Manual: Relação Pedagógica – Capítulo II – “Assertividade”
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ÍNDICE
Objectivos
2
Introdução
3
1. Definição de Assertividade
4
2. Os Estilos Comunicacionais
5
3. Atitudes de Base à Comunicação Assertiva
11
4. Os Direitos da Assertividade
13
5. Estratégias para o Treino da Assertividade
15
5.1. A Técnica de Auto-afirmação “DESC”
15
5.2. A Técnica do Disco Riscado
17
5.3. A Técnica do “Edredão”
17
5.4. O Reforço da Qualidade da Comunicação
18
5.5. O Recordar dos Direitos da Assertividade
19
6. Síntese Conclusiva
19
EXERCÌCIOS
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OBJECTIVOS
Pretende-se que no final deste módulo os participantes sejam capazes de: •
Contextualizar o conceito de assertividade
•
Identificar o conceito de assertividade como atitude comunicacional;
•
Reconhecer a importância da assertividade no relacionamento interpessoal;
2
•
Caracterizar os quatro estilos comunicacionais;
•
Identificar as atitudes de base à comunicação assertiva;
•
Identificar os direitos passíveis de serem defendidos assertivamente;
•
Identificar estratégias para o treino de comportamentos assertivos;
•
Reconhecer a implicação da assertividade nas funções do formador.
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INTRODUÇÃO
A ASSERTIVIDADE É UM COMPORTAMENTO SOCIAL.
O comportamento social poderá ser entendido, de forma genérica, como um conjunto de acções, atitudes e pensamentos que o indivíduo apresenta em relação à comunidade, aos indivíduos com que interage e a ele próprio. A qualidade desta interacção é resultante da conjugação de dados inatos com os processos de socialização. O indivíduo vai desenvolvendo um repertório de comportamentos sociais próprio e tem tendência a manter os comportamentos que lhe trazem maiores benefícios em termos sociais. Neste contexto surge a noção de competência social. A competência social resulta dos comportamentos emitidos por um indivíduo, num determinado contexto, de forma a expressar sentimentos, atitudes, desejos, direitos, de uma forma adequada à situação, sem esquecer o respeito pelos comportamentos dos outros. Geralmente um indivíduo socialmente competente resolve problemas imediatos, minimizando a probabilidade de futuros problemas. Assim, o nosso comportamento social é um conjunto de habilidades sociais: respostas básicas e estratégias de resposta que permitem ao indivíduo obter resultados positivos na sua interacção social, de forma a saber reagir às diferentes situações com que se depara. A falta destas habilidades sociais ou a existência de um reportório pobre, pode ter como consequência a dificuldade na interacção social e na adaptação ao meio social. Para adquirir competências sociais, perante as suas relações interpessoais, o indivíduo tem que ser capaz de: •
Perceber como as pessoas se relacionam em diferentes contextos e as complexidades da comunicação verbal e não verbal inerentes à relação;
•
Integrar a informação de forma a perceber o que se passa e o que tem de fazer;
•
Responder de forma a atingir os objectivos desejados e provocar mudanças no sentido previsto.
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1. Definição de Assertividade
EXERCÌCIO
Pondere sobre o seguinte: Para mim a palavra “assertividade” significa...
A assertividade é um comportamento que habilita o indivíduo a agir no seu interesse, defender-se sem 4
ansiedade excessiva, expressar os seus sentimentos de forma honesta e adequada, fazendo valer os seus direitos sem negar os dos outros.
A assertividade envolve a comunicação directa das necessidades, vontades e opiniões do sujeito, sem interferir com a liberdade dos seus interlocutores. Uma pessoa assertiva é aquela que é capaz de exprimir o mais directamente possível o que pensa, o que deseja e que faz valer os seus direitos, escolhendo um conjunto de comportamentos e atitudes adequados a cada situação, de acordo com o local e o momento.
A RETER
A assertividade é uma forma comportamental que significa afirmar, quer verbal, quer não verbalmente, o que eu quero, sinto e penso, dando simultaneamente espaço de afirmação ao outro.
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EXERCÌCIO
Explore a ideia de que a assertividade “é o estilo mais equilibrado de comunicar”...
MAS...
5
• A comunicação assertiva também tem limites: não serve para toda e qualquer situação nem para obter tudo o que se quer;
• A comunicação assertiva é aprendida; • A aprendizagem, por si só, não garante a qualidade do relacionamento interpessoal.
2. Os Estilos Comunicacionais
Embora tenhamos que assumir diferentes formas de comunicar com os outros, possuímos um estilo relativamente constante e característico que predomina no comportamento comunicacional. Existem quatro estilos de comportamento comunicacional que se traduzem em: agressividade, passividade, assertividade e manipulação.
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Analise o quadro:
Respeito pelo Outro
Transparência de
ALTA BAIXA
ALTO
BAIXO
Assertividade
Agressividade
Passividade
Manipulação
Linguagem
6
Vamos então caracterizar os diferentes estilos comunicacionais... O ESTILO AGRESSIVO
¾
A comunicação agressiva caracteriza-se essencialmente pela utilização de comportamentos agressivos para com o interlocutor, com o objectivo de fazer valer os direitos do próprio à custa da submissão do outro.
¾
O indivíduo agressivo pretende dominar, valorizando-se à custa de terceiros, os quais tende a ignorar ou a desvalorizar.
¾
São geralmente pessoas demasiadamente críticas e controladoras que utilizam a humilhação dos outros para se defenderem de possíveis ataques à sua pessoa.
¾
Como sinais frequentemente associados ao comunicador agressivo, poderemos destacar o falar alto, o interromper sistematicamente o outro, os gestos tensos e altivos, o olhar intenso.
Eficaz no relacionamento interpessoal, pela imposição.
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O ESTILO PASSIVO ¾
Trata-se de uma atitude de submissão perante os acontecimentos e os outros.
¾
O indivíduo opta por um comportamento de fuga e de auto-desvalorização que conduz a uma dificuldade em afirmar as suas necessidades e em fazer valer as suas opiniões.
¾
O estilo passivo é uma forma de evitamento social.
¾
Como sinais característicos poderemos destacar o nervosismo, revelado em gestos constantes e a voz frequentemente sumida.
É um estilo pouco eficaz no relacionamento interpessoal, pela negação de si próprio.
O ESTILO MANIPULADOR ¾
A principal característica da comunicação manipuladora é a utilização da linguagem como disfarce, para concretizar os seus objectivos.
¾
Utiliza com frequência uma linguagem pouco directa, na forma como expressa as suas intenções, recorrendo à insinuação como forma de manipular.
¾
Utiliza a chantagem emocional como forma de alcançar o que pretende.
¾
É um “actor” nas suas relações interpessoais.
É um estilo pouco eficaz no relacionamento interpessoal, pela falta de implicação nas relações interpessoais.
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O ESTILO ASSERTIVO ¾
O comportamento assertivo caracteriza-se pela capacidade de afirmação das opiniões, vontades e sentimentos próprios, respeitando e promovendo a afirmação dos outros.
¾
É um comportamento que se traduz na auto-afirmação, visando simultaneamente a afirmação e aceitação do interlocutor.
8
¾
O comunicador assertivo deseja que “ (…) ambas as partes ganhem caso seja possível”1.
¾
A pessoa assertiva é capaz, por si própria, de dirigir a sua vida e não aceitar facilmente ideias pré-concebidas como sendo: “sou assim e não posso mudar… sou muito nervoso e entrarei sempre em pânico… serei sempre assim!”
A RETER
Comportamento assertivo resulta da fusão de três factores: a transparência da linguagem usada, a capacidade de auto afirmação e o poder de negociação na resolução de problemas. A comunicação assertiva é, pois, simples, directa, expressiva, e centrada na auto afirmação.
Os estilos comunicacionais têm sempre uma dimensão situacional e não são mais do que formas de abordagem interpessoal. EXERCÍCIO
Realize, agora, o exercício de auto-diagnóstico que se encontra em anexo e descubra o seu estilo comunicacional predominante.
Azevedo, 1996.
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Não se esqueça que:
Todas as pessoas têm diversos estilos disponíveis para utilizar consoante as situações, embora haja um que prevalece sempre; Cada estilo é eficaz em função da situação onde se aplica.
9 EXERCÍCIO
Responda às seguintes situações para identificar os estilos comunicacionais. De acordo com as situações apresentadas, identifique para cada tipo de resposta o estilo comunicacional que está subjacente:
SITUAÇÃO 1 Comprou uma camisa. Quando chegou a casa reparou que tinha um pequeno defeito. Voltou à loja. O vendedor diz-lhe que o defeito não se nota. Responde-lhe:
A. Dê-me o meu dinheiro. Não tenho tempo a perder! (__________); B. Acha mesmo que não se nota? (__________); C. A camisa tem realmente um defeito, por isso não a quero. Gostaria de a devolver ou de a trocar por uma sem defeito. (__________); D. De facto não se nota muito, mas pensando bem, não era exactamente isto que eu pretendia. (__________).
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SITUAÇÃO 2 Está aborrecido com o seu amigo que acabou de chegar com uma hora de atraso para jantar consigo. Não lhe telefonou a avisá-lo da demora. Diz-lhe: A. Vamos lá. O jantar está na mesa. (__________); B. Detesto comida fria. Podias ter-me avisado do atraso. (__________); C. Muito obrigado por me teres avisado da demora. O petisco requentado ainda sabe melhor. Queres jantar já? (__________); D. Espero-te há uma hora. Gostaria que tivesses avisado. Vamos ao jantar que a comida fria não tem 10
graça. (__________)
SITUAÇÃO 3 Está há meia hora numa fila de espera para ser atendido num balcão de um banco. Um indivíduo tenta passar à sua frente no momento em que ia ser atendido. Diz-lhe: A. Oiça lá, está armado em “Chico esperto”? Não vê que estou à sua frente?; B. Ignora o sucedido e não diz nada, afinal mais um, menos um, não faz grande diferença. (__________); C. O senhor estava atrás de mim. Agora é a minha vez de ser atendido, se não se importa espera a sua vez. (__________); D. Não sei se reparou, mas eu já cá estava, veja lá bem. (__________)
SITUAÇÃO 4 Está num bar na companhia do seu chefe, onde se deslocou no carro deste último. Ele tem estado a beber bastante e você também. São horas de saírem e verifica que nenhum dos dois se encontra em estado de conduzir com segurança. O seu chefe insiste em dizer que está bem e quer levá-lo a casa. Você diz: A. Obrigado, é muita amabilidade sua. (__________); B. Não seja ridículo! Bebeu demais! Quer matar-me? (__________); C. Prefiro ir a pé. Preciso de exercício. (__________); D. Acho que ambos bebemos demais para podermos conduzir. Vou chamar um táxi e iremos juntos. Amanhã de manhã virá buscar o carro. (___________).
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3. Atitudes de Base à Comunicação Assertiva
Existem algumas características pessoais que propiciam a comunicação assertiva: AUTO-ESTIMA
Tendo em conta que a assertividade pressupõe a auto-afirmação do indivíduo e os outros podem ser entendidos como uma espécie de “espelho” da nossa imagem, é importante aprender a aceitar as nossas características, de forma a desenvolver a nossa auto-estima, sem pessimismos, auto-complacências ou presunções.
EXERCÍCIO
Responda ao exercício de avaliação da auto-estima que lhe propomos em anexo e avalie o nível do seu amor-próprio.
DETERMINAÇÃO
Surge como o resultado da energia associada à nossa força de vontade para levar a cabo os nossos objectivos.
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EMPATIA
Consiste na capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, procurando compreendê-lo pressupondo uma boa capacidade de escuta, bem como uma capacidade de descentração da nossa pessoa.
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ADAPTABILIDADE
Pressupõe que o comunicador assertivo é aquele que é capaz de se adaptar ao seu interlocutor, por exemplo: se estamos a falar com crianças, ou com adultos; se estamos a falar com um familiar, ou com um desconhecido.
AUTO-CONTROLO
É a nossa capacidade de controlar os nossos sentimentos e emoções negativas de modo a não interferirem na relação com o outro.
TOLERÂNCIA À FRUSTRAÇÃO Tem a ver com a nossa resistência aos aspectos mais negativos da nossa vida. Caracteriza-se pela capacidade de gerir as tensões e conflitos, nas nossas relações interpessoais.
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SOCIABILIDADE
Um comunicador assertivo deve ter
PRAZER
em comunicar e relacionar-se com os
outros.
4. Os Direitos da Assertividade São um conjunto de princípios que orientam a comunicação assertiva: Possuir e Expressar Sentimentos Cada indivíduo tem a sua sensibilidade e reage de forma característica sem por isso ser considerado melhor ou pior que os outros; Possuir e Expressar Opiniões Cada um tem uma visão particular da realidade, o que proporciona uma infinidade de opiniões diferentes; Dizer “Não Sei” O direito de dizer “não sei” reside na capacidade para aceitar as nossas limitações; Ser Escutado O direito à livre expressão de ideias e sentimentos só faz sentido quando tem eco em alguém, o que pressupõe o direito de ser escutado. A atitude de escuta vai para além da nossa capacidade de ouvir; Cometer Erros Este direito parte da ideia de que “errar é humano”;
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Não Ser Perfeito Este direito relaciona-se com o direito anterior. É importante saber lidar com as nossas limitações que são próprias da condição do ser humano; Ser Responsável Pelas Minhas Atitudes Pressupõe que à nossa liberdade de escolha se impõe a responsabilidade de assumirmos as nossas opções; Fazer e Solicitar Pedidos
14
Vivemos em permanente interdependência com os outros seres humanos. Os pedidos são característicos da dinâmica do relacionamento interpessoal, aceitando que os outros têm um contributo importante a dar e viceversa; Dizer Não Poderá ser tão assertivo como dizer sim, dependendo de cada contexto; Não Ser Assertivo A assertividade é um comportamento que se escolhe, podemos optar por assumi-lo ou não. EXERCÌCIO
Reflectindo sobre os direitos da assertividade que acabou de ver, comente a seguinte frase: “Quanto mais se sabe, mais se descobre que há para saber”2.
2
(Azevedo, 1996)
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5. Estratégias Para o Treino da Assertividade
Lembre-se que: A assertividade é uma característica comportamental que se adquire através da aprendizagem. Existe um conjunto de “exercícios” que, quando realizado, promove a comunicação assertiva.
15
5.1. A TÉCNICA DE AUTO-AFIRMAÇÃO “DESC” Ser assertivo pressupõe ser-se afirmativo e um comunicador eficaz. Para tentar fazer corresponder estas duas características, utilize a técnica de auto-afirmação “DESC”, que tem como finalidade exercitar a capacidade de auto-afirmação de forma construtiva, permitindo a antecipação das situações e dos comportamentos. Esta técnica consiste em quatro etapas: D – DESCREVE – O Sr. A descreve o comportamento do Sr. B de uma forma tão precisa e objectiva quanto possível.
E – EXPRESSA – O Sr. A transmite ao Sr. B o que sente e pensa em relação ao seu comportamento (sentimentos, preocupações, desacordos ou críticas). S – ESPECÍFICA (do inglês specify) – O Sr. A propõe de forma específica ao Sr. B uma forma realista de modificar o seu comportamento. C – CONSEQUÊNCIAS – O Sr. A tenta interessar o Sr. B pela solução proposta, indicando-lhe as possíveis consequências benéficas que a nova atitude lhe traria.
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Exemplo: Ontem, quando foi procurar uns papéis na minha secretária fiquei muito aborrecido porque me desorganizou o meu trabalho. Gostaria que daqui para a frente me pedisse o que precisar em vez de remexer as minhas coisas. Assim perde menos tempo e garante que recebe o que precisa.
EXERCÍCIO 16 Experimente utilizar esta técnica, tendo em conta duas das situações que usou no exercício de identificação dos estilos comunicacionais:
Situação 1 – Comprou a tal camisa com defeito e não quer ficar com ela... D E S C Situação 2 – O seu amigo chegou uma hora atrasada ao jantar que preparou com tanto cuidado para ele... D E S C
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5.2. A TÉCNICA DO DISCO RISCADO O “disco riscado” consiste simplesmente em repetir a nossa resposta tantas vezes quantas forem necessárias para vencer a pressão exercida pelo interlocutor. Nesta comunicação é importante que sejamos capazes de resistir à tentação de nos justificarmos ou de contra atacarmos as “acusações” do nosso interlocutor. É geralmente eficaz quando lidamos com pessoas manipuladoras. Exemplo:
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N – Porque não arruma o seu local de trabalho todas as semanas? R – Porque não me apetece arrumá-lo. N – Mas olhe que ele teria melhor apresentação! R – Talvez, mas não me apetece arrumá-lo. N – Porque não experimenta amanhã? R – Porque não me apetece. N – Você não tem espírito de equipa. R – É possível que tenha razão, mas eu acho que o meu local de trabalho está bem assim. N – Mas porque é que o incomoda tanto arrumá-lo? R – Não me incomoda nada, simplesmente não me apetece. N – Mas porque é que não lhe apetece? R – Porque não me apetece.
5.3. TÉCNICA DO “EDREDÃO” A ideia do “edredão” deve-se ao psicólogo M. Smith e é muito simples. Consiste em responder a cada frase com “É verdade” sempre que se trata de um facto indiscutível, ou com “É possível” sempre que é emitida uma simples opinião.
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A técnica do “edredão” é particularmente eficaz face às críticas mal intencionadas e não argumentadas (justificadas), podendo ajudar as pessoas “hipersensíveis” a adquirir um mínimo de segurança face às críticas de má fé. Exemplo: B – O seu local de trabalho está cheio de papéis! 18
M – É verdade. B – Está uma grande confusão! M – É possível. B – Mas não acha que está exageradamente desarrumada? M – É possível. É uma questão de opinião. B – Não podia arrumá-lo de vez em quando? M – Sim, é verdade, podia, se quisesse. B – Então, de que é que está à espera? M – Não acho que isso seja, de momento, extremamente necessário.
5.4. O REFORÇO DA QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO A eficácia da comunicação assertiva reside em dois comportamentos essenciais: (1) enfatizar verbalmente e fisicamente e (2) ajudar ao esclarecimento da mensagem3. Assim, existem quatro comportamentos essenciais para a comunicação assertiva:
PONTUAR A AUDIÇÃO COM EXPRESSÕES VERBAIS DE EMPATIA;
Ex: Hum, hum!; Ah, sim; Concerteza; Continue...
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UTILIZAR EXPRESSÕES FÍSICAS DE EMPATIA;
Ex: Rosto aberto, olhar o interlocutor com atenção sem fixação excessiva, adoptar a mesma posição física (em espelho).
PARAFRASEAR O QUE ESTÁ A SER DITO;
Ex: Se bem entendi...; O que disse foi...; Estou a compreender, você...
UTILIZAR PERGUNTAS ABERTAS.
Ex: Colocar questões a começar por COMO, PORQUÊ, QUAL A SUA OPINIÃO que permitam ao outro expressar os seus pontos de vista.
5.5. O RECORDAR OS DIREITOS DA ASSERTIVIDADE Os direitos da assertividade permitem dar um melhor enquadramento a todo e qualquer comportamento assertivo.
6. Síntese Conclusiva O formador deve ser um animador e um facilitador do relacionamento interpessoal. Como mediador e gestor dos conflitos de um grupo, o formador deve funcionar como um regulador da acção. Neste sentido, Pinto (1992) propõe que um formador deverá ser capaz de conduzir a acção, permitindo a descoberta de formas assertivas de relacionamento, estabelecendo com os formandos um clima que promova:
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1. Um relacionamento aberto e sincero; 2. Uma comunicação de qualidade, quer na capacidade de escuta, quer na capacidade de dar feedback ao grupo.
EXERCÍCIO
Comente a seguinte afirmação: “ A comunicação assertiva contribui para a promoção da qualidade do 20
processo de formação.”
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SOLUÇÃO DO EXERCÍCIO - IDENTIFICAÇÃO DOS ESTILOS COMUNCACIONAIS Situação 1:
a) Agressivo
Situação 2: a) Passivo
b) Passivo
b) Agressivo
c) Assertivo
c) Manipulador
d) Manipulador
d) Assertivo 21
Situação 3:
a) Agressivo
Situação 4: a) Passivo
b) Passivo
b) Agressivo
c) Assertivo
c) Manipulador
d) Manipulador
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d) Assertivo
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- EXERCÍCIOS EXERCÍCIO DE “AUTO-DIAGNÓSTICO”
- Instruções De acordo com cada afirmação, registe com uma cruz na coluna a que corresponde à sua resposta:
22
VERDADE – se pensa ou actua dessa forma a maior parte das vezes. FALSO – se raramente pensa ou actua dessa forma. Tente ser o mais espontâneo possível nas suas respostas! Após ter preenchido o questionário de autodiagnóstico, preencha a matriz de correcção do exercício. Cada frase numerada corresponde a uma atitude característica de um dos estilos comunicacionais: agressivo, passivo, assertivo ou manipulador. As frases foram classificadas em quatro colunas correspondentes aos quatro estilos. Deverá atribuir 1 ponto a cada frase a que respondeu “VERDADE”. O total dos pontos indica o grau da sua tendência a utilizar cada estilo comunicacional. Poderá, por último, esboçar o gráfico de resultados, de forma a ter uma melhor percepção dos seus resultados. Não se esqueça que, seja qual for o seu estilo comunicacional predominante, cada estilo poderá ser utilizado consoante as situações, ou seja, cada estilo é eficaz em função da situação onde se aplica!
Fonte: Adaptado por O. Fachada (1991) de Chalvin, D (1989). L’affirmation de soi (5ª ed.) pp 4-7. Paris: Les Editions E.S.F..
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V
1 2 3 4
Digo muitas vezes SIM, quando no fundo quero dizer NÃO. Defendo os meus direitos sem atentar contra os direitos dos outros. Quando não conheço bem uma pessoa prefiro dissimular aquilo que penso ou sinto. Sou, a maior parte das vezes, autoritário e decidido.
5
Geralmente, é mais fácil e mais engenhoso actuar por interposta pessoa do que directamente.
6
Não receio criticar os outros e dizer-lhes aquilo que penso.
7
Não ouso recusar certas tarefas que não fazem parte das minhas atribuições.
8
Não tenho receio de manifestar a minha opinião, mesmo face a interlocutores hostis.
9 10 11
Quando há debate, prefiro retrair-me e “ver o que é que a coisa dá”. Várias vezes sou censurado por ter espírito de contradição. Tenho dificuldade em escutar os outros.
12
Faço tudo o que posso para ficar “no segredo dos deuses” e tenho-me dado bem com isso.
13
Consideram-me, em geral, bastante “manhoso” e hábil nas relações com os outros.
14
F
Mantenho com os outros relações mais fundadas sobre a confiança do que sobre a dominação ou o calculismo.
15
Prefiro nunca pedir ajuda a um colega, ele poderá pensar que eu não sou competente.
16
Sou tímido e tenho grandes bloqueios quando tenho que realizar uma acção pouco habitual.
17
Chamam-me “sopinhas de leite”, fico enervado e isso faz com que os outros se riam.
18
Sinto-me bastante à vontade nas relações face a face.
19
Faço “fitas” muitas vezes; é a melhor maneira de conseguir o que quero.
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Sou um “fala-barato” e corto a palavra aos outros sem me dar conta disso.
22
Sou ambicioso e estou pronto a fazer o que for necessário para realizar os meus objectivos. Em geral, sei o que é preciso fazer; isso é importante para ser bem sucedido.
23
Em caso de desacordo, procuro os compromissos realistas assentes na base dos interesses mútuos.
21
24
24
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Prefiro “pôr as cartas na mesa”.
25
Tenho tendência para deixar para mais tarde as coisas que tenho para fazer.
26
Deixo, muitas vezes, um trabalho a meio sem o acabar.
27
Em geral, mostro aquilo que sou, sem dissimular os meus sentimentos.
28
É preciso muita coisa para me intimidarem.
29
Meter medo aos outros pode ser um bom meio para garantir o poder.
30
Quando “me levam à certa” uma vez, vingo-me na próxima.
31 32
Quando se critica alguém, é muito eficaz censurarlhe o facto de ele não seguir os seus próprios princípios. Forçamo-lo, assim, a estar de acordo. Sei tirar partido do “sistema”; sou “desenrascado”.
33
Sou capaz de ser eu próprio, continuando a ser aceite socialmente.
34
Quando não estou de acordo desapaixonadamente e com clareza.
35 36 37 38 39
sei
dizê-lo
Tenho preocupações de não incomodar os outros. Tenho sérias dificuldades em fazer opções. Não gosto de ser a única pessoa dentro de um grupo a pensar de determinada maneira. Nesse caso prefiro retirar-me. Não tenho receio de falar em público. A vida “é uma selva”.
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42
Não tenho receio de enfrentar os desafios perigosos e arriscados. Criar conflitos pode ser mais eficaz do que reduzir as tensões. A franqueza é a melhor maneira de ganharmos confiança nas nossas relações com os outros.
43
Sei escutar e não corto a palavra aos outros.
40 41
44 45
46
Levo até ao fim aquilo que eu decidi fazer. Não tenho medo de exprimir os meus sentimentos, tal e qual como os sinto. Tenho jeito “para levar as pessoas” e fazer impôr as minhas ideias.
47
O elogio ainda é um bom meio de se obter o que se pretende.
48
Tenho dificuldade em controlar o tempo em que estou no uso da palavra.
49
Sei manejar bem a ironia mordaz.
50
Sou servil e tenho uma vida simples; às vezes até me deixo explorar um pouco.
51
Gosto mais de observar do que de participar.
52
Gosto mais de estar na “geral” do que na primeira fila.
53
Não penso que a manipulação seja uma solução eficaz.
54
Não é necessário anunciar depressa demais as nossas intenções; isso pode causar-nos dissabores.
55
Choco muitas vezes as pessoas com as minhas atitudes.
56
Prefiro ser lobo a ser cordeiro.
57
A manipulação dos outros é muitas vezes a única maneira prática para obtermos o que queremos.
58
Sei, em geral, protestar agressividade excessiva.
59
Penso que os problemas não podem ser realmente resolvidos sem procurarmos as suas causas profundas.
60
Não gosto de ser mal visto.
com
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eficácia,
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sem
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MATRIZ DE CORRECÇÃO Agora atribua 1 ponto por cada resposta “VERDADE”.
26
ESTILO
ESTILO
ESTILO
ESTILO
PASSIVO
AGRESSIVO
MANIPULADOR
ASSERTIVO
1
4
3
2
7
6
5
8
15
10
9
14
16
11
12
18
17
20
13
23
25
21
19
24
26
28
22
27
35
29
31
33
36
30
32
34
37
39
41
38
50
40
42
43
51
48
46
44
52
49
47
45
59
55
54
53
60
56
57
58
TOTAL
TOTAL
TOTAL
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GRÁFICO DE RESULTADOS 15 -
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PASSIVO
AGRESSIVO
MANIPULADOR
ASSERTIVO
TESTE AUTO-ESTIMA Olhe para si e verifique o seu nível de auto-estima, respondendo ao simples teste que lhe propomos. Assinale com X o que melhor corresponde à sua forma habitual de se relacionar consigo mesmo. Quanto melhor for a relação consigo, melhor será a relação com os outros.
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COM FREQUÊNCIA
VEZES
ALGUMAS
Manual: Relação Pedagógica – Capítulo II – “Assertividade”
RARAMENTE
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1. Encara a vida com optimismo e com sentido de humor? 2. Encoraja-se a si próprio, quando tem de enfrentar situações novas e difíceis? 3. Defende as suas ideias, com firmeza e convicção, mesmo que os outros manifestem desacordo? 4. Toma iniciativas próprias, independentemente da aprovação alheia? 5. Mostra compreensão e tolerância em relação a si mesmo e às suas limitações? 6. Felicita-se pelos seus êxitos e pelos seus esforços sérios e honestos? 7. Suporta a ingratidão e as críticas sem reagir agressivamente? 8. Aceita-se como é e consegue sentir gosto em ser diferente dos outros? 9. Cuida de si e da sua aparência? 10. Pensa em si como alguém de quem gostaria de ser amigo? Considera-se uma boa companhia?
Para saber o resultado do seu teste, dê um ponto a cada resposta A (raramente), dois pontos a cada resposta B (algumas vezes) e três pontos a cada resposta C (com frequência). Some, em seguida, o conjunto desses pontos e reflicta sobre o seguinte: ¾ Se obteve menos de 15 pontos, você precisa de pensar mais em si e de cultivar a sua auto-estima. ¾ Se obteve entre 15 e 20 pontos, você já tem suficiente auto-estima, embora possa melhorar. ¾ Se obteve mais de 20 pontos, você manifesta elevada auto-estima. Precisa apenas de cuidado para não cair nos exageros do egocentrismo ou da arrogância.
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