RESPOSTA TÉCNICA
Título
Cola para violoncelo Resumo
Apresenta informações referentes à como realizar o preparo da cola utilizada para reparar violoncelo. Palavras-chave
Cola; cola animal; instrumento musical; luteria; violoncelo Assunto
Fabricação de cola animal Demanda
Como é o preparo da cola utilizada para reparos de violoncelo? Solução apresentada
Ao longo do período de prática, bem como quando danos são causados, o violoncelo necessita de pequenos ajustes ou reparos, tanto para o próprio conserto como também t ambém para extrair todo o potencial do instrumento. Pequenos danos como aos causados ao braço (FIG. 1), filete, espelho, caixa das cravelhas, cravelhas, dentre outros, assim como ajustes que necessitem a abertura do tampo ou na própria construção do instrumento, há a necessidade do uso de uma cola adequada ao material (BERTELLI, informação verbal apud MARADEI JR., [1999]).
Figura 1 – Violoncelo com braço descolado Fonte: (CARAWAY STRINGS, 2011)
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O Quadro 1 apresenta algumas das colas utilizadas na fabricação artesanal de instrumentos musicais. COLA
CARACTERÍSTICAS
PRÓS
CONTRAS
PVA Amarela sintética
Adesivo sintético que quando seco fica turvo e bem cristalizado (duro). Também conhecida como Titebond .
Prática, forte e fácil de usar em uma ampla gama de temperaturas.
Mais difícil de desmontar/reparar do que a cola animal. Algumas madeiras oleosas/resinosas podem requerer preparação especial.
Animal
Feita de colágeno, é perfeita para a construção de instrumentos por ficar bem cristalizada quando seca, torna-se um "vidro", e isso contribui para a boa condução do som. Pode ser manipulada a partir de gelatina sem sabor.
Escolha tradicional de fabricantes de instrumentos musicais. Muito forte, mas desmontável para reparos. Articulações invisíveis com boa técnica de trabalho com a madeira.
Grânulos secos devem ser misturados com água, aquecidos e permanecer a uma temperatura constante durante o uso.
Epóxi
Por vir em bisnagas separadas, para ser usada precisa ser misturada. De secagem lenta, é usada principalmente misturada com pó fino (serragem) de madeira para dar acabamento em marchetarias, incrustações de madeira e madrepérola.
De ligações fortes, pode ser usada limpa ou com agentes de enchimento (farinha de madeira). Ideal para unir materiais diferentes, como madeira e metal, funcionando bem em madeiras tropicais oleosas.
Pode desprender com o calor. Algumas são cerosas, potencialmente mortal para a ressonância do instrumento.
Cianoacrilato
De secagem muito rápida (em segundos), pode até cobrir ranhuras e rachaduras do verniz. Algumas vezes utilizada para iniciar (colagem das pontas) o trabalho de cola dos filetes da viola.
De ligação rápida, seca de maneira firme e limpa. Bom para reparação de acabamentos transparentes.
Baixa resistência ao cisalhamento, também reage com alguns metais. Torna-se frágil e desprende sob calor. Fixa facilmente os dedos ao objeto em construção, além do vapor emitido ser irritante para os olhos.
Quadro 1 – Colas usadas pelos luthiers Fonte: (Adaptado de BORGES, 2007a; RENAISSANCE WORKSHOP COMPANY, [2010?], tradução nossa)
Conforme exposto por Maradei Jr. ([1999]), Como todas as partes [dos instrumentos] são coladas e devem ser facilmente descoláveis, para eventuais restauros, a cola merece tratamento especial. A que se usa na luteria é de tendão de animal. Ela descola rapidamente, por si só desengordura certas partes do instrumento e é solúvel na água. "As colas sintéticas, industriais, à base de acetona, não permitem a boa descolagem", explica Bertelli. Cola animal
As colas de origem animal são feitas a partir de proteínas extraídas por fervura de ossos, pele, cascos e chifres de animais. O extrato é cozido numa forma de material gelatinoso, o que possibilita que seja liquefeito novamente através do calor (HISTORY..., 1991, tradução nossa). São inodoras, secas, firmes e de cor transparente (variando entre âmbar claro e marrom escuro), usualmente disponíveis na forma de pérolas, flocos ou pulverizados (KREMER PIGMENTE, [201-?], tradução nossa). Além de ter uma força maior para resistir à tensão das cordas, ela permite que o som do instrumento seja transferido para as partes do instrumento com máxima eficiência e a mínima perda de energia (POLETTI, [201-?], tradução nossa). 2 Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br
No Brasil, o uso mais comum de cola animal no reparo de violoncelos é a feita com gelatina. Conforme Borges (2007b), a cola animal pode ser preparada a partir da gelatina sem sabor. Para isso são necessários: • • • •
1 colher de sopa de gelatina sem sabor em pó; Água; Um frasco plástico; Uma vasilha (panela) com água quente para o banho-maria.
O banho-maria serve para aquecer a cola, que não deve ser fervida. A vasilha com água quente se faz necessária durante todo o procedimento de uso, pois a cola de gelatina deve ser manipulada quente. Não fazer o uso da cola quando esta estiver resfriada ou com aspecto cremoso (BORGES, 2007b). A proporção de pó de gelatina para água será sempre 1:3, ou seja, para uma colher de sopa de gelatina em pó serão utilizadas três colheres de sopa de água. Colocar o pó de gelatina e a água no frasco plástico e deixar a gelatina absorver a água por aproximadamente 20 minutos. Após, colocar o frasco plástico na panela em banho-maria, que irá aquecer a mistura. A cola deve ser utilizada quando estiver bem derretida, de aspecto quase transparente e textura semelhante a uma calda usando um pincel. A cura da cola leva aproximadamente 24h, e o restante não utilizado pode ser guardado em geladeira para uso posterior (BORGES, 2007b). Conclusões e recomendações
Por ser firme, possibilitar o desmonte do instrumento facilmente e contribuir para a condução do som, a cola animal é a opção mais adequada para reparos de violoncelos e outros instrumentos musicais acústicos. Reparos de instrumentos musicais devem ser realizados por especialista ( luthier devidamente formado), pois qualquer falso movimento pode causar danos permanentes irreparáveis. Fontes consultadas
BORGES, Luciano. Colas usadas pelos luthiers? [Araguari], 2007a. Disponível em: . Acesso em; 28 jun. 2012. ______. Dica 3 do luthier: como fazer a cola de gelatina (cola quente animal). [Araguari], 2007b. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2012. CARAWAY STRINGS. Broken cello neck . Richardson, Texas, 2011. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2012. HISTORY of adhesives. ESC Report, Glen Ellyn, v. 1, n. 2, July 1991. Disponível em: . Acesso em: 03 jul. 2012. KREMER PIGMENTE. Animal glues. Aichstetten, [201-?]. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2012. MARADEI JR., Marino. Luthier: o artesão do som. [Rio de Janeiro], [1999]. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2012. 3 Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br
POLETTI, Paul. Glue. [Barcelona], [201-?]. Disponível em: . Acesso em: 03 jul. 2012. RENAISSANCE WORKSHOP COMPANY. Glues and adhesives . [S.l.], [2010?]. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2012. Elaborado por
Lidiane Marques Gomes Nome da Instituição respondente
SENAI-RS / Departamento Regional Data de finalização
04 jul. 2012
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