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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om
N e lta c ole ta ne a, M a r tin B u b e r r e un e m a g i 1 traB r lmatz elan tev, u rna l d Oh ilto ria l'o l dg ora ndR eabl i reN p akre hlemntaa nn te l d e l u ltim d o H a S li dilm o , m i ltic ilm o p o p ula r d O l lf C U l ol X V I I I e X IX d O l ju d e ul d o L e ite [ u ro pe u. B iln eto d o fu n d ad o r d o H a llid ilm o , e le m e lm o u m a lin g u la r f ig ura e lp iritu al, R a bi N a k h m a n c om u n ic av a c om f re q U e nc ia lu a la be d o ria m i ltic a a O lle ul d ilc ip u lo l n a f or m a d e c o nt olli m b o li C O l. D e n tro d a n ar ra tiv id ad e tr ad ic io n al, c om b a le
M H IH O R IM D O
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ton OriaI el m itom a lil tab ible licntool,lo l f o ie u linr n gdu Ola l mc o n tad doo reiml a g dine arioh i f ic cio n al e m i ltic o te n d o , p o r illO m e lm o , u rn lu g ar m u ito e lp ec ia l n a lite ra tu ra ju d aic a. ~ eu l r ela to l ta m bf m f o ra m u rn f e r m e nto v al io lO , n a o 1 0 d e c o nc e p~ o el f il olo fi ca l, m a l , a cim a d e tu do , d e u m a m r itu ra d e f ic ~a o q u e v ai fe rtiliz ar im p o rta nte l a uto re l d o I fc u lo X X e p alla , p o d e -I e d iz er , I e n a o p o r d en tro , p e rto d e K a fk a.
RABI
NAKHMAN
M AR T IN
BUBER
ISBN 85-273-0234-9
1 1 1 81 51 1 12171 1 1 1 130 1 1 1 12131 14191 9 179 http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n
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A S H IS T O K I A S
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C ol ~o
P ara le lo s
Dir igida por J. Guinsburg
....
A S H IH O R IA S HADI
DO
NAKHMAN
( o le ta d a s e R e d ig id a s p o r
M A R T IN
BUBER
Oesenhos R IT A
Equi pe de reali zacao - Traducao : Fany Ko n e 1. G uin sb urg ;
R O SE H M A Y E R
Revisao de p rov as: Tan ia
M ae ta ; P roje to gra fico e c apa: Adr ia na Gar cia; Ass es soria e ditorial: P linio M ar tins F ilho; Producao: Ricardo W . N ev es , A dri an a G ar ci a e H ed a M ar ia L op es .
~\I'/~ ~
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EDITORA
PERSPECTIVA
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T itulo do origina l a le ma o
D ie G es ch icht en d es Rab bi N akhm an by Martin Buber P rime ir a e dica o, 1906 C opyr ight©
1996 by T he Es ta te o f M art in B ub er
SUMARIO
o R AB I NAKHM AN E S UA~ HI sT 6R IAS PREFfi.CIO
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R AB I NAKHM AN E 0 M IS TI CI SM O J OOAI CO MISTIC,ISMO JUI)AlCO
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RABI NAKHMAN DEBRAlZLAV . D IT OS D O R AB I N AK HM AN
As As Dir eitos r es er va dos e m lfngua portuguesa E DI TORA P ER SP EC fI VA
a
S .A.
Ave nida B riga de ir o L uis AntOnio, 3025 01 401 -00 0 - Sii o Pau lo - SP - Brasil Telefax (011) 3885-8388
www.editoraperspectiva.com.br 2000
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HIST6RIAS
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o T OU RO E 0 C AR NE IR O o R AB I E S EU F IL HO o INTELIGENTE E 0 SIMPWRIO o FILHO
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AS HIS T6RIAS DOR AB INAKHMAN
Os
SETE MENDIGOS.
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U M T ZA DIK V Al A TERRA SANTA
A
VIAGEM.DERABINAKHMANA
PALESTINA •.••••...•••.•••.•••
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APENoICE DITOS DO RABI NAKHMAN ••...••.••.•.••..•.•.•••...••..•.
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o RABI
NAKHMAN E SUAS HISTORIAS
Rabi Nakhman de Bratslav foi, sem duvida, urn dos expoentes mais significativos e originais do movimento pietista fundado pelo Baal Schem Tov (0 Mes tre do Bom Nome). Mas, independent emente de seu papel e de suas contribuicoes para 0 universo de ideias religiosas dojudafsmo e de seu processamento historico, social e cultural, 0 neto de Bescht tern um lugar muito especial na literatura judaica, na medida em que foi, dentro da narratividade tradicional com base nos escritos bfblicos e hermeneuticos do povo de Isr ael, urn dos contadores de hist or ias mais t alentosos e singulares do i maginario ficci onal e mfstico, Seus relatos, todos expost os apenas or almente e depois transcri tos por m embros de seu circul o de segui dor es, tornaram-s e urn ferment o val ioso, nao so de concepcoes filosoficas, como as de Buber, e de outros pensadores do existencialismo religioso judaico, mas, acima de tudo, de uma escritura de ficcrao que vai ferti li zar i mportantes aut ores do seculo vinte e, ate certo ponto, pode-se dizer, que passa, se nao por dentro, pelo menos perto de Kafka. Todos estes aspectos convertem a recolha efetuada por Buber numa luz pioneira, no Ocidente, dos caminhos seguidos pelo pensamento e pel a arte do Rabi Nakhman. E, por i ss om esmo, compreende-se que, ao cotejar a sua edi¥ao dos relatos com a traducao para 0 Ingles, tenha
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A S H IS T6 RIA S D O R AB I N AK HM AN
ficado insatisfeito com 0 qu e the foi dado ler, uma vez que e sta ultima procedeu a uma segunda l it erari zacao do t exto, sobrecarregando e ate cert o ponto amaneirando a que j a havia s ido feita pelo antologist a que, dentro do possi vel e de seu feiti o esti li sti co, ti mbrara em perm anecer mais proximo da voz oral que ainda se fazia ouvir na transcricao do R abi N atan de Nemir ov. Em fun~ ao deste fato, B uber exigiu que t odas as tr aducoes ult eriores levassem em conta 0 text o alemao, Foi 0 que fi zemos a part ir de urn xerox, f omeci do pelo Marti n Buber Es tate, contendo correcoes do punho do pr6prio Buber. Com este esclarecimento, esper amos que a ver sao para 0 portugues tenha se mantido fiel a dupla emissao que soa nestas narracoes, isto e. a de Rabi Nakhman e a de Buber, que, por c erto, the dao uma validade especifica e certamente divers a, por em nao m enos r ica, sob todos os pontos de vista, das hist 6rias contadas pelo mestre aos seus discipulos em Bratslav.
PREFAcIO
J. G uinsburg e F any Kon
Minha recriacao das hist6rias do Rabi Nakhman apareceu impressa pe l a primeira vez ha cinqiienta ano s. Nao as traduzi, mas as recontei com totall iber dade, por em dentr o de seu espiri to, tal com o se m e apresentaram. As hist6rias foram preservadas em notas de urn discipulo, notas que obviament e deform aram e dist orcer am em muito a nar rativa ori ginal . D a m anei ra com o as encontrei par eciam confusas, verbosas e ign6beis em sua f orm a. Tive grande dif icul dade em preservar inal terados t odos os elementos das fabu las cujo p oder e colorido me c onvenceram ser parte do original. N a porcao preli minar deste li vro procurei apresent ar a atm osfera do conjunto. A secao que intitulei "Misticismo Judaico" deve ser considerada, conseqi ient ement e, como uma prim eir a introducao gener ic a a este tema. Martin Buber
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INTRODU<;AO
Com a publicacao, em 1906, de As Historias do Rabi Nakhman (Die Geschichten des Rabbi Nakhmany, Buber introduziu 0publico alem ao cult ivado e do O ci dent e a sabedoria mfstica e a nobreza espiritual do Hassidismo, 0movimento de misticismo popular que surgiu no seculo dezoi to entr e os j udeus da Pol onia e da U cr ania. 0 prim ei ro dos m uit os t rabalhos que Buber publicari a s obre 0 H as si dis mo, num vol um e eleg ante e escrito e m estilo grac ioso - projetado nos mais belos pa droes vigentes, 0 Jungendsti h - revelou 0 notavel universo espiritual dos ate entao desprezados hassidim, co mo sao ch ama dos o s adep tos do movi0
mento. Para europeu e ducad o - jud eus e n ao-judeu s igualme nte - os hassidim era m v istos como urn sfrnbolo de sup ersticao re ligiosa e de I. T ra du zid o p ela p rim eira v ez d o a le ma o, e m 1 95 6, p or M au ric e F rie dm an e p ub li ca do p el a H or iz on P re ss , N ov a Y or k; r ep ub li ca do s ub se qi ie nt em en te e m 1 96 2 p el a I nd ia na U ni ve rs it y P re ss , e e m 1 97 0 p el a A vo n P re ss d e N ov a Y or k. T ra du zi do a o portug ue s, d o o ri gi na l a le ma o, s ob 0 titulo As H is to ri es d o Rab i N akhm an , em 20 00 , pela E d it or a P e rs pe ct iv a, S a o P a ul o, B r as il . 2 . A s i nic ia is , p or e xe m pl o, e ra m e xe cu ta da s p el o r en om a do a rt is ta d o Jugendstil E m il R u do lo f W e i ss ( 18 7 5- 19 4 2) . Q u an to a atencao dada p o r B u b er a o s d e ta l he s e s te t ic o s d e s ua s p ub li ca co es e a s ig ni fi ca ca o d es te s p ar a a c om p re en sa o d e s ua o br a, v er M e nd es Florh, Von d er M ys ti k z um D ia lo g. Ma rt in Bub er 's g ei st ig e Ent wi c/ du ng b is hin zu "Ich un d Du" (Koenjgstein aJ T: J u ed is ch er V e rl ag , 1 9 76 ). p p . 1 1 2- 11 4.
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A S H I S T6 R I AS
lNTRO DUC;A o
DO R A B I N A K HM A N
a tr as o , a li en i ge n as , " s em i -a si at ic o s" (Halb-Asienv ; co mo K arl E rm il F ra n zo s ( 18 4 8- 19 0 4) , e s cr it o r j u d eu a u st rf ac o , i ro n ic am e n te o b se rv o u. A o s o lh os d e m u it os e ur op eu s e du ca do s o s hassidim r e pre se nta va m os O stjude n - o s j ud eu s i gn or an te s d o v as to g u et o " or ie nt al " d o L e s te E ur op eu , o b st in ad am e nt e a pe ga do s a u rn a f e s up o st am e nt e a na cr on ic a, s ob re ca rr eg ad a d e fo rm al is mo re lig io so e d e u m a c on ce pc ao l eg ali st a d o s er vic e q ue 0 fiel d ev e p re st ar a D eu s. N a v erd ad e, 0 H as si di sm o v ei o c ar ac te ri za r a i m ag em n eg at iv a d o ju da fs mo p re va le ce nte n a c ul tu ra o cid en ta l. A ss im , a o realcar 0e nt us ia sm o e sp ir it ua l e a i m ag in ac ao n o H as si di sm o , B u be r t am b er n a ju do u a r es ta ur ar 0 r es p ei to p e lo j ud a fs m o ". B u be r t om o u 0H as si di sm o r es pe it av el ta l c om o s e a pre se nt av a, a o i nt eg ra r a m a ni fe st ac ao m a is d if er en ci ad a d a e sp ir it ua li da de j ud ai ca d o L es te E ur op eu n o d is cu rs o e n o i dio m a u su al d o m o dis mo i nt el ec tu al d o fin de siecle, i ~ to e , 0 n eo -r om a nt is m o ( e, m a is t ar de , 0 expressionismo). E m s ua a pr es en ta ca o d o H as si dis mo , B ub er c om p ar ari a, s uti l e f av or av elm en te , s ua s en sib il id ad e e sp ir it ua l c om o ut ra s t ra dic oe s m fs ti ca s -
t e b a se ad o e m u m a a pre en sa o d a u ni da de p rim o rd ia l d o m u nd o e , a ss im , ele - e a tradicao m fstica m ilenar de onde em ergiu a C ab ala - e unicam en te r el ev an te p ara a s p re oc up ac oe s d o in div fd uo c ult o e nv ol vi do n a b us ca e sp iri tu al d o f im d o s ec ulo . A o p u bl ic ar As Histories do Rabi Nakhman, B u be r e nv io u u rn e xe m -
e sp ec if ic am e nt e a qu el as a pa dr in ha da s p el o c ri st ia ni sm o m e di ev al e p or v ar ia s re li gio es o ri en ta is - h on ra da s p el o n eo -r om an tis m o. B ub er ta mbe r n a pr ese ntou 0 H assidism o em term os de su as len das e m itos - exp re ss oe s d a s ab ed or ia p o pu la r p re -i lu m in is ta . E st as , 0 e di to r E ug en D ie de r ic h s (1 86 7 -1 9 30 ), 0m e ce na s d o n eo -r om a nt is m o, c el eb ro u c om o c ap ta nte s d e u m a i nt ui ti va e , p o rt an to , a s eu ju fz o, g en ufn a e xp eri en cia m etaffs ica d a u nid ad e p rim al d o m un do , a qu al, in feliz me nte, a rein an te c i vi li za ca o b ur gu es a c om s eu ethos d i v i s6 ri o e i n te le c to a n al ft ic o h a vi am ofuscado'. 0H as si di sm o , a fi rm a va o us ad am e nt e B u be r, e st a i gu al m en -
m o e xp ri m ia m u rn p re co nc ei to d om i na nt e. E . s em d ii vi da , t in ha ta l preconceito em m en te qu an do . ja n o p rim eiro p arag rafo d a in tro du cao ao s eu liv ro s ob re N akhm an , d ec la rav a qu e R ab i N akhm an d e B ratz la v - " ta lve z 0u lt im o m f st ic o j ud eu " - " si tu a- se n o f in al d e u m a i ni nt er ru pt a t ra di ~ ao cu jo in icio n ao co nhec em os. P or m uito tem po ten to u-se n eg ar esta tradicao; hoje em dia ja n ao se p ode m ais d uvidar dela'", A le m d is so , o bs er vo u B ub er , e st a t ra dic ao " e u m a d as g ra nd es m an if es ta co es d a s ab ed or ia e xt at ic a" . A b er n d iz er , 0 m i s ti ci sm o j ud a ic o c ar re g a a i n fl u en c ia d e o utr as t ra dic oe s m fs ti ca s, p or em , e nfa ti za B ub er , " a te nd en cia p ar a a m fs tic a e i na ta n os ju de us d es de a A nt ig uid ad e. [ Na v er da de ], a fo rc a d o m is ti cis m o ju da ic o f oi e xtr afd a d e u m a c ara ct eri st ic a o rig in al d o p ov o
3 . F ra nz os u ti li zo u p el a p ri m ei ra v ez
0 termo
Halb-Asien e m s ua c ol et an ea d e c on -
to s d a v id a d o L este E uro pe u, n os q ua is esboca a s f ig ur as d e m aio r proeminencia do g u e to j u de u : Au s Halbn-Asien. K u lt ur b il d er a u s Galizien, der Bukowina, Suedrussland u n d R u m ae n ie n ( St ut tg ar tl Be rl im , 1 87 6 ), 2 v o ls . E le u so u 0 termo Halb-Asien c om f re quencia e m s eu s e sc ri to s, a pl ic an d o- o, n a m a io ri a d as vezes, i nd is cr im in ad am e nt e a t od as a qu el as r eg io es q ue s e e ste nd em " nic ht b lo ss g eo gr ap hi sc h, s on de rn a uc h in i hr en K ul tu rl eb en z w is ch en d em g eb il de te n E ur op a un d d em b ar ba ri sc he n A si en " ( na o a pe n as g eo gra fic am en te , m as tam bem , em s ua v id a c ultu ra l e ntre a E uro pa c ultiv ad a e a A s ia b a rb a ra ) . F r an z os , V on D on z ur D on au ( S tu t tg a rt /B e rl im , 1 8 7 8) , I I , 1 9 3 . 4. So bre a im ag em negativa do judafsmo c om o r el ig ia o a si at ic a e str an ge ir a e a c on tr ib ui ca o d e B ub er p ar a a r ea bi li ta ea o d e s ua i ma ge m, v ej a M e nd es -F lo rh . " Fi n- de S ie cl e O r ie nt al is m , T h e O s tj ud en a nd A e st he ti c o f J e w is h S e lf -A ff m na ti on ", e m J o na th an Frankel (ed.), S tu d ie s i n C o nt em p o ra r y J u da is m , B l o om i n gt o n, I n di a na U n iv e rs it y P r es s , 1 9 82 , p p . 9 6- 13 8 . 5 . S ob re D ie de ri ch s e s ua c os mo vi sa o, v er W . G . O sc hi1 ew sk i, E ug en D ie de ri ch s
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plar a D iederichs e, na c on ve rs a d e v ari es a no s judaismo, 0 q u al j ul ga v a e i n te ri o ri d ad e , p u d es s e
carta que acom panhava a rem essa, lem brou a a nt es , q ua nd o 0 e di to r h av ia d uv id ad o d e q ue 0 s er v i sc e ra l m e n te d e st it u fd o d e e sp o n ta n ei d ad e p r op o rc io n ar 0 s ol o p ar a 0 misticismo":
o s en h or t al ve z s e r e co rd e d a c on v e rs a q ue t iv em o s Mvaries a n os q u an d o d i sc u ti m o s a q u es ta o d a e xi st en ci a d e u rn m i st ic is m o j ud ai co . 0 s en ho r n ao q ui s d e f or ma a lg um a a c re d it ar n i st o . C o m 0 l iv ro d e N ak hm an in ic ie i u ma s er ie q ue d oc um en ta a e xi st en ci a d e u r n r n is ti c is m o j u da ic o .
B ub er e sta va cab alm en te cien te d e qu e a s d uv id as d e D ie derich s s ob re a c ap ac id ad e d o j u da fs m o d e a li m en ta r a e sp ir it ua li da de d o m i st ic is -
qu e
0 p ro du zi u" .
E m s eu t ra ba lh o s eg ui nt e s ob re
0 Hassidismo,
As Len-
u nd s ei n W e rk , J en a, E ug en D ie de ri ch s V er la g, 1 93 6: c f. t am be m E . D ie de ri ch s, Au s m e in em L eb en , J e na , E u ge n D i ed er ic hs V e rl ag , 1 9 38 . 6 . B ub er a n D ie de ric hs , 2 1 d e ja ne ir o d e 1 90 7, B ub er , B r ie fw e ch se l a us s ie be n Jahrzehmen; ed. G r et e S ch ae de r ( H ei de lb er g, V e rl ag L am b er t S ch ne id er , 1 9 72 ), I,2 53 s . A a ti tu de d e D ie de ri ch s p ar a c om 0judafsmo e d is cu ti da e m G e or ge M o ss e, T he C ri se s o f G e rm a n I d eo l og y , Inteltectua: O r ig in s o f t he T hi rd R ei ch , N o v a Y o r k, G r os s et & Dunlap, 1 96 4. p p. 5 7 s. 7.T h e T a le s o f R a bb i N a ch m a n. p . 3 . P a ra m e lh o r e s cl a re c er 0 l e i t or s o b r e 0 universo d e i de ia s e a e sc ri tu ra d e s ua t ex ma li za ca o f oi p re se rv ad o n es ta e di ~o 0 t ra b al h o i n tr o d u t6 ri o q ue a co m pa nh a a e di ~i io a m er ic an a. 0 q ue i m pl ic ou , n at ur al m en te , n a m a nu te n\ !a o d a fo rm a d ad a e m in gle s, as p ass ag en s q ue fig ura m n es ta e n ota 2 8. (N . d os T .)
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A S H IS T 6R IA S D OR A B IN A K H M AN
das do Baal Schem (Die Legende des Baal Shem). Buber insistiria analogamente neste ponto quando afi rmou de maneira apodf cti ca que "os judeus sao talvez 0unico povo que nunca cessou de produzir mitos .... [e 0 Hassidismo] e a ult ima forma do mi to judaico que conhecemos'". Os primeiros pronunciamentos de Buber sabre 0 Hassidismo constitufram urn profundo desafio a opiniao predominante entre os europeus esclarecidos com respeito a espiritualidade judaica. Urn tanto ironicamente, os aculturados judeus do Ocidente, como observou Gershom Scholem, compartilhavam desta opiniao e. deliberadamente, "exclufam e repudiavam" misticismo e mito de sua concepcao de judaismo", E ninguem, notava Scholem, merecia "mais credito por fazer com que estes traces dojudafsmo surgissem de novo a baila, do que Buber..", Uma picante, porem tocante penet racao no amago da r esist enci a do j udeu il ustr ado aos esf orcos de Buber em reaJlilitar a imagem do Hassidismo e em resgatar do esquecimento expressoes da devocao mfstica judaica nos e fomecida por urna carta, datada de 6 de fevereiro de 1908. dirigida a Buber por seu pai Carl (18481935). urn bem-sucedido comerciante austrfaco": Q u e ri d o M a r ti n , R e ce ba , p or f av or , a s m i nh as m a is a fe tu os as s au da eo es p el o s eu a ni ve rs ar io . P o ss a o s e u t ra b al h o t ra z er -l h e 0 s uc es so q ue v oc e d es ej a e p os sa a s ua e xi st en ci a e st ar li vr e d e preocupacoes e c u id a do s . E u f ic ar ia f el iz s e v o ce d es is ti ss e d es te s a ss un to s h as sf di co s e d o Zohar [isto e , do misticismo], p oi s s 6 poderao l he t r a ze r ur n e n fr a qu e ci m e nt o m e n ta l e e f ei to p e m ic io s o . E um a p en a d ev ot ar s eu ta le nt o a t ai s t em as estereis e p erd er ta nto te mp o e esforco [em a l go l t a o i n te i ra m e nt e imitil p ar a v oc e e p ar a 0 m u n d o .
A atit ude de s eu avo Sal omon B uber ( 1827-1906). por outr olado, era mais estimulante. Este eminente erudito do Midrasch, que na verdade criou 0neto em sua casa em Lemberg (Lvov), na Galicia austrfaca, dedicou ativo interesse ao trabalho dele e fomeceu-Ihe textos hassfdicos nao-disponfveis em Berlim". Urn pouco antes de sua rnorte, em dezembro de 1906. Salomon Buber recebeu uma c6pia de As Historias de Rabi Nakhman, e a 8. 1 96 9 , p p. 9. i n C r is is .
As L e n d a s do Baal Schem, t ra d. M . F rie dm an , N ov a Y or k, S ch ok en B oo ks , x i, x ii i. M a rt in B ub er 's C on ce pt io n o f J ud ai sm ". e m S ch ol em , O n J ew s an d Judaism S el ec te d E ss ay s, t ra d. W . J . D an nh au se r, N ov a Y or k, S ch oc ke n, 1 97 6, p . 1 42 . 10. Briefwechsel, I , 2 60 s. 1 1. V eja , p or ex em plo , S alo mo n B ub er p ara M artin B ub er, c arta d ata da d e 2 6 d e n o ve m br o d e 1906. Briefwechsel, I , 2 4 8.
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IN TRO DU C;A O
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dedicat6ria que 0texto trazia sem diivida 0 agradou extraordinariamente: "Ao meu avo Salomon Buber, 0 Ultimo mestre da antiga Haskald, dedico este trabalho sobre 0 Hassidismo com respeito e amor't". Ao preparar seus primeiros estudos sobre 0Hassidismo, Buber dispos t ambem do apoio de vari es erudit os do Leste Europeu, part icul armente de Micah Iossef Berditchevski (1865-1921). Simon Dubnov (18601941) e Samuel A. Horodezki (1871-1957)13. que ja haviam escrito tratados em hebraico, Idiche e russo - sabre varies aspectos do Hassidismo e da Cabala. Em contraste com 0 interesse cientffico no Hassidismo por parte destes estudiosos, 0de Buber nao era nem 0de urn historiador nem tampouco 0 de urn fil 6logo. "N ao e, em geral, mi nha i nt encao coletar novos fatos", explicou B uber a H orodetzki , em cart a datada dej ulho de 1906, "porem simplesmente prover urna nova compreensao [Auffassung] do misticismo judaico e suas interconexoes, dar uma nova apresentacao sintetica [desta tradicao] e suas criacoes e tomar estas criacoes conhecidas de urn publico europeu num a form a tao art is ticament e pura quanto possfvel?". Por isso, decidiu nao traduzir estas criacoes - as lendas e contos alegoricos narrados pelos mestres hassfdicos - mas antes "reconta-las" (nacherzaehlen). Selecionando varies motivos das hist6rias hassfdicas que, a seu jufzo, capturavam a mensagem caracterfstica do Hassidismo, Buber "fez re-viver" (nacherleben) esses motivos e a mensagem que veiculavam, recontando-os da forma como ele os vivenciava (erleben). Antes de se decidir par esta abordagem para desvendar a mensagem - ou 0que hoje poderi a ser chamado de cerne querigmatico - dos contos e lendas hassfdicos, Buber procurou inicialmente, de fato, traduzi-Ios e sentiu-se repetidamente frustrado por urn problema na a pa rencia intratavel. Da maneira como esta registrado em hebraico pelos seguidores. amiude incultos, dos mestres hassfdicos que relatavam seus contos e lendas oralmente, em Idiche, 0material com 0qual Buber tinha de traba1 2. D ep oi s d a m or te d e s eu a vo , B ub er m o di fi co u a d ed ic at 6r ia n as e di ~O es e i mp r es s o es s u b se q u en t es para: "D em G e da ec ht ni s m e in es G r os sv at er s S al om o n B u be r d es l et zt en M e is te rs d er a lt en H as ka la b rin ge ic h i n T re ue n d ie s W e rk d er C ha ss id ut d ar " " J . . . m em 6 ria d e m eu a vo , 0 u lt im o m e st re d a v el ha H a s k a ld , e u o fe re co c om d ev oc ao e st e t ra b a! h o s a br e 0 Hassidismo". 1 3 . B u be r s e a co n se !h o u c om c ad a u rn d es te s e sp ec ia li st as , c uj a a ss is te nc ia a ss in al ou n o p re fa ci o d a p ri me ir a e di ~a o d o D i e G e sc hi ch te n d es R a bb i N a kh m an . V id e t am b ern a c orre sp on den cia d e B ub er c om D ub no v e H oro de zk i em Briefwechsel, I, 2 52 s ., 2 44.263 s. 14. Briefwechsel, I, 244 s.
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A S H I S T 6R I A S DO R A B I N A K H M A N
lhar e ra lingu isticamente "cru e desg racioso ", e como ta l, of us cava a "pureza" espiri tual que ani mava os relates". Em urn ensaio de 1918, "Meu Caminho para 0Hassidismo", Buber relembrou seus esforcos iniciais e infrutfferos em traduzir os contos hassfdicos diretamente para 0
alemao": . N ot ei q ue a p ur ez a [ es pi ri tu al d o o ri gi na l d os c on to s e le nd as h as sf dic os ] n ao p er m it ia p or s i r ne sm a s er p re se rv ad a e m t ra du ~a o e m u ito m en os r ea le ad a - e u p re ci sa va n a rr ar a s h is t6 ri as q ue a bs or ve ra dentro d e m im , t al q ua l u rn v er da de ir o p in to r a bs or ve e m s eu In tim o a s linhas d os m o de lo s e e xe cu ta a s i ma ge ns g en uf na s a p ar ti r d a m e m6 ri a p or e la s fo rm ad a . .. E , p or e ssa ra za o, e mb ora d e lo ng e a m aio r p arte (d o m eu tra ba lb o i n ic i al s o b re 0 H as si di sm o ) s ej a f i~ o a ut on om a , c om p os ta d os m o ti vo s t ra di ci on ai s, e u d e se ja va h o ne st am e nt e t ra ns m it ir m i nh a e x pe ri en c ia d a l en d a: c ar re go e m m e u s an g ue 0 e sp fr ito d aq ue le s q ue a c ri ar am e , d o m eu s an gu e e d o m eu e sp fr it o, e la s e f az r en ov ad a.
..
A dec isao d e Buber de nao tradu zir as hist6rias h assfdicas, mas, antes, de reconta-las, nao foi, portanto, movida por meras consideracoes esteti cas; seu m ot ivo era pri mari am ente metodol6gi co. Seu m entor e ami go no est udo de t extos m fst icos, G ust av Landauer ( 1870-1919) def ront ou-se com urn problema metodol6gi co si mi lar ao tr anspor os serm oes do monge dom inicano alemao do seculo XI II , M est re Eckhart , do alemao medieval para 0 m oder no. N o prospecto para sua ant ologia, em 1903, M eister E ckharts M ysti sche Schrif ten (Os E scri tos M isti cos de Mestre Eckhart), Landauer observou que 0 volume procurava buscar "0 retorno de urn i ndivfduo per di do - urn i ndivfduo que nao deve s er apre-
IS . "H as id ism a nd M od em M an ", e m B ub er, H a sid is m a nd M od em M an , t ra d . M . F r ie d m a n, i n tr o d. M a r ti n J a ff e e, A t la n ti c H i g hl a nd s , N o v a J e rs e y, H u m a n it ie s P r es s , 1 9 8 7, p.22. 1 6. "M y W a y to H asid is m" , e m i d e m, p p. 6 1e s s. H an s K oh n s ug er e q ue 0 princfp io g o ve rn an te d as v er so es f ei ta s p o r B u be r d o s c o nt os h as sf di co s p od e t er s id o i ns pi ra do p el a p ri me ir a e di~ o e m a le ma o m o de mo q ue s eu a mi go G us ta v L an da ue r f ez d os e sc rit os m i st ic o s d o M e is te r E c kh a rt , M e is te r E c kh a rt s M y st is ch e S ch ri ft en , i n u n se re S p ra ch e u eb er tr ag en v on G u st av L a nd au e r, B er ii m, K ar l S ch nm ab el V er la g, 1 90 3. V ej a K o hn , M a rt in B u b er ; S ei n W e rk un d s ei ne Z ei t, e in B e it tr ag z u r G e is te ge sc hi ch te M i tt le u ro p es , 1880-1930, '2 :- e d., C olo nia , J os ep h M elz er V er ia g, 1 96 1, p . 3 0. V eja a e xp lic ae ao d e L an da ue r d a tra ns cric ao d os e ns in am en to s d e E ck ha rt, c ita do e m M e is te r E c kh a rt s M y s ti s ch e S c h ri ft e n, p . 2 39 . A m bo s c on ce it os d e L an da ue r e B ub er s ob re 0 m od o d e re c on ta r ( Na ch er za el un g) p ar ec em te r s id e i nf lu en cia do s p or W i lb el m D il th ey . S ob re a d fv id a d e B ub er p ar a c om D il th ey , v ej a E c st a ti c C o n fe s si o ns , C o l le c te d an d Introduced b y M a rt in B u b er , t ra d. E st he r C am er on , c om i nt ro du ca o d e P. M e nd e s- Fl oh r, S a o F ra n-
INTRODU<;AO
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ciado his toricamente, mas preenchido [de novo] com vida'" ? A quel e que t enta recuperar a pessoa e os ens inamentos de urn grande mestr e, da obscurida de imposta pela pa ssa gem do tempo, na o deveria v erter os textos pelos quais estes ensinamentos foram transmitidos literalmente par a uma l inguagem mais contempor anea, por em r eavi var par a 0 leitor a Erlebnis (vivenci a) que deu ori gem a t ais ensi nament os. B uber concor dava com este modo de ver. N a i ntr oducao Iisua coletanea de testemunhos mfsticos, sumamente apreciada, Ekstatische Konfessionen (Confissiies Extdticas) - publica da por Eugen Diede richs em 19 09 - ele e xplicava sucintamente os princfpios de sua selecao e transcricao:
o indivfduo e xt at ic o p o de s er e xp li ca d o e m t er m os d e p si co lo gi a, f is io lo g ia , p at ologia; 0 q ue im po rta p ar a n 6s e 0 q ue p er rn an ec e a le m d a e xp la aa ea o: a e xp er ie nc ia vivida (Erlebnis) d o i nd iv fd u o. N a o c o ns id er am o s a qu i a qu el as nocoes t en d en te s a e st ab e le ce r " or de m " a te n o s m a is o bs cu ro s r ec an to s; e st am o s o u vi nd o u rn s er h um a ne c o mu n ic an do a a lm a e 0 i ne fa ve l m i st er io d a a lm a l8. Para Landauer e Buber, a traducao das obras da espiritualidade derivadas do passado era preeminentemente uma tarefa hermeneutica, a qual seguia urn eixo de Erlebnis (vivencia) e Nacherleben (re-vivencia), Esta concepcao reflete a influencia da Lebensphilosophie (filosofia de vida), em part icular das doutri nas herm eneuti c as de Wi lhelm D il they (18331911), com quem Buber estudara em Berlim na virada do seculo e a quem, ap6s u rn la pso de mais de cinquenta anos, ele ain da se re feria como "meu mestre?", Dilthey colocava ascategorias gemeas de Erlebnis e Nacherleben no centro das Geisteswissenschaften (ciencias do espfrito, isto e , humanidades e ciencias sociais) e da sua explicacao para 0processo criativo. Em urn de seus primeiros ensaios programaticos, Dilthey falava da "const ante t raducao Erlebnis da experi encia-vivida em f orm a, e da f orm a eme experiencia-vivida'?'. constitui a base do ato cria tivo que " objeti vado" nas vari adas express 6es do espfri to hum ano - tais como poesia, arte, monumentos, instituicoes e sistemas religiosos e filos6ficos 1 7. C ita do e m H an s K oh n, M a rt in B u b er , p . 2 38 . 1 8 . E c s ta t ic C o n fe s si o ns , p . x x xi . 1 9. S ob re 0 re la ~a o d e B ub er c om D ilth ey , v eja G re te S ch ae de r, T he H e br ew H u m an is m o f M a rt in B u be r, t ra d. N . J . J ac ob s, D et ro it , W a yn e S ta te U ni ve rs it y P re ss , 1 97 3 , p p . 4 1 -4 6 : v e ja t am b em M e n de s- Fl oh r, V on d er M ys ti k z um D ia lo g, c ap . 2 . 2 0. " Th e Im ag in atio n a nd th e P oe t" (1 88 7), e m D ilth ey , P o et ry a n d E x pe ri en c e, W i lh el m D i lt he y, S e le ct ed W o rk s , ed. R. A . M a kk re el e S . R od i, P ri nc et on , P rin ce to n U n iv er si ty P re ss , 1 98 5, p . 4 5.
c i sc o , H a r pe r & R ow , 1 98 5, p . 1 6.
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INT RO OU <;A O
A S H IS T6 RIA S D O R AB I N AK HM A N
- e da f ser a capacidade de reviver a Erlebnis fu nd an te d e q ua lq ue r e xp re ss ao e sp ir it ua l d a da 0n e xo o n to lo g ic o e n tr e 0p as sa do e 0presente, perm itindo a recuperacao do passado com o um a duradoura "presence" no p resen te. C om o H ans G adam er, qu e elab orou o s ensinamentos d e D ilth ey e m u ma teo ria s iste matic a d e h erm en eu tic a , obs erv aria m ais tard e, a tare fa h erm en eu tic a e p re em in en te m en te u m a questao d e m e d ia r 0 p as sad o e 0 p res en te , d e re cu pe ra r a significacao (Bedeutung) p or ta da p el a s criacoes d o espfrito hu man o ou Erlebnisausdrueck ( ex pr es so e s d e e xp er ie nc ia v iv id a ) q u e 0p as sa do n o s t ra n smitiu. A herm en eu tic a, d eclarava G ad am er n um a ling uagem qu e d enu ncia a influencia nao so d e D ilthey m as tambem aparentemente d e B u be r" ,
Eu D io p re ste i a d ev id a a te n~ o a o [ ... J t om p o pu la r e x is te nt e q u e p o de ri a s er ouvid o d o i nt er io r d es se m at er ia l. E m ~ io d en tr o d e m im , t am b em , h av ia u m a r ea ~o n at ur al c on tra a atitu de d a m aio ria d os h isto ria do re s ju de us d o se cu lo X IX p ara c om 0 Ha s s id is m o, n o q u al n ad a e n co nt ra v am e xc et o s el va ge m s up er st ic ao , A n e ce ss id ad e , e m f ac e desta incompreensao, d e sa lie nta r a p ure za e a e le va ~o d o H as sid is mo conduziu-me a p re st ar m u it o p o uc a a te n ~i o a s ua v it al id a de p o pu la r [ .. .J. A representacao do ensinamento h as sf di co q ue a pr es en te i [ no s m eu s p ri me ir os tr ab al ho s] f oi e ss en cia im e nt e t ie l; m as 1 3 o n de e u r ec on te i a t ra di ~i o l en da ri a, a in d a 0 f iz e x at am e nt e c om o a ut or o c id en ta i q u e e ra .
..
~
[ . .. J Dio esta ~up ada
p rim ordiaim en te co m 0 a cd m ul o d e c on b ec im e nt o r at it ic ad o q u e s a ti s fa z 0 i de al m et od ol 6g ic o d a c ie nc ia - c on tu do e st a p re oc up ad a, a qu i tambem, co m 0 c o nb e ci m en to e a v er da de . Entender-se a t ra d i~ io s ig n it ic a n io s6 q ue o s t ex to s s io e nt en d id os , m a s q ue i nt ro v is O es sao c o nq u is ta d as e v er da de s s ao r ec on b ec id as . [ .. .J A experiencia do "Tu" i g ua l m en t e m a n if e st a 0 e le m en to p ar ad ox a l d e q ue a lg o c ol oc ad o a ci ma e d ia nte d e m im a tir rn a s eu s p r6 pr io s d ir eit os e e xi ge r ec on he ci me nt o a bs ol ut o; e e xa ta m en te n es se p ro ce ss o e "entendido". 1.. E ste e nt en di me nt o d e f or ma a lg ur na e ntende 0 "Tu", porem 0 qu e v e r d a de i r am e n t e 0 "Iu" n o s d iz .
B u be r d es en v ol ve ri a d e f at o s u a p ro p ri a c on c ep c ao d a h er m en eu ti ca c om o u rn d ia lo go e nt re 0 p re se nt e e 0 p as sa do , ta l c om o i nc or po ra do e m _ u rn t ex to , s o m en te n o p e ri od o s u bs eq ii en te a p u bl ic ac ao d e As Historias do Rabi Nakhman e , e m p ar ti cu la r, d ep o is d e h av e r c ri st al iz ad o s u a f il os o f ia d o d ia lo go a q ua l d eu s ua p rim eira e xp re ssa o e m Eu e Tu (1923). C la ra m en te , p o re m , ba u m a c on ti nu id ad e e nt re s eu s e m pe nh os h er me -
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E mb ora B ub er p os sa te r, d e fato , c om etid o a lg um a n eg lig en cia a o transmitir 0 s ab or d os te xt os o ri gi na is , a s d if ic ul da de s h er me ne ut ic a s qu e s e th e a pre sen ta ram n ao d ev em s er m in im iz ad as . S e fo ss e p os sfv el t ra d uz ir l it er al m en te o s t ex to s, s er -l he -i a p o ss fv e l p re se rv a r s u a s in g ul ar qu alid ad e p op ula r m as , talv ez , a o p rec o d e u rn o bsc urec im en to p ara 0 leito r o cid en ta l d aqu ilo qu e B ub er p erc eb era s er a Erlebnis f un da nt e e p re stin a m en sa gem e sp iritu al d o H as sid is mo . E m u ma ca rta a o c rftic o l it er ar io h u ng a ro G e or g L u ka cs ( 18 85 -1 97 1) , a rt ic ul ou s u ci nt am e n te s eu m o d o d e c om p re en d er 0 p ro bl em a h er m en eu ti co c om q ue s e d ef ro nt ou . U rn a dm irad or ard en te d e A s H istorias do R abi N akhm an e de As L endas d o Baal Sche m, L ukacs escrev eu d e F loren ca p ara B ub er, em no v em bro d e 19 11 23 , e xp re ss an d o s ua [ . .. J p ro fu nd a g ra ti di io p o r s eu s d oi s l iv ro s, Baal Schem e Rabi Nakhman, o s q u a is , d e v id o a s c ir cu ns ta nc ia s, s 6 p ud e l er n es te v er so [ .. .J. L a m en to a pe na s q u e ( os v o lu m es ) s ej am t ao magros; e q u as e i m po ss fv el , n o t im d e c on ta s, q u e i st o s ej a t u d o q u an to r es to u . E x is te q u al q ue r t ip o d e e d ic a o ( a le m a , f ra n ce sa o u i ng le sa ) q ue s ej a m a is c om p le ta ? O u 0 senbor m esm o , m eu c ar o O ou to r, podera s e d e ci d ir tambem a p re pa ra r u rn a e di ~o m ai s a mp la ? N io a ch a q u e s er ia possf vel r euni- l os e m u rn a e di~ o c om p le ta , c om o se f ez n o c as o d os t ex to s i nd ia n os ? H o it an ta s c oi sa s m a is - p o r e x e m pl o, o s a s p ec to s e ti co s d a t r a ns m ig ra ea o d a a lm a - q ue a g en te g os ta ri a d e s ab er c om m ai s p ro fu nd id ad e n o c on ju nt o t od o d a t ra di ~i o.
n eu ti co s e d ia lo g ic os i ni ci ai s, c o m o e st ao r ep re se n ta do s e m As Historias
do Rabi Nakhman.
M a is t ar de B ub er r ec on he ce u q ue n es se s s eu s e sf or co s in ic ia is e le e st av a u rn t an to e xa ge ra da m en te a ns io so e m t om a r o s re la to s h as sfd ic os suscetfveis a s en s ib il id a de e st et ic a d o l ei t or o c id e nt al c on te m p or an e o e , a ss im , t en de ra , e m u rn g ra u a cim a d o n or ma l, a u m a a m pl ia ca o d a l ic en ca p oe ti ca , n a t en ta ti va d e l ib er ar a m e ns ag em e ss en ci al d o H as si di sm o d aq ui lo q ue s en tia s er 0 i di om a e st ra nh o e s em m a io r a tr at iv o d o o ri gi na l" : 21. Thruth and Method, t ra d. d a 2' e d. p or G arre t B ard en e J oh n C um m in g, N ov a Y o rk , T h e S e ab u ry P re ss , 1975, p p . x i, x x ii i. 2 2. "H as id ism a nd M od em M an ", op. cit., p p. 2 2- 23 .
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B u be r f ic o u o b vi am e n te p er pl ex o, m a s r es po n de u d e m a n ei ra f ra n ca ": F iq ue i f eliz e m s ab er q ue te nh a a ch ad o m in ha Hassidica s at is fa t6 ri a. O e vo c o nfessar (nao posso d eixar de the om itir isto) - e espero qu e os seu s sentim en tos p ara co m 0 tra ba lh o n io s eja m a fe ta do s d e m od o n eg ativ o - q ue , n o Baal Schem, somente
23. Georg Lukacs. Selected Correspondence, 1902-1920, e d. e t ra d. J u di th M a rc u s e Z ol ta n T ar , N ov a Y or k, C ol um b ia U ni ve rs it y P re ss , 1986, pp . 172 e ss. Com base n o o ri gi na l a le rn ii o, m o di ti ca m os a traducao, ( Es ta a lt er a~ o f oi m an ti da e m portugues, po r n ao e st ar em o s t ra du to re s d e p os se d o c it ad o o ri gi na l. N . d os T .) 24. Idem, pp . 176 e ss.
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AS HIST6RIAS
DO RABI NAKHMAN
o s mo ti vo s ma is i nt ri nsec os
sao " au te nt ic os",
mente, poi s os di tos cit ados no p ref acio o mesmo
se verifica
INTRODU<;Ao
R ef ir o- me
a pe na s a s h ist6 ri as,
de N a k h ma n .
nos dois ultimos contos
s enh or p ode ver po rq ue a co lecao de text os tal co mo imagin a pli cado.
E u pod eri a, s upo nho , compor ur n pequ eno
de, tenho pensad02S
n at ur al -
s ao t rad ucoe s exatas d o o rig inal .
e
Por esta razao,
u rn a ssun to
vo lume d e af or is mos
urn po uco ni st o - mas 0 gr os so d o tex to d as h is t6r ias
ri a ap enas cer to s mo tiv os . S e ur n d ia vier a Ber lim (qu and o
e
0
t ao c om-
- na v erd arepr od uzi-
que isto ha d e s er ?), eu
I he f ar ei , n a h or a, u ma t ra du ca o l it er al d e a lg un s t ex to s. E nt ao 0 sen ho r c om pr ee nd era melhor a minha atitude
[ ... J .
Urn exame dos escritos que Buber tinha em mente iria confirmar sua alegacao. Os textos que nos foram transmitidos sao, na verdade, confusos e cheios de err os; nao podem ser tornados com o urn regist ro l it eral dos contos e das lendas narrados pelos mestres hassfdicos. A pesquisa histor ica atual e a anali se crft ica da l it eratura has sfdica i ndicam que os mestr es, i nclusi ee N akhman de B ratzlav, proferiam suas predi cas, que i ncluiam contos e lendas, em Idiche, principalmente durante a seuda schlischit, a assim chamada "terceira refeicao", quando perto do encerram ento do Schabat os hassidim se reuniam a (mesa) tisch do mestre para "jantar'te discutir Tord com ele. Uma vez que 0 "repasto" e 0 acompanhamento da predi ca do mestr e se' davam, em grande part e, no decurs o do Schabat em que era proibido escrever. Al em do mais , os mestr es certamente nao anotavam de antemao seus sermoes. Entao, ap6s 0Schabat, os escribas transcreviam as predicas que ouviam, traduzindo-as, embora em geral proferidas em Idiche, imediatamente para 0 hebraico - uma l fngua que raramente conheciam tao bern quanto 0 Idiche, mas que consideravam ser urn receptaculo mais apropriado a dignidade e a santidade das palavras de seus venerados mestres. 0 hebraico desses escribas, infelizmente, era uma confusa mistura do hebreu bfblico, rabfnico e medieval, empre gado sem u ma logic a particular e seguindo a sinta xe d o Idiche; apresentam tambem numerosos erros gramaticais e ortograficos. Do ponto de vista literario, 0resultado e uma literatura singularmente infeliz. Como consequencia, pode-se dizer que os problemas dos quais Buber falou em s ua car ta a Lukacs e alhures nao eram m aqui nacao ou invent o de sua im aginacao: 0 funago q uerigmatico - ou a me nsag em prima l - d a historia e da lenda hassfdica assenta-se numa Erlebnis (vivencia) fundante e, pronunciado oralmente em Idiche pelos mestres hassfdicos, encontra-se se-
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pultado em documentos escritos que parecem deturpar asprofericoes originais devido a traducao hebraica, amiude deselegante e confusa. Com certeza, dada a tarefa literaria e hermeneutica a que se propos, 0de apresentar 0 querigma hassfdico de uma maneira estetica e agradavelmente acessivel, Buber defrontou-se com enorme desafio". Qu ando e xaminamos os p apeis d e Bu ber nos Arquivos de Martin B uber, em Jerusalem, nos espantamos com a i ncrfvel quant idade de l iteratura has sidica que ele l eu e tr anscreveu, muit as vezes tr aduzindo l it eralm ente pas sagens de vari as ext ensoes, U rn exemplo edif icante e urn trecho do Likutei Moharan, uma colecao dos ensinamentos de Nakhman de B ratzlav. N a s ~ao 133, da qual ( no documento encontr ado em seu arquivo) Bub er co piou e m he braico as tiltimas linhas, e le ad icionou-Ihes uma traducao literal em alemao, enquanto, em As Historias do Rabi Nakhman, apresentou uma versao estilizada da passagem inteira. No original, 0 texto se apresenta literalmente assim: Como uma pequena moeda que, se voce segura-la diante dos olhos, ela ira imp edi- Io d e ver uma gr ande mon tanh a [ .. .J Po der a, no entan to, faci lmente, ao af as tar a moeda de sua p osie ao d ia nt e d os o lh os, v islu mb ra r i me di at ar ne nt e a sua f re nt e a g ra nd e m on ta nh a
[ ... J E assim ouvi, dito em nome do Bescht [0 Baa} Schem Tov, fundador
d o H ass idis mo] , vilhosos
0 s egui nte:
e temfveis,
A i d e n6s !, 0 mu nd o est a ch eio de l uzes e mi st eri os
e uma pequena
mao ergue-se
diante dos olhos e impede
mar aque a
g en te c on t em pl e a s g ra nd es l uz es.
Em s uas notas, B uber tr aduziu a cita~ao fi nal do B escht ass im : "A i de nosl, 0 m undo esta cheio de pot entes l uzes e m is terios, eo homem os e scon de com sua peque na ma o" ("W ehe, die Welt i st vol l gew al ti gen L icht en und G ehei mnisse, und der Mensch verst el lt sie sicb m it seiner kleinen Hamf'27). Em As Historias do Rabi Nakhman, Buber apresenta a passagem inteira dessa forma": 26. Os problemas
enfrentados
por Buber e todos os estudiosos
de literatura
i n e x te n so por Ze' ev Gri es . " Has id is m: T he P res en t S tat e of Research and Some Desirable Priorities", N u me n , x xxi v ( 19 87) : 97- 108 ( Par te I ). 2 7. A rq ui vo d e M ar ti n B ub er , varia 3 50 . dalet 2 all. A principio Buber adicionou hassidica
sao discutidos
antes da citada frase, "0B aa l Sch em d isse ": - p or em r et ir ou i sso e a di ci on ou ,
a
guisa de
pr efaci o, " Rabi Nak hman nos tr ans miti u 0 s eg uin te dito de s eu bi sav o . .. " E le t amb em adici ono u 0 tit ulo "D ie K lein e Hand " ( UA Peq uena Ma o") . E m A s H is to ria s d e R ab i
Nakhman, int itu lou a pas sagem na qu al a ci ta~o do Baal S che m s e e ncont ra, e mb ora de 2 5. C f. B ub er , H i st or ie s d o R a bi . Tradu~ao brasileira, Sao Paulo. Editora Perspect iv a, 1 96 7. C ol e~ ao Jud ai ca , v ol . 6 .
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f or ma c omb in ad a, " Co nt er np la nd o 0 M un do ". E m sua s n ot as, B ub er t amb em r eg istr ou 0 original hebraico e os detalhes bibliograficos completos.
2 8. T he T al es o f R a bb i N ac hm an . p. 35 .
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AS HIST6RIAS
INTRODUC;AO
DO RABI NAKHMAN
Co mo a mao man tid a an te o s o lho s en cobr e a mai or mont anha,
as sim a peq uena
vid a ter re na s e ocu lta da v is ao d as eno rmes l uzes e mis terio s do s qu ais
0
mundo esta
ch eio, e aquel e q ue p ode af as ta- la da f ren te de s eus o lho s, co mo alg uem que re tir a s ua mao, contempla 0 grande brilho do mundo interior.
o da Tord e d a devo cao d ivi na, ele dizi a, ' Se co nti nuar em
25
a s e aglo mer ar a ss im ao meu
red or , em b rev e n ao ter ao a q uem ir pr ocu rar .' "
A historieta fazia parte, sem dtivida, da costumeira tradicao oral do H assi di sm o, que, por m ei o dos bons off ci os de A gnon e outr os amigos,
0
N otem com o B uber em ao condensou e estcit il izou original e, incidentalm ente, com bi nousuaasvers palavras do B escht adas por R abi Nakhman - a mesma passagem que havia traduzido literalmente em suas notas - com asdo proprio Rabi Nakhman. Buber justificaria a interpreta~ao hermeneuticamente, indicando que esta meramente interessado em preservar 0motivo principal e a mensagem querigmatica da citada passagem. Em se u inte resse pelo Hassidismo , ao lo ngo de toda a vida, Bub er f requentemente s e aconselhou com erudi tos e cul tos observadores do movimentos Enquanto trabalhava em A s H istorias do R abi N akhm an,
Buber colecionou incan savelmente ate a morte, emjun ho de 1 965. Ao ordenar sua volumosa documentacao, a diretora do Arquivo Martin Buber e s ua anti ga secretari a par ti cular, M argot C ohen, achou e i dent if icou treze ditos (Leherworte) do R abi N akhman nao i nclufdos na edicao anterior das A s H istori as do R abi N akhm an. Estes ditos estao publicados no fi nal do present e vol um e, em apendice",
P aul M endes-Fl ohr e Z e'ev G ri es
com o foi not ado, des frutou do apoio ati vo de var ies estudiosos, a s aber , Berditchevski, Dubno v, Horodez ki e, em e spec ial, seu avo Salomon Buber. Na verdade, no curso de sua existencia, Buber iria com frequencia consultar os doutos observador es do m ovimento, sempre ansi oso por adquir ir novas percepcoes da quest ao e r eferencias bibli ografi cas. A cor respondencia, que se estende por urn perf odo de m ais de cinquenta ano s, entre Bu ber e 0 romancista Schmuel Iossef Agnon (1888-1970), sera em breve publicada em hebraico. Agnon, natural da Galicia, conhecia intimamente 0Hassidismo e compartilhava com Buber de seu profundo afeto pel o m ovim ento. J untos, B uber e A gnon, planejaram edit ar e publicar uma abrangente compilacao das fontes hassfdicas a ser intitulada Corpus Chassidicum. Ja haviam coletado urn material consideravel quando, em 1924, a casa de Agnon em B ad H om burg, urn suburbio de Frankfurt, incendiou-se, ocasionando a destruicao de livros e anotacoes, Embora nunca tivessem retomado 0 projeto, A gnon e B uber continuaram a permutar bibliografia hassfdica e, em especial, contos e historietas. Urn exemplo encantador de sua correspondencia sera suficiente. Em carta de 17 de outubro de 1916, Agnon adicionou urn pos-escrito": A t im d e n ao d ei xa r n en hu m e sp ac o e m b ra nc o c on ta re i u rn a d el ic io sa h isto ri et a. " Qu an do o s hassidim de Rabi Dov de Mezeritsch se amontoavam it sua volta, distraindo-
3 0. A s m ax im as f or am p ub li ca da s e m a le ma o p or M ic ha el B ro ck e, " Ma rt in B ub er und Rabbi
Nakhman
von Bratislaw",
em O ri en ti er un g.
K at ho li sche
Bla et ter f uer
weltanschauliche Information, XL IXI .23 ( 30 d e j un ho de 198 5) p p. 138 -1 41. O s dit os serao inclufdos tambem na edi~o alema revista de Die Geschichteten des Rabbi Nakhman, 2 9. E mu na Y ar on , " Da C or re sp on de nc ia n. 66-67 (julholagosto
d e S. Y .A gn on e M ar ti n B ub er ", Iton 77,
1985), p. 27 (hebraico).
http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n
com ur n p ref acio Schneider,
de P aul Mendes -Fl ohr
e Z e'ev
Gr ies , H eidel ber g,
V erl ag Lambe rt
1988.
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RABI NAKHMAN E 0 MISTICISMO mDAICO
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M I ST IC IS M O J UD A IC O
Rabi N akhman deB ratzlav, que nasceu em 1772e m orreu em 1810, e talvez 0 Ultimo mistico judeu. Ele se encontra no final de uma tradicao ininterrupta de cujo infcio nao temos conhecimento. Por longo tempo t entou-se negar esta t radi cao, hoje nao pode mais have r duvid as a seu respeito. Tem-se comprovado q ue foi nutrida por persas, depois por gregos em sua fase tardia, e are mesmo por fontes albigenses, mas preservou a forca de sua pr6pria correnteza, recebendo todos os influxos sem ser por eles dominada. Podemos, e claro, nao m ais encar a-l a com o fazi am seusanti gos mestr es e discipulos: como "Cabala", ou seja, como transmissao de ensinamento de boca a boc a e novamente d e boca a boca de tal modo que cada gerac ao a recebesse, embo ra cada ve z c om uma interpretacao mais ampla e rica, a te qu e, no fi m dos tempos, a verdade i nteira viesse a ser conhecida. A pesar dist o, devemos reconhecer sua unidade, sua individualidade e, ao mesmo tempo, as muitas limitacoes dentro das quais se desenvolveu. 0misticismo judaico pode parecer muito desproporcional, f requentemente confuso, por vezes trivial, quando 0 com paramos com Mestr e Eckhart, com Ploti no, com Lao- Tse; ainda assim, persiste a maravilhosa floracao de uma anti ga arvore. Seu colorido nos ati nge como algo quase dem asiado deslumbrante, sua fragrancia nos perturba como algo quase de-
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AS HIST6RIAS DO RABI NAKHMAN
masiado luxuriante; ainda assim saber extatico,
e
MIS TICISMOJUDAIC O
uma das grandes m anifestacoes
do
A tendencia para 0misticismo e inata nosjudeus desde a Antigliidade, e suas expressoes nao devem ser entendidas, 0 que em geral acontece, como um~ temporaria reacao consciente contra a dominancia do estatuto do intelecto. E uma peculiaridade significativa dojudeu, que mal parece ter se modificado em milhares de anos e, nesse caso, urn extremo inflama o outro, rapida e poderosamente. Assim ocorreu que, em meio a uma indizfvel existencia circunscrita, na verdade a partir de silas pr6prias limita~6es, irrompeu de repente 0 ili mi tado que agora govemava a alma que se Ihe rendia.
posterior, nao e algo imediatamente vivo para ele. E extra-humane, tocando a real idade da alma apenas na contemplacao do extase. Somente nos perfodos post eriores a esta epoca novas forcas se manif estaram. A expul sao dos judeus da Es panha deu a Cabala seu grande impeto messianico. A 6nica tentativa energetica da Diaspora no sentido
Se, dessa forma, a forca do misticismo judaico surgiu de uma caracterfst ica do povo que 0 produziu, e claro que 0 destine posterior deste povo tambem deixou af sua marca. A errancia e 0 martirol6gio dos judeus t~m repetidamente transposto suas almas nessas vibracoes
de estabelecer no exflio uma comunidade criadora de cultura e urna patria em e spfrito terminara em ruinas e desespero. 0 antigo abismo tomou a se reabrir, e dele de novo asce ndeu, como sempre, 0 velho sonho de redencao, imperativo como nunca 0fora antes, desde os dias dos romanos. o desejo ardia: 0 absoluto tern que se tomar realidade. A Cabala nao podia fechar os olhos a isto. Denominou-o reino de Deus na terra, "0 mundo da rest auracao". Levou para 0 seu pr6prio interior 0 fervor do povo. A nova era do misticismo judaico, que comecou por volta de meados do seculo dezesseis e que proclamou 0 ato extatico do indivfduo como
de desespero a parti r das quais , as vezes,
uma col aboracao com Deus para conseguir a r edencao, foi inaugurada
0clarao
flamejante do extase
irrompe. Ao mesmo tempo, e stas condicoes os impediram de atingir a pura expressao do extase. Elas os l evaram a confundi r 0 necessario, 0 efetivamente experimentado, com 0 superfluo, 0 emprestado e, atraves do s entim ento de que sua dor era demasi ado gr ande par a exprimi r o que Ihes era pr6prio, a tomar-se loquazes acerca do alheio. Assim, surgi ram t rabalhos como o Zohar, 0 "Livro do Esplendor". Em meio a enormes especulacoes, lampejos de abismos silenciosos da alma repetidamente se iluminavam. Na epoca do Talmud 0 ensinamento mfstico era ainda urn misterio que urna pessoa poderia confiar somente a urn "mestre das artes e a alguem ver sado nos suss urros". S6 mais tarde est e ensi namento ul tr apassou a esfera da transmissao pessoal. 0 escrito mais antigo que chegou ate n6s, 0 pitag6rico Livro da Criaoio, parece ter surgido entre 0 setimo e 0 nona seculo e 0 Zohar ser proveniente - pelo menos em sua forma atual - do final do seculo treze; entre estes dois se estende a epoca do real desenvolvimento da Cabala. Porem, por urn longo tempo ainda, aqueles que se ocupavam com a Cabala permaneceram restritos a urn estreito cfrculo, mesmo se este cfrculo se estendesse da Franca, Espanha, Italia e Alemanha ao Egito e Pa lestina. Durante todo esse perfodo, 0 ensinamento permaneceu alheio vida; ele e teoria no sentido neoplatonico, visao de Deus, e nada deseja da reali dade da exis tencia humana. Nilo exige que a pessoa 0 viva, nilo tern contato com a ~ilo. 0 reino da escol ha, que representa tudo para 0 Hassidismo, 0 misticismo judaico
a
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por Itzkhak: LUria. Em suas concepcoes sobre a emanacao do mundo a par tir de D eus e 0demi6rgico poder intermediario era quase inteiramente dependente da velha Cabala; m as em sua apresentacao da i nfluenci a direta sabre a D ivindade e do poder r edentor da alm a humana que se puri f ica e se aperfeicoa a si mesma, ele fomece a antiga sabedoria uma nova configuracao e uma nova consequencia, Ja no Talmud esta dit o que 0 Messias vira quando t odas as almas ti verem ent rado em vida corp6rea. O s cabali stas do Medievo acr edit avam poder dizer se a alma de urn homem que est ivesse a sua frent e teri a baixado nele a partir do Mundo dos nao nascidos oupermanecia temperariarnent e com ele em m eio a suas andancas. 0 Zohar e a Cabala posterior desenvolveram 0 ensinam ent o que recebeu s ua form a final de Itzkhak: Luria. D e acordo com sua l i~i io, hi duas formas de metempsicose: a revolu~ilo ou errancia, gilgul, e a superabundincia ou impregna(jfao, ibur. Gilgul e a penetr acao em urn homem, no moment o de sua concepcao ou nascimento, de urna alma que esta na viagem. Mas urn homem que ja esta dotado, de uma alma pode tambem, em determinado momenta de sua vida,receber uma ou mais almas que seunem a sua seforem aparentadas a ela, isto e , se surgiram da mesma radia~ao do homem primordial. A alma de urn morto junta-se a de urn vivente a fi m de poder completar urn trabalho i nacabado que ele t eve de abandonar quando morr eu. Ur n espfri to m ais alt o, mais des pr endido, desce em completa plenit ude de luz ou em raios i ndi viduais sobre aquele ser im perfeit o par a morar com
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AS HIST6R IAS DOR AB INAKHMAN
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ele e ajuda-l o a completar-se. O u duas alm as i ncom pletas unem-se a fi m de suplementar e purificar uma a outra. Se fraqueza e desamparo sobrevern a uma das almas, entao a outra se toma sua mae, c arrega-a em seu ventre e alim ent a-a com 0 seu proprio ser. Por todos esses meios, as almas sao purificadas da escuridao primal eo mundo redimido da confu-
tingam juntamente coin suas forcas e eles caiam mortos num lugar estranho, entre estrangeiros. Estes martires da vontade sao osprecursores do Hassidismo, 0ultimo e m ais elevado desenvolvim ento do m ist icis mo j udaico. Surgindo por volta de meados do seculo dezoito, 0Hassidismo simultaneamente pro-
sao original . Som ente quando i sto e feit o, quando t odas as viagens forem completadas, somente entao, 0 tempo se est ilhacar a e 0 Reino de D eus tera i nfcio. N o fi m de t udo a alma do Messi as des cera a vida. Por seu intermedi o, a elevacao do mundo para junto de Deus t era lugar. A especial contribuicao de LUria foi querer encontrar este processo c6s mico na a~ao de alguns homens. El e proclamou uma conduta incondicional de vi da para aquel es que se dedicavam a redencao; atraves de banhos rituais, de imersoes e vigflias notumas, de contemplacao extatica e amor irrestrito por todos, eles purificariam suas almas numa tempestade e, por invoeacao, fariam baixar 0 reino messianico.
longou a Cabala e se the contrapos na sua acao, Hassidismo e a Cabala transformada em ethos. Porem, a vida que ela ensi na nao 6 asceti smo, mas alegri a em D eus. A pal avra hassid designa urn "homem piedoso", mas e uma piedade terrena que e aqui visada. Hassidismo nao e pietismo. Dispensa todo 0 sentimentalismo e demonstracao emocional. Traz 0transcendente para dentro do imanente e deixa 0transcendente rege-lo e forma10, tal como a alma forma 0 corpo. Seu ceme e uma orientacao elevadamente realfstica para 0 extase como 0 apice da exist encia. Mas 0 extase nao se manif esta aqui como, digamos, no mi sti cism o alemao, 0 "Entwerden" da alma, porem e como 0 seu inv6lucro; nao e a sua aut orestricao e sua auto-remincia, mas a pr6pria auto-realizacao da alma que flui para dentro do Absoluto. No ascetismo, 0 ser espiritual, a neshamd, encolhe, dorme, torna-se vazia e desnorteada; somente na alegria ela pode despertar e consumar-se ate que, livre de toda carencia, amadurece para 0 divino. Mais urna vez foi a Pol onia que provou ser a m ais cri ati va e, sobretudo, as estepes planas da Ucrania. A Polonia possufa uma solida comunidade judaica, fortalecida em seu amago pelo ambiente alheio e desdenhoso que a cercava e aqui, pela primeira vez desde 0 florescimento espanhol, despontou uma vida de atividades e val o res proprios, uma cultura indigente e fragil, no entanto independente. Se, entao, os pressupostos para a atividade espiritual foram deste modo dados, em geral, ainda ass im urn ensi namento mfst ico poderia somente desabrochar no solo da Ucrania. Aqui, desde os morticfnios cossacos ordenados por Chmielnicki contra osjudeus, prevalecia uma situacao da mais profunda inseguranca e de desespero semelhante aquela que rejuvenescera a Cabala, ap6s a expulsao da Espanha. Ademais, 0j udeu era nest a regiao, em sua maioria, urn aldeao limitado em seu conhecimento, mas original em sua f6 e forte em seu sonho de Deus. o fundador do Hassidismo foi Israel de Mesbisz (Miedjibrorz), denominado "Baal Schem Tov", isto e, "Mestre do Bom Nome", uma designa~ao que une duas coisas, 0poderoso e eficaz conhecimento do nome de Deus, como os primeiros taumaturgos "Baalei Schem" eram descritos, e a posse de urn "born nome" no sentido humano de ter a confianca do
o sent iment o basico, do qual este ensi namento era 0 pronunciament o ideal, encontr ou sua expr essao elementar quase uma centena de anos mais tarde, no grande m ovi ment o m essi anico que traz 0 nome de Sabat ai Tzvi. Foi uma erupcao de forcas desconheci das que se abrigayam no seio do povo e uma revelacao da realidade oculta da alma popular. Os valores, vida e posses, aparentemente imediatos, tornaram-se de subito vazios e sem valor, e as pessoas sentiam-se agora propensas a abandonar est es ult imos como urn inst rument o superf luo e a manter os prim eiros apenas com mao l igeir a, qual uma vesti menta que escorrega do corpo do corredor e que, se 0 atrapalhar m uito, ele pode deixar cai r abrindo os dedos , a fim de se apress ar, nu e li berto, r um o it meta. A corrida supostamente reg ida pela razao, inflamou-se com 0ardor contido na mensagem. Este movimento tambem sedesmoronou de maneira mais lamentavel do que qualquer dos anteriores. E agora 0 messi anism o mais uma vez se intensifica. A verdadeira era da mortificacao comeca. A crenca na possibilidade de obrigar 0 mundo superior, por meio de exercfcios mfsticos, penetra ainda mais profundamente no povo. Por volta do ana de 1700, consuma-se a Marcha Ascet ics dos Mi l e Quinhent os que t erm inou em mort e e m iseri a, Mas indivfduos sozi nhos t ambem se preparam com i nclemente remincia. Na Poloni a, em part icular, amadurece em muit os a vontade de expiar por si e pelo mundo. Uma vez que nenhum castigo individual e sufi cient e para eles, muit os se poem a errar - "no exfli o", como 0denominam -, nao aceitando em parte algurna comida ou bebida, e vagando assi m, carregados por sua vontade, ate que s uas vidas s e ex-
MIS TICISMO JUDAICO
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ASHIST6RIAS DORABI NAKHMAN
povo. A volta dele e de seus disc fpulos teceu-se urna lenda colorida e profunda. Era um homem simples e autentico, inesgotavel no fervor e no poder de conduzir. o ens inam ento do B aal Schem esta preservado de form a bast ante incompleta, Ele pr6pri o nao 0 colocou no papel, e mesmo oralm ente,
MISTICISMOJUDAICO
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ment os vagueiam ent re coi sas i mpur as encontra im pureza em sua vida; aquel e que s ubmerge a s i mesmo no sagr ado experi ment a a salvacao. 0 pensamento do homem e seu ser: aquele que pensa acerca do mundo superi or esta nele. Todo ensi nament o ext erior e apenas um ascenso ao interior, a meta final do indivfduo e tomar-se ele pr6prio um ensinamento.
como 0 disse uma vez, comuni cou apenas aquil o que trans bordava, qual um vasa demasiado cheio. Entre os seus discfpulos parece nao ter encontrado nenhum digno de receber a totalidade de seu pensamento; uma prece dele que nos chegou, diz: "Senhor, e conhecido e mani festo para V 6s 0 quanta de entendimento e poder resta em mim, e na o ha pessoa a quem eu possa revela-lo", Porem, do que ele ensinou, m uit a coi sa parece t er si do anotado de maneir a i nadequada, com f requenci a inteir ament e dis torcida. V eri ficando certa vez uma dest as transcricoes, diz-se, que teria e ntao bradado: "Na o ba uma palavra 'to ferid0" . qui que eu ten ha pro len Nao obstante, 0 senti do real de seu ensinamento e inconfundfvel.
Na realidade, 0 m undo s uperi or nii oe ext emo, m as i ntemo, e do pensamento".
Deus, assim ensina 0 Baal-Schem, esta em cada c oisa como sua essencia pri mordial. Ele s 6 pode ser apr eendido pel a f orca mais intim a da alma. Se esta forca for liberada, entao e dado ao homem em cada l ugar e em cada epoca r eceber 0divino. Toda a~ao que e dedicada em si mesma, embora pareca sempre tao modesta e inexpressiva para aqueles que a veem de fora, e 0 caminho para 0 cor a~ao do mundo. Em todas as coisas, ate naquelas que parecem completamente mortas, habitam fagulhas de vida que caem dentro das almas prepara das para recebe-las. 0 que chamamos mal nao e essencia, mas care~cia, E '.'exflio de Deus", 0 m ais baixo degrau do bem, 0 trono do bem. E - na hnguagem da velha C abal a - a "concha" que envol ve e disfarca a essencia das cois as. Nao ha nada que seja mau e indigno de amor. Ate os impulsos do homem nao sao maus: "quanto mais forte for um homem, maior seu
mundo extemo e apenas seu traje. "Como a fumaca sobe da madeira queimada, mas as partes mais pesadas apegam-se ao solo e trans forma-se em cinzas, assim da prece somente a vonta de e 0 fervor sobem, porem as palavras proferidas e sfacelam-se em c inzas." Quanto mais elevado 0 fervor, mais poderosa e a forca da intencao - kavand - e
impulso". homem puro e santo faz de seu impulso "urna carruagem para Deus"; liberta-o de todos inv6lucros e permite a sua alma que se complete dentro dele. 0 homem deve conhecer os pr6prios impulsos em suas profundezas e tomar posse deles. "Deve aprender a conhecer 0 orgulho e nao ser orgulhoso, conhecer a ira e na o se tomar irado . Assim tambem e com todas as qualidades. \9 home m deve se tomar um todo no
pess oas que nao ti nham capacidade para alcancar sua concepcao, m as que acolher am avidament e s eu sent im ento par a com D eus. A devocao
o
conjunto das qualidade sl 0 homem sabio pode lan~~ ~m ~!har on~e quer que queira e nao seextraviar fora de seus quatro hmltes.. 0 destino do homem e some nte a e xpressao de sua a lma : aquele cujos pensa -
"0 mundo
Se, enta o, a vida do homem esta a berta para 0 absoluto em toda e qualquer si tuacao e em cada atividade, 0 homem deve ta mbem viver sua vida em devocao. Cada manha e uma nova convocacao. "Ele levanta com impaciencia de seu sono, porque e santificado e tomou-se outro homem e vale a pena criar, e imita Deus formando seu mundo." o homem en contra Deus e m todos os ca minhos, e todos os caminhos estiio repletos de unificacao, Porem, 0 rnais puro e perfe ito e 0 caminho da prece. Quando um homem reza na chama de seu ser, Deus, Ele mesmo, fala a palavra mais profunda em seu peito. Este e 0 fato; 0
tanto mais profunda a transformacao. "E uma imensa graca de Deus 0 fato de 0 hom em per manecer vivo ap6s a oracao, pois , pela nat ureza, e le d everia morrer ja que enterrou sua forca e pe netrou em sua prece por causa da kavand que alime nta. [ ... ] Ele pensa antes de rez ar que e sta pronto a morrer po r causa da kavand." Todavia, a prece nao deve ocorrer em s ofri ment o e arrependiment o, mas em grande alegria. JA legria por si s6 e uma verdadeira devocao a Deus, . Os ensinamentos do Baal Schem logo encontraram aceitacjo entre
desta gente estava propens a desde os ant igos t empos para a rela~ao da imediatidade mfstica; receberam a nova mensagem como a exaltada expressao de simesmos. A proclamacao dojubilo em Deus, ap6s urn milenio da dominancia de uma lei pobre em alegria e hostil a e la, atuou como uma l iber tacao. A lem disso, haviam ate entao reconhecido acim a de si uma aristocracia de eruditos talmudicos, alienada da vida, porem nunca contestada. A gora, as pessoas, por urn sim ples sopr o, viam-se li bert as
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AS HIST6RIAS DO RABI NAKHMAN
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desta aristocracia e estabelecidas por seu proprio valor.[Agora, se lhes dizia que nao e 0 conhecim ento que determi na a quali dade do hom em , m as a pur eza e devocao de sua alm a, ou seja, sua proxim idade de D eu~J novo ensi namento vei o como uma revelacao daquil o que antes ninguem s e, atrevia a esper ar. Foi recebido como uma revelacao.
o
MISTICISMOJUDAICO
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t er direito a ele por m eio de atuacoes m ir acul osas. Em muit os lugares prevaleci a urn im post or que causava r epul sa aos mais pur os, degradava aos mais limitados, e atrafa a mais confusa multidao de pessoas.]'
Naturalmente, os ortodoxos declararam guerra a nova heresia e combateram-na por todos os meios - excomunhao, fechamento de sinagogas e queim a de li vros, prendendo e dest ratando publicam ente os lf deres nem s equer recuando diante da dem incia ao govem o. N ao obst ante, 0 resultado da batalha nao poderia ser, no caso, duvidoso: a rigidez religiosa nao logrou resistir a renovacao religiosa. Urn adversario mais perigoso desta r enovacao s urgiu na Haskala, 0 movimento judaico da Ilustracao qu e, em n ome do sabe r, da civilizaca o e da Euro pa, ergueu-se contra a "supersti~l\P". Mas ela tambem, que pretendia negar 0 anseio do povo po r Deus, nao teria sido capaz de arrancar uma polegada de terreno do m oviment o que satis fazi a est e anelo se j a nao ti vess e i nicio, no propri o Hassidismo, urna decomposicao desde entao.
que le vou ao declfnio que se seg uiu
[ A pri meira causa des ta decadenci a reside no f ato de 0 Hassidismo exigir das pessoas uma intensidade espiritual e uma imperturbabilidade que na o possu fam. Oferecia-lhes satisfacao, mas a urn preco qu e nao podiam pagar. Indi cava-lhes, com o ponte para D eus, uma pureza e uma clarez a de vi sao, uma tensao e uma con centracao da vida espiritua l de que somente un s poucos seriam ja mais capaz es; ainda assim atingiu a muitos. Tanto e ver dade que surgiu da necess idade espir it ual do povo uma i nsti tuicao de m ediadores que f oram chamados tzadikim, isto e , justos. A teoria do mediador que vive e m ambos o s m undos e e 0 elo de conexao ent re eles, atraves de quem as preces s ao l evadas par a cim a e as ben~aos sao trazidas para baixo, desdobrou-se de maneira cada vez mais exuberante e, por tim, ultrapassou todos os outros ensinamentos. 0 tzadik tomou a comunidade hassfdica mais rica em sua seguranca de Deus, porem mais pobre numa coisa de valor - a busca de cada urn por si. A isto se somaram os crescentes abusos extemos. No princfpio, so os realm ente dignos, a maiori a deles discfpulos e discfpulos de discfpulos do Baal Schem, tomaram-se tzadikim. Mas por receber 0 tzadik, de su a com unidade, urn amplo sust ento a fi m de poder devot ar 0 seu service totalmente a ela, logo, urn menor mimero de homens se aglomerou para obter 0 beneffcio, e porque nada mais tinham a oferecer, pretendiam
1 . M a rt in B u be r e li m in ou a s p as sa g en s q u e a pa re ce m n es ta e di ~a o , e nt re c ol ch et es , e q u e c o ns t av a m das p r im e i ra s p u b li c ac o es d e st e e n sa i o, e m a l em a o . D e c id i m os t r an s cr e ve l as n o l ug ar e m q ue f ig ur av am p or qu e, e mb or a n ao a cr es ce nt em m ui to p ar a 0 entendim en to d o t ex to , e la s s ao e lu ci da ti va s p ar a u rn p ub li co p ou co f am il ia ri za do c om 0 tema d o H as si di sm o e a f ig ur a do R a bi N a kh m an , c o mo e 0 c as o d a m a io ri a d o s l ei to re s b ra si l ei ro s ( N . d o s T .) .
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RABI NAKHMAN DE BRATZLAV
o infcio da degeneracao do Hassidismo e urn perfodo profundamente tragico, Apareceram homens que viram 0declfnio chegar e tentaram dete-lo, mas nao 0 conseguiram. Ent re aquel es que, sem contar a crenca no tzadik, procuraram restaurar 0 puro espfrito do ensinamento, estava 0 grande pensador chamado Schneur Zal man, que elaborou 0 elemento panteistico da ideia hassidica num sistema de monumental forca e unidad e. Mas ele na o ped e, de fato, tomar-se basta nte popu lar para conter a deteri oracao. Par alelamente a ele e a seus emulos, ent retant o, havia tambem aqueles que por certo reconheciam a perversao da institui¥lio do tzadik e, ainda assi m, nlio queriam aniquil a-l a, porem s ana- la, exigindo, no lugar do vazio e velhaco milagreiro, 0 dedicado mediador v ive ndo e m dev ocao. Estes u ltimos enc alha ram na pe quenez d os hom ens. C om o os profetas de I srael, eles t am bem, s eus fi lhos t ardios, nao eram reformadores, porem revolucionarios, nlio exigiam 0 melhor, mas o absoluto: nlio queriam educar, porem redimir. Entre eles, 0 maior e 0 mais tragico e Rabi Nakhman ben Simkha, chamado Rabi Nakhman de Bratzlav, por referencia ao principallugar de sua atuacao. Propunha-se a "restaurar 0 velho esplendor Iicoroa". A ira contra o s profanado res do Templo queima va nele. "0 espfrito do mal", costumava argumentar, "acha dificil atormentar-se com 0 mundo
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A S H IST 6R IA S
D O R AB I N AK HM AN
RABI NAKHMAN
DE BRA TZLA V
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todo com 0 fito de de svia -lo do verdade iro caminho; daf por que , e le coloca urn tzadik aqui e outro ali". Rabi Nakhman n ao queria "se r urn chefe com o os chefes a quem os pios procuram em s uas peregr inacoes e nao sabem porque peregrinam". Ele ansiava pelo grande sonho do tzadik, que e "a. a lma do po vo". Por esse sonho, sa criticou to do 0 bem-estar e
Schabat. Reuniu todos os sentidos em urn e concentrou todas as forcas de seu espfrit o a ti m de contemplar algo, pois agora Ii revelacao tinha que lhe sobrevir. Mas nao viu nada. Queria morrer a tim de poder contemplar, mas nao viu nada. Entrementes, os primeiros devotos chegavam Iicasa de oracoes, tomavam seus assentos e comecavam a entoar canticos sem per-
toda a esperanca de sua vida pessoal. Nisto ele investiu todo 0 seu empenho e todos os seus poder es. E, por amor a i st o, foi pobre e rodeado de i nim igos ate 0 fim da vida. Por cau sa disso, ainda jovem, e ante s de completar sua tarefa, encontrou a morte. E por ter vivido tao inteiramente entregue a seu sonho, desdenhou colocar no papel, por escrito, seu ensi namento, de m odo que, como 0 pri meir o m es tre do Hassi dis mo, e assim ate 0ultimo, nao possufmos nenhuma mensagem genufna e direta deles. Afora 0relata fragmentario de seus discipulos, que anotavam suas alocucoes .ponvers as, narr ati vas e descreveram sua vida, pudemos por nos mesmos construir - ap6s muitas supressoes, colagens e suplementar; oes - s omente uma i magem incompleta de sua reali dade.
ceber 0menino. Arrastou-se entao para uma estante de oracao, agachouse so b ela e inclino u a cabeca sobre os pes, e as lagrimas irromperam. Chorou silenciosamente sem parar e sem levantar a vista, hora ap6s hora, a te que seus olhos ticaram inchados de tanto cho rar e 0 dia comecou a a manh ecer. Neste momenta abriu as pa lpebras, que 0 pranto havia f echado, e as chamas das vel as da casa de oracoes 0 ofuscaram como urn grande lume, e a sua alma comecou a tranquil izar-s e na l uz. A ssi m, com frequenci a, s ofri a por D eus e nao desi st ia. Porem m ant eve sua vida e s ua vontade ocult a do povo. Empregava t odos os est ratagem as a ti m de esconder seus j ej uns e, quando andava pelas r uas, prati cava t odo t ipo de cri anci ces; gos tava de pregar pecas e fazer t ruques , de
Rabi Nakhman e ra bisneto d o Baal Sc hem e nasceu em Mesbistz, a cidade do Baal Schem. Sua infancia e descrita como urna ardua e laboriosa procura. Nao obs ervava os m andament os par a s ervir em alegri a, atormentava-se, jejuava e evitava 0descanso a tim de compartilhar da visao. A fort e tr adicao de vida extatica em s ua famf li a dom inava 0 m enino, e ele nao podia suportar 0 curso lento e pesado da existencia, organizado em d ia e n oite, determinado pela s ocorrencias da s horas. 0 service comunitario de Deus nao the trazia tambem nenhum alfvio. Assim, corria Ii n oite para a lgum lug ar o nde nao houvesse ninguem e falava a Deus na linguagem do povo, neste idioma temamente rude, melancolico e amargo,
t al modo que 0 a ninguem ocorr eri a que aquel e menino ansiasse por s ervir a Deus. Mas juga des ta dedicacao nao era sempre facil para ele: pos suia uma dis posi cao alegre e forte e urn sens o l fm pido da beleza do m undo. Som ente m ai s t arde conseguiu basear seu devot o f ervor apenas nessa dis posi cao e servir a D eus na alegr ia. Porem, antes, naquele tempo, 0 mundo the par ecia algo extemo que 0 impe dia de chegar a Deus. A tim de persistir nessa luta, pensava a cada manha, que the restava ainda aquele unico dia, e Iinoite corria ao nimulo de se u bisa vo a tim de q ue 0 Baal Schem pudess e t he ajudar. A ssi m s e pas saram os anos de s ua i nfancia, Aos quatorze, de acordo com os costumes dos judeus naquela epoca, casaram-no e ele foi viver no povoado onde seu sogro m orava. A li , pela pri meira vez, f icou proxim o da nat ureza, e ela 0prendeu no mais fntimo de seu coracso, Ap6s uma infancia vivida no confinamento de uma cidade, o j udeu que emergiu nesses espacos li vres do cam po foi tornado por urn
q ue os europe us chamam de jargao (Idiche). Pore m De us n ao the respondia. Parecia-Ihe, entao, que Deus "nao the prestava nenhuma atencao, na verdade afastava-o do service, Ele nao 0 queri a de f orm a algum a", e a t empestade do des esper o abateu-s e s obre ele e 0 golpeou a te que, n a mais profunda aflicao, 0 extase 0 iluminou eo menino sentiu 0primeiro estremecimento da ruptura. Certa vez, em seus ultimos anos, ele proprio narrou tal experiencia, Desejava receber 0Schabat em grande dedicacao, por volta da meia-noite entrou no ba nho ritual e mergulhou na agua com a alma pro nta para a s anti fi cacao. Ent ao vol tou para casa e vest iu suas r oupas sabati cas, D epois se dirigiu Iicasa de oracoes, pondo-se a vagar de urn lado para 0outro nas salas escuras e abandonad as, c om toda s suas forc as tencionadas na vontade de receber a alma superior que desce e inva de os home ns no
i nominavel poder desconhecido ao nao-judeu. Um a estr anheza de m il anos de heranca em relacao Iinatureza manti vera a sua alma em amarras. E agora, como num reino magico, em vez do amarelo desbotado das paredes das ruas, 0 verdor florestal e as floradas dos bosques 0envolviam, o s muros de seu gueto espiritua l vieram abaixo de re pente , ao conta to com a forca das coisas em crescimento. R arament e, a bern dizer , est e t ipo de experi enci a se f ez anunciar de maneira tao penetrante quanto no caso de Nakhman. A tendencia ao ascetismo retraiu-se nele, 0conflito intima seextinguiu, nao mais preci-
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ASHISTORIASDO RABINAKHMAN
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R AB INAKHMANDE B RAlZLA V
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s av a s e p re oc up ar c om a re ve la ca o; a le gr e e fa ci lm e nt e e nc on tr av a s eu D eu s e m t od as a s c oi sa s. 0b arco e m qu e safa a n a ve ga r p e la c or re nt ez a - i ne xp er ie nt e c om 0 l em e , m a s c he io d e c on fi an ca - 0 c o nd u zi a a D e us , cuja v oz o uv ia n os ju nco s; e 0 c av al o q ue 0 c arre gav a p ara d en tro d a f lo re st a . . o b e de ce nd o -l he , p ar a s eu e sp an to - 0c o nd u zi a p ar a m a is p er to
P or em s ab ia q ue n ao p od er ia t ir ar d os l iv ro s a f or ca p ar a s em e lh an te en sin am en to , m as s om en te d a v id a re al, c om o s h om en s. P or is so a cerco u-se d o p ovo , carreo u p ara seu Intimo todo 0 seu so frim en to e seu a ns ei o, q ui s c re sc er i nt ei ra m en te j un to c om e le . " N o i nf ci o" , r el at ou m a is ta rd e, " eu p ed ia a D eu s qu e m e p erm itis se s ofre r a d or e a n ec ess id ad e
d e D eu s, q ue 0o lha va d e t o das as m o re s e c om qu em ca da p la nta e sta va em Intim a relacao, E m todos os declives de m ontanha e em todos os p eq ue no s v ales o cu lto s d os a rre do re s, s en tia -s e e m c as a, e e m c ad a u m d el es e nc on tr av a o ut ro c am i nh o p ar a c he ga r a D eu s. N es ta e po ca , to m ou fo rm a e m s eu e sp frito 0 en sin am en to s ob re a d ev o ca o n a n a tu re za , q ue m a is t ar de p ro c la m o u r ep e ti da m en te a s eu s d is c lp ulo s, e s em p re c om n ov os l ou vo re s. " Qu an do 0 h om em s e to rn a d ig n o" , d iz ia -l he s, " de o uv ir o s c an ti co s d as p la nt as , c om o c ad a u m a d el as p ro f e re s el \. ca nt o a D eu s, q ua o b el o e d oc e 1 5 o uv ir s eu s c an ta re s! E , p or isso, 1 5 bom de v erd ade serv ir a D eus em seu m eio , em s o l it ar ia e rr an cia p el os c am p o s e n tr e c oi sa s q ue c re sc em , e e xt ra va sa r a n o ss a f al a c om t od a
d e Israel. M as ag ora, qu an do u ma pessoa m e fala d e su a do r, eu a sin to m ais d o q ue ela p r6 pria . P ois es ta p ess oa p od e te r o u tro s p en sa me nto s e esquece-la, e nq ua nt o e u, n ao ". A ss im pos-se a v iv er c om 0 p ov o, c om o o B aal S ch em e s eu s d is cip ulo s ha viam fe ito , e p as so u a e nco ntra r n ele su a consagracao. A ntes, po rem , d e co mecar a ensin ar a m uitos, d esejou receb er a b en ~a o d a T er ra S an ta , q ue 1 5 ocoracao d o m u nd o. D es ejo u c on te m pl ar as sep ultu ras d e S chim on b en Io khai e Itzkhak L Uria e o uv ir as v ozes q ue p ai ra m s ob re o s l ug ar es o nd e d es ca ns am o s p ro fe ta s. N ao f ora d ad o a o B aal S ch em ir a P ale stin a; s ig no s e m an ifes ta co es , as sim n os rela ta a l en da , h av ia m -l he o rd en ad o re to rn ar a nt es q ue s ua m e ta f os se a ti ng id a.
entao as eu s inace s. Ts ua od sasforcas, a s v ozEesm dcosad ca am p os m riagdao de e i nta nt enesiDfi eu ca m a len to pv en oc et e ra s ema beb era no no a r d o p ar af so , e q ua nd o v oc e v ol ta p ar a c as a 0mundo esta r en o va d o a s eu s olhos." 0 a mo r a rd en te p or tu do qu e esta v iv o e cre sce era fo rte n ele . Q uand o, u ma v ez, no u ltim o p erfo do d e sua v id a, d orm iu em u ma casa fe ita d e m ore s n ov as, s on ho u e star d eita do n o m eio d a m o rte . D e m an ha q u ei xo u -s e a o p ro p ri et ar io e 0 ac us ou . " Po is q uan do a lg uem a ba te u ma m ore antes d o tem po 1 5 c om o s e h ou ve ss e a ss as si na do u m a a lm a ." D a a ld eia , m u do u-s e p ar a u m a p eq ue na c id ad e, o nd e c om e co u a in st ru ir u m a o u o ut ra p es so a n a d ou tr in a h as sfd ic a e a to rn ar -s e c on he cid o e nt re o s p io s. S en ti u- se a co m et id o p el a t en ta ca o d e s er c om o o s tzadikim da epoca e v iv er n a fa ma , d e re nd a e n a o cio sid ad e, m as res is tiu a e la. 0 d ec lf ni o d o H as sid is m o o pr im ia -l he a a lm a . S en ti a f al ta d o p ro gre ss o n o e stu do ; a to ch a q ue d ev eria p as sa r d e m ao em m ao es ta va ex tin ta e ntre dedos preguicosos, A s si m , n o coracao d e N a kh m an , d es ab ro ch o u, d a t ri ste za, a v on tad e d e re no va r a tra dic ao e d e "fo rm ar alg o q ue d ura ss e p ara sempre". 0 q ue a C ab ala n un ca h av ia s id o, d ev eria ag ora s e to rn ar: 0 e nsin am en to d ev eria s er tran sm itid o d e b oc a a b oc a e d e n ov o d e b oc a a b oc a, c on st an te m en te , e xp an di nd o- se p ara a le m d a e sf era d as p al av ra s ain da n ao p ro fe rid as , tran sp ortad as p or u m b an do d e m en sag eiro s em i n ce s sa n te a u to - re s ta u ra c ao , d e sp e rt a nd o 0 e sp fr it o e m c ad a g e ra ca o, r ejuvenescendo 0 m u n d o , " c on v e rt en d o 0 d es er to d os c or ac oe s n um a m o r ad ia p a ra D e us ".
R akathm ou s era r veniag re m e un lh aoertine ha o u-s t raabai ltNern iv aan ju a nlgao unem ci ar mauito o s eudiffcil. l ar , c oEloracapr obs ua f il ho em alg um serv ice, o u ao s cu id ad os carid oso s d e estran hos, e v end er to da a m ob ilia d e s ua res id en cia a fim d e le van ta r a q ua nti a n ec es sa ria p a ra c ob ri r 0 c usto d a v ia ge m. N o e nta nto , o s d ev oto s d a v iz in ha nc a, q ue s ou be ra m d e s ua re so lu ca o, f ac il ita ra m a r ea li za ca o c ol et an do u m a so ma em ouro e 0 p re se n te ar am c o m e la . S e us p a re n te s s u pl ic ar am - lh e p ara d es is ti r d a v ia ge m , m a s t od as a s v ez es e le r es po nd ia , " m in ha p ar te m a io r ja e st a Ia", A ssim , em 1798, com um dos hassidim q u e d e s ej av a m uito s erv i-lo , e nce to u a jo rn ad a. D es ta v ia ge m em d ia nte , N ak hm an p rin cip io u a d atar s ua v id a re al. ''T ud o 0 que eu sabia antes de Eretz Israel ( a T e rr a d e Is ra el ) n ao s ig nif ic a n ad a" , c os tu m av a d iz er, e p ro ib iu a preservacao e sc ri ta d e q ua lq ue r d e s eu s e ns in am e nto s anteriores. A P al es ti na t or no u -s e p ar a e le u m a visao q ue n ao m a is 0 a ba nd o no u . " M eu l ug ar ", d iz ia , " 1 5 some nte Eretz Israel e, p ara o nd e quer qu e eu v iaje, e st ou v ia ja nd o p ara Eretz Israel", E , m esm o nos seus ultim os dias de d oe nca e d es olac ao , a firm av a, " eu v iv o ap en as p elo fa to d e te r e stad o em Eretz Israel". L og o a p6s a v olta e stab elec eu -s e em B ra tisla va. M as , as sim q ue la c he go u a lg u ns tzadikim, qu e 0o di av am d ev id o a s s ua s c on ce pc oe s, d es en cad eara m u ma lu ta fu rio sa c on tra e le, a q ua l co ntin uo u a te 0 fim d e s ua v id a e e ng e nd ro u s el va ge ns h os ti li da de s; m e sm o d ep o is d e s u a m o rt e, as co mun id ad es d e seu s o po nen tes fizeram g uerra con tra a su a e nao
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AS HISTORIAS
DO RABI NAKHMAN
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RABI NAKHMAN
DE BRA T ZLA V
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queriam s aber de paz. 0 pr6prio R abi Nakhman nao fi cou surpreso com esta contend a. "Como pod eriam e les nao nos combater? ", dizia com fr equencia. "N 6s nao pert encemos de modo algum ao m undo present e e, portanto, 0 m undo nao pode nos t olerar. " N ao ocorri a a ele retali a- los por sua -a nimosidad e, "0 mund o inteiro esta rep leto de conflito, cada
depois dentro dele; 0 ensi no para ele e, a pri ncipio, urn event o e s 6 m ai s t ar de t om a-s e urn pensament o, is to e, urna palavra. "Eu tenho dentro de m im" , dizia, "ensi nament os s em vest im entas, e e muit o penos o par a eu esperar ate que eles se vistam". Ha sempre em seu intima urn temor a pal avra, que the com pr im e a gar gant a, e ant es de proferir a pri meir a de
nacao, cada cidade e cada moradia. Mas aquele que aceita em seu coracao a rea lidade de que um homem morre a ca da dia , po is, a c ada dia ele deve entregar a m or te um pedaco de s i m es mo, como poder ia ainda est ar apt o a passar seus dias em disputa?" Nun ca se cansava de enco ntrar 0 bem em seu s a dversaries e de ju stifica-lo s. "Sou eu, enta o, aquele a quem eles odeiam?", perguntava. ''Eles talharam um homem para sipr6prios e est ao s at isf ei tos com ele." E r epet ia a par abol a do B aal Schem: " Cert a vez alguns miisico s p ostaram-se em um lu gar, e c ome cara m a to car, e um g rupo ~ume roso de p essoas pos-se a danca r de aco rdo com 0 ritmo da rmisica. Entao, ali apareceu um homem surdo que nada sabia de danca ou de miisica e penso u em se u Intimo, 'como sao tolos estes h ome ns:
um ensinamento, parece-lhe que sua alma deva expirar. Som ente os efeit os de sua palavra 0 aliviam, Ele a contempla e adm ira-se corn ela: "por vezes m inhas palavras entr am nos ouvintes como um silencio e neles permanecem para atuar depois como medicamentos de a¥ao l enta; em out ras ocasi oes, m inhas pal avras nao atuam de infcio no hom em par a quem as proferi , m as, quando est a pessoa as r epet e para out rem, elas vol tam par a ela e penetr am profundam ente em s eu cor acao e fazem 0 s eu t rabalho cor n perf ei cao" . Esta s egunda r elacao basi ca, a r ecepcao de nossas pr6pr ias palavras, e car acteri st ica doj udeu corn sua t endencia m otora, e Rabi N akhman tambem parece t er exper im entado is to ern si pr6pri o. Ele a repr esentou cer ta vez na im agem da r efl exao da
alguns batem com seus dedos em todo tipo de instrumento, e outros giram em t omo deles par a ca e para la"'. As si m R abi N akhm anjusti fi cava seus i ni mi gos. N a ver dade, consi derava s ua r aiva com o uma ben¥ao; "todas as pa lav ras de inju ria e toda a fu ria da in imiz ade contra 0 genufno e 0 silente sao como p edra s atiradas contra ele e , delas, e le constr6i sua casa".
luz: "quando alguem fala corn urn seu semelhante surge uma luz simples e outr a que retoma. M as, ocasionalm ente, acontece que a anteri or esta presente sem a posterior, entao seu interlocutor, amiiide, nao a recebe da pessoa, mas recebe 0 estfrnulo de seu companheiro, quando, atraves do impacto das palavras provenientes de sua boca, a luz retoma a ele e e
Em Bratislava comecou a ensinar a muitos e congregou outros tantos ao seu re dor. Ensinar e ra para e le um misterio e tod a sua a¥ao che ia de eni gm as. A com unicacao para ele nao si gnifi cava um acontecim ento comum sobre 0 qual nao s e dever ia r efl et ir porque nos e famil iar e bem conhecida. Ao contrario, era rara e maravilhosa, como algo recem-criado, Sentimos sua surpresa diante do curso das palavras, quando diz: "a palavra move uma part fcul a de ar e ass im a s egui nte, ate alcancar 0 homem que a recebe de seu amigo, e recebe com isso a alma, e e com isso despertado". Rabi Nakhman despre za a palavra que reporta a penas uma i mpress ao razoavel , apressada e de m odo insatis fat6ri o, e os devotos "que anunciam imediatamente 0 que veem e nao conseguem guarda- lo pa ra si" va lem menos do que a queles "cuja raiz esta na plenitude e qu e conseguem guardar par a si 0 que veem". Mas a palavra qu e ascend e do f undo da alm a e, para ele, algo elevado cuj a ati vidade viva nao consti tui mais 0 trabalho da alma, porem a pr6pria alma. Ele nao profere uma unica palavra de e nsinamento que na o tenha passado por muito sofrim ento; cada uma del as e "lavada ern lagrimas". As palavras se formam
avivada". o f at o decis ivo para N akhm an, de acordo corn s ua interpretacao da palavra, nao e, decert o, 0 efeito sobre 0 locutor, mas sobre 0 ouvinte. Este efeito atinge 0cli max no f ato de 0relacionamento modificar-se e 0 ouvinte tomar-se urn l ocut or, de t al m odo que, efetivamente, ele diz a pal avra fi nal. A alm a do discipul o deve s er convocada em s uas profundeza s pa ra qu e, de de ntro de la, e nao d a alma do mestre , 0 significado superior do ensinamento, nasca a palavra que proclama e, assim, a conversa¥ao e preenchida em s i m esm a. " Quando com eco a falar corn alguem quero ouvir as mais elevadas palavras dele." Ha via c inco a nos que Rabi Nakhman v ivia e m Bratislav a quando adoeceu, atacado pel a consuncao, provavelm ente por causa das lutas e pers egui coes , em relacao as quais s ua alm a perm aneceu i nt ocada, porem seu cor po nao conseguiu resis ti r. Logo s e t he tomou claro que m orreria ern brev e, mas sua pr6pria morte n unca foi objeto de ansie dade para ele e nem tampouco um acontecimento de importancia. "Para aqueIeque atinge 0 verdadeiro conhecimento, 0 conhecimento de Deus, nao ha separacao entre vida e morte, pois ele se apega a Deus e 0 abraca e
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ASHISTORIAS0 0 R AB INAKHMAN
vive a vida etema como Ele." 0 Rabi recebeu a morte mais como urna ascensao a urn novo estadi o de grande errancia, a uma f orm a m ais perfeita de vida total; e por acredit ar que em seu cor po hum ano nao poderia atingir urn degrau mais elevado de perfeicao do que este que ja atingira, ansiava pela morte e pelo li mi ar escuro. " Eu ti raria alegremente a 'pequena camisa?", dizia aos discfpulos em seu der radeiro ano, "pois nao suporto ficar parado num degrau". Quando reconheceu que a m ort e s e lhe aproxi mava, nao quis mais permanecer em Bratislava, onde ensinara e trabalhara, mas decidiu mudar-se para Uma n a fim de la morrer e ser enterrado. Em 1768, alguns anos antes de seu nascimento, bandos de Haidamaks' haviam penetrado na cidade de Uman; e depois que suas fortalezas, defendidas em conjunto por j udeus e poloneses, caf ram em poder deles, pela asnicia e pela tr ai~ao, assassjnaram a populacao judaica inteira ejogaram seus corpos em pilhas junto ao muro da cidade. Era a crenca de Rabi Nakhman, urn resultado da doutrina da alma tomada de LUria e levada alem, qu e dos mu itos milha res que haviam sido chacinados e m Uman, ante s de se u tempo, urn grande grupo de almas est ava preso ao lugar de s uas mortes e nao poderia ascender ate que uma alma viesse a ela s com 0 poder de eleva-las. Ele senti a em s i pr6pri o 0 chamado para redimir as que ali aguar davam e queria, por i sso, m orrer no l ugar onde se encontr avam, e ter sua sepultura pr6xima a elas, para que 0trabalho pudesse ser realizado sobre se us nimulos. Qua ndo chegou aUman, morou em uma casa cuja janela se abria para 0 cem iterio, " a casa da vida", como os j udeus denaminavam: la, amiiide, ficava ajanela e olhava alegremente para 0cemiterio. Algumas vezes, a tristeza 0 dom inava, mas nao por que ia morrer, antes pela obra de sua vida que nao render a 0 fruto que havia sonhado. Ponderava s e nao teria procedido m elhor rejeitando 0 mundo e escolhendo para si urn lugar isolado a fim de la permanecer, sozinho, de m odo que 0juga do mundo nao pesasse sobre ele. Se pelo menos nao houvesse torna do a si a conduc ao de homens, pensava, teria talvez alcancado a per fei~ao e concluido sua verdadei ra t arefa. 0 ensi nament o e a educacao que tant o exaltava parecia-l he em tais m oment os urn erro,
RABINAKHMANDE BRATZLAV
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quase urn pecado. Poi s a essencia da a~ao devota em cada coisa e que 0 homem deve ser deixado a sua pr6pria escolha. Tambem lhe parecia ali que real izar a muito pouco, e percebia quao diff cil e t omar urn hom em livre. E mais diff cil ajudar com devocao e elevar um homem j usto, enquanto ele ainda esta em seu corpo, do que ajudar e elevar m il mi lhar es de pecadores que j a est ao no espfr it o, i sto e, a r edim ir s uas alm as; poi s com urn mestre de escolha e extremamente diffcil efetuar qualquer coisa que seja. Mas, em seus ultimos dias, toda a preocupacao e 0 sofrimento 0 abandonaram. Ele sepreparou. "Veja", disse uma ocasiao, "urna montanha m uit o grande e elevada vern a nosso encontr o. Mas eu nao sei: Est amos indo em direca o a ela, ou a montanha vern a n6s?" E assim, morreu em paz. U rn discfpul o escreveu, " 0 s embl ante do hom em mort o era como 0 semblante do vivo quando cam inhava de urn l ado para 0 outr o, em seu escrit6rio, imerso em pensamentos". R abi N akhman nao completou sua tarefa. Tornou-se 0 tzadik que pretendia "a a lma do p ovo"; mas 0 povo nao se tomou a sua. Nao foi capaz de det er 0 declfnio do ensinamento. Era 0 florescimento da alma do exflio; porem ela tambem murchou no exflio, Os judeus nao eram bastante fortes e puros para preserva-la. Nao nos foi dado saber se a ressurreicao nos seria concedida. Mas 0destino intemo dojudafsmo me parece depender de se - nao importa se nesta forma ou noutra - seu pathos M de converter-se de novo em ato.
1. Ves time nta e xtem a da vida ter re na (N. dos T.). 2. B andos ucr ania nos, p olon eses
e j udeus,
princ ipalme nte
nas provf nc ia s de Kie v e P od61ia , hos tis a os
no perfod o de 1708 -177 0,
e qu e ex igiam
0 completo
extermfnio
des te s ultim os . A a tivida de de tais gr upos c he gou a o ma xi mo e m 1768, c om urn hor re ndo m as sa cr e e m Uma n (N. dos T.).
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DITOS DO RABI NAKHMAN
o Mundo o mundo e como um dado a rodopiar e tudo gira a sua volta, e 0 homem vira anjo e 0 anjo, ho mem, e a ca beca vira pe e 0 pe , cabeca. Portanto, todas as coisas viram e volteiam e sao modificadas, isto naquilo e aquilo nisto, 0 que e sta em cima p ara 0 que e sta embaixo e 0 que esta embaixo para 0q ue e sta em cima. Porqu e na raiz tudo e um, e na t ransform acao e r etorno das cois as a r edencao est a i nclufda, Contemplando
0 Mundo
Como a mao mantida ante a vista enco bre a ma is alta monta nha, assi m a pequena vida terrena esconde do clarao as enorm es l uzes e m is terios dos quais 0 m undo est a cheio, e aquel e que consegue afast a-l a de dia nte d e seus olhos, como alguem afasta a mao, contempla 0 grande brilho dos mundos interiores.
Deus e
0 Homem
Tod os o s tra nstorno s do homem procede m dele mesmo. Po is a luz do A ltf ssi mo derr am a-s e conti nuam ente sobr e ele, mas 0 homem, n o
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A S H IST6 RI AS
D O R AB I N AK HM AN
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d ec ur so d e t od a s ua v id a d em a si ad o f fs ic a, c on ve rt e- se a s i p ro pr io n um a s om bra , d e m od o q ue a lu z d e D eu s n ao p od e alc an ca -lo .
DITOS DO RABI NAKHMAN
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q ue i nu n da 0 h om em c om g ra nd e ab un da nc ia , c om m uita ra pid ez , m ais rap id o q ue u rn m o me nto , p ois es ta alem d o tem po e p orqu e, p ara este e sp fr it o n en hu m t em p o n ao e n ec es sa ri o.
Fe Pensar e Falar F e e algo im en sam en te fo rte e, p or m eio da fe e d a sim plicid ad e, s em q ua is qu er s utile zas , a p ess oa s e to m a d ig na d e atin gir 0 d eg ra u d a g ra ca, qu e e ate m ais e le va do d o q ue 0 d a sa grad a s ab ed oria : a g ra ca d e D eu s, a bu nd an te e p od er os a, th e e d ad a e m s ag ra do s ile nc io , a te q ue n ao c o ns ig a m a is s u po rt ar 0p od er d o s ile nc io e s eu g ri to i rro m pa d a p le ni tu d e d e su a alm a.
Prece Q ue ca dl u m b ra de a D eu s e e rg a s eu c ora cao a E le c om o se e stiv ess e s us pe ns o p or u rn fi o d e c ab el o e u m a t em p es ta de ru gi ss e n o p ro pr io c or a~ ao d o frrm am en to , a ta l p on to q ue e le n ao m ais s ou be ss e 0 q ue fa ze r e n ao t he re st as se q ua se m a is te m po p ar a a lc ar s eu b ra do . E , n a v erd ad e, n ao ha c on se lh o n em re fu gi o p ar a e st a pessoa, s al vo p er ma ne ce r s oz in ha e e le va r s eu s o lh os e s eu c or ac ao a D eu s e r og ar a E l e. D ev er -s e- ia f az er i st o o te mp o to do , p ois 0 h om em es ta e m g ra nd e p erig o n o m un do .
Duas Lfnguas
T od os o s p en sa m en to s d o h om e m s ao m o vim e nto s f al an te s, m e sm o qu an do e le n ao s ab e d iss o.
Verdade e Dialetica A vitoria nao pode tolerar a verdade, e se alguem the exibe um a c oi sa v e rd a de ir a d ia nt e d o s o lh o s, v o ce a r ej ei ta e m c o ns id er ac ao a vitoria, A qu ele , e nt ao , q ue d es eja a v er da de d en tr o d e s i d ev e a fu ge nta r 0 espirito d a v ito ria , p ois s om en te en ta o es ta ra p ro nto p ara co ntem p lar a v erdade.
o Prop6sito do Mundo o m u n do f oi c ri ad o t ao -s om e n te p o r c a u sa d a e sc o lh a e d o e sc o lh ed o r. o h ome m, 0 s en ho r d a e sc ol ha , d ev e d iz er: 0 m u nd o t od o f oi c ri ad o s om e nt e p or m i nh a c au sa . P or i ss o, 0 h o m em d e ve c u id ar , 0 tem p o to do e e m t od o lu ga r, d e r ed im ir 0m u n do e p re en c he r s ua s n e ce ss id ad e s.
H a ho men s a qu em e d ad o p ro ferir p alav ras de p rece em pu ra v erd ad e d e m o do q ue as p ala vras cin tile m c om o u m aj6 ia q ue b rilh a p or s i. E h ii h om en s c uja s p ala vra s s ao so m en te c om o u ma ja ne la q ue n ao te rn l uz p ro pri a, m a s r ef le te u ni ca m en te a l uz q ue a co lh e.
Alegria
Dentro e Fora
Perfeicao
o ho mem
para
P el a a le gr ia 0 exflio.
0 e sp fr it o
f ic a t ra nq ui li za do , m a s p el a t ris te za e le v ai
tern m ed o d e co isas que n ao p od em preju dica-lo e sab e d is so , e a ns eia p or co is as qu e n ao p od em aju da-lo e sa be d is so ; m as , n a v erd ad e, a u nica c ois a d e q ue 0 hom em tern m ed o esta d en tro d ele, e a u nic a c oi sa q ue e le a ns ei a e st a d en tr o d el e.
A p e ss o a d ev e a p er fe ic oa r- se p a ra a u n id a de a te s er t ao a p er fe ic oa d a n a c ri ac ao q ua n to 0 f or a a nt es d a c ri ac ao , d e m o do a c on st it ui r u rn t od o, in te ira m en te b or n, c ab al m en te s ag ra do , c om o a nt es d a c ri ac ao . A p es so a d ev e re no va r- se a c ad a d ia a f im d e a pe rf ei co ar -s e,
Dois Tipos de Espfrito Humano
o Mau Impulso o m au im pulso
H a d ois tip os d e e sp frito , u rn v olta do p ara fre nte e o utro p ara tra s, H ii u rn e sp fri to q ue 0 hom em atin ge no curso do tem po . M as ha outro
e com o alguem que corre entre os hom ens com a m ao fechada e n in gu em sab e 0qu e hii d en tro d ela . E le se a pro xim a d e
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ASHIST6 RIAS 0 0 R AB INAKHMAN
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cad a urn e perg un ta, "0 qu e v oce acha qu e eu tenho em m inha m ao ?". E a p es so a im ag in a q ue e le te rn n a m ao e xata men te a qu ilo q ue ela m ais deseja. E tod o m un do co rre atras. E entao ele abre a m ao e ela esta vazia. A g ente p od e serv ir a D eus co m 0 m a u i m pu ls o, s e d ir ig ir a p ai xa o d este e
0 fervor
de s eu desejo a D eu s. E se m
0
m a u i mp ul so nao ha
service p e rf ei to a D e us .
o m a u i m pu ls o n o j us to t ra ns fo rm a -s e e m a njo s ag ra do , u rn e nt e d e p o de r e d e st in o . Ascensao P ara a as ce ns ao d o ho m em n ao h a f ro nteira s, e esta a b er to a i 'c a d a u r n. Af s 6 r ei na a s ua e sc ol ha .
Julgando a Si Pr6prio
0q ue
h a d e m ais a lto
,
Se a pessoa nao julgar a si m esm a, todas as coisas a julgarao, e t od as a s c oi sa s t om a m -s e m e ns ag ei ra s d e D eu s.
Vontade e Obstaculo
o Reino
D IT OS DO R AB I N AKH MA N
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de Deus
A qu el es q ue n ao c am i nh am n a s oli da o e st ara o d es no rt ea do s q ua ndo 0M es sia s c he ga r e o s c h am ar; m as d ev em o s s er c om o a lg uem d ep ois d e d o rm i r, c uj o e sp fr it o e st a t ra nq u il o e d e sc o nt ra fd o ,
A Errancia da Alma D eu s n un ca f az d ua s v ez es a m e s m a c oi sa . Q u an do u rn a a lm a r et om a , o u tr o e sp fr it o t om a -s e s eu c o m pa n he ir o. Q uan do u ma alm a v ern ao m un do , seu s ato s com ecam a ascen der d os m u nd os o cu lt os . H a a lm as n ua s q ue n ao p od em e ntra r n os c orp os , e e m re la ca o a e la s ha gran de co mp aixao , m ais d o que para aqu elas qu e ja viv eram . P ois e st as e st iv er am e m c o rp o s e p ro cr ia ra m e a tu a ra m ; m a s a qu el as n a o p o de m s u1 2i rn em t am p ou co d es ce r p ar a s e v es ti re m c om 0 c o rp o . H a e rr an ci as n Jm u nd o q ue a in da n ao s e rev elara m.
o ju sto d ev e s er instavel e t ra ns ie n te p o rq u e ha a l m as a fu g e nt a da s q ue s 6 p or s eu in term ed io p od era o a sce nd er. E s e u m ju sto se n eg a e n ao q ue r p er am b ul ar, e le s e t or na ra i ns ta ve l e tr an sie nt e e m s ua c as a. H ap ed ra s, c om o a lm a s, q ue e st ao jo ga da s p el as r ua s. T ao l og o n ov as c as as s ao c o ns tr uf da s, e nt ao a g e nt e e n ca ix a n e la s a s p ed ra s s ag ra d as .
N ao ha o bstacu lo que n ao se p ossa u ltrap assar, po is 0 obstaculo esta ali p or cau sa da vo ntade, e na v erdad e nao ha o bs tac ulo s a n ao s er n o e s pf ri to .
Entre Homens
.!i~~ om ~ ns != lu ~ pf re m te rr fv el d es gra ca e n ao c on se gu em c on ta r a nin gu em -o que lhes v ai n o co racao , ficam an dan do d e urn lad o p ara 0 o utro rep le to s d e s ofrim en to . P ore m, s e lh es v ern a o e nco ntro u rn s em b la nt e ri so nh o, e le p od e a ni ma -l os c om s ua a le gr ia . E n ao e c o is a i n si g n if ic an te a ni m ar u rn h om e m . As Ocultas H a h om e ns q ue n ao t er n a uto ri da de n en hu m a a s c la ra s, m a s, a s o c ul ta s, g ov em a m a g er ac ao ,
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AS H I S T O R I A S
Nos ultimos anos de sua vida Rabi Nakhman relatou a seus discfpulos muit as f abul as e contos. Era sempre algum m oti vo ext emo que 0levava a narrar. Alguns destes motivos nos foram transmitidos. Certa vez urn de seus discipulos relatou-lhe 0 que acabara de ouvir acerca da guerra dos franceses que setravava naquele tempo. "E ficamos espantados pel a elevada pos icao a que aquele [N apol eao] fora alcado, e de com o urn hom em de condi cao inferi or [l it eralment e, "urn servo"] tomara-se impera dor. E conversamos com ele sobre isso. E Rabi Nakhman disse: 'Quem sabe que alma e a dele , pode ser q ue ela tenha sido trocada. Pois no castelo original das transformacoes almas sao, por vezes, t rocadas'. E no m esm o instant e com ecou a nos contar a hist 6ri a do fi lho de r ei e do fi lho da criada que foram t rocados. " Em outra ocasiao, 0 chantre da sinagoga procurou 0 Rabi, cujas r oupas estavam r asgadas . Entao ele the dis se: " 0 senhor nao e mesmo 0 mestre da prece, por meio de quem a ben~ao e t razi da para baixo? E 0 senhor deve andar com vest es rasgadas!" . Entao ele narrou a hist 6ri a do mestre da prece. Ainda outra vez, urn discipulo escreveu a urn outro que este deveria alegrar-se. Quando 0 m est re ouviu a cart a, observou: "0 que sabe voce sobre como se pode estar alegre em meio ao pesar? Eu the contarei
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AS HIST6RIAS
DO RABI NAKHMAN
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como as pessoas se alegravam no passado". E comecou a relatar a historia dos sete mendigos, a ultima de suas historias e aquela que ele nao terminou, o que estimulava Rabi Nakhman a narrar era a sensacao de que seus ensinamentos "nao tinham vestes", As historias deviam ser as vest es dos ens inamentos, A elas cumpria "desper tar", Queri a plant ar uma ideia mfstica ou uma verdade de vida no coracao de seus discfpulos. Ma s sem que isto fosse sua in tenc ao, a narrativa tomava forma em sua boca, c rescia para alem do seu pro pos ito e sobrep assa va-se em sua florescencia, ate que nao era mais urn ensinamento, porem uma fabula ou uma lenda. Nem por isso os relatos perdiam seu carater simbolico; ele porem, 0 nar rador, i a fi cando cad a vez mais qui et o e voltado para dentro de si. R abi N akhman encontr ou uma tr adicao j a exis tent e de contos pop ulares judaicos e ligou -se a ela. Todav ia, e 0 pri meir o e, ate agora, 0 uni co ver dadeiro contador de his torias ent re os j udeus. Todos os r elat os ant er iores foram criacoes anonim as; aqui, pel a pri meir a vez, temse uma p esso a, uma inten cjo p esso al e uma plasmaca o pessoal. As hist6rias foram transcritas a partir do que seus seguidores haviam memorizado, particularmente seu discfpulo favorito, Natan de Nemirov, verdadeiro ap6stolo de Rabi Nakhman. Natan, a fim de nao esquece-los, costumava na verdade recontar os relatos, urn a urn, logo depois de ouvilos, a dois outros condiscfpulos, e so depois ir para casa, para entao t ranscreve-l os. M as, com frequenci a, parece t er esperado mais tempo a f im de r egistr a-l os, pois , de algumas coi sas, ele propri o adm it iu t e-l as esqueci do e, de outr as ainda, de nao t e-l as t rans cri to "a seu tempo" . D as palavras de ensinamento pode-se reconhecer quais foram imediatamente anotadas; elas mostram 0espfrito e a linguagem do mestre. Com respeito as historias, 0 me smo na o se da. Rabi Nakhman nao possufa urn disclpul o igual a ele, que pudess e preencher, no sent ido do narr ador , 0 que fora esquecido, e ele pr6pri o, m uit as vezes , provavelm ente l ancava urn olhar aqui e ali nas anotacoes de s eus ens inament os, m as nunca nas dos contos. Assim, se Ihe s aplic a, acima de tudo, aquilo qu e d ois antigos historiadores do Hassidismo disseram dos registros dos discfpulos: "Escreveram coi sas que ele nunca dis se", afir ma urn, e 0 outro julga, "Eles assimilaram a palavra que ele havia proferido aos proprios pensamentos deles". Treze des tas est 6r ias foram publi cadas em 1815, depois da m or te do mestre, no original Idiche, com traducao para 0hebraico. Destas, seis constam da presente coletanea,
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AS HISTORIAS DO RABI NAKHMAN
o TOURO E 0 CARNEIRO
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Numa terra distante, ha muito tempo atras, reinava urn soberano. Ur n dia promulgou urn decreto obri gando todos os judeus que habit ayam as t erras de seu reino e sob a protecao de sua espada a receberem 0 batismo e ase submeterem ao seu credo e, aqueles que se recusassem deveri am i r embora e abandonar casa e bens. Ravi a m ui tos par a os quais sua crenca era a tinica pat ri a e riqueza: estes fugir am em todas as dire~6es . O utros queriam ver 0 amadureci mento da s emente que haviam semeado e nao gostariam de ocult ar seus tesouros nas mont anhas: per m aneceram e na aparencia curvaram-se. Exteriorment e praticavam os cost umes odi ados de uma fe est ranha; mas det ras de paredes seguras e fumes ferrolhos mantinham-se fieis aos usos de seus antigos ensinamentos e permaneciamjudeus como antes, embora secretamente. o rei morreu e depois del e a coroa passou a seu fi lho. Este manteve s eus vassalos com punho de f erro e subj ugou r einos est rangei ros pela forca de suas arma s. Os prfncipes das terras sobre os quais pesou a sua dura lei rebelaram- se contra ele em segr edo e decidir am assass ina-l o, Entre eles, entretanto, havia urn daqueles judeus que aparentemente carregavam os grilhoes de uma fe estranha. Disse ele a si mesmo: "Para salvar os meus haveres, aos quais se prende 0 meu coracao, meu credo evita a luz do sol. 0 que acontecera a
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AS HIST6RIAS
DO RABI NAKHMAN
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o TO UR O
E 0 C AR NEI RO
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es ta s riq ue zas s e n ao h ou ver re i n es te re in o qu e p os sa m an ter a le i e o s costum es? O s ho mens cairao u ns sob re os o utro s co mo bestas selvag en s, e 0 p od ero so to m ar a a p ro pr ie da de d o ti m or ato . S er a m a is p ro ve ito so p ara m im s e e u fo r e p rev en ir 0 rei". E el,e f oi e assim fez. 0 m onarca ouviu-o e em seguida m andou c om pro va r a v erd ad e d e s uas p alav ras , e e vid en cio u-s e q ue e las e ram c or re ta s. N a e po ca e m q ue o s c on ju ra do s p re te nd ia m s e in tr od uz ir f urt iv am e n te , g u ar da -c o st as e sc on d id o s p re ci pi ta ra m -s e s ob re e le s e o s t ro u x er am , s ub ju g ad o s e a lg em a d os , p er an te 0r ei . E le p ro n un ci ou a s en te n ca de cad a u m a m ed id a d e s ua cu lp a. M a s a o s eu s alv ad or e le a ss im fa lo u: " Co m o p od er ei re co m pe ns al o? N ao p os so o fe re ce r-l he u rn p rin cip ad o, p oi s v oc e ja p os su i 0 s eu , e q ue jo ias b rilh ara o m ais d o q ue a p ro fu sa o d as su as? D eix e-m e co nh ece r 0 d es ejo q ue rep ou sa n o im o d e se u c ora cao e e ste ja ce rto d e q ue ele sera satisfelto",
o p rf nc ip e r ep li co u : " D ei xa -m e s er u rn ju d eu p er an te 0M u n do t od o e p ra tic ar m eu s c ostu me s a be rta men te. C on sin ta q ue eu p os sa u sa r 0 x al e d e o ra co es e o s fi la ct er io s s em te m or ". A n te e st e d is cu rs o 0 co racao do rei se an gu stio u, po is o diava a fe d os ju deu s. M as c om pelid o p ela p ro pria p ala vra qu e h av ia d ad o, re lu t an te m en te a ce de u a o p ed id o .
o rei m orre u e s eu filh o h erd ou 0 re in o. D ia nte d o d es tin o d e s eu p ai , c re sc eu n el e a p er ce pc ao d e q ue s eri a s en sa to c on du zi r 0 p ai s c om b ran du ra , e a ssim s e to mo u u rn s ob eran o a fav el e g en til. D e te mp os e m tem pos pen sav a n o p erig o qu e am eacara a v id a d e seu p ai, e en tao era to m ad o, d ura nte d ia s in teiro s, p elo m ed o n o to ca nte a c on ti nu ac ao d e su a lin hag em . E m u ma d esta s o ca sio es m an do u c ha mar 0 a st ro lo go e o rd en ou -l he q ue l es se n os s ig no s c el es te s 0 q u e e s ta v a p r ed e st in a d o a s ua fa mflia e qu e p erig os a am ea cav am , 0 m ag ic o en co ntro u s om en te d oi s s ig no s d e p re ss ag io s m a lig no s - d oi s a ni ma is , 0 to uro e 0 carneiro; e m r ela ¥a o a e le s, s ua e st irp e d ev ia p re ca ve r- se , m a s n en hu rn o ut ro s er p od eria tra ze r-lh e a ru fn a, 0 re i fe z co m q ue in seris se m a s en ten ca d o d es ti no n o l iv ro d e m e m o ri as , a co n se lh ou s eu f il ho a r ei na r c om b ra nd u ra c om o e le , e m orreu lo go e m s eg uid a.
o s eu s uc es so r n o t ro no e ra , p or em , c om o s eu s a nt ep as sa do s, d e u m c ar at er e xp lo siv o e m a is v io le nt o. N ao d eu d es ca ns o a os s eu s e xe rc it os e p re feria a nte s re so lv er s eu s p ro blem as p ela fo rca d o q ue p or m eio d e p ala vra s. Q ua nd o l eu , n a c ro ni ca , s ob re o s d ois a ni ma is q ue a m ea ca va m a rr ui na r s ua c as a, p ar ec eu -l he m u it o s im p le s r em o v er 0p e ri g o: p r oi b iu ,
.s ob p en a d e m orte , a p oss e d e to uro s e ca rn eiro s n o p ais , e d ai p or d ian te n ao c on he ceu m ais n en hu ma an sied ad e. O prim ia s eu s su dito s e ria d e s u as c og it ac o es d e v in g an ca , p o is s ab ia a go ra q ue n e nh u m a c on s pi ra ca o p od er ia fe ri r s ua p ro ge ni e, G os ta va , n o e nt an to , d e c on su lt ar v el ho s l iv ro s d e m a gi a a f im d e d es co bri r n el es a lg um a s ab ed or ia s ec re ta a tra ve s d a q ua l p ud es se f or ta le ce r e e xp an dir s eu p od er . E nc on tro u u m d ia u rn a p as sa ge m n a q ua l e st av a e sc ri to 0 seguinte: " Se te es trela s e rra nte s irra dia m-s e s ob re as s ete p arte s d a te rra , e c ad a p arte e sco nd e u m m in erio e sp ecia l q ue a tra i p ara s i o s raio s d e s ua e str el a. A qu el e q ue p ara la e nv ia r m e ns ag ei ro s c om a m is sa o d e t ra ze r o s se te m in erio s d es tas s ete reg io es d a terra e m an da r fu nd ir d e to do s e le s u m g ig ante m inerio e 0 e rg uer so bre u rn a ele va da m on ta nha , d e m od o q ue a lu z d as s et e e st re la s e rr an te s b ri lh e s ob re e le , ta l p es so a p od e a tr ai r p ar a s i, p or m e io d es ta fi gu ra , a s ab ed or ia d as e st re la s q ue g ir am s ob re a te rr a e c on qu is ta r u rn p od er n un ca v is to e d om in ar 0 M u nd o. P oi s, p ar a c ad a p er gu nta q ue d ir ig ir a o g ig an te , a r es po st a d as e st re la s s e Ih e d ar a a c on he ce r, p or m e io d o f ul go r d os m in er io s, e m s ig no s s ec re to s" . o r ei o rd en ou q ue a e st at ua f os se i ns ta la da s ob re u m a e le va da m o nta nh a e q ua nd o i st o fo i f ei to e sc alo u-a s ec re ta m en te , n a c al ad a d a n oi te , e d ir ig iu a o g ig an te a p er gu n ta d e c om o d ev e ri a f az er p a ra o b te r 0ma x imo p od er s ob re m u ita s t err as . E nt ao o s m in er io s c om e ca ra m a c in ti la r, s ig n o s m a ra vi lh os o s a pa re ce ra m , e e le c on se g ui u d e ci fr a- lo s, 0 s eu s ig n if ic ad o, p or em , e ra 0 s eg ui nt e: e le d ev er ia v ol ta r, b ai xa r o s d e c im a e e le v ar o s d e b a ix o; e ntao d om in aria to do s o s h om en s. 0 re i d es ce u ao v ale, p ro cu ro u n o a lb or d a m an ha 0 h om e m m a is s ab io d e s eu r ei no , re ve lo uI he a s en te nc a d as e st re la s e p ed iu -l he u m a e xp lic ac ao de c om o d e ve ri a leva-la a a¥ao. " D en tr e o s s eu s s u di to s" , r ep li co u 0 s ab io , " aq u el es q ue r ec eb er am h on ra s e c ar go s s em t e- lo s m e re ci do , q ue t er n p os se s s em t er em i nt eg rid ad e, q ue s em n ob re za d e e sp fr ito a tri bu em a s i p r 6p ri os n om e s n ob re s, tire-lhes 0 que nao Ihes cabe e em suas m aos causou desgraca e os de a qu ele s q ue s ofre m in ju stic as s em ter c ulp a e, n ao o bs ta nte se u v alo r, v iv em n as tre va s d a m is eria. A ss im , lem b re -se ta mb em d os ju deu s q ue f or am p ri va do s p or s eu s a nt ep as sa do s d e s ua p at ria o u f or am o br ig ad os a re neg ar s ua fe, ab ra-lh es se u p ais e p erm ita-lhe s q ue p ro fe sse m s ua fe a b er ta m e n te " . o rei bem que gostou do conselho para qu e d esp ojasse os ricos e s up er io re s, o s m a is p od er os os d e s eu r ei no , d e s ua s p os se s e h on ra ri as ; i ss o, s em d u vi da , p a re ce u- lh e s er u rn c ar ni nh o p a ra 0p o de r. P o re m , c on -
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o TOURO E 0
ASHIST6RIAS DORABINAKHMAN
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CARNEIRO 65
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ferir posses e poder aos oprimidos pareceu-Ihe estranho e absurdo; quao facilmente adversaries violentos poderiam surgir entre aqueles que, tendo se tornado fortes, encontrassem talvez circunstancias favoraveis para puni-Io pelas antigas injusticas! Entao retornou ao seu palacio determinado a alt erar a sent enca conforme seu parecer. Fez com que os li vros do reino fossem examinados para encontrar quais investiduras e honrarias, dir eit os e t it ulos, seus ant epass ados haviam conferido aos chefes de fam fl ias; a t odos eles procl am ou-os revogados em nome da coroa, e onde surgiu resistencia, ordenou que esta fosse submetida pela forca, Afhouve quem, altivo, ficasse pobre, e quem, de honra, fosse injusticado, Mas entre os nomes registra dos nos livros como homens que desfrutaram vantagens e distincoes foi tambem encontrado 0 nome de urn judeu que salvara a vida do a vo do monarca. 0 rei nao pode enten der de maneira m uit o clara no que consis ti a 0 pri vil egio concedi do a est e homem e, ass fm, m andou chama-lo e per guntou- lhe sobr e is so. o anciao falou: "Minha recompensa e a de que eu posso confessarme judeu perante 0 mundo todo". "Entao 0 senhor, ate hoje, desfrutou copiosamente desta recompensa", bradou 0 rei. "Eu a r eti ro e osenhor poder a viver com o ant es" . o judeu virou-se para ir embora . Em frente ao pala cio ergueu sua mao e disse para si pr6prio: "Tao cert o como D eus pode apiedar-se por eu ter, de agora em diante, que usar de novo 0 xale de oracoes e os filacterios no escuro e por detras de portas trancadas, sejam tu, rei cruel, e tua linhagem amaldicoados". Passado algum tempo aconte ceu que, em c erta noite, u rn sonho opressivo sobreve io ao rei. Ele estava de pe, assim the parecia, numa ampla planfcie. A no ite escondia todas as coisas terrenas num manto de esc urida o. Mas sobre uma e levaca o imensa urn ceu inteiramente claro se abob adava c omo urn sino, e em cima, fulgurando como prata e parecendo figuras de corpo inteiro, erguiam-se doze imagens do zodfaco, Duas delas, 0 touro e 0 carneiro, se impunham mais brilhantes do que as dem ais , e s eus raios davam -l he a im pressao de visa-l o diretament e. Q uando alcou 0 olhar para eles, com ecaram a ri r s ilenciosamente, de tal forma que seu sangue gelou. Este riso silencioso convert eu-s e em urn hor rfvel esgar . Entao 0 rei acordou. Porem, 0 medo a pertou seu coracao c om garras de ferro, e quando c ontou 0 sonho a rainha e a seus fiIhos 0 horror se apoderou de todos, e niio houve nenhum dentre eles que niio pensasse no a ntigo aviso que se encontrava nas cronicas: de que a progenie estava a salvo contra todos os
p oderes que the poderiam causar a rufna, e somente dois anima is, 0 touro e 0 carnei ro, a ameacari am de l eva-l a a queda. Mensageiros foram enviados e tr ouxeram t odos os interpretes de sonhos do reino. Mas nenhum deles conseguiu compreender 0significado da visao, e a palavra de nenhum deles entrou pelo ouvido do rei. 0
Dispensou-os com gestos colericos e mandou buscar velho sabio que uma vez the explicara 0 dito do minerio gigante. o rei relatou-lhe 0 sonho e diss e: "Sal va-m e, pois 0 medo apertou minha alma e ameaca sufoca-la", o sabio falou: "Eu 0 conduzir ei a urn lugar onde t odo 0 me do do mundo t orna-se nul o. Sei pel os velhos Ii vros do uni co lugar do mundo onde ir radi am t odas as t rezent as e s essent a e cinco jornadas do Sol. La, no amago da Terra, cresce urn trODCO de bronze que afasta toda a necessidade da superffcie e da esc urida o, Siga-me ate la com a sua gente". 0 rei concordou, e logo ele e toda a sua casa estavam preparados para a viagem. o sabio guiou-os pelo caminho eja haviam sido levados para muito longe quando chegaram a urn local de onde muitas sendas seramificavam, e no ponto crucial erguia-se a poderosa figura de urn anjo, que era 0 gu ardiao de todos os a njos da ira. Po is cada ira terrena, de a cordo co m a vo ntade primord ial, cria urn destru idor, urn anjo da ira, e este que se encontrava aqui, na encruzilhada, era seu soberano. Vestia uma armadura de aco, claroes azuis lampejavam de seus olhos, e a espada em suas m aos fl am ejava como uma chama poder osa. Tremendo, os viandantes obedeceram a s uas ordens encam inhando-se para onde deviam seguir. Ele ergueu a espada apontando para uma das sendas e eles para la se dirigiram. Mas
0 sabio
aprendera do livro de seu s ance strais que a cada u rn
dos cami nhos era conferi do urn signifi cado: urn era reto e conduzia ao lugar da luz etern a; outro era escorre gadio, atravessado por vermes rastejantes, e conduzia ao limo primordial; urn terceiro, a ser percorrido por entre apavorantes buracos e cavernas, ia dar num abismo; mas 0 ultimo, cheio de abrasadores tormentos, era 0 cam inho do f ogo. Est e f oi o caminho que seguiram ordenados pelo anjo. Sinistro pavor apoderouse do s abio. R avia andado apenas uma pequena extensao quando s e deteve, pois ele ja desconfiava 0que era aquele sopro ardente que ressecava sua garganta, e recordou-se de que urn dos caminhos conduzia a urn fogo sem limite e que a quatro milhas do seu infcio 0 fogo ja consumia 0 viajante. Passado algum tempo, tendo caminhado urn pouco mais, avis-
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to u a o lo ng e u rn m ar ru bro q ue c ha meja va p ara 0c eu . E e nc er ra do n es ta to rr en te a bra sa do ra , c om o e m u rn c ri st al d e s an gu e, v ia -s e u rn c or te jo d e re is e m ro up ag en s d e d ista ntes e e stran ho s p ov os , e s ua s file ira s era m co nd uz id as p or ju deu s m uito v elh os en vo Ito s e m s eu s x ale s d e o ra ca o e tr az en do a f ro nt e e o s b ra ce s e nr ol ad os n os s ag ra do s filacterios, 0 sab io v o It ou -s e, a co n se lh ou a o r ei e a s u a p r o ge n ie a r eg re ss ar . M a s 0r e i r e je itou o c on se lho , p ois e m s ua c eg ue ira ac hav a qu e, ta l c om o a qu elas fig uras c or oa d as , c on s eg u ir ia p as sa r i nc 6l ur ne p e lo f og o . P e ne tr ar a s o m en te m a is u r n t a nt o a fre nte n o c am in ho , c om o s s eu s, q uan do a s e n tra nh as d a ch am a avid am en te se ab riram e sep uItaram a to dos. 0 sabio , en tretan to , p erm an ec era em se u Iu ga r e o s v iu a bis mare m-s e. V iro u-s e e trilh ou 0 c am in ho d e v olta . 0 a njo h av ia e nterra do su a es pa da n a te rra .E static o e s i le n c io s o , d e ix o u -o p a s sa r , Q ua nd~ 0 s ab io v ol to u s oz in ho a o r ei no , r eu ni u t od o 0 povo a sua vo lta. C onto u-Ihes a d esg raca destin ada ao rei e a su a pro gen ie. U rn g ra nd e as so mb ro to m ou c on ta d a m ultid ao , p ois to do s c on hec ia m a v eIh a p ro fec ia , s eg un do a q ual a lin hag em d o rei se ria d es tru fd a p or u rn
o RABI
E SEU FILHO
to ur o e u rn c ar ne ir o, m a s n in gu em p od ia e xp li ca r 0 ocorrido. Entao 0 v elho jud eu qu e fora o brig ado a praticar sua crenca em s eg re do I ev an to u- se e d is se : " At ra ve s d e m im e le f oi a ni qu il ad o. O s a stro lo go s v ira m e n ao s ab ia m 0 q ue es ta va m v en do . V oc es, p orem , s aib am : d a p el e d o t ou ro , o s fi la cte ri os s ao c or ta do s, e d a Ia d o c ar ne ir o s ao fia das a s fra njas q ue p en de m d o x ale d e o ra co es . D af p or qu e 0to ur o e 0 c ar ne ir o e sc ar ne ce ra m d el e d en tr e a s e str el as . E a qu el es r eis q ue e st ay am s en do c on du zi do s p el os v el ho s ju de us a tr av es d o f og o, i le so s, e ra m aq uele s e m c ujas te rras o s j ud eu s v iv em s em s ofrim en to e p od em u sa r, e m l ib er da de , x al e d e o ra co e s e f il ac te ri os ".
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Era uma vez urn rabi que havia dedicado sua vida a Torti, aplicava todo 0 engenho de seu espfrit o em i nvesti ga-l a e guardava os mandam entos com toda a f orca de sua vontade, de modo que fossem observados na com unidade ate nos m inimos det alhes. Q uando, na sua velhice, nasceu-lhe 0unico filho, 0fato the pareceu uma recompensa e uma aquiescenci a de Deus. Era como se, do alt o, uma confirm acao de s eu cami nho de vida t he ti vesse sido parti cipada, e ele jurou para si mesm o que todos os seus dias restantes cuidaria a fim de que seu filho, como e le, penetrasse nas profundezas do ensinamento e nao divergisse, nem par urn fio de cabel o, das exigenci as dos preceit os; de m aneir a que, t al com o ele, se tornas se urn i nim igo daqueles entusiast as que se atreviam a li gar s eus sonhos divagantes ao poder pr im al e eterno da Torti. o fi lho cresceu e t ornou-se muito vers ado no saber dos Livros Sagrados. Di spunha de urn pequeno quarto na casa de seu pai onde cost umava ficar , concentr ando t odos as seus s enti dos com 0 fito de absorver as misterios da Escritura. Mas sua alma nao conseguia perseverar no estudo dos Livros e seu olhar nao se mant inha sobre as superf icies sem f im das ri gidas Ietras, pacem t ornava sempre, de novo, a l ancar- se em V O o sobr e as ondas amarelas do tr igal , ate a fi mbria escura do dist ante bosque de abetos. Sua alma voava para I acom s eu olhar e embal ava-s e
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no ar sil encioso como urn pass aro novo. No ent anto, vez apos vez, f or cava os olhos e 0 coracao a retornarem a estreita prisao, pois queria aprender e 0 conheci mento cer tament e est ava nos Livros. Mas, ainda que conservasse com as duas m aos sua cabeca incl inada sobre as paginas cober tas de si gnos, sua alm a, t odavia, nao s e deixava prender. E s e
"E erudito?", perguntou 0jovem. "N os nao sabemos se ele possui estudo", responderam, "pais nunca fala das coisas das quais a gente julga que alguem e versado. Mas isto nos sabemos, que ele influi no que est a mais proxim o e no que esta mais distant e". H E santo?", perguntou 0jovem a seguir.
ela nao pudesse alimentar-se na abundancia, que se espraiava para alem da janela, mi rava, ent ao, para dentro de si mesm a, com o em uma pai sagem desconhecida e misteriosa.
"Nao sabemos se e santo", disseram, "pais nunca se mantem afastado, e nao se abstem de tocar nos pecadores. Mas de uma coisa temos certeza, de que ele nao abandona ninguem enquanto nao alivia essa alma de s ua carga mais pesada". "Mas nao e verdade que", perguntou, e olhou mais para dentro de s i do que para eles, "precisamente esta graca e chamada '0grau da grande luz' , e que ela aparece durant e raros intervalos, par a uma unica alma, a fim de resplandecer para milhares?" A i os j ovens se cal aram e ficar am i mpress ionados pela veemencia das pal avras de seu i nt erl ocut or, as quais nunca ant es haviam ouvido de sua boca. Oeste momento em diante, resolveu ele em seu Intimo que precisava encontrar-se com esse tzadik. C om unicou a intencao ao s eu pai e pedi uIhe permissao para ir. 0 pai, entretanto,julgou ser uma grande vergonha o f ato de seu fil ho querer visit ar 0 ridicule milagreiro, e invocou contra is to todas as razoes que Ihe eram f amil iares. Como 0jovem persistisse em sua solicitacao, 0pai pediu-lhe que considerasse quao mal assentava ao erudito f ilho de um a famil ia de crentes estri tos procurar a salvacao com urn tal pensador, heretico, confuso, vago e trapalhao. A ssim 0 pai recusou 0 pedido de seu fi lho. Mas logo todos se deram conta, em casa, de como a vida do rapaz se tornava cada vez mais apagada por causa des te anseio i ns atis feit o. Em outra ocasiao, tendo ele voltado a exprimir 0 mesmo desejo, 0 coracao
Apesar de tudo, ele se fortaleceu no conhecimento da doutrina, embora nao fosse do emaranhado de signos a sua frente que Ihe brotava 0 saber, porem era como se Ihe viesse do interior de seu proprio ser. Ao mesmo tempo, cresceu nele aquela forca de carater que e chamada sant idade. Sabedor ia e s antidade, porem, unem-s e nessa incompreensjvel transformacao que e denominada "0 grau da pequena luz", e que aparece, de tempos em tempos, em uma iinica alma humana, e vai-se com ela. Mas, como alguem que se julga a si proprio ignorante, embora em seu Intimo abrace 0 mundo, 0 filho do rabi supunha que, em consideracao a verdade, dever ia invest igar as Escri turas a fundo. Tao logo s e aproximava dos Livros, ent retant o, sentia-se abandon ado num va zio ilimitado. Entao se voltava outra vez para 0 mundo de sua visao interna. Mas a i, tambem, nao encontrava
a satisfacao. Nao podia falar disso, pois, se tentasse, s uas palavr as diriam algo bern diferente daqui lo que preenchia a sua m ente. A demais , dentre todos os homens, ele se prendia apenas aos hassidim, precisamente aqueles ent usiast as tao odiados por s eu pai. Pois, senti a que, no modo de ser deles, por mais excessivo que parecesse, vivia algo daquilo que ocorria em seus s onhos. Seu pai fi cou zangado, mas 0 rapaz nao conseguia renunciar a s ua liga~ao com eles. A ssi m, urn dia, estando em companhi a de dois deles, dois rapazinhos, fortaleceu 0 coracao e lutou com as palavras ate que est as lhe obedeceram. C ontou a ambos com o ansi ava pel o Indizfvel, Eles Ihe disseram: "So ha uma pessoa que Ihe pode ajudar. E 0 grande tzadik que mora a urn di a de viagem dest e lugar. Pois a ele foi dado 0 poder de l ibert ar as almas. Q uando ele percorre as fi leiras dos homens, ben~aos divinas derramam-se de seus olhos. Se estende a mao para os opri midos , eles respiram ali viados. Ele apaga os si nais de tr ist eza e sofrimento da fronte das pessoas. Ele desfaz 0 espasm o do odi o nos cora~6es dos homens. Aos depri midos most ra a bel eza do mundo",
do velho pai i nclinou-s e em seu favor, dom inado pela compaixao, Prometeu aquiescer ao anelo de seu fil ho e deci diu ele mesmo acompanha10ate 0 tzadik, pois era tao fort e 0 s eu devotamento a est e unico f il ho que esperava t ambem, no m ais Inti mo do ser, que conseguiri a, com s ua sagacidade, fazer 0 est ranho parecer tolo e totalment e nulo. Ao dar seu consentimento, disse, no entanto: "Uma coisa, porem, pode ser urn sinal para nos de que esta viagem obedece a vontade dos ceus : ou seja, s e no transcorrer dela nada acontecer que va contra 0 curso cotidiano das coisas. Cont udo, se algo ocorrer que estorve nossos passos, ist o podera ser i ndicacao de que est e cami nho nao lhe est a des tinado; nest e caso, devemos retornar".
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N o dia seguinte, pai e fi lho i ni ciaram ajornada. Ia haviam se dist anci ado algumas horas do ponto de par ti da, quando 0 cavalo tropecou numa ponte fazendo a carroca tombar. Os dois se safaram sem ferimentos, felizmente, mas 0 velho pai atribuiu ao acidente urn significado profundo e nao qui s encara-lo de outro modo a nao ser com o s e repr esentasse uma advertencia para que nao prosseguissem no caminho. Assim sendo, regressaram a casa. Deste momenta em diante 0jovem foi tornado de tao infinita tristeza que 0 pai, c ompe lido por suas suplicas, logo encetou com ele uma nova viagem. Ia tinham deixado arras de si meio-dia dejornada quando, de repente, 0eixo da carr uagem quebrou- se e 0rabi, aturdido e ansioso, pois nao podia explicar 0o corrido a na o se r co mo uma ordem de cima, torn ou a d esistir da viagem e o rdenou a volta ao la r. E de novo 0 rapaz consumiu-s~ tanto que 0pai nao conseguia olhar para ele, de tanto pesar, e, ent ao, pel a t erceir a vez recomecaram a viagem. Desta vez 0 velho pai decidiu nao retornar e nao p res tar a tenc ao a nenhum percalco, salvo se algo completamente fora do comum adviesse em se u caminho. Assim v iajara m ate 0 anoit ecer e, soment e quando cai u a escuri dao, procuraram uma pousada. Enquanto eles descansayam a entrada da hospedaria, reuniu-se a eles urn mercador em transite com quem l ogo passaram a conversar. 0 r abi resolver a nao m enci onar , enquan to proseavam, a sua visita ao tzadik, poi s, no Intim o, t inha f ir memente e stabelecid o ser isso a lgo de que devia se e nverg onhar. De modo que falaram de muitas coisas deste mundo, e 0 vel ho pai f icou adm ir ado de ver como 0 estr anho era ber n inform ado e conhecedor em cada dom fnio abordado, e quao conveniente e desenvolt am ente s abia conduzir a convers acao. Logo 0 rabi era como cera nas maos d o outro e 0 estra nho visitan te ficou sabendo tudo qua nta Ihe aprou ve sa ber. Enquant o falavam dist o e daquil o 0 mercador, inteiramente ao acaso, encami nhou a conversa para 0 tema dos tzadikim e do lugar onde, alguns em part icular, se l ocal izavam . Quando 0 rabi entrou com certa curiosidade nesta questao, 0 merca dor men cion ou que nao longe dali vivia urn tzadik cujas a~o es dav am muito que fa lar. Ao proferir tais palavras, envolveu 0jov em, que ate e ntao estava sentado em sile ncio e absorto, com urn olhar pecul iarm ente cintil ante e penet rante. 0 rapaz se assustou, como se uma pontada dolorosa 0 ti vesse des pert ado do sono, e ouviu ent ao 0pai perguntar ao estr anho s e conheci a est e tzadik. "De fato eu 0conheco", respondeu 0mercador com urn sorriso desdenhoso.
"Entao 0 senhor sabe , sem duvid a, se e le e de fato 0 homem pio e vener avel , com o e a sua f am a?" De no vo 0 estran ho desatou numa risada e disse: "0 tzadik, um homem piedoso ej ust o? N unca encontr ei alguem no mundo pior do que ele. C om meus pr6pri os olhos vi s eus i mpuls os pecami nosos e eu, que 0 procurara em busca de auxil io e apoio, s ai de I a desapontado e abalado". o velho pai voltou-se para 0filho e exclamou: "Eu bern que suspeitava qu e era assim c omo e ste homem, c om sua sinceridade , nos conta. Vamos voltar para c asa. E ago ra q ue voc e me smo ouviu, libertara se u coracao desta loucura". Mas, tao logo retornaram a casa, 0 filho enfermou e morreu. Infinito foi 0 pesar que esta morte t rouxe ao vel ho r abi. Passadas, porem, algumas semanas, 0 filho fale cido a pare ceu ao pai e m sonho, fl am ante de colera e terri vel com o vis ao. Tremendo, 0 ve lho pa i c lamou: "Por qu e
0 vejo
desta forma, m eu
filho?" A aparicao retrucou: "Ponha-se a caminho ao encontro daquele tzadik eo s enhor sabera 0 motivo". \ Pel a m anha, por cert o, 0 rabi lembrou-se do ocorri do, mas achou que seus sentidos 0haviam enganado e que se t ratava de urn s onho como qualquer outro. 0 sonho retornou, no en tanto, mais uma vez, e voltou uma terceira, entao 0velho pai nao mais s e atreveu a resis ti r- lhe e se pOs a c aminho p ara v er 0 tzadik. Ao ano itecer, q uando a pe numbra e a fad iga 0 dominaram, procur ou uma pousada e, aoperm anecer por urn moment a a entrada da hospedari a, m ergul hada na escur idao, percebeu que era a m esm a s ala na qual, algumas semanas ant es, est iver a com 0 fi lho, agora faleci do. 0 pensamento 0 assustou, arrancando-o de seu cismar; olhou a sua volta e viu sent ado, em fr ente a ele, a fi gura do mercador que t am bem encontrara naquela ocasiao. A . chegada do r abi, 0 recinto estava v azio, e ele nao percebera ninguem ent rando. Porem, seu sofri mento era dem asi ado intenso para dar lugar a admiracao, E, por isso, apenas perguntou ao estranho: "0 senhor nao e 0 mercador com quem convers ei aqui ha pouco tempo atras?" Entao, 0 outro prorrompeu numa desenfreada gargalhada e respondeu: "Sou eu mesmo, e 0 que eu queria de fato consegui. Lembre-s e de como 0 senhor e seu filho queriam visitar 0 tzadik. Primeiro, seu cavalo tropecou, e voces voltaram. Depois, 0 eixo de sua carr uagem quebrou e voces tornaram a r egressar. E, por f im , 0 senhor veio, e me encontrou
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AS HIST6RIAS
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e ouviu minhas palavras e retomou pela terceira vez. E agora, que ja matei 0 seu filho, 0 sen hor ja pod e ir ao tzadik. Poi s saiba que s eu f il ho tinha 0 grau d a luz men or, mas ao tzadik foi dado 0 grau da grande l uz, e se ambos se encontrassem na terra, entao a palavra teria sido preenchida e 0 Messia s teria aparecid o. Ma s a gora que eu ja matei seu filho, 0 senhor pode por certo ir la!" Depois de te r dito isto, desap arec eu, eo rabi f icou a fi tar 0 espaco vazio. Entao, 0 vel ho pai prosseguiu em seu caminho, chegou it presenca do tzadik, jogou-se a seus pe s e brad ou: " Ai, ai daqueles que se per deram assi m e nao podem mais ser encontr ados de novo!"
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Numa cidade do Leste viv iam dois homens ricos que possuiam grande var iedade de bens, l ongas f il eir as de casas, cam pos a per der de vist a, reluzentes moedas em abundancia e preci osi dades em que poderiam deliciar se us corac oes, Cada urn deles tinha urn filho, e os dois m eninos eram ami gos, bri ncavam em harm onia, urn com 0 outro desde crianca s, e tambem andavam juntos na escola . Urn, era mu ito inteligen te, seu entendimento era a gudo e brilha nte, e nada era pa ra e le ta o comple xo que nao pudesse compre ender. 0 outro era simples d e natur eza e de espfri to, podia aprender 0 que era s im pl es e direto, nem m ai s enemmenos. J ust amente quando os doi s rapazes haviam ult rapassado a s ua epoc a de estudos, sucedeu que os pais fic aram pobres a o mesmo te mpo , e nada restou a cada urn deles a nao ser a cas a onde moravam. Entao disseram a seus filhos: "Procurem uma maneira de se arrumar por si mesmos no mundo. Nos nao podemos ajuda-los, pois nada mais nos resta salvo 0 nosso proprio teto sobre nossas cabecas". o simplorio, para quem 0 mundo parecia inconquistavel, comecou a aprender urn offcio com urn pobre sapateiro. Mas 0 inteligente, decidido a conquistar 0 m undo, deu as cost as a sua terra nat al e viajou par a 0 estrangeiro.
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Enquanto caminhava assim ao longo da estrada encontrou uma grande carr oca sobre a qual se empilhavam fardos de mercadorias e que era puxada com grande esforco por quatro ca valos. Ao lado da carreta caminhava 0 mercador com seus criados. Avistando-os, 0rapaz inteligente s audou-ps e j untou- se a eles. Entabularam uma conversa e soube que 0 mercador era de Vars6via e no trajeto de volta para casa devia, ademais, cuidar de numerosos neg6cios. Quando 0 rapaz the perguntou se precis ava ainda de urn cri ado habil e se ofereceu par a 0 service, 0 mercador mostrou-se de imediato disposto a experimenta-lo, pois havia reconhecido ber n depr ess a que t inha diante de si urn m oco arguto e perspicaz. 0 jovem prestou cuidadosa atencao aos habitos daquele comercio, e logo ficou de posse de tanto conhecimento do neg6cio e tomou-se tao esperto nele quanto qualquer outro. Quandf : hegaram a V ars 6via, per gunt ou as pessoas da cidade qual era a reputacao que 0 mercador gozava entre elas. Soube que era urn homem respeit ado e hones to, m as tambem que seu com ercio era consi derado penoso, porque empreendia muitas viagens de neg6cios para terras remotas. A o passear assi m pel a cidade, 0 rapaz i nteligente viu os empregados nos arm azens, e s eus t rajes garbosos e a aparencia vistosa entraram-Ihe pelos olhos. Entao decidiu abandonar aquele service e empregar-se com urn negociante que possuia naquele lugar urna importante loja. C omo era 0 costume, precisou primeiro executar tarefas penosas por urn m agro salario, Ist o, por em, nao 0 aborreceu, logo conquistou a confianca do patr ao e obteve par ti cipacao na conducao dos neg6cios , ate que tomou conheci ment o da totali dade dest es. Notando, contudo, urn dia , que ali nada mais havia para aprender, pediu demissao e integrou- se numa caravana de mercadores que se diri gia a Londres. M antinha os olhos bern abert os e nao dei xava escapar nenhum dos costumes i nteligentes e engenhosos que viss e em qualquer parte, e onde quer que urn pais esti vesse m ais adiant ado do que outr o pedia que the expli cassem 0 fato e 0 guardava. A ssi m percor reu muitos reinos - Ingl aterr a, A lemanha, Franca, Espanha - e, por f im, chegou a Italia, La viu objetos extremamente deli cados e artfs ti cos da guil da dos ourives , cujo sim il ar nao perceber a em nenhum outro pa fs, e uma vez que 0 ensejo the era favoravel, aplicou sua habil idade e zelo no apr endizado des te artesanato. N ao dem orou m uit o para que suas m aos produzi ssem t rabalhos t ao graci osos que ate os mestres mais antigos da cidade tiveram de confessar que nunca haviam conseguido algo assim.
Q uando l evou a s ua per fcia t ao longe que ninguem no pal s poder ia supl anta-Io, decidiu des ist ir do off cio e apr ender urn novo que era ti do como excepcionalmente diflcil e, ao mesmo tempo, era muito bern reput ado. Di rigiu-se a urn m est re que ate entao nao fora ultrapassado nes ta arte. a de recorta r c abecas humanas, figuras de a nimais e todo tipo de coi sas bel as e encantadoras em pedras preci osas. Logo sua vontade dominava tambem esta arte e nao havia ninguem entre seus companheiros que pudesse com parar- se-I he. A inda assim , tambem est e novo m ist er deixou de ter importancia a seus olhos, e como agora sua mao estava habilitada para qualquer trabalho artfstico, pensou determinar 0 seu esptrito a pesquisar a natureza dos homens e das coisas. Entrou em uma escola superior onde urn mestre, famoso na arte da cura, instruia jovens de todas a s nacoes que 0 procuravam. La apreendeu a sabedoria de seu profess or com t al agudeza que passou a penetrar ate 0fundo de todas as coi sas da natureza e na alma hum ana de m odo que nada the resi sti a. Por fim, urn violento desgosto com a imperfeicao da vida impeliu-o de lugar em lugar, sem que encontrasse repouso em nenhum deles. Recordou-se entao de sua antiga terra na tal e dec idiu voltar de novo para lao Entrementes, 0 s impl6ri o ent rara como aprendiz do s apateiro e l abut ara arduament e, durante anos, a fi m de mal e mal apr ender 0 offcio, mas nem isto conseguiu. Quando cbegou a completar pela metade urn par de botas de couro cru, abr iu s ua pr6pria ofi eina, tomou uma esposa e, da f por diante, ficou a fazer e remendar sapatos. Porem, como assimilara de m aneir a insuticiente s eu off cio, somente as pess oas mais pobres 0 procuravam, as quais s6 the podiam pa gar muito pouco e como, alem diss o, necessi tava de . muito t empo ate com pletar uma peca, preci sava matar-s e de tr abalho para ganhar ate est e pouquinho. A inda assi m est a existencia laboriosa e apertada nao prejudicou seu born humor e embora nao encontrasse, muitas vezes, durante 0 dia urn momento livre para comer, permanecia, no entanto, alegre e bem-disposto de manha a noite. Por vezes acontecia que, enquanto puxava 0 fio atraves da c era de sapateiro, chamava a esposa e pedia: "Mulher, sirva-me imediatamente a sopa de cevada!" Ela entao the dava urn pedaco de pao seco. E, enquanta 0consumia alegremente, dizia: "Mulher, sua sopa de cevada nunca esteve tao saborosa com o hoje! D e-me agora urn bor n pedaco de assado!" Em seguida, ela the passava, uma vez mais, uma boa fatia de pao. D epois de haver comido is so iambem, 0 sapateiro exclamava inteiram ente deli ciado: " Mulher , este e 0 mais suculento assado que j a comi em toda a mi nha vida. A gora me de a s obremesa". E, outr a vez, recebi a
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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om enga na-lo a fim de leva-lo a proferir p alavras tolas e divertir-se a sua urn pedaco de pao e 0 louvava como se fosse 0 mais delicioso bolo. Ascus ta, ent ao dizia muito jovi alm ente: "Or a, m eu amigo, veja com o sou sim, cada dia temperava estas escassas mordidas com alegres fantasias e, sim pl6rio! V oce pode s er urn bocado m ais inteli gent e do que eu e ainda enquanto cornia, realmente sentia 0 gos to de t odos os manjares r efi naassim continua a ser urn rematado bobo". dos dos quais falava. Se t inha sede chama va: "Mulher, t raga-me urn caU rn dia espalhou-se pel a cidade 0 rumor d e que 0 inteligente, que lic e de vinh o, p orem do nosso melhor". Ela colocava a sua frente urn neste meio tempo tornara-se, no exterior, urn senhor extremamente rico copo de agua; ele 0 e rguia contra a luz e dizia muito satisfeito: "Eu e sabio, ia voltar para seu vilarejo natal. Quando 0 simpl6rio ouviu isto, aposto que ate 0rei nao bebe urn vinho mais lfmpido". E parecia-lhe que sua l ingua saboreava a m ai s fi na das bebidas. gritou apressadamente: "Mulher, traga ja 0 meu melhor tra je de festa par a que eu poss a i r ao encontro de m eu amigo de i nfancia e s auda-l o". Assim tambem agia com relacao as roupas. 0 sapateiro e a mulher A mulher I he pos s obre os ombros a amarfanhada pel e e, assi m vest ido, ti nham para seu usa, em conjunto, uma pele pufda de carnei ro. Se f azia ele correu e sepostou na estrada, diante do portae da cidade, no momenta fr io e queri a viajar pela regi ao, dizia ent ao a espos a: "Mi nha querida, exato em que por la pas sava uma esplendida car ruagem onde viajava s eu ponha a pele em volta de mim!" Entao a acariciava e dizia: "Nao e uma amigo inteligente, brilhante e digno. 0 simpl6rio agarrou-se ao vefculo e boa pel ezinha? E como m e aquece bern!" Por em se t ives se que procurar grit ou alegremente: "A bencoado seja Deus que 0 trouxe para ca, meu por algo na cidade, ele pedia: "Mulher, traga-me aqui 0 m anto de t eciirmao!" Disse muitas outras palavras amaveis e joviais e comportou-se do! " Entao, out ra vez, ela 0 envolvia na pele e ele dizia, sorrindo: "Este ingenua e despreocupadamente. Para 0 viajante de tanto saber,esta contecido nao brilha como cetim? Nada e melhor do que 0 meu pequeno ,,,A' be t duta pareceu bastante insensata; contudo, ainda selembrava de sua antiga caftan man o. ssim tam em usava a velha pele como se fosse urn e
como urn pale t6 e era sempre de opiniao de que no mundo inteiro nao havia n enhum traje mais nobre. . , Po~em, se com gra nde esforco te rminava urn sap ato - que em geral sara rnurto deselegante e mal-acabado -, chamava a mulher e dizia: "Veja so, meu c oracao, que gra cioso e elegante e e ste sapatinho! Voce ja viu alguma vez urn mais bonito?" "Bern", replicava a esposa, "se seus sapatos saem tao maravilhosos, p~r que voce s6 cobra urn t aler pel o par, enquant o qualquer outro sapatetro nesta localidade exige 0 dobro disso?" com
"Mulher" , ri a ele ent ao, " por que voce quer estr agar nosso humor 0 que os outros f azem ? Pense antes no que eu ganho assi m, de uma
m ao para outra, com urn sim ples par de bot as". Ele comput ava quant a Ihe custara 0 c ouro, a cera e a linha e v erifica va que mal Ihe restava m alguns groschens de puro lucr o, e era de opi niao que a sorte de ninguem m ais era preferf vel a sua. As pessoas da cidade conheciam muito bern 0sapateiro e seus tolos cost umes e 0 ridicularizavam. Acontecia com bastante frequencia que uma delas entrasse em sua tenda s6 para mexer com ele, mas logo ele percebia 0 fato e nao Ihes dava qualquer r espost a a nao ser a de retrucar insistentemente: "Mas sem cacoar!" Se alguem, honrado e sincero,lhe perg untava algo , ele Ihe d ava uma resposta direta e simples, da forma como sabia. Se, no entanto, alguem com apare nte seriedade quisesse
amizade de infancia, por isso saudou 0 sapateiro amistosamente, con vidou-o a subir em sua carruagem e entrou com ele na cidade. Porem, durante 0 longo tempo que transcorrera enquanto 0 inteligente passara l onge de cas a, seu pai havia m orri do e a casa que dei xara ficara abandonada e est ava com pletamente em rufnas, de modo que 0 inteligente nao encontrou lugar onde pudesse morar. Teve que procurar uma estalagem, mas nao havia nenhuma em to da a cidade que se adequ asse as suas necessi dades e habitos, 0 s im pl6rio, no entant o, m udara-se par a a cas a de seu f alecido pai e, percebendo a angusti a de seu dis tinto amigo, puxouo para fora e Ihe disse: "Meu irmao, de-me a honra e fique em minha casa. V oce encontrara suficient e espaco nel a, poi s eu e m inha mulher nao necessitamos mais do que um unico aposento". 0 inteligente aquiesceu, e 0 simpl6rio correu para casa, reuniu a melhor mobilia para 0quarto que 0 seu amigo de infancia iria ocupar, ordenou a mulher que preparasse tudo da m elhor forma possfvel e f izes se t udo bril har. Foi assi m que 0 inteligente adentrou na casa do simpl6rio. A grande f am a de s ua s abedori a e de seus incont avei s feitos l ogo se espalhou por todo 0 pais . O s grandes e nobres do r eino apressaram-s e em ir ter com ele a fim de se deliciarem com seu saber e sua arte. Urn prfncipe poderoso deu-lhe 0encargo de lavrar urn anel tao artfstico como s6 ele poderia idealiza-Io, 0 homem inteligente fez urn anel e riscou nele a imag em de uma more com galhos e ramos mil ve zes entrelacados. A
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obra result ou t ao audaciosa e tao deli cada que, ti nha cer teza ele, ate naMa r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma BUBER, n - slide pdf.c omsua vez, permanecia o simpl6rio, por 0 tempo todo deborn humor e I talia, onde esta arte era ent endi da como em nenhum out ro lugar, nada entrava e safa do apose nto do inte ligente se mpre com brincade ira s e poderia se comparar a o seu trabalho. Mas 0 prfnci pe era urn hom em risos, 0 que, por vezes, deixava aquele furiosamente aborrecido. Ao sarude e ignorant e que s 6 sabi a valorizar bri lho vulgar e 0 magnifico objepateiro, porem, nao passou por muito tempo desapercebido quao tristonha to nao encontrou graca a seus olhos. A falta de compreensao de seu era a form a de vida de s eu ri co ami go e por i sso lhe dis se urn dia: "C omo comitente encheu 0 inteligente de violento desgosto. Em outra ocasiao, e possfvel qu e voce, com sua sabe doria e suas riquezas, viva 0 tempo uma pessoa eminente do reino veio procura-lo, trazendo-lhe uma pedra todo em confli to, carregado de preocupacoes e angiis ti as, enquanto eu, preciosa n a qual estava gravada uma figura e perg untou-lhe se podia homem pobre e simples, vivo meus dias em paz e em alegria? Talvez transferir 0 desenho para out ra pedra com pletamente i gual em form a e voce fosse mais feliz se, como eu, tivesse vindo ao mundo ingenue e cor. Ele preparou 0 t rabalho e est e saiu tao born que, depoi s de pront o, com pouca inteligencia" . ninguem poderi a disti nguir a im agem ori ginal da c6pia. Todos l he f ize"B orn amigo", ri u 0 inteli gent e, " poderi a ocorrer que, no fi m das r~ os maiores elogios; apenas seu pr6prio coracao continuava relutante, contas, m e coubess e por des ti no ser atacado por alguma enfermi dade pois detectara, num ponto, urn te nue quase invisfvel defeito que nao que des tr uiss e mi nha i nteligencia de tal form a que eu poderi a m e tomar estava de ac;.ordocom 0 modelo. Embora ninguem fosse capaz de apontar igual a voce. Contudo, voce nao precisa temer que minha sabedoria possa esta falha, seu solitario conhecimento corrofa-lhe a alma. jamais acomete-lo e que voce se veja obrigado a viver como eu, pois ta l Experiencias nao menos infelizes Ihe traziam sua arte de cura. Criaturas enfermas aflufam em bandos. Uma ocasiao lhe trouxeram uma pes-
f ato nao poder a acont ecer nem agora, nem nunca". Era costumeiro na cidade chamar ao pobre remendao "0 Simpl6rio"
soa muito doente, cujo sofr im ento nenhum medico da t err a f ora capaz de aliviar. 0 inteligente possufa para este mal urn remedio efetivamente maravil hoso que, sabi a ele, com certeza, efetuar ia a cura. Porem, os parentes do enfermo aplicaram 0 medicamento de maneira completamente err onea e 0 paciente m orr eu. Por causa dest e fato, levant ou-s e grande celeuma e rancor contra 0 medico, acusando-o de ter matado 0 doente. Em outra ocasiao, 0 mesmo medicamento produziu 0 efeito desejado par a a mesma doenca, e, vejam, 0 convalescente ent ao se gabou de que nao era 0 estr anho sabi o e a pocao, mas sua pr6pr ia f ort e natureza que 0 salvara. Assim, pois, a arte da cura trazia puro aborrecimento ao homem inteligente.
e ao seu amigo r ico, " 0 Inteli gente", e com est as alcunhas t am bem est ayam inscritos no livro em que todos os moradores do lugar eram registrados pelo nome e posicao. E a contec eu, c erta v ez, que 0 rei do pais f olheou as paginas do referido l ivro e tomou conhecim ento de que em uma cidade de suas terras existiam dois homen s, sendo urn deles simplesmente chamado "0 Inteligente" e 0outro simplesmente, "0 Simplorio". Da f despertou nele 0 des ejo de conhece-los e ele mani fest ou a se us se rvidores a vontade de convida-los para uma visita. Mas log o se perguntou: "Nao ficarao ambos temerosos se receberem de repente uma mensagem de seu rei? 0 inteligente, por respeito, nao sabera 0que devera responder, e 0 simpl6rio, afinal, fara 0 papel m eramente de t olo. Ser a,
Mas ate em sua vida diaria as coisas nao se arranjavam melhor. Assim aconteceu certo dia em que ele precisou de urn novo traje e mandou chamar 0 melhor alfaiate da cidade a quem deu instrucoes mi nuci osas de com o a indument ari a devia s er f eit a. 0 mestr e pe s muito empenho para que 0 traje lhe safsse bern e surpreendesse sobremaneira por seu garbo. A penas 0 punho das m angas nao saiu exatamente como o i nteli gente supusera e des ejara, e esta cir cunst ancia 0 irritou, pois estava cient e de que s e i sto ocorr esse na Espanha t eriam talvez t rocado dele por c ausa deste punho de manga mal-ac abado, muito embora aqui, nest as terras onde s e encontr ava, as pessoas pouco entendessem de vestuarios finos.
por iss o, bern melhor se eu escolher doi s de m eus cor tesaos, urn i nt eli gente para enviar a m ensagem aohomem inteligente e outr o si mples que saiba como lidar com 0 simpl6 rio, e os enviarei a o govemador desta provincia d o me u reino. A este darei a conhec er a minha intencao, de modo que possa mostrar aos mensageiros a forma apropriada de abordalos. Ent ao os m ensageiros nem sequer I hes contari am que 0 rei Ihes ordenara vir, porem, que eles alegrariam 0 rei se assim 0 fizessem". U mbom em i nteligente foi f acil encontr ar na cor te, mas foi dif fcil achar urn si mpl6rio, pois onde, em t odo mundo, seri a urn hom em assi m tolera do na s prox imidades d e urn monarc a? De fa to, na cidade toda d o rei foi diffcil encontrar urn. A procura estava se tomando penosa ao
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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n -homem slide pdf.c om giado este como urn modelo de sabedoria e condu~a criteriosa, e soberano e seus conselheiros, quando estes se surpreenderam ao verificar bradou: "Os senhores todos sao muito inteligentes para mim , e me cauque, na verdade, urn homem simple s vivia entre eles e era 0 tesoureiro saram magoa alem dos li mit es, com sua sabedor ia!" Os conselheiros se real; pais de todos os cargos da corte este era 0 unico que certamente puseram a murmurar, deixando ainda mais irritado 0mo~arca que.grito~: nao paderi a ser confi ado a urn homem inteligente, j a que est e poderi a "A o homem m ais si mples t omarei 0 govemador, P01S sua tohce nao facil mente adm inist ra-l o para seu propri o uso e proveito mais do que podera causar dano, se ele for, t ao- soment e, honesto e t iver 0 espfrito para os do reino. Assim 0 tesoureiro do rei e urn de seus mais sabios reto". A o falar assi m, l embrou-s e de que 0 simplorio que mandara chaconselheiros foram enviados como mensageiros. mar j a devia est ar a cam inho do l ocal onde morava 0govemador e deciForam ao govemador, inform aram- no do desejo do rei e perguntadiu conferir esta honra precisamente aquele homem. Enviou emissarios ram- lhe sobre as duas pessoas. 0 govemador admir ou-se e diss e-lhes: para lae ordenou que 0 simplorio fosse recebido com grandes honr~ e que "A quele a quem chamam ' 0 Inteligente' e, na verdade, urn dos homens os cidadaos mais sabios e respeitaveis 0 acolhessem como seu supenor. de mais nota vel sabedoria e experiencia, e aque le a quem chamam '0 Quando 0 sapateiro la apareceu com seus companheiros de estrada, Simplorio' eo mais miseravel tolo que jamais existiu". Neste momento, todos se perfilaram como 0 rei havia ordenado. 0 simplorio, entretanto, a historia da pele, que todo mundo conhecia, veio-lhe a lembranca, e ele recebeu com grande surpresa toda a pompa e festividade com a qual a contou aos mensageiros para que pudessem ter uma ideia da inteligenestava s endo acolhido e exclamou, como de costume: "Mas, por favor, cia limitact'1ldo sapateiro. Depois mandou buscar urn traje festivo para nao cacoem!" Logo, porem, pers uadi u-se de que 0 honor realmente lhe enviar ao hom em si mples, a fi m de que suas roupas or dinari as nao feri sera destinado. Como govemador conduzia-se agora, com simplicidade e sem os olhos do rei.
o tesoureiro encaminhou-se ao local onde morava 0 sapateiro, procurou a casa, entrou nela e estendeu a seu dono a epfstola real. Mas 0 sim plori o devolveu-lhe a carta e di sse: "Sai ba que nao s ou versado em leit ura. 0 senhor deve me r elatar 0 que af esta escrito, se quiser que eu tome conhecimento". "0 significado do escrito", respondeu-lhe 0 tesoureiro, "e que 0 rei o convida a visita-lo, pais ouviu falar do senhor e deseja conhece-lo", Ist o pareceu ao s apateir o algo est ranho e ele fi cou t emeros o de que alguem estivesse lhe pregando uma peca. Por isso replicou-lhe ingenuamente: "Mas, por favor, nao cacoe!" "De verdade, nao e cacoada!", assegurou-lhe 0 mensageiro.
probidade, como no tempo em que era urn pobre sapateiro, e urna v~z que ele proprio passara a vida sem envolver-se em intrigas, sabia discer:mr o certo e 0errado e seus julgamentos tornaram-se em toda parte respeitados. Todo 0 seu povo e seus conselheiros vieram a ama-lo e sua fama logo alcancou 0 rei, que nao queria nada mais ardentemente do que ter ao seu lado urn homem de virtude tao severa e compreensao tao simples. Assim aconteceu que a seguir 0simplorio foi nomeado Primeiro Ministro e construfram-lhe urn palacio, nao longe de sua residencia. Quando 0outro emissario do rei chegou a casa do inteligente e transmitiu-lhe a informacao, este Ihe disse: "Como homens ajuizados nao nos deixemos apressar indevidamente. Permaneca comigo esta noite, de mo-
Entao a alegria do simplorio foi arrasadora. Dancou em volta do quarto e exclamou: "Mulher, veja, que boa sorte, 0rei me chama!" Muito alegre, montou na carruagem. Entretanto, quando as ricas vestes lhe feram dadas, r esist iu a elas e nao per mit iu que 0 vestissem com elas, pois queria aparecer perante 0rei com sua querida e maravilhosamente linda pele. Porem, enquanto os dois estavam a caminho da corte, chegou aos ouvidos do rei todo ti po de queixas sobr e 0 carater e 0 modo de agir do govemador que abusara de seu cargo e trouxera graves danos ao pafs com todo tipo de intrigas e perffdias. 0 soberano enfureceu-se com 0 malfeit or e mais ainda com seus proprios conselheiros que haviam elo-
do que possamos panderar tudo e juntos deliberar". Depois de ha ver, durante a refei~ao, discorrido argutamente sobre muitos assuntos, abordou ele a m ensagem do rei e declarou 0 seguinte: "Quem sou eu para que urn poderoso soberano meu deseje me ver? Nao tera ele urn mimero suficiente de nobres vassal os e penetrantes conselheiros em sua corte, para que preci se m e chamar para junt o de si? Entao refl eti u l ongamente consig? mesmo sobre suas proprias palavras e finalmente exclamou: "E impossfvel, 0 senhor deve reconhecer, que urn rei possa f azer i. st o. ~omens mal-intencionados 0 enganaram quando 0 ordenaram a VI r a m im com e sta mensagem. A verdade e que 0 rei nao exis te em absoluto. O u ? " tera 0senhor, porventura, recebido a carta que me trouxe, de suas maos.
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AS HIST6RIAS DO RABI NAKHMAN
o I NT EL IG EN TE E 0
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S IM PL 6R IO
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"Nao", replicou
0 mensageiro,
"Nunca
0 vi",
replicou
"devo confessar-Ihe que aBUBER, recebi, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om
0 soldado
penalizado, "embora seja este
0
tem pouco conhecimento dos costumes
m ais caro desejo de mi nha vida". o inteli gente diri giu-se ao seu companheiro: "Ha toli ce maior do que uma pessoa verter 0 seu sangue por alguem que nao exi ste? E creiame, 0 povo todo esta sendo presa de semelhante erro". o mensageiro deixou-se convencer por seu interlocutor e quando 0
dos reis", respondeu 0 emi ssario. " Se nao, saberi a muito bem que eles raramente se most ram as pes soas e quando 0 fazem est ao rodeados de seu sequit o, de tal form a que e diff cil t er uma vis ao do rei. "
outro the disse: "Se quiser comigo enveredar pelo mundo, far-Ihe-ei ver as m entes t acanhas e as opinioes per verti das dos homens em . todos os l ugares", ele imedi atamente acedeu e os dois se puseram, de la mesm o,
nao do rei ele m esmo, mas de um de seus f uncionari os", "0 senhor jamais chegou a vislumbrar inteligente.
"Parece-me que
0 senhor
0 seu
rosto?", prosseguiu
0
"Se considerar rigorosamente 0 assunto" , falou entao 0 inteligente, "percebera como suas proprias palavras provam que eu estou certo. Pois se 0 senhor, que responde por um importante cargo na corte, nao ve 0 rei, entao quem, na verdade, 0 viu?" "Mas entao quem dirige a nacao?", perguntou
0 emissario,
A istoo inteligente replicou: "Preste atencao ao que you t he dizer , poi s eu sou um homem muit o viajado e altament e experient e. Veja, na Italia setenta nobres govemam 0 reino; eles sao escolhidos pelo povo e dividem entr e si a conducao dos neg6cios de Es tado. La, qualquer cidadao digno e merit6rio pode alcancar a autoridade. Mas aqui os altos f uncionari os e os cortesaos, sem duvida, govem am, f azem a lei e 0 que lhes apraz. Porem, se 0povo perguntar: 'Quem exi ge i sto de nos?' , ent ao eles r espondem: 'O ra, seu r ei, e cabe a voces obedecer-I he'. As sim eles comandam segundo a sua vontade, e 0 rei nao e senao um nome vazio que i nvent aram a f im de assust ar e submeter 0 povo". 0discurso comecou a penetrar nos ouvidos do mensageiro e a duvida fortaleceu-se em seu fnti mo. Mas seu douto anfit riao f alou: "Eu poder ia pr osseguir com mais coisas desta natureza, mas espere ate amanha; afentao pretendo convence-lo", Na manha seguinte l evantaram-se cedo e foram os dois a praca do mercado. La encontraram um soldado e 0 inteligente dirigiu-se a ele assi m: "Meu caro ami go, diga-m e, a quem voce serve?" "Ora", respondeu, penso eu!" "Ja
0 serve
"quem na verdade um soldado serve? Ao rei,
ha muito tempo?", perguntou
0 inteligente.
"De fato", falou ele, "lutei fielmente por meu senhor em muitas bat alhas, e acho que nao ha vocacao maior do que a mi nha para m anter bem alto a bandeira do rei". "Voce deve conhecer muito bem 0seu rei", disse 0inteligente, "para ama-lo tanto?"
acaminho. Onde quer que chegassem nao conseguiam ver out ra cois a a na o ser loucur a e cegueira. A descobert a de que nenhum rei poderi a exist ir tornou-se para eles uma maxima e u r n p a dr ao de medida par a t udo, e costumavam dizer: "Isto e tao verdade quanto existe um rei". Enquanto percorr iam, dessa form a, as t erras de t odos os govemant es e nao des cobriam sentido em nada, exceto nos defeitos do espfrito humano, deixaram tao abandonados seus meios e xtemos de fortuna que cedo passaram pelas amargas experiencias das necessidades de vida, sendo forcados a renunciar aos se us cavalos e a todo e qualquer bem que houvessem levado consigo, para lograr tao-somente uma pobre subsistencia. Assim expost os a t odos os inforninios pelos quais passam os pobres e~antes, continuavam, no entant o, a se arrastar infati gavelment e para adi ante e avolumaram um estoque ainda maior de experiencias melanc6licas. Finalmente, porem, decidiram volt ar par a casa a fi m de aproveitar 0 tesouro de conhecimentos conquistados e leva-lo ao povo. Assim chegaram a cidade onde 0 mfsero sapateiro residia, agora como primeiro ministro. A . medi da que andavam pelas ruas da cidade, observaram em frente a uma despretensiosa casinhola uma enorme multidao de pessoas que se aglomerava aor edorde uma fi la de carruagens, coches principescos misturados a toscas carretas aldeas. Ao se aproxim arem, viram que em cada vefculo havia uma pessoa enferm a ou adoentada esperando ansiosamente passar pela porta muito baixa da entrada da pequena casa. O utras pes soas safam com fi sionomias r ~iant es e alegres louvores ao homem caridoso que, atraves de suas lfmpidas palavras de consolo e da bondos a f or ca de sua nat ureza abencoada, proporcionava aos enferm os grande alfvio em seu sofri ment o e, par a muit os, cur a com pleta. 0 sabio achou de i nfcio que um famoso doutor m orava ali, mas soube, para seu assombro, que este homem da cura nao era ~ erudito, desfrutando antes, na boca do povo, a reputacao de ser um mila-
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92 ASHISTORIASDO RABINAKHMAN
o INTELiGENTE E 0 SIMPLOR IO
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A mesa, 0 inteligente, extremamente admirado com a rnudanca de greiro. Ele cai u numa gargal hada raivosa e disse ao seu com panheiro: BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om carater e condicoes de seu amigo, the perguntou: "Meu caro, como e que "Teremos atravessado 0 mundo todo para, no entanto, encontrarmos aqui voce conseguiu chegar a esta posicao honrosa?" a maior de todas as loucuras a soleira de nossa cas a? Irm ao, deixe eu l he "Meu senhor, a rei, me outorgou", replicou 0 ministro. dizer que este e urn grande impostor que subtrai 0 dinheiro do bolso das "Como", disse a inteligente, "voce tambem foi tornado par esta loupessoas ignorantes", c ura e acredita em urn rei! Eu the digo, nao ha nenhum rei." Eles entao se desviaram e seguiram adiante, e por nao terem comido nada, desde hi t muito tempo, e estarem c om fame, juntara m a ultimo nfquel de seus bolsos e entraram na primeira taberna para uma refeicao. Enquanto comi am puseram-s e a zombar em alt a voz e de modo inconveniente dos feitos do milagreiro de tal forma que a taberneiro, atras do bal cao, com ecou a prest ar atencao nel es e fi cou ir rit ado com a can ver sa del es. C om o era quase meio-dia, a l ocal logo s eencheu de fregueses que ouviam com indignac ao a s palavras dos dais homens e, quando a filho do mi lagr eir o entr ou e teve que presenciar a cacoada deles, 0taberneiro ficou furios'Oejogou a dupla porta afora e 0povo caiu sabre eles surrando-os para valer, Os dois inteligentes fugiram dali e se apressaram a seguir em direcao a guarda municipal a procura de protecao e justica.
"Como pode voce me afirmar algo tao monstruoso?" gritou a ministr o. " Se eu vejo 0 rosto do rei diariamente." "De onde sabe voce", esca meceu a inte lige nte, "que aquele com quem voce fala e na verdade a rei? Voce foi intima dele desde a infancia? Conheceu seu pai e seu avo e pode afirmar que eles foram reis? Pessoas the disseram que este e a rei. Eles a enganaram". minist ro ent ao f alou: "Q uer dizer entao que voce continua ainda
o
com suas sutilez as e nao ve a vida ? Uma vez me afirmou que seria mais facil para voce cair em m inha si mplicidade do que eu elevar- me a sua inteligencia. Nao, voce jamais recebera a graca da simplicidade!"
Quando a capitan da guarda soube da razao dos seus maltratos, caiu sabre e Ies, cumulou-os de insultos e, par fim, empurrou as dais para fora. Pais ele tambem a creditava no milagreiro que the salvara a filha gravemente enferma. Os dais entao foram de tribunal a tribunal e em todos as lugares apr esentaram suas queixas, mas em t oda part e 0 milagreiro era reverenciado. Foram repe lidos onde quer que se apresentassem e, nesta andanca, receberam somente palavr as amargas e bordoadas. Ao f im , chegaram diante do palacio do ministro e pediram a guarda que os deixassem passar, pais uma grande injustica fora cometida contra eles. Levados a prese nc a do ministro, este, que fora outrora apelidado de "0 Sim pI6ri o", r econheceu de im ediato, no esfarr apado e exasperado vagabundo, a seu companheiro de juventude . Aquele, pore m, nao reconheceu, no ministro, a indigente sapateiro, ja que ele se comportava na sua f un<;aocom grande dignidade. 0 m inistr o deu-s e a conhecer, saudou s eu ant igo amigo com semblante cordial e perguntou- lhe a que deseja va. 0 inteligente relatou ter sido cruelmente surrado pa r causa de urn impostor, como era esse milagreiro, que levava toda a cidade pelo nariz. 0 mi nist ro sorr iu, confortou- o e pediu-l he que fosse primeiramente com 0 seu acompanhante ao banho, onde criados os esperariam e lhes dariam roupas decentes. Depois disso, convidou-os a com er em s ua com panhia.
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o FILHO
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DO REI E 0 FILHO DA CRIADA
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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om
Aconteceu ha muitas centenas de anos que,longe daqui, urn grande r ei gover nava benevolamente uma vasta e f ert il regi ao. Em seu pal acio vivia urna criada que dedicava a rainha tiel service e esta the era afeicoada. Era a aia da sohera na e s6 rece bia tarefas leves. Chegou entao 0 dia em que a r ai nha devia dar a luz a uma cri anca, e, na mesma hora, est ava para acont ecer 0 mesmo co m a a ia. A servica l bus cou uma part ei ra que, por causa de sua sagaci dade e art es secr etas, gozava de grande reputacao no r ei no. Ela par tejou 0 filh o do rei e tambern 0 filho da criada. Entao enrolou 0 filho do rei em linho grosse iro e o deitoujunto a criada adorm ecida, mas a cri anca que a aia ti vera com o filho de uma serva, ela envolveu em seda mac ia e 0 ani nhou no leito da rainha. Q uando as m aes acordar am , cada uma pegou cari nhos amente seu hebe nos braces. Os garotos cre sceram lindos e fortes. 0 filho d a aia era honra do no palacio e elevado acima de todos os filhos do reino. Era 0 primeiro depoi s do rei e t inha urn ass ento de prata ao l ado do t rono. Fora i nst ruido em tudo 0 que os sabios do r ei no e conselheir os conheciam. Mas 0 filho do rei florescia sob 0 t et o de urna serva, e 0 fundo d e seu coracao e seus olhos lurninosos eram as uni cas f ontes de s ua sabedoria. Embora chamasse de pai a urn hornern hurnilde, descobria-se nele urn porte alti-
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o FILHO
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vo e uma nat ureza l ivre. Am ava, aci ma de tudo, as ver edas solit ar ias das odia-Io. "O lhe, eu tenho muit a pena de voce" , conti nuou. " Pois, se voce m ontanhas e evi tava a com panhia dos r apazes bar ulhentos. Por em, ao Ma r tin. As histór ia s de Ra bieNa BUBER, n - slide pdf.cn om mekhma u filho, como ao he i de estar triste po r voc e, uma vez q ue e le q uer m enino que m orava no palacio, 0 esplendor do atri o r eal parecia fri o; des tr ui- lo? M as s ee 0fi lho do rei, com o dizem , entao, de fato, voce nao fr equent em ente olhava para fora, por duas colunas que se abri am , e s eu merece est e desti no, Fuj a, por i sso, do reino. " 0 j ovem mergul houem coracao oatr afa para j unto do lavr ador que sulcava a t err a preta com seu melancolia, sem saber 0 que f azer. 0 rei, porem, nao desi st iu de pers earado. gui-l o com maldades de todos os t ipos , ate que, por f im , 0 rapaz se disA parteir a habitava numa cabana f ora da cidade, onde comecava a floresta. E, por muitas decadas, ela carregou 0 anus daquele ate e sabia que sua morte s e aproxi mava. A o sopr o desta, senti a-se opr im ida pel o segredo de haver trocado 0 fi lho do r ei pel o fi lho da aia, e causava-Ihe muita dor que tivesse de calar 0 f ato para sempre. D ir igiu-s e, poi s, a janela de sua caban a e sussurro u 0 segredo cautelosamente, de modo queninguem pudesse ouvi-Io, exceto 0 vento que mov ia as folhas das betulas, 0 vento, entretanto, levou-o apressadamente a s mulheres e criancas que procuravam s ombra e doces frutinhas na fl oresta. Em cas a, as m ulheres contaram-no aos seus maridos, e cada marido 0 confiou, no trago da ta rdinha, ao seu melhor amigo. Mas, os homens da cidade falaram
pas a fugi r. Seu pai adotivo deu-l he todo 0 Duroque possufa e preparouIhe boas roupas. Contristado, 0jovem abandonou 0 pais. No ex terior, passava o s dia s em ocio , desperdicava seu dinheiro bebendo em noi tadas nas t avem as, com a r apaziada, e j ogava-o as dan-
ent re si, assi m: "V amos esconder cuidadosamente est e s egredo do rei, para que 0 i nforninio e a duvida nao 0 invadam na velhice! Pois, 0 que ocorreu na o pode ser corrigido. Poderemos nos, urn dia , v irmos a ser govemados por urn rei que, najuventude, foi educado numa casa humilde? E tambem nao e pos sfvel que toda est a historia nao pass e de uma m enti ra e invencao?" Nao obstante, aconteceu que urn dele s se dirigiu ao falso filho do rei e tr aiu 0 segredo. "Saiba que entre 0 po vo M muitos que 0 consider am com o s endo 0 f il ho da aia", disse, " e podera chegar 0 m oment o em que facilmente , acho eu, a na¥ao se rebelara contra voce e elevara em seu lugar aquele outro se, em tempo, voce nao cuidar para que seja destrufdo". Quando 0 falso f il ho de r ei ouviu i sto, diri giu-se a cam ara m ais escura de seu pal acio e se abateu sob maus pensament os. D aquela hora em diante, seu mau humor nunca mais 0 abandonou. A ssi m, ao pri meiro clarao da manha, caval gou com s ua com it iva e esm agou sob as patas a sement e nos cam pos do homem que era, na ver dade, seu pai. D af em diante, i nfl igiu-I he todos os danos que pede. Chegou 0dia em que 0r ei m orreu, e 0f als o f il ho do rei ascendeu ao trono e govemou 0 pai s. A o servo, opr im ia cada vez m ais cruelm ente. Es te ult im o, contudo, compreendi a muito ber n por que ist o Ihe acont ecia. Ele falou entao com 0 seu f il ho adotivo, que era, em reali dade, 0 filho do rei, e contou-lhe 0 que a gente dizia de le, e c omo 0 rei viera a
que 0rei quis fazer ali uma pausa. D ei tou- se debai xo de uma m ore para descansar. A arvore estava florida e seus ramos se curvavam sobre a agua lfmpida. La 0 rei f oi dom inado por dores de consciencia por haver cometido uma injustica e banido um homem inocente. Elas a perturbaram e tiraram-lhe todo 0 p razer. Deu, e ntao, ordem de regresso a o seu pessoal. Ao ver- se, por em, de novo acomodado em seu pal acio, afastou de
carinas. Mas seu coracao continuava opresso. Enquanto isso, 0 falso rei govemava sua terra de modo severo e impiedoso. Quando passava com 0 semblante higubre pel as r uas de s ua cidade e todos se curvavam diante ele, sempre acreditava ouvir urn murmurio vindo da multidao, chamando-o de filho da criada. Iaembora sombri amente e i nfl igia novas privacoes a s eu povo. Urn dia foi cacar com seu sequito, Chegaram a urn lugar tao aprazivel
si est a ansi edade e pas sou a agi r com o antes. Nesse mesmo periodo, 0verdadeiro filho do rei teve, uma noite, urn sonho encantado. Viu a sua frente urn mercado, e, no sono the ordenaram que fosse a este mercado; la, alguem haveria de aproximar-se dele e oferecer- lhe t rabalho, que ele deveri a aceitar, mesmo se est e t he parecesse dificil e desprezivel. Ele acordou, e 0sonho havia penetrado fundo em sua alma. Ainda assim escorracou-o de seu pensamento e continuou, com o ant es, vivendo ent regue aoj ogo e a farr a. Porem, 0 sonho sobreveio outr a vez, e ainda out ra vez, e por fi m nao m ais 0abandonou pesando f ort em ente em seu anim o. Um a noi te, no sonho, ouviu uma voz dizer: "Tenha do de si e faca como Ihe e ordenado". Ao amanhecer deste dia l evantou-se da cam a, vest iu-se com os t rajes sim ples de urn cri ado, deu para as pessoas da hospedaria 0 que Ihe sob rara de suas posses e saiu d a cidade e m direcao a o camin ho que a voz Ihe indic ara. Depois de andar urn bor n tempo, viu ao l onge 0 m ercado e reconheceu, de novo, 0 lugar do sonho. Ao pis ar na praca, urn mercador veio ate ele e falou assi m: "Se
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deseja trabalhar, empregue-se comigo como boiadeiro. Eu ainda necest remer. C om o urn tU IaO, apanhou a arvore na qual os dois estavam, cur s it o de urn". Par eceu dif icil aoj ovem, mas 0sonho 0 regia e ele concorvou-a 0 c hao solto u-a de no vo no ar. BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khmaate n - slide pdf.ce om dou. 0 m ercador com ecou ent ao a manda-l o para ca e para l a, dando-Ihe Entao 0 com panhei ro do rapaz disse: "Encontro-me aqui, nest e l uordens ao modo de urn r ude pat rao. El e caval gava pr6xim o ao rebanho e gar , M m ui tos dias e noit es, e toda vez que a escuri dao com eca a desapapunia 0 desatento boiadeiro com golpes crueis de bastao. r ecer , esta r is ada ecoa s obre a m ata". "Evidentemente esta e uma morada de espfritos", respondeu 0joCerta vez caminhavam por uma espessa e escura floresta. De repente, duas rese s se desgarraram do rebanho do jovem e de sapareceram por entre as arvores que, de tao densas, pareciam ter os galhos entrelacados numa unica e grande coroa. 0 mercador voou em sua direcao como se qui sesse mata-lo. 0 rapaz se precipitou arras dos animais e como, na mata, eles, vez por outra, se mostravam e depois seus vultos desapareciam, foi se embrenh ando a c ada momento ma is fundo na floresta. Quando, finalme nte, parou exausto, viu que a noite cafra sobre a mata. 0 terror do selvatico ~ assaltou; 0medonho rugir das bestas rapaces chegava ate ele. Passou a noite num gro sso ramo de uma more . D e m anha, ao olhar a sua vol ta, deu com os dois anim ais que pastayam pacif icam ente sob a more. D esceu do t ronco para agarra-los, m as, quando quis por as maos sobre as reses, tomaram a fugir e ele se pos, out ra vez, a pers egui- Ias. D e tempos em tempos det inham-s e num a clareira para past ar, mas quando ele la chegava, t omavam a escapar -Ihes e o arrastavam cada vez mais para dentro da mata. Ele os seguiu ate 0 centro m ai s espess o da florest a, onde habit avam os ani mais ferozes que nao conheciam 0 m edo, pois viviam dis tant es dos lugares onde morayam o s homens. De nov o caiu a noite e o s gritos da mata selvagem bramiam h orrivelmen te em seus ouvidos. Ele trepou em uma more muito alta e eis que ali est ava urn hom em . A ss ust ou-se; mas quando percebeu que e ra urn se r tal como ele ficou, c ontente por nao se a char mais so zinho, e per guntou ao out ro, "Q uem e voce, homem?" "Quem e voce, homem?" Replicou-Ihe veio?"
0
outro: "E de onde voce
o jovem the informou: "Duas re ses se desgarraram do rebanh o e me arrastaram ate aqui, mas, diga-me, como e que voce veio para ca?" "Meu cavalo trouxe-me a este lugar", 0outro respondeu. "Eu apeei a fim de desc ansar, entao 0 ani mal fugi u. Lancei-m e ao seu encal co, porem nao fui capaz de alcanca-lo e finalmente cheguei aqui". Puserams e a conversar ent ao e combinaram que haver iam de fi car j untos. Porem, quando a noite comecou a render-se a aurora, 0 s om de urna poderosa gargalhada ressoou ameacadoramente sobre a floresta e fe-los
vern, "pois nunca no reino dos homens uma voz ass im foi ouvida". Logo em seguid a tomo u-se d ia e eis qu e la estava m os animais do jovem sob a more e 0 cavalo de seu companheiro tambem aparecera. Eles desceram aochao, mas os ani mais t om aram a escapar , cada homem embrenhou-se na floresta arras do que era seu, e assim afastaram-se urn do outro. Enquanto cor ri a nest a dir ecao, 0 j ovem avi stou, de repente, algo estendido a seus pes e, quando s ecurvou, viu que era urn saco cheio de excelente pao fresco. A placou a f ome e fi cou m uit o alegre, poi s 0que de melhor poderia encontrar naquela selva? Quando se satisfez, colocou o saco nas cos tas e conti nuou a seguir os anim ai s. La onde a f loresta im ergia na m ais espess a escuri dao e tomava-se i next ri cavel, s urgiu-Ihe no cam inho urn homem de aparencia t ao est ranha como ele jamais havia visto em urn ser. Emaranhados cabelos ruivos esvoacando como chamas em vol ta do rosto cinza-terroso, em que estayam profundament e i ncrustados doi s olhos ver des com o duas grandes bol as de m alaquit a. Suas roupas pareciam ter sido feitas da pel e de m il lagartos. Ele encarou 0jovem com urn relampejo de olhos tao penetrantes que est e ult im o, par ali sado, nao conseguiu se m over do lugar. A criatura do bosque dirigiu-s e-I he, dizendo: "C omo f oi que voce chegou ate aqui?". "E com o f oi que voce chegou ate aqui?", perguntou 0jovem, replicando. E 0 out ro r espondeu: "Est ou aqui desde 0 i nicio dos t empos, mas voce, com o vei o ter aqui? Nunca, ninguem do r eino dos hom ens alcan~ou este lugar". Entao 0moco notou que seu acompanhante nao era urn ser humano. Porem, 0espirito do bosque indagou de novo: "0 que voce procura aqui?' "Estou perseguindo dois ani mais que s e des garr aram do m eu r ebanho", contestou. "Basta", disse 0 espfrito do bosque, "agora venha comigo". o j ovem pos -se a andar atr as dele e nao ousou dir igir- Ihe a palavr a. No caminho, encontrou 0 com panhei ro da noi te anteri or e t he fez si nal de que podia acompanha-los,
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o FlLHO
DO REI EO FlLHO DA CRIADA
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Entao este ultimo notou 0 saco de pao sobre os ombros do outro e lhe era ordenado, abandonou 0 reino e partiu; e agora se tomara urn supl icou-lhe: " Meu i rm ao, nao como nada ha dias, de- me pao", BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra biservo. Na khma n - slide pdf.c om o jovem ouviu t udo ist o e nada coment ou. Ao anoit ecer , 0 espfrito " Como poss o dar-l he m eu pao?", r edarguiu 0 jovem. "Considere, de que form a YOU salvar minha pr6pria vida nesta selva?" do bosque voltou, ofereceu-lhes co mida e bebida e preparou-lhe s urn PoreI1.1,0 outro insistiu muito e disse: "Eu serei completamente deleito. Pela manha, 0 som da poderosa risa da ecoou d e novo sobre a flovota do a voce, c omo servo, se me der pao", resta. 0 servo instigou 0j ovem a s aber do espfr it o do bosque qual era 0 Ele, entao, 0 aceitou como servo, diante do que 0outro Ihe prometeu, sob juramento, jamais abandona-lo, e 0j ovem par ti lhou com ele 0 seu pao, dando-lhe tanto quanto 0 outro pode comer. A partir daf seguiram juntos 0espfrito do bosque. Finalmente safram da floresta que desembocava num vale desolador. 0 solo estava atapetado de cobras e salamandras que enr olavam seus corpos umi dos e l isos uns nos outros. o jovem perguntou ao e spfrito do bosqu e: "Como havere mos de atravessar isto aqui?" Este apont ou sil enci osamente para uma casa que f icava no alt o, sobre suas cabecas, no ar. Em seguida, agarrou os dois em suas maos,
significado daquilo. Ao que ele lhe perguntou: "0 que e gargalha sobre a floresta no alvorecer?" "Esta", disse 0 espfrito, "e a risada p ela qual 0 dia noite quando, ao se a proximar a aurora, ela Ihe pergunta: tenh o mais urn nome quando voce aparece?' Entao 0 dia
esta voz que
a lcou-se com eles no ar, e os lev ou ilesos, para dentro de sua casa. Ela estava abarrotada de bizarra mobilia, cujo significado 0jovem nao conhecia, mas ele descobriu no seu interior tudo 0 qu e urn se r humano preci sava. 0 espfri to do bosque pas sobr e a m esa boas coisas, em abundanci a, para que eles pudessem com er e beber , e deixou a casa da mesma m aneir a como viera. Os doi s hi perm anecer am e se s aciaram. Ai, 0 servo ficou muito contrariado, pois se vendera por urn simples m oment o, uma vez que, agora, t inha comi da em abundancia. Suspir ou e gem eu alt o: " Como cheguei a t al vida? C om o cheguei a is so, t omandome urn servo?" "Qual era pois a sua condicao", perguntou-lhe 0 rapaz, "par a que voce se sinta agora t ao exasperado em me servir?" A isto 0 outro retorquiu e contou-lhe q ue fora rei no reino dos hom ens e com o havia s urgido urn boato ent re 0 povo dizendo que 0 verdadeiro rei fora troca do ap6s 0 nascimento e vivia na casa de urn servo enquanto ele, 0 fi lho do servo, sentava-se no t rono e com o, des de ent ao, ele com et era m uit as maldades contr a aquele outr o, que f ugira do r eino. E conti nuou a r elatar que uma noit e, em sonho, s obreveio-l he uma voz e a voz do sonho lhe ordenara: "Livre-se de seu reinado e c aminhe para onde seus olhos 0 conduz ire m, pois voc e deve expiar sua culp a". Ele nao atende u ao sonho qu e, no enta nto, sempre tomava a voltar; nao encontrando mais descanso em nenhuma noi te, ate que, por f im , fez 0 que
A pri nclpio t udo Ihes soava como uma grande confusao; porem, quanta mais apuravam os ouvidos, percebiam tratar-se da melodia de uma canc ao. Toda a felicidade da terra parecia -lh es va comparada a delicia d este c antico. 0 servo persuadiu se u senhor a perguntar ao espfrito do bosque 0 que se ria is so e ele assim 0 f ez: "O s ani mais da m at a", respondeu 0 espfr it o do bos que, "s ouberam que 0 sol deu de presente a lua uma nova vestimenta de prata. E visto que a lua e sua grande ben feitora e sua luz se espalha sobre os atalhos n oturn os, pois os anim ais da f lorest a se r ecolhem durant e 0 dia e ficam acordados a noite, decidiram honra-la com uma nova cancao e criaram a melodia que voces ouviram". Tendo eles fi cado surpresos com 0 fato, prosseguiu: "Se isto ja Ihes parece incompree nsfvel, muito mais espantados hao de ficar quando virem meu ba stao miraculoso, que tern 0 dom de fazer com que cada animal por ele tocado cante a sua me 10dilaoI" N a terceir a m anha 0 espfri to do bosque conduzi u-os par a fora da casa , atraves do ar, ate a senda da floresta onde os havia encontrado, e
e scamece da 'Po r que na o desata a rir e
toma posse da terra". De pois de dizer isto, de ixou-os como antes. Retomou somente ao entardecer. A noi te ouvir am, em poderosa amplif icacao, as vozes de todos os anim ais da fl oresta; reconheceram 0 rugi r do leao, 0 horri vel uivo do leopardo errante, 0 doce arrulho das pombas do bosque, o grito do veado e sempre novas vozes que se misturavam as outras.
falou, "regressem agora para 0 reino dos homens!" "Que caminho devemos seguir?", perguntou-lhe 0jovem. "Procurem 0 pais", respondeu 0 espfrito da floresta, "que e chamado de pais tolo do rei sabio!" E indico u-lhe s a direca o. Mas, ao se afa~tar, deu ao jovem, como pre sente , 0 bastao miraculoso de que h avia falado, desejou-lhe boa sorte, e desapareceu.
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ASHIST6RIAS 00 RABINAKHMAN
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o FILHO 0 0 R EI E 0 FILHO DAC RIADA
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p ou co qu'!, com parado a n os, nao p assa d e u rn to lo, e p or esta razao 0 E les se pu seram entao a cam inho . E ntraram n o d om fn io do s hov elkhma ho r nei-, slide ao m o rr er, o rd en ou q ue 0 n om e d o p ai s d ev eri a s er i nv er tid o, m e ns e s eg uir am e m f re nt e a te a lc an ca r 0 p afs ch am ad o p ais to lo dBUBER, o re i Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na pdf.c om a te q ue c he ga ss e a lg ue m q ue s e i g ua la ss e a e le e m s ab ed or ia e r es ta ura ss ab io . 0 p afs e ra ro de ad o p or u ma m uralh a e tiv era m q ue a nd ar m uita s se 0 a nt ig o n om e . P ar a 0re i, q ue m f os se c ap az d e f az e- lo , a e le s eu f ilh o m i lh as a te e n co n tr ar 0 p o rt ae . Q u an d o q ui se ra m e nt ra r, 0 p o rt e ir o r e cu so u admiti-los, d e v er ia e n tr e ga r 0 d om fn io d o re in o. P or ta nt o, jo ve m , s aib a a o q ue e st a se aven tu ran do e que a pro va e diffcil. E m n ossa cid ad e ha u rn jard im Entao 0 jo ve m b ra do u: "E realm en te u rn pafs to lo , este que nao a dmite via ja nte s!" o h om e m, a o p or ta e, re pl ic ou : " At e a go ra n os sa n ac ;a o e ra c ha m ad a d e p afs to lo d o re i s ab io , M as a go ra n os so rei m orre u e, q ua nd o e stava a m o rte , o rd en ou q ue d ep oi s d el e e st e p als d ev er ia c ha m ar- se 0 pais sa bio d o rei to lo , a te q ue v ie ss e a lg ue m qu e se p ro pu ses se a res ta ura r, c om s ua s ab ed oria , 0 n om e an terio r, e e le d ev era to rn ar-s e rei e m s eu lu gar. P or isso n ao deixam os en trar nin gu em , a nao ser que se atrev a a s e m el h an t e t 1 l( e fa . S e 0 s en ho r e st a p ro nt o a ta nto , e n ta o e nt re ". D i an t e d i ss o 0jo ve m n ao s e a r ri sc ou e r eti ro u- se c ab is ba ix o. 0 s er vo o a co nse lh ou a d irig ir-se a u rn o utro p als , p ois a qu i n ao p od eria m p erm an ec er. 0 o utro p ore m n ao c on co rd ou , v isto qu e s e le mb ro u d as p ala -
qu e fo i criad o em tem pos rem oto s po r u ma estirp e de g igan tes. D e sua t er ra n eg ra , n um e xt en so c am p o, c re sc em , c om o a rv or es , p od er os as e sp adas d e aco e ap etrecho s m arciais d e o uro e p rata. P orem , se u rn hom e m p is ar n o ja rd im , o s e sp fr ito s d a e st ir pe d e g ig an te s, d es ap ar ec id a, le van tam -se , p ers eg uem -n o e a fu gen ta m-n o, A go ra v erem o s s e v oc e, p or ve ntu ra , e ta o s ab io q ue p os sa d om in ar o s e sp fr it os ", o m o c o p ed iu q ue I he i nd ic as se m 0c am i nh o d o j ar di m . A s u a v o lt a e rg u ia -s e u rn m u ro ; u rn p o rt ae e nf er ru ja d o p en d ia a be rt o n a s d o br ad ic as e n ao se v islu mb rav a n enhu m gu arda. E m u rn n icho n o m uro , p erto do p ortae , erg uia -se , atra s d e u rn g rad il p ra te ad o, a es ta tu a d e u rn h om em com um a coroa de ouro e urn dourado m anto real, porem a face e as
v ra s d o e sp fri to d o b os qu e. E ntr em e nt es , f or am a lc an ca do s p or u rn h om em em v estes n egras, m on tad o n um cav alo neg ro . E le cav alg ou ate e le s e e nc ar ou 0j ov e m q ue , s ob e st e o lh ar , s en ti u- se s in g ul ar m en te c o ns tra ng id o e , co mo q ue o brig ad o a to car 0 c av al o c om s eu b as ta o. A ss im qu e 0 fez, e 0 cavalo pos-se a cantar a m elodia da lua, com um a voz deliciosa.
m ao s e ra m d e m arfim . P or so bre a e sta tu a ha via s id o e mb utid o n o m uro u m a p la ca d e a la ba st ro , n a q ua l, e m l et ra s r el uz en te s, p od ia m s er l id as a s s eg ui nt es p ala vr as : " Es te q ue a qu i e st a f oi o ut ro ra r ei d es te p af s e , a n te s d el e e d ep oi s d ele , h ou ve g ue rr as i nc es sa nt es , m a s e m s eu s d ia s r ei no u a p az ". 0 jo ve m to co u 0g ra d il q u e i m ed ia ta m en te s e e sc an ca ro u . E le c o m p re en d eu e n ta o q ue t he f or a o rd en a do , p o r i nt er m ed io d es se r ei , e xp u ls ar o s e sp fr it os e r ed im i r 0 jard im . A ga rro u a e sta tu a, a de ntro u co m e la 0 jardim e a colocou no centro. N ada se m oveu e ele saiu do jardim em p az . D af v olto u e c on to u 0 o co rri do a os p rfn ci pe s. E le s s e d ir ig ir am a o l oc al , s en do c on du zi do s p el o jo ve m p ara 0 i n te ri o r d o j ar d im p a ci fi ca d o . " Em b o ra t en ha m o s v is to i ss o" , d is se ra m o s p rf nc ip e s a o j o ve m , " ai nd a assim n ao p od em os Ihe dar 0 r ei no s om e nt e p or e st e f ei to . E preciso p as sar p or u ma se gu nd a p ro va . D es de te mp os rem o to s ex is te e m n os so p af s u rn t ro no f in am e nt e e nt al ha do n um a c ol un ata d e m a rm o re , e rig id o n um a colin a, n o cen tro d o reino . 0 assen to e entalhad o d a m adeira d e um a m ore sagrada e adornado com desenhos de todos os anim ais e p la nta s ex iste nte s n o re in o. D efro nte M u ma m es a e , s o bre e la , u rn ca nd ela bro d e se te b rac es. A ntig am en te ac on te cia qu e a p ess oa qu e s e s en tas se n o tro no ab ran gia co m s eu o lb ar 0 p ais in te iro e n en hu m a to q ue o co rr es se n el e f ic av a- lh e o cu lto . E a qu el e q ue a ce nd es se o s s et es b ra ce s d o c an de la bro co nhe cia to do s o s p en sa me nto s c og ita do s e m q ualq uer lu ga r d o p afs, M as d es de a m orte d o v elh o re i, o s o lb os d e qu em s e s en ta
Entao 0 h om em d e n eg ro riu e d is se : " Vo ce q ue r fic ar b rin can do p ara s em pre c om s eu b as tao ? N ao Ih e v e io a c ab eca q ue e le Ih e f oi c on fi ad o p ara a lg o m e lh or ? N ao s e to rn ou c la ro , p ar a v oc e, q ue e st e i ns tr um en to desencanta em cada ser a v erd adeira v oz d e seu co racao e que, e n qu a nt o v o ce 0 d et iv er , p od er a e nt en de r c ad a c oi sa , d o a m ag o d as c oi s as ?" D e po is d e st as p a la vr as 0 e stra nho v olv eu s ua m on taria e p artiu a galope. S 6 a f 0jo ve m e nt en de u p or q ue 0 e s pf ri to d a f lo r es t a 0 encaminhara p ara aq uele lu gar. V olto u ao p orta e, p ed iu q ue 0 a d m it is se m e c o nc o rd ou em em pre en der a ta refa . 0 v ig ia 0 conduziu a a ss em b le ia d o s p rf nc ip es . E st av am s en ta do s e m c fr cu lo s n a a nte ca m ara d o r ei e n ao s ab ia m o q ue f az er . O s p rfn ci pe s lh e d is se ra m : " Sa ib a q ue n 6s ta m be m n ao s om o s t ol os , m as 0f al ec id o r ei e ra u rn h om e m d e t ao g ra nd e s ab ed or ia q ue n 6s t od os , d ian te dele, eram os vistos com o tolo s; p or isso cham am esta terra d e p ais to lo d o re i s ab io . 0 re i d e ixo u u m filh o q ue ta mb em e s ab io , m as ta o
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no trono turvam-se e ele nao ve ma is 0 que 0r odeia e 0 candelabro nao mais s e acende quando se quer i lumina-lo. D o trono, por em, saem BUBER, m ui- Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om tas est radas, com o raios de uma estrela, em muitas dir ecoes atr aves de todo 0 pai s. N o meio de cada cami nho encontra-se urn ani mal de ouro, alado. Outrora, todos estes animais entoavam a meia-noite uma maravilhosa melodia. N o entanto, des de a m orte do velho r ei pemi anecem em silencio, Se alguem se aproxima, eles se lancam com asmandfbulas abertas e 0 devoram. 0 povo vive em ansiedade e desolacao e, ate entao, MESTRE ninguem conseguiu dec ifrar a origem deste fato. Vamos ver se voce e tao sabio a ponto de poder agora restaurar a antiga ordem." Eles 0 conduziram a antecamara do trono. Quando 0jovem 0 fitou, reconheceu que fora ent alhado da mesm a madeira do bas t ao que 0espfri to do bosque t he ent regara. Em seguida, observou 0 trono a fim de descobrir os lpotivos pelos quais este perdera 0 poder. Entao notou que na ponta do s6lio faltava uma rosa entalhada; proc urou e a encontrou escondida sob uma pedra da sala. Inseriu-a novamente no trono. Depois observou 0 candelabro e veri fi cou que est ava urn pouco deslocado em
o
DA PRECE
relayao ao centro da mesa , e ele 0trouxe a posiyao correta. Entao subiu ao t rono e i luminou 0 candelabro. Inspecionou toda a t err a e todos os pensamentos e feitos, passado e presente, e reconheceu que, antes de sua morte, 0 vel ho r ei, de prop6sit o, desarr anjara tudo de tal maneira que foss e dado encontrar urn hom em capaz de r estaurar e tr azer cada coisa ao seu devido l ugar. V iu os aureos anim ais post ados nas est radas e percebeu que tambem eles haviam sido ligeiramente afastados de suas posiyoes. Mandou que todos eles foss em r emovi dos de volta ao seu ant igo lugar, e os ani mais per mi ti ram que os hom ens se aproxi massem deles a salvo. Quando 0 ultimo animal foi reposto em seu lugar era meia-noite, e todos entoar am a grande melodia. 0
Os prf ncipes deram ent ao reino ao jovem. Af, ele disse ao seu criado: "Agora eu sei quem eu sou, eu sou na verdade 0 filho do rei e, voce , na verdade , e 0 filho da criada".
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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om
Vivia outrora um homem a quem cha mav am me stre da p rece . S ervia a D eus t odos os dias de sua vida com louvores e, ao praticar este ato, faz ia-o c om uma tal forca como jamais fora vista, a te entao, na a lma de uma pessoa. Esco lhera seu lugar de mora da longe das ha bitacoe s das criaturas terrenas, junto ao mar silencioso, rodeado de arvores sombread as. De tempos em te mpo s acontecia qu e ele se preparava, deix ava 0 sltio d e sua conce ntracao e safa a visitar 0 mundo. Entao se ju nta va a uma ou out ra pessoa que encontrasse por acaso, tr ocava com ela sauda~ 6es, acompanhava-a e, da convers acao s obre as coi sas coti di anas com o companheiro que comecava a confiar nel e, elevava-I he a alma e, gradualmente, a conduzi a ao s ignif icado de todo 0 ser. E, sucedeu, por vezes, que 0 ouvido e 0 cora cao do outro se the abriam e permitiam qu e sua palavra penet rasse, e est e hom em r apidam ente r enunciava a t odos os laces e a toda a luxuria da vida e 0 seg uia. Oe ste modo, cresceu e firmou-se uma povoacao a beira-mar. Mas 0 mest re sabia m uit o bem 0 que cada um de s eus seguidores necess it ava a f im de que ele t he desse 0 impulso para 0 voo sagrado e, por i sso, dei xava que os ri cos vives sem pobremente de m odo que 0 espfrito da simplicidade despertasse neles; pore m, para aqu ele qu e havia sido um mend igo, ele dav a abund ancia suficiente.
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ASHIST6RIAS DORABI NAKHMAN
o M ES TR E D A P RE CE
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E nt re m en te s, e le vo u- se n os d om in ie s d os h om e ns u rn a la m en ta ca o
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d e m e io p ara a p er fe ic ao , e nq ua nt o a c om p ai xi io e ra c on si de ra da c om o
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p or a qu ele s q ue h av ia m d es ap ar ec id o e , l og o, f ora m d is po st as a rm a di v er go nh os a l ou cu ra . A os m a is r ic os , t id os c om o d eu se s, e ra m t ra zi do s Ihas em to das as estradas para a cap tu ra do estranho ho mem . M as n ea ni ma is h um a no s p ar a 0 s ac ri ff ci o, e m u it os n ii o h es it av am e m s ac ri fi BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om n hu m a d el as c on se gu iu a ga rra -l o, E le t ra ba lh av a i m pe rt ur ba do , a tu av a c ar -l he s s ua s p r6 pr ia s v id as , p oi s, d es ta rt e, c ad a u rn d el es e sp er av a q ue c om su a p ala vra e lev av a a qu ele s q ue h av iam s e to rn ad o se us. n a p r6x im a ree nca rn ac ao ta mb em p ud es se re ssu rg ir co m o u rn h om em ric o e u rn d eu s. N es ta m es ma e po ca ex is tia n a e sfe ra d o m un do u ma terra ch am ad a o m estre d a p re ce , to da via , v eio a s ab er d a e xis ten cia d este p ais . o p ais d a riq uez a, c on fo rm e 0 ca ra te r d os s eu s h ab itan te s. E le s v ia m u nica me nte n o d in he iro a su a m eta d e v id a e n iio q ue ria m re co nh ec er n en h um o u tr o b en ef ic io e n e nh u m a o u tr a p er fe ic ao a le m d a p ro p ri ed a de . A ssim sen do, to das as d ig nid ad es e tod as as po sico es en tre eles eram re gi da s p or e st e v al or . E ra n ec es sa ri o p os su ir b en s e m c er ta m e did a p ar a q ue a lg uem p ud es se se r c on sid erad o s im ple sm en te u rn h om em ; q uem n ii o p os su fs se e st e t an to e st av a a ba ix o d o n fv el e o cu pa va , n a a va li ac ao q ue f az ia m , I \,c ate go ri a d e u rn a ni ma l a nt ro po m or fo , e e ra a ss im d en om in ado , Q uem po ssu isse m ais d o qu e 0 p ad ra o m in im a o cu pa va u ma p os i~ ao m a is e le va da , e u rn h om e m m u it o ri co e st av a p r6 xi mo a s e st re l as ; p o is e le t in h a, a ss im a cr ed it av am , 0p o de r d a s e st re la s, q u e l ev a va m o o uro a g erm in ar n o regaco d a terra. A os m ais rico s d e to dos, po rem ,
I m ed ia ta m en te s en ti u- se t or na do p o r u m a p ro fu n da c o m pa ix ii o p ar a c om o s p ob re s to lo s e res olv eu u sar to da su a e nerg ia a fim d e co nd uz i-lo s a o c am i nh o c o rr et o. A s si m , t ra ns po rt ou -s e p ar a l a, p ro cu ro u p e lo s g u ar da s e fa lo u-lh es s ob re a v aid ad e d o d in he iro e 0 v er da de ir o s ig n if ic ad o d o m u nd o. M a s n ii o th e p re sta ra m n en hu rn a a te nc ao : p oi s, a pe sa r d e s ere m p obres e nad a v alerem , ain da assim a d outrina d a div ind ade d o o uro e st av a p ro fu nd am e nte a rr ai ga da e m s eu s c or ac oe s. E nt ii o 0 m es tre d a prece o s d eixo u, m udo u de ap aren cia, e entro u secretam en te n o p ats. T ao lo go ali, te nto u d e n ov o p en etra r n as a lm as e nto rp ecid as d o p ov o, p or em t od a a s ua f or ca i nt er io r f oi i ns ufi ci en te e e le p re cis ou p ar ti r s em ter lo grado exito, m as co m 0 in tuito d e retorn ar em b reve para n ov o
q ue n iio p od er ia m ja m ai s a ba rc ar o ua pe na s p as sa r e m r ev is ta t ud o 0qu e Ih es p erte ncia , a e ste s e le va vam a c on dica o d e d eu se s ac im a d ele s e o s s erv ia m ro ja do s n a p oe ira . E ra d e p ra xe q ue c ad a u rn d em o ns tra ss e s ua s po sses tod os o s an os, a fim d e p oder m anter sua p osicao , ascen der ou c ai r, e p od ia e nt ao a co nt ec er q ue , p or v ez es , u rn h om e m s e c on ve rt es se em u rn bicho, e u rn bicho , nu m hom em . T en do e sta be le cid o d e ta l m od o a o rd em , a le i e 0 g o ve rn o s eg u nd o a s ua cre nc a e q uerid o d e tal m od o e nco ntra r n ela 0 u ni co s ig nif ic ad o e o v er da de ir o c er ne d a e xi st en ci a, s eu o rg u lh o c re sc eu d es m es ur ad am e n te e, p or fim , v erific ara m q ue n ao e ra co m pa tfv el c om s ua g ran dez a v iv er e nt re o s s ere s c om u ns , e to do s ju nt os s e tr an sf eri ra m p ar a u m a r eg ii io d e
combate. N aqu eles d ias visitav a a terra urn p odero so her6i cu jo feito era a c on qu is ta e c ujo d es ejo e ra s ub ju ga r, p ara s i, t od as a s n ac oe s. M u it as ja h av ia m s e s uje it ad o a e le e s eu s h ab it an te s v iv ia m p ac if ic am e nt e s ob s ua m iio p ro te to ra . A qu ele s qu e s e lhe ren diam n iio s ofria m n en hu m d an o e m s ua s p os se s e v id a, m a s e le d es tr ui a q ue m o us as se l he re si st ir . C o st um aya exp edir m ensag eiros antecip adam en te a cad a na~ ao da qu al se a pro xim a va e m s ua m a rc ha , e xig in do s ub m is sa o e , s om e nt e s e s e n eg as se m a o bed ece r-Ih e, la nc av a-s e c om su as a rm as s ob re aq uele p ov o e 0 o bri ga va a s e t he s uje it ar . A co nt ec eu , e nt ao , q ue 0 po vo d o pais d os rico s sou be, atraves d e
a
b eira te rra e, pd ois q ues.c abAiass im a ele s v iv erpoa scims e-a dmontanhas, os d em ais p ov os d da aterra e lajuc lg onavte am mp la-lo , em g ru p ar ad os , p ov oa ra m o s c im o s d as m o nt an ha s, b lo qu ea ra m a s e st ra da s q ue d e la co nd uz ia m ao m un do , e d eix ara m e m ca da m on ta nh a so me nte u m a p as sa ge m s ec re ta . E st e a ce ss o o cu lt o f oi p o r e le s g u ar ne ci do d e g u ar da s, qu e es co lh era m e ntre o s p ob re s p orq ue e sta ria m c om pro m ete nd o d em ais s ua d ig nid ad e s e tiv es sem q ue p os ta r-s e n o c am in ho p ara a e sfe ra d es pre za da d o m u nd o. N este p ais , n o en ta nto , tu do fo i s e to rn an do m ais s elv atico e m ais d es ol ad o. R ou bo s e a ss as si na to s d om in av am e m to da p ar te c om o 0 gran-
aoros srinco os q do rmesercad ta nt eores d a Tque er ra fo a firam m d po e croleles eta r nenovviad os os t es ou p ar aess uad esp g rarezad nd ez a, ue e st e c o nq u is ta do r e st av a a c am i nh o d e s eu r ei no e d is po s to a c on qu is ta -l o. U m a terrfv el a ns ie da de o s d om in ou . N iio e ra 0 n ov o p od er que tan to te mia m. M as h av ia m s id o in fo rm ad os q ue 0 he r6i d av a p ou co v alo r a o o u ro , n a r ea l id a d e d e sp r ez a va -o , e n i io t o le r ar ia q u e a l gu e m r ev e re n ci as s e tal p os se. A ss im , e ram a c re nc a e a n orm a d e v id a d ele s q ue d ev eriam s er d efe nd id as d o a taq ue. U rn g ra nd e c on se lh o d o p ov ofo i co nv oc ad o. A i, o s m e rc ad or es q ue h av ia m v as cu lh ad o t od a a a m pl id ao d a T er ra , d er am n otfcia de u rna regiao cu ja riqu eza de lon ge ultrap assav a a d eles, na
o ME ST RE D A P REC E
116 ASHISTORIASDORABINAKHMAN http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n
verdade ult rapassava t oda i magi nacao hurnana, vist o que t odos os seus
destrui~ao, e hl esta Sodoma, como
e
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hoje, tocada pelo dedo do Senhor .
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Porem, somente 0 rei podia l er esta m ao." habitantes eram deuses pelo poder que suas posses lhes davam. Estas Assim falou 0 me stre , todos Ihe prestaram atencao e 0 toque da pessoas, supuseram eles entao, det inham, cer tamente, os meios de ajuBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om verdade que s oava em suas palavr as bateu em seus coracoes , dar-Ihes com suas ma os carregadas de ouro. "A gora nos conte, onde esta 0 rei?", perguntaram-Ihe a seguir. Mas, enquanto 0 conselho se reunia, 0 mestre da prece conseguiu, Alguns, porem, foram imediatamente tornados pela sua antiga paixao de novo, entr ar nessa terra estranha. Como da pri meira vez, comecou a pelo ouro e indagaram gananciosamente: "Se ele detem tal sabedoria, e falar com os guardas, e eles the contaram s obre urn her 6i i nvencfvel que ameacava seu terr it orio e como seus m aiorais pr etendiam pedir ajuda Ii terra dos deuses contra 0 invasor. Rindo, ele os censurou por talloucura e lhes falou de Deus, a fonte e a meta de toda a vida interior. Desta vez os guardas seguir am s eu di scur so com m eia atencao e, ao termi nar, urn deles falou: " E 0 que posso fazer, neste caso, se sou apenas urn indivfduo e urn hom em sem poder! " Pareceu, nest e m oment o, ao mestre como se, com semelhante resposta, urn grande acontecimento ja estivesse ocorrendo. Seguiu adiante pela cidade, onde, em todo lugar, escutou conversas sobre 0 guerreiro e do perigo que ameacava a crenca, Misturou-se a t odos os ti pos de pess oas, ouviu-as e procurou l hes m ostr ar a futili dade de seu modo de pensar. Enquanto elas the davam informa coes sobre 0 heroi e seus feitos, disse ele, a cer ta altura, a si mesm o: " Sera que e ele?"
ber n pos sfvel que poss a nos most rar cami nhos que nos conduzam para 0 seio da terra, ao lugar onde esta 0 ouro?" Entao 0 mestre ficou colerico e bradou: "Voces continuam sempre pensando em acumular ri quezas? N ao m e falem j amais dis so!" "Bern", responderam, "conte-nos em todo caso onde seu rei reside". "H oje", disse ele, "tambem eu nli o s ei dizer. M as quero Ihes contar o que acont eceu". E ele relatou 0 seguinte: "R avia urn rei e uma r ainha que t inham uma uni ca fil ha." "N a cor te do r ei viviam mestres de muit as artes e offcios. 0rei, que era 0 se nhor da ma o, a tabua de todos os mundos e tempos, conhec ia 0 lugar onde cada arte e offcio tinha sua fonte primal que manava das
"Ha tempos eu servi urn rei", r espondeu 0 mest re. "Em sua cor te vivia urn heroi, Se, como creio, for este 0 homem que ameaca sua terra, entao eu 0 conheco."
profundezas da etemi dade; e conheci a os cami nhos para est es l ugares. Sem pre que urn m estr e senti a que 0 seu dom se exaur ira e que as coisas nao mais se submetiam ao seu comando, entao 0 rei 0 enviava ao seu l ugar para renovar seu poder. As sim , aconteceu haver hi urn cantor que possufa 0 dom de encontrar pal avras e s ons encantados e com eles emocionar todos os coracoes. A ele 0rei mostrou 0 lugar da melodia inesgotavel que por si mesma , em si, volta a soar. E la havia urn sabio que 0rei enc aminhou ao sftio da luz, onde os iiltimos fundamentos se a briam e nenhuma camada podia r esis ti r ao olhar. Quanto Ii minha pessoa, mostrou-me 0 lugar da alma onde a fonte do fogo se arre mete u contra mim e o poder de minha prece se rejuvenesceu em seu jorro. E da mesma ma-
"Mas de onde voc e 0 conhece?", perguntaram. D iant e do que comecou a r elatar 0 seguinte: "0 rei de quem lhes fa lo possufa urn desenho maravilhoso que se parecia ao formato da mao com todas suas linhas e sulcos. Era uma tabua que representava todos os mundos em todos os te mpos, e onde quer que oeorresse algo; ali estava registrado para ser lido 0 destino das na~O es, cidades, homens e todos os cam inhos par a est e mundo e os caminhos ocultos para os mundos distantes. Nele se encontrava cada coisa como era na hora em que 0m undo foi criado, como ficou desde entao e Como e hoje. Assim, Sodoma esta registrada em sua arrogancia, antes da
nei ra este conquist ador, de quem voces tern medo, deve ao rei a perfei~ao de sua invencibil idade. Pois ele 0 guiou Ii trilha que leva ao sftio onde se encontra, na terra, a espada da vitoria, Ii cuja vista todos os viventes que Ihe obstruem 0 cam inho se prost emam. E 0 rei the deu a espada. Mas, de tempo em tempo, cumpria-Ihe retomar a este sftio e plant ar a espada na t erra que a nutre e a sant i f ica par a novas guerr as. "Quando a filha do rei tomou-se moca, seu pai convocou todos os siiditos para que 0 aconselhassem na escolha de urn mari do. M eu conse lho foi que ela fosse prometida ao heroi, Assim oc orreu e 0 her6i e a princes a se casaram. Depois de urn tempo, a filha do rei teve uma
- e era como se 0 conhec esse. Este fa to foi notado por alguns que ja estavam exasperados com 0mestre da prece por ele haver ridicularizado sua lei; agarraram-no no ato e trouxeram-no diante dos detentores do poder a fim de que 0julgassem como blasfemo da fe e como alguem que est a ali ado ao adver sari o deles. Os j ufzes 0 interrogaram para saber s e conhecia aquele conquistador.
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o ME ST RE DA P REC E
ASHIST6RIAS DORABI NAKHMAN
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crianca que era urn lurninoso m ilagre de beleza e dela em anava es-
"Quando
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d o demonic s e a bra nd ou " d is se e le , " os h om en s
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p le nd or. C heg ou ao m un do co m p erfeito c on hecim en to ; a pen as a fala p erm an ec eram p or ali in defe so s e d is perso s, lo ng e d os lu gare s d e o riain da the faltav a, m as em s ua s expressoes p od ia -s e l er q ue e nt en d ia 0 g em o nd e m o ra va m; p on de ra ra m entao q ue t in ha m n ec es sid ad e d e u rn slide pdf.c om s ig nificad o In tim o d e ca da p ala vra. A te o lha va p ara as co isa s BUBER, m ud as Ma r tin. As histór ia s de Ra big Na uiakhma e m ned- ita ra m s ob re q ue m d ev eri am e le va r a ci ma d ele s c om o s eu re i. com o se elas the c on tas se m alg o e ria p ara elas , nao com o se sucu mT od os e stav am d e ac ord o q ue aqu ele qu e es tiv ess e 0 mais p ro xim o d o bisse ao capricho do m om ento, m as com o se proviesse d e urn grand e e significado da v id a d ev eria s er seu se nho r. M as so bre 0 s ig n if ic ad o d a se c re to c onh ec ime nto. v id a h av ia m u it as e d if er en te s o pi ni oe s. O s homens na o c on se gu ia m c he "Entao aconteceu qu e todo s aqueles hom en s do rei viajaram ao m esm o tem po, cada qual para seu lugar, a fim de renovar seus dons. N es te m o me nt o u rn g ra nd e fu ra ca o a ba te u- se s ob re 0 m undo e em sua furia m i st ur ou o s e le m en to s e nt re s i, t ra ns fo rm a nd o 0 o cea no e m terra firm e e , a terra firm e em o ce an o, e ferteis ca mp os d os ho me ns em erm os d es erto s. B ra man do , tam be m p en etro u n o p alac io d o rei, a rreb ato u e m su as asa s a m arav ilho sam en te b ela cria nca d a filha d o rei e a le vo u em b or a e m ra p1 do turbilhao. 0 r ei , a r ai nh a e a f il ha d o r ei p re ci pi ta ra m -s e t od os e m l am e nt os a r r a s d el e, m a s n o m o ns tr uo so r ev ol ve r d os e le m en to s n i ng u em e n co n tr o u 0 c am in ho p elo q ua l a c ri an ca f or a r ap ta da , e a ss im s e d is pe rs ar am e m t od as a s d ir ec oe s, p er de nd o -s e s em r um o . E nt re m en te s,
g ar a n en hu m ac ord o e a n en hu ma d ecisa o. " Al gu ns ju lg ara m e nc on tr ar ta l fi na li da de n a s ab ed or ia ; p ois p od e alguem t ira r d e t od as a s c oi sa s a lg o melhor, diziam, d o qu e conhece-las? O utro s, p ore m, lev an taram a o bj~ ao d e qu e a s ab ed oria e u rn jo go imitil se m 0p od er d as p alav ras e se c on su rn ir ia e m s eu p ro pr io c fr cu lo s e n ao e st iv es se a ss oc ia da a o d is cu rs o q ue a c on du z a o r ei no d o a tu ar e d o a eo nt ec er; a p ala vra e 0 s ig ni fi ca do d a v id a. A in da a ss im e xis ti a u m g ru po q ue d ec la ra va q ue t od o 0 sab er e d iz er v ern d o o utro e v ai p ara 0 o u tr o ; i n te ir am e n te p r op r ia , na o t oc ad a p or n ad a q ue s eja e st ra nh o, r ei na va a pe na s a b el ez a, q ue re po us a e te ma m en te e m s i m e sm a. S o a e la s e d e ve b us ca r. S o a e la s e d ev e s erv ir. M as o utro s, d en tre e le s, b rad ara m qu e a b eleza n ao
ur n apos outro, cada urn deles voltou de seu lugar para casa do rei e t o do s d e pa ra ra m 0 p alacio ab an do na do . E to do s, em s ua a ng us tia , sa lra m a p ro cu ra d os p erd id os se m es perar p elo s co mp an heiro s. D ess a fo rm a, n os s ep ara m os u ns d os o ut ro s, e p ro cu ra mo s p or to do s, e m t od as as distancias." A ss im lh es c on to u 0 m estre d a p re ce, e a s g en te s 0 o uv ira m c om g ra nd e a dm irac ao , D elib era ra m s ob re s ua p esso a e d ecid ira m n ao p erm itir q ue s afsse d a cid ad e, p ois se a qu ele hero i re alm en te p ro va ss e se r s eu a m ig o, p od er ia in te rc ed er p or e le s, v is to q ue o s m en sa ge ir os d o h ero i j a hav ia m ch eg ad o ao p als e ex ig id o submissao, Tambem 0 grande h er oi , e le p ro pr io , a ch av a-s e c om s ua s h os te s c ad a v ez m ai s p ro xim o d o
s er ia n ad a re al s em a lg ue m q ue s e r eg oz ija ss e n el a; e la n ao e n ad a m ai s d o q ue u rn a c ois a e u rn a im a ge m d a a le gri a, n as ci da m is te ri os am e nte d es ta , m o st ra nd o p o r t od a a p ar te e sp an to sa a le gr ia , e nv oi v id a p el a alegria; aleg ria e 0 s ol e m c uja c al id a l uz a v id a s e u lti ma . N ao o bs ta nt e, h av ia a in da a lg un s o ut ro s q ue o uv ia m i ss o d es de nh os am en te e c om o s l ab io s c om p rim id os , e lo go s e fi ze ra m e nte nd er q ue s eri a t ol ic e a sp ir ar a t ai s f ug az es e i ns ta ve is v ai da de s; a v er da de ir a f in al id ad e d a v id a e a m o rt e e r es pi ra r e m s ua a tm o sf er a d ur an te t od o s o s d ia s t er re no s de a lg u em e a i in ic a d ig n id ade da existencia, A es te s, e ntre ta nto , alg un s rep lica ra m qu e a m orte s o o po e l im it es a o c ur so d e q ue m e p as siv o e n ao a tu a; m as q ue m n a v id a c ri a o b ra s e c o nq u is ta h o no r , e st e r es is te a d e st ru i ca o , v i st o q u e e le s e a p re s en ta
p ai s d a r iq ue za e , e nq ua nt o s eu s e nv ia do s e st av am a in d a c on fe re nc ia nd o co m o s ho me ns m ais p od ero so s d o rein o, ele ja es ta va c om su as tro pas d ia nte d as m ura lh as e ag uard av a a d ecisa o, Q ua nd o o s rico s ap elaram , e nta o, a o m es tr e p or p ro te ca o, e st e l he s d is se q ue ir ia a o c am p o d o h ero i p ara v er s e re co nh ec eri a n ele s eu a nt ig o a mi go . A ss im 0 f ez e , c ru z an d o c om u rn d o s g u er re ir os , comecou a c on ve rs ar c om e le . "Q uais sao seus costum es", pergu nto u, "e com o foi qu e voces se t om a ra m s ti di to s d es te h om e m ?" Entao 0 so ld ad o relato u c om o fo i qu e 0 g ra nd e fu ra ca o s e a ba te u so bre o s filho s d o m un do .
c om o i ma ge m a s g era co es d is ta ntes n a ho ra d e s ua reflex ao e faz d e si p ro p ri o u m a e st re la ja m ai s e xt in ta n os t em p o s v in d ou ro s d o h om e m ; h on ra e 0 s ig n if ic ad o d a e xi st en ci a, p o is e la 0 un e a etemidade. " De sta m an eir a d is cu ti ra m p or s ete d ia s e s et e n oi te s s ob re a fi na li d ad e d a v id a ate qu e se lhes to mo u m an ife sto n ao h av er p on te d e lig a~ ao e nt re u ns e o utr os . C ad a g ru po s e p Os a c am in ho , u rn a p6 s 0 o u tr o, e c ad a qu al p alm ilh ou s ua s en da p ara e le ger u rn p als e u rn p rin cip e co nfo rm e s eu p on to d e v is ta ". " Eu , p o re m ", d is se 0 g ue rreiro ao m estre d a p rece , "e ~ eu s ~ om pan he ir os , u rn a n u rn er os a h os te , e ra m os h om e ns f or te s, m a s n ao h ab it ua do s
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A S H IST6 RI AS
D O R AB I N AK HM AN
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a discur sos e nao t om am os par te na disput a. N o entant o, nli o podfamos no s jun ta r a n enh um d os g ru pos, po is se ntfamo s em nosso sang ue e no
o MESTRE D A P RECE
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p edreg oso da co lina , a figura de uma c oroa. Fique i, po is, sab end o que ali 0 rei ha via morad o e qu e, jun to d ele, a li repo usara a sua co roa , qu e
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n lio pod e p ermane cer em ne nhum lug ar se m de ix ar ne le a sua image m. bater de nossos coracoes co mo a v ida c arece ria de se ntid o sem a fo rca E de toda a parte em derredor vinham a mim, do ar, os poderosos e e, alem diss o, nada podfamos ver com respei to a est a, excet o exercitaBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om soli tari es l am entos. M as, do r ei nao pude encontr ar nenhum rast ro. la e influenciar 0 seu uso por outrem. Quando entao os demais se fo" Adiante cam inhei por uma terr a de areia. La observei no solo granra m, nos n os apron ta mos e tam b ern partimos e, a nossa chegada, todas des got as de s angue que ali perm aneciam; nao escorr iam e nli o secavam as criaturas se escondiam. Urn dia urn jovem heroi veio ao nosso en0
contro e exigiu s ubmi ss ao. Q uando a r ecusamos, ele ergueu uma espada e a manteve apontada contra nos e, a simples visao dela, nos lancou por t er ra. J ur am os -l he fi deli dade, ele ass um iu 0 domfnio sob re n os e , desde entao, 0 s egui mos tr iunf antes de nacao em nacao, Porem e estran ho dize r, no sso sob erano assev era q ue nem a fo rc a ne m a con quista const ituem para ele 0 sentido da vida; ba ou tro e se u caminh o c ond uz a ou tra meta, Pa ra n os, e ntretan to , seu p are ce r e sua von ta de slio obscuros, embora, durant e t odo ess e t em po, urn amor por noss o gui a t ocou nosso s corac oes e n os fe z abrir os o lh os, de modo qu e v islu mbra mos c oisa s q ue a ntes nos esta vam ce rrada s, e 0 mundo nos parece maior e mais brilhante." D epoi s de tudo ouvir 0m est re pediu para s er conduzi do ate 0 heroi. Assim foi fe ito, e qua ndo os dois h omen s se enc ontra ra m re co nhe ceram-se e se ab rac aram, Ma s a d or pe lo s que se perde ra m pa irou so bre eles. "Quando eu entao voltei de minha viagem, apos a tormenta que devastou 0 mundo", disse, pois, 0 heroi sobre 0 seu destino, "encontrei minha casa devastada e todas aspessoas que me eram caras desaparecidas. Af, e u nlio mais dita va 0 c aminho aos meus p assos, porem errav a e m cfrculo, ao acaso. Enquant o assi m vagava, cheguei a urn lugar onde m eu corac ao, por si me smo, te ve a ce rteza de q ue ali 0 rei deveria estar, mas nlio pu de ac ha-lo . En tiio fui ma is a le m. Em uma ou tra oc asiao sen ti a proxim idade da rainha. E, assi m, em m eu cam inho m eus pes pis aram os locais de t odos os m eus entes queri dos s em encontrar urn so. Mas 0 seu, eu n ao vi, e meus p assos na o cru zaram os seu s." "Eu tambem", respondeu 0 me stre , "an dei p or tod os e sses sftios ond e a que le s q ue no s slio c aros se d etiv era m para se la men ta rem, e em cada local, 0 lamento havia se alojado nos ramos das mores e na gargan ta d os pa ssaros, e assim ouv i a s mores farfalha re m e os pa ssaro s cantarem para m i m , E la ond e fica 0 seu lugar, tambem estive. "Af espa lha do sobre uma c olin a, p aira va u rn brilho do ura do que nao se esvanecia mesmo a luz do crepuscul o e 0brilho pintava, no cume
e, nelas, de adois dirigir-se cima. Eu sabia se remmirar aq uelas s lagolhos rimas parecia da rainha que a s ahamim, via veem rtido de seu s angue. E atr aves da areia toda s us surr ava 0 lamento, suave e entrecortado . Mas a rainha nao se a ch ava em lu gar a lg um o nde pud esse se r vislumbrada, naquelas abertas e extensas planuras. "S af d e la e u ma manh a d epa re i c om urn riach o sob re 0 qual f lufa urn estreito veio leitoso que nao se misturava a a gua . E d o r ia cho vinha o do ce e temo mu rrmirio de urn meigo e la stimo so aca la nto q ue n unc a t er minava, e afl ui ndo aparent ement e sem qualquer m udanca, s em pr e na m es ma m edida, f azia nascer ainda, de si , sempre novos sons. E eu sabi a que 0 le ite brotara do seio d a filh a d o rei e nqu anto a li estiv era e se a fligira po r sua cria nca . Ma s ela mesma la nlio se enc ontrava . "Mais tarde dei com urn rochedo gigantesco em uma chameca. Sentei- me proxi mo a ele e per cebi que est ava cober to de si gnos. R econheci as li nhas e os cam inhos semelhantes aquel es que estavam gravados na m ist er iosa m ao que per tencia ao r ei . A qui est iver a 0 sabio do r ei e tentara copiar algumas linhas da tabua dos mundos. E tambem do mudo rochedo falava 0 l am ento com atona voz. "Em ou tra oc asia o ga lg uei um esp in hac o muito Ing re me, ate qu e alcan cei urn lu gar o nde se ab ria um ab ismo a pe rd er d e vista na e scu ridao. Mas a escuridao nao estava vazia; pelo contrario, um tom lamentoso pa irav a em se u interior, oscila va p ara fre nte e p aratras n o espac o e enr edava- se no i lim it ado e t om ava a vol t ar . A qui 0cantor do rei est iver a e sua can~lio preenchera 0 abismo. "Entao cheguei a um prado onde crescia uma unica arvore com ampla ramagem. Debaixo dela a terra estava revolvida, como se tivesse sofrido o go lp e d e u ma e norme espad a. E da cav id ade ascen dia urn remoto su ssurr o do l am ento. La eu reconheci a s ua presenca. "Po re m, e m o utro dia meu s pa ssos me con duz iram para den tro de urn val e, na f lorest a. A vi st ei ali , espal hado s obre urn l im o cinzent o, urn cacho de cabelo l oi ro com o 0 s ol que bri lhava com l uz propr ia. Logo, a minha volta, entre os arbustos, percebi a suave pegada de urn pe descalco
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ASHIST6RlAS DORABI NAKHMAN
de crianca, e a relva curvava-se dos dois lados das pegadas. Mas nao havia nenhurn vulto no entremeio. Enos arbustos havia urn palavreado,
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o MES TR E D A P REC E
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l10es se algo s ucedesse e se um deles achass e que 0 outro deveria saber. D epois ent ao s e separaram e 0 mestre seguiu 0 seu caminho.
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Ness e m eio t empo, a f im de prevenir 0 perigo, 0 povo do pals das nao como urn lamento, mas como uma clara e tranquila con versa infantil riquezas empregar a tregua obtida para enviar mensageiros aquede quem tem toda confianca no futuro. Mas a con v ersa nao vinha de Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma ndecidiu BUBER, - slide pdf.c om la t err a cuja r iqueza era tao i nfinita que t odos os seus habitant es foram nenhuma boca; ao contrario, pendia e esvoaca va por sobre as moitas por eles considerados deuses. Os mensageiros partiram em suas viaturas, como teias de aranha." mas s e enganaram quant a a via correta e perderam-se. Enquanto vaga''Por todos estes lugares tambem andei", replicou 0her6i, "mas junto ao cabelo dourado de meu filho eu me demorei, chorei e sete fios deles eu l evei com igo. Eles bril ham nas sete cor es do arco-Ir is e s ao m eu cons olo em t odos os m eus cami nhos . "Q uando m e levant ei e s egui adiant e encontrei um banda de gente forte ao qual dominei e a cuja frente me coloquei, a fim de conquistar 0 mundo para 0 meu rei". Entao 0 mestre se lembrou do povo do pa is da riqueza e re latou ao her6i a re sPeito da loucura que se abatera sobre eles e qua o profundamente estavam tomados por esta mania. Confidenciou-Ihe que the parecia uma ta refa qua se impossfvel mudar seus pontos de vista. "Pois", dis se ele, "onde quer que 0 homem decida ser alguem ou fazer algo, hi permanecem suas rafz es no humano, e a partir de suas rafzes ele pode curar-se, e no que quer que se empenhe, no s aber ou na pal avra, na bel eza ou na alegria, na morte ou na honra eterna, pode ser salvo por seus pr6prios intermedios e pode fundamentar sua vida. Onde, porem, 0 homem s e prende a il usao de possuir algo, af ele arranca suas rafzes do humano; elas nao mais t he ext raem a cura do solo humano e nao conheco ajuda para ele". " Uma vez ouvi de nosso rei", falou 0her6i, "que e possfvel libertar os homens det odos os erros, menos do erro do ouro. Pois , para aqueles que nele cafram existe s6 uma salvacao: devem ser conduzidos pel o caminho que leva ao lugar de onde a espada magic a empresta seus poderes". Ambos se puseram entao, de novo, a pensar em como, tambem, des aparecera a mao, a t abua do mundos e dos t empos, juntamente com 0 rei e os seus e refletiram em como 0 vento tempestuoso dispersara os cam inhos par a os sf ti os onde os poderes s er enovavam e a mao nao estava la e 0 rei nao est ava present e para os fazer conhecer os novos cam inhos. A angusti a os acometeu mais f orte do que j amais anteri orm ente. Entao, 0 mest re solicitou tr egua e adiamento para 0 sitiado pais, pelo qual seu coracao se apiedara, e 0her6i os concedeu. O s doi s concordar am em trocar s inais medi ante os quais eles passariam i nform a-
yam pelo mundo procurando, encontraram, urn dia, um homem que trazia em suas maos um bastao dourado i nteiramente revest ido de pedras cintilantes, das quais lampejavam raios, como se fosse de uma constelacao. Tinha 0 chapeu cingido por cor d5es de perolas que pareci am r eunir os tesouros de todos os mares. Toda a riqueza de seus deuse s tomada em conjunto era como se fosse um brinque do infantil comparada ao incomensuravel valor das j6ias que 0estranho carregava sobre si. Ao avistalas cafram por terra com as faces na poeira e gaguejaram palavras de adoracao; pois 0que poderia s igni ficar para eles esta vis ao, senao a presenca do deus aci ma de todos os deuses? Na ver dade, por em, tr atava-se do tesoureiro do rei que entao, quando 0 vento t empes tuoso alt erara a face da terra, escondera os tesouros de seu senhor e, desde entao, os guardava. Ele mandou que se erguess em, e quando the per guntaram ansiosamente quem era, deu-Ihes esta informacao. Entao the imploraram que mostrasse os t esouros do r ei. Ele os conduzi u a gruta na montanha onde os ri cos tesouros j aziam dispos tos l ado a lado. Quando os mensageiros viram os tesouros, disseram uns a os outros: "Por que ainda devemos ir a procura daqueles deuses? V amos pedir a este homem que venha conosco, pois com certeza ele e mais poderoso do que todos os deuse s que c onhecemos". Fizeram-lhe 0 convit e e ele se apr essou em acompanha-l os. 0 homem Ihes ordenou que pegassem 0 tesouro e 0 carregassem em suas ca rretas. "Mas tomem muito cuidado", ele os preveniu, "para nao de sejar estas coisas como se fossem dinheiro, poi s onde quer que alguem alm eje sua posse e as empregue abusi vament e como f uteis haveres, 0 nobre bem para 0 qual foram criadas, qual seja, 0 de produzir alegria e ser 0 adorno da vida, tr ansform ar- se-a em p6 per ante seus cti pidos olhos". Os m~nsageiros ouviram isto com espanto, e s6 depois de um tempo foi que compreenderam 0 significado de ta is palavra s. Entao carr~gara~ os tesouros e partiram com eles para c asa. Durante todo 0 trajeto mirayam apenas furtivam ente, com olhares nmidos e ansi osos, as riquezas espalhadas
sobre as carretas.
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AS HISTOR IAS DOR ABI NAKHMAN
No pais da riqueza foram recebidos com delirante jubilo, pois agora seus habit antes julgaram- se l ivres do heroi, uma vez que abr igavam 0
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o MESTRE DA PRECE
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rei de acordo com suas ideias. E n6s, que havfamos reconhecido ser uni camente a sabedor ia a meta e 0fundamento de toda a existencia, nos
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deus de todos os deuses, no interi or de suas m uralhas. 0 t esour eiro, que tambem procedemos assim e percorremos a superffcie da terra it procura percebeu 0engano do pais, prom ul gou decretos para os gui ar; proibi u a do sabio, que deveria ser 0 nosso soberano. Assim fazendo, encontraBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om adoracaq aos deuses, 0 sacriffcio e 0aviltamento dos despossufdos; pomos um homem sentado num lugar com a cabeca jogada para tras que rem, por mais que tentasse e por mais que exortasse as pessoas, nao conseguiu demove-las, Entretanto, como elas Ihe falassem incessante-
contemplava asestrelas. 'E 0senhor' , nos Ihe perguntamos, '0sabio que conhece 0 mundo tao bem que nenhum canto escuro lhe escapa aos olhos
mente do heroi e I he pedi ssem que as li bertasse do per igo, 0 tesoureiro foi ao acampamento, e fez-se conduzir a presenca do comandante. Logo se rec~nheceram, urn ao outro, com grande alegria. Passado urn tempo, o heroi comecou a falar e contou t odas as coisas que haviam acontecido e t am bem daqui lo que 0 mestre da prece I he narrara. Em seguida, falaram do pais das riquezas e 0 heroi fez saber ao seu amigo qual era a tinica via d~liberta~ao. Entao 0tesoureiro solicitou-Ihe nova tregua.que ele lhe concedeu, Tambem combinaram sinais para troca de mensagens e depois se separaram.
e nenhurna senda pode se perder ante suas buscas?' 'Eu conheco a vida das estrelas', respondeu ele, 'e desta forma conheco 0 mundo'. Mas continuamos a conversar, 'e quando 0tremor se abateu sobre as estrelas no dia da transf or macao e as despedacou, 0 que 0 senhor soube entao?' A f ele se cal ou e nao nos deu resposta. E, mais adi ant e, deparamos outro que, dei tado na praia, m irava para dentro do mar, enos Ihepropusemos nossa per gunta. 'Eu conheco a vida do m ar', falou, ' epor i sso conheco 0 mundo'. Entao Ihe perguntamos, 'e quando 0 sol engoliu 0 mar, no dia da reviravolta, 0que 0senhor soube entao?' A este respeito tambem ele ficou silencioso e n6s seguimos adiante. E, assim, encontramos muitos s abios absorvidos em suas contemplacoes, e cada ti po de sabedoria se
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tesoureiro voltou ao pais das riquezas e falou ao povo: "Aceitem meu conselho que 15a unica maneira pel a qual poderao resi stir com f irmezamagica ao her6i! La, ao l onge,0 no f imdedas esquecidas estende-se em luz crepuscular local onde a espadasendas, do heroi tira sua mi steri os a forca. Es te 150 lugar que precisamos procurar; somente la voces se tornarao livres". As pessoas ficaram muito contentes com isso e rogaram a seus mui louvados deuses, os hom e ns mais rieos do pais, para que eles proprios acompanhassem 0tesoureiro. Este, porem, inform ou ao her6i sua i ntencao e, no luseo-fuseo da manha seguinte, 0 heroi disf arcado vei o se j untar a ele. Ao m estre da prece, igualment e, enviaram a informacao, Tambem ele veio para os acompanhar, saudando os recem- encontr ados camaradas com radi ante alegri a e assi m seguiram para la com os mensageir os da terr a dos tolos. Mas como havia sucedido que, a t erra eom t odas as suas est radas havia s ido alt erada desde a epoca do vento tempestuoso, decidiram viajar de r eino em reino, ate chegar ao lugar certo. Ap6s muitos dias de viagem, avistaram urn reino cuja muralha fr onteiri ca se est endi a a perder de vis ta. Pararam urn homem e Ihe per guntaram que pai s era este. "Quando a grande tempestade visitou a terra e misturou todas as suas essencias ",replicou, "os bandos de homens entraram em discordia e l ut aram uns contr a os outros acerca do si gnificado da vida. C ada bando seguiu seu caminho para constituir um povo por si e escolher urn
estilhacava em face it nossa pergunta. Uma vez, porem , avis tamos em nosso caminho urn anciao sentado s obre uma pedra, com os olhos m ui to abertos, mas nao dirigidos it sua frente ou para qualquer objeto ou ser no espaco, mas sim , a contemplar aquilo que est ava encerr ado em si. 'E o senhor', nos Ihe indagamos, '0 sabio que conhece 0mundo?' Ent ao ele nos olhou e disse: 'Eu conheco minha alma. E 0 firmamento que ninguem pode despedacar, Eo mar que ninguem pode engolir'. Nos nos curvamos perante ele e Ihe pedimos que fosse nosso prfncipe, Ele nos acompanhou e tomamos posse desta terra". Ai, 0 mestre e seu povo souberam que aquele sabio deveria ser 0 extr avi ado conselheiro do rei. Anunciaram-s e, e ele veio ao seu encontro e os saudou com alegria, e conversaram sobre todas as coisas que haviam aeontecido e deverao acontecer. Quando Ihe contaram acerca da terra da riqueza, ele disse ao mestre. "E verdade que aqueles que estao il udi dos pelo Duro so s erao curados pal mil hando a estrada que conduz ao lugar onde se refaz 0 poder da espada. Mas, antes, tera de conduzilos para alem daquele si tio, ate chegar a uma alta e escura m ontanha. Se cami nhar por ali , com olhos atentos, notara uma est reita f enda, bastante larga apenas para que urn homem possa encontrar urna entrada para passar, Acim a desta port a, vera gigantescos passaros pai rando ou movimentando-se no ar e, por eles, podera reconhecer 0l ocal cert o. A por-
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ASHIST6RIAS DO RABINAmM'N
ta conduz a uma gruta. Nesta gruta ha uma cozinha onde, desde os prim6rdios, 0 verdadeiro alimento do genero humano tern side prepara-
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OMESTREDAPRECE
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chegamos a uma praca de mercado onde urn homem postado numa tribuna falava a m ult idao e sua palavra parecia deitada sobre 0 coracao
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do em calde iroes de bronze. Voce nao notara fogo: ele e impelido ate desnudo como 0 toque da mao. E n6s dissemos, urn ao outro: 'Agora esse lugar atr aves das profundas e i nvisfvei s tri lhas das montanhas de iraQ com ele como uma grande onda e farao a sua vontade!' Todavia, Na khma n - slide pdf.c om fogo da terra; os passaros no ar ati cam-no com seus volt eios ou BUBER, abran- Ma r tin. As histór ia s de Ra bi quando terminou, 0povo 0deixou sem pressa e voltou aos seus afazeres ~am- no, conforme seja necessari o. 0 alim ento que ele cozinha e 0 que 0 como antes, enquanto sua palavra ainda pairava sobre suas cabecas. hbert a da l oucura. Saiba, porem, que s om ente aquele que, por vontade Em outra ocasiao, chegamos a urn jardim onde varies jovens estavam pr6pria, pisar ali sera por ele curado." s ent ados em cfrcul o, ao redor de urn homem que ensinava e lhes expli Estas foram duras palavras para 0 mestre, e ele e 0 sabio exortaram cava as coisas dos ceus e da t erra e suas palavr as eram com o uma t orrente os ri cos a des pertar t al desejo, em seu Intimo. 0 sabio falou com grande de fogo. E n6s f alamos, ur n ao outr o: 'A gora sua palavra penetrara neles clareza sobre a futi li dade do dinheiro que nao e senao urn m odo vazio de e inflamara af a verdade'. Porem, quando ele termi nou, cada urn dos que troca entre os homens e nao tern, em si, valor nenhum nem dignidade; ali estava comecou a propor perguntas ao outro, e este a dar respost as de recebendo tao-somente valor e dignidade do proveito e da bele za das acordo com a resposta do m estr e; poi s a palavr a havia morr ido em seus coisas que traz a fim de juntar ou que leva a separar. E 0 mestre falou, espfr itos e l ajazi a como pes ada esc6ri a. E i sto vei o a nos acontecer por em s agr ado ~rvor, de como t oda a propriedade de coisas e va e tr ansit 6varias vezes. ria e que, somente a alma, que renuncia a todo desejo de possuir, tern a " Mas uma manha chegamos a uma clareira na fl oresta onde urn hoverdadeira vida. Eles escutaram essas palavras com grande atencao, como mem se apoiava numa arvore e cantava para si mesmo de forma singuem tempos passados, porem como se fora uma mensagem em lingua l ar; pois cantava e cantava, depois si lenciava e as mores entao sussurestranha, de cuja escuridao apenas .aqui e ali soasse urna pal avra comravam para ele uma canejo irma e, quando emudeci a, grandes vozes preens fvel; m as, nem por isso, foram movidos a converts -las em vontavinham ate ele dos rochedos; e, de novo 0 homem comecava a cantar e de pr6pria. 0 mest re senti u-se entao profundamente desolado e quase as coisas tornavam entao a silenciar, e ficavam a escuta, porem tao logo decidido a regressar. ele se det inha ouviu- se urn passaro e logo urn coral depas saros e quando o sabi o, porem, disse: "Nao permit a que iss o 0 aborreca. Sei que eles se cal avam, urn ri acho respondia ao seu s ilencio e cant ava. A ssim , a nao esta distante 0 dia em que a loucura sera dissipada da terra como se can~ao daquele homem estava a sua volt a, e vivia em t odos os lugares e, fora urn pesadelo da madrugada. Se para n6s, tambem, a estrada nao e no ent anto, era s empre diferent e e nova, poi s cada uma das coisas t inha conheci da e por isso mesm o mal podemos procura-Ia, tal com o um cego o seu pr6prio e born modo de cantar. As coisas e os seres levavam a que tateia a sua tr ilha, nao perm ita, entretanto, que 0 aborrecimento 0 cancao adiante; 0 pr6prio ar tomou-se uma boca cantante e ca rregou a im peca de i r adiant e, eo caminho lhe sera i ndicado. E dei xe-me t ambem melodi a para outros m undos. N 6s tambem f om os tornados pelo desejo ir com voce. Mas saiba que salvei a mao da tempestade, a tabua dos de cant a-l a; ela chegou a nossos l abios e nossos coracoes estavam plemundos, e a encobri, e nunca mais desejei ve-l a; pois ela serve somente nos dela. Ela ainda estava em n6s quando nos inclinamos diante dele e ao rei, que e a unica pessoa a quem foi dado 0 poder de l e-Ia. Q uero lhe pedimos que nos acompanhasse, como nosso prfncipe." l eva-la com igo, ela tambem, para que perm aneca sob meus olhos". EnEntao 0 mestre da prece e seus amigos souberam que ele nao poderia tao, juntos, partiram. ser out ra pessoa s enao 0 cantor do rei, diante do que pediram para ser Passado algum tempo chegaram novamente a urn pais e, de novo, conduzidos a sua presenca e 0 saudaram com alegria. Quando descobriu interrogaram urn hom em que encontraram ao l ado da m uralha. o prop6sito de sua busca, tambem os acompanhou. "Quando a confusao separou os homens uns dos outros, contouJuntos, ap6s uma longajomada, chegaram a front eira de urn pai s e, lhes ele, eu e meu povo fomos aqueles para os quais a palavra, acima de mais uma vez, voltaram a inquirir urn de seus habitantes. t udo, pareceu preci osa e si gnificante. Vagamos de lugar em l ugar a fim "Somos aqueles para os quais ", declarou ele, "naqueles dias de disde encontrar 0 mestre da palavra que deveria ser 0 nosso rei. Assim, c6rdia t ornou-se m ais claro do que nunca que nada s e compara a beleza
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ASHIST6RIAS DORABINAIGiMAN
q ue pe rse vera no turbilhao e venc e inalte rada a todo ataque. Po r isso , dec idimos p erc orrer toda a Terra e p rocu rar uma essencia da be le za a
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o ME STR E D A P RE CE
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da h onra . Quan do nos sepa ramos do resto do mundo que rfa mo s tomar noSSO rei urn eleito e abn egado filho d a hon ra. Procuramos por que m
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pers is ti ss e em ser tao pur o e hones to em s eu senso dej ust ica para tomarpassara m e n6s continu amos a ind a a vaga r de u rn lad o pa ra o utro sem se no sso go vemante. Ma s nao havia ningu em q ue a os n ossos o lho s se BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om urn senhor, Poi s, em t odo l ugar , a paz do sembl ant e estava distorcida apr oxim ass e de tais requis it os. A te que as estr el as nos gui ar am ao noss o pela cupidez e os olhos of uscados por im agens sem senti do. A ss im , esrei. Ele se achou numa colina, ao seu lado estava a sua coroa, mas em tavamos quase desistindo de nossa meta quando, num ermo despovoado, vol ta de sua cabeca bri lhava urn m ist eri oso f ulgor. Seu olhar penet rava d emos com uma estranha mulher. Estava sen tad a so zin ha em me io a o nas esferas futuras. Tudo em seu derredor prestava-lhe silenciosa homeermo e sua face era branca, sem urn s6 movimento. Nunca havfamos nagem. Curvados ate 0 chao, honramos 0 solo a seus pes, e 0 elevamos visto uma tal beleza e nunca uma tal angiistia como a que a sobrepairava, sobre n6s com o nos so prf ncipe" . sem des tr ui r, sua beleza. Aj oelham o- nos diant e da m ul her e express aA soleira do palacio 0rei f oi aoencont ro de s eus s uditos e, ante a s ua m os nosso des ej o de que ela s e t om ass e nos sa soberana. Tres vezes t ivesaudacao, fundiram-se todas as resistencias, A graca do m om ento incenmos de proferir 0noss o pedido ate que ela nos ouviss e. Na t er ceira vez, diou tod os os co rac oes. Ma s ainda agora, a imagem da cria nca perdida inclinou a cabeca, E, embora continuasse imutavelmente prisioneira de nao se desvaneceu. Af , 0 rei declarou: "0 t em po com pl etou-s e, os cam isua dor, torhou-se nossa graciosa soberana." nhos estao destravados, 0 erro tr ansf or mou-se em saber e a escas sez em Assim foi en contra da a filha do rei e ela, igualmente, se guiu c om a ge nte de seu pa i, po is d entro dela, c omo dentro de n6s, cre scia a e spera nca e 0 pressentimento. C ontinuaram por urn t em po e chegaram a urn paf s que perm anecia em si lencio e, s om ente com m uit o esf orco conseguiram obter r espost a de urn de seus habitantes. " Est a e a t er ra da m or te", diss e ele," e n6s, aqueles que aqui vi vern, viv em sob as a sas da morte. Pois, quan do os outro s ho me ns nao qu iseram re conh ecer seu p oder, n6s nos se paramos deles e marchamos a frente em busca de seu vice-rei na terra. Por longo tempo nao nos foi dado 0 privil egio de encontr a-l o. C ontudo, uma vez, a beira de uma gruta, num penhasco, encontr am os uma mulher de cabel os brancos que l aperm anecia i m6vel e ereta, e vim os que est ava s ob 0 feitico da morte. De seus olhos corriam lagrimas de sangue que cafam sobre 0 solo desolado, pois elas haviam dest rufdo t oda a vida, da r ai z ao fruto. N 6s a conduzimo s em nossa ca rruagem rea l, e a trouxe mo s para c a, e fu ndamos nosso reino" .
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o m est re e seus ami gos f oram levados a presenca da r ai nha e i ncli na ram-se sobre suas maos e a filh a do rei a ab raco u; a ind a assim ela nao des pert ou de s ua im obili dade. Porem, quando 0 m est re f al ou do cam inho que est avam t ri lhando e de com o 0 objeti vo s e lhes tomara claro, de senda em senda, ela se ergueu para acompanha-los, Juntos, mais uma ve z, c hega ram a urn pa fs on de as pe sso as a q uem sedirigiram com suas perguntas, contaram-lhes: "N6s somos servidores
abundsnci a. M ar chem os rumo ao pafs da crianca" , Foram para l a com 0 rei e chegaram, pelo cami nho que ele I hes indicou, a uma t err a que era 0 reino da alegria, e foram recebidos com alegria pelo povo do pais. Este era o povo que nos dias da disc6rdia devotara-se a alegria e que havia percorrido 0 mundo para escolher 0 m ai s alegre como rei. Todavia, em lugar algum encontraram urn riso no qual vivesse a alm a; poi s t odos eram entr ecor tados e amargos . Por iss o, procuraram por long o te mp o. Certa ma nha, porem, veio corren do pe la e strada , em sua direcao, uma cri anca que, sozinha, s alt it ava e ri a enquanto seus cachos brilhantes esvoacavam a sua volta e ela abria os seus firmes e pequ enos brace s ao v ento da ma nh a , Riam as pedras, as mores e os anima is, como se ela lhes c ontasse alg o. Diante do que os e rra nte s fa la ram . ent re s i: "O nde na t er ra exi st e uma alegri a como esta? Todos os hom ens riem sobre algo que esta acontecendo e seu riso se despedaca contra algum ou tro aco nte cimen to. Porem, esta c rianca ri para a vida como se carregasse, com espfrito seguro, tudo 0que ira aco nte cer e sua ale gria se alimen ta d o fu lgo r d as coisas vindou ras". Eles ele geram a crianc a como seu soberano. Foi is to que eles r elataram agora para 0 rei e seus acompanhantes. Enquant o ainda falavam, a cri anca, ri ndo, cor reu par a j unto deles e est endeu a todos os seus braces. Foi esta a hora da ale gria. Os to los deuses d o pafs d a rique za p ermane ceram a li, parado s e embasbaca dos, p ois nao c onse guiam c ompreender, de modo nenhum, que f eli ci dade se apoderara de seus acom-
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AS HI ST ORIA S
00 RABI N AK HMA N
p anha nte s, urna vez que nao ha via m rec ebido em parte alguma ouro ou algo do valor do ouro.
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No entanto, t am bem a eles foi lembrado. 0 cam inho para 0 local da gruta onde era preparado 0 alimento salvador encontrava-se agora aberBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om to, pois a . mao , a tabu a dos mun dos, estava desc oberta , e 0 rei tomou a le-la como outrora. Porem, 0rei confirmou a palavra do sabio: somente aquele que pis ar no lugar por vontade propri a s era por ele curado. E, por isso, todos os c ompanhe iros exorta ram o s h omens do pais da riqu eza a desper tarem em si esta vontade. A inda assim nenhuma de s uas pal avras logrou penet rar nos cor acoes surdos. Sucedeu, porem, que algum as das m oedas de ouro que os ri cos tr aziam consi go cafram ao solo. A crianca f ixou seus olhos nelas; os dis cos faiscantes agr adar am -l he; e ela os levantou, os ati rou para 0 alt o e ri u. Af, a s em ente do r is o cai u dentro dos coracoes s urdos e brotou neles. O s hom ens f al aram uns com os outr os: "Como ocorl-eu que nossas almas ficassem presas a estas coisas brilhantes?" Uma grande ansiedade pelo interior de suas vidas comecou a infi lt rar-s e nel es e, de repent e, ela Ihes par eceu sem s entido. M as nem por i ss o conseguiam se li bertar. C lamaram ao m es tr e da prece em alt as e suplicantes vozes: "Ajude-nos a sair disto!" Entao 0mestre levou consigo a gente da terra dos possessos, trilhou co m eles a e strada que con duzia a gru ta e deu-lhe s d o alimen to para comer. Som ente ent ao desper tou nel es toda a vergonha pelo dinheiro.
O S SE TE M EN DIG OS
Jogaram fora todo 0ouro que traziam consigo como algo indizivelmente vergonhoso e, tao grande era sua vergonha que, ali mesmo, no lugar onde estav am quiseram, c om su as propria s maos, ca var urn bu rac o na terra para nel es se esconder. 0 m es tr e, no entanto, com suas palavras, os ree rgue u e re confortou. Ord enou-Ihe s que pegassem d o alimento e 0 levassem ao seu pais para q ue todos pudessem pro va-lo e ser cu rado s. As si m acont eceu e a ver gonha inflamou-s e no pais da r iqueza. M esm o as pessoas insignificantes, que eram chamadas de animais, envergonhavam-se por terem sid o, ate ai, tao pe quena s a seus proprios olhos p orque nao tinham dinheiro. M as como os caminhos estavam abertos, cada um dos s uditos do r ei foi a o se u lug ar p ara renov ar sua forca, E qua ndo isto acontec eu e eles novam ente adquir ir am f orca s obre as alm as do genero hurnano, 0 rei enviou- os a todas as nacoes par a cur ar t odas as l oucuras, par a i lumi nar to das as ilusoe s e pa ra deslindar toda con fusao e perplexidade. Os p ovo s foram purifica dos; tudo re tomou ao verdade iro sentid o da vid a e eles s e dedicaram a D eus.
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Ac onteceu M tempos que uma terra foi visitada pela maldicao da guerra. Enquanto os homens aptos a car regar armas marchavam ao encontro do i nim igo, est e i rrompeu no pai s pela r etaguar da, encontrou as mulheres e as criancas indefesas, apoderou-se de seus hens e forcou-as a fugi r. Acoss adas assim pela necessi dade e pelo medo, as perseguidas criaturas precipitaram-se pela floresta adent ro. Na pressa e conf usao, duas maes per deram, cada qual, uma de s uas cri ancas. Er am urn garoti nho e uma m enininha que bri ncavam j untos e agora estavam unidos em seu desarnparo. Prosseguiram em seus folguedos por m ais m eio dia e s e divertiram com limo e pedras, ate que a fome comecou a atormenta-las: e entao deram-se as maos uma a outra e, chorando, embre nharam-se cada vez mais na profundeza da mata. Por fim c he ga ram a uma trilha. D epois de segui-la por urn tempo, depar aram- se com urn mendigo que carregava uma sacola cheia a pender-lhe do l ado. Correram em sua direc;:ao,agarraram-no, e aconchegaram-se nele, e imploraram-lhe que nao as de ixasse sozinhas. 0 mendigo lhes deu pao e comida e deixou que se saciassem, depois, porem, ordenou-Ihes que pros seguiss em com bor n ani mo e coragem, poi s nao poder ia acompanha-l as, Enquant o assi m falava, as criancas contemplaram 0 seu rost o e per ceberarn que 0 homem era cego; vendo ist o fi caram muito adm ir adas: como podia ele tr ilhar 0
136 AS HIST6RIAS
DO RABI NAKHMAN
s eu c am in ho co m ta nta s eg ura nc a? 0 ce go , p ore m, a s d e ix ou e as a be n~ oo u co m e stas p ala vra s: " Po ss am v oc es s er co m o e u". A s c ria nc as c on tin ua ra m a v ag ar. A n oite s e e ste nd eu so bre e la s;
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OSSETEMENDIGOS
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to da s a s r eg io es s e r eu ni am . N es ta o ca si ao , o co rr ia m d if ere nt es jo go s e d iv er ti m en to s, t od a s a s m a o s e ra m g en ti s e g e ne ro s as e a s d a di va s a fl uf am a os m en dig os , n en hu m d os q uais fa lta va a o e nc on tro , e ele s tam b em s e
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acharam u ma m ore co m u rn b uraco e d eitaram -se la d en tro p ara desm o s tr av am j ov ia is e b e rn d is p os to s . E e ra c o m g ra n de a le gr ia q ue o lh av a m ca ns ar. Q ua nd o a co rd aram d e m an ha, le van ta ram -s e e p us era m-s e em p ara o snd- ois jopdf.c ve nsome m s eu m eio , e fo i n o a le gre es pfrito d a fes ta qu e lh es BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma slide m a rc ha . P as sa do a lg um t em p o, s en ti ra m n ov am e nt e n ec es si da de d e a li v eio a ideia d e casar u rn co m 0 o ut ro , a qu el es d oi s q ue d es de a i nf an ci a m en to e c om ec ara m a c ho ra r. E nta o, o utra v ez , d era m co m u rn m en dig o s em p re p erm an ec era m ju nto s. 0 ra pa z e a m oc a fic ara m b ern c on te ntes em s eu c am in ho e Ih e s u plic ara m c om o ha via m fe ito co m 0 c eg o, n o d ia 0 com mm asa trhav to , um a p reo cu pacao: co mo p reparar a nte rio r. E le lh es fez e nte nd er q ue e ra s urd o e n ao p od ia o uv i-la s, m as l oc al isso p ar a, 0 im oia,ni on oe entan 0 b an qu et e n up ci al . P or em , m e sm o p ar a i ss o, v iu q ue es ta vam e sfo me ad as e d es am pa ra da s e o ferto u-lh es c om id a e fo i ta mb em lo go a cha da u rn a so lu cao . U rn d os m en dig os p ro po s q ue s e b eb id a. A o v ir ar -s e p ara i r e m b or a, n ot ou q ue e la s q ue ri am a co m pa nh ap od eria e sp era r a te a c ele bra cao d o a niv ers ario d o re i, qu an do ha ve ria 10. Indicou-lhes 0 r um o p ar a q ue s eg u is se m a d ia n te e n a o d e sa ni m as se m ; co mid a e b eb ida em p ro fu sao p ara a arraia m iud a; tu do 0 q u e r e ce b es e tam bem as aben coo u co m as p alavras: "P ossam v oces ser co mo eu ". sem d e assad os, b olo s e vin ho p od eria ser reun id o a tim d e ser serv id o N o d ia s eg uin te , q ua nd o a fo m e v olto u a a flig i-las , en co ntra ra m, u ma n o c as am e nt o. A ss im s uc ed eu . vez m ais, ttm m en dig o a quem se qu eixaram d e seu in forn in io . E le as N a v es pera d o fe ste jo , p ois , o s m en dig os d ec ora ra m u rn a g ru ta , e m o uv iu e re sp on de u, m as a s c ria nc as n ao c on se gu ira m en te nd e-lo , p ois frente a c id ad e , c o m v er de s f ol ha g en s e f lo re s s il ve st re s, a rr as ta ra m g ra ntin ha u ma lin gu a g ro ssa e g ag ue jav a. E le Ih es d eu c om id a e b eb id a e a s d es p ed ra s f or m an d o u rn a m e sa e p re p ar ar am 0p a ti o n u pc ia l c o m a rb u st os r ec on fo rto u, p or em n ao q ui s l ev a- la s c on si go , e d es pe di u- se c om a m e sf lo ri do s. O s m e nd ig os v ie ra m a o c as am e nt o e t ro ux er am s ua s o fe re nd as . r na b en ~a o q ue o s a nt er io re s. N o .q ua rt c d ia , e nc on tra ra m u rn m e nd ig o P ore m, e m m eio a f el ic id ad e, o s n oi vo s l em b ra ra m d o d ia e m q ue . a in da q ue ti nh a 0 p es co co to rc id o, n o q uin to u rn co rc un da , n o s ex to u rn h ocrian cas, haviam ticad o p erd id os n a flo resta e do m en dig o ceg o que, m em co m m ao s a leija das e n o s etim o u rn c ox o. C ad a u rn d ele s d eu -lh es co m c arin ho , Ih es a pla ca ra a fo me e a s re co nfo rtara . S eu s c ora co es a lalim en to e a nim o e as a ben co ou d a m es ma m an eira . m eja ram v er d e n ov o 0 a nc ia o. E nq ua nto e stav am a ss im s en tad os e reN o o it av o d ia s af ra m d a g ra nd e f lo re st a e v ir am , d ia nt e d e s i, e sp ar f le ti am s ob re s eu a ns ei o, u m a s om b ra a pa re ce u a en trad a d a g ru ta e n a r am a d a n o v a le , a co lh ed o ra e b ri lh an te , u m a a ld e ia . E n tr ar am n a p ri m ei ra a b er tu ra s u rg iu u rn a t ig u ra e n cu rv ad a , e sc u ra c o nt ra a l uz d o f ir m am e n to , casa e p ed iram p ao , qu e lhes fo i d ado em ab un dan cia. A ssim foram d e U m a v oz d is se : " Ve ja m , a qu i e sto u e u" , e e le s re co nh ec era m 0 prip or ta e m p ort a e , q u an do d ei xa ra m a a ld ei a, t in ha m m a is c oi sa s n as m a os m eiro m en dig o q ue o s e nc on tra ra n a flo res ta . "E u v im ", d iss e e le a s ed o q ue e la s p od er ia m s eg ur ar . D ec id ir am e nt ao q ue , d af e m d ia nte , n un ca g ui r, " a t im d e l he s o f ere ce r m in ha d ad iv a d e c as am e nt o. U m a v ez , q ua nd o m a is s e s e pa ra ri am u m a d a o ut ra , e q ue a m ba s v iv er ia m d a g en er os id ad e v oc es e ra m c ri an ca s p eq ue na s, e u a s a be nc oe i e d es eje i-l he s q ue p ud es d os h om en s. C os tu ra ram c om s ua s p ro prias m ao s g ran de s s ac ola s a tim se m s er c om o e u s ou . H oje , d ou -lh es d e p re se nte , co m o u rn fa to co ns ud e c ar re ga r n el as a s d ad iv as q ue re ce be ri am . A ss im p er co rr er am 0 pais; m ad o, q ue v oc es d ev era o te r u m a v id a c om o a m in ha . V oc es p en sam q ue eram v isto s em cad a p raca d e m ercado n o b an da de m end ig os, e a cada eu sou cego. M as nao sou cego. Pelo contrario, acontece que todo 0 festa e a cad a casam ento , la estav am eles. L og o as jo vens e g racio sas tem po terreno nao m e afeta e nao m e concerne, nem por urn piscar de c r iatur as c onq uista r am 0 am o r d e s eu s c om pa nh eiro s q uan do e la s fic ao lh os . E u s ou m u it o v elh o e , n o e nt an to , b em jo ve m , e a in da n ao c om e ce i y am a ssim , te rn as e in ge nu as , c om 0 p ra to n as m a oz in ha s, s en ta da s n os a viv er. E isto n ao se d ev e a m i nh a p ro p ri a c is m a, p o re m a g ra n de a g ui a d eg ra us , e nt re o s v el ho s m a ltr at ad os p el o t em p o. C ad a m e nd ig o n o p ai s que fo i qu em m o rev elo u e p ro meteu. E eis 0 que a conteceu: . c o nh ec ia a s c ri an ca s p e rd id a s e a s p ro te g ia o n de q u er q ue a s e nc o nt ra ss e, " Su ce deu u m a v ez q ue u rn b an do d e h om en s e mp re en de u u ma v ia co mo se fo ssem de seu p r6prio san gue. gem p elo sm ares em n avio s b ern equ ip ad os. M as entao v iram -se aco A s si m p as so u 0 tem po e as crian cas cresceram . U ma v ez p or an o, m etid os p or u rn a g ran de te mp es ta de e fo ra m p or e la v en cid os , d e m o do na capital d o pais, fazia-se u ma g ran de feira o nd e m uito s ho men s de q u e n a da c o ns eg u ir am s al va r e xc et o s u as v id as , a o a lc an ~ ar em , n a da nd o ,
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ASHIST6RIAS DORABINAKHMAN
uma il ha que se I hes apareceu i nesper adam ente. A o explorar a pequena ilha , avistaram urna torre qu e se erguia em se u centro. Entraram nela e nao depararam, na verdade, com nenhum se r vivo mas, nao obstan te,
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O S S ETE M EN DI GO S
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antes que penetrassem na semente? Este rapaz esta acima de todos voces, pais n ele, no imo de sua mente , aind a tecem as sombras d o c omec o primordial e 0 sopro da grande noite ainda nao retrocedeu de seu Intimo. Por
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encontraram tudo 0 que s ervia as necessi dades da vida. Q uando a noi te iss o, ele perm anece no abism o da eternidade com o em solo nat ivo' . irrompeu ja se haviam refeito da fadiga de seus corpos, gracasBUBER, a urnMa r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma "E grande aguia Ihes disse m ais : 'D est rocados fi caram os navios n -aslide pdf.c om breve desc anso, e reuniram-se em torno de uma luz muito alegre . Urn , em que voces vieram; m as s erao reconst rufdos e hao de vol tar'. A m im , dentr e eles, sugeriu que contass em hist6rias. C ada urn deveri a r elatar entretanto, ele falou - e sua voz era como a voz de urn irmao - 'Voce a os outros os ma is antigos aco ntecimentos que se lembrassem e a privern com igo e per maneca com igo para onde eu for, poi s voce e como eu. meira fonte de sua mem6ria. Porem, como havia homens de cabelos Voce e velho e m uit o j ovem e ainda nao comecou a viver, e assim s ou eu, esbranquieados, ass im com o j ovens, deferir am a honra aos m ai s vel hos velho e ber nj ovem , e os t empos dos tempos est ao diante de m im. E ass im e pediram-lhes que narrassem em primeiro lugar. voce pode permanecer'. Foi isto que a grande aguia me disse. E isto, "Era urn homem tao velho quanta os mares e falava com uma voz que vinha da distancia: '0 que deverei Ihe s con t ar? Lembro-me do dia em que se lWancou a ma~a do galho' . Entao 0 seguinte m ais i doso l evantou-se e disse: 'Mas eu a inda penso no temp o e m que a luz ardia'. E o terceiro, que era ainda mais jovem, bradou: 'Eu posso me reco rdar do dia em que 0 fruto comecou a se formar'. 'Mas me us pensa mentos', acrescentou 0 quarto, 'alcanca m a hora em qu e a semente caiu dentro do c alice da flor!' 'E para mim aind a esta p rese nte', disse urn quinto, 'como 0 sabor da fr uta penet rou na s emente'. 'E para m im' , i ntervei o 0 sext o, 'como a f ragr anci a da fr uta introduziu-s e na s emente'. ' E eu aind a tenho dentro de mim' , falou 0 setimo, 'como 0 formato da fruta juntou-se ao bulbo'. Porem, eu, que n esta epoca a inda e ra urn me nino", declarou 0 mendigo cego a seguir, "estava tambem com eles. E Ihes disse: 'R ecor do-m e de todas ess as ocorrencias e nada m ai s r ecordo em absoluto'. Todos fi caram ext remamente espantados que 0 mais jovem ti vesse a m ais ant iga lembranea e que a cri anca s oubesse do m ais r emoto acontecimento. " A( veio a grande aguia, bateu as asas na t orr e, e m andou que todos vie ssem pa ra fora por ordem de idade: ao menino , ordenou q ue se pusesse it frente de todos, pois ele era realmente 0mais velho na lembranca, e ao m ai s vel ho determ inou que safs se por ult im o, pois ele era, na verdade, 0 m ais j ovem . E a grande aguia falou: ' Conseguem voces r ecordarse de como fo ram separados d o corp o de sua mae, ou de como c resc er am dentro de s eu cor po? C onseguem lembrar- se do m omento quando a sement e penetr ou no ventre de sua mae, ate 0 momenta em que uma luz brilhou sobre a cabeca da crianca, ou como os membros de cada urn com ecar am a formar-s e no cor po m at erno? C onseguem r ecordar-s e de seu espfrito ante s de entrar na semente, ou de sua alma, ou d e sua v ida
voces, criancas, e 0 que eu lhes ofereco com o urn presente de m ipcias, que possam ser como eu." Com estas palavras do mendigo cego, urn rumor de grande regozijo propagou-se pela gruta, mas 0coracao do noivo e da noi va conti nuou s il ente. N o segundo dia das bodas, 0 casal de nubentes, sentado silenciosamente na fileira dos jubilantes, relembrava, cheio de tristeza, 0 segundo mendigo,o surdo, que os alimentara quando erravam na grande floresta. Enquanto almejavam por sua presenca, viram-no de pe , a sua frente, sem que t ives sem not ado a s ua chegada. " Aqui est ou, pois assim 0 des ejaram", dir igiu-s e ele aos doi s, "e vim para que possam, por meu intermedio, obte r aquilo que urn dia e u Ihes de sejei como ben~ao - de que viessem a ser como e u. Voces a charam que eu era surdo. Na o sou surdo. Meu ouvido esta apena s c erra do ao grande grito de necessidade que se ergue do mundo. Pois, a voz de cada criatura nas ceu da necessi dade. A m im , porem, 0 s eu clamor nao me atinge e meu coracao nao esta tornado pela angustia da criacao. E com 0pao que com o e a agua que bebo, vivo uma boa vida, s em carencia e sem cobica, Em r el aeao a is to tenho 0testemunho proveniente da boca da s pe ssoas que vivem no reino da fartura. Urn grupo delas se re uniu, uma ve z, e eles louvara m e m alta vo z, com palavra s elogiosas, a v ida gloriosa que levavam em suas casas onde tudo prosperava em abundancia, Entao eu, que estava presente, disse: 'A vida de voces e futil e e urn funesto jo go c omparada com a minha'. Elas med ira m com 0 olhar meu traje cinzento e minha sacola de mendigo e riram de mim como de urn tolo. "Pois bern, eu Ihes repliquei: 'Vamos entao verificar agora qual vida e a melhor. Eu conhe co urn pals q ue ce rta v ez foi urn grande e maraviIhoso jardim, onde floresciam em exuberancia inaudita os mais precio-
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AS HIST6RlAS DO RABI NAKHMAN
sos fr utos da terra, f rutos cuja vis ta, f ragr anci a e des fr ute del eit avam e refrescava m to dos os sentidos de se us habita nte s a tal ponto que lhes parecia que jamais, e em lugar algum, a bem -avent uranca de s uas vidas
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OS SETE MENDIGOS
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o povo do reino da fartura observou como eles foram redimidos por mim e reconheceu 0poder e a pleni tude de m inha boa vida. A gora, par a voces, criancas, 0 presente de mipcias que Ihes dou hoje e 0 de que
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voces poss am ser com o eu. " Q uando 0 m endi go s urdo acabou de propoderia ser ultrapassada. Todo 0 seu domin ic estav a a carg o de u rn jarnunciar isto, 0j ubilo t il intante percorr eu out ra vez a gruta, e 0 segundo dineiro que semeava e plantava com sabedoria e do qual dependia, a BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om dia das bodas passou em radiante alegr ia. cada ano, a beleza e a fertilidade do pais. Ma s aco ntec eu u ma n oite que Ao romper da terceira manha, 0casal de noivos foi t ornado de novo o jardinei ro desapareceu e ninguem soube onde s e encontr ava. Entao, p ela ansied ade e em se u intima cre sceu av assala doramen te a saudade de ano par a ano, a ben~ao foi passando; os vicos os r ebentos cresceram pelo terceiro mendigo, 0 g aga que o s a lime ntara e os abenc oara na floem desenfr eada abundanci a, e a veget acao selvagem recobr iu a terra e, resta. Tao logo co me cara m a fala r dele, entre si: "P oderia alguem nos de colheit a em col heita, a safra m inguava. dizer onde se encontra , para c hama-lo e con vida -lol", ele ja estava d e "' No entanto, os habit antes poder iam ter- se alim entado dos r icos pe, diante del es, como se t ivess e emergido do coracao da t er ra, e t om anb rotos, se uma outra desg raca n ao se aba tesse sobre eles. Urn cruel re i est rangeir o veio com suas host es e tomou posse do pai s. Ele nao conseguiu devast at seus jardins, como em s eu insaci avel Im peto de ext erm inio certamente gostaria de te-Io feito; por isso, decidiu destruir a pureza dos sent idos de s eus habitantes e, enquant o se apressava em prosseguir na sua m archa de conquista, deixou para t ras os tr es bandos m ai s desenfreados e viciosos de seus servos. Desde entao viveram eles entre a gente do pais , i nfectando-os com sua depravacao e espal hando cor rupcao, cahin ia e fornicacao , A p artir dai os sentidos das p essoas, an tigamente nutridas pela livre inocencia dojardim, tomaram-se sombrias, seus olhos somente viam confusao e trevas; suas bocas s6 sentiam 0 amargor e suas nar inas nada mais captavam s enao 0 fe dor da putre faca o, de tal modo que Ihes enojava 0alimento que 0jardim Ihes oferecia; suas fragrancias os aturdiam e sua vista os en chia de aversao. Agora, pois, vao pa ra hi, voces filhos da fartura, e ajudem-Ihes com a abundancia de sua boa vida.' "Entao 0 pov o se a pron tou e me acompan hou ate 0 pais do jardim. Quando la chegaram, porem, 0 horror da co rrup cao era tao grande que sua visao perturbou os sentidos dos pr6prios ricos e 0 paladar de suas bocas se lhes tomou repugn ante . Af eu Ihe s fale i: 'Agora vo ces com-
do-os entr e os braces, falou-Ihes em voz clara e audivel : "U ma vez os abencoei desejando- Ihes que pudes sem s er com o eu; ho je de sejo que minha b en~ao b aix e sobre voces e Ihes se ja re vela da. Voces j ulgam que m inha uni ca m anei ra de falar e gaguejando, m as nao e assim ; antes, as vozes do m undo que nao t razem a consagracao divina, e sao apenas des tr ocos i ndignos do m undo verdadei ro, s oam com o cacos em minha boc a. A mim foi d ado urn grande pode r na fa la e a mais nobre cancao me foi concedida como m es tr e dos cantores, e assi m nao exis te criatura que nao me ouca, ate que 0 tom de minha voz, atraves de sua alma, estremeca como 0 tom do mais puro sino a ecoar na limpida atmosfera. E nesta can ~ao M uma sabe doria que esta alem de qua lque r
preenderam muito bem que toda a sua boa vida nao Ihes podera ser de ajuda nisto'. Reuni 0 povo do jardim, ofereci-Ihes 0 pao e a agua que levava em meu odre e os dividi entre todos. E vejam, a bondade da minha vida os conquistou; saborearam em meu pao e em minha agua t odos os olores agradaveis e s abor es prazerosos de t odos os ali mentos do m undo. Seus sent idos ganharam, de novo, clareza e pureza. Abomi nara m sua v ida pe rvertida, e rgueram-se e enxotara m os se rvos d o rei cruel para fora do pais. Logo 0jardineiro desaparecido voltou a estar entre eles, e todos viram e senti ram as ant igas ben~aos retomarem. M as
contarei a s aga de t odas as sagas que e a mais profunda e mais pri mal de todas as verdades: "No derradeiro abismo do espaco e rgue -se u ma mo nta nha so bre a qual se a ssen ta u ma rocha e da rocha b rota uma fon te. Pore m, saibam que cada coisa no mundo tern um coracao, e 0 pr6prio mundo tambem tern urn co rac ao. E esta montanha c om a rocha e a fonte eleva -se numa margem do esp aco o nde 0 der radeir o abism o comeca, e 0 coracao do mun do esta na ou tra ma rgem do espaco o nde 0 primeiro abismo final terrnina, E 0coracao do m undo esta l a, em f rente a fonte, e olha em sua
s abedor ia do m undo. "Isto me foi a sseg urad o p ela b oca do homem poderoso que e chamado 0 homem da verdade ira merce. Pois eu an do pe la terra e recolho todas as boas a~Oes e todos os atos da miseric6rdia e os leva a ele. E d estas boas a ~Oes e dos ato s da meres 0 tempo nasce e se renova em etema corr ente. Pois 0tempo nao e nenhuma cois a fi rm e e nenhum s er, desde sempre; e algo que e cri ado e 0 e pelas a~O es das almas. Eu I hes
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direcao por sobre a distancia do espaco, e ele anseia pela fonte com grande anelo. Mas se, por urn momento, exausto, quer descansar e tomar http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n alento em seu p enar, ve rn u rn grand e pa ssa ro e estend e su as asas so bre
O S S ETE M EN DIG OS
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No quarto dia, ambos foram de novo invadidos da saudade pelo mend igo de pe sco co to rcido q ue outrora mostra ra ta nta bond ade para com eles. E outr a vez, convocado por s eu desejo, i nesper adam ente pos -
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ele, e e nta o ele re pousa 5/10/2018
p or urn insta nte
a sua sombra. D epoi s do des-
t ou-se diante del es e diss e: "V im aqui par a r enovar a ben~ao que I hes f iz
canso, levanta-se pa ra ir a fonte. Contud o, ta o log o se mov e ao se u enna fl orest a, de quando eram criancas , V oces nao acham que t enho 0 pesBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om con tro, a montanh a desapa rec e de sua vista. E se perder d e todo e absococo torcido e nao poss o fi ta-l os nos olhos , face a face dir et am ente? Eu tenho urn pescoco reto com o 0 de voces . M as desvio m eu r ost o das vai l ut am ente de vis ta a fonte, ent ao t er a de morr er, poi s sua vida depende dades dos hom ens e nao r ni st urarei 0 sop ro d e me u h alite com 0 deles. da f onte. E,junto com 0coracao, 0m undo dever a perecer, poi s sua vida e a vida de c ada coisa de pend em do corac ao e, somen te por c ausa dele, Meu pescoco e rninha garganta, no ent anto, sao tao ber n estr uturados que posso emi ti r pel a m inha l ar inge t odas as vozes das cri at uras que nao t odas as cois as tern sua exi st encia, A ssi m que a vis ao da m ontanha desasejam idiomas, e na o e xiste som tao estranh o q ue e li na o po ssa forma r parece, avoluma-se 0 desejo de c ontemplar a fonte, 0 impulso para alcanca-la, e 0 cor acao r etoma ao s eu lugar. urn igual a seu m odo. "I st o m e foi confi rm ado pelo povo no pai s da rm isi ca, H a uma t err a "A fonte, porem, nao e dado perdurar, pois esta alem do tempo e onde as m el odias soam atr aves das m as de m il m anei ras e, ainda assi m, nao po de ob te r de si pr6pria ne nhurna vida temporal. E assim ela pre • '! o irmanadas, e la ate 0balbuciar das criancas e can~ao. Uma vez os mestres cisa permanecer etemamente oculta no atemporal e jamais vir a ser daquela na~ ao contaram uns aos outr os his t6rias das vozes que os habirevel ada ao coracao, Mas a fonte recebe do coracao uma vida temtavam e desejavam sair deles para a vida. Entao eu, que estava com poral. Pois 0 coraeao a presenteia com Urn Dia; ele Ihe oferece isto eles, os ch amei e disse: 'Minh a vo z, p ore m, c ontem todo s o s sons que como uma dadiva, e assim a fonte perdura. E, quando 0 d ia declin a e jamais os alcancam. Pois, desde 0comeco primordial, todos os seres aos desemboca no entardece r, eles se.d irige m, urn ao outro, palavras de d espe dida e a be n~a o final. Af, 0 coracao e tornado de grande medo e q uer morrer, pois nad a mais tern a da r se nao Urn Dia, e se ab ate sob re ele a angustia de que a fonte Ihe seja oculta para alem dos limites do tempo. .
a~O es e t odas as obr as de mi seri c6rdia. Entao, pronuncio sobr e elas as palavras da grande unificac ao e elas se tomam uma melo dia , e esta e u
quais nao foi concedida a pal avra alm ej am pel a mi nha chegada que, em som, ha de erguer 0 que pe rmane ce mudo em seu s c ora coes, Se qu iser em m edir- se com igo, venham! Ha dois r ei nos hur nanos que fi eam m il rnilh as dista ntes u rn do outro. Quando ve rn a noite , os homen s de sse s reinos nao conciliam 0 sono, m as per am bulam de urn lado para 0 outro, apertando as t em poras com m aos cansadas e l am entam- se em amargos queixum es . C ada eri atura suspira e ate das pedras alca-s e urn t ransi do gemido de dor. Venham agora, oh mestres, ajudar aqueles reinos a dominar 0 lamento das vozes!' "Entao eles q uiseram qu e e u os c onduz isse a urn d os rein os e eu os levei para laoAnoitecia quando ehegamos a fronteira desse reino. Tao
levo ao homem da verdadeira merce e, dela, ele cria 0 tempo. Pois 0 tempo nasce de melodia, e da melodia, amerce. E assim da cancao b rotam os dia s e cheg am a o coraca o e do coracao a f onte, e ass im perdura 0 mun do e e le c onsiste n a sua a ngtistia. A mim, porem, a palavra
l ogo ati ngimos a divis a, suas vozes uni ram- se ao grande cor a de lament os que ascendia da terr a. Entao eu Ihes dis se: ' Voces veem agora com o s eu poder s ucumbe e e arr ast ado, em com pl eto desamparo, por urn outr o maior. Que ro Ih es eontar como tal co isa se d a. Existe m d ois p assaros,
e tema e a can cao preen chem a alma. E isto eu d ou a gora a voc es, criancas, como dadiva nupcial, para que voces possam ser como eu". Sil enci os am ente, com a fr onte curvada, os doi s r eceber am a fala do m endig o. 0 terceiro dia Ih es pa sso u em quietude, mas plen o, e m se u imo , da can~ao abencoada,
urn machinho e uma femea zin ha, que sa o 0 u nic o p ar de sua especie. C ert o dia acont eceu que eles s e s epararam urn do outr o e nao conseguir am m ais se r eencontrar. A f f icaram angus ti ados e, enquanto im aginaya m estar se aproximando urn do o utro, e m su a bu sea , v oava m sempre para mais lon ge, e esvoa cava m e c hamava m, a te que, p or fim, cafram
"Mas
0 homem
da verdad eira merc e ve la co m olh os sapientes so-
bre 0 coracao e a fonte. E, quando a tarde se expande em noite, ele presenteia 0 coracao com urn novo dia e 0 coracao presenteia 0 dia a fonte. Porem, saibam, 0 tempo que 0 h omem da me rce co nced e, ele 0 tern de minha mao. Porque eu ando pela terra e colho todas as boas
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exaustos e nao perde ram a esperanca de se re encontrar. Cada um deles p ousou no ramo da more mais pr6x ima. Acon tece u q ue urn estava em http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n urn, e 0outr o em out ro, dos dois r einos e, mi l mi lhas estendiam-s e ent re
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fato de eu carregar os fardos do mundo sobre minhas costas. Porem, mi nhas cost as s ao retas e fortes e pos suem 0 dom do pe queno que c onquista 0 grande. Pois carrego sobre meu dorsa todos osfardos do mundo:
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eles. La, agora eles lamentam
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0 l amento de sua saudade, cada urn de seu angiistia , miseria e fa stio - eu os ponho todos sobre meus ombros e os l ugar, na, dist anci a. D e dia t odos os passaros das fl orestas em derr edor carrego. Uma vez os sab ios se reuniram e puseram-se a discutir sobre BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om vem a cada urn dos dois, confortam-no com mil g orjeios e a rrulhos, eo quem, na ver dade, possui 0 dom do pequeno que conquista 0 grande.
encor ajam com a esper anca de que t om ara a encontrar seu par; assi m 0 coracao de cada urn permanece em silencio durante 0dia, embora estrem eca e esteja r epleto de t ri steza. Porem, quando chega 0 anoit ecer e os band os revoam e os rufdos se aquieta m, enta o, ca da qual sente de novo como esta sozinho no mundo e enceta seu lamento. a gemido ressoa e reverbera na distancia e ninguem que 0 ouca consegue suporta-lo: compele todos a unir-se-Ih e e in unda a terra c omo uma pod erosa torrente. Quando 0 l~ento assim se espraia pela terra, a dor intima de todos os seres encontra-se no clamor, pois 0 sofrimento secreto de cada um penetrou nele. Assim, os dois reinos vivem, noite ap6s noite, em lamentacao'. "as mestres entao me dissera m: 'Vamos e ntao, e voce, voce pod e ajuda-los?' 'Eu com cert eza posso faze-l o', repl iquei- Ihes. 'Poi s, como todas as vozes de todos os seres vivem dentro de mim e cada voz me contiou s eu penar, est ou ciente do sofrer de t odas as coisas. ' C onduzi os mestres de volta a tim de liberta-los do lamentoe re tomei com e les ao seu pais, que se estende entre os dois reinos. Uma vez que estou apto nao s6 a produzi r as vozes de t odas as cois as, com o posso t am bem fazelas res soar no lugar que escolho, criei em minha garganta a voz do ma chinho e a emiti para a femeazinha, e eu criei a voz da femeazinha e a emi ti para 0 machinho. A ss im os doi s pass aros ouviram um ao outro em m inha voz; estr emeceram e fi caram s il entes sobr e seus galhos e por urn momenta na o pude ram se mover. Dep ois, po rem, voa ram em dire~a o ao cha mado e encontraram-se urn ao ou tro no lugar onde eu estava sentado com os mestres. Assim seu lamento foi silenciado. Mas, a voces, criancas, 0present e de ml pcias que l hes dou hoje e que voces podem s er como eu". Entao a grande compaixao e a forca de ajuda penetrou no coracao de ambos. No q uinto dia, a mem6 ria do quin to mendigo, 0 corcunda, perturbou s ua alegr ia, e eles ansi aram por ele para que pudes se part il har de s ua festa. E eis que ele esta postado diant e del es, segura-I hes as maos e diz: "Aqui estou eu, vim ao seu c asamento para transformar minha a ntiga b en~ao em presente. Desejei-Ihes em sua infancia que pudessem ser como eu. Voces pensam que sou corcunda; 0que e uma ilusao e vem do
U rn falou: 'M eu cerebr o e 0 pequeno que conquista 0 grande, poi s nele carr ego as necess idades de m ilhar es e m il hares de homens que dependem de mim, e do meu cerebro eu os alimento e dou a cada um a sua porcao'. Entao riram dele e sacudiram as cabecas, E um outro falou: 'Minha palavra e 0 pequeno que conquista 0 grande. Pois fui designado pelo me u rei para receber toda s os louvores, todo s os pedidos, todos os agradecimentos e apresenta-los diante dele, por meio de minha palavra. E minha palavra despe rta a todos e lhes fala'. Ai voltaram a sacudir a s cabecas e urn terceiro declarou: 'Meu silencio e 0pequeno que conquista o grande. Poi s em t odos os lugares erguem-s e contra mi m advers ari es que disputam comigo e me assaltam com seus discursos para me desonrar. Eu me calo diante de les e e sta e a minha respo sta a tudo ' . E nta o, d e n ovo sacudiram as cabecas, e urn quarto falou: 'Mi nha visao e 0pequeno que conquista 0 grande. Poi s apr eendo com m eus olhos a cir anda do m undo. Vendo, conduzo 0 grande cego, 0 mundo - urn pequeno homem a conduzir 0 m onst ro. Inteir amente sujeit o a ele, no ent anto, eu 0 conduzo com m eus olhos que apreendem s ua cir anda'. Ent ao perm anecer am em si lencio e olhar am para aquele que falara. "Mas eu lhes disse: 'Este aqui e 0 maior de voces, porem eu 0 supero, e eu tenho 0 d om d o pe queno que conq uista 0 grande. Pois carrego sobre minhas costas to dos os fard os do mundo. Vou rev elarlhes a lgo. Voc es bem sabem que c ada animal conhec e uma sombra na qu al s6 ele pode descansar e cada pa ssaro conhece um ramo em q ue s6 ele pode repousar. Mas sabem voces tambem que existe uma arvore cuja sombra todos o s bic hos do s campos, e c ujos galhos todos os passa ros dos ceus escolhera m para lugar d e re pouso?' Entao responde ram: 'N6s, de fa to, sabemos disso de nossos antep assad os e sa bemo s qu e, de to da a felicidade da vida, nada se compa ra a grande ventura de permanec er ju nto a esta more, pois tod os os se res ali estao irmanados e brincam urn com 0 outro. Mas nao temos nenhuma informacao de co mo pode mos chegar ate a arvore. pois uns diz em qu e precisamos ir pe lo leste, e ou tro s a cham que devemos to mar 0 caminho do oeste, e n6s nao logramos descobrir
por onde ir'.
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"Entao eu Ihes disse: 'Por que estao investigando qual 0 caminho por onde podem alcancar a arvore? I nvesti guem, ant es de mais nada, http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n que m e como e de que especie de homem sao aqueles que conseguem
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'Sobre que setas t al poder l he foi dado? Pois hIi uma dezena de especies de s etas, embebidas em dez diferentes especies de veneno' . Ele respondeu que tal e tal especie de fl echa est avam sujeit as a sua forca. Af eu lhe
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chegar it arvore, Pois ela nao est a dest inada a urn qualquer; a ninguem setas de seu coracao'. mais, exceto aquele que possui 0dom da arvore. A arvore, porem, conta n - slide pdf.cum om outro: 'Sou ca paz de abrir os c alaboucos "Entao falou com micom tr es r aizes das quais pro ver n seu dom ; um a r aiz chama-se fe, aBUBER, outr a Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma nhas maos, e seus portoes escancaram- se quando m eus dedos os t ocam' . fidelidade, e a terceira e denominada humildade, e verdade e seu tronco; 'Qual calabouco voce destranca?', perguntei-lhe a seguir. 'Pois existem e somente aquele que tem todas elas pode alcancar a arvore'. Entao, dez ti pos de cal aboucos, e os gonzos de seus portoes sao de dez diferenaceitaram mi nhas palavras e. por que nem todos possufam estes dons. tes form atos' . R espondeu- me que de t al e tal f ormato nao the r esist ir ia. decidiram esperar ate que todos fossem dignos dela. A queles que car e'Entao voce nao ha de curar a filha do rei', disse-lhe, 'pois nao podera ciam da perfeicao colocaram 0 seu empenho e lutaram para adquiri-la, entrar Ii vremente por sobre as dez muralhas de agua que rodeiam 0 seu Todavia, no mome nta em que. por fim, os dons foram dados a todos em castelo. Visto que s6 aquele que cria a liberdade total move-se livremente' . igual medida, per ceberam t ambem t odos e1es, de repent e, a est rada i luUm terceiro disse: 'Eu posso distribuir sabedoria com minhas maos, e minada. A pront aram-se e puseram-se a cami nho e eu os acompanhei. confiro saber a todo aquele sobre quem eu puser minhas maos'. Perguntei"Andanios por urn longo tempo, ate que vislumbramos de longe a lhe, entao: 'Qual sabedoria e a que voce reparte? Pois existem dez especies more. Observaram-na e Iii est ava a arvore em l ugar nenhurn; Ii i es tava de s abedori a, e cada urna oferece apenas urn pedaco do ser ver dadeir o' . ela e, no ent anto nao ti nha lugar algum , e nao havia espaco ao seu redor, Ele r espondeu que possufa em pleni tude tal e tal especie de sabedori a. e estava s eparada de todo espaco, E eles se desesper aram da pos sibili 'Entao voce nao curara a filha do rei' , disse eu. 'Pois voce nao pode dade de alcanca-la. Mas eu Ihes disse: 'Eu posso leva-los ate a arvore. Pois ela esta alem do espaco; e por e u ca rregar todos os fardos do mundo a m aneir a do menor que s ubjuga 0maior, eu superei dentro de mim o espaco e destr uf s eus vesti gios em mi nha alm a; e aqui onde estou, seu domfnio esta no fim , e hIi apenas Um Passo de Ii i ate onde 0espaco nao e. Assim, levarei voces, agora, ate a more'. E fiz isso. Mas a voces, criancas, seja dado 0 meu poder de carregar, e isso eu Ihes dou de presente hoje, como dadiva nupcial, para que voces pos sam ser com o eu" . Assim cresceu, dia-a-dia, a abundancia das dadivas miraculosas e a alegria. Mas, no sexto dia, est avam ambos, de novo, im ers os em nostalgia e relembraram 0mendigo com as m aos aleijadas, e com fervor almeja ram a sua presenca. E, outra vez , tambem ele se postou diante deles, saudou-os e disse: "Que minha antiga benc;ao se tome agora verdade para voces. V oces podem s upor que minhas maos estao i ncapacitadas e que nao posso move-las. Mas, na reaIidade, s6 nao posso utiliza-las para qualquer tr abalho que nao I iber e os agri lhoados e s ol te os cat ivos. Mi nhas m aos sao fort es e laboram nas profundezas e nas distancias, C ert a vez, os fortes se reuniram e cada urn deles celebrou a forca de suas maos, Um disse: 'Eu posso agarrar a fle cha em seu veo e devolve-la a origem, a seu ponto de partida, e a flecha que encontrou 0seu a lvo, sou capaz de det e-l a de modo que s ua aC; aose anule', B ntao I he perguntei:
reconhecer as suas dez aflicoes. Uma vez que somente aquele que distribui a sabedoria toda reconhece 0 oculto.' Urn quarto vangloriouse: 'Eu posso agarrar com minhas maos a arremetida do vento da tempesta de e direciona-lo". Entao the perguntei: 'Qual vento de tempestade voce comanda? Pois e xistem dez ventos tempestuosos e cada urn canta a sua canC;ao e ele a ensina a voce, se voce e seu mestre'. Ele poderia com peIir t al e t al vento de tempestade, r espondeu. 'Entao voce nao curara a filha do rei', eu lhe disse. 'Pois voce nao pode cantar diante dela as dez cancoes que sao sua cura. E as cancoes sao do poder das t empest ades. ' "Eles, porem, m e per guntaram:
'E
0 que
pode voce, que e aquele
0 que
que nos j ulga?' ' Eu poss o fazer tudo voces podem', f alei, 'e posso fazer tudo 0 que voces nao podem. Abrir os calaboucos da terra. tanto estes, quanto aqueles, e posso andar li vrement e sobre as on~as. Tenho poder sobre t udo 0 que e disparado e voa, e de t~os os fenm~nt~s e~ arranco fora as setas envenenadas e anulo seus efeitos. Tenho distribuldo todos os tesouros da sabedoria de minha abundancia, e me foi dada a forca de sondar t udo 0 que e secreto. Tenho atrelado os ve~t os da t empestade a meu carro, e em seu zunir aprendi suas melodias. E posso curar a filha do rei.
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. . 'M as saibam, uma vez urn prfnci pe desejou a fil ha do rei; empr egou arti manhas para captura-la e conseguiu te-la em suas m aos. Pouco tempo depois, porem, 0prf ncipe sonhou que ela est ava de pe , sobre seu
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prosseguir' . Fui para aquele lugar e curei a fiIha do rei. Porem para voces, criancas , eu os present eio hoje como urn dom nupci al a forca de m inhas maos e a ssim 0 faco para que possam ser como eu". Af a alegria se
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elevou de novo e eles cel ebrararn sua fest a em grande jubi lo. leito, com as maos em volta de sua garganta e 0 estrangulava. Entao "0 fi nal dest a hist 6ri a, i st o e , a do setimo mendigo, e sua conclusao acordou., mas 0sonho penetrara em seu coracao. Convocou os interpreBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide nao tive mos a pdf.c honraomde ouvir. E Ele falou, e disse, que nao iria conta-la tes e eles lhe expli caram que is to aconteceria, de acordo com 0ocorrido no seu prosseguiment o. Ist o e uma grande perda. Pois nao teremos 0 no sonho, devendo ele ser morto pela filha do rei. Entao a a lma do prfnprivilegio de ouvi-la ate a vinda do Messias. Possa isto acontecer em 0 cipe nao soube que fazer; pois l he dava pena matar a fi Iha do rei, visto breve, em nossos dias. Amem," ser ela tao bela, e the dava pena bani-la , pois nao podia suportar a ideia de que pertencesse a outro, e Ihe dava pena deixa-la ao seu lado, pois era afeicoado a vida e na o queria perde-la antes de sentir-se cansado dela . ..'Neste meio tempo, 0 medo comecou a permear 0 br il ho com que olhava par a", afi Iha do rei e as palavras que the diri gia. Ao ver que andava tao sombrio e dubitativo, 0 arnor que ela acumulara por ele f oi, pouco a pouc o, destrufdo. Por fim, nao podia ma is aguentar seu olhar e fugiu dal i. Fugindo, chegou ao castelo d'agua que fi cava arras das dez muraI has de ondas, erguido, sobre a alt amar. Tudo is to, cast elo, muralhas e 0 lugar onde ela se achava, tudo era de agua, e ninguem podia pisar 0 l im iar do cast elo, poi s subm ergia nos vagalhoes, Quando a fi lha do rei parou ante as muralhas, ela olhou a sua volta e viu que 0 principe a perseguia com sua gente e em lugar algum existia urn caminho para escapar dele. Assim ela ficou pa rada, voltou de novo a face para a agua e f echou os ol hos. O uvi u atras de s i 0 tropel de milhares de cascos, a sua frente 0 fragor das grandes aguas, e qualquer tipo de existencia ou qualquer t ipo de mort e pareceu- lhe preferivel a retomar a miseria, Entao, colocou os braces em volta do pescoco, jogou a cabe ca para tras, e correu para dentro das aguas. M as, a cor rent e a carr egou, as muralhas estavam abertas, e ela foi levada atraves dos dez portoes, para dentro do castelo . . . ' 0 rei, no ent anto, que a vira m ergul har dentr o d'agua, foi tornado de furia e ordenou a seus arqueiros que atirassem nela. Os arqueiros retesaram seus arcos, as setas zunirarn sem alcanca-la, todavia; quando ela parou a entr ada do castelo, volveu-se com os olhos abertos e olhou para 0prfncipe. Entao, vieram as iiltimas dez setas que Ihe perfuraram 0 coracao, e ela cai ujunt o ao li miar; as ondas, porem, carr egaram-na para dentro do caste lo e acolheram-na em seu leito. 0 principe e sua gente foram atras del a e entao submergi ram nas aguas. Mas. agora, devo ir ate Ia e curar a fiIha do rei; pois 0 tempo se esgotou e ouco a ordem de
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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om
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UM TZADlK VAl A TERRA SANTA
A VIA GEM DE RABI NAKHMAN P A LE S T IN A
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BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om
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E m R ab i N ak hm an d e B ratz la v, b isn eto d o B aa l Sc he m T ov [0 fund ad o r d o H a ss id is m o] 1. tudo 0 qu e a s g era co es d a D ia sp ora se ntira m, so nha ra m e re fle tira m so bre a T erra d e Isra el a ch av a-se reu nid o e co nce ntra do , c om o u se m 0 s eu c o nh ec im e n to . [ El e d e ve s er c o ns id er ad o 0 g ra nd e h erd ei ro , q ue a pl ic ou s ua h er an ca d e u rn a f orm a m a gn an im a . E c ar ac te ri st ic o d e s ua n at ur ez a e d e s ua r ni ss ao q ue t en ha s e t or na do . s em q ua is qu er a m bi co es l it er ar ia s d e n en hu rn tipo, s im p le sm e nt e a tr av e s d o i nt er ca m b io o ra l c o m s eu s d is cf pu lo s, 0c ri a do r d e u r n g e n er o l it e ra r io , o co nt o d e f ad as s im b 6l ic o; i st o, p or em , d e t al m o do q ue a nt ig os t es ou ro s d a tra dic ao m fstica fo ra m a ssim ila do s e le va do s a b rilh ar n esta n ov a f or ma .] Q ua nd o s e d es eja m o st ra r a s re la co es d o m o vi me nt o h as sf dic o c om a P ale stin a, m ais d o q ue p ara q ua lq uer o utro se d ev e a po nta r p ara a figu ra do R ab i N akhm an : tu do d esem bo co u n ele e tu do enco ntra exp ressao exem plar em sua v id a e em su as p alav ras. A o m esm o tem po . p or em , s en ti mo s a qu i a lg o d if er en te , a lg o n ov o. q ue p ar ec e e st ar l ig ad o d e m o do e st ra nh o a s n os sa s p r6 pr ia s i nd ag a~ Oe s e l ut as . [0 m ov im en to h assfd ic o, qu e n asc eu u rn ta nto rep en tin am en te n o ju da is mo d o L es te E ur op eu e m m ea do s d o s ec ul o d ez oi to , d ev e s er v is to 1. C f. n o ta 1. cap. 1.
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AS HIST6RIAS
bo RABI
NAKHMAN
como 0 ultimo esforco vigoroso, na hist6ria modema, de rejuvenescimento da religiao. Julga-Io meramente pela degeneracao do movimento, que vern durando mais de urn seculo, parece-me falho; pois ele nao http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n apenas produziu esplendida vida religiosa em abundancia e sua transfi-
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[ da Promi ssao] e, ainda, revest ido pel a t es sit ur a de urna pront a m agia, cujos fios 0 env olv era m na epo ca d o a ssa ltante do s ce us [isto e, Ja cob Frank]. Esperava-se, e bern ver dade, que do contato com a Ter ra Santa resultasse 0preparo da redencao e a lenda do B aal Schem Tov vincula as
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m ais alt as esper ancas a urn encontro que s 6 l a pode consumar-se; m as, guracao em lenda, como 0 mun do mu ito ra ramen te vira medra r em seu ao m enos l ogo no infcio, 0 Hassidismo classic o p as termo a este "emseio, como tambem espalbou sua semente em outros domfnios, uma parte BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om penho em 'acossar' 0 fi m" , e os discipulos do fundador e disclpulos de das quais ja frutificou e a outra, por certo, ha de se desenvolver mais tarde. Urn dia ver-se-a e compreender-se-a que e impossfvel, sem relacioseus discfpulos, que se estabeleceram sozinhos ou com toda urna comunar com 0Hassidismo, conceber 0 melhor aspecto do novo ser hum ano qu e se formo u e esta em formacao no estabelecimento judaieo da Palestina.] A relaca o deste mo vime nto com a Terra d e Israe l na o p ode se r re duzida a urna f6rmula. E possfvel unicamente fazer-lhe justica, do ponto de v ista d e su a vinculaca o c om 0 messianismo, e isto, po r sua v ez, somente a parti't da reac ao que se seguiu a o a ssalto sa batafsta ao s ceus, Aqui, a paixao messianica ultrapassou todas as margens, julgava-se ver com os propr ios olhos e agarrar com as propr ias maos a C onsumacao da C riacao, a renovacao de t odas as cois as, 0 c asa me nto do c eu e da terra. Em urn m undo t ransform ado, a Lei par ecia t er s ido abolida, e 0que nela
nidade de s egui dores na Palest ina, estavam obviament e pensando nao no rnil agre uni co, por em na conti nuidade das ger acoes, 0 m ist eri o per maneceu, m as t om ou residenci a nos ri gores da vida e em s uas t arefas. E a pa rtir da f que ate a a titu de do p r6p rio fu ndad or e m re lac ao a Palestina deve ser entendida. De autentico, nao sabemos muito a respeito de ste fato, assim como d e sua vida e m g era l; todav ia, d eduz -se de sua conheci da m issi va ao seu cunhado que l a se havia fi xado, que t iver a em me nte por muito tempo via ja r p ara a T erra San ta e nao de sistira desta esper ance ate oito anos ant es de sua m ort e. A lusoes de s eus discfpulos davam a entender que ele realmente empreendera a viagem em certa oc asiao . Por qu e desistiu dela, na o sa bemos. "Ele foi impe dido pelos
era c onside rad o peca do nao s6 estav a libe ra do, co mo santificado . 0 colapso da aventura sabatafsta significou 0 perigo da destruicao interior para 0judafs mo cuj a alma fora inflamada por seu s opro abrasador. Este perigo veio a ser imediatamente percebido quando Jacob Frank, 0sinistro epigono de Sabatai - urn dos mais interessantes exemplos da influencia que urn hom em , vivendo em epoca de auto-il us ao, e capaz de exercer em tempos avi dos dest a sugestao - arr ast ou m ult idoes dej udeus pol oneses para 0 seu movimento e para 0 caos. 0 B aal Schem l evantou-s e c ontra a a me aca de de sintegra cao ; e le e 0 antagonista desta fascinante men tira . Co mo tais, ambos, ele e se us disc fpulos tiveram que tentar descontaminar 0 corpo gravement e enf erm o do M ess ianis mo. A f ebril
ceus", diz a lenda, e 0 fato de 0 dizer mostra que aqui se fiz era sentir urna pergunta para a qual os narradores procuravam encontrar resposta; dizendo-o, devemos levar em conta que a narracao desta lenda tern infcio ja e ntre os seus disclpulos e na propria fa milia d o Baal Sch em Tov, n a terceira geracao, que 0 haviam ainda conhecido pessoalmente, embora seja poss fvel que m ui to materi al ap6cri fo tenha si do acr escentado m ais tarde. As varias tentativas da lenda para responder a questao sao caract er fs ti cas, A inda naj uventude, quando m orava com sua m ul her em uma cabana, nas vert entes dos C arpatos, ext raindo argila e cam inhando ate a mais pr6xima cid ade zin ha pa ra vend e-la, c onta-se qu e urn ba ndo d e ladroes, cujas brigas tinha 0 habito de apaziguar, ofereceu-se para cona duzi-Io atraves grutas passagens subterraneas, mas ja est andoTerra quasedea Israel cam inho com de eles, ao t eranspor urn pantano profundo, a espad a revo lutea nte dos Querubins the te ria aparecido e e le viu-se obri gado a r et om ar. Em data bern post er ior (pois est ar ia acompanhado nao s6 por sua filh a, mas tambe m, de a cordo co m outra versao , po r seus fi lhos) nos conta a l enda que ele chegou ate I st am bul; ai, ou urna apari~ ao em sonho 0 adv ertiu e orde nou que v oltasse, ou emba rco u ju nto c om os seu s em urn na vio . Mas entao se desenca deou uma grande tempest ade, e nest e ponto as hist 6r ias volt am a s epar ar -se. Segundo uma, do
hiper tensao da hora preci sava dar l ugar ao empenho s im ul taneam ente ponderado e ent us iasti co em prol da coesao dos tempos, em vez da l ibera~ao dos instintos surge a sublimacao (0que neste conceito ejustificado na p sieologia modema ja vern e xpresso aqu i nu ma forma da s mais cla ras e en fatic as), e a ou sad a en carnaca o de fa nta sias e afugentada pela tranqu il a e xperie ncia d a relacao com a Divinda de no cotidia no. Com isto modifica-se naturalmente, tambern, 0 relacionament o com a Terr a de Israel. Sem perder 0lurninoso poder mfstico que ja se the unira desde os tempos talm udicos e se desdobrara poder osament e na C abal a, 0 pais
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ASHIST6 RIAS
00 RABINAKHMAN
navio danificado a filha do Baal-Schem e lancada ao mar, Sata aparecelhe e oferece sua ajuda, mas ele r esis te a tentacao, decide retomar a casa 0 perigo http://slide pdf.c om/re de r/full/bube r-ma ia s-de -ra bi-na khma nSegundo e aim ediatament e r tin-a todos-histor e vencido. outra versao, e le aport a numa il ha, com urn discfpulo, onde sao feitos pri si oneiros, e am-
A VIAGEMDE R AB INAKHMAN...
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depois disso, 0 edi to foi anulado. Ele pr6pri o declarou mais tarde que quem sabe porque a Terra de Israel esteve primeiro em maos dos canaanit as e s6post eri orment e passou as m aos de I srael , (" a casca deve preceder ao fruto", como ele diz em uma de suas pregacoes didatic as)
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bos sao acometidos por urn entorpecimento no qual a te esquecem as tambem sabe porque ele esteve em Karnieniec antes de viajar a Terra de palavras das preces; finalmente 0 discfpulo descobre que ainda sabe 0 Israel. Constituiu-se, portanto, urn ato simb6lico 0 fato de ter passado a BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om alf abeto, r ecit a-o ao seu mestre que com ele 0repete "com grande entunoi te na cidade s em judeus antes de dirigir-s e a Terra Prometida de Issi asmo" e, no mesmo inst ante, sobr evem a l iber tacao e eles retomam a rael, e foi precisamente este ato que, entendeu ele, 0 Baal Schem lhe casa. Coisas analogas tern lugar em outra s versoes, Em toda parte , na teria ordenado fazer. Antes de ir a Miedziboj, 0pr6prio Rabi Nakhman afmnara nao saber para onde sedirigia. Assim, enviando-o a Karnieniec, lenda, reina a evidente tendencia de prevenir-se contra intencoes magicas no tocante a Palestina: enquanto a hora da redencao nao tiver chegado, o seu bisavo indicara-lhe 0 caminho a seguir. Quando regressou a casa, deu uma explicaca o sobre 0 versfculo mesmo as criaturas escolhidas procuram em vao conjura-la, Trata-se de um a t endencia de novo abandonada no H assi dism o tardio, ou m elhor, a seu prop6si to se travaram lutas violent as; a l enda do B aal Schem ainda esta inequivdcamente determinada por ela. Havi am s epassado apr oximadamente quarent a anos desde a mort e do Baa l Schem Tov, quando seu bisneto, Nakhma n, se prepa rou para viajar a Terr a Santa. Cont ava vinte e seis anos nesta epoca, Nisto, nao estaroos na dependencia da lenda: conforme sua pr6pria
dos Salmos 63:9: "Minh' alma esta entregue a Ti, Tua destra me sustenta". A pregacao nao chegou are n6s, mas pode mos adivinhar seu sentido basi co: Aquele com quem sua alm a de menino est ivera uni da - s abemos do empenho tempestuoso do garoto em sua busca de Deus - agora estendera Sua mao para sustenta-Io. Simultaneamente, porem, morre uma filhinha sua e tambem isto ele liga a este novo curso inic iado; 0 que e igualmente parte estrita do contexto dos procedimentos e, ao mesmo
com unicacao, seu discfpulo e ap6stolo N atan anotou a viagem pass o a pass o; pis amos aqui no solo de urn interesse biografi co t odo especial
tempo, inteiramente faticos e inteiramente simb6licos. A s vesperas da Fest a de Pessakh, saindo do banho de imersao ritual, disse a seu acompanhante: "Neste ano, com certeza, estarei na Terra Santa". A predica na festa base ou-se no versiculo dos Salmos 72:20:
que, na verdade, interpreta alguns dos incidentes de forma lendaria, mas nao refunde nenhum deles. Antes de dar a conhecer algo de suas intencoe s, na verdade, aparent ement e, ant es de ter amadurecido f irm ement e em s ua decisao, visi tou seus pais em Mesbij (Miedziboj), que fora antigamente 0domicflio de Baal Schem Tov e onde ele mesmo passara sua pr6pria infancia, La algo estranho aconteceu. Antigamente, quando crianca, costumava correr a noi te ate 0 nimulo do bisavo e pe dia-lhe para que 0 ajudasse a chegar perto de Deus. Agora, porem, quando sua mae the perguntou quando pretendia par ti r, r espondeu: "Se m eu bisavo quer se encontrar comigo, ele que venha ate aqui". Pode-se detectar 0 temor de que 0
"Pelo mar rastro nao
e ° teu cam inho, e t uas s endas sao pel as gr andes aguas, e conhecido". Agora, todos compreenderam 0 que ele
e teu t inha
em mente. Em vao sua mulher t entou per suadi- lo a des ist ir do plano. Quem i ria alimentar sua familia enquanto estivesse longe? Os parentes deviam cuidar del es, respondeu, ou ela devia i r tr abalhar par a estranhos. Nao considerou as lagrimas a sua volta: nao importava 0que sobreviesse, preci-
B aal- Schem Tov pudesse opor-se ao seu prop6sit o poi s quando ele pr6prio quisera viajar a Palestina fora impedido "pelo ceu", Mas nessa noite
sava viajar, sua pa rte maior ja estava la e a minoria precisava seguir a maioria. Sabia que um sem-mimero de obstaculos se the apresentanam no cami nho, m as, enquanto t ivess e dentro de si um alent o vivo, arris caria a alma e iria. A c ada passo da viagem, contou ele mais tarde, "arris-
seu bisavo the apareceu e, It am anha seguinte, a m ae de R abi N akhman percebeu sem que ele precisasse contar-Ihe. Mais tarde, relatou-lhe apenas haver depree ndido da referida apari~ao que deveria viajar para a cidade de K ami eniec. De sua estada em Kamieni ec, contaro que pas sou a noite sozinho na cidade em que os judeus era m proibidos de viver e,
quei a mi nha alma". Nos ensinamentos do Rabi Nakhman, tal como chegaram ate n6s a par ti r dos anos pos teriores, deparamos sempr~ de novo co~ os "?bs taculos" em conexao com a Palestina. Este obice, como all e ensinado, te rn grande significado. Foram semea dos no caminho do homem cujo
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ASHIST6RIASDORABINAKHMAN
ans eio e dest ino 0 impeliam para a Terra Santa, a fim de que ele os superasse. Pois, por intermedin deles, a sua vontade e estimulada e exaltada e, so entao, ele ses-histor torna iadigno de receber Quem http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-de -ra bi-na khma n a santida de da Terra. pretende ser urn judeu autentico, isto e , s ubir de degrau em degrau deve
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ne ste mundo e, e m sua aparencia externa, nao diferia em essencia de outras terras, de onde eles procediam: sua poeira era como a poeira em todo 0 mundo. E ainda ass im est a terr a e de cima a baixo s anta. Ou seja, como sucede com 0 verdadeiro tzadik, cuja aparencia e igualmente como
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"esmagar "bos 0 st acu ~ 1os. Para veneer a luta, porem, e necessario "sacr ' a ousadia", justamente aquela em que Deus se alegra, pois Ele louva
a de todos os outros homens. N a ver dade, no ent anto, a terr a est a s eparada das outras terras em todos os pontos, e ate 0 ceu, acim a dela, e difeBUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om rente dos outros ceus. E com o ocorre com 0 verdadeiro tzadik: somente Israel devido a ousadi a sagrada e a obst inaeao do i srael it a por causa o homem que crs na santidade a reconhece e a recebe. de quem a Torti foi dada. Es te combat e e em essencia urn com bate i nteQuando todos os outros argurnentos utilizados para persuadir rior e espiritual; pois as forcas do mal acurnulam os obices a fim de Nakhman a abandonar sua decisao falharam, apontaram-lhe 0 fato de confundir a com preensao e, basicam ente, a propria alma e 0 lugar dos que ele nao dispunha de ne nhum dinheiro para e mpreender a viagem. obstaculos. Quanto maior 0homem, todavia, tanto maiores sao os obsta"Quero partir imediatamente", ele replicou, "quaisquer que sejam as culos a sua frente, porquanto tanto mais intenso e 0 esforco exigido condicoes, mesmo sem dinheiro. Quem se apiedar de mim me dara alde le a fim de eleva-lo a urn nfvel mais alto. guma cois a". Ao constatarem que nao poderi am i mpedi-l o, s eus parenD epois .que Nakhman anunciou sua decis ao, ele parece t er sido astes reuniram a soma necessaria e, na semana ap6s a comemoracao do saltado por i ndagacoes sobre quais seri am os fundam entos dest a. MuiPessakh, N akhman parti u com urn acompanhant e. No cam inho, ao pert as respost as chegaram ate nos, com o, por exemplo, a de que ele estava noitar num determinado lugar para 0Schabat, apareceu-lhe em sonho 0 preocupado em am~lga mar os mandamentos que somente podiam ser Rabi Mendel de Vitebsk, que viajara a Palest ina com t rezent os fi eis cumpri dos na Palesti na com os outr os e de cumpri-l os, em prim eiro l useguidores, ha vinte anos arr as e la morrera ha dez anos, no come co gar aqui, e~.pensamento, e depots la, e m a£lio; ou tambem que, apes
do a su~ ca ~a, qua ndo se pensa na grandeza da Terra Santa, imaginar uma essencia espiritual, mas algo com 0que e possfvel estabelecer tambern contato aqui: "refire-me", dizia, "muito simplesmente, a esta Terra de Israel com estas casas e moradias". Ha aqui, em Nakhman, uma
deste mesmo meso Est e, quando ainda menino, havia visi tado 0 Baal Schem, cuja l uta contra a febre mess iani ca ele prosseguira, t anto antes quant a depoi s de sua viagem a Terr a Santa; daf provem os relatos a seu respeito e as suas proprias de clara coes nesse se ntido. Conta-se que durante 0 tempo em que estivera em Jerusalem urn loueo, sem ser percebido, havia escalado 0 Monte das Oliveiras e soprado 0 schofar, que e 0sinal para 0romper da redencao; 0povo acorreu aos bandos, porem, quando Rabi Mendel soube dis so, ele abri u ajanela, eontemplou la f ora a atmosfera do mundo e disse: "Aqui nao aconteceu nada de novo". Com igual sobriedade sagrada seu companheiro, Rabi Abraao de Ka liski, informou aqueles que permaneceram em casa e que Ihe per-
concretude enfatica de sentimento, como mal encontraremos antes dele. Santa e precisamente a Pal est ina como urn todo concreto. Est a s anti dade nao pode, entretanto, ser pe rcebida de fora. Anos mais tarde, Rabi Nakhman contou 0 que ele ouviu II i, de homens famosos, que haviam imigrado ha pouco t empo, apenas. Eles Ihecontaram que antes de efetivamente lachegarem, nem sequer sabiam, na verdade, se a Terra de Israel exis ti a no m undo. De tudo 0 que os li vros escrevi am sobre a s anti dade dela, haviam imaginado que era "urn mundo completamente diferente". Mas, quando la chegaram, vir am que a Ter ra r ealm ente se encontrava
guntaram sobre as numerosas "mudancas, transformacoes, ocorrencias e ordens do tempo", pelas quais cada indi vfduo neste solo deve passar: "ate que ele seja parte efetiva de le e tome gosto por suas pedras e sinta benquerenca por seu p6 e arne as ruinas da Te rra de Israel [ ... ] ate que t enham decorri do os dias da acolhida, ist o e , seu acolhimento naquela vida [ ... ] Todo aquele que chega ao Santuario deve nascer de novo no ventre materno, ser out ra vez amament ado, vol tar a ser uma cri ancinha e, assim por diante, ate que olhe diretamente na face da te rra e sua alma se una a alma dela", 0 proprio Rabi Mendel escreve aqueles que per-
haver . adqUl ~do a "sabedoria i nferior" aqui, ele queria alcancar a "s abedona supenor", que so podia ser atingida lao Mas 0 motivo decisivo e obviamente obter 0contato com uma santidade cuja unica morada fica naquel~ l ugar, na Pal est ina, urn contato pelo qual alguem se t orna apto e autorizado, primeiro Iii e depois aqui, a praticar trabalhos misteriosos e a alcancar 0 apice de sua propria vocacao. Nao sedeve, assim explicava ele a seus discipulos, mais tarde, muito tempo depois de ter regressa-
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". AS HIST6RIAS
DO
RABI NAKHMAN
m aneceram em casa: "M eus queri dos, m eus ami gos e companheiros, saibam since ramen te que para mim e perfe itamente claro q ue todos os sofri ment os pelos quais passamos nes tes tr es anos sao os sofri mentos http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n da Terra de Israel", quer dizer, fazem parte dos sofrimentos que, de
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tes de se alcanc ar a grande za", d izia, "a p essoa dev e primeiro afunda r na pequenez. Mas a Terra de Israel e a maior das grandezas e e por isso que se dev e de sce r a min ima p equen ez an tes de asc ender 0 cimo. Foi por is so que 0 Baal Schem Tov nao pede chegar ate la, pois nao
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podia baixar a semelhante pequenez". Ele, porem, Nakhman, aco rdo com a t ra d ic a o t al m u d ic a , sao necessaries para m er ecer a terra; apequenou-se a si m es mo. Per am bulava por Is tambul com pes des calsao , po rtanto, precisamen te do mesmo tipo de "obsta culos" que Rab i BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om yOS, com urn casaco de forro de pano, frouxo, sem cinto, sem 0 chaN akhm an i nt erpreta. Tal e 0 hom em que the apareceu na prim ei ra noit e peu sobre 0 solid eu, e c ometia tod o tipo d e tolice; assim. de sua peregrinacao. Ele the revelou que numa viagem maritima 0 O rgaoizou com vari as outr as pess oas jogos de guerra, nos quais urn nome div ino ''Tu'' deve ser invoca do: Ele do ma ra as vaga s, como esta lado representava o s fra nceses e, 0 outro, aqueles que eram por eles escrito nos Salmos (88:10): "Tu s ubjugaras a soberba do m ar , quando atacados. Este se apequenar e agi r como tolo, f az l em brar as l endas buas suas vagas se encapel am , Tu es aquele que as amansa". distas, sutitas e franciscanas, eo procedimento arraigou-se nele tao forEle passou 0 dia da Festa da Rev ela cao, em Kerson, a ca minho de t em ente que m ai s tarde, mesm o na Pal est ina, encontrou difi culdade em Odessa. Uma p re d ic a a f pronunciada liga-se visivelmente a comunicacao libertar-se do habito. que recebeu", no sonho; resulta do ver si culo dos Sal mos (107: 29) : " Ele Em Ista mb ul a peste irrompe u. Por isso, durante muito tempo n ao tr aosf or mou a procela em leve bris a, e as ondas do m ar s il enciaram". N a pede prosseguir viagem. Temerosa do perigo frances que se ve spera da Festa, dep ois da usua l vig ilia , foi pa ra 0 banho de imersao aproxima va, a comunidade judaica p roibiu a todos o s jude us na tivos com urn acompanhante. No trajeto, perguntou-lhe 0 te mp o todo se nao e e strang eiros de deixar a cid ade p elo mar. Na khman o pos-se a proiouvira 0 som, coisa que 0homem negava, por ti m N akhm an diss e: " Pabiyao e induziu muitos outros a acompanha-lo na viagem. No camir ece que is to ver n de urna banda de m ii si ca". M as 0 homem entendeu: 0
d ir~ao eo ouv iu rog ando-lh e qu e trouxe sse rede ncao a sua alma. Esta f oi a prim ei ra das m ui tas alm as que ass im the apareceram.
nho, u ma g ran de tempestad e novamen te se abateu sobre 0 navio, que se viu a me acad o. To dos cho rav am e rog avam; ele , p ore m, perman ecia sentado e calado. As pessoas 0 inquiriam e 0 press ionavam em vao; no inicio, n ao d eu resposta, a segu ir o s re pre endeu : "Calem-se voces t am beml As si m que se aquietarem, 0 mar tambem se a calma ra!" E assim sucedeu. Depois de outros problemas - a agua potavel acabou - 0 navio c hegou as aguas de lafo. Ra bi Na khman prete ndia seguir dali para Jerusalem, pois a Cidade Santa era a meta de seu desejo - explicou taxativamente que nao queria ir nem a Sfat nem a Tiberfades, onde os grupos hassfdicos haviam se instalado -, mas as a uto ridade s p ortuarias suspe itara m dele, p or c ausa de sua estra-
Em I st am bul aum entaram as dif iculdades e privacoes, Nakhman proibiu que seu companheiro dissesse quem ele era. Assim, nao s6 sofreu nas maos dos funcionarios turcos - era a epoca da expedicao napoleonica ao Egito, eo medo de espioes era enorme - mas tambem chegou a ser suspeito e insultado pelos judeus; mesmo assim, conservou 0 disf arce; oao s6 suport ou 0 m al tr ato, com o ate 0 provocou deliberadamente e conseguiu aumenta-lo. Se, disse aos discipulos tempos mais tarde, nao houvesse passado por toda essa humilhacao, teria ticado e m Istambul; em outra s pa lav ras, teria que mo rre r lao "An-
n ha a parencia, por p arec er u rn e spiao frances, e proibiram-no de descer a terra. Isto se deu dois dias antes das festas do Ano Novo. 0 capitao pretendia ficar alguns dias em lafo, mas, devido ao mar agitado, 0 barco n ao pede an cora r. Re spon dendo as perguntas, os sabios da comunidad e judaica sefa radita c onta ram ao su rpreso c apitao que, de acordo com a tradicao oral, 0 Profe ta Jon as foi c erta v ez lanc ado ao mar, precisamente nesse lugar; e eles achavam ser esta a razao pela qual, algumas vezes, urn navio nao conseguia lancar ancoras ali. Prosse guiram e nta o ate Haifa e ancoraram, n a tarde seg uinte, ao
Rabi escutou 0 trovao do Sinai. A rota pe lo mar, via Ode ssa , tinha ate e nta o sido evitada pelos jude us por ser pe rigosa . Ele a empreend eu e , da f por diante, ela pareceu segura a t odos. Is to acont ecia em sua vida assim , com f requencia, com o nos e contado ele arranca, dest a f orm a, os dentes venenosos das cois as, das q uais e 0 prim ei ro a ousar resis ti r. Assim que 0 navio atingiu 0 alto-mar, irrompeu uma tempestade e a agua alagou 0 conves, Nesta grande tormenta, Nakhman divisou umjovern que morrera recent em ente nos arredores de s ua cas a vindo em s ua
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pe do Carmel, de fronte a gruta do Profeta Elias. De manha as preces foram ditas ainda a bordo; a seguir os judeus desceram a terra, Rabi N akhman ent re eles. http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n Tem pos depois ele contou aos seus discfpul os que, t ii ol ogo pene-
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sentava-se e conversava com ele, gentil mas, insistentemente, batendolhe nas cost as de tempos em t em pos e m ost rando-l he sua boa vontade, de todas asmaneiras possfveis. Nakhman naturalmente nao entendia urna uni ca pal avra do que ele falava, e as dem onst racoes de afeto 0deixavam
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bastante constrangido, mas nao expressava nenhurna impaciencia e ficava trara qua tro varas no pais, ja leva ra a efeito tudo a qu e aspirara . Ne ste ali sentado como se estivesse ouvindo. Urn dia, porem, 0 arabe tornou a relato a crenca no poder do contato com a santi dade da Ter ra t orna-se BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om voltar, a rmado e irado, e pos-se a gritar c om 0 Rabi que, naturalmente, par ti cularm ente nft ida. 0 que ele ti nha em m ente e expli cado por outr a outr a vez, nao entendeu uma s6 pal avra. S6 depois que 0arabe, por fim, declaracao sua a respeito do quanta havia alcancado la, declaracao feita f oi embora vei o a saber que fora desafiado para uma luta. Esconderam por ele logo ap6s 0 seu regresso da Palestina, e que deve ser comparada Nakhman na cas a de out ro tzadik. 0 arab e retornou de n ovo e fic ou fora aquela sobre a fusao dos m andament os r eservados t ao-somente a Terra de s i ao ser i nformado que 0homem pel o qual procurava t he havia escaSanta e as outras. Havia, disse ele, agora pre enchido toda a Tora, em pado. "Deus sabe", declarou 0 arabe solenemente, "que eu 0 amo muito. t odos os aspectos, "poi s m e f oi dado cumpri- la por i nteiro, e mesm o que Quero the dar urn asno e meu pr6prio cavalo, para que ele possa ir a fosse vendi do aos i sm aelit as em pafses dist antes, onde nao hajudeus e Tiberi ades com uma caravana". Ent ao Nakhman vol tou a est al agem . 0 fosse obrigado a pastorear 0gada e, m esm o que nao s oubesse m ai s quanjovem ara be to rnou a ap arec er, mas de ssa feita nao mais the disse urna do e Schabat e os dias festivos e nao mais contasse com 0 m anto de s6 pal avra, apenas f icou a sorri r, vez por outr a, para 0 Rabi. Aparentepreces ou os fi lact er ios e nao pudesse cum pri r qualquer mandam ento, m ente t inha cumprido s ua promessa. Fica claro que - assim e que podeainda assim estaria a pto a cumprir a Torti no seu todo". mos exp licar o s fato s n arrados - ele s6 esta va in teressa do em alugar os A tarde - era a vespera do Ano Nov o - foram ao banh o de imersao animais e, como 0Rabi parecia compreende-lo, sentiu-se, com isso, ofene depoi s a cas a de oracoes onde per maneceram ate 0 anoitecer. "Bendito sejas tu", Nakhman disse ao a comp anhante em seu regresso a estal agem , "que foste j ulgado digno de est ar com igo aqui". Pediu ent ao que f ossem l idos os nomes de t odos os hassidim que se haviam r euni do a ele na casa, e que the fossem dadas tiras de papel com seus nomes e os de suas maes Ia escri tos, de m odo que s e l em brasse deles na Terra Santa e, em m ei o a sua grande alegr ia, pensasse em cada urn del es. N a m anha seguinte, porem, seu s enti mento havia se m odifi cado. Uma inominavel preocupacao despertou em seu Intimo, seu coracao estava op resso e na o falava com n ingue m. Logo ap6s a festividade pe nsou na viagem de r et orno. N ao m ais queri a i r a J erusalem, desejava apenas voltar a Polonia. De Sfat e Tiberfades chegavam convites dos
dido por ele nao ace itar sua of etta, tao freq uenteme nte reitera da; por fim, esclarecida a situacao, quando olhava para Nakhman nao conseguia conter 0 riso. Numa declara cao que cheg ou ate n6s, 0 Rabi confessou que the causara mais sofrimento 0amor demonstr ado pel o arabe do que a sua colera. M as, para alem do epi s6dio, parecia fazer algum as alusoes aos misteriosos perigos que se ocultavam por tras desses acontecimentos, e os discfpulos j ulgaram ent ao que 0 arabe teria sido 0 Sata, em pessoa. C om i st o conquis tamos uma percepcao especial da f orm a si mboli cam ente legendar ia pela qual N akhm an vivenci ou sua vida e de como s eus discfpulos aprendiam, por meio de seus relatos, desenvolvidos em hist6rias, que chegaram ate n6s. 0 arabe, alugador de asnos, torna-se a
tzadikim, que haviam ouvido falar de sua chegada, convidando-o a passar as festividades dos Tabernaculos em sua companhia, porem ignorou a todos e permaneceu em Haifa, tanto para 0Dia da Reconciliacao quanta para a Festa dos Tabernaculos. E entao algo sucedeu, 0 que na ve rdade n ao e m uit o not avel em s i, mas se torno u nota vel pelo modo como foi visto , primeiramente p or Nakhman, ao conta-lo e, depois, por seus discfpulos, aos quais relatou 0 fato. Dia ap6s dia , urn jo vem ara be vinha a estala gem quan do 0 Rabi estava a mesa para sua refeicao do meio-dia e do anoitecer; 0 rapaz
corporificacao satanica dos "obstaculos", Isto e dado como explicacao para a melancoli a que 0 Rabi sentira antes do conflito. N esse i nteri m, N akhm an se deixou convencer a r ealizar ajornada par a Tiber fades, onde, em s egui da, adoeceu - uma vez mais urn event o de significado simb6lico. Depois, ficamos sabendo de urn delator cujos dest gnios ele fr ust rou. V is it as a algum as grutas de hom ens sant os sao relatadas com ligeiros tra ces de lend a. Assim, teria visitado a gruta com a tumba de uma crianca santificada, que havia, ate entao, sido evi tada por causa de uma vfbora supost am ente la ani nhada; quando ali
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C?~gou, nao havia vfbora alguma e, daf por diante , todo mundo pode V~SI~ a gruta. Neste caso, tambem, Nakhrnan aparece como precursor, 0
pioneiro,
http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n
.
Urn dos grandes dentre os judeus de Tiberfades pressionou-o
para
superado; na verdade, e preciso antes injetar no bern toda a forca paixao que af se agita: nao mais se trata de ape nas na o odiar, porem amar 0 que previamente pareci a digno de 6dio, cor n t oda a potencia paixao do que antes havia incorrido no 6dio, isto - ele s6 conseguiu
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da de da na
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Terra de Is rael. E assim t ambem e com 0 ensinamento. Entre as doutrique Ihe revelasse 0 proposit o ocult o de sua visit a a Pal esti na. O bvianas que vern de fora da Palestina e aquelas que vern da Terra Santa, mente, disse, 0 R abi estaria preocupado ern cumprir uma a~ao secreta a BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om dizia ele, ha uma dis tancia tao grande quant o aquela que divide 0 Ociservice de Deus ; se pudes se ao m enos Ihedi zer 0 que era, ele 0 ajudaria dente do Orie nte. Nakhman mandou recolher ern urn livro apenas as ate 0 l imi te de suas forcas, Q uando N akhman s e recusou, 0 outr o l he predicas que pronunciara ap6s 0 seu retorno, e nao as anteriores. pediu qu~ expusesse algo de seus ensinamentos. Porem, tao logo comecou D eclaracoes feit as por ele, as ves peras do Schabat, ap6s 0 lutuoso a comumcar -lhe 0 segredo dos quatro pontos cardeais na Terra de Israel dia de nove de Ab, 0 da dest ruicao do Templo, nove s emanas ant es de o sangue jorrou-l he da garganta e ele t eve que i nterr omper -se poi s "os ceus nao estavam de acordo". sua morte, dao um entendimento ainda mais profundo da transformacao que ele devia a Te rra. Urn pouco antes se muda ra para uma nova casa, a A pest e i rrompeu em Tiberfades, N akhman fugi u, nao sem per igo, sua derra deira, de onde olhava da janela para urn jardim e, para alem para Sfat por ~endas subterraneas, atraves de uma gruta. Ern sua tentativa dele, 0 cemiterio - la estavam a s sepultura s dos milhares que haviam de achar l ugar num navio para a viagem de retorno, foi com seu acompapereci do na grande chaci na cos saca; Nakhman as contemplava sempre nhante a te uma nau de guerra turca, que julgaram ser urn barc o de merde novo e, a seu prop6si to, salient ou com o s eria born repous ar ent re os cadores. Descobriram 0 engano demasiado tarde. A p6s severas pri vamartires. Foi a sua prim eira predica na nova m oradi a. M uitos hassidim, ~6es e t odo tipo de per ipecias aport aram ern R odes, onde cel ebraram a desde aqueles que eram seus Intimos de l onga dat a are aquel es que acaDe Festa d.e Pessakh. hi, seguiram ern sua viagem por Ist ambul e pel a Valaquia. Nesta ocasiao, 0 Rabi fez uma predica, durante 0 terceiro repasto sagrado do Schabat, sobre 0 versfculo do profeta Isaias (43:2): "Se tiveres de a travessar a agua, Eu (=Eu estou) estarei conti go". Na versao que chegouate n6s, a predica termina com as seguintes palavras: "Eu est arei contigo - cui de para que sejas a ferr ament a que e cha-
Entende-s e a par ti r daf 0 que ele adquiriu na Terra Sa nta, desde entao, durante 0tempo - nao muito mais de uma dec a da - que lhe restou de vida e, em cujo transcurso, construiu seus ensinamentos e sua criacao
bavam de selhejuntar, estavam reunidos quando ele adentrou e empreendeu a consagracao do vinho. Via-se que estava muito enfraquecido e mal tinha forcas para falar. Na o voltou ao seu aposento, depois disso, como era seu costume, mas permaneceu sentado a mesa. Mui debilmente com ecou a f alar. "Por que vieram a m im ?" disse, "nada mais sei agora, nada sou a gora senao urn simplorio". Re petiu esta frase de novo e de novo. Depois, porem, acrescentou que semantinha preso a vida somente por ter estado na Terra de Israel. E tao logo 0 disse, exaltou-s e em seu intima 0ensinamento, 0 entusi asmo nel e s e elevou e ele comecou a falar do fato de que de uma tal condicao de simplicidade do tzadik manava uma f orca vital para t odos os si mpl6rios no mundo, pois todas as coisas
narrativa, que transmitiu repetidamente aos seus discipulos, mesmo que ape~as por alusoes. Assim, relata que ante s de enc etar a via ge m nao podia entregar-se ao sono tranqiiilo, pois, a cada vez, as "seiscentas mil" letras da Tord 0 envolviam com o se esta ti vesse se r ompido outr a vez ern uma i ncontrolavel profusao de l etr as; mas, desde que vol tara da Palestina e ssa perturbacao nao se dera mais e ele estava de posse do conjunto dela de tal modo que este jamais se desfazia e se convertia em caos. Ou: em suajuventude amiude era dominado pela ira e lutava contra ela; mas quebrar urn mau habito nao significa que a pessoa ja 0 tenha
estao ligadas umas out ras. Porem, a font e desta forca vital resi de na t erra que fora a t err aa s da meres, "0 tesouro da dadiva imerecida", ainda antes da Revelacao, antes mesmo que Israel a pisasse com a T ora revel ada. A partir daf 0 mundo ficou preservado no tempo entre a Criacao e a Revelacao; aqui se encontrava entao oculto 0 ensinamento, as Dez "Palavras" (Mandamentos) do Sinai nas Dez "Palavras" corn os quais 0 mundo fora criado, e este e 0 ensinamento pelo qual os Patriarcas viveram na Terra. Ela e chamada, por isso, Derech Eretz, "0 caminho da Terra", quer dizer, da vida correta fora da Revela cao e, na verdade, e 0
mada Eu". Isto era 0 que queria declarar a seu pr6prio respeito naquele momento: de que ern sua viagem sobre as aguas tornara-se a ferramenta corn 0 nome Eu.
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cam in ho d a T erra, d o P ais. V isto qu e 0 p oder das D ez "P alav ras" da C ri ac ao e st a e sc on di do n es ta T er ra e o s P at ri arc as v iv er am d a fo rc a d as D ez " Pa la vra s" , fo i p os sfv el a Is rae l, a q ue m D eu s, p or se tra ta r d e " Seu http://slide pdf.c om/re s-histor n s 1 11 :6 )" , a lc an ca r a T er ra p oavdeo r/full/bube ", " p ro m er-ma t eu r tin-a 0 p od er d eiaSs-de eu s-raa bi-na to s (Skhma al mo c om a s D ez " Pa la vr as ", A ss im a a pro pr ia ca o d a t er ra p or I sr ae l c on st it ui
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m as tem ia que a m orte 0 s urp re en des se n o c am in ho e e ntao n in gu em h av eria d ec uid ar d e s ua s ep ultu ra , e n em v iria v is ita -la , E m o utra o ca siao d eclaro u: "Q uero p erm anecer en tre v oces". P orem , a P alestin a p erm eav a tu do em s eu p en sa me nto . C os tu rn av a d iz er: " Meu lu gar e s om en te n a T erra d e Is ra el. P ara o nd e q ue r q ue e u v ia je, e u v ia jo s om en te
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o e nc on tro e a v in cu la cao d a C ria ca o e d a R ev ela ca o, A fim d e p re para p ar a a T er ra d e I sr ae l" . la, C an aa d ev ia estar p rim eiram ente n as m aos d os g en tio s, an tesBUBER, qu e Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma Q nua- nd o pdf.c d is co rria s ob re a s an tid ad e d o P ais ca fa , a lg um as v eze s, slide om co ub esse a Israel; u ma v ez qu e, p recisam en te p or isto, o s po vo s nao e m ta o p ro fu nd o ex ta se qu e c he ga va a s ra ia s d a m orte . p odem d izer a Israel: "V oces sao lad ro es, p ois se ap od eraram d e u ma te rra q ue n ao lhe s p erte nce ". P or c erto , is to e a ssim ap en as e nq uan to I sr ae l m e re ce -l o, e nq ua nt o s at is fi ze r t al c on sid er ac ao c om a s an ti d a de da Torti qu e fo i re ve lad a e c on sa gra a te rra c ria da , e e nqu an to th e s eja p erm itid o p erm an ec er em s eu p ais ; ta o lo go , Is ra el te nh a d e p artir e m e xflio , a terra e ntra ra n ov am en te n o es ta do d e d ou trin a o cu lta, d as D ez It " Pa lav ra s" d aC ria ca o s om en te, d a d ad iv a im ere cid a, d a p ura g ra ca , 0 tzadik v iv e d es sa fo rc a d a terra q ua nd o ca i n o e sta do d a s im plic id ad e e e da f qu e the aflu i a fo rca v ital que, d ele b rotan do, flu i p ara to das as alm as sim ples do m undo, nao s6 de Israel, m as de todos os povos. E p recisam en te p or isso qu e ele d eve, d e vez em qu an do, cair p or alg um
R ab i N ak hm a n d e B ra tz la v p er te nc e a o m im e ro d aq ue le s hassidim qu e, c om o R ab i M en de l d e V ite bs ki e s eu s c om pa nh eiro s, a po nta c om 0 s eu e st ab el ec im e nt o n a P al es ti na , p ar a 0 n o vo r e- es ta be le ci m en to n es ta te rra. S ob es te a sp ec to , n ao in tro du ziu , c om o n arrav a e m se us c on to s, u rn a n ov a e ra . M a s, c om o 0g ra n de h er de ir o q u e e , f un d iu t od o 0material da tradicao em su a glo rificacao d a san tid ade d a T erra, e d eu -Ihe u rn a n ov a c on fi gu ra ca o, N in gu em , n o c on ju nt o d a l it era tu ra ju da ic a, ja m ais a e xa lto u d e fo rm a ta o d iv ers ific ad a e, ao m esm o te mp o, tao u nifo rm e. S eg un do R ab i N ak hr na n, a P al es ti na e 0 p on to d e o ri ge m d a c ria ca o d o m u nd o, s ua p ed ra fu nd am en tal, e e a f on te d o m u n do v in do uro n o q u al t ud o s er a b or n. E 0 v er da de ir o c en tr o d o e sp fr it o v it al e a r en ov ac ao d o
t em p o n es se e st ad o d e s im p li ci da de . A ss im , a te n o m a is p ro fu nd o im e rg ir repousa 0 s en tid o d a e le vac ao . E eo q ue a co nte ce, e m alg um a m ed id a e de algu ma fo rm a, a tod os o s hom ens, tan to aos ho mens d e esp frito, quan to ao s sim ples: a nin gu em e su btrafda d a fo nte d a v id a, a n ao ser q ue e le p r6p rio s e re tire d ela . P or is so , 0 m a is i m po rt an te e : n ao d es es p era r. " 0 d es es pero n ao d ev e e xis tir!" , b ra do u R ab i N ak hm an . " Nin g u em d e ve d es es pe ra r- se ! E u o s c o nc it o, n a o s e d e s es pe re m !" U m a g ra nd e a le gr ia i nf la m ou -s e e m s eu In ti m o. E l he s o rd en o q ue , a nt es d e l av are m a s m a os p ara 0r e pa sto, e ntoa sse m 0c an ti co , ' 'L o uv o re s e u q u er o c an ta r" , o q ua l e ra u su alm en te ca nta do s om en te d ep ois d a b en ~a o d o p ao , e q ue, n os i il ti mo s t em p os , d es de q ue 0R ab i f ic ar a t ao e nf ra qu ec id o, n ao m a is
m u nd o, p el o e sp iri to d a v id a, t am b em h a d e p ar ti r d e s eu s ol o. N el e e st ao c on ti do s a fo nt e d a a le gri a, a p er fe ic ao d a s ab ed or ia e a rm i si ca d o u ni ve rs o . E le r ep re se n ta 0 p a ct o e n tr e 0 ce u e a te rra . 0 a pe rfe ic oam en to d a fe p ro ce de d el e, p oi s, a i, c om o e m n en hu rn o ut ro lu ga r d o m u nd o, e p os sf ve l e n tr eg a r- se p o r i nt ei ro a i nf in it a l ur ni no si da de e p o r e la s er i lu rn in ad o ; d el e p ro ce d e a e st ru tu ra d o d ir ei to , 0a pe rf ei co am e nt o d a j us ti ca n o m u nd o e a s u pe ra ca o d a i ra e d a c ru e ld ad e . E 0lu ga r d a p az , o nd e a s a nt ft es es d a g r a~ a e d o p od er e sta o u nid as e a u nid ad e d e D e us s e re vela ; e a f que a paz e e stab ele cid a n o im o d o ho m em , " en tre s eu s o ss os ", e a f q ue a p az e ntre 0 hom em e 0 ho mem se esten de pelo m un do . R ab i N akhm an acolhe 0 e ns in am e nt o t al rm i di co d e q ue t od as a s o ut ra s te rr as r ec eb em a p ro fu sa o
f or a c an ta do . " Da 0 to m , N afta li", d is se a u rn d isc fp ulo , C om o e ste c ora ss e e h es ita ss e, e xc la mo u: " 0 q ue te mo s a n os e nv erg on ha r? 0 m un do to do fo i c ria do p ara 0 n o ss o b e rn ! N a ft al i, 0 qu e tem os a n os en verg onhar?" E ele pr6p rio fez co ro. "A ssim , v im os", escrev eu 0 narrador, "c omo 0o cu lt am e nt o d e D eu s s e t ra ns fo rm a e m g ra ca , D e u rn n ao s ab er , o R ab i a lca nc ou ta l re ve la ca o, E le p r6 prio d is se q ue 0 i gn or ar e ra n el e m a is e xt ra or di na ri o d o q ue 0 saber", R ab i N ak hm an n ao v ia jo u a T erra P ro me tid a p or u rn a se gu nd a v ez . G o st ar ia , d is se e le , t re s a no s a nt es d e s ua m o rte d e i r d e n ov o, e l a m o r re r,
c el es ti al a tr av es d e m e ns ag ei ro s, p or m e io d os " pr fn ci pe s d a e sf er a s up er io r" , m a s I sr ae l a r ec eb e d ir et am e nt e d as m o os d e D eu s, E le m e sm o ; da f p or q ue e t ao d if fc il p ar a o s o utr os p ov os a va nc ar a te a u ni da de , e nq ua nt o Is ra el e st a e ng as ta do n o ''T u e s u rn ", e d a T err a d e I sr ae l a u ni da de d ev er a e st en d er -s e a t od o 0u ni ve rs o d o h om e m . P or i ss o a T err a d e I sr ae l e c om o se fo ss e a Schekhind, a " m or ad a" d e D eu s, E le p r6 pr io . A terra e a m ais elevada de todas as terras, m as tam bem e a m ais b aix a d e to da s. C an aa sig nific a " su bm iss ao ", c om o es ta e scrito : " E o s hu rn ild es he rd ara o a te rra" . A te rra m ais e lev ad a s ub m ete-s e, n a m ais
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,,'
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p ro fu nd a h um ild ad e, e a te a s ua p oe i ra e ns in a a l i~ ii o d a h um il da de . P or isso a ressurreicao d os m o rt os tera seu ce ntro a t. Porem, p el a m es m a ra za o, I sr ae l a in da n ao g an ho u d e n ov o e st a t er ra . " Po r c au sa d o p ec ad o http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n d a s ob erb a n ao r et om am o s a in da a t er ra ." I st o e p a rt ic u la rm e n te a c en t ua d o: n ao po r qu e o s o utro s s ao m uito s, m as d ev id o a n o ss a p r6 pr ia a m bi -
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A qu i, n a T err a d e I sr ae l, o co rre a p uri fi ca ca o d o p od er d a im a gin a~ ii o a t ra ve s d a f e. N ao e p or a ca so q ue o s s on s d as p al av ra s a d a m a , solo, medame, p od er d e im ag in ac ao , l em b ra m u m a a o utra: e d a te rra q ue Ihe v em a p le ni tu de d os e le me nt os . M as a p uri fi ca ca o d o p od er d e im a gi na ~ ao p ela fe ta mp ou co p od e a co nte cer em qu alq uer o utro lugar, a s ab er
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M as a p oe ira d a T er ra d e Is ra el t er n ta m be m u m a f orc a " de a tra ca o" : e la a tr ai o s h om en s a s an ti d ad e. H a d ua s e sp ec ie s e p od ere s o po st os d e p oe ira : a p oe ir a d a T er ra d e Is ra el, q ue a tr ai o s h om e ns a s an ti d a de , e u m a c on tra -p oe ira i mp ur a, u m a p oe ira d o m u nd o, q ue o s a tr ai p ara 0 "Outro L ad o" . M as e st a " co nt ra -p oe ira " s e i gu ala a p ur a p oe ir a e s e c om p ort a c om o s e f o ss e e la q ue a tra i a s an tid ad e. " Po is n es te m u nd o tu do e st a m is t ur ad o e e m ar an ha do ." M a s, n a r ea li da de , e la n ao e n ad a m ais d o qu e u ma f or ca c oa ge n~ , u m a f or ca e nl ac an te e e nr ed an te . E st a e a " po ei ra d o O u tr o L ad o" . F al an do c om a l in gu ag em d e h o je : M u m d up lo p od er d a te rra s ob re o h om e m. A t er ra p od e e xe rc er u m a in fl ue nc ia s an ti fi ca do ra s ob re 0 ho m em qu e n ela se as se nta e a se rv e, d ad o 0 fa to d e e la 0 ligar a sua sa ntida d e i ne re nt e, e e nt ao 0e s pf ri to d o h o m em e a m p ar ad o , f o rt al ec id o e c ar re -
n a terra c on sag rad a, e a te rra c on sag rad a e ai, no solo de Israel. Em q ua lq ue r o ut ro lu ga r a s f ag ulh as d a f e t er n cafdo n a c o nf u sa imaginacao sobrepostas a t er ra . P or is so , j a o s P at ri ar ca s ( Ex od o 13 :17) t in ha m q ue " De us n ao o s c on du zi ra p ara f ora d o E git o a tra ve s d a t er ra d os F ili st eu s, q ue e ra , n o e nt an to , 0 c am i nh o m a is c ur to ", porem " fi ze ra -o s a nd ar d e um lado para o utro": a fim d e que, por esse perambular, em to da p arte p ud ess em c uid ar d as fag ulha s d e fe e p urifica r 0 p od er d e imaginacao. D es te m o do , 0ho mem to ma-se d ig no d e rece ber a p e rfeicao d o p o de r d e i ma gin ac ao p ur ifi ca do e a p erf ei ca o d a f e n a T er ra d e I sr ae l. T ud o is to , n o entanto, quer 0 s ig n if ic ad o d a s an ti da de d a t er ra , q ue r a s d if ic ul da de s a nt ep o st as a o h om e m q ue r ea lm e nt e d es eja atingi-la, deve s er c om p re en did o e m u m n fv el a in da m ai s p ro fu nd o. Porque ai na Terra d e Israel. a fe acho u 0 lu ga r d e s ua p erf ei ca o, p orqu e af e, e m v erd ad e, "0 p6rtico do ceu ", o nde a esfera superior e
g ad o p el a f or ca d a t er ra ; e la p o de , n o e nt an to , t am b em d eg ra da r 0h ome m e s ub le va r s ua f or ca d e i m ag in ac ao c on tr a 0e s pf ri to ; p o d e n e ga r e r en e ga r a s p ot en cia s s up er io re s e a dju dic ar to do p od er a s i m e sm a. P ur ez a e im p ur ez a, i n fl u en c ia s ac ra li za d or a e d e ss a cr al iz ad o ra , s e e n co n tr am u m a f re n te a o ut ra n a n at ure za e ss en ci al d a t er ra . M as a forca p ur a e s an ti fi ca do ra d a terra esta r ep re se nt ad a n a T er ra d e I sr ae l. A res su rreicao d os m orto s, s om os in fo rm ad os, tera s eu cen tro n a T er ra d e Is ra el. P or is so a f, ta mb em a s ep ul tu ra a pr es en ta s ua fo rm a p er f ei ta ; s o m en t e af e 0 l ug ar d o p er fe it o s ep ult am e nto . P ois e d ad o p ela trad i~ ao p or qu e a o ho mem fo i im po sto a m orte: p orqu e n o p ec ad o o riginal, atraves d a s er pe nt e, i nt ro d uz iu -s e e m n os sa imaginacao um a m a-
in fe rio r se en co ntram , e a p ess oa p od e af en tra r d e fo ra p ara d en tro , e a qu el es q ue p er ma ne ce m fo ra p od em ju nta r- se a os d e d en tro , p or i ss o " a p e rf ei ~ ao d e t o do s o s m u n d os e a p e rf ei c; ao d e t o da s a s a l m a s" da f procedem. P oi s e st a p er fe ic ao b ro ta ju st am en te d o fa to d os h om en s p od er em s e e n t re g ar e a b an d o na r i nt ei ra m e nt e a l u z d o i li m it ad o , ma s i st o p o d e a c on t ec e r e m n en hu m o ut ro lu ga r, e xc et o a qu i, e m n en hu m o ut ro lu ga r a g en te p od e a ss im , c om t od o 0s er, r ec eb er e a bs orv er a l uz . U m a v ez q ue , p ar a ta nto s e fa z necessario q ue o s v as os e ste ja m p ri me ir am en te p erf ei to s a fi m d e ~ ue I he s s ej a p os si ve l a pr ee nd er a l uz . E , e m c om p en sa ca o, s om e ~t e a s an ti d~ d e d a t er ra p od e r ea li za r a p er fe i~ ao d os v as os . E p o r c a us a disto que e tao p en o so c he ga r ai , p ar a q ue m a lm eja alcancar a s an ~d ad e d a te rra: p w: a
cula da qual nao e p os sfv el p urificar-s e d e o utro m od o, a n ao se r p ela m o rt e c orp ora l. N a m o rt e a pr op ri ad a e n o s ep ul ta m en to a pr op ri ad o d is s olv e-se a im pu reza in tro du zid a e u m n ov o co rp o surgira n um m un do ren ov ad o. T ud o is to , p ore m, s 6 o bte m s ua p erfeica o n a T erra d e Isra el. V is to q ue 0 t ri un fo d a forca de imaginacao m a c ul ad a o c or re atraves da fe , m as 0 p od er d a f e e mb eb eu -s e n es ta T er ra e n el a m o ra e a tu a. Abraao, o pai da fe, fo i 0 primeiro a revelar e st e p od er s ag ra do , q ua nd o a dq uir iu p ar a si e p ara o s se us, co mo p ro pried ad e etem a, 0 tumulo n a g ru ta d e M a k hp e la .
i ss o e p re ci so a p er fe i~ ao d os v as os e p ar a ISS0 e p re ci se , d e n ov o, a s an ti d ad e d a t er ra . A qu el a d ep en de d es ta e e st a d ep en d e d aq ue la ', On d e r om p er neste circulo a contradieao? J u s ta m e nt e p o r i ss o , q u an ta maior e u ma p ess oa tan to m aio re s o s o bs ta cu lo s. E , p or is so , q uem d e fa to em pe nha su a alma para alcancar a t er ra , a br e c am i nh o atraves d o c ir c~ o d a c on tra di ~ ao , p o is a l uz d a s an ti da de d a t er ra j o rr a p ar a a qu el e q ue a l~ d a p er m ~e ce fora e Ihe confere a fo rca para rom per os 6bices, qu e sao o s m ahg nos " po de re s d a c as ca ". 0 v aso e concluido e m s ua p erf ei c;a o e c ol oc a-s e a s erv ice d a p erfeicao d e to do s o s m un do s e d e to das a s a lm as .
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e que
n 6s nao podem os ter d e v olta a no ssa terra. 0
obstaculo esta d en tr o d e n 6s m es mo s.
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ASHISTORIAS DORABI NAKHMAN
Quando os filhos de Israel adotaram a Torti e chegaram a Terra cumpriu-Ihes elevar a santidade desta, a partir da obscuridade para a luz do dia. Quando pecaram cont ra esta santidade, agora mani fest a, por nao http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube0 s-de -ra bi-na khma n cumprirem r-ma quer tin-a lhess-histor fora iarevelado, e tiveram por fim de abandonar a terra, esta santidade submergiu outra vez na obscuridade e,desde entao,
A VIAGEMDE R AB INAKHMAN...
1 73
o pao 15ao saboroso que contem t odos os gos tos agradaveis de todos os ali ment os do m undo. C omo esta escrit o: ' Tu nao dever as com er teu pao em indigencia, nada te dever a f alt ar'. " (D euteronomio 8,9) Num de s eus relatos, R abi N akhman nos conta de urn si mples s apateiro que come pao seeo em seu almoco, primeiramente c omo se fosse
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eles t ern nela vivido e atuado. " A Ter ra de I srael ainda detem a s ua sanuma sopa bern temperada, depois como urn assado suculento, terminando tidade pela forca da Tora ocult a e da dadiva i mereci da. E por is so BUBER, temos Ma r tin. As histór ia s de Ra bipor deleitarse pdf.c comom o se fora urn deli cioso bol o: nada t he f alt a. Sera que Na khma n - slide sempre em mi ra, em todos os tempos, retomar a nossa t err a. Poi s sabesua imaginacao 0 ilude acerca da pobreza de sua existencia ou sua fe 0 mos: a inda agora, toda esta terra 15nossa, embora esteja em grande capacita antes a saborear na com ida divina, i sto 15,0 pao, que esta oculto obscuridade" . no interior dela? Nakhman, que valoriza sempre, como todos os mestres Ainda que 0 "out ro lado" haja espoliado Isr ael de sua terra, Israel proclama seu protest o com 0 poder da prece. B rada: "A t erra 15nos s a, pois 15part e de nossa her anca", E durant e t odo 0 tempo em que protesta a sua reivind\ca~ao, a apropri acao da terra pel o "out ro l ado" nao 15,p or decreto divino, uma apropriacao autentica, Mas c omo se M de reaver esta terra? Cada filho de Israel possui urn quinha o dela, cada filho de Israel pode ter urn quinhao na sua redencao, A medida que ele se purifica e santifica, torna-se digno de obter e ga nhar urn quinhao da terra. Somente pouco a pouco a santidade da terra pode ser conquistada. Como isto, porem, deve suce der com 0 computo de toda a vida, de todas as acoes e em t odos os domf nios, e correto que 0 homem possa, de vez em quando, retir ar-s e do est udo da Torti e ocupar- se com a "via terrena", com o dizem os sabios.
genufnos da doutrina hassidica, a sabedoria da simplicidade, indica que tambem 0 pat riarca Jaco, a quem f oi dado a t err a de C anaa (15ele, dentre os Patriarcas, 0 efeti vo des ti natari o, por quanto nenhum de seus fi lhos deve ser excluido, pois todos eles juntos ja representam 0 povo de Israel), e chamado urn "homem simples". Da propria Terra de Israel, diz Rabi Nakhman, que esta representa a simplicidade. Isto significa, entretanto, que ela r epresent a a verdadei ra sabedori a. Pois trata-s e de verdadei ra sabedoria s aborear no pao t odos os sabores agradaveis do mundo, e t rata-se de verdadeira sabedoria reconhecer 0 p6rtico do ceu na pobre e esteril pequenina terra.
Entretanto, quem for considerado digno de estabelecer-se na Terra de Is rael , deve sempre s e lembrar da grande r adiancia e il uminacao que emanava da terra nos primeiros tempos e deve sempre recordar-se de que a santidade e etema. E, mesmo quando sua forca iluminadora parece ter de saparecido, urn rastro sagrado desta forca permanece... Com os olhos fi tos nel a, Isr ael espera e almeja, a cada epoca, que uma "nova luz brilhe sobre Sion". Esta terra e uma terra pequena e humilhada - no entanto, a esperanca do mundo nela esta contida. Quem quer que nela se estabeleca com sinceridade, de modo a relacionar-se com a santidade da terra e ajuda-la a preparar a redencao do mundo, sobre esta pessoa, dentro de sua vida de aparente estrita pobreza,jorra a gl6ria das esferas superiores, as quais anseiam pela uniao com as inferiores. Ta l pessoa come "pao com sal", como os sabi os r ecomendam par a "0 C aminho do Ensi nament o", m as este pao 15,de fato, 0 pao genufno da terra e dentro dele se encontra r eeolhida, debulhada, mofda e assada a graca da f e. "N a Terra de Isr ael
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A
APENDICE
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DITOS DO RABI NAKHMAN
Os s egui ntes t reze " di tos" (Lehrworte) de Rabi Nakh ma n fora m e ncontra dos entre os docu me ntos de Bu ber depositado s no Arquivo Martin Buber na Universidade e Biblioteca Nacional em Jerusalem. Cada m axim a est a r egist rada em uma folha de papel a part e. A o fi nal de cada traducao, Buber anotou 0ori gi nal da f onte hebraica de onde 0texto foi extr ai do. Todos os t reze "ditos" sao do Likute MoHaRan (L. M., 18081811). doi s volumes de compil acao, em hebraico, dos ens inam entos de Rabi Nakhman.
o Julgamento Quem quer que procure 0 conhecimento da luz oculta, deve elevar a condicao de temor ao nivel de sua origem. Isto a pessoa consegue julg ando a si propria e a tod os os se us esforcos e atos. Oeste modo. um homem derrama todas as suas ansiedades e eleva 0 temor decaido. Po rem, se nao julga r a si me smo, julga-lo -ao de cima, e 0julgamento veste a si p r6prio em todas as c oisas, e todas as co isa s do mund o co nvert em -s e em m ensageiras de D eus. para executar 0julgamento sobre estehomem. LM 1.15: 1-2
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AS HISTORIAS
APENDICE
00 RABI NAKHMAN
Corpo e Alma ada homem deve api edar -se de seu pr6pri o corpo e deve dei xa-l o t er uma porcao de t oda il um inacao recebida pela alm a. Deve pur if icar http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n cabalmente 0 corpo, de modo que este possa ter uma porcao de tudo
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f ica urn "N 6s ouvim os" par a 0 nosso mundo, e urn "N 6s f azem os" par a o m undo das esferas celesti ais, e eles tern urn m ais elevado "N 6s ouvimos", e assim de mundo em mundo. LMI 22: 9
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quanta a alma recebe, a fim de que as coisas nao mais permanecam Alusoes como ant es, i st o e , que a alma alcance elevacao enquanto 0 corpo nada BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om s abe dist o. E s e 0 corpo tern sua por cao, ent ao a alma, por s ua vez, pode Est e m undo i nteiro e a vest im enta dos degraus m ai s baixos da sanbenefi ci ar-s e, Poi s, por vezes, a alm a cai de grau, e af 0corpo purificado pode ajuda-la a elevar- se de novo com 0poder da l uz que absorveu. Por is so, J6 diz: "N a m inha pr6pri a carne, eu contemplo D eus" ( J6 19: 26). LM I 22:5
Vida
'it
Nao ha nenhurna diferenc a entre vida e morte , a nao ser esta: que agora uma pess oa habita aqui e, depois , na s epul tura. V ida verdadei ra, isto e: vida etema, s6 existe em Deus, pois Ele vive etemamente. E aquele que esta enraizado Nele vive do mesmo modo etema mente, pois ele e
tidade, como que de seus pe s. Pois esta escrito: "0 ceu e 0 escabelo sob os Meus p es" (Isaias 66: 1). Deus limita sua natureza divin a desde 0 infinito ate 0centro do mundo material, onde esta colocado 0 ser humano. E El e une cada ser humano aopensament o, a palavra e a arrao,de acordo com 0dia, lug ar e pesso a, e Ele 0reveste, neste particular, de alusoes ao m odo de tr aze- lo para m ai s pert o do Seu service. Por conseguinte, cada ser human o dev e mace rar a si pr6 prio na tentativa d e entender as alus ees revesti das, para ele, em pensament o, pal avra e a~ao, uni cament e para ele, em questoes de seu t rabalho e seus neg6cios, t udo exatamente como Deus une dia-a-dia. LM I 54: 2
urn com Ele. LM I 2 1: 9
o Revelado
e
0
Escondido
Duas coisas Israel p rofe riu no Monte Horeb: "N6s faremos e n 9S ouviremos" (Exodo 24: 7)1. Estas duas sao: 0 revelado - ist o e , a lei e 0 mandamento, 0 que pode e 0 que deve ser feito - e 0 esc ondido que cerca a lei e 0m andament o sem ent rar neles, dos quais a gente conhece somente na prece , ' como e dit o: "Tu dest es ao t eu servidor urn coracao (ouvinte) discemidor" (1 Reis 3: 9), somente na prece, enquanto a pes-
soa se apega ao que e ilimitado. Estas duas sao encontradas em todo 0 mundo, cadahomem po ssui amba s, ca da qua l de ac ordo com seu grau . E quem quer que ascenda a urn degrau mais alto, tern seu " N6s ouvim os" m udado para "N 6s fazemos" e entao r ecebe urn novo "N 6s ouvim os" , e assim de gra u em grau. E da-se 0 mesmo com os mundos: 0 que si gni-
I. 0 termo cbave nesta passagem p or " n6 s o be de ce re mo s".
da Escritura, nishmd,
Se gu in do a i nt en ~i o h om il et ic a
exegetas tradicionais judaicos, Buber traduziu
0 termo
e
usualmente
traduzido
d e R ab i N ak hm an e d e o ut ro s
literalmente por "n6s ouviremos".
Como Deus Ele Proprio se Oculta Ha d uas mane ira s d e algu em oculta r a si mesmo. Uma e que Deus, Ele pr6pri o, na verdade, oculta a Si m esm o, de forma que e muito diffcil encontra-Lo, e mesmo urn homem que sabe que Deus esta seescondendo del e, pode avancar com difi culdade e encontra-Lo. A outr a m anei ra e a de Deus esc onder que Ele pr6prio esta se escondendo, de modo que 0 hom em si ncer amente nao s abe deD eus e, port anto, nao pede encontraLo. Edisto que e sta escrito: "Eu, hei de ocultar, ocultar" (cf, D eut 31: 18).Entao Deus oculta Seu ocultamento, e aqueles dos quais Ele seoculta, nao conhecem Ele que est a O cult o. LM I 56:3
Criacao Humana Saiba que 0 confl it o de opi ni oes s e parece a cria~ao do unive~so. Poi s e essencial para a criacao do m undo uma cer ta area desobs trufda: se m ela, nao teria h avido lugar para a criacao do mundo. Por isso Deus
-;
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A P~ND IC E
ASHIST6RIAS 00 RABINAKHMAN
confino u a luz as margens, de fo rma qu e u ma area ficasse liv re, e n ela Ele criou t oda a cri acao atr aves de Sua palavra. C om o est a escri to: "Pela pa la vra do Sen hor fo ram fe itos os ce us" (Salmos 33 : 6). E esta e tambern a maneira pela qual operam conflitos e palavras. Pois em urn mundo http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n
que contivesse so urn unico homem sabio nenhuma cria~ao teria aconte-
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Uma Grande Vantagem
E uma grande van tag em alg uem ainda ter uma inclin acao para 0 mal. Pois entao esta pessoa pode servir a Deus com 0 proprio pendor para 0 mal, 0que si gnifi ca dizer : a gente pode apr esentar toda a chama e todo
0 ferv or
e o ferece-lo s ao serv ice de De us. Pore m, se alg uem n ao
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dispor de inclinacao para 0 mal, tampouco tera service completo. E esuma dir e~ao dif erente, uma area li vr e, por assi m dizer , a des obst rufda, sen cia l na hora do dese jo c onte r 0 fervor e dar-Ihe largas na hora da BUBER, Ma r tin. As histór ia s de Ra bi Na khma n - slide pdf.c om e , nela, ac onteceu a c riacao atrave s da Pa lav ra. Po is todas as palavras prece e do service. proferi das em opinioes confli tantes sao t odas apenas em f avor da criaLM II 49 ~ ao do m undo, que ocorre por s eu i nterm edio no espaco l ivre ent re elas. LM I 64:4
A Grande Santidade a urn '"grande Tzadik, tao g ran de qu e 0 m undo nao pode abr igar sua santidade. Da f por que ele se oculta muito, sem que se tome aparente qualque r san tidade particular ou re clusao , Isto e semelhan te a o Cantico dos Canticos, dos quais e dito: "Todos os canticos sao urn santuari o, m as os C anti cos dos C anti cos e santo dos santos" (Mischna
Quem Quer Que Tenha Urn Coracao Q uem quer que t enha urn coracao e indif erente aoes paco e ao l ugar ; a demais ele proprio e antes 0 lugar d o mundo . P ois 0 divin o esta n o coraca o, co mo co nsta d o Salmo: "A rocha de meu c ora caol" (Salmo s 73: 26). E Deus diz a Moises: "Veja, ha urn lugar (malcom) p erto de Mim" (Exodo 33: 21). Po is Deus, co mo sabemos, e 0lugar (malcom) do mundo 0mund o n ao e 0 se u luga r'. E tambem assim e c om a pessoa que tern um coracao, porque a divindade esta no coracao. Nao e preciso
Iadaim 3:5). 0 Rei Salomao, a p az seja com ele , escreveu tres livro s. D oi s del es, Proverbios e Eclesiast es, estao repletos de ensinam entos morais e de temor a De us, e con tern freq uentes menc oes a pureza e a
alguem com 0 c orac ao de urn israelita para d ize r: "este lug ar na o me convem", Pois lugar e espaco nao devem importa-lo, porque ele e 0
piedade, porem 0C antico dos C ft nti cos evi ta tais pal avras. Por causa do grande poder de sua santi dade, nenhuma especie de santi dade salt a a vista.
LM II 56
LMI 243
Sofrimento e Alegria A s vezes, quando aspessoas estao alegres e dancam, podem perceber
uma p essoa que esta isolada em seu sofrimen to. Ela s 0 arr as t am a sua roda d e danc a e a forc am a fica r feliz em co nju nto com tod os. Isto tambe rn e 0que s ucede no coracao de uma pessoa que est a alegr e: a tr is teza e 0 sofri mento s e afast am para as bor das, m as e consi derado uma virt ude especial envolve-l os corajosamente e tr ansf orm ar a tr is teza em alegria, de modo que todoo poder do sofrimento seja modificado emjubilo.
lugar (malcom) do mundo,
0 mundo
nao e
0 seu
lugar.
Acima do Tempo
o entendim ento hum ano nao consegue com preender que D eus est a acima do tempo. Mas sabe que 0 t em po exist e uni cament e porque nos nao entendemos, porque nossa compreensao e pequena. Pois quanto maior nosso entendimento mais 0 t em po des apar ece. N um s onho vivemos por s etenta anos enos dam os conta, ao acordar, de que s e pass ou urn quarto de hora. N est e s onhar acordado de nos sa vida, vivem os por setent a anos e acordamos com uma compreensao mais elevada em que nos damos conta de que se passou urn quarto de hora. Nunca podemos alcancar com nossa diminuta compreensao 0 que iremos notar com nosso en-
LM II 23 2. "0 lugar" (Ha-Makom)
e
uma designaeao tradicional para Deus.
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A S H IS TO RI. .{S D O R AB I N AK HM AN
t endim ento m ai s elevado. M as 0 entendim ento perf eit o est a aci ma do tempo. Depois que 0 Messias experimentou 0 que experimentou desd e a criacao do mund o, e sofreu 0 que sofreu, Deus the disse: "Tu es meu http://slide pdf.c om/re a de r/full/bube r-ma r tin-a s-histor ia s-de -ra bi-na khma n fi lho, Eu nes te dia t e gerei" (Sal mos 2: 7).
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Tumulto Interior
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E muito born dia logar em solidao e silencio com nosso Criador, reci tar Salm os par a Ele e preces de supl ica com t odo 0 coracao ate que a pessoa seja domi nada pelo pranto de tal modo que chore a Deu s como uma crianca chora pa ra seu pai. Porem, estar ime rso em prece com 0 prop6sit o de chorar nao e urn born empenho. Pois entao, ela nao pode mais dizer d'que quer que seja com todo 0 seu cora cao, e 0 grande, 0 verdadei ro prant o nao mais s e elevara em seu Intim o, A lem dis so, pensamentos sobre a prece pertencem ao reino dos "estranhos pensamentos", que previnem 0 desvio c ompleto da a lma em dir~ao a Deus. LM II 95
COLEc;Ao
10. Os Dills do Her6i de Seu Rei
1. Rei d e C ar ne e Osso
Mosche Schamir
Mosche Schamir 2.
Ii•
11. A Ultima Rebelido
A Baleia Mareada Ephraim Kishon
I. Opatoschu
12. Os lrmiios Aschkenazi
Salva~tio Scholem Asch
4 . Ada pt a~ti o d o Fun ci on dr io Mauro Chaves
5. Golias Injusti~ado Ephraim Kishon 6 . Equ us Peter Shaffer 7. As Lendas do Povo Judeu Bin Gorion
8. A Fonte de Judd Bin Gorion
9. Deforma~tio Veta Albers
PARALELOS
Israel Joseph Singer
Rua m
1 3. A lma s e m F ogo ElieWiesel 1 4. M or an go s com C ha nt il ly Amalia Zeitel 1 5. S at ti em G or ai Isaac Bashevis Singer
16.0 Golem Isaac Bashevis Singer
17 . Co ntos de A mor S ch.L Agnon 1 8. As H is t6 ri as d o Rab i N akhm an Martin Buber
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H l n O llA S 'O S M i lS f C O I T O S " P ltA I E S
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