LIBER OZ SUB FIGURA LXXVII
As implicações ultrapassam os significados originais. O autor não estaria ciente de novas circunstâncias. Apesar disso, elas se enquadram legitimamente no padrão de significado pretendido por ele. Passaremos à compreensão e interpretação do Liber Oz Sub Figura LXXVII baseando-se no trabalho editado e publicado na internet por Rubens Bulad (2003) que são comentários de Marcelo Ramos Motta, o primeiro tradutor do Liber Al vel Legis comentado por To Mega Therion 4, da língua inglesa para a língua portuguesa, Marcelo Motta foi um dos primeiros brasileiros a entrar em contato com a filosofia thelêmica e com o próprio Aleister Crowley.
4
Nota de M. – To Mega Therion é o próprio Crowley.
37
O Título: Liber Oz Sub Figura LXXVII
Aleister Crowley escreveu Liber Oz Sub Figura LXXVII em 1942 para Louis Wilkinson (AKA Louis Marlow). O nome original do escrito era “O Livro da Cabra” o autor o considerou como um tipo de manifesto para O.T.O. (SCRIVEN, 2007). Liber Oz tende a significar significar “o Livro da Cabra” e “sub figura” seria uma das formas de eloc elocuç ução ão susc suscit itad adas as pela pela imag imagin inaç ação ão,, e que que empr empres esta tam m ao pens pensam amen ento to mais mais energ energia, ia, mais mais vivacidade, e/ou conferem à frase mais beleza e graça (Idem). “OZ” “OZ”,, em hebr hebreu eu,, carre carrega ga vári vários os sign signifi ifica cado dos. s. Dent Dentre re eles eles,, sign signifi ifica ca “força “força”. ”. Pronun Pronuncia ciado do “ezz “ezz”” signif significa ica “ela-ca “ela-cabra bra”. ”. Pronun Pronuncia ciado do “ahs” “ahs” signif significa ica “forte” “forte”,, mas preten pretende de significar “levar refúgio”. Tanto nas cartas de Tarô, quanto na Cabala hermética Ayin Zayin que segundo segundo a gematria gematria - sistema criptográfico criptográfico que consiste consiste em atribuir atribuir valores valores numéricos às letras –, muito utilizada em todos os escritos de Aleister Crowley, somam 77, qual número também formula como “BOH”, “rezou”; e “MZL”, a influência de “Kether”, que é a esfera superior das dez esferas da Árvore da Vida, segundo a Cabala, traduzindo como “sorte” (Idem). Aqueles Aqueles que ace aceitam itam esta esta declar declaração ação notave notavelme lmente nte simple simpless e poética poética dos direit direitos os naturais da humanidade, escrito completamente em “palavras de poucas sílabas”, que possui um sentido profundo, que se contemplado representa “a força” e o “refúgio”; e, se as orações são ferventes, e a “sorte” oferece, poderiam não ser abatidos sem atingir o seu alvo, a auto-realização (Idem). 38
O autor pretendia comunicar suas informações. Valeu-se, então, de um código de linguagem para transmitir sua mensagem – “Oz”, “sub figura”, “LXXVII”. O significado não pode ser alterado, pois o autor, levando em consideração suas possibilidades de interpretação, submeteuse conscientemente às normas de linguagem com as quais o leitor familiarizado familiarizado (qualquer (qualquer pessoa pessoa que entenda esse código de linguagem mística, o thelemita, o cabalista, etc.), pudesse entender. Da mesma maneira, os textos produzidos pelos autores da Bíblia, movidos pelo “Espírito Santo”, têm implica implicaçõe çõess que abrang abrangem em o signif significad icadoo específ específico ico que eles, eles, consci conscient enteme emente nte,, procur procurara aram m transmitir. Isso é razoável, uma vez que o leitor deverá compreender a linguagem utilizada.
“A Lei do Forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo”. AL II, 21. AL II, 21. Nós nada temos com o incapaz incapaz e o expulso: deixai-os morrer morrer em sua miséria. Pois eles não sentem. sentem. Compaixão é o vício dos reis: calcai calcai aos pés os desgraçados desgraçados e os os fracos: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo. Não penses, ó rei, naquela mentira: Que Tu deves Morrer: em verdade, tu não morrerás, mas viverás. Agora seja isto compreendido: Se o corpo do Rei se dissolve, ele permanecerá em puro êxtase para sempre. Nuit! Hadit! Ra-Hoor Khuit! O Sol, Força & Visão, Luz; estes estes são para os os servidores da Estrela & da Cobra.
Respeitando o conteúdo integral do texto, extraído do Liber AL vel Legis podemos analisar o termo “incapazes” como aqueles que não absorvem a mensagem Espiritual da Lei de Thelema, aqueles que não puderam concebê-la. “Expulsos” seriam aqueles que tentaram, mas não conseguiram. A receita para a compreensão é simples: “Nós nada temos com eles”. Não falamos com eles eles,, não não argum argumen enta tamo moss com com eles eles,, não não tenta tentamo moss cons consol olá-l á-los os,, não não tent tentam amos os auxi auxili liá-l á-los os.. Conseqüen Conseqüentemen temente, te, “deixe que morram em sua miséria”. miséria”. O fértil panteão de deuses deuses egípcios egípcios foi uma das fontes de onde Crowley mais buscou estereótipos que comporiam os seus próprios deuses. Além da já citada Nuit, uma variação da deusa Nu, Crowley aproveitaria conceitos como de Osíris, Hórus, Hórus, Ra-Hoo Ra-Hoor-K r-Khui huit, t, Ísis, Ísis, poetic poeticame amente nte entend entendida ida por Crowle Crowleyy como como acrósti acróstico co de “Infinite
Space, and the Infinite Stars”, e tantos outros deuses mais, para formular o panteão de sua religião. E há ainda quem remonte a criação de seus deuses a culturas ainda mais longínquas, relacionando, por exemplo, Aiwass, a entidade que segundo o autor, ditou-lhe o Líber AL vel Legis, com deuses cultuados na antiqüíssima Suméria. O par de deuses que surgem no contexto da frase: “A Lei do Forte: esta é a nossa lei e a alegria alegria do mundo”, é chave dentro do panteão de divindades divindades cultuadas cultuadas pelos thelemitas, thelemitas, é o casal estelar Hadit e Nuit, representações divinizadas do ponto e do círculo. Hadit, de acordo com os 39
Livros Santos Thelêmicos, é um deus que se apresenta dizendo: “Eu estou só. Não há deus onde eu sou”. A origem desta breve fala está intrinsecamente relacionada a Isaías 45:5: “Sou eu que sou o Senhor, não existe outro senão eu”. Nuit, por sua vez, que aparece em Líber AL como a “Rainha do Céu” a quem se deve queimar incenso segue o modelo da divindade estelar cultuada assim como a inspirada descrição bíblica apresentada em Jeremias 44:15-19. O texto indica que não se deve “ajudar os fracos”. Mas não existem “fracos”; não há diferença. O sentimento de “piedade” é uma projeção psicológica. É uma ilusão do ego. Na realidade, o “fraco” está cônscio de seu abjeto estado de escravidão. Por este motivo ele se nega em realizar a sua Verdadeira Vontade. Portanto, o texto incita: “calcai aos pés os desgraçados & os fracos”. Isto não quer dizer calcai aos pés o proletariado. O proletariado tem provado à sobeja que ninguém o calca aos pés impunemente - os sindicatos é uma prova desta afirmação. E se alguém o calcasse aos pés impunemente – ora, então, ele mereceria ser calcado – e continue-se a calcá-lo até que morra ou se erga. Em qualquer dos dois casos ele se erguerá. Pois eles renascem mais cônscios de sua verdadeira Vontade – Hadit. O texto mostra outra forma pela qual se pode conhecer os “fracos”, é que eles são incapazes de compreender a fórmula de Hórus – “ O Sol, Força & Visão, Luz; estes são para os servidores da Estrela & da Cobra” . Eles persistem em interpretar tudo em termos da fórmula de
Osíris – que seria a era patriarcal, ou melhor, pela visão do cristianismo. Pois segundo a Lei de Thelema a humanidade já passou por três “Aeons”; o Aeon de Ísis (período pagão), Aeon de Osíris (o cristianismo, Idade das Trevas), e o Aeon de Hórus (a Nova Era, período atual, de modificações em todos os aspectos da humanidade). Os “fracos” acham que iluminação espiritual só pode ser conquistada através de pobreza e humildade moral, características advindas do cristianismo. No entanto, segundo a Lei de Thelema, todo homem e toda mulher já são “Iluminados”, “Estrelas”, podem ser ricos e orgulhosos. O Vaticano é o segundo poder financeiro do mundo atual. Maior que ele, só os judeus. E quanto a orgulho - quer maior orgulho do que um fulano qualquer pensar que está capacitado para ensinar como viver a sua própria vida? Ou pior – como morrer sua própria morte? Um escritor judeu de grande sensibilidade – Franz Kafka – escreveu um romance que ele chamou de “A Metamorfose”, no qual a personagem Gregor Samsa sofre este drama. Se você demonstra orgulho, você deve ser rebaixado. “Os últimos serão os primeiros”. “Os humildes herdarão a terra”. Mass para Ma para Crow Crowle ley, y, a idéi idéiaa do deus deus sacri sacrifi fica cado do,, Jesu Jesus, s, o naza nazare reno no,, é uma uma idéi idéiaa totalmente errônea. A idéia implicada é que o sacrifício do Rei dá vida e substância ao seu “povo”. 40
“Pelos sofrimentos dele nós fomos sarados”. “Jesus morreu pelos nossos pecados”. Tudo isso é descartado como mera tolice. É o espírito da escravidão manifestado. Este ideal do cristianismo estaria obsoleto, pois como o autor afirma a seguir: “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. Seguindo esta forma de pensamento, podemos dizer que se um homem ou uma mulher se identifica com os “pobres”, este será pobre. Portanto, uma vez mais, seria como se o autor quisesse dizer “cristãos aos leões”. Ou, se preferir: “deixa que os mortos enterrem seus mortos” – nota-se a influência do trauma, causado pela religião, vivido por Crowley na infância. Lembrando: “Nós nada temos com o incapaz e o expulso”. Nós nada temos com o Vaticano, com o Cristianismo, com Budismo, Islamismo, Bramanismo ou Taoísmo. Tudo que era verdadeiramente espiritual nessas correntes religiosas seria “purgado” pela verdadeira Vontade de cada ser humano, e isso fica bem explícito, na declaração: “Faz o que tu queres”.
“Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei”. AL I, 40. AL I, 40. Quem nos chama Thelemitas não fará erro, se ele olhar bem de perto na palavra. Pois ali há três graus: o Eremita, o Amante, e o Homem da Terra. Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.
A “Lei”, que aqui é resultante da concretização de um feito do querer, pois, “há de ser”, justifica que cada pessoa possui uma Vontade verdadeira, uma única motivação geral para existir. A Lei de Thelema - Lei da Vontade - exige que cada pessoa siga sua Vontade verdadeira para alcançar a auto-realização e se libertar das limitações da vida condicionada. A frase “Faz o que tu queres” também não teria sido uma criação original de Aleister Crowle Crowley. y. Ela possui possui como como element elementos os fundam fundament entais ais,, alguns alguns princí princípio pioss sac sacado adoss livrem livrement entee por Crowley das mais variadas fontes, com as quais ele esteve em contato. A frase tem antecedência em santo Agostinho que proclamou, ainda na aurora do cristianismo, “ama e faze o que quiseres” 5, uma de suas principais referências é em François Rabelais6, que já havia dito em um de seus textos: “ Fais ce que veulx” veulx” 7. Crowley buscou o conceito 5
Nota de M. - Homilia sobre a Primeira Epístola de São João, VII, VIII: Então, um pequeno preceito é fornecido aqui: Ama, e faze o que tu queres: se tu carregares esta paz, do começo ao fim o amor carregará esta paz; se tu choras, do começo ao fim o amor chorará; se tu és correto, do começo ao fim o amor será correto; se tu estiveres vazio, do começo ao fim o amor preencherá este vazio: deixa a raiz do amor ser interna, que nada possa brotar desta raiz a não ser coisas boas. 6
Nota de M. - François Rabelais (1494?-1553) foi um Francês humanista, médico e satirizador cujos principais trabalhos foram Os Terríveis Feitos e Atos da Destreza de Pantagruel, Rei dos Amalucados (1532)e A Mui Terrível Vida do Grande Gargantua (1534), mais tarde coletados em Gargantua e Pantagruel. 7 Nota de M. - Francês, "Faz o que tu queres." No original de Rabelais é “Faictz ce que vouldras”, do Gargantua (1534); veja cap.54 da primeira edição (cap.57 do livro I de Gargantua e Pantagruel).
41
de sua famosa “Abadia de Thelema” nos “Provérbios do Inferno” de William Blake, que dizia “o caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria”, Crowley encontraria inspiração para recomendar que seus discípulos “excedessem” – fizessem o que quisessem - do filósofo Nietzsche, considerado por Crowley uma espécie de “avatar de mercúrio”, seria absorvida a forte idéia anticristã da completa negação de Deus. “Não há Deus”, diz enfaticamente o filósofo em seu Anticristo, ao que Crowley completa mais adiante, a inspirada declaração: “não há deus senão o homem” (RAPOSO, 2004). Segundo o autor, no seu comentário sobre o Liber Al vel Legis a frase “Faz o que tu queres” quer dizer: O Eremita, invisível, embora iluminando, seria a A.’.A.’. a Ordem “Argenteum Astrum” – a Estrela de Prata. O Amante, visível, a luz faiscante - o Colégio dos Adeptos. O Homem da Terra - a Torre Fulminada, que é o arcano número XVI do Tarô. As três chaves somam, segundo a gematria, 31 = (Não) e (Deus). Assim é o total de “Thelema” equivalente equivalente a Nuit, tudo contendo. contendo. Veja os arcanos do tarô para um estudo mais profundo destes graus. 14, o Pentagrama, domínio do espírito sobre a matéria ordenada. Força e Autoridade e secretamente 1 + 4 = 5, “O Hierofante”, arcano número V. Também “O Leão e O Carneiro”, em Isaías da Bíblia. 38, a palavra chave “Abrahadabra”, 418, dividida pelo número de suas letras, 11. Justiça ou Balança e o Carro ou Magistério. Um estado de progresso; a Igreja Militante. 41, o Pentagrama Invertido. Matéria dominando espírito. O Enforcado e o Tolo. A condição daqueles que não são “Iniciados”. “Faz o que tu queres” necessita não somente ser interpretado como “licença” ou mesmo como “Liberdade”. Deve, por exemplo, ser tomado como significando, “Faz o que tu (Ateh) queres; e Ateh é 406 = T, o signo da cruz. A passagem pode então ser lida como uma carga ao auto-sacrifício ou equilíbrio. As implicações do contexto do Liber AL são significativas, Crowley fez a fundação da Abadia de Thelema o clímax definitivo da sua história de Gargantua, de François Rebelais; ele descreve seu ideal de sociedade 8. Portanto, ele estava com certeza ocupado com a idéia do Novo Aeon, e ele viu, embora talvez vagamente, que “ Fais ce que veulx” era a “Fórmula Magick”
8
Nota de M. - Gargantua e Pantagruel, livro I, cap. 52-57, tem uma descrição da Abadia e suas regras monásticas: "LII: Como Gargantua Originou a construção da Abadia de Thelema para o Monge." "LIII: Como a Abadia dos Thelemitas foi construída e dotada." "LIV: A Inscrição colocada sobre o Grande Portal de Thelema." "LV: Qual o Modo de Residência que os Thelemitas têm." "LVI: Como os homense mulheres da Ordem Religiosa de Thelema foram adornados." "LVII: Como os Thelemitas foram governados, e da sua maneira de viver." Este capítulo ensina "Toda as suas vidas foram gastas não em leis, estatutos, ou regras, mas de acordo com suas vontades livres e prazer...Em todas as suas leis e mais severos laços da sua ordem, havia apenas uma clausula a ser observada: Faze o que tu queres será o todo da lei."
42
requerida. Pois até mesmo um Cardeal chamado Jean du Bellay, de fato, reportou a Francis I que “Gargantua” era um “Novo Evangelho” 9. Segundo estudiosos da Lei de Thelema, este foi, de fato, o livro que faltava à Renascença; se tivesse este sido tomado como deveria, o mundo poderia ter dispensado o Protestantismo. Como o caráter de sua parábola demanda, ele confina a si próprio a pintar uma pintura de pura Beleza; ele não entra na questão da política econômica - e assuntos como este - o qual tem que ser resolvido de modo a realizar o ideal da Lei da Liberdade. Mas ele diz claramente que a religião de Thelema é para ser contrária a todas as outras. Verdade, pois Thelema é “Magick”, seria uma ciência, a antítese da hipótese religiosa10.
“tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade. Faz aquilo, e nenhum outro dirá não”. AL I, I, 42-43. 42-43.
AL I, 42. Deixa 42. Deixa estar aquele aquele estado de multiplicidade amarrada amarrada e odienta. Assim com teu tudo: tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade .
Aquele que não faz a sua vontade seria como um corpo devorado pelo câncer, doença com crescimento independente, que não se consegue extirpar. A idéia de auto-sacrifício é um câncer moral exatamente neste senso, para Crowley. Similarmente, pode-se dizer que não fazer a própria vontade é evidência de insanidade mental ou moral. Quando “o dever aponta numa direção, e a inclinação pessoal noutra”, isto é prova de que você não é um, mas dois. Você ainda não centralizou seu controle. Esta dicotomia é o princípio de conflito, que pode resultar num efeito do tipo Jekyll-Hyde de Stevenson, em O Médico e o Monstro, e sugere que pode vir a ser descoberto que o homem é “uma mera agremiação” de muitos indivíduos. É claro que é melhor expulsar ou destruir um irreconciliável. “Se teu olho te ofende, arranque-o fora”. O erro na interpretação desta doutrina tem sido que ela não foi tomada tal como está. Ela tem sido interpretada assim: “Se teu olho ofende algum padrão artificial de direito, arranque-o fora”. A maldição da sociedade humana tem sido a moralidade a idéia de “pecado”, a ética do rebanho. A gente pensaria que uma simples olhada à Natureza bastaria para desvelar seu
9
Nota de M. - Cardeal Jean du Bellay (1492-1560) foi o principal patrono de Rabelais, e Francis I (1494-1547) foi o Rei da França. 10
Nota de M. - Veja também Liber Al vel Legis, Liber Al III:49-54.
43
plano de individualidade tornada possível pela Ordem. Segundo Crowley e sua religião, “a palavra de pecado é restrição” 11. Crowley é bem claro sobre o que significa “Restrição”. Ele diz: “qualquer coisa que prenda a vontade, que a impeça, ou que a desvie, é “Pecado”. Sendo, pois, a restrição da vontade pessoal o principal obstáculo ao desenvolvimento individual, o esforço do fiel da religião thelêmica, o thelemita, deve ser orientado no sentido de identificar identific ar dois pontos básicos: a Vontade verdadeira e os elementos que impedem a sua manifestação. Eliminando o segundo, aquele faria o homem brilhar como estrela: “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. Portanto, direcionando a nossa imaginação para visualizar o pensamento de Crowley, chegaríamos a seguinte conclusão, que a lei constitucional seria o próprio cadáver da Justiça. A moralidade seria o cadáver da conduta. Religião a carcaça do medo. Felicidade seria o estado mental resultante do preenchimento livre de uma função. Um home homem m sagr sagrad ado, o, seria seria,, na opin opiniã iãoo de Crow Crowley ley,, aque aquele le que que não não foss fossee limi limitad tadoo por por dese desejo joss padronizados pela débil normalidade.
AL I, 43. Faze aquilo, e nenhum outro dirá não. O significado geral deste verso é que tão grande é o poder de impor nosso direito que ele não será disputado por muito tempo. Pois assim fazendo nós apelamos para a Lei. Na prática é visto que a pessoa que está pronta para lutar pelos seus direitos é respeitada e deixada em paz. O espírito de escravidão convida a opressão.
“Todo homem e toda mulher é uma estrela”. AL I, 3 AL I, 3. Todo homem homem e toda mulher mulher é uma estrela. estrela.
Líber Oz Sub Figura LXXVII é aplicado a todos os homens e mulheres. Quem o aceita, reivindica estes direitos como sendo seus; mas também reconhece que eles pertencem como bem a todo outro homem e mulher, não a um ser individual, não só aos “Thelemitas”. “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. Assim, aceitando Líber Oz Sub Figura LXXVII, não se deveria infringir nos direitos de outros.
11
Nota de M. - Liber Al I: 41.
44
Não é para haver separação de sexos, O Livro da Lei é ainda mais explícito sobre este princípio princípio social social fundamental fundamental
12
. Cont Contud udo, o, isto isto não não nós nós leva leva a nenh nenhum umaa suge sugest stão ão de teor teoria iass
comunistas; elas são de fato especificamente repudiadas. A ética do Aeon de Hórus é igualmente individualista. “Vós reunireis provisões de mulheres e especiarias; vós vestireis ricas jóias”
13
. Sua
principal asserção é que cada ser humano é um elemento do Cosmo, auto-determinado e supremo, co-igual com todos os outros “Deuses”. Disto, a Lei “Faz o que tu queres” segue logicamente.
Não existe deus senão o homem. Neste enunciado, o autor suspende as indicações que levam ao Líber Al vel Legis. O discurso do Líber Oz Sub Figura LXXVII passa a ser feito “dele” para “ele”, num movimento que indica interioridade do próprio discurso, o enunciado é do próprio Líber Oz e não do Líber Al. E isto acontece, acontece, de forma até bastante visual, visual, no centro do próprio próprio discurso. discurso. Neste ponto, gostaria de esclarecer certos mal-entendidos que existem com relação a esta frase, que também pode ser analisada, indevidamente, como um tipo de oxímoro. Entretanto, talvez não tenhamos uma idéia muito clara do que ela significa. Por este motivo motivo,, existe existem m alguns alguns sérios sérios mal-en mal-enten tendid didos os sobre sobre ela. ela. Para Para o entend entendime imento nto desta desta frase frase é necessário não pensarmos consciente ou inconscientemente, em termos cristãos, ou no mínimo em termos teístas, o que significa, em termos de um Deus pessoal, um ser supremo que criou o universo e que governa por sua providência. Para o Cristianismo Ortodoxo, como sabemos, Deus e o homem são seres inteiramente diferentes. Deus está “lá em cima” e o homem “aqui embaixo” e há um grande abismo entre os dois. Deus é o criador. Deus criou cr iou o homem, do pó. O homem é a criatura. Ele foi criado, segundo alguns relatos, como um ceramista cria um vaso. Além disso, Deus é puro, Deus é sagrado, Deus é sem pecado. Mas o homem é pecador, e o homem nunca pode tornar-se Deus. Tal idéia não teria sentido segundo o cristão ortodoxo, a tradição teísta. Não apenas isso. Com apenas uma exceção, Deus nunca tornou-se homem. A exceção, obviamente, é Jesus Cristo que, para o cristianismo ortodoxo, é deus encarnado. Obviamente, para o cristão ortodoxo, o homem não é Deus. (Só existe um Deus, de qualquer modo). Igualmente óbvio, ele não é Deus encarnado, uma vez que segundo o 12
Nota de M. - Veja Liber Al I: 12 13; I: 41; I: 51-53: II: 52.
13
Nota de M. - Liber Al I: 61.
45
ensinamento cristão, Deus encarnou só uma vez, como Jesus Cristo, há mais de 2000 anos atrás. Então, sobraria apenas o homem. E o homem é classificado como homem comum, essencialmente como qualquer outro. Mas, por melhor que ele possa ser, ainda é visto como incomensuravelmente inferior a Deus e a Cristo. O segundo equívoco surge do primeiro. É costume dizer, mesmo entre os eruditos cristãos especializados em teologia, que embora o Cristo tivesse sido apenas um homem comum, seus seguidores o tornaram um Deus. Isso é indicado em Lucas 4:8, onde Jesus não pede para que os cristãos se ajoelhassem diante da imagem de um crucifixo e o adorasse. Freqüentemente lemos em livros, mesmo hoje, após mais de dois mil anos, que após sua morte os seguidores de Jesus o “deificaram”. Isto pelo fato de os cristãos venerarem o Cristo; bonés, camisetas, frases estampadas e outros suvenires com a imagem séria de um Cristo que nunca sorriu. E obviamente, a veneração é devida apenas a Deus, de acordo com a citação bíblica supracitada. Se um homem venera alguém ou algo, um cristão inevitavelmente pensará que se está tratando como Deus. Assim como muitos acreditam que budistas adoram a “imagem” do Buda. Os mal-en mal-enten tendid didos os podem podem ser esclareci esclarecidos dos facilme facilmente. nte. Tudo que se deve deve fazer fazer é se libert libertar ar do condicionamento cristão, um condicionamento que afeta – ao menos inconscientemente – até mesmo aqueles que não mais se consideram cristãos. Esta frase comprova a forte admiração que Aleister Crowley inspirava pelo filósofo Nietzsche e ao budismo. A frase também é uma alusão ao texto bíblico de Salmos 10:1; 6. Não devemos devemos supor, entretanto, entretanto, que os textos bíblicos que tão fortemente fortemente marcaram a vida de Aleister Aleister Crowley, formem a única fonte de seu culto thelêmico. Há também em seu sistema de realização espiritual, muito de yoga, de magia e de misticismo. Do oriente, Crowley sorveu dos escritos de Vivekanada e Patanjali; enquanto que, do ocidente, todo o sistema de magia, assim como lhe ensina ensinado do pela pela G.'.D. G.'.D.'.'. origin original, al, foi aprove aproveita itado do para para que ele montas montasse se o seu própri próprioo sistem sistemaa iniciático, e também sua magick. Em relação ao misticismo, muito foi revivido por Crowley a partir de ensinamentos que remontam a época das seitas gnósticas, em espécie aquelas relacionadas à Basilides e Valentino, os quais foram considerados por Crowley como autênticos Santos de sua Igreja Católica Gnóstica. Tão marcante é a influência destes na mente de Crowley que um dos principais ícones da crença thelêmica, Baphomet, foi concebido por ele a partir da suposta compreensão mística que lhe davam estes gnósticos. Desta forma podemos interpretar que a frase quer dizer que Deus não é externo ao homem, e nem o homem é externo a Deus, Deus estaria no homem, assim como o homem estaria 46
em Deus. Há também aqueles que interpretam “não existe deus senão o homem” analogamente ao Islã e seu fervoroso clamor “não há deus senão Alá”. Certamente, não existe como evitar esta comparação, principalmente se levarmos em consideração a admiração pelo Islamismo, nutrida por parte de muitos seguidores da religião thelêmica. Sobre a crença fundada por Maomé, Crowley vai além, afirmando que “os dogmas do Islã, retamente interpretados, não estão longe do nosso caminho de Vida e Luz e Amor e Liberdade. Isso se aplica especialmente ao dogma secreto. O credo externo é mera tolice apropriada à inteligência dos povos entre os quais foi promulgado; mas assim mesmo, o Islã é magnífico na prática. Seu código é o de um homem com coragem e honra e respeito próprio” (RAPOSO, 2004).
1. O ser humano tem o direito de viver pela sua própria lei; de viver da maneira como quiser viver; de trabalhar como quiser; de brincar como quiser; de descansar como quiser; de morrer quando e como quiser. 2. O ser humano tem o direito de comer o que quiser; de beber o que quiser; de morar onde quiser; de se mover como quiser sobre a face da terra. 3. O ser humano tem o direito de pensar o que quiser; de falar o que quiser; de escrever o que quiser; desenhar, pintar, lavrar, estampar, moldar, construir como quiser; de se vestir como quiser. 4. O ser humano tem o direito de amar como quiser: No capítulo 49 de “Magick Without Tears” o autor declara: “Violar os direitos de outro é perder a própria reivindicação da proteção no assunto envolvido”. Se alguém nega os direitos de outro, outro, esse alguém negou a mesma mesma existência existência desses direitos; direitos; e eles são perdidos para este. Não é um direito que se possui e se nega a outros. Portanto, enquanto uma pessoa pode possuir “o direito de amar quem quiser”, o outro pode “não querer ser amado por esta pessoa” (CROWLEY, 1988). O Líber Oz Sub Figura LXXVII não justifica o estupro, por exemplo. Um homem pode ter o direito de “pintar, esculpir... Como ele quiser, “mas o Líber Oz Sub Figura LXXVII não lhe comprará os materiais de arte. Realmente, ele pode ter o direito “de beber o que ele quiser”, mas, o 47
Líber Oz não lhe dará a habilidade para dirigir um carro seguramente, operar uma máquina... (SCRIVEN, 1997). O Líber Oz não provê abrigo das conseqüências e repercussões do exercício de nossos direitos naturais. O direito de um homem “descansar como quiser”, não o salvaguarda contra perder o sustento; o direito “de comer o que quiser” não o imuniza contra a obesidade; o direito “de falar o que quiser” não o abriga de críticas, ridicularizações, processos, ou a perda de amizade; o direito “de amar como quiser” não o isenta de paternidade; e o direito “de matar esses que contrariariam estes direitos” não o protege da cadeia ou da cadeira elétrica. O Líber Oz Sub Figura LXXVII não provê nenhuma nenhuma garantia garantia que o exercício exercício de qualquer uso destes direitos naturais do homem homem tenha sucesso, felicidade, realização, satisfação, ou qualquer outro “resultado positivo” (Idem). O Líber Oz não livra de obrigações. Não justifica mentindo. Com estes direitos em mente, desfrute a vida. Os exercite para descobrir a “Verdadeira Vontade” e realizá-la. “Quando necessário, necessário, lute por seus direitos, direitos, e pelos direitos direitos de todos os homens e mulheres” mulheres” (CROWLEY, (CROWLEY, 1988, capítulo 49 - 72). Thelema traz ainda um alentado apelo liberal, que a mente menos perspicaz, em espécie aquela presa ou afetada por dogmas religiosos relacionados a proibições sociais e a sexualidade reprimida, pode entender como promíscuo ou libertino. Ainda Ainda sobre sobre “pecad “pecado” o” ser identi identific ficado ado com “restri “restrição ção”, ”, por exempl exemplo, o, Crowle Crowleyy completa: “o instinto sexual é uma das mais profundamente enraizadas expressões da Vontade; e não deve ser restringido”. Ele é ainda mais enfático e claro quando diz que “o homem tem o direito de amar como quiser: tomai sua fartura de amor como quiser” (Idem). Portanto, o direito de “amar como quiser” livra a obrigação imposta de “amar ao próximo como a si mesmo”. E autoriza o direito de “amar mais a si mesmo do que amar a qualquer um outro Ser”.
“tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes”, AL I, 51. AL I, 51. Há quatro portões para um palácio; o chão daquele palácio é de prata e ouro; lápis-lazúli & jaspe estão ali; e todos os perfumes raros; jasmim & rosa, e os emblemas da morte. Que ele entre sucessiva sucessiva ou simultaneamente simultaneamente pelos quatro portões; portões; que ele fique de pé no chão do palácio. Não afundará ele? Amn. Ho! Guerreiro, se teu servo afunda? Mas há meios e meios. Sede bons portanto: vesti-vos vesti-vos finamente; comei comidas ricas e bebei vinhos doces doces e vinhos
48
que espumejam! Também, tomai vossa fartura e vontade vontade de amor como quiserdes, quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes! quiserdes! Mas sempre para para Me.
A ligação com o Líber Al é retomada, dando a indicação filosófica ao leitor sobre o significado pretendido pelo autor. A frase parece descrever uma iniciação, ou talvez “A Iniciação”, em termos gerais. Sugeriríamos que o “Palácio” é a “Casa Santa” ou “Universo do Iniciado da Nova Lei”. Os quatro portões são talvez Luz, Vida, Amor, Liberdade – leia De Lege Libellum de Aleister Crowley. Lápis Lazúli é um símbolo de Nuit, Jaspe de Hadit. Os perfumes raros são, possivelmente, vários êxtases e “Samadhi” segundo Patanjali. Jasmim e Rosa são hieróglifos dos dois Sacramentos principais, enquanto os emblemas de morte podem referir-se a certos segredos de uma bem conhecida escola “exotérica” de iniciação cujos membros, com raríssimas exceções, não sabem o significado de seus símbolos. A questão então se ergue de como o Iniciado será capaz de ficar de pé firmemente neste “Lugar de Elevação”. Parece que isto se refere à vida ascética, comumente considerada como uma cond condiç ição ão esse essenc ncia iall da part partic icip ipaçã açãoo nest nestes es mist mistér ério ios. s. A resp respos osta ta é que que “há “há muit muitos os meio meios” s”,, implicando que nenhuma regra única é padrão. Isto está em harmonia com a interpretação geral da Lei; existem tantas regras quanto há indivíduos. A frase “tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes” é fácil de compreender, como se devêssemos gozar a vida completamente, de uma maneira absolutamente normal, exatamente como os livres e os grandes sempre fizeram fiz eram no passado. O único ponto a recordar é que cada um é um membro do “Corpo de Deus”, uma Estrela no “Corpo de Nuit”. Isto sendo assegurado, urge-se que atinjamos a mais completa expansão de nossas diversas naturezas, com atenção especial a esses prazeres que não só expressam a alma, mas a auxiliam a atingir os mais altos desenvolvimentos daquela expressão. O ato de Amor é para o “cristão” um gesto animal grosseiro que envergonha a “humanidade” de que ele se gaba – a idéia absurda do pecado original. O apetite o arrasta pelos cascos; cascos; cansa-o, cansa-o, desgosta-o, desgosta-o, o adoenta, adoenta, torna-o ridículo até para seus próprios olhos. É a fonte de quase todas as neuroses – segundo Freud. Contra este “monstro” ele divisou duas “proteções”. Primeiro, pretende que o apetite é um “Príncipe Encantado” em disfarce, e enfeita-o com os trapos e falsos brilhos do romance, do sentimentalismo e da religião, chama-o de Amor; nega a força e sua verdade, e adora esta figura de cera do sentimento legítimo com toda sorte de lirismo amigável e sorrisinhos frescos. Thelemitas não deveriam ser escravos do Amor. Esta é a perspectiva do Tantrismo tibe tibeta tano no.. “Amo “Amorr sob sob Vont Vontad ade” e” é a Le Lei. i. Estes Estes recus recusam am a cons consid ider erar ar o amor amor verg vergon onho hoso so ou degradante, como um perigo para o corpo e a alma. Recusam aceitá-lo como uma rendição do que é 49
divino ao que é animal; é o meio pelo qual o animal pode ser transformado em Esfinge Alada que levará o homem sobre seus ombros até a Casa dos Deuses. “Como quiserdes”. Deveria ser abundantemente claro das observações acima, que cada indivíduo tem direito absoluto e inatacável de usar seu veículo sexual de acordo com o seu próprio caráter, e que é responsável apenas para si mesmo. Mas não deve injuriar seu direito e a si mesmo; atos que invadam o igual direito de outros indivíduos são implicitamente agressões contra o próprio Ser. Um ladrão não pode se queixar na base de princípios teóricos se ele mesmo é roubado. Atos como o estupro, estupro, e o assalto ou sedução sedução de menores, menores, podem, portanto portanto ser justamente justamente considerad considerados os como ofensas contra a Lei da Liberdade, e restringidos no interesse da Lei thelêmica. Exclui-se também de “como quiserdes” o ato que comprometa a liberdade de outra pessoa indiretamente, como quando alguém toma vantagem da ignorância e boa fé de outra pessoa para expor aquela pessoa à constrição de doença, pobreza, ostracismo social, ou gravidez, a não ser com a bem informada e não influenciada livre vontade da outra pessoa. Deve-se, além do mais, evitar injuriar outra pessoa deformando sua natureza; por exemplo, açoitar crianças na puberdade, ou perto da puberdade, pode distorcer o seu caráter sexual nascente e imprimir sobre ela a estampa do masoquismo. Também, práticas homossexuais entre meninos podem, em certos casos privá-los de sua virilidade, psiquicamente ou até fisicamente. Tentar amedrontar adolescentes a respeito do sexo usando os bichos-papões do Inferno, da doen doença ça e da insa insani nida dade de,, pode pode defo deform rmar, ar, perm perman anen entem temen ente te,, a natu naturez rezaa moral moral e prod produz uzir ir hipocondria e outras doenças mentais, como perversões do instinto enervado e reprimido. Repres Repressão são da satisf satisfaçã açãoo natura naturall pode pode result resultar ar em vícios vícios sec secreto retoss e perigo perigosos sos que destroem sua vítima porque são aberrações artificiais e não naturais. Mas, por outro lado, não se teria o direito de interferir com qualquer tipo de manifestação do impulso sexual a priori. Cada pessoa deve descobrir, por experiências de todos os tipos, a extensão e intenção do seu próprio Universo sexual. Deve ser-lhe ensinado que todas as estradas são igualmente régias, e que a única questão que deve interessá-lo é: “Que estrada é a minha?”. Todos os detalhes provavelmente provarão ser igualmente essenciais ao seu plano social, todos igualmente “corretos” em si mesmos; a escolha pessoal é dele, a preferência de seu próximo deve ser “inalienável”. Não se deveria, portanto, se envergonhar ou se amedrontar de ser homossexual, bissexual, trissexual, ou o que quer que seja, se o é intimamente e de sua própria natureza; também não se deveria tentar violar sua própria verdadeira natureza por causa da “opinião pública”, ou da moralidade medieval, ou porque o preconceito “religioso” de outros desejaria forçálo a ser de outra forma.
50
A Besta recusa portanto consentir consentir em qualquer argumentos argumentos quanto à “propriedad “propriedade” e” de qualquer maneira de formular a alma em símbolos de sexo. Um padrão não é menos mortífero no amor que na arte ou na literatura; sua aceitação sufoca o estilo, e sua imposição sobre outrem extingue a sinceridade. É melhor que uma pessoa de impulsos heterossexuais sofra toda calamidade com a reação indiretamente indiretamente evocada evocada do meio-ambiente meio-ambiente pela execução de sua verdadeira verdadeira Vontade Vontade do que desfrutar desfrutar riqueza, riqueza, saúde e felicidade felicidade através da supressão supressão completa completa do sexo, ou da prostitui prostituição ção do sexo no serviço de Sodoma e Gomorra. O Líbe Líberr Oz auto autori riza za que que todo todo home homem, m, e toda toda mulh mulher er,, e toda toda pess pessoa oa do sexo sexo intermediário, é absolutamente livre para interpretar e comunicar seu Ser por meio de quaisquer práticas sexuais que sejam, quer diretas ou indiretas, racionais ou simbólicas, fisiologicamente, eticamente, eticamente, ou teologicamen teologicamente te aprovadas aprovadas ou não, contanto contanto apenas apenas que todas as partes de qualquer qualquer ato estejam completamente cônscias de todas as implicações e responsabilidades envolvidas, e concordem de todo coração em executar o ato. É de se observar que a “polidez” “polidez” proibiu durante séculos qualquer qualquer referência direta ao assunto do sexo, com o único resultado que Freud e outros provaram que praticamente todo pensamento, fala, e gesto nosso, consciente ou inconsciente, é uma referência indireta ao sexo. Os nati nativo voss dos dos mares mares do sul sul (hav (havai aian anos os,, etc. etc.), ), ante antess de serem serem perv perver erti tido doss por por missionários, eram pagãos, amorais e nus; mandavam seus filhos e filhas adolescentes dormirem todos juntos no mesmo dormitório e cada família adotava crianças que assim resultassem; os adolescentes não eram considerados adultos até atingirem uma certa idade, e não lhes era permitido criarem filhos antes de atingirem esta idade. No entanto, até hoje, apesar do “cristianismo” que os interesses econômicos de países “civilizados” forçam sobre eles, esses nativos são amantes saudáveis e equilibrados, livres de “crimes “crimes passio passionai nais” s” histér histérico icos, s, de obsess obsessões ões sexuai sexuais, s, e da mania mania de perseg perseguiç uição ão purita puritana. na. A perversão é praticamente desconhecida entre eles. Podemos agora inquirir porque este Líber se esforça por admitir o amor “onde” e “quando” quisermos. Pouca gente, seguramente, já se incomodou seriamente com restrições de temp tempoo ou loca local. l. Ta Talv lvez ez esta esta perm permis issi sivi vida dade de seja seja tenci tencion onal al para para indi indica carr a prop propri ried edad adee de executarmos o ato sexual sem vergonha ou medo, sem esperar pela escuridão ou buscar segredo, mas à luz do dia em lugares públicos, tão serenamente como se fosse um incidente natural de um passeio matinal. O hábito cedo extinguiria a curiosidade, e copulação atrairia menos atenção do que uma nova moda de vestidos. Pois o existente interesse em assuntos sexuais é causado principalmente 51
pelo fato de que, comum como é, o ato é estritamente escondido. Ninguém se excita ao ver os outros comerem. Um livro “erótico” é tão tedioso quanto um livro de sermões; é preciso gênio para se escrever um dos dois tipos que interesse. Uma vez seja o amor aceito como corriqueiro, a mórbida fascinação do seu mistério desaparecerá. A prostituta, o proxeneta se acharão sem ofício. A doença irá direto aos médicos em vez de aos charlatões como acontece agora nos altares da falsa castidade onde escorre o sangue dos sacrifícios humanos. A ignorância ou falta de cuidado dos jovens nunca mais os atormentariam infernalmente. Acima de tudo, o mundo começaria a perceber a verdadeira natureza do processo sexual, a sua insignificância física enquanto uma entre muitas funções do corpo; a sua transcendente importância como o veículo da verdadeira Vontade e o primeiro dos invólucros do Espírito. Experimentação de todas as restrições usuais à conduta sexual resulta, após um breve período de perturbação dos diversos tipos, em que o assunto perde toda sua falsa importância; as pessoas tornam-se naturais, e espontaneamente vivem o que seria convencionalmente chamado vidas “estritamente morais”, sem perceberem que assim estão procedendo.
5. O homem tem o direito de matar esses que quereriam contrariar estes direitos. Assim como o enunciado “não existe deus senão o homem”, este também não tem referência no Líber Al, tornando-se próprio do Líber Oz. Acreditamos que a única “coisa” capaz de interferir nos direitos descritos no Liber Oz Sub Figura LXXVII seria o próprio Ser, isto é, o próprio Homem. Obviamente temos que colocar o que expressamos de forma linear para ficar mais compreensí compreensível. vel. Quando dizemos que o homem é responsáv responsável el por quebras de direitos direitos descritos descritos no Liber Oz, consideramos o homem da seguinte maneira: Corpo Físico, O Ego (eu inferior), Eu Superior (Anima/Animus), e Deus (o Todo/Nada ou inconsciente coletivo). Desta forma o corpo físico seria a ferramenta para a manifestação do ego, este seria a ferramenta para a manifestação da Vontade do Eu superior, que seria a ferramenta para a manifestação de “Deus” (O.T.O, 2001-2007). Levando em conta os fatos acima acabamos com o livre-arbítrio, a não ser que tenhamos a “consciência divina”. Crowley em seu sistema tenta orientar os interessados a conhecer algo que ele denomina como Verdadeira Vontade. As pessoas em geral não sabem o que são ou o que querem, e isto seria a causa de todos os conflitos internos e da dor. Seria Seria esta esta ignorâ ignorânci ncia, a, esta esta falta falta de conhec conhecime imento nto sobre sobre “si mesmo” mesmo”,, que poderia poderia contrariar os direitos descritos no Liber Oz, portanto, teríamos o “direito de matar estes que queiram 52
contrariar estes direitos”. Bom, se o que atrapalha é a limitada consciência que temos sobre nós mesmos, temos o direito de matá-la. Lembrando que praticamente tudo escrito por Crowley é baseado em simbolismo “esotérico”, podemos chegar à conclusão que a morte é simbólica. O Simbolismo da morte é a transformação, pois se refere à morte dos defeitos, dos obstáculos que impedem a realização da vontade. Logo seria uma transformação de consciência (Idem). Como provocar esta “morte” seria a parte mais polêmica de tudo, eu diria que não há um “meio” específico para isto a não ser a “Vontade”. Pois esta morte seria um auto-sacrifício, um ato de Vontade, os motivos os mais variados possíveis, na maioria dos casos causados por conflitos internos que tem sua origem na própria Vontade do indivíduo. Tecnicamente, esta morte hoje em dia tem base científica - no que podemos considerar a Psicologia uma ciência - em C. G. Jung e seus seguintes, e pode ser explicada de maneira “científica”. “científica”. O que aconteceria aconteceria “Além do Ego?”. Ego?”. Não pretendemos pretendemos aqui abordar abordar como dissolver dissolver o Ego ou “matá-lo”, mas sugestionar o que ocorreria com sua morte “transformação”. O ato de anular o que o Ser entende por si mesmo o “Ego”, faz com que a “taça” o “Ser” se esvazie, abrindo caminho para que a taça receba mais vinho “informações”, ou amplie sua consciência. Isto faz com que o Ser tenha contato/consciência com seu “Self” (anima/animus/inconsciente pessoal) e este por sua vez tenha contato/consciência com Deus (nada/todo ou, segundo Jung, o Inconsciente Coletivo) (Idem). Desta forma, em teoria, o ser descobriria o que É, e por conseqüência descobriria sua própria Vontade. Isto tudo não anularia uma outra interpretação para a palavra “matar” do Liber Oz. Portanto, se, por exemplo, por qualquer motivo uma pessoa mate outra, não importando a situação, esta pessoa estaria realizando sua própria vontade de qualquer maneira. Aí entra em questão o fato de que tirando a vida de alguém se está interferindo na “Vontade de Viver” do indivíduo, transgrediria a Lei e certamente seria morto também. Surge mais uma questão interessante, além de anular a verdadeira Vontade de outro. Enfim, se deveria ter a consciência de que a Razão, a Moral, e os Valores são individuais e tão ilusórios ilusórios quanto nossa limitada limitada consciência consciência,, portanto, portanto, aquele que tira a vida de uma outra pessoa, pessoa, não está do ponto de vista divino cometendo um ato “errado”, e sim está apenas cumprindo a Vontade Divina, - Caim e Abel - quer moralistas queiram ou não. E é justamente isto que torna a tolerância algo tão importante para os homens.
“Os escravos servirão”. AL II, 58
53
AL II,58. Sim! Não penseis em mudança: vós sereis como sois, & não outro. Portanto os reis da terra serão Reis para sempre: os escravos servirão. Não existe quem será derrubado ou elevado: tudo é sempre como foi. No entanto existem uns mascarados meus servidores: pode ser que aquele mendigo ali seja um Rei. Um Rei pode escolher sua roupa como quiser: não existe teste certo: mas um mendigo não pode esconder sua pobreza.
E então, ao final, “os filhos auto-escolhidos da Liberdade”, vêm para dentro de si próprios, e os “escravos da Restrição”, despidos de seu espólio enganoso, seus acúmulos de escórias de estupidez, são colocados em seu devido lugar como escravos dos verdadeiros Homens Livres (Idem). Assim, a grande maioria da humanidade está obcecada por um medo da liberdade; as principais objeções até agora urgidas contra a Lei tem sido as de pessoas, que não podem suportar a idéia dos horrores que resultariam se eles fossem livres para fazerem o que quisessem. O senso de pecado, vergonha, falta de auto-confiança, isto é o que faz com que pessoas se apeguem à escravidão do cristianismo e de outras crenças que impõem restrições. Elas acreditam num remédio, enquanto este é ruim de gosto; a raiz metafísica desta idéia está na degeneração sexual. Agora, “a Lei é para todos” (CROWLEY, 1988); mas tais defectivos a recusarão, e servirão, aos que são livres, com uma fidelidade tanto mais canina quanto a simplicidade da liberdade. Neste caso, os homens não deveriam ser forçados a aprenderem a ler e escrever; só deveriam deveriam aprender aprender quando quando exibissem exibissem capacidade e disposiçã disposição. o. Educação Educação compulsór compulsória ia não auxilia ninguém. Impor uma constrição indevida sobre as pessoas que era tencionado beneficiar; segundo o pensamento utópico de Crowley, seria como uma presunção asnática da parte dos intelectuais, pensarem que uma migalha de cultura mental seria benefício universal. É uma forma de preconceito sectário. Deveria haver o reconhecimento do fato que a vasta maioria dos seres humanos não tem qualquer ambição na vida além do mero conforto físico e bem-estar animal. Seria o mesmo que permitir que essa gente satisfizesse as suas simples ambições sem interferência da parte de ninguém. Seria dar toda oportunidade aos que espontaneamente manifestam ambição, e assim estabelecer uma classe de homens e mulheres moral e intelectualmente superiores por natureza. Não se tentaria fazer com que carneiros cacem raposas, ou dêem aulas de história; cuidar-se-ia do bemestar deles, para em seguida desfrutar sua lã e sua carne. De forma análoga, nós teríamos uma classe contente de escravos que aceitariam as condições da existência tal qual elas são, e gozariam a vida com a calma sabedoria de gado. O Liber Oz indica com esta frase, que é dever fazer com que não falte nada a essa classe para ser feliz. O sistema hierárquico seria o melhor para todas as classes do que qualquer outro; as 54
objeções contra ele vem dos abusos do sistema. Mas os mestres ruins foram criados artificialmente pelo mesmíssimo erro que criou os maus servos. Seria essencial essencial ensinar ensinar que cada pessoa pessoa devesse devesse descobrir sua verdadeira verdadeira Vontade, ser “Rei” ou ser “escravo”. Não há motivo na natureza pela competição pelas “boas coisas” da vida. Deve ser claramente compreendido que cada homem deve encontrar sua própria felicidade de uma maneira puramente pessoal. Dificuldades tem sido causadas pela suposição que todo mundo queira as mesmas “coisas boas”, e, portanto, o suprimento dessas coisas se tornou artificialmente limitado; mesmo esses benefícios de que há um reservatório inexaurível tem sido monopolizados. Por exemplo, ar fresco e lindas lindas paisagens. paisagens. Num mundo em que todos todos fizessem fizessem suas Vontades, Vontades, ninguém teria falta dessas coisas. Em nossa presente sociedade, elas se tornaram o luxo dos ricos e ociosos, no entanto, elas ainda são acessíveis a qualquer pessoa com suficiente bom senso para se emancipar das alegadas vantagens da vida nas cidades. A sociedade atual tem deliberadamente treinado as pessoas para que desejem coisas que elas não querem realmente. Seria fácil elaborarmos este tema longamente, mas preferimos deixar que cada leitor matute sobre isto à luz de sua própria inteligência; porém, desejamos chamar a atenção particular de capitalistas e líderes trabalhistas para os princípios aqui expostos.
“Amor é a lei, amor sob vontade”. AL I, 57. AL I, 57. Invocai-me sob as minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob vontade. Nem confundam os tolos do amor; pois existem amor e amor. Existe a pomba, e existe a serpente. Escolhei bem! Ele, meu profeta, escolheu, conhecendo a lei da fortaleza, e o grande mistério da Casa de Deus. Todas estas velhas letras de meu Livro estão corretas; mas (Tzaddi) não é a estrela. Isto também é secreto: secreto: meu profeta profeta revelará aos aos sábios.
Apesar de, em muitos aspectos, a religião thelêmica não ser simpática ao cristianismo “Com minha cabeça de Falcão Eu bico os olhos de Jesus enquanto ele se dependura da cruz, AL III, 51”, paradoxalmente, foi exatamente a Bíblia cristã uma das principais fontes para Crowley montar sua religião. Por exemplo, o conceito de Vontade, de acordo com a religião thelêmica, está muito próximo da máxima cristã “seja feita a tua vontade” (Mateus, 6:10). “Existe a pomba e existe a serpente. serpente. Escolhei bem” - possui possui clara inspiração inspiração bíblica, bíblica, quando esta compara compara pomba pomba e serpente, serpente, através da alegada palavra de Jesus, ao recomendar que seus seguidores devessem ser “prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10:16). 55
No idioma grego a palavra palavra “Ágape” que significa significa Amor, tem o mesmo valor valor numérico numérico que “QELHMA” que significa Vontade. Por isto dá para entender que a Vontade Universal é da natureza do Amor. “O Amor é o incêndio em êxtase de Dois que querem se tornar Um” (RAPOSO, 2004). O Amor é poderoso, é a fonte da juventude, da alegria e da felicidade, assim, a ausência de Amor é sofrimento e morte. Existem muitas estradas e caminhos para se alcançar o Amor, alguns simples e diretos, alguns escondidos e misteriosos, “pois o Amor é infinito em diversidade, assim como são as Estrelas”. Por este motivo, desejasse com esta frase que o Amor entre no coração de todos, pois ele ensinará corretamente, bastando apenas, o servir sob Vontade (Idem). “Não se deve recear ou se surpreender com as estranhas peças que o Amor possa pregar. Pois ele é um menino travesso, sábio nos Artifícios de Afrodite, sua Mãe, e todos os seus gracejos e crueldades são temperos de um astucioso confeito ao qual nenhuma arte pode se igualar” - Crowley no seu Liber CL (CROWLEY, 2007). Contudo, “O que fazemos por amor sempre se consume além do bem e do mal”, disse Nietzsche. O que é feito por amor não é feito por coerção, nem, portanto, por dever, mas sob
Vontade. Todos sabemos disso, e sabemos também que algumas de nossas experiências mais evidentemente éticas não têm, por isso, nada a ver com a moral, não porque a contradizem, é claro, mas porque não precisam de suas obrigações. Que mãe alimenta o filho por dever? E há expressão mais horrível do que dever conjugal ? Quando o amor existe, quando o desejo existe, para que o dever? É nisto que consiste a frase “Amor é a lei, amor sob vontade”. Na doutrina platônica sobre o Amor, Platão ensinava que o Amor, “Eros”, é uma força que instiga a alma para atingir o bem. Ele não cessa de mover a alma enquanto essa não for satisfeita. O bem almejado é determinado pela parte da alma que prevalecer sobre as outras. Se fosse a sensual, por exemplo, a alma não buscaria um bem verdadeiro, pois procuraria a satisfação dos desejos que Platão julgava os mais baixos, como o apetite e a ganância (OLIVEIRA, 2007). Mas o que é o Amor? O Amor, ensina Diotima, nem é belo, nem feio, nem pobre nem rico, nem sábio, nem ignorante, nem mortal, nem imortal, nem homem, nem deus. O amor é um daimon, um gênio que serve de mediador entre os homens e os deuses. Sempre acompanha Afrodite
porque foi concebido na festa divina em honra a essa deusa. É filho de Poros (Recurso) e Penia (Pobreza), (Pobreza), pelo lado paterno é astuto, astuto, sofista, filósofo filósofo e caçador; caçador; pelo lado da mãe de tudo carece. Longe de ser um deus poderoso é uma “força perpetuamente insatisfeita e inquieta” (Idem).
56
E pelo fato de ser uma força inquieta, constantemente podemos observar amores não correspondidos, apaixonados, brigas de amor, casamentos em crise, casos com casados, ciúmes, começando e recomeçando no amor, fim de namoro, gays, lésbicas e simpatizantes, indecisões, infi infide deli lida dade de,, inse insegu gura ranç nça, a, namo namoro ro à dist distân ânci cia, a, namo namoro ro comp compli licad cado, o, namo namoro ro pela pela inte intern rnet et,, separações e voltas, ficando, pessoas dizendo: Quero esquecer essa garota... Fizemos um trato, mas estou gostando de outra... Eu travo na hora de conversar com uma garota... Somos amigos, mas damos beijinhos... Eu o conheci quando estava namorando outro... Vivo atormentada sem ele... E o que é pior, aquele que está sozinho e se perguntando: o que há de errado comigo? O Liber Oz sub figura LXXVII afirma que o Amor somente pode existir, se for sob Vontade. Primeiramente, descubra-se, siga a verdadeira Vontade para que possa sentir o verdadeiro Amor. Quem não se ama, jamais poderá entender o que é o verdadeiro Amor. “Amor sob vontade” – não casual amor pagão; nem amor sob medo, como o cristão o faz f az ao obedecer aos a os Mandamentos com medo do fogo e das torturas de um Inferno. Mas Amor magickamente dirigido, e usado como fórmula espiritual. Este Amor, então, o deve ser o Amor serpente, o despertar da “Kundalini” 14.
Maria Tereza de Miramar e A. Crowley
14
Segundo várias correntes místicas e filosóficas do Oriente, Kundalini significa a serpente enroscada na coluna vertebral, energia sexual desperta.
57
6. 1 O SIGNIFICADO DO AUTOR Esse é o método mais tradicional. O significado que é aquilo que uma língua expressa acerca do mundo em que vivemos ou acerca de um mundo possível, corresponde ao conceito ou à noção, que passa a ser determinado pelo o que o escritor, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. É importante, e facilita a interpretação, saber um pouco sobre o autor e o que ele disse em outros escritos. O autor do texto é o homem historicamente situado, que vive a experiência no mundo com com os home homens ns,, que que part partic icip ipaa do exis existi tirr num num tempo tempo e num num espa espaço ço espe especí cífic ficos os a parti partirr de determinadas condições econômicas, políticas, ideológicas e culturais. Enquanto produto das suas relações com o mundo, é ao mesmo tempo produtor, que transforma o mundo colocando algo de si, mesmo quando não existe o desejo intencional de fazê-lo. A leitura não pode se reduzir a um conjunto de regras de explicação de um texto, como se ele fosse um objeto pronto, acabado, a ser assimilado pelo leitor. O abrir-se ao texto pressupõe o diálogo com o seu autor, exige o “ouvir” a sua palavra, o seu mundo, a compreensão dos significados nele implícitos. Esta tendência de pautar-se pela autoridade suprema do autor foi preponderante até o século XIX, pois, a partir de 1916, com as compilações de Charles Bally, Albert Sechehaye e colaboração de Albert Riedlinger, todos discípulos de Ferdinand de Saussure, foi inaugurada a Lingüística moderna com o livro Curso de Lingüística Geral. Até então, a relação entre língua e mundo era assaz forte. Predominava a controvérsia de duas vertentes gregas. Os analogistas, com o aval de Aristóteles, defendiam que a inter-relação mundo/língua era natural, ou seja, a língua denominava o mundo, refletido, sendo, pois, um sistema regular r egular governado por leis. Afirmando a semelhança, para eles apenas uma língua-mãe existia, que, com o tempo, foi foi adap adaptad tadaa e ramifi ramifica cada da a outro outross idio idioma mas. s. Em cont contra rapo posi siçã ção, o, esta estava vam m os anom anomal alis istas tas,, preconizando a convenção à frente da vinculação mundo/língua, pois o sistema lingüístico é uma coleção coleção de exceções, dominado, dominado, em toda a extensão extensão da palavra, palavra, pela irregularidad irregularidade. e. Estas eram as idéias clássicas de língua. Com o advento do estruturalismo, houve um corte ou uma ruptura na concepção do vínculo língua/mundo. O lingüísta suíço Saussure demonstra que a língua pode definir-se per se, como um sistema autônomo, uma vez que ela é uma abstração. Assim, a visão imanentista, justamente centrada na intenção do texto, ganha magnitude, assistindo a seu zênite nos decênios de sessenta e setenta do século pretérito, sobretudo com as pesquisas universitárias. Importa, também, neste
58
julgamento, “como” a significação é construída; não simplesmente “o que”, da forma como se dá numa descrição parafrástica (SILVA, 2006). A arte de Crowley, a Lei de Thelema, influenciou inúmeros artistas entre eles o guitarrista da famosa banda Led Zeppelin, Ozzy Osbourne e também os brasileiros Raul Seixas, considerado o pai do rock nacional, Rita Lee e o atual best-seller, o escritor Paulo Coelho. O grande poeta português Fernando Pessoa, embora tendo negado a influência de Crowley, mostrou claramente o contrário, no poema O Guardador de Rebanhos de seu heterônimo Alberto Caeiro, “o pagão”, precisamente nos versos número VIII, onde o poeta cita características do deus Hórus-Menino, da magia thelêmica, encarnado num “Menino Jesus” diferente do Jesus convencional. E além disso, o poeta português traduziu um poema de Crowley intitulado Hymn to Pan. Esse misticismo estranho de Aleister Crowley poderia ser explicado, talvez até possa ser justificado, como uma fuga da sociedade em que foi criado, o protestantismo vitoriano. A pala palavr vraa “T “The hele lema ma”” vem vem do greg gregoo “Θελη “Θελημα μα”” que que sign signif ific icaa vontade. O autor determina em seus textos que o termo “vontade” que segundo Buarque (1999): [Do lat. voluntate.] Sf. 1. Faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão. 2. Sentimento que incita alguém a atingir o fim proposto por esta faculdade; aspiração; anseio; desejo (...) 3. Capacidade de escolha, de decisão (...), passe a ser compreendido como crença religiosa, os termos “querer” e “vontade” estabelecem o conjunto de dogmas e doutrinas que constituem o culto e a arte que o mago Aleister Crowley, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. O termo te rmo “fé”, segundo o dicionário Aurélio (Idem): [Do lat. fide.] Sf. 1. Crença religiosa. 2. Conjunto de dogmas e doutrinas que constituem um culto. 4.Firm 4.Firmeza eza na execuç execução ão de uma promess promessaa ou de um comprom compromiss isso. o. 5.Cren 5.Crença, ça, confianç confiançaa (...), (...), é substituído pelo termo “vontade”. Thelema (ou Vontade), para ter o devido equilíbrio em força e beleza, deve ser usada em igual proporção a Ágape, palavra grega que significa Amor. Daí a compreensã compreensãoo do axioma axioma “Amor é a lei, amor sob vontade” vontade” ser de vital importância importância para o exercício da religião thelêmica. A demonstração deste mistério pode ser apresentada através do uso da gematria, técnica em que valores são atribuídos às palavras. Deste modo, chega-se a uma fórmula bem simples, uma expressão matemática de busca de iden identi tida dade de,, ou da Unid Unidad ade, e, o nume numero ro 1. A pala palavr vraa "Von "Vontad tade" e",, Thele Thelema ma,, segu segund ndoo a gema gematr tria ia normal normalmen mente te adotada adotada o valor valor 93. A palavr palavraa “Amor” “Amor”,, Ágape, Ágape, também também vale 93. Assim, Assim, dizem dizem os thelemitas, "amor sob vontade" pode ser representado por "93,93/93" e essa fração é igual a 1, a Unidade. O ser humano dotado de iguais medidas de Amor e de Vontade, teria assim a capacidade de
59
realização espiritual máxima, sendo, ele mesmo, a expressão viva da Unidade primordial. Ágape também é compreensão e entendimento. Desprezar esta chave, que foi dada pelo próprio autor, é causar desequilíbrio entre os pratos da balança. Neste caso, teríamos vontade fraca e entendimento nulo. A obra fundamental para o conhecimento da filosofia thelêmica é o Liber OZ sub figura LXXVII, que é a declaração thelêmica dos direitos do homem. Nele é exposta a filosofia de liberdade thelêmica. Portanto, para melhor vislumbre deste estudo, expomos uma versão traduzida do texto Liber Oz sub figura LXXVII, retirado do livro “O Equinócio dos Deuses”, tradução do “The Book of the Law” para o português, editado no Brasil em 1976. Devemos levar em conta o idioma e a época em que o texto escolhido para análise foi escrito: inglês do início do século XX. Eles possuem um significado que não pode variar. Por outro lado, o texto está limitado ao que o autor disse exatamente? Por exemplo: lemos em Líber Oz sub figura LXXVII: “Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei”. Alguém poderia dizer: então, segundo a citação do texto, pode-se realizar as mais estranhas atitudes, como roubar, estuprar, etc... Esta compreensão adviria da falta do entendimento necessário para se compreender o significado daquilo que o autor quis dizer ao produzir o texto. Os escritos de Aleister Crowley vão além além de sua consciê consciênci ncia, a, como como é o cas casoo do Liber Liber Al vel Legis, Legis, embora embora essas implicaç implicações ões não contradigam o significado original do Liber Oz sub figura LXXVII, antes fazem parte do texto e seu objetivo. Compreendemos então o Liber Al vel Legis como um princípio do Liber Oz Sub Figura LXXVII LXXVII,, pois pois mesmo mesmo que o autor autor não esteja esteja ciente ciente das circuns circunstân tâncias cias futura futuras, s, ele transmi transmitiu tiu exatamente a sua intenção, divulgar um sistema Iniciático Artístico-Filosófico-Místico-Científico. De acordo com a doutrina thelêmica proposta pelo autor a expressão da “Lei Divina” no Aeon de Hórus, que seria esta era atual, é: “Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei”. A filosofia thelêmica postula que toda existência manifesta surge da interação de dois princípios cósmicos: o Contínuo Espaço-Temporal, infinitamente extenso e perpétuo, e o Princípio da Vida e Sabedoria, atômico e individual. Desta interação surge o Princípio da Consciência, o qual governa a existência. No Livro da Lei estes princípios divinos são personificados através de três divindades egípcias: Nuit, a deusa do espaço infinito, Hadit, a Serpente Alada da Luz, e Hórus, o deus solar com cabeça de falcão e senhor do Cosmo. O sistema filosófico thelêmico utiliza divindades de várias culturas e religiões como personificações de forças cósmicas arquetípicas — ou seja, estas personificações não são encaradas como divindades externas ao ser humano e sim como componentes do próprio espírito de cada homem e mulher. A doutrina thelêmica sustenta que todas as diversas religiões humanas baseiam-se em princípios fundamentais verdadeiros (verdades universais em suas simbologias, ainda que não 60
absolutas) e o estudo comparativo, desapaixonado e crítico, destas religiões é uma atividade de grande importância para muitos thelemitas. Respeitand Respeitandoo os conceitos conceitos de cada indivíduo, indivíduo, Thelema segue o Hermetismo Hermetismo tradicional tradicional na doutrina de que cada pessoa possui um Corpo de Luz, uma alma organizada em “camadas” anexas ao corpo físico. Da mesma forma considera-se que cada indivíduo possui um Augoeides, ou Sagrado Anjo Guardião (SAG), o qual pode ser considerado como sendo o “Self Superior” – segundo Jung. No que tange aos conceitos de pós-morte, a própria vida é considerada como um continuum, sendo a morte parte integrante da mesma. A vida termina para que a vida continue. O SAG, entretanto, é imortal, não estando submetido aos ciclos de vida e morte. Tal como na doutrina budista, o Corpo de Luz é considerado como sendo passível de metempsicose (reencarnação) após a morte do corpo físico. Considera-se que Corpo de Luz evolui em sabedoria, consciência e poder espiritual através de tais ciclos de reencarnação, para aqueles que assim decidem proceder, até o ponto em que se encontra a Verdadeira Vontade daquele espírito e o indivíduo está capacitado a partir em e m direção à execução de sua Grande Obra, o objetivo máximo de sua existência enquanto parte do Todo representado por Nuit. Thelema incorpora a idéia da evolução cíclica da Consciência Cultural, bem como da Consciênci Consciênciaa Pessoal. Pessoal. A História História é considerad consideradaa como sendo dividida dividida em uma série de Aeons, Aeons, cada um dominado por um conceito de divindade e com sua própria forma de redenção e avanço espiritual. O Aeon é o de Hórus. O anterior foi o de Osíris e antes deste foi o de Isis. O Aeon neolítico neolítico de Isis é considerado considerado como tendo sido dominado pela idéia matriarcal de divindade, divindade, sua fórmula envolvendo a devoção à Deusa-Mãe para a obtenção da nutrição que ela providenciava. O Aeon clássico/medieval de Osíris teve como dominante o princípio patriarcal, cuja fórmula de redenção era o auto-sacrifício e a submissão ao Deus-Pai. O contemporâneo Aeon de Hóru Hóruss é cent centrad radoo no Prin Princí cípi pioo da Cria Crianç nça, a, da sobr sobrev eviv ivên ência cia indi indivi vidu dual al,, cuja cuja fórm fórmul ulaa é o crescimento, da consciência e do amor universal (Ágape), levando à auto-realização. De acordo com a doutrina thelêmica a expressão da Lei Divina no Aeon de Hórus é o “Faz o que tu queres será o todo da Lei”. Esta é a chamada Lei de Thelema e não deve ser interpretada como uma licença à realização de qualquer ato ou capricho e sim como uma missão divina de se encontrar sua Verdadeira Vontade, o propósito da vida de cada um, e ao cumprimento desta; desta; permit permitind indoo a todos todos o trilhar trilhar de seus seus caminh caminhos os indivi individua duais. is. A aceitaç aceitação ão (e verdad verdadeira eira compreensão) da Lei de Thelema é o que define um thelemita; e a descoberta de sua Verdadeira Vontade sua maior motivação. Alca Alcanç nçar ar "o Conh Conhec ecim imen ento to e a Conv Conver ersa saçã çãoo com com o Sagr Sagrad adoo Anjo Anjo Guar Guardi dião ão"" é considerado parte integrante deste processo. Os métodos e práticas para se alcançar tal feito são 61
vários e encontram-se agrupados no conceito de “Magick”. Crowley trouxe à palavra o “k” das língua língua inglesa inglesa arcaica para denominar denominar o seu sistema sistema “mágicko”, que é causar mudanças mudanças de acordo com a Vontade. E também transformou a sua casa, Boleskine House, 418, que fica na direção Norte, e que já foi comprada comprada pelo guitarrista da banda Led Zeppelin, numa espécie de “Meca” para os thelemitas. Nem todos os thelemitas utilizam todas as práticas disponíveis; é considerado que cada um deva escolher as práticas que mais enquadrem-se às suas necessidades individuais. Algumas destas práticas são as mesmas ou bem similares às de várias religiões ou outras tradições ocultistas ou místicas, tanto do passado quanto do presente, tais como meditação, Yoga, estudo de textos religiosos, estudos de simbolismos, rituais, exercícios devocionais, auto-disciplina, Tantra, e tc. A filosofia thelêmica considera que qualquer ato que vá contra a descoberta e o cumprimento da Verdadeira Vontade como sendo negativo. Isto inclui a interferência também no trilhar de terceiros. Reza a doutrina de Thelema que a desarmonia e o desequilíbrio causados por tais atitudes resultam em uma resposta resposta compensató compensatória ria do Universo, Universo, em busca busca de equilíbrio — um pens pensam amen ento to seme semelh lhan ante te ao conc concei eito to orien orienta tall do Karm Karma. a. Thel Thelem emaa não não poss possui ui um conc concei eito to semelhante ao conceito judaico-cristão do Diabo ou Satã, ou mesmo do Mal. Contudo, uma pseudopersonifica personificação ção do estado de confusão confusão mental, ilusão e ignorância ignorância egoísta é referido referido pelo nome do demônio Chorozon. Quase todos os thelemitas mantém um registro de suas práticas pessoais e de seu progresso em um "diário mágico". Muitos thelemitas praticam diariamente o ritual descrito no Liber Resh vel Helios e/ou o banimento chamado Rubi Estrela. thelemitas também costumam adotar nomes mágicos (ou "motes"), como forma de determinar um objetivo, trabalhar um arquétipo determinado ou homenagear algo ou alguém e costumeiramente utilizam como cumprimento a Lei de Thelema. O livro “The Holy Books of Thelema” inclui a maioria dos livros considerados por Crowley como “inspirados”, os quais formam o cânon das escrituras sagradas thelêmicas. O principal destes é o Liber AL vel Legis, sub figura CCXX, comumente denominado o Livro da Lei. O conteúdo desta obra é bastante crítico e Crowley deixou alguns comentários para ajudar na sua compreensão - a maioria deles inclusa no livro “The Law is for All’. Entretanto considera-se que cada thelemita interprete o Liber AL à sua maneira particular, sem jamais forçar esta interpretação a outra pessoa. Um dos principais objetivos thelêmicos é sempre evitar qualquer forma de dogma. Outro livro que forma um par importante com o cânon thelêmico, apesar de não estar incluso no “The Holly Books of Thelema” por motivos técnicos é o Liber XXX Aerum vel Saeculi, 62
sub Figura CDXVII, comumente chamado “The Vision and The Voice”. O I Ching e o Tarot, apesar de pré-thelêmicos, são considerados como parte do cânon thelêmico informal. Outra obra fundamental para o conhecimento da filosofia thelêmica são o Liber OZ, sub figura LXXVII, talvez a primeira carta de direitos do Ser Humano. Nele é exposta a filosofia de liberdade thelêmica (O.T.O, 2001- 2007). Portanto, para o entendimento e compreensão dos textos de Aleister Crowley, o leitor deve ter em mente todas essas informações, que somente o próprio autor poderia transmitir para que outros pudessem entender e compreender os seus textos.
63
6. 2 O SIGNIFICADO DO TEXTO Algu Alguns ns erud erudit itos os afir afirma mam m que que o sign signif ific icad adoo tem tem auto autono nomi miaa semâ semânt ntic ica, a, send sendoo completamente independente do que o autor quis comunicar quando o escreveu. De acordo com esse ponto de vista, quando um determinado escrito se torna Literatura, as regras normais de comunicação não mais se lhe aplicam, transformou-se em texto literário. O texto, a obra, é a expressão do viver, experienciar, participar; é o produto colocado no mundo, tem a marca humana. É a manifestação do que o homem produz nos vários campos das artes, da literatura, do saber, é carregada carregada de significaçõ significações. es. O texto ilumina ilumina e esconde, obscurece obscurece o mundo e, ao mesmo tempo que pretende dar respostas aos questionamentos suscitados pelos homens, levanta outras questões, outras perguntas. Esclarece, obscurece. Os textos são as obras que expressam um conhecimento do mundo e que se diferenciam de outras expressões simbólicas, e mesmo de outras expressões do conhecimento, à medida que são sistematizados, organizados, metódicos. Expressam os saberes produzidos pelo homem ao longo da História e refletem infinitas posições a respeito das questões suscitadas no enfrentamento com a natureza, com os homens e com a própria produção do saber. Como toda obra humana, são imprimidos pela marca da historicidade, “carregam” os significados impressos pelo tempo e espaço em que são produzidos. Traduzem as angústias, os problemas, as questões que são suscitadas pelo mundo e que desafiam os homens, autores dos textos, das obras. A leitura de um texto pressupõe objetivos, intencionalidade. O leitor, ao se dirigir ao text texto, o, está está preo preocu cupa pado do em respo respond nder er às ques questõ tões es susc suscit itad adas as pelo pelo seu seu mund mundoo e, atrav através és do enfren enfrentam tament entoo das posiçõ posições es assumi assumidas das pelo pelo autor, autor, busca busca encont encontrar rar pistas pistas que o auxili auxiliem em no desvendamento de sua realidade. É somente neste encontro histórico, onde experiências diferentes se defrontam, que é possível a compreensão e interpretação de textos. Neste sentido, compreender o text textoo é tomá tomá-l -loo a part partir ir de um dete determ rmin inad adoo hori horizo zont nte, e, da pers perspe pect ctiv ivaa de quem quem se sent sentee problematizado por ele, e a partir daí deixar-se “possuir” por ele. O que o texto está realmente dizendo sobre o assunto? Analisando a declaração em Liber Oz Sub Figura LXXVII, nos perguntamos, qual é o objetivo do texto? Informar sobre os direitos do ser humano ou a proclamação do caos e do rompimento com as leis constitucionais? Seu objetivo era inferir sobre leis humanas ou esclarecer leis metafísicas? O significado que o poeta Aleister Crowley queria transmitir segundo as informações supracitadas, fica claro: “Não existe deus senão o próprio homem” – a mesma afirmação do Budismo. Deus é o homem e o homem é deus, um não é externo ao outro. Tomaremos então a relação entre significante/significado, o significante seria “homem” e o significado “deus”, apesar de indissolúvel o 64
significante sem o significado é apenas um objeto, que existe, mas não significa e o significado sem o significante é indizível, impensável e inexistente. A Lingüística Textual parte do pressuposto de que todo fazer (ação) é necessariamente acompanhado de processos de ordem cognitivo, de modo que o agente dispõe de modelos e tipos de operações mentais. No caso do texto, consideram-se os processos mentais de que resulta o texto, numa abor aborda dage gem m proc proced edim imen ental tal.. De acor acordo do com com Koch Koch (200 (2004) 4),, ness nessaa abor aborda dage gem m “os “os parce parceir iros os da comunicação possuem saberes acumulados quanto aos diversos tipos de atividades da vida social, têm conhecimentos na memória que necessitam ser ativados para que a atividade seja coroada de sucesso”. Essas atividades geram expectativas, de que resulta um projeto nas atividades de compreensão e produção do texto. O texto, em sua íntegra, ajudará o leitor a compreender cada palavra individualmente. Assim sendo, as palavras, ou conjunto de palavras, ajudam a compreender o todo. Como se pode perceber, o leitor deixa de ser considerado uma entidade passiva, uma vez que participa indiretamente do complexo de produção discursiva. O processo da leitura, destarte, compreende dois estágios ou, em outros termos, duas atividades no interior do ato: compreensão compreensão e interpretação interpretação.. Inicialmente Inicialmente,, o leitor atua na decodificação decodificação da superfície superfície discursiva, discursiva, englob engloband andoo as organi organizaçõ zações es mórfic mórficas, as, sintát sintática icass e semânt semântica icas. s. Exige Exige-se -se na compre compreens ensão ão o reconhecimento intradiscursivo das regras de uso da língua natural. Num momento subseqüente, aprofundando a leitura, está a interpretação, que demanda um trabalho maior por parte do leitor, pois será necessário debruçar-se sobre as motivações ideológicas e inconscientes do texto, numa relação intertextual. Lopes (1978: 53) assim a concebe: “Ao trajeto que, partindo de um plano de expressão plurissignificacional, conotado, tem por ponto de chegad chegadaa um único único efeito efeito de sentid sentidoo denota denotado, do, chamam chamamos os interp interpreta retação ção”. ”. Todo Todo enunci enunciado ado produzido está imerso numa formação ideológica e numa formação discursiva, além de ser uma soma de outros discursos (SILVA, 2006).
65
7 O SIGNIFICADO DO LEITOR Nessa perspectiva, o que determina o significado é o que o leitor compreende do texto. O leitor atualiza a interpretação do texto. Leitores distintos encontram diferentes significados, isso porque o texto lhes concede permitir essa multiplicidade. Segundo a ABRALIN – Associação Brasileira de Lingüística, a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita, etc. Não se trata tra ta simplesmente de “extrair informação da escrita” decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão. Qualquer leitor experiente que conseguir analisar sua própria leitura, constatará que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível rapidez e proficiência. É o uso de procedimentos desse tipo que permite controlar o que vai sendo lido, tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, arriscar-se diante do desconhecido, buscar no texto a comprovação das suposições feitas etc. A leitura é fruto do processo da enunciação, atividade compreensível em duas vertentes: comunicação e produção. Na primeira, a enunciação é entendida por meio da relação do fazerpersuasivo de um produtor que visa agir sobre um receptor, encarregado, por seu turno, do fazerinterpretativo. Como se observa, é típico dos estudos da Retórica. Já no que diz respeito à produção, enunciação é um ato de pôr em funcionamento a língua, produzindo um enunciado 15. É impossível estudá-la diretamente, porquanto é uma instância lingüística pressuposta pelo enunciado. Mas como seu produto, o enunciado pode conter traços que reconstituem o ato enunciativo. Esse mecanismo, que consiste em projetar no discurso as marcas de pessoa, tempo e espaço, é conhecido como debreag debreagem, em, subdi subdivid vidaa em dois dois tipos. tipos. A primei primeira ra é a debreag debreagem em enunci enunciati ativa, va, que instal instalaa no enunciado as pessoas da enunciação (eu/tu), o espaço da enunciação (aqui) e o tempo da enunciação (agora), produzindo o efeito de sentido da subjetividade.
15
Bakhtin (1992) contrapõe enunciado (unidade ou forma de discurso) à oração ou frase (unidade da gramática). Segundo ele, discurso é um acontecimento, um evento.Não é a parole, pois esta é individual, ao passo que o discurso é social e pertencente ao grupo. Constituindo a realização da língua, ele implica a atualização da fala. Na Análise de Discurso de linha francesa, o discurso é entendido como a manifestação de valores, dentro de formações discursivas. É bom lembrar que Mattoso Câmara traduz parole por discurso, distinguindo nele duas modalidades, de acordo com seu modo de manifestação: “fala” como discurso oral; “escrita” como discurso escrito.
66
A segund segundaa classi classifica ficação ção é a debrea debreagem gem enunci enunciva, va, respon responsáv sável el pela pela instal instalação ação das pessoas do enunciado (ele), do espaço do enunciado (lá ou alhures) e do tempo do enunciado (então), criando o efeito de sentido da objetividade. É preciso que se distingam as nuanças do processo enunciativo. Todo e qualquer enunciado tem como pressuposto o fato de ter sido proferido por alguém num tempo e num espaço. É a idéia da enunciação pressuposta. Quando, nesse enunciado, está presente um “eu”, terá lugar a enunciação-enunciada, correspondendo a uma metáfora da enunciação pressuposta (simulacro similar). Se, um “ele”, terse-á o enunciado-enunciado ou o enunciado propriamente dito, configurando uma metonímia da enunciação pressuposta (de parte em relação ao todo). Mas as categorias de pessoa devem ser mais bem esclarecidas. O “eu” abarca duas instâncias: enunciador e narrador. No primeiro nível da enunciação, está o enunciador: é o “eu” pressuposto, equivalente ao autor implícito. É bom lembrar que autor imp implíci lícito to não é o mes mesmo que auto autorr real real.. Amb Ambos, os, por por veze vezes, s, coin coinci ciddem-s em-se, e, mas não não obrigatoriamente. A figura de carne e osso, pertencente ao mundo extralingüístico, pode fingir, criando, no discurso, a imagem de uma pessoa totalmente diferente de sua autêntica personalidade. Ele não pertence, portanto, ao texto. O enun enunci ciad ador or,, ao cont contrá rário rio,, é uma uma imag imagem em cons constru truíd ídaa ao long longoo do text texto, o, uma uma idealização do ser que produziu o discurso corrente, ex: Aleister Crowley escreveu Líber Oz e não Edward Alexander Crowley. Há uma complexidade em torno da idéia do significado do leitor. O “eu” é formado por uma ideologia, que, por seu turno, é formado por um feixe de fios ideológicos. Duas pessoas possuem valores em comum, mas também valores opostos. Por conseguinte, a competência de leitura está intimamente relacionada ao conhecimento enciclopédico do leitor; ele absorve um texto de acordo com sua vivência, vivência, aí incluído incluído “n” fatores: fatores: lingüístico lingüísticos, s, cultural, cultural, religioso, religioso, etc. (SILVA, (SILVA, 2006). É relev relevan ante te o que que pens pensaa o leit leitor or?? Isto Isto pode poderi riaa infl influe uenc ncia iarr o sent sentid idoo do text texto? o? Se compreendermos que há diferença de interpretação entre um leitor crente e outro que é ateu, a resposta é sim. Contudo é necessário que o leitor esteja em condições de entender o texto. Ao verificar como as palavras e os números são usados nas frases, e o significado dos números no texto. Como as orações são empregadas nos parágrafos, como os parágrafos se adequam ao texto e como os parágrafos são estruturados no texto, o leitor procurará compreender a intenção do autor. Sobre a intenção do leitor, a partir desta nova abordagem, o leitor exime-se da imagem de atuação passiva. Avulta seu papel ativo como parte da escalada produtiva. Do ponto de vista da 67
produção, seria inconcebível, caso se queira elaborar um texto eficiente, não levar em conta a quem se o destina. Do outro lado, ou seja, na perspectiva da recepção, o leitor ganha autonomia em sua interpretação. Não se diz que há a leitura certa ou errada, mas o ponto de vista de quem o lê, porque, num texto, coexistem várias leituras. Mas isso não quer dizer que qualquer uma é verdadeira. O significado deve estar ancorado no texto, caso contrário, chegar-se-ia ao extremo de afirmar que o discurso não tem importância, já que qualquer interpretação é válida. Portanto, o leitor ao fazer uma determinada leitura, não deveria se deixar levar pelos caprichos de seus desejos ou interpretação puramente própria, pois se pode ler qualquer coisa por trás de qualquer texto. Para Goodman (1967, 1971) (op.cit.), a leitura é um ”jogo psicolingüístico” no qual o leitor constrói a mensagem escrita pelo autor, ativando os processos mentais, usando suas experiências e conhecimentos prévios como pistas para confirmar suas predições. O leitor leitor constr constrói ói signif significa icados dos fazend fazendoo inferê inferênci ncias as e interp interpret retaçõ ações. es. A inform informaçã açãoo é armazenada na memória de longo prazo em estruturas de conhecimento organizadas. A essência da aprendizagem constitui em ligar novas informações ao conhecimento prévio sobre o tópico, a estrutura ou o gênero textual e as estratégias de leitura (SEDYCIAS, 2004).
Na década de 70, a partir de estudos realizados por Goodman e Smith (1971) e Carrell (1990), a leitura passa a ser vista como um processo e não, um produto. Esse processo é construído através da interação entre o texto e o leitor. Goodman e Smith (1971) consideram a leitura uma atividade individual e seletiva. O leitor é responsável por sua compreensão uma vez que cabe a ele apreender as informações recebidas, interpretar essas informações à luz de seus conhecimentos, fundamentais para isso, selecionar aquelas que são consideradas relevantes e refletir sobre elas. Podemo Podemoss consta constatar tar que a utiliza utilização ção do modelo modelo Hermen Hermenêut êutico ico-Li -Lingü ngüíst ístico ico de leitur leitura, a, possibilita aos alunos utilizar as estratégias de leitura mais adequadamente, aumentando assim sua capacidade de compreensão geral de um texto.
68
7. 1 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO A compreensão e interpretação refere-se ao modo do leitor responder ao significado do texto. Um cristão ortodoxo atribuirá significação negativa às implicações do texto naturalmente. Um descren descrente, te, pelo pelo contrá contrário rio,, poderá poderá atribui atribuirr signif significaç icação ão positi positiva. va. Mas, Mas, apesar apesar de difere diferente ntes, s, são respostas às implicações legítimas do significado. Certamente, ao tocar em algum destes pontos sobrevêm polêmicas. Em toda a história da análise análise de textos sempre vigorou a idéia de que o analista analista deveria deveria intentar intentar descobrir exatamente exatamente qual seria o desígnio do autor real. Nessa busca pela intenção do sujeito-produtor do discurso, ler era uma investigaçã investigaçãoo empírica, empírica, afinal o leitor leitor submetia-se submetia-se à autoridade autoridade autoral. Além do texto, texto, a preocupação preocupação era desvendar a vida pessoal do autor, com suas tendências e predileções. Essa obsessão beirava, às vezes, o misticismo. A exegese de escritos psicografados era autorizada tão só a um médium, cuja revelação, conforme as crenças, fora uma dádiva (SILVA, 2006). Devemos considerar também a estratégia de apresentação do texto. É melhor optar pela apresentação progressiva do texto, pois a organização dos sucessivos segmentos que compõem o texto, permitem uma observação melhor das qualidades e dos defeitos da estrutura textual, pois aparecem de modo mais claro. Essa estratégia tem por objetivo também motivar de modo mais intenso por parte dos estudantes na função de interpretar o texto. A temática apresentada no texto, também é um dado muito significativo na questão da interpretação, pois sabemos que a caracterização é da ciência e não do objeto. Assim a adequação temática do texto não é tão importante quanto o questionamento proposto sobre ele. Discute-se os novos rumos do ensino da língua portuguesa no sentido de buscar a interdisciplinaridade explorando a relação significado, significação, sentido e posição discursiva. Há uma grande importância no desenvolvimento da leitura e compreensão de textos para determinação atuante no que diz respeito à vivência social, política e cultural do indivíduo. A criatividade e a sensibilidade são privilégios dos homens que conseguem perceber um univer universo so extern externo. o. Cada Cada pessoa pessoa possu possuii uma represe representa ntação ção interio interiorr de memóri memórias as associ associati ativas vas,, de pensamento pensamentoss e linguagens linguagens simbólicas. simbólicas. A experiência experiência de viver dá origem origem às potencialidades potencialidades criativas dos homens, dando formas expressivas à linguagem verbal e não verbal. Ao trabalhar o texto, os alun alunos os não não só dese desenv nvol olve vem m a inte interp rpre retaç tação ão,, mas mas tamb também ém adqu adquir irem em a comp compre reen ensã sãoo de sua sua funcionalidade diante da variação de potencialidades de ocorrências representativas, de acordo com sua relação com a identidade do que está representado (BORBA, 1984). O Liber Oz sub figura LXXVII é uma declaração thelêmica dos direitos do homem. Devemos discernir qual o objetivo específico do autor. Diversos detalhes são agregados ao texto, 69
transmitindo-nos informações. Mas o que Aleister Crowley quis enfatizar realmente? Sua ênfase é percebida em vários lugares no próprio texto: “tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade. Faz aquilo, e nenhum outro dirá não”. AL I 42-3. “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. AL I 3. A declaração: “tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade”; seria exercer a plena faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão. Sentimento que incita alguém a atingir o fim proposto por esta faculdade; aspiração; anseio; desejo. O uso do pronome “tu” utilizado na declaração feita pelo poeta Aleister Crowley pode-se ser bem explicada através das palavras de Borba (1984) em seu livro Introdução aos Estudos Lingüísticos, pág. 02, que diz: “A linguagem é o mais eficiente instrumento de ação e interação social
de que o homem dispões. Por meio dela ele se constitui como sujeito uma vez que é ela que fundamenta o conceito ego. Mas a consciência do “ eu” só é experimentada por contraste. Só emprego eu quando me dirijo a alguém. Logo eu pressupõe um “ tu”. O que difere difere de como como alguns alguns leito leitores res sem estas estas info inform rmaç açõe õess pode poderi riam am inte interp rpre retar tar a sua sua decl declara araçã çãoo como como uma uma apol apolog ogia ia à viol violaçã açãoo das das leis leis constitucionais estabelecidas. Aleister Aleister Crowley declara declara no texto que “todo “todo homem e toda mulher mulher é uma estrela”, estrela”, sua principal principal asserção é que cada ser humano humano é um elemento do Cosmo, Cosmo, auto-determinado auto-determinado.. Disto, Disto, a Lei “Faz o que tu queres” segue logicamente, dando a compreensão de que não existe na Terra, ou no Universo, ninguém semelhante, pois somente este tem a autoridade, sem relação com o regime político em que o poder executivo é limitado por uma constituição, para condenar ou perdoar seus próprios atos. Cada estrela tem seu próprio brilho e órbita, portanto, entendesse que “todo homem e toda mulher é uma estrela” não é somente uma parte de Deus, mas o Deus ultimal. A antiga definição de Deus toma novo significado. Cada um de nós é o Deus único. Isto podendo ser compreendido apenas pelo estudo analítico do conjunto de obras do autor; é necessário adquirir certo entendimento para se poder apreciar esta afirmação. qualquer uma estrela é tanto o Centro quanto qualquer outra. Cada homem instintivamente é representado como Centro do Cosmo, ou a parte fundamental que o forma, este pensamento é semelhante ao dos filósofos antropocentristas que defendiam em suas teses. A compreensão refere-se ao entendimento correto do significado pretendido pelo autor. Já que há apenas um significado, todo aquele que o compreender terá a mesma compreensão do padrão de significado do autor. Algumas compreensões podem ser mais completas do que outras, devido à maior percepção das várias implicações envolvidas. Como expressar essa compreensão? Há quase um
70
número infinito de formas de expressar essa compreensão. Por exemplo: Aleister Crowley, ao declarar: “ Amor é a lei, amor amor sob vontade”. vontade”. AL I, 57 , valeu-se de várias fontes filosóficas. Seria o mesmo que Kant chamava de amor prático: “O amor para com os homens é possível, para dizer a verdade, mas não pode ser comandado, pois não está ao alcance de nenhum homem amar alguém simplesmente por ordem. É, pois, simplesmente o amor prático prático que está incluído nesse núcleo de todas as leis. Somente quem ama não precisa mais agir como se amasse”. Ou como dizia Platão, que dedicou uma de suas obras exclusivamente ao discurso sobre o amor: O Banquete . Para Platão, que usa Sócrates como personagem, o amor é a insuficiência de algo e o desejo
de conquistar aquilo de que sentimos falta (OLIVEIRA, 2007). Alguns intérpretes alegam que não existe sinônimo perfeito. Ainda assim, um autor, com o propósito de evitar o desgaste de vocábulos já empregados, pode, conscientemente, desejar usar outros com o mesmo sentido. Isto porque o uso de sinônimos é previsto pelas normas da linguagem, as quais também também admitem admitem uma extens extensão ão de possív possíveis eis signif significad icados os para para a mesma mesma palavr palavra. a. Pois Pois há dois dois princípios para orientar o estudo Hermenêutico: palavra por palavra, ou pensamento por pensamento. A difi dificu culd ldade ade do prim primeir eiroo é que que em idio idioma mass e cult cultur uras as difer diferen ente tess nem nem semp sempre re os vocábulos têm a mesma exatidão. O segundo princípio tem, também, suas dificuldades. Isso fica evidente quando procuramos determinar como um autor usa os mesmos termos em lugares diferentes com o mesmo significado. O valor da equivalência em tal tradução fica muito mais comprometido do que no propósito de comparar outras passagens nas quais o autor usa as mesmas palavras com o mesmo significado. A Lei de Thelema. O significado específico fica bem claro. Se os homens resolvessem seguir o código ético de direito expresso no Liber Oz sub figura LXXVII, estariam exercendo a Lei de Thelema, Thelema, A Lei da Vontade. Agindo Agindo conforme conforme a Lei Thelêmica expressa expressa no Liber Liber Oz, o ser não estaria renunciando a fé, recusando a graça de Deus, mas, conseqüentemente, estaria estabelecendo uma relação diferente com Deus, baseada em suas próprias obras. Analogamente, as implicações contidas no Liber Oz sub figura LXXVII contém implicações metafísicas semelhantes ao do texto de São Paulo, que diz: “É estritamente pela fé que somos salvos, fé sem circuncisão, circ uncisão, fé sem indulgências, fé sem penitências, fé sem guardar o sábado. E em Tiago 2:26: “Deveras, assim como o corpo sem espírito está morto, assim também a fé sem obras está morta”. O que não é o “querer” senão a força impulsora impulsora à realização, realização, a vontade. vontade. A implicação na frase “Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei” ultrapassa o significado de não submissão aos códigos constitucionais. Tal qual o mandamento “ olho por olho, dente por dente” expresso em Êxodo 21:23; 25 que implica no exercício da justiça. Enquanto grupos religiosos cortam
71
a mão de uma pessoa por roubar um objeto, as Escrituras ensinam uma justiça equivalente, como podemos analisar ao ler Êxodo 22:1: “O objeto roubado mais uma multa. Não uma retaliação física”.
72
8 CONCLUSÃO Esta breve monografia resume de modo magistral o espírito de liberdade desta nova religião, religião, a religião religião thelêmica, thelêmica, genericamente genericamente conhecida conhecida como a Lei de Thelema. Thelema. Aleister Crowley para muitos representa o papel de Profeta. Sua grande aspiração reflete a aspiração de todo ser humano: o anseio do homem por Liberdade. Seu trabalho pode ser compreendido não apenas como o resultado dos caprichos de uma controvertida personalidade, mas, principalmente, da necessidade humana de tomada de consciência, necessidade de vontade, necessidade de entendimento. Este era todo o anseio de Crowley e também o anseio de qualquer ser humano. Isto é liberdade, liberdade apenas para a realização da vontade verdadeira de cada um de nós, nada mais. Thelema pode ser livremente resumida como o eterno anseio do homem insatisfeito querendo revolucionar. Toda esta necessidade, de dar um novo sentido aos estudos, de fazer do velho, algo de fato novo. É a esta busca por irrestrita Liberdade, munidos pela Tradição, que os Adeptos e Seguidores da Estrela e da Serpente, os Estudantes de Thelema, dedicam sua Obra. Com este estudo tornamos explícitos mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação do texto que é considerado como a máxima dessa nova religião. Procedimento mais ou menos intuitivo explicitado com o objetivo de contribuir para que um maior número de pessoas possa, de maneira eficaz, transformar-se em bons leitores. Utilizamos a hermenêutica numa perspectiva lingüística no processo de interpretação, suscitando mecanismos hermenêuticos que serviram de base para uma compreensão e interpretação textual competente. A Análise do Discurso nos ajudou analisar as construções ideológicas presentes no texto, considerando seu contexto histórico-social, suas condições de produção, a visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada à do seu autor. Propor Proporcio cionam namos os a melhor melhor organi organizaç zação ão dos dos sentid sentidos os aplica aplicados dos ao texto texto propo proposto sto utilizando o conhecimento hermenêutico e a Análise do Discurso para descrever as estruturas e os elementos utilizados para produzir o sentido do Liber Oz sub figura LXXVII com base em todos os escritos do poeta e mago inglês Aleister Crowley. Linguagem, sentido, e intepretação, constituem, a nosso parecer, a trilogia do humano, do “circunstancialmente” humano. Comprovamos esta afirmação através deste estudo que engloba Arte, Religião, Filosofia, Ciência e Mística, obras supremas do espírito humano, que dependem, fulc fulcral ralme ment nte, e, daqu daquela ela tril trilog ogia, ia, não não só para para inte interp rpre retar tar o mund mundo, o, mas mas tamb também ém para para hete hetero ro-intepretarem-se. Todavia, considerando que o estudo foi limitado em termos de bibliografia, novas pesquisas e atividades fazem-se necessárias para confirmar as informações aqui apresentadas. 73
Enfim, Enfim, a religião religião thelêmica, parte central do texto, talvez seja o fantástico fantástico produto de uma mentali mentalidad dadee incriv incrivelme elmente nte sincrét sincrética, ica, extrao extraordi rdinar nariam iament entee ampla, ampla, alucin alucinada ada,, utópic utópicaa e diversificada, que jamais permitiu se limitar por quaisquer fronteiras impostas seja por uma cultura seja por uma sociedade. Este é o principal exemplo e o legado de Aleister Crowley, A Besta 666.
74
ANEXO Liber Oz Sub Figura LXXVII “A Lei do Forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo”. AL II, 21 “Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei”. AL I, 40 “tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade. Faz aquilo e nenhum outro dirá não”. AL I, 42-3 “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. AL I, 3 Não existe deus senão o homem. 1. O ser humano tem o direito de viver pela sua própria lei de viver da maneira como quiser viver; de trabalhar como quiser; de brincar como quiser; de descansar como quiser; de morrer quando e como quiser. 2. O homem tem o direito de comer o que quiser; de beber o que quiser; de morar onde quiser; de se mover como quiser sobre a face da terra. 3. O homem tem o direito de pensar o que quiser; de falar o que quiser; de escrever o que quiser; desenhar, pintar, lavrar, estampar, moldar, construir como quiser; de se vestir como quiser. 4. O homem tem o direito de amar como quiser: “tomai vossa fartura e vontade do amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes”. AL I, 51 5. O homem tem o direito de “matar” esses que quereriam contrariar estes direitos. “Os escravos servirão”. AL II, 58 “Amor é a lei, amor sob vontade”. AL I, 57
Aleister Crowley
75
REFERÊNCIAS AMARAL, Nair F. Gurgel do. Um pouco de humor na análise do discurso: resgatando a subjetividade subjetividade discursiva. 1º Versão, Ano I, nº 34. Porto Velho: Editora da Universidade Federal de Rondônia, 2002. BESSE, J. M./ BOISSIÉRE, A. Précis de Philosophie. Tradução de A. Gomes. Paris: Nathan, 1998.BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Lingüísticos. São Paulo: Ed. Nacional, 1984. BULAD, Rubens. Líber Al vel Legis Comentado por Aleister Crowley e Marcelo Motta, Abrahadabra Publicações. Disponível em:www.abrahadabra93.kit.net, 2003. Acesso em: 20/11/2006. BUARQUE, Aurélio de h. Ferreira. Dicionário Aurélio eletrônico - Século XXI, versão 3.0, Lexikon Informática LTDA, Ed. Nova fronteira,1999. CROWLEY, Aleister. Os Livros Sagrados de Thelema, São Paulo: Ed. Madras-Anúbis, 2000. ___________________. ___________________. The Confessions of Aleister Crowley. England; Penguin Books, 1989 . ____________________. ____________________. The Libri of Aleister Crowley (Os Livros de Aleister Crowley). Disponível em: http://www.hermetic.com/crowley/index.html http://www.hermetic.com/crowley/index.html.. Acesso em 01/02/2007). ____________________. ____________________. Magick Without Tears (Eletronic Version). Disponível em: http://www.hermetic.com/crowley/mwt_contents.html., 1988. 1988 . Acesso em 05/03/2007. CHARAUDEAU, Patrick./MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de Análise do Discurso. Tradução Fabiana Komesu (et al.) a l.) São Paulo: Contexto, 2004. FERNANDES, Cleudemar. Análise do Discurso: reflexões introdutórias. introdutórias. Goiânia: Trilhas Urbanas, 2005. FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo: Ed. Contexto, 2001. FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense, 1986. GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método. Petrópolis: Vozes, 1997. GOODMAN, K.S. Reading a psycholinguistc psycholinguistc guessing game. In: The Journal of the reading pecialist, May/1967, 20-33. LOPES, Edward. Discurso, texto e significação: uma teoria do interpretante. São Paulo: Cultrix, 1978. MALTEZ, José Adelino. Hermenêutica .www.maltez.info www.maltez.info.. Acesso em 21/09/2007. NEVES, João Alves das. Fernando Pessoa - Poesias Ocultistas, 2° ed., São Paulo: Editora Aquariana, 1996.
76
OLIVEIRA, Cristina G. M. Filosofia Antiga. Disponível em: http://www.filosofiavirtual.pro.br/biografiaplatao.htm.. Acesso em 26/05/2007. http://www.filosofiavirtual.pro.br/biografiaplatao.htm ORLANDI, Eni P. Análise do Discurso: princípios & procedimentos. procedimentos. 6º ed. São Paulo: Pontes, 2005. O.T.O, Ordo Templis Orientis Brasil. Filosofia Thelemica. Disponível em: www.otobr.com www.otobr.com,, 20012007. Acesso em: 20/06/2007. PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Ed. da Unicamp, 1988. ____. Sobre a (des)construção (des)construção das teorias lingüística. In: Línguas e Instrumentos Lingüísticos. Campinas: Pontes, 1999. PEREIRA, Rodolfo Viana. Hermenêutica Hermenêutica filosófica e constitucional constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. PINHEIRO, Eduardo. Biografia de Aleister Crowley. Disponível em: http://www.brasilescola.com/biografia/aleister-crowley.htm. Acesso em 2007. 2007. PUHL, Paula. Ideologia. Vingança e loucura: a hermenêutica revive em Hamlet. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/puhl-paula-hamlet-ideologia.html#foot1211.. Acesso em 20/07/2007. http://www.bocc.ubi.pt/pag/puhl-paula-hamlet-ideologia.html#foot1211 RAPOSO, Carlos. Thelema: Uma Religião da Nova Era. Disponível em: http://www.artemagicka.com/artigos/thelema.htm,, 2004. Acesso em 19/05/2007. http://www.artemagicka.com/artigos/thelema.htm _____________ _____________ . Aleister Crowley (1875 – 1947) - O Mago de Mil Faces. Disponível em http://www.artemagicka.com/therion/biografia.htm,, 2002. Acesso em 11/08/2007. http://www.artemagicka.com/therion/biografia.htm STEIN, Ernildo. A Consciência da História: Gadamer e a Hermenêutica, São Paulo: In Mais, Caderno Especial de Domingo da Folha de São Paulo, 24/03/02. SABBAD, Glênio G. Da Hermenêutica como Desvelamento do Oculto. Disponível em:http://www.bcb.gov.br/crsfn/doutrina/DA%20HERMEN%C3%8AUT em:http://www.bcb.gov.br/crsfn/do utrina/DA%20HERMEN%C3%8AUTICA%20COMO.pdf ICA%20COMO.pdf 22/12/2004. Acesso em 02/04/2007. SCRIVEN, David. Observations about Liber Oz by Frater Sabazius. Ordo Templis Orientis U. S. A, 1997, 2001. Disponível em: http--www_hermetic_com-sabazius-ozgloss.htm . Acesso em 2007. SEDYCIAS, J. O que é Inglês Instrumental? Disponível em: http://home.yawl.com.br/hp/sedycias/instrument_01e.htm#top.. Acesso em: 09/12/2006. http://home.yawl.com.br/hp/sedycias/instrument_01e.htm#top SILVA, Fernando Moreno da. A instância lingüística do leitor. Estudos Semióticos, Número 2, São Paulo: 2006. Disponível em: www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es. Acesso em 20/10/2007. NUNES JR, Amandino Teixeira. Hermenêutica. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3711.. Acesso em 18/10/2007. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3711 KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 77
SOBRE O AUTOR
F. Aldebaran, escritor brasileiro, nasceu no dia 26 de maio de 1980 na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Maria da Glória Fonseca dos Santos e de Pedro Honorato dos Santos. Radicado em Imperatriz (MA), vive com Zélia Nuit (esposa) e Radharani Aldebaran (filha). É autor dos livros: O poder da vontade (2005; uma coletânea de artigos intimistas sobre a filosofia thelêmica e poesias); O drama de uma mulher indecisa na alcova (2010; conto baseado nas obras do Marquês de Sade); O mistério da tarântula (2011; contos poéticos sobre o arquétipo aracnídeo); Modelo da vida (adaptação de um poema que escreveu em 1995 para romance); Ubu – A lenda do demiurgo (romance fantástico); A casa dos sete ventos (romance), os três últimos inacabados. Cursou Letras na Universidade Estadual do Maranhão; é professor, servidor do Poder Judiciário, sindicalizado pelo Sindjus-MA. Escreve para os jornais: O Progresso, Correio Popular e Tribuna do Tocantins. É estuda estudante nte de psican psicanális álisee clínica clínica,, pesqui pesquisad sador or de religi religião ão compar comparada ada,, bonsaí bonsaísta sta,, pesqui pesquisad sador or etnobotânico e micetólogo autodidata. Os seus textos abordam temas que parecem polêmicos e obscuros, ao leitor incauto, no entanto, pode se observar através de sua escrita um estilo próprio e ousa ousado do de fazer fazer text textos os “psi “psico co-o -oní níri rico cos” s” sobr sobree espi espiri ritu tual alid idad ade, e, polí políti tica ca,, delí delírio rioss míst místic icos os,, sexualidade, crises existenciais, sobre sonhos que parecem indecifráveis e enigmáticos, mas que apenas revelam sentimentos profundos e inconscientes, no eterno dilema do ser individual e social.
WWW.ALDEBARAN.K6.COM.BR
78
79